15224-63706-1-PB (1).pdf

download 15224-63706-1-PB (1).pdf

of 15

Transcript of 15224-63706-1-PB (1).pdf

  • 7/25/2019 15224-63706-1-PB (1).pdf

    1/15

    114Revista Educao por EscritoPUCRS, v.4, n.2, dez. 2013. p. 114128.

    Dirios de aula: anlise de dirios de uma professora de um curso superiorde tecnologia de Porto Alegre, RS

    Marcelo Oliveira da Silva1

    RESUMO - O presente estudo busca aproximar a metodologia dos dirios de aula (cf.ZABALZA, 2004), da prtica de uma docente de um curso superior de tecnologia em umafaculdade da cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, Brasil. Para tanto, analisamostrs aulas registradas pela professora. Buscou-se identificar padres de escrita nasanotaes realizadas. Foram identificadas duas categorias principais; a primeira em relao preparao da aula e os materiais necessrios; e a segunda aparece na adjetivao dasaulas, dos alunos e da prpria professora. Os dirios no deixam transparecer dvidas,inquietaes ou dilemas, mas permitem identificar caractersticas das aulas e da prtica dadocente.

    Palavras-chave: Dirio, Dirios Pedaggicos, Curso Superior de Tecnologia.

    CLASSROOM DIARIES: AN ANALYSIS OF THE DIARIES OF A LECTURERFROM A COLLEGE OF TECHNOLOGY IN PORTO ALEGRE, BRAZIL

    ABSTRACT - This study seeks to verify the applicability of classroom diary methodologies

    (cf. ZABALZA, 2004) to the everyday practice of a lecturer at a college of technology in the

    city of Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brazil. To do so, we analyze three classes

    registered by the teacher in her classroom diary. We have attempted to identify patterns in

    her written notes. We identified two main categories: the first regarding lesson

    preparation and the materials required, and the second concerning the use of adjectives

    related to classes, the students and the teacher herself. The teacher did not make use of herdiary to express doubts, concerns or dilemmas, but rather to identify the characteristics of

    her classes and the practice of teaching.

    Keywords: diary, classroom diaries, colleges of technology.

    1Professor da Faculdade Senac Porto Alegre e doutorando em Educao pelo Programa de Ps-Graduao

    em Educao da Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul (PPGE PUCRS). E-mail:[email protected]

  • 7/25/2019 15224-63706-1-PB (1).pdf

    2/15

    115Revista Educao por EscritoPUCRS, v.4, n.2, dez. 2013. p. 114128.

    Introduo

    A palavra dirio polissmica.

    No dicionrio, a terceira acepo da

    palavra obra em que se registram

    diria ou quase diariamente

    acontecimentos, impresses e confisses

    (FERREIRA, 1999 p. 677). No presente

    estudo, buscaremos entender os dirios

    em suas relaes com o exerccio da

    docncia. Os registros das aulas em

    dirios permitem que o professor conheaaspectos da sua personalidade? Na

    perspectiva trazida por Zabaza (2004), a

    escrita de dirios de aula pode servir para

    a reflexo posterior do prprio professor,

    servido como fonte de retroalimentao,

    ou seja, feedback constante sobre sua

    prtica em sala de aula.A escrita de dirios uma forma

    de se isolar e de se conhecer melhor

    atravs da escrita (ARIS, 1991, p. 11).

    A busca do autoconhecimento pela

    escrita uma constante da histria da

    civilizao. Ainda na Idade Mdia, Santo

    Agostinho escreveu suas Confisses, querepresentam uma busca da comunho

    com Deus por meio do texto. Ao

    introduzir o volume da Histria da Vida

    Privada que trata do perodo da

    Renascena ao Sculo das Luzes, Aris

    (1991) afirma que, a partir do sculo

    XVI, a busca pela privacidade,

    promovida, em parte, pela ascenso do

    Protestantismo, levou popularizao da

    prtica da leitura silenciosa. At ento, a

    leitura em voz alta ainda era a forma mais

    comum de acesso aos livros. Por outro

    lado, a leitura silenciosa permitia que as

    pessoas formassem sua prpria

    interpretao do texto. Dessa forma,

    tornando-se mais ntima e introspectiva.

    A busca pelo autoconhecimento e

    pela privacidade, somadas prtica daleitura individual, levaram a um novo

    interesse pela escrita autobiogrfica.

    Nesse contexto, so o dirio ntimo, as

    cartas, as confisses de modo geral, a

    literatura autgrafa que atesta os

    progressos da alfabetizao e uma relao

    estabelecida entre leitura, escrita eautoconhecimento [grifo do autor]

    (ARIS, 1991, p. 11). Essa a principal

    caracterstica atribuda ao dirio ao longo

    da histria: texto de carter pessoal,

    secreto e ntimo. Os dirios ajudam a

    entender uma poca e seus costumes, e

    tambm a personalidade e as inquietaesde quem os escreve, bem como os

    costumes e prticas de determinada

    poca.

