Saiba+ - Edição Maio de 2013

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Faculdade de Jornalismo Puc-Campinas 22 de maio de 2013 Teatro “Poema Bar” com Alexandre Borges conta sobre Vinícius e Pessoa Página 12 Com a constante alta no preço da gasolina incomodando a população, a consciência ambiental mais presente e ativa e a busca do mercado automobilístico por novidades para aumentar as vendas, esperava-se que o carro elétrico fosse a solução para os problemas dos consumidores e um sucesso de vendas. Porém até hoje, sete anos depois do protótipo desenvolvido no Brasil, não se vê carros elétricos pelas ruas – a frota no país não passa de 200 unidades – e o principal obstáculo são os altos impostos incidentes sobre os veículos. Página 3 Carro elétrico não tem investimento Jéssica Bigon Bárbara Bigon Caderno especial: Jornada de Jornalismo traz correspondentes internacionais A Faculdade de Jornalismo da PUC realizou, nes- te mês, a Jornada de Jornalismo. O tema da foi: Correspondentes Internacionais: a reportagem sem fronteiras. O objetivo foi proporcionar aos alunos a oportunidade de entrar em contato com jornalistas que se projetaram na tarefa de repre- sentar órgãos de comunicação. Página 7 Preços de smartphones despencam A partir deste mês, comprar smartphones vai ficar 30% mais ba- rato em comparação aos aparelhos importa- dos. Isso porque, a pre- sidenta Dilma Roussef assinou decreto redu- zindo o PIS/PASEP e COFINS desses celu- lares. Algumas das ca- ractéristicas dos apare- lhos que terão direito a desoneração serão os com internet em alta velocidade, 3G, e com valores até R$1.500. Página 4 Exercício é aliado na perda de peso Um resultado eficaz para o emagrecimento deve incluir também a atividade física, espantando o sedentarismo. “Para atingir as metas e buscar a faixa ideal de peso, devemos conciliar uma ali- mentação saudável e equilibrada, atividade físi- ca diária, respeitar no mínimo 7 horas de sono por dia, controlar o estresse”, orienta mestre em Ciência do Desporto. Página 3 Campinas e município português se tornam “cidades - irmãs” Além dos restaurantes e bares com influência de Portugal, Campinas criou mais um vínculo com o país. Em junho de 2012, pouco antes de se ini- ciar o Ano do Brasil em Portugal e de Portugal no Brasil, Cascais assinou Acordo de Gremiação, as duas cidades agora são “irmãs”. Página 11

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Faculdade de Jornalismo Puc-Campinas 22 de maio de 2013

Teatro “Poema Bar” com Alexandre

Borges conta sobre Vinícius e Pessoa

Página 12

Com a constante alta no preço da gasolina incomodando a população, a consciência ambiental mais presente e ativa e a busca do mercado automobilístico por novidades para aumentar as vendas, esperava-se que o carro elétrico fosse a solução para os problemas dos consumidores e um sucesso de vendas. Porém até hoje, sete anos depois do protótipo desenvolvido no Brasil, não se vê carros elétricos pelas ruas – a frota no país não passa de 200 unidades – e o principal obstáculo são os altos impostos incidentes sobre os veículos. Página 3

Carro elétrico não tem investimento

Jéssica Bigon

Bárbara Bigon

Caderno especial:Jornada de Jornalismo traz correspondentes internacionais

A Faculdade de Jornalismo da PUC realizou, nes-te mês, a Jornada de Jornalismo. O tema da foi: Correspondentes Internacionais: a reportagem sem fronteiras. O objetivo foi proporcionar aos alunos a oportunidade de entrar em contato com jornalistas que se projetaram na tarefa de repre-sentar órgãos de comunicação. Página 7

Preços de smartphonesdespencam

A partir deste mês, comprar smartphones vai ficar 30% mais ba-rato em comparação aos aparelhos importa-dos. Isso porque, a pre-sidenta Dilma Roussef assinou decreto redu-zindo o PIS/PASEP e COFINS desses celu-lares. Algumas das ca-ractéristicas dos apare-lhos que terão direito a desoneração serão os com internet em alta velocidade, 3G, e com valores até R$1.500.

Página 4

Exercício é aliadona perda de peso Um resultado eficaz para o emagrecimento deve incluir também a atividade física, espantando o sedentarismo. “Para atingir as metas e buscar a faixa ideal de peso, devemos conciliar uma ali-mentação saudável e equilibrada, atividade físi-ca diária, respeitar no mínimo 7 horas de sono por dia, controlar o estresse”, orienta mestre em Ciência do Desporto. Página 3

Campinas e município português se tornam “cidades - irmãs”Além dos restaurantes e bares com influência de Portugal, Campinas criou mais um vínculo com o país. Em junho de 2012, pouco antes de se ini-ciar o Ano do Brasil em Portugal e de Portugal no Brasil, Cascais assinou Acordo de Gremiação, as duas cidades agora são “irmãs”. Página 11

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22 de maio de 2013Página 2 OPINIÃO

O Jornal Saiba Mais estreia nesta edição com novo projeto gráfico. Entre outras carac-terísticas, o jornal conta com mais fotos, menos textos, mas sempre reafirmando sua responsabilidade com o leitor, trazendo informações de qualidade sobre a cidade de Campinas e da Puc, universidade onde o jornal é produzido pelos alunos de jornalismo. O projeto foi criado em 2012, durante as aulas de Planejamento Gráfico B, ministrada pelo professor Amarildo Carnicel. A partir de conhecimentos apreendidos nessas au-las, e também, através de experiências profissionais, as alunas Andréa Nunez, Heloíse Lima e Maria Eduarda Gazzetta, desenvolveram o projeto sempre pensando em uma leitura mais leve, menos cansativa e atraente. Saiba Mais reafirma seu compromisso com os leitores, mas com a qualidade editorial de sempre. Boa leitura!

EDITORIAL

ARTIGOS

Juliana Marcelino EstudantE dE Jornalismo

Jornais locais e Universidades: parceria pode dar certo

De Cara NovaRÁPIDAS

A região de Campinas recebe programa-ção da sétima edição do maior evento si-multâneo do interior e litoral de São Paulo, a Virada Cultural Paulista, que acontece nos dias 25 e 26 de maio. Os eventos são gratuitos e se espalham por 26 cidades do Estado durante 24 horas. Música, dança, teatro ou artes visuais: há opção para todos os gostos e estilos. Passam por campinas atrações como o Stand-Up Humor de Salto Alto, o cantor Emicida e a Orquestra Sinfô-nica do Estado de São Paulo. Jundiaí rece-be Clarina Fasanaro, Orquestra Jundiaiense de Viola Caipira, Gal Costa, entre outros. A programação completa pode ser encontrada em www.viradaculturalpaulista.sp.gov.br.

Em comemoração ao aniversário de 100 anos do Tênis Clube de Campinas, o clu-be organizou a exposição “Divinas”, com obras do artista plástico campineiro Renato Stegun. Aberta ao público, pode ser visita-da todos os dias até dia 31 de maio na Ga-leria de Arte Geraldo Jurgensen do Tenis, das 8h às 21h. Stegun expõem 12 telas que retratam a polivalência do universo femini-no em diferentes tons e ações. Complemen-tando a mostra, o artista organizou também a série “Divininhas”, que aborda o mesmo tema, só que em ilustrações digitais. Todas as telas estão à venda.

O Museu de Arte Contemporânea de Cam-pinas (MACC) apresenta uma seleção de 45 telas recentes de Egas Francisco, na mostra “Monstro de Gelo”, até 9 de junho, de terça a domingo. Considerado um dos grandes nomes da pintura brasileira, Egas aborda temos como cultura e ícones imor-tais. Nesta exposição há obras como au-torretratos, retratos, imagens de animais e celebridades. A entrada é gratuita.

