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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Residência Integrada Multiprofissional em Saúde/ Área de concentração Oncologia Trabalho Acadêmico Cuidados paliativos na atenção hospitalar: a vivência de uma equipe multiprofissional Daniela Habekost Cardoso Pelotas, 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

Programa de Residência Integrada Multiprofissional em Saúde/ Área de

concentração Oncologia

Trabalho Acadêmico

Cuidados paliativos na atenção hospitalar:

a vivência de uma equipe multiprofissional

Daniela Habekost Cardoso

Pelotas, 2012

1

DANIELA HABEKOST CARDOSO

CUIDADOS PALIATIVOS NA ATENÇAO HOSPITALAR:

a vivência de uma equipe multiprofissional

Trabalho acadêmico apresentado à

Residência Integrada Multiprofissional em

Saúde / Área de concentração Oncologia da

Universidade Federal de Pelotas, como

requisito parcial para obtenção do título

Especialista em Enfermagem Oncológica.

Orientador: Prof.ª Drª. Rosani Manfrin Muniz

Pelotas, 2012

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Banca examinadora

Profª. Drª. Rosani Manfrin Muniz

Profª. Drª. Eda Schwartz

Enfª. MsC. Isabel Cristina de Oliveira Arrieira

3

AGRADECIMENTOS

Obrigado a Deus por ter me provido força e coragem necessárias para

concluir essa trajetória.

Agradeço a minha família, sobretudo a meus pais e avós, pelo carinho, amor

e compreensão durante toda a minha vida e que possibilitaram a realização deste

sonho.

Ao meu marido Rodrigo pelo companheirismo e amor. Essa é mais uma

vitória que conquistamos juntos.

Aos professores que contribuíram para construção de nosso conhecimento,

especialmente para minha orientadora professora Rosani por compartilhar comigo

seus conhecimentos e amizade.

As minhas colegas residentes pelas alegrias compartilhadas e amizade

construída ao longo desta caminhada.

Aos profissionais, que fizeram parte deste estudo, obrigada pela

disponibilidade e confiança.

4

Sumário

Projeto de pesquisa ..................................................................................................5

Apêndices.................................................................................................................30

Anexos......................................................................................................................39

Artigo.........................................................................................................................41

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PROJETO DE PESQUISA

6

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

PROGRAMA DE RESIDÊNCIA INTEGRADA MULTIPROFISSIONAL EM ATENÇÃO

A SAUDE ONCOLOGICA

CUIDADOS PALIATIVOS NA ATENÇAO HOSPITALAR:

A vivência de uma equipe multiprofissional

Daniela Habekost Cardoso

Pelotas, 2011

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DANIELA HABEKOST CARDOSO

CUIDADOS PALIATIVOS NA ATENÇAO HOSPITALAR:

A vivência de uma equipe multiprofissional

Projeto monográfico apresentado à

Residência Integrada Multiprofissional em

Atenção a Saúde Oncológica da

Universidade Federal de Pelotas, como

requisito parcial para obtenção do título

Especialista em Enfermagem Oncológica.

Orientador: Prof.ª Drª. Rosani Manfrin Muniz

Pelotas, 2011

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Lista de Siglas

Academia Nacional de Cuidados Paliativos - ANCP

Instituto Nacional de Câncer – INCA

Ministério da Saúde – MS

Organização Mundial da Saúde – OMS

Organização Pan-americana de Saúde - OPAS

Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar - PIDI

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SUMÁRIO

1 Introdução........................................................................................................10 1.1 Objetivos.......................................................................................................13 1.1.1Objetivo geral.............................................................................................13 1.1.2 Objetivos específicos...............................................................................13

2 Revisão de literatura.......................................................................................14 2.1 Cuidados paliativos em oncologia: filosofia e história............................14 2.2 Assistência multiprofissional ao paciente em cuidados paliativos........16 2.3 Cuidados paliativos no ambiente hospitalar.............................................18

3 Caminho metodológico..................................................................................20 3.1 Caracterização do estudo...........................................................................20 3.2 Local do estudo...........................................................................................20 3.3 Sujeitos do estudo......................................................................................21 3.4 Critérios para a seleção do sujeito............................................................21 3.5 Princípios éticos..........................................................................................21 3.6 Procedimento para coleta de dados..........................................................22 3.7 Análise dos dados.......................................................................................23

4 Cronograma....................................................................................................24

5 Recursos........................................................................................................25 5.1 Recursos Humanos....................................................................................25 5.2 Recursos Materiais.....................................................................................25

6 Referências ...................................................................................................26

Apêndices.........................................................................................................30

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1 INTRODUÇÃO

Câncer é o termo empregado para descrever mais de 100 patologias,

incluindo tumores malignos de diferentes localizações, e conforme o Instituto

Nacional de Câncer (INCA) (2009) essa é a segunda causa de morte no Brasil,

representando 17% dos óbitos no ano de 2007.

Ainda o INCA (2009) estima que para ano de 2010, válida também para o

ano de 2011, são esperados 489.270 casos novos de câncer no Brasil. As

neoplasias malignas mais incidentes, à exceção do câncer de pele do tipo não

melanoma, serão os cânceres de próstata e de pulmão no sexo masculino e os

cânceres de mama e do colo do útero no sexo feminino.

Neste contexto a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização

Panamericana de Saúde (OPAS) (2004) apontam o câncer como problema de saúde

pública, cuja a incidência apresenta aumento significativo, sendo fundamental a

atenção dos profissionais e gestores de saúde para essa realidade.

Ainda consideram que 70% dos pacientes com câncer irão falecer em

decorrência da doença e de seus tratamentos e, por se tratar de uma situação

crônica de saúde, grande parte dos pacientes irão necessitar de cuidados e controle

de sintomas. Assim, na América Latina estima-se que cerca de um milhão de

pessoas irão utilizar essa modalidade de atenção, ou seja, precisarão de cuidados

paliativos. A OMS e a OPAS advertem que a maioria dos pacientes oncológicos sul-

americanos morrem sem analgesia e cuidados adequados ao alívio dos sofrimentos

que a situação exige.

No Brasil, o INCA junto com o Ministério da Saúde (MS) publicaram no ano

de 2001 o manual de cuidados paliativo como forma de divulgar informações e

orientar profissionais da saúde que prestam assistência a esses pacientes. Este

material propõe que cuidados paliativos têm como meta promover a finitude da vida

de forma digna, livre de dor e com sofrimento minimizado, em que a terapêutica é

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voltada ao controle sintomático e preservação da qualidade de vida, sem função

curativa, de prolongamento ou de abreviação da sobrevida, sendo indispensável

uma abordagem multidisciplinar.

Assim, tendo em vista a expansão dos cuidados paliativos pelo mundo e a

necessidade de novas diretrizes para a atenção a pessoa com câncer, o MS (2005)

institui por meio de portaria a Política Nacional de Atenção Oncológica e do

Programa Nacional de Assistência a Dor e Cuidados Paliativos (2002), indicando as

diretrizes da assistência paliativa a serem implantadas no Brasil em todas as

unidades de saúde.

Desse modo, entende-se que esses cuidados devem ser desenvolvidos em

todos os níveis de atenção, devendo ser promovidos no âmbito domiciliar e

hospitalar.

Para Costa Filho (2008), os cuidados paliativos devem integrar todos os

setores de cuidados em saúde, tais como, emergências, unidades de tratamento

intensivo, enfermarias, internações domiciliares e os hóspices.

Segundo o Instituto Nacional de Pesquisa em Enfermagem dos Estados

Unidos (2009), os cuidados paliativos têm como objetivo maximizar o conforto e a

qualidade de vida, e dessa forma pode ser implementado a qualquer momento

durante a doença e tratamentos, podendo ser realizado desde o diagnóstico.

Para Moritz et al (2008), aspectos culturais, associados aos fatores sociais,

como a dificuldade do tratamento e manejos dos sintomas do doente terminal em

seu domicílio, levam as pessoas a procurar o serviço de saúde, e por isso

aproximadamente 70% dos óbitos ocorrem nos hospitais.

Assim, a residência integrada multiprofissional em atenção a saúde

oncológica possibilitou-me experiênciar a assistência a essa clientela em todas as

suas dimensões, desde o diagnóstico até o processo de terminalidade. Contudo esta

etapa e a necessidade de cuidados paliativos despertaram-me especial interesse,

tendo em vista a necessidade de maior difusão e compreensão pela equipe de

saúde.

