2 Tipos de Lideres Mais Comuns Em Nossos Grupos e Comunidades

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LIDERES E COORDENADORES JOVENS´

TIPOS DE LÍDERES MAIS COMUNS EM NOSSOS GRUPOS E COMUNIDADES

Jorge Boran CSSp

A questão de Liderança, talvez, seja o tema mais estudado no mundo hoje, nos âmbitos da política, da sociologia, da educação e da administração de empresas. E podemos aproveitar o resultado destes estudos no trabalho pas-toral. Dentro de qualquer grupo social, o líder é a peça principal e o catalisa-dor das energias individuais. Deve-se, portanto, dar uma atenção especial aos dirigentes quando se quer criar, modifi car ou aperfeiçoar uma coletividade, seja uma nação, um grupo, comunidade, associação ou turma de alunos. De-ve-se tomar cuidado não somente com sua escolha, mas, também, com sua formação e aperfeiçoamento.

Entre as características pessoais do líder, convém recordar que deve ter qua-lidades superiores à média de seu grupo, a fi m de ser um exemplo e transmitir novos conhecimentos aos outros. Nesse sentido, o líder é também um educa-dor. Mas ninguém nasce líder, faz-se. Podemos despertar e formar novos líderes. E com esta fi nalidade, precisamos distinguir entre os tipos de liderança, os que promovem novos líderes e os tipos que tentam abafar os lideres em potencial que estão despontando. Dependendo do tipo de líder pode-se travar ou des-lanchar todo um processo de formação. Temos que ser sinceros, com respeito às nossas verdadeiras motivações; queremos formar líderes ou seguidores?

Há quatro tipos de líderes mais comuns em nossos grupos, comunidades e equipes de coordenação das pastorais e movimentos apostólicos.

1. O líder Ditatorial2. O líder Paternalista3. O líder Permissivo ou Laissez-faire4. O líder Democrático

Qual deles é mais comum em nossos grupos e comunidades? Em qual de-les devemos investir nossas energias e recursos para deslanchar processos de

Boran, J. (2008). Curso de Dinâmica Para Líderes (CDL), São Paulo: CCJ

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acompanhamento sistemático, de evangelização dos jovens, e de inserção na sociedade como cidadãos?

1. O Líder Ditatorial

O líder ditatorial segue a lógica de “Façam o que eu mando”. Para o ditador, ou líder “mandão”, não importa saber o que seus subordinados pensam. Ele também não aceita questionamentos; quem o questiona é encarado como mau elemento, como inimigo. Todos os integrantes do grupo dependem ex-clusivamente do “ditador”, que possui a autoridade máxima. Os membros são meros executores das ordens da autoridade. Às vezes, o grupo ditatorial adota formas aparentemente democráticas, mas, na verdade, está seguindo a lógica que tudo deve vir de cima.

Em geral, esse tipo de líder autoritário trata os outros desta maneira porque ele mesmo f oi formado assim. Reproduz inconscientemente a atitude de seus educadores.

Nesse tipo de grupo, os membros, frequentemente, estão apáticos e per-dem todo o espírito de iniciativa e responsabilidade, e estão submetidos a fortes pressões afetivas e de guerrilhas entre si. Frequentemente, também, o grupo se divide, alguns a favor e outros contra o “ditador”.

Os grupos ditatoriais, no início, podem parecer serem mais efi cientes na hora de executar tarefas que dependem da capacidade do líder. Porém, aca-bam se dissolvendo ou caindo num mero formalismo, de modo especial quan-do sai o líder.

2. Líder Paternalista

O líder paternalista ou maternalista segue a lógica de “Pode deixar pra mim, tá”.

É o líder “bonzinho”, que representa a figura paterna. Todos dependem de seus “conselhos” e, pelo menos aparentemente, tudo o que faz é pelo bem do grupo.

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Aqui as pressões afetivas são maiores ao aumentar nos membros a de-pendência emocional e, consequentemente, o sentimento ambivalente de amor-ódio, especialmente quando nos integrantes do grupo desperta um desejo de afirmação da personalidade e de tomar a iniciativa.

