Post on 20-Jan-2016
Origens do Candomblé, Suas Variantes e Nações
Conta os mais antigos que o candomblé teve sua origem quando um árabe chamado Mohad Mad Allen saiu da Arábia Saudita e ao aportar nas Ilhas de Madagasgar, jogou o primeiro merindelogun (jogo de búzios), ainda na areia da praia, e fundou a Nação Angola, mãe de todas as nações.
A palavra candomblé é uma palavra de origem bantu que na Bahia passou a designar as religiões advindas da África.
Essa palavra ganhou um maior sentido na cidade de Salvador, onde os negros oriundos de Angola se reuniam na Organização da Ordem Terceira da Nossa Senhora do Rosário da Porta do Carmo.
- dos Nagos, esses na maioria pertenciam a Nação Ketu que formavam a Sociedade da Nossa Senhora da Boa Morte.
- do Gege representados pela Sociedade dos Homens da Redenção, estabelecidos na Cidade Baixa.
Muito esse povo teve que enfrentar, visto que até os protestantes, nessa época, eram perseguidos pelos católicos, religião oficial do país.
Para enfrentar e fazer sobreviver o candomblé, os negros enterravam seus assentamentos e sobre esses colocavam os santos católicos que mais se assemelhavam aos orixás, sendo assim, em cima de um assentamento de Oxum eles colocavam uma Nossa Senhora da Conceição, em cima de um assentamento de Iasã colocavam uma imagem de Santa Bárbara e assim faziam com outros santos, Obaluaê por ter o poder da ressuscitação colocavam São Lázaro assim nasceu o sincretismo. Quando na constituição de 1889, a primeira Constituição da República que deu livre arbítrio religioso, muitas já eram as gerações que através de décadas vinham acreditando que os santos seriam os mesmo com isso até hoje ainda temos visto em grandes casas de candomblé a associação dos santos católicos com os orixás.
Em 1983 é publicado no Jornal da Bahia pelo Jornalista Vander Prata e assinado por várias grandes zeladoras daquela época, incluindo Mãe Menininha do Gantoá um artigo qye se entitulava IASÃ NÃO É SANTA BÁRBARA, esse foi o primeiro passo para a separação do Candomblé com a Igreja Católica. Desde esse dia, 27 de julho de 1983, que o candomblé vem tomando sua forma própria, tomou mais impulso quando o Brasil assina um tratado universitário Brasil-Nigéria, os nigerianos ao chegar aqui no Rio de Janeiro tinham a bolsa gratuita para estudar na UERJ, tinha sua alimentação garantida no chamado "bandeijão" fornecido por essa Universidade, tinha sua moradia na Republica dos Estudantes, porém lhe faltava o dinheiro para conhecer o Rio, para suas diversões etc. sendo assim começaram a vender cursos de odus, Yorubá etc, trazendo para o Brasil o início da cultura escrita. Eu costumo chamar essa fase de " O Iluminismo do Candomblé" visto que antes com a cultura oral, muitos eram os ensinamentos transmitidos com interpretações erradas que geraram séculos de ignorância, a partir de 1985 começamos uma nova era para o candomblé, o da cultura escrita, difundindo assim, não só sobre os orixás, mas vários pontos que faltavam na nossa religião, como o que somos? de onde viemos? pra onde vamos, uqla seria a proposta para a origem do nosso planeta, segundo a tradição nago?, orixá qualidade? o que é qualidade?, como cantamos os cantos para os orixás? quem canta o certo? esses dentre outros muitos assuntos eram debatidos de uma casa para outra, de uma nação para outra, de um estado federativo para outro, hoje contamos com obras como a de Pierre Verger Bastidle, Ode Kaiode, Jorge Fernandes Portugal, José Beniste entre muitos outros como Juana Elbein dos Santos em Os Nago e a Morte, obra considerada como a Bíblia do Candomblé.
Sérgio de Ajunsun
Vamos ver o que fala um outro autor
Hoje, quando se fala em "candomblé", o que se tem em mente é um tipo específico de religião formada na Bahia, denominada candomblé "queto" ou "Ketu", que atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o País. Mas o termo candomblé designa muitas variedades religiosas, como veremos adiante.
O candomblé e demais religiões afro-brasileiras tradicionais formaram-se em diferentes áreas do Brasil com diferentes ritos e nomes locais derivados de tradições africanas diversas: candomblé na Bahia, xangô em Pernambuco e Alagoas, tambor de mina no Maranhão e Pará, batuque no Rio Grande do Sul e macumba no Rio de Janeiro.
A organização das religiões negras no Brasil deu-se bastante recentemente, no curso do século XIX. Uma vez que as últimas levas de africanos trazidos para o Novo Mundo durante o período final da escravidão (últimas décadas do século XIX) foram fixadas sobretudo nas cidades e em ocupações urbanas, os africanos desse período puderam viver no Brasil em maior contato uns com os outros, físico e socialmente, com maior mobilidade e, de certo modo, liberdade de movimentos, num processo de interação que não conheceram antes. Este fato propiciou condições sociais favoráveis para a sobrevivência de algumas religiões africanas, com a formação de grupos de culto organizados.
Até o final do século passado, tais religiões estavam consolidadas, mas continuavam a ser religiões étnicas dos grupos negros descendentes dos escravos. No início deste século, no Rio de janeiro, o contato do candomblé com o espiritismo kardecista trazido da França no final do século propiciou o surgimento de uma outra religião afro-brasileira: a umbanda, que tem sido reiteradamente identificada como sendo a religião brasileira por excelência, pois, nascida no Brasil, ela resulta do encontro de tradições africanas, espíritas e católicas.
Desde o início as religiões afro-brasileiras formaram-se em sincretismo com o catolicismo, e em grau menor com religiões indígenas. O culto católico aos santos, numa dimensão popular politeísta, ajustou-se como uma luva ao culto dos panteões africanos. A partir de 1930, a umbanda espraiou-se por todas a regiões do País, sem limites de classe, raça, cor, de modo que todo o País passou a conhecer, pelo menos de nome, divindades como Iemanjá, Ogum, Oxalá etc.
O candomblé, que até 20 ou 30 anos atrás era religião confinada sobretudo na Bahia e Pernambuco e outros locais em que se formara, caracterizando-se ainda uma religião exclusiva dos grupos negros descendentes de escravos, começou a mudar nos anos 60 e a partir de então a se espalhar por todos os lugares, como acontecera antes com a umbanda, oferecendo-se então como religião também voltada para segmentos da população de origem não-africana. Assim o candomblé deixou de ser uma religião exclusiva do segmento negro, passando a ser uma religião para todos. Neste período a umbanda já começara a se propagar também para fora do Brasil.
Durante os anos 1960, com a larga migração do Nordeste em busca das grandes cidades industrializadas no Sudeste, o candomblé começou a penetrar o bem estabelecido território da umbanda, e velhos umbandistas começaram e se iniciar no candomblé, muitos deles abandonando os ritos da umbanda para se estabelecer como pais e mães-de-santo das modalidades mais tradicionais de culto aos orixás. Neste movimento, a umbanda é remetida de novo ao candomblé, sua velha e "verdadeira" raiz original, considerada pelos novos seguidores como sendo mais misteriosa, mais forte, mais poderosa que sua moderna e embranquecida descendente, a umbanda.
Nesse período da história brasileira, as velhas tradições até então preservadas na Bahia e outros pontos do País encontraram excelentes condições econômicas para se reproduzirem e se multiplicarem mais ao sul; o alto custo dos ritos deixou de ser um constrangimento que as pudesse conter. E mais, nesse período, importantes movimentos de classe média buscavam por aquilo que poderia ser tomado como as raízes originais da cultura brasileira. Intelectuais, poetas, estudantes, escritores e artistas participaram desta empreitada, que tantas vezes foi bater à porta das velhas
casas de candomblé da Bahia. Ir a Salvador para se ter o destino lido nos búzios pelas mães-de-santo tornou-se um must para muitos, uma necessidade que preenchia o vazio aberto por um estilo de vida moderno e secularizado tão enfaticamente constituído com as mudanças sociais que demarcavam o jeito de viver nas cidades industrializadas do Sudeste, estilo de vida já, quem sabe?, eivado de tantas desilusões.
O candomblé encontrou condições sociais, econômicas e culturais muito favoráveis para o seu renascimento num novo território, em que a presença de instituições de origem negra até então pouco contavam. Nos novos terreiros de orixás que foram se criando então, entretanto, podiam ser encontrados pobres de todas as origens étnicas e raciais. Eles se interessaram pelo candomblé. E os terreiros cresceram às centenas.
A História do Candomblé
O candomblé e uma religião que teve origem na cidade de Ifé, na África, e foi trazida para o Brasil pelos negros iorubas. Seus deuses são os Orixás, dos quais somente 16 são cultuados no nosso país: Exu, Ogum, Oxossì, Osanyin, Obalúaye, Oxumare, Nanã Buruku, Xango, Oya, Oba, Ewa, Oxun, Yemanjá, Logun Ede, Oxaguiam e Oxalufam.
O pai ou a mãe de santo é a autoridade máxima dentro do candomblé. Eles são escolhidos pelos próprios Orixás para que os cultuem na terra. Os orixás os induzem a isto, fazem com que as pessoas por eles escolhidas sejam naturalmente levadas à religião, até que assumam o cargo para o qual estão destinadas. Uma pessoa não pode optar se quer ou não ser um Pai ou Mãe de Santo se não acontecer durante sua vida fatos que a levem a isto. São pessoas que de alguma forma são iluminadas pelos Orixás para que cumpram seu destino.
Os Pais de Santo, normalmente, são donos de uma roça, ou seja, um lugar onde estão plantados todos os axés e no qual os Orixás são cultuados. Dentro da roça existe o barracão (assim denominado por causa dos negros que antigamente moravam em barracões), que é o lugar em que são feitos os grandes assentamentos (oferendas) para os deuses.
Hierarquicamente, existe, ainda, na roça um pai pequeno ou mãe pequena, que é o braço direito do Pai de Santo e é normalmente um filho ou filha da casa. Depois vem as Ekedes, são mulheres também escolhidas pelos Orixás para cuidar deles e ajudá-los. Embora seja considerada autoridade dentro da roça, não podem ser Yalorixás, visto que sua função já foi determinada e não há como mudar. A seguir vem os Ogans, que tocam os atabaques e ajudam o Babalorixá nos fundamentos da casa; a Ya Bace, que toma conta da cozinha, isto é, de todas as comidas dos Santos; a Ya Efun, dona do efun (pemba), e que está encarregada de pintas os Yaôs (iniciantes que estão recolhidos para fazerem o Orixá); e finalmente os filhos de Santos, que são as pessoas que “rasparam o Santo”, ou melhor, rasparam a cabeça para um Santo a pedido deste.
Às vezes o Santo, ou Orixá, incorpora em determinadas pessoas, mas não necessidade que haja esta “incorporação” para que uma pessoa raspe o Santo. Se a pessoa deve ou não raspar o Santo só pode ser sabido com certeza através do jogo de búzios do Pai ou Mãe de Santo que, diga-se de passagem, são os únicos que podem jogar búzios.
O candomblé é uma religião com uma vasta cultura e rica em preceitos. São pouquíssimas as pessoas que realmente a conhecem a fundo.È necessária muita dedicação e anos de estudo para se chegar a um conhecimento profundo da religião. Seus preceitos são todos fundamentados e qualquer um pode se dedicar ao seu estudo e desfrutar seus benefícios. Existe muita energia positiva no candomblé, e o seu culto pode trazer muita paz e felicidade.
Origem do Candomblé: Ifé
A antiga cidade de Ifé, ao sudoeste da atual Nigéria, deslumbrava desde o começo do século como capital religiosa e artística do território que cobria uma parte central da atual República do Daomé. É a fonte mística do poder e da legitimidade, o berço da consagração espiritual, e para onde voltaram os restos mortais e as insígnias de todos os reis iorubas.
A civilização de Ifé, ainda hoje, é pouco conhecida e apresenta uma criação artística variada do realismo, enquanto que a maioria da arte africana é abstrata. O material empregado na arte de Ifé espanta e abisma qualquer historiador, incluindo os próprios africanistas. Ao lado das esculturas em pedra e terracota (argila modelada e cozida ao fogo) tradicionais na África, estão as esculturas em bronze e artefatos em perola.
Uma das artes mais conhecidas é a de Lajuwa, que segundo o povo de Ifé permaneceu no palácio real, mostrando os vestígios em terracota, antes de ter sido redescoberta. Lajuwa foi o camareiro de Oni (soberano do reino de Ifé ou Aquele que Possui). A atribuição dessa terracota a Lajuwa não é estabelecida de maneira segura, entretanto a escultura foi preservada e conservou uma superfície lisa, ainda que o nariz tenha sido quebrado.
A maior parte das descobertas das obras foi feita nos BOSQUETES SAGRADOS: vastas extensões de terras situadas no coração da savana. Cada uma destas descobertas é consagrada a esta ou aquela divindade, entre elas:
- BOSQUETE SAGRADO DE OLOKUM: cobre uma superfície de 250 Há. Ao norte da saída da cidade de Ifé. É dedicado a OLOKUM, divindade do mar e da riqueza.
- BOSQUETE SAGRADO D'IWINRIN: encerra numeroso tesouro artístico, testemunhado, na maior parte, uma arte extremamente realista e refinada. Uma delas é de um personagem com 1,60 m de altura, sentado num banco redondo, esculpido em quartzo e provido com um braço curvado para dentro em forma de anel. Apóia o braço em um tamborete retângulo com quatro pés, sendo ladeado por dois outros de igual tamanho natural, um dos quais tem na mão a extremidade de uma vestimenta cortada.
Supõe-se que o artista tenha manuseado a argila crua em separação. Depois de concluído foi seca ao sol e cozida numa imensa fogueira ao ar livre, obtendo uma terracota de cor uniforme.
- BOSQUTE SAGRADO OSONGONGO: os arqueólogos descobriram uma variedade de esculturas de argila cozida e a maior parte de uma mesa micácea. Entre elas está a cabeça da própria OSONGOGON, porém menos refinada do que a de LAJUWA.
Ao lado desta escultura, há numerosas outras representando personagens com deformações físicas, uma delas com elefantíase nos testículos (doença ligada intimamente ao espírito dos negros e à impotência sexual), objeto de tratamento com rituais especiais. Nos funerais, a liturgia era feita por um sacerdote da antiga sociedade ORO, tida aos “ocidentalizados” como forma monstruosa.
O principal achado e o vaso do ritual destes funerais, decorado em relevo. Revela certos ritos e insígnias religiosas de Ifé. Vêem-se com os efeitos: Edans (bastões de bronze, utilizados pelos membros da Sociedade OGBONIS na cerimônia secreta), um bastão de ritual com uma espécie de espiral saliente em ambos os lados, um tambor, um objeto com dois crânios na base, um machado e dois personagens sem cabeças.
- BOSQUESTE SAGRADOS DE ORE: possui abundantes esculturas de homens e animais. O grupo principal é constituído de duas estátuas humanas, a maior é chamada IDENA, o porteiro.
IDENA usa um colar de perolas (contas), diferente dos demais usados em estátuas de terracota. Na cintura ostenta um laço e tem as mãos entrelaçadas. A cabeleira não é esculpida, mas representada por pregos de ferro fincados, como acontece na arte de Ifé.
-BOSQUETE SAGRADO DE ORODI: encontra-se nele uma estátua de pedra com a cabeça e o corpo enfeitado com pregos, similares aos que ornam Idena. Tem na mão direita uma espada e na esquerda um abano. Está situada em Enshure, província do Ado Ekiti.
Criação do Reino de Ifé
O grande Deus Olodumaré enviou Osalufã (orixá) para que criasse o mundo. A ele foi confiado um saco de areia, uma galinha com 5 dedos e um camaleão. A areia deveria ser jogada no oceano e a galinha posta em cima para que ciscasse e fizesse aparecer a terra. Por ultimo, colocaria o camaleão para saber se estava firme.
Osalufã foi avisado para fazer uma oferenda ao Orixá Essú antes de sair para cumprir sua missão. Por ser um Orixá Funfun, Oxalufã se achava acima de todos e sendo assim, negligenciou a oferenda. Essú descontente, resolveu vingar-se de Osalufã, fazendo-o sentir muita sede. Não tendo alternativa Osalufã furou com seu Apaasoro o tronco de uma palmeira. Um líquido refrescante dela escorreu, era o vinho de palma. Ele saciou sua sede, embriagou-se e acabou dormindo.
Olodumaré, vendo que Osalufã, não cumpriu sua tarefa, enviou Odùdùwa para verificar o ocorrido. Ao retornar e avisar que Osalufã estava embriagado, Odùdùwa recebeu o direito de vir e criar o mundo. Após Odùdùwa cumprir sua tarefa, os outros deuses vêm se reunir a ele, descendo dos céus graças a uma corrente que ainda se podia ver, segundo a tradição, no BOSQUE DE OLOSE, até há alguns anos.
Apesar do erro cometido, uma nov chance foi dada a Osalufã: a honra de criar os homens. Entretanto, incorrigíveis, embriagou-se novamente e começou a fabricar anões, corcundas, albinos e toda espécie de monstros.
Odùdùwa interveio novamente, anulou os monstros gerados Osalufã e criou os homens bonitos, sãos e vigorosos, que foram insuflados com vida por Olodumaré.
Esta situação provocou uma guerra entre Odùdùwa e Osalufã. O ultimo foi derrotado e então Odùdùwa tornou-se o primeiro ONI (rei) de Ifé. Distribuiu seus filhos e os enviou para criar novos e vários reinos fora de Ifé.
