TS Eliot Ensaios
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Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRSMestrado em Letras – Escrita Criativa
Processos de Criação Literária – Prof. Charles Kiefer – 2006/2
Bernardo Moraes
T.S. ELIOT
Thomas Stearns Eliot
Um estudo sobre 5 ensaios
por Bernardo Moraes
De Sobre a Poesia e os Poetas
Função social da poesia (1943)A música da poesia (1942)
As três vozes da poesia (1953)Yeats (1940)
De Função da Poesia e Função da Crítica
Conclusão (1933)
O texto desta apresentação resume e reflete sobre as declarações de T.S. Eliot
através da ótica de um jovem acadêmico, mais de meio século depois…
Bibliografia
Eliot, Thomas Stearns. Sobre la poesia y los poetas. Buenos Aires: Sur. 1959.
Eliot, Thomas, Stearns. Funcion de la poesia y funcion de la critica. Barcelona: SeixBarral. 1968.
http://www.elore.com/Portugues/Poesia/Yeats/tres.htm
www.wikipedia.org
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T.S. Eliot: viveu entre 1888 e 1965. Poeta, dramaturgo e crítico literário nascido nosEstados Unidos e naturalizado na inglês. Recebeu o Prêmio Nobel em 1948.
Terra Desolada (1922, tradução de Ivan Junqueira, editora Nova Fronteira)
1. O enterro dos mortos
Abril é o mais cruel dos meses, germina
Lilases da terra morta, mistura
Memória e desejo, aviva
Agônicas raízes com a chuva da primavera.
O inverno nos agasalhava, envolvendo
A terra em neve deslembrada, nutrindo
Com secos tubérculos o que ainda restava de vida.
Função Social da Poesia
Quando se fala na função de uma coisa, logo se pensa que essa coisa deveriaservir para alguma coisa para a qual por alguma razão não serve.
É possível que a poesia tenha no futuro uma função diferente da que teve no passado.
Toda grande poesia não teve uma funçõa social no passado, e provavelmentenão terá no futuro.
A poesia pode ter uma função social deliberada e consciente: poesia didática,religiosa, musical; a poesia dramática também tem seu propósito claro.
Poesia e prazer: o prazer é a função mais básica da poesia. Deve dar prazer aoseu poeta em primeiro lugar, e ao seu leitor. Que tipo de prazer? O tipo de prazer
proporcionado pela poesia.A poesia como veículod e idéias, ideologias ou como meio para falar de
assuntos contemporêneos não é necessariamente boa ou ruim: embora possa alcançar sucesso em seu tempo, a má poesia desaparece, e a boa continuará valendo.
A poesia depende mais da raça e da língua do que outras artes. Uma pessoa pode se emocionar com quadros ou músicas de outros lugares do mundo, mas com a poesia não é tão simples.
Cada língua estabelece um modo de sentir. Por isso, a sensação de que
perdemos muito mais quando traduzimos um poema do que quando traduzimos prosa.Perdemos menos ainda num texto científico.
A emoção e o sentimento se expressam melhor na língua comum de um povo.A obrigação do poeta não é com o povo, mas com sua língua: conservá-la
primeiro e ampliá-la e aperfeiçoa-la depois. Uma língua sem escritores é uma línguaem extinção.
Para que tenhamos uma leitura viva, precisamos da literatura do passado. Senão mantemos uma continuidade, a literatura do passado estará mais distante do que ade um país estrangeiro.
Os poetas são aquelas pessoas com a sensilbilidade especial para tratar a
língua e trabalhá-la, ensinando um povo a sentir.
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Quando um país deixar de produzir poesia, será o sinal de um mal que seestenderá para outros países… um mal que incapacitará as pessoas de expressarem ossentimentos de um povo civilizado.
A Música da Poesia
O estudo da anatomia não nos possibilitará fazer com que a galinha ponhaovos: cohecer a métrica e os ritmos é útil, mas por si só não faz belos versos. Nãoaprendemos por força de regras, nem imitando um estilo.
Não existe poesia em que a música esteja separada do sentido. O leitor podedar mais atenção a um ou outro. Mesmo a ausência de sentido não é a suainexistência: é uma paródia de sentido.
Não se pode traduzir puramente o sentido de um poema, já que ele pode ser maior do que o próprio autor imaginou.
Se um poema emociona, terá significado algo. Se não nos emociona, carece de
sentido.A música da poesia deve ter a ver com a fala comum de sua época. Não
necessariamente ser a fala comum, mas inspirar-se nela.Yeats lendo sua poesia fazmais sentido – é uma poesia que necessita da fala irlandesa para potencializar seusentido e sua música.
A idéia do verso livre já serviu muitas vezes para justificar prosa ruim.Um poema musical é um poema que tem uma pauta musical sonora e uma
pauta musical dos significados secundários agregados a ele pelas palavras escolhidas.Uma e outra são indissolúveis.
As Três Vozes da Poesia
A primeira voz é a do poeta falando consigo mesmo ou com nada.A segunda voz é a do poeta dirigindo-se a um auditório, grande ou pequeno.A terceira voz é a de um personagem dramático falando no lugar do poeta.A poesia da primeira voz é a lírica, a voz do próprio poeta. O poeta tem em si
um germe criador e um conjunto lingüístico: deve conciliar os dois, usando as palavras justas ou, no mínimo, as menos erradas.
As três vozes não estão separadas: convivem em maior ou menor grau nummesmo poeta…
Conclusão
É claro que existe algo relacionado a estados místicos e a criação poética, masisso só interessa aos religiosos e aos psicólogos: é pouco provável que Dante ouShakespeare tenham dependido desse tipo de experiência para escrever.
A ordenação é tão necessária quando a inspiração.Devems desconfiar das teorias a respeito da poesia que esperam muito dela, ou
muito pouco.
A principal utilidade de um poema sobre o leitor é manter sua mente ocupadae divertida enquanto exerce influência sobre ele.
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Não há poeta honrado que se sinta absloutamente seguro do valor permanentede sua obra.
Yeats
William Butler Yeats: viveu entre 1865 e 1939. Poeta, dramaturgo e senador irlandês. Recebeu o Prêmio nobel de Literatura em 1923.
As Vozes Eternas (1899)
Oh, doces e perenes Vozes, permaneçam;
Vão até aos guardiões das hostes celestiais
E os ordene que vagueem obedecendo à Tua vontade,
Chamas sob chamas, até o Tempo deixar de existir;
Não tem você ouvido que nossos corações estão cansados,Que você tem chamado por eles nos pássaros,
no vento sobre as colinas,
Em balançantes gallhos nas árvores,
nas marés pela beira-mar?
Oh, doces e perenes Vozes, permaneçam.
Yeats lendo The Lake Isle os Innisfree:
http://www.poets.org/viewmedia.php/prmMID/15529
A poesia transforma-se em ciclos de vinte anos: um poeta de 50 anos tem atrásde si a poesia de um poeta de 70 e outra de 30.
A poesia era maior que o artista, por isso os mais jovens sempre sentiam-se àvontade em sua presença. Esse era o segredo para ser considerado sempre um homemcontemporâneo.
O segredo da sua melhora constante era concentração e trabalho assíduo.Há que se esperar a maturidade para expressar a experiência juvenil.