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2 Jornal RUMOS

Jornal RUMOS

Queridos irmãos eirmãs, a caminhada do nosso Mo-

vimento das Famílias dosPadres Casados (MFPC) semantém na trajetória dos fi-lhos de Deus, buscandoevangelizar a todos à nos-sa volta, utilizando-nosdos dons que temos a ser-viço da comunidade.

A dádiva maior somosnós mesmos, em especialtantos padres dedicados,intelectuais preparados, ri-cos em experiência de fé ede vida. Ressalto a energiae o carisma do nosso Gil-berto na divulgação donosso Jornal, entusiastaincansável.

Vislumbro o potencialdo nosso João Tavarescom tantas respostas sá-bias e precisas para ummundo cada vez mais mer-gulhado na mediocridadede uma mídia barata e es-candalosa.

Quero lembrar todos os

EDITORIAL

temos o prazer de lhesapresentar a edição n° 219do Jornal Rumos, a primei-ra deste ano do Senhor2011, do Movimento dePadres casados do Brasil(MPC) e da AssociaçãoRumos (AR).

Comentários e críticassão bem aceitos e mesmodesejáveis.

Podem ser enviadaspara o Editor Gilberto LuizGonzaga.

A perspectiva básica doJornal Rumos, além de darnotícias do MPC, é de umatribuna livre de apresenta-ção e de discussão de te-

mas atuais que interessam àvida da Igreja no Brasil e noMundo, tendo como pano defundo e como inspiração aIgreja Povo de Deus, vista àluz dos Documentos do Con-cílio Vaticano II.

Com uma Hierarquia a ser-viço do Povo de Deus cons-ciente e responsável de suaMissão de sal e fermento nomundo e na Igreja, pela forçado seu Batismo e Crisma, ali-mentados abundantementepela Eucaristia e pela Palavra.

Para se inteirar melhor davida e das idéias do MPC doBrasil, você pode tambémacessar nosso site:

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Diretoria Executiva da Associação Rumos:biênio 2010/2012

Presidente: José Edson da SilvaVice-Presidente: Maria Lucia de Moura1º. Secretário: Enoch Brasil de Matos Neto2º. Secretário: Maria de Fátima Lima Brasil1º. Tesoureiro: José Colaço Martins Dourado2º. Tesoureiro: Maria do Socorro Santos Martins

Organismos de Apoio da AR e Conselho Gestordo Movimento de Padres Casados e suas Famílias:

Presidente da AR - José Edson da SilvaCoordenador do Encontro XIX Encontro Nacio-nal do MFPC - o mesmoModerador do e-grupo padrescasadosJoão Correia TavaresCoordenador do site www.padrescasados.orgEnoch BrasilRepresentante internacionalArmando HolocheskiCoordenador da comissão de teologiaFrancisco Salatiel A. BarbosaCoordenador da Assessoria JurídicaFrancisco Muniz de MedeirosObs. - As respectivas esposas estão incluídas nasfunções acima.Diagramação Rodrigo Maierhofer Macedo

O JORNAL RUMOS é uma publicação bimes-tral da Associação Rumos/Movimento das Famíli-as dos Padres Casados do Brasil (MFPC). A Asso-ciação Rumos é uma sociedade civil de direito pri-vado, de âmbito nacional, com finalidades assis-tenciais, filantrópicas, culturais e educacionais,sem fins lucrativos.

Conselho Fiscal da AR: Joarez Virgolino Aires e Ausilia Moraes Aires (PR), Luís Guerreiro Pinto Cacais e Irene Ortlieb GuerreiroCacais (DF) e Fernando Spagnolo e Telma Araujo de Oliveira Spagnolo (DF).JORNAL RUMOS:Coordenador do Conselho Editorial do Jornal Rumos: Gilberto Luiz GonzagaJornalista Responsável: Mauro Queiroz (MTb 15025)Correspondência: artigos, comunicações, artigos, sugestões e críticas devem ser dirigidos para o e-mail: [email protected] deGilberto Luiz Gonzaga, Porto Belo SC, fone 47-33694672Os textos assinados não representam necessariamente a opinião do jornal e são de inteira responsabilidade de seus autores.Assinatura anual:Assinatura anual: R$ 30,00 (trinta reais)Pagamento pelo BANCO ITAÚ AGÊNCIA: 4453 Nº DA CONTA: 07294-6Comunique imediatamente ao nosso tesoureiro José Colaço Martins Dourado por e-mail ([email protected]), por carta (JoséColaço Martins Dourado Rua Mário Mamede, 1209 - Aptº 602 - Bairro de Fátima CEP: 60415-000 Fortaleza-CE) ou telefone (85-3334-1876)Associação Rumos:Anuidade de sócio - R$ 120,00 (Cento e Vinte Reais) com direito a assinatura do jornal RumosContribuição para um fundo de ajuda mútua - a partir de R$ 1,00 por mês;Pague sua anuidade exclusivamente através de depósito bancário noBANCO ITAÚ AGÊNCIA: 4453 Nº DA CONTA: 07294-6Remeta cópia do comprovante para José Colaço Martins Dourado por e-mail ([email protected]), por carta (José Colaço MartinsDourado Rua Mário Mamede, 1209 - Aptº 602 - Bairro de Fátima CEP: 60415-000 Fortaleza-CE) ou telefone (85-3334-1876)

Carta do Presidente aos leitores

Prezados leitores(as),meus irmãos no sacerdóciode norte a sul do Brasil quefazem um trabalho brilhantealicerçados pela parceriacontínua de suas digníssi-mas esposas, que com ma-estria fazem da Igreja famili-ar um templo vivo da presen-ça amorosa de Deus.

Quero saudar todas asfamílias dos nossos padresfalecidos, que tantas marcasdeixaram na construção doReino de Deus e que nãopoderemos deixá-los cair noesquecimento.

Meus amigos e amigas,nós somos convidados anos alegrar pela nossa exis-tência e juntos prepararmoso Encontro Nacional previs-to para o final de junho de2012 em Fortaleza-Ce, comtodo o compromisso e entu-siasmo.

Passemos para nossosfilhos e para as nossas co-munidades que o nosso tra-balho continua a serviço daIgreja viva de Nosso Senhor

Jesus Cristo. Sejamos assementes da diferença, quebrote de nós um olhar e umagir transformador, pois anossa sociedade padece depreceitos morais e neces-sita de homens e mulheresvalentes de espírito.

Desejo que cada grupoespalhado no nosso imen-so Brasil preocupe-se como nosso papel de profetasda boa notícia, de jamaiscruzarmos os braços e ser-mos realmente sal da terrae luz do mundo.

Grande abraço a to-dos!!!

José Edson da [email protected]

Saúde e Paz!

www.padrescasados.orgBoa leitura

João Tavares [email protected]

Gilberto Luiz Gonzaga -editor

[email protected]

DALCIDES e esposa Maria-na comunicam:

Ele foi padre católico durante10 anos. Pediu dispensa do mi-nistério sacerdotal para redireci-onar sua vida como leigo, pas-sando a dedicar-se ao ensino uni-versitário, às palestras em empre-sas, nas agências educativas e aoatendimento pessoal.

Devido ao grande sucesso, aEditora Loyola realizou em 18/12mais um lançamento do seu livro:"A vida é feita de escolhas" comprefácio de Gabriel Chalita.

[email protected] [email protected]

LIVROSNo dia 10/12/2010 LUIZ

PEREIRA DOS SANTOSlançou em Brasília o livro"Origens do Universo, davida e do homem - explica-ções antigas e novas".

O livro é destinado aleigos cristãos e visa a pôrelementos de esclareci-mento sobre o embate en-tre criacionismo e evoluci-onsmo.

Comenta o autor: "Dei-xei as fileiras clericais depoisde ter exercido o ministériopastoral por 25 anos. Cons-

tituí família em Brasília.Hojesou simplesmente um persis-tente pesquisador. Tento es-crever minhas ideias com li-berdade de pensamento. Por-que sempre acreditei que pen-samos certo quando ousamospensar livremente".

O livro já está anuncia-do em dois sites:www.allprinteditora.com.br ewww.livrariacultura.com.brEstá à venda na Livraria DelRey, de Belo Horizonte.

Luiz Pereira dos [email protected]

No próximo dia 1°de março aconteceráem Madrid, a apresen-tação do livro:

"Curas casados.Testimonios de fe yternura"

O livro é editadopelo MCEOP (cliquee veja) - MovimentoPró-Celibato Opcio-nal.

Os Coordenado-res da edição: RamónAlario e Teresa Cortés

Coordenação MFPC para a gestão2011-2013 do Ceará

Casal presidente: João Nogueira mota (morais) e Maria Irismar Magalhães motaTesoureiros: Aroldo Aquino e Margarida AquinoSecretários: José Carlos e Rosa Silvério (filho e viúva do padre João Mendes)

O atual presidente, natural de Maranguape CE, realizou seus estudos no Seminá-rio da Prainha (Fortaleza-CE), estudou música no Instituto de música sacra em Roma.Tem 10 livros publicados. Filhos: Michaele, João Filho e Igor Mota.

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Jornal RUMOS

3Jornal RUMOS

Parabéns, meu caro, pela edição 218 doRumos!

Você está ficando igual a vinho de fes-ta... cada vez melhor!!!

José Edson [email protected]

Vá em frente, continue... Agradecido.Sálvio Graf

[email protected]

Recebi a última edição do jornal Rumos.Como sempre há muitos bons artigos parareflexão.

Norma [email protected]

Parabéns e OBRIGADO PELA CHEGA-DA do Jornal. Que trabalheira!

Pe. Júlio [email protected]

Meu caro Gilberto, hoje pela manhã,abrindo meu e-mail, encontrei com satisfa-ção a última edição de Rumos. Mais umavez, você e sua equipe estão de parabéns. OJornal está excelente, mesmo que algunsachem que estão falando muito da SantaMadre Igreja. Eu, como você, tenho plenaconvicção de que temos que criar corageme exercitar o nosso "dom profético" A todosfoi dito pelo Mestre: "Ide e pregai". Estapregação, muitas vezes, não agrada a todos,nem por isso devemos nos calar.

José Lino de Araú[email protected]

Acompanho o Movimento de PadresCasados desde o ano de 1970. Considerocomo seu fundador o falecido MonsenhorPedro Luz, casado, com Lígia, pai de 5 filhos,que viveu e morreu em Brasília, depois deuma vida toda de socorro aos colegas quedeixavam o ministério naqueles anos difíceis.

Fomos grandes amigos e fui seu confes-sor como Padre novo que eu era. Celebrei aprimeira missa pública para inaugurar oMovimento em Brasília em 1970. Foi filmadapela Rede Globo.

Foi um escândalo na época, e me valeu opedido de afastamento da Arquidiocese fei-to por D. José Newton a meu Provincial ca-puchinho.

Luiz Pereira dos [email protected]

Caro Giba, muito boa a edição do JornalRUMOS. As matérias são muito interessan-

PÁGINA DOS LEITOREStes e atuais.

Eu tenho me dedicado à edição de jor-nais, boletins e revistas de Igreja, maiores emenores. UM Feliz Natal e abençoado 2011!

Pe. Lourenço Mika (Máikol)[email protected]

Sou ex funcionário do Banco do Brasil.Quando me aposentei fiz o curso de teolo-gia junto com os seminaristas, só não fiz meordenar.Alguns Bispos amigos insistiampara que eu me ordenasse Diácono Perma-nente e eu brincando lhes respondia, paro-diando Santo Agostinho quando falava dadignidade dos leigos: "Atemoriza-me o quesou para vós; consola-me o que sou con-vosco. Pois para vós sou Bispo, convoscosou cristão. Aquilo é um dever, isto é umaGraça. O primeiro é um perigo, o segundosalvação".

João Carlos de Sousa [email protected]

Aproveito a renovação de Rumos paraenviar abraços a essa equipe de luta e para-benizar pelas últimas edições que estão, nomínimo, maravilhosas.

No dia em que recebi o jornal estava len-do justamente o artigo "não se fazem maisbispos como antigamente"...

Estou enviando o depósito de 30,00 re-ais para renovar minha assinatura.

Osvaldo Costa - Itanhandu - MG

Mi nuy estimado Hermano en Cristo:Recibo siempre con inmensa alegría tantosescritos plenos de vivencia cristiana pro-fundamente teológica, por parte de tantossacerdotes casados principalmente por me-dio de tus mensajes. Gracias... mil gracias.

Me siento reconfortado en mi sacerdo-cio vital, con tantos Hermanos brasileñosque han formado familia y que viven la ale-gría de su íntimo sacerdocio eterno...

Pero al mismo tiempo, no dejo de sufrirpor la rigidez inhumana y anticristiana denuestra máxima autoridad vaticana que obs-tinadamente niega la libertad básica cristia-na de formar familia en Cristo. Es una Jerar-quía ciega y obsesivamente tiránica.

Que el Niño Jesús nos mantenga siem-pre unidos!

Padre [email protected]

Caros irmãosUma coisa que sempre me intrigou é o

fato de, ao comparar o MFPC com algumacongregação religiosa (Jesuítas, Comboni-

anos, Redentoristas, etc.), ver que estascongregações se auto sustentam e tocam"sua vida" com estabilidade e objetividade.Vejo que nós, enquanto movimento, possu-ímos características semelhantes, especial-mente 2: somos universais (também estamosno mundo inteiro) e temos um carisma; osJesuítas: a educação da juventude; os Com-bonianos: as missões além fronteiras; osRedentoristas: a devoção mariana; nós: nóstemos... deixa eu ver... nosso carisma é... ah,não sei bem, mas acho que temos um caris-ma também.

Eu acredito que um dia nosso movimen-to adquirirá os mesmos moldes de uma con-gregação religiosa. Temos a faca e o queijonas mãos.

Ednaldo Santos [email protected]

Tenho acompanhado as mensagens doMPC; é muito bonito ver que, mesmo sendodiscriminados pela Igreja Instituição, vocêscontinuam missionários, unidos e talvezmais padres do que antes.

Eu não cheguei a ser ordenado padre,mas a Teologia é o assunto que mais ocupaminhas preocupações; e Deus, uma paixãode minha alma.

Vejo que a Igreja criou verdades quesufocaram a verdade de Cristo e os padreshoje tem dificuldade em se desvencilhar detantas teorias humanas falsas como se ori-ginassem no coração divino, e que hoje maisatrapalham do que beneficiam a presençaviva de Deus.

Obrigado por lembrarem de mim e retri-buo os votos de Paz e Bem, essa linda sau-dação de São Francisco.

Antônio Mü[email protected]

Acabo de ler o Vosso Jornal Rumos.Quero dar-lhes os parabéns pela coragem,profundidade e frontalidade com que tratamos problemas.

No caso do Vaticano, eles não vêem por-que não querem ver. As coisas são mais cla-ras que a água, mas o Vaticano está maisinteressado em manter os poderes do queos serviços.

O Vaticano como Estado não tem razãode ser. O Reino de Deus não é deste mundoe eles querem um reino neste mundo de con-fusão e materialismo mais do que quaisqueroutros.