Desse modo, como parte da equipe interdisciplinar, observei e participei do

cuidado paliativo nos vários cenários de atuação, incluindo visitas domiciliares em

um programa de internação domiciliar interdisciplinar (PIDI), onde objetivo central é

a assistência a pacientes em terminalidade junto a suas famílias, e os profissionais

treinados para desenvolver esse cuidado. Assim, essas experiências levaram-me a

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questionar como são prestados e compreendidos pelos membros da equipe

hospitalar os cuidados paliativos durante a internação, ou seja, cuidados em que o

objetivo é o controle dos sintomas e alívio dos sofrimentos físicos, psicossociais e

espirituais.

Dessa forma, entendo que compreender a equipe que assiste ao paciente

em terminalidade, conhecendo suas concepções, como entendem e desenvolvem

esse cuidado poderá contribuir para qualificar a assistência prestada aos pacientes

oncológico que necessitam de cuidados paliativos.

Neste pensar, Siqueira, Barbosa e Boemer (2007), ao relatarem o

expressivo número de pessoas que buscam instituições de saúde para o tratamento

de neoplasias malignas, sugerem uma postura reflexiva aos profissionais de saúde

em relação as práticas de cuidado, de modo que as instituições hospitalares

conceitualmente visam a dignidade e totalidade do ser humano. Contudo ao se

observar a realidade, percebe-se que o processo de cuidar adquiriu características

meramente tecnicistas e reducionistas.

Floriani e Schramm (2008) destacam a necessidade de discutir e refletir a

respeito do modelo de assistência aos pacientes com doenças avançadas e

terminais, de modo que não os exclua da assistência, pois deve-se propiciar um

processo de morrer digno. Desse modo torna-se indispensável promover o

conhecimento dos profissionais de saúde desde a graduação, sobre os cuidados

paliativos, bem como o incremento de pesquisas sobre os vários aspectos que

envolvem os cuidados no fim da vida. Isso se constitui um desafio para os

profissionais e para o sistema de saúde.

Assim, tendo em vista a importância da temática sobre os profissionais de

saúde nos cuidados paliativos prestados aos pacientes oncológicos durante a

internação hospitalar, considero de fundamental relevância a proposta desse estudo.

Neste contexto, olhar para as práticas de cuidados prestados pela equipe

multiprofissional ao paciente com câncer em terminalidade, poderá qualificar a

assistência e proporcionar melhor qualidade de vida e alívio dos sofrimentos em

todas as suas dimensões, valorizando a integralidade da pessoa humana. Dessa

forma, frente ao exposto procurarei neste estudo responder a seguinte questão

norteadora: Qual a vivência da equipe multiprofissional sobre os cuidados

paliativos em uma unidade de internação hospitalar?

13

1.1 Objetivos

1.1.1Objetivo geral

Conhecer a vivência da equipe multiprofissional nos cuidados paliativos a

pacientes em terminalidade de uma unidade de internação hospitalar.

1.1.2 Objetivos específicos

Identificar a concepção dos profissionais sobre os cuidados paliativos.

Averiguar os momentos de prática dos cuidados paliativos realizados pela

equipe multiprofissional.

Investigar as facilidades e dificuldades encontradas pela equipe

multiprofissional na prática dos cuidados paliativos.

14

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Cuidados paliativos em oncologia: filosofia e história

A OMS (2002) define a filosofia dos cuidados paliativos como uma

abordagem que objetiva melhorar a qualidade de vida dos pacientes e famílias que

enfrentam doenças que ameaçam a vida, através da prevenção e alívio do

sofrimento por meio da identificação precoce, da avaliação impecável, do tratamento

da dor e outros problemas físicos, psicossociais e espirituais.

Contudo até chegar-se a concepção de cuidados paliativos descritos acima

ocorreram muitas reflexões e construções sobre o tema, que contribuíram para

aprimorar e humanizar essa modalidade de assistência.

A Associação Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP) (2009) revela que o

primeiro registro sobre cuidado a pacientes em terminalidade ocorreu no século V.

Sendo que no século XVII há relatos mais completos, os quais descrevem que os

doentes eram abrigados em locais conhecidos como hospedarias em cidades

européias, em que o objetivo era proporcionar abrigo e minimizar sofrimentos, estes

abrigos mais tarde seriam conhecidos como os primeiros hospices.

Contudo, apenas em 1967 o paliativismo iniciou sua expansão pelo mundo

através do movimento Hospice, quando Cicely Saunders fundou o St. Christopher’s

Hospice, cuja estrutura permitiu a assistência desses pacientes, bem como o ensino

e pesquisa (ANCP, 2009).

Floriani e Schramm (2010) relatam que conforme registros disponíveis, que

em 1944 no Brasil surgiu o Asilo da Penha que foi considerado o primeiro hóspice, e

que teve, por alguns anos, importante papel na assistência aos pobres que morriam

de câncer.

Neste contexto, o movimento Hospice segundo Floriani e Schramm (2008)

fortaleceu-se principalmente a partir da década de 60 do século XX, quando

intensificaram-se as manifestações sobre o desconforto com o modo como eram

tratados os pacientes com doenças avançadas, freqüentemente abandonados pela

15

equipe de saúde e vivendo seus últimos momentos no isolamento e na frieza de um

pronto-socorro, de um quarto ou em uma unidade de terapia intensiva, muitas vezes

cercados por tubos e aparelhos, e não por pessoas próximas e queridas a eles.

Assim devido a assistência aos pacientes em terminalidade com o objetivo

de controle de sintomas terem como origem abrigos e instituições conhecidas com

hospice, foi por muito tempo empregado como sinônimo de cuidado paliativos.

Conforme a ANCP (2009), o primeiro país a introduzir o termo Cuidados

Paliativos foi o Canadá, e após passou a ser adotado pela OMS devido a dificuldade

de tradução adequada do termo hospice em alguns idiomas.

Assim, seguindo a evolução e expansão da filosofia paliativista, em 1990 a

OMS publicou sua primeira definição de cuidados paliativos, como cuidado ativo e

total para pacientes cuja doença não era responsiva a tratamento de cura. O

controle da dor, de outros sintomas e de problemas psicossociais e espirituais é

primordial. O objetivo do Cuidado Paliativo é proporcionar a melhor qualidade de

vida possível para pacientes e familiares.

Entretanto, somente em 2002 a OMS inclui em sua abordagem a

espiritualidade entre as dimensões do ser humano, ampliando a integralidade e

complexidade desse cuidado.

Seguindo essa concepção outros autores elaboram conceitos para também

definir o cuidado disponibilizados aos pacientes cuja a doença não é responsiva ao

tratamento curativo.

Neste sentido, Pimenta (2010) reforça que cuidado paliativo é uma filosofia,

um modo de cuidar, que visa à aprimorar a qualidade de vida dos pacientes e

famílias que enfrentam problemas relacionados a doenças ameaçadoras da vida,

provendo alívio da dor e de outros sintomas, desde o diagnóstico ao fim da vida e

luto. Ainda preconiza a compaixão, o não abandono, a não suspensão de

tratamentos e a não indução da morte; não se recomendam tratamentos fúteis,

aceita-se o limite da vida e o objetivo é o cuidado e não a cura. E fundamental

cuidar, educar, acolher, amparar, advogar, aliviar desconfortos, controlar sintomas e

minimizar o sofrimento. Estas devem ser ações cotidianas na vida dos profissionais

em cuidados paliativos.

Ampliando esse conceito Oliveira e Silva (2010) referem que os cuidados

paliativos destinam-se a assistir os doentes sem possibilidade de cura e buscam

consolidar um modelo de cuidado que considera o processo de morrer como

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inerente à vida. Nessa filosofia, o foco da atenção deixa de ser a cura da doença e

se volta ao indivíduo que é visualizado como um ser biográfico, complexo em suas

dimensões físicas, psíquicas e espirituais, ativo e com direito a autonomia, além da

atenção individualizada a sua família e a busca da excelência no controle dos

sintomas.

2.2 Assistência multiprofissional ao paciente em cuidados paliativos

Por se tratar de uma abordagem complexa que necessita compreender

todas as dimensões do ser cuidado e de sua família, a assistência paliativa prioriza

uma equipe multiprofissional. Segundo ANCP (2009) essa deve ser composta por

enfermeiro, psicólogo, médico, assistentes social, farmacêutico, nutricionista,

fisioterapeuta, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, dentista e assistente espiritual.

Assim, Oliveira e Silva (2010) afirmam que tendo em vista todos os aspectos

relevantes para o cuidado paliativo, esse depende de uma abordagem

multidisciplinar para produzir uma assistência harmônica e convergente ao indivíduo

sem possibilidades de cura e à sua família. Para os autores o trabalho

multiprofissional e indispensável para a proposta de cuidados que procura resgatar

valores éticos e humanos, à autonomia individual.

