Modos literários e textos literários ou não- Ana Lopes 8ºA Nº4
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20.ª ediçã o
: 03 de Mãio 2020, D
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Ficha técnica |
CULINÁRIA | Dona Cacilda da Conceição Dias: Moçambique |
receitas | gastronomia | memórias associativas mestiças.
FILOSOFIA | Myriam Jubilot d’Carvalho: Península Ibérica |
[pseudónimo de Mª de Fátima Oliveira Domingues]
prosa e poesia | crónicas interculturais | ensaio.
REVISÃO | Mª de Fátima Oliveira Domingues: Portugal |
[co-fundadora]
textualidade e contexto | pedagogia | revisão de texto.
PSICOLOGIA CLÍNICA | Fanisse Craveirinha: Europa |
psicoterapias | juventude | reflexões sobre saúde mental quotidiana.
HISTÓRIA | idéias | Adelto Gonçalves: Brasil – Portugal |
resenhas literárias | Lusofonia.
INSTANTÂNEOS | Silvya Galllanni: Portugal – Brasil |
[co-fundadora]
instantâneos | crônicas | poesia | fotografia | revisão gráfica.
ARTE | Mphumo Kraveirinya: ‘Anima Mundi’ |
infografismo | layout | art work | poesia | crítica de arte | esoterika.
COMUNICAÇÃO e CULTURA | João Craveirinha II : CPLP |
[fundador e coordenador]
comunicação e cultura | resenhas | revisão-geral.
E-mail | [email protected]
Facebook | https://www.facebook.com/VuJonga
Instagram | em organização
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VuJonga | magazine digital ilustrado e actualizado,
made in CPLP fundado por: João Craveirinha (CLEPUL);
Silvya Gallanni (RL);
Mª de Fátima Oliveira Domingues (CLEPUL).
Ligações online de VuJonga cadernos literários | 2019/2020.
Silvya Gallanni
https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=212768
Myriam Jubilot d’ Carvalho |
http://www.myriamdecarvalho.com/
Mphumo Kraveirinya
https://macua.blogs.com/moambique_para_todos/joo_craveirinha_diversos/
BRASIL | E-book: Recanto das Letras (Américas): https://www.recantodasletras.com.br/autor_textos.php?id=212768&categoria=M
MOÇAMBIQUE | PDF: Jornal O Autarca (África Oriental): https://macua.blogs.com/moambique_para_todos/jornal_o_autarca_cidade_da_beira/
PORTUGAL | PDF: Macua Blogs (Europa): https://macua.blogs.com/moambique_para_todos/letras_e_artes_cultura/
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Doutor Honoris Causa, José (João) Craveirinha, nasceu em 28 de Maio de 1922 na
Estrada do ‘Zixaxa’ ao Chamanculo. Filho de um português algarvio, José João
Fernandes, quarentão, sub-chefe da polícia montada colonial, do Alto-Mahé, e de uma
adolescente muJonga, do Minchafutene, de nome Carlota Mangachane Maphumo. Na
década de 1940 mudou-se para o bairro mestiço da Mafalala, na mesma cidade de
Lourenço Marques onde nasceu. ( Registos do sobrinho + velho, João Craveirinha II )
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Mphumo
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Myriam Jubilot d’Carvalho© | artigo
Teatro Dramaturgia
https://www.teatrosaoluiz.pt/espetaculo/festival-musica-viva/
Texto publicado na Edição nº 10 de
VuJonga – Cadernos Literários |
Domingo - 02 / 02 / 2020. Págs.14/18.
(Contém notas à margem do artigo)
VuJonga 10 – cadernos literários Link dessa edição: Ctrl + clique
https://rl.art.br/arquivos/6856528.pdf?1581277933
Teatro São Luiz: visto a 12 de Janeiro 2020, em Lisboa.
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INGREDIENTES:
250 grs de açúcar;
250 grs de castanha de caju moída;
6 a 8 ovos;
Uma colher de café de essência de amêndoa-doce.
MODO DE PREPARAR:
Bater muito bem o açúcar com as gemas de ovos.
