UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE CURSO DE

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE CURSO DE LOGÍSTICA EMPRESARIAL A LOGÍSTICA E A REDUÇÃO DOS NÍVEIS DE ESTOQUE: LIMITES E POSSIBILIDADES WENDERSON DAMIÃO LEAL RIO DE JANEIRO 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

CURSO DE LOGÍSTICA EMPRESARIAL

A LOGÍSTICA E A REDUÇÃO DOS NÍVEIS DE ESTOQUE:

LIMITES E POSSIBILIDADES

WENDERSON DAMIÃO LEAL

RIO DE JANEIRO

2010

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A LOGÍSTICA E A REDUÇÃO DOS NÍVEIS DE ESTOQUE:

LIMITES E POSSIBILIDADES

WENDERSON DAMIÃO LEAL

Monografia apresentada à

Universidade Cândido Mendes,

como requisito parcial para

obtenção de grau de especialista

em Logística Empresarial.

Orientador: Jorge Tadeu

RIO DE JANEIRO

2010

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RESUMO O presente estudo tem como foco principal a Logística, pensando seus procedimentos como ferramentas da otimização dos níveis de estoque das empresas, buscando assim identificar os benefícios que agrega quando é bem aplicada. Tendo em vista tal perspectiva, nosso estudo versa sobre a redução dos níveis de estoque, observando as características do setor de logística, ressaltando as oportunidades de melhoria e, os entraves existentes. A metodologia aplicada neste trabalho foi a de revisão de literatura, cabendo informar ainda que o presente estudo esta dividido em quatro capítulos, cujos temas são: capítulo I: a logística empresarial e a produção nas empresas do século XXI, capítulo II: estoques: em busca de uma gestão eficaz, capítulo III: a logística eficiente e eficaz e capítulo IV: a logística: instrumento de redução dos níveis de estoque.

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SUMÁRIO I: A LOGISTICA EMPRESARIAL E A PRODUÇÃO NAS EMPRESAS DO SÉCULO XXI....................................................................................................05 II: ESTOQUES: EM BUSCA DE UMA GESTÃO EFICAZ...............................10 2.1 –Estoques..................................................................................................13 2.2 - Custos dos estoques..............................................................................14 2.3 – Políticas de estoques.............................................................................15 2.4 – Objetivos dos estoques.........................................................................16 2.5 – A otimização dos estoques...................................................................17 2.6 – Manutenção dos estoques....................................................................18 2.7 – Tipos de estoques.................................................................................18 2.8 – Manutenção de altos níveis de estoque..............................................19 2.9 – Manutenção de baixos níveis de estoques.........................................19 III: A LOGÍSTICA EFICIENTE E EFICAZDDDDDDDDDDDDDDD..20 3.1 – Supply chain management – SCMDDDDDDDDD............DDD.21 3.2 – Just in timeDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDD.D..DD.22 3.3 – Controle KanbanDDDDDDDDDDDDDDDDDD...........DD..25

IV: A LOGÍSTICA: INSTRUMENTO DE REDUÇÃO DOS NÍVEIS DE ESTOQUE.........................................................................................................27 4.1 – os elementos da cadeia de suprimento...............................................29 4.2 – A importância da gestão de custos......................................................30 4.3 – A cadeia de valor....................................................................................30 4.4 – Reduzir os níveis de estoque................................................................31 4.5 – Custos logísticos...................................................................................32 4.6 – O gerenciamento de custos logísticos................................................33 4.7 – Custos de armazenagem na logística moderna..................................34 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................36 BIBLIOGRAFIA.................................................................................................39

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INTRODUÇÃO

A logística no Brasil está passando por um período de extraordinárias

mudanças. Pode-se mesmo afirmar que estamos no limiar de uma revolução,

tanto em termos das práticas empresariais quanto da eficiência, qualidade e

disponibilidade da infra-estrutura de transportes e comunicações, elementos

fundamentais para a existência de ima logística moderna. Para as empresas

que aqui operam, é um período de riscos e oportunidades. Riscos devido às

enormes mudanças que precisam ser implementadas e, oportunidades, devido

aos enormes espaços para melhorias de qualidade do serviço e aumento de

produtividade, fundamentais para o aumento da competitividade empresarial.

Até alguns anos atrás a logística era o elo perdido da modernização

empresarial no Brasil. A explosão do comércio internacional, a estabilização

econômica produzida pelo Real e as privatizações da infra-estrutura são os

fatores que estão impulsionando este processo de mudanças.

O rápido crescimento do comércio internacional, e principalmente das

importações, gerou uma enorme demanda por logística internacional, uma área

para a qual o país nunca havia se preparado adequadamente tanto em termos

burocráticos quanto de infra-estrutura e práticas empresariais.

Por outro lado, o fim do processo inflacionário induziu a uma das mais

importantes mudanças na prática da logística empresarial, ou seja, o crescente

movimento de cooperação entre clientes e fornecedores na cadeia de

suprimentos. Antes da estabilização econômica, as contínuas mudanças de

preço causadas pela inflação criavam enormes incentivos para prática

especulativa nos processos de compras, e tornava impossível qualquer

tentativa de integração na cadeia de suprimentos. O processo especulativo

gerava, também, enormes ineficiências na utilização de ativos, pela

necessidade de dimensionar os recursos para o pico da demanda mensal,

gerada pelo processo de concentração das compras no final do mês.

Neste contexto, está inserido o nosso estudo, que buscará, através da

leitura do material indicado, refletir sobre os limites e possibilidades que cercam

a redução dos níveis de estoque.

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Cada vez mais as empresas estão buscando garantir disponibilidade de

produto ao cliente final com o menor nível de estoque possível. São diversos os

fatores que vem determinando este tipo de política, a diversidade crescente no

número de produtos, torna mais complexa e trabalhosa a contínua gestão dos

níveis de estoque, dos pontos de pedido e dos estoques de segurança. Há

ainda o elevado custo de oportunidade de capital, reflexo das proibitivas taxas

de juros brasileiras, tem tornado a posse e manutenção de estoques cada vez

mais onerosos.

Por outro lado, diversos fatores têm influenciado a gestão de estoques

na cadeia de suprimentos no sentido de aumentar a eficiência com a qual as

empresas operam os processos de movimentação de materiais (transporte,

armazenagem e processamento de pedidos). Aumentar a eficiência destes

processos significa deslocar para baixo a curva de custos unitários de

movimentação de materiais, permitindo operar com tamanhos de lotes de re-

suprimento menores, sem, no entanto, afetar a disponibilidade de produto

desejada pelos clientes finais ou incorrer em aumentos nos custos logísticos

totais.

Tendo em vista tal perspectiva, nosso estudo versará sobre a redução

dos níveis de estoque, observando as características do setor de logística,

ressaltando as oportunidades de melhoria e, os entraves existentes.

Logo, temos como pergunta norteadora a seguinte indagação: Como a

Logística pode oferecer subsídios para a redução dos níveis de estoque,

criando assim um aperfeiçoamento da produção?

Cabendo indicar também que outras questões surgiram na elaboração

deste estudo e que pretendemos, ainda que brevemente, abordá-las. Assim

sendo, podemos citar: investigar os limites e possibilidades que a logística

oportuniza ao processo de redução dos níveis de estoque, levantar os limites e

possibilidades em relação à redução dos níveis de estoque; compreender as

vantagens da redução dos níveis de estoque para a produção e imensionar as

especificidades nos processos logísticos referentes ao estoque.

Ao mesmo tempo, colocamos em evidencia a nossa hipótese para este

estudo, ou seja, temos como hipótese que determinados procedimentos

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logísticos podem contribui de maneira significativa para a redução dos níveis

de estoque e para a melhoria e aumento da produção.

Ao fim e ao cabo, vale ressaltar que no presente estudo nos utilizamos

como aporte teórico-metodológico a revisão da literatura existente sobre o tema

em análise, assim sendo, utilizamos livros, periódicos, sites e artigos que

tratem sobre o tem.

Cabe informar ainda que o presente estudo esta dividido em quatro

capítulos, cujos temas são: capítulo I: a logística empresarial e a produção nas

empresas do século XXI, capítulo II: estoques: em busca de uma gestão eficaz,

capítulo III: a logística eficiente e eficaz e capítulo IV: a logística: instrumento

de redução dos níveis de estoque.

