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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 2013/2014 RELATÓRIO FINAL DE PESQUISA LUISA SILVA PEREIRA INICIAÇÃO CIENTÍFICA VOLUNTÁRIA/ EDITAL IC 2013/2014 PLANO DE TRABALHO: Diretrizes de projeto para arquitetura de jardins verticais Relatório final apresentado ao Grupo de Pesquisa em TEORIA E HISTÓRIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO THAC da UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ UFPR por ocasião do desenvolvimento das atividades voluntárias de Iniciação Científica Edital 2013-2014. NOME DO ORIENTADOR: Prof. Dr. Antonio Manoel Nunes Castelnou, neto Departamento de Arquitetura e Urbanismo TÍTULO DO PROJETO: Arquitetura e Sustentabilidade: Bases Conceituais para o Projeto Ecológico BANPESQ/THALES: 2007021212 CURITIBA PR 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – 2013/2014

RELATÓRIO FINAL DE PESQUISA

LUISA SILVA PEREIRA

INICIAÇÃO CIENTÍFICA – VOLUNTÁRIA/ EDITAL IC 2013/2014

PLANO DE TRABALHO:

Diretrizes de projeto para arquitetura de jardins verticais

Relatório final apresentado ao Grupo de Pesquisa em TEORIA E HISTÓRIA DO AMBIENTE

CONSTRUÍDO – THAC da UNIVERSIDADE FEDERAL

DO PARANÁ – UFPR por ocasião do desenvolvimento das atividades voluntárias de Iniciação Científica – Edital 2013-2014.

NOME DO ORIENTADOR:

Prof. Dr. Antonio Manoel Nunes Castelnou, neto

Departamento de Arquitetura e Urbanismo

TÍTULO DO PROJETO:

Arquitetura e Sustentabilidade: Bases Conceituais para o Projeto

Ecológico

BANPESQ/THALES: 2007021212

CURITIBA PR

2014

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1 TÍTULO

Diretrizes de projeto para arquitetura de jardins verticais

2 RESUMO

Com o aumento, ao longo dos anos, da vida urbana em detrimento da rural – em todo o

mundo, inclusive o Brasil –, surgiram problemas nas grandes cidades, tanto de cunho técnico

como funcional, mas principalmente ambiental. Diante desse quadro de crescente urbanização,

surgiram frequentes discussões acerca das questões de sustentabilidade e modelos de

desenvolvimento socioeconômico, passando-se a buscar cada vez mais uma forma de se aliar o

incremento à vida urbana a preocupações ecológicas. Foi a partir desse contexto que se

disseminou uma série de estudos e iniciativas em vários campos de atuação do homem, incluindo

a arquitetura e o urbanismo. Nas últimas décadas, vêm surgindo diversos estudos e projetos que

visam a implementação de elementos, materiais e técnicas, os quais auxiliem nessa busca da

preservação ambiental e da reintegração do homem em relação à natureza.

Dentro deste cenário, surge a proposta do jardim vertical e das paredes verdes

(greenwalls); elementos que podem trazer inúmeros benefícios relacionados à diminuição de

impactos ambientais causados pela construção civil. São essas vantagens, bem como sua

viabilidade, forma de aplicação, abrangência e pontos negativos, entre outras características

arquitetônicas, o que se pretende explorar nesse trabalho de pesquisa em iniciação científica,

vinculado ao projeto intitulado “Arquitetura e sustentabilidade: bases conceituais para o projeto

ecológico”. Inicialmente composto por um breve estudo teórico da utilização do jardim vertical, por

meio da sua definição e descrição, apresenta em sua segunda etapa um estudo de caso, o qual

permite maior aprofundamento e caracterização desse elemento aplicado a uma obra

arquitetônica específica.

3 OBJETIVOS

O presente trabalho tem como objetivo geral caracterizar os elementos importantes para a

compreensão, projeto e execução de jardins verticais. Para tanto, visa levar em consideração as

vantagens e desvantagens de sua aplicação, assim como os diferentes sistemas, as imposições

técnicas e a viabilidade econômica dessa prática sustentável, entre outros aspectos, a fim de que

se faça possível traçar algumas diretrizes para a elaboração de projetos arquitetônicos com o uso

do jardim vertical, não somente de caráter estético, mas principalmente de cunho ecológico, com

vistas à maior sustentabilidade.

De modo específico, visa-se a seleção, descrição e análise de um caso real, ou seja, de

uma obra de arquitetura, de valor reconhecido, a fim de expor por meio de um exemplo concreto e

já executado, os benefícios do jardim vertical não só como elemento decorativo e compositivo,

como também – e principalmente – como elemento contribuinte para arquitetura sustentável.

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4 INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, os frutos de uma ação desenfreada e despreocupada do homem

sobre a natureza – que data de tempos remotos, mas foi acelerada a partir da industrialização,

intensificada em meados do século passado – vêm se mostrando cada vez mais intensos. Graves

catástrofes ambientais, assim como problemas relacionados à poluição, à desertificação e à crise

energética, tornaram-se fatos que levaram a humanidade ao começo de uma grande reflexão

sobre quais seriam os maiores vilões do desequilíbrio ambiental. Eis que surgem vários

apontamentos, que abrangem desde a produção excessiva de resíduos pela indústria, passando

pela emissão de poluentes pelos automóveis e até mesmo pela produção agropecuária, até se

chegar à conclusão de que a atividade da construção civil tem forte responsabilidade sobre os

problemas ambientais.

Disto decorre a afirmação de que a arquitetura também contribui para com a degradação

da natureza, devendo os profissionais voltarem seus esforços para a melhoria e eficiência de sua

prática, visando a harmonia e reintegração com o meio ambiente e, acima de tudo, o bem-estar e

qualidade de vida nas grandes cidades. Segundo o Green Building Council norte-americano:

[...] apenas nos Estado Unidos os edifícios são responsáveis por 72% do consumo de eletricidade, 39% do uso de energia, 38% de todas as emissões de dióxido de carbono (CO2), 40% de uso de matérias-primas, 30% da produção de lixo (136 milhões de toneladas ao ano) e 14% do consumo de água potável. Esses números alarmantes, somados às preocupações com o aquecimento global, o esgotamento dos recursos naturais e outros aspectos ligados à destruição ambiental, justificam o interesse cada vez maior pela arquitetura verde (KRISTA SYKES, 2013, p.127).