    Esses dirios pessoais, ntimos e,

    em muitos casos, literrios, so os que

    Zabalza descreve como de escrita

    criativa e potica, na qual a narrao

  • 7/25/2019 15224-63706-1-PB (1).pdf

    3/15

    116Revista Educao por EscritoPUCRS, v.4, n.2, dez. 2013. p. 114128.

    responde no apenas aos critrios de

    refletir a realidade (como no modelo

    jornalstico) como possibilidade de

    imaginar ou recriar as situaes que se

    narram(2004, p.15). No presente artigo,

    debruamos sobre os dirios de aula na

    perspectiva proposta por Zabalza (2004),

    para entender a prtica de uma professora

    de um curso superior de tecnologia. Os

    mesmos dados serviram para anlise

    anterior em comparao com os diriosde outros professores. Para tanto,

    traamos algumas consideraes sobre

    dirios de aula, apresentamos os

    caminhos metodolgicos. Como principal

    achado, podemos afirmar que os dirios

    analisados trazem aspectos formais do

    andamento e clima da aula. Os diriosno revelam dilemas, nem apresentam a

    escrita de forma catrtica.

    Dirios de aula

    Todas as formas de dirio

    permitem o autoexame e, portanto, o

    autoconhecimento. Zabalza (2004), emsua obra, trata de um subgnero

    especfico: os dirios de aula, que no

    so estritamente planos de aula, registros

    de presena ou de contedos ministrados.

    Entretanto, os dois aspectoso pessoal e

    o do registro esto conjugados na

    proposta metodolgica do autor. Nessa

    forma de dirio, o objetivo do autoexame

    com a vantagem do distanciamento

    temporal que o texto nos proporciona

    est presente. Nas palavras do autor:

    [e]screver sobre si mesmo traz consigo a

    realizao dos processos a que antes

    referimos: racionaliza-se a vivncia ao

    escrev-la, [...] reconstri[-se] a

    experincia, com isso dando a

    possibilidade de distanciamento e de

    anlise(2004, p. 18).Mello (2003, s/p),

    complementando essa ideia, entende que

    o dirio de aula o instrumento que serve

    para expressar qual o estado atual da

    nossa investigao sobre o pensamento

    do aluno em formao, naquilo que se

    refere parcela especfica do trabalhodesenvolvido em sala de aula. J na

    viso de Alves (2004, p. 227), para

    podermos trabalhar com dirios, devemos

    tomar posicionamento face sua

    utilizao, com a requerida confiana na

    sua possibilidade de traduzirem,vlida e

    fielmente, o pensamento e experinciasdos seus autores[grifos do autor]. Nesse

    entendimento, os dirios de aula

    possibilitam a anlise de quatro mbitos:

    o mundo pessoal, os dilemas, a avaliao

    e o reajuste de processos, bem como

    perceber o desenvolvimento profissional

    do professor.

  • 7/25/2019 15224-63706-1-PB (1).pdf

    4/15

    117Revista Educao por EscritoPUCRS, v.4, n.2, dez. 2013. p. 114128.

    O exerccio da docncia bastante

    solitrio, mesmo que em uma sala de aula

    tenhamos cinquenta alunos inquietos, por

    exemplo. O que acontece em sala de aula

    dificilmente registrado; em alguns

    casos, compartilhado na sala de

    professores quando h oportunidade, em

    geral, acontece quando o relato mais

    srio e merece ser dividido. Para Zabalza

    (2004, p. 17), os dirios permitem aos

    professores revisar elementos de seumundo pessoal que frequentemente

    permanecem ocultos sua prpria

    percepo, enquanto est envolvido nas

    aes cotidianas de trabalho. O dirio

    permite que, ao escrevermos sobre nossas

    vivncias e emoes, possamos

    organiz-las, ter uma anlise distanciadae, talvez, dividi-las com nossos colegas.

    Os dirios tambm so uma forma

    de explicitar os nossos prprios dilemas

    em relao atuao profissional como

    docentes. Zabalza (2004) conceitua

    dilemas como:

    [...] constructos descritivos (isto ,identificam situaes dialticas e/ouconflitantes que ocorrem nos processosdialticos) e prximos realidade: sereferem no a grandes esquemasconceituais, mas a atuaes especficasconcernentes a situaes problemticasno desenvolvimento da aula(ZABALZA, 2004, p.19).

    Os dilemas fazem parte da ao

    docente, pois so fruto das reflexes

    sobre as decises que o professor deve

    tomar, impasses enfrentados entre o ideal

    e o que possvel naquele momento: a

    gesto prtica da aula. No entendimento

    do referido autor, pela utilizao do

    dirio que o professor pode deixar claro

    ou implcito quais dilemas o perturbam, e

    de quais mecanismos dispe para resolv-

    los. Esses dilemas perpassam, muitas

    vezes, a dicotomia entre a vida pessoal e

    profissional. No h como separar osdilemas pessoais daqueles vividos em

    sala de aula.

