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Projeto Gráfico: Thiago XistoEditoração Eletrônica: Carolina LaraJornalista Responsável e Editor: Vitor Monteiro deCastroParticiparam desta edição: Bebeto, Breno Slade,Eduardo Granja Coutinho, Flávia Lopes, Gustavo Fort,José Eduardo, Kátia Berckowicz, Latuff, Letícia Serafim,Luiz Fernando Jr., Marianna Araújo, Rafael Monteiro,Samir Resende e Sanger Nogueira

Para anunciar, colaborar ou participar:[email protected] ou pelo telefone (21) 8187-7533

Editorial Leitor em Questão

2 AAAAAno III, nº 24, julho de 2007

Miriam Lajes, Roge Guts, Banca do Jardim de Cima,Revistaria Vamos Ler, Total Locadora,Hollywood VídeoLocadora, www.valencavirtual.com.br, Fundação DomAndré Arcoverde, SEPE-RJ Tiragem: 2.000 exemplares

Impressão: Gráfica RioflorenseOs textos publicados podem ser reproduzidosse citado a fonte e autoria do material eintegralmente. O Valença em Questão é umapublicação mensal sem fins lucrativos,distribuída gratuitamente no município deValença, municípios vizinhos, Rio de Janeiroe através de correio eletrônico.

“A utopia está lá no horizonte. Me aproximodois passos, ela se afasta dois passos. Cami-nho dez passos e o horizonte corre dez pas-sos. Por mais que eu caminhe, jamais alcança-rei. Para que serve a utopia? Serve para isso:para que eu não deixe de caminhar.”

Eduardo GaleanoEducação, cultura, liberdade, direitos iguais.

Para reunir tudo isso em apenas uma ediçãodo nosso VQ, lançamos mão de 12 páginas.Não que em 12 páginas seja possível tratardesses temas com profundidade, mas dá paramostrar um pouco do que estão pensando – epensamos – sobre nossa cidade e as situa-ções de nosso cotidiano, que bem ou mal in-terferem na nossa vida. E também para mos-trar que não é só com educação, ou só comcultura que vamos resolver os problemas, épreciso ações conjuntas, agregadoras, queconsigam de fato transformar a nossa socie-dade. E essa transformação precisa ser sus-tentável e caminhar junto com a busca por igual-dade. Este é o nosso sonho, e já na nossaprimeira edição, em um texto da ainda incipienteRede Jovem, destacávamos um trecho de umamúsica de Raul Seixas em que diz que “sonhoque se sonha junto é realidade”. É nessa bus-ca de construção coletiva que nosforatalecemos a cada dia, apesar das inúme-ras dificuldades que aparecem (de tempo, detrabalho, de grana, de disposição, de proble-mas pessoais que surgem, etc.). Para muitosé uma loucura, um bando de sonhadores. Masuma loucura que se mantém há mais de doisanos, que já germinou muitas ações positivase influenciou algumas mentes dentro e fora denossa cidade. Este ano o Festival de Invernovai se resumir ao Festival Gastronômico (nãoque isso seja pouco, mas sonhamos – juntos– com muito mais), que será realizado em se-tembro, junto ao aniversário de Valença. Masdesde fevereiro deste ano sabíamos da nossafalta de pernas para realizar o que desejáva-mos e desde então já nos preparamos paraorganizar um Festival em 2008 que possa su-prir essa nossa ausência em 2007.

“A liberdade de eleição permite que vocêescolha o molho com o qual será devorado.

A liberdade de mercado permite que vocêaceite os preços que lhe são impostos.

A televisão, essa última luz que te salva dasolidão e da noite, é a realidade. Porque a vida

é um espetáculo: para os que se comportembem, o sistema promete uma boa poltrona.”

Eduardo Galeano

Esta percepção das nossas incapacidadese a certeza do que queremos, mesmo que sejadifícil, nos mostra, ironicamente, a nossa ca-pacidade e o amadurecimento que o grupo vemadquirindo ao longo destes dois anos. Esseamadurecimento e reconhecimento de nossaslimitações foi possível graças à pluralidadedesse grupo (que está a todo momento agre-gando novos amigos), pessoas que não seconheciam tão bem há dois anos, mas quehoje são amigos, companheiros. Essa vivênciade atores múltiplos, de diversas áreas do co-nhecimento, e de origens distintas, só nos fezcrescer como seres humanos. Essa é até umaexplicação que encontramos entre nós, de queo que ganhamos com este nosso esforço éque crescemos, estamos nos transformandoe colaborando para uma transformação maior,e isso por sí só já é o nosso “pagamento”.

“Somos o que fazemos, principalmente oque fazemos para mudar o que somos”.

Eduardo Galeano

Somos hoje um pequeno grupo, uma se-mente num imenso território, e procuramos lu-tar contra as injustiças que presenciamos, pro-curamos agregar novos atores que possamcolaborar para a construção de uma nova soci-edade, procuramos dar voz a quem não é es-cutado, a quem não tem espaço nos meiostradicionais de comunicação, procuramos/bus-camos/lutamos por uma nova comunicação,que um novo tratamento deve ser dado à popu-lação não detentora dos meios de poder (quenão se restringem à mídia). Esse coletivo deprodução de conteúdo, de discussão de idéi-as, de uma construção realmente coletiva é oideal da nossa (de todos) Rede Jovem.

“Na América Latina, a liberdade de expres-são consiste no direito ao resmungo em algumrádio ou em jornais de escassa circulação. Oslivros não precisam ser proibidos pela polícia:os preços já os proíbem”.

Eduardo GaleanoUma notícia que nos motiva ainda mais a

continuar insistentemente nessa busca poruma outra sociedade foi o nascimento deYasmin, no dia 13 de julho de 2007. Que fiqueaqui registrado nossa felicidade pelo nasci-mento da mais nova integrante da Rede JovemValenciana.

Bom, mas nem tanto...Bom, mas nem tanto...Bom, mas nem tanto...Bom, mas nem tanto...Bom, mas nem tanto...

Tô achando muito legal as últimasedições do jornal Valença em Ques-tão, o que acho que é instável é aqualidade da impressão. As vezesfica muito boa, e às vezes mais oumenos. A última edição achei queficou muito bom a capa, com o de-senho do Portinari, mas ficou meioclara..

Roberto Catelli

Noel caro!Noel caro!Noel caro!Noel caro!Noel caro!

Pô, me amarro em Noel [Rosa], masa dica que vocês deram é impossí-vel de comprar :(

Amanda Rodrigues

Noel legal!Noel legal!Noel legal!Noel legal!Noel legal!

Adorei a matéria sobre o Noel Rosa.Eu sabia de uma outra história so-bre a composição �com que roupa�,em que ele, já doente, foi convida-do para ir a um samba, mas a mãeou a esposa tinham escondido suaroupa para ele não ir, e daí teriasurgido o samba. Qual será a histó-ria verdadeira? Abraços,

Mariana SilvaEducaçãoEducaçãoEducaçãoEducaçãoEducação

Só pelo título do artigo do profes-sor Paulo Roberto Figueira já gos-tei da última edição. Investir noprofissional da educação é algoque deveria ter sido feito há muitotempo, não só em Valença, mas no

Brasil e no mundo.

Gérson Rocha

Criminalização da pobrezaCriminalização da pobrezaCriminalização da pobrezaCriminalização da pobrezaCriminalização da pobrezaMuito boa a notícia sobre acriminalização dos movimentossociais, diferente de todos os veí-culos de imprensa do nosso país,que só detonam o que os movimen-tos sociais promovem.

