Saiba+ - Edição 20 de Novembro de 2014

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Conheça a história de luta e perseverança da Fazenda Roseira Desde 2006 - Faculdade de Jornalismo - PUC-Campinas - 20 de novembro a 05 de dezembro de 2014 Novembro Azul Mês de conscientização do câncer de próstata Pág. 5 Pág. 7 TIM MAIA A cinebiografia recém-lançada mostra a história de sucesso da vida de Tim, mas não esconde os defeitos do rei do soul brasileiro Pág. 9 O contato com a arte melhora o comportamento dos autistas em todos os sentidos Jovens autistas mostram talento em peça teatral Ciro Oliveira Arnaldo Ávila Junior Pág. 4 ROSTO DO LIVRO Saiba quais foram os capistas que ganharam os primeiros lugares do Prêmio Jabuti de 2014 Durante as eleições, Brasil bate recorde na internet Comentários, curtidas e compartilhamentos mostram o crescente destaque das mídias sociais ShutterStock MUSEU DO NEGRO Apesar da sua importância para a cultura negra, patrimônio histórico da cidade de Campinas permanece abandonado SINFÔNICA Além do baixo salário, músicos da Orquestra Sinfônica ainda têm de comprar os próprios uniformes e instrumentos Pág. 11 POLE DANCE A dança exótica passou a ser considerada uma modalidade esportiva e a cada dia ganha novos adeptos Pág. 8 COMUNIDADE JONGO Apesar das várias tentativas de desapropriação, o casarão da Fazenda Roseira permaneceu e tornou-se centro de referência nacional sobre o jongo, expressão cultural que combina dança, canto e sensações corporais embasados na cultura africana. Além disso, a Fazenda mantém um acervo rico que faz parte da história da comunidade negra de Campinas Pág. 6 e 7 Paprica Fotografia Pág. 3 Pág. 10

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Conheça a história de luta e perseverança da Fazenda Roseira

Desde 2006 - Faculdade de Jornalismo - PUC-Campinas - 20 de novembro a 05 de dezembro de 2014

NovembroAzul

Mês de conscientização

do câncer de próstataPág. 5

Pág. 7

TIM MAIAA cinebiografia recém-lançada mostra a história de sucesso da vida de Tim, mas não esconde os defeitos do rei do soul brasileiro Pág. 9

O contato com a arte melhora o comportamento dos autistas em todos os sentidos

Jovens autistas mostram talento em peça teatral

Ciro Oliveira

Arna

ldo

Ávila

Juni

or

Pág. 4

ROSTO DO LIVROSaiba quais foram os capistas que ganharam os primeiros lugares do Prêmio Jabuti de 2014

Durante as eleições, Brasil bate recorde na internet

Comentários, curtidas e compartilhamentos mostram o crescente destaque das mídias sociais

Shut

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MUSEU DO NEGROApesar da sua importância para a cultura negra, patrimônio histórico da cidade de Campinas permanece abandonado

SINFÔNICAAlém do baixo salário, músicos da Orquestra Sinfônica ainda têm de comprar os próprios uniformes e instrumentos Pág. 11

POLE DANCEA dança exótica passou a ser considerada uma modalidade esportiva e a cada dia ganha novos adeptos Pág. 8

COMUNIDADEJONGO

Apesar das várias tentativas de desapropriação, o casarão da Fazenda Roseira permaneceu e tornou-se centro de referência nacional sobre o jongo, expressão cultural que combina dança, canto e sensações corporais embasados na cultura africana. Além disso, a Fazenda mantém um acervo rico que faz parte da história da comunidade negra de Campinas

Pág. 6 e 7

Paprica Fotografia

Pág. 3 Pág. 10

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20 de novembro de 20142 OPINIÃO

CrôniCa OpiniãO

Encerrando o expedienteEditOrial

A última edição do Saiba+ deste semestre conta com

uma homenagem especial dos alunos a todos os adeptos da campanha Novembro Azul, além de uma reportagem com a real perspectiva de quem já sofreu com o câncer de próstata e as dificuldades de diagnosticar a doença.

A reportagem principal está voltada para a comemoração da Consciência Negra neste mês de novembro. Aqui discorremos sobre a história dos negros em Campinas e falamos também do Museu do Negro que está abandonado.

Nosso jornal relata a história de autistas que en-cenaram uma peça de teatro apesar de todas as dificul-dades que enfrentam diaria-mente, desde o processo de produção até a apresentação com a participação de todos.

Passamos também por uma série de reportagens que combinam saúde e entreteni-mento como a dança do ven-tre para gestantes e uma nova modalidade fitness, o pole dance. Por falar em saúde, trazemos informações sobre despatologias.

E mesmo já passado um mês das eleições, buscamos mostrar uma análise de como as redes sociais foram essenci-ais no processo democrático brasileiro, bem como o outro lado dos comentários pre-conceituosos que rolaram na internet nesses últimos meses.

Além de uma crítica sobre as atuais condições da orques-tra sinfônica de Campinas, cobrimos também uma ex-posição de fotografia e out-ros diversos acontecimentos da cidade que você confere na última edição do Saiba + desse semestre.

Diretor: Rogério BaziDiretora-Adjunta: Cláudia de CilloDiretor da Faculdade: Lindolfo Alexandre de SouzaProfessor responsável: Luiz Roberto Saviani Rey (MTB 13.254).

Editora-chefe: Laiz MarquesEditores: Bruna Mascarenhas - Ciro Oliveira - Willian Sousa Diagramação: Priscila Marques Tiragem: 2 mil - Impressão: Gráfica e Editora Z

Jornal laboratório produzido por alunos da Faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas - Centro de Comunicação e Linguagem (CLC):

Pelas ruas afora, eu vou bem sozinha levar comida para minha

vovózinha...” Sozinha não, impossível estar sozinha nas ruas de Campinas, elas estão cada vez mais cheias de car-ros, motos, pedestres, polu-ição e pedintes. Tudo está cheio. Até eu estou cheia. De gordura, é claro.

“Pare, agora!”; Não, não é a música da Wanderlea, é só um semáforo vermelho me dizendo para parar. Nele, me comovi com a história de um “cadeirante”, que me disse ter sofrido um acidente e, por ter ficado paraplégico, não conseguia arranjar emprego e estava com dificuldade para sustentar os filhos. Como boa alma (ou seria tola?) que sou, dei parte do meu tão escasso dinheiro e o ajudei. Ao abrir o sinal, continuei meu destino com um sorriso no rosto, afinal, tinha ajudado alguém que realmente (parecia) precisar. Acho que quem me viu naquela momento pensou que eu era uma boba.

