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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A GESTÃO ESTRATÉGICA APLICADA À DIVISÃO DE GESTÃO
DOCUMENTAL E DA INFORMAÇÃO DA UFRJ
Por: Monique Martins da Silva
Orientador
Prof. Sérgio Majerowicz
Rio de Janeiro
2012
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A GESTÃO ESTRATÉGICA APLICADA À DIVISÃO DE GESTÃO
DOCUMENTAL E DA INFORMAÇÃO DA UFRJ
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada
como requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Gestão Empresarial.
Por: Monique Martins da Silva
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AGRADECIMENTOS
Meus agradecimento são para pessoas queridas que me ajudaram e que
de alguma forma me incentivaram a iniciar e a concluir essa especialização.
Agradeço a Deus por ter me dado saúde e vigor para chegar até aqui;
aos meus pais, que em todo momento me apoiaram e se dedicaram para que
nada me faltasse; ao meu namorado, Fábio, que abriu mão de muitos
compromissos para me ajudar durante o curso; aos professores que me deram
assistência; à Viviane (carinhosamente Vivi), ao Gilson, ao Adilson e ao
Anderson, amigos que me forneceram material de pesquisa para esse trabalho;
à Júlia, que mesmo elaborando sua tese de mestrado, se dispôs a pegar livros
em bibliotecas para minha pesquisa. Enfim, a todos que direta ou indiretamente
contribuíram para a conclusão desse curso.
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DEDICATÓRIA
Dedico essa monografia à minha mãe, ao meu pai, ao meu namorado e
à minha avó (in memorian).
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RESUMO
O estudo tem seu foco voltado a uma Divisão pertencente ao setor
público, sinalizando que é possível aplicar métodos de gestão nesse tipo de
organização considerado tradicional e burocrático; que também é importante
investir no desenvolvimento de pessoas que a compõe, pois estas são agentes
de mudança e, portanto, precisam desenvolver suas capacidades intelectuais,
sociais, pessoais e profissionais visando um melhor desempenho de suas
atividades. A pesquisa pretende demonstrar que os órgãos do poder público
não precisam ser engessados nem arcaicos pela ausência de concorrentes no
mercado. Mesmo sem a idéia de competitividade, esses órgãos podem utilizar
mecanismos para estudar sua estrutura, a sua razão de existir, as suas forças
e as suas limitações. Isso a ajudará visualizar os fatores que podem resultados
e benefícios para melhor dinâmica da eficiência e na prestação de serviços no
setor público.
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METODOLOGIA
A pesquisa tem como base a leitura de livros, textos divulgados na
internet, pesquisa bibliográfica especializada, entrevistas com o gestor da
organização estudada, bem como consultas a seus documentos e a
experiência pessoal acumulada ao longo dos anos na observação do objeto de
estudo.
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SUMÁRIO Pág.
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 8
CAPÍTULO I – Conhecendo a DGDI ................................................................ 10
1.1 – Histórico .................................................................................................. 10
1.2 – Área de atuação ...................................................................................... 11
1.2.1 – Missão, Visão e Valores ............................................................ 14
CAPÍTULO II – A Gestão estratégica .............................................................. 17
2.1 – Definição de estratégia ........................................................................... 17
2.2 – Planejamento Estratégico ....................................................................... 21
2.3 – A Gestão Estratégica no setor público .................................................... 24
2.3.1 – Gespública ................................................................................ 27
2.3.2 – Ferramentas de Gestão ............................................................ 30
CAPÍTULO III – Gestão da Mudança ............................................................... 36
3.1 – Cultura individual e organizacional .............................................. 37
3.1 – Aprendizagem .............................................................................. 40
CONCLUSÃO .................................................................................................. 43
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 45
WEBGRAFIA ................................................................................................... 46
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INTRODUÇÃO
A importância do presente trabalho está em estudar a gestão
estratégica como peça significante no planejamento e execução das atividades
da Divisão de Gestão Documental e da Informação (DGDI) da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), bem como o que alguns autores pensam
sobre a sua influência nas empresas em geral.
A DGDI é uma divisão que faz parte da estrutura da UFRJ, que é
uma autarquia federal de direito público e, portanto, não está imersa na intensa
competitividade do mercado. Por este motivo, em alguns aspectos, sua
atuação é bastante diferente das empresas privadas. As privadas, por sua vez,
visam o lucro e, portanto, precisam dominar constantemente a arte de prever
as necessidades do cliente, idealizando produtos inovadores ou incorporando
inovações a produtos já existentes. Caso contrário, sua existência se tornaria
insignificante para o mundo dos negócios, pois a falta de vantagens
competitivas limita a concorrência. Se não houvesse concorrência, não haveria
necessidade de oferecer melhores produtos ou serviços e inovar para
satisfazer clientes.
Por outro lado, mesmo não sofrendo toda essa influência do
mercado, a DGDI não dispensa a preocupação em agir com foco na sua
missão, prestar serviços de qualidade e atingir a excelência no que diz respeito
ao atendimento da demanda de usuários internos e externos à Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Afinal, a finalidade de uma instituição
pública é, dentre outras, garantir à sociedade o direito de exercer a cidadania e
oferecer serviços pelos quais não se pode pagar, nesse caso, assegurado pelo
governo. Com isso, a pesquisa mostrará que a busca pela qualidade e
eficiência não deve existe somente quando se quer vencer uma concorrência,
mas sim quando se tem a consciência de que realizar um bom trabalho revela
a nossa proximidade com a cidadania, com a satisfação em desempenhar um
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papel que aproxima a sociedade do Estado e que tem grande importância para
os usuários.
Em geral, para que uma organização cumpra a sua missão, é
necessário unir esforços de todos os setores e pessoas envolvidas no
processo. Para corroborar essa teoria, veremos como pessoas, tecnologia,
liderança e gestão estratégica são parte integrante do sucesso de uma
organização. Sabe-se que a estrutura de uma organização pública é mais
inflexível que a de uma privada e, por isso, as pessoas tendem a se tornar mais
resistentes a mudanças e melhorias nos processos. Segundo Kaplan e Norton
(1997),
“... Os funcionários públicos geralmente não se preocupam com os resultados de seu trabalho. [...] eles tendem a medir os seus volumes de trabalho, não os seus resultados. Se estiverem trabalhando com afinco, acreditam que estão fazendo o possível. As empresas públicas precisarão de vários anos... para desenvolver medidas e relatórios de resultado úteis.” (KAPLAN E NORTON, 1997, p. 189 e 190).
Mas o tempo passou e o setor público está em transformação. Um
passo muito importante em direção à mudança é o fato de o governo inserir no
setor o conceito de gestão, trazendo para os administradores e gestores o
programa Gespública, cujas diretrizes encontram-se disponíveis na internet aos
interessados. Além disso, fomenta a educação e treinamento entre seus
funcionários e ainda tem promovido incentivos para funcionários que investem
na sua educação, como cursos, palestras, oficinas, especializações, entre
outros.
Será objeto de estudo a forma como a gestão estratégica está
entrelaçada ao planejamento estratégico da organização, que inicia com a
atitude de um líder ao transmitir os objetivos centrais da organização para seus
liderados, de forma que todos estejam aptos a executar as funções que cabe a
cada um dentro do plano de ação desenhado para o negócio.
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CAPÍTULO I – CONHECENDO A DIVISÃO DE GESTÃO
DOCUMENTAL E DA INFORMAÇÃO (DGDI)
1.1. Histórico
Instituída como protocolo central da Universidade, a DGDI, em 1970,
se chamava SECOM – Serviço de Comunicações – onde todos os processos
administrativos da UFRJ eram protocolados, autuados, tramitados e
arquivados, bem como eram coletadas e distribuídas as correspondências
internas da universidade. Depois, em 1988, houve uma sutil mudança: tornou-
se DICOM – Divisão de Comunicações.
Mas a história da DGDI começou de fato a mudar quando foi
inserido um novo termo, que até o momento era desconhecido pela
comunidade UFRJ: a gestão de documentos. E o início das transformações
ocorreu com a mudança do seu nome para Divisão de Gestão Documental e da
Informação. Seguindo o ritmo de mudanças, a direção da DGDI viu na
tecnologia da informação (TI) e na descentralização a solução para agilizar os
procedimentos da Divisão. A partir de então, todas as Unidades da UFRJ –
cerca de oitenta – passaram a ter autonomia para gerar e protocolar seus
próprios processos, através de uma rede de intranet disponibilizada para cada
unidade de trabalho, o que gerou grande benefício para o ambiente, tornando-o
mais dinâmico, principalmente, nas rotinas processuais.
