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Sérgio Besserman ViannaPresidente do IBGE

Caros leitores, os primeirosresultados definitivos já estãoprontos e à disposição da so-ciedade. Prontos para compor omais atualizado retrato do país,com informações estatísticas sobrequem somos e como vivemos.

No dia 19 de dezembro de2001, foram divulgados osResultados do Universo do Censo2000, num evento simultâneo emtodas as capitais brasileiras,gerando ampla divulgação daimprensa que registrou em detalheo resultado desta considerada amais completa operação censitáriajá realizada no país.

Os mais recentes resultadosdo Censo 2000 e o trabalho doIBGE foram destaque nosprincipais jornais de circulaçãonacional, na mídia televisiva, norádio, nos sites de veículos decomunicação na internet e tambématravés da imprensa local. De nortea sul do país, a sociedade teveconhecimento dos principaisresultados divulgados e, princi-palmente, da importância que essesdados têm para o Brasil.

A cobertura do lançamentoda publicação está na “Matériade capa”, com fotos e dadosapresentados pelos técnicos àimprensa, além de outras tantasinformações.

Esta edição da revista Vou tecontar traz ainda informaçõessobre o Censo Comum noMercosul, um projeto que reúneseis países em busca de partilhardefinições, conceitos e expe-riências para obter dados quepossam ser comparados entre eles.

Já o caminho percorridopelos dados capturados no Censo2000, bem como o processo decontrole de qualidade ao qualforam submetidos podem serconferidos na “Reportagem”.

Em “Censo em foco” ,você vai conhecer o trabalhodo Comitê do Censo Demo-grá f ico 2000, enquanto naseção “Nos Estados”, repre-sentantes de Unidades Regio-nais fazem a avaliação finaldos aspectos que envolverama operação de coleta.

A cobertura da 11ª reunião daComissão Consultiva do Censo2000 é o destaque de “Gentecontando gente”. Leia tambémsobre a publicação TabulaçãoAvançada da Amostra, o próximoproduto do Censo 2000 a serlançado, na seção “Atualidades”. Enão deixe de conferir o “Ponto-de-vista” que apresenta um artigosobre as estimativas populacionaise o Censo 2000.

Os resultados definitivosforam divulgados, mas o trabalhocontinua, acompanhado de pertopela Vou te contar , sempre atentapara registrar de tudo um poucosobre o Censo 2000. E, como nãopoderia deixar de ser, desejo atodos uma ótima leitura !

O retratoque viroumanchete

O retratoque viroumanchete

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Vou te contar – Revista do Censo 2000 - Publicação do Instituto Brasileiro de Geografia e EstatísticaCentro de Documentação e Disseminação de Informações – CDDIGerência de Promoção e Publicidade – GEPOMRua General Canabarro, 706/4o andar – Maracanã – Rio de Janeiro – RJ - 20271-201Tel.: (21) 2514-0123 r. 4789/3547 Fax.: (21) 2514-0123 r. 3549www.ibge.gov.bre-mail: [email protected]

Gerente de Promoção e Publicidade: Lúcia Regina Dias GuimarãesCoordenadora do projeto e editora: Rose Barros (Mtb. RJ 20.342)Redação: Agláia Tavares, Elizabeth Amsler, Rose Barros e Valéria ViannaProjeto Gráfico: Jorge Luís P. Rodrigues e Helga SzpizCapa: Ubiratã O. dos SantosDiagramação: Helga SzpizTiragem: 6 000 exemplares

Permitida a reprodução das matérias e das ilustrações desta edição, desde que citada a fonte.

expediente

Conta-gotas – curiosidades sobre o Censo no mundo5

Matéria de capa – a grande repercussão dosResultados do Universo do Censo 2000

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Editorial – mensagem do presidente do IBGE, SérgioBesserman Vianna

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Espaço aberto – Censo Comum no Mercosul:integrando os países e suas estatísticas

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Gente contando gente – o Comitê Consultivo doCenso 2000 aproxima o IBGE da sociedade

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Nos estados – avaliação final das etapas do Censo2000 é destaque no Encontro com as Unidades Regionais

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Reportagem – o controle de qualidade dos dados doCenso 2000 e as outras etapas pós-captura

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Registro – três eventos importantes que têm aspectosdo Censo 2000 como tema

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Censo em foco – conheça o trabalho do Comitê doCenso Demográfico 2000

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sumário

Atualidades – Tabulação Avançada da Amostra: ospróximos resultados do Censo 2000

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Ponto de vista – a importância das estimativaspopulacionais é o tema do artigo desta edição

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Censoonline

Os noruegueses puderam res-ponder ao Censo 2001 pela Internet.O formulário, escrito somente nalíngua norueguesa, contém 29 per-guntas e está disponível no site dobureau norueguês de estatística(www.ssb.no). O uso da rede para res-ponder ao questionário é opcional jáque o formulário também foi enviadopelo correio a todos os domicílioscujos endereços constam no RegistroNacional de População do país.

