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2 Jornal RUMOS

Jornal RUMOS

Edição 231

EDITORIALAmigo(a), já estamos

no meio deste ano 2013. Otempo corre veloz, e nóscom ele.

Onde estaremos daquia 50 (ou 100?) anos???

Vários colegas nossospadres casados têm passa-do para o outro lado, e mi-lhares de pessoas diaria-mente. Lembremo-nos: umdia será a nossa vez...

Mas, deixando idéiasfúnebres, alegremo-noscom tantas coisas boas denossas vidas.

E, em nossa Igreja, onovo Papa Francisco estáa nos transmitir muitas eboas perspectivas renova-doras e evangélicas. Queo Espírito Santo continuea iluminá-lo!

No MFPC já estamosvislumbrando o 20° Encon-tro Nacional, que se daráem Curitiba PR em janeiro

de 2015 (daqui a ano e meio).Lá esperamos muitos,

sim muitos e muitas. Vamosfazê-o o mais numeroso detodos os 19 anteriores?

Então os mais distantesgeograficamente devemdesde já ir reservando algu-ma poupança financeirapara o grande evento. Degrão em grão ("tostão emtostão) arrecadarão o di-nheiro suficiente para asdespesas de viagem e esta-dia em Curitiba.

O mesmo vale para osmais vizinhos.

Armando Hokyszewski,coordenador do Encontro jáestá organizando os prepa-rativos remotos.

Relembro a todos quenosso sitewww.padrescasados.orgestá sendo visitado cada diapor mais pessoas, do Brasile do Exterior, como pode ser

EX

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Diretoria Executiva da Associação Rumos:biênio 2010/2012

Presidente: José Edson da SilvaVice-Presidente: Maria Lucia de Moura

1º. Secretário: José Carlos P. S. de Andrade2º. Secretário: Rosa Silvério. De Andrade

1º. Tesoureiro: Enoch Brasil de Matos Neto2º. Tesoureiro: Maria de Fátima Lima Brasil

Organismos de Apoio da AR e Conselho Gestor do Movimento de PadresCasados e suas Famílias:Presidente da AR - José Edson da SilvaCoordenadores do XX Encontro Nacional: Armando e Altiva HolyszewskiModerador do e-grupo padrescasados: João Correia TavaresCoordenadores do site www.padrescasados.org: Gilberto Luiz Gonzagae José Araujo Moura

Coordenadora do Grupo de viúvos e Viúvas: Benizzeth ZortheaCoordenadores do Grupo dos jovens do MFPC:José E. Rolim Mota e Rejane

E-mail para enviar matérias para o site: [email protected] internacionalArmando HolocheskiCoordenador da comissão de teologiaFrancisco Salatiel A. BarbosaAssessor Jurídico e Curador do Patrimônio da AR:Antônio Evangelista AndradeAssessores bíblico-teológicos:Eduardo Hoornaert e Geraldo FrenckenObs. - As respectivas esposas estão incluídas nas funções acima.

O JORNAL RUMOS é uma publicação bimestralda Associação Rumos/Movimento das Famílias

dos Padres Casados do Brasil (MFPC). AAssociação Rumos é uma sociedade civil de

direito privado, de âmbito nacional, comfinalidades assistenciais, filantrópicas,

culturais e educacionais, sem fins lucrativos.

Conselho Fiscal da AR: Joarez Virgolino Aires e Ausilia Moraes Aires (PR), Luís Guerreiro PintoCacais e Irene Ortlieb Guerreiro Cacais (DF) e Fernando Spagnolo e Telma Araujo de OliveiraSpagnolo (DF).JORNAL RUMOS:Coordenador do Conselho Editorial do Jornal Rumos: Gilberto Luiz GonzagaDiagramação Rodrigo Maierhofer MacedoJornalista Responsável: Mauro Queiroz (MTb 15025)Correspondência: artigos, comunicações, artigos, sugestões e críticas devem ser dirigidos para o e-mail: [email protected] de Gilberto Luiz Gonzaga, Porto Belo SC, fone 47-33694672Os textos assinados não representam necessariamente a opinião do jornal e são de inteira responsa-bilidade de seus autores.Assinatura anual:Assinatura anual: R$ 40,00 (quarenta reais)Pagamento pelo BANCO ITAÚ AGÊNCIA: 4453 Nº DA CONTA: 07294-6 OUComunique imediatamente ao nosso tesoureiro José Colaço Martins Dourado por e-mail([email protected]), por carta (José Colaço Martins Dourado Rua Mário Mamede, 1209 - Aptº 602 -Bairro de Fátima CEP: 60415-000 Fortaleza-CE) ou telefone (85-8899-9287)Associação Rumos: Anuidade de sócio - 150,00 (138,00 + 12,00 para Fundo de mútua ajuda);Pague sua anuidade exclusivamente através de depósito bancário noBANCO ITAÚ AGÊNCIA: 4453 Nº DA CONTA: 07294-6Remeta cópia do comprovante para José Colaço Martins Dourado por e-mail ([email protected]),por carta (José Colaço Martins Dourado Rua Mário Mamede, 1209 - Aptº 602 - Bairro de FátimaCEP: 60415-000 Fortaleza-CE) ou telefone (85-3334-1876)

averiguado no mesmo site.Lembrem-se de visitá-lodiariamente, já que todosos dias ali surgem novosartigos e notícias.

Também este jornalRUMOS aguarda a renova-ção dos que ainda não afizeram neste ano.

Bem como a adesão denovos assinantes. Lem-brem-se da campanha"conquiste mais 1 ou 2".

[email protected]

Caros coirmãos, cu-nhadas e sobrinhos, saú-de e paz!BRASIL EM CHAMAS!

Será que o gigante acor-dou? Será que o povo bra-sileiro levantou do berçoesplêndido? É preciso re-fletir com olhares mais crí-ticos e sensatos. O nossopovo em todas as capitaise pequenas cidades brasi-leiras protestam e reivindi-cam melhores condiçõesnas áreas da saúde, daeducação e da segurança.Fato é que não estamosmais na era do manuscrito,da missiva que demoravaum século para chegar aoseu destino final, pois hojeas redes sociais dominamo mundo; em segundossomos informados de tudoque se passa.

A mídia televisiva fazquestão de reforçar que abaderna é de responsabi-lidade de alguns vânda-

Carta do Presidente aos leitores

los, mas que de certa for-ma não podemos deixar naobscuridade, pois os mes-mos são fruto de uma soci-edade que os tornou insa-nos e violentos.

A FIFA preocupa-secom a segurança da sua co-mitiva, dando ultimato aogoverno federal de cance-lar a Copa das Confedera-ções, caso as manifesta-ções continuem. E agora,Brasil, como fica a impor-tância da questão social nopaís sede da Copa do Mun-do? Como conciliar mani-festação de um povo infelizcom paixão pelo futebol?Eis as grandes questõesque a história se encarrega-rá de desvendar.

Mas, me pergunto ain-da, o que faremos na Jor-nada Mundial da Juventu-de e como nosso PontíficeFrancisco sente-se comtantas manifestações? Quemensagem ele irá transmi-

tir para a atual juventudee como será acolhido nopaís mais católico do pla-neta? Acredito que mui-tas emoções virão; resta-nos pedir a Deus quepossamos encontrar o ca-minho certo, onde a revo-lução aconteça na essên-cia das coisas, que umpovo consciente faça re-almente a diferença, e quenão sejamos simplesmen-te o país do futebol, doNeymar, mas sejamos umpaís de todos os brasilei-ros. Amém.

Ainda arcebispo de Buenos Aires,Francisco discutiu com rabino assuntos cruciais para a Igreja Católi-

ca atualmente.Papa Divulgação

Muitos dos temas recorrentes nos de-bates sobre as posições da Igreja Católica,como aborto, pedofilia e casamento gay,foram discutidos pelo Papa Francisco nolivro "Sobre el cielo y la Tierra" ("Sobre océu e a Terra"), de 2010. A publicação com-pila uma série de conversas do Pontífice,então arcebispo de Buenos Aires, com orabino Abraham Skorka, reitor do Seminá-rio Rabínico Latino-Americano, sediado nacapital argentina. Em 29 capítulos, o livroreforça a imagem do Papa como um sacer-dote profundamente apegado aos dogmasdo catolicismo e voltado para a Igreja comoinstrumento social e de diálogo. Na maioriados casos, um homem aparentemente semmedo de expor suas ideias de forma clara. Aseguir, opiniões de Francisco sobre algunsdos temas mais caros à Igreja hoje em dia.

Pedofilia"O problema não está vinculado ao celi-

bato. Se um padre é pedófilo, já o era antesde ser padre. Agora, quando isso ocorre,não se pode fazer vista grossa. (...) Creioque nos EUA adotaram como solução tro-car os padres de paróquia. Isso é uma estu-pidez porque, dessa forma, o padre leva oproblema nas malas. (...) Admiro a valentiae a retidão de Bento XVI neste assunto".

Aborto"Separo o tema do aborto de qualquer

concepção religiosa. É um problema cientí-fico. Não é ético impedir o desenvolvimen-to de um ser que já tem todo o código gené-tico de um ser humano. (...) Abortar é matarquem não pode se defender".

Casamento gay"O ministro religioso chama a atenção

sobre certos pontos da vida privada ou pú-blica porque é o condutor da paróquia. Masnão tem direito de forçar a vida privada deninguém. Se Deus, na criação, correu o riscode nos fazer livres, quem sou eu para memeter. (...) Nossa opinião sobre o casamentoentre pessoas do mesmo sexo não tem basereligiosa, e sim antropológica. (...) No ser-mão do casamento, costumo dizer ao noivoque ele deve fazer sua noiva mais mulher, e aela, que deve torná-lo mais homem".

Ditadura"O que fez a Igreja naqueles anos? Fez o

que faz uma entidade com santos e pecado-res. (...) Na Igreja houve cristãos mortos naguerrilha, cristãos que ajudaram a salvar gen-

LIVRO EXIBE POSIÇÃO DO PAPASOBRE TEMAS POLÊMICOS

te e cristãos repressores que acreditavamestar salvando a pátria. A conferência dosbispos fez muitas negociações reservadas.Não se pode crer que houve uma cumplici-dade simplista. (...). Isso deu lugar a todotipo de especulação. Eu, por exemplo, tiveque esclarecer as acusações contra mim".

A mulher no cristianismo"No catolicismo, muitas mulheres podem

conduzir uma liturgia da palavra, mas nãopodem exercer o sacerdócio porque no cristi-anismo o sumo sacerdote é Jesus, um homem.(...) A mulher tem outra função no cristianis-mo, refletida na figura de Maria. A mulher temo dom da maternidade, da ternura; se estasriquezas não são integradas, uma comunida-de religiosa não só se transforma em uma so-ciedade machista como também em austera,dura e mal sacralizada. (...) O fato de a mulhernão poder exercer o sacerdócio não significaque ela seja menor do que o homem".

O poder na igreja"Uma coisa boa que aconteceu com a

Igreja foi a perda dos Estados Pontifícios,porque fica claro que a única coisa que oPapa tem é meio quilômetro quadrado. (...)Agora também há intrigas, porque há ambi-ção nos homens da Igreja, há - lamentavel-mente - o pecado do carreirismo".

Política e religião"Todos somos animais políticos (...).

Todos estamos convocados a uma açãopolítica de construção em nosso povo. Aatribuição de valores humanos, religiosos,tem conotação política. (...) Celebrei umamissa pelas vítimas do tráfico de pessoas.Acabou virando um grande protesto, ao qualse juntou gente que não era católica, quenão compartilha minha fé, mas compartilhao amor por seus irmãos. Não estou me me-tendo em política, estou me colocando nolugar de meu irmão".

Fonte: livro "Sobre el cielo y la Tierra"("Sobre o céu e a Terra"), de 2010

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/mundo/livro-exibe-posi-cao-do-papa-sobre-temas-polemicos

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Jornal RUMOS

3Jornal RUMOSEdição 231

PÁGINA DOS LEITORES

Caro Giba (e João), Parabéns por mais esse jornal Rumos, compos-to em estreita colaboração com João Tavares. Está cada vez maisjornalístico, mais atualizado e mais aberto às grandes questões domundo e não apenas às questões internas. Claro que o jornal transmi-te a euforia que perpassa a igreja hoje depois da eleição do papaFrancisco. Um jornal tem de acompanhar os sentimentos do momen-to. Mas 'vamos ver', como diz o povo e não vamos nos desfazer tãocedo do 'desconfiômetro' que acompanha o movimento dos padrescasados desde o início. Um abraço,

Eduardo [email protected]

Giba, acabei de ler o J. Rumos 231. Parabéns! Artigos muito bons emuito variados. Boa diagramação, boas fotos.

Gostei muito da carta do Presidente e do teu Editorial.Fiquei zangado com o card. Martini por, com a falsa bengala, ter

induzido o Conclave de 2005 em erro...Podia-nos ter poupado de Bento XVI que continuou a marcha de

João Paulo II parta trás, desmontando oVaticano II e marchando firme rumo ao Vaticano I e a Trento. Que pena.

João [email protected]

Giba, o jornal continua bom, como sempre.Nesta última edição gostei da ênfase no novo Papa, deixando

nosso Jornal Rumos atualizado com os principais fatos, inclusive apublicação da carta ao Papa da Federação Latino-americana de Pa-dres Casados.

Gostei, também, da boa qualidade dos artigos publicados, desta-cando o do meu ex-professor no Instituto de Teologia do Recife egrande amigo, Eduardo Hoonaert, desmistificando a afirmação de Pe-dro como primeiro Papa.

Félix [email protected]

Obrigado amigo Gilberto por mais uma edição do Jornal Rumos.Um jornal comprometido com a justiça e a verdade. Abraço Fraterno.

Deurivaldo [email protected].

Prezado Gilberto Luiz: Apareço, depois de vários anos ausente domovimento, para parabenizá-lo pelo novo espírito que irradia no JornalRumos. Adorei esta edição 230 do Jornal não só pelo novo espírito ecle-sial que manifesta, como pelo conteúdo e pelas expectativas ponderadasque apresenta nesta nova etapa da caminhada católica que se preludiacom o Papa Francisco. Obrigado a você e a toda a sua equipe por alimen-tar a nossa fé naquele que não nos defrauda: Jesus morto e ressuscitado.

O caminho é sem fim, porém, o Emanuel vai conosco.Um abraço. Germán Calderón

[email protected]

Aproveito para renovar minha assinatura do Jornal RUMOS.Aproveito para dizer que nós, aqui, na casa do Padre, gostamos

muito do artigo "Negros melhores do mundo". E do sorriso do PapaFrancisco!

Quando completei 81 anos, dia 27-04, ganhei uma dentadura novado Dr. Airton Cadori. Agora me tornei mais simpático, a tal ponto queaté as crianças e os cachorrinhos parecem gostar mais de mim...

Pe. Mariano Callegari - emérito.Casa do Padre - Caxias do Sul - RS

Estimado Amigo Gilberto, agradezco el envio de RUMOS, lo heleído en cuanto he podido y me he informado de los acontecimientos dela Iglesia en A. L. y en el mundo. De manera especial del papa Francisco.

Que Dios bendiga vuestro esfuerzo, ADELANTEMario Mullo Sandoval

[email protected]

Pe. Giba, agradeço a solidariedade e o apoio. Conheço a Associa-ção Rumos. Já participei do Encontro Nacional realizado em Luziânia.

Naquela ocasião eu estava como Vice-Presidente da ANPB, e fuilevar a nossa solidariedade e apoio em nome da Associação. Estavacomigo o Pe. Tarcísio, pela CNBB.

Desde então acompanho os informativos pela versão eletrônica,inclusive esse número 230 já o tenho.

