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V. IÍ10 DE JAIVEIRO, ailifíTA FEIRA 31 DE A60STO ......,..,,...,,...,„,.,._,^,,:.,....,.,.;, ,.1851.t .0 rtKIUDICO DOS POBRES. *"«»^^iim ' if^ É N^^^ g PuMtea-se ás terças^ quintas ^ sabbàdosy/ ^ m 18 te Élí ÀGoNtfeChtteNtos; (tváose-ndo dia santo). Subscteve-se para es folha, -por 3 mezes â^OOO —Avulso 80 rs V da de Azímior p|p? Portuguezes, em 1513 Annuncios 40 fs.pnr linha, sendo entregues no P|P ''^fi^^^M1*-^ e.cHolnrin & À Vali* n r*S?^ Emrada do primeiro tributo vindo do escriptorio, ma da Valia n. Çf5,;#.; Orlelite em 1503v ¦ DINHEIRO-SÊlli DINHEIRO. O mundo divide-se em duas espécies de homens.Y"vv" l.a Os homens que téem dinheiro. ' v ¦' l;a Os homens qua não têem dinheiro. Enganaraos-nos, desculpai-nos, caros lei- tores, Os homens qne pertencem á segunda ca- thegoria não são homens.'v; y São ou díabo-^« pobres diabos; übèüt en- tendido.-—ou anjos,—anjos de «paciência» e de ccresignaçãOv» vv - Y1 v . V... V* .' \ Acceitã-se qualqueíartigo gíadoso ecrítico, não sendo politico ou oft^nsivo á moral publica. Os artigos com urgência pagarão 40 Us. por linha* correctos, e re^pOUsabilisando- /se pela inserção seus autores., —_____. .-. i. 'Entramos neste mundé sem dinheiro* sem dentes e sem mulheres, e delle sahimos sem mulheres, sem dentes e sem dinheiro. Então que fazemos neste mundo ?, fabricamos dinheiro» creamos dentes e tò- mamos mulheres. 1 '.: ¦" I -..."'¦, ...... ,..- b-m-u'-: -' â- . ¦',.-: f -. Depois no.fim deum certo tempo, perde- uios nossa^ mulheres, possos dentes, e sobre- Judove antes de tudo» perdemos rçpsso di* nheiro. : a2a.. : Por Deus, valia isto a pena d& Virmos a este mundo?" ' v>i'yi:y * Antes de crearraos dentes temos a febre, que bs médicos chamam «dentaria antes de tomarmos uma mulher temos a ifél># _Jue os philosophos chamam amor. Depois, apenas temos dentes, estes Uos fazem soffrer, apenas temos mulher, esta nos exaspera, e tapto, que quando a dòr torna-se muito viva, e o tormento muito continuo, so- mos obrigados a fozer que nos tirem tanto umas como outros. Os dentes e as mulheres vem por si mesmos mas se rião se tem com elles cuidado perpetuo, depressa se estragam ; para curalos vemo-nos i .. **$ *^»Í^^*h'. t '•_ ¦W:â4 seguinte dia, tudo era silencio em Pbnte-firahca* Havia-se reálisado o' valicinio do doutor. 0 in no* cente filho de Helena, tinha sucumbido, algumas Maà depois de suamát.!'¦• Os qúàtrò cadáveres, baixarão á sepultura sem pom- pa alguma. .08?) mi. V' . ; fy.AfAí^ Grande numero de pessoas atteslavao o quanto erão choradas essas qüalro victimas da fatalidade! Cada uma d*èllas, perdia ura pai ,e um apoio. Cada uma, quiz iamoem dar o ultimo adeos a esses corpos inanimados, mortos para o muncfc, mjis não para aqueb les que os conhecerão em vida, porque a sua lembran- ça lhe havia da ser sempre caía. :^ r\' V * O mesmo túmulo encerrava todos os seus restos mortaes....,.;,,.. M sobre elle que' Eugênio dirigio a- Deos ardentes supplicas, para que o caminho da vingança, lhe fosse patente. Repetia tambem sobre esse túmulo, o seu juramen- to, e dava o ultimo adeos aos objectos mais caros sua vida, eque sob a fria lousa da sepullura,l)radaváo por uma espantosa vingança I: 0 Dr, Flores jemetteu para Lisboa, uma cafta de Eugênio, dirigida a um tio deste, nomeando Jutor, en- cargoqueelle renunciou em favor do primeiro. A carta continha o seguinte : yj-yv *- %{ ¦«* ptim talvez que a meu exílio voturtlarioseja longo ; |)or isso espera que servirei* paia meu irmão. Edu- cae-o com os princípios virtuosos^ que sempre tornarão respeitada a minha familia e meus avds. Maá que elle ignore sempre estes acontecimentos! Não desejo que a. sua joventude seja dolorosa como foi e hade ser a mi- hha. Até ae possível for aproxiraae-o desse infame Nnno. Vêdes-me frio e indifferente, ineu caro Alberto ; é porque a minha dôr occulta rae fez seccar as lagrimas. E de que serviriâo ellas ? E; bastante* que eu seja o uni- co paciente. Agora doutor, e tu Julipf:continuou o mancebo Voltando-se para o creado, que chorava encostado á poi ta do quarto ; 'tu que foste o companheiro minha infacia; ouvi ambos o meu juramento. Testemunhae-o, e se o não cumprir, vivendo, esbofeteai-rae e chamai- n.e covarde, tantas vezes quantas sejão necessárias para ' que eu morra de vergonha í E encaminhando-se para as camas aonde jaziáo seus pães e irmãa, estendeu a dextra sobre seus cadáveres, e pronunciou com voz firme e clara o seguinte jura- mento. « Perante os cadáveres de meuspaise irm|a, ecom « o p^samento em Deos, juro que vingarei suas mor- « ks, liaja <i que houver, aconteça o que a#ntecer! *x Deos por mira, e at í de ti, Nuno da Cunha J » E com o mesmo sangue frio, beijou a face de sea pai, suçmái eirmíu.. i a

