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EMPREENDEDORISMO SOB A TICADA INTERDISCIPLINARIDADE
Volume 1
Maring - PR2015
UNICESUMAR - CENTRO UNIVERSITRIO DE MARING
C346CESUMAR - Centro Universitrio de Maring
Empreendedorismo sob a tica da interdisciplinaridade. v. 1. MaringCesumar, 2015. 216p.
ISBN: 978-85-459-0087-0ISBN ON LINE: 978-85-459-0088-7
1. Empreendedorismo. 2. Administrao. Unicesumar. I. Ttulo.
CDD 22 Ed. 658.4 NBR 12899 - AACR/2
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As ideias e opinies emitidas nos artigos so de exclusiva responsabilidade dos autores, no refletindo, necessariamente, as opinies do editor e, ou, da Unicesumar - Centro Universitrio de Maring.
EXPEDIENTE
SUMRIO
INTRODUO ...........................................................................................5
1 PLANO DE NEGCIO PARA INDSTRIA DE PES DE QUEIJO: UMA VISO EMPREENDEDORA
Denise Felix da Silva, Nelson Tenrio Junior, Cludia Herrero Martins Menegassi ................................................................................................7
2 SIGNIFICADOS DE SUCESSO E DE FRACASSO PARA MULHERES EMPREENDEDORAS
Anna Beatriz Cautela Tvrzska de Gouvea, Amlia Silveira, Hilka Pelizza Vier Machado ................................................................................................37
3 O CONTEXTO DO EMPREENDEDORISMO: DESCREVENDO A PERCEPO DE UM EMPREENDEDOR
Guilherme Cassarotti Ferigato, Siderly do Carmo Dahle de Almeida .........57
4 EDUCAO EMPREENDEDORA: UM NOVO OLHAR Rharleno Lcio de Jesus Machado, Michelle Brambilla Kozuki ................75
5 O GESTOR EDUCACIONAL COMO AGENTE ATIVO E EMPREENDEDOR NO CONTEXTO ESCOLAR
Tnia Regina Corredato Periotto, Fernanda Marques de Lima, Antonio Jos Saviani da Silva ......................................................................................91
6 O GERENTE EMPREENDEDOR E O DESENVOLVIMENTO DE COMPETNCIAS SOB A PERSPECTIVA DO USO DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAO E COMUNICAO
Tnia Regina Corredato Periotto ...........................................................105
7 EMPREENDEDORISMO NO AGRONEGCIO: UM CASO DE SUCESSO Aline Anglica Verussa, Guilherme Cassarotti Ferigato, Paulo Henrique
Franzo Silva, Marcio Pedro Cabral, Siderly do Carmo Dahle de Almeida ...129
8 EMPREENDEDORISMO SUSTENTVEL: OPORTUNIDADES DE NOVOS NEGCIOS A PARTIR DOS HBITOS DE CONSUMO
Dioclecio Moreira Camelo, Andrea Grano Marques ................................147
9 A RELAO ENTRE A ECONOMIA DE COMUNHO E O EMPREENDEDORISMO SOCIAL: ESTUDO DE DOIS CASOS.
Cludia Herrero Martins Menegassi ......................................................169
10 AEMPREENDEDORISMO E DIREITO: O DINAMISMO NA MEDIDA CERTA PARA O SUCESSO Aline Gabriela Pescaroli Casado, Letcia Carla Baptista Rosa, Carlos
Alexandre Moraes, Andrea Carla Pereira Moraes Lago, Lorena Cristina Selete Silva .........................................................................................199
H alguns sculos, o conceito de empreendedorismo discutido, sob
vrias ticas desde o seu surgimento. A exemplo disso, se tem a associao
deste tema com a inovao, definindo o empreendedor como aquele que
destri a ordem econmica a partir da introduo de novos produtos e servios
no mercado. Os empreendedores criam coisas novas, mudam ou transformam
valores: a palavra-chave mudana.
No que se refere a uma definio especfica, presente na literatura,
no h um consenso de como caracterizar o empreendedorismo. Na verdade,
nota-se que os estudiosos dessa rea tm desenvolvido muitas tipologias para
descrever suas perspectivas atinentes ao empreendedorismo.
Para isso, o referido livro contempla uma coletnea de assuntos,
tentando demonstrar exatamente as vrias perspectivas e aplicabilidades
deste tema nas diversas reas do conhecimento. Nesse sentido, o contedo
aborda o empreendedorismo sob a tica de gesto, perpassando por assuntos
que vo desde as caractersticas inatas de um empreendedor at a utilizao
de um plano de negcio a partir de uma viso empreendedora.
Destaca-se, ainda, a presena do assunto empreendedorismo
atrelado ao mundo feminino, apontando o sucesso e o fracasso junto s
mulheres. Por sua vez, o empreendedorismo na gesto educacional tambm
foi assunto apontado e discutido neste livro, porque a educao a geradora
do conhecimento do ser humano sendo por meio dela que se inicia e se
desenvolve o comportamento empreendedor.
INTRODUO
Outras reas do conhecimento tambm so apontadas, tais como o agronegcio, direito e o empreendedorismo social. Em funo do nvel de tecnologia que se presencia atualmente, o material apresentado tambm delineia o assunto sob a perspectiva do uso das Tecnologias de Informao e Comunicao (TIC). Dessa forma, entende-se que o uso da TIC poder contribuir favoravelmente em contexto estratgico para o desenvolvimento dos negcios no mundo dos empreendedores.
Este livro tem por objetivo demonstrar ao leitor a amplitude do assunto empreendedorismo com outras reas do conhecimento. A ideia aqui no a de esgotar o assunto, mas de promover uma reflexo para futuras novas pesquisas. Apesar do crescente interesse pelo tema por parte de pesquisadores, destaca-se que no Brasil ainda h muito a avanar nessa rea e se pode contar com o apoio do Sebrae, que desde a dcada de 80 direciona seus esforos para despertar e orientar iniciativas empreendedoras. Vale destacar que, neste momento em especfico, o Sebrae, alm de parceiro o financiador deste livro. Boa leitura...
PLANO DE NEGCIOPARA INDSTRIA DE PES
DE QUEIJO: UMA VISO EMPREENDEDORA
Denise Felix da Silva Mestre em Engenharia de Alimentos Universidade Estadual de Maring (UEM)
e-mail: Denise_felix@outlook.com
Nelson Tenrio Junior Doutor em Cincia da Computao e Docente do Mestrado em Gesto do
Conhecimento nas Organizaes Unicesumare-mail: nelson.tenoriojr@gmail.com
Cludia Herrero Martins Menegassi Doutora em Administrao e Docente do Mestrado em Gesto do
Conhecimento nas Organizaes Unicesumare-mail: claudiaherrero@gmail.com
EMPREENDEDORISMOSOB A TICA DA INTERDISCIPLINARIDADE
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1 INTRODUO H evidncias de que o po de queijo foi desenvolvido no sculo 19, porm, s se tornou popular no Estado de Minas Gerais em 1860. Na poca em que a oferta de leite, ovos e queijo se intensificou pela expanso pecuria, as cozinheiras mineiras preparavam o po de queijo para servir para seus senhores. Desde ento, o po de queijo vem agradando o paladar de muitos que o provam. Hoje, essa iguaria tpica brasileira produzida e comercializada por muitas empresas renomadas no pas (PEREIRA, J.; CIACCO, 2004; VILELA; PEREIRA, R., 2004).
Mesmo tendo surgido h muitos anos, o po de queijo passou a ser bastante consumido h dez anos, sendo que so exportados 2% da produo nacional. Existem hoje mais de 500 indstrias no Brasil, 70% delas esto em Minas Gerais. Entre as empresas registradas e fabricantes informais, a produo mdia de 6 mil toneladas por ms. O produto j comercializado nos Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Frana, Itlia, Portugal, Espanha, Japo e Argentina. A estratgia de promoo do produto o seu sabor inigualvel e seu aspecto tpico brasileiro. No ano de 2004, o mercado de po de queijo movimentou R$ 170 milhes no Brasil (COMECE..., 2010).
O po de queijo, quando fresco, um produto perecvel pela presena de leite, ovos, queijo, polvilhos e alta umidade. O avano das tecnologias de conservao bem como o congelamento das massas de po de queijo propiciou aumento do seu prazo de validade e a ampliao dos mercados interno e externo. O produto pode ser embalado em sacos plsticos de polietileno e para o transporte podem ser acondicionados em caixas de papelo. A distribuio e a comercializao do po de queijo congelado devem estar inseridas na cadeia de frio, transportados em caminhes frigorficos. Dessa forma, o po de queijo congelado poder ter vida til de nove meses (TOMICH et al., 2005).
De acordo com a portaria n 593, de 25 de agosto de 2000 da Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria, a massa de po de queijo um produto no
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Plano de negcio para indstria de pes de queijo:uma viso Empreendedora
fermentado, constitudo de fcula de mandioca, queijo e outros ingredientes, modelado ou no, resfriado ou congelado. Porm, a ausncia de informaes sobre a funo tecnolgica dos ingredientes para a qualidade do po de queijo dificulta o melhoramento desse produto (BRASIL, 2000).
Atualmente, as tendncias para os mercados de pes de queijo podem ser descritas considerando a valorizao de produtos com apelos nutricionais; aumento do consumo de produtos com baixos teores de gordura e acar; busca por produtos agradveis sensorialmente e por produtos prticos e rpidos. O mercado de po de queijo encontra-se em expanso exponencial o que permite o surgimento de indstrias de po de queijo para suprir a demanda nacional e internacional do produto (COMECE..., 2010).
A regio de Londrina-PR possui apenas duas fbricas de pes de queijo congelados. Pelo alto consumo e tambm pela possibilidade de exportao do produto, e, ainda, pelo baixo nmero de indstrias de pes de queijo na regio estudada, a princpio trata-se de um bom empreendimento. Todavia, a elaborao de um plano de negcio elemento fundamental para a deciso de se abrir ou no um empreendimento. De fato, o plano de negcio um dos elementos mais trabalhados nas disciplinas e cursos de empreendedorismo, justamente por sua importncia em trazer ao conhecimento diversos elementos fundamentais deciso de abrir ou no uma empresa, a fim de que suas chances de sucesso sejam as maiores possveis.
