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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA COLEGIADO DE ENGENHARIA CIVIL RAFAEL DO NASCIMENTO CAMPOS ANÁLISE DA UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS PARA O TRATAMENTO PAISAGÍSTICO: PROPOSTA DE INTERVENÇÃO NA PRAÇA DUQUE DE CAXIAS EM FEIRA DE SANTANA-BA FEIRA DE SANTANA 2012

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA

COLEGIADO DE ENGENHARIA CIVIL

RAFAEL DO NASCIMENTO CAMPOS

ANÁLISE DA UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS PARA O

TRATAMENTO PAISAGÍSTICO: PROPOSTA DE INTERVENÇÃO NA PRAÇA

DUQUE DE CAXIAS EM FEIRA DE SANTANA-BA

FEIRA DE SANTANA

2012

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RAFAEL DO NASCIMENTO CAMPOS

ANÁLISE DA UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS PARA O

TRATAMENTO PAISAGÍSTICO: PROPOSTA DE INTERVENÇÃO NA PRAÇA

DUQUE DE CAXIAS EM FEIRA DE SANTANA-BA

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Colegiado do Curso

de Engenharia Civil da Universidade

Estadual de Feira de Santana como

requisito para obtenção de título de

bacharel em Engenharia Civil.-0

Orientadora: Profª Msª Aurea

Chateaubriand Andrade Campos.

FEIRA DE SANTANA

2012

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ANÁLISE DA UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS PARA O

TRATAMENTO PAISAGÍSTICO: PROPOSTA DE INTERVENÇÃO NA PRAÇA

DUQUE DE CAXIAS EM FEIRA DE SANTANA-BA

RAFAEL DO NASCIMENTO CAMPOS

Monografia submetida à banca examinadora como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do grau de bacharel em Engenharia Civil.

Feira de Santana, 05 de Março de 2012.

Examinada por:

________________________________________________

Prof. Aurea Chateaubriand Andrade Campos, MSc. (Orientador)

(Universidade Estadual de Feira de Santana)

________________________________________________

Profª Cintia Maria Ariani Fontes, DSc.

(Universidade Estadual de Feira de Santana)

________________________________________________

Profª Sandra Maria Furiam Dias, DSc.

(Universidade Estadual de Feira de Santana)

Feira de Santana

MARÇO 2012

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Dedico este trabalho as minhas

duas mães, Déa e Neca (in memoriam),

pela compreensão dos meus esforços e

pelo apoio e amor incondicional em

todos os momentos da minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Agradecer é algo que aprendi em casa com a minha mãe e minha irmã, sendo

humilde e reconhecendo quem torce por mim. E é neste momento que eu venho

reconhecer todas essas pessoas que se fizeram presentes nesta conquista tão importante

para mim.

Agradeço a Deus pelas oportunidades que tive e pela força de vontade necessária

para que eu desse sempre o meu máximo nas minhas conquistas. Foi através dele

também que pude ter a graça de conviver numa família tão admirável.

Aos meus pais, agradeço pelo apoio. Ao meu pai Edvaldo Souza Campos, pelo

auxílio, quando necessário. E a minha mãe Valdinéa do Nascimento Campos, pela

força, compreensão e reconhecimento incondicionais imprescindíveis ao meu

desenvolvimento acadêmico.

Agradeço à Neca, minha segunda mãe, que sempre compreendeu meus esforços,

sempre se preocupava com meus horários para que eu não atrasasse para ir para a

“escola” e sempre torceu por mim. Sem dúvidas ela gostaria muito de estar comigo

nesse momento de conquista, mas de certo que, de onde ela estiver, ela estará sempre

me passando energias positivas.

Meu irmão Flávio, obrigado pelos papos interessantes sobre as disciplinas, as

minhas pesquisas e aos meus estágios. Minha irmã Camila, obrigado pelos

ensinamentos e lições de vida, afinal muito da minha personalidade e caráter vem de

você e a admiro muito.

Agradeço a toda a minha família e amigos que acreditaram no meu potencial e

hoje reconhecem que a minha dedicação valeu a pena.

Agradeço ao meu amigo Alan por estar sempre presente e por entender que,

apesar de muitas vezes, a dedicação com a UEFS me fazer ter menos tempo com ele, a

força que me deu fez diferença.

Claro que o profissional que me tornei tem um pouquinho de cada um de vocês,

meus amigos do “Algodão Doce”, como fomos apelidados. Norma, Francielle e Túlio,

foram momentos incríveis os que passei com vocês desde o nosso primeiro semestre na

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UEFS, com todas as descobertas, conquistas, estudos juntos num esforço

conjunto...enfim, eu não seria o mesmo se não estivéssemos juntos por todo esse tempo

e acredito que pensam da mesma forma. Túlio, apesar das agonias sempre se mostrou

dedicado e responsável e isso fez diferença para mim. Fran, a gente sempre se

perturbava, mas quem ia te ensinar inglês e dar doce?! E Norma sempre junto em

momentos ímpares, jamais esquecerei nossos momentos juntos.

Ao AFS Intercultura pelas oportunidades de conhecer pessoas incríveis com

quem aprendi muito, além do meu autodesenvolvimento nas áreas comercial e gestão de

pessoas. O AFS me deu a oportunidade de mostrar a minha capacidade e deu retorno

com o reconhecimento dos meus trabalhos, obrigado. Agradeço também aos meus

amigos do AFS, os quais pretendo levar para a vida inteira.

Sem dúvidas não podia deixar de mencionar que a UEFS me proporcionou

diversas oportunidades sem as quais eu não seria o mesmo hoje. Após adentrar esta

instituição, determinei a mim mesmo que aproveitaria cada chance que me fosse dada e

assim o fiz: tive a oportunidade de conhecer e aprender com vários professores de

excelência; fui parte do grupo de pesquisa de iniciação científica no LABOTEC;

participei de eventos científicos importantes; pude realizar o meu sonho de participar de

um programa de intercâmbio. Por estes motivos, agradeço à equipe do LABOTEC e aos

professores que me foram indispensáveis durante a minha graduação, principalmente os

professores Aurea, Mônica, Paulo Roberto e Cintia pelas orientações. Em especial

gostaria de agradecer professora Aurea pelo auxílio, paciência, presença e sempre com

as palavras certas nas horas certas para me apoiar.

Reconheço também que sem as oportunidades profissionais que me foram

possibilitadas, não teria o mesmo conhecimento que possuo hoje. Assim sendo,

agradeço a toda a equipe que esteve comigo e com quem pude compartilhar

conhecimento para que pudesse sempre aprimorar. E principalmente agradeço ao voto

de confiança que me foi dado por Gustavo Góes e Cláudia Campos, obrigado.

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RESUMO

Com a temática de sustentabilidade tão em voga e com a oportunidade de atrelar

a mesma a um papel social, dando um retorno à comunidade que convivi, fez-se um

estudo sobre uma nova proposta paisagística para a Praça Duque de Caxias, localizada

no bairro Olhos D‟água, Feira de Santana/BA. Para isto, realizou-se um estudo teórico-

prático, identificando-se os resíduos sólidos urbanos viáveis para a utilização nessa

reforma, como o Resíduo de Construção e Demolição (RCD), resíduo de borracha de

pneu descartado, garrafas PET, corpos de prova laboratoriais de concreto, e resíduos de

madeira. Também consultou-se a comunidade do entorno através de um questionário

para identificar seus interesses e expectativas. Percebeu-se o grande vínculo afetivo dos

moradores com a Praça, principalmente pelo tempo de residência no local (40% entre 41

e 50 anos), e que, mesmo não a frequentando tanto atualmente, há grande satisfação de

tê-la próximo ao seu lar e interesse em frequenta-la mais. Atribui-se a não frequência

assídua à insatisfação com a atual configuração da Praça (70%), datada de 1973 e com

condições de conservação insatisfatórias. Além disso, apesar dos moradores não

conhecerem muito sobre o termo “resíduos sólidos” (10%) ou quais materiais poderiam

ser reutilizados para a reforma da Praça, há uma consciência ambiental da importância

da reutilização de recursos (90%) e contribuiriam para a separação de resíduos do seu

lixo doméstico para utilização na reforma (80%). Logo, como exemplo para qualquer

outro ambiente público ou privado, foi proposta uma nova configuração da Praça, de

modo que ela atenda os anseios dos moradores de tê-la mais ajardinada, sombreada e

com brinquedos, tornando-a mais atrativa e frequentada, paisagisticamente bonita e

sustentável.

Palavras-chave: Sustentabilidade; Resíduos sólidos; Paisagismo; Feira de Santana.