Tom Jobim tinha razão quando dizia que “triste-za não tem fim, felicidade sim” e a minha acabou na semana seguinte, quando vi o homem que se dizia paraplégico andando nor-malmente em uma praça e usando drogas. Milagre? Não, eu que realmente fui uma boba em acreditar na bela história do pedinte.

O dinheiro que eu dei, pensando que faria bem a uma família, serviu para sustentar um vício. Ou será que ele não estava me enga-nando e quando me pediu dinheiro estava em um dos seus momentos de aluci-nação, realmente acreditan-do no que me contava?

Quer saber? Agora es-tou seguindo a linha do Roberto Carlos, eu só que-ro “que tudo mais vá pro inferno”.

Que boba fui eu!

A Avenida Paulista foi palco para um ato de protesto re-

alizado no primeiro sábado desse mês. Cerca de duas mil e quinhentas pessoas se reuniram para defender o impeachment da presiden-ta reeleita, Dilma Rousseff. A manifestação foi marcada ainda por gritos a favor de uma nostálgica intervenção militar, exaltação da Polícia

Militar, ufanismo, mania de perseguição (defendendo uma suposta fraude nas ur-nas) e claro, o diagnóstico de que o Partido dos Tra-balhadores é o câncer do país.

Há vários problemas e in-coerências nos discursos e na legitimação do mesmo. O direito da manifestação é raiz da democracia em que vive-mos e é previsto pela Cons- tituição na lei 5.250 como direito do cidadão. Desta forma, defende-se aqui que qualquer tipo de pensamento, que não atente contra os di-reitos humanos e a dignidade do homem seja manifestado, mesmo com divergência de ideias. A coexistência é mais do que necessária para que a civilidade se concretize. Mais importante do que o direito de exteriorizar essa opinião, é debatê-la.

O desrespeito com a luta pela liberdade alcançada

há poucos anos atrás é lamentável. Triste ainda é pensar que essa parcela que grita em meio a cartazes de que “O povo não aguenta mais”, se esquece que a reeleição é um resultado democrático e que “povo” não se resume em 2,5 mil conservadores gritando o medo de que o Brasil se transforme em Cuba ou Venezuela, ignorando a dimensão do próprio país. Até o Nordeste, aorta do País, teve que lidar com comentários racistas e argumentos rasos sobre a reeleição de Dilma, como serem o “câncer” do Brasil e dependentes “vagabundos” dos programas criados pelo PT.

A defesa de uma inter-venção militar é patética e preocupante. Faz-nos pen-sar que essas pessoas fin-gem demência ou realmente apoiam e acreditam na organi-zação da nação pelas mãos de

militares novamente. Pior ain-da é subestimarem a inteligên-cia e vivência alheia dizendo que não houve golpe militar e que a defesa de que houve um pertence ao campo da ig-norância e intriga da oposição. Ultrapassando qualquer ten-tativa de compreensão, pois afronta a memória de Vlado Herzog, às cicatrizes físicas e mentais deixadas por torturas e o conceito de democracia.

Manifestações devem ser defendidas sim e cada vez mais propaladas. Para que surta efeitos na sociedade, o discurso precisa de um em-basamento maior, mas o di-reito é legítimo e assegurado pela constituição. Talvez es-teja na hora de uma política social maior em escolas par-ticulares pelo país para que essas expressões não sejam tão absurdas. O surto foi grande, mas o tratamento vai ser mais delicado ainda.

O direito do absurdo

O direito da manifestação é raiz da democracia em que vivemos e é previsto pela Constituição como direito do cidadão

Ciro Oliveira

S+

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Vestidos de azul, alunos de jornalismo se reuniram para homenagear o mês de Novembro

Beatriz Videira

S+

Rafaella Cassia

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Arte ajuda no desenvolvimento de crianças e jovens com autismo

Beatriz SteckMarília Alberti

No palco, a primeira impressão é de estarmos

assistindo a uma peça de teatro profissional como qualquer outra em cartaz. Instrumentos musicais, dança, sapateado, figurino e cenário. Tudo remete à idade média e representa incrivelmente a história de Robin Hood, exibida em Campinas em outubro de 2014. Mas há um detalhe quase imperceptível no palco: cerca de 80 das 150 pessoas em cena são autistas.

Marcados, em geral, por uma dificuldade em interação social e com movimentos bastante repetitivos, os educandos do Instituto Ser, clínica-escola de trata- mento especializado para pessoas com deficiência, e responsável pelo espetáculo, dão uma aula de superação. A terapeuta ocupacional e diretora do instituto, Claudia Dubard, explica que os portadores do autismo vivem em um mundo totalmente concreto. Para eles não existe o faz de conta nem a metalinguagem, “uma piada é difícil de entender. A subjetividade é difícil de entender. São crianças que não brincam. Para que eu uso a boneca? O que uma boneca pode fazer? Esse faz de conta, que é muito visível para uma criança, para eles não existe”, explica.

Em meio às falas e linguagem corporal, a arte facilita a inserção social. A assistente social da ADACAMP, Associação para o Desenvolvimento dos Autistas em Campinas, Danielle Roberta Morélio, explica que os momentos em contato com a arte melhoram o comportamento do autista em todos os sentidos: concentração, atenção e respeito às regras, além de os ajudar a depositarem seu grande potencial em algo positivo.

Mas a tarefa de canalizar esse potencial não é nada simples. No caso do espetáculo Robin Hood, a

Os momentos em contato com a arte melhoram o comportamento dos portadores de autismo em todos os sentidos

20 de novembro de 2014 3CULTURA

Arnaldo Ávila Junior

Espetáculo Robin Hood mostra como teatro, música e dança estimulam a criatividade e a inserção social

com idades de dois a 40 anos, tinham significado dentro e fora do palco. Eles fizeram o figurino e ajudaram a fazer os cenários, tudo com a intenção de estimular a criatividade, coordenação motora, funções cognitivas e trabalho em equipe. Segundo Cláudia, “para que eles entendam a brincadeira de representar um papel, nós passamos para eles como é ser, por exemplo, uma abelha, o que elas fazem e como são. O entendimento, para eles, é passar por essa experiência”.

A escolha dos papéis é feita de acordo com a idade

Do figurino ao cenário, os atores participaram de todas as etapas do espetáculo, a fim de estimular a criatividade e a coordenação motora

pedagoga Cláudia Dubard explica que é um trabalho de anos. As artes são disciplinas obrigatórias na clínica-escola, assim como matemática e português, mas a preparação da peça demorou de oito a dez meses.