Este trabalho tem o objetivo de apresentar um plano de negcios para uma indstria de pes de queijo fictcia Double Cheese doravante assim nomeada localizada na regio de Londrina-PR. O trabalho se justifica pela importncia que o plano de negcio tem para a deciso de iniciar um novo empreendimento e pela melhor compreenso do cenrio regional no tocante possvel implementao de uma fbrica de pes de queijo, o que pode contribuir tanto para o empresrio individualmente quanto para o desenvolvimento regional.
EMPREENDEDORISMOSOB A TICA DA INTERDISCIPLINARIDADE
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O artigo est dividido nas seguintes sees: referencial terico, apresentao do plano de negcios e consideraes finais. importante salientar que o foco do presente artigo a apresentao do plano de negcio desenvolvido em todos os seus detalhes. Pelas limitaes de espao, o referencial terico tratar somente do conceito e caractersticas principais do plano de negcios. A metodologia utilizada foi pesquisa documental.
2 REFERENCIAL TERICO
O plano de negcios um dos elementos mais importantes no tocante ao empreendedorismo. Trata-se do documento que contm informaes detalhadas sobre o futuro negcio e a regio onde se situar e sua funo principal de planejamento e orientao de deciso. Por fim, ele que indicar se se trata de um negcio vivel ou no.
Segundo Dornelas (2003b), o plano de negcios ganhou fora na dcada de 1990. algo relativamente recente pela importncia que representa para a sociedade, j que pode antecipar questes que poderiam acarretar prejuzos ou at mesmo o fechamento do novo negcio.
Para Hashimoto (2007), o plano de negcios uma forma de visualizar a ideia de um negcio, com o objetivo de fornecer ao empreendedor informaes sobre questes importantes e estratgicas que ele poderia desconsiderar no fosse o plano.
Algumas funes do plano de negcios a avaliao do novo empreendimento sob diversos aspectos, tais como o de mercado, tcnico, financeiro e jurdico; a avaliao da evoluo do empreendimento; o fornecimento de documentao necessria ao novo empreendedor para a obteno de capital de terceiros; o planejamento organizado do empreendimento para subsdio tomada de decises que diminuam o risco de fracasso do negcio (DORNELAS, 2003a).
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Plano de negcio para indstria de pes de queijo:uma viso Empreendedora
3 PLANO DE NEGCIOS
Nesta seo ser apresentado o plano de negcios referente a uma indstria de pes de queijo localizada na cidade de Londrina, no estado do Paran.
3.1 OBJETIVOS E SUMRIO EXECUTIVO
Este trabalho tem como objetivo demonstrar o potencial para o desenvolvimento de uma indstria de pes de queijo em Londrina - PR. Ele tambm apresenta uma anlise da viabilidade econmica do empreendimento a partir de dados importantes como custo fixo, capital de giro, custo operacional, margem de lucro e custo de venda. definido o capital necessrio para montagem e manuteno de sua vida til financeira, qual o pblico alvo e quais as melhores opes em terceirizao e produo prpria.
Ingressando no segmento de pes de queijo congelados, a indstria de pes de queijo Double Cheese produzir cerca de 600 kg/dia de pes de queijo, variando no tamanho do produto e insero de recheio, pes de queijo de 15 g, 50 g e 50 g recheados. Os produtos sero vendidos para estabelecimentos comerciais em embalagens de polietileno de 500 g com a marca Double Cheese.
3.2 IDENTIFICAO DO PBLICO ALVO E TENDNCIAS DE MERCADO
O produto designado para o consumo familiar, inicialmente no Estado do Paran. O fator relevante para o projeto de uma indstria de po de queijo como oportunidade de negcio que ele o produto de tradio mineira bastante apreciada por boa parte dos brasileiros. De acordo com pesquisas realizadas pela Associao Brasileira dos Produtores de Po de Queijo (ABPQ), no perodo de 2005 2006, sua produo no pas apresentou aumento de
EMPREENDEDORISMOSOB A TICA DA INTERDISCIPLINARIDADE
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100%. As novas tendncias de mercado exigem melhor aprimoramento da indstria alimentcia para a produo de pes de queijo uma vez que este produto tradicional da culinria mineira vem se tornando um produto comum na mesa brasileira (SEBRAE, 2010).
3.3 CONCORRNCIA E DIFERENCIAL COMPETITIVO
De acordo com pesquisas realizadas em supermercados, grande o nmero de empresas de marcas de pes de queijo que atuam no mercado, sendo cerca de 500 empresas formalizadas (SEBRAE, 2010).
A empresa Forno de Minas lder, com 40% do mercado, seguida da So Geraldo, da mesma empresa, que honra a origem e mantm sua unidade de produo em Contagem-MG, mas encaminha 30% da produo para So Paulo, onde est o escritrio administrativo da General Mills, detentora das duas marcas. quase trs vezes mais que os 12% que ficam em Minas (SEBRAE, 2010).
Nota-se por esses dados que o Estado de Minas Gerais detentor da qualidade e quantidade de empresas do ramo, porm essa estatstica vem mudando a cada dia, pela busca do produto pelo consumidor de outros Estados, como So Paulo (SO PAULO, [2000?]).
Os diferenciais competitivos das empresas de um modo geral esto relacionados ao produto oferecido e poltica de preos. No ambiente de negcios de hoje, as empresas ganham competitividade pela qualidade de seus produtos, isto , os produtos que possuem valor agregado podem ser vendidos com maiores preos (TOMICH et al., 2005).
Com essas mudanas surge um novo perfil de clientes crticos e exigentes. Com base nessas informaes, o presente projeto busca a elaborao de uma fbrica que busca oferecer produtos com matria-prima bem selecionada e de excelente qualidade. Atualmente, os consumidores se preocupam em comprar alimentos mais saudveis e com baixo teor de
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Plano de negcio para indstria de pes de queijo:uma viso Empreendedora
gordura. O po de queijo uma alternativa saudvel para quem procura evitar frituras (PINTO, 2001).
Alm disso, Double Cheese tem como objetivo entrar neste mercado competitivo com diferencial de dispor de variedade quanto ao tamanho e sabor de seus produtos, diferenciando-se das concorrentes.
3.4 FORNECEDORES E ALIANAS ESTRATGICAS
Fornecedores compreendem os indivduos e/ou firmas que suprem as empresas de matrias-primas e insumos necessrios para fabricao de produtos ou servios. A qualidade da matria-prima fornecida s empresas de alimentos de extrema importncia, pois a qualidade do produto final dependente da qualidade da matria-prima utilizada (PEREIRA, 1998).
Para poder comprar com maiores vantagens, o setor de compras deve manter um cadastro completo dos fornecedores de todos os insumos utilizados para a empresa produzir. Os procedimentos adotados para realizar o cadastramento dos fornecedores so: coleta de dados referentes qualidade dos produtos de cada fornecedor, avaliao da pontualidade de entrega de mercadorias e do prazo concedido para o pagamento e descontos oferecidos pelos fornecedores. O cadastro no deve conter somente o nome dos fornecedores no registro, mas tambm fazer uma classificao por tipo de material, bem como todas as suas caractersticas (SEBRAE, 2010).
Para obter melhores condies nas aquisies, importante o aproveitamento mximo do capital circulante, buscando a obteno do maior nmero possvel de rotaes do material. Mas para que isso ocorra deve-se evitar a formao de estoques desnecessrios, efetuando compras com quantidades baseadas no estoque atual e no consumo no perodo anterior.
A terceirizao de alguns servios se torna bastante importante para algumas empresas como contabilidade e a prestao de servios qumicos e
EMPREENDEDORISMOSOB A TICA DA INTERDISCIPLINARIDADE
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laboratoriais. Os produtos produzidos pela Double Cheese sero vendidos para supermercados, padarias, lanchonetes e cantinas.
3.5 PREOS DO PRODUTO
A Double Cheese acompanha os preos de comercializao de seus produtos de acordo com os que so oferecidos no mercado. Como os principais concorrentes da regio em atuao so a Forno de Minas, Chef Foods e Sadia, estabelece-se uma tabela comparativa de preos por eles praticados (FOOD SERVICE NEWS, 2014).
Tabela 1 - Preos de comercializao de pes de queijo
Fabricante Preo po de queijo tradicional (R$/quantidade de gramas no pacote)
Forno de Minas R$ 4,99/400 g
Chef Foods R$ 2,94/300 g
Sadia R$ 4,39/400 g
Levando em considerao os valores praticados pelos principais concorrentes, estipularam u-se pacotes de 500 g e 300 g, com o valor dos pacotes de 500 g tradicional a R$ 4,73 e com recheio a R$ 5,39 e o tradicional de 300 g, R$ 2,67.
3.6 ESTRATGIAS DE PROMOO E VENDAS
O principal canal de comunicao da Double Cheese atravs de clientes indiretos (lanchonetes, padarias, supermercados e hipermercados). Sero colocadas estantes com a logomarca, como pequenos aquecedores
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Plano de negcio para indstria de pes de queijo:uma viso Empreendedora
de alimentos (em lanchonetes e padarias) e estandes de degustao em supermercados, onde promotoras de venda enfatizaro o diferencial dos produtos. Esse ltimo servio ser terceirizado.
3.7 CUSTO DE INVESTIMENTO E CAPITAL DE GIRO
Os custos de investimento estimados para a empresa so apresentados nas tabelas de 2 a 7.
Na tabela 2, esto descritos os gastos referentes s obras civis como rea do terreno, considerando-a como concedida pela prefeitura e os gastos com a construo do prdio. A tabela 3 apresenta a descrio dos itens de mveis e equipamentos para o escritrio como armrio, cadeiras e computadores. J na tabela 4 foram descritos os gastos com utenslios domsticos para limpeza. Na tabela 5 so apresentados gastos com a implementao dos banheiros; na tabela 6 esto descritos os custos dos equipamentos industriais utilizados no processo de produo dos pes de queijo. Por fim, na tabela 7 esto descritos os custos totais fixos da implantao da indstria. A descrio exata dos tipos de custos se faz importante para facilitar a visualizao do custo total final do investimento.