Nos últimos dois anos presenciamos gran-

des mudanças nos tradi-cionais veículos impres-sos, resultado da procura por meios inovadores para sobreviver a um contex-to cada vez mais favorá-vel aos empreendimentos virtuais. Em entrevista ao site Observatório da Im-prensa o jornalista Alberto Dines perguntou a Warren Buffett, o terceiro homem mais rico do mundo e dono de uma série de jornais de pequeno e médio porte dos Estados Unidos, como um jornal deve se tornar indis-pensável. A resposta foi simples: tornar-se indis-pensável para parte dos lei-tores, originando um senso de comunidade. A respos-ta segue a tendência de descentralizar as notícias, recuperando os leitores a partir da revalorização comunitária. Já utilizado por alguns webjornais dos EUA, o jornalismo partici-pativo e comunitário surge como solução tanto para

os jornais locais, que re-sistem sem recursos finan-ceiros ou humanos, quanto para os de grande influên-cia, que passam a expe-rimentar novos modelos de negócios. Entretanto, um terceiro parceiro tem se tornado interessante: as universidades. O New York Times, em meados do ano passado, mostrou a iniciativa da Universidade Mercer (Georgia, EUA), que investiu US$5,6 mi-lhões ao trazer o jornal de Macon e a Georgia Public Radio para seu campus, com o objetivo de salvar o jornalismo local da cidade. A iniciativa, já seguida por três universidades de Ohio e uma de Miami, revela a necessidade de editores e professores conhecerem o futuro do jornalismo, aprendendo e trabalhando junto com os estudantes. Em meio a erros e acertos esta pode ser a saída para os futuros profissionais e a salvaguarda dos veículos locais que permanecem.

Não é talento. É dedicação

Jéssica kruck EstudantE dE Jornalismo

Jornal laboratório produzido por alunos da Faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas. Centro de Comunicação e Linguagem (CLC): Diretor: Prof. Dr. Rogério E. R. Bazi; Diretora-Adjunta: Profa. Me. Maura Padula; Diretor da Faculdade: Prof. Me. Lindolfo Alexan-dre de Souza. Tiragem: 2.000 Impressão: RAC. Professor responsável: Luiz R. Saviani Rey (Mtb13.254) Editora: Maria Eduar-da Gazzetta e Giovana Rodrigues Seabra Diagramação: Jéssica Bigon Endereço: CLC Campus I – Rodovia D. Pedro, km 136. Cep: 13086-900

Saiba +

Museu de Campinas recebe exposição do artista plástico Egas Francisco

Centenário do Tênis Clube traz exposição do artista plástico Renato Stegun

Virada Cultural apresenta programação que vai de Emicida à Orquestra Sinfônica

Dedicação. Um bom jornalista constrói sua

carreira e aprende a escre-ver bons textos com muito esforço e dedicação. Essa é a mensagem que o jor-nalista Kléster Cavalcanti, deixou aos alunos que as-sistiram a Jornada de Jor-nalismo. A leitura de bons autores e a prática de reda-ção também são elementos fundamentais para o pro-cesso de aprendizado. O melhor aqui está na pro-posta de alguns de nossos melhores professores de-fendem – o real jornalismo, que sai da zona de conforto, do senso comum e produz as grandes reportagens, na qual o lead é coadjuvante e não personagem principal que dita o conteúdo. Preci-samos discutir, ler sempre e não mais, já que todos os alunos, preciso crer, leem

de tudo e estabelecem seus próprios critérios de sele-ção. Nós reclamamos, não temos um comportamento exemplar, mas queremos e trabalhamos para aprender. Pedimos mais espaço para produzir no formato de redação. Reclamamos de prazos que não consegui-mos cumprir e fazemos o mesmo com prazos folga-dos demais.Há contradição e outros traços comuns à falta de experiência e a vontade que temos de provar a que viemos. Mas também há dúvida em relação ao futu-ro, falta de estímulo quan-do nos deparamos com muitos “nãos”. Queremos confiança na nossa capa-cidade de acertar, Porque é praticando que se aprende a fazer jornalismo de qua-lidade.

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Boatos dE ataquEVida saudáVEl

Detox Delivery: entrega de comida saudável é novidade e atrai atenção de consumidores

Nutrição sob medida vira tendência

Um novo mercado no segmento da nutrição

vira tendência em Cam-pinas. Trata-se do detox delivery, já apelidado de “faxina no organismo”, que tem como principal objetivo a desintoxicação e melhor funcionamento dos órgãos. O surgimento do detox delivery ou detox in box leva praticidade aos consumidores campinei-ros, já que estes, recebem refeições diárias durante uma semana e aprendem como se alimentar melhor.

Natália Gueldini, nutri-cionista e dona de um con-sultório que realiza atendi-mento e entrega do detox em Campinas, fala um pouco da ideia dessa nova vertente: “sempre quis tra-balhar com o atendimento

nutricional junto com a entrega de alimentos, isso facilita muito a adesão à dieta, pois tudo é entre-gue pronto. Em São Paulo tem muitas empresas que trabalham com entrega de kits saudáveis e em Cam-pinas está surgindo agora e aos poucos”.

Uma adepta da dieta é a Juliana Pierro, publi-citária, que aderiu a essa alternativa logo após o Carnaval com o objetivo de diminuir o inchaço de-vido ao excesso de consu-mo de bebidas alcoólicas e comidas pesadas. Depois de uma semana seguindo a dieta, o resultado trou-xe surpresas: “além da redução de medidas, que não era esperada, passei a dormir melhor e me sentir mais disposta para as ativi-

dades diárias”, afirma.Embora a perda de peso

não seja o foco principal dessa dieta, esta é possí-vel, afirma a nutricionista Diana Bento da Silva: “as pessoas passam a notar que uma alimentação equivo-cada é preponderante para o aumento de peso e que o cuidado deve ficar numa preparação adequada dos alimentos, permitindo as-sim, um primeiro passo

para o emagrecimento”, explica. No entanto, Guel-dini ressalta que uma per-da de peso saudável leva em consideração um aten-dimento individualizado e personalizado: “só com um atendimento nutricio-nal pré detox é possível um emagrecimento signifi-cativo e, mais do que isso, a manutenção de peso”, completa. A dieta deve ser realizada por um cur-

to período, uma ou duas semanas, pois são pobres em alguns nutrientes e seu uso abusivo sem acompa-nhamento nutricional pode causar reações adversas. Além disso, as especia-listas afirmam que um re-sultado eficaz para o ema-grecimento deve incluir também a atividade física regular e uma alimentação balanceada rica em vitami-nas e sais minerais.

Alimentos da dieta detox frescos e embalados para entrega aos consumidores

Andréa Nuñez Andrea Nuñez

22 de maio de 2013 Página 3 SAÚDE

A pratica esportiva pode ser uma boa opção na redução de medidas na busca da vida saudável

Exercício físico é aliado na perda de peso

O programa inclui alimentos naturais e exclui alimentos industrializados e aqueles com alto potencial alergênico, como laticínios, leite de soja, glúten (trigo), cereais refinados, açúcar, adoçantes, corantes, conservantes, café e álcool. O cardápio detox precisa conter frutas, verduras, legumes orgânicos, carnes magras, oleaginosas (castanhas, nozes, amêndoas), cereais (arroz integral, quinua, amaranto), leguminosas (feijão, lentilha, grão-de-bico), sementes (linhaça, semente de abóbora e girassol) e muito líquido (água mineral, chás, água de coco). E mais: deve-se caprichar nos temperos naturais, como alho, cebola, alecrim, gengibre, curry e as ervas frescas.

saiBa mais da diEta dEtox

Um resultado eficaz para o emagrecimen-

to deve incluir também a atividade física regular, espantando o sedentaris-mo. “Para atingir as metas e buscar a faixa ideal de peso, devemos conciliar uma alimentação saudá-vel e equilibrada, atividade física diária, respeitar no mínimo 7 horas de sono por dia, controlar o es-tresse”, orienta Alexandre Batista, mestre em Ciência do Desporto.