Junta-se a castanha de caju moída e por último as claras
de ovos em castelo.
Junta-se a essência de amêndoa doce e bate-se muito bem.
Leva-se ao forno brando coberto com chocolate (frio).
https://loja.istofaz-se.pt/index.php/essencia-amendoa-30ml.html
Segredos do Mundo: Por que as castanhas de caju não podem ser comidas cruas? https://segredosdomundo.r7.com/por-que-as-castanhas-de-caju-nao-podem-ser-comidas-cruas/
Imagem adaptada de MACAUHUB 2013:
‘Moçambique prevê aumento significativo da produção de caju no prazo de cinco anos’
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HONRAR as grandes figuras da História que se opuseram à crueldade e à opressão
existentes nas suas épocas, é um imperativo de consciência.
NA nossa actualidade, há um foco sobre a figura ímpar do Padre António Vieira,
que viveu ao longo do século XVII, entre 1608 e 1697.
O Padre António Vieira é conhecido como defensor dos Índios do Brasil. Mas
esse facto é actualmente referido por alto, como se tivesse sido coisa fácil...
Hoje em dia, devido ao fraco valor que o Ensino neoliberal dá ao estudo da
História, desconhece-se em que moldes funcionaram as sociedades do Passado,
sujeitas aos dois intransigentes Poderes Absolutos dos “antigos regimes”: o Poder
Real, e o Poder da Inquisição.
Hoje em dia, é difícil fazer entender ao grande público por que razão certas figuras
do Passado deixaram uma marca incontornável na História, pois os grandes
obstáculos que lhes apresentava a sociedade da sua época já não são conhecidos, e
acabamos por nos contentar com alguns lugares comuns sobre elas.
Hoje, proponho-me recordar o Padre António Vieira.
Porquê, o Padre António Vieira?
Na nossa actualidade, em que a QUESTÃO RACIAL está em grande foco nas
sociedades ditas “ocidentais”, algumas vozes atentaram contra essa figura maior
não só da nossa História, mas podemos mesmo dizer, da História em geral. O Padre
António Vieira foi alguém que ousou afrontar os PODERES ABSOLUTOS da sua
Myriam Jubilot d’Carvalho© 2020
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época, o século XVII, defendendo sectores da população inferiorizados pelos
“conceitos” que sustentavam a rentabilidade dos processos produtivos de então.
O Padre António Vieira é dessas figuras incontornáveis que sempre merecerão o
nosso respeito, pois denunciar – actualmente – a opressão, não é de modo algum
problemático como o foi há séculos atrás, com a Inquisição e seus carrascos sempre
em guloso (sádico) e interesseiro alerta por mais vítimas.
Como referimos atrás, o Padre António Vieira nasceu no início do século XVII,
em 1608.
Era ele muito criança, seus pais emigraram para o Brasil, então colónia do Reino
de Portugal. Aí, com 6 anos de idade, ingressou no Colégio dos Jesuítas de
Salvador, que tinha sido fundado cerca de 60 anos antes, pelo padre Manuel da
Nóbrega.
Ainda apenas com 18 anos, reconhecendo-lhe o seu talento como escritor, foi
encarregado de escrever, e traduzir para Latim, o relatório anual das actividades
da Província da Companhia de Jesus, o relatório que seria enviado para Roma.
Igualmente muito jovem ainda, com apenas 27 anos, já os seus sermões se
evidenciavam.
Ocorre em Lisboa, a Revolução de 1640. Ele é encarregado de vir à sede do Reino,
apresentar ao rei, D. João IV, a fidelidade da colónia do Brasil. O rei ficou de tal
modo bem impressionado pela sua vivacidade de espírito que, além de o nomear
“pregador régio”, ainda o nomeou embaixador, para que junto das cortes europeias
fosse defender a causa da independência de Portugal em relação ao reino de
Espanha!
