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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA TALITA TUROLLA NAKAMURA RELATO DE CASO: URETER ECTÓPICO EM CÃES CURITIBA 2016

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

TALITA TUROLLA NAKAMURA

RELATO DE CASO: URETER ECTÓPICO EM CÃES

CURITIBA

2016

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RELATO DE CASO: URETER ECTÓPICO EM CÃES

CURITIBA

2016

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Curso de Medicina Veterinária, da Faculdade de

Ciências Biológicas e de Saúde, da Universidade

Tuiuti do Paraná, com o requisito parcial para

obtenção do título de Médica Veterinária.

Orientador: Professor Adj. Milton Mikio Morishin Filho

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Reitor

Prof. Luiz Guilherme Rangel dos Santos

Pró-Reitor Administrativo

Sr. Carlos Eduardo Rangel dos Santos

Pró Reitoria Acadêmica

Profª. Carmen Luiza da Silva

Pró-Reitor de Planejamento

Sr. Afonso Celso Rangel dos Santos

Pró Reitoria de Promoção Humana

Srª. Ana Margarida de Leão Taborda

Pró Reitoria de Pós Graduação, Pesquisa e Extensão

Profª. Elizabeth Tereza Brunini Sbardelini

Secretário Geral

Sr. Bruno Carneiro da Cunha Diniz

Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde

Prof. João Henrique Faryniuk

Coordenador do Curso de Medicina Veterinária

Prof. Welington Hartmann

CAMPUS BARIGUI

RUA SYDNEI ANTONIO RANGEL SANTOS, 238 – SANTO INACIO

CEP 82.010-330 – CURITIBA – PR

FONE: 3331-7700

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TERMO DE APROVAÇÃO

TALITA TUROLLA NAKAMURA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Este trabalho de conclusão de curso foi julgado e aprovado para obtenção do título

de Médica Veterinária no curso de graduação de Medicina Veterinária da

Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, 18 de novembro de 2016

...................................................................

Universidade Tuiuti do Paraná

Orientador

............................................................................

Professor Milton Mikio Morishin Filho

Banca examinadora

Professor Carlos Henrique do Amaral

Professora Carolina Lacowicz

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos

meus familiares que me

motivaram a nunca desistir

dos meus sonhos, e aos

meus mestres e professores

que tornaram isso realidade.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus pela dádiva da vida, que a cada degrau de

dificuldade me proporcionou o dobro de forças para que eu conseguisse trilhar o

meu caminho até aqui, por mais altos e baixos que eu tenha vivenciado.

Aos meus pais, Cátia e Marcos, aos quais devo minha vida, e ao meu irmão Lucas,

que sempre me apoiaram nas minhas decisões e me mostraram o caminho mais

correto a perseguir, dedico a vocês que há muito sorriram ao meu primeiro choro e

choraram ao meu primeiro sorriso. Muitas vezes trabalharam dobrado, sacrificando

seus sonhos em favor dos meus; me ajudaram a superar minhas decepções e

aplaudiram minhas conquistas. Não somente pais, mas verdadeiros amigos.

Ao Wesley e sua família acolhedora, pela paciência e carinho que sempre tiveram

por mim, e pela força, tanto financeiramente quanto psicologicamente. Meu

namorado que sempre esteve presente nos piores e melhores momentos e dedicou

parte de seu precioso tempo para me ajudar.

Aos meus avós, Batian Shirley e Ditian Ossami, vô Pedro e Eunice e vó Cacilda que

sempre me apoiaram. Sem vocês não haveria começo, não seriamos nada e nossa

família não existiria. O principio de tudo esta em torno de vocês. Obrigada, meus

avós, sou muito feliz por ter uma família tão especial.

À Universidade Tuiuti do Paraná, aos mestres e professores, aos residentes e

funcionários que contribuíram direta ou indiretamente nesse período da graduação.

Ao meu professor orientador Milton Mikio Morishin Filho pela confiança e por me

ajudar a concluir mais essa etapa da minha vida, me transmitindo todo o seu

conhecimento.

Aos meus amigos, que me mostraram a felicidade da vida e sempre me fizeram

sorrir.

Aos meus animais, Maylon, Julie, Tico, Teco e Patty, por estarem presentes em

todos os momentos e peço que São Francisco de Assis os abençoe e os guarde, e

como ele mesmo disse: “É morrendo que nascemos para a vida eterna.” Amo vocês!

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EPÍGRAFE

“Os animais foram criados pela mesma mão

caridosa de Deus que nos criou... É nosso dever

protegê-los e promover o seu bem estar.” (Madre

Teresa de Calcutá)

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RESUMO

O estágio curricular supervisionado foi realizado na Clínica Escola de Medicina

Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná (CEMV-UTP), onde foram

acompanhadas atividades nas áreas de clínica médica e cirúrgica de pequenos

animais. O presente trabalho tem como objetivo descrever as atividades realizadas

no período de estágio, fazendo um breve levantamento sobre a casuística

acompanhada e, em seguida, apresentar um relato de caso sobre uma cadela SRD

com quatro meses de idade que apresentava incontinência urinária há três meses,

sendo diagnosticada como ureter ectópico, assunto este que envolve os

conhecimentos em clínica médica e cirúrgica. Para abordar o tema escolhido fez-se

necessário uma breve revisão de literatura, onde esta é composta desde os

aspectos anatômicos, fisiopatológicos até o tratamento. A escolha do tema se deu

pelo fato de ser uma anomalia congênita a qual necessita de diagnóstico preciso

para a escolha do tratamento correto.

Palavras-chave: anormalidade congênita ureteral; incontinência urinária;

ureteroneocistotomia.

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LISTA DE ABREVIAÇÕES:

BID Duas vezes ao dia (administração de medicamentos)

CEMV - UTP

Clínica Escola de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná

cm Centímetro

CO² Dióxido de carbono (gás carbônico)

IMEU Incompetência do mecanismo esfíncter uretral

ITU Infecção do trato urinário

kg Quilograma

mg Miligrama

ml Mililitro

MSc Mestre

MVR Médicos Veterinários Residentes

OSH Ovariosalpingohisterectomia

RM Ressonância magnética

SID Uma vez ao dia (administração de medicamentos)

TC Tomografia computadorizada

TID Três vezes ao dia (administração de medicamentos)

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 Entrada principal da CEMV – UTP (Curitiba/2016)................................

16

FIGURA 2 Sala de espera para atendimento clínico, junto à recepção da CEMV

– UTP (Curitiba/2016)............................................................................

.

18

FIGURA 3 Sala para atendimento emergencial - CEMV –UTP (Curitiba/2016)......

18

FIGURA 4 Setor de diagnóstico por imagem, que consiste em uma sala de

radiografia com revelação automatizada (A), e setor de

ultrassonografia com sala de laudo - CEMV - UTP (Curitiba/2016).......

19

FIGURA 5 Consultório de dermatologia (A) e farmácia (B) - CEMV – UTP

(Curitiba/2016)........................................................................................

19

FIGURA 6 Dois ambulatórios para atendimento clínico - CEMV - UTP

(Curitiba/2016)........................................................................................

20

FIGURA 7 Sala dos professores (A) e sala dos MVR (B) - CEMV - UTP

(Curitiba/2016)........................................................................................

20

FIGURA 8 Internamento/ambulatório exclusivo para gatos (A) e outro para cães

(B), Laboratório de patologia clínica (C) - CEMV – UTP

(Curitiba/2016)........................................................................................

21

FIGURA 9 Internamento em casos de doenças infecto-contagiosas - CEMV -

UTP (Curitiba/2016)...............................................................................

21

FIGURA 10 Vestiários feminino (A) e masculino (B) e sala de técnica cirúrgica (C)

- CEMV - UTP (Curitiba/2016)................................................................