Juliano Ribeiro

Onde encontrar o VQ

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Produzir + Consumir Produzir + Consumir Produzir + Consumir Produzir + Consumir Produzir + Consumir <<<<< Preservar Preservar Preservar Preservar Preservar

Revolucionar a maneira como vivemos em sociedade e desenvolver novasrelações com a natureza apresentam-se como novos e necessários paradigmas paraa resolução dos problemas mundiais atuais e futuros. Porém, um debate desorgani-zado e vazio domina a grande mídia, que não vê sua importância em contribuir parauma nova consciência de ser humano. Não querem que enxerguemos uma “verdadeinconveniente”: não é possível uma melhora das condições da Terra, seja com etanol ouenergia solar, se continuarmos a viver como agora.

Os altos e concentrados níveis de produção e consumo contemporâneos são des-truidores compulsivos de ecossistemas e as maiores causas do abismo entre pobres e ricos. Segundo oPNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), só 20% da população mundial participa nos86% dos gastos com o consumo individual. Estas 1,3 bilhões de pessoas:

• consomem 45% da carne e do peixe, enquanto as mais pobres (também 20%) consomem menos de5%. A média do consumo de proteínas na França é de 115 gramas por dia. Em Moçambique, é de 32 gramas.

• consomem 58% da energia total, enquanto as mais pobres consomem menos de 4%; os países ricosgeram 65 % da eletricidade mundial.

• possuem 74% do total de linhas telefônicas, enquanto as mais pobres só têm 1,5%. Na Suécia, Suíça enos Estados Unidos, existem mais de 600 linhas telefônicas por cada mil pessoas. No Afeganistão, Camboja eno Chade, só existe um telefone por cada mil habitantes.

• consomem 84% do total de papel, enquanto as mais pobres conso-mem 1,1%. A média dos países industrializados é de 78,2 toneladas depapel por cada mil pessoas, enquanto a média registrada nos países maispobres se situa em 0,4 toneladas por cada mil habitantes.

• possuem 87% dos veículos existentes em todo o mundo, enquantoos mais pobres têm menos de 1%. Os países industrializados registram

uma média de 405 automóveis por cada mil habitantes. Nos países da ÁfricaSubsaariana, a média corresponde a 11 veículos por cada mil e, na ÁsiaOriental e na Ásia Meridional, o valor é de cinco veículos por cada mil habi-tantes.

Ao ver como se encontra o planeta atualmente, imagine se os ou-tros 5,2 bilhões de habitantes tivessem o mesmo poder de consumo dos1,3 bilhões mais ricos? Não haveria recursos naturais e de nada adian-

taria o discurso dos biocombustíveis e “energias limpas”.Por isto, nada mais importante do que começarmos a cons-

truir as bases de uma nova sociedade, não mais pautada no tripécompetição-egoísmo-consumo, mas sim nos pilares da preser-vação ambiental, da distribuição dos recursos e resultados, doconsumo racional, da produção sustentável e do respeito peloser humano. Sim, um outro mundo é possível; logo, uma outraValença também.

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Bebeto, estudante de Engenharia de Produção

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Acompanhamos dia-a-dia a busca por novas tecnologias para amenizar os

problemas do aquecimento global. Porém, o que deveríamos lutar é por uma

nova relação de produção e consumo, onde toda a população tenha condições

de participar

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Como pensar e gerir a culturaem Valença? Qual o peso dela para onosso desenvolvimento? Como sair daatual cultura de eventos e iniciar ummodelo pautado no princípio da cida-dania cultural? Segundo Célio Turino,secretário de Programas e ProjetosCulturais do Ministério da Cultura, “acultura não pode ser confundida comeventos isolados, reduzida ao meroentretenimento, ou restringi-la às Be-las Artes ou à cultura erudita e hermé-tica”. Para ele, “cultura é um poucodisto tudo, mas são também as refe-rências históricas, costumes, condu-tas, desejos e reflexões”. E nós con-cordamos com isto.

Inclusive por realizarmos os Fes-tivais de Inverno de Valença e outrasatrações lúdicas, sabemos que o even-to cultural, como concretização de umprocesso, tem um papel importante emuitas vezes são nesses aconteci-mentos que as pessoas tomam con-tato, pela primeira vez, com determi-nadas manifestações. Mas, antes detudo, cultura é o cultivo da mente e acola que une uma sociedade.

Adotar a cultura como filosofiade governo gera renda, é social, am-plia os horizontes, promove o desen-volvimento sustentável. A cultura inte-gra ações, dá sentido às realizaçõese reformas dos governos. Concorda-mos com Célio Turino quando ele dizque “a cultura é o fio condutor que uneo direito que o cidadão tem à saúde,ao transporte, à moradia, à escola, aotrabalho, à cidadania”. É com a cultu-ra, e só com ela, que conduziremosnosso município à igualitária democra-

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Nossa contribuição à gestão daNossa contribuição à gestão daNossa contribuição à gestão daNossa contribuição à gestão daNossa contribuição à gestão daCultura em VCultura em VCultura em VCultura em VCultura em Valençaalençaalençaalençaalença

A Rede Jovem Valenciana sabe de suas limitações, e por isso, apresenta ao poder público sua contribuição

para a democratização da cultura: o Fórum Municipal de Cultura. E mais, propomos que a cultura seja

adotada pelo espectro da educação e tida como filosofia de governo

�O Fórum Municipal de Cultura é umespaço de articulação, intervenção,

troca de experiências e debates�

cia, recolocando os cidadãos no caminho da emancipação humana.Pensando num município - e naturalmente no poder público - pautado

na cultura para a criação de uma identidade local, na conservação dos patri-mônios materiais e imateriais, e na pluralidade das manifestações culturais,é que propomos a criação do Fórum Municipal de Cultura - e posteriormentedo Conselho Municipal de Cultura - objetivando a democracia cultural e ademocratização da cultura, a cidadania cultural e a legitimação da esferapública da cultura. Antes é preciso articular atores culturais e vários seg-mentos - grupos culturais, ongs, gestores do governo, produtores culturais,artistas, pesquisadores e outros - a fim de garantir a continuidade do plane-jamento cultural em relação às mudanças de gestão.

O Fórum Municipal de Cultura é, antes de mais nada, um espaço dearticulação, intervenção, troca de experiências e debates, que busca cons-truir alternativas para as políticas culturais do município, envolvendo a soci-edade local e outras instâncias de governo (estadual e municipal). Seu fun-damento é o direito à participação cultural dos cidadãos, entendida de formaampla, respeitando a diversidade cultural.

Participamos ativamente da luta pela criação do Conselho Municipalda Juventude. Não tivemos organicidade e mobilização necessária para levá-lo adiante, mas sua pequena organização gerou excelentes resultados naconsciência crítica da juventude. Acreditamos que um Fórum Municipal deCultura receberá o abraço e a participação comunitária necessários parafazê-lo uma ferramenta única e vanguardista de um novo processo de cons-trução de Valença. Uma reconstrução com suas estacas na democraciaparticipativa, na diversidade de opiniões e na gestão democrática das esfe-ras públicas.

�Cultura é o cultivo da

mente e a cola que une

uma sociedade�

Rede Jovem [email protected]

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Carta à população valencianaCarta à população valencianaCarta à população valencianaCarta à população valencianaCarta à população valenciana

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Em maio de 2005, 15 pessoas se uni-ram para formar a Rede Jovem Valenciana.Como primeira atitude, realizamos o I Festivalde Inverno de Valença, nos dias 22 e 23 de ju-lho, no Adro da Catedral, com atrações diversi-

ficadas e uma presença popular muito signifi-cativa.