Mais tarde os Orixás retornaram a Orum, deixando na terra seus conhecimentos e como deveriam ser cultuados seus toques, comidas e costumes, para que fossem cultuados pelos seus descendentes. Então o ser humano começou a fazer pedido aos Orixás e para que cada pedido fosse atendido eles ofereciam comida em troca.
Ao contrario do que se pensa, nem todos os pedidos são atendidos, embora os Orixás sempre aceitem as oferendas. Quando um orixá recebe um pedido, ele o leva a Olodumaré e este decide se o pedido vai ou não ser atendido. Este julgamento vai ser baseado no merecimento da pessoa que faz o pedido.
O povo continua fazendo oferendas aos Orixás até hoje, pois os Orixás procuram sempre fazer o melhor para as pessoas.
O círculo dos deuses é constituído segundo o número 16, número sagrado no candomblé. Ele se encontra em toda parte: no numero de búzios, no númerode chamas da lâmpada dos sacrifícios,
na numeração dos membros físicos e psíquicos, quer dizer, das forças e das partes que possui o homem na organização hierárquica.
Texto retirado da Revista Orixás o Segredo da Vida.;nº 1
A hierarquia do candomblé:
1. Yalorixá/babalorixá: Mãe ou Pai de Santo. É o posto mais elevado na tradição afro-brasileira.
2. yaegbe/baegbeé : É a segunda pessoa do axé . Conselheira, responsável pela manutenção da Ordem, Tradição e Hierarquia.
3. Iyalaxé: Mãe do axé, a que distribui o axé. 4. Iyakekere Babakekere: Mãe / Pai pequeno do axé ou da comunidade. Sempre pronta a
ajudar e ensinar a todos iniciados. 5. Ojubonã: É a mãe criadeira. 6. Iyamoro: Responsável pelo Ipadê de Exú . 7. Iyaefun / Babaefun: Responsável pela pintura branca das Iyawos . 8. Iyadagan : Auxilia a Iyamoro. 9. Iyabassê: Responsável no preparo dos alimentos sagrados. 10. Iyarubá: Carrega a esteira para o iniciando. 11. Aiyaba Ewe: Responsável em determinados atos e obrigações de "cantar folhas. 12. Aiybá: Bate o ejé nas obrigações. 13. Ològun : Cargo masculino. Despacha os Ebós das obrigações, preferencialmente os filhos
de Ogun, depois Odé e Obaluwaiyê. 14. Oloya: Cargo feminino. Despacha os Ebós das obrigações, na falta de Ològun. São filhas
de Oya. 15. Iyalabaké: Responsável pela alimentação do iniciado, enquanto o mesmo se encontrar
recolhido. 16. Iyatojuomó: Responsável pelas crianças do Axé. 17. Babalossayn: Responsável pela colheita das folhas. Kosí Ewé, Kosí Orixá. 18. Pejigan: O responsável pelos axés da casa, do terreiro. Primeiro Ogan na hierarquia. 19. Axogun: Responsável pelos sacrifícios. Trabalha em conjunto com Iyalorixá / Babalorixá,
iniciados e Ogans. Não pode errar. 20. Alagbê: Responsável pelos toques rituais, alimentação, conservação e preservação dos
instrumentos musicais sagrados. Nos ciclos de festas é obrigado a se levantar de madrugada para que faça a alvorada. Se uma autoridade de outro Axé chegar ao terreiro, o Alagbê tem de lhe prestar as devidas homenagens.
1. Iyalorixá ou Babalorixá: A palavra iyá do yoruba significa mãe, babá significa pai. 2. Iyaquequerê (mulher): mãe pequena, segunda sacerdotisa. 3. Babaquequerê (homem): pai pequeno, segundo sacerdote. 4. Iyalaxé (mulher): cuida dos objetos ritual. 5. Agibonã: mãe criadeira, supervisiona e ajuda na iniciação 6. Ebômi: Ou Egbomi são pessoas que já cumpriram o período de sete anos da iniciação
(significado: meu irmão mais velho). 7. Iyabassê: (mulher): responsável pela preparação das comidas-de-santo8. Iaô: filho-de-santo (que já incorpora Orixás). 9. Abiã ou abian: Novato. É considerada abiã toda pessoa que entra para a religião após ter
passado pelo ritual de lavagem de contas e o bori. Poderá ser iniciada ou não, vai depender do Orixá pedir a iniciação.
10. Axogun: responsável pelo sacrifício dos animais. (não entram em transe). 11. Alagbê: Responsável pelos atabaques e pelos toques. (não entram em transe). 12. Ogâ ou Ogan: Tocadores de atabaques (não entram em transe). 13. Ajoiê ou ekedi: Camareira do Orixá (não entram em transe). Na Casa Branca do Engenho
Velho, as ajoiés são chamadas de ekedis. No Gantois, de "Iyárobá" e na Angola, é
chamada de "makota de angúzo", "ekedi" é nome de origem Jeje, que se popularizou e é conhecido em todas as casas de Candomblé do Brasil. (em edição)
A hierarquia do candomblé Jeje:
No Jeje-Mahi1. Doté é o pai-de-santo, cargo ilustre do filho de Sogbô2. Doné é a mãe-de-santo, cargo feminino na casa Jeje, similar à Yalorixá
Os vodun-ses da família de Dan são chamados de Megitó, enquanto que da família de Kaviuno, do sexo masculino, são chamados de Doté; e do sexo feminino, de Doné
No Jeje-Mina1. Toivoduno2. Noche
No Kwe Ceja Undé Gaiacú, cargo exclusivamente feminino Ekede
Os cargos de Ogan na nação Jeje são assim classificados: Pejigan que é o primeiro Ogan da casa Jeje. A palavra Pejigan quer dizer “Senhor que zela pelo altar sagrado”, porque Peji = "altar sagrado" e Gan = "senhor". O segundo é o Runtó que é o tocador do atabaque Run, porque na verdade os atabaques Run, Runpi e Lé são Jeje. No Ketu, os atabaques são chamados de Ilú. Há também outros Ogans como Gaipé, Runsó, Gaitó, Arrow, Arrontodé, etc.
A hierarquia do candomblé Bantu:
Títulos Hierárquicos Bantu, Angola, Congo 1 - Tata Nkisi - Zelador. 2 - Mametu Nkisi - Zeladora. 3 - Tata Ndenge - pai pequeno. 4 - Mametu Ndenge - Mãe pequena (há quem chame de Kota Tororó, mas não há
nenhuma comprovação em dicionário, origem desconhecida). 5 - Tata NGanga Lumbido - Ogã, guardião das chaves da casa. 6 - Kambondos - Ogãs. 7 - Kambondos Kisaba ou Tata Kisaba - Ogã responsável pelas folhas. 8 - Tata Kivanda - Ogã responsável pelas matanças, pelos sacrifícios animais (mesmo que
axogun). 9 - Tata Muloji - Ogã preparador dos encantamentos com as folhas e cabaças. 10 - Tata Mavambu - Ogã ou filho de santo que cuida da casa de exú (de preferência
homem, pois mulher não deve cuidar porque mulher menstrua e só deve mexer depois da menopausa, quando não menstruar mais, portanto, pelo certo as zeladoras devem ter um homem para cuidar desta parte, mas que seja pessoa de alta confiança).
11 - Mametu Mukamba - Cozinheira da casa, que por sua vez, deve de preferência ser uma senhora de idade e que não menstrue mais.
12 - Mametu Ndemburo - Mãe criadeira da casa (ndemburo = runko). 13 - Kota ou Maganga - Em outras nações EKEJI (todos os mais velhos que já passaram
dos 7 anos, mesmo sem dar obrigação, ou que estão presentes na casa, também são chamados de Kota).
14 - Tata Nganga Muzambù - babalawo- pessoa preparada para jogar búzios. 15 - Kutala - Herdeiro da casa. 16 - Mona Nkisi - Filho de santo. 17 - Mona Muhatu Wá Nkisi - Filha de santo (mulher).
18 - Mona Diala Wá Nkisi - Filho de santo (homem). 19 - Tata Numbi - Não rodante que trata de babá Egun (Ojé).
Sacerdotes na África:
- BANTU (ANGOLA-KONGO). Kubama..............adivinhador de 1a categoria. Tabi....................adivinhador de 2a categoria. Nganga-a-ngombo.........adivinhador de 3a categoria. Kimbanda...........feiticeiro ou curandeiro. Nganga-a-mukixi.........sacerdote no culto de possessão (Angola). Niganga-a-nikisi...........sacerdote do culto de possessão (Kongo). Mukúa-umbanda..........sacerdote do culto de possessão (Angola-Kongo).
Divisão Sacerdotais no Brasil:
- (ANGOLA-KONGO) Mam'etu ria mukixi......sacerdotisa no Angola. Tat'etu ria mukixi.........sacerdote no Angola. Nengua-a-nkisi............sacerdotisa no Kongo. Nganga-a-nikisi...........sacerdote no Kongo. Mam'etu ndenge..........mãe pequena no Angola. Tat'etu ndenge.............Pai pequeno no Angola. Nengua ndumba..........mãe pequena no Kongo. Nganga ndumba..........pai pequeno no Kongo. Kambundo ou Kambondo....todos os homens confirmados. Kimbanda.....................Feiticeiro, curandeiro. Kisasba.........................pai das sagradas folhas. Tata utala......................pai do altar. Kivonda.........................Sacrificador de animais (Kongo). Kambondo poko............sacrificador de animais (Angola). Kuxika ia ngombe.........Tocador (kongo). Muxiki............................tocador( Angola). Njimbidi.........................cantador. Kambondo mabaia........responsável pelo barracão. Kota...............................todas as mulheres confirmadas. Kota mbakisi..................responsável pelas divindades. Hongolo matona............especialista nas pinturas corporais. Kota ambelai..................toma conta e atende aos iniciados. Kota kididii.....................toma conta de tudo mantém a paz. Kota rifula......................responsável em preparar as comidas sagradas. Mosoioio........................as (os) mais antigas. Kota maganza...............titulo título alcançado após a obrigação de 21 anos. Maganza.......................título dado aos iniciados. Uandumba....................designa a pessoa durante a fase iniciatória. Ndumbe........................designa a pessoa não iniciada.
Os ESAS
Oduduwa, O precursor do culto de Orixá, como detentor da força de criação cedida por Olodumare, oriundo da cidade de Meca no Egito, dirigiu-se ao ocidente da Nigéria fundando juntamente com seus seguidores, a terra Sagrada denominada Ilê Ifé Dentre estes seguidores, alguns destacaram-se por realizações de grande importância ao agradecimento e preservação de tal cultura, muito embora através de talismãs, adquirindo o com isto domínio sobre os elementais
Ressalte-se que neste período 400 "pessoas” (irunmolé) acompanhára-o em sua tarefa, porém, por força da transmissão de Ase e descendência reportamos hoje a uma incalculável quantidade de Esa (Ancestres Divinizados) que obtiveram a mesma característica de engrandecimento e de preservação cultural como por exemplo Qbabiyí, Osun Muiwa, Iji Tonán, Bangbose Obitiko, lya Naso, iwín lonán Qbasaniá, iwín Funké, Iwín Dejà, dentre outros e outras que, por falta da manutenção desta tradição ritualística, não preservaram a partir da iniciação, o seu novo nome como reconhecimento de eternidade
É muito importante que tenhamos a consciência de que a vida eterna faz parte da cultura Yorubá Para eles, ou para nós que cultuamos Òrisà, a única idéia de reencarnação existente é S dos ABÍKU.
A relação de interdependência e de troca de energia, objetivando a manutenção de existência no Universo entre os seres humanos, os animais, os vegetais e os minerais e pública e notória, revertendo toda a "vida" à manutenção de existência do ESA e: de Olor através dos Orisa.
NOME DOS ESAS DO CULTO (FUNDADORES)
OBURO —Joaquim Vieira (Obasaniya)
OBITIKO – Bomboxe
ASSIKA – O antigo atuou no tempo Yanaso essa última está na história das três princesas que fundaram a tradição Nago no Brasil, são elas YAKALA YADETA E YANASSO.
EKESSAN, AJADI. ESA ADIRO, ESA AKAYODE
NOMES DOS ATABAQUES E INSTRUMENTOS
RUN – o maior deles
RUNPIN – o médio
LE – o menor deles
AGOGO, AJAARIN (ADJÁ ( cujo significado é “ o espirito que mata)
CAXIXI( CHOCALHO) ARGUIDAVI
NOME DOS TOQUES RELACIONADOS COM ORIXÁS
ILÚ LENTO - todos os orisás
AGERE - Ossain, Ogum
ADAHUN - ogun, Oyá, Osossi, etc.
JIKÁ - Ogum e Yemonja
BATA - Sangô, Osun, Òyê
IGBIN-Osalá
ILÚ QUEBRA PRATOS - Yansã
IJESÁ -Osun, Oyá, Ogun, Logunedé, Sangô
RAMUNHA - Obaluayê, sair e entrar Oriça
SATÓ - Bessem , Iweua
HUNTO - Bessem
OPANIJÉ-Obaluayê
ALUJÁ-Sangô
EXPLICAÇÃO DE SIRÊ, RUN DE SANTO
Ao começar o Candomblé cantamos um pequeno número de cantigas 3 ou 7 que dá-se o nome de Sirê, e são cantadas sem o Orixá estar presente. Vvai de Ogum a Yernonjá. Após o qual cantamos para chamar os Orixás, assim que se põe as vestimentas cantamos as cantigas denominadas de RUN. Podendo cantar sem números de cantigas, o 1° Santo a dançar pela idade de santo o mais velho e por último a tomar Run é Osalá; 1° Oguiã e 2° Olufã.
Àbíkú (nascer-morrer)
Só mesmo um grande mestre como Pierre Verger para nos tirar da ignorância sobre este tema, através da sua pesquisa e coragem, cujo legado será eterno.
Se uma mulher, em país yorubá dá à luz uma série de crianças natimortas ou mortas em baixa idade, a tradição reza que não se trata da vinda ao mundo de várias crianças diferentes, mas de diversas aparições do mesmo ser (para eles, maléfico) chamado àbíkú (nascer-morrer) que se julga vir ao mundo por um breve momento para voltar ao país dos mortos, órun (o céu), várias vezes.
Ele passa assim seu tempo a ir e voltar do céu para o mundo sem jamais permanecer aqui por
muito tempo, para grande desespero de seus pais, desejos de ter os filhos vivos.
Essa crença se encontra entre os Akan, onde a mãe é chamada awomawu (ela bota os filhos no mundo para a morte). Os ibo chamam os abikú de ogbanje, os hauças de danwabi e os fanti, kossamah.
Encontramos informações a respeito dos abikú em oito itans (histórias) de ifá, sistema de adivinhação doa yorubá, classificados nos 256 odu (sinais de ifá). Essas histórias mostram que os abikú formam sociedades no egbá órun (céu), presididas por iyàjansà (a mãe-se-bate-e-corre) para os meninos e olókó (chefe da reunião) para as meninas, mas é Aláwaiyé (Rei de Awaiyé) que as levou ao mundo pela 1ª vez na sua cidade de Awayié. Lá se encontra a floresta sagrada dos abikú, aonde os pais de abikú vão fazer oferendas para que eles fiquem no mundo.
Quando eles vêm do céu para a terra, os abikú passam os limites do céu diante do guardião da porta, oníbodé órun, seus companheiros vão com ele até o local onde eles se dizem até logo. Os que partem declaram o tempo que vão ficar no mundo e o que farão. Se prometem a seus companheiros que não ficarão ausentes, essas, crianças apesar de todo os esforços de seus pais, retornarão, para encontrar seus amigos no céu.
Os abikú podem ficar no mundo por períodos mais ou menos longos. Um abikú menina chamada "A-morte-os-puniu" declara diante de oníbodé órun que nada do que os seus pais façam será capaz de retê-la no mundo, nem presentes nem dinheiro, nem roupas que lhes ofereçam, nem todas as cosias que eles gostariam de fazer por ela atrairiam os seus olhares nem lhe agradariam.
Um abikú menino, chamado ilere, diz que recusará todo alimento e todas as coisas que lhe queiram dar no mundo. Ele aceitará tudo isto no céu.
Quando Aláwaiyé levou duzentos e oitenta abikú ao mundo pela primeira vez, cada um deles tinha declarado, ao passar a barreira do céu, o tempo que iria ficar no mundo. Um deles se propunha a voltar ao céu assim que tivesse visto sua mãe; um outro, iria esperar até o dia em que seus pais decidissem que ele casasse; um outro, que retornaria ao céu, quando seus pais concebessem um novo filho, um ainda não esperaria mais do que o dia em que começasse a andar.
Outros prometem à iyàjanjasà, que está chefiando a sua sociedade no céu, respectivamente, ficar no mundo sete dias, ou até o momento em que começasse a andar ou quando ele começasse a se arrastar pelo chão, ou quando começasse a ter dentes ou ficar em pé.
Nossas histórias de ifá nos dizem que oferendas feitas com conhecimento de causa são capazes de reter no mundo esses abikú e de lhes fazer esquecer suas promessas de volta, rompendo assim o ciclo de suas idas e vindas constantes entre o céu e a terra, porque, uma vez que o tempo marcado para a volta já tenha passado, seus companheiros se arriscam a perder o poder sobre eles.
É assim que nessas quatro histórias encontramos oferendas que comportam um tronco de bananeira acompanhado de diversas outras coisas. Um só dos casos narrados, o terceiro, explica a razão dessas oferendas:
"Um caçador que estava à espreita, no cruzamento dos caminhos dos abikú, escutou quais eram as promessas feitas por três abikú quanto à época do seu retorno ao céu."