Nesse sentido Bifulco e Iochida (2009) sugerem que ações desenvolvidas

por todos os integrantes da equipe multiprofissional necessitam ter como meta uma

opção de tratamento adequado para estes pacientes, assim como o resgate da

humanização do processo de morrer, ou seja, a morte é vista como parte de um

processo da vida, e, no adoecimento, os tratamentos devem visar à qualidade de

vida e o bem-estar da pessoa, mesmo quando a cura não é possível.

Paliar, conforme, Silva e Hortale (2006) é uma dimensão dos cuidados em

saúde e todos os profissionais de saúde deveriam saber quando os cuidados

paliativos são necessários, assegurar este tipo de atenção propicia um cuidado de

qualidade não importando se oferecido em uma instituição de saúde ou na

residência do indivíduo.

Teixeira e Valente (2009) ao referir a importância da equipe de saúde no

cuidado ao paciente no final da vida e sua família destaca a importância em

estabelecer vínculos, de modo que o centro de sua atenção seja o cuidado holístico,

e não apenas no cuidado técnico, paradigma fortemente difundido em sua formação

profissional.

17

Em relação a terminalidade do paciente com câncer na instituição hospitalar

e as percepções da equipe de saúde Silva, Ribeiro e Kruse (2009) revelam a

terminalidade do ser é considerada natural, porém relacionada a sentimentos de

medo, impotência, tristeza, depressão, culpa, fracasso e falha. Os autores fazem

referência a forma como a terminalidade vivenciada neste ambiente, onde se torna

solitária, acompanhada apenas por estranhos. Todavia, Faresin e Portella (2009)

destaca que durante esse cuidado, deve-se buscar manter a humanização do

atendimento, que envolve observar todos os aspectos ligados ao adoecer, o respeito

as crenças e as fragilidades dos pacientes e especialmente o desejo do paciente em

permanecer rodeado de parentes, amigos e cuidadores.

Dessa forma, os profissionais que assistem o paciente oncológico em

cuidados paliativos devem atender a todas suas necessidades humanas, pois

segundo Oliveira, Santos e Matropietro (2010) muitas vezes o suporte psicossocial é

negligenciado, priorizando-se cuidados técnicos. A dificuldade maior que o

profissional enfrenta nesses casos é a de ouvir e tornar-se tornar-se mais sensível

às necessidades dos pacientes que estão morrendo, podendo proporcionar-lhes

melhores cuidados, de modo a auxiliá-los no processo de morte.

Entretanto, Swetenham et al (2011) destacam que a equipe multriprofissional

que vivencia o cuidado a pacientes em terminalidade, muitas vezes envolve-se e

sensibiliza-se com o doente e sua família, e não raro compartilham seus sofrimentos,

e sentem-se impotentes frente a dificuldade de promover alívio e conforto a estes.

Neste contexto, Higginson e Evans (2010) em um artigo de revisão que

compara equipes que assistem pacientes com câncer em cuidados paliativos

destacam que profissionais de saúde especializados ou treinados apresentam

melhores resultados no controle de sintomas físicos como dor, bem como dos

sofrimentos psicossociais, e a capacitação desses necessita ser priorizado pelos

serviços de saúde que atendem pacientes oncológicos.

2.3 Cuidados paliativos no ambiente hospitalar

O Programa Nacional de Assistência a Dor e Cuidados Paliativos (2002)

garante amplo acesso dos doentes às diferentes modalidades de cuidados paliativos

em todos os níveis de atenção, incluindo cuidados domiciliares, cuidados

ambulatoriais, cuidados hospitalares e cuidados de urgência, sendo necessário

18

estimular a organização de serviços de saúde e de equipes multidisciplinares para a

assistência a pacientes.

Segundo o programa as internações hospitalares estão prevista e

garantidas para o tratamento e manejo de intercorrências, incluindo procedimentos

de controle da dor, bem como o atendimento de doentes contra-referidos para

cuidados paliativos (clínicos ou cirúrgicos) inclusive de urgência.

A ANCP (2006) ao definir o cuidado paliativo como cuidados ativos e

integrais prestados a pacientes por equipes multiprofissionais, em ambiente

hospitalar ou domiciliar, possuem níveis de diferenciação que devem incluir, ainda, o

apoio à família e a atenção ao luto. Em suma, os cuidados paliativos devem sempre

existir em hospitais gerais de grande porte e onde se tratam câncer ou outras

afecções crônicas.

Entretanto, mesmo sendo os cuidados paliativos presentes nas instituições

hospitalares, há poucas referencias bibliográficas a respeito, sendo mais discutido e

enfatizado essa modalidade de assistência no ambiente domiciliar.

Ainda a ANCP (2006) diz que as unidades podem prestar cuidados em

regime de internação hospitalar, assistência domiciliar e ambulatorial e abranger um

leque variado de situações, idades e doenças. Contudo acredita- se que a maioria

das unidades de cuidados paliativos no Brasil atuam apenas em ambulatórios e

assistência domiciliar. A disponibilidade de leitos especializados é mínima e restrita

a grandes centros.

Conforme Faresin e Hortale (2006) o Brasil ainda não possui uma estrutura

pública de cuidados paliativos oncológicos adequada à demanda existente, tanto

sob o ponto de vista quantitativo e qualitativo, desse modo, torna-se urgente o

conhecimento dos conceitos fundamentais dos cuidados paliativos, bem como

empreender esforços para implementa iniciativas centradas no cuidar solidário em

todos os serviços de saúde, sejam públicos ou privados.

Neste pensar, Costa Filho et al (2008) relatam que no Brasil dispomos de

poucas unidades dedicadas aos cuidados paliativos dentro de hospitais. O pioneiro

foi iniciado em 1983 do Departamento de Anestesiologia do Hospital das Clínicas da

Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Os cuidados paliativos devem integrar todos os setores de cuidados, porém

no momento não há mais do que 340 grupos no Brasil com unidades de cuidados

19

paliativos dedicados e vinculados às instituições hospitalares (COSTA FILHO et

al.,2008).

Desse modo, Floriani e Schramm (2010) salientam a importância de orientar

os profissionais de saúde de que cuidado paliativo não é sinônimo de atendimento

domiciliar ou internação domiciliar. Os autores sugerem ainda que para garantir o

acesso desses pacientes a todos os níveis de cuidados que forem necessários como

o controle de sintomas e uma sobrevida digna, exigem do sistema nacional de saúde

uma maior e melhor articulação da rede de atenção básica com a rede hospitalar.

Assim, Penrod (2010) sugere que o tratamento recebido pelos pacientes do

hospital com doenças avançadas é caracterizado por controle inadequado da dor e

de outros sintomas. Neste contexto, os cuidados paliativos devem ser visto como

uma necessidade pelas instituições que atendem a pacientes oncológicos, e sua

filosofia introjetadas nas práticas de saúde também durante as hospitalizações.

Assim, os cuidados com o paciente com câncer avançado dependente de

cuidados paliativos em uma instituição hospitalar necessitam ser discutidos e

refletidos, pois muitas vezes, condições socioeconômicas e físicas, como dificuldade

de controle de sintomas, impossibilitam a permanência dele no seu domicílio sendo

necessária a internação. Dessa forma, a equipe multiprofissional deve estar apta

para atender a suas necessidades de forma integral e humanizada, articulando e

promovendo ações que garantam uma sobrevida digna e controle adequado dos

sintomas físicos, psicológicos e espirituais, conforme recomenda a filosofia do

paliativismo com a compreensão deste ser e sua família em toda sua subjetividade e

complexidade, a quem ainda se tem muita a fazer.

20

3 CAMINHO METODOLÓGICO

3.1 Caracterização do estudo

Por tratar-se de um estudo que visa compreender a subjetividade das

pessoas, optou-se pela abordagem do tipo qualitativa, exploratória e descritiva.

A pesquisa qualitativa segundo Minayo (2007), trabalha com o universo

subjetivo dos significados, motivos, aspirações, atitudes, crenças e valores, que não

se resumem aos dados estatísticos. Para a autora a investigação qualitativa requer

atitudes fundamentais como a flexibilidade, a capacidade de observação com o

grupo de investigadores e com os atores sociais envolvidos.

Para a autora a fase exploratória da pesquisa é tão importante que ela em si

pode ser considerada uma Pesquisa Exploratória. Compreende a etapa de escolha

do tópico de investigação, de delimitação do problema, de definição do objeto e dos

objetivos, de construção do marco teórico conceitual, dos instrumentos de coleta de

dados e da exploração de campo.

Triviños (1995) afirma o estudo descritivo fornece conhecimento

aprofundado de uma realidade delimitada e que os resultados atingidos podem

permitir e formular hipóteses para o encaminhamento de outras pesquisas.

