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1 Universidade de Caxias do Sul Centro de Ciências da Comunicação ANDRESSA BEATRIZ RIGOTTI A CONTRIBUIÇÃO DAS RELAÇÕES PÚBLICAS NA FORMAÇÃO DA IMAGEM ORGANIZACIONAL Caxias do Sul, novembro de 2009

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Universidade de Caxias do Sul

Centro de Ciências da Comunicação

ANDRESSA BEATRIZ RIGOTTI

A CONTRIBUIÇÃO DAS RELAÇÕES PÚBLICAS NA FORMAÇÃO DA

IMAGEM ORGANIZACIONAL

Caxias do Sul, novembro de 2009

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ANDRESSA BEATRIZ RIGOTTI

A CONTRIBUIÇÃO DAS RELAÇÕES PÚBLICAS NA FORMAÇÃO DA

IMAGEM ORGANIZACIONAL

Monografia de conclusão do Curso de

Comunicação Social, habilitação em Relações

Públicas da Universidade de Caxias do Sul,

apresentada como requisito parcial para

obtenção do título de Bacharel.

Orientador (a):

Profa. Ms. Tarsila Maria Pasa

CAXIAS DO SUL

2009

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho à minha amada

família, ao meu noivo Elvis, e

especialmente à minha mãe, que me

apóia incondicionalmente e me

acompanha em todas as minhas

empreitadas. Nunca vou me cansar de

agradecer a Deus a presença dela em

minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha mãe pela paciência e

criatividade em tentar me ajudar, por me

ver tão transtornada nestes últimos três

meses. Ao Elvis, meu noivo, pela

compreensão, incentivo e amor, tudo é

mais fácil quando tu estás por perto.

Agradeço à minha família pelo simples

fato de existirem, amo todos vocês. Aos

meus amigos, obrigada pela

compreensão em me ver distante durante

este período, vocês são muito importantes

para mim. Às queridas amigas que

conquistei, que sempre me ajudaram e

estiveram ao meu lado, compartilhando

vitórias, frustrações e alegrias durante

estes anos. Aos demais colegas da UCS

e a todos os professores pelo empenho

em tornar este momento possível.

Agradeço em especial à Profa. Ms. Tarsila

Maria Pasa, por orientar meus passos,

com dedicação e bom humor. Passamos

por poucas e boas durante a produção

desse trabalho e acredito que essas

emoções serão transparecidas nestas

páginas. Agradeço também ao Prof. Ms.

Maurício Moraes (in memoriam) por

compartilhar seu conhecimento comigo de

forma tão dedicada.

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EPÍGRAFE

“Não há espelho que melhor reflita a

imagem de um homem do que suas

palavras.”

Luis Vives

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RESUMO

A realidade das organizações atualmente é a luta constante para manter-se no mercado de forma sólida e bem sucedida. A globalização tornou obrigatório que as empresas busquem cada vez mais diferenciais competitivos, para manter seus públicos fidelizados e satisfeitos com os produtos e serviços oferecidos. Diante deste cenário a imagem organizacional se mostra fator fundamental de destaque entre as organizações. Com uma imagem positiva sendo projetada para seus públicos e stakeholders qualquer organização já se destaca das demais. A gestão da identidade organizacional é o primeiro passo para o estudo das características intangíveis que compõe a imagem da organização. O estudo sobre o tema definido busca situar o profissional de Relações Públicas na esfera da imagem organizacional, e quais as suas competências que contribuem para a formação de uma boa imagem. Para isso, através de uma pesquisa bibliográfica referente ao tema, é possível analisar os pareceres, para a confirmação da relevância deste profissional nesse contexto. Por fim, será possível analisar o papel e a importância que o profissional de Relações Públicas exerce na formação da imagem organizacional, através de um estudo exploratório com profissionais e reconhecidos estudiosos, para identificar como essas competências são vistas na prática, muitas vezes mesclada com diversas outras competências de outros profissionais da comunicação para uma imagem consolidada e positiva.

Palavras-chave: Imagem organizacional; Identidade; Relações Públicas;

Comunicação Integrada; Planejamento em Relações Públicas.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 – Stakeholders .............................................................................. 23

FIGURA 2 – Comunicação Integrada ........................................................... 33

FIGURA 3 – Relação entre imagem e identidade ........................................ 48

FIGURA 4 – Gerenciamento de Identidade ................................................... 49

FIGURA 5 – Anúncio Coca-cola ................................................................... 53

FIGURA 6 – Valores da Petrobrás ................................................................. 55

FIGURA 7 – Diferenças entre identidade e imagem .................................... 58

FIGURA 8 – Planejamento ............................................................................ 68

FIGURA 9 – Análise SWOT ........................................................................... 73

FIGURA 10 – Processo do Planejamento de RP .......................................... 75

FIGURA 11 – Imagem corporativa 1000 ........................................................ 80

FIGURA 12 – Gestão Tradicional x “GIAI” .................................................... 84

FIGURA 13 – Método GIIC® e seus módulos componentes ....................... 86

FIGURA 14 – Matriz de Recomendações – módulo visual .......................... 88

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 – Indicador de usuários de computadores .............................. 30

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 11 2 A PROFISSÃO DE RELAÇÕES PÚBLICAS ............................................... 15 2.1 Relações Públicas é pura comunicação ................................................ 15 2.2 Relações Públicas – Seus conceitos e paradigmas .............................. 16 2.3 Públicos – o objeto da profissão ............................................................ 19 2.3.1 Quem são os Stakeholders? ................................................................ 23 2.4 Funções de Relações Públicas ............................................................... 24 2.5 Relações Públicas e a Sociedade da Informação .................................. 27 2.5.1 Relações Públicas na internet .............................................................. 29 2.6 A Comunicação Integrada ....................................................................... 32 3 IMAGEM ORGANIZACIONAL ..................................................................... 37 3.1 Conceitos de organização ....................................................................... 37 3.2 Afinal, o que é imagem? .......................................................................... 41 3.2.1 E o que é identidade? ........................................................................... 44 3.3 Imagem como fator competitivo ............................................................. 50 3.4 Identidade entre organização e consumidor ......................................... 56 4 AS RELAÇÕES PÚBLICAS CONSOLIDANDO O VÍNCULO ENTRE PÚBLICOS E ORGANIZAÇÃO ........................................................................................... 63 4.1 Relações Públicas e Marketing .............................................................. 63 4.2 Planejamento – o primeiro passo ........................................................... 66 4.2.1 Planejamento de Relações Públicas.................................................... 71 4.2.2 Os meios e veículos de comunicação ................................................. 76 4.3 Ações para se notar ................................................................................. 79 4.4 Gestão Integrada de Identidade – GIIC® ................................................ 85

5 E NA PRÁTICA? COMO FUNCIONA? ........................................................ 91 5.1 Instrumento de Pesquisa e Metodologia de Aplicação ......................... 91 5.2.1 Entrevistado 1 - Daniela Fiorese Lucchese ......................................... 92 5.2.2 Entrevistado 2 - Ligia Cristina Fascioni .............................................. 95 5.2.3 Entrevistado 3 - Roberta Lopes ........................................................... 97 5.2.4 Entrevistado 4 – Rudimar Baldissera .................................................. 99 5.3 Análise de opiniões .................................................................................. 103

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 108

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REFERÊNCIAS ................................................................................................ 112

ANEXOS .......................................................................................................... 118

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IntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntrodução

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1 INTRODUÇÃO

As organizações são constituídas por características únicas e que refletem

sua verdadeira face diante de seus públicos. As informações que as organizações

buscam externar são transmitidas através da comunicação, que por sua vez,

intermedia as informações entre a organização e os públicos, para permitir que haja

conexão e relacionamento entre ambos.

Deve-se analisar a importância do gerenciamento destas características

empresariais, que se chama identidade organizacional, e estudar como estas

informações são transmitidas através da imagem, que é a forma como as pessoas

percebem essa identidade. A imagem é o reflexo de uma organização, e por sua vez

pode ser compreendida e assimilada de diversas formas, pois depende da

percepção e cultura do público que recebe estas informações.

A união da comunicação com a gestão da identidade organizacional é de

extrema importância, e é neste cenário que o profissional de Relações Públicas é

inserido, pois tem o conhecimento de gerir a comunicação organizacional e com isso

contribui na formação e consolidação da imagem da organização diante de seus

públicos, estes que são considerados o objeto de estudo da profissão.

A sociedade da informação transformou os meios de comunicação e a

maneira de comunicar, tornando assim a comunicação fator primordial de análise e

gestão nas empresas que têm visão de que a comunicação é parte integrante e

fundamental para o bom andamento interno da organização, assim como as

relações com o público externo.

Estas relações permitem a formação de impressões e opiniões sobre uma

organização por seus públicos. Esta percepção é a imagem organizacional, foco de

estudo desta pesquisa. Por mais que não seja fácil perceber, a imagem é resultado

de uma identidade, que é o verdadeiro modo de ser da organização.

O tema abordado nesta monografia é sobre a imagem organizacional e qual

a contribuição das Relações Públicas na construção da mesma. As informações

coletadas na identificação dos públicos permitem que seja realizado o processo de

diagnóstico de identidade da organização através dos esforços das Relações

Públicas, e esse processo será o objeto de estudo da pesquisa.

Com este enfoque as definições da profissão de Relações Públicas serão

abordadas, assim como suas funções e públicos, conceitos de organização e como

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este profissional pode agir para que a comunicação também receba foco de

investimentos, buscando inovações e formas assertivas de tornar o fluxo da

comunicação facilitado.

A importância que a imagem representa às organizações é algo totalmente

intangível, e as Relações Públicas são capazes de tornar visível o resultado

alcançado com um método direcionado, a gestão dos fatores intangíveis também

será abordada nesta monografia, com o auxílio de estudiosos do tema.

A questão que norteia o presente estudo é apresentada sob a seguinte

forma de pergunta: De que forma as Relações Públicas podem contribuir para a

formação da imagem organizacional?

Para solucionar tal questionamento, foram elaboradas algumas hipóteses no

que se refere a diversos aspectos do tema.

H1: O profissional de Relações Públicas possui as mais adequadas

ferramentas para a elaboração do Planejamento de Comunicação da organização,

onde ocorre a iniciativa do estudo da identidade organizacional.

H2: A comunicação integrada, onde não é focado apenas o trabalho isolado

das Relações Públicas, e sim unindo os esforços de todas as especialidades de

comunicadores, elaborando ações e campanhas para efetivação da imagem

positiva, é a melhor forma de formar e gerenciar a imagem organizacional.

H3: Relações Públicas integradas ao Marketing é a forma onde as ações são

direcionadas a resultados financeiros, voltados ao crescimento econômico da

empresa, e onde se gera também uma imagem positiva, por conta da visibilidade

que a organização ganha com planos e ações conjuntas das duas profissões.

O objetivo geral da monografia é identificar e analisar o papel que o

profissional de Relações Públicas pode desenvolver para a formação e consolidação

da imagem organizacional. Os objetivos específicos são: apresentar as

características da sociedade da Informação; situar os conceitos de organização;

definir as Relações Públicas, suas funções e públicos; analisar o uso das

ferramentas para a elaboração do Planejamento de Comunicação; conceituar

Comunicação Integrada; fundamentar a relação de Marketing e Relações Públicas;

explanar as principais definições de imagem; definir a identidade e elencar sua

relação com imagem organizacional; explorar as ações para consolidar o vínculo

entre organização e seus públicos.

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Para validar as hipóteses propostas, a metodologia a ser aplicada na

monografia é através da revisão da literatura escolhida, onde se inicia a análise de

conteúdo, e realiza-se entrevistas com profissionais da área.

O segundo capítulo desta monografia traz características das Relações

Públicas, fala dos conceitos da profissão, seus públicos, funções e apresenta as

especificidades da comunicação integrada, além de caracterizar o novo período das

transformações tecnológicas com a sociedade da Informação, situando as Relações

Públicas com o uso da internet como novo instrumento de trabalho.

O terceiro capítulo explana a imagem organizacional, inicialmente o termo

organização e suas derivações são conceituados para que o foco seja esclarecido.

Os traços que unem a identidade e imagem serão estudados, assim como o fator

competitividade elencado à imagem organizacional.

O quarto capítulo é constituído de formas destinadas para aproximar a

organização de seus públicos, por meio de planejamentos e fazendo o uso de

ferramentas da comunicação. A formação e consolidação da imagem são

detalhadas por diversos autores especializados no impacto mercadológico que uma

imagem consolidada causa.

Após isto, o quinto capítulo traz a pesquisa, onde as entrevistas realizadas

trarão maior aplicabilidade e embasamento prático do estudo, onde define a real

contribuição das Relações Públicas para uma imagem organizacional consolidada.

Analisar e identificar os diferenciais competitivos que o profissional de relações

proporciona, também fará parte deste ultimo capítulo.

Por fim, serão apresentadas as considerações finais a respeito do assunto

abordado, com base nas análises das entrevistas realizadas. Nesta fase da

monografia será possível verificar as confirmações das hipóteses sugeridas durante

o início do estudo, assim como as percepções da autora em relação à experiência

de elaborar esta pesquisa e quais suas perspectivas acerca do tema.

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AAAAAAAA pppppppprrrrrrrrooooooooffffffffiiiiiiiissssssssssssssssããããããããoooooooo ddddddddeeeeeeee

RRRRRRRReeeeeeeellllllllaaaaaaaaççççççççõõõõõõõõeeeeeeeessssssss PPPPPPPPúúúúúúúúbbbbbbbblllllllliiiiiiiiccccccccaaaaaaaassssssss

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2 A PROFISSÃO DE RELAÇÕES PÚBLICAS

Falar de Relações Públicas não é uma tarefa fácil, ainda mais quando o

assunto é conceituar e posicionar essa atividade no mercado de trabalho. Isto ocorre

não pela falta de definições, ou pela falta de material de estudo sobre o assunto,

mas sim porque a área de atuação da profissão é demasiadamente extensa.

Este primeiro capítulo tem como objetivo apontar as principais definições da

atividade de Relações Públicas, apresentando seu campo de atuação e sua

localização dentro das organizações, bem como as suas funções e os públicos a ela

relacionados.

Relações Públicas é um termo polissêmico. Essa característica, muitas vezes,

distorce a compreensão acerca de sua importância. O objetivo neste capítulo é

trazer a opinião dos principais autores e pesquisadores da profissão, além do olhar

de estudiosos de áreas afins, revelando a face estratégica e a relevância das

Relações Públicas na Sociedade da Informação.

2.1 Relações Públicas - é pura comunicação

Relações Públicas é uma profissão considerada jovem. Nascida na

contemporaneidade carece de maiores estudos acerca de sua área de atuação e

relevância. Existe uma infinidade de conceitos que procuram situar o profissional

dessa área como peça chave para o bom funcionamento da comunicação de modo

geral, bem como inúmeros estudos que procuram identificar a essência e a natureza

dessa profissão.

O fator componente, o principal instrumento dessa profissão é a

comunicação, que está presente em tudo. Tudo é comunicação, é ela que move e

interliga as pessoas que constituem a sociedade atual e estimula a evolução no

mundo que vivemos. Segundo Argenti, a palavra comunicação tem origem do latim

comunis e seus principais significados são: partilhar, repartir, associar, tornar

comum, onde também aponta o viés de participação, interação, troca de

mensagens, emissão ou recebimento de informações. (apud LUCCHESE, 2009).

A comunicação é a habilidade que proporciona a progressão da raça

humana e, sem se comunicar, não é possível adquirir conhecimento, nem ter grupos

de relacionamento, impossível a sobrevivência. No estado de evolução em que a

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humanidade se encontra, a comunicação é questão, inclusive, de permanência no

mercado de negócios. Matos afirma: “o ser humano se desenvolve e se realiza

graças à sua capacidade de comunicar e, assim, de interagir com outros indivíduos

e com sociedade”. (MATOS, 2004, p. 26).

2.2 Relações Públicas – seus conceitos e paradigmas

Os conceitos a seguir relacionados demonstram que a comunicação é a

base das Relações Públicas. Inicia-se aqui o processo de comprovação da

importância da profissão nos dias de hoje.

Segundo a Resolução Normativa1 nº 43 de 24 de Agosto de 2002, assim são

definidas as funções e atividades privativas dos profissionais de Relações Públicas,

§ 1º - Todas as ações de uma organização de qualquer natureza no sentido de estabelecer e manter, pela comunicação, a compreensão mútua com público são consideradas de Relações Públicas e, portanto, não se subordinam a nenhuma outra área ou segmento. § 2º - Relações Públicas são definidas como filosofia administrativa organizacional, com funções administrativas de direção e de comunicação, independentemente de nomenclaturas de cargos e funções que venham a ser adotadas. § 3º - Relações Públicas caracterizam-se pela aplicação de conceitos e técnicas de: I) Comunicação estratégica, com o objetivo de atingir de forma planificada os objetivos globais e os macro-objetivos para a organização; II) Comunicação dirigida, com o objetivo de utilizar instrumentos para atingir públicos segmentados por interesses comuns; III) Comunicação integrada, com o objetivo de garantir a unidade no processo de comunicação com a concorrência dos variados setores de uma organização. (Disponível em URL: http:// www.conferp.org.br. Acesso em 07/09/09).

A Associação Brasileira de Relações Públicas (ABRP)2 define que:

Entende-se por Relações Públicas o esforço deliberado, planificado, coeso e contínuo da alta administração, para estabelecer e manter uma compreensão mútua entre uma organização, pública ou privada, e seu pessoal, assim como entre essa organização e todos os grupos aos quais

1 Legislações, resoluções normativas e decretos sobre RP são encontrados no site apontado na referência. (N.A.). 2 A ABRP foi fundada em São Paulo, no dia 21 de julho de 1954, por 27 estudiosos e praticantes de Relações Públicas na sede do Instituto de Organização Racional do Trabalho (IDORT). (Disponível em URL: http://www.abrpnacional.com.br/abrp.html. Acesso em 09/09/09).

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está ligada, direta ou indiretamente. (Disponível em URL: http://www.rp-bahia.com.br/o_que_sao.htm. Acesso em 28/09/09).

Resumidamente, a ABRP conceitua a atividade como o processo planejado,

que, de forma estratégica, faz a ligação entre os grupos e a organização. Esta ponte

que liga dois organismos, sejam eles empresas ou pessoas, caracteriza a razão de

ser deste profissional.

Ainda sobre os conceitos da profissão de Relações Públicas, é importante

salientar a definição de Farias, que reforça a comunicação e a complexidade da

profissão:

O que nos parece, de fato, é que as atividades de Relações Públicas inscrevem-se no cenário da comunicação de forma polivalente, ofertando um conjunto extenso de ferramentas que são alto grau de complexidade, prejudicando uma visão mais objetiva da profissão [...]. (FARIAS, 2004, p. 28).

Para Farias (2004), o principal paradigma da profissão é a sua

complexidade. E complementa que, por conta dos conceitos mal compreendidos, ora

lhe é atribuída uma simplicidade extrema, ora uma generalização embaraçosa. É

onde a atividade sofre uma dissonância cognitiva entre fundamentos e práticas.

Porém, a importância de RP é confirmada por Roberto de Castro Neves

(1998) quando afirma que a função surgiu do espaço criado por necessidades que

não eram atendidas por outras atividades.

Corrêa confirma sua relevância:

A essência de sua contribuição à sociedade encontra-se intrínseca à filosofia e aos princípios políticos. Assim a missão desta atividade é de estabelecer boas relações entre a organização e seus públicos através da qualidade de vida, dos produtos e dos serviços prestados pela organização. (CORRÊA apud SIMÕES, 1995, p. 104).

Por outras palavras, mesmo sendo uma profissão complexa, autores

concordam que a atividade é necessária.

Uma conceituação breve para as Relações Públicas é “ajudar uma

organização e seus públicos a mutuamente se adaptar uns aos outros”. (LESLY,

1995, p. 03). Entende-se também que o termo adaptar utilizado pelo autor também

pode ser compreendido como harmonizar. Este ponto de vista esclarece que os

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meios a serem utilizados são incontáveis para se chegar ao ápice do sucesso das

ações.

García (1999) aponta para o parecer da Associação Internacional de

Relações Públicas:

As relações públicas são uma função de caráter continuo e planificado, através da qual as instituições e organizações públicas e privadas procuram ganhar e manter o entendimento, compreensão, e apoio daqueles com quem estão ou podem estar envolvidas, avaliando as opiniões públicas sobre as mesmas, a fim de correlacionar, dentro do possível, as suas próprias políticas e procedimentos, para conseguir, através de uma informação ampla e planificada, uma colaboração mais produtiva e uma satisfação mais eficaz dos seus interesses comuns. (GARCIA, 1999, p. 66).

O parecer acima citado pode ser resumido em: o profissional de relações

públicas é o gestor da comunicação nas organizações, destinado a atender as

necessidades da organização e da sociedade. Desta forma trata de sua posição

estratégica e também da liberdade em transitar entre os diversos públicos de forma

imparcial, apenas buscando a satisfação de todos os envolvidos.

O Sindicato dos Profissionais Liberais de Relações Públicas no Estado de

São Paulo (SINPRORP) destaca a profissão e a sua importância:

Atividade fim de Relações Públicas é planejar, implantar e desenvolver o processo total da comunicação institucional da organização como recurso estratégico de sua interação com seus diferentes públicos e ordenar todos os seus relacionamentos com esses públicos, para gerar um conceito favorável sobre a organização, capaz de despertar no público credibilidade, boa vontade para com ela, suas atividades e seus produtos. (Disponível em URL: http://www.sinprorp.org.br. Acesso em 09/09/09).

Nesta análise da atividade, já é citada a importância do foco de trabalho na

comunicação, para que isto reflita na imagem da organização. Este ponto é

primordial para que a organização possa manter um constante contato com os seus

públicos, pois a imagem da empresa reflete como está a qualidade das suas

políticas de comunicação.

Outro conceito de Relações Públicas, sob o ponto de vista de França:

Pode-se considerar a comunicação como uma categoria universal e relações públicas como diferença específica das demais habilitações de categoria. [...] Atua como técnica especializada de relacionamento, cujo objetivo principal é perceber as realidades da sociedade/organização, a obrigatoriedade de seus inter-relacionamentos institucionais e mercadológicos, suas necessidades permanentes de comunicação e seus

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envolvimentos harmônicos ou controversos com a sociedade. (FRANÇA apud KUNSCH, 1997, p. 03).

A ponte que se faz na comunicação entre os públicos é, para as Relações

Públicas, o instrumento principal de trabalho.

Para Neves:

Relações Públicas é uma das mais fascinantes atividades do mundo moderno. Poucas outras têm a oportunidade de oferecer espectro tão amplo das áreas de conhecimento, especializações, diversidade de temas e possibilidade de contatos com tantos tipos de faunas. (NEVES, 2000, p. 212).

A atividade possui uma abrangência muito particular, que dificilmente é

encontrada em outra profissão, mesmo que esta também faça parte do núcleo de

comunicação. Isso ocorre porque o profissional de relações públicas atua com

diversos tipos de públicos, buscando atingir objetivos e gerar resultados através

destes públicos, pois são neles que as atividades da profissão impactam. A

importância dos públicos para as Relações Públicas é explanada no sub-capítulo a

seguir.

2.3 Públicos – o objeto da profissão

Relações Públicas tem como fundamento a harmonização das relações

entre os públicos. Para conhecer esta profissão, portanto, é primordial que seja

aprofundado o conhecimento acerca dos diversos tipos de públicos que ela busca

atingir. É o que assegura Fábio França (2008) quando destaca que o Parlamento

Nacional de Relações Públicas apresentou, em 1998, uma atualização da atividade

conceituando que “à atividade de Relações Públicas cabe diagnosticar o

relacionamento das entidades com seus públicos e propor políticas e estratégias que

atendem as necessidades de relacionamento das entidades com seus públicos”.

(FRANÇA, 2008, p. 01).

O público, de modo geral e a comunicação em particular, são os objetos de

estudo das Relações Públicas. Verifica-se, em um primeiro momento deste estudo,

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que é impossível separar comunicação de Relações Públicas, bem como

desconsiderar os públicos.

Com outras palavras, aprofundar o conhecimento sobre os públicos é

fundamental. Público é algo difícil de conceituar. Pode ser uma platéia, um grupo de

ouvintes, ou então se resumir a uma população. Sob um ponto de vista sociológico

público pode ser definido como: “agregado ou conjunto instável de pessoas

pertencentes a grupos sociais diversos, e dispersos sobre determinada área, que

pensam e sentem de modo semelhante a respeito de problemas, gestos ou

movimentos de opinião.” (FERREIRA apud FRANÇA, 2008, p. 13)

Andrade apresenta uma síntese psicossociológica de público:

O agrupamento espontâneo de pessoas adultas e/ou de grupos sociais organizados, com ou sem contiguidade física, com abundância de informações, analisando uma controvérsia, com atitudes e opiniões múltiplas quanto à solução ou medidas a ser tomadas perante ela; com ampla oportunidade de discussão, e acompanhando ou participando do debate geral por meio da interação pessoal ou dos veículos de comunicação, à procura de uma atitude comum, expressa em uma decisão ou opinião coletivas, que permitirá a ação conjugada. (ANDRADE, 1989, p. 41).

