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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A RELAÇÃO INTERPESSOAL PROFESSOR ALUNO SOB A PERSPECTIVA DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL E PEDAGÓGICA Por: Maria Nazareth Ribeiro Teixeira Orientador Prof. Geni Lima Rio de Janeiro 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A RELAÇÃO INTERPESSOAL PROFESSOR ALUNO SOB A

PERSPECTIVA DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL E

PEDAGÓGICA

Por: Maria Nazareth Ribeiro Teixeira

Orientador

Prof. Geni Lima

Rio de Janeiro

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A RELAÇÃO INTERPESSOAL PROFESSOR ALUNO SOB A

PERSPECTIVA DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

PEDAGÓGICA

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em orientação educacional e

pedagógica.

Por: Maria Nazareth Ribeiro Teixeira.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais (in memorem), avô

materno (in memorem) por terem feito

a diferença na minha vida.

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DEDICATÓRIA

Aos meus irmãos, amigos e professores

que indiretamente contribuíram para a

consecução desse objetivo.

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RESUMO

O presente trabalho é uma análise da dinâmica do relacionamento

interpessoal professor aluno numa abordagem que abrande desde os

primórdios do que seria os primeiros protótipos dessa relação com início nas

civilizações clássicas ocidental e oriental,como Grécia e Egito,tendo as figuras

do pedagogo e do escriba como orientadores das novas gerações que

surgia;diferentemente das relações ocorridas a partir da Idade Média ,cujos

estudos eram basicamente de formação religiosa caracterizando-se por possuir

muita rigidez e austeridade nas relações entre os mestres e seus alunos

mantendo-se mesmo na Idade Moderna,embora algumas modificações

tenham ocorrido nas situações de aprendizagem,cujos jesuítas foram os seus

mais significativos representantes através da projeto educacional de

evangelização dos povos conquistados nas Américas.

A partir das revoluções burguesas,especificamente a Francesa,e dos

novos paradigmas do iluminismo,novas relações são construídas tendo por

base uma educação mais humanística,o que não ocorreu durante o período

napoleônico que estabelece diferenças bem nítidas de direitos entre os

burgueses e a classe operária tendo seus reflexos no processo e nas relações

de ensino aprendizagem.

Nas relações hodiernas em sala de aula têm-se apresentado diferentes

conflitos, desde a questão da indisciplina até mesmo a agressão física e/ou

verbal,situações comuns em várias escolas Brasileiras,refletindo a

necessidade da construção de novos paradigmas na sociedade mais ampla.

Sendo um dos principais fatores para uma aprendizagem eficaz ,a

positiva relação permeia todo o processo de construção do conhecimento

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pelos discentes e aperfeiçoamento da prática educativa do professor,não

somente através do uso de uma melhor metodologia,mas sobre tudo com o

desenvolvimento de habilidades de interação e aproximação de ambos os

componentes do processo educacional,num relacionamento de forma o mais

humana possível,na qual a constituição da confiança,as bases para o

crescimento e aprendizagem do diálogo e participação mais democrática

constituem-se aspectos relevantes do processo.

Exemplos nesse sentido são inúmeros,profissionais em educação que

optaram por fazer o diferente,investindo em estratégias e ações que mudaram

a realidade para muito estando mais atentos as necessidades e dificuldades

dos alunos,possibilitando a expressão e valorização das habilidades

interpessoais, necessárias a construção de um ambiente institucional positivo

nas salas de aula.

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METODOLOGIA

Para a execução dessa monografia foram utilizadas pesquisas

bibliográficas,análises de dois filmes,consultas á sites e algumas observações

diárias de fenômenos ocorridos em sala de aula e no ambiente escolar

referentes ao interrelacionamento professor aluno.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO------------------------------------------------------------------09 CAPITULO I – Breve histórico da relação professor aluno---------13 CAPITULO II- Relações interpessoais professor aluno--------------23 CAPITULO III- Iniciativas que deram certo-------------------------------31 CONCLUSÃO--------------------------------------------------------------------39 ANEXOS--------------------------------------------------------------------------41 BIBLIOGRAFIA ------------------------------------------------------------------52 WEBGRAFIA----------------------------------------------------------------------54 ÍNDICE-----------------------------------------------------------------------------55

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INTRODUÇÃO

Dentre os grandes desafios da educação atual encontram-se as

relações interpessoais professor aluno, fator expressivo no processo de ensino

aprendizagem; no entanto esse relacionamento está passando por

significativas e sensíveis mudanças, no que se refere a perda de valores

positivos dos docentes em relação aos alunos, destacando-se também pelos

altos índices de agressividade física e verbal sofrida pelos professores

praticada pelos discentes.

Ao longo do tempo a construção dessa relação é construída através de

etapas bem distintas e significativas, respondendo sempre as demandas

sociais relativas á cada época, como se verifica desde a fundamentação do

que seria o início dessas relações professor alunos no Egito antigo e Grécia se

desenvolvendo para uma educação um pouco mais sistemática na Idade

Média,voltada exclusivamente para a formação religiosa, cujas relações

caracterizam-se pela extrema rigidez e austeridade,atravessando a Idade

Moderna com o modelo jesuítico de relacionamentos e alcançando a Idade

Contemporânea com os paradigmas fundamentados na industrialização e

crescimento do capitalismo,a partir das Revoluções burguesas que

fundamentaram as novas relações educacionais.

Das palmatórias ao incentivo á participação mais democrática, o qual é

um fator teoricamente objetivado hoje em dia pelos pesquisadores em

educação para o envolvimento no processo ensino aprendizagem, faz-se

mister a identificação da perda do que de positivo foi se olvidando na relação

professor alunos,para que seja descoberto o verdadeiro e contributivo para a

excelência dessa relação, a qual deve ser a mais agradável possível.

Na estruturação dessas relações que historicamente atravessaram

períodos de intolerância, imposições e autoritarismos, em nada salutares para

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a aprendizagem de crianças e adolescentes; também urgente encontrar as

deficiências que nos têm impedido o avanço de acordo com os novos

parâmetros democráticos das relações humanas, repensando o papel do

educador, afastando o protótipo de professores e alunos ideais,

desmistificando comportamentos e atitudes, indo ao encontro, na verdade,de

discentes e docentes reais.

As questões sociais perpassam os grupos familiares e também as

escolas, e representam um dos fatores desencadeadores dos inúmeros

conflitos que ocorrem em sala de aula, transformando-as não raras vezes em

palcos constantes de discórdias e incompreensões mútuas,onde observamos

os resultados catastróficos na construção do respeito e democracia dentro das

escolas,bem como no processo de ensino aprendizagem,que configura-se

como o reflexo do desprazer de estudar ou aprender determinado assunto em

razão da associação que é feita pelo,aluno em relação ao professor e ao ato

de aprender/estudar.

A necessidade do estabelecimento de inter-relacionamentos positivos

na escola e principalmente em sala de aula, entre professores e alunos,torna-

se ,nos tempos atuais,um dos principais fatores para uma eficaz

aprendizagem, e que permeando todo o processo de construção do

conhecimento pelos discentes e o aperfeiçoamento da prática educativa pelo

professor não somente através do uso de uma melhor metodologia,mas

sobretudo com o desenvolvimento de habilidades de interação e aproximação

e maior afetividade entre os sujeitos do processo, a partir da efetivação de um

relacionamento mais humano, no qual a construção da confiança, a base para

o crescimento e consolidação da aprendizagem do diálogo e participação mais

democrática são aspectos imprescindíveis.

É perceptível que a indisciplina tem se tornado um dos principais

dilemas vivenciado por grande maioria dos professores e sendo também objeto

de estudo de várias pesquisas, artigos e teses, no entanto a prática em sala de

aula também nos tem demonstrado a fragilidade da escola como um todo em

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lidar com as novas demandas que surgem em cada geração, não apenas no

aspecto comportamental, mas cultural,intelectual e ético; comportamentos

esses que fogem ás respostas que a escola tem enquanto uma instituição que

é influenciada pelas transformações e dinâmica social e que por isso também

necessita procurar respostas e soluções para os conflitos e embates próprios

a cada momento histórico.

A partir da necessidade de respostas urgentes aos desafios atuais a

atuação e importância de toda equipe pedagógica, especificamente o

orientador educacional e pedagógico,está na proporção de soluções dadas aos

desafios sociais inerentes ás diferentes realidades em que atuam,contribuindo

para a criação de ambientes escolares favoráveis a participação, ao respeito

ás diferenças e ao compromisso e responsabilidades de todos e cada

um,possibilitando a existência de ambientes mais participativos e

democráticos,onde a interação entre todos da comunidade escolar tem sido

uma realidade constante e concreta, uma vez que para construção do

cotidiano aspectos como o autoritarismo e sistemas de avaliações anacrônicos

foram substituídos por valores mais edificantes contributivos no

engendramento do cotidiano das salas de aula.

A realidade de muitas escolas atuais tem demonstrado a eficácia

dessas relações tecidas na atualidade em sala de aula através das mudanças

de valores e atitudes na produção dos conhecimentos, embora essa não seja

ainda uma realidade em todas as escolas do Brasil, todavia é lugar comum a

necessidade de se criar novos paradigmas de interações em sala de aula

objetivando a afetividade e relacionamentos mais saudáveis entre professores

e alunos pautados no respeito, colaboração e confiança, fatores essenciais

para a constituição de uma sociedade mais equilibrada.