Os reis morrem, e outros se lhes seguem. Não foi sempre protegido pelos reis
portugueses. No entanto, nunca desistiu de denunciar as cruéis injustiças da sua
época – a crueldade para com os Escravos Africanos nos Engenhos de Açúcar, a
sujeição contra os Índios, as arbitrárias perseguições aos Cristãos-Novos.
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O Padre António Vieira usava o púlpito para defender as causas que abraçava.
Ousava opor-se à Inquisição. O que finalmente lhe acarretou a prisão, entre 1665
e 1667 (entre os seus 57 e 59 anos), com os respectivos interrogatórios, sempre
insidiosos, a ver se o apanhavam em “heresia” para poderem condená-lo e eliminá-
-lo.
Ficaram famosos os seus sermões.
Um dos seus sermões ainda hoje mais conhecidos, será o “Sermão de Santo
António aos Peixes”, pregado em São Luís do Maranhão, no dia de Santo António
de 1654. Como ele próprio diz: “Este sermão (que todo é alegórico) pregou o Autor
três dias antes de se embarcar ocultamente para o Reino, a procurar o remédio da
salvação dos Índios”. Ele propunha-se obter leis que protegessem os Índios da
ganância dos colonos. Ele cita St. Agostinho: «Os homens com suas más e
perversas cobiças, vêm a ser como os peixes, que se comem uns aos outros.»
No “Sermão da Sexagésima”, de 31 de Janeiro de 1655, ele pergunta-se como é
que sendo a palavra de Deus tão eficaz e poderosa, é possível que dela se veja tão
pouco fruto... No "Sermão do Bom Ladrão”, proferido nesse mesmo ano, tinha ele
47 anos, ele compara o pequeno ladrão que rouba para comer, ao grande ladrão
que rouba impérios. Com esse sermão, ele pretendia mostrar, em Portugal, como
funcionava a colónia do Brasil.
A grande luta do Padre António Vieira foi a favor da dignidade e liberdade dos
Índios.
Também defendeu os Cristãos-Novos, bom motor da economia e conhecedores
dos negócios, mas arbitrariamente perseguidos e condenados aos autos-de-fé.
Ao contrário do que apressadamente se diz, o Padre António Vieira não se bateu
contra o regime esclavagista. O Padre António Vieira foi um homem do seu tempo.
A Escravatura era justificada na própria Bíblia, e pela autoridade que tanto peso
teve no pensamento da Igreja, expressa na palavra de Santo Agostinho.
Mas, ousando guiar-se pela sua própria análise fria e pessoal dos factos que
presenciava – uma insuportável temeridade aos olhos das autoridades de então –
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ele defendia que os africanos que atravessavam os mares para irem servir nos
engenhos do açúcar, deviam ser tratados com caridade!
Digamos que ele não partia do fundamento bíblico para, de dedução em dedução,
nortear a vida que o rodeava; muito pelo contrário, ele induzia a partir da sua
observação objectiva e lúcida, e depois apoiava-se nas Escrituras segundo a sua
leitura muito pessoal, extremamente lógica, baseada na sua apurada observação
humana, sensível ao sofrimento alheio, e impiedosa para com a injustiça e a
crueldade.
Já a sua vida ia bem avançada, na sua estadia em Roma, durante os seis anos que
vão de 1669 até 1674, o Padre António Vieira conseguiu denunciar perante o Papa
os abusos de poder da Inquisição, conseguindo a suspensão das actividades dessa
instituição durante sete anos, e a suspensão das penas a que a mesma o tinha
condenado.
Enfim, uma vida de grande actividade, sempre em permanente luta pela Justiça
Social!■ Myriam Jubilot d’Carvalho
Referências:
* Para a elaboração desta nota biográfica, apoiei-me na obra:
“Padre António Vieira, O Tempo e os seus Hemisférios”,
com coordenação de Maria do Rosário Monteiro e
Maria do Rosário Pimentel; publicada pelas Edições Colibri, em 2011.
* Querendo ter uma ideia sobre a Escravatura e a Igreja,
encontrei na Internet, este interessante artigo de Eva Paulino Bueno.
