UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO EM NEUROCIÊNCIA PEDAGÓGICA
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
AS CONTRIBUIÇÕES DOS ESTUDOS DA
NEUROCIÊNCIA PEDAGÓGICA NOS DISTÚRBIOS DO
SONO NO PROCESSO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR.
Por: SANDRA REGINA SÁ DE ALMEIDA
Orientador
Prof. Marta Pires Relvas
Rio de Janeiro 01/2012.
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO EM NEUROCIÊNCIA PEDAGÓGICA
FACULDADE INTEGRADA AVM
AS CONTRIBUIÇÕES DOS ESTUDOS DA
NEUROCIÊNCIA PEDAGÓGICA NOS DISTÚRBIOS DO
SONO NO PROCESSO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR.
Orientadora: Prof. Marta Pires Relvas
Rio de Janeiro 01/2012.
Monografia apresentada ao Instituto A Vez do
Mestre - Universidade Cândido Mendes como
requisito parcial para a obtenção do grau de
Especialista em Neurociência Pedagógica.
Por: Sandra Regina Sá de Almeida
AGRADECIMENTOS
Agradeço profundamente a todas as pessoas que entraram na minha
vida e me inspiraram, comoveram e iluminaram com sua presença.
Expresso minha gratidão a todos pelo enorme apoio e contribuição a
minha jornada, por partilhar com generosidade sua sabedoria, amor e virtude
suprema.
Presto homenagem a todos os mestres cujo carinho e apoio por suas
inestimáveis ajuda na elaboração dessa pesquisa monográfica.
E por fim, por todos os meus amigos que seguiram meus passos no
desenvolver dessa jornada, com a vitória de mais um desafio conquistado.
Dedico esta monografia a Mário e
Georgete que nunca mediram esforços para
realização dos meus sonhos, que me guiaram
pelos caminhos corretos da vida, me ensinaram
a fazer as melhores escolhas, me mostraram
que a honestidade e o respeito são essenciais à
vida, e que devemos sempre lutar por nossos
sonhos.
A eles devo a pessoa que me tornei, sou
extremamente grata e feliz e tenho muito
orgulho por chamá-los de Pai e Mãe.
AMO VOCÊS!
RESUMO
Esse trabalho monográfico procede a uma revisão bibliográfica sobre os
conceitos e a relevância das contribuições dos estudos da neurociência
pedagógica nos distúrbios do sono e no processo da aprendizagem escolar.
Mostrar-se-á que o distúrbio sono atinge crianças em idade muito precoce
fazendo com que elas sofram com baixo rendimento escolar e tenham
comprometimento da saúde física e mental. Os hábitos de dormir variam na
infância, em função de fatores fisiológicos e sofrem influências culturais. A
mensagem central deste estudo é que um terço de nossas vidas passamos
dormindo e a qualidade de vida, saúde e longevidade que tanto se ambiciona
está diretamente ligada ao sono. Ele é responsável pela sintetização das
proteínas e hormônios que expandem as redes neuronais focadas na memória,
no aprendizado e na construção psíquica e física em um constante ciclo de
modelagem que transforma cada um de nós num ser único com infinitas
possibilidades desde o início de nossas vidas. Concluindo, acredita-se que o
estudo dos distúrbios do sono precisa ser incentivado, em sua atuação
multidisciplinar, em função dos prejuízos que podem causar a vida do ser
humano. Essa pesquisa tem por finalidade ajudar pais e profissionais
educacionais que orientam crianças, através da adoção de métodos e
programas adequados e eficientes na prevenção dos problemas dos distúrbios
do sono que tanto interferem no aprendizado.
PALAVRAS–CHAVE
Neurociência, Aprendizagem e Distúrbio do sono.
METODOLOGIA
Este estudo monográfico se fará através de pesquisas bibliográficas nos
conceitos e nas teorias de Anthony-Samuel LaMantia, Dale Purves, David
Fitzpatrick, Geisa de Angelis, George J.Augustine, James O McNamara,
Leonard E. White, Marta Pires Relvas, Rubens Reimão, William C. Hall entre
outros. Também navegará nos paradígmas dos sites da SBNeC – Sociedade
Brasileira de Neurociência e Comportamento.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO................................................................................................. 08
CAPÍTULO I
A educação na era da neurociência............................................................... 11
CAPÍTULO II
O aprendizado visto de uma abordagem neurocientífica............................... 18
CAPÍTULO III
A neurociência no processo de distúrbio do sono em fase de desenvolvimento de aprendizagem.................................................................
34
CONCLUSÃO.................................................................................................. 39
BIBLIOGRÁFICAS........................................................................................... 42
ÍNDICE............................................................................................................. 45
ÍNDICE DE ILUSTRAÇÃO............................................................................... 46
ANEXOS.......................................................................................................... 44
FOLHA DE AVALIAÇÃO................................................................................. 51
7
INTRODUÇÃO
O cérebro humano nunca foi tão visível e tão propagado... É o órgão
mais complexo e fascinante do corpo e sua compreensão é sine qua non para
a concepção do ser humano. Objeto de estudo em todas as áreas – humanas,
exatas e tecnológicas - tem se tornado pauta constante de reportagens nas
maiores revistas do Brasil, em publicações exclusivamente voltadas à ele, bem
como em espaços de horários nobres nas TVs.
Na “Era do Cérebro”, como é conhecido na contemporaneidade, galgou
status de sujeito tornando-se um órgão onipresente e onipotente com a
característica de aprender, sentir, ouvir, adoecer e principalmente ser
aprimorado.
Antigamente o sistema nervoso era visto apenas como um fragmento à
parte, estudado e pesquisado isoladamente do complexo da anatomia humana,
embora, hoje saibamos, que não existe no corpo humano nenhum órgão que
funcione isoladamente. É nesse compartimento, ainda não desvendado, que
gera-se os estímulos que vão articular os comportamentos. Essa complexidade
é o somatório de mente e corpo unificados e pluralizados em uma união
indissolúvel. Essa fusão criou uma nova área, multi e interdisciplinar, chamada
de Neurociência.
Se a Neurociência estuda o cérebro e a educação o ensino da
aprendizagem, sendo o cérebro imprescindível e intrínseco nesse processo,
bem como sua recíproca, essa relação direta se torna óbvia, embora complexa,
para se relacionar sob a égide científica.
Insurgida no universo científico a partir do século XX, a neurociência
vem agregando conhecimento sustentado pelas mais variadas áreas ao redor
de um objeto de estudo, tornando-se uma disciplina amadurecida impulsionada
por descobertas relevantes no campo neurológico, evidenciando a neurociência
num crescimento exponencial sem precedente, nos últimos 25 anos. Segundo
8
as estatísticas da Society for Neuroscience, sociedade internacional na área, a
quantidade de membros cresceu de 500 em 1969, quando foi fundada, para
40.000 membros em 2010.
Não obstante, surge paralelamente, a Neurociência da aprendizagem
uma verdadeira revolução no meio educacional. Através de sua atuação pôde-
se desvendar o momento do aprendizado, bem como, minimizar a relação
entre educação e saúde.
Nesse universo de descobertas surge o estudo do sono com sua
atuação multidisciplinar, em função dos prejuízos que podem causar a vida do
ser humano. Ele deixa de ser meramente uma questão de apenas descanso e
passa a consolidar as memórias influenciando diretamente no aprendizado.
O distúrbio do sono além de afetar a qualidade de vida da criança pode
levá-la a óbito. O seu estudo deve ser incentivado em função dos danos que
podem causar ao individuo. Os hábitos de dormir são influenciados pelos
fatores culturais e fisiológicos, e é preciso intervir precocemente diagnosticando
seus distúrbios atuais e futuros, priorizando o sono com qualidade para um
melhor desenvolvimento, adaptação e aprendizagem infantil.
O presente trabalho está dividido em três capítulos. O primeiro capítulo,
A educação na era da Neurociência, é um estudo preliminar da importância do
cérebro, como tema central, mostrando sua evolução e sua influência nos mais
variados temas de estudos, bem como sua pluralidade em diversas áreas.
Alguns cientistas acreditam que aprendizagem/educação seja a área que
obteve o maior progresso dos últimos 30 anos, sendo assim, esse capítulo
elucida as bases biológicas da memória dando feedback relevantes sobre
como facilitar a aprendizagem, como direcionar a atenção e como fixar a
aprendizagem. Assim, esse estudo mostra como a parceria entre
neurociência/educação é um facilitador e guia para a elaboração de estratégias
de ensino para cientistas educacionais.
9
O segundo capítulo estuda o aprendizado visto de uma Abordagem
Neurocientífica, bem como elucida os mecanismos cerebrais através de uma
linguagem técnica.
O terceiro capítulo finaliza com o estudo das contribuições dos estudos
da neurociência pedagógica nos distúrbios do sono no processo da
aprendizagem escolar. A mensagem desse estudo é que compreender o sono
em sua plenitude, seus desdobramentos, suas consequências, bem como
buscar soluções para seus distúrbios, significa possibilitar uma qualidade de
saúde, de desempenho e principalmente qualidade de vida.
A mensagem central deste estudo é que um terço de nossas vidas
passamos dormindo e a qualidade de vida, saúde e longevidade que tanto se
ambiciona está diretamente ligada ao sono. Ele é responsável pela sintetização
das proteínas e hormônios que expandem as redes neuronais focadas na
memória, no aprendizado e na construção psíquica e física em um constante
ciclo de modelagem que transforma cada um de nós num ser único com
infinitas possibilidades desde o início de nossas vidas.
Essa pesquisa tem por finalidade ajudar pais e profissionais
educacionais que orientam crianças, através da adoção de métodos e
programas adequados e eficientes na prevenção dos problemas dos distúrbios
do sono que tanto interferem no aprendizado.
Este estudo se fez através de pesquisas bibliográficas calcadas nos
conceitos e nas teorias de Anthony-Samuel LaMantia, Dale Purves, David
Fitzpatrick, Geisa de Angelis, George J.Augustine, James O McNamara,
Leonard E. White, Luiz Carlos Pinto, Marta Pires Relvass, Rubens Reimão,
William C. Hall entre outros. Também navegará nos paradígmas dos sites da
SBNeC – Sociedade Brasileira de Neurociência e Comportamento.