Para os habitantes que não têmo norueguês como língua mãe, obureau elaborou um guia de preen-chimento do questionário traduzidopara os idiomas inglês, espanhol,árabe, urdu, turco, somali, albanês,farsi (falado no Irã) e servo-croata.O guia pode ser acessado via Internet.

A coleta do Censo dePopulação 2001 na África do Sulterminou em outubro. Entre-tanto, uma segunda contagem foifeita em novembro para garantirque ninguém havia sido esque-cido. Durante todo o mês, mora-dores de cerca de 600 setorescensitários (com aproxima-damente 200 domicílios cada,totalizando 80.000 habitantes)receberam a visita de um grupode recenseadores. Eles deveriamverificar quem foi ou nãocontado. Esta etapa chama-se“pesquisa de pós-enumeração” etem por objetivo avaliar aqualidade do Censo, bem como

Mais de 1 bilhãoA Índia é um país de grande extensão territorial e possui a segunda maior

população do planeta, por isso, a operação censitária de lá é considerada gigantesca.Afinal, foram mais de 2 milhões de recenseadores visitando um total de 20 milhõesde domicílios, espalhados em 3.287.782 Km2.

O Censo 2001 encontrou um total de 1.027.015.247 indianos, passandoo país a ser o segundo do mundo, atrás apenas da China, a ultrapassar a marcade 1 bilhão de habitantes. Deste total, 531.277.078 são homens e 495.738.169são mulheres.

Outros resultados do Censo 2001 da Índia podem ser acessados na páginado órgão oficial de estatística do país na internet (www.censusindia.net).

conta-gotas

a extensão do grau de sube-numeração (domicílios e/oupessoas que deixam de sercontados).

O Censo sul-africano de2001 foi o segundo realizadodesde as primeiras eleiçõesdemocráticas ocorridas no paísem 1994.

Ninguém ficade fora

do Censo e título da música que podeser “baixada” direto do site.

Belize está localizado entre aGuatemala e o México, sendo um dosmenores países da América Central eo único da região colonizado pelosingleses. Banhado pelo mar do Caribe,tem 22.965 Km2 de extensão e acapital chama-se Belmopan. O idiomaoficial é o inglês e suas principaiscidades são Belize City, Belmopan, SanIgnacio e Orange Walk.

Contando e cantandoA coleta do Censo 2000 de

População e Domicílios de Belizedurou seis semanas. Foram contados240.204 habitantes, 50.812 a mais queo último censo, realizado em 1991.O site do bureau de estatística do país(www.cso.gov.bz) também forneceoutros resultados, além de uma cançãofeita especialmente para a pesquisa.“Every woman, every man, every childcounts” (Toda mulher, todo homem,toda criança conta) é o nome do slogan

Ilustração: Martha Werneck

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matéria de capa

Censo 2000 na imprensaCenso 2000 na imprensaExtra! Extra!Extra! Extra!

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Ao lado da diretora de Pesquisas do IBGE, Martha Mayer, o presidente SérgioBesserman abriu o lançamento dos Resultados do Universo do Censo 2000

Milhares de centímetrosquadrados de área de jornalcontendo fatos, fotos, gráficos etabelas registrando os primeirosresultados definitivos do Censo2000. Minutos preciosos na mídiatelevisiva, levando para todo oBrasil os dados mais recentes sobrea população do país. Isso sem falarno rádio, em rede nacional etambém a programação local, eainda a internet.

O Censo 2000 continua sendonotícia na imprensa de todo o paíse a importância dos resultadosdefinitivos divulgados no dia 19 dedezembro de 2001 coloca mais umavez o IBGE em evidência e ressaltaa qualidade do trabalho do institutopara toda a sociedade, levando essa

de recepção, 15 obtiveram êxito natransmissão e puderam assistir emtempo real à divulgação dosResultados do Universo. As outras12 unidades, embora sem terconseguido captar o sinal, rea-lizaram suas coletivas para aimprensa local e cumpriram seupapel na disseminação dos maisrecentes dados do Censo 2000.A iniciativa de transmitir um eventodesse porte em rede nacional foiinovadora e será aperfeiçoada parapossíveis eventos futuros e, destemodo, aproximar o IBGE cada vezmais de seu público.