Existem muitos exemplos de projetos construídos com a participação

dos alunos, da equipe gestora e pedagógica, em que a interação,

responsabilidade e respeito formam a base de todo o trabalho, onde há o

crescimento mútuo de todos os envolvidos nas atividades, incentivados a

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buscar e ao mesmo tempo serem os sujeitos de suas construções, num

conjunto de fatores que alia conhecimentos específicos do professor e

orientador pedagógico, pesquisa e criatividade dos alunos além de

flexibilidade, disciplina, organização e respeito ás regras acordadas por todos,

o que tornou emblemático e renovador cada projeto analisado.

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CAPÍTULO I

BREVE HISTÓRICO DA RELAÇÃO PROFESSOR ALUNO

...Conhecer e entender o outro está na base de saudáveis relações humanas.

A partir dos estudos e pesquisas realizadas por Paulo Freire no

aspecto da prática docente formulamos nossas análises e questionamentos

sobre a dinâmica dos inter-relacionamentos professor aluno, concebendo-se

que a transmissão de conhecimentos e de cultura ao longo dos séculos para

as novas gerações no princípio da civilização humana objetivava a

manutenção da existência do próprio grupo, aprender era sobreviver e através

da observação e experimentação que ocorria a aprendizagem; aprendia-se

com as dificuldades proporcionadas pelo meio hostil de sobrevivência, o que

possibilitou o desenvolvimento de habilidades importantes para os desafios

próprios aquela época.

A partir do desenvolvimento e aperfeiçoamento das técnicas humanas

já conhecidas e descobertas de novas tecnologias, o que resultou na

construção dos conhecimentos das antigas civilizações européias ocidentais,

modificam-se também as formas de transmissão de cultura para as novas

gerações.

1.1 – O começo nas Idades Média e Antiga.

Na Grécia antiga a figura do pedagogo vai se estruturando como o

zelador da criança, a princípio apenas a acompanha para as palestras ou

ginásios(lugares com aprendizagens formais), com o passar do tempo torna-se

o instrutor:essa relaçõa de aprendizagem envolvia certamente uma

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subalternidade e cuidado que o pedagogo exercia em relação ao seu

protegido.

Com o desenvolvimento da filosofia grega muitas foram as escolas

sofistas e por isso a existência de muitos mestres acompanhados de discípulos

ávidos por chegar ao nível de conhecimento de seus mestres.

Em Esparta esse relacionamento da criança e do adolescente com

seus instrutores é significativo, uma vez que a formação de bons guerreiros foi

a base educacional,logo desde cedo aos sete anos de idade a criança já

passava a conviver com seus instrutores longe de seus pais, mantendo

relações de amizade e afeto.

Em ambos os exemplos faz-se necessário destacar a relação que

estava além de apenas transmissão de conhecimentos na formação dos

cidadãos atenienses e dos guerreiros espartanos; a aprendizagem ocorre

também quando existe uma base de confiança, é certo que outros fatores

estão envolvidos, como a herança genética, a influência do meio e mais

aspectos significativos para que ela se tornasse possível.

No século VI o estudo era voltado para a formação de padres: até

então a educação não era dirigida para as classes menos favorecidas; na

própria Idade Média os camponeses eram iletrados assim como os senhores

feudais em sua grande maioria e qualquer tipo de educação que houvesse

possuía como objetivo a formação de cristãos. E o relacionamento professor

aluno(geralmente padres)era, no mais das vezes austero e rígido, pois assim

era o entendimento sobre o comportamento social e a educação das mulheres

era fator raro nesses ambientes,como nos afirma Martins fontes(1998):”Os

conhecimentos literários são tão raros entre as pessoas do seu sexo que ela

exercia uma atração irresistível,e sua fama já corria pelo reino”(p.39); ao

abordar as correspondências do nomeado Aberlado e Heloísa no século VII.

1.2 – Os jesuítas e os parâmetros da educação moderna.

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Na Idade Moderna os jesuítas reformularam as bases da educação

formal,embora mantivessem em seu modelo educacional a rigidez e

austeridade da educação ocidental,fazendo uso da disciplina e técnicas de

castigo aceitas na época:com esse mesmo rigor a Companhia de Jesus

tentaram implantar aqui no Brasil colônia seus métodos,controvérsias á parte,

o certo é que por um momento abriram mão de seus métodos a fim de

obterem resultados satisfatórios,ou seja, modificaram as relações interpessoais

com os nativos tentando outras estratégias de trocas de saberes,como nos

demonstra a historiadora da UFB Antonieta d’Aquiar Nunes:

Essa foi uma das causas do despovoamento das primeiras

aldeias administradas; os índios voltavam ás suas tribos,onde

aprendiam sem qualquer tipo de repressão(...)os jesuítas

precisavam modificar as práticas educativas(...)deixaram de

utilizar castigos físicos e investiram na motivação dos alunos

por meio da música,teatro,das representações de passagens

bíblicas e da vida dos santos”(ANTONIETA D’AGUIAR

NUNES,2010, p.79).

A preocupação com a metodologia está presente desde a Antiguidade

com Sócrates,embora não tenha sido algo sistematicamente registrado;todavia

foram os jesuítas que nos legaram documentos organizados, os quais estão

registradas suas preocupações com a metodologia em seu intenso trabalho de

contra reforma.

É possível supor-se que embora haja o espaço para as disputas e

discussões através desse método, a relação interação professor aluno era algo

que não ultrapassava as fronteiras das formalidades, respeitando-se as

excepcionalidades.

Importante considerar o fato de ainda não haver nos períodos acima

citados uma divisão seriada do saber, as classes como existem hoje em

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grande parte dos países do mundo; portanto relacionamentos estabelecidos

entre professores e alunos não estavam sujeitos a um padrão,previsto e

regulamentado pelas diferentes legislações tendo em vista que até o final da

idade Média pessoas de todas as idades estudavam juntas.

1.3 – A construção das relações conflituosas da educação

contemporânea.

Com as revoluções burguesas, especificamente a Francesa,altera-se o

papel da escola,agora centrada no pensamento de valorização do homem que

possui direitos,segundo a nova ordem iluminista,alterando-se também os

relacionamentos e interações ocorridas em sala de aula, principalmente á

educação para os mais pobres,os excluídos do Antigo Regime,uma escola

fundamentada em relações mais humanitárias,obviamente que isso ocorre

durante o período que os revolucionários assumem o poder, porém quando

Napoleão assume o poder a educação e as relações de aprendizagem tornam

a se diferenciar quanto as classes sociais.

Esses fatos nos levam a pensar numa questão que consideramos

crucial para o entendimento de todo esse processo: a constituição de ser

professor na construção da história da humanidade, a importância e amplitude

que entendemos desse fenômeno. Na forma como o concebemos hoje é um

produto das sociedades modernas, que possui suas raízes no início do

processo de criação dos Estados Modernos, que tomam a si as

responsabilidades de controle social; como no Egito e outros países orientais

na Antiguidade,onde os escribas assumem de acordo com interesses políticos

da época a função de professores,cujo o trabalho é ensinar a aristocracia,no

entanto não o fazem sem violência e punição,aspectos que permanecem em

algumas sociedades até a primeira metade do século XX aproximadamente.

Nesse período os costumes garantiam um maior controle de turma,

algo muito enfatizado até então pelos educadores que não raras vezes usavam

de castigos corporais e da crença da incontestabilidade dos seus

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conhecimentos;os alunos percebiam o professor como um ser que lhe era por

demais superior,não existia por parte de muitos teóricos a preocupação com a

interação no espaço da salas de aula.

1.4 – As mudanças nas relações da educação contemporânea.

Novas pesquisas surgem abrindo um leque sobre os processos

desencadeadores da aprendizagem de forma mais prazerosa através da

intermediação do professor, que passa então a agir de uma maneira mais

democrática com os alunos criando situações de cumplicidade e respeito, já

que ensinar recebe outra conotação significando respeito ás diferenças

individuais, solidariedade e fundamentalmente troca de experiências.

Nessa perspectiva a contemporaneidade a partir do desenvolvimento

do capitalismo cria novas de saberes e sociedades consolidando ainda mais a

necessidade do conhecimento formal, tendo m vista a busca do mesmo para a

aceleração do processo produtivo, portanto a escola e o professor assumem

importância significativa no engendramento dessa nova situação e assim

novos comportamentos sociais são aceitos ou punidos em sala de aula,onde

os castigos corporais e as longas cópias cedem lugar agora ao diálogo e ao

cantinho para pensar tendo como base os novos códigos e leis criados,a partir

da nova visão a respeito do processo de ensino aprendizagem.

Estrutura-se um novo tipo de escola, com a idealização de professores

e alunos, que sofreu alterações com o tempo, principalmente nos anos 70

através das contribuições do filósofo e psicólogo Jean Piaget (1896-1980),

quando seus estudos nos fornecem novos meios de compreensão de ensino

e aprendizagem bem como a função do papel do educador, o qual pela linha

tradicionalista era considerado como difusor do conhecimento, e pela nova

perspectiva piagetiana a criança deixa de ser um ser passivo e o professor é

então o intermediário entre o conhecimento e o educando, não tendo a posse

do sabe irrefutável.

