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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 2014 RELATÓRIO FINAL DE PESQUISA NICOLE RAMOS DE CAMARGO INICIAÇÃO CIENTÍFICA VOLUNTÁRIA/ EDITAL IC 2014 PLANO DE TRABALHO: Arquitetura Comercial/Institucional em Containers Relatório final apresentado ao Grupo de Pesquisa em TEORIA E HISTÓRIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO THAC da UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ UFPR por ocasião do desenvolvimento das atividades voluntárias de Iniciação Científica Edital 2014. NOME DO ORIENTADOR: Prof. Dr. Antonio Manoel Nunes Castelnou, neto Departamento de Arquitetura e Urbanismo TÍTULO DO PROJETO: Manual para reciclagem arquitetônica de containers BANPESQ/THALES: 2014015430 CURITIBA PR 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – 2014

RELATÓRIO FINAL DE PESQUISA

NICOLE RAMOS DE CAMARGO

INICIAÇÃO CIENTÍFICA – VOLUNTÁRIA/ EDITAL IC 2014

PLANO DE TRABALHO:

Arquitetura Comercial/Institucional em Containers

Relatório final apresentado ao Grupo de Pesquisa em TEORIA E HISTÓRIA DO AMBIENTE

CONSTRUÍDO – THAC da UNIVERSIDADE FEDERAL

DO PARANÁ – UFPR por ocasião do desenvolvimento das atividades voluntárias de Iniciação Científica – Edital 2014.

NOME DO ORIENTADOR:

Prof. Dr. Antonio Manoel Nunes Castelnou, neto

Departamento de Arquitetura e Urbanismo

TÍTULO DO PROJETO:

Manual para reciclagem arquitetônica de containers

BANPESQ/THALES: 2014015430

CURITIBA PR

2014

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1 TÍTULO

Arquitetura Comercial/Institucional em Containers

2 RESUMO

Uma incontável quantidade de contêineres – ou containers – passa a maior parte de sua

vida estocados em portos de todo o mundo, uma vez que o custo para seu transporte ao local de

origem é maior do que o da compra de um novo. Com a crescente necessidade do aumento de

alternativas sustentáveis, nasceu a ideia do reaproveitamento desses elementos pré-

industrializados para a arquitetura em diversos setores, os quais envolvem desde o setor

habitacional, de caráter fixo ou temporário, às áreas comerciais, institucionais e de produção e

serviços. Isto se constitui em um campo de aplicação que se expande cada vez mais,

abrangendo novos setores e conquistando mais espaços em detrimento ao preconceito e

desconhecimento. Essa nova tipologia de construção tende a agradar aqueles que buscam

algumas características voltadas à sustentabilidade socioambiental, pois um container: é

modulado, pré-fabricado (o que diminui seu custo), fácil de ser transportado e disponível por todo

o mundo, além de ser reciclável e reutilizável.

De caráter descritivo-exploratório, esta pesquisa analisa a concepção e execução de

lojas – ou outros programas não-residenciais – realizadas a partir do reaproveitamento desses

elementos, descrevendo suas características de projeto e construção, em especial quanto às

vantagens e desvantagens à respeito da sua dimensão sustentável. Como metodologia, adota-se

a pesquisa teórica em bases web e bibliográficas; a consulta e coleta de informações; a seleção

de dados e; por fim, o estudo de caso, visando abordar princípios, normas e indicações sobre

projeto e construção, além de parâmetros dimensionais, estéticos e de conforto termoacústico.

Como resultado, observou-se que o reaproveitamento de contêineres é uma alternativa para

maior sustentabilidade de construções comerciais, podendo ser realizado de forma mais rápida e

econômica quando comparado às construções convencionais. Ademais, consiste em ótima

alternativa para recintos comerciais temporários, pois há a possibilidade de transporte de um local

a outro. Por fim, baseia-se em um sistema modular e apresenta boas condições de resistência e

durabilidade.

3 OBJETIVOS

Essa pesquisa em iniciação tecnológica faz parte do projeto intitulado “Manual para a

Reciclagem Arquitetônica de Containers”, aprovado pelo Edital 2014/15 da PRPPG-UFPR; e tem

como principal intuito fazer um estudo introdutório sobre a concepção e a execução de espaços

arquitetônicos comerciais e/ou institucionais executados a partir do reaproveitamento de

contêineres, descrevendo e analisando este tipo de reciclagem, além de apontar seus pontos

positivos e negativos. De modo específico, pretende-se: caracterizar esse tipo de arquitetura

sustentável e descrever criticamente um caso em particular, em termos funcionais, técnicos e

estéticos.

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4 INTRODUÇÃO

A definição que hoje se tem de contêiner – palavra proveniente do termo inglês container,

que também é de uso comum e aceito na língua portuguesa, assim como “contentor”, cujo sentido

é de embalagem; recipiente – nasceu em 1937 com o norte-americano Malcolm Purcell McLean

(1913-2001). Motorista e dono de uma pequena empresa de caminhões, ao observar o lento

embarque de fardos de algodão no porto de Nova York (EUA), teve a ideia de armazená-los e

transportá-los em grandes caixas de aço, as quais pudessem ser embarcadas em navios.

Considerado o pai da contentorização, McLean aventurou-se na área internacional, enviando um

navio porta-contêineres para a Europa: em 05 de maio de 1966, chegava ao porto de Roterdã

(Holanda) o cargueiro que ali descarregou 50 unidades (DONOVAN et BONNEY, 2006).

No sentido do carregamento, a invenção do container foi uma revolução, segundo

Kronenburg (2008), pois a carga de um caminhão, por exemplo, poderia ser passada para um

navio ou trem sem perda de tempo com a mudança do meio de transporte. Era preciso somente

de um guindaste para mover o contêiner com toda a carga de um lugar para o outro. Além disso,

conforme Levinson (2006), os consumidores passaram a gozar infinitamente de mais opções

graças ao comércio global que os containers estimularam: a forte queda nos custos de frete a

partir da introdução do contêiner de transporte desempenhou um papel importante no aumento da

integração da economia global.

No decorrer de todo o século XIX, principalmente após a Revolução Industrial (1750-

1830) até a passagem para o novo século, acreditava-se que o impacto das máquinas e novas

tecnologias não causaria grandes problemas para a humanidade e nem ao meio ambiente. Ao

contrário, os progressos apontavam para um desenvolvimento ilimitado, garantido por novas

descobertas científicas que, por consequência, também incidiram no urbanismo, na arquitetura e

na construção civil em geral. Entretanto, junto às crescentes conquistas trazidas pela

modernização – como o aumento da expectativa da vida, as melhorias das condições de vida nas

cidades e os novos materiais e métodos construtivos – também vieram o crescimento

populacional, a maior concentração urbana, a marginalização, a miséria e a guerra, que marcaram

as primeiras décadas do século XX em diante. Isto fez com que se repensasse o modelo de

desenvolvimento adotado, o que, de acordo com Ruano (2000), aconteceu principalmente depois

da Segunda Guerra Mundial (1939/45), quando mudanças mais significativas começaram a

aparecer, em especial devido à destruição causada pelas bombas atômicas e denúncia dos riscos

à própria sobrevivência humana, assim como de todo o planeta.

O chamado Despertar Ecológico marcou as décadas de 1950 e 1960, quando a

sociedade ocidental – em especial as nações já em estágio de plena industrialização, como os

países mais desenvolvidos da Europa e, notadamente, os EUA – passou a questionar os avanços

trazidos pela tecnologia e, especialmente, os custos ecológicos que estavam sendo pagos por

toda a humanidade. Como exemplo, cita-se o arquiteto norte-americano, inventor visionário e

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autor de mais de 30 livros, Richard Buckminster Füller (1898-1983), que realizou incontáveis

experimentos voltados a encontrar soluções construtivas que se inspirassem na natureza, ao

invés de quererem rivalizar-se com ela, inaugurando os pressupostos de uma arquitetura

verdadeiramente ecológica. Além das experiências que realizou a partir de 1954, as quais

conduziram à criação de cúpulas geodésicas – estruturas espaciais de melhor desempenho tanto

em termos de resistência como de economia de materiais se comparados aos sistemas

convencionais –, Füller cunhou a expressão Spaceship Earth (“Espaçonave Terra”), que apontava

para uma nova concepção do planeta, devidamente compreendido como algo limitado e finito,

sem o qual a humanidade não teria como existir (PAPANEK, 1995).