Também foi delegada à DGDI, desde quando era SECOM, a
competência para gerir o Arquivo Central da UFRJ, que durante longo período,
esteve abandonado pela ausência de uma política arquivística na universidade.
Contudo, em 2005, a Divisão de Gestão Documental e da Informação iniciou o
“Projeto de Qualidade Arquivística na UFRJ” que possibilitou a reorganização
do acervo do Arquivo Central e, por conseguinte, identificou documentos que
caracterizam o caráter histórico deste acervo, ou seja, uma rica documentação
que contribui para a construção da memória institucional da UFRJ. E hoje conta
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com acervo de cerca de 2 milhões de documentos. Contudo, são documentos
dispersos acerca dos quais cabe uma pesquisa sistemática, mas a DGDI, com
a finalidade de preservar e publicizar o acervo documental de valor histórico,
propõe o projeto “Arquivo da Minerva: Projeto de Pesquisa do Acervo Histórico
do Arquivo Central da UFRJ” que visa viabilizar o acesso de pesquisadores e
da comunidade em geral e, assim sendo, contribuindo para a história e
memória da universidade.
Hoje a DGDI é uma Unidade da Universidade Federal do Rio de
Janeiro que está subordinada à atual Pró-Reitoria de Gestão e Governança
(PR-6) e é composta por quatro seções, que são: Seção de Expedição e
Documentação, Seção de Publicações, Seção de Arquivo e Seção de
Processamento de Imagens, nas quais estão distribuídos 36 servidores.
1.2. Área de Atuação
Atualmente, a DGDI tem como competência:
• Elaborar projetos e políticas arquivísticas adequadas à realidade da
universidade compatíveis com as necessidades de celeridade da
informação, qualidade arquivística, segurança e eficiência administrativa;
• Elaborar projetos específicos para captação de recursos externos;
• Zelar pela preservação do patrimônio arquivístico da UFRJ a fim de
resgatar sua Memória;
• Promover a interação das diferentes fases da gestão documental no
âmbito da universidade;
• Estabelecer parcerias com as unidades acadêmicas e administrativas da
universidade a fim de orientá-las na solução de suas problemáticas
referentes ao seu acervo documental;
• Disseminar o conhecimento arquivístico;
• Articular-se com os demais sistemas que atuam na gestão da informação
pública federal.
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Para que o objetivo central seja cumprido, as seções que compõem
a Divisão receberam uma série de atribuições ajustadas ao que foi proposto à
DGDI realizar:
Seção de Expedição e Documentação
• Autuar, tramitar, recapear, criar volumes e anexar processos;
• Dar suporte gerencial às unidades administrativas, quanto ao sistema de
acompanhamento de processos;
• Receber e distribuir correspondências (via malote e Correios);
• Efetuar a pesquisa e o rastreamento de processos;
• Consultar processos;
• Abertura de processo para registro de diplomas e outros.
Setor de Publicações
• Publicar matérias, portarias e editais no Diário Oficial da União e no
Boletim da UFRJ;
• Efetuar o recebimento e conferência do Diário Oficial da União;
• Gerenciar o banco de dados das portarias, diárias e suprimentos
publicados;
• Proceder à revisão de matérias a serem publicadas.
Seção de Arquivo
• Realizar a classificação/codificação dos processos para arquivamento
conforme tabela de temporalidade;
• Restaurar e apensar processos;
• Efetuar pesquisas ao acervo físico e de imagem (microfilme);
• Proceder à eliminação de documentos;
• Arquivar / desarquivar processos.
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Seção de Processamento de Imagem
• Preparar documentos para microfilmagem e/ou digitalização;
• Microfilmar / Digitalizar documentos;
• Indexar imagens/documentos;
• Processar e revelar filmes;
• Revisar filmes e imagens para maior controle da qualidade;
• Duplicar filmes;
• Arquivar filmes (originais e cópias).
Além de todas as atribuições acima, cabe à DGDI a preocupação em
oferecer ao público interno e externo um atendimento de qualidade, seja para
esclarecimentos seja para treinamentos sobre a utilização do Sistema de
Acompanhamento de Processos (SAP), que é uma ferramenta utilizada para
gerenciar os processos administrativos da Universidade.
Segundo Juran (2004), para a palavra “qualidade” existem inúmeros
conceitos, porém há dois grandes conceitos que devem percebidos por
gerentes. Um diz que existe a qualidade quando as características do produto
(bem ou serviço) estão de acordo com o que os clientes esperavam. “Quanto
melhores as características do produto, mais alta a sua qualidade”. O outro
grande conceito de qualidade se refere à ausência de deficiências. Se um
produto tem deficiências, ele foge do padrão de qualidade. “Quanto menos
deficiências, melhor a qualidade.” (p. 9)
Dentre os dois conceitos de qualidade sugeridos pelo autor, o que
melhor se aplica à DGDI é o segundo, pois quando nos referimos à gestão da
informação entende-se que as informações devem ser tratadas com segurança
e, quanto menor a incidência de falhas ou deficiências, mais credibilidade terão
os serviços prestados. Mas, as atividades da DGDI não se limitam à gestão da
informação, também estão incluídas as tarefas mais simples e, portanto, a
qualidade deve ser considerada no trato destes igualmente. Exemplo: no
capeamento de processos, na numeração das folhas, na inclusão dos dados no
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sistema. Nessas tarefas, a falta de qualidade está ligada diretamente ao
retrabalho de um serviço que fugiu do padrão.
Utilizando a Tecnologia da Informação como ferramenta para
alcançar a qualidade, a DGDI idealizou o SAP visando o gerenciamento das
informações autuadas da Universidade, bem como permitir que as partes
interessadas – funcionários ativos, inativos, pensionistas e cidadãos em geral –
possam acompanhar os processos de seu interesse via intranet e internet. Para
o funcionário ativo, o SAP é disponibilizado na intranet, e para os demais, na
internet. Essa foi uma das formas para melhor atender aos usuários, e a busca
pela qualidade é contínua, por isso periodicamente há revisões no sistema para
promover melhoria e segurança na informação.
Com tantas atribuições para gerenciar, torna-se imprescindível tanto
para a DGDI quanto para qualquer empresa, um planejamento estratégico para
definir o negócio e nortear suas ações. A equipe, portanto, decidiu traçar a
missão, a visão e os valores da Divisão, para facilitar o entendimento do que
significa a DGDI, ou seja, para traduzir a todos os servidores, prestadores de
serviços e estagiários a razão pela qual a DGDI existe; aonde a Divisão quer
chegar; e os meios que utilizará para alcançar seus objetivos.
1.2.1 – Missão, Visão e Valores
Missão
Gerir de forma eficiente a documentação e a informação
administrativa da UFRJ, com acessibilidade, celeridade, segurança e baixo
custo. Agregar valor ás decisões estratégicas e contribuir para a
desburocratização.
Visão
Ser excelência em gestão documental e informação, por meio de
padronização e racionalização da produção documental e modernização de
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processos com utilização de tecnologias da informação (TI).
Valores
Qualidade, Comprometimento, Inovação, Melhoria Contínua,
Segurança e Responsabilidade Social e Ambiental.
Conforme consta na definição do negócio, a visão da DGDI consiste
em alcançar a excelência por meio de padrões e racionalizações das tarefas.
Esse padrão representa a uniformidade de procedimentos em toda a
Universidade. O papel da DGDI é educar todas as Unidades da Universidade
para que haja uma única forma de executar a mesma tarefa referente a
processo administrativo.
Na Seção de Expedição e Documentação, por exemplo, a principal
atividade é capear, numerar, autuar e tramitar processos, ou seja, é dar origem
a eles e encaminhá-los a um setor competente para que sejam analisados.
Esse ritual é realizado por todas as Unidades, e cabe a DGDI estabelecer e/ou
divulgar normas para sua realização, a fim de que todos o façam obedecendo a
uma regra. Exemplo: a montagem de um processo é feita baseada nos
preceitos da Portaria Normativa nº 05, de 19 de dezembro de 2002 do
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), que dispõe sobre
os procedimentos gerais para utilização dos serviços de protocolo, no âmbito
da Administração Pública Federal, para os órgãos e entidades integrantes do
Sistema de Serviços Gerais - SISG. Nesse caso, a orientação vem de um
órgão superior à UFRJ, portanto, cabe a DGDI divulgá-la às demais unidades.