Parabenizo pela excelente produção e pelos artigos muito bemselecionados.

Daniel [email protected]

Caro companheiro, Giba!

A Rosa e eu, retornamos, on-tem, de viagem à Turquiae Grécia. Fomos investigar o

que sobrou da pregação da men-sagem cristã naquelas terras. NaTurquia, passamos pelas 7 Igrejasdo Apocalipse (Éfeso, Esmirna,Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadél-fia e Laodicéia).

Passamos, ainda, por Ikonio,uma cidade bela e moderna, com 1milhão de habitantes, embelezadapor tulipas de variadas cores. Láexiste hoje uma comunidade cristãdirigida por 2 freiras italianas, queguardam a única Igreja. Ao todosão aproximadamente 20 cristãosconhecidos, de diferentes paísesdo globo, que vivem e trabalhamna cidade. Não há sacerdote ne-nhum. Não há celebração durantea semana, a não ser quando dapassagem de grupos católicos,como ocorreu conosco. Tivemosa oportunidade de celebrar a mis-sa naquela Igreja, o que deixou asfreiras radiantes. Naquele dia felizpara elas, já era a 3ª celebração,tendo em vista que haviam passa-do antes 2 outros grupos.

Nas demais comunidades cria-das por Paulo e também João sóexistem ruínas de templos constru-ídos a partir do século 4º, quando,após o Imperador Constantino, aReligião Cristã se tornou religião

Em RUMOS, n. 228, Dezem-bro 2012/Janeiro 2013, pre-tendi dar a conhecer, sob o

título de "Uma página a inserir nahistória do MFPC", o resumo deuma notícia que apareceu no Cor-reio Braziliense de 16 de maio de1977, da autoria do jornalista Tar-císio Cavalcante.

Intitulava-se: "Celibato obriga-tório leva frade à imolação".

A imolação teria ocorrido emAparecida, 6 de janeiro de 1976. Oreligioso que se imolara era FreiJuvenal Irineu Sansão, O.F.M,

Qual não foi a minha surpresa,

QUERENDO ESCLARECERquando, no número 229, Feverei-ro/Março 2013 de RUMOS, depa-rei, na página 15, com este título:"Errata: Frei Juvenal não se suici-dou". Quem assinava era AntônioFrederico Zancanaro. Este foi damesma Ordem e teve Frei Juvenalpor professor. E afirmou que FreiJuvenal não chegou a concretizaro seu intento.

Tem informes de que ele andouna África e agora no sul do Brasil.

Permito-me imaginar que a de-sistência da imolação sonhada emprol de uma grande causa não serápara ninguém uma decepção. Mas

nós, padres católicos casados, ja-mais poderemos esquecer Frei Ju-venal pela sua decisão heroica.

Luiz Guerreiro Cacaisluizirenecacais@solar..com.br-----------------------------------NOTA: enviada ao editor Gil-

berto: Hoje tenho condições de in-formar com toda precisão sobre oparadeiro de Frei Juvenal Sansão,esse educador precioso e saudo-so. Idoso, está morando no Con-vento Franciscano anexo à Univer-sidade Franciscana de BragançaPaulista.

Antônio F. Zancanaro

VISITA À GRÉCIA E TURQUIA

aceita e oficial em todo o Império.Pudemos visitar o local "quasecerto", onde viveu Maria, ao ladode João. Lembrem das últimas pa-lavras de Cristo na cruz. Uma co-munidade afastada da cidade, porcausa das perseguições. Lá sereuniam para suas celebrações,sem perigo de serem molestadospelas autoridades. A Éfeso origi-nal está sendo recuperada pelosarqueólogos, tendo em vista suadestruição por conta de sucessi-vas invasões de diferentes povose por terremotos.

Hoje, a Turquia está dominadapelo Islamismo ligth (diferente da-quele do Irã, Arábia, Qwait, e ou-tros países, sobretudo, africanos).Cerca de 96% da população de 85milhões de habitantes, seguem oIslã. Mas, trata-se de um povo bom,cordato, amigo, alegre. Tudo aocontrário dos estereótipos que, noOcidente, marcam as nossas im-pressões sobre os Turcos. Os co-merciantes são deveras bons ne-gociadores, mas não desonestos.Não há criminalidade (o Islã é se-vero contra os criminosos). Osvales cobertos de trigais, parrei-rais, pomares das mais vaiadas fru-tas, fazem da Turquia um país ma-ravilhoso. É um verdadeiro cantei-ro de obras, com rodovias duplaspor toda parte, sem buracos e mo-radias de bom conforto. Vale apena ser visitado.

Na Grécia, estivemos na cidadede Corinto, onde, como santista,tive que explicar aos corintianos,como se deu o nascimento do, as-sim dito, timão. Uma vergonha nãosaberem nem a origem do time.

Entender, (ou, ao menos, ten-tar fazer isso) como era o porto deCorinto, porto, uma cidade popu-losa, pujante e cheia de problemas,um local de passagem das merca-dorias que vinham do interior daÁsia, pela Turquia, com destino àEuropa, foi uma experiência singu-lar. Lá esteve Paulo por muito tem-po na casa de Áquila e Priscila, que,como ele, tinham a profissão deartesãos de tendas. Vale a pena lernovamente as duas cartas aosCoríntios (são 4 ao todo, mas 2 seperderam).

Na antiguidade, as mercadori-as chegavam pelo Mar Egeu, atéCorinto. Lá eram

desembarcadas e pagavam-seos impostos. Os barcos eram re-bocados, por terra, puxados porescravos, ao longo de 6 km, atéalcançar o Mar Jônico, do outrolado, e, assim, recarregados, paraseguir até a Itália e o resto da Eu-ropa. Esse procedimento encurta-va muito a viagem. Outro caminhoseria contornar a Grécia pelo Sul oque se tornava mais dispendiosoe demorado.

Zancanaro e Rosaanfreza <[email protected]

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4 Jornal RUMOS

Jornal RUMOS

Edição 231

Padre Mariano Callegari, de Caxiasdo Sul RS, octogenário emérito, remeteuao editor Giba diversas notícias e fotos desua vida ministerial e também de sua es-tadia na Casa do Padre, onde reside atu-almente.

Eis alguns depoimentos dele:"todo mundo tem vocação especial na

sua vida pública. Teremos sempre os sacer-dotes casados e também solteiros. Teremosque nos ajustar a essas situações, avan-çando nos caminhos da história cristã.

Eu sempre gostei do Jornal Rumos. Porisso mando para este querido jornal, de quan-do em vez, minhas correspondências. Creioque meus 81 anos encontrarão espaço.

Confesso, também, minha gratidão aofindo jornal "Linha de Frente" e outros queacolheram minhas idéias, um tanto revolu-cionárias no seu tempo. Por exemplo:

a democracia, dentro e fora do ambienteeclesial;

a ordenação presbiteral de homens e

"O sucesso futebolístico foi o nossoprimeiro instrumento de autoestima dian-te dos países 'adiantados' e inatingíveis.O futebol foi o alento de um Brasil que seconcebia como doente pela mistura de ra-ças e que, até hoje, tem problemas em con-viver consigo mesmo. Ele é a garantia dorecomeço honrado na derrota e do gozosem arrogância e corrupção na vitória",constata Roberto DaMatta, antropólogo,em artigo publicado no jornal O Estado deS.Paulo, 05-06-2013.

Segundo ele, "o futebol criou entre nósuma filosofia, uma antropologia e uma teo-logia. O seu maior papel foi, como eu dissealgumas vezes, o de ensinar democracia. Foio de revelar com todas as letras que não seganha sempre e que o mundo é instávelcomo uma bola. Perder e vencer, ensina ofutebol, fazem parte de uma mesma moeda".Eis o artigo.

O jogo é um modelo da vida. Ele exigetemporadas, palcos, equipamentos (me-sas, baralhos, dados, roletas, bolas, uni-formes, redes, tacos) e regras de modo agarantir uma atenção apaixonada. E comotem início, meio e fim o jogo reduz a indi-ferença da vida. Com isso, faz com quemeros passantes possam posar de cam-peões. O domingo pode não ter mesa far-ta, mas tem o jogo do Brasil com sua pom-pa e seus resplendores de esperança. Osjogos são uma das passagens secretasque permitem escapar de nós mesmos.

Dentre os esportes modernos, o futebolpraticado no Brasil é certamente o mais den-so. Simoni Lahud Guedes, uma estudiosapioneira do futebol sugere que ele seria umatela sobre a qual projetamos nossas inda-gações. Nascido na Inglaterra industrial dos1860, o futebol ganhou regras fixas e, des-de então, tem sido o sujeito predileto deintensas projeções simbólicas em todo oplaneta.

No Brasil, ele acordou reações. Embo-ra tivesse a chancela colonial de tudo oque vinha de fora e da poderosa Inglater-

DEPOIMENTO DE PADRE EMÉRITO

O FUTEBOL COMO FILOSOFIA

mulheres, quando aprovada pelo povo;eleição democrática das pessoas que

ocupam cargos e serviços nas comunida-

des eclesiais;libertação da Igreja de sistemas domi-

nadores, como aconteceu no Brasil e Ar-

gentina no tempo das malditas ditaduras,até com o apoio covarde de bispos e carde-ais. Eu também fui enquadrado de 10 a 30anos de cadeia - mas absolvido pelos tribu-nais militares".

Na foto Pe. Mariano mostra um montede frutas do pomar da Casa do Padre: caqui,chuchu, ameixa, maçã, amendoim, uva, pês-sego, noz, moranga, amora, etc. E diz: "tra-balho neste pomar desde maio/2008, quan-do fui internado, obedecendo a "ordenssuperiores" do bispado. Sinto-me muito fe-liz e realizado em pegar a velha enxada".

Na última missiva enviada ao editor Gibaele escreve: "agora, com um Papa ao estilosul-americano acreditamos em mudançasnuma Igreja mais povo de Deus, da qual oJornal Rumos é um bom exemplo".

"Convido os leitores a me visitar e aopomar".

Casa do Padre - Rua Lourenço Golin 120- 95032-743 - Caxias do Sul - RS. Fone 54-30257591.

ra, era uma atividade desconhecida. Um"esporte" (uma disputa governada pornormas e pela necessidade imperiosa desaber vencer e perder), algo inusitadonum Brasil que conhecia duelos e brigasque sempre acabavam mal.

Ademais, exercícios físicos e banhos fri-os não faziam parte da prática nacional. Entrenós, a barriguinha sempre foi prova de ri-queza e da imobilidade física - expressivado ideal de imobilidade social. Como rece-ber essa inovação marcada pela disputa fí-sica veloz e igualitária, na qual perder e ga-nhar são - como na democracia - parte desua estrutura? Onde encontrar um lugarpara um jogo livre das restrições aristocrá-ticas do nome de família, da cor da pele, eda "aparência". Esse marco com o qual con-vivemos até hoje no Brasil?

O futebol sofreu muitos ataques emnome de um nacionalismo que se pensavafrágil como porcelana. E, no entanto, comoestamos vendo nessas vésperas de Copas,canibalizamos e digerimos o "foot-ball",roubando-o dos ingleses. Hoje, há um esti-lo brasileiro de jogar e produzir esse espor-te. De quinta coluna capaz de desvirtuar, aolado da música e do cinema americanos, oestilo de vida e a língua pátria, o futebolacabou servindo como um instrumento bá-sico de reflexão sobre o Brasil, conforme eumesmo assinalei no livro Universo do Fute-bol, no qual, em 1982, agrupei um conjuntode ensaios socioantropológicos de colegassobre esse esporte.

Em 2006, no livro A Bola Corre MaisQue os Homens, reuni trabalhos nos quaisapresentava uma saída para o dilema doesporte como alienação ou consciênciado mundo insistindo como, no Brasil, osucesso futebolístico foi o nosso primei-ro instrumento de autoestima diante dospaíses "adiantados" e inatingíveis. O fu-tebol foi o alento de um Brasil que se con-cebia como doente pela mistura de raçase que, até hoje, tem problemas em convi-ver consigo mesmo. Ele é a garantia do

recomeço honrado na derrota e do gozosem arrogância e corrupção na vitória.

Como prova do imprevisível destinodas coisas sociais, o futebol não veioconfirmar a dominação colonial. Pelo con-trário, ele nos fez colonizadores e, maisque isso, filósofos por meio de toda umaliteratura que a partir de Nelson Rodri-gues, Jacinto de Thormes (Maneco Mul-ler), José Lins do Rego e Armando No-gueira, entre outros, nos permitiu articu-lar uma leitura positiva do mundo.

Literatura? Não seria um exagero? Digoque não e vou mais longe para acrescentar:futebol criou entre nós uma filosofia, umaantropologia e uma teologia. O seu maiorpapel foi, como eu disse algumas vezes, ode ensinar democracia. Foi o de revelar comtodas as letras que não se ganha sempre eque o mundo é instável como uma bola.Perder e vencer, ensina o futebol, fazemparte de uma mesma moeda.

Nelson Rodrigues fala de jogos bíbli-cos, do mesmo modo que nos abre a umametafísica quando associa jogos e craques

a destinos fechados ou ao afirmar que já nocomeço do mundo aquele gol seria perdi-do. Sua condenação da "objetividade bur-ra" é uma crítica aguda de um senso comumhierarquizado e aristocrático que tenta tor-nar a própria vida algo oficial, possuída peloEstado. Por outro lado, sua antropologiainaugura uma neoaristocracia nativa inso-nhável de negros e mestiços que deixam deser híbridos enfermiços e passam - tal comoocorreu no jazz de uns Estados Unidos se-gregados - a príncipes, duques, condes ereis, apesar de nossos desejos inconfessá-veis de fracasso. A sub-raça envenenadados que queriam curar o Brasil se tornou ametarraça que, driblando os nossos subso-ciólogos - esses cartolas acadêmicos -, nosbrindou com cinco Copas do Mundo. "Apátria em chuteiras" abria um novo espaçopara esse futebol não branco, permitindo apaíses como o Brasil, uma redefinição in-clusive muito mais abrangente e sem pre-conceitos de suas identidades nacionais.

Fonte: jornal O Estado de S. Paulo,05-06-2013.

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Jornal RUMOS

5Jornal RUMOSEdição 231

Se Lutero retornasse hoje àItália ficaria atônito ao ver adifusão do texto sagrado em

um grande fluxo de edições e decópias, mas sobretudo ao desco-brir a interminável produção exe-gética que se acumula nas livrari-as não só religiosas.

A opinião é de Gianfranco Ra-vasi, cardeal presidente do Ponti-fício Conselho para a Cultura.Eis o texto.

"Na Itália, a Sagrada Escrituraé tão esquecida que raríssimamen-te encontra-se uma Bíblia". Comessas palavras, Lutero ironizavanos seus Discursos à mesa, opon-do à Igreja romana o seu grandecompromisso não só de comenta-dor, mas também de tradutor daBíblia. De fato, em 1521, ele haviase dedicado ao Novo Testamentoe, depois, por 12 anos, até 1534,havia se consagrado ao Antigo,propondo assim de gantzeheiligeS-chrifftDeutsch, toda a SagradaEscritura em alemão, uma versãoque ele reelaborou até 1545. Elateve não apenas um estrondososucesso editorial, mas também setornou a mãe da língua alemã uni-tária, estandarte da cultura e daprópria nação alemã.

Pois bem, se Lutero retornas-se hoje à Itália ficaria atônito aover a difusão do texto sagrado emum grande fluxo de edições e decópias, mas sobretudo ao desco-brir a interminável produção exe-gética que se acumula nas livrari-as não só religiosas. Para os meusleitores, eu gostaria agora de ace-nar apenas a alguns vislumbresdessa efervescência bibliográfica,escavando nas montanhas de vo-lumes de matérias bíblicas que cres-ceram sobre a minha escrivaninhaprivada em poucos meses.