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V. IÍ10 DE JAIVEIRO, ailifíTA FEIRA 31 DE A60STO......,..,,...,, ...,„,.,._,^,,:.,....,.,. ;, ,. DÊ 1851. t .0

rtKIUDICO DOS POBRES.*"«»^^ iim '

if^ É N^^^

gPuMtea-se ás terças^ quintas ^ sabbàdosy/ ^ m 18 te Élí ÀGoNtfeChtteNtos;

(tváose-ndo dia santo). Subscteve-se para esfolha, -por 3 mezes â^OOO —Avulso 80 rs V da de Azímior p|p? Portuguezes, em 1513Annuncios 40 fs.pnr linha, sendo entregues no P|P

''^fi^^^M1*-^e.cHolnrin & À Vali* n r* S?^ Emrada do primeiro tributo vindo doescriptorio, ma da Valia n. Çf5, ;#.; Orlelite em 1503v ¦

DINHEIRO-SÊlli DINHEIRO.

O mundo divide-se em duas espécies dehomens. "vv"

l.a Os homens que téem dinheiro. ' v ¦'l;a Os homens qua não têem dinheiro.Enganaraos-nos, desculpai-nos, caros lei-

tores,Os homens qne pertencem á segunda ca-

thegoria não são homens.' v; ySão ou díabo-^« pobres diabos; übèüt en-

tendido.-—ou anjos,—anjos de «paciência» ede ccresignaçãOv» vv - 1 v

. V... V* .' \

Acceitã-se qualqueíartigo gíadoso ecrítico,não sendo politico ou oft^nsivo á moralpublica. Os artigos com urgência pagarão 40

Us. por linha* correctos, e re^pOUsabilisando-/se pela inserção seus autores.,

—_____ . .-. i.

'Entramos neste mundé sem dinheiro* semdentes e sem mulheres, e delle sahimos semmulheres, sem dentes e sem dinheiro.

Então que fazemos neste mundo ?,fabricamos dinheiro» creamos dentes e tò-

mamos mulheres.1 '.: ¦" I -..."'¦, ..... . ,..- b-m-u'-: -' â- . ¦',.-: f -.

Depois no.fim deum certo tempo, perde-uios nossa^ mulheres, possos dentes, e sobre-Judove antes de tudo» perdemos rçpsso di*nheiro. : a2a..

: Por Deus, valia isto a pena d& Virmos a estemundo? " '

v>i'yi:y *

Antes de crearraos dentes temos a febre,que bs médicos chamam «dentaria ;» antesde tomarmos uma mulher temos a ifél># _Jueos philosophos chamam amor.

Depois, apenas temos dentes, estes Uosfazem soffrer, apenas temos mulher, esta nosexaspera, e tapto, que quando a dòr torna-semuito viva, e o tormento muito continuo, so-mos obrigados a fozer que nos tirem tantoumas como outros.

Os dentes e as mulheres vem por si mesmosmas se rião se tem com elles cuidado perpetuo,depressa se estragam ; para curalos vemo-nos

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Nò seguinte dia, tudo era silencio em Pbnte-firahca*Havia-se reálisado o' valicinio do doutor. 0 in no*

cente filho de Helena, tinha sucumbido, algumas Maàdepois de suamát. !'¦•

Os qúàtrò cadáveres, baixarão á sepultura sem pom-pa alguma.