Ao lado da diretora dePesquisas do IBGE, Martha Mayer,o presidente Sérgio Bessermanressaltou a importância do contato

mensagem através dos maisvariados canais de comunicação.

Direto da unidade do IBGE nobairro do Maracanã, no Rio deJaneiro, o presidente do Instituto,Sérgio Besserman Vianna iniciou oevento dando parabéns a quemparticipou do maior recenseamentorealizado no país, à imprensa pelacobertura ao longo do ano 2000 eao povo brasileiro que abriu asportas ao recenseador.

Nas Divisões Estaduais dePesquisa do IBGE localizadas nascapitais brasileiras e no DistritoFederal, foi montada uma redenacional de recepção para que olançamento pudesse ser assistido,via satélite, pela imprensa local eoutros convidados. Dos 27 pontos

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está envelhecendo mas não éconsiderada uma população velha.Por exemplo, nos países europeus,metade da população tem até 39 anosde idade. Já nos países da África,metade chega aos 18 anos”.

A consultora do Departa-mento de População e IndicadoresSociais (DEPIS) da Diretoria dePesquisas, Maria Dolores Kappel,apresentou 11 gráficos sobre a si-tuação da educação no país querevelaram o aumento do número dealfabetizados. Em 1991, 80,3% daspessoas de 10 anos ou mais eramalfabetizadas, passando para 87,2%em 2000. Isto significa que quase120 milhões de brasileiros sabem lere escrever um bilhete simples,conforme foi declarado nosquestionários do Censo.

Entre homens e mulheres, ocrescimento foi similar: 87,5 % dasmulheres são alfabetizadas contra86,8% dos homens. Observando-se as regiões brasileiras, Sul tem amaior proporção de pessoas, com10 anos de idade ou mais,alfabetizadas (93%) contra oNordeste que obteve o piordesempenho (75,4%).

dez vezes mais que o número dehabitantes que aqui viviam no iníciodo século XX.

Ela apresentou resultados depopulação e idade em 18 gráficos.Foram mostrados dados sobre adiminuição da proporção decrianças menores de 14 anos – de34,73% em 1991 para 29,6% em2000 - em decorrência da dimi-nuição das taxas de fecundidade dopaís, atualmente em torno de 2,2filhos por mulher. E sobre oaumento da proporção de pessoasidosas com mais de 65 anos – quesubiu de 4,83% em 1991 para5,85% em 2000.

Existem hoje, no Brasil, quase20 pessoas de 65 anos ou mais paracada 100 crianças até 15 anos deidade, resultado que reflete ainfluência da taxa de fecundidadecombinada com o aumento daesperança de vida da população.

Alicia acrescentou que a idadeque separa os 50% mais jovens dos50% mais velhos, chamada idademediana, aumentou dois anos e meioem nove anos. Em 2000, chegou a24 anos, sendo 23,5 para homens e24,9 para mulheres. “A população

entre o povo – que tem se mos-trado cada vez mais interessado emtudo o que se refere à realidadebrasileira – e o instituto, o qual sedá através da imprensa. E acres-centou que a cobertura da mídiasobre IBGE tem sido magnífica eextraordinária. “Vocês têm nosajudado extraordinariamente nanossa tarefa de transmitir àpopulação brasileira as estatísticasdo país”.

O mais novo retrato dasociedade brasileiraem papel e CD-Rom

A divulgação dos resultadosdefinitivos foi marcada tambémpelo lançamento da publicaçãoResultados do Universo do Cen-so 2000.

A diretora Martha Mayer,antes de introduzir os técnicos queiam apresentar alguns dos resul-tados definitivos para os jornalistas,informou que a publicação é aterceira de uma série iniciada comos Resultados Preliminares, divul-gado em dezembro de 2000 eSinopse Preliminar, lançada emmaio de 2001. E esclareceu que serefere ao universo porque trata dosresultados referentes às perguntasfeitas a toda população residente nopaís na data de referência do Censo,contidas nos questionários básicos quetambém aparecem nos da amostra.

Iniciando a apresentação dosresultados propriamente ditos, acoordenadora do Comitê do CensoDemográfico 2000, Alicia Berco-vich, iniciou sua exposição falandosobre o total de população reveladona pesquisa que é de 169.799.170,

No Brasil, para cada100 crianças há 20

idosos

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Maria Dolores explicou que oaumento da taxa de alfabetizaçãoprovoca a redução do número depessoas analfabetas. No Brasil comoum todo, a taxa de analfabetismodeclinou de 23,8% para 17,2%.