    A terceira anlise aborda os

    dirios como acesso avaliao e ao

    reajuste de processos didticos,

    permitindo ao docente um distanciamento

    reflexivo da sua prtica. Para Zabalza(2004, p. 24), os dirios podem se tornar

    o registro mais ou menos sistemtico do

    que acontece nas nossas aulas, de modo

    a extrair uma espcie de radiografia de

    nossa docncia. Porlan (1987 apud

    ZABALZA, 2004) estabelece um

    conjunto de operaes que podemauxiliar nessa reflexo: (a) acumular

    informao significativa sobre o processo

    ensino-aprendizagem; (b) acumular

    informao histrica sobre a aula e seu

    entorno; (c) registrar momentos,

    identificar problemas e acompanhar

    temas de interesse; (d) analisar dados e

  • 7/25/2019 15224-63706-1-PB (1).pdf

    5/15

    118Revista Educao por EscritoPUCRS, v.4, n.2, dez. 2013. p. 114128.

    refletir; (e) buscar soluo para

    problemas; e (f) usar o prprio dirio

    como objeto de pesquisa.

    Os dirios de aula podem se

    constituir um recurso para o

    desenvolvimento profissional

    permanente, pois, aps realizarmos as

    etapas anteriores, estaremos, certamente,

    em melhores condies de entendermos e

    revermos a nossa prtica docente. Nesse

    sentido, Zabalza (2004) estabelece cincoetapas cclicas: (1) tomada de conscincia

    dos seus prprios atos; (2) aproximao

    analtica com relao s prticas

    profissionais; (3) aprofundamento da

    compreenso do significado das aes;

    (4) tomada de decises e de iniciativas de

    melhorias; e (5) incio de um novo ciclode atuao profissional. Zabalza (2004,

    p.29) acredita que justamente assim

    que nos instalamos em um circuito

    permanente de melhoria da qualidade de

    nossa atividade profissional. Entretanto,

    esse processo reflexivo penoso e nem

    sempre o professor est disposto a inicia-lo.

    O mesmo autor acrescenta ainda

    outros aspectos do uso dos dirios: (a) o

    sujeito se acostuma a refletir e retorna,

    narrando o que aconteceu; (b) acostuma-

    se a escrever; (c) encontra no texto

    feedback imediato e permanente; (d)

    divide mais facilmente experincias e

    pode trabalhar de modo cooperativo; (e)

    pode usar seu texto em conjunto ou de

    forma complementar a outras

    metodologias de trabalho. A partir dessas

    consideraes, podemos pensar nas

    mltiplas possibilidades de utilizao dos

    dirios, sejam elas como mecanismo de

    catarse dos dilemas, como registro da

    prtica docente que permita a reflexo, ou

    ainda como mecanismo auxiliar naavaliao dos alunos e da turma.

    Em sua experincia, Zabalza

    (2004) identificou trs tipos de dirios. O

    primeiro deles aquele em que aparece a

    aula organizada em sua estrutura,

    assemelhando-se, portanto, ao

    planejamento de aula. O segundo tipo oque apresenta descrio de tarefas, que

    podem ser minuciosas em alguns casos

    ou apenas identificadas em outros. Nesse

    tipo de dirio, comum aparecerem os

    objetivos estabelecidos pelo professor

    com relao determinada atividade, o

    que permite entender a dinmica dasaulas. A terceira e ltima vertente de

    dirios identificada pelo autor o dirio

    expressivo e autoexpressivo. Esses

    dirios esto centrados nas pessoas que

    participam do processo, como se

    percebem, como atuam, o que sentem.

    Nesse caso, o fator pessoal predomina

  • 7/25/2019 15224-63706-1-PB (1).pdf

    6/15

    119Revista Educao por EscritoPUCRS, v.4, n.2, dez. 2013. p. 114128.

    sobre o fator tarefa (p. 62).Encontramos

    ainda dirios mistos, que combinam

    caractersticas dos trs grupos.

    No entendimento de Silva e

    Duarte:

    [...] para que tudo isto se torne possvel,o professor deve elaborar descries dosacontecimentos que ultrapassem o nveldo simples relato e contemplem a anlisedas causas que o motivaram e das suasconsequncias. Mais, no deve apenasproblematizar a prtica, mas procurar

    hipteses bem fundamentadas queconstituam alternativas de aco.(SILVA; DUARTE, 2001, p. 74)

    Dessa forma, as autoras

    asseveram que o dirio de aula deve ir

    alm da mera descrio de fatos e

    comportamentos para poder aprofundar

    as questes emergentes da prtica da sala

    de aula. As autoras propem que osdirios de aula sejam utilizados como

    ferramenta na formao de professores e

    que, por meio deles, seja possibilitada a

    reflexo e ao mais efetiva na prtica do

    professor.

    Na percepo de Hammouti

    (2002), o dirio pode ser utilizado dediversas formas: (a) como metodologia

    de pesquisa, na coleta de dados e como

    fonte de anlise da subjetividade do

    escritor do dirio; (b) como possibilidade

    de formao continuada de professores,

    desenvolvimento profissional e pessoal,

    oportunidade de reflexo por meio das

    prticas pedaggicas e seus resultados;

    (c) como mtodo de interveno na

    realidade, por meio da pesquisa-ao.

