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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
FACULDADE INTEGRADA AVM
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
O DESENHO E O UNIVERSO INFANTIL: A AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA JUNTO A EQUIPE DOCENTE NA
OBSERVAÇÃO DO GRAFISMO
Sônia Regina de Araujo
Profª. Orientador (a): Simone Ferreira
Rio de Janeiro 2011
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
FACULDADE INTEGRADA AVM
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
O DESENHO E O UNIVERSO INFANTIL: A AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA JUNTO A EQUIPE DOCENTE NA
OBSERVAÇÃO DO GRAFISMO
Sônia Regina de Araujo
Monografia de conclusão de curso apresentada ao Curso de Pós-Graduação Latu Sensu em Psicopedagogia Clínica e Institucional da Universidade Candido Mendes– Faculdade Integrada AVM, como requisito parcial para obtenção do grau em Pós-Graduação, sobre a orietanção da Profª. (a): Simone Ferreira.
Rio de Janeiro 2011
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente à Deus, pela força, que não foi fácil chegar até aqui.
A minha mãe que esteve sempre ao meu lado nas horas mais difíceis, me incentivando e me dando força.
A todos os meus amigos que direta e indiretamente me apoiaram nesta nova empreitada de sucesso na educação.
Obrigada de coração, pois, todos fazem parte da minha história.
DEDICATÓRIA
Dedico exclusivamente a minha mãe, pela total conquista.
RESUMO
Este projeto tem por finalidade abordar o tema O desenho e o
universo infantil no interior do universo da educação que é de extrema
importância para o conhecimento do educador na sua profissão, com a
intenção de entender a evolução dos desenhos feitos pelos seus alunos e qual
a importância desta fase no âmbito do universo pedagógico. A metodologia
utilizada foi realizada por meio de pesquisa bibliográfica descritiva. O tema o
desenho e o universo infantil será pesquisado inspirado em crianças de zero a
seis anos e tendo-se exposto passo a passo de cada fase, porque passam,
sempre tendo como referência a bibliografia pesquisada afim de, ter um
entendimento mais profundo dos desenhos e rabiscos realizados pelas
crianças. A criança possui suas próprias idéias, interpretações, representações
e teorias sobre a produção da arte e o fazer artístico. Tais construções são
edificadas nas suas próprias experiências que envolvem a produção da arte,
com o mundo físico e com seu próprio ser. A criança age, reflete,abstrai
sentidos de sua experiência. A partir daí edifica significados sobre de como faz,
o que é, para que serve, sobre outros conhecimentos a respeito de arte. A
conclusão obtida desta pesquisa é que o desenho é fundamental para o
desenvolvimento cognitivo da criança e os processos de aprendizagem na
observação do psicopedagogo junto a equipe pedagógica.
Palavras-Chave: Desenho, Universo, Infantil, Aprendizagem, Psicopedagogo
METODOLOGIA
A metodologia utilizada destina-se a chamar a atenção do
educadores em Educação Infantil em relação ao desenho e ao universo infantil,
pois, através do desenho a criança demonstra seus medos, anseios, alegria,
enfim, emoções, tornado o assunto mais atraente e compreensível aos
docentes.
A proposta deste estudo é valorizar o desenho e alertar aos
professores a valorizar os desenhos de seus alunos.
Os livros e artigos que foram utilizados para estrutura da presente
pesquisa foi de grande aprendizado. Sendo, renomados autores que falam
sobre o respectivo tema na área da educação e o universo infantil.
Contudo, espero ter alcançado o meu objetivo em levar
conhecimento aos futuros leitores e a importância do desenho no
desenvolvimento cognitivo, mental e social da criança.
A linha de pesquisa que norteia este trabalho será a "gestão
pedagógica e o cotidiano escolar", pois, esta analisa as questões referentes a
prática pedagógica, sua implementação e também o desempenho do
psicopedagogo junto a equipe docente na observação do grafismo na
educação infantil. Portanto, para elaboração deste trabalho serão utilizados os
renomados autores: Menegolla (2000), Moram (2000), Sara Pain (2004), entre
outros.
A metodologia empregada neste trabalho será uma pesquisa
bibliográfica de caráter descritivo.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...................................................................................................08 CAPÍTULO I O DESENHO INFANTIL....................................................................................10 CAPÍTULO II O DESENHO E A INTERPRETAÇÃO...............................................................22 CAPÍTULO III O DESENHO COMO INSTRUMENTO DE DIAGNÓSTICO..............................28 CAPÍTULO IV O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO E A UTILIZAÇÃO DO DESENHO..............31 CONCLUSÃO....................................................................................................35 BIBLIOGRAFIA.................................................................................................37 ÍNDICE...............................................................................................................38
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INTRODUÇÃO
Este trabalho acadêmico reporta sobre O Desenho e o Universo
Infantil, tendo como tema: Avaliação psicopedagogica junto a equipe docente
na observação do grafismo na educação infantil. Tendo como problema
desenvolver a idéia de como o desenho infantil pode ser um instrumento
diagnóstico no trabalho psicopedagógico. Demonstrar que uma análise do
desenho pode levar a um diagnóstico bem próximo da realidade da criança,
tendo o psicopedagogo uma visão ampla das áreas da vida da mesma, que
precisam de uma interferência ou encaminhamento para um atendimento
multidisciplinar.
A escolha deste tema refere-se ao fato do grafismo ser de grande
relevância para o conhecimento do educador dentro da sua profissão, pois,
este deve entender a evolução dos desenhos feitos pelos alunos e qual a
importância desta fase dentro da realidade da criança. A mesma tem suas
próprias idéias, interpretações sobre a produção de arte e o fazer artístico.A
criança age, reflete e abstraí sentidos de sua experiência. Portanto, o desenho
é fundamental para o desenvolvimento cognitivo da criança no processos de
aprendizagem? Logo, O desenho na educação infantil é relevante?
Assim, tendo como objetivo geral: A reflexão sobre a importância do
desenho no contexto de educação infantil, estabelecendo os objetivos
específicos abaixo:
O primeiro capítulo trata do histórico do desenho infantil, sua
evolução e características, na visão de alguns autores como: Florence de
Méredieu, Philippe Greig e Luquet.
O desenho e a interpretação baseando-se nas identificações de
pistas reveladoras contidas nos desenhos sobre o nivel de desenvolvimento e
aprendizagem na educação infantil: tendo embasamento nos seguintes
autores: Gardner, Lowenfeld e Philippe Greig;
No terceiro capítulo falaremos sobre o papel do psicopedagogo
enquanto orientador junto ao professor na dificuldade e desenvolvimento da
criança: autores Pain, Visca e Moreira.
