Maria Alana Brinker de Oliveira OPINIÃO PÚBLICA, ESPELHO...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE BIBLIOTECONOMIA E COMUNICAÇÃO DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO Maria Alana Brinker de Oliveira OPINIÃO PÚBLICA, ESPELHO DA TELEVISÃO: ATÉ ONDE A SOCIEDADE ENXERGA. UMA ANÁLISE FOCADA EM TELEJORNAIS Porto Alegre 2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE BIBLIOTECONOMIA E COMUNICAÇÃO

DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO

Maria Alana Brinker de Oliveira

OPINIÃO PÚBLICA, ESPELHO DA TELEVISÃO: ATÉ ONDE A SOCIEDADE ENXERGA. UMA ANÁLISE FOCADA EM TELEJORNAIS

Porto Alegre 2008

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MARIA ALANA BRINKER DE OLIVEIRA

OPINIÃO PÚBLICA, ESPELHO DA TELEVISÃO: ATÉ ONDE A SOCIEDADE ENXERGA. UMA ANÁLISE FOCADA EM TELEJORNAIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à disciplina Projeto Experimental em Relações Públicas I - Monografia, como pré-requisito à obtenção do grau de bacharel em Relações Públicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Orientadora: Profª Dra. Maria Helena Weber

Porto Alegre

2008

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................8

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................ .................................................11

2.1 O Poder da Televisão........................... .............................................................12

2.2 Opinião Pública ................................ .................................................................17

2.3 Os Dispositivos de Crítica à Televisão......... ...................................................23

2.4 O Telejornalismo ............................... ................................................................29

3 A PADRONIZAÇÃO DO TELEJORNAL ..................... ..........................................34

3.1 O Poder da Rede Globo e o Jornal Nacional ..................................................37

3.2 A Importância do Jornal Nacional ............... ....................................................42

3.3 Um Padrão que Tomou Conta ...................... ....................................................45

3.4 Novas Tecnologias “No Ar” ...................... .......................................................49

4 O TELESPECTADOR ANALISA A TELEVISÃO .............. ....................................51

4.1.1 Problematização do Tema ...................... .......................................................52

4.1.2 Constituição da Amostra Qualitativa.......... ..................................................53

4.1.3 Definição do Objeto de Pesquisa: Telejornais. ............................................54

4.1.4 Construção do Instrumento de Pesquisa........ .............................................54

4.1.5 Questionário ................................. ..................................................................55

4.1.5.1 As Questões ................................ ................................................................56

4.1.5.2 Escolha e Valoração das Respostas .......... ...............................................60

4.1.6 Aplicação .................................... ....................................................................61

4.2 Classificação e Tabulação...................... ...........................................................61

4.3 Resultados da Pesquisa ......................... ..........................................................62

4.3.1 Identificação ................................ ...................................................................62

4.3.2 Atividades Realizadas pelo Participante Enqua nto Assiste ao Telejornal

(Questão 2.3)...................................... ......................................................................66

4.3.3 Ambientes nos quais as Informações Obtidas At ravés do Telejornal

Fazem Parte de Debates ou Conversas dos Participant es (Questão 2.7) ..........68

4.4 Análise e Cruzamentos dos Resultados ........... ..............................................71

4.4.1 Ambientes nos quais os Assuntos Vistos no Tel ejornal Fazem Parte de

Debates ou Conversas dos Participantes x Curso (Que stão 2.7 x 1.3) ..............71

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4.4.2 Telejornais que os Participantes Costumam Ass istir x Curso (Questão 2.2

X 1.3).........................................................................................................................76

4.4.3 Atitude, Mudança ou Decisão Tomada a Partir d e Informações Veiculadas

pelos Telejornais x Curso (Questão 2.8 x 1.3) ...... ................................................81

4.4.4 Meios aos quais os Participantes Recorrem par a Averiguar ou Confirmar

a Veracidade das Notícias Veiculadas pelo Telejorna l x Curso (Questão 2.6 X

1.3) ............................................................................................................................93

4.4.5 Maneiras nas quais os Participantes Costumam se Informar X Curso

(Questão 2.1 X 1.3) ................................ ................................................................101

4.4.6 Níveis de Credibilidade Atribuído às Notícias Veiculadas nos Telejornais

pelos Participantes x Curso (Questão 2.5 X 1.3) .... ............................................106

4.5 Análise Geral dos Resultados da Pesquisa....... ............................................110

4.5.1 A Relação Entre os Resultados da Pesquisa e a Formação da Opinião

Pública............................................ .........................................................................112

4.5.2 A Relação Entre os Resultados da Pesquisa e a Relação Entre

Telespectador e Televisão Através do Telejornal.... ...........................................113

4.5.3 A Relação Entre os Resultados da Pesquisa e a Utilização dos

Dispositivos de Crítica à Televisão................ ......................................................115

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................. .....................................................117

REFERÊNCIAS.......................................................................................................120

ANEXO.....................................................................................................................124

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AGRADEÇO...

... a Deus, por ter plenas condições de estudar e lutar por meus objetivos; a

meus familiares, em especial à minha mãe, por sempre me incentivar a estudar, a

meu pai, pelos lanches durante os dias em frente ao computador, e à minha irmã,

pelas orações e por ser um grande exemplo; às minhas amigas e amigos, pelo

carinho; à minha orientadora, pela ajuda e paciência; à UFRGS, por todos os

recursos disponibilizados, e aos professores com quem tive aula, que me

possibilitaram conhecer a Comunicação e refletir a respeito do meu papel como

Comunicadora na sociedade.

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DEDICO ESTE TRABALHO ...

... a todos os atuais e futuros profissionais da Comunicação, que, assim como

eu, amam essa profissão e sabem que o papel do Comunicador não é simplesmente

comunicar, mas estimular o pensamento crítico e reflexivo das pessoas para guiá-las

à verdadeira liberdade de expressão - que, aliás, significa muito mais do que falar o

que se pensa, mas sim, pensar naquilo que se fala!

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Na verdade, não é a imagem em si que nos impõe um significado, mas é a nossa cultura que nos fornece o filtro para lê-las / interpretá-las de um modo ou de outro.

Nara Maria Magalhães

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1 INTRODUÇÃO

A imagem pode fazer ver e fazer crer no que faz ver. Ela pode fazer existir idéias ou representações, mas também grupos [...]

Pierre Bourdieu

Entender como a opinião pública se forma e o que à influencia é

imprescindível ao Comunicador que objetiva realizar ações eficazes e efetivas com

seus públicos.

A televisão desempenha importante papel como informante do povo, e,

apesar da existência de outros meios de comunicação, é através dela que grande

parte da população brasileira se atualiza. Dos programas televisivos, os telejornais

são os principais responsáveis pela difusão dessas informações, e são considerados

sinônimo de credibilidade para muitas pessoas.

A imparcialidade é uma utopia, uma vez que é intrínseco ao homem tomar

uma posição, ser parcial. Quando as notícias chegam até o receptor, estão

carregadas de opiniões, tendências e parcialidade, não somente no texto, mas na

maneira como são narradas, na expressão facial e corporal do jornalista, nos

cenários, nos sons, no ângulo que a câmera capta, enfim, tudo acaba colaborando

para que, de certa forma, os fatos cheguem até nós diferentes de como

aconteceram.

Certa vez, Caco Barcellos1 relatou2 que sua equipe do Profissão Repórter3 foi

cobrir uma retirada de pessoas que, em busca de moradia, invadiram um prédio

abandonado. Chegando lá, a equipe se dividiu e cada repórter ficou encarregado de

acompanhar “um lado” da notícia: um dos jornalistas entrou no prédio para

entrevistar os moradores que estavam sendo retirados, o outro entrevistou os

1 Atualmente, Caco Barcellos é repórter da Rede Globo. 2 Este relato ocorreu na palestra Profissão Repórter – com Caco Barcellos, em comemoração aos dois anos da UFRGS TV, realizada no dia 24 de setembro de 2007, na Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da UFRGS. 3 No programa Profissão Repórter (atualmente transmitido às terças-feiras, às 23h25min, na Rede Globo), o repórter Caco Barcellos e sua equipe mostram diferentes ângulos de um mesmo acontecimento. O programa é estruturado de forma que cada membro da equipe, composta por aproximadamente três pessoas, se responsabilize por registrar um ângulo da notícia.

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policiais que faziam a desocupação do local, e o último foi até a delegacia atrás dos

“invasores” que haviam sido presos. Segundo o repórter, este múltiplo

acompanhamento possibilitou ao telespectador conhecer os diversos lados da

mesma notícia, e não apenas o do morador que estava sendo despejado ou o do

policial. Trabalhos assim tornam a notícia menos superficial e possibilitam uma

melhor análise dos fatos pelos telespectadores, mas dificilmente os vemos na

televisão.

Baseando-se na influência exercida pela mídia televisiva na sociedade, na

relação do telespectador com o telejornal, na importância da formação da opinião

pública para o profissional de relações públicas e na reflexão que programas como o

Profissão Repórter despertam é que foi escolhido o tema deste trabalho: Opinião

Pública, Espelho da Televisão: até onde a sociedade enxerga? - Uma análise focada

em telejornais.

Com este trabalho, pretendemos conhecer um pouco mais da relação do

telespectador com o telejornal e se ele analisa as informações que recebe através

dessa mídia, criticando-as e averiguando sua veracidade em outros meios. Aqui,

serão abordados assuntos como a influência das notícias no direcionamento de

pensamentos e atitudes da sociedade e a padronização do telejornalismo no Brasil

como garantia de sucesso e audiência.

No capítulo 2, introduziremos o trabalho com uma breve explanação sobre a

origem do termo “quarto poder”, contextualizando os meios de comunicação na

atualidade sob as percepções econômica e ideológica; enquanto que no subcapítulo

2.1, analisaremos o poder da televisão como formador de opinião e principal fonte

de informações para uma parcela significativa da população, além das estratégias

televisivas. Após esta análise, vem o subcapítulo 2.2 - um dos mais importantes da

fundamentação teórica, pois trata da formação e do direcionamento da opinião

pública e sua relação com o poder da mídia, fazendo uma abordagem deste

“relacionamento” desde o século XIII até os dias de hoje. Em seguida, no

subcapítulo 2.3, falaremos sobre a relação existente entre a televisão e a sociedade

e a importância dos dispositivos de crítica televisiva para os telespectadores. No

subcapítulo 2.4, trataremos da estruturação do telejornal, como ele é construído e

porque ele ganhou mais relevância na grade de programação das emissoras.

Entre a vastidão de programas televisivos, optamos por trabalhar com o

telejornal, pois, além dele ser composto basicamente por notícias (fator essencial

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para a análise de nossos objetos de estudo), é a principal fonte de informação de

muitas pessoas.

A padronização dos telejornais no Brasil será outro assunto enfatizado por

nós no capítulo 3, onde falaremos a respeito dos cinco telejornais que fazem parte

de nossa pesquisa. Entretanto, nos subcapítulos 3.1, 3.2 e 3.3 nos deteremos no

Jornal Nacional, já que ele foi o precursor de um modelo, um padrão seguido pelos

demais veículos dos anos 80 até os dias atuais. Nestes subcapítulos, abordaremos,

respectivamente: o nascimento do poder da Rede Globo e o Jornal Nacional; a

criação e a importância do Jornal Nacional; e o Padrão Globo de Qualidade e o

horário nobre. Para completarmos o assunto “Padronização dos Telejornais”, ainda

comentaremos, no subcapítulo 3.4, sobre as novas tecnologias que colaboraram

para que Globo revolucionasse a maneira de fazer notícias no país.

Os subcapítulos seguintes (referentes ao capítulo 4) tratarão,

especificamente, da análise da televisão pelo telespectador. No subcapítulo 4.2,

será possível saber por que a pesquisa foi produzida e como a realizamos - desde

sua elaboração até a aplicação -, enquanto que no subcapítulo 4.3 serão mostradas

as tabelas referentes aos cruzamentos e à interpretação dos dados com a

explicação de cada resultado.

Para finalizarmos este trabalho, concluiremos retomando os temas presentes

na fundamentação teórica e na análise de dados, relacionando-os com os resultados

da pesquisa e a opinião da autora.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Os meios de comunicação são chamados por muitos de o “Quarto Poder”,

tendo em vista a capacidade de influência que eles podem exercer sobre a

sociedade.

Esse termo teve origem no liberalismo norte americano, onde a mídia, na

forma do jornalismo ou da imprensa, foi revestida por uma espécie de mandato

público, como o encontrado na Primeira Emenda da Constituição dos Estados

Unidos, onde está a origem da teoria do “Quarto Poder”, que começou quando os

constituintes desse país entenderam que a imprensa da república que estava

surgindo não deveria sofrer restrições legais.

Para Brittos e Bolaño (2005, p.28), “[...] a gestão da informação torna-se

ferramenta central das estratégias industriais e nacionais”. Para a melhor

compreensão deste poder, iremos dividi-lo em econômico e ideológico, uma vez que

mudanças de pensamento geram transformações na maneira de viver das pessoas

e, conseqüentemente, na economia também.

Para a economia, os meios de comunicação são empresas privadas, mesmo

quando concessões estatais. De acordo com Chauí (2006, p.73), eles “[...] são uma

indústria (a indústria cultural) regida pelos imperativos do capital”.

A aquisição de rádios, jornais, revistas, portais de Internet, etc. por grupos

proprietários de bancos, fábricas e indústrias, motivados pelo alto lucro que a mídia

gera, é um exemplo de como os meios de comunicação influenciam na economia.

Para exemplificar tais investimentos, citaremos aqui algumas dessas grandes

corporações globais formadas com estas compras: Disney, Time Warner, Sony,

Portugal Telecom, Televisa e Sky Brasil (COSTA, 20054 apud CHAUÍ, 2006).

Na percepção ideológica, podemos considerar que os meios de comunicação

são vistos como sistemas de representação social, onde há uma homogeneidade da

sociedade – mesmo que aparente – pela difusão de informações a todos; onde o

discurso, por não ser totalmente explícito, torna-se mais convincente, tratando de

assuntos dos mais diversos tipos, como cultura, política, saúde, direitos humanos,

culinária etc.

4 COSTA, Caio Túlio. “Modernidade líquida, comunicação concentrada”, artigo inédito de julho de 2005, p. 25 e 26.

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Atualmente, fala-se em “sociedade do conhecimento” referindo-se à uma

sociedade que não é privada de informações graças à mídia, a qual torna-se, aos

olhos da população, a grande informante, responsável pelas atualizações das

conversas diárias, pelo entretenimento, pela exposição de assuntos polêmicos. Mas

os “olhos do telespectador” não enxergam a distinção feita, implicitamente, entre

quem deve escutar e quem deve falar. Ou seja, aquele que não sabe e aquele que

sabe de tudo e que determina o que pode ou não ser informado àquele que não

sabe nada.

Os meios de comunicação interagem cada vez mais na determinação dos

valores que norteiam a globalização neoliberal5 / privatista. A globalização, por sua

vez, aparece como a “regeneração das três tendências centrais e inter-relacionadas

do capitalismo: a) a mercantilização acelerada de todas as esferas da vida, inclusive

daquelas até agora protegidas (amor, lazer, religião); b) a universalização da

concorrência; e c) a concentração do poder econômico e político”. (BELLUZO,

20056, p.49)

2.1 O Poder da Televisão

Somos “bombardeados”, diariamente, pelo que dizem os formadores de

opinião na televisão. Ideologicamente, é possível dizer que seu poder, e das demais

mídias, nos intimida a dizer aquilo que pensamos se o nosso pensamento estiver

diferente do que é divulgado nos veículos de comunicação. Essa intimidação só é

possível devido à interiorização dessa ideologia pela sociedade, que é levada a

considerar normal as desigualdades sociais e não importar-se com os fatos que não

a atingem diretamente.

A televisão leva o mundo até o indivíduo sem que ele precise sair na rua;

torna-o aquilo que ele não é; dita o que é bom e ruim para a sua saúde; mostra o

que é feio e bonito e, o que é mais cômodo e ao mesmo tempo prejudicial à sua

5 De acordo com o Dicionário da Língua Portuguesa Houaiss, o termo neoliberalismo - que dá origem ao adjetivo neoliberal - refere-se à doutrina que defende a liberdade de mercado e restringe a intervenção do Estado sobre a economia. 6 BELLUZO, Luiz Gonzaga apud SIMÕES, Casiano Ferreira e MATTOS, Fernando in BRITTOS e BOLAÑO.

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intelectualidade: transmite informações prontas, sem que ele necessite investir seu

tempo em reflexões.

Esta mídia tem como uma de suas fortes características a instantaneidade.

Hoje, com o aparecimento das novas tecnologias, um acontecimento pode ser

noticiado no mesmo instante em que ocorre. A rapidez é uma de suas vantagens,

possibilitando a interrupção de qualquer transmissão na programação para divulgar

um fato considerado de grande urgência e interesse público. Além disso, a notícia

instantânea transmite a impressão de que a pessoa que está em frente à televisão é

a primeira a saber de tudo que for relacionado ao fato noticiado. Ou seja, ela tem a

informação “quentinha”, “em primeira mão”, seja a hora que for, onde estiver, sem

precisar ter envolvimento na situação. Basta ter um aparelho televisor e ligar no

canal de sua preferência.

O efeito desta comodidade oferecida pela mídia televisiva é a substituição da

prática - que acaba levando à reflexão e ao pensamento crítico - pela acomodação.

Além disso, as notícias são interpretadas e os cenários são construídos junto a elas,

para que a informação chegue até o receptor sem que ele precise pensar do seu

jeito, já que o emissor faz este trabalho por ele.

Os telespectadores compõem uma categoria (o público de massa) produzida

a partir do poder organizador da linguagem, constituído pela mediação técnica entre

falante e ouvinte, informante e informado, como afirma Sodré (1981). O autor

compara esse poder, que chama de disciplinar generalizado, com o Panóptico -

inventado por Jeremy Bentham em 1972 - conforme análise realizada por Michel

Foucault no livro Vigiar e Punir (1999, p.162) -, dizendo que a televisão é o mais

recente e bem acabado momento técnico do panoptismo da comunicação social,

sendo ela um sistema informativo homólogo aos códigos da economia de mercado e

acionado pelo desenvolvimento tecnológico.

Sodré (1981) diz que a ideologia, como a televisão, é, essencialmente, uma

forma de poder, e que a forma de poder exercido pela televisão advém de sua

absoluta abstração com respeito à situação concreta e real da comunicação

humana, onde baseia-se o controle social do diálogo. A centralização panóptica

impossibilita a troca de uma forma progressiva, e impõe a disposição de receber.

“É no diálogo, portanto, que a comunicação se revela plenamente como troca

(grifo do autor), dando margem ao conhecimento recíproco dos sujeitos ou até ao

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conhecimento de si mesmo, na medida em que pode incorporar o discurso do outro.”

(1981, p.25)

A programação televisiva é construída com base em estratégias e critérios

como a noticiabilidade e os valores-notícia, que visam chamar mais a atenção do

telespectador e selecionar, entre diversos acontecimentos, aquilo que deve ou não

ser veiculado e de que maneira isto deve ocorrer.

A noticiabilidade de um fato, ou seja, a possibilidade dele se transformar em

notícia faz parte de um conjunto de elementos utilizados pelos jornalistas e

empresas jornalísticas para selecionar o que será ou não noticiado. Já os valores-

notícia são critérios de relevância difundidos no decorrer de todo o processo de

produção, isto é, não estão presentes só na seleção de notícias, mas participam de

todas as operações anteriores e posteriores à escolha. Contudo, têm um destaque

diferente em cada situação, alterando-se devido a aspectos culturais, sociológicos e

das tecnologias. (VIZEU, 2005)

A noticiabilidade e os valores-notícia, juntos, auxiliarão na definição do que é

suficientemente interessante, significativo e relevante para virar notícia.