"Um deles promete que deixará o mundo assim, que o fogo utilizado por sua mãe, para preparar sua papa de legumes, se apague por falta de combustível. O segundo esperará que o pano que sua mãe utilizar, para carregá-lo nas costas se rasgue. A terceira esperará, para morrer, o dia em que seus pais lhe digam que é tempo de ele se casar e ir morar com seu esposo."
"O caçador vai visitar as três mães no momento em que elas estão dando à luz a seus filhos abikú
e aconselha à primeira que não deixe se queimar inteiramente a lenha sob o pote que cozinha os legumes que ela prepara para seu filho; à segunda que não deixe se rasgar o pano que ela usar para carregar seu filho nas costas, que utilize um pano de qualidade diferente; ele recomenda, enfim à terceira, de não especificar, quando chegar a hora, qual será o dia em que sua filha deverá ir para a casa do seu marido."
As três mães vão, então consultar a sorte, ifá, que lhes recomenda que façam respectivamente as oferendas de um tronco de bananeira, de uma cabra e de um galo, impedindo, por meio deste subterfúgio, que os três abikú possam manter seu compromisso. Porque, se a primeira instala um tronco de bananeira no fogo, destinado a cozinhar a papa do seu filho, antes que ele se apague, o tronco de bananeira, cheio de seiva e esponjoso, não pode queimar, e o abikú, vendo uma acha de lenha não consumido pelo fogo, diz que o momento da sua partida ainda não é chegado. A pele de cabra oferecida pela segunda mãe serve para reforçar o pano que ela usa para levar seu filho nas costas; a criança abikú não vai achar nunca que esse pano se rasgou e não vai poder manter sua promessa. Não se sabe bem o porque do oferecimento de um galo, mas a história conta que quando chegou a hora de dizer à filha já uma moça, que ela deveria ir para casa do seu marido, os pais não lhe disseram nada e a enviaram bruscamente para a casa dele.
Nossos três abikú não podem mais manter a promessa que fizeram, porque as circunstâncias que devem anunciar sua partida não se realizaram tais como eles tinham previsto na sua declaração diante de oníbodé órun. Estes três abikú não vão mais morrer. Eles seguiram um outro caminho.
Comentamos esta história com alguns detalhes porque ilustra bem o mecanismo das oferendas e de sua função. Não é o seu lado anedolíco (de lenda) que nos interessa aqui, mas a tentativa de demonstração de que em país yorubá, a sorte (destino) pode ser modificada, numa certa medida, quando certos segredos são conhecidos.
Entre as oferendas que os retêm aqui, na terra, figuram, em primeiro plano, as plantas litúrgicas. Cinco delas são citadas nestas histórias: - Abíríkolo (crotalaria lachnophera, papilolionacaae) - Agídímagbayin (não identificada) - Ídí (terminalia ivorensis, combretacae) - Ijá àgborin (não identificada) - Lara pupa (ricinus communis - mamona vermelha)
Ainda mais duas plantas são frequentemente utilizadas para reter os abikú e que não figuram nessas histórias: - Olobutoje (jatropha curcas, euphorbiaceae) - Òpá eméré (waltheria americana, sterculiaceae)
A oferta dessas folhas constitui uma espécie de mensagem e é acompanhada por ofó (encantamentos).
Em país yorubá, os pais, para proteger seus filhos abikú e tentar retê-los no mundo, podem se dedicar a certas práticas, tais como fazer pequenas incisões nas juntas da criança e aí esfregar atin (um pó preto feito com ossum, favas e folhas litúrgicas para esse fim) ou ainda ligar à cintura da criança um ondè, talismã feito desse mesmo pó negro, contido num saquinho de couro.
A ação protetora buscada nas folhas, expressa nas fórmulas de encantamento, é introduzida no corpo da criança por pequenas incisões e fricções, e a parte do pó preto, contida no saquinho do ondé, representa uma mensagem não verbal, uma espécie de apoio material e permanente da mensagem dirigida pelos elementos protetores contra os elementos hostis, sendo essa forma de expressão menos efêmera do que a palavra.
Em uma outra história, são feitas alusões aos xaorôs, anéis providos de guizos, usados nos tornozelos pelas crianças abikú, para afastar os companheiros que tentam vir buscá-los no mundo
e lembrar-lhes suas promessas. De fato seus companheiros não aceitam assim tão facilmente a falta de palavra dos abikú, retidos no mundo pelas oferendas, encantamentos e talismãs preparados pelos pais, de acordo com o conselho dos babalaôs. Nem sempre essas precauções e oferendas são suficientes para reter as crianças abikú sobre a terra. Iyájanjàsa é muitas vezes mais forte. Ela não deixa agir o que as pessoas fazem para os reter e porá tudo a perder o que as pessoas tiverem preparado. Contra os abikú não há remédios. Yiájanjàsá os atrairá à força para o céu. Os corpos dos abikú que morrem assim, são frequentemente mutilados. A fim de que, dizem, eles percam seus atrativos e seus companheiros no céu não queiram brincar com eles sobretudo para que o espírito do abikú, maltratado deste modo, não deseje mais vir ao mundo.
Essas crianças abikú recebem no seu nascimento, nomes particulares. Alguns desses nomes são acompanhados de saudações tradicionais. Eles podem ser classificados: quer nomes que estabeleçam sua condição de abikú; quer nomes que lhes aconselham ou lhe suplicam que permaneçam no mundo; quer em indicações de que as condições para que o abikú volte não são favoráveis; quer em promessas de bom tratamento, caso eles fiquem no mundo. A frequência com que se encontra, em país yorubá, esses nomes em adultos ou velhinhos que gozam de boa saúde, mostra que muitos abikú ficam no mundo graças, pensam as almas piedosas, a todas essas precauções, à ação de Òrúnmìlà, e à intervenção dos babalaôs.
Alguns nomes dados aos ABIKÚ:
Aiyédùn - a vida é doce Aiyélagbe - Nós ficamos no mundo Akúji - O que está morto, desperta Bánjókó - Senta-se comigo Dúrójaiyé - Fica para gozar a vida Dúróoríìke - Fica, tu serás mimada Èbèlokú - Suplica para que fique Ilètán - A terra acabou (não há mais terra para enterra-lo) Kòjékú - Não consinta em morrer Kòkúmó - não morra mais Kúmápáyìí - A morte não leva este daqui Omotúndé - A criança voltou Tìjúikú - Envergonhado da morte (não deixa a morte te matar)
ITANS de IFÁ
- É preciso cuidar dos Abikú, senão eles voltam para o céu - Oferendas podem reter Abikú no mundo - Subterfúgios para reter os Abikú no mundo - Mosetán fica no mundo - Olóìkó é o chefe da sociedade dos Abikú - Asejéjejaiyé fica no mundo na décima sexta vez que ele vem - Os Abikú chegam pela primeira vez em Awaiyé - Íyájanjàsá não deixa os Abikú ficar no mundo
Estes itens completos são descritos numa edição da revista Afro-Ásia, 14 - 1983, sob o título (A Sociedade Egbé Òrun dos Àbíkú, as crianças nascem para morrer várias vezes)
As cerimônias para os abikú parecem ser pouco frequentes entre os yorubás, a única assistida por Pierre Verger, a cerimônia foi feita pela tanyinnon encarregada do culto aos deuses protetores de uma família tradicional do bairro Houéta. Num canto da peça principal, oito estatuetas de madeira com 20 centímetros de altura e eram colocadas sobre uma banqueta de barro.
Todos vestidos de panos da mesma qualidade, mostrando pela uniformidade de suas vestimentas, pertencer a uma mesma sociedade (egbé). Seis destas estatuetas representam ábíkús e as outras
duas ibeji. As oferendas consistiam de oká (pasta de inhame) obèlá (espécie de caruru) èkuru (feijão moído e cozido nas folhas) eran dindi, eja dindin (carne e peixe fritos) que, depois da prece da tanyionnon e da oferenda de parte desta comida às estatuetas, foram distribuídas pela assistência. Uma sacerdotisa de Obatalá assistiu à cerimônia sublinhando as ligações que existem entre o orixá da criação, as pessoas de corpos mal formados, corcundas, alijados, albinos e aqueles cujo nascimento é anormal (àbíkú e ibeji).
Portanto ao contrário que muitos falam, nada tem a ver com a criança que já nasce "feita" no santo.
O legado dos antigos pelas suas crenças, histórias e ritos da sua prática religiosa e cultural, se adaptam e se aplicam em qualquer tempo, através da sua sabedoria, com muita propriedade.
Em seu tempo, não há referências ao aborto, mas ao contrário, o esforço pela manutenção da vida, inclusive em quantidade. Pela prática divinatória através do jogo de búzios, nos dias de hoje identificamos muitos desses abikús, que percebemos em uma segunda instância, muitos são "criados", passam a existir por ingerência do ser humano através do aborto, é até simples de entender e ver por uma ótica e lógica astral/espiritual a qual simplesmente não podemos deletá-la da nossa mente e inteligência, ou na pior das hipóteses; ignorá-la: No instante em que o óvulo é fecundado pelo espermatozóide, esta nova matéria existente já é provida de alma e espírito, que os cristãos chamam de "anjo da guarda" e os yorubanos de "orixá" (guardião da cabeça), este fenômeno consta na teologia Yorubana, na lenda de Ajálá, que será comentada.
Quando da execução do aborto propriamente dito, o ser humano supostamente, exerce o "seu direito" de eliminar aquele ser; mas somente a parte material, o corpo, por ele criado através do ato sexual de procriação, matando de forma definitiva o feto. Mas e o que por ele não foi criado, alma e espírito, onde fica, para onde vai? Esta análise via de regra não é feita ou levada em consideração, acaso haverá consequencias? Seríssimas, que aqui descrevemos com muita convicção, pautado nas mais diversas constatações através dos consulentes, por mais de duas décadas, dos sintomas pós aborto, a presença daquela "figura" que aparece de uma forma genética, oriunda de gerações passadas, os que são provocados e voltam ainda na mesma geração, e os que voltarão em nossos descendentes, e da forma mais imprevisível possível. A grande maioria de seres que nascem com deformidades, doenças graves, mortes prematuras... tem grandes possibilidades de serem abikús fabricados pelo homem.
Nos dias de hoje, quando morre uma criança ainda nova, há muita possibilidade de ser um abikú que está voltando ao "céu", bem como persiste a probabilidade de voltar em um próximo filho, ainda na mesma geração ou na próxima; quando uma criança fica muito doente e corre risco de vida, pode averiguar na família se já há caso de aborto ou morte prematura, é bem possível.
As reações, mais da mãe que do pai, em caso de aborto, porque muitas vezes o pai não fica sabendo e não participa da decisão, na sua vida, no seu dia a dia são sintomáticas: desequilíbrio generalizado, na vida pessoal, no trabalho, em casa, nos estudos, nada dá certo, nada vai bem, angustia, depressão, pessimismo, falta de ânimo, aparentemente tudo deveria estar bem, mas as coisas não "vão"; É a influência daquele "ser", que contrariando as leis da natureza foi "fisicamente" eliminado, o qual fica gravitando num outro plano próximo aos pais, afetando suas vidas com estes sintomas.
Até mesmo por uma questão de justiça, não poderá um abikú que foi "gerado" por uma família, aparecer em outra, que nada tem a ver com o ato irresponsável de outros, e percebemos que uma criança que já nasce deformada de alguma forma, ou uma doença grave com morte, quem sofre realmente na sua plenitude são os pais, porque a dor interna é maior que a dor física, a criança já nasceu daquela forma, para ela que não sentiu e não sabe ser saudável, não percebe e não imagina como se sente alguém normal, portanto a sua dor ou problemas, para si é normal.
Esta situação pode e deve ser tratada no seu campo espiritual, os antigos nos legaram
instrumentos dentro da religião yorubá, para fazê-lo, através de ebós e oferendas específicas, que se vale do mesmo princípio aplicado nos países yorubanos, quer seja: "enganar" os abikús; Muito se pode melhorar e modificar, evidente que em alguns casos é irreversível após o nascimento, mas se detectado ou informado o babalorixá ou yialorixá competente, pelo que foi descrito, a mãe que poderia vir a ter um filho abikú, por meio desses ebós e oferendas pode-se evitar a vinda de um ser deformado ou com problemas sérios, que na realidade, nada mais é que um "retorno sob forma de castigo" de atos nossos ou de gerações passadas, de um processo que nunca foi tratado ou interrompido.
Desta forma vê-se que o aborto é uma situação que transcende a ingerência das pessoas, pois é algo ligado diretamente à natureza, e consequentemente ao Seu Criador, modifica-se ou escapa da lei dos homens, mas não à Divina. Este é um fato porque nenhuma religião da terra permite o aborto.
Siré Orisá (xire)
O candomblé é iniciado com o sire dos orixás, nesta hora nenhum orixá vem ao aiye, ou seja, não toma a cabeça dos seus noviços, pois esta parte, sire, serve apenas para acordar os orixás, avisando que estaremos evocando suas presenças aqui no aiye. Sire tem a equivalência em português do verbo brincar, nesta página veremos as cantigas cantadas e a ordem com que cantamos para cada orixá.
Aqui coloquei as cantigas do Orixá Exu, porém este não é evocado em casas de ketu , Jeje ou efon sendo apenas cantado na Nação Angola, este é evocado na cerimônia que antecipa todo o toque chamado Ipade, este é feito antes da assistência chegar ao Candomblé. Visitando o link dos orixás, na lenda de Exu, desta página, teremos mais ou menos uma explicação do porquê.
Nesta mesma página eu fiz um pequeno resumo do que vem a ser a Cerimônia do Ipade, este se encontra na parte CERIMÔNIAS.
Existem duas formas de se “rodar” o padê ou despachar Exu, como se costumam dizer o Pade, durante o dia para qualquer cerimônia e ao pôr do Sol nos Axexes.
Obs.: na minha casa eu evito de usar o termo DESPACHAR EXU, pois acredito que Exu não se despacha, apenas colocamos Ojixé (mensageiro) no caminho para que Orun seja avisado.