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METODOLOGIA

A metodologia aplicada neste trabalho baseou-se em pesquisas

bibliográficas, com leitura de artigos, teses, revistas do gênero e matérias de

jornais e sites.

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CAPÍTULO I:

A LOGISTICA EMPRESARIAL E A PRODUÇÃO NAS EMPRESAS DO

SÉCULO XXI

Podemos dizer que a Logística é um dos elementos-chave na estratégia

competitiva das empresas. Hoje é um ponto de extrema importância da cadeira

produtiva integrada, atuando em estreita consonância com o moderno

Gerenciamento de Cadeia de Suprimento (Supply Chain Management) e o

sistema Just-in-time, atualmente muito empregado nas empresas no

aprimoramento da qualidade nos serviços de Administração de Materiais.

A Logística já vem sendo estudada há algum tempo nos meios da

Administração de Materiais e, com as mudanças econômicas pelas quais o

mundo moderno vem passando é cada vez mais importante que uma correta

administração dos estoques permita às empresas maior rentabilidade e

possibilidade de crescimento, para que o capital aplicado na manutenção dos

altos níveis dos estoques possa ser direcionado para outras aplicações que

venham a promover o crescimento da empresa.

Portanto este trabalho pretende estabelecer um elo entre a moderna

logística de distribuição e abastecimento com a maior redução possível de

níveis de estoques bem como a sua otimização, e as transformações na cadeia

de suprimentos que estão permitindo as empresas operarem com lotes de re-

suprimentos cada vez menores. Até que ponto a logística pode ser considerada

como uma ferramenta de redução de estoque?

Este é o questionamento deste trabalho e podemos afirmar que a

logística com suas fases de distribuição e armazenamento, permite um correto

abastecimento aos centros de consumo dentro dos tempos previstos

contribuindo, através de uma logística de reposição programada apoiada nos

processos de Just in time e Supply chain Management, podemos trabalhar com

níveis mínimos de estoques, sem que isto venha causar atrasos a produção ou

perda de vendas no varejo.

A Logística como área de atuação e conhecimento humano existe há

muito tempo. Os livros tradicionais na área chamam a atenção para a origem

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militar da Logística, bem como sua importância desde a Antiguidade. Nos

últimos anos a Logística vem apresentando uma evolução constante, sendo

hoje um dos elementos-chave na estratégia competitiva das empresas.

A Logística Empresarial estuda como a administração pode prover

melhor nível de rentabilidade nos serviços de distribuição aos clientes e

consumidores, através de planejamento, organização e controle efetivos para

as atividades de movimentação e armazenagem que visam facilitar o fluxo de

produtos.

A logística trata da administração do fluxo de bens e serviços em

organizações orientadas ou não para o lucro. É assunto vital e freqüentemente

absorve parte substancial do orçamento operacional de uma organização. Suas

atividades típicas incluem, entre outras: transporte, gestão de estoques,

processamento de pedidos, compras, armazenagem, manuseio de materiais,

embalagem e programação da produção.

Grande destaque vem sendo dado à Logística de Suprimentos em razão

da importância econômica do setor automobilístico, que envolve a manufatura

e os fornecedores de matéria-prima e de componentes das indústrias

produtoras de veículos. Mais recentemente, as grandes empresas comerciais

também passaram a fazer uso intensivo dos modernos conceitos de Logística,

de forma a reduzir custos e a melhorar o nível de serviço ao consumidor final.

Assim sendo, outro item que devemos considerar é a Logística Empresarial

é um campo de estudo, relativamente novo, da gestão integrada, em

comparação com os campos tradicionais de finanças, marketing e produção. A

novidade neste campo resulta do conceito de gerenciamento coordenado das

atividades relacionados, em vez da prática histórica de gerenciá-las

separadamente, e do conceito de que a logística adiciona valor aos produtos

ou aos serviços que são essenciais para as vendas e a satisfação dos clientes.

A Logística, conforme conceituação do Aurélio seria parte da arte da

guerra que trata do planejamento e da realização de projeto e

desenvolvimento, obtenção, armazenagem, transporte, distribuição,

manutenção e reposição de material. Isso, porque os generais para conduzir

uma determinada operação necessitam ordenar uma tropa (equipe) para que

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cuidasse do melhor deslocamento estratégico, pois deveria saber a hora certa,

a munição correta, equipamentos e socorro médico para a batalha.

Diante dessa conceituação, a arte da operação militar foi estendida ás

atividades empresariais, tendo em vista que a indústria necessita de transportar

seus produtos, armazenar matéria-prima, produzi-los e transportá-los aos

clientes.

Inicialmente, a Logística Empresarial estava ligada às operações que

envolviam somente armazenagem, transporte e distribuição. Porém, a logística

moderna se reformulou tendo como objetivo primordial a satisfação plena do

cliente se preocupando com o marketing, o controle do planejamento de

produção das empresas, reduzindo os custos e tornando a distribuição mais

eficaz. A definição do Professor Manoel de Andrade e Silva Reis:

É o processo de planejamento, implementação e controle do fluxo e armazenagens eficientes e de baixo custo de matérias-primas, estoque acabado e informações e relacionadas, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender os requisitos do cliente.” (SILVA REIS, 2001, p.7)

Segundo Martin Christopher (1997) a Logística é o processo de

gerenciar estrategicamente a aquisição, movimentação e armazenagem de

materiais, peças e produtos acabados – e os fluxos de informações correlatas –

através da organização e seus canais de marketing, de modo a poder

maximizar as lucratividades presente e futura através do atendimento dos

pedidos a baixo custo.

A Logística empresarial estuda como a administração pode prover

melhor nível de rentabilidade nos serviços de distribuição aos clientes e

consumidores, pelo planejamento, organização e controle efetivos para as

atividades de movimentação e armazenagem, que visam facilitar o fluxo de

produtos (BALLOU, 1993).

Essas atividades ou parte delas são freqüentemente designadas de

outras maneiras: distribuição, distribuição física e administração de materiais.

Às vezes estes termos são usados para definir uma posição ou

responsabilidade na organização.

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A logística é responsável pelo planejamento, operação e controle de todo fluxo de mercadorias e informação, desde a fonte fornecedora até o consumidor (ALT, MARTINS, 2000 p.252).

Ballou (1993) ainda conceitua Logística Empresarial como o objetivo de

prover o cliente com os níveis de serviços desejados. A meta de nível do

serviço logístico é providenciar bens ou serviços corretos, no lugar certo, no

tempo exato e na condição desejada, ao menor custo possível. Isso é possível

com a administração adequada das atividades – chave da logística de

transportes, manutenção de estoques, processamento de pedido e de várias

atividades de apoio adicionais.

Para Moura (1989) a logística consiste em fazer chegar a quantidade

certa das mercadorias certas ao ponto certo, no tempo certo, nas condições e

ao mínimo custo; a logística constitui-se num sistema global, formado pelo

inter-relacionamento dos diversos segmentos ou setores que a compõem.

Compreende a embalagem e a armazenagem, o manuseio, a movimentação e

o transporte de um modo geral, a estocagem em trânsito e todo o transporte

necessário, a recepção, o acondicionamento e a manipulação final, isto é, até o

local de utilização do produto pelo cliente.

A concepção logística de agrupar conjuntamente as atividades

relacionadas ao fluxo de produtos e serviços para administrá-las de forma

coletiva é uma evolução natural do pensamento administrativo.

As atividades de transporte, estoque e comunicações iniciaram-se antes

mesmo da existência de um comércio ativo entre regiões vizinhas. Hoje, as

empresas devem realizar essas mesmas atividades como uma parte essencial

de seus negócios, a fim de prover seus clientes com os bens e serviços que

eles desejam.

Entretanto, a administração de empresas nem sempre se preocupou em

focalizar o controle e a coordenação cuidadosa destas atividades. Os ganhos

potenciais resultantes de se rever à administração das atividades logísticas

estão transformando a disciplina numa área de importância vital para uma

grande variedade de empresas.