De acordo com Vizeu (2005, p.27), os valores-notícia se dividem em cinco

grandes categorias:

a) substantiva – ligam-se ao fato em si (por isso substantivas) e seus

personagens. Esta categoria está subdividida em: grau hierárquico dos

indivíduos envolvidos no fato; impacto sobre a nação e interesse nacional;

quantidade de pessoas envolvidas no fato; relevância e significação do

fato quanto a sua potencial evolução e conseqüência;

b) relativas ao produto – diz respeito à disponibilidade de materiais e

características específicas do produto informativo. Depende da

acessibilidade (grifo do autor) ao fato, referindo-se à sua localização ou à

rapidez com que uma equipe pode ser deslocada até o lugar onde

ocorreu. Está relacionada, também, ao seu potencial de dramaticidade

(grifo do autor) e à capacidade de entretenimento;

c) relativas aos meios de informação – têm a ver com a quantidade de tempo

usado para a veiculação da informação. Depende menos do assunto e

mais da maneira como a informação é veiculada. No telejornalismo, a

avaliação da noticiabilidade de um fato diz respeito à possibilidade de

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oferecer um bom material visual, ou seja, imagens que não só

correspondam aos padrões técnicos normais, mas que sejam

significativas, que ilustrem os aspectos salientes do acontecimento

noticiado;

d) relativas ao público – esses critérios referem-se à imagem que os

jornalistas têm do público. A maioria das pesquisas realizadas mostram

que os jornalistas conhecem pouco seu público, e que o profissional sente-

se, em geral, auto-suficiente e imagina que seu interesse é o de informar,

indiferentemente às expectativas e desejos do público. O autor ainda diz

que há duas preocupações dos jornalistas com relação à audiência:

1° - A narrativa deve ser clara para a audiência, p ermitindo a plena

identificação dos personagens envolvidos e do fato narrado.

2° - A protetividade, que consiste em evitar notici ar o que pode causar

pânico ou ansiedade desnecessária, como acidentes sem detalhes,

catástrofes naturais, pestes etc. Ou incentivar as pessoas a atentarem

contra a própria vida, como suicídios;

e) relativas à concorrência – as empresas de comunicação concorrem

entre si e buscam saber, antecipadamente, qual é a pauta do concorrente.

Esta categoria está subdividida em: exclusividade ou furo; geração de

expectativas recíprocas; desencorajamento sobre inovações e

estabelecimento de padrões profissionais ou de modelos referenciais.

(VIZEU, 2005, p.27)

A tecnologia utilizada na televisão exige que as imagens transmitidas sejam

simples e grandes para tornarem-se melhor definidas na tela. Isso acaba

determinando as expressões dos jornalistas e das demais pessoas que aparecem na

televisão - visto que a maior parte das imagens são captadas de perto ou em close

up -, além de incentivar a preferência por uma programação onde sejam

demonstrados sentimentos fortes e de fácil entendimento, como amor, raiva, medo

etc., para que estes possam ser bem entendidos e sentidos pelo telespectador.

Exemplos comuns de programas assim são: filmes de terror ou ação; programas

onde são entrevistadas pessoas que sofrem algum tipo de doença, que desejam se

reconciliar com alguém ou que lutam para sair da pobreza ou para conseguir um

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grande amor; novelas; jogos decisivos (finais de campeonatos e demais

competições) etc.

Estas limitações tecnológicas também fazem com que a programação

televisiva tenha que entrar em harmonia com um conjunto de regras que determinam

as restrições e liberações para a formação da grade de programas. Algumas regras,

citadas por Mander (1978)7 apud Chauí (2006, p.56), podem ser vistas a seguir:

a) a guerra televisiona melhor do que a paz porque contém muita ação e um

sentimento poderoso, o medo (a paz é amorfa e sem graça; as emoções

são interiores e sutis e não há como televisioná-las). Pelo mesmo motivo,

violência televisiona melhor do que não-violência;

b) fatos externos (ocorrências e acontecimentos) televisionam melhor do que

informações (idéias, opiniões, perspectivas), pois é mais forte mostrar

coisas e fatos do que acompanhar raciocínios e pensamentos;

c) afora rostos humanos, coisas televisionam melhor do que seres vivos

(pessoas, animais e plantas) porque as coisas são simples, comunicam

diretamente suas imagens em uma mensagem sem complicação,

enquanto as pessoas são complexas, raciocinam, se emocionam, dizem

coisas sutis;

d) líderes religiosos e políticos carismáticos televisionam melhor do que os

não-carismáticos, pois estes se dirigem ao pensamento e ao sentimento

interior das pessoas, mas aqueles se dirigem a emoções mais simples e

visíveis, que são bem transmitidas;

e) é mais fácil transmitir um só do que muitos; por isso, nos acontecimentos

de massa ou de multidão, escolhe-se uma única pessoa para opinar e

falar ou uma seqüência de pessoas entrevistadas uma a uma;

f) é melhor transmitir organizações hierárquicas do que democráticas, pois

as primeiras têm forma muito simples, qual seja, a autoridade e os

subordinados ou os seguidores;

g) assuntos curtos com começo, meio e fim são melhores do que assuntos

longos que exigem pluralidade de informações e aprofundamento de

pontos de vista;

7 MANDER, Jerry. Four arguments for the elimination of television. New York, Quill, 1978.

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h) sentimentos de conflito televisionam melhor do que sentimentos de

concórdia; por isso competição televisiona melhor do que cooperação;

i) ambição e consumo televisionam melhor do que espiritualidade, pois a

câmera não tem como lidar com sutileza, diversidade e ambigüidade;

j) quando televisionar “povos primitivos”, apresente música, dança, canto,

caça, pesca, lutas e evite entrevistas subjetivas nas quais se exprimem

idéias, opiniões, sentimentos complexos;

k) o bizarro e o estranho televisionam muito bem;

l) a expressão facial é melhor do que o sentimento: chorar televisiona

melhor do que a tristeza, rir televisiona melhor do que a alegria;

m) a morte televisiona melhor do que a vida: na morte tudo está claro e

decidido, na vida tudo é ambíguo, fluido, não completamente decidido,

aberto a muitas possibilidades. (Mander APUD Chauí, 2006, p.56)

2.2 Opinião Pública

A sociedade atual tem como seu alicerce a opinião pública e exclusivamente sobre essa base o mundo pode sobreviver. Quem manda na humanidade, quem a dirige depende da opinião pública.

Teobaldo de Andrade

A expressão opinião pública se popularizou de tal maneira, que pessoas

como políticos, estudantes, professores, presidentes, governadores, jornalistas etc. a

empregam normalmente no dia-a-dia, colaborando para que outras pessoas também

a utilizem. Mas, a variedade de contextos onde o termo é empregado acarreta no

aumento da diferença entre suas conceituações. A idéia mais comumente difundida

é associada, geralmente, a resultados de pesquisas. Segundo Figueiredo e

Cervellini (1996, p.15):

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[...] essa associação está relacionada à teoria da democracia, mais especificamente, à idéia de igualdade que entusiasma a luta eleitoral. Numa eleição, cada voto possui o mesmo valor, independentemente da classe socioeconômica à qual pertence o eleitor. Dessa maneira, a opinião pública representaria a soma das opiniões individuais - podendo ser expressa, também, através de grupos organizados, manifestações, pesquisas, eleições etc.

De acordo com Houaiss (2004, p.533), opinião significa: 1. modo de pensar,

de julgar; pensamento 2. avaliação, julgamento. E público refere-se a algo: 3.

relativo ou pertencente a uma coletividade 5. que pertence a todos 6. conhecido por

todos.

A expressão pública da opinião torna-se necessária, à medida que para haver

o fenômeno da opinião pública é preciso explicitá-la às demais pessoas. Por isso, a

pesquisa tem relevada importância, pois através dela é possível a explicitação de

aspectos latentes do modo de pensar da sociedade.

Para Figueiredo e Cervellini (1996), uma correta interpretação da opinião

pública só é possível se forem observadas propriedades como direção, distribuição,

intensidade, coerência e latência, uma vez que estas ajudam a prever o tipo de

interferência que ela pode ter sobre uma determinada situação social ou mesmo se

terá realmente alguma influência. Os autores ainda ressaltam que cada propriedade

se relaciona a um aspecto que auxilia na previsão de futuros movimentos ou dos

efeitos de suas manifestações na vida da sociedade, como no esquema a seguir.

Figura 1 - Propriedades da opinião pública e dimens ões previsíveis

DIREÇÂO CONTEÚDO DA ESCOLHA

DISTRIBUIÇÃO NÍVEL DE CONFLITO

INTENSIDADE FORÇA DE REAÇÃO

COERÊNCIA ESTABILIDADE

LATÊNCIA EXPRESSÃO DE REAÇÃO

Fonte: Figueiredo e Cervellini (1996, p.42)

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O desenvolvimento dos meios de comunicação afeta significativamente a

modificação do conceito de opinião pública, a qual é constituída de idéias (surgidas

como conseqüência das informações recebidas) que, por seu lado, pertencem a

indivíduos e grupos. E o processo de formação dessas idéias acontece na mente

dos indivíduos, se transformando em atitudes.

A troca de informações entre a televisão e o meio é contínua, sofrendo

modificações e, conseqüentemente, proporcionando alterações nas decisões,

mudanças e atitudes dos telespectadores. Todas as pessoas são suscetíveis a

novas informações, o que nos leva a concluir que as idéias sempre podem sofrer

influência do que é veiculado pela mídia.

Andrade (2005, p.21) caracteriza a opinião pública por:

- não ser uma opinião unânime;

- não ser, necessariamente, a opinião da maioria;

- ser uma opinião composta, formada por diversas opiniões existentes no

público;

- poder diferenciar-se, normalmente, da opinião de qualquer elemento do

público;

- estar em contínuo processo de formação;

- mover-se na direção de uma decisão ou de um consenso completos, porém

sem nunca alcançá-los.

Ao moldar idéias e atitudes, as informações ajudam a desenvolver, ações

comuns, construindo muitas idéias em comum, e formando, dessa maneira, a

mesma área de entendimento, a qual será revelada pela opinião pública.

Mas, nem todos podem contribuir igualmente para a formação da opinião

pública, já que o público é formado por grupos de interesse e espectadores

(indivíduos e grupos), e estes, na maioria das vezes, são desinteressados e

desunidos (no entanto, têm uma importância considerável e imediata na formação da

discussão). Assim, os grupos de interesse que contestam, se esforçam para

conquistar para seu lado o apoio e a aliança dos espectadores. Além disso, minorias

bem organizadas e com meios para explicitar suas opiniões têm maior influência

sobre o processo de formação da opinião pública freqüentemente. (ANDRADE,

2005)

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A condição para que haja eficácia na discussão pública é a explicitação de

pontos de vista opostos, sem discriminação, pois a opinião pública reflete a

intensidade com que as opiniões são defendidas, o nível de organização e de

expressão verbal das pessoas ou grupos que participam do debate. Todavia, ela

perdeu expressão no decorrer dos anos, pois, atualmente falamos mais em pesquisa

de opinião do que em opinião pública, significando que houve considerável

diminuição, ou quase que total anulação do que Chauí chama de expressão pública

racional de interesses ou direitos. Este enfraquecimento é explicado por alguns

sociólogos e pensadores, em parte, pela maior ocupação do homem com o mercado

de trabalho, que acabou deixando a reflexão individual e coletiva de lado e se

acomodou às regras impostas no meio social em que vive.

Segundo Chauí (2006, p.11) em seu livro Simulacro e poder - Uma análise da

mídia:

É possível perceber três deslocamentos por que passam a idéia e a prática da opinião pública: o primeiro, [...], é a substituição da idéia de uso público da razão para exprimir interesses e direitos de um indivíduo, um grupo ou uma classe social pela idéia de expressão em público de sentimentos, emoções, gostos e preferências individuais; o segundo, como também observamos, é a substituição do direito de cada um e de todos de opinar em público pelo poder de alguns para exercer esse direito, surgindo, assim, a curiosa expressão “formador de opinião”, aplicada a intelectuais, artistas e jornalistas; o terceiro, que ainda não havíamos mencionado, decorre de uma mudança na relação entre os vários meios de comunicação sob os efeitos das tecnologias eletrônica e digital e da formação de oligopólios midiáticos globalizados (alguns autores afirmam que o século XXI começou com a existência de dez ou doze conglomerados de mass media de alcance global). Esse terceiro deslocamento se refere à forma de ocupação do espaço da opinião pública pelos profissionais dos meios de comunicação.

No trecho citado, o segundo deslocamento pelo qual passa a idéia e a prática

da opinião pública diz que a expressão do pensamento popular é substituída pela

explicitação do pensamento dos formadores de opinião. Estes, como já

mencionamos, tornam-se representantes do povo, o qual, muitas vezes, não

consegue, não pode ou não quer explicitar o que pensa, e vê na figura do formador

de opinião um representante de suas idéias, pensamentos, indignações, revoltas.

Por isso a importância da identificação do veículo jornalístico com seus públicos.

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Para Barbero (2001, p.75), “a opinião pública produzida pela mídia [televisão]

através de suas pesquisas e sondagens é cada vez menos composta por debates e

críticas cidadãs e mais por simulacros: sondada diariamente (grifo nosso), a

sociedade civil perde suas heterogeneidade e densidade conflitiva (grifo nosso) -

entende-se por divergência de opiniões -, reduzindo-se a uma estatística (tradução

nossa)”.

A diversidade de opiniões deixou de ser considerada importante - como no

tempo de Platão - e passou a sofrer com o abafamento causado pela massificação

de pensamentos, que desestimula o debate e a reflexão objetivando o

desencorajamento de questionamentos e reivindicações.

Em Champagne (1996), encontramos a noção de opinião designando o

resultado de um julgamento individual firme (apreciação, certeza, parecer,

convicção), o resultado de um julgamento individual incerto e subjetivo (impressão,

imaginação, presunção, ponto de vista, sentimento, conjetura, suposição) ou a

ausência pura e simples de qualquer julgamento crença, preconceito ou prevenção).

Estas noções, segundo o autor, também podem significar um produto coletivo, e não

mais individual, mostrando tanto uma posição refletida e bem elaborada, quanto um

conjunto de atitudes coletivas espontâneas. O adjetivo público, neste caso, qualifica

o que se refere ao povo - considerado em seu conjunto -, significando comum, geral,

o que é aberto a todos. Num sentido mais político, ele significa o que não é secreto,

transparência, o que é conhecido.

Quando a noção de opinião pública apareceu na França, em meados do século XVIII, já apresentava variações de significado que são debatidas até hoje. Neste período, o conceito de opinião já dividia-se em dois sentidos: o julgamento irrefletido, atribuído às classes populares e ignorantes, e o que é fixado por pessoas instruídas em qualquer ciência. (CHAMPAGNE, 1996, p.46)

Já o adjetivo público, vinculado à noção de opinião no final do século XVIII,

contribuiu para a criação de uma expressão que contrariava a política do rei -

conhecida por ser rodeada de mistérios e segredos –, e ajudou os parlamentares a

apresentarem-se como defensores de uma política que seria feita com transparência

e diante do público culto.

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Na primeira metade do século XVIII, a opinião pública foi mais representada

pela opinião da elite social que freqüentava as academias e os salões literários do

que pela do público (do povo em geral). Champagne (1996, p.48) a compara a uma

“máquina de guerra ideológica improvisada durante o século XVIII”, dizendo que

quem a comandava eram as elites intelectuais e a burguesia, para legitimarem suas

próprias reivindicações políticas e enfraquecerem o absolutismo que reinava.

Em Pallás (2001, p.169), encontramos uma definição para a opinião pública

nos dias de hoje, quando o autor afirma que atualmente ela “ [...] é o reflexo que as

linhas de desenvolvimento proclamadas pelas camadas dirigentes e sua imprensa

provocam no estado de sentimentos e persuasões vigentes no respectivo <<mundo

da vida>> “ (tradução nossa), reforçando a teoria de que para formarmos uma

opinião a respeito de qualquer coisa recorremos a informações produzidas e

veiculadas por instituições – quase sempre veículos de comunicação -, e não

procedentes exclusivamente de nossa própria experiência. A opinião dificilmente

será formada sem que o indivíduo recorra, mesmo sem dar-se conta, às informações

que recebe das pessoas e das mídias presentes em seu cotidiano.

Ao compararmos as definições de opinião pública feitas pelos dois autores,

Champagne e Pallás, é possível afirmarmos que, apesar de uma distância secular, o

conceito continua, em sua essência, o mesmo. Ou seja, o significado mais difundido

de opinião pública refere-se à opinião expressa publicamente, seja da sociedade, de

grupos ou de um indivíduo. Contudo, ela continua sofrendo influencia das camadas

dirigentes. A mudança de contexto apenas ampliou as formas de denominação e de

exposição desses formadores de opinião. Se antes eles se concentravam nas áreas

da religião e da política, hoje podemos enxergá-los, também, nos veículos de

comunicação, através de figuras públicas como jornalistas, apresentadores, artistas,

comentaristas etc. A mídia, principalmente a televisão, tornou-se a grande formadora

de opinião pública.

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2.3. Os Dispositivos de Crítica à Televisão

[...] o parâmetro de qualidade de um produto televisivo é a relação que ele constrói com o receptor.

Itânia Maria Gomes

A televisão aberta, ao longo das décadas, permitiu a existência de alguns

padrões e referências culturais e de linguagens comuns, como o telejornal, que

proporcionou uma aproximação mínima entre setores sociais e regionais que vivem

em situações sociais diferentes.

O noticiário televisivo é carregado “[...] de múltiplos sentidos e constitui-se,

efetivamente, em uma proposta reguladora das noções da realidade local e global.

Assim, a maneira com que as notícias são construídas e transmitidas acaba por

intervir em diversos campos sociais” (BECKER, 2005, p.22).

Porém, a recepção de informações não está limitada somente ao momento de

assistir à televisão, uma vez que ela inicia bem antes e termina bem depois deste

ato. Os receptores negociam, reinterpretam e reelaboram as mensagens dos meios

de acordo com características como idade, sexo, etnia, grupo social, personalidade,

caráter e valores, assim como por influência de agentes sociais como família, escola,

religião, partido político e empresa, ou ainda conforme a sua identidade cultural e

vivência cotidiana. (JACKS8, 2006)

A televisão é um agente mediador entre a sociedade e o receptor, produzindo

agregação e integração social e cultural, dando às pessoas a sensação de

pertencimento e identificação, de fazerem parte da coletividade. Ela também

influencia a vida do telespectador diariamente, estabelecendo novas sociabilidades e

escondendo ou negando conflitos, unificando estilos de vida, religiões, culturas etc.

Em pesquisa citada por Jacks (2006), consta que a preferência pelo “horário

nobre” em cidades pequenas e médias, por exemplo, é devido à falta de lazer

noturno, chegando a normatizar a vida das pessoas (como o horário do jantar ou de

encontros). Já “[...] do ponto de vista sociocultural, os resultados da pesquisa

mostraram que a rotina familiar se sobrepõe à TV, e que a diversidade de formas de

8 JACKS, Nilda in DUARTE e CASTRO.

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uso associa-se muito mais às variáveis de gênero, idade, atividade profissional, do

que à variedade da programação”. (JACKS, 2006, p.38)

A relação existente entre o telejornal e o telespectador, segundo Gomes

(2006)9, pode ser definida como o estabelecimento de pactos, onde os

apresentadores e repórteres têm a função, metafórica, de vigilantes, indo da

entrevista investigativa ao jornalismo-denúncia. Outro pacto possível é o de

conversação social, onde o programa tem como principal função fornecer conteúdo

para as conversas do dia-a-dia, objetivando a formação da opinião pública. O Jornal

Nacional, por exemplo, estabelece com seus receptores o pacto de conversação

social, mas não deixa de apresentar reportagens-denúncia.

Fatores como credibilidade e autenticidade, atribuídos aos telejornais, devem-

se, e muito, a técnicas empregadas na transmissão de som e imagem, como é

possível verificar no trecho a seguir:

[...] o modo como [as emissoras] exibem para o telespectador o trabalho necessário para fazer a notícia, são fortes componentes da credibilidade do programa / da emissora e importante dispositivo de atribuição de autenticidade. A exibição das redações como pano de fundo para a bancada dos apresentadores na maior parte dos telejornais atuais é apenas uma dessas estratégias de construção de credibilidade e, ao mesmo tempo, de aproximação do telespectador, que se torna, assim, cúmplice do trabalho de produção jornalística. Mas as transmissões ao vivo ainda são o melhor exemplo do modo como os programas buscam o reconhecimento da autenticidade de sua cobertura por parte da audiência. (GOMES, 2006, p.115)

O caminho da mensagem entre a televisão e a sociedade passa pela

recepção, seleção e apreensão até a interpretação, e este percurso é realizado junto

aos dispositivos sociais desenvolvidos no próprio ambiente de interações da

sociedade com a mídia. Estes dispositivos referem-se a toda e qualquer ação ou

produto que tenha como objetivo – ou um dos – realizar críticas midiáticas. Entre

eles estão: revistas, jornais, fóruns, filmes e a própria televisão, onde podemos

encontrar programas como o Observatório de Imprensa, veiculado na TV Educativa

(TVE).