O chefe do DEPIS, LuizAntonio Pinto de Oliveira, baseousua apresentação nas característicasda pessoa responsável pelodomicílio e na estrutura domiciliar.

Através de 14 gráficos, LuizAntonio mostrou o aumento daproporção de domicílios chefiadospor mulheres. “Enquanto em 1991,apenas 18% dos domicílios tinhamcomo responsáveis as mulheres, em2000 a proporção de pessoasresponsáveis do sexo femininopulou para 25%, ou seja, um quartodos domicílios brasileiros”.

Segundo ele, tal mudançaexpressa, de modo positivo, oaumento da autonomia feminina eincorporação da mulher aomercado de trabalho. Em contra-partida, também reflete a ausênciada figura masculina nas famíliascom a predominância da mulhercomo chefe do domicílio. “A mu-lher passou a assumir as respon-sabilidades na ausência do côn-juge”. Essa tendência de cresci-mento é verificada em todo o país,sendo que no Sudeste (25,6%) eNordeste (25,9%) as proporçõessão maiores.

O Censo revelou também quedo universo de 11,2 milhões demulheres que chefiam os domi-cílios, 3,4 milhões têm mais de 60anos de idade. “Está aumentandono Brasil, no universo das mulheresde 60 anos de idade ou mais, aproporção daquelas que sãoresponsáveis pelos domicílios. Foium crescimento pequeno, porémexpressivo”.

Outro dado interessante queestá relacionado com os domicílioscujos responsáveis são as mulheres,

é a proporção de crianças daprimeira infância (0 a 6 anos) queresidem nos mesmos. Essa pro-porção cresceu de 10,5% em 1991para 14,2% em 2000.

Ele ressalta também oaumento da proporção de domi-cílios onde vive uma só pessoa,principalmente nas unidades dafederação mais urbanizadas, sendoum reflexo dos novos padrões deorganização familiar.

Quanto à propriedade dodomicílio, Luiz Antonio explicouque foram pesquisadas três cate-gorias: próprio, alugado e cedido.As informações do Censo mostramque o número de domicíliospróprios aumentou de 69,8% em1991 para 74,4% em 2000, estandoa maioria concentrada nas regiõesNorte e Nordeste. “Esses domicíliosestão localizados em cidadespequenas onde há a tradição deganhar por herança ou concessão.Já no Distrito Federal, observa-se amenor concentração de domicílios

Pessoas responsáveis pelo domicílio por sexoBrasil 1991/2000

Estrutura etária por sexoBrasil 1980/2000

Fonte: IBGE, Censo Demográfico1991/2000

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próprios, por conta de característicaspeculiares a Brasília”.

O número de domicíliosalugados diminuiu de 16,4% em1991 para 14,3% em 2000 eencontram-se, em sua maioria, naregião Sudeste. Já os cedidos estãolocalizados nas áreas rurais. “Háuma tradição de domicílios cedidosnos estados de base rural”.

E em relação ao quesitosaneamento básico, Luiz Antoniomostrou que o esgotamentosanitário ainda não atingiu índicessatisfatórios, mesmo com oaumento da proporção de domi-cílios que tem acesso à rede geralde esgoto ou que dispõe de fossaséptica: 62,2% em 2000 contra52,4% em 1991.

Observando-se as regiões,Sudeste é a que apresenta melhorescondições de saneamento básico,cobrindo 82,3% dos domicílios,seguida da região Sul, com 63,8% dosdomicílios cobertos. Norte, Nordestee Centro-Oeste apresentam as piorescondições de esgotamento sanitário.Menos da metade dos domicíliosdestas regiões possuíam rede geral deesgoto ou fossa séptica em 2000,prevalecendo as fossas rudimentarestanto em domicílios urbanos e rurais.

No quesito abastecimento deágua, Luiz Antonio apontou umadiminuição da proporção de rede deágua nas áreas urbanas da regiãoNorte, a qual não significou umdecréscimo real mas que os serviçosnão acompanharam o grandecrescimento urbano por que passou.

Sobre a instalação sanitária, osdados do Censo revelam que 7,5milhões de domicílios não tinhambanheiro, com grande concentraçãono estados do Piauí (42,9%) e doMaranhão (39,8%).

A consultora do Departa-mento de Emprego e Rendimento(DEREN) e membro do Comitê doCenso Demográfico 2000, Vandelidos Santos Guerra, falou sobre orendimento das pessoas responsáveispelos domicílios particulares per-manentes (onde o relacionamentoentre seus ocupantes é ditado por laçosde parentesco, de dependênciadoméstica ou por normas de con-vivência). Com o auxílio de cincográficos, Vandeli explicou que houveum ganho real do rendimento daspessoas responsáveis pelo domicílioem todas as regiões, não sendo umfenômeno isolado.