Batista fala muito do procedimento multidis-ciplinar, que seria aquele em conjunto com nutri-cionista e profissional de educação física. Para ele, a consulta ao médico é pri-mordial para avaliar cada pessoa a partir de suas es-pecificidades e assim, dire-cionar as ações para cada

Andréa Nuñez

Ciclismo é uma das opções de prática de esporte que ajudam na perda de peso

tipo de pessoa, com suas limitações e até doenças.

O segredo para a perda de peso está no aumento

do gasto energético e na diminuição da ingestão ca-lórica, traduzindo: comer menos e se mexer mais.

As melhores opções de exercícios somada à dieta alimentar são: caminhada e ginástica com pesos, mais

conhecida como muscula-ção. “Essas duas atividades melhoram o condiciona-mento cardiorrespiratório e neuromuscular”, ressalta o especialista.

Os resultados são obti-dos através da regularida-de no programa de treina-mento físico e reeducação alimentar, sendo impor-tante ter paciência para compreender as respostas do metabolismo, ou seja, o resultado não é imedia-to e exige dedicação. Além disso, Batista afirma que os benefícios vão muito além da perda de peso, e con-tribui para uma melho-ria na qualidade do sono, aumento da autoestima e bem estar físico, redução do estresse, mais disposi-ção para atividades diárias, fortalecimento dos mús-culos e ossos e prevenindo doenças na terceira idade.

Andrea Nuñez

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Boatos dE ataquEnoVas dirEtrizEs

22 de maio de 2013Página 4 CIDADES

Comissão nomeada pelo MEC propõe novas diretrizes para o curso de Jornalismo

Curso deve priorizar a autonomia do jornalista

As novas diretrizes curriculares para o

curso de Jornalismo, ela-boradas por uma comissão nomeada pelo Ministé-rio da Educação (MEC), propõem uma série de atualizações para que as faculdades preparem seus alunos para o mercado, diante das exigências atu-ais, como o domínio das plataformas multimídias e o empreendedorismo frente à possibilidade de exercício autônomo da profissão. Embora já tenha sido aprovada pela Câma-ra da Educação Superior do Conselho Nacional de Educação, o documen-to ainda espera a homo-logação do ministro da Educação para entrar em vigência. Ainda assim,

Fernanda Canobel faculdades já buscam ade-quar sua matriz curricular às diretrizes. Segundo a Profª. Dª. Rosemary Bars Mendez, professora e inte-gradora acadêmica de gra-duação do curso de Jorna-lismo da PUC-Campinas, o Núcleo Docente Estrutu-ral da faculdade atualizou sua matriz curricular no ano de 2012 já buscando a padronização segundo o documento, mesmo antes de entrar em vigor.

Dentre os pontos que se-rão modificados, estão o estágio obrigatório, o pre-paro do aluno para o traba-lho com plataformas mul-timídia e para a atuação autônoma. “Com a atuali-zação da grade curricular do curso, que elaboramos no ano passado, reestru-turamos as disciplinas mi-

nistradas para atender essa exigência que é, na verda-de, algo em decorrência da atual demanda do mer-cado de trabalho. Assim,

abordamos na nova matriz curricular o preparo para as plataformas multimidi-áticas, bem como para a atuação em assessoria de

imprensa e comunicação organizacional, focando o empreendedorismo do jornalista”, explica a pro-fessora.

Com desoneração, preços dos aparelhos celulares brasileiros ficam 30% mais baratos

Preços de smartphones despencam e compra é facilitada

A partir deste mês, com-prar smartphones vai fi-car 30% mais barato em comparação aos aparelhos importados. Isso porque, a presidenta Dilma Roussef assinou decreto reduzindo o PIS/PASEP e COFINS desses celulares. Os apa-relhos que terão direito a desoneração serão os com internet em alta velocida-de, 3G, e com valores até R$1.500.

Para o professor de eco-nomia da universidade Puc Campinas, Cândido Ferreira Filho, a desone-ração dos impostos é posi-tiva. “Qualquer redução é importante para que movi-mente a economia do nos-so país”, disse o professor.

A fonoaudióloga Laris-sa Almeida, de 22 anos, aproveitou a medida e economizou R$400 na compra do smartphone. “Eu já pretendia comprar o celular, porém, antecipei em função da redução”, comentou.

Larissa, que ficou saben-do da redução através das

Maria Eduarda Gazzetta

mídias sociais, vê a deso-neração positiva. “Se há a possibilidade de o governo fazer essa redução, acho importante que sempre faça”, comentou a fonoau-dióloga.

E com os valores mais baixos, a expectativa é que as vendas cresçam 5%. “Os smartphones se tor-naram produtos básicos, de primeira necessidade. A ideia que temos é que quem não tem o aparelho vai comprar ou quem já possui, vai trocar por um

mais moderno”, explicou o professor Cândido.

Ainda para o professor, o consumidor é o maior beneficiado com a redução dos impostos. “A popula-ção vai ter o produto mais barato, com isso, as ven-das vão aumentar, a produ-ção vai crescer e mais em-pregos vão ser gerados”, finalizou.

Além de 3G e com valor até R$1.500, as caracterís-ticas necessárias do celu-lar estão o wi-fi, aplicativo de navegação e de correio

eletrônico, sistema opera-cional que disponibilize kit de desenvolvimento por terceiros, tela igual ou superior a 18 cm, teclado QWERTY e aplicativos desenvolvidos no país, in-clusive por terceiros.

Outro benefício espera-do com a desoneração é in-centivar a disponibilidade de aparelhos 4G no padrão brasileiro, resultado do lei-lão realizado em junho de 2012. Hoje existem apenas três modelos com 4G no mercado brasileiro.

CRESCIMENTO - Se-gundo o Ministério das Comunicações, com a de-soneração, a estimativa é que até 2014 os aparelhos com os aparelhos com acesso à internet represen-tem 50% da venda de ce-lulares do país. O gráfico acima mostra o crescimen-to da venda de smartpho-nes desde 2009. Na época, foram comercializados 2 milhões de aparelhos, já em 2012, o número che-gou a 16 milhões, ou seja, um crescimento de 700%.

Boatos dE ataquEsEm impostos

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Índio

Para cacique Pawana Crodi, sistema de ensino não respeita cultura indígena

Cultura indígena ainda sofre preconceitos, diz cacique

Segundo o cacique Pawana Crodi, da tribo

Kariri-xocó, de Alagoas, a cultura indígena ainda sofre preconceito nos es-paços públicos, incluindo escolas e universidade. “Quando o índio vai es-tudar, é obrigado a vestir calça, camisa e tênis. Es-sas coisas não fazem parte da nossa cultura. Acredito que o certo seria as escolas e universidades, por exem-plo, nos aceitarem usando os trajes que estamos acos-tumados. Não respeitam nossos costumes nos espa-ços públicos”, diz. Além disso, Pawana afirma que famílias que não possuem contato com a cultura in-dígena, tendém a não ver com bons olhos um casa-mento entre um índio e um branco.

Os Kariri-xocós se apre-sentaram no final de abril para cerca de 1300 crian-ças da Escola Municipal

Danilo Pessôa Anália de Oliveira Nas-cimento, do Jardim Bom Retiro, em Sumaré. Foram apresentados cinco torés – danças e músicas típicas da cultura da tribo – comu-mente realizadas em situa-ções cotidianas na aldeia, como colheitas e casamen-tos.