9 GOMES, Itânia Maria Mota in DUARTE e CASTRO.

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O próprio índice de audiência – outro dispositivo - é uma prova de que as

pessoas escolhem o que desejam ver, e as emissoras de TV, através dele,

conseguem mensurar o processo de recebimento. Para Bourdieu (1997, p.37), este

indicador:

[...] é uma medida da taxa de audiência de que se beneficiam as diferentes emissoras (há instrumentos, atualmente, em certas emissoras, que permitem verificar o índice de audiência a cada quarto de hora e mesmo, é um aperfeiçoamento introduzido recentemente, [...]. Tem-se, assim, um conhecimento muito preciso do que passa e do que não passa. Essa medida tornou-se o juízo final do jornalismo [...]

Braga (2006, p.38) identifica alguns tipos de ações e processos desenvolvidos

pelos dispositivos sociais de crítica que o público pode ter como forma de tratamento

ao que é transmitido pela televisão:

a) crítica – interpretações e objeções interpretativas, seleções qualitativas etc;

b) retorno – feedback, retroalimentação do sistema de produção, indicações

para revisão, criação, redirecionamentos, construção de “gêneros” (na

perspectiva de MARTÍN-BARBERO,1997);

c) militância social – crítica-ação, processos sociais de uso da mídia [televisão] a

serviço de posições e argumentos, atuações antimídia e / ou de

direcionamento de teores, dos temas e das posições, defesa de setores e

posições sociais perante a mídia;

d) controles da mídia, media criticism (censura, julgamento), media

accountability systems (sistema de prestação de contas) - processos sociais

de enfrentamento e controle da mídia, de seus poderes, de seu papel social,

em defesa de valores profissionais e sociais diversos que possam ser

ameaçados por lógicas estritas da produção cultural comercial;

e) sistematização de informações – processos organizados de classificação,

organização e disponibilização de acervos... (são, às vezes, processos

relacionados à atuação crítica, mas também à configuração de bases de

dados e outras facilidades de acesso);

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f) circulação comercial – estímulos à seleção e ao consumo midiático (“venda”,

sedução para escolha de produtos, anti-zapping), operações de marketing da

própria mídia;

g) processos educacionais e formativos – aprendizagens ordenadas, sistemas e

dispositivos educativos para uso e direcionamento da mídia;

h) processos de aprendizagem em público – trata-se aqui de um aprender do

gosto e da fruição, difuso, não controlado pelos sistemas educacionais;

permeações com a riqueza e a variedade de informações e processos;

aprendizagem de usos e de seleções; seria uma “aprendizagem de usuário”.

(BRAGA, 2006, p.38)

Mesmo recebendo grande influência da televisão no que diz respeito à

economia, comportamento, moda, tendências etc., não podemos dizer que a

sociedade fica inerte ao que é difundido pelos veículos de comunicação. Enquanto a

TV trata de divulgar informações, a sociedade trabalha e faz circular esse conteúdo

informacional de acordo com os dispositivos de seleção e receptividade que possui.

O telespectador desenvolve, de acordo com seu contexto social, dispositivos

e processos para tratar o conteúdo que chega até ele, realizando suas críticas tanto

em espaços midiáticos como extramidiáticos – faculdades, escolas, bares, ambiente

familiar, vizinhança etc. Mas, há de se frisar que a própria televisão, tendo

conhecimento da existência dos dispositivos de crítica os quais dispõe a sociedade,

não incita o levantamento de temas que possam nutrir questionamentos a respeito

da qualidade dos conteúdos que veicula, desestimulando o desenvolvimento de

competência de seleção e de interpretação populares.

Existem dois tipos de crítica: a especializada e a realizada pela sociedade em

geral. A primeira diz respeito àquela feita por interlocutores, que podem ser: “[...] o

pesquisador e estudioso das questões televisuais, voltado para o debate entre

pares; o estudante de comunicação (em graduação ou pós-graduação); e o

profissional “reflexivo”, ou seja, que não se preocupa apenas com questões

“técnicas” da produção televisual (BRAGA, 2006, p.207)”.

O autor (2006, p.49) ainda ressalta que no ambiente acadêmico devem ser

elaboradas perguntas que sejam “[...] sugeridas e solicitadas na vivência social, que

talvez o senso comum não consiga distanciamento para formular com precisão e

pertinência”.

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A segunda refere-se à crítica comum, que tende a ser mais superficial -

devido ao não distanciamento já mencionado e a fatores limitadores, como a

dificuldade de acesso à educação, por exemplo - mas não menos importantes.

Embora sejam diferentes, as duas espécies de crítica interagem entre si, pois,

se a especializada provê conhecimento (bases, vocabulário e critérios) para a

seleção e a interpretação das informações, aquela feita pela sociedade em geral

fornece bases reais.

O foco dinâmico de um trabalho crítico sobre a mídia deve ser buscado diretamente nos debates (ainda que pobres e raros) ativados na sociedade e solicitados pelo jogo de contigüidade e tensões entre a mídia e os demais setores sociais. (BRAGA, 2006, p.56)

Portanto, um aparelho de crítica midiática tem que abranger todas as classes

sociais para se tornar eficiente e estimular, mesmo que a longo prazo, incentivando

o aumento da qualidade do que é produzido na televisão, e fazendo com que ela

esteja presente tanto na produção como na recepção das informações.

Desde a década de 80, os telespectadores não são mais considerados

homogêneos, pois eles não podem ser facilmente manipuláveis e não são tão

passivos como se pensava. Mesmo assim, o conhecimento que eles têm é

insuficiente para realizar uma avaliação criteriosa do conteúdo televisivo – essa

insuficiência caracteriza-se como o que Braga (2006) chama de falta de autonomia

interpretativa.

É necessário, também, explorar a questão da “edição” (estabelecimento de

relações entre o que a televisão e demais mídias emitem e os interesses pessoais

do receptor), que “[...] leva à questão da autonomia interpretativa. Entendemos que

essa ‘autonomia’ (como capacidade de fazer boas seleções e interpretações em

função de critérios válidos e auto-expressos) depende de condições culturais mais

que individuais”. (BRAGA, 2006, p.62)

O receptor com baixo nível de escolaridade e não (ou pouco) intelectualizado

deve ser estimulado a avaliar os programas televisivos com base em suas opções

pessoais e culturais, realizando, dessa forma, uma crítica mais eficiente, que possa

lhe proporcionar critérios diferenciados e contribuir na escolha daquilo que assiste –

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seja pela seleção ou mesmo por sua manifestação em pesquisas ou em canais de

contato com as emissoras de TV, como cartas, e-mails e telefonemas.

A autonomia interpretativa, então, pode ser entendida como a capacidade de

compreensão do conteúdo midiático, a maneira de expressão dos seus significados

em função de critérios previamente assumidos e a capacidade do telespectador

relacioná-los com sua realidade.

Para Braga (2006, p.65):

[...] as relações de fluxo entre as dinâmicas críticas na sociedade e os processos de recepção – as práticas do sistema usuário – deveriam ser intensas, pois só é possível oferecer critérios interpretativos estimuladores de autonomia crítica quando se conhece bem os processos vigentes nos usos e nas interações habituais e estabelecidas.

A sociedade tem a função de garantir ou de contestar a legitimidade de uma

formação social (seja através de sindicatos, Igrejas, Universidades etc.) e de seu

Estado, os quais, segundo Brittos e Bolaño (2005, p.62), “não têm mais legitimidade

em si mesmos, carecendo do consenso da sociedade civil para se legitimarem”. O

povo também pode legitimar as notícias, à medida que ele passa as informações

obtidas na TV adiante, contestando se elas são verídicas ou não.

Uma eficiente crítica televisiva deve ser realizada sobre programas

específicos da televisão, e não exatamente sobre ela como um todo, pois a análise

genérica tende a desconsiderar elementos concretos e a estimular idéias genéricas,

abstratas e apriorísticas. (BRAGA, 2006)

A maneira como é construída a narrativa da televisão – “em mensagens que

se sucedem num turbilhão” -, ignorando o que precede e o que sucede, “[...] leva à

inscrição imaginária de um momento sem relação com o passado e o futuro”.

(BARBOSA e RIBEIRO, 200510, p.221) Ou seja, as notícias são efêmeras por serem

informadas superficial e rapidamente, uma após a outra, muitas vezes tendo

assuntos completamente diferentes ou, até mesmo, divergentes. E, como Andrade

(2005, p.222) disse: “Em jornalismo 90% do que se divulga só servem para conversa

durante o jantar, não modifica a vida das pessoas em nada. [...] Mas o interesse do

público também é fundamental para que as pessoas tenham o que conversar”. 10 BARBOSA, Marialva e RIBEIRO, Ana Paula Goulart in BRITOS e BOLAÑO.

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Segundo Bourdieu (1997, p.29), a televisão passou de um instrumento de

registro para um instrumento de criação da realidade. O mundo social é cada vez

mais descrito e prescrito pela televisão. Ela se torna o mediador “do acesso à

existência social e política, [...] a capacidade de impor princípios de visão do mundo,

óculos tais que as pessoas vejam o mundo segundo certas visões”.

Considerando que a televisão desempenha papel deveras importante na vida

dos telespectadores à medida que o conteúdo informacional difundido por ela pode

influenciar nas atividades humanas, cada gênero de programa merece uma forma

específica de análise crítica, devido ao perfil dos públicos que atinge e ao conteúdo

que exibe. Ao mesmo tempo, devem ser estabelecidas percepções em comum entre

eles. Braga (2006, p.270) afirma que “[...] temos indicações suficientes de que é no

nível e na especificidade do que ocorre na tela (que é o que socialmente circula) que

se dão, com pontualidade e especificidade, os processos interacionais (grifo do

autor) entre produção e recepção”.

A crítica à televisão deve ser vista, percebida como assunto em pauta

permanente por todos os segmentos sociais, pois avaliar o conteúdo dos programas

televisivos é primar pela qualidade das informações que são difundidas e,

concomitantemente, pelos efeitos que elas podem provocar na sociedade.

(MACHADO, 2006)

2.4. O Telejornalismo

O telejornal é o produto de informação de maior impacto na atualidade. Pelo telejornal, a TV cria e procura dar visibilidade a uma experiência coletiva de nação. É um espaço importante de construção de sentidos do nacional como um ritual diário.

Beatriz Becker

A programação televisiva, principalmente as novelas e os noticiários, se

consolidou num país onde a taxa de analfabetismo, nos anos 90, era de 13,3% e os

40% mais pobres ganhavam, em média, menos de um salário mínimo mensal (0,98)

contra os 18,4 salários mínimos dos 10% mais ricos. (BECKER, 2005)

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Estes dois produtos de entretenimento e de informação são os de maior

impacto na sociedade brasileira, e as principais fontes de diversão e de

conhecimento dos acontecimentos sociais para a maioria da população segundo a

autora.

O telejornalismo, hoje, pode ser considerado um dos responsáveis pela

representação do povo, o qual pode enxergar-se através dele (como num espelho),

sem ter de conviver ou experimentar a situação noticiada. Além disso, ele “ [...] opera

sobre um fundo emocional dos telespectadores, mais do que sobre a sua

capacidade intelectual e crítica. (SERRA, 200511, p.31)”.

Mesmo com a existência de diversas mídias, como jornais e revistas

impressos, internet e rádio, os telejornais são responsáveis, atualmente, por informar

grande parcela da população brasileira. Este tipo de mídia tem o objetivo principal de

divulgar informações que sejam de interesse público. Mas, para que o telespectador

queira assistir ao telejornal, é necessário que exista identificação entre ele e este

veículo, e, nesta relação estão incluídos os apresentadores (âncoras, repórteres,

jornalistas de rua, comentaristas etc.), o cenário, e, é claro, as notícias (pauta) do

dia, assim como a ordem e a maneira (expressão e entonação de quem fala, tempo

de veiculação entre outros) como elas são apresentadas. Estes fatores são tão

importantes para o tipo de vínculo (credibilidade, curiosidade, pontualidade,

indicação a outras pessoas, assiduidade etc.) que será estabelecido entre o

telespectador e o telejornal, que a própria Psicologia é utilizada para a análise do

material jornalístico por quem o produz. De acordo com Furtado et al. (2002, p.276),

“as pessoas, em geral, possuem um certo conhecimento da Psicologia e o aplicam

na solução de problemas do cotidiano. O jornalista e o publicitário apropriam-se

desse conhecimento e o utilizam com uma certa competência”.

Contudo, mesmo que o telejornal seja considerado por muitos um excelente

canal para a obtenção de informações, para Chauí (2006) o público, muitas vezes, é

privado de tomar conhecimento de fatos, acontecimentos e situações em detrimento

de articulações realizadas por quem trabalha nos veículos de comunicação. Essa

atitude é uma tendência, por exemplo, no trabalho de muitos articulistas de jornais e

revistas, onde, segundo ela, gastam páginas inteiras nos contando seus

sentimentos, impressões e opiniões sobre pessoas, lugares, objetos,

11 SERRA, Heloísa Helena Sá Vale in BECKER.

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acontecimentos e fatos que continuamos a desconhecer porque conhecemos

apenas sentimentos e impressões daquele que deles fala.

A opinião dos telespectadores pode sofrer influência das técnicas de

persuasão utilizadas pelos jornalistas. Segundo Furtado, et al. (2002, p.280), “a

persuasão é um mecanismo de convencimento que pode ou não ultrapassar as

bases racionais da difusão de uma mensagem. Estas bases utilizam-se apenas do

campo cognitivo para garantir sua eficiência, isto é, alcançar o receptor, permitindo a

ele comparar a mensagem com a informação disponível e verificar se ela lhe é ou

não importante. Neste caso, utiliza-se uma informação objetiva, garantindo a

veracidade do que é informado.” Quando um repórter diz que de acordo com a

pesquisa tal, realizada por cientistas de determinada Universidade, a cura para

alguma doença foi descoberta, por exemplo, consideramos a informação verdadeira

e acreditamos que a cura existe, mesmo sem conhecermos alguém que já tenha

sido curado. Isto ocorre porque as notícias fundamentadas em bases racionais

fornecem informações de caráter objetivo e proporcionam ao telespectador mais

fontes de credibilidade – como no caso citado acima, onde a notícia do fato foi

baseada na pesquisa tal feita por cientistas da Universidade.

Contudo, notícias fundamentadas em bases irracionais, ou seja, de fundo

emotivo, também são bastante utilizadas. Neste caso, a persuasão ocorre mais pelo

campo da subjetividade do que pelo da objetividade da informação. (FURTADO, et

al., 2002),

Podemos verificar a utilização de bases irracionais em notícias esportivas, por

exemplo. Quando o time de futebol do Brasil ganha dos Argentinos, a entonação e a

expressão facial, além do próprio texto do jornalista, tornam-se agradáveis, ao

contrário de situações de tragédias, onde a entonação e o texto tornam-se mais

sérios – em alguns casos, até mesmo a música de encerramento dos telejornais é

cortada, manifestando um silêncio que representa o sentimento e o respeito

daqueles que fazem o telejornal para com as vítimas.

Chauí (2006) afirma que a base de apoio da credibilidade e da confiabilidade

em certos programas televisivos – entre eles, o telejornal - está no apelo à

intimidade, à personalidade, à vida privada como suporte e garantia da ordem

pública. Ou seja, os códigos da vida pública, segundo ela, passam a ser

determinados e definidos pelos códigos da vida privada, eliminando-se a diferença

entre espaço público e espaço privado.

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Atualmente, muito do que é noticiado sofre uma preparação antes de ser

transmitido na televisão, ao contrário de antigamente, quando os fatos ocorriam sem

esta preocupação. Isto é decorrência da espetacularização das mídias, que,

segundo Weber (2000, p.20), “podem indicar histórias paralelas à real, através da

sua ubiqüidade”.

A autora afirma que:

As fascinantes formas de ocupação do imaginário, a mistura de linguagens informativas, publicitárias e de entretenimento que confundem e sobrepõem idéias e imagens, através de textos híbridos, geram uma assimilação desorganizada mas não menos fascinante. A televisão, por exemplo, tem uma estética que permite que os discursos sejam mais facilmente assimiláveis devido ao seu formato mais compacto, passional, padronizado e publicitário. (WEBER, 2000,p.20)

No caso do telejornal, a idéia de onipresença somada ao “espetáculo”

produzido por ele retém a atenção do telespectador, pois utiliza recursos publicitários

que podem levar o público tanto ao fascínio de ter perto de si um mundo no qual não

faz parte, como à identificação com situações e personagens que parecem

representá-lo em idéias, pensamentos e atitudes.

O telejornal tem como uma de suas principais funções narrar e mostrar para

os telespectadores os principais fatos sociais em diferentes locais do país e do

mundo.

Por se tratar de uma fonte geradora de lucros para a empresa privada, a

televisão divide os telespectadores (ou consumidores), em duas classes: “a de

públicos (A, B, C e D) e a de horários, onde a programação é organizada de acordo

com a classe, ocupação, idade e sexo do telespectador, atendendo às exigências

dos patrocinadores, que financiam os programas tendo em vista os consumidores

potenciais e, portanto, criando a especificação do conteúdo e do horário do

programa (CHAUÍ, 2006, p.45)”. Além disso, “[...] para atender aos interesses

econômicos dos patrocinadores, rádio e televisão dividem a programação em blocos

que duram de sete a dez minutos, sendo cada um interrompido pelos comerciais.

Essa divisão de tempo nos leva a concentrar a atenção durante sete ou dez minutos

de programa e a desconcentrá-la durante as pausas para a publicidade. Pouco a

pouco, isso se torna um hábito” (IBIDEM, p.52)

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Para a autora (2006, p.48), os noticiários operam em três etapas:

1° - Estabelecem diferenças no conteúdo e na forma das notícias de acordo

com o horário da transmissão e o público, rumando para o sensacionalismo e o

popularesco nos noticiários diurnos e do início da noite, e buscando sofisticação e

apresentação de maior número de fatos nos noticiários de fim de noite.

2° - Por seleção das notícias, omitindo aquelas que possam desagradar o

patrocinador ou os poderes estabelecidos.

3° - Pela construção deliberada e sistemática de um a ordem apaziguadora:

em seqüência, apresentam, no início, notícias locais, com ênfase nas ocorrências

policiais, sinalizando o sentimento de perigo; passam às notícias internacionais, com

ênfase em guerras e cataclismos (maremotos, terremotos, enchentes, furacões),

ainda uma vez sinalizando perigo; mas concluem com as notícias nacionais,

enfatizando as idéias de ordem e segurança, encarregadas de desfazer o medo

produzido pelas demais notícias. E, nos finais de semana, terminam com notícias de

eventos artísticos ou sobre animais (nascimento de ursinho, fuga e retorno de um

animal em cativeiro, proteção a espécies ameaçadas de extinção), de maneira a

produzir o sentimento de bem-estar no espectador pacificado, sabedor de que,

apesar dos pesares, o mundo vai bem, obrigado.

Os noticiários, independente da emissora, seguem a mesma lógica de

produção, com blocos de informação separados por comerciais, sendo que cada

bloco é formado por três ou quatro VTs (matérias editadas com texto em off e

entrevistas) ou notas cobertas (voz em off do locutor sob imagens editadas numa

seqüência lógica e cronológica) e pelo apresentador (ou âncoras em alguns

noticiários) o qual representa um mediador entre os fatos apresentados e o público.

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3 A PADRONIZAÇÃO DO TELEJORNAL

Quando assistimos aos telejornais brasileiros, nos deparamos com

características, estratégias e maneiras de apresentação que se repetem, se não em

todos eles, pelo menos na maioria. É como se estes veículos se espelhassem em

um só exemplo para serem projetados, montados e exibidos. De fato, este

espelhamento ocorre porque o fenômeno Padrão Globo de Qualidade tornou-se um

modelo que transformou a maneira de fazer telejornal no Brasil.

Ao nascer, o Jornal Nacional teve dois desafiadores objetivos: ser um

programa de abrangência nacional e tornar-se líder de audiência. Mas a criação do

Padrão Globo de Qualidade nos anos 80, e do “horário nobre”, permitiu que além de

conquistar essas duas importantes posições ele se tornasse um padrão para outros

telejornais.