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A logística tem um papel muito importante no processo de disseminação

da informação, podendo ajudar positivamente caso seja bem equacionado ou

prejudicar seriamente os esforços mercadológicos, quando for mal formulado.

O futuro está intimamente vinculado à Logística em termos não somente

conceituais, mas, sobretudo práticos.

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CAPÍTULO II: ESTOQUES: EM BUSCA DE UMA GESTÃO EFICAZ

A meta principal de uma empresa é sem dúvida maximizar o lucro sobre

o capital investido em fábrica e equipamentos, em financiamentos de vendas,

em reserva de caixa e em estoques. Para atingir o lucro máximo ela deve usar

o capital, para que ele não permaneça inativo. Caso haja necessidade de mais

capital para a expansão, ela tomará emprestada ou tirará o dinheiro de um dos

quatro itens acima mencionados. Espera-se então, que o dinheiro que está

investido em estoques seja lubrificante necessário para a produção e o bom

atendimento das vendas.

A função da administração de estoques é justamente maximizar este

efeito lubrificante no feedback das vendas não realizadas e o ajuste do

planejamento de produção. Simultaneamente, a administração de estoques

deve minimizar o capital total investido em estoques, pois ele é caro e aumenta

continuamente, uma vez que o custo financeiro aumente. Quanto maior o

investimento nos vários tipos de estoques, tanto maior é a capacidade e a

responsabilidade de cada departamento da empresa. Para a gerência

financeira, a minimização dos estoques é uma das metas prioritárias.

Portanto, a função principal da Administração de Estoques é maximizar

o uso dos recursos envolvidos na área logística da empresa e com grande

efeito dentro dos estoques. A inadequada gestão de materiais cria terríveis

problemas quanto às necessidades de capital de giro da empresa, bem como

seu custo. Por um lado, procura-se manter um volume de materiais e produtos

em estoque para atender à demanda de mercado, bem como suas variações,

servindo o estoque como um pulmão e, por outro lado, buscar a minimização

dos investimentos nos vários tipos de estoques, reduzindo assim os

investimentos nesse setor.

Quando temos estoques elevados para atender plenamente a demanda,

ele acarreta a necessidade de elevado capital de giro e, que produzem

elevados custos. No entanto, baixos estoques podem acarretar se não forem

adequadamente administrados, custos difíceis de serem contabilizados em

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face de atrasos de entrega, re-planejamento do processo produtivo,

insatisfação do cliente e, principalmente, a perda do cliente.

Uma das razões por que muitas empresas mantêm estoques elevados,

aos padrões modernos, é que essa atitude permite à firma comprar e produzir

em lotes econômicos, que é a visão ultrapassada da produtividade. No entanto,

qualquer que sejam os níveis de estoques, eles incorrem na análise de vários

custos que estão relacionados.

A boa administração de materiais significa coordenar a movimentação

de suprimentos com as exigências de produção. Isso significa aplicar o

conceito de custo total às atividades de suprimento logístico de modo a obter

vantagem da contraposição da curva de custo, ou seja, o objetivo maior da

administração de materiais é prover o material certo, no local de produção

certo, no momento certo e em condição utilizável ao custo mínimo.

2.1 - ESTOQUES

A armazenagem de mercadorias prevendo uso futuro exige sempre

investimento por parte da empresa. O ideal seria uma perfeita sincronização

entre a produção e a saída do produto, tipo produção por encomenda, de

maneira a tornar a manutenção de estoques desnecessária.

Segundo Ballou (1993), estoques funcionam como agentes

amortecedores entre o suprimento e as necessidades de produção. São

benéficos ao sistema produtivo porque garantem maior disponibilidade de

componentes para a linha de produção, diminuem a administração sobre esta

disponibilidade e podem reduzir tempos de transporte. Quando estes

amortecedores são utilizados, do nível de estoque mantido e dos meios pelos

quais as ordens de compras são processadas e transmitidas considerando

sempre o valor investido em conjunto com outros recursos logísticos para

obtenção do menor custo total.

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2.2 - CUSTOS DOS ESTOQUES

Sem dúvida, a mais importante função do controle de estoque dos

materiais está relacionada com a administração de níveis de estoques, ele

pode ser aplicado com sucesso para a resolução dos problemas de estoque.

São conhecidas várias espécies de custos que se aplicam às situações de

estoques, sendo os mais freqüentes:

• Custo de pedido: cada vez que uma requisição é emitida para reposição

de estoque, incorrem custos fixos e variáveis referentes a esse

processo.

• Os custos fixos são os associados aos salários do pessoal envolvido na

emissão dos pedidos e não são afetados pela política existente de

estoque. Os custos variáveis consistem nas fichas de pedidos e nos

processos de enviar esses pedidos aos fornecedores, bem como, todos

os recursos necessários para tal procedimento. Está diretamente

determinado com base no volume de requisições ou pedidos que

ocorrem no período.

• Custo de manutenção de estoque: em tempos difíceis ou em

dificuldades de capital de giro, as empresas começam a fazer cortes em

seus estoques. Estoque imobiliza capital que se estiver disponível para

uso alternativo, será aplicado de forma diferente dentro ou fora da

empresa.

• Os custos de manutenção de estoque envolvem também despesas de

armazenagem, tais como: altos volumes, demasiados controles,

enormes espaços físicos, sistema de armazenagem e pessoal alocado,

equipamentos e sistemas de informações específicos, além dos custos

com seguros de incêndio e roubo. Os itens estão sujeitos a perdas,

deterioração, furtos, roubos e obsolescência, aumentando os custos de

mantê-los estocados.

Segundo Ballou o custo total para a manutenção dos estoques nas

empresas dos Estados Unidos, gira em torno de 25% do valor médio de seus

produtos. O fato mais interessante é os administradores tenderem a subestimar

seus custos de estoque.

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Custo por falta: são aqueles que ocorrem caso haja demanda por itens

em falta no estoque. Os materiais imobilizados em estoque oneram a empresa

e têm custo elevado o que as leva a reduzir ao máximo seus estoques que

poderá fazer com que ela não cumpra o prazo para entrega do produto,

implicando no cancelamento do pedido ou perda do cliente.

Mesmo que isso não ocorra a imagem da empresa estará desgastada,

com a confiabilidade comprometida e isso tem um custo elevado e difícil de

medir. Tal fato ocorre por falta de um adequado planejamento e controle de

estoque.

2.3 – POLÍTICAS DE ESTOQUES

A função de planejar e controlar estoques são fator primordial numa boa

administração do processo produtivo. Preocupa-se com problemas

quantitativos e financeiros dos materiais, sejam eles matérias-primas, materiais

auxiliares, materiais em processo ou produtos acabados. O planejamento de

estoque é importante para o resultado financeiro de uma empresa e o impacto

no custo do produto. Dentro das múltiplas atuações do planejamento dos

estoques e pelo fato de sua atual configuração estar acompanhando pari passu

os volumes e projeções de vendas e o processo de manufatura, é imperioso

que o sistema seja utilizado constantemente e que tenha a flexibilidade para

acompanhar as constantes mudanças de mercado.

A seguir, uma lista simplificada dos objetivos do planejamento e controle

de estoque:

• Assegurar o suprimento adequado de matéria-prima, material auxiliar,

peças e insumos ao processo de fabricação;

• Manter o estoque o mais baixo possível para atendimento compatível às

necessidades vendidas;

• Identificar os itens obsoletos e defeituosos em estoque, para eliminá-los;

• Não permitir condições de falta ou excesso em relação à demanda de

vendas;

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• Prevenir-se contra perdas, danos, extravios ou mau uso;

• Manter as quantidades em relação às necessidades e aos registros;

• Fornecer bases concretas para a elaboração de dados ao planejamento

de curto, médio e longo prazos, das necessidades de estoque;

• Manter os custos nos níveis mais baixos possíveis, levando em conta os

volumes de vendas, prazos, recursos e seu efeito sobre o custo de

venda do produto.

2.4 – OBJETIVOS DOS ESTOQUES

Estoques agem como “amortecedores” entre suprimento e demanda ou,

neste caso, entre suprimento e necessidades de produção. A razão de manter

estoques está relacionada com a previsão de seu uso em um futuro imediato.

