Sistemas de Produção

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INSTITUTO DE CONSULTORIA E APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL Pós-Graduação em Engenharia de Produção MONOGRAFIA DE CONCLUSÃO DE CURSO SISTEMAS DE PRODUÇÃO RENIENE MARIA DOS SANTOS SÃO JOÃO DEL REI, OUTUBRO DE 2009

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INSTITUTO DE CONSULTORIA E

APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL

Pós-Graduação em Engenharia de Produção

MONOGRAFIA DE CONCLUSÃO DE CURSO

SISTEMAS DE PRODUÇÃO

RENIENE MARIA DOS SANTOS

SÃO JOÃO DEL REI, OUTUBRO DE 2009

Page 2: Sistemas de Produção

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL

MONOGRAFIA DE CONCLUSÃO DE CURSO:

SISTEMA DE PRODUÇÃO

Trabalho apresentado ao Instituto de Consultoria e Aperfeiçoamento Profissional – Icap del-rei, como exigência para a obtenção de créditos e conclusão do Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, sob a orientação do(a) ----------------------------------------------------------

_________________________________

RENIENE MARIA DOS SANTOS

SÃO JOÃO DEL REI, OUTUBRO DE 2009

Page 3: Sistemas de Produção

Página de Aceitação

Nota: _______________ __________________________ Prof°.Evaldo Kharter

Page 4: Sistemas de Produção

Dedico este trabalho a Deus, pelo amor

incondicional e aos meus pais, pela

confiança e o apoio diário.

Page 5: Sistemas de Produção

Agradecimentos

Gostaria de expressar meus agradecimentos:

A Deus, por minha vida, por minha família, pelos amigos, pelo estudo e por

todas as bênçãos que me tem concedido todos os dias. Obrigado Senhor pela sua Graça e

Misericórdia;

Aos meus pais, pelo irrestrito incentivo e amor. Obrigado por investir e

acreditar em mim; apesar das dificuldades. Também obrigada pelo apoio e carinho em todos

os momentos;

Aos meus irmãos pelo apoio;

Ao Icap del-rei pelo ensino de qualidade;

À Simone por todo o apoio prestado e a amizade;

Louvo ao Senhor, porque Ele é bom; porque a sua benignidade é para sempre.

Sal.118-1. (NLTH).

Page 6: Sistemas de Produção

Resumo

Este trabalho visa apresentar um estudo detalhado sobre os Sistemas de Produção,

adotado nas empresas. Busca mostrar a origem destes Sistemas, suas classificações, seus

impactos, assim como, à importância dos mesmos. È preciso salientar que a implantação

destes em uma empresa, objetiva a melhoria do desempenho operacional, pois, as empresas de

todo o mundo estão utilizando de Sistemas como da Toyota, usando de filosofias, que visam,

a constante eliminação dos desperdícios, entre outros fatores.

Palavras-chave: Sistemas de Produção, Sistema Toyota de Produção.

SANTOS, R. M. Sistemas de Produção 2009, 51 f. Monografia – Engenharia

de Produção – Instituto de Consultoria e Aperfeiçoamento profissional de São

João Del-Rei (MG).

Page 7: Sistemas de Produção

Abstract

This work presents a detailed study of the Production Systems, adopted in enterprises.

Seeks to show the origin of these systems, their ratings, their impacts, as well as the

importance of them. It should be noted that the deployment of these in a company, aims to

improve operational performance, therefore, companies worldwide are using the systems as

Toyota, using philosophy, aimed at the steady elimination of waste, among other factors .

Keywords: Production Systems, Toyota Production System

SANTOS, R. M. Sistemas de Produção 2009, 51 f. Monografia – Engenharia

de Produção – Instituto de Consultoria e Aperfeiçoamento profissional de São

João Del-Rei (MG).

Page 8: Sistemas de Produção

Sumário

Lista de Figuras ....................................................................................................... vii

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 2

1.1 ORIGEM DO TRABALHO ........................................................................................... 2

1.3 OBJETIVO ................................................................................................................... 2

2. SISTEMAS DE PRODUÇÃO .................................................................................. 2

2.1 HISTÓRICO ................................................................................................................. 3

2.2 SISTEMA ARTESANAL DE PRODUÇÃO ................................................................... 3

2.3 SISTEMA INDUSTRIAL DE PRODUÇÃO ................................................................... 3

3. FUNÇÃO DO ADMINISTRADOR .................................................................................. 7

4. FUNÇÃO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO ................................................................ 8

4.1 –PRODUÇÃO .............................................................................................................. 8

4.2 –MARKETING ............................................................................................................. 9

4.3 –FINANÇAS ................................................................................................................ 9

5. PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO .................................................... 11

5.1 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DA PRODUÇÃO ............................................. 133

5.1.1 ESTRATÉGIA DE PRODUÇÃO ............................................................................. 14

5.1.2 CONCEITOS ESTRATÉGICOS DE PRODUÇÃO .................................................. 15

5.1.3 PLANO DE PRODUÇÃO ........................................................................................ 16

5.2 PLANEJAMENTO – MESTRE DA PRODUÇÃO ....................................................... 17

5.2.1 TEMPO NO PLANO-MESTRE DE PRODUÇÃO .................................................... 18

5.2.2 ANÁLISE DA CAPACIDADE DE PRODUÇÃO DO PMP ....................................... 19

5.3 PROGRAMAÇÃO DA PRODUÇÃO .......................................................................... 19

5.3.1 ATIVIDADES DA PROGRAMAÇÃO DA PRODUÇÃO ........................................... 21

5.4 ACOMPANHAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO ........................................... 23

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Page 9: Sistemas de Produção

6 CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO ................................................. 26

6.1 TEORIA DE SISTEMA COMO BASE PARA ENTENDER AS CLASSIFICAÇÕES ... 30

7 SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO ........................................................................... 33

7.1 CONCEITOS BÁSICOS DO SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO .......................... 35

7.1.1MECANISMO DA FUNÇÃO PRODUÇÃO ............................................................... 35

7.1.1.1 CONTEÚDO DO PROCESSO ............................................................................. 36

7.1.1.2 CONTEÚDO DA OPERAÇÃO ............................................................................. 39

7.1.2 A LÓGICA DAS PERDAS ...................................................................................... 41

7. 2 OS DOIS PILARES DO SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO ................................. 42

7.2.1 JIT .......................................................................................................................... 42

7.2.1.1 KANBAN DE PRODUÇÃO .................................................................................. 43

- Kanban Eletrônico ....................................................................................................... 45

- Kanban de Produção ................................................................................................... 45

- Kanban de Movimentação ........................................................................................... 45

7.2.2 AUTONOMAÇÃO ................................................................................................... 46

Anexo 1: Exemplos de operações produtivas ............................................................. 51

Anexo 2: Exemplos de entradas, conversões e saídas ............................................... 52

Anexo 3: Descrição dos critérios de desempenho ...................................................... 53

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Lista de Figuras

1.FIGURA 1: A FUNÇÃO DA PRODUÇÃO ........................................................................9

2.FIGURA 2: VISÃO GERAL DAS ATIVIDADES DO PCP ..............................................12

3.FIGRUA 3: ORIGEM DO PLANEJAMENTO-MESTRE DA PRODUÇÃO......................17

4 FIGURA 4: HIERARQUIZAÇÃO DOS PLANOS ...........................................................18

5 FIGURA 5: HIERARQUIA DAS FUNÇÕES DO PCP.....................................................20

6 FIGURA 6: CICLO PDCA DO TQC ................................................................................26

7.FIGURA 7: MODELO DE SISTEMA DE PRODUÇÃO...................................................31

8. FIGURA 8: EMPURRAR E PUXAR A PRODUÇÃO......................................................44

Page 11: Sistemas de Produção

1. INTRODUÇÃO

Atualmente, os Sistemas de Produção vem sofrendo diversas mudanças.

Estamos caminhando para um milagre econômico, mais por força da conjuntura econômica

globalizada, do que por vontade política de nossos líderes. O capitalismo vem-se moldando ao

longo do tempo, sofrendo profundas transformações conjunturais e definindo novos

paradigmas produtivos. Onde antes havia o confronto entre capital e trabalho, tem-se hoje a

administração participativa, a necessidade de envolvimento da mão-de-obra na implantação

de novas técnicas produtivas. Onde havia a pressão por altas barreiras alfandegárias,

limitando a concorrência, hoje, temos a necessidade de atingir maior número de mercados,

tanto em busca dos insumos como na colocação de seus produtos, de se diluírem custos fixos

com aumento da produção e venda, rompendo as fronteiras físicas dos países, indo buscar o

consumidor onde ele estiver, forçando a concorrência entre as empresas e gerando um preço

de mercado para os produtos ou serviços, ao qual as empresas devem adaptar suas estruturas

de custos ou sair do mercado.

Então, as empresas que não adaptarem seus sistemas produtivos para a melhora

contínua da produtividade, não terão espaço nesse processo de globalização. A velha

estratégia da produção em massa, derivada da noção de economia de escala, já não é mais

válida. Hoje as empresas devem possuir um sistema flexível de produção, com rapidez no

projeto e implantação de novos produtos, com baixos lead times e estoques no atendimento

das necessidades dos clientes.

Originalmente, a maioria dos conceitos e técnicas de planejamento,

programação e controle da produção veio de aplicações em fábricas, porém essas técnicas e

esses conceitos migraram para a área de serviços, a área que mais cresce no mundo. Grande

parte das empresas prestadoras de serviços, como bancos, escolas, lanchonetes, etc., pode e

deve ser tratada como fabricantes de serviços. Na realidade dentro de uma cadeia produtiva,

existem etapas do sistema produtivo que fabricam bens, e outras que fabricam serviços. Logo

a conceituação de sistemas produtivos abrange tanto a produção de bens, como a de serviços.

Enfim com essa economia globalizada, a concorrência passa a ser maior e

impede que haja aumento de preços para compensar os custos e, assim, o mercado exige das

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Page 12: Sistemas de Produção

organizações maior capacidade de se adaptarem as mudanças. As empresas que

possuem: rapidez no lançamento de produtos, redução de custos, inovação tecnológica,

melhoria da qualidade dos produtos; são aquelas que se manterão e prosperarão no mercado.

Desta forma, as organizações atuam na melhoria de seus Sistemas de Produção, implantando

metodologias que as permitirão obter o bom desempenho dos processos e a fabricação dos

produtos com uso adequado dos recursos produtivos, assim, evitando-se os desperdícios.

1.1 ORIGEM DO TRABALHO

A partir da necessidade da elaboração de uma monografia para a conclusão do

curso de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, ao Instituto de Consultoria e

Aperfeiçoamento Profissional, decidiu-se que o tema abordado seria Sistemas de Produção.

1.3 OBJETIVO

O principal objetivo deste trabalho é demonstrar a grande importância dos

Sistemas Produtivos dentro de uma empresa, assim como compreender a função, estratégia e

funcionamento dos mesmos.

2. SISTEMAS DE PRODUÇÃO

Cada empresa adota um sistema de produção para realizar as suas operações e produzir

seus produtos ou serviços da melhor maneira possível e, com isso, garantir sua eficiência e

eficácia. O sistema de produção é a maneira pela qual a empresa organiza seus órgãos e

realiza suas operações de produção, adotando uma interdependência lógica entre todas as

etapas do processo produtivo, desde o momento em que os materiais e matérias-primas saem

do almoxarifado até chegar ao depósito como produto acabado.

Na realidade, para que isso aconteça, as entradas e os insumos que vêm dos

fornecedores ingressam na empresa por meio do almoxarifado de materiais e matérias-primas,

sendo ali estocados até a sua eventual utilização pela produção. A produção processa e

transforma os materiais e matérias-primas em produtos acabados para serem estocados no

depósito até a sua entrega aos clientes e consumidores. A interdenpendência entre o

2

Page 13: Sistemas de Produção

almoxarifado, a produção e o depósito é muito grande: qualquer alteração em um deles

provoca influências sobre os demais, como se fossem vasos comunicantes. Eles são os três

subsistemas do sistema de produção intimamente inter-relacionados e interdependentes.

2.1 HISTÓRICO

Entende-se o desenvolvimento dos Sistemas de Produção ao longo dos tempos como a

própria História da humanidade, visto que, homem sempre idealizou produtos e serviços na

medida de suas necessidades, criando os equipamentos e máquinas - desde o mais rudimentar

até o mais sofisticado - quando o meio-ambiente ou hábitos de consumo assim o

determinaram.

2.2 SISTEMA ARTESANAL DE PRODUÇÃO

Durante a maior parte da História registrada, o homem produziu bens através do

sistema artesanal, o que significa que o responsável pela produção, o artesão, respondia por

todo o processo de transformação da matéria-prima em produto acabado. Na verdade antes da

fase de transformação o artesão era responsável pela seleção da matéria-prima a ser utilizada e

pelo projeto do produto a ser executado. Além da participação do profissional em todas as

fases do processo de produção, um alto grau de satisfação e identificação com o produto.