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Sendo assim, diante de um problema a postura do psicopedagogo,
dentro de uma instituição é de suma importância através de seu diagnóstico,
que resulta em ajudar esta “criança” a alcançar um desenvolvimento desejável.
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CAPÍTULO I- O DESENHO INFANTIL
1.1- Histórico
No final do século passado se despertou o interesse pelo desenho
infantil, isto relacionando-se aos primeiros trabalhos de psicologia
experimental, muitos estudo foram tomando forma em várias disciplinas como a
pedagogia, a psicologia, a sociologia e até a estética se beneficiou com a
contribuição desses trabalhos. De 1880 até 1900, descobre-se a originalidade
da infância, logo após com influência das idéias de Rousseau na pedagogia
muitas etapas do desenvolvimento gráfico da criança são descobertos. E assim
o desenho infantil é introduzido na psicanálise.
Muitos autores como Morgenstern, Probst e Rioux se preocuparam
em estudar o desenho infantil em diversas áreas durante os anos do século
passado. Há uma valorização do desenho.
No momento atual os estudos sobre o desenho beneficiam-se da
contribuição considerável da psicologia infantil.
1.2- A criança e o desenho
Todo ser humano já nasce com um artista dentro de si, pois muito
antes de aprender a ler e escrever, ele reage positivamente a estímulos
artísticos, e assim desenha. O suficiente é ter lápis e papel, podendo ter tintas
ou qualquer outro material que se possa utilizar para se expressar
artisticamente.
Para Greig ( 2004, p.11 ):
“ Mal começa a andar, a criança apodera-se do lápis. Qualquer objeto parecido lhe basta, pois ela se contenta com um jogo de imitação. Mas, ao longo do segundo ano, a criança empunha e utiliza para valer o lápis ou a caneta hidrográfica e constata com satisfação que seu gesto deixa uma marca.”
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Desenhar é um ato muito importante para criança, nele ela procura
expressar sempre o que há de mais importante e significativo no momento. Por
esta razão que não há desenho igual mesmo que muitas crianças desenhem
sobre o mesmo tema, pois cada criança fará sua interpretação particular.
Enquanto desenha, a criança não se preocupa com aspectos
estéticos como cor e proporções, ela tem um desejo ardente de se expressar.
Nele ela emprega toda carga emocional seja ela positiva ou negativa. Os
desenhos das crianças são repletos de emoções, todas as figuras
representadas, os detalhes, as cores, e o que quer que se apresente no
desenho tem seu significado e sua importância.
Como cita Greig (2004, p.15) : “A criança é o elemento central da
proposição: seu desenho é apenas uma forma particular da emergência da
linguagem, um reflexo de seu crescimento psíquico.”
1.3- Evolução do desenho infantil
A evolução do desenho infantil começa a partir do que se chama de
desenho informal, e não abstrato, tendo em vista que a criança pequena não
tem desejo nenhum de não-figuração. Nesse estágio, a expressão infantil
começa pelo borrão, ou aglomeração, isto num plano plástico. No plano gráfico,
começa pelo rabisco, um movimento oscilante, depois giratório. O estudo
dessas primeiras manifestações é de suma importância para compreensão da
arte infantil, pois a partir ela se estabelece toda a atividade futura da criança e
se constitui uma verdadeira “pré-história” do desenho.
A pesquisa sobre o rabisco são desenvolvidas desde o fim do século
passado, por William Preyer, que estuda as primeiras manifestações gráficas
do bebê. O rabisco aparece com a aprendizagem do andar e do sentido do
equilíbrio.
A evolução do desenho de uma criança se dá de forma natural e
progressiva, pode-se notar isto no desenho de uma criança pequena, onde não
há intenção ou desejo de figuração, denomina-se de desenho informal.
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Realismo fortuito – este estágio começa por volta dos dois anos e põe fim ao
período chamado rabisco. A criança começa a traçar signos sem desejo de
representação e descobre por acaso uma analogia entre um objeto e o seu
traçado. Assim nomeia de seu desenho.
Realismo fracassado – a criança descobre a identidade forma-objeto e
procura reproduzir. Tem início uma fase de aprendizagem calcada em
fracassos e de sucessos parciais, fase esta que começa geralmente entre os
três e quatro anos.
Realismo intelectual – principal estágio que vai dos quatro até por volta dos
dez ou doze anos. Nesta fase a criança desenha não aquilo que vê, mas o que
sabe. Se utiliza de dois processos, o plano deitado (os objetos sem
perspectiva) e a transparência ou representação simultânea do objeto e seu
conteúdo, isto porque a criança mistura diversos pontos de vista.
Realismo visual – geralmente se inicia por volta dos doze anos, marca o fim
do desenho infantil, um ponto muito peculiar é a descoberta da perspectiva e a
submissão as leis, daí o empobrecimento progressivo do grafismo, perde seu
humor e tende a assemelhar-se as produções dos adultos.
Acrescentamos ainda que a competência pictórica possui no
desenho seu sistema simbólico. Gardner (2002), afirma que a linguagem, a
matemática e o desenho são três sistemas simbólicos que se tornaram
importantes no mundo inteiro para a sobrevivência e a produtividade humana.
No desenho, cada traço, cada cor, cada mancha carrega um valor
simbólico e cada elemento quer dizer alguma coisa compreensível à
inteligência.
Observando essas teorias, o educador pode iniciar o ensino das
artes visuais na Educação Infantil, observando o conhecimento afetivo e
perceptivo em cada faixa etária.
Portanto, a construção de conhecimento parte do princípio de que
suas crianças, no seu contato com os elementos das linguagens gráficas, vão
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elaborando suas hipóteses diante das suas percepções e afetividades,
construindo representações, reorganizando e modificando seu saber.
As crianças entendem seus desenhos como criação de um estilo
próprio a partir do momento em que entram em contato com diferentes tipos
de obras e culturas, como por exemplo a idéia modernista de “Tarsila do
Amaral”, que é semelhante ao processo de trabalho dos alunos,
principalmente nas aulas de percurso, pois funciona como estímulo nas duas
direções, na curiosidade pela história da arte e para a produção consciente
nas atividades. Os alunos já começam a lidar com informações que serão
aprofundadas no período escolar.