É breve, sucinto e claro: “O Padre Antônio Vieira e
a escravidão negra no Brasil” (2004):
http://www.espacoacademico.com.br/036/36ebueno.htm#_ftn5
* Querendo alguns leitores colher mais alguma informação na Internet,
aconselhamos este programa de RTP ensina :
https://ensina.rtp.pt/artigo/padre-antonio-vieira-defensor-
dos-indios-e-dos-escravos-negros/
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O Coronavírus bateu-nos à porta, entrou nas nossas vidas sem pedir
permissão e com uma velocidade assustadora. Ninguém nos preparou ou ensaiou
para um cenário com estas características ou dimensão. É um cenário de guerra,
afirmam alguns, outros dizem tratar-se de uma gripezinha que não atingirá a todos
e apenas os mais frágeis. A verdade é que diariamente somos inundados por palcos
de terror, onde ninguém escapa imune, é uma pandemia, e todos, hoje, desdobram-
se em estratégias de sobrevivência, sejam elas em hospitais, empresas, instituições
ou até mesmo em casa. “É a pior crise de sempre!”, “…em mais de 90 anos de vida
não vi algo parecido…”, “Como profissional de saúde não esperei passar por isto
em momento algum…”
Este vírus põe em causa toda a nossa realidade conhecida até agora, abala as
estruturas mais organizadas e assola as entidades mais fragilizadas. A sua
transversalidade é impressionante e as suas consequências ficarão para a história
e, na nossa história. Especialistas de várias áreas ocupam agora a maioria do seu
tempo a tentar desvendar o fenómeno que marcará 2020.
Quem, ao comer as 12 passas, imaginaria que este acontecimento nos traria
a este lugar... Ao lugar onde a ida ao supermercado é caracterizada pela distância
entre as pessoas, pela desconfiança, pelo desinfectar constante; ao lugar onde os
bolos de aniversário assumem diversas formas e a música de parabéns é cantada
através de plataformas virtuais; ao lugar onde sentimos que o risco de vida é
permanente e que não nos dá tréguas.
O Covid-19 já deixou a sua marca e, muitos de nós, percebemos que o seu
carimbo ficará visível bastante tempo.
Passaram mais de duas semanas em isolamento e agora o estado de
emergência é renovado por mais duas, no mínimo… Experienciámos o choque, a
revolta, a zanga e até a corrida desenfreada, na procura da organização forçada que
Dra. Fanisse Craveirinha© 12 de Abril 2020.
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nos vimos obrigados, para estarmos em casa seguros e com algum conforto, a
trabalhar se assim for possível.
Outros, continuam a sair de casa para trabalhar e assegurar que os alicerces
se mantêm e não desabam. Mas também para esses, o medo e angústia se
sobrepõem a tudo, também aqui os lugares se revelam estranhos e sem precedente.
As preocupações estendem-se a todas as áreas da sociedade (da economia à
cultura), mas nós, os psis, observamos com um olhar atento às possíveis
consequências psicológicas e aos efeitos emocionais que daí advêm.
Nos manuais de psicologia não existe a rubrica Covid-19, mas existem
muitos capítulos dedicados ao trauma, às relações, às patologias somáticas, ao luto,
à angústia de separação, às problemáticas ansiosas e aos estados deprimidos.
Sabemos que nesta pandemia, somos remetidos a uma intensidade de fenómenos
psíquicos bastante elevada e que se estende de forma prolongada no tempo. É algo
com o qual não estamos habituados a lidar e por isso se torna extremamente difícil
de suportar. Vamos atravessando várias fases com sentimentos diversos, onde
algumas se tornam particularmente exigentes emocionalmente e vão-se instalando
por vezes sem nos apercebermos.
No início vão predominando sentimentos que se exteriorizam através de
maior ou menor implicância com o próximo mostrando a nossa irritabilidade, a
nossa revolta vai-se transformando e evidenciando a nossa zanga, o choque e o
medo revelam-se quando é preciso assustar os mais velhos com palavras de ordem
para se manterem em casa. E desta forma, vamos mantendo a luta e o combate ao
vírus.
