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AROMAS E FRAGRÂNCIAS

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Aromas e fragrâncias são importantes na indústria moderna. Perfumes, cosméticos, fármacos e alimentos dependem de substâncias que conferem odor e sabor que sejam agradáveis aos consumidores. As substâncias que promovem odor são químicas e, assim, os químicos são os profissionais mais indicados para estudar métodos de isolamento, identificação e classificação destes compostos. Há muita teoria química envolvida no estudo de aromas e fragrâncias; o leitor é convidado a consultar literatura especializada para maior aprofundamento. Além de um bom conhecimento químico teórico é necessário que se conheçam, além de técnicas analíticas adequadas, os mecanismos pelos quais os aromas são detectados no sistema olfativo e percebidos pelo cérebro.

Introdução

Alguns fatos são universalmente reconhecidos: aromas constituem um importante parâmetro da qualidade de alimentos e são a vida da indústria de perfumes; excelência em qualidade é o objetivo da pesquisa de alimentos e o odor é causado por substâncias químicas. Com relação a estes postulados, duas questões movem os trabalhos no ramo dos aromas: “quais são as substâncias químicas que conferem odor?” e “como elas funcionam”? O fato de que os químicos são os melhor qualificados para responder à primeira questão foi reconhecido há 170 anos quando Brillat-Savaint escreveu: “não pode-se negar que é a química que revelará a causa dos elementos que conferem aroma”. Entretanto, a resposta à segunda questão é extremamente mais complexa, envolvendo questões bio-anatômicas e socioculturais.Para identificar um aroma ou fragrância deve-se identificar, nas fontes naturais, qual ou quais são os produtos químicos responsáveis por ele. A identificação de compostos químicos nas fontes naturais avança exponencialmente, mas a atribuição de qual composto é responsável por qual odor é muito mais complexa, principalmente devido à subjetividade a que tais determinações estão sujeitas. Os odores não são função única e exclusiva do produto químico em si, apesar de se reconhecer que certos grupos funcionais e determinadas estruturas são responsáveis por odores característicos. A qualificação – reconhecimento e atribuição de um odor a uma substância química – está sujeita a fatores socioculturais que são difíceis de

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desvincular. O treinamento para tal é extenso e intensivo. A resposta a um aroma segue a relação:Substância química aromática + fator humano à resposta do aroma.Os aromistas (ou flavouristas) são pessoas treinadas para reconhecer odores característicos mesmo em baixíssimas concentrações. O melhor detector de aromas é o ser humano. Enquanto os equipamentos de análise mais sensíveis (comercialmente disponíveis) detectam, na melhor das hipóteses, concentrações na ordem de fentogramas/g , o nariz humano é capaz de detectar com precisão até atogramas/g .

A palavra inglesa flavour (ou flavor no inglês americano) tem significado mais amplo que simplesmente “aroma”. Na realidade, flavour é a combinação de aroma (smell) e gosto (taste):

Por definição, sabor é percebido na boca, pelas papilas gustativas. Até o início dos anos 90 acreditava-se que havia regiões da língua que continham papilas dedicadas à percepção de cada sabor. Por exemplo, as responsáveis pelo sabor doce localizavam-se na ponta da língua, pelo sabor ácido nas laterais, e assim por diante. Entretanto, esta teoria não mais é aceita. Hoje sabe-se que as papilas gustativas responsáveis pela detecção de cada sabor estão deslocalizadas por toda a superfície da língua.Os responsáveis pelo odor são voláteis percebidos no nariz. Existem dois tipos principais: os voláteis provenientes do meio externo são denominados aromas, e cheiro é a percepção dos voláteis liberados de um alimento após sua ingestão, dentro da garganta – percepção retronasal. Reconhece-se que mais de 75% do gosto (sabor + odor) dos alimentos é, na verdade, a percepção retronasal de suas substâncias voláteis (cheiro). Fragrâncias são substâncias que conferem odor, mas não podem ser ingeridas. São utilizadas em perfumes e cosméticos – com exceção do batom que, por ser utilizado nos lábios, utiliza aromas.

Teorias da Olfação

Várias teorias foram postuladas na tentativa de desvendar os mecanismos pelos quais as células receptoras detectam e diferenciam substâncias odoríferas. Entretanto, nenhuma delas é universalmente aceita, ou foi totalmente comprovada. Abaixo seguem as teorias mais aceitas pela comunidade científica. O leitor é estimulado a consultar o artigo “O Sistema Olfativo” para maior compreensão da fisiologia de percepção de aromas.1 – Formato molecularOs químicos notaram que cadeias orgânicas com quatro ou oito carbonos de certos aldeídos ou álcoois possuíam odores muito fortes. A presença de anéis benzênicos alteram seu odor significativamente, dependendo do local onde as cadeias laterais são situadas, enquanto que anéis maiores (14 a 19 átomos de carbono) podem ser alterados consideravelmente sem alterar seu odor. A hipótese da “chave e fechadura” (Moncrieff, 1949) foi emprestada da cinética enzimática e aplicada aos odores. Moncrieff propôs que odores primários distintos possuíam sites receptores específicos. Amoore (1963) propôs sete odores primários devido a sua elevada freqüência de ocorrência entre cerca de 600 compostos orgânicos: cânfora, floral, hortelã, éter, pungente, putrefato e musgo. Propôs-se que estes sete odores primários possuíam receptores de formatos diferentes, correspondendo ao formato de suas moléculas.

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A mesma teoria é empregada na química da visão.Com a descoberta de proteínas seqüestrantes de odores, esta teoria recebeu, recentemente, maiores atenções e considerações.2 – Poro de DifusãoEsta teoria, criada por Davies e Taylor (1959), sugere que a molécula odorífera se difunde na membrana da célula receptora formando um poro iônico no processo. O tempo de difusão e a afinidade pela membrana determina os thresholds (menor concentração perceptível de um aroma ou fragrância). Mas é difícil de explicar a diferença nas intensidades dos odores. O mesmo problema de codificação de freqüência e intensidade de estímulo ocorre com a teoria de ressonância molecular. Os diferentes odores podem causar um diâmetro de poro diferente e, assim, um potencial receptor também diferente, dando origem a uma taxa de percepção diferente – mas na olfação, a intensidade de estímulo é codificado pela freqüência e não as diferentes qualidade de odor.3 – Efeito PiezoEsta teoria foi proposta por Rosenberg et al. (1968). Acreditava-se que os carotenóides (presentes nos pigmentos das células olfativas) combinavam-se com os gases odoríferos dando origem a correntes elétricas. Rosenberg et al. testou a idéia e encontrou uma relação reversível entre corrente elétrica e concentração, onde uma unidade de concentração de um aroma provocava um aumento de 10.000.000 vezes na corrente elétrica. Com base nestes resultados, propôs que a formação de complexos de ligação fraca aumentava o número de transmissores. Entretanto, há alguns problemas com esta teoria. Primeiramente, as células receptoras não contém pigmentos e, em segundo lugar, álcoois pouco odoríferos de cadeias curtas forneceram um grande aumento na corrente elétrica, enquanto que álcoois de cadeia mais longa, mas com maior poder odorífero, forneceram pouca alteração na corrente.4 – Vibração MolecularA freqüência de vibração da maioria das substâncias odoríferas pode ser determinada por espectroscopia de infravermelho (IR – InfraRed Spectroscopy). A idéia de que a vibração molecular pudesse estar associada ao seu odor foi sugerida por Dyson (1938). As mariposas macho são atraídas pelos doces porque sua emissão de infravermelho é idêntica àquela emitida pelos feromônios produzidos pelas mariposas fêmeas. Freqüências diferentes no infravermelho podem originar odores diferentes. Se toda a faixa de vibração de um composto ou molécula estiver abaixo de 4000cm-1, a detecção de grupos funcionais pode ser explicada, uma vez que muitos compostos com odores distintos vibram à aproximadamente 1000cm-1. O problema é que a freqüência de vibração é proporcional à intensidade de estímulo na olfação, e então freqüências diferentes de infravermelho não podem ser associadas à diferentes freqüências de ativação dos nervos receptores.5 – O Nariz como EspectrógrafoEsta teoria, proposta por Luca Turin (1996), originou-se do trabalho de Dyson e sugeriu que os órgãos olfativos poderiam detectar vibrações moleculares. Turin propôs que quando uma proteína olfativa receptora liga-se a uma substância odorífera, pode ocorrer um ajuste eletrônico entre o site receptor e a molécula odorífera se os modos vibracionais forem iguais em energia. Assim, os receptores são eletronicamente ajustados pelas moléculas odoríferas, assim como os cones, células responsáveis pela visão, são ajustados a comprimentos de onda particulares da luz branca.