A partir daquele dia, 23 de julho de 2005,muita coisa começou a mudar dentro da Rede.Pessoas se desligaram, outras chegaram, e oprojeto do II Festival de Inverno de Valença para2006 se concretizava como um grande desafio,

E que venha o III FE que venha o III FE que venha o III FE que venha o III FE que venha o III Festival...estival...estival...estival...estival...visto que o evento adquiria uma complexidade eexigia uma dedicação quase que exclusiva.

E de 17 a 23 de julho de 2006 aconteceu, noJardim de Cima, o II Festival de Inverno, com umgrande diferencial:

a participação da comunidade, mesmo que timida-mente, na construção e execução do projeto. O gran-de expoente dessa participação se deu com o I Fes-tival Gastronômico de Valença, organizado e execu-tado pela Kátia Berckowicz e José Eduardo Maga-lhães, que se juntaram à Rede Jovem após as reu-niões realizadas na Casa Léa Pentagna.

O resultado do II Festival de Invernofoi um segundo grande marco para nós.Primeiramente porque o evento foi um su-cesso de público, de qualidade e diversi-dade de atrações, de parcerias e de aber-tura de portas. Depois, contudo, houve aconstatação de que alguns do grupo nãoteriam condições de se dedicar à constru-ção do III Festival de Inverno para 2007,visto os compromissos nas faculdades eno trabalho nos tomavam cada vez maistempo. E continuam tomando.

E é por isto que escrevemos estacarta à sociedade civil valenciana, aos par-ceiros, patrocinadores e estimuladoresdeste projeto coletivo. Este mês de julhofoi vazio para nós, de certa forma até triste.Sentimos saudades do evento que nãoocorreu. Todavia, gostaríamos de deixarbem claro que a não-realização do III Fes-tival não possui motivos financeiros, masapenas de escassez de recursos huma-nos próprios.

Porém, toda semente bem cultiva-da um dia germina. E o II Festival Gastro-nômico de Valença está a todo vapor, orga-nizado pela Kátia, Dudu, Faz+Daluja e Se-cretaria de Cultura e Turismo, ajudando acomemorar os 150 anos da história da ci-dade de Valença com muito gosto. De 28 a30 de setembro, no Jardim de Cima, Va-lença poderá degustar sua história, debelezas e tristezas, e debater sobre o mu-nicípio que queremos para o futuro.

Agradecemos o apoio e carinho detodos aqueles que também sentiram a fal-ta do Festival de Inverno neste ano. Istonos dá muita força e certeza de que o IIIFestival de Inverno de Valença em 2008será um grande espaço democrático e umverdadeiro caldeirão cultural. Acreditamose lutaremos por uma gestão cultural e edu-cacional em Valença que promova a inte-gração social e o desenvolvimento susten-tável, através de uma democracia partici-pativa e transformadora da cultura do cli-entelismo.

Nos vemos no II Festival Gastronô-mico de Valença! E, com muita alegria,esperança e ansiedade, nos reencontra-remos no Jardim de Cima, no III Festivalde Inverno de Valença em 2008! Até lá evamos juntos, pois só assim seremos for-tes.

Bebeto, Breno, Flávia, Gustavo,Dudu, Kátia, Letícia, Luiz Fernando,

Rafael, Samir, Sanger e Vitor - RedeJovem Valenciana

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Por Bebeto e Rafael Monteiro

Libório CostaLibório CostaLibório CostaLibório CostaLibório Costa

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Libório Costa é valenciano e botafoguensehá 47 anos. Foi estudante da rede estadual e de 1975

a 1978 foi membro do grêmio estudantil do Theo-dorico Fonseca, onde ajudou a promover festivais

intercolegiais de música, com participações inclu-sive de Clementina de Jesus e Rosinha de Valença.

Fez um ano de Comunicação Social na SUSI (atualUNISUAM), abandonando o curso para ir traba-lhar na Caixa Econômica Federal, de

1984 a 2001. Em 1982 trabalhou na Ga-zeta da Cidade, do Maguinho. Atual-

mente está na construção de sua mo-nografia para graduação em Produ-

ção Cultural pela Universidade Fede-ral Fluminense (UFF), e ministra cur-

sos de formação em cultura afro-bra-sileira para professores da rede mu-nicipal de ensino.

MonografiaMonografiaMonografiaMonografiaMonografiaEu já pensava em fazer algum

curso que trabalhasse a questão cul-tural, mas sem ser teatro etc. Fui en-

tão fazer Comunicação pensando emtrabalhar na pesquisa ou jornalismo

cultural. Mas, fui trabalhar na CaixaEconômica e larguei a Comunicação.

Em 1992, a UFF abriu o curso de Pro-dução Cultural e não perdi tempo.Atualmente estou trabalhando no le-

vantamento, inventário do patrimô-nio imaterial, segmentando para a

questão das pequenas áfricas do ser-tão flumineiro, onde posso pegar o

Caxambu, a Capoeira, as memóriasda Clementina e Rosinha, os cultos

afros e a história local da culturaafro-brasileira. Isso é a temática daminha monografia atualmente.

Valença e suas riquezasValença e suas riquezasValença e suas riquezasValença e suas riquezasValença e suas riquezasAs pessoas às vezes me perguntam se eu

acho que tenho futuro aqui para trabalhar com aquestão cultural. Eu falo que trabalho é o que não

falta, o que falta é a cidade se convencer e reco-nhecer a gama de valores, os diamantes brutos que

Valença tem escondidos debaixo do tapete colo-cado pelo poder público e as elites. Se convencerda riqueza do patrimônio imaterial como a Seres-

ta e Serenata em Conservatória que são referên-cia nacional com repercussões internacionais; do

Jongo e Caxambu, sendo o Jongo do Quilombo SãoJosé da Serra uma referência como um dos mais

próximos da raiz africana; da Folia de Reis; da Um-banda que já era cultuada aqui no final do século

19, como conta a própria Tia Maneca, que fez 100anos ano passado; da Capoeira, que também jáera praticada aqui desde o século 19, inclusive pelo

pai da Clementina de Jesus; da memória da Clemen-tina e Rosinha; das festas de São Jorge; e por aí vai.

Valença tem uma diversidade cultural que se ex-pressa independente do poder público, apesar dele

ter hostilizado muitas vezes alguns grupos e mes-tres dessas manifestações utilizando-os como pla-

taforma eleitoreira. Mas nossa cultura sobrevivepela fé, tradição, força, mística, ancestralidade, e

memória dessas populações que estão na perife-

ria de Valença. É um universo muito rico. Precisa-

se valorizar isso e fazer essas pessoas entenderemque além de terem valor cultural, hoje em dia isso

pode-se transformar também num valor econômi-co, com incentivos da UNESCO, do Ministério da

Cultura etc.