Inicialmente de bases na maioria utópicas, as propostas para uma arquitetura cada vez

ambientalmente mais consciente evoluiriam através das décadas seguintes, intensificadas a partir

de publicações de grande repercussão e também de eventos internacionais, os quais anunciavam

uma nova postura, seja de vida como profissional. A CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O

MEIO AMBIENTE HUMANO – CNUMAH, realizada em 1972, na cidade de Estocolmo (Suécia), foi

pioneira em reunir a comunidade internacional, de maneira efetiva, a fim de discutir o impacto das

atividades humanas sobre a natureza, dando início a preocupação ambiental, intensificada nas

décadas seguintes. Contudo, conforme Castelnou (2005), o termo “sustentabilidade” – qualidade

daquilo que é “sustentável”, ou seja, duradouro; de longa duração – passou realmente a se

difundir com o Relatório Brundtland em 1987; fruto da pesquisa de um grupo formado quatro anos

antes que, transformado em livro1, popularizou a palavra e, por conseguinte, a ideia de um

desenvolvimento que fosse mais sustentável, o que ganhou cada vez mais prestígio.

Passou-se a entender como “desenvolvimento sustentável” aquele que atende às

necessidades dos seres humanos e da sociedade, sem comprometer o futuro das próximas

gerações e o atendimento de suas próprias necessidades. Isto também deveria se aplicar nas

questões dos espaços arquitetônicos e urbanísticos, os quais começaram a ser definidos pela

inclusão de fatores ambientais. A consolidação desse conceito ocorreu somente no início dos

anos 1990, através da realização da CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O MEIO AMBIENTE E

DESENVOLVIMENTO – CNUMAD, mais conhecida como a Eco-92, ocorrida no Rio de Janeiro,

quando se definiram suas principais características e estratégias, através de uma agenda de

compromisso internacional: a Agenda 212. Depois disso, a ideia de sustentabilidade sofreu

desdobramentos em diversas áreas, inclusive na arquitetura e construção civil (EDWARDS, 2004).

1 A COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO – CMMAD, criada em 1983, foi responsável por uma série de estudos que interligariam meio ambiente e desenvolvimento definitivamente, a partir da ideia de sustentabilidade. Foi ela que estabeleceu, em seu documento Our common future (CMMAD, 1991), que desenvolvimento sustentável significaria “suprir as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das próximas gerações suprirem as necessidades de seu tempo”. Isto significa que seria preciso incorporar à arquitetura e planejamento urbano não apenas fatores econômicos, mas também variáveis socioambientais, considerando as consequências das ações em longo prazo e resultados em curto prazo (CASTELNOU, 2005).

2 A Agenda 21, mais que um documento, constituiu-se de uma proposta de planejamento participativo, que procuraria analisar a situação de um país, região ou município, visando planejar o futuro de forma sustentável. Para tanto, segundo Barbieri (1997), a análise e encaminhamento de propostas deveriam ser feitos a partir de uma abordagem integrada e sistêmica de várias dimensões que garantam a eficiência energética, a adequada especificação de materiais e a proteção da natureza (CASTELNOU, 2009).

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Em 21 de junho de 1993, em um congresso ocorrido na cidade de Chicago (EUA), a

UNIÃO INTERNACIONAL DOS ARQUITETOS – UIA, em conjunto com o AMERICAN INSTITUTE OF

ARCHITECTURE – AIA, estabeleceu a Declaração de Interdependência para um Futuro Sustentável,

que colocou a sustentabilidade como o centro de responsabilidade profissional, o que acabou por

convocar todos os profissionais para a prática da chamada green architecture – ou “arquitetura

verde” (WINES, 2000).

Desde então, uma grande parcela da comunidade internacional formada por designers,

arquitetos, paisagistas, urbanistas e demais profissionais ligados à atividade construtiva em todo o

mundo foi sensibilizada em desenvolver soluções visando uma prática mais sustentável, o que

incluiria pressupostos como emprego de materiais alternativos, menor impacto ambiental,

diminuição do desperdício e melhor eficiência energética. Por sua vez, a opção pelo

reaproveitamento de containers de carga vem sendo utilizada nos últimos anos como alternativa

para uma arquitetura mais sustentável. Apesar de serem recicláveis, muitos deles acabam em

depósitos portuários quando já passaram do seu tempo de vida útil. Alguns, mesmo em perfeitas

condições, são deixados de lado após o uso, pois custa mais caro mandá-los de volta para o local

de origem do que comprar outros novos. Por causa da sua estrutura metálica, de grande

resistência e durabilidade, além de seu baixo custo, o contêiner chamou a atenção de alguns

arquitetos e outros curiosos, que, segundo Kotnik (2010), começaram a se dedicar à sua

reutilização e aplicação em outras áreas, destacando-se a arquitetura.

Isto não ocorreu recentemente. Já em 23 de Novembro de 1987, Phillip C. Clark solicitou

uma patente aos EUA, descrita como Method for converting one or more steel shipping containers

into a habitable building at a building site and the product thereof3. Esta patente foi concedida em

08 de agosto de 1989 sob o n. 4854094. Os diagramas e as informações contidas na

documentação da patente lançariam as bases para muitas ideias arquitetônicas para reuso de

containers como espaços arquitetônicos até hoje (PAGNOTTA, 2011).

Na Europa, de acordo com Kotnik (2008), tal aplicação na construção civil começou

efetivamente em 1999, na Antuérpia (Bélgica), graças a uma iniciativa de artistas e arquitetos, os

quais encontraram uma maneira prática e barata para popularizar a construção de edifícios

acessíveis por meio de uma solução de custo razoável. Um dos grandes trunfos do negócio

estaria em seu apelo ambiental, uma vez que aproveitaria a tendência mundial na divulgação da

empresa, chamando deste modo os clientes a participar do movimento para salvar o planeta

(METALICA, 2014a).

No Brasil, estas caixas de aço começaram a aparecer ainda mais recentemente, servindo

como alternativa econômica, rápida e sustentável. Esquecidas em portos mundo afora, segundo

Dantas (2011), as vastas extensões de contêineres não passam despercebidas a alguns

3 Em tradução livre: “Método para converter um ou mais contêineres de aço em um edifício residencial em um canteiro de obras e o produto do mesmo” (N. autora).

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arquitetos brasileiros, que viram nesse desperdício um enorme manancial para seus projetos e

começaram a se inspirar em projetos holandeses, ingleses e até japoneses, erguendo não apenas

casas e escritórios como também hotéis e habitações estudantis com contêineres empilhados,

justificados pela rapidez da obra e custo baixo4.

No limiar de uma nova era, vive-se em tempos de forte foco ambiental e os contêineres

possuem um grande número de características ecológicas. Em primeiro lugar, podem ser

reciclados e reutilizados, reduzindo a quantidade de outros materiais de construção. Construções

com contêineres também diminuem o impacto no terreno e são rápidas de configurar, o que

significa menos poluição sonora e menos resíduos no canteiro de obras. Muitos projetos de

contêineres, principalmente os menores ou conceituais, esforçam-se no sentido de serem

autossuficientes em energia, utilizando painéis solares, coletores de água da chuva e telhados

verdes. Seus interiores são também muitas vezes favoráveis ao meio ambiente, sendo decorados

em madeira e outros materiais naturais e/ou reciclados (KOTNIK, 2013).

Ainda de acordo com Kotnik (2013), há muito os arquitetos tentam chegar a uma

arquitetura eficiente em termos de custo, fácil de transportar, modular e pré-fabricada: essas

caixas de aço atendem justamente a essas necessidades e estão disponíveis em todos os lugares

do mundo. Além disso, são recicláveis e reutilizáveis: se um prédio não é mais necessário, os

recipientes podem ser desmontados e colocados para usos diferentes. Soma-se a isto o fato dos

containers poderem ser utilizados na maior parte dos tipos de arquitetura. Em termos gerais,

divide-se os projetos em três categorias: edifícios públicos, habitação e arquitetura de eventos.

Praticamente, estão sendo usados para criar uma vasta gama de estruturas, que vai desde jardins

de infância até bares e restaurantes, igrejas, garagens, teatros, faróis e abrigos de emergência.

Está claro que as possibilidades de utilização desses recipientes são quase infinitas.

Diante de alguns pontos negativos, estes ligados a questões de conforto e isolamento, a

arquitetura em contêiner tem evoluído constantemente nas últimas décadas, tornando-se uma

opção mais sustentável e inovadora ao construtor. A utilização da nova técnica traz

modernidade, excentricidade e sustentabilidade para o ambiente, contribuindo para com o

clima organizacional de funcionários, clientes, fornecedores e visitantes. A ideia de poder

colocar e alterar elementos em um ambiente espaçoso é muito boa e os containers

permitem justamente isto e com certa facilidade, valorizando o espaço seja ele comercial

ou industrial (CONTAINERSA, 2014a).