10
1. A EDUCAÇÃO NA ERA DA NEUROCIÊNCIA
Antigamente o sistema nervoso era visto apenas como um fragmento à
parte, estudado e pesquisado isoladamente do complexo da anatomia humana,
embora, hoje saibamos, que não existe no corpo humano nenhum órgão que
funcione isoladamente. É nesse compartimento, ainda não desvendado, que
gera-se os estímulos que vão articular os comportamentos. Essa complexidade
é o somatório de mente e corpo unificados e pluralizados em uma união
indissolúvel. Essa fusão criou uma nova área, multi e interdisciplinar, chamada
de Neurociência.
Para alguns cientistas o cérebro e a educação formam um casamento
perfeito, em contra partida, para outros, essa é uma relação instável com pouca
duração e questionável quanto aos resultados desse enlace.
Segundo Joana Rodrigues Rato1 os cientistas clássicos comungam na
tese que associar biologia e educação é no mínimo precoce, uma vez que se
faz necessário obter respostas mais conclusivas quanto ao funcionamento da
mente e do cérebro. Já, a outra vertente, discorda dessa teoria e advoga no
sentido de que a investigação em contextos educativos irá moldar as grandes
descobertas no âmbito da biologia básica e processos cognitivos na
aprendizagem e desenvolvimento.
A partir do momento em que se fundi política, cultura, história e ética
essa relação se torna incompreensiva e inesplicável. (Sheridan, Zinchenko &
Gardner, 2005; Della Chiesa, Christoph & Hinton, 2009).
No foco de Soares (2003), a educação deve ser vista como um processo
de aprendizado eterno e está diretamente relacionada com a cultura e o
1 RATO, Joana Rodrigues; CALDAS, Alexandre Castro. Neurociências e educação: Realidade ou ficção? Disponível em: <http://www.actassnip2010. com/conteudos/actas/ Neuro_5.pdf>
11
modelo social do indivíduo. Assim, a aprendizagem é um movimento dinâmico
indispensável para evolução humana.
Soares (2003) elucida que com a socialização do conhecimento, da
globalização cultural e a evolução da humanidade, a educação/aprendizado,
em função desse novo contexto social, procurou novos horizontes e não se
deteve apenas às salas de aulas. Esse movimento cresceu revolucionando e
sistematizando a educação através dos estudos e pesquisas neurocientíficas
embasando os profissionais da área.
Nesse turbilhão de descobertas e inovações a neurociência surge para
responder e respaldar as indagações sugeridas. Mediante ao exposto é
presumível, então, tratar-se de um novo campo do conhecimento onde “integra-
se diversas áreas relacionadas aos processos pelos quais o cérebro processa,
retém e evoca informações, modificando em seguida o repertório
comportamental do indivíduo”. (LENT, 2004)
Segundo Houzel (2005),
(...) Tal processo é uma modalidade de interação social
extremamente especializada que permite ao ser humano adquirir
muito mais conhecimento sobre o mundo do que sua experiência de
vida proporcionaria. As interações sociais presentes nele são
complexas e envolvem fluxo de informações entre o professor e o
aluno de forma dinâmica, sendo regulada por diversos processos
cognitivos como atenção, aprendizado, memória, motivação,
afetividade, relações familiares, entre outros (...)
Fundamentado em seus estudos, Gazzaniga (2006) afirma que a
neurociência se fundi com a educação, uma vez que a primeira estuda a base
neural de todos os processos cognitivos. O autor vai além e analisa essa
associação por dois ângulos distintos: o foco relacional e o foco da
neurociência e educação pelo prisma da ciência.
12
Na visão relacional o autor enfatiza que “a pesquisa neurocientífica não
exclui a necessidade das pesquisas sociológicas, pedagógicas e psicológicas”.
A reciprocidade entre neurocientista e educadores é de suma importância para
a implantação, planejamento e avaliação das estratégias de ensino. É preciso
que cada uma das partes entenda suas limitações, bem como não façam da
sua ciência um saber absoluto.
No foco da Neurociência e educação enquanto ciência, conforme
supracitado, trata-se de uma disciplina científica multidisciplinar, onde se
integram a neurofisiológicos, psicológicos, farmacológicos, bioquímicos,
anatômicos e genéticos, com o intuito de responder as queries
comportamentais do indivíduo com o meio interno e externo. (GAZZANIGA
2006)
Houzel (2005) completa os estudos de Gazzaniga:
(...) Se considerarmos que todo o processo educativo acontece em
seres dotados de subjetividade, história, cultura e que estes
processos estão circunscritos a um corpo biológico então faz sentido
estudar e utilizar as contribuições das neurociências no entendimento
dos processos educativos sem, contudo, esquecer a importância dos
estudos e entendimentos acerca da cultura, da organização histórica
e cultural e dos processos psicológicos subjacentes (...)
A OCDE (2003), esclarece que “levar em conta os componentes
biológicos não significa, entretanto, reduzir os processos educativos e suas
falhas a doenças/distúrbios/má formação”. É relevante compreender o sistema
nervoso e seus complexos processos para que as intervenções não afetem e
nem interfiram no substrato biológico.
13
1.1. A década do cérebro.
“Compreender a sua estrutura e o seu funcionamento é compreender a
nós mesmos”. (Andreasen, 2005: 43)
Nos anos 90 (1990 a 1999) nos EUA, a Biblioteca do Congresso e do
Instituto Nacional de Saúde Mental do Instituto de Saúde norte-americano
promoveu uma iniciativa interinstitucional, impar, para que o país pudesse
avançar nos estudos e pesquisas sobre o cérebro, aumentando a consciencia
pública sobre os seus benefícios fomentando programas apropriados, eventos
e atividades. Assim o presidente George Bush, sancionou uma Lei instituindo
os anos 90 como a Década do Cérebro.
O Projeto de LC / NIMH patrocinou uma gama de atividades (de
programas às publicações) com o objetivo de encorajar e promover um diálago
franco sobre os desdobramentos éticos, filosóficos e humanistas no que
discener suas descobertas. O governo Bush, segundo Rato e Caldas2,
designou uma considerável parte do orçamento ao estudo do sistema nervoso
ao mesmo tempo em que incentivava as empresas privadas a financiarem as
pesquisas em troca da redução de impostos. (GATTA, 1992)
O crescimento exponencial dos estudos e pesquisas sobre a percepção,
a atenção, e a memória foram aplicados à educação.
Não obstante e graças à necessidade de melhor entendimento sobre a
dinâmica do aprendizado dos profissionais da área de educação, segundo os
autores (apud e.g., Greenleaf, 1999; Jensen, 2000), sinalizou-se a importância
das pesquisas sobre percepção, atenção e memória serem aplicadas à
educação.
Para uma melhor explanação desse órgão tão complexo segue, de
forma sucinta, a trajetória histórica do cérebro.
2 RATO, Joana Rodrigues; CALDAS, Alexandre Castro. Op. Cit.
14
Segundo Relvas (2010), no entendimento de Aristóteles a única
serventia do cérebro era resfriar o sangue. Para os egípcios não tinha valor
algum e eram, inclusive, descartados enquanto que as vísceras eram
preservadas para estudos e pesquisas. Para os assírios o centro do
pensamento estava no fígado.
Assim, surge Hipócrates com a sua teoria de que o cérebro se dividia
em dois hemisférios onde continham todas as funções biológicas e da mente,
surgindo assim, a medicina moderna. (SOARES)3
Na concepção de Gardner (1996), a neurociência é caracterizada como
a ciência do cérebro, enquanto Johnson & Myklebust (1987) disserta que seu
funcionamento se faz de forma semi autônoma, embora possa funcionar
isoladamente, com dois ou mais sistemas, ou ainda, pode funcionar de forma
integrada com todos os sistemas funcionando ao mesmo tempo.
Para educação, em particular, as neurociências são e serão de suma
importância para compreensão do aprendizado, segundo Chedid4. Na visão da
autora a neurociência não é uma receita de bolo aplicável como regra absoluta,
é preciso atentar, adaptar e alinhar as múltiplas estratégias.
(...) afinal, o que o cérebro faz melhor é aprender, o cérebro se auto
renova a cada estímulo, experiência ou comportamento, sua função é
otimizar comportamentos, usando informações recebidas com
eficiência, para isso ensinamos e para isso a escola existe(...)
(CHEDID)5
Nessa busca incessante sobre a melhor compreensão da cognição a
neurociência leva às salas de aulas a informação e a compreensão sobre os 3 Soares, Dulce Consuelo R. Op. Cit. 4CHEDID, Kátia A. Kühn. Psicopedagogia, Educação e Neurociências. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S010384862007000300009&script=sci_arttext> Acesso em 24/01/2012. 5 Idem
15
aspectos da memória, do esquecimento, do sono, da atenção, do humor, em
fim todos os processos pertinentes ao desenvolvimento da criança. (CHEDID)6
Segundo Relvas (2008) “a memória é o registro de experiências e fatos
vividos e observados, podendo ser resgatado quando preciso”. Com essa
afirmação visualizamos a memória como um centro de referência e que sem
ela não existe o processo de aprendizagem.
(...) Os neurônios-espelho possibilitam à espécie humana progressos
na comunicação, compreensão e no aprendizado. A plasticidade
cerebral, ou seja, o conhecimento de que o cérebro continua a
desenvolver-se, a aprender e a mudar, até a senilidade, também
altera nossa visão de aprendizagem e educação. Ela nos faz rever o
"fracasso" e as "dificuldades de aprendizagem", pois existem
inúmeras possibilidades de aprendizagem para o ser humano, do
nascimento até a morte (...) (CHEDID)
Segundo reportagem do Jornal da Ciência7, os neurônios-espelhos são
células cerebrais capazes de analisar cenas e interpretar as intenções dos
outros. Pesquisadores chefiados por Rizzolatti8 descobriram que o cérebro
contém “múltiplos sistemas de neurônios-espelhos especializados em executar
e compreender não apenas as ações dos outros, mas suas intenções, o
significado social do comportamento deles e suas emoções”. Esses neurônios
nos permitam capturar a mente dos outros através da simulação direta e não
por meio conceitual. Uma questão sentida e não pensada.