A história de Robin Hood fez parte do dia a dia dos alunos. “Estudamos a idade média, as vestimentas, a alimentação, fizemos até receitas da época, as músicas eram medievais, as danças circulares e irlandesas, tudo entra nas disciplinas escolares para que eles estejam bem integrados no contexto da época”, explica a especialista.

Cada passo dos autistas,

do educando. O grupo dos adultos que, na maioria das vezes, já atuaram e tem esse discernimento representou papéis mais subjetivos, referenciando elementos naturais como o sol, a lua e a chuva. Já as crianças menores ficaram com as florestas, bichos e alimentos, coisas mais concretas para a aprendizagem.

Flávia Almeida, de 35 anos, atuou como uma personagem da turma da Taverna e teve que lidar com a vergonha de se apresentar para cerca de 1300 pessoas que foram ao espetáculo. “Fiquei nervosa, mas valeu a pena. Não tive muitas falas, mas dancei muito, fiquei no palco quase o tempo todo. Dançar é o que mais gosto de fazer!” conta a educanda, que já passa por um processo de desligamento da clínica-escola e ingressou, recentemente, em um colégio profissionalizante.

A utilização da arte como método de inserção social e desenvolvimento dos autistas é uma oportunidade ideal para observarmos que quebrar barreiras faz parte do dia a dia dessas pessoas, e isso é possível, assim como para qualquer um de nós. Todos temos nossas dificuldades e limitações. S+

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O Brasil tem se destacado nas estatísticas como um

dos maiores consumidores de substâncias psicoativas legais. Entre 2003 e 2012, o País registrou um aumento de 775% no consumo de Ritalina, medicamento usado no tratamento do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), segundo estudo da UERJ. A droga, que pode provocar dependência química, tem sido alvo de debates sobre os critérios para indicação médica, principalmente para crianças e adolescentes.

O grupo Despatologiza – Movimento pela Despa-tologização da Vida, bus-ca diminuir ao máximo a quantidade de medicamen-tos usados no tratamento do TDAH. O movimento é formado por profissionais de diferentes áreas da saúde

e da educação, como médi-cos, psicólogos, fonoau-diólogos. O Despatologiza, em parceria com o Consel-ho Regional de Campinas, faz militância nos projetos de Lei e implantação de métodos que vão contra a patologização, seja na ho-moafetividade, na saúde in-fantil ou na questão da hu-manização do parto normal.

O movimento defende que os comportamentos humanos devem ser melhor analisados antes de se apontar um diagnóstico. A pediatra Maria Aparecida Moysés afirma que “a diversidade e as diferenças que caracterizam e enriquecem a humanidade são tornadas problemas. Ocultam-se as desigualdades, reapresentadas como doenças”.

Ela explica que problemas de diferentes ordens são transformados em doenças, transtornos e distúrbios, que escamoteiam as grandes questões políticas,

Você conhece Edson Lemos, Raquel Matsushita,

Luciana Molisani e Paschoal Rodriguez? Eles são os capistas que ganharam os primeiros lugares do Prêmio Jabuti de 2014. Foi comemorado em 5 de novembro o dia do designer, profissional que desenvolve esse trabalho. Contudo, nem sempre a pessoa atrás de uma bela capa é lembrada.

A linguista e licenciada em letras pela UNICAMP, Cecilia Garcia Marcon, disse que a capa pode ser um fator de influência na hora da decisão da leitura: “acredito que quem está procurando algo e não tem nem ideia de onde ir acaba escolhendo um livro chamativo”. A equipe do Saiba+ conversou com dois capistas de editoras de Campinas sobre a profissão.

André Tavares trabalha

Marina Zanaki

Gabrielle AlbieroLuiza Aguiar

Movimento defende redução de remédios

O trabalho dos capistas é muitas vezes o responsável pela escolha da leitura

Os capistas, além de responsáveis pelo rosto dos livros, também trabalham na editoração da obra

O grupo que defende a despatologização é formado por profissionais de diferentes áreas da saúde

Processo de criação de capas não envolve autores e foca o consumidor

20 de novembro de 20144 CIDADE

sociais, culturais e afetivas que afligem a vida das pessoas. Em Campinas, foram criadas novas regras na rede pública de saúde para reduzir o consumo indiscriminado da ritalina.

A prescrição, que até então era feita apenas com o diagnóstico de um médico, exige agora uma avaliação por uma equipe multidisciplinar, que inclui psicólogo e acompanha- mento pedagógico.

como designer gráfico há 12 anos e aponta que o primeiro passo para desenvolver uma capa é conhecer o gênero do que está escrito: “além de transmitir ao leitor uma ideia do conteúdo, tem que estar coerente com o tipo

de livro e com a linguagem visual do seu público”. Ele afirma que o ideal seria ler a obra: “mas na prática isso se torna inviável devido aos prazos para a produção”. Ele aponta que lê a introdução, o prólogo, o prefácio, além

de receber uma sinopse da história.

Já Eckel Wayne, que trabalha na área há 14 anos, disse que faz também a editoração do livro do qual fará a capa e, mesmo não lendo a obra, consegue ter uma visão geral

através do contato com sumário e subtítulos.

Marcon afirma que vê a capa como um elemento que se popularizou por chamar a atenção do leitor. “A ideia de capas diferenciadas é recente – imagine as capas antigas, que eram com letras douradas e o nome do livro?”. André Tavares aponta: “Como embalagem, ela também exerce as funções imprescindíveis de atrair a atenção do consumidor, de transmitir uma mensagem e de apresentar informações do produto. É uma ferramenta de marketing.”

De acordo com os capistas, a participação do autor na produção na capa não é consenso e varia de escritor para escritor. Para Cecilia Garcia Marcon, “o autor pode ter a liberdade de participar com opiniões, mas é importante respeitar o espaço de quem cria a capa, também”.

Marina Zanaki

Ascom - Unicamp

Encontro realizado em outubro discute a melhoria na análise dos comportamentos humanos

A pediatra Maria Aparecida Moysés palestra no fórum Construindo Vidas Despatologizadas

S+

S+

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Mariana MaiaVictoria Ghiraldi

Olá, meu nome é Antônio .e eu tive câncer de próstata. É dessa

forma que, com humor, o engenheiro mecânico de 51 anos, se apresentou à sua atual namorada e quebrou preconceitos quanto à questão da virilidade que se comporta como estigma da doença.

