Suporte Básico de Vida Socorro e Emergência.pdf
Transcript of Suporte Básico de Vida Socorro e Emergência.pdf
Programa Saúde da Família
Pós-Graduação a distância
Suporte Básico de Vida e Socorro de Emergência
Jorge Nascimento
Sumário
Suporte e treinamento básico em emergência ........................................................ 5
Doença Cardiovascular e Parada Cardiorrespiratória ..................................................................5
Insuficiência coronariana .....................................................................................................................5
Fisiopatologia ....................................................................................................................................5
Angina .............................................................................................................................................5
Infarto agudo do miocárdio ..................................................................................................................5
Estado de choque ...............................................................................................................................6
Choque Hipovolêmico ............................................................................................................................................... 6
Choque Cardiogênico ................................................................................................................................................ 6
Choque Septicêmico ................................................................................................................................................. 6
Choque Anafilático ................................................................................................................................................... 6
Choque Neurogênico ................................................................................................................................................ 6
Causas Principais do Estado de Choque: ................................................................................................6
Sintomas ..........................................................................................................................................6
Prevenção do Choque .........................................................................................................................7
Parada Cardiorrespiratória ......................................................................................................................................... 7
Reanimação Cardiopulmonar ..................................................................................................................................... 7
Parada Cardiorrespiratória na Comunidade ................................................................................................................... 8
Suporte Básico de Vida .......................................................................................... 8
Cadeia de Sobrevivência .......................................................................................................8
Lei de Sobrevivência à Parada Cardíaca ...................................................................................9
Cadeia de Sobrevivência ...................................................................................................... 10
Reanimação Cardiopulmonar-Cerebral .................................................................................... 10
Qualidade da Reanimação ................................................................................................................... 10
Novas Técnicas em Reanimação Cardiopulmonar .................................................................................... 10
Compressões Torácicas Eficazes ................................................................................................................................ 10
Ventilação com Duração de 1 Segundo ....................................................................................................................... 11
Uma Única Relação Compressão-Ventilação para Adultos ............................................................................................... 11
Aplicação de um Choque Seguido de RCP .................................................................................................................... 11
Ventilação ............................................................................................................................................................. 11
Sociedade Brasileira de Cardiologia 2010 .............................................................. 11
Novas Diretrizes Durante a Parada Cardiorrespiratória .............................................................. 11
Parada Cardiorespiratória ................................................................................................................... 12
Epidemiologia: causas de PCR e predisposições .......................................................................................................... 12
Modalidades de parada cardíaca ......................................................................................................... 12
Ressuscitação Cardiorrespiratória Básica (RCRB) - Socorro Básico ............................................................ 13
Definição .............................................................................................................................................................. 13
Reconhecimento e abordagem inicial ......................................................................................................................... 13
Seqüência das manobras de RCRB ...................................................................................................... 14
Comentários finais ............................................................................................................................ 17
Consenso Nacional de Reanimação Cardiorrespiratória ......................................... 18
Reanimação Cardiorrespiratória Avançada - Socorro Especializado: ............................................ 18
Suporte Avançado de Vida ................................................................................................................. 18
Definição .............................................................................................................................................................. 18
Algoritmos para atendimento dos diferentes tipos de PCR ............................................................................................ 18
Desfibrilação ......................................................................................................................................................... 18
Recomendações sobre os níveis de energia em desfibrilação .......................................................................................... 19
Atendimento de Emergência Pré-Hospitalar .......................................................... 22
Protocolo Internacional de Atendimento Pré-hospitalar ............................................................. 22
Etapas Básicas de Primeiros Socorros .................................................................................... 22
Aspectos Legais do Socorrismo ............................................................................. 24
Etapas Básicas do Socorrismo ............................................................................................... 25
Roteiro de Prioridades no Atendimento ................................................................................... 26
“A” (Hiperextensão cervical)................................................................................................................ 26
Manobra de Heimlich ......................................................................................................................... 26
Estabilização cervical ......................................................................................................................... 26
“B” ................................................................................................................................................. 26
“C” Massagem cardíaca externa ........................................................................................................... 26
Controle das hemorragias ................................................................................................................... 26
“D” ................................................................................................................................................. 26
“E” Exame físico da vítima .................................................................................................................. 26
Controle térmico ............................................................................................................................... 26
Reanimação CARDIOPULMONAR (RCP) ................................................................................... 27
· Parada Respiratória (P.R.) - interrupção brusca da função pulmonar
· Parada Cardiorrespiratória (P.C.R.) - suspensão imediata das funções pulmonar e cardíaca .......... 27
Hemorragias ...................................................................................................................... 28
Lesões Traumáticas ............................................................................................................. 29
Alterações Psico-Motoras ..................................................................................................... 30
Técnicas de Imobilizações................................................................................................................... 31
Técnicas de Transportes ..................................................................................................................... 31
Reanimação Cardiorrespiratória ............................................................................................ 31
Pediátrica ........................................................................................................................................ 31
Introdução ............................................................................................................................................................. 31
Esquema dos eventos relacionados com a PCR em crianças ........................................................................................... 32
Conduta ................................................................................................................................................................ 32
Diagnóstico ............................................................................................................................................................ 32
Freqüências respiratória (FR) e cardíaca (FC) durante a RCR em pediatria. ...................................................................... 33
Consenso reanimação cardiorrespiratória .................................................................................................................... 34
Situações especiais de RCR ...................................................................................................................................... 35
Parada cardiorrespiratória no traumatizado ................................................................................................................ 37
Abandono das Manobras de Ressuscitação .................................................................................................................. 37
Situações em que não há indicação para início de manobras de RCR ............................................................................... 37
Ensino da RCR ........................................................................................................................................................ 37
Queimaduras ......................................................................................................................................................... 38
Recomendações Finais ............................................................................................................................................. 46
Referências Bibliográficas .................................................................................... 47
www.posugf.com.br 5
Suporte Básico de Vida e Socorro de Emergência
parada cardiorrespiratória ), em 90% dos ataques cardíacos
graves, o coração deixa de contrair em função da desorgani-
zação da atividade elétrica do músculo cardíaco ( miocárdio)
Esta desordem elétrica é chamada arritimia, sendo a Fibrila-
ção Ventricular (FV ) a mais comum.
A FV leva a PCR e o único tratamento imediato é a DESFI-
BRILAÇÃO. Tão importante que a cada 1 minuto deixado de
desfibrilar, as chances caem em menos de 10% de reverte-la.
Insuficiência coronarianaA insuficiência coronariana pode ser definida como um
desequilíbrio entre a oferta e o consumo de oxigênio pelo
miocárdio, levando a graus variáveis de isquemia e podendo
resultar, na dependência de sua duração e intensidade, em
necrose celular.
FisiopatologiaComo o coração é um órgão essencialmente aeróbico, a
extração de oxigênio pelo miocárdio é máxima. Em condi-
ções de hipoxia tissular, o coração tenta aumentar o fluxo
na região, a fim de aumentar o aporte de oxigênio. Porem,
se não existe condição para esse aumento de fluxo, as fibras
miocárdicas não conseguem manter função contrátil adequa-
da, já que a energia do metabolismo aeróbico é insuficiente.
Aparecem então a dor ( angina) e dispnéia.
AnginaO termo angina pectoris se refere ao desconforto relacio-
nado à isquemia miocárdica que não se acompanha de ne-
crose celular, podendo ser descrito como aperto, queimação,
sufocação ou peso. Sua localização é geralmente precordial
ou retroesternal, podendo haver irradiações para a face me-
dial do membro superior esquerdo, face anterior do pescoço,
mandíbula, dorso e região epigástrica. É desencadeada por
esforço físico ou emoção e tem duração curta, inferior a 10
minutos. O quadro pode ser acompanhado de sudorese, pali-
dez, náuseas, dispnéia e tontura. É aliviada pelo repouso ou
pelo uso de vasodilatadores sublinguais.
Infarto agudo do miocárdioO infarto agudo do miocárdio é a situação extrema da
insuficiência coronariana, quando a isquemia miocárdica se
acompanha de necrose celular. As queixas do paciente com
infarto agudo do miocárdio são semelhantes àquelas da crise
de angina, porem a dor é mais prolongada e mais intensa,
alem de ser acompanhada de náuseas, vômitos, sudorese
fria, palidez e outros sintomas como dispnéia intensa e a
falência circulatória.
Suporte e treinamento básico em emergência
Objetivos
Estabelecer conteúdo técnico prático e teórico em esta-
ções algorítmicas com finalidade de proporcionar aos profis-
sionais, bases para atendimento de situações em urgência e
emergência clínica sobretudo no apoio a Parada Cárdiorres-
piratória (PCR) com manuseio e importância do desfibrilador
externo automático (DEA). Visa a ampliação, discussão, es-
tímulo a protocolos internos, a sistematização e a prevenção
dos eventos clínicos graves, sensibilizando os alunos em unir
esforços para “ salvar vidas” , na sua plenitude e função,
em detrimento de seqüelas neurológicas irreversíveis. Visa
também o treinamento sistematizado dos alunos para lidar
com situações clínicas básicas, fornecendo informações para
efetuar atendimento primário, destacando-se com apoio na
manutenção da cadeia de vida, estabelecendo indicações e
contra-indicações.
Objetivos planejados
• Incorporar a dinâmica de grupo do atendimento na ur-
gência e emergência;dxtt
• Vivenciar as principais situações clínicas comuns: tais
como Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), Parada Cárdio-
-Respiratória (PCR), Manobra de reanimação Cárdio-Pul-
monar (MRCP), entre outras;
• Enfatizar mecanismos fisiopatológicos da anóxia cerebral
com manobras e terapêuticas para evitá-las, haja vista
a reanimação cerebral constituir o foco do atendimento;
• Reconhecer a Fibrilação Ventricular como principal arrit-
mia envolvida na PCR, demonstrando a Desfibrilação Au-
tomática Externa (DEA);
• Atuar em estados hemorrágicos superficiais e profundos,
diferenciando sangramento arterial e venoso, destacan-
do os ferimentos faciais e membros, medidas iniciais
como compressões, e percepção do Estado de Choque
(Insuficiência Circulatória com Hipotensão Arterial ). Pra-
ticar técnicas de imobilizações, Manobras de Reanimação
Cardio-Pulmonar, oxigenioterapia, aplicação do DEA, uti-
lização da oximetria e Bolsa-máscara.
Doença Cardiovascular e Parada
Cardiorrespiratória
A Doença cardiovascular é a principal causa de óbito no
Brasil. Estima-se que pelo menos 30% da população poderá
apresentar evento grave e de conseqüência fatal. Na PCR (
www.posugf.com.br 6
Suporte Básico de Vida e Socorro de Emergência
samos fazer para reverter a síndrome. Muitas vezes é difícil
este reconhecimento, mas podemos notar algumas situações
predisponentes ao choque e adotar condutas para evitá-lo
ou retardá-lo. De uma maneira geral, a prevenção é consi-
deravelmente mais eficaz do que o tratamento do estado de
choque.
O choque pode ser provocado por várias causas, especial-
mente de origem traumáticas. Devemos ficar sempre atentos
à possibilidade de choque, pois a grande maioria dos aciden-
tes e afecções abordadas neste manual pode gerar choque,
caso não sejam atendidos corretamente.
Causas Principais do Estado de
Choque:
● Hemorragias intensas (internas ou exter-
nas)
● Infarto
● Taquicardias
● Bradicardias
● Queimaduras graves
● Processos inflamatórios do coração
● Traumatismos do crânio e traumatismos
graves de tórax e abdômen
● Envenenamentos
● Afogamento
● Choque elétrico
● Picadas de animais peçonhentos
● Exposição a extremos de calor e frio
● Septicemia
No ambiente de trabalho, todas as causas citadas acima
podem ocorrer, merecendo especial atenção os acidentes gra-
ves com hemorragias extensas, com perda de substâncias
orgânicas em prensas, moinhos, extrusoras, ou por choque
elétrica, ou por envenenamentos por produtos químicos, ou
por exposição a temperaturas extremas.
SintomasA vítima de estado de choque ou na iminência de entrar
em choque apresenta geralmente os seguintes sintomas:
· Pele pálida, úmida, pegajosa e fria. Cianose (arroxea-
mento) de extremidades, orelhas, lábios e pontas dos
dedos.
● Suor intenso na testa e palmas das mãos.
● Fraqueza geral.
● Pulso rápido e fraco.
● Sensação de frio, pele fria e calafrios.
Nem sempre o paciente chega até o atendimento medico,
podendo ocorrer a morte súbita. Na dependência do grau de
comprometimento a massa infartada pode ser muito gran-
de, havendo dificuldade na manutenção do débito cardíaco,
surgindo choque cardiogenico, complicação de alta letalida-
de. Pode ocorrer também ruptura da parede do ventrículo
esquerdo, com tamponamento cardíaco e morte.
Estado de choqueO choque é um complexo grupo de síndromes cardio-
vasculares agudas que não possui, uma definição única que
compreenda todas as suas diversas causas e origens. Didati-
camente, o estado de choque se dá quando há mal funciona-
mento entre o coração, vasos sangüíneos (artérias ou veias) e
o sangue, instalando-se um desequilíbrio no organismo.
O choque é uma grave emergência médica. O correto
atendimento exige ação rápida e imediata. Vários fatores
predispõem ao choque. Com a finalidade de facilitar a análise
dos mecanismos, considera-se especialmente para estudo o
choque hipovolêmico, por ter a vantagem de apresentar uma
seqüência bem definida. Há vários tipos de choque:
Choque HipovolêmicoÉ o choque que ocorre devido à redução do volume intra-
vascular por causa da perda de sangue, de plasma ou de água
perdida em diarréia
e vômito.
Choque CardiogênicoOcorre na incapacidade de o coração bombear um volume
de sangue suficiente para atender às necessidades metabóli-
cas dos tecidos.
Choque SepticêmicoPode ocorrer devido a uma infecção sistêmica.
Choque AnafiláticoÉ uma reação de hipersensibilidade sistêmica, que ocorre
quando um indivíduo é exposto a uma substância à qual é
extremamente alérgico.
Choque NeurogênicoÉ o choque que decorre da redução do tônus vasomotor
normal por distúrbio da função nervosa. Este choque pode ser
causado, por exemplo, por transecção da medula espinhal ou
pelo uso de medicamentos, como bloqueadores ganglionares
ou depressores do sistema nervoso central.
O reconhecimento da iminência de choque é de importân-
cia vital para o salvamento da vítima, ainda que pouco pos-
www.posugf.com.br 7
Suporte Básico de Vida e Socorro de Emergência
MRCP , Manobra de Reanimação Cardiopulmonar estabele-
cendo a viabilidade imediata da circulação e oxigenação.
Reanimação CardiopulmonarHistória
O atendimento da PCR foi estabelecido por Peter Safar,
médico anestesista e intensivista, que em 1950 desenvol-
veu as técnicas de reanimação incluindo a respiração boca
a boca, que recentemente foi retirada do protocolo de RCP.
Safar ainda contribuiu para a sistematização do atendimento
desenvolvendo o BLS ( Basic Life Support ) ou SBV ( Suporte
basico de Vida )e o ACLS ( Advanced Cardiologic Support ) ou
SAVC ( Suporte avançado de Vida em cardiologia ).
Diversas pessoas apresentam parada cardiorespiratória
em vários locais todos os dias. É importante saber que muitas
das situações que levam à interrupção súbita do funciona-
mento do sistema cardiorrespiratório são reversíveis e uma
vez removidas as causas, essa pessoas podem continuar seu
curso normal de vida. Para isso, esforços devem ser realiza-
dos no sentido de restaurar a atividade espontânea desses
corações, antes que o cérebro venha a apresentar lesão per-
manente. Para o atendimento de pacientes que estão em pa-
rada cardiorrespiratória devem ser seguidas diversa s etapas
assim como as técnicas e intervenções utilizadas pela equipe
de reanimação cardiorrespiratória.
Cerca de 50% de pacientes com IAM têm morte súbita,
dentro da primeira hora a partir do inicio dos sintomas. O tra-
tamento atual do IAM contrasta drasticamente com a condu-
ta expectante e o diagnostico retrospectivo de duas décadas
atrás. Os agentes fibrinolíticos e as intervenções coronarianas
percutâneas reabrem os vasos coronários ocluídos que provo-
cam isquemia miocárdica o que salva vidas e melhora quali-
dade de vida. Essa intervenções devem ser realizadas dentro
das primeiras horas a partir do inicio dos sintomas.
A morte cardíaca súbita é a principal complicação das
doenças cardiovasculares. O ritmo inicial documentado com
maior freqüência durante uma parada cardíaca súbita teste-
munhada é a fibrilação ventricular ( FV ). O tratamento mais
eficaz para a FV é a desfibrilação externa automática( DEA ).
Porem o sucesso da desfibrilação também está limitada pelo
tempo. A probabilidade de que a desfibrilação seja bem suce-
dida diminui, de 7% a 10% a cada minuto que é retardada.
Sem tratamento a FV tende a transformar-se em assistolia
em minutos.
Muitas vitimas de traumatismo, afogamento, eletrocus-
são, asfixia, obstrução das vias aéreas e intoxicação por dro-
gas, podem ser salvas pela ativação rápida do serviço médico
de emergências ( SME ) , a reanimação cardioplulmonar ( RCP
● Respiração rápida, curta, irregular ou muito
difícil.
● Expressão de ansiedade ou olhar indiferente
e profundo com pupilas
● dilatadas, agitação.
● Medo (ansiedade).
● Sede intensa.
● Visão nublada.
● Náuseas e vômitos.
● Respostas insatisfatórias a estímulos exter-
nos.
● Perda total ou parcial de consciência.
● Taquicardia
Prevenção do ChoqueAlgumas providências podem ser tomadas para evitar o
estado de choque. Mas infelizmente não há muitos procedi-
mentos de primeiros socorros a serem tomados para tirar a
vítima do choque.
Existem algumas providências que devem ser memoriza-
das com o intuito permanente de prevenir o agravamento e
retardar a instalação do estado de choque.
DEITAR A VÍTIMA: A vítima deve ser deitada de costas.
Afrouxar as roupas da vítima no pescoço, peito e cintura e,
em seguida, verificar se há presença de prótese dentária, ob-
jetos ou alimento na boca e os retirar.
Os membros inferiores devem ficar elevados em relação
ao corpo.
Isto pode ser feito colocando-os sobre uma almofada, co-
bertor dobrado ou qualquer outro objeto. Este procedimento
deve ser feito apenas se não houver fraturas desses mem-
bros; ele serve para melhorar o retorno sanguíneo e levar
o máximo de oxigênio ao cérebro. Não erguer os membros.
Parada CardiorrespiratóriaA Parada Cardiorrespiratória ( PCR ) é o limite da gravida-
de que impõe o atendimento imediato por parte da equipe de
saúde. Os conceitos atuais reforçam a necessidade do atendi-
mento imediato ou “ hora dourada “ em virtude de não existir
reserva de oxigênio na corrente sanguinea, portanto a oxige-
nação tecidual deve ser prontamente estabelecida. Evitar a
hipóxia e anóxia cerebral é o objetivo de todo atendimento,
haja vista o cérebro não suportar mais de três minutos sem
oxigênio, dando inicio a isquemia e danos imprevisíveis o que,
teoricamente, após dez minutos ou menos podem surgir os
sinais definitivos de morte encefálica. A medida imediata é a
www.posugf.com.br 8
Suporte Básico de Vida e Socorro de Emergência
pressões e percepção do Estado de Choque ( Insuficiencia
Circulatoria com Hipotensão Arterial ).
Praticar técnicas de curativos, imobilizações, manobras de
reanimação cardiopulmonar, aplicação do DEA, utilização da
oximetria e bolsa-mascara ( Ambu ).
O Suporte Básico de Vida ( SBC ) inclui as intervenções
que podem ser realizadas rapidamente por agentes de saú-
de ou leigos treinados, para garantir o reconhecimento das
emergências comuns, o acesso rápido ao suporte avançado
de vida ( SAV ) e vias aéreas, respiração, oxigenação e circu-
lação adequadas.
As habilidades de SBV podem ser aprendidas e realiza-
das em qualquer lugar, tanto por socorristas leigos como por
profissionais. Estas manobras podem salvar vidas, portanto
devem ser ensinadas a todas as pessoas capazes de aprende-
-las.
A RCP é um componente fundamental do SBV. A RCP ime-
diata é crucial em todos os esforços de ressuscitação. A vitima
de uma parada cardíaca extra-hospitalar tem poucas probabi-
lidades de ser reanimada com sucesso sem uma RCP imediata
com uso do desfibrilador externo automático ( DEA ). Os DEA
são parte importante do SBV para socorristas e provedores de
saúde. Um choque elétrico administrado rapidamente a uma
vitima de morte cardíaca súbita pode salvar sua vida.
Todas as pessoas treinadas para RCP e utilização do DEA
devem ter um plano de ação bem formulado para aplicar du-
rante uma emergência. É necessário chamar uma unidade
móvel de suporte vital quando há sintomas que sugerem um
colapso circulatório profundo e uma parada cardíaca iminen-
te.
Cadeia de SobrevivênciaSobreviver a uma parada cardíaca depende de uma série
de intervenções. A sobrevivência é menos provável se qual-
quer uma das ações fundamentais for negligenciada ou re-
tardada.
O termo “Cadeia de sobrevivência“ é uma metáfora útil
sobre o conceito do atendimento cardiológico de emergên-
cia ( ACE ). Os quatro elos da cadeia de sobrevivência do
adulto são: Acesso rápido do sistema medico de emergência
( SME ), RCP rápida, desfibrilação rápida ( DEA ), atendimen-
to cardiovascular avançado rápido ( SAVC ).
O conceito de Cadeia de Sobrevivência destaca vários
princípios importantes: As taxas de sobrevivência serão bai-
xas se qualquer elo da cadeia for fraco ou estiver ausente. To-
dos os elos devem ser fortes para garantir uma desfibrilação
rápida. Infelizmente, os intervalos prolongados entre a cha-
mada ao numero local de emergências medicas e a desfibri-
) e o uso do desfibrilador externo automatico ( DEA ). Isso
ajudará não só a salvar vidas, mais também a evitar o dano
cerebral devastador que pode provocar sofrimento e dificul-
dades econômicas em longo prazo.
Parada Cardiorrespiratória na
ComunidadeA educação e o treinamento público são aspectos cruciais
de qualquer esforço para reduzir a morte cardíaca súbita.
Como a maioria das mortes súbitas causadas por parada car-
díaca acontece fora do hospital, é evidente que a comunidade
deve ser reconhecida como “unidade coronária básica “.
Os Programas de treinamento devem incorporar a edu-
cação em prevenção primaria, que compreende a detecção
e a modificação dos fatores de risco e o reconhecimento dos
sinais de um evento cardiovascular iminente. O treinamento
de pessoas leigas em RCP e na utilização do DEA pode salvar
vidas que, de outra forma, seriam perdidas com as paradas
cardíacas. As comunidades com um alto de pessoas treinadas
nas técnicas de salvar vidas , como RCP e uso do DEA, podem
alcançar índices de reanimação de até 50% em pacientes com
FV documentada extra-hospitalar, uma arritimia grave, que
se transforma em assistolia em minutos.
Suporte Básico de Vida
Objetivos
Estabelecer conteúdo técnico pratico e teórico em esta-
ções algorítmicas com finalidade de proporcionar aos profis-
sionais de saúde bases para atendimento de situações em
urgência e emergência clinica sobretudo no apoio a Parada
Cardiorrespiratória ( PCR ) com manuseio e importância do
uso do desfibrilador externo automático ( DEA ).
Incorporar a dinâmica de grupo do atendimento na urgên-
cia e emergência;
Vivenciar as principais situações clinicas comuns: Infarto
Agudo do Miocárdio ( IAM ), Parada cardiorrespiratória ( PCR
), Manobra de Reanimação Cardiopulmonar ( MRCP ).
Enfatizar mecanismos fisiopatológicos da anóxia cerebral
com manobras terapêuticas para evitá-las, haja vista a reani-
mação cerebral constituir o foco do atendimento.