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ABSTRACT

With the sustentability theme in vogue and the opportunity to tie it to a social

role, giving a return to the community that I lived, was made a study on a new

landiscaping propose for Praça Duque de Caxias, located at Olhos D‟água

neighborhood, Feira de Santana / BA. For this, a theoretical and practical study was

performed, identifying viable urban solid waste for this reform use, such as

Construction and Demolition Waste (CDW), waste rubber tire discarded, PET bottles,

concrete specimens laboratory, and wood waste. There was also a surrounding

community consulting through a questionnaire to identify their interests and

expectations. There was noticed the great bonding with the square by the residents,

especially by the local residence time (40% between 41 and 50 years), and even if not

currently attending, there is great satisfaction to have it close to your home and

interested in attending it more. Is attributed to non-attendance assiduously to

dissatisfaction with the square‟s current configuration (70%), dated 1973 and with poor

storage conditions. Moreover, although the residents do not know much about the term

"solid waste" (10%) or which materials could be reused for the square‟s reform, there is

an environmental awareness of the importance of reuse of resources (90%) and they

could contribute to the separation of waste from their household waste for use in the

reform (80%). Therefore, as an example to other public or private environment, there

was proposed a new configuration for the square, so that it meets the aspirations of the

residents having more gardens, shaded and with toys, making it more attractive and

popular, landscaped beautiful and sustainable.

Keywords: Sustainability; Solid waste; Landscaping; Feira de Santana.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Casa de alvenaria de garrafa PET ...................................................... 26

Figura 2 - Muro de alvenaria em garrafa PET .................................................... 26

Figura 3 - Amarração das garrafas PET em uma casa em Honduras ................. 27

Figura 4 - Corpo de prova laboratorial descartado ............................................. 29

Figura 5 - Deck de madeira recuperada na Praça Victor Civita ......................... 30

Figura 6 - Planta de localização ......................................................................... 33

Figura 7 – Vistas de dois dos lados da Praça Duque de Caxias.......................... 34

Figura 8 – Edificações comerciais destacadas .................................................... 34

Figura 9 – Porcentagem número de moradores por residência ........................... 36

Figura 10 – Porcentagem do tempo de moradia no local ................................... 37

Figura 11 – (a) Satisfação por residir próximo à Praça Duque de Caxias; (b)

Utilização da Praça Duque de Caxias atualmente. ......................................................... 38

Figura 12 – Interesses dos moradores com relação à Praça Duque de Caxias ... 39

Figura 13 – Utilização de resíduos sólidos na reforma ...................................... 40

Figura 14 – Resíduos passíveis de utilização na reforma da Praça Duque de

Caxias ............................................................................................................................. 41

Figura 15 - Forração de jardins com resíduo de brita ......................................... 42

Figura 16 - Exemplo de demarcação de jardins com CP's descartados .............. 45

Figura 17 – (a) Exemplo de pérgula feita com descarte de estroncas e (b)

Demarcação de canteiros com pedaços de estroncas ...................................................... 46

Figura 18 - Deck de madeira reutilizada ............................................................. 47

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Resumo geral da opinião da comunidade do entorno da Praça Duque

de Caxias......................................................................................................................... 48

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 13

1.1 JUSTIFICATIVA ................................................................................... 15

1.2 OBJETIVO ............................................................................................. 15

1.2.1 Objetivo geral ................................................................................ 15

1.2.2 Objetivo específico ........................................................................ 16

1.3 HIPÓTESE .............................................................................................. 16

1.4 METODOLOGIA ................................................................................... 16

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO ........................................................... 17

2 SUSTENTABILIDADE ............................................................................. 18

3 PAISAGISMO ............................................................................................ 19

4 RESÍDUOS SÓLIDOS ............................................................................... 20

4.1- CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS .................................. 20

4.1.1 Resíduos classe I – Perigosos ........................................................ 21

4.1.2 Resíduos classe II – Não perigosos ............................................... 21

4.1.2.1 Resíduos classe II A - Não inertes ........................................... 21

4.1.2.2 Resíduos classe II B – Inertes .................................................. 21

4.2 ACONDICIONAMENTO ...................................................................... 22

4.3 FORMAS DE COLETA ......................................................................... 22

4.4 GRUPO DE RESÍDUOS SÓLIDOS ...................................................... 23

4.4.1 Resíduos de Construção e Demolição (RCD) ............................. 23

4.4.2 Pneus............................................................................................... 24

4.4.3 Garrafas PET ................................................................................ 25

4.4.4 Descartes de corpos de prova laboratoriais ................................ 28

4.4.5 Descartes de toras e tábuas de madeira ...................................... 29

5 INTERVENÇÃO NA PRAÇA DUQUE DE CAXIAS ............................ 32

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5.1 CARACTERÍSTICAS E LOCALIZAÇÃO ........................................... 32

5.2 OPINIÃO DA COMUNIDADE ............................................................. 35

5.3 NOVA PROPOSTA ................................................................................ 41

5.3.1 Resíduos de construção e demolição em substituição de

materiais naturais na forração dos canteiros dos jardins ................................. 41

5.3.2 Bloco intertravado de concreto com adição de resíduos de

borracha de pneus descartados ........................................................................... 43

5.3.3 Garrafa PET para execução de bancos e casinha de boneca .... 43

5.3.4 Demarcação de canteiros com descartes de corpos de prova

laboratoriais para a composição paisagística dos jardins ................................. 44

5.3.5 Pérgulas e demarcação de canteiros a partir de resíduos de

estroncas 45

5.3.6 Decks rústicos com resíduos de barrotes .................................... 46

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................. 48

CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 50

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 52

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO ................................................................ 57

APÊNDICE B – Maquete Digital – Praça Duque de Caxias atualmente .... 59

APÊNDICE C – Maquete Digital – Proposta paisagística da Praça Duque

de Caxias ........................................................................................................................ 65

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1 INTRODUÇÃO

O serviço de limpeza urbana sistematizado surgiu ainda no Brasil imperial,

lançado oficialmente em 1880, segundo Monteiro et al (2001). Desde o seu surgimento,

tal serviço é dever da administração pública de acordo com o artigo nº23 da

Constituição Federal (1988), sendo competência comum da União, dos Estados, do

Distrito Federal e dos Municípios.

Tal artigo preconiza, nos incisos VI e IX, que se deve “proteger o meio ambiente

e combater a poluição em qualquer de suas formas”, bem como “promover programas

de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento

básico” (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988). Em seguida, no artigo nº30, verifica-se,

de acordo com Monteiro et al (2001), a municipalização do serviço de limpeza pública

nos incisos I e V, os quais indicam respectivamente que o município deve “legislar

sobre assuntos de interesse local”, bem como “organizar e prestar, diretamente ou sob

regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local...”.

Segundo o portal Cidades do Brasil (2005), o país produziu cerca de 100 mil

toneladas de lixo por dia e reciclou, aproximadamente, menos de 5%. Porém, segundo o

próprio portal, o Brasil teria condições de reciclar pelo menos 35% do que é descartado

no lixo. Já o Portal Brasil (2010), do Governo Federal, indicou que atualmente esse

índice de geração de lixo sofreu um aumento de mais de 60%, chegando ao número de

161.084 toneladas por dia.

Com todo esse lixo gerado pelo país, há um sistema de coleta que abrange 97%

dos municípios, porém o tratamento e a destinação dada a esse lixo coletado ainda é

insuficientemente eficaz, haja vista que 59% dos municípios brasileiros depositam toda

a coleta em lixões (PORTAL BRASIL, 2010). Segundo Monteiro et al (2001), são mais

de 80% dos municípios brasileiros dando a destinação incorreta aos resíduos urbanos,

quer seja em locais a céu aberto, cursos d'água ou em áreas ambientalmente protegidas.

A destinação dos lixos dessa maneira incorreta gera diversos problemas, pelo

único e crescente acúmulo dos mesmos nesses locais, sem retorno sustentável da

situação ou mesmo solução mais pertinente para a destinação final dos resíduos.

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Tais destinações incorretas dos resíduos acabam, também, gerando problemas de

outras alçadas, como por exemplo, problemas sociais devido à presença de catadores

nestes locais com toda a família inclusive crianças trocando os seus turnos escolares

pelos de trabalho como sobrevivência familiar; problemas de saúde, com a proliferação

de vetores e também pela falta de equipamentos de proteção adequados aos catadores

em contato direto com o lixo; problemas de estética da cidade, haja vista que os lixões e

outros locais de destinação inadequados tiram o embelezamento das cidades; entre

outros.

Nesse contexto de destinações incorretas dos resíduos, percebemos a grande

contribuição da Construção Civil para agravar a situação.

Verifica-se que o setor da construção civil, atualmente em grande expansão no

mercado, tem gerado cada vez mais resíduos de construção e demolição (RCD), e tais

resíduos se caracterizam também como resíduos sólidos urbanos. De acordo com Salsa

(2009) a indústria da construção é a maior geradora de resíduos dentre os setores

produtivos, causando grandes impactos ambientais tanto na modificação da paisagem,

como pelo consumo de recursos naturais, e na geração de resíduos. Na cidade de

Salvador (BA), por exemplo, a quantidade de entulhos recolhida em obras e reformas

chegou a quase 60% do total de lixo recolhido na cidade (SALSA, 2009).

Além dessa situação de mau gerenciamento e destinação do resíduo sólido

urbano, questões sociais podem ser atreladas ao seu uso sustentável. A partir do

momento em que a população local verifica que os princípios da sustentabilidade

podem ser postos em prática na sua realidade, próximos às suas residências, torna-se

mais fácil a conscientização deles sobre a importância da sustentabilidade, passando

também a ser um agente dessa questão.