Por isso, sou obrigado a elen-car, esperando que cada um sedepare com uma "flor" temática quelhe interesse. Não é só TommasoCampanella que assina embaixodesta confissão: "Quantos livrostem o mundo não saciam o meuapetite profundo: como eu comi! Ede jejum, porém, eu morro...".

Voltemos à questão muito de-licada da tradução. Eis a primeirae mais célebre, La Bibbia dei Set-

A REDESCOBERTA DA BÍBLIA

tanta: começou sob a direção dePaolo Sacchi, com o Pentateucosob a responsabilidade de PaoloLucca, a aventura de apresentá-la integralmente no texto grego ecom a versão italiana na frente.Sabemos que toda versão é tam-bém uma interpretação e, nessecaso, o é de maneira muito signi-ficativa, sendo essa a Bíblia queo Novo Testamento usaria).

Depois da tradução, eis o anti-go gênero da "introdução", o guiaque conduz em páginas, como asbíblicas, cuja aparente simplicida-de esconde abismos de enigmashistóricos, de segredos literários,de profundidades teológicas. As-sinalo apenas dois. De um lado, asofisticada e, às vezes, um poucoexaustiva mas muito documenta-da análise das questões referen-tes à Torah e storiografiedell' An-tico Testamento, organizada porGianantonioBorgonovo e colabo-radores, um emblema do altíssimonível alcançado pela atual pesqui-sa histórico-crítica. O tomo faz par-te de um curso inteiro de estudosbíblicos chamados de Logos.

Por outro lado, a igualmenteimponente, mas preciosa, tam-bém pela sua nitidez estrutural,

IntroduzionealNuovo Testa-mento, organizada por MartinEbner e Stefan Schreiber.

Entremos agora no texto pro-priamente dito, percorrendo aomenos alguns dos 73 livros quecompõem aquela que é chamadajustamente de Biblia, um plural gre-go de biblion, portanto, os "li-vros". Comecemos do início abso-luto, Gênesis 1-11, páginas quesomam em si um extraordinárioacúmulo de problemas literários,filosófico-históricos, teológicos,até mesmo estéticos (não é à toaque eu quis pôr nas mãos dos ar-tistas que serão hospedados noprimeiro pavilhão da Santa Sé naBienal de Veneza justamente essescapítulos como inspiração temáti-ca). Eles são apresentados, com otexto hebraico em frente, de modosintético exemplar, por FedericoGiuntoli para a coleção NuovaVer-sionedellaBibbiadaitestiantichi.Uma coleção que agora tambémoferece os Proverbi, um deliciosoe complexo escrito bíblico organi-zado por Sebastian Pinto, um te-souro de sabedoria culta e popu-lar (toda a série já tem outros 17títulos publicados).

A exegese em sentido mais sis-

temático, com todo o seu aparatoanalítico, é representado por ou-tra coleção intitulada I LibriBiblici,organizada pelas Paoline, irmãsdas edições San Paolo: a últimapublicada tem como sujeito um li-vro fascinante pelos relatos dosseus protagonistas (pense-se emDébora, Gideão, Jefté, Sansão), ecabe a um estudioso refinadocomo Giovanni Rizzi revelar-nos ossegredos do livro de Juízes, umtermo que designava os governa-dores tribais do Israel recém-alo-cado na terra prometida, persona-gens envolvidos às vezes tambémno halo da lenda.

Mas o Antigo Testamentotambém inclui textos de surpreen-dente "modernidade": é o caso doenigmático Qohelet (o Eclesiastes),do qual aparecem quase simulta-neamente dois comentários, o deFranco Piotti, que nessas páginasbíblicas intui "a busca do sentidoda vida", e a leitura feita por Willi-am P. Brown na coleção Strumentida editora valdense Claudiana.

Nessa mesma coleção - que játem às suas costas uma densa se-quência de livros -, são agora pu-blicados dois outros comentários,o de Jerome F. D. Creach sobre

Josué, o livro que serve de antes-sala ao relato dos Juízes, porquenarra a conquista da Terra Santapor Israel, e a análise do chamado"Primeiro Isaías", o profeta clássi-co do século VIII, cuja obra é reu-nida em Isaías 1-39, a grande ses-são inicial do "rolo" feita de nadamenos do que 66 capítulos e de16.930 palavras hebraicas.

E como ignorar os Salmos, olivro bíblico que até hoje temuma presença insone na oraçãojudaica e cristã? Eu mesmo op-tei por essa coleção poéticaorante como base da última pre-gação dos Exercícios Espirituaisdiante de Bento XVI.

Dentro dessas 150 composi-ções, tem-se um fascículo de 15invocações muito sugestivas(Salmos 120-134): eles trazem otítulo hebraico de shîr ha-ma'alôt,"canto das ascensões" ou tam-bém "das subidas". Gianpaolo-Anderlini, comentando-os, prefe-re a versão dos 15 Degraus, evo-cando não só os degraus materi-ais do Templo de Jerusalém, mastambém os degraus de um per-curso espiritual ascensional.

Diante de nós estão agora os27 livros do Novo Testamento,com as suas 138.013 palavras gre-gas. Mas devemos nos deter aquipor razões de espaço e tambémpara não sobrecarregar o leitor. Seráa ocasião para uma outra partedeste percurso no "ataque" que aexegese faz aos textos sagradospara descobrir toda a sua riqueza.Uma riqueza que não é apenas te-ológica, mas também cultural.

No fim, gostaríamos, então, desugerir aos nossos leitores duasverdadeiras joias, destinadas a fa-zer brilhar a dimensão "estética"das Escrituras.

De um lado, o grande críticoda universidade californiana deBerkeley,Robert Alter, oferece umafascinante análise da Arte dellapoesia biblica. De outro lado, umfiníssimo teólogo e literato comoJean-Pierre Sonnet aborda algu-mas "questões de poética narrati-va na Bíblia hebraica" no seu livroL'alleanzadellalettura.

Jornal Il Sole 24 Ore21-04-2013.

Lutero

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6 Jornal RUMOS

Jornal RUMOS

Edição 231

Na abertura do Congresso da Dioce-se de Roma, o Papa Francisco con-vida a não ceder à "deusa lamenta-

ção"O Papa Francesco abriu hoje o Congres-

so da Diocese de Roma sobre o tema Eunão tenho vergonha do evangelho. O even-to inaugurado na Sala Paulo VI, no Vatica-no, continuará terça-feira na Catedral de SãoJoão de Latrão e terminará quarta-feira nasdiversas paróquias da diocese.

A Sala Paulo VI, que normalmente hos-peda a Audiência de quarta-feira, de repen-te, revelou-se demasiado pequena para aquantidade de ouvintes. Participaram doencontro pelo menos quinze mil pessoas.

Francisco recordou que "alguns cris-tãos parecem devotos da deusa lamen-tação" e sublinhou que "o mundo émundo, o mesmo de cinco séculos" eque é necessário "dar um testemunhoforte e ir em frente", mas também "su-portar as coisas que não podem mudar".O Santo Padre convidou "com corageme paciência a sairmos de nós mesmos eir ao encontro da comunidade para con-

Relatório aponta risco de uma catás-trofe "Temos um problema muito im-portante. Quase 900 milhões de pes-

soas vão dormir com fome, o que é um de-sastre para a humanidade, para a ONU epara os Objetivos do Milênio. Se as coisasnão mudarem, teremos uma catástrofe ali-mentar. Temos que intervir, agora, para re-solver problemas que serão inevitáveis den-tro de 50 anos". O economista Gonzalo Fan-jul foi o encarregado, neste meio dia, de darvoz para "O desafio da fome", um relatórioelaborado por Mãos Unidas, com a colabo-ração da AECID e que foi apresentado naUniversidade Pontifícia Comillas.

Entre as propostas deste relatório,Mãos Unidas advoga por uma "mudançade sistema econômico", que elimine o con-sumo desenfreado e que incorpore deci-sões políticas que freiem a destruição am-biental. "Urge enfrentar o problema orien-tando os sistemas de produção de alimen-tos, as regras econômicas e as decisõespolíticas para garantir o direito à alimenta-ção, acima de qualquer interesse", desta-ca o relatório, que sustenta que "ao me-nos uma em cada seis pessoas não temalimentos suficientes para ser saudável elevar uma vida ativa. A fome e a desnutri-ção são consideradas, em nível mundial, oprincipal risco para a saúde, mais do que aAIDS, a malária e a tuberculose juntas".

"Jogamos 30% dos alimentos produzi-dos, afetando tanto o meio ambiente comoo seu preço", uma situação que é absoluta-mente inapresentável, sustenta o relatório,que acrescenta que três quartas partes dosque sofrem a fome vivem em áreas rurais,principalmente na Ásia e África, expostos asecas e inundações.

Por isso, Mãos Unidas propõe aplicarreformas agrárias e outros mecanismos quegarantam aos pobres o acesso a terra, paraque possam cultivar seus alimentos e gerar

VAMOS EM BUSCA DAS 99 OVELHAS PERDIDAS

vidar as pessoas".E acrescentou: "Seja em todos os lu-

gares portadores da palavra de vida, emseus bairros, onde as pessoas estiverem",e recordou a figura do Bom Pastor, quedeixa as noventa e nove ovelhas para pro-

curar a perdida."Queridos irmãos, temos uma e noven-

ta e nove estão desaparecidas, vamos bus-cá-las", peçamos "a graça de sair para anun-ciar o Evangelho", porque "é mais fácil fi-car em casa com uma ovelha, escová-la,

acariciá-la". Então, exclamou: "Mas o Se-nhor nos quer, nós sacerdotes, e tambémvocês, cristãos, pastores, e não 'escovado-res' de ovelhas ...".

O Papa concluiu dizendo que "Deus nosdá esta graça gratuitamente, e nós gratuita-mente devemos dar".

Seguiu-se um momento de reflexão, quecomeçou com algumas músicas interpreta-das pelo coral e orquestra da diocese deRoma. Amanhã falará o Vigário do Papa paraa Diocese de Roma, Cardeal Agostino Valli-ni e o Bispo de Novara, Franco Brambilla.

Em sua apresentação, o cardeal Valliniexplicou que "optou-se por abrir os trêsdias de reflexão na Sala Paulo VI parapermitir uma maior participação dos agen-tes pastorais e dos fiéis".

Vallini acrescentou que "teremos a ale-gria de ouvir, pela primeira vez, a reflexãodo Papa Francisco que, após a sua tomadade posse da Basílica de São João em Latrão,no último dia 7 de abril, se encontrará nova-mente como Bispo de Roma com a comuni-dade eclesial local".

Sergio Mora

QUASE 900 MILHÕES DE PESSOAS VÃO DORMIR COM FOMEexcedentes de maneira sustentável.

Entre suas recomendações, inclui a devigiar as novas gerações de biocombus-tíveis, de maneira que não afetem a dis-ponibilidade de terra para os pequenoscamponeses, além de limitar a possibili-dade de que investidores privados e go-vernos estrangeiros adquiram grandesextensões de terras cultiváveis nos paí-ses em vias de desenvolvimento.

Segundo o relatório anual da FAO,"O Estado de insegurança alimentar nomundo - 2012", atualmente há 870 mi-lhões de pessoas com fome.Péssimas perspectivas

No mundo, há uma população de 7 bi-lhões de pessoas, sendo que na metade doséculo poderá aumentar em outros 2 bilhões.No ano 2025, 1,8 bilhão de pessoas viverãoem países ou regiões com escassez absolu-ta de água, e dois terços da população po-derão estar vivendo em condições de ca-rência, prenuncia.

Também lembra que, segundo a Agên-cia Internacional de Energia, os biocombus-tíveis poderão proporcionar, em 2050, 27%do total de combustível para o transporte(em comparação aos 2% atual) e reduzirnotavelmente o uso de diesel, querosene ecombustível de avião.

O ato foi aberto pela presidente deMãos Unidas, SoledadSuárez, que defen-deu que "somos nós os que temos quemudar o mundo, desafiando a fome, comoaquelas mulheres fizeram há 54 anos".

A apresentação serviu como motiva-ção para que alguns especialistas des-sem sua opinião a respeito do atual esta-do das coisas. Estas foram algumas dasreflexões mais relevantes:

Imaculada Cubillo, membro da campa-nha Direito à Alimentação, Cáritas, opinaque "o documento me parece muito com-pleto e expõe com toda clareza os concei-

tos básicos para entender a magnitude dasituação da fome, num contexto de mudan-ça climática. É imprescindível sua compre-ensão para adotar a atitude solidária e a vi-são política de sua solução. Os exemplosilustram bem esta necessidade".

Jerônimo Aguado, membro da ViaCampesina - Plataforma Rural, consideraque o relatório resulta "muito bem ela-borado e um bom diagnóstico da ques-tão da alimentação e do problema dafome em escala global".

Lourdes Benavides, da campanha CRE-CE, IntermónOxfam, destaca que "entre to-dos e todas, devemos conseguir mudançasurgentes em políticas públicas, em práticasde empresas, em nosso modo de consumir,para que todos nós, pessoas que habita-mos o planeta, voltemos a estar no centrode um mundo mais justo, mais equitativo esustentável. E Mãos Unidas, com seu rela-tório, contribui para esse fim".

Marco Gordillo, coordenador do Depar-tamento de Campanhas da Mãos Unidas,que é o responsável da elaboração deste

relatório e para quem o documento "insisteque para garantir o direito à alimentação, énecessário reorientar nossos sistemas deprodução agrícola, recuperando sua funçãosocial, ambiental e econômica, priorizandoo acesso aos alimentos para todos, especi-almente para os mais pobres e vulneráveis".

Além disso, através do Skype, houvea participação de Henry Morales, Movi-mento Tzuk Kim-Pop (Guatemala), quelembrou como em seu país a maioria daprodução alimentar (80%) está nas mãosde apenas 2% da população, num paísonde a desnutrição infantil é um gravíssi-mo e secular problema.

Carlos García, do Instituto Socioam-biental - ISA (Brasil), denunciou que, nosúltimos anos, 100 povos indígenas desa-pareceram, 1.500 líderes foram assassina-dos e 700.000 quilômetros quadrados(uma Espanha e meia de superfície) daAmazônia foram desmatados.

Jesús BastanteSítio Religión Digital, 24-04-2013

Fonte: www.ihu.unisinos.br

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Jornal RUMOS

7Jornal RUMOSEdição 231

O papa Francisco afirmou que os cor-ruptos são "o anticristo", causammuito dano à Igreja e são "um peri-

go, já que são adoradores de si mesmos,pensam apenas neles e consideram que nãoprecisam de Deus".

A reportagem é publicada no sítio Re-ligión Digital, 03-06-2013. A tradução édo Cepat.

O pontífice fez estas declarações duran-te a missa que presidiu na capela da resi-dência de Santa Marta, onde se hospeda,referindo-se à parábola dos lavradoresmaus, do Evangelho de Mateus, e aos trêsmodelos de cristãos na Igreja: os pecado-res, os corruptos e os santos.

Francisco apontou que dos pecadoresnão é necessário falar muito, "já que todosnós somos, conhecemo-nos interiormentee sabemos o que é um pecador, e se algumde nós não se sente assim, que vá à procurade um médico espiritual".

O Bispo de Roma acrescentou que aparábola fala de outra figura, a daqueles quequerem se apoderar da vinha e rompem re-lações com o dono da mesma, "um patrão(Deus) que nos chamou com amor, cuida denós e nos dá liberdade, mas essas pessoasse sentem fortes e independentes de Deus".

"No dia 27 de fevereiro, porcoincidência, os voos chegaramjuntos e nos encontramos na reti-rada de bagagens no aeroportode Fiumicino. Quando o meuamigo cardeal Bergoglio me viu,ele sorriu: 'Mas o que esse rapazestá fazendo aqui?'. E eu respon-di: 'Ah, veja esse idoso! E ele oque faz aqui?'".