Reconhecer a Fibrilação Ventricular como principal arriti-
mia envolvida na PCR, demonstrando a Desfibrilação Automa-
tica Externa ( DEA ).
Atuar em estados hemorrágicos superficiais e profundos,
diferenciando sangramento arterial e venoso, destacando os
ferimentos faciais e membros, medidas iniciais como com-
www.posugf.com.br 9
Suporte Básico de Vida e Socorro de Emergência
30 compressões para 02 ventilações ). Na presença de ape-
nas 01 socorrista, manter a mesma proporção, evitando a in-
terrupção da Massagem cardíaca. Estudos recentes demons-
tram que a maior importância concentra-se na manutenção
do fluxo cardíaco para perfusão cerebral.
A massagem cardíaca externa deve ser realizada colocan-
do-se a região hipotenar ( base da mão )acima de 2 cm do
processo xifóide esternal. As compressões deverão atingir por
volta de 5 cm e o maior risco está na fratura do arco costal.
A posição do socorrista deve permitir a extensão plena dos
membros superiores. A efetividade da manobra pode ser ve-
rificada através do pulso carotídeo ou femoral no adulto e
axilar na criança.
TERCEIRO ELO: Desfibrilação rápida
A desfibrilação rápida é o elo da Cadeia de Sobrevivencia
com mais probabilidades de melhorar as taxas de sobrevivên-
cia. A colocação do DEA ao alcance de grandes quantidades
de socorristas treinados pode ser a intervenção fundamental
para aumentar a sobrevivência de parada cardíaca extra hos-
pitalar. A AHA recomenda que todo veiculo de emergência que
possa transportar pacientes em parada cardíaca seja equipa-
do com um desfibrilador e que o pessoal de emergência seja
treinado e autorizado para usa-lo. O acesso publico a desfibri-
lação deve diminuir o intervalo entre a perda de consciência e
a desfibrilação. O tempo é a variável mais importante para a
reversão bem sucedida da FV a um ritmo normal. Cada minu-
to que passa pode reduzir as chances de uma reversão bem
sucedida em 7% a 10%. O tempo até o primeiro choque pode
ser diminuído colocando-se um DEA em predios públicos, es-
tádios, transportes públicos, condomínios, locais de trabalho,
e outros lugares que reúnam muitas pessoas.
Lei de Sobrevivência à Parada
CardíacaQuase todos os estados dos EUA promulgaram uma legis-
lação para facilitar o uso do DEA, permitindo e encorajando
seu uso pelo publico. A Lei de Sobrevivência à Parada cardí-
aca oferece proteção judicial a socorristas leigos que utilizam
o DEA e a empresas ou outras entidades ou indivíduos que
compram um aparelho desse tipo.
Este tipo de legislação obedece a três propósitos funda-
mentais:
• Primeiro, amplia a cobertura atual da Lei para socorristas
leigos, incluindo o uso do DEA.
• Segundo, encoraja o uso do DEA, ao garantir a proteção
judicial para os participantes fundamentais do programa
de APD.
lação são freqüentes. São necessários intervalos mais curtos
para melhorar as taxas de sobrevivência.
PRIMEIRO ELO: Acesso rápido
O acesso engloba os eventos iniciados desde que o pa-
ciente perde a consciência até a chegada do pessoal do SME
preparado para dar o atendimento em SAVC. O reconheci-
mento dos primeiros sinais de alarme, como dor torácica e
dispnéia, que levam as vitimas ou os socorristas a ligarem
para o numero local de emergências medicas antes da perda
da consciência, é a chave para a eficácia do elo. No caso de
uma parada cardíaca, as seguintes ações fundamentais de-
vem ser executadas rapidamente:
· Identificação rápida da perda de consciência do paciente
por uma pessoa que possa ativar o SME . VER, OUVIR,
SENTIR, determina a possibilidade ou não de volume cor-
rente.
· Reconhecimento da ausência de resposta, inconsciência.
Na inconsciência a checagem do pulso central é obriga-
tória onde na ausência de pulso carotídeo no adulto e
braquial na criança configura-se o diagnostico de PCR.
· Reconhecimento rápido de uma possível parada cardíaca.
· Envio rápido dos socorristas do SME levando equipamen-
to para desfibrilação ( DEA ).
· Identificação da parada cardíaca. Independente do rit-
mo cardíaco a manobra de reanimação cardiopulmonar (
MRCP ) deve ser iniciada priorizando-se a desobstrução e
abertura das vias aéreas.
Cada ação é parte vital do elo de acesso rápido
SEGUNDO ELO: RCP rápida
A RCP é mais efetiva quando é iniciada imediatamente
após a perda de consciência da vitima. A RCP realizada por
socorristas ou leigos treinados em SBV demonstrou de forma
constante, que exerce um efeito positivo significativo na so-
brevivência. A RCP rápida é o melhor tratamento que pode
receber um paciente em parada cardíaca, até a chegada de
um desfibrilador e do atendimento de SAVC.
Portanto no caso de adulto, o socorrista deve estabelecer
que a vitima esta inconsciente, chamar o numero local de
emergências medicas e, depois, iniciar a RCP. Diante de uma
vitima adulta, um socorrista sozinho, sem ajuda, deve ativar
o SME depois de estabelecer que a vitima esta inconsciente.
A manobra de reanimação cardiopulmonar ( MRCP ) é
realizada com a finalidade de restabelecer a circulação com
objetivo principal de oxigenação tecidual predominantemen-
te cerebral. As compressões torácicas devem ser realizadas
mantendo em média 12 ciclos respiratórios, realizados com a
Bolsa-mascara ( Ambu ), quando da presença de dois socor-
ristas, e 60 ciclos cardíacos por minuto representando 30:2 (
www.posugf.com.br 10
Suporte Básico de Vida e Socorro de Emergência
Qualidade da ReanimaçãoInfelizmente, o prognóstico de pacientes com parada car-
diorrespiratória ( PCR ) ainda é ruim, uma fração muito pe-
quena de pacientes consegue ter alta hospitalar e levar uma
vida produtiva. Acredita-se que parte do prognóstico ruim da
PCR deva-se a inadequada técnica de RCP. Isso foi corrobora-
do pelo estudo realizado em Chicago ( EUA . Os pesquisado-
res mostraram que:
• Os pacientes ficam sem compressão torácica por quase
¼ do tempo da RCP.
• Em mais de 1/3 dos pacientes, as compressões não fo-
ram adequadas.
• Os socorristas costumam hiperventilar o paciente ( fre-
qüência respiratória média 21/minuto ).
• Pior ainda, quase 60% das PCR são ventiladas com fre-
quência maior que 20/minuto.
É importante lembrar que a HIPERVENTILAÇÃO ocasio-
na aumento da pressão intratorácica, diminuindo o retorno
venoso e reduz o fluxo de perfusão coronariana. Por isto, o
socorrista deve evitar a hiperventilação em pacientes com
PCR ( uma regra útil é contar de 1 a 6 segundos e ventilar
apenas no sexto segundo que representa 10 irpm ). Outro
estudo mostrou que ocorre um grande atraso no inicio da
RCP, gastou-se mais de 1 minuto entre diagnosticar o ritmo
da PCR e iniciar o tratamento seja desfibrilação ou compres-
sões torácicas.
Novas Técnicas em Reanimação
Cardiopulmonar
Compressões Torácicas EficazesNa vigência de PCR não existe fluxo sanguineo. As com-
pressões torácicas produzem uma pequena quantidade de
fluxo sanguineo para órgãos vitais como coração e cérebro.
Quanto melhores forem as compressões torácicas, melhor
será o fluxo sanguineo para esses órgãos. Estudos recentes
mostraram que 50% das compressões torácicas realizadas
por socorristas são muito superficiais e interrompidas com
muita freqüência.
RECOMENDAÇÃO: As compressões devem ser em uma
freqüência de 100 por minuto, o socorrista deve fazer com-
pressão forte, rápida e sem parar, de maneira que o tórax
retorne a posição inicial antes de ser iniciada uma nova com-
pressão. O tempo de compressão e relaxamento deve ser
praticamente o mesmo. As compressões devem ter uma pro-
fundidade de aproximadamente 4 a 5 cm. O socorrista deve,
ao máximo, evitar interrupções nas compressões torácicas.
• Terceiro, a legislação em muitos estados norte-america-
nos define os componentes estruturais de um programa
de APD, com o envolvimento com o SME local, os reque-
rimentos para treinamento, e a manutenção dos DEA.
QUARTO ELO: Suporte avançado rápido
O suporte avançado rápido fornecido por profissionais de
saúde treinados em SAV é outro elo fundamental no trata-
mento da parada cardíaca. O SAV inclui equipamento para
suporte da ventilação, estabelecimento de acesso IV, admi-
nistração de fármacos, controle de arritmias e estabilização
da vitima para transporte.
Cadeia de SobrevivênciaO SBV inclui os primeiros três elos da Cadeia de sobrevi-
vência: acesso rápido ao numero local de emergências me-
dicas. RCP rápida e desfibrilação rápida com o DEA. Quando
esta conectado com o quarto elo , SAV rápido, maximiza as
probabilidades de sobrevivência para vitimas de ataque car-
díaco. AVC e morte cardíaca súbita. Os provedores de saúde
têm um papel essencial no desenvolvimento de sistemas de
ACE, na educação do publico e na pratica de SBV em situa-
ções clinicas.
Reanimação Cardiopulmonar-
CerebralNovas diretrizes e técnicas em Reanimação Cardiopulmo-
nar ( RCP ).
Em dezembro de 2005 a American Heart Association (
AHA ) divulgou as mais recentes diretrizes do suporte de vida
( reanimação cardiopulmonar-cerebral ). As principais modifi-
cações, para todos os socorristas, segundo a AHA são:
1. Recomendação de que cada ventilação resgate seja feita
por 1 segundo e produza visível elevação do tórax.
2. Compressões torácicas eficazes
3. Uma única relação compressão-ventilação ( 30:2 )com
2 socorristas. Caso haja apenas 1 socorrista priorizar a
massagem cardíaca.
4. PCR atendida após 4-5 minutos do evento deve ser pro-
cedida a reanimação ( 5 ciclos de compressões-
-ventilação ) antes de se desfibrilar o paciente.
5. Não são mais recomendados choques escalonados na
TV/FV ( 200, 300, 360 J ), aplicar um choque de 360 J
do monofásico ( 150-200 J do Bifásico ) ou usar o DEA
caso o atendimento seja extra-hospitalar. O Desfibrilador
externo automático avalia a necessidade do paciente e
emite a carga necessária, além de instruir o socorrista
quanto a continuidade das manobras de reanimação car-
diopulmonar.
www.posugf.com.br 11
Suporte Básico de Vida e Socorro de Emergência
de circulação ( movimentação, respiração e tosse )para lei-
gos ou presença de pulso central, para profissionais de saú-
de. Muito importante: Se a duração da parada for maior
que 4-5 minutos, os socorristas devem realizar 5 ciclos de
compressão torácica e ventilação ( 1 ciclo:30 compressões
e 2 ventilações) mesmo que seja uma fibrilação ventricular
( FV ) ou taquicardia ventricular ( TV ) antes de desfibrilar.
OBS: Quando for apenas 1 socorrista priorizar a massagem
cardíaca.
Caso seja desfibrilado com DEA ( desfibrilador externo au-
tomático ) equipamento que pode ser usado por leigos e pro-
fissionais de saúde treinados,e que consiste em um aparelho
que transforma energia elétrica em choque bifásico que for-
nece carga e desfibrilação de 200 joules no tórax do paciente
adulto. Possui sistema microprocessado que faz a leitura do
traçado do ECG mediante eletrodos adesivos já colocados no
tórax. Após o choque elétrico, através de mecanismo de voz,
orienta o socorrista a prioridade do atendimento tal como
massagem cardíaca externa e ventilação.
VentilaçãoMuito cuidado para não hiperventilar os pacientes. Regras
gerais recomendadas pela AHA:
• Aplicar as ventilações durante um segundo/cada;
• Volume corrente suficiente para elevar a parede torácica;
• Não usar ventilações forçadas;
Sociedade Brasileira de Cardiologia 2010
Novas Diretrizes Durante a Parada
CardiorrespiratóriaA Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) anunciou na
noite desta segunda-feira (18) a publicação das “Novas Dire-
trizes Mundiais das Emergências de Ressuscitação após Para-
da Cardíaca”, uma atualização do conhecimento médico sobre
como evitar a morte de uma vítima de infarto, com a ajuda da
massagem cardíaca e do uso de desfibriladores.
A nova recomendação é que, diante de uma pessoa in-
consciente e que não respira, o leigo peça a alguém para
telefonar para o 192 e inicie imediatamente a compressão
do peito, ou seja, a massagem cardíaca. A compressão deve
ser intensa e profunda: a cada uma o peito do paciente deve
ser comprimido por pelo menos 5 centímetros (ou, no caso
de crianças, 4 centímetros) e devem ser feitas 100 compres-
sões por minuto. Um vídeo de divulgação da American Heart
Association ensina que o ritmo é parecido com o da música
Stayinsg Alive, do grupo Bee Gees.
Ventilação com Duração de 1 SegundoDurante as manobras de RCP o fluxo sanguineo para os
pulmões é muito menor que o normal, portanto, a vitima ne-
cessita de muito menos ventilação que o normal. As venti-
lações de resgate podem ser aplicadas com segurança por
um segundo. Inclusive, devemos limitar o tempo empregado
nas ventilações de resgate, pois elas promovem interrupção
das compressões torácicas e também aumentam a pressão
intratorácica diminuindo o retorno venoso para o coração e
prejudicando a eficácia da RCP.
RECOMENDAÇÃO: A ventilação deve durar um segundo
e produzir elevação evidente o tórax. Os socorristas devem
aplicar o numero recomendado de ventilações; nunca, porém,
devem ultrapassar esse numero ou então realizar ventilações
prolongadas e/ou forçadas.
Uma Única Relação Compressão-
Ventilação para AdultosA ventilação, nos primeiros minutos de uma parada res-
piratória, parece desempenhar um papel secundário quando
comparada às compressões torácicas, porém em alguns ca-
sos com PCR em lactentes ou crianças, afogamentos e parada
cardiorrespiratória por overdose de drogas tem um impor-
tante componente de hipóxia, determinando nesse casos uma
importância fundamental das ventilações, daí a recomenda-
ção da compressão torácica associada à ventilação.
RECOMENDAÇÃO: Realizar ciclos de compressão torá-
cica-ventilação 30:2, ou seja, 30 compressões alternadas
com 2 ventilações. Essa orientação aplica-se desde socorris-
tas leigos até profissionaisde saúde treinados em normas de
BLS/ACLS e objetiva uniformizar o atendimento para todos os
socorristas, facilitat a memorização, aumentar o numero de
compressões torácicas e diminuir o tempo de interrupções na
massagem cardíaca.
Aplicação de um Choque Seguido de RCPMesmo quando a aplicação de um choque consegue re-
verter uma FV, demora-se alguns minutos para que o coração
retorne ao ritmo cardíaco “normal” e mais tempo ainda para
retornar ao fluxo sanguineo efetivo. Um período de compres-
sões torácicas pode oferecer sangue e oxigênio para o cora-
ção, aumentando a probabilidade de que esse coração ofere-
ça uma circulação eficaz.
RECOMENDAÇÃO: Os socorristas devem aplicar um
choque e depois começar RCP imediata; a verificação da
presença de pulso central após desfibrilação foi abolida. O
socorrista, depois do choque deve realizar 5 ciclos de RCP
( 2 minutos aproximadamente ) e só então verificar sinais
www.posugf.com.br 12
Suporte Básico de Vida e Socorro de Emergência
miocárdio; miocardiopatia dilatada; hipertensão arterial sis-
têmica; cardiomiopatia hipertrófica; síndrome do QT longo e
portadores de síndrome de Wolf Parkinson White com episó-
dios de fibrilação atrial; em crianças: diferentemente dos
adultos, o mais comum em criança é apresentar parada car-
díaca devido à parada respiratória. Menos de 10% dos casos
devem-se a fibrilação ventricular (FV), sendo geralmente as-
sociados a doenças cardíacas congênitas. Por este motivo, a
sobrevida é muito baixa. Como a falência respiratória é a cau-
sa fundamental das PCR na criança, prevenir a insuficiência
respiratória e, principalmente, observar muito de perto crian-
ças com insuficiência respiratória, diminuirão a necessidade
de medidas de ressuscitação, nessa faixa etária. No nosso
país, distúrbios hidroeletrolíticos e ácido básicos são outras
causas comuns de PCR em criança. Em relação aos trauma-
tismos, estes são causa freqüente de PCR em crianças abaixo
de 1 ano de idade; na gravidez: os eventos que mais comu-
mente levam a parada cardíaca na gestação são: embolia pul-
monar, trauma, hemorragia periparto com hipovolemia, em-
bolia de líquido amniótico, doenças cardíacas pré-existentes e
complicações pelo uso de medicamentos durante a gravidez.
Modalidades de parada cardíaca Assistolia - É a cessação de qualquer atividade elétrica
ou mecânica dos ventrículos. No eletrocardiograma (ECG) ca-
racteriza-se pela ausência de qualquer atividade elétrica ven-
tricular observada em, pelo menos, duas derivações (fig. 1).
Fig. 1 - Assistolia ventricular; no início do traçado regis-
trou-se um complexo QRS e onda T, seguido de linha isoelé-
trica.
Fibrilação ventricular - É a contração incoordenada do
miocárdio em conseqüência da atividade caótica de diferentes
grupos de fibras miocárdicas, resultando na ineficiência total
do coração em manter um rendimento de volume sangüíneo
adequado. No ECG, ocorre a ausência de complexos ventri-
culares individualizados que são substituídos por ondas irre-
gulares em ziguezague, com amplitude e duração variáveis
(fig. 2).
A SBC ressalta que a “massagem” recomendada é muito
mais intensa e a frequência aumentou. Além disso, o leigo
não precisa fazer a respiração boca a boca. Mais importante,
segundo as novas diretrizes, é que ele faça as compressões e
peça para alguém trazer o mais rápido possível um desfibri-
lador automático, que hoje existe em locais de grande aglo-
meração de pessoas, como estádios, aeroportos e shoppings.
“Essas Diretrizes são da maior importância num país como
o nosso, em que 315 mil pessoas morrem de doenças car-
diovasculares a cada ano”, diz o presidente da SBC, Jorge
Ilha Guimarães. Para ele, é possível que metade dessas mor-
tes possam ser evitadas, se o público leigo estiver preparado
para fazer a compressão e usar o desfibrilador. A cada minuto
de parada cardíaca, o paciente perde 10% da chance de so-
breviver.
A redação das novas diretrizes contou com a participação
do cardiologista brasileiro Sérgio Timerman, junto com mais
de 350 especialistas de 29 países.
Para os médicos, as novas diretrizes também trazem a
norma resumida na sigla CAB, isto é, “Compression, Airway e
Breath” (compressão, vias respiratórias e respiração). A regra
é que primeiro se inicie a compressão, em seguida se garan-
ta a abertura das vias respiratórias e, como consequência, a
respiração. Numa segunda etapa, a recomendação é que os
profissionais providenciem o resfriamento do organismo para
32 a 34 graus, em até 24 horas, e o cateterismo de urgência.
Parada CardiorespiratóriaConceitos gerais - PCR é a interrupção súbita da ativi-
dade mecânica ventricular, útil e suficiente, e da respiração;
morte clínica: falta de movimentos respiratórios e batimen-
tos cardíacos eficientes na ausência de consciência, com via-
bilidade cerebral e biológica; morte biológica irreversível:
deterioração irreversível dos órgãos, que se segue à morte
clínica, quando não se institui as manobras de RCR; morte
encefálica (freqüentemente referida como morte cerebral):
ocorre quando há lesão irreversível do tronco e do córtex ce-
rebral, por injúria direta ou falta de oxigenação, por um tem-
po, em geral, superior a 5min em adulto com normotermia.
Epidemiologia: causas de PCR e
predisposições Em adultos: a doença coronária é a principal causa de
PCR. Em nosso país, a doença de Chagas, por levar a im-
portantes distúrbios elétricos no coração, também tem pa-
pel deflagrador desses episódios. Os fatores pregressos mais
importantes, que acrescentam riscos, são episódios prévios
e história de: PCR; taquicardia ventricular (TV); infarto do
www.posugf.com.br 13
Suporte Básico de Vida e Socorro de Emergência
Consiste no conjunto de medidas básicas e avançadas de
RCR.
Ressuscitação Cardiorrespiratória
Básica (RCRB) - Socorro Básico
Definição É constituída por um conjunto de procedimentos de emer-
gência que pode ser executado por profissionais da área de
saúde ou por leigos treinados, consistindo no reconhecimento
de obstrução das vias aéreas, de parada respiratória e de
parada cardíaca e na aplicação da RCR através da seqüência
ABC: abertura de vias aéreas (desobstrução); boca a boca
(respiração); circulação artificial (compressão torácica exter-
na).
Reconhecimento e abordagem inicial A abordagem da vítima com provável PCR deve ser ini-
ciada com detecção de inconsciência. Constatado este fato,
o socorrista tenta solicitar auxílio e, imediatamente, iniciar
os procedimentos adequados. Para que a RCR seja eficiente,
a vítima deve estar em decúbito dorsal sobre uma superfície
dura, firme e plana. Se a vítima estiver em decúbito lateral
ou ventral, o socorrista deve virá-la em bloco de modo que a
cabeça, pescoço e ombros movam-se simultaneamente, sem
provocar torções. O socorrista deve se colocar ao nível dos
Fig. 2 - Fibrilação ventricular. A) ondas amplas e rápidas
- fibrilação ventricular tipo “grosseiro”; B) ondas pequenas e
lentas - fibrilação tipo “fino”.
Taquicardia ventricular sem pulso - É a sucessão rá-
pida de batimentos ectópicos ventriculares que podem levar
à acentuada deterioração hemodinâmica, chegando mesmo a
ausência de pulso arterial palpável, quando, então, é conside-
rada uma modalidade de parada cardíaca, devendo ser trata-
da com o mesmo vigor da FV. O ECG caracteriza-se pela repe-
tição de complexos QRS alargados não precedidos de ondas P
e, se estas estiverem presentes, não guardam relação com os
complexos ventriculares. Podem ocorrer capturas isoladas de
alguns complexos QRS. Em geral os ciclos ventriculares têm
sucessão a intervalos irregulares (fig. 3).
Fig. 3 - Taquicardia ventricular. Atividade elétrica sem pulso - É caracterizada pela au-
sência de pulso detectável na presença de algum tipo de ati-
vidade elétrica, com exclusão de taquicardia ou FV. A ativida-
de elétrica sem pulso incorpora a dissociação eletromecânica
(DEM) e um grupo heterogêneo de ritmos que inclui: pseudo
DEM, ritmo idioventricular, ritmo de escape ventricular, ritmo
idioventricular pós desfibrilação e ritmos bradiassistólicos. Ao
ECG, caracteriza-se pela presença de complexos QRS largos e
bizarros que não produzem resposta de contração miocárdica
eficiente e detectável (fig. 4).
Fig. 4 - Dissociação eletromecânica ou ritmo agônico.
Complexos QRS largos e bizarros. Ritmo idioventricular, sem
contração mecânica ventricular correspondente.
Tratamento
www.posugf.com.br 14
Suporte Básico de Vida e Socorro de Emergência
Fig. 7 - Manobra da mandíbula: observar a colocação dos
dedos nos ramos, atrás dos ângulos da mandíbula, deslocan-
do-a para a frente, com a cabeça dorsofletida. Os polegares
retraem o lobo inferior. O socorrista deve colocar-se atrás do
polo cefálico da vítima.