Foi durante exames preventivos promovidos pela empresa em que trabalhava que Antônio Carlos Gomes de Borba, aos 45 anos fez o exame PSA (Antígeno Prostático Específico). O primeiro resultado já surpreendeu com a taxa da enzima em 2,6 quando o recomendável é de 2,1 nanogramas por mililitro no sangue. Mesmo com a alteração, Antônio Carlos ficou tranquilo, pois não havia nenhum caso de câncer de próstata na família.

Em 2010, o PSA apontou 9,5ng/ml. Ao procurar o urologista, se viu obrigado a enfrentar o temido ‘exame de toque’. “É desagradável? Sim. No ambiente masculino existem várias piadas sobre isso. Mas é somente com o toque que se descobre o diagnóstico”. Segundo o médico oncologista e diretor do Centro de Oncologia de Campinas, Fernando Medina, “é um exame imprescindível e essencial para o diagnóstico”.

Quando questionado se hesitou a fazer o exame, Antônio relata que em nenhum momento não pensou em fazer. “Eu só queria saber o que eu tinha e como tratar”, conta. O PSA continuou subindo e o exame de toque não apresentou alteração na próstata, sendo necessários outros exames como ultrassom, por exemplo.

Antônio conta que, muito além do exame de toque, existe a biópsia, que é muito mais dolorosa. “O toque não é nada, a biópsia guiada é pior”. Esse procedimento é feito após notar-se algo incomum durante o exame de

20 de novembro de 2014 5SAÚDE

Novembro Azul: Um toque de consciência com uma pitada de humor

Diagnóstico precoce é uma das principais medidas que auxiliam no tratamento da doença

Ainda considerado um tabu, o “exame de toque” apenas é necessário caso haja alguma alteração nas taxas de enzima no sangue

Novembro AzulO Brasil já deu grandes

passos para a prevenção desse tipo de câncer que diminui gradativamente desde 2000 devido ao intenso programa de diagnóstico precoce. Com isso, “os homens perderam o medo da doença como um todo”, explica o médico oncologista e diretor do Centro de Oncologia de Campinas, Fernando Medina.

Em 2003, na Austrália surgiu o movimento Mo-vember, nome dado à junção das palavras mous-tache (bigode, em inglês) e november (novembro, em inglês). Conhecido mundialmente, a ação bus-ca incentivar os exames de prevenção através das tendências de deixar o bi-gode crescer. No Brasil o bigode foi substituído pela cor azul. Medina explica que essas campanhas de pre-venção ao câncer de prósta-ta ajudam na quebra do tabu que envolve a doença e, com isso, diminuem o número de casos registrados.

Victoria Ghiraldi

Pris

cila

Mar

ques

toque. São aplicadas agulhas de punção que retiram um pedaço da próstata. As amostras analisadas são capazes de diagnosticar o tumor. “Eu tive que fazer duas vezes, porque na primeira vez que eu fiz a biópsia não deu nada”, conta Antônio. No segundo exame, 18 agu- lhas foram disparadas e somente em 20% de uma delas foi constatado o câncer.

Próximo de completar cin-co décadas e aguardando o resultado dos exames, ele op-tou por comemorar de uma forma marcante. Começou subindo o Monte Roraima e o objetivo final seria correr 100 quilômetros no início desse ano. Com o diagnósti-

co positivo, sua única preocu-pação não era a morte, mas sim a recuperação pós-cirúr-gica para disputar a corrida.

Antônio explica que foi necessária uma preparação intensa antes da cirurgia se quisesse completar os 100 km, onde trabalhou o corpo fisica e mentalmente para poder alcançar seu objetivo. Um dos exercícios pratica-dos durante o processo foi o pompoarismo, técnica ori-ental que fortalece a mus-culatura masculina através do abdome, controlando a incontinência urinária.

Em novembro foi realizada a cirurgia, e três meses depois Antônio alcançou a linha de chegada.

Antonio Carlos, hoje, encara a passagem pela doença com sorriso no rosto e uma visão positiva sobre a vida

Meu nome é Antônio e eu tive câncer de

próstata

“”Antonio Carlos, 51 anos

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Fazenda Casa de Cultura torna-se centro de referência nacional sobre Jongo e mantém viva cultura afro

No mês da cons-ciência negra, a Casa de Cultura

Fazenda Roseira se tornou centro de referência nacional sobre o jongo, expressão cultural que combina dança, canto e sensações corporais embasados na cultura africana.

Música e movimentos trazem vida a esta tradição que começa nas senzalas, quando o cântico dos escravos permitia uma conversa metafórica e troca de experiências entre eles. Hoje, o toque da dança e os sentidos corporais são usados para estimular e reconhecer a africanidade.

Desde 2005, o Jongo é considerado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPH-AN) patrimônio imaterial do Sudeste, e agora, em 2014, o evento oficializou a fazenda como Centro de Referência Jongueiros e Jongueiras do Sudeste, le-gitimando o espaço como núcleo de pesquisa, for-mação e conhecimento so-bre a dança.

RoseiraConsciência Negra

Isabela LinoPaula Rodrigues

No mesmo dia da ofici-alização do centro, também começou o VI festival Sou África em Todos os Sentidos que vai até o dia 04 de dezem-bro, e conta com exposições, roda de conversa e espaços de interações e debates. Com o tema “Nos Caminhos do Patrimônio Afro-Campinei-ro”, a proposta é aprofundar o conhecimento das origens africanas, assim como as suas práticas e a participação na construção da cultura nacio-nal, e, principalmente, local.

Alessandra Ribeiro, his-toriadora e membro da co-munidade Jongo, diz que a intenção de movimentos como esses é mostrar o valor que o negro tem na sociedade, não apenas cul-tural, mas também social e econômico. É importante ressaltar a participação que o movimento negro tem e sempre teve na construção da sociedade e da econo-mia, desde a escravidão até atualmente, inclusive na região de Campinas.

O casarão da Fazenda Roseira mantém um acer-vo rico que faz parte da história da comunidade ne-gra de Campinas. São más-caras de rituais, fotografias, Alessandra Ribeiro, historiadora e membro da comunidade Jongo, participa da celebração

Ciro Oliveira

Page 7: Saiba+ - Edição 20 de Novembro de 2014

roupas típicas, tambores e decoração que remetem à cultura afro.

Logo na entrada da casa feita de taipa, há um altar em homenagem a São Benedito, uma repre-sentação negra na igreja católica. Apesar disso, a casa não se define como católica ou como qualquer outra religião. Alessandra conta que o movimento luta contra o preconceito com as religiões de origem africana.