Tabela 2 - Descrio de gastos com obras civis
Descrio Unidade Qtde Vlr/m2 Vlr(R$)
rea do terreno m 4597,37 -- --
rea construda m 1787,47 527,02 318.978,46
Total 318.978,46
EMPREENDEDORISMOSOB A TICA DA INTERDISCIPLINARIDADE
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Tabela 3 - Descrio de mveis e equipamentos para escritrio
Descrio Quantidade Valor (R$)
Armrio 3 600,00
Cadeira 5 750,00
Escrivaninha 5 1250,00
Computador 1 1300,00
Notebook 4 4000,00
Impressora 1 300,00
Telefone 5 150,00
Fax 1 430,00
Linha telefnica 1 153,00
TOTAL 8.933,00
Tabela 4 - Descrio de gastos com utenslios
Descrio Quantidade Valor (R$)
Balde 10 50,00
Vassoura 4 80,00
Rodo 6 90,00
P de lixo 4 20,00
Lixeira 15 375,00
Extintor 5 410,00
Pallets 30 450,00
Uniformes 90 2.800,00
TOTAL 4.275,00
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Plano de negcio para indstria de pes de queijo:uma viso Empreendedora
Tabela 5 - Descrio de gastos com banheiros
Descrio Quantidade Preo (R$)
Vaso sanitrio 5 500,00
Pia 5 300,00
Chuveiro 5 300,00
Espelho 3 300,00
Lixeira 6 120,00
Dispensador de sabonete 5 75,00
Dispensador de papel 3 90,00
TOTAL 1.685,00
Tabela 6 - Descrio de gastos com equipamentos principais de processos
Descrio Quantidade Valor (R$)
Balana 1 1.389,00
Masseira 1 11.674,12
Pingadora 1 16.000,00
Recheadora 1 5.404,00
Embaladora 1 3.625,40
Cmara fria 2 47.358,86
Ralador 1 4.266,00
Peneira 1 300,00
Escaldadeira 1 13.650,00
Utenslios Diversos 1.000,00
Sub-total 104.667,38
IPI + seguro + frete (+10%) 10.466,74
Total 115.134,12
EMPREENDEDORISMOSOB A TICA DA INTERDISCIPLINARIDADE
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Tabela 7 - Descrio de investimento fixo
Descrio Valor (R$)
Terreno Doao
Construo civil 318.978,46
Poo artesiano 2.500,00
Frota refrigerada 65.000,00
Frota de vendas 25.000,00
Equipamentos principais de processo 115.134,12
Instalao dos principais equipamentos (25%EP) 28.783,53
Tubulao (15%EP) 17.270,12
Instrumentao e controle (3%EP) 3.454,02
Servios utilizados (10%EP) 11.513,41
Escritrio+utenslios+banheiros 14.893,00
Despesas durante a construo (30%EP) 34.540,24
Subtotal 637.066,90
Imprevistos (5% do subtotal) 31.853,35
Total 660.920,25
Quanto ao capital de giro, este corresponde ao montante em dinheiro necessrio s empresas para atender s operaes de produo e comercializao de bens. o conjunto de recursos de capital que se transforma em recursos monetrios, no decorrer do ciclo operacional, entendendo-se como ciclo operacional o tempo necessrio para que os recursos de caixa disponveis ao incio do perodo sejam transformados em produtos acabados e em valores a receber, at sua recuperao final, novamente sob a forma de
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Plano de negcio para indstria de pes de queijo:uma viso Empreendedora
caixa. Na tabela 8 apresentada a estimativa de capital de giro para a empresa Double Cheese.
Tabela 8 - Estimativa de capital de giro
Descrio Valor (R$)
Devedores por venda (mensal) 114.960,00
Estoque de material direto 46.272,81
Matria-prima (ms) 35.854,69
Embalagem (ms) 6.832,65
Materiais auxiliares (10%MP ms) 3.585,47
Estoque de produtos acabados (3 dias) 17.244,00
Fornecedores 36.891,30
Matria-prima (ms) 35.854,69
Energia (ms) 1.036,61
Capital de giro 215.368,11
Investimento total: IF + capital de giro 876.288,36
3.8 CUSTOS OPERACIONAIS
A depreciao a desvalorizao dos bens da empresa, que perdem valor com o passar do tempo, os quais so denominados de bens depreciveis. Os bens depreciveis mais comuns so os equipamentos, mquinas, os veculos e as edificaes.
Segundo os conceitos da gesto patrimonial, existem trs faixas ou fatores de depreciao que uma mquina de produo pode sofrer: depreciao
EMPREENDEDORISMOSOB A TICA DA INTERDISCIPLINARIDADE
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normal (quando a mquina utilizada por 1 turno de 8 h dirias), depreciao acelerada (acontece quando uma mquina utilizada por 2 turnos de trabalho de 8 h dirias) ou depreciao mxima (este tipo de depreciao acontece quando uma mquina utilizada durante 24 h por dia (3 turnos de 8 h) a depreciao mxima que uma mquina, veculo ou bem em geral pode sofrer de acordo com os princpios da gesto patrimonial (EHRLICH, 1986).
A empresa Double Cheese ir trabalhar em um turno de 8 h, assim seus maquinrios sofrero a depreciao normal. Na tabela 9 apresentada a estimativa da depreciao do mobilizado e imobilizado da empresa.
Tabela 9 - Depreciao
Descrio Vida til (anos) Preo (R$) Depreciao anual (R$)
Edifcios e construes 25 318.978,46 12.759,14
Computadores e perifricos 5 6.180 1.236,00
Instalaes eltricas em geral 5 15.948,92 3.189,78
Mquinas, equipamentos e Instalaes industriais 10 104.667,38 10.466,74
Mveis e utenslios em geral 10 4.075,00 407,5
Veculo de carga 5 65.000,00 13.000,00
Veculo de vendas 5 25.000,00 5.000,00
Total 46.059,16
Na tabela 10 apresentado o custo fixo anual relacionado mo de obra, seguros bem como custos imprevisveis que possam surgir.
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Plano de negcio para indstria de pes de queijo:uma viso Empreendedora
Tabela 10 - Descrio de custo fixo anual
Descrio Valor Anual (R$)
Mo de obra indireta 257.096,88
Depreciao 46.059,16
Seguros (1% do IF) 6.609,20
Manuteno (3% do IF) 19.827,61
Subtotal 329.592,85
Imprevistos (5% subtotal) 16.479,64
Total 346.072,49
A tabela 11 apresenta detalhadamente os custos com mo de obra
indireta.
Tabela 11 - Mo de obra indireta
Posio Quantidade Salrio (R$) Valor total (R$)
Engenheiro 4 2.000,00 8.000,00
Secretria 1 1.018,94 1.018,94
Colaborador de limpeza 3 914,82 2.744,46
Administrador 1 1.300,00 1.300,00
Vendedor 2 1.018,94 2.037,88
Guarda 1 914,82 914,82
Encargos sociais (33,77%) 5.408,64
Total mensal 21.424,74
Total anual 257.096,88
EMPREENDEDORISMOSOB A TICA DA INTERDISCIPLINARIDADE
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Na tabela 12 so apresentados os custos que podem variar
sazonalmente como os ingredientes utilizados e embalagens.
Tabela12 - Custo varivel anual
Descrio Unidade Quantidade Unitrio (R$) Valor (R$)
Matrias-primas
Polvilho azedo Kg 9986,4 1,06 10.585,58
Polvilho doce Kg 39808,8 0,88 35.031,74
Margarina Kg 4651,2 1,45 6.744,24
Leite em p Kg 2845,44 3,25 9.247,68
Ovo em p Kg 2380,32 7,6 18.090,43
Queijo meia cura Kg 49795,2 5,59 278.355,17
Queijo cheddar Kg 7200,00 10,00 72.000,00
Sal Kg 684,00 0,24 164,16
gua Kg 26.648,64 0,0014 37,31
Embalagem
Embalagem plstica (pes 15 g) Um 216.000 0,0713 15.400,80
Embalagem plstica (pes 50 g) Um 180.000 0,262 47.160,00
Caixas de papelo Um 15.300 1,27 19.431,00
Controle de Pragas Ms 4 250 1.000,00
Limpeza e sanitizao Ms 4 2.000,00 8.000,00
Marketing Ms 12 900,00 10.800,00
Energia eltrica KW.h/dia 128,29 0,40401 12.439,30
Mo de obra direta 10.254,34 123.052,08
Total 667.539,49
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Plano de negcio para indstria de pes de queijo:uma viso Empreendedora
Na tabela 13 so apresentados os custos dos empregos diretos como operadores.
Tabela 13 - Empregos diretos
Posio Quantidade Salrio (R$) Valor Total (R$)
Operador de produo 5 949,53 4.747,65
Operador de embalagem 2 949,53 1.899,06
Motorista 1 1.018,94 1.018,94
Encargos (33,77%) 2.588,69
Total mensal 10.254,34
Total anual 123.052,08
Na tabela 14 apresentado o custo relacionado com a energia necessria para manter a fbrica em funcionamento durante os turnos.
Tabela 14 - Consumo de energia
Equipamento Potncia (KW) HorasConsumo total
(KWh/dia) Valor dirioTotal Anual
1 Balana 0,01 3 0,03 0,012 2,91
1 Masseira 2,2 8 17,6 7,11 1.706,54
1 Pingadeira 0,87 8 6,96 2,81 674,86
1Recheadora 1,34 5 6,7 2,71 649,65
Embalador 1,8 8 14,4 5,81 1.396,25
2 Cmaras 4,5 8 36 29,08 6.981,28
1 Ralador 0,65 3 1,95 0,79 189,08
1 Peneira 0,55 3 1,65 0,67 159,99
1 Escaldador 1,4 5 7 2,83 678,74
Total: 128,29 51,822 12.439,30
EMPREENDEDORISMOSOB A TICA DA INTERDISCIPLINARIDADE
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3.9 ESTIMATIVA DO CUSTO UNITRIO DE PRODUO
O custo fixo unitrio:
Os produtos finais so divididos em trs classes, pacotes de 500 g sem recheio (pes de 50 g sem recheio), pacotes de 500 g (pes de 50 g com recheio) e pacotes de 300 g (pes de 15 g sem recheio).