ESÚ
1. EGBARABO AGO MOJUBA RA
EGBA KOSEEGBARABO AGO MOJUBA RA
E MODÉ KO E KOEGBARABO AGO MOJUBA RA
LÊ GBALE ESU LONA1. GBARA UM BE BE
TIRIRI LONA ESÚ TIRIRI
GBARA UM BE BE TIRIRI LONA ESÚ TIRIRI
1. ELEGBARA (BIS
ESÚ AJO A MA MA
KE O ELEGBARA ESÚ AJO A MA MA
KE O LAROYE 1. ESÚ SOROKE
ODARÁ ODARÁ BABA EBÓ
1. ESÚ OO
ESÚ OLONA MOFORI GBALE
ESÚ O 1. GBARA LOJI KI
ESÚ LOBI WÁ ARA E E
1. SON SON OBÉ
ODARÁ KOLOBI EBÓ LAROYE
1. LAGIRI ESÚ MA NA
LE LE LAGIRI AJÊ MA NA
LÊ LÊ LAGIRI FIRO OFE NA
FENA JÔ LAGIRI
1. ORISA PA TA
AGO NILE AGO NILE MOFORI GBALÉ
1. GBARA LOJU GBARA
LOJU GBARA ARA LEGBE
1. OGÓ RUN GÓ
RUN GO LAROYE
OGUN
12. OGUN AJO E MARIWO AKORO AJO E MARIWO OGUN PA LEPA LONÃ OGUN AJO E MARIWO
E MATU YEYE 1. AWA SIRE OGUN O
E UN JOJO AWA SIRE OGUN
E UN JOJO E UN JEJE 1. OGUN NITA EREWE
OGUN NITA EREWE A OXOSSE KORI A LODE
OGUN NITA EREWE 1. ONI KOSO
ONI KOSO ILE OGUN AKORO UN TO BO SILÉ
1. A OGUN MEJE IRE
IRE MEJE MEJE
OXOSSE
1. FARA RERE FIBO
ODE FIBO FARA LEWA KOSE OMOODE
1. LOWO GUIRI GUIRI BODE
OWO GUIRI GUIRI BODE AWA NISA OMOODE
ODE NI SEWE 1. E ARAWE
ODE ARERE OKE E ORISA ERO
E UN OFA AKUERÃ 1. OMOODE ODE IROKO
E UN OFA AKUERÃ 1. E OSI BODE E OSI BODE
AROLE OSI BODE E OSI BODE E OSI BODE
OMOLU
1. DAGOLUNA KEWA SAWORO
DAGO LELE DAGOLUNA KEWA SAWORO
DAGO LELE 1. OMOLU A FARA E E
FARA FARA FAROJI 1. JAN PEPE
E LOBI WARE TORI BOMI
JAN PEPE 1. ORI JENA PABA
OSI E TO BO WALE ORI JENA PABA
OSI E TO BO WALE O
OSSÃE
1. ABEBE NI BO WA
ABEBE NI BO E ABEBE
ABEBE NI BO WA ABEBE NI BO
1. ATA KORO OJU EWE
ATA KORO OJU OBO GUN ATA KORO OJU EWE
A LELE KORO OJU OBO GUN 1. PEREGUN A LASO TITUN O
PEREGUN A LASO TITUN BABA PEREGUN A LAWA MERE
PEREGUN A LASO TITUN 1. AWA ORO SIMÃ
ODO RO DUN PEREGUN ALASO TITUN
1. MONJA EWE PE MOSO ARAWO
MONJA EWE PE MOSO RO E PI LO PE MI E PI LO IYA MI
MONJA EWE PE MOSO RO 1. SAWO OREPEPE
OPE LI OPE LEPE SAWO OREPEPE
OPE LI OPE SANGO
OSUMARE
1. OSUMARE LELE MARE OSUMARE
LELE MARE UN ARAKA LELE MARE OSUMARE
1. KOBE JIRO
ARAKA KOBE JIRO OSUMARE KOBE JIRO
ARAKA KOBE JIRO 1. LESE ORISA
LESE KOMAFO SA HOHO
LESE ORISA LESE KOMAFO
SA HOHO 1. OSUMARE LOKUERE
OLOKUERE OLOKUERE 1. OSUMARE SE LUNBÓ
SE LUNBÓ O SE LUNBÓ
1. ALAKORO LE IN NI
WALA KORO LE IN O
NANÃ
1. IBI NANA IYO
OLU OBO NANA IYO
IBI NANA IYO OLU OBO NANA IYO
1. A IN ALA ORE
A IKU DO LOSE A IN ALA URE
A IKU DO LOSE 1. O KOLODO SI SA LEJUA
ARI KU MA ORE O KOLODO SI SA LEJUA
ARI KU MA ORE 1. SA LAWAJO
OLUWO KU KEWAJO SA LAWAJO
OLUWO KU KEWAJO OLOORE
OSUN
1. YEYE YEYE YE O
ORO MIUWA NU ASE TORI EFON INSE KOJU IYABA O
ORO MIUWA NU ASE TORI EFON 1. A MU IYAN MU IYAN
OJARE ELEMOSO TORI EFON
1. OMI FA WERE
OMI FA WERE OMIRO OMI FA REO
ASOPE OLORUN OMI FA WERE
OMI FA WERE OMIRO OMI FA REO 1. AKA MURELE
OSUN FARA JA AKA MURELE
OSUN FARA JA 1. IYAWO OMIIBU
OMIRO ORISA O YEYE IYAWO OMIIBU
OMIRO ORISA O YEYE
OBÁ
1. OBA ELEKO AJAOSI
SABA ELEKO AJAOSI ORO MOBA
SAMOBA OBA ELEKO AJAOSI 1. E LIRU O
OBA DUDERE BARI EKÓ OBA SABA O OBA DUDERE
BARI EKÓ 1. E NU OFA FARA MAN
OBA LOJA LA OJE 1. E NU WERE
OFÁ WERE E NU WERE OFÁ WERE
IYEWÁ
1. IYEWA IYEWA MA AJO
IYEWA IYEWA IYEWA IYEWA MA AJO
IYEWA IYEWA MA O MA O LESE
IYEWA IYEWA MA AJO IYEWA IYEWA
1. IYEWA NI FA TOTO LO BEWA E
OLU AIYE IYEWA NI FA TOTO LO BEWA E OLU AIYE 1. O IYABA E
IYEWA NI FA TOTO LO BEWA E O IYABA E
1. IYEWA MASA
AWA MASA AMU RE LE O
1. IYEWA IYEWA ONI OFERE
IYEWA IYEWA ONI OFERE O 1. YEWA YEWA IJO IYEWA
SE KE SE NIN IYEWA IYEWA IJO IYEWA
SE KE SE DAN
OYÁ
1. OYA KORO UM LE OGERE GE
OYA KORO UM LA OGA RAGA OMOBIRIN SALA KORO UM LE
OGE REGE OYA KOMO RELO
1. A OYO DO MU NHÃ NHÃ
DO MU NHÃ NHÃ DA NI APADA DO L'OYA O
DO MU NHÃ NHÃ DA NI APADA O DO L'OYA
1. DA NI APO
DA NI APO FARA JO 1. OYA MI TO LE L'OYA
OYA MI TO KE L'OYA ORISA WERE WE
OYA MI TO KE L'OYA O
LOGUN
1. E AKOFA E AKOFA
LOGUN O E AKOFA IJO IJO LOGUN O
E AKOFA LOGUN EDE E AKOFA
A IBAYN E AKOFA
1. E E E E E LOGUN BELE KOKE
E E E E E LOGUN ARO ARO FARA LOGUN FARA LOGUN
LOGUN BELE KOKE 1. E AKOFA E AKOFA
LOGUN AKOFA A IJO E KOKE LOGUN AKOFA A IJO E KOKE
E AKOFA IJO AKOFA IBAYN
E AKOFA IJO AKOFA LAPANA E AKOFA IJO A KOFA
1. FARA NI LEWA
NITA EWE SE FARA LOGUN NITA EWE SE
AYRÁ
1. AYRA DABA KENKEN SORO
OLU AMI MA IMAN ISELE ORISA KE ME SEBEWA
AYRA AYRA EE 1. AYRA OSI BA IYAMI MA SAORO
AYRA AYRA 1. OMONILE AYRA OMONILE
AYRA AYRA OMONILE 1. AYRA O OREGEDE PÁ
OREGEDE AYRÁ A EBORA PÁ
A EBORÁ AYRÁ O AJA UNSI PÁ
AJA UNSI
IYEMANJA
1. MARELE MARABODO
SA RENA A OIYO KARABODO
SA RENA E E ONI A ARA E
MARELE MARABODO SA RENA
1. ARABO LAIYO
IYEMANJA ARABO LAIYO IYEMANJA
1. IYABA LODE
ERESE OSI E IYEMANJA
IYABA LODE ERESE A OIYO
OLOFIN ASA WERE O 1. ORO LA MI O
ORO LA MI SASA 1. A IYEMAJA ORI O
RI LÉ IYEMANJÁ
SANGO
1. OBANISA RE LOKE ODO
OBERIO MA OBANISA RE LOKE ODO
OBAKOSO AYO 1. AINA INA A INA MA
INA INA OBAKOSO
1. OBAKOSO ARAE
A INA INA OBAKOSO ARAE
1. OBAKOSO E
MOJUBÁ E LOSI
BAIYA MI SERE A LADO
E MOJUBÁ E LOSI BAIYA MI
OSALÁ
1. BABA DURODE
BABA DURODE AJALE BABA DURODE
1. E KEWA JÁ
BABA OJE O ABUKÉ KEWA JÁ
BABA OJE E BERE IKO
KEWA JÁ BABA OJE
1. ASO FUNFUN GO IYA PI
ALA FUNFUN T'ORI SALA A E AJALE O
ASO FUNFUN GO IYA PI 1. OPERE KETE
OPERE KETE BABA OBI WALA AGO INJENA
OPERE KETE BABA 1. AGO ALA
ALA OSU OSU KEKERE ILE
AGO ALA ALA OSU
BABA DURODE
Roda de Òsún
Oxum é a deusa dos rios, senhora do amor. Duas rodas do candomblé são as mais conhecidas A Roda de Xangô e A Roda de Oxum. Nesta página falaremos da Roda de Oxum e logo estarei postando a roda de Xangô.
A nível de conhecimento de cantigas, eu recomendo o livro CANTANDO DE 376 PARA OS ORIXÁS de Altair Togun, outras obras também muito importantes são os Cursos de Marcelo Monteiro ou do Ogã Bombala.
Como toda Roda de orixá, a sequência deve ser seguida sem erros, pois, na verdade, a sequência conta um trajetória daquele orixá.
Aqui você tem a sequência da Roda de Oxum.
Aribe dé o
Omi ro
Ara awa
Ara awa o omi o
Aribe dé o
Omi ro
Ara awa
Ara awa o omi o
Aribe dé o
Omi ro
Ori dé ko mo l´orun
Omi ro
Ara awaOmi ro
Aribe dé o
• Igbá awoIgbá si osun a rewà
Igbá awoIgbá si osun a rewá
Àwa sìn é ki igbá rewà rewàIgbá awo igbá si Osun arewà
• Omi níwè ma t´osun
Omi níwèOmi níwè Ypondá
Omi níwèSéké-séké náà dò ojú
Náà dò ojúOmi níwè
• Ara wara MiywáAra wara Miywá
Amadè ireEiyn o
Ara wará MiywáAmadè ire
Eiyn oAra wará Miywá
• Osun iyá omio
Osun sola ni fun mi Erun odo
Já sun layóJá so onanIya ogerè
• Ye ye omi bio Ye ye omi bio
Ikan isolá Waro waro
Opará omi oo
• Kare ri de Asé ni layo Kare ri de
Asé ni layo Arawa omi jé jé
Kare ri de Asé ni layó
• Ma bo IyáIyá bo IyáMa bo IyáIyá bo Iyá
Omi jé jé Ominibú Ma bo IyáIyá bo Iyá
• Asé mo rewáAsé mo rewá
Asé omi Olosun Asé mo rewá
Asé omi Ypondá Asé mo rewáAsé mo rewáAsé mo rewá
Asé omi Olosun Asé mo rewá
Asé omi Opará
• Ekio ekio Ori yeye
Ekio Ori yeye
Ekio
• Kotá alafia Kotá alafia
Olorun sire male Kotá alafiá
Olorun sire male Kotá alafiá
• Iyá asó oluwo Iyá asó oluwo
Ibayin ma bo Osun Iyá asó oluwo oo
Asé ni babá Iyá asó Oluwo
• Iyá ki Eledumare Iyá ki Eledumare Oni mó je okan
Oni bó jóIyá ki EledumareOni mó jé okan
Oni bó jó
• O ni Iya beere, O ni Iya beere o O ni Iya beere o, o ní Iyá bè l´òpò Omo
Osun a dé Omo wa
AS FOLHAS LITÚRGICAS DO CANDOMBLÉ
Usada em toda cerimônia, a folha desempenha um papel muito importante em todos os rituais. Essa também é tão importante quanto um animal para que se faça algo, como exemplo cito que, existe não só uma, mas quatro qualidades de sangues:
O sangue branco
Animal:
o semem, a saliva, o hálito, as secreções, o plasma, particularmente o do igbi.
O sangue vermelho
Animal: sangue (eje) humano ou animal, esse o mais conhecido por nós, pois toda vez que pensamos em eje, temo-no como se fosse o único.
O sangue preto
Animal: as cinzas de animais
Vegetal: o sumo escuro de certos vegetais, neste caso o mais usado é o WAJI
Mineral: carvão, ferro etc
E agora o sangue em questão, O SANGUE VERDE:
Este é encontrado nas folhas.
Para ser retirada da natureza, é importante que se observe toda uma cerimônia para ossâe.
Existe uma cantiga muito conhecida de Ossãe que nos fala dessa responsabilidade.
Letra em yorubá:
Ewé pèlé pé àní tô pé ewé,
pèlé pé àní tó pé,
Làkàkà a fún ó ni fééréfé pèlé
pé àní tô pé.
Pronúncia em português:
euê puélé pué ãni tô pué euê
puélé puê âní tô pué
lacaca a fum o ni fééréré
puélé pué âni tô pué.
Tradução:
Pegue a folha com gentileza, demore bastante, pegue bastante demorado (com carinho) esforce-se tenazmente e a folha lhe será dada com alegria.
FOLHAS DOS ORIXÁS
EXU
Odun-dun..................................................... Folha-da-costa
Teté............................................................. Bredo sem espinhos
Orim-rim..................................................... Alfavaquinha
Pepé............................................................. Malmequer bravo
Labre ...........................................................Tiririca
Kanan...........................................................kanan
Folha de bobó ............................................. Kan-kan Cansanção de porco
Inã .............................................................. Cansanção branco de leite
Aberê .......................................................... Picão-da-praia, carrapicho-de-agulha
OGUN
Mariwô......................................................... Folha de palmeira de dendê
Ìróko ............................................................Folha-de-loko
Pepé............................................................. Malmequer bravo
Teterégún ....................................................Canela-de-macaco
Monam ........................................................Parietária
Aferê ...........................................................Mutamba
Piperégún Nativo
Obô..............................................................Rama de leite
Eregê...........................................................Erva-tostão, graminha
Ibin .............................................................Folha-de-bicho
Afoman ......................................................Erva-de-passarinho
Omun .........................................................Bredo
Orin-rin....................................................... Alfavaquinha
Odun-dun................................................... Folha-da-costa (saião)
Teté ............................................................Bredo sem espinhos
Já................................................................ Capeba
Anó-peipa.................................................. Cipó-chu mbo
OXOSSI
Teté ............................................................ Bredo sem espinhos
Orin-rin ..................................................... Alfavaquinha
Odun-dun .................................................. Folha-da-costa
Jacomijé .................................................... Jarrinha
Irekê-omin ................................................ Dandá do brejo
Piperégún ................................................. Nativo
Junçá ........................................................ Espada de Ogun
Ìróko......................................................... Folha de loko
Mariwô ..................................................... Folha de dendezêiro
Irum-perlêmin .......................................... Capim cabeludo
Akoko Fitiba .............................................Cana
fita Monam................................................. Parietária
OSSÃE
Teté Bredo............................................... sem espinhos
Orin-rin ................................................. Alfavaquinha
Odun-dun .............................................. Folha-da-costa
Jacomijé ................................................ Jarrinha
Irekê-omin ............................................ Dandá do brejo
Piperégún ............................................. Nativo
Junçá .....................................................Espada de Ògún
Ìróko .................................................... Folha de loko
Mariwô................................................. Folha de dendezêiro
Irum-perlêmin ..................................... Capim cabeludo
Akoko Fitiba ....................................... Cana- fita
Monam ........................................... Parietária
OBALUAÊ
Monam........................................................................ Parietária brotozinho
Bala ........................................................................... Taioba
Jamim ........................................................................ Cajá
Aferé .......................................................................... Mutamba
Obó............................................................................. Rama de leite
Exibatá ....................................................................... Ovo redondo de monãn
Jakomijé ...................................................................... Jarrinha
Afoxian ..................................................................... Erva de passarinho
Já ................................................. Capeba Turin - Folha de neve branca
Pekulé ........................................................................ Mariazinha
Tolu-tolu .................................................................... Papinho de peru
OXUMARE
Ìróko ................................................................................ Folha de Ìróko
Monan ................................................................... Parietária, brotozinho
Bala ................................................................................ Taioba
Jamin ............................................................................. Cajá
Aberê-ejó................................................................... Pente de Òsúmarè
Aferê ............................................................................... Mutamba
Obô ................................................................................. Rama de leite
Exibatá............................................................. Golfo redondo do monam
Jacomijé .......................................................................... Jarrinha
Tinim ............................................ Folha da neve branca, cana-de-brejo
Peculé ............................................................................ Mariazinha
Tolu-tolu .................................................................... Papinho-de-peru
XANGO
Teté ........................................................................ Bredo sem espinhos
Orin-rin ............................................................................. Alfavaquinha
Odum-dum .................................................................. Folha da costa
Jacomijé ............................................................................. Jarrinha
Bamba......................................................................... Folha de mibamba
Alapá ............................................................................ Folha de capitão
Pepê ................................................................................... Folha de loko
Oicô ............................................................................... Folha de caruru
Xerê-obá ........................................................................... Chocalho de xangô
Oxé-obá ............................................................................. Birreiro
Monan ................................................................................ Parietária
Aferé................................................................................... Mutamba
Obô .................................................................................. Rama de Leite
Odidí ........................................................................... Bico-de-papagaio
Obaya ................................................... Beti-cheiroso - macho ou fêmea
OYA
Teté............................................................................ Bredo sem espinho
Orim-rim ...........................................................................Alfavaquinha
Odum-dum ....................................................................... Folha-da-costa
Jacomijé ........................................................................... Jarrinha
Afomam ................................................................ Erva-de-passarinho
Abauba ......................................................................Folha de imbaúba
Tepola ............................................................................. Pega pinto
Eregê............................................................................... Erva-tostão
Já .................................................................................... Capeba
Obayá ............................................................................. Beti-cheiroso
Piperégún ........................................................................Nativo
Ìróko ............................................................................... Folha de loko
Pepé ................................................................................. Malmequer
Teterégún ................................................................ Canela-de-macaco
Junça ........................................................................... Espada de Ògún
Adimum-ade-run ............................................................. Folha de fogo
Obe-cemi-oia............................................... Espada de Oyámésèèsán ro
Monan .............................................................................. Parietária
Bala......................................................................................... Taioba
Jamim..................................................................................... Cajá
Aferé ....................................................................................... Mutamba
Gunoco ..................................................................... Língua-de-galinha
Obô ................................................................................... Rama de leite
OXUM
Teté ..........................................................................Bredo sem espinhos
Orim-rim................................................................... Alfavaquinha
Odum-dum .............................................................. Folha da costa
Efim ......................................................................... Malva branca
Omim ....................................................................... Beldroega
Já ............................................................................. Capeba
Ìróko.......................................................................... Folha de loko
Pepe ................................................................. Malmequer branco
Teterégún ................................................................ Canela de macaco
Monan ...................................................................... Parietária
Jamin........................................................................ Cajá
Tolu-tolu.................................................................... Papinho de peru
Aferé.......................................................................... Mutamba
Eim-dum-dum ........................................................... Folha da fortuna
Obô ........................................................................... Rama de leite
Omin-ojú ................................................................... Golfo branco
Ilerin .......................................................................... Folha de vintém
YEMANJÁ
Teté........................................................................ Bredo sem espinhos
Orim-rim................................................................. Alfavaquinha
Odum-dum ............................................................ Folha da costa
Efim ....................................................................... Malva branca
Omim ..................................................................... Beldroega
Já ........................................................................... Capeba
Ìróko........................................................................ Folha de loko
Pepe ....................................................................... Malmequer branco
Teterégún ............................................................... Canela de macaco
Monan ..................................................................... Parietária
Jamin ...................................................................... Cajá
Tolu-tolu .................................................................. Papinho de peru
Aferé ....................................................................... Mutamba
Eim-dum-dum.......................................................... Folha da fortuna
Obô ......................................................................... Rama de leite
Omin-ojú ................................................................. Golfo branco
Ilerin......................................................................... Folha de vintém
OXALÁ
Teté....................................................................... Bredo sem espinhos
Orim-rim ............................................................... Alfavaquinha
Odum-dum ........................................................... Folha-da-costa
Ibim ...................................................................... Folha de bicho
Efim ...................................................................... Malva branca
Ilerim .................................................................... Folha de vintém
Omim ................................................................... Beldroega
Omim-ojú ............................................................. Golfo branco
Jacomijé................................................................ Jarrinha
Tinin .......................................... Folha de neve branca, cana-do-brejo
Pachorô ............................................................ Folha da costa branca
Monam ..............................................................Parietária
Jamim ...............................................................Cajá
Ori-dum-dum ....................................................Folha da fortuna
Aferê .................................................................Mutamba
Obô ...................................................................Rama de leite
Omim-ibá-ojú.....................................................Folha de leite
O Candomblé e a Umbanda
Não há semelhança. A começar pelas origens, o Candomblé é uma religião africana que existe desde os tempos mais remotos daquele continente, que é o berço da terra, de forma que se funde sua origem com os primeiros contatos de pessoas que lá chegaram, existem citações na teologia africana que Odudúwa era Nimrod, o conquistador caldeu primo de Abraão e neto de Caim, que foi designado por Olodumarè para levar a remissão e a palavra de Olurún (Deus) aos filhos de Caim
que, amaldiçoados, viviam na África. Este fato data de 1850 A.C., sendo que Caim pode ter vivido entre 2100 a 2300 A.C. - Oranian , neto de Odudúwa , viveu em 1500 e seu filho Xangô por volta de 1400.
