Caso Clínico
Dificuldades diagnósticas na Esquizofrenia de início precoce
Dra. Cristina Barberá González
Dr. Paulo C. Sallet
.
Informantes: Familiares (mãe, pai, dois irmãos), prontuário.
• Identificação:
ROA, masculino, branco, 20 anos, natural e procedente de São Paulo, solteiro, sem filhos, sem religião atualmente, oitava série incompleta,nunca trabalhou
• Queixa principal:
“Agressividade física com familiares, mutismo”
História da Moléstia atual:
15 anos •Isolamento
progressivo
•Hiporexia
•Inversão ciclo sono-
vigília
•Idéias de auto-
referência
•Interesse por temas
de natureza místico-
religiosa
16 anos
•Medos noturnos:
imagens pareidólicas,
dormir com mãe
•Humor deprimido
•Perda de peso
•Piora de isolamento:
parou os estudos
•Psiquiatra particular:
(T. Depresssivo)
Fluvoxamina(6 meses)
17 anos
Sem melhora (Múltiplas
medicações)
Sintomas obsessivo-
compulsivos
Esquizofrenia + TOC
(Olanzapina+
Risperidona)
Mãe suspende
medicação por melhora
parcial (3 meses)
História da Moléstia atual:
• Acompanhamento IPQ (Psiquiatria Infantil) 2007:
Investigação diagnóstica e tratamento (Olanzapina 10 mg/dia)
•Inicia mutismo “disse que tinham invadido sua privacidade e que
não iria falar mais e acabou!” (sic) comunica-se por gestos e sons
guturais e posteriormente linguagem labial “fala sem voz”
•Irritabilidade e agressividade quando contrariado
•Labilidade afetiva (assiste só filmes infantis)
•Alteração de padrão alimentar: grãos, arroz, cereais, leite e água
•Mussitações, caminha ao redor da sua casa
•Mãe começa a dar banho nele
•Perda de interesse em desenhar
Primeira internação
Exames laboratoriais, EEG, RMN: Sem alterações
Avaliação Neuropsicológica: Não colaborou
44 dias
•Transtorno de Personalidade Esquizotípico
•Psicose?
Olanzapina 5 mg
Segunda Internação
Condutas estranhas, atitude oposicionista e desafiadora, irritabilidade importante
quando contrariado, maneirismos e teatralidade, risco importante de hetero e
auto-agressão.
Mantém mutismo, atitude desafiante e oposicionista, provocador,
teatralidade, esforços por chamar a atenção, trejeitos afeminados, sedutor
com pessoas do gênero masculino, gerando grande desconforto na equipe.
Afetividade superficial e lábil. Higiene conservada, assim como adequado uso
de diferentes aparelhos e instrumentos.
Realizado“wash-out” medicamentoso e após 22 dias apresentou
desorganização importante do comportamento e discurso, estabelecendo-se
diagnóstico de Esquizofrenia Hebefrênica.
•Antecedentes pessoais:
Produto de IIIa. gestação. Gravidez não desejada, parto por cesárea a termo,
respirou espontaneamente
CIV, acompanhamento cardiologia durante a infância, resolução espontânea.
Atualmente assintomático
Aleitamento materno exclusivo até os 7 meses
Alteração da fala até os 12 anos.
•Antecedentes familiares:
Mãe, viva, 51 anos de idade. Transtorno depressivo em uso de fluoxetina.
Diabetes Mellitus. Dislipidemia.
Pai, vivo, 53 anos, saudável
Irmão 24 anos: Transtorno psiquiátrico?? (Ansiedade, irritabilidade...)
Irmão 23 anos: saudável
Bisavô materno, doença mental?
História pré-mórbida
Alteração da fala “Fala
puxada, muito gestual” (sic)
(“Bullying”)
Pobreza
Criança de “gênio forte...
Não tinha meio-termos”(sic)
Chegava a ser mal-educado
e desrespeitoso (mãe
achava isto uma qualidade)
Egoísta e autoritário,
violento se mexessem nas
suas coisas
Muito organizado, exigente com
ele próprio na escola “queria
tirar só 10” (sic)
Notas medianas, dificuldade
em matemática.
“Nunca foi de turma... 2 ou 3
colegas”
Habilidades para o desenho.
15 anos inicia curso de design
com grandes expectativas
Relações interpessoais
Mãe
Simbiose
Grande admiração (sábio, sincero,
verdadeiro...)
Atenuadora de frustrações
Intolerância marcada em situações nas quais
o paciente apresenta algum desconforto
Paciente ambivalente: muito apegado e
hipercrítico.
Pai e irmãos
Pai pouco presente,
distante, passivo.
Dificuldade em se
aproximar.
Irmãos: “egoísta”
Respeita limites
impostos por irmão
mais velho.
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