6 CHEDID, Kátia A. Kühn. Op. Cit. 7JORNAL DA CIÊNCIA. Os neurônios que podem ler mentes. Disponível em:< http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=34918>Acesso em:24/01/2012 8 RIZZOLATTI, Giacomo. Professor of Human Physiology (Director of the Department)
16
A descoberta de Rizzolatti e sua equipe tem abalado o discernimento de
vários processos como: culturais, empatias, filosofias, linguagens, imitações,
autismos e psicoterapias, etc..., até os fatos do cotidiano dos indivíduos.
Os neurônios-espelho desvendam como o aprendizado infantil é
processado, bem como a peculiaridade dos gostos por determinados tipos de
esporte, dança, música, artes, entre outros. Essas células são encontradas em
várias partes do cérebro e são disparadas em respostas a uma rede de ações
especificadas às intenções. "Quando você me vê executar uma ação, você
automaticamente simula a ação no seu cérebro", diz Marco Iacoboni,
neurocientista da Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA), que estuda
o tema. Embora os circuitos cerebrais inibam o movimento, o cérebro entende
a ação porque ele tem um padrão desse movimento baseado nos seus.
"Mas agora vemos que os neurônios-espelho absorvam a cultura
diretamente, com cada geração ensinando a próxima por meio do convívio
social, imitação e observação", completa Patricia Greenfield, psicóloga da
UCLA.
1.2. Neuromitos na educação: da confusão à desmistificação.
Neuromitos, segundo (RATO e Caldas e GOSWAMI, 2004; et. al) “são
as interpretações errôneas que se concebem a partir dos estudos da
neurociência”.
Esse foi um termo lançado pela OCDE (2002) - COOPERAÇÃO ECONÔMICA
E O DESENVOLVIMENTO, com o intuito de assinalar e denunciar o excesso de
interpretações errôneas sobre as pesquisas neurocientíficas.
É relevante enfatizar que “os educadores não estudam a aprendizagem
ao nível da célula”. (Goswami, 2004).
17
Eles estão interessados em analisar e interpretar os comportamentos
escolares que mais pesam nos resultados, assim, voltam sua atenção para a
construção cognitiva como a memória, atenção, entre outros.
Quanto mais se evidencia o cérebro, mais ele se populariza e
consequentemente surgem as especulações sobre algumas teses, como por
exemplo: o uso de 10% de sua capacidade, a independência funcional dos
lados direito e esquerdo, as múltiplas inteligências, estilos de aprendizagem
baseados nas pedagogias multissensoriais e beber bastante água para
melhorar a aprendizagem.
A autora enfatiza que a ideia de usarmos apenas 10% dos nosso
cérebro causou muita indignação nos meios científicos e que Beyertsein
(2004), tão incomodado com tal concepção advertiu: “em milhões de estudos
do cérebro, ninguém jamais encontrou uma porção que nunca tivesse sido
usada”. Rato e Cladas9 esclarecem que hoje em dia a neuroimagem chancela a
ativação de todas as partes do cérebro.
O mito, lado esquerdo X lado direito do cérebro se deu, provavelmente,
frente aos estudos de especializações dos hemisféricos. Para Rato e Caldas
apud Hellige (2000) as diferenças hemisféricas foram tão estudas que já
poderia, inclusive, ajuda-lo.
“A propagação destes mitos tem obscurecido os progressos realizados
pelas neurociências cognitivas em várias áreas relevantes para a educação”.
(RATO e CALDAS apud Geake, 2008).
A problemática no caso dos neuromitos é que eles são fundamentados
em bases científicas, tornando-se difícil sua refutação. Em alguns casos são
disparates tão absurdos, que se faz necessário dissipá-los urgentemente antes
que causem prejuízo maior ao sistema escolar. (OECD, 2007).
9 RATO, Joana Rodrigues; CALDAS, Alexandre Castro. Op. Cit.
18
Rato e Caldas10 enfatizam:
(...) Está proliferação deveu-se, sobretudo à expansão de programas
educativos ditos baseados no cérebro, internacionalmente
conhecidos por “brain-based pedagogies” (Geake & Cooper, 2003;
Goswami, 2006) ou “Brain Gym” (Howard-Jones, 2007), populares em
80 países e considerados pseudo-ciência por várias sociedades
científicas (Howard-Jones & Pickering, 2006) (...)
Outro fator contribuinte para algumas concepções erróneas é o parco
material científico do estudo do cérebro traduzido em um linguajar que facilite o
entendimento dos não especialistas. Há de se salientar que as dissonâncias
sucessivas sobre o seu funcionamento gera conflitos aos que não seguem de
perto os trabalhos e a evolução científica. (RATO e CALDAS apud
BLAKEMORE & FRITH, 2009).
“As descobertas e contra descobertas que permitem o aperfeiçoamento
na compreensão do cérebro, tratando-se de um processo natural e inerente ao
progresso científico”. (BLAKEMORE & FRITH, 2009).
Para o bom desenvolvimento da trilogia mente, biologia e educação, é
necessário que os investigadores se infiltrem no contexto da vida real ao
mesmo tempo em que a pratica educativa deve estar disponível e acessível ao
estudo científico. (COCH & ANSARI, 2009) O êxito de qualquer parceria se faz
a partir das expectativas consolidadas entre as partes interessadas, sendo sine
quo non primeiro desmistificar junto ao colegiado da educação a ideia que a
neurociência tem soluções rápidas e definitivas. (RATO e CALDAS)11
10 RATO, Joana Rodrigues; CALDAS, Alexandre Castro. Op.cit. 11 Ídem.
19
1.3. Neurociência e educação: uma relação com futuro aliando saberes.
“A sociedade criou demasiadas expectativas em relação ao que a
neurociência pode trazer à educação, sendo algumas dessas crenças
totalmente irrealistas”. (Fischer et al, 2007).
Para o autor é uma temeridade afirmar que a neurociência responderá
as queries da educação, pois o âmago da questão não é saber como a
neurociência será aplicada a ela na prática, mas sim o que, quando e onde
esses profissionais precisam saber sobre as investigações neurocientíficas.
A correlação entre neurociência e educação poderia ser de grande valia
para ambos, mas infelizmente há um delai, uma espécie de ruído entre elas.
Bruer enfatiza que deve-se ter muita cautela ao se interligar a neurociência e a
sala de aula e demarca a psicologia cognitiva como uma ponte entre elas.
(RATO e CALDAS apud BRUER 1997)
Fischer (et al, 2007) salienta a necessidade de uma mudança de infra
estrutura na base cientifica do ensino e na aprendizagem. Para o autor e seus
colaboradores se faz necessário a implantação de três fatores importantes:
escolas de investigação; bases de dados partilhadas sobre a aprendizagem e
uma nova classe de profissionais (Engenheiros/Tradutores Educativos)
delegados para facilitar a ligação entre a investigação e a política e prática
educativa.
Atualmente, segundo o autor, “verifica-se presentemente um enérgico
movimento internacional para formalizar a conexão entre a ciência do cérebro e
a ciência da educação e aprendizagem”. Seu principal objetivo é instigar um
diálogo dinâmico da investigação científica e de prática educativa que
possibilite uma abordagem teórica e empírica conciliadora.
20
Segundo Fischer e Immordino-Yang (2008) é imperioso que, em face da
magnitude dos estudos do cérebro para a educação, seja construído uma nova
ciência interdisciplinar onde fique bem claro o inter-relacionamento entre os
campos científicos. Esse processo, já em andamento, foi designado por Mente,
Cérebro e Educação “Mind, Brain and Education” (FISCHER et al., 2007), por
uma parte dos neurocientistas e Neurociência Educativa “Educational
Neuroscience” (Goswami & Szűcs 2007), por outra facção.
Para Rato e Caldas12
(...) considerando o seu significado e enquadrando o termo na língua
portuguesa, parece-nos igualmente adequada a designação de
Neuro-aprendizagem, já que é nos processos (neuro) funcionais de
aprendizagem que se sustentam as investigações deste novo
paradigma (...)
Os educadores precisam conhecer a neurociência, assim como os
cientistas precisam entender a educação na sua complexidade. Para tal é
preciso compreender a diferença entre interdisciplinaridade de
multidisciplinaridade e transdisciplinaridade, bem como assimilar a viabilidade
de um novo conhecimento através de uma ciência transdisciplinar, o que
implica na colaboração enfática entre as disciplinas dando forma a uma outra
tridimensional. (Vide figura 01)
Segundo Rato e Caldas apud Koizumi (1999) a multi e
interdisciplinaridade são influenciadas uma pela outra formando interseções
em duas dimensões.
12 RATO, Joana Rodrigues; CALDAS, Alexandre Castro. Op.cit.
21
2. O APRENDIZADO VISTO DE UMA ABORDAGEM NEUROCIENTÍFICA.
“Conhecer melhor para compreender seu funcionamento”.
Relvas explana que “a neurociência é uma ciência nova, que trata do
desenvolvimento químico, estrutural e funcional, patológico do sistema
nervoso”.
A autora elucida que as pesquisas iniciaram-se no século XIX e em
1890, Cajal, neuroanatomista instituiu a unificação da célula, sua distinção e
individualidade. Na mesma ocasião o cientista Sherrington, após estudos e
pesquisa, descobre que as células nervosas (neurônios) respondem aos
estímulos e são conectadas por sinapses.
Os estudos histológicos de Cajal, Golgi e seus sucessores determinaram
que às células do sistema nervoso estivessem divididas em: células nervosas
ou neurônios e células de suporte chamadas glia. As células nervosas são
especializadas na sinalização elétrica de longas distâncias, ao contrário, as
células glias não transmitem sinalização elétrica significativa, embora suas
funções sejam de suma importância para os encéfalos em desenvolvimento,
bem como ajudam na regeneração do sistema nervoso lesionado. (PURVES,
2010)
Em 1970, a partir de novas técnicas e produção de imagem pode-se
fornecer informações fisiológicas e patológicas mais precisas. Hoje, para tal,
contamos com a tomografia computadorizada axial (TCA), a tomografia por
emissão de pósitrons (PCT) e a ressonância magnética (RM).