Os elevados índices de audiência conquistados pelo Jornal Nacional atraíram

tanto a atenção da concorrência, que o telejornalismo ganhou mais importância na

grade de programação das emissoras, passando a receber maiores investimentos.

Além disso, as estratégias de padronização e o novo horário de veiculação para

notícias foram tão bem aceitos pelos telespectadores, que o telejornalismo da Globo

serve de padrão até hoje para o de outras emissoras, as quais se baseiam nos

mesmos modelos de construção e horário de veiculação para criar seus programas.

O Jornal Nacional foi o primeiro a utilizar o Padrão Globo de Qualidade,

aplicando-o a elementos como: composição de cenários, forma de apresentar dos

jornalistas e âncoras, leitura de notícias, figurino, maquiagem, estruturação das

pautas (ordem em que as notícias são veiculadas) etc.

Para melhor exemplificarmos a padronização do telejornalismo brasileiro,

selecionamos quatro telejornais, que não necessariamente têm abrangência

nacional ou são transmitidos no horário nobre (das 18h à meia-noite), mas tornaram-

se exemplos de programas visivelmente influenciados pelo Jornal Nacional. São

eles: Jornal da Record, Jornal da Band (Bandeirantes), Jornal da TVE e Jornal do

SBT (Edição Noite).

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Jornal da Record – Veiculado de segunda a sábado, às 20h30min, e

apresentado pela dupla de jornalistas Celso Freitas e Adriana Araújo (ex-repórter da

Rede Globo), é o principal telejornal da Rede Record.

O cenário tem como plano de fundo a redação do telejornal, que trabalha

enquanto os âncoras apresentam as notícias. Os figurinos dos apresentadores são

discretos e formais. A mulher usa tailler e blusas sem decotes, sempre com

maquiagem e brincos discretos. O homem usa paletó e gravata com cores discretas.

Há chamadas ao vivo, e a pauta é dividida em notícias nacionais,

internacionais, esportivas e previsão do tempo. A cobertura internacional é feita por

correspondentes da própria emissora em alguns países. Nos demais, as

informações são provenientes de veículos do país de origem.

O telejornal utiliza a tecnologia Closed Caption.

A Record garante oferecer aos telespectadores informações com agilidade na

apresentação das notícias, dinamismo na cobertura dos principais fatos, produção

de reportagens especiais, elaboração de matérias exclusivas e investigativas e

credibilidade através de profissionais experientes e consagrados no jornalismo

brasileiro, além de possuir ampla cobertura jornalística através da rede de emissoras

afiliadas, afirmando “[...] ter repórteres nos quatro cantos do Brasil [...]”. (JORNAL

DA RECORD, 2008)

Este veículo também tem correspondentes internacionais em seus escritórios

em Londres, Nova Iorque, Tóquio e Jerusalém, e, de acordo com informações da

Record, seus repórteres “ [...] estão a postos nos principais pólos mundiais para

farejar tendências que emergem fora do Brasil, em pautas de negócios, economia,

política, ciência, medicina e comportamento, entre outras”(IBIDEM, 2008).

O novo Jornal da Record (grifo nosso), chamado assim devido à atual

reestruturação feita no programa, tem como editor chefe Valdir Zwetsch, e como

chefe de produção Luiz Malavolta. Editorialmente, ocorreram mudanças no ritmo, na

forma e na paginação deste telejornal, além do encurtamento das matérias, para

conferir mais dinamismo ao andamento do programa.

Jornal da Band – Veiculado de segunda a sábado, no horário nobre, às

19h20min é apresentado pelos jornalistas Ticiana Villas Boas e Ricardo Boechat, o

qual, de acordo com informações do site da Rede Bandeirantes, é o mais bem

informado jornalista do país (grifo nosso) e já teve passagem pelo jornal O Globo.

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Boechat também é editor chefe responsável pela produção e linha editorial das

matérias.

O cenário tem como plano de fundo a redação trabalhando. O figurino dos

apresentadores é formal. A mulher usa tailler, blusas sem decote, brincos e

maquiagem discreta. O homem veste paletó e gravata de cores discretas.

Há chamadas ao vivo, e a pauta é dividida em notícias nacionais,

internacionais, esportivas e previsão do tempo.

O telejornal é transmitido em High Definition.

A Bandeirantes afirma produzir e exibir “um jornalismo corajoso, objetivo e

atento aos fatos” (JORNAL DA BAND, 2008), e que o Jornal da Band, além de

seguir uma linha analítica e participativa de toda sua equipe, é independente, claro e

simples, sendo “a principal expressão desse telejornalismo moderno, imparcial,

abrangente e variado” (IBIDEM, 2008).

Jornal da TVE – Veiculado de segunda a sexta-feira, às 21h30min, e

apresentado pela jornalista Tatiana Forster, este telejornal privilegia notícias sobre

fatos que acontecem no Rio Grande do Sul, clima e mercado financeiro.

Há chamadas ao vivo, e a pauta é dividida em notícias nacionais, regionais e

previsão do tempo.

O cenário é simples, composto por uma mesa central e um painel, que fica

entre a apresentadora e a mesa, com imagens de Porto Alegre. A apresentadora

utiliza brincos e maquiagem discretos, veste roupas formais, sempre acompanhadas

de casaco e blusas sem decotes.

Os quadros são formados por matérias especiais com um enfoque mais

aprofundado - de acordo com a emissora, este aprofundamento esclarece ainda

mais o telespectador – e comentaristas para opinar sobre os principais temas da

atualidade. A editora é Denise Camargo. A TVE utiliza como slogan para este

veículo: “o telejornal mais completo de sua noite” (JORNAL DA TVE, 2008).

Jornal do SBT (Edição Noite) – Transmitido de segunda a sexta-feira, às

00h30min, tem como apresentadores os jornalistas Carlos Nascimento (ex-

apresentador da Rede Globo) e Cynthia Benini (ex-freqüentadora da Oficina de

Atores da TV Globo e ex-apresentadora no Canal Futura – da Rede Globo).

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Há chamadas ao vivo, e a pauta é dividida em notícias nacionais,

internacionais, esportivas e previsão do tempo.

O cenário tem como plano de fundo a redação trabalhando, enquanto a dupla

de âncoras apresenta as notícias. Cynthia está sempre vestida com tailler e blusas

sem decotes, utiliza brincos e maquiagem discretos. Nascimento veste-se com

paletó e gravata de cores discretas.

De acordo com o site do SBT (2008), este telejornal resume os principais

fatos do Brasil e do mundo, com abordagem diferenciada nas reportagens e foco

nos fatos mais interessantes do dia.

3.1. O Poder da Rede Globo e o Jornal Nacional

O sistema de telecomunicações no Brasil começou a ser formado no início de

1960, consolidando-se no período dos governos militares. Entre 1962 e,

aproximadamente, metade da década de 1970, os Diários Associados eram o

grande grupo dominante, até decaírem devido à má administração e à

incompatibilidade entre Assis Chateaubriand – seu dono – e os militares. Em 1980,

ocorreu, então, o fechamento do grupo. Contudo, o governo – na época do general

João Batista Figueiredo – distribuiu as concessões dos Diários Associados em duas

partes: a Rede Manchete (que transformou-se, depois, em Rede TV!) pertencente ao

grupo empresarial Bloch Editores, e Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), do grupo

Sílvio Santos.

Roberto Irineu Marinho assumiu o cargo de jornalista em O Globo aos 26

anos, após a morte de seu pai em 1925. Desde esta data, dirigiu a transformação

das Organizações Globo em um dos maiores conglomerados privados brasileiros.

A TV Globo foi outorgada durante o governo de Juscelino Kubitschek, em

1958. Em 26 de abril de 1965, no Rio de Janeiro, nasce a Rede Globo de um

“acordo financeiro, técnico e comercial com o grupo Time-Life, dos Estados Unidos

(a Constituição vedava acordos desse tipo com empresas estrangeiras).

Mesmo com as pressões de Assis Chateaubriand para impedir que a ditadura

militar de 1964 arquivasse o acordo anticonstitucional, a Globo começou a

concentrar capital e poder, desbancando a concorrência e tornando-se uma

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oligarquia no setor da comunicação. Fortalecida pelo regime militar, ela não foi

atingida pelo Código Brasileiro de Telecomunicações (CBT), que deveria visar ser

um marco regulatório entre a sociedade, a empresa exploradora de serviço público e

o governo. Entretanto, o CBT proporcionou à Globo a energia necessária para se

transformar na potência econômica e política que ostenta hoje. Assim, ela cresceu

baseada em uma forma de regulação que se tem mostrado tendente ao surgimento

de grupos hegemônicos; próxima a uma regulação no nível do mercado, onde, na

ausência de competitividade, aparecem as organizações oligopolistas. (BRITTOS e

BOLAÑO, 2005)

A partir do surgimento da Globo, dá-se início a um processo contínuo de

concentração de poder que, em dois anos, torna o mercado televisivo oligopolizado

pela emissora. Os anos 1970 marcam o começo desse predomínio.

Para Brittos e Bolaño (2005), é uma hipótese bastante aceitável a de que o

início das operações da Rede Globo tenha sido responsável pela desestabilização

do ambiente concorrencial dos anos 60. Ela sempre foi contra as regulamentações

que o Congresso Nacional tentou impor para abrir o mercado das telecomunicações

à concorrência e evitar, assim, a centralização do poder midiático. Muito ela fez para

atrasar a chegada no Brasil, por exemplo, da televisão à cabo – e conseguiu! -, com

medo de perder parcela do mercado para empresas estrangeiras. Mas, visto que isto

seria inevitável e ela mesma já estava sentindo necessidade de se inserir num novo

mercado devido à tendência mostrada em outros países – como nos Estados Unidos

- buscou se adaptar rapidamente, criando canais próprios para a TV fechada, como

Globo News, TV Futura, GNT e Multishow.

No Brasil, segundo Fiani (2005)12, há falta de uma “cultura da concorrência”,

onde impera a desconsideração das preocupações concorrenciais relacionadas às

atividades econômicas e, também, a proteção contra a competição.

A Globo sempre exerceu poder sobre a política e os políticos no Brasil, e isto

foi estimulado muito mais pela ausência de normas que defendessem o interesse

público do que pelas ações de Roberto Marinho.

As primeiras alterações significativas no sistema de telecomunicações

aconteceram no governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC), onde ocorreram

12 FIANI, Ronaldo apud SIMÕES, Cassiano Ferreira e MATTOS, Fernando in BRITTOS e BOLAÑO.

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privatizações que alteraram, não somente a indústria das telecomunicações, mas a

empresas multinacionais e nacionais ligadas à ela.

Em 1995, o deputado Laprovita Vieira, do antigo Partido Popular Brasileiro (PPB) do Rio de Janeiro, deu entrada de proposta de emenda constitucional destinada a admitir pessoas jurídicas no controle de empresas jornalísticas e de rádio e televisão. Sua emenda tinha o objetivo de, atendendo demanda de seu eleitorado evangélico, resolver a situação legal das concessões outorgadas a pastores, testas-de-ferro da Igreja Universal do Reino de Deus, controladora da Rede Record de Televisão. A essa emenda, o deputado Aloysio Nunes Ferreira, do Partido Social Democrata Brasileiro (PSDB) de São Paulo, anexou outra, de sua autoria, em 1997, mantendo o dispositivo da pessoa jurídica e acrescentando a possibilidade de até 30% de capital estrangeiro na composição do controle das empresas jornalísticas e de rádio e televisão. Levada à Câmara dos Deputados para votação em 2000, lá foi congelada por pressão das Organizações Globo, que, desinteressadas do investimento estrangeiro naquele momento, pressionou para que a emenda não fosse adiante de modo que não fortalecesse seus competidores. No final de 2001 e início de 2002, quando estourou a dívida da holding Globopar, oriunda de seus investimentos em televisão por assinatura, a Globo, em prazo recorde, mobilizou o Congresso Nacional e fez aprovar a emenda constitucional, com apoio, inclusive, da oposição, na época liderada pelo Partido dos Trabalhadores. (BRITTOS e BOLAÑO, 2005, p.71)

Mesmo dispondo de grande influência sobre decisões políticas no Brasil, a

Rede Globo se fortalece garantindo um elevado índice de audiência devido à grande

cobertura jornalística que exerce dentro e fora do país. Em 1968, as Organizações

Globo detinham concessões de televisão nos três principais mercados do país: Rio

de Janeiro (Canal 4), São Paulo (Canal 5) e Belo Horizonte (Canal 12). Nos quatro

anos seguintes, a Rede Globo se instalou em Brasília e em Recife. Em 1969,

Roberto Marinho já tinha estações da TV Globo no Rio de Janeiro, em São Paulo e

em Belo Horizonte, expandindo-se para Brasília no ano de 1971 - possibilitando,

dessa forma, a transmissão para Goiânia e outras cidades de Goiás – e em 1973

para Recife, atingindo diversos Estados Nordestinos. Neste mesmo ano, ela já tinha

6 emissoras afiliadas. Em 1974, já eram 13. E em 1982, passaram a ser 36 afiliadas.

Neste ano, a Rede Globo tornou-se a quarta maior rede de televisão do mundo,

composta por 6 emissoras geradoras, 36 afiliadas e mais 5 estações repetidoras,

dando um total de 47 emissoras, cobrindo 3.505 dos 4.063 municípios brasileiros.

Isso corresponde a 93% da população total do país e 99% dos 15,8 milhões de

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domicílios com TV existentes nos anos 80. Ainda, segundo os dados de 1980, 75%

dessa audiência era cativa da Rede Globo. (BRITTOS E BOLAÑO, 2005)

No livro Jornal Nacional: A notícia faz história (2004, p.12) há referências de

que não existe, no Brasil, outro órgão de mídia com o alcance da Rede Globo. Nele,

José Roberto Marinho afirma que:

Não é por acaso que, se algo acontece em qualquer cidade do Brasil, é na Globo que os brasileiros se informam em primeiro lugar. Apenas a Rede Globo está presente, com repórteres, cinegrafistas e editores, nos estados brasileiros, em 117 municípios, cobrindo literalmente o Brasil inteiro. Ao todo, são 4.500 jornalistas para contar aos brasileiros o que acontece no país. É igualmente ampla a cobertura internacional. Além de usar das melhores agências de notícias, o Jornal Nacional está presente nos Estados Unidos, na Argentina, no Reino Unido, na França, na Itália e em Israel, com correspondentes próprios. É um olhar brasileiro sobre o mundo. A qualquer hora do dia ou da noite, mas especialmente no horário do Jornal Nacional.

Atualmente, quase 60% dos recursos publicitários são investidos em

televisão, o que totaliza “[...] mais de 4 bilhões de reais em busca de uma efetiva

conquista de audiência quantitativa”. (BECKER, 2005, p.18)

A grande concentração de audiência faz com que a TV Globo possua um alto

preço de venda de seu espaço publicitário – de acordo com Brittos e Bolaño (2005),

aproximadamente um terço de toda a verba da publicidade nacional vai para a

contabilidade dela - e, conseqüentemente, o retorno em investimentos na qualidade

da produção, da programação e da distribuição de sinais, com suas emissoras

locais13.

13 Manaus – TV Amazonas; Porto Velho – TV Rondônia; Boa Vista – TV Roraima; Rio Branco – TV Acre; Macapá – TV Amapá; Belém – TV Liberal; Maceió – TV Gazeta; João Pessoa – TV Cabo Branco; Natal – TV Cabugi; São Luís – TV Mirante; Salvador – TV Bahia; Fortaleza – TV Verdes Mares; Teresina – TV Clube; Aracaju – TV Sergipe; Cuiabá – TV Centro América; Campo Grande – TV Morena; Bauru, São José do Rio Preto e Sorocaba – TV TEM; Presidente Prudente – TV Fronteira; Campinas, Ribeirão Preto, São Carlos e Varginha – EPTV; São José dos Campos – TV Vanguarda; Mogi das Cruzes – TV Diário; Santos – TV Tribuna; Resende – TV Rio Sul; Vitória – TV Gazeta; Uberlândia – TV Integração; Juiz de Fora – TV Panorama; Goiânia – TV Anhanguera; Palmas – TV Anhanguera / Tocantins; Florianópolis e Porto Alegre – RBS TV; Curitiba, Londrina, Maringá e Foz do Iguaçu – TV Paranaense.

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De acordo com dados do Ibope Teleport (200414) apud Brittos e Bolaño

(2005), suas audiências variam de 30% a 50% no horário nobre (junho de 2004),

com uma participação de mercado que chega a 80%, significando que oito entre dez

telespectadores ativos assistem à Rede Globo no momento verificado, enquanto os

20% restantes assistem a outros canais de TV.

Informações de uma revista15 em 1980 mostram que para uma verba anual

total de, aproximadamente, 500 milhões de dólares introduzidos na televisão

brasileira, 350 milhões eram aplicados na Rede Globo.

O Jornal Nacional, assim como as telenovelas globais, possui baixo custo de

produção e alto grau de rentabilidade quando são articulados os valores gastos na

produção ao retorno obtido com as verbas publicitárias e o merchandising - no caso

das telenovelas. A relação custo-benefício transformou estes dois “produtos” nos

mais rentáveis da história da televisão brasileira.

O poder da Globo deve-se a uma articulação que, até agora, tem sido

suficientemente forte para influenciar a sociedade no que se refere à política e às

ideologias difundidas em seus programas televisivos. Esta influência pode ser

atestada em diversas ações que envolvem desde o governo federal até a proteção

de perseguidos políticos durante a Ditadura Militar no Brasil, como relata o jornalista

Carlos Nascimento (200416, p.36):

Houve um período em que as pessoas iam prestar depoimentos nos quartéis e nas delegacias e não voltavam. Então, a gente ia ao local só para a polícia saber que a Globo estava lá. [...] Eu me lembro muito bem que, no dia em que Plínio Marcos foi depor na Polícia Federal, nós ficamos lá em frente. Chovia muito e ficamos debaixo de uma marquise. Nós o entrevistamos antes dele entrar e, enquanto ele não saiu, não fomos embora.

Além disso, ela foi e ainda é beneficiada pela ausência ou o não cumprimento

de regras no ambiente político que limitem a concentração de capital midiático, e, 14 Dados do Ibope Teleport, publicados em anúncio da Rede Globo na revista Meio & Mensagem, n° 1.115, 5/7/2004. 15 “Os 15 anos da Globo”. Propaganda, abr., 1980, pp. 20-22 e 36-42. Edição especial. Citação de Venício A. de Lima apud BRITOS, Valério Cruz e BOLAÑO, César Ricardo Siqueira. Rede Globo – 40 anos de poder e hegemonia. São Paulo: Paulus, 2005, 2ª edição, p. 119. 16 NASCIMENTO, Carlos in GLOBO, Memória. Jornal Nacional: A notícia faz história.

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assim como as demais televisões, é uma empresa que, apesar de utilizar-se do

aparelho público, é regida pelo regime contratual privado, ao contrário da

radiodifusão.

Hoje, as Organizações Globo não têm um índice médio de audiência tão

grande quanto na década de 80. Apesar disso, elas continuam sendo um importante

sinônimo de poder no país.

3.2. A Importância do Jornal Nacional

Sendo eu jornalista, é com orgulho que constato ser o Jornal Nacional uma das estrelas de nossa programação.

Roberto Marinho

O jornalismo sempre fez parte da vida de Roberto Marinho, uma vez que esta

área da comunicação já era presente em seu núcleo familiar, como podemos

verificar no trecho a seguir, escrito pelo filho de Roberto Marinho:

De certa maneira, o Jornal Nacional nasceu adulto: ele é parte de uma tradição que começou bem antes de setembro de 1969, quando foi ao ar pela primeira vez. Suas raízes estão nos dois jornais criados por meu avô, Irineu Marinho: A Noite, que nasceu em 1911, e O Globo, que data de 1925. (JOÃO ROBERTO MARINHO, 2004, p.11)

Tudo começou com o telejornal Tele Globo (jornal com duração de meia hora,

que ia ao ar em duas edições: a primeira às 12h e a segunda às 19h). Em janeiro de

1966, ele começou a ter uma única edição diária, às 13h. Nesta mesma época,

surgiu o Ultranotícias – patrocinado pela Ultragás e pela Ultralar -, que,

primeiramente tinha duas edições: a primeira ia ao ar às 15h, e durava cinco

minutos; a segunda era exibida às 19h45, e tinha duração de quinze minutos. Em

setembro de 1966, o programa foi condensado em uma única edição, às 19h45. Em

março de 1966, surgiu o Jornal da Semana, exibido nas segundas-feiras, às 23h.