Foi diante desse cenário que começaram a surgir propostas de mecanismos, materiais e

técnicas, os quais contribuiriam para reduzir ao máximo o impacto causado pelas edificações

sobre a natureza. Tais soluções buscam, segundo Sattler (2004), diminuir a produção de resíduos,

limitar o consumo de energia e reduzir o lançamento e captação de poluentes do ar, entre outras

medidas capazes de amenizar o impacto ambiental. Nestes termos, o uso da vegetação pode

trazer grande contribuição para que as edificações tornem-se menos danosas ao meio ambiente,

por se tratar de um elemento natural capaz de auxiliar em benefícios notáveis ao controle térmico

de um edifício, amenizando a radiação solar por meio de sombreamento e controlando a

temperatura por meio da transpiração do vegetal.

Para o renomado arquiteto britânico Norman Foster (1935-), autor de inúmeros projetos e

obras de arquitetura sustentável – esta comumente denominada de green architecture –, o

alastramento urbano desenfreado seria um dos principais problemas que afetariam o mundo atual,

justamente por nossas cidades crescerem mais na horizontal do que na vertical, engolindo mais e

mais terras. Para ele, os empreendimentos multifuncionais dentro das cidades poderiam ajudar a

aumentar a densidade, com a criação de comunidades locais dinâmicas, nas quais se vive,

trabalha e desfruta do lazer em uma mesma área (KRISTA SYKES, 2013).

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A observação de Foster aponta para uma ideia crescente na atualidade: a verticalização

dos espaços construídos, visando uma menor “invasão” nas áreas naturais ainda preservadas. Se

se relaciona seu pensamento com o conteúdo da citação anterior de Sattler, chega-se ao enfoque

do presente trabalho: a verticalização da vegetação e a sua utilização junto ao ambiente

construído com vistas à diminuição de impacto ambiental da arquitetura em zonas urbanas.

Levando em consideração os benefícios potenciais que o uso bem pensado dos jardins verticais –

também conhecidos como paredes verdes (greenwalls) – pode trazer para o meio ambiente, bem

como para o espaço construído em grandes cidades, acredita-se que se trata de uma alternativa

arquitetônica sustentável de grande potencialidade. E, sabendo-se que esse assunto ainda não

tem sido muito explorado no Brasil, destaca-se que há poucas publicações e estudos sobre tal

tema, o que justifica esta pesquisa, de modo que contribui para a produção científica sobre jardins

verticais no nosso país. Na sequência, busca-se apresentar esse elemento arquitetônico,

elucidando e exemplificando algumas de suas vantagens e desvantagens, além de caracterizar

suas condições para aplicação e técnicas mais utilizadas.

5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Apesar de ser um assunto que tomou maior proporção na atualidade, de acordo com

Aragão (2011), os jardins verticais já apareciam de alguma forma em civilizações antigas1. Os

primeiros relatos são de 600 a.C. no Próximo Oriente, onde se encontravam jardins nos terraços

dos zigurates, que eram os templos dos povos sumérios, babilônios e assírios. Deve-se ainda

destacar o exemplo mais significativo de um jardim vertical na Mesopotâmia: os Jardins

Suspensos da Babilônia, que chegaram a ser considerados uma das Sete Maravilhas do Mundo

Antigo (Fig. 01). Construídos no século VI a.C. a mando do rei Nabucodonosor II para presentear

sua esposa preferida, Amitis – que nascera no reino vizinho dos medos e vivia com saudades dos

campos e florestas de sua terra –, foram construídos a 20 m de altura, sobre seu palácio, tendo

sido compostos por terraços com vegetação exuberante, alimentando uma cultura estética.

Embora haja varias suposições, esses jardins não têm um registro fiel ou vestígios

científicos quanto à sua configuração e técnica executiva empregada. Conforme o antigo

historiador e geógrafo grego Strabo (c.64-24 a.C.), por exemplo, seu aspecto mais fascinante

eram os mecanismos de plantio, impermeabilização e irrigação que foram desenvolvidos para

mantê-los. Ele descreveu o sistema dos Jardins Suspensos da Babilônia da seguinte forma:

[...] consistem de terraços superpostos, erguidos sobre pilares em forma de cubo. Estes pilares são ocos e preenchidos com terra para que ali sejam plantadas as árvores de maior porte. Os pilares e terraços são construídos de tijolos cozidos e asfalto. A subida até o andar mais elevado era feita por

1 Para Taylor (2014), o conceito de jardins murados (walled gardens) data de séculos, pois há registros que mostram que os antigos

jardins egípcios, por volta de 3000 a.C., já estabeleceram a tradição de compartimentos separados por paredes e caramanchões cobertos de plantas. Na Pérsia, os chamados “jardins de paraíso” eram vastas áreas ajardinadas, com paredes cobertas por monumentais videiras e árvores frutíferas. Tanto a arquitetura como os jardins mouriscos influenciaram o norte de África, a Itália e a Espanha, com características que incluíam jardins íntimos e fechados por muros altos.

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escadas, e na lateral, estavam os motores de água, que sem cessar levavam a água do rio Eufrates até os jardins (ILOVEDÉCOR, 2014, p.01).

A partir daí, a cultura de terraços-jardins cresceu na antiguidade clássica, exemplificada

pelos majestosos mausoléus dos imperadores Augusto (63 a.C.-19 d.C.) e Adriano (76-138 d.C.),

que começaram a ser construídos respectivamente em 29 a.C. e 135 d.C.. Ambos situados em

Roma, possuíam estrutura circular e contavam com terraços arborizados, sendo que o segundo –

Mole Adrianorum (Fig. 02), onde hoje se situa o Castel Sant’Angelo – tinha apenas um terraço

superior, enquanto que o primeiro – em ruínas, mas aberto à visitação (Fig. 03) – apresentava

vários terraços distribuídos pela edificação. Mais tarde, começou a se difundir a prática de usar a

vegetação como ornamentação nos pátios das residências, até que essa decoração começou a

ser usada também nas fachadas das vilas romanas, começando a serem pensadas não somente

pela estética, mas também como um mecanismo para a redução da amplitude térmica (ARAGÃO,

2011).

FIGURA 01 FIGURA 02 FIGURA 03

Outro exemplo que pode ser citado como precursor do jardim vertical tal como é conhecido

hoje, ainda segundo Aragão (2011), são as casas feitas de turfa (turf houses) da Islândia, cujos

primeiros exemplares foram construídos na Era Viking2, buscando amenizar a sensação das

condições climáticas extremas. Foram executadas utilizando os materiais da região, como terra,

pedras e madeira – em especial, a bétula; uma árvore nativa da Islândia –; e recebiam uma

cobertura vegetal (turfa ou gramado), que as integrava ainda mais à paisagem (Fig. 04). As turf

houses foram evoluindo ao longo do tempo, sendo construídas com algumas modificações até o

século XVIII e com exemplares sobreviventes até os dias atuais, o que indica o reconhecimento

dos benefícios desse tipo de construção.