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Como os Químicos Estudam os Aromas?

Existem muitas técnicas, instrumentos e equipamentos diferentes para o estudo de aromas. As principais dificuldades a serem vencidas são a extração e isolamento das substâncias químicas para análise de identificação e quantificação. Esta última é importante para estudos de custos de obtenção de uma substância aromática a partir de uma fonte natural.1 – Técnicas de ExtraçãoA forma como as substâncias voláteis que conferem odor serão extraídas da matriz natural depende de vários fatores. Entre eles está a composição e constituição física desta matriz, bem como das próprias substâncias a serem extraídas. Por exemplo, se a substância química for sensível à ácidos, estes não poderão ser utilizados no processo de extração. Por outro lado, se a substância odorífera for termolábil (sensível ao calor), métodos de destilação também não poderão ser utilizados indiscriminadamente.As técnicas mais comuns para extração e coleta de substâncias aromáticas de matrizes orgânicas são a destilação (convencional ou fracionada), a digestão, o cold trapping e a adsorção.As técnicas de destilação baseiam-se na separação da substância de interesse pela diferença de ponto de ebulição. A matriz é aquecida monitorando-se a temperatura de aquecimento e as frações de destilados são coletadas em recipientes separados. A identificação da fração que contém a substância odorífera é efetuada organolepticamente e/ou instrumetalmente. A forma como o composto de interesse será extraído depende das condições de destilação. Podem ser utilizadas técnicas de destilação sob aquecimento direto, fracionada ou não, por arraste a vapor ou em conjunto com digestão.As técnicas de digestão baseiam-se na destruição da matriz orgânica, total ou parcial. Devem ser utilizadas com cautela, pois podem destruir também a substâncias odorífera de interesse, na esmagadora maioria das vezes também orgânica. A digestão pode ser ácida (ácidos clorídrico, sulfúrico, nítrico, ou uma mistura deles), básica (hidróxidos de sódio ou potássio, mais comum para matrizes oleosas) ou oxidativa (dicromato de potássio, permanganato de potássio, peróxido de hidrogênio, ácido perclórico, ou qualquer outro agente oxidante).A adsorção, química ou física, é utilizada para prender as substâncias voláteis extraídas, por aquecimento ou por liberação direta, da matriz original. Podem-se utilizar polímeros apropriados, sais inorgânicos que formem complexos com os compostos odoríferos de maneira seletiva ou qualquer outro tipo de adsorvente. Após a coleta do(s) composto(s), estes são analisados adequadamente. Esta técnica é útil quando se conhecem previamente as características da substância responsável pelo odor que se deseja isolar.O cold trapping baseia-se no seqüestro seletivo das substâncias voláteis pela variação de temperatura. Os compostos odoríferos são analisados instrumental ou organolepticamente.2 – Técnicas de separação.Apesar de obter-se sucesso algumas vezes na separação com as técnicas de extração, estas são limitadas na medida em que muitas impurezas são arrastadas, além de haver grande perda e diluição dos compostos voláteis. Também são dependentes da técnica de recuperação.As técnicas de separação mais utilizadas atualmente são as cromatográficas. Dependendo da substância de interesse e da matriz, podem ser utilizadas as cromatografias líquida ou gasosa. A grande vantagem da técnica é que, de posse de padrões adequados, pode-se fazer a identificação e a quantificação dos aromas.

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3 – Técnicas de IdentificaçãoComo as substâncias voláteis normalmente são orgânicas, as técnicas de identificação são as mesmas utilizadas para qualquer composto orgânico. As mais comuns são as espectroscopias de infravermelho e Ressonância Magnética Nuclear (RMN). Apesar de úteis na identificação de compostos não efetuam sua quantificação.Atualmente, a técnica mais robusta para análise de aromas é a espectrometria de massas. Esta técnica baseia-se na fragmentação das moléculas orgânicas e análise desses fragmentos para identificação e quantificação. A desvantagem é que, para que a análise seja correta, a amostra deve entrar pura no instrumento, ou seja, a matriz deve passar por processos de extração e purificação antes da substância ser analisada. Por este motivo, os espectrômetros de massa estão sendo acoplados a cromatógrafos gasosos, líquidos e a outros instrumentos como ICP’s e espectrômetros de infravermelho.4 – Técnicas AvançadasA utilização de narizes eletrônicos vem crescendo consideravelmente no meio industrial, apesar de apresentarem ainda certas limitações. Estes instrumentos tentam substituir a detecção organoléptica, eliminando a variável humana nos processos de identificação de compostos aromáticos. Entretanto, ainda necessitam de aperfeiçoamento. Baseiam-se na vibração seletiva de certos cristais inorgânicos na presença de determinados compostos orgânicos que conferem odor. Ainda assim dependem de calibração, não dispensando a variável humana por completo, e utilizam redes neurais como métodos de identificação e, quando possível, quantificação. As redes neurais são métodos matemáticos avançados de difícil manipulação e de domínio restrito. Também requerem hardware e software especiais.Algumas técnicas unem a quantificação instrumental com a identificação organoléptica. Uma delas é a técnica de GC-Sniffing – cromatografia gasosa com uma saída livre para o operador. Assim, enquanto o operador, normalmente um aromista treinado, observa que uma substância pura atinge o detector pelo aparecimento de um pico cromatográfico, uma parte dessa substância é liberada ao ambiente para sua avaliação. Atrelam-se tempos de retenção a odores característicos e à concentrações presentes nas amostras. Assim, obtém-se três informações imultâneas: identificação, classificação e concentração.O aperfeiçoamento desta técnica é o MS-Nose. O princípio é o mesmo, mas o sistema de detecção é um espectrômetro de massas, e não um detector convencional (FID, TCD) de cromatografia gasosa.

Aromas – Sintetizar ou Extrair?