O que caracteriza este sistema é a produção em locais pequenos (uma oficina ou sua

própria casa) e a baixa produtividade resultante. O aprendizado das tarefas era transmitido aos

novos profissionais de maneira predominantemente prática, no próprio local de trabalho.

2.3 SISTEMA INDUSTRIAL DE PRODUÇÃO

Após a Revolução Industrial, o homem mudou radicalmente a forma de produzir bens

de consumo, devido ao progresso político e econômico da época. A situação econômica

favorável gerou estímulo ao consumo em níveis bastante acima dos conhecidos até então.

Concluindo-se que a quantidade de bens produzidos pelo sistema artesanal já não eram

suficientes.

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Page 14: Sistemas de Produção

O que caracteriza este sistema é a produção em locais chamados indústrias, onde o

processo de fabricação tornou-se fragmentado e cada artesão responsável apenas por uma

determinada parte da atividade de produção. É inegável que este sistema adaptou-se bastante

bem às necessidades da época que eram predominantemente voltadas para a quantidade.

Esse sistema, entretanto, também apresentou em seu início, desvantagens e

dificuldades (algumas das quais perduram até nossos dias). A mais importante delas foi, sem

dúvida, decorrente de sua característica principal: os artesãos, acostumados ao domínio de

todo o processo de produção, viram seu nível de satisfação e, portanto de envolvimento com o

produto baixar consideravelmente em parte, porque a especialização do trabalhador em

operações específicas tornou o artesão “dispensável”, uma vez que o treinamento naquela

determinada operação era possível de ser feito em tempo muito menor que o envolvido na

formação completa exigida de um artesão. Conseqüência disto foi que o valor dos salários

diminuiu na mesma proporção em que aumentou a oferta de mão-de-obra. Observando-se que

o ambiente das indústrias nessa época era de insegurança e insalubridade, sendo comuns os

locais com pouca ou nenhuma iluminação ou ventilação.

Esse fato obrigou que os Sistemas de Produção contassem com um posto de trabalho

para inspeção dos produtos no final da linha de produção. Posteriormente esses postos foram

reproduzidos ao longo do processo de produção, numa tentativa de detectar a falha o mais

próximo possível de sua fonte.

A partir dessas medidas nota-se que os custos de produção aumentaram. Entretanto um

fato novo viria a trazer modificações consideráveis nessa forma “industrial” de produzir: a

invenção da Linha de Montagem pelo americano Henry Ford, valendo-se dos conceitos de

racionalização do trabalho desenvolvidos quase que simultaneamente por Frederick Taylor.

A Linha de Montagem, revolucionaria à época, pois introduzia o conceito de que os

produtos deveriam mover-se ao longo do processo de fabricação, enquanto os trabalhadores

permaneciam fixos em seus postos realizando as já conhecidas operações específicas. Essa

forma de produzir foi introduzida no mundo industrial inicialmente nos processos de

montadoras de automóveis em função de seu criador e posteriormente copiada por outros

ramos da atividade industrial, notadamente o de eletrodomésticos, roupas e sapatos.

4

Page 15: Sistemas de Produção

A Linha de Montagem criou facilidades ainda maiores no que se refere a quantidades

produzidas, embora os estoques de matéria-prima e componentes ainda fossem muito altos e o

ambiente fabril não tivesse sofrido grandes alterações em termos de segurança e salubridade.

O advento da Segunda Guerra Mundial solidificou o conceito de Linha de Montagem

e estendeu-o a itens da indústria bélica, principalmente os aviões. Após o final da guerra e

apoiada em um conjunto diversificado de fatores começa a surgir no cenário econômico uma

nova potência industrial ao lado dos Estados Unidos e as Européias já conhecidas: o Japão.

Inicialmente um fabricante de produtos baratos e sem qualidade no pós-guerra o Japão

veio a tornar-se, à partir da década de 60/70 o país onde os Sistemas de Produção vem

apresentando resultados mais significativos. Produtos de alta tecnologia e qualidade a preços

acessíveis são o carro chefe na economia de um país de reduzida área territorial, porém com

povo disciplinado, organizado e predisposto ao trabalho em grupo, vantagem que só nos

últimos anos as economias ocidentais vêm descobrindo. Este país utilizou-se de técnicas já

conhecidas dos americanos, mas que não haviam tido repercussão, como: Just-in-time (J.I.T.),

Kanban, Controle Estatístico de Processo (C.E.P.), Círculos de Controle de Qualidade

(C.C.Q.) e outras.

Pode-se concluir que o início oficial dos Sistemas de Produção nos moldes

aproximados do que conhecemos hoje está na Revolução Industrial (passagem do sistema

artesanal para o sistema industrial).

- Os homens que expressaram o pensamento da época:

Adam Smith, economista escocês, 1776, escreveu a Riqueza das Nações, contendo

pontos interessantes sobre a divisão do trabalho.

Charles Babbage, matemático inglês, 1832, que Desenvolveu as idéias de Adam

Smith e levantou questões estimulantes organização e a economia da produção.

Frederick W. Taylor: pensador autoritário, 1900, criou a Administração Científica

do Trabalho, onde todas as tarefas poderiam ser determinadas através de

investigação científica. Começo da organização da produção, controle da mão de

obra, instalação racional e controle da produção, como áreas de estudo e pesquisa.

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Page 16: Sistemas de Produção

Henry Ford: Linha de Montagem

Frank e Lilian Gilbreth: Estabelecimento do estudo dos movimentos.

F.W. Harris: Primeira aplicação de modelos matemáticos ao controle de estoques.

Walter Shewhart: Primeira aplicação dos princípios da probabilidade ao controle de

qualidade.

L.H.C. Tippet: Estabelecimento da amostragem de trabalho.

- A partir destes pensadores criou os quatro deveres da Administração da Produção.

1) Estabelecimento de uma norma científica para cada elemento de trabalho de um

homem, para substituir os velhos métodos empíricos.

2) O uso do método científico na seleção, treinamento e desenvolvimento dos

operários, em vez da velha prática de permitir ao trabalhador a escolha de suas próprias

tarefas e de deixá-lo treinar-se da melhor forma que pudesse.

3) Estabelecimento de um espírito de cooperação cordial entre o trabalhador e a

gerência, para assegurar que o trabalho seja levado a cabo de acordo com os procedimentos

cientificamente planejados.

4) A divisão de trabalho entre os operários e a administração em partes

aproximadamente iguais, cada grupo se responsabilizando pelo trabalho para o qual esteja

mais qualificado, em vez da condição anterior, em que a maioria do trabalho e da

responsabilidade caía sobre os ombros dos operários.

- Pode-se notar o desenvolvimento acelerado após a 2° Guerra Mundial, 1950, com:

Programação linear e outros métodos de programação.

Uso mais geral de outros modelos matemáticos.

Computadores de alta velocidade.

Simulação de problemas de produção.

Automação.

Engenharia Humana.

Deve-se lembrar que a produção é o processo através da qual se criam mercadorias e

serviços. Onde toda a organização industrial produz mão-de-obra, matéria-prima,

equipamentos e instalações. Esta organização comercializa o que produz com o máximo de

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Page 17: Sistemas de Produção

lucro permitido nas circunstancias em que atua (pesquisa de mercado, promoção,

distribuição e venda).

Na organização de serviços pode-se entender produção como todo desempenho de

uma função que seja ligada diretamente ao resultado do processo.

3. FUNÇÃO DO ADMINISTRADOR

Ao Administrador de Produção cabe a tomada de decisões que levem a empresa a

atingir seus objetivos primários (lucro) e secundários (dar empregos estáveis, ser inovador,

etc.), de forma racional que permita auferir os primeiros e sustentar os segundos. Suas

principais responsabilidades dentro da organização são:

Produzir bens na quantidade exigida e a tempo de satisfazer os prazos

estipulados pelo cliente. Adotar medidas preventivas em relação à Qualidade.

Escolher o método de produção mais econômico, pois o produto geralmente

pode ser feito de mais de uma maneira.

Minimizar os custos de movimentação de material pela fábrica através da

melhoria do layout e dos meios de movimentação.

Elaborar um cronograma de usinagem das diversas peças componentes do

conjunto final de forma que cheguem todos quando necessário a área de montagem final.

Prover os estoques de peças compradas com o número necessário de componentes nas datas

mais convenientes.

Preocupar-se com a motivação do pessoal envolvido a fim de conseguir melhor

produtividade.

Essas tomada de decisões tem o fim de viabilizar da melhor forma essas

responsabilidades descritas. Porém ele também deve implementá-las, a partir daí, deve-se

observar se a decisão é viável ou a forma de implementá-la está errada. Se ocorrer algo

referente, o administrador possuirá dois caminhos a seguir, que são:

Dificuldade de decisão: mudar estratégia.

Dificuldade de implantação: mudar tática.

O administrador deve levar em conta as perturbações externas (alterações

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Page 18: Sistemas de Produção

competitivas, econômicas, tecnológicas) que exigem reprojeto. A filosofia de Melhoria

Contínua (Kaizen) deve ser um desejo contínuo motivado pelo conceito de que sempre há

campo para melhorias.

As áreas de atuação do administrador são dois grupos: os de Projeto de Sistema de

Produção e os de Projeto de Sistema de Controle.

Diante disso, pode-se dizer que o administrador de produção é misto de comércio,

economia, ciência e tecnologia.

4. FUNÇÃO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO

Para obter os objetivos, os sistemas de produção devem exercer uma série de funções

operacionais, desempenhadas por pessoas, que vão desde o projeto dos produtos, até o

controle dos estoques, recrutamento e treinamento de funcionários, aplicação dos recursos

financeiros, distribuição dos produtos, entre outros.

Tubino (2000, p.17) Classifica essas funções em três funções básicas: Finanças,

Produção e Marketing. As formas de relacionamento dessas três funções definirão o sucesso

dos sistemas produtivos.

À medida que os sistemas produtivos crescem, as funções básicas vão sendo

desmembradas em suas atividades, gerando funções de suporte desempenhadas por

especialistas, como, por exemplo, manutenção, controladoria, engenharia, distribuição, etc.

Atualmente, uma questão importante com relação às funções de suporte diz respeito ao

excessivo crescimento das empresas e a sua burocratização pela subdivisão das tarefas.

4.1 –PRODUÇÃO

A função de Produção é o centro dos sistemas produtivos, responsável por gerar os

bens ou serviços comercializados pelas empresas. Esta função transforma insumos em bens ou

serviços por meio de um ou mais processos organizados de conversão. Alguns insumos,

processos de conversão e saídas, são apresentados na figura 1.

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Page 19: Sistemas de Produção

InsumosCapital

TrabalhoMateriais

ConversãoCortar Alugar

Transportar

SaídasBens

Serviços

Figura 1 – A função da Produção, adaptado por Tubino, 2000.

Vide em anexo 1 – Exemplos de operações produtivas

4.2 –MARKETING

A função de Marketing é de vender e promover os bens e serviços produzidos por uma

empresa, tomando decisões sobre estratégias de publicidade e estimativas de preços para os

mesmos. Esta função tem a responsabilidade de contactar com os clientes e sentir o mercado,

visando, a médio e curto prazo, abastecer a Produção com informações sobre a demanda pelos

produtos atuais, permitindo o planejamento e programação da produção. E , a longo prazo,

buscar informações sobre potenciais necessidades dos clientes, visando ao projeto de novos

bens ou serviços a serem desenvolvidos.

Vide em anexo 2 – Exemplos de entradas, conversões e saídas.

A eficiência da função Marketing só será alcançada com um sistema produtivo que

esteja adequadamente balanceado para atender à demanda, principalmente ao se empregar um

sistema puxado de produção, mais suscetível a problemas quando a variabilidade da demanda

for grande. Neste caso, o papel de Marketing tem que estar voltado para a estabilização da

base consumidora, buscando clientes que queiram fazer acordos de longo prazo e garantir

certa estabilidade nas quantidades e datas de entrega dos bens e serviços comercializados.

4.3 –FINANÇAS

A função de Finança é administrar os recursos financeiros da empresa e alocá-los onde

forem necessários. Deve providenciar a orçamentação e o acompanhamento de receitas e

despesas, a provisão de fundos para atender a esse orçamento, e a análise econômica dos

investimentos produtivos.

No que se refere à coleta e análises de dados para o acompanhamento do orçamento

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Page 20: Sistemas de Produção

financeiro do sistema produtivo, está havendo uma mudança de atitude na avaliação da mão–

de–obra e dos materiais em processo. Nos sistemas modernos, a mão–de–obra é polivalente,

podendo trabalhar em vários postos, exercendo atividades que antes eram atribuídas à mão–

de–obra indireta. Ao se introduzir a produção focalizada com células, a coleta e avaliação dos

custos de mão-de–obra ficam simplificadas, devendo-se custear os mesmos pela simples

distribuição de seus valores proporcionais a cada item convertido ao final do período.