Segundo o site da empresa Container S/A (2014b), os empreendedores brasileiros

estão descobrindo somente agora o potencial das lojas portáteis (ou permanentes) customizadas

4 Em Curitiba PR, a arquitetura em containers foi introduzida recentemente com uma residência montada no Condomínio Brazville, em Santa Felicidade, projetada para um casal e um bebê. Executada em 2012 e com área total de 220 m², bem distribuídos em cômodos amplos, o projeto é da autoria do arquiteto paulistano Daniel Corbas, formado pela FAU-USP, em conjunto à arquiteta Priscila Ferstemberg, formada pela Universidade Tuiti e que atua em projetos personalizados em contêineres (NOGUEIRA, 2013).

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com containers marítimos, as quais são denominadas Lojas Pop-Up. Elas permitem que os

varejistas estejam em lugares em que os clientes nem imaginariam, podendo-se atingir um novo

público de forma criativa. E, ainda, conforme o bairro e grupo demográfico, pode-se vender uma

determinada linha de produtos. Este padrão construtivo permite elaborar diversos formatos e

configurações, tanto internas quanto externas, sendo este um dos motivos que muitas empresas,

inclusive franquias, optam para expandir seus negócios, incluindo cafeterias, lojas de modas e de

tecnologia. Também devido à rapidez construtiva que tal tipologia é utilizada igualmente em

eventos e feiras itinerantes, permitindo o retorno para seu ponto original. Dessa forma, o negócio

vai até seu cliente em diferentes locais.

5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Com a crescente discussão sobre a preservação da natureza – e, portanto, do próprio ser

humano – e o papel da arquitetura diante da crise ambiental, as construções sustentáveis

passaram a ocupar cada vez mais um lugar proeminente tanto na prática profissional como na

pesquisa acadêmica, tanto fora como dentro do Brasil, chamando a atenção para questões

fundamentais relacionadas, por exemplo, à busca de fontes energéticas alternativas, como a solar

e a eólica; redução do desperdício de materiais por meio da reciclagem e/ou reaproveitamento de

estruturas; e diminuição da poluição quando da fabricação dos elementos construtivos, assim

como na sua aplicação, descarte e reutilização.

Desde 2007, nosso país conta com o CONSELHO BRASILEIRO DE CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL

– CBCS, o qual vem incentivando práticas consideradas “verdes”. Segundo Barbosa (2014), entre

2009 e 2012, “o número de certificações de prédios segundo padrões ecológicos cresceu 412% no

Brasil” (p. 01), provando que os benefícios desse tipo de construção são inúmeros, não somente

ambientais, mas também econômicos e socioculturais. Essas edificações garantem o retorno

financeiro e a economia dos custos operacionais, além de aumentarem o valor do imóvel no

mercado e seu poder de revenda5. As construções “verdes” também são mais confortáveis e

saudáveis para os seus usuários6 quando comparadas às convencionais, promovendo uma

diminuição de 20 a 50% do consumo de energia; de 40 a 50% de água; de 50 a 80% de resíduos

gerados; e de 35% de emissões de gás carbônico (CO2) (SUSTENTAR ARQUI, 2014).

Diante desse quadro, os contêineres vieram responder perfeitamente como uma

alternativa construtiva, sendo benéfica tanto ao homem quanto e à natureza, aliados a uma

5 A implementação de uma construção verde é de 1 a 7% maior que a de uma construção convencional. Entretanto, ela possui valorização na revenda de até 10% de valoração adicional (SUSTENTAR ARQUI, 2014).

6 O setor da construção civil é um dos principais responsáveis pelos impactos ambientais no mundo, consumindo 75% dos recursos naturais – sendo 20% da água nas cidades – e gerando 80 milhões de toneladas/ano de resíduos. Conforme dados do CBCS (2014), a construção verde favorece a diminuição de 9 a 50% de doenças humanas, incluindo a redução de problemas respiratórios (9 a 20%); de alergias e asma (18 a 25%) e de desconforto e danos à saúdes não-específicos (20 e 50%). Além disso, proporciona ao local em que será inserida a preservação dos espaços naturais, da vida selvagem, e dos habitats de espécies nativas; minimiza a dependência de automóveis a partir de um melhor acesso à infraestrutura; diminui a erosão do solo e preserva a paisagem natural, inclusive diminuindo a poluição luminosa devido ao melhor aproveitamento de luz solar. Consequentemente, as vantagens ambientais em se construir verde são evidentes, destacando a redução do consumo de água e energia, a diminuição do uso racional de recursos naturais e da geração de resíduos e a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.

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arquitetura moderna e criativa. A abundância destes recipientes durante a última década no Brasil

vem do déficit em bens manufaturados provenientes da América do Norte, Ásia e Europa, que

muitas vezes têm de ser enviados de volta vazios e por uma despesa considerável. Portanto,

novas aplicações são procuradas quando chegam ao seu destino final (PAGNOTTA, 2011).

De acordo com o site Metalica (2014b), todos os contêineres são fabricados obedecendo

uma padronização internacional7 que oferece elementos modulares, os quais podem ser

combinados entre si e/ou com outras estruturas convencionais, realizadas em concreto, alvenaria

e/ou madeira, simplificando o design, transporte e planejamento de espaços arquitetônicos. A

arquitetura criada com esses contentores preserva suas características iniciais. Devido ao seu

papel na proteção e armazenamento de mercadorias a serem transportadas em qualquer parte do

mundo, os recipientes apresentam características muito interessantes e úteis quando são

transformadas em módulos de estruturação (CAMPOS et FARRE, 2013).

A construção em container, segundo Kotnik (2008), consiste em um novo ramo da

arquitetura, que vem sendo difundido através das mídias. Apesar de sempre usar o mesmo

módulo – o container padrão ISO –, sua arquitetura apresenta grande variedade de projetos de

qualidade, tanto do ponto de vista de sua concepção quanto à sua estética. Essa forma de

construir possui certas características, que são bastante úteis no projeto e construção, como o fato

dos contentores serem pré-fabricados, compactos, robustos, resistentes às mudanças de

temperaturas e poderem ser facilmente transportados e instalados de forma rápida. Além disso, as

edificações que os reutilizam têm um caráter ecológico, pois reciclam e reutilizam unidades que

foram abandonadas nos depósitos portuários, constituindo-se assim em desperdício e,

consequentemente, fator de poluição e degradação ambiental. E, segundo Pagnotta (2011), com a

premissa verde crescendo em popularidade em todo o mundo, mais e mais pessoas estão se

voltando para essas estruturas realizadas em contêineres de carga como alternativas verdes.

Alguns empreendedores ousados têm

aproveitado esse conceito que apresenta excelente

relação entre custo e benefício, além de fazerem uso

de uma construção “verde” (green building), que atrai a

atenção de diversas gerações Criada em meados da

década de 2000, Puma City (Fig. 01) tornou-se um

ícone da construção de lojas-container: trata-se de um

conjunto itinerante formado por contêineres marítimos

que, combinados, abrigam os espaços de escritório, imprensa, bar, local para eventos e ainda

uma grande varanda aberta no teto. Proposta pelo Lot-Ek Studio, a loja é móvel, tendo sido desde

7 Os containers são fabricados basicamente em três tamanhos mais comuns: os de 20, 40 e 45 pés (feet) de comprimento (1 pé ou foot = 12 polegadas ou inches = 30,48cm). Tanto a altura como a largura dos contêineres são padronizadas pela INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION – ISO em 8 pés ou 2,44m. Tal padronização visa facilitar o transporte – que pode ser terrestre, marinho ou aéreo –, além de permitir a modulação, favorecendo o armazenamento e o empilhamento em portos e hangares, já que esses módulos podem ser combinados e, em conjunto, formarem arranjos que facilitam sua logística (N. autora).

FIGURA 01

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então instalada em algumas cidades dos EUA e também outros países, como Espanha, Suécia,

Rússia, África do Sul, China e, inclusive, Brasil (CONTAINERSA, 2014c).

No Brasil, as lojas-container têm encontrado cada vez mais adeptos, como o empresário

gaúcho André Krai, que criou em 2008 a primeira rede de franquias destinadas a transformar

velhos contêineres em boutiques de moda. Foi assim que ele fundou o GRUPO CONTAINER, o qual

é atualmente formado pelas empresas: Box Container, Container Ecology Store, Container Baby &

Kids, Container Differente Concept, Ecco Container Shopping e Tokiomaki; cada uma focada em

negócios específicos8 (GRUPO CONTAINER, 2014).