22

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FIGURA 11 UTI / sala para procedimentos odontológicos (A); Centro cirúrgico

com equipamento de videocirurgia (B); Sala de pós-operatório (C) -

CEMV - UTP (Curitiba/2016)..................................................................

23

FIGURA 12 Central de esterilização/Expurgo - CEMV - UTP (Curitiba/2016)........

24

FIGURA 13 Anatomia básica do trato urinário inferior com indicação dos

principais trajetos do sistema neurológico que interferem na micção.

EUI: Esfincter uretral interno; EUE: esfíncter uretral externo. (Fonte:

Cortadellas, 2012)..................................................................................

30

FIGURA 14 Imagens tomográficas representando a eliminação do contraste pelos

rins direito e esquerdo, 7 minutos após a injeção, sem aumento no

diâmetro de pelve renal e ureter. (Fonte: Tramontin, 2016)..................

45

FIGURA 15 Imagens tomográficas representando a eliminação do contraste pelos

rins direito e esquerdo, 13 minutos após a injeção, sem alteração do

diâmetro de ambors os ureteres. Na figura A mostra o trajeto tortuoso

do ureter esquerdo, indício de ureter ectópico. (Fonte: Tramontin,

2016)......................................................................................................

45

FIGURA 16 Imagens tomográficas representando a saída do contraste dos rins

(A), em corte sagital, após 13 minutos da injeção de contraste, não se

inserindo no trígono vesical da vesícula urinária, e sim, diretamente

na vagina (B e C). (Fonte: Tramontin, 2016).........................................

46

FIGURA 17 Identificação do ureter ectópico junto à parede da vesícula urinária.....

47

FIGURA 18 Incisão da mucosa da vesícula urinária, local de reimplantação do

ureter distal resseccionado....................................................................

48

FIGURA 19 Aspecto final do ureter após sutura na mucosa da vesícula urinária

com fio poliglactina 4-0 (absorvível), com auxílio de um cateter........... 48

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 Casuística acompanhada na Clínica Médica e Cirúrgica – julho

a novembro de 2016 na CEMV - UTP (Curitiba/2016).................

25

GRÁFICO 2 Distribuição da casuística dos 122 casos acompanhados na

CEMV - UTP, separados por especialidades (Curitiba/2016)......

26

GRÁFICO 3 Distribuição de 42 procedimentos cirúrgicos acompanhados na

CEMV-UTP, separados por especialidades (Curitiba/2016)........

27

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 Distribuição dos 42 casos cirúrgicos acompanhados na CEMV -

UTP, de acordo com as especialidades, no período de estágio... 28

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 15

2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO 15

3. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 24

3.1 CASUÍSTICA 25

4. REVISÃO DE LITERATURA 29

4.1 ANATOMIA DO SISTEMA URINÁRIO 29

5. URETER ECTÓPICO 30

5.1 DEFINIÇÃO 30

5.2 ETIOLOGIA 30

5.3 FISIOPATOLOGIA 31

5.4 EPIDEMIOLOGIA 32

5.5 SINAIS CLÍNICOS 32

5.6 DIAGNÓSTICO 33

5.6.1 Avaliação Laboratorial 33

5.6.2 Urografia Excretora 33

5.6.3 Vaginoscopia e Cistoscopia 34

5.6.4 Tomografia Computadorizada 35

5.7 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 35

5.8 TRATAMENTO 36

5.8.1 Tratamento Medicamentoso 36

5.8.2 Tratamento Cirúrgico 37

5.8.2.1 Tratamento pré-operatório 38

5.8.2.2 Considerações Cirúrgicas 38

5.8.2.3 Materiais de sutura e instrumentos especiais 40

5.9 PREVENÇÃO 40

5.10 COMPLICAÇÕES CIRURGICAS 40

5.11 CUIDADOS PÓS-OPERATÓRIOS 41

5.12 PROGNÓSTICO 42

6. RELATO DE CASO 43

7. DISCUSSÃO 50

8. CONCLUSÃO 51

9. REFERÊNCIAS 52

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1. INTRODUÇÃO

O estágio curricular supervisionado foi realizado na Clínica Escola de Medicina

Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná (CEMV-UTP) situada no município de

Curitiba, Paraná, no período de 25/07/2016 a 04/11/2016, sob orientação acadêmica

do professor MSc. Milton Mikio Morishin Filho. Foram acompanhadas atividades

desenvolvidas nas áreas de clínica médica de pequenos animais e clínica cirúrgica

de pequenos animais, com acompanhamento de consultas e retornos, auxílio em

procedimentos ambulatoriais, cuidados com o paciente no internamento,

acompanhamento em cirurgias, auxílio em procedimentos cirúrgicos e pós-

operatório.

A decisão pela realização do estágio curricular na CEMV - UTP deveu-se ao fato

de se tratar de uma clínica escola, pela qualidade do corpo docente, por oferecer

programa de residência em medicina veterinária, por possuir diversos recursos e

estrutura disponíveis para melhor aprendizagem acadêmica e principalmente pela

alta casuística.

Durante o estágio, foram acompanhados vários casos, dentre eles, o caso

escolhido para relato sobre ureter ectópico por ser uma anormalidade rara em

animais jovens que apresentam incontinência desde o nascimento, e por necessitar

de um diagnóstico mais preciso, pois se não diagnosticada adequadamente, pode

causar uma série de alterações como hidroureter que pode ser causada por infecção

crônica, obstrução de escoamento urinário ou ausência primária de peristaltismo

ureteral.

O presente trabalho de conclusão de curso está dividido em duas partes, sendo

a primeira constituída pelo relatório do estágio e a segunda pelo relato de caso e

revisão de literatura sobre ureter ectópico em cães.

2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO

O estágio foi realizado na Clínica Escola de Medicina Veterinária da

Universidade Tuiuti do Paraná, situada na Rua Sydnei Antônio Rangel Santos, 238,

bairro Santo Inácio, em Curitiba, Paraná.

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A CEMV - UTP é uma unidade de atendimento ao público da universidade,

utilizada de apoio às aulas práticas, oferece estágios curriculares em diferentes

setores, participa de atividades de pesquisa em nível de graduação e pós-

graduação, além de prestar serviços médicos-veterinários à comunidade em geral

nos horários de segunda a sexta, das 8hs às 18hs. Na figura 1, encontramos a

entrada principal da CEMV – UTP.

FIGURA 1: Entrada principal da CEMV – UTP (Curitiba/2016);

A CEMV – UTP conta com sete médicos veterinários residentes (MVR), sendo que

dois na área de clínica médica, dois na área de clínica cirúrgica, dois na área de

diagnóstico por imagem e um na área de anestesiologia, professores e funcionários

administrativos. A clínica oferece diversos serviços, dentre eles se destacam o setor de

clínica médica e cirúrgica de pequenos animais. São realizados atendimentos

especializados em diferentes áreas da medicina veterinária, compreendendo:

anestesiologia, dermatologia, internamento/intensivismo, neurologia, oncologia,

ortopedia, patologia clínica, com plantão 24h para pacientes internados, porém não

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17

aberto a atendimento de novos casos (18h às 8h), odontologia, oftalmologia, radiologia,

ultrassonografia e videocirurgia.