Outra mudança fundamental na esfera financeira diz respeito à forma como os

fornecedores da empresa serão remunerados. Atualmente, ao se buscar um relacionamento

positivo e duradouro com os fornecedores, a função de Finança busca providenciar uma

política agressiva com relação ao faturamento e pagamento dos fornecedores, adequando-a ao

recebimento freqüente de pequenos lotes.

Outra grande mudança é em relação à análise econômica dos investimentos

produtivos, no qual o retorno de curto prazo para a amortização desses deve ceder lugar para

um período maior.

Ao se observar o crescimento dos sistemas produtivos, uma série de funções é

destacadas das funções básicas e agrupadas em departamentos de suporte e apoio.

Tubino (2000, p.22) Classifica essas funções suporte para os sistemas de produção

como:

Engenharia – Esta assume todas as funções técnicas de projeto dos produtos e dos

processos de fabricação e montagem dos bens ou serviços. Dependendo do tamanho da

empresa, a Engenharia pode subdividir-se em Engenharia do Produto, e Engenharia do

Processo ou Industrial.

Compras/Suprimentos – Esta tem por finalidade suprir o sistema produtivo com as

matérias – primas, componentes, materiais indiretos e equipamentos necessários à produção

dos bens ou serviços. As relações de Compras com os fornecedores é a lei mais forte. As

exigências de qualidade, quantidade, preço e prazo têm sido ditadas pelo elo mais forte da

cadeia cliente-fornecedor. O objetivo atual dos sistemas produtivos consiste em maximinizar

a cadeia produtiva e transferir para o cliente final os ganhos advindos do relacionamento

eficiente entre clientes e fornecedores. Dessa forma, as vendas se consolidarão, os volumes

produzidos e comercializados aumentarão, e os lucros serão redistribuídos pela cadeia

produtiva.

Manutenção – Esta tem o papel de manter os equipamentos e instalações do sistema de

produção em perfeito estado de uso. Sendo responsável ás vezes, pela produção do

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Page 21: Sistemas de Produção

ferramental, pela produção de pequenas máquinas, e pelas condições ambientais de

salubridade e segurança. Dentro dos princípios da qualidade total, muitas das atividades de

manutenção preventiva foram transferidas para os próprios operadores, que diariamente

devem fazer a lubrificação e pequenos reparos nos equipamentos que não exijam grande

conhecimento técnico.

Recursos Humanos – Esta tem a responsabilidade de recrutar e treinar os funcionários,

estabelecer as relações trabalhistas, a negociação de contratos, a política salarial e promover a

satisfação dos mesmos. O treinamento dos funcionários em mais de uma atividade é um ponto

crucial na flexibilização da produção sob responsabilidade dos Recursos Humanos, assim

como o é a política de participação dos funcionários nos lucros.

5. PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO

Para que o Sistema de Produção tenha uma grande eficiência é necessário que suas

metas e estratégias estejam bem definidas, mas, para que isso aconteça é preciso formular

planos para atingi-las, administrar os recursos humanos e físicos com base nesses planos,

direcionar a ação dos recursos humanos sobre os físicos e acompanhar esta ação, permitindo a

correção de prováveis desvios. Essas atividades são desenvolvidas pelo Planejamento e

Controle da Produção.

Geralmente, as atividades de PCP são desenvolvidas por um departamento de apoio a

Produção, dentro da gerência industrial. O PCP é responsável pela coordenação e aplicação

dos recursos produtivos de forma a atender da melhor maneira possível aos planos

estabelecidos em níveis estratégico, tático e operacional.

O PCP desempenha uma função de coordenação de apoio ao sistema produtivo, tendo

como objetivo administrar informações vindas de diversas áreas deste sistema. Da Engenharia

do Produto são necessárias informações contidas nas listas de materiais e desenhos técnicos,

da Engenharia do Processo os roteiros de fabricação e os lead times, no Marketing buscam-se

os planos de vendas e pedidos firmes, a Manutenção fornece os planos de manutenção,

Compras/Suprimentos informa as entradas e saídas dos materiais em estoques, dos Recursos

Humanos são necessários os programas de treinamento, Finanças fornece o plano de

11

Page 22: Sistemas de Produção

investimentos e o fluxo de caixa, entre outros relacionamentos.

Tubino (2000, p.24) As atividades do PCP são exercidas de três níveis hierárquicos de

planejamento e controle de atividades produtivas de um sistema de produção. No nível

estratégico, onde são definidas as políticas estratégicas de longo prazo da empresa, o PCP

participa da formulação do Planejamento Estratégico de Produção, gerando um Plano de

Produção. No nível tático, onde são estabelecidos os planos de médio prazo para a produção,

o PCP desenvolve o Planejamento–mestre da Produção, obtendo o Plano-mestre de Produção

(PMP). No nível operacional, onde são preparados os programas de curto prazo de produção e

realizado o acompanhamento dos mesmos, o PCP prepara a Programação da Produção

administrando estoques, seqüenciando, emitindo e liberando as Ordens de Compras,

Fabricação e Montagem, bem como executa o Acompanhamento e Controle da Produção.

Uma visão geral do inter-relacionamento das atividades do PCP é demonstrada na figura 2.

Planejamento estratégico da produção

Plano de produtos

Planejamento-mestre da produção

Plano-mestre de produção

Programação da produção•Administração dos estoques•Seqüenciamento•Emissão e liberação de ordens

Ordem de

compras

Ordem de fabricação

Ordem de montagem

Fabricação e montagem

Clientes

Fornecedores Estoques

Pedido de compras

Departamento de compras

Ava

liaçã

o de

des

empe

nho

Pedidos em carteira

Previsão de vendas

Aco

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da P

rodu

ção

Departamento de marketing

Figura 2 - Visão geral das atividades do PCP adaptado por Tubino 2000.

12

Page 23: Sistemas de Produção

Estes três níveis possuem informações que precisam estar consolidadas, ou seja, o

Plano-mestre de Produção gerado pelo Planejamento-mestre da Produção só será viável se

estiver compatível com as decisões tomadas a longo prazo, previstas no Planejamento

Estratégico da Produção, como a aquisição de equipamentos, negociação com fornecedores,

etc. Da mesma forma, a programação de fabricação de determinado componente será

efetivada de forma eficiente se a capacidade produtiva do setor responsável pela mesma tiver

sido equacionada no Planejamento-mestre da Produção, com a definição do número de turnos,

recursos humanos e materiais alocados, etc.

5.1 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DA PRODUÇÃO

Tubino(2000, p.33) O planejamento estratégico busca maximinizar os resultados das

operações e minimizar os riscos nas tomadas de decisões das empresas. Para a realização

deste a empresa deve entender os limites de suas forças e habilidades no relacionamento com

o meio ambiente, de maneira a criar vantagens competitivas em relação à concorrência,

aproveitando-se de todas as situações que lhe trouxerem ganhos. Enfim, seu principal papel

consiste em gerar condições para que as empresas possam decidir rapidamente perante

oportunidades e ameaças, otimizando suas vantagens competitivas em relação ao ambiente

concorrencial onde atuam, garantindo sua perpetuação no tempo.

Rozenfeld (2006,p.116) O objetivo do Planejamento Estratégico de Produtos é obter

um plano contendo o porfólio de produtos da empresa a partir do Planejamento Estratégico da

Unidade de Negócios. Na prática, isso significa uma lista descrevendo a linha de produtos da

empresa e os projetos que serão desenvolvidos, de maneira a auxiliá-la a atingir as metas

estratégicas de negócio. Com relação aos produtos a serem desenvolvidos, é preciso conter

uma primeira descrição de suas características e metas para início de desenvolvimento,

lançamento e retirada.

Todas as decisões referentes ao planejamento estratégico dependem do conhecimento

das pessoas em relação ao ambiente, isto é, mudanças nos competidores, concorrentes e as

tecnologias que vão sendo desenvolvidas. Portanto, é fundamental que a empresa mantenha-se

continuamente atenta às mudanças. Não é possível traçar uma estratégia e definir uma linha

de produtos sem que conheça profundamente o mercado, isto é, quais os competidores e os

hábitos e preferências do consumidor, e sem o domínio das características das tecnologias

13

Page 24: Sistemas de Produção

disponíveis e as tendências de inovação futuras.

Porter (1986) define três estratégias genéricas de margem/volume que podem ser

empregadas pelas empresas na competição pelo mercado: liderança de custos, diferenciação e

focalização. Na liderança de custos, a empresa deverá buscar a produção ao menor custo

possível, podendo com isto praticar os menores preços do mercado e aumentar o volume de

vendas. Na estratégia de diferenciação, busca-se a exclusividade em alguma característica do

produto que seja mais valorizada pelos clientes. A terceira estratégia, a de focalização, a

empresa deverá buscar caso não consiga liderança de custos ou diferenciação da concorrência.

O equacionamento dessas estratégias de competição deve ser feito à luz do

posicionamento dos concorrentes diretos e indiretos que atuam no mercado, conhecidos como

as cinco forças competitivas de Porter: a rivalidade entre as empresas concorrentes, o poder de

barganha dos clientes e dos fornecedores, a ameaça de novos entrantes potenciais, e a ameaça

de produtos substitutos.

5.1.1 ESTRATÉGIA DE PRODUÇÃO

Baseia-se em dois pontos importantes: as prioridades relativas dos critérios de

desempenho, e a política para as diferentes áreas de decisões da produção. Os critérios

buscam refletir as necessidades dos clientes para um determinado produto de maneira a

mantê-los fiéis à empresa. Os principais critérios de desempenho nos quais a produção deve

agir são colocados em quatro grupos: custo, qualidade, desempenho de entregas e

flexibilidade. Demonstrado em anexo 3. São considerados como critérios de desempenho

desejáveis nos sistemas de produção, além dos quatro básicos, temos: a inovatividade e a não-

agressão ao meio ambiente.

As políticas definidas para cada área do sistema de produção orientam a operação e

evolução desse sistema, portanto a formulação e a implementação de estratégia de produção

devem dar consistência e coerência ao conjunto de decisões. Na realidade, como existe

relação intensa entre os sistemas de produção e o meio ambiente onde ele está inserido, as

decisões estratégicas devem ser entendidas como um processo dinâmico, que sofre alterações

conforme o mercado e a concorrência forem posicionando-se.

14

Page 25: Sistemas de Produção

5.1.2 CONCEITOS ESTRATÉGICOS DE PRODUÇÃO

As empresas estão vivendo nos tempos atuais momentos de grandes transformações e

pressões competitivas, forçando uma mudança na visão convencional dos sistemas

produtivos. O grau de qualidade e produtividade alcançado por elas propõe uma nova forma

de conduzir os negócios. Diante desses acontecimentos surgem dois conceitos como proposta

de posicionamento estratégico das empresas pela valorização da produção. Dados como: a

filosofia JIT/TQC e a integração das atividades do sistema produtivo, via informação, pelo

CIM.

O JIT está voltada para a otimização da produção, enquanto o TQC é uma filosofia

voltada para a identificação, análise e solução de problemas. Os dois possuem uma interface

muito grande. Esta filosofia possuem alguns conceitos estratégicos que visam melhorar os

sistemas produtivos como:

Satisfazer as necessidades dos clientes: significa entender e responder aos

anseios dos clientes, fornecendo produtos de qualidade no momento em que for solicitado.

Entendendo-se que clientes engloba tanto os participantes da cadeia produtiva interna, como

os da cadeia externa à empresa.

Eliminar desperdícios: analisar todas as atividades realizadas no sistema de

produção e eliminar aquelas que não agregam valor ao produto.

Melhorar continuamente: é de responsabilidade global da empresa, a melhoria

contínua, conhecido como Kaizen. Qualquer problema, ou erro, acontecido dentro do sistema

deve ser visto como uma oportunidade de melhoramento.

Envolver totalmente as pessoas: a empresa deve travar compromisso pela

participação das pessoas, desenvolvendo treinamento contínuos em atividades de equipes de

trabalho, com o devido aporte financeiro. Deve-se deixar explícito que as pessoas são a

prioridade e não a tecnologia.

Organização e visibilidade: este é um requisito fundamental da filosofia

JIT/TQC. A organização leva ao benefício da visibilidade dos problemas, de forma que

qualquer situação anormal seja óbvia, levando também em conta que é a base para a

motivação das pessoas.

O sistema CIM (Computer Integrated Manufacturing), manufatura integra por

15

Page 26: Sistemas de Produção

computador visa integrar o planejamento e o controle das atividades de um sistema de

produção, suportado por uma rede de sistemas computacionais, formada por computadores,

softwares, banco de dados e controladores programáveis. Usando informações contidas nesse

banco de dados, conjugados com softwares e hardwares, o sistema CIM pode coordenar as

atividades técnicas e operacionais necessárias ao sistema de produção, e manter registros

acurados de dados. As ferramentas técnicas de auxílio ao planejamento e implementação da

produção são:

CAE – Engenharia Auxiliada por Computador – consiste em empregar um

sistema computacional para desenvolver e avaliar as especificações funcionais de produtos,

peças componentes e processos de fabricação.