    O autor prope outro tipo de

    dirio o Dirio Etnogrfico Profano,

    que um registro feito no dia a dia, de

    acontecimentos e eventos cotidianos,

    ordinrios e extraordinrios, a partir da

    observao participante da vida social

    dos grupos e instituies das quais os

    diaristas fazem parte integrante(HAMMOUTI, 2002, p. 13). Os

    diaristas podem ser tanto professores

    quanto alunos, proporcionando uma

    autoanlise coletiva da instituio

    educativa ou do projeto institucional,

    pedaggico, poltico e social (p. 17).

    Aspectos metodolgicos

    Para entendermos o contexto em

    que est inserido o presente estudo,

    valem algumas consideraes

    metodolgicas. O autor trabalha em uma

    instituio de ensino superior, que

    oferece majoritariamente cursos degraduao tecnolgica, dessa forma,

    solicitou aos colegas que elaborassem

    dirios de aula, como prtica reflexiva.

    Os dados aqui analisados foram

    anteriormente publicados, com outro foco

    a escrita reflexiva desses professores

    sujeitos da pesquisa. A anlise realizada

  • 7/25/2019 15224-63706-1-PB (1).pdf

    7/15

    120Revista Educao por EscritoPUCRS, v.4, n.2, dez. 2013. p. 114128.

    no presente artigo est direcionada aos

    registros de uma das professoras que

    concordou em participar da pesquisa. A

    professora, sujeito da pesquisa, entregou

    o registro de trs dias de aula.

    O presente estudo fruto de

    anlise realizada posteriormente, com os

    mesmos dados coletados. Decidimos

    combinar a tcnica de anlise de dados

    proposta por Bardin (1999) com a

    proposta de anlise de Zabalza (2004) aosdirios entregues por uma das

    professoras. Seguimos o proposto por

    Zabalza (2004, p. 58-59) como

    metodologia: uma primeira leitura

    exploratria para evitar uma tipificao

    prematura; uma segunda leitura, com

    anotaes margem e seleo deafirmaes e dados relevantes.

    A segunda leitura deve seguir trs

    focos de ateno: (a) as pautas ou

    patterns (padres), que permitem uma

    caracterizao descritiva da aula; (b) os

    dilemas que professor apresenta, ou o

    conjunto de aspectos que o professorapresenta como problemticos e que

    resultam em preocupaes, incertezas ou

    reflexes; e (c) as tarefas realizadas em

    aula, com relao s estratgias usadas

    pelo professor para cada aprendizagem

    pretendida. Na anlise, o foco se voltar

    aos padres identificados no dirio de

    aula.

    Anlise de dados

    A professora, ora sujeito de

    pesquisa, leciona em um curso de

    graduao tecnolgica, e disponibilizou

    trs registros de suas aulas. Pela leitura

    flutuante, pudemos perceber que os

    dirios seguem um mesmo esquema em

    sua organizao: preparao das aulas,materiais que sero utilizados e prazos;

    em seguida, estabelece os objetivos da

    aula; logo, h uma descrio de como os

    alunos se comportaram; por fim,

    caractersticas da professora que

    influenciam o comprometimento dos

    alunos e o bom andamento das aulas.Nos dirios, pouco encontramos

    dilemas, dvidas, angstias ou

    inquietaes vivenciados pela professora.

    Sua escrita bastante direta, objetiva e,

    portanto, pouco pessoal. Os dirios

    analisados esto em desacordo com uma

    das possibilidades propostas por Zabalza

    (2004) para o uso do dirio de aula, que

    a escrita como forma de reflexo da

    prtica do professor, proporcionando o

    autoconhecimento. O dirio estimula a

    autoinvestigao, o professor como seu

    prprio investigador.

  • 7/25/2019 15224-63706-1-PB (1).pdf

    8/15

    121Revista Educao por EscritoPUCRS, v.4, n.2, dez. 2013. p. 114128.

    Os dirios da docente revelam

    algumas prticas pedaggicas:

    planejamento, execuo e percepo da

    aula. Entretanto, no se caracteriza como

    escrita reflexiva. Um exemplo se

    encontra no seguinte registro da primeira

    aula no dirio:

    Objetivos alcanados (cfe previsto

    p/aula inicial): levar ao conhecimentodos alunos...1 - Apresentao dos professores

    (havia tb o professor que ir desenvolveras aes prticas da U.E.[Unidade deestudo]) e acadmicos.2 - Plano da U. E.ementa e propostade competncias; focos temticos;estratgias de ensino e aprendizagem;avaliao de processo; bibliografiabsica e complementar.3 - Fundamentos (conceitos iniciais)[...]4 - Finalizao da aula com entregadas cpias dos textos p/leitura e estudo[...]. [grifos da docente]

    Quando a docente estabelece os

    passos que foram seguidos nas aulas,

    como em um plano de aula, j avisa de

    antemo que os objetivos foram

    alcanados de forma satisfatria. Dessa

    forma, no deixa margem para dvidas

    planejamento realizado, objetivos

    cumpridos, aes que comprometem o

    aluno e adquirem respeito e segurana

    pelo ensino a ser ministrado.Nos outros

    dirios analisados, a professora segue o

    mesmo tipo de esquematizao. Trata-se

    do que Zabalza (2004, p. 61) chama de

    dirio como descrio das tarefas: no

    caso deste dirio, a docente apresenta as

    tarefas e tece alguns comentrios sobre o

    desenvolvimento das mesmas. Dessa

    forma, vale o questionamento sobre as

    possibilidades de reflexo, em um

    registro que revela pouco sobre a

    condio da professora em sala de aula,

    suas inquietaes e dilemas. Entretanto,

    os dirios apresentados so bastante

    reveladores da proposta pedaggica, da

    formatao da aula e da autoimagem daprofessora.