Mas agora, o tempo (e com mais tempo), vai abrindo um espaço amplo e
sonoro ao pensar e ao sentir. E nestes dias de pandemia, o que vamos pensando e
sentindo é algo desagradável e desconfortável, é alguma coisa próxima da
angústia, do sentimento de impotência, que de tão diferente é, nos leva a questionar
se nos pertence. Também há a dúvida, o conflito e a constante ambivalência de
sensações que nos confronta directamente com a persistente incerteza e indefinição
sobre o futuro. Nessa altura podemos ficar apáticos, frustrados, exaustos e
desgastados.
Aceitar e reconhecer esta multiplicidade de sensações ajuda-nos a melhor
suportá-las e desenvolver uma forma mais positiva, apesar das circunstâncias.
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O Covid-19 ainda não existe nos manuais é certo, mas todas as emoções que
nos têm invadido por esta altura, são conhecidas, têm a sua função psíquica
compreendida e podem ser elaboradas por nós de forma saudável, tornando-as
passageiras.
A nossa estrutura psicológica tem uma enorme elasticidade e é capaz de
suportar eventos traumáticos de grande intensidade. A nossa habilidade para nos
adaptarmos e reinventarmos é excepcional. A nossa competência e sabedoria para
criar e fazer o mesmo com menos recursos é surpreendente.
A prova disso está em tudo aquilo que tem sido divulgado nos media, desde
a solidariedade manifestada em todas as frentes, passando pela força e
determinação dos que se encontram na primeira linha, à genialidade das invenções
realizadas em casa, expostas nos vídeos que assistimos. Talvez seja esta a nossa
melhor táctica, a mais saudável, a mais eficaz e aquela que nos vai permitir
rapidamente ultrapassar e fazer face a esta nova verdade.■ Fanisse Craveirinha
POPULAÇÃO MUNDIAL A UM CLIQ:
Informação Estatística Actualizada ao Segundo.
https://www.worldometers.info/
ANEXOS | “Onde posso encontrar informações confiáveis” «Syra Madad, directora sénior do Programa de Patógenos Especiais do Sistema de Saúde e
Hospitais de Nova York, e Stephen Morse, professor de epidemiologia na Universidade de
Columbia, desmascararam 13 dos mitos mais comuns sobre o coronavírus. Eles
explicaram como os pacotes da China não vão deixar você doente e que ficar com COVID-
19 não é uma sentença de morte. Eles também desmentiram a ideia de que isso afeta apenas
as pessoas mais velhas - qualquer pessoa pode pegar o coronavírus.» OMS
Coronavirus aka Covid19 Myths and
reality spoken by Dr Syra Madad
and Dr Stephen Morse
https://www.youtube.com/watch?v=CZ55cwtLKPo
https://www.comicsforgood.com/new-page
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RESENHA
I
A História do Brasil teria que ser contada por um coral de historiadores, apoiados
em narrativas de cronistas, aventureiros, viajantes constrangidos ou deslumbrados.
Uma inicial e lógica exploração feita a partir da costa, seguida de penosas
internações. Todas milagrosamente rápidas, tendo em vista os recursos da época,
pois falamos de um passado de meio milhar de anos. Registros, documentos,
cartas, mapas (de incrível rigor, em face dos recursos da época), bem como a
ansiosa busca de riquezas para uma Europa que experimentara a incubação
medieval e a explosão do Renascimento.
Não à toa, Espanha e Portugal, dois países debruçados sobre o mar, como se
espichando um pescoço geográfico para o Hemisfério Sul ali dominado pelo
Atlântico, lançaram-se à cata de riquezas. A terra lusitana, restrito território, pobre
de recursos naturais, mais do que todos, levou a conquista a sério.
Nenhuma colonização é angelical. Antes é fria, cruel e espoliadora. Assim, dizer
que o Brasil teria se tornado um país melhor se ficasse com espanhóis, com
ingleses, franceses ou (que deslumbramento!) dourados holandeses, nos parece
uma conjectura ingênua. Historicamente (ou fatalmente) ficamos com Portugal. E
será sobre essa nação e seu povo – tão péssimo como os mais péssimos, tão notável
quanto os mais notáveis – que devemos falar.