O planeta está testemunhando a criação de um novo paradigma em nossas opções de

consumo. Isto, conforme o site Arquitetura Sustentável (2014), tem feito com que cada vez mais

produtos ecologicamente corretos sejam consumidos em nosso cotidiano. Portanto, não é de se

surpreender que, ao mesmo tempo em se busque um estilo de vida mais saudável, com

alimentos, vestimentas e utensílios ambientalmente mais conscientes, também se incline o

interesse por ambientes com maior preocupação ambiental. O uso desses recipientes indica uma

abordagem sustentável e uma preocupação em se trabalhar com sistemas responsáveis e

inteligentes em termos de instalações e outros materiais. Aqueles que estão dispostos a usar

materiais reciclados, como os contêineres, geralmente mostram interesse em várias outras

tecnologias autossustentáveis, como painéis solares; sistemas de reciclagem e reutilização de

águas; acabamentos reciclados, como formaldeído e madeira reaproveitada, entre muitos outros

sistemas disponíveis atualmente que, apesar de terem um custo inicial elevado, este é amortizado

ao longo de sua vida útil, promovendo o uso responsável dos recursos naturais9 (CAMPOS;

FARRE, 2013).

O conceito da arquitetura em containers encanta os consumidores e, além de atraí-los,

promove marcas e produtos com enorme aceitação devido ao seu apelo sustentável. Os mesmos

recipientes que fazem viagens transatlânticas tornaram-se uma ferramenta tanto para arquitetos

para projetarem restaurantes como para servirem de casas, stands ou pavilhões. Eles podem ser

equipados para fornecer abrigos confortáveis, permanentes ou temporários, mas também podem

ser facilmente desmontados ou empilhados juntos para construir estruturas complexas, inclusive

temporárias (VINNITSKAYA, 2012).

8 As primeiras lojas foram em Xangri-Lá, no litoral do Rio Grande do Sul; e na Praia dos Ingleses, em Florianópolis SC. De acordo com o site do Grupo Container (2014), o projeto, como era de se esperar, despertou a curiosidade e interessou quem viu aquelas lojas totalmente fora do que estavam acostumados a ver. No início, a ideia era montar lojas próprias em todo o Brasil, mas o sucesso foi tão grande que a empresa se afiliou a ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FRANCHISING – ABF e logo vieram as primeiras franquias. São atualmente 40 lojas espalhadas na Região Sul, passando recentemente a atuar também na Região Sudeste. Comprando contêineres com cerca de 10 anos de uso ao preço médio de R$ 10.000, estes são reformados e readequados ao novo uso. Já para montar uma franquia da loja-container, o investimento é a partir de R$ 79.000, sendo cobrado um royalty de R$ 1.500 por mês. O faturamento médio mensal é de R$ 80.000 (GLOBO, 2011).

9 Infelizmente, a maior procura por itens menos agressivos,. Em termos ambientais, tem elevado o custo de tais produtos no mercado. No Brasil, aproveitar contêineres para a construção de casas ainda não é comum, no entanto a procura pelo material nos últimos anos fez com que o preço dos containers reciclados subir de R$ 3.000,00 para R$ 6.000,00 em dois anos (ARQUITETURA SUSTENTÁVEL, 2014).

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9

Conforme Kronenburg (2007), as principais vantagens de construções comerciais e/ou

institucionais pré-fabricadas são a flexibilidade e baixo custo. Os recipientes utilizados têm

qualidade e preços acessíveis, além de promoverem um perfil inovador e experimental podendo

ser reciclados e substituídos por outros no futuro10. Para Fossoux et Chevriot (2013), este tipo de

construção está se tornando gradualmente um produto popular: uma alternativa ecológica às

edificações convencionais. Com uma sociedade cada vez mais rápida e ágil, o surgimento de

negócios como pequenos pontos de café, doces, lanches, revistas e jornais, facilita a vida das

pessoas principalmente nos grandes centros ou mesmo em bairros tradicionais. O container para

essa categoria de comércio consiste em uma solução excelente, pois se trata de algo fisicamente

pequeno, de custo reduzido e que pode ser colocado em qualquer lugar (CONTAINERSA, 2014a).

Os contêineres utilizados para a produção de construções são chamados Containers Dry,

feitos de aço e destinados ao transporte de mercadorias líquidas e não-poluentes, sendo

normatizados pelo Padrão ISO e sujeitos a restrições de manutenção. Existem basicamente 03

(três) tipos de contentores, os quais se diferenciam pelo comprimento (C): 20, 40 e 45 pés (1 pé =

30,48cm), sendo aqueles mais reutilizados na construção civil os dois primeiros, respectivamente

com cerca de 6,10m e 12,20m de comprimento externo (internamente, as medidas perdem cerca

de 20 cm, ou seja, passam a ser: 5,9m e 12m). A largura (L) mede 8 (oito) pés, ou seja, 2,44m – o

que equivale a uma largura interna de 2,35m –; e a altura (H) aproximadamente 2,59m (8,5’),

resultando em um pé-direito interno de 2,39m (Figs. 02 e 03). Há ainda o container 40’HC (HC =

High Cube), que é mais alto, sendo suas dimensões externas iguais a: 40’x8’x9,5’; ou 12,20m x

2,44m x 2,89m11 (KOTNIK, 2008).

FIGURA 02 – Dimensões, capacidade e peso dos Containers Dry 20’ e 40’.

Segundo Fossoux et Chevriot (2013), há contêineres do tipo Dry de 10 pés, os quais

medem aproximadamente 3,05 m de lado (comprimento), mantendo os mesmos padrões de altura

e largura que os recipientes de 20 e 40 pés. Tais recipientes podem ser usados, por exemplo,

10

A baixa despesa da arquitetura em containers – que pode reduzir em até 20% o preço da construção se comparado a uma construção convencional – dá-se devido ao fato de que é composta por peças disponíveis por todo o globo, podendo ser facilmente transportadas por navios, tratores ou trens devido às suas medidas serem padronizadas. Isto permite serem comprados de grandes empresas de transporte, por aproximadamente US$ 1.200 cada e, quando novos, raramente custam mais do que US$ 6.000 (SELF STORAGE FINDERS, 2013).

11 Levando em conta que, dependendo do lote de fabricação, podem haver diferenças entre estas medidas, para consultas específicas é melhor se informar sobre o conteúdo dos documentos oficiais através de padronização específica, ou seja: BS ISO 668:1995 e ISO 1496-1:1990 (N. autora).

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10

para a ampliação de lojas ou restaurantes, uma vez que sua pequena dimensão favorece o

transporte e faz com que sejam facilmente encontrados. O grande recipiente de 45 pés (45’ x 8’ x

9,5”) apresenta as dimensões externas, em unidades métricas, iguais a: C 13,71m x L 2,43m x H

2,89m; e internas de: C 13,55m x L 2,35m x H 2,69m. Entretanto, são mais caros e difíceis de

encontrar do que os de 20’ e 40’, que são mais comuns e usados na construção civil.

Para cumprir a sua função de

armazenamento de carga, o contêiner tem forma

simples; é resistente ao tempo, calor, vento,

chuva, água fria, sal e manipulações drásticas,

como furacões e terremotos; podendo assim ser

transportado. Conforme Slawik et al. (2010), é

dimensionado e construído de forma a facilitar o

agrupamento e encaixe nos meios de transporte

atuais, simplificando a execução de suas funções essenciais. Suas paredes internas são feitas de

aço e todas as juntas, paredes, assoalho e teto, são selados com selante de silicone para o

recipiente tornar-se impermeável.

Antes de embarcar em um projeto inovador com a utilização de contêineres é necessário

o conhecimento de algumas características a respeito dessa nova maneira de construir. De acordo

com Fossoux et Chevriot (2013), em muitos casos, na arquitetura em containers, a adição de um

telhado não é necessária, o que evidentemente economiza um tempo considerável. Ainda, o

contêiner já apresenta um aglomerado no chão, que se conserva por muito tempo12. Feito de aço

ou alumínio, o módulo torna-se uma unidade básica para a composição contemporânea. De

utilização temporária ou permanente, proporciona flexibilidade às necessidades dos usuários,

sendo de grande durabilidade13, pois é projetado para suportar o mau tempo e as longas

distâncias, o que favorece a mudança espacial e visual em uma proposta arquitetônica (KOTNIK,

2008; SLAWIK et al., 2010).

Os contêineres podem ser empilhados em até 12 (doze) unidades quando vazios14.

Apesar de serem estruturas de aço extremamente fortes, são leves e já confeccionados para um

perfeito encaixe, disponíveis no mercado e facilmente realocados já montados. Na construção,

podem ser utilizadas tintas à base d’água, painéis solares, teto verde e isolante de pet, entre

outras aplicações, que o aproximam ainda mais de uma prática sustentável. Eles também exigem

12

Os pisos de containers têm uma resistência semelhante a um executado em concreto, podendo suportar um peso de cerca de 300 kg por m², o que geralmente não é atingido (FOSSOUX et CHEVRIOT, 2013).