Folias de ReisFolias de ReisFolias de ReisFolias de ReisFolias de Reis

Sou apaixonado pela Folia de Reis e um mon-te de outras coisas. Mas, desde pequeno tenho pai-

xão pela Folia de Reis. Minha mãe me levava praMissa do Galo e via passar as Folias e achava aqui-

lo muito mágico, com os cortejos, os palhaços fan-tasiados, um misto de admiração e medo, que mui-

to adulto ainda tem, mas que já perdi há bastantetempo. É uma das grandes manifestações culturaisque temos em Valença, apesar de muitas pessoas

criticarem o crescimento da Folia de Reis, comotendo 40 palhaços, alegando que a tradição é ter 2

ou 3. Mas, desde minha época de criança, já existiaFolia com 15, 20 palhaços. Isso é característico da

cultura local, do seu dinamismo.Não podemos querer colocar camisa de

força nas manifestações culturais achando queelas devem ser do jeito que nós achamos que elasdeveriam sejam. As �contaminações� servem para

potencializar. Esta questão da garotada da Foliade Reis em Valença é muito forte, dentro desse

universo dos palhaços, onde há crianças desde osseis anos de idade até jovens na faixa dos 20. E a

questão �pop� da Folia chama muito estes jovens,como é o caso da indumentária, dos revirões [tex-turas nas roupas], e eles sofrem ainda a influênciade outras manifestações, como o funk e o rap. Eles

não mudaram a tradição na Folia, só que os gritosde guerra incorporaram os gritos das galeras de

bairro da cidade, um grito de identidade. Eles são

funkeiros 365 dias no ano! Não é porque eles estãona Folia de Reis que deixarão de exercer a cultura

híbrida do funk e Folia. Num intervalo entre Foliasvocê vê palhaço fazer desafio usando o ritmo do

Calango com o linguajar do rap. Valença é híbridapor natureza, essa mistura de Minas com Rio, dos

índios com tropeiros e comerciantes, etc.

Educação e Cultu-Educação e Cultu-Educação e Cultu-Educação e Cultu-Educação e Cultu-

r ar ar ar ar a

Realizar o curso deformação de professores em

cultura afro-brasileira, quedará subsídios à aplicação

dos conteúdos da Lei 10.639em Valença [a Lei 10.639 esta-belece as diretrizes e basespara incluir no currículo ofi-cial da Rede de Ensino a obri-gatoriedade da temática�História e Cultura Afro-Bra-sileira�], e estar ao mesmotempo dentro da escola em

contato com estes jovens,estão me abrindo um campo

de pesquisa muito grande so-bre a ligação entre educaçãoe cultura. O importante não

é só buscar a questão da Áfri-ca no Brasil, como a diáspora

dos negros no mundo etc,mas também a história local

destas pequenas Áfricas.A cultura é muito im-

portante na potencializaçãodo processo de inserção das

crianças e jovens de periferiadentro do processo educacional e na formação dacidadania. A escola tem de estar preparada a reco-

nhecer e valorizar a cultura que a criança já levapara lá. Se você entrar em qualquer escola de Va-

lença você vai encontrar uma diversidade culturalabsurda. Você vai encontrar palhaço de Folia de

Reis, Ogã de Umbanda, filhos de artesãos, além doscapoeiristas, pagodeiros, etc. Essas crianças são

herdeiras de toda essa mistura feita no século 19,ou seja, o passado de Valença está fungando nocangote delas. E esse período está aí nas avós des-

sas crianças. O primeiro trabalho para a educaçãose aproximar da cultura é conhecer a realidade des-

tas crianças e jovens, fazer o inventário, diagnos-ticar, mapear e ouvir os diversos grupos de fazedo-

res de cultura da região para elaborar uma plata-forma cultural, um plano de governo. Se não for as-

sim, vira política particular de cultura, ações eeventos de acordo com o gosto particular de quemestá exercendo a função de Secretário de Cultura

ou do grupo que está ali.

Gestão cultural em ValençaGestão cultural em ValençaGestão cultural em ValençaGestão cultural em ValençaGestão cultural em Valença

Numa região como Valença onde a questãoda memória e do acervo histórico são totalmente

vazios, onde nunca existiu uma política de forma-

ção de acervo, onde não existe um museu munici-

pal, e onde os que se dizem museus não seriam

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classificados assim por uma análise técnica, nota-

se a falta de uma política da gestão cultural.O poder público tem que apoiar as deman-

das que vêm da sociedade, mas tem que elencar asprioridades, se não vira balcão de negócios. Por

outro lado, o poder público tem que ter políticaspúblicas de cultura! Existe, dentro da estrutura da

Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, um de-partamento de museologia e acervo (ou coisa as-sim) e não tem ninguém trabalhando nessa área!

Então, existe um monte de ações a serem implemen-tadas em várias frentes pra formar os acervos da

memória valenciana e não existe nenhum traba-lho sendo feito, a não ser atitudes isoladas como o

pessoal do Diretório Acadêmico de Filosofia da FAAem apoiar o Sr. Sebastião do Museu Ferroviário.

Valença está fazendo 200 anos de freguesia, 150anos de cidade, 165 anos de município e não se vê

no horizonte nenhuma preocupação em se traba-lhar a memória e identidade! É complicado! Umpovo que não preserva sua história, não vive o pre-

sente e não constrói o futuro. Se você não tem umavisão crítica do passado pra construir sua identi-

dade no presente, você não irá construir futuro ne-nhum!

Essa tão falada crise que Valença vive é fun-ção de falta de identidade, da falta de reconhecer

e valorizar a cultura da população. Na política,predomina a visão coronelista, tratando o povocomo gado, não como sujeito de transformação e

de objeto da democracia substantiva. E, por ou-tro lado, Valença com um território enorme, uma

economia fraca, e uma das piores distribuições doPIB no Estado do Rio, está partida. Valença está

partida entre dois coronéis. Não existe unidade nadiversidade. O povo, ao mesmo tempo em que é ví-

tima, se vitimiza, e acaba criando uma situação dealimentação da sua própria desgraça, pois ele nãoconsegue enxergar que, enquanto se contentar em

ser objeto da democracia formal, não irá construirsua cidadania, não conseguirá se mobilizar para

transformar.O Paulo Roberto Figueira escreveu sobre a

questão da mobilização e que Valença vive umacrise e isso é unânime. Não existe perspectiva no

momento e isso é unânime. A gente chega à conclu-são que a mobilização é a única saída pra Valença.

Mas como mobilizar? Essa é a questão.

Pontos de Cultura em ValençaPontos de Cultura em ValençaPontos de Cultura em ValençaPontos de Cultura em ValençaPontos de Cultura em ValençaHá dois anos procurei a Sônia Mattos, en-

tão Secretária Municipal de Cultura e Turismo,com manual e dois editais apresentando a ela que

Valença tinha condições de conseguir ser contem-plada com um Ponto de Cultura [iniciativas desen-volvidas pela sociedade civil, que firmam convêniocom o Ministério da Cultura, tornam-se Ponto deCultura e o MinC fica responsável por articular eimpulsionar as ações que já existem nas comuni-dades. Um aspecto comum a todos é a transversa-lidade da cultura e a gestão compartilhada entrepoder público e a comunidade. Quando firmado oconvênio com o MinC, o Ponto de Cultura recebe aquantia de R$ 185 mil para investir conforme pro-jeto apresentado]. Existia a possibilidade que, seuma cidade apresentasse proposta para um certo

número de Pontos de Cultura, criaria-se um Pon-tão de Cultura, podendo se fazer um Ponto para aFolia de Reis, outro para a Memória da Clementi-

na etc. Ela não me deu resposta. No ano passadoprocurei a atual Secretária, Daniele Dantas, para

conversar sobre as diversas ações do MinC para osmunicípios e que é necessário contrapartidas e

compromisso do governo municipal. E também nãoobtive resposta. Não há interesse.

TurismoTurismoTurismoTurismoTurismoAqueles que são responsáveis pela gestão

municipal têm uma certa miopia de perceber o va-lor da cultura valenciana, porque ainda estão pre-sos a achar que o turismo cultural em Valença vai

ser feito em fazenda do café. É pra ser feito em fa-zenda do café também, mas não somente lá. O Luiz

Francisco, guia de turismo, tem uma frase muitoboa: �um turismo cultural que é feito de fazenda,

sem cidade�. O que precisa ser feito é um turismocultural da cidade com as fazendas. O máximo que

acontece fora das fazendas é uma refeição em al-gum restaurante, mas não movimenta o comércio

local, as pessoas que vivem aqui não lucram nadacom isso. Quem continua ganhando são os barões.