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Contudo, o telejornal de maior destaque da Globo, neste período, foi o Jornal de

Vanguarda, que iniciou suas apresentações em 1962, na TV Excelsior, com o nome

de Jornal Excelsior; e, em 1965, já com o segundo nome, passou a ser exibido na

TV Tupi. Após Walter Clark tornar-se diretor da TV Globo – fato que ocorreu no ano

seguinte – levou o telejornal e toda sua equipe para a nova emissora. No entanto,

em 1967, o telejornal voltou para a TV Excelsior, e na Globo foi produzido o Jornal

de Verdade.

Em 1966, Armando Nogueira torna-se diretor de jornalismo da emissora e

começa a ampliar o departamento jornalístico com a aquisição de mais

equipamentos e a contratação de novos profissionais. Além disso, ele substituiu o

Ultranotícias pelo Jornal da Globo, exibido às 19h30, sendo transmitido até 31 de

agosto de 1969,

[...] quando foi substituído pelo Jornal Nacional, que entrava no ar às 19h45, inaugurando as transmissões em rede da TV Globo e uma forma de tipologia narrativa: a informativa, estabelecendo o padrão de televisão vigente até hoje. De acordo com dados de 1980, ele era visto por uma média de 60 milhões de telespectadores17.

O Jornal Nacional foi criado para competir com o Repórter Esso, da TV Tupi,

sendo parte estratégica de um projeto de Walter Clark e José Bonifácio de Oliveira

Sobrinho, Boni, para transformar a Globo na primeira rede de televisão do Brasil,

segundo o que consta no livro Jornal Nacional – A notícia faz história (2004). “Os

militares queriam mostrar que o Brasil era um país de primeiro mundo e montaram a

Embratel. Nós imaginamos que a primeira utilização óbvia dos enlaces de

microondas seria o jornalismo, e começamos a pensar num programa nacional.”

(SOBRINHO, 200418, p.28)

17 “Trinta anos de TV – 15 de monopólio”. Jornal do Brasil, 27/4/1980. Caderno especial apud Venício A. de Lima in BRITOS e BOLAÑO. 18 SOBRINHO, José Bonifácio de Oliveira apud GLOBO, Memória. Jornal Nacional: A notícia faz história.

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Ao telejornalismo cabia constituir, simbolicamente, a atualidade imediata, fazendo com que temas dominantes na discussão cotidiana fossem os transmitidos em rede para todo o país. Toda a programação da Rede Globo de Televisão, incluindo o formato narrativo de seus telejornais, tinha por objetivo ‘falar diretamente ao povo’, inserindo-o numa ampla rede simbólica, com fortes doses de emoção ou apelo aos valores patrióticos. (PALHA, 2005, p.210)

O Jornal Nacional é responsável por grande parcela da audiência da Rede

Globo desde que entrou no ar pela primeira vez. Isso não se deve apenas por ele

estar inserido no meio do “horário nobre”, mas sim, pela fidelidade dos

telespectadores que aguardam suas edições, quase diárias (de segunda a sábado),

para se atualizarem.

Um dos programas de maior índice de audiência da emissora – de acordo

com dados já mencionados –, o Jornal Nacional faz parte da vida de grande parcela

dos brasileiros, sendo responsável pela veiculação de informações a todas as

classes da sociedade. O mais curioso é que ele parece homogeneizar, ao menos no

quesito distribuição de informações, uma sociedade onde há grande desigualdade

socioeconômica. A intervenção da opinião dos jornalistas confere maior dinamismo

ao telejornal, passando, os apresentadores, a interferir na informação e sendo

legitimados para isso. As notícias são acessíveis a qualquer pessoa – basta ligar o

televisor na hora em que está começando o jornal.

Obviamente, não há como negar que a recepção (interpretação e apreensão)

das notícias dependerá do contexto em que o telespectador está inserido. Contudo,

a introdução dos comentaristas, no ano de 1985, é um novo recurso utilizado tanto

pelo Jornal Nacional como pelos demais veículos para analisar e explicar a notícia

ao telespectador.

A diferença entre o Jornal Nacional e outros veículos, como jornais impressos,

revistas, internet e até mesmo outros telejornais é que nestes há maior segmentação

de público – talvez pelo preço, pelo local de distribuição ou horário de veiculação de

alguns. Impressionante, como até mesmo Willian Waack (atual diretor e

apresentador do Jornal da Globo, que vai ao ar de segunda a sexta-feira,

praticamente à meia-noite), disse em uma palestra19 que a maior parte do público do

“seu” telejornal corresponde a um segmento da sociedade que tem acesso ao

19 Palestra realizada no dia 5 de junho, no auditório da Faculdade de Direito da UFRGS, promovida projeto da Souza Cruz Diálogos Universitários.

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ensino superior e possui nível intelectual mais elevado. Por que, então, o Jornal

Nacional parece ter um público mais diversificado? Talvez por seu horário de

veiculação? Ou será que é devido à uma parte da ação simbólica da televisão que,

como afirma Pierre Bourdieu (1997, p. 23), “[...] no plano das informações, por

exemplo, consiste em atrair a atenção para fatos que são de natureza a interessar a

todo mundo [...]”?

3.3. Um Padrão que Tomou Conta

Na época da Ditadura – período em que a Rede Globo foi criada -, a

transmissão de notícias tinha uma função política. Ao mesmo tempo em que a

interrupção da programação para a transmissão de acontecimentos de “última hora”

gerasse a idéia de atualização contínua e imediata, as notícias com hora marcada

incentivavam o telespectador a encaixar-se na temporalidade moldada pela

televisão. A linguagem utilizada no Jornal Nacional era intimista; a imagem, ao

contrário do rádio, provocava a sensação da realidade iminente; as manchetes eram

curtas e fortes, os apresentadores liam o noticiário alternadamente de maneira ágil e

o som era direto. A voz do entrevistado ajudava a transmitir credibilidade e fidelidade

à realidade. As convenções narrativas, juntamente aos testemunhos, ajudavam na

aproximação da realidade, que incentivou a produção de crença na autenticidade do

que era, e ainda hoje é noticiado. O modelo funcionou tão bem, que a transmissão

do telejornal em duplas, simulando um diálogo, é utilizada atualmente, inclusive com

cenários que reproduzem salas de visitas. (BRITTOS e BOLAÑO, 2005)

O padrão Globo de qualidade tomou conta do jornalismo global na década de

80, quando a Central Globo de Jornalismo (CGJ) iniciou investimentos no

aperfeiçoamento dos profissionais das afiliadas, levando jornalistas das diversas

praças para treinar na sede da emissora, no Rio de Janeiro. O objetivo, segundo

consta no livro Jornal Nacional – A notícia faz história (2004, p.122), era “levar a

todas as afiliadas o padrão de qualidade da Globo a fim de que pudessem participar

do Jornal Nacional, o que sempre foi motivo de prestígio para o profissional, sua

equipe e a própria afiliada”.

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Quando o Jornal Nacional completou 15 anos, para manter o padrão de

qualidade, os repórteres da Globo começaram a receber cuidados especiais, sendo

treinados até mesmo por uma fonoaudióloga. Além disso, a Rede Globo pagava

uma verba extra aos jornalistas que apareciam no vídeo para despesas com o

figurino, que, a partir de 1985 começou a ser delimitado com recomendações como:

evitar-se listras muito fortes, coloridas e de contraste violento, assim como

quadriculados de cores vivas. Não utilizar roupas com estampas gráficas ou

figurativas ou com dizeres de qualquer espécie. As apresentadoras não deveriam

usar blusas de alça ou com grandes decotes; deveriam evitar jóias e bijuterias

grandes demais, ostensivas, e brincos pingentes e brilhantes. Os apresentadores

não poderiam usar paletós nos tons branco e gelo e deveriam evitar gravatas lisas

ou de acetato, que faíscam no vídeo.

As primeiras mulheres a participar da apresentação do Jornal Nacional foram

Sandra Annenberg, no quadro da previsão do tempo, e a jornalista Valéria Monteiro,

que já havia apresentado o telejornal aos sábados e blocos de notícias no período

das Olimpíadas de 1988.

Em 1966, os apresentadores Cid Moreira e Sergio Chapelin foram

substituídos por William Bonner e Lillian Witte Fibe, com o objetivo de colocar à

frente do telejornal jornalistas profissionais, envolvidos com a produção das

matérias, procurando, dessa maneira, dar maior credibilidade às notícias. Além

disso, segundo o atual diretor-geral da Central Globo de Jornalismo, Carlos Henrique

Schroder, “ter jornalistas como apresentadores dá a possibilidade de improvisar, de

intervir no noticiário no momento em que ele está no ar. Permite a realização de

entrevistas ao vivo, perguntas a repórteres, a entrevistados. Permite um

arredondamento de certas matérias“.

A apresentação do Jornal Nacional sofreu sua última alteração em março de

1998, quando a dupla Willian Bonner20 e Fátima Bernardes21 passou a ser o casal

âncora. Em setembro de 1999, Bonner tornou-se, também, editor-chefe do telejornal.

20 No trecho a seguir, Bonner fala sobre a importância do veículo e de alguns critérios utilizados para definir a pauta: “O Jornal Nacional tem uma história a ser preservada, e tem a obrigação, como fonte única de informação da maior parte da população brasileira, de mostrar aquilo que eu apelidei – como se fosse uma função de teclado de computador – de ‘F4’. O jornal tem que ter todos os dias aquilo que de mais importante aconteceu no Brasil e no mundo. Se ele tiver 40 minutos de produção, ele vai ter isso e mais uma porção de coisas. Se ele tiver 21 e meio, ele vai ter só isso. Eu dou um jeito, diminuo a cobertura disso e daquilo, elejo o que é jornalisticamente mais importante para dar ao repórter.” (2004, p.294)

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Fátima Bernardes também começou a participar da edição do telejornal e de

outras atividades realizadas antes da transmissão.

Existem alguns fatores no Jornal Nacional hoje que contribuem, segundo

Martins (200622, p.132), para conferirem forte sentido de onipotência à dupla Fátima

Bernardes e Willian Bonner, como:

- a composição feita entre cenário e movimento de câmera na abertura do

telejornal (a câmera parte da redação e, em movimento de elevação, vai até o

mezanino onde se encontram os apresentadores;

- a posição espacial dos apresentadores, que indica maior hierarquia;

- equiparação das alturas dos apresentadores com a do telespectador, que

consegue visualizar, ao fundo e mais abaixo, a redação trabalhando;

- utilização de cenários – compostos por um grande globo terrestre, todo azul,

fatiado na horizontal, posicionado nas costas dos apresentadores. (Em sobreposição

parcial ao globo, está flutuando o logotipo do Jornal Nacional.) - que lembram uma

ligação em tempo real com várias partes do mundo;

- similaridades físicas entre os apresentadores, que constroem sentido de

simbiose – reforçados pelo fato de eles serem casados;

- congruência nas posturas, gestos e expressões faciais dos dois durante a

apresentação do programa;

- há quase sempre um diálogo inicial e final entre eles, enquanto a trilha

musical do telejornal está em evidência;

- os dois mantêm-se sérios durante quase todo o programa;

- os gestos de ambos restringem-se ao movimento com as mãos;

21 Neste trecho, Fátima conta um pouco a respeito de como é a rotina por detrás dos bastidores: “Eu chego à redação um pouquinho antes das duas horas. Participo da reunião sobre o ‘espelho’ do dia e da reunião de pauta. Aí, cada um fica responsável pela edição de uma parte do jornal. Eu fico com a edição das chamadas. São três, que vão ao ar entre o fim da tarde e o início da noite. Escrevo o texto, ponho no ar alguns trechos de matérias editadas para despertar a curiosidade do telespectador. Além dessa parte, eu tenho uma outra atribuição, que é supervisionar os repórteres que fazem o Jornal Nacional, dar conselhos aos mais jovens, fazer observações sobre a postura, a melhor forma de dar a notícia. Além disso, como eu gravo a última chamada às sete horas, sete e dez, e o Jornal Nacional vai ao ar às oito e quinze, nesse intervalo assumo a tarefa de monitorar as agências de notícias, para saber se alguma coisa nova aconteceu, porque os editores estão nas ilhas, sem condições de fazer esse trabalho. O público são sabe que você faz isso tudo. Eu ainda encontro muita gente que acha que chego às seis e meia na Globo para me maquiar, ficar com duas pessoas me abanando para estar sequinha na hora e botar uma roupa bonita. Não tem problema. O importante é que, sendo também editora e tendo participado da feitura do jornal, se no ar alguma coisa der errado, eu tenho toda a possibilidade de improvisar para que aquilo seja o mais natural, para que o público continue achando que não deu nada errado.” (2004, p.294) 22 MARTINS, Nísia in DUARTE e CASTRO.

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- a postura de ambos é ereta, sem movimento de tórax. (MARTINS, 2006,

p.132)

Pontos fortes como seriedade, competência e objetividade também

transparecem na construção verbal da notícia – considerando-se tom de voz,

expressão facial, postura e figurino. Os elementos fundamentais para a conquista da

atenção do receptor, como “a seriedade e [a] confiança do telejornal constroem-se,

também, nas imagens in loco que acompanham as narrativas dos apresentadores,

bem como nos tantos sujeitos – repórteres, entrevistados – que ajudam a construir

os sentidos das notícias [...]” (IBIDEM, p.133).

O telejornalismo é uma das bases do tripé que sustenta a televisão no Brasil -

composto também pela teledramaturgia e pelas variedade.

Em sua grade de programação, a Rede Globo privilegia o entretenimento e a

informação jornalística, obtendo altos índices de audiência nos horários em que são

exibidas as duas últimas novelas e o Jornal Nacional (exibido entre elas).

A Globo inseriu no mercado televisivo brasileiro um novo padrão de

programação: o “horário nobre” ou prime time, criado e organizado ao redor do jornal

mais importante da emissora: o Jornal Nacional, apresentado em meio a duas

novelas, a das 19h e a das 20h. Para Silvia Helena S. Borelli (2005, p. 188), “este

padrão é o responsável pela possibilidade de se ter fixado, no Brasil, o hábito de ver

TV; hábito coletivo de assistir à televisão em família, com ofertas de programações e

horários reforçando-se mutuamente: o público em geral, mesmo que dividido por

interesses variados, acompanha a primeira telenovela enquanto espera o telejornal e

assiste ao telejornal enquanto aguarda a próxima telenovela”. Este hábito, segundo

a autora, garantiu à Globo uma histórica fidelidade de público e o aumento gradativo

dos índices de audiência, principalmente durante as décadas de 70 e 80.

Para se ter uma idéia da rentabilidade que o “horário nobre” proporciona, em

1999 o preço de 30 segundos de veiculação de comerciais, neste período da

programação, era calculado em aproximadamente 24.000 dólares. Em 2004, o

mesmo tempo de veiculação custava 225.000 reais. Podemos verificar os

parâmetros de ganho em merchandising e verba publicitária conforme a afirmação

do diretor-geral de Apoio às Comunicações da Globo, Jorge Adib, em 1999: “Nossa

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meta é sempre cobrir até 33% do custo do programa com a receita do

merchandising.” (200623, p.190)

No entanto, o preço dos segundos de veiculação comercial oscilam de acordo

com a variação do índice de audiência.

3.4. Novas Tecnologias “No Ar”

A partir de 1973, graças ao teleprompter, todas as reportagens do Jornal

Nacional passaram a ser produzidas em cores - fato esse que ajudou na

aproximação das notícias com a realidade. Além disso, o novo aparelho possibilitou

ao apresentador falar diretamente para os telespectadores, aumentando a “idéia” de

intimidade entre eles.

Em 1976, pequenas unidades portáteis, chamadas de ENG (Eletronic News

Gathering), começaram a ser utilizadas, permitindo a transmissão de som e imagem

diretamente dos locais dos acontecimentos para a emissora, diminuindo o tempo

entre a cobertura e a divulgação dos fatos e reforçando a idéia de imediatismo.

Após o surgimento do jornalismo digital, o jornalista começou a aparecer mais

nas gravações, visto que antes era necessário economizar película – material

bastante caro – e, com a nova tecnologia esta economia já não era necessária.

A freqüência com que os profissionais da TV aparecem nas cenas torna a

notícia com jeito de testemunho, dando maior credibilidade à narrativa que, unida à

idéia de onipresença criada pelo fato de haver vários repórteres da Rede Globo

espalhados pelo Brasil e pelo mundo – nos escritórios internacionais da Globo -,

confere uma forte imagem de eficiência e poder, a qual “[...] é uma das grandes

marcas – e um dos maiores patrimônios – da emissora até hoje”. (BARBOSA e

RIBEIRO, 2005, p.217)

No ano de 1977, a Globo começa a operar por sistema via satélite. A partir

deste novo sistema, tornou-se possível a exibição, simultaneamente, de sua

programação em todas as suas emissoras e afiliadas. Em 1983 já haviam 27

23 Apud BORELLI, Silvia Helena Simões in BRITTOS e BOLAÑO.

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emissoras no Brasil. No final da década de 80, a Globo já tinha 86 emissoras,

cobrindo praticamente todo o país.

A partir de 11 de agosto de 1997, o Jornal Nacional passou a usufruir do

sistema Closed Caption (tecnologia que permite legendar tudo o que é dito na TV).

Este serviço facilitou a transmissão de notícias às pessoas com deficiência auditiva.

O capital adquirido pelas Organizações Globo contrastava com a situação

crítica do período, que era marcado pelo arrocho salarial, pela crise política,

econômica e social. “Em 1987, a receita anual estimada da TV Globo era da ordem

de 500 milhões de dólares, e o seu valor patrimonial atingia 1 bilhão de dólares.

Com 12.000 funcionários, era a quarta maior rede privada do mundo, atrás apenas

das norte-americanas CBS, NBC e ABC. Absorvia dois terços da verba destinada à

televisão e tinha uma audiência potencial de 80 milhões de telespectadores,

abrangendo 98% do território nacional. O Jornal Nacional, sozinho, possuía uma

audiência de 50 milhões de telespectadores.” (BARBOSA e RIBEIRO, 2005, p.218).

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4. O TELESPECTADOR ANALISA A TELEVISÃO

Viver em sociedade significa nos comunicarmos com outras pessoas, e,

conseqüentemente, trocarmos informações que podem ser alimentadas pelos meios

aos quais temos acesso.

Há muitas décadas, o telejornal desempenha um papel fundamental como

propagador de informações, transmitindo igualitariamente ao povo o conhecimento

de fatos muitas vezes distantes, e contribuindo para a formação da opinião pública.

O conhecimento, somado à experiência, define a maneira como recebemos e

assimilamos a infinidade de notícias às quais somos expostos diariamente. Dessa

forma, é extremamente importante que o telespectador desenvolva um pensamento

crítico e reflexivo, para que consiga selecionar e interpretar adequadamente as

informações que recebe.

Enquanto o jornalista se encarrega de divulgar as notícias, a sociedade

trabalha e faz circular esse conteúdo informacional de acordo com os dispositivos de

seleção e receptividade que possui. Mas apenas uma pequena parcela

intelectualizada dos brasileiros parece investir seu tempo para refletir a respeito da

maneira como os fatos são lapidados pela mídia antes de passá-los adiante.

Telejornais, como o Jornal Nacional, por exemplo, utilizam técnicas para

garantir a difusão de valores (como credibilidade, tradição e autenticidade) aos

telespectadores e conquistar elevado índice de audiência. Pela abrangência de

público que conseguem, programas assim têm alto poder de persuasão sobre a

formação de opiniões, influenciando nas escolhas e atitudes das pessoas.

Childs (1964, p.49) disse que as vontades devem ser modeladas com as

mentes. Nos fundamentamos nesta afirmação para dizer que a análise de

programas televisivos deve começar pela conscientização de que precisamos

exercitar nosso pensamento crítico – independente de termos acesso à educação de

nível superior -, e não nos acostumarmos a aceitar informações prontas,

tendenciosas e com opiniões implícitas.