Alguns dos artigos são mais fortes, mastodos muito bem pensados e muito bem or-ganizados.

Há pessoas que enchem a boca a dizerque este Papa é muito inteligente, mas eunão penso assim, pois se o fosse já tinhadado dois murros na mesa e já tinha avança-do nem que fosse sozinho, pois nessa altu-ra tinha toda a igreja consciente e dos po-bres ao lado dele.

João XXIII já teria dado a volta a isto,mas morreu cedo demais...

Serafim Sousa,Presidente da Fraternitas - Portugal

[email protected]

Obrigado, Giba. Que tenhamos 365 diasde paz, alegria e presença Dele. Enviarei de-pois para Rumos um relato do que foi a nos-sa Celebração dos 80 anos de existência nodia 11/12/2010.

Foi uma festa para filhos do Pai que nosama. Presentes os dois Arcebispos e maisdois monsenhores. Muita gente totalizandomais de cem pessoas.

Abraço fraterno a todos os Irmãos.Geir

[email protected]

Aproveitei as férias escolares para ler comcalma este último número (218) de RUMOS.Gostei muito. Os artigos, de modo geral, vi-saram, a meu ver, fomentar o espírito críticocom relação às coisas da nossa Igreja.

Não apreciei apenas um texto. Na reali-dade, a presença desse texto foi válida, poisnem todos pensamos da mesma maneira.Ainda Bem! Achei, no entanto, que o título"Experiência Socialista Fracassada" não foiválido. Que a experiência foi fracassada, foi.Mas, não foi uma experiência socialista! Pelomenos com referência ao que eu entendopor socialismo. Foi antes uma experiênciacapitalista, pois valorizou exclusivamenteposturas competitivas e individualistas.Tanto daqueles que não tinham sucessocomo, sobretudo, daqueles que tiravam no-tas mais altas. O Prof. Rogers não sugeriunem uma vez a idéia da solidariedade entreos alunos. Instigou-os, pelo contrário, a umacompetição individualista marcante. A ati-tude dos alunos (de todos, fracassados ebem sucedidos!) me fez lembrar a famosa"Lei de Gerson": "É preciso levar vantagemem tudo!"

Que vocês continuem com o seu vibran-te trabalho, pois a nossa Igreja e o Mundoprecisam de gente como vocês. Um abraço

Franklin M. Villela, [email protected]

Caros irmãos, paz e bem.Há anos estou ciente da associação dos

padres casados. Hoje oficialmente li de ma-neira mais interessada sobre a associaçãode vocês. Parabenizo a associação pelosobjetivos, desejando que os mesmos um diapossam se concretizar de fato no seio daIgreja que ainda precisa de uma verdadeiraabertura à realidade do outro.

Abraço fraterno de quem também é umpadre casado.

Jessé Moreira [email protected]

Prezado Gilberto, envio-lhe algumas fo-tos do lançamento de meu livro.

Tenho recebido vários e-mails com co-mentários sobre meu livro; todos ressaltan-do o caráter polêmico da publicação.

É importante que se teçam comentários,e que se exponha o contraditório.

Meu papel agora é ouvir a voz que saida "sarça ardente"... sim, ouvir com respei-to e silêncio.

Luiz Pereira dos [email protected]

Gilberto, obrigado pelo seu carinho deirmão. Pude sentir seu entusiasmo pela cau-sa da evangelização, seu coração sempresacerdotal.

Vou acompanhar sempre o Jornal Rumose tenho certeza de que será para mim umagrande aprendizagem. Com amizade,

Dalcides [email protected]

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4 Jornal RUMOS

Jornal RUMOS

NATAL DAS FAMÍLIAS DOSPADRES CASADOS DE GOIÂNIA.

Já aconteceram 17 encontrosdos ex-alunos do Ipiranga SP.

Eu participei deste último, em15/11/2010.

É uma alegria muito granderever colegas 43 anos depois... epassar por aqueles corredoresque testemunharam a história detantos sonhos.

Nós Somos Igreja: O livrodo Papa "Luz do Mundo"traz muito pouca luz ao

mundo.Uma nova abordagem ao uso

do preservativo é só um primeiropasso, que deveria ser seguido poruma revisão fundamental da peda-gogia sexual da Igreja.

O Movimento InternacionalNós Somos Igreja saúda o fato deo Papa, no seu novo livro "Luz doMundo", ter acabado com a totalcondenação do uso do preservati-vo pela Igreja. Contudo, há muitoque se esperava o reconhecimen-to de que os preservativos são ummeio essencial para impedir a dis-seminação do HIV e de outras in-fecções sexualmente transmitidas.

Não desvalorizamos a peque-na concessão que o Papa BentoXVI fez, nem subestimamos o efei-to profundamente benéfico queterá esta tomada de posição paraos bispos, padres e religiosos/as eas organizações, como a CaritasInternacional, que no seu trabalhocom pacientes com SIDA e no com-bate à disseminação da pandemiareconhecem o papel importantedos preservativos.

Agora será mais fácil para asorganizações internacionais cola-borarem com organizações católi-cas na luta contra o HIV e a SIDA.

Enquanto o nosso Papa diz que

COMUNICADO INTERNACIONAL DO MOVIMENTOINTERNACIONAL NÓS SOMOS IGREJA (IMWAC)

a condenação do uso do preserva-tivo pode ser "um primeiro passonum movimento em direção a umanova abordagem, a uma sexualida-de mais humana", o MovimentoNós Somos Igreja vê as palavrasdo Papa como o primeiro passo daprópria hierarquia católica no sen-tido de encarar as realidades dosexo e da sexualidade.

É importante lembrar que, jáem Novembro de 2006, o "Con-selho Pontifício para a Pastoraldos Cuidados de Saúde" tinharecomendado num relatório parao Papa, que a Igreja deveria dei-xar de considerar imoral o uso depreservativos por um casal, seum dos parceiros estivesse in-fectado com HIV.

O Movimento Nós SomosIgreja apoia, veementemente, osteólogos morais católicos queconsideram a prevenção do HIVmais importante do que o segui-mento da condenação rígida dahierarquia quanto ao planejamen-to familiar "artificial".

De um modo informal, estenovo livro oferece perspectivasinteressantes do pensamento doPapa. Mas é perfeitamente claroque não há qualquer volta de 180graus em questões-chave da te-ologia, da pastoral e da moral,nomeadamente, em relação à or-denação de mulheres, ao celiba-

to dos padres, à homossexuali-dade, ao ecumenismo, etc.. Ain-da assim, o livro anunciará umanova era se esta concessão mí-nima, mas significativa, quantoao uso de preservativos condu-zir a um regresso a uma culturade diálogo de mente aberta noseio da Igreja Católica Romana -um dos princípios indispensá-veis do Concílio do VaticanoSegundo (1962-65).

Porém, como aponta HansKueng, o princípio da infalibi-lidade papal é um grande obstá-culo no caminho da mudança de

pensamento daqueles que de-têm a liderança da nossa comu-nidade mundial de fé. Isto é,também, óbvio quando vemosos comentários hostis feitos porteólogos fundamentalistas.

Hoje, a maioria dos fiéis sen-tem que a Igreja Católica Romananecessita urgentemente de umnovo entendimento relativamenteà sexualidade - humana de facto,como o próprio Papa sublinha,com amor e livre de medo, porquea sexualidade é uma força que dávida a todos os seres humanoscriados e amados por Deus.

O Movimento Nós SomosIgreja apresentou um texto paradebate, apelando a uma ética se-xual cristã orientada para o futu-ro, em 2008, 40 anos após a Encí-clica "Humanae Vitae" ter sidopublicada em 25 de Julho de 1968."O ministério da igreja não deve-ria continuar a barricar-se atrás demuros com idade secular. De igualmodo, não deveria continuar a ig-norar o conhecimento fidedignoque as ciências humanas têm dasexualidade e da ética sexual".

Ao abordarmos a Encíclica"Humanae Vitae", não devería-mos esquecer que a maioria dosmembros da comissão empossa-da em 1962 pelo Papa João XXIII,e alargada pelo Papa Paulo VI,votou a favor de uma parentali-dade responsável, sem banirqualquer forma de contracepção.Foi o Papa Paulo VI que não se-guiu o voto da larguíssima mai-oria, mas, ao invés, proclamouo voto da minoria dissidentecomo a doutrina oficial da Igre-ja, com consequências gravesbem conhecidas : A recepção epercepção positivas à encíclicaforam invertidas.

Daí, a Igreja Católica ter perdi-do, em grande medida, a sua credi-bilidade e a sua importância no quediz respeito às questões da sexua-lidade e da vida sexual humanas.

"O Senhor virá libertar o seupovo, e do mundo velho nasceráo novo" (da Liturgia de Natal noOficio Divino das Comunidades)

No domingo 28 de novembroaconteceu, como previsto, a cele-bração de preparação ao Natal dasfamílias dos padres casados noCentro Cultural da Caravideo.

Com muita simplicidade o bis-po dom Celso celebrou a Missa ex-ternando a sua satisfação em terrecebido o convite e desejandopara todos as bênçãos de Deus.

Éramos presentes umas vintepessoas, sendo que vários amigostinham avisado que não poderiamparticipar por causa de viagens eoutros motivos.

Depois da celebração, es-pontaneamente, criou-se umaroda de conversa que durou maisde hora. O almoço festivo encer-rou o encontro.

A conversa foi fraterna, since-ra e construtiva. É bom constatarcomo cada um e cada uma têm ri-quezas imensas para partilhar: na

experiência familiar, no campo cul-tural e do trabalho, na espirituali-dade. Cada um está voltado para aconstrução de um mundo melhor edeseja uma igreja diferente, viva,participativa, conciliar.

Todo mundo achou bom esteencontro e ficou planejado para opróximo ano, na quaresma, de fa-zer um encontro semelhante empreparação à Páscoa.

Tivemos também uma notí-cia muito boa: Dom Tomás Bal-duino se ofereceu para fazerparte do nosso grupo, coisa queachamos maravilhosa e quetodo mundo aprovou.

Foi também sugerido de apro-veitar outras oportunidades paramanter e melhorar a amizade entretodos: palestras, aniversários, cri-ar projetos comuns, colaborar ematividades sociais etc... Cada umpode dar sugestões ou convidarpara algum evento.

Feliz Natal!Sérgio Bernardoni.

Enviado por Deurivaldo

ENCONTROS DOS AMIGOSDO IPIRANGA SP

Hoje o grupo é eclético, masmantém em comum a fé, umagrande amizade e a fundamenta-ção humanista e cristã adquiridanos 14 anos de seminário.

Tem de bispo a avô, de celi-batário a divorciado, de empre-sário a psicólogo clinico - a gran-de maioria aposentados.

Os 17 encontros consecuti-vos que ocorrem anualmentesão sinal desta fraternidade edaquele apelo evangélico mar-cante que foi internalizado den-tro de cada um de nós: Ut om-nes unum sint.

Almir Simões [email protected]

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Jornal RUMOS

5Jornal RUMOS

NEM PADRE NEM LEIGO

Eu ia dar a este artigo o títu-lo: "Eu sou leigo". Agora,por causa de doutrinas e in-

terpretações que nunca nos deve-riam ter trazido até aqui, comecei oduplo processo de exclaustração(abandono da "Vida Religiosa") ede secularização (abandono do sa-cerdócio), eu queria fazer um brin-de ao meu novo estado e dizer "Es-tou honrado por ser leigo, pela gra-ça de Deus. Fico feliz em ser um devocês, a imensa maioria na Igreja "

Mas tenho de me corrigir des-de já. Leigo? Não, realmente nãosou leigo nem quero sê-lo, poiseste termo só tem sentido em con-traposição a clérigo e sempre nosentido de menos importante, defalta de alguma coisa. Não souleigo nem quero sê-lo, porqueesse nome foi inventado pelosclérigos que - ninguém se admire- sempre foram os poderosos queimpuseram a sua linguagem. Nãoquero ser leigo, que seria comodizer cristão raso e de segunda,cristão subordinado.

O Direito Canônico vigente dáuma estranha definição do termo:"leigo" é aquele que não é clérigoordenado nem religioso com vo-tos. Não designa algo que é, masalgo que não é. Leigo, então, pordefinição canônica, não tem iden-tidade nem função na Igreja, porter sido despojado. Leigo é o quenão fez os três votos canônicosde pobreza, castidade e obediên-cia, ainda que, quase com certeza,tenha de cumprir esses votos e atévários outros, tanto ou mais queos religiosos instalados em seu"estado de perfeição".

Leigo é o que não pode presi-dir a "fração do pão", a ceia de Je-sus, a memória da vida. Leigo é oque não pode dizer, em nome deJesus, de maneira efetiva: "Irmão,irmão, não te aflijas porque estás

perdoado e sempre o estarás. Nin-guém te condena, não condenes aninguém. Vai em paz, vive em paz".Leigo, que não pode dizer a umcasal apaixonado: "Vou abençoaro seu amor; seu amor, enquanto eledurar; é um sacramento de Deus".

Leigo, o que na Igreja não temnenhum poder, porque eles lho rou-baram, o despojaram dele. Aquelesque se apoderaram de todos os po-deres são chamados de clérigos, ouseja, "os escolhidos". Tinham sidoescolhidos pela comunidade, maslogo depois escolheram a si mes-mos e disseram: "Nós somos osescolhidos de Deus"

Não sou leigo nem quero sê-lo,porque não acredito numa Igrejatripartite de religiosos, clérigos eleigos, cristãos com status e cris-tãos peões, de classe dirigente emassa dirigida. Jesus não instituiuclasses; pelo contrário, acaboucom elas todas... E ninguém queconheça algo do Jesus históricopoderá dizer que aos "Doze" - quelogo depois foram chamados após-tolos - Jesus os nomeou dirigen-tes, menos ainda como classe diri-gente com direito a sucessão.

Ao máximo, como judeu que era,Jesus os designou como imagem doIsrael sonhado das doze tribos, dopovo reunido de todos os exílios,do povo fraterno, libertado de todoe qualquer senhor. (E, além disso,que dizer dos "setenta e dois" queJesus também escolheu e enviou aanunciar que outro mundo é possí-vel? Como é que eles não tiveramsucessores? A alguém deve ter in-teressado que eles os não tivessem,talvez para que o poder não fosserepartido). Jesus não era sacerdote,mas nem po isso Ele se considerouleigo e a ninguém de nós ele cha-mou com esse nome. Esse nomeLEIGO é uma falácia.

Há vinte nos que eu vejo e digo

isso. Por que, então, não abanoneiaté agora os votos e o ministério?Simplesmente porque era bastantefeliz com o que vivia e fazia, e pen-sava que não muda nada de impor-tante por uns votos a mais ou unscânones a menos. E agora que,pelas circunstâncias, deixo os vo-tos e o sacerdócio, continuo a pen-sar a mesma coisa: que "leigo" éuma denominação clerical e que, naIgreja de Jesus, é preciso deixar defalar de clérigos e leigos, isto é,superar de vez e radicalmente como clericalismo

Falar de clérigos e de leigosna Igreja é uma fraude ao NovoTestamento, pois esses termos nãosão usados, nem sequer uma vez,nem nos Evangelhos nem nas Car-tas de Paulo, nem em nenhum ou-tro livro do Novo Testamento. Éutilizado, sim, o termo grego "láos"(povo), do qual provém o termo"leigo", mas o termo "laos" desig-na toda a Igreja, não uma suposta"base eclesial" informe e inculta.