Dessa maneira, propõe-se uma solução claramente viável para mitigar tal

situação, que é a utilização dos resíduos para o tratamento paisagístico sustentável numa

nova proposta de urbanização das cidades. Essa é uma solução para inclusão da

população nessa causa ambiental, de forma a indicar a estes a viabilidade de utilização

dos resíduos gerados por eles mesmos para um bem comum, social e urbano.

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1.1 JUSTIFICATIVA

Os estudos com os resíduos de construção e demolição (RCD) foi bastante

interessante na pesquisa de iniciação científica, com a sua utilização em argamassas

para revestimento. Tal tema trata da mais recente preocupação no meio da construção

civil, bem como da sociedade acadêmica e civil, que é a sustentabilidade.

Dessa maneira, o interesse pela sustentabilidade e o estudo com os resíduos

incentivou a busca por mais informações, ao se perceber que são temas que ainda

necessitam maior estudo, exploração e divulgação.

Além disso, a fim de atrelar esse papel sustentável, mas também social ao meu

estudo, identifiquei um ambiente público e próximo a minha realidade familiar como

interessante para um estudo de caso. Nada mais justo do que usar meu papel de

estudante e pesquisar uma nova proposta para a Praça Duque de Caxias, uma praça

próxima à minha moradia na infância e ainda próxima a casa da minha avó.

Portanto, nessa busca por maiores informações e nesse papel social de retorno à

comunidade que ainda tenho vínculos, verificou-se a oportunidade de se fazer um

estudo sobre uma melhor remodelação da Praça Duque de Caxias. E uma sugestão é

uma nova configuração da praça, de forma a torná-la mais utilizada pela comunidade

local através do tratamento paisagístico com o uso de resíduos sólidos urbanos, a fim de

torná-la também um exemplo de sustentabilidade.

1.2 OBJETIVO

1.2.1 Objetivo geral

Idealizar uma proposta paisagística e sustentável para Praça Duque de Caxias, de

forma que ela possa ser utilizada como exemplo de reuso de materiais descartados.

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1.2.2 Objetivo específico

Identificar resíduos sólidos urbanos e sua viabilidade de utilização em

uma nova configuração da Praça Duque de Caxias;

Consultar a comunidade local do entorno da praça para verificar a

satisfação quanto a atual configuração da mesma e as expectativas de possíveis

mudanças;

Propor à comunidade de moradores uma nova configuração da praça,

tornando-a mais atrativa e utilizada por eles.

1.3 HIPÓTESE

A diminuição do acúmulo de resíduos nos lixões, incluindo os gerados pela

construção civil, torna-se possível pela sua utilização sustentável.

A solução através da reutilização de resíduos sólidos para o tratamento

paisagístico é viável do ponto de vista econômico e, principalmente, sustentável.

Uma nova configuração da Praça Duque de Caxias é possível, para que esse

ambiente público seja melhor, mais atrativo e bem aproveitado pela sua comunidade

local.

1.4 METODOLOGIA

Após levantamento de dados sobre a Praça Duque de Caxias, com o auxílio de

fotografias e softwares como o AutoCAD e Sketch-up, iniciou-se a verificação das reais

necessidades de utilização da praça como bem comum da comunidade local.

Em seguida, a partir de revisão bibliográfica com fundamentação teórica e busca

por exemplos de reconfiguração de áreas degradadas, serão identificados os resíduos

sólidos urbanos possíveis de serem utilizados para o tratamento paisagístico sustentável

desta praça, além das técnicas necessárias para utilização destes resíduos.

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A comunidade residente no entorno da Praça foi consultada sobre sua relação e

expectativas quanto ao futuro neste ambiente público. Para tanto, foi aplicado um

questionário em dez residências de moradores do entorno da Praça, juntamente com um

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE (APÊNDICE A), para que fosse

deixado claro o objeto do estudo.

Por fim, haverá a verificação das possibilidades de utilização destes resíduos

identificados e uma nova sugestão para a configuração da praça em estudo.

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho consta de seis capítulos para melhor organizá-lo.

O primeiro capítulo apresenta uma introdução da temática abordada, indicando a

área de abrangência da pesquisa, além do objetivo que a permeia.

O capítulo dois trata dos conceitos e aplicações da sustentabilidade.

No terceiro capítulo, os conceitos sobre paisagismo e suas intervenções são

apresentados.

No quarto capítulo, levantam-se informações sobre resíduos sólidos urbanos,

como o RCD, e suas características, como geração, classificação, destinos, bem como

seu papel dentro da sustentabilidade.

O quinto capítulo apresenta uma proposta de intervenção na Praça Duque de

Caxias, com a utilização dos resíduos sólidos previamente abordados, indicando formas

mais sustentáveis para sua utilização, vantagens e exemplos experimentais.

No capítulo 6, são levantados os resultados gerados pelo trabalho e são

apresentadas suas discussões.

O sétimo capítulo destina-se às considerações finais do trabalho.

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2 SUSTENTABILIDADE

O termo sustentabilidade surge no nosso contexto atual de preocupação com a

escassez dos recursos naturais e, busca por soluções e formas de contornar isto.

Segundo Abreu (2008), podemos indicar que o termo sustentabilidade baseia-se

em “promover a exploração de áreas ou o uso de recursos planetários (naturais ou não)

de forma a prejudicar o menos possível o equilíbrio entre o meio ambiente e as

comunidades humanas e toda a biosfera que dele dependem para existir.”. Assim, o

mesmo autor indica que, ao se promover a sustentabilidade, é dado garantias de que

determinada área, mesmo explorada, continuará a prover recursos e bem estar

econômico e social para as comunidades que nela vivem por gerações seguintes.

Algo importante de se diferenciar, dentro desta temática, são os conceitos de

produtos ecológicos e sustentáveis, pois segundo Fontes apud Araújo (2005), nem

sempre ser sustentável é ser ecológico, apesar de todo produto ecológico ser sustentável.

É demonstrado que ainda que haja uma reutilização de produtos a fim de reduzir o

descarte de materiais, cunho sustentável, tal produto final mantém-se não ecológico,

pois ainda assim agride o meio ambiente.

Um exemplo deste caso seriam as telhas e conduítes feitos de embalagens de

agrotóxicos desintoxicadas, e o próprio cimento CPIII, que utiliza resíduos da indústria

siderúrgica. Tais produtos podem até se tornar sustentáveis pela sua composição, mas

ainda assim não tem uma característica ecológica por serem estabelecidos a partir de

materiais também não ecológicos, que agridem o meio ambiente.

Aparentemente, esse uso de recursos de forma sustentável pode parecer distante

e difícil na prática ou ainda inviável pelo fator econômico, mas isso só pode ser avaliado

caso a caso e com as peculiaridades de cada local e serviço. Mas, de forma geral, a

aplicação de práticas sustentáveis revelou-se economicamente viável e em muitos dos

casos trouxe um fôlego financeiro extra (ABREU, 2008).

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3 PAISAGISMO

O paisagismo lida com projetos para proteção e recuperação de áreas naturais,

além do redesenho de espaços livres, tanto em amplos espaços, quanto em pequenos

pátios e quintais residenciais. Segundo a Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas

(ABAP) (2009), para se fazer a intervenção do projeto paisagístico em algum ambiente,

este deve ser precedido de estudos, planos e projetos, com o intuito de se alcançar

soluções funcionais, ambientais, estéticas e culturais.

O portal Ambiente Brasil (2011) ainda trata da questão do meio ambiente,

indicando que “a finalidade do paisagismo é a integração do homem com a natureza,

facultando-lhe melhores condições de vida pelo equilíbrio do meio ambiente”. Dessa

maneira, enxergamos o paisagismo como um meio facilitador da análise dos ambientes

internos e externos, com o intuito do homem usufruí-lo de forma a garantir equilíbrio

sustentável e estético.

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4 RESÍDUOS SÓLIDOS

A palavra lixo tem sua gênese no latim lix, que significa lixívia ou resto, já a

palavra resíduo surge de residuu, também do latim, que significa o que sobra de

determinada substância, sendo acrescido o termo sólida, somente para diferenciá-la de

líquidos e gases (NAIME, 2009). Dessa maneira, pode-se verificar que os termos lixo e

resíduos sólidos tratam-se de uma mesma coisa, porém o tratamento por lixo é

normalmente feito à materiais misturados não passíveis de reuso ou reciclagem.

Uma definição mais formalizada de resíduos sólidos é apresentada pela NBR

10004 (ABNT, 2004), e é dada por:

Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam

de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar,

comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos

nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento

de água [...], bem como determinados líquidos cujas

particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede

pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso

soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor

tecnologia disponível. (ABNT, 2004f, p.1).

4.1- CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

A classificação dos resíduos sólidos abrange várias nuances de classificação,

sendo comum relacionar à classificação a atividade que lhe deu origem. Porém, a NBR

10004 (ABNT, 2004) trata basicamente da classificação quanto à periculosidade ou não

do material e, dentro dessas duas classificações, outras pequenas classificações mais

específicas.