CAD – Projeto Auxiliado por Computador – elaborado para a elaboração de

desenhos, lista de materiais e outros conjuntos de instruções para as atividades de produção.

CAPP – Planejamento de Processo Auxiliado por Computador: Tem o papel de

gerar o roteiro de produção.

CAM – Manufatura Auxiliada por Computador – desenvolve atividades de

geração, transmissão e controle de execução de programas de comando numéricos aplicados a

máquinas-ferramenta e robôs, sistemas de manipulação de materiais, inspeção e teste de

produção.

5.1.3 PLANO DE PRODUÇÃO

Este Plano origina-se do resultado das decisões estratégicas no âmbito da produção, é

elaborado um plano de longo prazo, chamado de plano de produção. Sua função é direcionar

os resultados produtivos para as estratégias escolhidas, serve também de base para equacionar

os níveis de produção, estoques, recursos humanos, máquinas e instalações necessários para

atender à demanda prevista de bens e serviços.

O plano estratégico de produção e o plano de produção são realizados juntamente com

Finanças e Marketing, envolvendo negociações com relação aos recursos financeiros (plano

financeiro) e esforços de marketing (plano de marketing) necessários para implementá-lo. Os

períodos de planejamento são meses ou trimestres, ou até anos. Como pode-se notar na figura

3, o plano de produção servirá de base para desenvolver o planejamento-mestre da produção.

16

Page 27: Sistemas de Produção

Estratégias funcionais

Planejamento-mestrede produção

Planofinanceiro

Plano demarketing

Plano de produção

Figura 3 – Origem do planejamento-mestre da produção, adaptado por Tubino, 2000.

5.2 PLANEJAMENTO – MESTRE DA PRODUÇÃO

O planejamento-mestre da produção encarrega-se de desmembrar os planos produtivos

estratégicos de longo prazo em planos específicos de produtos acabados para médio prazo,

direcionando as etapas de programação e execução das atividades operacionais da empresa

(montagem, fabricação e compras). A partir deste a empresa começa a assumir compromissos

de montagem dos produtos acabados, fabricação das partes manufaturadas internamente, e da

compra de matérias primas e itens produzidos pelos fornecedores externos.

A partir do planejamento-mestre da produção tem-se o Plano-mestre de Produção

(PMP). Este faz uma conexão entre o plano de produção e as atividades operacionais da

produção, sendo obtido por um processo de tentativa e erro, em que a partir de um PMP

inicial busca-se verificar a disponibilidade de recursos para sua execução. Se viável, autoriza-

se o plano, porém, se forem encontrados problemas, deve-se refazer o PMP, podendo-se

inclusive chegar ao ponto de ter que retornar ao nível do plano de produção e reconsiderar as

questões estratégicas. Observe na figura 4 toda esta etapa.

17

Page 28: Sistemas de Produção

Plano de produção

Programação da produção

Planejamento-mestre da produçãoPMP inicial

não

sim

PMP final

viável

Longo prazo

Curto prazo

Médio prazo

Figura 4 – Hierarquização dos planos, adaptado por Tubino, 2000.

A grande diferença entre o PMP e o plano de produção é o nível de agregação dos

produtos e a unidade de tempo analisada.

5.2.1 TEMPO NO PLANO-MESTRE DE PRODUÇÃO

O planejamento-mestre da produção trabalha com a variável tempo em duas

dimensões. Primeira é a unidade de tempo para cada intervalo do plano, e a segunda é a

amplitude, ou horizonte, que o plano deve abranger em sua análise. Porém, estas variáveis são

diferentes de empresa para empresa.

- A determinação dos intervalos de tempo que compõem o PMP dependerá da

velocidade de fabricação do produto incluído no plano e da possibilidade prática de alterar o

plano. Trabalha-se, normalmente, com intervalos de semana. Às vezes dias, mesmo que os

produtos sejam fabricados em ritmos rápidos, pois a velocidade de coleta e análise dos dados

inviabiliza a operacionalização diária do PMP. Nos processos de lead times altos, podem-se

empregar intervalos de meses e possivelmente trimestres.

- A questão relacionada ao horizonte de planejamento, diz que o planejamento-mestre

de produção desmembra o PMP em dois níveis de horizontes de tempo, com objetivos

diferenciados: um nível firme de horizonte curto que serve de base para a programação da

18

Page 29: Sistemas de Produção

produção e a ocupação dos recursos produtivos, direcionando as prioridades; e um

nível sujeito a alterações com horizonte longo, onde o PMP serve para o planejamento da

capacidade de produção e as negociações com os diversos setores envolvidos na elaboração.

5.2.2 ANÁLISE DA CAPACIDADE DE PRODUÇÃO DO PMP

A função da análise da capacidade produtiva do PMP consiste em equacionar os

recursos produtivos da parte variável do plano, de forma a garantir uma passagem segura para

sua parte fixa e posterior programação da produção.

A capacidade produtiva do PMP possui uma rotina de análise, como:

1. Identificar os recursos a serem incluídos na análise. Neste caso, pode-se considerar

apenas os recursos críticos, ou gargalos;

2. Obter o padrão de consumo da variável que se pretende analisar (horas-

máquinas/unidade, horas-homem/unidade, etc.) de cada produto acabado incluído no PMP

para cada recurso;

3. Multiplicar o padrão de consumo de cada produto para cada recurso pela quantidade

de produção em cada período prevista no PMP;

4. Consolidar as necessidades de capacidade para cada recurso.

Enfim, o planejamento-mestre da produção procura fazer a ligação, através da

montagem do plano-mestre de produção, entre o planejamento estratégico de longo prazo e as

atividades operacionais da produção.

5.3 PROGRAMAÇÃO DA PRODUÇÃO

A programação da produção está encarregada de definir quanto e quando comprar,

fabricar ou montar cada item necessário à composição dos produtos acabados propostos pelo

plano-mestre de produção. Resulta da programação da produção a emissão ordens de compra

para itens comprados, ordens de fabricação para itens fabricados internamente, ordens de

montagem para submontagem intermediárias e montagem final dos produtos definidos no

plano-mestre de produção.

19

Page 30: Sistemas de Produção

Na figura 5 abaixo, tem-se a hierarquia em que estão distribuídas as funções do PCP, a

programação da produção é a primeira dentro do nível operacional de curto prazo, fazendo

com que as atividades produtivas sejam disparadas. Temos a ilustração da seqüência de

funções, visto que, se o plano de produção de longo prazo providenciou os recursos

necessários, e o planejamento-mestre da produção gerou um plano-mestre de produção viável,

não deverá ocorrer problemas de capacidade na execução do programa de produção, cabendo

à programação da produção seqüenciar as ordens emitidas no sentido de minimizar os lead

times e estoques do sistema.

Plano de produção

Programação da produção•Administração de estoques•Seqüenciamento•Emissão de ordens

Plano-mestrede produção

Longo prazo

Curto prazo

Médio prazo

Ordens de

compras

Ordensde

fabricação

Ordensde

montagem

Figura 5 – Hierarquia das funções do PCP adaptado por Tubino, 2000.

O PCP possui atividades de curto prazo, que é de “puxar” e de “empurrar” a produção.

- Empurrar a produção significa elaborar periodicamente, para atender ao PMP, um

programa de produção completo, desde a compra da matéria-prima até a montagem do

produto acabado, e transmiti-lo aos setores responsáveis através da emissão de ordens de

compra, fabricação e montagem. Dentro deste sistema, as atividades da programação da

produção, podem ser divididas em três grupos: a administração de estoques, o

seqüenciamento, e a emissão e liberação de ordens.

- Puxar a produção significa não produzir até que o cliente (interno ou externo) de seu

processo solicite a produção de determinado item. Neste caso, a programação da produção usa

as informações do PMP para emitir ordens apenas para o último estágio do processo

produtivo, assim como para dimensionar a quantidade de estoques em processo para os

20

Page 31: Sistemas de Produção

demais setores. Na medida em que o cliente de um processo necessita de itens, ele recorre aos

estoques do fornecedor, acionando diretamente este processo para que os itens consumidos

sejam fabricados e reponham os estoques. Dentro deste sistema, as atividades de produção

(administração de estoques, seqüenciamento e emissão de ordens) são operacionalizadas pelo

emprego do sistema Kanban.

5.3.1 ATIVIDADES DA PROGRAMAÇÃO DA PRODUÇÃO

A primeira atividade é a administração dos estoques que está encarregada de planejar e

controlar os estoques definindo os tamanhos dos lotes, a forma de reposição e os estoques de

segurança do sistema. Entre os tipos de estoque principais, podemos citar os estoques de

matérias-primas, de itens componentes comprados ou produzidos internamente, de produtos

acabados, de produtos em processo, de ferramentas e dispositivos para as máquinas, de peças

de manutenção, de materiais indiretos, etc.

Em administração da produção significa um cartão de sinalização que controla os

fluxos de produção ou transportes em uma indústria. O cartão pode ser substituído por outro

sistema de sinalização, como luzes, caixas vazias e até locais vazios demarcados.

Coloca-se um Kanban em peças ou partes específicas de uma linha de produção, para

indicar a entrega de uma determinada quantidade. Quando se esgotarem todas as peças, o

mesmo aviso é levado ao seu ponto de partida, onde se converte num novo pedido para mais

peças. Quando for recebido o cartão ou quando não há nenhuma peça na caixa ou no local

definido, então deve-se movimentar, produzir ou solicitar a produção da peça.

Existe uma série de funções para as quais os estoques são criados, porém abaixo se

tem as principais:

- Garantir a independência entre etapas produtivas: a distribuição de cadeia produtiva

ou a colocação de estoques amortecedores entre etapas de produção permite que estas etapas

possam ser encaradas como independentes das demais. Se houver algum problema uma destas

etapas, não será transferido para as demais.

- Permitir uma produção constante: os sistemas produtivos possuem variações sazonais

em sua demanda ou em suas matérias primas, estocam produtos acabados ou matérias-primas

21

Page 32: Sistemas de Produção

para evitar que o ritmo de produção sofra grandes saltos nestes períodos. Então, nos períodos

de demanda baixa, procura-se manter um ritmo de produção, gerando-se estoques. Porém,

quando a demanda se aquece, vende-se este material estocado, sem alterar o ritmo da

produção.

- Possibilitar o uso de lotes econômicos: algumas etapas do sistema produtivo somente

permitem a produção ou a movimentação econômica de lotes maiores do que a necessidade de

consumo imediata, gerando um excedente que precisa ser administrado.

- Reduzir os lead times produtivos: a manutenção de estoques intermediários dentro

dos sistemas produtivos permite que os prazos de entrega dos produtos possam ser reduzidos,

pois ao invés de esperarmos pela produção ou compra de um item, podemos retirá-lo do

estoque e usá-lo imediatamente.

- Como fator de segurança: variações aleatórias na demanda, quebra de máquinas, o

absenteísmo, a má qualidade do que é produzido, uma programação da produção ineficiente,

entregas de fornecedores fora do prazo, são administrados com a colocação de estoques

protetores.

- Para obter vantagens de preço: algumas empresas aumentam os níveis de estoques

dos produtos para se prevenir de possíveis aumentos de preços e quando sentem que seus

preços no mercado irão subir. A decisão de especular os estoques deve ser tomada pela área

financeira, que administra os recursos financeiros da empresa.

Como os estoques não agregam valor aos produtos, quanto menor o nível de estoques

com que um sistema produtivo conseguir trabalhar, mais eficiente este sistema será. Isto está

associado também à manutenção de estoques. Outro fator importante é a questão de

envolvimento e motivação da mão-de-obra no trabalho quando se está produzindo um item

que será estocado. Porém, como não existe ligação direta entre quem produz e quem consome

o item, problemas de qualidade, de sincronismo, de identificação de potenciais melhorias nos

processos e produtos não são considerados imediatos, e quando o forem, já será tarde demais

para corrigi-los. A filosofia JIT apregoa que os estoques são os principais causadores de

deterioração da qualidade total dentro das empresas.

22

Page 33: Sistemas de Produção

Neste sentido, um dos melhores indicadores de desempenho da eficiência dos sistemas

produtivos e de suas administrações é a análise do giro de estoques. Ou seja, se compararmos

dois sistemas produtivos equivalentes, aquele que tiver o maior giro de estoques é o mais

eficiente.

A atividade de seqüenciamento busca gerar um programa de produção que utilize

inteligentemente os recursos disponíveis, promovendo produtos com qualidade e custos

baixos. Já a atividade emissão e liberação de ordens implementa os programa de produção,

emitindo a documentação necessária para o início das operações ( compra, fabricação e

montagem) e liberando-a quando os recursos estiverem disponíveis.