A CEMV – UTP dispõe das seguintes estruturas:

Sala de espera para atendimento (FIGURA 2), junto à recepção;

Sala para atendimento emergencial (FIGURA 3);

Setor de diagnóstico por imagem, que consiste em uma sala de radiografia

analógica, sala de revelação automatizada e setor de ultrassonografia com a

sala de laudo (FIGURA 4);

Consultório de dermatologia e farmácia (FIGURA 5A e 5B);

Dois ambulatórios para atendimento clínico (FIGURA 6);

Sala dos professores e dos MVR (FIGURA 7);

Dormitório para os MRV plantonistas;

Internamento/ambulatório exclusivo para gatos e outro para cães, laboratório de

patologia clínica (FIGURA 8);

Isolamento em casos de doenças infecto-contagiosas (FIGURA 9);

Vestiários feminino e masculino e sala de técnica cirúrgica para realização de

aulas (FIGURA 10);

UTI / sala para procedimentos odontológicos, centro-cirúrgico com

equipamentos de videocirurgia, microscópio cirúrgico para neurocirurgia e sala

para pós-operatório (FIGURA 11);

Central de esterilização/expurgo (FIGURA 12);

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FIGURA 2: Sala de espera para atendimento clínico, junto à recepção da CEMV-

UTP (Curitiba/2016);

FIGURA 3: Sala para atendimento emergencial – CEMV - UTP

(Curitiba/2016);

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FIGURA 4: Setor de diagnóstico por imagem, que consiste em uma sala de radiografia

com revelação automatizada (A) e setor de ultrassonografia com sala de laudo (B) –

CEMV - UTP (Curitiba/2016);

FIGURA 5: Consultório de dermatologia (A) e farmácia (B) – CEMV – UTP

(Curitiba/2016);

A B

A B

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FIGURA 6: Dois ambulatórios para atendimento clínico – CEMV – UTP (Curitiba/2016);

FIGURA 7: Sala dos professores (A) e dos MVR (B) – CEMV – UTP (Curitiba/2016);

A B

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FIGURA 8: Internamento/ambulatório exclusivo para gatos (A) e outro para cães

(B), laboratório de patologia clínica (C) – CEMV – UTP (Curitiba/2016);

FIGURA 9: Isolamento em casos de doenças infecto-contagiosas – CEMV –

UTP (Curitiba/2016);

B A

C

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FIGURA 10: Vestiários feminino (A), masculino (B) e sala de técnica (C) – CEMV

– UTP (Curitiba/2016);

A B

C

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FIGURA 11: UTI / sala para procedimentos odontológicos (A), centro-cirúrgico com

equipamento de videocirurgia (B) e sala para pós-operatório (C) – CEMV - UTP

(Curitiba/2016);

C

A B

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FIGURA 12: Central de esterilização/expurgo – CEMV – UTP (Curitiba/2016);

3. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

O período de estágio foi de 25 de julho a 04 de novembro de 2016, totalizando

carga horária de 420 horas. Foram realizadas atividades nas áreas de clínica médica

e cirúrgica, no internamento supervisionando animais internados, auxilio em exames

radiográficos e ultrassonográficos e em procedimentos ambulatoriais.

Em relação às atividades desenvolvidas durante o estágio, especificamente na

clínica médica foram: anamnese, exame físico completo, acompanhamento do

atendimento realizado pelo MRV tanto em consultas novas quanto em retornos,

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auxílio em procedimentos ambulatoriais como troca de curativos, fluidoterapia,

sondagem uretral, abdominocentese e toracocentese, auxilio nos exames de

imagem (inclusive ecocardiograma), citologia aspirativa por agulha fina, biópsia,

coleta de sangue e urina para análise laboratorial.

Somam-se às atividades realizadas, a participação em reuniões clínicas

semanais nas quais eram ministradas palestras pelos médicos veterinários

residentes e discutidos casos clínicos com alunos, estagiários, MRV e docentes.

3.1 CASUISTICA

Durante as 420 horas de estágio realizadas, foram acompanhados 122 casos

separados em Clínica Médica (61 casos) e Clínica Cirúrgica (61 casos) (GRÁFICO

1), sendo início do estágio dia 25/07/2016.

GRÁFICO 1: Casuística acompanhada na Clínica Médica e Cirúrgica – julho a

novembro de 2016 na CEMV – UTP (Curitiba/2016);

Dentre os 122 casos acompanhados, 83,60% eram da espécie canina (sendo

que 60,78% eram fêmeas e 39,22% eram machos) e 16,40% da espécie felina

(sendo 30% fêmeas e 70% machos).

No gráfico 2 há uma representação do total de casos acompanhados no período

do estágio obrigatório separados por especialidades.

Clínica Médica

Clínica Cirúrgica

50 % 50%

TOTAL: 122 CASOS

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GRÁFICO 2: Distribuição da casuística dos 122 casos acompanhados na CEMV -

UTP, separados por especialidades (Curitiba/2016);

Dentre os 122 casos atendidos, a área de odontologia se equivale a 1 caso,

neurologia a 3 casos, oftalmologia a 4 casos, emergência a 5 casos, ortopedia a 16

casos, oncologia a 36 casos e clínica geral a 57 casos.

Dentro da área de clínica geral, se encaixam os sistemas: tegumentar (22,8%),

genitourinário (17,5%) cardiorrespiratório (12,2%), digestório (17,5%) imunoprofilaxia

(10,5%), doenças infecciosas (10,5%) e endócrino (8,7%). Já de procedimentos

cirúrgicos, foram acompanhadas 42 cirurgias, como mostrado no gráfico 3, de

acordo com as especialidades, onde além da intervenção cirúrgica, foram

acompanhados também o pós-operatório dos pacientes.

Clínica Geral47%

Emergência4%

Neurologia3%

Odontologia1%

Oftalmologia3%

Oncologia30%

Ortopedia13%

TOTAL: 122 CASOS

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GRÁFICO 3: Distribuição de 42 procedimentos cirúrgicos acompanhados na CEMV -

UTP, separados por especialidades (Curitiba/2016);

A descriminação dos procedimentos cirúrgicos acompanhados e dispostos no

gráfico 3, encontram-se no quadro 1.

Ortopedia

Oncologia

Neurologia

Oftalmologia

Ginecologia

Clínica Geral38%

43%

2,3%

4,7% 4,7%

7,3%

TOTAL: 42 PROCEDIMENTOS

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QUADRO 1: Distribuição da casuística do centro-cirúrgico, com o número de

procedimentos realizados no período de estágio na CEMV – UTP;

CIRURGIA PROCEDIMENTO CIRÚRGICO N° DE

CASOS

ORTOPÉDICA

18

Colocefalectomia 4

Osteossíntese de fêmur 4

Osteossíntese de tíbia 1

Retirada de implante ósseo bilateral em rádio 1

Amputação de dígito 1

Amputação de membro torácico 1

Denervação bilateral 1

Osteotomia de nivelamento do platô tibial

(TPLO) 4

Osteossíntese mandibular 1

ONCOLÓGICA

16

Mastectomia 4

Excisão tumoral 7

Nodulectomia 3

Biópsia incisional 1

Biópsia excisional 1

NEUROLÓGICA

1

Estabilização de L5 1

GINECOLÓGICA

2

Ovariosalpingohisterectomia por vídeo 2

OFTÁLMICA

2

Enucleação 1

Embricamento da 3ª pálpebra 1

CLÍNICA GERAL

3

Laparotomia exploratória + enterectomia 1

Plastia nasal 1

Enterotomia 1

TOTAL DE CASOS

42

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4. REVISÃO DE LITERATURA – URETER ECTÓPICO

4.1 ANATOMIA DO SISTEMA URINÁRIO

O sistema urinário é composto por rins, ureteres, bexiga e uretra. Os rins têm a

principal função de filtrar o sangue (diálise sanguínea) para formar urina, que,

através dos ureteres, é encaminhada à vesícula urinária para armazenamento

temporário para que a urina não saia num fluxo contínuo assim como a filtração do

sangue.

A uretra, composta por dois esfíncteres (esfíncteres uretrais interno e externo), é

o canal por onde é expelida a urina. O ureter é um tubo muscular posicionado

caudalmente no espaço retroperitoneal na extensão da parede corporal dorsal. Ele

pode ser dividido em uma parte abdominal e uma parte pélvica.