A toda a Igreja, o Novo Testa-mento nos chama "povo de Deus"(1 Pedro 2:9-10), e a todos os cren-tes nos chama "templo de Deus"(1 Pe 2.5, 1 Cor 3,16) "sacerdotes

santos" (1 Pd 2,5), "escolhidos" e,acima de tudo, "irmãos". Todossomos povo, templo, sacerdotes,eleitos, irmãos: e o somos sem ou-tra distinção que a biografia miste-riosa de cada um, com seus dons esuas feridas.

Falar de clérigos e leigos tam-bém é uma fraude aos primeirosséculos da Igreja, pois esses ter-mos não aparecem na literatura cris-tã até o século III. Durante os pri-meiros dois séculos não havia "lei-gos" na Igreja, porque ainda nãoexistia "clero". Então, a Igreja foisacerdotalizando, clericalizando, eassim surgiu o laicado que não ésenão o despojo, o resto do que oclero levou. Nunca teria havido "lei-go" na Igreja se não tivesse havi-do primeiro "clero".

Mesmo mais perto de nós, fa-lar sobre o clero e os leigos é umafraude ao sonho implícito no Con-cílio Vaticano II, que, na Constitui-ção Lumen Gentium, inverteu a or-dem tradicional e tratou primeirosobre a Igreja como povo de Deuse, em seguida, dos ministros hie-rárquicos. Primeiro, o povo; depoisas funções que o povo considereadequadas. Os bispos, presbíteros

e diáconos nunca deveriam seconstituir em "hierarquia" (podersagrado); são apenas funções de-correntes da comunidade e por eladevem ser reguladas. A hierarquiasó representa a Deus se represen-ta a Igreja - e não o inverso.

Falando do clero e dos leigosé, em suma, uma fraude a Jesus,porque ele rompeu com a lógica eos mecanismos de quem se refu-giou na Lei e no Templo e se havi-am erigido a si mesmos como do-nos absolutos da verdade e dobem. Jesus lhes disse: "Deus nãoquer isso. Deus quer curar as feri-das e que sejamos irmãos". E porisso eles o condenaram.

Doze séculos depois veio Fran-cisco, que nunca se rebelou, porpavras, contra a ordem clerical enão a quis criticar, mas que, por al-guma poderosa outra razão, ape-sar de toda a sua humildade, se re-cusou a ser clérigo e, com a doçurae a firmeza que o caracterizava, im-pediu enquanto pode que se repro-duzisse em sua fraternidade a di-visão entre clérigos e leigos. Equando já não conseguia impedir,seu corpo e sua alma adoeceram eele morreu aos 45 anos.

Uma vez ,quando ele moravacom alguns irmãos num eremité-rio pobre, chegou, de visita, umailustre senhora que pediu para vera capela, a sala do capítulo, o re-feitório e o claustro. Francisco eseus irmãos a levaram para umacolina próxima e lhe mostraramtoda a superfície da terra que po-diam abarcar e lhe disseram: "Esteé o nosso clautro, senhora". Issoera como dizer: "Nós não quere-mos ser monges, nem religiosos,nem leigos, nem clérigos. É ou-tra coisa, Senhora. Nós queremosviver como Jesus. "

José Arregui, teólogoFonte: Átrio

Sentença de 1587 - Trancoso,Portugal

Autos arquivados na Torre doTombo, armário 5, maço 7

SENTENÇA PROFERIDA EM1587 NO PROCESSO CONTRA

O PRIOR DE TRANCOSO"Padre Francisco da Costa,

prior de Trancoso, de idade desessenta e dois anos, será degre-dado de suas ordens e arrastadopelas ruas públicas nos rabosdos cavalos, esquartejado o seucorpo e postos os quartos, cabe-ça e mãos em diferentes distritos,pelo crime que foi arguido e queele mesmo não contrariou, sendoacusado de ter dormido com vin-te e nove afilhadas e tendo delasnoventa e sete filhas e trinta e

PADRE PAI DE 299 FILHOSsete filhos; de cinco irmãs tevedezoito filhas; de nove comadrestrinta e oito filhos e dezoito fi-lhas; de sete amas teve vinte enove filhos e cinco filhas; de duasescravas teve vinte e um filhos esete filhas; dormiu com uma tia,chamada Ana da Cunha, de quemteve três filhas. Total: duzentos enoventa e nove, sendo duzentose catorze do sexo feminino e oi-tenta e cinco do sexo masculino,tendo concebido em cinquenta etrês mulheres". Não satisfeito talapetite, o malfadado prior, dormiaainda com um escravo adolescen-te de nome Joaquim Bento, que oacusou de abusar em seu vasonefando noites seguidas quandonão lá estavam as mulheres. Acu-

sam-lhe ainda dois ajudantes demissa, infantes menores que lhe

foram obrigados a servir de pe-cados orais, completos e nefan-

dos, pelos quais se culpam emdefeso de seus vasos intocados,apesar da malícia exigente domalfadado prior. Agora vem o melhor:

"El-Rei D. João II lhe perdooua morte e o mandou pôr em liberda-de aos dezessete dias do mês deMarço de 1587, com o fundamentode ajudar a povoar aquela regiãoda Beira Alta, tão despovoada aotempo e, em proveito de sua realfazenda, o condena ao degredo emterras de Santa Cruz, para ondesegue a viver na vila da Baía deSalvador como colaborador de po-voamento português. El-rei orde-na ainda guardar no Real Arquivoesta sentença, devassa e mais pa-péis que formaram o processo".

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BISPO D. MANUEL EDMILSON DA CRUZ REJEITAHOMENAGEM DO SENADO

Bispo rejeita homenagem doSenado em protesto con-tra aumento dos salários

dos deputados e senadoresSenadores passaram por

saia-justa em sessão solene noinício da tarde de hoje. Ao serindicado pelo senador InácioArruda (PCdoB-CE) para recebera comenda de Direitos HumanosDom Helder Câmara, o bispo deLimoeiro do Norte (CE), D. Ma-nuel Edmilson da Cruz, constran-geu os parlamentares presentesao rejeitar homenagem.

O bispo afirmou que receber acomenda seria uma "afronta aopovo brasileiro", depois que osparlamentares reajustaram o pró-prio subsídio em 61,8%.

"Meus irmãos e irmãs, faloagora de coração com muita fé,sem diminuir o grande respeito

EVO MORALES QUER ACABAR COM"PRIVILÉGIOS" DA IGREJA CATÓLICA

O presidente EvoMorales afirmouque está decidido

a por fim a supostos privi-légios que obteve a IgrejaCatólica no país, outorga-das por anteriores gestõesde Governo. Disse que,antes, Estado e Igreja Ca-tólica "tinham todo o po-der e lamentavelmente ou-tros grupos religiosos nãotinham isto".

Em entrevista à impren-sa, o mandatário afirmouque pela Constituição Po-lítica do Estado (IPE) osbolivianos decidiram pelainstauração de um Estado

laico, onde todas as religi-ões têm seus direitos e de-veres por igual. "Por issonão há monopólio das reli-giões, embora alguns católi-cos possam revoltar-se",sustentou. "Antes havia ummonopólio de uma religião".

Evo Morales fez estasdeclarações logo apósBento XVI considerar"preocupante que a edu-cação na América Latinaseja posta em perigo e obs-taculizada com leis queameaçam criar uma espéciede monopólio estatal emmatéria escolástica".

Morales disse que

"quando se trata de bus-car certa igualdade pro-testam".

O Governo de EvoMorales promulgou, emdezembro passado, anova Lei de Educação"Avelino Siñani-ElizardoPérez", em meio a obser-vações da Igreja Católi-ca, dos sindicatos deprofessores e da oposi-ção política, que conside-ram que a nova lei discri-mina alguns setores epromove a "doutrinaçãopolítica" dos estudantes.

Anf - AgenciaMultimedia LA PAZ

Cidade do Vaticano,21 nov (EFE).- Ben-to XVI considera er-

rado afirmar que o papa éinfalível, pois, segundo ele,mesmo o hierarca máximo daIgreja Católica também seequivoca, declaração que sesoma à justificativa que fezdo uso de preservativos"em alguns casos".

Ambas as declaraçõesforam expressas no livro-en-trevista do escritor Peter Se-ewald - baseado em entrevis-tas com Bento XVI.

Bento XVI também dis-se que nunca pensou queseria eleito papa e que, em-

bora Deus lhe dê forças paraseguir adiante, ele nota que,aos seus 83 anos, "as forçasvão diminuindo".

Além de justificar o usodo preservativo "em algunscasos", a primeira vez queum papa o faz, Bento XVIenfrenta no livro outros as-pectos do Pontificado, daIgreja, de sua vida e do mo-mento de sua eleição.

Perguntado se "o papa éverdadeiramente infalível,um soberano absoluto, cujopensamento e vontade sãolei", Bento XVI responde, demaneira categórica: "isso éum equívoco".

Segundo Bento XVI, opapa se comporta "comoqualquer outro bispo", sal-vo em determinadas condi-ções, "quando a tradição éclara e se sabe que não seatua arbitrariamente".

"Obviamente, o papapode se equivocar. Ser papanão significa se considerar umsoberano cúmulo de glória,mas alguém que dá testemu-nho de Cristo crucificado".

A infalibilidade do papa,aprovada pelo Concílio Va-ticano I, é um dos pontosque separam as Igrejas Ca-tólica e Ortodoxa.

EFE

BENTO XVI CONSIDERA ERRADODIZER QUE O PAPA É INFALÍVEL

que devo a todos, mas falo comoirmão e irmã sobretudo, quer di-zer, assumindo a alma de todasas pessoas, pois é exatamentenesse momento que o Congres-so aprova o aumento de 61% doshonorários de seus parlamenta-res que, em poucos minutos,chegam a essa decisão e, ao efei-to cascata resultante, o impõe aopovo brasileiro, o seu, o nossopovo. O povo brasileiro, hoje deconcidadãos e concidadãs, ain-da os considera parlamentares?Graças ao bom Deus, há exce-ções decerto em tudo isso.Quem assim procedeu não é par-lamentar. É para lamentar",atacou D. Manuel, que aindaexigiu que o Congresso reavali-asse a votação e retomasse opatamar antigo salarial.

O bispo ainda lembrou que

quando o sul-africano NelsonMandela assumiu a presidênciade seu país reduziu em 50% opróprio salário.

"Quem vota em político cor-rupto está votando na morte!Mesmo que ele, paradoxalmen-te, seja também uma pessoa mui-to boa, um grande homem. Ain-da não do porte de um NelsonMandela que, ao ser empossadopresidente da República do seupaís, reduziu em 50% o valor dosseus honorários."

O senador José Nery (PSOL-PA) elogiou o protesto do religi-oso. Meus cumprimentos a DomManuel Edmilson da Cruz que,coerente com aquilo que pensae vive, neste momento, adotauma atitude de rejeição ao quefez o Congresso.

Correio Braziliense

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7Jornal RUMOS

La Companhia deJesus ofereceuuna indenização

de 5.000 euros a cada umadas 205 vítimas conheci-das dos abusos sexuaiscometidos contra meno-res em seus centros reli-giosos na Alemanha, in-formou em Munique oporta voz da ordem, Tho-mas Busch.

Busch assegurou queforam enviados às vítimascorreios eletrônicos com aoferta e que nos próximosdias elas receberão a do-cumentação por correio.

Os jesuítas esclarece-ram que a oferta não seráuma "indenização" e simum "reconhecimento"pelos danos sofridos.

O porta voz da Com-panhia de Jesus reconhe-ceu que o dano às vítimasde abusos sexuais porparte de religiosos da or-dem no se pode compen-sar com dinheiro.

www.ordenbonaria.com

Willy Delsaert, é umferroviário apo-sentado que cele-

bra os rituais da "Missa Do-minical".

"Quem toma este pão ecome", - murmurou ele, que-brando uma hóstia com a sua

esposa ao seu lado, -"declara o desejo de ummundo novo".

Com essas palavras, Del-saert, 60 anos, e seus amigosparoquianos, discretamente,estão sendo os pioneiros deum movimento de base quedesafia séculos de doutrinada Igreja Católica Romanaacerca do culto divino e dadistribuição da comunhãosem um sacerdote.

Dom Bosco é uma dascerca de dez igrejas católi-cas alternativas que surgi-ram e cresceram nos últimosdois anos nas regiões de lín-gua holandesa da Bélgica eda Holanda. Elas são umareação inquietante a umacombinação de forças: umaescassez de padres, o fecha-mento de igrejas, a insatis-fação com as nomeações doVaticano de bispos conser-

1. Religue-se. Evite o so-lipsismo, o individualismo, asolidão nefasta. Religue-seao mais profundo de si mes-mo, lá onde se cultivam osbens infinitos; à natureza, daqual somos todos expressãoe consciência; ao próximo,de quem inevitavelmentedependemos; a Deus, quenos ama incondicionalmen-te. Isto é religião, re-ligar.

2. Tenha presente que asreligiões surgiram na históriada humanidade há cerca deoito mil anos. A espiritualida-de, porém, é tão antiga quan-to a própria humanidade. Elaé o fundamento de toda reli-gião, assim como o amor emrelação à família. Busque nasua religião aprimorar a suaespiritualidade. Desconfie dereligião que não cultiva a es-piritualidade e prioriza dog-mas, preceitos, mandamen-tos, hierarquias e leis.

3. Verifique se a sua reli-gião está centrada no dommaior de Deus: a vida. Reli-gião centrada na autorida-de, na doutrina, na ideia depecado, na predestinação, éópio do povo. "Vim para quetodos tenham vida e vida emabundância", disse Jesus

LEIGOS SUBSTITUEM PADRESvadores e, mais recentemen-te, a consternação diante doencobrimento de abusos se-xuais cometidos por padres.

As igrejas são chamadasde *ecclesias*, palavra deri-vada do verbo grego para"convocação". Cinco delascomeçaram no ano passadona Holanda por católicos quese afastaram de suas paróqui-as existentes, e outras estãosendo planejadas, disse Fran-ck Ploum, que ajudou a inici-ar uma *ecclesia* em janeiro,em Breda, na Holanda, e estáorganizando uma conferên-cia em rede para os gruposdos dois países.

Nestas igrejas do sudo-este de Bruxelas, os homense mulheres são treinadoscomo "condutores". Elespresidem missas e os marcosda vida: casamentos e batis-mos, funerais e ritos finais.Os membros da Igreja assu-miram-na há mais de um ano,quando o seu pároco seaposentou, sem deixar umsucessor. Na Bélgica, cercade dois terços do clero temmais de 55 anos, e um terçotem mais de 65 anos.