A grande questão a ser respondida após a identificação e isolamento de uma substância química odorífera é: “é compensatório extrair este aroma de fontes naturais ou sintetizá-lo?”A resposta a esta questão depende de fatores comerciais e econômicos. Primeiramente deve existir um mercado consumidor para o aroma em questão. Caso haja potencial econômico para sua exploração, devem-se avaliar os métodos de síntese e extração disponíveis, avaliando os seguintes parâmetros:

01-O aroma deve apresentar-se na forma mais pura possível – muitas vezes a extração é o método mais barato, mas fornece um produto de baixo teor de pureza, com menor valor agregado;02-Deve-se obter o produto final com o mínimo de perda – caso perca-se muito material no

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método de extração, ou o rendimento do aroma seja muito baixo, podem-se estudar rotas sintéticas economicamente mais viáveis;03-Os processos, de extração ou síntese, devem ser o menos agressivos ao meio-ambiente quanto possível;

Pode parecer que as rotas sintéticas são o caminho mais fácil e lógico a se seguir após a identificação de um composto aromático. Entretanto, 75% de todos os aromas e fragrâncias utilizadas são extraídas de fontes naturais. Na maioria das vezes, as rotas sintéticas são muito mais caras que a extração simples do composto de interesse, mesmo que a pureza do produto final não seja elevada. Algumas vezes, há dificuldade de controle de centros quirais nos processos de síntese, como é o caso do limoneno (estrutura apresentada acima).Enquanto o R-(-)-limoneno fornece odor de limão, o S-(+)-limoneno é responsável pelo aroma de laranja*. Ainda assim, as rotas sintéticas para sua produção são extremamente caras, também pela necessidade de controle dos centros assimétricos, e 99,99% do limoneno produzido e distribuído na forma de óleo essencial de laranja é extraído de fontes naturais.*Ainda discute-se se o limoneno é realmente o responsável pelos aromas de laranja e limão. Há autores que defendem a tese de que este composto é responsável pelo aroma frutal, e não cítrico. O responsável pelo aroma cítrico seria o ácido cítrico. Entretanto, como este ácido não é volátil, diz-se que o efeito cítrico é a percepção retronasal deste ácido, em conjunto com o limoneno e outros ácidos orgânicos presentes nos frutos.

Conclusões

É evidente que os químicos são os melhor qualificados para o estudo sistemático dos aromas nos processos de extração, isolamento e identificação dos compostos odoríferos, mas sua participação não se limita a estes campos. Também são os mais indicados para a definição ou criação de rotas sintéticas apropriadas ou técnicas de extração convenientes.Mais uma vez, a química faz-se presente em áreas onde aparentemente não são de seu domínio. Fármacos e cosméticos são segmentos puramente da indústria química, mas a química de alimentos é um campo de trabalho alternativo e rico para exploração dos profissionais da área, e um setor onde os investimentos têm rentabilidade garantida na indústria alimentícia.

http://www.mundodaquimica.com.br/2012/09/aromas-e-fragrancias/

Perfumes: uma Química Inesquecível

Sandra Martins Dias, Roberto R. da Silva

Originalmente Publicado em Química Nova na Escola, n. 4, novembro 1996

Apoio: Sociedade Brasileira de Química

Edição: Leila Cardoso Teruya

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Coordenação: Guilherme Andrade Marson

Os perfumes têm sido parte da vida civilizada há vários séculos, tanto para os homens como para as mulheres. Todos nós temos preferências por determinados aromas, os quais podem nos mudar o humor ou suscitar emoções. Provavelmente o mais primitivo dos nossos sentidos, o olfato tem a capacidade de nos recordar experiências passadas. As mensagens olfativas são enviadas para áreas do cérebro associadas à emoção, à criatividade e à memória.

Mas, afinal de contas, o que é um perfume? O que ele contém?

A fragrância de um perfume é um complexo sistema de substâncias originalmente extraídas de algumas plantas tropicais ou de alguns animais selvagens. Recentemente,o perigo de extinção de certas espécies vegetais e animais e a busca de novas essências, inclusive de menor custo, conduziu a química dos perfumes aos laboratórios, onde são criados os produtos sintéticos que têm substituído paulatinamente os aromas naturais.

Um outro aspecto curioso é que as fragrâncias que encontramos em detergentes, amaciantes e produtos de limpeza são, com freqüência, as mesmas usadas na fabricação de perfumes. Do ponto de vista da química, o que realmente caracteriza uma fragrância? A resposta a essa pergunta nos conduz a uma curiosa viagem pelo mundo das moléculas voláteis.

Um pouco de história

Os primeiros perfumes surgiram, provavelmente associados a atos religiosos, há mais ou menos 800 mil anos, quando o homem descobriu o fogo. Os deuses eram homenageados com a oferenda de fumaça proveniente da queima de madeira e de folhas secas. Essa prática foi posteriormente incorporada pelos sacerdotes dos mais diversos cultos, que utilizavam folhas, madeira e materiais de origem animal como incenso, na crença de que a fumaça com cheiro adocicado levaria suas preces para os deuses. Daí o termo ‘perfume’ originar-se das palavras latinas per (que significa origem de) e fumare (fumaça).

O passo seguinte na evolução do emprego dos aromas foi sua apropriação pelas pessoas, para o uso particular, algo que provavelmente aconteceu entre os egípcios.

Um avanço posterior foi a descoberta de que certas flores e outros materiais vegetais e animais, quando imersos em gordura ou óleo, deixavam nestes uma parte de seu princípio odorífero. Assim eram fabricados os ungüentos e os perfumes mencionados na Bíblia.

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A arte de extração de perfumes foi bastante aprimorada pelos árabes há cerca de mil anos. Eles faziam essas extrações a partir de flores maceradas, geralmente em água, obtendo 'água de rosas’ e ‘água de violetas’, dentre outras.

Com o advento do cristianismo, o uso dos perfumes como aditivo ao corpo foi banido, uma vez que estava associado a rituais pagãos. Os árabes, no entanto, cuja religião não impunha as mesmas restrições, foram os responsáveis pela perpetuação de seu uso. O ressurgimento da perfumaria no Ocidente deveu-se aos mercadores que viajavam às Índias em busca de especiarias. Uma outra contribuição significativa foi a das Cruzadas: retornando à Europa, os cruzados trouxeram toda a arte e a habilidade da perfumaria oriental, além de informações relacionadas às fontes de gomas, óleos e substâncias odoríferas exóticas como jasmim, ilangue-ilangue, almíscar e sândalo. Já no final do século XIII, Paris tornara-se a capital mundial do perfume. Até hoje, muitos dos melhores perfumes provêm da França. Já as águas de colônia clássicas têm menos de 200 anos, sendo originárias da cidade de Colônia, na Alemanha.

Componentes básicos de um perfume

Um perfume é, por definição, um material — porção de matéria com mais de uma substância. A análise química dos perfumes mostra que eles são uma complexa mistura de compostos orgânicos denominada fragrância (odores básicos). Inicialmente, as fragrâncias eram classificadas de acordo com sua origem. Por exemplo: a fragrância floralconsistia no óleo obtido de flores tais como a rosa, jasmim, lilás etc. A fragrância verdeera constituída de óleos extraídos de árvores e arbustos, como o eucalipto, o pinho, o citrus, a alfazema, a cânfora etc. A fragrância animal consistia em óleos obtidos a partir do veado almiscareiro (almíscar), do gato de algália (algália), do castor (castóreo) etc. Afragrância amadeirada continha extratos de raízes, de cascas de árvores e de troncos, como por exemplo, do cedro e do sândalo.

O sistema moderno de classificação das fragrâncias engloba um total de 14 grupos, organizados segundo a volatilidade de seus componentes: cítrica (limão), lavanda, ervas (hortelã), aldeídica, verde (jacinto), frutas (pêssego), florais (jasmim), especiarias (cravo), madeira (sândalo), couro (resina de vidoeiro), animal (algália), almíscar, âmbar (incenso) e baunilha. A Fig. 1 classifica essas fragrâncias segundo sua volatilidade.

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Figura 1: Escala de notas de um perfume e a participação de diferentes fragrâncias nessas notas.

Os perfumes têm em sua composição uma combinação de fragrâncias distribuídas segundo o que os perfumistas denominam de notas de um perfume. Assim, um bom perfume possui três notas:

Nota superior (ou cabeça do perfume): é a parte mais volátil do perfume e a que detectamos primeiro, geralmente nos primeiros 15 minutos de evaporação.