Percebe-se que há uma formalização das tarefas. Mas para que
serve? É importantíssima para facilitar o controle e visa à padronização das
tarefas. A padronização exige repetições, aprendizado e especializações no
que é executado e, portanto, torna-se um parâmetro. Organizações
governamentais utilizam a formalização das tarefas, pois devem obedecer às
regras impostas pelo governo.
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Corroborando o parágrafo acima, Mintzberg em seu livro “Criando
Organizações Eficazes – Estruturas em Cinco Configurações” diz:
“A formalização do comportamento é também usada para assegurar a consistência da organização da mecanização que leva a uma produção eficiente. As tarefas são especializadas na dimensão horizontal para atingir a repetição; a formalização é então usada para impor os procedimentos mais eficientes sobre elas.” (MINTZBERG, 2003, p.46)
Contudo, não somente as governamentais utilizam padrões e, sim
toda e qualquer empresa que se preocupa em realizar um bom atendimento
aos seus clientes, abrindo espaço para terceirizações. Observamos as
empresas que prestam serviços de telemarketing. Estas, por sua vez, são
contratadas por outras empresas que têm em seu planejamento estratégico
fornecer ao cliente soluções eficazes e atendimento com excelência.
Geralmente, essas empresas terceirizadas oferecem intensos treinamentos
que geram padrões e normas de atendimento, que vão desde o momento em
que atendem o telefonema até a última palavra dita ao cliente. Isso gera
conformidade e maior facilidade de controlar, corrigir, gerenciar.
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CAPÍTULO II – A GESTÃO ESTRATÉGICA
A cada ano que passa, observam-se as transformações nas
grandes, médias e pequenas corporações. Nas organizações públicas, que é o
foco da pesquisa, também é possível perceber essas mudanças. Mesmo não
fazendo parte de um ambiente competitivo, elas têm utilizado nomenclaturas e
pensamentos que visam o alcance de objetivos por meio de planejamento,
administração de recursos, visão de futuro, entre outras abordagens do mundo
empresarial atual.
É certo que a mudança é um processo longo nesse tipo de
organização, afinal trata-se de uma estrutura muito mais rígida e limitada que a
privada. Além disso, submete esses órgãos a um choque cultural em relação
ao estilo de administrar e às condições de trabalho. Mas com tantas mudanças
e tantos recursos para gerenciar, os órgãos públicos decidiram acompanhar as
tendências e rever seus conceitos de administração. E assim como as
empresas privadas, aderiram à prática de comportamentos organizacionais
voltados para o alcance de objetivos como a formulação de estratégias.
A prova disso, é que hoje já podemos ver diversas instituições de
ensino oferecendo cursos de graduação e de pós-graduação na área de
Gestão Pública. A maior incidência está nas instituições privadas, mas as
públicas também já estão oferecendo esses cursos, mas geralmente para
aperfeiçoamento.
A partir de então, abordaremos a estratégia, a gestão estratégica e
as ferramentas de gestão atuais, à luz das organizações públicas e privadas.
2.1. Definição de estratégia
Diversos autores do campo da administração têm em suas obras
definições para estratégia, embora este não seja um assunto moderno. É um
tema que atravessa milênios. Veremos por quê.
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Sun Tzu foi um general de guerra que viveu no século IV a.C,
profundo conhecedor de táticas militares que lhe renderam inúmeras vitórias
nas batalhas da época. Esse general escreveu a obra “A Arte da Guerra” na
qual constam seus ensinamentos sobre estratégias de combate contra
exércitos inimigos. Hoje seus ensinamentos ultrapassam a barreira do filosófico
e passam a ser utilizados no cotidiano de pessoas e de empresas face seus
concorrentes. Trata-se de uma obra milenar que serve de auxílio para o
entendimento do que é estratégia e planejamento estratégico.
Algumas estratégias descritas por SunTzu são absorvidas por
empresas no mundo atual e globalizado. Um exemplo é a política de
recompensas que o general utilizava no exército sob o seu comando. Naquele
cenário, Sun Tzu já enxergava a recompensa como uma estratégia
motivacional:
“Quando recompensas teus homens com os benefícios que ostentavam os adversários eles lutarão com iniciativa própria, e assim poderás tomar o poder e a influência que tinha o inimigo. É por isto que se diz que onde há grandes recompensas há homens valentes. [...] Se recompensas a todo mundo, não haverá suficiente para todos; assim, pois, oferece uma recompensa a um soldado para animar a todos os demais. Troca suas cores (dos soldados inimigos feitos prisioneiros), utilize-os misturados aos teus. Trata bem os soldados e presta-lhes atenção. Os soldados prisioneiros devem ser bem tratados, para conseguir que no futuro lutem para ti. A isto se chama vencer o adversário e incrementar por acréscimo em tuas próprias forças”.
No cenário de guerra, a recompensa era alimento, que em longas
batalhas, se tornava escasso. Hoje nas organizações as recompensas são
ascensões profissionais, reconhecimento, melhores salários, bem como
benefícios que signifiquem retorno para o funcionário pela dedicação ao
trabalho. A DGDI tem uma política muito bem difundida entre os funcionários,
que é a política do reconhecimento, a qual preza pela excelência das
atividades desenvolvidas e pela satisfação do funcionário em participar da
equipe; o que vale não é o “tempo de casa”, mas sim o empenho, a
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competência. É uma prática justa: dai honra a quem tem honra. O fator
desempenho e o fator responsabilidade estão sempre presente na estratégia
de recursos humanos da Divisão.
É evidente que essa política gera estranheza para servidores que
não acompanham a celeridade do mundo atual. Mas o intuito é gerar mudança
e influenciar de tal forma que os novos hábitos prevaleçam.
Estratégia é o comportamento adotado para as diversas faces do
ambiente ao redor, seja interno ou externo, visando o alcance de objetivos e
sendo adequada à realidade da organização. Na perspectiva interna da
empresa, uma estratégia mal alinhada pode desencadear problemas para a
empresa como um todo. Se, em uma indústria, o objetivo é maximizar lucros,
não necessariamente a estratégia da empresa tenha de ser vender mais. O
fator que minimiza lucros pode está altos custos na produção. Talvez a solução
está em supervisionar o “chão da fábrica” e eliminar desperdícios que geram
custos para a empresa.
Será que um possível aumento na produção daria a uma
determinada empresa uma margem maior de lucros? Será que muito produto
no estoque é saudável? A análise das necessidades internas e externas é
fundamental para responder questões como essas.
Estratégia é um conjunto de ações calçado na análise do ambiente
que cerca a organização de forma que as necessidades do ambiente sejam
supridas e a organização atinja o sucesso. Sem visão, uma estratégia pode
fazer afundar em vez de fazer emergir.
É importante salientar que Ansoff, Declerck e Hayes (1981), mesmo
não sendo autores atuais, definiram o termo “estratégico” de forma muito
semelhante a Chiavenato e Sapiro (2003). Ambos definem o termo como uma
relação entre a empresa e o meio ambiente.
![Page 20: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …da Divisão de Gestão Documental e da Informação (DGDI) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), bem como o que](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022012001/608b49a73065384d9f50dede/html5/thumbnails/20.jpg)
20
Seguem algumas definições nos ajudam a entender o que é
estratégia.
“Estratégia refere-se aos planos da alta administração para alcançar
resultados consistentes com a missão e os objetivos gerais da organização”.
(WRIGHT, KROLL e PARNELL, 2000, p.24)
“ ... é a ciência dos movimentos guerreiros fora do campo de visão
do general; e a tática, a ciência dos movimentos guerreiros dentro do referido
campo.” (Von Bullow citado em Bethlem (1980) e em Oliveira (2008)).
“Determinação de metas básicas a longo prazo e dos objetivos de
uma empresa, bem como a adoção das linhas de ação e a aplicação dos
recursos necessários para alcançar essas metas” (Chandler Jr., 1962, p.13
citado em Oliveira (2008)).
“Programa amplo para se definir e alcançar as metas de uma
empresa; resposta da empresa a seu ambiente através do tempo.” (Stoner e
Freeman, 1995, p. 141 citado em Oliveira (2008)).