"Estamos resistindo umpouco como Gandhi", disseJohan Veys, ex-padre casa-do que realiza batismos e re-crutas os recém chegadospara outras tarefas na paró-quia de Dom Bosco. "Nossaintenção não é criticar, masviver corretamente. Nóspressionamos quietamente,sem muito barulho. É impor-tante ter uma comunidadeonde as pessoas se sintamem casa e possam encontrarpaz e inspiração".

No entanto, eles pare-cem estar em rota de colisãocom o Vaticano e a IgrejaCatólica da Bélgica. A Igrejabelga foi surpreendida porum escândalo de abusos se-xuais com 475 vítimas, e pelarenúncia do bispo de Bru-ges, Roger Vangheluwe, queem abril passado admitiu termolestado um menino du-rante anos, que depois sedescobriu ser seu sobrinho.

"Práticas inaceitáveis".O primaz da Bélgica, o arce-bispo André-Joseph Léo-nard, de Malines-Bruxelas, jálevantou objeções aos ser-viços alternativos, chaman-

do-os de "práticas inaceitá-veis". Para alguns católicosdo movimento das *ecclesi-as* e acadêmicos da Univer-sidade Católica de Louvain,ele representa uma Igreja re-mota desconectada de umrebanho que anseia por ritu-ais mais relevantes e partici-pação ativa.

"Alguma coisa está come-çando a rachar", disse o Pe.Gabriel Ringlet, ex-vice-reitorda Universidade Católica deLouvain, que está pensandoem abandonar o termo "Ca-tólica" de seu nome. "Achoque a Igreja Católica belgaestá começando a sentiralgo de excepcional, pela pri-meira vez em 40 anos. Mui-tos católicos estão acordan-do e se manifestando".

Em Bruges, cidade nocentro do escândalo da pe-dofilia da Igreja, um grupo

católico alternativo cha-mado Lier - Lira, em holandês- realiza cultos semanais emuma capela escolar com umarotação de dois homens,duas mulheres e um padre.Eles também simplificaram epersonalizaram os rituais, en-

fatizando a importância dacomunidade. Normalmente,eles se reúnem em torno deuma mesa com taças de cerâ-mica para o vinho e um pãoredondo, e os membros sãoconvidados a contar a histó-ria de suas alegrias e triste-zas da semana anterior.

"Estamos procurandoformas de viver a fé de umaforma moderna", disse Ka-rel Ceule, membro do Lier."Se você olhar para a criseatual com o arcebispo Léo-nard, ele é um símbolo deuma Igreja velha e conser-vadora. Em Flandres, issonão funciona mais. Chega-mos a uma fase da históriaem que não aceitamos que opadre tenha que ser o inter-mediário. Queremos nos en-carregar dos batismos e dacomunhão".

Alguns bispos na Ho-landa e na Bélgica estive-ram discretamente coletan-do informações sobre asIgrejas alternativas e reu-nindo-se com alguns dosseus membros.

Enquanto isso, membrosdesses grupos dizem que

não guardam segredo doque estão fazendo, especi-almente se acontecerem mu-danças por causa da falta depadres. "Se você perguntarpara a diocese oficialmentesobre isso, eles vão lhe di-zer que você não pode fazerisso", disse Bart Vanvolsem,membro da paróquia DomBosco. "Eles dizem que senão há padre, não há missa.Mas Cristo está aqui".

Nos estágios iniciais daDom Bosco, alguns mem-bros tinham receio de lideraro culto. Delsaert não. Elevestia uma estola com ascores do arco-íris e traziasuas anotações. Quase 150pessoas se reuniram ao seuredor. Delsaert fez um ser-mão simples. Depois, umamoça acendeu uma vela comas cores do arco-íris no cen-tro da mesa. A trêmula cha-ma foi acesa em memória às475 vítimas belgas de abusosexual.

Doreen Carvajal -Tradução de Moisés

SbardelottoThe New York Times

16-11-2010.

JESUÍTAS ALEMÃESOFERECEM 5.000

EUROS A CADAVÍTIMA DE ABUSOS

SEXUAIS

DEZ CONSELHOS PARA VIVER A RELIGIÃO(João 10,10). Portanto, a re-ligião não pode manter-seindiferente a tudo que im-pede ou ameaça a vida:opressão, exclusão, sub-missão, discriminação, des-qualificação de quem nãoabraça o mesmo credo.

4. Engaje-se numa comu-nidade religiosa comprome-tida com o aprimoramento daespiritualidade. Religião écomunhão. E imprima à suacomunidade caráter social:combate à miséria; solidari-

edade aos pobres e injusti-çados; defesa intransigenteda vida; denúncia das estru-turas de morte; anúncio deum "outro mundo possível",mais justo e livre, onde to-dos possam viver com dig-nidade e felicidade.

5. Interiorize sua experi-ência religiosa. Transformeo seu crer no seu fazer. Re-duza a contradição entre asua oração e a sua ação. Façapelos outros o que gostariaque fizessem por você. Ame

assim como Deus nos ama:incondicionalmente.

6. Ore. Religião sem ora-ção é cardápio sem alimen-to. Reserve um momento deseu dia para encontrar-secom Deus no mais íntimo desi mesmo. Medite. Deixe oEspírito divino lapidar o seuespírito, desatar os seus nósinteriores, dilatar sua capa-cidade amorosa.

7. Seja tolerante com asoutras religiões, assimcomo gostaria que fossemcom a sua. Livre-se de qual-quer tendência fundamenta-lista de quem se julga donoda verdade e melhor intér-prete da vontade de Deus.Procure dialogar com aque-les que manifestam crençasdiferentes da sua. Quemama não é intolerante.

8. Lembre-se: Deus nãotem religião. Nós é que, aoinstitucionalizar diferentesexperiências espirituais, cri-amos as religiões. Todas elasestão inseridas neste mun-do em que vivemos e man-têm com ele uma intrínsecainter-relação. Toda religiãodesempenha, na sociedadeem que se insere, um papelpolítico, seja legitimando

injustiças, ao se manter in-diferente a elas, seja ao de-nunciá-las profeticamenteem nome do princípio deque somos todos filhos efilhas de Deus. Portanto,temos o direito de fazer dahumanidade uma família.

9. A árvore se conhecepelos frutos. Avalie se a suareligião é amorosa ou exclu-dente, semeadoras de bên-çãos ou arauto do inferno,serva do projeto de Deus nahistória humana ou do po-der do dinheiro.

10. Deus é amor. Reli-gião que não conduz aoamor não é coisa de Deus.Mais importante que ter fé,abraçar uma religião, fre-quentar templos, é amar."Ainda que eu tivesse fécapaz de transportar mon-tanhas, se não tivesse oamor isso de nada me servi-ria", disse o apóstolo Paulo(1 Coríntios 13, 2). Mais valeum ateu que ama que umcrente que odeia, discrimi-na e oprime. O amor é a raize o fruto de toda verdadeirareligião; e a experiência deDeus, de toda autêntica fé.

Frei BettoAdital 20/12/2010

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8 Jornal RUMOS

Jornal RUMOS

1 - O Papa João Paulo II, cujabeatificação está marcada paradia 1 de Maio de 2011, foi umpapa de grandes contradições.A sua tragédia reside na discre-pância entre o seu compromissoem reformar e dialogar com omundo e o seu retorno ao auto-ritarismo dentro da igreja.

Foi a sua tendência para o au-toritarismo espiritual que contri-buiu para a maior tragédia do seumandato enquanto papa: o abusosexual de milhares de crianças nomundo inteiro. Ao ter mais consi-deração pela hierarquia eclesiás-tica do que pelas necessidades daspessoas, João Paulo II ajudou acriar um ambiente tóxico no qualse permitiu que padres abusas-sem sexualmente de crianças,muitas vezes repetidamente, en-quanto o seu comportamentocriminoso era mantido em segre-do, preservando a imagem públi-ca de imaculada liderança.

Talvez um dos mais expressi-vos sinais disto tenha sido a forterelação de João Paulo II com a Le-gião de Cristo e o seu fundadorMarcial Maciel. Maciel foi acusa-

BEATIFICAÇÃO DE UM PAPA CONTROVERSO E CONTRADITÓRIOdo de sérios abusos de mulheres ejovens, durante décadas, muitosdos quais se perpetuaram devido,em parte, à norma interna de 1983que João Paulo II aprovou para aordem religiosa de Maciel, e querequeria secretismo, assim comoproibia críticas ao seu fundador.

Foi a mesma necessidade decontrole hierárquico de João Pau-lo II que conduziu a um controleapertado do pensamento teológi-co, com marcado impacto na vidadas pessoas. A sua tentativa dedesacreditar a teologia da liberta-ção deixou milhares de pessoas atrabalhar pela libertação sem o ple-no suporte teológico e eclesial quemereciam enquanto sofriam o jugode regimes políticos brutais.

O autoritarismo espiritual eratambém visível na tentativa de JoãoPaulo II em suprimir o discurso deigualdade de gênero, o que, entreoutras coisas, privou o mundo ca-tólico dos dons que as mulheresteriam trazido à liderança eclesial. Oseu posicionamento contra lésbi-cas, gays, bissexuais e transexuais(LGBT) torna-o cúmplice das igre-jas locais e governos que continu-

am a negar a igualdade civil e moraldas pessoas LGBT. Por outro lado,as suas repetidas reprovações douso do preservativo complicaram aescolha moral de milhões de pesso-as no mundo inteiro, que tentam pre-venir a propagação do HIV/SIDA epromover a saúde sexual.

Com o anúncio do Vaticanosobre a beatificação do papa, ca-tólicos e teólogos iniciaram umacampanha contra essa decisão,

porque asseguram que acobertoupederastas como Marcial Maciel,fundador dos Legionários de Cris-to, além de exercer pressão contraa Teologia da Libertação, bloque-ar as Comunidades de Base e ne-gar-se ao diálogo com os fiéis com-prometidos com a justiça evangé-lica, pelo que colherão assinatu-ras em escala mundial.

Movimento Internacional NósSomos Igreja

Um relatório da uni-dade de investiga-ção do Centro Cató-

lico Multimédia (CCM) e doConselho de Analistas Cató-licos do México (CACM)anunciou na última segunda-feira que tem crescido cercade 12% o número de sacrilé-gios deliberados em recintossagrados das diversas pro-víncias eclesiais da repúbli-

A confiança dospolacos na igre-ja católica bai-

xou 12% desde 2004 eagora são uns 66% quedizem confiar nela, se-gundo resultado de pes-quisa recente do Institu-to TNS OBOP.

De acordo com a pes-quisa, dois terços dos ci-dadãos poloneses consi-deram que a hierarquiaeclesiástica se compro-mete demais em assuntospolíticos, enquanto 25%opinam que a participa-ção dela é como devia ser.

O resultado destapesquisa dá as pioresnotas para a igreja ca-tólica dos últimos 17anos, apesar de que opaís centro-europeuseja tido como um dosmais católicos da UniãoEuropéia, e que a me-tade de sua populaçãoopina que os políticosdeveriam seguir os en-

2 - A fé na presença de Deuse o espírito missionário: estessão os segredos do exemplo desantidade que o Papa João Pau-lo II deixou ao mundo.

Disso está convencido ocardeal Ângelo Amato, prefeitoda Congregação para as Causasdos Santos, que, em entrevistaao L'Osservatore Romano, co-mentou a beatificação do Pon-tífice polonês, marcada para odia 1º de maio.

Segundo o cardeal, a primei-ra atitude de João Paulo II é"uma fé forte na presença deDeus na história.

"A segunda atitude é o seugrande espírito missionário. As vi-agens do Papa eram uma verdadei-ra atividade missionária, propria-mente dita. Ele viajou até aos con-fins da terra para proclamar o Evan-gelho de Cristo."

Em 11 de janeiro, os cardeais ebispos da Congregação conside-raram "milagrosa" a cura da freiraMarie Pierre Simon, por interces-são de João Paulo II.

CIDADE DO VATICANO,20/01/2011 ZENIT.org

AUMENTAM SACRILÉGIOS NO MÉXICO MENOS POLACOSCONFIAM NA IGREJA

CATÓLICAMais de 20 casas de culto assaltadas por semana

sinamentos da igreja emsua atividade pública.

A divisão da socie-dade polaca se faz maispatente na devolução àigreja católica dos benssequestrados durante ocomunismo, uma de-manda histórica do cle-ro polaco. 39% dos per-guntados apóiam estadevolução, enquantoque a mesma porcenta-gem se opõe.

Grande parte da per-da de peso da igreja cató-lica na Polônia se deve aodesenvolvimento dos últi-mos anos, à emigraçãomassiva de polacos a pa-íses como o Reino Unido,e à excessiva politizaçãode alguns setores da hie-rarquia eclesiástica, ache-gados ao partido conser-vador dos gêmeos Ka-czynski, "Lei e Justiça".

Varsóvia,20/01/2011 (EFE)

POLONIA,RELIGION

ca mexicana, segundo regis-tros de 1993 até hoje.

Segundo o relatório, noMéxico, a cada semana, cer-ca de 26 locais sagrados emtodo o país são atacadoscom violência.

"É uma tendência que afe-ta anualmente 12% das maisde 11 mil igrejas católicas quecompõem as 18 províncias ecle-siais do país", diz o relatório.

O fenômeno - sublinha oestudo coordenado pelo jor-nalista Gustavo AntonioRangel - aumentou 600% nosúltimos 17 anos.

O México aparece comoo primeiro país da AméricaLatina com mais ataques vi-olentos contra locais sagra-dos, seguido pela Colômbia,BRASIL, Guatemala, Vene-zuela, El Salvador e Argenti-

na. Muitos dos ataques sãoroubos, especialmente dearte sacra e arte colonial, dasquais as igrejas católicas noMéxico conservam objetosextraordinários, apesar dosconstantes saques a que,pelo menos há 200 anos, têmsido submetidas.

CIDADE DO MÉXICO,23/01/2011 ZENIT.org

El Observador

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9Jornal RUMOS

Na semana passadaescrevi neste bloguma entrada na

qual recordei como a Igrejado primeiro milênio teve umconceito da vocação sacer-dotal muito diferente daque-le que temos agora. Hoje sepensa que a vocação é o"chamado de Deus" paraque um cristão, com a apro-vação do bispo, possa serordenado sacerdote. Nosprimeiros 10 séculos da Igre-ja, se pensava que a voca-ção era o "chamado da co-munidade" para que um cris-tão fosse ordenado sacer-dote. Mas ocorre que, nes-se momento, a escassez devocações é um fato tão no-tável que até os políticoscristãos-democratas daAlemanha tornaram públi-co uma carta na qual pedemao Episcopado que possamser ordenados sacerdoteshomens casados. Até oshomens da política andampreocupados com a má si-tuação na Igreja, entre ou-tros motivos, pela alarman-te falta de sacerdotes paraatender as necessidadesespirituais dos católicos.