O rendimento real médioaumentou 41,9% de 1991 para

2000, passando, em valores reais,de R$ 542,00 para R$ 769,00.A região que apresentou maiorganho foi o Sudeste (50,2%),seguida do Nordeste (48,8%).

Em relação ao rendimento dosresponsáveis pelos domicílios emáreas urbanas e rurais, de 1991 para2000 houve algumas mudanças.“Constatamos que os ganhos nasáreas urbanas foram menos ele-vados que os da área rural. Na árearural, no total para o Brasil, osganhos passaram de 50% e na áreaurbana ficou em 35%”.

Ao final das apresentações dealguns dos resultados do Censo2000, os técnicos concederamuma entrevista coletiva à im-prensa, esclarecendo as dúvidasmais específicas dos jornalistasque dali levariam a todo o públicoo retrato atual do Brasil que serevela através dos resultados doCenso 2000.

A equipe de técnicos do IBGE apresentou e analisoualguns dos Resultados do Universo do Censo 2000 nacoletiva para a imprensa.

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Mais de 70% dos domicílios

brasileiros são próprios e

apenas 9,6% são

apartamentos

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espaço aberto

Desde 1997, especialistas daArgentina, Brasil, Paraguai,Uruguai – países que compõemMercado Comum do Sul(Mercosul) – e mais Bolívia e Chile,na qualidade de países associados,reúnem-se periodicamente paradiscutir e partilhar experiênciasadquiridas nos últimos censos,além de tentar integrar os dadosproduzidos e planejar o futuro.

Um empreendimento conjun-to, iniciado no I Seminário sobreCenso Comum no Mercosul,realizado em Buenos Aires em1997, que traçou como metas adefinição de um mínimo devariáveis comuns a ser disseminadosimultaneamente; a compati-bilização de definições e conceitos;a garantia de comparabilidade dossistemas de classificação dos paísesenvolvidos; a elaboração de umplano comum de tabulações e acriação de uma base de dados únicapara o Mercosul.

A harmonização das esta-tísticas produzidas pelos paísesque compõem o Mercosul étambém parte do projeto decooperação estatística entre estesmesmos países e a Europa, atravésda rede de institutos nacionais deestatística que formam o Eurostat.

A aproximação metodológica noâmbito estatístico vai possibilitarque todos utilizem, sobre basesreconhecidas, os dados referentesa todos os campos em que hámedição estatística.

A integração de dadostambém vai facilitar as relaçõescomerciais e econômicas entre osmercados sul-americano e euro-peu, possibilitando às pessoas, àsinstituições e às empresas, atravésdos indicadores mais harmônicos,o acompanhamento da realidadesocial e econômica dos países queos integram.

As comissões

O primeiro levantamentocensitário do Mercosul deverá teruma conclusão parcial em 2003 euma total em 2005. O trabalho de

uniformização dos questionáriosficou sob a responsabilidade de seiscomissões, tendo, cada uma, umrepresentante de cada país. AliciaBercovich, coordenadora doComitê do Censo Demográfico2000 da Diretoria de Pesquisas doIBGE, preside a comissãobrasileira.

Dentre as atividades desen-volvidas, estão o acompanhamentodos intercâmbios estabelecidoscom os demais países e tudo o quese refere à harmonização deestatísticas, integração de dados epadronização de conceitos,definições e métodos.

O primeiro passo adotadopelas comissões foi comparar osquestionários utilizados nos censosde cada país. Diferenças opera-cionais e conceituais tornaram-seevidentes e os países decidiramcompor um núcleo comum de

O Censo além das fronteirasO Censo além das fronteiras

O VIII Seminário sobre o CensoComum no Mercosul foi realizadoem 1999, no Rio de Janeiro.

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informações para o ano 2000. Estauniformização de questionários fezconstar as mesmas perguntas sobreeconomia, características depopulação, emprego e renda nosformulários de cada país.

As metodologias de levan-tamento de dados diferem de paíspara país e a aproximação no modode organizar, treinar e processarnão deve alterar as tradiçõesestatísticas seguidas por cada um,além de respeitar suas limitações.

Uma prova piloto conjunta foirealizada em 1998 em duas áreasde fronteira entre o Brasil,Argentina e Bolívia, para quefossem testados os conteúdosmínimos comuns dos questionáriosde cada um; suas metodologias detreinamento e capacitação derecenseadores; o desenho da basede dados comum etc.

