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ANNO III -<(fê^frv N. 68 PUBLICA-SE ás terças, quintas e sabbados (nao sendo dia santo.) 'rr..y-y ' * . *ví,\l ''Y :-.:,. PROPRIEDADE DE ANTONIO MAXIMIANO MORANDO, B#'-,-- ¦ ' y,yrK t,'Y,O''¦:. ¦"' :v J 'ii>'Y""* Subscreve-se .-—Por 3 mezes, 1 $800.—Avulso, UO rs.-— Annuncios «0 rs. por linha. Vende-se e assigna-se na rua do Ouvidor N. 158. (Q"0" As asslguaturas serão pagas adiantadas, Aceita-sff qualquer artigo gracioso e critico, grátis, não sendo político ouoffensivo á moral publica ; os: artigos com urgência, pagarão 40 rs. por linha, sendo responsáveis seus autores _0/SSw_ri èmTmmWKCi^á HmlmmWmmr^&M vjLWmSmi lUO DE JANEIRO, SABBADO 26 ÜE JUNHO DE 1852. VISITA PAS riinilMIAS J Vidinha da ininha alma aqui estou cu. ²Olé ! eutre meus quitutes, que auciosa a espe- rava. ²P ira saber novidades ? ²Não, porque a não julgo alviçareirá ; mas sim para palestrar-mos á grande, e assim matarmos o tempo e passarmos algumas horas divertidas. ²Isso é bom para o primo Chico que sempre tem um pedacinho de interessante para nos darpraser. ²Conte-me alguma cousa, de bello. ²Ora o que hade ser? Eu estou balda de tudo. ²Pois a mim nuo acontece assim, parque sei oue A Candinha se zangou Por.causa do namorado. ²Gentes isso é um molte ! ~ E que hade ser por você glosado. -— Por mim ? eu não sou poetisa. ²Ora vamos saia o que sahir. ²Pois está dito. La vai: A Candinha se zangou Por causa do namorado, Um namorado se achou Em uma grande patuscada Despresou a sua amada A Candinha se zangou, Elle não se amuou, Namorou bem soecegado Sem delia ter cuidado A Candiuha poz-se a chorar, Foi p'ra um canto suspirar Por causa do namorando. ²Pravissimo ! para estréa faz uma bonita prova. ²Ora qual! por fallar em estréa ; a antiga pr.> uai cta do povo fluminense vai extnar no ih,atro Pro- viso rio. ²V Candiani ? isso é velho. ²Oue noites não teremos de gosar com ella e a Stolu. —VocT_ quer ouvir; a opinião de um matuto. ²Hade ser boa ; diga lá. ²! iz elle, que foi ouvir a M.mc Stollz. ²Então ? —Que como actriz ainda não vio segunda, mas que como cantora gosla mais da Candiani. ²Que homem sem alma! ²Diz que a Candiani tem mais melodia, que o seu doce gorgeio infiltra-se mais no coração. —- Oh ! que homem ! como não se enthusiasmar com as vibrações dessa voz tão bella de Mme Stollz? ende maior força, agilidade, encanto, e gorgeios mais melodiosos, paixões mais bém representadas, gemidosdo coração mais doloridos, do que nesse final da Favorita ? esse homem não tem coração, se o tem está affeito ás chulas do picapáo atrevido. ²São opiniões priminha. ²Eu estou fanatisada por Mme. Stoitz, e alé fiz esta sextilha para ella. c/5 e os Anjos descem á terra h angendo n'harpas do céo, O s seus sons, são tua voz, t-< eva a palma o cauto leu, H eus poder de arrebatar, c/i ente amor o peito meu . ²Muito bem, eslá mesmo de quem está apaixo- nada. ²Pelo canto do rouxinol, que vejo com os seus doces e maviosos trinados arrebatar-nos. ²Agora reparo priminha, vem hoje de chapéo novo ? ²E' para que saiba que eu gosto de vir visital-a, sempre no rigor da moda. ²Onde comprou ? ²Em casa do Tolezan, que sempre foi meu fre- guez, por ler um modo muito agradável e maneiras attenciosas. ²Está muito bonito, quando eu poder hekle ir comprar um. Agora diga-me priminha, enfeitou mui- to o scu S. Joãosinho ! ²Não me falle nisso porque me faz zangar. ²Oh ! então põtque ? ²ouvindo ; dois dias antes do S. João fui á rua do Hospício N. 104, levando dentro do meu in- dispensável u$ para trocar por um S. João (por- (pie os Santos não se vendem) e perguutando eu se tinha o tal S. João, disseme um preto que estava na dita loja, que sim, e indo dentro chamar o dono ou ¦ li II I 1 1 tWw m \ y BSi <__\mês? XyA, ^ *SJ Íl ^V Y a TWstJ Aí I Si"- vi 4 -% l.' j_H*j& i ? Ç\: J K \W vi