Uma técnica variante é a chamada “manobra de mandíbu-
la”, que consiste na colocação dos dedos de ambas as mãos
do socorrista nos ramos atrás dos ângulos da mandíbula,
deslocando-a para frente enquanto a cabeça é dorsofletida
(fig. 7). O socorrista deve se colocar atrás da cabeça da víti-
ma com os cotovelos apoiados na superfície na qual ela está
deitada. Se a boca permanecer fechada, o lábio inferior deve
ser retraído com o auxílio dos polegares. A manobra da man-
díbula tem indicação imediata quando se suspeita de trauma
cervical, quando então deve ser empregada sem dorsoflexão
excessiva da cabeça. Se após estas medidas a respiração não
se instalar espontaneamente, deve-se dar seqüência à me-
dida B.
Ventilação boca a boca - Para se avaliar a presença de
respiração espontânea, o socorrista deve colocar o seu ouvido
próximo à boca e ao nariz da vítima enquanto mantém pér-
vias as vias aéreas (fig. 8).
ombros da vítima e se ajoelhar quando ela estiver no solo
(fig. 5)
Fig. 5 - Socorro básico - o socorrista coloca-se ao nível
dos ombros da vítima e ajoelha-se quando ela estiver no solo.
Seqüência das manobras de RCRB Abertura das vias aéreas - Na ausência do tônus mus-
cular, a língua e/ou a epiglote poderão ocluir as vias aéreas,
uma causa comum de obstrução em pessoas inconscientes.
A dorsoflexão da cabeça determina a progressão do maxi-
lar inferior para frente, promovendo o afastamento da língua
da parede dorsal da faringe, com a conseqüente abertura das
vias aéreas superiores. É realizada colocando-se a palma de
uma das mãos na fronte da vítima e as pontas dos dedos,
indicador e médio, da outra mão sob a parte óssea do queixo,
tracionando-o para frente e para cima (fig. 6).
Fig. 6 - Abertura das vias aéreas: A) com a cabeça fletida
para a frente, a mandíbula desloca a língua para trás, a qual
oclui as vias aéreas em sua porção superior; B) a dorsoflexão
da cabeça torna a via aérea pérvia corrigindo a posição da
língua.
www.posugf.com.br 15
Suporte Básico de Vida e Socorro de Emergência
Na ausência de respiração espontânea, deve se aplicar a res-
piração artificial.
Na respiração boca a boca, após ocluir as asas do nariz da
vítima com os dedos, polegar e indicador, da mão que está na
fronte, o socorrista, após inspiração profunda, aplica seus lá-
bios sobre a parte externa da boca da vítima, de modo a obter
uma boa vedação e insufla um volume de ar para expandir o
tórax (fig. 9).
A expiração se faz passivamente pela própria elasticidade
do tórax. A manobra ventilatória inicial deve ser de 2 ventila-
ções amplas, com duração de 1 e 1/2 a 2s cada, no adulto. A
seguir, a insuflação dos pulmões deve ser repetida 12 vezes
por minuto. A respiração boca a nariz (fig. 10) constitui uma
variante, em situações em que a respiração boca a boca não
pode ser utilizada, como trisma, trauma bucal ou impossibili-
dade de vedação adequada. A posição das mãos do socorrista
nesta modalidade, será uma na testa e a outra erguendo a
mandíbula ocluindo a boca, enquanto insufla o ar pelo nariz.
Na vítima inconsciente, na qual se restabeleceram a res-
piração e o pulso, deve-se procurar manter a permeabilidade
das vias aéreas, colocando-se cuidadosamente a mesma em
decúbito lateral (posição de recuperação) quando não houver
suspeita de trauma cervical.
Circulação artificial: compressão torácica externa -
O reconhecimento da parada cardíaca em adulto é feita pela
constatação da ausência de pulso na artéria carótida (fig. 11)
ou, eventualmente, na artéria femoral associada à perda de
consciência e a outros sinais periféricos, como palidez, ciano-
se e pele marmórea.
Fig. 11 - Localização do pulso carotídeo.
Recomenda-se não fazer pressão forte sobre a artéria,
pois isto pode impedir que se percebam os batimentos.
O pulso radial pode ser sentido na parte da frente do pu-
nho. Usar as pontas de 2 a 3 dedos levemente sobre o pulso
da pessoa do lado correspondente ao polegar, conforme a fi-
gura abaixo.
Pulso radial e carotídeo
O pulso carotídeo é o pulso sentido na artéria carótida que
se localiza
Fig. 8 - Avaliação da presença de respiração espontânea -
ver eventuais movimentos respiratórios do tórax, ouvir ruídos
respiratórios, sentir fluxo do ar exalado sobre a sua face.
Fig. 9 – Resp. boca a boca. Nova diretriz SBC 2010- crian-
ça e adulto PCR>10’
Fig. 10 - Ventilação boca a nariz. Diretriz 2010 SBC-
criança e adulto PCR >10’
A atenção do socorrista deve se concentrar: ver even-
tuais movimentos respiratórios do tórax; ouvir ruídos
respiratórios;sentir o fluxo do ar exalado sobre a sua face.
Na ausência destes sinais indicativos, conclui-se que a vítima
está apnéica. Esta avaliação deve ser feita no máximo em 5s.
Em caso de retornarem os movimentos respiratórios, o
socorrista deve continuar a manter as vias aéreas abertas.
www.posugf.com.br 16
Suporte Básico de Vida e Socorro de Emergência
tábua ou uma bandeja de servir de tamanho apropriado, in-
terposta entre o doente e o leito.
Com o paciente e o socorrista adequadamente posicio-
nados, este último desliza os dedos, indicador e médio, pelo
rebordo costal até o entalhe onde as costelas encontram o
osso esterno (ângulo de Charpy). Com o dedo médio neste
entalhe, o indicador é colocado ao seu lado na extremidade
inferior do esterno. A região hipotenar da outra mão é coloca-
da no esterno ao lado do indicador. A primeira mão é removi-
da do entalhe e colocada sobre a mão apoiada no esterno, de
tal maneira que ambas estejam paralelas (fig. 12). Os dedos
podem ficar estendidos ou entrelaçados, mas afastados do
gradeado costal, evitando-se fratura de costelas.
Fig. 16 - Localização do ponto de aplicação das compres-
sões torácicas externas.
Fig 17- Técnica de compressão torácica externa.
Os braços do socorrista devem permanecer em extensão
com as articulações dos cotovelos fixas, transmitindo ao es-
terno da vítima a pressão exercida pelo peso dos seus ombros
e tronco, reduzindo a fadiga (fig. 13). A pressão aplicada deve
ser suficiente para deprimir o esterno de 3,5 a 5cm no adulto.
de cada lado do pescoço. Posicionam-se os dedos sem
pressionar muito
para não comprimir a artéria e impedir a percepção do
pulso .
Do ponto de vista prático, a artéria radial e carótida são
mais fáceis para localização e não podem ser descartados.
Fig. 12 Locais onde podemos aferir pulso no corpo
Fig. 13 Pulso Radial Fig 14 e 15 Pulso Carotídeo
A pesquisa do pulso deve consumir de 5 a 10s pela pos-
sibilidade dele ser lento, irregular ou de pouca amplitude. Na
presença de pulso, porém com respiração ausente após as 2
ventilações iniciais, estas devem ser continuadas na freqüên-
cia de 1 ventilação a cada 5s.
Uma vez caracterizada a parada cardíaca, deve-se ten-
tar novamente chamar por auxílio de “socorro especializado”
sem abandono da vítima e prontamente iniciar a compressão
torácica externa. O paciente deve estar em decúbito dorsal
horizontal, apoiado numa superfície rígida como o solo, uma
www.posugf.com.br 17
Suporte Básico de Vida e Socorro de Emergência
2) compressão abdominal interposta à compressão torácica;
3) enfaixamento abdominal contínuo; 4) vestimentas com-
pressivas anti-choque; 5) compressão-descompressão ativas.
Teoricamente é possível gerar fluxo sangüíneo durante RCR
pelos 2 mecanismos descritos.
Comentários finais A seqüência ABC poderá ser dispensada quando o pacien-
te estiver monitorizado ou a parada cardíaca for presenciada,
eventualidades nas quais se tenta restabelecer os batimentos
cardíacos pelo golpeamento do precórdio, pela desfibrilação
elétrica ou, se a vítima ainda estiver consciente, induzindo-a
a tossir.
O golpe do precórdio difere de compressão torácica, pois
tem a finalidade de tentar cessar a taquicardia ou a FV ou,
ainda, reiniciar a atividade elétrica cardíaca na assistolia pela
transformação da energia mecânica em elétrica. Aplica-se um
único e vigoroso golpe na região médio esternal com os pu-
nhos cerrados de uma altura de 20 a 30cm (fig. 14).
Fig. 18 - Golpe no precórdio.
A compressão deve ser regular e rítmica, seguindo-se
imediatamente o relaxamento de igual duração, aliviando to-
talmente a pressão, permitindo ao tórax retornar a sua posi-
ção normal, sem entretanto, retirar as mãos.
A seqüência destas manobras deve ser ininterrupta. A res-
piração artificial e a compressão torácica externa devem ser
associadas, para uma reanimação efetiva. A freqüência das
compressões deve ser de 80 a 100/min no adulto. As com-
pressões torácicas devem ser alternadas com as ventilações
na seguinte proporção: na presença de um socorrista, a al-
ternância deve ser de 15 compressões para cada duas venti-
lações; caso haja um segundo socorrista, um encarregar-se-á
das ventilações e o outro das compressões, e a alternância
compressões/ventilações passará a ser de 5 compressões
para cada ventilação.
Após 4 a 5 ciclos de compressão e ventilação (aproxima-
damente 1min), aconselha-se a reavaliação de presença de
pulso e de respiração espontânea, repetindo-se as reavalia-
ções a cada 3min.
Durante a parada cardíaca, a compressão torácica externa
realizada de modo apropriado pode produzir uma onda de
pressão sistólica próximo a 100mmHg; entretanto, a pressão
diastólica é ao redor de zero, resultando, assim, uma pressão
média de 40mmHg que irá representar a pressão de perfu-
são em grandes vasos, ou seja, 1/3 a 1/4 do normal. Essa
situação de fluxo em nível crítico, impõe ao socorrista uma
eficiência e exige uma constância nas compressões.
Atualmente, existem 2 teorias que tentam explicar a cir-
culação do sangue durante as compressões torácicas. A te-
oria de “bomba cardíaca”, subentendendo a compressão do
coração entre o esterno e a coluna, impulsionando o sangue
nas artérias pulmonar e aorta e a teoria de “bomba toráci-
ca”, fundamentando-se na elevação concomitante da pressão
intratorácica de todas as estruturas vasculares; as artérias
intratorácicas resistem ao colapso, havendo uma transmissão
quase total de sua pressão para as artérias extratorácicas.
As válvulas venosas competentes e o colapso venoso durante
as compressões torácicas impedem a transmissão plena da
pressão para as veias extratorácicas, criando um gradiente
arteriovenoso de pressão extratorácica, promovendo a circu-
lação.
A teoria da “bomba torácica” é reforçada pela observa-
ção nas salas de hemodinâmica da manutenção do paciente
consciente por até 30s de parada cardíaca, quando solicita-
do a tossir vigorosamente. Técnicas alternativas vêm sendo
investigadas com o objetivo de se elevar a pressão intrato-
rácica para melhorar os resultados da RCR. Entre elas des-
tacam-se: 1) compressão torácica e ventilação simultâneas;
www.posugf.com.br 18
Suporte Básico de Vida e Socorro de Emergência
de FV, muitos adultos podem sobreviver neurologicamente
bem, mesmo se desfibrilados tardiamente, após 6 a 10min.
A RCR, realizada enquanto se espera pela desfibrilação, pro-
longa a FV e conserva o miocárdio e o cérebro. Isoladamente,
no entanto, dificilmente converte uma FV em ritmo regular.
A rapidez com que se realiza a desfibrilação é o principal
determinante de sucesso, o que explica a alta taxa de su-
cesso de desfibrilação, obtida pelos cardioversores-desfibri-
ladores-automáticos implantáveis (CDAI). Estes dispositivos
detectam a FV e realizam automaticamente a desfibrilação
segundos após o seu início. Obviamente o sucesso da des-
fibrilação depende das condições metabólicas do miocárdio.
Quanto maior a duração da FV, maior a deterioração meta-
bólica e, conseqüentemente, menor a chance do choque elé-
trico convertê-la a ritmo regular. Se a FV é de curta duração
(paciente de unidade coronária, portador de CDAI ou nos ca-
sos de parada cardíaca, rapidamente atendida por pessoal
treinado) quase sempre responde ao choque. Isto justifica
o constante aperfeiçoamento das formas de pronto atendi-
mento da parada cardíaca, dentro e fora do ambiente hos-
pitalar, e o uso cada vez mais difundido dos desfibriladores
automáticos externos, que aumentam o número de pessoas
que podem utilizar o desfibrilador, reduzindo o tempo entre o
colapso e a desfibrilação. É altamente recomendável que as
ambulâncias estejam equipadas com desfibriladores manuais
e/ou automáticos e que o pessoal de suporte esteja treinado
para sua utilização.
Desfibriladores - Um desfibrilador é o equipamento que
permite aplicar um choque elétrico controlado ao paciente,
com o objetivo de terminar uma FV (desfibrilação) ou uma
TV ou supraventricular (cardioversão). Consiste num sistema
eletrônico que, partindo de uma fonte de corrente elétrica
alternada ou contínua, carrega um capacitor com alta volta-
gem, cujo valor é selecionado pelo médico, descarregando-o
sobre o tórax ou sobre o miocárdio, de forma sincronizada
ou não-sincronizada com o ritmo cardíaco. A forma de onda
do pulso de descarga em meia senóide é preferível à trape-
zoidal, pelo fato de reduzir eventuais lesões sobre o miocár-
dio. Descargas com pulsos bifásicos ou multidirecionais têm
se mostrado mais eficazes na desfibrilação interna, estando
sob investigação para a desfibrilação transtorácica. Os siste-
mas automáticos de desfibrilação externa têm a vantagem de
monitorar constantemente o ritmo cardíaco, avisando caso
ocorra uma taquiarritmia. Além disso, são conectados ao tó-
rax por eletrodos adesivos, os quais permitem a desfibrilação
sem a utilização das pás convencionais. É recomendável que
o desfibrilador tenha associado um marcapasso torácico ex-
Consenso Nacional de Reanimação Cardiorrespiratória
Reanimação Cardiorrespiratória
Avançada - Socorro Especializado:
Suporte Avançado de Vida
Definição A RCR avançada (RCRA) ou o suporte avançado de vida
(SAV) consiste na ressuscitação com uso de equipamento adi-
cional ao usado no suporte básico ou ABC. Inclui desfibrilação
e monitorização, marcapasso, equipamentos e técnicas para
obtenção das vias aéreas e ventilação, obtenção de via veno-
sa, e administração de medicamentos e cuidados pós-ressus-
citação. Deve ser realizada por médico ou pessoal treinado e
amparado pela lei.
Algoritmos para atendimento dos
diferentes tipos de PCR FV e TV sem pulso; assistolia; atividade elétrica sem pulso
(AESP).
As medidas terapêuticas ou farmacológicas, utilizadas no
manejo das PCR costumam ser classificadas, de acordo com
as evidências científicas comprovadas em: classe I - efeti-
vamente útil; classe II - aceitável de eficácia incerta e pode
ser controverso; classe IIa - aceitável, provavelmente útil;
classe IIb - aceitável, possivelmente útil (provavelmente não
é danoso); classe III - não indicado (sem base científica que
a suporte, pode ser prejudicial).
Desfibrilação Desfibrilação é o uso terapêutico do choque elétrico de
corrente elétrica contínua, com grande amplitude e curta du-
ração, aplicado no tórax ou diretamente sobre o miocárdio.
Durante uma atividade elétrica irregular, a desfibrilação des-
polariza todas as células cardíacas, permitindo o reinício do
ciclo cardíaco normal, de forma organizada em todo o mio-
cárdio.
Importância da desfibrilação - Nos casos de parada
cardíaca súbita, o ritmo mais freqüentemente observado é
a FV; o único tratamento realmente eficaz da FV é a desfi-
brilação elétrica; a probabilidade de sucesso na desfibrilação
decai rapidamente com o passar do tempo; a FV tende a se
transformar em assistolia em poucos minutos.
Estas considerações justificam que em caso de parada
cardíaca, a desfibrilação deve ser realizada o mais rápido pos-
sível. Além disto é importante se ter em mente que, em caso
www.posugf.com.br 19
Suporte Básico de Vida e Socorro de Emergência
na região dorsal, na área infraescapular esquerda. Nunca se
deve colocar a pá do desfibrilador sobre ou muito próxima do
gerador do marcapasso. Após a desfibrilação é importante
realizar uma avaliação e, eventualmente, uma reprograma-
ção do marcapasso para avaliar a integridade e segurança do
sistema.
Energia para desfibrilação/cardioversão - Se, por
um lado a baixa energia pode ser ineficaz para desfibrilação,
por outro, a alta energia pode provocar lesões com compro-
metimento orgânico e funcional do miocárdio. Assim sendo,
no adulto, para tratamento da FV/TV, recomenda-se iniciar
com uma energia de 200J. Não se obtendo a reversão da
arritmia, deve-se tentar um segundo choque de 300J. Se os
dois primeiros choques forem ineficazes, a energia deve ser
aumentada para 360J. Caso haja recorrência da FV/TV, deve-
-se repetir o choque com o último valor de energia eficaz. Se
os 3 primeiros choques falharem, deve-se continuar com as
manobras de RCR e, logo que possível, repetir os choques.
É importante considerar que a impedância torácica se re-
duz com os choques repetidos. Desta forma, um choque com
energia insuficiente poderá ser eficaz numa segunda tenta-
tiva.
O tratamento das taquicardias supraventriculares, fibrila-
ção e flutter atriais, deve ser feito com cardioversão sincro-
nizada com a onda R. Tipicamente são necessárias menores
quantidades de energia, iniciando-se com 100J. A FV é in-
comum nas crianças e bastante rara nos lactentes. Quando
ocorre, geralmente é secundária a parada respiratória. En-
contrando-se uma criança sem pulso deve-se imediatamente
estabelecer uma adequada ventilação e oxigenação, manten-
do-se a circulação através de compressão torácica externa.
Caso a FV seja confirmada, deve-se iniciar a desfibrilação com
2J/kg, dobrando-se a dose em caso de ineficácia. É importan-
te manter no mínimo 3 a 6cm de distância entre as pás ou
utilizar a posição ântero-posterior.
Recomendações sobre os níveis de
energia em desfibrilaçãoDesfibrilação externa transtorácica (indireta) em
adultos
● 1ª desfibrilação: 200J
● 2ª desfibrilação: 300J
● 3ª e subseqüentes desfibrilações: 360J
Desfibrilação interna (direta) em adultos
● desfibrilação inicial: 5J
terno, tendo em vista sua inquestionável aplicação nas bra-
diarritmias intercorrentes.
Impedância torácica - A resistência elétrica que se opõe
à súbita movimentação dos elétrons através do tórax (cor-
rente elétrica), durante a desfibrilação, é a “impedância torá-
cica”. Seu valor médio geralmente está entre 70 a 80 Ohms
(variando de 15 a 150 Ohms). Existe um valor mínimo de
corrente elétrica capaz de promover a desfibrilação (limiar
de desfibrilação). Obviamente, quanto menor a impedância
torácica, maior a corrente elétrica. Por outro lado, valores
muito altos, freqüentemente, provocam insucesso na desfi-
brilação. Muitos fatores determinam a impedância torácica:
tamanho dos eletrodos; energia selecionada; área de contato
dos eletrodos; substância usada no contato entre os eletrodos
e a pele; número e intervalo de tempo entre choques prévios;
fase ventilatória, distância entre os eletrodos; tamanho do
tórax; pressão de contato dos eletrodos no tórax. Embora
todos estes fatores sejam importantes, uma substancial re-
dução na impedância é obtida com a colocação adequada de
pasta condutora nas pás do desfibrilador, uma firme pressão
de contato das pás sobre o tórax e uma aplicação do choque
durante expiração máxima. É fundamental ter-se o cuidado
de limpar qualquer quantidade de pasta condutora, eventual-
mente existente entre as pás do desfibrilador, pelo fato deste
artefato reduzir a eficácia da desfibrilação. A baixa impedân-
cia na desfibrilação também evita eventuais faiscamentos, al-
tamente desfavoráveis pelo risco de provocar lesões cutâneas
e, acidentalmente, incêndio, num ambiente normalmente rico
em oxigênio. Eventualmente, na impossibilidade de se usar a
pasta condutora, pode-se utilizar gaze embebida em solução
salina. O surgimento recente dos desfibriladores baseados em
“corrente” deverá resolver os problemas advindos das varia-
ções de impedância. Além disso, a maioria dos desfibriladores
modernos tem uma indicação que mostra se a impedância
está ou não adequada, imediatamente antes do choque.
Eletrodos ou pás de desfibrilação - Por razões de efi-
cácia, acima dos 10kg de peso (1 ano de idade) devem ser
usadas pás de desfibrilação para adultos, que apresentam
de 8,5 a 12cm de diâmetro. Pás muito pequenas ou muito
grandes podem provocar altos limiares de desfibrilação. As
pás devem ser posicionadas, de modo a proporcionar que a
maior corrente elétrica possível atravesse o miocárdio. Isto é
obtido colocando-se uma das pás no lado direito do esterno,
na região infraclavicular e, a outra, ao nível do ápex, na li-
nha médio-axilar esquerda. Nos portadores de marcapassos
implantados na região infraclavicular direita, esta disposição
não deve ser utilizada. Nestes casos deve-se usar a posição
ântero-posterior: uma pá colocada no precórdio e a outra
www.posugf.com.br 20
Suporte Básico de Vida e Socorro de Emergência
a unidade não tiver sido utilizada, é necessário limpar sua su-
perfície, periodicamente, com um pano umedecido com água.
Em situações em que o paciente entra em FV, sob ob-
servação, se não houver resposta ao golpe precordial e, se
o desfibrilador está disponível, recomenda-se imediatamente
realizar a desfibrilação elétrica (com menos de 1min); se o
desfibrilador não estiver disponível para uso imediato, reco-
menda-se iniciar a RCR. Logo que o desfibrilador esteja dis-
ponível, deve ser utilizado (quadros II e III).
Desfibrilação automática externa - A maioria das pes-
soas que sofre morte súbita fora do hospital, encontra-se ini-
cialmente em FV, antes de entrar em assistolia; nos casos
documentados em que há a monitorização cardíaca contínua,
observa-se que mais de 60% dos casos apresentam TV por
curto espaço de tempo antes de entrar em FV.
Está bem estabelecido que o tratamento mais eficiente
da FV é a desfibrilação elétrica, e que o fator mais impor-
tante para a sobrevivência é a rapidez com que se aplica o
tratamento. Na fase hospitalar, o primeiro elo na “cadeia do
suporte de vida” (termo introduzido por Peter Safar) é o leigo
que dá início à RCR básica; depois os paramédicos com trei-
namento em cuidados avançados, incluindo a desfibrilação,
e, finalmente, o transporte para salas de emergência hospi-
talares.
Com a introdução dos desfibriladores automáticos exter-
nos (DAE), foi incluído um elo a mais entre o leigo e os pa-
ramédicos, permitindo a aplicação de desfibrilação precoce,
com aumento da taxa de sobrevivência, já mencionado. Tais
desfibriladores permitem que o pessoal de emergência (po-
lícia, bombeiros, pessoal de ambulância), que não tem trei-
namento avançado e nem habilidade para o diagnóstico de
arritmias, possa ter treinamento definitivo em casos de FV.
Outras situações para o uso dos desfibriladores automá-
ticos externos são: a) lugares onde há grande número de
pessoas adultas, estádios desportivos, centros comerciais,
centros industriais, centros militares, auditórios ou centros de
conferência, aeroportos e meios de transporte, como navios
e aviões; b) para uso domiciliar, no caso de pessoas com alto
risco de FV primária; c) em centros de reabilitação cardio-
vascular, dentro e fora do hospital; d) em salas hospitalares,
onde o pessoal não tem habilidade técnica para o reconheci-
mento de arritmias e o uso do desfibrilador-padrão.