E ainda complementa qual é a ligação das Relações Públicas com o público,

Pode-se dizer que as Relações Públicas se dirigem ao público, ou mais exatamente aos diferentes públicos. Com efeito, é uma idéia a ser guardada nesta série de conferências, que não existe um público, mas uma pluralidade de públicos, um grande número de públicos que são, de tal forma, diferentes uns dos outros que falar a um, não quer dizer, que os outros possam compreender-nos. (JUSTET apud ANDRADE, 2003, p. 12).

Para que o profissional possa dar início ao pensar a comunicação dentro de

uma organização, o diagnóstico dos públicos é essencial. Antes de qualquer ação, é

preciso saber em que “chão se está pisando”, ou seja, identificar pontos variáveis de

comportamento, verificando os níveis culturais e as deficiências de comunicação que

ocorrem no ambiente organizacional.

No contexto da ideia de identificação dos públicos, é necessário aceitar que:

“entende-se por “público” em Relações Públicas, toda a pluralidade de indivíduos ou

de grupos que se consideram afetados, direta ou indiretamente, pela atividade real

ou presumida de uma pessoa física ou jurídica [...]”. (FLETA apud FRANÇA, 2008, p.

23).

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Os grupos que pertencem ao dia a dia das organizações e fazem com que

seus negócios e serviços progridam são, sem dúvida, uma peça chave para o

planejamento estratégico de uma empresa. Saber segmentar de modo correto quais

os reais públicos com os quais uma organização interage é imprescindível para a

efetivação da comunicação da empresa.

Depois de realizada a análise de diversos autores, concluiu-se que os

públicos podem ser definidos de forma muito abrangente. Porém, autores

especializam-se em identificá-los criteriosamente. É o caso de França (2008) que

detalha os principais tipos de públicos:

� Públicos essenciais: são geralmente constituídos por aqueles que tornam

possível a existência da organização.

� Públicos constitutivos da organização: são geralmente representados por

investidores, sócios, acionistas, diretores, conselhos administrativos, governo,

e autoridades governamentais;

� Públicos de sustentação: são representados pelos colaboradores,

fornecedores, clientes e consumidores, revendedores, concessionários,

contribuintes, alunos, entre outros. Outros como prestadores de serviço

terceirizado, temporários e estagiários também constituem este grupo.

� Públicos não-essenciais: são as redes de interesse específico; em situações

especiais, a organização precisará manter relações de negócios com os

exemplos citados abaixo.

� Redes de consultoria, divulgação e promoção da organização: estes podem

ser agências de propaganda, relações públicas, entre outros.

� Redes de setores associativos organizados: são associações de classe

empresarial, conselhos profissionais, confederações, federações,

associações patronais e comerciais.

� Redes de setores sindicais: são formadas por sindicatos patronais e de

trabalhadores.

� Redes de setores da comunidade: comunidades estão se aproximando com

maior freqüência das organizações que as mesmas convivem, seja por

interesses socioambientais, culturais e comerciais. Auxiliam no despertar das

organizações socialmente responsáveis.

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� Públicos de Redes de Interferência: são públicos com características

peculiares, fazem parte do cenário externo das organizações e interferem

diretamente nos resultados de uma empresa pública e privada.

� Concorrência: concorrentes diretos, indiretos, regionais, nacionais e globais.

� Redes de comunicação de massa: atuam diretamente no “alimento” da

opinião pública, o relacionamento com estas redes deve ser uma troca de

ganha-ganha, é um público muito amplo, com alto poder de persuasão e de

alto risco relacional, devem ser adotadas políticas específicas de

relacionamento.

França (2008) também trata de linha mais simplificada de conceituação de

públicos, apresentando os seguintes conceitos:

Público interno - Segmento do público constituído essencialmente dos diretores e empregados de uma empresa ou organização, incluindo, eventualmente, acionistas, conselheiros, vendedores. (FERREIRA apud FRANÇA, 2008, p. 39).

Público externo – Segmento do público de certa forma relacionada às atividades de uma empresa ou organização, mas não faz parte integrante desta (v.g., fornecedores, consumidores, autoridades governamentais, publico em geral). (FERREIRA apud FRANÇA, 2008, p. 42).

Público Misto – É aquele que apresenta claras ligações socioeconômicas e jurídicas com a empresa, mas não vivencia as rotinas da empresa, e não ocupa o espaço físico da instituição. (FRANÇA, 2008, p. 44).

É possível identificar, após estes exemplos, como é primordial prezar por um

bom profissional de Relações Públicas para atuar diante destes grupos. A visão de

identificar tais públicos e interagir com eles de forma que se contemple a linguagem

de todos não é tarefa simples. O sucesso da comunicação depende de um esforço

planejado e direcionado por parte da organização. E a atividade de Relações

Públicas oferece a capacitação necessária para harmonizar conflitos e identificar

quais as melhores formas de transmitir as informações para os diversos tipos de

públicos.

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2.3.1 Quem são os Stakeholders?

Há quem diga que uma empresa bem administrada financeiramente nunca

irá sucumbir ao mercado, ou às crises, pois estará sempre preparada para as

ameaças da globalização3, onde, por exemplo, uma crise na extração de petróleo na

Arábia Saudita afeta o fabricante de polímeros no interior do estado do Mato Grosso

do Sul, no Brasil. Mas não é correto, pois a administração financeira é importante,

mas não é suficiente. Apenas este tipo de gerenciamento não basta para manter

uma organização ativa e bem sucedida. Este é um dos ônus que se tem de arcar

para viver na era da informação e da globalização, onde as tecnologias e recursos

se tornam comuns a todos. Portanto, as organizações hoje precisam atender mais

de um grupo de pessoas ou de interessados, para que o seu negócio continue

próspero.

Exemplos de stakeholders de uma organização. (FRANÇA, 2008, p.35).

Este grupo é chamado de Stakeholders. Para Fortes: “O termo Stakeholder

(parte interessada) é de origem inglesa e é uma variação da palavra stockholder

(acionista)” (FORTES, 2003, p. 82).

3“A globalização do mundo expressa um novo ciclo de expansão do capitalismo, como modo de produção e processo civilizatório de alcance mundial. Um processo de amplas proporções envolvendo nações e nacionalidades, regimes políticos e projetos nacionais, grupos e classes sociais, economias e sociedades, culturas e civilizações.” (IANNI, 2002, p. 11).

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Ligia Cristina Fascioni dá outra definição para o termo: “todas as pessoas

impactadas pelas ações da empresa: colaboradores, acionistas, fornecedores,

clientes, etc.” (FASCIONI, 2006, p. 159) A autora conceitua o termo de forma

abrangente e sem distinção de valores.

É uma expressão imponente, e que traduz um poder muito semelhante à

sonoridade de sua nomenclatura, pois tem o poder de decidir se uma organização é

importante ou não para sua comunidade, ou para sua região. Fortes apresenta uma

introdução sobre as características deste grupo:

Os atuais grupos de relacionamento das organizações passaram a se comportar como se fossem os “novos proprietários” da empresa, os quais não compreendem somente os donos da companhia, investidores institucionais e individuais e credores, mas igualmente todos os indivíduos e grupos de interesse que exercem pressão sobre os procedimentos estratégicos das corporações e estão sujeitos a serem afetados de diferentes maneiras pelas decisões do comando das organizações. (FORTES, 2003, p. 82).

Esse público pode ser a comunidade que reside próximo à empresa, pode

ser o sindicato que filia a maior parte dos colaboradores da organização, ou então a

organização não-governamental (ONG) que trata de auditar o destino de resíduos de

empresas potencialmente poluentes, e assim por diante.

O fato importante a observar desse novo público é o seu alto poder de

influência e número de participantes com voz ativa para se tornar formadores de

opinião. Cabe ao profissional de Relações Públicas intermediar e identificar os

interesses deste grupo, para assim, posicionar a empresa com uma atitude de

portas abertas.

2.4 Funções de Relações Públicas

As funções específicas de Relações Públicas serão explanadas a seguir e,

vale ressaltar que tais funções são uma amostra do real trabalho que é desenvolvido

no ambiente organizacional. O ato de harmonizar as expectativas e as informações,

gerenciando a comunicação abrange planos e ações contínuas de médio e longo

prazo para concretizar os objetivos da organização.

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Para Kunsch (2003) é possível segmentar algumas das atribuições do

profissional de Relações Públicas, pois os profissionais bem preparados,

Identificam os públicos, suas reações, percepções, e pensam em estratégias comunicacionais de relacionamentos de acordo com as demandas sociais e ambiente organizacional. Supervisionam e coordenam programas de comunicação com públicos – grupos de pessoas que se auto-organizam quando uma organização os afeta ou vice-versa. Preveem e gerenciam conflitos e crises e porventura passam as organizações e podem despontar dentro de muitas categorias: empregados, consumidores, governos, sindicatos, grupos de pressão, etc. (KUNSCH, 2003, p. 95).

É interessante citar também o posicionamento do Conselho Federal de

Profissionais de Relações Públicas (CONFERP) através da Resolução Normativa nº

43, de 24 de agosto de 2002 que, conforme citado no Art. 3º, aponta as funções da

profissão:

I – Nos termos das alíneas “a” do art. 2º da Lei 5.377 e “c” do art. 4º do Regulamento: 1) Elaborar, coordenar, implantar, supervisionar e avaliar: a) Planejamento estratégico da comunicação; b) Comunicação corporativa; c) Campanhas institucionais de informação, integração, conscientização e motivação dirigidas a público estratégico e à informação da opinião pública e em apoio à administração, recursos humanos, marketing, vendas e negócios em geral; (Disponível em URL: http://www.conferp.org.br. Acesso em 07/09/09).

Andrade (2003) cita em sua obra que o reconhecimento das funções de

Relações Públicas também foi fundamentado por pesquisas realizadas pela

Confederação Interamericana de Relações Públicas (CONFIARP) e foi avalizada por

todos os seus filiados. São funções básicas de Relações Públicas: assessoramento,

pesquisa, planejamento, execução (comunicação) e avaliação.

Um detalhamento das funções organizacionais de Relações Públicas

também é apontado por Kunsch (2003) em quatro macro funções: a primeira é a

função administrativa, que visa manter a interligação da comunicação, articulando as

informações entre setores, departamentos e outros. Na prática mostra que as

Relações Públicas buscam criar e certificar que as relações entre o público interno e

externo estejam claras, contando sempre com as características estratégicas e

políticas da profissão.

A segunda função citada é a função estratégica, que prioriza demonstrar

resultados diante dos planos estratégicos da organização. Neste contexto a

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organização já constrói e dá forma à sua imagem diante da sociedade, tendo como

provedor o trabalho do profissional de Relações Públicas.

A característica da função mediadora é intermediar as informações entre os

diversos públicos da organização. Esse profissional está habilitado a estudar as

melhores maneiras de transmitir as informações e identificar as peculiaridades do

público a ser alcançado. Outra característica desta função é a abertura do diálogo

com os públicos. Mais do que transmitir uma mensagem o profissional de Relações

Públicas deve incentivar a comunicação, no seu real sentido, o ato de trocar

informações, ideias e percepções.

No campo das relações de poder nas organizações, encontra-se a função

política. Nesta função específica, o profissional administra as relações de poder e

gerencia conflitos, estabelecendo negociações, estratégias de comunicação para a

solução de problemas. Segundo Simões, a função política da organização é a

“essência” da atividade de Relações Públicas, enquanto administrar a comunicação

é a aparência e administrar o conflito é a “circunstância”. (KUNSCH apud SIMÕES,

2003, p.111).

Dadas tais fundamentações sobre as funções do profissional de Relações

Públicas é notável que o profissional tem seu espaço reservado nas organizações, e

que por sua vez, tem o papel de gestor da comunicação, pois possui capacitação

para o gerenciamento destas ações, e também apresenta um posicionamento

estratégico na hierarquia das empresas.

Porém, para desempenhar o papel que lhe cabe, é preciso salientar que a

profissão de Relações Públicas é sempre um processo, conforme Fortes ressalta:

Para orientar a efetividade das ações de Relações Públicas, o processo integra-se ao desenvolvimento das funções básicas, quais sejam: pesquisa; assessoramento; coordenação; planejamento; execução; controle; avaliação. (FORTES, 2003, p. 47).

E complementa citando Andrade:

Essas funções básicas de Relações Públicas subdividem-se em outras funções específicas, concordes ao tipo de organização na qual estão sendo insertas e à característica do trabalho a ser empreendido. (FORTES apud ANDRADE, 2003, p.48).

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Por mais que tais funções e papéis tenham sido descritos ao longo deste

sub-capítulo, é importante observar que a cultura da organização e a realidade em

que ela está inserida é que determinam as funções do profissional de Relações

Públicas, mesmo que ele atue em um setor de Marketing, ele poderá exercer tais

funções. A ordem é adaptar-se à organização, para poder harmonizá-la com a

sociedade e seus demais públicos.

2.5 Relações Públicas e a Sociedade da Informação

A globalização trouxe consigo uma série de mudanças tecnológicas que

definitivamente revolucionaram as relações interpessoais. Quando o governo

brasileiro deu início aos investimentos massivos em tecnologias para poder trazer a

rede mundial de computadores ao país, deu-se início a uma fase de crescimento e

integração nacional e internacional. Modificou-se o ensino, os segmentos de

mercado, comércio de produtos, serviços públicos e privados, induzindo a sociedade

brasileira a acompanhar este ritmo, que incessantemente interliga as informações e

aperfeiçoa a democratização do seu acesso. (Jambeiro, 1998).

Para exemplificar a importância da comunicação neste contexto, Matos

defende que:

Há um provérbio milenar chinês que diz: Se não mostrares o que és, permitirá que pensem o que não és. Para fixar com exatidão a imagem de uma empresa ou instituição é necessário adequá-la aos novos tempos, caracterizados por uma sociedade cada vez mais crítica e engajada. (MATOS, 2004, p. 174).

A sociedade da informação apresenta diversas características onde é

possível observar a redução das distâncias, como os telefones, e-mails, softwares

de mensagens instantâneas via celular, vídeo conferências e inúmeros outros meios

de comunicação interpessoal.

Por outro lado, as pessoas se enclausuram em suas residências ou em

seus escritórios e preferem comunicar-se através destes diversos meios, ao invés de

encontrar amigos, ou até mesmo seus clientes. Estes são os vícios da comodidade,

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onde se destacam os indivíduos ou organizações que conseguem ter a percepção

de balancear os tipos de comunicação.

Através da ótica de Matos,

Hoje, no mundo globalizado da internet, percebemos nitidamente a carência de diálogo, entendimento e negociação entre capital e trabalho, governos e cidadãos, empresas e clientes, instituições de ensino e estudantes, miseráveis e ricos, políticos e eleitores, mídia e opinião pública, poderes constituídos e despossuídos em busca de direitos. Falta flexibilidade e abertura para o diálogo, para se estabelecer canais de comunicação em via de duas mãos. [...]. A comunicação tem a força e o poder de erguer e desfazer reputações pessoais, organizacionais e institucionais. A comunicação pode definir os destinos político, econômico e social de um país; a comunicação tem o poder de impor o medo e disseminar a paz. A comunicação pode motivar e desmotivar pessoas, grupos e até mesmo nações. (MATOS, 2004, p. 28-29).

Com isso pode-se confirmar as afirmações anteriormente citadas, de que a

comunicação tem o poder de unir ou afastar as pessoas, e em consequência, as

organizações de seus públicos.

Para Fortes “a sociedade do conhecimento e da informação privilegia a

inteligência humana e substitui a acumulação de capital físico da sociedade

industrial.” (2003, p.15). A facilidade ao acesso à informação também é uma

característica desta era digital, onde é simples e fácil o acesso ao consumo,

investimentos e transações comerciais com alguns cliques do mouse, ou então

alguns telefonemas.

A era da informação “é o período iniciado por volta da década de 1990, com

o irrompimento da tecnologia da informação, da globalização dos negócios e de

fortes mudanças que levaram à instabilidade e imprevisibilidade.” (CHIAVENATO,

2003, p. 629).

O desenvolvimento de tecnologias e novos produtos aceleraram o consumo

de itens de luxo e o consumidor que tem recursos e interesse nestas novidades se

apresenta como novo nicho de mercado. O ramo tecnológico é considerado o mais

promissor dos últimos anos pois, além do desenvolvimento, trouxe consigo novas

profissões e pesquisadores.

Tornou-se uma revolução, sob o ponto de vista de Kotler,

A era digital facilita o aparecimento de novos produtos e serviços. A tecnologia acelera o ritmo da inovação e da criação de novos produtos. A

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Internet facilita o aparecimento de novas marcas e as formas de capturar oportunidades de negócio. (KOTLER, 2004, p.24).

A comunicação tecnológica se insere como uma das mudanças mais

notáveis desta nova sociedade. O ato de comunicar deixou de ser algo instintivo e

imediato, para se tornar algo planejado e estratégico. O fator positivo de uma

comunicação bem aplicada também foi reconhecido neste novo período. Segundo

Neves (2000), o ato de comunicar é muito mais complexo do que aparenta. Apesar

de ser algo nato do ser humano, existem técnicas e segredos que aperfeiçoam seu

resultado.

E é justamente neste contexto que as Relações Públicas se introduzem,

pois têm como principal instrumento de trabalho a informação, apoderando-se de

técnicas e poder de persuasão para transmitir tais informações de forma assertiva. E

a imagem organizacional se eleva ao nível de estudo das Relações Públicas, pois é

nela que se refletem as ações que são realizadas em torno da comunicação, e a

resposta em torno desta imagem também reflete o sucesso dos programas de

comunicação propostos pelas Relações Públicas.

A era da informação é uma nova realidade onde a informação é mutável e

as relações interpessoais são distanciadas, exigindo das organizações estratégias

diferenciadas de comunicação, visando sempre o bom relacionamento com seus

públicos, através de uma comunicação gerenciada.

2.5.1 As Relações Públicas na internet

A velocidade da internet em transmitir informações e propor diálogos traz

uma nova realidade às ferramentas de Relações Públicas, por ser hoje um canal de

comunicação disponível à maior parte das pessoas, e também pelas infinitas

possibilidades de pesquisas que podem ser realizadas através dela.

Será aprofundado um pouco mais esse tema, diante da relevância sobre o

fenômeno internet:

O termo “Internet” surgiu com base na expressão inglesa “INTERaction or INTERconnection between computer NETworks”. Assim, Internet é a rede das redes, o conjunto das centenas de redes de computadores conectados em diversos países dos seis continentes. (PINHO, 2003, p. 19).

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A globalização da forma como se conhece hoje, resultou em uma aceleração

no processo de informatização, obrigando organizações a se equiparem, ou

estabelecerem novos paradigmas, caso contrário, como consequência ficariam para

trás no mercado e na preferência dos públicos. Em decorrência disso cria-se uma

mudança generalizada de comportamento nas pessoas e nas organizações. A

internet se torna necessária, e mais que isso, torna-se a principal fonte de

informações de um infinito grupo de pessoas.

O gráfico abaixo aponta o número de empresas que utilizam computadores

em rede, no Brasil, em 2008.

Representa as empresas que adotaram a informatização

Representa as empresas que não aderiram

Gráfico elaborado pela autora, baseado na tabela de proporção em % de empresas que

usam computadores. (Disponível em URL: http://www.cetic.br/empresas/2008/c-geral-01.htm. Acesso em 16/09/09).

O usuário da internet pode ser um simples visitante ou então um cliente em

potencial para a empresa. Mas, para que este visitante se torne um cliente, é

necessário fazer o bom e planejado uso desta ferramenta de trabalho e

comunicação. Os meios de comunicação tradicionais como jornal, televisão, rádio,

revistas e outros permanecem com os seus diferenciais e pontos positivos, enquanto

a internet veio para agregar, e não competir. Basta planejar de forma estratégica os

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meios que serão utilizados pela empresa para efetuar a comunicação interna ou

externa.

No ambiente organizacional, pode-se identificar duas importantes aplicações

da internet. Pinho exemplifica de forma detalhada ambas: as intranets e as

extranets.

Uma intranet é usada apenas no ambiente privativo das empresas. [...] as informações que transitam em uma rede intranet só são acessíveis à organização a que pertence o seu pessoal interno. Ela permite a comunicação entre seus empregados por meio de correio eletrônico e do acesso e consulta a informações técnicas e comerciais.

Já as extranets, na visão do autor, são direcionadas a um restrito público

externo às atividades da organização; pela definição:

A extranet é uma rede exclusiva de acesso dos parceiros de negócio da organização: fornecedores, revendedores, distribuidores e clientes. [...] uma extranet estende-se a públicos mais diretamente ligados com a empresa, que devem ser vistos pelo profissional de Relações Públicas como audiência valiosa. (PINHO, 2003, p. 24-26).

A internet tem a versatilidade de um meio de comunicação de massa e, ao

mesmo tempo, a assertividade de uma mídia de comunicação dirigida. Esta é uma

característica fundamental para que as Relações Públicas façam uso dos seus

benefícios. Tanto pela forma ágil de resposta ao estímulo da comunicação, quanto

pelo seu baixo custo de investimento, o acesso à internet é uma ação que parte do

público, é um gesto por parte do cliente e que deve ser receptivo por parte da

empresa. O que torna o contato tão interessante é o fato de que a empresa já sabe

da predisposição do cliente a comprar seus produtos ou serviços.

O número de usuários de computadores no Brasil supera países

desenvolvidos e com economia exemplar, como a França, segundo pesquisa do

Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI). (Disponível em URL:

http://www.cetic.br/hosts/index.htm. Acesso em 15/10/09). Por isso, não existem

obstáculos entre a empresa e os públicos, e a administração da comunicação se

torna mais abrangente com a internet, podendo até identificar novos públicos através

das conexões com outros países e/ou empresas. Os benefícios de utilizar a internet

como ferramenta de Relações Públicas são inúmeros e, quanto mais os anos

passam e a rede evolui, mais democrática e abrangente ela se torna.

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Por outro lado é também imprescindível que o comunicador não deixe de

lado os meios de comunicação tradicionais. Um dos principais motivos é que a

internet é mutável. As informações nela, muitas vezes, não são registradas e

formalizadas e caem no esquecimento do público. Uma carta de agradecimento, por

exemplo, a um funcionário que completou 25 anos de empresa de forma exemplar,

deve ser impressa em papel timbrado, com assinatura do presidente da organização

e entregue em uma cerimônia. É o mínimo que merece o funcionário. Com isso o

resultado será positivo e o impacto desta ação irá refletir nos familiares deste

colaborador, e em todos os outros trabalhadores da empresa, gerando uma imagem

positiva.

Esta adequação entre mídias e meios é necessária e da mesma forma que

os outros meios tradicionais ela deve ser planejada e estudada, seguindo a ideia de

que este novo meio de comunicação está presente para agregar, e não substituir

outros meios já consolidados. As Relações Públicas se inserem neste contexto

prezando pela comunicação, de forma ética e planejada. E visa sempre o melhor

aproveitamento deste novo canal de transmissão e recepção de informações, dentro

e fora das organizações.

Segundo Fortes, “na atualidade, despontam os cidadãos que se dedicam

aos meios virtuais de comunicação, o que abrirá possibilidades inéditas de

relacionamento, se a empresa revisar seus processos normais de distribuir

informações a seus públicos.” (FORTES, 2003, p. 242).

2.6 A Comunicação Integrada

No mercado de trabalho é possível observar que as profissões estão cada

vez mais segmentadas, onde as especialidades se tornam o foco dos estudantes.

Para se diferenciar, a especialização é o caminho para manter-se atualizado. Porém,

completar as competências adquiridas com a de outro profissional graduado também

é um grande passo para um trabalho bem sucedido. É o caso de médicos

especialistas que buscam pareceres de clínicos gerais, odontologistas, cirurgiões,

entre outros, para trocar experiências, definindo assim, o melhor diagnóstico aos

seus pacientes.

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No âmbito da comunicação é a mesma situação. Existe mercado e existem

necessidades a atender. Os profissionais de comunicação, das áreas de Relações

públicas, Jornalismo e Publicidade e Propaganda, possuem competências distintas,

o que permite a integração de habilidades para um trabalho completo. Essa união

acrescenta um grau de sucesso maior do que cada profissional trabalhando por

conta própria.

Diagrama dos compostos da comunicação integrada nas organizações. (KUNSCH, 2003, p.151).

A comunicação integrada não é apenas uma política de administração, ou

então uma proposta de trabalho em conjunto das três profissões, mas é uma

filosofia, segundo Kunsch (2003), que busca convergir às diversas áreas, permitindo

assim ações em sinergia. A autora acredita que a união entre a comunicação

institucional, mercadológica, interna e administrativa, forma um mix completo da

comunicação organizacional.

As Relações Públicas têm o papel de propor o planejamento da

comunicação e gerenciá-lo. O jornalista é especializado em trabalhar os fatos e

transformá-los em uma informação compreensível por todos, além de ser um

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formador de opinião, comprometido com a verdade. O publicitário vai trabalhar o

conceito das marcas e identidade visual da organização. Mas a comunicação

integrada abrange muito mais áreas de trabalho, do que apenas estas três

habilitações.