Assim estão as coisasnesse momento. Os bispos -já o disseram os alemães -não estão dispostos a supri-mir a lei do celibato. E me-nos ainda estariam dispos-tos a tomar decisões maisradicais no que se refere aoclero, especialmente peloque diz respeito à necessi-dade de que a Igreja tenhasacerdotes para administraros sacramentos. Eu não seise os bispos vão ceder nes-te delicado assunto. E secederem, quando o farão.Seja como for, me parece que

Vivia-se a grande azáfamada vinda do Papa BentoXVI a Portugal, de 11 a 14

de Maio. Numa dessas noites, dor-mia eu bem sossegadinho, tive umsonho: ia na frente do cortejo pa-pal com um grande cartaz, em quese lia em letras gordas:

"Santidade Bento XVI, por favor:Acabe com o celibato obrigató-

rio dos padres católicos!Abra as portas do sacerdócio

às mulheres!Acabe-se com a discriminação

sexual de uma vez para sempre"!É claro que isto foi um sonho,

mas um sonho lindo, que traduz omeu sentimento interior a propósi-to destes e de muitos outros pro-

TIVE UM SONHO... LINDO, TALVEZ PROFÉTICOblemas, que nos últimos temposmuito têm molestado a Igreja deCristo. Tem-se dito e propagadoaos quatro ventos que é necessá-rio reevangelizar, dar novos cami-nhos de acesso a Deus, que sejamatuais e não estratificados nosmoldes medievais, que já poucodizem às novas gerações.

O sonho é a minha linha depensamento. Acredito plenamen-te que mais tarde ou mais cedo aIgreja tem de acabar com a obri-gatoriedade do celibato católicoe admitir o sacerdócio de plenodireito para as mulheres.

Se isso tem de acontecer, porque razão não se avança já? Se-ria urna forma de entrar na Igre-

ja a sensibilidade feminina, quetanta falta aí faz!PRESENÇA e AUSÊNCIA

Foi extraordinário ver as mani-festações de fé nos lugares ondefoi celebrada a Eucaristia.

Notei, no entanto, que nasassistências a todos os atos deculto, e noutras reuniões, agrande maioria dos assistenteseram senhoras e no altar ape-nas havia homens...

É preciso abrir as mentespara estas e outras realidadesnovas, que se impõem com mui-ta pertinência.

SERAFIM DE SOUSABoletim da Associação

Fraternitas ano XI - N° 39

E SE FICARMOS SEM SACERDOTES?

chegou o momento de en-frentar esta pergunta: e sechegar o dia em que ficare-mos praticamente sem sa-cerdotes? Seria isso a ruínatotal da Igreja?

O cristianismo tem suaorigem em Jesus de Nazaré.Mas Jesus não foi sacerdo-te. Jesus foi um leigo, queviveu e ensinou sua mensa-gem como leigo. Jesus reu-niu um grupo de discípulose nomeou 12 apóstolos. Masaquele grupo era compostopor homens e mulheres queiam com ele de povoado empovoado (Lc 8, 1-3; Mc 15,40-41). A morte de Jesus nacruz não foi um ritual religio-so, mas a execução civil deum subversivo. Por isso, aCarta aos Hebreus diz queCristo foi sacerdote. Maseste escrito é o mais radical-mente leigo de todo o NovoTestamento. Porque o sacer-dócio de Cristo não foi "ri-

tual", mas "existencial". Querdizer, o que Cristo ofereceu,não foi um rito cerimonial emum templo, mas sua existên-cia inteira, no trabalho, navida com os outros e sobre-tudo na horrível morte quesofreu. Para os cristãos, nãohá mais sacerdócio que o doCristo, que consiste em quecada um viva para os outros.Nem mais nem menos queisso. O sacerdócio cristão,assim como se vive na Igre-ja, não tem fundamento bí-blico nenhum. Por isso, naIgreja não tem que haverhomens "consagrados". Oque tem que haver são ho-mens e mulheres "exempla-res". O "sacerdócio santo"e o "sacerdócio real" de quefala a primeira Carta de Pe-dro (1, 5.9) é uma mera deno-minação "espiritual" de to-dos os cristãos.

Além disso, em todo oNovo Testamento jamais se

fala de "sacerdotes" na Igre-ja. Mais, está bem demons-trado que os autores doNovo Testamento, desdeSão Paulo até o Apocalip-se, evitam cuidadosamenteaplicar a palavra ou o con-ceito de "sacerdotes" aosque presidiam nas comuni-dades que iam se formando.Esta situação se manteveaté o século III. Ou seja, aIgreja viveu durante quase200 anos sem sacerdotes.A comunidade celebrava aeucaristia, mas nunca se dizque fosse presidida por um"sacerdote". Nas comuni-dades cristãs havia respon-sáveis ou encarregados dediversas tarefas, mas nãoeram considerados homens"sagrados" ou "consagra-dos". No século III, Tertuli-ano informa que qualquercristão presidia a eucaris-tia ("De exhort. cast. VII, 3).

O que aconteceria se

acabassem os sacerdotes naIgreja? Simplesmente que aIgreja recuperaria, na práti-ca, o modelo original queJesus quis. O que aconte-ceria, portanto, é que a Igre-ja seria mais autêntica. Seriauma Igreja mais presente nopovo e entre os cidadãos.Uma Igreja sem clero, semfuncionários, sem dignida-des que dividem e separam.Só assim retomaríamos o ca-minho que seguiu o movi-mento de Jesus: um movi-mento profético, carismáti-co, secular. O clericalismo,os homens sagrados e osconsagrados afastaram aIgreja do Evangelho e dopovo. Assim o veem e o di-zem as pessoas. A Igreja pen-sou que, tendo um cleroabundante e com prestígio,seria uma Igreja forte, cominfluência na cultura e nasociedade. Mas remeto aosfatos. Esse modelo de Igrejaestá se esgotando. Não po-demos ignorar todo o bemque os sacerdotes e os reli-giosos fizeram. E que conti-nuam a fazer. Mas tambémnão podemos esquecer osescândalos e violências quena Igreja se viveram e dosquais o clero, em grande me-dida, foi responsável.

Mas, o pior não é nadadisso. O mais negativo quedeu de si o modelo clericalda Igreja é que aqueles quetiveram o "poder sagrado"se erigiram nos responsá-veis e, das "comunidades decrentes", fizeram "súditosobedientes". A Igreja separtiu, se dividiu, uns pou-cos mandando e os demaisobedecendo. Na Igreja devehaver, como em toda insti-tuição humana, pessoas en-

carregadas da gestão dosassuntos, da coordenação,do ensino da mensagem deJesus... Mas, de duas uma:ou Jesus viveu equivocadoou quem está equivocadosomos nós. Evidentemente,o final do clero não se podeimprovisar. Provavelmente,a mudança vai se produzir,não por decisões que ve-nham de Roma, mas porquea vida e o giro que a histó-ria tomou vão nos levar aisso: a uma Igreja compostapor comunidades de fiéis,conscientes de sua respon-sabilidade, unidos aos seusbispos (presididos pelo bis-po de Roma), respeitando osdiversos povos, nações eculturas. E preocupadossobretudo em tornar visívele patente a memória de Je-sus. Já são muitas as comu-nidades que, por todo omundo, pela falta de cléri-gos, são os leigos que cele-bram sozinhos a eucaristia.Porque são muitos os cris-tãos que estão persuadidosde que a celebração da eu-caristia não é um privilégiodos sacerdotes, mas um di-reito da comunidade. O pro-cesso está em marcha. E mi-nha convicção é que nin-guém vai detê-lo.

Termino afirmando que,se digo estas coisas, não éporque pouco me importa aIgreja ou porque não a quei-ra ver nem pintada. Pelo con-trário. Precisamente porquelhe devo tanto e me importatanto, por isso, o que maisdesejo é que seja fiel a Jesuse ao Evangelho.

José María Castilloteólogo espanhol em seu

blog Teología sin censurawww.unisinos.br

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É uma pergunta quecontinuamos a fa-zer. Era a Igreja o

que Jesus queria? Erauma religião o que preten-dia fundar?

Em conferência re-cente na UniversidadeCentro-Americana deSan Salvador, o teólogoJosé Comblin afirmou:"O Evagelho vem de Je-sus Cristo. A religião nãovem dele. O Evangelhonão é religioso. Jesusnão fundou nenhumareligião. Não fundou ri-tos, não ensinou doutrinas,não organizou um sistemade governo. Nada disso.Ele se dedicou a promo-ver o Reino de Deus. Ouseja, uma mudança radi-cal de toda a humanidadeem todos os aspectos".

Foram estas afirma-ções do Pe. Comblin quelevaram a resumir aqui oque escreveu, faz anos,outro teólogo, o suíçoHerbert Haag.

O que a Igreja ensi-na será diferente do queJesus ensinou? É claroque o ensinamento daIgreja não pode ser ou-tro senão o do Evange-lho. É nele que se en-contra a voz de Cristo.

Donde nos vem talcerteza? É de estranharque os escritores gregose romanos da época maltomassem conhecimentode Jesus de Nazaré que,por breves três anos, agi-tou a Palestina. A expli-cação é simples. No im-pério romano, a questãode Jesus era um assuntomeramente local e a cru-cificação de um perturba-dor era coisa rotineira, doquotidiano. O fato de osescritores judeus passa-rem pela história de Jesuso mais silenciosamentepossível compreende-sepor si. Só os seus discípu-los e adeptos podiam terum ardente interesse pelapessoa e doutrina de Je-sus. Daí que escrevessemsobre ele com entusiasmo,a fim de conquistar novosadmiradores. E quem nar-ra os feitos de alguém dequem está apaixonado,

NA REALIDADE, O QUE QUERIA JESUS?

corre o risco de idealizá-lo e de não ser totalmenteobjetivo. Os Evangelhosnão estão isentos disso.

O Evangelho não é umúnico, são quatro, escritospor quatro autores, emtempos diversos (anos 70a 100 da nossa era), emdiversos lugares e paradiversos tipos de leitores.Daí, algumas divergênci-as, mas não no essencial.Os acontecimentos nar-rados tinham-se dado há40-70 anos. A uma distân-cia dessas, uma versãoexata era impossível.Para mais, os evangelis-tas registravam por escri-to os acontecimentos talqual eram narrados nascomunidades. O que ano-tavam, não eram só ospensamentos de Jesus,mas também os pensa-mentos do narrador oupregador, nem sempreos melhores. Hoje osbiblicistas esforçam-sepor destrinçar o que éautêntica pregação deJesus e o que é prega-ção posterior da Igreja.

Como profeta, Jesusoutra coisa não fez senãoo que os profetas de ou-trora fizeram: exortar aspessoas à pureza da fé eda vida, à justiça e à ver-dade. Não pôde pensarem substituir a religião ju-

daica por uma nova reli-gião. Não foi seu desejofundar uma religião nemuma Igreja. A fé que pre-gou era a fé judaica.

Com o correr dos sé-culos, haviam-se intro-duzido no judaísmo ad-moestações, leis e cos-tumes que não podiamser atribuídos aos profe-tas. Contra tais desfigu-rações, Jesus tomou pormissão restaurar a ver-dadeira religião de Isra-el. E era essa a sua reli-gião. E também a sua fé.

Havia no judaísmo,como ainda hoje há, umúnico dogma: o da unici-dade de Deus: "EscutaIsrael: O Senhor é nossoDeus, o Senhor e maisnenhum" (Dt 6,4). Con-fessar este dogma era obastante. Jesus manteve-o e não anunciou qualqueroutro. Entretanto, o cató-lico está hoje sujeito, nomínimo, a trinta dogmas,desde a conceição imacu-lada de Maria à infalibili-dade do Papa.

Este único dogma dojudaísmo deixava um am-plo espaço à liberdade. Notempo de Jesus, os fari-seus acreditavam na res-surreição, os saduceus,não. Todavia, uns e outrosfrequentavam o mesmoTemplo e lá rezavam ou

ofereciam os seus sacri-fícios. Além dos fariseuse saduceus, existia umoutro partido religioso, odos essênios, cujo centroera Qumran, às margensdo Mar Morto. Os essê-nios não iam ao Templo,rejeitavam o sacerdócioque lá servia e celebravama Páscoa noutra data, semo cordeiro. Não obstante,ninguém lhes negava acondição de judeus.

Tal como existia emIsrael um só dogma,existia também um sómandamento: "Amarás oSenhor, teu Deus, comtodo o teu coração, comtoda a tua alma e comtodas as tuas forças" (Dt6,5). Quer dizer: a fé sóé bem fundada, quandose converte em amor.

Mas, e o mandamentodo amor ao próximo?Muitos cristãos pensamque esse mandamento foiuma novidade trazida porJesus. Na realidade, ele jáconstava no Antigo Tes-tamento: "Não te vingarásnem guardarás rancor aosfilhos do teu povo, masamarás o teu próximocomo a ti mesmo" (Lv19,18). Portanto, Jesus jáo encontrou na Escritura.Fez, porém, dele algonovo. Não só o universa-lizou. No Antigo Testa-

mento, ambos os manda-mentos se encontravamem contextos diferentes.Jesus associou-os, embu-tiu-os e fundiu-os numaúnica unidade (Mc 12,28-31). É que, sem o amorao próximo, o amor aDeus é uma ilusão.

Jesus não nos disse oque devemos fazer a cadamomento. Deixou-nosapenas normas de umavida simples. Elas nos de-viam bastar: que Deus éum Pai bondoso; que de-víamos obedecer antes aDeus que aos homens;que diante de Deus todosos seres humanos sãoiguais; que, em virtude dis-so, também nós os have-mos de tratar como tais;que Deus não olha àsobras exteriores, mas aocoração; que devemosorar com confiança, masque a nossa oração nãotem valor, se nós, ao mes-mo tempo, formos impie-dosos com o próximo; queDeus nos perdoa, se nóssoubermos perdoar; que,após a morte, não sucum-biremos, mas continuare-mos a viver para sempre.

Se não tentou fundare organizar uma Igreja, foitambém por acreditar queo fim do mundo estavaiminente. E, para prepa-rar as pessoas para esse

final, o que anunciou foi oReino de Deus.

Entretanto, o mundonão acabou. Quando issose tornou evidente, é que,nas comunidades que sereuniam em seu nome, seachou urgente anotar apregação de Jesus, a fimde que ela não se perdes-se. Foi assim que osEvangelhos começarama ser escritos relativa-mente tarde, quarenta oumais anos depois da mor-te de Jesus. Mas o teremsido escritos devemo-loàs comunidades cristãsprimitivas. E o não teremdesaparecido como tan-tos livros da antiguidade,devemo-lo à Igreja, des-dobramento dessas co-munidades, que os con-servou como tesouro pre-cioso. E foi sob a sua vi-gilância que eles foramtraduzidos até hoje emmilhares de línguas.