Para Pawana Crodi, essa é uma oportunidade de mostrar às crianças o ín-dio contemporâneo. “Esse contato serve para ensiná-las a respeitar a cultura indígena. Elas estudam o índio de séculos atrás, e nós viemos mostrar como é o índio de hoje, nossos costumes, roupas e obje-tos”. Havia também uma mesa no local expondo o trabalho artesanal feito pela tribo, incluindo desde colares e pulseiras, até ar-cos e flechas.

Representando a Secre-taria da Educação, estava a superintendente de ensino Maricy das Graças Mobi-

lon, que considerou o con-tato enriquecedor. “É uma oportunidade única para realizar a troca de cultura e para as crianças terem o contato direto com o ín-dio.”, diz.

Ao final, o grupo indí-gena foi ovacionado pelas crianças. Os Kariri-xocós farão outras apresentações na região neste final de se-mana.

Índios modErnos - O cacique considera que a modernidade deve atingir também as tribos indíge-nas. “Nós também preci-samos evoluir. Na nossa tribo temos celular, inter-net e objetos eletrônicos, porque precisamos nos comunicar. Modernidade é importante, desde que não percamos nossa cultura”, afirma Pawana Crodi.

Ainda segundo Pawa-na, há uma preocupação crescente na comunidade indígena pela formação universitária. “Apesar das dificuldades, já temos em nossa tribo índios forma-dos em pedagogia. Preci-samos também de índios médicos, entre outras pro-fissões importantes, para que possam contribuir para melhoria da comunidade”.

“Não respeitam nossos costumes nos espaços públicos”, diz cacique Pawanda Crodi

Divulgação

musEu

Campinas não respira Carlos Gomes, diz especialista Arquivo com obras e objetos do compositor campineiro clamam por investimentos Gustavo Carvalho

Página 5 CULTURA 22 de maio de 2013

Quem passa pela Rua Bernardino de Campos,

no centro de Campinas não sabe que alí, na esquina com a Av. Francisco Glicério, so-bre de uma tradicional pape-laria está guardado um im-portante acervo com obras e objetos que pertenceram ao compositor e maestro cam-pineiro Antonio Carlos Go-mes. O Museu Carlos Go-mes, como é conhecido, esta instalado na sede do Centro de Ciências, Letras e Artes de Campinas, instituição sem fins lucrativos, respon-sável por manter importan-tes obras do maestro, além de servir de espaço para pesquisa, já que também guarda uma biblioteca com pelo menos cem mil títulos, jornais, recortes de revistas.

O recurso para a manu-tenção do espaço chega por meio de doação. Anualmen-te, os cerca de setenta mem-bros do CCLA contribuem com cento e cinquenta ou

trezentos reais somados va-lor recebido pela locação do andar térreo, onde abriga um comércio. O montante serve para bancar os custos de manutenção do prédio, do acervo e o pagamento de funcionários, o que é insufi-ciente para pagar se investir em exposições e melhores acomodações.

De acordo com a docente do departamento de música da Unicamp, e curadora do museu Carlos Gomes, Leni-ta Mendes Nogueira, o espa-ço precisa urgentemente de recursos para que haja me-lhor acomodação das obras. “Precisamos digitalizar nos-so acervo musical, melhorar nossa sede, reformar nossas instalações. O museu tem que ser ativo. Temos que estar presente na sociedade com exposições itinerantes, mas pra isso é preciso recur-sos.” pontua, Lenita.

A instituição conta com um terreno localizado no Parque Alto Taquaral, doação da

prefeitura. O projeto já está pronto. A obra orçada em 7 milhões de reais não saiu do papel, já que não há recursos. Além do arquivo musical, com manuscritos e impres-sos, tanto de música erudita como de música popular, es-critos entre os séculos XIX e XX, e que totalizam três mil obras, o museu guarda objetos e documentos sobre

o compositor, sendo um dos bens mais preciosos o piano que pertenceu ao maestro e que foi trazido de Belem, Pará, em 1927, como doação do Governo do Estado.

A docente afirma que a cidade de Campinas está se esquecendo de Carlos Go-mes. “São poucos os espa-ços que ainda levam o nome do compositor. Se você vai

em países como Áustria, ter-ra de Mozart, ou mesmo na Argentina, berço de Carlos Gardel, para todos os lados há referências dos composi-tores, e aqui em Campinas as pessoas não conhecem o valor de Carlos Gomes.”

Carlos Gomes nasceu no dia 11 de julho de 1836 e morreu em Belém, Pará, em 16 de setembro de1896.

Gustavo Carvalho

Piano do compositor Antonio Carlos Gomes doado pelo Governo do Estado do Pará de 1927

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Boatos dE ataquEtEcnologia

Página 6 CIDADES

Altos impostos e falta de investimentos do governo impedem sucesso de veículo elétrico

Governo não investe em carro elétrico

Com a constante alta no preço da gasolina in-

comodando a população, a consciência ambiental mais presente e ativa e a busca do mercado auto-mobilístico por novidades para aumentar as vendas, esperava-se que o carro elétrico fosse a solução para os problemas dos consumidores e um su-cesso de vendas. Porém até hoje, sete anos depois do protótipo desenvolvido no Brasil, não se vê carros elétricos pelas ruas – a frota no país não passa de 200 unidades – e o princi-pal obstáculo são os altos impostos incidentes sobre os veículos.

Segundo Vasco Vilela, economista português es-pecialista em inovação, para que o veículo elétrico seja introduzido efetiva-mente no mercado bra-sileiro é necessária uma atenção até o momento inexistente do governo. “O governo ignora o car-ro elétrico”, afirma. Vasco pesquisa os impactos do carro elétrico para o se-tor elétrico, econômico e meio ambiente, para ele o primeiro passo é a inser-ção de impostos que con-dizem com a realidade do

Jéssica Bigon

Th!nk, o veículo 100% elétrico é recarregado por 8 horas em tomada comum de 220v e possui autonomia de 160km

carro. Atualmente, o IPI –Imposto sobre Produto In-dustrializado de carros elé-tricos no Brasil é de 25%, o mesmo de carros de luxo e de grande potência.

Outro obstáculo existen-te é a falta de postos de recarga. É necessário um maior investimento em in-

fraestrutura nas redes elé-tricas para que a recarga seja feita tanto nas residên-cias quanto nas estradas.

Tramita na Câmara um projeto de lei, dos deputa-dos Heuler Cruvinel (PSD-GO) e Onofre Santo Agos-tini (PSD-SC), que torna obrigatória a instalação de

pontos de recarga de bate-rias de carros elétricos em vagas de estacionamentos públicos pelas concessio-nárias de serviço de distri-buição de energia. O Poder Executivo deverá desen-volver mecanismos que para instalação de tomadas para recarga nas vagas das

garagens de prédios resi-denciais. Com isso, o ou-tro empecilho atual que é a falta de postos de recar-ga, desapareceria incen-tivando as vendas desses automóveis que prometem além de ecônomia finan-ceira, um menor impacto no meio ambiente.

Posto de recarga de veículo totalmente elétrico que pode ser conectado a uma tomada comum de 220v.

os 3 tipos dE VEÍculo Elétrico

totalmEntE Elétrico

Os veículos totalmente elétricos não possuem um motor movido a petróleo, nem como reserva para ser usada no caso de que a bateria acabe. Para via-gens de distância maior de 90 quilômetros, a bateria deve ser recarregada em postos de recarga ou tro-cada em pontos de troca de baterias eletricas auto-motivas específicas para esse tipo de veículo.

Considerado um carro potente e leve, sua bateria é maior que a de veículos híbridos. Polui muito me-nos que carros movidos a gasolina ou alcool, porém sua autonomia é conside-rada pequena e seu custo muito alto para o mercado brasileiro.