.08?) t£ mi. V' . ; fy.AfAí^Grande numero de pessoas atteslavao o quanto erãochoradas essas qüalro victimas da fatalidade!

Cada uma d*èllas, perdia ura pai ,e um apoio. Cadauma, quiz iamoem dar o ultimo adeos a esses corposinanimados, mortos para o muncfc, mjis não para aquebles que os conhecerão em vida, porque a sua lembran-ça lhe havia da ser sempre caía. ^r\ -¦

' V *

O mesmo túmulo encerrava todos os seus restosmortaes....,.;,,..

M sobre elle que' Eugênio dirigio a- Deos ardentessupplicas, para que o caminho da vingança, lhe fossepatente.

Repetia tambem sobre esse túmulo, o seu juramen-to, e dava o ultimo adeos aos objectos mais caros dósua vida, eque sob a fria lousa da sepullura,l)radaváopor uma espantosa vingança I:

0 Dr, Flores jemetteu para Lisboa, uma cafta deEugênio, dirigida a um tio deste, nomeando Jutor, en-cargoqueelle renunciou em favor do primeiro.

A carta continha o seguinte :

yj-yv

*- %{ ¦«*

ptim talvez que a meu exílio voturtlarioseja longo ;|)or isso espera que servirei* dô paia meu irmão. Edu-cae-o com os princípios virtuosos^ que sempre tornarãorespeitada a minha familia e meus avds. Maá que elleignore sempre estes acontecimentos! Não desejo que a.sua joventude seja dolorosa como foi e hade ser a mi-hha. Até ae possível for aproxiraae-o desse infameNnno.

Vêdes-me frio e indifferente, ineu caro Alberto ; éporque a minha dôr occulta rae fez seccar as lagrimas.E de que serviriâo ellas ? E; bastante* que eu seja o uni-co paciente.

— Agora doutor, e tu Julipf:continuou o manceboVoltando-se para o creado, que chorava encostado á poita do quarto ;

'tu que foste o companheiro dá minhainfacia; ouvi ambos o meu juramento. Testemunhae-o,

e se o não cumprir, vivendo, esbofeteai-rae e chamai-n.e covarde, tantas vezes quantas sejão necessárias para 'que eu morra de vergonha í

E encaminhando-se para as camas aonde jaziáo seuspães e irmãa, estendeu a dextra sobre seus cadáveres,e pronunciou com voz firme e clara o seguinte jura-mento.

« Perante os cadáveres de meuspaise irm|a, ecom« o p^samento em Deos, juro que vingarei suas mor-« ks, liaja <i que houver, aconteça o que a#ntecer!*x Deos por mira, e at í de ti, Nuno da Cunha J »

E com o mesmo sangue frio, beijou a face de seapai, suçmái eirmíu..

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."*¦-. r»

«nião obrigados a enapregar certos pós, e par.ticularmente o que ibi inventado pelo ür.

• «Berthdld Scfawalz, fau.os© dentista, para a«dor de derates *< oucoeur,» oomo diz algu res onosso espia.kuoso -amigo Henrique Heine.

2O dlnheiro é uma bola que Deus pendu-

rou ao pescoço dos homens insignificantes,para que elles se não percam, na creação,assim como um estalajadeiro cuidadoso prendeuraa bala de chumbo a uma certa chave..,.

O rJinbciro, ao contrario, nâo vera por si,indispensável ein certos casos para abrir...só, e ordinariamente um homem sahe desteinundo sem lhe ter ouvido o sou,, nem sa-ilido da cer.

—Confesso quo teria curiosidade de ouvirno outro imundo a resposta desse homemquando lhe perguntassem. =Que fizeste naterra $

r®nfô%TSp|íffJitnpleS analysar a palavra"¦—-besto ;—còinó% muito complicado para

nos, confessamo-lo, ànaÜysar a palavra— m_"«lher,—vamos;a

palavra—dinheiro— que en-•con Iramos, não só em cada pagina, mas aindaera cada linha do livro da vida.

—O que è o dinheiro ?r-O dinheiro?—Sim.— O dinheiro è nm guiso que Deos pen-•durou no pescoço dos homens insignificantes,

para que elles se não percam na creação,Bsshn como um bom pastor pendura uma cam-panhia ao pescoço do carneiro imbecil, paraque elle se não perca na floresta, òupara qüequando se perca, possa ser encontrado. Õuantes, ainda melhor, creio ter achado defi-.niçào mais exacta.

certas portas.Essas portas ficariam .rachadas, se não bou-

vesse para as abrir chaves especiaes.O dinheiro é um algarismo que não tem

valor senão pelos zeros que por si mesmo severa alinhar atraz delle.