3.2 Local do estudo

O estudo será desenvolvido em uma unidade clínica de um Hospital Escola

de uma universidade federal, localizado em uma cidade na região sul do Rio Grande

do Sul, esta instituição atende paciente exclusivamente pelo Sistema Único de

Saúde (SUS).

A unidade em que será desenvolvida a pesquisa atente paciente clínicos

com diferentes patologias, entre essas o câncer, no total são 24 leitos. Neste espaço

atuam profissionais de diversas áreas como enfermeiros, técnicos de enfermagem,

psicólogos, médicos, fisioterapeutas, nutricionistas, dentistas e assistente sociais.

Por se tratar de uma instituição de ensino a presença de acadêmicos e residentes é

constante.

21

3.3 Sujeitos do estudo

Os sujeitos do estudo serão profissionais que compõem a equipe

multiprofissional dessa unidade, sendo identificados por nomes fictícios escolhidos

pelos mesmos. Farão parte do estudo um profissional de cada área de atuação.

3.4 Critérios para a seleção do sujeito

Os critérios adotados para a seleção dos sujeitos do estudo serão:

Ter idade superior ou igual a 18 anos;

Fazer parte da equipe multiprofissional da unidade;

Concordar em participar do estudo por meio da assinatura do termo de

consentimento livre e esclarecido (APENDICE A);

Consentir com o uso do gravador durante as entrevistas e permitir a

observação no cuidado;

Permitir a publicação dos resultados do estudo em eventos e revistas da

área.

3.5 Princípios éticos

Os princípios éticos considerados para a construção deste trabalho foram

baseados no Código de Ética dos profissionais de enfermagem de 2007, sendo o

capítulo III, do ensino, da pesquisa e da produção científica, destacam-se os artigos

89, 90 e 91, referente às responsabilidades e deveres e os artigos 94 e 981 ,

referente às proibições. Considerou-se também, as disposições da Resolução n°

196/96 do Conselho Nacional de Saúde, sobre pesquisas envolvendo seres

humanos. Resolução esta que incorpora sob a ótica do indivíduo e das coletividades

os quatro referencias básicos da bioética – autonomia, não maleficência,

beneficência e justiça.

1 Art. 89. Atender as normas vigentes para a pesquisa envolvendo seres humanos, segundo a

especificidade da investigação. Art. 90. Interromper a pesquisa na presença de qualquer perigo á vida e á integridade da pessoa. Art. 91. Respeitar os princípios da honestidade e fidedignidade, bem como os direitos autorais no processo de pesquisa, especialmente na divulgação dos seus resultados. Art. 94. Realizar ou participar de atividades de ensino e pesquisa, em que o direito inalienável da pessoa, família ou coletividade seja desrespeitado ou ofereça qualquer tipo de risco ou dano aos envolvidos. Art.98. Publicar trabalho com elementos que identifiquem o sujeito participante do estudo sem sua autorização.

22

A todos os participantes será garantido o anonimato, o direito a desistir da

pesquisa a qualquer momento e o livre acesso aos dados quando for de seu

interesse.

3.6 Procedimentos para coleta de dados

Primeiramente será encaminhado um ofício ao responsável pela instituição

solicitando autorização para realização do estudo (Apêndice B).

Mediante a autorização o projeto será encaminhado ao Comitê de Ética em

Pesquisa do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas e, após a sua

aprovação dar-se-a o início da coleta de dados.

Primeiramente se fará a seleção de um paciente com câncer em

terminalidade na referida unidade, por meio de consulta aos prontuários. Identificado

o paciente será realizado os contatos com os sujeitos, isto é , os profissionais que

realizam o cuidado a este.

Os mesmos serão convidados verbalmente e por meio de uma carta convite

(Apêndice C) apresentando o objetivo do estudo e, após aceito, será entregue um

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice A), para ser assinado

concordando em participar da pesquisa.

Salientamos que anterior a entrevista será realizado uma observação

simples (Apêndice D) dos profissionais realizando o cuidado ao paciente de escolha

para o estudo de caso com o objetivo de descrever as atividades realizadas

buscando a relação com os cuidados paliativos.

Após será realizado uma entrevista semiestruturada com a aplicação um

instrumento contendo questões abertas (Apêndice E).

3.7 Análise dos dados

Os dados coletadas serão transcritos na íntegra, e sendo analisados e

agrupados por temas e subtemas de acordo com a questão norteadora e os

objetivos do estudo, e fundamentadas com referencial teórico específico e o

conhecimento da autora sobre o assunto proposto.

Para Minayo (2007) a análise dos dados possui a finalidade de desvelar e

administrar o material coletado, possibilitando ao investigador ampliar e aprofundar

23

sua compreensão acerca do assunto pesquisado e relacioná-lo aos contextos

culturais.

Para a autora o processo de análise de dados constrói-se em etapas ou

passos: O primeiro passo é a ordenação dos dados, que inclui as entrevista,

observação do material sobre o tema e organização dos dados coletados. O

segundo passo será a classificação e o embasamento teórico dos dados. O terceiro

passo, definido com análise final consiste na interpretação dos dados, que poderão

fundamentar propostas de transformações sociais e institucionais.

24

4 CRONOGRAMA

ATIVIDADE Período 2011 a 2012

FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV

Escolha do tema X

Revisão de literatura X X X X X X X X X X X X

Elaboração do projeto X

Apresentação do projeto X

Revisão do projeto X X X

Envio do projeto p/

comitê de ética X

Seleção dos sujeitos X

Coleta de dados X X X

Análise dos dados X X

Elaboração do artigo X

Apresentação X

Entrega do trabalho

final X

A coleta de dados será realizada após aprovação no Comitê de Ética e Pesquisa

25

5 RECURSOS DO PROJETO

5.1 Recursos Humanos

Professor de português

5.2 Recursos Materiais

Os gastos com o projeto monográfico serão custeados pela autora.

Recurso Quantidade Valor/ R$

Folhas A4 2000 60,00

Canetas 5 10,00

Lápis 2 2,00

Borracha 2 2,00

MP3 1 45,00

Pendrive 1 35,00

Grampeador 1 15,00

Grampos 1cx 5,00

Prancheta 1 10,00

Vale transporte 80 188,00

Cartucho p/ impressora 2 40,00

TOTAL 412,00

26

6 REFERENCIAS Academia Nacional de Cuidados Paliativos. Critérios de qualidade para os

cuidados paliativos. 1ªed. Rio de Janeiro: Diagraphic, 2006, 60p.

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.

30

APÊNDICES

31

Apêndice – A Consentimento Livre e Esclarecido

Pesquisa: Cuidados paliativos na atenção hospitalar: a vivência de uma equipe

multiprofissional

Autores: Orientadora: Profa. Drª Rosani Manfrin Muniz [email protected]

Residente: Daniela Habekost Cardoso/ (53)84045801

[email protected]

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Estamos desenvolvendo a presente pesquisa a fim de contribuir com

profissionais de saúde que atuam nas instituições hospitalares e assistem pacientes

oncológicos em cuidados paliativos, de forma a qualificar a assistência prestada a

esses pacientes.

Esclarecemos que o objetivo principal deste estudo é conhecer a vivência

dos profissionais da equipe multiprofissional nos cuidados paliativos a pacientes em

terminalidade de uma unidade de internação hospitalar.

Garantimos o anonimato dos sujeitos do estudo, o livre acesso aos dados,

bem como a desistência em quaisquer fases da pesquisa.

Sendo assim, solicitamos sua colaboração no sentido de participar como

sujeito do estudo, através de uma entrevista, previamente agendada, de acordo com

sua disponibilidade e assinando o presente documento. Sendo que a coleta de

dados não acarretara riscos, pois não prevê procedimentos invasivos, ou de ordem

moral, considerando que durante a entrevista as perguntas poderão ser ou não

serem respondidas em sua totalidade.

Pelo presente Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, declaro que fui

informado (a) de forma clara e detalhada dos objetivos, da justificativa e dos

instrumentos utilizados na presente pesquisa.

A coleta dos dados através de uma entrevista será realizada pela enfermeira

Daniela Habekost Cardoso.

Fui informado (a) do direito de solicitar resposta a qualquer dúvida em relação

aos procedimentos, riscos e benefícios da pesquisa, do livre acesso aos resultados,

32

da liberdade de retirar meu consentimento em qualquer momento do estudo sem

que isso me traga prejuízo algum e da segurança que não serei identificado.

Eu, ______________________________, aceito participar voluntariamente da

pesquisa a qual se refere: “CUIDADOS PALIATIVOS NA ATENÇÃO HOSPITALAR:

A VIVÊNCIA DE UMA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL”, respondendo ao

instrumento de pesquisa, emitindo meu parecer quando solicitado e permitindo o uso

de gravador, para assegurar o registro da entrevista.