    Em um segundo momento da

    anlise, buscamos identificar padres nos

    dirios analisados e suas recorrncias.

    Chamaram nossa ateno duas categorias

    principais na leitura dos dirios. A

    primeira categoria apresenta oplanejamento e o uso dos materiais

    didticos; j a segunda identifica a

    caracterizao do clima da aula e do

    comportamento, alm de atitudes dos

    alunos e as representaes da prpria

    docente. A segunda categoria foi dividida

    em quatro quadros, em que soapresentadas as qualidades atribudas a

    cada uma das subcategorias.

    A seguir, apresentamos o Quadro

    1, que resume a primeira categoria a ser

    analisada.

  • 7/25/2019 15224-63706-1-PB (1).pdf

    9/15

    122Revista Educao por EscritoPUCRS, v.4, n.2, dez. 2013. p. 114128.

    Quadro 1Planejamento e materiaisDirio 1 Dirio 2 Dirio 3

    orientaes

    dacoordenao --

    padres e

    orientaesnormativas

    da IESnormativas

    das IESnormativas

    das IESantecedncia

    (2)antecedncia

    --conforme

    cronogramaconforme

    cronograma

    --utilizao

    adequada doquadro

    utilizaoadequada

    do materiale do quadro

    entrega dos

    materiais edocumentosde apoio

    disponibilizar

    materiais edocumentosde apoio

    entrega dos

    materiais edocumentosde apoio

    Fonte: do Autor do artigo

    Pelas recorrncias identificadas

    nos dirios, podemos entender que a

    professora preza pelo cumprimento do

    que determinado pela instituio e das

    orientaes recebidas da coordenao de

    curso. Como a organizao parece ser

    fundamental para a professora, o

    planejamento com antecedncia, que

    exigido pela Instituio para

    agendamento de materiais, salas e

    fotocpias, aparece duas vezes no

    primeiro dirio e uma no segundo. Nesse

    planejamento, a professora estabelece um

    cronograma, que, ao menos nas aulas

    descritas, foi seguido risca.

    O resultado de seguir as regras e

    orientaes, planejar e executar o

    cronograma, utilizar mtodos e materiais

    de forma adequada e entregar materiais

    de apoio, leva, na percepo da docente,

    a uma boa aula. Algumas dessas

    atribuies so frequentemente encaradas

    pelos professores como tarefas de menorimportncia, at mesmo pelo seu carter

    burocrtico. Entretanto, percebemos,

    pelos registros analisados, que a docente

    entende o planejamento, agendamento de

    materiais e execuo do cronograma

    como questes fundamentais para as

    atividades em sala de aula. Dessa forma,esses aspectos se refletem diretamente na

    relao com a aprendizagem dos alunos,

    segundo os registros analisados.

    As aulas registradas em forma de

    dirio seguem o mesmo padro de escrita.

    Em trs dirios, a professora repete a

    mesma frase em relao ao planejamentoda aula: Utilizao adequada do quadro

    branco e canetas marcadores nas cores

    preta, azul e vermelha. Seguindo esse

    raciocnio, a docente acredita que o uso

    adequado e correto do quadro branco

    com canetas de cores diversas um timo

    recurso para um ensino-aprendizagem de

    boa qualidade. Em conversa posterior a

    entrega dos dirios, a professora relatou

    que seria interessante que houvesse um

    formulrio padro para e escrita de

    dirios. Dessa forma, contrariando a

    proposta de uma escrita catrtica e

    reflexiva dos dirios de aula.

  • 7/25/2019 15224-63706-1-PB (1).pdf

    10/15

    123Revista Educao por EscritoPUCRS, v.4, n.2, dez. 2013. p. 114128.

    Um segundo padro encontrado

    nos dirios se encontra nas palavras

    utilizadas pela professora para descrever

    as aulas, os alunos e a si mesma. No

    Quadro 2, apresentamos a caracterizao

    realizada pela professora das suas aulas.

    Quadro 2Caracterizao das aulasDirio 1 Dirio 2 Dirio 3

    gratificante -- --clima e

    ambiente

    descontradoe leve

    clima eambiente

    descontrado

    clima eambiente

    descontrado

    -- --

    discussesde casos [...]ilustraram a

    aula

    --

    [...] sempreso motivode atenodos alunos

    --

    --ilustrar com

    vdeos eslides

    --

    Fonte: do Autor do artigo

    Em relao s representaes

    sobre o espao da sala de aula, a

    professora identifica, nos trs dirios que

    as aulas transcorreram em um clima e

    ambiente descontrado; no primeiro

    dirio, aparece ainda o adjetivo leve.