Ainda, segundo a autora a neurociência está dividida em: neurociência
molecular – estuda a química e a física na função neural; a condução da
informação para o sistema nervoso e as funções de movimento, sensação,
compreensão, fala, entre outras funções humanas que dependem das
alterações químicas e físicas. A neurociência celular – estuda a funcionalidade,
22
os tipos de célula do SN e como os neurônios recebem e transmitem as
informações. Neurociência de Sistemas – investiga os neurônios com funções
comuns. Neurociência Comportamental – pesquisam os sistemas que
influenciam o comportamento, o controle postural, as sensações visuais,
vestibulares e proprioceptivas no equilíbrio. Neurociência Cognitiva – investiga
o pensamento, aprendizagem, memória, uso da linguagem, entre outros.
O processo de aprendizagem do ser humano, além de complexo, requer
muito mais do que apenas uma luz. Parafraseando Relvas (2010), é preciso
uma visão holística para que se adquira uma abrangência sobre o tema.
A convivência e as experiências acumuladas ao longo da vida do
homem constitui a cadeia de aprendizado. As tarefas inerentes ao aprendizado
estão diretamente ligadas ao ambiente. As experiências certificam a
reprodução e a sobrevivência no universo em que se está inserida.
(GARDNER, 1998)
A aprendizagem constitui uma cadeia de impulsos nervosos que ao ser
estimulado por reações elétricas, faz com que o cérebro assimile a mensagem.
Quanto mais extensa ela for, mais conhecimento se adquire. Trata-se de um
movimento que tem por finalidade a expressão do conhecimento, atitudes,
habilidade em uma frequência progressiva. (IZQUIERDO, 2002)
Assim, a avaliação do ser humano não deve ser feita apenas por
habilidades, e sim, através das experiências que o seu meio proporciona para
seu sucesso e perpetuação.
Na concepção do autor, na intrínseca rede de neurônios tudo é
milimetricamente organizado, dividido, catalogado e indexado. Esse sistema
complexo de conexões e processos nos permite memorizar, ouvir, ver e
diferentemente dos outros animais raciocinar e planejar o futuro.
As informações que estruturam o mecanismo cerebral são
proporcionadas pelo DNA. Os processos de desenvolvimento das funções
cerebrais começam logo após o nascimento da criança. Na ótica de Izquierdo
23
(2002) o recém-nascido tem aproximadamente um quarto da massa cerebral
do adulto. Nessa fase ele já tem praticamente todos os neurônios dos quais
precisará em sua vida, isso se deve, segundo o autor, porque os neurônios e
seus nexos crescem no que diz respeito ao tamanho, expandem-se e
organizam-se em enormes linhas de processamento.
Seu desenvolvimento potencial está diretamente ligado ao estimulo
provocado e trabalhado em suas centrais de comunicação. Sendo assim,
Izquierdo (2002) elucida que o exercício de musculação mental proporciona o
desenvolvimento das fibras nervosas que acionam o cérebro e o abastecem de
habilidades.
Os quatro primeiros anos da vida da criança são de suma importância
para a estruturação das funções cerebrais, um bebê que não recebe estímulos
físicos no primeiro ano de vida terá um retardo em sua evolução. Alguns não
conseguem sentar antes dos 21 meses e 85% deles não conseguem andar
antes dos três meses. O mesmo se aplica no quesito visão. “É fundamental o
estímulo e o peso da experiência no processo de aprender a ver”.
(IZQUIERDO, 2002)
2.1. Princípios da organização cerebral e processamento da informação neuronial.
“O sistema nervoso coordena as atividades internas e externas do
organismo, produzindo uma integração e a busca em manter a homeostase
(equilíbrio) do indivíduo com o mundo externo”. (RELVAS, 2010, p. 35)
Partindo do pressuposto de que o homem se adapta continuamente ao
seu habitat com a finalidade de preservar a espécie, entender a formação do
sistema nervos é melhor caminho para se compreender o sujeito aprendente.
Nesse foco a autora define três aspectos fundamentais para adaptação ao
meio: a irritabilidade, condutibilidade e a contratilidade.
24
Relvas (2010) explica:
(...) A irritabilidade é a propriedade que a célula detecta as
modificações do meio ambiente. Tal sensibilidade celular causada por
um estímulo é conduzida a outra parte da célula por intermédio de
condutibilidade. A contratilidade é a propriedade que garante o
movimento da célula, realizando assim, em muitas vezes, a defesa do
organismo (...)
Protegido pelo crânio e três membranas chamadas de meninge, o
encéfalo se localiza na cabeça, próximo aos sensores primários: visão,
audição, equilíbrio, paladar e olfato. Possui aproximadamente 86 bilhões de
neurônios ligados por mais de 10.000 conexões sinápticas e com a
comunicação por meio de fibras protoplasmáticas chamadas axônio. Tem como
principal função adquirir, propagar, coordenar e distribuir informação sobre o
corpo e seu ambiente. Ele controla o comportamento acionando os músculos
ou causando a secreção se substâncias químicas, como por exemplo, os
hormônios. Sua construção é pautada em um conjunto de estruturas
especializadas com funcionamento integrado, assegurando unidade ao
comportamento humano. (ALVARENGA, 2007)
As informações recebidas, bem como as respostas enviadas viajam
através do cérebro e do sistema nervoso sob a forma de impulsos
eletroquímicos.
Seguindo o raciocínio de Alvarenga (2007) o neurônio é “uma unidade
sinalizadora do sistema nervoso, possuidora de vários prolongamentos usados
para a recepção de sinais e, apenas um único para a emissão de sinais”. A
interligações e junções libera o impulso nervoso à seguir por vias ilimitadas,
com o objetivo de suprir o indivíduo com uma infinidade de respostas em
virtude dos estímulos sensoriais recebidos. A quantidade de feedback
(respostas) está intrínseca a experiência particular vivenciada e a fatores que
dominam o individuo distintamente.
25
“A natureza integradora do neurônio é conferida por sua membrana
plasmática”. (ALVARENGA, 2007) Sua conformação é especializada na
produção e proliferação dos impulsos elétricos, e o principal: sua membrana
possui uma variedade de canais iônicos e macromoléculas com a capacidade
de filtrar a viagem dos íons para dentro e fora do neurônio. Parafraseando o
autor, “para realizar essa tarefa a evolução dotou os neurônios de sofisticados
meios de gerar sinais elétricos e químicos. As células nervosas geram sinais
elétricos que transmitem informação”.
O autor enfatiza que mesmo não sendo um bom condutor de
eletricidade, os neurônios criaram mecanismos complexos para produzir sinais
elétricos focado nos fluxos dos íons.
Purves (2010) acrescenta que os neurônios nunca funcionam sozinhos
ou isoladamente. Eles se estruturam em circuitos que, por sua vez, processam
classes especiais de informação. Mesmo com uma variação relevante em
relação à função que vai se exercer, algumas características são comuns a
todos os conjuntos, como por exemplo: as conexões sinápticas que definem os
circuitos. Elas são processadas no formato de um emaranhado de dendritos13,
terminais axonais e glias. (Vide figura. 02), Esses conjuntos constituem o
neurópilo.
Os neurônios estão divididos em três classes distintas: neurônios
aferentes, eferentes e interneurônios. As células nervosas que levam a
informação até o SNC recebem o cognome de neurônios aferentes e os que
levam as informações para fora do circuito, neurônios eferentes. As células
nervosas que apenas agem em regiões próprias ou locais de um circuito
recebem o nome de interneurônios ou neurônios de circuitos locais.
13 Dendritos são numerosos prolongamentos dos neurônios especializados na recepção de estímulos nervosos, que podem ser do meio ambiente ou de outros neurônios.
26
2.2. Os córtices associativos.
Como o cérebro não funciona como partes isoladas, quando uma área
cortical é acionada por um determinado estimulo todas as outras áreas
também sofrem alterações. (RELVAS, 2010)
Para Alvarenga (2007) os livros a respeito de neurociência vêm
considerando o encéfalo como responsável pela codificação da informação
sensorial e do comando dos movimentos. Entretanto, segundo o autor, “essas
regiões são responsáveis apenas por uma fração (talvez um quinto) do córtex
cerebral”. Há um consenso entre os neurocientistas de que a outra parte do
córtex processa os estímulos complexos, identificando suas características
mais importantes, planejando feedback apropriados, ao mesmo tempo em que
registra os aspectos dessa informações.
Sob a égide de Purves (2010), os córtices associativos:
(...) incluem a maior parte da superfície cerebral do encéfalo humano
e são grandemente responsáveis pelo processamento complexo que
ocorre entre a chegada de sinais nos córtices sensoriais primários e a
produção do comportamento. As diversas funções dos córtices
associativos são referidas de modo não muito precioso como
cognição, que significa literalmente o processo pelo qual tomamos
conhecimento do mundo. (Cognição talvez não seja a melhor palavra
para indicar essa ampla gama de funções neurais, mas já se tornou
parte do vocabulário de neurólogos e neurocientista) (...)
Na visão do autor a cognição é a capacidade de absorver os estímulos
externos ou a motivação interna, de interpretar tais estímulos e de planejar as
respostas adequadas a eles. “É óbvio que são os córtices associativos nos
27
lobos temporal, parietal, frontal e occiptal (embora esse último esteja
diretamente ligado à visão) que tornam possível a cognição”. (PURVES, 2010,
p. 663)
Para uma melhor compreensão sobre os córtices associativos vide figura
03 e 04 em anexo.
Além de interagir e gerar respostas espontâneas ou reativas, esses
organismos criam, dia e noite sem parar, respostas internas, produzindo
imagens: auditivas, visuais e outras que não formam imagens como a função
renal, cardíaca, metabólica, entre outras. As imagens auditivas são palavras
ouvidas que abastecem à mente. As imagens visuais são consideradas as
lembranças. (ALVARENGA, 2007)
Quanto maior a sua complexidade maior o processamento intermediário
de estímulos e para tal, ele vai construindo neurônios intermediários entre os
polos de entrada e saída do estímulo.
Para melhor compreensão o autor exemplifica:
(...) Podemos imaginar que possuir uma mente significa que são
formadas representações neurais que podem, por exemplo, exibir
imagens internamente, ordená-las e manipulá-las num processo
chamado de “pensamento”, ou associações de informações, ou,
ainda, ativação de diversos neurônios diferentes chamados neurônios
de associação ou associativos (...)