Pelotas, ____de____________de 2011.

________________________________ RG : _________________

Participante da pesquisa

________________________________ RG : _________________ Pesquisador responsável

33

Apêndice B – Carta ao Departamento de Educação do Hospital Escola da UFPEL

Universidade Federal de Pelotas Residência Multiprofissional Integrada em Atenção a Saúde Oncológica

Pelotas, ___ de______ de 2011.

Ao Departamento de Educação do Hospital Escola da UFPEL N/C

Na condição de residente do programa de Residência Multiprofissional Integrada em

Atenção a Saúde Oncológica, venho muito respeitosamente solicitar autorização para

desenvolver uma pesquisa, que terá como objetivo, conhecer a vivência da equipe

multiprofissional nos cuidados paliativos a pacientes em terminalidade de uma unidade de

internação hospitalar, sendo que a coleta de dados se realizará na clínica médica desta

instituição. Tal pesquisa visa à elaboração de um trabalho de conclusão de curso, o qual é

requisito parcial para obtenção do Especialista em Enfermagem Oncológica.

Na referida pesquisa, serão sujeitos do estudo os profissionais de saúde que compõe

a equipe multiprofissional desta unidade, dispostos a participar deste estudo após assinatura

do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Assim, terei presente o compromisso ético de resguardar todos os sujeitos

envolvidos na pesquisa, assim como a instituição, em concordância com o código de Ética

dos Profissionais de Enfermagem, enfatizando os artigos 89, 90, 91, 92 e 98 do Capítulo III

e a Resolução 196/1996 do CNS, a qual trata da pesquisa envolvendo seres humanos

(cap.IV). Coloco a disposição o projeto de pesquisa e anexos. Desta forma, contamos com

seu apoio, agradecendo deste já pela oportunidade e colocando-me a disposição para

outros esclarecimentos.

Atenciosamente

___________________________ Res. Enfermeira Daniela Habekost Cardoso

Orientanda

__________________________ Prof.ª Dra. Rosani Manfrin Muniz

Docente do Departamento de Enfermagem da Faculdade de Enfermagem Orientador

Apêndice C - Carta convite aos sujeitos

34

Ministério da Educação

Universidade Federal de Pelotas

Residência Multiprofissional Integrada em Atenção a Saúde Oncológica

Pelotas, __ de ____ de 2011

Prezado Senhor(a)

Através desta, gostaríamos de convidá-lo(a) para participar do estudo intitulado

“Cuidados paliativos na atenção hospitalar: a vivência de uma equipe

multiprofissional”, como sujeito do estudo de autoria da enfermeira Daniela

Habekost Cardoso, residente do programa de Residência Multriprofissional

Integrada na Atenção a Saúde Oncológica, sob orientação da Profª. Drª Rosani

Manfrin Muniz. A coleta dos dados será realizada por meio de uma entrevista semi-

estruturada com questões abertas.

Ressaltamos que o presente estudo obteve aprovação do Comitê de Ética em

Pesquisa da Santa Casa de Pelotas, e será entregue aos sujeitos um termo de

consentimento livre e esclarecido.

Atenciosamente,

__________________________

Enfª. Daniela Habekost Cardoso

Orientanda

___________________________

Profª. Drª Rosani Manfrin Muniz

Orientadora

35

Apêndice D - Instrumento para a coleta

# Dados de Identificação

Nome fictício:_________________________________________________

Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

Idade: ________________________________________________________

Escolaridade: __________________________________________________

Profissão: _______________________________________________________

Tempo de formado:_______________________________________________

Tempo de trabalho na unidade:______________________________________

Religião: ________________________________________________________

#Questão norteadora:

Qual a sua vivência nos cuidados paliativos a pacientes em terminalidade.

#Questões de Apoio:

1) O que é cuidados paliativos para Sr(a)?

2) Quais são os cuidados paliativos? Liste

3)Em que situações da prática o Sr (a) percebe que realiza os cuidados paliativos?

4)Quais as facilidades encontradas na prática dos cuidados paliativos?

5)Quais as dificuldades encontradas na prática dos cuidados paliativos?

6) Gostaria de acrescentar algo?

36

Apêndice E – Carta de encaminhamento do Projeto ao Comitê de Ética em

Pesquisa do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas

Ministério da Educação

Universidade Federal de Pelotas

Residência Multiprofissional Integrada em Atenção a Saúde Oncológica

Pelotas, __ de ____ de 2011

Ilma

Coord. Comissão Ética do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas

N/C

Prezada Senhora Patrícia Duval

Através desta, gostaríamos da apreciação deste Comitê Ética do Projeto Monográfico

intitulado “Cuidados paliativos na atenção hospitalar: a vivência de uma equipe

multiprofissional”, de autoria da enfermeira Daniela Habekost Cardoso, residente do

programa de Residência Multriprofissional Integrada na Atenção a Saúde Oncológica,

sob orientação da Profª. Drª Rosani Manfrin Muniz.

Aguardamos o parecer e nos colocamos a disposição.

Atenciosamente,

Enfª. Daniela Habekost Cardoso Orientanda

Profª. Drª Rosani Manfrin Muniz

Orientadora

37

ANEXO

38

39

ARTIGO

40

CUIDADOS PALIATIVOS NA ATENÇÃO HOSPITALAR: A VIVÊNCIA DE UMA

EQUIPE MULTIPROFISSIONAL

PALLIATIVE CARE IN HOSPITAL ATTENTION: THE EXPERIENCE OF A TEAM

MULTIPROFESSIONAL

CUIDADOS PALIATIVOS EN LA ATENCIÓN HOSPITALARIA: LA

EXPERIENCIA DE UN EQUIPO MULTIPROFESIONAL

Daniela Habekost Cardoso1, Rosani Manfrin Muniz

2, Eda Schwartz

3 e Isabel Cristina de

Oliveira Arrieira4

1Enfermeira, Residente do Programa de Residência Integrada Multiprofissional em

Saúde/Área de concentração Oncologia da Universidade Federal de Pelotas.

2 Doutora em Enfermagem Fundamental. Professora Adjunta da Faculdade de Enfermagem da

Universidade Federal e Pelotas e Coordenadora da área de Enfermagem do Programa de

Residência Integrada Multiprofissional em Saúde/Área de concentração Oncologia.

3 Doutora em Enfermagem. Professora Adjunta da Faculdade de Enfermagem da Universidade

Federal e Pelotas.

4Mestre em Ciências da Saúde. Enfermeira do Programa de Internação Domiciliar

Interdisciplinar do hospital Escola da Universidade Federal e Pelotas.

Correspondência: Daniela Habekost Cardoso

Av. Saldanha Marinho nº108, ap 208

96020-370 – Centro, Pelotas, RS, Brasil

E-mail: [email protected]

RESUMO

Objetivou-se conhecer a vivência da equipe multiprofissional sobre os cuidados paliativos a

pacientes em terminalidade de uma unidade de internação hospitalar. Trata-se de um estudo

qualitativo, exploratório e descritivo. Os sujeitos do estudo foram seis (6) profissionais de

saúde de uma equipe multiprofissional de uma unidade de internação de um Hospital Escola

no sul do Brasil. Percebe-se que os profissionais ao iniciarem sua trajetória de cuidado

referem frustração e impotência, contudo, o tempo faz com que estes encontrem novos

41

significados para a morte e o cuidado prestado. Os profissionais identificam a necessidade do

fortalecimento da comunicação, do trabalho em equipe e de um espaço para discutirem sobre

o processo de terminalidade. Assim, a equipe multiprofissional da atenção hospitalar deve

estar apta para atender as necessidades do paciente em cuidados paliativos e sua família,

articulando e promovendo ações que garantam uma sobrevida digna e alívio dos sofrimentos.

DESCRITORES: Equipe de Assistência ao Paciente. Cuidados paliativos. Assistência

Hospitalar. Neoplasias.

ABSTRACT

Aimed at learning about the experience of the multidisciplinary team about palliative care to

terminal patients in a hospital ward. This is a qualitative study, exploratory and descriptive.

The subjects were six (6) health professionals from a multidisciplinary team of admission unit

of a teaching hospital in southern Brazil. It is felt that the professionals to begin their journey

of care related frustration and helplessness, however, makes the time they will find new

meanings for death and the care provided. Professionals identify the need to strengthen

communication, teamwork and a space to discuss about the process of terminal. Thus, the

multidisciplinary team of hospital should be able to meet the needs of patients in palliative

care and their families, coordinating and promoting actions to ensure a dignified survival and

relief of suffering.