As coincidências existentes nos rituais africanos, como a Kaballah hebraica, são imensas, e vem provar a tese da estreita ligação entre Abraão, pai dos semitas, e Odudúwa, (Nimrod) pai dos africanos. Isso pode ser constatado no relacionamento existente entre o símbolo de um elemental africano chamado Dan a serpente, e uma das 12 tribos de Israel, cujo nome é Dan, e seu símbolo, a serpente telúrica.
Citação que faremos adiante na Teologia Yorubana que fala da criação da terra. De uma forma básica, no Candomblé não existem "incorporações" de espíritos, pois os orixás, de quem sentimos força e vibrações, são energias puras da natureza, que não passaram pela vida, ou seja não são "entidades", mas elementais puros da natureza, criados por Olorún.
No Candomblé a consulta é feita através da leitura esotérico/divinatória do jogo de búzios (no Brasil), forma de leitura exclusiva do povo candomblecista, que trataremos em capítulo próprio, e o tratamento para cada caso, é feito com elementos da natureza, oriundos dos reinos vegetal, animal e mineral, através e ebós, oferendas, Orôs (rezas) e rituais africanos.
A Umbanda por sua vez, sem qualquer demérito a quem a pratica, pois se levada de uma forma séria e consciente tem seu mérito, valor e aplicação, é uma religião brasileira, que advém do sincretismo católico-fetichista, necessário em uma época de grande repressão das religiões africanas, em que era proibido o culto dos orixás na sua forma de origem, e esta adaptação se fez necessária, a partir desta premissa, a Umbanda começou tomar corpo, com algum conhecimento de alguns africanos no trato com seus ancestrais, que era comum a "incorporação" de algum ente falecido, por um elégún (aquele que é montado por) por motivos familiares.
É muito comum nos dias de hoje, Ilês que praticam Candomblé e Umbanda, porém em dias, horários e formas diferenciados, mas é uma atitude não compactuada, bem como a utilização do sincretismo com os santos católicos, pelas tradicionais Casas de Candomblé cujas raízes foram plantadas no Nordeste do país, mais precisamente em Pernambuco e na Bahia. A Umbanda por sua vez, a consulta é feita através de um médium "incorporado", e os "trabalhos" pelo espírito ali incorporado com seus elementos rituais.
Iniciação no Candomblé
No Brasil e em vários lugares do mundo existem milhares e milhares de pessoas que, maravilhadas pelo mistério dos Òrìsà, quer sejam descendentes de africanos, europeus, asiáticos ou de qualquer outra raça do planeta, acabam transpondo as portas da iniciação, surpreendidos pelo paradoxo de defrontar-se com crenças alicerçadas em rituais de rebuscada complexidade e ao mesmo tempo simples de entendimento na sua essência.
As cerimônias são alegres, coloridas, embaladas pelo som dos tambores nos quatro cantos do mundo, agregando pessoas de todas as camadas sociais; contudo, o aprendizado ritual e filosófico requer estudos sérios e contínuos, que acompanharão o iniciado pela vida afora.
Que mistérios são esse, ocultos em meio a lendas e ensinamentos de sabedoria ancestral? O que na verdade leva pessoas às mais diferentes tradições afro-descendentes, em busca da iniciação?
I - 1 - O que é Iniciação
Iniciar-se (popularmente no Brasil diz-se "fazer santo") é possibilitar através de rituais próprios que o lado divino da criatura transpareça; é libertar o Deus Interior que existe em cada ser humano,
permitindo-lhe vir a tona e provocar impulso irresistível capaz de conduzir a individualidade à realização pessoal, estabelecendo dessa maneira a mais perfeita comunhão possível com o Universo, com a Natureza, com o Criador, enfim, com a própria Vida, em seu pulsar infinito.
Corpo físico, mente e alma são ritualisticamente preparados para componentes da manifestação divina. Condições propícias são estabelecidas para que a memória ancestral possa florescer nos recessos do inconsciente, produzindo muitas vezes o transe, em suas mais variadas formas e também variados graus.
"Fazer santo" é nascer de novo, renascer como indivíduo mais forte, completo, potencialmente seguro, com melhores condições para, ao abandonar medos, traumas ou bloqueios, lançar-se inteiro na busca da realização pessoal.
I - 2 - Por que "fazer santo"?
Conhecer a si mesmo: pressuposto básico para a realização pessoal em todos os níveis.
Desde sua origem o ser humano anseia pelo encontro com o Infinito. Essa busca incansável frequentemente provoca verdadeiras batalhas que são travadas no interior do indivíduo, acompanhadas por sentimentos de angústia, ansiedade, inconformismo ou até mesmo desespero frente ao desconhecido ou ao irremediável: as fatalidades e incertezas do amanhã, o ciclo da vida, a morte. Todo esse processo destina-se a criação de ambiente propício ao tão sonhado encontro.
A história da humanidade espelha essa incansável busca de respostas aos enigmas da vida: Quem sou eu? De onde venho? Para onde vou? A felicidade é perseguida por todos, sendo muitas vezes um desejo alimentado pela incerteza: "Quero ser feliz, mas não sei bem o que é felicidade".
E o ser humano continua a colocar a própria felicidade longe de si mesmo, em circunstâncias exteriores: dinheiro, posição, poder, fama, ou na dependência de outras pessoas: "Se ele - ou ela - me amar, serei feliz".
Há milhares de anos, o nativo do continente africano já tinha os mesmos anseios: conhecer seu Deus, os mistérios do Universo, a origem da Vida. Olodumárè (o Criador), em sua Graça e Poder infinitos, permitiu-lhes conhecer a sabedoria do IFA (a revelação): a Criação do Universo e dos seres humanos, os princípios que regulam as relações entre Ilú Aiyé (a Terra) o Orún (mundo espiritual) e o conhecimento dos Òrìsa, divindades partícipes da Criação e intermediárias entre Deus (Olodumárè) e os homens.
Desenvolveram-se rituais iniciáticos para os mistérios dos Òrìsà, como forma de realizar o sagrado em si mesmo, ou seja, permitir que o Deus Interior, na figura de um ancestral divino, desperte em cada indivíduo e estabeleça a ponte com o Cosmos, tão necessária à realização pessoal, tornando-o assim capaz de fazer escolhas mais acertadas e consequentes em relação à vida e aos semelhantes, na construção da própria felicidade.
A compreensão clara de que destino é possibilidade e não fatalidade é a base dessa realização. O conhecimento das forças que regem o Universo e a Vida nas suas mais variadas formas e meios de manifestação, bem como dos princípios que regulam essa interação é o caminho da Iniciação.
I - 3 - Fazer santo: quem, quando e como?
O momento do chamado é diferente para cada pessoa.. Para alguns, uma doença difícil de ser curada: outros, as dificuldades do próprio caminho; outros ainda, buscam fugir às religiões tradicionais por concluírem que muitas delas estão tão voltadas para o dia a dia dos homens e
seus interesses imediatos que acabam fugindo à sua real finalidade: promover o encontro do ser com a Divindade, ampará-lo em suas dificuldades espirituais e consequentemente, também as materiais.
Alguns ainda são provenientes de outras religiões ou filosofias espiritualistas; finalmente, existem aqueles que simplesmente são tocados pelo Òrìsà, nos recessos da própria alma.
Muitos são descendentes de africanos, mas não é regra. Na África o culto está realmente ligado às famílias, mas no Brasil, principalmente a miscigenação, trouxe para toda a população a denominação afro-descendente.
A iniciação (feitura) propriamente dita acontece num período de reclusão que varia de sete a dezessete dias (embora alguns lugares adotem 21). Essa reclusão (recolhimento) ocorre nos Templos Religiosos conhecidos como Casas de Candomblé, em aposentos próprios para tal finalidade. Esse período é comparável a gestação na barriga da mãe; nesse aspecto, o aposento sagrado representa o ventre da própria mãe natureza. O neófito aprende os mistérios básicos das divindades e da Criação; os costumes da comunidade e os princípios que regulam as relações da família religiosa (hierarquia sacerdotal); as formas adequadas de comportamento nas cerimônias públicas e restritas. Conhecimentos acerca de seu próprio Òrìsà lhe são ministrados: a maneira adequada de cultuá-lo, suas proibições (ewò), as virtudes que deverão ser cultivadas e os vícios que deverão ser evitados para atrair influências benéficas e uma relação harmoniosa com a divindade pessoal.
I - 4 - O que pode mudar na vida do Iniciado
O Destino é dado a cada ser na forma de possibilidade, nunca como fatalidade. Desse modo, quem antes de voltar ao mundo escolheu por exemplo ser médico, ao renascer na Terra encontrará em seu caminho situações que o direcionem para essa profissão. Entretanto, isto não quer dizer que necessariamente venha a exercer a medicina. Ele pode a qualquer tempo mudar os rumos da própria vida através do exercício do livre-arbítrio (o que, aliás, é um conceito universal).
Cada qual constrói a própria história. Ocorre muitas vezes a pessoa acabar fazendo escolhas erradas e sofrendo consequências desastrosas. Pode ser fruto de um destino ruim, que exigirá tempo e determinação para ser superado. A dor transforma-se em companheira constante. Ligam-se a tudo isso os problemas do dia a dia (para não mencionar a situação difícil da sociedade contemporânea); o conjunto acaba provocando sentimentos de impotência frente aos obstáculos e encruzilhadas da vida, ou simplesmente solidão, carência de aconchego, de orientação, de coragem. Carência de fé.
O Òrìsà pessoal, nesse particular, pode influenciar e muito, prevenindo ou mesmo remediando tais situações, conferindo força e equilíbrio ao seu tutelado, restaurando-lhe as energias, estendendo-lhe proteção e orientando-o quanto ao melhor caminho a seguir.
Mas o indivíduo deve permitir que o Òrìsà atue de modo construtivo na sua própria vida. Òrìsà não representa problema no caminho de ninguém - pode significar a solução. Através do seu apoio divino o ser humano pode criar condições para vencer as barreiras internas e externas para a construção de um futuro melhor.
II. - Òrìsà
Etimologicamente ORI = Cabeça e SA = Guardião. ÒRÌSÀ, guardião da cabeça. Por extensão protetor, ou mesmo anjo guardião.
Os Òrìsà foram criados por Olodumaré (o Supremo Bem) juntamente com o Universo, assumindo papéis específicos em todo processo da Criação, manutenção e administração desse mesmo Universo. Representam também categorias espirituais que personificam fenômenos naturais ou geográficos como fogo, ar, terra, montanhas, rios, árvores, minerais etc.
Outro aspecto essencial para maior compreensão do termo está no processo de divinização de personagens históricos que contribuíram de forma admirável para a construção da civilização Iorubá, tais como reis, heróis, guerreiros, fundadores de cidades ou dinastias etc. Por seus feitos, ou por dominarem elementos da natureza, tais personagens perderam suas características humanas, transformando-se em Òrìsà.
Òrìsà é a energia presente de forma diferenciada em cada fenômeno da natureza, assim como nos seres humanos. Òrìsà é a energia pura que emana de cada ser.
O Impulso da Criação individualiza-se e compõe um Ori, possibilitando ao ser a experiência da vida. Cada ser é composto de Ori (cabeça), Emi (fluído vital, a respiração) e Ara (corpo físico). Mantendo essa ligação harmoniosa está o Òrìsà individual, a mesma energia a partir da qual o indivíduo foi criado. Assim, o ser humano possui a mesma natureza do seu Òrìsà, associada a um dos quatro elementos primordiais: Fogo; Água; Terra; Ar.
O conjunto que compõe a individualidade permanece coeso enquanto Olodumaré permitir; após isso seus componentes são dissociados, retornando à fonte comum.
II. - 2 - Òrìsà Pessoal
Necessário entender-se que Òrìsà pessoal é a força motriz predominante na composição da individualidade. Os elementos primordiais são fogo, ar, terra, água. O indivíduo no qual o elemento fogo é dominante estará ligado a um dos Òrìsà de natureza ígnea como Sangò, Esù, Obaluwaiyé, Oya; outro cuja força ascendente venha do elemento água terá ligação com uma das Ayaba (divindades femininas): Osun, Iemonja, Iyewá, Olokun e assim sucessivamente.
A trindade sagrado dos Iorubá é composta por Olodumaré (Deus Todo Poderoso), Orunmila (chamado a Testemunha do Destino, por estar presente no momento em que o indivíduo escolhe uma nova existência) e Òrìsà Nla (Orisalá), que ajudou Olodumaré na criação dos seres humanos.
Os três representam a essência de todas as coisas. Olodumaré não necessita de culto específico, pois tudo que existe e tudo o que é praticado ocorre através Dele mesmo, em Seu nome e em Sua Honra. A literatura sagrada do Ifa diz: "Quem é suficientemente bom para fazer oferendas para Olodumaré?"
Orunmila é a Segunda Pessoa de Olodumaré, chamado "a Testemunha do Destino", conhecedor dos caminhos reservados aos seres humanos e por isso mesmo cultuado como Òrìsà da adivinhação. Representa a Sabedoria Divina. É a própria Consciência Cósmica. Ensinou para a humanidade os meios de comunicar-se com os habitantes do Òrun (mundo espiritual). Tais meios caracterizam-se pelas tradicionais formas de oráculo: o Opele (jogo de Ifa), o Obi (jogo com fruto sagrado conhecido por noz de cola) e o Merindilogun (jogo com dezesseis búzios). A base desses sistemas divinatórios é a literatura (oral) sagrada, conhecida coletivamente como IFA. Assim, Orunmila é a divindade e IFA é o sistema, ou seja, o meio pelo qual a prática divinatória se processa.
É através do Ifa que pessoas recorrem a Orunmila e por extensão aos demais Òrìsà para solucionar seus problemas, esclarecer dúvidas ou decidir acerca de questões importantes (ou mesmo triviais) que considerem essenciais para seu próprio equilíbrio interior e exterior.
É também através do Ifa que o Òrìsà pessoal é revelado. No Brasil, particularmente o Merindilogun (jogo de búzios) é a forma oracular mais utilizada com essa finalidade.
Entretanto Orunmila, em sua infinita Sabedoria e Onisciência, comunica-se com os seres humanos pelos mais variados meios: sonhos, visões, intuições, coincidências peculiares (sincronismos); às vezes até uma palavra ou conselho que vem por intermédio de outra pessoa pode estar trazendo importante mensagem de Orunmila.
II. - 3 - Como cultuar o Òrìsà Pessoal
Existem formas distintas de render culto aos Òrìsà, que variam de situação para situação, Nação para Nação, Família para Família, de Templo para Templo e até mesmo de pessoa para pessoa.
O empresário excessivamente ocupado expressará sua fé de maneira diferente do garoto de dez anos que vive dentro do Templo religioso desde a mais tenra idade.
Entretanto, a forma mais tradicional diz respeito à iniciação. No Brasil o processo iniciático implica em cerimônias complementares feitas periodicamente, denominadas Renovações ou Obrigações, propiciando assim um culto metódico e equilibrado, percebido socialmente nos meios religiosos como correto e adequado.
É possível também cultuar-se as divindades mesmo na impossibilidade de iniciação através de oferendas (Ebo), presentes, orações (Adurà), louvações (Oriki), cânticos, danças ou até mesmo pela sacralização de objetos que representem o próprio Òrìsà (assentamentos).
É importante frisar que tais cerimônias de consagração, assim como as iniciações e obrigações posteriores, só podem ser realizadas por sacerdotes convenientemente preparados para ministrá-las e que tenham, por sua vez, cumprido regularmente suas próprias obrigações religiosas.
Outra forma de realização através do sagrado é o método de "alimentar a cabeça" (Bori), já que Ori representa a sede da alma e o repositório do destino individual. Em tais cerimônias o Ori é tratado como verdadeira divindade, visando o equilíbrio e harmonia da criatura. Os Òrìsà invocados durante o ritual de Borí são Iemanjá - a mãe das cabeças, e Osalá - considerado o pai da humanidade.
Cultuar os Òrìsà é expressar a própria fé. O ser humano, através do contato com seus semelhantes ao redor de crenças comuns, nos momentos de adoração, sente-se fortalecido, alinhado com a Ordem das Coisas, partícipe da Vida e em sintonia com ela.
Individualmente podemos vivenciar o poder e o alcance de nossas crenças, mas é coletivamente que as demonstramos com maior rigor e euforia. Juntamo-nos para implorar aos Céus e ao Infinito e ele nos responde, na presença dos Òrìsà, que regressam momentaneamente, manifestados em seus filhos iniciados, seus Elegun, distribuindo bênçãos e dádivas aos presentes e ao Mundo inteiro.