Ainda, para Chiavenato e Sapiro (2003), existem algumas variações
de estratégia: estratégias de ataque, de colaboração e cooperação e de
defesa. Entende-se que para cada objetivo, há um tipo de estratégia a ser
adotada.
A estratégia de ataque pode ser utilizada quando a finalidade da
empresa atacante é ganhar fatias do mercado da empresa líder, ou seja, do
seu maior concorrente. Intensifica então a disputa pela participação de
mercado. Pode ser com o lançamento de produto similar, para o mesmo
público-alvo ou com um plano de marketing agressivo e bem estruturado ou até
mesmo oferecer cortesias que o concorrente não faz.
![Page 21: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …da Divisão de Gestão Documental e da Informação (DGDI) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), bem como o que](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022012001/608b49a73065384d9f50dede/html5/thumbnails/21.jpg)
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A estratégia de colaboração e cooperação está relacionada a
alianças estratégicas. Em vez de atacar ou se defender, alia-se a outras
empresas para combater o crescimento de outras. Dessa forma, se fortalecem
gerando benefícios para ambas, pois as sementes são plantadas e colhidas em
conjunto havendo uma cooperação entre elas. É o caso das joint-ventures que
tem acontecido com bastante frequência entre empresas globais.
A estratégia de defesa se refere a estratégias que visam a
preservar o status da empresa. “Se sua situação é de amadurecimento no
mercado, o planejamento é voltado para continuar nessa posição, não está
focada no crescimento, nem pode deixar brechas para um novo concorrente
entrar na berlinda.” (CHIAVENATO e SAPIRO, 2003, p. 406 e 407)
Diferente das estratégias tipificadas acima, a DGDI tem um processo
estratégico bem simples, porém definido. Suas estratégias não são baseadas
nas ações da concorrência ou em perdas de fatias do mercado, e sim nas
necessidades internas da UFRJ como um todo, que abrange servidores ativos
e inativos, cidadãos em geral e se estende à cúpula da UFRJ.
O foco da DGDI é fornecer aos usuários qualidade na informação
que, nos dias de hoje, era do conhecimento, é um bem precioso. Há algumas
estratégias que merecem destaque: o atendimento eficiente aos usuários, a
valorização de sua equipe de trabalho, a melhoria dos processos arquivísticos
e a implantação do SAP, que é um sistema de informação destinado a
acompanhar processos via intranet e internet, a como arquivar processos, a
auxiliar no registro autoral de músicas, entre outras funções.
2.2. Planejamento Estratégico
Entendido o conceito de estratégia, o estudo do planejamento já
pode ser abordado. O que é o planejamento estratégico? Como funciona o
processo?
![Page 22: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …da Divisão de Gestão Documental e da Informação (DGDI) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), bem como o que](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022012001/608b49a73065384d9f50dede/html5/thumbnails/22.jpg)
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Segundo o dicionário Aurélio, planejar significa projetar, programar,
traçar, fazer o plano de algo. Mas planejar estrategicamente significa projetar
ações que estejam em conformidade com sua missão e com as informações do
ambiente, ou seja, as ações devem estar relacionadas à realidade da
organização e ser possíveis de serem implementadas.
O planejamento estratégico é uma ferramenta que ajuda a
potencializar a gestão, busca o realinhamento dos esforços a fim de que
conquiste os objetivos definidos.
Para Wright, Kroll e Parnell (2000), os princípios básicos do
planejamento estratégico podem ser adotados tanto em organizações privadas
como em organizações públicas, mas com algumas diferenças na sua
natureza, nas fontes de receitas e na formação de cada uma. Para os autores,
nas organizações púbicas, há dois tipos planejamento estratégico: um está
voltado para o atendimento dos clientes e o outro para garantir apoio financeiro
para desenvolver seu trabalho. Concordando com as palavras dos autores, a
DGDI tem se empenhado nessas duas faces do planejamento.
Chiavenato e Sapiro (2003) definem o planejamento estratégico
como “um processo de formulação de estratégias organizacionais no qual se
busca a inserção da organização e de sua missão no ambiente em que ela está
atuando” (p.39). No caso da DGDI, sua missão, como já foi dito anteriormente,
é gerir de forma eficiente os documentos da UFRJ focando, por exemplo, a
celeridade. Analisando, podemos perceber que nas entrelinhas de sua missão,
está implícito a melhoria do atendimento aos usuários, lhes proporcionando
informações precisas, seguras e atendimento mais célere. O planejamento
estratégico, então, deve estar voltado para esse fim.
Em contrapartida, para desenvolver projetos de melhorias requer
certos investimentos: esforços mútuos, pessoal, equipamentos etc. Para tanto,
precisa-se de recursos financeiros.
![Page 23: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …da Divisão de Gestão Documental e da Informação (DGDI) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), bem como o que](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022012001/608b49a73065384d9f50dede/html5/thumbnails/23.jpg)
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Nesse ponto, o planejamento financeiro torna-se importantíssimo,
pois é através dele que as metas para o ano seguinte são traçadas; o que se
pretende realizar no próximo ano deve estar dentro orçamento, necessitando a
posteriori de controle e melhoramento financeiro. Um dos métodos para a
realização do planejamento de qualidade financeira é o sugerido por Juran
(2004), que é composto por três partes: planejamento financeiro, controle
financeiro e melhoramento financeiro. Na verdade, esse método é oriundo da
Trilogia de Juran, cujo foco é a gerência da qualidade, mas o modelo pode ser
revertido para outras áreas.
Segundo o modelo proposto por Juran, o planejamento financeiro
consiste em abranger toda a empresa em um único plano financeiro. É o
orçamento anual. Nesse momento, o orçamento para o ano seguinte é
elaborado conforme as metas, aquisições propostas para o ano em diferentes
divisões e departamentos. O controle financeiro é utilizado para comparar a
situação financeira atual com o planejamento feito. Seu objetivo é ajudar o
responsável a alcançar as metas. Existem também outras formas de controle
financeiro muito conhecidas: controle de custos, de estoques etc. Já o
melhoramento financeiro consiste em maximizar as finanças assumindo
algumas formas que são analisadas pelo autor: projetos de redução de custos,
aquisição de novo espaço para área de produção visando maior produtividade,
aquisição de outras empresas e assim por diante.
Mas com recursos governamentais escassos, o planejamento se
volta para outra vertente: captação de recursos externos. Mas para isso, são
necessárias boas propostas. Nesse ponto, entramos numa concorrência para
conseguir apoio financeiro, não na mesma escala que entre empresas que
visam lucro, mas em um ambiente cujo fator competitividade gira em torno da
importância que o trabalho a ser desenvolvido terá para a sociedade ou um
grupo determinado.
A DGDI tem realizado seus projetos com recursos internos cedidos
pela própria Universidade, mas têm planos para apoios externos. Para isso, a
![Page 24: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …da Divisão de Gestão Documental e da Informação (DGDI) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), bem como o que](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022012001/608b49a73065384d9f50dede/html5/thumbnails/24.jpg)
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Divisão tem investido em melhorias nos seus processos internos com intuito de
gerar credibilidade e garantir vantagens competitivas para facilitar apoio
financeiro.
Além disso, as ações de organizações públicas estão sujeitas a
fiscalização da sociedade e de órgãos fiscalizadores que restringe a atuação
que não esteja em conformidade com as legislações pertinentes. Portanto,
esse planejamento deve obedecer a uma série de restrições que são
elencadas por Wright, Kroll e Parnell (2000) através da ilustração a seguir:
Figura 1 – Restrições dos stakeholders nas organizações públicas
Fonte: Livro “Administração estratégica: Conceitos”, p. 404
Por este motivo, há a necessidade de constante atualização a respeito
das normas, legislações e padrões inerentes às rotinas desempenhadas pela
DGDI estipuladas pelo governo, a fim de que haja conformidade e satisfaça
tanto os usuários quanto o próprio governo e demais forças elencadas acima.
2.3. A Gestão Estratégica no setor público
Não há como falar de gestão sem falar de administração.
![Page 25: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …da Divisão de Gestão Documental e da Informação (DGDI) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), bem como o que](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022012001/608b49a73065384d9f50dede/html5/thumbnails/25.jpg)
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Com o passar do tempo, novas nomenclaturas surgem e a gestão é
uma delas. O termo “administração” ainda é utilizado, mas qual é a relação
entre os dois? São a mesma coisa? Ou um depende do outro? Há diversos
autores que preferem tratar os termos “administração” e “gestão” como
equivalentes, sinônimos. No entanto, é raro alguma obra discutindo o assunto.