A emissão de ordens pode ser feita diretamente no momento em que está

desmembrando-se o PMP, ou ainda, pode-se empregar o PMP para setar os parâmetros do

modelo de controle de estoques, e deixar a cargo do mesmo a determinação do momento de

emitir-se as ordens. Normalmente, os dois sistemas trabalham paralelo, ou seja, para os itens

superiores (mais próximos dos produtos acabados) programa-se de forma direta, e para os

itens de níveis inferiores, como matérias-primas, materiais indiretos e de apoio à produção,

trabalha-se pelo método indireto com o controle de estoques. Logicamente, em sistemas

informatizados, a abrangência do método direto fica limitada à velocidade e capacidade de

processamento do sistema.

O seqüenciamento e a emissão de um programa de produção deveriam ser uma tarefa

simples para o PCP, porém, dentro da dinâmica empresarial, instabilidades de curto prazo,

como cancelamentos, adiantamentos ou acréscimos em pedidos dos clientes, alterações nas

especificações dos itens, ou ainda, deficiências na qualidade e nos ritmos de trabalho, fazem

com que a eficiência do sistema produtivo dependa fundamentalmente de um processo

dinâmico de seqüenciamento e emissão do programa de produção. Contudo, por mais que se

desenvolvam técnicas e softwares visando acelerar as atividades, nada substitui a estabilidade

e a confiabilidade do sistema produtivo.

5.4 ACOMPANHAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO

Fechando o ciclo de atividades desenvolvidas pelo PCP, temos a função de

acompanhamento e controle da produção dando suporte ao sistema produtivo no sistema de

23

Page 34: Sistemas de Produção

garantir que as atividades planejadas e programadas para o período sejam cumpridas.

O objetivo do acompanhamento e controle da produção é fornecer uma ligação entre o

planejamento e a execução das atividades operacionais, identificando os desvios, sua

magnitude e fornecendo subsídios para que os responsáveis pelas ações corretivas possam

agir. Apesar de teoricamente os recursos necessários para a execução dos planos de produção

terem sido planejados e programados pelo PCP, na prática, infelizmente, a ocorrência de

desvios entre o programa de produção liberado e o executado é a situação mais comum.

Quanto mais rápido os problemas forem identificados, ou seja, quanto mais eficientes forem

as ações do acompanhamento e controle da produção, menores serão os desvios a corrigir,

menor o tempo e as despesas com ações corretivas.

A velocidade com que devemos obter o feedback das informações está associada ao

tipo de processo produtivo. Em processos contínuos, ou de produção em massa, o feedback

das informações deve ser rápido, com coleta de dados em tempo real e acompanhamento on-

line, pois em pouco tempo, devido a alta velocidade produtiva, os desvios são grandes. Agora,

um outro exemplo, nos processos pro projeto, o feedback das informações produtivas pode ser

semanal ou maior, visto que os ritmos de alterações nas tarefas produtivas são desta

magnitude. Entre estes dois extremos, temos os processos repetitivos em lotes, em que a

freqüência de coleta das informações deve ser grandes e dentro da lógica dos softwares

baseados no MRPII, os feedbacks são normalmente semanais, raramente diários.

Existem três grupos de recursos necessários ao atendimento de um programa de

produção: máquinas, mão-de-obra e materiais. Sendo assim, o PCP antes de liberar as ordens,

verifica a disponibilidade destes recursos e, uma vez identificada a existência dos mesmos,

libera as ordens para os setores produtivos. A partir deste ponto, o programa emitido é

acompanhado e controlado pelo PCP das funções demonstradas a seguir:

Coleta e registro de dados sobre o estágio das atividades programadas:

Comparação entre o programado e o executado;

Identificação dos desvios;

Busca de ações corretivas;

Emissão de novas diretrizes com base nas ações corretivas;

Fornecimento de informações produtivas aos demais setores da empresa (Finanças,

Engenharia, Marketing, Recursos Humanos, etc.);

24

Page 35: Sistemas de Produção

Preparação de relatórios de análise de desempenho do sistema produtivo.

O PCP, com a coleta de dados pode, então, compará-los com programa de produção

emitido buscando identificar possíveis desvios que demandem ações corretivas. Esta

seqüência de atividades executadas pelo acompanhamento e controle de produção pode ser

desenvolvida pelo controle administrativo (filosofia conhecida com Controle de Qualidade

Total – TQC).

O TQC define um processo como a reunião organizada de seis fatores, ou causas,

conhecidos como os “6M” ( matérias-primas, máquinas, mão-de-obra, métodos, medidas e

meio ambiente), no sentido de gerar uma saída ou um efeito (em nosso caso, um produto).

Pode-se dizer que um problema ocorre em um processo quando um índice de controle

deste processo está fora do padrão esperado. Logo, a idéia geral no TQC é de que para

mantermos um processo sobre controle, devemos estabelecer itens de controle sobre seu

efeito, e itens de verificação sobre suas causas, de maneira que sempre que um problema

ocorra, ou seja, o índice de controle esteja fora do padrão, o processo seja analisado e

identificado, através de seus índices de verificação, quais as causas que geraram este

problema. Estas causas devem ser atacadas e bloqueadas para evitar que problemas futuros

desta natureza tornem a ocorrer.

Esta lógica do TQC é justamente o que se espera da função de acompanhamento e

controle da produção realizada pelo pessoal do PCP, ou seja, o PCP deve manter itens de

controle relacionados ao desempenho do processo produtivo quanto à qualidade, custo,

entrega e serviços do programa de produção emitido. O método gerencial empregado para

operacionalizar o controle de processos é chamado de PDCA.

O PDCA é um método de gerenciamento da qualidade proposto pelo TQC. Ele é

composto de quatro etapas básicas seqüenciais, formando um ciclo fechado que são: planejar

(Plan), executar (Do), verificar (Check) e agir corretivamente (Action). A proposta do TQC é

de que cada pessoa na empresa, dentro da sua atribuição funcional, empregue o ciclo PDCA

para gerenciar as funções, garantindo o atendimento dos padrões. O PCP, como co-

responsável pela eficiência no atendimento do programa de produção, deve atuar e apoiar os

participantes da cadeia produtiva no gerenciamento do ciclo PDCA.

Em decorrência do método de gerenciamento proposto pelo ciclo PDCA, cada vez que

um problema é identificado e solucionado, o sistema produtivo passa para um patamar

superior de qualidade. Assim, busca-se trabalhar dentro da visão de melhoramento contínuo,

em que problemas são vistos como oportunidades para melhorar o processo.

25

Page 36: Sistemas de Produção

Pode-se observar na figura 6 o Ciclo PDCA do TQC.

6

6

54

3

2

1

A

C

P

D

Agir corretivamente

Verificar os resultados

Realizar o trabalhoe coletar dados

Educar e treinarSegundo o método

Definir o método paraalcançar as metas

Definir as metas sobre os itens de controle

Figura 6 – Ciclo PDCA do TQC adaptado por Tubino, 2000.

6 CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO

Uma das utilidades das classificações dos sistemas de produção é permitir discriminar

grupos de técnicas de planejamento e gestão da produção apropriadas a cada tipo particular de

sistema, o que racionaliza a escolha e a tomada de decisão sobre qual delas adotar em

determinada circunstância. A partir da literatura disponível percebe-se que existem diversas

maneiras de apresentar as classificações dos sistemas de produção, podendo levar a confusão

ao invés de ajudar no aprendizado:

Zacarelli (1979, p.12) fala em classificação de indústrias e estabelece duas grandes

classes, cada uma com subclasses:

- Indústrias do tipo contínuo: onde os equipamentos executam as mesmas operações

de maneira contínua e o material se move com pequenas interrupções entre eles até

chegar a produto acabado. Pode se subdividir em:

26

Page 37: Sistemas de Produção

- Contínuo puro: uma só linha de produção, os produtos finais são exatamente iguais e

toda a matéria-prima é processada da mesma forma e na mesma seqüência;

- Contínuo com montagem ou desmontagem: varias linhas de produção contínua que

convergem nos locais de montagem ou desmontagem;

- Contínuo com diferenciação final: características de fluxo igual a um ou outro dos

subtipos anteriores, mas o produto final pode apresentar variações.

- Indústrias do tipo intermitente: diversidade de produtos fabricados e tamanho

reduzido do lote de fabricação determinam que os equipamentos apresentem variações

freqüentes no trabalho. Subdividem-se em:

- Fabricação por encomenda de produtos diferentes: produto de acordo com as

especificações do cliente e a fabricação se inicia após a venda do produto;

- Fabricação repetitiva dos mesmos lotes de produtos: produtos padronizados pelo

fabricante, repetitividade dos lotes de fabricação, pode-se ter as mesmas características

de fluxo existente na fabricação sob encomenda.

Moreira (1998, p.8) define o que é um sistema de produção e descreve brevemente

seus elementos e suas interações. Apresenta então duas classificações de sistemas de

produção, à primeira denomina Classificação Tradicional e à segunda Classificação Cruzada

de Schroeder.

A Classificação Tradicional, em função do fluxo do produto, agrupa os sistemas de

produção em três grandes categorias:

a) Sistemas de produção contínua ou de fluxo em linha: apresentam seqüência linear

de fluxo e trabalham com produtos padronizados

i) produção contínua propriamente dita: é o caso das indústrias de processo, este tipo

de produção tende a ter um alto grau de automatização e a produzir produtos altamente

padronizados;

ii) produção em massa: linhas de montagem em larga escala de poucos produtos com

grau de diferenciação relativamente pequeno

b) Sistemas de produção intermitente (fluxo intermitente)

i) por lotes: ao término da fabricação de um produto outros produtos tomam seu lugar

nas máquinas, de maneira que o primeiro produto só voltará a ser fabricado depois de algum

tempo

ii) por encomenda: o cliente apresenta seu próprio projeto do produto, devendo ser

27

Page 38: Sistemas de Produção

seguidas essas especificações na fabricação.

c) Sistemas de produção de grandes projetos sem repetição: produto único, não há

rigorosamente um fluxo do produto, existe uma seqüência predeterminada de

atividades que deve ser seguida, com pouca ou nenhuma repetitividade.

A Classificação Cruzada de Schroeder considera duas dimensões. De um lado, a

dimensão tipo de fluxo de produto de maneira semelhante à classificação tradicional. De

outro, a dimensão tipo de atendimento ao consumidor, onde existem duas classes:

- Sistemas orientados para estoque: produto é fabricado e estocado antes da demanda

efetiva do consumidor. Este tipo de sistema oferece atendimento rápido e a baixo

custo, mas a flexibilidade de escolha do consumidor é reduzida;

- Sistemas orientados para a encomenda: as operações são ligadas a um cliente em

particular, discutindo-se preço e prazo de entrega

Dessa maneira Moreira apresenta um quadro de duas entradas, na horizontal os tipo de

fluxo do produto e na vertical a orientação para estoque ou para encomenda, com exemplos de

indústrias e do setor de serviços .

Russomano, citando Moreira (1993), apresenta os três tipos clássicos:

- Contínuo ou em linha

- Intermitente (repetitiva ou não)

- Construção de projetos

Acrescenta o tipo Misto, onde a fabricação de componentes é feita de maneira

intermitente nas seções de fabricação e a montagem do produto final é feita de maneira

contínua na linha de montagem.

Apresenta também a classificação de Schroeder, como uma classificação cruzada que

além do critério do fluxo do produto, leva em conta a decisão de produzir: antecipada ou sob

encomenda. O quadro de exemplos que apresenta menciona os mesmos exemplos que

Moreira para produção contínua e intermitente, porém não considera o tipo por projetos.

Plossl (1993, p.55) com um enfoque pragmático, afirma que do ponto de vista

gerencial a classificação mais útil é por tipo de produção:

28

Page 39: Sistemas de Produção

- Fabricado sob medida ou pedido (poucos de um tipo)

- Lote ou intermitente (muita variedade, volume reduzido)

- Processo ou contínuo (pouca variedade, grande volume)

- Repetitivo (pouca variedade, grande volume)

- Controlada – rigidamente regulamentada pelo governo (alimentos, produtos

farmacêuticos, serviços públicos)

Tubino (2000, p.27) discute de maneira mais ampla as classificações dos sistemas de

produção, identifica o critério que serve de base para três delas:

a) pelo grau de padronização dos produtos

- sistemas que produzem produtos padronizados: bens ou serviços que apresentam alto

grau de uniformidade e são produzidos em grande escala;

- sistemas que produzem produtos sob medida: bens ou serviços desenvolvidos para

um cliente específico.

b) pelo tipo de operação

- processos contínuos: envolvem a produção de bens ou serviços que não podem ser

identificados individualmente

- processos discretos: envolvem a produção de bens ou serviços que não podem ser

isolados, em lotes ou unidades, e identificados em relação aos demais. Podem ser

subdivididos em:

- processos repetitivos em massa: produção em grande escala de produtos altamente

padronizados;

- processos repetitivos em lote: produção em lotes de um volume médio de bens ou

serviços padronizados;

- processos por projeto: atendimento de uma necessidade específica dos clientes, o

produto concebido em estreita ligação com o cliente tem uma data determinada para

ser concluído. Uma vez concluído, o sistema de produção se volta para um novo

projeto.

c) pela natureza do produto

- manufatura de bens: quando o produto fabricado é tangível

- prestador de serviços: quando o produto gerado é intangível

Slack (1997, p.36) apresenta um modelo de transformação que nada mais é do que a

29

Page 40: Sistemas de Produção

aplicação da teoria de sistemas á análise dos sistemas de produção. Depois de descrever

detalhadamente cada um de seus elementos, apresenta uma classificação cruzada em função

dos tipos de recursos a serem transformados e dos tipos de processos de transformação (ver

figura 7).