O dinheiro é ura tacão de bota de queusam os homens pequenos; augmentando otacão, conseguem elles fazer crer que são deestatura ordinária, e mesmo algumas vezesque são de estatura alta. E' verdade que sóos tolos se enganam tão grosseiramente, e issomesmo porque elles os medem pela sua bi-tola.

O dinheiro è uma indemnidade que Deusdá a certas pessoas, com a condição expressaque nunca saberão o que _ espirito, talentoou gemo,

O dinheiro são lagrimas de Ouro que o des-tino—o destino é cego—que o destino chorasobre as mizerias humanas, tendo por enganoabraçado pelo pescoço algum usurario, 0usurario apara com ambas as mãos aquellaslagrimas preciosas, e as guarda na sua aígi-beira. t,

0 dinbeiro é um acento grave sobre um—e—mudo.

Odinheiroéo puxador da campainha docoração, Muitas vezes porém só existe o pu-xador e o cordão, üm de meus amigos dizque, neste caso falta á campainha; eu digoquè o que falta é o coração.

O dinheiro é a .aboleta que se põe na por-tade certas casas de banco, ou de outras como cuidado egoísta de escrever-se por baixo A mendicidade é interdicta neste departa-mento.

0 dinheiro é a misteriosa definição de umser que define o ser—eu—assim : Se eu nãofosse o que eu tenbo, axi não seria o que eusou. '•¦is

Mas agora qual é a definição destas duaspalavras; Sem dinheiro.

Sem dinheiro é aquillo de que estão cheiastodas as algibeiras vasias.

Sem dinheiro é o álibi de um ser que devotestemunhar a outros que não à nós, que exis-te verídica mente.

Sem dinheiro é um soffrimento incessantepòr uma perpetua obstrucção da fortuna.

Sem dinbeiro é o secreto convite da natu-resa a fazer dividas, com ordem desapiedadapor ella prescripta de não paga-las.

Sem dinheiro é a irresistível inclinação denossa bolsa para a melancolia, em consequen

— 22 —

r-Eis-aqui, doutor, disse elle, regressando ao seuprimittivo lugar, como o infame implora perdão. Vedese haverá carta rpais ultrajante. Só um homem scepticoe mal rado poderia escrever taes espressões»

0 doutor, pegou na carta è leu;

õàxestí Meu charo Eugento.

« Não é porque lema vossas ameaças, mas sim por« fugir dos logares que já se me hião tornando enfado-« nhos, que me auzento, nlas não para sempre. Náo« caso com vossa irmãa, porque sou plebeu, e ella 6

%nobre\ além disso, nunca a amei. Esses protestos de<r amor com que a tornei menos árida, são essas pala •« vras doces e pomposas, que empregamos para tocar-« mos a meta de nossos desejos. Ha outro obstáculo;«sou muito joven e quero divertir-me. Bem louco é o« homem que se prende pelos laços do matrimônio,« quando a juventude se nos apresenta risonha e pra-« senteira! Nada ha que pague a liberdade; porém

•« quando o homem tem experiência do mundo bastante« para se guiar de per si; acho muito justo que elle« esqueça esses amores ligeiros e movediços para se ligar« ao constante e real. Emquanto não poder achar esse« encantador ideal; apras^me ver desligar-se a minha« mocidade no seio dos diversos prazeres que o homem« rico com facilidade pôde encontrar. No exilio volun-« tario a que rae vou entregar, será uraa compensação« inlerterme coma doce realidade de que seduzi a filha

— 23 —

<x de um nobre, rica, feliz e respeitada ! Quanto a meute filho, deixai-o para adoçar a vossa irmãa o abandono«a que a votei; pedindo-lhe que se lembre algumas« vezes daquelle que foi seu amante, e

í% Vosso Creado

SanfAnna 12 de maio de 1780.-

.

¦-

•....,

Nuj.0 da te.ha Reis*

Oli I que homem infame e despresivel, disse odoutor, impressionado, do cynismo que Nuno empre-gava nesta carta. Deos é justo ; um dia virá em que es-se homem se arrependa; mas será tarde. Niuguea, lheouthorgará o perdão.

Agora, doutor, tornou Eugênio: deixarei uraapontamento, pelo qual vos devereis guiar. Jurai-meque cumprircis á risca com as instrucções qüe deixareiconcernentes a meu irmão.

Eu vos juto que lhe servirei de pai.Obrigado, \neu caro doutor, parto aliviado de

uni peso enorme, conscio de que por este lado nada te-rei a receiar.