A fabricação de imagens (visuais, sonoras, olfativas, etc.), e o seu inter-
relacionamento irá, literalmente, influenciar no comportamento futuro e na
escolha da próxima ação. Esses dados armazenados podem livrar o indivíduo
de situações desagradáveis e constrangedoras.
Segundo Purves (2010) o desenvolvimento dos circuitos superiores
(córtices cerebrais) se processa no desenvolvimento infanto/juvenil na medida
28
em que a criança comece a interagir com ambiente físico, bem como com
outros indivíduos. Esse processo se faz por meio dos padrões neuronais
iniciais reguladores dos mecanismos homeostáticos. “O neocórtex não pode
produzir imagens se o subterrâneo antigo do cérebro (hipotálamo, tronco
cerebral) não se encontrar intacto e cooperativo”.
O registro das experiências adquiridas e suas respostas “precisam ser
avaliadas e moduladas por um conjunto fundamental de preferências do
organismo que considera a sobrevivência (e o prazer) o objeto supremo”.
(ALVARENGA, 2007)
O autor disserta que esse processo de avaliação e modulação é de
suma importância para que o status quo dos circuitos inatos possa ser
modificado pela plasticidade neural, pois são eles que irão intervir no momento
certo. Grande parte dessa influência é gerada pelo neurônios moduladores,
que estão no tronco cerebral e no prosencéfalo influenciado pelo
organismo/ambiente externo e interno. Eles liberam os neurotransmissores
(dopamina, noradrenalina, serotonina, acetilcolina) nas regiões dispersas do
córtex cerebral e dos núcleos subcorticais, intensificando, bloqueando ou
transformando-se nas sinapses.
Definitivamente, segundo Alvarenga (2007), “nós não nascemos como
incapazes totais e nem geneticamente determinados. O fantasma genético tem
seu alcance, mas não é completo”. Embora os genes forneça uma estrutura
precisa ela ser modificada e consequentemente determinada pela plasticidade
do aprendizado das experiências. É sine quo non para a obtenção dessa
estrutura três elementos: o status quo da estrutura anterior (qualquer defeito irá
prejudicar o resultado final e posterior); a atividade individual e as
circunstâncias existentes (nesse caso o ambiente humano e físico que foi
estímulo é quem dará a palavra final); a pressão interna da auto-organização
que surge da particularidade de cada indivíduo.
29
“O perfil imprevisível das experiências de cada indivíduo tem realmente
uma palavra a acrescentar ao projeto dos circuitos recebidos no nascimento”.
(ALVARENGA, 2007)
Para Mccrone (2202, p.26)
(...) A importância do meio não é só para efeito da regulação biológica
básica, ela ajuda o organismo a classificar as coisas ou os
fenômenos como bons ou maus em virtude do possível impacto sobre
a sobrevivência de um indivíduo particular (...)
2.3. A importância das informações intermediárias
(...) Os padrões neurais inatos mais importantes e críticos para a
sobrevivência são mantidos em circuitos do tronco cerebral e do
hipotálamo (atuando na regulação das glândulas endócrinas, hipófise,
tireóide, supra-renais, órgãos reprodutores, sistema nervoso
autônomo, etc.) (...) (LENT, 2002)
Esse procedimento produz hormônios, é sine quo non, à sobrevida do
individuo, fazendo parte da engrenagem do sistema imunológico. “Deve ser
lembrado que as mensagens aí trocadas não dependem diretamente de
impulsos neurais, mas sim da liberação de substâncias químicas lançadas na
corrente sanguínea e ou nas sinapses”. (LENT, 2002)
Purves (2010) destaca que o tronco cerebral e o hipotálamo é controlado
pelo sistema límbico ou sistema emocional. Esse sistema toma parte no
funcionamento das emoções e dos sentimentos. O autor saliente que embora o
30
sistema límbico possua redes de circuitos inatos e estáveis ele não se furta de
outros circuitos passiveis de modificações pela experiência evolutiva.
No que tange a comunicação de entrada e saída estímulos o autor
expõe que ela não é direta, e para tal precisa de uma estrutura de agregados
interligado. Por se tratar de uma arquitetura complexa a quantidade de
estruturas cerebrais é inúmera. Interpostas, fomentam as atividades de entrada
e saída controlando as mudanças da imagens na mento do indivíduo.
Os conjuntos de sistemas cerebrais localizado nas regiões mais baixas
(subcorticais) e mais altas (corticais) estão intrinsecamente relacionados a
tomada de decisão, a seleção de uma resposta relacionada ao domínio pessoal
e social.
Ainda sobre a ótica do autor a serotonina se aloja na região ventromedial
do córtex pré-frontal e na amígdala. Seu aumento reduz a conduta social e a
agressividade, mas não podemos nos prender apenas nessa ausência, pois a
serotonina atua em várias moléculas, núcleos, sinapses, circuitos onde os
fatores socioculturais passados/presentes são relevantes e podem oferecer
interferências.
Purves (2010) complementa seu raciocínio acenando para as regiões
nos córtices pré-frontais além do setor ventromedial, pois uma vez lesionadas
afetará o raciocínio e a tomada de decisão, tornando a deficiência destruidora.
31
3. AS CONTRIBUIÇÕES DOS ESTUDOS DA NEUROCIÊNCIA PEDAGÓGICA NOS DISTÚRBIOS DO SONO NO PROCESSO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR.
O dicionário Michaelis define o sono como: sm (lat somnu) 1- Biol.
Suspensão normal e periódica da consciência e da vida de relação, durante a
qual o organismo se repara da fadiga. 2- Desejo ou necessidade de dormir. 3-
Estado de insensibilidade; cessação de ação; inércia, entre outros.
Purves (2010, p.607), na interpretação neurocientifíca, completa: “o sono
é a suspensão normal da consciência e, de forma eletrofisiológica, por critérios
envolvendo a apresentação de ondas cerebrais específicas e consome um
terço de nossa existência”.
Os distúrbios do sono tem se tornado constante entre as queixas
apresentadas aos consultórios pediátricos. Embora o tema desse trabalho
monográfico esteja focado na área infantil não se pode deixar de traçar um
paralelo com os distúrbios do sono em adultos, pois muitas vezes os sintomas
acompanham-no por toda sua vida.
Segundo Nunes14 o que difere entre o distúrbio do sono em adultos e
crianças é a sua forma de apresentação. Para autora “somente as cólicas e a
síndrome da morte súbita no lactente (SMSL) são distúrbios do sono exclusivos
da infância, os demais podem ocorrer em qualquer idade, apesar de alguns
predominarem nesse período”.
O distúrbio do sono é um problema sério e para seu diagnóstico é
preciso um histórico médico do neurodesenvolvimento e do comportamento da
criança. Em sua maioria os pacientes podem ser tratados com sucesso através
14 NUNES, Magda Lahorgue. Disturbio do sono. Disponível em: < http://www. scielo. br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S002175572002000700010> Acesso em: 21/01/2012.
32
de uma avaliação minuciosa, adequada para cada idade e cada tipo de
distúrbio, por meio de ferramentas apropriadas, como veremos no decorre
desse capítulo.
Para Chiara Cirelli15:
(...) Depois de muitas horas sem dormir, o cérebro parece se tornar
incapaz de aprender e absorver - mas depois de várias horas de sono
ele volta ao normal. A maioria das pessoas já passou tal experiência.
Mas só agora cientistas conseguiram esclarecer o fenômeno. (...)
Merlluso (2004) complementa que compreender o sono em seus
variados aspectos é melhorar a qualidade de vida, uma vez que esses
distúrbios afetam nas tarefas diárias do indivíduo, no humor, na memória, na
atenção, nos registros sensoriais, no raciocínio, enfim nos aspectos cognitivos
que relacionam uma pessoa ao seu ambiente e que determinam a qualidade de
seu desempenho e sua saúde.
Regido pelo relógio biológico formado geneticamente, o sono se adequa
há um ciclo de vinte quatro horas e é regulado por fatores externos como:
luzes, ruídos, hábitos locais, odores, entre outros. Esse processo é chamado
de ritmo circadiano, é ele quem regula todos os ritmos materiais, incluindo dos
ritmos psicológicos do corpo humano, influenciando, por exemplo: na digestão
ou estado de vigília, passando pelo crescimento e pela renovação das células,
assim nas alterações de temperatura. Evidencias apontando que a
sincronização como meio ambiente e a ordem temporal interna representem
uma necessidade para expressão fisiológica e comportamental normal de um
organismo. A perturbação tanto de ordem temporal interna quanto da externa
pode levar a problemas graves de saúde. (PURVES, 2010)
15 CIRELLI, Chiara. Sono e aprendizado. Disponível em:<http//:www.saudeemmovimento. com.br> Acesso em: 16/01/2012.
33
O autor ainda esclarece que a quantidade do sono está intrínseca na
idade. “A capacidade de dormir bem, diminui com o avançar da idade”. Nos
primeiros meses de vida do recém-nascido são precisos aproximadamente
dezoito horas de sono diária.
A avaliação das características detalhadas do sono, segundo Gonçalves
(2004), e o que vai delinear e caracterizar os distúrbios do sono em crianças
em idade escolar. É preciso conscientizar os pais, responsáveis e
principalmente os educadores que se faz necessário reconhecer e se
familiarizar com o as patologias do distúrbio. Trata-se de um problema que
merece atenção e ações práticas na promoção da saúde do infanto. O autor
enfatiza que apenas 42% dos pais já procuraram ajuda médica para o
problema de sono do filho. Gonçalves (2004) complementa: “talvez os próprios
profissionais de saúde infantil não investiguem suficientemente estas questões
para orientar sobre como lidar com elas”. Em outros casos, os pais não
percebem a dificuldades dos filhos em relação ao sono.
Em seu livro o autor relata alguns dados estatísticos da sua QRL e
vamos retratar os que demonstram maior incidência, são eles: distúrbios de
movimentos durante o sono (53% das crianças se mexem muito na cama
durante o sono), sonolência (57,3% das crianças não acorda espontaneamente
e 37,9% continuaria dormindo se pudesse), insônia (48,4% das crianças
acordavam durante a noite). O autor ainda destaca: ranger de dentes
(bruxismo), sentar ou andar dormindo (sonambulismo), falar dormindo
(sonolóquio), pesadelo (ter sono ruim ou medo), terror noturno (gritar quando
está dormindo), roncar e urinar durante o sono (enurese).