Independente de religião, a fazenda tem as portas abertas para receber qualquer manifestação cultural, desde que contribua ou compactue com as ideias do movimento negro. Alessandra afirma que isso foi definido pois a proposta do casarão é ser um local de referência a cultura afro.

Conheça a história da Fazenda RoseiraNa época da cafeicultura,

a fazenda pertencia a impor-tantes produtores rurais, e a força de trabalho era de es-cravos. A partir de 1920, ela passa a ser propriedade de uma família da região. Com uma grande área, os lotes foram vendidos para um em-preendimento imobiliário, e, pela legislação, 5% do ter-ritório tem que ser destinado à prefeitura para que seja um espaço público.

Em 2007, foi feita uma parceria entre a prefeitura e a comunidade Jongo Dito Ri-beiro definindo que o casa-rão seria uma casa de cultura pública. Porém, em 2008, o antigo proprietário invadiu a fazenda e extorquiu materiais para construção como portas e janelas, além de destruir al-gumas construções da casa

Museu do Negro vira acervo em Campinas

após abandono

O Museu do Negro de Campinas foi fechado no ano de

2006, por não ter recursos para se manter. Na época, situado no Cambuí, bairro nobre e boêmio da cidade, o espaço foi desapropriado. Desde então, o acervo da cidade está sem um espaço físico para ser exposto. Nem escravos, nem os afrodescentes mais contemporâneos, como os da Banda dos Homens de Cor – importante grupo da cidade, fundado em 1933, que ainda resiste se apresentando por Campinas – têm um espaço para que possa retratar a situação do povo negro em Campinas. Hoje o acervo do Museu do Negro da cidade de Campinas está sobre a tutoria do jornalista e artista plástico José Luís de Oliveira, o Zélus.

O jornalista aponta a importância de um espaço

reservado a essa temática, “o Museu do Negro seria mais um espaço para au-toafirmar não só a ação do negro na nossa sociedade, como também a história de Campinas, que é a história de todos nós, negros ou não”.

Zélus critica a falta de empenho da prefeitura de Campinas quanto ao cuida-do com a memória do povo negro. O jornalista desabafa a falta de auxílio do município ou órgãos privados, “parece que toda iniciativa bem-sucedida do movimento negro é tida por pessoas físicas mesmo, jamais por jurídicas”.

Com a chegada do dia da consciência negra, Campi-nas ainda não tem nenhum projeto concreto para um espaço físico que possa alocar o Museu do Negro. Nem mesmo tem procura-do as frentes representantes do movimento afrodes- cendente da cidade para elaboração de eventos que representem a data.

Jonathan FuraziDanilo Leone

O Museu está localizado no bairro do Cambuí e representa importante marco histórico para a cidade

Dança e música ditam o ritmo do festival “Sou África em Todos os Sentidos” na Fazenda Roseira

para desvalorizar a área. Esse episódio foi docu-

mentado pelos integrantes da comunidade em um vídeo chamado “Nossa Casa nin-guém leva”. Isso ajudou a provar judicialmente o que o ex-proprietário da fazenda es-tava fazendo. A polícia com-pareceu ao local mesmo sa-bendo que legalmente a casa era um espaço público.

Mas, independentemente da atitude dos policiais, já não havia mais o que o ex-propri-etário fazer. O movimento contava com muitos mem-bros que fizeram pressão e barreira necessária para que o proprietário saísse e parasse de destruir o local.

A partir desse ano, o casa-rão ficou depredado e faltan-do algumas portas e janelas, mas a vitória foi do movimen-to Jongo Dito Ribeiro, que até hoje cuida do espaço.

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Montagem sobre fotos de Ciro Oliveira

Page 8: Saiba+ - Edição 20 de Novembro de 2014

Estilo de dança ganha novos adeptos Rayssa Iglésias

O pole dance fitness está se tornan-do tendência. A

dança conquista espaço por ser um exercício completo que trabalha corpo, mente e equilíbrio. Apesar de enfren-tar alguns preconceitos por ser uma dança de origem sen-sual, a atividade em Campinas vem crescendo; atualmente, há cinco academias de Pole Dance Fitness na cidade.

A professora de pole dance e educadora física Kris Rodrigues conta por que a dança vem ganhando tanto espaço: “o pole consegue atuar em músculos que algumas atividades físicas não conseguem. Dou aulas fitness há mais de 10 anos em academias e realmente é completo. Importante ressaltar que o Pole Dance trabalha propriocepção corporal. São os exercícios de força: isometria e aeróbio executados de forma

A dança do ventre, uma dança oriental trabalhada na mus-

culatura que envolve o ab-dome da mulher, desde sua criação no Egito Antigo, já tinha por objetivo preparar o corpo da gestante para o parto. As técnicas se trans-formaram ao longo dos anos, mas até hoje muitas mães optam por tal práti-ca em busca de benefícios físicos, pscicológicos e de socialização, como o forta-lecimento da musculatura abdominal, a melhora da postura e da auto-estima.

Sílvia Garcia, professora e especialista em dança do ventre para gestantes, expli-ca os benefícios intrínsecos à prática: “Durante as aulas, a gestante aprende a contro-lar o diafragma, músculo que fica abaixo do pulmão, e jun-tamente a respiração. Respirar corretamente ajuda muito na hora do parto natural. Além

disso, a prática da dança me- lhora a circulação sanguínea responsável pelo fornecimen-to de nutrientes para o bebê. Ou seja, a mulher fica mais bonita, resistente e ainda con-tribui para que seu filho tenha uma boa saúde antes mesmo de nascer”.

Benefícios como estes foram os que motivaram Juliana Bertges a continu-ar a dançar mesmo quan-do soube da gestação: “Me ajudou muito na parte física e principalmente na parte emocional. Como não foi uma gravidez planejada eu estava tensa, com medo de como seria minha vida. A dança me ajudava a rela-

Dança do ventre para gestantes é momento íntimo de autoconhecimento

20 de novembro de 20148 COTIDIANO

Movimentos beneficiam mãe e filho trazendo saúde e relações de afeto

Rafaela Barbosa

Pole Dance passou a ser considerada modalidade esportiva e ganha espaço em campeonatos

coreográfica”.A dança no poste é

acrobática, isométrica e é capaz de contrair músculos e tonificar o corpo. A atividade requer uso de força e pode ser praticada por pessoas de todas as idades e biotipo físico. De acordo com a professora Kris, apenas

gestantes e pessoas com lesões nas partes superiores devem ter acompanhamento médico. E ainda aconselha que a dança seja praticada com um especialista. “Se feito com um profissional sem algum tipo de formação, sem no mínimo com educação física, o pole pode

ser altamente lesivo”, explica.Ana Paula Pires, aluna

de pole dance, começou a prática do exercício por es-tar em uma vida sedentária e não se interessar por ac-ademias e exercícios de musculação. Procurou na internet uma atividade que trabalhasse bem-estar físico

e psicológico e, com ape-nas dois meses de prática, sente os efeitos benéficos da atividade: “Já percebo mudanças no meu corpo, além de adquirir mais força nos braços e pernas, minha flexibilidade aumentou e meu abdômen está mais firme. Me apaixonei pelo Pole Dance e penso que será uma atividade que farei pelo resto da vida”.