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ANNO III

-<(fê ^frv

N. 68

PUBLICA-SEás terças, quintas e sabbados

(nao sendo dia santo.)

'rr..y-y •' * . • *ví,\l ''Y :-.:,.

PROPRIEDADE DE ANTONIO MAXIMIANO MORANDO,#'-,-- ¦ '

y,yrK

t,'Y, ''¦:. ¦"' :v J 'ii>'Y""*

Subscreve-se .-—Por 3 mezes, 1 $800.—Avulso, UO rs.-— Annuncios«0 rs. por linha. — Vende-se e assigna-se na rua do Ouvidor N. 158.

(Q"0" As asslguaturas serão pagas adiantadas, — Aceita-sff qualquer artigogracioso e critico, grátis, não sendo político ouoffensivo á moral publica ; os:

artigos com urgência, pagarão 40 rs. por linha, sendo responsáveis seus autores

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lUO DE JANEIRO, SABBADO 26 ÜE JUNHO DE 1852.

VISITA PAS riinilMIAS JVidinha da ininha alma aqui estou cu.

Olé ! eutre meus quitutes, que auciosa a espe-rava.

P ira saber novidades ?Não, porque a não julgo alviçareirá ; mas sim

para palestrar-mos á grande, e assim matarmos otempo e passarmos algumas horas divertidas.

Isso é bom para o primo Chico que sempre temum pedacinho de interessante para nos darpraser.

Conte-me alguma cousa, de bello.Ora o que hade ser? Eu cá estou balda de

tudo.Pois a mim já nuo acontece assim, parque sei

oueA Candinha se zangouPor.causa do namorado.

Gentes isso é um molte !~ E que hade ser por você glosado.-— Por mim ? eu não sou poetisa.Ora vamos lá saia o que sahir.

Pois está dito. La vai:A Candinha se zangouPor causa do namorado,

Um namorado se achouEm uma grande patuscadaDespresou a sua amadaA Candinha se zangou,Elle não se amuou,Namorou bem soecegadoSem delia ter já cuidadoA Candiuha poz-se a chorar,Foi p'ra um canto suspirarPor causa do namorando.

Pravissimo ! para estréa faz uma bonita prova.Ora qual! por fallar em estréa ; a antiga pr.>uai cta do povo fluminense vai extnar no ih,atro Pro-viso rio.

V Candiani ? isso é velho.Oue noites não teremos de gosar com ella e aStolu.

—VocT_ quer ouvir; a opinião de um matuto.Hade ser boa ; diga lá.

! iz elle, que foi ouvir a M.mc Stollz.Então ?

—Que como actriz ainda não vio segunda, mas quecomo cantora gosla mais da Candiani.

Que homem sem alma!Diz que a Candiani tem mais melodia, que o

seu doce gorgeio infiltra-se mais no coração.—- Oh ! que homem ! como não se enthusiasmar

com as vibrações dessa voz tão bella de Mme Stollz?ende maior força, agilidade, encanto, e gorgeiosmais melodiosos, paixões mais bém representadas,gemidosdo coração mais doloridos, do que nesse finalda Favorita ? esse homem não tem coração, se o temestá affeito ás chulas do picapáo atrevido.