Também deve ser citada como precursora, conforme Taylor (2014), a experiência dos

incas quanto às suas áreas ajardinadas, destacando o caso de Machu Picchu (Fig. 05) a cidade

elevada, atualmente situada em território peruano, a qual foi construída em meados do século XV

e somente descoberta pelo explorador norte-americano Hiram Bingham (1875-1956) em 1911. O

clima subtropical e solo fértil do local permitiram um paisagismo exuberante, composto por

terraços e paredes cobertas de vegetação em uma alta montanha acima das nuvens. Nestas

2 O termo viking é comumente utilizado para se referir aos exploradores, guerreiros e comerciantes nórdicos, provenientes da

Escandinávia, que invadiram, exploraram e colonizaram grandes áreas da Europa edas ilhas atlânticas do norte, inclusive a Islândia, a partir do final do século VIII até meados do século XI (N. autora).

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condições, várias árvores, musgo, arbustos e samambaias prosperaram, junto a flores exóticas –

mais notavelmente, as orquídeas.

Em paralelo, na Itália e em outros lugares no

centro da Europa, referências ao jardim vertical

puderam ser notadas a partir da popularização da

cultura do plantio das videiras junto às fachadas das

casas, por se tratar de uma espécie vegetal trepadeira,

com facilidade de se agarrar a pilares e estruturas

verticais. Essa prática consiste em uma solução para

se produzir a uva e obter o vinho com o plantio em uma

área reduzida. Tal prática estendeu-se ao cultivo de

outras espécies frutíferas, pois além de proporcionar o

alimento, contribuía com o sombreamento e a

cobertura que tornavam as casas mais agradáveis no

verão. Com o desenvolvimento da indústria vinícola, a

prática estendeu-se para França e Inglaterra, sendo

usada nos castelos dos produtores de vinho (ARAGÃO,

2011).

De acordo com Séguin (2014), em seu artigo publicado on line no LANDSCAPE ARCHITECTS

NETWORK – LAN, as fachadas verdes (green façades) tiveram grande importância tanto para o

Arts & Crafts Movement, que ocorreu na Inglaterra do final do século XIX, como para os

primórdios do modernismo. No início do século passado, o Jugendstil – a versão germânica do Art

Nouveau – utilizava plantas trepadeiras, como a Partenocissus tricuspidata, para fazer a transição

perfeita entre a residência e seu jardim. Da mesma forma, o Garden-City Movement, iniciado por

volta de 1898 pelo britânico Ebenezer Howard (1850-1928), apresentou grandes exemplos de

jardins verticais. Assim, a cultura de revestir os muros das casas e castelos difundiu-se ainda mais

na segunda metade do século XX com a proposta das “cidades-jardim”, que tinham como objetivo

uma junção entre campo e cidade, utilizando as vantagens de ambos e prevenindo o crescimento

desenfreado das cidades cinzentas (SABOYA, 2008).

Foi nesta passagem do século XIX para o XX que começaram a aparecer as primeiras

discussões e teorias ecológicas para o emprego de jardins verticais com preocupações

ambientais, passando estes a serem explorados como um mecanismo que pode ajudar a

amenizar os problemas ligados a conforto ambiental e preservação da natureza. Uma obra de

referência foi a Casa Scheu (Fig. 06), construída em 1913 na cidade de Viena (Áustria), por Adolf

Loos (1870-1933), que, além de utilizar terraços superiores, em detrimento aos telhados

tradicionais, apresentava cobertura vegetal em uma de suas fachadas, a fim de proporcionar uma

FIGURA 04

FIGURA 05

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sensação de “ar livre”. Sua célebre Casa Steiner (Fig. 07), executada três anos antes também em

Viena, apresentava igualmente uma fachada coberta por trepadeiras.

Séguin (2014) lembra

ainda que os horticulturistas

britânicos William Robinson

(1838-1935) e Gertrude Jekyll

(1843-1932); grandes

expoentes do chamado

Cottage Garden Movement –

que criou um estilo próprio

para os jardins das casas de

campo inglesas, marcado pela

naturalidade de seu desenho informal –, projetaram paredes de pedra ao ar livre com vegetação

que eram utilizadas para segregar e limitar os jardins. Outros exemplos similares podem ser

observados em Griftpark, situado na cidade de Ultrecht (Holanda). Contudo, segundo a mesma

fonte, o uso de plantas trepadeiras declinou na década de 1930, devido a novas técnicas de

construção e preocupação das pessoas sobre as possíveis consequências em relação à

estabilidade da parede.

Nos EUA do século passado, o emprego de jardins verticais e fachadas verdes foi bem

menos frequente em comparação à Europa, porém, ainda segundo Séguin (2014), coube ao

norte-americano Stanley Hart White (1891-1979) – que foi professor de paisagismo na University

of Illinois entre 1922 e 1957 – o pioneirismo de seu estudo, em especial devido à invenção dos

bothanical bricks (“tijolos botânicos”) e aos protótipos que desenvolveu em seu quintal na cidade

de Urbana, Illinois (EUA). Em 1937, sua invenção foi descrita simplesmente como unidades de

plantas que podiam ser superpostas a qualquer altura, de modo a criarem rápidos efeitos

paisagísticos e superfícies verticais cobertas por trepadeiras floridas ou algo semelhante.

Acreditando que isto teria grande potencialidade de uso em feiras mundiais, pátios urbanos,

jardins interiores e muitos outros projetos, White refinou sua invenção através da patente do que

denominou de Vegetation-Bearing Architectonic Structure and System (1938), o qual pode ser

considerado precursor dos vertical gardens de todo mundo, estabelecendo precedentes para o

modernismo verdejante no pré-guerra do centro-oeste americano (HINDLE, 2012).

Desde o final da década de 1950, o renomado paisagista Roberto Burle Marx (1909-

94) desenvolveu projetos paisagísticos no Brasil e exterior que incluíam jardins verticais e paredes

verdes, destacando-se, segundo o site Ilovedécor (2014), aqueles desenvolvidos para o Parque

Del Este, situado em Caracas (Venezuela), cujos jardins verticais, criados em 1959, têm formato

de torres, com altura variável entre 7 e 9 metros de altura, visando manter a mesma estrutura e

composição do projeto paisagístico do local, que unificava visualmente diferentes níveis de

FIGURA 06 FIGURA 07

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estacionamentos e mezaninos; e para a Agência Bela Cintra do Banco Safra (1982, São Paulo

SP), no qual, em uma estrutura vertical de concreto, foram instaladas espécies epífitas (plantas

tropicais) de porte discreto e mecanismos específicos para absorção da umidade do ar, luz e

nutrientes que retiram, inclusive, da poeira que recai sobre elas (Fig. 08). Para o site Wallgreen

(2014), usando bromélias, orquídeas e outras epífitas, Burle Marx construía lindas esculturas

naturais e paisagens verticais, marcadas por originalidade e inovações técnicas que elevaram

seus trabalhos à condição de verdadeiras obras de arte. O gosto pelas plantas nativas brasileiras

e o uso de desenhos orgânicos e formas sinuosas foram fortes características do seu trabalho,

que se tornaram fundamentais na constituição e consolidação da arquitetura moderna brasileira.