Não se pode ocultarque a Igreja, em muitosaspectos, também obscu-receu a memória de Je-sus. Daí que ouçamoscom frequência: "Jesus,sim, Igreja, não!" E so-mos capazes de entender.A organização e institui-ção da Igreja foram coi-sas necessárias. Entretan-to, as instituições, com otempo, se convertem fa-cilmente em mecanismosque estiolam a vida. A suadoutrina, que era impor-tante, ao se fixar e crista-lizar em dogmas sujeitouos crentes, restringindo-lhes a liberdade. Mas nósnão podemos aceitar deolhos fechados tudo quan-to a Igreja faz ou diz. Te-mos de ser cristãos críti-cos, porque ela precisa, atodo o tempo, de reforma.E as reformas nunca vêmde cima, vêm sempre debaixo. Para isso, temos,nas nossas mãos, o Evan-gelho. O mundo ouve a vozde Jesus pela voz da Igre-ja. Mas só escutará a Igre-ja, se ouvir nela a voz deJesus, a voz do Evangelho.

Luís Guerreiro [email protected]

Fonte: Jesus vonNazaret, Herder.

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11Jornal RUMOS

Mais de 140 teólogos ca-tólicos da Alemanha, daÁustria e da Suíça assi-

naram uma declaração solicitandoprofundas reformas na Igreja Católi-ca. No total são 144 professores quelecionam teologia católica em univer-sidades de língua alemã, o que sig-nifica cerca de um terço de todos osdocentes da área. Eles pleiteiam aabolição do celibato, o exercício dosacerdócio por homens casados emulheres e uma maior participaçãodos fiéis no preenchimento de car-gos importantes, como os bispos.

Os teólogos afirmaram que nãoquerem mais permanecer caladosem face da crise pela qual passa aIgreja Católica, resultado dos di-versos casos de abuso sexual decrianças e adolescentes relatadosem 2010. A declaração lembra que,"como nunca ocorrido antes, noano passado muitos cristãos dei-

O cardeal italiano CarloMaria Martini, tido comouma das figuras mais ca-

rismáticas da Igreja Católica, disseem entrevista a um jornal alemãoque a Igreja Católica deveria revera obrigatoriedade do celibato paraos sacerdotes.

Ao comentar os casos deabusos sexuais cometidos porpadres contra menores, o cardealCarlo Maria Martini, de 83 anos,disse que o celibato é um proble-ma e sugere uma profunda dis-

Segundo a edição de 22/01 dojornal Frankfurter Allgemei-ne Zeitung, importantes po-

líticos da Alemanha pediram em cartaaos bispos do país que se engajemveementemente e com urgência,tanto no Vaticano como em outrossetores da Igreja Católica, para queos chamados viri probati (homenscasados de comprovada vida cris-tã) possam ser ordenados padres.

Entre os signatários da carta es-tão o presidente do Bundestag (câ-mara baixa do Parlamento alemão),Norbert Lammert, e a ministra alemãda Educação, Annette Schavan.

Segundo os políticos, todos osmotivos para se atrelar ao celibatonão pesam tanto quanto "a carên-cia de muitas comunidades sem

POLÍTICOS ALEMÃES DEFENDEM FIM DO CELIBATO CATÓLICODiante da crescente falta de padres, políticos católicos da União Democrata Cristã defendem

a ordenação de homens casados em carta aos bispos da Alemanha.padres, nas quais a missa domini-cal não é possível ser realizada".Regras de exceção para Alemanha

Em entrevista ao jornal WAZde 22/01, Lammert reiterou o apelo.Se a cúpula da Igreja hesita em seconfrontar com o problema da fal-ta de padres e o sentido do celiba-to, "então isso deve ser realizadopor leigos engajados", disse.

O presidente do Bundestagdeclarou ainda estar certo de que"haverá uma série de bispos satis-feitos com o fato de termos inicia-do o debate".

Lammert destacou que não háuma justificativa teológica ou prá-tica para o celibato. Ele acusou oVaticano de se ocupar de "uma for-ma totalmente inadequada" com o

problema.Afirmou, também, esperar

"mais coragem dos bispos alemãesnessa questão". Eles poderiam de-fender a implementação de regrasde exceção para a Alemanha, afir-mam os signatários da carta.

Como forma de apoio à sua ini-ciativa, os políticos se referiram, nacarta citada por vários jornais ale-mães, a declarações escritas pelopapa Bento 16 em 1970. Como pro-fessor de teologia, ele argumenta-ra na época que a Igreja do futuroserá "pequena", conhecerá novas"formas de cargos" e, por essemotivo, deverá também ordenar"fiéis de provada vida cristã".

CA/dapd/epd/dwRevisão: Alexandre Schossler

TEÓLOGOS CATÓLICOSPEDEM FIM DO CELIBATO EORDENAÇÃO DE MULHERES

xaram a Igreja Católica".Os teólogos querem discutir

o futuro da Igreja Católica. "Comoprofessores de teologia não po-demos mais nos calar.Temos aresponsabilidade de contribuirpara um novo começo".

Quando apenas téologo ale-mão, o hoje papa Joseph Ratzin-ger examinou a possibilidade deautorização do casamento dospadres, informou em 27 de janeiroo Süddeutsche Zeitung. Ele inte-grou um grupo de nove teólogosalemães que apresentou um me-morando em fevereiro de 1970 aosbispos da Alemanha para pediruma análise da necessidade docelibato obrigatório dos padres.

Revisão: Alexandre Schosslerwww.ihu.unisinos.br

Deutsche Welle e Spiegel-online e 2ª edição do jornal

alemão Süddeutsche Zeitung

EX-CANDIDATO A PAPA DEFENDEDISCUSSÃO DO CELIBATO

Em entrevista a jornal alemão, o cardeal Carlo Maria Martinidiz que a obrigatoriedade do celibato precisa ser reavaliada.

cussão interna na Igreja Católicapara reconquistar os fiéis e recu-perar a credibilidade.

"Devem ser colocadas questõesfundamentais, como a reavaliaçãoda obrigatoriedade do celibato dossacerdotes como forma de vida",afirmou o cardeal arcebispo eméritode Milão, tido como um dos maio-res especialistas da Igreja em Bíblia,na entrevista publicada no jornalPresse am Sonntag.

Carlo Maria Martini é um doslíderes da ala progressista da Igreja

Católica e chegou a ser candidatoa papa no conclave que elegeuBento XVI. O clérigo, que sofrehá anos de Mal de Parkinson, de-fende a ordenação de homens ca-sados, maior participação das mu-lheres na Igreja Católica e a comu-nhão para divorciados.

Na entrevista ao jornal ale-mão, Martini afirmou que a Igre-ja Católica deve abrir um debateinterno, sobretudo em relação àsquestões sexuais.

Martini defendeu que "ques-tões centrais da sexualidade",fossem colocadas em sintonia"com as gerações de hoje, comas ciências humanas e com osensinamentos da Bíblia porquesomente uma discussão abertapode dar novamente autoridadeà Igreja, levar a correções doserros e reforçar os serviços queela oferece aos homens."

Denúncias recentes sobreomissões do papa em denúnciascontra um padre norte-americanotambém reacenderam as discus-sões sobre o celibato, que seria,segundo alguns especialistas e re-ligiosos, uma das causas dos abu-sos que os padres cometem contracrianças. O estilo de vida fechadoe celibatário da Igreja Católica po-deria atrair pessoas com problemaspsicológicos na área da sexualida-de, por isso, eles sugerem comouma das soluções para evitar abu-sos, que seja admitida a ordena-ção de homens casados.

BBC - Londres

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Jornal RUMOS

(Continuação da edição anterior)Diante desta constatação quase

demolidora, a reação da igreja é dupla:- Tende a minimizar a gravida-

de da situação e a consolar-seconstatando certo dinamismo emsua facção mais tradicional e nospaíses do Terceiro Mundo.

- Apela para a confiança noSenhor, que a sustentou durante20 séculos e será capaz de ajudá-laa superar esta nova crise, como ofez nas precedentes. Por acaso, nãotem promessas de vida eterna?

A isto respondo:- Não é apoiando-se no passa-

do nem recolhendo suas migalhasque se resolverão os problemas dehoje e de amanhã.

- A aparente vitalidade das Igre-jas do Terceiro Mundo é equívoca.Segundo parece, estas novas Igre-jas, mais cedo ou mais tarde, atraves-sarão as mesmas crises que a velhacristandade europeia conheceu.

- A Modernidade é irreversível,e é por ter esquecido isso que aIgreja já se encontra hoje em seme-lhante crise. O Vaticano II tentourecuperar quatro séculos de atra-

IGREJA PRECISA DE UMA REFORMA URGENTE,AFIRMA JESUÍTA EGÍPCIO EM CARTA A BENTO XVI

Um documento dos teólo-gos alemães reflete umforte debate na Igreja. A

reportagem é de Miguel Mora eLaura Lucchini e está publicadanoEl País, 29-01-2011. A tradução édo Cepat.

Em 1970, Joseph Ratzinger pen-sava que o celibato não era umainstituição intocável. Mais queisso: era partidário da sua reformae de que a Igreja católica voltasseà tradição antiga oriental: padrescasados, bispos celibatários. Aposição consta, preto no branco,num documento nunca publicado,assinado pelo atual Papa, que naépoca era professor em Tübingen,e por outros oito teólogos alemães,que foi publicado pela revista Pi-peline, do grupo católico críticoAktionskreis Regensburg(AKR).

O texto era um relatório prepa-ratório solicitado pela ConferênciaEpiscopal Alemã ao Sínodo dosBispos que se realizaria no ano se-guinte em Roma. Os teólogos ale-mães indicavam que a obrigaçãode não casar era uma das princi-pais causas pela falta de vocaçõese de jovens padres. O documentotem a data de 2 de fevereiro de 1970e foi assinado por estudiosos defama mundial como os teólogosKarl Rahner, Otto Semmelroth e osatuais cardeais Karl LehmanneWalter Kasper.

"Nossas consultas e estudoscoincidem na necessidade de um tra-

so, mas tem-se a impressão de quea Igreja está fechando lentamenteas portas que se abriram então, e étentada a voltar para Trento e oVaticano I, mais que voltar-se parao Vaticano III. Recordemos a de-claração de João Paulo II tantasvezes repetida: "Não há alternati-va para o Vaticano II".

- Até quando continuaremosjogando a política do avestruz e aesconder a cabeça na areia? Atéquando evitaremos olhar as coisasde frente? Até quando seguiremosdando as costas, encrespando-noscontra toda crítica, em vez de ver aliuma oportunidade de renovação?Até quando continuaremos poster-gando ad calendas graecas uma re-forma que se impõe e que foi aban-donada durante muito tempo?

- Somente olhando decidida-mente para frente e não para trás aIgreja cumprirá sua missão de ser"luz do mundo, sal da terra e fer-mento na massa". Entretanto, o queinfelizmente constatamos hoje éque a Igreja está no final da fila danossa época, depois de ter sido alocomotiva durante séculos.

- Repito o que dizia no começodesta carta: "São menos cinco" -fünf vor zwölf! A História não espe-ra, sobretudo em nossa época, emque o ritmo se embala e se acelera.

- Qualquer operação comercialque constata um déficit ou disfun-ção se reconsidera imediatamente,reúne especialistas, procura recu-perar-se, mobiliza todas as suasenergias para superar a crise.

- Por que a Igreja não faz algosemelhante? Por que não mobilizatodas as suas forças vivas para umaggiornamento radical? Por quê?

- Por preguiça, desleixo, orgu-lho, falta de imaginação, de criati-vadade, omissão culpável, na es-perança de que o Senhor as resol-

verá e que a Igreja conheceu ou-tras crises no passado?

- Cristo, no Evangelho, nos aler-ta: "Os filhos das trevas são maisespertos que os filhos da luz...".

Então, o que fazer? A Igreja temhoje uma necessidade imperiosa eurgente de uma tripla reforma:

1. Uma reforma teológica e ca-tequética para repensar a fé e re-formulá-la de modo coerente paraos nossos contemporâneos.

Uma fé que já não significanada, que não dá sentido à exis-tência, não é mais que um adorno,uma superestrutura inútil que caipor si mesma. É o caso atual.

2. Uma reforma pastoral pararepensar de cabo a rabo as estru-turas herdadas do passado.

3. Uma reforma espiritual pararevitalizar a mística e repensar ossacramentos com vistas a dar-lhes uma dimensão existencial earticulá-los com a vida.

Teria muito a dizer sobre isto. AIgreja de hoje é muito formal, mui-to formalista. Tem-se a impressãode que a instituição asfixia o caris-ma e que o que em última instância

conta é uma estabilidade puramen-te exterior, uma honestidade super-ficial, certa fachada. Não corremoso risco de que um dia Jesus nostrate de "sepulcros caiados"?

Para terminar, sugiro a convo-cação de um Sínodo geral a nívelda Igreja universal, do qual partici-parão todos os cristãos - católicose outros - para examinar com todafranqueza e clareza os pontos as-sinalados anteriormente e os queforem propostos. Este Sínodo, queduraria três anos, terminaria comuma Assembleia Geral - evitemos otermo "concílio" - que sintetizasseos resultados desta pesquisa e ti-rasse daí as conclusões.

Termino, Santo Padre, pedindo-lhe perdão pela minha franqueza eaudácia e solicito a vossa paternalbênção. Permita-me também dizer-lhe que vivo estes dias em suacompanhia, graças ao seu extraor-dinário livro Jesus de Nazaré, queé objeto da minha leitura espirituale de meditação cotidiana.

Seu afetíssimo no Senhor,Pe. Henri Boulad, SJ

[email protected]

RATZINGER DEFENDEU EM 1970 UMA REFORMA URGENTE DO CELIBATOtamento diferente da lei que estabe-lece o celibato (...) tanto para a Igrejaalemã como para a Igreja mundial",escreveram os teólogos no relatóriodirigido aos bispos alemães.

A notícia é muito curiosa. quedesconhecia. O debate sobre o celi-bato foi um dos dois argumentoscentrais do Sínodo realizado em 1971,sob o papado de Paulo VI. O segun-do tema crucial na reunião foi a ela-boração de um texto sobre a novaordem econômica mundial, que an-tecipou a iminente crise do petróleo.

O contexto geral da Igreja esta-va mudando radicalmente. Graçasà abertura favorecida pelo Concí-lio Vaticano II, que durou de 1959até 1965, um vento de renovaçãosacudia a Igreja e a sociedade ci-vil. Maio de 68 em Paris. Argélialutando pela sua independência."A Igreja se sentia já globalizada.Eram os anos do boom da Igrejaafricana e latino-americana", recor-da o vaticanista Filippo di Giaco-mo. "Com a descolonização da Áfri-ca, haviam nascido cerca de 50 pa-íses novos em apenas poucos me-ses de 1960, e isso havia obrigadoo Vaticano a criar 46 novas confe-rências episcopais".

O celibato entrou no Sínodo por-que o Concílio havia ampliado a aten-ção para a África; porque o casoLefebvre, deposto por ordenar bis-pos africanos, havia suscitado mui-ta polêmica, e também, afirma Di Gia-como, "porque a Igreja previa que

em poucos anos haveria um enormeaumento de católicos que necessi-tariam ser evangelizados".

Para atender essa demanda quese esperava, o Vaticano pensouque ordenar padres casados, vol-tar à tradição antiga oriental, po-deria ser uma solução eficaz. PauloVI não quis tomar a decisão sozi-nho, e submeteu a questão à dis-cussão do Sínodo, afirmando querespeitaria o resultado da votação.