    Pela leitura dos dirios, fica claro que h

    uma preocupao da professora em

    relao ao ambiente de sala de aula e,

    tambm, que percebe que o clima

    amistoso e informal.

    H apenas uma representao

    pessoal sobre o sentimento da professora

    em relao prtica de sala de aula no

    primeiro registro: Este dia de aula foi

    gratificante. Mesmo que no aparea em

    outros dirios, mantivemos como

    caracterizao da aula, pela relevncia de

    ser a nica expresso da docente em

    relao a seus sentimentos.

    A professora tambm retrata que

    os contedos ministrados permitem

    discusses de casos, ou seja, a

    professora e os alunos trazem exemplos

    que ilustra[m] a aula. Como estamosinseridos no contexto de um curso de

    tecnologia, esperado que os alunos e os

    professores estabeleam ligaes entre a

    teoria com exemplos prticos, com a

    realidade e com as experincias

    vivenciadas. A professora acrescenta que

    o uso de vdeos e slides so boasalternativas para o turno da noite. Aqui,

    podemos entender a prtica docente no

    contexto dos alunos do noturno, pois, em

    geral, chegam cansados, direto do

    trabalho para a aula. O professor precisa

    utilizar mtodos que os mantenham

    acordados, participativos e atentos.Seguindo essa caracterizao, a

    professora utiliza mais adjetivos para

    descrever a postura e comportamento dos

    alunos do que para a prpria aula.

    Elencamos essas representaes no

    Quadro 3 a seguir:

  • 7/25/2019 15224-63706-1-PB (1).pdf

    11/15

    124Revista Educao por EscritoPUCRS, v.4, n.2, dez. 2013. p. 114128.

    Quadro 3Caracterizao dos alunosDirio 1 Dirio 2 Dirio 3

    concentrados

    ,interessadose

    participativos

    interessados eparticipativos

    concentrados, interessados

    eparticipativos

    ;demonstraram interesse

    intervenespertinentes

    Nihilintervenespertinentes

    experinciasde vida

    (ilustraes)

    experinciasdos alunos efamiliares

    experinciasde vida

    --alunos

    reflexivos--

    --comprometido

    s --

    --vivncias em

    estgios

    j estagiouou trabalha

    na rea;experinciasde vida e do

    trabalhoFonte: do Autor do artigo

    Nos dirios analisados aparecem

    caractersticas dos alunos relacionadas

    sua postura em sala de aula: Alguns

    alunos mostraram-se interessados e

    participativos. Houve interesse dos

    alunos em saber quais medidas

    preventivas. Nos outros dois dirios, os

    alunos so descritos como concentrados,

    interessados e participativos. No

    segundo registro do dirio, os discentesaparecem como reflexivos sobre as suas

    prprias prticas e experincias, e

    comprometidos com a aprendizagem. Os

    alunos realizam intervenes

    pertinentes, pois trazem suas

    experincias de vida, de estgio e

    trabalho e de seus familiares para que

    ilustrem a aula.

    Os alunos da Instituio estudada,

    na sua maioria, vm do mundo do

    trabalho. Alguns, que apenas estudam,

    logo conseguem estgio na rea. Dessa

    forma, o comportamento atribudo pela

    professora aos alunos comum na

    Faculdade. Ressaltamos que no h

    registro de situaes que possam

    interferir negativamente nas aulasregistradas. Nessa categoria, aparecem os

    registros que Zabalza (2004, p. 62)

    chama de dirios como expresso das

    caractersticas dos alunos. O autor

    identifica uma caracterstica forte nesse

    tipo de dirio: o dirio uma constante

    referncia a nomes de alunos, ao quecada um deles faz, a como vo evoluindo,

    a como o professor os v. Nos dirios

    estudados, a referncia aos alunos

    sempre no coletivo (os alunos, alguns

    alunos), e no h individualizaes,

    como na conceituao de Zabalza.

    Entretanto, podemos pensar narealidade de um professor do ensino

    superior, que tem vrias turmas repletas

    de alunos, atua em mais de uma

    instituio, em mais de um curso. No

    caso do curso em que os dirios foram

    desenvolvidos, por se tratar de uma turma

    de terceiro semestre, a mdia de alunos

  • 7/25/2019 15224-63706-1-PB (1).pdf

    12/15

    125Revista Educao por EscritoPUCRS, v.4, n.2, dez. 2013. p. 114128.

    de trinta por turno. A nica pessoa que

    tem registro com nome e atitude a

    assessora pedaggica da mantenedora,

    que vista as aulas para avaliar a prtica

    docente. A observao da assessora foi

    retratada da seguinte forma: Devo

    registrar que nos dois ltimos perodos

    recebi a visita da Prof. [nome suprimido],

    que realizou a superviso pedaggica de

    minha conduta nesta aula, tendo recebido

    ao final dos perodos a devoluo daavaliao. Nesse caso, a docente no

    teceu comentrios de como se sentiu, ou

    qual foi ofeedback recebido.