Segundo a Academia de Pediatria Americana (citado por GONÇALVES,
2004), crianças que são privadas de sono podem apresentar comportamentos
difíceis, como por exemplo: irritabilidade frequente, dificuldade de
concentração, esquecimentos com facilidade, e exibir comportamentos
hiperativos. Muitas crianças são diagnosticadas com doenças que de fato não
34
possuem, porque os sintomas são iguais ou parecidos com os sintomas do
distúrbio do sono. Há uma grande preocupação por partes dos profissionais do
sono, pois as doenças relacionadas à ele são sintomáticas e não patológicas
como, por exemplo, o distúrbio do déficit de atenção que é tratado com
anfetaminas.
Reimão (1982) elucida que para as crianças desenvolverem hábitos
relacionados a higiene do sono, é preciso que os responsáveis e educadores
sejam alertados da necessidade, sine quo non, de se prevenir os distúrbios
futuros para o melhor desenvolvimento e adaptação do jovem aprendiz. “A
profilaxia da maior parte dos casos depende de orientação multidisciplinar no
acompanhamento dos hábitos de sono das crianças”.
3.1. O Sono sobre égide da neurociência.
“Quando privados do sono, ansiamos por ele, e, a julgar por estudos em
animais, a privação continuada do sono pode ser fatal”. O autor ainda cita a
descrição de Shakespeare a cerca do sono: ele é “a suave nutriz da natureza
(a natureza é restauradora sono)”. (PURVES, 2010, p.607)
Conforme descrito anteriormente a quantidade e qualidade do sono
mudam de acordo com idade e essa capacidade diminui com o tempo de vida
do individuo. O autor enfatiza que, hoje em dia, já existem técnicas de
observação sistemática em neonato que avaliam “as características individuais
do desenvolvimento e a complexidade do sistema nervoso central (SNC)
expresso pela ontogênese do sono neonatal”. (SCHMUTLER, 2004, p.41)
A partir dessas observações puderam-se analisar as patologias que
incidem no sono-vigília neonatal como: distúrbios respiratórios (chamadas de
apneias), mioclonia benigna neonatal, entre outras. Partindo do pressuposto da
detecção desses distúrbios, faz-se o atendimento preventivo ou até mesmo o
tratamento precoce, que é muito importante.
35
Purves (2010, p. 714) é enfático: “o sono não é um estado homogêneo”.
O sono é constituído por vários estados encefálicos totalmente controlados,
essa sequência e administrada por um grupo de núcleos no tronco encefálico
que se laçam por todo o encéfalo e medula espinhal.
Segundo autor o ciclo do sono está dividido em dois estágios: o estágio
REM (Rapid Eye Moviments ou movimento rápido dos olhos) - aqui, o encéfalo
está tão ativo quanto o de uma pessoas acordada, trata-se de um sono
dessincronizado (padrão rápido e de baixa voltagem das ondas cerebrais) que
tem um padrão eletroencefalográfico semelhante ao de vigília, ritmo alfa,
predominante, entremeado por ondas beta. Há uma debilidade muscular.
Ocorre emissão de sons e movimentos oculares rápidos, a respiração e o ritmo
do coração se tornam irregulares. Esse estágio ocupa apenas 20% do tempo
total de sono (TTS) de um adulto e o restante é chamado de sono N-REM (Não
REM - No Rapid Eye Moviments).
Purves (2010) disserta que ainda não se tem resposta efetiva que
explique o alto índice de atividade cerebral durante o sono REM, o significado
dos sonhos e em que bases a restauração do sono se baseia. Esses são fatos
que levam à falta de compreensão e atenção sobre o tema.
O sono se inicia pelo estado N-REM e vai se alterando e alternando
para REM e N-REM. Existem três variáveis fisiológicas que definem os
estágios do sono, são elas: atividades cerebrais através do
eletroencefalograma (EEG), pelo movimento ocular no eletroculograma (EOG)
e pela atividade muscular no eletromiograma (EMG).
O sono N-REM é dividido em quatro estágios em grau crescente de
profundidade. No primeiro estágio processa-se o estado de vigília é quando o
sono começa. Nessa fase as ondas teta dão lugar as alfas e o tônus muscular
e o ritmo respiratório decresce. Equivale de 2 a 5% do TTS. Para alguns
especialistas esse estágio é considerado a etapa zero. Segundo estágio se
caracteriza pela redução no grau de atividade dos neurônios corticais, há
36
queda da temperatura do corpo, dos ritmos cardíaco e respiratório e um
relaxamento muscular progressivo. Corresponde a 45 a 55% do TTS. O
terceiro estágio diferencia-se pelas ondas delta, que se apresentam entre 20 e
50%. O tônus cai progressivamente e os movimentos oculares são raros.
Corresponde de 3 a 8% do TTS. E no quarto estágio as ondas delta estão 50%
presentes. Há um pico de liberação de GH (hormônio do crescimento) e
Leptina e o cortisol começa a ser liberado. Corresponde de 10 a 15% da noite.
(Vide figura 05) (VILAS BOAS, 2007, p.28-30).
A construção psíquica e física do ser humano é construída no início da
vida através do sono, num constante processo de modelagem a adaptações
que transformam o sujeito num ser impar, com infinitas possibilidades através
da fusão das experiências com as características próprias.
Purves (2010) complementa, citando que é durante o sono que as
proteínas são sintetizadas com o objetivo de manter ou expandir as redes
neuronais ligadas à memória e ao aprendizado. O comando da produção e
liberação de hormônios, que interferem tanto no bem estar físico como no bem-
estar psicológico, responsáveis por um sono tranquilo é sintetizado através do
cérebro.
Como as crianças estão em fase de amadurecimento e
desenvolvimento, não estão aptas a filtrar as experiências vividas, assim elas
armazenam apenas as impressões vividas diariamente.
(...) Os distúrbios de sono são comuns em crianças e variam
conforme a idade, podendo se manifestar como despertares
noturnos, como terror noturno na idade escolar e como insônia e
sonambulismo no adolescente. Alterações respiratórias ou distúrbios
neurológicos pré-existentes podem ser a causa de fragmentação do
sono, assim como outras manifestações: bruxismo, sonilóquio,
sonambulismo, epilepsia ou enurese noturna(...) (MELLUSO FILHO,
2004, p. 43).
37
Ainda na ótica de Melluso Filho (2004), os distúrbios que afetam a
regulação do sono de vigília, do apetite e do humor estão intrínsecos à
capacidade de flexibilidade atencional e a específicas dificuldades na atenção
dividida, influenciando nos processos de memória e de aprendizagem.
3.2. A interferência do sono no desenvolvimento infantil.
Schmutler (2004) os distúrbios relacionados ao sono têm se tornado
frequente e exigem maior atenção.
Para autor o distúrbio sono atinge crianças em idade muito precoce
fazendo com que elas sofram com baixo rendimento escolar e tenham
comprometimento da saúde física e mental. Eles podem estar associados a
alterações noturnas em função da redução das horas de sono em prol da falta
de atividade física, excesso de estímulos com TV e computadores e a
alimentação inadequada. Além das causas externas, a privação do sono ou a
má qualidade podem ser de natureza orgânica ou emocional.
Purves (2010) esclarece que é durante o sono, ocorrem os maiores
picos de produção do hormônio do crescimento. A leptina e a grelina, que são
hormônios envolvidos no controle da saciedade e fome, também estão ligadas
ao sono. O sono insuficiente ou de má qualidade atua negativamente na
aprendizagem, pois é no sono REM que as atividades aprendidas durante o
dia são processadas e armazenadas. Quando a criança dorme menos que o
satisfatório, não consegue reter adequadamente o que aprendeu, prejudicando
a atenção e a memória.
Ao longo da primeira infância, as perturbações do sono estão entre as
queixas mais comuns dos pais. Ainda assim, os sintomas que remetem ao
problema são pouco relatados nas consultas pediátricas dos escolares, talvez
38
porque os pais não as considerem questões médicas ou patologias, ou mesmo
por não saberem o que seria o comportamento normal em relação ao sono.
A privação do sono a longo prazo, na ótica de Purves (2010), pode
comprometer seriamente a saúde através da deficiência do sistema
imunológico, da tendência a desenvolver obesidade; diabetes; doenças
cardiovasculares e gastrointestinais e perda crônica da memória. A curto prazo,
pode provocar: cansaço e sonolência durante o dia, irritabilidade, alterações
repentinas de humor, perda da memória de fatos recentes, lentidão do
raciocínio, desatenção e dificuldade de concentração.
Para Melluso Filho (2004) é na escola que os primeiros sintomas da falta
de sono são percebidos. O desempenho escolar caí e a criança pode,
inclusive, ser diagnosticada como hiperativa, em função da irritabilidade e de
sua dificuldade de concentração, causadas pelo distúrbio do sono.
O sono favorecer a retenção de novos conhecimentos, ajudando na sua
consolidação, nas restaurações orgânicas e nervosas, embora sua alteração
cause a deterioração da criatividade e da atenção, proporcione um
desempenho mais lento das atividades, assim como cria um padrão irritativo de
comportamento. Segundo Schmutler (2004) são várias as alterações de sono,
o autor cita, sobretudo as alterações respiratórias, apneias (SAOS), distúrbios
neurológicos pré-existentes e as parassonias: sonambulismo, terror noturno,
sonilóquios, bruxismo.
Ainda sobre a égide do autor, infelizmente os distúrbios do sono são
subdiagnosticados e muitas vezes não recebem importância merecida por
parte dos pais ou responsáveis e educadores e o diagnóstico certo por parte
dos profissionais da saúde. O instrumento mais utilizado para o diagnóstico do
distúrbio do sono ainda é anamnese.
“Durante a infância, para uma correta aprendizagem e desenvolvimento
psíquico é necessária vitalidade física “. (MELLUSO FILHO, 2004).