Posteriormente Slack (1997, p.49) se ocupa sobre os tipos de operações de produção e

estabelece quatro medidas que considera importantes para distinguir entre diferentes

operações: volume de saídas, variedade de saídas, variação da demanda das saídas, e o grau

de contato com o consumidor envolvido na produção da saída. Para cada uma destas medidas

considera um continuum e descreve as implicações para o sistema de produção.

No capítulo 4 Slack (1997, p.135), considerando o continuum volume no eixo vertical

e o continuum variedade no eixo horizontal identifica:

a) tipos de processos em manufatura (em ordem de variedade crescente e volume

decrescente)

- processos contínuos

- processos de produção em massa

- processos em lotes ou bateladas

- processos de jobbing

- processos de projeto

b) tipos de processos em serviços (em ordem de volume crescente e variedade

decrescente)

- serviços profissionais

- lojas de serviços

- serviços de massa

30

Page 41: Sistemas de Produção

6.1 TEORIA DE SISTEMA COMO BASE PARA ENTENDER AS CLASSIFICAÇÕES

Recursos a seremtransformados

Processo de transformação Bens e serviçosEntradas

Recursos de transformação

Saídas

Ambiente

Ambiente

Figura 7 – Modelo de sistema de produção adaptado por Slack,1997.

Considerando o modelo apresentado por Slack como base para a análise de um sistema

de produção podemos estabelecer relações entre os elementos do sistema e os critérios das

diversas classificações.

Analisando as entradas

a) em função do tipo de recursos a serem transformados

- sistemas predominantemente processadores de materiais

- sistemas predominantemente processadores de informações

- sistemas predominantemente processadores de consumidores

Analisando o processo de transformação

b) em função da ação principal do processo de transformação

- sistemas que transformam as propriedades físicas

- sistemas que transformam as propriedades informativas

- sistemas que mudam a posse ou propriedade

- sistemas que mudam a localização

- sistemas que estocam ou acomodam

- sistemas que mudam o estado fisiológico ou psicológico

31

Page 42: Sistemas de Produção

c) em função do fluxo dentro do processo de transformação

- fluxo contínuo

- contínuo puro

- contínuo com montagem ou desmontagem

- contínuo com diferenciação final

- fluxo intermitente

- fluxo misto

- por projetos

Observe-se que nos três primeiros os equipamentos e mão-de-obra geralmente têm

localização fixa enquanto existe um fluxo de materiais que passam de um posto de trabalho a

outro. Porém, no caso do tipo por projetos o produto fica estático ou fixo e os materiais,

equipamentos e mão-de-obra se movimentam até o mesmo.

d) em função da decisão de produzir

- antecipada ou para estoque

- sob encomenda

e) em função do grau de contato com o consumidor

- alto grau de contato ou linha de frente

- baixo grau de contato ou retaguarda

Analisando as saídas

f) em função da natureza das saídas

- fabricação ou manufatura de produtos, quando se trata de uma saída tangível, que

pode ser estocada e transportada

- geração ou prestação de serviço, quando a saída é intangível, consumida

simultaneamente com a sua produção, onde é indispensável a presença do consumidor e não

pode ser estocada ou transportada

g) em função do volume de saídas

- alto volume

- médio volume

- baixo volume

h) em função da variedade ou padronização das saídas

- alta variedade de saídas ou produtos sem nenhuma padronização

- variedade média de saídas ou produtos com alguma padronização

- baixa variedade de saídas ou produtos altamente padronizados

32

Page 43: Sistemas de Produção

i) em função da variação da demanda pelas saídas

- produção sazonal ou com alta variação da demanda

- produção não sazonal ou com baixa variação da demanda

Todos os critérios que servem como base para as classificações acima apresentadas se

relacionam com os elementos do sistema (entradas, processo de transformação e saídas), de

maneira que resulta mais fácil compreende-las.

É verdade que algumas classificações são mais importantes do que outras quando o

objetivo é escolher a ferramenta teórica ou técnica que pode ser aplicada em determinado

sistema de produção.

7 SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO

O Sistema Toyota de Produção nasceu da necessidade. de Restrições de mercado onde

requereram a produção de pequenas quantidades de muitas variedades de itens, sob condições

de baixa demanda. Sua implementação começou logo após a Segunda Guerra Mundial, mas

despertou atenção da indústria japonesa depois da crise do petróleo ao final de 1973.

O dia 15 de agosto de 1945, dia em que o Japão perdeu a Guerra, marcou também um

novo começo para a Toyota. Seu presidente à época, Toyoda Kiichiro lançou o seguinte

desafio:

“Alcançar a América em três anos". De outra maneira, a indústria automobilística

japonesa não sobreviveria” (Ohno, 1988).

Em 1937, um trabalhador alemão produzia três vezes o que fazia um japonês. A razão

entre americanos e alemães era a mesma. Isto fazia com que a razão entre a força de trabalho

japonesa e americana ficasse em 1 para 9. Ou seja, o povo japonês estava perdendo algo. O

pensamento que vingou no país era de que, se pudesse eliminar a perda, a produtividade

poderia se multiplicar por dez. Esta idéia marcou o início do Sistema Toyota de Produção

(Ohno, 1988).

Como a meta estava clara, a atividade na Toyota se mostrou focalizada e vigorosa era

buscar um novo método de produção que poderia eliminar perdas e ajudar a alcançar a

América em três anos. Essa meta não foi atingida em três anos. Toyoda e Ohno levaram mais

de 20 anos para implementar completamente essas idéias, mas o impacto foi enorme, com

conseqüências positivas para a produtividade, qualidade e velocidade de resposta às demandas

33

Page 44: Sistemas de Produção

de mercado. E em 80 já era hegemônico o modelo japonês.

Em 1947, as máquinas começaram a ser arranjadas de forma que um operador

trabalhasse em três ou quatro máquinas ao longo do processo (operador multifuncional), o que

gerou sérias resistências por parte dos trabalhadores.

Após a Segunda Guerra, pressionada pela depressão, a Toyota demitiu um quarto de

sua força de trabalho, gerando uma enorme crise (houve três meses de disputas trabalhistas

devido a reduções de mão-de-obra). Esta atitude teve duas conseqüências: o afastamento do

presidente da empresa (pedido de demissão de Toyoda Kiichiro) e a construção de um novo

modelo de relação capital-trabalho que acabou se tornando a fórmula japonesa, com seus

elementos característicos como emprego vitalício, promoções por critérios de antigüidade e

participação nos lucros (Monden, 1984).

Com a guerra da Coréia, em 1950, a indústria japonesa começa a recuperar seu vigor.

Na primavera de 1950, o jovem engenheiro Eiji Toyoda empreendeu uma visita de três meses

às instalações da Ford em Detroit. De volta ao seu país, Toyoda e o seu especialista em

produção, Taiichi Ohno, refletiram sobre o observado na Ford e concluíram que a produção

em massa não poderia funcionar bem no Japão.Desta reflexão nasceu o que ficou conhecido

por Sistema Toyota de Produção.

Por décadas, na seqüência da Segunda Guerra, os ocidentais cortaram custos pela

produção em massa de pouca variedade de carros. Isto era um estilo americano de trabalho,

não japonês. O problema do Japão era como cortar custos, produzindo um pequeno número de

muitos tipos de carros.

- Os problemas para a produção em larga escala no Japão seriam:

• O mercado doméstico era pequeno e exigia uma gama muito grande de tipos de

produtos;

• A compra de tecnologia no exterior era economicamente impraticável;

• A possibilidade de exportação era remota.

Para contornar parte das dificuldades, o Ministério da Indústria e Comércio japonês

(MITI) propôs uma série de planos protegendo o mercado interno e forçando a fusão das

indústrias locais.

Em 1956, Ohno visitou, nos EUA, as plantas da GM, Ford e outras empresas. Sua

maior impressão, porém, foi com o sistema de supermercados prevalecente na América, que

34

Page 45: Sistemas de Produção

tinha chegado no Japão por volta de 1950 e já era pesquisado no país anteriormente. Fez,

então, uma conexão entre supermercado e Just in Time (JIT), surgindo a idéia do sistema

kanban, que levou dez anos para se estabelecer por completo na Toyota Motor Company. Em

1963, configurou-se o início do kanban externo, ou seja, com partes entregues pelos

fornecedores.

A crise de 1973, seguida por uma recessão, afetou toda a economia japonesa, que

experimentou crescimento zero, a partir de 1974. Porém, na Toyota Motor Company, houve

crescimento nos anos de 1975, 1976 e 1977, e isto levou as pessoas a quererem saber o que

acontecia na Toyota. Quando o crescimento rápido parou, tornou-se óbvio que a imitação do

sistema tradicional de produção em massa, americano, poderia tornar-se um pouco perigosa. E

a economia industrial japonesa rendeu-se, então, à lógica do JIT.

7.1 CONCEITOS BÁSICOS DO SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO

O objetivo da Toyota é o lucro. A busca do aumento do lucro pode se dar pelo

aumento do faturamento ou pela redução de custos.

A Toyota adota uma estratégia agressiva de marketing, lançando novos produtos

conforme necessidades detectadas em pesquisas de mercado. Na fase de planejamento e

projeto destes novos produtos, procura-se adequar o custo à margem de lucro desejada, já que

os preços geralmente são impostos pelo próprio mercado concorrencial.

Em termos de produção, o foco recai na redução de custos. Para isso, no STP, busca

incessantemente a eliminação das perdas. A identificação das perdas exige um estudo

detalhado da estrutura de produção. No STP, dois conceitos básicos são adotados: o

“Mecanismo da Função Produção” e “a lógica das “Perdas”.

7.1.1MECANISMO DA FUNÇÃO PRODUÇÃO

Para o estudo e entendimento do Sistema Toyota de Produção, é necessária a

compreensão correta do mecanismo da função produção a qual é definida por Shingo (1981)

como uma rede de processos e operações.

O transcurso de materiais até produtos intermediários e destes até produtos acabados é

definido como processo, enquanto que o curso da ação aplicada aos materiais por homens e

máquinas é definido como operação. Em outras palavras, poderia ser entendido o processo

35

Page 46: Sistemas de Produção

como sendo a transformação do "objeto" da produção e a operação como sendo a

transformação do "sujeito" da produção.

Assim, têm-se dois âmbitos de análise da produção, a saber, a análise do fluxo do

objeto da produção (análise do processo) e a análise do fluxo do sujeito da produção (análise

da operação).

Segundo Antunes Júnior (1994), a análise do mecanismo da função produção permite:

A) Compreender a lógica de concepção do STP;

B) Esclarecer um método de análise de produção que possibilita a construção de

outros sistemas alternativos ou complementares ao STP;

C) Uma análise sistemática dos conceitos de perdas, propostos por Taylor, Ford, Ohno

e Shingo.

7.1.1.1 CONTEÚDO DO PROCESSO

No processo, conforme definido anteriormente, estão envolvidos quatro fenômenos:

A) Processamento - transformação, montagem, desmontagem, etc.;

B) Inspeção - comparação com um padrão;

C) Transporte - mudança de posição;

D) Armazenagem - tempo gasto sem conduzir processamento, inspeção e

transporte.

Conseqüentemente, a melhoria de processo está vinculada a como podem ser

melhorados estes quatro fenômenos: processamento, inspeção, transporte e armazenagem.

a. MELHORIA DE PROCESSAMENTO

Num primeiro estágio, a melhoria do processamento está calcada na visão de melhoria

da Engenharia e Análise de Valores (EAV) - que considera basicamente a agregação de valor

em relação a que tipo de produto será manufaturado.

Após determinado o produto a ser feito, surge, como um segundo estágio de melhoria,

a questão de como este será produzido, sendo as melhorias baseadas em tecnologia específica

de produção e engenharia industrial.

b. MELHORIA DE INSPEÇÃO

A inspeção pode ser caracterizada da seguinte forma:

36

Page 47: Sistemas de Produção

Por objetivo:

a) Inspeção de julgamento, ou seja, para encontrar defeitos;

b) Inspeção informativa, ou seja, para prevenir defeitos posteriores.

Por abrangência:

a) Inspeção por amostragem;

b) Inspeção 100%.