As pessoas recebem, selecionam, interpretam e são influenciadas pelas

notícias de acordo com o contexto em que vivem, e nesse meio estão inseridos

fatores como o contato ou não com a Comunicação na Universidade / Faculdade,

que estimula a crítica às informações prontas e o desenvolvimento de um

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pensamento reflexivo a respeito delas. Criamos um questionário com perguntas que

nos possibilitassem a comparação entre indivíduos que tiveram ou têm este contato

e aqueles não chegaram a tê-lo. Para isso, elaboramos questões que nos

direcionassem à descoberta de aspectos latentes (ou mesmo já manifestados) do

modo de pensar dos três perfis selecionados para a amostra, e que pudessem servir

de exemplo para este trabalho, ressaltando os argumentos presentes.

4.1 A Pesquisa de Opinião Sobre Telejornais

Para responder às questões relacionadas aos assuntos relacionados à

opinião pública e telejornal, elaboramos uma pesquisa de opinião, objetivando,

também, a obtenção de dados e informações para exemplificar e contribuir para

essa monografia.

4.1.1 Problematização do Tema

Vários assuntos abordados na fundamentação teórica suscitaram as

seguintes dúvidas relacionadas aos temas opinião pública e telejornal:

a) O estudo da Comunicação na faculdade / universidade influencia no

desenvolvimento do senso crítico com relação às notícias transmitidas pelo

telejornal?

b) Como o telespectador costuma se informar?

c) A quais dispositivos de crítica à TV o telespectador tem acesso?

d) Quais telejornais o telespectador costuma assistir?

e) O que o telespectador costuma fazer enquanto assiste telejornal?

f) Qual o nível de credibilidade atribuído pelo telespectador ao telejornal?

g) telespectador recorre a outros meios de informação para averiguar as

notícias veiculadas pelo telejornal?

h) O telespectador analisa e questiona a programação televisiva? Como?

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i) Os assuntos vistos no telejornal fazem parte de conversas ou debates do

dia-a-dia? Se sim, em quais ambientes?

j) As notícias transmitidas pelo telejornal influenciam nas decisões, atitudes

ou mudanças tomadas pelo telespectador?

k) Em quais aspectos (saúde, trabalho, amizade, estudos etc.) as notícias

transmitidas pelo telejornal mais influenciam na vida dos telespectadores?

4.1.2 Constituição da Amostra Qualitativa

Estas questões integram um questionário que foi distribuído a 75 pessoas. Os

perfis foram definidos a título de exemplificação da fundamentação da pesquisa.

Definimos apenas três para compor a amostra, pois uma variedade maior poderia

comprometer a segmentação da pesquisa. São eles:

a) estudantes de Comunicação;

b) estudantes de outros cursos de ensino superior;

c) pessoas que nunca cursaram ou não estavam cursando o ensino superior

no momento da pesquisa.

A escolha dos públicos obedeceu aos seguintes critérios:

a) maiores de 18 anos: através da limitação mínima de faixa etária procurou-

se produzir uma amostra com um nível de amadurecimento mais

homogêneo;

b) estudantes e ex-estudantes de Comunicação Social: este critério foi

estabelecido para a realização da comparação das respostas de

perguntas relacionadas à compreensão das informações recebidas

através dos telejornais, atribuição de níveis de credibilidade, preferência

por veículos e mídias, influência, meio de informar-se e meio de averiguar

informações;

c) estudantes de outros cursos de ensino superior: idem ao item b;

d) pessoas que nunca cursaram o ensino superior ou que não o estão

cursando no momento: idem ao item b.

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4.1.3 Definição do Objeto de Pesquisa: Telejornais

A inclusão dos telejornais no questionário obedeceu aos seguintes critérios:

a) não ser da mesma emissora (foram escolhidos cinco telejornais para

tornar a análise das respostas mais segmentada);

b) ser transmitido em canais de TV aberta (nem todos têm acesso à televisão

fechada);

c) ser transmitido na Grande Porto Alegre (local onde residem os

participantes da pesquisa);

d) ser um dos principais telejornais das respectivas emissoras.

Por atenderem aos critérios estabelecidos, foram escolhidos os seguintes

veículos:

a) Jornal Nacional

b) Jornal da Band

c) Jornal da TVE

d) Jornal do SBT

e) Jornal da Record

4.1.4 Construção do Instrumento de Pesquisa

A construção de um instrumento de pesquisa (neste caso, o questionário) é

uma importante fase, onde define-se a maneira com que serão coletados os dados e

a melhor forma de abordar o público. Porém, é necessário que sejam definidos,

primeiramente, os objetivos da pesquisa.

Para a elaboração do questionário, foram estabelecidos os seguintes

objetivos:

1° - Obter informações que ajudassem na análise dos assuntos abordados.

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2° - Acrescentar exemplos a este trabalho, de forma a tornar seu conteúdo

mais rico.

3° - Auxiliar na obtenção de respostas para as dúvi das que surgiram.

Em seguida, criamos questões que poderiam responder às dúvidas que

surgiram e às trabalhamos para que levassem os participantes a entendê-las e

respondê-las adequadamente.

Seguindo estes passos, montamos um questionário que nos permitiu avaliar

opiniões e atitudes dos públicos analisados e enriquecer com exemplos este

trabalho.

4.1.5 Questionário

O questionário foi construído a partir da problematização (itens “a” a “k”), onde

as respostas podiam ser de escolha simples ou valorativa.

Para melhor organizarmos as perguntas da pesquisa, dividimos o questionário

em duas partes:

1° - Identificação: esta é a primeira parte do ques tionário, onde foram

perguntados idade, sexo, curso, semestre em que estava na faculdade e o contato

que já teve com a Comunicação no mercado de trabalho.

• Através do item “Idade”, procurou-se obter um maior controle para que a

idade limite dos participantes obedecesse aos critérios pré-definidos.

• O item “Sexo” serviu para tentar manter o controle da desproporção de

gêneros na amostra.

• No item “Marque seu curso:”, procuramos estabelecer uma amostra

equilibrada, com, aproximadamente, metade de estudantes de

Comunicação e metade de participantes que nunca estudaram

Comunicação na faculdade ou na universidade. Este item também foi

importante, pois através dele foi possível realizar 39 cruzamentos.

• O item “Qual é o seu semestre:” serviu para manter o controle da

desproporção de semestre na parte da amostra correspondente aos

estudantes.

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• Na opção “Você trabalha ou já trabalhou com Comunicação?”, foi possível

descobrir a noção que os participantes têm de funções e atividades que

são relacionadas à área da Comunicação em si e o que trabalhar com

Comunicação significa para eles.

2° - Opinião Sobre os Telejornais: esta é a segunda e última parte do

questionário, onde se concentraram as questões que tinham o objetivo de responder

às dúvidas que surgiram com relação aos assuntos abordados na fundamentação

teórica. Esta parte da pesquisa já foi explicitada e explicada no subcapítulo 4.1.3.

4.1.5.1 As Questões

Cada questão da problematização foi transformada em pergunta:

a) O estudo da Comunicação na faculdade / universidade influencia no

desenvolvimento do senso crítico com relação às notícias transmitidas pelo

telejornal?

Embora simples, esta questão foi fundamental para realizarmos todos

cruzamentos, pois mostrava se o participante estudava Comunicação ou não,

conforme a Questão 1.3:

• MARQUE SEU CURSO: ( ) RELAÇÕES PÚBLICAS ( ) JORNALISMO ( ) PUBLICIDADE E PROPAGANDA ( ) OUTRO. QUAL? .....................................................................

b) Como o telespectador costuma se informar?

c) A quais dispositivos de crítica à TV o telespectador tem acesso?

Através destas questões, procuramos saber quais são os meios mais

utilizados para a obtenção de informações pelos participantes, como é possível ver

na Tabela 1, referente à Questão 2.1:

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57

Tabela 1 - Como você costuma se informar?

Freqüência Mídias/Meios 3 2 1 0

Jornal Impresso Revistas Televisão

Rádio Internet

Amigos, familiares, colegas. Outro. Qual?

Fonte: Elaborada pela autora.

d) Quais telejornais o telespectador costuma assistir?

Essa questão nos possibilitou descobrir quais os telejornais mais assistidos e

se as pessoas costumam assistir a mais de um telejornal, de acordo com a Tabela 2,

referente à Questão 2.2:

Tabela 2 - Qual (is) do (s) telejornal (is) que você costuma a ssistir?

Freqüência Veículos 3 2 1 0

Jornal da Bandeirantes Jornal Nacional

Jornal da Record Jornal do SBT Jornal da TVE Outro. Qual?

Nenhum ( ) Fonte: Elaborada pela autora.

e) O que o telespectador costuma fazer enquanto assiste telejornal?

Nosso intuito aqui foi saber como se constitui o ato de assistir telejornal para a

pessoa; se toda sua atenção está concentrada para o programa, ou se ela aproveita

este momento para realizar outros afazeres, conforme a Tabela 3, referente à

Questão 2.3:

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Tabela 3 - Qual (is) atividade (s) você costuma realizar enqua nto assiste telejornal?

Freqüência Atividade 3 2 1 0

Conversa Leitura

Refeição Telefonema

Estudo Outra. Qual?

Nada ( ) Fonte: Elaborada pela autora.

f) Qual o nível de credibilidade atribuído pelo telespectador ao telejornal?

Através desta questão, procuramos saber quais os telejornais com maior nível

de credibilidade apontados pelos participantes. O cruzamento desta questão com a

de número 1.3, nos possibilitou estabelecer comparações entre o nível de

credibilidade atribuído aos veículos e os perfis dos participantes, como é possível ver

na Tabela 4, referente à Questão 2.4:

Tabela 4 – Atribua um nível de credibilidade às not ícias veiculadas nos telejornais.

Intensidade Telejornais 3 2 1 0

Jornal da Bandeirantes Jornal Nacional

Jornal da Record Jornal do SBT Jornal da TVE

Nenhum ( ) Fonte: Elaborada pela autora.

g) O telespectador recorre a outros meios de informação para averiguar as

notícias veiculadas pelo telejornal?

h) O telespectador analisa e questiona a programação televisiva? Como?

Através das respostas obtidas com esta questão, foi possível saber se o

telespectador costuma averiguar ou confirmar a veracidade das notícias veiculadas

pelo telejornal e de que maneira ele faz isso. A análise dessas repostas também nos

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59

permitiu saber se os participantes estão preocupados em analisar as notícias ou

não, como pode ser visto na Tabela 5, referente à Questão 2.5:

Tabela 5 – Você recorre a outro meio para averiguar / confirmar a veracidade das notícias

veiculadas pelo telejornal?

Freqüência Meios 3 2 1 0

Blog Site

Contatos Internet Rádio

Jornal Impresso Outro telejornal.

Especialistas Outro. Qual?

Não recorro a outro meio. ( ) Fonte: Elaborada pela autora.

i) Os assuntos vistos no telejornal fazem parte de conversas ou debates do

dia-a-dia do telespectador? Se sim, em quais ambientes?

Aqui, nosso objetivo foi descobrir se os assuntos vistos no telejornal estão

presentes nas conversas ou debates do cotidiano e em quais ambientes mais

freqüentemente essas informações são utilizadas para esta finalidade, conforme

pode ser visto na Tabela 6, referente à Questão 2.6:

Tabela 6 – Em quais ambientes os assuntos que você vê no telejornal fazem parte de seus

debates / conversas?

Freqüência Ambiente 3 2 1 0

Família Universidade/ Faculdade

Ambiente de Trabalho Entre amigos. Outro. Qual?

Não fazem parte de meus debates/conversas. ( ) Fonte: Elaborada pela autora.

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60

j) As notícias transmitidas pelo telejornal influenciam nas decisões, atitudes ou

mudanças tomadas pelo telespectador?

k) Em quais aspectos (saúde, trabalho, amizade, estudos etc.) as notícias

transmitidas pelo telejornal mais influenciam na vida dos telespectadores?

Nesta questão, nossa pretensão foi averiguar o quanto os assuntos vistos no

telejornal podem influenciar nas decisões, atitudes ou mudanças dos

telespectadores e, se esta influência ocorre, em quais aspectos isso acontece, de

acordo com a Tabela 7, referente à Questão 2.7:

Tabela 7 – Você já tomou alguma atitude / mudança / decisão a partir de informações

veiculadas pelos telejornais a:

Frequência Assuntos 3 2 1 0

Saúde Trabalho

Política / Eleições / Voto Assuntos Amorosos

Amizade Educação / Estudos

Família Assuntos Econômicos / Financeiros

Investimento Financeiro Entretenimento

Nunca influenciaram em minhas atitudes. ( ) Outro. Qual?

Fonte: Elaborada pela autora.

4.1.5.2 Escolha e Valoração das Respostas

As respostas simples permitiram a sinalização da opção e as resposta

valorativas previram convenções de Freqüência, Intensidade ou Qualidade:

• 0 (Nunca / Nenhum / Ruim),

• 1 (Pouco / Mínimo / Às Vezes),

• 2 (Bom / Freqüentemente /) e / ou

• 3 (Muito / Ótimo / Sempre)

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61

4.1.6 Aplicação

Estas questões integram um questionário que foi distribuído a 75 pessoas, as

quais o responderam no momento da distribuição e o devolveram imediatamente à

pesquisadora. Este procedimento foi escolhido por ser mais ágil e reduzir a

interferência de fatores que pudessem prejudicar as respostas, como a influência de

outras pessoas ou o esquecimento da devolução.

Os questionários foram respondidos entre os dias 7 e 25 de abril de 2008, por

alunos da UFRGS. Responderam ao questionário alunos dos cursos de: Relações

Públicas, Jornalismo, Publicidade e Propaganda, Enfermagem, Educação Física,

Pedagogia, Arquitetura, Biologia e Administração, durante as disciplinas de

Metodologia da Pesquisa Bibliográfica e Laboratório de Planejamento na Faculdade

de Biblioteconomia e Comunicação (FABICO).

O outro público foi constituído por colaboradores do Pólo Petroquímico de

Triunfo, na Companhia Petroquímica do Sul (Copesul) – durante o expediente

administrativo (das 8h às 17h).

Os locais de aplicação foram escolhidos porque a pesquisadora teve livre

acesso a esses locais e pessoas.

4.2 Classificação e Tabulação

O método de classificação e tabulação foi o Survey, por ser ágil, de fácil

compreensão e abranger questões quantitativas e qualitativas.

Para a tabulação e o cruzamento dos dados, utilizou-se o Statistic Program

for Social Science (SPSS), pois esse é um dos programas mais adequados para a

administração de dados obtidos através de pesquisas, e o Excel.

No total, foram geradas 56 tabelas, que possibilitaram visualizar de maneira

mais clara e precisa os resultados da pesquisa, incluindo freqüências e

porcentagens.

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62

4.3 Resultados da Pesquisa

A sociedade se organiza para tratar a própria mídia, desenvolvendo dispositivos sociais, com diferentes graus de institucionalização, que dão consistência, perfil e continuidade a determinados modos de tratamento, disponibilizando e fazendo circular esses modos no contexto social.

José Luiz Braga

Pessoas que têm acesso ao mesmo tipo de informação podem desenvolver

idéias em comum, desenvolvendo uma área de entendimento igual ou semelhante a

qual as levará à identificação com grupos, tribos, partidos etc. e se revelará através

da opinião pública.

Seguem informações obtidas com a aplicação do questionário.

4.3.1 Identificação

a) Faixa Etária (Questão 1.1)

Tabela 8 – Faixa Etária

Idade Frequency Percent Cumulative Percent

17 – 19 anos 5 6,7 6,7 20 - 21 anos 15 20 26,7 22 - 23 anos 19 25,3 52 24 - 25 anos 9 12 64

Outra 27 36 100 Total 75 100

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

Estabelecemos como único critério à delimitação da faixa etária da amostra a

idade maior ou igual a dezoito anos.

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63

Dos participantes da pesquisa, 6,7% têm idade entre 17 e 19 anos; 20% entre

20 e 21 anos; 25,3% entre 22 e 23 anos; 12% entre 24 e 25 anos e 36% tem mais

de 25 anos.

b) Gênero (Questão 1.2)

Tabela 9 - Gênero

Frequency Percent Cumulative Percent Masc. 26 34,7 34,7 Fem. 49 65,3 100 Total 75 100

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

65,3% dos participantes pertencem ao sexo feminino e 34,7% ao sexo

masculino.

c) Contato com o Estudo da Comunicação na Faculdade / Universidade (Questão

1.3)

Tabela 10 – Contato com a Comunicação na Faculdade / Universidade

Frequency Percent Cumulative Percent Relações Públicas 14 18,7 18,7

Publicidade e Propaganda 16 21,3 40

Outro Curso 28 37,3 77,3 Não está cursando o

ens. superior. 11 14,7 92

Jornalismo 6 8 100 Total 75 100

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

Para a efetividade dos resultados, selecionamos uma amostra composta com,

aproximadamente, 50% de pessoas que já tiveram contato com a Comunicação na

Faculdade / Universidade e 50% de pessoas que ainda não tiveram. Tendo em vista

este critério, responderam o questionário:

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64

48% de estudantes de Comunicação Social, sendo que dessa porcentagem

18,7% cursam Relações Públicas, 21,3% Publicidade e Propaganda e 8%

Jornalismo.

52% de pessoas que nunca estudaram Comunicação Social. Dessa

porcentagem, 37,3% está matriculado em outros cursos e 14,7% não estão cursando

ou nunca cursou o ensino superior.

d) Semestre que está Cursando (Questão 1.4)

Tabela 11 – Semestre que está cursando

Frequency Percent Cumulative Percent

1° 4 6,2 6,2 2° 1 1,6 7,8 3° 3 4,6 12,4 4° 5 7,8 20,2 5° 7 10,9 31,1 6° 14 21,9 53 7° 13 20,3 73,3 8° 8 12,5 85,8 9° 6 9,4 95,2 10° 1 1,6 96,8 11° 1 1,6 98,4 12° 1 1,6 100

Total 64 100 Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

Dos participantes que cursam o ensino superior, quase a metade (40,6%)

está, praticamente, na metade do curso (entre o quarto e o sexto semestre). Apenas

12,4% ainda está no início (entre o primeiro ao terceiro semestre).

e) Contato com a Comunicação no Mercado (Questão 1.5)

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65

Tabela 12 – Contato com a Comunicação no mercado

Frequency Percent Cumulative Percent Eventualmente 4 5,3 5,3

Não 38 50,7 56 Sim 33 44 100

Total 75 100 Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

49,3% trabalham ou já trabalharam com Comunicação (dessa porcentagem,

5,3% mencionaram trabalhar com Comunicação eventualmente).

50,7% nunca trabalharam com Comunicação.

Nessa questão, foi solicitado que a pessoa descrevesse as atividades de

Comunicação que desempenha ou já desempenhou, para analisarmos se elas

poderiam ser consideradas, nessa pesquisa, como experiência em Comunicação no

mercado.