A saga de Lorena
numa hábil narrativa
Helio Brasil (*)
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II
Em O Reino, a Colônia e o Poder: o governo Lorena na capitania de São Paulo –
1788-1797 (São Paulo, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2019), Adelto
Gonçalves concentra seu foco no momento histórico em que a nação lusitana se
assentava nos trópicos. O Brasil receberia navegadores com destinos mais
definidos. O Rio de Janeiro, embora acossado pelos franceses, politicamente
deixou a posição secundária, abrigando a sede do vice-reinado antes assentada em
Salvador. E faz parte desse foco a referência à conjura mineira, pois daquela
importante capitania se havia desmembrado o território que hoje abriga o Estado
de São Paulo.
Nesse contexto, viu-se o autor da obra obrigado a situar a narrativa a partir de
governadores que antecederam o astro central – Lorena – com dificuldades em
cumprir a missão estruturadora da capitania. Tanto os suspeitos de incúria ou de
alcance no dinheiro público (hábito ainda não abandonado em nossos dias) como
os sabujos e incompetentes.
O lado positivo das ações de Lorena valoriza a narrativa. E vale a pena registrar
uma obra, ainda existente, que surpreendeu por atravessar os séculos: a Calçada
do Lorena, estrada pavimentada originalmente com características ousadas para a
época e que concretizou a indispensável ligação do planalto paulista com o litoral.
Libertava-se a província paulista do porto do Rio de Janeiro. E Adelto nos mostrará
quão fecundo foi o governo de d. Bernardo José Maria da Silveira e Lorena (1756-
1818) para o despertar desse hoje grande Estado brasileiro.
A construção da hábil narrativa nos mostra os governos anteriores corruptos ou
corruptores e com ações mesquinhas, o que faz ressaltar a competência
demonstrada por Lorena. O leitor logo estará envolvido pelos episódios que
antecedem a entrada em cena do nosso personagem, e verá um perfil descrito sem
paixão, mas com o indisfarçável prazer do historiador de reconstruir o protagonista
do livro.
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III
Não caberia o prolongamento dos comentários acerca do conteúdo histórico tão
bem narrado, mas neste breve texto é indispensável focalizarmos também o autor
do livro, consagrado como historiador e pesquisador com títulos obtidos no Brasil
e no exterior.
Adelto Gonçalves é autor de extensa obra, destacando-se as biografias, largamente
premiadas, dos poetas Manuel Maria de Barbosa du Bocage (1765-1805), no livro
Bocage, o perfil perdido (Lisboa, Editorial Caminho, 2003), e Tomás Antônio
Gonzaga (1744-1810), em Gonzaga, um poeta do Iluminismo (Rio de Janeiro,
Editora Nova Fronteira, 1999). É também célebre e apreciado no terreno da ficção,
trazendo-nos uma bela reconstrução da cidade de Santos nas primeiras décadas do
século XX e os movimentos sociais vistos então como “subversivos”.
Barcelona brasileira (Lisboa, Nova Arrancada, 1999; São Paulo, Publisher Brasil,
2002) e Os vira-latas da madrugada (Rio de Janeiro, Livraria José Olympio
Editora, 1981; Taubaté, Editora Letra Selvagem, 2015) são romances de forte
conteúdo político, não discursivos, lidos com agrado. Livros que nos fazem
esquecer o tempo, sendo devorados com prazer. Situações e personagens com
grande credibilidade, disputando encarnações que lembram o Jorge Amado (1912-
2001) dos tempos de Mar morto (1936). Adelto mostra-se à vontade na escrita
correta e leve. Não se perceberá o hiato porventura existente entre historiador e
criador de histórias.
Da orelha do livro aqui comentado, recorto uma observação precisa de Carlos
Guilherme Mota: “...Lorena tem suas origens familiares, a vida e a ação
esquadrinhadas com a argúcia que define um bom historiador.” Podemos
acrescentar: ...e um excelente escritor.