Com esta proposta é possível observar que obrigatoriamente as áreas de

comunicação organizacional se relacionam, e também é notável que as

competências e o perfil do profissional de Relações Públicas interagem com todas

as áreas. Através da figura anterior pode ser analisado, também, o dinamismo da

comunicação, que propõe o envolvimento de diversas áreas para completar seus

resultados e integrar as competências de maneira harmoniosa.

O exemplo disso é o que acontece na agência de comunicação integrada

Opus Múltipla4, com sede em SP e PR. A agência oferece serviços desde a criação

de campanhas publicitárias até a promoção de eventos. O foco principal da empresa

é a inovação, criatividade e integração. Possui clientes como a Prefeitura Municipal

de Curitiba, a montadora de automóveis Ford, o banco HSBC e o Shopping Iguatemi

Caxias desde 2007. E apresenta cases de sucesso, pregando a multidisplinaridade

dos profissionais de comunicação, principalmente dos profissionais de Relações

Públicas. (Disponível em URL: www.opusmultipla.com.br/clientes.aspx. Acesso em

16/09/09).

Para Marchesi:

“A comunicação tem de ser vista sob conceito de Comunicação Integrada, no qual profissionais multidisciplinares trabalham buscando um único objetivo: contribuir para a manutenção da boa imagem e solidificação da reputação da empresa. Cada um em sua especialidade, numa visão integrada dos públicos estratégicos da empresa.” (MARCHESI, 2005, p. 49).

Na formação da imagem organizacional é fundamental a sinergia de ações

entre os profissionais de comunicação. Os comunicadores devem compartilhar

experiências em prol da efetividade da comunicação nas empresas e o objetivo final

desse trabalho em conjunto tende a ser mais vantajoso para todas as partes. A

integração entre as competências é considerada um diferencial competitivo entre as

organizações.

Nesse capítulo foram apresentados os conceitos, paradigmas, funções e

responsabilidades das Relações Públicas. A relevância da profissão foi comprovada,

4 Mais informações sobre a agência Opus Múltipla em: www.opusmultipla.com.br.(N.A).

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pois é possível observar o seu lugar reservado dentro das organizações. O

tratamento aos relacionamentos e as diversas formas de transmitir uma informação

são de competência do profissional de Relações Públicas, assim como os planos de

comunicação, comprovando que a faceta mais importante da profissão é a sua

versatilidade e competências estratégicas. A sociedade da informação trouxe novas

necessidades e meios de comunicação tornando o trabalho deste profissional ainda

mais necessário. Conclui-se que as Relações Públicas são fundamentais para

consolidar a comunicação nas organizações, servindo como ponte entre

relacionamentos e como gestor da comunicação nas empresas, pois conseguem

conciliar as diferenças entre os públicos, aplicar planos de comunicação integrada e

contribuir para a formação da identidade organizacional, tema este que será

aprofundado no próximo capítulo desta monografia.

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IIIIIIIImmmmmmmmaaaaaaaaggggggggeeeeeeeemmmmmmmm

oooooooorrrrrrrrggggggggaaaaaaaannnnnnnniiiiiiiizzzzzzzzaaaaaaaacccccccciiiiiiiioooooooonnnnnnnnaaaaaaaallllllll

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3 IMAGEM ORGANIZACIONAL

Atualmente a sociedade é composta por uma infinidade de organizações,

que movimentam o mundo com produtos e serviços que transformam a vida das

pessoas em uma evolução constante. As organizações5 fazem parte do cotidiano,

não é mais possível imaginar uma realidade sem elas. Em função disso, criaram-se

conceitos para identificá-los como: organização, instituição, corporação, entre

outras, mas o conhecimento sobre as diferenças de significados é muito vaga. Um

dos objetivos desse capítulo é elucidar conceitualmente o significado de organização

e demais nomenclaturas associadas a ela.

Por outro lado, as características que compõem uma organização

determinam o seu sucesso. A ideia que o público cria em torno de uma organização

pode traduzir suas forças e fraquezas, impactando nos seus resultados. Mas será

que as organizações têm total condição de manter sua boa fama apenas

controlando suas características? A popularidade de uma organização é um indício

de que a imagem organizacional está sendo tratada?

Para verificar tais questionamentos será necessário apresentar os conceitos

de imagem e suas variações, e quais fatores contribuem para a formação da

imagem organizacional. Após isso, serão tratados conceitos e informações sobre a

identidade entre organizações e consumidores, com apoio de pesquisadores do

assunto, e o tema sendo tratado pelo viés das teorias do ambiente organizacional.

3.1 Conceitos de organização

Para compreender de forma mais clara o papel da comunicação e das

Relações Públicas na formação da imagem, os conceitos de organização devem ser

esclarecidos. Sabe-se que as organizações são grupos que se formam em torno de

objetivos comuns e com finalidades definidas pelos integrantes do grupo, mesmo

que os componentes não realizem atividades semelhantes. Geralmente, uma

organização é composta por indivíduos que possuem competências específicas para

5“Em todo o Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem mais de seis milhões de micro e pequenas empresas formais.” (Disponível em URL: http://www.parana-online.com.br/editoria/economia/news/401369. Acesso em 22/10/09).

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que cada integrante possa contribuir com suas especialidades. O termo

organização, pelo viés de Mattos pode ser definido como:

Organização significa um “órgão”, ou seja, um meio ou instrumento pelo qual um ato é executado ou um fim é alcançado. Por conseguinte, um conjunto de órgãos, funcionando para um fim determinado, forma um aparelho ou sistema. Quando esse conjunto funciona conjugado a outros conjuntos para um fim mais amplo, ele passa a constituir um subsistema desse sistema maior. E assim sucessivamente até infinito. (MATTOS apud KUNSCH, 2003, p.24).

Nessa definição, o autor não limita o termo a uma empresa ou uma

instituição, mas sim em uma entidade, seja ele um grupo ou uma pessoa. Realça a

atuação de pessoas efetivando ações para chegar a um objetivo. Outra percepção

sobre o conceito, como unidades, segundo Idalberto Chiavenato:

Organização como unidade ou entidade social, na qual as pessoas interagem entre si para alcançar objetivos específicos. Neste sentido, a palavra organização denota qualquer empreendimento humano moldado intencionalmente para atingir determinados objetivos. As empresas constituem um exemplo de organização social. (CHIAVENATO apud KUNSCH, 2003, p. 25).

Em sua obra, Chiavenato explica o universo das organizações como: “Uma

organização é uma entidade social composta de pessoas que trabalham juntas e

deliberadamente estruturada e organizada para atingir um objetivo comum.”

(CHIAVENATO, 2004, p. 08).

De qualquer forma, as definições de organização trazem basicamente a

ideia de uma entidade que promove e pratica ações para atingir um objetivo. Os

componentes desta organização deverão variar conforme a finalidade da mesma,

assim como os seus processos e produtos. De uma forma generalizada, as

organizações são constituídas por interesses individuais e com objetivos mútuos,

mas independente destes fatores, a comunicação estará presente em todas as

relações, pois é um campo fértil para troca de informações, compartilhamento de

experiências e emoções.

A definição etimológica do termo é apresentada por Mattos:

O termo organização procede do grego organon, que significa ‘órgão’. Daí compreender-se sua destinação essencial, ou seja, preocupar-se com os órgãos (empresas, instituições, ou entidades) criados pelos homens para

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desempenho de certas funções, com vistas a fins determinados (MATTOS apud KUNSCH, 2003, p. 24).

As organizações, conforme Mattos (in Kunsch, 2003), são grupos que

desempenham ações em prol de outros grupos. Quando a organização é posta em

pauta em artigos ou discussões, poucas vezes são abordadas as características

mecânicas que elas possuem. Segundo Gareth Morgan (1996), no início da

Revolução Industrial na Europa e na América do Norte, com a proliferação das

máquinas e equipamentos surgiu o conceito da organização mecanicista, pois tudo

se resumia em produtividade e lucratividade. Este fato é abordado por Morgan da

seguinte forma:

As organizações são fenômenos complexos e paradoxais que podem ser compreendidos de muitas maneiras diferentes. [...] frequentemente falamos sobre organizações como se elas fossem máquinas desenhadas para atingir fins e objetivos predeterminados que devessem funcionar tranquila e eficientemente. E, como resultado desse tipo de pensamento, frequentemente tentamos organizá-las e administrá-las de maneira mecanicista, impelindo, suas qualidades humanas para um papel secundário. (MORGAN apud KUNSCH, 2003, p. 31).

Isso ocorre porque desde a origem do termo organização, seu conceito está

vinculado a componentes mecânicos de produzir, estabelecer metas e resultados.

Em sua obra Imagens da Organização6, o autor também trata de vários outros

conceitos de organização, procurando exemplificar as características comparando

as organizações a organismos vivos7:

É possível pensar nas organizações como se fossem organismos. Dessa forma, as organizações são concebidas como sistemas vivos, que existem em um ambiente mais amplo do qual dependem em termos de satisfação das suas várias necessidades. (MORGAN, 1996, p. 43).

Diante disso, é possível identificar a complexidade das características que

compõem uma organização. Isto se deve ao fato de ser composta por pessoas. Para

Marlene Marchiori, “não há um simples conjunto de respostas para um fenômeno

social tão complexo quanto a organização [...].” (MARCHIORI, 2008, p. 75).

6 A obra de Morgan retrata todas as possíveis faces das organizações de uma forma detalhada e consistente em exemplos e apontamentos, sempre tratando do ambiente organizacional como um campo de estudo constante. (N.A). 7 Quando o autor usa este termo, descreve que organismos vivos se referem justamente à biologia, com seus componentes orgânicos e variáveis, desejos e necessidades. (N.A).

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Ainda sob essa ótica, Morgan (1996) salienta que mesmo diante de todas as

características positivas da imagem orgânica como flexibilidade, inovação, sua

facilidade em mudar e melhorar o seu desempenho na sociedade é possível verificar

um aspecto negativo, que transporta as organizações do ambiente natural e

biológico para a realidade da sociedade. Nessa transposição, as organizações são

constituídas de fatores tangíveis como produtos e serviços, e fatores intangíveis

como visões, ideias, crenças e culturas, tornando o ambiente instável, diferente da

realidade de uma esfera natural que se mostra real com as reações e ações

previstas. O autor (1996) utiliza diversas metáforas para retratar os tipos de

organização, que podem ser vistas como “cérebros”, “culturas”, “sistemas políticos”,

“prisões psíquicas”, “fluxos e transformação” e como “instrumentos de dominação”.

E, após a análise de todos estes tipos de organização, o pesquisador afirma que

uma organização pode ser o conjunto de todas estas características, corroborando

com Marchiori (2008), que defende que elas são complexas, ambíguas e

paradoxais.

Para diferenciar os termos “organização”, “instituição”, “corporação” existe

uma vasta fonte de pesquisa. Kunsch utilizou-se de algumas citações de autores

para conceituar os dois primeiros termos:

Organização é simplesmente um instrumento técnico, racional, utilizado para canalizar a energia humana na busca de objetivos prefixados, cuja sobrevivência depende exclusivamente da sua capacidade de atingir os resultados [...]. Instituição é um organismo vivo, produto de necessidades e pressões sociais, valorizada pelos seus membros e pelo ambiente, portadora de identidade própria, [...]. As pessoas constroem suas vidas em torno delas, identificam-se com elas e tornam-se dependentes delas. (SELZNICK apud PEREIRA apud KUNSCH, 2003, p. 33, grifo nosso).

Este posicionamento já se distingue dos conceitos apresentados por Morgan

(1996) que trata a organização de uma forma mais abrangente, em contrapartida

esta citação já traz uma visão mais restrita das organizações. Ao finalizar as análises

dos autores utilizados em sua obra, Kunsch conclui que “acredita-se que nem as

ciências sociais até hoje conseguiram elucidar definitivamente a questão”. (2003, p.

37).

Para dar continuidade à conceituação dos termos derivados das

organizações, as corporações também devem ser apresentadas. Sobre este tema

Fascioni explica:

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O termo corporação denota mais uma associação de interesses comuns do que propriamente uma estrutura formal de trabalho. É interessante notar a metáfora que originou a palavra – o corpo – que se movimenta e se estrutura em seus membros. Dessa maneira, qualquer comunidade de pessoas que obedeçam a algum tipo de regimento ou estatuto, pode ser considerada uma corporação. (FASCIONI, 2006, p. 157, grifo do autor).

A diferença principal entre os termos organização e corporação tratados por

Fascioni é que a corporação não possui obrigatoriamente objetivos ou metas a

serem alcançados como as organizações, e sim que façam parte de uma relação

com princípios semelhantes.

Outro posicionamento sobre o que constitui uma organização é trazido por

Antonio Cury (2007) utilizando-se dos conceitos de Philip Selznick:

A simples criação da estrutura formal não determinará a criação e a sobrevivência de uma organização. É indispensável que a organização tenha sido originada pelas necessidades da coletividade. Assim como as pessoas, as organizações têm um caráter próprio que as distingue das demais, isto é, elas desenvolvem uma identidade própria. Esse caráter desenvolve-se da mesma maneira pela qual evolui o caráter dos indivíduos. Quanto maior o número de interações pessoais, mais acentuado o caráter da organização. (SELZNICK apud CURY, 2007, p. 104).

As principais características das organizações foram explanadas e o que se

pode constatar é que cada uma possui peculiaridades, que são formadas pelos

fatores sócio-culturais dos integrantes desta organização, gerando a identidade com

a soma destes fatores. A personalidade da organização é tão complexa quanto à de

um indivíduo, e ainda mais inconstante por conta das diversas mudanças e

influências do ambiente, que sofrem ao longo de sua vida. Identidade e suas

consequências serão conceituadas ao longo deste capítulo. Porém nesse primeiro

momento a imagem organizacional será abordada, juntamente com foco em seu

gerenciamento.

3.2 Afinal, o que é imagem?

Salientam os autores da área que a primeira idéia que surge quando este

termo é utilizado remete-se ao espelho, aquilo que reflete o que se supõe ser a

imagem de uma pessoa ou de algum outro objeto. Este reflexo pode muitas vezes

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mostrar a realidade, ou uma imagem distorcida, planejadamente calculada para que

pareça diferente, como em um espelho côncavo ou convexo.

Imagem pode ser um conceito, ideia, opinião, figura ou representação sobre

algo ou alguém. Na verdade, são inúmeros termos que podem ser utilizados para

interpretar esta palavra, e por mais que não seja claro o seu significado, a imagem

faz parte no nosso vocabulário diário e corriqueiro. No âmbito organizacional a

imagem é vista como o resultado de uma série de atitudes e posicionamentos. A

autora Martine Joly (2002) apresentou a conceituação do filósofo grego Platão sobre

imagem: “chamo de imagens em primeiro lugar as sombras, depois os reflexos que

vemos nas águas ou na superfície de corpos opacos, polidos e brilhantes e todas as

representações do gênero.” (PLATÃO apud JOLY, 2002, p. 14). Nessa opinião já é

possível identificar que a imagem se trata da representação, do reflexo produzido

em relação a si mesmo. É aquilo que reflete o que está sendo apresentado e mostra

suas características.

A imagem se tornou um importante objeto de estudo, e podemos localizar o

uso desta expressão em todos os campos. A imagem pode ser um vídeo, uma

fotografia, e tantas outras coisas. As imagens podem ser lembranças, como quando

alguém conta um filme que assistiu: estas informações são processadas no cérebro

do receptor da informação, e se tornam imagens representativas dos fatos ocorridos

no cinema e no roteiro apresentado, podendo gerar até reações emotivas. Quando

realmente o receptor vai assistir ao mesmo filme, tem nítida impressão de já ter o

assistido, pois as imagens já foram criadas no seu imaginário.

Atualmente o cuidado com a imagem está dentro das famílias, no âmbito

docente, nos “campus” das universidades, nos relacionamentos amorosos, na vida

de pessoas públicas, dentro das empresas, nas rodas de amigos, no cuidado com a

saúde, entre outros. Todo e qualquer indivíduo preza pela própria imagem e esta

preocupação também se estende às empresas, organizações, produtos, marcas e

profissionais. Essa abrangência mais uma vez, dificulta o estudo da imagem. Para

Neves “apesar de toda badalação recente em torno da palavra imagem ainda não é

uma coisa bem entendida quanto ao que seja. Muito menos quanto aos seus

domínios. Tem-se, no geral, uma vaga compreensão sobre ela.” (NEVES, 2003, p.

17, grifo do autor).

Apesar da complexidade aparente do termo, Neves (2003) complementa que

imagem é fator essencial de competitividade. E competitividade é um termo que será

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visto ao longo desta pesquisa e está diretamente relacionado às organizações que,

de alguma forma, se mantém no mercado8 com ações que proporcionam

diferenciais. A imagem também está diretamente ligada à credibilidade, outro

conjunto de diversos fatores que resultam em um bom ou mau desempenho

mercadológico da empresa.

É fundamental recuperar conceitos sobre imagem, de renomados

estudiosos. Segundo Kotler, “imagem é a maneira como o público vê a empresa ou

seus produtos. A imagem é afetada por muitos fatores que a empresa não pode

controlar.” (KOTLER, 2000, p. 318).

Esta ótica é contrária à de Neves (2003), que defende que imagem é o

espelho da própria empresa, e mostra que a mesma é responsável pelos produtos e

serviços que presta aos consumidores, e pode controlá-los por meio de um eficaz

planejamento. Dessa forma os fatores que poderiam influenciar negativamente a

imagem estariam previstos no planejamento de comunicação.

A discussão acerca do controle sobre a imagem é significativa, Neves

considera fundamental o controle da imagem pela organização, mas não leva em

consideração que a imagem projetada depende muito da percepção dos públicos,

que pode ser afetada por fatores como cultura, vivências, nível social e tantas outras

variáveis que influenciam os públicos que estão relacionados.

Sob a análise de Torquato, “por imagem, deve-se entender aquilo que a

empresa deseja projetar.” (TORQUATO, 2002, p. 162). Esse parecer demonstra que

o autor corrobora com a opinião de Neves (2003), que defende que as organizações,

com planos bem definidos têm o controle sobre sua imagem, em todas as situações.

Essa questão de controle de imagem não é consenso, Rudimar Baldissera

define imagem como: “o modo como os públicos reconhecem, constroem ou

instituem uma organização, ou seja, é a ideia, a percepção que têm da organização.”

(BALDISSERA, 2002, p. 202).

Esse posicionamento conduz a um pensar em que a imagem é intangível,

pois faz parte da subjetividade, da imaginação dos públicos que, devido às suas

experiências pessoais, podem interpretar de muitas maneiras as atitudes

organizacionais.

8 Mercado é o conjunto de clientes, usuários, ou consumidores dos produtos/serviços de uma organização. (CHIAVENATO, 2004, p. 605).

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Para Joan Costa “a imagem de empresa é a representação mental, no

imaginário coletivo, de um conjunto de atributos e valores que funcionam como um

estereótipo e determinam a conduta e opinião desta coletividade.” (COSTA apud

KUNSCH, 2003, p. 171).

Por esta ótica, é possível analisar a imagem da empresa através do

comportamento dos públicos. As reações às atitudes organizacionais são detectadas

nos públicos e, para identificar estes impactos, será necessário que o profissional de

Relações Públicas utilize-se de ferramentas para coletar, analisar e tratar as

informações obtidas.

Outro posicionamento a respeito da imagem é trazido por Justo Villafañe

(1998), que reforça a ideia da imagem ser um termo polissêmico9, complexo e

polêmico.

O autor, refletindo essa complexidade, afirma:

A imagem como representação é a conceituação mais cotidiana que possuímos, e quem sabe, este fenômeno se resume a várias manifestações. Compromete outros âmbitos que vão mais além dos produtos e da comunicação visual; implica também outros processos como o pensamento, a percepção, a memória, em suma, a conduta. (VILLAFAÑE, 1998, p. 23)10

Mesmo após todos os pareceres apresentados é necessário que se faça um

estudo sobre a composição da imagem das organizações. As explanações dos

autores obtiveram sucesso em esclarecer as características intangíveis da imagem,

que mostra o motivo pelo qual é um assunto tão abrangente e complexo, pois as

percepções dos públicos são inconstantes e imprevisíveis. Para que se compreenda

o fator resultante da imagem organizacional é necessário tratar sobre identidade.

Suas definições incorporadas à imagem organizacional e suas diferenças serão

detalhados no próximo tópico.

3.2.1 E o que é identidade?

A abrangência dos termos identidade e imagem dificultam a sua

conceituação. Existe uma forte ligação entre os significados, quando se trata do

assunto no âmbito organizacional. A identidade, para Neves (2003) transparece a

9 Termo utilizado pelo autor. (VILLAFAÑE, 1998, p.23). 10 Tradução livre, pela autora.

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verdade da empresa. Já a imagem, segundo o mesmo autor não é obrigatoriamente

fiel a realidade e, em muitos casos, elas não tem nenhuma relação uma com a outra.

Kunsch neste momento de definições, afirma:

Imagem é o que passa na mente dos públicos, no seu imaginário, enquanto identidade é o que a organização é, faz e diz. [...] a identidade corporativa reflete e projeta a real personalidade da organização. É a manifestação tangível, o auto-retrato da organização ou a soma de seus atributos, sua comunicação, suas expressões, etc. (KUNSCH, 2003, p. 170).

Pela interpretação, as atitudes organizacionais constroem a imagem e

refletem as ações que são realizadas internamente. Kunsch (2003) trata da

identidade como sendo tangível, por ser a real face da organização.

Uma definição etimológica básica para identidade é que: “identidade vem de

idem, que significa “idêntico”, mas idêntico a si mesmo e não a outrem.” (COSTA

apud FASCIONI, 2006, p.158).

Dificilmente, a identidade que constrói a imagem, quando planejada, irá

transmitir informações antagônicas ao público, pois é a identidade que projeta as

imagens para o ambiente externo das organizações. Observa-se a prática: difícil é

imaginar que o Greenpeace11 seja uma organização que possui interesses

financeiros e planos voltados à lucratividade, que lança campanhas de preservação

ambiental apenas para elevar sua popularidade e arrecadar doações de forma

eficaz. Menos complexo seria imaginar essa organização como um grupo de

pessoas, com interesses deturpados, que tivessem como objetivo ter acesso livre

em todas as nações para poder exercer seu poder fiscalizador onde se encontram

recursos naturais.

As campanhas publicitárias, as passeatas, os movimentos de protesto, as

reuniões com conselhos internacionais, as notícias, a participação em eventos de

conscientização ambiental, entre tantas outras ações realizadas pelos ativistas

filiados ao Greenpaece acabam por corroborar com as provas sobre a idoneidade de

suas propostas, pois a ideologia da preservação já está enraizada em seus

princípios.

11 O Greenpeace é uma organização não governamental que surgiu de um protesto contra testes nucleares dos EUA no Alasca, em 1971. E aborda temas globais, tratando de problemas que envolvem o meio ambiente do planeta todo. (Disponível em URL: http://www.greenpeace.org/brasil/tire-suas-duvidas/institucional#1. Acesso em 28/09/09).

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Falsas ideologias são identificadas pelos públicos, tanto na coletividade,

como na personalidade de um indivíduo. Se ele é honesto e acredita neste princípio,

dificilmente quebra tal virtude com uma trapaça e, possivelmente, sua fama diante

das pessoas que o cercam é de uma pessoa íntegra e confiável.

Distorções de identidade não devem ocorrer se não houver dissonância nas

relações da empresa com seus públicos, pois serão ligeiramente descartadas por

eles. Dessa forma pode-se afirmar que a imagem pode ser controlada, com base no

tratamento que é dado às questões de identidade da organização.

Villafañe (1998) propõe que a identidade, por mais que seja constituída

pelas características da organização, também pode ser trabalhada, para torná-la

melhor. Este trabalho a ser realizado para a melhoria da identidade tem como

objetivo à formação de uma imagem positiva.

Identidade + Trabalho corporativo Imagem

Esquema que resume a composição da imagem organizacional. (VILLAFAÑE, 1998, p. 26)12

O autor explica que o termo trabalho corporativo13 não tem o interesse de

expressar algum tipo de gerenciamento, porém ele contempla todas as possíveis

ações que podem ser realizadas em torno da identidade da organização.

E é essa preocupação com a personalidade da organização, que apresenta

Capriotti, em busca de uma conceituação básica, porém fundamental:

Entende-se por identidade corporativa a personalidade da organização. Essa personalidade é consequência de sua história, de sua ética e de sua filosofia de trabalho, mas é também formada pelos comportamentos cotidianos e as normas estabelecidas pela direção. (CAPRIOTTI apud FASCIONI, 2006, p. 159-160).