III. - Candomblé
África. Comprovadamente o berço da humanidade por ter sido encontrado naquele continente o mais antigo fóssil humano. A religião dos Òrìsà originou-se em solo africano num período de quatro a seis mil anos atrás.
Brasil. Dia 22 de abril de 1500. Descobrindo uma nova terra de dimensões continentais, o colonizador europeu tratou logo de explorá-la. A partir de 1540 aportaram neste país contingentes
de seres humanos reduzidos a mísera condição de escravos, agressão sofrida por todo um povo e tratada retoricamente por pesquisadores pelo termo "diáspora".
Homens e mulheres que trouxeram consigo suas tradições religiosas milenares. Negros de diferentes etnias e crenças foram colocados juntos na mesma senzala, passando a conviver em situações muitas vezes precárias, tendo que abandonar antigas rixas coletivas ou individuais, por força das circunstâncias. Senhores de escravos, apostando na manutenção das antigas diferenças como fator de desagregação (até porque muitas vezes diziam respeito a questões de guerras tribais), permitiam que os negros se reagrupassem de acordo com suas origens étnicas para cantar e dançar, em suas línguas nativas, acreditando assim desestimular quaisquer tipos de associações que possibilitassem fugas ou levantes.
Mas a desgraça comum acabou por unir os povos escravos através da solidariedade. Inimigos históricos deixaram de lado suas diferenças. Surgiram as primeiras trocas de informações comparando divindades e suas maneiras de culto, através de semelhanças e desigualdades. Para propiciar a continuidade de suas crenças, adaptações fizeram-se necessárias. Surgiram as primeiras alforrias, a princípio amparadas em Lei que garantia ao escravo a liberdade desde que conseguisse restituir ao senhor a quantia que havia lhe custado.
Mulheres escravas dos grupamentos urbanos tinham melhores condições para juntar o dinheiro necessário; faziam quitutes que eram vendidos ou prestavam serviços que eram remunerados. Por sua vez a Igreja, que havia fechado os olhos para a escravatura adotou um papel evangelizador em relação aos negros, que passaram a ter alma. Nasciam assim as primeiras irmandades de escravos (as), como por exemplo a Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, existente até hoje. Essas confrarias arrecadavam fundos para alforriar negros.
Três princesas africanas, dentro desse processo e à sombra da Igreja, fundaram o 1º Candomblé do Brasil em Salvador (BA), há mais de quatrocentos anos atrás, conhecido com "Engenho Velho".
As cerimônias eram feitas ao ar livre, onde escravos cantavam e dançavam em louvor às suas divindades. Tais reuniões eram chamadas de kan-Dom-b-le, palavra kibundo (originou o termo candomblé), que significa festa ou reunião de negros.
Posteriormente descendentes desses primeiros escravos, já adaptados à nova terra, introduziram modificações nas várias maneiras de culto trazidas da África.
As trocas culturais foram sendo paulatinamente assimiladas por todos e mesmo mais tarde, quando puderam reorganizar-se em grandes grupos pela etnia de origem já não era possível separar adequadamente os rituais, preceitos e muitas palavras utilizadas dentro das cerimônias religiosas.
Grupos de cultura mais aparelhada ou simplesmente maior contigente humano passaram a exercer influência dominante. Chamamos essa divisão pelo termo "Nação". Assim temos, de influência notadamente Iorubá a Nação Ketu; de influência Ewe-Fon a Nação Gêge; de influência Banto, a Nação Angola etc.
Importante notar que mais atualmente observa-se a importação direta da África de formas de culto e valores religiosos, restabelecendo o contato com a religião tradicional dos Òrìsà.
Grupos dividiram-se em Nações, Nações dividiram-se novamente, originando as Famílias de Ase, verdadeiros Clãs religiosos. Como exemplo temos a Casa Branca, o Gantois, o Opo-Afonja, a Casa de Osumarè, pertencentes a Nação Ketu e sediados em Salvador (BA).
Famílias geraram descendentes (ramificações) que fundaram novas casas por todo território nacional, notadamente Rio de Janeiro e São Paulo. São Bábàlorisa e Iyálorisa filhos, netos, bisnetos e tataranetos das casas matrizes.
Houve também grupos que radicaram-se em outras regiões do território nacional, como o Maranhão (Tambor de Mina) e o Rio Grande do Sul (Batuque).
Todo iniciado tem Pai ou Mãe espirituais; por sua vez, esse Pai ou essa Mãe também possui um iniciador (sacerdote ou zelador) ou iniciadora (idem) e assim, sucessivamente, até chegar-se à raiz da Família, isto é, à Casa Matriz: a raiz do Asè.
Ninguém se faz sozinho, ou muito menos "já nasce feito". Todos precisam transpor os portais da iniciação (feitura), levados pelas mãos de um iniciador ou iniciadora (pai ou mãe espirituais), para fazer parte integral da organização religiosa e social do Candomblé.
Cada Elegun (iniciado) deve conhecer suas raízes, para poder valorizá-las e também ser valorizado. Dar conhecimento da formação genealógica da Família espiritual é obrigação de todo sacerdote para com seus filhos espirituais.
Essa foi a herança cultural e religiosa recebida pelos afro-descendentes. Nasceu uma religião original, verdadeiramente brasileira, perfeitamente integrada à nova terra.
África continua sendo o berço da religião tradicional dos Òrìsà; Brasil e outros lugares do mundo, a sua continuidade, como se constituíssem o tronco e ramos de uma mesma árvore.
IV. - Hierarquia Sacerdotal
Degraus da Iniciação
A estrutura social do candomblé lembra as famílias antigas, matriarcais ou patriarcais. Existe toda uma escala de valores relativamente às tarefas desempenhadas na comunidade, sendo que os indivíduos (membros) poderão ou não galgar posições de maior status ou responsabilidade, baseando-se em fatores diversos, notadamente a antiguidade.
A escala linear estratifica-se da seguinte forma:
ABIYAN = aspirante, aquele que embora frequente a casa, ainda não recebeu os sacramentos da iniciação.
IYAWO = termo utilizados relativamente aos iniciados passíveis de ocorrer o fenômeno chamado transe. Primeiro degrau da hierarquia religiosa, esse estágio estende-se por no mínimo sete anos, apresentando graduações: Odu Ora- iyawo que realizou obrigação de 1 ano; Osu Meta - iyawo que realizou obrigação de três anos. Algumas casas também demarcam a obrigação de 5 anos -Odu Keta.
EGBON = iniciado que completou a obrigação de sete anos. Essa obrigação representa a maioridade dentro da hierarquia religiosa.
OLOYE = aquele que possui Oye (cargo); iniciado com mais de sete anos (Egbon) que recebeu funções de comando ou responsabilidade (Oye) dentro da própria Casa ou Família de Ase. Tais funções são equivalentes aos antigos cargos tribais. Obs: o termo aplica-se também a Ogã e Ekedi, sendo que nesse, caso, muitas vezes o Oye é atribuído já na iniciação.
OGÃ/ EKEDI = cargos civis dentro da hierarquia. A particularidade é que são homens (ogã) e mulheres (ekedi) não passíveis de transe. São Oloye, sendo comum receberem suas responsabilidades específicas (Oye) já no momento da iniciação.
BÁBÀLORISA ou IYÁLORISA = necessariamente são os iniciados com obrigações de sete anos já completas (Egbon) que dispõem de condições materiais e espirituais (além de profundo conhecimento ritual) para fundar uma nova Casa e iniciar outras pessoas.
V - Formação espiritual do iniciado
Degraus da Iniciação
A formação espiritual do iniciado nos mistérios do Òrìsà na verdade é contínua, começando no momento em que a pessoa abraça a religião e terminando com a sua morte.
O Candomblé possui enorme cabedal de informações que são transmitidas oralmente, o que dificulta bastante seu aprendizado. Não existem demarcações claras entre um ponto e outro a ser assimilado, despendendo o iniciado bastante tempo e raciocínio para recompor os ensinamentos que lhe chegam fragmentada e desordenadamente.
A título de sugestão, fica aqui um roteiro básico, o qual pode ser útil para possibilitar uma trajetória mais tranquila e harmoniosa pelo postulante nos caminhos da iniciação.
1º Ano da Iniciação: conhecer as raízes do seu Ase; aprender canto e dança rituais; conhecer as divisões hierárquicas e os Espaços Sagrados da sua própria Casa de Ase.
2° Ano da Iniciação : aprimorar canto e dança; aumentar conhecimentos dos diferentes Òrìsà cultuados pela Família e pela Casa; culinária ritualística.
3° Ano da Iniciação : aprimorar canto e dança; aprimorar conhecimento dos Òrìsà, especialmente histórias e lendas (literatura do Ifa); aprimorar cozinha ritual e oferendas votivas.
4° Ano da Iniciação : os itens do ano anterior, acrescentando-se aprofundamento nas cerimônias públicas e trato com os Òrìsà manifestados.
5° Ano da Iniciação : Incluir aspectos ligados aos Quartos Sagrados e Igba-Òrìsà (assentamentos).
6° Ano da Iniciação : incluir aprofundamento no conhecimento de ervas litúrgicas e medicinais e o uso delas no Candomblé.
7° Ano da Iniciação : assuntos dos anos anteriores, acrescentando-se a confecção e manuseio dos apetrechos e materiais sagrados utilizados no Quarto de Òrìsà.
8° Ano da Iniciação em diante : aqui os destinos se dividem. Os Egbon que receberam Oye (cargo dignatário) terão tarefas específicas a aprender e executar; aqueles poucos destinados a fundar novas Casas de Ase deverão rever todo o conhecimento adquirido, acrescentando-se o destinado aos Oloye e os mistérios da Iniciação, Renovações (obrigações) e Asese (ritos funerários).
Importante ter em mente que estudo e dedicação são imprescindíveis a partir do momento da iniciação, sendo mais necessário adotar-se uma postura real de busca e aprendizado do conhecimento religioso, do que propriamente um roteiro para fazê-lo.
VI - Apêndice : Oloye
OLOYE = literalmente "aquele que possui ou recebeu um Oye", ou seja, um cargo dignatário.
OYE = cargo dignatário, equivalente aos antigos cargos tribais, necessários à segurança, organização e manutenção da vida em comunidade.
Os Oloye compõem o segundo escalão de comando na Casa de Candomblé. Importante salientar-se que Cargo (Posto) acima de tudo significa responsabilidade, não implicando necessariamente em autoridade. Antes de tudo representa a confiança que o Sacerdote e toda a Comunidade depositaram naquela pessoa, sempre a partir do consentimento ou determinação dos Òrìsà.
Cabe aos Oloye esforçarem-se sobremaneira para honrar essa confiança, lembrando-se sempre de que respeito deve ser conquistado, nunca exigido por simples imposição. O melhor alvitre continua sendo "respeitar para ser respeitado", seja o Oloye Ogã, Ekedi ou Egbon.
Alguns Oye relativos a Egbon
Bábàlorisa ou Iyálorisa = sacerdote ou sacerdotisa. É a autoridade máxima dentro da hierarquia, aquele ou aquela que é responsável pela vida religiosa de toda a comunidade. Procede iniciações, sejam de iyawo, ogã ou ekedi; atribui Oye; oficializa todas as obrigações posteriores à iniciação e realiza os ritos funerários quando ocorre o falecimento de qualquer iniciado, especialmente aqueles descendentes da sua própria Família ou iniciados por suas próprias mãos.
Iyámoro = sacerdotisa responsável pelas cerimônias rituais do Ipadè (invocação aos ancestrais).
Iyágbàíngena = auxiliar direta da Iyámoro.
Iyáojugbonan = sacerdotisa responsável pela criação dos iyawo no Quarto de Òrìsà.
Bábàlase ou Iyálase = sacerdote auxiliar direto do Bábàlorisa ou Iyálorisa. Responsável pelo Ase.
Bábàkekere ou Iyákekere = sacerdote auxiliar direto do bábàlorisa ou Iyálorisa. Pai pequeno ou Mãe pequena.
Iyádagán = responsável pelos preceitos do Òrìsà Esù.
Oye relativos a Ogã
Asogun = aquele que realiza os sacrifícios rituais.
Olosogun = auxiliar do Asogun.
Alagbé = aquele que toca os atabaques (tambores).
Ilémosò = guardião, realiza ritos específicos dentro do culto do Òrìsà Ogyian.
Oye relativos a Ekedi
Iyáomoniye = cuida das tarefas referentes aos iniciados dentro e fora do quarto de Òrìsà.
Iyáoloye = semelhante a Iyáomoniye. Possui também atribuições específicas relativas aos Oloye.
Iyásingè = responsável pela cozinha ritual.
Quadro comparativo entre Candomblé, Umbanda e Espiritismo
Candomblé = religião brasileira, de origem africana, que cultua as forças da natureza divinizadas (Òrìsà) e os antepassados.
Umbanda = religião eminentemente nacional, mescla elementos de espiritismo, de candomblé, de catolicismo e crenças indígenas. Ligada a ancestralidade brasileira (índios e caboclos).
Espiritismo = segundo a definição de seu criador Allan Kardec, trata-se de uma "Doutrina filosófica com consequências religiosas". Surgida na França, no século XVIII; também conhecido como Kardecismo ou popularmente "mesa branca".
Pontos comuns dessas três correntes espiritualistas : a crença num Deus único, existência de vida extra-corpórea (vida espiritual) e possibilidade de retorno a vida material (reencarnação).
Algumas Palavras em yorubá:
Os Animais
Abô e Oubikó = carneiro
Coquém e Sacuê = galinha d'angola.
Adié = galinha.
Uabaodié = galinha, galo.
Malu = boi.
Aban-malu = vaca.
Ifé e Olofu = gato.
Akokorô = galo.
Pekeié e Apepeié = pato.
Exie atabexi = cavalo.
Patapá = burro.
Ajaú e Adiaia = cachorro
Eran e Abô = carneiro.
Aledá e Ledé = porco.
Agutan = ovelha.
Euré = cabra.
Taleu-taleu = peru.
Ajapá e Logozé = cágado.
Adjiniju = elefante.
Ouê-êyá = rabo grande.
Koji = leão.
Zamba = elefante.
Xenimi e xenifidam = sapo.
Abô-agutam = ovelha.
Oguri = peixe.
Eiyele = pombo.
Alodé = periquito.
Ohá e Dudô = macaco.
DO CORPO HUMANO
Ará = corpo.
Ory = cabeça.
Ipakó = nuca.
Etu = orelha.
Imum = nariz.
Iban = queixo.
Irun = cabelo.
Irun-ban = barba e bigode.
Efin = dente
Eeté = lábios.
Apá = braço.
Qué = mão.
Esse e Alessé = pé.
Itankó = coxas.
Idi-cu = ânus.
Kitaba e Ebeu = vagina.
Éepã = testículo.
Ogungum = osso.
Enum = boca.
Erã e Ancê = carne.
Ejé = Sangue.
Euú e oju = olhos.
Okan = coração.
Eigiká = ombros.
Obó = nádegas.
Akô = macho.
Abam = fêmea.
Mulembu = dedo.
Rivenum = barriga.
UTENSÍLIOS
Ilê = casa.
Ajaké e Tapacê = mesa.
Jajá = esteira.
Egui = carvão.
Nlê = teto.
Anda = rede.
Tainguém = mesa.
Tânta-laiá = lâmpada, luz, clarão.
Jará = quarto.
Aputi = banco.
Ilê-ageun = cozinha.
Cumbaú = cama.
Idiôçu = cadeira.
Ajeké-neulune = fogão.
Teçu = candieiro de querosene.
Odu-ikekê = panela grande.
Itá = travessa, tigela de louça vidrada.
Obé-farÁ = faca tridente ou garfo tridente ou lança tridente.
Ikkô = panela.
Obé = faca.
Oberó = alguidar.
Obé-nuxo-inxó = faca de ponta
FAMÍLIA
Babá-nla = avó, patriarca.
Babassá = irmão gêmeo.
Aua-mete = tio.
Okorim = esposo, marido.
Yá-lé = mulher favorita.
Omâm omoborim = filho.
Babá = pai.
Bi-egun = viúva.
Okebiã = noivo.
Obirim = esposa, mulher.
Mô-obirim e obirim-mim = minha mulher.
Exi omobirim = filha.
Ya-nla = avó.
Muturi = viúva.
Yá = mãe.
Ikobassu = solteiro.
Oko-Okorim = homem.
Ô-madê = menino.
Tata-mete = primo.
Okuamuri = casado.
VESTUÁRIO
Axó = roupa.
Ubatá = sapato.
Abatá e batá = sapatos.
Filá = gorro, capuz de Obaluayê.
Akêtê = chapéu.
Ojá = fita, faixa.
Peké-pe'é = chapéu-de-sol.
Axó-dudu = roupa suja.
Abadê = toalha.
BEBIDAS
Omim = água.
Otin-nibé = cerveja.
Otin-dudu = vinho tinto.
Otin-fum-fum = aguardente.
Oin = mel
Aluá = Brasil, refresco feito de rapadura com casca de abacaxi ou tamarindo.
Xeketé = milho e gengibre.
emeium = feito com epô.
furá = feito com diversas frutas
OUTROS VOCÁBULOS MUITO USADOS
- A -
Adó = comida feita com pipocas em grão e epô.
Abá = pessoa idosa, velho.
Abadá = blusão usado pelos homens africanos.
Abadó = milho de galinha.
Abará = nome de uma comida de origem africana.
Abébé = leque.
Abiodum = um dos Obá da direita de Xangô.
Adê = coroa.
Adetá = Oriki, nome sacerdotal.
Adun = comida de Oxun, milho pilado, azeite dendê e mel.
Afonjá = uma qualidade de Xangô.