Todas as conferências de bisposeuropeus pediram opinião aos teó-logos sobre a decisão a ser tomada.Também os teólogos italianos, comoo cardeal Pellegrino, os franceses eos espanhóis apoiaram frente aosseus episcopados a decisão de re-formar o celibato. Apenas os norte-americanos se opuseram.

A surpresa foi que, no Sínodo,os bispos europeus votaram a fa-vor da reforma do celibato, mas oslatino-americanos e africanos seopuseram majoritariamente.

"O paradoxo", analisa o cano-nista Di Giacomo, "é que o episco-pado teoricamente mais conserva-dor fez a escolha progressista, eos progressistas, entre eles os quena sequência dariam forma à Teo-logia da Libertação, pediram ao seuepiscopado que votassem contra".

Os autores do documento eramassessores da Conferência Episco-pal Alemã, e mesmo no texto repeti-ram muitas vezes que com sua aná-lise não queriam "prejudicar nenhu-

ma decisão", todos os autores sediziam "muito convencidos da ne-cessidade de reexaminar a obriga-ção do celibato por parte dos níveismais altos da hierarquia eclesiásti-ca, pois", afirmavam, "é urgente".

Independentemente do resulta-do da discussão, o celibato deve-ria permanecer como uma verda-deira e real opção para os sacerdo-tes que assim o desejarem, segun-do os autores. "Quem, contudo,considera este esclarecimento su-pérfluo, demonstra ter escassa féna força deste conselho do Evan-gelho e na misericórdia de Deus".

O documento com a assinatu-ra de Ratzinger, que não foi publi-cado até agora, foi entregue por umcolaborador de Karl Rahner a ou-tro clérigo de confiança que per-tencia ao grupo católico crítico coma Igreja da cidade de Regensburg,o Aktionskreis Regensburg (AKR).O documento permaneceu cuida-dosamente arquivado durante 41anos, e aparece agora publicadopelo AKR em sua revista Pipeline.

Os autores do documento racio-cinaram então sobre o que agora acúria vaticana, e o próprio Papa, de-monizam como "espírito do tempo".Naquele texto consideram possíveluma revisão do celibato "simples-mente porque seria teologicamenteincorreto" que "não se pudesse vol-tar a submeter à prova algo em umnovo contexto histórico e social"."Dizer o contrário", escreveram, "não

seria possível através de nenhumargumento teológico".

Os teólogos mencionavam oexemplo da Igreja oriental, e se re-ferem muitas vezes à Bíblia, porexemplo, à Epístola de Paulo aosGálatas. Do documento se despren-de a tomada de consciência dos te-ólogos de que o Concílio VaticanoII estava tendo efeitos nos níveismais baixos da Igreja. Em 1970, as-sim como hoje, os teólogos orto-doxos estavam preocupados coma falta de guias espirituais. "Agoraos jovens padres se perguntamsobre a cada vez mais grave faltade padres e sobre como se podesuperar o problema vital da Igrejae de seu próprio ofício. Para eles,não basta o olhar ideal para o pas-sado". O problema seria "colocarem dúvida hoje a factibilidade deuma vida celibatária para os jovenspadres de agora".

Os principais fatores a conside-rar seriam, disseram os teólogos, aperda de um verdadeiro reconheci-mento por parte da comunidade defiéis, assim como a "fragilidade psí-quica dos jovens em uma sociedadesuperexposta à sexualidade". Os au-tores consideravam que, caso nãose conseguisse atrair padres jovens,"então a Igreja terá a obrigação delevar a cabo uma modificação de suamoral". Mais ou menos o que acon-tece hoje. Com a diferença de queagora são outros tempos.

BERLIM (AFP)

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Jornal RUMOS

13Jornal RUMOSPÁGINA BÍBLICO-TEOLÓGICA

Licenciado em Bíblia pelaUniversidade de Jerusaléme doutor em Sagradas Es-

crituras pela Universidade deSalamanca, Alvarez Valdés ques-tiona a exatidão histórica demuitas histórias bíblicas e cren-ças populares que devem ser li-das como parábolas.

Teólogo de renome internacio-nal, deixou o ministério sacerdotal,porque recebeu pressão da Igreja,porque ensina que Adão e Eva nãoexistiram e que a Maria não foi sem-pre virgem. Mas quem é este ho-mem que ousa desafiar os dogmasda Igreja Católica?

Ele tem uma sólida formaçãoacadêmica impecável. Valdés,um padre de renome internacio-nal, é também autor de várioslivros sobre o Antigo e o NovoTestamentos.

Nasceu em Santa Fé e vive emSantiago del Estero, onde atuou até

SACERDOTE ARGENTINO NEGA A EXISTÊNCIADE ADÃO E EVA... E O VATICANO O PERSEGUE

Motivados por uma men-sagem Natalina um tan-to quanto anômala: "as

provações que atingiram a Igreja,neste ano de 2010, transformem-seem graças e bênçãos para quantosneste Natal contemplem no Recém-Nascido.... que sendo rico, se fezpequeno e indigente por nós...",resolvemos fazer algumas indaga-ções e considerações pertinentese comentar situações que há mui-to, nos intrigam, como cristãos eMFPC (Movimento das Famíliasdos Padres Casados).

Não ficou claro quais seriamas provações pelas quais a Igrejapassou neste ano. O que se sabe,e que foi amplamente divulgadopela imprensa, neste e nos anos an-teriores, foram os crimes de "pe-dofilia" cometidos por membros doclero, no mundo inteiro. A mídia,para usar uma expressão popular,"nadou de braçada" nesse pânta-no infecto. Até bispos foram afas-tados de suas dioceses, ou porqueforam coniventes com criminososou porque foram omissos em to-mar as providências cabíveis.

Chamar isto de "provações"é no mínimo um absurdo. Seriacomo querer tampar o sol com apeneira, porque não é possívelque Deus queira provar sua Igre-ja desse modo: permitindo quecrianças e jovens inocentes se-jam vítimas da índole doentia epervertida de alguns padres.

Há um rol extenso de catástro-fes que, latu sensu, poderiam serqualificadas de provações, mas

PROVAÇÕES DA IGREJA EM 2010 E NO NATAL

agosto do ano passado como pro-fessor na Universidade Católica eno Seminário diocesano. Comoparte de seus estudos acadêmicosfez viagens ao Egito, Jordânia, Tur-quia, Grécia e Península do Sinai. Émembro da Associação Bíblica Ita-liana, Associação Bíblica Espanho-la e da Sociedade Argentina deTeologia. Sua tarefa principal temsido a divulgação da investigaçãocientífica da Bíblia, obra realizadaatravés de muitos livros, revistas eartigos. Entre suas publicaçõesmais conhecidas se contam: O quesabemos sobre a Bíblia? (cincovolumes) e Enigmas da Bíblia (oitovolumes). Outros títulos são: Oque a Bíblia não conta e A Bíbliasempre fala a verdade?. As obrasde biblista santiaguenho foram tra-duzidos em italiano, inglês, francês,alemão, flamengo, russo, ucrania-no, romeno e português.

Depois de um prolongado con-

fronto com o Vaticano e a IgrejaCatólica de Santiago del Estero,Álvarez Valdés renunciou irrevo-gavelmente ao sacerdócio e seguiusua caminhada. No entanto, as ra-

zões pelas quais ele chutou o pauda barraca (na realidade isso foi 6meses atrás, mas agora ele saiudefinitivamente) são muito interes-santes. O homem que se opõe aber-

tamente à Bíblia quando ela dizque, com lama Deus criou Adão e,de uma de suas costelas, nasceuEva é, sem dúvida, um homem quevale a pena escutar.

Mas sobre quê o Vaticano oquestiona? Que seus escritoscontinham "afirmações errôneasou ambíguas" que não são com-patíveis com "o ensinamento doMagistério autêntico da Igreja".Mas, ao que parece, talvez aindamais do que isso, o que aborreceRoma e o cardeal Bertone é o fatode Alvarez Valdés "salta indevi-damente (em sua exegese) do ní-vel de discussão científica parao nível da divulgação". Pareceque mais do que o alegado erro,o que mais perturba o Vaticano éque essa divulgação se faça emlinguagem popular e acessível aum público amplo

www.diaadia.com.arTradução: João Tavares

sem lógica pensar assim, porquesão situações que estão, direta ouindiretamente ligadas as forças danatureza, que atingem as pessoasindistintamente, independente deserem da Igreja ou não. Entre es-sas, estão: secas regionais, enchen-tes em áreas altamente povoadas,fome, surto de doenças endêmicas,terremotos, tsunamis, etc.

Queremos um Natal e novo anoplenos de bênçãos e graças quesejam vida e luz para as famílias. Aternura de um Menino numa friamanjedoura deve mover nossoscorações para trabalhamos pela paze pela justiça, e para que haja maisfraternidade entre os homens.

E a Igreja, sobretudo, pelosseus Dirigentes, seguindo a Estre-

la, aponte os caminhos segurospara a Casa do Pai. Os erros e pe-cados que nas últimas décadasmacularam, e até hoje maculam edeformam a face da Igreja, são fru-tos da maldade de mentes perver-tidas e desestruturadas, que sóserão corrigidos e sanados atravésde ações firmes, corajosas e efeti-vas provenientes das autoridadescompetentes.

Nesse contexto caótico po-der-se-ia perguntar ainda: E a fal-ta de padres, na Igreja, é "prova-ção? A resposta honesta é NÃO.Não porque a hierarquia não estáfazendo questão de padres, masde homens celibatários para se-rem ordenados padres. Este "ar-tigo", contudo, está em falta no

mercado, e vai diminuir até aca-bar de todo. É evidente que não éprovação, pois há séculos que seestá pedindo sem alcançar:

Mitte Domine, operários inmessem tuam... (Envia, Senhor,operários ä tua messe). Ou Deusestá surdo - o que é inadmissível -ou não quer mais esse tipo de ope-rários para a sua Messe!

Salvo engano, achamos que jápassou da hora de a hierarquia ca-tólica dar uma mexida com serieda-de, profundidade e honestidade naestrutura que está aí caquética amais não poder. Estamos no sécu-lo XXI e o império dos patriarcas eimperadores do século IV, que con-vocaram o Concílio de Nicéia, jánão existe mais, e as investidas dos

protestantes no século XVI porcausa das indulgências e outrasmazelas do Poder de Roma, quemotivaram o Concílio de Trento,estão, também, superadas. O mun-do se modernizou, a ciência evo-luiu, as notícias já andam nas asasdas "teles", a juventude não acre-dita mais em sexo só para depoisdo casamento, a AIDS está matan-do aos montes, Jung, Freud, AlanKardec, Carlos Mesters, LeonardoBoff e muitos outros autores séri-os e de peso são lidos cada vezmais por um número cada vez mai-or de pessoas. Enganam-se os quepensam que o povo continua ig-norante e acreditando em tudo quese lhe passa como se verdade fos-se. Cá fora, a impressão que se tem,olhando para dentro dos "murosda Igreja", é de que a Estrela doNatal está se apagando. Que pena!Tudo isso leva parte consideráveldo Povo de Deus, cada vez mais, adesinteressar-se por religião, prin-cipalmente a Católica e a buscarrespostas para seus questiona-mentos fora a Igreja.

Mas, estamos no Natal, e é pre-ciso não perder a fé nem a esperan-ça. Vamos esperar, orar, caminhar eacreditar no que o anjo anunciou:"Não tenhais medo, pois vos anun-cio uma grande alegria, que serápara todo o povo: Hoje, na cidadede Davi (para nós é aqui e agora)nasceu para vós um SALVADOR,que é o CRISTO SENHOR".

Belo HorizonteJosé Lino de Araujo

[email protected]

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14 Jornal RUMOS

Jornal RUMOS

PÁGINA DA MULHER

Com o sonho de cons-truir um hospitalmais humano para a

comunidade e a pretensão deter um País mais democráti-co, um grupo de profissio-nais de diversas áreas con-viveu muito próximo do en-tão jovem padre Abel, hojecom 78 anos. Entre eles, aauxiliar e técnica de enferma-gem Neide de Fátima Mar-tins Abati, hoje com 71 anos.

O grupo estava imersona ditadura militar, e ajuda-va as famílias de presos po-líticos e as vítimas de vio-

Uma comunidade, in-cluindo pobres emarginados da Co-

munidade do Bom Pastor deFort Myers, Florida, cele-brou a ordenação da primei-ra mulher sacerdotisa cató-lica da América Latina. Umaproeminente líder da comu-nidade religiosa ecumênicae ativista missionária foi or-denada pela bispa BridgetMary Meehan, da Associa-ção de Mulheres sacerdoti-sas Católicas (RCWP) emSarasota, Florida, a 11 dedezembro de 2010.

A recém ordenada foiinspirada pelas religiosasque a educaram na escolaprimária e secundária. Ela éfruto do Concílio Vaticano IIe tem sido uma participanteativa do mandato do Evan-gelho e do ensinamento daigreja pela justiça social, umaapaixonada defensora daigualdade de gênero e da te-ologia da libertação; suamissão na vida tem sido otrabalho com as mulheres

Final de interessante entrevista

Você era como a bruxa, o de-mônio que havia dominado aum bispo?

Claro, um dia o núncio dissea Basílio Serrano que a QuartaInternacional me havia postojunto a Podestá para destruir aIgreja. Tudo era assim. Ao finalBenelli me disse: "Bem, se vo-cês se amam podem ficar juntos,mas que não os vejam, porquecomo una mulher vai estar influ-enciando um bispo"? Alterei-mee lhe disse que eu não ia ser suaamante escondida porque nãoera nosso caminho. "Ele e euvamos lutar juntos dentro daIgreja, e se me diz como um fun-cionário que ameaça, não me dámedo; se me diz como sacerdo-te, agradeço e reze por nós".

E depois voltaram a BuenosAires?

Sim, porque estava planejadoum grande ato na Luna Park paradifundir a Encíclica Populorum Pro-gressio. O único orador ia ser Jeró-nimo. O povo se entusiasmava com

CLELIA PODESTÁ, ESPOSA DE UM BISPOA QUEM NÃO PERMITIRAM SECULARIZAR-SE

os discursos que dava Jerónimosobre a Encíclica, era a voz dos semvoz. E eu o acompanhava sempre.

Durante esse tempo continua-va a pressão contra Podestá?

Sim, chegavam cartas do Vati-cano e outras. Nas cartas não menomeavam, diziam "a sabichonapessoa", ou "essa mulher". Foi unaépoca muito brava... Jerónimo re-nunciou, e foi a sua casa no interi-or de Córdoba, pois disseram quesua mãe estava enferma, e haviauma ordem do núncio para que nãoo deixassem sair dali.

Ficou incomunicável por umlongo tempo. Foi difícil, o povonão entende. Que Jerónimo re-nunciou a tudo por mim é verda-de também. Mas se eu não fossecomo sou, talvez não tivesse re-nunciado. Ele viu que éramosdois que olhávamos para o mes-mo lado e que íamos lutar juntos.Fui sua companheira de luta.

Essa luta o levou também aser ameaçado e ao exílio?

