IMPLICAÇÕES PSICOLÓGICAS E COMPORTAMENTAIS DOS...

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Katharine Bizzotto Kamisima IC Voluntária - 2014

Orientador: Prof. Dr. Antonio Castelnou (DAU/UFPR) Projeto: Casa Saudável: Elementos de Qualidade Ambiental em Interiores e Design BANPESQ/THALES: 2009023513

IMPLICAÇÕES PSICOLÓGICAS E COMPORTAMENTAIS DOS ESPAÇOS

ARQUITETÔNICOS

Objetivos

Pesquisar a relação entre

ARQUITETURA e PSICOLOGIA

AMBIENTAL

Conceituar Percepção Ambien-tal, Semiologia e Proxêmica

Estudar como a arquitetura pode provocar reações, influenciar o comportamento humano e induzir a determinados usos

Analisar exemplos construídos que demonstrem essas relações

Metodologia Pesquisa TEÓRICO-CONCEITUAL de cunho exploratório

baseada na investigação web-bibliográfica relacionada ao tema proposto (arquitetura e percepção ambiental)

Estratégias de pesquisa:

Coleta, seleção e leitura de fontes que tratam da interação indivíduo/espaço arquitetônico

Redação científica de relatório (citações/referências)

Estudo de 03 (três) casos que ilustrem preocupa-ções com diferentes sensações e percepções

Introdução

Stonehenge (Reino Unido)

Dolmen (Alemanha)

Desde tempos remotos, há a ne-cessidade primitiva de intervenção espacial por parte do ser humano e suas inquietações espirituais: por exemplo, os templos mortuários (dolmens) e os espaços de adoração com pedras erigidas (menires e cromlechs).

Após Revolução Agrícola (4000aC), cresceram o desenvolvimento cultural, a diversificação na inter-venção espacial e a complexidade da estrutura social, fazendo da ar-quitetura um reflexo físico dessas mudanças e novas interações.

Krak des Chevaliers (Síria)

Templo Grego (Sicília)

Com a EVOLUÇÃO HISTÓRICA da civilização, foram surgindo novas crenças, noções de valores e grande diversidade entre socie-dades, o que gerou uma percepção espacial que varia conforme cada cultura no tempo e espaço.

O desenvolvimento do indivíduo inserido na sociedade gerou novas demandas arquitetônicas – igrejas, prédios administrativos, espaços de lazer, locais de manifestação cultural, etc. – os quais variam conforme usos e costumes (ZEVI, 2000; CASTELNOU, 2009).

• Por PERCEPÇÃO entende-se o pro-cesso através do qual o ser huma-no apreende o mundo e, consequen-temente, o vivencia, individual ou coletivamente. Seu processo divide-se em 03 fases (RAPOPORT, 1980): Captação sensorial do meio

(percepção física através dos sentidos humanos)

Cognição ambiental (compre-ensão e conhecimento do espa- ço comum à mesma cultura)

Avaliação espacial (julgamento a partir de valores e aspirações individuais de cunho subjetivo)

Notre-Dame (Paris, França)

• O ser humano é capaz de fazer a ligação de elementos arquitetônicos a SIGNOS e experiências ensinadas ao longo do seu desenvolvimento. Segundo Botton (2007), a facilidade com que somos capazes de ligar o mundo psicológico com o externo, visual e sensorial, semeia a nossa linguagem com metáforas. •SEMIOLOGIA é a ciência que estuda todas as formas de comunicação, inclusive a arquitetura, buscando entender o SIGNIFICADO (denotativo e conotativo) de todas as coisas produzidas pelo homem (ECO,1991).

Escola de Arquitetura Abedian (Queensland, Australia)

Revisão

Casa Victoria (África do Sul)

Centro de Tóquio (Japão)

A interação entre homem e espaço arquitetônico pode ser abordada de diferentes formas, sendo uma dela através da PROXÊMICA, que estuda as distâncias mensuráveis entre indivíduos em convívio social (HALL, 2005).