Agboulá = nome de um Egun.
Agôgô = instrumento musical feito de ferro.
Ayabá = orixá feminino, senhora idosa.
Aiê = o mundo terrestre.
Airá = uma qualidade de Xangô.
Ajá = campainha, sino.
Ajimudá = título sacerdotal.
Akôrô = uma das invocações e dos nomes de Ogun.
Aku = obrigação funerária.
akukó = galo.
Alá = espécie de pano branco.
Alabá = nome de um sacerdote do culto aos ancestrais.
Alabê = tocadores de atabaque.
Alafiá = felicidade; tudo de bom.
Alafin = invocação de Xangô: nome do rei de Oió - Nigéria.
Alapini = nome sacerdotal do culto aos ancestrais.
Alasê = cozinheira.
Alé = noite.
Apaoká = uma jaqueira que tem esse nome no Axé Opô Afonjá.
Aramefá = conselho de Oxossi, composto de seis pessoas.
Aré = nome do primeiro Obá de Xangô.
Ararekolê = como vai?
Aressá = um dos Obá da esquerda de Xangô.
Ariaxé = banho na fonte no início das obrigações.
Arô = nome que se dá ao par de chifres de boi usado p/ chamar Oxossi.
Arôlu = nome de um dos Obá da direita de Xangô.
Assobá = sumo sacerdote do culto de Obaluaiyê.
Ati = e (conjunção).
Atori = vara pequena usada no culto de Oxalá.
Auá = nós.
Anon = eles.
Axedá = oriki, nome sacerdotal.
Axo = roupa.
Axogun = o encarregado dos sacrifícios.
A-ian-madê = como vão os meninos?
Adupé-lewô-olorun = graças a Deus por ter conservado minha vida e a minha saúde até hoje.
Alabaxé = o que põe e dispões de tudo.
Alayê = possuidor da vida.
Axé = força espiritual e também a palavra amém.
Ayê = céu.
Agô = licença.
Am-nó = o misericordioso.
Aba-laxé-di = cerimônia da feitura do santo.
Axexê = cerimônia fúnebre do sétimo dia.
Amadossi d'Orixá = cerimônia do dia do santo dar o nome.
Amacy no ori = cerimônia de lavar a cabeça com ervas sagradas.
Aiê = terra, festa do ano novo.
Ataré = pimenta da costa.
Amalá = comida feita de quiabo com ebá - angú de farinha.
Abará = bolo feito com feijão e frito no epô.
Akará = bolo feito com feijão fradinho, pimenta, camarão seco e frito no epô.
Akarajé = o mesmo que o Akará.
Afurá = bolo feito com arroz.
Ambrozó = feito de farinha de milho.
Abân = coco.
Ajé = sangue.
Ajeun = comida.
Aguxó = espécie de legumes.
- B -
Babá = pai.
Babalaô = sacerdote, pai do ministério, aquele que faz consultas através do jogo.
Badá = título sacerdotal.
Baiani = orixá considerada mãe de Xangô.
Balé = chefe de comunidade.
Balué = Banheiro.
Bamboxê = sacerdote do culto de Xangô.
Bé = pular, pedir.
Beji = orixá dos gêmeos.
Bi = nascer, perguntar.
Bibá = está aceito.
Bibé = está seco.
Biuá = nasceu para nós.
Biyi = nasceu aqui, agora.
Bó = adorar
Bô = cobrir.
Bobô = todos.
Bodê = estar fora.
Bóri = oferenda a cabeça.
Borogun = Oriki, aquele que adora Ogun, saudação da família.
- D -
Dagan = titulo sacerdotal.
Dagô = dê licença.
Dê = chegar.
Deiyi = chegou agora.
Dodô = banana da terra frita.
Durô = esperar.
- E -
Ebá = pirão de farinha de mandioca ou inhame.
Ebé = sociedade.
Ebô = comida feita de milho branco, especial para Oxalá.
Ebo = sacrifício ou oferenda.
Edun = nome próprio.
Egun = espírito ancestral.
Eie = pombo.
Ejé = sangue.
Ejilaeborá = nome que se dá às doze qualidades de Xangô.
Ejionilé = nome de um Odu, jogo do orixá ifá.
Ekó = comida feita com milho branco ou de galinha; acaça.
Eku = preá.
Elebó = aquele que faz o sacrifício.
Eledá = orixá, guia, criador da pessoa.
Elemaxó = título de um sacerdote no culto de Oxalá.
Elerin = um dos Obá da esquerda de Xangô.
Elessé = que está aos pés, seguidor.
Êpa = amendoim.
Éran = carne.
Êrê = as esculturas do orixá beji (dos gêmeos).
Eru = carrego.
Erúkéré = emblema feito com cabelo de animais, usado por Oxossi, Oyá, Egun e pessoas importantes do culto.
Etu = conquém.
Euá = nome de um orixá.
Exu = nome de um importante orixá erradamente associado ao diabo católico.
- F -
Fatumbi = título de um sacerdote de ifá.
Filá = gorro.
Fun = dar.
Funké = nome sarcedotal.
- G -
Gan = outro nome do agogô.
- I -
Iangui = nome do rei dos Exu.
Ianlé = as partes da comida que são oferecidas ao orixá.
Iansan = orixá patrono dos ventos, do rio Niger e dos relâmpagos.
Ibá = cuia.
Ibi = aqui.
ibiri = objeto de mão, usado pela orixá Nanã, feito em palha, couro e contas.
Ibó = lugar de adoração.
Ibô = mato.
Iemanjá = orixá patrono das águas correntes.
Ijexá = nome de uma região da Nigéria e de um toque para orixá Oxum, Oxála e Ogun.
Iká = modo de deitar-se das pessoas de orixá feminino, para saudação.
Iku = morte.
Ilê = casa.
Ilé = terra.
Inã = fogo.
Ipeté = inhame cozido, pisado, temperado com camarão seco, sal, azeite de dendê e cebola.
Irê = bondade.
Iuindejà = título sacerdotal.
Iuintonã = título sacerdotal.
Ixu = inhame.
Iyá = mãe.
Iyabasé = cozinheira.
Iyalaxé = mãe do axé do terreiro.
Iyalodé = um alto título, líder entre as mulheres.
Iyalorixá = Zeladora do culto, mãe do orixá.
Iyamasê = orixá da casa de Xangô.
Iyamorô = título de uma sacerdotisa do templo de Obaluaiyê.
Iyaô = nome dos iniciados antes de sete anos de iniciação.
- J -
Ji = despertar
Jinsi = título sacerdotal.
Jô = dançar.
Jobi = título sacerdotal.
Joé = aquele que possui título.
- K -
Kaiodé = nome de uma sacerdotisa de Oxossi.
Kan = um (número cardinal).
Kankanfô = um dos obá da direita de Xangô.
Kefá = sexto número ordinal.
Kejilá = décimo segundo ( numero ordinal ).
Kekerê = pequeno.
Ketà = terceiro (nº. ordinal ).
Kolabá = nome de uma sacerdotisa do culto de Xangô.
Kopanijê = um toque especial do orixá Obaluaiyê.
Koxerê = que seja feliz, e que tudo de bom aconteça.
Labá = bolsa de couro usada no culto de Xangô.
- L -
Lara = no corpo.
Lê = forte.
Lessé = aos pés (lessé orixá - seguidores do orixá).
Ló = ir.
Lodê = lado de fora; lá fora.
Lodô = no rio.
Logun = pessoa que pertença ao orixá Ogun.
Logunedé = nome de um orixá.
Loná = no caminho.
- M -
Mariô = tala do olho do dendezeiro desfiada.
Modê = cheguei.
Mogbá = título de um sacerdote do culto de Xangô.
Mojubá = apresentando meu humilde respeito.
- N -
Nanã = nome da orixá, mãe de Obaluaiyê.
Nilê = na casa.
- O -
Obá = rei , ministro de xangô.
Obaluaiyê = nome do orixá patrono das doenças epidêmicas.
Obarayi = nome de uma sacerdotisa filha de Xangô.
Obatalá = uma qualidade de Oxalá.
Obatelá = nome de um dos obá da direita de Xangô.
Obaxorun = nome de um dos obá da esquerda de Xangô.
Obi = fruto africano utilizado nos rítuais.
Obitikô = Xangô.
Oburô = alto título da hierarquia do culto.
Odê = fora, rua.
Odé = caçador; nome que também é dado ao orixá Oxossi.
Odi = nome de um odu, jogo de ifá.
Odô = rio.
Odófin = nome de um dos obá da direita de Xango.
Odu = a posição em que caem os búzios ou o opelé ifá quando consultados.
Oduduá = orixá criador da terra.
Ofun = nome de um odu.
Ogã ou Ogan = nome dos homens escolhidos p/ participar do terreiro.
Ogodô = uma qualidade de Xangô.
Oguê = instrumento de percussão feito de chifres de boi.
Ogun = orixá patrono do ferro, do desbravamento e da guerra.
Oin = mel.
Oiakebê = nome de uma sacerdotisa de Iansan.
Ojá = ornamento feito com tira de pano.
Ojé = sacerdote do culto de Egun ou Egungun.
Ojó = dia da semana.
Oju = rosto.
Ojubó = lugar de adoração.
Oké = título sacerdotal.
Okê-Arô = saudação para Oxossi.
Okó = marido.
Okô = roça, fazenda.
Okunlé = ajoelhar-se.
Olelé = bolo feito com feijão fradinho; abará.
Olodê = o senhor da rua, do espaço, de fora.
Olorôgun = festa de encerramento do terreiro antes da quaresma.
Olorum = entidade suprema, força maior, que está acima de todos os orixá.
Olouô = homem rico; senhor do dinheiro.
Oluá = senhor.
Oluayê = senhor do mundo
Olubajé = cerimônia onde Obaluaiyê reparte sua comida com seus filhos e seguidores.
Olukotun = o nome do ancestral mais velho, cabeça do culto de Egun.
Oluô = o olhador, o que joga os búzios e o opelé ifá.
Omi = água.
Omo = filho, criança.
Omolu = um dos nomme de Obaluaiyê.
Omõrixá = filho de orixá.
Onã = caminho.
Onãsokun = um dos obá da esquerda de Xangô.
Onìkòyi = um dos obá da esquerda de Xangô.
Onilé = dona da terra.
Onilê = dona da casa.
Opaxorô = emblema de Oxalá.
Opô = pilastra.
Ori = cabeça.
Orô = preceito, costume tradicional.
Orobô = fruta africana que se oferece a Xangô.
Orukó = nome próprio.
Ossãin = orixá patrono das ervas (folhas).
Osé = semana; rito semanal.
Ossi = esquerda, ou a terceira pessoa de um cargo.
Ossá = nome de um odu ifá
Otin = aguardente.
Otun = direita, ou segunda pessoa de um cargo.
Ouô = dinheiro.
Oxaguiã = uma qualidade de Oxalá relacionado com o inhame novo.
Oxalá = o mais respeitado, o pai de todos orixás.
Oxalufã = ums qualidade de Oxalá; Oxalá velho.
Oxé = sabão da costa africana.
Oxossi = orixá patrono da floresta e da caça.
Oxoxö = milho cozido com pedaços de coco; comida do orixá Ogun.
Oxum = uma das orixás das águas.
Oxumarê = nome do orixá relacionado ao arco-íris.
- P -
Pá = matar.
Padê = encontrar.
Pê = chamar.
Peji = altar.
Pelebé = pato.
Pepelê = banco.
Peté = Comida exclusiva de Oxun.
- S -
Sarapebé = mensageiro.
Si = para.
Sòrò = falar.
Sun = dormir.
- T -
Tanã = vela, lâmpada, fifo.
Teni = nome sacerdotal.
Tô = suficiente, basta.
- U -
Uá = vir.
Umbó = está vindo, está chegando.
Unjé = comida.
Uô = olhar, reparar.
- X -
Xangô = orixá relacionado com o fogo, o raio o trovão.
Xaorô = pequenos guizos
Xarará = emblema do orixá Obaluaiyê.
Xê = fazer.
Xekeré = cabaça revestida com contas de Santa Maria ou búzios.
Xerê = chocalho especial para saudar Xangô, em cabaça com cabo ou em cobre.
Xirê = festa, brincadeira.
Xokotô = calças.
Xorô = fazer ritual.
O CULTO DOS EGUNS NO CANDOMBLÉ
Os negros iorubanos originários da Nigéria trouxeram para o Brasil o culto dos seus ancestrais chamados Eguns ou Egunguns. Em Itaparica (BA), duas sociedades perpetuam essa tradição religiosa.
(Revista Planeta n.º 162 - março 86)
Os cultos de origem africana chegaram ao Brasil juntamente com os escravos. Os iorubanos - um dos grupos étnicos da Nigéria, resultado de vários agrupamentos tribais, tais como Keto, Oyó, Itexá, Ifan e Ifé, de forte tradição, principalmente religiosa - nos enriqueceram com o culto de divindades denominadas genericamente de orixás. (1 - Por motivos gráficos e para facilitar a leitura, os termos em língua yorubá foram aportuguesados. Ex.: orisá = orixá.)
Esses negros iorubanos não apenas adoram e cultuam suas divindades, mas também seus ancestrais, principalmente os masculinos. A morte não é o ponto final da vida para o iorubano, pois ele acredita na reencarnação (àtúnwa), ou seja, a pessoa renasce no mesmo seio familiar ao qual pertencia; ela revive em um dos seus descendentes. A reencarnação acontece para ambos os sexos; é o fato terrível e angustiante para eles não reencarnar.
Os mortos do sexo feminino recebem o nome de Iami Agbá (minha mãe anciã), mas não são cultuados individualmente. Sua energia como ancestral é aglutinada de forma coletiva e representada por Iami Oxorongá, chamada também de Iá Nlá, a grande mãe.
Esta imensa massa energética que representa o poder de ancestralidade coletiva feminina é cultuada pelas "Sociedades Geledê", compostas exclusivamente por mulheres, e somente elas detêm e manipulam este perigoso poder. O medo da ira de Iami nas comunidades é tão grande que, nos festivais anuais na Nigéria em louvor ao poder feminino ancestral, os homens se vestem de mulher e usam máscaras com características femininas, dançam para acalmar a ira e manter, entre outras coisas, a harmonia entre o poder masculino e o feminino (veja a lenda sobre Odu).
Além da Sociedade Geledê, existe também na Nigéria a Sociedade Oro. Este é o nome dado ao culto coletivo dos mortos masculinos quando não individualizados. Oro é uma divindade tal qual Iami Oxorongá, sendo considerado o representante geral dos antepassados masculinos e cultuado somente por homens. Tanto Iami quanto Oro são manifestações de culto aos mortos. São invisíveis e representam a coletividade, mas o poder de Iami é maior e, portanto, mais controlado, inclusive, pela Sociedade Oro.
Outra forma, e mais importante de culto aos ancestrais masculinos é elaborada pelas "Sociedades Egungum". Estas têm como finalidade celebrar ritos a homens que foram figuras destacadas em suas sociedades ou comunidades quando vivos, para que eles continuem presentes entre seus descendentes de forma privilegiada, mantendo na morte a sua individualidade. Esse mortos surgem de forma visível mas camuflada, a verdadeira resposta religiosa da vida pós-morte, denominada Egum ou Egungum. Somente os mortos do sexo masculino fazem aparições, pois só os homens possuem ou mantém a individualidade; às mulheres é negado este privilégio, assim como o de participar diretamente do culto.
Esses Eguns são cultuados de forma adequada e específica por sua sociedade, em locais e templos com sacerdotes diferentes dos orixás. Embora todos os sistemas de sociedade que conhecemos sejam diferentes, o conjunto forma uma só religião: a iorubana.
No Brasil existem duas dessas sociedades de Egungum, cujo tronco comum remonta ao tempo da escravatura: Ilê Agboulá, a mais antiga, em Ponta de Areia, e uma mais recente e ramificação da primeira, o Ilê Oyá, ambas em Itaparica, Bahia (veja quadro histórico).
O Egum é a morte que volta à terra em forma espiritual e visível aos olhos dos vivos. Ele "nasce" através de ritos que sua comunidade elabora e pelas mãos dos Ojé (sacerdotes) munidos de um instrumento invocatório, um bastão chamado ixã, que, quando tocado na terra por três vezes e acompanhado de palavras e gestos rituais, faz com que a "morte se torne vida", e o Egungum ancestral individualizado está de novo "vivo".
A aparição dos Eguns é cercada de total mistério, diferente do culto aos orixás, em que o transe acontece durante as cerimônias públicas, perante olhares profanos, fiéis e iniciados. O Egungum simplesmente surge no salão, causando impacto visual e usando a surpresa como rito. Apresenta-se com uma forma corporal humana totalmente recoberta por uma roupa de tiras multicoloridas, que caem da parte superior da cabeça formando uma grande massa de panos, da qual não se vê nenhum vestígio do que é ou de quem está sob a roupa.
Fala com uma voz gutural inumana, rouca, ou às vezes aguda, metálica e estridente - característica de Egum, chamada de séègí ou sé, e que está relacionada com a voz do macaco marrom, chamado ijimerê na Nigéria (veja lendas de Oyá).
As tradições religiosas dizem que sob a roupa está somente a energia do ancestral; outras correntes já afirmam estar sob os panos algum mariwo (iniciado no culto de Egum) sob transe mediúnico. Mas, contradizendo a lei do culto, os mariwo não podem cair em transe, de qualquer tipo que seja. Pelo sim ou pelo não, Egum está entre os vivos, e não se pode negar sua presença, energética ou mediúnica, pois as roupas ali estão e isto é Egum.