Ao alcançar a cavidade pélvica o ureter se volta medialmente para entrar no

ligamento largo do útero nas fêmeas e no mesoducto deferente nos machos. O

ureter termina em uma inserção na face dorsolateral da vesícula urinária dentro de

seu ligamento lateral. No macho, cruza dorsalmente ao ducto deferente

correspondente. O ureter penetra em sentido obliquo próximo ao pescoço da

vesícula urinária e, corre intramuralmente entre a camada muscular e a mucosa da

vesícula urinária por cerca de 2 cm antes de abrir-se no lúmen da vesícula urinária

por dois óstios (ostium ureteris). O comprimento do trajeto intramural impede o

refluxo da urina para o ureter quando a pressão se eleva dentro da vesícula urinária,

mas não atrapalha a continuação do preenchimento da vesícula urinária, já que a

resistência costuma ser superada por contrações peristálticas da parede uretérica.

As paredes da pelve renal e do ureter compõem-se de túnica adventícia externa,

uma camada muscular média e uma mucosa interna. A mucosa uretral apresenta um

epitélio de transição. As artérias da pelve renal são derivadas da artéria renal, as

artérias para o restante do ureter são ramos da artéria renal, da artéria vesical

cranial e da artéria prostática ou vaginal. As artérias ureterais possuem

correspondentes venosos. Os linfáticos ureterais escoam nos linfonodos lombares

situados na extensão da aorta e nos linfonodos ilíacos mediais. O ureter recebe

inervação simpática e parassimpática (KONIG, et al. 2011).

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A figura 13 se refere à inervação da vesícula urinária através dos nervos

hipogástrico (simpático), pélvico (parassimpático) e pudendo (somático) que ajudam

a controlar o enchimento e esvaziamento vesical.

FIGURA 13: Anatomia básica do trato urinário inferior com indicação dos principais

trajetos do sistema neurológico que interferem na micção. EUI: esfíncter uretral

interno; EUE: esfíncter uretral externo.

(Fonte: Cortadellas, 2012)

5. URETER ECTÓPICO

5.1 DEFINIÇÃO

Ectopia do ureter é uma anormalidade congênita em que um ou os dois ureteres

não terminam na posição correta do trígono da vesícula urinária (ARGUELLES, et al.

2006).

5.2 ETIOLOGIA

De acordo com Fossum (2005), nas fêmeas, os ureteres ectópicos podem

terminar no colo da bexiga, na vagina, na uretra ou no útero e em machos terminam

no colo da bexiga e na uretra prostática podendo ser classificada em intramural

(ARGUELLES, et al. 2006), quando o(s) ureter(es) se localizam entre a mucosa e a

parede da vesícula, além do tamanho normal (2 a 3 cm), ou extramural

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(SYPNIEWSKI, 2005), quando um ou ambos os ureteres passam por fora da

vesícula e se encaminham diretamente para o local ectópico. Na maioria das

fêmeas, os ureteres ectópicos terminam na uretra; nos machos, na uretra prostática

(PETTERSON, et al. 2011).

5.3 FISIOPATOLOGIA

De acordo com Petterson (2011) a anomalia ocorre em consequência de uma

falha do metanefro em migrar da região sacral do embrião. Eles normalmente se

localizam na pelve ou na região inguinal. Um ou ambos os rins podem estar mal

posicionados, podendo ser pequenos ou do tamanho normal apesar de

estruturalmente e funcionalmente normais.

Para Sypniewski (2005), o entendimento da fisiopatologia é necessário, pois nos

embriões em desenvolvimento surgem três precursores ao sistema renal/urinário

maturo: o pronefro, mesonefro e metanefro. O pronefro, que é o mais precoce, da

origem ao sistema do ducto mesonéfrico ou de Wolff, que mais tarde vai originar o

ducto deferente e vesículas seminais no macho.

Na fêmea, os ductos de Muller originam-se da camada basal do ducto

mesonéfrico, que será reabsorvido. Os únicos remanescentes do mesonefro na

fêmea matura são as glândulas de Gartner que se disseminam por todo o sistema

urogenital. Os ductos de Muller originam-se separadamente, e se fundem

distalmente transformando-se em útero e vagina. Após outra etapa de

desenvolvimento, os ductos mesonéfricos se abrem para o seio urogenital

contribuindo para a formação do trato urinário inferior (SYPNIEWSKI, 2005).

O terceiro estágio tem início em duas partes. O ducto metanéfrico ou broto

ureteral origina-se de um ponto no ducto mesonéfrico, crescendo exteriormente e se

encontrando com o blastema metanéfrico, mais tarde tornando o córtex renal

maturo. O broto ureteral contribui com precursores para todas as partes do rim

distalmente aos túbulos contornados distais (medula, pelve renal e ureter). A

migração do blastema e broto ureteral deve ocorrer sirnultaneamente, para que se

tenha continuidade do desenvolvimento renal e ureteral normal, para isso a

migração precoce ou tardia de qualquer uma destas estruturas pode resultar em

anormalidades congênitas do sistema urinário superior, como cita Petterson (2011).

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A formação do broto ureteral num local proximal ou distal ao local normal

resultará num ureter que se abre para o sistema urogenital numa localização

anormal.

Visto que um erro embrionário resulta na formação de ureteres ectópicos, é

comum o achado de anormalidades congênitas adicionais do trato urinário,

originando-se do mesmo erro básico. Estas anomalias concomitantes são a

ectopia renal, ureterocele, agenesia ou hipoplasia da bexiga, agenesia ou hipoplasia

renal, duplicação ureteral ou renal, ramificação do ureter terminal, incapacidade do

mecanismo do esfíncter uretral, ausência do esfíncter ou trígono vesical, hímen

persistente, fimose, e estenose vulvovaginal (SYPNIEWSKI, 2005).

5.4 EPIDEMIOLOGIA

De acordo com SYPNIEWSKI (2005) é uma anomalia congênita rara que pode

representar um desafio no diagnóstico.

A sua ocorrência em cães é mais comum do que em gatos. Fêmeas caninas são

mais comumente acometidas, no entanto, cães e gatos machos também podem ter

ureter ectópico (BJORLING, et al. 1998). As raças mais predispostas são: labrador

retriever, golden retriever, husky siberiano, west higland white terrier, poodles toys e

miniaturas ou cães sem raça definida (BIANCHI, et al, 2013).

5.5 SINAIS CLINICOS

Geralmente o proprietário observa incontinência urinária no momento do

desmame, podendo a incontinência ser continua ou intermitente (MCLOUGHLIN,

2000). Outros sinais podem ser observados como manchas de urina na pelagem da

região prepucial ou perivulvar e dermatite severa secundária a queimadura por urina

nesta região. De acordo com Sypniewski (2005), muitos animais afetados são

capazes de urinar normalmente, particularmente se a condição da ectopia for

unilateral, os ureteres abrem próximo do trígono e um enchimento retrógrado da

bexiga pode ocorrer, além da eliminação normal da urina, quando o ureter normal

preenche a bexiga. Nos animais com ectopia bilateral, espera-se que pacientes

acometidos tenham incontinência urinária sem eliminação normal de urina.

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Na presença de uma infecção do trato urinário (ITU) concomitante, a urina pode

ter odor fétido. A contaminação de pelos e pele do períneo com urina pode provocar

dermatite (FOSSUM, 2005) e secundariamente à ITU podem ocorrer piúria e

bacteriúria.

5.6 DIAGNÓSTICO

5.6.1 Avaliação laboratorial

Os exames laboratoriais recomendados são de grande importância para detectar

ITU e doenças associadas como piúria e bacteriúria (FOSSUM, 2002).

ALEXANDER (1998) ainda sugere um hemograma completo e perfil bioquímico,

com a detecção do nitrogênio sérico derivado da uréia e creatinina séricas para a

avaliação da capacidade filtradora renal total e na resposta sistêmica à infecção do

trato urinário. Urinálise acompanhada de urocultura e teste de sensibilidade aos

antibióticos permite o tratamento das infecções concomitantes e comuns do trato

urinário.