Conservatória criou uma indústria turísti-

co-cultural através da iniciati-va privada e da organização

dos moradores. Hoje em diarecebe um fluxo de turismo

enorme, está com ArranjoProdutivo Local, Festival de Ci-

nema, turismo ufológico, e umexcelente acervo histórico emseus museus, preservando,

além da Seresta e Serenata, osamba de raiz, a música ins-

trumental, o chorinho. QueValença siga o exemplo de seu

Distrito!

Fórum MunicipalFórum MunicipalFórum MunicipalFórum MunicipalFórum Municipal

de Culturade Culturade Culturade Culturade CulturaEstamos vivendo uma

revolução silenciosa no Brasil

que é provocada pelas políti-cas públicas do Ministério da

Cultura: a rede Cultura Viva,inclusão digital, os Pontos de

Cultura. Essas iniciativas - se-jam de ONG´s, mídia comuni-

tária, o Hip Hop, a Capoeira �possibilitam as pessoas a cons-

truírem suas cidadanias atra-vés de ações solidárias. Então,acho que Valença está preci-

sando passar por isso. Venceressa cultura da cidade parti-

da, da fofoca da Rua dos Mi-neiros.

Daí entra a questãodos Fóruns - a gestão demo-

crática da cidade � que é umprocesso em que Valença estáatrasada há anos! Com os fó-

runs, as pessoas se mobilizampara conquistarem sua cida-

dania, deixarem de ser objetopara serem sujeito de sua his-

tória, aprenderem a falar e se-rem ouvidas, e formularem

políticas para a cidade. Qual-quer governo que assuma opoder tem que entender que eles estão ali para im-

plementarem políticas nas diversas áreas que es-tejam em ressonância com o que a população quer!

Os fóruns são pra isso. Ainda mais numa cidade

como a nossa, onde existem alguns Conselhos Mu-nicipais, mas a maioria não está instalada, os fó-

runs servem para esta ligação entre poder públicoe sociedade. Exemplo seria um Fórum de Educação

para aproximar escola e comunidade, ouvir se estáse aproximando dos anseios da comunidade, se

está atendendo as demandas daquele local. Numacidade onde não há equipamentos culturais, as es-colas são espaços para trabalhar oficinas artísti-

cas, oficinas de memórias, os jovens entrevistan-do os mais velhos, recuperar as histórias que estão

espalhadas e perdidas pelas periferias, principal-mente após o fim da estrada de ferro, quando a po-

pulação urbana cresceu absurdamente vinda dointerior do município, de Santa Rita de Jacutinda,

Rio Preto etc. Toda essa cultura rural ainda comtraços fortes de afrodescendentes, uma arqueo-logia humana a ser feita em Valença incrível! O apa-

gamento da história do índio em Valença intencio-nalmente, encontrar os remanescentes dos Coro-

ados que existem por aí. Temmuito trabalho.

Precisamos criar a cultu-ra da unidade dentro dos segui-

mentos dos produtores cultu-rais, das bandas de rock, dosmestres de Folia de Reis, do pes-

soal das escolas de samba, dosgrupos de capoeira, artesãos,

poetas, seresteiros, pessoal deteatro e por aí vai, e partir para

o que une e deixar de lado o quediverge, para montarmos uma

rede maior, que é o Fórum Muni-cipal de Cultura e o ConselhoMunicipal de Cultura. As pesso-

as precisam saber o que elas re-almente querem e precisam, fa-

zerem seus autodiagnósticos, edaí partirem para a discussão

nestes fóruns e cobrarem seusdireitos culturais, que estão na

Constituição, e formularem po-líticas públicas de cultura para

Valença. Não é apoio nem favor,é direito. Chega de política deevento pra gente bater palma e

o artista voltar pra sua cidade.Onde está o apoio para o surgi-

mento de novos talentos locais?Será que se a Rosinha nascesse

hoje ela teria espaços comoteve na Rádio Clube de Valença

fazendo programas de auditó-rio? Se ela nascesse hoje ela se-ria a Rosinha de Valença quefoi? Quantos talentos estão es-palhados pela cidade e não têmoportunidade de se expressar,de evoluírem nos seus fazeresartísticos?!

Valença pode ser umgrande centro de indústria cri-ativa, basta querer! O momen-to de crise é o momento de sur-girem as idéias. O Fórum Muni-cipal de Cultura é o espaço onde

as diferentes idéias se unem para a construção deuma plataforma conjunta, que atenda a essa di-versidade cultural. Não existe receita de bolo paraValença, o que precisamos é mobilizar para o en-contro.

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Tem razão a grande mídia quando - emcoro uníssono e comovente – afirma que a de-cisão do presidente Hugo Chávez de não reno-var a concessão pública à Radio Caracas Tele-visión (RCTV) é um ataque à liberdade de ex-pressão. Esquece-se apenas de dizer que setrata, no caso, da liberdade de expressão dogrande capital. Afinal, quem falava pelas ondasda RCTV – e continua falando por meio das gran-des corporações de mídia na Venezuela ou noBrasil – não é o povo, a quem supostamentedeveriam servir as emissoras de comunicação,mas os bancos, as grandes empresas trans-nacionais, os latifúndios – o mercado.

Durante 54 anos, a RCTV, a mais antigaemissora venezuelana, filial do grupo iBroad-casting, teve liberda-de de expressão e autilizou para organi-zar uma visão demundo convenienteaos interesses do-minantes, manten-do anestesiada aconsciência popularmediante uma pro-gramação torpe emistificadora. Tal li-berdade lhe permi-tiu, por exemplo, pro-tagonizar a tentativade golpe de estadoem abril de 2002.Lembremos estefato que os grandesmeios de difusãogostariam de apa-gar da memória detodos.

Desde 1998, quando foi eleito pela pri-meira vez, Chávez vinha desagradando aos se-tores dominantes com sua “revolução bolivari-ana” de cunho popular, antiimperialista e, diga-se de passagem, estritamente constitucional.Em nenhum momento os meios de difusãodeixaram de lhe opor dura resistência. Associa-das a Washington e à elite local, as redes de TV– Globovisión, Venevisión, Televen e RCTV –procuraram criar o clima necessário à deposi-ção de Chávez. E aí a liberdade de expressãoda grande mídia se mostrou em sua essência:mentiras, deturpações, refinada manipulação.Nada que nós brasileiros não conheçamosmuito bem.

Nos dias que precederam o golpe, deacordo com um conceito um tanto lato de liber-dade, a RCTV trocou a programacão normal pordiscursos contra Chávez e de apoio ao lídergolpista Pedro Carmona, presidente da maiororganização patronal venezuelana. Quando aconspiração prendeu o presidente, dissolveu aAssembléia Nacional e empossou Carmona,as emissoras comemoraram o que passarama chamar de “renúncia” de Chávez. A populaçãofoi para as ruas exigir a volta do líder bolivaria-no, mas sobre isso as redes de TV não se pro-nunciaram. E quando o repórter no Palácio Mi-raflores anunciou que o presidente retornava

A Ideologia da Imparcialidade -A Ideologia da Imparcialidade -A Ideologia da Imparcialidade -A Ideologia da Imparcialidade -A Ideologia da Imparcialidade -considerações sobre o governo Chávez e aconsiderações sobre o governo Chávez e aconsiderações sobre o governo Chávez e aconsiderações sobre o governo Chávez e aconsiderações sobre o governo Chávez e aliberdade de expressãoliberdade de expressãoliberdade de expressãoliberdade de expressãoliberdade de expressão

ao poder, o noticiário saiu do ar, dando lugar aprogramas reconhecidamente imparciais, Pret-ty Woman e Tom e Jerry. (Todo esse processofoi registrado no documentário irlandês A revo-lução não será televisionada, disponível no You-Tube.)