13 Além de terem vida útil para o mercado náutico de aproximadamente 08 (oito) anos, os containers têm uma vida útil de produto de cerca de 100, o que geraria uma média de 92 anos de “inutilidade forçada”. Sua grande disponibilidade nos portos justifica-se porque sai mais barato para uma companhia de navegação comprar novos do que transportá-los vazios de volta para casa, criando assim pilhas de containers que estão disponíveis para a arquitetura (PLANETA CONTAINER, 2014).

14 Ainda conforme Fossoux et Chevriot (2013), quando prontos para uso, até 04 (quatro) recipientes podem ser empilhados sem reforço externo. Passando disso, é necessário se criar uma estrutura metálica de suporte do conjunto. Visando sua maior resistência ao tempo, de modo que suportem melhor a corrosão e o desgaste, deve-se fazer uma escolha adequada de materiais como, por exemplo, o aço S355, além de uma poderosa pintura anti-ferrugem.

FIGURA 03

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11

muito menos mão-de-obra, assim como reduzidos custos e trabalhos na fundação do que outros

tipos de construções (METALICA, 2014b).

A estrutura do container pode servir como esqueleto de toda a construção, já que ele é

feito por uma armação em aço soldado, sem fixações, formando um único bloco. As folhas

metálicas dão suporte à caixa, permitindo que o contêiner seja autoportante. Isto também contribui

para a maior velocidade de execução da obra, assim como o fato de não haver a necessidade de

se montar uma cobertura (FOSSOUX et CHEVRIOT, 2013). Os painéis laterais, assoalho, terças,

portas, moldura e trilhos constituem um conjunto estrutural: o resultado é um elemento prismático

resistente, que consegue transportar cargas, as quais geram mais esforços do que uma típica

residência15 (SOCRATES, 2012).

De acordo com Kotnik (2010), há duas maneiras através das quais as construções em

container podem ser estruturadas, dependendo da posição e relação entre as unidades. Os

módulos podem ser empilhados uns junto aos outros, sem nenhuma separação; ou podem ser

combinados com espaçamento entre eles. A primeira opção é mais adequada em projetos mais

simples, principalmente quando será eventualmente preciso mover a obra. Já a outra opção seria

mais indicada quando se criam vários pisos e se inclui outros materiais.

Independentemente do sistema construtivo, o isolamento térmico é um elemento

importante na reciclagem arquitetônica de contêineres, principalmente na questão do consumo de

energia, que é uma questão bastante discutida quando se visa uma maior sustentabilidade

ambiental. Hoje em dia, no mercado de isolantes, há aqueles que não agridem a natureza e são

feitos com materiais recicláveis, sendo estes os mais adequados. Além disso, existem duas

formas de isolamento: interna e externa. A primeira é a mais econômica, porém a menos eficiente,

por perder facilmente a calor interno. Isto se deve ao fato da espessura do isolamento ser menor –

em média, 10cm – para não perder espaço interno, que já é estreito. Este isolamento deve ser

usado quando se deseja preservar as fachadas metálicas do recipiente por uma questão estética

e/ou econômica (FOSSOUX et CHEVRIOT, 2013).

Quanto ao isolamento externo, ainda segundo os mesmos autores, há uma perda de

calor menor. Por não haver o problema de falta de espaço, instala-se um isolamento mais

espesso, o qual pode variar de 10 a 30 cm. O revestimento exterior complementa a fachada e

deve ser fixado, em todos os casos, a 20 cm acima do chão para evitar a entrada de umidade.

A adequação de um container para abrigar um espaço arquitetônico pode requerer cortes

no aço e soldagem, o que exige mão-de-obra especializada, porém, mesmo com esses custos

extras, esse tipo de construção ainda é mais vantajosa que a convencional. O aço do contêiner

também deve ser jateado com um abrasivo e repintado com uma tinta não-tóxica antes de ser

15

No entanto, ao se fazer aberturas, segundo Socrates (2012), a estrutura do container perde parte de sua resistência. Se, por exemplo, retirar toda vedação lateral, a estrutura, mesmo sem esforços, pode se deformar. Por isso, de modo geral, sempre que for necessário fazer uma abertura, deve ser feita uma moldura em volta da mesma. Além disto, pode ser necessária a instalação de vigas e suportes para o telhado, dependendo do tamanho das aberturas e das cargas sobre a estrutura.

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12

habitável, a fim de evitar a probabilidade de contaminação em detrimento das cargas que o

mesmo transportou durante sua vida marítima (METALICA, 2014b).

De acordo com Fossoux et Chevriot (2013), ligar os recipientes continua a ser o maior

desafio da reciclagem arquitetônica de containers. Somente quando a soldagem estiver completa

e o contêiner resfriado, pode-se fazer uma pintura de oxidação para evitar a corrosão. Além disso,

todos os espaços vazios devem ser preenchidos com espuma de poliuretano após a soldagem

para eliminar riscos infiltração.

Segundo Kotnik (2010), os containers são compatíveis com a variedade de materiais

atuais, o que possibilita que se escolha praticamente qualquer fachada que se queira. Torna-se

então um desafio quebrar o paradigma da construção convencional e explorar novos parâmetros

estéticos e elementos de arquitetura e design. Romper com o costume das fachadas tradicionais

ainda requer o trabalho de mentes criativas e empreendedoras, de modo que as edificações em

contêineres tornem-se mais aceitáveis para um mercado cada vez maior. Por sua vez, os

testemunhos de quem investe ou utiliza tais equipamentos são sempre positivos, destacando

aspectos como economia, portabilidade, durabilidade, rapidez construtiva e caráter arquitetônico

ecologicamente correto, extremamente customizável e com alguma dose de excentricidade. Um

exemplo prático de algo que iniciou com 100 containers

e terminou em 1.000 está em Amsterdã (Holanda):

Keetwonen Dorm (Fig. 04), que é considerado um dos

maiores complexos para moradia estudantil do mundo

construído com contêineres. A obra iniciou-se no final

de 2005 e na metade de 2006 já estava concluída

(CONTAINERSA, 2014d).

Outra vantagem da arquitetura em container relaciona-se á possibilidade de levar o

módulo ao terreno pronto para ser utilizado, o que garante uma redução de tempo e de custo

gerado durante o período de construção. Segundo Kotnik (2010), uma construção pequena de

contêineres pode ser totalmente erguida em um único dia, enquanto as estruturas maiores podem

levar até vários dias. Isto é possível porque o container já possui paredes, piso e cobertura,

formando uma única estrutura. Além disso, o empilhamento e fixação desses elementos é

relativamente rápido, sendo necessário apenas um guindaste (FOSSOUX et CHEVRIOT, 2013).

Mais um ponto positivo da construção em contêiner está no fato de ser flexível ao

decorrer do tempo. Conforme a necessidade e disponibilidade financeira, é possível adicionar

novos módulos. Fossoux et Chevriot (2013) destacam ainda a sua capacidade de ser transportada

através de peça por peça, permitindo que uma loja completa possa viajar, visto que é feita por um

recipiente fácil de ser transportado.

Em termos gerais, as pessoas precisam de uma unidade espacial que dê um caráter de

identidade, o qual permita diferenciar o seu espaço dentro da cidade, especialmente em casos de

FIGURA 04

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13

comércio ou mesmo bares e restaurantes. Dessa forma, em um mercado tão competitivo como o

atual, a instalação de uma construção comercial feita com contêineres chama a atenção de seus

clientes e de toda a comunidade. O container atrai pessoas de todas as idades e classes sociais,

sendo ícone do transporte naval – e que recentemente se transformou em ícone de construção

sustentável –, constituindo-se assim em foco de curiosidade, mesmo se utilizado de maneira

efêmera. Sua modularidade permite, ainda, uma padronização do espaço para o comércio ou

instituição e, na visão do espectador, pode possibilitar uma comparação do mesmo uso deste

espaço com diferentes finalidades (FOSSOUX et CHEVRIOT, 2013).

Outro ponto a ser destacado, para Campos et Farre (2013), está no fato dessa alternativa

construtiva não requerer escavação ou prejudicar o solo onde está instalada, permitindo que esse

respire e não seja invadido. Mesmo em caso de mudança, o lugar onde o contêiner foi

anteriormente colocado permanece intacto e não perde suas características naturais ou, na

melhor das hipóteses, sofre um pequeno impacto, que é muito menor se comparado com outros

tipos de construção. Assim, a acomodação dos módulos é menos dispendiosa, há desperdício

menor e a construção torna-se mais rápida e prática.