DESCRIPTORS: Patient Care Team. Palliative Care. Hospital Care. Neoplasms

RESUMEN

Tuvo como objetivo conocer la experiencia del equipo multidisciplinario de cuidados

paliativos a enfermos terminales en una sala de hospital. Se trata de un estudio cualitativo,

exploratorio y descriptivo. Los sujetos fueron seis (6) profesionales de la salud de un equipo

multidisciplinario de la unidad de admisión de un hospital universitario en el sur de Brasil. Se

considera que los profesionales para comenzar su viaje de la frustración relacionada con el

cuidado y la impotencia, sin embargo, hace que el tiempo van a encontrar nuevos sentidos

para la muerte y la atención recibida. Los profesionales identifican la necesidad de fortalecer

la comunicación, trabajo en equipo y un espacio para discutir sobre el proceso de la terminal.

Por lo tanto, el equipo multidisciplinario del hospital debe ser capaz de satisfacer las

necesidades de los pacientes en cuidados paliativos y sus familias, coordinando y

promoviendo acciones para asegurar una supervivencia digna y alivio del sufrimiento.

42

DESCRIPTORES: Grupo de Atención al Paciente. Atención Paliativa. Atención

Hospitalaria. Neoplasias

INTRODUÇÃO

Os cuidados paliativos surgiram como uma modalidade de cuidado que tem por

filosofia melhorar a qualidade de vida dos pacientes e famílias que enfrentam doenças que

ameaçam a vida, por meio da prevenção e alívio dos sofrimentos físicos, psicossociais e

espirituais1. O cuidado paliativo é tradicionalmente objeto de ação na área oncológica, embora

possa ser utilizado em qualquer situação de terminalidade. Isto deve-se ao fato de que, 70%

dos pacientes diagnosticados com câncer no mundo irão morrer em decorrência da doença que

normalmente é acompanhada de sofrimentos 2-3

.

Neste contexto, existem mais de 7.000 serviços de cuidados paliativos em mais de 90

países. Contudo, no Brasil, atualmente, são apenas 40 serviços especializados nessa

modalidade terapêutica 4-5

. Assim, tendo em vista a expectativa do aumento no número de

casos novos de câncer, sendo que em 2020 aproximadamente 15 milhões de pessoas irão

apresentar diagnóstico de neoplasia maligna, emerge a necessidade de expansão dos cuidados

paliativos6.

Nesta perspectiva surgem iniciativas no Brasil para consolidar a atenção paliativa. No

ano de 2001 o Instituto Nacional de Câncer (INCA) e o Ministério da Saúde (MS) publicam

um manual de cuidados paliativos como forma de divulgar informações e orientar

profissionais da saúde que prestam assistência a esses pacientes que devem ter como meta

promover a finitude da vida de forma digna, em que a terapêutica é voltada ao controle

sintomático e preservação da qualidade de vida, sem prolongamento ou abreviação da

sobrevida, sendo indispensável uma abordagem multidisciplinar7. Logo após institui-se a

Política Nacional de Atenção Oncológica e do Programa Nacional de Assistência a Dor e

Cuidados Paliativos indicando as diretrizes da assistência paliativa a serem implantadas em

todas as unidades de saúde8-9

.

Paliar é uma dimensão do cuidado em saúde e todos os profissionais devem saber

quando os cuidados paliativos são necessários. Assegurar este tipo de atenção propicia um

cuidado de qualidade não importando se oferecido em uma instituição de saúde ou na

residência do indivíduo4. Entretanto aspectos culturais, associados aos fatores sociais, como a

dificuldade do tratamento e manejos dos sintomas do doente terminal em seu domicílio,

podem ser a causa de aproximadamente 70% dos óbitos ocorrerem nos hospitais10

.

43

A assistência paliativa prioriza uma equipe multiprofissional, que deve ser composta

por enfermeiro, psicólogo, médico, assistente social, farmacêutico, nutricionista,

fisioterapeuta, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, dentista e assistente espiritual, uma vez

que trata-se de uma abordagem complexa que necessita compreender todas as dimensões do

ser cuidado e de sua família, exigindo uma postura reflexiva dos profissionais de saúde em

relação as práticas de cuidado, de modo que as instituições hospitalares conceitualmente

visem a dignidade e totalidade do ser humano5-11

.

Contudo ao observar a realidade, percebe-se que o processo de cuidar adquiriu

características meramente tecnicistas e reducionistas11

. No entanto, o cuidado paliativo

implica, principalmente, na relação interpessoal entre as pessoas que cuidam e as que são

cuidadas, sendo as intervenções técnicas secundárias à relação que se estabelece entre equipe

multiprofissional e pacientes 2.

Desta forma, entende-se que compreender a equipe que assiste o paciente em

terminalidade no cenário hospitalar, de modo a conhecer suas concepções e o

desenvolvimento do cuidado poderá contribuir para qualificar a assistência e o alívio dos

sofrimentos em todas as suas dimensões, valorizando a integralidade da pessoa humana.

Assim, justifica-se, a relevância desse estudo, que teve como objetivo conhecer a vivência de

uma equipe multiprofissional na assistência a pacientes em cuidados paliativos de uma

unidade de internação hospitalar.

METODOLOGIA

Por tratar-se de um estudo que visa compreender a subjetividade das pessoas, optou-se

pela abordagem qualitativa12

. A pesquisa foi desenvolvida em uma unidade de internação

hospitalar de um Hospital Escola de uma Universidade no sul do Brasil no período de

setembro a dezembro de 2011. Esta instituição atende a pacientes exclusivamente pelo

Sistema Único de Saúde (SUS) e a partir de 2007 recebeu nova habilitação de acordo com a

atual legislação passando a funcionar como unidade de assistência de alta-complexidade em

oncologia (UNACON) e neste mesmo ano implantou o programa de internação domiciliar

interdisciplinar, destinado a assistir pacientes com câncer que necessite de controle de

sintomas e alívio de sofrimentos.

Os sujeitos do estudo foram seis profissionais, sendo selecionado um de cada área de

atuação, ou seja, uma enfermeira, uma nutricionista, uma psicóloga, uma assistente social,

uma fisioterapeuta e uma médica oncologista. Os critérios para seleção dos sujeitos foram: ter

44

idade igual ou superior a 18 anos, fazer parte da equipe multiprofissional da unidade,

concordar em participar do estudo por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE) e permitir a publicação dos resultados nos meios científicos. Os

participantes foram identificados por nomes fictícios escolhidos pelos mesmos

Para tornar possível a coleta de dados os profissionais foram convidados verbalmente

a participar do estudo. Depois do aceite, foi entregue o TCLE e realizada uma entrevista

semiestruturada contendo cinco questões abertas que se referiam a vivência em cuidados

paliativos, dificuldades e facilidades encontradas na prática profissional e dados de

identificação.

Os dados foram coletados por meio de gravações, posteriormente o material foi

transcrito na íntegra e submetido a sucessivas leituras. A análise dos dados constituiu-se de

três etapas: a ordenação dos dados, que compreendeu desde o momento da transcrição das

entrevistas à leitura exaustiva dos relatos para a organização destes em ordem de classificação

do tema investigado. A classificação dos dados foi o momento em que agrupou-se os temas da

pesquisa segundo os objetivos, com o embasamento teórico de autores sobre a temática. Na

análise final dos dados, ocorreu reflexão dos pesquisadores sobre o material empírico,

buscando a sua interpretação12

.

Previamente à coleta de dados o projeto foi submetido à apreciação e aprovação do

Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pelotas,

parecer n°52/11, de acordo com as normas estabelecidas pela Resolução 196/96 do Conselho

Nacional de Saúde13

.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A equipe multiprofissional ao cuidar de pacientes que necessitam de ações paliativas

apresentam diversas formas de compreender essa vivência. Assim, no processo de

organização dos dados obteve-se os seguintes temas: Paliar: controle de sintomas e

humanização da assistência, Vivenciar o processo de terminalidade e resignificar o cuidado e

Desafios da equipe multiprofissional no cuidado paliativo.

Paliar: controle de sintomas e humanização da assistência.

Ao se planejar ações paliativas deve-se ter a sensibilidade e a capacidade de identificar

e cuidar das diversas dimensões do sofrimento humano4. Neste sentido, os profissionais

entendem como cuidado paliativo a assistência prestada ao paciente fora de possibilidade de

cura, no qual o objetivo é o controle dos sintomas. Nos depoimentos observa-se a

45

preocupação com o alívio dos sintomas físicos, especialmente o controle álgico, e do

sofrimento psicossocial, contudo, nenhum participante relatou a dimensão espiritual.

Constata-se ainda, a inclusão da família como parte do cuidado e a necessidade de garantir

qualidade de vida, concordando como a filosofia de cuidados paliativos definido pela

Organização Mundial de Saúde (OMS).