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4.1.1 Resíduos classe I – Perigosos

Segundo a NBR 10004 (ABNT, 2004), um resíduo sólido é considerado

perigoso quando vier a apresentar, nas suas propriedades físicas, químicas ou infecto-

contagiosas, risco à saúde pública (mortalidade, incidência de doenças ou acentuando

seus índices) ou riscos ao meio ambiente (quando o resíduo for gerenciado de forma

inadequada).

Algumas das periculosidades a serem analisadas são a inflamabilidade, a

corrosividade, a reatividade, a toxicidade e a patogenicidade.

4.1.2 Resíduos classe II – Não perigosos

4.1.2.1 Resíduos classe II A - Não inertes

Os resíduos sólidos que não são considerados perigosos, porém possuidores das

propriedades de biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água são

considerados não inertes. Porém, Monteiro (2001) ainda os define como resíduos

possíveis de acarretar riscos à saúde ou ao meio ambiente.

4.1.2.2 Resíduos classe II B – Inertes

São denominados resíduos sólidos de classe II B (inertes) as substâncias ou

materiais que não oferecem riscos à saúde e ao meio ambiente.

Segundo a NBR 10004 (ABNT, 2004), tais resíduos são caracterizados por não

ter “nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões

de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor”. Ressalta-

se que esse processo é aferido após a amostragem representativa, através da ABNT

NBR 10007 (ABNT, 2004), e a submissão do resíduo a contato dinâmico e estático com

água destilada ou desionizada, à temperatura ambiente, seguindo a NBR 10006 (ABNT,

2004).

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4.2 ACONDICIONAMENTO

De acordo com Ferreira (1986) a palavra acondicionar tem, dentro dos seus

significados, um conceito de “guardar em local conveniente; preservar de

deteriorização”.

Tal conceito direcionado para os resíduos sólidos indica que devem-se tomar

algumas precauções quanto ao armazenamento dos mesmos para a sua posterior coleta,

reuso ou reciclagem. A lei Nº 1145 do estado de Rondônia, de 12 de dezembro de 2002,

dá uma clara explicação da necessidade de um acondicionamento correto de resíduos,

como forma de “prevenir a atração, abrigo ou geração de vetores, eliminar condições

nocivas para o meio ambiente e não provocar incômodos à população”.

Além disso, uma vez que os resíduos não tem um correto acondicionamento,

estes perdem a sua função no ciclo de reuso ou reciclagem, visto que podem ter suas

propriedades alteradas e tornando o seu uso inviável para um determinado fim.

4.3 FORMAS DE COLETA

A coleta dos resíduos sólidos trata-se de toda e qualquer recolha dos mesmos nos

seus locais de acondicionamento para a condução ao local de destino. Porém, é

necessário o envolvimento dos cidadãos no acondicionamento adequado dos resíduos

sólidos, cumprindo dias, locais e horários previstos à coleta (CEMPRE, 2010),

garantindo assim que este recolhimento ocorra adequadamente como planejado.

De acordo com Cunha & Filho (2002), essa recolha dos resíduos pode ser feita

por veículos não motorizados ou motorizados, sendo estes últimos compactadores ou

comuns. Os não motorizados compreenderiam os veículos guiados pelo homem ou com

auxílio da tração animal, por exemplo.

O mesmo autor afirma que há também os veículos utilizados na coleta seletiva

de recicláveis, os chamados caminhões multicaçamba, que aloca separadamente os

materiais coletados.

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Ainda segundo Cunha & Filho (2002), a escolha do veículo coletor é variável

consoante o transporte de resíduos sólidos para estações de transferência ou transbordo;

para locais de processamento e recuperação (incineração ou usinas de triagem e

compostagem); ou para seu destino final (aterros e lixões). Além de ser de acordo com a

destinação, o veículo transportador do resíduo depende também do material a ser

transportado, seja ele um resíduo domiciliar, hospitalar ou de construção, por exemplo;

bem como depende da realidade financeira da região.

4.4 GRUPO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Existem diversos resíduos sólidos a se tratar, porém o estudo em questão irá se

ater ao grupo de resíduos passíveis de utilização para o tratamento paisagístico e

decorativo.

4.4.1 Resíduos de Construção e Demolição (RCD)

Os resíduos de construção e demolição são comumente chamados de RCD, cuja

nomenclatura não possui definição única, porém segundo a norma brasileira NBR

15116, a definição desses resíduos é a seguinte:

Resíduos provenientes de construções, reformas, reparos e

demolições de obras de construção civil e os resultantes da preparação e da

escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto, solo,

rocha, madeira, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros,

plásticos, tubulações, fiação elétrica, etc., comumente chamados de entulho

de obras, caliça ou metralha. (ABNT, 2004f, p.2).

Sendo o RCD então um resíduo sólido, este é classificado a partir da norma

NBR 10004 (ABNT, 2004) como inerte (classe II-B), ou seja, mesmo contendo

elementos minerais, não se solubiliza.

Vale ressaltar que diferentemente dessa classificação, estudos levantam a alta

heterogeneidade e porosidade do RCD, o qual pode vir a conter materiais não inertes

(ZODAN, 2000).

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Uma outra classificação do RCD estabelecida pelas Resoluções 307 (2002) e

348 (2004) do CONAMA é a seguinte:

I - Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados,

tais como:

a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras

obras de infra-estrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;

b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações:

componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.),

argamassa e concreto;

c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em

concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras;

II - Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como:

plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros;

III - Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas

tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua

reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso;

IV - Classe D - são os resíduos perigosos oriundos do processo de

construção, tais como: tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles

contaminados oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas

radiológicas, instalações industriais e outros, bem como telhas e demais

objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à

saúde. (CONAMA, 2002; CONAMA, 2004).

4.4.2 Pneus

O surgimento do pneu que se conhece hoje partiu do processo acidental de

vulcanização da mistura entre borracha e enxofre, descoberto por Charles Goodyear, no

século XIX (CARVALHO, 2007). Segundo a Associação Nacional da Indústria de

Pneumáticos (ANIP) (2011), essa descoberta foi aperfeiçoada, percebendo-se a maior

segurança nas freadas e as propriedades elásticas no frio e calor, fazendo com que anos

mais tarde, os irmãos Michelin patenteassem o pneu para automóvel e, em seguida,

Thompson utilizasse uma câmara de ar dentro dos pneus.

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Os componentes químicos que fazem parte da borracha de pneu são,

normalmente, carbono (70%), ferro (15%), hidrogênio (7%), enxofre (1,3%), óxido de

zinco (1,2%) e outros componentes, sendo tais componentes dificilmente eliminados

naturalmente, levando cerca de 400 a 800 anos para isso (ANIP, 2011).

Aliada a essa difícil destinação dos pneus, surge a Resolução nº 258 do

CONAMA que indica que “as empresas fabricantes e as importadoras de pneumáticos

ficam obrigadas a coletar e dar destinação final, ambientalmente adequada, aos pneus

inservíveis existentes no território nacional (...)” (CONAMA, 1999).

Dessa maneira, segundo Bertocini et al (2010), surgiram várias pesquisas com

maneiras de tornar esse resíduo de pneu aproveitável, sendo uma das linhas de pesquisa

no ramo da construção civil com a incorporação em argamassas e concretos.

4.4.3 Garrafas PET

De acordo com Duarte apud Severiano (2010), o Brasil fabrica cerca de 9

bilhões de unidades de PET por ano, mas consegue reciclar somente 50% dessas

garrafas. Esse montante descartado e não utilizado gera acúmulos prejudiciais em

aterros ou em outros locais de destinação imprópria, não tendo o cunho sustentável que

esse material necessita.

Parte dessa produção descartada de garrafa PET tem sido, criativamente,

trabalhada com vários usos propostos: acabamento para jardins, decorações natalinas,

vários objetos de decoração (flores, plantas, lustres, cortinas, bolsas, carteiras, móveis,

etc...), entre outros.

Dessa maneira, o cunho sustentável das garrafas PET surge com o uso

experimental dessas garrafas em substituição aos blocos cerâmicos de vedação, na

construção civil. Essa possibilidade passou por ideias e por estudo experimental durante

aproximadamente mais de um ano, até que em 2009, na cidade de Espírito Santo, Rio

Grande do Norte, ela pudesse ser utilizada na construção de uma casa para famílias de

baixa renda (DUARTE apud SEVERIANO, 2010).

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Tal estudo científico foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte e os ensaios feitos em laboratório mostraram que a

alvenaria feita com PET era até mais forte que a de tijolos cerâmicos comuns

(DUARTE apud SEVERIANO, 2010). Além disso, o mesmo autor indica que as

garrafas também isolam muito bem os ambientes do calor e dos sons externos. Logo,

além do baixo custo executivo, há benefícios de isolamento térmico e acústico do

material.

Na Figura 1 é possível visualizar na prática o resultado final deste método

executivo na construção de uma casa na Bolívia e, na Figura 2, na construção do muro

externo desta mesma casa.

Figura 1 - Casa de alvenaria de garrafa PET

Fonte: GOULART (2011).