= 2,40/kg
O custo varivel unitrio:A produo de pes de queijo ser distribuda da seguinte forma:
pacotes de 500 g sem recheio (pes de 50 g); pacotes de 500 g com recheio (pes de 50 g); pacotes de 300 g sem recheio (pes de 15 g). Na tabela 15 apresentada a descrio do custo varivel anual para produo dos pes de queijo sem recheio pacotes de 500 g. A tabela 16 mostra o custo varivel anual para produo dos pes de queijo sem recheio de 300 g.
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Plano de negcio para indstria de pes de queijo:uma viso Empreendedora
Tabela 15 - Descrio de custo varivel anual para pes de queijo sem recheio (pacotes de 500 g), com 37,5% da produo total:
Descrio Valor anual (R$)
Matrias-primas 107.564,08
Embalagens 35.154,00
Mo de obra direta 46.144,53
Energia 4.664,73
Outros custos 7.425,00
TOTAL 227.734,38
EMPREENDEDORISMOSOB A TICA DA INTERDISCIPLINARIDADE
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Tabela 16 - Descrio de custo varivel anual para pes de queijo sem recheio (pacotes de 300 g), com 37,5% da produo total:
Descrio Valor anual (R$)
Matrias-primas 134.346,12
Embalagens 15.400,80
Mo de obra direta 46.144,53
Energia 4.664,73
Outros custos 7.425,00
TOTAL 207.981,18
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Plano de negcio para indstria de pes de queijo:uma viso Empreendedora
Na tabela 17 apresentada a descrio do custo varivel anual para pes de queijo com recheio pacotes de 500 g.
Tabela 17 - Descrio de custo varivel anual para pes de queijo com recheio (pacotes de 500 g), com 25% da produo total:
Descrio Valor anual (R$)
Matrias-primas 134.346,12
Embalagens 11.718,00
Mo de obra direta 30.763,02
Energia 3.109,83
Outros custos 4.950,00
TOTAL 184.886,97
3.10 PREO DE VENDA DO PRODUTO E ESTIMATIVA DE RECEITA ANUAL
Sabendo o custo unitrio de cada produto da indstria de pes de queijo, para a obteno do preo de venda necessrio saber as despesas de comercializao incidentes e a margem bruta desejada, sendo assim, tem-se:
Comisses sobre vendas 20% Lucros 10%
EMPREENDEDORISMOSOB A TICA DA INTERDISCIPLINARIDADE
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Assim, o preo de venda (PV) de cada produto ser:
Pacote de 500 g sem recheio:
Pacote de 300 g sem recheio:
Pacote de 500 g com recheio:
Na tabela 18 est estimada a receita anual da indstria de pes de queijo Double Cheese.
Tabela 18 - Estimativa de receita anual
Produto Pacotes/ano Preo de venda (R$/un) Total (R$)
Pacote 500 g 108.000 4,73 510.840,00
sem recheio
Pacote 300 g 180.000 2,67 480.600,00
sem recheio
Pacote 500 g 72.000 5,39 388.080,00
Com recheio
Total 360.000 1.379.520,00
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Plano de negcio para indstria de pes de queijo:uma viso Empreendedora
3.11 DIAGRAMA DE FLUXO QUALITATIVO
Na figura 1 apresentado o diagrama de fluxo qualitativo o qual pode
ser descrito como sendo uma documentao dos passos necessrios para a
execuo de um processo qualquer, neste caso, a produo de po de queijo.
O diagrama de fluxo qualitativo se refere aos itens do processo e sua qualidade
no considerando quantidades e rendimentos de cada etapa do processo.
Figura 1 - Diagrama de fluxo qualitativo
Fonte: Elaborado pelos autores
EMPREENDEDORISMOSOB A TICA DA INTERDISCIPLINARIDADE
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Na figura 2 mostrado o diagrama de fluxo quantitativo de todo o processo desde a recepo da matria-prima at o armazenamento. Esse diagrama a maneira simples de visualizao do sistema de fabricao. A linguagem de diagramas de quantitativo pode ser descrita como uma expresso matemtica que representa o processo de suas relaes de quantidade. Tambm so utilizados smbolos de processo, depsito e fluxos.
Figura 2 - Diagrama de fluxo quantitativo
Fonte: Os autores
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Plano de negcio para indstria de pes de queijo:uma viso Empreendedora
3.12 CONTROLE DE QUALIDADE
As boas prticas de fabricao esto relacionadas com a presena de microrganismos no processamento dos alimentos desde a recepo das matrias-primas, das instalaes estruturais, do preparo, do envase (acondicionamento), do armazenamento, da distribuio, entre outros (NAVES, [2000?]).
O conceito de qualidade tem evoludo tanto que deixou de ser apenas um conjunto de caractersticas ou propriedades dos produtos, para ser uma nova forma de visualizar os problemas sociais, ou seja, uma nova filosofia, cultura ou estratgia de gesto dos setores produtivos, quer sejam empresas ou instituies. H um avano acelerado na melhoria de todos os setores, impulsionados pelos crculos de qualidade que operam em quase todas as indstrias lderes mundiais.
Em se tratando de alimentos, a Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria, no mbito do Ministrio da Sade e o Ministrio da Agricultura atuam como rgos fiscalizadores para garantir populao a segurana na industrializao e comercializao de produtos, neles includos os alimentos processados ou in natura. A aprovao do Regulamento Tcnico sobre as condies higinico-sanitrias e de boas prticas de fabricao para estabelecimentos alimentcios tem como objetivos estabelecer os requisitos gerais a que deve ajustar-se a todo o estabelecimento com a finalidade de obter alimentos aptos para o consumo humano (ANVISA, 2001).
Em compromisso com a qualidade, a indstria Double Cheese po de queijo contar com um eficiente sistema de controle de qualidade e produo, buscando sempre melhorias na qualidade e produtividade. Sistemas de qualidade, como Boas Prticas de Fabricao (BPF) e Procedimentos Operacionais Padro (POPs) sero implantados na indstria e tero melhoria contnua. A empresa contar ainda com um pequeno laboratrio industrial utilizado para a realizao da verificao e acompanhamento da conformidade dos parmetros de qualidade e segurana dos produtos, sendo esses parmetros estabelecidos com base em normas vigentes.
EMPREENDEDORISMOSOB A TICA DA INTERDISCIPLINARIDADE
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4 CONSIDERAES FINAIS
O presente artigo teve como objetivo a apresentao de um plano de negcio para uma indstria de pes de queijo situada na cidade de Londrina - PR. O plano de negcio uma das prticas mais utilizadas no campo do empreendedorismo, uma vez que se trata do planejamento de uma atividade empresarial futura, com base em pesquisas e projees.
Tendo presente uma viso empreendedora, a execuo de um bom plano de negcio, em ltima instncia, diminui os riscos inerentes a uma nova atividade. Se a anlise for direcionada a um campo macro, bons planos de negcio tm um papel importante no desenvolvimento da sociedade, uma vez que podem ajudar a diminuir o fechamento precoce das empresas, colaborando assim para a manuteno do emprego, da renda e do produto/servio oferecido pela empresa em determinada regio.
A elaborao de um plano de negcio uma atividade que demanda esforo, pesquisa e dedicao. Seu nvel de detalhamento pode parecer excessivo. Porm, quanto mais bem executado for esse plano, maiores as possibilidades do novo empreendimento obter sucesso. Essa a viso empreendedora: a que vai alm de boas ideias ou de perspectivas aparentes, mas que est baseada em dados empricos, frutos de pesquisa e de anlise do mercado.
No caso deste estudo, o plano de negcios da empresa Double Cheese demonstrou ser este um negcio vivel e com potencial positivo para a regio de Londrina-PR. Alm de esse trabalho ter cumprido seu objetivo de apresentar o plano de negcio direcionado indstria de pes de queijo, espera-se ainda que ele possa servir de elemento que norteie os empresrios que queiram investir nesse ramo alimentcio, contribuindo com os itens necessrios para um bom planejamento.
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Plano de negcio para indstria de pes de queijo:uma viso Empreendedora
REFERNCIAS
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BRASIL. Resoluo RDC n 90, de 18 de outubro de 2000. Aprova o Regulamento Tcnico para Fixao de Identidade e Qualidade de Po. Dirio Oficial da Unio, Braslia, DF, de 20 de outubro de 2000. Disponvel em: . Acesso em: 22 jun. 2015.
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EMPREENDEDORISMOSOB A TICA DA INTERDISCIPLINARIDADE
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SIGNIFICADOS DE SUCESSO E DE FRACASSO
PARA MULHERES EMPREENDEDORAS
Anna Beatriz Cautela Tvrzska de Gouvea Mestre pela FURB-Blumenau
Amlia Silveira Professora da Universidade Uninove SP
Hilka Pelizza Vier Machado Professora do Mestrado em Gesto do conhecimento UniCesumar Maring
EMPREENDEDORISMOSOB A TICA DA INTERDISCIPLINARIDADE
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1 INTRODUO
No campo do Empreendedorismo, pesquisas com mulheres empreendedoras mostram-se interessantes, pois elas esto cada vez mais criando empresas, embora, geralmente, essas empresas sejam pequenas (JULIEN; MORIN; CADIEUX, 2008) porque mulheres encontram dificuldades para promover o crescimento de seus negcios (MACHADO, 2000; MOORE; BUTTNER, 1997).
Concepes de sucesso e de fracasso esto relacionadas ao empreendedora e podem apresentar diferenciaes entre empreendedores. Por exemplo, Amarante, Goraieb e Machado (2014) abordam as diferenas em concepes de sucesso e de fracasso entre empreendedores novos e experientes. Nas concepes para os empreendedores novos, eles identificaram maior influncia de fatores monetrios enquanto para os experientes elas estavam associadas a aspectos da vida social e pessoal.