Tais distâncias variam conforme a cultura, havendo tanto distâncias íntimas como sociais, além do sentido de TERRITORIALIDADE (instinto de segurança e socia-bilidade), que moldam os espaços e influenciam nossos sentidos.

Bryant Park (Nova York)

Jardim Botânico (Curitiba)

A interação entre homem e espaço arquitetônico pode ser abordada de diferentes formas, sendo uma dela através da PROXÊMICA, que estuda as distâncias mensuráveis entre indivíduos em convívio social (HALL, 2005).

Tais distâncias variam conforme a cultura, havendo tanto distâncias íntimas como sociais, além do sentido de TERRITORIALIDADE (instinto de segurança e socia-bilidade), que moldam os espaços e influenciam nossos sentidos.

Na ARQUITETURA, influenciam na percepção e na signi-ficação dos espaços vivenciados os seguintes sentidos:

Visão: sentido dominante, permitindo perceber o espaço, por meio de distância, luz, cor, forma, etc.

Audição: sentido que permite ter noções de tamanho e distância, determinar espaços de silêncio ou reflexão, causar irritação por meio de ruídos, etc.

Tato: Sentido que possibilita a percepção das texturas (irregularidade, uniformidade, dureza, maciez, etc.) e sua associação a estados de espírito (aspereza mal humor; rústico ignorância; polidez limpeza, etc.)

Olfato/Paladar: sentidos imediatos (instintivos) inter-dependentes e ligados ao sistema endócrino que libera enzimas e toxinas que podem trazer sensações de pra-zer ou repulsa diante de odores, além de recordações.

Considera-se a CINESTESIA como um “sexto” sentido, pois pos-sibilita sensações de mudança de posição e deslocamento no espaço arquitetônico, tais como variações bruscas de forma, escala, sentido, direção, altura, movimento, etc. (ATHAYDE, 2008; CASTELNOU, 2009).

Para Hall (2005), há ainda o ESPAÇO TÉRMICO, uma expansão do sentido táctil que associa a temperatura a determinados senti-mentos (vergonha, incômodo, rai-va, etc.), além da falta de espaço.

Cenotáfio para Newton

Hanselmann House (Indiana)

Casa nos Pirineus(Espanha)

Pavilhão Alemão (Barcelona)

Robie House (Chicago)

Qualquer espaço arquitetônico proporciona, antes de mais nada, um fundo afetivo a partir do qual se selecionam imagens que se associarão a ele. Isto influencia no conceito que se tem de QUALIDA-DE AMBIENTAL (RAPOPORT,1980).

Do mesmo modo, o conceito de BELEZA também varia conforme aspectos subjetivos, estes ligados a valores éticos, significados culturais e outras simbologias (ZEVI, 2000; MONTANER, 2002; BOTTON, 2007).

ESTUDO DE CASOS

1 2 3

Pavilhão Philips (1958, Bélgica)

Galeria do Instituto Inhotim (2010, Brasil)

International Horticulture Expo (2010, China)

ESPAÇOS DE EXPOSIÇÃO

Pavilhão Philips Le Poeme Électronique

Espaço expositivo de intenções sonoras, que aliava experiências arquitetônicas (percorrer os am-bientes) e sonoras (350 caixas de som instaladas no interior), além da exibição de filmes e jogos de luzes Materialização das ideias presentes nas músicas Concrete PH (Xenakis, 1958) e Poéme electronic (Edgar Varèse, 1958).

Projeto: Le Corbusier & Iannis Xenakis Execução: Eng. Hoyte Cornelis Duyster Localização: Bruxelas (Bélgica) Ano: Exposição Universal de 1958

• Formato de tenda com três pontas realizado em casas de concreto armado Superfícies derivadas de uma mesma linha parabó-lica relacionada à frequên-cia sonora das músicas.