Costa define identidade organizacional alinhada à termos genéticos: “a

identidade é o DNA da empresa. Por isso, e não por outra causa, toda empresa é

uma, única, diferente e irrepetível. Este é um potencial inscrito nos cromossomas da

organização.” (COSTA apud FASCIONI 2006, p. 161)

A partir desta análise é possível afirmar que se a própria empresa não

conhece a sua essência, dificilmente irá conhecer a sua capacidade. As

12 Tradução livre, pela autora. 13 Termo utilizado pelo autor.

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organizações apresentam sua identidade aos públicos através de um conjunto de

fatores, são eles:

1. Comportamento – que é meio mais importante e efetivo, a partir do qual a identidade corporativa é criada, pois os públicos julgam as organizações por seus atos. 2. Comunicação – como instrumento mais flexível e com uso dos mais diferentes signos; 3. Simbolismo – que compreende todos os elementos visuais: nomes, logos, fotos de passagem, a marca, enfim, todos os meios possíveis, capazes de expressar a personalidade da organização; 4. Personalidade – seria a manifestação da autopercepção. Esta engloba as intenções da organização e a maneira pela qual reage a estímulos vindos do ambiente externo. A comunicação, o comportamento e o simbolismo de uma organização são, de fato, formar concretas pelas quais a sua personalidade se cristaliza. (RIEL apud KUNSCH, 2003, p. 172).

Todos os componentes da identidade organizacional são relacionados

principalmente ao histórico da empresa, e aos gestores, pois a liderança acaba por

nortear as atitudes das pessoas que fazem parte da organização, pode-se analisar

isso quando o comportamento corporativo é citado como um fator componente de

identidade organizacional.

Por outras palavras, Fascioni (2006) elenca quatro elementos componentes

da identidade organizacional:

Comportamento corporativo: as atuações da empresa do ponto de vista funcional. [...] Cultura corporativa: é um conjunto de valores e princípios compartilhados pela maioria dos membros da corporação. [...] Identidade visual: é o conjunto de signos que traduzem graficamente a essência corporativa. [...] Comunicação corporativa: é o conjunto de formas de expressão que apresentam a organização. [...] (MINGUEZ apud FASCIONI, 2006, p. 160, grifo nosso).

Esse novo objeto de Relações Públicas exige um foco diferenciado de

trabalho, pois abrange, inicialmente, o público interno. É aconselhável efetuar ações

em conjunto com os responsáveis pela gestão da empresa, para poder iniciar o

diagnóstico da organização. Este diagnóstico é o primeiro passo para iniciar o

processo de estruturação da identidade.

Corrobora com este pensamento, Fascioni, que diz: “a definição da

identidade corporativa da empresa é o primeiro passo para pensar sua gestão. É

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esse o momento em que o corpo executivo deve refletir, para definir claramente a

personalidade da corporação e seus objetivos.” (FASCIONI, 2006, p. 156).

E acrescenta:

A expressão identidade corporativa é, muitas vezes, confundida com identidade visual e mesmo com o conceito de marca corporativa. Há várias empresas oferecendo serviços relativos à identidade corporativa que, na verdade, são especializadas em criação e aplicação de marcas gráficas. (FASCIONI, 2006, p. 158-159).

A identidade organizacional, nesse contexto de pesquisa, se refere às

características da empresa e todos os seus aspectos intrínsecos, internos e

externos. Os ajustes de identidade e imagem em uma organização geralmente

supõem uma mudança de cultura da empresa, aprofundando ainda mais as

melhorias nos processos e nos relacionamentos.

Um questionamento que se pode fazer acerca do gerenciamento de

identidade é sobre a indução de uma imagem organizacional planejada. Villafañe

aponta este questionamento em sua obra: “se pode intervir sobre a identidade para

provocar uma imagem desejada?” (VILLAFAÑE, 1998, p. 27) 14

Levando em conta que a identidade traduz a personalidade da empresa, e

que a personalidade de uma organização é formada pela diversidade de pessoas

que a compõe, seus princípios, objetivos e valores, que são fatores mutáveis e que

podem ser “melhorados”, então pode-se afirmar que a imagem pode ser

intencional15.

A relação entre identidade e imagem intencional. (VILLAFAÑE, 1998, p. 28) 16.

14 Tradução livre, pela autora.

15 Termo utilizado pelo autor. (VILLAFAÑE, 1998, p. 27). 16 Tradução livre, pela autora.

Identidade Imagem intencional

Trabalho Corporativo

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Complementando esta teoria Villafañe17 cita:

Se pode, em suma, induzir essa Imagem intencional para que expresse de forma tangível a personalidade corporativa – zona visível da identidade da empresa aonde é possível a intervenção comunicativa – que supõe um trabalho de otimização da dita identidade, da mesma forma que o trabalho receptivo se manifesta em um exemplo de uma circunferência, com efeitos evidentes no resultado, fechando esta circunferência [...]. (VILLAFAÑE, 1998, p. 27).

Por esse viés é possível afirmar que a gestão da identidade organizacional

irá impactar de forma positiva na imagem da empresa e, de forma planejada,

permitirá um controle maior dessas características. O tratamento da identidade

organizacional perpassa em todas as áreas, principalmente a área de Marketing.

Segundo a análise de Schimitt e Simonson, existem direcionadores de

gerenciamento de identidade, ou seja, em quais situações é necessário se repensar

na identidade corporativa.

Propósitos para o gerenciamento de identidade. (SCHIMITT; SIMONSON, 1998, p. 48).

Na prática, em condições normais ou não a organização deve sempre estar

atenta à questão de identidade e imagem. Os profissionais de Relações Públicas,

cientes do processo que ocorre entre identidade e imagem, devem estar

permanentemente alertas. Para os autores:

17 Tradução livre, pela autora.

Gerenciamento de identidade

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Identidades criam uma imagem corporativa e de marca. Mas existem, é claro, muitas atividades de marketing além da identidade corporativa ou de marca que contribuem para a imagem. Incluem, patrocínios, relações públicas, gerenciamento de crise e publicidade de defesa [...]. (SCHIMITT; SIMONSON, 1998, p. 48).

Identidade, imagem e seus estudos podem e devem ser atribuídos às

Relações Públicas, por envolver públicos e relacionamentos, e não ser somente uma

exclusividade de marketing, que tem como foco a área mercadológica. Estas áreas

convergem em prol de uma boa visibilidade organizacional.

No momento conclui-se que imagem é o reflexo da identidade

organizacional, onde todas as suas características sejam elas positivas ou negativas

são exteriorizadas. E um dos principais benefícios que ela pode trazer a uma

organização além da credibilidade e da competitividade, é a preferência dos

públicos. Confirma-se que, a popularidade de uma organização geralmente se dá

em torno de sua imagem positiva. Neves defende que “imagem é um vasto mundo,

cujo potencial está à espera de bons exploradores. Pessoas e empresas podem

beneficiar-se muito deste potencial.” (NEVES, 2003, p. 17).

Pela importância, a seguir serão atentamente analisados os principais

fatores que atribuem competitividade e credibilidade às organizações por meio da

imagem organizacional.

3.3 Imagem como fator competitivo

A competitividade atualmente é um fator de riscos e oportunidades para as

organizações. Literalmente, competitividade é uma expressão derivada da palavra

competir, que significa concorrer com alguém com a mesma pretensão. Esta

descrição já explica que ser competitivo no mercado atual é questão de perpetuação

do negócio, a não ser que a organização esteja inserida em um regime monopolista.

O conceito-chave de competitividade, para Idalberto Chiavenato é:

“competitividade é a capacidade que uma organização desenvolve para competir e

obter vantagens competitivas em sua indústria.” (CHIAVENATO, 2004, p. 122).

Após a análise de diversas obras que tratam de imagem organizacional é

possível identificar posicionamentos que contribuem para uma imagem competitiva.

Alguns exemplos serão detalhados a seguir.

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A transparência passou de um simples adjetivo para tornar-se uma virtude

no âmbito organizacional. A clareza de comunicação interna reflete na visibilidade

externa da empresa. Em tempos de crise este fator contribui para que a sociedade

se sensibilize diante dos problemas da organização, os públicos sentem-se

participantes do processo. Assim, como publicar seu planejamento geral do ano em

um canal de comunicação de massa, que propõe um maior envolvimento do público

com a empresa. Estas atitudes causam a imagem transparente da organização.

(grifo da autora)

Vale ressaltar que as informações devem ser controladas e planejadas, pois

o consumidor não precisa receber “enxurradas” de informações da organização e

acabar não assimilando nada. Esta ação não pode ser poluída para não afetar a

credibilidade da organização. Torquato (2002) afirma que ultimamente a palavra

transparência tem sido usada como paradigma de valores, que sedimentam a

credibilidade das organizações. E complementa que “torna-se imperativo, o

planejamento de ações voltadas para a preservação dos valores que as

organizações consideram fundamentais para sua sobrevivência equilibrada.”

(TORQUATO, 2002, p. 253-254).

Como prova da importância de um posicionamento transparente por parte

das organizações, em artigo, Andréa Clara Freire Batista destaca a importância

desta atitude organizacional:

A sobrevivência das empresas depende da adoção de uma atitude transparente diante dos públicos, sejam eles internos e/ou externos. Reconhecer a importância que os aspectos intangíveis vêm assumindo permite às organizações não só prever os problemas, mas corrigi-los antes que eles interfiram, estabelecendo um clima previsível e favorável. (Disponível em URL: http://www.comtexto.com.br/2convicomartigoAndreaClaraFreireBatista.htm. Acesso em 23/10/09).

A atitude engajada das organizações é também fortemente observada pelos

seus públicos e stakeholders. A preocupação com o meio ambiente já é difundida

mundialmente, e gera constantemente mobilizações sociais em prol desta defesa. O

posicionamento sócio-ambiental de uma empresa é incentivado pelos governos e

sindicatos, impulsionando para que se faça presente em projetos, eventos,

propagandas e movimentos e possa divulgar estas participações de maneira

despretensiosa para a sociedade, proporcionando uma imagem socioambiental para

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a organização (grifo da autora). O cuidado com o meio ambiente e com a sociedade

é uma preocupação que pode ser inserida na missão da empresa e dentro do seu

planejamento estratégico, para que assim possa transmitir visibilidade para seus

clientes.

Exemplo dessa preocupação é a empresa multinacional Coca-Cola que,

mesmo com uma imagem consolidada, ela mantém a preocupação constante de

incrementar ações de conscientização. Em artigo postado na internet, Tiago Terra

traz o posicionamento de Marco Simões, diretor de Comunicação e Sustentabilidade

da Coca-Cola Brasil. Segundo ele:

A filosofia da marca Coca-Cola tem a sustentabilidade como ferramenta para agregar valor. [...] Sustentabilidade não é filantropia. É preciso ter a visão de cima para baixo, ou seja, do presidente ao operário e estar refletida no dia-a-dia dos colaboradores. (Disponível em URL: http:// www.mundodomarketing.com.br/8,9334,coca-cola-brasil-comprova-posicionamento-sustentavel.htm. Acesso em 23/09/09).

Como resultado destas novas diretrizes da companhia foram criadas

diversas campanhas de preservação ambiental e sustentabilidade. É evidente que

existe o trabalho conjunto de todas as áreas de comunicação da multinacional, e

com base nas informações do artigo, Marco Simões gerencia um setor de

comunicação voltado para as questões de sustentabilidade, com profissionais

especializados em pesquisa, para que sejam identificados os projetos que podem

ser implementados nesta área.

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Campanha publicitária da Coca-Cola, ilustrando a participação da multinacional em projetos de sustentabilidade. (Disponível em URL: http:// www.mundodomarketing.com.br /8,9334,coca-cola-brasil-comprova-posicionamento-sustentavel.htm. Acesso em 23/09/09).

Além dos projetos de sustentabilidade a Coca-Cola Brasil18 fundou em 1999

o Instituto Coca-Cola Brasil, que tem como objetivo contribuir para a queda da

evasão escolar no país, entre outros projetos como Valorização do Jovem, Reciclou,

Ganhou e Águas das Florestas Tropicais também são gerenciados pela empresa.

Esse é um exemplo de como é possível uma multinacional firmar um posicionamento

responsável no país em que uma de suas sucursais está sediada.

O cuidado com a imagem não é exclusivo de grandes conglomerados.

Pequenas e médias empresas que buscam consolidar-se no mercado, também

devem se preocupar, pois a globalização trouxe competitividade a todos os

segmentos, exigindo cada vez mais investimento dos administradores em novos

18 Para conferir estes e outros projetos da Coca-Cola, além de releases e lançamentos de produtos, acesse o site da empresa: www.cocacolabrasil.com.br (N.A).

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produtos e serviços e criatividade e inovação dos comunicadores, para cativar os

públicos, incentivar o consumo e dar um status de credibilidade às organizações.

Referente às ações de responsabilidade social19, Gaudêncio Torquato se

posiciona:

Recomendamos os esforços em campanhas de defesa do meio ambiente, que certamente revigorariam a identidade da empresa como força útil e vital da sociedade. Uma forma que tem sido adotada, no Brasil, com êxito é o patrocínio de eventos e atividades culturais: recuperação de cidades e monumentos históricos, apoio a pesquisas e a instituições de reconhecido valor e qualidade [...]. (TORQUATO, 2002, p. 228).

O autor reforça a importância de uma imagem sócio-ambiental bem

trabalhada e as Relações Públicas têm o conhecimento teórico e técnico para trazer

esta nova cultura às empresas. Apenas é necessário cercar-se de todas as questões

legais envolvidas para evitar equívocos, podendo criar parcerias com recicladores,

programas de plantação de mudas de árvores nativas, adoção de um estudante para

profissionalização entre outras muitas opções.

Este outro exemplo de imagem competitiva está diretamente ligado ao

conceito de cidadania, destacando o país em que a organização foi fundada. Hoje os

consumidores estão quebrando o paradigma de que tudo o que é importado é de

qualidade; mas com a expansão do mercado chinês20 e a falta de fiscalização21

diante da qualidade dos produtos fez abrirem portas para o mercado interno. Ações

de cidadania trazem a idéia de orgulho e imagem patriota para as empresas (grifo da

autora), para prestigiar o país e para manter a própria economia aquecida.

Pode-se observar esta cultura na refinaria de petróleo brasileira Petrobrás.

Apesar de também possuir uma esfera negativa de características, como o

19 “Responsabilidade social empresarial é a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais que impulsionem o desenvolvimento sustentável da sociedade [...].” (Disponível em URL: http://www1.ethos.org.br/EthosWeb/pt/29/ o_que_e_rse/o_que_e_rse.aspx. Acesso em 24/10/09). 20 Segundo Tang, “a China atual é o destino favorito dos investidores mundiais. O mercado chinês conseguiu atrair perto de um US$ 1 trilhão em volume de investimentos diretos estrangeiros nestas últimas duas décadas. Somente em 2004 foram contratados cerca de US$ 60 bilhões desses investimentos.” (Disponível em URL: http://www.ccibc.com.br/ pg_dinamica/bin/pg_dinamica.php?id_pag=2045. Acesso em 05/10/09). 21 Para Codas: “Apesar dos argumentos, uma pesquisa da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex) revela que essa "invasão chinesa" ainda é bastante modesta no Brasil. De acordo com o levantamento, apenas 2,2% do que os brasileiros consomem produtos que são fabricados na China.” (Disponível em URL: http://virgula.uol.com.br/ ver/noticia/economes/2009/07/27/213423-consumo-de-produtos-chineses-ainda-e-modesto-no-brasil. Acesso em 18/10/09)

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monopólio, a agressão ambiental e a extração desenfreada de recursos naturais, a

empresa procura “amenizar” tais danos e propõe uma série de projetos sócio

ambientais, além de elevar o status do Brasil no âmbito internacional, por conta da

tecnologia de ponta e por ser exemplo em pesquisas no campo da extração e

refinaria de petróleo, e também cria a oportunidade de dar destaque à sua

nacionalidade22, pode-se observar isto no próprio logotipo utilizado na marca da

empresa.

A exemplo, no site da Petrobrás está disposto o seu planejamento

estratégico, e o plano de negócios de 2009 a 2013, com uma previsão sobre os

investimentos dos próximos anos. Além da estratégia cidadã, a empresa já

demonstra transparência em suas ações. Os valores que norteiam as decisões da

refinaria também estão dispostos em destaque.

22 A Petrobrás é uma empresa brasileira, e presta serviços internacionais. Em seu logotipo usa as cores da bandeira nacional, além da sigla abreviatória do Brasil (BR). (N.A).

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Esfera dos valores da empresa brasileira Petrobrás. (Disponível em URL: http://www.petrobras.com.br/pt/quem-somos/estrategia-corporativa/. Acesso em 24/10/09).

Por isso a importância do posicionamento da organização diante destas

mudanças ou readequações culturais. O profissional de Relações Públicas deve

diagnosticar estas novas características e trazê-las aos olhos dos públicos. Neves

(2003) conclui que, “imagem não basta ser boa, tem que ser competitiva.” E

complementa:

Imagem competitiva é aquela que: 1. Gera negócios: conquista clientes, acionistas, parceiros, fornecedores, etc.; 2. Atrai, mantém e motiva os melhores profissionais; Consegue a boa vontade de certos públicos: abre portas, dá credibilidade a entidade, etc. (NEVES, 2003, p. 64).

Assim, a competitividade se confirma como resultado de uma identidade

clara e concreta resultando em uma imagem forte, proporcionando à organização

chances de chegar a bons níveis de preferência de seus públicos e ainda tornar-se

referência de mercado e agregar valor em seus produtos e serviços.

3.4 Identidade entre organização e consumidor

Os fatores que contribuem para que alguém se identifique com algo são

inúmeros, e o que se busca através desta conceituação é situar a identidade

organizacional no plano de prioridades de uma empresa. Kotler apresenta a seguinte

síntese: “a identidade está relacionada com a maneira como uma empresa visa

identificar e posicionar a si mesma ou seus produtos.” (KOTLER, 2000, p. 318).

A relação da organização para seus consumidores está basicamente

interligada pelos produtos e serviços que presta. A identidade organizacional abriu

espaço para que os consumidores se tornem ligados às empresas, não

necessariamente por conta dos serviços, mas sim porque estão de acordo com as

políticas da empresa, ou identificam-se com o público-alvo, ou até mesmo por status

social.

Desta forma pode-se afirmar a ligação entre os termos organização,

imagem, identidade e consumidor, Karsaklian conceitua imagem:

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Chamamos de imagem o conjunto das percepções que um consumidor tem de um produto, uma empresa, uma pessoa ou uma idéia. Estruturalmente, a imagem toma a forma de constelação de associações entre o estímulo e um número variável de atributos discriminatórios [...]. (KARSAKLIAN, 2000, p. 181).

A partir do momento em que as organizações passam a incluir estratégias

voltadas para a pesquisa de identidade com os consumidores, terão efetivamente

mais economia em investimentos de comunicação, pois desta forma as campanhas

se tornam direcionadas. O consumidor é motivado por necessidades e desejos e a

organização deve ter a visão de encaixar seus produtos e serviços dentro destas

prioridades de consumo para usufruírem então, da preferência de seus públicos de

forma visível.

Portanto, a identidade se torna o fator decisivo na busca de uma imagem

organizacional bem sucedida.

Entende-se por identidade a soma das características físicas fundamentais do produto, da amálgama de ingredientes que formam a personalidade e a sua composição manufaturada. [...] a identidade se refere ao plano dos conteúdos lógicos, concretos, apreendidos pelo nível do consciente. [...]. (TORQUATO, 2002. p. 104).

E para que isso ocorra, aconselha o autor:

A construção de uma identidade há de levar em consideração valores e critérios, tais como o foco, a essência; a capacidade de permanência; a singularidade; que preserva a especificidade e a unicidade, que garante a coerência. “Ou seja, a identidade é o conceito-mor que define os limites, os contornos e as possibilidades do posicionamento da marca.” (TORQUATO, 2002. p. 104).

O fato de a identidade refletir na imagem da empresa é afirmado por

Torquato (2002), que ressalta a grande responsabilidade de gerar um plano anual de

imagem, pois ela é tão importante quanto o planejamento mercadológico, podendo

gerar mais satisfação com o cliente e elevar os faturamentos.

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As diferenças entre identidade e imagem. (TORQUATO, 2002, p.105).

Portanto, a distância ou a aproximação entre identidade e imagem deve ser

ponto de análise e vigília constante por parte da organização. A visibilidade que o

consumidor tem da empresa impacta de todas as formas nos resultados da mesma.

E a competitividade é ameaçada caso algo não esteja dentro dos planos realizados.

O gerenciamento da visibilidade da organização pode ser realizado através

de um planejamento de ações. É necessário primeiramente identificar todos os

componentes da identidade institucional que são abordados por Neves (2000).

Devido ao detalhamento que o autor dedicou a estes tópicos é importante que sejam

todos abordados:

1. História da empresa: o conjunto de valores, princípios e comportamentos

servem como um “raio X” da cultura da empresa, que é onde mostra sua

evolução e desenha o futuro;

2. Seus produtos e serviços: Os produtos são um reflexo da empresa, se têm

qualidade, transmitem a qualidade interna da empresa. E vice-versa. Se

transmitirem inovação e criatividade, a empresa acaba por incorporar

também estas características;

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3. Perfil dos clientes: Os tipos de clientes influenciam diretamente na

visibilidade da empresa, se possuem um público elitista, a empresa será

associada à alta sociedade. E da mesma forma caso o público seja de baixa

renda, remeterá produtos de baixa qualidade;

4. Comportamento dos seus dirigentes: Neste quesito se aplica a força do

exemplo. O comportamento da diretoria de uma organização reflete

diretamente no público interno. Se ele for carismático, terá uma empresa

carismática, pois seus colaboradores serão, em sua maioria, carismáticos.

5. Atitude dos empregados: É no atendimento que se pode observar a

identidade de uma empresa. Se for cordial, com diálogo e presteza, já é

possível afirmar que o clima organizacional é bom, e que as políticas

internas estão voltadas para o cliente.

6. A publicidade: As campanhas publicitárias devem traduzir a imagem

empresarial. Mesmo que estas sejam exemplos de criatividade e inovação,

podem causar danos à imagem, se não demonstrarem a receptividade

esperada, causando rejeição e muito dinheiro perdido em campanhas de

reestruturação.

7. Parcerias: Os contratos com empresas que prestam serviços e produtos que

possam complementar o portfólio da organização são saudáveis, desde que

estas organizações compartilhem de princípios morais semelhantes.

8. Programação visual: Todos os elementos visuais transmitem mensagens

diretas e subliminares ao público. Por isso estas criações devem ser

produzidas por especialistas e se possível com o aval de clientes internos.

9. Relacionamento com públicos: O bom relacionamento com os públicos é

obvio, mas neste tópico é possível observar a inserção dos stakeholders que

eventualmente não estão habituados à linguagem da organização, e

merecem atenção redobrada, pois neste grupo é constante a presença de

formadores de opinião, que são fundamentais para a divulgação positiva da

empresa.

10. Arquitetura dos prédios: Este fator transmite de uma forma tangível a cultura

da empresa, e sua identidade. Ambientes discretos, bem distribuídos e com

um toque de requinte, transmitem credibilidade. É uma forma pouco

dispendiosa de mostrar o “rosto” da empresa.

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11. Segurança: é necessário prestar uma atenção especial neste fator. Quanto

mais exagero e ostentação da segurança, maior as chances que aconteça

algo desagradável. Utilizar dos recursos de uma forma saudável e discreta é

essencial para uma organização que quer preservar seu patrimônio.

12. Patrocínios: é fundamental que o patrocinado pela empresa esteja dentro da

sua esfera de públicos. Caso contrário, será um desperdício de recursos

sem fundamento. Por exemplo, uma gravadora de músicas Gospel23

patrocinar um show de Funk24 no Rio de Janeiro. É dissonante. A identidade

fica distorcida e fere sua imagem diante do público.

13. Eventos: Adota a mesma observação citada no exemplo acima, deve estar

dentro do contexto da organização, e ser de interesse do seu público. Não

pecar pelos exageros e modismos.

14. Brindes: Estes presentes devem combinar três elementos: qualidade,

identidade e utilidade. Deve-se observar que os brindes devem ter estas

características adequadas ao seu público. É preciso evitar constrangimentos

e investimentos desnecessários.

15. Posicionamento nas questões públicas: O posicionamento neutro da

organização é colocado a prova quando ocorre um fato negativo ligado à

imagem pública da empresa. Manter as relações de confiança e prezar pelo

envio seguro e revisado das informações é fundamental.

16. Posicionamento nas crises: O reforço nos princípios morais e a história da

empresa dão o apoio inicial para a superação de crises. E estas crises

geralmente carregam consigo uma exposição excessiva da organização,

trazendo à tona dificuldades que ainda não foram trabalhadas.

17. Qualidade em geral: A organização deve prezar pela qualidade. A qualidade

se encontra nos processos, nas pessoas, nos produtos, na cúpula diretora,

entre muitos outros. A busca pela qualidade deve ser constante e

gerenciada.