Ademais, a cobertura plana presente nesse tipo de construção apresenta várias

vantagens, como o alívio no orçamento da construção que subtrai o valor de um telhado. Ela

também permite que se crie um espaço ao ar livre amigável, se se decide fazer um terraço

trafegável. As prefeituras, contudo, permitem muito pouco e, se este for o caso, é preferível

adicionar um telhado inclinado. Alguns o escolhem para facilitar a aceitação da licença de

construção, além de remeter ao imaginário coletivo de casa (FOSSOUX et CHEVRIOT, 2013).

O uso de containers marítimos é muito

interessante para eventos de qualquer tipo, seja de

esportes, shows ou apresentações. Com eles, é

possível montar áreas de atendimento ao público,

inclusive com espaços VIPs ou camarotes, tornando-se

uma excelente alternativa funcional para empresas no

mundo todo, tanto como solução temporária ou

permanente, de pequeno à grande porte. Segundo a

empresa Container S/A (2014e), até gigantes como

o Ebay caíram na graça desse tipo de arquitetura.

Recentemente, o maior site do mundo para compra e

venda de bens utilizou alguns contêineres para criar um

ambiente social e itinerante, em Convent Garden,

Londres (Inglaterra), aproximando-se de seus usuários

(Fig. 05). Por sua vez, a empresa Boxman começou a reutilizar containers descartados para

construir casas temporárias e móveis após a crise imobiliária de 2008. Logo, percebeu um nicho

FIGURA 05

FIGURA 06

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14

de mercado potencial: o negócio de customização para eventos temporários, transformando-se

em uma referência no uso de práticas sustentáveis e urbanismo tático. Como feiras e exposições

são efêmeras, não são suficientemente atraentes para as empresas investirem e imobilizarem

este tipo de equipamento, o que abriu um campo de atuação sem igual para a Boxman (Fig. 06).

Para construir sua nova sede a empresa australiana Royal Wolf, especializada em

aluguel, venda e modificação de contentores navais, contratou os arquitetos do escritório local

Room 11, os quais transformaram diversos contêineres metálicos de 20’ e 40’ em um amplo

escritório com 04 (quatro) pátios internos (Fig. 07).

Placas metálicas, que formavam paredes internas, foram substituídas por painéis de vidro e reutilizadas para formar estruturas isolantes a fim de proteger os funcionários do intenso calor durante os meses de verão. Já o teto, revestido por uma membrana de PVC, e demais paredes internas são formadas pelos conteinêres aparentes. Pela localização da construção, em um distrito industrial próximo a uma movimentada estrada, o escritório foi internalizado e as salas de trabalho orientadas em direção ao jardim interno mais próximo (ARCOWEB, 2014, p. 01).

No Brasil, uma recente aplicação desse tipo de

arquitetura foi a loja Decameron (Fig. 08), inaugurada

em janeiro de 2011, na cidade de São Paulo SP; e

proposta pelo MK27 Studio de Marcio Kogan. Com uma

área total de 252 m2, a construção é composta por 06

(seis) contêineres em cores vibrantes, sendo dois de

20’ e quatro de 40’, além de um galpão feito em

concreto com estrutura metálica e pé-direito duplo

apoiado sobre os contêineres, um volume para o

escritório e, ainda, um vasto jardim. O resultado

acolhedor é surpreendente para um ambiente criado

com referências industriais. Eletrocalhas, piso de

concreto queimado modulado com juntas de dilatação e

piso de borracha são outros elementos de uso

industrial, de relativo baixo custo, presentes na obra

(SOBRAL, 2011).

De forma inicialmente bastante tímida, os

containers passaram a ser usados em serviços de

alimentação. No começo, tratava-se de uma alternativa

mais barata de fazer uma instalação provisória. Porém,

pouco a pouco, passou a ser uma solução real para estabelecimentos pequenos que ocupam

locais vagos em terrenos e não querem usar trailers, que são bem mais limitados na decoração e

ambientação. Em um segundo momento, arquitetos especialistas em bares e restaurantes

passaram a assumir o contêiner como um elemento do mundo contemporâneo e introduziram a

FIGURA 07

FIGURA 08

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15

sua figura em ambientes para dar contraste, destaque, isolamento e outras motivações.

Exemplificando, a rede de restaurantes Madero (Fig. 09) construiu recentemente alguns de seus

estabelecimentos com contêineres, com o intuito de levar sua comida a lugares estratégicos das

estradas do Brasil (GASTRONOMIAVERDE, 2014).

Além de restaurantes inovadores,

empreendedores já estão enxergando mais um

diferencial neste segmento: o bar-container, que reúne

as vantagens de adaptabilidade, flexibilidade e caráter

inusitado. Por sua vez, as chamadas escolas-container

já existem mundo afora – e até mesmo no Brasil –,

vindo atender necessidades temporárias, emergenciais

ou permanentes. As instituições públicas e empresas

privadas que atuam no segmento da educação estão

percebendo o benefício modular do container

associado à questão da sustentabilidade

socioambiental, especialmente com o uso de materiais

reciclados. A Escola Valladolid (Fig. 10) foi construída

no México em apenas 90 dias, possuindo 15 (quinze)

salas de aula, além de laboratórios, instalações

sanitárias e áreas administrativas (CONTAINERSA,

2014f).

Algumas cidades sofrem com a falta de

infraestrutura hoteleira, especialmente sentida pelos

turistas ou viajantes que irão participar de um

determinado evento. Da mesma forma, certas

localidades podem sofrer picos de sazonalidade, o que faz com que um grande investimento

nessa área torne-se inviável; ou ainda, principalmente em regiões interioranas do país, onde não

se tem uma demanda constante, acabam recebendo forte impacto com um evento ou uma nova

megaindústria. O site da empresa Containers S/A (2014g) demonstra que o uso de contêineres no

segmento hoteleiro é uma realidade de sucesso, por meio de vários exemplos (Fig. 11), além de

afirmar que uma rede hoteleira em container é excelente semeadora do conceito, aproximando e

permitindo às pessoas explorar a qualidade e conforto que este tipo de arquitetura proporciona.

Outro amplo campo de aplicação consiste nas áreas de manutenção e serviços, as quais

podem contar com soluções em contêineres para criar oficinas e canteiros de reforma para serem

instalados e movimentados, sem gerar mudanças radicais, para qualquer lugar. As oficinas-

container, além de serem utilizadas em indústrias e grandes obras civis, podem ser facilmente

instaladas em empresas ou locais onde sejam necessários workshops: a empresa leva a própria

FIGURA 09

FIGURA 10

FIGURA 11

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16

"sala de aula" junto à prática para perto do cliente. Da mesma forma, um container-escritório

também se constitui uma ótima opção, principalmente para grandes centros: áreas bem

localizadas podem se tornar economicamente viáveis, pois com apenas 15 m² já se pode montar

um contêiner que sirva de escritório, sendo nele

possível atender clientes em um ambiente

aconchegante e inovador. A empresa de arquitetura

Group8 fez um prédio em Genebra (Suíça) de 780 m²

com 9 m de altura, a partir de um antigo edifício

industrial (Cargo’ Studios), que foi transformado em

algo totalmente novo com a reciclagem de 16

(dezesseis) contêineres (Fig. 12a/b). Visando

ambientes amplos e coletivos, os contêineres, alguns

em balanço, permitiram não somente um ganho

estético, como também 200 m² a mais. Cada container

reaproveitado serviu para uma aplicação, tais como:

salas de reunião, cafeteria, lounge, sanitários, etc.

(CONTAINERSA, 2014h).

Em muitos países, ainda de acordo com a empresa Containers S/A (2014i), postos de

combustíveis portáteis já substituem os tradicionais postos de abastecimento de automóveis: são

os chamados postos-container. Além deste mercado, tal solução arquitetônica atende segmentos

de marinas, destinadas a iates e pequenas embarcações; e aeroportos, para abastecimento de

aviões e helicópteros.Trata-se também de uma excelente alternativa para empresas de grande

porte que utilizam combustível em seus processos e transportes, assim como atendimentos em

locais remotos.

6 MATERIAIS E MÉTODOS

De caráter descritivo e cunho exploratório, esta pesquisa foi baseada em revisão

bibliográfica e estudo de caso, realizando-se por meio da investigação, seleção e coleta de fontes

impressas, tais como artigos, periódicos e livros, nacionais e internacionais; ou ainda publicadas

on line, que tratavam direta ou indiretamente sobre arquitetura em containers voltada ao uso

comercial e/ou institucional. Os textos que compõem o presente relatório abordam as origens

desse tipo de arquitetura, suas relações com a questão da sustentabilidade na construção civil e

seus campos de aplicação, levantando-se vantagens e desvantagens do uso arquitetônico de

contêineres em programas não-habitacionais. Na sequência, faz-se o estudo de 01 (um) caso

internacional, procurando ilustrá-lo, descrevê-lo e analisá-lo em seus aspectos estruturais,

funcionais e estéticos. Concluiu-se a pesquisa com algumas observações finais relacionadas à

arquitetura em containers e a preparação da apresentação dos resultados no 22º EVINCI (Evento

de Iniciação Científica) da UFPR, previsto para ocorrer em outubro de 2014.