Não tento dissuadir-vos da resolução que tomas-tes de abandonar a pátria ; porque seria era vão ; po-rém espero que daqui a alguns annos voltareis maisforte, para vos vingardes. •

Oque Deus determinar, receberei com resig-nação

\ f.

r.mj»- - -.^¦.—^ M i—hj^^jj^

cia de um amor desgraçado por um objectoao qual não pode altingir.

Sem dinheiro é um espirito ique dura setenta annos, durante os quaes todo o mundonos diz—Dominus tecum, sem que ninguémnos empreste um lenço. *

Sem dinheiro é um estrebilho que o povocanta em alta voz, emquanto o. nobre menosfranco, contenta-se de murmura-lo por entreos dentes. . v-m , ..y>/ ¦ *;.. 14, ,

V, Sem dinheiro é uma ligeira dôr de cabeçanos grandes senhores, uma febre intermitentenos fidalgos, uma apoph-xia nos negociantes,urna moléstia; de estômago no povo;

Sem dinheiro é ter cataratas nas pontas dosdedos/ i\ - / •''.'- ; 'jS' -

, Meu Deos, o que é um homem sem dinhei-ro! é uma anecdota repisada, ura prato re-queutado, um texto sem melodia, üma na-moradeira velha, uma fruta podre* uma folhi-nha do anno passado, urá cachorrinho per-dido sem promessa de alviçaras á quem oachar.

Sem dinheiro nenhum reinante póde rei-nar, nenhum ministro ministrar, nenhum,guerreiro guerrear, nenhum pintor pintar,nenhum lavrador lavrar, nenhum impressorjmprimir, o nenhum poeta cantar.

Perdão, e enganamo-nòs5 é justamentequando não têem dinheiro ique os poetas can-tão, mas porqne cantão? porque cantandoganhão dinheiro.

* - "¦

(Verdadeira Marmota.)

Pede-se-nos a publicação do seguinte:O TRIUMPHO DA VIRTUDE

DRAMA ORIGINAL PORTUGUEZPOR

Manoel Leite Machado.Sahiu á luz e acha-se á Venda nas livrarias

dos Srs. Soares e Comp., rua da Alfândega n.6; Garnier, rua do Ouvidor n. 69 ; Eduardoe Henrique Laeraert, rua da Quitanda n. 77;e no escriptorio desta folha.

Este drama, extrahido de uma tradição bempopular, torna-se recommendàyel por sua mo-ralidade. Preço 1$000.

t Um sonho.Sonho sim, mas não te vejoEra sonhos uma só v«z ;Eu desperto, e já nã« ésQuem logo desejo ver.

Quaudo estou de ti auzente,Já por ver-te não suspiro ;Se te encontro nuo deliroDe desgasto, ou de praser.Da tua belleza fallo,Não me sinto internecido ;Considero-me offendido,E jã me não sei irar.

SW

C-Vt

V*íti_

Bem que estejas de mim junto,Ninguém me vê perturbado;Co meu rival a ¦meu ladoBem posso de ti fallar,

Mostra*me severo o rosto,Fa.Ha-.me com doce agrado ;E* o teu rigor baldado,E' o teo favoj em vãoi

Olha como eu sou sincero,Ainda te julgo bella ;Mas já te nàua«:ho aquella,Que não |e1íi comparação.

Não te ofienda esta verda< le :Nesse teu rosto perfeito;Descubro hoje algum defeitoQue julguei béllesa então.

Quando quebrei as cadeios, v(Confesso a franqueza minha,)Julguei que jamais não tinhaUm instante que viver.

,'Ma$ para fugir de penas, ; |Para pppriinido não ver-se,Para a si próprio vencesseTudo se deve soffrer.

Y.YVMV,V;; jYV í|V: - Z't

Em o visco era que se enlaça0 passarinho innocente,Deixa as pennas, mais contente

i *Vai liberto da prisão.

Mais depois, que em breve espaço,Se renoyáo as penninhas;Canta era roda-das varinhas,Brinca em outra oceasião.

i .: ¦!.-.-':

nn:Attencion, pera todos lerem!

¦ i v vv iUy x¦ '!:-U.o(' ' "';'f';,! ¦ Zj ¦¦

Las Câmaras se estan por serrarSin Ia mas mínima muestra degrátitud,Al q' se expuso a los tormentos mas horrorososPara salvar sus vidas y dar-les gloria y salud.

José Puix y Bruguera.ií!

O ESTUDANTE DE UTRECHT'¦t.il'y-y'-' ;- '

OU' V.-j

A illusão de uma Mãi.