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Na verdade esse fato constitui uma mudança atitudes,pensamentos e

concepções filosóficas que para muitos significará um estado de insegurança,

pois demonstra a necessidade de estudar,aprender,uma que agora o professor

não é mais considerado como o incontestável,aquele que que estava sempre

certo, o único portador da verdade.

Momento salutar para que se possam constituir situações de ensino

aprendizagem formais sem as figuras do medo, da insegurança ou de

ameaças em relação às notas, diretamente ligadas a aprovações ou

reprovações, que por muito tempo configurou-se nas salas de aulas,talvez

mesmo necessárias para um determinado tipo de momento cultural mas que

hoje não se fazem cabíveis, impedindo mesmo uma relação de confiança entre

ambos os sujeitos da educação.

1.5 – Uma percepção sobre as novas relações de educação.

Tendo como base os estudos de Piaget a pedagoga argentina Emilia

Ferrero aborda a questão do ambiente do ambiente emocional propício á

aprendizagem ligado ás coisas significativas para as crianças;partindo desse

pressuposto cabe aqui uma ilustração do jornalista Ziraldo a respeito da

interatividade,amizade,aprendizagem e afetividade que envolviam as aulas de

uma das suas professoras do antigo curso primário, em Minas Gerais,cujas

base de aprendizagem dos alunos estavam calçadas na relação de

confiança,cumplicidade e admiração,em fim na construção de um ambiente de

segurança fortalecimento dos sentimentos e melhores valores dos alunos:

Não que ela soubesse de tudo. Sonhava em viajar pelo mundo.

Era crack em História e Geografia e sonhava em viajar pelo

mundo... e havia muitas razões para estarmos entendendo de

amor e de paixão a professora estava lendo para nós cada dia

um capítulo da Venturas de Sofia,da Condessa de

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Segum,seu livros preferido da Coleção Rosa .(ZIRALDO, 1995,

p.52).

O alto índice de desenvolvimento tecnológico nunca visto antes na

História da humanidade também criou novas formas de aprendizagens e de

relacionamentos educacionais, onde o contato á vezes se torna menos

intenso, como no caso da educação á distância, embora haja a figura do tutor,

do facilitador; em hipótese alguma estamos afirmando o fim da profissão de

professor, apenas constatando mais uma faceta de um dos agentes do

processo educacional: o professor virtual, algo que ocorre de maneira não tão

intensa como nas aulas presenciais.

1.6 – Principais dificuldades e conflitos nas novas relações em sala e

aula.

Essa nova configuração do papel do professor possibilita novos

caminhos de uma maior autonomia para os estudantes, que além do mais

podem ter uma quantidade maior de acessos ás informações, o que antes era

para poucos privilegiados,portanto os relacionamentos que têm ocorrido em

sala de aula refletem os problemas e dificuldades existentes nas sociedades

contemporâneas como um todo:a falta de diálogo, barreiras nas interações

sociais, e dificuldades de relacionamentos,stress,etc,revelando que

desaprendemos muitas coisas,pois vivemos isolados em nossas ilhas

virtuais,principalmente os jovens e crianças que passam horas no uso dessas

novas tecnologias, as quais estão bem integradas em seu mundo.

A contradição se percebe, bem como as dificuldades e os conflitos que

surgem no ambiente das salas de aula encontram-se na inadequação do uso

das tecnologias no ambiente escolar trazida por alunos;apenas a observação

através de uma simples conversa com alguns professores é possível ouvir

reclamações sobre o uso da mídia eletrônica pelos estudantes como

celulares,tabletes e outro,não se trata do uso indiscriminado domo uma torre

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de Babel, mas a utilização do presente próximo dos alunos numa tentativa de

evitarmos conflitos desnecessários e aproveitarmos as oportunidades de

criarmos um melhor ambiente de aprendizagem.

Outro fator que tem contribuído por demais para a fragilidade das

relações é a configuração do mobiliário das salas de aula, a ordenação das

carteiras como á época jesuítica, onde a visão das costas dos companheiros

de classe é predominante: todos enfileirados, não é permitido dirigir a palavra á

pessoa ao lado tão pouco falar em tempos onde a telefonia móvel está

alcançando lucros exorbitantes.

No Brasil os conflitos atuais envolvendo professores e alunos

encontram-se em todas as esferas do ensino e nos diferentes patamares, o

que não nos torna uma excepcionalidade perante o restante dos países do

mundo.

A escola é um lugar de aprendizagem por excelência, compreendê-la

no contexto atual, globalizado como o espaço onde deverá ser o foco das

indagações e buscas por respostas para a solução de problemas que em

situações específicas solicitam o concurso de outros órgãos públicos.

É importante salientar que as dificuldades hodiernas vivenciadas pelos

professores com a indisciplina, violência em sala de aula e problemas com uso

de drogas, falta de respeito com os docentes têm sido muito comuns;contudo

não podemos perder de vista que pelo stress próprio a cada profissão e a

necessidade de renovação constante de nossos saberes o que nem sempre é

possível, tem contribuído para as péssimas relações de interpessoais entre

professores e alunos

. Um aspecto que muito se tem abordado ultimamente é a questão da

indisciplina nas escolas,fator de polêmicas,pois se nos séculos anteriores os

professores conseguiam manter a “ordem”,descobrir o que tem acontecido em

muitas salas de aula para que possamos construir juntos um ambiente de

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respeito e maior participação é a meta de professores e dos estudiosos em

educação.

Para o psicólogo especializado em Piaget Lino Macedo do Instituto de

Psicologia da Universidade de São Paulo,em entrevista a revista Nova Escola:

Disciplina é uma competência escolar que as crianças

aprendem como qualquer conteúdo. Condição pra realizar um

trabalho com êxito é uma matéria interdisciplinar, por que dela

dependem todas as outras (...), o principal erro da escola em

relação á disciplina é que ela pode ser imposta. Minha idéia é

que disciplina é um trabalho de todos em sala de aula (NOVA

ESCOLAL, 2005, P 24e 25).

Descobrir a raiz desses conflitos é o desafio de solução de

controvérsias, litígios ou mesmo impasse, tendo como princípio fundamental a

imparcialidade para a mediação, possibilitando o estabelecimento da confiança

e auxiliando como o facilitador, o catalisador que usando de suas habilidades e

arte, possibilita as partes encontrar a solução para as pendências entre os

grupos divergentes, para tanto deve juntamente com outros profissionais

diagnosticar o problema, analisá-lo e planejar com toda a equipe escolar os

caminhos a serem traçados por todos.

A transformação dos conflitos partirá a princípio de iniciativas de

projetos de pesquisa em grupos feitos em comum entre todos os envolvidos

com a questão, obviamente que a solução não será encontrada facilmente

apenas com duas ou três categorias, mas com as contribuições da família,

iniciativas governamentais que estejam comprometidas com as pesquisas e

estudos científicos que abordem o assunto, pois apenas com a instituição de

leis não será possível a resolução dos conflitos, que também estão

correlacionados á questão dos investimentos em políticas públicas que

respondam ás demandas educacionais e não apenas colecionem números

para apresentá-los á sociedade como um todo.

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Estar atento as relações já tão fragilizadas entre professores e alunos

criando possibilidades de convivência e de resgate de valores

positivos,partilhando idéias imbuídas multiculturalismo para a compreensão e

construção de um espaço institucional positivo.

Nas escolas do passado as resoluções eram tomadas unilateralmente, a

saber, pelo diretor a quem sempre cabia a palavra final, constituindo assim um

processo de tímidas participações dos sujeito da educação, no entanto a

dinâmica das relações interpessoais hoje nas escolas e na sociedade de modo

geral nos tem permitido uma visão e atuação em equipe, o que nos tem sido

muito positivo.

Com a constatação dessas dificuldades, muitas pesquisas já têm se

encaminhado nessa direção, porém o caminho é longo,mas alternativas têm

estado em evidência, não somente no Brasil como em outros países do

mundo, nomes como o de MIiriam P.Z. Crispipim, entre outros nos tem

oferecido suas contribuições para uma problemática que com certeza reflete o

contexto social de mudanças que está ocorrendo em vários aspectos do

pensamento contemporâneo em busca de uma nova ordem mundial centrada

em valores mais positivos não apenas para a humanidade, mas que abrajam a

natureza como um todo.

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CAPÍTULO II

A RELAÇÃO PROFESSOR ALUNO

A tecnologia ampliou a capacidade de comunicação humana,

paradoxalmente, entretanto isso não significou uma melhora na qualidade dos

inter-relacionamentos em razão do aspecto virtual que os têm fragilizado,

demonstrando uma etapa de maior fragilidade das relações humanas atuais.

2.1- Definição e necessidade de relação e interdependência

Para melhor compreensão das relações hodiernas que ocorrem no

espaço das salas de aula, com seus desafios, conflitos, embates e problemas

específicos, a definição dos conceitos de interdependência e relacionamento

se fazem providenciais, afim de ampliarmos o seu significado e importância

para a construção da boa interação no espaço escolar.