Figura 2 - Muro de alvenaria em garrafa PET

Fonte: GOULART (2011)

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Segundo Duarte apud Severiano (2010), os passos para a execução de uma

estrutura em alvenaria de garrafa PET são os seguintes:

“1. As paredes são moldadas dentro de fôrmas feitas com madeira e chapas

de aço. Coloco as garrafas entre a massa de cimento e areia, como se fossem

o recheio de um sanduíche. Dentro da fôrma preparo também as partes

hidráulica e elétrica da casa.

2. Hora de fazer o contrapiso de cimento, onde todo o encanamento fica

embutido.

3. Depois, as paredes (que não precisam de reboco) são montadas em cima do

contrapiso. Elas são "coladas" no chão com a ajuda de 10 cm de concreto.

4. Começa a fase de acabamento, quando se faz a instalação de tomadas e

interruptores e colocam-se as portas e as janelas da casa.

5. A estrutura toda deve ser coberta com telha colonial. Depois de pintar

tudo, a casa está pronta para morar.” (DUARTE apud SEVERIANO, 2010).

De acordo com Goulart (2011) e conforme a Figura 3, não é necessário utilizar

fôrmas, mas é importante fazer a amarração das garrafas para garantir uma construção

sólida, sem oscilação das paredes e para garantir que elas não se movimentarão no

futuro. Além disso, Argenta (2011) indicou que as instalações hidráulicas e elétricas

devem ser passadas entre esses fios de amarração, para assim ficarem escondidas

quando a parede for rebocada, configurando, assim, melhor acabamento.

Figura 3 - Amarração das garrafas PET em uma casa em Honduras

Fonte: Argenta (2011).

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Com relação ao uso do solo-cimento, segundo Ferreira Filho (2012) tal mistura a

ser utilizada na junção entre as garrafas deve ser na proporção de 12 a 15 partes de

cimento para 100 partes de solo seco, em massa, o que corresponde à proporção

cimento: solo.

Ferreira Filho (2012) esclarece o que vem a ser o solo-cimento, conceituando-o

como “um material obtido através da mistura homogênea de solo, cimento e água, em

proporções adequadas e que, após compactação e cura úmida, resulta num produto com

características de durabilidade e resistências mecânicas definidas”.

Ainda segundo o autor, este material começou a ser utilizado no Brasil em 1948,

auxiliando principalmente as regiões rurais e suburbanas e, o solo ideal a ser

manipulado são os solos arenosos (areia na faixa de 60% a 80% da massa total).

Quando este tipo de solo não for o encontrado, para que se obtenha o mesmo resultado,

sugere-se fazer uma correção granulométrica no solo com 70% de areia e 30% de silte e

argila, misturando uniformemente e peneirando (FERREIRA FILHO, 2012).

4.4.4 Descartes de corpos de prova laboratoriais

Ensaios laboratoriais com corpos de prova (CP‟s) de amostras de argamassas e

concretos são executadas em laboratórios especializados seguindo normas técnicas

brasileiras que definem parâmetros de qualidade referentes às propriedades mecânicas

das mesmas, como a resistência.

Porém, muitas vezes tais CP‟s são descartados ainda intactos, gerando grande

volume de expurgo, sem uma destinação apropriada. Na Figura 4, pode-se verificar o

bom estado de reutilização como se encontram os CP‟s descartados.

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Figura 4 - Corpo de prova laboratorial descartado

Fonte: Próprio autor.

4.4.5 Descartes de toras e tábuas de madeira

Segundo Alves Filho (2012), a cada ano, cerca de 10 milhões de toneladas de

resíduos de madeiras são descartadas ou queimadas, em substituição ao carvão, no

Brasil. E o setor da Construção Civil é uma das principais fontes desse descarte, devido

à própria ascensão deste.

Nesse contexto de descarte de madeira, voltam-se os olhares à sua reutilização,

ainda que este resíduo necessite, certas vezes, de um tratamento adequado ou reparos

antes deste uso.

Um exemplo dessa preocupação sustentável com a reutilização de madeiras pode

ser encontrado na zona leste da cidade de São Paulo. O terreno de 13.648m2 que abriga

atualmente a Praça Victor Civita (Figura 5), era utilizado, entre os anos de 1949 e 1989,

como depósito e centro de processamento de resíduos domiciliares e hospitalares

(GIBRIM, 2009).

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Segundo Gibrim (2009), “cerca de 200 toneladas de lixo eram processadas

diariamente no local, em duas câmaras de combustão”. E o resultado desses maus tratos

na área e dos resíduos não destruídos na queima dos materiais ocorreu com a

contaminação do solo com traços de dioxinas, furanos e metais pesados, como chumbo,

alumínio, zinco, lentamente dissipados pela natureza, ao longo dos séculos.

Figura 5 - Deck de madeira recuperada na Praça Victor Civita

Fonte: LUCCA (2011).

Ainda segundo Gibrim (2009), não havia meios viáveis de remoção total desses

resíduos do solo do local. E o portal Planeta Sustentável (2009), do Grupo Abril, indica

que substituir ou descontaminar o solo seria muito demorado e cimenta-lo como

solução, não seria nada ecológico.

Com o objetivo de tornar-se um ponto de alerta e referência para as questões

ambientais, sem deixar de ser um espaço de integração e divertimento, a praça é um

complexo público que se volta para programas de lazer, cultura e distração, visando

sempre a sustentabilidade e educação ambiental, diferentemente das praças e parques

convencionais.

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Dessa maneira, além da importância estética, e no caso da Praça Victor Civita,

como forma de contornar essa contaminação do solo, utilizaram-se extensivamente

decks feitos de madeiras recuperadas. Logo, esses decks podem ter função de

segurança, mas também unicamente função estética na paisagem.

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5 INTERVENÇÃO NA PRAÇA DUQUE DE CAXIAS

5.1 CARACTERÍSTICAS E LOCALIZAÇÃO

A Praça Duque de Caxias fica localizada na cidade de Feira de Santana/BA, no

bairro Olhos D‟água, o primeiro bairro da cidade. Tal bairro é essencialmente

residencial, com muitas famílias que residem no mesmo local há mais de 40 anos.

As dimensões desse ambiente urbano público não são tão grandes, mas tem um

porte considerável, constando de 1220 m2, em um formato triangular, com mais de 50m

por dimensão.

Como mostra a Figura 6, ela é limitada por três vias do bairro: a Travessa

Senador Quintino, uma das maiores vias da cidade; a rua Professor Áureo Filho; e a rua

Duque de Caxias, que nada mais é que a continuação da avenida Senhor dos Passos,

dentre as principais avenidas locais. Além disso, vale salientar que esse ambiente

público fica muito próximo de vias importantes da cidade como a rua Papa João XXIII e

a avenida Presidente Dutra.

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Figura 6 - Planta de localização

Fonte: Google Earth (2011).

A atual configuração da praça pode ser conferida na Figura 7 e está datada de

1973 e consta de uma banca de revistas, um posto da polícia militar implantado há mais

de 12 anos e um trailer onde funciona um bar instalado há mais de 5 anos. Além disso,

boa parte das árvores que compõem o ambiente tem grande porte e trazem conforto a

comunidade por fazer sombra, auxiliar na manutenção da temperatura local e, ainda, por

embelezar o espaço público.

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Figura 7 – Vistas de dois dos lados da Praça Duque de Caxias

Fonte: Próprio autor.

Apresenta-se também uma maquete digital da atual configuração da Praça

Duque de Caxias no Apêndice B, Figuras de B.1 a B.5, para facilitar a visualização e

elaboração da nova proposta da mesma.

A partir da Figura 8, é possível também identificar toda e qualquer edificação

não-residencial da comunidade na qual a praça está inserida, comprovando a maior

destinação e tradição do bairro à residência familiar.

Figura 8 – Edificações comerciais destacadas

Fonte: Google Earth (2011)

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Na localidade, estão presentes um salão de beleza, uma casa lotérica/franquia

dos correios, uma farmácia, uma oficina de televisores, uma loja de cosméticos e um

bar.

5.2 OPINIÃO DA COMUNIDADE

Em pesquisa de campo realizada no entorno da praça, no bairro Olhos D‟água,

no período de 29 de outubro a 30 de novembro de 2011, pôde-se identificar algumas

necessidades, desejos e intenções dos moradores quanto ao uso desta praça. Foi

aplicado um questionário juntamente com um Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (Apêndice A) à dez residências da comunidade para conseguir apreender a

opinião dos mesmos sobre a praça, um ambiente público fisicamente tão próximo das

suas residências.

Pôde-se, então, descobrir que algumas lembranças da infância ou dos filhos

pequenos foram compartilhadas e 70% dos moradores responderam ter vínculo afetivo

com o local devido, por exemplo, aos passeios de bicicleta, ao cuidado com as plantas

do jardim e aos momentos de convivência e conversas com os vizinhos da redondeza.

Percebeu-se ainda que, além dos moradores existentes, atualmente há muitas

casas disponíveis para aluguel no entorno da praça, o que pensamos ser explicado pela

presença do bar existente no local há cerca de 10 anos, tornando a região, de certo

modo, mais comercial e agitada. Porém, através da aplicação do questionário nessa

pesquisa de campo, identificou-se que os moradores remanescentes são basicamente

famílias de cinco moradores (40%) com bastante tempo de residência fixa lá, como

demonstram as Figuras 9 e 10.