A pessoa encarregada do desfibrilador automático deverá
ser treinada em RCR básica e no manejo do desfibrilador. Isso
elimina a necessidade de treinar pessoal na interpretação de
arritmias. O operador coloca os eletrodos no peito da pessoa
que se supõe morta; ao prender a unidade, começa-se a in-
terpretação do ritmo cardíaco; se houver indicação de choque
● desfibrilações subseqüentes: aumentar
progressivamente até 50J
Desfibrilação externa em crianças
● 1ª desfibrilação: 2J/kg
● desfibrilações subseqüentes: 4J/kg
Desfibrilação interna (direta) em crianças
● 1ª desfibrilação: usar o nível de energia
mais baixo que for possível com a unidade
em torno de 2J
● desfibrilações subseqüentes: 3-10J
Cardioversão sincronizada - O sincronismo com a onda
R é fundamental para evitar a liberação do choque sobre a
onda T, o que facilmente produz FV. Assim, o sincronismo
deve ser utilizado nas taquicardias supraventriculares, na fi-
brilação/flutter atriais e nas taquicardias ventriculares. Nas
TV muito rápidas ou com QRS muito bizarro ou com poli-
morfismo, pode ser difícil obter-se o sincronismo. Neste caso
o choque deve ser aplicado sem sincronismo. Se qualquer
choque sincronizado ou não causa FV, deve-se imediatamente
aplicar um outro choque não sincronizado, com energia ajus-
tada para o tratamento da FV.
Precauções, segurança e manutenção dos desfibri-
ladores - Na aquisição de um desfibrilador, devem ser consi-
derados vários fatores, como o apoio técnico do fabricante, a
incorporação dos avanços técnicos atuais (tais como o marca-
passo transtorácico) e a simplicidade do manuseio.
O pessoal encarregado do uso do desfibrilador deve se-
guir as normas para a segurança do paciente, bem como dos
membros da equipe presente durante a descarga de energia.
É necessário manter um protocolo de prova e manutenção do
equipamento. Antes do início de um procedimento de risco,
deve-se ter à disposição um desfibrilador previamente tes-
tado.
Uma das precauções importantes é evitar proceder as
descargas elétricas quando não há indicação clínica para tal.
Há que recordar que ondulações irregulares no monitor po-
dem ser produzidas por artefatos como, por exemplo, quando
o paciente treme, ou por uma interferência elétrica. É essen-
cial verificar-se a presença ou a ausência do pulso arterial
antes de se proceder a desfibrilação.
É importante, depois de cada uso, limpar os eletrodos e os
fios do desfibrilador, assim como todo o restante da unidade,
utilizando um pano úmido com água e detergente líquido. Se
www.posugf.com.br 21
Suporte Básico de Vida e Socorro de Emergência
Segundo reanimador
1. Colocar o desfibrilador automático próximo ao paciente.
2. Ligar a unidade.
3. Conectar os eletrodos ao cabo.
4. Colocar o eletrodo branco debaixo da clavícula direita na
parte paraesternal direita. Colocar o eletrodo vermelho
no lado esquerdo do tórax, 2cm abaixo do mamilo.
5. Ordenar a interrupção da RCR e afastar-se do paciente.
6. Ativar o analisador.
7. A unidade indica que o choque está indicado e ordena
afaste-se.
8. A unidade procede a 1ª desfibrilação de 200J. Em unida-
de semi-automática o 2º reanimador ativa manualmente
o choque.
9. Repetir a seqüência indicada pelo analisador e, se houver
ordem de choque proceder à 2ª descarga com 300J. Re-
petir o mesmo para a 3ª análise e choque; o 3º choque
está programado para 360J. Não proceder a RCR entre
as 3 descargas.
10. Se o paciente continuar em FV (sem pulso) depois de 3
descargas consecutivas, continuar com a RCR por 1min
e recomeçar com outras 3 desfibrilações se forem ne-
cessárias.
11. Quando a unidade emitir a mensagem choque não indi-
cado, o reanimador deverá verificar o pulso: se presente,
manter os eletrodos no tórax e monitorar; se ausente,
indicar dissociação eletromecânica ou assistolia e deve-
-se continuar com a RCR.
Protocolo para um só reanimador com
desfibrilador automático externo
1. Verificar a inconsciência.
2. Abrir a via respiratória.
3. Verificar a respiração.
4. Dar duas ventilações.
5. Verificar pulso carotídeo.
6. Se pulso ausente, ligar o desfibrilador automático exter-
no.
7. Conectar os cabos aos eletrodos.
8. Colocar os eletrodos na posição adequada no tórax.
9. Ativar o analisador.
10. Se o choque estiver indicado, dar ordem de afastar-se.
Choques de 200-300-360J, ativando o analisador entre
os choques.
11. Verificar o pulso e, se ausente, proceder RCR por 1min.
12. Repetir a série de 3 desfibrilações, se houver indicação.
elétrico, a unidade automaticamente carrega os capacitores
a um nível pré-selecionado de energia e dá a descarga; ou
então, no caso de desfibrilador semi-automático, se a unidade
acusa ao resgatador a necessidade de choque, este ativa a
unidade e dá a descarga.
Aspectos técnicos dos desfibriladores
automáticos externos
Nos desfibriladores automáticos externos, identificam-se
os seguintes componentes: osciloscópio para monitoriza-
ção cardíaca - a maioria destes desfibriladores conta com
monitor eletrocardiográfico; no entanto, existem unidades
que não contam com o monitor; microprocessador para
a análise da atividade cardíaca - o tempo da análise é de
6 a 12s; a fonte de energia é uma bateria recarregável
quando está completamente carregada, pode prover até 20
descargas de 360J. O tempo total para a carga completa das
baterias varia entre 10 e 16h. O tempo de recarga é de 10s
para choques de 200J e de 15s para 360J; o módulo de
controle médico mantém registro de partes críticas do ECG,
do número de descargas e marca a hora dos eventos. Isso
é importante para análises posteriores e controle médico;
eletrodos - são dois eletrodos removíveis, que atuam como
condutores do choque, um como eletrodo positivo e outro
como negativo, para análise de arritmia na derivação DII; a
unidade tem a capacidade de dar as seguintes ordens,
através de sinais sonoros: checar eletrodos - nos casos em
que o operador se esqueça de colocar os eletrodos no tórax
ou haja mau contato; retirar-se - esta é a ordem dada pela
unidade antes da descarga; checar o paciente - indica que
se deve “checar” o pulso quando não houver indicação de
desfibrilação; dar o choque - este sinal se encontra unica-
mente em desfibriladores semi-automáticos. Os quadros IV e
V contêm as relações de procedimentos para a desfibrilação
automática externa e para um só reanimador com desfibrila-
dor automático externo.
Protocolo para desfibrilação automática
externa
Primeiro reanimador
1. Certificar-se de que o paciente está inconsciente. Pedir
ajuda.
2. Abrir a via respiratória. Verificar a respiração. Proceder
a duas ventilações.
3. Verificar o pulso. Se não houver pulso solicitar imediata-
mente o desfibrilador.
4. Começar com as compressões torácicas externas.
www.posugf.com.br 22
Suporte Básico de Vida e Socorro de Emergência
É importante observar rapidamente se existem perigos
para o acidentado e para quem estiver prestando o socorro
nas proximidades da ocorrência. Por exemplo: fios elétricos
soltos e desencapados; tráfego de veículos; andaimes; vaza-
mento de gás; máquinas funcionando. Devem-se
identificar pessoas que possam ajudar. Deve-se desligar a
corrente elétrica; evitar chamas, faíscas e fagulhas; afastar
pessoas desprotegidas da presença de gás; retirar vítima de
afogamento da água, desde que o faça com segurança para
quem está socorrendo; evacuar área em risco iminente
de explosão ou desmoronamento.
Avaliar o acidentado na posição em que ele se encontra,
só mobilizá-lo com segurança (sem aumentar o trauma e os
riscos), sempre que possível deve-se manter o acidentado
deitado de costas até que seja examinada, e até que se saiba
quais os danos sofridos. Não se deve alterar a posição em
que se acha o acidentado, sem antes refletir cuidadosa-
mente sobre o que aconteceu e qual a conduta mais adequa-
da a ser tomada.
Se o acidentado estiver inconsciente, por sua cabeça em
posição lateral antes de proceder à avaliação do seu estado
geral.
É preciso tranqüilizar o acidentado e transmitir-lhe se-
gurança e conforto. A calma do acidentado desempenha um
papel muito importante na prestação dos primeiros socorros.
O estado geral do acidentado pode se agravar se ela estiver
com medo, ansiosa e sem confiança em quem está cuidando.
2. Proteção do Acidentado
Avaliação e Exame do Estado Geral do acidentado
A avaliação e exame do estado geral de um acidentado de
emergência clínica ou traumática é a segunda etapa básica
na prestação dos primeiros socorros. Ela deve ser realizada
simultaneamente ou imediatamente à “avaliação do acidente
e proteção do acidentado”. O exame deve ser rápido e siste-
mático, observando as seguintes prioridades:
· Estado de consciência: avaliação de respostas lógicas
(nome, idade, etc).
· Respiração: movimentos torácicos e abdominais com en-
trada e saída de ar normalmente pelas narinas ou boca.
· Hemorragia: avaliar a quantidade, o volume e a qualida-
de do sangue que se perde. Se é arterial ou venoso.
· Pupilas: verificar o estado de dilatação e simetria (igual-
dade entre as pupilas).
· Temperatura do corpo: observação e sensação de tato na
face e extremidades.
Deve-se ter sempre uma idéia bem clara do que se vai
fazer, para não expor desnecessariamente o acidentado, veri-
13. Se depois de qualquer desfibrilação, a unidade registrar
que o choque não está indicado, verificar o pulso: se pre-
sente, parar RCR e desfibrilações; se ausente, continuar
a RCR
Atendimento de Emergência Pré-Hospitalar
Protocolo Internacional de
Atendimento Pré-hospitalar
Para qualquer assunto que você queira estudar, sempre haverá
um livro, artigo ou apostila. Em primeiros socorros também há, só que
não dá tempo de recorrer a eles !
URGÊNCIA – Situação onde não há risco à vida
EMERGÊNCIA - Situação onde há risco á vida
SOCORRO BÁSICO - são os procedimentos não invasivos.
SOCORRO AVANÇADO - são os procedimentos invasivos.
Etapas Básicas de Primeiros
SocorrosO atendimento de primeiros socorros pode ser dividido em
etapas básicas que permitem a maior organização no atendi-
mento e, portanto, resultados mais eficazes.
1. Avaliação do Local do Acidente
Esta é a primeira etapa básica na prestação de primeiros
socorros.
Ao chegar no local de um acidente, ou onde se encontra
um acidentado, deve-se assumir o controle da situação e pro-
ceder a uma rápida e segura avaliação da ocorrência. Deve-
-se tentar obter o máximo de informações possíveis sobre o
ocorrido. Dependendo das circunstâncias de cada acidente, é
importante também:
a. Evitar o pânico e procurar a colaboração de outras pes-
soas, dando ordens breves, claras, objetivas e concisas;
b. Manter afastados os curiosos, para evitar confusão e
para ter espaço em que se possa trabalhar da melhor
maneira possível.
Ser ágil e decidido observando rapidamente se existem
perigos para o acidentado e para quem estiver prestando o
socorro
A proteção do acidentado deve ser feita com o mesmo
rigor da avaliação da ocorrência e do afastamento de pessoas
curiosas ou que visivelmente tenham perdido o autocontrole
e possam prejudicar a prestação dos primeiros socorros
www.posugf.com.br 23
Suporte Básico de Vida e Socorro de Emergência
para um rápido exame nas áreas que sofreram alguma lesão.
O acidentado deve ficar deitado de costas ou na
posição que mais conforto lhe ofereça.
Exame do acidentado Inconsciente
O acidentado inconsciente é uma preocupação, pois além
de se ter poucas informações sobre o seu estado podem sur-
gir, complicações devido à inconsciência.
O primeiro cuidado é manter as vias respiratórias superio-
res desimpedidas fazendo a extensão da cabeça, ou mantê-la
em posição lateral para evitar aspiração de vômito. Limpar a
cavidade bucal.
O exame do acidentado inconsciente deve ser igual ao do
acidentado consciente, só que com cuidados redobrados, pois
os parâmetros de força e capacidade funcional não poderão
ser verificados. O mesmo ocorrendo com respostas a estímu-
los dolorosos.
É importante ter ciência que nos primeiros cuidados ao
acidentado inconsciente a deverá ser mínima.
A observação das seguintes alterações deve ter prioridade
acima de qualquer outra iniciativa. Ela pode salvar uma vida:
· Falta de respiração;
· Falta de circulação (pulso ausente);
· Hemorragia abundante;
· Perda dos sentidos (ausência de consciência);
· Envenenamento.
Observações:
1. Para que haja vida é necessário um fluxo contínuo de
oxigênio para os pulmões. O oxigênio é distribuído para
todas as células do corpo através do sangue impulsiona-
do pelo coração. Alguns órgãos sobrevivem algum tempo
sem oxigênio, outros são severamente afetados. As cé-
lulas nervosas do cérebro podem morrer após 3 minutos
sem oxigênio.
2. Por isso mesmo é muito importante que algumas altera-
ções ou alguns quadros clínicos, que podem levar a essas
alterações, devem ter prioridade quando se aborda um
acidentado de vítima de mal súbito. São elas:
· Obstrução das vias aéreas superiores;
· Parada cárdio-respiratória;
· Hemorragia de grandes volumes;
· Estado de choque (pressão arterial, etc);
· Comas (perda da consciência);
· Convulsões (agitações psicomotoras);
· Envenenamento (intoxicações exógenas);
· Diabetes mellitus (comas hiper e hipoglicêmicos);
· Infarto do miocárdio; e
ficando se há ferimento com o cuidado de não movimentá-lo
excessivamente.
Em seguida proceder a um exame rápido das diversas
partes do corpo.
Se o acidentado está consciente, perguntar por áreas do-
lorosas no corpo e incapacidade funcionais de mobilização.
Pedir para apontar onde é a dor, pedir para movimentar as
mãos, braços, etc.
Cabeça e Pescoço
Sempre verificando o estado de consciência e a respiração
do acidentado, apalpar, com cuidado, o crânio a procura de
fratura, hemorragia ou depressão óssea.
Proceder da mesma forma para o pescoço, procurando
verificar o pulso na artéria carótida, observando freqüência,
ritmo e amplitude, correr os dedos pela coluna cervical, desde
a base do crânio até os ombros, procurando alguma irregula-
ridade. Solicitar que o acidentado movimento
lentamente o pescoço, verificar se há dor nessa região.
Movimentar lenta e suavemente o pescoço, movendo-o de
um lado para o outro. Em caso de dor pare qualquer mobili-
zação desnecessária.
Perguntar a natureza do acidente, sobre a sensibilidade e
a capacidade de movimentação dos membros visando confir-
mar suspeita de fratura na coluna cervical.
Coluna Dorsal
Perguntar ao acidentado se sente dor. Na coluna dorsal
correr a mão pela espinha do acidentado desde a nuca até o
sacro. A presença de dor pode indicar lesão da coluna dorsal.
Tórax e Membros
Verificar se há lesão no tórax, se há dor quando respira ou
se há dor quando o tórax é levemente comprimido.
Solicitar ao acidentado que movimente de leve os braços e
verificar a existência de dor ou incapacidade funcional. Locali-
zar o local da dor e procurar deformação, edema e marcas de
injeções. Verificar se há dor no abdome e procurar todo tipo
de ferimento, mesmo pequeno. Muitas vezes um ferimento de
bala é pequeno, não sangra e é profundo, com conseqüências
graves.
Apertar cuidadosamente ambos os lados da bacia para
verificar se há lesões. Solicitar à vítima que tente mover as
pernas e verificar se há dor ou incapacidade funcional.
Não permitir que o acidentado de choque elétrico ou trau-
matismo violento tente levantar-se prontamente, achando
que nada sofreu. Ele deve ser mantido imóvel, pelo menos
www.posugf.com.br 24
Suporte Básico de Vida e Socorro de Emergência
7. Tranqüilizar o acidentado. Em todo atendimento ao aci-
dentado consciente, comunicar o que será feito antes de
executar para transmitir-lhe confiança, evitando o medo
e a ansiedade.
8. Quando a causa de lesão for um choque violento, deve-
-se pressupor a existência de lesão interna. As vítimas
de trauma requerem técnicas específicas de manipula-
ção, pois qualquer movimento errado pode piorar o seu
estado. Recomendamos que as vítimas de traumas não
sejam manuseadas até a chegada do atendimento emer-
gencial. Acidentados presos em ferragens só devem ser
retirados pela equipe de atendimento emergencial.
9. No caso do acidentado ter sede, não ofereça líquidos
para beber, apenas molhe sua boca com gaze ou algodão
umedecido.
10. Cobrir o acidentado para conservar o corpo quente e pro-
tegê-lo do frio, chuva, etc.
11. Em locais onde não haja ambulância, o acidentado só
poderá ser transportado após ser avaliado, estabilizado
e imobilizado adequadamente. Evite movimentos desne-
cessários.
12. Só retire o acidentado do local do acidente se esse local
causar risco de vida para ele ou para o socorrista. Ex:
risco de explosão, estrada perigosa onde não haja como
sinalizar, etc. A pessoa que está prestando os primeiros
socorros deve seguir um plano de ação baseando-se no
P.A.S., que são as três letras iniciais a partir das quais
se desenvolvem todas as medidas técnicas e práticas de
primeiros socorros. Prevenir - afastar o perigo do aci-
dentado ou o acidentado do perigo. Alertar - contatar o
atendimento emergencial informando o tipo de acidente,
o local, o número de vítimas e o seu estado. Socorrer -
após as avaliações
Aspectos Legais do Socorrismo· OMISSÃO DE SOCORRO (ART. 135º DO CÓDIGO PENAL.)
Todo cidadão é obrigado a prestar auxílio a quem este-
ja necessitando, tendo três formas para fazê-lo: aten-
der, auxiliar quem esteja atendendo ou solicitar auxílio.
Exceções da lei (em relação a atender e/ou auxiliar): meno-
res de 16 anos, maiores de 65, gestantes a partir do terceiro
mês, deficientes visuais, mentais e físicos (incapacitados).
Telefones de emergência:
CB: 193
SAMU: 192
PM: 190
“ A principal causa-morte pré-hospitalar é a falta de atendi-
mento. A segunda é o socorro inadequado.”
· Queimaduras em grandes áreas do corpo.
3. Toda lesão ou emergência clínica ocorrida dentro do âm-
bito da Instituição deve ser comunicada ao NUST - Nú-
cleo de Saúde do trabalhador / DIREH, através de uma
ficha de registro específica e anotada no “livro de registro
de acidentes”.
4. É importante ter sempre disponível os números dos
telefones e os endereços de hospitais e de centros de
atendimento de emergência;socorro especializado para
emergências cardíacas; plantão da Comissão Nacional de
Energia Nuclear; locais de aplicação de soros antiveneno
de cobra e de outros animais peçonhentos e centro de
informações tóxicofarmacológica.
Resumo
Para o bom atendimento é imprescindível:
1. Manter a calma. Evitar pânico e assumir a situação.
2. Antes de qualquer procedimento, avaliar a cena do aci-
dente e observar se ela pode oferecer riscos, para o aci-
dentado e para você. EM HIPÓTESE NENHUMA PONHA
SUA PRÓPRIA VIDA EM RISCO.
3. Os circunstantes devem ser afastados do acidentado,
com calma e educação. O acidentado deve ser mantido
afastado dos olhares de curiosos, preservando a sua in-
tegridade física e moral.
4. Saiba que qualquer ferimento ou doença súbita dará ori-
gem a uma grande mudança no ritmo da vida do aci-
dentado, pois o coloca repentinamente em uma situação
para a qual não está preparado e que foge a seu controle.
Suas reações e comportamentos são diferentes do nor-
mal, não permitindo que ele possa avaliar as próprias
condições de saúde e as conseqüências do acidente. Ne-
cessita de alguém que o ajude. Atue de maneira tranqüila
e hábil, o acidentado sentirá que está sendo bem cuidado
e não entrará em pânico. Isto é muito importante, pois a
intranqüilidade pode piorar muito o seu estado.
5. Em caso de óbito serão necessárias testemunhas do
ocorrido. Obter a colaboração de outras pessoas dando
ordens claras e concisas. Identificar pessoas que se en-
carreguem de desviar o trânsito ou construir uma prote-
ção provisória. Uma ótima dica é dar tarefas como, por
exemplo: contatar o atendimento de emergência, bus-
car material para auxiliar no atendimento, como talas e
gaze, avisar a polícia se necessário, etc.
6. JAMAIS SE EXPONHA A RISCOS. Utilizar luvas descar-
táveis e evitar o contato direto com sangue, secreções,
excreções ou outros líquidos. Existem várias doenças que
são transmitidas através deste contato
www.posugf.com.br 25
Suporte Básico de Vida e Socorro de Emergência
● Cor e umidade da pele – pode indicar prob-
lemas circulatórios e hipotermia. São avali-
ados pela observação e toque na vítima.
Independem do estado de consciência.
● Motilidade – avaliamos lesões muscu-
lares e déficit neurológico. Avaliamos pela
observação e solicitando ações à vítima. Só
pode ser avaliada nas pessoas conscientes.
● Sensibilidade – idem ao anterior e mais a
hipotermia.
● Fotorreatividade pupilar (pupilas dilatadas
chamam-se midríase e contraídas chamam-
se miose) – o problema não é a posição
final da pupila e sim a ausência de sua rea-
tividade. Midríase paralítica pode ser indica-
tivo de hipóxia cerebral, edema intracrani-
ano, hipovolemia, TCE. Miose pode indicar
envenenamento, intoxicação. A presença de
midríase e miose juntas, geralmente indica
edema intracraniano por TCE, sendo que
o edema nesses casos localiza-se do lado
da midríase. Utiliza-se uma lanterna clínica
para avaliação e independe do estado de
consciência da vítima.
Observação
Se a vítima apresentar duas midríases ou duas mioses,
chamamos de “pupilas isocóricas” ou estando em “isocoria”.
Se a apresentar midríase e miose ao mesmo tempo, chama-
mos de “anisocóricas”, ou estando em “anisocoria”.
● Enchimento capilar – pelo tempo decor-
rido, estimamos a perfusão sanguínea ou
se houve alguma lesão traumática naquele
segmento, que retarda a irrigação. Essa
lesão também pode ser vascular. A aval-
iação depende da luminosidade do ambi-
ente, mas independe do estado de con-
sciência da vítima.
Comprimindo a unha e Observando o enchi-
mento.
Observação
O tempo ideal desse teste é o que levamos para dizer
“enchimento capilar” após soltarmos a compressão na unha.
Etapas Básicas do SocorrismoToda vez que um socorrista realizar um atendimento, ele
levará em consideração dois fatores iniciais:
1. Está consciente ou não? Vítima consciente já demonstra
estar viva.
2. É evento clínico ou traumático? Em princípio, os eventos
clínicos nos permitem maior liberdade de manipulação
das vítimas.
Análise da cena
· cuidados com a segurança do profissional (prioridade)
· observação
· sinalização
Análise da cena - Abordagem da vítima
· Verificação da responsividade – pode ser realizada a dis-
tância. Procuramos perceber as manifestações da vítima.
· Checagem dos sinais vitais – só pode ser realizada em
contato com a vítima.
Abordagem da vítima:
Se for na maca, colocamos ambas as mãos nos ombros
do vítima e falamos com ele. Se for no chão, apoiamos um
joelho e colocamos ambas as mãos nos ombros da vítima.
Sinais - são os indicativos que obtemos sem auxílio da vítima.
Sintomas - são os indicativos que obtemos com auxílio da
vítima.
SINAIS VITAIS - – formas de checagem: “VER / OUVIR / SENTIR”
● Respiração – geralmente usa-se o dorso da
mão para sentir.
● Pulso – carotídeo (em adultos e crianças) /
braquial (em bebês).