Retiramos do dicionário as definições que se seguem:

Relacionamento s.m efeito de relacionar, amizade. Travar

relacionamento com alguém,interdependência e um fator que

rege as relações com os indivíduos,onde o único um único

indivíduo é capaz através de seus atos causar efeitos positivos

ou negativos em toda a sociedade,ao mesmo tempo esse

indivíduo por sua vez é influenciado pelo todo,com isso é

possível dizer que todas as coisas e pessoas que rodeiam a

vida dos seres humanos estão interligadas e afetam a vida de

todos de forma significativa(Dicionário Escolar da L.P ,P 733 ).

OS seres humanos não somente em sua constituição psicológica e

social,mas também biológica traz em si estruturas bioquímicas que

possibilitam a aproximação de seus pares,embora cada qual carregando a sua

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herança genética e com o avanço das civilizações,seus patrimônios histórico-

filosófico e científico.

A partir do pressuposto da característica básica de

relacionamento que existe em todo ser humano verificamos que as

associações,sendo-lhes uma prerrogativa existencial, ocorrem de inúmeras

formas e tipos organizados de acordo com os objetivos e interesses também

diversos como associações familiar,educacional política e outras.

Embora diferentes em sua base organizacional existem fatores comuns

inerentes a cada modo de relacionamento,sem os quais torna-se difícil a

convivência intergrupal,dado o seu caráter aglutinador de virtudes positivas

para a sua manutenção como a confiança,a empatia e o auto conhecimento, e

mesmo conflitos e dificuldades próprias a cada grupo e culturas em

determinado espaço de tempo.

2.2- Análise de alguns fatores constitutivos das relações e virtudes

positivas em sala de aula.

No processo de educação humana essas dificuldades estão situadas

em ambos os sujeitos do processo de ensino aprendizagem na relação

professor aluno,onde a possibilidade de troca de saberes nos permite cada vez

mais o desenvolvimento de habilidades e capacidades no engendramento das

relações no cotidiano das salas de aula.

É na interlocução e no confronto cotidiano das relações em

sala de aula que essa complexidade do ser humano pode estar

em movimento contínuo de organização. O confronto diário

com os outros e consigo mesmo e com a mudança tem

também um papel essencial no estabelecimento dessas

relações. (LAURINDA RAMALHOe VERA MARIA,p15).

.Ao longo da História da humanidade professores e alunos foram se

constituindo num eterno vir a ser e assim esses relacionamentos assumiram

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contornos diferentes ora como submissão ora admiração, controle ou mesmo

imposição de saberes tornando o espaço que caracterizamos por sala de aula

algo muito próprio e particular onde o conhecimento esconde uma carga muito

grande de valores culturais,ideológicos, através dos quais estabelecemos as

diferenças entre os mais ricos e os mais pobres e de acordo com Paulo Freire

(1996):

É exatamente por causa de tudo isso que como professor,

devo estar advertido do poder do discurso ideológico,

começando pelo que proclama a morte das ideologias (...). No

fundo a ideologia tem um poder de persuasão indescritível. O

discurso ideológico nos ameaça de anestesiar a mente, de

confundir, das coisas, dos acontecimentos. (FREIRE, p82).

Tornamos as salas de aula um espaço de saber,das trocas por

excelência, no qual algumas habilidades e competências foram valorizadas ou

descartadas de acordo com os interesses sociais ou mesmo econômicos.

Priorizar apenas as habilidades cognitivas dos alunos significou durante

muito tempo o não entendimento da necessidade de formação integral do

educando ou mesmo a valorização de outros aspectos de sua personalidade,

tão importantes para o seu desenvolvimento, incluindo a sua capacidade de

interagir com outras pessoas, criando uma rede múltipla de troca,

aprendizagens, principalmente no ambiente da sala de aula, cujos conflitos e

embates entre os sujeitos da educação estão se tornando por demais

corriqueiros.

O enfoque dado nas últimas décadas de valorização do

desenvolvimento de outras habilidades e competências dos estudantes tem

nos levado a modelos de convivência os quais muitas vezes se contradizem

com a realidade, pois são notórias as dificuldades de relacionamento intra e

interpessoais.

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Configura-se no extremo dessa relação situações de impasse e

desconforto, onde a baixa produtividade de ambos os atores do processo

educativo, perceptível em algumas escolas públicas,nos são evidenciadas

pelos dados estatísticos apresentados pelos diferentes governos ou institutos

de pesquisa de aprendizagem sobre os baixos índices de produtividade na

construção do conhecimento de muitas escolas brasileiras em suas diversas

instâncias governamentais.

Todavia há de não se perder de vista na construção dessas relações a

dinâmica que a constitui, cujos pensamentos de Freire as confirmam e justifica

(1982):

Desta maneira, o educador já não é o que apenas educa, mas

o que,enquanto educa, é educado, em diálogo com o

educando que ao ser educado também educa. Ambos assim

se tornam sujeitos do processo em que crescem juntos e em

que “os argumentos de autoridade” já não valem. Em que, para

ser-se, funcionalmente autoridade se necessita de estar sendo

com as liberdades e não contra elas (FREIRE, p39).

A filosofia budista, através do pensamento do mestre Dalai-Lama

(2009) assim corrobora nossas ideias:

A melhor solução seria que todas as crianças do mundo

freqüentassem escolas em que a filosofia e os programas

estivessem enraizados na compaixão e na afeição.As crianças

tem direito a uma vida de afeição, em cãs devemos construir

um mundo em que elas possam desfrutar de uma atmosfera

positiva o dia inteiro.(DALAI-LAMA,p150).

Assim durante o processo de construção de conhecimento, o ambiente

emocional afetivo toma relevância nesta dinâmica relacional, portanto para que

ocorra uma maior afetividade, mister se faz a estruturação de situação de

aprendizagens fundamentadas em afetividades recíprocas e sem no entanto

estar inserida em graus elevados de pieguices.

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2.3- Algumas características das relações atuais professor alunos.

Partindo do pressuposto que disciplinas é passível de ser aprendida e

que outros sentimentos e habilidades podem ser coptados pelos alunos, a

tarefa então de tornar as aulas mais alegres e agradáveis torna-se ação de

todos incluídos no processo educacional, particularmente professores e

alunos, concebendo-se que no próprio bojo do ato de aprender se encontra

mecanismos de auto defesa do nosso psiquismo,uma vez que aprender

significa admitir não saber e/ou estar sujeito á mudanças não tão fáceis de

serem aceitas ou absorvidas,envolvendo mudanças na estrutura da

personalidade, no conhecimento que possuímos ou julgamos possuir, no que

somos e,fazemos as relações que eventualmente efetuaremos a partir das

transformações iniciadas.Freire aborda esta mesma questão a partir do

inacabamento próprio á humanidade:

Na verdade, o inacabamento do ser ou sua inclusão é próprio

da experiência vital. Onde há vida há inacabamento, mas só

entre mulheres e homens o inacabamento torna-se consciente.

.(FREIRE, p29).

O Tipo de mundo atual apresenta-nos novos alunos imbuídos de valores

e conceitos divergentes dos nossos, embora sejam os mesmos alguns

preconceitos e discriminações, os jovens estão mais atentos aos que lhes

agradam e parece mais prazeroso; escola muita das vezes não se enquadra

nos desejos juvenis, portanto a fim de lhes apresentarmos valores e atitudes

que consideramos imprescindíveis, ou mesmo o conhecimento, se faz

necessário uma reavaliação, um verdadeiro diagnóstico e empreendimento do

ato de ensinar, ou seja, precisamos enquanto professor estruturar nossos

pensamentos e ações em novas perspectivas de convivência, melhorando a

capacidade de comunicação e linguagem em nossa prática docente.

2.4- Perspectivas pedagógicas para as atuais relações professor alunos

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A conquista de novas atitudes e pensamentos é na verdade um dos

muito caminhos a ser percorrido em busca da mudança, aliada obviamente a

ações governamentais não no sentido populista,mas sobretudo a respeito da

reformulação de políticas educacionais que respondam ás demandas de

ensino,tanto da perspectiva dos docentes na sua melhor formação

continuada,como na questão dos anseios e questionamentos das novas

gerações, como maior investimentos na educação básica e projetos técnicos

científicos importantes para a formação do pensamento crítico e da cidadania,

no sentido da apropriação da leitura de modo a recriar a realidade em que

vivem,necessitamos de projetos educacionais conscientes, os quais não são

construídos a curto prazo, apenas com as demonstrações de números e

estatísticas governamentais imbuídos de interesses econômicos e sociais.

Algumas habilidades a serem construídas podem redimensionar essas

frágeis relações educacionais como o estabelecimento da empatia em nossas

interações colocando-nos no lugar do outro e, apresentando para com ele um

ouvir ativo para uma melhor tentativa de entendimento com os alunos, suas

dificuldades, ou seja, estar atento a sua historicidade, falas e sentimentos não

ditos,porém perceptíveis.

Estar atento ás pequenas gentilezas como dizer obrigado, por favor

evitando momentos desagradáveis,possibilitando uma maior aproximação com

os estudantes,honrando sempre os compromissos assumidos e a palavra dita

enquanto resultado de uma fala ativa,esclarecedora que responde ás

expectativas para as quais Freire(1996) afirma:

Saber que devo respeito á autonomia, a dignidade e a

identidade do educando, e a prática, procurar coerência com

esse saber, me leva inapelavelmente a criação de algumas

virtudes ou qualidades sem as quais aquele saber vira

inautêntico,palavreado vazio e inoperante,de nada serve a não

ser para irritar o educando e desmoralizar o discurso hipócrita

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do educador,falar em democracia e liberdade mas impor ao

educando a vontade arrogante do mestre (FREIRE,p36).