Entrevista com LuisAntoni-oTagle. A reportagem é de GianGuido Vecchi, publicada no jor-nal CorrieredellaSera, 13-06-2013. A tradução é de MoisésSbardelotto.

O cardeal Luis Antonio GokimTagle dá uma risada que é realmen-te de um menino. Aos 56 anos, oarcebispo de Manila, filipino demãe chinesa, é um menino prodí-gio do Colégio Cardinalício e daIgreja, considerado "papável" jáno último conclave.

Nessa quinta-feira, ele viu oPapa Francisco, nesta sexta-fei-ra irá realizar o seu primeiro en-contro público para apresentar olivro Gente diPasqua (Ed. EMI),no sábado tomará posse da suaparóquia romana em Centocelle.Camisa e colarinho de simplespadre, afável e carismático, aca-ba de chegar ao Pontifício Colé-gio Filipino em Roma. Ao seulado, em um sofá, a cópia do jor-nal Corriere com as palavras atri-buídas ao papa sobre "corrup-ção" e "lobby gay" na Cúria.

Eis a entrevista.Desculpe-me, Eminência,

mas vocês, entre os cardeais, ha-

FRANCISCO APRESENTA JOÃO XXIII COMO "MODELO DE SANTIDADE""Essas pessoas, pouco a pouco, rom-

pem essa relação e dizem 'nós não necessi-tamos desse patrão, que não venha nos in-comodar'. Esses são os corruptos, aquelesque eram pecadores como todos nós, masque deram um passo adiante, consolidan-do-se no pecado", afirmou Francisco.

O papa Bergoglio acrescentou que oscorruptos "também são um perigo para oscristãos, já que pensam apenas neles", emseu grupo.

O Pontífice advertiu que Judas, "de pe-cador avarento, acabou na corrupção", eenfatizou que os corruptos "são grandesdesmemoriados, esqueceram o amor com oqual Deus criou sua vinha e se converte-ram em adoradores de si mesmos".

"Quanto mal fazem os corruptos na co-munidade cristã! Que o Senhor nos livrede cair nesse caminho da corrupção",acrescentou o Papa, lembrando o apósto-lo João que dizia que os corruptos "são oanticristo, estão no meio de nós, mas nãosão dos nossos".

Francisco acrescentou que, diferentedos corruptos, os santos fazem "muitobem à Igreja", são aqueles que "obede-cem ao Senhor, os que o adoram e nãoperderam a memória do amor com o qual o

Senhor criou sua vinha".O papa argentino implorou a Deus a gra-

ça "de não nos tornarmos corruptos". "Pe-cadores sim, corruptos não", destacou Fran-cisco, recordando que hoje se completam50 anos da morte do beato papa João XXIII(25 de novembro de 1881 - 3 de junho de1963), apresentando-o como "modelo desantidade". Hoje, Francisco rezará diantedo túmulo do "Papa bom", como era co-

nhecido João XXIII, na Basílica de São Pe-dro, no Vaticano.

O italiano Angelo Roncalli foi eleito papano dia 28 de outubro de 1958. Em seu curtopontificado, convocou o Concílio Ecumêni-co Vaticano II, que mudou a Igreja e a lançouao terceiro milênio. Foi beatificado por JoãoPaulo II, no dia 3 de setembro de 2000, du-rante o ano jubilar da Igreja católica.

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

"A CORRUPÇÃO NA IGREJA EXISTE DESDE SEMPRE E TAMBÉM EXISTE HOJE"viam falado dessas coisas de "lo-bby" e "corrupção"?

Bem, eu nunca ouvi. Mas, veja,como instituição que também éhumana, a Igreja tem muitas expe-riências de tentações e também depecados. Na mente do Papa Fran-cisco, também há isso, quando elefala de "corrupção". E nós temosque admitir essas coisas, admitirque elas existem também na Igreja,e não de hoje! O Concílio falou daIgreja sempre "purificanda". E aIgreja é purificada pelo Evangelho,pela coragem, pela abertura, peloEspírito do Senhor...

Certamente, o tema da "corrup-ção" é central no papa...

Vivemos em um mundo em quea corrupção está presente na polí-tica e na sociedade, e também naIgreja ela é uma tentação. O peca-do e a corrupção estão na históriada Igreja. Mesmo os grandes con-cílios ecumênicos foram principal-mente momentos de purificação econversão. A voz do Senhor cha-ma todos à conversão. Mas essaconversão é um ato de coragem: acoragem de admitir que a doençaque está no coração das pessoas,na sociedade e, infelizmente, tam-bém na Igreja.

No seu livro, o senhor escre-ve: "Escutem as pessoas dizer:'Deus"... Aprendam com o povo,com os esquecidos...". O PapaFrancisco também quer "umaIgreja pobre e para os pobres".Em que direção estamos indo?

No caminho indicado desdeLeão XIII com a doutrina social. A

pobreza evangélica é uma graça,mas também é uma escolha, a res-posta ao chamado de Deus. E essaescolha significa que a Igreja temconfiança no Senhor, e não nopoder ou no dinheiro. A pobrezaevangélica também é um testemu-nho contra as várias formas de ido-latria do mundo de hoje.

O senhor fala de "Igreja pri-mitiva"...

Eu não pretendo apresentá-lacomo se fosse sem manchas e semproblemas. As cartas de São Pau-losão muito realistas! Mas é uma

Igreja próxima da Ressurreição, dotestemunho apostólico, tem o fres-cor de uma Igreja que estava aber-ta, porque buscava o caminho paraevangelizar o mundo. Um modelode abertura e de coragem.

A Igreja deve ter coragem?Sim, mas coragem evangélica,

como o Papa Francisco. Não a co-ragem do aventureiro que querconquistar por ambição, mas o dequem tem confiança no Senhor,que já triunfou sobre o mal e sobreo pecado do mundo. A corrupçãoé a tentação que continua negan-

do o triunfo de Deus.Entre os cardeais, vocês fala-

ram sobre a reforma da Cúria.Qual "doença"que a ameaça?Fechamento, carreirismo?

Sim, todas as tentações quetambém estão nas cúrias diocesa-nas e em muitas burocracias. Amissão precisa de estruturas paranão ficar somente como uma ideia.Mas a tentação é a de manter so-mente burocracia e estruturas depoder que sufocam a missão.

Fala-se de uma maior "cole-gialidade"...

A partir do centro, de Roma,é preciso uma maior abertura àIgreja das periferias, o "peque-no rebanho" evangélico. Muitoscardeais também falaram de "in-ternacionalização" da Cúria, maspara mim não é importante ape-nas ter pessoas de muitos paí-ses: o que conta é a aberturamental. Por outro lado, nós, asi-áticos, por exemplo, não deve-mos ter medo de nos expressarou ter complexos de inferiorida-de, porque a Igreja Católica nãoé completa sem a voz da Ásiaou da África...

Francisco terá resistências?Quem se encontra entre poder

e benefícios rejeita a mudança.Mas Francisco tem uma grandecoragem. Aquela coragem que, noEvangelho, é dos mais humildes edos mais pobres: uma visão deesperança, não para si mesmos,mas para os outros.

Gian Guido Vecchiwww.ihu.unisinos.br

Cardeal Luis Antonio Gokim Tagle

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Edição 231

Foi um encontro histórico,sem precedentes.

Por aquilo que se disse e pelaforma como se disse. Durante umahora, Francisco dialogou com fran-queza com a diretoria da Conferên-cia Latino-Americana e Caribenhade Religiosas e Religiosos (CLAR).

A reportagem é do sítio Re-flexión y Liberación, 10-06-2013.A tradução é de Moisés Sbarde-lotto.

Conversaram sentados emcírculo, entre iguais, como nasprimeiras comunidades fundadaspor Jesus... E o Papa foi sincero:falou da corrupção na Cúria Ro-mana, onde "há pessoas santas,mas também há uma corrente decorrupção, também existe, é ver-dade... Fala-se do 'lobby gay', eé verdade, está aí".

Por sua vez, clamou pela liber-dade da vida religiosa - "Expliquemo que tenham que explicar, mas si-gam em frente" -, mostrou preocu-pação com "certos grupos restau-racionistas" e reivindicou o espí-rito da 5ª Conferência Geral doEpiscopado Latino-Americano,realizada em Aparecida,São Paulo:"Aparecida não terminou. Apare-cida não é só um documento. Foium acontecimento".Oferecemos aqui um breve resu-mo desse histórico encontro ce-lebrado na Santa Sé.1. Abram portas... Abram portas!

Vocês vão se equivocar, vãofazer bobagem, isso acontece! Tal-vez até vão receber uma carta daCongregação para a Doutrina [daFé] dizendo que vocês disseramtal e tal coisa... Mas não se preo-cupem. Expliquem o que tenhamque explicar, mas sigam em fren-te... Abram portas, façam algo aíonde a vida clama. Prefiro uma Igre-ja que se equivoca por fazer algodo que uma que adoece por ficarfechada...2. Sobre a sua eleição

Eu não perdi a paz em nenhummomento, sabem? E isso não émeu, eu sou mais de me preocu-par, de ficar nervoso... Mas nãoperdi a paz em nenhum momento.Isso me confirma que isso é de

"ABRAM AS PORTAS": FRANCISCOE OS RELIGIOSOS DA AMÉRICA LATINA E CARIBE

Deus...3. Sobre a esperança que seus ges-tos trouxeram, como o fato de terficado em Santa Marta

Esses gestos... não vieram demim. Não fui eu que os inventei.Eu não trouxe um plano, nem fizum plano quando me elegeram. Eufaço isso porque senti que era oque o Senhor queria. Mas essesgestos não são meus, há Outroaqui... isso me dá confiança...

Eu trazia a roupa estritamentenecessária, a lavava de noite, e derepente isso... Eu não tinha nenhu-ma chance! Nas apostas de Lon-dres, eu estava em 44º lugar, vejamvocês! Quem apostou em mim ga-nhou muito, claro...! Isso não vemde mim...4. Sobre as correntes da Igreja

Compartilho com vocês duaspreocupações. Uma delas é umacorrente pelagiana que existe naIgreja neste momento. Há certosgrupos restauracionistas. Eu co-nheço alguns, eu tive que recebê-los em Buenos Aires Aires. E sen-timos que é como voltar 60 anosatrás! Antes do Concílio... Senti-mo-nos em 1940... Uma anedota,só para ilustrar, não para rir - eu atomei com respeito, mas me preo-

cupa: quando me elegeram, eu re-cebi uma carta de um desses gru-pos, e me diziam: "Santidade, ofe-recemos-lhe este tesouro espiritu-al: 3.525 rosários". Por que não di-zem 'rezamos pelo senhor, pedi-mos'... Mas isso de fazer contas...

A segunda é uma correntegnóstica. Esses panteísmos... Asduas são correntes de elite, masesta é de uma elite mais formada...Eu soube de uma superiora geralque incentivava as irmãs da suacongregação a não rezar pela ma-nhã, mas sim a tomarem um banhoespiritual no cosmos, coisas as-sim... Isso me preocupa porquepulam a encarnação! E o Filho deDeus se fez nossa carne, o Verbose fez carne, e na América Latinatemos carne aos montes! O queacontece com os pobres, as do-res, essa é nossa carne...

O evangelho não é a regra an-tiga, nem esse panteísmo. Se vocêolhar para as periferias, os indigen-tes, os drogados, o tráfico de pes-soas... Esse é o evangelho. Ospobres são o evangelho...5. Sobre a Cúria Romana e a co-missão de cardeais

E, sim... é difícil. Na Cúria, hápessoas santas, de verdade, há

pessoas santas. Mas também háuma corrente de corrupção, tam-bém existe, é verdade... Fala-sedo "lobby gay", e é verdade,está aí... É preciso ver o quepodemos fazer...

A reforma da Cúria Romana éalgo que quase todos nós, carde-ais, pedimos nas congregaçõesprévias ao conclave. Eu tambémpedi. Eu não posso fazer a refor-ma, esses temas de gestão... Eusou muito desorganizado, nuncafui bom nisso. Mas os cardeais dacomissão vão levá-la adiante. Aíestá Rodríguez Maradiaga, que élatino-americano, que leva a batu-ta, está Errázuriz, eles são muitoordenados. O [cardeal] de Muni-que também é muito ordenado.Eles vão levá-la adiante.Rezem pormim para que eu me equivoque omenos possível...6. Sobre Aparecida

Aparecidanão terminou. Apa-recida não é só um documento. Foium acontecimento. Aparecida foialgo diferente. Para começar, por-que não teve documento de traba-lho. Teve contribuições, mas nãoum documento. E, ao terminar, tam-bém não tinha um documento - nodia anterior tínhamos 2,300 "mo-

dos"... Aparecida enviou à missãocontinental. Aí termina Aparecida,no impulso da missão.

O que Aparecida teve de espe-cial é que não foi celebrada nemem um hotel, nem em uma casa deretiros... Foi celebrada em um san-tuário mariano. Durante a semana,celebrávamos a Eucaristia e haviaumas 250 pessoas, porque era umdia normal de trabalho. Mas o fimde semana ele estava cheio...! Opovo de Deus acompanhava osbispos, pedindo o Espírito Santo...

Tínhamos as salas de reuniõesdebaixo do Santuário. Assim, amúsica de fundo eram os cantos,as celebrações no Santuário... Issodeu algo muito especial.7. Sobre as congregações religio-sas

Há algo que me preocupa, em-bora eu não saiba como lê-lo. Hácongregações religiosas, gruposmuito, muito pequenos, algumaspoucas pessoas, pessoas muitovelhas... Não têm vocações, sei lá...O Espírito Santo não quer que con-tinuem, talvez já cumpriram a suamissão na Igreja, não sei... Mas aíestão, aferradas aos seus edifíci-os, aferradas ao dinheiro... Eu nãosei por que isso acontece, eu nãosei como lê-lo. Mas peço-lhes quese preocupem com esses grupos...A gestão do dinheiro é algo queprecisa ser refletido.8. Sobre a Congregação para a VidaConsagrada

Aproveitem este momento quevivemos na Congregação para aVida Consagrada... É um momentode sol... Aproveitem. O prefeito ébom. E o secretário [José Rodrí-guez Carballo], que foi "lobiado"por vocês! Não, na realidade, sen-do o presidente da USG [União dosSuperiores Gerais], o lógico era quefosse ele! Quem melhor...

Ponham todo o seu empenhono diálogo com os bispos. Com oCelam [Conselho Episcopal Lati-no-Americano], com as Conferên-cias nacionais... Eu sei que há al-guns que têm outra ideia da comu-nhão, mas... Falem, conversemcom eles, digam-lhes...

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Jornal RUMOS

9Jornal RUMOSEdição 231

Meu amigo, você acusa os bispos deomissão em relação à implantação do ca-samento gay no Brasil.

Fatos: meu vizinho, bisneto do escritoJosé de Alencar, filho do padre senadorAlencar, recentemente ficou viúvo de seucasamento gay que durou cinquenta anos.Portanto, união gay existe desde que omundo é mundo.

De uns tempos para cá, os homosse-xuais, lésbicas e variantes, se organiza-ram. Tal organização num mundo globali-zado e secularizado resultou em movimen-tos sociais, como a parada do orgulhoGay. As manchetes dos jornais exibem oapoio da sociedade a essas mobilizações!Essas procissões reúnem milhões. Mui-to, mas muito mais gente que nas procis-sões de Corpus Christi, bem como dasMarchas para Cristo! E muito mais do quereúnem os indignados com a Corrupção!