Neves (2000) complementa que todos estes elementos são recebidos pelas

pessoas como imagens, e se estas estiverem em harmonia com o contexto da

23 Gospel é um estilo musical religioso que ganhou força entre os membros de igrejas protestantes nos EUA. (Disponível em http://noticias.gospelmais.com.br/musica-gospel-e-o-segundo-estilo-mais-vendido-no-mercado-musical-brasileiro.html. Acessado em 29/09/09). 24 Funk ou funk carioca diferente do norte-americano, é um tipo de música eletrônica originado nas favelas do Rio de Janeiro. (Disponível em URL: http://nacao-hiphop.blogspot.com/2009/ 08/funk-carioca.html. Acesso em 29/09/09).

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organização, a informação é absorvida, e a imagem é reforçada positivamente. Caso

contrário, causa conflito e gera incompatibilidade de discursos.

Dentro deste universo é possível identificar muitas mensagens transmitidas

por pequenas ações, e por isso é tão frisado que a identidade deve ser controlada

por profissionais de comunicação, em especial o profissional de Relações Públicas,

pois este tem o conhecimento dos reflexos que elas poderão causar no contexto das

organizações.

Este capítulo trouxe conceituações e esclarecimentos a respeito das

organizações, imagem e identidade organizacional. Pode-se observar diversas

análises de estudiosos sobre o assunto e as suas interligações com a comunicação.

O papel das Relações Públicas foi diversas vezes citado como fundamental neste

processo, pois facilita a troca de informações dentro e fora da empresa, percebendo,

de forma imparcial, os pontos fortes e fracos da identidade da organização. Foram

também tratados os detalhes de identidade que resultam na imagem da organização

e os esclarecimentos que diferenciam a identidade gráfica da identidade

organizacional, apresentando uma nova ótica aos administradores, salientando a

real importância de uma identidade clara e verdadeira. Conclui-se que a imagem

organizacional é de fundamental importância para o sucesso das empresas, pois é

nela em que a realidade da empresa é refletida. Diante destas informações a

organização passa a conhecer e gerenciar a própria identidade e poder identificar a

imagem que seus públicos têm da organização e isso é um diferencial competitivo e

possibilita o crescimento e perpetuação do negócio da empresa.

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AAAAAAAAssssssss RRRRRRRReeeeeeeellllllllaaaaaaaaççççççççõõõõõõõõeeeeeeeessssssss PPPPPPPPúúúúúúúúbbbbbbbblllllllliiiiiiiiccccccccaaaaaaaassssssss

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4 AS RELAÇÕES PÚBLICAS CONSOLIDANDO O VÍNCULO ENTRE PÚBLICOS E ORGANIZAÇÃO

As relações entre organização e públicos são complexas, pois possuem

inúmeras variáveis e probabilidades. Em contrapartida se pode afirmar que algumas

ferramentas e ações possibilitam o estudo das expectativas dos públicos que

cercam uma organização, aumentando significativamente as chances de ter uma

boa imagem institucional por parte da empresa. O Planejamento de Relações

Públicas é um destes meios, e será aprofundado ao longo deste capítulo.

Conforme analisado no capítulo dois desta pesquisa, uma das competências

do profissional de Relações Públicas é produzir o planejamento de comunicação das

organizações, e uma das suas vantagens é que ele permite que o profissional

estude o perfil dos clientes e os tipos de público que a empresa atinge direta e

indiretamente e gera informações essenciais para o planejamento mercadológico,

uma das competências do profissional de Marketing, que será visto adiante.

Neste capítulo também será tratado o papel do profissional de Relações

Públicas na comunicação das organizações, as ferramentas para o gerenciamento

da identidade e imagem organizacional, os meios de comunicação de massa e

dirigida, e como eles devem ser utilizados para que a identidade da empresa seja

representada de forma clara para o público alvo.

4.1 Relações Públicas e Marketing

As Relações Públicas estão inseridas em um contexto organizacional para

que efetive de maneira planejada a comunicação interna e externa. Esta também

possui uma variedade extensa de atividades e públicos, além de convergir

diretamente com todas as áreas componentes da comunicação e da organização em

geral.

Diante destas características é possível dizer que a profissão de Relações

Públicas trata as características institucionais das organizações. Estuda a cultura

organizacional25, comportamentos, perfis de público interno e externo, identidade,

25 “Para mim, cultura organizacional é o reflexo da essência de uma organização, ou seja, sua personalidade”. (MARCHIORI, 2008, p. 94).

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imagem, reputação, comunicação interna e externa, relacionamento com

stakeholders e diversas outras atividades.

A atividade que realiza as práticas voltadas a produtos e serviços é o

Marketing, que tem papel fundamental na identidade mercadológica da organização,

entre outras atividades. Serão abordadas a seguir quais as linhas de interferência do

Marketing, e onde as Relações Públicas se inserem.

Como os conceitos de Relações Públicas já foram abordados, o Marketing

será situado no contexto organizacional. Para Kunsch (2003) o Marketing é uma

área administrativa e estratégica, que visa o mercado e tem as seguintes

características:

Baseia-se em modelos de competitividade para atingir objetivos econômicos; objetiva persuadir o público-alvo e satisfazer os clientes/consumidores; identifica e cria mercados para os produtos e serviços das organizações; coordena e supervisiona os programas de comunicação mercadológica ou de marketing para criar e manter os produtos e serviços. (KUNSCH, 2003, p. 96).

Kunsch traz também o conceito de Philip Kotler: “Seu objetivo é, na

realidade, fazer com que a economia se ponha em movimento, que as pessoas

desejem as coisas, utilizem parte de seus recursos limitados para desfrutar mais

coisas”. (KOTLER apud KUNSCH, 2003, p. 96).

Com esta citação é possível identificar o caráter mercadológico do

Marketing, com foco em incentivo de consumo e criação de novas soluções para o

dia a dia dos consumidores. E complementa que “marketing é um processo social

por meio do qual as pessoas e grupos de pessoas obtêm aquilo do que necessitam

e o que desejam com a criação, oferta, e livre negociação de produtos e serviços de

valor com os outros” (KOTLER apud KUNSCH, 2003, p. 96).

A definição da atividade, segundo o Instituto Britânico de Marketing é:

“Marketing é o processo de gestão responsável por identificar, antecipar e satisfazer

lucrativamente os requisitos do cliente.” (LLOYD; LLOYD, 1995, p. 41).

Com base nos pareceres citados, é possível dizer que marketing tem um

papel fundamental na formação dos produtos e serviços prestados pela empresa,

assim como do seu posicionamento diante do mercado. Os fatores mercadológicos e

suas infinitas variáveis são os objetos de estudo da profissão.

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Em algumas bibliografias sobre a atividade, as Relações Públicas são vistas

como ferramenta de promoção de produtos, onde este profissional tem apenas a

função de promover eventos em torno da marca ou produto da instituição, e até em

algumas obras não são sequer citados.

Entretanto é necessário reforçar que as atividades são distintas, pois as

Relações Públicas são voltadas às questões institucionais de comunicação,

enquanto o Marketing se ocupa de funções administrativas de produto e mercado.

Em contraponto observa-se outra ótica que pode ser utilizada, como cita

Yanaze: “podemos ousar e considerar Marketing não apenas como um conjunto de

atividades que visam o mercado, mas, essencialmente como uma filosofia

empresarial.” (YANAZE apud KUNSCH, 1997, p. 47).

Apesar deste novo posicionamento, o mesmo autor corrobora com as

afirmações citadas anteriormente, e complementa que Marketing e Relações

Públicas possuem total correlação, uma vez que Marketing busca localizar os

mercados e definir objetivos e estratégias da organização para alcançá-los e as

Relações Públicas planejam e executam ações que visam melhorar as relações da

empresa com seus públicos.

Uma conceituação mais abrangente é citada por Torquato:

Marketing é o conjunto de atividades destinadas a promover relações de troca entre um emissor e um receptor, no momento certo, por meio de canais adequados e mensagens apropriadas que atinjam o foco de interesses dos segmentos-alvo. (TORQUATO, 168, p. 168).

Tais relações de troca também corroboram com a concepção de

Kotler,(apud KUNSCH, 2003) em tratar do Marketing como um processo social

voltado para o mercado.

Após estes esclarecimentos é possível identificar a distinção das funções de

cada profissional e a ligação entre as atividades. Não existindo espaço para

competições, ou para a pretensão de uma das atividades, em achar que pode tomar

conta de todo o universo de relacionamentos de uma empresa. Existe a necessidade

que ambas trabalhem em conjunto em prol da efetividade da comunicação,

resultados financeiros positivos e a visibilidade da empresa juntamente com seus

produtos e serviços.

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4.2 Planejamento – o primeiro passo

A ação de promover a comunicação nas empresas não teria efetividade se

ela não fosse sustentada por uma base metodológica de diretrizes, que indicasse a

“trilha do caminho” que a comunicação deve fazer dentro e fora da organização.

Primeiramente é necessário conceituar o planejamento como instrumento de

administração da comunicação. Segundo Kunsch (2003), o planejamento é um

processo que se orienta por princípios gerais e específicos, levando em conta

políticas e características individuais, e é baseado nestes pontos para anteceder as

mudanças do ambiente.

A autora apresenta em seu livro Planejamento de Relações Públicas na

Comunicação Integrada diversas citações de estudiosos. Dentre eles, destaca-se o

posicionamento de Djalma Rebouças de Oliveira que trata de planejamento com

foco em empresas:

O propósito do planejamento pode ser definido como o desenvolvimento de processos, técnicas e atitudes administrativas, as quais proporcionam uma situação viável de avaliar as implicações futuras de decisões que facilitarão a tomada de decisão no futuro, de modo mais rápido, coerente, eficiente e eficaz. Dentro deste raciocínio, pode-se afirmar que o exercício sistemático do planejamento tende a reduzir a incerteza envolvida no processo decisório e, consequentemente, provocar o aumento da probabilidade de alcance dos objetivos e desafios estabelecidos pela empresa. (OLIVEIRA apud KUNSCH, 2003, p. 206).

Diante desta conceituação é necessário que se faça esclarecer os termos,

eficiência e eficácia, citados pelo autor. Por mais que seus conceitos literais sejam

claros, é necessário que o seu significado no contexto organizacional fique

esclarecido, um resumo, segundo Kunsch, sobre os vocábulos:

Eficiência significa fazer bem-feito, de maneira adequada, com redução de custos, desempenho competente e rendimento técnico. Eficácia liga-se a resultados – em função dos quais é preciso escolher as alternativas e ações corretas, usando para tanto conhecimento e criatividade para fazer o que é mais viável e certo. (KUNSCH, 2003, p. 205).

Sob o ponto de vista da Administração de Empresas, Chiavenato define

planejamento como “a função administrativa que define objetivos e decide sobre os

recursos e tarefas necessários para alcançá-los adequadamente.” (CHIAVENATO,

2004, p. 192) E complementa com o parecer de Chester I. Barnard: “planejamento é

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67

o processo de estabelecer objetivos e cursos de ação antes de tomar a ação.”

(BARNARD apud CHIAVENATO, 2004, p. 194).

Em todas as conceituações é possível identificar a necessidade de prever

ações e propor planos para todas as possíveis variáveis, para evitar contratempos e

equívocos.

O planejamento organizacional também é constituído por dimensões, que

permeiam pontos importantes a serem considerados no momento da sua formação,

tais dimensões são citadas por Dias na obra de Margarida K. Kunsch:

Abrangência: O planejamento deve envolver a organização como um todo; Integração: Deve integrar todos os setores organizacionais; Temporalidade: Deve orientar-se para o futuro, assumindo um caráter de longo prazo; Processo: Deve ocorrer mediante uma sucessão de fases interconectadas e contínuas; Flexibilidade: Deve ser flexível, para adaptar-se às constantes mudanças do ambiente organizacional; Filosofia: Deve pautar-se por princípios orientadores que direcionem suas atividades, dentro de um clima favorável para sua operacionalização [...]. (DIAS apud KUNSCH, 2003, p. 210).

Estas dimensões podem ser aplicadas a qualquer tipo de organização, pois

não foi baseada em um segmento específico de atuação, além de também deixar

clara a importância do planejamento para projetar ações para o futuro, entretanto,

mantendo a sua flexibilidade por conta das diversas mudanças de ambiente que

podem ocorrer.

O planejamento pode ser segmentado em incontáveis partes, dependendo

da área de atuação da empresa e do mercado que a mesma está inserida mas, para

simplificar tal divisão, existem três macro divisões do planejamento organizacional, o

estratégico, o tático e o operacional. As principais características de cada tipo são:

Planejamento Estratégico: este primeiro nível trata dos rumos que a empresa

pretende seguir, assim como suas diretrizes, que irão guiar o caminho para que a

organização atinja seus objetivos. Segundo Kunsch “o planejamento estratégico

ocupa o topo da pirâmide organizacional” e complementa que o mesmo “visa buscar

as melhores formas para gerenciar as ações estratégicas das organizações”.

(KUNSCH, 2003, p.214).

Para Chiavenato (2004) o planejamento estratégico se encaixa em um nível

institucional a longo prazo e é baseado em três parâmetros: “a visão do futuro, os

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fatores ambientais externos e os fatores organizacionais internos.” (CHIAVENATO,

2004, p. 204).

Planejamento tático: neste planejamento o objetivo é projetar a médio prazo

e dentro de um nível setorial, onde se designam responsabilidades e metas de cada

departamento componente da organização. Chiavenato (2004) cita que o

planejamento tático se encontra a um nível intermediário e que ele trata geralmente

de áreas de produção, marketing, pessoal, finanças e contabilidade, pois geralmente

transcorrem em um período máximo de um ano. Já Kunsch (2003) trata deste

planejamento como uma dimensão restrita e com um curto prazo de atuação, com o

papel de intermediar as dimensões estratégicas e operacionais.

Planejamento operacional: Esta fase do planejamento organizacional tem o

papel de concretizar de maneira operacional as ações propostas pelo planejamento

tático, que por sua vez recebeu as diretrizes do planejamento estratégico da

organização. Segundo Idalberto Chiavenato “o planejamento operacional é

focalizado para o curto prazo e abrange cada uma das tarefas ou operações

individualmente.” (CHIAVENATO, 2004, p. 207). E situa este planejamento em um

nível operacional na rede de ligação dos planejamentos. É neste ponto que é

possível identificar os acertos e falhas do processo proposto pelos planejamentos

anteriormente citados.

Com isto se pode compreender como as políticas internas se tornam

referência para os planos a serem propostos pela cúpula diretiva de uma

organização.

Exemplifica os níveis do processo de planejamento. (ALMEIDA apud KUNSCH, 2003, p. 215)

Os níveis dos planejamentos devem ser compreendidos para que as

atividades sejam bem distribuídas, impossibilitando a inversão de papéis e tornando

o processo claro para todos os envolvidos nos planos de ações.

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Como se trata de um processo, o planejamento é constituído por fases, ou

tópicos, que permeiam as decisões, e orientam as organizações sobre quais

procedimentos devem ser feitos para que os resultados possam ser analisados. As

principais fases são citadas por Kunsch:

“Identificação da realidade situacional; Levantamento de informações; Análise dos dados e construção de um diagnóstico; Identificação dos públicos envolvidos; Determinação de objetivos e metas; Adoção de estratégias; Previsão de formas alternativas de ação; Estabelecimento de ações necessárias; Definição de recursos a serem alocados; Fixação de técnicas de controle; Implantação do planejamento; Avaliação dos resultados.” (KUNSCH, 2003, p. 218-219).

A autora complementa que antes mesmo de iniciar tal processo, os

instrumentos e a operacionalização das ações devem ser definidos, assim como os

instrumentos26 de controle de ações.

Diversas obras tratam do planejamento como ferramenta fundamental de

gerenciamento, e cada área de atuação possui o enfoque voltado para os seus

interesses e métodos, dentro da comunicação não é diferente, por mais que seja

uma área intangível, é possível mensurar seus resultados, através de um plano

definido de ações, que documentam a situação atual e projetam as possibilidades

futuras.

Para inserir a esfera da comunicação neste contexto, pode-se observar que

a característica estratégica de um planejamento de comunicação é a possibilidade

de inovação e que esta é uma área que tem total condição de traçar seus planos e

gerar seus próprios resultados. Para que seja realizado um planejamento estratégico

de comunicação completo e sólido Kunsch (2003) apresenta um método de criação

composto por fases. Seu detalhamento é importante para a proposta desta

monografia, são eles:

1. Definir missão, visão e valores da comunicação: assim como a organização,

a comunicação deve estabelecer quais as suas diretrizes e o que busca

alcançar com as ações de Relações Públicas;

26 A autora detalha e aprofunda o processo de criação de planejamentos, em seu livro Planejamento de Relações Públicas na Comunicação Integrada, 2003. (N.A).

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2. Estabelecer filosofias e políticas: a filosofia organizacional deve nortear a

determinação das filosofias da comunicação, mas o principal objetivo é

nivelar e direcionar as ações organizacionais de forma coesa;

3. Determinação de objetivos e metas: quando se estabelece objetivos e metas

para um projeto, se traduz quais os resultados que se espera alcançar;

4. Esboço das estratégias gerais: nesta fase do planejamento é onde se

delimitam os meios de comunicação e as formas de transmitir uma

informação, se prepara também os objetivos gerias e específicos das ações

e a segmentação dos públicos para a disseminação da informação de forma

assertiva;

5. Relacionamento dos projetos e programas específicos: os projetos,

implementações e propostas de mudanças devem ser apresentados ao

planejamento, as necessidades das ações, neste caso, são identificadas

através do diagnóstico de necessidades. No caso da identidade

organizacional, o diagnóstico realizado irá transparecer quais os pontos

fortes e fracos da identidade, e por conseqüência, os pontos de melhoria.

6. Montagem do orçamento geral: o orçamento das ações propostas no plano é

fundamental para que após o sucesso das ações seja apresentado de

maneira simplificada para a cúpula diretora da organização os investimentos

realizados com o resultado alcançado.

Após a criação destes planos e a execução das ações existe o

gerenciamento, ou gestão estratégica da comunicação organizacional, que consiste

em um processo de análise e controle dos planos, que assegura o bom andamento

das propostas e permite que o comunicador possa envolver as pessoas da

organização que estão dispostas a implementar programas de comunicação. A

gestão dos planos necessita primeiramente de divulgação, pois desta forma já se dá

início ao processo de troca de informações e também a consequente abertura para a

participação dos colaboradores da organização. Após esta etapa inicia-se a fase da

implementação, onde realmente as idéias se tornam realidade e passam a fazer

parte dos projetos em execução da empresa.

Em seguida a essas fases deve-se aplicar o controle dos projetos, com

avaliação de cronogramas e identificação da boa aceitação dos planos, neste

período é onde se pode avaliar se as idéias propostas obtiveram aceitação. Em

seguida, é realizada a análise dos resultados obtidos.

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Desta forma Kunsch conclui que:

O planejamento estratégico, quando bem formulado, poderá fazer grandes melhorias para o processo de gestão organizacional. [...] Além disso, é uma excelente forma de fundamentação e subsídios para um posterior planejamento de relações públicas [...]. (KUNSCH, 2003, p. 276).

A seguir serão tratadas as especificidades do planejamento de Relações

Públicas e quais pontos serão enfatizados para que este planejamento beneficie o

tratamento da imagem organizacional perante os públicos. Após os apontamentos

apresentados anteriormente é importante ressaltar que planejar é fundamental,

delimita os caminhos a perseguir, assim como identifica os profissionais certos para

a efetivação dos planos.

4.2.1 Planejamento de Relações Públicas

Como vimos no capítulo sobre imagem organizacional, a identidade

organizacional é única, complexa e composta por inúmeras características que

traduzem a sua verdade, é por este motivo que o planejamento de Relações

Públicas se faz obrigatório para as organizações que querem executar ações de

comunicação interna e externa, pois é com estas informações reunidas em um plano

de ação que a comunicação terá sua efetividade.

O planejamento se encaixa na função administrativa (grifo da autora) da

profissão, porque tem como objetivo assegurar que as ações de RP não sejam

impensadas e imediatistas. Para Fortes “o planejamento enuncia os passos

impreteríveis e norteia as deliberações para conseguir o efeito final ambicionado

[...].” (FORTES, 2003, p.186).

Em específico, o planejamento de Relações Públicas possui objetivos

diferenciados do planejamento estratégico, ou do planejamento de marketing, pois

se insere nos princípios da profissão, mas também deve-se adaptar à realidade da

organização. Fortes (2003) apresenta as principais funções do planejamento de RP:

- formular estratégias para os meios de comunicação com os públicos; - adequar as atividades de Relações Públicas à administração estratégica da empresa; - organizar os recursos técnicos e físicos dos programas de relacionamento; - definir estratégias de relações públicas para trabalhos solidários com os setores da companhia;

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- elaborar o orçamento de Relações Públicas; - estabelecer a rentabilidade das proposições apresentadas. (FORTES, 2003, p. 187).

O autor apresenta nestes tópicos o elo das funções da profissão com as

necessidades organizacionais. Um ponto importante abordado por ele é o resultado,

a rentabilidade dos projetos de Relações Públicas. O resultado financeiro deve ser a

consequência de um planejamento de Relações Públicas, e não o seu objetivo ou

finalidade. Fortes (2003) estabeleceu que a rentabilidade também deve fazer parte

do planejamento, mas é necessário esclarecer que os lucros ou o crescimento

econômico da empresa é o resultado de planos de Relações Públicas em conjunto

com um planejamento mercadológico bem estruturado, além de condições externas

favoráveis. Todas estas variáveis de lucratividade não deverão fazer parte dos

planos de Relações Públicas, e sim a efetividade da comunicação, com seus

objetivos específicos delimitados conforme as necessidades da empresa.

Para Kunsch (2003) o planejamento é onde se caracteriza a face estratégica

do profissional de Relações Púbicas, e ressalta que para gerir a comunicação dentro

das organizações é necessário ultrapassar as técnicas e o caráter operacional. A

autora complementa que:

Buscar a excelência da comunicação organizacional é uma das finalidades do planejamento de relações públicas. A comunicação excelente é aquela que é administrada de forma estratégica, que valoriza a cultura corporativa, o envolvimento das pessoas e têm como parâmetros os princípios éticos. (KUNSCH, 2003, p. 318).

Tornar a comunicação uma realidade da organização requer o cumprimento

de fases, são elas: pesquisa, planejamento, execução e avaliação. Mesmo com

estas informações, é necessário que o planejamento estratégico geral da

organização já esteja fundamentado, com os objetivos e planos traçados, assim

como investimentos e visão de futuro para que o profissional de comunicação possa

se adequar a este cenário e iniciar o processo de criação do planejamento

estratégico de comunicação.

O diagnóstico interno e externo, assim como a análise das variáveis que

podem interferir no bom andamento do negócio da empresa pode caracterizar-se

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como a análise SWOT27, que é uma das técnicas utilizadas por administradores e

profissionais de marketing para analisar o ambiente da organização. Da mesma

forma, esta técnica pode ser aplicada na comunicação organizacional.

Análise SWOT baseada na obra de Margarida M. K. Kunsch. (KUNSCH, 2003, p. 262) 28

A análise destas características também remete ao estudo dos cenários em

que a organização está inserida, e quais são as possíveis direções que as Relações

Públicas podem optar durante a formação do planejamento de Relações Públicas.

Nas definições realizadas por um planejamento é muito importante apontar

quais são as ferramentas e técnicas utilizadas para coletar dados e embasamento

sobre o andamento da comunicação nas organizações. Uma das principais

ferramentas utilizadas pelas Relações Públicas são as pesquisas. As pesquisas

exprimem um resultado tangível sobre a efetivação da comunicação organizacional.

E são de extrema importância para estreitar as relações do público interno com seus

gestores. Para Kunsch:

A pesquisa nos ajuda a buscar respostas para inúmeros questionamentos em relação à audiência (públicos) envolvida em determinado programa ás ações comunicativas (mensagens, canais, receptores) e a averiguar as expectativas dos públicos, com vistas no uso da persuasão de forma científica e correta. (KUNSCH, 2003, p. 279).

O método de pesquisa para as Relações Públicas, segundo Fortes (2003) é

considerada uma função básica de pesquisa, que tem o papel principal na formação

de um diagnóstico e posteriormente de um planejamento. O autor complementa que

é praticamente improvável que se consiga realizar algo dentro de uma organização

sem os resultados de uma pesquisa. A partir de sua análise, as pesquisas são

segmentadas em tipos específicos. Como essa monografia trata da contribuição das

27 “A técnica de swot analisa os pontos fortes (strengths), os pontos fracos (weaknesses), as oportunidades (opportunities) e as ameaças (threats) [...].” (KUNSCH, 2003, p. 262). 28 Figura elaborada pela autora.