O Conselho Regional de Educação Física (CREF) tenta regulamentar a dança como um esporte. A Federação Brasileira de Pole Dance Fitness está em trâmite para tornar a dança uma modalidade olímpica.

A dança impulsiona diver-sas competições pelo mun-do, e a última foi realizada no dia 15 de novembro. Mais de 50 artistas disputaram a “Copa Pole Sudamericana” na Colômbia, que usou o código de arbitragem da Federação Brasileira de Pole Dance.

xar, ficar em paz. Era meu ponto de equilíbrio e meu momento”, reforça.

Casos como o de Juliana são bastante recorrentes. Sílvia ressalta os benefícios pscicológicos presentes no desenvolvimento da ativi-dade: “Risco de depressão, ansiedade e stress estão presentes na gestação. É importante obter prazer enquanto grávida, este deve ser um momento vivido de forma plena, respeitando seus limites e bem- estar em primeiro lugar”.

Após o parto, a mãe pode dançar com seu bebê: “Com o auxilio de um can-guru, a criança fica presa ao corpo da mãe, possibi- litando que ambos dancem juntos. O bebê tem a mes-ma sensação de quando estava na barriga da mãe, normalmente dorme e se tranquiliza, o que traz para a criança benefícios como musicalidade e convívio social”, ressalta Sílvia.A mulher fica mais bonita e ainda contribui para a saúde do seu filho

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Além de tonificar os músculos, a dança proporciona bem-estar físico e psicológico

Me ajudou muito na

parte física e principalmente

na parte emocional

”Juliana Bertges

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O subtítulo define muito bem os 50 anos de vida,

compactados em duas horas de filme, do grande Sebastião Rodrigues Maia. Robson Nunes e Babu Santana representam Tim da forma mais minuciosa possível. A dedicação dos atores é perceptível e eles falam, cantam, se mexem e debocham como o síndico.

O diretor Mauro Lima consegue captar bem a es-sência do artista, que definia seu repertório como meio esquenta-suvaco e meio mela-cueca, e apresenta, então, boa dosagem de hu-mor e drama. São os pala-vrões, os gestos, a ironia, o individualismo, a excentri-cidade, o temperamento, a insistência, a genialidade.

A parte técnica é im-pecável. Toda a transação dos anos 40 aos anos 90 é muito bem representa-

20 de novembro de 2014 9 CULTURA

De fato, Tim Maia, não há nada igual

Cinebiografia não esconde os defeitos do rei do soul brasileiro

Bruna Mascarenhas

da pela cenografia (Rio, Nova Iorque, São Paulo e Londres), pela trilha sono-ra (com muito rock, jazz, blues, soul e MPB), pela maquiagem (a mancha mais escura na têmpora esquerda está lá), pela fotografia (tons de bege, explosão de cores e meia luz) e, principalmente, pelo figurino, que data mui-to bem as épocas retratadas.

Há pontos negativos e talvez o maior seja a nar-ração desnecessária. O filme também peca ao se

estender em assuntos bati-dos e deixar de se aprofun-dar nas histórias curiosas da vida do cantor.

Se Tim viveu de tudo, o filme não deixa nada de lado. Tem sexo, álcool, drogas, música, religião, boêmia, violência, polêmi-cas. É, com certeza, uma das cinebiografias que menos esconde e mais escancara os defeitos e polêmicas do protagonista. E como os altos e baixos de Tim Maia, não há nada igual.

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Campinas em foco

“Procurei deixar de lado a tradição da foto documen-tal, seguindo tendências mais recentes da fotografia. São objetos recortados e isolados que tomam uma outra di-mensão. Não importa o que é quando você o recorta do sentido original. Também fiz uso da luz do sol e da sombra, foi algo poético.” - Martinho Caires

O Terno lança novo disco

O novo disco da banda O Terno veio para comprovar

que a originalidade musical brasileira continua em alta – e em alto e bom som. Homônimo ao grupo, o segundo CD do trio traz músicas que satirizam o próprio estilo do artista contemporâneo e também uma imersão à metalinguagem que brinca com o processo de identificação do ouvinte com o cantor. Parece complicado, mas não é não. Toda essa percepção acontece de forma natural durante a apreciação das canções, de modo que, cedo ou tarde, você estará compartilhando uma delas com um amigo e jurando que ela foi feita especialmente para você.

Na ativa desde 2009, o Ter-no marcou presença na inter-net com o lançamento de seu primeiro CD, “66”, entrando para a lista dos 25 melhores

discos brasileiros de 2012 pela revista Rolling Stone. Para a alegria dos fãs, o segundo disco traz elementos pontu-ais que também aparecem no primeiro, como a inovação e a ousadia de cantar músicas difí-ceis de serem cantadas – não pelos temas, que são comuns a qualquer banda de rock and roll, mas pelo modo cru que a composição de Tim atinge o ouvinte, trazendo surpresa aos ouvidos e animação ao coração. A obra é uma crítica irônica às referências que per-meiam o mercado musical.

Os integrantes deixam cla-ro suas origens vanguardis-tas, porém seguem quebran-do pré-concepções sobre a música se repetir num ciclo sem fim. Assim como os Beatles, que responderam a qualquer questionamento quanto ao que pode ou não ser música, os garotos d’o Terno seguem (numa piada sarcástica) de jeans e camisas largas fazendo o que fazem de melhor: inovando e sur-preendendo a cada play. Faça o download gratuito do CD : www.oterno.com.br.