● Pressão arterial – precisa-se de instrumen-
tal específico.
● Temperatura – precisa-se de instrumental
específico.
Checando respiração: Em lactentes não fazemos hiperex-
tensão cervical.
SINAIS DE APOIO
● São os que fornecem mais informações so-
bre o estado da vítima. Não são prioritários,
mas são válidos para mais informações.
www.posugf.com.br 26
Suporte Básico de Vida e Socorro de Emergência
Ventilação ambú-máscara(Duas mãos fixando a máscara)
Ventilação ambú-tubo (Em lactente)
“C” Massagem cardíaca externa
Em crianças e adultos é realizada sobre o terço in-
ferior do esterno, utilizando-se ambas as mãos apoian-
do apenas a região tenar e com os cotovelos estendidos.
Em lactentes, essa manobra é realizada com os dedos
médio e anelar sobre o esterno, abaixo da linha mami-
lar. Nas gestantes, a execução é como nos adultos, porém
é importante e tração do útero gravídico para a esquer-
da, objetivando a descompressão da veia cava inferior.
Pode ser feito a Massagem cardíaca sobre a maca ou a Mas-
sagem cardíaca no chão.
Controle das hemorragiasGeralmente é realizado com a compressão de gaze so-
bre o local da hemorragia. Mas também pode ser neces-
sária a aplicação de um garrote ou torniquete, depen-
dendo do local da hemorragia e do volume de sangue.
Pode ser Compressivo apropriado e Compressivo improvisado
“D”Não se administra nada via oral para pessoas inconscien-
tes pelo risco da broncoaspiração.
“E” Exame físico da vítima
Objetivando procurar lesões e hemorragias. O exame físi-
co será interrompido se for encontrada: PR / PCR / hemorra-
gia significante / fratura bi-lateral de fêmur e/ou de quadril.
• Roteiro do exame físico – vítima em decúbito dorsal. ca-
beça / pescoço / tórax / abdômen / quadril / genitália /
membros inferiores / membros superiores / coluna ver-
tebral / nuca.
Sempre que o profissional desconfiar que há uma lesão,
procederá como se houvesse.
Controle térmicoManter a vítima aquecida é uma das pre-
ocupações no atendimento em via
pública ou em qualquer lugar onde possa ocorrer
queda de temperatura corporal.
PRIORIDADE ABSOLUTA (CHAMADO DE A B C DA VIDA)
A - ABERTURA DAS VIAS AÉREAS COM CONTROLE CER-
VICAL
Roteiro de Prioridades no
Atendimento
● Abertura das vias aéreas com controle
cervical
● Boa ventilação
● Controle hemodinãmico (circulação / con-
trole das hemorragias).
● Déficit neurológico exposição completa da
vítima e controle térmico
● Toda vítima de trauma possui lesão cervical
até provar o contrário!
● O estado de uma vítima é inversamente
proporcional ao número de informações
obtidas pelo socorrista.
● Não se administra nada via oral para víti-
mas inconscientes!
“A” (Hiperextensão cervical)É a manobra mais utilizada, pois a maior causadora de
obstrução das vias aéreas superiores é a queda da língua.
Em lactentes não fazemos hiperextensão cervical para
abrir as vias aéreas e nem para checar a respiração
● Cabeça na posição retificada(Mostrando a
queda da língua)
● Cabeça em hiperextensão(Mostrando a
língua elevada)
● Empuxo mandibular (Repare na posiçãodo
polegar e indicador)
● Lateralização da vítima(Serve para liberar
as vias aéreas e exame físico)
Manobra de Heimlich
Também conhecida como “compressões abdominais”.
Destinada às obstruções causadas por corpos estranhos só-
lidos. Em crianças e adultos é realizada no epigástrio. Em
gestantes e lactentes, essa manobra é realizada no tórax,
sobre o esterno, sendo entre os seios na gestante e na linha
mamilar com os dedos indicador e médio nos lactentes.
Estabilização cervicalO colar cervical não dispensa a estabilização manual.
“B”
Ventilação boca-a-boca (Pode ser boca-
-nariz, Em lactentes é boca-a-boca/nariz.)
Ventilação boca-máscara (Duas mãos fixando a máscara)
www.posugf.com.br 27
Suporte Básico de Vida e Socorro de Emergência
1. Checando a respiração - Realizando hiper-
extensão cervical
A checagem da respiração inicialmente é
realizada sem a hiperextensão. Caso não
seja constatado movimento ventilatório,
fazemos a hiperextensão da cabeça para
verificar se a ausência da respiração é
devida à queda da língua no oro-faringe.
2. Ventilando- Preferencialmente boca-a-boca,
mas pode ser boca-nariz . ( Diretriz SBC
2010 referenda ventilação boca a boca só-
mente em criança ou adulto com tempo de
parada maior que 10 minutos ).
3. Checando o pulso - Carotídeo (com os de-
dos indicador e médio).
4. Massageando-No terço inferior do esterno,
apoiando a região tenar.
Em lactentes (de 0 até 1 ano).• 1 ex-
ecutante 2 ventilações X 30 massagens
cardíacas
RCP em lactentes
1 – Checando a responsividade (Tocando o bebê).
2 – Checando a respiração (sem hiperextensão).
3 – Insuflando - Boca-a-boca/nariz (sem hiperextensão).
4 – Checando o pulso(Braquial).
5 – massageando (Dois dedos na linha mamilar).
6 – ventilando e massageando
• Checagem da respiracao (em qualquer vítima) . vias aé-
reas
• Checagem do pulso (em criancas e adultos) . carotídeo
• Checagem do pulso (em bebes) . braquial
• Iniciamos a manobra de RCP sempre pelas ventilações!!
OBSERVAÇÃO
1 - A Associação Americana do Coração preconiza que
a RCP seja realizada por apenas uma pessoa, até a exaus-
tão, para somente então ser realizada a troca do executan-
te, por motivo de sincronia! Exceção para os casos onde
os executantes estejam acostumados a fazerem juntos.
2 - O centro respiratório, localizado no bulbo raquídeo é cons-
tituído por duas partes: o apnêustico, estimulado pelo CO2
e o pneumotáxico, estimulado pelo O2. Portanto, o alto per-
centual de CO2 insuflado nas ventilações da RCP, no ato do
socorro básico é essencial.
Complicações na RCP
B - BOA VENTILAÇÃO
C - CIRCULAÇÃO E CONTROLE DAS HEMORRAGIAS
Em princípio, as letras “D” e “E” não são prioridades no pri-
meiro atendimento.
Avaliação Primária:
Responsividade
Sinais Vitais
A / B / C
Atenção!
A Avaliação Primária só será inter-
rompida se ocorrer ou for verificada:
obstrução das vias aéreas / parada respiratória / parada cár-
dio-respiratória / grandes hemorragias / fratura bi-lateral de
fêmur.
Avaliação Secundária:
Sinais de Apoio
Exame físico
Reanimação CARDIOPULMONAR
(RCP)
· Parada Respiratória (P.R.) - interrupção brusca da
função pulmonar
· Parada Cardiorrespiratória (P.C.R.) - suspensão
imediata das funções pulmonar e cardíaca
IMPORTANTE
NÃO HÁ PARADA SOMENTE CARDÍACA, POIS ESSA SITU-
AÇÃO É IMPOSSÍVEL DE OCORRER. PARANDO O CORAÇÃO,
IMEDIATAMENTE OCORRERÁ PARADA DA FUNÇÃO PULMO-
NAR, OU SEJA, PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA.
Em crianças e adultos (de 8 anos em diante).
● 1 ou 2 executantes – preferencialmente
com 2 ventilações X 30 massagens cardía-
cas
● Em crianças (de 1 até 8 anos).
● 1 executante 2 ventilações X 30 massagens
cardíacas
2 executantes 2 ventilações X 15 massa-
gens cardíacas
● CHECAGEM DA RESPIRAÇÃO (QUALQUER
VÍTIMA) - VIAS AÉREAS
● CHECAGEM DO PULSO (VÍTIMA INFANTIL E
ADULTA) – NO PULSO CAROTÍDEO.
RCP em crianças e adultos.
www.posugf.com.br 28
Suporte Básico de Vida e Socorro de Emergência
H. INTERNAS - SÃO AQUELAS QUE NÃO OCORREM NA
SUPERFÍCIE CORPORAL
AS HEMORRAGIAS INTERNAS:
PODEM SER DIVIDIDAS EM EXTERIORIZADAS OU NÃO
EXTERIORIZADAS. SÃO EXTERIORIZADAS QUANDO O SAN-
GRAMENTO APRESENTA- SE PARA O MEIO EXTERNO.
HEMORRAGIAS INTERNAS EXTERIORIZADAS
OTORRAGIA - sangramento pelo conduto da orelha ex-
terna. Não fazemos tamponamento. Se a vítima está cons-
ciente, posicionamos em decúbito dorsal. Se estiver incons-
ciente ou com suspeita de trauma cervical, lateralizamos com
a orelha que esteja sangrando para baixo.
EPISTAXE - sangramento pelas narinas. Fazemos com-
pressão manual com a cabeça posicionada à frente 45º.
Podemos utilizar gelo juntamente com a compressão, prin-
cipalmente nos casos de trauma. Em último caso, fazemos
o tamponamento utilizando roletes de gaze com vaselina.
ESTOMATORRAGIA - sangramento proveniente da ca-
vidade oral, podendo ser originada por ferimentos na bo-
checha, língua e extrações dentárias. Seja qual for o caso
usamos gaze sobre a lesão, fazendo compressão, similar ao
procedimento utilizado pelos dentistas. O gelo pode ser apli-
cado, na parte externa, nos casos de hemorragias dentárias.
Atenção!
As otorragias e epistaxes podem apresentar saída de lí-
quor (líquido cefalorraquidiano / LCR), sendo isso um indício
de TCE (Traumatismo Crânio Encefálico), e, portanto, todos
os cuidados com a estabilização cervical devem ser tomados
prioritariamente!
HEMOPTISE – sangramento de origem do aparelho res-
piratório, em geral dos pulmões e/ou árvore brônquica. Não
utilizamos gelo nesse tipo de hemorragia. Na vítima cons-
ciente, o posicionamento é recostado e tentamos mantê-lo
calmo. Esse sangramento tem características de coloração
vermelha rutilante, espumante e é expelido por tosse. Em
caso de vítima inconsciente ou com trauma associado, adota-
mos a lateralização. Se houver tosse no momento da posição
recostada, colocamos sua cabeça para o lado a fim de facilitar
o escoamento das secreções.
HEMATÊMESE – sangramento originário do sistema di-
gestório alto (esôfago, estômago e duodeno), que normal-
mente é expelido por vômito, juntamente com restos alimen-
tares. Costuma ter coloração escura como borra de café. Em
vítimas conscientes, utilizamos saco de gelo sobre o epigás-
trio em decúbito dorsal e, em casos de vômito ou inconsciên-
cia, lateralizamos. Nos casos de hematêmese por trauma, se
o vômito ocorrer muito rápido, sua coloração poderá ser ver-
melha normal, mas haverá presença de restos alimentares.
(PODEM OCORRER MAS NÃO SÃO INDICATIVOS OBRIGA-
TÓRIOS DE INTERRUPÇÃO DA RCP)
● FRATURAS DE COSTELAS - EM PRINCÍPIO
CONTINUAMOS.
● FRATURAS DE ESTERNO - TORNA-SE
CONTRA-INDICAÇÃO.
● LUXAÇÃO COSTO-ESTERNAL - EM PRINCÍ-
PIO CONTINUAMOS.
● PERFURAÇÃO DE VÍSCERAS (CORAÇÃO /
PULMÕES / AORTA / DIAFRAGMA / ETC...)
- DEPENDE DE EXAMES COMPLEMENTARES
PARA QUE HAJA CONFIRMAÇÃO DA LESÃO.
CONTRA-INDICAÇÕES DA RCP (SÃO AS SITUAÇÕES QUE,
QUANDO ENCONTRADAS, JÁ SÃO INDICATIVOS PARA A NÃO
REALIZAÇÃO DO PROCEDIMENTO DE RCP, PORÉM, EM CER-
TOS CASOS, A DECISÃO DE CONTINUAR OU NÃO FICARÁ A
CRITÉRIO DO SOCORRISTA):
● PCR POR TRAUMA DE TÓRAX
● VÍTIMAS COM DOENÇAS EM ESTÁGIO
TERMINAL
● VÍTIMAS COM MAIS DE 75 ANOS
● PCR OCORRIDA A MAIS DE 15 MINUTOS.
● SURGIMENTO DE RIGIDEZ CADAVÉRICA.
ATENÇÃO:
NA ABORDAGEM DA VÍTI-
MA, CHECAMOS PRIMEIRO A RESPIRAÇÃO.
EM CASO DE AUSÊNCIA, REALIZAMOS DUAS INSUFLAÇÕES.
SÓ ENTÃO CHECAMOS O PULSO. SE AUSENTE TAMBÉM,
COMBINAMOS COM MASSAGENS CARDÍACAS!
POSSIBILIDADES DE RECUPERAÇÃO:
Quanto mais rápido a vítima for atendida é aumentada a
sua chance de recuperação e sobrevivência.
● 1`= 98% de chance
● 5` = 25% de chance
● 10` = 1% de chance
Hemorragias· DEFINIÇÃO: PERDA AGUDA DE SANGUE. EM GERAL,
TODAS AS HEMORRAGIAS DEVEM SER CONTIDAS:
· CLASSIFICAÇÃO:
H. VENOSAS - SANGRAMENTO MAIS ESCURO, QUE SAI
ESCORRENDO.
H. ARTERIAIS - SANGRAMENTO DE COR VIVA (RUTILAN-
TE), QUE SAI EM JATOS.
H. EXTERNAS - SÃO AQUELAS COM ORIGEM NA SUPER-
FÍCIE CORPORAL.
www.posugf.com.br 29
Suporte Básico de Vida e Socorro de Emergência
1-FERIMENTO PERFURANTE
● Mecanismo de ação: ocorre por pressão.
● Características: geralmente apresenta orifí-
cio pequeno, o que dificulta a antisepsia e a
avaliação da extensão da lesão.
Agentes causadores: a grande maioria é de objetos pon-
tiagudos como pregos, tachinhas, furadores de gelo, etc,
que podem ser encontrados fixados no local da lesão, po-
rém, não obrigatoriamente necessitam possuir pontas.
No entanto não podem apresentar lâminas.
CORTANTE
- mecanismo de ação: ocorre por deslizamento.
- características: apresenta bordos regulares, o que em
princípio facilita a cicatrização e a sutura. Podem possuir pro-
fundidade e extensão variáveis.
- agentes causadores: qualquer objeto que apresente lâ-
mina, como faca, navalha,etc.
CONTUSÃO
podem apresentar-se como: “hematomas” / “equimoses”
ou escoriações”
- mecanismo de ação: ocorrem por trauma.
- características: nos casos dos “hematomas” e das “equi-
moses”, são os ferimentos que não rompem a integridade da
pele. Quando ocorre a ruptura da pele são chamadas de “es-
coriações”. Os hematomas e as equimoses são identificados
por manchas arroxeadas, sendo que as “equimoses” são mais
difusas e os “hematomas” mais localizados.
Considera-se que todas as manchas azuladas e / ou ar-
roxeadas no corpo são denominadas equimoses, mas onde
puder haver coleta de sangue, será classificado como “he-
matoma”.
As “escoriações” são superficiais, sangram pouco, porém
apresentam-se extremamente dolorosa.
ENTORSES
Perda momentânea de contato das superfícies articulares –
podem apresentar 3 graus. Ocorrem apenas em articulações.
Os graus de classificação das entorses são referentes à ex-
tensão da ruptura dos ligamentos, sendo conferido o 1º grau
para nível microscópico, 2º grau para nível parcial e 3º grau
para ruptura total.
LUXAÇÕES
Perda definitiva de contato das superfícies articulares.
Ocorrem apenas em articulações.
. FRATURAS - SOLUÇÃO DE CONTINUIDADE ÓSSEA
· FECHADAS - OCORRE APENAS A LESÃO ÓSSEA, SEM
ROMPIMENTO DA INTEGRIDADE DA PELE.
OBSERVAÇÃO: NUNCA UTILIZA-SE GELO DIRETAMENTE
SOBRE A PELE, NEM SOBRE A GENITÁLIA E MUCOSAS!
· HEMOSTASIA: AÇÃO DE CONTENÇÃO DAS HEMORRA-
GIAS
· MÉTODOS DE HEMOSTASIA: - compressão direta – tam-
bém chamada de compressão no local. É o método mais uti-
lizado e eficaz.
ELEVAÇÃO DO SEGMENTO - USA-SE A GRAVIDADE À
NOSSO FAVOR
COMPRESSÃO DIRETA ( TAMBÉM CHAMADA DE COM-
PRESSÃO NO LOCAL, É O MÉTODO MAIS EFICAZ)
-GARROTE - É O RECURSO EMPREGADO QUAN-
DO OS DOIS MÉTODOS ANTERIORES NÃO SURTIRAM
EFEITO. UTILIZAMOS UM PEDAÇO DE TECIDO, FITA
DE BORRACHA OU QUALQUER MATERIAL SEMELHANTE
PARA ENVOLVER O SEGMENTO, APERTANDO FIRMEMENTE,
ATÉ CESSAR A HEMORRAGIA.
-TORNIQUETE - PODEMOS DI-
ZER QUE CONSISTE EM UM GARROTE MAIS
FIRME, POIS ALÉM DO MATERIAL ANTERIOR, USAMOS UM
OBJETO COMO CANETA OU GRAVETO PARA AUMENTAR A
COMPRESSÃO.
CUIDADO: GARROTE E TORNIQUETE SÃO APLICADOS
APENAS EM MEMBROS, E O TORNIQUETE É PREFERENCIAL
PARA AMPUTAÇÕES TRAUMÁTICAS!
Observação
Não é verdade que garrotes e torniquetes tenham que ser
obrigatoriamente afrouxados a cada 15’. Nos procedimentos
de emergência, principalmente pré-hospitalares, considera-
mos que os membros superiores podem suportar isquemia de
até 1:30’h, e os membros inferiores de até 2:00h. Portanto,
se o garrote ou torniquete foi aplicado e o tempo de chegada
com a vítima ao hospital for inferior a essa margem de se-
gurança, não haverá necessidade de liberação do fluxo san-
güíneo. Entretanto, nos casos onde o socorro mais adequado
demore muito, podemos liberar por 1’ a compressão a cada
15’, não esquecendo de que o curativo sobre a lesão deverá
ficar firme durante o tempo de circulação para impedir perda
volêmica. Cirurgias em membros só podem ser realizadas na
ausência de sangue na região, demorando geralmente mais
de 2:00h. E nem por isso a isquemia provocada pelo tempo
decorrido provoca malefícios à vítima.
Lesões TraumáticasO trauma é a doença que mais mata entre 05 e 40 anos!
CLASSIFICAÇÃO: FERIMENTOS / ENTORSES / LUXAÇÕES
/ FRATURA
www.posugf.com.br 30
Suporte Básico de Vida e Socorro de Emergência
a característica da retomada de consciência
espontânea.
● Coma – inconsciência por mais de 3’ ? Ger-
almente as vítimas apresentam apenas as
funções vegetativas, mas que podem ainda
assim estarem reduzidas.
No atendimento de emergência, a classificação da incons-
ciência como síncope ou coma não é prioridade. O socorrista
atende da mesma forma, ou seja, os procedimentos são refe-
rentes a uma pessoa inconsciente!
CAUSAS DE ALTERAÇÕES DA CONSCIÊNCIA
● Hipoglicemia . Diminuição do % de glicose
circulante (ocorre em qualquer pessoa).
- a administração de açucar por via oral
e o procedimento clássico, contanto que
a vítima esteja consciente. Nos casos de
inconsciência, o açucar poderá ser posto na
mucosa sublingual, sem haver deglutição.
● Hiperglicemia . O aumento do percentual
de glicose circulante (ocorre somente em
diabeticos).
● - a conduta e a administração de insulina.
Nos casos de inconsciência onde não temos
diagnóstico de hipo ou hiperglicemia, e
colocado açucar sublingual. Se a víitima
reagir satisfatoriamente, temos a confir-
mação de hipoglicemia. Em caso contrário,
confirmamos hiperglicemia. Portanto, se
houver dúvida quanto ao diagnóstico, no
caso de diabéticos e inconscientes, a ad-
ministrção de açúcar sublingual e o procedi-
mento indicado.
● Convulsão . na crise convulsiva pode ocor-
rer diminuição de aporte sanguineo cerebral
com todos os resultados ja conhecidos.
ATENÇÃO
Na convulsão, a vítima não enrola nem engole a língua e a
saliva não é contagiosa. A crise convulsiva é dividida em duas
fases distintas:
1 - Fase tônico-clônica - duração de 40” a 1’, onde a prin-
cipal preocupação é evitarmos outras lesões, principalmente
T.C.E., realizando a contenção da cabeça e assim evitando
choques com o solo.
2 - Fase de relaxamento - não tem duração pré-deter-
minada. É onde a vítima corre risco, pois estando geral-
- Procedimentos nas fraturas fechadas: evitar movimen-
tação / checar pulsos distais (só em membros) / estabilizar
/ imobilizar.
· ABERTAS (COM OU SEM EXPOSIÇÃO ÓSSEA).
- NESSES CASOS, ALÉM DA LESÃO ÓSSEA, OCORRE TAM-
BÉM A RUPTURA DA PELE, PORÉM A ESPÍCULA ÓSSEA PODE
ESTAR EXTERIORIZADA OU SIMPLESMENTE TER CAUSADO A
ABERTURA NA PELE E RETORNADO PARA O INTERIOR.
- Sempre que ocorrer uma fratura aberta, seja com expo-
sição ou não, a prioridade será a hemostasia
- Procedimentos nas fraturas abertas sem exposição: evi-
tar movimentação / hemostasia / checar pulsos distais (só em
membros) / cobrir o ferimento / estabilizar/imobilizar.
- Procedimentos nas fraturas abertas com exposição: evi-
tar movimentação / hemostasia / checar pulsos distais (só
em membros) / cobrir o osso exposto / estabilizar/imobilizar.
Pulsos distais nos membros superiores: gradial e ulnar
Pulsos distais nos membros inferiores: pedioso e tibial pos-
terior
Cuidados básicos com os ferimentos abertos
¨ antes de qualquer atitude, proteja-se. Se a ferida apre-
senta sangramento, pare a hemorragia.
¨ agora, lave o ferimento com agua e sabao neutro ou
preferencialmente, soro-fisiológico.
¨ cubra a ferida com gaze esterilizada.
¨ não use pomadas, nem qualquer outro produto que pos-
sa causar reação alérgica.
APLICAÇÃO DE GELO
Em todos os casos de lesão aberta, a antitetãni-
ca é obrigatório! Uso do gelo. Nas lesões fechadas o gelo
não pode ser usado diretamente sobre a pele, nem em
ferimentos abertos, mucosas, globo ocular e genitália.
Deve ser aplicado no local da lesão fechada, envolvido em
saco plástico, por 20’, com intervalos de 20’ também, sendo
repetida a aplicação por três vezes.
Alterações Psico-Motoras
DISTÚRBIOS DA CONSCIÊNCIA E DO COMPOR-TAMENTO
● Consciência – lucidez e orientação no
tempo e no espaço.
● Comportamento – conduta de acordo com o
padrão da sociedade local.
● Síncope - inconsciência até 3’ ? É a perda
da consciência completa e breve, levando a
um estado de morte aparente, porém com
www.posugf.com.br 31
Suporte Básico de Vida e Socorro de Emergência
mite a livre circulação sanguínea e não diminui a sensibi-
lidade no segmento estabilizado.
Técnicas de Transportes. Transporte só passa a ser prioridade quando:
1 Não há mais nada a fazer no local.
2 Quando dele depender a vida da vítima.
3 Quando o local oferecer risco a vítima ou ao socorrista.
. Métodos de transporte poderão ser com: 1, 2, 3 ou
mais executantes . Não há técnicas de transporte com mais
de 3 pessoas, pois o que ocorrerá será aumento de co-
laboradores, mas o método continuará sendo o mesmo.