Apesar de ter sido usada por muitos anos e ter contribuído bastante para a difusão da ideia

de jardim vertical, a técnica de fazer plantas (trepadeiras) crescerem escalando as fachadas das

edificações não se mostrou eficiente para construções muito altas, por raramente alcançar mais

que dois andares de altura. Foi então o botânico francês Patrick Blanc (1953-) quem revolucionou

a proposta de jardins verticais, através do conceito mur végétalisé (“parede vegetalizada”),

quebrando a ideia de que apenas trepadeiras eram ideais para esse uso e tornando possível o

plantio não apenas no solo, mas também sobre a parede. Basicamente, a proposta de Blanc

(2008; 2014) consistia em um painel contendo substrato de nutrientes e água, que seria aplicado

sobre as paredes e permitiria assim o cultivo das plantas independente do solo (Fig. 09). Tal

técnica (sistema hidrópico) evoluiu e difundiu-se, sendo hoje possível ver diversas obras de Blanc

e outros profissionais que a aplicaram em diversas partes do mundo (URBANGROW, 2010).

Por definição geral, jardins verticais são:

[...] uma opção de paisagismo onde as plantas se desenvolvem numa parede ou muro que pode ser implantado em ambientes internos e externos, pequenos espaços ou amplas paredes sem limite de tamanho ou altura, ou seja, as possibilidades são infinitas (WALLGREEN, 2014, p.01).

As vantagens e desvantagens dos jardins

verticais, bem como seu custo-benefício, geram muitas

dúvidas por ainda se tratar de um assunto pouco

explorado, especialmente no Brasil. Pode-se dividir

seus benefícios em: comuns, que seriam aqueles

presentes em todos os tipos de jardins verticais; e

específicos, que estão associados a algum tipo ou

técnica utilizada. Outra forma de categorizar seus

benefícios é dividi-los em públicos ou privados, já que o

jardim vertical traz bons resultados tanto para o

ambiente externo como para o interior da edificação.

Como benefícios públicos, de acordo com o site Greenwalls Australia (2014), cita-se:

FIGURA 08

FIGURA 09

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a) Redução do efeito ilha de calor, já que promove processos de arrefecimento natural, reduzindo as temperaturas nas áreas urbanas;

b) Aumento da biodiversidade, porque recria sistemas semelhantes a ambientes naturais, resgatando paisagens e meios importantes para a fauna e a flora;

c) Melhoria da qualidade do ar exterior, uma vez que captura partículas poluentes, filtra gases nocivos, absorve gás carbônico (CO2) e libera oxigênio (O2), estimando-se que uma fachada verde de 80 m² pode absorver até 60 kg/ano de CO2; e

d) Estética do edifício, pois contribui para uma paisagem urbana com características mais naturais, criando oportunidade de maior contato com a natureza no cotidiano e favorecendo o bem-estar das pessoas à sua volta.

Quanto aos benefícios privados, segundo a mesma fonte, destaca-se:

a) Eficiência energética melhorada, pois aprisiona uma massa de ar dentro da camada vegetal; limita a circulação de calor por meio de densas massas de vegetação; reduz a temperatura ambiente através do sombreamento e do processo de evapotranspiração das plantas; e pode criar um amortecedor contra o vento durante os meses de inverno, além de reduzir a energia associada ao aquecimento e resfriamento do ambiente;

b) Proteção da estrutura do edifício, já que protege os acabamentos exteriores da radiação ultravioleta (UV), assim como dos elementos e flutuações de temperatura que desgastam os materiais, garantindo assim melhor proteção contra as intempéries;

c) Melhoria na qualidade do ar interior, porque captura poluentes do ar, tais como poeira e pólen, além de filtrar gases nocivos e partículas de tapetes, móveis e outros elementos de construção; e

d) Melhoria acústica, uma vez que promove o isolamento contra ruídos e diminui as reflexões sonoras.

Obviamente, esses benefícios dos jardins verticais variam de acordo com algumas

condições, tais como: a densidade de folhagens, a localização da parede e a escala do projeto.

Aqueles mais densos em folhagem, por exemplo, são capazes de absorver o dióxido de carbono

(CO2) e partículas de metais pesados, o que indica que podem mesmo ser um ótimo mecanismo

para uma melhora ambiental nos centros urbanos, podendo adaptar a tecnologia às grandes

superfícies oferecidas pelos edifícios (HOPKINS e GOODWIN, 2010).

Quanto às desvantagens, a maior crítica aos jardins verticais recai, segundo o arquiteto

português Luis de Garrido (2011), sobre seu custo-benefício, pois se trata de uma técnica com um

valor bem mais elevado que o de uma fachada convencional, tanto na sua aplicação quanto

posterior manutenção, já que depende de profissionais especializados, assim como eventuais

trocas de plantas e reparos no sistema. Porém, Aragão (2011) defende que essa prática de

estruturas verdes ainda é pouco explorada, o que as tornaria ainda caras. Contudo, merecem

destaque e deviam ser incentivadas pelo governo através de políticas públicas, a fim de recriar um

espaço urbano, mais natural e saudável. Na Itália, Alemanha e Austrália, por exemplo, várias

cidades já trabalham com programas que incentivam a construção de edifícios mais ecológicos,

nos quais os jardins verticais estão incluídos, visando sua pegada de carbono e melhorar a

qualidade do espaço urbano (COSTA, 2011).

A aplicação dos jardins verticais também se torna cada vez mais viável devido à ótima

combinação que oferece à arquitetura contemporânea, pois se constitui em um elemento

compositivo que reflete muito bem a tendência para a chamada green architecture, que prioriza e

defende as preocupações ambientais, ao mesmo tempo que visa contribuir através de marcos nas

cidades. Além disso, após o primeiro sistema proposto por Patrick Blanc, as técnicas e materiais

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disponíveis para esse tipo de aplicação evoluíram bastante, desde os sistemas de

impermeabilização e aplicação até os sistemas de cultivo e irrigação.