Para que se perceba como a diferença de repertório enriquece a
produção artística, o professor deve propor aos seus alunos atividades
relacionadas às obras do artista que está sendo trabalhado. O resultado é uma
coleção de trabalhos sobre o mesmo tema e cabe ao professor continuar o
estímulo, apreciando o trabalho e conversando com os alunos a respeito da
riqueza que diferentes interpretações dão ao mesmo, e que estas
interpretações são frutos da soma de conhecimentos, e eis ai a importância de
apreciar e estimular a produção das crianças.
1.4 – Etapas do desenho infantil
1.4.1 – Rabiscação
A maioria das crianças sente muito prazer com a atividade a que
chamamos rabiscação.
Pensava-se antigamente que este prazer provinha do movimento
ritmado do braço e que os traços surgidos no papel não representavam
nenhuma importância para a criança. Na realidade, quando as crianças
recebem um objeto parecido com um lápis e estes não rabiscavam ou deixam
marcas, elas rapidamente perdem o interesse na atividade. Porém, não se
preocupavam em preservar seu trabalho anterior e com freqüência rabiscam
em cima dos traços desenhados anteriormente.
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Ao mover os braços para trás e para frente, a criança produz
rabiscos ondulados, trazendo a mesma surpresa, apesar de não ter sido
intencional. Praticando simultaneamente este movimento, a criança tornou-se
capaz de manter seus rabiscos dentro do limite do papel e mais tarde, seus
movimentos largos e abrangentes darão lugar a movimentos mais controlados
e precisos. Rabiscar repetida e deliberadamente pode indicar que a criança
está em processo de dominar determinadas formas e sua capacidade criativa
não deverá nunca ser desencorajada.
Enquanto a criança continua explorando, criando, ela descobre que
pode fazer vários tipos de traços e talvez adquira um bom repertório de
rabiscos. Kellog (2001), observou e pesquisou vários desenhos infantis,
identificando vinte tipos de rabiscos básicos, embora não signifique que a
criança seja obrigada a produzir todos.
Muitas crianças fazem combinações em modos e formas com os
vários tipos de rabiscos.
Existem provas de que as crianças não precisam passar por uma
determinada fase de rabiscos. Algumas culturas omitem em suas crianças,
etapas intermediárias desses desenhos, fazendo com que as mesmas
comecem a desenhar formas figurativas.
Segundo Cox (2001), o desenho figurativo não deve
necessariamente ser precedido por uma fase de rabiscos, e rabiscar, por certo,
não leva necessariamente, ao desenho figurativo.
O desenho começa pelo rabisco, gesto essencialmente motor. O
rabisco ainda é muitas das vezes considerado um exercício desnecessário,
pois foi ignorado dando lugar ao desenho orientado, para a representação de
uma realidade visual, que ao contrário da realidade pulsional, não apresenta
problemas de reconhecimento.
De acordo com Derdeyk (2002), a criança rabisca e de repente
percebe que deste rabisco surge uma “gente”, uma semente, qualquer forma,
seja ela quadrada, redonda, separada, junta, preenchendo um horizonte de
significados.
A criança vai formando uma coleção gráfica como num grande
quebra-cabeça. Suas construções são paisagens, universos de quatro paredes
que ela imagina ser seu para interar-se e integrar-se de todas as sensações.
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O gesto gráfico é o exercício da sensibilidade. Desde pequena, a
criança descobre que da ponta de seus dedos surge o impulso da vida. Mais
tarde, ela já percebe que suas mãos seguram o objeto capaz de produzir
marcas sobre qualquer superfície.
Iniciado pelo simples prazer do gesto, o rabisco é antes de tudo
motor. Somente depois é que a criança, ao observar que seu gesto produziu
um traço, novamente o faz, desta vez pelo prazer do efeito surgido.
1.4.2- Garatujas
Moreira (2003) afirma através dos estudos de Lowenfeld (2000) que
por volta dos 18 meses surge o primeiro rabisco infantil, sendo essa garatuja
essencial no desenvolvimento do desenho, pois é o início da locução, na qual
conduzirá ao processo evolutivo do desenho.
Os primeiros rabiscos são constituídos por traços desordenados.
Gradativamente evoluem para desenhos que são de fácil percepção do adulto.
Entre a faixa etária de 18 meses e quatro anos aproximadamente,
ocorre o desenvolvimento dessas garatujas, aparecendo às primeiras imagens
visuais.
Com o aparecimento das “células”, a garatuja começa a ganhar
nomes e outros sinais, como olhos, pernas e cabelos. Os sinais e nomes
variam sempre, mas Moreira afirma que a intenção de dizer algo marca o
aparecimento da representação. Nessa fase, a criança não usa a cor de acordo
com o real, ela gosta de experimentar cores diferentes. Aos poucos, a criança
passa a combinar elementos gráficos, tais como cruzes, retas perpendiculares,
diagonais, paralelas, quadrados, arcos e triângulos para gerar novas
configurações que ganharão ares de diagramas. Essa mudança demonstra
uma habilidade quanto ao uso da linha e da memória, na medida em que a
criança congrega elementos, compondo-os. É possível, segundo Derdyck
(2002), que se constate nesse momento uma certa maturidade intelectual para
perceber diferenças e semelhanças, para generalizar, abstrair e classificar,
envolvendo noções mais precisas sobre idéias e objetos. O ato de desenhar,
quer até então era fruto de uma ação e de uma percepção, passa a processar
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idéias próprias sobre ela e de noções que são captadas através de reflexões
sobre o que a criança pensa do que percebe e observa.
Lowenfeld (2000) distingue três estágios da garatuja: desordenadas,
controladas e a atribuições de nome.
1.4.3 – Garatujas Desordenadas
A criança quando se encontra nessa fase, geralmente seus
primeiros traços são casuais, variando de comprimento e direção. A momento
em que a criança limita o braço no movimento de “trás e frente”. A criança
nesta fase realiza a atividade, podendo estar com a sua atenção voltada para
outra direção.
É inviável na fase da garatuja desordenada o adulto oferecer
exemplos de desenhos prontos para a criança, pois nesta idade a criança ainda
não possui controle visual de seus movimentos. Caso sejam exigidas idéias
além da capacidade da criança, estará influenciando de forma que prejudicará
o seu desenvolvimento.
É importante no processo de construção demonstrar interesse pelas
criações da criança, sendo fundamental que ela sinta que nesse meio de
comunicação é aceito.