Porém, no ambiente hospitalar, raramente fazemos transpor-
te e sim remoções entre leitos, salas ou setores, e mesmo
assim, em cadeiras de rodas ou macas.
. A escolha do método de transporte dependerá:
1 - Da gravidade da lesão.
2 - Do nº de pessoas disponíveis.
3 - Do local do evento
. Antes de iniciarmos o transporte, temos que ve-
rificar: peso, posição e lesões da vítima / percur-
so / local onde se encontra / ajuda disponível.
Essas observações acima são particularmente verdadeiras
nas ocorrências pré-hospitalares.
. Toda vítima que apresentar lesão de coluna tem que
ser transportado em decúbito dorsal, sobre superfície pla-
na e rígida (prancha), ou em último caso, em bandeja
de braços . Não é admissível pensarmos em transportar
pessoas com TRM utilizando material que permita flexibilida-
de, desestabilizando a coluna.
Reanimação Cardiorrespiratória
Pediátrica
IntroduçãoA parada cardíaca em crianças, na maioria das vezes, é
conseqüência de problemas respiratórios ou circulatórios,
sendo a parada cardíaca primária, diferentemente do adulto,
evento raro nessa faixa etária. Assim, em crianças freqüente-
mente se observam várias doenças e lesões traumáticas, de-
sencadeando hipoxemia e acidose progressivas, que levam à
parada cardíaca em assistolia. FV ocorre na minoria dos casos
de PCR em crianças (menos de 10%) e é observada mais co-
mumente em portadores de doença cardíaca congênita pré-
via. O prognóstico da assistolia cardíaca é bastante reserva-
do. Os índices de sobrevida são reduzidos e, freqüentemente,
os sobreviventes desenvolvem seqüelas neurológicas graves.
mente em decúbito dorsal, sofre a ação da gravidade, oca-
sionando queda da língua e provocando asfixia. Tomamos
cuidados com a permeabilidade das vias aéreas, e a coloca-
mos lateralizada, para escoamento das secreções da boca.
Posição de recuperação (deitado em decúbito lateral do
lado esquerdo)
Observações
1 – Essa posição é adotada nas emergências clínicas, prin-
cipalmente nas pessoas inconscientes. Devem ser posiciona-
das preferencialmente para o lado esquerdo. É a posição ideal
para os casos de pessoas que não recuperaram a consciência
na fase de relaxamento da convulsão.
2 – Três motivos pelos quais o lado esquer-
do é preferencial na Posição de recuperação.
- Curvatura da Aorta (Facili-
ta o escoamento sanguíneo pelo aórtico)
- Fundo do estômago (Mantém o con-
teúdo gástrico no fundo do estômago)
- Veia cava inferior (Evita compressão da veia cava inferior)
Técnicas de Imobilizações
• A estabilização cervical e sempre prioridade . É claro
que se temos uma vítima com lesão traumática apenas
em membros e o mecanismo não sugere trauma cer-
vical, não haverá essa prioridade, porém, estabilizar a
região cervical será sempre uma preocupação, mesmo
que seja por precaução.
• As imobilizações de um segmento devem abranger as
articulações adjacentes . Quando fazemos imobilização
em segmentos, temos que estabilizar as articulações ad-
jacentes pelo fato das mesmas criarem segmentos ins-
táveis.
• Pessoas inconscientes necessitam de vigilância mais pró-
xima – se o socorrista estiver distante da vítima, a che-
cagem dos sinais vitais será impossível de ser realizada.
• Em casos de lesões em um dos membros inferiores, utili-
za-se o lado íntegro como amparo ao lado lesado – esse
procedimento só é possível nos membros inferiores, e,
normalmente utilizamos algum material, como colcha
/ cobertor / etc..., na intenção de aumentar a congruên-
cia entre os dois membros.
• Nas imobilizações de membros, não esquecer da checa-
gem da sensibilidade, enchimento capilar e pulsos distais
– uma imobilização é considerada bem feita quando per-
www.posugf.com.br 32
Suporte Básico de Vida e Socorro de Emergência
Vias aéreas - A avaliação do nível de consciência e do
padrão respiratório é feita de imediato, ao se deparar com
uma criança com suspeita de PCR.
Fora do ambiente hospitalar, se a criança está irresponsiva
a um estímulo táctil, mas apresenta esforço respiratório, deve
ser imediatamente transportada a um centro de atendimento.
Se a criança estiver em apnéia, a ressuscitação deve ser
imediatamente iniciada enquanto se providencia a chamada
de socorro.
É fundamental a colocação da criança em posição supina
sobre uma superfície firme para realizar a RCR. Entretanto,
em crianças vítimas de trauma deve-se ter extremo cuidado
na manipulação da coluna, principalmente a cervical.
Nestes casos, a movimentação da vítima deve ser em blo-
co, mantendo-se tração cervical até que a imobilização da
coluna esteja completa.
O relaxamento dos músculos do pescoço da parede pos-
terior da faringe e da língua, devido à inconsciência e hipo-
xemia, é causa de obstrução aérea. Para que as vias aéreas
fiquem pérvias, a cabeça deve ser inclinada e ou o mento
elevado. Este procedimento deve ser
executado com suavidade tanto maior quanto menor for a
criança, tomando-se o cuidado de não estender em excesso o
pescoço, não pressionar os tecidos moles abaixo do pescoço
e nem fechar a boca, manobras que ocluem a via aérea
DiagnósticoA suspeita diagnóstica da PCR é feita imediatamente ao se
visibilizar a criança. Apnéia ou respiração agônica (gasping)
configuram parada respiratória e ausência de pulsos em gran-
des artérias, parada circulatória. Outros sintomas de doenças
e injúrias insuficiência, falência respiratória e circulatória
Consenso reanimação cardiorrespiratória
Abertura de via aérea na criança, ao invés de abrí-la. Para
manter a cabeça em posição, deve-se colocar um coxim pe-
queno sob a nuca da criança. Nos casos de trauma apenas o
mento deve ser elevado sem inclinação da cabeça.
Respiração artificial - Após a criança estar adequada-
mente posicionada, a ventilação pulmonar deve ser iniciada
imediatamente se não houver retorno espontâneo da mesma.
Há várias maneiras de realizar a respiração artificial:
Boca-a-boca ou boca-a-boca/nariz - O reanimador
deve fazer uma inspiração profunda e insuflar o pulmão da
criança. A boca do reanimador deve englobar a boca e nariz
da criança, se esta tiver menos de 1 ano. Para idades maio-
Assim, conclui-se que a prevenção da PCR é essencial na
faixa etária pediátrica, implicando no emprego imediato de
terapia adequada a cada doença. A monitorização dos parâ-
metros clínicos - freqüência respiratória, FC, coloração das
mucosas e perfusão periférica - é obrigatória em todas as
crianças que apresentem algum risco, mesmo que mínimo, de
desenvolverem insuficiência respiratória ou circulatória.
São várias as situações que podem causar PCR. Em nosso
meio, destacam-se as doenças infecciosas que acometem o
sistema nervoso central, o trato respiratório e o trato gas-
trintestinal. As lesões traumáticas constituem a 1ª causa de
morte em crianças acima de 1 ano de idade.
Esquema dos eventos relacionados com
a PCR em criançasSinais acessórios também devem ser considerados: res-
piração irregular, batimentos cardíacos muito baixos, cianose
e palidez cutânea. A observação ao ECG de ritmos inadequa-
dos, como assistolia, FV, bradicardia intensa e complexos bi-
zarros, corroboram o diagnóstico de parada cardíaca.
CondutaSuspeitando-se de PCR, as manobras de RCR devem ser
imediatamente iniciadas. Manobras que têm o objetivo de
manter fluxo de sangue oxigenado aos órgãos vitais, princi-
palmente cérebro.
Algumas considerações são necessárias antes de serem
descritas as técnicas de RCR. A intervenção na parada respi-
ratória deve ser agressiva para evitar a ocorrência de parada
cardíaca, pois, como já comentado anteriormente, o seu
prognóstico é reservado. Em todos os hospitais deve haver
um treinamento específico e contínuo em RCR, pois já é
comprovado que o prognóstico relaciona-se diretamente
com a qualidade de atendimento prestado. Didaticamente,
divide-se a RCR em suporte básico e SAV. O suporte básico
de vida inclui a abertura das vias aéreas, a respiração
artificial (ventilação pulmonar) e a circulação artificial (com-
pressão torácica). Este atendimento inicial não requer equi-
pamentos
sofisticados e pode ser executado em qualquer circuns-
tância. O êxito é dependente da destreza e rapidez com que
as manobras são aplicadas.
O SAV implica no aperfeiçoamento das técnicas utilizadas
no suporte básico, na obtenção de via de acesso vascular, na
administração de fluidos e medicamentos, na monitorização
cardíaca e no emprego da desfibrilação. As manobras utiliza-
das na RCR pediátrica são:
www.posugf.com.br 33
Suporte Básico de Vida e Socorro de Emergência
direta do coração e “bomba torácica” onde a circulação resul-
ta da variação da pressão intratorácica que ocorre durante a
compressão-descompressão. É aceito o mecanismo de “bom-
ba cardíaca” em crianças.
A técnica de compressão torácica externa varia com a ida-
de da criança. Em recém-nascidos, a compressão torácica ex-
terna é realizada através da compressão do esterno imediata-
mente abaixo da interseção da linha intermamilar e esternal
(fig. 19). Em recém-nascidos grandes, é indicada a técnica
usada em crianças maiores, ou seja: de 1 mês a 1
ano - a compressão deve ser realizada sobre o esterno a
um dedo abaixo da interseção da linha intermamilar com a
linha Cada tentativa de intubação deve ser precedida de oxi-
genação adequada e não pode ultrapassar 30s. Se durante a
tentativa de intubação, ocorrer intensa bradicardia nos casos
em que houver ritmo cardíaco espontânea e ou piora
da perfusão ou da cor da pele, a manobra deve ser in-
terrompida. Este procedimento deve ser realizado por indiví-
duo mais experiente. As cânulas de intubação traqueal para
crianças, abaixo de 8, anos devem ser desprovidas de cuff,
com diâmetro interno variando com as diferentes idades e,
em geral, igual ao diâmetro do 5º dedo da mão e igual ao
diâmetro das narinas:
cânulas <0,5cm e >0,5cm devem estar disponíveis
antes de se proceder à intubação. OBS: A Via Aérea Ar-
tificial com introdução do Tubo Oro-traqueal ( TOT ) só pode
ser feito por Equipe de SAV que tenha o médico socorrista
presente.
Freqüências respiratória (FR) e cardíaca
(FC) durante a RCR em pediatria.Idade FR FC
Recém-nascido 25 120
1 mês a 1 ano 20 100
1 ano a 8 anos 16 80
8 anos ou mais 12 60
Para que a ventilação seja eficaz algumas observa-
ções dever ser seguidas - Durante a reanimação pulmonar
deve-se, sempre que possível, utilizar oxigênio a 100%; a
ventilação deve ser iniciada com duas respirações profun-
das (1 a 1,5s/respiração) para expandir áreas pulmonares
colapsadas; para vencer a alta resistência, devido ao calibre
reduzido das vias aéreas da criança, a ventilação deve ser su-
ave evitando-se fluxos altos de oxigênio e ventilações muito
rápidas; o cuidado descrito no item acima também minimiza
a distensão gástrica que ocorre durante a respiração artifi-
cial; a passagem de sonda naso-gástrica deve ser realizada
tão logo seja possível. A distensão gástrica é prejudicial por
res, o procedimento é realizado englobando somente a boca
da criança. Este modo de respiração é um método útil até que
outro mais efetivo seja viável.
Máscara acoplada a bolsa-valva - Trata-se de técnica
eficaz e mais higiênica que a anterior. Uma máscara de ta-
manho adequado é adaptada à face da criança, envolvendo-a
Ventilação na criança com menos de um ano.
Manobra da mandíbula na criança.
Ventilação na criança com mais de um ano.
Mascara envolvendo a boca e o nariz, sendo a ventilação
realizada através de uma bolsa-valva (Ambu). A bolsa-valva
é conectada à fonte de oxigênio, cujo fluxo deve variar de 10
a 15L/min.
Tubo de borracha acoplada a um fluxômetro de oxi-
gênio
- O reanimador deve manter a via aérea aberta através da
elevação do queixo com o dedo indicador da mão esquerda
e ocluir uma narina com o polegar da mesma mão. Através
da outra narina, a ventilação é efetuada com o tubo de
borracha conectado a fluxômetro de oxigênio. Se a criança já
estiver intubada, a “borracha” é usada diretamente no tubo
traqueal. O fluxo de oxigênio não deve ultrapassar 3L/min.
Intubação traqueal - Trata-se de, procedimento do SAV,
que será descrito mais a diante. A intubação traqueal deve
ser realizada se não houver retorno da respiração espontânea
com um dos procedimentos anteriores. Em situações de
emergência, a via orotraqueal deve ser preferida em relação
à nasotraqueal.
Circulação artificial - Verificação do pulso: batimento
cardíaco ausente ou inefetivo resulta em ausência de pulsos
em grandes artérias. Nas crianças <1 ano a artéria braquial
e femoral são facilmente acessíveis e nas crianças >1 ano a
carótida também pode ser utilizada. A atividade precordial
não se correlaciona obrigatoriamente com a geração de pul-
so, não devendo, portanto, ser técnica de escolha para esta
finalidade. A circulação artificial é realizada através da com-
pressão torácica externa, que deve ser iniciada assim que for
constatada a ausência de pulso. Além da ausência de pulso
em grandes artérias, a bradicardia (FC <60bpm), que não
reverte com a ventilação e oxigenação, é indicação de com-
pressão torácica externa.
Técnica de compressão torácica externa - A técnica
de compressão torácica é aceita como manobra eficaz para
manter fluxo sangüíneo mínimo aos órgãos vitais, o que pode
ocorrer através de dois mecanismos comprovados: “bomba
cardíaca”, onde a circulação do sangue se dá por compressão
www.posugf.com.br 34
Suporte Básico de Vida e Socorro de Emergência
criança, fazendo o movimento de compressão e relaxamento
suavemente, sem “socos”, sobre o esterno; a criança deve
estar colocada sobre uma superfície dura; na ausência desta,
a mão do reanimador colocada sobre as costas da criança pe-
quena pode substituí-la; durante a compressão torácica, não
se deve alterar a posição do pescoço e da cabeça da criança,
o que pode prejudicar a permeabilidade da via aérea.
Observação: Não se utiliza o golpe precordial, em ne-
nhuma situação, no atendimento à PCR em criança. A eficácia
das manobras de RCR, respiração e circulação artificiais, deve
ser avaliada, utilizando a monitorização do pulso nas grandes
artérias, a observação do tamanho e reatividade à luz das
pupilas e a análise do traçado registrado através do ECG.
Farmacoterapia - Faz parte do SAV durante a RCR, a
administração de fluidos e medicamentos. A monitorização da
atividade elétrica cardíaca é obrigatória através do ECG, pois
indica o medicamento mais adequado e seu efeito.
Vias de acesso para a infusão de medicamentos –
Para que seja possível a administração de medicamentos é
necessário a instalação de um acesso vascular, tarefa esta
difícil de ser executada nas crianças que estão em PCR. O
melhor acesso vascular é aquele que não atrapalha as mano-
bras de reanimação e oferece o maior calibre. Serão comen-
tados, por ordem de prioridade, as diferentes vias utilizadas
em crianças.
Veia periférica - Acesso venoso periférico é uma via útil
e facilmente obtida na reanimação pediátrica. Os locais de
punção são os habitualmente empregados: couro cabeludo,
braços, mãos, pernas e pés. Para que o medicamento admi-
nistrado, através da veia periférica, alcance rapidamente a
circulação central, deve-se administrar um push de SF logo a
seguir; acesso intra-ósseo - trata-se de acesso vascular para
crianças com <6 anos de idade; deve ser utilizado após insu-
cesso com 3 tentativas ou 90s de punção de veia periférica.
Por esta via pode-se administrar medicamentos fluidos, cris-
talóides, colóides e derivados de sangue.
A punção é realizada na porção proximal da tíbia ou distal
do fêmur com agulha apropriada ou agulha de punção de me-
dula óssea; endotraqueal - por esta via podem ser adminis-
trados medicamentos lipo-solúveis, como adrenalina, atropi-
na, lidocaína e naloxone. As doses a serem utilizadas por esta
via não estão adequadamente estabelecidas. A utilização des-
ta rota exige que a criança esteja com tubo traqueal e para
aumentar a absorção a instilação dos medicamentos deve ser
o mais profunda possível na árvore traqueobrônquica; para
atingir esta finalidade deve-se passar um cateter dentro do
tubo traqueal e que ultrapasse a sua extremidade inferior.
Os medicamentos devem ser diluídos em 1 a 2mL de solução
aumentar o risco de aspiração pulmonar de conteúdo gástri-
co e desencadear reflexo vagal e conseqüente bradicardia; a
ventilação deve proporcionar expansibilidade torácica, que é
avaliada através da visibilização do tórax da criança e através
da ausculta de murmúrio vesicular nos ápices pulmonares. Se
não ocorrer ventilação adequada durante a respiração artifi-
cial, suspeitar de obstrução de vias aéreas, que pode ocorrer
por posição errada da cabeça da criança ou devida a corpo
estranho (as manobras de retirada de corpo estranho (vide
capítulo de obstrução de vias aéreas superiores). Problemas
associados, como pneumotórax, pobre complacência pulmo-
nar e distensão abdominal grave também podem dificultar
a ventilação pulmonar; a freqüência respiratória durante a
ventilação artificial deve se aproximar da esperada para cada
idade.
Consenso reanimação cardiorrespiratóriaCompressão torácica externa em crianças de um mês a
um ano.
Compressão torácica externa em crianças de 1 a 8 anos.
Esternal; a compressão ao nível do apêndice xifóide é de-
letéria. O reanimador executa a compressão com 2 ou 3 de-
dos de uma das mãos; a outra mão pode servir como suporte
abaixo das costas da criança. Também pode ser empregada a
técnica do recém-nascido, desde que o reanimador, ao envol-
ver o tórax da criança, não impeça a sua expansão adequada;
crianças de 1 a 8 anos - o local de compressão no esterno é a
um dedo acima do ângulo de Charp) e realizada com a região
tenar de uma das mãos do reanimador, sem colocar os de-
dos sobre as costelas. Esta técnica exige que a criança esteja
sobre uma superfície dura. O reanimador deve estar situado
bem acima da criança e manter os seus braços esticados du-
rante a compressão; maiores de 8 anos - é a mesma técnica
descrita para adultos, onde o reanimador posiciona uma mão
sobre a outra para fazer a compressão.
Algumas normas devem ser seguidas para que a compres-
são torácica externa produza circulação sangüínea adequada
- a freqüência da compressão torácica varia com a idade da
criança; o tempo de compressão deve ser igual ao tempo de
relaxamento, isto é, tempo sem compressão; a compressão
torácica deve ser coordenada com a respiração, isto é, a cada
5 compressões torácicas se faz uma pausa de 1 a 1,5s onde
é realizada a ventilação pulmonar. A ventilação e a compres-
são torácica devem ser seriadas e rítmicas durante toda a
reanimação; o diâmetro ântero-posterior do tórax deve di-
minuir de um terço a metade durante a compressão; ao final
de cada compressão a pressão é liberada sem entretanto o
reanimador retirar a mão ou dedos da superfície do tórax da
www.posugf.com.br 35
Suporte Básico de Vida e Socorro de Emergência
umbilical. O punho fechado ( Manobra de Heimlich. com a
vítima consciente; com a vítima inconsciente).
deve ser agarrado pela outra mão. Em seguida, aplica-se
um golpe rápido para dentro e para cima. Esta manobra pro-
voca uma tosse artificial tentando expelir o corpo estranho.
Na vítima inconsciente, esta manobra deve ser realizada com
o paciente em decúbito dorsal, ficando o socorrista ajoelhado
sobre a vítima, cavalgando-a, colocando a base de uma das
mãos na região do abdômen, já descrita. A outra mão é colo-
cada sobre a 1ª, pressionando o abdômen para dentro e para
cima com múltiplos impulsos. Em pacientes muito obesos ou
em grávidas esta manobra é realizada com as mãos aplicadas
na região medioesternal.
Em caso de insucesso, procede-se a punção da emergên-
cia cricotireoídiana com agulha de grosso calibreou com outro
instrumento perfurante.
Em crianças que estiverem com obstrução de via aérea
por corpo estranho podemos utilizar a manobra do tapa nas
costas, desde que a mesma possa ser colocada de cabeça
para baixo. Nesta situação, além da diferença de pressão e da
trepidação causada pelo próprio tapa, contaremos também
com o auxílio da força da gravidade.
Gravidez - A PCR na gravidez é uma situação única de-
vido às importantes alterações na fisiologia cardiovascular e
respiratória na mãe. Numa gravidez normal, há um aumento
de até 50% no DC e no volume sangüíneo materno.A FC, vo-
lume minuto respiratório e o consumo de oxigênio se elevam
proporcionalmente. A capacidade residual funcional pulmo-
nar, a resistência vascular sistêmica e pulmonar, a pressão
oncótica do plasma e o índice pressão oncótica do plasma/
capilar pulmonar apresentam todos uma redução. Também
quando a mãe está deitada, o útero pode comprimir os vasos
ilíacos, a veia cava inferior e a aorta abdominal, o que resulta
em hipotensão arterial, promovendo redução do DC em até
25%.
Numa mulher grávida, os procedimentos, medidas de re-
animação, incluindo os medicamentos, são os habitualmente
utilizados. Entretanto, pela presença de um útero gravídico,
algumas medidas são necessárias para reduzir os efeitos des-
te, no retorno venoso e no DC. Assim, aconselha-se colocar
um travesseiro ou um coxim sob o flanco direito e quadril
direito a fim de deslocar o útero para o lado esquerdo do
abdômen.
Outro aspecto importante é o momento de se indicar a
cesárea perimorte, que deve ser indicada o mais rápido possí-
vel, geralmente com não mais que 5min após iniciada a PCR.
Todavia, esta decisão depende das circunstâncias que precipi-
salina; veia central - a obtenção de acesso venoso central é
difícil de ser obtida em crianças em PCR; devido ao pequeno
tamanho da criança, a passagem de cateter venoso central
freqüentemente atrapalha as manobras de reanimação. Esta
não é via de escolha e só deve ser tentada se houver indiví-
duo experiente na técnica. A veia femoral é a de técnica mais
segura e acessível.
Terapia elétrica - As pás de adultos (8 a 9cm de diâ-
metro) são adequadas para crianças acima de 10kg, abaixo
deste peso devem ser usadas pás menores. As pás devem ser
colocadas firmemente sobre o tórax, uma do lado superior
direito e outra à esquerda do mamilo.
A quantidade de energia a ser utilizada em crianças não
está bem estabelecida, preconiza-se dose inicial de 2J/kg, se
não houver reversão da FV usa-se 4J/kg e, se necessário,
esta dose é repetida. Estas 3 desfibrilações devem ser reali-
zadas em rápida seqüência. Nos casos de insucesso corrigir
possíveis distúrbios: hipoxemia, acidose, hipoglicemia e hi-
potermia.
Após administrar lidocaína, repetir 4J/kg.
Cardioversão - A dose inicial é 0,5 J/kg, doses maiores
podem ser utilizadas, se necessário. Aqui também é impres-
cindível corrigir hipoxemia, acidose, hipoglicemia e hipoter-
mia.
Marcapasso - É pequena a experiência com uso de mar-
capasso transdérmico ou externo por punção. Não é habitu-
al ou necessário o seu uso. Nos casos habituais de PCR em
crianças, o seu uso nas bradiarritmias é considerado classe
- IIb.
Situações especiais de RCRObstrução das vias aéreas por corpo estranho - Pode
ser completa ou incompleta. Nas incompletas a ventilação e
as trocas gasosas podem ser suficientes ou insuficientes.