(Continuado don. 89.)

t—Oh! dizei-me, oxclamou, dizei-me aomenos que não cessarei de ver-vos, que vosnão ireis, como o rneu desditoso Carlos, a ten-lar..os azares de uma penosa navegação. Euvo-Io peço, não só por mira, que não sou maisdo que vossa velha amiga, senão por vossamãi... Ah ! se soubesseis quanto custa an co-ração das pobres mais ver partirem seus filhospara paizes remotos, e saber que andão erran-tes sobre as vagas quando ronca o Yento e océo esta sombrio...

V VVyV.V«* Não, respondt-lhe, !eu não tenho dessasidéas aventürosas que nos levao a deixar o so*lo natal e a irmos ao longe buscar a vaga feli-cidade que nos appareceu em nossos sonhos.Permanecerei aqui, junto de vos, junto demeus parantes ; far-me-hel magistrado lionra^do, pacifico cidadão de Utrecht, bom pai defamilia, indo todos os dias ao tribunal, e denoite fumando preguiçosamente meu cachim-bo ao tomar uma chavena de chá. Este é omeu futuro, e nao desejo outro.

Bem, bem, disse a pobre mãi.:. Ah !porque não teve meu filho estas idéas de soe$-go e«de vida burgueza !... Ainda o estaria ven"do aqni, e seria a mais afortunada das mais.Porém ao menos vós me restais, vós qué soissua imagem, vós que as vezes enganais meucoração por vossa semelhança com elle ; vósme restais, e eu dou graças ao f-éo, quedemminha desventura, me outorga esta ultima il-lusào como um ultimo raio de alegria.

Desde esse momento, forâo-se estreitandocada vez mais os laços que se ünhão estebele-cido entre mim e a senhora Teederhart. Aprincipio voltei todos os dias a visita-la, e de*pois varias vezes por dia. Dés que havia pene-trado no segredo de sua dôr comprehendiatodo o encanto de sua illusaò, e sentia vivosentimento de jubiloem pensar que podia a rai-uha presensa suavisarou suspender a amar-gura de seus pezâres. Tambem todos os diascrescia ella para comigo em desvelos e em ter-nura. Náò havia espécie de meio engenhosoque nao ideasse para advinfiar ura de meusdesejos ou para satisfazer uma de minhas fan-tasias. Ter*se-hiadito que, como eu oecupavao lugar de seu filho, ella temia ver-me partirda mesma sorte que elle, todas as suas atten-ções, todas as suas dádivas, todas as suas pala-vras affectuosas, erão outros tantos pios artifi-cios para me reter mais fortemente juntoa si.

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Assim se escoarão alguns annos. 0svque aprincipio não a tinhão considerado senão comouma mulher esquipatica, enternesôrão-se vi-vãmente ao saberem o que ella havia padeci-do; e meus amigos, que tinhão zombado desuas attençôes para comigo, forão um após ou-tro pedir-lhe perdão da scena a assustara. Es-tava concluido o meu curso de direito; maseudemorei-me em Utrsct, proseguindo algunsestudos especiàes independentes das lições daUniversidade. Meu pai e minha mãi vierão ver-me, e eu os levei á casa da mercadora.

Deixai-rae o vosso Carlos, disse-lhes ella,eu cuidarei «lelle: é meu filho adoptivo. Nãoo quero obrigar a que mude de nome, nemtão pouco quero rouba-lo á vossa afiei«;ão.Mais algum lempo, e elle vos volverá inteiro,e se não lavro, segundo é costume, um con-traeto perante tabellião para lhe dar seu titulode adopção, é porque o melhor dós contrados

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ifimbÀliaimtiJmâaiaasiafsatn. /tf ssbsbs

<fSfcBngaiBi^iBBáagBiaãn!^^

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¦Bsj.ii aqui,-accrescentou pondo a mão sobre o«coração.' /*<

Ella morreu knçando-me a sua benção, e«u a chorei como uma mãi. Seu testamentome instituía seu herdeiro absoluto.;« Não te-1.I10 outro parente mais do q.ue uma velha

prima muito rica, escrevia ella no fim de suasdisposições. Se Carlos quizer offerece r-l he mm

porção da minha fortuna-, eu lh'o permitte,porem rogo-lhe encarecidamente, e è este oderradeiro voto de uma moribunda, rogo-lhe

que conserve a maior parte. » Instituía maisuma renda annual e perpetua de lÒÔ.Üorias

para a mulher de algum pobre naveganíe^quetivesse perdido um filho em iam naufrágio.Executei religiosamente este legado; fui tercom a prima, que nada quiz receber da he-rança de qne eu lhe offerecia uina parlfr, e íi-

quei senhor de uma fortuna -inesperada.ANo

anno seguinte, casei; fui fei lo juiz em Ütreoht:meu filho primogênito chama-se Carlos, mi-nha fil'ia tem o nome de minha bemfeitora,

do correnle anno, em que expira o praso de 6meies marcado para taes pagaineiitos;