39
3.3. Principais distúrbios do sono infantil.
Segundo Oliveira (2010) três entre dez crianças até 12 anos apresentam
distúrbios do sono. Crianças que apresenta problemas noturnos, como ronco,
falta de ar, pernas inquietas, entre outros, necessariamente não precisa
acordar o que não impede esse equilíbrio.. “Há casos em que a criança não
cresce, não ganha peso e ninguém pergunta como ela dorme”, afirma a
neuropediatra Dra. Márcia Pradella-Hallinam, coordenadora do setor de
pediatria do Instituto do Sono, citada por Oliveira.
O distúrbio do sono deixa indícios óbvios como olheiras, irritação,
agitação, etc. Para Dra. Márcia Pradella-Hallinam citada por Oliveira é preciso
criar uma rotina na hora de dormir, “ensinar os filhos a gostar de dormir, criar
hábitos encadeados, numa espécie de ritual que antecede o sono. Pode-se dar
banho, colocar na cama e contar histórias”. Esquecer a televisão, pois ela Ela
até pode prejudica a qualidade do descanso.
Para a médica os principais distúrbios do sono são: apneia do sono -
são pequenas interrupções da respiração durante a noite, é mais frequente em
crianças que têm o ronco agravado e ocorre porque não há mais espaço nas
vias aéreas para o ar passar. Outro fator de risco que contribui para o mal é a
obesidade. Crianças que sofrem de apneia costumam ter olheiras, respiram
pela boca, mostram-se cansado aparentemente sem motivo, ficam
desconcentrados e têm alterações de humor. O diagnóstico deve ser feito em
um centro especializado em ciência do sono através da polissonografia..
Ronco – é normal o ronco em crianças gripadas ou muito cansadas, mas
se isso se torna uma constante é melhor procurar um otorrinolaringologista
infantil. Em sua maioria a problemática acontece nos casos de hipertrofia
adenoide e amígdala, o que prejudica a passagem do ar. “Para compensar
essa falha, a musculatura das vias aéreas, como o nariz e a garganta, se
relaxa”, afirma a neuropediatra Márcia Pradella-Hallinam. A criança pode não
40
acordar, mas além do mal-estar, aumenta o gasto de energia durante a noite e
impedindo que eles atinjam todos os estágios do sono. “Há ainda roncos
causados por doenças secundárias (rinite, asma, entre outras). Nesses casos,
a orientação é procurar um especialista no mal que deu a origem a ele, como
um alergista”.
Movimentos periódicos de membros – “são pequenas contrações dos
músculos que fazem com que as pernas e os braços das crianças se
contraiam. Ao contrário do distúrbio das pernas inquietas, as contrações não
acontecem durante o dia”. Normalmente está ligado a anemia (falta de ferro) e
pode ser corrigido com a ingestão de suplemento vitamínico, mas antes deve-
se confirmar o diagnóstico por meio exame de sangue. A Dra. Márcia Pradella-
Hallinam esclarece: “caso as crises persistiram, também costumam ser
indicados remédios semelhantes aos usados para tratar o mal das pernas
inquietas, que agem no cérebro para regular a ação muscular”.
Pernas inquietas – quando a criança sente incômodo nos membros, seja
durante ou dia ou a noite pode fazer com que demore para pegar no sono,
mesmo depois de pequenos despertares antes do amanhecer. “O difícil para os
pais, no entanto, é descobrir o motivo que faz com que seu filho durma mal.
Isso porque ele é quase imperceptível”. Exceto quando a criança se queixa de
uma sensação parecida com a de formigamento. Quando o transtorno é muito
grande e persistente, os neuropediatras costumam indicar os remédios que
agem no cérebro regulando os movimentos musculares. Elucida Dra. Márcia
Pradella-Hallinam.
Sonambulismo – é quando a criança senta-se ou sai da cama, anda, fala, abre
portas e não reage ao ser chamada. Trata-se de um distúrbio comum na fase
pré-escolar e escolar, embora assuste os pais. O melhor é cuidar da proteção
do pequeno para que ele não se machuque durante o evento e conduzi-lo de
volta à cama. “Como outros problemas ligados ao amadurecimento do cérebro,
a tendência é que ele suma logo sem provocar nenhum dano ao sonâmbulo”.
41
Segundo a doutora, caso o distúrbio altere o bem-estar da casa ou afete a
segurança da criança, deve-se procurar um especialista. E nesses casos,
costumam-se prescrever remédios da classe dos benzodiazepínicos, que agem
nos neurônios, para estabilizar o sono.
Insônia - normalmente, ela está associada a hábitos inadequados e à
falta de disciplina antes de dormir. Se faz necessário adotar religiosa e
rigorosamente uma rotina saudável durante a noite. “Estabelecer horários fixos
para pegar no sono e, antes disso, praticar atividades que acalmam, como
tomar banho, ler histórias e tomar um leite, afirma Dra. Márcia Pradella-
Hallinam.
Bruxismo – as crianças com esse sintoma costumam ranger os dentes
ou aperta os maxilares um contra o outro enquanto dormem. O problema pode
ser surgir durante a troca de dentes. O distúrbio pode prejudicar o ciclo do sono
e a saúde bucal. Nesse caso aconselha-se a procurar um ortodontista. Ele
avaliará se é necessário adotar o uso de placas de acrílico ou aparelhos que
protegem a arcada e relaxam a boca.
Terror noturno – segundo a doutora, é o distúrbio mais assustador de
todos. Comum na idade escolar e em adolescentes, ele aterroriza a casa
inteira. A criança fica agitada, com os olhos arregalados, grita e chega até a
pedir socorro. Mas nada de acordar. “Os especialistas aconselham que, assim
como ocorre com o sonambulismo, o melhor é manter a calma e não provocar
o despertar”. Caso a criança, no dia seguinte, demonstre cansaço, se as crises
afetarem o bem-estar familiar ou se repetirem consecutivamente, o melhor é
procurar o médico. Nessas situações, pode-se prescrever remédios, como os
benzodiazepínicos, que atuam nos neurônios regularizando o sono.
42
CONCLUSÃO
Conforme estudado anteriormente o sono é fundamental e
imprescindível para a vida humana. Ele não deve ser pensado como um mero
repouso para o cérebro, até porque, esse estudo comprova sua atividade
mesmo quando estamos dormimos, aliás, muito mais ativo do se possa
imaginar... principalmente no que diz respeito à memorização e,
consequentemente, à aprendizagem.
Ao longo desse estudo, os autores, elucidaram que o sono não serve
apenas para apagar informações desnecessárias assimiladas durante o dia ou
memorizar o que foi importante. Hoje, os cientistas são unânimes em afirmar
que é necessária uma boa noite de sono para "consolidar" o que foi aprendido
durante o dia.
Diagnosticar transtornos do sono em crianças é um desafio e requer
integração de históricos médicos, do neurodesenvolvimento e do
comportamento. A maioria dos pacientes podem ser tratados com sucesso
através de uma avaliação minuciosa, multidisciplinar, depois de considerados
os diagnósticos diferenciados e apropriados à cada idade.
Com os conhecimentos e as ferramentas apropriados, os médicos
podem verificar que os transtornos de sono pediátricos são uns dos problemas
mais tratáveis na medicina, embora que se não tratados pode levar à morte.
Esses distúrbios podem estar associados a alterações noturnas em
função da redução das horas de sono em prol da falta de atividade física,
excesso de estímulos com TV, computadores e a alimentação inadequada.
Além das causas externas, a privação do sono ou a má qualidade do
mesmo, pode ser de natureza orgânica ou emocional. Crianças que são
privadas de sono podem apresentar comportamentos difíceis, irritabilidade
43
frequente, dificuldade de concentração, esquecimentos com facilidade, e exibir
comportamentos hiperativos.
Muitas crianças são diagnosticadas com doenças que de fato não
possuem, porque os sintomas são iguais ou parecidos com os sintomas do
distúrbio do sono. Há uma grande preocupação por partes dos profissionais do
sono, pois as doenças relacionadas à ele são sintomáticas e não patológicas
como, por exemplo, o distúrbio do déficit de atenção que é tratado com
anfetaminas.
A avaliação detalhadas das características do sono permite-nos
determinar melhor os distúrbios que ocorrem com crianças em idade escolar,
principalmente por não se reconhecer o sono como um problema que mereça
ações práticas em prol do bem estar infantil, considerando que poucos pais
procuraram consulta médica para o filho por apresentarem algum distúrbio do
sono, talvez os próprios profissionais de saúde não investiguem
suficientemente estas questões para orienta-los sobre como lidar com essas
crianças.
O distúrbio do sono atinge crianças em idade muito precoce fazendo
com que elas sofram com baixo rendimento escolar e tenham
comprometimento da saúde física e mental.
Concluindo, acredita-se que o estudo dos distúrbios do sono precisa ser
incentivado, em sua atuação multidisciplinar, em função dos prejuízos que
podem causar a vida do ser humano. Os hábitos de dormir variam na infância,
em função de fatores fisiológicos e sofrem influências culturais. A família e a
escola são de suma importância no desenvolvimento do caráter e das
competências humanas. É preciso que a criança incorpore as experiências e os
estímulos que a cercam, adquira as características ambientais, e sociais, caso
contrário ela não conseguirá se desenvolver.
44
As experiências vivenciadas nutrem as estruturas funcionais das
crianças que estão nos primeiros estágios da sociabilidade, determinando a
qualidade e quantidade do seu desenvolvimento mental/social.
Faz-se necessário, para que as crianças desenvolvam hábitos
envolvendo as questões relativas à higiene do sono, alertar aos pais e
educadores na forma de prevenir distúrbios futuros e valorizar a necessidade
de um sono satisfatório para o desenvolvimento, adaptação e aprendizagem do
jovem aprendiz.
A neurociência e sua interdisciplinaridade ajudam a diagnosticar as
situações de crise, responsáveis pelo comprometimento do sono. Essas
situações interferem diretamente na qualidade de vida desde a infância. A
profilaxia da maior parte dos casos depende de orientação multidisciplinar no
acompanhamento dos hábitos de sono das crianças.