As igrejas Católica e Pentecostal nãoreúnem tantos adeptos quanto os homos-sexuais e lésbicas. E lembre-se de que oEstado brasileiro é laico e não se orientapelas crenças de nenhuma religião.

Para os bispos brasileiros protestaremprecisam demonstrar que o povo os apoia.Uma Igreja cujos membros são apenas 5%que comparecem aos domingos na Casade Deus, que dizem ser Deus seu Senhormas não demonstram acreditar neste Se-nhor, nem que seus pastores sejam seusMestres! Com qual força os bispos doBrasil podem protestar?

Os menos de 80 % de católicos às quar-tas-feiras vão para a novenas do Perpétuo

1. Caminhe de 10 a 30 minutos todosos dias e sorria enquanto caminha (masnão muito, se não vão pensar que vc élouco(a)!).

2. Ore na intimidade com Deus pelo me-nos 10 minutos por dia, em segredo, se fornecessário.

3. Escute boa música todos os dias. Amúsica é um autêntico alimento para o espí-rito.

4. Ao se levantar de manhã, fale "Deus,meu Pai, Te agradeço por este novo dia"(antes de pensar na roupa que vai vestir) edepois beba um copo d'água).

5. Viva com os 3 "E": Energia, Entusias-mo e Empatia.

6. Participe de mais brincadeiras do queno ano passado.

7. Sorria mais vezes do que o ano pas-sado.

8. Olhe para o céu pelo menos uma vezpor dia e sinta a majestade do mundo querodeia você.

9. Sonhe mais, estando acordado.10. Coma mais alimentos que crescem

nas árvores e nas plantas, e menos alimen-tos industrializados.

11. Coma nozes e frutas silvestres. Tomechá verde, muita água e um cálice de vinhoao dia. Cuide de brindar sempre por algumadas muitas coisas belas que existem em suavida e, se possível, faça em companhia dequem você ama.

DICAS PARA VIVER MELHOR

DIALOGANDO COM A SOCIEDADE CONTEMPORÂNEASocorro; na sexta à Missa da Misericórdia;aos sábados ao Centro espírita do Dr Leo-cárdio; nos dias intermediários se dirigem àUmbanda e ao Candomblé; no dia que so-brou vão aos Shoppings do Edir Macedo

Qual a força que a Igreja Católica de-monstra? O Congresso Nacional não querperder votos. Não decidiu nada quanto aocasamento gay. Lavou as mãos! As suces-sivas omissões do Congresso Nacional sãotransferidas para os 11 Juízes do Supremo.Quando do julgamento das células tronco,a CNBB contratou advogado para defendersua posição contra as células tronco masperdeu e perdeu feio!

Se a CNBB se envolver em todas as ques-tões em que ela é contrária afundará o cami-nho de perdedora, sempre perdedora!

A causa gay colocou povo na rua, de-monstrou ter força, ter o apoio da popula-ção. Enquanto isto, Católicos, Pentecostaise moralistas contra a corrupção não conse-guem reunir povo. As paradas do Orgulhogay em todo o mundo reúnem milhões.

Quem decidiu pelo reconhecimento docasamento gay foram os juízes do SupremoTribunal Federal. Não foi nem o Executivonem o Legislativo! O protesto é inócuo, semnenhum efeito prático!

Os católicos precisam se organizarcomo o movimento Gay se quiserem terforça. Precisam unir-se aos que pensamcomo eles. Como todas as Igrejas estãofragmentadas, inclusive os católicos ro-manos, devemos aprender a caminhar compessoas que pensam diferente de nós, sa-bendo que vivemos num mundo e numa

12. Faça rir pelo menos 3 pessoas por dia.13. Elimine a desordem de sua casa, seu

carro e seu escritório. Deixe que uma novaenergia flua em sua vida.

14. Não gaste seu precioso tempo emfofocas, coisas do passado, pensamentosnegativos ou coisas fora de seu controle.Melhor investir sua energia no positivo dopresente.

15. Tome nota: a vida é uma escola evocê está aqui para aprender. Os proble-mas são lições passageiras, o que vocêaprende com eles é o que fica.

16. Tome o café da manhã como um rei,almoce como um príncipe e jante como ummendigo.

17. Sorria mais.18. Não deixe passar a oportunidade de

abraçar quem você ama. Um abraço!19. A vida é muito curta para você des-

perdiçar o tempo odiando alguém.20. Não se leve tão a sério. Ninguém faz

isto.21. Não precisa ganhar cada discussão.

Aceite a perda e aprenda com o outro.22. Fique em paz com o seu passado

para não estragar o seu presente.23. Não compare sua vida com a dos

outros. Você não sabe como foi o caminhoque eles tiveram que trilhar na vida.

24. Ninguém está tomando conta da suafelicidade a não ser você mesmo.

25. Lembre que você não tem o controledos acontecimentos, mas sim do que vocêfaz deles.

26. Aprenda algo novo cada dia.27. O que os outros pensam de você

não é de sua conta.28. Ajude sempre os outros. O que você

semeia hoje, colherá amanhã.29. Não importa se a situação é boa ou

ruim, ela mudará.30. O seu trabalho não cuidará de você

quando você estiver doente. Seus amigossim. Mantenha contato com seus amigos.

31. Descarte qualquer coisa que não forútil, bonita ou divertida.

32. A inveja é uma perda de tempo. Vocêjá tem o que você precisa.

33. O melhor está ainda por vir.34. Não importa como você se sente:

levante, vista e participe.35. Ame sempre com todo o seu ser.36. Telefone para seus parentes fre-

quentemente e mande emails dizendo: Oi,estou com saudades de vocês!

37. Cada noite, antes de deitar, agrade-ça a Deus por mais um dia vivido.

38. Lembre que você está muito aben-çoado para estar estressado.

39. Desfrute da viagem da vida. Você sótem uma oportunidade, tire dela o maior pro-veito.

40. Envie esta mensagem a quem vocêgosta.

sociedade diversificada.O Legislativo e Executivo são o re-

trato desta sociedade que não decide ba-seado nas crenças religiosas! Este é osignificado de uma sociedade seculari-zada. Legislativo e Executivo decidem poraqueles que demonstram ter votos. Foiassim na aprovação do divórcio. Já nosanos setenta os nossos bispos demons-traram não ter influência sobre os eleito-res. Então veio o divórcio.

A Igreja católica perde 1% de adep-tos por ano. Dez por cento em dez anos!Assim, a cada ano nossos bispos per-dem poder e influência. Que adianta abrira boca sabendo que vai perder no Su-premo? Não seria isto acelerar a perda

do que ainda resta de influência?A secularização e a globalização con-

tinuarão moldando o Planeta. Estes doismovimentos fazem hoje o que a Igreja ro-mana fez na Europa quando moldou acristandade. A cristandade acabou. Opoder da Cúria romana está reduzidíssi-mo, E continuará esvaziando-se. A revo-lução industrial acabou. O capitalismofinanceiro está desmoronando. Os esta-dos têm problemas mais graves que ca-samento gay: fome, emprego, inflação,segurança, mudanças constantes.

Bismarck Frota de Xerez, Curitiba, [email protected]

Enviada por Joarez Virgolino [email protected]

Page 10: 00231 jornal rumos · 2013-07-01 · 2 Jornal RUMOS Jornal RUMOS Edição 231 EDITORIAL Amigo(a), já estamos no meio deste ano 2013. O tempo corre veloz, e nós com ele. Onde estaremos

10 Jornal RUMOS

Jornal RUMOS

Edição 231

"Pai, permite que:onde o coração não teme e a cabeça fica

erguida;onde o conhecimento é livre;onde o mundo não foi estilhaçado em

pedacinhos pelas paredes domésticas;onde as palavras brotam da verdade

profunda;onde a luta incansável estende os bra-

ços para a perfeição;onde a clara torrente da razão não se

perdeu no deserto arenoso e monótono darotina morta;

onde a mente é conduzida por ti em dire-ção a pensamentos e ações abrangentes -permite meu Pai, que a minha pátria desper-te dentro desse céu de liberdade".

Este é O POEMA TRINTA E CINCO doPrêmio Nobel de Literatura, GITANJALI,Oferenda Lírica (1913) de RabindranathTAGORE (1861-1941), indiano, um dos mai-ores gênios da humanidade de todos ostempos. Músico, poeta, contista, teatrólo-go, filósofo e educador, publicou numero-sas obras de cunho místico e profundamen-te humano. A escola superior de filosofiapor ele fundada em Santiniketan (Índia) foitransformada em Universidade (1921). Seuspoemas, seus escritos, suas palestras, suainfluência na sua pátria e pelo mundo aforalhe mereceram um bibliografia imensa emdiversos idiomas.

O poema citado representa a fervorosasúplica do mais íntimo do seu coração aoPai Celeste a favor de sua querida pátria, a

1. Edir Macedo - R$ 2 bilhões - IgrejaUniversal do Reino de Deus

2. Valdemiro Santiago - R$ 400 milhões -Igreja Mundial do Poder de Deus

3. Silas Malafaia - R$ 300 milhões - As-sembleia de Deus

4. R.R. Soares - R$ 250 milhões - IgrejaInternacional da Graça de Deus

5. Estevam Hernandes Filho e bispaSônia - R$ 120 milhões - Igreja Renascer

Fonte: "Forbes"1. Edir Macedo, fundador e líder da Igreja

Universal do Reino de Deus, além de ser opastor mais rico do Brasil, possui templosaté nos Estados e um jato bimotor particu-lar, de modelo Bombardier Global ExpressXRS, estimado em R$ 90 milhões.

Macedo tem 10 milhões de livros ven-didos, alguns deles extremamente críti-cos à Igreja Católica e a algumas religi-ões africanas.

Seu maior movimento aconteceu nadécada de 1980, quando adquiriu a redeRecord, a segunda maior emissora do Bra-sil. Além disso, é dono do jornal "FolhaUniversal", que tem uma circulação de 2,5milhões de exemplares, e do canal de no-tícias Record News.

2. Seguindo os passos de Macedo, Val-demiro Santiago é ex-pastor da Igreja Uni-versal do Reino de Deus. Após se desen-tender com o chefe, ele fundou sua própriaigreja: a Igreja Mundial do Poder de Deus,que tem 900 mil seguidores e mais de 4.000templos, muitos deles adornados com ima-

OS LÍDERES EVANGÉLICOS MILIONÁRIOSgens dele. Sua fortuna é estimada em R$400 milhões.

3. Silas Malafaia é líder da Assembleiade Deus, a maior igreja pentecostal bra-sileira. Entre os pastores, ele é o maispolêmico, e se envolve frequentementeem controvérsias com a comunidade gaydo Brasil, já que declara ser o maior opo-sitor ao casamento gay.

Ele também é uma figura proeminenteno Twitter, onde possui mais de 440 milseguidores.

Em 2011, Malafaia lançou uma campa-nha a fim de arrecadar R$ 1 bilhão para asua igreja, com o intuito de criar uma emis-sora de televisão global, que seria transmi-tida em 137 países. Os interessados podemcontribuir com somas a partir de R$ 1.000, eem troca receberão um livro.

4. Já o cantor, compositor e televange-lista Romildo Ribeiro Soares, conhecidocomo R. R. Soares, é possivelmente o maismultimídia entre os pastores brasileiros.Fundador da Igreja Internacional da Graçade Deus, R. R. Soares é uma das faces maisregulares da TV brasileira.

Ele também é ex-membro da Igreja Uni-versal do Reino de Deus, além de ser cu-nhado de Macedo. Autointitulado "missio-nário". Sua aeronave particular, de modeloKing Air 350, custa "apenas" R$ 10 milhões.

5. Fundadores da Renascer em Cristo, o"apóstolo" Estevam Hernandes Filho e suamulher, a "bispa" Sônia, possuem mais demil igrejas no Brasil e no exterior - várias

delas na Flórida, nos Estados Unidos.O casal foi manchete dos jornais inter-

nacionais em 2007, quando foram presos emMiami sob a acusação de levarem consigomais de R$ 100 mil não-declarados. Algu-mas notas estavam escondidas em meio àspáginas da Bíblia, segundo agentes norte-americanos.

Eles voltaram ao Brasil um ano de-pois, onde respondem por outros crimes,entre eles a queda do teto de um de seustemplos, que deixou nove pessoas mor-tas em 2009.

Entre seus ex-fiéis mais conhecidos,está o jogador de futebol Kaká, que dooumais de R$ 2 milhões no período em quefrequentou a igreja. Ele deixou a institui-ção após as denúncias de fraude envol-vendo o casal Hernandes.

- Ser um pastor evangélico no Brasil é osonho de muitas pessoas, de acordo com aForbes. Diferente de muitas igrejas protes-tantes, que requerem que seus pastores te-nham uma graduação, as igrejas neopente-costais brasileiras oferecem cursos intensi-vos para "criar" pastores com um custo deR$ 700, para poucos dias de aula.

Não é apenas uma questão de dinheiro -Malafaia, por exemplo, chega a pagar salári-os de R$ 20 mil a seus pastores mais talen-tosos - mas também de poder, segundo areportagem.

Muitos pastores brasileiros consegui-ram passaportes diplomáticos nos últimosanos. Alguns, especialmente os mais ricos,

são cortejados por políticos em época deeleições. Para finalizar, igrejas são imunes aimpostos.Crescimento dos evangélicos

A Forbes também destaca o crescimentodos evangélicos no Brasil -de 15,4% para22,2% da população na última década-, emdetrimento dos católicos. Hoje, os católicosromanos somam 64,6% da população, ou 123milhões de brasileiros. Os evangélicos, porsua vez, já somam 42 milhões, em uma popu-lação total de 191 milhões de pessoas.

Para a revista, um dos motivos do cres-cimento de religiões evangélicas se dá gra-ças à teologia da prosperidade, segundo aqual o progresso material é resultado dosfavores de Deus. Enquanto o catolicismoainda prega um olhar conservador sobre oalém-vida, os evangélicos -sobretudo osneopentecostais- são ensinados a ter pros-peridade nesta vida.

A fórmula parece estar funcionando. Deacordo com a revista, os evangélicos for-mam uma parte da nova classe média brasi-leira, conhecida como classe C. Enquantoisso, os mais ricos e os mais pobres perma-necem católicos.

Os evangélicos não só usufruem de seusbens como doam uma parte de sua renda àigreja - prática conhecida como "dízimo" eque também está presente em outras religi-ões cristãs. Isto faz com que certas igrejaspentecostais sejam negócios altamente lu-crativos, e seus líderes, milionários. É a cha-mada "indústria da fé".

OUTRO BRASIL

Índia, então humilhada sob o domínio in-glês e obscurecida pelas mais absurdassuperstições. No verso onde ele fala de ummundo "não estilhaçado em pedacinhospelas paredes domésticas" ele se refere aum patriotismo de portas abertas para to-das as nações, isento do individualismoegoístico que, através da história e aindahoje, é causa de absurdo derramamento desangue humano, e agora mesmo faz a hu-manidade estremecer diante do perigo deuma guerra nuclear devastadora. Tagoreimpôs-se como partidário entusiasta de umpatriotismo universalístico.

Na sua pista, roguemos ao Pai do Céuque nos dê um Brasil como o próprio Gan-dhi desejava sua Índia.

Um Brasil bem diverso daquele que te-mos hoje.

Um Brasil, olhando para o qual, por ve-zes, não nos ocorram espontaneamente oscandentes dizeres do grande Ruy Barbosa:

"De tanto ver triunfar as nulidades, detanto ver prosperar a desonra, de tanto vercrescer a injustiça, de tanto ver agigantar-se o poder nas mãos dos maus, o homemchega a rir-se da honra, desanimar-se dajustiça, e ter vergonha de ser honesto!" (RuyBarbosa - Oração aos Moços, 1917).

Um Brasil que não tenha nada de que seenvergonhar diante das outras nações.