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Figura 9 – Porcentagem número de moradores por residência

Através da Figura 10, verificou-se que a maioria dos moradores entrevistados

está em um intervalo entre 41 e 50 anos de moradia neste local, alcançando 40% do

total de entrevistados. Tal índice indica, como se previa, que o reduto concentra famílias

com relevante tempo de vivência no local, sem mudança, criando maior vínculo com

esse espaço público.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

2 moradores 3 moradores 4 moradores 5 moradores 7 moradores

%

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Figura 10 – Porcentagem do tempo de moradia no local

Cem por cento das casas visitadas havia ao menos um morador com idade

superior a 60 anos e em 30% delas havia um ou dois moradores com idade inferior a 12

anos. Identificam-se essas duas faixas de idade como as de moradores com mais

possibilidade de utilização do espaço público, normalmente como um momento de

distração e, principalmente, os moradores com idade superior a 60 anos por conta do

vínculo afetivo com a praça desde a sua alocação na redondeza.

Perguntou-se também sobre a satisfação quanto à proximidade da residência à

praça, se isto seria um fator relevante para o morador ou se o mesmo seria indiferente ao

fato. Apesar dos 70% afirmarem que se sentem satisfeitos por morarem próximo à

praça, 50% deles não mais a frequenta, como é mostrado na Figura 11.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

0 - 10 anos 11 - 20 anos 21 - 30 anos 31 - 40 anos 41 - 50 anos

%

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Figura 11 – (a) Satisfação por residir próximo à Praça Duque de Caxias; (b) Utilização da Praça Duque de

Caxias atualmente.

Apesar de verificarmos que somente cerca de 50% dos moradores frequentam a

Praça Duque de Caxias, 80% de todos os entrevistados responderam ter interesse em

frequentá-la mais do que o fazem atualmente. E esse aumento seria com o intuito,

principalmente, de conversar com amigos e vizinhos, uma forma de socialização que

demonstraram fazer falta, já que é um bairro ainda muito familiar com tais hábitos.

Mas verificou-se também a insatisfação dos moradores com a atual configuração

da praça que, data de 1973 e, não teve tantos cuidados para sua preservação. Assim,

70% deles indicaram estar insatisfeitos com este fato. Dessa maneira, questionou-se que

aparelhos públicos poderiam ser empregados na praça para melhorar essa satisfação dos

moradores e o resultado é apresentado na Figura 12.

(a)

Satisfeito

Indiferente

(b)

Frequenta

Não frequenta

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Figura 12 – Interesses dos moradores com relação à Praça Duque de Caxias

Verificou-se que 100% dos moradores indicaram ter interesse por um local mais

pacato, com árvores, flores, brinquedos para crianças e uma banca de revista. Alguns

ainda deram sugestão de fonte luminosa/espelho d‟água, aparelhos de ginástica, pista de

velotrol para os netos e até houve queixa de uma necessidade de melhorar a iluminação

pública do local, para dar maior segurança.

No tocante aos resíduos sólidos, somente 10% dos entrevistados sabiam o que tal

termo de fato significava, os demais 90% nem sequer conheciam este termo e sua

aplicabilidade. O termo resíduos sólidos agrega tanto resíduos aproveitáveis como não

aproveitáveis, ou chamados de recicláveis e não recicláveis. Normalmente, a maioria

dos não aproveitáveis é composta por matéria orgânica.

Porém, é sabido por 80% dos entrevistados que alguns materiais podem ser

reaproveitados, sendo utilizados em trabalhos de decoração, instrumentos musicais,

brinquedos e até mesmo na construção civil. E 90% deles achou importante a

reutilização de recursos, quer seja por conta do meio ambiente (diminuição do acúmulo

em aterros, futuras gerações) e quer seja pelo embelezamento dos ambientes públicos

(decoração).

Então, perguntou-se aos moradores sobre a reforma da Praça Duque de Caxias

com a utilização de resíduos sólidos urbanos que, a princípio, iriam para o lixo e a

maioria deles acharam a ideia interessante, como mostra a Figura 13. Porém, 60% deles

0

2

4

6

8

10

12

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indicaram não saber quais materiais poderiam ser utilizados nesta reforma, como

também apresentado a Figura 13.

Figura 13 – Utilização de resíduos sólidos na reforma

Dos entrevistados que indicaram alguns materiais passíveis de utilização na

reforma, alguns dos materiais levantados foram plástico (PET), restos de madeira e

pneus. Dos que indicaram não recordar nenhum material, indicamos alguns materiais

para que os entrevistados indicassem se achavam viável ou não a utilização na reforma,

e o resultado encontra-se na Figura 14.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Opinião sobre a utilização de resíduos sólidos na reforma

Conhecimento de materiais que podem ser utilizados na

reforma

%

Sim

Não

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Figura 14 – Resíduos passíveis de utilização na reforma da Praça Duque de Caxias

Logo, percebemos uma consciência ambiental da maioria dos moradores. Há

certa preocupação de todos pelas gerações futuras e principalmente pelo usufruto deste

ambiente público no entorno das suas moradias. Dos moradores entrevistados, 80%

afirmou que poderia contribuir com a separação dos resíduos do seu próprio lixo

doméstico para serem utilizados na reforma da Praça Duque de Caxias.

5.3 NOVA PROPOSTA

A partir da identificação dos resíduos sólidos abordados anteriormente, vamos

trazer sugestões das diversas formas de uso dos mesmos, com suas respectivas

aplicações. No Apêndice C, das Figuras C.1 a C.8, será apresentada detalhadamente a

maquete digital proposta, com a aplicação de cada material relatado a seguir.

5.3.1 Resíduos de construção e demolição em substituição de materiais naturais

na forração dos canteiros dos jardins

Normalmente, as etapas estrutural e de fechamento (vedação) são as fases de

maior geração de resíduos de construção e demolição numa obra de construção civil.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Resíduos passíveis de utilização na reforma da Praça Duque de Caxias

%

Garrafas PET utilizadas

Reaproveitamento de madeiras (ripas e toras)

Resíduo de pneu

Outros (Resíduo de pedras)

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Logo, uma maneira sustentável de destinação desses recursos é através da sua

reutilização na própria construção civil.

Há algumas modalidades de reutilização do RCD na construção civil, como, por

exemplo, na incorporação em argamassas e concretos, denominados argamassas e

concretos reciclados, mas isto exige certos cuidados e ensaios em laboratório para que

se verifiquem certas propriedades e comportamentos do RCD, já que este é muito

heterogêneo e difere muito de acordo com a sua procedência.

Dessa maneira, sugere-se a utilização do RCD da forma como este é gerado,

somente com uma pequena limpeza e separação, se possível, por exemplo, em resíduos

cerâmicos (RC), resíduos de concretos e argamassas, resíduos de britas e resíduos de

madeira. Com este resíduo pouco alterado, no que tange a forma como foi gerado, pode-

se utiliza-lo na forração de canteiros de jardins, como mostrado na Figura 15.

Figura 15 - Forração de jardins com resíduo de brita

Fonte: CARNEIRO et al (2007).

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5.3.2 Bloco intertravado de concreto com adição de resíduos de borracha de

pneus descartados

Segundo a pesquisa de Lintz et al (2010), para a confecção do bloco intertravado

de concreto com adição de resíduo de borracha, devem ser empregados o cimento CP V

– ARI, areia natural, pó de pedra, pedrisco, água e resíduo de borracha na forma

pulverulenta, proveniente do processo de recauchutagem de pneus de veículos leves.

O traço de referência indicado é de 1: 3,3: 1,7: 2,0: 0,3 (cimento: areia: pó de

pedra: pedrisco: água) e foram verificadas, em um segundo traço, a adição de 1% de

borracha em relação à massa de cimento e, em um terceiro traço, a adição de 3%.

A norma brasileira “Peças de concreto para pavimentação – especificação

ABNT NBR 9781” (ABNT, 1987) indica que através do ensaio de resistência à

compressão preconizado pela norma NBR 9780 (ABNT, 1987), tais índices de

resistência devem chegar a, no mínimo, 35MPa em pavimentações que possuam

solicitações de tráfego de veículos comerciais de linha. Porém, índices um pouco

inferiores a este padrão podem, sem risco algum, ter sua destinação para uso de

pedestres e em áreas de lazer, como o caso da adição de 1% de borracha da pesquisa de

Lintz et al (2010), que chegou a uma resistência média de 28,5MPa e da adição de 3%,

com resistência média de 25,5MPa.

Dessa maneira, a aplicação de toda a pavimentação da Praça Duque de Caxias

pode ser feita utilizando-se blocos intertravados de concreto com a adição de uma

dessas proporções de borracha, sem risco algum.

5.3.3 Garrafa PET para execução de bancos e casinha de boneca

O uso de garrafas PET, juntamente com a mistura solo-cimento adequada,

permite a execução de mobiliário urbano para tornar a Praça Duque de Caxias mais

atrativa ao seu público local.

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Sugere-se um mobiliário que venha compreender todas as faixas etárias

possíveis de usufruto da Praça e, então, pensa-se na execução de bancos para todo o

entorno da Praça e uma casinha de bonecas localizada na área de recreação infantil.