São opiniões priminha.Eu cá estou fanatisada por Mme. Stoitz, e aléfiz esta sextilha para ella.

c/5 e os Anjos descem á terrah angendo n'harpas do céo,O s seus sons, são tua voz,t-< eva a palma o cauto leu,H eus poder de arrebatar,c/i ente amor o peito meu .

Muito bem, eslá mesmo de quem está apaixo-nada.

Pelo canto do rouxinol, que vejo com os seusdoces e maviosos trinados arrebatar-nos.

Agora reparo priminha, vem hoje de chapéonovo ?

E' para que saiba que eu gosto de vir visital-a,sempre no rigor da moda.

Onde comprou ?Em casa do Tolezan, que sempre foi meu fre-

guez, por ler um modo muito agradável e maneirasattenciosas.

Está muito bonito, quando eu poder hekle lá ircomprar um. Agora diga-me priminha, enfeitou mui-to o scu S. Joãosinho !

Não me falle nisso porque me faz zangar.Oh ! então põtque ?Vá ouvindo ; dois dias antes do S. João fui á

rua do Hospício N. 104, levando dentro do meu in-dispensável u$ para trocar por um S. João (por-(pie os Santos não se vendem) e perguutando eu setinha o tal S. João, disseme um preto que estava nadita loja, que sim, e indo dentro chamar o dono ou

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caixeiro, appareceu este ou aquelle, espevitando osdentes com uma -um palito ; e inostrando-mecom muito máo modo, um S. João de barro e outroda madeira, perguntei-lhe qnanto queria (pela Irocajá se sabe) e respondeu-me com multo ârrcganlioA— Este custa 60$ e este 6$.

—- E' mais, ou menos uma cifra.—Esperei que elie me disscs e mais alguma cousa,

porém o tal carinha de em bir ração parece me quequeria que eu lhe comprasse as palavras.

Ora vejão só.Olhei para elle muito sei ia (como é meu costu-

me) e virei as costas dizendo cá comigo : —Sem du-vida é caixeiro, e está zangado porque o amo nãofecha a porta aos domingos....

Talvez seja por isso, priminha.Pois sim, mas que trate bem a quem fòr a suacasa levardhe dinheiro para trocar por barro ou páo.

Estes caixeiros quando não apanhão cs amosem casa, são uns diabinhos!

Então priminha diverlio-se muito no dia de S.João? foi para fora da cidade ?

Não minha vidinha, estive todo o dia cm caza,fazendo corte ás nossas camaradinhas; tivemos umatarde muilo divertida, dansámos, brincámos e demosbastante á lingua, arespeito de modas, namoro, etc.

Faço idéa, que cousinhas que vocês dirião.Pois eu fui ao Arsenal de Marinha, onde se fez a

festa a S. João, coma maior pompa possivel.Enlão conte-me tudo o que sabe a respeito dofestejo de S. João.

Oh ! ainda toda eu pareço que nado nos pra-zeres dessa noute tão bella, e que passei tão alegre-mente. Na véspera estive em uma fogueira em umarrebalde desla cidade, aonde fruí lodosos encantos.Tirei sortes, pulei fogueiras, altaquei foguetes edansei á grande. Fui no dia á festa na capellinha deS. João no Arsenal de «Marinha. Que explendòr defesta! Rica armação, Missa do Sr. João dos Reis,sermão de manhaa do Sr. Barbosa França, e denoute de Fr. João de Santa Cândida. A festa foi hon-rada com a presença do Sr. Ministro da Marinha. OArsenal estava lindíssimo, com bonita illuminação,em cimelria em roda do jardim etc, e duas bandasde musica, que tocavão alternadamcntç bonitas e es-colhidas peças. E a pezar da chuva, houve immensopovo. Em Nitheroy fez-se na Matriz a festa do ora-culo, pregando de manliãa Fr. Antonio do Coraçãode Maria, não havendo Te Dcnm nem fogo ( porcauza da chuva) e ficou transferido tudo paraoutro dia.

. — Enlão foi níüito festejado o tal santinho ?Muito, houve muitas festas; a da Lagoa por

exemplo, que não sei nada porque não fui lá, e estouá espera que o primo Xico áppareça para tudo mecontar.