« AsindfiiHiii.s-4ções-/scrãò-'feitas (como se* disse no balanço e so acha estatuído) — pela«fôrma estabelecida a respeito dos bilhetes« brancos pelo art. 2," dos estatutos do se-¦«•guro,—Istoé, "meiade- da sua importância« escolhida pelos possuidores ou portadores« das acções, dentre todos os objectos exis-« tentas no «azar, e a outra m tade tirado« daquelles de que a casa tiver maior porção e« ella designar ; mas, possuindo a livraria dau estabelecimento mais de doze mil volumes« em todas as liuguas e e sobre todos os co-« nfo ecimentos humanos, muitos dos quaes« coBslão tios catálogos que já se achí.o Im-« presses, e se distribuem gratuitamente, con-« fere-se o direito de toda a escolha aos Srs.« accionistas qne quizerem realisa-la exclusi-u vãmente em livros.

A pedido de alguns Srs» accionistas que mo-rão a grandes distancias, e que por isso lhescausa incommodo mandarem receber ua corteas suas indettinisações em íazendas, temos-uos

AflBOSCIOS

13 minha mulher, meus Èíííòs, e eu, oramos j prestado a dar-lhes, em troca dellas, outrask

tod^sos dias por ella.FIM,

CHA1IÃDÃS~~¦ -¦- H -" '"' ' •'

De contrario son rival,—iNa panei-la devo estar,—2

A moça què me.üzerNunca ine deve qiíebrar.í' .

Por mira se conhece a voz,-Do Brazil sou só metade,-

Só posso ser de visada:j Onde Jiouver claridade.

11

acções que representem metade do valor pri-mitivo das que possuirei», ticaudo estes se-pores com direilo unicamente ao dividendoem dinheiro que possa locar lauto ás acçõesantigas que pagarão, como ás modernas, quepor esla maneira recebem ; sendo certo queestas ultimas não partiltião o déficit reallsado,porque a data da emissão dá começo, e regulaa couta respectiva, como dispõe a ultima parte

UoarL 2.° dos estatutos. O possuidor, porexemplo, de uma acção de 20®000 que aindanão recebem iudeinnisações, e quer desistir dodireito que a ellas tem, recebe meia acção novalor de 10®Q00, como que eleva a 30®000

'.«- i Certa cidade estrangeira,—2Assim «. formosa dama—2

Jb_is o nome de uina jovenPor quam-iueu- zelo se inflama*

A ikcijracão das charadas do A', antecedtnttmo : -- l.a Chamalotc. —â.a Amanoensc. 3.*Alface»

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o total das suas entradas; e como duas terçaspartes destas são empregadas, na fôrma dosestatutos, ein bilhetes de loteria, isto é, os20® 000 quò o acciouista eíTectivanieute de-sem bolçou, segue-se que se elle desiste poresta fôrma das suas indeninisações em fazendastambém o flazar não recebe os 50 °10 quelho tocarião do seguro, havendo assim inteira

, o absoluta reciprocidade ; ficando unicamenteAos Srs. accionistas e possuidores a favor da casa a commissão da venda dos

bilhetes; Por essa fôrma o possuidor de meiaacção pode lambem receber uiu quarto, -e o

AGUIl 1)E PRATA.IUJA DO ROSA1UO N. 77, ENTRE AS RUAS DA

QUITANDA E OURIVES,' Neste novo estabelecimento de casa de pasto

e botequim, o respeitável publico continuaráa ser servido, desde as 5 horas da manhã até '

ás 10 da noite, com as variadas comidas decarne, peixe, sopas, delicados vinhos, ca íócom leite e simples, tudo feito e servido como maior gosto e asseio.

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CHAPÈOS FRANCEZES.

RMDOSOUMVESOBAO PE'DA BÜÁ DA ASSEMBLÉA*

São os chapèos que mais conservão o brilhopela boa qualidade da s-da e sua composição,n*esla casa tem um lindo sortimento para ospreços sCgnintesde 5®, 6®, 7®,8® e 9®,tiiios de mola Cr® 7® - e 8® rs. Bonets parameninos de iodas as qualidades e preços.