Grupo volta com CD difícil de rotular, e também de parar de ouvir

O Museu de Arte Contemporânea de Campinas (Macc) recebeu recentemente a exposição “Ci-dade Imaginária”. A mostra apresentou fotogra-

fias que retratam, de forma subjetiva, diferentes aspectos da cidade das andorinhas. A autoria do projeto ficou por conta dos fotógrafos Martinho Caires, Fabio Fantazzini, Fernan-do Righetto e Celso Palermo. Cada um dos quatro profis-sionais fez uso de técnicas diferentes para expressar a forma como interpretam nossa cidade. O resultado surpreende pela qualidade e originalidade. Confira abaixo declarações dos profissionais sobre os trabalhos expostos:

“Durante o processo percebi que há lógica no caos e o caos antecede a solução, ou seja, a necessidade de che-garmos a algo que nos faça caminhar rumo à tolerância, ao respeito, ao fim do preconceito, enfim, a uma vivên-cia mais harmoniosa entre os homens e o meio ambi-ente.” - Celso Palermo

“A ideia era que o objeto fotografado sofresse uma ressignificação subjetiva para cada observador. Por isso fiz essas fotos de uma forma na qual não ficasse claro que são carros. Com isso elas não apresentam um significado pronto e cada um consegue entendê-las de forma diferente.” - Fabio Fantazzini

A arte da capa é criação da artista paulistana Renata de Bonis

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Babu Santana representa Tim Maia na fase adulta

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Brasil bate recorde em participação política nas redes sociais

20 de novembro de 201410 ATUALIDADE

País ultrapassou a Índia em comentários e mensagens no período das eleições deste ano

O número de co-mentários, curti-das e compartilha-

mentos ligados às eleições mostra o crescente destaque das mídias sociais. De acor-do com o Portal EBC, as eleições deste ano no Brasil foram as mais comentadas da história do Facebook. A participação dos internau-tas registrou um número de 674,4 milhões entre 6 de jul-ho e 26 de outubro de 2014, quase três vezes maior que o recorde mundial.

Segundo Jonatas Dor-nelles, antropólogo es-pecializado em mídias sociais, as chaves para a compreensão desse fenômeno são o aumento do uso da internet e dos smartphones e a potencial-ização das manifestações individuais proporcionada pela internet. “A partici-pação ativa dos brasileiros não se restringe ao mo-mento político, mas está presente no dia-a-dia dos internautas. A internet e sua ausência de contato face a face facilita isso”, afirma Dornelles.

Com mais de 39 milhões de comentários feitos no Twitter e 49 milhões no Facebook, os internautas manifestaram-se a favor ou contra determinado candidato, muitas vezes de forma agressiva. Bruna de Oliveira, estudante da PUC-Campinas, conta que respeitava quem compartilhava as propostas dos candidatos, mas confessa: “o que me fez bloquear foi o fato de postarem coisas relacionadas à política de 5 em 5 minutos e ainda chamarem para briga quem não compartilhava das mesmas ideias”.

Para se ter uma ideia da di-mensão disso tudo, hashtags como #Aecio45PeloBrasil e #DilmaMudaMais ficaram no topo da lista de assuntos mais comentados e, atentos, os dois partidos intensificar-am seus comitês de mídias, voltando-se para as redes sociais. Aécio, por exemp-

Fernanda Lagoeiro

Jéferson Monteiro, dono de uma das páginas mais acessadas do Facebook, Dilma Bolada, em encontro com a presidente

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foram alvos de atos ofen-sivos e declarações como “povo burro e subdesen-volvido” e “nordestino só serve para fazer filho, com-er farinha e ganhar Bolsa Família”.

Jaíce Souza, estudante de Jornalismo, é baiana e veio para Campinas estudar. “Desde que cheguei aqui me deparei com situações em que pessoas chamavam nordestinos de ‘baianada’, como um sinônimo de bur-rice ou breguice. É muito ruim ouvir falarem mal do lugar de onde você vem” lamenta Jaíce.

A Presidente do Comitê de Direito Cibernético da OAB Campinas, Vera Kerr, escreveu uma cartilha so-bre segurança na internet, segundo a qual a legislação brasileira concede a liber-dade de expressão por meio da Declaração de Direitos do Homem, que pode ser aplicada também a crimes eletrônicos, na maioria dos casos. No entanto, essa liberdade não é absoluta e não deve ultrapassar os lim-ites, nem ofender a honra alheia, sob pena de infrin-gir assim outros direitos fundamentais igualmente protegidos pela Constitu-ição. Em casos de discrim-inação, como ocorreu com os nordestinos, é cometido o crime de injúria por pre-conceito, sendo passível de pena de reclusão de um a três anos, além de multa.

A página “Nordesti-no Sim” foi criada para se contrapor às ofensas, di-vulgando fotos e hashtags, como #SouDoNordeste-MesmoEComOrgulho, que obteve mais de 100 mil compartilhamentos, inclu-sive de famosos, como o escritor Paulo Coelho.

Para André Lucas Morei-ra, estudante de direito e natural de Fortaleza, nos-sa população é totalmente intolerável e não consegue conviver com ideias con-trárias e nem com as dif-erenças. “Sentimos isso não apenas contra nordestinos, mas também contra negros, gays e pessoas de baixa ren-da”, conclui o cearense.

lo, divulgou um vídeo no aplicativo Whatsapp, agra-decendo aos eleitores pe-los votos recebidos. Dilma, por sua vez, firmou parce-ria com o dono de uma das páginas mais acessadas do Facebook, Dilma Bolada.

Preconceito nas redesAs redes sociais tor-

naram-se espaço de intensa discriminação logo após a reeleição da presidenta Dil-ma Rousseff. Nordestinos

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A utilização de smartphones tem contribuído para o aumento do uso da internet entre os brasileiros

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20 de novembro de 2014 20 de novembro de 2014 11CULTURA

Integrantes da Sinfônica Municipal de Campinas reivindicam melhorias há mais de 14 anos

Os 119 músicos da OSMC (Orquestra Sinfônica Municipal

de Campinas), considerada uma das mais prestigiadas do país, são obrigados a comprar o próprio vestuário, instrumentos musicais, cordas para os instrumentos, paletas e até o lápis para fazer as anotações durante os ensaios. Como se não bastasse, os salários dos músicos estão abaixo da média nacional.

Esse é o retrato de uma orquestra que está entre as pioneiras do País. “Entra governo e sai governo e sem-pre ficamos apenas com as promessas de melhorias. São as mesmas reivindicações há 14 anos. Essa orquestra é de alto nível, mas os governos não dão o devido respal-do aos músicos”, criticou o presidente da Associação dos Músicos da Orquestra Sin-fônica Municipal de Campi-nas, Carlos Coradini, oboísta.

Integrante da orquestra há 20 anos, Coradini classi-ficou os vestuários usados pelos músicos durantes as apresentações como “pre-caríssimos”.