O governo poderia ter processado aemissora e encarcerado seus donos por cons-piração e atentado contra a segurança do Esta-do, mas não o fez. Esperou que vencesse aconcessão pública - a licença que a RCTV tinhapara desinformar - e, com o aval do SupremoTribunal de Justiça, não renovou esta licença.Brandindo a Constituição, Chávez criou, em seulugar, a Televisora Venezolana Social (TVes),com um perfil educativo, comunitário e cultural.

Algo, sem dúvida, bastante diferente dos fausti-nhos e ratões oferecidos pela RCTV.

Não se trata, como bem afirmam seusopositores, de uma TV “imparcial”. Sem dúvida,a TVes está em sintonia com o projeto bolivari-ano de resistência ao neoliberalismo e aosdesmandos de Bush na América Latina, com aorganização de uma nova hegemonia políticapor meio de um redirecionamento do sistemainformativo. Não poderia jamais ser imparcial.Mesmo porque, ao contrário do que afirmam osmeios de difusão (deixemos de chamá-los demeios de comunicação) não existe, nem podeexistir, um discurso, uma programação ou umavisão de mundo socialmente neutra, imparcial.Toda fala é a fala de um sujeito histórico e, dealguma forma, corresponde a seus interessese anseios. O mito da imparcialidade aparece,assim, como uma forma de apresentar comouniversais as idéias particulares e essencial-mente parciais das elites dominantes; uma for-ma de silenciar as vozes dissonantes, contra-hegemônicas.

De repente, a Globo, a CNN, a Veja, aCondolezza Rice, o Senado norte-americano eos milionários donos da RCTV – quanta genteboa e imparcial! – se fazem arautos da liberda-de de imprensa. E, em sua defesa, são capa-zes de tudo! A CNN em Espanhol, por exemplo,em cujo site pode-se ler que nos últimos dez

anos “se caracterizou por seus valores éticos:a independência de critério, a eqüidade, a im-parcialidade”, mostrou imagens do “protestocontra o fechamento da RCTV”, que na realida-de eram de um protesto em Cancún, México,contra o assassinato de um jornalista nessacidade.

No Brasil, os defensores de uma abs-trata “liberdade de expressão” estremecem aoouvir falar em rádios e tevês comunitárias. Etratam, pela coerção policial, jurídica e burocrá-tica, de barrar qualquer iniciativa que represen-te uma ameaça de democratização da comuni-cação. A morosidade dos sucessivos governosem analisar pedidos de concessão de rádioscomunitárias, cujos processos duram até oito

anos, contrasta com a agilidadeda Agência Nacional de Teleco-municações (Anatel) em reprimiras emissoras populares sem ou-torga. Entre 1998 e 2002, maisde 10 mil pessoas foram indicia-das e 3.623 foram condenadaspor radiodifusão clandestina nopaís. No ano passado, a Anatelfechou cerca de 800 emissoras.

Há diversas denúncias deabusos nas ações da Polícia Fe-deral em conjunto com a Anatelpara fechar emissoras populares.Rádios comunitárias são interdi-tadas e o seu material apreendi-do - muitas vezes sem nenhummandado judicial -, seus repre-sentantes presos e processa-dos. Como foi o caso da RádioBicuda (Vila da Penha, RJ), quetinha um trabalho importante de

preservação do meio ambiente e organizaçãodos diversos movimentos sociais da Leopoldi-na. A entidade foi fechada com violência poragentes da Polícia Federal em 2002. Foram le-vados todos os equipamentos e seus repre-sentantes presos. O seu pedido de concessão,feito em 1999, foi arquivado e a outorga foi dadaa uma rádio comercial. Mas nesses casos, nun-ca lemos protestos nos grandes meios, nemouvimos falar de manifestações de repúdio dosenado norte-americano ou de seus papagai-os.

Historicamente, como observou NelsonWerneck Sodré, “o imperialismo controla a in-formação onde exerce o seu domínio”. Este con-trole raramente é posto em xeque por um proje-to contra-hegemônico. Por isso, nós que luta-mos pela soberania dos povos latino-america-nos, contra o “monopólio da fala”, vemo-nos nodever de apoiar enfaticamente a não renovaçãoda concessão da emissora golpista Radio Ca-racas Televisión. Não sabemos que rumo irátomar a chamada revolução bolivariana, masuma coisa podemos dizer, parafraseando o tí-tulo do documentário irlandês: a próxima tenta-tiva de golpe de Estado na Venezuela não serátelevisionada, pelo menos pela RCTV.

Eduardo Granja Coutinho, professoradjunto da Escola de Comunicação da UFRJ

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Não acreditamos que o processo de municipalização seja inevitável.A municipalização é uma política pública, e como tal, não é imutávelnem irreversível. E mais: desafiamos nossos atuais gestores anos mostrar qual parágrafo da Lei 9394/96 (LDB) afirma que aeducação infantil é responsabilidade EXCLUSIVA dos municípios.A municipalização do ensino fundamental intensificou-se a partirda década de 90 e tem como objetivo aumentar a participaçãodos cidadãos na elaboração, implementação e avaliação doprocesso ensino-aprendizagem, onde descentralização edesconcentração são palavras chaves. Estes argumentos sãomuito bons e seriam nobres se, no decorrer do processo, essapolítica não apresentasse dificuldades em sua implementação. Euma das principais deficiências encontradas é a lógica dofinanciamento da educação pública. Pela lógica do FUNDEF (eagora no FUNDEB) aluno vale dinheiro. Ou seja: quanto mais alunosna rede, maior o repasse de verbas.Superficialmente, essa lógica parece sensata, notadamente nomundo capitalista. Mas, para nós que convivemos com as criançasem salas de aula, sabemos que as mesmas não devem serentregues nas mãos de administradores que antes não exigiam odireito de cuidar de sua educação e que agora se viram atraídospelas verbas federais. Ao municipalizar o ensino, os governos

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Alô, alô, preste atenção: municipalizaçãoAlô, alô, preste atenção: municipalizaçãoAlô, alô, preste atenção: municipalizaçãoAlô, alô, preste atenção: municipalizaçãoAlô, alô, preste atenção: municipalizaçãonem sempre é a solução!nem sempre é a solução!nem sempre é a solução!nem sempre é a solução!nem sempre é a solução!

No dia 12 de junho a comunidade escolar do Instituto de Edu-cação Deputado Luiz Pinto recebeu uma notícia do Governo do Esta-do: o prédio anexo, onde funciona a educação infantil (Av. Nilo Peça-nha), deveria ser desocupado até dia 18 de junho, para ser entregue àRede Municipal de Ensino. Além des-te aviso, os professores do Estado quenão quisessem permanecer na Esco-la até o fim do ano (data da desocupa-ção definitiva), deveriam comparecer àCoordenadoria Médio Paraíba I, emBarra do Piraí, no dia 13 de junho, parasaber o que seria feito de seus car-gos.