i ROUPA FEITA.Grande sortimento de paletóes de pano preto

e de cores a 20, 22, 25®, ditos sem go 11 a develludo a 10,12,16,18, e20® rs. ditos casl-mira setim U, 18, e 20® rs. ditos de alpaca8, 9, e 10® rs., ditos de nieriuó 7, 8, e 10®,ditos de palha de seda o mais finos que ha 8,10, 12® rs. ditos sarja de cores 12 e 16®,brins de todas as qualidades, a 3, U, 5, 6®Vtalças de casimira de cores 8, 9, 10, ditas pre-cas a 10,12, e U® rs. coiletes, de setim pre-to a 5, ^6,® rs. de fustões com botões de ma-dre pérola a U, 5, 6® rs..camizas de linhoa 3, e 3®500 e &®rs, ditas de morim a 2,500e 3® rs. vislidinhos de seda para meninas a 8,elO® rs. fatinhos de menino muito finos a15® rs. Luvas de peilica de Jouvin a 1,800lenços de seda muito bonitos a 2® rs. de cam-brain de seda 2®, e 2®200 gravatas, meias,cintas, suspençorios, e muitos outros objectosque deixão de ser mencionada rogaudo-seaos fregüezes de virem examinar os preçosquaçor serem tao rásoavets se admirarão. ".

RÜA DOS OURIVES N. 16 B.

de cautelasU x a. vo . mma.mSEGURO DE LOTERIAS.

O empresário do seguro de loterias, rcpe-

dc Zil) oulro voltando 2:500 rs.Tanto os Srs. acciouistas que exigirem fa-

zendas, livros ou oulros objectos por iiidein-, uisação, como os que, em vez desses objec-

lindo os annuncios que fez publicar no JoYhúl tos, quizerom outras acções, são rogados ado Commerem Correio Mercantil, c Diariòdò. dirigir quanto antes as suas coiiimuuicações_. , . . „ . „ . - . ao 9 izar fluminense ; devendo, em qualquerflÍO_c^««.<,l!ol.»(lema,oproxni1U passado; j(|cslcscasuSi j-^ ()() ^^ ^e reiterando também o que ponderou no ba-1 oceasião as acções que possuírem, para ueljaslanço inserido naquelles jornaes em datas de 1 se fazerem os necessários assentamenlos,c 2 dc -julho uIUimi. o qual conlinüaa diáiH, fP.lá!.°

<IU,"'e 1»^' nesse mósmo acto,; lhes serão eulregucs ou devolvidas,buir-se grátúiUimeiito no Bazar Fluminense, ruada Quitanda u.v 48, convida novamente aosSrs. accionistas c possuidores de cautelas dost*guro de lolerias que aiuda não receberão a*,liidcmnisações a qu j teem direito, para que Ihnjào de mandar á casa acima mencionado, nos j(tias úteis das 9 horas da manhãa ás 3 <h tarde»;effectuar esse recebimento com a possivel bre

Bernardo Xavier Pinto de Sousa.

Cooliuuão a veuder-sé :Acções da Sociedade de Loterias a 20®000Meias acções 10®000Quartos de acção 5®000fc'slas quantias achão-se garantidas pela ma-

uoira disposta nos estatutos que se distribuem

Fazendas Barata?.-,;...-¦' '¦ -

Rua de S. José n/ 1. l.° undar, esquina dada Alisericorâia.

Ricos chalés de touqulin da índia, bordadosnos quatro cantos e em roda, a aO. 50. e 80®;ricos leques de madreperola, a 20, 25, 30, ea0®; ricas mantelelas das mais modernas quepode haver, com coslura é sem elia, de no-breza preta com uma e duas ordens de ricasfranjas muito largas e com muitas ordens develludiutio, a 10,12,14, e 18® ; ditas de filopreto de seda, com renda niulto larga de seda,e muitas ordens de velludlnho largo e estreito,a 16,18, e 20®; um lindo sortimento de man-nas de cassa bordadas das mais modernas, a700 rs.; 1,600, 2. 2,500,3, e 4®; ditas de filobordados, a 2. 2.500 e i®; córtis de calçasde casimira de pura lãa modernas, a 5, e 6®,ditos de coiletes de setim, de seda bordadosbrancos c de cores, a 5, e 6®; hivasule rejlrozpreto, a 1®; ditas brancas, a 600 e 800 rs. ;crMcs de vestido de lãa e seda furta còr com15 covados, a 9®; p. ças de cassa de salphomuito fina, com salpicos muito miudinhos, a 6,e 7®; um grande sorlimenlo de chita em cassade lindos cortes de vestidos de chaly tudo lãaçom 15 e 10 covados, a 5, e 7®; é muitas ou-Iras fazendas de. seda, lãa e algodão, que sevende por preço muito em conla.

effectuar esse/ccefoiueulo com a possível bre- J RraluUamellle ll0 b.kiv Flumiueuse, rua davidade, e nunca depois

'do dia 31 de outubro I Quitanda u. k%. Tvp. dos Pobres—Rua da Valia ji. 0..