É impossível conhecer a demanda futura; torna-se necessário manter

determinado nível de estoque para assegurar disponibilidade de produtos às

demandas, bem como minimizar os custos de produção, movimentação e

estoques.

Devemos buscar um balanceamento dos custos de armazenagem, de

pedidos e de falta para melhor atender à demanda de mercado e aos anseios

dos acionistas. Esses custos têm comportamentos conflitantes, pois quanto

maior a quantidade estocada maior será ser custo de manutenção. Maior

estoque requer menor quantidade de pedidos, com lotes de compras maiores,

o que implica menor custo de aquisição e menores problemas de falta ou

atraso e, conseqüentemente, menores custos também.

Existem diversas maneiras e métodos de planejar e controlar estoques.

Cada método tem sua aplicação diferenciada e determinada e que não pode

ser utilizada indistintamente por todo o sistema.

Os sistemas podem ser:

• Quantidade econômica de requisições;

• Lote econômico;

• Lote padrão de requisição;

• Estoque mínimo;

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• Estoque de equilíbrio.

O método ideal irá depender da empresa e de seu sistema, porém,

devemos ter sempre em nossa mente o custo do estoque e os melhores

resultados obtidos pelas empresas vencedoras são fundamentadas no perfeito

planejamento de seus recursos na logística.

2.5 – A OTIMIZAÇÃO DOS ESTOQUES

Na gestão de estoques são os diversos os motivadores que induzem as

empresas buscar, cada vez mais, garantir uma determinada disponibilidade de

produto com o menor nível de estoque possível. Dentre eles cabe destacar:

• A variedade crescente do número de produtos, tornando mais complexa

e trabalhosa a determinação dos tamanhos de lote, dos pontos de

pedido e dos estoques de segurança;

• O elevado custo de oportunidade do capital, reflexo das proibitivas taxas

de juros brasileiras, tem tornado a posse e a manutenção dos estoques

cada vez mais caros. Ao decidir formar estoques, uma empresa

imobiliza parte de seu capital de giro. Esta parcela poderia estar sendo

aplicada no mercado financeiro ou em projetos internos de expansão do

negócio;

• O crescente foco na redução do Capital Circulante Líquido (diferença

entre ativo circulante e passivo circulante), um dos indicadores

financeiros mais observados por empresas que desejam maximizar ser

valor de mercado.

Reduzir os tempos de resposta e viabilizar os custos fixos significa,

muitas vezes o aumento de eficiência, permitindo operar com tamanhos de

lotes menores sem afetar a disponibilidade de produto ou incorrer em

aumentos nos custos totais.

A formação de parcerias entre clientes e fornecedores, a contratação de

prestadores de serviços logísticos e a disseminação das tecnologias de

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informação (TI) têm contribuído para a redução dos custos fixos e dos tempos

de resposta nas operações de produção e de distribuição.

2.6 – MANUTENÇÃO DOS ESTOQUES

A armazenagem das mercadorias prevendo seu uso futuro exige

investimento por parta da organização. Para atingir-se um grau razoável de

disponibilidade do produto em face de sua demanda é necessário manter

estoques, que agem como amortecedores entre a oferta e a demanda.

Entretanto, como é impossível conhecer exatamente a demanda futura e

como nem sempre os suprimentos estão disponíveis a qualquer momento,

deve-se acumular estoque para assegurar a disponibilidade de mercadorias e

minimizar os custos totais de produção e distribuição.

O uso de estoques como regulador de demanda resulta no fato de que,

em media, ele passa a ser responsável por aproximadamente um a dois terços

dos custos logísticos.

Enquanto o transporte adiciona o valor de lugar ao produto, o estoque

agrega valor de tempo. A grande preocupação da Administração de Estoques

envolve manter seus níveis os mais baixos possíveis, e ao mesmo tempo

prover a disponibilidade desejada pelos clientes.

2.7 – TIPOS DE ESTOQUES

Existem diversos tipos de estoques nas empresas que são:

• Almoxarifado de matérias-primas: por matéria-prima entende-se em

geral o material básico que irá receber um processo de transformação,

para posteriormente entrar no estoque de acabados como produto final,

ou seja, são todos os materiais que se agregam ao produto, fazendo

parte integrante de seu estado;

• Almoxarifado de materiais auxiliares: é o material que ajuda e participa

na execução e transformação do produto, porém não se agrega a ele,

mas é imprescindível no processo de fabricação;

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• Almoxarifado de manutenção: é onde estão as peças que servem de

apoio à manutenção dos equipamentos e também os materiais de

escritório;

• Almoxarifado intermediário: são compostos por peças que estão em

processo de fabricação, ou em subconjuntos, que são armazenadas

para compor o produto final;

• Almoxarifado de acabados: é o estoque dos produtos prontos. À medida

que os estoques em processo aumentam, esse estoque também

aumenta. Seu bom planejamento e controle também são de suma

importância, visto que todo material parado em estoque está onerando o

custo do produto, além de mostrar forte sujeição à obsolescência.

2.8 – MANUTENÇÃO DE ALTOS NÍVEIS DE ESTOQUE

Altos níveis de estoques, de um modo geral, significam maior

probabilidade de pronto atendimento aos clientes. O não-atendimento de um

pedido, na quantidade e prazo solicitado pelo cliente traz certamente prejuízo à

empresa, embora seja muito difícil quantificar monetariamente esse prejuízo.

Os principais itens responsáveis por elevados estoques são: matérias-

primas e material em processo não necessário ao balanceamento ótimo do

ciclo de produção e produto acabado que não possa ser vendido ou acima do

nível necessário para satisfazer a futura demanda e a capacidade de produção.

Muitas empresas não percebem que estão trabalhando com estoques

muito acima do ideal, e quando se dão conta não conseguem entender a

origem do problema.

A produção pode ser responsável pelo aumento nível e do custo do

estoque quando: fizer os pedidos de materiais considerando de lead time do

fornecedor maior do que o necessário, se os pedidos de materiais forem

baseados em tempo de ciclo de produção menores que os necessários, ou se

ela projetar muitos estoques de segurança, por medo de atrasos de entrega por

parte dos fornecedores ou insegurança na estabilidade do processo, se

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programar excesso de paradas das máquinas ou baixa eficiência dos

operadores.

2.9 – MANUTENÇÃO DE BAIXOS NÍVEIS DE ESTOQUES

Os estoques são também uma forma de desperdício, devendo ser

eliminados ou reduzidos a um mínimo possível. Essa proposição, uma das

pedras angulares do just-in-time, advoga a eliminação dos estoques até

chegar-se ao fluxo de uma única peça.

No lote de uma única peça, são necessárias tantas preparações ou

obtenções quantas forem as unidades demandadas. Evidentemente esta é

uma posição extrema que em geral não ocorre nas situações práticas. O que

se tem é uma situação em que lotes pequenos são produzidos – definidos pelo

sistema Kanban. Assim, para que haja uma recompensa nos custos totais, há a

necessidade de uma grande redução nos custos de preparação ou setup.

Melhorar a precisão em termos de quantidade e prazos das previsões de

vendas, reduzirem os ciclos de produção e conseguir parcerias com os

fornecedores para ter melhores preços e condições de pagamentos (prazos),

além de qualidade assegurada ajudam a reduzir inventários.

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CAPITULO III: A LOGÍSTICA EFICIENTE E EFICAZ

Para alcançar a excelência logística, torna-se necessário conseguir ao

mesmo tempo redução de custos e melhoria do nível e serviço ao cliente. A

busca simultânea desses dois objetivos quebra um antigo paradigma segundo

o qual existe um trade-off , ou seja, para que possa ser gerenciada de forma

integrada a logística deve ser tratada como um sistema, isto é, um conjunto de

componentes interligados, trabalhando de forma coordenada com o objetivo de

atingir um objetivo comum. Um movimento em qualquer um dos componentes

de um sistema tem, em princípio, efeito sobre os outros componentes do

mesmo sistema.

A tentativa de otimização de cada um dos componentes, isoladamente,

não leva à otimização de todo o sistema. Ao contrário leva a subotimização. Tal

princípio das compensações, ou perdas e ganhos é conhecido como trade-off.