Foi pena que a chuva se guardasse para o dia.Ah! isso foi lagrimas de alegria que derramou

o S. João por ver como o saudavão no seu nasci-mento.

O. a você sabe uma cousa priminha ; a primaAniceta, já chegou da Parahibuna.

O' gentes, pois essa ingrata não me quiz visitar?c o que coita ella desses lugares, achou-os bonitos?Achou tudo bom, c vem muito gordinha ; con-tou-me cousas que muilo ri; também me fallou ares-pei'o do Vigário da freguezia de S. José da Parahy-buna, q ie dá o cavaquinho por qualquer pagode.Ora você está brincando, pois um Vigário vai apagodes ?

Porem você não sabe que elle é lodo gamenho,cheirozo, e adamado, segundo me disse a prima ?Não acho isso muito bom priminha, o lugar áeVigário é de respeito e..,

Está bom, deixe mo nos de reflexões. Ouça oque ella me contou, (jue a ser verdade, é mesmopara fazer rir.

Ila pouco tempo, casou-sn uma. filha do Sr. Moura,joven muito encantadora. No numero dos convida-dos para o banquete, foi o Sr. Vigário. To coto-sedansou-se, c o bom Vigário fez bichinhas, cantou,danscu

Pois o vigário, também canta e dansa ? Santobreve da marca!

Sim, sim, dansou o Uil, o Miudinho, e cantoua modinha da Canna Verde.

Ah, ah, ah, e é bonita a modinha, priminha ?Não é feiasinha, porém é muito antiga ; deixe

ver se me lembra.... parece-me que é assim:

A cana verde no marTambém tem sua dôr,Eu lambem lenho a minhaSeja ella por quem fòr.

Bravo, bravo, como elle eslava influído,Chegou a sua influencia a tirar a rebeca das

mãos de um musico, e decidio bonito.Pois também loca rebeca ? o padreco é dos

diabos; mal empregado elle ser Vigário, para poderestar sempre ao lado dc uma bella. Olhe priminha,era lugar que eu não queria: a vida de Vigário, émuilo trabalhosa, não sei se na roça é o mesmo.

O' gentes, não diga tal, o lugar é bom ; porqueelle depois que diz a missa nos domingos e dias san-tos (isto é, senão o convidão para algum banquetesninguém mais o vê.

—Sabe Deos para onde elle irá. priminha Isso agora não é da nossa competência, con-to-lhe o que a Aniceta me contou.

Agora quer ouvir lêr umbocadinho, priminha?Com muilo gosto.Principiarei pela Verdadciva Marmota : ouça

este arliguinho:

A mai implicante, e a filha teimoza»Minha mãi, porque rasão

Mesmo depois de casada,Sou assim lão governada,Por vosmencê perseguida,Vivendo lão vigiada,Qual uma negra fugida ?»

Assim disse Ma ricotaO nariz na mão limpando,Em longo choro babando.Quando a velha toda irosa,Foi com palavra atacandoA filha que era chorosa.

— Que vaes fazer na janellaToda enfeitada e vestida,Requebrando-sc sahida,Com quem pela rua passa ?Não me enganas; illudidaHade ficar quem me embaça,

O que fazem militaresPor aqui a passeiar ?Será p'ra me namorar,A mim que não tenho um dente,Que não me posso virar,Que não valho um Irapo quente ?

« Arre tá, minha mãesinhaNão se póde fazer nada,Que uma grande rabecadaVosmêace logo não dê:Cruz! que lingoa envenenada íArre lú... com vosmencê!

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BnsnacBa; e iii r ném ¦¦'¦'¦¦''¦"¦¦ mrnm;

— O que quer este cachorroHomem de má caiadura,Que, ha Ires dias, que procuraAqui entrar —lá dá vendaA te fallar ? não se aturaTal empada ou encommenda.

— Nunca vi cousa mais feia,Nãv ha quem te louve o gosto ;Todo torto !... é um compostoDe tudo quanto hade máo!

O demo amassou-lhe o rosto,Quebre-lhe os ossos com páo.

« Arrelácom esle inferno !Maricota diz, fílicta.Cale essa boca gasguitaNão me repliques, mais nada.Que por seres boa chitaE' que te fazes amada.