Nota do meio (ou coração do perfume): é a parte intermediária do perfume, e leva um tempo maior para ser percebida, de três a quatro horas.

Nota de fundo (ou base do perfume): é a parte menos volátil, geralmente leva de quatro a cinco horas para ser percebida. É também denominada ‘fixador’ do perfume. A esta fragrância estão associadas, segundo os perfumistas, as emoções fortes e a sugestão de experiências como encontros sexuais e mensagens eróticas. A Fig. 1 ilustra a participação das diversas fragrâncias nas notas de um perfume.

Composição química das fragrâncias

As fragrâncias características dos perfumes foram obtidas durante muito tempo exclusivamente a partir de óleos essenciais extraídos de flores, plantas, raízes e de alguns animais selvagens. Esses óleos receberam o nome de óleos essenciais porque continham a

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essência, ou seja, aquilo que confere à planta seu odor característico. Embora os óleos essenciais sejam ainda hoje obtidos a partir dessas fontes naturais, têm sido substituídos cada vez mais por compostos sintéticos, como veremos mais adiante.

Os químicos já identificaram cerca de três mil óleos essenciais, sendo que cerca de 150 são importantes como ingredientes de perfumes. Para que possam ser usados com esse fim, os óleos essenciais devem ser separados do resto da planta. As técnicas usadas para isso baseiam-se em suas diferenças de solubilidade, volatilidade e temperatura de ebulição. A extração por solventes, por exemplo, utiliza o solvente éter de petróleo (uma mistura de hidrocarbonetos) para extrair óleos essenciais de flores. Já o óleo de eucalipto pode ser separado das folhas passando através delas uma corrente de vapor de água (destilação por arraste de vapor).

Uma vez obtido um óleo essencial, a análise química permite identificar quantos e quais componentes estão presentes. Antes do advento das técnicas modernas de análise de óleos essenciais (cromatografia a gás, espectrometria de massa, ressonância magnética nuclear, espectroscopia de infravermelho etc.), os químicos identificavam quase exclusivamente o componente principal de um óleo essencial. Hoje, é possível identificar todos os componentes de um óleo, mesmo aqueles que estão presentes em quantidades mínimas. Alguns óleos essenciais chegam a ter mais de 30 componentes. O Quadro 1 apresenta as fórmulas dos principais componentes de alguns óleos essenciais.

Quadro 1: Principais componentes de alguns óleos essenciais.

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Uma vez identificados os componentes de um óleo essencial, os químicos podem fabricá-los sinteticamente e torná-los mais baratos. Uma outra possibilidade é a síntese de novos compostos com aroma similar ao produto natural, porém com estruturas totalmente diferentes. A grande maioria das fragrâncias usadas hoje em dia é fabricada em laboratório. Os produtos sintéticos são usados para aromatizar produtos de limpeza (sabões, detergentes, amaciantes de roupas) e produtos de higiene pessoal (talcos, desodorantes), e para criar ilusões, como deixar o plástico dos assentos de automóveis com cheiro de couro.

O Quadro 2 apresenta as estruturas de alguns compostos sintéticos usados em perfumaria.

Quadro 2: Alguns compostos sintéticos utilizados como fragrâncias artificiais.

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Os produtos sintéticos talvez nunca substituam completamente os naturais. Os perfumes mais caros usam os produtos sintéticos apenas para acentuar o aroma dos óleos naturais. Para alguns óleos, como o patchouli e o de sândalo, os químicos ainda não encontraram substitutos satisfatórios. Uma grande contribuição da química sintética tem sido, sem sombra de dúvida, a possibilidade de preservação de certas espécies animais e vegetais que corriam o risco de extinção devido à procura desenfreada de óleos essenciais. Uma outra contribuição é o barateamento dos perfumes, permitindo seu uso por uma fatia mais ampla da população.

Existe uma diferença muito grande no preço dos produtos de perfumaria, dependendo se são classificados como ‘perfume’, ‘água de colônia’ ou ‘loção pós-barba’. Estas diferentes classificações refletem, na realidade, a composição da mistura que você está comprando. Os perfumes contêm misturas de fragrâncias dissolvidas em um solvente, geralmente o etanol. O etanol, por sua vez, contém sempre uma pequena quantidade de água. A Tabela 1 ilustra as diferentes composições para produtos de perfumaria. Quanto maior a porcentagem das essências nas fragrâncias, maior o preço do produto.

Tabela 1: Composição média de misturas usadas em produtos de perfumaria.

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Além da essência e do solvente, os fabricantes adicionam à mistura substâncias denominadas de fixadores que têm a função de retardar a evaporação da essência, e conseqüentemente, prolongar os efeitos do perfume. É comum também adicionar um outro álcool, o propileno glicol, para aumentar a solubilidade da essência no solvente.

Finalmente, cabe salientar que para algumas pessoas os perfumes não trazem sensações agradáveis: são aquelas que têm algum tipo de alergia aos ingredientes usados na formulação. Essências tais como a de anís, bergamota, canela, citronela, cravo, gerânio, hortelã, safrol, sassafrás etc. podem originar dermatites (inflamação da pele), manchas cutâneas e febre dos fenos.

Curiosidades sobre perfumes

• A paixão pelos perfumes alcançou seu auge nas cortes francesas do século XVIII, quando Luís XV decretou que para cada dia da semana deveria haver uma fragrância diferente na corte. Madame Pompadour (1721-1764) teria gasto o equivalente a R$250 000,00 em perfumes.

• Arqueólogos que abriram o túmulo do faraó Tutankhamon em 1922 encontraram vasos com um óleo perfumado conhecido como Kiphi. Após 3 300 anos, traços do aroma ainda puderam ser detectados.

• O ano de 1900 representou o auge no comércio do óleo de almíscar (musk), quando cerca de 1 400 kg do óleo foram coletados, causando a morte de 50 mil animais.

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• Atualmente, o comércio mundial do óleo de almíscar natural é limitado a 300 kg por ano, o que ainda representa a morte para alguns milhares de veados almiscareiros.

• O óleo de jasmim natural custa cerca de R$5 000,00 por quilograma. A mesma quantidade da fragrância artificial chega a custar R$5,00.

• São necessárias cinco toneladas de rosas para se obter um quilograma de óleo essencial.

• É famosa a carta que Napoleão escreveu a Josefina dois meses antes de retornar: “Pare de tomar banho! Estou voltando!”

• O profeta e fundador do islamismo, Maomé, acreditava no poder dos perfumes e, segundo dizem, teria afirmado certa vez: “Três coisas são importantes para mim na Terra: mulheres, perfumes e orações.” Numa outra ocasião, teria dito: “O perfume é o alimento que nutre meus pensamentos.”

• Um quilograma de óleo essencial de jasmim requer para ser obtido cerca de oito milhões de flores.

Nota

Originalmente, o artigo também apresenta um procedimento para a preparação de um perfume.

http://qnint.sbq.org.br/qni/visualizarTema.php?idTema=46

Como abrir uma fábrica de perfumes

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A busca por aromas e perfumes específicos sempre encantou a humanidade e até hoje fazem sucesso com homens de mulheres e por isso, uma proposta de empreendimento é abrir uma fábrica de perfumes.

Há milênios, diversas mercadorias chegavam ao Egito, tais como cedro do Líbano, rosas da Síria, mirra e canela da Babilônia, Etiópia, Somália, Pérsia e Índia. Eram levadas aos templos, maceradas e moídas. Os sacerdotes então usavam tais produtos até chegarem a uma receita que servisse para ser usada por eles nas cerimônias religiosas, nas quais havia a aproximação dos fiéis e dos deuses. Os egípcios foram os primeiros seres a dominar os cheiros vindos da natureza e aplicá-los na vida humana.