A roupa do Egum - chamada de eku na Nigéria ou opá na Bahia -, ou o Egungum propriamente dito, é altamente sacra ou sacrossanta e, por dogma, nenhum humano pode tocá-la. Todos os mariwo usam o ixã para controlar a "morte", ali representada pelos Eguns. Eles e a assistência não devem tocar-se, pois, como é dito nas falas populares dessas comunidades, a pessoa que for tocada por Egum se tornará um "assombrado", e o perigo a rondará. Ela então deverá passar por vários ritos de purificação para afastar os perigos de doença ou, talvez, a própria morte.
Ora, o Egum é a materialização da morte sob as tiras de pano, e o contato, ainda que um simples esbarrão nessas tiras, é prejudicial. E mesmo os mais qualificados sacerdotes - como os ojé atokun, que invocamm, guiam e zelam por um ou mais Eguns - desempenham todas essas atribuições substituindo as mãos pelo ixã.
Os Egum-Agbá (ancião), também chamados de Babá-Egum (pai), são Eguns que já tiveram os seus ritos completos e permitem, por isso, que suas roupas sejam mais completas e suas vozes sejam liberadas para que eles possam conversar com os vivos. Os Apaaraká são Eguns mudos e suas roupas são as mais simples: não têm tiras e parecem um quadro de pano com duas telas, uma na frente e outra atrás. Esses Eguns ainda estão em processo de elaboração para alcançar o status de Babá; são traquinos e imprevisíveis, assustam e causam terror ao povo.
O eku dos Babá são divididos em três partes
• o abalá, que é uma armação quadrada ou redonda, como se fosse um chapéu que cobre totalmente a extremidade superior do Babá, e da qual caem várias tiras de panos coloridas, formando uma espécie de franjas ao seu redor; • o kafô, uma túnica de mangas que acabam em luvas, e pernas que acabam igualmente em sapatos; e • o banté, que é uma tira de pano especial presa no kafô e individualmente decorada e que identifica o Babá.
O banté, que foi previamente preparado e impregnado de axé (força, poder, energia transmissível e acumulável), é usado pelo Babá quando está falando e abençoando os fiéis. Ele sacode na direção da pessoa e esta faz gestos com as mãos que simulam o ato de pegar algo, no caso o axé, e incorporá-lo. Ao contrário do toque na roupa, este ato é altamente benéfico.
Na Nigéria, os Agbá-Egum portam o mesmo tipo de roupa, mas com alguns apetrechos adicionais: uns usam sobre o alabá mascaras esculpidas em madeira chamadas erê egungum; outros, entre os alabá e o kafô, usam peles de animais; alguns Babá carregam na mão o opá iku e, às vezes, o ixã. Nestes casos, a ira dos Babás é representada por esses instrumentos litúrgicos.
Existem várias qualificações de Egum, como Babá e Apaaraká, conforme sus ritos, e entre os Agbá, conforme suas roupas, paramentos e maneira de se comportarem. As classificações, em verdade, são extensas.
Nas festas de Egungum, em Itaparica, o salão público não tem janelas, e, logo após os fiéis entrarem, a porta principal é fechada e somente aberta no final da cerimônia, quando o dia já está clareando. Os Eguns entram no salão através de uma porta secundária e exclusiva, único local de união com o mundo externo.
Os ancestrais são invocados e eles rondam os espaços físicos do terreiro. Vários amuxã (iniciados que portam o ixã) funcionam como guardas espalhados pelo terreiro e nos seus limites, para evitar que alguns Babá ou os perigosos Apaaraká que escapem aos olhos atentos dos ojés saiam do espaço delimitado e invadam as redondezas não protegidas.
Os Eguns são invocados numa outra construção sacra, perto mas separada do grande salão, chamada de ilê awo (casa do segredo), na Bahia, e igbo igbalé (bosque da floresta), na Nigéria. O ilê awo é dividido em uma ante-sala, onde somente os ojé podem entrar, e o lèsànyin ou ojê agbá entram.
Balé é o local onde estão os idiegungum, os assentamentos - estes são elementos litúrgicos que, associados, individualizam e identificam o Egum ali cultuado - , e o ojubô-babá, que é um buraco feito diretamente na terra, rodeado por vários ixã, os quais, de pé, delimitam o local. Nos ojubô são colocadas oferendas de alimentos e sacrifícios de animais para o Egum a ser cultuado ou invocado. No ilê awo também está o assentamento da divindade Oyá na qualidade de Igbalé, ou seja, Oyá Igbalé - a única divindade feminina venerada e cultuada, simultaneamente, pelos adeptos e pelos próprios Eguns (veja Mitos Oyá-Egum).
No balé os ojê atokun vão invocar o Egum escolhido diretamente no assentamento, e é neste local que o awo (segredo) - o poder e o axé de Egum - nasce através do conjunto ojê-ixã/idi-ojubô. A roupa é preenchida e Egum se torna visível aos olhos humanos.
Após saírem do ilê awo, os Eguns são conduzidos pelos amuxã até a porta secundária do salão, entrando no local onde os fiéis os esperam, causando espanto e admiração, pois eles ali chegaram levados pelas vozes dos ojê, pelo som dos amuxã, brandindo os ixã pelo chão e aos gritos de saudação e repiques dos tambores dos alabê (tocadores e cantadores de Egum). O clima é realmente perfeito.
O espaço físico do salão é dividido entre sacro e profano. O sacro é a parte onde estão os tambores e seus alabê e várias cadeiras especiais previamente preparadas e escolhidas, nas quais os Eguns, após dançarem e cantarem, descansam por alguns momentos na companhia dos outros, sentados ou andando, mas sempre unidos, o maior tempo possível, com sua comunidade. Este é o objetivo principal do culto: unir os vivos com os mortos.
Nesta parte sacra, mulheres não podem entrar nem tocar nas cadeiras, pois o culto é totalmente restrito aos homens. Mas existem raras e privilegiadas mulheres que são exceção, como se fosse a própria Oyá; elas são geralmente iniciadas no culto dos orixás e possuem simultaneamente oiê (posto e cargo hierárquico) no culto de Egum - estas posições de grande relevância causam inveja à comunidade feminina de fiéis.
São estas mulheres que zelam pelo culto, fora dos mistérios, confeccionando as roupas, mantendo a ordem no salão, respondendo a todos os cânticos ou puxando alguns especiais, que somente elas têm o direito de cantar para os Babá. Antes de iniciar os rituais para Egum, elas fazem uma roda para dançar e cantar em louvor aos orixás; após esta saudação elas permanecem sentadas junto com as outras mulheres. Elas funcionam como elo de ligação entre os atokun e os Eguns ao transmitir suas mensagens aos fiéis. Elas conhecem todos os Babá, seu jeito e suas manias, e
sabem como agradá-los.
Este espaço sagrado é o mundo do Egum nos momentos de encontro com seus descendentes. Assistência está separada deste mundo pelos ixã que os amuxã encontram.
Fonte: O Mural dos Orixás.
Os cargos de Ogans numa casa de Jeje:
Os cargos de Ogan na nação Jeje são assim classificados:
Os cargos de Ogan na nação Jeje são assim classificados: Pejigan que é o primeiro Ogan da casa Jeje. A palavra Pejigan quer dizer “Senhor que zela pelo altar sagrado”, porque Peji = "altar sagrado" e Gan = "senhor". O segundo é o Runtó que é o tocador do atabaque Run, porque na verdade os atabaques Run, Runpi e Lé são Jeje. No Ketu, os atabaques são chamados de Ilú. Há também outros Ogans como Gaipé, Runsó, Gaitó, Arrow, Arrontodé, etc.
Observação importante:
No Jeje os atabaques são chamados de Run, Runpi e Lé enquanto que na Nação ketu esses são chamdos de Ilú
Os outros cargos para ogans em um casa de Jeje são:
Gaipé, Runsó, Gaitó, Arrow, Arrontodé, etc.
O Axé
"Energia mágica, universal sagrada do orixá. Energia muito forte, mas que por si só é neutra. Manipulada e dirigida pelo homem através dos orixás e seus elementos símbolos."
O elemento mais precioso do Ilê, é a força que assegura a existência dinâmica. É transmitido, deve ser mantido e desenvolvido, como toda força pode aumentar ou diminuir, essa variação está relacionada com a atividade e conduta ritual. A conduta está determinada pela escrupulosa observação dos deveres e obrigações, de cada detentor de axé, para consigo, ser orixá e para com seu ilê. O desenvolvimento do axé individual e do grupo, impulsionam o axé de ilê.
"O axé dos iniciados está ligado, e diretamente proporcional a sua conduta ritual - relacionamento com seu orixá; sua comunidade; suas obrigações e seu babalorixá."
A força do axé é contida e transmitida através de certos elementos e substâncias materiais, é transmitido aos seres e objetos, que mantém e renovam os poderes de realização. O axé está contido numa grande variedade de elementos representativos dos reinos: animal, vegetal e mineral, quer sejam da água - doce ou salgada - da terra, floresta - mato ou espaço urbano. Está contido nas substâncias naturais e essenciais de cada um dos seres animados ou não, simples ou complexos, que compõem o universo.
Os elementos portadores de axé podem ser agrupados em três categorias:
1) "sangue" vermelho 2) "sangue" branco 3) "sangue" preto
O "sangue" vermelho compreende:
a) do reino animal: o sangue b) do reino vegetal: o epô (óleo de dendê), osùn (pó vermelho), aiyn (mel - sangue das flores), favas (sementes), vegetais, legumes, grãos, frutos (obi, orobô), raízes... c) Do reino mineral: cobre, bronze, otás (pedras), areia, barro, terra...
O "sangue" branco:a) do reino animal: sêmem, saliva, emí (hálito, sopro divino), plasma (em especial do igbin - espécie de caracol -), inan (velas) b) reino vegetal: favas (sementes), seiva, sumo, alcool, bebidas brancas extraídas das palmeiras, yiérosùn (pó claro, extraído do iròsún) ori (espécie de manteiga vegetal), vegetal, legumes, grãos, frutos, raízes... c) reino mineral: sais, giz, prata, chumbo, otás (pedras), areia, barro, terra...
O "sangue" preto:a) do reino animal: cinzas de animais b) reino vegetal; sumo escuro de certas plantas, o ilú (extraído do índigo) waji (pó azul), carvão vegetal, favas (sementes), vegetais, legumes, grãos, frutos, raízes... c) Reino mineral: carvão, ferro, osun, otás (pedras), areia, barro, terra...
Existem lugares, sons, objetos e partes do corpo (dos animais em especial) impregnados de axé; o coração, fígado, pulmões, moela, rim, pés, mãos, rabo, ossos, dente, marfim, órgãos genitais; as raízes, folhas, água de rio, mar, chuva, lago, poço, cachoeira, orô (reza), adjá (espécie de sineta), ilús (atabaques)...
Toda oferenda e ato ritualístico implica na transmissão e revitalização do asé. Para que seja verdadeiramente ativo, deve provir da combinação daqueles elementos que permitam uma realização determinada. Receber asé , significa, incorporar os elementos simbólicos que representam os princípios vitais e essenciais de tudo o que existe. Trata-se de incorporar o aiyé e o orún, o nosso mundo e o além, no sentido de outro plano. O asé de um ilê é um poder de realização transmitido através de uma combinação que contém representações materiais e simbólicas do "branco", "vermelho" e "preto", do aiyé e orún. O asé é uma energia que se recebe, compartilha e distribui, através da prática ritual. É durante a iniciação que o asé do ilê e dos orixás é "plantado" e transmitido aos iniciados.
A Iyálorixá é ao mesmo tempo iyálasé, zeladora dos ibás (assentos - representação material do orixá na terra, local específico para receberem suas oferendas, local que se entra em comunhão com os orixás), tudo relacionado aos orixás, zelar pela preservação do asé que manterá viva e ativa a vida do ilê.
Vocabulário Kimbundo/Kikongo
Kimbundo e Kikongo são linguas muito parecidas e que são utilizadas ainda nos dias atuais. O Kimbundo é atualmente o segundo idioma nacional em Angola, é considerado o mais antigo naquelas regiões. O Kikongo, também muito difundido, provém do Congo, sendo também falado em Angola, pois as duas línguas guardam semelhanças muito grandes, ao ponto de serem unidas no Brasil pelos escravos dos dois países. Abaixo coloco algumas palavras:
Abassá - casa.
Abatá - calçado.
Amaci - líquido resultante do suma das ervas socadas ou quinadas, e usadas na cabeça do iniciado com o fim de prepará-lo para a chegada do inkice.
Aruanda - lugar de residência dos inkices.
Azuela - fazer barulho, tocar os atabaques ou bater palmas com o fim de chamar os inkices.
Bamba - valentão.
Baquice - quarto de santo.
Calunga - o mar.
Canzuá - casa.
Cufar - morrer.
Curiá - beber.
Dibula - esteira.
Dijina - nome que recebe a pessoa após sua iniciação.
Engoma ( "ngoma" ) - atabaque.
Fundanga - pólvora.
Gudiar - comer.
Gunzo ou guzo - força, vigor (como axé).
Indaca - língua, boca.
Insaba - erva, folha.
Izala - fome.
Karoke - permissão. Saudação usasdas pelas pessoas que não estão cuidando das muzenzas antes de lhes dirigir a palavra.
Maianga ou maionga - banho sagrado.
Malembe ou maleme - perdão.
Menga - sangue.
Muila ou matubiá - vela.
Mukunã - cabelo.
Quendar - ir embora.
Quendé - vaso sanitário.
Quizila - poibições ritualísticas.
Taramésso - mesa.
Taramuséco - cama.
Unvula ("nvula") - chuva.
Vumbe ou Vume - as almas dos mortos.
Zimbe - dinheiro (também Acossí).
As Diferenças Entre As Nações
Como se sabe, muitas são as formas existentes de culto no Brasil que se utilizam da denominação Candomblé. Isto se dá pela grande variedade de etnias de negros, que reduzidos a condição de escravos, chegaram ao nosso país. Cada grupo/etnia que aqui aportou pertencia a locais distintos na África, tendo assim, costumes e culturas diferenciadas. Assim, portanto, chegaram daometanos, yorubás, congolenses, angolanos, malês e inúmeros outros grupos, que em terras brasileiras procuraram manter seus hábitos, sua cultura e também seus ritos religiosos. Daí surgiram as nações de candomblé, ou seja, a prática do candomblé conforme ritos específicos da origem do povo praticante, como a nação de Ketu, a nação Jêje, a nação Efon, Angola e Kongo ( atualmente, estas duas últimas, consideram-se fundidas dada a grande semelhança das prá ticas religiosas e a proximidade das línguas utilizadas, que são respectivamente, o Kimbundo e o Kikongo). Portanto, cada nação de candomblé possui características próprias, que a diferencia das demais. Estas diferenças se encontram na língua utilizada, nas divindades cultuadas, em determinadas práticas de caráter sigiloso ( fundamento ), no modo de se enxergar determinadas questões, enfim, numa série de fatores distintivos.
Faço abaixo algumas distinções entre a Nação Angola e outras denominações de candomblé, como a Nação Jêje e Ketu ( no meu ponto de vista, as mais conhecidas/difundidas ), para um maior esclarecimento:
A primeira ( e primordial ) diferença entre as citadas nações de candomblé se encontra com relação as divindades, objeto do culto. Assim:
Mukixes para os Angolanos*1;
Inkices para os Congolenses;
Orixás para os Yorubás ( Nação Ketu ), e;
Voduns para os Daometanos ( Nação Jêje ).
Outra diferença encontrada, dentre muitas, é a variação do idioma/língua/dialeto utilizado em cada vertente, assim:
Kimbundo para os Angolanos;
Kikongo para os Congolenses;
Yorubá para os Yorubás, e;
Ewe-fon para os Daometanos.
Distinguem-se ainda pelo próprio rítimo dos atabaques, pelas denominações que cada nação dá a estes, ou mesmo pela maneira de tocá-los, assim teremos:
Kongo de Ouro, Barra Vento e Kabula para as tradições Bantu ( Angola e Kongo ), rítimos estes, obtidos através do toque com as mãos. Sendo denominados, os atabaques, simplesmente de engomas ou "ngomas"*2.
Ijexá, Igbin, Aguere, Bravum, Opanijé, Alujá, Adahun e Avamunha para as tradições Yorubás e Daometanas. As denominações dos atabaques para os últimos (Jêjes) são: rum, rumpi e lé (os atabaques nesta cultura diferem-se das demais até mesmo no formato, pois são acomodados em suportes na posição horizontal, diferentemente das demais tradições); Para os primeiros (Yorubás ), os atabaques são chamados genericamente de ilus, sendo tocados com a ajuda de varetas e não diretamente com as mãos (exceto o Ijexá, que se utiliza também do toque com as mãos).
Como todos podem ter observado, as diferenças aqui elencadas são superficiais devido ao breve espaço que disponho, mas creio, já servem de alguma forma de ajuda aos mais leigos. Então, gostaria que ficasse registrado que as diferenças não se esgotam apenas nesses poucos quesitos, pois existem inúmeras outras, talvez possa-se até arriscar dizer que existem em maior quantidade que as semelhanças.
*1Como já disse num parêntese acima, o termo Nação Angola hoje em dia é empregado de forma a designar não somente o rito Angola, mas também o rito originário do Kongo. Porém, as duas expressões do candomblé bantu também guardam diferenças, pois enquanto a primeira cultua os mukixes (termo derivado Kimbundo que designa as divindades cultuadas em Angola, assim como orixá, vodum e inkice ) a segunda cultua os inkices ( termo derivado do Kikongo ). Acho de estrema importância salientar este tópico, ainda que em observação, pois poucos sabem estabelecer tal distinção.
*2 Digo aqui simplesmente engoma ou "ngoma", por ser o mais utilizado nas casas Angola/Kongo, porém existem denominações específicas para cada atabaque.