HÍBrido rEgular

O híbrido regular usa uma bateria elétrica e um motor à combustão em alguns momentos. Um grande diferencial do hí-brido regular para o carro totalmente elétrico, é que a bateria deste não é recarre-gada na tomada, mas sim durante a viagem, atra-vés do outro motor que o acompanha. Sendo assim, não é necessário paradas para fazer a recarga.

Muito parecido com o carro tradicional movido à gasolina, perde no quesito preservação ambiental.

Apesar de mais barato, acaba sendo menos po-tente porque a bateria e o motor são pequenos, e em viagens mais longas tam-bém não é tão econômico.

HÍBrido rEcarrEgáVEl

O carro híbrido recarre-gável, também conhecido como plug-in, é um pouco mais requintado,

Neste, a bateria elétrica é utilizada na maior parte do tempo. O motor à com-bustão funciona automa-ticamente para recarregar a bateria quando esta co-meça a acabar ou se esva-zia por completo, em caso de viagens mais longas. Se isso acontece, pode ser recarregada em pontos de recargas como os utiliza-dos pelos totalmente elé-tricos.

Com autonomia e po-tencia maior, fica em des-vantagem em relação ao peso e ao preço. Mais caro e pesado possuí também um espaço interno menor.

Jéssica Bigon

Jéssica Bigon

22 de maio de 2013

Page 7: Saiba+ - Edição Maio de 2013

Jornada de Jornalismo traz quatro correspondentes internacionais

Andréa Nuñez

22 de maio de 2013 Página 7 JORNADA

O autor do livro “Dias de inferno na Síria”, Klester Cavalcanti, lotou o auditório Dom Gilberto na primeira noite de palestras da Jornada de JornalismoAna Paula Rezende

LUCIANA XAVIER-VASCONCELLOS – Uma das pa-lestrantes da Jornada de Jornalismo, a correspondente internacional da Agência Estado em Nova York contou a história de sua carreira, iniciada em Campinas e reco-

mendou aos alunos especialização. Pág. 9

Historicamente, a Fa-culdade de Jornalismo

da Pontifícia Universida-de Católica de Campinas-PUC-Campinas realiza todos os anos a Jornada de Jornalismo, momento relevante para um curso classificado entre os qua-tro melhores do Brasil, em que seus alunos têm a rara oportunidade de participar de palestras e exposições levadas por profissionais com reconhecida capaci-dade e destacada carreira em áreas diferenciadas do campo jornalístico. Este ano, o tema da Jornada foi: Correspondentes Interna-cionais: a reportagem sem fronteiras. O objetivo da direção da Faculdade foi no sentido de proporcionar aos estudantes a oportuni-dade de entrar em conta-to com jornalistas que se projetaram na difícil tare-fa de representar órgãos de comunicação do Brasil transmitindo informações

do Exterior, em especial de países em conflito ou em guerra, como a Síria e o Irã, ou dos Estados Unidos, nas esferas política e econômi-ca, e também profissionais que representam agências noticiosas estrangeiras no país. Os palestrantes da Jornada foram os jornalistas Luiz Carlos Azenha, correspon-dente da TV Record, Kles-ter Cavalcanti, repórter es-pecial e correspondente na Síria do jornal O Estado de S. Paulo, Luciana Xavier-Vasconcellos, da Agência Estado e Agência Broad-cast, de São Paulo e Natália , da Agence France Presse.

Luiz Carlos Azenha, além de sua atuação na Re-cord, foi correspondente da Rede Globo de Televisão por vários anos, tendo se destacado em coberturas como a negociação da dí-vida externa brasileira, nos anos 90, a queda das Torres de Nova Yorque e as nego-

ciações entre Estados Uni-dos e Rússia que levaram ao fim o período de dis-tanciamento entre os blo-cos ocidental e oriental. É também editor e titular do portal Viomundo, que che-gou a ser abalado e amea-çado de fechamento ante a ação movida contra ele pelo diretor de Jornalismo da Rede Globo, Ali Kamel, que culminou em condena-ção, obrigando Azenha a lhe pagar R$ 30 mil. Com o auxílio de amigos e inter-nauta, conseguiu mantê-lo na rede.

Na opinião dos diretores do Centro de Comunica-ção e Linguagem, Rogério Bazi, e da Faculdade de Jornalismo, Lindolfo Ale-xandre de Souza, foi uma das melhores jornadas, so-bretudo pela excelente tro-ca de experiências com os alunos e a possibilidade da visualização de um campo e de área específica do Jor-nalismo.

Page 8: Saiba+ - Edição Maio de 2013

“O profissional do futuro será aquele que souber

contextualizar uma in-formação”, afirmou Luiz Carlos Azenha na palestra de abertura da Jornada de Jornalismo de 2013. Aze-nha, jornalista da Record e criador do blog VIOMUN-DO, falou sobre o que mu-dou desde a época em que iniciou sua carreira como correspondente em com-paração com a atualida-de e contou experiências marcantes que teve nesse tempo.

O jornalista argumen-tou que, diferente da épo-ca em que foi escolhido para ser correspondente porque era fluente em in-glês, hoje, além de saber mais do que dois idiomas, é necessário recuperar a capacidade crítica que pa-rece ter sido esquecida. Para ele, o profissional do futuro será aquele que souber contextualizar uma informação, entender sua história e analisar o que está por trás dela - e fazer tudo isso com um olhar de brasileiro, coisa que ainda não existe. Segundo ele, já que o Brasil vem ganhan-do importância no cenário internacional, logo o mun-do sentirá interesse em sa-ber como o país está refle-tindo sobre determinados assuntos. Justamente para recuperar a capacidade crítica, Azenha disse que é necessário que o jorna-lismo nacional deixe de ser “colonizado”, ou seja,

Boatos dE ataquEazEnHa

22 de maio de 2013Página 8 JORNADA

Em palestra, Azenha fala sobre a profissão de jornalista como correspondente internacional

“É preciso contextualizar a informação”Giuliana A. Wolf

passe a ver o mundo com olhos próprios, ao invés de se apegar aos pontos-de-vista de outros países, “Por que a gente delega a um americano uma cober-tura sobre a África, se ele vai cobrir com um olhar de americano? Porque nós estamos ainda num siste-ma colonial de jornalismo, nós ainda somos coloniza-dos. A gente não sai daqui com um olhar brasileiro da África, a gente importa um olhar de fora.”

Segundo ele, tornando-se independente das agên-cias de notícia, parte do trabalho estaria feito, já que a grande maioria dos veículos hoje utiliza essas

informações e fotos para compor seus noticiários. “As agências de informa-ções oferecem imagens, informações instantâneas, (então) o mercado para vocês diminui bastante, eu diria”, disse Azenha, que logo emendou o contra-ponto, “Por outro lado, tem coisas positivas, uma delas é que ficou bem mais fácil fazer cobertura internacio-nal. Hoje o corresponden-te vai com o ipad dele e, enquanto faz a cobertura do atentado em Boston, já sabe o que o Obama está dizendo sobre a tragédia”

Também para onde vão a maioria dos correspon-dentes foi um ponto bas-

tante discutido por ele, que argumenta que mais jornalistas deveriam estar baseados na África e na América do Sul, mercados importantes para o país, mas ignorados aqui.“Cu-riosamente, você não tem nenhum correspondente no Senegal ou Venezuela. Por que nós temos corres-pondentes em Washington, Paris, Londres e não temos em países que nos dizem muito mais respeito?”, in-dagou.