Weber e Geneste (2014) afirmam que h diferenas significativas entre percepes de sucesso para homens e mulheres no campo das pequenas empresas. Mulheres apresentam medo de fracasso e so mais avessas ao risco do que homens (COLETTE, 2007).
Como dimenses intersubjetivas, significados constituem representaes cognitivas que propiciam a compreenso do outro (FILION, 2008, p. 19), sendo que representaes sobre sucesso e fracasso podem demonstrar o modo de pensar a ao empreendedora. Nesse sentido, pesquisas que procuram compreender significados de sucesso e de fracasso por empreendedoras podem apresentar elementos para explicar o crescimento e o desenvolvimento das empresas, a fim de melhorar a compreenso da ao empreendedora.
Com isso, o delineamento desta pesquisa foi derivado da necessidade de conhecer interpretaes de sucesso e de fracasso em negcios por mulheres empreendedoras, uma vez que h poucos estudos nessa rea que possam
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Significados de sucesso e de fracasso paramulheres empreendedoras
responder questo: quais so os significados de sucesso e de fracasso nos negcios por mulheres empreendedoras?
O objetivo da pesquisa foi conhecer significados de sucesso e de fracasso nos negcios por mulheres empreendedoras, a fim de identificar possvel associao com o desenvolvimento das empresas.
Este captulo foi estruturado em cinco partes. Inicialmente, apresentou-se uma contextualizao de estudos anteriores sobre o tema; a seguir explicaram-se os procedimentos metodolgicos adotados na pesquisa e, na sequncia, apresentaram-se os resultados alcanados, seguidos de anlise e de consideraes finais.
2 SIGNIFICADOS DE SUCESSO E DE FRACASSO PARA EMPREENDEDORES E EMPREENDEDORAS
Variaes no patrimnio, lucratividade, nmero de empregados e at mesmo investimento em pesquisas so utilizados como indicadores de sucesso para empresas (JOHNSON; SOENEN, 2003), sendo que o sucesso para empreendedores pode estar associado a outros aspectos. Ele pode incluir tambm o efeito das aes sobre os empreendedores e no apenas sobre as empresas. Ansoff, Declerck e Hayes (1981) mencionam que caractersticas pessoais como autoconfiana, otimismo, energia e persistncia geralmente esto associadas ao sucesso.
King (2002) considera que sucesso no meramente uma medida econmica para empreendedores, pois estudos constataram que empreendedores fazem essa opo por desejo de autonomia, de independncia e de autorrealizao; alm de cumprirem com frequncia uma longa jornada de trabalho. A autora buscou a definio de sucesso junto a 152 empreendedores norte-americanos e, aproximadamente 40% (36,18%), mencionaram ser feliz como significado de sucesso; 20% (20,4%) disseram que o sucesso
EMPREENDEDORISMOSOB A TICA DA INTERDISCIPLINARIDADE
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realizar um sonho ou atingir um objetivo e 16,45% interpretaram sucesso como sinnimo de ganhar dinheiro; 12,5% mencionaram ajudar os outros; 7,9% liberdade e o restante outras definies. Outros estudos abordaram a temtica, como o de Vaara (2002), que procurou compreender o sucesso e o fracasso em um contexto de aquisio e integrao organizacional, Poulin, Harris e Jones (2000), que mapearam significados de sucesso, apontando que os significados so mltiplos.
Moore e Buttner (1997) identificaram que mulheres medem sucesso no apenas por meio de vendas e taxas de crescimento. As autoras encontraram como a mais importante medida de sucesso para empreendedoras a autorrealizao, seguida por lucratividade, e pelo fato de atingirem objetivos e obterem a satisfao dos empregados. Em sexto lugar, estava a importncia do balano entre famlia e trabalho. Moore e Buttner (1997, p. 153) constataram que empreendedoras norte-americanas valorizam o sucesso em funo de:
a) capacidade de realizar contatos e buscar influncias;b) capacidade de querer realmente fazer e fazer acontecer;c) elevado autoconhecimento;d) existncia de um plano pessoal;e) ser realista;f) ter um suporte emocional;g) gerenciar a autoimagem;h) assumir responsabilidades.
Machado (2000, p. 25), pesquisando significados de sucesso com empreendedoras paranaenses, encontrou as seguintes expresses: Nunca acreditar em crise; acreditar na prpria fora de trabalho; no deixar as coisas para o dia seguinte; jamais imaginar que algum vai resolver o seu problema; ter entusiasmo, dedicao; trabalhar muito; no desanimar com as ondas do mercado; calcular bem os riscos; fazer o que gosta; ter o mximo de informaes sobre a atividade; fazer pesquisa de mercado; dedicar-se
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Significados de sucesso e de fracasso paramulheres empreendedoras
integralmente ao negcio; zelar pela credibilidade; ser persistente; cuidar da autoestima e encarar os problemas de frente.
Mas, significados de sucesso podem sofrer alteraes ao longo do tempo. Eles podem variar de acordo com o nmero de empreendimentos criados, como mostraram Amarante, Goraieb e Machado (2014), e com o tempo, como identificou Machado (2000). As empreendedoras que possuam empresas h mais tempo tendiam a enfatizar valores humanistas e ticos, e, em contrapartida, as com menor tempo valorizavam mais a obteno de resultados financeiros.
No tocante a significados de fracasso, alguns estudos fornecem evidncias sobre possveis diferenas entre homens e mulheres. Por exemplo, Wagner (2004), comparando empreendedores nascentes homens e mulheres- na Alemanha, constatou que as mulheres tinham mais medo de fracasso do que os homens. Langowitz e Minniti (2007), analisando dados do Global Entrepreneurship Monitor de 17 pases tambm chegaram mesma concluso.
Machado e Fugineri (apud MACHADO, 2007) buscaram compreender o fracasso por mulheres que tinham encerrado seus negcios. Para elas, o fracasso foi resultado de falhas no gerenciamento das empresas, principalmente quanto aos seguintes aspectos:
falta de planejamento; falta de pesquisa de mercado; pouco dimensionamento de capital de giro; poucos contatos; inexistncia de propaganda.
Para Shepherd e Wiklund (2006), o fracasso pode estar associado imaturidade das organizaes ou ao excesso de confiana de empreendedores. Contudo, tanto os significados de sucesso como de fracasso so parcialmente explicados na literatura, justificando estudos adicionais sobre o tema.
EMPREENDEDORISMOSOB A TICA DA INTERDISCIPLINARIDADE
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3 MTODO DA PESQUISA
Esta pesquisa consistiu em um estudo exploratrio, na medida em que este tipo de pesquisa permite ao pesquisador aumentar os conhecimentos acerca do problema e das questes de pesquisa, alm de promover o esclarecimento, desenvolvimento ou modificao de conceitos para a formulao de abordagens futuras (TRIVIOS, 1987).
O mtodo qualitativo foi escolhido, pois ele constitui uma alternativa para o estudo de temas iniciais, no completamente consolidados, pois possui um foco amplo, no qual o pesquisador busca entender os fenmenos sob a tica dos atores envolvidos no contexto do estudo. O mtodo qualitativo, conforme menciona Creswell (1998), constitui um processo investigativo no qual o pesquisador clarifica o fenmeno social, contrastando, comparando, replicando, catalogando e classificando o objeto de estudo.
Os sujeitos desta pesquisa foram mulheres que criaram empresas e esto gerindo os empreendimentos h pelo menos cinco anos e que estavam inseridas em Associaes de Mulheres de Negcios nos Estados do Paran ou de Santa Catarina. O tempo de atuao foi um critrio adotado pela necessidade de alguma vivncia no papel, que contribusse para a construo de significados de sucesso e de fracasso. Ao todo, foram entrevistadas 30 empreendedoras que atuam em diversos setores de atividade, tais como: confeco, escolas, agncias de turismo, restaurantes, outplacement, promoo de eventos, comrcio de joias, indstria de sementes, beleza, sade, produtos naturais, comunicao, informtica, eletrnicos, educao e treinamento, metal mecnico e servios automotivos. Essa diversidade de ramos foi uma estratgia deliberada, cuja finalidade era obter a maior abrangncia possvel de significados.
O instrumento de coleta de dados utilizado foi a entrevista aberta, solicitando-se s empreendedoras que manifestassem os significados que atribuam ao sucesso e ao fracasso nos negcios. Com consentimento delas,
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Significados de sucesso e de fracasso paramulheres empreendedoras
as entrevistas foram gravadas e transcritas, posteriormente enviadas por e-mail, como uma forma para validao dos dados.
Tendo em vista o carter indutivo da pesquisa, os discursos foram analisados com base na anlise de contedo (BARDIN, 1977; BAUER, 2002) e classificados em categorias agrupando-se os significados similares. A anlise de contedo definida por Sampieri, Collado e Lucio (2006, p. 344) como: tcnica para estudar a comunicao de uma forma objetiva, sistemtica, que quantifica os contedos em categorias. Para tanto, o processo foi de categorizao a priori, formando categorias por meio de classes, e considerando as caractersticas comuns, em termos de similaridade e exaustividade. Alm das categorias amplas, foram apresentados outros desdobramentos no mbito de cada categoria.
4 APRESENTAO E ANLISE DOS DADOS
Inicialmente, so discutidas as interpretaes sobre o sucesso, com o desdobramento das categorias explicativas e posteriormente as interpretaes sobre o fracasso.
4.1 INTERPRETAES DE SUCESSO PARA AS EMPREENDEDORAS
Os resultados desta pesquisa mostraram duas dimenses para o sucesso, que foram categorizadas em: caractersticas pessoais e, aspectos ligados gesto e ao mercado. Outra classificao foi apresentada no estudo de Vaara (2002), que classificou os discursos de sucesso em: individualistas, racionalistas, culturais e associados ao papel desempenhado. No entanto, nesta pesquisa foram identificadas categorias associadas a caractersticas pessoais e gesto.