« Minha maesintia, eu prometto...Diz Maricota babando,Longo choro derramando,Prometto não namorar!E da mãi ja se esgueirandoSeus enfeites foi largar.

Se todas as mais tivessemComo essa... este cuidadoNão seria malfadadoO laço dobymeiiôo;Fora o mundo governadoPelas virtudes do Céo. »Que moça tão namoradeira priminha; conti-

1J LI \jãOs outros artigos são (Sensos. Vou lôr-lhe oMercantil, para vOr o susto porque passou certasociedade.

Purgante em lugar de castanhas.No dia de Santo Antônio alguns cavalheirosacompanhados de algumas senhoras estrangeiras fo-rao fazerem familia uma pequena festa anacreonticaa unia das montanhas que contornao esla cidade.Chegados ao logar, começarão um alegre passeiopara lazer jus ao almoço; depararão então com umaarvore donde pendião appetitosos fruetos, que to-twarao por castanhas da Europa, e sem consultarm?"s nada, assentarão cm fazer com uma boa porçãodeljcs um como exordio do almoço ; comerão, gôs-taiao, saborearãp. De repente começarão enlre si anotar pahdezde seus semblantes, e alguns aeslor-cerem-se com violentas dores pelo ventre; em poucotempo acharão-se todos accommetidos dc um forteconte, cu o quer que soja nesse gênero, acompa-1'hacla de symptomas cômicos; dores violentas e dy-centena . Julgarão-se envenena los; alguém poremque acudiu a propósito tranquillisou-os dizendo-lhes

que nao havia perigo algum, e que tinhão única-nente levado uma tremenda peça. As saborosas ca-uniias erao os fruetos do nosso andaassü, ião conhe-culo c como forte purgativo. Foi um pequeno episo-io da vida campestre que os moradores das cidadesnao cessão de elogi; r.O' priminha, tão cedo não comem elles cásia-"to, safa! Eque mais?Quarta feira eu lhe coutarei maisalguma cou-sa, ja vio ?rr,.rr:llaSra,Uailhria havcnvos de nos reunir, para ir ao9wndo fogo tios bar, .queiras no Campo do Santa

Enlão domingo é o fogo ?i^^T::!!n,(l,m,S,?,K!tI f(:g()' e ú fWPãiOiiia de Mr.Ber-^pecucubs no seu ampüiiheatro.

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-- Oh ! heide ir ver, para applaudir a encantado-ra Jcnny e ver a mimosa Stra,'Inoa. cucan!aw

pombos i^!.fi,:'mk'm V0?.' We csto° anciosapoi \ti os jogos 1'arios eos lindíssimos quadros aovivo, «ondo tanto brilha toda essa companbiaíM^Am* ""d:l uossa Wte'^ Adeosiabo

— Adeos priminha, queira bem á gente.

Madame Stoltz.Emquanto Madame Stollz n5o cantou, andavatodo o povo, seismatico e cabisbaixo, poíem lo-»que ella appareceu em scena, eis tudo alegre e nu-laudo de contentes como se tivessem tirado a sortegrande. Que cantora ! diz um. Que voz! diz outroQue pizar! diz este. Que acionado ! diz aquelle. edizendo isto, e multas mais couzas que agora me ná >lembrao - um fica de dll.os espantados como um.,rapoza quando quer roubar üií.a galinha, mas „„,.

ÍSm».-118!? P°de cons1cf',uir; outro fica amaro!!,,como se estivera atacado das febres reinantes-(sn-f™ ii V°Z .°m° se aP;uil'ar:l «"' grandi susto/oaquelle íiça tezo, e immovel como uma estatua '