Então, desta forma existe um trade-off inexorável entre custos e qualidade de

serviços, ou seja, a crença de que melhores níveis de serviço implicam

necessariamente maiores custos. As empresas que conseguem alcançar a

excelência logística tendem a quebrar esse paradigma. O que lhes permite

alcançar tal feito é um conjunto de características, aos quais denominados

dimensões da excelência logística.

A primeira dimensão da excelência logística está relacionada com a

forma como a empresa enxerga seu relacionamento com os clientes. As

empresas excelentes em logística entendem que seu sucesso depende do

sucesso de seus clientes, pois ambos fazem parte de uma mesma cadeira de

suprimento.

Dentro dessa visão, as empresas que buscam a excelência logística se

esforçam para conhecer o negócio de seus clientes, a fim de prestar um

serviço customizado que contribua para o sucesso dos mesmos. Um grande

atacadista brasileiro ao qual não citaremos o nome parece ter entendido muito

bem esse conceito, quando resolveu oferecer um pacote de serviços que

agrega valor ao pequeno varejista. Outra empresa no âmbito nacional e

distribuidora de marcas e cigarros parece seguir a mesma filosofia, quando

24

resolveu manter bases de dados sobre vendas e estoques de cada um de seus

clientes, e utilizar um modelo de previsão para fazer sugestões sobre a

quantidade a ser pedida de cada um de seus produtos, sendo assim ela

contribui para melhorar a gestão de estoques do pequeno varejista,

racionalizando dessa maneira o uso do capital de giro.

No mundo incerto e dinâmico dos dias atuais, a velocidade da resposta é

um fator determinante para a construção de vantagem competitiva. Por essa

razão, as empresas excelentes em logística procuram desenvolver processos

baseados no tempo, ou seja, que permitem oferecer respostas rápidas às

exigências do mercado. Capacidade de resposta rápida é importante no

desenvolvimento e lançamento de produtos, no atendimento de pedidos, na

produção por encomenda, na recuperação de falhas, na adaptação às

mudanças no mercado, ou seja, capacidade de resposta rápida representa

flexibilidade, um atributo fundamental no mundo volátil em que vivemos.

3.1 – SUPPLY CHAIN MANAGEMENT – SCM

Forçadas pela competição de um mercado globalizado, pelo lançamento

de produtos com ciclos de vida cada vez mais reduzidos e pelas exigências dos

clientes, as empresas modificaram suas visões, anteriormente baseadas

unicamente na performance dos processos de produção e buscam focalizar em

todos os canais de suprimentos e de distribuição. Esse foco se tornou possível

graças ao desenvolvimento de novas tecnologias na área de sistemas de

informação, de comunicação, de transporte e de novas técnicas que permitiram

melhor gerenciamento das atividades da cadeira de produção.

Uma cadeia típica de suprimentos começa com as matérias-primas e

insumos destinados à produção de um determinado produto, que são

armazenados em depósitos de intermediários, normalmente denominados

centros de distribuição e, posteriormente, despachados para diversos varejistas

ou clientes. Essa cadeia é chamada de cadeia de suprimento ou rede logística.

25

A atitude clássica das empresas numa fase preliminar da Logística e que

infelizmente ainda perdura em muitas organizações nacionais, era tirar a

máxima vantagem de cada situação, visando com isso ganhar sempre dos

concorrentes, numa perspectiva imediatista. Por exemplo, com a integração

mais efetiva das empresas nos dias de hoje, é comum lote de certo produto ser

entregue atrasado à transportadora, mas com a documentação indicando a

data acertada previamente com o cliente, numa tentativa de passar a

ineficiência de um dos participantes aos demais elementos da cadeia. Esse tipo

de atitude está obviamente ligada ao desbalanceamento de poder entre as

empresas participantes. Aquela que fala mais alto, mostrando seu poder acaba

muitas vezes, impondo situações irregulares aos elos mais fracos da cadeia de

suprimento.

Hoje, a visão desse processo é totalmente diferente. Chegou-se à

conclusão de que os ganhos podem ser obtidos através da integração efetiva

dos elementos da cadeia, com a otimização global de custos e de

desempenho, são mais expressivos do que a soma dos possíveis ganhos

individuais de cada participante, quando atuando separadamente. No jargão

logístico, a união dos participantes da cadeia de suprimento, buscando ganhos

globais deve-se transformar num processo ganha-ganha, em que todos

ganham e não somente uns em detrimento dos demais.

Mas para se chegar a esse estágio de integração plena, com benefícios

globais expressivos, o caminho é árduo, requerendo a eliminação de inúmeras

barreiras. Uma delas é o esquema organizacional da empresa, que precisa ser

revisto, modernizado. Outro requisito é a necessidade de um sistema de

informações bem montado e interligando todos os parceiros da cadeia.

Também é preciso implantar, nas empresas participantes, sistemas de

custos adequados aos objetivos pretendidos, permitindo a transparência de

informações entre os parceiros da cadeia. Esse tipo de operação logística

integrada, moderna é denominada Supply Chain Management (SCM), ou em

português Gerenciamento de Cadeia de Suprimento

Segundo Christopher (1997), o gerenciamento de cadeia de

abastecimento pode ser definido como “a administração das articulações com

26

fornecedores, distribuidores e clientes, de tal modo que se produza maior valor

para o cliente a um custo total menor”. Ainda segundo Christopher (1997) “o

resultado de um programa de gerenciamento da cadeia de abastecimento bem-

sucedido deve ser o aumento dos lucros para todos os membros da cadeia”.

Mas para que isso seja alcançado, as empresas da mesma cadeia, cada

vez mais, terão que se integrar através de sistemas de informação, a fim de

reduzir incertezas, duplicações de esforços e, conseqüentemente, o custo com

a operação como um todo. (NAZÁRIO, 1999).

A cadeia de suprimentos sob os aspectos voltados à gestão dos

materiais, procura mostrar a importância da busca de uma integração de todos

os elos dessa cadeia e tendo, como meta final, a redução dos custos dos

estoques e a satisfação máxima dos clientes.

É evidente que a integração de uma cadeia de suprimentos é muito

difícil, especialmente se levarmos em conta que:

Os diferentes entes interligados ao longo do fluxo de suprimentos

fornecedores de matérias-prima, fabricantes, atacadistas, distribuidores,

varejistas – têm objetivos diferentes e geram diversos conflitos.

A cadeia de suprimentos é um sistema dinâmico que se modifica de

acordo com as oscilações das demandas requeridas pelo cliente e em função

de avanços tecnológicos, a partir da introdução de novo produtos e

obsolescência de outros.

Assim, objetivos conflitantes não podem ser satisfeitos ao mesmo

tempo.

De acordo com a teoria dos estoques, para aumentar o nível de serviço

proporcionado pelos estoques, é necessário incrementá-los. Dessa forma,

aumentar o nível de serviço e ao mesmo tempo reduzir estoques são objetivos

que não podem ser realizados.

Com a introdução de novas tecnologias no processo de manufatura e

novas estratégias para atingir os mercados, muitas empresas descobriram

novas formas de reduzir custos e atender às necessidades dos clientes.

27

3.2 – JUST IN TIME

A idéia associada ao Just in Time é minimizar a necessidade de

armazenagem e manutenção de estoques ao ajustar o suprimento e a

demanda no tempo e na quantidade, de modo que produtos ou matérias-

primas estejam disponíveis nos montantes requeridos, no momento justo.

Esse método foi iniciado pela Toyota no Japão na década de 50. O

conceito de Just in time é praticado juntamente com o Kaban, que consiste de

tabuletas utilizadas durante o processo de produção e que informa aos postos

de trabalho mais próximos, as necessidades adicionais de partes e

componentes. Mudanças na demanda podem ser ajustadas rapidamente. O

método supõe que as partes sejam fornecidas imediatamente, à medida que

sejam utilizadas. As quantidades produzidas e todo processo de requisição de

matéria prima é realizado em pequenas quantidades para atender a demanda.