Isso tudo foi sendo aperfeiçoado e hoje em dia existem diversos e grandes produtores desses aromas. Veja em nosso artigo, dicas de como ter uma fábrica de perfumes.

Mercado de fábrica de perfumes

Embora haja muita venda de perfumes no Brasil, muitos deles são bem caros e inacessíveis para muita gente, especialmente os que são feitos em outros países, que têm preços mais elevados.

Tendo em vista esse cenário, uma boa oportunidade pode ser reparada nele: a existência de um mercado que para atender clientes que não podem pagar pelos perfumes caríssimos e importados.

Insumos necessários para a fabricação de perfumes

Os principais insumos para a fabricação do perfume são água, álcool etílico, corantes, essências e fixadores, que podem ser classificados em artificiais, animais e vegetais.

Algumas dessas substâncias estão disponíveis em solução no comércio comum, mas é importante que o empresário estabeleça negócios com fornecedores para conseguir preços mais em conta.

Como são usados todos esses insumos

Os princípios aromáticos são utilizados de 2% a 10% e esses valores é que determinam a intensidade do aroma, se os perfumes são fortes ou suaves. A concentração do princípio

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aromático é determinada pelo tipo de mercadoria que se pretende fazer (perfume para lenços, por exemplo) e pela classe do produto (se será fino ou vulgar).

Os fixadores são utilizados entre 0,1 e 0,5% e devem ser totalmente solúveis em álcool e nos princípios aromáticos; precisam ser usados em porcentagem adequada; não podem ter nenhum cheiro que seja contrastante com os princípios aromáticos e ainda não podem ter cor.

Os solventes são usados à medida que totalizam os princípios aromáticos e fixadores. O álcool etílico, normalmente utilizado como solvente, deve ser puro, possuir uma concentração certa, não ter cheiro e nem cor. Outro item que também é usado como solvente é a água e nesse caso precisa ser destilada ou extraída com vaporização.

Equipamentos necessários para a fábrica de perfumes

Os equipamentos básicos são os seguintes: balança semi-analítica, baquetes de vidro para agitar as misturas, copos de béquer de diversos tamanhos para que os componentes sejam misturados, frascos de vidro para guardar as composições, funis de vidro e papéis de filtro, pipetas cilíndricas de 5 a 10 cm³ para mensurar pequenos volumes dos componentes do perfume, pipetador automático de borracha para pipetar pequenos volumes e provetas de 50 a 500 ml cm3 para medir volumes maiores.

Classificação dos perfumes

Os produtos de perfumaria podem ser classificados de diversas maneiras: loções, águas-de-colônias, água de toillete e etc, diferenciando-se pela concentração do aroma.

O perfume é composto por três partes: a nota de cabeça, que é o primeiro aroma percebido; nota de corpo que são mais fortes, como amadeiradas ou florais, por exemplo, e nota de fixação, que é o que fica na pele.

Diferentes concentrações de essência caracterizam a intensidade do perfume e o seu valor. O extrato nada mais é do que essências super concentradas, com preços altos e indicado para usar à noite. O perfume é também bem concentrado, mas um pouco menos, mesmo assim, é indicado também para ser usado somente à noite. O eau de parfum é mais diluído e recomendado para usar de dia e eau de toillete é perfeito para estações quentes e prática de esportes, pois o aroma é muito leve. É o mais suave de todos os já citados.

Existem fragrâncias femininas e masculinas. As primeiras são florais, verdes, chipres, semi-oriental e oriental e as segundas são lavanda, fougére, chipre, aromática, tabaco, madeixa e oriental.

O processo produtivo

O dono da fábrica de perfumes deve identificar todas as necessidades e tendências de mercado e verificar o que pode ser criado ou melhorado para desenvolver a fragrância. É nesse período que ele imagina os elementos e o efeito de suas misturas e dosagens.

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Depois de inventada a formulação, o químico testa essa mistura diversas vezes até chegar ao ponto desejado. Para se ter uma ideia da quantidade de misturas feitas, o cheiro de um perfume pode ser resultado de uma união de até 300 itens.

Os princípios dos aromas usados nas essências podem ser óleos essenciais, de tinturas; fixadores bálsamo, etc., e os corantes são normalmente usados como soluções alcoólicas e essas são os extratos, as loções, as águas-de-colônia.

Como vender a sua mercadoria

Como o negócio é uma fábrica de perfumes, o importante então é ter em mente que os clientes dele serão os intermediários, os lojistas que venderão para os consumidores finais. Sendo assim, é preciso também ter uma estrutura bem grande e sólida para poder atender a uma demanda potencialmente grande, especialmente se as empresas revendedoras pertencerem a grandes redes.

Dicas de negócio

No processo de fabricação dos perfumes, é necessário testar todas as receitas, mas isso deve ser feito em pequena escala para não haver desperdício. Muitas pequenas empresas terminam por gastar bem mais do que o previsto, porque simplesmente realizam determinadas ações sem mensurar os seus gastos, acreditando que “é pouco”, “não vai fazer diferença” e faz.

Outra orientação é utilizar as substâncias indicadas para produção dos perfumes planejados não substituindo todas elas por outras que tenham preços mais baixos ou que sejam bem fáceis de serem achadas, porque isso afeta e muito a qualidade do produto, resultando nas vendas, aspecto visível a curto prazo. As substituições só devem ser realizadas se elas realmente não afetarem o composto da mercadoria e para chegar a essa conclusão é necessário fazer diversos testes.

Para não ter erros e perfumes mal feitos, as quantidades, densidades do produto, concentrações e ainda outros aspectos precisam ser seguidos corretamente conforme cada receita e as variações só poderão acontecer mediante muita experiência do mestre de perfumes.

Para ter uma fábrica de perfumes, não basta apenas produzi-los bem, é muito importante que todos estejam em perfeito estado de conservação. Sendo assim, coloque-os em frascos fechados com muito cuidado, de maneira que não haja contato constante com o ar para não ocorrer oxidação. Essas mesmas embalagens precisam também estar longe da luz, porque ela também é capaz de produzir reações químicas na mercadoria, a ponto de ocorrerem mudanças no aroma.

http://www.novonegocio.com.br/ideias-de-negocios/como-abrir-uma-fabrica-de-perfumes/

Fabricação de perfumes

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A fragrância pode ser o fator determinante na escolha de um produto cosmético. Isto acontece porque o olfato se liga diretamente às emoções e lembranças. Por isso a indústria de perfume e higiene pessoal investe muito no marketing olfativo aumentando o vínculo entre a marca e o consumidor final.

Fabricar perfumes é muito mais simples do que se possa imaginar. Alguns detalhes e cuidados, porém, jamais podem ser ignorados, pois se corre o risco de comprometer a qualidade e a eficiência deles. Um perfume preparado com fragrâncias (essências) de qualidade comprovada, com os cuidados necessários e aliado a uma boa dosagem, tem praticamente o mesmo resultado que os mais caros dos perfumes importados.

As fragrâncias características dos perfumes foram obtidas durante muito tempo, exclusivamente, a partir de óleos essenciais extraídos de flores, plantas, raízes e de alguns animais selvagens.

Esses óleos receberam o nome de óleos essenciais porque continham a essência, ou seja, aquilo que confere à planta seu odor característico.

Embora os óleos essenciais sejam ainda hoje obtidos a partir dessas fontes naturais, têm sido substituídos cada vez mais por compostos sintéticos.

Nomenclatura de fragrâncias

Parfum (perfume) ou Extrait

Superconcentrados, contêm a maior porcentagem de essência. A quantidade de essência varia de fragrância para fragrância e isto ocorre devido a diferente performance de cada uma delas.