Ainda de acordo com Costa (2011), os jardins verticais ou vertical gardens podem ser

classificados em duas categorias: fachadas verdes e paredes vivas. As primeiras consistiriam em

sistemas mais simples e dependentes do substrato (terra) para a sobrevivência das plantas, as

quais são fixadas a ele através do próprio solo ou por meio de caixas de substrato aplicadas ao

longo da parede. Para essa técnica, são usadas, geralmente, as plantas trepadeiras que crescem

sendo orientadas através de cabos, ou diretamente de apego à própria parede. Já as paredes

vivas, contam com um sistema mais complexo, podendo ser pré-fabricado ou produzido no próprio

local, mantendo assim semelhanças com o sistema pioneiro de Blanc, o qual consistia no plantio

em camadas de feltro, atreladas à uma estrutura de PVC. Sistemas como o de Blanc e, portanto,

de paredes vivas –, exigem que a planta tenha certas características que a permitam se

desenvolver na ausência do substrato. Neste caso, o cultivo do vegetal se dá através de um

eficiente sistema de rega.

6 MATERIAIS E MÉTODOS

De caráter exploratório e cunho teórico-conceitual, esta pesquisa de iniciação científica foi

realizada por meio de investigação web e bibliográfica sobre jardins verticais (greenwalls),

procurando informações, bases históricas, dados técnicos e exemplos executados dessa

alternativa projetual com vistas à maior sustentabilidade do projeto arquitetônico e,

consequentemente, da edificação. Através da coleta e seleção de citações diretas e indiretas foi

possível formular os textos presentes na revisão e, a partir desta primeira etapa, passou-se para a

fase de estruturação de resultados e discussão, quando se aprofundou a caracterização dos tipos

de jardins verticais (fachadas verdes e paredes vivas), também por meio da pesquisa web-

bibliográfica, além de se selecionar um caso real de aplicação desse elemento arquitetônico, para

descrição e análise, o que é apresentado na sequência, concluindo este relatório.

7 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir da revisão bibliográfica, constatou-se a existência de 02 (dois) tipos de jardins

verticais (vertical gardens): as fachadas verdes e as paredes vivas, os quais são caracterizados

na sequência, com o intuito de posterior análise de caso. A primeira categoria, conhecida também

pela abreviatura de vertical vegetated complex wall (VCW), pode ser definida simplesmente,

conforme Séguin (2014), como uma parede vertical que serve de meio sintético para que espécies

vegetais cresçam de forma aderente, sendo frequente o emprego de um sistema hidropônico para

que haja a sucessão de períodos secos e úmidos.

De acordo com Costa (2011), existem variações quanto ao sistema ou modo de cultivo da

vegetação, podendo ser esta plantada no solo, por auto-apego, independente do solo ou plantada

em caixas de substrato. O primeiro caso constitui-se no sistema de aplicação e manutenção mais

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simples, por se tratar de raízes plantadas diretamente no solo. Porém, sua desvantagem está no

tempo que a fachada leva para ser coberta pela vegetação, dependendo do tipo de planta e da

altura da fachada, o que pode resultar em um processo bem lento. Já o auto-apego consiste no

plantio de trepadeiras com capacidade de auto-aderência à parede, podendo ter sua eficiência

aumentada quando aplicado em paredes rugosas. A maior desvantagem desse sistema é que, em

alguns casos, por não haver afastamento, as raízes das plantas podem trazer danos à parede

onde estão aplicadas.

Quanto à terceira forma de cultivo em fachadas verdes, esta é empregada quando a

espécie de vegetação escolhida não tem a capacidade de aderência à parede, sendo assim

utilizados sistemas de cabos ou painéis modulares para orientar o crescimento das plantas, que

ainda devem ser trepadeiras. Esse sistema apresenta a vantagem de contribuir com o

resfriamento da superfície, que é possível por conta da camada de ar que é criada pelo

afastamento entre a parede e o sistema orientador das plantas. Isto também contribui para a

preservação da estrutura e acabamento da parede (COSTA, 2011).

O quarto e último sistema para greenwalls, ainda segundo Costa (2011), refere-se a

espécies plantadas em caixas de substrato. Neste caso, embora não estarem inseridas

diretamente no solo, as plantas têm acesso a uma quantidade significativa de substrato colocado

em recipientes. Portanto, também é uma técnica de bom desenvolvimento e fácil manutenção,

apesar de precisar de regas mais frequentes que a técnica anterior, pelo fato de as plantas não

terem acesso direto ao solo. Deve-se observar que esses recipientes podem ter um ou mais níveis

de substrato. Por terem tamanhos limitados, estes limitam o crescimento das plantas tanto vertical

quanto horizontalmente. Logo, a técnica de caixa de substrato com apenas um nível somente é

indicada para paredes ou muros de pequena extensão. Se a edificação ou suas paredes forem

muito altas – ou ainda se tratar de edifícios escalonados –, devem ser usadas caixas de substrato

de dois ou mais níveis, os quais aceleram o processo de preenchimento.

Os jardins verticais compostos por paredes vivas ou biowalls, por sua vez, podem ser

construídos no local (in situ) ou utilizarem-se de outras técnicas (sistema hidrópico, substrato leve,

muro-cortina, etc.). As biowalls realizadas in situ, conforme Garrido (2011), preveem maior

cuidado com manutenção e rega, uma vez que tentam reduzir ao máximo – ou em sua totalidade

– a necessidade do substrato, a fim de reduzir o peso total do jardim e garantir equilíbrio à

estrutura. Como o próprio nome sugere, estes sistemas são montados diretamente nas paredes,

por meio da aplicação de camadas de feltro, lã-de-rocha ou outros materiais geotêxteis, os quais

substituem o substrato como suporte e armazenamento de nutrientes para a vegetação. Para

essa técnica, escolhem-se plantas apropriadas para o efeito, salientando-se que consistem em

sistemas complexos e totalmente dependentes de constantes regas. Em compensação, permitem

jardins verticais com interessantes jogos de plantas, o que pode ser exemplificado pelos trabalhos

de Patrick Blanc e inclusive Luis de Garrido.

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Entretanto, o sistema mais antigo e mais simples de paredes vivas – o qual foi utilizado

primeiramente por Patrick Blanc – trata-se do sistema hidrópico. Basicamente, para a estrutura,

devem ser instaladas ripas verticais e algumas horizontais sobre o muro, a fim de criar uma

estrutura vertical independente da parede, garantindo o seu afastamento do jardim para a

circulação do ar. Sobre esta estrutura, fixa-se um painel de PVC, o qual servirá de suporte para as

camadas de feltro armado, onde serão colocadas as plantas. A parede ainda deve receber uma

boa camada de isolamento, seguida de uma pequena caixa de ar ventilada, para depois receber a

estrutura com o feltro e o revestimento vegetal. Essa caixa de ar é de suma importância, pois

possibilita manter o resfriamento da superfície e evitar que a água chegue à camada de

isolamento. Também nesse caso, a escolha das plantas é muito importante, já que se deve dar

preferência para espécies vegetais de pequeno porte, com rápido crescimento e, sempre que

possível, nativas (GARRIDO, 2011).