Inicialmente, é necessário que se tenha em mente que os defeitos advindos do

processamento não são passíveis de mudança em um estágio de inspeção posterior, pois esta é

procedida depois da ocorrência do defeito.

Como melhoria ao supracitado, a inspeção informativa cumpre a função de informar

imediatamente ao processamento a ocorrência do defeito, norteando uma melhoria no método

de processamento. Essa transferência de informação é chamada "função de feedback da

inspeção", que por sua ação determina a redução contínua de defeitos.

Surge, em um estágio mais avançado, a inspeção na fonte, com o questionamento de

porquê apenas detectar os defeitos e não tentar preveni-los. Além disso, observa-se que a

inspeção por amostragem efetua a racionalização do método de inspeção, mas não a

racionalização da qualidade assegurada.

Prevenção de defeitos e qualidade assegurada são metas básicas do Sistema Toyota de

Produção. Dentro dessa concepção, tem-se o Sistema Poka-Yoke que, fazendo uso de

inspeção 100%, busca o atingir o “zero-defeito”

c. MELHORIA DE TRANSPORTE

Com relação ao transporte, faz-se necessária a diferenciação entre a melhoria do

processo de transporte e a melhoria da operação de transporte. A utilização de empilhadeiras,

correias transportadoras, etc., é erroneamente considerada como uma melhoria de transporte,

quando na verdade se constitui apenas de uma melhoria no trabalho de transporte.

Melhoria de transporte é a busca da eliminação do mesmo tanto quanto possível e,

para isso, deve-se promover melhoria de lay-out. Em oposição à antiga idéia do agrupamento

de máquinas semelhantes (lay-out por processo), na qual encontravam-se, entre outros,

problemas de transporte do lote de produção , concebe-se uma nova realidade, levando-se em

conta processos similares ou comuns, pela observação do fluxo de produtos (layout por

produto).

Shingo (1989) destaca o fenômeno de transporte não como atividade que agrega valor

ao produto, mas que somente eleva os custos. Portanto, ainda que o trabalho de transporte

37

Page 48: Sistemas de Produção

manual seja mecanizado, isto simplesmente significa que a exigência de alto custo de

trabalho de transporte foi convertido de manual para mecânico, o que é uma perda sem

retorno. “Conseqüentemente, devemos manter uma forte atitude considerando absoluta

eliminação de transporte.” (Shingo, 1989)

d. MELHORIA DE ARMAZENAGEM

Nos processos de transformação, existem dois tipos diferentes de estoques, a saber,

estoque entre processos e estoque por tamanho de lote.

Estoque entre processos significa, por exemplo, um lote completo de 1000 peças em

estado de espera para o processo seguinte. Esse estoque depende de como o fluxo entre

processos é arranjado e de como são administrados os estoques de amortecimento de

problemas da produção (parada de máquina, produtos defeituosos, etc.).

Estoque por tamanho de lote significa, por exemplo, no caso de um lote de produção

de 1000 peças, quando a primeira peça é processada, as restantes 999 são estocadas em estado

não processado. Quando a segunda peça está em processamento, tem-se 998 em estoque não

processado e 1 em estoque processado. Dessa forma, o lote inteiro está em situação de estoque

(espera) até que o processamento é concluído. Nesse caso, o lote de transferência (lote de

transporte) é de 1000 peças.

O STP tem por fundamento a eliminação total de estoques e com esse intuito

implementa as melhorias a seguir descritas.

- MELHORIA DE ESTOQUE ENTRE PROCESSOS

Do ponto de vista dos fluxos entre processos, no STP a redução de estoques é

alcançada pelo nivelamento das quantidades e pela sincronização da produção.

O nivelamento consiste da produção equivalente em cada processo, ou seja, balancear

tanto a quantidade de produção quanto a capacidade de processamento. A sincronização vem

como resultado do nivelamento da produção, adicionando um parâmetro temporal, no qual se

garante o ajuste do fluxo dos processos.

Nos sistemas de produção tradicionais, os estoques de amortecimento são

considerados como um "mal necessário" por serem uma medida de segurança do processo

contra:

a) paradas de máquinas;

b) produção de defeitos;

c) troca de ferramenta;

d) mudança do plano de produção pelo incremento das quantidades;

38

Page 49: Sistemas de Produção

e) diferença nas capacidades das máquinas;

f) diferença nos tempos de operação, entre outras razões.

O STP opõe-se ao estabelecimento de estoques de amortecimento, eliminando suas

justificativas de ocorrência, utilizando, respectivamente:

a) TPM - Eliminação de quebras de máquinas;

b) Poka-Yoke (zero defeito);

c) Sistema SMED (Single Minute Exchange of Die - Troca Rápida de Ferramenta);

d) Diminuição do lead-time (tempo de atravessamento) através da adoção do Sistema

SMED e da pré-automação;

e) Produção nivelada;

f) Sincronização.

Segundo Shingo (1989), a redução de estoque entre processos somente pode ser

alcançada depois de melhorados transporte, inspeção e as causas de instabilidade de

processamento.

- MELHORIA DO ESTOQUE POR TAMANHO DE LOTE

No STP, adota-se a idéia do lote de transporte unitário, ou seja, após processada a peça

no processo precedente ela deve ser imediatamente transportada ao processo subseqüente, não

havendo a situação de espera até que todo o lote seja processado. Nessa condição, poder-se-ia

trabalhar com um lote de produção de 1000 peças, porém seu lote de transferência seria de 1

peça. Ressalta-se que a diminuição do lote de transporte acarreta no aumento do número de

transportes, evidenciando a necessidade de um prévio rearranjo do lay-out.

A real intenção de todas essas melhorias é a redução do tempo de atravessamento

(lead-time), a redução dos custos associados e o conseqüente aumento do faturamento.

7.1.1.2 CONTEÚDO DA OPERAÇÃO

A cada tipo de processo, tem-se uma operação correspondente, a saber, operação de

processamento, operação de inspeção, operação de transporte e operação de armazenagem.

Cada operação constitui-se de preparação e operação principal.

1. MELHORIA DA PREPARAÇÃO

O STP tem como ponto pivotal o Sistema SMED (Single Minute Exchange of Die) ou

OTED (One Touch Exchange of Die), desenvolvidos por Shigeo Shingo. Uma troca de

39

Page 50: Sistemas de Produção

ferramentas procedida num espaço de tempo inferior a 10 minutos é classificada como

SMED, ou seja, apenas um dígito de minuto (Single Minute). De forma análoga, a troca em

menos de 1 minuto é classificada como OTED ("Um toque"), que constitui-se um avanço em

relação à primeira.

O Sistema SMED desempenha um papel fundamental na capacidade de adaptação do

STP às oscilações de mercado, pois possibilita a flexibilização da produção.

2. MELHORIA DA OPERAÇÃO PRINCIPAL

A operação principal constitui-se na função essencial diretamente ligada às operações

de processamento, inspeção, transporte e armazenagem. Pode ser dividida em operação

essencial e operação auxiliar. A melhoria da operação essencial é considerada como inovação

tecnológica propriamente dita, ou seja, melhoria em máquinas, automação, etc. A melhoria de

operação auxiliar constitui-se da simplificação, facilitação ou conexão e desconexão

automática de produtos das máquinas.

No tocante à operação, o STP insere a idéia da separação homem-máquina, sustentada

pela autonomação, possibilitando ao trabalhador a operação simultânea de vários

equipamentos, introduzindo o conceito inovador de trabalhador multifuncional.

Shingo (1989) relata que as principais melhorias estão necessariamente associadas ao

processo, argumentando que os processos servem aos clientes e as operações melhoram a

eficiência das partes. Assim, é possível que mesmo que as operações, localizadamente,

possam apresentar resultados excelentes, como, por exemplo, uma máquina de concepção

muito moderna, o sistema produtivo em sua globalidade não esteja otimizado.

Em geral, no Ocidente, os conceitos de processo e operação são imaginados como

pertencentes a um mesmo eixo de análise. Operação estaria diretamente relacionada com

pequenas unidades de análise, ao passo que processo é visualizado a partir de grandes

unidades de análise. Assim, os processos seriam constituídos de um grupo de operações.

Deriva diretamente deste raciocínio que, uma vez obtidas melhorias nas operações

(nível micro), automaticamente estaria obtendo-se melhoria no processo (nível macro) do qual

faz parte este conjunto de operações. Dentro desta visão, os sistemas produtivos são vistos a

partir de uma ótica linear onde não existe uma maior diferenciação entre os conceitos de

operação e processo.

40

Page 51: Sistemas de Produção

7.1.2 A LÓGICA DAS PERDAS

Os princípios de produção defendidos por Ohno e Shingo, mentores do Sistema

Toyota de Produção, estão fortemente vinculados com o conceito de perdas. A noção de

perdas entre os industriais no início do século estava ligada basicamente com o desperdício de

materiais. Taylor (Taylor, 1992) associava a visão de perdas diretamente à problemática da

eficiência industrial nos EUA e mantinha uma posição pragmática frente à postura

hegemônica na época.

Taylor associava, enfim, as perdas a algumas causas fundamentais, entre elas:

a) a falta de uma visão gerencial por parte do capital, relativamente à questão do

treinamento e da formação das pessoas e da forma de organizá-las segundo a ótica do capital;

b) a deficiente visão sistêmica da organização da produção na época.

Ford, na mesma linha de pensamento, questiona o que seria necessário colocar no

centro da problemática do desperdício e, como proposta, sugere que seja o trabalho humano.

Ford parte do princípio de que os materiais nada valem, adquirindo importância na medida em

que chegam às mãos dos trabalhadores. Ou seja, dentro da lógica de agregação de valor, os

materiais eram visualizados meramente como objetos da produção. As perdas de materiais

implicariam diretamente na utilização desnecessária do trabalho humano.

Ohno (1988) diz que o pensamento de Henry Ford é universal e ortodoxo no que

concerne à análise das perdas no negócio. Daí a importância histórica do pensamento de Ford

para o desenvolvimento do conceito de perdas. Segundo o mesmo autor, para implantar o

STP, deve haver uma total compreensão do conceito das perdas, para poder-se detectá-las e

buscar-se sua eliminação. Ohno propõe que os analistas industriais tenham uma visão

dinâmica dos sistemas produtivos que, no longo prazo, aponte para a "perda-zero".

Ohno (1988) observa que é necessário dividir o movimento dos trabalhadores em duas

diferentes dimensões: trabalho e perdas. O trabalho pode ainda ser subdividido em dois

grupos: trabalho efetivo - que adiciona valor (value added work) e trabalho adicional – que

não adiciona valor (non value added work). O trabalho efetivo significa algum tipo de

processamento, como definido anteriormente. Trabalho adicional é necessário para suportar o

trabalho que adiciona valor. São atividades que devem ser feitas diante das presentes

condições de trabalho. Perda constitui-se, conceitualmente, de trabalho desnecessário, ou

ações que geram custos, porém não adicionam valor ao produto/serviço.

41

Page 52: Sistemas de Produção

O objetivo exposto por Ohno (1988), no STP, consiste em aumentar a taxa de trabalho

que adiciona valor - eliminando perdas, minimizando trabalho adicional e maximizando

trabalho efetivo.

Segundo Ohno (1988), são sete as grandes perdas a serem perseguidas no STP:

1 - Perdas por superprodução

2 - Perdas por transporte

3 - Perdas no processamento em si

4 - Perdas por fabricar produtos defeituosos

5 - Perdas no movimento

6 - Perdas por espera

7 - Perdas por estoque

O que se tenta alertar é para a necessidade de mensuração destas perdas. E um sistema

de controle e custeio deve suprir esta demanda. No Japão, a deficiência no controle de custos

talvez não seja tão grave, pois sua ênfase forte em planejamento reduz, de certa forma, a

necessidade de um controle rigoroso.

7. 2 OS DOIS PILARES DO SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO

O conceito-base inicial do STP era, e ainda o é, a total eliminação de perdas e a

redução do trabalho adicional. Os dois pilares necessários para suportar o sistema são:

• Just-in-Time;

• Autonomação, ou automação com toque humano.

7.2.1 JIT

“Just in time é um sistema de administração da produção que determina que nada deve

ser produzido, transportado ou comprado antes da hora exata. Pode ser aplicado em qualquer

organização, para reduzir estoques e os custos decorrentes.”(Wikipédia).

Toyoda Kiichiro disse, certa vez, a seu primo Toyoda Eij que o melhor meio de

trabalhar seria ter todas as partes necessárias para a montagem, ao lado da linha, exatamente

na hora (Just in time) de seu uso. Assim surgiu a idéia deste primeiro pilar do STP.

Just-in-time significa que, num fluxo de processo, as partes necessárias são

alimentadas no tempo certo, no local certo e na quantidade necessária. Uma empresa que

42

Page 53: Sistemas de Produção

consegue estabelecer este fluxo pode buscar uma situação de inventário-zero. Just-in-time é

mais que um sistema de redução de estoque, mais que redução de tempo de preparação, mais

que usar kanban, mais que modernizar a fábrica. É fazer a fábrica operar para a empresa,

assim como o corpo humano opera para o indivíduo. O sistema nervoso autônomo responde

quando surge um problema no corpo. O mesmo ocorre numa fábrica. Deve haver um sistema

que responde automaticamente quando problemas ocorrem. Essa função é cumprida pelo Just-

in-time (Ohno, 1988).