EMPREENDEDORISMOSOB A TICA DA INTERDISCIPLINARIDADE
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4.1.1 Caractersticas pessoais
As empreendedoras que participaram da pesquisa mencionaram caractersticas pessoais que consideraram associadas ao sucesso. Isso tambm ocorreu no estudo de Ansoff, Declerck e Hayes (1981), sendo que os autores associaram o sucesso caractersticas como: autoconfiana, otimismo, energia e persistncia. Neste estudo, as caractersticas pessoais que as entrevistadas associaram ao sucesso foram:
a) Coragem e ousadia: Ter iniciativa e coragem e ser ousada, No ter medo. preciso ter coragem e ousadia.
b) Criatividade: No adianta querer fazer como todo mundo sempre fez e ser mais uma Maria vai com as outras que no vai dar certo. Algum cuja mente est sempre farta de ideias e por isso no concebe viver na ociosidade.
c) Capacidade de sonhar e de realizar o sonho: Sonhar, acreditar e realizar. Ir busca dos seus sonhos. preciso acreditar no sonho. realizar seus sonhos. concretizar o seu sonho. a plenitude do sonho alcanado. Esse resultado coincide com King (2002), que tambm identificou esse significado.
d) Equilbrio trabalho e famlia: aquele que no perde seus valores pelo caminho. Equilibrado e sabe direcionar todos os lados de sua vida. Acho que isso bem sucedido. uma pessoa que no descuida de nenhum dos lados de sua vida. Continua em paz na sua vida familiar, que no descuida da educao de seus filhos, de seu marido. O mesmo resultado foi tambm identificado por Moore e Buttner (1997).
e) Locus interno de controle e independncia: saber que voc decide sua prpria vida.
Convm salientar que as caractersticas independncia ou liberdade e capacidade de sonhar coincidem com as encontradas por King (2002), que identificou fatores intrnsecos e extrnsecos associados aos significados de
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Significados de sucesso e de fracasso paramulheres empreendedoras
sucesso. Mas, ganhar dinheiro e ser feliz, apontados por King (2002), no aparecem nesta pesquisa. Em contrapartida, criatividade, coragem e ousadia no apareceram na pesquisa de King (2002). Vale ressaltar que o estudo de King (2002) foi realizado apenas com empreendedores e no com empreendedoras.
Ahl (2004) verificou que caractersticas como coragem e determinao, independncia, alm de viso, firmeza no carter e criatividade so traos citados por empreendedores de sucesso. Somente o equilbrio trabalho e famlia coincidiu com os achados de Moore e Buttner (1997).
4.1.2 Aspectos da gesto e do mercado
Para as empreendedoras que participaram desta pesquisa o sucesso est tambm associado ao modo de gesto, especificamente quanto:
a) Comportamento face ao mercado: Estar atento s oportunidades e Estar ciente da concorrncia.
b) Gesto compartilhada: como evidenciam os seguintes trechos dos discursos:
S se pode construir uma grande empresa quando todas aquelas pessoas que tiverem trabalhando receberem no apenas uma fatiazinha.
O bom aquele que em primeiro lugar se preocupa com a parte afetiva, com a parte humana. Ento eu digo que minhas professoras no so empregadas, elas so parceiras minhas. Ningum cresce numa empresa sozinha. Uma empresa s cresce se tiver censo de unio, de equipe. A parte afetiva, a parte humana muito importante.
A tendncia do empreendedor abrir os caminhos. Se esse empreendedor no se municiar de um corpo executivo que venha executar o pensamento e a empreitada empreendedora dele, fatalmente ele se dar mal.[...]. Uma coisa importante no empresrio bem sucedido: ele no pensa s nele. Ele carrega todo mundo junto: ele
EMPREENDEDORISMOSOB A TICA DA INTERDISCIPLINARIDADE
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investe no funcionrio, ele se for preciso vai investir no cliente, no fornecedor, todo mundo que est trabalhando com ele cresce.
c) Focar nos resultados: Sempre orientado para os resultados que pretende atingir; Eu acho que aquele que almeja objetivos e alcana resultados.
d) Lucratividade e ausncia de endividamento junto a bancos: Que ganha muito dinheiro, hoje o que manda. lgico que tem que estar bem financeiramente, isso muito importante. Ser dono do prprio nariz, no depender de banco.
O sucesso para as empreendedoras que participaram da pesquisa encontra-se no ambiente (mercado), no desempenho e no grupo. Mas, salienta-se que a gesto compartilhada foi a categoria que apresentou o maior nmero de narrativas. A satisfao dos empregados foi constatada tambm por Moore e Buttner (1997) como medida de sucesso para empreendedoras norte-americanas.
Por fim, um dos casos apresentou uma interpretao que configura uma viso processual do sucesso: Sucesso resultado de uma trajetria. Ele construdo, histrico. No se trata de uma condio objetiva, mas de uma construo pelos sujeitos.
4.2 INTERPRETAES DE FRACASSO PARA EMPREENDEDORAS
Para significados de sucesso os indivduos podem produzir uma iluso de controle, mas quanto ao significado de fracasso eles tendem a pr nfase maior nos outros (VAARA, 2002, p. 239). Neste estudo, tal como nas interpretaes de sucesso, tambm para o fracasso dois grupos de categorias foram identificadas: um que se relaciona a caractersticas pessoais e outro ligado ao modo de gerir os negcios.
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Significados de sucesso e de fracasso paramulheres empreendedoras
4.2.1 Caractersticas pessoais
A resilincia uma das caractersticas encontradas em
empreendedores. Ela contribui para que eles tenham dificuldade em imaginar
o fracasso, tal como uma das respondentes mencionou: No existe fracasso,
quando uma porta se fecha outra se abre, s prestar ateno. Algumas
caractersticas pessoais vinculadas ao fracasso foram mencionadas, como:
egosmo, inveja e foco nos resultados financeiros:
a) Egosmo: Para mim o mal sucedido aquele que se preocupa em bens, unicamente com ele, essencialmente com ele, tudo que foi
feito mrito dele e todos os benefcios que ele colheu mrito
dele e ele a nica pessoa que deve usufruir.
f) Inveja: As pessoas que tentam copiar os outros e nem isso conseguem.
g) Que busca apenas resultados financeiros: aquele que s pensa nos fins lucrativos. Eu digo que dinheiro consequncia do
trabalho.
Em sntese, enquanto que para o fracasso elas mencionaram o
egosmo, a inveja e a cobia por resultados financeiros, as caractersticas
pessoais mencionadas para o sucesso foram: compartilhamento, criatividade
e satisfao das pessoas.
4.2.2 Modo de gerir os negcios
A meno falta de uma gesto compartilhada (o inverso foi
mencionado no sucesso) refora a interpretao de como esta considerada
importante medida de sucesso, evidenciando como interpretaes de sucesso
e de fracasso esto associadas para essas empreendedoras:
EMPREENDEDORISMOSOB A TICA DA INTERDISCIPLINARIDADE
50
a) No adota uma gesto compartilhada:
Aquele que no tem um bom relacionamento com cliente, funcionrios, uma pessoa que s vezes pode ser at que a atividade dele esteja indo bem, mas ele no traz retorno nenhum.
O empresrio mal sucedido cresce sozinho, custe o que custar.
Qualquer fracasso, seja em qualquer setor da atividade profissional, consequncia da falta de planejamento, da centralizao do poder, da no distribuio das tarefas de acordo com a capacidade de cada componente da equipe.
b) Comodismo na gesto: como se observa nos trechos:
[...] Pessoa que se acomodou; [...] Falta de motivao para gerir o negcio;
Fracasso sinnimo de comodismo. A pessoa que se acomoda no pode ter sucesso. Se acomodar achar que est bom, esperar se aposentar, esperar a morte chegar.
Pessoa que abandonou os negcios, porque quando se est nos negcios preciso vender, mesmo que as pessoas no comprem, eles vo conhecer o seu produto. uma pessoa que parou.
c) Falta de pagamento: aquele que no cumpre com suas obrigaes, suas responsabilidades. O mal pagador.No quadro 1 apresenta-se uma sntese dos significados mencio-nados pelas empreendedoras para sucesso e para o fracasso nos negcios.
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Significados de sucesso e de fracasso paramulheres empreendedoras
Quadro 1 - Resumo das interpretaes de sucesso e de fracasso para empreendedoras
INTERPRETAES DE SUCESSO INTERPRETAES DE FRACASSO
Caractersticas pessoais
Aspectos gerenciais
Caractersticas pessoais
Aspectos gerenciais
Coragem e ousadia;
Criatividade;
Capacidade de sonhar;
tica e Equilbrio Pessoal;
Locus Interno de Controle e desejo de Independncia
Ateno ao mercado (oportunidades e concorrentes);
Gesto compartilhada (funcionrios, clientes e fornecedores);
Busca de resultados;
Busca de lucratividade;
Ausncia de endividamento bancrio.
Egosmo;
Inveja;
Busca de recompensas financeiras apenas.
No adota gesto compartilhada;
Acomodou-se na gesto;
Perdeu a capacidade de pagamento.
Fonte: As autoras
Comparando interpretaes de sucesso/fracasso nota-se como eles
so constructos interligados, na medida em que o fracasso pode ser entendido
como a negao do sucesso, tanto para caractersticas pessoais, como para as
de gesto. Langowitz e Minniti (2007) comentam como o rigor que uma cultura
atribui ao fracasso pode inibir iniciativas empreendedoras. Assim, sucesso e
fracasso so relevantes para explicar o fenmeno do empreendedorismo.
Nesta pesquisa, as empreendedoras no mencionaram a importncia
dos contatos e networks, como encontraram Moore e Buttner (1997). Esta
EMPREENDEDORISMOSOB A TICA DA INTERDISCIPLINARIDADE
52
estratgia apontada na literatura como estratgia de crescimento para micro e pequenas empresas. O acesso a networks ou redes constitui uma importante estratgia para crescimento das empresas, para reconhecimento de oportunidades de negcios (BORGES JUNIOR, 2004; FILION, 1991; BALESTRIN, VARGAS, 2004; CHABAUD; NGIJOL, 2005; MARCON; MOINET, 2001), ou at mesmo para promover a inovao (JULIEN, 2005).