    Alm disso, no h como saber se

    a presena da assessora pedaggica

    interferiu no andamento da aula, ou no

    ambiente, ou nos sentimentos e aes daprofessora, exceto quando esta afirma:

    sendo que a participao e colaborao

    dos alunos e da Prof. [nome suprimido]

    nas discusses de casos j identificados

    ilustram sobremaneira a aula. Como

    trabalho diretamente com a assessora

    pedaggica, pude ouvir vrios relatosdessa participao ativa na observao da

    aula quando gosta da aula, empolga-se

    e participa ativamente como se fosse uma

    aluna. Outros professores relataram de

    maneira informal que sentiram certo

    desconforto com a presena de uma

    pessoa que os estava avaliando.

    Entretanto, a docente recorre

    autoexpresso ao descrever suas

    habilidades e competncias. Retratamos a

    autoimagem da docente no Quadro 4:

    Quadro 4Autoimagem da professoraDirio 1 Dirio 2 Dirio 3

    pontualidade -- --

    seguranasegurana

    demonstradasegurana

    organizao -- organizao

    --experincia;

    conhecimento;domnio;

    --

    entrega dosmateriais edocumentos

    de apoio

    disponibilizarmateriais edocumentos

    de apoio

    entrega dosmateriais edocumentos

    de apoio

    --ilustrar com

    vdeos e slides--

    Fonte: do Autor do artigo

    Pela anlise do Quadro 4,

    podemos perceber que algumas atitudes,

    no entendimento da professora, levam aocomprometimento do aluno:

    pontualidade, segurana, experincia,

    domnio de contedos e organizao.

    Aqui, o professor se torna um modelo a

    ser seguido pela turma por exemplo, se

    o professor chega atrasado, no pode

    cobrar pontualidade dos alunos. A

    proposta da professora parece ser a de um

    crculo virtuoso entre o modelo de

    conduta adotado por ela e o exigido dos

    alunos.

    Outra questo que aparece nos

    trs dirios analisados o

    comprometimento em entregar aos alunos

  • 7/25/2019 15224-63706-1-PB (1).pdf

    13/15

    126Revista Educao por EscritoPUCRS, v.4, n.2, dez. 2013. p. 114128.

    materiais (fotocpias, lista de

    bibliografia, casos para estudo) com

    antecedncia (tempo hbil para o acesso).

    Dessa maneira, a relevncia conferida ao

    planejamento perpassa a descrio da

    aula e da prpria descrio da atuao da

    professora. Com esse entendimento,

    poderamos pensar que o planejamento

    evitaria possveis percalos nas relaes

    estabelecidas entre professor e alunos e

    entre professor e instituio (coordenaode curso).

    Complementando as ideias

    anteriormente trazidas, a professora

    enaltece suas prprias qualidades de

    forma repetida em seu dirio, como a

    seguir:

    A experincia e conhecimento prtico daprofessora, segurana e organizaodemonstrada ao fundamentar o tema emestudo e a entrega dos materiais edocumentos de apoio instrucionaisnecessrios so essenciais paradesenvolver um estudo e ensino de boaqualidade.

    claro que esses elementos

    tambm instrumentalizam uma boa aula.

    Nem sempre temos a possibilidade de

    trabalhar nas melhores condies fsicas,

    psquicas e de infraestrutura institucional.

    Problemas acontecem com certa

    frequncia no fazer docente. s vezes,

    inclusive, no conseguimos controlar

    interferncias externas, como a presena

    da assessora pedaggica para efetuar uma

    avaliao. Por mais experincia, reflexo

    e contedo que tenhamos acumulado em

    nossa vivncia de sala de aula, sempre h

    novas situaes que devemos enfrentar.

    A experincia docente e suas relaes

    com os imprevistos valeria uma

    investigao posterior.

    No relato inicial de Zabalza

    (2004, p. 09) sobre as primeiras

    experincias ao escrever um dirio, oautor relembra: Naquela ocasio,

    escrever um dirio foi como travar uma

    espcie de dilogo comigo mesmo, tratar

    de racionalizar ao acabar a jornada

    [grifo do autor]. Haveria que investigar se

    essa necessidade de catarse permanece

    com o acmulo de experincia, ou se odistanciamento proposto pelo dirio de

    aula no se faz mais necessrio. Outra

    inquietao que nos surge em relao

    ao circulo de melhoria identificado por

    Zabalza (2004) como um dos principais

    resultados da escrita de dirios. Esse

    crculo de melhoria capaz de nosintroduzir em uma dinmica de reviso e

    enriquecimento da conscincia [grifo do

    autor] (p. 11). De modo, que essas

    reflexes no se encerram com a

    elaborao deste artigo.

  • 7/25/2019 15224-63706-1-PB (1).pdf

    14/15

    127Revista Educao por EscritoPUCRS, v.4, n.2, dez. 2013. p. 114128.

    Consideraes finais

    De modo a encerrar a reflexo

    proposta, apresentamos algumas

    consideraes. O estudo dos dirios de

    aula pode ser to fascinante quanto os

    relatos dos dirios literrios. Nos dois

    tipos, encontramos revelaes de traos

    da personalidade, inquietaes e

    idiossincrasias do diarista.