Normalmente um perfume (extrato) contém entre 20% e 40% de concentração de essência.

Frasco de perfume

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Frasco de perfume

Eau de Parfum

Forma um pouco mais diluída do que o parfum (extrato), geralmente a concentração de essência varia entre 15% a 20%. Apesar de ser mais diluído, o aroma ainda é forte.

Eau de Toilette (água de toilette)

Contém normalmente entre 10% e 15% de concentração de essência. Não é tão forte e duradouro, nem tão caro como o perfume, mas é sem dúvida, a forma mais popular de fragrância.

Eau de toillette

Eau de Cologne (colônia ou água de colônia)

Contém a menor porcentagem de essência, normalmente 5% de concentração de fragrância. É uma versão mais leve.

Classificação olfativa das fragrâncias

Cada perfume é resultado da combinação de notas básicas, como madeira, flores, especiarias, frutas e elementos doces como o âmbar e a baunilha, que determinam se a fragrância é jovem, refrescante, moderna, sensual, etc. De acordo com a composição das notas, as fragrâncias são classificadas em famílias olfativas.

Fragrâncias femininas

1. Cítrica

Este tipo de fragrância é viva, leve, refrescante e energética. Composta principalmente de notas cítricas (limão, bergamota, tangerina, mandarina, laranja e lima) aliadas a ervas aromáticas (tomilho, sálvia, menta, alecrim, anis).

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2. Lavanda

Caracteriza-se pela predominância da nota lavanda. As notas de lavanda são puras e transmitem muito frescor, são alegres e vibrantes. Estas fragrâncias são bem aceitas no mercado brasileiro. As matérias-primas utilizadas na composição desta fragrância são: lavanda, gerânios e musk.

Lavanda

3. Floral

Principal família dos perfumes femininos podem se classificar em:

Floral Bouquet

É a combinação harmoniosa de duas ou mais fragrâncias complexas de flores, onde predominam as notas florais, dos mais simples aos mais completos bouquets. Expressam frescor, natureza, delicadeza, fineza, romantismo e feminilidade. As matérias-primas utilizadas na composição desta fragrância são: rosa, jasmim, violeta e cravo.

Floral Aldeídica

Elaboradas com aromas florais com a adição de notas aldeídicas. Os aldeídos foram os primeiros ingredientes sintéticos na perfumaria. Importantes por seu impacto, força, presença.

Floral Verde/Fresco

Elaborada em notas florais com a adição de notas verdes, lembra o frescor de folhas, plantas, gramas e alguns vegetais. São notas frescas, limpas, esportivas e naturais. As matérias-primas são: folhas de violeta, jacinto, grama cortada, folhagem.

Floral Frutal

Tendência moderna e atual de combinar florais às notas frutais, resultando em perfumes de característica refrescante. Muito usadas em notas de saída pelo seu caráter volátil. Vistas como frescas, jovens, saborosas e divertidas. Matérias-primas utilizadas na composição desta fragrância: pêssego, damasco, abacaxi, melão, manga e maracujá.

4. Floriental

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As fragrâncias florientais são baseadas na combinação de notas florais com adição de notas orientais. Combinam a beleza e a popularidade do bouquet floral com a sensualidade e o exotismo das fragrâncias orientais.

Fragrância floriental

Floriental Especiada

Família oriental com elementos florais e especiados. Matérias-primas utilizadas na composição desta fragrância: cravo, canela, baunilha (vanilla), noz moscada e flor de laranjeira.

Floriental Amadeirado

Combinação de notas florais orientais com adição de notas amadeiradas. As matérias-primas são: sândalo, cedro, patchouli, madeiras transparentes.

Floriental Frutal

Combinação de notas florais e orientais com aspectos de notas frutais frescas (melão) ou frutais doces (pêssegos, uva, abacaxi, coco).

Floriental Gourmand

Combinação de notas florais e orientais com notas Gourmand (gustativas) como algodão-doce, bala toffee, caramelo, café, chocolate e outros que remetem aos cheiros doces da infância.

Floriental Ambarado

Combinação de notas florais com notas doces como a baunilha e o âmbar.

5. Oriental

São notas que fazem lembrar os odores do Oriente, como as resinas adocicadas, os bálsamos da Arábia, as especiarias da Índia e o almíscar (musk). Aos orientais são associados o sândalo e à baunilha, dando mais transparência às fragrâncias. Desta maneira, estas fragrâncias estão sendo mais aceitas durante o dia. São bastante marcantes, transmitem mistério, exotismo e sensualidade. Matérias-primas utilizadas na composição desta fragrância: sândalo, vanilla, bálsamo e patchouli.

Oriental Especiada

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Às notas orientais são incorporadas notas especiadas como o cravo, canela, pimenta doce.

Oriental Amadeirada

Às notas orientais são incorporadas notas amadeiradas como o sândalo e o cedro.

Oriental Ambarada

Às notas orientais são incorporadas notas ambaradas como o âmbar e baunilha.

6. Chypre

O chypre é uma combinação de madeiras e musgos. Os chypres são quentes e marcantes.

Fragrância Chypre

Chypre Oriental

Combinação de madeiras e musgos, sândalo, patchouli, musgo de carvalho, musgo de árvores e a adição de notas doces, âmbar, vanilla.

Chypre Floral

São normalmente chypres mais leves, não deixando de ser envolventes. Combinam notas florais, amadeiradas e musgos.

Chypre Frutal/Verde

As fragrâncias chypre (madeiras e musgos) são adicionadas de notas frutais.

Chypre Amadeirado

Predominam as notas madeiras como o cedro e o sândalo.

Musk/almiscaradas

São fragrâncias que transmitem bem-estar, aconchego, calor, sensualidade. Originalmente a matéria-prima musk era obtida da secreção de um animal chamado Moschus mouschiferus(veado almiscareiro). Atualmente, uma reprodução química sintética substitui o original. Notas almiscaradas também são associadas à florais. Usado em fragrâncias femininas e masculinas.

Fragrâncias masculinas

Cítrica / aromática

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Deriva de notas cítricas como limão, bergamota, mandarina, laranja, combinados com ervas aromáticas (menta, alecrim, anis).

Fougère

As notas fougère são baseadas em um acorde ou combinação de ingredientes. No passado, as fragrâncias masculinas eram predominantemente fougère. Este tipo de fragrância é fresca, combinando notas cítricas, verdes, herbais, gerânio e lavanda.

A família fougère evoluiu nos últimos anos com novos acordes frescos utilizando notas florais, frutais e verdes. A percepção geral é limpa, vibrante, natural e fresca. Estes novos acordes são também incomuns devido a permanência do seu frescor durante todo o uso da fragrância. É a mais expressiva dentro das famílias masculinas, e com o maior número de lançamentos.

Fougère Amadeirado

Impressão de odores de madeira dentro do tema da fragrância. Para homens com espírito esportivo ou clássico, hoje ganha adeptos femininos. Matérias-primas utilizadas na composição desta fragrância: cedro, pinho, sândalo e cipreste.

Fougère Aromático

Esta combinação marcante e harmônica, que normalmente é utilizada em colônias masculinas, no Brasil também tem grande aceitação pelo público feminino. Matérias-primas utilizadas na composição desta fragrância: manjericão, sálvia, alecrim e pinho.

Fougère Fresco

Fragrância fougère adicionada de notas cítricas frutais e notas marinhas, aquosas, verdes e frescas.

Fougère Ambarado

Fragrância fougère adicionada de notas quentes do âmbar.

Estrutura do perfume

A evolução de um perfume sobre a pele está baseada na percepção das notas voláteis que fazem parte de sua composição.