5.6.2 Urografia Excretora

Uma radiografia abdominal simples não visualiza ureteres, já a contrastada

(urografia excretora) proporciona informação sobre o parênquima e pelve renais,

tamanho e distensibilidade da bexiga, dimensões ureterais e, possivelmente, da

terminação ureteral.

A determinação do local exato onde se termina o ureter é complicada,

especialmente no caso de ureteres intramurais que frequentemente são

obscurecidos pelo contraste intravesicular.

Pode haver ureteres dilatados e hidronefrose em decorrência da ITU. De acordo

com Cortadellas (2012), o paciente deve estar sob anestesia geral, e para melhor

visualização do local de inserção dos ureteres na bexiga, deve-se realizar

previamente uma pneumocistografia, que seguido por uma vaginoretrografia

(fêmeas), ou uma uretrografia (machos), ainda podem diagnosticar um hidroureter,

rins ausentes, pequenos, ou disformes; hidronefrose; e ureteres retorcidos ou

obstruídos.

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Segundo FORRESTER (2000), o enchimento da bexiga com ar ambiente ou

CO² melhora a visualização dos ureteres terminais; imagens obliquas podem ser

indicadas para delinear os ureteres individualmente. O ureter afetado é observado

normalmente dilatado e tortuoso na urografia excretora. A melhor visualização dos

ureteres ocorre aos 5, 10 e 20 minutos após a administração do contraste, sendo

que projeções ventrodorsais obliquas podem facilitar a identificação de sua

terminação, sem que haja sobreposição da coluna vertebral.

Uretrografia contrastada retrógrada ou vaginuretrografia pode auxiliar na

localização da terminação do ureter (SAMII et al, 2004). A perfilometria da pressão

uretral, que detecta o músculo uretral, pode detectar incompetência esfinctérica

antes de uma cirurgia (OSBORNE et al.,1996; STONE, 2003).

5.6.3 Vaginoscopia e Cistoscopia

De acordo com Neto (2011), esses exames favorecem diagnósticos precisos

como classificação dos ureteres ectópicos e anomalias congênitas associadas do

orifício ureteral, bexiga, uretra e vagina, e também provê informações quanto à

morfologia específica do segmento terminal do ureter.

Na indisponibilidade de cistoscopia, ocasionalmente é necessária a exploração

cirúrgica para definir o diagnóstico. Os túneis submucosos dos ureteres intramurais

não são sempre facilmente visíveis durante a visualização cistoscópica, porque a

pressão intraluminal dentro da uretra é aumentada devido à insuflação fluida,

causando um colapso do túnel submucosal.

O ureter ectópico intramural pode se ligar à bexiga em uma posição trigonal

normal. A visualização direta da superfície da bexiga permite ao cirurgião determinar

se um ou ambos os orifícios ureterais estão localizados na posição anatômica na

extremidade do trígono da vesícula urinária. Ressalva-se que o diagnóstico de

ectopia ureteral bilateral não pode ser realizado por endoscopia vaginal (OSBORNE,

et al. 1995).

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5.6.4 Tomografia computadorizada

De acordo com Roriz-Filho (2010), a tomografia computadorizada (TC) evidencia

alterações estruturais e/ou funcionais do sistema urinário e tem indicação restrita

àqueles casos de cistite/pielonefrite não resolvidos com terapia empírica.

O princípio básico desta técnica consiste na realização de cortes axiais por meio

da rotação do conjunto “tubo de raios X – detectores” em torno do paciente, sendo a

reconstrução da imagem feita por computador através de cálculos matemáticos

(algoritmos de reconstrução) (BIASOLI ET AL, 2016).

A tomografia computadorizada, apesar de sua precisão, necessita que o animal

esteja anestesiado e ainda possui grande custo como exame complementar para

diagnóstico (GRUN, 2006).

De acordo com McAninch, et al (2014), a tomografia computadorizada é eficaz

para estudo das glândulas suprarrenais e dos ureteres, produz imagens excelentes

e, hoje, é o método de imagem preferido para exame do retroperitônio. A

ressonância magnética (RM) é comparável quanto aos seus recursos de imagem de

algumas estruturas como rins, mas supera a TC na avaliação da pelve.

5.7 DIAGNOSTICO DIFERENCIAL

Fossum (2005) relata que a ectopia ureteral deve ser considerada provável em

qualquer animal jovem que seja apresentado para tratamento de incontinência. A

incontinência comportamental também é comum em animais jovens por causa do

seu comportamento submissivo exagerado.

De acordo com Cortadellas (2012), as causas de incontinência dividem-se

classicamente em neurogênicas (medula sacral, com sinais de neurônio motor

inferior) e não neurogênicas (distúrbios anatômicos e funcionais). Dentre as

neurogênicas, as principais são: lesão em neurônio motor inferior, malformações

sacrais, disautonomia e dissinergia detrusor-esfinctérica.

Já dentre as causas não neurogênicas, encontramos: incompetência do

mecanismo do esfíncter uretral, hipoplasia uretral, inflamação do trato urinário,

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instabilidade do detrusor, ureter ectópico, obstrução urinária parcial ou completa por

urólitos, neoplasias ou pólipos, obstrução urinária funcional, persistência do úraco,

estenose vestibulovaginal ou atonia primária do detrusor.

5.8 TRATAMENTO

5.8.1 Tratamento Medicamentoso

Sabendo-se que o ureter ectópico desemboca de forma anômala na uretra, de

acordo com Cortadellas (2012), a terapia medicamentosa isolada não é efetiva, e os

pacientes requerem intervenção cirúrgica para corrigir a incontinência. Outras

anomalias que acompanham a ectopia ureteral como distensibilidade vesical

reduzida e IMEU, podem apresentar leve melhora com o uso de simpatomiméticos,

como fenilpropanolamina, efedrina ou pseudoefedrina, que servem para aumentar o

tônus uretral e são indicados em caso de IMEU.

Muitos animais necessitam de tratamento medicamentoso após a cirurgia

corretiva, pois pode haver alterações como as anteriormente citadas que devem ser

tratadas com o uso de simpatomiméticos.

Caso haja ITU, um diagnóstico correto é essencial, por forma a evitar atitudes

diagnósticas e/ou terapêuticas desnecessárias e não promover a resistência

bacteriana. Apesar de estarem definidos critérios diagnósticos de ITU, estes não

são, por vezes, corretamente utilizados. Embora outros critérios possam ser

empregues, o “gold standard” para diagnóstico de ITU inclui a positividade da

urocultura com sintomatologia associada (BARBOSA, et al. 2014).

De acordo com Cortadellas (2012), aproximadamente 75% das ITU são

provocadas por um único patógeno, 20% por dois e 5% por três espécies

patogênicas distintas. A bactéria mais frequente é a E. coli (37 a 45% dos casos) e

entre 25 – 33% das infecções são produzidas por Staphylococcus, Streptococcus e

Enterococcus spp.

Para Barbosa (2014), o tratamento antibiótico nem sempre é necessário, uma

vez que em alguns casos a ITU tem um curso autolimitado. A presença de

sintomatologia, por si só, não é critério para prescrição de antibiótico. Devem ser

realizados meios complementares de diagnóstico como urocultura, análise de urina

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ou “tira reagente” para pesquisa de esterase leucocitária e nitritos, que suporte tal

atitude terapêutica.

Contudo, alguns doentes são considerados de maior risco, pelo que exigem uma

atitude mais atenta. Na suspeita de pielonefrite, administrar antimicrobiano por 6 a 8

semanas e repetir a urocultura de 3 a 5 dias após o início do tratamento e,

novamente, 5 a 7 dias após término do tratamento (FOSSUM, 2005).