    Os professores, por meio de sua

    escrita, tambm revelam suas prticas easpectos de sua personalidade da mesma

    forma que na literatura. Nos dirios,

    aprendemos sobre os costumes de uma

    poca (prtica) e sobre as crenas de

    quem registrou seus pensamentos.

    Barcellos (2009, p.15), um pesquisador

    da rea de Histria que estuda dirios dosmais diversos, admite que os diaristas

    gostam de ver a imagem que cada um

    faz de si; dessa maneira, revelamos

    nossa autoimagem, como no caso

    estudado.

    Cada relato pode ser interpretado

    de forma diferente pelos leitores. Aautoimagem refletida no dirio nem

    sempre a mesma do leitor. Nos dirios

    analisados, a professora ressalta a

    organizao da instituio e da professora

    como os fatores mais importantes para o

    sucesso de uma aula. Os registros no

    apresentam dilemas ou reflexes

    pedaggicas em profundidade na sua

    escrita. Por outro lado, a professora est

    sempre preocupada com o processo de

    ensino-aprendizagem, com o crescimento

    dos alunos, e utiliza metodologias

    distintas (ao que tudo indica, bem

    aplicadas a suas aulas).

    Zabalza (2004, p.142) acredita

    que devemos escrever um dirio quando

    sentimos que estamos sendo muito

    pressionados ou acumulando muitatenso interna. Segue afirmando que o

    dirio nos oferece um mecanismo de

    catarse protegida [grifo do autor]. A

    professora tem uma longa carreira na

    docncia, e j foi coordenadora de curso,

    o que talvez tenha ligao direta com o

    no aparecimento de dilemas em seusdirios. Por outro lado, possvel que

    tenha desenvolvido certo receio de fazer

    essa catarse e de se expor.

    Na obra Dirios de aula,

    encontramos frequentemente a

    preocupao do autor com a reflexoo

    dirio serve para que o profissional tenhaum distanciamento da sua prpria prtica,

    e possa reavali-la. A velocidade, que nos

    leva de semestre a semestre,

    frequentemente no permite aos

    professores a parada necessria para a

    reflexo sobre sua prtica pedaggica. Se

    no pararmos, ordenarmos nossos

  • 7/25/2019 15224-63706-1-PB (1).pdf

    15/15

    128Revista Educao por EscritoPUCRS, v.4, n.2, dez. 2013. p. 114128.

    pensamentos e analisarmos nosso fazer

    docente, como seremos melhores

    professores? A prtica do dirio pode ser

    a resposta para alguns professores, que se

    interessem em embarcar nesse exerccio

    constante e desafiador.

    Referncias

    ALVES, Francisco Cordeiro. Dirioumcontributo para o desenvolvimento

    profissional dos professores e estudo deseus dilemas. MilleniumRevista on-line,n. 29, I, 2004. Disponvel em: Acesso em: 01 dez. 2009.

    ARIS, Philippe. Por uma histria davida privada. In: CHARTIER, Roger(org.). Histria da vida privada: daRenascena ao Sculo das Luzes. vol 3.So Paulo: Companhia das Letras, 1991.

    p. 7-19.

    BARCELLOS, Srgio da Silva.Voyeurismo ortogrfico. In: Piau. n. 38,nov. 2009, p.15.

    HAMMOUTI, Nour-Din. Diriosetnogrficos profanos na formao e

    pesquisa educacional. SEE: SociedadeEuropeia de Etnografia da Educao.

    2002. p. 10-18Acesso em: 19 nov. 2011.

    FERREIRA, Aurlio Buarque deHolanda. Novo Aurlio sculo XXI: odicionrio da lngua portuguesa. 3. ed.Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.

    MELLO, Lucrcia Stringhetta. Dirio de

    aula e a formao docente: A relao

    entre a leitura escrita e a produo doconhecimento. 14 congresso de leiturado Brasil. Anais. Jun. 2003. Disponvelem:

    Acesso em: 2 dez. 2009.

    SILVA, Maria Helena Santos; DUARTE,Maria da Conceio. O dirio de aula naformao de professores reflexivos:resultados de uma experincia com

    professores estagirios de Biologia/Geologia. Revista Brasileira dePesquisa em Educao em Cincias.ABRAPEC, v. 1, n. 2, p.73-84, 2001.

    ZABALZA, Miguel. Dirios de aula:um instrumento de pesquisa edesenvolvimento profissional. PortoAlegre: Artmed, 2004.

    Artigo submetido em setembro de 2013

    Artigo aceito em dezembro de 2013

    http://www.ipv.pt/millenium/Millenium29/30.pdfhttp://www.ipv.pt/millenium/Millenium29/30.pdfhttp://www.alb.com.br/anais14/Sem11/C11017.dochttp://www.alb.com.br/anais14/Sem11/C11017.dochttp://www.alb.com.br/anais14/Sem11/C11017.dochttp://www.alb.com.br/anais14/Sem11/C11017.dochttp://www.ipv.pt/millenium/Millenium29/30.pdfhttp://www.ipv.pt/millenium/Millenium29/30.pdf