Eu entendo por cuidado paliativo todo aquele cuidado que não tem perspectiva de cura, mas

que tem perspectiva de qualidade de vida dentro da terminalidade. É o paciente que vai ficar

sem dor, é o paciente que não vai ficar nauseado. É aquele cuidado que não vai reverter o

quadro, não vai prolongar a vida, mas que vai dar conforto para esse paciente e para a

família também. (Isabela, assistente social).

Quando alguém está em cuidados paliativos é porque não tem mais jeito, ou seja, a pessoa não

tem mais cura, a pessoa apenas vai ter um cuidado para morrer melhor, ou seja, vai ter uma

qualidade de vida, vão aliviar a dor, conforto (Amanda, psicóloga).

Cuidado paliativo é todo aquele cuidado que a gente demanda para um paciente que já não

tem mais perspectiva de um tratamento oncológico específico na tentativa de dar maior bem

estar, melhorar todos os sintomas que aquele paciente venha a sentir, todos os desconfortos,

eu acho que a palavra mais adequada. E não só com relação a parte clínica, mas também

psicológica, familiar e social. (Claudia, médica).

O cuidado paliativo propõe ao profissional de saúde o desafio de cuidar com

competência científica sem, no entanto, esquecer-se da valorização do ser humano14

. Percebe-

se por parte dos entrevistados a preocupação com humanização do cuidado prestado, focando

sua atenção não apenas no controle de sintomas, mas na necessidade de ouvir o paciente e sua

família e de ser solidário com estes.

E eu acho que para o paciente é ouvir, conversar, se mostrar presente, afeto [...] junto com o

restante da equipe procurar ter um entendimento daquela situação, procurar ouvir as

dificuldades, os medos, nesse sentido, acolher naquele momento de insegurança e de dor

(Isabela, assistente social).

Então se a gente tivesse no hospital um lugar que tu pudesse, agora a gente tem a sala de TV,

mas se tivesse um lugar que tu pudesse levar esse paciente, dar um passeio. Nem que fosse um

lugar pequenininho, um jardim, mas que ele pudesse ver o sol, né. Já seria bem melhor.

(Aline, enfermeira)

Para que essas necessidades sejam atendidas e o cuidado ao fim da vida seja integral, é

indispensável que a equipe de saúde resgate a relação interpessoal empática, sendo

fundamental ouvir e tornar-se sensível as necessidades dos pacientes, mais do que habilidades

técnicas para diagnosticar e tratar. Estes esperam que a relação com os profissionais da saúde

seja alicerçada por compaixão, respeito e empatia, de modo a auxiliá-los no processo de

morte, valorizando a sua experiência5-15

.

O trabalho multiprofissional é indispensável para a proposta de cuidados que procura

resgatar esses valores éticos e humanos, assim como à autonomia individual16

. Observa-se no

46

depoimento da assistente social Isabela, a sua experiência com uma paciente em terminalidade

que recusou-se a realizar um procedimento cirúrgico. Em sua fala podemos perceber o direito

de autonomia do paciente preservado por parte da equipe multiprofissional.

Eu acho que eles tem que ter autonomia, tem que ser respeitados. Por exemplo, no caso dessa

paciente [...] Quem sou eu para obrigar ela a fazer essa cirurgia? O que eu fiz foi aquilo que

estava ao meu alcance, eu conversei, o médico conversou com ela [...] avisei a ambulância,

ficou tudo pronto para a ida dela. O que dependia da equipe de saúde foi feito, agora a

decisão é dela. Eu acho que isso a gente tem que respeitar. É um direito (Isabela, assistente

social).

O cuidado deve ser compartilhado e o paciente com câncer merece do profissional

toda a benevolência e respeito. Auxiliá-lo em todas as fases deste processo implica em

orientá-lo sem coagir, mostrando-lhe os benefícios e desvantagens de cada tratamento, de

forma inteligível a seu nível de compreensão17

. As ações paliativas devem visar não apenas o

controle de sintomas apresentados, mas, valorizar a relação e fortalecer o vínculo de confiança

entre paciente e a equipe de saúde.

Vivenciar o processo de terminalidade e resignificar o cuidado

Ao iniciar a trajetória de trabalho com paciente em terminalidade, e que necessitam de

cuidados paliativos, os profissionais encontram dificuldades em aceitar a finitude da vida,

assim como a impossibilidade de impedir a evolução da doença. Contudo, o tempo trouxe

mudanças em suas concepções e novos significados para o cuidado prestado.

O início do trabalho é marcado, segundo os profissionais, por sofrimentos e angustias,

atrelados ao fato de se sentirem impotentes e frustrados com relação a morte, pois, esta ainda

é vista, por muitos profissionais de saúde, como um fracasso, incapacidade ou incompetência,

uma vez que eles foram formados para combatê-la18

.

Então no começo foi muito pesado, as primeiras vezes, quando eu vim para cá e comecei a

tratar com paciente oncológico, foi muito angustiante, a gente sofre muito no início[...]E tu

admitir que não tem mais nada o que fazer é lidar com a impotência

(Amanda, psicóloga).

No início foi muito difícil, era muito difícil aceitar, né,.[...] nós não estamos preparados para

enxergar um paciente que extrapola o nosso conhecimento. Parece que somos nós que estamos

falhando, que falta, que falta conhecimento para conseguir atender até o fim da vida [...] é

muito frustrante a gente ter o conhecimento, ter recursos, e chegar a um ponto de ver que tudo

que tu está fazendo, tu não consegue. Chega um ponto que ultrapassa a tua vontade, é o limite.

(Ana, fisoterpeuta).

A terminalidade esta relacionada a sentimentos de medo, impotência, tristeza,

depressão, culpa, fracasso e falha19

. Contudo, as rotinas de trabalho levam os profissionais

a refletirem sobre sua prática e a encontrar novos significados para o cuidado, aceitar a

47

terminalidade da vida e a importância do seu trabalho para com o paciente e a família que

enfrentam esse momento.

No início foi muito difícil né, trabalhar com a questão da terminalidade [...] Mas aí depois eu pude

perceber que o papel da equipe era um papel fundamental, de auxílio daquele momento tão difícil

[...] Então o próprio trabalho, o próprio dia-a-dia e muitas famílias me ajudaram a conseguir lidar

como essa situação. (Isabela, assistente social).

E na hora tu tem que ser uma pessoa forte, ser profissional. Mas como pessoa tu te sente uma

pessoa útil, sabe. Como profissional tu te sente fazendo o teu papel (Amanda, psicóloga).

E uma das situações que a gente pode ajudar e, que se sente mais gratificado, eu acho que é quando

tem algum sintoma importante que a gente consegue controlar (Claudia, médica).

O trabalho dos profissionais de saúde leva a diversas formas de estresse, mas também

proporciona momentos de satisfação4. Neste sentido, os entrevistados após entenderem suas

limitações e aceitarem a morte como um evento natural, resignificam sua vivência de cuidado,

sendo a possibilidade de auxiliar pacientes e famílias entendida como gratificante e o trabalho

multidisciplinar como fundamental.

A equipe multiprofissional que vivencia o cuidado a pacientes em terminalidade,

muitas vezes, envolve-se e sensibiliza-se com o doente e sua família, e não raro compartilham

seus sofrimentos20

. Dessa forma, constroem um espaço de relacionamento interpessoal que

possibilita a construção de vínculos com pacientes e familiares, conforme referem os

participantes do estudo.

O vínculo é grande e quando acontece a morte também o sentimento é grande (Ana

fisioterapeuta).

Ai como eu sabia que ela estava bastante mal eu tardei a minha checada, mas parece que ela

esperou [...] Parece que ela esperou a gente chegar para (morrer). E a gente ficou envolvida,

tanto eu quanto a assistente social, até o fim da tarde, com a família (Carolina, nutricionista).

Não é como tu manipular um remédio, 2 ml de uma coisa, 5 ml de outra, não, é uma pessoa, é

um ser humano, que vai fazer trocas contigo. Então é claro que tem vínculos (Isabela,

assistente social).

O ato de cuidar do paciente no final da vida e sua família possibilita a formação de

vínculos21

, sendo decisiva para concretizar a humanização da assistência prestada.

Profissionais de saúde em instituições hospitalares tendem a passar grande parte do seu tempo

na prestação de cuidados diretos a pacientes e familiares, e ao deparar-se com situações de

sofrimento, como o processo de teminalidade, compartilham suas angústias e dificuldades,

sendo um importante momento de trocas em suas vidas.