1.4.4 – Garatujas Controladas
Ao adquirir o controle visual sobre os traços, a criança descobrirá
uma ligação existente entre seus caminhos, mesmo que ainda não se perceba
uma grande diferença entre seus desenhos. A maioria das crianças nesta fase,
já demonstra entusiasmo ao desenhar, pois, a conquista da coordenação entre
seu desenvolvimento visual e motor é de grande importância.
Ao obter outros movimentos a criança passa a ousar um pouco
mais. Torna-se comum em suas garatujas o aparecimento de linhas que podem
ser feitas na horizontal ou na vertical ou até mesmo “esboçando” círculos.
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A criança passa também a adquirir uma maior concentração na
atividade de desenhar, explorando mais cores e sentindo um enorme prazer
em preencher todo o espaço disponível do papel, ao passo que antes tinha
dificuldade em respeitar o limite do mesmo.
1.4.5 – Atribuições de nomes às garatujas
Esta nova etapa é de grande interesse no desenvolvimento infantil.
A criança começa a pensar sobre as garatujas e a nomeá-las, mesmo que
ainda não seja possível visualizar (identificar) o que a criança diz ter
desenhado. Quando a criança começa a nomear suas garatujas, significa que o
seu pensar está começando a passar por uma transformação.
Nesta fase a criança une seus movimentos com o mundo que está a
sua volta, transferido-se do pensamento cinéstésico para o pensamento
imaginativo. É por volta dos três anos que a criança encontra-se neste
processo, desenvolvendo uma base para a retenção visual.
Mesmo não tendo uma grande diferença visual entre as primeiras
garatujas, agora a criança já possui uma idéia sobre o que irá desenhar. A
partir dos três anos e meio a criança começa a anunciar o que pretende
desenhar, consumindo um espaço ainda maior de tempo.
Nesta fase, a criança não tem noção final das suas garatujas, ela
pode começar o desenho dizendo que é uma árvore e logo após de estar
pronto afirmar que desenhou uma casa.
O importante, segundo Lowenfeld (2000), é que os rabiscos e traços
tenham um significado real para a criança que os desenha. Sua vontade de
imitar o adulto nesta fase é mais evidente, traduzindo-se no desejo de
escrever, de comunicar-se com alguém.
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1.4.6 – Desenhos pré-esquemáticos
Pelos estudos de Lowenfeld (2000), a partir dos quatro anos, as
garatujas evoluem e os traços e rabiscos das crianças tomam formas já visíveis
pelos adultos.
A criança agora cria conscientemente, seus rabiscos são
controlados usando exemplos que estão a sua volta e com uma forte relação
com o mundo.
Esses novos desenhos são tão importantes para o professor ou pais,
quanto para as crianças, pois, já dispõem de um registro próprio no processo
do desenvolvimento infantil.
O primeiro símbolo produzido pela criança em geral é a figura
humana, uma representação constante nos desenhos da primeira infância.
Tipicamente nesta fase a figura humana é desenhada com um círculo
indicando a cabeça e duas linhas verticais indicando as pernas.
Segundo Lowenfeld (2000) essas representações “cabeça-pés” são
comuns às crianças de 5 anos, porém o que observamos nas crianças atuais é
que esse período da evolução do desenho está bem adiantado, no qual é
possível obter essas representações em crianças no final de três e início de
quatro anos. Isto acontece devido à estimulação que a criança vem recebendo
no decorrer do seu desenvolvimento, pois, as mesmas têm começado a
freqüentar a escola mais cedo. Outro fator considerável é a maturidade do
pensamento cognitivo da criança. Suas experiências e vivências também têm
uma grande importância nesse desenvolvimento.
Lowenfeld (2000), admitem que a “representação cabeça-pés é o
que a criança, de fato, sabe sobre si mesma, e não uma representação visual
do todo”. Como destacam os mesmos autores, Piaget descobriu que as
crianças de 6 anos creditavam que o processo de pensar ocorria na boca.
Neste processo de desenvolvimento do desenho, todos os sentidos
da criança estão interligados. Por exemplo, o sentido do tato é tão importante
quanto a percepção visual. Ao tocar e sentir um objeto a criança poderá
representá-lo com uma maior compreensão de seu significado.
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A percepção que a criança tem de sua posição no espaço e no
Mundo aparece no tamanho dos desenhos.
Nesta etapa de tradução, a criança está sempre buscando novos
conceitos e suas representações mudam constantemente. É possível observar
a evolução do traçado e de formas no desenho de uma criança no período de
seis meses a um ano.
1.4.7 – Figuras soltas
Lowenfeld (2000), afirma que os desenhos da criança vão
evoluindo, e perto dos 4 anos começa a desenhar figuras que ficam soltas
no papel como se estivessem flutuando. Essas figuras têm agora bastante
relação com os objetos ou pessoas, geralmente representam a figura
humana, casas, animais, sol, flores. Experiências diversificadas vão
aprimorar e enriquecer essas figuras. É interessante notar que a criança
nessa fase desenha o que sabe das coisas, a cor e o tamanho ainda não
têm muita relação com o real, estando mais ligados a estados emotivos. A
ocupação do papel também não é organizada. Algumas crianças começam a
comentar, descrever qualidades dos seus desenhos.
1.4.8 – Cenas
De acordo com Lowenfeld (2000), a principal característica dos
desenhos da criança é que as figuras não aparecem mais soltas no papel. Elas
aparecem organizadas no espaço ou em qualquer outro lugar em que a criança
desenhe. O que fica pousado no chão como: pessoas, casas, árvores, fica na
parte de baixo do papel. Na parte de cima, ela coloca sol, nuvens, pássaros,
aviões, etc.
As figuras encontram-se também relacionadas dentro de um tema. A
cor, geralmente tem relação com o real. O tamanho das pessoas e objetos
apresentam uma certa proporção.
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Nesta fase, Lowenfeld (2000), também observa uma evolução:
a. Cena simples: O desenho tem pouca variedade de elementos, poucos
detalhes e poucas cores.
b. Cena completa: há um maior número de elementos no desenho e uma
maior relação entre eles e também mais detalhes nas pessoas e nos objetos.
Nesta fase também a linguagem da criança sobre o desenho se amplia e elas
contam pequenas histórias relacionadas com eles.
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CAPÍTULO II- PISTAS REVELADORAS CONTIDAS NOS DESENHOS SOBRE O NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL
De acordo com Nicole Bédard (2000), através do desenho e de seus
traços é que a criança demonstra suas emoções, sentimentos, enfim suas
ilusões e desilusões. Na primeira infância, ou seja, entre os dezoito e os vinte e
quatro meses, a criança experimenta muito mais do que expressa, seus traços
orientam-se e vão tomando forma.A criança começa a controlar esse meio
e,em seguida poderá expressar-se através dele.