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Relações Públicas na formação da imagem organizacional, serão abordados os

tipos mais pertinentes a esse foco de trabalho, baseado na obra de Fortes (2003):

1) Pesquisa Institucional: deve ser aplicada aos gestores e dirigentes da

organização internamente e vai permitir que o Relações Públicas

compare o comportamento administrativo em relação aos objetivos

almejados pela empresa com a implementação de planos de

comunicação;

2) Pesquisa de clima organizacional: nesta pesquisa é possível analisar

qual a percepção que os colaboradores têm da organização que

trabalham, é a imagem que eles mesmos percebem dos benefícios e

do clima organizacional, esta pesquisa é geralmente aplicada em

conjunto com a gestão de pessoas da empresa;

3) Pesquisa participante e pesquisa-ação: esta pesquisa é proposta de

uma forma diferenciada, pois foge do molde entrevistador e

entrevistado, e passa a interagir com o público, de forma que ele passe

a participar das mudanças da empresa, e não apenas propô-las;

4) Pesquisa de opinião: pode ser aplicada com os públicos interno,

externo e stakeholders. Tem a finalidade de trazer um caráter mais

concreto de informações, onde abre a oportunidade de receber críticas,

elogios e sugestões de mudança, possui um alto grau de importância

entre as pesquisas que podem ser adotadas;

5) Pesquisa de atitude: neste tipo de pesquisa, os resultados são

constituídos de opiniões próprias do público, sobre quais seriam suas

atitudes diante de momentos de específicos da empresa, por exemplo:

o que você faria caso a comercialização do produto X começasse a

decair? Ou então: Qual seria a sua atitude diante de concorrentes

agressivos? Tais questões têm maior aplicabilidade no ambiente

interno das empresas;

6) Pesquisa de avaliação: busca a opinião do público interno diante dos

programas implementados pelo planejamento de Relações Públicas.

Possui uma metodologia mais complexa, pois trata de produtos

intangíveis, mas que são sentidos por todos.

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Dados estes exemplos de pesquisa se pode observar os diversos benefícios

trazidos por esta técnica, pois auxilia de forma assertiva no diagnóstico da

organização e necessita da participação de todos os envolvidos com a identidade da

empresa. Cada colaborador compõe a identidade da organização com suas

competências profissionais e seu canal de relações, que ajudam a formar a rede de

relacionamento da empresa. Saber a opinião e a percepção deste público sobre a

organização é primordial.

Segundo Kunsch (2003), o planejamento de Relações Públicas pode ser

segmentado em dois tipos: a elaboração do planejamento estratégico de

comunicação e o planejamento de projetos e ações para a organização. E considera

que as etapas do planejamento citadas anteriormente são apenas superficiais, pois

a base do planejamento deve ser muito mais consistente para poder apresentar

resultados positivos de forma planificada. O fator norteador do planejamento de

Relações Públicas é a gerência da comunicação com os públicos e por conta disso a

autora apresenta um diagrama de etapas, para elencar todas as fases deste

trabalho.

Processo do planejamento de Relações Públicas (KUNSCH, 2003, p. 326).

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Neste esquema identificam-se todos os principais tópicos que compõem um

planejamento de Relações Públicas, é possível observar a interação com os

públicos interno e externo, assim como a interação com outras áreas de gestão, que

colaboram para a implantação bem sucedida dos planos criados. Pode-se afirmar

que um planejamento de Relações Públicas é mutável, e se adapta às necessidades

de cada organização, seja ela uma multinacional, ou uma empresa familiar. Basta

principalmente que a cultura da comunicação organizacional esteja bem

sedimentada nos princípios dos gestores da organização, para que assim o

profissional possa exercer o seu papel estratégico contando com o apoio e incentivo

da cúpula diretiva da empresa. Se o nível estratégico da organização julga

importante estruturar a comunicação, esta cultura acaba por disseminar-se entre

todos os componentes da organização.

4.2.2 Os meios e veículos de comunicação

O ato de comunicar implica muito mais fatores do que apenas transmitir uma

informação, adotar o método interlocutor e receptor e estar seguro de que esta é a

forma mais assertiva de se comunicar. A comunicação se utiliza das Relações

Públicas para viabilizar e harmonizar a troca de informações e experiências entre

organizações e seus públicos.

Para as Relações Públicas existem três principais tipos de comunicação,

que serão exemplificados a seguir. Suas segmentações ou ferramentas também

serão o foco deste estudo, assim como os veículos utilizados. Todos os exemplos

citados a seguir podem e devem ser utilizados como ferramenta de aproximação das

empresas com seus públicos, não apenas meios de transmissão de informações,

pois se pode explorar muito mais estes recursos.

Comunicação de massa: é o meio de comunicação que oferece recursos

que atingem o grande público, com diversas finalidades. Dificilmente ocorre

interação entre o interlocutor e o receptor neste meio, justamente por conta de sua

abrangência. Fortes, se posiciona a respeito da comunicação de massa: “ocupa

espaços e garante uma influência relativamente importante nas programações de

Relações Públicas, se bem que o seu grau de dispersão, ao tentar atrair grupos

específicos, mereça reparos.” (FORTES, 2003, p. 220).

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77

O autor trata da abrangência como um fator negativo, no que diz respeito ao foco da

comunicação, pois a comunicação de massa tem como objetivo principal informar,

sem que haja necessariamente a interação.

Veículos de comunicação de massa: são as ferramentas utilizadas para efetivar a

comunicação em massa. Os tipos de veículos de comunicação de massa são

diversificados, entre eles estão: jornal, revista, televisão, rádio e cinema. Cada um

propõe uma forma diferenciada de comunicar, pois cada veículo tem a sua

peculiaridade29 e linguagem específica. Tais veículos devem ser administrados de

forma consciente pelos responsáveis pela comunicação, pois causam um impacto

difícil de ser mensurado.

Comunicação dirigida: é o meio que proporciona a efetividade do

compromisso das Relações Públicas nas organizações, que é o de intermediar e

harmonizar a comunicação entre os públicos. Para Kunsch “é a comunicação direta

e segmentada com os públicos específicos que queremos atingir” (KUNSCH, 2003,

p. 186). E este tipo de comunicação propõe uma relação de troca entre emissor e

receptor da informação, essa interação resulta na coleta das percepções das

pessoas sobre os assuntos, daí é possível um diagnóstico mais aprofundado, e a

comunicação deixa de ser apenas o ato de informar.

Veículos de comunicação dirigida: Os tipos de veículos de comunicação dirigida

podem ser segundo Andrade “quatro tipos: escrita, oral, auxiliar e aproximativa.”

(ANDRADE apud KUNSCH, 2003, p. 187). Estas ferramentas podem ser detalhadas

por inúmeros exemplos, o veículo de comunicação escrito está presente em cartões,

ofícios, email, folhetos e informativos. O veículo de comunicação dirigida oral pode

ser o telefone, por exemplo. Como veículo de comunicação dirigida aproximativa

pode se usar como exemplo convenções, congressos, eventos e reuniões.

É de fundamental importância analisar a relevância dos assuntos tratados e

a forma que se refere a estes assuntos. A comunicação dirigida deve ser adequada

à linguagem do público que se busca atingir. Outros exemplos também podem ser

utilizados como relatórios, periódicos, manuais, correspondências, mala direta e

muitos outros. Para Andrade: “Não somos contrários à utilização dos veículos de

comunicação massiva no exercício da profissão de Relações Públicas, mas para

29 Para obter mais detalhamento de informações acerca dos veículos de comunicação massiva, é indicada a leitura da obra Relações Públicas – processo, funções, tecnologia e estratégias de Waldir Gutierrez Fortes (2003) (N.A.).

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nós, seguramente, os veículos de comunicação dirigida tem o papel principal na

nossa atividade.” (ANDRADE apud FORTES, 2003, p.239)

Mesmo que a comunicação dirigida tenha um raio de alcance limitado, ela

costuma ter mais efetividade por conta de sua segmentação. Os públicos envolvidos

ficarão por dentro das informações e poderão interagir com este tipo de

comunicação, que é mais econômica para a organização do que a comunicação de

massa. A principal característica destes veículos segundo Ferreira (1997) é que a

mensagem é planejada e estruturada conforme a linguagem dos públicos,

permitindo uma análise mais rápida dos efeitos causados por ela.

Comunicação virtual: é uma nova forma de relacionamento entre as pessoas

e organizações. Atualmente não é mais possível ignorar a tecnologia, pois elas

fazem parte do nosso cotidiano, quem está fora dessa realidade se torna obsoleto.

As Relações Públicas podem e devem fazer uso desse meio de comunicação, pois

permite que além dos públicos de interesse, outros grupos possam interagir com a

organização através da sua própria iniciativa. Este meio de comunicação possui um

impasse em sua conceituação, pois não se insere totalmente na comunicação

massiva, e também não totalmente na comunicação dirigida. Na verdade ela é

composta por características dos dois meio, e isso que a caracteriza de forma

especial.

Veículos de comunicação virtual: podemos segmentar os veículos de forma

dirigida e massiva. Os veículos massivos podem ser os sites, enquanto os veículos

dirigidos são newsletters, e-mails, intranets e extranets, releases em sites afins entre

outros.

Os meios e veículos citados são de uso fundamental para que o profissional

de Relações públicas possa contribuir para a efetividade da comunicação da

organização com seus públicos interno e externo. Estas são algumas das formas

que a atividade tem de corroborar com o esclarecimento das diretrizes e objetivos da

empresa, assim como sua identidade, contribuindo para uma imagem clara e

fundamentada nos princípios da organização.

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4.3 Ações para se notar

Já foi confirmado que a formação da imagem organizacional depende de

uma série de fatores. Tais pontos são atrelados à identidade da organização, que

também resulta de fatores, internos e intrínsecos na cultura da organização.

O profissional de Relações Públicas tem o conhecimento para trabalhar com

os diversos públicos da organização e proporcionar harmonia entre as suas

relações, diante desta afirmação se pode dizer que algumas ações podem ser

realizadas para que os diversos públicos façam uma projeção positiva da imagem da

organização.

Inserido nesta realidade o profissional de Relações Públicas poderá propor

uma auditoria de imagem que, resumidamente, significa identificar por meio de

pesquisa quais os pontos positivos e negativos da imagem da organização e se esta

imagem está condizente com sua identidade.

Esta técnica propõe coletar, analisar e tratar a percepção que as pessoas

têm em relação a uma organização. Quando se refere a “pessoas” se trata do

público alvo e stakeholders de uma organização. O autor Justo Villafañe é um dos

principais autores que citam a auditoria como ferramenta de gerenciamento de

imagem:

Minha concepção sobre a auditoria de Imagem é equivalente à uma radiografia corporativa, onde tudo é revisado pela ótica da Imagem. Só a partir daí é que é possível desenhar com realismo a estratégia que otimize todos os ativos invisíveis e gere uma Imagem Positiva da companhia. (VILLAFAÑE, 1998, p. 44) 30

Esta técnica de análise e gerenciamento pode ser vista como um

procedimento, constituído de etapas e que apresenta um resultado quantitativo e

qualitativo. Mas deve-se observar que as características que estão sendo tratadas

são intangíveis. Villafañe (1998) apresenta alguns dos métodos que podem ser

utilizados para a coleta de informações. A nível primário, segundo o autor, a análise

geral dos fatos realizados por auditores, deve-se dar por meio de entrevistas

pessoais. E a nível secundário, pode-se utilizar uma análise de clima interno, por

exemplo.

30 Tradução livre, pela autora.

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A auditoria de imagem deve ter uma abrangência considerável em relação

aos níveis de interação da empresa com os seus públicos, para Villafañe (1999) a

imagem organizacional é composta por: imagem midiática, imagem funcional, auto-

imagem e a imagem intencional, já citada anteriormente. Kunsch (2003) apresenta

uma das propostas de auditoria de imagem de Villafañe em sua obra, e detalha o

processo quantitativo da Imagem Corporativa 1000 (grifo da autora). Cada item de

pesquisa corresponde a um número específico de pontos, e a soma total deles é mil.

(VILLAFAÑE apud KUNSCH, 2003, p. 309).

Outro meio para que se possa avaliar da imagem organizacional é o Método

de Configuração de Imagem (MCI). Este método foi criado através do estudo de

diversos pesquisadores31 e trata a imagem organizacional como um produto

holístico32.

31 São eles: DE TONI, 1998; SAMPAIO, 1998; CAIERON JÚNIOR, 1999; CHALA, 2000; SCHULER, 2000; DE TONI; SCHULER, 2002; DE TONI; SCHULER, 2002; DE TONI; SCHULER, 2004; SCHULER, 2004; DE TONI, 2005; MILAN; DE TONI; BARAZETTI, 2005; DE TONI et al., 2008 (DE TONI et. al, 2009, p. 254). 32 “A palavra holístico deriva do grego holos, que significa todo, ou inteiro. Um conhecimento holístico é aquele que se esforça por captar, simultaneamente, todos os aspectos que formam um objeto de estudo [...]”. (DE TONI et. al, 2009, p. 249).

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Segundo os autores que propõem este método, sua definição é: “Um

procedimento de mensuração da imagem de organizações, marcas, produtos e

serviços” (DE TONI et. al ,2009, p. 249)

Sob a ótica holística da imagem, o método MCI descarta os instrumentos de

pesquisa como entrevistas, por exemplo, pois elas expressam apenas uma opinião e

não as impressões causadas ao indivíduo entrevistado.

Neste contexto não se pode utilizar ferramentas que delimitem a expressão

das idéias, como modelos e listas que mensuram a importância de características da

empresa, por exemplo a questão abaixo:

1) Sobre a empresa X, qual a sua percepção? (assinale de 1 a 5

conforme a ordem de preferência)

( ) Inovadora

( ) Conservadora

( ) Monopolista

( ) Ícone do segmento

( ) Burocrática

O MCI propõe uma entrevista com foco conduzido por um Roteiro Básico de

Questões (DE TONI et. al. 2009) que estimulam o entrevistado a responder suas

percepções de forma independente, sem estar sujeito a sofrer influências externas.

Essa livre associação33, segundo os autores é uma das formas mais eficazes para

analisar as imagens que as pessoas têm dos objetos. (GUIMELLI apud DE TONI,

2009).

Esta pesquisa pode ser aplicada por escrito ou oralmente e é composta por

questões que atendem os níveis de percepção da imagem, são eles: físico,

emocional, mental, afetivo, simbólico, visionário e axiomático.

Após o levantamento das opiniões é realizada a análise de conteúdo que

objetiva elencar os atributos da imagem. É preciso levar em conta que a metodologia

aplicada influencia em seu resultado, se ela foi escrita ou oral, por exemplo. A

análise do conteúdo resulta em uma série de percepções sensoriais sobre a

empresa, produto e sua marca, determinando as dimensões mais predominantes

das suas características.

33 Termo utilizado pelos autores. (DE TONI et. al, 2009, p. 256).

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O MCI34 é um método muito mais mercadológico do que institucional, e trata

exclusivamente da imagem da empresa, sem adentrar na esfera da identidade

organizacional, por este motivo é aconselhável que esta seja aplicada em conjunto

com profissionais de Marketing, pois estes poderão utilizar as diversas informações

adicionais para pesquisar novos serviços, produtos e até reestruturar o

posicionamento da empresa.

Quando se fala de imagem, é necessário que se tenha ideia de que é um

atributo intangível da organização e pertence ao imaginário dos públicos, por isso a

sua gestão é tão ligada à gestão de comunicação. Estes componentes intangíveis

são o objeto de estudo de Marco Tulio Zanini, que deu foco à gestão integrada de

ativos intangíveis. (grifo da autora).

As características “invisíveis” de uma empresa, produto ou marca são vistas

como fator de diferencial competitivo nos dias de hoje, como foi visto no capítulo

dedicado à imagem organizacional desta monografia:

Os franceses foram mestres nesse sentido. Durante séculos, o luxo, imagem, elegância, sofisticação, estilo, tradição e outros atributos difíceis de quantificar venderam os produtos dos franceses. A novidade é que nas ultimas duas décadas esses fatores passaram a afetar a competitividade, a capacidade de agregação de valor e a sustentabilidade de empresas. (ZANINI, 2009, p. 85).

A gestão integrada de ativos intangíveis é uma nova forma de gerenciar a

complexidade dos componentes da organização. A comunicação está inserida neste

contexto pois ela é responsável por “vender” esta nova forma de gestão e

proporcionar a identificação das características da organização. A marca e os

produtos não mais as únicas “âncoras” do sucesso organizacional35, com o aumento

da concorrência e a globalização foram criados meios para que a gerência dos

ativos intangíveis se torne necessários para empresas que desejam progredir.

Ações empresariais devem ser baseadas em valores, não mais em produtos

ou serviços, mas sim no que as pessoas buscam, usufruindo dos produtos de

determinada empresa. Zanini exemplifica:

34 Para informações mais aprofundadas, indica-se a leitura completa da pesquisa As dimensões da imagem mercadológica (DE TONI et. al, 2009), onde os autores apresentam exemplos de questionários e dão todo o roteiro para a análise de conteúdo, assim como o quadro de dimensões, com os sinalizadores de atributos sensoriais. (N.A). 35 Segundo Zanini, importa muito mais para o cliente saber que está adquirindo produtos e serviços de uma empresa com uma boa imagem. A expectativa dos clientes está diretamente ligada à imagem da organização. (ZANINI, 2009).

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Assim, uma empresa que produz alimentos para recém-nascidos, como a Nestlé, não se preocupa apenas em vender leite em pó, mas “alimento de confiança”; uma operadora de telefonia celular, como recentemente se posicionou a Vivo, não oferece simplesmente um meio de comunicação, mas seus valores passaram a estar comprometidos com a “expansão das liberdades individuais numa sociedade de pessoas conectadas em rede”. (ZANINI, 2009, p. 88).

As empresas têm total condição de identificar as necessidades dos seus

públicos por diversos meios e, com isso, administrar seus atributos de forma

consciente. As Relações Públicas se destacam neste contexto, pois tem as

ferramentas necessárias para criar a “ponte” entre a empresa e os públicos de forma

planejada e seguindo as diretrizes da organização. Zanini (2009) quando trata da

construção de um significado, quer demonstrar que é necessária integração entre

todos os colaboradores da empresa e de seu conselho diretivo, para que todos

tenham o mesmo discurso, para dar um diferencial competitivo à sua organização.

É evidente que uma mudança de método de gestão não é tarefa fácil, mas a

mudança de posicionamento é fortemente percebida. Ela tem início na identidade e

cultura da organização, onde busca homogeneizar a nova estratégia:

Somente a partir da definição da identidade da empresa, que revela sua essência e razão de existir, e de seus valores fundamentais é possível identificar um estilo de gestão e liderança mais adequado (definindo, por exemplo, o que é mérito, talento e resultado dentro da empresa). (ZANINI, 2009, p. 89).

Diante disso, a gestão também irá se adequar à realidade da empresa e às

suas necessidades, não é um processo “engessado” e os objetivos desta gestão

podem ser os mais diversos: tratamento de imagem, readaptação de mercado,

abertura de novos mercados, busca de novos públicos entre muitos outros.

A seguir está um exemplo da transição da gestão tradicional para a gestão

integrada de ativos intangíveis.

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Transição para Gestão Integrada de Ativos Intangíveis. (ZANINI, 2009, p. 89).

Inserido neste contexto de subjetividade da empresa se encontra o indicador

de reputação da organização. A reputação é uma forma de externar como está

conceituada a marca para os públicos, segundo Zanini, “a reputação organizacional

representa um crédito de confiança adquirido pela organização e associado a um

bom nome, familiaridade, boa vontade, credibilidade, e reconhecimento.” (ZANINI,

2009, p. 90).

A boa reputação, segundo o autor, é resultado de um processo de

comunicação. Outro posicionamento a respeito de reputação é apresentado por

Almeida: “reputação é uma representação coletiva dos resultados da organização

através do qual se descreve a habilidade que essa organização tem de gerar valores

para os diversos públicos a ela ligados. (ALMEIDA apud LUCCHESE, 2009, p. 48).

É necessário deixar claro que a gestão proposta por Zanini36 (2009) integra

todas as áreas componentes da organização. Apenas os responsáveis pela

comunicação da empresa não terão sucesso implantando estes métodos sozinhos,

esta ação de mudança deve ser constante, inovadora e permanecer em constante

vigília das mudanças externas que o ambiente pode proporcionar na era da

informação que se está inserido.

36 Para se aprofundar no tema é aconselhável a leitura das obras de Marco Tulio Zanini: Confiança – O Principal Ativo Intangível de uma Empresa (2007) e Gestão Integrada de Ativos Intangíveis (2009). (N.A.).

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As ações propostas tiveram como objetivo esclarecer a amplitude de planos

que podem ser propostos para o gerenciamento da imagem organizacional. Os

profissionais de comunicação e principalmente as Relações Públicas devem estar

engajados a essas propostas de mudança e avaliação das características

organizacionais.

Pode-se observar, na ação de auditoria de imagem, que a pesquisa e a

análise fundamentam o método, enquanto o MCI busca formas mais detalhadas de

analisar as percepções sensoriais dos públicos e, por fim, mas não menos

pertinente, a gestão integrada dos ativos intangíveis busca trazer uma nova

realidade de gestão, que contempla fatores subjetivos e de alta complexidade.

Todas estas ações impactam seus resultados no público alvo e stakeholders da

organização, mas também proporcionam uma amplitude de conceitos que são

disseminados ao grande público de forma gradativa. Os meios de comunicação são

peças chave para formar a ponte entre organização e seus públicos e a seguir serão

abordados os principais meios e veículos, assim como suas vantagens e

diferenciais.

4.4 Gestão Integrada da Identidade – GIIC®

As diversas formas de interpretação da identidade organizacional podem

causar impacto direto no ambiente organizacional, onde gestores acabam por não

prestar as devidas considerações para este tipo de estudo dentro das organizações.

Atualmente um dos principais problemas de gestão ocorrem devido ao

desconhecimento da importância de um gerenciamento focado na identidade

organizacional, pois, além de ser algo difícil de mensurar, há falta de informação

sobre as análises e as ações a serem feitas acerca do assunto.

Para elucidar como poderia ser realizado este gerenciamento de identidade

organizacional, e por consequência sua imagem, será abordado um método de

gestão que se baseia na identidade corporativa, chamado Gestão Integrada da

Identidade Corporativa (GIIC®).

O método foi criado e desenvolvido por Lígia Fascioni37, com o objetivo de

equiparar a imagem com a identidade organizacional. O GIIC® possui 11 módulos

37Autora do livro “Quem sua empresa pensa que é?”, onde descreve o método GIIC® – Gestão Integrada da Identidade Corporativa. (N.A).

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que independem uns dos outros, e podem ser aplicados de forma aleatória desde

que sejam precedidos pelo módulo Identidade, para que tenha a sua finalidade

cumprida.

As necessidades da organização é que norteiam o método, onde podem ser

adaptadas modificações para que os objetivos traçados pelo GIIC® sejam

efetivados. Cada módulo componente do GIIC® é constituído por características

tangíveis da identidade, e tais características são gerenciadas por uma Matriz de

Recomendações, que nivela o comportamento, conforme a identidade.

O módulo Identidade do método GIIC® já foi aplicado em 25 empresas de

diversos portes e segmentos.

Método GIIC® e seus módulos (FASCIONI, 2006, p. 165).

Para descrever o método com mais detalhes, é necessário analisar qual o

papel de cada módulo na formação de uma imagem coerente. Para focarmos na

proposta de estudo desta monografia, serão analisados os módulos: identidade,

identidade visual, comunicação, atendimento e pessoas.

Módulo Identidade tem como objetivo elencar quais os diferenciais que

destaca a organização de todas as outras, essas características são definidas por

meio de entrevista com os clientes e gestores da empresa. Todas as ações

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realizadas em torno da comunicação, como Relações Públicas, Jornalismo,

identidade visual e entre outras, geralmente são baseadas nas estratégias

identificadas nestas reuniões. Mas segundo a autora existem algumas variáveis que

podem comprometer a fidelidade real dos resultados, que devem ser observados:

• Os gestores tendem a querer enfatizar apenas o melhor da empresa, desprezando os aspectos que não julgam adequados, apesar de existentes. • Os gestores possuem uma visão parcial da empresa, pois a enxergam apenas de um ponto de vista (o deles). Essa visão é tão incompleta quanto a das secretárias ou a dos estagiários. • Os gestores podem imaginar que existam respostas “certas” para a pergunta: quem é a sua empresa? (FASCIONI, 2006, p. 166).

Segundo Fascioni (2006):

O Módulo Identidade do Método GIIC® foi concebido para reduzir essa distorção, fazendo com que todos os colaboradores da empresa (ou pelo menos uma amostra representativa) participem da definição de sua identidade. Realiza-se um workshop de um dia inteiro fora do local de trabalho com a participação de todos ou uma amostra dos stakeholders. (FASCIONI, 2006, p.166).

E a autora complementa que a dinâmica é aplicada de forma interativa, onde

um facilitador, de diversas formas, busca as respostas dos gestores para saber as

reais características da empresa.

É uma técnica simples, mas que consegue aprofundar as opiniões dos

participantes sobre a empresa, e por meio de relatório apresenta a definição

formalizada da identidade da organização, este módulo do método GIIC® é o único

que busca as características reais das empresas, enquanto os outros módulos

buscam nortear a imagem com base na identidade.

Módulo Identidade Visual: este módulo identifica e analisa a marca de

produtos e serviços que a empresa dispõe assim como sua marca institucional.