45
BIBLIOGRAFIA
A importância do sono na aprendizagem. Disponível em: < http://www.camarabrasileira.com/sono.htm> Acesso em: 17/01/2012. ALVARENGA, Galeno. Homem, Animal de duas cabeças. 2007. Disponível em: < http://www.galenoalvarenga.com.br/publicacoes-livros-online/homem-animal-de-duas-cabecas> Acesso em: 21/01/2012. ANDREASEN, N. Admirável cérebro novo: vencendo a doença mental na era do genoma. Porto Alegre: Artmed, 2005. BORGES, Aglael Luz. O Movimento Cognitivo – Afetivo – Social na Construção do Ser In Sargo, Claudete. A Práxis Psicopedagógica Brasileira. São Paulo. ABPp, 1994. CHEDID, Kátia A. Kühn. Psicopedagogia, Educação e Neurociências. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S0103848620070003 00009& script=sci_arttext> Acesso em 24/01/2012. CIRELLI, Chiara. Sono e aprendizado. Disponível em:<http//: www.saudeemmovimento.com.br> Acesso em: 16/01/2012. DAMÁSIO, A. O Erro de Descartes. São Paulo: Cia. da Letras; 1996. ERLAUDER, Laura. Práticas pedagógicas compatíveis com o cérebro. Porto: Edições ASA, 2005, p.155. FERNÀNDEZ, A. A Inteligência Aprisionada – abordagem psicopedagógica clínica da criança e sua família. Porto Alegre. Artes Médicas, 1991. FISCHER, K. W. (2009). Mind, brain, and education: Building a scientific groundwork for learning and teaching. Mind, Brain and Education, 3, 1, 3-16. Fischer, K. W., Daniel, D. B., Immordino-Yang, M. H., Stern, E., Battro, A., & Koizumi,. H. (2007). Why mind, brain, and education? Why now? Mind, Brain and Education, 1, 1-2. GARDNER, H. Mentes que mudam. A arte e a ciência de mudar as nossas ideias e as dos outros. Porto Alegre: Artmed; 2005. _________, A nova ciência da mente. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1996.
46
GATTAS, R. As primeiras notícias da Década do Cérebro. Disponível em: <http://super.abril.com.br/saude/primeiras-noticias-decada-cerebro-440532. shtml> Acesso em: 8/01/2012. GAZZANIGA, M. S. Neurociência Cognitiva: a biologia da mente. Porto Alegre: Artmed, 2006. GONÇALVES, M. F. & Reimão, R. (2004). Sono e rendimento escolar de crianças de 7 a 9 anos. In Reimão, R. (org). Sono Normal e Doenças do Sono. (Abstracts). São Paulo: Associação Paulista de Medicina. GOSWAMI, U. (2004). Neuroscience and Education. British Journal of Educational Psychology, 74, 1-14. IZQUIERDO, Ivan. Memória. Porto Alegre: Artmed; 2002. . HERCULANO-HOUZEL, S. O cérebro em transformação. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005. JENSEN, E. O cérebro, a bioquímica e as aprendizagens. Um guia para pais e educadores. Porto: Edições ASA; 2002. JOHNSON, D J e MYKLEBUST, H. R. O cérebro e a aprendizagem. São Paulo. Pioneira, 1987. JORNAL DA CIÊNCIA. Os neurônios que podem ler mentes. Disponível em:< http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=34918>Acesso em:24/01/2012
LENT, R. Cem bilhões de neurônios: conceitos fundamentais. Atheneu: São Paulo, 2002. LOROSA, Fernando Arduini; AYRES, Marco Antonio. Como produzir uma monografia. 6 ed. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2005. MCCRONE, J. Como o cérebro funciona. São Paulo: PubliFolha,2002. MELLUSO FILHO, A.S. (2004). Hipoxemia noturna na infância e reflexos na atividade escolar. In: Reimão, R. (ed). Sono Normal e Doenças do Sono. (pp.82-84). São Paulo: Associação Paulista de Medicina. MICHAELIS. Dicionário da Língua Portuguesa. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=sono> Acesso em 1/12/2012.
47
MORALES, Rosilene. Educação e neurociências: uma via de mão dupla. Disponível em:< www.anped.org.br/reunioes/28/textos/GT13/gt131611int.rtf> Acesso em :15/01/2012. NUNES, Magda Lahorgue. Disturbio do sono. Disponível em: < http://www. scielo. br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S002175572002000700010> Acesso em: 21/01/2012. OECD - COOPERAÇÃO ECONÔMICA E O DESENVOLVIMENTO. Compreendendo o cérebro. São Paulo: SENAC; 2003.
OLIVEIRA, Neide. Principais distúrbios do sono infantil e como minimizá-los. Disponível em: < http://vejasp.abril.com.br/revista/edicao-2195a/criancas-disturbios - do-sono> Acesso em: 26/01/2012
PINTO, L.C. Neurofisiologia clínica – princípios básicos. 2.ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2010. PURVES, Dales. Neurociências. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. RATO, J R; CALDAS, Alexandre Castro. Neurociências e educação: Realidade ou ficção? Disponível em: <http://www.actassnip2010.com/conteudos/actas/ Neuro_5.pdf> Acesso em: 10/01/2012.
REIMÃO, R., Lefèvre, A.B.; & Diament, A.J. (1982). Avaliação populacional de características do sono na infância. J Pediatr (Rio de Janeiro).
RELVAS, Marta Pires. Neurociência e transtornos de aprendizagem. 4.ed. Rio de Janeiro: Walk Ed, 2010.
________, Neurociência e educação. 2. Ed. Rio de Janeiro: Walk Ed, 2010.
________, Fundamentos Biológicos da Educação. Rio de Janeiro: Editora WAK, 2008.
RUBINSTEIN, Ezequiel; CARDOSO, Márcio A. Sistema nervoso. Disponível em: < http://www.icb.ufmg.br/mor/anatoenf/sistema_nervoso.htm> Acesso em: 15/01/2012. SCHMUTLER, K.M.R.S. (2004). O sono no período neonatal. In Reimão, R. (ed). Sono Normal e Doenças do Sono. (pp.41-45). São Paulo: Associação Paulista de Medicina.
48
SOARES, Dulce Consuelo R. O Cérebro X Aprendizagem. Disponível em: <http://www.profala.com/arteducesp67.htm> Acesso em 6/01/2012. ________, Os Vínculos como passaporte da Aprendizagem: Um encontro D’ EUS. Rio de Janeiro. Caravansarai, 2003.
WOLFE, P. A importância do cérebro. Porto: Porto Editora; 2006, p.6.
VILAS BOAS, L. M. A. & Valladares Neto, D. C. (2007). Fisiologia do Sono. In Reimão, R.(ed). Medicina do Sono: Neurociências, Evoluções e Desafios. [CD-ROM]. (pp.28-30). São Paulo: Associação Paulista de Medicina.
49
ÍNDICE
INTRODUÇÃO................................................................................................ 7
CAPÍTULO I
1. A educação na era da neurociência...................................................... 10
1.1. A década do cérebro................................................................... 13
1.2 Neuromitos na educação: da confusão à desmistificação.......... 16
1.3. Neurociência e educação: uma relação com futuro aliando saberes........................................................................................
19
CAPÍTULO II
2. O Aprendizado visto de uma abordagem neurocientÍfica..................... 21
2.1. Princípios da organização cerebral e processamento da informação neuronial...................................................................
23
2.2. Os córtices assossiativos............................................................ 26
2.3. A importância das informações intermediárias............................ 29
CAPÍTULO III
3. As contribuições dos estudos da neurociência pedagógica nos
distúrbios do sono no processo da aprendizagem escolar...................
31
3.1. O Sono sobre égide da neurociência......................................... 34
3.2. A interferência do sono no desenvolvimento infantil................. 37
3.3. Principais distúrbio do sono infantil........................................... 39
CONCLUSÃO.................................................................................................. 42
BIBLIOGRÁFICAS........................................................................................... 45
ÍNDICE............................................................................................................. 49
50
ÍNDICE DE ILUSTRAÇÃO.............................................................................. 50
ANEXOS.......................................................................................................... 51
FOLHA DE AVALIAÇÃO.................................................................................. 55
ÍNDICE DE ILUSTRAÇÃO
Figura 01 Transdisciplinaridade...................................................................... 20
Figura 02 Dendritos......................................................................................... 26
Figura 03 Visão da estrutura cortical..............................................................
27
Figura 04 Relação das funções desempenhadas por diferentes regiões corticais..............................................................................
27
Figura 05 Estágios do sono N-REM................................................................ 36
51
ANEXOS
Figura 01 – Transdisciplinaridade Figura 02 – Dendritos
Fonte: Rato e Caldas apud Koizumi, 2004
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Complete_neuron_cell_diagram_pt.svg
52
ANEXOS
Figura 03 – Visão da estrutura córtices associativos
Fonte: Adaptado de Purves (2010)
53
Figura 04 – Relação das funções desempenhadas por diferentes regiões
corticais.
Figura 4 –
Fonte: Adaptado Relvas (2010, p. 37)
54
ANEXOS Figura 5 – Estágios do sono N-REM .
SUBDIVISÃO DO SONO N-REM EM 4 ESTÁGIOS
Estágio 1
Ocorre logo após a vigília e dura poucos minutos, com a diminuição do tônus muscular, da frequência cardíaca e respiratória e corresponde de 5 a 10% do tempo total do sono.
Estágio 2
O sono torna-se mais profundo do que no estágio 1, com a diminuição da temperatura do corpo, dos ritmos cardíacos e respiratórios e relaxamento muscular. Corresponde a 50% do tempo total do sono
Estágio 3
Corresponde de 3 a 8% do tempo do sono. O tônus cai progressivamente e os movimentos oculares são raros.
Estágio 4 Corresponde a 10% do tempo total do sono com pico de liberação do GH (growth hormone) e leptina.
Fonte: Adaptado Reimão R. Sono normal e seus distúrbios na criança. In: Diament A, Cypel S. Neurologia infantil. 4ed. São Paulo:Atheneu. 2005,p.1335
55
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes
Título da Monografia: As contribuições dos estudos da neurociência
pedagógica nos distúrbios do sono no processo da
aprendizagem escolar.
Autor: Sandra Regina de Sá Almeida
Data da entrega: 4/02/2012
Avaliado por: Conceito:
Top Related