FIGURA 12A/B

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17

7 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir da revisão bibliográfica, verificou-se que as principais vantagens da utilização de

contêineres em lojas, escritórios, estações de ônibus ou até mesmo em escolas e abrigos de

emergência, são as seguintes: e identificam as seguintes:

a) Reutilização de materiais para estrutura: Além de reaproveitar um material nobre descartado, o

uso de contêineres marítimos gera economia de recursos naturais, os quais não foram utilizados

para a estrutura da construção, como areia, tijolo, cimento, água, ferro, etc. Isto significa uma obra

mais limpa, com redução de entulho e de outros materiais;

b) Respeito ao perfil do terreno: Sua implantação possibilita mais economia e rapidez na

terraplanagem;

c) Impermeabilização: Ao respeitar ao máximo o relevo natural do terreno, evitam-se interferências

no solo e no lençol freático, pois mais de 85% do terreno fica permeável, contribuindo para

absorção da água das chuvas;

d) Economia na fundação e redução no uso de materiais: O peso leve da estrutura metálica

possibilita o uso de sapatas isoladas, pequenas e rasas, sem a utilização de armação ou

ferragens;

e) Preservação das árvores: Há a conservação vegetal no terreno e no projeto paisagístico para

ajudar no sombreamento da construção e amenizar o calor excessivo;

f) Reuso de água da chuva: Esta pode ser captada pelo telhado, armazenada e filtrada em

reservatório próprio, o que contribui para a redução do desperdício desse importante recurso

natural;

g) Ventilação cruzada nos ambientes: A possibilidade da abertura de janelas, clarabóias e outros

vazios contribui para evitar o uso de ar condicionado, um dos grandes consumidores de energia

elétrica;

h) Telhado verde: Solução que auxilia no isolamento térmico do contêiner, a qual pode ser

conseguida pela cobertura total ou parcial do elemento; ou sua associação com outros tipos de

telhado;

i) Paredes e forros em drywall: Elementos que contribuirão para menor quantidade de entulho na

obra, além do uso de materiais recicláveis e um melhor desempenho termoacústico;

j) Sistema misto de aquecimento solar: Solução adicional que gera economia de energia.

Estes pontos positivos foram bastante salientados em sites como Arquitetura Sustentável

(2014) e Metalica (2014b), entre outras fontes, lembrando que a reutilização de contêineres reúne

valores importantes das construções contemporâneas, tais como: flexibilidade, despojamento e

reuso (SIMONELLI, 2014). Entretanto, segundo Pagnotta (2011), também deve ser lembrada a

série de desvantagens que se apresentam para a construção com contentores de carga. Por

exemplo, os revestimentos usados para fazer os recipientes durarem para transporte marítimo

podem muitas vezes conter determinada quantidade de produtos químicos que são nocivos ao ser

humano, tais como o cromato, fósforo e tintas à base de chumbo. Além disso, pisos em madeira

que revestem a maioria dos contêineres são infestados com pesticidas químicos perigosos, como

arsênico e cromo, destinados a manter as pragas bem longe. Isto requer medidas preventivas

visando a qualidade e saúde ambiental.

Outrossim, embora a ideia de reutilizar contêineres marítimos pareça ser uma alternativa

de baixa energia, no entanto, poucas pessoas sabem a quantidade de energia necessária para

tornar a caixa habitável. Toda a estrutura exige ser jateada e aberturas precisam ser cortadas com

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uma tocha ou serra de bombeiro. Tudo isto, juntamente com os combustíveis fósseis necessários

para mover o container, contribui significativamente para o seu impacto ecológico (PAGNOTTA,

2011).

Outra desvantagem está no fato de que, dimensionalmente, um recipiente individual cria

espaços de difíceis moradia e trabalho. Para fazer um espaço de tamanho adequado, várias

caixas precisam ser combinadas, o que, novamente, requer energia. Soma-se a isto o fato de que,

conforme Fossoux et Chevriot (2013), a energia elétrica que flui através dos aparelhos em seu

interior pode produzir ondas eletromagnéticas, as quais seriam bloqueadas pela estrutura metálica

do recipiente. Por serem blocos de metal, os contêineres apresentam uma vantagem em relação

às intempéries, fazendo com que se comportem como uma gaiola de Faraday (uma caixa de metal

que isola seu conteúdo de campos eletromagnéticos). Para a construção, agem como para-raios,

evitando que relâmpagos danifiquem a casa. Entretanto, pode-se notar algum desconforto, já que

a rede wi-fi não pode exceder o limite da parede do recipiente, assim como a rede de telefones

celulares também pode ser alterada sem a adição de um dispositivo externo.

Por fim, trata-se de um ambiente com grandes variações na temperatura, o que faz com

que seja mais isolado do que no caso de estruturas feitas em concreto, pedra ou madeira. Como o

ar interior úmido condensa-se contra o aço, isto forma ferrugem caso este material não estiver

devidamente isolado e selado. O tamanho e o peso dos contêineres também exige que esses

sejam movidos por guindastes ou empilhadeiras e, às vezes, conseguir a licença para esse tipo de

construção pode ser um pouco difícil devido à falta de

conhecimento de alguns municípios sobre essa técnica

(SELF STORAGE FINDERS, 2013).

De qualquer forma, ainda que a construção

com esses recipientes apresente certas desvantagens,

este tipo de arquitetura merece o interesse que tem

ultimamente despertado, ganhando terreno ao longo

dos últimos anos, por sua simplicidade, acessibilidade e

flexibilidade, o que vêm impulsionando essa

modalidade de construção, introduzida cada vez mais

no mercado, seja por seu caráter ecológico,

sustentável, estético ou financeiro. Ademais, o

potencial espacial da arquitetura em containers é

infinito e estruturas mais atraentes são apenas uma

questão de criatividade e imaginação. Com reforço

estático adequado, contêineres podem ser empilhados

e combinados com outros materiais de inúmeras

maneiras, resultando em edifícios inovadores que atraem cada vez mais consumidores.

FIGURA 13

FIGURA 14

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Visando analisar suas características de projeto e execução, optou-se em ilustrar e

descrever na sequência um caso internacional desse tipo de arquitetura sustentável, escolhendo-

se a obra pioneira e mundialmente divulgada da Puma City (Figs. 13 e 14), a qual já foi instalada,

transportada e reinstalada em varias localidades, inclusive no Brasil.

ESTUDO DE CASO Puma City

2008 LOT-EK Studio

Localização: Portos ao redor do mundo Uso: Misto (Loja, bar e lounge) Ano de construção: 2008 Número de contêineres: 24 (vinte e quatro) Área total: 1.022 m² Área útil: 929 m

2

Autoria: LOT-EK Studio (Ada Tolla + Giuseppe Lignano) Colaboradores: Keisuke Nibe; Koki Hashimoto

O LOT-EK Studio – com sede em Nova York

(EUA), mas que possui também um escritório em Nápoles

(Itália) – tem um histórico em trabalhar com projetos, criados

a partir de contêineres abandonados, de instalações

artísticas até lojas, explorando este conceito que torna o

espaço público mais flexível e reutiliza materiais

descartados. Fundado em 1993 pelos italianos Ada Tolla

(1964-) e Giuseppe Lignano (1963-), pós-graduados pela

Columbia University (NY), tem concebido e executado obras

comerciais, institucionais e residenciais no mundo todo,

destacando-se no design de exposições e instalações site-

specific para importantes instituições culturais e museus,

incluindo o Museum of Modern Art (MoMA), o Whitney

Museum, o Guggenheim Museum e o Walker Art Center

(LOT-EK, 2014a).

Conseguindo grande visibilidade por sua

abordagem sustentável e inovadora para construção,

materiais e espaços, por meio da reutilização adaptativa

(upcycling) de objetos e sistemas industriais existentes não

originalmente destinados à arquitetura e design, de acordo

com Chen (2008), o escritório obteve seu maior êxito como a

Puma City (Figs. 15 e 16), em que a reciclagem de

containers possibilitou o projeto de uma loja inovadora.

Inaugurada em setembro de 2008, o edifício de varejo e

eventos consiste em 03 (três) níveis de contentores marítimos, acomodados para criar espaços exteriores

dinâmicos, grandes beirais e terraços16

(METALICA, 2014a).