Além de útil, tais mobiliários urbanos pintados e bem executados, configurarão

um aspecto paisagístico mais bonito e agradável ao local.

5.3.4 Demarcação de canteiros com descartes de corpos de prova laboratoriais

para a composição paisagística dos jardins

A princípio, os corpos de prova (CP‟s) laboratoriais descartados seriam apenas

mais um componente do entulho gerado no município a ser encaminhado ao aterro

sanitário sem uma destinação mais sustentável ao mesmo.

Porém, pensando de forma mais sustentável sobre esse descarte podemos utilizar

esses CP‟s na forma natural como ele é descartado dos laboratórios, trazendo-os para a

composição dos canteiros de jardins da Praça Duque de Caxias, auxiliando no

embelezamento da paisagem.

Tais CP‟s podem servir como demarcação dos canteiros, delimitando os limites

do jardim e também, possivelmente, demarcando os caminhos para os pedestres, como

apresentado na Figura 16.

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Figura 16 - Exemplo de demarcação de jardins com CP's descartados

Fonte: Próprio autor.

5.3.5 Pérgulas e demarcação de canteiros a partir de resíduos de estroncas

Ao longo da execução de uma obra, as estroncas utilizadas para escoramento de

lajes e vigas são desperdiçadas ou tornam-se inutilizáveis pela falta de cuidado

adequado.

Tal material pode ser reutilizado para a confecção de pérgulas na praça para o

apoio de plantas trepadeiras e suporte de outras. Isto porque a resistência estrutural que

é exigida deste material não é tão significativa quanto a do seu uso inicial, facilitando a

viabilidade do seu uso.

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Essas pérgulas podem ser usadas em qualquer local da praça, quer seja em zonas

de jardim, quer seja em zona de disposição de bancos para descanso, fornecendo sombra

ao local e amenizando o microclima do local, como mostra a Figura 17 (a).

Além do uso em pérgulas, as estroncas mais danificadas e de tamanho mais

reduzido podem ser utilizadas para a demarcação de canteiros. Para isto, basta prepara-

las serrando-as em tamanhos de 15cm ou 20cm e crava-las no entorno de um canteiro a

ser demarcado, com alturas diferentes para dar uma acabamento estético atraente, como

apresentado a Figura 17 (b).

Figura 17 – (a) Exemplo de pérgula feita com descarte de estroncas e (b) Demarcação de canteiros com

pedaços de estroncas

Fonte: CARNEIRO et al (2007).

5.3.6 Decks rústicos com resíduos de barrotes

Além de esteticamente muito belo, e no caso da Praça Victor Civita, como forma

de contornar essa contaminação do solo, conforme apresentado por Gibrim (2009),

decks feitos de madeiras recuperadas podem ser utilizados, quer seja com função de

segurança e proteção a saúde, quer seja por única e exclusiva função estética e

sustentável.

Logo, apresenta-se na Figura 18 um exemplo de um deck com reaproveitamento

de tábuas de madeira, com função exclusivamente estética.

(a) (b)

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Figura 18 - Deck de madeira reutilizada

Fonte: RECICLA E DECORA (2012).

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6 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A partir da consulta à comunidade com a aplicação do questionário nas

residências do entorno da Praça Duque de Caxias, onde se conseguiu entrevistar a

grande maioria dos residentes, pôde-se perceber o grande vínculo existente entre os

moradores e este ambiente público, principalmente conforme o Item 1 da Tabela 1.

Pode-se inclusive identificar a Praça como uma extensão das residências do entorno,

haja vista que o local faz parte da infância e crescimento dos moradores, no qual 40%

deles convivem com a mesma por mais de 40 anos (Item 3, Tabela 1).

Tabela 1 - Resumo geral da opinião da comunidade do entorno da Praça Duque de Caxias

ITEM INFORMAÇÕES IDENTIFICADAS %

1 Vínculo afetivo com a Praça 70%

2 Cinco moradores por família 40%

3 41 a 50 anos de moradia no local 40%

4 Há pelo menos um morador com idade superior a 60 anos 100%

5 Há um ou dois moradores com idade inferior a 12 anos 30%

6 Satisfação por morar próximo à Praça 70%

7 Frequência com que vai à Praça 50%

8 Interesse por frequentar mais a Praça 80%

9 Insatisfação com a atual configuração da Praça 70%

10 Interesse por uma Praça mais pacata, com árvores, flores, brinquedos

para crianças e banca de revista 100%

11 Conhecimento sobre o significado do termo resíduos sólidos 10%

12

Conhecimento sobre materiais possíveis de serem reaproveitados em

decoração, instrumentos musicais, brinquedos e até mesmo Construção

Civil

80%

13 Considera-se importante reutilizar recursos 90%

14 Desconhecimento sobre materiais possíveis de serem reaproveitados

na reforma da Praça 60%

15 Abordagem dos resíduos de madeira como principal material passível

de utilização na reforma, na opinião dos moradores 80%

16 Contribuição com a separação de resíduos do seu próprio lixo

doméstico para serem utilizados na reforma da Praça 80%

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Percebe-se também que apesar da frequência dos moradores estarem na praça

não ser tão relevante, há considerável satisfação deles por terem a Praça Duque de

Caxias nas proximidades e muito interesse por frequentá-la mais do que o que fazem

atualmente. Pensa-se que esse interesse em conviver com a praça não se modifica tão

rapidamente por conta da insatisfação com a atual configuração da mesma (70% dos

moradores), conforme o Item 9 da Tabela 1.

Atribuindo esta insatisfação às condições de conservação da Praça, mas

principalmente, com a configuração que a mesma apresenta, exatamente igual à de

quando foi construída em 1973, este trabalho propôs uma remodelagem para ela de

forma que a Praça seja, de fato, ajardinada, sombreada, com brinquedos e tão

frequentada quanto os moradores almejam.

Nesta remodelagem, para manter a ideia de sustentabilidade que se pretende,

consultaram-se os moradores também sobre qual era o conhecimento deles sobre os

resíduos sólidos urbanos e, como se imaginava, muito poucos sabiam do que se tratava

tal termo técnico, conforme o Item 11 da Tabela 1. Mas esse termo, resíduos sólidos, foi

simultaneamente abordado e explicado a eles nas entrevistas, e indicado o quão próximo

deles estes materiais e seu manejo mais sustentável se encontram (trabalhos de

decoração, instrumentos musicais, brinquedos, etc).

Após essa breve explanação, eles então se atentaram e perceberam as muitas

possibilidades de materiais passíveis de uso na reconfiguração da praça, tendo os

resíduos de madeira, principalmente estroncas e ripas, como os principais materiais para

este reuso.

Pôde-se perceber, então, que a consciência ambiental com relação ao reuso dos

materiais está presente na maioria dos moradores entrevistados, quando 90% deles

consideraram esta reutilização importante, porém, isto ainda é distante de ser praticado

por eles rotineiramente (Item 13, Tabela 1). Ainda assim, mesmo não havendo essa

reutilização de resíduos na prática, a grande maioria dos moradores respondeu que

contribuiria para a separação dos materiais do seu lixo doméstico para a utilização na

reforma da Praça Duque de Caxias, como apresentado na Tabela 1 nos itens de 13 a 16.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a temática de sustentabilidade tão em voga e com a oportunidade de dar um

retorno à comunidade da qual ainda tenho vínculos, atribuindo um papel social ao

trabalho, surgiu a possibilidade de fazer um estudo sobre uma melhor remodelação da

Praça Duque de Caxias. Tal local foi frequentado muito tempo por mim durante a

infância com meus familiares e, hoje, alguns outros familiares tentam manter a mesma

prática.

A Praça fica localizada na cidade de Feira de Santana/BA, no bairro Olhos

D‟água, o primeiro bairro da cidade, em um formato triangular, limitado pela Travessa

Senador Quintino, a Rua Professor Áureo Filho e a Rua Duque de Caxias.

Dessa maneira, idealizou-se uma proposta paisagística e sustentável para a

Praça, de forma que ela possa ser utilizada como exemplo de reuso de materiais

descartados para outros ambientes de uso público ou privado.

Para tal proposta de intervenção, seguiu-se inicialmente com um estudo teórico-

prático com a identificação dos resíduos sólidos urbanos viáveis de utilização em uma

nova proposta da Praça; consulta à comunidade local do entorno da praça através da

aplicação de um questionário produzido para verificação dos interesses e expectativas

de uma possível mudança deste ambiente urbano; e, por fim, uma proposta de nova

configuração da Praça, tornando-a mais atrativa e utilizada por eles.

Através da identificação dos resíduos sólidos a serem utilizados na nova

proposta, pesquisou-se sobre as características dos mesmos e a forma de inserção na

remodelagem a ser levantada para a praça.

Os materiais identificados foram resíduos de construção e demolição (RCD‟s)

britados substituindo materiais naturais, como pedras ornamentais, na forração dos

canteiros de jardim; resíduo de borracha de pneus descartados, cuja adição no bloco de

concreto mantém satisfatoriamente a resistência do mesmo para o uso como piso; PET

com mistura de solo-cimento para a execução de bancos e casinha de boneca; corpos de

prova (CP‟s) laboratoriais descartados para demarcar os limites dos canteiros de jardim;

resíduos de madeira, como estroncas, para execução de pérgulas decorativas e de

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suporte de plantas; e resíduos de madeira, como de barrotes, para execução de decks

rústicos decorativos.