Como desvantagens das biowalls hidrópicas, Garrido (2011) aponta para os fatos de

necessitarem de um sistema complexo para rega e filtração; precisarem de muita manutenção e

cuidados constantes; e de consumirem muita água e nutrientes, já que o feltro não os consegue

reter, o que exige constante rega. Além disso, o sistema é muito sensível à falta de água, pois, em

uma possível falha, muitas plantas morreriam. Soma-se a isto o seu alto custo de execução – cujo

preço médio, na Europa, pode chegar a 500 €/m² – e também sua manutenção cara, a qual pode

atingir o custo médio, também na Europa, de 4 €/m² por ano, o que prejudicaria a sua ampla

aplicabilidade.

Outro sistema de parede viva que se assemelha muito ao hidrópico quanto à estrutura

denomina-se sistema de substrato leve, o qual, ao invés de somente camadas de feltro, recebe

também bandejas com pequena quantidade de substrato envolvidas por feltro, nas quais são

plantadas as raízes. Por conter o substrato – mesmo em pequena quantidade – que possui a

capacidade de retenção, esse sistema tem consumo de água muito mais baixo, além de conseguir

reter nutrientes também através do substrato. Outras vantagens deste sistema devem-se aos

fatos de reaproveitar águas da chuva, necessitar pouca manutenção e resistir às falhas na rega,

sendo que quanto maior a espessura das bandejas, mais resistente o sistema se mostra. Soma-se

a isto permitir a desmontagem, o conserto e o transporte, assim como não necessitar de muita

reposição de plantas caso secarem, o que ocorre a menos de 2% de plantas por ano. Por fim, seu

preço é mais moderado, sendo, na Europa, o custo médio de cerca de 300 €/m. Já as

desvantagens desse sistema ficam por conta de sua instalação, que é mais lenta e necessita de

mão-de-obra especializada (GARRIDO, 2011).

Garrido (2011) também apresenta uma terceira técnica de execução da parede viva: o

sistema de muro-cortina (curtain-wall). Para montá-lo sobre o muro do edifício, coloca-se

montantes metálicos verticais e, posteriormente, prende-se a eles montantes horizontais. A

separação entre os perfis verticais depende do peso das plantas e a separação entre os

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horizontais é de aproximadamente 70 cm. Os montantes verticais poderão ter perfil em ômega, o

que permite a passagem de tubos de rega por gotejamento em seu interior. Já os perfis

horizontais podem ser de alumínio reciclado e perfurados, os quais irão servir para sustentar o

substrato e também para fornecer água. Estes não necessitam de tubos no seu interior, pois eles

mesmos servirão como canalizadores e distribuidores de água.

Depois de formada essa espécie de “grade” diretamente fixa ao muro, faz-se o isolamento:

aplica-se sobre os perfis metálicos lâminas retangulares de polietileno, deixando uma caixa

ventilada entre a estrutura e o isolamento. Nos espaços entre o enquadramento dos perfis e as

lâminas, devem ser colocados os sacos planos de substrato, os quais são bem finos, não

ultrapassando 5 cm de espessura. Para finalizar, estes sacos são fixados junto a uma malha de

aço exterior, que, por sua vez, é fixada aos perfis. Aí então, abre-se os rasgos nos sacos de

substrato para que sejam colocadas as plantas. Além da simplicidade da estrutura necessária e

da rapidez de instalação, outras vantagens desse sistema são: baixo consumo de água e de

nutrientes; possibilidade de reutilização de águas pluviais nas regas; maior resistência à falha na

rega; necessidade de pouca manutenção, a qual pode ser bastante econômica; e o fato de não

precisar muita reposição de plantas por conta de seca, o que ocorre a menos de 2% plantas por

ano. Trata-se enfim de um sistema de preço acessível e ainda permite que, na mesma fachada,

sejam integrados vários materiais, vidros e vegetação (GARRIDO, 2011).

Finalizando, as biowalls também podem ser executadas por meio de técnicas pré-

fabricadas, ou seja, através de sistemas fabricados anteriormente à aplicação, resultando em

estruturas mais simples de serem realizadas. Existem várias empresas atuando nessa área, as

quais utilizam diferentes materiais, como, por exemplo:

a) Caixas de subtrato: Este sistema consiste em módulos verticais de plástico, que têm baixa capacidade de armazenamento, a fim de reduzir o peso, sendo os mesmos fixos por estruturas de aço presas à parede através de parafusos. Os recipientes plásticos têm a finalidade de armazenar o substrato da planta, assim como água e nutrientes. A rega das plantas é feita através da tubulação posicionada na parte superior do jardim, onde se encontra uma pequena torneira por coluna de módulos que distribui a água para os recipientes em um efeito cascata, sendo possível controlar o desperdício. Tal sistema usa materiais leves para não prejudicar a estrutura a qual for aplicado;

b) Caixas de suporte plástico: Sistema composto por módulos plásticos de fácil aplicação na parede, com vasos individuais, sendo possível a composição em vários formatos, além da fácil remoção ou troca de cada planta. Outra vantagem de terem estruturas de sustentação individuais é a possibilidade de usar plantas maiores sem sobrecarregar a estrutura. Para evitar entupimentos e facilitar a passagem da água, o substrato das plantas é colocado em um saco de filtro antes de ser encaixado nos vasos. Tal sistema conta com gotejadores de água individuais para casa vaso, garantindo que todas as plantas recebam igualmente água, evitando o desperdício da mesma;

c) Blocos cerâmicos: Trata-se do sistema formado por tijolos pré-fabricados, não-estruturais, com cavidade própria para a colocação de substrato para plantas. As peças são fixadas na parede estrutural por meio de argamassa de cimento, sendo importante realizar uma impermeabilização no sistema junto à parede, a fim de evitar infiltrações, já que o sistema tem contato direto com a parede do edifício. As vantagens estão no custo reduzido e fácil montagem, enquanto o ponto negativo fica por conta da utilização deste sistema ser indicada apenas para alturas de até 2,5 m.

No Brasil, está sendo bastante difundido o sistema de jardim vertical em parede-canguru, o

qual é formado por contêineres de floreiras ou vasos, especialmente projetados para reservar

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água e repassar o excedente ao vaso debaixo, criando um efeito-cascata até o último recipiente.