A prova foi monitorada porequipes desses países e também deoutros do Mercosul. A experiênciagerou um rico material, compro-vando, principalmente, que osmesmos conceitos, definições eclassificações usados acabaramgerando, em campo, interpretaçõesdiferentes para cada país.

Na Argentina,Censo foi em2001

A Argentina já divulgou osresultados preliminares do Censo2001, realizado nos dias 17 e 18de novembro do ano passado. Nototal, foram contados 36.027.041milhões de habitantes, sendo17.563.777 homens e 18.463.264mulheres. E a densidade demo-gráfica é de 13 habitantes por Km2

(a área total do território argentinoé de 2.780.400 Km2 ).

O Censo 2001 de Populaçãoe Domicílios é chamado de “censo

de hecho” (censo de fato), e não“censo de derecho”, porque incluias pessoas que não necessariamenteresidem nos domicílios recen-seados mas que estiveram no localno dia que marca o início daoperação de coleta.

Um time de 500 mil recen-seadores, formado por professoresdos níveis primário e médio,visitou cerca de 12 milhões dedomicílios, que totalizam 450 mil

setores censitários, preenchendo22 milhões de questionários.

Para saber as características dapopulação argentina, eles utiliza-ram apenas um questionáriorevisado, com modificações nostemas emprego e migração, e comnovas temáticas como, porexemplo, a verificação da ascen-dência indígena e de pessoasportadoras de deficiências. Alémde perguntas sobre condições de

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conservação do domicílio e dadossobre os moradores como relaçõesde parentesco, grau de instrução,ocupação, renda e associação aalgum plano de saúde.

O censo argentino é coor-denado por um Conselho Supe-rior e Operativo formado pelosmembros do Instituto Nacional deEstatística e Censos da RepúblicaArgentina (INDEC). Nas pro-víncias, a coordenação é divididaentre os membros do INDEC e osgovernadores. Conheça maissobre o censo argentino comLaura Cazzolli, coordenadora doPrograma de Censos do INDEC.

Vou te contar – Como asenhora analisa este momento apósa operação de coleta?

Laura Cazzolli – Poste-riormente ao censo, tarefas derecompilação de informação estãosendo realizadas nas províncias. Deposse dos resumos dos setorescensitários, demos publicidade aosdados preliminares. Também já foiiniciada a leitura ótica das planilhasprovenientes dos conjuntos desetores e, nos próximos meses,haverá um encontro com osdiretores das 24 províncias paraavaliar a operação.

Vou te contar – Queestratégias de divulgação foramutilizadas pelo instituto paramobilizar a população?

LC – A estratégia de divul-gação contou com uma campanhapara que a população conhecessea realização de um censo. Estaestratégia se desenvolveu de formapaulatina, a partir de outubro, porser nesta data as eleições dosparlamentares argentinos. Fizemosuma divulgação que incluiu spotsde rádio e televisão, notas nosjornais de maior circulação e emprogramas jornalísticos, além deanúncios em vias públicas.

Vou te contar – Qual opúblico que mais requisita osresultados do censo em seu país?

LC – Os usuários de dadoscensitários são, principalmente, asuniversidades, empresas de serviço,organismos públicos, consultores eparticulares.

Vou te contar – De que formao censo argentino está contribuindocom o núcleo comum de infor-mações básicas dos países doMercosul mais Bolívia e Chile?

LC – Em relação às variáveisque foram acordadas com os paísesdo Mercosul mais a Bolívia e oChile, a informação do Censo daArgentina vai estar disponível deacordo com um cronograma deprocessamento e publicação dedados que começa em meados dejaneiro de 2002 e termina emdezembro de 2003. Com os dadosobtidos, as tabulações comunspoderão ser formadas.

Uruguai realizouo último Censoem 1996

O Instituto Nacional deEstatísticas do Uruguai (INE) foicriado, por decreto, em 1852.Historicamente vinculado aoMinistério da Economia, nasúltimas décadas, passou a ser ligadoà Presidência da República, atravésdo Escritório de Planejamento eOrçamento.

O último censo realizado foio VII Censo Geral de População eIII de Moradia e de Domicílios, em22 de maio de 1996, que contouuma população de 3.163.763habitantes, sendo 1.532.288homens e 1.631.475 mulheres. Dototal, 13% é formada por idosos e25%, por jovens.

Tais dados mostram umaimportante transformação namodalidade de constituição dafamília no país. O matrimôniocomo instituição para a reproduçãobiológica vem perdendo efeitorelativo, enquanto aumenta aparticipação da união consensuale de fato, no total de uniões.Enquanto em 1975, 54% dapopulação de 15 anos ou maisestava legalmente unida, em 1996,essa percentagem desceu para48%. No mesmo período, aschamadas uniões livres duplicaram,passando de 5% para 10%.