O desenho representa, em parte, a mente consciente, mas também,
e de uma maneira mais importante, faz referência ao inconsciente. Não
devemos esquecer-nos de que nos interessa é o simbolismo e as mensagens
que o desenho transmite-nos,não sua perfeição estética.
Ainda de acordo com Nicole Bédard (2000), é recomendável deixar
que sua imaginação manifeste-se com toda liberdade.
Em algumas crianças, o desejo de expressão canaliza-se através de
outros meios como a música, dança, o canto, os esportes. Cada qual
encontrará o que mais lhe convier.
Expondo-se cada etapa de evolução que experimenta o desenho na
criança.
Cada criança possui um ritmo próprio, é possível que as idades
mencionadas variem ligeiramente.
DEZOITO MESES A DOIS ANOS: Agrada-lhe rabiscar livremente sobre
grandes superfícies. Todavia sua coordenação motora costuma ser
desajeitada.
DOIS A TRÊS ANOS: De dois a três anos a criança deseja experimentar
ferramentas diferentes: o carimbo, aquarela, os lápis de cera,etc.Nesta fase a
experimentação predomina sobre a expressão.A coordenação vai-se
desenvolvendo r logo chega a segurar firmemente na mão o lápis que está
utilizando.
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ENTRE TRÊS E QUATRO ANOS: A criança começa a se expressar através
dos seus desenhos. Algumas vezes, antes de realizar os primeiros traços no
papel, ela nos diz o que pretende desenhar.
DE QUATRO A CINCO ANOS: Escolhe as cores em função da realidade (uma
árvore marrom com folhas verdes, por exemplo) e talvez,ao começar a
escrever,perca o interesse no desenho.Sua capacidade imaginativa é muito
forte,razão pela qual os contos de fada atraem muito mais sua atenção.
2.1- A REAÇÃO DA CRIANÇA DIANTE DO DESENHO
De acordo com Florence Mèredieu (2000), quando á criança coloca-
se diante de um papel, disposta a desenhar, sua atitude pode ser idêntica.
Algumas vezes começa o desenho e logo o risca, começando outro no mesmo
papel.
Um desenho riscado revela que a criança experimenta uma certa
agressividade, procedente de um acontecimento determinado, enquanto que o
desenho atirado ao cesto denota afirmação e determinação.Sua mensagem é
clara:significa que ainda que haja ocorrido algo negativo,a criança o repudiou e
o atirou ao cesto do esquecimento.
De vez em quando é importante dar uma olhada, porém de modo
discreto.
Ainda de acordo com a autora algumas crianças desenham em
silêncio, outras cantarolam, enquanto que outras dão explicações sobre os
traços a que estão dando forma ao papel.
Um desenho feito ao silêncio da criança indica concentração e será
muito mais significativo na hora de interpretá-lo. A uma necessidade do
ambiente ser animado, pois o canto,de algum modo , protege contra o
isolamento e ao,mesmo tempo,é um modo sutil de atrair e reter a atenção dos
demais.
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2.2- A REAÇÃO DOS PAIS EM RELAÇÃO AOS DESENHOS DO SEU FILHO
Alguns pais ficam extasiados diante dos desenhos de seus filhos,
enquanto outros adotam do desenho uma postura crítica, preferindo dirigir-se á
criança: “Faz-se assim, não desta forma....”
Devemos ser sinceros. Se nossa reação não for natural.
De acordo com Picasso apud Florence de Mèridieu (2000, p.01):
“Antes eu desenhava como Rafael, mas precisei de toda uma existência para
aprender a desenhar como as crianças.” (PICASSO)
2.3- A IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE CUIDADOSA DOS DESENHOS
“As análises infantis demonstram sempre que por detrás do desenho, da pintura e da fotografia, esconde-se uma atividade inconsciente muito mais profunda:trata-se da procriação e produção no inconsciente do objeto representado.” (Helena Coelho apud MELANIE KLEIN 2000, p.16)
Praticamente todos os trabalhos sobre desenho infantil efetuados
até hoje inscrevem-se numa ótica psicológica. Seria impossível expor e
analisar em algumas páginas a totalidade deste material e dos problemas
abordados. De acordo com a autora acima a expressão gráfica e plástica é
utilizada por Mélanie Klein, da mesma que os outros brinquedos: bonecas,
objetos pequenos, jogos com água, etc. O desenho representa uma simples
atividade lúdica. Numerosos são os analistas que atualmente se apóiam sobre
o desenho durante o tratamento, conjuntamente com outros modos de
expressão: modelagem,jogos com areia e água, etc.Por isso a importância da
observação do desenho da criança.e a análise do mesmo. Um diagnóstico
errado acarretará num futuro problema para está criança.
De acordo com Maria Helena Coelho (2002), é forçoso constatar que
o mais nos embaraça na observação provocada é o fato de sermos obrigados a
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utilizar a linguagem verbal, quanto mais não seja para definir as instruções.
Enfim a compreensão da linguagem gráfica pela escola que é, decerto, um
aspecto dos fatores culturais. È assim que, nas nossas sociedades latinas, se
utiliza pouco o desenho para a criança se exprimir e quando o utiliza é
geralmente o adulto que impõe o seu modelo.
O psicólogo é muitas vezes obrigado a interpretar, fato que não é
muito prejudicial, porque, se a produção é estável, a criança é sempre
comparada consigo mesmo. O desenho dá-nos três tipos de informações são
eles:
Desenvolvimento psicogenético: O desenho da criança é um testemunho
insubstituível do seu conhecimento e da sua própria organização. Um
fenômeno significativo: quando a criança faz a experiência do traçado e do
espaço gráfico.
Organização dinâmica: Evidência as capacidades neuroperceptivo – motoras
em relação com o conhecimento do meio ambiente imediato, e dos objetos, e
depois do meio ambiente alargado ao mundo conhecido.
Expressão simbólica: No desenho provocado mas, sobretudo, como veremos
no desenho espontâneo na qual a criança projeta a sua personalidade, suas
tendências, seus desejos.
2.4- Propostas práticas de desenho
De acordo com a autora Derdyck (2002), estas propostas
apresentam alguns resultados obtidos por um grupo de educadores e artistas
gráficos que participaram da experiência inicial. Espera-se que todos os que
estejam envolvidos com a arte-educação também realizem estas propostas
práticas, com o intuito de comparar as propostas formalizadas, com intuito de
comparar as propostas já formalizadas, vivenciando, observando, analisando.