As narrativas das empreendedoras desta pesquisa apresentaram mais expresses para significados de sucesso do que para os significados de fracasso, sendo que isso explicado por Vaara (2002), pois o sucesso representa uma lgica sucessiva temporal, portanto maior linearidade, enquanto o fracasso caracterizado por uma lgica mais complexa, como menciona Vaara (2002), dificultando a construo do significado; e o fracasso , em geral, associado s emoes negativas, as quais as pessoas tentam evitar, interferindo no processo cognitivo de construo desses significados.
5 CONSIDERAES FINAIS
Interpretaes de sucesso e de fracasso por empreendedores podem facilitar a compreenso da ao empreendedora. Como salienta Vaara (2002), sucesso e fracasso so constructos de natureza social e, conforme os resultados obtidos neste estudo, verifica-se que a esses significados apresentaram algumas especificidades que no foram encontradas em estudos anteriores, tal como o de King (2002).
Os resultados deste estudo mostraram que sucesso no apenas sinnimo de crescimento das empresas, mas inclui tambm satisfao para as pessoas envolvidas nas empresas. Para as empreendedoras que participaram deste estudo o sucesso o resultado de caractersticas pessoais e do modo de gesto dos empreendimentos, sendo este ltimo resultante da ao do empreendedor ou da empreendedora.
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Significados de sucesso e de fracasso paramulheres empreendedoras
Os resultados deste estudo mostraram como as noes de sucesso e de fracasso so complementares e esto associadas. Nesse aspecto, este estudo traz contribuies para a formulao de polticas pblicas para mulheres no campo do empreendedorismo e, ao mesmo tempo, oferece a oportunidade para outras mulheres que desejam empreender em compartilhar vises e compreender o que sucesso para mulheres que esto gerindo suas empresas.
Estudos adicionais com interpretaes de fracasso e de sucesso com homens empreendedores podero identificar diferenas. Finalmente, pesquisas longitudinais podem mostrar variaes nos significados medida que o tempo de empreender aumenta.
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O CONTEXTO DO EMPREENDEDORISMO:
DESCREVENDO A PERCEPO DE UM EMPREENDEDOR
Guilherme Cassarotti Ferigato Professor e parecerista em revistas acadmicas - Graduado em Administrao,
Especializao em EAD e as Tecnologias Educacionais, Especializao em Auditoria e Controladoria, atualmente aluno regular do Mestrado em Gesto
do Conhecimento nas Organizaes.
Siderly do Carmo Dahle de Almeida Doutora em Educao e Currculo pela Pontifcia Universidade Catlica de So
Paulo (2012) Mestre em Educao pela PUCPR (2006).
EMPREENDEDORISMOSOB A TICA DA INTERDISCIPLINARIDADE
60
1 INTRODUO
Desde a pr-histria o empreendedorismo j fazia parte do ser humano, uma vez que neste perodo o homem desenvolvia suas prprias ferramentas e casas. Na evoluo do ser humano tambm fica evidente suas habilidades empreendedoras como, por exemplo, os egpcios que j tinham a expertise e conhecimento suficiente que os levaram construo das famosas pirmides, do avanado e moderno (para poca) sistema agrcola e por fim conhecimento em matemtica e engenharia.
O empreendedorismo acompanha o ser humano h alguns milhares de anos, contudo o estudo sobre as atitudes e aes ditas de empreendedorismo s so estudadas e aprofundadas a partir do sculo XX com as primeiras inovaes que mudaram o contexto da sociedade surgindo novas coisas.
Dois tipos de empreendedores contemporaneamente so mais vistos: o empreendedor por necessidade e o empreendedor por oportunidade. O empreendedor por necessidade aquele que diante de uma dada necessidade de resolver algo empreender e inova para resolv-la. Por outro lado, o empreendedor por oportunidade aquele que no desperdia uma oportunidade, geralmente v o que muito no conseguiram enxergar.
Na contemporaneidade em que o ser humano vive a denominada Era do conhecimento, onde o empreendedorismo aflora das mais magnficas formas e que, de um modo geral, possui caractersticas mais simples, ganham espao entre polticos, economistas, engenheiros melhorando produtos, processos, mtodos, conscincias, atendimento e principalmente mudando o jeito de pensar da sociedade ao ponto de internalizar que qualquer um pode vir a ser um empreendedor. A ideia de ser empreendedor pode ser associada a pessoas para implementao do novo.
Com a evoluo dos estudos acerca do empreendedorismo, pode-se inferir que ao longo da histria do homem, muito se criou e inovou, sempre por necessidade ou oportunidade; tem-se o empreendedor nato e o empreendedor
61
O contexto do Empreendedorismo: descrevendo apercepo de um Empreendedor
por necessidade, surgem agora outras formas de empreendedorismo, o que Dornellas denomina de tipos de empreendedor.
Neste contexto de empreendedorismo, tem-se como objeto de estudo: qual a percepo sobre o empreendedorismo sobre a tica de um empreendedor? Como objetivo geral est em descrever a percepo de empreendedor sobre o que vem a ser empreendedorismo sobre o prprio empreendedorismo.
2 EMPREENDEDORISMO: HISTRICO E DEFINIO
Em uma pesquisa livre, de um modo geral, encontram-se algumas definies do que vem a ser o empreendedorismo:
Numa viso mais simplista, podemos entender como empreendedor aquele que inicia algo novo, que v o que ningum v, enfim, aquele que realiza antes, aquele que sai da rea do sonho, do desejo, e parte para a ao (SEBRAE, 2015, f. 11).
Empreendedor a grande capacidade de inovar, sendo esta a chave para que ele se destaque no mercado de trabalho. Assim, para se tornar uma pessoa influente na sua rea, voc deve adquirir algumas habilidades especficas, que podem ser aprimoradas com o tempo (SANTANDER, 2015, f. 5).
Diante das definies, pode-se inferir e complementar, segundo Dornellas (2001), a primeira manifestao que pode ser definida como empreendedorismo est na figura de Marco Plo1 onde o empreendedor aquele de certa maneira encara os riscos de forma enrgica e ativa.
1 Marco Polo, nascido na Veneza em 15 de setembro de 1254, mercador, embaixador e explorador. Trabalhava juntamente com o seu pai, Nicolau Polo (Niccol), e o seu tio, Matteo, foi um dos primeiros ocidentais a percorrer a Rota da Seda. Partiram no incio de 1272 do porto de Laiasso (Layes) na Armnia. O relato completo reportando sua trajetria pela amrica e China serviu como base de informao por vrios anos.
EMPREENDEDORISMOSOB A TICA DA INTERDISCIPLINARIDADE
62
Por outro lado, na Idade Mdia, o empreendedor passa a gerenciar projetos em vrias reas, especialmente na rea de financiamento. J no sculo XVII, pode-se relacionar o risco com o empreendedorismo.
Desde seu incio na Idade Mdia, o indivduo que participava ou administrava grandes projetos de produo era chamado de empreendedor, porm esta pessoa utilizava os recursos fornecidos geralmente pelo governo do pas. O empreendedor da idade mdia era o clrigo a pessoa encarregada de obras arquitetnicas como castelos e fortificaes, prdios pblicos, abadias e catedrais (BISPO et al. [2000?], f. 5).
Em um contexto histrico evoludo, o empreendedor ganha novas definies e significados.
Uma das primeiras definies da palavra empreendedor, foi elaborada no incio do sculo XIX pelo economista francs J. B. Say, como aquele que transfere recursos econmicos de um setor de produtividade mais baixa para um setor de produtividade mais elevada e de maior rendimento (BRITTO; WEVER, 2003, p. 17).
Pode-se inferir que ao longo da histria do empreendedorismo, muito se dissertou sobre o que vem a ser e como pode ser conceituada. Mas, o importante salientar a evoluo do empreendedorismo atrelada evoluo do ser humano.
O quadro 1 uma adaptao de Dornelas (2014), que reporta algumas invenes e conquista do sculo XX:
63
O contexto do Empreendedorismo: descrevendo apercepo de um Empreendedor
Quadro 1 - Invenes e conquistas no sculo XX
ANO EVENTO
1903 Avio motorizado
1915 Teoria geral da relatividade
1923 Televisor
1928 Penicilina
1937 Nilon
1943 Computador
1945 Bomba atmica
1947 Descoberta da estrutura do DNA
1958 Sputnik
1961 Laser
1967 Homem no espao
1969 Transplante de corao
1970 Microprocessador
1989 World Wide Web
1993 Clonagem de embries humanos
1997 Primeiro animal clonado
2000 Sequenciamento do genoma humano
Fonte: adaptado de Dornelas (2014)
A ideia de empreendedorismo pode surgir, de acordo com Bernardi (2012, p. 67) da observao, da percepo e analise de atividades, tendncias e desenvolvimentos, na cultura, na sociedade, nos hbitos sociais e de consumo.
Infere-se que o empreendedorismo surge de diversas formas ao longo da histria e que pode ser utilizado como base para planejamento de negcios, melhorias de processos e produtos, principalmente mudar paradigmas.
EMPREENDEDORISMOSOB A TICA DA INTERDISCIPLINARIDADE
64
3 EMPREENDEDORES
Existem vrios tipos de empreendedores, porm, no existe uma padronizao das vrias formas de ser um empreendedor. Muitas pesquisas trazem uma estereotipagem do empreendedor, mas o fato que qualquer um pode vir a ser um empreendedor. Segundo Schumpeter (1949), o empreendedor o causador da destruio econmica para criar novos produtos e servios, criar novos mtodos de organizao e pela explorao de recursos inutilizados.