Basicamente, a Puma City é um edifício transportável que viaja através do mundo. Consiste em 24

(vinte e quatro) contêineres combinados criativamente, os quais levam vantagem na rede de transporte

marítimo global já em vigor: é totalmente desmontável e viaja tanto em navios de carga com barcos à vela; é

montado e desmontado inúmeras vezes e pode chegar a diferentes portos internacionais. Trata-se, portanto,

do primeiro edifício nessa escala totalmente móvel (KOTNIK, 2013; JODIDIO, 2014).

16

De fato, este estabelecimento não é o primeiro exemplo dos esforços da Puma na customização em massa de suas lojas de varejo. Em 2006, a marca já havia aberto uma loja no centro de Manhattan, na Union Square, Nova York (EUA). Através de um projeto do arquiteto Paolo Luchetta, do escritório RetailDesign SRL, foi possível definir toda a loja em menos de uma semana graças às capacidades fold-out da arquitetura container, inaugurando o conceito da Store-In-A-Box defendido até hoje (CIBELE, 2006).

FIGURA 15

FIGURA 16

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20

Com um logotipo pintado no lado de fora17

e completa renovação no interior, a vida pregressa dos

contêineres foi bem disfarçada. Enquanto sua estrutura ainda está evidente nos vários quadros criados

pelas paredes dos recipientes de transporte, o ambiente interno, aberto e bem iluminado, faz com que a

estética industrial pareça quase intencional. Além disso, detalhes construtivos como as duas plataformas

localizadas nos andares superiores (decks) e a iluminação embutida dão à loja um senso maior de

permanência e menos como uma estrutura pré-fabricada que pode simplesmente ser dobrada e mudada

(CHEN, 2008).

O conjunto foi construído em 03 (três) níveis de

containers de 40’ empilhados (Figs. 17 a 19), consistindo em

duas lojas de varejo – situadas nos dois primeiros níveis,

ambas com grandes alturas duplas, bem como com 04

(quatro) contêineres amplos e espaços abertos para desafiar

a qualidade modular do espaço interno do recipiente (Fig. 20)

–; e escritórios, área de imprensa e de armazenamento

ocupando o segundo nível; e, finalmente, um bar, lounge e

espaço para eventos com um grande terraço aberto

localizados no topo (LOT-EK, 2014b).

Conforme o site Designlike (2012), Puma City foi

desenhada para responder a todos os desafios arquitetônicos

de um prédio convencional, respeitando o código

internacional de construção, mudanças climáticas

dramáticas, plug-in de sistemas elétricos e de climatização,

além da facilidade de montagem e operações (Figs. 21 e 22).

O conforto térmico está adequado, fazendo com que áreas

não-climatizadas da loja sejam sombreadas e arejadas. Além

dos contentores marítimos, o conjunto utiliza uma série de

conectores destinados a juntar os recipientes de forma

segura, tanto horizontal quanto verticalmente (JODIDIO,

2014). Cada módulo foi projetado para ser enviado como um

contêiner de carga convencional através de um sistema de

painéis de cobertura estruturais (Fig. 23a/b), o qual veda

totalmente todas as suas grandes aberturas para o

transporte, sendo este removido no local de instalação,

quando se reconectam os grandes espaços interiores abertos

(Figs. 24 a 26) (KOTNIK, 2013).

O projeto da Puma City de 2008 foi premiado no ano

seguinte pelo Architecture Awards International, este

conferido pelo Athenaeum Museum, de Chicago (EUA).

Também em 2009, recebeu o prêmio anual da revista

Travel+Leisure e a Menção Honrosa na categoria de Melhor

Ambiente da D.I. Magazine. A edificação já passou por

algumas cidades dos EUA, como em Boston MA (YONEDA,

2009), além de Alicante (Espanha) e Estocolmo (Suécia). Na

África do Sul, foi instalada para expor e vender os produtos

da marca durante a Copa do Mundo de 2010. No site Vimeo

(2012) é possível assistir um vídeo em timelapse, publicado

pelo Lot-EK Studio, no qual se pode acompanhar passo-a-

passo a rápida construção de uma Puma City, constatando a

agilidade do sistema, sua flexibilidade e customização.

17

Conforme Kotnik (2013), Puma City também é um dos maiores projetos de promoção de marca, uma vez que os contêineres empilhados estão organizados em uma fachada que apresenta a logo gráfica da empresa, esta fragmentada pela disposição dos elementos, mas que não compromete sua legibilidade; ao contrário, enfatiza-a e destaca sua identidade.

FIGURA 17

FIGURA 18

FIGURA 19

FIGURA 20

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FIGURA 21

FIGURA 22

FIGURA 23A/B

FIGURA 17

FIGURA 24

FIGURA 25

FIGURA 26

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7 CONCLUSÃO

Produtos ecologicamente corretos são consumidos cada vez mais em nosso cotidiano. A

utilização de contêineres indica uma abordagem sustentável e uma preocupação para trabalhar

com sistemas responsáveis e inteligentes em termos de instalações e outros materiais. Com base

na pesquisa realizada e no estudo de caso, foi possível concluir que o reaproveitamento de

containers é uma alternativa para maior sustentabilidade de construções comerciais e/ou

institucionais, podendo ser realizado de forma mais rápida e econômica quando comparado às

construções convencionais. Isto se constitui em um campo de aplicação que se expande cada

vez mais, conquistando mais espaço em meio à prática profissional tradicional.

Essa nova tipologia de construção tende a agradar aqueles que buscam algumas

características voltadas à sustentabilidade socioambiental, visto que um contêiner é modulado,

pré-fabricado, fácil de ser transportado e disponível por todo o mundo, além de ser reciclável e

reutilizável. Tais características contribuem para que seja uma alternativa mais econômica,

especialmente para recintos comerciais temporários, pois há a possibilidade de transporte de um

local a outro. Além disso, baseia-se em um sistema modular, o qual permite uma diversidade de

combinações e composições; e apresenta boas condições de resistência e durabilidade.

Empreendedores estão descobrindo o potencial das lojas customizadas com containers

marítimos. Em um mercado competitivo, esta arquitetura alternativa atrai tanto clientes como o

público em geral, adotando diversas soluções para um mesmo programa e possibilitando sua

organização espacial de maneira a adequar-se da melhor maneira às necessidades dos usuários.

Ademais, construções em contêineres reduzem o impacto no terreno e são rápidas de configurar,

o que significa menos poluição ambiental e menos resíduos no canteiro de obras.

Mesmo possuindo algumas desvantagens como o espaço limitado, riscos de

contaminação ou problemas relacionados ao conforto térmico, é possível adaptá-lo para as

necessidades de seus usuários, tomando providências para sanar essas deficiências, o que

inclui: seleção criteriosa de unidades, limpeza prévia e aplicação de isolantes e acabamentos,

avaliação ergonômica dos ambientes e especificação correta de revestimentos e mobiliário.

Muitos projetos de contêineres também podem incluir outras medidas técnicas visando maior

sustentabilidade, tais como painéis solares, coletores de água da chuva e telhados verdes. Seus

interiores são também muitas vezes favoráveis ao meio ambiente, sendo decorados em madeira

e outros materiais naturais e/ou reciclados. A ideia vêm erguendo – tanto no Brasil como no resto

do mundo – residências, escritórios, hotéis, escolas, habitações estudantis, lojas, bares e

restaurantes, assim como espaços destinados a eventos, incluindo estúdios e stands. Seus

maiores atrativos são: a rapidez de execução, a facilidade de montagem, a flexibilidade espacial

e, principalmente, o baixo custo da obra. Por fim, a utilização dessa técnica de reciclagem

arquitetônica confere maior atualidade, excentricidade e sustentabilidade para os ambientes,

melhorando o marketing empresarial e o clima organizacional de funcionários e clientes.

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14 http://designlike.com/wp-content/uploads/2012/02/puma-city-container-store2-600x468.jpg 20.ago.2014

15 http://designlike.com/wp-content/uploads/2012/02/puma-city-container-store4-600x473.jpg 20.ago.2014

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20.ago.2014

21 http://designlike.com/wp-content/uploads/2012/02/puma-city-container-store8-600x470.jpg 20.ago.2014

22 http://designlike.com/wp-content/uploads/2012/02/puma-city-container-store5-600x468.jpg 20.ago.2014

23a/b http://elplanz-arquitectura.blogspot.com.br/2012/04/lot-ek-puma-city.html 20.ago.2014

24 http://payload.cargocollective.com/1/2/71922/1990625/1_816.jpg 20.ago.2014

25 JODIDIO, P. Temporary architecture now! Köln: Taschen, 2014. -

26 http://payload.cargocollective.com/1/2/71922/1990625/11_PC_web_816.jpg 20.ago.2014