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A estruturas dos exercícios que vêm a seguir foi organizada da
seguinte maneira:
1-formalização da proposta a ser realizada.
2-Apresentação de reproduções, constituídas por desenhos de crianças e de
artistas, que mantêm algum tipo de relação.
3-A apresentação de alguns resultados práticos , fruto da disposição de
algumas pessoas ligadas á educação,que se dispuseram á trabalhar
experimentalmente com as propostas aqui apresentadas, a fim de fornecer
subsídios para este trabalho.
4-Comentários gerais a respeito dos resultados obtidos em cada proposta, com
o levantamento de algumas questões que merecem ser observadas de forma
que o leitor possa experimentar a proposta de maneira prática, tendo a
oportunidade de confrontar seus próprios resultados com os demais. Os
comentários visam auxiliar o leitor na compreensão de todas as possibilidades
contidas na proposta, permitindo, assim, dar-lhes continuidade.
1°proposta: Ato de rabiscar, preenchendo os espaços e ocupando o campo do
papel de diferentes maneiras. A mão conduz o movimento, sugerindo ritmo,
intensidade, pulsação e indicando o tempo de duração do movimento do lápis
no papel. Não se preocupar em figuras ou representar.
2°proposta: Considerando o gesto como a linha de projeção no espaço do
papel . Existe uma estreita relação entre o resultado gráfico da linha e a
interação mão/gestos/instrumento. Realizando uma pequena pesquisa gestual.
Neste ponto observaremos os gestos ligados às varias sensações: gesto doce,
azedo, duro, mole, frio, quente, suave, amargo, áspero, etc...
3°proposta: Ato de reproduzir para orientar. A linha é uma personagem que
passeia continuamente pelo espaço do papel.
4°proposta: Movimentos circulares através da linha ou de um conjunto de
linhas, através de formas, pontos e massas. Relacionar os elementos no papel:
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ora contendo-os.ora se sobrepondo, ora se justapondo,ora variando suas
dimensões.
“A criança, ser global, mescla suas manifestações através do desenhar, pinta o corpo ao representar,dança enquanto canta,desenha enquanto ouve música,historia, ela representa enquanto fala...”. DERDYK (2002-p15)
28
CAPÍTULO III- O DESENHO COMO INSTRUMENTO DE DIAGNÓSTICO
Méredieu (2000), relata que a maior parte da literatura sobre o
desenho infantil tem como objeto a descrição de teste que permitam
estabelecer um diagnostico com base no grafismo. Distinguem-se dois
conjuntos: os testes de inteligência e os testes de personalidade.
Os testes de inteligência de acordo com Méredieu (2000),
pressupondo a existência de um tipo de grafismo próprio a cada idade,
inseparável, pois, da noção de fases progressivas, as provas de desenho foram
amplamente utilizadas para determinar o grau de maturação intelectual. Daí
seu emprego para determinar os sinais de debilidade e de deficiência mentais.
Propõe á criança modelos de figuras geométricas para reproduzir, ou então o
desenho de imaginação, ou ainda o desenho ao natural, sendo o teste mais
conhecido o da figura humana esquematizada.
Os testes de personalidade ainda de acordo com Meredieu esse
teste especificamente tem um valor projetivo uma vez que é reconhecido como
espelho e reflexo de toda a personalidade, fenômeno pela qual nos existimos.
“Tentação que é inerente á própria sociedade: fazer da criança um ser que deve adaptar-se aos mitos do grupo e do qual dos adultos esperam a realização de seus próprios sonhos ou reparações de seus fracassos....” MEREDIEU (2000, p. 40)
3.1- Papel da escola nesse contexto o “desenho”
O grau de sensibilidade de acordo com Meredieu (2000), á criança
ás influências exteriores varia em função da idade considerada. Bem pequena,
a criança escapa destas, em grande parte, mas logo ela se encontra integrada
num universo que lhe fornece um conjunto de informações sociais.As tentativas
para incluir o ensino do desenho numa ótica estetizante ultrapassadas, já as
criticamos mais atrás. Um ponto importante deve entretanto, ser precisado. Ao
lado da escola é preciso mencionar os ateliês de desenho e de expressões
29
plásticas cada vez numerosas que constituem um fenômeno novo. Se alguns
existem há muito tempo, sua voga é recente. Os chamados livres de expressão
parecem-lhes sinônimos de “laisser-faire” e de „laisser-aller”.
Edith Derdyk (2002, p. 61) diz:
“Que alguns professores da pré-escola ansiosamente descarregam técnicas para á criança “aprender a desenhar”, assim inibindo desta forma á criança. A criança enquanto desenha canta, desenha, dança, ou ate mesmo se silencia. O ato de desenhar impulsiona outras manifestações, que acontecem juntas, numa unidade indissolúvel, possibilitando uma grande caminhada pelo quintal do imaginário”.
De acordo com (Rhoda kellog,1969 p.37) afirma:
“A criança saudável está integralmente presente em qualquer situação, mesmo que seja pela negação desta. Seus gestos não são gratuitos, carregam uma verdade. A criança que tem bastante oportunidade para desenhar, certamente irá explorar uma maior quantidade de tipos variados de grafismos. A percepção se torna aguçada. A partir dos rabiscos é que, futuramente, irão surgir certas formas básicas”.
Assim, sendo, o desenho observado a partir dos métodos que a
criança utiliza para sua produção afirma-se como objeto da cultura infantil e
conforme as oportunidades, poderá alimentar-se da produção cultural adulta e
histórica.
Isso significa que, para alcançar um conjunto de idéias que darão
suporte a ação no desenho, é necessário que a criança atinja certo grau de
desenvolvimento cognitivo. Isso não garante, porém, que ela alcance o nível
que lhe poderia ser correspondente em relação as representações sobre
desenho. A criança expressa o que sente e pensa ao desenhar, utilizando suas
maõzinhas espertas e ligeiras, ou seja, está sendo criando. Elas são parecidas
30
com os artistas, tem traçados livres e espontâneos, desenham, pintam,
constroem, colocando-se por inteiro.