Segundo o site Ecotelhado (2014), o sistema possui um controlador automático que é ligado à

rede de água, onde o tempo de rega é determinado, permitindo uma ampliação do conceito de

paisagismo avançado dos domínios do jardim para as paredes dos prédios urbanos. Pode ser

utilizado na decoração como jardim interior ou também em terraços e fachadas.

Após este estudo geral sobre os tipos de jardins verticais, assim como suas técnicas de

execução, abordando vantagens e desvantagens, faz-se na sequência a descrição e a análise de

um caso específico, o qual se optou pelo Musée du Quai Branly, projeto do renomado arquiteto

francês Jean Nouvel (1945-), o qual foi inaugurado em 2006 em Paris, próximo à famosa Torre

Eiffel; e que possui um mur végétalisé da autoria de Patrick Blanc. Como critério de seleção,

buscou-se uma obra arquitetônica de renome internacional, a qual já tivesse sido concluída e

inaugurada e que tivesse informações disponíveis e de fácil acesso para esta pesquisa.

Obra : Musée du Quai Branly

Localização: 37 Quai Branly, 75007 – VIIe Arrondissement, Paris/île-de-France (França)

Área total: 40.600m²

Data: 2006

Autoria: Jean Nouvel (arquitetura) /Gilles Clément (jardim) /Patrick Blanc (parede viva)

O projeto do Musée du Quai Branly (MQB) – também denominado de Musée des Arts et

Civilisations d'Afrique, d'Asie, d'Océanie et des Amériques, ou seja, um museu destinado às

civilizações não-europeias – tinha, desde o princípio, o objetivo de resultar em um marco icônico

para a capital francesa e demonstrar conceitos de sustentabilidade aplicados á arquitetura

museológica. Uma prova disto é a extensa área do terreno destinada ao verde, já que

aproximadamente 2/3 da implantação é ocupada por um amplo jardim público. Para ressaltar e

complementar essa abundância de vegetação no projeto, o jardim vertical foi elaborado em local

de destaque, ocupando toda a fachada norte da edificação, a qual se refere à parte administrativa

do museu e está inteiramente voltada ao rio Sena, tornando-se referência do grandioso edifício

(Figs. 10 e 11).

FIGURA 10 FIGURA 11

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Realizado sob a presidência de Jacques Chirac (1932-), com um custo estimado em

aproximadamente 233 milhões de euros; e inaugurado em 20 de junho de 2006, o complexo

abriga diversas funções e atividades culturais, sendo em sua totalidade composto por 04 (quatro)

edifícios, os quais, apesar de terem arquiteturas um pouco distintas, estão todos interligados e

englobados pelo grande jardim público, que mantém uma forte relação com o jardim vertical. São

ao total 40.600 m2 de área, os quais abrigam um acervo de cerca de 300.000 obras, estando

apenas 3.500 em exposição permanente. Os prédios que compõem o conjunto são:

Le Pont-Musée: Edifício principal do museu, onde estão as exposições abertas ao grande público e

que faz uma referência à proximidade da Torre Eiffel, tendo sua estrutura composta por uma ponte

metálica de 3.200 toneladas;

Bâtiment Université: Edifício que reúne escritórios, ateliês e uma biblioteca que guarda importante

documentação etnográfica, cujo nome faz uma referência à rue de l’Université, a qual margeia o

museu ao sul;

Bâtiment Branly: Edifício administrativo de 05 (cinco) pavimentos, cujo nome refere-se à via que

margeia o museu ao norte, voltada para o rio Sena; e onde se situa o mur végétalisé de cerca de

800 m2;

L’Auvent: Edifício da midiateca e reserva técnica.

A edificação criada por Nouvel caracteriza-se por uma longa e sinuosa rampa que leva os

visitantes da pequena entrada no térreo à grande galeria situada no corpo principal, que possui

cerca de 200 m de comprimento e está mergulhada na escuridão (Figs. 12 a 16). A luz solar,

mesmo filtrada pelas aberturas, destaca cenograficamente os objetos expostos. Sem subdivisões

fechadas, o imenso espaço comporta trinta recintos dispostos ao longo da fachada norte, cuja

presença é marcada por volumes quadrados e coloridos percebidos exteriormente. A galeria é

dominada por três mezaninos, sendo um multimídia, ao centro, que contém as chaves para a

compreensão da pesquisa em antropologia, enquanto os outros dois são dedicados a exposições

temporárias: o ocidental abriga por 18 meses uma grande exposição temática e o oriental reúne

várias exposições por ano (ENGEL, 2011).

Aberta ao exterior, a base do edifício comporta um auditório, um restaurante, uma sala de

leitura, uma área de exposições temporárias e salas de aula. Os jardins concebidos pelo arquiteto

paisagista Gilles Clément ocupam cerca de 18.000 m2, sendo compostos por colinas ajardinadas,

pequenas trilhas, caminhos pavimentados em pedra e lagoas propícias à meditação e lazer à

sombra de aproximadamente 200 árvores (Fig. 17). A parede viva tem 12 m de altura por 60 m de

comprimento em forma curva, contando com cerca de 15.000 plantas de 150 espécies diferentes

(Fig. 18). Resultado da criatividade de Patrick Blanc, que é a maior referência em jardins verticais

na atualidade, segundo Alperovich (2012), apresenta como sistema de execução a parede

hidropônica, com eficiente sistema de rega, que varia em intensidade de acordo com a

temperatura e estação do ano. Outra grande marca das obras de Blanc que também se faz

presente neste museu, é a grande diversidade de espécies na mur végetalisé, o que resultou em

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texturas e cores bastante interessantes, as quais atribuem grande valor estético ao edifício3 (Figs.

19 e 20).

3 Conforme Engel (2011), o jardim vertical foi composto a partir de fotografias do próprio banco de dados de Patrick Blanc, que começa

no leste com uma floresta africana, continua através de uma região de Savana e termina no oeste com as florestas da Ásia e da Oceania.

FIGURA 12

FIGURA 13

FIGURA 14

FIGURA 15

FIGURA 16

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Com este trabalho, de acordo com Guillauic (2010), Patrick Blanc introduziu a floresta

tropical no coração de Paris. Quando da sua instalação, esta parede viva era bastante saudável e

vibrante, pois ocorrera em pleno verão. Contudo, no inverno, a exposição direta das plantas para

ventos do norte soprando sobre a extensão aberta ao rio Sena acabou provocando danos

causados por geadas regulares. De qualquer forma, o sistema de apoio para as raízes das

plantas, visando irrigação e drenagem, provou ser perfeitamente adequado apara a fachada leste

do edifício, menos exposta, assim como em outros lugares em outros lugares em Paris, onde

também é usado (ENGEL, 2011).