Outros (minoria) os diferenciam. Conforme o autor Dalton Valeriano
(2005), citado no artigo “Definição de gestão, administração e gerenciamento”
do administrador do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer, há um
espaço entre os dois. Para ele, administração é um termo mais antigo no
mundo dos negócios que trata os problemas típicos de uma organização. A
gestão que é mais atual surgiu com um novo conceito de conduzir uma
organização, através da especialização. A gestão não está acima da
administração, mas é um nível mais especializado que o outro.
Mas o enfoque está em percebermos que o setor público tem aberto
suas portas para a chegada dos novos conceitos de administração.
Em uma época pouco remota, a administração nas organizações
privadas era limitada ao cumprimento de suas obrigações encaixando-as no
seu orçamento. Se não faltavam recursos, significava que a empresa estava
sendo bem administrada. Mas essa teoria sofreu algumas mudanças. A
preocupação agora não está somente na área financeira. Não podemos negar
que a função da empresa é gerar lucro e que a parte financeira da organização
deve ser saudável e bem administrada, mas o foco já não é só esse, e sim, a
empresa como um todo. Começa-se, então, a pensar nas diversas áreas como
uma unidade do negócio: no financeiro, nos recursos humanos, nos recursos
tecnológicos, na produção etc. Os departamentos passam a ter seu
planejamento, sua gestão.
Uma prova é que, atualmente, grandes projetos de grandes
empresas têm seu orçamento estourado e nem por isso fecham suas portas
![Page 26: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …da Divisão de Gestão Documental e da Informação (DGDI) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), bem como o que](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022012001/608b49a73065384d9f50dede/html5/thumbnails/26.jpg)
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nem deixam de ser empresas de sucesso. Com isso, vemos que o orçamento
não é um fator único e predominante em uma administração de negócios hoje
em dia.
No setor público, o orçamento ainda é fundamental e estático, pois
por entraves legais e limites governamentais, não é permitido alterações no
decurso do ano, em regra.
Como autarquia federal, a UFRJ envia seu planejamento com a
previsão de gastos anual a fim de que o governo autorize a verba solicitada.
Mas é importante salientar que, a UFRJ adotou o orçamento participativo na
sua administração. O orçamento da Universidade é feito de forma
descentralizada, ou seja, é composto pela soma do orçamento de todas as
suas Unidades, que hoje são oitenta, aproximadamente. Todas as Unidades
que a compõe participam com suas previsões para cada ano. É dada, a cada
uma, autonomia para compor seu orçamento, prevendo todas suas despesas
para o ano subseqüente, respeitando um prazo estipulado pela UFRJ.
Mas isso não isenta os órgãos públicos de adotarem outras formas
de gerenciar seus recursos. Há outros recursos que podem ser gerenciados e
ser fatores críticos de sucesso, como pessoas, equipamentos, conhecimento.
Mesmo sem sofrer influências de concorrências, o setor público tem
acompanhado as tendências do mundo dos negócios. Como é o caso da
gestão no setor. O governo federal implantou um modelo de gestão pública,
que incentiva seus órgãos a acompanhar as tendências e melhorar o
atendimento aos cidadãos em geral.
A UFRJ é um desses órgãos que adotou o modelo para satisfazer as
necessidades internas e externas. A DGDI, portanto, acompanha o ritmo e
segue rumo à melhoria dos serviços prestados referentes à gestão da
informação.
![Page 27: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …da Divisão de Gestão Documental e da Informação (DGDI) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), bem como o que](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022012001/608b49a73065384d9f50dede/html5/thumbnails/27.jpg)
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2.3.1. Gespública
Criada em janeiro de 1999 por meio da medida provisória nº 1.795, a
Secretaria de Gestão (Seges) desenvolve projetos de simplificação de
processos para facilitar o acesso aos serviços públicos, por meio do estímulo a
adoção de novos parâmetros de desempenho e regras mais flexíveis na
Administração Pública Federal, além da incorporação de inovações
tecnológicas e gerenciais. A essência de seu trabalho é estudar, desenhar,
implementar e avaliar a ação do Estado para a prestação de bons serviços ao
cidadão.
Conforme descrito na página do Ministério do Planejamento de
Orçamento e Gestão, boa parte dos esforços da SEGES são direcionados à
adequação de estruturas e modelos institucionais no setor público, com a
finalidade de agilizar o processo decisório e a ação governamental,
aumentando a capacidade do governo para formular e implementar políticas
públicas de forma eficiente, transparente e participativa. Essa adequação vem
acompanhada do desenvolvimento de sistemas contínuos de monitoramento e
avaliação de políticas, programas, projetos e desempenho institucional.
O desafio de modernizar a gestão é uma tarefa complexa que não
deve ficar restrita à SEGES. É por isso que a Secretaria empreende esforços
de articulação com todos os níveis de governo, todos os poderes e toda a
sociedade.
Dentre as competências da SEGES, está a de coordenar as ações
do Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização - GESPÚBLICA,
instituído pelo Decreto no 5.378, de 23 de fevereiro de 2005, cujo programa
tem a finalidade de contribuir para a melhoria da qualidade dos serviços
públicos prestados aos cidadãos e para o aumento da competitividade do País.
Conforme o art. 2º do Decreto acima, o GESPÚBLICA deverá
contemplar a formulação e implementação de medidas integradas em agenda
![Page 28: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …da Divisão de Gestão Documental e da Informação (DGDI) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), bem como o que](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022012001/608b49a73065384d9f50dede/html5/thumbnails/28.jpg)
28
de transformações da gestão, necessárias à promoção dos resultados
preconizados no plano plurianual, à consolidação da administração pública
profissional voltada ao interesse do cidadão e à aplicação de instrumentos e
abordagens gerenciais, que objetivem:
I - eliminar o déficit institucional, visando ao integral atendimento das
competências constitucionais do Poder Executivo Federal;
II - promover a governança, aumentando a capacidade de
formulação, implementação e avaliação das políticas públicas;
III - promover a eficiência, por meio de melhor aproveitamento dos
recursos, relativamente aos resultados da ação pública;
IV - assegurar a eficácia e efetividade da ação governamental,
promovendo a adequação entre meios, ações, impactos e resultados; e
V - promover a gestão democrática, participativa, transparente e
ética.
Uma importante realização do programa foi a disseminação do
conhecimento de gestão dentre os órgãos da Administração Pública. Com isso,
fica a disposição dos órgãos o modelo de gestão proposto pelo governo que
tem causado grande repercussão no setor público.
A gestão estratégica na DGDI tem seu foco na inovação dos
processos, na utilização da tecnologia no trabalho, na satisfação dos usuários
internos e externos, em se antecipar às necessidades e criando formas de
saná-las.
A partir desse conceito, a DGDI com incentivos da própria
Universidade, tem investido em projetos que buscam a qualidade na gestão da
informação e a melhoria de processos. Com isso, grandes projetos têm sido
elaborados pela DGDI. Mas o maior projeto foi a restauração do Arquivo
Central da Universidade que foi transformado em uma unidade de consulta e
trabalho, cujos processos que nele se encontram, agora, são catalogados e
organizados, a fim de que o acesso a informações do acervo seja facilitado aos
cidadãos, inclusive a otimização do espaço físico.
![Page 29: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …da Divisão de Gestão Documental e da Informação (DGDI) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), bem como o que](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022012001/608b49a73065384d9f50dede/html5/thumbnails/29.jpg)
29
Há outros projetos de importância ímpar cujos serviços estão em
fase de elaboração ou conclusão.
Um deles é um projeto cujo objetivo é: organizar o acervo de direito
autoral; microfilmar os processos de direito autoral; elaborar nova metodologia
de registro (Sistema). Conforme definido na lei nº 5.988 de 14 de dezembro de
1973, a UFRJ é o local autorizado a efetuar o registro autoral de obras
musicais, precisamente na Biblioteca Nacional, na Escola de Música e na
Escola de Belas Artes da UFRJ. E para formalizar os registros e emitir
certificados dos registros aos autores foi desenvolvido um sistema capaz de
atender a essa demanda. Foi um projeto desenvolvido pela DGDI e Escola de
Música.
Outro projeto em fase de elaboração é o de organização e
arquivamento de Assentamentos Funcionais de servidores inativos e
pensionistas da Universidade, utilizando os profissionais especializados em
Arquivologia e Biblioteconomia da DGDI.