Indignados com tamanho des-caso - não só com os profissionais,mas com as crianças que se encon-tram em meio ao ano letivo -, profes-sores, funcionários, pais e alunos doInstituto procuraram o SEPE (Sindica-to Estadual dos Profissionais de Edu-cação). O sindicato organizou uma comitiva de pais, alunos e profes-sores para ir à Coordenadoria, em Barra do Piraí. No dia 14 de junho,com aproximadamente 30 pessoas, foram recebidos pelo coordena-

acabam centralizando os recursos no FUNDEB, porque nemsempre há uma destinação correta dos 25% dos impostos quecada município deve gastar com Educação.Desta maneira, há por parte dos governos municipais umaverdadeira “corrida maluca” por mais alunos. E este parece ser ocaso na municipalização dos 400 alunos da pré-escola do IEDLP.Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação -Núcleo Valença/RJ – Gestão 2006/2009

Opinião do SEPEOpinião do SEPEOpinião do SEPEOpinião do SEPEOpinião do SEPE

dor Carlos Roberto Gulô, que afirmou que “a municipalização do ensi-no fundamental é um processo inevitável e mais cedo ou mais tardeisso aconteceria”. O coordenador propôs uma reunião na semanaseguinte, em Valença, com a Secretaria Municipal de Educação, para

tentar resolver a situação.CongelamentoNão satisfeito com a proposta apre-

sentada por Gulô, o SEPE procurou a Se-cretaria Estadual de Educação, no Rio deJaneiro, a fim de que uma comissão fosserecebida pelo Secretário Estadual de Edu-cação, professor Nélson Maculan. No dia16/06, 25 pessoas partiram de Valençapara o Rio e foram recebidos pelo Subse-cretário de Planejamento da Educação,professor Godofredo Oliveira Neto, e pelaSubsecretária de Gestão da Educação,professora Lúcia Venina Almeida. Ambosalegaram que o processo de municipali-zação é irreversível e que essa era a von-

tade do governador Sérgio Cabral. Depois de escutar os argumentosda comissão (quadro ao lado), Godofredo prometeu congelar o pro-cesso de municipalização do Instituto até março de 2008.

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Duas grandes situações ligadas à violência aconteceram nes-te primeiro semestre na cidade do Rio de Janeiro. A cobertura feitapela grande mídia pátria – grande em capital e audiência –, nasduas situações, nos dá alguns indicativos para entender como ademocratização dos meios de comunicação é mais do que neces-sária para se equacionar outras questões sociais no Brasil.

Em fevereiro de 2007um assalto, no bairro deOswaldo Cruz, Zona Norte dacidade, acabou na morte dogaroto João Hélio, de seisanos. Como de praxe, a cober-tura do crime feita pelos princi-pais veículos de imprensa dopaís valeu-se da superexposi-ção da situação dramática dasvítimas. Além disso, não se per-deu a chance de colocar emdebate uma proposta que sur-ge como solução fácil para oEstado: a redução da maioridade penal. Na disputa pela audiência,crimes hediondos – que se caracterizam por extrema violência ecrueldade – têm destaque garantido na grande mídia. A cobertura,no entanto, tende a dar dimensões espetaculares ao drama, não seocupando de contextualizar as pessoas envolvidas, bem como osmuitos significados do acontecido para o conjunto da sociedade.

Três meses depois do caso João Hélio, precisamente no diadois de maio, a Polícia Militar do Rio de Janeiro ocupou a Vila Cru-zeiro, comunidade que também fica na Zona Norte da cidade, nocomplexo de favelas da Penha. Essa operação policial, de acordo

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Democracia SocialDemocracia SocialDemocracia SocialDemocracia SocialDemocracia Socialcom a PM, se deu por conta do assassinato de dois policiais nobairro de Oswaldo Cruz (lá onde morreu João Hélio), Marco AntônioRibeiro Vieira e Marcos André Lopes da Silva. Segundo a Polícia, osassassinos estariam na Vila Cruzeiro. A operação, inicialmente, con-tava com 150 policiais, segundo os dados oficiais, que buscavam osculpados pelas mortes. No dia 13 de junho, além da PM, a ForçaNacional de Segurança ocupou outras comunidades próximas à Vila

Cruzeiro, no Complexo do Alemão,conjunto de favelas bem próximo aoComplexo da Penha. Esta operaçãoteve seu ápice no dia 27 de junho, noque a Secretaria de Segurança do Es-tado chamou de “Megaoperação”.Nela, 1350 policiais adentraram aoComplexo do Alemão, fortemente ar-mados e em um único dia, mataram19 pessoas e feriram outras 13. Até odia 16 de julho, os dados oficiais con-tabilizavam 48 mortos e mais de 80feridos. Após a “Megaoperação”, o go-vernador Sérgio Cabral afirmou que

se trata de uma guerra travada contra o crime. Os 48 mortos, entrecriminosos e inocentes, seriam, então, efeito colateral dessa guer-ra.

Execução sumária

Esta foi a deixa que a mídia nativa precisava. Expressõescomo “zona de guerra” e “fogo cruzado” já eram usuais. Mas a falado governador, assumindo a tática do confronto e da execução comopolítica de segurança, só corrobora o debate superficial sobre a ques-tão. Tem espaço ínfimo nos meios de comunicação, por exemplo,

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o fato de que 13 pessoas mortas na “Megaoperação” foram balea-das pelas costas, revelando o fato de que aconteceram execuçõessumárias. Os clamores da população residente no Complexo, quedenunciam os excessos da polícia, como tortura e extorsão, tam-bém não ganham as páginas dos jornais.

São dezenas de mortos e feridos, entre criminosos, policiaise, claro, moradores. Mesmo assim, a Secretaria de Segurança como nítido apoio da mídia, afirma veementemente que este tipo de açãopode combater de forma eficazo tráfico de drogas ou reduziros índices de violência.

Os veículos de maior cir-culação e audiência dão voz aum discurso que descontextu-aliza fatos e atores sociais. Asverdadeiras causas do cresci-mento da criminalidade, enraizadas na desigualdade social e noconsumismo, são então naturalizadas. O crime passa a ser fruto,apenas, do distúrbio de caráter daquele que o cometeu. E para com-batê-lo, o uso de mais violência, nos é posto como única solução.

A quem interessa a guerra?

Em alguns casos, na tentativa de uma análise mais profunda,a educação é apontada como causa e solução para a violência, massempre de mãos dada com o forte uso da repressão policial. Noentanto, a questão vai além da educação, pois há muitos outrosdireitos da maioria da população que não são respeitados pelo con-junto da sociedade. Para o professor e coordenador do Laboratóriode Políticas Públicas daUERJ, Emir Sader, a violênciatorna-se uma maneira do cida-dão buscar seus direitos, ain-da que de forma indevida. Elelembra que “países com maiornível de desenvolvimento social, onde os direitos sãomais reconhecidos, têm menor grau de violência”.

Emir ressalta ainda que multiplicar o sentimento de insegu-rança é fundamental para a manutenção da ordem social vigente.Pois ele inibe ações que possam resultar em mudanças mais signi-ficativas na sociedade. “Inseguro, o máximo que se pode almejar éuma sobrevivência conservadora, do jeito que está”. Cabe, então,perguntar a quem interessa disseminar o terror, o medo e a “guerra”.

Criminalização da Pobreza

Se por um lado o debate superficial sobre o aumento da vio-lência e o combate a ela resulta em soluções imediatas e reducio-

nistas, por outro, favorece o surgimento de discursos que criminali-zam a pobreza. Acaba por delinear-se uma geografia do medo, ondedeterminados espaços são tidos pela população como verdadeiroscampos de guerra ou redutos de criminosos.