Reconhecer que errou, admitindo a falha cometida é sinal de

amadurecimento e criar uma relação de confiança entre docentes e discentes

humanizando-a e o professor ao pedir desculpas mostra sua suscetibilidade

colocando-se na postura de entender as falhas cometidas por seus alunos.

A primeira vista pode parecer que a responsabilidade de criação de um

ambiente institucional positivo em sala de aula seja tarefa apenas do professor,

o que seria um erro supor, mesmo que teoricamente, no entanto como cada

sujeito educacional necessita contribuir com o seu quinhão, se tornando co

participante e influenciando o processo de ensino aprendizagem, as

dimensões das responsabilidades e atitudes do professor estiveram em relevo,

porém sendo a escola um lugar múltiplo,diverso de interações, onde várias

culturas interagem constantemente, a responsabilidade de otimização das

relações intergrupais deve ser um lugar comum.

Acrescentaremos nesse contexto alguns aspectos da lei que o senador

Paulo Paim criou numa tentativa de resolver a questão do crescimento da

violência nas escolas brasileiras,visando a interferência do poder público nas

relações interpessoais em ambiente de educação,onde são indicadas punições

para a agressão física praticada contra os professores.

Outros pontos que destacamos em relação a esta lei referem-se

primeiramente ao fato de se tratar de um projeto de lei ainda em tramitação no

Congresso Nacional ;a segunda questão é a polêmica que há envolve ,mesmo

antes de ser sancionada pelos parlamentares,pois enquanto cidadão

precisamos ter nossos direitos garantidos,todavia para alguns a violência nas

escolas não é ainda caso de polícia;essas questões fazem parte hoje de

muitas conversas nas salas de professores e um muitos corredores das

escolas e instituições educacionais, contudo negar o problema ou apenas

mascará-lo em nada contribuirá para a sua melhor resolução,bem como tratá-

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lo apenas como mais um caso banal das delegacias principalmente dos

grandes centros urbanos., afastam muitas possibilidades viáveis.

Fela Moscovicci em alguns de seus livros aborda relacionamentos

interpessoais nos mostrando caminhos através de várias dinâmicas de

autoconhecimento ou de conhecimento do grupo ,demonstra também que

apesar da complexidade das interações humanas ocorridas, caminhos

alternativos devem sempre ser testados independente de alguns malogros que

possam ocorrer.

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CAPÍTULO III

TENTATIVAS QUE DERAM CERTO

.A respeito deste tema observamos que é na construção do cotidiano

nas buscas por tentativas de sucesso que os professores encontram melhores

estratégias de relacionamentos e resoluções de conflitos,Maria da Gloria

Pimentel(1993) aborda a importância do cotidiano para o aperfeiçoamento da

prática docente:

É ali, na concretude do real, no cotidiano de muitas facetas que

o homem encarnado, não o abstrato homem da especulação

está inteiro afeto pensamento emoção, afeto, pensamento

comportamentos. Ali na realidade pré-reflexiva da

cotidianidade, estão seu passado e seu presente, articulados

na sua pessoa.Mais do que isso o cotidiano é o lócus da

interseção dos processos sociais e da subjetividade individual.

Portanto, ali, nas “banalidades” do dia-a-dia, nos atos “á

toa”,estão presentes a biografia social do homem, da

cultura,das ideologias e fenômenos sociais em geral.Será

possível captar essa complexidade toda?. .(MARIA DA

GLÓRIA PIMENTEL, p26).

3.1- O processo de intervenção.

Diversas intervenções têm sido realizadas,parcerias entre os sujeitos da

educação,objetivando melhores resultados de aprendizagem e submetendo,

para que se efetivem de maneira positiva, todas as tessituras que formam os

relacionamentos interpessoais na sala de aula que foram sendo resolvidas

durante o processo intervencionário de construção dos projetos selecionados a

seguir

O trabalho de parcerias e formação de equipes são condições

preliminares para que ocorra o ouvir ativo das múltiplas relações estabelecidas,

na percepção pelo professor e equipe pedagógica dos vários sinais que os

alunos demonstraram ao longo da realização dos projetos, os quais com a

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ajuda do orientador assumem dimensões significativas, uma vez que possibilita

a reformulação dos processos identitários de todos os componentes

envolvidos,seja relativo a mudanças no sentir-se professor ou aluno ou mesmo

grupo,cujas relações interdependem, englobando a questão técnica

pedagógica,meios avaliativos,metodologia e outros,que segundo Maria da

Glória Pimentel:

Cedo descobrir, como orientadora educacional (...), que só é

possível ao orientador educar se puder pensar com os

professores seus propósitos comuns de educadores. Se juntos

buscarem o conhecimento radical da realidade onde operam,

para lá das aparências ideologizadas, evitando o vazio de

propostas ingênuas e irrealistas. Se juntos se prepararem para

enfrentar uma prática desafiadora, numa constante avaliação e

reformulação, em busca do seu ser e do seu fazer. (MARIA DA

GLORIA PIMENTEL, p15).

Transcreveremos a seguir alguns exemplos de projetos resultantes da

costura realizada através da interação dos vários sujeitos de educação

especificamente professores e alunos,demonstrando alguns caminhos viáveis

na busca de respostas positivas para a construção de um bom relacionamento

professor alunos.

3.2- Exemplos de tentativas que deram certo.

Iniciamos com o projeto realizado no Colégio Estadual Professora

Alcina Rodrigues Lima em Niterói, localizado na estrada Francisco Cruz

S/N,Itaipu,que nos auxilia em nossas conjecturas sobre a interação,afetividade

e bons resultados de aprendizagem.

Esta escola mantém a tradição de realizar uma feira multidisciplinar cujo

objetivo é permitir que nas atividades práticas o conteúdo anual seja cumprido

através de novos temas e apresentações, que no decorrer dos vários projetos

muitos talentos já foram descobertos, pois a escola investe em cultura e

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esporte,prova disso são os vários títulos já acumulados dentre os quais o de

campeã dos jogos escolares de Niterói,conseqüência natural após árdua tarefa

de equipe escolar como um todo, mas particularmente da pedagógica que

atuou de forma intensa dentro da interdisciplinidade,possibilitando assim

vários momentos de afinação entre as aulas ministradas,com a participação

dos três turnos existentes na escola,além dos alunos que participam dos

projetos de Mais Educação e Ensino Médio Inovador.

Após a escolha do tema os professores orientaram seus alunos para a

consecução do projeto que ocorreu em duas etapas bem definidas, a primeira

em sala de aula, com pesquisas, sínteses e elaboração de gráficos e a

segunda referente a produção de apresentação pública relacionada a um

aspecto da pesquisa, a qual teve como alicerce a lei nº10.639/2003 que trata

da importância da cultura negra na formação da afrobrasilidade e da

historicidade do negro abrangendo religiosidade, preconceito, e discriminações

raciais,correlacionando passado e presente.

Dentre as atividades relacionamos o pout-pourri da MPB realizado pela

professora Elizabete,que resgata alguns nomes e músicas de grandes e

desconhecidos cantores e compositores da MPB; em Matemática os alunos

fizeram um censo na escola e produziram em forma de gráficos os resultados

das pesquisas realizadas;em Ciências foram analisadas doenças que

vitimaram alguns cantores e compositores, como a tuberculose que vitimou

Noel Rosa;e em História e Geografia o estudo do ano foi a historicidade e

localização do bairro que nasceu e viveu Noel Rosa.

O segundo exemplo que destacamos não se trata exatamente de um

projeto de curta duração, porém está relacionado com a proposta pedagógica

da escola, adaptando o conteúdo curricular á realidade do meio o qual a

escola está inserida e obtendo resultados satisfatórios,pois os projetos

realizados contêm a proposta educacional mais ampla,trata-se do Colégio

Estadual Lara Villela localizado em Jardim Gramacho,Duques de Caxias,RJ,a

poucos quadras do aterro sanitário,fazendo parte de suas listagens alguns

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filhos de catadores de lixo ou mesmo os próprios alunos sendo um catador,

todavia esse fator não foi empecilho para que a escola conquistasse a melhor

colocação no sistema de avaliação estadual bimestral dos estudantes

conhecido como Saerginho levando-nos a reflexão sobre a necessidade de

não rotularmos ou desacreditarmos antes de realmente fazermos alguma coisa

para auxiliarmos nas mudanças possíveis de realidades por demais hostis.

A proposta curricular inclui aulas de reforço da Língua Portuguesa e

Matemática, oficinas de mídia e horta, palestras e atividades esportivas, em

horários que favorecem a permanência por mais tempo do aluno na escola e

mantendo uma boa interatividade com a comunidade local, que inclusive serve

para atividades recreativas nos finais de semana,dada a falta de opções de

lazer existentes. A esse respeito Paulo Freire(1996) nos esclarece:

Por isso mesmo pensar certo coloca ao professor, ou mais

amplamente á escola, o dever de não só respeitar os saberes

com que os educandos, sobretudo os das classes populares,

chegam a ela, saberes socialmente construídos na prática

comunitária- mas também, como há mais de trinta anos venho

sugerindo, discutir com os alunos a razão de ser de alguns

desses saberes em relação com o ensino dos conteúdos, por

que não aproveitar a experiência que tem os alunos de viver

em áreas da cidade descuidadas pelo poder público para

discutir, por exemplo, a poluição dos riachos e dos córregos e

os níveis de bem estar das populações, os lixões e os riscos

que oferecem á saúde das gentes. Por que não existem lixões

no coração dos bairros mais ricos e mesmo os puramente

remediados dos centros urbanos? .(FREIRE, p16).