5.8.2 Tratamento Cirúrgico

A ureteronefrectomia é a alternativa de eleição para casos unilaterais (mais

frequente) com hidronefrose severa e/ou dilatação ureteral severa. Em casos de

acometimento bilateral ou em pacientes com ectopia unilateral, mas sem lesões

ureterais e/ou renais graves, a melhor opção é proceder com a reimplantação

ureteral que consiste em seccionar distalmente o ureter e inserí-lo no urotélio vesical

através de um túnel criado no músculo detrusor (Cortadellas, 2012).

A correção cirúrgica propicia cura em cerca de 50% dos pacientes com ureter

ectópico; a incontinência persiste em cerca de 50%. Um terço desses animais

responde ao tratamento medicamentoso. Deve-se realizar uma cirurgia tão logo seja

possível para evitar anormalidades secundárias (hidroureter, hidronefrose) causadas

por infecções no trato urinário ascendente ou obstrução de escoamento.

A escolha da técnica cirúrgica para a correção do ureter ectópico depende do

distúrbio ser unilateral ou bilateral; tipo de ureter ectópico, e estado funcional dos

rins e de anormalidades concomitantes que podem estar associadas (OSBORNE et

aI., 1996).

Deve-se realizar uma neo-ureterostomia em casos de ureteres ectópicos

intramurais. Embora alguns ureteres se desviem completamente da bexiga, a maior

parte destes corre sob a mucosa vesical antes de sair e se abrir no interior da uretra

ou da vagina. Se o ureter for extraluminal ou extramural, este deverá ser

resseccionado e reimplantado no interior do lúmen vesical.

A ablação a laser guiado por cistoscopia, em casos de ectopia intramural,

substitui cranialmente o orifício ureteral ectópico, e por ser minimamente invasiva,

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possui bons resultados, de acordo com Cortadellas (2012), tornando-se uma opção

interessante.

Na veterinária ainda não tem muita utilização, além de que o laser e a

cistoscopia requerem fluoroscopia para guiar o procedimento, tornando a técnica

mais complexa.

5.8.3 Tratamento pré-operatório

Antes de uma cirurgia, devem-se corrigir as anormalidades hídricas, ácido-

básicas e eletrolíticas. Antibióticos apropriados precisam ser administrados conforme

o indicado por cultura urinária e antibiograma. Se, antes da cirurgia, a

antibioticoterapia ainda não se tiver iniciado, administram-se antibióticos após

culturas intra-operatórias serem realizadas.

Se tiver ocorrido hidronefrose ou fibrose renal, a função renal antes da cirurgia

deverá ser determinada. É necessário remover os rins não-funcionais (FOSSUM,

2005).

5.8.4 Considerações cirúrgicas

O animal deve ser posicionado em decúbito dorsal e o abdômen deve ser

preparado para uma incisão na linha média ventral. A área preparada deve se

estender desde acima da cartilagem xifoide ate abaixo do púbis (BJORLING, 1998).

Antes de reparar o ureter, deve-se explorar o sistema urinário inteiro. Os rins

não-funcionais e seus ureteres precisam ser removidos; de outra maneira, devem

ser preservados. Caso se considere uma nefrectomia, uma ectopia bilateral deverá

ser descartada primeiramente. No caso de nefrectomia, há necessidade de ligar a

extremidade do ureter ectópico tão proximamente de sua terminação quanto

possível. Feito isso, deve-se identificar o ureter distal e promover seu isolamento

através de uma dissecção. Neste momento muito cuidado deve ser tomado em

preservar o suprimento sanguíneo longitudinal uretérico. Se o ureter não se

encontrar em uma localização ectópica, realizar uma ligadura da continuação distal.

É necessário preservar o máximo possíveI o comprimento ureteral para permitir a

implantação na bexiga sob mínima tensão (WALDRON, 1998; BJORLlNG, 2000).

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Neo-ureterostomia

Muitos autores relatam que para correção de ureter ectópico intramural é usada

a técnica de neo-ureterostomia que consiste em fazer uma incisão longitudinal

através da mucosa vesical no interior do lúmen ureteral e suturar a mucosa ureteral

na bexiga com sutura de padrão simples interrompido.

Com ajuda de um cateter no interior do ureter distal, imediatamente ao novo

estoma, usar fio não-absorvível circunferencialmente ao redor do tubo, porém

deixando-o por baixo da mucosa para que não penetre no lúmen vesical. Após

remover o cateter, fechar a uretra proximal com cuidado para não comprometer seu

diâmetro utilizando suturas interrompidas ou continua simples. Fechar a vesícula

urinária de maneira que assegure a selagem impermeável à água com sutura

contínua simples.

De acordo com Argüelles, et al (2006), a introdução do cateter através de uma

ureterotomia proximal à bexiga, para localizar a trajetória intramural, causa uma

pequena lesão mas facilita a abertura de um novo estoma.

Cortadellas (2012) relata que a ablação a laser guiada por cistoscópio é outra

forma minimamente invasiva para se corrigir a anormalidade, porém informa que tem

pouca experiência na veterinária, além de que o laser e a cistoscopia requerem

fluoroscopia para guiar o procedimento, o que torna a técnica complexa.

Ureteroneocistostomia

No caso de ureter extraluminal/extramural, de acordo com Cortadellas (2012),

este deverá ser resseccionado e reimplantado no interior do lúmen vesical. De

acordo com Sypniewski (2005), dá-se preferência à ureteroneocistostomia em

relação à ressecção e anastomose do ureter distal, pois observa-se uma taxa de

complicação mais baixa após a ureteroneocistostomia. A técnica consiste em

seccionar distalmente o ureter, preservando o máximo possível de seu comprimento,

e inserí-lo no urotélio vesical através de um túnel criado no músculo detrusor que

causa menos fibrose e promove um retorno mais rápido da função ureteral normal.

Colocar uma sutura de fixação na extremidade proximal do ureter transeccionado.

Incisar a mucosa vesical e criar um túnel oblíquo curto de submucosa na parede

vesical (Cortadellas, 2012). Usar a sutura de fixação para puxar o ureter para o

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interior lúmen vesical com cuidado para não danificar o ureter, pois, de acordo com

Sypniewsky, pode obstruir a ele e ao suprimento sanguíneo. Fazer uma incisão

longitudinal de 1 a 2 mm na extremidade ureteral (espatule-a) e a suturar na mucosa

vesical com um fio absorvível. Oliveira, et al (2013) relata que a vesícula urinária

deve ser suturada com fio absorvível (polipropileno 4-0) em camada dupla de sutura

invaginante padrão cushing para assegurar o não extravasamento de urina à

cavidade abdominal.

4.8.5 Materiais de sutura e instrumentos especiais

Na bexiga deve-se usar um material de sutura absorvível, pois os materiais de

sutura não-absorvíveis podem promover formação de cálculos ou infecção.

Devemos nos lembrar de que o ácido poliglicólico e a poliglactina 910 podem ser

rapidamente degradados em contato com a urina infectada; no entanto a

polidioxanona e o poligliconato mantêm a força tênsil quando em contato com urina

e, consequentemente, são preferíveis para fechar uma cistotomia.

Para suturar o ureter na mucosa vesical se preferem os fios de sutura pequenos

(4-0 ou 5-0). O ureter distal deve ser ligado com fios de sutura não-absorvíveis

porque é possível a incontinência recidivar como resultado de uma recanalização do

ureter distal, caso se use material de sutura absorvível (FOSSUM, 2005).

5.9 PREVENÇÃO

De acordo com Fossum (2005), devemos esclarecer ao proprietário um possível

envolvimento hereditário relacionado à ocorrência de ureter ectópico. É

recomendada a castração do animal para que não seja transmitido para os filhotes,

mas segundo Stone (2003), cadelas incontinentes não devem ser castradas antes

de seu primeiro cio para que não haja subdesenvolvimento do aparelho

genitourinário, pois essa situação também poderá causar incontinência no animal.