Detalhes como cores, tipografia e estilo são estudados. O ideal que esta análise seja

realizada antes da criação destas artes, para que possa nortear o designer gráfico,

sem que isso interfira em seu processo de desenvolvimento da marca. E se por

ventura a marca já existir, será uma forma de analisar seus pontos fracos e fortes e

se necessário, propor uma reestruturação de marca.

A Matriz de Recomendações pode ser utilizada nestes casos, pois ela indica um

modelo ideal de características para que a organização possa se enquadrar, e se for

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necessário ela pode sofrer ajustes e adequações, sempre considerando seus

princípios de adequação de marca, no caso do módulo de identidade visual.

Cabe salientar que há várias soluções possíveis para traduzir graficamente a identidade da empresa, mas o uso da matriz garante que nenhum atributo essencial seja contradito. Como se disse, a matriz não resolve os problemas da prática projetual e muito menos substitui a criatividade e o gênio de um bom designer, porém, garante o alinhamento necessário que pode ser perdido durante o projeto. (FASCIONI, 2006, p. 170).

Segue um exemplo de como a Matriz de Recomendações pode ser

apresentada:

Exemplo de Matriz de Recomendações do Módulo Visual (FASCIONI, 2006, p.169).

Módulo Comunicações: este módulo possui características semelhantes às

atividades de Relações Públicas, pois tem como objetivo inicial identificar quais os

públicos da organização e selecionar os públicos chave para poder direcionar a

comunicação de forma planejada. Para Fascioni (2006), os atributos deste módulo

contempla o uso da imagem, parcerias, relações com a imprensa, seleção e uso de

veículos de comunicação, assessoria, eventos, integração com marketing, entre

outros.

Módulo Atendimento ao cliente e atitude profissional: trata especialmente da

influência que o atendimento ao cliente sofre diante da atitude do profissional que

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presta o atendimento. A postura profissional influencia diretamente na percepção

que os públicos criam da organização, desde o uso de e-mails até os princípios

éticos da pessoa que realiza este contato com o cliente é ponto de análise e

constante vigília. O atendente é a face da organização.

Módulo Gestão de Pessoas: este módulo contempla a verificação dos

benefícios e do clima organizacional. Colaboradores comprometidos e motivados

com a organização irão transmitir credibilidade para o público externo da empresa. É

realizada a análise dos programas de endomarketing e se houver adequações a

matriz de recomendações poderá nortear a organização nestas mudanças.

Todos os outros módulos componentes da GIIC® são de extrema

relevância, por mais que não tenham sido detalhados nas considerações realizadas

anteriormente, cada um dos módulos tem a flexibilidade suficiente para se

harmonizar com a realidade das organizações para cumprir seu papel, a

consolidação de identidade das organizações atualmente é fator competitivo para as

empresas que vêem a gestão de suas características como estratégias para manter-

se no mercado.

O método proposto por Lígia Fascioni é de grande valia para a formação da

imagem organizacional e também se pode utilizar das competências do profissional

de Relações Públicas, desde que o mesmo esteja capacitado para tal. A autora

(2006) salienta que o método não é propriedade de um administrador, e nem de um

comunicador, e sim de um profissional capacitado para analisar as características de

forma estratégica.

Estudou-se neste capítulo que as Relações Públicas são multidisciplinares e

podem contribuir de forma significativa para os métodos de auditoria e gestão de

identidade e imagem organizacional, devido à sua carga de conhecimentos

adquiridos durante a graduação, resultando em um profissional que tem

conhecimento das políticas e do fluxo interno da comunicação, podendo assim

ajudar a implantar os métodos e incentivar a participação de todos para o sucesso

dos projetos. Reforçando sempre a idéia de integração entre os profissionais de

Relações Públicas e de outras áreas, tendo sempre em vista a boa visibilidade da

organização.

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EEEEEEEE nnnnnnnnaaaaaaaa pppppppprrrrrrrrááááááááttttttttiiiiiiiiccccccccaaaaaaaa????????

CCCCCCCCoooooooommmmmmmmoooooooo ffffffffuuuuuuuunnnnnnnncccccccciiiiiiiioooooooonnnnnnnnaaaaaaaa????????

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5 E NA PRÁTICA? COMO FUNCIONA?

O presente capítulo tem como objetivo identificar as confirmações ou

discordâncias das hipóteses apresentadas nesta pesquisa. Esta análise será

baseada na metodologia científica hipotético dedutiva. Com base nas hipóteses

lançadas serão apresentados resultados para a questão norteadora desta

monografia. Para uma análise mais precisa dos posicionamentos será utilizada a

técnica de entrevista, que segundo Duarte:

A entrevista em profundidade é um recurso metodológico que busca, com base em teorias e pressupostos definidos pelo investigador, recolher respostas a partir da experiência subjetiva de uma fonte, selecionada por deter informações que se deseja conhecer. (DUARTE, 2005, p. 62).

Essa entrevista é orientada por um questionário elaborado pela autora,

direcionado para profissionais envolvidos com as Relações Públicas e com as

questões de identidade e imagem organizacional.

5.1 Instrumento de Pesquisa e Metodologia de Aplicação

A pesquisa realizada para obter as respostas dos profissionais acerca do

tema proposto será exploratória, pois busca uma maior aproximação do assunto no

mercado de trabalho e a realidade existente dentro das organizações, através do

conhecimento destes profissionais. O universo desta pesquisa abrange profissionais

de Relações Públicas atuantes, professores de Comunicação Social com habilitação

em Relações Públicas e especialistas em imagem e gestão de identidade

corporativa. A escolha dos entrevistados se deve ao fato de estarem direta ou

indiretamente ligados à comunicação, mais precisamente envolvidos com as

questões de identidade e imagem organizacional e Relações Públicas. A pesquisa

foi realizada por meio de um questionário com quatro questões e enviado através de

e-mail para os quatro entrevistados. O foco destas entrevistas é situar o profissional

de Relações Públicas na formação da imagem organizacional, identificando seu

papel. A análise das respostas gera uma reflexão acerca do tema que vem sendo

desenvolvido e proporciona maior embasamento para corroborar ou refutar as

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hipóteses lançadas e respondendo por consequência a questão norteadora

apresentada. Eis os questionamentos:

1) Gerenciar a imagem organizacional é de extrema importância hoje. Você

acha que as empresas, de forma geral, estão preparadas? Na sua opinião,

quais os maiores erros e maiores acertos que elas fazem em relação a esse

gerenciamento?

2) Existe um profissional mais indicado para realizar a gestão da comunicação e

da identidade institucional? Qual e por quê?

3) Na sua opinião, a Comunicação Integrada é fundamental para a gestão da

identidade e imagem organizacional?

4) Qual a relação entre Relações Públicas e Marketing na formação da imagem

organizacional?

5.2.1 Entrevistado 1: Daniela Fiorese Lucchese

Daniela Fiorese Lucchese é bacharel em Comunicação Social – Relações

Públicas, pela Universidade de Caxias do Sul – UCS, pósgraduada em

Administração em Marketing e em Gestão do Cerimonial - Planejamento,

Administração e Organização de Eventos Cerimonialísticos pela UCS. Possui MBA

em Gerência de Projetos, pela Fundação Getúlio Vargas – FGV. Autora do livro

Evento e Imagem: Ação e Consequência e atualmente é sócia da Dolaimes

Comunicação e Eventos, empresa onde atua como diretora de projetos. Endereço

na WEB: http://www.dolaimes.com.br.

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Respostas:

1) Gerenciar a imagem organizacional é de extrema importância hoje. Você acha

que as empresas, de forma geral, estão preparadas? Na sua opinião, quais os

maiores erros e maiores acertos que elas fazem em relação a esse gerenciamento?

O gerenciamento da imagem organizacional é de extrema importância, pois a

imagem é a forma com que a organização é percebida por seus públicos. As

empresas devem trabalhar estas percepções positivas, na busca de uma boa

reputação, que, nos dias de hoje pode ser considerado um diferencial competitivo.

O entendimento da importância da imagem não é novidade, já dizia Napoleão

Bonaparte: “Governar é aparentar”.

Atualmente, temos visto empresas que possuem a compreensão da importância do

planejamento e gerenciamento da imagem organizacional, isto se comprova pelo

maior número de profissionais de Relações Públicas contratados para esta

finalidade nos últimos anos.

As empresas têm que ter o claro entendimento de que o trabalho de imagem parte

de um planejamento, que é indispensável para que se obtenha um resultado

favorável. Quando falamos de gerenciamento, é importante que exista a

preocupação com a execução do projeto de forma profissional, ou seja, por

profissionais competentes e preparados; que as ações tenham constante

monitoramento e que muitas vezes existe a necessidade de replanejá-las e isto

exige habilidade, flexibilidade e principalmente visão global. Isto já é realidade em

algumas empresas, embora ainda tenha que ser entendido para a grande maioria.

Nossa visão, todavia, é de que o caminho já foi iniciado e que teremos uma

realidade mais favorável neste aspecto para os próximos anos.

2) Existe um profissional mais indicado para realizar a gestão da comunicação e da

identidade institucional? Qual e por quê?

3) Na sua opinião, a Comunicação Integrada é fundamental para a gestão da

identidade e imagem organizacional?

4) Qual a relação entre Relações Públicas e Marketing na formação da imagem

organizacional?

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Resposta para as perguntas 2, 3 e 4: O que temos percebido, principalmente nas

empresas de nossa região38, é que não existe o cargo de diretor de comunicação.

Eventualmente encontramos um gerente de comunicação, mas o mais habitual é

existir um gerente de marketing, a quem a área de comunicação é subordinada.

Este, geralmente, responde para um diretor comercial, que pode ser um

administrador, economista, engenheiro, entre outros. É importante que o

profissional responsável pela gestão da comunicação na empresa (seja ele quem

for) seja competente e tenha a capacidade de fazer seus superiores entenderem a

importância da gestão da identidade e imagem organizacional e a necessidade de

seus projetos de comunicação. Tudo isto deve estar, obviamente, integrado aos

objetivos globais da organização.

A identidade organizacional reflete a personalidade e o comportamento da empresa

e a imagem representa como ela é vista. Pelo enfoque institucional que identidade e

imagem possuem, podemos dizer que o profissional mais indicado para sua gestão

é o de Relações Públicas. A área de Relações Públicas é responsável, juntamente

com outras subáreas, pela construção da credibilidade e posicionamento

institucional da empresa.

Estudos sugerem as Relações Públicas como responsável pela administração da

comunicação na empresa. Concordamos que o profissional de Relações Públicas,

pela natureza de sua atividade estratégica e por sua formação mais ampla, tenha

condições de atuar na função do gerenciamento da comunicação institucional,

interna e administrativa. Porém, não podemos esquecer da comunicação

mercadológica, que estará ligada à área de marketing. Desta forma, relações

públicas e marketing farão o gerenciamento da comunicação na empresa.

Defendemos a idéia de que a comunicação, nas empresas, não possa ser planejada

de forma fragmentada. Todas as áreas da comunicação – administrativa, interna,

mercadológica e administrativa - devem ser orientadas por uma política integrada.

Conforme afirma Margarida Kusch, “não se pode separar a alma do corpo vivo.

Assim não se pode conceber a comunicação institucional como algo estanque,

isolado da comunicação mercadológica, interna e administrativa”. Por isso, não

podemos olhar as ações de comunicação isoladamente, pois as mercadológicas

38 Região da Serra Gaúcha. (N.A.).

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acabam refletindo na imagem da empresa e as ações institucionais apóiam os

resultados mercadológicos.

5.2.2 Entrevistado 2: Ligia Cristina Fascioni

Lígia Fascioni é Engenheira Eletricista, Mestre em Automação e Controle

Industrial, Especialista em Marketing e Doutora em Gestão Integrada do Design.

Atuou por 10 anos em empresas de base tecnológica, principalmente nas áreas de

automação, robótica e aviônica, passando depois a trabalhar na área de marketing

corporativo e consultoria. Possui vários trabalhos publicados sobre o tema

identidade corporativa em eventos científicos e revistas de negócios. Autora dos

livros “Quem sua empresa pensa que é?”, onde descreve o método GIIC® – Gestão

Integrada da Identidade Corporativa e “O design do designer”. Também mantém um

site especializado em identidade corporativa (www.ligiafascioni.com.br) e é colunista

do site www.acontecendoaqui.com.br, especializado em comunicação e marketing.

Já aplicou o módulo Identidade do método GIIC® em 25 empresas de variados

portes até o presente. Atua como palestrante, consultora de empresas e ministra

cursos de graduação e pós-graduação em faculdades de design.

Respostas:

1) Gerenciar a imagem organizacional é de extrema importância hoje. Você acha

que as empresas, de forma geral, estão preparadas? Na sua opinião, quais os

maiores erros e maiores acertos que elas fazem em relação a esse gerenciamento?

Bem, primeiramente é preciso alinhar os conceitos, já que identidade e imagem são

usadas muito frequentemente como sinônimos.

Identidade corporativa é o conjunto de atributos que torna uma empresa única,

diferente das outras. E esses atributos podem ser de dois tipos: essenciais ou

acidentais. Os atributos essenciais definem a sua identidade; sem eles, a empresa

não seria quem é. Por exemplo: se a empresa é informal e amigável, uma atitude

sisuda a tornaria irreconhecível, descaracterizando-a. Já os atributos acidentais,

ajudam a descrever a empresa num determinado momento, porém, eles mudam ao

longo da história sem comprometer a sua identidade. Assim, a empresa pode estar

insegura com o lançamento de um produto, mas tão logo a situação se resolva, esse

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atributo mudará. Os atributos acidentais ajudam a delinear a empresa e a

compreender o seu momento atual, mas não são a sua essência. A identidade

corporativa pode ser entendida como o DNA da organização, o que ela realmente é.

Já a imagem corporativa é bem diversa da identidade: se a identidade é o que a

empresa é, imagem é o que ela parece ser, e nem sempre essas duas coisas são

compatíveis. Sobre a imagem de uma empresa, não se tem controle, apenas

influência. Isso acontece porque a imagem está na cabeça das pessoas, portanto,

fora do alcance. Uma boa metáfora é imaginar a imagem como uma tela em branco,

onde as pessoas vão montando a imagem da empresa como se fosse um jogo de

quebra-cabeças. Quem fornece as peças é a própria empresa, com suas ações e

comunicações. Assim, quando um estagiário conta para seus amigos sobre fatos

ocorridos no escritório, ele está espalhando peças. Um telefonema bem atendido,

um anúncio de revista, uma reportagem, um veículo da frota desrespeitando um

sinal de trânsito, um cartão de visitas, tudo isso são peças que as pessoas vão

reunindo para montar a imagem. Se uma empresa não controla as peças que

distribui, poderá ter influências negativas na construção da sua imagem.

Com freqüência, os gestores da empresa, mesmo com a melhor das intenções,

acabam enfatizando atributos que não refletem com fidelidade a essência da

organização. O equilíbrio entre o que a empresa é e o que ela parece ser fica

prejudicado: em um momento, a comunicação enfatiza um aspecto, em outro, uma

ação o contradiz. O mercado, os fornecedores, os colaboradores e até os acionistas

percebem, mesmo que inconscientemente, essas incoerências.

O resultado é que a empresa vai perdendo pouco a pouco a sua credibilidade e

importantes negócios. Na melhor das hipóteses, esse comportamento a impedirá de

crescer e desenvolver todo o seu potencial, além de desperdiçar recursos preciosos.

2) Existe um profissional mais indicado para realizar a gestão da comunicação e da

identidade institucional? Qual e por quê?

Sou a pessoa menos indicada para falar sobre isso, pois, apesar de ter um

doutorado em gestão do design, minha formação é de engenheira eletricista com

mestrado em automação e controle industrial. Penso que, no século XXI, estamos

voltando a ser renascentistas, isto é, com competências em áreas diversas que não

têm motivo para não se integrarem e interagirem. Multidisciplinaridade, para mim, é

uma realidade e penso que depende mais do perfil, da experiência e da cultura do

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profissional que irá fazer o trabalho do que de uma formação específica. Acredito

que um jornalista, um designer, um administrador, um filósofo ou um sociólogo com

vasta cultura, curiosidade e sensibilidade para os sinais do mercado podem realizar

o trabalho (até mesmo um engenheiro...). O que penso é que o trabalho deva ser

feito por alguém competente, pois a importância dessa função é estratégica para o

sucesso da empresa. Isso acontece porque a gestão não é uma tarefa específica

como projetar (essa sim depende de conhecimentos e competências técnicas bem

definidas); gestão implica mais liderança do que qualquer outra coisa.

3) Na sua opinião, a Comunicação Integrada é fundamental para a gestão da

identidade e imagem organizacional?

Comunicação é fundamental para qualquer coisa na vida; não seria diferente nesse

caso. Sem comunicação, nada do que é feito tem validade, uma vez que a

comunicação não é uma via de mão única, mas implica também interação. E uma

empresa que não interage, não tem razão de existir.

4) Qual a relação entre Relações Públicas e Marketing na formação da imagem

organizacional?

Ambas as áreas contribuem de maneira estratégica para a gestão da imagem, cada

qual com suas competências: a RP como foco na diplomacia e na interação com a

sociedade; o marketing na comunicação com o consumidor, seus desejos,

aspirações, necessidades, experiências e impressões sobre os produtos, serviços e

a própria organização.

5.2.3 Entrevistado 3: Roberta Lopes

Roberta Lopes é formada em Relações Públicas em 2007 pela UCS. Atuou

na Dolaimes Comunicação e Eventos de 2002 a 2008, onde coordenou a área de

eventos técnicos - congressos, seminários, fóruns - entre outros. Através do

Programa de Mobilidade da UCS, estudou um semestre de Comunicação (foco em

Jornalismo e PP) na Universidade Fernando Pessoa em Porto-Portugal. Atualmente

trabalha na área Comercial da ALCAN Packaging Porto (Portugal), líder na

fabricação de embalagens flexíveis.

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Respostas:

1) Gerenciar a imagem organizacional é de extrema importância hoje. Você acha

que as empresas, de forma geral, estão preparadas? Na sua opinião, quais os

maiores erros e maiores acertos que elas fazem em relação a esse gerenciamento?

Dizer que as empresas estão preparadas para gerir sua imagem profissionalmente,

através de profissionais, seria muito vago. Acredito que cada vez mais as empresas

de pequeno e médio porte estão tendo esta consciência, a exemplo das grandes

empresas, mas ainda se vêem limitadas quanto a investimentos. Em geral,

empresas de pequeno porte têm a tendência em desenvolver atividades de forma

muito caseira, não entendendo o que deixam de lucrar (material e

institucionalmente) ao investir em profissionais.

No meu ver, os maiores acertos, senão o maior está no desprendimento por parte

dos empresários em confiar a comunicação das suas empresas nas mãos de

profissionais. E o maior erro é achar que os resultados são em curto prazo. Quando

se trata de imagem organizacional, as bases devem ser sólidas para render bons

frutos.

2) Existe um profissional mais indicado para realizar a gestão da comunicação e da

identidade institucional? Qual e por quê?

Acredito que cada vez mais as empresas precisam de profissionais de comunicação

aptos a atuar nas diversas atividades que envolvam a área. Obviamente, se há

formação específica para cada área da comunicação, cada um destes

profissionais possui as devidas ferramentas para realizarem um trabalho eficaz. Os

profissionais devem ter uma capacidade de traçar estratégias de comunicação,

dispensando sua formação em RP, PP ou Jornalismo, devem pensar como

comunicadores. Sabemos que dentre as atribuições do profissional de Relações

Públicas está destacada a capacidade administrativo-estratégica voltada à

comunicação.

3) Na sua opinião, a Comunicação Integrada é fundamental para a gestão da

identidade e imagem organizacional?

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Certamente integrar as áreas da comunicação é o ideal, uma vez que as atividades

de cada profissional são complementares e que a operação dos processos deva ser

realizada pelo especialista da área.

Porém, temos que ter em consideração que cada vez mais o foco está no

profissional de comunicação e não na sua especialização. As empresas buscam ter

um profissional o mais completo possível.

Por isso, acredito então as necessidades devem ser sentidas/medidas e as

atividades aprimoradas e revistas. Somente o dia-a-dia pode comprovar se a fórmula

adotada foi assertiva.

4) Qual a relação entre Relações Públicas e Marketing na formação da imagem

organizacional?

Acredito que estas áreas sejam complementares, visto que o Marketing engloba

desde a cadeia de fornecedores até a medição da satisfação dos consumidores e as

Relações Públicas têm por objetivo garantir uma relação saudável das organizações

com os seus públicos e com a comunidade de maneira organizada, planejada,

buscando resultados positivos. No meu ver o MKT trabalha com dados mais

concretos e rentabiliza financeiramente suas ações, enquanto as Relações Públicas

focam mais no intangível, algumas vezes de maneira empírica, e com isso é comum

perderem-se por não apresentarem adequadamente os resultados. Por isso a união

das características fortes de ambas as áreas, a troca de métodos para utilização dos

dados e para a condução dos relacionamentos poderão trazer o equilíbrio

necessários às organizações que busquem integrar suas equipes e obter melhor

impacto junto aos seus públicos.

5.2.4 Entrevistado 4: Rudimar Baldissera

Rudimar Baldissera é graduado em Relações Públicas pela Universidade de

Caxias do Sul (1989), especializado em Gestão de Recursos Humanos pela

Universidade do Vale dos Sinos (1997), mestre em Ciências da

Comunicação/Semiótica pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (1999) e doutor

em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

(2004). Atualmente é professor adjunto do Departamento de Comunicação – Fabico

– e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação da

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Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Tem experiência na área de

Comunicação, atuando principalmente nos seguintes temas: comunicação, relações

públicas, comunicação pública, estratégia, comunicação organizacional, identidade,

imagem-conceito, cultura, relações de poder e comunicação turística.

Respostas:

1) Gerenciar a imagem organizacional é de extrema importância hoje. Você acha

que as empresas, de forma geral, estão preparadas? Na sua opinião, quais os

maiores erros e maiores acertos que elas fazem em relação a esse gerenciamento?

Não. Caso se considerem todas as organizações, pode-se dizer com tranquilidade

que não estão preparadas para gerenciar a imagem-conceito. Tendem a apenas agir

a partir de contextos, sem planejamento, sem posicionamento claro, sem simbólico

definido para suas marcas. Penso que o gerenciamento de imagem tende a ser mais

presente em grandes organizações como a Vale e a Petrobrás, por exemplo.

Erros:

1) ausência de planejamento de imagem-conceito: de modo geral, a imagem-

conceito das organizações tende a resultar de ações cotidianas, não

planejadas, da qualidade dos produtos e serviços e das poucas ações de

comunicação. Por isso, depende muito mais de processos intuitivos de seus

gestores do que de planejamento do simbólico que se quer associado à

organização;

2) profissionais sem qualificação: boa parte dos profissionais que trabalha com a

gestão de imagem-conceito não está preparada para a ideia de gerenciamento

de imagem e marca; faltam habilidades e competências.

3) Sentido de urgência: pautando-se pelo viés do marketing, tenta-se imprimir

nos processos de construção de imagem-conceito a urgência e o imediatismo

peculiares às ações promocionais de marketing. Age-se por esquecimentos de

que imagem-conceito é construção de longo prazo e que precisa ser

permanente (re)trabalhada. Não se trata de mágica e que tudo pode interferir

nela;

4) Baixo investimento: de modo geral a comunicação e as ações de

relacionamento não recebem significantes verbas em termos de investimento;

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5) Ações fragmentadas e ensaísticas: todos pensam que sabem fazer e todos

querem algo diferente dos demais; daí os esforços para várias direções,

inclusive conflitantes.

Acertos:

1) adaptação: há certa facilidade em atualização da imagem para adaptar-se aos

tempos;

2) flexibilidade: organizações com competência para dialogar, transacionar

sentidos;

2) Existe um profissional mais indicado para realizar a gestão da comunicação e da

identidade institucional? Qual e por quê?

A gestão da comunicação institucional é campo de atuação, principal, do relações

públicas. Como se sabe, ele tem formação para isso (ou deveria ter), uma vez que

seu processo formativo universitário procura articular conhecimentos de

comunicação de diferentes dimensões e perspectivas, suportados em estudos

humanísticos e, também, com formação técnica específica para atuar

profissionalmente nesse campo. Da mesma forma, tende a desenvolver habilidades

e competências específicas que lhe permite potencializar as ações de comunicação

institucional para o nível estratégico. Quanto à gestão da identidade, não se trata de

algo apenas da área de relações públicas. É mais amplo e complexo do que isso,

pois diz respeito ao ser institucional e não apenas àquilo que é comunicado (como

desejam muitos profissionais). Nesse caso, a gestão da identidade (e não estou me

referindo apenas à identidade visual – marca, logotipia etc. – mas sim ao ser

organizacional que, apesar de ser representado como coeso é fragmentado) se

qualifica pela atuação conjunta de vários profissionais, particularmente os

administradores, os relações públicas e os publicitários.

Por fim, prefiro dizer que o profissional mais indicado é o que é mais competente

para isso. A afirmação se deve à percepção de que muitos profissionais, apesar de

sua formação acadêmica, não desenvolveram habilidades e competências

suficientes para os processos de gestão da comunicação e identidade institucional.