A mídia em geral tem papel fundamental neste contexto. Avida cotidiana daqueles que vivem em favelas raramente é tematiza-da, com exceção das páginas policiais. Os espaços populares são,então, associados ao crime, principalmente por conta da presença

do tráfico. A ausência dopoder público nestes locaisé tida como natural e cria-se um sentimento de quea pobreza deve ser elimi-nada.

A polarização da ci-dade passa a justificar as ações de coerção do Estado. De novo, asações de caráter imediato, mas também violento, ganham espaçoprivilegiado no debate. Como conseqüência, perdem força discus-sões onde se proponham políticas públicas eficazes, que tratem oproblema da violência não apenas como um caso de polícia. Dis-cussões que direcionem o trabalho do Estado no sentido de repen-sar o papel da segurança pública, um novo modelo de sistema prisi-onal e o planejamento da formação dos policiais, dentre outras ques-tões.

Democracia Social

A idéia de democracia é comumente associada ao sufrágiouniversal. Uma sociedadedemocrática, no entanto, vai

além do direito ao voto. Nãohá democracia quando não há

universalização dos direitosdos cidadãos. O professor Emir

Sader ressalta que “o processo de democratização socialperpassa pela socialização dos bens e serviços, que devem

ser coletivos”.

Neste contexto, a democratização da mídia ganha suma im-portância. Emir lembra que “muitas vezes outras questões [relacio-nadas à democracia social] não chegam a ser debatidas por contada própria mídia”. Os meios de comunicação deveriam ser os princi-pais espaços de debate da sociedade. No entanto, o que se vê naprática é um setor monopolista - baseado na propriedade cruzada –e que sob a bandeira da liberdade de expressão, não se submete anenhum tipo de regulação.

Assim, debater em torno da segurança pú-blica é mais do que urgente, dado o cenário decaos em que nos encontramos. No entanto, asolução do problema, em longo prazo, está nareestruturação dos diversos setores da socieda-de, no intuito de se construir uma democraciaefetiva.

Marianna Araújo, estudante

de jornalismo da UFRJTira

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Filme

Disco

Livro

NotasCASAL GAROTINHO INELEGÍVELCASAL GAROTINHO INELEGÍVELCASAL GAROTINHO INELEGÍVELCASAL GAROTINHO INELEGÍVELCASAL GAROTINHO INELEGÍVEL

O TRE-RJ (Tribunal Regional Eleitoral) doRio de Janeiro cassou no dia nove de julho o man-dato do deputado Geraldo Pudim (PMDB-RJ) edeterminou a inelegibilidade dos ex-governado-res Rosinha Matheus e Anthony Garotinho, am-bos do PMDB, por compra de votos.

Com a decisão, o casal Garotinho nãopoderá se candidatar a nenhum cargo públicopelo período de três anos.

A decisão também inclui o ex-presidentedo Departamento de Estradas de Rodagem, Hen-rique Alberto dos Santos Ribeiro. Pela decisão,os quatro deverão pagar multa à Justiça Eleito-ral.

Segundo o relator do processo, juiz Mar-cio Mendes Costa, a suposta compra de votosocorreu em uma reunião política na fazenda do

médico José Carlos Araújo, em Sapucaia (RJ), em 12de setembro de 2002, durante o período eleitoral.

CAIXA 2 DE PICCIANI E ÁLVARO LINS-CAIXA 2 DE PICCIANI E ÁLVARO LINS-CAIXA 2 DE PICCIANI E ÁLVARO LINS-CAIXA 2 DE PICCIANI E ÁLVARO LINS-CAIXA 2 DE PICCIANI E ÁLVARO LINS-De acordo com relatório da Polícia Federal, ex-che-fe da Polícia Civil, Álvaro Lins e presidente da Co-missão de Constituição e Justiça, Leonardo Piccia-ni, omitiram despesas de campanha. O documentofoi enviado ao procurador-geral da República, An-tônio Fernando de Souza, anexado ao inquéritocom o indiciamento, por crime eleitorial, dos ex-governadores Rosinha e Anthony Garotinho, dodeputado federal Geraldo Pudim e do prórprioLins, onde são acusados de beneficiar um grupo deexcedentes de um concurso na Polícia Civil. Segun-do o relatório há ainda indícios de suposto crimeeleitoral também na prestação de contas do depu-tado federal Leonardo Picciani, presidente da Co-

missão de Constituição e Justiça da Câmara e fi-lho do presidente da Assembléia Legislativa doRio de Janeiro (Alerj) Jorge Picciani.

VAGAS DE EMPREGOVAGAS DE EMPREGOVAGAS DE EMPREGOVAGAS DE EMPREGOVAGAS DE EMPREGOA Agência Estadual de Trabalho e Renda

está disponibilizando as vagas de assistente delogística, auxiliar de laticínio, representante co-mercial autônomo, vendedor em domicílio, ope-rador de caldeira, recepcionista de hotel e ven-dedor pracista.

Os interessados deverão cadastrar-segratuitamente no local, que fica na Rua Nilo Pe-çanha, nº 971, centro e funciona de segunda àsexta-feira, das 8:30 horas às 16:30 horas. Para ocadastro é necessário apresentar carteira detrabalho, CPF, título de eleitor e cartão de PIS/PASEP.

Orquestra ImperialOrquestra ImperialOrquestra ImperialOrquestra ImperialOrquestra Imperial

Este primeiro CD da Orquestra Imperial, fenômeno nas noites cariocas, apresenta um repertório de marchinhas,clássicos de gafieira, bolerões, canções infantis da década de 80 e algum material inédito. É o velho numa roupagem

criativa e irreverente.

Deus e o Diabo na Terra do Sol - Glauber RochaDeus e o Diabo na Terra do Sol - Glauber RochaDeus e o Diabo na Terra do Sol - Glauber RochaDeus e o Diabo na Terra do Sol - Glauber RochaDeus e o Diabo na Terra do Sol - Glauber Rocha

Marco do cinema novo brasileiro, dirigido por Glauber em 1964, conta a história do vaqueiro Manuel

que se revolta contra a exploração de que é vítima por parte do coronel Morais e mata-o durante uma briga.Foge com a esposa da perseguição dos jagunços e acaba se integrando aos seguidores do beato Sebastião,

que promete a prosperidade e o fim dos sofrimentos através do retorno a um catolicismo místico e ritual.Considerado por muitos críticos como o melhor filme do cinema brasileiro de todos os tempos.

Auto da Compadecida - Ariano SuassunaAuto da Compadecida - Ariano SuassunaAuto da Compadecida - Ariano SuassunaAuto da Compadecida - Ariano SuassunaAuto da Compadecida - Ariano Suassuna

A mais famosa peça publicada em livro deste fabuloso autor que completou 80 anos no mês de junho. É umacomédia de tipo sacramental que põe em relevo problemas e situações peculiares da cultura nordestina com elementosda cultura de cordel e tradição religiosa. Adapatada ao cinema com grande sucesso, Auto da Compadecida merece serconhecida em seu formato original.

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Assista ao vídeo �Pan-americano 2007 e o extermínio nas favelas� no Youtube. Para assistir, digite o seguinteendereço no Youtube, ou na pesquisa (Search) digite o nome do vídeo. http://wwwhttp://wwwhttp://wwwhttp://wwwhttp://www.youtube.com/.youtube.com/.youtube.com/.youtube.com/.youtube.com/watch?v=N3_5TyJlQ4wwatch?v=N3_5TyJlQ4wwatch?v=N3_5TyJlQ4wwatch?v=N3_5TyJlQ4wwatch?v=N3_5TyJlQ4w

Vídeo