E partindo diretamente do Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão (MPOG), um projeto importantíssimo de implantação de Gestão
Eletrônica de Documentos em todos os órgãos públicos está para ser iniciado
em 2012: a conhecida GED. É de iniciativa do governo, mas implantado pelo
próprio órgão favorecido pelo sistema. É um projeto imenso que consiste em
transformar as pastas funcionais dos servidores em documentos eletrônicos de
forma que estejam disponíveis em uma rede na qual os próprios interessados e
o governo tenham acesso. Em outras palavras, a vida funcional do servidor
estará à disposição on line.
Sem dúvidas, a Tecnologia da Informação (TI) tem grande
participação nos projetos da DGDI, pois tem sido pilares na construção de
novas formas de atender à demanda interna e externa da UFRJ. Com ela, além
![Page 30: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …da Divisão de Gestão Documental e da Informação (DGDI) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), bem como o que](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022012001/608b49a73065384d9f50dede/html5/thumbnails/30.jpg)
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dos projetos acima, a DGDI conseguiu informatizar procedimentos que antes
eram feitos manualmente e centralizado em uma única pessoa.
A TI permite que grandes redes de pesquisa e negócios virtuais
integrem empresas aos seus clientes, empregados, fornecedores e
distribuidores. E foi essa a grande vantagem do SAP, desenvolvido para
acompanhar processos, só que nesse caso, o relacionamento foi entre a UFRJ
e seus usuários (ativos, inativos, pensionistas e demais cidadãos que tenham
interesse em consultar processos).
O SAP foi pensado para facilitar a rotina de todas as seções que
compõem a DGDI, bem as rotinas processuais de todas as Unidades, que hoje
é muito vasta. No relatório anual da DGDI, foi constatado que, em 2010:
a) houve uma demanda de aproximadamente 70.000 processos na
Universidade;
b) mais de 60.000 correspondências foram postadas;
c) mais de 90.000 acessos ao SAP;
d) mais de 8.000 publicações no Diário Oficial da União e no Bolteim
da UFRJ, cujas publicações no D.O.U, somaram R$ 627.829,10 em despesas;
e) quase 13.000 arquivamentos;
f) produção de quase 100.000 documentos digitalizados, acervo de
11.415.460 fotogramas e 206.910 documentos digitalizados.
Para cada tarefa dessas, o SAP é utilizado. São resultados
expressivos que fazem do SAP uma ferramenta fundamental para o bom
desempenho das seções que o utilizam.
2.3.2. Ferramentas de Gestão
Em um ambiente de tantas mudanças como o mundo atual, as
organizações precisam não apenas observar as tendências do mundo
corporativo, mas entender como essas tendências influenciarão nas atividades
organizacionais. Para neutralizar os efeitos que essas alterações no mercado,
as organizações aderem às ferramentas de gestão empresarial, que auxilia no
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diagnóstico do mercado, bem como das ações da empresa frente a esse
mercado no qual está inserida.
A seguir, veremos algumas ferramentas e métodos utilizados
superficialmente pela DGDI para gerenciar a qualidade de seus serviços e de
sua gestão.
Benchmarking
Algumas empresas utilizam a abordagem chamada Benchmarking
para o estabelecimento realístico de padrões de desempenho comparando
assim suas operações com as de outras empresas. O método é uma espécie
de pesquisa cujo objetivo é observar idéias e práticas de uma ou mais
organizações e copiá-las ou adaptá-las em seu negócio.
Benchmarking é a “prática de melhoria através da absorção de
conhecimentos, proporcionados por modelos de excelência, que devem ser
copiados e aperfeiçoados para serem empregados no processo”. (CRUZ, 2001,
p.114)
Na DGDI, a primeira vez que o Benchmarking foi adotado ocorreu
em 2006 quando surgiu a oportunidade de reestruturar a Seção de
Microfilmagem da DGDI e viabilizar a prestação dos serviços de microfilmagem
para o mercado para geração de receita. Essa oportunidade foi vista pela nova
Diretoria que verificou que a Divisão contava com recursos operacionais
disponíveis, porém ociosos, em sua Central de Microfilmagem, recursos estes
que eram equipamentos de excelente qualidade, mas não estavam sendo
aproveitados na guarda da memória da UFRJ, na racionalização da
documentação de todos os centros e unidades da universidade, por meio do
processo de microfilmagem.
Com essa análise, constatou-se que a DGDI possuía uma ótima
infra-estrutura para atender a demanda de serviços internos de gestão
![Page 32: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …da Divisão de Gestão Documental e da Informação (DGDI) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), bem como o que](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022012001/608b49a73065384d9f50dede/html5/thumbnails/32.jpg)
32
documental e da informação da instituição, evitando a contratação de serviços
de terceiros para esse fim.
O Benchmarking foi realizado por meio de visitas técnicas junto a
duas organizações, em dias alternados: Universidade do Estado do Rio de
Janeiro (UERJ), onde através do seu Centro de Produção (CEPUERJ), presta
serviços de microfilmagem havia trinta anos para várias instituições públicas e
privadas; e a empresa TECNOSERVICE, atuando há mais de vinte anos neste
ramo, consolidando-se também como uma referência nesse tipo de negócio.
Trilogia Juran®
Esse método foi desenvolvido para gerenciar a qualidade seja de
produtos, serviços ou processos de uma empresa. Consiste em três processos
sequenciais: planejamento, controle e melhoramento, porém focados na
qualidade. Portanto, os processos tornam-se: planejamento da qualidade,
planejamento da qualidade e melhoramento da qualidade.
1. Planejamento da qualidade: conforme JURAN (2004), essa fase
visa a satisfação das necessidades dos clientes desenvolvendo produtos e
processos exigidos como estabelecer metas de qualidade, identificar os
clientes que serão atingidos pelas metas, desenvolver processos que sejam
capazes de impactar os clientes positivamente, transferir as metas ou planos
para as forças operacionais, entre outras.
2. Controle da qualidade: visa manter um processo em estado
estável de forma que continue a cumprir as metas estabelecidas na fase
anterior. O controle pressupõe três passos:
- Avaliar o desempenho real do processo: verifica-se como está o
andamento do processo ou produto (foi iniciado ou está estacionado?);
- Comparar o desempenho real com as metas: essa parte é
executada durante a operação do processo para que se tome uma decisão
![Page 33: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …da Divisão de Gestão Documental e da Informação (DGDI) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), bem como o que](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022012001/608b49a73065384d9f50dede/html5/thumbnails/33.jpg)
33
“continua ou interrompe o processo”. Na comparação, se o processo está em
conformidade com as metas estabelecidas, a ordem é “continuar”. Mas se foi
percebida alguma mudança significativa daquilo que foi proposto, então deve
providenciar ações corretivas;
- Tomar providências a respeito da diferença: Faz-se um diagnóstico
da situação e providencia uma solução.
3. Melhoramento da qualidade: nessa fase, a intenção é elevar o
desempenho da qualidade. Pode ser através de políticas de qualidade, de
melhor infra-estrutura, de provimento de recursos, treinamento, políticas
motivacionais etc.
PDCA
Uma boa gestão a cada dia se torna o mais valioso requisito para
o alcance da eficácia organizacional, e a utilização de algumas ferramentas
fortalece essa condição. Uma delas é o Ciclo PDCA, um modelo de
implantação de melhoria contínua que busca o controle de um ou mais
processos através da abordagem de quatro vertentes: planejamento, execução,
controle e ação corretiva. Vejamos cada uma delas:
P – Plan (planejamento): é a fase mais demorada e delicada do
processo, pois direcionará as etapas posteriores. Nessa etapa, a tarefa é
levantar dados e definir como e onde se quer chegar. Um processo ou um
problema é escolhido e, para ele, estabelecem-se padrões ou metas a serem
alcançadas, gerando um plano de ação. Esse processo pode ser uma atividade
ou uma linha de montagem, se necessário.
D – Do (execução): após o planejamento das ações, é o momento
de pôr em prática o que foi desenhado na fase anterior. Para que esta fase seja
concluída com êxito, há uma série de atos essenciais como o ato de educar,
treinar e conscientizar a equipe executora, permitindo que percebam onde o
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destino da organização e gerando comprometimento com o que foi planejado
para executar.