Rio de Janeiro, abril de 2020.
_____________________________
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O Reino, a Colônia e o Poder: o governo Lorena na capitania de São Paulo – 1788-1797, de
Adelto Gonçalves, com prefácio de Kenneth Maxwell, apresentação de Carlos Guilherme Mota
e fotos de Luiz Nascimento. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 408 páginas,
R$ 70,00, 2019. Site: www.imprensaoficial.com.br
________________________________
(*) Helio Brasil, arquiteto, professor universitário, romancista e contista, é autor de uma
trilogia sobre o bairro carioca de São Cristóvão: o livro de não-ficção São Cristóvão: memória e
esperança (Prefeitura do Rio de Janeiro, 2004) e os romances A última adolescência (Bom
Texto, 2004) e Ladeira do Tempo-Foi (Synergia Editora, 2017)). É autor também de O Solar da
Fazenda do Rochedo e Cataguases (Synergia Editora, 2016), em co-autoria com José Rezende
Reis; Cadernos (quase) esquecidos (edição artesanal, 2016); Tesouro: o Palácio da Fazenda, da
Era Vargas aos 450 anos do Rio de Janeiro (Editora Pébola, 2015), em co-autoria com Nireu
Cavalcanti; e Pentagrama acidental, novelas (Editora Ponteiro, 2014). Como contista, publicou
O perfume que roubam de ti... e outras histórias (Synergia Editora, 2018) e participou de várias
coletânâneas.
Representação iconográfica | Helio Brasil Corrêa da Silva
https://www.caurj.gov.br/entrevista-9/
VuJonga - Cadernos Literários | Domingo – 28/06/20, Edição nº 29 – Pág. 25/30
VuJonga - Cadernos Literários | Domingo – 28/06/20, Edição nº 29 – Pág. 26/30
Filhos são tesouros no mesmo baú do coração de Mãe… e este é o meu Pedrinho em 1.999…
Ah… como o tempo passa… !!!
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VuJONGA – significado.
VuJONGA significa ORIENTE, e também por analogia,
povo vaJonga do ‘Sol Nascente’– em língua Jonga.
ORIENTE – ponto cardeal
de uma das quatro direcções principais da rosa-dos-ventos
[Sul – Norte; Ocidente – Oriente]
ShiJonga ou ‘O Jonga’ é um idioma africano que tem a sua origem
milenar no idioma kiKongo, com sede em Bandundu no ‘Congo-
Kinshassa.’ Daí sairiam migrações cíclicas do povo (ba)Kongo, rumo à
África Austral, tomando rumos diferentes a partir do rio Zambeze, a sul
e a norte.
Posteriormente, em fusão genético-cultural, originou outras
variantes idiomáticas, tais como as dos povos Nhandja (Niassa), Guigóne
(Inhambane), Jonga (Móputso), e ainda outras variantes posteriores tais
como ShiSuate (Suazilândia), Zulo (Natal), Shengane (Gaza), ShiTsua
(Inhambane).
A língua Jonga é, pois, um idioma muito antigo da cultura baNto da
capital de Moçambique. Sofreu várias influências linguísticas no decurso
do tempo. Estas são o registo cultural de épocas em que navegadores
europeus e asiáticos circularam pela costa marítima moçambicana, aí
desenvolvendo relações comerciais – mais pacíficas – umas, e outras
mais conflituosas.
Este idioma, shiJonga, encontra-se actualmente em processo de
extinção, devido a imposições ideológicas do poder político
estabelecido desde 1975.■ coordenador JOÃO Craveirinha
VuJonga - Cadernos Literários | Domingo – 28/06/20, Edição nº 29 – Pág. 29/30
1º Esboço de Mapa Etno-Etimológico
da região vaJonga - séculos XVI-XIX
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VuJonga – edição literária de autora 2016 /2020 e-Livro Silvya Gallanni: Haikai - Fragrâncias Poéticas
HAiKAi | Poetic Fragrances | e-Book https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=212768