O atraso da mídia na-cional de ainda não ter se baseado em locais que poderiam ser vistos como estratégicos, segundo ele, é também uma vantagem para os futuros jornalistas, que podem aí encontrar oportunidades de trabalho, como na cobertura fei-ta sobre o MERCOSUL, “Atualmente, se fala muito mal do Mercosul, em ge-ral, na imprensa brasileira, enquanto é um mercado muito importante para o Brasil, para a indústria e o jornalismo brasileiros, são nossos vizinhos e você não tem lá correspondentes que reflitam com um olhar brasileiro”. Aliás, obser-va que, embora mulheres ainda precisem tomar cui-dados adicionais em paí-ses como Arábia Saudita e Paquistão, ele as tem visto

trabalhando mais em car-gos que antes eram tidos como masculinos, como cinegrafistas e editores. “As mulheres que não fa-ziam esse serviço de cap-tação de imagem porque as câmeras eram muito grandes, isso mudou muito com o avanço da tecnolo-gia. Eu acho que falta um olhar feminino na televisao mesmo, para a captação de imagens especiamente, é bem diferenciado, um olhar mais de apreciacão mesmo”, avalia, compa-rando que hoje, em geral, as imagens na televisão são muito corridas, fazen-do com o que os especta-dores nem tenham tempo de entender o que vê. Além disso, o trabalho de imer-são é essencial quando se está trabalhando em outro país. Ele conta que sempre que vai a um país em que nunca esteve, lê cerca de três livros básicos sobre o idioma e cultura, para es-tar mais preparado na hora em que chegar no destino. E justifica, dizendo que o repórter tem que sentir curiosidade sobre o país, e realmente querer enten-der essa cultura diferente, “Tem que ser honesto, hu-milde. Sentar com alguém, perguntar, dizer ‘Poxa, eu quero entender isso aqui, me conta sua história’”.

O criador do blog VIOMUNDO contou parte de suas experiências em anos trabalhando como correspondente

Igor Calil

Azenha e o Prof. Luiz Roberto Saviani Rey, da Faculdade de Jornalismo, dividem a mesa

Igor Calil

Page 9: Saiba+ - Edição Maio de 2013

“Quando se tem um

oportunidade, não se pode

perdê-la”

Rapidez, eficiência e comprometimento na

profissão. Foram essas as características destacados por Natália Ramos Miran-da, jornalista que encerrou a Jornada de Jornalismo 2013, realizada na noite do dia 08 de maio, no Au-ditório Dom Gilberto da PUC-Campinas.

Correspondente no Bra-sil pela agência de notícias France Press, Natália, na-tural do Chile, compar-tilhou com alunos e pro-fessores da Faculdade de Jornalismo, experiências ao trabalhar em um país diferente, levando notícias para todo o mundo. No Brasil há um ano, falou so-bre a adaptação ao chegar a um território desconhe-cido e algumas das dificul-dades que enfrentou: “o trabalho é muito duro, não é fácil chegar num país novo, entender os proces-sos e conhecer os persona-

Boatos dE ataquEnatália

22 de maio de 2013 Página 9 JORNADA

Enviada da France Press ao Brasil busca mostrar aos alunos a realidade do trabalho em agências

Jornalista chilena fecha ciclo de palestrasEmerson Jambelli gens”, afirma.

Ao apresentar parte de sua rotina como corres-pondente, Natália contou aos estudantes as etapas do processo de produção de notícias, enfatizando a velocidade com que o tra-balho é realizado, mas sem deixar de lado o aprofun-damento no assunto em questão e a credibilidade já conquistada pela France Press. Também não deixou de citar a necessidade que os jornalistas têm de se reinventar e se atualizar, devido ao avanço das re-des sociais e da rápida dis-seminação de informação que se dá por esses meios.

Em relação ao tipo de atividade que exerce, Na-tália foi enfática ao dizer que “o trabalho em agên-cia é um trabalho anôni-mo, não traz fama. Para continuar, tem que gostar muito”. Entre as muitas perguntas feitas pelos alu-nos e as respostas dadas,

Laura Pompeu

A chilena trouxe histórias de suas experências como correspondente internacional

Natália foi levada a falar sobre os questionamentos que faz acerca da profissão como correspondente: “às vezes me pergunto ‘o que estou fazendo?’ Mas é a escolha que eu fiz, ainda é o que eu quero”, pondera,

sobre ficar longe do país e dos amigos e familiares.

Antes de trabalhar no Brasil, Natália foi corres-pondente na Venezuela por dois anos e meio, também pela France Press. Depois de suas experiências na

profissão, ela diz, de for-ma a aconselhar a platéia, ter aprendido que “coisas inesperadas não são apren-didas na faculdade e se alguém quer ter uma vida tranquila, não pode ser jor-nalista”.

Luciana Xavier Vascon-celos, corresponden-

te da Agência Estado em Nova York, recomendou em sua palestra aos alunos de jornalismo que preten-dem seguir a carreira de corresponde internacional contar ao menos com es-pecialização e experiên-cias no campo jornalístico, quando formados. Luciana é jornalista formada em 1991 pela PUC-Campi-nas, tendo cursado um ano de letras, e conta em seu currículo estagio no Correio Popular, trabalho de radio-escuta na EPTV, repórter na Folha de São Paulo e na TV Manchete. Possui ainda experiências profissionais, as quais com muita determinação e pro-atividade conseguiu sem-pre chegar onde desejava, conforme afirmou.

Por isso em 8 de maio foi a palestrante convidada

Boatos dE ataquEluciana

Correspondente internacional do Estadão ressalta a importância da experiência e de especialidade

Luciana Xavier recomenda especializaçãoAna Paula Rezende da Jornada de Jornalismo.

Dividindo sua historia de conquistas com os alunos da faculdade mencionou alguns dos re-quisitos funda-mentais para o sucesso dessa carreira como: facilidade de adaptação, ter conhec imen-to de diferentes areas, ser organizado para produzir fora do ambiente de reda-ção, habilidade multimidia e fazer plantão.

É preciso também es-tabelecer uma relação de confiança com outros jornalistas, pois o corres-pondente se muda sem ter uma agenda de fontes in-ternacionais, por isso é re-comendável que a pessoa conheça a cultura do país que esta indo e não perca a realidade do país de ori-gem. Vasconcelos iniciou sua carreira fazendo obi-

tuário no jornal Folha de São Paulo. Depois de ser demitida de um jornal re-gional, ficou desanimada

com o jornalis-mo, então ela resolveu parar sua rotina por um ano e dar a volta ao mun-do. Saiu de casa com R$ 2 mil,

cada vez que o dinheiro acabava ela procurava um trabalho provisório como babá, garçonete e até cata-dora de entulho. Assim ela conseguiu pagar suas esta-dias em albergues, passa-gens aéreas, e pode conhe-cer países como Polinésia, Ilhas Fuji, Nova Zelândia, Egito e Austrália, além do estado da Flórida, nos EUA.. No seu retorno ao Brasil, conseguiu uma vaga na Agência Estado, na área de economia.

Após dois anos na agên-cia, se tornou correspon-

dente em 2010, cargo que ocupou até 2012. Devido ao fuso horário com ou-tros países, muitas vezes teve que fazer entrevistas de madrugada e escrever a matéria em tempo real, por isso ter habilidade em escrever rapidamente é importante. Fez coberturas especiais nas eleições de Nova York, a assembléia geral da ONU e o evento “Ocupe Walll Street”.

Mãe de gêmeos e casada,

Luciana destacou a necessidade da confiança entre os jornalistas

Luciana precisou tirar seus filhos da escola no meio do ano letivo e aceitar que sua eposa não conseguiria acompanha-la com visto de familia, pois o casa-mento homossessual ain-da não era permitido nos Estados Unidos. “Quando se tem uma oportunidade, não se pode perdê-la, tem que pensar o que se quer de fato sem projetar difi-culdades, foi o que fiz”, conta.