5.10 COMPLICAÇÕES CIRURGICAS

As complicações da cirurgia variam de acordo com a técnica cirúrgica. As

complicações da ureteroneocistostomia incluem hidroureter, hidronefrose, cistite,

estenose transitória, deiscência de anastomose, disúria persistente e perda de

peristaltismo ureteral normal, já as associadas ao procedimento de neo-

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ureterostomia incluem disúria persistente, cistite, recanalização do segmento de

ureter distal e potencial reflexo de dissinergia.

Waldron (1998) explica que a duração e a gravidade do hidroureter e da

hidronefrose pós-operatórios estão relacionadas ao grau de traumatismo tecidual e

de tumefação, que comumente desaparece em 2 a 6 semanas, caso não haja fator

contributivo.

A incontinência urinária persistente é a complicação mais comum após o reparo

cirúrgico de ureteres ectópicos, ocorrendo em 44 a 67% dos pacientes após o

procedimento cirúrgico (OLIVEIRA, et al. 2013). Os cães incontinentes necessitam

de avaliação repetida, incluindo urografia excretora, pneumocistografia e

vaginoretrografia (STONE, 2003).

De acordo com Alexander (1996), a infecção do trato urinário superior pode

ocorrer devido a cessação temporária do peristaltismo normal e do refluxo

vesicouretral. Mesmo após procedimentos cirúrgicos bem sucedidos a incontinência

pós-operatória poderá ocorrer por várias razões, como um ureter ramificante

contralateral não detectado, ruptura do mecanismo esfincteriano, por exposição

cirúrgica, anormalidades concomitantes do esfíncter uretral, anormalidades

vaginovestibulares concomitantes com acúmulo de urina e cistite.

5.11 CUIDADOS PÓS-OPERATÓRIOS

Sypniewski (2005) comenta que os cuidados pós-operatórios imediato devem

atender à fluidoterapia apropriada, visando a ocorrência de diurese. São

recomendados exames complementares como a urocultura de acompanhamento,

testes de sensibilidade bacteriana para o controle da resposta terapêutica, além da

antibioticoterapia apropriada.

Após uma cirurgia se observa o animal proximamente quanto a sinais de

obstrução ou vazamento urinários. Se ocorrer obstrução uretral em razão de inchaço

pós-operatório, deverá ser colocado um cateter urinário internalizado por 3 a 4 dias,

até que ocorra a eliminação normal. Caso seja corrigida uma ectopia bilateral

durante a mesma cirurgia (ou haja comprometimento renal significativo no rim

contralateral em uma cirurgia unilateral), monitora-se o animal quanto a sinais de

insuficiência renal que resultam em inchaço ureteral e obstrução subsequente. O

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ácido dietilenotriamino-pentacético-tecnécio-99m pode ser útil para avaliar a função

ureteral em cães após ureteroneocistostomia (BARTHEZ et al., 2000).

Se a incontinência continuar pós-operatoriamente por mais de 2 a 3 meses, faz-

se um urograma excretor ou uma cistoscopia para avaliar os ureteres. Às vezes, a

extremidade distal (a extremidade ligada) ficará desobstruída ou uma ectopia

bilateral foi perdida inicialmente. Um inchaço do estoma ureteral é comum após a

cirurgia e pode causar alguma obstrução no fluxo ureteral, mas em geral não é

detectado e se resolve sem terapia (FOSSUM, 2008).

Osborne et al. (1995) descreve que amostras para urinálise e cultura urinária

devem ser realizadas após a cirurgia para monitoramento do paciente e coletadas

por meio de cistocentese, além da instituição de uma terapia antimicrobiana

efetuada de acordo com o resultado do exame de cultura urinária até que o paciente

apresente exames com resultados negativos.

5.12 PROGNÓSTICO

Cerca de 30 a 55% dos pacientes continuam a exibir certo grau de incontinência

após a cirurgia. A obtenção de medições de pressão uretral antes de uma cirurgia e

após se instituir uma terapia com fenilpropanolamina ajuda a prever a probabilidade

de continência após cirurgia. Huskies siberianos são particularmente propensos à

incontinência pós-operatória por causa da incidência alta de incompetência

esfinctérica uretral. Esses cães podem responder a agonistas alfa-adrenérgicos, que

de acordo com Sypniewski (2005), pode tratar a incontinência após o ato cirúrgico,

aumentando o tônus esfinctérico uretral.

Caso se encontre presente uma hipoplasia vesical, a incontinência poderá

continuar até que a bexiga aumente de tamanho e funcione apropriadamente como

um reservatório. Cães com depressões ureterais podem apresentar um prognóstico

pior do que cães com ureteres ectópicos intramurais não-distendidos (FOSSUM,

2005).

O prognóstico é melhor para pacientes com ureteres terminando em outros

locais que não a uretra, pois as anormalidades do esfíncter uretral são mais comuns

quando os ureteres terminam na uretra. No caso dos machos, a continência pós-

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operatória em situações de terminação uretral é mais comum devido ao refluxo

uretrovesical em qualquer dos sexos, o implante de ureteres muito dilatados está

associado ao grau elevado de refluxo vesicouretral e ao declínio contínuo na função

renal (ALEXANDER, 1996).

6. RELATO DE CASO

Foi encaminhada a CEMV – UTP uma cadela sem raça definida de apenas

quatro meses de idade, pesando 5,4 kg, com histórico de incontinência urinária,

secreção esbranquiçada na região da vulva, polaciúria com hematúria há três

meses.

Para diagnóstico foi indicada radiografia abdominal simples e ultrassonografia

abdominais que descartaram cálculo vesical/uretral e cistite. Como diferencial havia

a lesão neurológica, porém a hipótese foi eliminada com exame neurológico sem

alterações assim como na urinálise, com resultados normais.

Foram prescritas pomadas Iruxol® (BID) e Dermazine® (TID) para região da

vulva, pois estava edemaciada até a conclusão do diagnóstico. Como o histórico da

paciente era compatível com ureter ectópico, foi feita a urografia excretora que

demonstrou alterações radiográficas em ureter esquerdo de distensão de pelve,

distensão de ureter, trajeto tortuoso e possível ponto de inserção de ureter esquerdo

em uretra resultando em ureter ectópico, não podendo descartar o comprometimento

em ureter direito.

A urografia excretora foi realizada administrando 6,3 ml de contraste não iodado

intravenoso em exposição imediata e a cada 5 e 10 minutos após a injeção do

contraste. Em radiografia realizada logo após a administração do contraste,

observou-se pelve renal esquerda distendida medindo 0,5 cm, seguiu pelo ureter

proximal distendido medindo 0,5 cm e trajeto tortuoso. Em pelve renal direita

medindo 0,2 cm, ureter proximal medindo 0,1 cm e trajeto linear.

Após 4 minutos de administração do contraste, observou-se grande quantidade

de contraste saindo da pelve esquerda medindo 0,4 cm e ureter medindo 0,4 cm.

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Em pelve renal e ureter direitos não se observou distensão. Notou-se moderada

quantidade de contraste preenchendo o lúmen vesical. Após 10 minutos, observou-

se grande quantidade de contraste em ureter distal esquerdo distendido medindo 0,5

cm, com aspecto tortuoso e notou-se que o ponto de inserção dos ureteres

ultrapassava o trígono vesical, ou seja, ureteres adentravam em cavidade pélvica

para possível inserção em uretra. Notou-se preenchimento pelo contraste em lúmen

vesical.

Em 15 minutos de administração observou-se presença de contraste em pelve

renal e ureteres direito e esquerdo. Presença de contraste excretado, sujando os

pelos da paciente.

Para conclusão do diagnóstico, foi solicitada uma tomografia computadorizada

que evidenciou ureteres com diâmetro preservado, sendo que o ureter esquerdo se

inserindo na vagina e, o direito, na bexiga. As figuras 14 e 15 representam, em corte

dorsal, o contraste sendo eliminado pelos rins direito e esquerdo, 7 e 13 minutos,

respectivamente, após a injeção.