As atividades mencionadas pelos participantes que tem ou já tiveram contato

com Comunicação no mercado foram as seguintes:

Tabela 13 – Atividades / Funções mencionadas

Frequency Percent Cumulative Percent Recepcionista 1 0,8 0,8 Atriz / Teatro 2 1,8 2,6

Organização / Promoção / Produção de Eventos 11 9,6 12,2

Assessoria de Imprensa / de Comunicação 3 2,6 14,8 Modelo 1 0,8 15,6

Criação / Produção Publicitária / Prod. Peças Gráficas 11 9,6 25,2

Telemarketing 1 0,8 26 Relações Públicas 2 1,8 27,8

Atendimento Agência de Comunicação / ao Público 7 6,2 34

Comunicação Interna 6 5,2 39,2 Produção / Edição de Vídeos / Programas

de TV 7 6,2 45,4

Pesquisa Mercadológica / Política / Opinião 3 2,6 48

Clipagem 1 0,8 48,8 Planejamento Estratégico 3 2,6 51,4

Designer Gráfico / Web Designer ou Developer 5 4,3 55,7

Marketing 5 4,3 60 Repórter / Câmera 1 0,8 60,8

Elaboração de Projetos de Comunicação 2 1,8 62,6

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Gestão de Pessoas 1 0,8 63,4 Produção Audiovisual / Radiojornalismo 1 0,8 64,2

Professor de Comunicação 1 0,8 65 Bancário 1 0,8 65,8

Psicologia Organizacional 1 0,8 66,6 Nunca trabalharam com Comunicação ou

não mencionaram. 37 33,4 100

Total 114 100 Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

4.3.2 Atividades Realizadas pelo Participante Enquanto Assiste ao Telejornal

(Questão 2.3)

Obs.: As análises das respostas encontram-se no final deste item.

a) Conversa

Tabela 14 – Conversas

Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent Valid Sempre 16 21,3 27,6 27,6

Freqüentemente 27 36 46,6 74,1 Às vezes 9 12 15,5 89,7 Nunca 6 8 10,3 100 Total 58 77,3 100

Missing System 17 22,7 Total 75 100

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

b) Refeição

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67

Tabela 15 – Refeição

Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent Valid Sempre 24 32 39,3 39,3

Freqüentemente 27 36 44,3 83,6 Às vezes 5 6,7 8,2 91,8 Nunca 5 6,7 8,2 100 Total 61 81,3 100

Missing System 14 18,7 Total 75 100

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

c) Estudo

Tabela 16 – Estudo

Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent Valid Sempre 3 4 5,2 5,2

Freqüentemente 8 10,7 13,8 19 Às vezes 8 10,7 13,8 32,8 Nunca 39 52 67,2 100 Total 58 77,3 100

Missing System 17 22,7 Total 75 100

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

d) Telefonema

Tabela 17 – Telefonema

Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent Valid Sempre 1 1,3 1,9 1,9

Freqüentemente 9 12 16,7 18,5 Às vezes 20 26,7 37 55,6 Nunca 24 32 44,4 100 Total 54 72 100

Missing System 21 28 Total 75 100

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

e) Leitura

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Tabela 18 – Leitura

Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percen t Valid Sempre 3 4 5,6 5,6

Freqüentemente 5 6,7 9,3 14,8 Às vezes 15 20 27,8 42,6 Nunca 31 41,3 57,4 100 Total 54 72 100

Missing System 21 28 Total 75 100

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

f) Nada

Tabela 19 – Nada

Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percen t Valid 10 13,3 13,3 13,3

65 86,7 86,7 100 Total 75 100 100

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

Analisando as respostas, observamos que enquanto se informam: 75% dos

telespectadores fazem a refeição; 69% gostam de conversar; 40% aproveitam para

dar telefonemas; 31% lêem, 25% estudam e 13% ficam sem fazer nada.

Assistir ao telejornal é mais do que um simples hábito para atualizar-se, mas

um ritual que pode significar reunir a família num mesmo ambiente, a hora em que o

jantar deve estar servido ou um simples, mas importante momento de silêncio e

atenção para escutar as notícias. Este é o horário em que muitas atividades são

realizadas de uma só vez, pois é à noite que o trabalhador e alguns estudantes

aproveitam para ficar com os familiares, descansar e assistir aos programas que

gostam, tanto como uma forma de entretenimento como de atualização.

4.3.3 Ambientes nos quais as Informações Obtidas Através do Telejornal Fazem

Parte de Debates ou Conversas dos Participantes (Questão 2.7)

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69

Obs.: As análises das respostas encontram-se no final deste item.

a) Família

Tabela 20 – Família

Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent

Valid Sempre 34 45,3 48,6 48,6 Freqüentemente 22 29,3 31,4 80 Às vezes 10 13,3 14,3 94,3 Nunca 4 5,3 5,7 100 Total 70 93,3 100

Missing System 5 6,7 Total 75 100

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

b) Ambiente de Trabalho

Tabela 21 – Ambiente de Trabalho

Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent

Valid Sempre 26 34,7 39,4 39,4 Freqüentemente 22 29,3 33,3 72,7 Às vezes 9 12 13,6 86,4 Nunca 9 12 13,6 100 Total 66 88 100

Missing System 9 12 Total 75 100

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

c) Entre Amigos

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70

Tabela 22 – Entre Amigos

Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent

Valid Sempre 25 33,3 36,2 36,2 Freqüentemente 28 37,3 40,6 76,8 Às vezes 11 14,7 15,9 92,8 Nunca 5 6,7 7,2 100 Total 69 92 100

Missing System 6 8 Total 75 100

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

d) Universidade / Faculdade

Tabela 23 – Universidade / Faculdade

Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent

Valid Sempre 24 32 36,4 36,4 Freqüentemente 28 37,3 42,4 78,8 Às vezes 6 8 9,1 87,9 Nunca 8 10,7 12,1 100 Total 66 88 100

Missing System 9 12 Total 75 100

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

e) Não fazem parte das conversas / debates diários.

Tabela 24 – Não fazem parte das conversas / debates diários.

Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent Valid 2 2,7 2,7 2,7

73 97,3 97,3 100 Total 75 100 100

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

88% responderam que as informações obtidas através do telejornal aparecem

mais nas conversas / debates em família; 85% disseram entre os amigos; 77%

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71

mencionaram na Universidade / Faculdade e 76% no ambiente de trabalho. Apenas

3% disseram que elas não fazem parte de seus debates / conversas.

O telejornal é um mediador entre a sociedade e o indivíduo. A maneira como

textos e imagens são transmitidos através dele permite que o telespectador associe-

os ao seu contexto e crie uma identificação com causas e acontecimentos, além de

inteirar-se sobre assuntos que podem ser debatidos em grupos, munindo-se de

argumentos.

4.4. Análise e Cruzamentos dos Resultados

A análise e o cruzamento dos resultados de uma pesquisa permitem ao

Comunicador conhecer aspectos latentes da opinião pública. Dessa forma, além

dele ter acesso a informações mais específicas, poderá prever mudanças e

tendências no comportamento das pessoas, realizando um trabalho mais

direcionado e eficiente.

4.4.1 Ambientes nos quais os Assuntos Vistos no Telejornal Fazem Parte de

Debates ou Conversas dos Participantes x Curso (Questão 2.7 x 1.3)

a) Família

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72

Tabela 25 – Família

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

Quase 100% dos participantes afirmaram que os assuntos vistos no telejornal

fazem parte de suas conversas ou debates em família, não havendo diferenças

significativas entre os três perfis. Essa predominância mostra que as pautas das

conversas entre familiares podem ser definidas, muitas vezes, pelo que é veiculado

nos telejornais.

b) Trabalho

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73

Tabela 26 – Ambiente de Trabalho

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

Conversar com colegas do trabalho requer muita atualização de informações,

pois é preciso ter argumentos que além de convincentes sejam verídicos e mostrem

que se tem conhecimento do que está falando. Talvez por isso o predomínio da

opção sempre e freqüentemente nos três perfis demonstre que tendo ou não contato

com Comunicação ou com o ensino superior os telespectadores utilizam

consideravelmente o telejornal como fonte significativa de atualização para interagir

neste meio.

c) Entre Amigos

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74

Tabela 27 – Entre Amigos

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

Quase 100% das pessoas inclui os assuntos vistos no telejornal nas

conversas ou debates entre amigos. Mesmo tendo um caráter informal, este

ambiente requer assuntos atualizados e que não sejam superficiais, pois o indivíduo

sempre busca levar para o grupo informações que consiga debater com todos e que

tenha, conseqüentemente, conhecimento a respeito.

d) Universidade / Faculdade

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75

Tabela 28 – Universidade / Faculdade

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

De acordo com a pesquisa, praticamente todos os estudantes utilizam as

informações transmitidas pelo telejornal em conversas ou debates no ambiente

acadêmico, mostrando que ele é um importante formador de opinião neste meio.

e) Não fazem parte das conversas / debates.

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76

Tabela 29 – Não fazem parte de meus debates / conve rsas.

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

Apenas 3% dos estudantes de Comunicação e 7% dos estudantes de outros

cursos responderam que as notícias transmitidas pelos telejornais não fazem parte

de suas conversas ou debates. Estes baixos percentuais revelam que o telejornal

estabelece com seu público um pacto de conversação social, onde atua como o

principal fornecedor de conteúdo para as conversas diárias.

Através da análise deste cruzamento, é possível dizer que 90% dos

participantes buscam no telejornal informações para atualizar seus conhecimentos e

argumentos, independente de estudarem Comunicação ou não.

4.4.2 Telejornais que os Participantes Costumam Assistir x Curso (Questão 2.2 X

1.3)

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77

a) Jornal da Band

Tabela 30 – Jornal da Band (Bandeirantes)

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

O Jornal da Band é o segundo telejornal mais assistido pelos participantes. As

opções sempre ou freqüentemente foram mencionadas por quase um quinto dos

estudantes de Comunicação, por aproximadamente 30% dos estudantes de outros

cursos e por mais da metade de pessoas que não cursam ou nunca cursaram o

ensino superior.

b) Jornal da Record

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78

Tabela 31 – Jornal da Record

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

O Jornal da Record ficou com o terceiro lugar, assistido sempre ou

freqüentemente por um pouco mais que 10% dos estudantes de Comunicação,

quase um quarto dos estudantes de outros cursos e quase um quinto das pessoas

que não cursam ou nunca cursaram o ensino superior (ninguém deste perfil

respondeu sempre).

c) Jornal da TVE

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Tabela 30 – Jornal da TVE

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

O Jornal da TVE ficou com o quarto lugar, assistido sempre ou

freqüentemente por quase um quarto dos estudantes de outros cursos. Dos

estudantes de Comunicação, um pouco mais de 10% respondeu que assiste

freqüentemente (ninguém desse perfil respondeu sempre). Nenhuma das pessoas

que não está cursando o ensino superior mencionou assistir a este Jornal.

f) Jornal do SBT

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80

Tabela 31 – Jornal do SBT

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

O Jornal do SBT ficou com a última colocação, sendo assistido sempre ou

freqüentemente por menos de 10% dos estudantes de Comunicação e por quase

10% dos estudantes de outros cursos. Nenhuma das pessoas que não está

cursando o ensino superior respondeu sempre ou freqüentemente.

e) Jornal Nacional

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81

Tabela 32 – Jornal Nacional

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

95% dos participantes responderam assistir ao Jornal Nacional. Dessa

porcentagem, a maioria assiste sempre ou freqüentemente, não havendo diferenças

significativas entre os perfis.

A análise das respostas mostrou que a preferência pelo Jornal Nacional

independe do contato com a Comunicação no meio acadêmico. Ela pode estar

relacionada a fatores como tradição, identificação do público para com os

apresentadores, abrangência e credibilidade, que atraem e fidelizam os

telespectadores, garantindo altos índices de audiência.

4.4.3 Atitude, Mudança ou Decisão Tomada a Partir de Informações Veiculadas

pelos Telejornais x Curso (Questão 2.8 x 1.3)

a) Já tomou alguma atitude / decisão / mudança com relação à saúde.

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82

Tabela 33 – Saúde

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

A maioria dos participantes afirmou que as notícias veiculadas em telejornais

já influenciaram em atitudes, mudanças ou decisões que tomaram com relação à

saúde. Não houve diferenças significativas nas respostas, mostrando que neste

aspecto pelo menos 40% dos telespectadores confiam, freqüentemente, no que os

telejornais divulgam - independente do contato com a Comunicação ou com o ensino

superior.

b) Já tomou alguma atitude / decisão / mudança com relação à política / eleições /

voto.

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83

Tabela 34 – Política / Eleições / Voto

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

Nos assuntos política, eleições e voto, quase todos os participantes

responderam que já tomaram alguma atitude, decisão ou mudança influenciados

pelos telejornais, havendo apenas uma diferença de 9 pontos percentuais entre os

três perfis. Apenas uma pequena porcentagem – representada por menos de 15% -

afirmou nunca ter sido influenciada.

c) Já tomou alguma atitude / decisão / mudança com relação a assuntos amorosos.

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84

Tabela 35 – Assuntos Amorosos

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

Em assuntos amorosos, aproximadamente 30% dos participantes

responderam já ter tomado alguma atitude, mudança ou decisão baseando-se em

informações divulgadas pelos telejornais. Dessa porcentagem, metade corresponde

aos estudantes de Comunicação. Todos os participantes que não cursam ou nunca

cursaram o ensino superior responderam nunca ter sido influenciados nesse tema

pelos telejornais.

d) Já tomou alguma atitude / decisão / mudança com relação à amizade.

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85

Tabela 36 – Amizade

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

Com relação à amizade, a maioria das pessoas respondeu nunca ter tomado

alguma atitude, decisão ou mudança influenciada pelos telejornais. Apenas 16% dos

estudantes de outros cursos e 21% dos estudantes de Comunicação responderam já

ter sido influenciados por notícias nesse tema.

e) Já tomou alguma atitude / decisão / mudança com relação à educação / estudos.

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86

Tabela 37 – Educação / Estudos

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

Quase 80% dos estudantes responderam já ter tomado alguma atitude,

mudança ou decisão com relação aos estudos ou à educação a partir de

informações veiculadas pelos telejornais; 60% dos participantes que não cursam ou

nunca cursaram o ensino superior responderam o mesmo, sendo que deste perfil

40% afirmou nunca ter sido influenciado. Devido à diferença de 20% e à

porcentagem que diz não sofrer influência, observamos que, provavelmente, as

notícias relacionadas a este tema atinjam mais quem está estudando.

f) Já tomou alguma atitude / decisão / mudança com relação à família.

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87

Tabela 38 – Família

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

No assunto família, as respostas foram praticamente homogêneas (tanto para

as afirmativas quanto para as negativas, sem levar em consideração as

freqüências), apontando que o contato com o ensino superior ou com a

Comunicação não influenciam significativamente quando as decisões envolvem

questões familiares.

g) Já tomou alguma atitude / decisão / mudança com relação a entretenimento.

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88

Tabela 39 - Entretenimento

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

Praticamente todos responderam que já tomaram decisões, atitudes ou

mudanças relacionadas ao assunto entretenimento a partir de informações

divulgadas pelos telejornais, não havendo diferenças significativas entre os perfis.

h) Já tomou alguma atitude / decisão / mudança com relação a assuntos econômicos

/ financeiros.

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Tabela 40 – Assuntos Econômicos / Financeiros

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

A maioria dos participantes respondeu que já foi influenciado pelos telejornais

em atitudes, decisões e mudanças com relação a assuntos econômicos ou

financeiros.

i) Já tomou alguma atitude / decisão / mudança com relação ao trabalho.

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Tabela 41 - Trabalho

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

A maioria dos participantes respondeu que já tomou alguma atitude, mudança

ou decisão relacionada ao trabalho a partir de informações veiculadas pelos

telejornais. Entretanto, a opção nunca apareceu somente nas respostas dos perfis

de estudantes (variando entre 22% e 33%), talvez porque o meio acadêmico facilite

o acesso às informações do mercado de trabalho, e, nesse quesito, o estudante não

necessita tanto do telejornal para se informar quanto as demais pessoas.

j) Já tomou alguma atitude / decisão / mudança com relação a investimentos

financeiros.

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Tabela 42 – Investimento Financeiro

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

Mais da metade dos participantes respondeu que já foi influenciado pelos

telejornais em atitudes, decisões e mudanças com relação a investimentos

financeiros.

k) As informações veiculadas pelos telejornais nunca influenciaram em atitudes /

decisões / mudanças.

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92

Tabela 43 – Nunca influenciaram em minhas atitudes.

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

Apenas 6% dos estudantes de Comunicação responderam que as

informações veiculadas pelos telejornais nunca influenciaram em suas atitudes,

mudanças ou decisões, contra 10% de estudantes de outros cursos e 20% dos

demais participantes.

Através destes cruzamentos, chegamos à seguinte hipótese: o telejornal

exerce influência sobre todos, mas a parcela que não tem contato com o ensino

superior é a mais resistente em admitir isso. E, conseqüentemente, aqueles que

estudam Comunicação acabam desenvolvendo um olhar mais crítico e reflexivo

sobre a televisão, admitindo que são passíveis de influência midiática.

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93

4.4.4 Meios aos quais os Participantes Recorrem para Averiguar ou Confirmar a

Veracidade das Notícias Veiculadas pelo Telejornal x Curso (Questão 2.6 X 1.3)

Obs.: As análises das respostas encontram-se no final do item 4.3.4.

a) Blog

Tabela 44 - Blog

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

b) Rádio

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94

Tabela 45- Rádio

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

c) Jornal Impresso

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Tabela 46 – Jornal Impresso

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

d) Especialistas

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Tabela 47 - Especialistas

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

e) Outro Telejornal

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97

Tabela 48 – Outro Telejornal

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

f) Contatos Via Internet

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Tabela 49 – Contatos Via Internet

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

f) Site

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Tabela 50 - Site

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

g) Não recorre a outro meio.

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100

Tabela 51 – Não recorre a outro meio.

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

Quase 90% dos estudantes de outros cursos recorrem ao jornal impresso

(54% sempre ou freqüentemente), mas 82% preferem consultar outro telejornal

(metade sempre ou freqüentemente).

O jornal impresso apareceu novamente no perfil das pessoas que não estão

em contato com o ensino superior, como um dos meios mais utilizados para a

averiguação das notícias dos telejornais, obtendo 100% das respostas - sendo que

80% mencionaram consultá-lo sempre ou freqüentemente. O segundo meio mais

apontado por esse perfil foi o site, com 80% de escolha. Dessa porcentagem. 60%

afirmaram consultá-lo sempre ou freqüentemente.

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101

Os meios mais utilizados para averiguar ou confirmar a veracidade das

notícias veiculadas pelos telejornais são: jornal impresso e site. A consulta a outros

telejornais também foi bastante mencionada.

Entre os estudantes de Comunicação predomina o jornal impresso e o site

(ambos com 97% das respostas). Desse perfil, aproximadamente 84% respondeu

consultar o jornal impresso e o site sempre ou freqüentemente.

O rádio foi citado pelos três perfis, com, aproximadamente, 75% de escolha.

Analisando as respostas da amostra, percebemos que os meios mais

“antigos” – jornal impresso e rádio – são bastante utilizados para a averiguação /

confirmação de informações veiculadas através dos telejornais. Provavelmente a

tradição seja um dos valores agregados desses meios, e reflita na escolha deles por

grande parte da amostra.

A Internet apareceu como importante meio de averiguação, através dos

contatos via Internet e dos sites.

Os blogs parecem ainda não ter credibilidade suficiente para confirmar o que

é televisionado, principalmente entre as pessoas que não estudam Comunicação.

Isso demonstra que a sociedade seleciona os veículos que utiliza e passa adiante as

informações de acordo com os dispositivos de crítica e seleção que possui.

Dos participantes da pesquisa, os estudantes de Comunicação são os que

mais recorrem a outros meios para confirmar / averiguar o que é dito no telejornal.

Provavelmente isso ocorra porque o estudante de Comunicação não se conforma

em ver a notícia somente através de um ponto de vista. Ele deseja inteirar-se dos

fatos e descobrir o grau de parcialidade que ela carrega, e utiliza outros meios como

dispositivos para avaliar o telejornal.

4.4.5 Maneiras nas quais os Participantes Costumam se Informar X Curso (Questão

2.1 X 1.3)

Obs.: As análises das respostas encontram-se no final do item 4.3.5.

a) Jornal Impresso

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102

Tabela 52 – Jornal Impresso

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

b) Televisão

Tabela 53 - Televisão

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

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103

c) Internet

Tabela 54 - Internet

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

d) Amigos, Familiares e Colegas

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104

Tabela 55 – Amigos, Familiares, Colegas

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

e) Rádio

Tabela 56 - Rádio

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

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105

f) Revistas

Tabela 57 - Revistas

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

A análise desse cruzamento indica que todos os meios citados (jornal

impresso; televisão; internet; amigos, familiares e colegas; rádio; e revistas) são

bastante utilizados para a obtenção de informações, significando que o sujeito pode

receber a mesma informação de diversos lados e, conseqüentemente, com pontos

de vista diferentes.

O acesso a variados meios é positivo, se considerarmos que o indivíduo terá

a possibilidade de confrontar-se com opiniões diferentes e, por isso, avaliar com

maior precisão a qualidade e a veracidade da informação que recebe. Mas há um

viés negativo: o acesso a análises genéricas, notícias mal feitas e distorcidas, que

comprometem o correto entendimento das informações pelos receptores, podendo

gerar conseqüências sem dimensão, uma vez que o povo legitima as notícias à

medida que as passa adiante, e uma sociedade mal informada faz circular

informações erradas e confusas.

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106

4.4.6 Níveis de Credibilidade Atribuído às Notícias Veiculadas nos Telejornais pelos

Participantes x Curso (Questão 2.5 X 1.3)

Obs.: As análises das respostas encontram-se no final do item 4.3.6.

a) Jornal Nacional

Tabela 58 – Jornal Nacional

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

b) Jornal da Record

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107

Tabela 59 – Jornal da Record

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

c) Jornal do SBT

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Tabela 60 – Jornal do SBT

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

d) Jornal da TVE

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109

Tabela 61 – Jornal da TVE

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

e) Jornal da Band

Tabela 62 - Jornal da Band (Bandeirantes)

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

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110

A maioria dos estudantes de Comunicação atribuiu os melhores conceitos

(ótimo ou bom) às notícias dos veículos Jornal Nacional (70%), Jornal da Band

(64%) e Jornal da TVE (63%).