Outra definição de just-in-time é a seguinte:

“A filosofia JIT constitui-se em uma estratégia de competição industrial, desenvolvida

inicialmente no Japão, e que objetiva fundamentalmente dar uma resposta rápida e flexível às

flutuações do mercado (orientado para o consumidor), e isto associado a um elevado nível de

qualidade e custos reduzidos para os produtos. Ou seja, trata-se de uma estratégia que dá

ênfase à redução da quantidade de produtos em processo, de matérias-primas e de produtos

acabados, o que acaba proporcionando uma maior circulação do capital.”

(Antunes Júnior & Kliemann Neto, 1993).

Segundo Tubino, 2000, as características do JIT são:

- Produção focalizada;

- Produção Puxada;

- Nivelamento da produção;

- Redução de lead times;

- Fabricação de pequenos lotes;

- Redução de setups;

- Manutenção preventiva;

- Polivalência;

- Integração interna e externa, etc.

7.2.1.1 KANBAN DE PRODUÇÃO

O sistema Kanban foi desenvolvido na década de 60 pelos engenheiros da Toyota

Motors Cia, com objetivo de tornar simples e rápidas as atividades de programação, controle e

acompanhamento de sistemas de produção em lotes. Este sistema foi projetado para ser usado

dentro do contexto mais amplo da filosofia Just in time, e busca fornecer os itens da produção

apenas nas quantidades necessárias e no movimento necessário, daí a origem do termo Just in

43

Page 54: Sistemas de Produção

time para caracterizar esse tipo de sistema de produção.

O sistema Kanban caracteriza-se por “puxar” os lotes dentro do processo produtivo,

enquanto que os métodos tradicionais de programação da produção, “empurram” um conjunto

de ordens para serem feitas no período. Como se pode ver na figura 8, ilustrada abaixo:

Programação da produção

OM

MP Processo Processo Processo PA

Puxar a produção

Programação da produção

OMOFOF

MP Processo Processo Processo PA

Empurrar a produção

Figura 8 – Empurrar e puxar a produção adaptado por Tubino,2000.

Nos sistemas convencionais de empurrar a produção, elabora-se periodicamente, para

atender ao PMP, um programa de produção completo, da compra da matéria-prima à

montagem do produto acabado, transmitindo aos setores responsáveis por meio da emissão de

ordens de compra, fabricação e montagem, não sem antes passá-lo por uma etapa de

seqüenciamento, para adequá-lo às restrições de capacidade física do processo produtivo. No

próximo período de programação, em função dos estoques remanescentes, programam-se

novas ordens para atender a um novo PMP.

No sistema Kanban de puxar a produção não se produz nada até que o cliente (interno

ou externo) de seu processo solicite a produção de determinado item. Neste caso, a

programação da produção usa as informações do PMP para emitir ordens apenas para o

último estágio do processo produtivo. À medida que o cliente de um processo necessita de

itens, ele recorre aos Kanbans em estoque neste processo, acionando diretamente o processo

44

Page 55: Sistemas de Produção

para que os Kanbans dos itens consumidos sejam fabricados e repostos aos estoques.

Assim, o sistema Kanban, agindo dessa forma, simplifica muito as atividades de curto

prazo desempenhadas pelo PCP nos processos repetitivos em lotes, delegando-as aos próprios

funcionários do chão de fábrica. Abaixo temos os tipos de cartão Kanban usados:

- Kanban Eletrônico

Embora o sistema de Kanban físico seja mais conhecido, muitas empresas têm

implementado sistemas de Kanban Eletrônico (e-Kanban) em substituição ao sistema

tradicional. Vários sistemas ERP (Enterprise Resource Planning) oferecem a possibilidade de

utilização integrada do Kanban Eletrônico, permitindo sinalização imediata da demanda real

do cliente em toda a Cadeia de fornecimento. O sistema eletrônico tem como um de seus

principais objetivos eliminar problemas comuns à utilização do sistema físico de Kanban

como a perda de cartões e a atualização dos quadros.

- Kanban de Produção

Kanban de Produção é o sinal (usualmente cartão ou caixa) que autoriza a produção de

determinada quantidade de um item. Os cartões (ou caixas) circulam entre o processo

fornecedor e o supermercado, sendo afixados junto às peças imediatamente após a produção e

retirados após o consumo pelo cliente, retornando ao processo para autorizar a produção e

reposição dos itens consumidos.

- Kanban de Movimentação

Kanban de Movimentação, também chamado de Kanban de Transporte, é o sinal

(usualmente um cartão diferente do Kanban de Produção) que autoriza a movimentação física

de peças entre o supermercado do processo fornecedor e o supermercado do processo cliente

(se houver). Os cartões são afixados nos produtos (em geral, o cartão de movimentação é

afixado em substituição ao cartão de produção) e levados a outro processo ou local, sendo

retirados após o consumo e estando liberados para realizar novas compras no supermercado

do processo fornecedor.

Porém a empresa pode utilizar de outros meios para passar essas informações, entre os

quais podemos citar o kanban contenedor, o quadrado kanban, o painel eletrônico e o kanban

informatizado.

Segundo Tubino,2000,pg197,tem-se:

- Cartão Kanban de produção

45

Page 56: Sistemas de Produção

- Cartão Kanban de requisição interna

- Cartão Kanban de fornecedor

- Painel porta-Kanban

7.2.2 AUTONOMAÇÃO

Autonomação descreve um recurso de projeto de máquinas para desempenhar o

princípio de "Jidoka" utilizado pelo Sistema Toyota de Produção . Autonomação, ou Jidoka,

pode também pode ser descrito como "automação inteligente'" ou "automação com toque

humano". Este tipo de automação implementa algumas funções supervisoras antes das

funções de produção. Na Toyota isto geralmente significa que, se uma situação anormal

aparecer, a máquina pára e o os operários pararão a linha de produção. Autonomação previne

produtos defeituosos, elimina superprodução e foca a atenção na compreensão do problema e

assegurar que esse problema não se repita.

O outro pilar do STP é chamado autonomação que não deve ser confundida com

automação. A autonomação consiste em facultar ao operador (ou à máquina) a autonomia de

interromper a operação sempre que ocorrer alguma situação anormal ou quando a quantidade

planejada de produção for atingida. Pode ser aplicada em operações manuais, mecanizadas ou

automatizadas.

A origem histórica do conceito de autonomação vem de um questionamento de Ohno

acerca da razão por que uma pessoa na Toyota Motor Company operava apenas uma máquina,

enquanto na Toyota Spinning & Weaving uma mulher era capaz de cuidar de 40 a 50 teares

automatizados. Surgiu, então, a idéia de elaborar teoricamente a prática iniciada por Toyoda

Sakichi na Toyota têxtil.

No STP, autonomação busca Qualidade Assegurada, pois permite que a linha seja

parada no caso de detecção de peças defeituosas, gerando ação imediata de correção da

anormalidade. Essa intervenção, segundo Monden (1984), valoriza a atuação do operário e

estimula a aplicação de melhorias. O Poka-Yoke é uma ferramenta útil para implantação da

autonomação (Jidoka).

Um sistema de controle visual que indique as paradas é essencial para a orientação das

ações corretivas. Utiliza-se, para isso, um painel luminoso em cada linha, fixado em posição

46

Page 57: Sistemas de Produção

de visibilidade total, com lâmpadas de indicação da condição da linha e de chamada de

assistência, acionado por qualquer operador da linha. Este sistema de controle visual da linha

é chamado de Andon.

Como resultado da autonomação, tem-se mudanças no gerenciamento do chão-de-

fábrica. O operador não é necessário enquanto a máquina trabalha normalmente. Apenas

quando a máquina pára por uma situação anormal, é requerida a atenção humana. Desta

forma, um operador pode atender várias máquinas (operador multifuncional), flexibilizando a

mão-de-obra nas células de trabalho (Shojinka), tornando possível reduzir o quadro

(Shoninka), melhorar a qualidade (menor produção de defeitos), e daí aumentando a

eficiência da produção. A chave da autonomação é dar à máquina a inteligência humana e, ao

mesmo tempo, adaptar o movimento humano às máquinas autônomas.

Ohno (1988) faz uma analogia com um time de baseball para definir a relação entre os

dois pilares do STP, colocando a autonomação como a habilidade e o talento individual dos

jogadores e o JIT como o time que joga bem, jogando junto. O time está envolvido pelos

mesmos objetivos comuns (JIT) e a autonomação elimina perdas importantes como:

superprodução, espera e fabricação de produtos defeituosos. Um time campeão, entende-se

Toyota, combina o jogo de equipe com a habilidade individual, e aí está a força da sinergia

destes dois fatores.

47

Page 58: Sistemas de Produção

Conclusão

A globalização obrigou que se introduzissem diversas mudanças nos Sistemas de

Produção, a principal delas está sendo a ampliação do conceito de qualidade de produto ou

serviço. Tradicionalmente julgávamos a qualidade de um produto ou serviço apenas pelo seu

aspecto funcional. Hoje o conceito modificado de qualidade incorpora, quando pouco, os

conceitos de preço, prazo de entrega e estrutura de serviços que se coloca a disposição do

cliente no pós-venda. A qualidade do produto ou serviço produzido em uma determinada

região ou país deve satisfazer as exigências do mercado local e as exigências do novo

conceito de qualidade em nível mundial, se a empresa desejar manter-se em crescimento no

mercado.

No Brasil estas mudanças vêm penalizando seriamente alguns setores da economia,

acostumados à proteção do Estado e ao despreparo do consumidor. Esses conceitos estão

desaparecendo rapidamente. Estamos no domínio da competitividade, do custo mundial e da

qualificação profissional. O Brasil, apesar das dificuldades adicionais que se vê obrigado a

enfrentar como os encargos sociais na contratação de empregados, desproporcional carga de

tributos, dificuldades na política de exportação, estrutura de transportes ultrapassada, vem

respondendo bem, tornando-se, por exemplo, o país onde se emitem o maior número de

Certificados de I.S.O 9000, proporcionalmente ao seu número de empresas em todo o mundo.

A área de produção seja ela voltada para o setor de produtos ou mais recentemente de

serviços é desafiante e normalmente decide o sucesso ou o fracasso de uma empresa.

Dentro desse panorama o que se espera do Administrador, ligado à área de produção,

é que seja conhecedor do mercado em que está atuando, e esteja munido de informações em

número suficiente para tomar as constantes decisões que lhe serão solicitadas.

48

Page 59: Sistemas de Produção

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<http://pt.wikipedia.org/wiki/Produ%C3%A7%C3%A3o_em_massa>. Acesso em:

20/07/2009.

50

Page 61: Sistemas de Produção

Anexos

Anexo 1: Exemplos de operações produtivas

Tipos de Operações Sistemas Produtivos

Produção de bens

Manufaturas, construção civil, estaleiros,

minerações, agropecuária

Movimentação e

armazenagem

Correio, hotelaria, transportadoras, aerolinhas,

entrepostos.

Entretenimento e

comunicação

Estações de TV e rádio, clubes, estúdios de

cinema, jornais.

Aluguel permuta e

empréstimos

Banco, operadoras de leasing, seguradoras,

locadoras de bens.

Tubino,2000, p.19

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Page 62: Sistemas de Produção

Anexo 2: Exemplos de entradas, conversões e saídas

Insumos Conversão Saídas

Fábrica de eletrodomésticos

Matérias - primas Conformação Liquidificadores

Componentes Montagem Batedeiras

Equipamentos Inspeção Torradeiras

Instalações Armazenagem Multiprocessadores

Mão –de- Obra Expedição Centrífugas

Transportadora de bens e valores

Carros fortes Coleta dos bens e valores

Transporte de bens e

valores

Combustíveis

Transporte dos bens e

valores

Segurança de bens e

valores

Rastreadores Guarda dos bens e valores

Mão -de- Obra

Hospital

Instalações Recepção Pacientes curados

Equipamentos Exame

Médicos, Enfermeiros,

Ajudantes Terapia

Medicamentos Medicação

Laboratórios Cirurgia

Tubino,2000, p.20

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Page 63: Sistemas de Produção

Anexo 3: Descrição dos critérios de desempenho

Critérios Descrição

Custo Produzir bens/serviços a um custo mais baixo do que a concorrência

Qualidade

Produzir bens/serviços com desempenho de qualidade melhor que a

concorrência

Desempenho de

Entrega

Ter confiabilidade e velocidade nos prazos de entrega dos

bens/serviços melhores que a concorrência

Flexibilidade

Ser capaz de reagir de forma rápida a eventos repentinos e

inesperados

Tubino,2000, p.40

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