Destacamos o quarto exemplo do Centro Educacional Rio

(CER),Taquara,RJ, que leciona para alunos da educação infantil até o nono

ano de escolaridade;foram criadas peças teatrais,vídeos,sarau poético e

brincadeiras apresentadas na Feira Literária, cujo objetivo maior foi a

integração família escola,uma vez que o público alvo para as apresentações

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foram os pais e responsáveis,que participaram das brincadeiras realizadas

com seus filhos, construindo valores fundamentais para o resgate das

saudáveis relações humanas.

As turmas foram divididas em grupos e os alunos estimulados a ler

livros, fazendo um resgate das ideias dos principais autores tipos de textos

como crônicas, conto, ficção, romance, etc; houve a participação em oficinas

com os pais sobre biodiversidade e cuidados com os animais.

O quinto exemplo retiramos do Centro Educacional Infantil Albert Sabin,

localizado em São João de Meriti, RJ, cujo tema do projeto é Brincar de Viver,

desenvolvido desde 2007, com todas as turmas de educação infantil e crianças

da pré-alfabetização. O projeto é articulado com o programam da Secretaria de

São João de Meriti, que estabeleceu pilares para o ensino: Para saber, Para

conhecer, Saber fazer e Saber ser, cuja proposta é resgatar o lúdico e o

fortalecimento entre escola e família bem como proporcionar uma escrita de

modo mais prazeroso.

Na semana das olimpíadas, a equipe pedagógica aproveitou

brincadeiras e jogos para desenvolver ações solidárias e resgatar valores como

ajuda mútua e entre as atividades propostas dentro dos jogos cooperativos

estava a corrida do tênis, a qual possui os seguinte procedimentos: os alunos

tiram os calçados e deixam no canto da sala,a idéia é que cada um pegue o

tênis do outro e o ajude a calçar;o objetivo é explorar valores como a

comunhão e solidariedade finalizando com a premiação de todos que

participam do trabalho em equipe ,através de medalhas confeccionadas pelos

alunos a partir de sucata.

Na escola de pais o foco é foi oportunizar a interação dos

pais,estimulando o diálogo e a troca sobre temas interessantes como

saúde,educação dos filhos e a importância da leitura para pais e funcionários,

além de proporcionar a troca de saberes entre as diferentes gerações.

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O sexto e último exemplo selecionamos a Feira Técnica da qual

participaram estudantes de algumas escolas técnicas do Rio de

Janeiro,públicas e particulares,como a Escola Técnica Resende,a Faetc de

Santa Cruz e a Visconde de Mauá,onde muito objetos e soluções para facilitar

o nosso dia-a-dia foram apresentados pelos alunos em diversas áreas do

conhecimento,como computação,eletrônica, telemática administração e

outros;é uma feira de inovações tecnológicas realizada na Escola Técnica

Visconde de Mauá no subúrbio do Rio de Janeiro.

Vários projetos chamaram a atenção do público visitante, que muito

aprendeu com as explicações dos alunos, como a produção de um fogão solar

feito com painéis de papelão e revestido com papel alumínio,onde a

criatividade é demonstrada vários projetos.

A Project possibilitou ao jovem aprendiz expor seus trabalhos

geralmente imbuídos do comprometimento social e de bem estar da

sociedade, perceptível no invento de um carrinho de bebê ”steeper”,movido á

bateria e através de controle remoto pode-se ninar o bebe sem nenhum

esforço

. A fim de não nos estendermos em muito os exemplos delimitamos

apenas os que encerram as ideias traçadas acima,sendo essa seleção uma

amostra minúscula das inúmeras intervenções eficazes que se tem realizado

na dialética relação professor aluno de modo positivo,nos permitindo ter maior

clareza da importância da interação para que possamos desenvolver uma

educação de qualidade,cujo eixo central encontra-se na construção de projetos

comuns a todos os envolvidos no processo educacional,que prescinde a

quaisquer receituário organizacional,administrativo, ou pedagógico,pois

conhecer as diferentes realidades dos diferentes alunos passa a ser um dos

pilares desse empreendimento que é formar cidadãos mais conscientes com

uma visão holística da vida e de si mesmos,interessados e mais participativos,

ou seja sendo o sujeito do seu processo de aprendizagem,tendo no professor

e equipe pedagógica o apoio necessário para o enfrentamento de suas

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dificuldades como bem nos ilustra o poema de Carlos Drummond de

Andrade(2002) intitulado Professor:

O professor disserta

Sobre ponto difícil do programa.

Um aluno dorme,

Cansado das canseiras desta vida.

O professor vai sacudi-lo?

Vai repreendê-lo?

Não.

O professor baixa a voz

Com medo de acordá-lo. (CARLOS DRUMMOND DE

ANDRADE, p1467).

A partir do envolvimento dos alunos em todas as atividades citadas

através das discussões propostas do como fazer, até a confecção e execução

dos mesmos, o fator preponderante foi o interesse demonstrado pelos

discentes, o que nos permite perceber a superação de alguns problemas

comuns em sala de aula, dado o grau de parceria atingido.

Dentre os vários caminhos de superação e estratégia a fim de

atingirmos um amadurecimento nos interrelacionamentos em sala de aula o

menos complicado e salutar é o que nos permite o encontro com o outro com

toda a sua problemática e dificuldades para juntos nos fazermos em nosso

crescimento afetivo e cognitivo, não se encontrando em nenhum modelo de

escola escondido num futuro longínquo e por isso tenhamos que conviver com

realidades cada vez mais violentas, mas no engendramento de nossas

relações no cotidiano,tendo buscando ter a percepção necessária para realizar

as transformações e resignificações de vários aspectos da realidade e de nós

mesmos, o que com certeza ocorrerá a partir da existência de um ambiente

onde a cooperação seja estimulada,onde a interação e afetividade entre os

sujeitos de educação proporcione aprendizagens mais significativas e

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prazerosas para os alunos e professores, como nos esclarece nesse sentido

os estudos e pesquisas realizadas por Célestin Freinet.

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CONCLUSÃO

Dentre as múltiplas inteligências próprias a cada pessoa,a emocional

demonstrada através das relações interpessoais que efetuamos ao longo da

vida, se destaca,pois se refere ao nosso convívio em grupo,onde iremos

aprender,nos desenvolvermos lapidando muito de nossos comportamentos

para não estarmos todo o tempo em situação de conflito,obviamente uns mais

do que outros,além de expressarmos e crescermos afetivamente,ou seja, é por

meio dessas relações na família,na escola,trabalho e outros grupos que a

humanidade avançou em civilidade e tecnologia.

Para um bom relacionamento professor aluno, particularmente é

importante considerar a pluralidade das relações e de identidades culturais que

circulam na escola considerando as especificidades do momento,do espaço e

dos sujeitos envolvidos.

Dessa forma é na construção da confiança que se encontra o elemento

central para o estabelecimento de um inter-relacionamento positivo

entendendo a escola como um espaço cultural e heterogêneo, valorizando e

sendo sensível á globalidade humana em seus aspectos cognitivo, afetivo e

cultural, enquanto fatores geradores de um ambiente de participação mais

democrático e afetivo entre os sujeitos da educação.

as transformações e de vários aspectos da realidade e de nós

mesmos, o que com certeza ocorrerá a partir da existência de um ambiente

onde a cooperação seja estimulada,onde a interação subentendendo a escola

afetividade entre os sujeitos de educação proporcione aprendizagens mais

significativas

Embora esteja havendo o crescimento notório do comportamento

agressivo no ambiente escolar onde alunos constrangem seus pare e também

aos professores,existem maneiras de reverter os caminhos delineados até

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Então, as causas que os fundamentam sejam complexas relacionadas a um

tipo de sociedade tecnológica, cujos valores que a embasam encontram-se no

individualismo gerando pessoas que cada vez menos sabem a arte da boa

convivência.

Muitos já partilham caminhos de resgate da sinergia, nos amplia a

percepção da interdependência de tudo com todos e a escola nessa

perspectiva tem se tornado o lugar onde as sementes da genuína democracia

pode de desenvolver através da construção de projetos onde a participação

,colaboração e envolvimento de todos se torna imprescindível a partir de um

ambiente de cortesias e solidariedade recíprocas.

Portanto é no campo das relações triviais nas salas de aula,nos conflitos

e embates que devemos aproveitar as oportunidades para estabelecermos

trocas mais sadias com os alunos não perdendo de vista a constante

necessidade de amadurecimento da sabedoria em todos os aspectos da nossa

personalidade que perpassa a nossa compreensão do estar sendo professor.