Já a maioria dos estudantes de outros cursos contemplou com um dos dois

melhores níveis de credibilidade as notícias dos veículos Jornal da TVE (80%),

Jornal da Band (58%) e Jornal do SBT (58%).

Das pessoas que não cursam o ensino superior, a maioria atribuiu o nível de

credibilidade ótimo ou bom às notícias dos veículos Jornal Nacional (100%) e Jornal

da Band (100%). Os Jornais da Record e do SBT empataram com 67%.

O Jornal Nacional foi o mais citado entre os três perfis, juntamente com o

Jornal da Band e o Jornal da TVE. Esse resultado aponta que outros veículos

podem estar construindo uma imagem com valores agregados iguais ou

semelhantes aos dele, talvez por seguirem os mesmos padrões.

A imagem de credibilidade dos telejornais é construída através da

identificação que o receptor estabelece com o (s) apresentador (es) e de técnicas

utilizadas na transmissão das notícias, como a qualidade do som, das imagem, dos

cenários (a exibição das redações é muito utilizada como plano de fundo para os

âncoras, para mostrar trabalho) e das transmissões (algumas são realizadas ao vivo,

passando a idéia de instantaneidade e rapidez).

Através deste cruzamento, percebemos que outros telejornais estão se

aprimorando em técnicas empregadas na transmissão de suas edições, como os

Jornais da TVE e da Band, que se mostraram veículos com níveis de credibilidade

significativos, revelando que têm boas audiências e acabam competindo com o

Jornal Nacional.

4.5 Análise Geral dos Resultados da Pesquisa

Após os cruzamentos e análises das respostas, chegamos às seguintes

respostas:

O conceito de Comunicação no mercado de trabalho é muito variado. Assim

como uma pessoa formada em alguma (s) habilitação (ões) da Comunicação Social

afirma que trabalha com Comunicação, alguém que faz teatro ou apenas promove

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111

eventos, por exemplo, também. Na verdade, a definição do que é Comunicação é

bastante ampla, colaborando para a generalização deste termo.

A maioria das pessoas costuma fazer as refeições ou conversar enquanto

assiste ao telejornal. Geralmente, os telespectadores realizam a primeira atividade

acompanhados por familiares, e, como conversar implica na presença de mais de

uma pessoa, pelo menos, as respostas nos direcionam para o fato de que assistir ao

telejornal pode ser um hábito predominantemente coletivo, podendo tornar-se uma

espécie de ritual, onde as pessoas se reúnem, com hora marcada, para assistir às

notícias.

As informações obtidas através do telejornal estão presentes em mais de 75%

das conversas ou debates em todos os ambientes mencionados, sendo mais citado

no ambiente familiar e entre amigos, indicando que são nas interações informais que

os assuntos vistos nos telejornais predominam. O cruzamento destas informações

com a questão 1.3 não apresentou diferenças relevantes entre os perfis.

Quase todos os participantes assistem ao Jornal Nacional. O segundo

telejornal mais assistido é o Jornal da Band, e em terceira colocação ficou o Jornal

da Record. O Jornal do SBT foi o menos citado e o da TVE ficou em quarto lugar.

A maioria das pessoas utiliza as informações obtidas através do telejornal

para tomar decisões, atitudes ou mudanças com relação à saúde, política, eleições,

voto, entretenimento, trabalho, estudos, economia e finanças. O contrário acontece

quando os assuntos dizem respeito a investimentos financeiros, amor, família e

amizade.

Quanto à averiguação ou confirmação da veracidade das informações

transmitidas pelo telejornal, o jornal impresso e o site são os meios mais utilizados.

O rádio também é bastante utilizado pelos três perfis. Já o blog parece não ser

conhecido ou não ter credibilidade suficiente para servir como fonte de informação

confiável. De todos os participantes, os estudantes de Comunicação são os que

mais recorrem a outros meios para confirmar ou averiguar as notícias do telejornal.

Meios como jornal impresso; televisão; internet; amigos, familiares e colegas;

rádio; e revistas são bastante utilizados para a obtenção de informações pelos três

perfis da pesquisa, indicando o fácil acesso a informações variadas, possibilitando a

confrontação com opiniões diferentes e uma melhor análise das notícias.

A maioria dos estudantes de Comunicação e das pessoas que não estão

estudando atribuiu um nível de credibilidade elevado ao Jornal Nacional. Com

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112

relação aos estudantes de outros cursos, 80% deles atribuiu um alto nível de

credibilidade ao Jornal da TVE.

A sociedade não é incentivada a realizar questionamentos a respeito da

qualidade dos conteúdos veiculados na televisão, pois as emissoras de TV sabem

que isso poderia gerar inconformidades, prejudicando os índices de audiência de

seus programas. Mas a população pode recorrer a dispositivos de crítica midiática

simples e de acesso irrestrito, como conversas ou debates entre os colegas de

trabalho e amigos, na faculdade ou, até mesmo, no ambiente familiar.

A aquisição de conhecimento através do estudo da Comunicação e pelo livre

acesso a outros meios de informação (como internet, rádio, jornal impresso,

especialistas, revistas e mesmo outros telejornais) colabora para que tenhamos

dispositivos de crítica midiática eficientes, a ponto de não mais olharmos as notícias

superficialmente, mas com o distanciamento que o senso comum não nos oferece.

4.5.1 A Relação Entre os Resultados da Pesquisa e a Formação da Opinião Pública

A pesquisa presente neste trabalho serviu como exemplo para a análise de

informações relevantes abordadas na fundamentação teórica. Comparando-se o

tamanho da amostra com a quantidade de pessoas que assistem telejornal no Brasil,

não podemos considerá-la válida para afirmarmos algo em relação ao

comportamento dos telespectadores em geral. Contudo, seus resultados apontam

para possíveis comportamentos e preferências, que poderão prever o

direcionamento da opinião pública e as mudanças na relação da sociedade com os

meios de comunicação no futuro.

Figueiredo e Cervellini (1996) apontam a direção da opinião pública como

uma propriedade que prevê o conteúdo da escolha; e a latência, como uma

propriedade que prevê a expressão de reação.

Os resultados obtidos com breves análises das respostas dos participantes da

pesquisa, mostraram conteúdos de escolha em comum, principalmente nas

questões onde foram questionadas as atividades realizadas durante o ato de assistir

telejornal, o nível de credibilidade atribuído às mídias, os meios de comunicação

mais procurados para a obtenção de informações e as áreas nas quais as

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113

informações obtidas através do telejornal mais influenciam nas tomadas de

decisões, atitudes e / ou mudanças. Na questão de número 2.7 (Ver tabela 34, p.84),

por exemplo, os três perfis selecionados tiveram respostas muito próximas,

indicando que, aproximadamente, 100% dos participantes são influenciados pelas

informações transmitidas através do telejornal na escolha de quem votar.

A latência detectada nas respostas, mostrou que é possível antever a reação

das pessoas com relação a mudanças e decisões realizadas na estrutura da

sociedade. Na questão de número 2.5 (Ver tabela 44, p.94), por exemplo, é possível

verificar como uma mídia recente, o blog, aparece com apenas 25% de preferência

para a averiguação da veracidade das notícias do telejornal, indicando que uma

pesquisa mais ampla certamente apontaria o motivo desta rejeição, revelando se o

nível de credibilidade do blog é baixo ou se a maioria das pessoas ainda o

desconhece como canal de comunicação e, por isso, não o utilizam.

Estes resultados mostram que uma análise dessas duas propriedades é de

extrema relevância para profissionais da Comunicação, além de outras áreas - como

o comércio, a política, a administração etc. - onde a relação do público com as

mídias (principalmente com a televisão) é determinante para o sucesso na venda de

produtos e serviços, na fidelização de clientes, ou mesmo na conquista de eleitores.

4.5.2 A Relação Entre os Resultados da Pesquisa e a Relação Entre Telespectador

e Televisão Através do Telejornal

A pesquisa mostrou que os telespectadores atribuem um bom nível de

credibilidade a alguns telejornais – como é o caso do Jornal Nacional (Ver tabela 58,

p.107) -, e que muitas das informações transmitidas por eles influenciam,

significativamente, em decisões, mudanças e / ou atitudes relacionadas a

entretenimento, eleições / política / voto, assuntos econômicos / financeiros, estudos

/ educação, trabalho e saúde. Esses resultados indicam que a televisão, através de

programas como os telejornais, estabelece uma relação de confiança e prontidão

para com a sociedade, comprometendo-se em ser a mediadora entre os fatos de

interesse público e os cidadãos. Ela representa mais que um meio de

entretenimento, mas uma fonte de informações seguras para muitos brasileiros.

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Os telejornais conquistaram uma imagem de seriedade, e, perante os

telespectadores, têm a missão de deixar a sociedade informada de tudo que

aconteça perto ou longe de seus olhos, custe o que custar.

A padronização de figurinos, narrativas, cenários e outros itens que compõem

a apresentação do telejornal, fazem parte do modelo de telejornalismo brasileiro

iniciado pelo Padrão Globo de Qualidade nos anos 80. Esta padronização, aliada a

estratégias de veiculação das informações, visa tornar o programa mais atraente,

garantindo a atenção do receptor e elevados índices de audiência. Juntamente a

estes fatores, a estipulação do horário nobre contribuiu enormemente para que os

brasileiros fizessem do momento de assistir telejornal um ritual diário, quase

indispensável para muitas pessoas que desejam se atualizar rapidamente e ter

informações e pontos de vista que contribuam para suas conversas e / ou debates

diários, seja com a família, entre amigos, no ambiente de trabalho ou acadêmico,

como é possível ver nas tabelas 25, 26, 27, 28 e 29 (p.73).

O telejornal e o telespectador estabelecem pactos onde os jornalistas – e,

principalmente os apresentadores – realizam uma espécie de vigilância, que vai da

entrevista investigativa ao jornalismo-denúncia, e onde um programa deve fornecer

conteúdo para as conversas diárias, com o objetivo de formar a opinião pública,

segundo Gomes in Duarte e Castro (2006).

A televisão tem grande facilidade para difundir informações, o que lhe atribui

significativo poder de influência sobre os direcionamentos da formação da opinião

pública.

De acordo com resultados da pesquisa, menos de 10% dos telespectadores

mencionaram nunca serem influenciados pelas informações veiculadas através dos

telejornais (Ver tabela 43, p.93), apontando que quase todos os participantes estão

conscientes de que são influenciados por programas como o telejornal.

Mesmo as pessoas que afirmam nunca sofrer influência da televisão por não

a assistirem, podem ser influenciadas indiretamente em seu meio de convívio social,

por telespectadores que levam as informações recebidas através da mídia para

discussões e conversas. Na verdade, a influencia da mídia televisiva na formação de

opiniões e, conseqüentemente, no comportamento da sociedade é inevitável.

Nossos paradigmas, comportamentos, conceitos e valores são reflexos de

tudo o que é veiculado na televisão, e vice-versa. É um movimento cíclico, onde a

cada “troca” de informações há mudanças, descobertas e novas tendências, que

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geram novidades dos dois lados (receptor e emissor) e efeitos bons e ruins, às

vezes muito previsíveis, às vezes nem tanto.

4.5.3 A Relação Entre os Resultados da Pesquisa e a Utilização dos Dispositivos de

Crítica à Televisão

Ao contrário do que muitos pensam, os dispositivos de crítica à televisão não

estão somente ao alcance dos profissionais ou estudantes de Comunicação, mas de

toda a sociedade. Na verdade, os telespectadores exercem crítica aos programas

televisivos de maneira espontânea, às vezes até sem perceber, nas conversas e

debates que têm no dia-a-dia com a família, amigos, colegas de trabalho ou

faculdade etc., ou buscando o aprofundamento das notícias, bem como outros

pontos de vista ou versões sobre os mesmos assuntos ou fatos televisionados, em

outros meios de comunicação.

Nos resultados da pesquisa presente neste trabalho (Ver cruzamento das

questões 2.6 e 1.3, p.94), é possível observarmos que as mídias mais procuradas

para a averiguação ou a confirmação das notícias transmitidas pelo telejornal são:

jornais impressos (78%), sites (68%), rádio (63%) e outros telejornais (60%). Novos

meios como os blogs foram pouco citados (25%), indicando dois possíveis motivos:

baixa credibilidade e / ou desconhecimento pelos participantes. Estes resultados

mostram que mesmo programas com significativa credibilidade, como alguns

telejornais, podem ser avaliados pelos telespectadores naturalmente, revelando que

a população tem como exercer certo controle sobre a qualidade e a veracidade das

informações transmitidas pela televisão. A sociedade faz circular as notícias, e nesse

trajeto o indivíduo tem a sua disposição diversas possibilidades para comparar as

informações que possui com a de outras fontes.

A análise da qualidade do que é veiculado no meio televisivo, agregada à

realização de questionamentos e críticas mais aprofundadas, dificilmente está

presente naquela realizada por cidadãos leigos em Comunicação. Mesmo assim,

tanto este tipo de análise como aquela realizada por estudantes, profissionais ou

especialistas em Comunicação são importantes, pois a dos cidadãos leigos mostra o

real entendimento dos conteúdos televisivos. Ou seja, através desse tipo de análise

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os estudantes, profissionais ou especialistas em Comunicação podem ter acesso às

bases reais das conseqüências e repercussões que as informações transmitidas

pela televisão causam na sociedade, e realizar estudos e comparações mais

aprofundadas sobre seus impactos no direcionamento da opinião pública e no

comportamento dos cidadãos, descobrindo meios de como incentivar os

telespectadores ao questionamento a respeito dos conteúdos televisivos, e a não

tomarem as notícias como verdades absolutas – mesmo que sejam transmitidas por

veículos com alto nível de credibilidade.

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117

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A opinião pública é o espelho da televisão?

A opinião pública é constituída com base em informações recebidas do meio,

e reflete o pensamento das camadas dirigentes, sejam elas compostas por mídias

ou apenas por formadores de opinião.

A análise da relação entre a mídia e a opinião pública, mostra que a televisão

interfere no direcionamento de escolhas, decisões e mudanças da sociedade.

Através dessas reações é que percebemos refletidos conceitos e valores difundidos

pelas notícias, determinados na maneira como elas são construídas.

A televisão utiliza algumas técnicas na transmissão do noticiário para chamar

mais a atenção do telespectador. Por exemplo: televisionar guerras, pessoas

carismáticas, assuntos curtos, coisas estranhas, dramas e escândalos gera

audiência. Além disso, critérios como a noticiabilidade e os valores-notícia também

auxiliam na definição do que é interessante, significativo e relevante para virar

notícia. E para facilitar ao máximo o entendimento do telespectador, é preferível

transmitir sentimentos fortes, como amor, raiva e medo, que impressionam e

aumentam a concentração. Sabe-se, no entanto, que a maioria desses artifícios tem

como principal fim garantir a concentração do telespectador para gerar audiência e

atender aos interesses de políticos e patrocinadores, que têm noção do poder de

influência que a televisão possui sobre a decisão e a vontade dos cidadãos.

Nossa geração é privilegiada em detrimento das gerações passadas, pois

temos acesso a inúmeros meios de informação e uma liberdade de expressão para

levarmos questionamentos e críticas a público que nos anos da Ditadura Militar, por

exemplo, foi vetada. Hoje, o telespectador desfruta de vantagens que o possibilitam

ter contato com informações e pontos de vista diversificados rapidamente (através

de mídias como sites, blogs, revistas e jornais diversos etc.), colaborando para que

ele conheça versões diferentes de um mesmo fato se quiser. No entanto, um

trabalhador típico brasileiro, por exemplo, ao chegar em sua residência após

trabalhar o dia inteiro, procura descanso e momentos de lazer com a família, e não a

profunda reflexão sobre as notícias que assiste. À noite, ele também busca

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informações para atualizar seus conhecimentos, mas prefere recebê-las prontas,

com opiniões já formadas. Assim, ele pode descansar e desopilar de algumas

preocupações do dia-a-dia ao mesmo tempo em que se atualiza. Infelizmente, esta

espécie de acomodação de pensamento parece não atingir somente à classe dos

trabalhadores, mas também estudantes, jovens, crianças etc., que não estão

acostumados a questionar aquilo que a mídia veicula, muitas vezes aceitando as

notícias como verdades absolutas, sem levar em consideração o emprego de

estratégias de persuasão para o aumento da audiência ou a abordagem superficial

dos fatos.

O telejornal é um programa popular – no sentido de ter um grande público -, e

garante elevados índices de audiência para as emissoras, pois consegue suprir a

necessidade do cidadão de receber informações já moldadas por pontos de vista e

conceitos. É um veículo que se enquadra na rotina dos brasileiros pelo horário de

transmissão, uma vez que se encaixa no chamado “horário nobre” - quando a

maioria dos cidadãos está em casa com os familiares -, além de coincidir com

práticas cotidianas, como a simples ação de jantar, que por si só costuma reunir as

pessoas, colaborando para que o ato de assistir telejornal torne-se uma espécie de

ritual.

No país, o Jornal Nacional conseguiu a façanha de unificar esse ritual: há 39

anos faz parte da história de muitos brasileiros, e é considerado o responsável por

levar informações a públicos de diferentes faixas etárias e classes sociais. Este

telejornal foi o primeiro a ser transmitido em todos os estados do Brasil, atingindo

altos índices de audiência fomentados por uma imagem de credibilidade e tradição.

A estruturação das pautas em cima de fatos que tendem a chamar a atenção

de todos, através de um noticiário que abastece os assuntos das conversas diárias

(mas sobrevive delas também); o horário de transmissão; a maneira de estruturação

das notícias, tornando-as mais próximas da realidade do telespectador (propiciando

a identificação dele para com o veículo); as duplas de apresentadores simulando um

diálogo (que também é um fator de aproximação com o telespectador) e a difusão do

Padrão Globo de Qualidade a partir da década de 80 foram estratégias

fundamentais para a fidelização do público, tornando o Jornal Nacional um marco na

história do telejornalismo brasileiro e um padrão seguido pelos demais telejornais da

Globo e de outras emissoras. Atualmente, apesar do índice de audiência não atingir

pontos tão altos como em décadas passadas, ainda prevalece sobre os

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concorrentes, confirmando ser ele o mais assistido pelos brasileiros desde sua

criação.

Criticar um veículo, jornalista ou repórter por imparcialidade seria um tanto

complicado, pois é inerente ao homem ter uma posição. Ou seja, sempre haverá, de

certa forma, manipulação de notícias, pois quem escreve, geralmente, defenderá o

próprio ponto de vista ou o da empresa para a qual trabalha. O que podemos

reivindicar é a transmissão de notícias sob vários ângulos, que favorecerá uma boa

análise dos fatos e a não aceitação de verdades absolutas.

O telejornal proporciona à sociedade a construção de um “mundo” através de

sua própria interpretação, e cada um, independente da condição socioeconômica,

pode desenvolver sua maneira de analisá-lo por dispositivos simples, seja através de

conversas com amigos, colegas e familiares para averiguar outros pontos de vista,

ou apenas trocando de canal em busca de mais informações.

Esta conscientização é importante, pois as pessoas interiorizam as

informações noticiadas – relacionando-as com sua realidade -, constroem suas

opiniões e, conseqüentemente, tomam decisões e atitudes baseadas, muitas vezes,

naquilo que recebem dos meios nos quais tem contato. Por isso, a sociedade

funciona como espelho da televisão, e a avaliação da qualidade do que vemos

através desta mídia deve ser formada pelos dois tipos de crítica: a especializada –

que contribui para a análise da seleção e da interpretação das informações – e a

que é realizada pela sociedade em geral, pois somente esta provê as bases reais

para uma análise adequada.

Tendo em vista a conscientização sobre a influência midiática que o estudo

da Comunicação proporciona, é dever do Comunicador, como peça-chave para o

estabelecimento de uma cultura de pensamento crítico, perceber a relevância do seu

papel no direcionamento da opinião pública, incentivando a sociedade a refletir e a

levantar questionamentos a respeito da qualidade das informações que recebe da

mídia.

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ANEXO

PESQUISA DE OPINIÃO

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