Em função da minimização das quantidades armazenadas, os custos de

estocagem são rebaixados, reduzindo conseqüentemente os custos de

produção. Não se pode, no entanto, pensar em prazos de curta duração, para

reposição dos estoques na importação.

A utilização de regimes aduaneiros especiais de armazenagem na

importação permite abreviar sensivelmente o período para que o dono da carga

tenha acesso à mesma, pois, segundo esse regime aduaneiro a carga, embora

já esteja em território nacional, ainda não está disponível para o usuário

enquanto for nacionalizada, ou seja, liberada pela Alfândega.

Este processo, no entanto, não pode ser considerado Just in Time

conforme o exemplo da Toyota, pois apenas foi transferido o local de

armazenagem das imediações do fornecedor no exterior, para junto do

consignatário.

Lubben (1989) afirma que a filosofia do Just in time é operar um sistema

de manufatura simples e eficiente capaz de otimizar o uso de recursos de

capital, equipamento e mão-de-obra. Isto resulta em um sistema de produção

capaz de atender às exigências de qualidade e de entrega de um cliente, ao

menor custo.

28

Segundo Moura (1985, p.18), o JIT é uma ampla estratégia de produção

com o objetivo de reduzir os custos totais e melhorar a qualidade do produto

em operações de fabricação. Já para Monden (1989), o JIT é um sistema

completo. É uma metodologia ideal que poucos processos de produção

atingem, mas é útil para orientar de acordo com a filosofia, que é uma melhoria

progressiva para a perfeição.

Uma variável importante na determinação dos estoques de segurança é

o tempo de reposição. Quanto maior o tempo de reposição, maior será o

estoque de segurança e maior também será o seu custo.

O sistema just in time busca a eliminação dos desperdícios e do

retrabalho por ter como meta a qualidade total, procurando eliminar todos os

estoques desnecessários, otimiza o processo de produção reduzindo os lotes

de fabricação, envolve os empregados e fornecedores neste processo.

O enfoque do Just in Time nem sempre leva ao “estoque zero”. Caso as

necessidades ou os tempos de reposição não sejam conhecidos com certeza,

então quantidades ou tempos maiores deverão ser usados, o que acaba

colocando estoque extra no sistema. Além disso, podem-se manter estoques

maiores do que o necessário para conseguir vantagens de descontos

associados a maiores lotes de compra ou transporte. Quando estas situações

acontecem, o método do just in time leva a resultados similares aos da outras

técnicas de controle de estoques.

Portanto a técnica do just in time é vantajosa quando os produtos têm

alto valor unitário e necessitam de alto nível de controle, as necessidades ou

demandas são conhecidas com alto grau de certeza, os tempos de reposição

são pequenos e conhecidos e não há benefício econômico em suprir-se com

quantidades maiores que as requeridas.

A idéia é evitar a manutenção de estoques, com todos os seus

problemas associados, pelo ressuprimento das operações de manufatura de

forma mais freqüente e em lotes menores.

Para Lubben (1989) são objetivos do sistema JIT: converter matéria-

prima dos fornecedores em produtos finais às mãos dos consumidores dentro

de um prazo mínimo absoluto e manter um mínimo inventário; reduzir,

29

continuamente, os níveis de inventário, e vencer os problemas básicos de

processos de manufatura, que impedem operações com o menor estoque

possível; reduzir o tamanho do lote (corridas mínimas) e processar o material

através do sistema baseado nas necessidades reais, ao invés de empurrá-lo

em antecipação a elas.

As empresas líderes perceberam não apenas a importância de reduzir

estoques, mas também a necessidade de aperfeiçoar continuamente o re-

suprimento dos pedidos, através de menores custos fixos e de menores

tempos de resposta das operações, de modo a assegurar que o tamanho de

lote unitário leve de fato ao menor custo total.

As empresas líderes perceberam não apenas a importância de reduzir

estoques, mas também a necessidade de aperfeiçoar continuamente o re-

suprimento dos pedidos, através de menores custos fixos e de menores

tempos de resposta das operações, de modo a assegurar que o tamanho do

lote unitário leve de fato ao menor custo.

3.3 – CONTROLE KANBAN

Just-in-time, produção enxuta, estoque zero, são termos que

essencialmente indicam a mesma coisa: a movimentação de materiais em

relação à demanda com a necessidade de um mínimo de estoque. As raízes de

JIT remontam à situação do Japão no pós-guerra. Devastadas pela guerra, as

empresas japonesas sofriam com fortes restrições de caixa e não suportavam

um grande número de dias de produto em estoque. O Just-in-time teria nascido

em função de restrições de capital de giro.

A implantação de um sistema informal manual pela Toyota Motors, foi

viabilizada pela utilização de um sistema de sinalização entre os diversos

setores da empresa e seus fornecedores, com objetivo de indicar exatamente:

o que, quando e quanto fornecer ou produzir. Esse sistema de visualização

passou a ser conhecido como Kanban e tem por objetivo controlar e balancear

30

a produção, eliminando desperdício e acionar um sistema de reposição de

estoque em função das exigências de demanda que “puxa” a produção.

Existem dois diferentes tipos de Kanban: de retirada ou de colocação de

pedido. Um cartão de retirada é uma requisição de materiais para a estação de

trabalho anterior e um cartão de colocação do pedido é um sinal para a estação

anterior produzir lotes adicionais.

O grande objetivo da utilização do Kanban é o controle da transferência

de material de um estágio para outro da produção. Por ser um sistema simples

e visual, são utilizados normalmente quadro de aviso ou cartões que permitem

avisar ao estágio antecedente de que o próximo estágio necessita ser

abastecido.

Assim, ao longo do processo de produção, quando um usuário esvazia

uma caixa de material (um contentor é uma unidade padrão de fornecimento), o

cartão existente é removido e colocado em um painel indicador que passa

assim a sinalizar que aquele estágio está necessitando de um suprimento de

uma caixa do material. Quando a caixa segue para abastecer o estágio de

produção, o cartão é, então, retirado do painel indicador e colocado na caixa.

Esse ciclo se repete novamente toda vez que uma caixa é esvaziada. Como as

quantidades previstas e os tempos de re-suprimento são pequenos, os lotes de

reposição também são pequenos. O estoque mantido até o re-suprimento pode

ser diminuto porque os tempos de reposição são pequenos.

O sistema Kanban executa o conceito just-in-time, só que os enfoques

diferentes. Nos Estados Unidos estoques são usados como proteção não

apenas contra erros na previsão da demanda e dos tempos de reposição, mas

também contra problemas de paradas de produção de fornecedores e de

qualidade.

Diminuir os tempos de carência e torná-los mais previsíveis, além de

permitir suprimento em lotes menores, faz com que a qualidade seja

indiretamente melhorada e os estoques diminuídos.

31

CAPÍTULO IV:

A LOGÍSTICA: INSTRUMENTO DE REDUÇÃO DOS NÍVEIS DE ESTOQUE

A logística no Brasil está passando por um período de extraordinárias

mudanças. Pode-se mesmo afirmar que estamos no limiar de uma revolução,

tanto em termos das práticas empresariais quanto da eficiência, qualidade e

disponibilidade da infra-estrutura de transportes e comunicações, elementos

fundamentais para a existência de ima logística moderna. Para as empresas

que aqui operam, é um período de riscos e oportunidades. Riscos devido às

enormes mudanças que precisam ser implementadas e oportunidades devido

aos enormes espaços para melhorias de qualidade do serviço e aumento de

produtividade, fundamentais para o aumento da competitividade empresarial.

Até quatro anos atrás a logística era o elo perdido da modernização

empresarial no Brasil. A explosão do comércio internacional, a estabilização

econômica produzida pelo Real e as privatizações da infra-estrutura são os

fatores que estão impulsionando este processo de mudanças.

O rápido crescimento do comércio internacional, e principalmente das

importações, gerou uma enorme demanda por logística internacional, uma área

para a qual o país nunca havia se preparado adequadamente tanto em termos

burocráticos quanto de infra-estrutura e práticas empresariais. Por outro lado, o

fim do processo inflacionário induziu a uma das mais importantes mudanças na

prática da logística empresarial, ou seja, o crescente movimento de cooperação

entre clientes e fornecedores na cadeia de suprimentos, dentre do conceito de

Supply Chain Management.