Na presença de troca gasosa suficiente, a vítima tosse
vigorosamente, o que deve ser encorajado. O socorrista não
deve tentar a expulsão do corpo estranho com manobras,
como o golpeamento da região posterior do tórax. A troca
gasosa insuficiente é reconhecida por tosse fraca e ineficien-
te, com ruído inspiratório agudo, crescente dificuldade respi-
ratória e cianose. O seu manuseio é idêntico ao da obstrução
completa.
Na vítima de obstrução completa, ainda consciente, utili-
za-se a manobra de Heimlich . O socorrista posiciona-se atrás
da vítima envolvendo-a com os braços, fechando uma das
mãos que é colocada com o lado do polegar contra o abdômen
da vítima na linha média entre o apêndice xifóide e a cicatriz
www.posugf.com.br 36
Suporte Básico de Vida e Socorro de Emergência
Triagem – Quando o socorrista encontra-se diante de
uma eventualidade onde existem múltiplas vítimas para se-
rem atendidas, ele é obrigado a realizar a triagem a fim de
selecionar a ordem de atendimento. Quando o número de
pacientes e a gravidade de suas lesões não excedem a habi-
lidade e a capacidade da equipe médica, todos os pacientes
devem ser atendidos e, o mais grave, atendido em primeiro
lugar. Quando o número de pacientes e a gravidade de suas
lesões excedem a habilidade e a capacidade da equipe médi-
ca, o paciente que possui maior chance de sobrevida é aten-
dido em primeiro lugar.
Eletrocussão, choque elétrico e acidente por raio
– Os pacientes que apresentam PCR como conseqüência de
choque elétrico devem ser abordados, levando-se em conta
todas a particularidades do paciente traumatizado. Quando
um indivíduo sofre choque elétrico pode apresentar contra-
tura muscular que o impede de retirar o ponto de contado
de seu corpo com a fonte de energia elétrica. Neste caso, o
indivíduo que irá resgatar esta vítima deve tomar o cuidado
de providenciar a interrupção de funcionamento dessa fonte
de energia elétrica. Tal procedimento deve ser realizado por
pessoal habilitado e treinado para tanto.
Uma particularidade importante é que a PCR ocorre ime-
diatamente após a descarga elétrica. Assim sendo, a triagem
deve obedecer uma normatização particular para essas víti-
mas. Na presença de múltiplas vítimas de choque elétrico,
deve-se atender em primeiro lugar os pacientes mais graves
que se encontram em PCR.
Afogamento - No atendimento à vítima de afogamento,
o indivíduo deve ser considerado como vítima de trauma. O
atendimento inicial no local é o mesmo, independentemente
de ter acontecido em água de mar, rio, lago ou piscina.
Sempre se deve considerar a possibilidade de lesão cervical
nestes casos. O atendimento inicial na água só deve ser feito
por pessoas especializadas e treinadas para estes procedi-
mentos, incluindo as técnicas de mergulho. O afogado deve
ser manipulado em bloco, conforme orientação do suporte
básico de vida. Deve-se iniciar a ventilação boca a boca, to-
mando-se os cuidados que se tem com os indivíduos portado-
res de lesão cervical.
Quando houver a suspeita de corpo estranho nas vias
aéreas superiores, ou esta suspeita for percebida durante a
ventilação, pode ser tentada uma manobra para retirada de
corpo estranho de via aérea, como por exemplo, a mano-
bra de Heimlich (classe I). Não se deve tentar retirar água dos
pulmões por nenhum meio que não seja através da aspiração,
pois outros tipos de manobra podem ejetar material gástrico
com conseqüente aspiração. Enquanto na água, não se pro-
taram a parada, a idade gestacional e conseqüente potencial
de sobrevivência do feto, e a existência de pessoal treinado.
O esquema a seguir serve de orientação, levando-se em con-
ta o tempo gestacional.
Trauma - O tratamento de pacientes que desenvolvem
parada cardíaca após trauma é diferente do tratamento dado
a um paciente cujo evento primário foi uma parada cardíaca
ou respiratória sem trauma. A PCR associada ao trauma pode
ter uma série de causas, com prognósticos e formas de abor-
dagem também variados. Estas causas incluem:
1) lesão neurológica central grave com um colapso car-
diovascular;
2) hipóxia secundária a uma parada respiratória, resul-
tado de uma lesão neurológica, de uma obstrução de vias
aéreas, de um grande pneumotórax aberto ou uma laceração
grave traqueobrônquica;
3) lesão grave e direta em órgãos vitais como coração e
aorta;
4) doenças clínicas pré-existentes que podem levar a FV
súbita;
5) diminuição severa do DC por pneumotórax hipertensivo
ou por tamponamento cardíaco;
6) perda intensa de sangue levando a déficit de oxigena-
ção dos tecidos;
7) traumatismos (por exemplo fratura de fêmur) em
ambiente frio, complicada por hipotermia grave. Quando se
atende paciente traumatizado com PCR, muitas vezes não se
consegue determinar o mecanismo que originou essa emer-
gência, portanto, alguns critérios devem ser sempre segui-
dos: 1) tentar sempre reanimar um paciente, que tenha so-
frido trauma, com arritmia cardíaca primária; 2) direcionar o
tratamento para as lesões potencialmente reversíveis e asso-
ciadas a condições que afetam a ventilação, oxigenação, ou
DC; 3) transportar rapidamente o paciente para um centro de
tratamento definitivo de trauma; 4) reaquecer o paciente que
tenha sofrido PCR como conseqüência de hipotermia.
Atendimento fora do ambiente hospitalar - No pa-
ciente traumatizado, a abordagem das vias aéreas e a venti-
lação com estabilização da coluna cervical é uma prioridade
em relação à compressão torácica.
A estabilização da coluna cervical pode ser conseguida
com suportes cervicais laterais, faixas colocadas, na fronte
e no mento, presas à prancha curta e/ou longa. Tal conduta
irá reduzir a incidência de lesões de medula, principalmente
nos pacientes que apresentam alterações ocultas da coluna
cervical.
Consenso reanimação cardiorrespiratória
www.posugf.com.br 37
Suporte Básico de Vida e Socorro de Emergência
Abandono das Manobras de
RessuscitaçãoSituações que se autorizam a interrupção das manobras
de ressuscitação
Partindo-se do princípio de que as manobras de RCR estão
sendo realizadas, de maneira adequada, autoriza-se a inter-
rupção dessas manobras na situação em que há ausência de
restabelecimento cardiocirculatório, usualmente, após 30min
de RCR, exceto na hipotermia. Embora seja recomendação
geral, devem ser considerados outros fatores e ou situações
para esta decisão, preditivos de sucesso na RCR, quanto à
interrupção das manobras de RCR, ou sejam:
● Antecedentes e história prévia, causa da
parada, mecanismo da parada, local de
ocorrência; presença de testemunha;
● Tempo dos sintomas;
● Tempo de chegada do socorro especiali-
zado;
● Tempo de ressuscitação pré-hospitalar
Situações em que não há indicação para
início de manobras de RCR
a) Nas condições de doenças irreversíveis, quando bem
estabelecida a doença do indivíduo e o médico assistente
encontra-se apto a afirmar ser uma doença terminal. Nestas
condições aconselha-se que seja discutida com os familiares
e, eventualmente, até com o paciente, a obtenção e a ordem
expressa de não reanimar. Obtida a ordem por expresso,
o eventual socorrista, seja no ambiente hospitalar ou não,
estará autorizado a não proceder a uma reanimação ou, até
mesmo, interrompê-la.
b) Na condição em que existam evidentes sinais de dete-
riorização dos órgãos, caracterizando morte biológica.
Ensino da RCRO Consenso de Reanimação Cardiorrespiratória da Socie-
dade Brasileira de Cardiologia recomenda, com grande ênfa-
se, que esteja contido no currículo de graduação dos cursos
de medicina, enfermagem, odontologia, educação física e fi-
sioterapia, aulas teóricas e práticas sobre RCR. Em hospitais,
o Consenso recomenda a criação de uma comissão perma-
nente de RCR composta por médicos e enfermeiros, devida-
mente credenciados, com as seguintes finalidades:
● Assumir a responsabilidade técnica, quanto
à execução do programa de RCR na insti-
tuição:
cede à compressão do tórax. Após sair da água, as manobras
são similares às do suporte básico no trauma.
Suporte avançado segue as normas gerais do trauma.
Deve-se considerar que, no afogamento em água gelada, as
recomendações para hipotermia devem ser seguidas.
Hipotermia - Hipotermia é definida como uma tempera-
tura corpórea central abaixo de 35ºC. Clinicamente, pode ser
classificada como leve (32º a 35ºC), moderada (30º a 32ºC),
ou grave (<30ºC).
Na hipotermia grave, as vítimas podem parecer clinica-
mente mortas devido a uma intensa depressão do funciona-
mento do sistema cardiovascular e do cérebro, especialmente
considerada em pacientes com intoxicação exógena. O aten-
dimento no local da ocorrência deve seguir às padronizações
do atendimento de suporte básico, deixando o atendimento
avançado para ser realizado no ambiente hospitalar, uma vez
que o transporte deve ser o mais rápido possível.
Quando se dispuser da possibilidade de realizar o atendi-
mento avançado no local, lembrar que não se deve repetir o
uso de medicamentos e desfibrilação, conforme o algoritmo
para tratamento da hipotermia (vide algoritmo para atendi-
mento de indivíduo com hipotermia).
Parada cardiorrespiratória no
traumatizado Oxigene/Ventile
Sem trauma maxilo- Com trauma maxilofacial grave fa-
cial grave Intubação orotraqueal imobilização cervical. Não foi
possível Abordagem cirúrgica das vias aéreas
Atendimento em ambiente hospitalar - O atendimen-
to da PCR em ambiente hospitalar deve seguir os princípios
de SAV. Dentro do hospital permite a realização de drenagem
torácica quando houver um pneumotórax hipertensivo ou
hemotórax maciço. O tamponamento cardíaco também pode
ser temporariamente resolvido com a punção e esvaziamento
do saco pericárdico.
A toracotomia de emergência pode ser um recurso adju-
vante no tratamento da PCR do traumatizado, podendo ser
usada na ausência de resposta hemodinâmica imediata, com
compressão torácica externa, na presença de afundamen-
to de tórax ou quando o paciente for portador de ferimento
penetrante precordial. A toracotomia de emergência oferece
oportunidade de diagnosticar e aliviar tamponamento cardía-
co, tratar ferimentos cardíacos, realizar compressão torácica
interna e ocluir a aorta torácica, reduzindo eventual sangra-
mento abdominal e aumentando a perfusão cerebral e coro-
nariana hospitalar, uma vez que o transporte deve ser o mais
rápido possível.
www.posugf.com.br 38
Suporte Básico de Vida e Socorro de Emergência
ocorrem a vasodilatação periférica e a vasoconstrição esplêni-
ca (do baço); a produção de suor aumenta. A perda de fluidos
através do suor pode chegar, por exemplo, até a 4 litros por
hora, numa pessoa submetida a trabalhos pesados em tem-
peraturas elevadas. O conteúdo de sal do suor aumenta de
0,2 a 0,5% com temperaturas elevadas.
O controle da temperatura é feito de maneira gradativa
quando ocorre a aclimatação. Normalmente um indivíduo leva
de 8 a 10 dias exposto a temperaturas elevadas para se acli-
matar, Mesmo assim, pode sofrer transtornos funcionais e clí-
nicos se ocorrer fadiga; infecção grave; intoxicação alcoólica
ou por drogas alucinógenas; má hidratação; ingestão
de sal ou de calorias. Pessoas com idades avançadas ou
obesas, e os indivíduos que sofrem de doenças debilitadoras
crônicas são mais suscetíveis a transtornos provocados pelo
calor. Os problemas podem ocorrer devido à falência do me-
canismo de sudorese.
As quatro principais desordens devidas a stress de calor
ambiental, que estudaremos neste item em ordem decres-
cente de gravidade, são:
● queimaduras,
● insolação ou golpe de calor;
● exaustão pelo calor; e
● cãibras de calor.
O suor é um líquido incolor, de odor particular, secretado
pelas glândulas sudoríparas. É uma solução hipotônica de só-
dio. A normalização da perda de sal e volume circulante do
organismo é feita principalmente através do estímulo à pro-
dução de hormônio antidiurético e aldosterona, a produção
de suor pode ser aumentada para duas vezes e meia, assim
como pode ser diminuída a perda de sódio.
Queimaduras
Queimaduras são lesões provocadas pela temperatura,
geralmente calor, que podem atingir graves proporções de
perigo para a vida ou para a integridade da pessoa, depen-
dendo de sua localização, extensão e grau de profundidade.
O efeito inicial e local, comum em todas as queimaduras
é a desnaturação de proteínas, com conseqüente lesão ou
morte celular, por este motivo elas têm o potencial de desfi-
gurar, causar incapacitações temporárias ou permanentes ou
mesmo a morte.
A pele é o maior órgão do corpo humano e a barreira
contra a perda de água e calor pelo corpo, tendo também um
papel importante na proteção contra infecções. Acidentados
com lesões extensas de pele tendem a perder temperatura e
líquidos corporais tornando-se mais propensos a infecções.
● Sistematizando o atendimento;
● Provendo os recursos adequados ou
necessários para a execução dos socorros
básico e especializado;
● Desenvolvendo atividades de educação,
treinamento e reciclagem com caráter
periódico para os profissionais de saúde e,
sempre que possível, para a comunidade;
● Dispondo de um sistema uniforme para
acumular os dados vinculados com o pro-
grama de RCR.
Também se recomenda que o ensino de RCRB seja difun-
dido a todas as pessoas mais expostas às situações de PCR,
como bombeiros, salvavidas, patrulheiros e outras profissões
envolvidas com possíveis riscos.
Queimaduras
Introdução
A temperatura, calor ou frio, e os contatos com gases, ele-
tricidade, radiação e produtos químicos, podem causar lesões
diferenciadas no corpo humano.
A temperatura do corpo humano, em um determinado
momento, é o resultado de vários agentes que atuam como
fatores internos ou externos, aumentando ou reduzindo a
temperatura. Mecanismos homeostáticos internos atuam
para manter a vida com a constância da temperatura corporal
dentro de valores ideais para a atividade celular. Estes valores
oscilam entre 34,4 e 400C.
O equilíbrio entre ganho e perda de calor do corpo huma-
no tem suas oscilações corrigidas sob controle do centro ter-
morregulador do cérebro. Este controle é bastante limitado.
Quando a temperatura corporal atinge, por exemplo, valores
entre 41,7 e 43,30C, não existe qualquer possibilidade de
regulação da perda de calor pois, neste caso, já ocorreu lesão
no próprio aparelho termorregulador.
O controle da temperatura pode ocorrer de maneira súbi-
ta, devido a reações inesperadas, ou gradativamente, através
de aclimatação.
Quando a temperatura corporal tende a subir, devido a
fatores climáticos, ou devido ao aumento da atividade me-
tabólica, as temperaturas superficiais do corpo e da pele au-
mentam. O hipotálamo é automaticamente estimulado por
sensores periféricos e pela ação direta do sangue aquecido. O
Sistema Nervoso Autônomo é ativado e se processam inúme-
ras alterações fisiológicas. O ritmo cardíaco aumenta; a fre-
qüência respiratória aumenta par aumentar a perda de calor;
www.posugf.com.br 39
Suporte Básico de Vida e Socorro de Emergência
a exposição dos tecidos, vasos e ossos. Como há destruição
das terminações nervosas, o acidentado só acusa dor inicial
da lesão aguda. São queimaduras de extrema gravidade.
Na prática é difícil de distinguirmos queimaduras de se-
gundo e terceiro graus. Além disto, uma mesma pessoa pode
apresentar os três graus de queimaduras, porém a gravidade
do quadro não reside no grau da lesão, e sim na extensão da
superfície atingida.
Tipos de queimaduras:
Grau Causa Profundidade Cor
1º grau
Luz solar ou chamuscação pouco intensa epiderme erite-
ma presente Dolorosa
2º grau
Chamuscação ou líquidos ferventes epiderme e derme eri-
tema e bolhas presente Dolorosa
3º grau
Chama direta todas as camadas branca, preta ou marrom
ausente. Pouca dor, Anestesiada
Extensão da lesão
É a mais importante e se baseia na área do corpo queima-
da. Quanto maior a extensão da queimadura, maior é o risco
que corre o acidentado. Uma queimadura de primeiro grau,
que abranja uma vasta extensão, será considerada de muita
gravidade.
A pele tem diversas funções. Ela isola o organismo de seu
ambiente; protegendo-o contra a invasão de microrganismos
patogênicos; controla sua temperatura; retém os líquidos cor-
porais e fornece informações ao cérebro sobre as condições
do ambiente externo, através de suas terminações nervosas.
Qualquer lesão desta superfície de revestimento permite a
interrupção destas funções.
Quanto maiores forem as lesões causadas na pele, mais
graves são as conseqüências para o acidentado.
O grande queimado é caracterizado por hipovolemia com
hemoconcentração, e pelo intenso desequilíbrio hidroeletrolí-
tico decorrente da grande perda de líquidos causada por ação
direta da temperatura ambiental sobre estruturas adjacentes
à pele; modificação da permeabilidade vascular; seqüestro de
líquidos, eletrólitos e proteínas na área queimada. O quadro
se agrava com a destruição das hemácias e infecção, que
se instala imediatamente ao trauma e, mais lentamente, nos
períodos subjacentes. Estas alterações fisiopatológicas são
diretamente proporcionais à extensão da lesão e ao peso do
acidentado
Todo tipo de queimadura é uma lesão que requer atendi-
mento médico especializado imediatamente após a prestação
de primeiros socorros, seja qual for a extensão e profundi-
dade.
Afastar o acidentado da origem da queimadura é o passo
inicial e tem prioridade sobre todos os outros tratamentos.
Observar sua segurança pessoal, com máximo cuidado, du-
rante o atendimento a queimados.
Gravidade da Queimadura
Depende da causa, profundidade, percentual de super-
fície corporal queimada, localização, associação com outras
lesões, comprometimento de vias aéreas e estado prévio do
acidentado.
Como efeitos gerais (sistêmicos) das queimaduras podem
ter:
● Choque primário (neurogênico) - vasodil-
atação
● Choque secundário - hipovolemia
● Infecção bacteriana secundária a lesão
● Paralisia respiratória e fibrilação - choque
elétrico
Classificação das Queimaduras:
Profundidade ou Grau das Queimaduras
O agente causador das queimaduras produz uma série de
alterações sistêmicas, mas o revestimento cutâneo, sendo o
mais atingido primariamente, apresenta alterações mais vi-
síveis.
As lesões não são uniformes, existem, em geral, vários
graus de profundidade em uma mesma área. O tratamento
inadequado e a infecção podem converter queimaduras de
segundo grau em queimaduras de terceiro grau.
Dependendo da profundidade queimada do corpo, as
queimaduras são classificadas em graus para melhor compre-
ensão e adoção de medidas terapêuticas adequadas.
As queimaduras de primeiro grau são caracterizadas pelo
eritema (vermelhidão), que clareia quando sofre pressão.
Existe dor e edema, mas usualmente há bolhas.
As queimaduras de segundo grau são caracteristicamen-
te avermelhadas e dolorosas, com bolhas, edema abaixo da
pele e restos de peles queimadas soltas. São mais profundas,
provocam necrose e visível dilatação do leito vascular. Nas
queimaduras de segundo grau superficiais não há destruição
da camada basal da epiderme, enquanto nas queimaduras
secundárias profundas há. Não há capacidade de regeneração
da pele. A dor e ardência local são de intensidade variável.
As queimaduras de terceiro grau são aquelas em que toda
a profundidade da pele está comprometida, podendo atingir
www.posugf.com.br 40
Suporte Básico de Vida e Socorro de Emergência
· Queimadura de terceiro grau que tenha atingido até 10%
da superfície corporal, sem atingir face, mãos e pés.
LEVES
· Queimadura de primeiro grau com menos de 20% da su-
perfície corporal atingida.
· Queimadura de segundo grau com menos de 15% da su-
perfície corporal atingida.
· Queimadura de terceiro grau com menos de 2% da su-
perfície corporal atingida.
Mecanismos de Lesão
A inalação de fumaça é a principal causa de óbito precoce
(primeiras horas) após a queimadura.
Lesão térmica das vias aéreas
A inalação de gases superaquecidos pode causar obstru-
ção alta de vias aéreas por edema da hipofaringe. Raramente
ocorre lesão dos pulmões, pois a traquéia absorve o calor
Intoxicação por Monóxido de Carbono (CO)
O CO é um gás inodoro e incolor presente na fumaça do
escapamento de automóveis, sendo o produto da combustão
de diversos materiais.
É a complicação causada pela inalação de fumaça e a cau-
sa mais comum de morte precoce em vítimas de incêndio
(Quadro XVI). O Monóxido de Carbono se liga à hemoglobina,
formando a carboxi-hemoglobina e impedindo o transporte
de oxigênio. A lesão dos tecidos é provocada por falta de
oxigênio.
A morte ocorre por lesão cardíaca produzida pela falta de
oxigênio.
A cianose não aparece e a coloração vermelho-cereja da
pele e mucosas descrita como um sinal clássico é raro.
Quadro clínico das intoxicações por monóxido de
carbono
Lesão química de vias aérea e sistêmica
A combustão de determinados materiais produz substân-
cias químicas tóxicas que podem envenenar o acidentado.
Não adianta ingerir leite como tratamento para intoxica-
ção por fumaça.
Traumatismos Associados
Em explosões, acidentes automobilísticos e outros aciden-
tes, as queimaduras podem se associar a outras lesões como
traumatismos da cabeça, coluna cervical e fraturas e hemor-
ragias internas. A gravidade destas lesões vai ter, por vezes,
importância maior no prognóstico do acidentado do que da
queimadura.
Intoxicação por Monóxido de Carbono (CO)
Grau - Quadro clínico
Leve - Dor de cabeça pulsátil e dispnéia aos esforços
Estimativa da Extensão das Queimaduras
Para melhor entendermos a avaliação da extensão das
queimaduras, é importante conhecermos a chamada “regra
dos nove”, um método muito útil para o cálculo aproximado
da área de superfície corporal queimada.
O grau de mortalidade das queimaduras está relacionado
com a profundidade e extensão da lesão e com a idade do
acidentado. Queimaduras que atinjam 50% da superfície do
corpo são geralmente fatais, especialmente crianças e em
pessoas idosas.
A Figura 36 é adotada comumente para calcular e avaliar
a extensão das queimaduras em função da superfície corporal
total, segundo a “regra dos nove”.
Suspeitar de queimaduras de vias aéreas superior:
Queimadura de face
● Sobrancelhas queimada
● Pêlos nasais queimado
● Queimaduras na boca
● Escarro carbonáceo (negro)
● Lábios inchados
● Rouquidão é um sinal precoce
● Estridor (ruído agudo semelhante ao da
foca) - sinal tardio e
● 85% de obstrução
Queimaduras em espaço confinado
· Olhos: Podem causar cegueira.
· Períneo: Tem alta incidência de infecção, sendo difícil tra-
tamento.
· Queimaduras circunferênciais: Qualquer queimadura cir-
cunferencial profunda pode causar complicações graves.
No pescoço pode causar obstrução de vias aéreas, do tó-
rax restrição à ventilação pulmonar e nas extremidades,
obstrução à circulação.
· Além do grau de profundidade as queimaduras podem
ainda ser classificadas como graves, moderadas e leves.
GRAVES
· Todo tipo de queimadura, de qualquer grau e extensão,
se houver complicação por lesão do trato respiratório.
· Queimadura de terceiro grau na face, mão e pé.
· Queimadura de segundo grau que tenha atingido mais de
30% da superfície corporal.
MODERADAS
· Queimadura de primeiro grau que tenha atingido mais de
50% da superfície corporal.