C – Check (verificação/controle): o ato de controlar significa verificar
se o que está sendo realizado está em conformidade com aquilo que foi
planejado no início do ciclo. O resultado deve coincidir com o padrão
estabelecido. Esse resultado pode ser medido com avaliações internas (de
cunho financeiro ou político) e avaliações externas (de satisfação). O controle é
uma etapa de observação e por isso se torna muito importante, pois é nela que
as inconsistências podem ser vistas.
A – Action (ação corretiva): após a comparação, a organização tem
duas opções: a) tornar padrão o resultado alcançado, caso tenha obtido êxito;
b) agir corretivamente sobre as falhas do processo, refazendo o planejamento
acerca da causa do não atingimento da meta.
Pesquisa de satisfação e clima organizacional
Dentre as quatro ferramentas citadas, a mais aplicada é a pesquisa
de satisfação e de avaliação do clima organizacional da DGDI.
Anualmente, a direção da DGDI se empenha para realizar a
pesquisa. O intuito desse trabalho é avaliar o nível de satisfação dos
funcionários com o trabalho e com o ambiente, bem como avaliar a gestão
atual e dar feedback ao diretor quanto ao bem estar dos funcionários. Através
das perguntas da pesquisa, o gestor obtém as respostas para as seguintes
questões: O funcionário se sente bem no seu ambiente de trabalho? O que lhe
incomoda? O que lhe traz prazer na empresa? Há algo a ser mudado? Além
disso, o espaço é aberto para explanar suas sugestões, reclamações e elogios
no próprio formulário, que não precisa ser identificado.
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O formulário é formado por uma série de questões que abordam o
estilo de gestão utilizada, parceria com a equipe de trabalho, volume de
trabalho, satisfação com as suas tarefas diárias, entre outras. Conforme Luz
(2006) citado por Corrêa em seu artigo, a pesquisa visa também promover o
crescimento e desenvolvimento profissional dos colaboradores: além de se
preocupar com os resultados da organização, esta deve se preocupar também
com os resultados individuais. A ferramenta de pesquisa de clima
organizacional permite a identificação dos critérios e atributos que são
valorizados pelas pessoas que pertencem ao quadro de funcionários.
Mesmo com tantos recursos tecnológicos, as pessoas fazem a
diferença na organização e pessoas satisfeitas com seu trabalho são recursos
valiosíssimos. Em toda empresa, o empenho para buscar a satisfação dos
colaboradores deveria ser um fator tão importante quanto satisfazer clientes
externos.
Após a realização da pesquisa e a consolidação das respostas,
agenda-se uma reunião com todos os funcionários da DGDI para divulgar o
resultado obtido com a avaliação, abrindo espaço ao final para considerações,
se assim alguém desejar.
É uma prática bem simples e que gera um feedback rápido, pois de
um modo geral é possível enxergar a visão do todo em relação a uma gama de
assuntos de cunho gerenciais.
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CAPÍTULO III – GESTÃO DA MUDANÇA
Grandes transformações nas economias globais, na política e nas
questões sociais vêm ocorrendo no cenário mundial, e o setor público não está
sendo poupado: novos tempos exigem novos modelos de gestão, assim como
novas fórmulas de condução dos interesses da organização e de seus
funcionários nas organizações públicas. A tendência é que a dinâmica das
organizações, que antes tinha como base o modelo de gestão centrado apenas
a aplicação de regras, mude radicalmente para a valoração e a compreensão
da complexidade humana.
Mudanças que implicam no estilo de trabalho dos servidores geram
certa estranheza, pois mudanças desse tipo ainda não são bem vistas por
alguns. Sabe-se isso pode ofuscá-los, provocando uma gama de sensações:
ansiedade, medo, pavor, além dos pensamentos que rodeiam o cérebro
humano. Porém um processo de mudança pode ser traumático para uns, mas
pode ser revelador para outros, e para que as mudanças não se tornem um
inimigo organizacional, é necessário que o processo seja pensado e repensado
de forma que integre as pessoas ao que será proposto pela mudança.
Num processo de mudança deve ser considerado o desenvolvimento
humano e o da organização.
Segundo Moggi (1994), há algumas pontes que explica a ligação
entre o ser humano e as organizações em um ambiente de mudanças, que
são: a ponte da identificação, da motivação, da dedicação e da segurança.
Conforme o autor, a ponte da identificação está ligada ao fato de as
pessoas se identificarem com a organização e encontrar afinidades com os
valores e com a cultura da organização, o que proporciona ao indivíduo uma
auto-realização no trabalho; a ponte da motivação é um gerador de grandes
![Page 37: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …da Divisão de Gestão Documental e da Informação (DGDI) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), bem como o que](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022012001/608b49a73065384d9f50dede/html5/thumbnails/37.jpg)
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feitos, pois causa bem-estar ao indivíduo no seu ambiente de trabalho, há a
liberdade de expressar o que sente. Já a dedicação ocorre quando o fazer e o
agir são decorrentes da identificação e da motivação. Em outras palavras, as
pessoas passam a desempenhar suas atividades com satisfação e
naturalidade. A última, a ponte da segurança refere-se ao interesse material
que advenha da sua dedicação ao trabalho, ou seja, é a recompensa por seu
desempenho.
Nas organizações em geral, a inteligência e a habilidade do
indivíduo passaram a ser o enfoque principal e sua qualificação profissional
não pode ser momentânea, necessita ser aprimorada de forma contínua, como
uma planta que precisa de água para sobreviver. Será que nas organizações
públicas tem funcionado essa teoria?
A burocracia moderna prima pelo atendimento dos requisitos
racionais e legais e pela formalidade submetida a um conjunto de leis estáveis
com ações de elevado grau de previsibilidade. Tal situação se depara com um
sistema engessado, mas que pode ser revertido a longo prazo, se priorizar os
agentes de mudanças em seu planejamento: as pessoas, pois serão elas que
sentirão os rumores das alterações do ambiente e deverão se equilibrar nas
adversidades do dia-a-dia, além disso, são elas que dão vida e podem tornar
dinâmico o ambiente.
A principal dificuldade é a resistência que encontramos no processo
de mudança no setor público: abandonar um padrão arcaico, para um modelo
que valoriza o “saber fazer”, o “ter competência”, o “querer realizar” no tempo
certo é uma questão muito delicada. Para entender a mudança, suas causas e
suas conseqüências, encostamos em três temas: na aprendizagem, na cultura
organizacional que está impregnada na veia pública e na cultura individual das
pessoas.
3.1. Cultura individual e organizacional
![Page 38: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …da Divisão de Gestão Documental e da Informação (DGDI) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), bem como o que](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022012001/608b49a73065384d9f50dede/html5/thumbnails/38.jpg)
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Segundo Morgan (1996), cultura se refere a padrão de
desenvolvimento do conhecimento, ideologias, valores, leis e rituais cotidianos
de um individuo ou grupo de indivíduos. Ainda afirma que o termo cultura
atualmente é usado “para significar que diferentes grupos de pessoas têm
diferentes estilos de vida” (p.116).
Tomemos o trabalho japonês como exemplo cultural. Nas
comunidades de plantio de arroz, o trabalho é cooperativo, ou seja, é marcado
pela interdependência dos trabalhadores e pela ajuda mútua. Esse tipo de
trabalho requer que cada trabalhador use o máximo suas habilidades, talvez
devido ao fato da precariedade do cultivo na região, pois o país enfrenta a
escassez de terra e estação muito curta para o plantio. Criou-se uma cultura
familiar e de colaboração e foi essa cultura se expandiu para as fábricas, que
acompanhou o Japão quando se ergueu e hoje o país é uma potência.
Diante disso, vemos que a cultura se desenvolve durante o curso da
vida, não é algo imposto e influencia as organizações. Nem uma empresa, há
diferentes grupos de trabalho que têm diferentes visões de mundo, pensam e
agem diferentemente uns dos outros, têm formações acadêmicas distintas
porque é a cultura de cada um, e essas variáveis podem implicar nas suas
relações e na diversidade de opiniões na unidade de trabalho. Com isso, ao
invés da cultura organizacional ser sólida e homogênea, abre-se espaço para
subculturas, conforme Morgan acredita (op cit).
A teoria de Morgan acerca da cultura é comprovada quando
olhamos para dentro de organizações públicas em que há grupo de pessoas
que ainda não enxergaram o mundo como um mundo dinâmico. E esse grupo
pode ser um dos responsáveis pela cultura adormecida que existe.