Antes da estabilização econômica, as contínuas mudanças de preço

causadas pela inflação criavam enormes incentivos para práticas especulativas

no processo de compras, e tornavam impossível qualquer tentativa de

integração na cadeia de suprimentos. O processo especulativo gerava,

também, enormes ineficiências na utilização de ativos, pela necessidade de

dimensionar os recursos para o pico da demanda mensal, gerada pelo

processo de concentração das compras no final do mês.

32

4.1 – OS ELEMENTOS DA CADEIA DE SUPRIMENTO

Segundo Nunes (2001), a cadeia de suprimento se estende desde o

fornecedor da matéria-prima destinada à fabricação de um determinado

produto, até o consumidor final, passando pela manufatura, centros de

distribuição, atacadistas (quando há) e varejistas.

4.2 – A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DE CUSTOS

Segundo Nunes (2001), nas fases anteriores da Logística, antes do

Supply Chain Management (SCM), se dava muita ênfase à garantia da

qualidade, não só do produto, como também dos serviços associados (entrega,

atendimento pós-venda etc.). Paralelamente, e como decorrência da forte

competição entre as empresas, passou-se a buscar a redução de custos em

todos os níveis e de forma sistemática. Na moderna concepção do SCM, a

satisfação desses dois objetivos é considerada um fato consumado, ou seja,

admite-se que essa condição já foi plenamente atingida dentro da empresa.

Isso porque tal padrão é o mínimo que se considera adequado para

atuar competitivamente no mercado globalizado. Dessa forma, as empresas

que ainda não conseguiram implantar um controle de qualidade adequado, ou

que vêm apresentando níveis de custo acima da prática de seu setor,

dificilmente conseguirão atuar de forma integrada e com sucesso na cadeia de

suprimento otimizada.

A contabilidade gerencial considera todos os custos e ativos internos à

firma: matéria-prima, mão-de-obra, os processos de produção, as instalações,

o marketing, vendas e tudo o mais que diz respeito às atividades fins e de

apoio da empresa. Despesas que ocorrem externamente à firma não são

normalmente consideradas, primeiro porque são de difícil quantificação e

segundo, porque cada empresa busca as vantagens imediatas para si mesma.

33

4.3 – A CADEIA DE VALOR

Segundo Nunes (2001), o conceito da cadeia de valor foi desenvolvido

por Michael Porter. Quando um consumidor compra um determinado produto

numa loja, a um determinado preço, o pagamento que faz cobre uma série de

elementos de natureza diversa, que participaram do processo de fabricação, do

transporte da mercadoria, e dos serviços complementares. De um lado, se

somarmos as despesas elementares correspondentes a todos esses fatores,

chegaremos a uma determinada importância X, que representa o custo final do

produto em questão.

Num ambiente competitivo, valor é o montante que os compradores

estão dispostos a pagar por aquilo que uma empresa, ou indivíduo, lhes

fornece (PORTER, 1989).

O valor não é medido pelo custo final, mas sim pela receita total,

resultante do preço que a empresa estabelece para o produto, em função do

mercado e do número de unidades que ela pode vender. A empresa será

rentável quando a soma dos custos envolvidos na geração do produto for

menor do que o valor que ela consegue estabelecer para ele.

O valor de um determinado produto é composto pela margem e pelas

atividades de valor. As atividades de valor são formadas pelos processos

físico-operacionais tecnologicamente distintos que uma empresa lança mão

para criar um produto com certo valor de mercado. Se subtrairmos do valor do

produto a soma dos custos referentes às atividades de valor teremos a

margem. A margem é normalmente dividida (não em partes iguais) entre

varejistas, fabricantes, fornecedores, transportadoras, intermediários e todos

mais que participam da cadeia de suprimento.

Porter (1986) classifica as atividades de valor em duas categorias:

atividades primárias (logística de suprimento ou inbound, operações, logística

de distribuição ou outbound, marketing e vendas, assistência técnica) e

atividades de apoio (infra-estrutura da empresa, gerenciamento de recursos

humanos, desenvolvimento de tecnologia, aquisição de insumos e serviços). A

infra-estrutura da empresa compreende as atividades de administração, como

34

gerência geral, planejamento, finanças, contabilidade, assistência jurídica e

gerência de qualidade.

A cadeia de suprimento é formada por uma seqüência de cadeias de

valor, cada uma correspondendo a uma das empresas que formam o sistema.

Embora as atividades de valor sejam os elementos-chave da vantagem

competitiva, a cadeia de valor não é um conjunto de atividades independentes,

e sim um sistema de atividades interdependentes. As interligações entre as

atividades de valor são formadas por elos, que refletem as relações dentro da

empresa ou fora dela (PORTER, 1989).

4.4 – REDUZIR OS NÍVEIS DE ESTOQUE

Cada vez mais as empresas estão buscando garantir disponibilidade de

produto ao cliente final com o menor nível de estoque possível. São diversos os

fatores que vem determinando este tipo de política, conforme descrição a

seguir: a diversidade crescente no número de produtos, tornando mais

complexa e trabalhosa a contínua gestão dos níveis de estoque, dos pontos de

pedido e dos estoques de segurança. Vale exemplificar o caso das cervejarias

brasileiras que, em 1985 ofereciam um único sabor (pilsen) numa única

embalagem (a garrafa de 600ml) e atualmente oferecem diversos sabores

(bock, draft, light etc) em outros tipos de embalagem (lata, long neck etc). o

elevado custo de oportunidade de capital, reflexo das proibitivas taxas de juros

brasileiras, tem tornado a posse e manutenção de estoques cada vez mais

onerosos.

O foco gerencial na redução do Capital Circulante Líquido, uma das

medidas adotadas por diversas empresas que desejam maximizar seus

indicadores de Valor Adicionado pelo Mercado. Por outro lado, diversos fatores

têm influenciado a gestão de estoques na cadeia de suprimentos no sentido de

aumentar a eficiência com a qual as empresas operam os processos de

movimentação de materiais (transporte, armazenagem e processamento de

pedidos). Aumentar a eficiência destes processos significa deslocar para baixo

a curva de custos unitários de movimentação de materiais, permitindo operar

35

com tamanhos de lotes de re-suprimento menores, sem, no entanto, afetar a

disponibilidade de produto desejada pelos clientes finais ou incorrer em

aumentos nos custos logísticos totais.

Três fatores têm contribuído para a redução dos custos unitários de

movimentação de materiais, sejam nas atividades de transporte, de

armazenagem ou de processamento de pedidos:

• Formação de parcerias entre empresas na cadeia de suprimentos;

• Surgimento de operadores logísticos;

• Adoção de novas tecnologias de informação para a captura e troca de

dados entre empresas.

4.5 – CUSTOS LOGÍSTICOS

Segundo o site www.centrodelogistica.com.br, um dos principais

desafios da logística moderna é conseguir gerenciar a relação entre custo e

nível de serviço (trade-off). O maior obstáculo é que cada vez mais os clientes

estão exigindo melhores níveis de serviço, mas ao mesmo tempo, não estão

dispostos a pagar mais por isso.

A má qualidade da informação de custos pode trazer uma série de

distorções no processo de tomada de decisão. Usualmente, são utilizadas

informações da contabilidade da empresa para fins gerenciais. No entanto, o

fato destas estarem direcionadas a um objetivo, sobretudo fiscais e com foco

na produção, pode prejudicar, ou mesmo inviabilizar, algumas análises

gerenciais. Entre as principais críticas à utilização da informação contábil para

fins gerencias, podemos citar:

• Os critérios de rateio de custos utilizados;

• A não consideração do custo de oportunidade;

• Os critérios legais de depreciação.

Outra evidência da falta de comprometimento dos dados contábeis com

os custos logísticos é os planos de conta.