“A Orquestra precisa de um uniforme para tocar. É inconcebível que, em uma orquestra desse nível, os

músicos tenham de inve-stir do próprio bolso. Hoje, cada músico compra uma roupa diferente do outro e vira uma bagunça”, relatou o presidente da Associação da OSMC. Completou ainda que deveriam receber dois encordamentos por ano, mas não receberam nen-hum. “Temos que comprar cordas, paletas e até nossos instrumentos. Esse tipo de material profissional costu-ma ser caro”.

O salário abaixo da média em relação a outras orques-tras também atormenta o sono dos músicos. Um vi-olinista da OSMC ganha quase R$ 2.800, enquanto o salário de outras orquestras do mesmo nível o salário chega a R$10 mil. Embora algumas das reinvindicações

dos músicos já tenham sido atendidas, o grupo recla-ma que ainda faltam mui-tas mudanças estruturais necessárias.

“Queremos que os políti-cos passem a olhar a orques-tra sinfônica com carinho e não só para fazer média e usar a máquina administra-tiva para fazer promessas. A orquestra só traz benefícios para a população e para a ci-dade”, afirmou Coradini.

O próximo passo da Asso-ciação agora é buscar um novo regimento para a Orquestra junto à Prefeitura e à Câmara Municipal. Este novo regi- mento traria uma política permanente de melhorias das condições dos músicos.

A assessoria de imprensa da Secretaria de Cultura infor-mou que o Secretário de Cul-

tura, Ney Carrasco, está aberto para conversas, e que, na me-dida do possível, tem atendi-do às demandas dos músicos. “Comparando a gestão atual do município de Campinas com a última é evidente que os investimentos da prefeitura at-ual para com a nossa Orques-tra foram infinitamente supe-riores” afirma o secretário.

Grande parte dos músi-cos apoiou Jonas Donizetti como candidato a prefeito nas eleições do ano passa-do, o que historicamente só ocorreu em outra ocasião, na candidatura de Toninho.

A Secretaria da Cultura in-forma que as melhorias já re-alizadas não são nem a meta-de do compromisso firmado pelo prefeito com os músicos, e que a maior dificuldade são os custos destes investimen-tos, mas aos poucos os pedi-dos serão atendidos.

HistóriaSegundo o site da OSMC,

documentos entregues à Pre-feitura em outubro deste ano comprovam que a Sinfônica de Campinas é uma das mais antigas do País. Um maço de folhas com atas da época trazem a criação da Asso-ciação Sinfônica Campineira datada de 6 de outubro de 1929. O primeiro concerto foi apresentado no dia 15 de novembro de 1929.

Maurício Simionato Pablo Loscalzo

Divulgação

Músicos da Orquestra têm de comprar os próprios uniformes e instrumentos

Programação cultural

Programa sinfônico 1122 e 23 de novembroTeatro José de Cas-tro MendesRegente: Carlos PrazeresMidori Maeshiro, Piano (Japão)Inácio de Nonno, BarítonoC. Guerra-Peixe: Concerto para Pia-no - “Drummond em ConSerto”:E. Aguiar: Balada do Amor Através dos Tempos C. de Hollanda: As Sem-razões do Amor C. Guerra-Peixe: Drummondiana Programa sinfônico 12Apresentações: 13 e 14 de dezembroRegente: Victor Hugo Toro. Solista: Lars Hoefs (Violoncelo, EUA). Marco Padilha: Cor Inquietum, Cena Sinfônica nº 2, op. 23Erich W. Korngold: Concerto para Vio-loncelo em Dó Maior, Op. 37. D. Shostakov-ich: Sinfonia N° 1, em Fá Menor, op. 10 www.osmc.com.br

Apesar de estar entre as pioneiras do País e possuir alto nível musical, a Orquestra também sofre com baixos salários

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No início desse mês, a Ponte Preta voltou à elite do

Campeonato Brasileiro após derrotar o Bragantino fora de casa por 2 a 0. A classificação antecipada para a Série A do Brasileirão se deu pela matemática e, sobretudo, pelo mérito da boa campanha realizada pelo time de Campinas – destaque para o técnico Guto Ferreira, apontado como um dos principais responsáveis pela ótima fase da equipe.

O desafio contra Joinville no sábado, 15, afastou a macaca do título ao perder de 3 a 1 para o time da casa. O confronto direto entre líder e vice-líder da competição era um dos mais aguardados do final de semana. O destaque

negativo ficou por conta da confusão entre as torcidas que chegou a paralisar o jogo logo após o terceiro gol do JEC, quando o locutor

FOOD TRUCKCampinas foi palco do festival gastronômico “Food Truck Festival”. O evento aconteceu no Shopping Dom Pedro e reuniu diversas pessoas da região

RápidoPONTE PRETA VOLTA À ELITE

do estádio teria incitado os pontepretanos ao gritar: “a Ponte caiu”.

Dois pontos atrás do Joinville (69 a 67), a Ponte

Preta precisa fazer a sua parte nas últimas três rodadas e torcer por um tropeço do adversário contra Boa Esporte, Luverdense ou

Oeste. O empate em número de pontos não favorece os campineiros, já que o time de Santa Catarina possui duas vitórias a mais (21 a 19).

VARIEDADENos dias 13 e 14 de No-vembro foram mais de 33 variedade gastronômicas entre salgados e doces, além de cervejas artesa-nais e inúmeras atrações

QUALIDADEEsse novo mercado vem

crescendo por sua praticidade, sendo uma

opção para quem está na rua e quer comer algo de

qualidade sem perder tempo

Conhecido por ser o único cinema a pro-jetar filmes do meio alternativo, o Cine Topázio está com os dias contados. A diretoria confirmou o fechamento tempo-rário do cinema até o dia 30 de novembro.

CINE TOPÁZIO

No último dia 17 de no-vembro a prefeitura de Campinas deu início a uma série de ações para marcar o “Mês D contra a Dengue”, para cons-cientizar e chamar à po-pulação para participar de atos preventivos e de controle da doença.

MÊS CONTRAA DENGUE

“Um barco está completamente seguro no porto. Mas barcos não

são construídos para isso.”

Frase do mês

No próximo dia 29, o SESI Indaiatuba re-cebe a banda Mãe do Mendigo, cover dos Los Hermanos. No espetáculo, o grupo traz um repertório com o melhor dos 15 anos de carreira dos cariocas.

MÃE DOMENDIGO

Victor Hafner

Victoria Ghiraldi

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