A segui, no item 3.1 deste artigo, apresentam-se os principais tipos de empreendedores, a saber: empreendedor nato, inesperado, serial, corporativo, social, por necessidade e por fim o herdeiro, os tipos de empreendedores foram estereotipados segundo alguns autores, a saber:
3.1 O EMPREENDEDOR NATO
De um modo geral, o empreendedor nato, o mais citado, o empreendedor que de certa forma cria, por exemplo um negcio, do nada. Muitos deles comeam suas atividades de trabalho muito cedo, os que possibilitam adquirir algumas habilidades que ir diferenciar dos outros empreendedores.
Desde cedo por motivos prprios ou influncia familiar, demonstra traos de personalidade comuns aos empreendedores, o desenvolvimento de tal vocao tem forte relao com o tipo de autoridade familiar e o ambiente motivacional, tais como escala de valores e percepo (TEIXEIRA, 2012, p. 2).
Outra caracterstica marcante do empreendedor nato o instinto visionrio e a determinao para realizao de seu sonho. Por outro lado, ele possui o otimismo, sentimento que os leva a se dedicar interinamente e exclusivamente ao que ele objetivou.
65
O contexto do Empreendedorismo: descrevendo apercepo de um Empreendedor
Este tipo de empreendedor, geralmente, busca base em valores familiares e religiosos para manterem centrados nos seus objetivos e assim busc-los constantemente a fim de realizarem seus sonhos.
3.2 O EMPREENDEDOR QUE APRENDE
O empreendedor que aprende, tambm conhecido como o empreendedor inesperado o tipo mais encontrado na contemporaneidade. Corriqueiramente ao conversar com uma pessoa que diante de uma oportunidade decidiu seguir seu prprio negcio, fala-se de empreendedorismo inesperado, ou seja, a pessoa jamais imaginou ser um empreendedor, mas a oportunidade ao bater em sua porta despertou o interesse e a vontade do negcio prprio.
Empreendedor que Aprende, ou Inesperado, uma vez que no demonstra inclinao para empreender, mas que diante de uma oportunidade ou de um convite, muda os rumos da sua vida. Alm da pr-atividade, clssica dos empreendedores, normalmente possui boa formao e carreira relativamente estruturada (HAMER, 2012, f. 1).
No uma regra, mas de um modo geral, em relao a outro tipo de empreendedor, demoram mais para tomar deciso, por exemplo, para criar um novo negcio.
3.3 O EMPREENDEDOR SERIAL
Criador de novos negcios, esse tipo de empreendedor est intimamente ligado ao ato de empreender. Este esteretipo de empreendedor tem como caracterstica principal a criao de novos negcios ao invs de criar e liderar um dado negcio at que esse obtenha um determinado resultado.
Empreendedores seriais so pessoas que abriram mais de um negcio (no estou falando aqui de mais de um CNPJ para o mesmo negcio, apenas com vistas a obter
EMPREENDEDORISMOSOB A TICA DA INTERDISCIPLINARIDADE
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vantagens fiscais). Ele pode ter se desfeito do negcio anterior, vendendo ou fechando, ou pode continuar como acionista o fato que o empreendedor serial tem ou teve mais de um negcio diferente (HASHIMOTO, 2013, f. 1).
O empreendedor serial possui uma caracterstica de dinamicidade, ou seja, gosta de ser desafiado e envolvido no desenvolvimento de novos negcios e liderar equipes. Geralmente, tem uma postura holstica e voltada para os relacionamentos interpessoais, assim, fortemente possui habilidade inerente de criar equipes de trabalho, liberar com motivao e principalmente expertise para capitao de recursos para a abertura do negcio.
Este tipo de empreendedor possui uma caracterstica marcante e que encontrada tambm nos empreendedores natos, o empreendedor serial nunca desiste de seu sonho, busca-o e luta para que se torne real o que se tem em mente.
3.4 O EMPREENDEDOR CORPORATIVO
Este tipo de empreendedor est voltado para o mbito organizacional, que tem como misso renovar, inovar, modificar, gerar coisas novas. De certo modo so executivos competentes com habilidades de gerncia e de administrao, sempre voltados para os resultados organizacionais. Trabalham tranquilamente com os riscos e a falta de liberdade; so vidos e instigantes vendedores de ideias.
O empreendedorismo corporativo o processo de empreender dentro da organizao a qual trabalha. O empreendedor pode ser o prprio dono da empresa, como tambm lderes, gestores e at mesmo colaboradores. Esse profissional deve possuir uma viso ampla do negcio, propondo sugestes que possam melhorar, ampliar e aprimorar os processos de trabalho e os resultados da organizao (MARQUES, 2015, f. 1).
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O contexto do Empreendedorismo: descrevendo apercepo de um Empreendedor
Ampliando as ideias de Marques, (2015), encontra-se Montavani, (2014, f. 3), segundo ele:
Esse o perfil do empreendedor corporativo, um profissional raro, e por isso mesmo cada vez mais valorizado pelas empresas. Sabe-se que h um grande potencial de crescimento e desenvolvimento nas empresas recm-nascidas, as denominadas startups.
Outra caracterstica marcante o bom relacionamento dentro e fora da empresa, busca-se sempre plano de cargos/salrios e no so satisfeitos com seus ganhos.
3.5 O EMPREENDEDOR SOCIAL
Este tipo de empreendedor vive em funo de melhorar o mundo e principalmente mudar as pessoas. O empreendedor social tem como intuito criar solues inovadoras para problemas de ordem social e tambm de ordem ambiental, solues que visam resolver algo no presente quanto no futuro e at mesmo identificar possveis problemas.
Empreendedores sociais tm caractersticas semelhantes aos empreendedores de negcios, mas possuem uma misso social onde o objetivo final no a gerao de lucro, mas o impacto social; so os agentes de transformao no setor social. No se contentam em atuar apenas localmente. So extremamente visionrios e pensam sempre em inspirar a sociedade com as suas ideias e como coloca-las em prtica (CAMPOS; DRUMMOND; OLIVEIRA, 2015, f. 1).
Est engajado em causas humanitrias com o intuito de criar oportunidade a todos que por algum motivo no teve acesso a ela. De um modo geral, assemelha-se as outros empreendedores, exceto na satisfao em gerar resultado de outrem, tem um pensamento voltado ao prximo.
EMPREENDEDORISMOSOB A TICA DA INTERDISCIPLINARIDADE
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3.6 O EMPREENDEDOR POR NECESSIDADE
Muitos empreendedores so visionrios ao ponto de alcanar o futuro de forma mais rpido do que outros, j os empreendedores por necessidade, empreendem por uma necessidade em sua vida ou em seu negcio como, por exemplo, o Joo que ao ser demitido no conseguiu recolocao no mercado de trabalho; partiu ao empreendedorismo abrindo seu prprio negcio com intuito de sanar sua necessidade de recursos para se manter.
Os empreendedores que abrem seu prprio negcio por necessidade so aqueles que, na sua viso, no possu opes de trabalho, esta desempregado, e para continuar com o seu sustento e sustento de sua famlia, se aventuram em abrir um negcio prprio, na maioria das vezes sem nenhum planejamento (SANTANA, 2014, f. 1).
Pode-se concluir que a necessidade o ponto de partida do empreendedor por necessidade, diante um problema, uma necessidade e at mesmo uma dificuldade far com ele tome a deciso de empreender a fim de resolver um dado problema ou suprir suas necessidades.
3.7 O EMPREENDEDOR HERDEIRO
O empreendedor herdeiro nada mais do que a famosa sucesso familiar, quando uma empresa necessita ou deseja inserir os herdeiros no negcio e assim realizar a sucesso familiar da empresa.
Se empreendedor por afinidade e vocao, d continuidade ao empreendimento em que se encontra desde cedo em treinamento, o que muito comum. No tendo caratersticas empreendedoras e treinado, por imposio, desde cedo, pode vir a ser um problemas para a continuidade da empresa (BERNARDI, 2012, p. 69).
Este tipo de empreendedor no necessita ter caractersticas de empreendedor, pode aflorar o instinto por afinidade e vocao para dar
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O contexto do Empreendedorismo: descrevendo apercepo de um Empreendedor
continuidade nos negcios familiares. Como citado por Bernardi (2012), esse tipo de empreendedor pode vir a complicar a continuidade do negcio, uma vez que a imposio uma forma de dar sequncia nos negcios familiares.
4 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS
Buscando atingir o objeto de estudo, este artigo est pautado na pesquisa descritiva, que tem como intuito a descoberta do juzo feito acerca do empreendedorismo do entrevistado. Para compreenso de tal descrio, utilizou-se de uma abordagem qualitativa o que permite inferir de um modo geral algumas peculiaridades sobre o empreendedorismo.
Esse tipo de pesquisa no d nfase representatividade numrica e sim em buscar explicaes para os dados apresentados. Baseados nas consideraes retratadas, ns entendemos que fazemos pesquisa quando: realizamos a pesquisa, interpretamos resultados, formulamos perguntas e divulgamos resultados (BORTOLOZZI; BERTON, 2012, p. 55).
A percepo do entrevistado s pode ser percebida diante a realizao de uma entrevista a qual foi solicitada ao entrevistado: o que vem a ser o empreendedorismo na percepo? Para a entrevista aplicou-se um questionrio semiestruturado; a entrevista foi gravada possibilitando ouvi-la vrias vezes a fim de compreender e descrever a fundo a percepo do entrevistado para suprimir e compreender as ideias;
5 CARACTERIZAO DO ENTREVISTADO
Wilson de Matos Silva, filho de agricultores de famlia simples, em busca de melhores condies vieram morar na cidade de Maring, sempre
EMPREENDEDORISMOSOB A TICA DA INTERDISCIPLINARIDADE
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buscando ajudar sua famlia, recolhia garrafas no lixo da cidade e as vendia; como o preo das garrafas era baixo, com a arrecadao da venda das garrafas comprava limes e os revendia para obter um lucro maior, assim, com dez anos, j iniciou seu primeiro negcio.
Com o passar do tempo, casou, estudou, se formou e passou a ser professor universitrio, mas sempre com o empreendedorismo aflorado; com apenas um veculo iniciou um empreendimento na logstica de malotes e encomendas prestando servios para algumas empresas de Maring, Londrina e outras localidades.
Visionrio e com caractersticas natas, viu a p