Tais materiais apontados neste trabalho são claramente sustentáveis, haja vista

que seriam descartados no lixo doméstico, sem função alguma num possível ciclo de

reciclagem, pois a cidade não possui centro de reciclagem para o atendimento desta

atividade. Assim sendo, uma vez que estes materiais passam de lixo a ser acumulado no

local de deposição, para materiais reutilizados nesta reforma proposta, eles passam a ser

sustentáveis.

A partir de todos esses dados recolhidos nas entrevistas, com a percepção dos

interesses dos moradores, e com o estudo dos resíduos passíveis de uso nessa

reconfiguração da Praça Duque de Caxias, prosseguiu-se com a idealização da nova

proposta para a mesma.

Tal proposta surge, então, para demonstrar, não somente à comunidade, mas

também a qualquer leitor deste trabalho, que é factível uma reforma atendendo os

interesses dos moradores e, ao mesmo tempo, ter um cunho sustentável, realidade tão

necessária para o meio ambiente atualmente e, ainda, porém não menos importante, ter

uma configuração paisagística bonita e atrativa em qualquer ambiente, quer seja público

ou privado, bastando somente a iniciativa de fazê-lo.

Este tipo de proposta de intervenção é possível e viável, além de garantir que o

usufruto do local, que sofrerá intervenção, seja pleno, afinal atende aos anseios da

comunidade que de fato deve utiliza-lo. E, assim como a Lei 12.305 (2010) indica que

“o reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem econômico

e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania”, os resíduos

podem e devem fazer parte do nosso cotidiano mais diretamente e deve-se pôr isto em

prática desde já.

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material deixa a moradia silenciosa e fresquinha. Disponível em:

<http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/desenvolvimento/casa-construida-

garrafas-pet-sustentabilidade-soumaiseu-544778.shtml>. Acesso em: 22 outubro 2011.

ZORDAN, S. E. A utilização do entulho como agregado na confecção do concreto.

1997. 156p. Dissertação (Mestrado). Faculdade de Engenharia Civil - FEC.

Universidade de Campinas, Campinas, 1997.

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APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO

QUESTIONÁRIO

1. Há quantos anos você mora na proximidade da Praça Duque de Caxias?

2. De quando veio morar aqui, como era e o que você considera como „bom‟ da Praça? Recorde e traga para nós esta

lembrança. __________________________________________________________________________________________

3. Quantas pessoas moram aqui?

4. Desses moradores, quantos têm mais de 60 anos?

5. E quantos têm menos de 12 anos?

6. Vc se sente satisfeito por morar perto dessa Praça ou é indiferente ao fato?

Sim Indiferente

7. Vc tem alguma relação afetiva com a Praça? Brincava nela quando era pequeno, namorava nela, ia tomar sorvete...?

Sim Não

8. Hoje você frequenta a praça? Se sim, para quê?

Sim Não

9. Gostaria de frequentá-la (mais) para quê?

_____________________________________________________________________________

10. Você gosta da atual configuração que a praça tem?

Sim Não

11. O que você gostaria que tivesse na praça?

Bar Lanchonete

Banca de revistas Bancos para sentar

Brinquedos para crianças Pista de skate e patins

Gramado Plantas de pequeno porte

Flores Árvores

Outros__________________________________

12. Você entende/pensa que muitos materiais que são destinados para o lixo podem, na maioria das vezes, ser

reaproveitados?

Sim Não

13. Você já viu algum trabalho, decoração, brinquedo, instrumento musical, construção feito com reaproveitamento de

materiais que estavam destinados ao lixo?

Sim Não

14. Você sabe o que são resíduos sólidos urbanos (lixo)?

Sim Não

15. Se a praça fosse reformada e, nessa reforma, se utilizassem resíduos sólidos urbanos que iriam para o lixo, você acha

interessante? Sim Não.

Você acha importante essa reutilização de recursos? Se sim porquê?

Sim Não

_____________________________________________________________________________

16. Você tem idéia de quais resíduos poderiam ser reutilizados nessa “reforma”?

_____________________________________________________________________________

17. Quais desses resíduo você acha interessante haver nessa praça?

Garrafas PET

Reaproveitamento de madeiras (ripas ou toras)

Resíduo de pneu inutilizado

Outros

18. Você contribuiría na separação desses lixo em casa para ajudar na reforma da praça?

Sim Não

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Você está sendo convidado(a) a participar desta pesquisa desenvolvida, pelo estudante, Rafael do

Nascimento Campos, do curso de Engenharia Civil, da Universidade Estadual de Feira de Santana

(UEFS), de nome: “Análise da utilização de resíduos sólidos para o tratamento paisagístico:

proposta de intervenção na Praça Duque de Caxias em Feira de Santana-BA”, sob a orientação da

Profª Aurea Chateaubriand Andrade Campos.

Esta pesquisa quer saber quantos moradores existem no entorno da Praça Duque de Caxias e o que vocês

lembram da praça. A pesquisa também quer verificar a opinião de vocês sobre a satisfação de como ela

está atualmente, além de tentar saber o que vocês entendem por resíduo sólido urbano, identificar o lixo

produzido pelos próprios moradores e sua possível reutilização. É muito importante a opinião dos

moradores porque isso permite saber no que e como melhorar, bem como verificar a possibilidade de

reutilização do lixo produzido pela vizinhança na própria proposta de reforma da praça, que está em

estudo, sendo por isso importante a sua participação e a sua colaboração.

Os moradores do entorno desta praça serão convidados a participar e, caso queira participar, serão feitas

algumas perguntas e anotadas as respostas. É preciso que você saiba que os resultados desse estudo

poderão ser publicados em jornais e revistas profissionais, congressos, seminários, palestras, etc., mas seu

nome não será divulgado, sob nenhuma possibilidade, e para isso, você será identificado por um

número. Este estudo não apresenta nenhum risco ou desconforto e você não receberá nenhum dinheiro

por participar dele. A sua participação é voluntária. Você pode se recusar a responder algumas das

perguntas e pode se retirar da pesquisa a qualquer momento que desejar. Durante o estudo você poderá ter

todas as informações que quiser, através do contato comigo. Esse Termo de Consentimento segue em

duas cópias que você deve assinar. Você receberá uma cópia deste documento e a outra será arquivada

por mim na UEFS.

Feira de Santana, ____ de _________________ de 2011.

Nome do participante: _________________________________ | Sexo: M F

Idade:____ anos | Escolaridade: Fundamental I Fundamental II Médio Superior

Completo Incompleto Cursando

______________________________________

Assinatura do participante

____________________________ __________________________

Rafael do Nascimento Campos Profª Áurea C. Andrade Campos

Pesquisador Pesquisadora orientadora

(75) 9977-6965/ 9188-3637 (75) 9955-7724

Em caso de dúvida em relação a este documento, você pode entrar em contato com a pesquisadora responsável na Universidade Estadual de

Feira de Santana (UEFS), pelo telefone (75) 3224-8105. Se necessário, a ligação pode ser feita a cobrar.

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APÊNDICE B – MAQUETE DIGITAL – PRAÇA DUQUE DE CAXIAS ATUALMENTE

Figura B. 1 – Planta Baixa da Praça Duque de Caxias

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Figura B. 2 – Visualização superior da Praça Duque de Caxias

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Figura B. 3 – Vista da Praça Duque de Caxias partindo da Avenida Senhor dos Passos

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Figura B. 4 – Vista da Praça Duque de Caxias partindo da Travessa Senador Quintino

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Figura B. 5 – Vista da Praça Duque de Caxias partindo da esquina entre as Ruas Duque de Caxias e Professor Áureo Filho

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Figura B. 6 – Visualização superior da Praça Duque de Caxias partindo da esquina entre as Ruas Duque de Caxias e Professor Áureo Filho

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APÊNDICE C – MAQUETE DIGITAL – PROPOSTA PAISAGÍSTICA DA PRAÇA DUQUE DE CAXIAS

Figura C. 1 – Planta Baixa da Praça Duque de Caxias

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Figura C. 2 – Visualização superior da Praça Duque de Caxias

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Figura C. 3 – Vista da Praça Duque de Caxias partindo da Avenida Senhor dos Passos

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Figura C. 4 – Vista da Praça Duque de Caxias partindo da Travessa Senador Quintino

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Figura C. 2 – Vista da Praça Duque de Caxias partindo da esquina entre as Ruas Duque de Caxias e Professor Áureo Filho

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Figura C. 6 – Vista detalhada do piso de bloco intertravado, deck de madeira, pérgulas, demarcação de canteiro com corpos de prova e bancos de garrafas PET

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Figura C. 7 – Vista detalhada do parquinho infantil, demarcado com resíduo de madeira e com casa de bonecas feita de garrafas PET

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Figura C. 8 – Vista detalhada do piso de bloco intertravado e da forração de canteiros com resíduos de construção e demolição