Os perfumes têm em sua composição uma combinação de fragrâncias distribuídas e denominadas de notas de um perfume. Assim, um bom perfume possui três notas:

■ Nota superior (ou cabeça do perfume) – é a primeira impressão ao sentir um perfume. São notas refrescantes, a parte mais volátil do perfume e a que detectamos primeiro, geralmente nos primeiros 15 minutos de evaporação.

■ Nota do meio (ou coração do perfume) – é a parte intermediária do perfume. É a personalidade da fragrância. Expande-se e enriquece gradualmente, à medida que o tempo passa. O aroma permanece na pele por aproximadamente 2 horas.

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■ Nota de fundo (ou base do perfume) – é a parte menos volátil, geralmente leva de quatro a cinco horas para ser percebida. É também denominada “fixador” do perfume.

Matérias-primas utilizadas na fabricação de perfumes

Água

Para a fabricação de perfume, água de colônia, etc, deve-se utilizar água destilada para evitar impurezas que poderiam turvar o perfume.

Água

Álcool

O álcool é um dos produtos mais utilizados na fabricação dos perfumes líquidos. Devemos utilizar álcool da melhor qualidade para obtenção de perfumes finos. Recomenda-se a utilização de álcool de cereais.

Álcool

Corantes

Para a coloração dos perfumes líquidos, usam-se corantes alimentícios que são encontrados sob a forma de soluções, em casas especializadas.

Corantes

Fragrância (essência) para perfumes

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É encontrada em lojas especializadas e para escolhê-la, siga seu gosto pessoal.

Fixadores

Lembre-se sempre:

1. Diferentes concentrações de essência determinam o preço e também a capacidade de fixação do perfume.

2. A qualidade da essência é quem vai dizer se seu perfume fixa ou não.

3. A qualidade do perfume está na qualidade da fragrância (essência).

Fixação de um perfume

Os elementos que contribuem para um perfume fixar na pele já vêm na essência, pois cada ingrediente da essência tem o seu próprio poder de fixação (pegue uma pétala de baunilha, por exemplo, esfregue na pele, que o cheiro vai ficar). Além disso, existem outros elementos químicos e/ou orgânicos cuja finalidade é melhorar a fixação.

Flor de baunilha

Não se pode esperar que uma colônia fixe na mesma proporção de um perfume.

A concentração da fragrância, isto é, a proporção da essência em líquidos torna o perfume mais ou menos forte e lhe confere diferentes tempo de duração na pele.

O argumento escolhido para venda de um perfume é a “fixação”, usando muita potência e duração dos cheiros, mesmo que desvie o caminho da qualidade. Aumente nas porcentagens de aplicação dos 15% tradicionais de essências para 20% a 30% e dosagem muito alta de novas matérias-primas sintéticas de baixa evaporação. De preferência, use óleo essencial (caros) do que essências (bem mais baratas).

Enfim, o que é fixação?

Na realidade, é o cheiro que vai ficar em sua pele durante um tempo indeterminado após a aplicação, e normalmente, esse cheiro residual vai ser muito diferente do perfume que você usou em sua pele algumas horas antes.

Pode-se explicar de uma maneira muito fácil o porquê desse fato – um óleo essencial (essência) é a mistura de várias matérias-primas, como folhas, flores, madeiras, raízes, frutas, etc., cada uma com um cheiro mais ou menos volátil (volatilização, ato ou efeito de evaporar). Por exemplo, o limão, a hortelã e outros se evaporam rapidamente, já as flores levam algum tempo e as madeiras, raízes ou resina demoram algumas horas para desaparecerem.

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Na nossa pele, aqueles produtos de evaporação mais lenta como resina, madeiras, incenso, baunilha, etc., terão maior fixação (mais tempo na pele) e uma evaporação progressiva, fracionada; primeiro liberando as notas refrescantes, notas mais voláteis, depois as notas florais e especiarias de média duração na pele e, finalmente, os produtos que dão uma grande fixação, que são os produtos de evaporação lenta.

O prazo de validade do perfume é normalmente de 2 a 3 anos, contudo, deve-se observar que este tipo de produto mantém suas características originais por este período se forem acondicionadas em local fresco, seco e ao abrigo da luz, principalmente da incidência direta dos raios solares.

Vagem seca de baunilha

Maceração de um perfume

Em perfumaria macerar quer dizer impregnar, apurar, intensificar a fragrância. Da mesma maneira que as boas bebidas necessitam, obrigatoriamente, ficar curtindo (macerando), também os melhores perfumes passam por tal processo.

Para entender melhor o que isso significa, temos a seguinte explicação: as essências são compostas com muitos elementos naturais que são extraídos de flores, folhas, caules, frutos, sementes, madeiras, etc. Esses elementos deixam micropartículas suspensas na solução.

Essências

Dessas partículas, que nada mais são do que fragmentos aromáticos, desprendem-se notas importantes que compõem a fragrância. Portanto, durante um certo período, que vai muito além da data em que a essência foi produzida, a dispersão aromática continua a acontecer.

Assim, é óbvio que o fluido, em maceração, se intensifica muito mais do que se fosse filtrado logo após a fabricação.

Como o processo é caro, muitas empresas não se dão a esse trabalho, daí a baixa qualidade de seus perfumes. Mesmo em perfumes com notas sintéticas, a maceração é importante, para eliminar o odor do álcool, que com o tempo vai diminuindo, deixando transparecer quase que apenas a essência.

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Óleo essencial de laranja

Equipamentos básicos

■ Provetas de 50, 100, 250 e 500 ml (cm3) para medição; ou jarra de vidro ou plástico com medidas (do tipo utilizado em receitas culinárias.

■ Copos ou béquer de várias capacidades para misturar os componentes.

■ Bastões de vidro ou colheres de inox para auxiliar na mistura dos componentes.

■ Funis pequenos e grandes de vidro e papéis de filtro para as filtrações (filtros comuns, utilizados para coar café, ou filtros específicos para este fim, encontrados em casas especializadas).

■ Porta-filtro de papel.

■ Recipiente de vidro escuro (âmbar) com tampa (rolha) para maceração do produto.

■ Rolhas.

■ Etiqueta adesiva lisa para escrever o nome e a data que foi feito o perfume.

■ Caderno para anotar as fórmulas (desta maneira seu perfume sairá sempre igual, pois funciona como um livro de receitas).

■ Frascos de vidro com válvula spray para acondicionar o perfume para o uso.

■ Etiquetas para identificar os produtos acabados.

■ Embalagens, saquinhos de TNT com fita ou caixas para os vidros spray.

Importante: Para a produção de composições aromáticas em maior escala são necessários ainda recipientes maiores, tais como os tachos.

Proveta

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2. Formulações básicas para perfumes (fabricação em escala industrial)

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Molécula de triclosan

O procedimento abaixo deve ser usado para todas as fórmulas descritas anteriormente:

1. Em um recipiente de vidro ou aço inox, rigorosamente limpo, adicionar o álcool de cereais, o dipropileno glicol, o fixador e o EDTA. Mexa bem em cada adição (se a fórmula pedir o dipropileno, o fixador ou o EDTA).

2. Adicionar a essência de sua escolha e homogeneizar.

3. Adicionar a água destilada lentamente (se a fórmula pedir água. Lembre-se: lentamente, para não turvar).

4. Adicionar o corante (se desejado).

5. Transferir a mistura para um frasco de vidro escuro (vidro âmbar, marrom).

6. Feche o vidro (bem fechado) com cortiça (rolha) e coloque para descansar (macerar) por 10 dias, embrulhado em papel, com o vidro deitado.

Importante!