48

Desafios para a equipe multiprofissional no cuidado paliativo

Os profissionais que fizeram parte desse estudo apresentam grande comprometimento

com o cuidado. Contudo, em suas falas percebe-se conflitos e necessidades, ou seja, desafios

para que qualifiquem o cuidado paliativo prestado, de modo que pode-se identificar as

dificuldades de lidar com o processo de terminalidade. As participantes trazem em seus

depoimentos, a falta de preparo da equipe de saúde da atenção hospitalar, com relação aos

cuidados paliativos, sendo esse fato desencadeador de conflitos.

As vezes, se torna uma coisa cansativa, também por parte dos funcionários. Por que nem todo

mundo está preparado para lidar com esse tipo de paciente. Por que quando tu tens um

serviço específico para isso é diferente. Por que aquela pessoa que está ali para trabalhar

sabe que vai trabalhar com aquilo né. Não é o nosso caso aqui (Aline, enfermeira).

Também tem esse medo de ser cobrado por que não fez alguma coisa, tem isso também. Tem

que ter essa tranqüilidade de dizer assim: a partir de agora a gente não vai fazer mais nada,

[..]Mas tem que ter certeza e um cuidado para fazer certo. Isso aí tem que ter muito, muito

preparo, preparo profissional, multiprofissional, tem né. (Amanda, psicóloga)

Em outros momentos é possível perceber a dificuldade de consenso nas ações da

equipe multiprofissional, quando da realização de procedimentos que possivelmente não

tragam benefício ao paciente.

Mas outra dificuldade assim é que, as vezes, tu é obrigado assim a usar meios que tu não

gostaria de usar. Por exemplo, um paciente que tu sabe que não vai somar muito naquela

doença dele, naquele momento, como a passagem de uma sonda, administração da

alimentação por sonda, né. Mas tu te viu obrigada, as vezes por insistência da própria família,

por insistência de outros colegas na volta. Eu não sei, mais eu vejo mais o lado do paciente né.

Por que ele sabe que aquilo ali não vai adiantar muito, vai ser mas um sofrimento para ele.

(Carolina, nutricionista).

A preocupação em poder alimentar o paciente com câncer em estágio avançado é

motivo de discussão entre os profissionais de saúde. Entretanto, o cuidado nutricional deve

estar integrado aos cuidados oncológicos globais e contribuir para a qualidade de vida22

. Mas

sobretudo, a coesão da equipe em relação à meta e planos é fundamental, e contribui para

construir uma relação de confiança com pacientes e famílias20

.

A comunicação excelente e respeito entre os membros contribuem para a qualidade da

assistência prestada23

. Esta habilidade, indispensável ao trabalho multiprofissional, é

entendida pelos entrevistados como estratégias para transpor as dificuldades e limitações

encontradas.

Então eu acho que a facilidade que se tem aqui no hospital de cuidar desse paciente é a gente tentar

ter essa facilidade de comunicação e trabalhar mais em equipe né e conseguir prestar um cuidado

melhor (Aline, enfermeira).

As vezes, não tem essa comunicação de dizer o que mudou, depende muito das equipes. (Ana

fisioterpeuta).

49

O processo de formação, necessariamente, deve contribuir para o desenvolvimento de

competências e habilidades específicas relacionadas com o cuidado no fim da vida 18

.

Profissionais de saúde especializados ou treinados apresentam melhores resultados no

controle de sintomas físicos como dor, bem como dos sofrimentos psicossociais, e a

capacitação desses necessita ser priorizado pelos serviços de saúde6. Neste pensar os

participantes referem a importância da educação para a boa prática de cuidados paliativos.

Talvez uma das tentativas fosse se as pessoas tivessem mais cursos de cuidado paliativo,

entendessem mais disso, se houvesse uma disciplina disso na faculdade, eu acho que iria

ajudar muito (Amanda, psicóloga).

Realmente essa área é bem deficitária na área da saúde, em todos os sentidos de conhecimento

e de prática também [...] Mas os pacientes estão vivendo mais e cada vez mais precisando de

cuidados paliativos. E eu acho que a demanda só tende a crescer e a gente vai ter que se

informar mais. Seria ótimo se toda a equipe multiprofissional pudesse participar de

atualizações. Mas com pessoas que realmente estejam preparadas para nos falar disso

(Claudia, médica).

Em outro momento os entrevistados referem a necessidade de discutir sobre questões

que envolvem a espiritualidade do profissional, também como modo de qualificar assistência

prestada ao paciente em terminalidade. Neste momento torna-se importante rever que os

participantes não apontaram as questões espirituais como alívio do sofrimento, conforme

preconiza a OMS. Talvez, este fato esteja relacionado com a reduzida discussão sobre o

assunto. As entrevistadas reforçam a importância de reuniões ou grupos abordando essa

temática e também a mudança de cultura no cuidado a saúde focando a espiritualidade.

Isso é uma necessidade de todos, se discutir sobre a terminalidade, se discutir sobre a própria

espiritualidade de quem está trabalhando. [...] Então falta uma discussão, acho que a

terminalidade em relação não só ao conhecimento científico, mas na parte de espiritualidade

de preparação do profissional para entender essa morte, não sei se para entender, mas para

discutir realmente (Ana, fisioterpeuta).

Cada um tem a sua ideia, e talvez seja assim mesmo, por causa da religião e das crenças de

cada um. Mas eu acho importante ouvir diferentes opiniões, como um pastor, alguém de outra

religião, ou alguma outra pessoa mais entendida sobre isso, para nos dar uma base melhor

(Cláudia, médica).

A morte é uma coisa difícil, é uma coisa que a gente não está preparado [...] Isso é uma coisa

cultural que não o fato de a gente ser trabalhador de saúde, de trabalhar aqui dentro, que a

gente pega os sentimentos e atira pela janela, não é, tem que ser trabalhado dentro da gente.

Acho importante aquelas pessoas que tem uma espiritualidade desenvolvida, que conseguem

lidar muito por esse lado espiritual. Eu acho que isso ajuda (Isabela, assistente social).

O cuidado do profissional consigo mesmo, também parece influenciar a disposição

deste para cuidar do próximo, especialmente ao oferecer atenção voltada para os aspectos

espirituais24

. Manter e aprimorar a saúde mental é essencial para eles4. Gestores dos serviços

de cuidados paliativos devem identificar as necessidades das instituições e priorizar

estratégias para atende-las25

, especialmente no que se refere a qualificar as habilidades dos

50

profissinais e assim, garantir um cuidado paliativo científico e humano de exelência aos

pacientes e familiares que enfrentar o processo de terminalidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A equipe multiprofissional que assistem pacientes em cuidados paliativos no hospital

compreende o cuidado de formas diversas, sendo sua vivência construída e reconstruída

durante sua trajetória profissional. Desse modo, percebe-se que ao iniciarem essa trajetória

estes sentem-se frustrados e impotentes com relação a morte, pois culturalmente foram

formados para combatê-la.

Todavia, a rotina de trabalho e a experiência conquistada na assistência a pacientes em

terminalidade, exige que esses profissionais reflitam sobre suas práticas e concepções, e

assim, resignificam o cuidado prestado, passando a entender a morte como evento natural da

vida e a importância da equipe multiprofissional para garantir qualidade de vida e conforto ao

paciente e sua família.

Neste processo de construção os profissionais identificam fragilidades e desafios da

equipe multiprofissional, como a necessidade de qualificar a comunição e o trabalho em

equipe. Sendo que vislumbram como ferramenta para esses objetivos, o desenvolvimento de

treinamento e educação em serviço para área hospitalar, já que a maior parte das ações de

cuidados paliativos, nesta instituição, é voltada a atenção domiciliar.

Por fim, destaca-se que a atenção o paciente com câncer avançado dependente de

cuidados paliativos necessita ser refletida e fortalecida também nas instituições hospitalares,

pois, muitas vezes, condições socioeconômicas e físicas, como dificuldade de controle de

sintomas, falta de um cuidador, assim como, a escassez de leitos e equipes de internação

domiciliar impossibilitam a permanência dele no seu domicílio, sendo necessária a

hospitalização.

Neste momento, a equipe multiprofissional deve estar apta para atender a suas

necessidades de forma integral e humanizada, articulando e promovendo ações que garantam

uma sobrevida digna e controle adequado dos sintomas físicos, psicológicos e espirituais,

conforme recomenda a filosofia paliativista, compreendendo este ser e sua família na sua

subjetividade e complexidade, a quem ainda se tem muita a fazer.

Espera-se que este estudo possa contribuir para construção de conhecimentos, e

especialmente para deter a atenção de gestores e profissionais sobre a necessidade de

educação continuada, bem como de um espaço para discussão dos aspectos psicológicos e

51

espirituais destinado a equipe de saúde que atende a pacientes em cuidados paliativos no

cenário hospitalar, a fim de qualificar a assistência prestada.

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