•Externamente, o formato oblíquo e dinâmico inco-modava e atraia o público.

• Internamente, estimulava a experiência dos observa-dores através de seus sen-tidos Os percursos eram acelerados de acordo com diferentes ritmos e inten-sidades sonoras.

International Horticulture Expo

Conjunto formado por três pavi-lhões – Guanyun Entrance (3500 m2), Creative Pavilion (5000 m2) e Greenhouse (4000 m2) –, resultado de uma competição internacional Integração entre arquitetura e paisagem através do tratamento biomórfico das vias e criação de espaços de provocam diferentes sensações aos visitantes.

Projeto: Plasma Studio Paisagismo: GroundLab Localização: Xi’an (China) Ano: Exposição Horticultural de 2010

• Preocupações espaciais e dimensionamento de vias através de estudos de fluxo Exploração sensorial dos espaços por meio de ritmo, movimento e texturas.

• Guanyun Entrance (A) Estrutura metálica que re-

baixa o campo visual dos visitantes e dá sensação de proteção Forma que di-reciona e conduz pessoas

• Creative Pavilion (B) Volumes que possuem

revestimento reflexivo, va-lorizando o lago que trans-mite sensação tranquila

• Greenhouse ou Estufa (C) Prisma isolado e facetado,

com revestimento em vidro que lembra um diamante

Galeria para a obra T’téia de Lygia Pape

Espaço expositivo em um dos maiores centros de artes da América Latina realizado para abrigar uma obra da vanguarda concretista brasileira Criação volumétrica que intensifica a percepção da obra artística através de efeitos de luz, forma e textura.

Projeto: Rizoma Arquitetura (Thomaz Regatos & Maria Paz) Apoio: Virgínia Paz, Inácio Luiz e Sara Fagundes Localização: Brumadinho MG (Brasil) Ano: 2010 (Instituto Inhotim)

• Exigências da curadoria A obra deveria se situar em um platô na encosta de uma colina do complexo, ter formato quadrado (21x21m) e não possuir iluminação e ventilação naturais.

•Forma derivada da articu-lação (rotação) de dois prismas cúbicos, cuja torção visa desorientar os visitantes.

•O caminho leva ao impacto bruto do volume (percorrê-lo para compreendê-lo) o uso do concreto remete a uma caverna (simbologias: proteção e mistério)

Conclusões No projeto arquitetônico, além da técnica e funcionalidade,

é importante considerar aspectos subjetivos, incluindo motivações, inquietações, sensações e significações

QUESTÕES PSICOLÓGICAS na arquitetura são pouco exploradas pelos profissionais devido à desinformação e/ou imposições socioeconômicas (o estudo do vernáculo pode contribuir para se observar os aspectos psicológicos e culturais que norteiam a criação de seus espaços)

A racionalização de elementos construtivos por motivos econômicos tem sido considerada uma causa – ou desculpa – para o empobrecimento da variedade arquitetônica: o ser humano está se acostumando com uma arquitetura cada vez menos estimulante e o papel do arquiteto com isso por perder a sua importância

Referências

ATHAYDE, P. Proxêmica (2008). Disponível em: <http://www.artigonal.com/ciencia-artigos/proxemica-677174.html>. Acesso em: 10.jan.2014. BOTTON, A. D. A arquitetura da felicidade. Rio de Janeiro: Rocco, 2007. CASTELNOU, A. M. Elementos da arquitetura. Curitiba: Apostila UFPR, 2009. ECO, U. A estrutura ausente. 7. ed. São Paulo: Perspectiva, 1991. HALL, E. T. A dimensão oculta. São Paulo: Martins Fontes, 2005. MONTANER, J. M. Depois do Movimento Moderno. Barcelona: Gustavo Gili, 2002. RAPOPORT, A. Aspectos humanos de la forma urbana. Barcelona: Gustavo Gili, 1980. ZEVI, B. Saber ver a arquitetura. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000.