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FIGURA 14: Imagens tomográficas representando a eliminação do contraste pelos

rins direito e esquerdo, 7 minutos após a injeção, sem aumento no diâmetro de pelve

renal e ureter.

(Fonte: Tramontin, 2016)

FIGURA 15: Imagens tomográficas representando a eliminação do contraste pelos

rins direito e esquerdo, 13 minutos após a injeção, sem alteração do diâmetro de

ambos os ureteres.

(Fonte: Tramontin, 2016)

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FIGURA 16: Imagens tomográficas representando a saída do contraste dos rins (A),

em corte sagital, após 13 minutos da injeção de contraste, não se inserindo no

trígono vesical da vesícula urinária, e sim, diretamente na vagina (B e C).

(Fonte: Tramontin, 2016)

A B

C

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Com esse resultado, a paciente retornou para ureteroneocistostomia juntamente

com ovariosalpingohisterectomia (OSH).

Para o procedimento cirúrgico, a paciente foi posicionada em decúbito dorsal.

Realizado acesso ao abdômen por celiotomia em incisão pré-retroumbilical. Em

seguida foi realizada uma cistotomia (abertura temporária na vesícula urinária) para

identificação do orifício de ureter ectópico. Localizado o ureter esquerdo extramural

junto à parede da vesícula (FIGURA 17), foi ligado e seccionado e foi feita uma

incisão para criar novo orifício na mucosa da vesícula urinária para ser reimplantado

no seu lúmen de ureter (FIGURA 18). Um cateter foi posicionado no lúmen do ureter

para auxiliar na fixação do mesmo na mucosa vesical e, logo em seguida, retirado.

Realizado sutura em padrão pontos simples interrompido em região crâniodorsal da

vesícula com fio poliglactina 4-0 (FIGURA 19), fio absorvível para não causar muita

irritação na mucosa vesical, seguido por cistorrafia (sutura da vesícula urinária) com

duas suturas de padrão Shimidem e Cushing com o mesmo fio, suturas invaginantes

que impedem o extravasamento de urina para a cavidade abdominal.

Figura 17: Identificação do ureter ectópico junto à parede da vesícula urinária.

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48

Figura 18: Incisão da mucosa da vesícula urinária, local de reimplantação do ureter

distal resseccionado.

Figura 19: Aspecto final do ureter após sutura na mucosa da vesícula urinária com

fio poliglactina 4-0 (absorvível), com auxílio de um cateter.

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No pós-operatório, a paciente ficou sob fluidoterapia de Ringer com lactato na

taxa de infusão apropriada para que houvesse produção urinária, a qual foi

abservada 2 horas após a cirurgia, o que significa que a paciente não teve sinais de

obstrução e vazamento urinários confirmado por ultrassonografia abdominal, e

depois, foi encaminhada à outra clínica para acompanhamento noturno, pois no dia

não haveria internamento na CEMV – UTP. Os medicamentos administrados no pós-

operatório foram: Cloridrato de ranitidina (2 mg/kg, BID, SC) agindo como antiácido

no estômago bloqueando as células que produzem o ácido, amoxicilina (20 mg/kg,

BID, SC), um antibiótico para bactérias Gram + e normalmente é usada em casos de

cistite e gastrite, omeprazol (1 mg/kg, SID, IV) como protetor gástrico, cloridrato de

tramadol (3 mg, TID, IV), um opióide que potencializa um analgésico, dipirona (25

mg, TID, IV) para analgesia e meloxicam (0,1 mg, SID, IM) como antinflamatório.

Apesar de a incontinência urinária ser observada como frequente complicação

pós-operatória nos tratamentos de ectopia ureteral, a cadela do caso relatado obteve

sucesso terapêutico. A técnica se mostrou eficiente na correção do defeito

anatômico sem complicações. Uma semana após a cirurgia, a paciente retornou

para retirada de pontos e os proprietários informaram que estavam contentes com o

resultado e que a cadelinha estava muito bem.

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7. DISCUSSÃO

A incontinência urinária observada desde o nascimento motivou a investigação

da alteração por ser o sintoma mais comum em animais com ureter ectópico e que a

ectopia ureteral é a causa mais comum de incontinência urinária em cadelas

(AMARAL, et al., 2005). Dermatite vulvar e perivulvar secundárias a queimadura por

urina estavam presentes como esperado. De acordo com Bianchi, et al (2013), cães

SRD podem ser acometidos, como no caso relatado.

Diagnósticos por imagem foram necessários para que se concluísse a anomalia,

pois, de acordo com Lamb (1998), a ultrassonografia é um método conveniente para

examinar órgãos adjacentes, principalmente os rins e bexiga, que podem ser

afetados em animais com anormalidades ureterais, mas não é tão preciso quanto a

urografia excretora que, de acordo com Oliveira et al (2013), é considerada o melhor

método para diagnóstico, pois fornece informações sobre localização, tamanho,

morfologia e locais de implantação dos ureteres, porém no caso relatado, o

diagnóstico foi confirmado com a tomografia computadorizada que, de acordo com

Jovino e Tonini, et al (2014), em alguns casos é o exame conclusivo que deve ser

indicado para que a cirurgia possa ser realizada o mais breve possível, evitando-se

assim danos maiores ao paciente, como a hidronefrose e o hidroureter.

De acordo com Oliveira, et al (2013), caso o diagnóstico for inconclusivo no pré-

operatório, a exploração cirúrgica é necessária para determinar o tipo de ureter

presente. É importante ressaltar que a correção cirúrgica da ectopia ureteral baseia-

se na localização e características morfológicas dos ureteres, sendo fundamental

avaliação da estrutura e função renais através de diagnósticos por imagem

(AMARAL, 2005), como relatado.

Por se tratar de um caso de ureter ectópico extramural, optou-se pela técnica

cirúrgica de ureteroneocistostomia. O tratamento de eleição para essa condição é a

correção cirúrgica, não obstante, a incontinência urinária persistente é uma

complicação comum após o reparo cirúrgico de ureteres ectópicos e a doença

bilateral é referida como agravante no fracasso do tratamento (OLIVEIRA, et al.

2013).

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Com relação à castração, segundo Stone (2003), cadelas incontinentes não

devem ser castradas antes de seu primeiro cio para que não haja

subdesenvolvimento do aparelho genitourinário, pois essa situação também poderá

causar incontinência no animal, porém para Ribas (2012), a castração antes do

primeiro estro é o único método preventivo efetivo no desenvolvimento de

neoplasias mamárias.

8. CONCLUSÃO

O ureter ectópico é um distúrbio do trato urinário que não tem grande casuística

na clínica médica e cirúrgica, por isso sua dissertação tem grande importância sendo

evidenciada neste trabalho para auxiliar no diagnóstico ao se deparar principalmente

com filhotes de cães e gatos que apresentem incontinência urinária bem como no

tratamento cirúrgico atual indicado nestas circunstâncias.

Apesar de ser rara a ocorrência em cães, o ureter ectópico deve ser considerado

como diagnóstico diferencial de incontinência urinária, após exclusão de causas

mais frequentes. A paciente do presente relato não apresentava outras anomalias

concomitantes possibilitando melhor prognóstico cirúrgico.

Durante o período de estágio, além de poder associar a teoria com a parte

prática, obtive crescimento profissional e pessoal, o que foi muito gratificante pela

convivência com tantos profissionais da área.

Ao final do estágio, conclui-se que é obrigação do médico veterinário associar

todo o seu conhecimento e exames para se ter um diagnóstico preciso e assim

manter o bem estar e qualidade de vida dos pacientes. Autoconfiança e habilidades

são essenciais para tratamento de diversos casos da clínica médica e cirúrgica.

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