36

4.6 – O GERENCIAMENTO DE CUSTOS LOGÍSTICOS

A carência de informações de custos que sejam úteis ao processo

decisório e ao controle das atividades torna necessário o desenvolvimento de

ferramentas gerenciais com os objetivos específicos. Estes objetivos podem

ser traçados a partir de duas perguntas básicas: Qual o tipo de análise

desejada: de curto prazo ou de longo prazo? (a diferença básica neste caso se

refere à possibilidade ou não de alteração da capacidade, só possível no longo

prazo). O que se pretende custear: produtos, canais de distribuição, regiões de

atendimento, clientes? Embora a definição de objetivos seja necessária, um

mesmo sistema pode ser desenvolvido para atender diversas finalidades.

O gerenciamento de custos logísticos pode ser mais ou menos focado

de acordo com o objetivo desejado. Desta maneira, é possível desenvolver um

sistema para atender apenas uma atividade, um conjunto de atividades, ou até

mesmo todas as atividades logísticas da empresa. No entanto, é importante

perceber que o aumento do escopo pode repercutir na falta de foco. Daí a

necessidade de direcionar o sistema para o tipo de controle ou decisão que se

pretende apoiar.

4.7 – CUSTOS DE ARMAZENAGEM NA LOGÍSTICA MODERNA

A grande maioria dos custos de armazenagem – aluguel, mão de obra,

depreciação de instalações e equipamentos de movimentação – são fixos e

indiretos. Essas duas características dificultam respectivamente o

gerenciamento da operação e a alocação de custos.

A elevada parcela de custos fixos na atividade de armazenagem faz com

que os custos sejam proporcionais à capacidade instalada. Desta maneira,

pouco importa se o armazém está quase vazio ou se está movimentando

menos produtos do que o planejado. Ainda assim, a maior parte dos custos de

armazenagem continuará ocorrendo, pois, na sua grande maioria, estão

associados ao espaço físico, aos equipamentos de movimentação, ao pessoal,

e aos investimentos em tecnologia.

37

O fato de os custos de armazenagem ser indiretos dificulta a sua

alocação aos produtos e clientes, pois a alocação, neste caso, é realizada

através de rateios, deixando-os sujeitos a distorções. Para minimizar as

distorções é importante que: os itens de custos sejam contabilizados de acordo

com a sua função (movimentação, acondicionamento, administração) e não por

contas naturais (depreciação, mão-de-obra) e a alocação seja condizente com

o real consumo de recursos na operação.

38

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Podemos concluir que com a rápida modernização dos dias atuais, a

administração de material não poderia ficar para trás, surgindo assim à

logística, que é a arte de comprar, receber, armazenar, separar, expedir,

transportar e entregar o produto ou serviço, na hora certa e no lugar certo com

o menor custo possível.

Com a necessidade de reduzir custos, racionalizando as operações de

transporte, carga e descarga através de um sistema mais eficiente e barato,

surgiram no País, há alguns anos, o conceito de eliminar etapas, oferecer

novos serviços a fim de facilitar cada vez mais a vida do embarcador,

resultando no conceito de logística, inicialmente adotado pelas empresas mais

estruturadas, mas que certamente acabam se refletindo no dia a dia do

carreteiro autônomo.

Os serviços de logística, desde que começaram a ser implantados no

Brasil, têm atuado principalmente nas áreas de movimentação de carga,

armazenagem, administração de estoques, emissão de documentos fiscais,

distribuição, armazenagem, coleta, entrega e transferência e distribuição.

Cada vez mais a logística vem causando uma verdadeira revolução nos

negócios e atividades nos mais variados portes e segmentos empresariais. A

nova inteligência da empresa é a logística com um bom sistema de informação

que permitirá coordenar e integrar processos da cadeia produtiva, criando

valores para clientes, diferenciações etc.

Em um ambiente competitivo, os fatores qualidade e preço já não fazem

tanta diferença, pois existe certa semelhança entre os concorrentes, mas a

entrega certa a um custo baixo determina quem continuará no comércio e

quem sairá dele. Por isso as empresas começaram a voltar a aplicar conceitos

logísticos para transporte e distribuição, ou seja, para continuarem competindo

e sobrevivendo.

Todas as irregularidades em qualquer dos processos que antecedem a

expedição são absorvidas pelo armazém, isto proporciona trabalhar com custos

elevados. Um centro de distribuição distribui estas irregularidades com melhor

39

aproveitamento dos equipamentos de movimentação, recursos humanos e

condições para formação de cargas - esta eficiência é um dos fatores que

viabilizam um operador logístico.

Para superar estes desafios, algumas empresas agem voltadas para

redução de custos de uma forma isolada (através da eliminação de posições

em seu quadro de colaboradores, eliminação do cafezinho, controle de ligações

telefônicas e outras tão conhecidas). Estas ações, às vezes se fazem

necessárias, no entanto, quando tomadas de forma isolada, não garantem o

resultado desejado.

Por outro lado, algumas empresas enxergam a Logística como uma

estratégia competitiva bastante eficaz. Estas Empresas planejam e coordenam

suas ações gerenciais de uma forma integrada, avaliando todo o processo

desde o fornecimento da matéria prima até a certeza de que o cliente teve suas

necessidades e expectativas atendidas. O resultado é a superação dos

desafios apresentados e conseqüentemente um melhor posicionamento no

mercado.

A logística tem alguns pontos importantes como enxergar a cadeia de

suprimentos como parte importante do seu processo. Seus Fornecedores e

clientes são como elos de uma corrente e estão interligados. Por isso, devemos

sempre avaliar se suas necessidades e expectativas estão sendo plenamente

atendidas. Outro ponto importante é o planejamento (estratégico, tático e

operacional) e a constante avaliação de desempenho, por meio de indicadores,

são ferramentas gerenciais essenciais para o desenvolvimento de um bom

sistema logístico.

A otimização dos estoques é uma das estratégias competitivas mais

importantes da empresas modernas que participam da cadeia de suprimentos.

Ao mesmo tempo em que se busca a redução de estoques e maior qualidade

do serviço logístico, a competição entre as empresas num ambiente

globalizado, passou também a exigir custos reduzidos e prazos curtos no ciclo

do pedido. Para que se consiga melhorar o nível de serviço e ao mesmo tempo

reduzir custos, as empresas lançaram mão em larga escala da tecnologia da

informação.

40

Por outro lado, abrindo suas fronteiras, antes muito protegidas e

buscando se concentrar nas atividades de seu core competence, as empresas

de classe mundial passaram a terceirizar muitas de suas atividades, e

buscaram parcerias com fornecedores e clientes.

O volume de estoque e sua localização são apenas umas das ações do

sistema logístico. Temos, portanto, que dimensionar adequadamente as

necessidades de estoques em relação à demanda, às oscilações de mercado,

às negociações com fornecedores e à satisfação do cliente, otimizando-se os

recursos disponíveis e minimizando os estoques e custos.

E se os estoques forem mínimos, a empresa poderá usar esse capital

não para especular no sistema financeiro e estagnar, mas para aprimorar seus

recursos nos processos de produção, na aquisição de novos equipamentos ou

adicionais, para expandir ou diversificar sua produção, tornando-se mais eficaz

e competitiva.

Cabe a Administração de Estoque, o controle das disponibilidades e das

necessidades totais do processo produtivo, envolvendo não só os

almoxarifados de matérias-primas e auxiliares, como também os intermediários

e os de produtos acabados. Seu objetivo não é deixar faltar material ao

processo de fabricação, evitando alta imobilização aos recursos financeiros.

Os estoques devem funcionar como elemento regulador do fluxo de

materiais nas empresas, isto é, como a velocidade com que chegam à empresa

é diferente da velocidade com que são consumidos, há a necessidade de

certas quantidades de materiais, que ora aumenta, ora diminui amortecendo as

variações.

Conclui-se assim que a busca pelo estoque zero é aparentemente uma

utopia, é impossível obter, mas a idéia por trás desse slogan é perseguir

reduções continuadas ao nível de estoque, não se satisfazendo com resultados

parciais, ou seja, a redução dos estoques deve ser uma busca permanente, a

ser obtida com melhorias paulatinas no processo.

41

BIBLIOGRAFIA

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Científicos, 1979.

ARAUJO, J. Almoxarifados: Administração e Organização. SP: Atlas, 1987.

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BALLOU, Ronald H. Logística Empresarial: transportes, administração de

materiais e distribuição física. São Paulo: Atlas, 1993.

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