Um Brasil em que o magistério não sejauma prestação de serviço mesquinhamenteremunerada, em vista de sua importância,

pelo poder público, e onde as escolas, como apoio das famílias, não se apresentemcomo um ambiente perigoso para os pro-fessores.

Um Brasil em excelente relacionamento,isento de imperialismo e de subserviência,com todos os países.

Um Brasil onde as palavras de seus po-líticos e dos representantes dos três pode-res brotem do íntimo da verdade de um au-têntico patriotismo.

Um Brasil em que a religião não sirva deengodo para os mais simples, para o enri-quecimento ilícito de pregadores mafiosos.

Um Brasil cujas mentes se abram paraaceitação de novos e sadios paradigmas,com o abandono da rotina, causa de estag-nação e de atraso.

Um Brasil onde os esforços dos respon-sáveis pelo bem público se voltem para omesmo bem e não cinicamente para seusinteresses particulares.

Um Brasil onde a mente dos seus habitan-tes esteja voltada para a prática do bem moral,o desenvolvimento espiritual e não apenaspara a tecnologia, o progresso material.

Um Brasil que acorde para aquele reinode Deus, reino de liberdade e de justiça, cujavinda pedimos repetidamente no Pai Nosso:"Venha a nós o vosso reino" e que tem comofundamento para as relações interpessoais,o ensino do divino MESTRE: "Tudo quantodesejais que os outros vos façam, fazei-o,vós também, a eles." (Mt 7,12).

PROF.LIMA

Page 11: 00231 jornal rumos · 2013-07-01 · 2 Jornal RUMOS Jornal RUMOS Edição 231 EDITORIAL Amigo(a), já estamos no meio deste ano 2013. O tempo corre veloz, e nós com ele. Onde estaremos

Jornal RUMOS

11Jornal RUMOSEdição 231

Maciel, fundador dos Legionários,já era pedófilo quando o polonêschegou ao papado. Ambos se

apoiaram e compartilharam uma mesma vi-são da Igreja.

"E ao senhor, padre, quando veio a ideiade criar a Legião?", perguntou-lhe JoãoPaulo IIa Marcial Maciel na primeira vez quejantaram juntos no refeitório privado doSanto Padre. A resposta de Maciel foi ime-diata: "Santidade, aos 15 anos eu já tinhaclaro que queria criar uma congregação desacerdotes para instaurar o reino de Cristona sociedade". O Papa refletiu e continuou:"Pois o senhor sabe, padre Maciel, que eu,aos 15 anos, ainda não havia sido ordena-do e não me passava pela cabeça chegar aser Papa". Segundo um religioso que pre-senciou a conversação, após essa frase doPapa, os dois começaram a rir. O Papa sem-pre admirou em Maciel essa segurança ab-soluta que ele tinha em sua missão. Sabiaque ia ser de uma fidelidade absoluta.

Quando Wojtyla chegou ao papado em1978, Maciel já era pedófilo. Já havia tidorelações com mulheres, já sofria de umaadição aos opiáceos e estava há décadasem manejos econômicos. Controlava commão de ferro os seus pequenos presos emseu particular voto de silêncio. Era senhorde mentes e feitos na Legião de Cristo. Mastodo o seu poder pouco tinha a ver com oque ele conseguiria da mão do novo pontí-fice. Em 1978, a Legião de Cristo era apenasuma congregação profundamente conser-vadora criada por um ambicioso sacerdotemexicano, que ainda não tinha as suas Cons-tituições aprovadas, secretista, poderosano México e com presença entre as elitesreacionárias da Espanha, Itália, Irlanda eEUA. Com João Paulo II, Marcial Macielconseguiria uma influência que nunca pôdeimaginar.

E mais ainda arrastando seu obscuropassado do qual ninguém, pelo que parece,se deu conta. Maciel era um gênio comoarrecadador. Seus seminários estavam chei-os e orgulhava-se por não ir nem um passoatrás nem adiante do Papa. E, como se fos-se pouco, apoiava economicamente o Soli-dariedade, o sindicato católico criado naPolônia em 1980 e dirigido por Lech Walesaque estava minando os fundamentos doregime comunista por parte do novo Papa.Crescimento

Durante o papado de Wojtyla, a Legiãoseria a congregação católica de maior cres-cimento. Quando Wojtyla chegou ao Vati-cano, contava com 100 sacerdotes. À suamorte, tinha 800 e mais de 2.000 seminaris-tas distribuídos em 124 casas por todo omundo. Universidades no México, Chile,Itáliae Espanha. Faculdades de Teologia,Filosofia e Bioética. Mais de 130.000 alu-nos. E 20.000 empregados em seu grupoeconômico Integer. O número que mais foi

MACIEL, O ALIADO OBSCURO DE JOÃO PAULO II

repetido sobre o valor dos ativos da Legiãonos últimos anos é de 25 bilhões de euros.

Depois de um Papa de dúvidas comoPaulo VI, chegou em 1978 Karol Wojtyla,um Papa de certezas. Procedente da semprefiel Polônia. Como o México. Um catolicis-mo de resistência. Esse era o projeto que onovo Papa oferecia em um tempo de incer-tezas. Para sua batalha, ele precisava de umexército incondicional. Já não lhe valiam osfranciscanos, dominicanos ou jesuítas. Es-tavam muito comprometidos com os pobres.Fronteiriços com o marxismo. Inimizadoscom os poderosos. Wojtyla encontrou seusnovos recrutas no Opus, nos Kikos, no Lu-men Dei, nos carismáticos, no Comunhão eLibertação, Schoenstatt, Santo Egídio e naLegião de Cristo.

Juntos, subiram na máquina do tempo erebobinaram até os anos 1950. Até uma Igre-ja com um poder centralizado, sem lugarpara a dissidência. E decidiram que essa eraa Igreja do final do século, a que tinha quere-envangelizar o planeta. Maciel seria umdos marechais de campo.

Suas trajetórias eram quase gêmeas.Haviam nascido em 1920, com dois mesesde diferença, no seio de famílias conserva-doras, rurais e de classe média. Criados emum catolicismo piedoso, vigoroso, exclu-dente, muito de resistência política e unidoao sentimento nacional do México e da Po-lônia. Viveriam momentos de opressão reli-giosa durante suas infâncias, que lhes edu-cariam em um catolicismo de batalha. Asmães de ambos, Emilia e Maurita, seriam oamor de suas vidas, a chave de seu doutri-namento religioso, seus modelos. As mu-

lheres tinham que ser para eles mães e es-posas. E transmissoras do catecismo. Comosuas mães.Amizade

Segundo Maciel em seu livro Mi vida esCristo, João Paulo II e ele se conheceramem janeiro de 1979, dois meses depois deWojtyla ter sido eleito sucessor de São Pe-dro. O novo Papa colocou em sua cabeçaque seu primeiro ato de massa fora da Itáliatinha que ser no México, um país com maisde 80 milhões de católicos às portas dosEUA e da América Central da Teologia daLibertação. Era preciso arrebatar a Américadas garras do comunismo.

Em janeiro de 1979, Wojtyla estava de-cidido a realizar essa viagem. Mas o gover-no mexicano não tinha tanta clareza. Méxi-co e Santa Sé não mantinham relações di-plomáticas. O México era um Estado pro-fundamente laico, com uma constituiçãoanticlerical. Mas, ao mesmo tempo, conta-va com um catolicismo muito emocional, desangue. Sua legislação implicava em que,no caso de João Paulo II visitar o México,não o poderia fazer como chefe de Estado,mas sim como um "turista ilustre". Ele nãoseria convidado oficialmente pelo presiden-te JoséLópez Portillo. Não poderia celebrara missa em espaços abertos. Com sua apos-ta de visitar o México, Wojtyla colocavatudo em jogo. Logo no começo do seu pon-tificado.

Nisso, apareceu Maciel. Dentro da redede amizades que o fundador dos legionári-os havia tecido no México, estavam Rosa-rio Pacheco e Margarita e Alicia López Por-tillo. Católicas, ricas e mãe e irmãs do presi-dente mexicano, José López Portillo. Macielera o confessor de dona Rosario. Falou comelas. E elas com o presidente. Realizou-se omilagre. López Portillo convidaria o Papa eo receberia no aeroporto. João Paulo esta-ria autorizado a rezar missa ao ar livre dian-te de centenas de milhares de fiéis. E a visi-ta seria transmitida pela televisão.As recompensas

Wojtyla nunca esqueceria esse fino tra-balho. Ninguém, em Roma, se importou querumores iriam correr contra o superior doslegionários, que em algum canto da Cúriase esconderia um grosso dossiê sobre suasandanças. João Paulo II as ignorou. E, du-rante quase três décadas, não deixou de re-compensar a lealdade de Maciel.

Nos anos seguintes, Wojtyla aprovariaas Constituições da Legião sem mudar umavírgula, ordenaria no Vaticano 59 legionári-os e convidaria Maciel para fiscalizar vári-os Sínodos de bispos na Europa e na Amé-rica Latina. Favoreceu a criação da univer-sidade pontifícia dos legionários em Romae a implantação da congregação no Chile. Echegou a definir Maciel como "guia eficazpara a juventude".

E, quando as coisas começaram a ficarmal para Maciel após a publicação no jornalThe Hartford Courant das primeiras denún-cias por abusos sexuais, em fevereiro de1997, o Papa fez ouvidos surdos. Em umdos últimos anos da Legião presidido nofinal de sua vida, Wojtyla ainda homenage-aria os membros da Legião de Cristo, ele-vando a voz e sobrepondo-se à sua enormedebilidade: "Se nota, se siente, los legiona-rios están presentes".

Quando o bispo mexicano Carlos Tala-vera entregou em 1999 uma carta ao cardealRatzinger, prefeito da Congregação para aDoutrina da Fé e hoje Papa, que detalhavaos abusos de Maciel sobre o ex-sacerdotelegionário Juan Manuel Fernández Amená-bar, a resposta de Ratzinger foi conclusiva,segundo esse mesmo bispo declarou de-pois: "Lamentavelmente, não podemos abriro caso do padre Maciel, porque ele é umapessoa muito querida do Santo Padre, aju-dou muito a Igreja, e considero-o um as-sunto muito delicado".

João Paulo II tinha que morrer em abrilde 2005 para que o affaire Maciel fosse rea-tivado. E já nada poderia salvá-lo da conde-nação. Tinha assegurado o fogo eterno.

Jesús RodríguezFonte: http://www.ihu.unisinos.br

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12 Jornal RUMOS

Jornal RUMOS

Edição 231

Como já tive muitas oportunidades deobservar, os padres egressos, demodo geral, saíram porque discor-

davam de algumas normas disciplinares dainstituição igreja. Muitos deles, se não amaioria, continuam com sua fé sólida e gos-tariam de ver a instituição crescer, evoluir,se aperfeiçoar.

O MFPC Nacional e Internacional é aprova de tudo isso, pois têm trabalhadobravamente neste sentido.

Estes padres e bispos egressos e mili-tantes e muitas esposas e filhos seus sãoverdadeiros profetas no mundo de hoje.Viram antes de outros a necessidade da Ins-tituição modificar-se, conforme os sinaisdos tempos.

Viram a necessidade premente de se pen-sar seriamente sobre o que foi colocado noConcílio Vaticano II.

Eles anunciam e denunciam o que é pre-ciso, através de seus parcos recursos. Etambém através do testemunho de suas vi-das, muitas vezes silenciosas.

O mundo e a Igreja Instituição estãopassando por uma crise de valores muitogrande, muito séria.

É preciso juntarmos forças de todas aspessoas de boa vontade, para conseguir-mos que a Paz e o Bem triunfem o mais rápi-do possível. E isso é urgente.

O acontecimento recente, da renúnciado chefe supremo da Igreja Católica, vemdespertar e confirmar a necessidade demudanças na estrutura da igreja. Vem nosalertar que o mundo precisa de mudanças.

É preciso abandonar a luta pelo poder,pois foi Jesus que nos disse: "aquele quedesejar ser o maior dentre vós, seja o quesirva a todos" (Mt 20, 25-28) e deu-nos esteexemplo colocando um avental (sinal deserviço) e lavando os pés de seus discípu-los, o que era considerado função de escra-vo, em sinal de humildade (João 13, 12-14).

Já é momento de deixarmos de lado osmotivos de divisões e procurarmos os moti-vos de união. É preciso deixar de lado o or-

O que a pesquisa certamente consta-tou, mas não publicou por medo dotal de "politicamente correto", é

que, os que bebem mais que moderadamen-te mostram sinais inequívocos de regene-ração contínua de neurônios e sinapses,memória de curto e longo prazos melho-res que dos "placebos" (rs), rapidez deraciocínio e reações. Isto se deve ao fatode que a pulsação acelerada e de mais in-tensidade tanto remove melhor o lixo neu-ral quanto envia mais células tronco dasmedulas ósseas para o cérebro e para to-dos os órgãos vitais.

De acordo com pesquisadores, não fo-ram observadas diferenças significativascom o tipo de bebida alcoólica consumida.

Um novo estudo divulgado pelo Ins-tituto Central de Saúde Mental de Man-nheim, na Alemanha, revelou que idososque continuam a desfrutar da bebida al-coólica são menos propensos a desen-

IDOSOS QUE INGEREM ÁLCOOL MELHORAMvolver demência e Alzheimer.

Segundo o jornal britânico DailyMail, pesquisadores descobriram queidosos que bebem uma quantidade mo-derada de álcool possuem 30% menosprobabilidade de desenvolver demênciae 40% menos chances de sofrer deAlzheimer do que aqueles que não con-somem esse tipo de bebida.

Os cientistas pesquisaram idosos com75 anos ou mais que gostam de beber umacerveja por dia ou um copo de vinho.

A equipe do instituto estudou maisde 3.000 pessoas nessa idade e elas es-tavam livres de demência no começo doestudo. Os pacientes foram examinadosduas vezes a cada 18 meses. De acordocom um dos professores responsáveispela pesquisa, Siegfried Weyerer, 217idosos apresentaram sintomas de demên-cia no decorrer do estudo.

Aqueles que consumiam álcool tinham

cerca de 30% menos de demência e 40%menos de Alzheimer do que os idosos quenão consumiam nada.

Segundo os pesquisadores, não fo-ram observadas diferenças significati-vas de acordo com o tipo de bebida al-coólica consumida.

Nos últimos 31 anos, a associação entreo consumo moderado de álcool e a funçãocognitiva foi investigada em 71 estudos en-volvendo 153.856 homens e mulheres devários locais com diferentes padrões deconsumo.

Segundo o médico Harvey Finkel, doCentro Médico da Universidade de Boston,"a idade não é razão para abstinência".

É preciso lidar com pessoas idosas vici-adas no álcool com mais responsabilidadedo que com os jovens.

Mas eles podem tirar mais benefíciospara a saúde do consumo moderado doálcool.

VISÃO PROFÉTICA DE UMA IGREJA RENOVADA

gulho, a vaidade e procurar a sabedoria. Épreciso que a religião volte para suas raízes.

Jesus veio nos ensinar a viver, ele que-brou muitas normas e leis existentes na épo-ca, dizendo que "a Lei foi feita para o ho-mem e não o homem para a lei". Que o maiormandamento é "amar a Deus e ao próximocomo a si mesmo".

Também hoje precisamos quebrarmuitas normas e leis que o homem tor-nou a inventar.

Torna-se necessário caminhar em dire-ção ao crescimento espiritual, ao conheci-mento 1profundo, pois o próprio Jesus nosdisse que "chegará o tempo em que os ver-dadeiros adoradores adorarão em espírito eem verdade".

A humanidade evolui e, como povo deDeus que caminha, nós cristãos precisamossair da fase da infância onde "mamãe falou,está falado" ("Roma locuta est, Causa fini-ta est") e caminharmos para a fase adulta econsciente. Sermos adultos na fé.