O desenho é uma das formas de expressão mais fortes que o ser
humano conseguiu criar desde o começo da civilização e para criança o
desenho é uma atividade que envolve um conjunto de suas potencialidades
necessárias. O professor da pré-escola deve possuir uma vivência prática e
efetiva das linguagens expressivas e assim não acontecerão erros grosseiros
na avaliação daquelas garatujas e rabisbos aparentemente sem significado,
dando assim uma maior importância a essas produções de seus alunos.
Moreira (2000), afirma que é essencial absorver a noção da possível inter-
relação e interdependência de todas as instâncias físicas, emocionais,
culturais, simbólicas, e de tudo que ocorre para o pleno desenvolvimento da
criança.
31
CAPÍTULO IV- O PSICOPEDAGOGO E A UTILIZAÇÃO DO DESENHO
4.1- A criança e a escola na busca de um ideal
De acordo com Bossa (2000), relata que temos procurado
estabelecer o objeto e nosso interesse: a escola. Dessa forma, esboçamos até
aqui as construções humanas (idéias, ideais, crenças, mitos, tradições) que
estiverem presentes na criação dessa instituição. Interessa-nos estudar a
escola como construção eminentemente subjetiva, ainda que o social e o
cultural; a escola como foi o desejo daqueles que primeiro a conceberam; a
escola ideal, como síntese de uma variedade de intenções e crenças; e
finalmente, estudá-la como geradora de uma sintomatologia.
Quando a criança chega na escola ela traz consigo uma grande
curiosidade infantil deste modo é de suma importância a orientação do
psicopedagogo diante desta problemática de Como o gestor poderá auxiliar o
corpo docente a detecta futuras ou porque não dizer reais problemas com á
criança através do desenho?
O trabalho do psicopedagogo é auxiliar o educador a valorizar o
desenho de seus alunos, pois através do desenho ela se expressa seus reais
sentimentos, suas angústias, seus anseios, etc.
De acordo com (Bossa,2000 p.20), em geral as pessoas
experimentam seu presente de forma ingênua, por assim dizer, sem serem
capazes de fazer uma estimativa sobre seu, contudo; têm primeiro de se
colocar a certa distância dele: isto é, o presente tem de se tornar o passado
para que possa produzir pontos de observação a partir dos quais elas julguem
o futuro. A criança é o elemento central da proposição, seu desenho é apenas
uma forma particular da emergência da linguagem, um reflexo de seu
crescimento psíquico.
O grau de sensibilidade da criança ás influências exteriores varia da
idade considerada. Bem pequena, a criança escapa desta em grande parte,
mais logo ela se encontra integrada num universo que lhe fornece um conjunto
de informações sociais. Aí que entra o psicopedagogo para auxiliar o corpo
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docente neste sentido, orientando o professor á valorizar o desenho de seus
alunos dentro da sala de aula. Ao lado da escola, é preciso mencionar os
ateliês de desenho e de expressões plásticas cada vez mais numerosas e que
constituem um fenômeno novo. Ainda de acordo com Bossa (2000), deveria ser
imprescindível o uso de salas de artes em toda rede da educação escolar, pois
ainda se faz falta de espaços para esse tipo de ateliês com essa finalidade. A
matéria de artes é mais um fator de preenchimento no currículo escolar.
Mèredieu (2000, p.18) cita que:
O desenho infantil possa ser encarado como uma língua, eis aí algo que, até uma análise mais ampla, permanece num terreno hipotético, ou melhor, metafórico. Não se pode negar que ele constituiu um sistema de signos, mas quanto ao saber, quais são as propriedades do signo gráfico infantil, isso é a outra questão que permanece aberta e que demandaria estudos precisos.
Sem perceber, no momento de desenhar á criança transporta para o
papel seu estado de espírito, em todos os detalhes. È por isso que os
desenhos delas permitem-nos incrementar consideravelmente nossos dados
sobre o seu temperamento, caráter e personalidade e também porque não
dizer as suas necessidades. Os educadores têm que mudar sua forma de
pensar sobre o desenho, tendo como ponto de partida á própria avaliação do
aluno através dele. O desenho constituí uma importante contribuição para os
educadores interessados em compreender o pensamento da criança e a visão
do artista expressos através da linguagem gráfica. È um trabalho que busca
desvendar o ato de desenhar da criança e do artista com a intimidade de quem
conhece bem o caminho.
33
4.2- O papel do psicopedagogo enquanto orientador no desenvolvimento da aprendizagem da criança
O psicopedagogo deve atuar auxiliando o professor nas dificuldades
que surgirem ao longo das atividades proposta na escola, pois, desta forma
estará contribuindo no processo ensino-aprendizagem.
Deve estar preparado para interferir positivamente na realidade da
criança, tendo uma postura crítica, criativa e comprometimento com a formação
da cidadania.
A atividade do gestor auxiliado pelo psicopedagogo é marcada pela
liderança, assumindo o seu papel na perspectiva da educação.
O gestor junto ao psicopedagogo são aqueles que respeitam os
valores morais do grupo a que pertence, mantêm a postura e a ética
profissional da classe, desenvolvendo continuamente a iniciativa, criatividade,
objetividade, autonomia, autocrítica, crítica com propostas novas,
comprometimento político e pedagógico.
De acordo com Padilha (2002) e Menegolla (2002), o gestor
auxiliado pelo psicopedagogo deve orientar o professor da seguinte forma:
1. Orientar o professor no desenvolvimento da criança através de sua ação
cooperativa;
2. Trabalhar com o professor partilhando idéias, estimulando e proporcionando
o trabalho de equipe, troca de experiências;
3. Procurar constatar possíveis falhas e a dificuldade que o professor enfrenta
diariamente de maneira positiva, mantendo o respeito mútuo;
4. Criar oportunidades nas quais a criança possa traçar seus caminhos;
5. Estimular a iniciativa do professor, bem como a melhoria de sua atuação;
6. Coordenar, organizar e prever momentos de integração.
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O papel do psicopedagogo junto ao gestor é importante para esse
processo e para o projeto da escola, pois, tem que criar atividades que estejam
de acordo com a realidade do aluno.
O psicopedagogo junto ao gestor promove reuniões para avaliar se
os professores estão ensinando e os alunos aprendendo, pois, desta forma
escolher os métodos e técnicas adequadas, assim, como os livros a serem
adotados para cada faixa etária.
O gestor junto com o psicopedagogo ao desenvolver uma liderança
preocupa-se com a produção, mas, nunca negligencia todo o processo, as
relações essenciais entre os componentes da escola, pois, são essas relações
que mantêm a unidade do sistema e assim, para que o mesmo possa funcionar
de maneira eficaz. Logo, a função do psicopedagogo diante deste quadro é
elaborar, orientar de maneira ética como o gestor e sua equipe pedagógica
poderão colaborar nas séries iniciais como o desenho é importante para o
desenvolvimento da criança.