Ana Paula Rezende

Page 10: Saiba+ - Edição Maio de 2013

Boatos dE ataquEKlEstEr

22 de maio de 2013Página 10 JORNADA

Com história de livro, jornalista reúne o maior público da Jornada de Jornalismo 2013

Jornalismo é mais esforço do que talento, diz Klester

Giovana SeabraBárbara Bigon

“O nome da morte”, terceiro livro do jorna-lista Klester Cavalcanti, será adaptado para o cinema. O longa será estrelado pelos atores Daniel de Oliveira e Camila Pitanga.O filme conta a história real de um matador de aluguel, profissão que aprendeu em família aos 17 anos. Com 35 anos de ofício, o assas-sino matou mais de 500 pessoas no estado do Maranhão. O filme, que começará a ser rodado ainda este ano, tem precvisão de estreia no segundo se-mestre de 2014.

Com essas palavras, Klester Cavalcanti

encerrou sua palestra na noite do dia 07 de maio. “Ser jornalista é poder es-tar onde a coisa acontece. Exige dedicação e esforço, mais do que talento”, con-cluiu. Segundo a organiza-ção do evento, o jornalista conseguiu o maior público desta edição, cujo tema era “Correspondentes In-ternacionais”.

Cavalcanti compartilhou com os estudantes a sua experiência como jorna-lista no exterior com base nas histórias que conta em “Dias de inferno na Síria”, obra na qual relata sua via-gem ao país, em maio de 2012, feita com o objetivo de contar como as pessoas viviam em meio a guerra entre o Exército Oficial comandado pelo ditador Bashar Al-Assad, e o ELS (Exército Livre Sírio), que segue até os dias de hoje.

O “sahafi” (jornalista, em árabe) defendeu uma escrita “livre”, que tenha detalhes e seja capaz de transportar o leitor ao lo-cal do fato, e, citando no-mes como Gabriel García Marquez, Gay Talese e Ariano Suassuna, deixou um recado aos estudantes: “Para ter um bom texto, leiam bons livros!”.

Com o auditório Dom Gilberto lotado durante as duas horas de sua apre-sentação, o pernambucano narrou as principais pas-sagens do livro, desde o momento em que decidiu viajar até ser preso, sem

O jornalista histórias de suas experências como correspondente internacional

explicação alguma, pelas forças do governo sírio.

NÃO TEM TALENTO - Sobre o esforço para ser jornalista, Klester Caval-canti fala por experiência própria. Ele estudou e tra-balhou como engenheiro na Votorantim. Apesar do conforto que o pagamento de 10 salários mínimos, na época, lhe proporcionava, ele conta que decidiu reco-meçar. Movido pelo gosto por fotografia, leitura e es-crita, formou-se em Jorna-lismo e, em 1994, saiu da Votorantim para estagiar a troco de meio salário mínimo, mesmo sob as palavras carinhosamente desencorajadoras da mãe: “Você não tem talento para escrever”.

Klester colocou as pala-vras da mãe à prova e, em sua trajetória, passou pela

Veja como corresponden-te na Amazônia (experi-ência da qual nasceu seu primeiro livro, “Direto da selva”); trabalhou nas re-vistas Contigo, Viagens e Turismo, VIP e no jornal Estadão. Escreveu mais duas obras, “Viúvas da ter-ra” e “O nome da morte”, e chegou à IstoÉ, com pas-saporte para a Síria.

“SAHAFI BRAZILI”- Cobrir uma guerra era uma das metas de Cavalcanti como jornalista. Quando surgiu a oportunidade de ir à Síria, ele conta que mer-gulhou na ideia e decidiu assu-mir os riscos: “Dois jornalis-tas morreram em atentados o r g a n i z a d o s pelas forças do governo sírio. Eu sabia que poderia acon-tecer comigo. Preparei mi-nha mente e meu coração”.

O jornalista conta que o governo, comandado pelo ditador Bashar Al-Assad, impunha muitas barrei-ras à imprensa. “Eu sabia que tentariam me impe-dir de mostrar a guerra de verdade”. Se chegasse à Homs, a cidade mais afe-tada pelos confrontos en-tre o exército oficial e os rebeldes do ELS (Exército Livre Sírio), seria o único jornalista brasileiro a con-seguir esse feito. Assim, ele decidiu que teria de

burlar algumas regras. Mesmo sob avisos fre-

quentes de pessoas que co-nheceu no percurso à Síria e a Homs, Ca-valcanti insis-tia em cumprir a sua missão, o que despertou a curiosida-de da plateia: “Você não se acha teimoso?”, pergun-tam, ao que ele rebate: “Teimoso, não. Obstinado. Para mim, trabalho é tra-balho e eu estava decido a fazer o meu.” As consequ-ências dessa decisão logo

vieram. Ele conta que foi preso sem exp l icação alguma, teve o rosto quei-mado com cigarro por um oficial

do governo sírio, ao se re-cusar a assinar um docu-mento escrito em árabe, e sofreu tortura psicológica, com ameaças constantes. Quanto a isso, Klester é enfático: “eu preferia apa-nhar durante 5 horas todos os dias do que ter uma arma apontada para minha cabeça. Não existe tortura pior do que essa”, relem-bra.

Apesar disso, para o jor-nalista, o saldo foi positivo. Ele diz que, mesmo sendo privado de cobrir a violên-cia que devastava Homs, na prisão da cidade teve

acesso a histórias reais de pessoas que tiveram suas vidas transformadas pelos conflitos entre as forças do

ditador Bashar Al-Assad e os rebeldes. “Fi-quei um pouco desapontado por não poder estar lá fora, mas dentro da

sela, conheci histórias que não escutaria em outro lu-gar. Ali, eu tinha tempo e tranquilidade para saber mais sobre aquelas pesso-as”.

No desfecho de seu dis-curso, o tom de missão cumprida. “Nos momentos em que eu tinha certeza de que ia morrer, me sentia tranquilo. Claro que esta-va com medo e não que-ria que isso acontecesse, mas me confortava saber que eu estava onde queria estar, fazendo o que que-ria fazer”, relembra. Para ele, essa é a melhor parte do trabalho do jornalista: poder estar onde as coisas acontecem. “A guerra da Síria vai estar nos livros de história e eu vou poder di-zer que estava lá, que vivi aquilo”.

Quando questionado se cobriria outra guerra, o jornalista hesitou: “Na época, não havia nada que me prendesse. Hoje é dife-rente, depois do que vivi. Tenho uma pessoa, não estou mais sozinho”, con-clui.

“Eu preferia apanhar durante 5

horas, todos os dias, do que ter uma

arma apontada para minha cabeça”

CINEMA

“O que vi na Síria vai estar nos livros de história e eu vou

poder dizer: ‘eu estava lá’”.

Page 11: Saiba+ - Edição Maio de 2013

22 de maio de 2013 CULTURA Página 11

Campinas e cidade portuguesa se tornam “irmãs”cascais

Intenção da união entre os municípios é gerar aproximação na política, cultura e comércioGiuliana A. Wolf

Além dos restaurantes e bares com influên-

cia de Portugal, Campi-nas criou mais um víncu-lo com o país. Em junho de 2012, pouco antes de se iniciar o Ano do Brasil em Portugal e de Portugal no Brasil, Cascais, cidade 20 quilômetros distante de Lisboa, assinou um Acor-do de Geminação com o município campineiro, ou seja, as duas agora são ci-dades-irmãs.

A cerimônia aconteceu no último dia do I Encon-tro de Geminações, que reuniu 19 delegações de diferentes países para de-bater potencialidades so-ciais, econômicas e cul-turais, além de encontrar respostas comuns aos de-safios que se colocam em localidades distintas. O secretário Municipal de Desenvolvimento Econô-mico e Social, José Afonso da Costa Bittencourt, foi quem representou o então prefeito, Pedro Serafim, e assinou o acordo.