Hoje devido à evolução natural do pen-samento, nem as crianças nem os jovens

aceitam cegamente uma ordem, ou seja, fa-zer porque a "autoridade" mandou. Todossentem necessidade de entender, de ter li-vre-arbítrio, ou seja, em termos bíblicos, sairda "escravidão do Egito" e encontrar a "Ter-ra Prometida", onde se encontra a liberda-de que Cristo veio nos trazer.

Não podemos esperar que as pessoassigam cegamente instruções de terceiros,mesmo que esse terceiro seja o Papa.

Creio que a missão da religião é facilitaro encontro pessoal de cada pessoa comDeus, com sua consciência, com a imagemde Deus dentro de nós. E esse encontro étrabalhado, demorado, precisamos atraves-sar o "deserto" de nossa ignorância atéencontrar Deus. E isso não se faz com dog-mas nem autoritarismo.

Quando encontramos a nós mesmos,encontramos também com nossos ir-mãos, descobrimos que todos somos um,todos pertencemos à mesma árvore daqual Cristo é o tronco.

Quando diziam que Jesus falava com"autoridade", isto significa, a meu ver, que

o que Ele dizia tinha uma ressonância inter-na muito intensa em cada pessoa. Era comoum "insight", uma descoberta, uma ilumi-nação, uma felicidade pelo encontro com aVida, com a Verdade.

É essa a Missão da Igreja. Missão difí-cil, mas é essa!

Por isso a reforma radical da Igreja Ins-tituição precisa vir urgentemente.

As pessoas estão sedentas de sabedo-ria, de vida, de espiritualidade. Não conse-guindo o que necessitam na igreja (se nãoencontrarem o "poço de Jacó" na igreja), pro-curam outros caminhos que poderão ou nãolevar a Deus, ao Amor. Outras desistem etomam rumos drásticos. Daí a urgência.

Deixemos de lado tudo o que nos di-vide, pois disse Jesus: "a casa divididaruirá por si mesma" (Mc 3, 24-25), deixe-mos de lado a ignorância, procuremos asabedoria e, juntos, poderemos cons-truir um mundo melhor.

Beatriz R.O.Araújo (esposa de JoséLino de Araújo)

[email protected]

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Jornal RUMOS

13Jornal RUMOSEdição 231PÁGINA DA MULHER

Na Igreja Católica, só o ho-mem ensina, santifica egoverna. A mulher é dis-

criminada e já há muito tempo quenão aceita ser tratada assim. Jáno século 17, uma feminista pre-coce, Poullain de la Barre, recla-mava o sacerdócio para a mulher,num livro sobre a igualdade dossexos. Desde então, as coisasmudaram. O Direito reconheceu-lhe plena capacidade jurídica. NaIgreja, porém, a atitude discrimi-nadora permaneceu.

Em 1977, antes de escrever "In-ter insigniores" sobre a questãoda admissão de mulheres ao sa-cerdócio, Paulo VI quis saber aopinião da Comissão Bíblica acer-ca do assunto. A maior parte dosentendidos foi de parecer que sepodia confiar às mulheres os mi-nistérios da Reconciliação e daEucaristia, sem contrariar a vonta-de original de Cristo. Mas o Papanão seguiu essa opinião. Optoupela contrária. Como argumentovaleu-se do fato de a Igreja nuncater ordenado mulheres.

Contudo, poder-se-ia objetarque a Igreja, no decorrer dos sé-culos, teve de fazer coisas queantes jamais fizera. A Igreja primi-tiva, por exemplo, teve de organi-zar-se e tomar decisões, não sa-bendo ao certo qual seria a vonta-de expressa de Jesus acerca dequestões tão graves como a ad-missão dos gentios.

Um dos seus sucessores,João Paulo II, pôs de lado argu-mentos usados no passado paranegar às mulheres o sacramento

Um professor de economiaem uma universidade ame-ricana disse que nunca

havia reprovado um só aluno, atéque certa vez reprovou uma clas-se inteira.

Esta classe em particular haviainsistido que o socialismo real-mente funcionava: com um gover-no assistencialista intermediandoa riqueza ninguém seria pobre eninguém seria rico, tudo seria igua-litário e justo.

O professor então disse, "Ok,vamos fazer um experimento so-cialista nesta classe. Ao invésde dinheiro, usaremos suas no-tas nas provas."

Todas as notas seriam conce-didas com base na média da clas-se, e portanto seriam 'justas'. To-dos receberão as mesmas notas, oque significa que em teoria nin-guém será reprovado, assim comotambém ninguém receberá um "A".

Após calculada a média da pri-meira prova todos receberam "B".

PROFESSOR REPROVA CLASSE SOCIALISTA INTEIRAQuem estudou com dedicação fi-cou indignado, mas os alunos quenão se esforçaram ficaram muitofelizes com o resultado.

Quando a segunda prova foiaplicada, os preguiçosos estuda-ram ainda menos - eles espera-vam tirar notas boas de qualquerforma. Já aqueles que tinham es-tudado bastante no início resol-veram que eles também se apro-veitariam do trem da alegria dasnotas. Como um resultado, a se-gunda média das provas foi "D".Ninguém gostou.

Depois da terceira prova, amédia geral foi um "F". As notasnão voltaram a patamares mais al-tos, mas as desavenças entre osalunos, buscas por culpados epalavrões passaram a fazer parteda atmosfera das aulas daquelaclasse. A busca por 'justiça' dosalunos tinha sido a principal cau-sa das reclamações, inimizades esenso de injustiça que passaram afazer parte daquela turma. No final

das contas, ninguém queria maisestudar para beneficiar o resto dasala. Portanto, todos os alunosrepetiram aquela disciplina... Parasua total surpresa.

O professor explicou: "o ex-

perimento socialista falhou por-que quando a recompensa égrande o esforço pelo sucessoindividual é grande. Mas quan-do o governo elimina todas asrecompensas ao tirar coisas dos

outros para dar aos que não ba-talharam por elas, então ninguémmais vai tentar ou querer fazerseu melhor. Tão simples quantoo exemplo de Cuba, Coreia doNorte e Venezuela"

1. Você não pode levar o maispobre à prosperidade apenas tiran-do a prosperidade do mais rico;

2. Para cada um recebendo semter de trabalhar, há uma pessoa tra-balhando sem receber;

3. O governo não consegue darnada a ninguém sem que tenhatomado de outra pessoa;

4. Ao contrário do conhecimen-to, é impossível multiplicar a rique-za tentando dividi-la;

5. Quando metade da popula-ção entende a ideia de que nãoprecisa trabalhar, pois a outra me-tade da população irá sustentá-la,e quando esta outra metade enten-de que não vale mais a pena traba-lhar para sustentar a primeira me-tade, então chegamos ao começodo fim de uma nação.

PODERÃO AS MULHERES CONTRIBUIR PARA UMA IGREJA RENOVADA?da Ordem como, principalmente,o da inferioridade da mulher emrelação ao homem. Em vez disso,enalteceu a mulher em vários do-cumentos, reconheceu-lhe aigualdade essencial e reciprocida-de em paridade com o homem,proclamou a responsabilidadeigual do homem e da mulher naconstrução da História, tropeçou,quando afirmou que é "o esposoquem ama, a esposa é amada", enão escapou de uma certa con-tradição, dando a entender que anatureza humana do homem e ada mulher são diferentes.

Não obstante, em 1994, JoãoPaulo II publicou a Carta Apostó-lica "Ordinatio secerdotalis" ondedeclarava que a ordenação sacer-dotal é reservada exclusivamenteaos homens e dava a questão pordefinitivamente encerrada. Poucodepois, chegou uma nota do Vati-cano a esclarecer que a doutrinadessa Carta supunha a infalibili-dade, exigindo, portanto, um as-sentimento definitivo.

Na sua última encíclica, "Eccle-sia de Eucharistia", de 2003, omesmo Papa sublinhou ainda for-temente o sentido sacrifical daEucaristia, incompatível, por con-seguinte, com a vocação da mu-lher, que é chamada a dar a vida enão a derramar o sangue. E insis-tiu, ainda com maior precisão, numvelho argumento: Cristo é homeme, por isso, só pode ser represen-tado por um homem; não poderiaser reconhecido numa mulher. To-davia diz a teologia que Cristo sal-vou o que assumiu. Se só assumiu

a masculinidade, então salvou sóo homem. Mas não, ele assumiutoda a humanidade. E, se salvou ahumanidade, assumiu também afeminilidade. Portanto, a mulhertambém o pode representar.

No princípio, as mulheres in-corporaram-se, sem mais, ao mo-vimento de Jesus. É o que constanos Evangelhos. E Jesus não ex-cluiu ninguém. E, quando os pri-meiros cristãos começaram a orga-nizar-se em "igrejas domésticas",eram todos iguais, apenas irmãos.Segundo as Cartas e os Atos, asmulheres também presidiam nascomunidades. Houve mulheresapóstolas, diaconisas, colaborado-ras na pregação. Os ministérioseram diversos: os doze, os após-tolos, os profetas, os doutores, ospastores, os evangelistas. Na épo-ca pós-apostólica, o cristianismopassou de movimento a institui-ção. Um salto que trouxe consigonotáveis perdas. As "igrejas do-mésticas" são agora "casas deDeus", onde o epíscopo/presbíte-ro é sujeito mais de poder do quede serviço. Como ocorreria depois,em momentos históricos, o cristia-nismo foi buscar à sociedade pa-triarcal da época os modelos da suaorganização. E a mulher começoua ser posta à margem. Nos fins doséculo II, a abundância de minis-térios dos primeiros séculos dimi-nuiu. E, no século III, um docu-mento normativo, a "Didaskalia"só menciona como ministros orde-nados: o bispo, o diácono, a dia-conisa e o presbítero. Com o éditode Constantino, o cristianismo

pôde expandir-se com liberdade. E,em 380, o imperador Teodoro re-conheceu-o como religião oficialdo Império. E apareceu o primeirodireito canônico, as "Constitui-ções Apostólicas". Nelas se diziaque a mulher não está destinadaao ministério sagrado, particular-mente ao ministério episcopal epresbiteral. Razão: o varão é a ca-beça da mulher; impor as mãos àsmulheres é um erro da impiedadedos gregos; não é disposição deCristo. Esta argumentação se man-teria até aos nossos dias. A refe-rência ao diaconato de mulherestorna-se cada vez mais rara. E, noséculo XII, as diaconisas tinhamdesaparecido como instituição, tan-to no Ocidente como no Oriente.

Em 1992 a Igreja Anglicanaaceitou e introduziu a ordenaçãode mulheres. As conclusões teo-lógicas a que tinha chegado essaIgreja, divergiam das conclusõesda Igreja Católica. Hoje a IgrejaAnglicana tem diaconisas, sacer-dotisas e até bispas ordenadas.

Cansadas de tantos bloqueiosda parte da sua Igreja, em 2002,

um grupo de mulheres católicas,na maioria alemãs e austríacas etodas elas bem preparadas, come-çaram a agir. A pedido seu, um bis-po em ruptura com Roma, orde-nou de sacerdócio 7 delas, em 29de junho, num barco a navegar norio Danúbio. Pouco depois, Romaexcomungou-as. Mas elas não de-sistiram. Outras as seguiriam: dosEstados Unidos, Canadá, Suíça,Lituânia, França, África do Sul. Se-cretamente, houve bispos que sa-graram algumas de bispas. Crêemque a crise na liderança da IgrejaCatólica está a indicar que elaprecisa voltar às fontes, ao Evan-gelho, para se fazer entender dosnossos contemporâneos. Paraisso, as mulheres sentem-se cha-madas por Deus a assumir naIgreja responsabilidades iguaisàs do homem, como era no prin-cípio. E, tal como Pedro e osApóstolos responderam ao o Si-nédrio judaico, também elas po-dem dizer aos que as condenam:"Importa mais obedecer a Deusdo que aos homens".

Luís Guerreiro

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14 Jornal RUMOS

Jornal RUMOS

Edição 231PÁGINA DA MULHER

A norte-americana Rosema-rie Smead foi ordenadasacerdote, unindo-se as-

sim às 150 mulheres de todo omundo que fizeram o mesmo, en-frentando o Vaticano.

Smead, uma católica devota de70 anos, foi ordenada em 27 de abrilpela Associação dissidente demulheres sacerdotes romanas emLouisville, Kentucky, num santu-ário protestante.

"É um bastão de intimidaçãomedieval que os bispos usam paramanter o controle sobre as pesso-as e para manter as vozes das mu-lheres em silêncio. Eu estou muitolonge de deixar que homens octo-

De pé, em círculo, como sefosse um encontro de es-coteiros. Assim o Papa

Francisco recebeu nos últimosdias diversos bispos italianosem visita ad limina. Das suasvozes, um pedido explícito: en-contrar novas soluções para osdivorciados em segunda união,que, hoje, não são admitidos areceber a Eucaristia.

Francisco escutou em silêncioe, depois, recebendo em audiên-cia Dom Vincenzo Paglia, chefe do"ministério" vaticano que se ocu-pa da família, dirigiu a ele o pedidodos bispos. Isso significa que, nospróximos meses, o "ministério" dafamília liderado por Paglia - que jáestá trabalhando em um texto refe-rente aos "namorados" - deverátrabalhar na redação de um docu-mento para encontrar "novas so-luções para os divorciados em se-gunda união", porque é demais osofrimento das famílias que perde-

Quando a mãe da cearenseMaria Lúcia Moura, de 47anos, faleceu, ela decidiu

estudar Teologia, para entendermais sobre religião e amenizar arevolta que sentiu. Foi quandoconheceu José Edson, que aindaestava no seminário e dava aulassobre o tema, no começo da déca-da de 1990.

Lúcia se entusiasmou com oprofessor - quase-padre. Mas nãoentendia direito o que estava acon-tecendo, e sentia medo de ser algopassageiro. "Quando nos aproxi-mamos de fato, faltava apenas ummês para ele se ordenar", lembra.

O romance veio com toda a for-ça. Fizeram uma viagem para a fes-ta de bodas de prata de um casalamigo dela. "Foi quando nos en-tendemos", conta Lúcia.

José Edson se ordenou e, quan-do voltaram a se encontrar, ela sen-tiu que a coisa estava séria. "Na-quele momento, ele era padre mes-mo. Eu não sabia como seguiria,embora estivesse gostando da-quela situação."

José Edson tinha receio de tro-car tantos anos de formação poruma história de poucos meses.Mas a relação vingou. Um anodepois, Lúcia engravidou. Apesarde viverem "escondidos", levavamuma vida normal. Ela morava sozi-nha e, nos fins de semana, davamum jeito de se ver. "Tínhamos demanter certa distância em público.Ficávamos restritos às quatro pa-redes", conta ela.

DIVORCIADOS E O ACESSO AOS SACRAMENTOSO plano secreto do papaFrancisco

ram a unidade por causa de divór-cios ou separações.

O caminho parece ser o da ava-liação "caso a caso", no rastro deuma abertura já desejada por Ben-to XVI em uma conversa com ospadres da diocese de Aosta em2005: muitos daqueles que passa-ram para uma segunda convivên-cia provavelmente contraíram umprimeiro matrimônio eclesiástico"sem fé". Nulo o primeiro casa-mento, eles podem voltar à práticacristã e ser admitidos à comunhão.

Agora, alguma coisa pode mu-dar. Senão nos conteúdos, ao me-nos na forma. Que novas medi-das serão adotadas? É difícil res-ponder. No início de fevereiro,Ratzinger ainda havia dado umsinal de abertura, assim comenta-do por Paglia: "O papa pediu paraestudar, e os estudos continuamou, melhor, estão até aceleradospara ajudar pro veritate a compre-ender o que aconteceu no momen-

to do matrimônio", ou seja, se foicontraído fielmente à Igreja e é,portanto, anulável.