Entre os benefícios privados do jardim vertical do Musée du Quai Branly, ou seja, que

contribuíram para melhorias do próprio edifício, estão:

Controle térmico e economia energética, pois houve redução nos gastos com aquecimento do ambiente no inverno e resfriamento no verão;

Proteção da fachada, que ficou isolada das intempéries e também da poluição, tanto a atmosférica como a sonora.

Quanto aos benefícios públicos, isto é, aqueles referentes à melhorias para os arredores

da construção e também para a cidade de Paris como um todos, aponta-se os seguintes:

Contribuição para a biodiversidade, já que houve o estabelecimento de um habitat natural para determinadas espécies de insetos e pequenos pássaros;

Melhoria da qualidade do ar e diminuição do efeito-estufa, pois a parede viva aumentou a absorção de dióxido de carbono e liberação de oxigênio, além de ter promovido maior umidade e resfriamento do ar.

Por fim, há também aqueles benefícios que atingem tanto a esfera pública em torno de

edifício quando a privada, entre os quais, a saber:

FIGURA 19 FIGURA 20

FIGURA 18 FIGURA 17

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Integração entre arquitetura e paisagem, uma vez que a fachada viva permitiu um maior relacionamento com os grandes espaços ajardinados presentes no conjunto da obra;

Ambientação natural e marco icônico, pois a solução contribuiu para uma sensação de ambiente natural em plena cidade de Paris, criando uma identidade própria ao edifício do museu e transformando-se em exemplo vivo dos conceitos de sustentabilidade aplicados a edificações.

8 CONCLUSÕES

A pesquisa realizada pôde contribuir com a compreensão de um panorama geral sobre

vários aspectos que tangem a arquitetura dos jardins verticais; um elemento ainda não muito

explorado no Brasil, mas que tem se mostrado como uma boa promessa de contribuição para

diversos problemas ambientais, trazendo benefícios para além dos edifícios. Por se tratar de um

elemento ainda pouco difundido no país, há certa dificuldade de encontrar bibliografia nacional

sobre o assunto. Nesse ponto, a pesquisa pretendeu produzir um material que fornecesse uma

base geral sobre os principais elementos a serem avaliados e pensados para a implantação de

elementos vegetais às fachadas. Isto porque, apesar de apresentar diversos benefícios, os jardins

verticais, como visto, ainda apresentam pontos negativos, que variam bastante de acordo com o

sistema utilizado. Logo, somente por meio de novas pesquisas sobre o assunto, seria possível

aprofundar o conhecimento sobre greenwalls, no desenvolvimento de novos sistemas ainda mais

eficientes que possam contribuir de forma ainda mais eficaz na busca da arquitetura mais

sustentável. De qualquer forma, entre as principais diretrizes que a pesquisa pôde constatar estão

as seguintes:

Definir o tipo de jardim vertical a ser empregado – fachada verde ou parede viva –, o que requer uma análise tanto das intenções estéticas previstas no partido arquitetônico como das condições climáticas, em especial no que se refere à umidade e frequência de chuvas e períodos secos. Deve-se levar em conta também as limitações orçamentárias e de disponibilidade de mão-de-obra especializada;

Especificar a espécie de planta recomendada, conforme o tipo de jardim vertical e o sistema de aplicação e manutenção mais viável para a obra, o que pode variar de acordo com o tempo de que se dispõe para a fachada ser coberta pela vegetação; a qualidade do material de suporte (no caso de auto-apego de trepadeiras); a utilização ou não de caixas de susbtrato; e a necessidade de resfriamento da parede, o que exige o afastamento da mesma e a instalação de um sistema orientador das plantas, garantindo certa preservação da sua estrutura e acabamento; e

Detalhar a técnica de execução, especialmente no caso de paredes vivas (biowalls), optando-se por sistemas construídos no local ou não (sistema hidrópico, substrato leve, murto-cortina, etc.). Assim, é preciso definir camadas de fixação, estruturas de condução das plantas e/ou dispositivos de suporte, isolamento e rega periódica.

9 REFERÊNCIAS

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10 FONTES DE ILUSTRAÇÕES

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02 http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Mole_Adrianorum.jpg 14.fev.2014

03 http://static.panoramio.com/photos/large/45535558.jpg 14.fev.2014

04 http://sail-buffalo.com/wny_properties/wp-content/uploads/2011/01/3387-turf-houses.jpg 08.mar.2014

05 http://www.futura.org.br/wp-content/uploads/2013/08/machu-picchu-late-afternoon.jpg 08.mar.2014

06 http://www.vitruvio.ch/arcgallery/vitruvio/austria/loos/scheu_02.jpg 08.mar.2014

07 http://cv.uoc.edu/~04_999_01_u07/percepcions/loos.jpg 08.mar.2014

08 http://www.leonardofinotti.com/uploads/mongoid_image/image/51dd9c1d13b536018c00008e/big_17125_110506_001D.jpg

08.mar.2014

09 http://www.jardimcomarte.com.br/blog/wp-content/uploads/2012/06/patrik_blanc.jpg 08.mar.2014

10 http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d2/Mus%C3%A9e_du_quai_Branly,_April_2011.jpg

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11 http://www.quaibranly.fr/fileadmin/user_upload/musee_pratique/mqB-plan-acces.jpg 14.fev.2014

12 http://barkitecturemag.com/wp-content/uploads/2011/12/Copy-2-of-PLAN_RECTO-anglais-2010.jpg

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13 http://mytravelphotos.net/wp-content/uploads/2013/02/Musee-du-Quai-Branly-Pictures-1-2.jpg 14.fev.2014

14 http://www.linternaute.com/musee/image_musee/540/54478_1086664085/musee-du-quai-branly.jpg

14.fev.2014

15 http://www.myfrenchlife.org/wp-content/uploads/2012/11/1894842716_e96015d1a6_o.jpg 14.fev.2014

16 http://www.picturalissime.com/i/Musee_Quai_Branly_1.jpg 14.fev.2014

17 http://3.bp.blogspot.com/-RjmVYdd5WC4/Tt38HiLt0fI/AAAAAAAAIBg/X2ZyjbvOZmU/s1600/Branlypeq.jpg

12.mar.2014

18 http://trendalert.me/wp-content/uploads/2013/08/Museu-do-quai-Branly-Paris-foto-veja-sp.jpg 12.mar.2014

19 http://www.sorouche.com/journal/uploads/entries/Mur_vegetal_quai_branly.jpg 12.mar.2014

20 https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQt-1XWS_b4trT1uEhU4i-7d2cP9yMueLzFfJNfHg3PnyxgzM8z

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