Apesar das primeiras impressões serem diferentes, o ditador e o pater-nalista são bastantes semelhantes. Os dois tipos são autoritários e cen-tralizadores. Nenhum deles vê com bons olhos o aparecimento de outros líderes. O líder paternalista às vezes é pior, porque agarra seus seguidores emocionalmente. É a super-mãe que não prepara os filhos para a vida mas sempre quer mantê-los agarradas a sua saia. Os membros têm medo de magoar seu líder com críticas, afinal, “ele é tão bonzinho!”. Por outro lado, é mais fácil perceber a má influência e o dano causado pelo líder ditatorial. Os dois tipos, conscientemente ou inconscientemente fazem a opção de formar seguidores e não líderes. Não querem formam jovens que têm a capacidade de pensar por si, de tomar iniciativa e de questionar. Para ele, o jovem ideal é aquele que, como se diz na gíria, é “pau mandado”.

3. Líder Permissivo ou Laissez-faire

O líder permissivo segue a lógica do “pode ser”, “você quem sabe!” e do “deixe como está para ver como é que fi ca”. Laissez-faire, em francês, quer dizer “deixar fazer”. Em geral, esse tipo de líder é muito inseguro e não gosta de as-sumir responsabilidades. É um tipo que não quer nada com nada.

Ao contrário do líder ditatorial e do líder paternalista, que só dá ordens, o coordenador permissivo não dá indicação alguma. Cada um de seus auxiliares faz o que quer e como bem entender. Na divisão do trabalho e na partilha das responsabilidades, a confusão é total. Sua orientação permissiva gera confl itos e desorganização entre os participantes. Estes grupos frequentemente morrem ou tendem a cair num sistema ditatorial para poder sobreviver.

4. Líder Democrático

O líder democrático segue a lógica do “Vamos trabalhar juntos”.

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Esse tipo de líder sabe que será mais fácil resolver os problemas com a ajuda do grupo. Enquanto o líder paternalista faz o trabalho de dez, o líder democrá-tico faz dez trabalharem. Respeita as pessoas e acredita nelas, consegue a coo-peração do grupo por sua competência, paciência, tolerância e honestidade de propósitos. Não dá ordens, dá o exemplo, estimulando em vez de repreender. Toda a sua atenção está concentrada para que os integrantes do grupo pensem por si mesmos e tomem iniciativas. Consegue obter o máximo de produtividade por meio do máximo de boa vontade.

Todos participam das atividades comuns e têm uma ideia clara dos objetivos, metas e meios para alcançá-los. Há um livre intercâmbio de ideias e discussão aberta sobre os meios necessários para a ação. O líder ajuda a sintetizar as ideias principais, mostrando as divergên-cias e consenso e, ao final, auxilia os participantes a amarrem conclu-sões concretas. Tem método na cabeça para saber a sequencia certa. O método Ver-Julgar-Agir, por exemplo, é um método consagrado na Igreja hoje. Evita o mal de muitas reuniões: a ausência de conclusões concretas- o que gera a ineficiência e a sensação de frustração e de perda de tempo.

O grupo democrático permite uma autocrítica comum de todos os membros e o aprofundamento da consciência de responsabilidade de todos e de cada um, para se alcançar os objetivos comuns. Aos pou-cos, vão a parecendo outros líderes naturais no grupo. O líder demo-crático não fica com ciúmes ao perceber o surgimento de possíveis futuros “concorrentes” para a função, não tem receio que vão fazer sombra a ele. Está contente porque sabe que o objetivo é formar no-vos líderes para que o trabalho possa avançar e para que o processo democrático se solidifique. Os filhos cresceram e conseguem enfren-tar a vida sozinhos. É um dos momentos mais delicados. Às vezes, para formar novos líderes, o líder precisa se afastar um pouco e dei-xar que outros ocupem o centro do palco. Infelizmente, muitos líde-res de grupos têm dificuldades para adotar a atitude de João Batista, de “desaparecer ” para que outros cresçam. No Evangelho segundo São Mateus, Jesus adverte seus discípulos que não devem seguir os príncipes deste mundo que usam o poder para dominar. O poder é para servir.

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A condução do processo todo deve deixar claro que o critério de êxito é chegar a esta etapa, em que todos são líderes, e as tentações ao pa-ternalismo e centralismo são superadas. Por isso é importante que todos os líderes tenham um mandato, de, por exemplo, um ano, e que haja um processo de discernimento que envolve os membros na preparação e na eleição de um novo coordenador. O revezamento dos coordenadores é fator central na formação de novas lideranças.

PERGUNTA:• Qual desses líderes é o mais importante para a coordenação de

um grupo?

REFERÊNCIA:

Boran, J. (2011) Curso de Dinâmica para Líderes (CDL – 1o Nivel). São Paulo: CCJ