"Não é bom que se prolonguemdemais os processos de nulidadesomente por técnicas que poderi-am ser abreviadas". Um desejo nãopor acaso expressado por diver-sos prelados, também no Sínododos Bispos de outubro passado,

em que o tema da família explodiu:"Mais de uma centena de inter-venções - disse Paglia - mostra-ram que na sensibilidade dos bis-pos essa questão está realmentena pauta. Conforta-me ainda maispara acelerar o passo".

Antes o querigma, depois osprincípios. Primeiro, em suma, oanúncio de que o cristianismo é

acolhida e misericórdia, depois osditames. Esse parece ser o cora-ção do novo pontificado. O quenão significa negar a doutrina,mas sim ter em mente que nãopode haver regras sem amor. Ber-goglio, quando arcebispo de Bu-enos Aires, havia escrito um Va-demecum para o acesso aos sa-cramentos, em que ele se mostra-va mais condescendente para coma possibilidade de que os divor-ciados em segunda união se apro-ximassem da comunhão. E Ratzin-ger, no Dia Mundial das Famíliasem Milão do ano passado, tam-bém dissera que "a Igreja ama es-sas pessoas. A grande tarefa" dascomunidades e das paróquias é"fazer realmente todo o possívelpara que se sintam amadas, acei-tas e não se sintam 'fora'".

Paolo RodariJornal La Repubblica

25-04-2013http://www.ihu.unisinos.br

OUTRA MULHER ENFRENTAO VATICANO E SE ORDENA

SACERDOTE NOS EUAgenários nos digam como vivernossas vidas" disse ela à Agên-cia Reuters.

O bispo de Louisville qualifi-cou a cerimônia de "ordenaçãosimulada" que contradiz à dou-trina católica.

A ordenação de mulheres, jun-to com os problemas de padrescasados, é motivo de uma dasgrandes divisões entre os católi-cos EE.UU e o Vaticano. 60% doscatólicos crêem que as mulheresdevem ter direito a ser ordenadassacerdotes, segundo as pesqui-sas do 'The New York Times'.

Texto completo em:http://actualidad.rt.com

MULHER DE PADRE - LÚCIA E EDSONEis a história romântica do atual casal presidente do MFPC

Quando a história vazou, ossuperiores da igreja o transferirampara a França, onde ficaria por doisanos. "Foi muito triste. Uma des-pedida horrível", recorda-se Lúcia,cuja filha estava com apenas 1 anonessa época. A sorte é que ela ti-nha o apoio da família.

Passados seis meses, o padrevoltou para o Brasil. Só que o ins-talaram em Brasília, ao invés doCeará, onde estava sua família. Pas-

savam as férias e feriados juntos.Até que Lúcia engravidou da se-gunda filha e amadureceram a ideiade assumir a relação publicamente.

Mariana nasceu em setembroe, em dezembro, ele celebrou a úl-tima missa, em Brasília. "Acho quefoi muito difícil. Ele gostava dascelebrações", reflete ela, lembran-do que José Edson esperou muitotempo para ter coragem de deixar avida religiosa.

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FALECIMENTOS

Morreu dia 08 de junho, em JoãoPessoa (PB), Francisco Muniz deMedeiros, FREI Marcelino, um

ícone da história de Catolé do Rocha. O freiestava internado havia dias, se tratando deum câncer.

O Frade Capuchino fez história em Ca-tolé do Rocha, enfrentando as oligarqui-as políticas e o regime militar na décadade 60. Foi candidato a prefeito do muni-cípio, em 1968.

Frei Marcelino foi um religioso revolu-cionário, ícone de uma geração; foi um dosprincipais responsáveis pela construção dohistórico e lendário Colégio Dom Vital. Foitambém pioneiro de movimentos vanguar-distas, e promoveu a conscientização decamponeses, mobilizando-os para o movi-mento sindical.

Na educação, através do Colégio DomVital, promoveu uma verdadeira revoluçãoeducacional, concedendo oportunidade aosfilhos de agricultores a ter acesso a cursostécnicos, científicos e universitários.

www.catolenews.com.brComentário de João Tavares

Recebi dos amigos VictalinoGasparuttie Creusa, de Natal, a notícia triste do faleci-mento do nosso amigo e combativo irmãoFREI MARCELINO, residente, com a espo-sa Edenilda, em João Pessoa, Paraíba.

Frei Marcelino sempre foi muito presen-te na caminhada do MFPC. Durante dois

A esposa Margarida Evangelista eMovimento dos Padres Casados doCeará encontram-se profundamen-

te consternados com o falecimento do Pa-dre Claudionor, do Ceará, que se deu dia 23de maio de 2013.

Seu corpo aguardou a chegada, do Chile,de seu filho Ricardo.O qual, na hora do se-pultamento, pronuncio comovente discur-so, do qual extraímos algumas frases:

"Meu Pai, não sei se conseguirei falartodas estas palavras para me despedir, masquero tentar te dizer, de alguma maneira...que te amo e te amarei para sempre. Mere-ces o amor de toda a tua família e amigosque hoje sofremos, mas temos certeza detua chegada ao céu junto ao Pai.

Sofreste dúvidas vitais quando decidistemudar teu caminho e começar uma nova vida

Comissão da Verdade re-vela motivação políticado assassinato do padre

Henrique: o alvo era Dom HélderO padre Antônio Henrique

Pereira da Silva Neto, auxiliardireto de Dom Hélder Câmara,foi torturado até a morte, no Re-cife, entre a noite e a madruga-da de 26 e 27 de maio de 1969.Passados 43 anos, a Comissãoda Verdade de Pernambuco di-vulgou recentemente, com baseem documentos inéditos produ-zidos pelo antigo Serviço Naci-onal de Informação (SNI) e peloMinistério da Justiça em 1970,que o trucidamento do PadreHenrique, teve motivação polí-tica, visando a atingir o arce-bispo de Olinda e Recife, domHélder Câmara.

A Comissão também divul-gou os responsáveis pelo bárbaro crime: oentão estudante Rogério Matos do Nasci-mento, o menor Jerônimo Gibson Duarte Ro-drigues (17 anos na época, sobrinho de JoséBartolomeu Lemos Gibson, promotor exer-cendo o cargo de delegado-diretor do De-partamento de Investigação da SSP/PE), eos investigadores de polícia Rível Rocha(falecido) e Humberto Serrano de Souza.

Responsável pelo setor da Arquidioce-se de Olinda e Recife que prestava assistên-cia à juventude, o padre Henrique mantinhaencontros inclusive com estudantes cassa-dos e, em várias ocasiões, recebeu ligaçõestelefônicas com ameaças de morte. A maioriadelas partidas da organização denominadaComando de Caça aos Comunistas (CCC). Opadre não se curvou às ameaças e pagou umalto preço por isso. O padre Henrique foi se-qüestrado na noite de 26 de maio, no bairrode Parnamirim, abordado por três homensarmados que o levaram em um veículo demarca Rural, de cor verde e branca.

Em 1975, o Jornal da Cidade, veículorecifense da chamada imprensa alterna-tiva, reconstituiu o episódio num textoforte, que reproduz bem o sofrimento dopadre Henrique.

"A corda aperta-lhe o pescoço e o ho-mem dobra as pernas, semi-asfixiado e caide joelhos. Uma pancada de faca ou cani-vete no rosto e o sangue escorre, grosso,molhando o dorso nu e as calças.

Os vultos, ao seu redor, começam a setornar ainda mais difusos e ele sente umimpacto na face e, certamente, não sente osegundo, à queima-roupa, pouco acima daorelha. Dois tiros de mestre, convergindopara um só ponto do cérebro. O homem es-tende-se em meio à pequena clareira aberta

Frei Marcelino

biênios assumiu a função de Diretor daAssessoria Jurídica, da Associação Rumos.

À nossa irmã Edenilda, nosso abraçofraterno neste momento difícil. Firmes naesperança da Ressurreição. Francisco, quecombateu o bom combate, foi na frente, nospreparar o lugar.

Aos colegas do MFPC da Paraíba, delonga e forte atuação e de figuras como Flo-risval Lúcio, Francisco Pereira da Nóbrega eFrei Marcelino, Paulo Andriola e José Lou-reiro, nosso incentivo para levarem avante ocultivo do Grupo que sediou o EncontroNacional de 1998 e que durante anos editouo PONTAPÉ. Com especial atenção aos no-vos que vão deixando o ministério...

João Tavares e SofiatavaresjWelo.com.br

Pe. Claudionor Luiz Correia Evangelista

no RIO. Ali encontraste o teu amor com Evan,minha agora dolorida mas sempre forte mãe.

Deixaste o Brasil por novos horizontesno Chile. Onde só encontraste bons ami-gos e trabalhaste dedicadamente nas Na-ções Unidas.

Hoje celebramos tua vitória sobre a mor-te. Porque sei que em breve passaremos estatristeza e angústia compreendendo que es-tas flores que trouxemos, esta água que co-locamos em cima de ti, esta luz que nos ilu-mina não são mais do que uma celebraçãode vida eterna... longe fisicamente de todosnós, mas muito perto espiritualmente, pro-tegendo nossos caminhos.

Nós hoje aqui te dizemos até sempre,amado pai, esposo, vovô, amigo. Sei queganhaste o céu aqui na terra. Vamos sentirtua falta todos os dias".

ASSASSINATODO PADRE HENRIQUE

no matagal e, nos últimos estertores damorte, agarra, com a mão direita, crispada,um tufo de capim.

Passava da primeira hora da madrugadade 27 de maio de 1969 e não era chegada,ainda, a terceira hora. Os olhos do homemestavam abertos, como abertos e cheio deespanto estavam os olhos do vigia SérgioMiranda da Silva, quando o encontrou, es-tirado no chão, às seis e meia da manhã.

Antes das dez, o corpo estava identifi-cado: era do padre Antônio Henrique Perei-ra da Silva Neto, 28 anos de idade, vistocom vida, pela última vez, por uma testemu-nha, quando era obrigado a entrar numa ru-ral verde e branca".

No livro "Além das Idéias - Histórias devida de Dom Hélder", editado pela Compa-nhia Editora de Pernambuco - CEPE, de mi-nha autoria, escrevi um capítulo relatandoos tristes acontecimentos daquele trágicodia para Dom Hélder e para a Arquidiocesede Olinda e Recife. O tempo era de terror.Os jornais foram proibidos de noticiar o as-sassinato do padre. Mesmo assim, cerca de20 mil pessoas acompanharam o enterro,numa caminhada entre igreja do Espinheiroe o cemitério da Várzea, no Recife.

O assassinato do padre Henrique nãofuncionou para calar Dom Hélder Câmara,que continuou denunciando as injustiçassociais e lutando por liberdade, mas des-truiu praticamente toda a família do sacer-dote.

Félix FilhoEx-presidente nacional da Associação

Rumos/Movimento das Famílias dos Pa-dres Casados

Autor do livro "Além das Idéias - Históri-as de Vida de Dom Helder Camara"

SÁBIOS CONSELHOS

Não prometa quando estiver feliz.Não responda quando estiver irritado.Não decida nada quando estiver triste.

Nunca se desespere antes.Nunca comemore antes.

Nunca abandone o seu posto antes do final da batalha.

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Jornal RUMOS

Edição 231

No dia 6 de junho, reuniram-se emconfraternização, num dos restau-rantes tradicionais de Londrina, o

Casarão, um número significativo de 10 ca-sais Padres casados e seus familiares.

Contou com a presença de Dom AlbanoCavallin, bispo emérito da Arquidiocese deLondrina, e Pe. Bernardo Caffá, Vigário daCatedral. Ainda faltou muita gente.

Há um número significativo de sacer-dotes que optaram pela vida matrimonial,residindo e trabalhando nessa promisso-ra e bela cidade do Norte do Paraná. Em-bora convidados, alguns, no seu legítimodireito, evitam se expor. Preferem ummodo de vida mais discreto. Cada um nu-

Primeiro portal latino-americano que advoga a ordenação das mulheres diáconas,prestíteras e bispas: Association of Roman Catholic Women Priests

A Associação de mulheres sacerdotes católicas romanas ordenou mulheres quevivem e exercem o ministério nos Estados Unidos e na América do Sul.

Neste ano as ordenações se realizam em QUEBEC, TORONTO, NEW YORK CITY,SANTA BARBARA, PORTLAND, MINNEAPOLIS

A Organização das Nações Unidaspara a Agricultura e a Alimentação(FAO) premiou no dia 16 de junho o

Brasil, e mais 37 países, por ter reduzido afome pela metade antes de 2015, meta decumprimento dos objetivos do milênio dasNações Unidas.

"A todos e cada um de vocês, querodizer-lhes que são a prova viva de que quan-do as sociedades decidem pôr fim à fome equando existe um compromisso político dosgovernos, podemos transformar esta von-tade em ações e resultados concretos", dis-se o diretor da FAO, o brasileiro José Grazi-ano da Silva, ao abrir a sessão.

"A FAO está orgulhosa de trabalhar comtodos os Estados-membros, desenvolvidose em desenvolvimento, para alcançar nossavisão comum de um mundo sem fome e sus-tentável", acrescentou.

'Somos a primeira geração que pode

PRESBÍTERAS E PASTORAS

MFPC CONFRATERNIZA EM LONDRINA PR

trindo-se de suas convicções e correndoatrás de sua subsistência. Dedicam-se àsatividades mais variadas, que vão de ve-reador a porteiro de edifício, passandopelo magistério, comércio, música, orien-tação de teses e outras atividades.

É notoriamente difícil reunir todos osconhecidos. Mas, que é bom encontrar-se, isso é. O que sempre vale qualqueresforço é a alegria do reencontro e a par-ticipação nos avanços e recuos da exis-tência de cada um. É muito bom trocar idei-as que não se restrinjam a mulher, futebole piadas pouco edificantes.

Antônio Frederico [email protected]

BRASIL É PREMIADO POR REDUZIRFOME À METADE ANTES DE 2015

acabar com a fome, uma praga que a hu-manidade sofre desde o alvorecer da civi-lização. Aproveitemos esta oportunidade',disse, ainda, Graziano.

cbn.globoradio.globo.com

Estas notícias e vídeos espalhados porestas Mídias Sociais,

a GLOBO, a SBT e a RE-CORD, com suas afiliadas,que formam o OligopólioNacional da Comunicação,(um bem da nação, não de-les, simples Concessionáriosde TVs e Rádios) bem comoa Veja, a Época, o Jornal doBrasil, a Folha e o Estadão,de S. Paulo, elas/es não po-dem editar para dizer só o queelas/es querem...

Estamos no olho do Fu-racão. O que vai acontecer?Não sei, mas como está nãopode ficar. Então, temos dearriscar... O Vulcão entrouem erupção.

É urgente formatar umNOVO BRASIL, criar umnovo modo de exercer a CI-DADANIA, um novo Jeitode fazer POLÍTICA, dizer anossos "políticos eternos"que os donos do Brasil, nãosão eles, mas o POVO BRA-SILEIRO que os elege.

A VERDADE NÃO ESTÁ NA TV,ESTÁ NAS MÍDIAS SOCIAIS.

E que em nome do Povoe para o BEM DO POVO elesdevem trabalhar.

Pois são bem pagos de-mais para isso.

Nossos poderes pú-blicos vivem à custa doPovo dos nossos impos-tos, do nosso trabalhomal pago, mas não estão

nem aí para o Povo.Será que o gigante, "dei-

tado eternamente em berçoesplêndido" e aí mantidopelos poderes constituídos,com "pão, circo, carnaval efutebol", acordou de suasecular modorra?

João [email protected]