Em relação ao tema educação,a redução das taxas de anal-fabetismo; a incorporação doensino para crianças de 3 a 5 anose uma grande expansão dos níveismédio e superior foram avançosrevelados pelo censo. Embora opaís conte ainda com 80 milanalfabetos com 10 anos ou maisde idade.

Paraguai nareta final

O Paraguai contava, em 1997,com uma população de 5.077.000de habitantes, 50,54% na zona rurale 49,46% na zona urbana (o país tem406.752 Km2). Em 1998, a taxaanual de crescimento era de 2,8%.

O país realizará o próximoCenso Nacional de População e Ha-bitação em 2002, que está previstopara começar no dia 28 de agosto edeverá recensear cerca de 6 milhõesde pessoas em 1.200.000 domicílios.

Quem realiza o Censo noParaguai é a Direção Geral deEstatísticas, Pesquisas e Censos(DGEEC), órgão responsável nopaís pela geração, sistematização,análise e difusão das informaçõesestatísticas e cartográficas.

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Foi criado em 1885, sendo re-gido por um decreto-lei de 1942. Évinculado à Secretaria Técnica dePlanejamento da Presidência daRepública e iniciou os preparativos daoperação censitária de 2002 em 1998.

O Paraguai espera tambémpela aprovação por parte de seuParlamento de um projeto depedido de empréstimo ao BancoInteramericano de Desenvolvi-mento – BID para obter os recursosnecessários ao seu recenseamento.

Chile: Censotambém em 2002

O dia 24 de abril está marcadopara o início da operação de coletado XVIII Censo Nacional dePopulação e VI de Habitação –2002 – no Chile.

A partir da década de 80, oscensos do Chile foram realizadosem anos terminados em 2, 1982,1992 e agora 2002. O Censo 2002vai apurar o total de habitanteschilenos e estrangeiros do país econhecer mais detalhes sobre sexo,idade, educação e ocupação, alémdas características estruturais dosdomicílios como, por exemplo,materiais de construção utilizados,serviços básicos recebidos eequipamentos que possuem. Essasúltimas tornam-se necessárias emvirtude das grandes mudançascausadas pelos efeitos da globa-lização que afetaram o modo devida da população.

O Instituto Nacional deEstatísticas (INE) é o responsávelpela realização dos censos noChile, desde 1970, e conta com acolaboração dos organismos daAdministração Pública, das em-presas privadas, do Estado, dasForças Armadas, das organizaçõescivis e dos estudantes.

Para o Censo 2002, estão sendotreinados 370 mil recenseadores,recrutados entre estudantes deterceiro e quarto anos do ensinomédio chileno, universitários,professores, membros das ForçasArmadas e funcionários públicos,todos trabalhando em regimevoluntário, apenas com ajuda decusto para transporte e alimentação.

Entre 27 de fevereiro e 1º de março de 2002, os representantes dospaíses do Mercosul, mais Bolívia e Chile, estarão reunidos mais uma vez.Será o X Seminário sobre o Censo Comum no Mercosul, no Rio deJaneiro. Aguarde a próxima edição de Vou te contar e confira a coberturacompleta do evento.

Como anda o Censo nos paísesdo Mercosul

Segundo as estimativas doINE, serão impressos entre 5 e6 milhões de formulários quepassarão pela leitura ó t ica,etapa que é feita por uma em-presa especializada contratada,assim como acontece com asetapas de impressão, arma-zenamento , d i s t r ibu ição erecolhimento de formulários.

Países Data do Censo O que estão fazendo? Endereço na internet

Brasil 2000 Já foram divulgados os resultados definitivos www.ibge.gov.brdo universo. O próximo produto será TabulaçãoAvançada da Amostra, a sair em abril.

Argentina 2001 O censo argentino encontra-se na etapa de www.indec.mecon.ardivulgação de outros dados preliminares, queoram obtidos através da leitura das planilhasdos conjuntos de setores censitários. Estáprevista a disseminação dos primeirosresultados definitivos até o fim do ano.

Paraguai 2002 Em dezembro terminaram uma pesquisa de www.dgeec.gov.pyavaliação pós-censo no distrito de EusébioAyala. A pesquisa é uma espécie de provapiloto que vai comparar os dados pesquisadosnos domicílios selecionados com os dados aserem recolhidos quando o Censo for realizado.

Uruguai 1996 Ainda não iniciaram os preparativos para www.ine.guv.uyo próximo censo.