Em quanto esles ficão pclreficados só nor fatiaremenUIadauic Stollz, outros correm a todo o "alunopara o theatro afim de comprarem o seu bilheSiibo •porem quando chegão lá íieão mamados porque iiã »encontrao nem um para amostra. Se o furor conti-uuar deste modo. ai do Sr. José Clemente, que srtem te ver atrapalhado com novos hospedes que emgrande escala se hão de ver forçados a procurar re-lugio na sua nova casa. E o mais é que elles ten»razão, porque ao menos endoudecem por uma couz tboa ; eu mesmo que sempre tive um grande talentoprincipalmente para fazer versos, já estou atacado damesma moléstia!... Valha-nos a Senhora Stollz'

que c a Culpada de nos fazer andar com a cabeça arazão de juros, por cauza da sua voz encantadora ofeiticeira.Eu, para fallar a verdade, cada vez que ouço avoz da eximia cantora , sinto dentro do meu peitouma commocção lão forte acompanhada dc di.fc-rentes tremuras, que bem se poderia comparar auma dessas grandes revoluções fraucezas. Outras vezesbate-me o coração com tanta força edescompacada

mente, que estou vendo a hora cm que elle mé'sallafora do peito, e se vai derreter aos pés daquella queo i n fei tico u.Enfim, o mal eslá feito ; o remédio só das caldas,águas férreas, ou banhos do mar.

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Gomo se inventou o Leque para usodas Senhoras.

Triste condição é de quem escreve para o publico!Alem da obrigação que lhe corre de cumprir osempenhos que ba contraindo, julgão todos que develambem satisfazer a qualquer capricho, e que pelofaclo de ser escriptor deve saber ludo, e estar semp; opromplo a responder a qualquer pergunta!Em uma das noites passadas achando-nos em urnareunião onde o calor era intenso pedimos a uma se -nhora do nosso conhecimento que nos emprestasse oseu leque para vermos se viçlòriosamènle luclava-mos conlra as caíidas emanações da atmosphera, «quem enlão nos dirião, que tão inncceiUe pedidohavia de obrigar-nos a ler c a estudar lodosos ca-pilulos que acerca dos leques lem escripto os maisabalisados auteres? A senhora a quem nos dirigimos,graciosamente nos pedid o favor impetrado; poremfoi com a obrigação de lhe dizermos como se in-veaUião os leques o desde que dala erão elles uzados.

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p»*i- tu J.-$0mjtâ%t-- r.̂ «itaaanJteii.

Ora lodo o mundo comprehende que para quem,remo eu, não eslava preparado, semelhantes per-gúnlas erão de estalar. Proinetti com tudo mais tardeVeMOonder a ellas, o que foi aceito pela senhora, eIn ii; eis-me em campo.

Queridas leitoras, não commetais a heresia de sup-per que os leques tiverão uma origem moderna,>í~() __ elles datão da mais remota antigüidade, erodem orgulhosamente revendicar como lugar demui nascimento o poético Ceu da antiga Grécia.

',r, ra quejá conheceis o berço e a epoca appro-mu-ativa do nascimento dos leques, imaginareis tal-ve?, que aquelles de que uzavão as damas Gregas doteu po de Alcibiades ou de Solon erão, feitos, como<>:, nossos dc charão, de madreperola, de marfim, depau de Spá, taes como hoje os admiramos em vossasbrancas e delicadas mãos.

Porisso ainda seria novo engano.O, ramos de murtha, de acácia, as largas folhas do

plaianocl ntal f;rãoos primeiros leques de quese. trvirão as eleganlcs de Athenas e Peloponneso.

O acaso que fui sem duvida quem descobrio a ser-veulia dos leques de ramos e folhas, mais tarde osdeveria destronizar para subsliluil-os por outrosmais ricos, e mais dispendiosos.

Ahi vamos dizer como:Uma joven e linda viuva de Samos chamada Leu-

rippe passeava em uma manhãa pelas montanhastia cidade, Ilia acompanhada por duas velhas escra-vas, a mulher que a banhava , c sua aya. Depios dehaver passeado por espaço de duas horas Leucippequiz voltar; porem ou fosse porque se perdeu nocaminho ou por qualquer oulra razão, o facto é, quelicou errante nas montanhas. Poderia ser então meiodia. O sol eslava no seu Zamilh, e nem a mais ligeirabriza temperava seus ardores. Não era o ar, maissim fogo, quese respirava.