· Queimadura de segundo grau que tenha atingido mais de
20% da superfície corporal.
www.posugf.com.br 41
Suporte Básico de Vida e Socorro de Emergência
deve-se adicionar à água sal (uma colher, das de café, de sal
para meio litro de água).
Se o acidentado estiver inconsciente não lhe dê água, pois
pode ocasionar-lhe a morte.
Em todos os casos de queimaduras, mesmo as de primei-
ro grau, são convenientes ficar atento para a necessidade de
manter o local lesado limpo e protegido contra infecções.
As queimaduras de segundo grau requerem outros tipos
de cuidados para primeiros socorros. Além do procedimento
imediato de lavagem do local lesado, proteger o mesmo com
compressa de gaze ou pano limpo, umedecido, ou papel alu-
mínio. Não furar as bolhas que venham a surgir no local. Não
aplicar pomadas, cremes ou ungüentos de qualquer tipo.
Especial menção deverá ser feita quanto a certos hábitos
populares prejudiciais como: uso e aplicação de creme den-
tifrício, manteiga, margarina ou graxa de máquina. É preciso
ficar bem claro que não se pode usar qualquer espécie de
medicamento tópico (pomadas) nestes casos.
Para prevenir o estado de choque o acidentado deverá ser
protegido por cobertor ou similar; colocado em local confor-
tável, com as pernas elevadas cerca de 30 cm, em relação à
cabeça. Tranqüilizar o acidentado devido à existência de dor
e sofrimento, já que a administração de drogas analgésicas é
restrita a pessoa especializada.
Nada deve ser dado à vítima como medicamento. Remo-
ver jóias e vestes do acidentado para evitar constrição com
o desenvolvimento de edema. Não retirar roupas ou partes
de roupa que tenham grudado no corpo do acidentado, nem
retirar corpos estranhos que tenham ficado na queimadura
após a lavagem inicial.
Todas as manobras deverão ser executadas com calma e
precisão. A identificação do estado ou iminência de choque
poderá ser feita pela observação de ansiedade; inquietação,
confusão, sonolência, pulso rápido, sudorese, oligúria e baixa
pressão arterial.
Realizar normalmente o exame primário, priorizando a
manutenção de vias aéreas, respiração e circulação. O aci-
dentado deverá ser encaminhado imediatamente para atendi-
mento especializado. Não transportar o acidentado envolvido
em panos úmidos ou molhados. O atendimento de primeiros
socorros para queimaduras de terceiro grau também consiste
na lavagem do local lesado e na proteção da lesão.
Se for possível, proteger a área com papel alumínio. O
papel alumínio separa efetivamente a lesão do meio externo;
diminui a perda de calor; é moldável, não aderente e protege
a queimadura contra microrganismos. Todas as providências
tomadas para prevenção do estado de choque, administra-
ção de líquidos e cuidados gerais com vítima são as mes-
Moderada - Dor de cabeça, irritabilidade, tonteira, visão
diminuída e dispnéia em repouso.
Severa - Confusão mental ou inconsciência, convulsões,
apnéia, parada cardío-respiratória. Óbito
Fatores do acidentado
Idade - a mortalidade aumenta abaixo dos cinco anos e
acima dos 55 anos.
Estado prévio de saúde - doenças cardíacas, respiratórias
e diabetes pioram o prognóstico.
Primeiros Socorros em Queimaduras
Térmicas
Estes tipos de queimaduras são causados pela condução
de calor através de líquidos, sólidos, gases quentes e do calor
de chamas. Podem ser extremamente dolorosas e nos casos
de queimaduras de segundo grau profundas ou de terceiro
grau, em que a profundidade da lesão tenha destruído termi-
nais nervosos da pele a dor aguda é substituída por insensi-
bilidade.
A dor e a ansiedade podem evoluir para síncope. Nas quei-
maduras térmicas, extensas e/ou profundas, é freqüente so-
brevir o estado de choque, causado pela dor e/ou perda de
líquidos, após algumas horas.
Em conseqüência disto, devem ser tomadas as medidas
necessárias para a prevenção.
Nas queimaduras identificadas como sendo de primeiro
grau, devesse limitar à lavagem com água corrente, na tem-
peratura ambiente, por Definição de Grande Queimado
Grau:
2º grau > 25% de superfície corporal queimada em adul-
tos
2º grau > 20% de superfície corporal queimada em crian-
ças
3º grau > 10% de superfície corporal queimada em qual-
quer faixa etária
Associação com traumatismos graves
Muitas vítimas apresentando queimaduras elétricas, ina-
lação de fumaça, lesões em mãos, pés, face, olhos e períneo.
Queimados com lesões moderadas, mas de alto risco clí-
nico (diabéticos, cardíacos), um máximo de um minuto. Este
tempo é necessário para o resfriamento local, para interrom-
per a atuação do agente causador da lesão, aliviar a dor e
para evitar o aprofundamento da queimadura. O resfriamento
mais prolongado pode induzir hipotermia.
Não aplicar gelo no local, pois causa vasoconstrição e di-
minuição da irrigação sangüínea.
Se o acidentado sentir sede, deve ser-lhe dada toda a
água que desejar beber, porém lentamente. Sendo possível,
www.posugf.com.br 42
Suporte Básico de Vida e Socorro de Emergência
ro. Pode também ser feita com uma mangueira, mas, neste
caso, a força do jato d’água deve ser levada em consideração.
O jato de água muito forte contra um tecido já lesado causará
maior lesão. O fluxo de água deve ser abundante, mas não
pode ser forte.
É impossível determinar exatamente por quanto tempo
uma área queimada por substância química deve ser lavada
com água. Em geral, a água deve correr por um período de
tempo longo o suficiente para que possamos ter certeza de
que toda a substância foi removida da pele.
Freqüentemente, o acidentado será capaz de dizer se a ir-
ritação parou ou se a dor diminuiu na medida em que a subs-
tância é removida. O tempo mínimo de 15 minutos tem-se
mostrado eficaz. As lesões das queimaduras ocasionadas por
agentes químicos aparecem quase que imediatamente após o
acidente; há dor e visível destruição dos tecidos.
Os cuidados subseqüentes às queimaduras produzidas por
ácidos e álcalis são semelhantes: cobrir a queimadura com
curativo esterilizado e transportar o acidentado imediatamen-
te para atendimento especializado.
O diagnóstico de queimadura do trato respiratório por ina-
lação de substâncias de combustão incompleta (potentes irri-
tantes da mucosa respiratória) será feito através do histórico
de exposição a vapores ou gases tóxicos, em acidentes em
ambientes fechados ou não. Alguns gases provocam distúr-
bios sensoriais que só se manifestam algumas horas após o
acidente. Presença de hiperemia (vermelhidão) da mucosa
nasal e faríngea, rouquidão, dispnéia, tosse com expecto-
ração sanguinolenta. A principal complicação deste tipo de
queimadura é o risco de edema pulmonar até 72 horas após o
acidente. Observa-se que somente a inalação de vapor destas
substâncias causa lesão térmica direta no trato respiratório.
Cuidados especiais com os olhos
Os olhos devem receber tratamento especial.
Queimaduras dos olhos são mais comuns em acidentes
com substâncias irritantes (ácidos, álcalis), água quente, va-
por, cinzas quentes, pó explosivo, metal fundido ou chama
direta.
As queimaduras químicas dos olhos são emergência prio-
ritária, podendo haver lesão permanente resultante de uma
pequena exposição destes tecidos a uma substância química.
O olho deve ser lavado com água, conforme o prescrito para
as outras áreas do corpo, usando-se o fluxo contínuo de uma
torneira, ou, de preferência do próprio chuveiro lava-olhos
existente em muitos laboratórios. A lavagem deve durar no
mínimo 15 minutos. Podemos ser obrigados a manter a ca-
beça do acidentado sob a torneira e as pálpebras abertas du-
rante este tratamento, porque geralmente o acidentado será
mas aplicadas nos casos de queimaduras de segundo grau.
As queimaduras de terceiro grau têm a mesma gravidade que
queimaduras de segundo grau profundas.
O acidentado de queimadura térmica na face, cujo aciden-
te ocorreu em ambiente fechado, deve ficar em observação
para verificação de sinais de lesão no trato respiratório. Os
sintomas e sinais, muitas vezes, podem aparecer algumas
horas depois da ocorrência e representar oclusão dos brôn-
quios e edema pulmonar. Pode haver expectoração fuliginosa
com fragmentos de tecido.
Fogo no Vestuário
A combustão das roupas do acidentado agrava considera-
velmente a severidade da lesão. Nestes casos:
● Não deixar o acidentado correr.
● Obrigá-lo a deitar-se no chão com o lado
das chamas para cima.
● Abafar as chamas usando cobertor, tapete,
toalha de mesa, de banho, casaco ou algo
semelhante, ou faça-o rolar sobre si mesmo
no chão.
● Começar pela cabeça e continuar em di-
reção aos pés.
● Se houver água, molhar a roupa do aciden-
tado.
● Não usar água se a roupa estiver com gaso-
lina, óleo ou querosene.
É absolutamente contra indicado a aplicação sobre a quei-
madura de qualquer substância que não seja água na tempe-
ratura ambiente ou pano úmido muito limpo.
É absolutamente contra indicado a aplicação sobre a quei-
madura de qualquer substância que não seja água na tempe-
ratura ambiente ou pano úmido muito limpo.
Primeiros Socorros em Queimaduras Químicas
Os ácidos ou álcalis fortes podem queimar qualquer área
do organismo com a qual entrem em contato. Este contato
é mais freqüente com a pele, boca e olhos, afetando estes
órgãos.
Substâncias químicas podem queimar rapidamente; não
há tempo a perder, porém a pessoa que estiver atendendo
o acidentado deverá, basicamente, saber que as tentativas
de neutralização química da substância podem gerar reações
com produção de calor e piora da lesão e que pode se conta-
minar ao fazer este atendimento.
A área de contato deve ser lavada imediatamente com
água, até mesmo sem esperar para retirar a roupa. Continuar
a lavar a área com água, enquanto a roupa é removida. A me-
lhor lavagem é feita com o acidentado debaixo de um chuvei-
www.posugf.com.br 43
Suporte Básico de Vida e Socorro de Emergência
fonte de eletricidade, e prolongam a duração da exposição à
corrente. O fluxo de corrente transtorácico, mão a mão, tem
maior risco de ser fatal que a passagem de corrente mão para
pé ou pé a pé.
A complicação mais importante das queimaduras elétri-
cas é a parada cardíaca. A lesão local nestas queimaduras
raramente necessita de cuidado imediato, porém as paradas
respiratórias e cardíaca sim. Geralmente a parada respiratória
ocorre primeiro e, se não for tratada de imediato, é rapida-
mente seguida pela parada cardíaca.
As queimaduras elétricas podem ser mais graves do que
aparentam na observação inicial. Em geral, a ferida é peque-
na, porém a corrente elétrica destrói caracteristicamente uma
quantidade considerável de tecido abaixo do que parece ser
uma ferida cutânea sem gravidade.
A parada cardío-respiratória por fibrilação ventricular ou
assistolia é a principal causa de óbito após a lesão elétrica.
A fibrilação ventricular pode ocorrer como resultado direto
do choque elétrico, principalmente a corrente alternada. A
parada cardío-respiratória causada por exposição à corrente
contínua freqüentemente é em assistolia.
A parada respiratória pode ser causada na passagem da
corrente elétrica pelo cérebro causando inibição da função
do centro respiratório, contração tetânica do diafragma e da
musculatura torácica e paralisia prolongada dos músculos
respiratórios.
Primeiros Socorros
A segurança da cena é prioridade. Não se torne também
uma vítima.
Desligar a fonte de energia, antes de tocar no acidentado
Não tente manipular alta voltagem com pedaços de pau,
ou mesmo luvas de borracha. Qualquer substância pode se
transformar em condutor.
É prioridade interromper o contato entre o acidentado e a
fonte de eletricidade.
Cobrir o local da queimadura com um curativo seco este-
rilizado ou papel de alumínio e transporte o acidentado para
atendimento especializado. Estas queimaduras da pele, fre-
qüentemente existem em duas áreas do corpo, nos sítios de
entrada e saída, geradas pelo arco elétrico.
Procurar sempre uma segunda área queimada e tratá-la
como se fez com a primeira. As roupas do acidentado podem
incendiar-se e causar queimaduras de pele adicionais. A pas-
sagem da corrente através dos músculos pode causar violen-
ta contração muscular com fraturas e luxações.
Pode haver lesão muscular e de nervos. A lesão de órgãos
internos como o fígado e baço é rara.
incapaz de cooperar. Provavelmente ela sentirá muita dor e
estará agitada.
O cuidado posterior para as queimaduras oculares deve
incluir o fechamento delicado do olho com a pálpebra, colo-
cação de um curativo macio e transporte do paciente, o mais
rápido possível, para assistência especializada.
Primeiros Socorros em Queimadura por Sódio Me-
tálico
O sódio metálico tem grande afinidade pelo oxigênio, fa-
zendo com que ele reaja com o ar, na temperatura ambiente,
formando óxidos ou hidróxidos.
A reação do sódio pode ter caráter explosivo, se entrar em
contato com a água.
A queimadura por sódio exige pronta intervenção nos 2 a
3 minutos após o acidente. Se atingir 20% de área corporal,
é considerada queimadura grave, com difícil recuperação. Se
atingir 50% de área, é considerada gravíssima, geralmente
levando à morte.
Ao atender uma pessoa vítima deste tipo de acidente, re-
tirar os restos de sódio empregando pinças ou espátulas (de
madeira ou plástico) completamente secas. A seguir, impreg-
nar as regiões com substância oleosa (vaselina líquida) a fim
de eliminar os últimos restos de sódio e limpar com água
corrente abundante.
Queimaduras por Eletricidade
Estas queimaduras são produzidas pelo contato com ele-
tricidade de alta ou baixa voltagem. Os principais danos à
saúde do acidentado são os provocados pelo choque elétrico.
Os danos resultam dos efeitos diretos da corrente e conver-
são da eletricidade em calor durante a passagem da eletrici-
dade pelos tecidos, são difíceis de avaliar, pois dependem da
profundidade da destruição celular, e mesmo as lesões que
parecem superficiais podem ter danos profundos alcançando
os ossos, necrosando tecidos, vasos sanguíneos e provocando
hemorragias.
A severidade do trauma depende do tipo de corrente,
magnitude da energia aplicada, resistência, duração do con-
tato e caminho percorrido pela eletricidade. A corrente de alta
tensão geralmente causa os danos mais graves, porém lesões
fatais podem ocorrer mesmo com as baixa voltagens das re-
sidências.
A pele é o fator mais importante na resistência à passa-
gem da eletricidade, mas a umidade reduz muito esta resis-
tência, podendo aumentar, em muito, a gravidade do choque.
A corrente alternada é mais perigosa que a corrente
contínua de mesma intensidade. O contato com a corrente
alternada pode causar contrações tetânicas da musculatu-
ra esquelética, que impedem que o acidentado se libere da
www.posugf.com.br 44
Suporte Básico de Vida e Socorro de Emergência
● A hipotermia é uma gravíssima emergência
médica. O atendimento médico especiali-
zado deverá ser prioritário.
Primeiros Socorros
No caso de congelamento dos pés ou das mãos:
● Levar o acidentado a um local aquecido,
mantendo-o deitado.
● Tirar imediatamente os equipamentos de
segurança.
● Aquecer as partes congeladas com água
quente (não fervente) ou panos molhados
com água quente, realizando massagens
delicadas para ativar a circulação nas partes
próximas do membro congelado (nunca
massagear diretamente a parte congelada).
● Dar bebidas quentes, como chá ou café
(nunca bebidas alcoólicas).
● Pedir o acidentado para movimentar os pés
ou as mãos, para ajudar na recuperação da
circulação.
● No caso de desmaio em ambientes frios:
● Retirar imediatamente o acidentado do
ambiente de trabalho.
● Retirar todos os equipamentos de segu-
rança, incluindo a roupa (nunca deixar o
acidentado com as mesmas roupas).
● Cobrir com um cobertor quente, ou dar um
banho de água quente.
● Fornecer bebidas quentes, como chá ou
café, se estiver consciente (nunca bebidas
alcoólicas).
● Levar imediatamente ao atendimento espe-
cializado.
Lembre-se:
Os métodos de prestação de primeiros socorros começam
a ser aplicados somente depois de termos realizado as ma-
nobras de suporte básico à vida, hemostasia, prevenção de
choque e assistência a outras lesões que possam colocar em
risco a vida do acidentado ou piorar seu estado clínico. Quei-
maduras podem ser lesões extremamente dolorosas e com
sérias conseqüências psicológicas, dependendo de sua locali-
zação, extensão e profundidade.
Não demonstrar apreensão. Atuar com calma, rapidez, se-
gurança e bastante compreensão. A ranqüilidade do aciden-
tado é fundamental.
Nunca romper as bolhas.
As queimaduras elétricas, especialmente aquelas de alta
voltagem, podem provocar parada cardíaca e perda de cons-
ciência. Abrir as vias aéreas dos acidentados inconscientes
com manobras manuais, instituindo a respiração artificial.
Solicitar imediatamente apoio se o acidentado estiver in-
consciente.
Observar cuidados com a coluna cervical.
Queimaduras por Frio ou Geladuras
O frio também pode causar queimaduras e lesões nas par-
tes do corpo expostas por muito tempo a baixas temperaturas
ou umidade excessiva.
A exposição a temperaturas no ponto de congelamento ou
abaixo deste, ou mesmo ao frio extremo, ainda que por curto
período de tempo, pode causar geladuras.
Podem ocorrer lesão tecidual local delimitada e resfria-
mento corporal generalizado, que pode causar morte (hipo-
termia).
Na improbabilidade de acidentes graves devido à expo-
sição ao frio intenso em nosso país, é conveniente apenas
lembrar alguns detalhes importantes:
· Lesões pelo frio dependem da temperatura, da umidade
relativado ar, da velocidade do vento.
· O uso de roupas adequadas para condições ambientais
extremas deverá ser observado por todos que tenham
que trabalhar sob estas circunstâncias. Os equipamen-
tos de proteção individual, que servem para isolar o frio,
podem causar dificuldades na movimentação, quer para
segurar objetos, quer porque a visão fica prejudicada.
As luvas e as botas, com a umidade, podem congelar as
mãos e os pés. Isso pode levar a acidentes de trabalho,
como quedas, quedas de materiais, congelamento das
mãos e dos pés, desmaios, etc. Cremes e óleos proteto-
res para nariz, lábios e face também são usados nestas
condições.
Dependendo do tipo de exposição ao frio, podem ocorrer
as seguintes lesões:
● Úlceras
● Pé-de-trincheira
● Hipotermia sistêmica
● As lesões causadas pelo frio são extrema-
mente dolorosas.
● Deve-se ficar atento para a insuficiência
cardío-respiratória em caso de hipotermia
sistêmica.
● Há risco de infecção grave no descongela-
mento de uma área lesada.
www.posugf.com.br 45
Suporte Básico de Vida e Socorro de Emergência
É utilizada ferimentos em cabeça, braço, mão, joelho, pé
e tórax.
1. Cabeça (Figura)
a. Cobrir o ferimento com pedaço de pano bem limpo.
b. Colocar a bandagem triangular na cabeça do acidentado,
de modo que o vértice do triângulo fique do lado oposto
ao ferimento (nuca e testa).
c. Trazer as pontas laterais do triângulo por cima do vértice.
Princípios Básicos na Aplicação de Bandagens
(Técnica Padrão)
1. Proteger o ferimento com compressa de pano limpo, e
de tamanho suficiente para cobrí-lo até além dos limites
da lesão.
2. Sempre que possível, deixar a extremidade de um mem-
bro ferido descoberta, para observar, pela coloração, se a
ci rculação está se processando normalmente.
3. Fixar a compressa com material que garanta a firmeza e
a integridade do curativo.
4. Evitar apertar demasiado a compressa para não ocorrer
dificuldade na circulação.
Não retirar as roupas queimadas que estiverem aderidas
à pele.
Não submeter à ação da água, uma queimadura com bo-
lhas rompidas.
Separar a causa do acidentado ou o acidentado da causa.
Cobrir cuidadosamente com um pano limpo as partes
queimadas, pois estes ferimentos são vulneráveis à infecção.
Tomar medidas apropriadas para prevenção do choque.
Ajudar o acidentado a obter atendimento qualificado.
Bandagens
Bandagem triangular.
Na prestação dos primeiros socorros, a bandagem trian-
gular é o recurso de maior utilidade, uma vez que pode ser
improvisada facilmente, com qualquer pedaço de pano.
Sua base deve ter aproximadamente um metro e pelo
menos 60 cm de altura (da base até o vértice do triângulo
- Figura).
Para proteger ferimentos a bandagem pode ser improvisa-
da com um pano bem limpo, aberto, dobrado ou combinando-
-se as duas formas de Bandagens
Bandagem Triangular Estendida
www.posugf.com.br 46
Suporte Básico de Vida e Socorro de Emergência
o Podem produzir incapacidade permanente após o proces-
so de cicatrização devido às retrações.
Face:
o Associa-se com queimaduras de vias aéreas, inalação de
fumaça, intoxicação por monóxido de carbono e desfi-
guração.
Recomendações Finaisa) O indivíduo que realiza o salvamento nunca deve colo-
car a sua vida em risco para salvar uma vítima.
b) Para o atendimento das vítimas de PCR ou qualquer
emergência é importante tomar-se as precauções adequa-
das contra as doenças contagiosas, além da proteção contra
quaisquer riscos para o socorrista.
c) O Consenso de Reanimação Cardiorrespiratória consi-
dera, como membros habilitados, profissionais de saúde que
tenham realizado cursos de RCR em centros de referência.
d) A Sociedade Brasileira de Cardiologia e o FUNCOR,
através da Comissão de Reanimação Cardiorrespiratória, ofe-
recem condições para o desenvolvimento de cursos teórico-
-práticos para qualquer região do Brasil, provendo mecanis-
mos de qualificação e reciclagem a todos os interessados.
e) A Sociedade Brasileira de Cardiologia junto às socie-
dades médicas afins, deverá viabilizar e desenvolver cursos
por ela credenciados e recomenda que os mesmos sejam fre-
qüentados por médicos que atuem na área de emergência e
de medicina intensiva.
f) A comissão de Reanimação Cardiorrespiratória da So-
ciedade Brasileira de Cardiologia será responsável pelo cre-
denciamento e revalidação do certificado de habilitação em
Reanimação Cardiorrespiratória desses profissionais. As soli-
citações deverão ser encaminhadas à sede do FUNCOR ou a
seus representantes regionais
5. Evitar deixar a compressa demasiadamente frouxa para
que não se desprenda com facilidade.
6. Evitar o contato de duas superfícies de pele para evitar
irritação.
7. Colocar o acidentado na posição correta para o tipo de
lesão.
8. Manter sempre apoiada a parte do corpo onde se está
aplicando a bandagem para que se possa manter a po-
sição correta.
9. Proteger as saliências ou os ferimentos com curativos de
gaze.
10. Cobrir apenas um terço da bandagem em cada volta.
11. Correr a bandagem sempre da esquerda para a direita.
12. Imobilizar o local do ferimento.
Figura 6 - Superfície corporal queimada / Grau de gravi-
dade
O pescoço, que está incluído na região da cabeça, repre-
senta 1% da superfície corporal.
Queimaduras nas seguintes áreas são consideradas lesões
graves:
Mãos e pés:
www.posugf.com.br 47
Suporte Básico de Vida e Socorro de Emergência
Referências Bibliográficas• MANUAL DE PRIMEIROS SOCORROS
• NÚCLEO DE SEGURANÇA FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ
• SECRETARIA DE SAÚDE DO DISTRITO FEDERAL
• CONSENSO DE ATENDIMENTO DE EMERGENCIAS MÉDICAS
• SUPORTE BÁSICO INTENSIVO- SOBRATI
• SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA
• NOVAS DIRETRIZES DE REANIMAÇÃO CARDIO RESPIRATÓRIA -2010
• ADULT BASIC LIFE SUPORT- AHA