A abordagem psicológica do ser humano e suas necessidades

fornecem-nos contribuições importantes para entendermos um pouco mais

sobre essas relações,ampliando-nos a compreensão do outro e seus

sentimentos enquanto subjetividade diferentes,estar atento,perceber as

necessidades e anseios,decifrar-lhe a palavra não dita através da linguagem

corporal que expressa,em fim mudar o olhar,optando sempre pelo não

preconceito ou ideias pré concebidas,por não usar protótipos de modo algum,

numa constante atitude de transformação advinda dos inter-relacionamentos

que vamos tecendo em nosso processo contínuo de aprendizagens,onde nos

moldamos e somos moldados, num eterno vir a ser da dialética humana.

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ANEXO 1

UOL notícias da educação 17.10.2011 - 15h52 www.uol.com.br Professor assassinado no DF pode dar nome a lei para combater violência nas escolas

"Lei Carlos Mota". É assim que os participantes de audiência da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) desejam que seja chamada lei a ser criada para combater a violência contra os professores. Carlos Mota foi assassinado em junho de 2008 no Distrito Federal, em represália à sua atuação contra as drogas na escola pública que dirigia. Dos quatro acusados pelo crime, três eram alunos da escola.

O debate da CDH contou com a participação de membros da família do professor, inclusive a viúva, a também professora Rita de Cássia Pereira, e de seu pai, Marcelo Pereira. A audiência, dirigida pelo presidente da comissão, senador Paulo Paim (PT-RS), teve por finalidade debater o projeto (PLS 191/09), uma sugestão de professores do Rio Grande do Sul que ganhou formato de proposta legislativa por iniciativa do próprio Paim.

O texto qualifica a violência contra o professor como sendo qualquer ação ou omissão praticada direta ou indiretamente por aluno, seus pais ou responsáveis, ou ainda terceiros, em razão do exercício da profissão da vítima. A matéria já ganhou parecer favorável na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE).

Na CDH, entretanto, o voto do relator, senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), é contrário. O argumento é de a criação de novas medidas repressivas, além das que já existem na legislação, podem dificultar ainda mais o bom funcionamento das escolas.

Ao fim da audiência, ficou definido que será tentado um acordo com o relator para a elaboração de um substitutivo do projeto, que receberá decisão terminativa da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).

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ANEXO 2

Revista NOVA ESCOLA – Nº 216 O ANLISTA DA LINGUAGEM Seguidor de Freud explorou os mecanismos de expressão, abrindo novas possibilidades de entendimento das relações escolares Ana Rita Martins–SP Enquanto criava e desenvolvia as bases teóricas e práticas da psicanálise, Sigmund Freud (1856-1939) se correspondia e participava de encontros com colegas e discípulos.O grupo que continue em torno dele promoveu congressos regulares a partir de 1908 e formou a Associação Psicanalista Internacional presidida pelo mestre.Das ramificações desse núcleo surgiram as gerações posteriores de psicanalistas.Uma delas tem como principal representante o médico francês Jacques Lacan(1901-1981).”Numa época em que a psicanálise buscava fundamentações na B iologia,Lacan escolheu a lingüística e a lógica para reconfigurar a teoria do inconsciente”,diz Cristtian Dunker,psicanalista e professor do Instituto de Psicologia de São Paulo.(USP).

Lacan retomou a obra de Freud ao lidar com conceitos como inconsciente, identificação e Eu(ego), se apoiando em outros autores,principalmente filósofos.Ele rejeitava a tendência de considerar o ego como a força dominante na estrutura psíquica do sujeito.Afirmava, em vez disso, a impotência do eu frente ao inconsciente.Para ele, o sujeito opera em conflitos eterno, e a situação só é sustentável por meio de artifícios, entre eles a alienação.

Na busca de uma prática psicanalista que conseguisse abordar os mecanismos do inconsciente, Lacan chegou a seu mais famoso aforismo: ”O inconsciente é estruturado como uma linguagem”. A linguagem passou a ocupar o centro de suas preocupações e de seu trabalho clínico e teórico.Foi nesse aspecto que se deu sua maior contribuição para a Educação.

Qualquer que seja a abordagem ou a aplicação da obra de Lacan, contudo, é importante ter em mente que o ensino e a transmissão de seus conceitos e suas pesquisas foram primordialmente orais,dando-se por meio de seminários e conferências, a maioria transcrita e publicada em livros.”Há uma profusão de ideias lacanianas:invenções,fórmulas aforismos e noções que tornaram a leitura de seus textos uma verdadeira aventura pela cultura ocidental”, diz Dunker.Lacan ainda concordava com Freud em relação a impossibilidade de aplicar a psicanálise em outros

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campos,inclusive a Educação,que opera no terreno movediço da linguagem e da interação.

No caso de Lacan, a teoria torna o entendimento das funções da linguagem ainda mais complexo.Enquanto pra Freud o inconsciente era, a grosso modo, uma instância individual,para Lacan ele sai do sujeito(indivíduo)para abarcar uma rede de relações sociais.Ou seja,á noção do sujeito dividido,soma-se também o conceito de Outro,podendo esse ser entendido como uma combinação dos sistemas simbólicos e socioculturais.

No campo da Educação,Lacan procurou elucidar a dinâmica o Eu e as instituições sociais,onde a escola se insere.”Ele constatou que certas mudanças na cultura implicavam a redefinição das teorias freudianas de gênese da personalidade”,diz Leny Magalhães Mrech,professora da Faculdade de Educação da USP,referindo-se principalmente ao complexo de Édipo.”Assim Lacan identificou que não estamos mais em uma sociedade orientada pela figura do pai.”

Segundo a educadora, isso quer dizer ,entre outras coisas,que as relações sociais –antes hierarquizadas com grande rigidez, agora se distribuem de modo mais horizontal.”O pai,o professor e as demais figuras de autoridade perderam o lugar simbólico de poder e excelência” afirma.

“E essa s é uma das bases do modelo de escola participativa ,na qual o aluno assume um papel mais central”.Leny Mrech observa ainda que,,antes da psicanálise a Pedagogia não percebia a importância e o significado da fala do professor e do aluno e pouco se preocupava em escutar as crianças.Por isso, os conhecimentos provenientes daquela área do saber ajudaram a perceber e explorar alguns fenômenos que acontecem na vida escolar,como a resistência de alguns estudantes em aprender e de alguns professores em ensinar certos conteúdos.”O ensino não é mais concebido de forma ingênua e, com base nisso,tem-se a certeza de que não é possível haver transmissão integral de conhecimentos”,diz Leny.

Na teoria.lacaniana, também ocupa lugar fundamental a noção de gozo:”Ele é a mistura de prazer e insatisfação- ou também pode ser de dor e satisfação-,que nos torna apegados a formas de relações conhecidas como sintomas,inibições ou angústias”,explica Dunher.

Ele ressalta que, nesse sentido, a linguagem também se constitui de gozo. O conceito é trabalhado por Leny Mrech em seu trabalho teórico em Pedagogia. ”Lancan nos revela que tendemos a funcionar por inércia e que não há um verdadeiro desejo de saber”, diz. ”Dificilmente o professor procura trabalhar com novas possibilidades de gozo dos alunos. Sintomas da cultura atual seja o fracasso escolar provocado pelo desinteresse.”

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ANEXO 3

Estudo Errado Gabriel O Pensador

Htt://letras.terra.com.br/gabiel pensador/66375

Eu tô aqui Pra quê? Será que é pra aprender? Ou será que é pra sentar, me acomodar e obedecer? Tô tentando passar de ano pro meu pai não me bater Sem recreio de saco cheio porque eu não fiz o dever A professora já tá de marcação porque sempre me pega Disfarçando, espiando, colando toda prova dos colegas E ela esfrega na minha cara um zero bem redondo E quando chega o boletim lá em casa eu me escondo Eu quero jogar botão, vídeo-game, bola de gude Mas meus pais só querem que eu "vá pra aula!" e "estude!" Então dessa vez eu vou estudar até decorar cumpádi Pra me dar bem e minha mãe deixar ficar acordado até mais tarde Ou quem sabe aumentar minha mesada Pra eu comprar mais revistinha (do Cascão?) Não. De mulher pelada A diversão é limitada e o meu pai não tem tempo pra nada E a entrada no cinema é censurada (vai pra casa pirralhada!) A rua é perigosa então eu vejo televisão (Tá lá mais um corpo estendido no chão) Na hora do jornal eu desligo porque eu nem sei nem o que é inflação - Ué não te ensinaram? - Não. A maioria das matérias que eles dão eu acho inútil Em vão, pouco interessantes, Tô cansado de estudar, de madrugar, que sacrilégio (Vai pro colégio!!) Então eu fui relendo tudo até a prova começar Voltei louco pra contar: Manhê! Tirei um dez na prova Me dei bem tirei um cem e eu quero ver quem me reprova Decorei toda lição Não errei nenhuma questão Não aprendi nada de bom Mas tirei dez (boa filhão!) Quase tudo que aprendi, amanhã eu já esqueci Decorei, copiei, memorizei, mas não entendi Quase tudo que aprendi, amanhã eu já esqueci