Segundo Daniel Soares, do Departamento de Co-operação Internacional, alguns dos critérios que interferem na escolha de uma cidade-irmã, são a força tecnológica e política

que o outro município pos-sui. No caso de Cascais, cidade litorânea com forte apelo turístico, ele ressalta que as relações são mais políticas do que tecnológi-cas. “Campinas é uma ci-dade com muito potencial para crescer”, e emenda di-zendo que o momento para laços políticos é propício, já que a cidade ainda se recupera do escândalo po-lítico de 2011, que envol-veu o ex-prefeito, Hélio de Oliveira Santos (PDT), sua esposa, que era também Chefe de Gabinete, Rosely

Nassim Santos, além de secretários municipais.

Apesar de a população de Cascais ser de 206.000 pessoas, o que pode pare-cer pouco se comparado à Campinas, que, de acordo com o IBGE, tem pouco mais de um milhão de ha-bitantes, ocupa o posto de sexta cidade mais popu-losa de Portugal, e é tam-bém responsável por 2,3% de todo o PIB do país lu-sitano, já que abriga 277 empresas por km². Tan-to desenvolvimento pode ser bastante contrastante

com o aspecto de vila que a cidade gosta de cativar: facilmente se vê barcos e pescadores chegando com peixe fresco e o atendi-mento tão atencioso rece-bido em restaurantes tam-bém dá um tom intimista a quem visita o lugar.

“Um dos obje-tivos do Depar-tamento é ajudar esse intercâm-bio empresarial, buscar investi-mentos e levar inves t imentos para fora. As cidades-ir-mãs ajudam nisso, porque elas já estão abertas”, ex-plica. Além de assinar o acordo de geminação com Cascais, foi feito também um Protocolo de Inten-ções com o Município de Fundão, que é como um contrato de cooperação que diz que talvez as duas cidades, futuramente, pos-sam se tornar irmãs.

Daniel disse ainda que a intenção da nova diretora do Departamento, Beatriz Gusmão Sanches Pereira, é fazer com que os laços estabelecidos com outros municípios do mundo possam se estreitar ainda mais, em todos os âmbi-tos. A realização de even-tos culturais será uma das estratégias usadas, como

O turismo na cidade é movimentado pelos que vão em busca de praias, boa e diversificada gastronomia e vinhos

Apesar do mal tempo, cidade é conhecida por ter mais de 260 dias ensolarados ao ano

festividades dedicadas à diferentes nacionalidades. Desde o início de 2013, se-manas especiais têm sido organizadas com esse in-tuito. De 1 a 10 de junho acontecerá a Semana Por-tuguesa, cuja intenção é trazer lazer à população da

cidade e atingir parte dos cerca de 9 mil portu-gueses e descen-dentes que vivem no município, de acordo com a casa de Portugal

de Campinas. Dário Moreira de Cas-

tro Alves, cearense que dedicou parte da vida à diplomacia, atuou como embaixador do Brasil em Portugal durante quatro anos. Além dessa contri-buição, pode escrever três livros referentes à obra do consagrado autor portu-guês Eça de Queiróz. Na apresentação de dois de-les, “Era Tormes e Ama-nhecia” (Livros do Bra-sil, 1992) e “Era Lisboa e Chovia” (Livros do Brasil, 1984), deixa claro à que vieram os livros e o mes-mo se pode considerar às boas novas em Campinas: “é um convite a brasileiros e portugueses a que, ainda mais, se conheçam, se esti-mem e se amem”.

Giuliana A. Wolf

Giuliana A. Wolf

Giuliana A. Wolf

“Campinas é uma cidade com muito

potencial para crescer”

Page 12: Saiba+ - Edição Maio de 2013

22 de maio de 2013Página 12 CULTURA

Encontro luso-brasileiro celebra obra de Vinícius e PessoaUma homenagem a Fernando Pessoa e comemoração ao centenário de Vinícius de Moraes

Poema Bar, interpretado por Alexandre Borges, lotou as poltronas em suas duas temporadas

Emerson JambelliDivulgação

Divulgação

Foi entrando no cama-rim, após uma calo-

rosa recepção aos fãs no final do espetáculo, que Alexandre Borges co-meçou a buscar palavras para descrever a apresen-tação. “Poesia é algo que me transforma muito.” Talvez tenha sido essa a declaração mais emotiva e satisfatória dita sobre “Poema Bar”, recital em que, além de dramatizar os textos poéticos dos consa-grados Fernando Pessoa e Vinícius de Moraes, atua também como diretor ar-tístico. Junto ao pianista português João Vasco, ide-alizador do espetáculo, a intenção é resgatar a alma desses grandes poetas, o que é feito com maestria, na companhia das melódi-cas vozes de Sofia Costa e Mariana de Moraes, neta de Vinicius.

Um piano, dois conjun-tos de mesas e cadeiras e as imagens dos poetas ao fundo trazem à cena toda a boemia da vida dos ho-menageados. Alexandre, sempre ao som do fado português transformado em música clássica por João Vasco, se revezava entre Vinicius e Pessoa, assumindo, em posse de um livro ou dos versos que guarda na memória, os di-ferentes eu-líricos de cada poema. Sofia também em-prestou a voz, em forma de canção, à poesia. E em um sotaque lusitano vivo pareado à incontida pai-xão pelo que faz, falou da

experiência de integrar o projeto: “é uma ponte para o público descobrir mais poesia. É uma alegria enor-me trabalhar com grandes poetas e grandes artistas”. Sofia veio de Portugal para o Brasil exclusiva-mente para o espetáculo. Ao analisar os pontos em comum que viabilizaram o “diálogo” entre os po-etas, ela vê em Vinícius e Fernando Pessoa, apesar de representarem diferen-tes períodos na história, muita aproximação no que diz respeito às paixões que nutriam. A “vontade

de amar o mundo inteiro” e/ou “viver apaixonado”, como enfatizado por ela, é um dos pontos que aproxi-ma os poetas e que tornou possível a criação de Poe-ma Bar. Pensada para am-bientar um piano bar, João Vasco acredita que a obra, “ao articular música e po-esia, permite que a cada espetáculo haja uma nova descoberta”.

Com visível paixão por seu trabalho, é possível perceber motivação em suas palavras. Tal carac-terística já o levou, junto de seus companheiros de

trabalho, a apresentar Poe-ma Bar em Portugal, Ale-manha e em várias cidades brasileiras, o que conta com notável satisfação: “a vida do músico é isso mes-mo, levar música, interagir com outros artistas. Esse é o ideal”. “É um traba-lho meditativo. As fichas vão caindo a cada dia”, diz Mariana de Moraes. Para ela, com Poema Bar é possível “ir para um lugar mais sereno”, graças à fi-losofia de vida dos poetas, que se cruzam pela pro-fundidade que carregam e pela boemia de ambos,

mais uma vez lembrada como um lugar comum. Tanto que Alberto Caeiro, o mais puro dos heterôni-mos de Fernando Pessoa, não ganha voz nessa verão do recital.

A forma livre do espe-táculo “que admite er-ros e improvisos”, como lembrado por Alexandre Borges, já permitiu que pessoas da plateia fossem convidadas ao palco para recitar poesia ou encora-jadas a “falar versos que conheciam, que tinham em mente”. Para Alexandre, Fernando Pessoa e Vini-cius de Moraes “foram dois poetas que viveram como poetas. Foram cora-josos”, e essa coragem tem trazido o reconhecimento ao espetáculo. Por ser um espetáculo livre, como considerado pelos próprios idealizadores, nada impe-de que mudanças ocorram, obras sejam acrescentadas, novas adaptações sejam feitas.

A ideia central é “fazer poesia e despertar no es-pectador a vontade de co-nhecer mais obras do autor. Fazer com que ele saia do espetáculo com a vontade de comprar um livro, de buscar mais conhecimen-to”, como frisa Alexandre. O recital estreou em julho de 2011, na casa Fernando Pessoa, em Lisboa, e inte-gra as comemorações do Ano de Portugal no Brasil, além de prestar homena-gem a Vinicius de Moraes, que completaria cem anos em 2013.