Em 1974 o ameaçou a Triple A,no dia seguinte que mataram a Sil-vio Frondizi. Arturo, o ex-presi-

dente e irmão de Silvio, o aconse-lhou que fugisse. Fomos a Romae ao sair do Vaticano Jerónimo deuuma conferência advertindo dobanho de sangre que ameaçava aArgentina e que havia pedido àIgreja que fizesse o possível paraevitá-lo. A Igreja é muito respon-sável pelo que aconteceu.

Excomungou a Perón por quei-mar templos de pedra, que nem se-quer foi ele o autor, e não fazia nadaaos militares que estavam torturan-do e assassinando. Perguntei a

monsenhor Adolfo Tortolo em1976: por que não excomungam osmilitares que estão fazendo isso?

O tema social se pode falar,mas o tema do celibato conti-nua proibido...

A Igreja continua muito fe-chada com a mulher. Há 150 milpadres casados, mais 150 mil es-posas, mais os filhos, há um mi-lhão de pessoas que querem lu-tar dentro da Igreja. Jerónimoenviu una carta aberta ao Papa."A meu irmão maior" se chama.

Quando decidiram casar?Em 1972, Jerónimo já tinha a

suspensão 'a divinis', porémmonsenhor Adolfo Tortolo a tor-nou pública antes do tempo.Muitos já nos imaginavam vi-vendo como casados. E efetiva-mente, pouco tempo depois foiassim. Depois começamos a par-ticipar das reuniões internacio-nais de padres casados e nosnomearam vice-presidentes. Je-rónimo foi o único bispo queassumiu uma posição pública.

Participamos na organizaçãoda Federação Latino-americanade sacerdotes casados viajamospor todos os países de LatinoAmérica. "Enfim encontrei minhadiocese", me dizia Jerónimo. Fo-mos presidentes da Federação.Digo "nós", porque cremos quedevemos dar testemunho de ca-sal, do que significa a união deum homem e uma mulher, não ca-sados porque sim, mas através deum compromisso comum.

Arquivado em Secularizadosde ambos sexos

www.personales.jet.es/mistica

A MULHER DO PADRE, NEIDE DEFÁTIMA MARTINS E ABEL ABATI

MULHER SACERDOTISACATÓLICA ROMANA

Histórica ordenação sacerdotal da primeiramulher católica romana da América.

Foto: Alex Silva/AE

empobrecidas. Ademais, émembro de organizaçõesecumênicas, estreitando oslaços no trabalho com o cle-ro de várias denominações.

Seu objetivo é capacitar,educar e criar consciência. Emseu ministério aos pobres eindígenas proclama: "temoso sangue de Cristo, isto nos

faz ser pessoas importantes".Esta valente e profética

primeira mulher sacerdotisacatólica crê que a ordenaçãode mulheres é uma questãode justiça.

Bridget Mary Meehan,RCWP

www.associationofromancatholicwomenpriests.org

Foto: Ilustração

lência. Foi quando Abel de-cidiu sair do hospital e serum padre leigo, pois discor-dava das questões da igre-ja, e não tinha a oportuni-dade de ser ouvido. Maistarde, o tema casamentoentrou no programa de es-tudos de um grupo de pa-dres. E aí foi um pulo paramuitos largarem a batina embusca de um amor.

Abel e Neide descobri-ram muitas coisas em co-mum. "Tínhamos mesmosideais, mas a decisão de na-morar levou muito tempo."

A família dela não aceitoulogo de cara. Eram religiosos,a mãe já tinha idade.

Ela tinha 32 anos e ele,30. Casaram na igreja, ape-sar de ter sido difícil encon-trar uma que os aceitasse."Foi um casamento bemmoderninho. Meu vestidoera branco e curto", descre-ve, aos risos. Hoje têmquatro filhos, três netos emais um a caminho. "Nãonos arrependemos denada", resume ela.

Cristiana Vieirawww.estadao.com.br

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Jornal RUMOS

15Jornal RUMOS

FALECIMENTOS

PADRE CASADO CARLOS DE VITTA

Dia 11 de fevereiro Vitório nos deixoupor uma morada melhor.

À "mamma" Ilza e familiares nossa fra-terna solidariedade, neste momento tão difí-cil.

Vitório é uma das grandes figuras nacio-nais do MFPC pelo qual sempre lutou, des-de que deixou o ministério, em 1970.

No ano passado festejou os seus 50anos de ordenação.

Aos 82 anos de idade,faleceu, em Chapadinha,MA, o colega ManuelPrestes Lima.

Do clero diocesano daArquidiocese de S. Luís, maistarde da Diocese de Brejo, foiordenado em 1953. Exerceu oministério até 1976, quandocasou com a Professora deInglês Francisca das ChagasAlmeida, com quem teve doisfilhos, Aldo e Olívia Marcozi.

Após a saída do minis-tério, dedicou-se ao magis-tério em Colégios de S. Luíse de Chapadinha.

Neste momento de dorprestamos nossa solidarie-dade à esposa e filhos.

Faleceu em dezembro de 2010, vítima deum AVC (acidente vascular cerebral).

Catarinense, chegou como freira ao Ama-zonas na década de 70 e se dedicou, desdeo princípio, totalmente à causa indígena.

Casou com Egydio Schwade, jesuíta quedeixou o ministério e outro grande lutadorpela causa indígena.

Com cinco filhos, todos - pais e filhos -profundamente empenhados na defesa dacausa indígena, na certeza de que uma outraAmazônia é possível.

PADRE CASADO ALEMÃOALFONS LONSING

Estou enviando foto de umtrabalho pastoral que eufaço na comunidade Vila

São João, Apipucos, Recife.Sou líder da Pastoral da Cri-

ança. Visito as famílias e uma vezpor mês a gente faz a Celebra-ção da Vida, onde as criançassão pesadas.

Como líder da Pastoral da Cri-ança faço parte do grande exércitode voluntários da Pastoral da Cri-ança cujo número calcula-se emmais de 200.000 no Brasil.

Em dezembro preparamos ascrianças para uma apresentaçãosobre o Nascimento de Jesus.Primeiro houve a dramatizaçãodo nascimento de Jesus; em se-

PASTORAL DA CRIANÇAguida pesamos as crianças e de-pois houve um pequeno lanchee cada criança recebeu um pre-sente de Natal.

Acho muito importante o tra-balho da Pastoral da Criança e demodo especial a visita domiciliarnas famílias que o líder deve fazer.

O povo da comunidade daVila São João já me conhececomo "O homem da pastoral".Eu acho esse título maravilhosoporque eu me sinto alguém queestá no mesmo nível deles e nãocomo quando eu era conhecidoantigamente como "O senhor vi-gário". Agora eu visito em nomede Jesus e não como representeda igreja institucional.

Sei que há muitos padres ca-sados fazendo trabalhos pasto-

rais, mas fazemos os trabalhosindividualmente. Poderíamos di-

vulgar nossos trabalhos pasto-rais, e assim todos poderiam sa-ber da existência dos padres ca-sados que têm um emprego parasustentar sua família e, além dis-so, exercem um trabalho volun-tário; e que ele não é e não seráuma despesa para a Igreja.

Se tivesse um outro modelo depadre além do modelo do padrecelibatário quem sabe teria maisgente interessada em optar paraessa vocação de servir. Por exem-plo, um padre casado inserido nomundo, com seu emprego e fazen-do trabalhos pastorais.

Bernardo Eyre e Marta Isabel(MFPC Recife)

[email protected]

Perdemos, em 22/09/2010, aos 69 anos,em Belo Horizonte, um grande amigo e ir-mão: Padre Carlos de Vitta.

Natural de São José do Rio Pardo SP,onde nasceu em 10/03/1941.

Depois do golpe militar de 1964 chegoua ser preso.

Cursou filosofia e teologia, mas deixouo Seminário por não concordar com muitospontos de doutrina e disciplina vigentes,então, na Igreja.

Em 1969 casou-se com Terezinha de Je-sus Renna, em Belo Horizonte, e tiveram 5filhos e 6 netos.

Em 1988, num acidente automobilístico,perdeu a esposa.

Em 15/08/1992, o Arcebispo de Mariana- MG, Dom Luciano Mendes de Almeida oordenou padre. Esse acontecimento, inédi-to e totalmente inusitado para os padrõesda Igreja, na época, teve repercussão nacio-nal e foi objeto de críticas, principalmentede membros do clero.

Carlos soube aliar com sabedoria suaunção, sua fé, seu carisma e zelo, sua vivên-cia e experiência de homem casado e pai defamília ao ministério sacerdotal. O casamen-

PADRE CASADO MANOEL PRESTES

PADRE CASADO VITORIO CESTARO

DOROTI MULLER SHWADE

Um belo exemplo de tra-balho social voluntário deum padre casado e sua es-posa Bernadete, em Juazei-ro do Norte. Tenho a certezade que, parecido com este,há muito belos trabalhos dasFamílias dos Padres casadosno Brasil. Precisamos desco-bri-las e divulgá-las.

Então, em vez de pessi-mismo e choramingas noMFPC, mãos à obra...

João Tavares

O padre casado, AlfonsLonsing, mais conhecidocomo "Alemão" faleceu,vítima de uma embolia pul-monar.

Juntamente com a espo-sa, Bernadete Lonsing, ele

to qualifica o padre para isso.Pregava abertamente a inutilidade do

celibato obrigatório para o sacerdócio. Fre-qüentemente convidava os padres casadospara celebrarem com ele.

Belo Horizonte, José Lino de [email protected]

tocou durante anos a Fun-dação Caldeirão da Criançade que foi o idealizador. Emmarço de 2007 foi encerradodesalojando 70 crianças, dei-xando-o muito entristecido.

O bom funcionamento daentidade lhe custava imensotrabalho. O caldeirão da cri-ança tinha 140 internos rece-bendo alimentação, ensino,

atendimento médico, roupas,atividades esportivas, sem-pre com o olhar atento docasal. As dificuldades eramimensas com as despesas edébitos. Chegou a ter 20 fun-cionários. A recompensa eraver a formatura de crianças.Enviou Demontier Tenório

Bernadete [email protected]

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16 Jornal RUMOS

Jornal RUMOS

Em São Paulo, um ci-dadão passou mal nomeio da rua, caiu, e

foi levado para o setor deemergência de um hospi-tal particular, pertencenteà Universidade Católica,administrado totalmentepor Freiras.

Lá, verificou-se que te-ria que ser urgentementeoperado no coração, o quefoi feito com êxito.

Quando acordou, a seulado estava a Freira responsá-vel pela tesouraria do hospitale que lhe disse prontamente:

Caro Senhor, sua ope-ração foi bem sucedida e oSenhor está salvo. Entre-tanto, um assunto precisasua urgente atenção: comoo Senhor pretende pagar aconta do hospital? O Se-nhor tem seguro-saúde? -Não, Irmã.

NULIDADE DA ORDENAÇÃO SACERDOTAL

PAPA APROVA BEATIFICAÇÃO DE IRMÃ DULCE

Rezar e viver segun-do a vontade deDeus são as bases

onde se deve avançar para al-cançar a unidade dos cristãos.

Foi o que Bento XVI ex-plicou no sábado, quandorecebeu em audiência umadelegação ecumênica daIgreja Luterana da Finlândia,por ocasião da peregrinaçãoanual a Roma para celebrar afesta de São Henrique deUppsala, padroeiro do país.

"Se bem que ainda nãoalcançamos o objetivo do

DEUS LHE PAGUE

Importante, colegas leitores: a diretoria do MPC deseja duplicar o número deassinantes do jornal Rumos impresso.

Por isso esperamos que vocês conquistem 2 (dois)ou mais.

Será um presente para quem assinar (só 30,00) epara o MPC, que então poderá continuar com o jornal.

Desde já nosso muito obrigado pela colaboração!!!Em nome da diretoria,Gilberto - editor do jornal.

PAPA PREVÊ AVANÇOSNO DIÁLOGO COM LUTERANOS

CONQUISTEM 2 ASSINANTES DO RUMOS!

Tem cartão de crédito? -Não, Irmã.

Pode pagar em dinheiro?- Não tenho dinheiro, Irmã.

Em cheque, então? -Tam-bém não, Irmã.

Bem, o senhor tem al-gum parente que possapagar a conta?

- Ah... Irmã, eu tenhosomente uma irmã solteiro-na, que é freira, mas não tem

um tostão.E a Freira: Desculpe que

lhe corrija, mas as freirasnão são solteironas, comoo senhor disse. Elas são ca-sadas com Deus!

- Magnífico!!! Então,por favor, mande a conta promeu cunhado!

E foi então que nasceua expressão: "Deus lhepague"...

movimento ecumênico ou aplena unidade da fé, no di-álogo amadureceram mui-tos elementos de acordo ede aproximação, que nosreforçam em nosso desejogeral de cumprir a vontadede Nosso Senhor JesusCristo, 'que todos sejamum'", explicou o Papa, emum discurso que dirigiuaos seus hóspedes.

"Na teologia e na fé tudoestá unido e, portanto, umamaior e mais profunda com-preensão comum nos ajuda-

rá também a compreendermelhor, juntos, a natureza daIgreja", observou Bento XVI.

No entanto, "a eficáciade nossos esforços nãopode vir só do estudo edo debate, mas dependesobretudo de nossa ora-ção constante, de nossavida conforme a vontadede Deus, porque o ecume-nismo não é obra nossa,mas fruto da ação deDeus", disse o Papa.

CIDADE DO VATICANO,ZENIT.org

O Vaticano não produziu nenhuma outra indicação para

que os padres que dese-jam celebrar o matrimôniodevam confirmar a nulida-de da ordenação.

Consultei o missionáriocomboniano procurador noVaticano, que acompanhaos casos do instituto, e a suaresposta indica que se man-tém a prática vigente:

1. Antes dos quarentaanos é possível obter a dis-pensa das sagradas ordense da lei do celibato apenasse se consegue provar a nu-lidade da ordenação, coisadificílima de provar (porque,ou houve coação, ou porque

os formadores, sabendo quenão deviam admitir o sujei-

to, erraram em plena consci-ência). Num caso, como nooutro, é preciso provar a vi-olência que anulou a liber-dade do sujeito ou o "dolo",ou seja, a culpável irrespon-sabilidade dos formadores.

2. Para os padre dispen-sados que jà cumpriram osseus 40 anos de idade. Separa "padres dispensados"se entende os padres queestão suspendidos do minis-tério, então para eles casa-rem na Igreja devem obter adispensa da lei do celibatoe, portanto, é preciso fazer oProcesso de laicização.

Fernando FélixRedação de Audácia

www.audacia.org

Bento XVI aprovou hoje osdecretos de reconhecimento de virtudes heróicas de

15 servos de Deus.Entre eles está a Serva de Deus

Dulce (Maria Rita Lopes Pontes),brasileira, nascida e falecida em SãoSalvador da Bahia (1914-1992), irmãprofessa da Congregação das Ir-mãs Missionárias da ImaculadaConceição da Mãe de Deus.

Cidade do Vaticano, 10/12/2010ZENIT.org