Não é novidade que a imagem do setor público é manchada pela
sua estrutura arcaica e engessada, uma vez que por anos e anos predomina
uma cultura do “deixa pra fazer depois” ou “se der pra fazer hoje, eu faço, mas
se não der, fica para quando puder”. Isso se deve em parte ao ambiente
![Page 39: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …da Divisão de Gestão Documental e da Informação (DGDI) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), bem como o que](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022012001/608b49a73065384d9f50dede/html5/thumbnails/39.jpg)
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estático que sempre rodeou o setor público, não havia necessidade de
informação com tanta rapidez como nos dias atuais, e essa cultura vinha sendo
repassada para as várias gerações de funcionários do setor. Os novos que
entravam, por sua vez, muitas vezes internalizavam esses códigos que lhes
eram transmitidos e, inocentemente, aquilo que era indicado era tomado como
normal, fortalecendo esse hábito inadequado.
Isso ainda não ficou no passado, mas tende a se enquadrar aos
moldes de uma organização moderna.
A cultura individual é um fator considerável para o crescimento do
indivíduo e da organização. Com o mundo em freqüentes transformações,
inclusive na educação, ainda há pessoas que não vêem que os valores de hoje
mudaram, que seu crescimento profissional não está mais ligado ao tempo de
trabalho e sim na qualificação que possui para desempenhar suas atividades.
Esse tipo de impasse ainda rodeia as organizações: culturas enraizadas. As
organizações precisam de pessoas que façam, que pensem, que estejam
motivadas e satisfeitas com trabalho, que decidam, se necessário; não de
pessoas que só ocupam um lugar na sala.
A mudança é necessária, mas pode ser traumática e, quando
falamos em mudança cultural, a situação se intensifica. Nesse caso, a
mudança não pode, nem dá pra ser radical e célere. Mas a injeção de novos
paradigmas é válida, como mudança nos hábitos da liderança, por exemplo. É
papel do líder incentivar a mudança e mostrar que ela se faz necessária.
Esclarecer a mudança para seus subordinados é uma boa base para
neutralizar resistências e amenizar os efeitos contrários de uma mudança,
exemplo: retração, ofuscamento, rebeliões.
A cultura no setor público pode demorar a acompanhar o ritmo
acelerado do mundo corporativo privado, mas a adaptação vai acontecer,
principalmente, com a admissão de novos servidores através dos processos
![Page 40: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …da Divisão de Gestão Documental e da Informação (DGDI) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), bem como o que](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022012001/608b49a73065384d9f50dede/html5/thumbnails/40.jpg)
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seletivos que estão fomentados. Mas pode se tornar em vão se o ambiente
organizacional não for trabalhado para receber esses novos servidores.
Com uma visão otimista da realidade, a tendência no serviço público
é intensificar as ações de gestão e qualidade nos seus órgãos a fim de que a
cultura atual seja ofuscada. Resistência sempre haverá, mas a confiança
depositada pelos funcionários na gestão pode fazer grande diferença.
3.2. Aprendizagem
Segundo o Dicionário Aurélio, na linguagem da Psicologia, a
aprendizagem é o “método que consiste em estabelecer conexões entre certos
estímulos e determinadas respostas, cujo resultado é aumentar a adaptação do
ser vivo ao seu ambiente”.
Aprendizagem também pode ser definida como uma mudança
comportamental vivenciada por um indivíduo que gera transformação em seu
conhecimento. É um tema muito visado no ambiente organizacional, devido às
oscilações do mundo atual. Cada vez mais, o pensamento criativo tem sido
valorizado em virtude das ondas gigantescas de informações que surgem
diariamente tornando mais difíceis as decisões do cotidiano.
Um processo de aprendizagem pode ser moroso, devido à
adaptação às novas regras e novos costumes, mais é valiosíssimo e dá
flexibilidade à organização. A mudança rompe com os padrões estabelecidos e
se adaptar não uma tarefa fácil. No entanto, mesmo lento é válido o processo.
O indivíduo como agente de mudança é capaz de observar e
aprender a partir das realizações de outros. Ele faz um processo de
comparação entre suas aspirações e as realizações de seu próximo, da mesma
forma que uma empresa se comporta em uma concorrência: a empresa X
oferece esse tipo de produto, então a minha empresa também tem que
![Page 41: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …da Divisão de Gestão Documental e da Informação (DGDI) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), bem como o que](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022012001/608b49a73065384d9f50dede/html5/thumbnails/41.jpg)
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oferecer. O crescimento, tanto do indivíduo quanto da empresa, depende do
nível de suas aspirações e do desejo de aprender.
Em ambientes estáveis, a aprendizagem pode ser mais lenta, esse é
um dilema do setor público, em detrimento de ambientes instáveis onde a
necessidade de informação, criação e produção de resultados é mais intensa.
Por outro lado, com instabilidade ou não, as organizações precisam de
pessoas qualificadas e dispostas a adquirir aprendizados.
O aprendizado organizacional só ocorre quando há aprendizado
individual, pois a maior parte do aprendizado de uma organização advém do
conhecimento de seus membros. Com isso, o processo de aprendizagem
organizacional torna-se um palco em que a organização e o indivíduo são os
atores. O primeiro fomenta o aprendizado, proporcionando um ambiente capaz
de contribuir para o desenvolvimento de seus colaboradores e o segundo
absorve o que lhe está sendo oferecido.
Com incentivos da UFRJ, que ministra diversos cursos aos seus
funcionários, a DGDI também tem projetos a serem executados a partir dos
próximos meses, que visa contribuir com aprendizado organizacional,
lecionando curso de treinamento para toda a Universidade.
Na ementa do curso, além do treinamento das atividades, haverá um
módulo específico para o desenvolvimento de competências individuais, como
a inteligência emocional. É uma iniciativa recente, mas que pode ser
consolidada nos próximos anos trazendo à Universidade uma cultura de
geração de conhecimento aos seus funcionários. Pois a forma como os
funcionários interagem, sua linguagem, sua rotina diária no trabalho definem a
cultura de uma organização e isso influencia no aprendizado e na forma de
entender as mudanças que os rodeiam.
Além disso, os incentivos para o acesso à educação que estamos
acompanhando podem ser um fator crítico de sucesso para toda e qualquer
![Page 42: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …da Divisão de Gestão Documental e da Informação (DGDI) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), bem como o que](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022012001/608b49a73065384d9f50dede/html5/thumbnails/42.jpg)
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organização, seja pública ou privada, no sentido de renovar o conhecimento
individual e organizacional.
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CONCLUSÃO
As pesquisas para esse trabalho monográfico foram suficientes para
refletir sobre a forma como o serviço público, ou parte dele, está se conduzindo
para o futuro. Não cabe dizer que houve evoluções acerca de questões
estratégicas, mas com toda certeza, digo que existem esforços voltados para o
alcance desses objetivos. O estudo foi focado na DGDI que é apenas um setor
dentro de uma enorme Universidade, mas que tem dado grandes passos para
fornecer à sociedade e à comunidade UFRJ serviços de qualidade, presteza e
segurança nas informações.
Existem muitas pedras no caminho para a excelência, como a
questão cultural e motivacional do funcionário. No caso da Administração
pública, mudanças em algumas áreas já foram colocadas em prática, como o
Plano de Carreira dos servidores públicos. Com a vigência do Plano, os
funcionários públicos perceberam a necessidade da capacitação, pois esta vem
acompanhada de um percentual de remuneração sobre o salário, que serve de
motivação para o seu aperfeiçoamento profissional, mas a mudança no sistema
não resolveu o problema do funcionário acomodado e que não deseja mais se
qualificar. Nesse caso, o que a organização tem a fazer é incentivar.
Não se pode deixar de dizer que há pessoas muito competentes e
com visão de futuro em cargos adequados a sua qualificação, mas também há
incongruências nesse sentido em outros lugares. Em certos setores do serviço
público um dos problemas de gestão está na liderança, que não tem
habilidades para gerenciar pessoas e demais recursos não-humanos.
Em suma, o trabalho proporcionou uma visão do estilo gestão
utilizado pela DGDI e serviu para evidenciar que a gestão estratégica na
Divisão é aplicada de forma superficial, porém de maneira estruturada. O
gestor mostra que tem capacidade de entender a importância dos
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planejamentos e de uma gestão pautadas em processos lógicos com técnicas
e não de forma intuitiva.
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