Gahçada pelo passeio e pelo calor Laucippc as-sentou-se desfaleeida sohre unia pedra exclamando .*

Im leque, um leque senão eu morro.As duas escravas lançando olhar escrutador em

ioda de si, e não vendo nem a mais pequena folha-g! m desaltarão em pranto.

Nesta oceasião passava um mancebo.Vinha vestido dc uma simples túnica de panno de

Eebatoue de um vermelho escuro, etrasia um chapéode abas levantadas. O arco que sc lhe via na mãoesquerda, e a aljava preza á espadua direita bemdeuunciavãó sua profissão.

Surprehendido pelo espectaculo approximou-sedeLeucippe para inquiril-asobrea causa de sua dòr.

Um leque! úm leque ! grilarão a um temjto todasas escravas sem dar tempo ao moço de abrir p:boca.

Este cocou a orelha como quem dizia. Onde diavodescubrírèi um leque sem que hajão por aqui folhastle arvores ?

Mas de repente um pavão pousou a pouca distan*ria do logar. Essa mãgiiiíica ave consagrada a Junotinha fugido cerlamenle do Templo dessa Deoza si-tuado no meio de Samos.

A necessidade é mãi da industria, diz um velhoadagio. O nosso caçador conhecia provavelmenteeste provérbio por que armando o seu arco vorou opavão com uma flechada.

Isto feilo, correu ao volátil, anancon-lhe as maisbellas penas com maravilhosa deslrcza, unio-as damelhor forma que pó-.lee veio correndo para junclodeLeucippe que parecia tocar a sua hora extrema,e lhe refrescou o semblante, agitando seu leque im-provisado.

Essa ventilação produziu o melhor dos resultados.As faces da bella viuva tomarão pouco a pouco

suas lindas cores e. ò'ahi a mojhonlos se achava emeslado de voltar para a cidade.

üm anno depois Leucippe para consolor-sn damorte de seu marido, recebia por esposo em segun-das nupeias o engenhoso caçador, que lb- havia dadoa vida.

Um oulros anno depois os leques depennas depavão postos em moda em Samos pela linda Leu-cippe erãosummamente procurados porlodas as üamas da íírecia.

A primeira invenção foi sugeita aos aperfeiçoa-mentos da arte c tão popular se tem tornado o usodos leques que na Hespanha alé servem para susleiv-lar dialagos mudos e em Roma nas solèmnidades pu-blicas, e especialmente na chamada.— Testa di Ca-tíiadra — dous familiaes do Papa, o acompanhãoabanando grandes leques de pennas com longos ca-bos de ma rum;

Cremos ler satisfeito ludo quanto se nos perguntouacerca dos leques e que as nossas leitoras se adiarãoagora ao corrente de quaulo ha acerca dessa impor-tanlc matéria. A. Semanal.

ÍFf_|_Í3_SM A.A MKü PRESA D O TIO

MIGUEL FRANCISCO DE AZEVEDOEM SIGNAL DE A 51 ISA DF..

Descnfado.Enlre soberbos penedos

Altas serras a dobrar,Longa praia, aonde bateAs encrespas ondas do mar.

Eis o lugar, para onde,Arrojou-me o duro fado :Trislc, isolado alvergueAonde me vejo encerrado.

Os astros aqui não temOs encantos e fulgores,Como lá, onde deixeiO idolo dos meus amorcí

As aves aqui não tri nãoCom tanta suavidade,Pois em vez de consolar-me,Gausão-me mais anciedade 1

Aqui não tenho com quemMinhas magoas metigar!Tudo quanto vejo é triste,Como é triste meu suspirar!..

0? Analia, quanto custaLonge de ti eu estar,Saudoso sem ter alivio,Era um continuo penar !

A tua imagem esbcltaEu trago no peusamento :Tú só és o meu cuidado...Só tu causas meu tormenlo !

Quanto aspiro, oh ! AnaliaDe novo ver o teu rosto!Pois nesta ausência cruelSó m'acompanha o desgosto I

Oh! volva. ... volva esse dia,l)'exlremada ventura,Que estando pois a leu ladoSou a mais febz creatura !....

Ilha Grande. .1/. P. G. C. Junior

Typ. dos Pólrcs. ria do Ouvidor X. loS