Mais do que ser possuidor do título é preciso ser competente profissionalmente.

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3) Na sua opinião, a Comunicação Integrada é fundamental para a gestão da

identidade e imagem organizacional?

Na minha opinião a comunicação em si é integrada, não há necessidade desse tipo

de conceituação. Só é necessário integrar o que foi “desintegrado”. O que quero

dizer com isso é que é preciso compreender que a comunicação, de modo geral, se

realiza integralmente. Talvez os únicos lugares onde isso não aconteça sejam

exatamente aqueles em que se quer “artificialmente” exercer a comunicação

integrada. Comunicação é fluxo, portanto se realiza independentemente da vontade

dos profissionais de comunicação, que, de modo geral, são os que “fragmentam” os

processos.

Dito isso, posso afirmar que a comunicação é fundamental, sim, para a gestão da

identidade e imagem organizacional, até porque a imagem, para ser construída,

antes precisa que a identidade (traços identitários) seja comunicada, assuma

visibilidade e, até, legitimidade. Nesse sentido, mais do que ser integrada, é

necessário que a comunicação, em suas diferentes dimensões e possibilidades, seja

atualizada acionando e (re)afirmando os mesmos sentidos, isto é,

independentemente das técnicas empregadas, os objetivos a serem atingidos são os

da instituição e, nesse sentido, as diferentes técnicas e enunciados podem tanto

corroborar e/ou reapresentar quanto complementar e/ou complexificar o que fora

dito.

4) Qual a relação entre Relações Públicas e Marketing na formação da imagem

organizacional?

Bem, primeiramente é preciso pensar o que se entende por Relações Públicas e por

Marketing. Sem estar com isso claro, fica difícil dizer da relação. A questão é que

para mim enquanto Marketing é uma “filosofia de mercado”, portanto o foco são as

transações (particularmente as econômicas – produtos e serviços), Relações

Públicas é “filosofia de relacionamento estratégico”. Nessa perspectiva, as relações

públicas não se reduzem ações de marketing, mas suas técnicas podem ser

empregadas em processos promocionais de marketing. Porém, nem tudo é da

qualidade do mercado. Relacionamentos humanos são anteriores ao mercado,

portando, por mais que, atualmente, tudo pareça ter vínculo com mercado, em nível

mais complexo não é possível reduzir dessa forma.

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Dito isso, importa destacar que, enquanto o marketing necessita da boa imagem

para vender mais, as relações públicas deveriam ocupar-se de pensar nos

processos de legitimação organizacional, agindo pela ética do comprometimento

ecossistêmico (com os demais sistemas e subsistemas) e visando o “algo sempre

melhor” para a sociedade e, portanto, para si mesma, pois que é interdependente.

De qualquer forma, qualquer ato/ação seja de RP, seja de Marketing, será uma

interferência na construção da imagem-conceito. Nesse sentido, é necessário que

sejam planejadas para que os esforços possam ser potencializados. Isto é, para que

o retorno dos investimentos de comunicação e relacionamento, bem como os

econômicos, políticos, de tempo etc. dêem retorno superior.

5.3 Análise de opiniões

Observando as entrevistas realizadas com os profissionais, é possível notar

que as respostas convergem em muitos pontos, mas também possuem divergências

em algumas análises. Mas logo de inicio é possível afirmar a grande importância da

imagem organizacional para empresas atualmente.

As questões foram elaboradas com o intuito de esclarecer quais os

paradigmas do assunto, e trazer para este estudo um olhar mais real sobre como a

imagem organizacional é trabalhada no mercado, e como os profissionais de

Relações Públicas enxergam a sua contribuição neste contexto.

A primeira questão deste trabalho explana qual a perspectiva do tratamento

de imagem nas organizações, e qual o seu nível de preparação para gerenciar tais

características intangíveis. Neste questionamento, os entrevistados foram instigados

a detalhar quais os erros e os acertos que as organizações apresentam no

gerenciamento destes fatores, diante disso Roberta Lopes, Ligia Fascioni e Rudimar

Baldissera possuem opiniões semelhantes, pois opinam que o gerenciamento de

imagem atualmente não é uma prática comum, administradores ainda não estão

devidamente preparados para analisar imagem como um ponto estratégico nas

empresas, e muito menos para investir nisso. Daniela Lucchese traz uma nova

perspectiva para esta questão, onde responde que as empresas estão considerando

a gestão da imagem organizacional como peça importante na gestão organizacional,

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e que por conta disso existe um aumento de procura pelo profissional de Relações

Públicas para atuar neste gerenciamento.

Foram citados diversos erros que as organizações cometem, alguns deles

foram expostos por Rudimar Baldissera, que aborda a falta de planejamento da

imagem, as ações isoladas e fragmentadas, os profissionais desqualificados e o

sentido de urgência na criação de uma projeção da organização. Já Ligia Fascioni

opina que o principal erro é o desconhecimento dos termos identidade e imagem, e

da falta de embasamento para gerir ambas. Roberta Lopes acredita que é muito

vago dizer que as organizações estão preparadas.

Os principais acertos citados são em relação à confiança que os

administradores depositam em profissionais de comunicação para realizar tal

gestão, e também na flexibilidade das organizações em aceitar novas idéias.

Pode-se analisar diante desses posicionamentos que o conhecimento das

questões ligadas à imagem organizacional é um paradigma, pois o desconhecimento

de seus fundamentos acaba por distorcer a sua real importância para uma

organização, em contrapartida o profissional de comunicação é considerado para

realizar este gerenciamento.

Analisando a teoria apresentada durante este trabalho, as opiniões dos

entrevistados corroboram com as opiniões dos autores citados, como exemplo,

Neves: “Imagem ainda não é uma coisa bem entendida quanto ao que seja. Muito

menos quanto aos seus domínios. Tem-se, no geral, uma vaga compreensão sobre

ela”. (NEVES, 2003, p. 17, grifo do autor)

Mesmo que a imagem esteja diretamente ligada ao reconhecimento de uma

organização diante da sociedade, a gestão desse fator ainda não faz parte da

cultura das empresas.

A segunda questão da entrevista se refere à qual profissional é mais

indicado a responsabilidade de gerir a comunicação e a identidade de uma

organização. Este questionamento foi levantado a partir das análises das citações

bibliográficas deste estudo, que não deixam claro qual é o profissional mais indicado

para isso, apenas transparecem a preferência por algumas competências

específicas. Os entrevistados apresentaram opiniões semelhantes, e que se

completam. Daniela Lucchese dá destaque ao bom profissional de comunicação,

competente e conhecedor da importância da gestão da comunicação e imagem nas

empresas. A multidisciplinaridade é o fator principal que compõe o perfil do gestor

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destes fatores nas organizações segundo Ligia Fascioni, que defende que a

formação muitas vezes não indica que o profissional tem competência para realizar

este tipo de trabalho. Para Roberta Lopes é fundamental que o responsável por esta

gestão seja, antes de mais nada, um comunicador. Destaca também que a função

estratégica atribuída às Relações Públicas contribui para que este profissional seja

mais cogitado para esta gestão do que as demais profissões.

No capítulo 4 desta monografia foi abordado sobre o foco das Relações

Públicas estar voltado para a análise e o estudo das características institucionais

das organizações, gerenciando a comunicação de forma que contribua para a

melhoria destes fatores interna e externamente. O entrevistado Rudimar Baldissera

traz a mesma opinião sobre isso quando se refere que a comunicação institucional é

o campo de atuação do relações públicas, enquanto a gestão da identidade opina

que deve ser administrada por um conjunto de profissionais com especializações

específicas, entre eles cita o relações públicas, administradores e publicitários, cada

um com sua competência poderá contribuir para que a identidade seja coerente com

a realidade da empresa.

Observa-se diante destes posicionamentos que o profissional de Relações

Públicas é um dos principais indicados para a gestão da comunicação nas

organizações, e para o gerenciamento da identidade das mesmas, ressaltando que

a competência é primordial e que o trabalho em conjunto com outros profissionais só

vem a agregar mais qualidade ao processo.

Para identificar a real importância da comunicação integrada no processo de

formação e consolidação da imagem organizacional, a terceira questão deste

trabalho foi formulada. Inicialmente se pôde observar que a comunicação integrada

é um termo que nem sempre é considerado pelos profissionais, para Rudimar

Baldissera e Ligia Fascioni a comunicação em si já é uma integração de fatores, e

que por conseqüência necessita de diversos tipos de profissionais atuando para que

o seu resultado seja positivo.

Este estudo apresentou as características da comunicação integrada no capítulo 3, e

trouxe opiniões de autores como Margarida Kunsch e Amauri Marchesi e este último

defende que a comunicação é resultado do conjunto de competências integradas,

corroborando assim com a opinião dos entrevistados.

Daniela Lucchese já aborda a comunicação integrada como um complemento das

ações de Relações Públicas, de forma opcional o profissional pode decidir se existe

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a necessidade de integrar as competências, mais uma vez comprovando a formação

estratégica deste profissional.

A quarta e última pergunta realizada aos entrevistados é em relação às

competências do profissional de Relações Públicas e do profissional de marketing

na formação da imagem das organizações. Estes esclarecimentos foram tratados

nesta monografia com o intuito de elucidar quais as reais atribuições destes

profissionais.

Diante dos posicionamentos dos entrevistados foi possível compreender que

no cenário organizacional, não é possível desassociar a comunicação dos planos

mercadológicos, pois ambos refletem suas ações nos públicos da empresa e ambos

incitam a interação da organização e seus públicos de interesse. As Relações

Públicas se encarregam da comunicação e do gerenciamento dos fatores

institucionais da empresa, enquanto o Marketing gerencia fatores mercadológicos.

Rudimar Baldissera contribui de forma singular quando trata que o Marketing

necessita de uma organização como uma imagem positiva para poder vender e

alcançar seus resultados financeiros, e esta imagem por sua vez, é consequência de

um trabalho bem realizado pelas Relações Públicas na organização. O trabalho de

um afeta no trabalho do outro, é uma parceria, uma união de competências

estratégicas.

Para Ligia Fascioni o RP trata da diplomacia e da comunicação

estrategicamente, enquanto o Marketing estuda as necessidades, as formas e os

meios de tornar o vínculo do consumidor com a organização em algo sólido e

duradouro, para ela, ambas as áreas contribuem significativamente no sucesso de

uma organização através de sua imagem , e esta parceria se torna muito importante

na atualidade que a competitividade é constante.

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CCCCCCCCoooooooonnnnnnnnssssssssiiiiiiiiddddddddeeeeeeeerrrrrrrraaaaaaaaççççççççõõõõõõõõeeeeeeeessssssss FFFFFFFFiiiiiiiinnnnnnnnaaaaaaaaiiiiiiiissssssss

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Levando em conta as competências do profissional de Relações Públicas e

as relações que podem ser criadas diante da imagem organizacional, se pode

compreender que estas são associações coerentes. As Relações Públicas tratam do

gerenciamento da comunicação e da harmonização de relacionamentos entre os

mais diversos públicos de uma empresa. Este relacionamento permite que o

profissional identifique qual a visibilidade da organização para seus públicos de

interesse.

As funções e atribuições desta profissão, em conjunto com as competências

de outros profissionais da comunicação, objetiva envolver e relacionar os públicos

com a organização. A preferência dos públicos é um dos objetivos da profissão de

Relações Públicas, quando propõe o gerenciamento da imagem organizacional.

A nova realidade de relacionamentos que a globalização trouxe, permite a

interação das organizações com seus públicos através da internet, um meio de

comunicação que já está consolidado atualmente e que já não se sabe como foi

possível viver sem ela até então. Suas características inovadoras agregaram novas

possibilidades de contato entre as organizações e o mundo. Diante disso é

primordial a constante atualização dos profissionais que buscam estar em um

posicionamento competitivo. Principalmente profissionais de comunicação, que

antes de tudo, devem ter uma imagem estratégica e positiva.

A imagem de uma organização é constituída por fatores intangíveis, mas

que têm o poder de ascender a sua visibilidade, trazendo assim, maior credibilidade

diante de seus públicos e mais lucros para a organização. Um dos fatores que

constituem a imagem organizacional é a identidade. Esta traduz a realidade da

empresa, como ela realmente é constituída. Estas características são primordiais

para que a imagem que é transmitida para os públicos seja legítima.

Ter afinidade com o público interno e externo, e seus stakeholders é uma

conquista para as organizações. Conseguir compartilhar princípios com seus

públicos, e ainda possibilitar relações mercadológicas é o “sonho americano” dos

administradores que têm uma visão dinâmica de mercado. Essa afinidade se resume

na identidade organizacional compatível com a identidade dos públicos, e isso é

uma responsabilidade do profissional de comunicação. Todas as experiências que

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os públicos têm com determinada empresa, acabam resultando em uma projeção

positiva, negativa ou indiferente para os públicos atingidos.

Quando as relações mercadológicas entram em discussão, é notório ver

como existem distorções acerca das capacidades de um profissional de Relações

Públicas e de um profissional da área de Marketing. Mas de forma simplificada é

possível exemplificar as distinções, as Relações Públicas tratam de qualificações

institucionais das organizações, enquanto o Marketing trata das qualidades

mercadológicas das empresas, que vão desde a pesquisa de mercado, até a

precificação de produtos e serviços. Essas distinções são fundamentais para que os

papéis sejam aplicados de forma correta, e neste contexto, que a imagem

organizacional seja projetada de forma coerente com os princípios organizacionais.

Analisando a primeira hipótese formulada a partir da questão norteadora

desta pesquisa, se pode confirmar que o profissional de Relações Públicas é um

profissional apto e mais adequado para formular e manter a imagem de uma

organização diante de seus públicos, utilizando-se do Planejamento de

Comunicação. Porém, ele precisa buscar mais conhecimento nas técnicas e

métodos de gerenciamento de identidade organizacional, para que possa se

adequar aos mais diversos tipos de organização, e suas peculiaridades.

A partir desta confirmação também é necessário fazer a ressalva da

segunda hipótese formulada para este trabalho, de que o profissional de Relações

Públicas têm competências específicas e que em conjunto com profissionais de

áreas afins à comunicação poderá efetivar de forma positiva e com qualidade os

gerenciamentos de identidade e imagem organizacional. O método GIIC®, a

auditoria de imagem e a gestão integrada de ativos intangíveis são algumas formas

possíveis de efetuar a gestão e o controle destes fatores e que também necessitam

da contribuição de profissionais especializados em outras áreas, como

administradores e publicitários.

O relacionamento entre as áreas de Relações Públicas e Marketing também

são confirmadas positivamente, analisando a terceira hipótese proposta, pois é

fundamental que a gestão de identidade e imagem tenha consciência dos fatores

institucionais e mercadológicos que compõe a visibilidade de uma organização. As

empresas necessitam de profissionais que possam se integrar a ponto de beneficiar

a organização economicamente e que harmonize suas relações com seus públicos.

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Os objetivos definidos para este estudo foram alcançados, de forma que foi

possível identificar e avaliar o papel do profissional de Relações Públicas na

formação e na gestão da imagem organizacional, e também analisar que sua função

é muito importante nesse processo. Foi possível também explorar as ações que

podem ser realizadas para o gerenciamento da imagem e identidade organizacional,

e que podem ser implementadas pelo profissional de Relações Públicas. Da mesma

forma que também foram explanados os meios e veículos de comunicação que

podem ser utilizados pelo profissional de Relações Públicas para por em prática o

Planejamento de Comunicação da organização.

As entrevistas realizadas contribuíram de maneira crucial para a finalização

deste estudo. A fundamentação teórica e prática trazida por Ligia Fascioni a esta

monografia foi muito importante, e a sua contribuição através da entrevista trouxe

ainda mais valor a este estudo. A experiência profissional dos entrevistados abordou

novas óticas e por meio das respostas da entrevistada Daniela Fioreze Lucchese

agregou um visão real e otimista para o futuro da profissão de Relações Públicas. A

profissional de Relações Públicas Roberta Lopes apresentou opiniões muito

importantes e, por vivenciar experiências em Portugal, pôde responder as questões

também defendendo a opinião de que a imagem organização é fundamental para o

sucesso de organização. Rudimar Baldissera trouxe conceitos e novos olhares sobre

os assuntos de maneira singular, e é visível que o seu conhecimento de causa dá

uma visão real de como o mercado se comporta diante das competências de um

profissional de Relações Públicas, e diante da gestão da imagem organizacional.

Quando se deu início a este estudo foi primordial que o tema causasse

curiosidade e interesse para que o andamento desta pesquisa fosse prazeroso e

recompensador. O desenvolvimento deste estudo foi realizado com dedicação e

comprometimento em busca do melhor resultado. Por ser um assunto abrangente e

complexo, alguns elementos não receberam o devido aprofundamento, e alguns até

não tiveram a oportunidade de serem abordados, por conta do tempo disponível e

também para que o foco desta pesquisa fosse mantido. Sem pretensão de ser uma

pesquisa conclusiva, este trabalho poderá contribuir para que próximas pesquisas

sejam realizadas através de novas diretrizes.

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RRRRRRRReeeeeeeeffffffffeeeeeeeerrrrrrrrêêêêêêêênnnnnnnncccccccciiiiiiiiaaaaaaaassssssss

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REFERÊNCIAS

Bibliográficas

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AAAAAAAAnnnnnnnneeeeeeeexxxxxxxxoooooooossssssss

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ANEXOS Quadro comparativo, referente aos posicionamentos das entrevistas realizadas.

Questão 1 - Gerenciar a imagem organizacional é de extrema importância hoje.

Você acha que as empresas, de forma geral, estão preparadas? Na sua opinião,

quais os maiores erros e maiores acertos que elas fazem em relação a esse

gerenciamento?

Entrevistado 1

Daniela Lucchese

Entrevistado 2

Lígia Fascioni

Entrevistado 3

Roberta Lopes

Entrevistado 4

Rudimar

Baldissera

É de extrema importância. E isso se reflete no aumento do número de profissionais de Relações Públicas contratados com esta finalidade. Erros: não gerenciamento de imagem por desconhecimento. Acertos: Consciência do mercado em dar prioridade à profissionais capacitados e competentes.

Há confusão nas definições entre os termos imagem e identidade, gerando incompatibilidade na sua aplicação. Erros: desconhecimento dos termos e das ações que devem ser feitas para gerenciar imagem. Acertos: não citou.

Dizer que as empresas estão preparadas para gerir sua imagem profissionalmente, através de profissionais, seria muito vago. Erros: presumir que os resultados gerados com gerenciamento de imagem são a curto prazo. Acertos: desprendimento por parte dos empresários em confiar a comunicação das suas empresas nas mãos de profissionais.

As empresas não estão preparadas para gerenciar questões de imagem. Erros: ausência de planejamento de imagem-conceito, profissionais sem qualificação, sentido de urgência, baixo investimento, ações fragmentadas e ensaísticas. Acertos: adaptação e flexibilidade.

Diante dos posicionamentos citados referente à Questão 1, se pode observar uma

coerência de opiniões entre os entrevistados 2, 3 e 4, que citam o despreparo das

organizações no gerenciamento de imagem. O entrevistado 1 traz uma nova

perspectiva, de que as empresas estão se dando conta deste novo fator que deve

ser compreendido no planejamento de uma organização, e para corroborar com

sua opinião, exemplifica que o profissional de Relações Públicas está cada vez

mais solicitado para efetuar este tipo de gerenciamento nas organizações.

Perante os erros citados os entrevistado 1 e 2 concordam categoricamente. Sobre

a perspectiva de resultados, o entrevistado 3 opina que as organizações devem

compreender que o retorno econômico de um gerenciamento de imagem, não é

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imediatista. O entrevistado 4 cita diversos erros que ocorrem no tratamento de

imagem, e contribui de forma assertiva para este trabalho, pois aponta uma relação

de falhas cometidas pelas as organizações atualmente acerca de imagem

organizacional.

Questão 2 - Existe um profissional mais indicado para realizar a gestão da

comunicação e da identidade institucional? Qual e por quê?

Entrevistado 1

Daniela Lucchese

Entrevistado 2

Lígia Fascioni

Entrevistado 3

Roberta Lopes

Entrevistado 4

Rudimar

Baldissera

É importante que o profissional responsável pela gestão da comunicação na empresa (seja ele quem for) seja competente e tenha a capacidade de fazer seus superiores entenderem a importância da gestão da identidade e imagem organizacional e a necessidade de seus projetos de comunicação.

Multidisciplinaridade, para mim, é uma realidade e penso que depende mais do perfil, da experiência e da cultura do profissional que irá fazer o trabalho do que de uma formação específica. O que penso é que o trabalho deva ser feito por alguém competente, pois a importância dessa função é estratégica para o sucesso da empresa.

Os profissionais devem ter uma capacidade de traçar estratégias de comunicação, dispensando sua formação em RP, PP ou Jornalismo, devem pensar como comunicadores. Sabemos que dentre as atribuições do profissional de Relações Públicas está destacada a capacidade administrativo-estratégica voltada à comunicação.

A gestão da comunicação institucional é campo de atuação, principal, do relações públicas, mas nesse caso, a gestão da identidade, se qualifica pela atuação conjunta de vários profissionais, particularmente os administradores, os relações públicas e os publicitários.

Os entrevistados são unânimes quando respondem à questão 2. Citam a

multidisciplinaridade, e as competências dos comunicadores como fundamentais.

Mas o que sobressai diante as respostas é a competência do profissional

responsável pelo gerenciamento de identidade e imagem. Os profissionais de

Relações Públicas são citados como peça chave neste gerenciamento, pois

possuem competências voltadas ao relacionamento e ao gerenciamento de

questões institucionais e comunicacionais , assim como outros profissionais

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estratégicos, mas independente disso, a competência e profissionalismo são

características indispensáveis para o responsável sobre essa atividade.

Questão 3 - Na sua opinião, a Comunicação Integrada é fundamental para a gestão

da identidade e imagem organizacional?

Entrevistado 1 Daniela

Lucchese

Entrevistado 2

Lígia Fascioni

Entrevistado 3

Roberta Lopes

Entrevistado 4

Rudimar

Baldissera

A área de Relações Públicas é responsável, juntamente com outras subáreas, pela construção da credibilidade e posicionamento institucional da empresa.

Comunicação é fundamental para qualquer coisa na vida; não seria diferente nesse caso. Sem comunicação, nada do que é feito tem validade, uma vez que a comunicação não é uma via de mão única, mas implica também interação. E uma empresa que não interage, não tem razão de existir.

Certamente integrar as áreas da comunicação é o ideal, uma vez que as atividades de cada profissional são complementares e que a operação dos processos deva ser realizada pelo especialista da área.

Posso afirmar que a comunicação é fundamental, sim, para a gestão da identidade e imagem organizacional, até porque a imagem, para ser construída, antes precisa que a identidade (traços identitários) seja comunicada, assuma visibilidade e, até, legitimidade.

Sobre a integração da comunicação é possível observar nas respostas da questão

3, uma divergência de opiniões. O entrevistado 4 defende que a comunicação em

si, já é integrada, sem ser desta forma ela não teria a sua efetividade, e com isso

complementa a opinião do entrevistado 3. Enquanto o entrevistado 1 já aborda a

comunicação integrada como um complemento das ações de Relações Públicas.

De outra forma ainda o entrevistado 2 trata da comunicação de modo geral, e

afirma que a comunicação é crucial para o desenvolvimento de uma organização.

Questão 4 - Qual a relação entre Relações Públicas e Marketing na formação da

imagem organizacional?

Entrevistado 1

Daniela Lucchese

Entrevistado 2

Lígia Fascioni

Entrevistado 3

Roberta Lopes

Entrevistado 4

Rudimar Baldissera

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Não podemos olhar

as ações de

comunicação

isoladamente, pois

as mercadológicas

acabam refletindo

na imagem da

empresa e as ações

institucionais

apóiam os

resultados

mercadológicos.

Ambas as áreas contribuem de maneira estratégica para a gestão da imagem, cada qual com suas competências: a RP como foco na diplomacia e na interação com a sociedade; o marketing na comunicação com o consumidor, seus desejos, aspirações, necessidades, experiências e impressões sobre os produtos, serviços e a própria organização.

Acredito que estas áreas sejam complementares, visto que o Marketing engloba desde a cadeia de fornecedores até a medição da satisfação dos consumidores e as Relações Públicas tem por objetivo garantir uma relação saudável das organizações com os seus públicos e com a comunidade de maneira organizada, planejada, buscando resultados positivos.

Importa destacar que, enquanto o marketing necessita da boa imagem para vender mais, as relações públicas deveriam ocupar-se de pensar nos processos de legitimação organizacional, agindo pela ética do comprometimento ecossistêmico (com os demais sistemas e subsistemas) e visando o “algo sempre melhor” para a sociedade e, portanto, para si mesma, pois que é interdependente. De qualquer forma, qualquer ato/ação seja de RP, seja de Marketing, será uma interferência na construção da imagem-conceito.

A interação entre as áreas é notória com base nas entrevistas. Todos os

entrevistados ressaltaram o papel do profissional de Relações Públicas, e o papel

do Marketing nas organizações, e como seus resultados são positivos, quando

concretizados de forma estratégica.