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CONCLUSÃO
Conclui-se que um dos maiores obstáculos para educação, tem
relação com a criança com problemas de aprendizagem e a falta de
profissionais capacitados para trabalhar com esses alunos, que se sentem
excluídos diante de sua deficiência.
A brincadeira e o desenho da criança de zero a seis anos, onde a
criança ao brincar e desenhar revela sua forma de pensar, sentir e agir,
evoluindo de forma cada vez mais abstrata. Através da utilização de
manifestações simbólicas, imagem mental, desenho, imitação do modelo,
lúdica, adquire condições para ir se percebendo como alguém que constrói a
própria história de vida e vai interagindo com o meio.
De acordo com o objetivo que foi a apresentação como a criança
desenha em fases diferentes de desenvolvimento psicológico; relacionar o
desenho com a identificação de problemas infantis; ressaltar a importância de
analisar um desenho com uma visão ampla; demonstrar algumas técnicas
empregadas e discutir o papel do psicopedagogo diante de um desenho fora
das expectativas.
O desenho deve ser entendido como uma técnica de trabalho usada
pela escola e pelos professores, e, portanto, deve ser amplamente discutido
dentro do planejamento educacional, tendo em vista que é um instrumento
básico para todo o processo.
Para compreender esse homem (criança), é necessário entender o
seu aparelho funcional psíquico, no qual existe uma relação de continuidade,
de transformação, onde ocorre à motricidade, o ego, a realidade e experiência
de satisfação, ou ocorre etapa deficitária. Partindo do ponto da transferência,
trabalha-se: atividade livre, observação e interpretação.
Diante deste contexto analisa-se como o psicopedagogo, poderá
orientar no desenvolvimento desta criança através do desenho e detectar a sua
deficiência. O marco curricular pertinente dos propósitos deste trabalho vem
sendo conceitualizados por educadores que compreendem as questões da
interação direta da criança com os objetos de conhecimento, e ainda, os
aspectos sociais, porém, ainda há muita resistência por parte de alguns
educadores sobre tal assunto, conforme foi observado através deste estudo.
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Todavia, o psicopedagogo, em relação à escola, deve observar a
metodologia usada, o uso de sansões ou castigos e prêmios, e a coerência
entre ensino proposto e a etapa de desenvolvimento da criança.
Portanto, concluí-se que o trabalho em conjunto com toda equipe
pedagógica defini-se com um só objetivo que ambos deverão ter um olhar
especial para esta criança e a sua formação.
37
BIBLIOGRAFIAS
BOSSA, Nádia A. Fracasso escolar: um olhar psicopedagógico. Editora: Artemed, São Paulo, 2000. COELHO, Maria Helena apud Pinheiro, Augusto. A observação da criança. Editora: Manole, São Paulo, 2002. DERDYK, Edith. Formas de pensar o desenho: desenvolvimento do grafismo infantil. São Paulo: Scipione, 2002. FERREIRO, Emília. Com todas as letras. 4 ed. São Paulo: Cortez, 1992. GARDNER, H. O significado do desenho das crianças. Nova York, Basic Books, Inc. Publilshers, 2000. GREIG, Philippe. A criança e seu desenho: o nascimento da arte e da escritura. Trad. Fátima Murad. Porto Alegre: Artemed, 2004. KELLOG, Rhoda. Analisando a arte da criança. Califórnia, Mayfield Publishing,1969. LOWENFELD, Viktor. A criança e sua arte. São Paulo, Mestre Jou, 2000. LUQUET, G. H. O desenho infantil. Porto, Civilização, 1969. MENEGOLLA, Maximiliano; SANT‟ANNA, M. Ilza. Porque planejar- como planejar?, 12º Ed., Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. MÈREDIEU, de Florence. O desenho infantil. Trad. Álvaro Lorencini e Sandra M. Nitrini. Editora: Cultrix. São Paulo, 2000. MOREIRA, Ana Angélica Albano. Espaço do desenho; a educação do educador. 4 ed., São Paulo. Loyola, 2003. PADILHA. Paulo Roberto. Planejamento dialógico: como construir um projeto político pedagógico da escola. 2º Ed. SP, São Paulo; Inst. Paulo Freire, 2002- Guia da escola cidadã; v:07. VISCA, Jorge. Clínica psicopedagógica. Epistemologia convergente. Editora: Buenos Aires, 1985.
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO...........................................................................................01
AGRADECIMENTOS........................................................................................03
DEDICATÓRIA..................................................................................................04
RESUMO...........................................................................................................05
METODOLOGIA................................................................................................06
SUMÁRIO..........................................................................................................07
INTRODUÇÃO...................................................................................................08
CAPÍTULO I
O DESENHO INFANTIL....................................................................................10
1.1- Histórico......................................................................................................10
1.2- A criança e o desenho................................................................................10
1.3- Evolução do desenho infantil......................................................................11
1.4- Etapas do desenho infantil.........................................................................14
1.4.1- Rabiscação..............................................................................................14
1.4.2- Garatujas.................................................................................................16
1.4.3- Garatujas desordenadas.........................................................................17
1.4.4- Garatujas controladas.............................................................................18
39
1.4.5- Atribuições de nomes às garatujas..........................................................18
1.4.6- Desenhos pré-esquemáticos...................................................................19
1.4.7- Figuras soltas..........................................................................................20
1.4.8- Cenas......................................................................................................21
CAPÍTULO II
O DESENHO E A INTERPRETAÇÃO...............................................................22
2.1- A reação da criança diante do desenho....................................................23
2.2- A reação dos pais em relação aos desenhos do seu filho........................24
2.3- A importância da análise cuidadosa dos desenhos....................................24
2.4- Propostas práticas de desenho..................................................................25
CAPÍTULO III
O DESENHO COMO INSTRUMENTO DE DIAGNÓSTICO..............................28
3.1- Papel da escola nesse contexto o “desenho”.............................................28
CAPÍTULO IV
O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO E A UTILIZAÇÃO DO DESENHO..............31
4.1- A criança e a escola na busca de um ideal................................................31
4.2-O papel do psicopedagogo enquanto orientador no desenvolvimento da
aprendizagem da criança...................................................................................33
40
CONCLUSÃO....................................................................................................35
BIBLIOGRAFIA.................................................................................................37