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Decorei, copiei, memorizei, mas não entendi Decoreba: esse é o método de ensino Eles me tratam como ameba e assim eu não raciocino Não aprendo as causas e conseqüências só decoro os fatos Desse jeito até história fica chato Mas os velhos me disseram que o "porque" é o segredo Então quando eu num entendo nada, eu levanto o dedo Porque eu quero usar a mente pra ficar inteligente Eu sei que ainda não sou gente grande, mas eu já sou gente E sei que o estudo é uma coisa boa O problema é que sem motivação a gente enjoa O sistema bota um monte de abobrinha no programa Mas pra aprender a ser um ingonorante (...) Ah, um ignorante, por mim eu nem saía da minha cama (Ah, deixa eu dormir) Eu gosto dos professores e eu preciso de um mestre Mas eu prefiro que eles me ensinem alguma coisa que preste - O que é corrupção? Pra que serve um deputado? Não me diga que o Brasil foi descoberto por acaso! Ou que a minhoca é hermafrodita Ou sobre a tênia solitária. Não me faça decorar as capitanias hereditárias!! (...) Vamos fugir dessa jaula! "Hoje eu tô feliz" (matou o presidente?) Não. A aula Matei a aula porque num dava Eu não agüentava mais E fui escutar o Pensador escondido dos meus pais Mas se eles fossem da minha idade eles entenderiam (Esse num é o valor que um aluno merecia!) Íííh... Sujô (Hein?) O inspetor! (Acabou a farra, já pra sala do coordenador!) Achei que ia ser suspenso mas era só pra conversar E me disseram que a escola era meu segundo lar E é verdade, eu aprendo muita coisa realmente Faço amigos, conheço gente, mas não quero estudar pra sempre! Então eu vou passar de ano Não tenho outra saída Mas o ideal é que a escola me prepare pra vida Discutindo e ensinando os problemas atuais E não me dando as mesmas aulas que eles deram pros meus pais Com matérias das quais eles não lembram mais nada E quando eu tiro dez é sempre a mesma palhaçada Refrão Encarem as crianças com mais seriedade Pois na escola é onde formamos nossa personalidade Vocês tratam a educação como um negócio onde a ganância, a exploração, e a indiferença são sócios

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Quem devia lucrar só é prejudicado Assim vocês vão criar uma geração de revoltados Tá tudo errado e eu já tou de saco cheio Agora me dá minha bola e deixa eu ir embora pro recreio... Juquinha você tá falando demais assim eu vou ter que deixar você sem recreio! Mas é só a verdade professora! Eu sei, mas colabora se não eu perco o meu emprego.

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ANEXO 5

Violência contra Professor e Aluno

HTTP:/WWW.infoescola.com/sociedade/violência-contra-professor-aluno/

Por Fernando Rebouças Nos últimos tempos, no Brasil e no exterior, se tornou frequente na mídia a veiculação de matérias referentes a casos de agressões sofridas por professores e alunos dentro de sala. Esse tema tem sido abordado em diversas salas de debate institucionais e governamentais.

No ano de 2008, o mundo se chocou com a morte de um aluno que faleceu após sofrer um chute do professor de matemática Haitham Abdel Hamid, na cidade de Alexandria, no Egito. No Brasil, em março de 2010, numa escola situada Ilha do Governador, bairro da cidade do Rio de Janeiro, uma aluna de onze anos de idade foi agredida por um apagador jogado pelo seu professor de Ciências, o professor justificou o ato pelo fato da aluna não ter parado de falar durante a aula.

Nesse caso, o professor foi atuado pelo artigo 232 do Estatuto da Criança e do Adolescente que prevê pena de até dois anos de reclusão. Por outro lado, professores também têm sofrido ameaças e agressões por parte de alunos.

Em junho de 2008, uma professora de Taguatinga (Distrito Federal) foi agredida fisicamente e verbalmente por um aluno de 14 anos semi-analfabeto, na época, o delegado da Delegacia da Criança e do Adolescente , que registrou o caso, disse à imprensa que casos dessa natureza costumam ser registrados seis vezes por semana em média.

Considerando os fatos descritos, assim como ocorre no Brasil, em muitos países há problemas sociais que prejudicam a qualidade do ensino e da disposição do docente, entre estes problemas estão o baixo salário e as más condições de trabalho. Mas em regiões bem desenvolvidas de nosso país e em países desenvolvidos também ocorrem violências contra alunos e professores, de maneira até mais especializada.

A violência proveniente de fatores sociais, psicológicos e pedagógicos demonstra o desafio da socialização e do respeito comum que têm faltado nos ambientes escolares. Sabemos que atualmente, a escola é exigida a repassar conhecimento, é exigida, muitas vezes, a substituir a conduta que deveria ser ensinada pelos pais e, sobretudo, é impulsionada a repetir conhecimento e formar mão-de-obra ao mercado, sem que haja uma profunda preocupação com a formação de cidadão.

Há algum tempo, já tramita no Congresso Nacional o projeto de lei 6269/09, que criminaliza a agressão contra professores, dirigentes educacionais, orientadores e agentes administrativos de escolas. Dentro deste projeto de lei, a pena prevista é de

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quatro anos de detenção (em casos de agressão física) e de três anos (em caso de agressão moral). Esse projeto alteraria o Código Penal 2.848/40 que se refere ao desacato ao funcionário público. Caso o aluno agressor seja menor de idade deverá receber penalidade estabelecida pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90).

Em novembro de 2009, foi aprovada pela Comissão de Educação e Cultura do Senado, o Projeto de Lei 191/2009 que cria barreiras e punições contra alunos que cometerem agressão contra o docente. O projeto de lei aprovado não exclui as punições já previstas no Código Penal e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

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BIBLIOGRAFIA

ALMEIDA, L. R; PLACCO, V.M.N.S. (orgs). As Relações Interpessoais na

Formação de Professores. São Paulo: Edições Loyola, 2002.

CAMARGO, Joson de. Educação dos Sentimentos. Porto Alegre: Ed. Letras

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BOFF, Leonardo. Saber Cuidar, A ética do Humano-Compaixão pela Terra. de

Janeiro: Ed. Vozes, 1999.

PIMENTEL, Maria da Glória. O Professor em Construção. São Paulo; Ed.

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OLIVEIRA, Pésio Santos de. Introdução á Sociologia. São Paulo; Ed. Ática.

2010.

SABER, Maria da Glória. Piaget; O diálogo com a criança e o desenvolvimento

do raciocínio. São Paulo. Ed. Scipione, 1997.

MIRIAM, Paura S.Zippin Supervisão e Orientação Educacional-Perspectivas de

Integração na Escola. São Paulo: Ed Cortez. 2003.

ROMANELLI, Otaiza de OLIVEIRA. História da Educação no Brasil. Rio de

Janeiro. Petrópolis: Ed. Vozes, 2003.

MOSCOVICI, Fela. Desenvolvimento Interpessoal- Treinamento em Grupo. 5ª

Ed. Rio de Janeiro: Ed José Olympio. 1996.

ZIRALDO, Uma Professora Muito Maluquinha. São Paulo:Ed Companhia

Melhoramentos.1995.

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ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. Dicionário da Língua Portuguesa. São

Paulo. Companhia Editora Nacional. 2008.

REVISTA APPAI EDUCAR, Rio de Janeiro. 2011. Mensal, n°74, p. 08 e 09

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro. Ed. Paz e Terra.

1987.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia São Paulo. Ed. Paz e Terra. 1996.

.REVISTA NOVA ESCOLA, Rio de Janeiro, 2008, ano XXIII, nº 216.,p.26 e 28.

REVISTA BONS FLUÍDOS ESPECIAL. Dalai-Lama São Paulo. 2009. Ed Abril

Cultural, nº84, p.46.

REVISTA DE HISTÓRIA DA BIBLIOTCA NACIONAL, Rio de Janeiro, 2010.

Mensal. Ano 5,nº60,p76,77 e 78.

DRUMMOND, Carlos de. Poesia Completa. Rio de Janeiro; Ed. Nova Aguilar

S.A, 2002.

Congresso Nacional. Projeto de lei 191. Brasília-DF, 2009.

www.uol.com.br. Notícias da educação. Acessado em 19.01.2012 ás 15:30h

WWW.infoescola.com/Sociedade/violenciacontraprofessor-aluno Acessado em

19.01.2012 ás 15:50h.

WWW.letraterra.com.br/gabrielpensador/66375. Acessado em 19.01.2012 ás

16:10h

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 6

METODOLOGIA 7

SUMÁRIO 8

INTRODUÇÃO 9

CAPÍTULO I 13

BREVE HISTÓRICO PROFESSOR ALUNO

1.1 - O começo nas Idades Antiga e Média 13

1.2 - Os jesuítas e os parâmetros da educação moderna 14

1.3- A construção das relações conflituosas da educação contemporânea 16

1.4- As mudanças nas relações contemporâneas 17

1.5- Uma percepção sobre as novas relações de educação 18

1.6- Principais dificuldades/ conflitos nas novas relações em sala de aula. 19

CAPÍTULO II

A RELAÇÃO PROFESSOR ALUNO 23

2.1 - Necessidade e definição de relação e interdependência. 23

2.2 - Análise de alguns fatores constitutivo das relações e virtudes positivas em

sala de aula. 24

2.3- Algumas características das relações atuais professor alunos . 27

2.4- Perspectivas pedagógicas para as atuais relações professor aluno. 28

CAPÍTULO III

O PROCESSO DE INTERVENÇÃO 31

3.1 - O processo de intervenção 31

3.2 - Exemplos de tentativas que deram certo 32

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CONCLUSÃO 39

ANEXOS 41

BIBLIOGRAFIA 49

ÍNDICE 51