A Colônia, a Deo Colônia, o Perfume e o Extrato precisam descansar depois de prontos, deixando macerar por, no mínimo 10 dias no freezer ou congelador. O ideal são 30 dias, uma vez que esse processo é importante para tirar o cheiro do álcool e fixar mais tempo na pele.

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■ Não preencher o frasco até a boca. Sempre deixar 3 dedos sem perfume para o aldeídico subir e ficar nesse espaço.

■ Fechar o vidro com rolha lavada com álcool de cereais.

■ Embrulhar com papel e deixar DEITADO para a rolha inchar e não deixar evaporar o perfume que estará a curtir.

■ Esse processo deve ser feito 10 dias em resfriamento alternado, sendo um dia na geladeira, congelador ou freezer, e um dia em temperatura ambiente em um lugar escuro e frio, para oxidar alguns componentes do álcool.

■ Agite, DELICADAMENTE, uma vez por dia.

■ Após esse período de descanso, filtrar (se necessário) e envasar o perfume nos vidros.

Nota: Quanto maior o tempo de maceração, maior a qualidade do produto final.

Recomendações úteis

■ Não manuseie álcool de cereais perto do fogo.

■ Mantenha os produtos longe do alcance das crianças.

■ Quanto mais tempo de maceração, melhor será a qualidade.

■ Não deixe seu perfume em contato com plásticos. Use vidro.

■ Pode-se lentamente variar as proporções indicadas, até obter um perfume agradável (nem forte nem fraco).

■ Recomenda-se experimentar fazer misturas de essências a fim de obter um perfume ideal, ou exclusivo.

■ Use sua criatividade. Seu olfato será o controle de qualidade.

■ Lave os materiais somente com álcool de cereais.

■ Para filtrar pode-se usar o papel filtro de café, na falta de um papel profissional.

■ Nunca use álcool comum.

■ Coloque o perfume em garrafas âmbar (escuras) sempre com rolhas e bem fechadas.

■ Deixe as garrafas de perfumes para macerar SEMPRE DEITADAS.

■ Cuidado quando for trabalhar com essências amadeiradas. A quantidade de água é muito importante para não turvar (turvar = ficar leitoso).

■ Se quiser adicionar cor ao produto, utilize sempre corantes solúveis em água e alimentícios, pois não provocam irritação.

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■ Utilize apenas algumas gotas de corante, pois em excesso, esta solução pode causar manchas em roupas. Compre o corante líquido alimentício. Para cor tradicional do perfume na cor amarelo, a cor do corante é o “amarelo gema”.

■ Se você acrescentar mais essência, retire água da fórmula na mesma quantidade para que a conta final seja a desejada.

■ Não é só a quantidade de essência contida na fórmula que determina se o perfume é bom ou não. O que conta também é o bom gosto na escolha da essência, a qualidade desta e a dosagem correta para se fazer um bom perfume.

■ Algumas essências podem turvar (ficar meio leitoso, ou seja, não ficar translúcido). Se isto ocorrer, refaça a fórmula com menos quantidade de água e maior quantidade de álcool.

■ A procedência da essência é muito importante para a qualidade do produto. Use sempre fragrância recomendada para perfumes.

■ Frascos com válvulas são os mais indicados para o uso de perfume, pois conservam melhor o produto.

■ Os perfumes devem ser guardados em frascos bem fechados, de modo que o contato com o ar não os oxide, e em locais frescos e ao abrigo da luz, pois o calor e a luz do sol podem alterar sua cor e odor.

■ O local para a produção de perfumes deve ser arejado e com espaço suficiente para a manipulação e armazenamento dos produtos.

■ Dê preferência ao material de vidro para a fabricação dos perfumes, pois eles não “pegam” cheiro.

■ Se for reutilizá-los na fabricação de outra colônia, lave-os bem com detergente neutro (de louça) e depois com álcool.

■ Após serem utilizados na produção de perfumes, estes materiais não devem servir para preparar alimentos.

■ As essências utilizadas na fabricação de perfumes podem ser adquiridas em casas de perfumaria ou distribuidora de essências.

Algumas dicas importantes

1ª. Na fabricação, é importantes experimentar as receitas em pequena escala (para preparar, em menor escala que a receita, dividem-se as quantidades indicadas por um número).

2ª. Usar as substâncias indicadas para fabricação do perfume desejado, não as substituindo por outras mais fáceis de encontrar ou mais baratas. Substituições só são aconselháveis quando se tem comprovado a eficiência dessas essências, não resultando, assim, em prejuízo.

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3ª. As quantidades, concentrações e outras características, como a densidade do perfume, etc., devem manter-se conforme orienta a receita, podendo variar somente quando a prática e o bom senso assim o indicarem.

4ª. Os frascos de perfume devem ser guardados em locais protegidos da claridade, a fim de não provocar alterações no aroma.

5ª. Querendo experimentar um perfume, é melhor vaporizá-lo nas costas da mão ou no punho, lembrando que o aroma varia de pele para pele, e que esta não deve ser molhada, mas apenas salpicada.

6ª. Não se deve esfregá-lo, para não mascarar o aroma.

7ª. Ao cheirar, não aproximar demasiadamente o nariz, pois um bom perfume se sente a certa distância e deixa um rastro.

8ª. Nunca experimentar mais que três fragrâncias ao mesmo tempo.

9ª. A quantidade de álcool pode variar de acordo com seu gosto pessoal.

10ª. Quanto mais tempo de maceração, melhor será a qualidade.

11ª. Recomenda-se experimentar fazendo misturas de essências a fim de obter um perfume ideal, ou exclusivo.

12ª. Use sua criatividade. Seu olfato será o controle de qualidade.

13ª. Nunca use álcool comum.

14ª. Não existe processo correto de maceração, e, sim, métodos específicos para obter a qualidade desejada.

15ª. Tanto para produção artesanal (micro e pequena empresa) ou produção industrial é necessária a legalização, do contrário, a empresa estará operando informalmente.

Símbolo da justiça

Aviso importante

Torna-se necessário tomar algumas providências legais para a abertura do empreendimento, tais como:

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■ Registro na Junta Comercial (exceto para as empresas prestadoras de serviço, que serão registradas no Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas).

■ Registro na Secretaria da Receita Federal (somente para as pessoas jurídicas – CNPJ).

■ Registro na Secretaria da Fazenda (exceto para as empresas prestadoras de serviços).

■ Registro na Prefeitura do Município.

■ Matrícula no INSS.

• Para as pessoas jurídicas já cadastradas no CNPJ, o registro da matrícula no INSS é simultâneo.

• Para as demais, é necessária a solicitação da matrícula, inclusive obra de construção civil, no prazo de trinta dias, contados do início de suas atividades.

O novo empresário deve procurar a prefeitura da cidade onde pretende montar seu empreendimento para obter informações quanto às instalações físicas da empresa (com relação à localização), e também o Alvará de Funcionamento.

Resumo da Lição

Durante muito tempo, os perfumes foram produzidos exclusivamente de óleos essenciais extraídos de plantas.

Atualmente, muitos dos perfumes são produzidos com essências sintéticas.

As fragrâncias femininas se dividem em: cítricas, lavanda, floral, floriental, oriental e chypre e as masculinas em cítricas e fougère (amadeirado, aromático, fresco e ambarado).

Os perfumes possuem uma combinação de fragrâncias denominadas “notas” de um perfume.

A concentração da fragrância é que torna o perfume mais ou menos forte e a qualidade da essência é responsável pela sua fixação na pele.

http://fdr.com.br/formacao/produtor-de-cosmeticos/fabricacao-de-perfumes/

http://www.agracadaquimica.com.br/index.php?&ds=1&acao=simula&i=18