Bolívia 2001 O Censo 2001 da Bolívia foi destaque na edição www.ine.gov.boanterior de Vou te contar. Está na fase deprocessamento e divulgação dos resultados.Os próximos serão os definitivos sobre ototal de homens e mulheres para cada um dos314 municípios.

Chile 2002 No momento, estão sendo convocados www.ine.clvoluntários que tenham mais de 16 anos ecursado o ensino médio para trabalharemcomo recenseadores.

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gente contando gente

Comissão Consultiva:Comissão Consultiva:elo entre o IBGE e a sociedadeelo entre o IBGE e a sociedade

Em dezembro de 2001, aconteceu a 11a reunião da Comissão Consultiva do CensoDemográfico 2000, no segundo andar da unidade do IBGE, na Avenida Chile, centrodo Rio de Janeiro.

A diretora de Pesquisas do instituto, Martha Mayer, preside a Comissão que têmcomo membros especialistas renomados em suas respectivas áreas, onde possuemnotório e reconhecido saber. São estudiosos de diversos temas ligados a populaçãoque integram a Comissão Consultiva do Censo Demográfico 2000, cujo papel principalé ser o principal elo entre o IBGE e a sociedade.

Fazem parte da Comissão: Elza Salvatori Berquó, do Centro Brasileiro de Análise ePlanejamento – CEBRAP; Wilton de Oliveira Bussab, da Fundação Getúlio Vargas –FGV/SP; Ricardo Paes de Barros, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA;Elisa Maria da Conceição Pereira Reis, da Universidade Federal do Rio de Janeiro –UFRJ; Tânia Bacelar de Araújo, da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE; eJosé Alberto Magno de Carvalho, do Centro de Desenvolvimento e PlanejamentoRegional – CEDEPLAR.

A Comissão Consultiva iniciou seus trabalhos para o Censo em 1997. Partindo doprincípio básico de que o Censo pertence a toda a sociedade, seus integrantesrepresentam uma parcela significativa da população e todos contribuem trazendosugestões e expectativas em torno de possíveis inovações a serem introduzidas nosCensos.

A idéia do IBGE com a Comissão é assegurar a demanda de informações dos diversossetores, contando com a assessoria desses especialistas no sentido de opinarem nasdecisões relativas a conteúdo de questionários, amostra, métodos de apuração, entreoutros aspectos.

A equipe da Vou te contar acompanhou a reunião e ao final convidou os integrantesda Comissão para falarem sobre suas impressões, numa espécie de mesa de bate-papo, onde cada um pode fazer sua avaliação dos trabalhos realizados ou daexperiência adquirida. Em entrevista à parte, a equipe ouviu também a presidenteda Comissão e diretora de Pesquisas do IBGE, Martha Mayer.

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WB – Eu acho que tem umgrau satisfatório. Gostei da ma-neira como foi orientada, emboraache que na anterior tivemos umpouco mais de participação ativa,pelo menos da minha parte.

Vou te Contar – O que vocêchama de participação ativa?

WB – Eu acho que eu não meenvolvi em alguns aspectos especí-ficos numa linha mais direta. Talvezseja porque dessa vez não precisou.Por causa das exigências de 1991,houve mudanças mais radicais emalguns aspectos do que nessa.

EB – Este Censo de 2000 euacho que ele inovou em váriosaspectos, a questão desde o en-volvimento dos entrevistadoresrecrutados em seus próprios locaisde moradia, quer dizer, você pegaas favelas, então os entrevistadores

essa apresentação que foi feita hojedos doadores, para você corrigirignorados, o IBGE está vivendo, naminha opinião, uma fase muitointeressante e positiva, porque aqualidade do trabalho interno doIBGE eu sinto que evoluiu muito.

WB – Conseguiu incorporaros avanços tecnológicos de maneirabrilhante e esse avanço que o IBGEteve é incrível.

Vou te contar para ElzaBerquó – Como você avalia suaatuação na Comissão Consultiva?

EB – Em primeiro lugar, jáparticipamos, o Wilton só a de1991, mas eu participei na doCenso de 1980. Fiz parte daComissão de 80, da de 91 e deste.São momentos muito privilegiadosna vida de pesquisadores como eu,de você poder, nessa convivência,trazer o seu conhecimento, parti-cipar com o seu conhecimento, queaté certo ponto estar presente aquilegitima, porque queira ou não asua presença legitima ações. Entãoeu acho que é uma responsa-bilidade muito grande, mas que euacho muito positivo a gentecompartilhar e em muitos mo-mentos tivemos pareceres quemudaram a posição do IBGE.É essa a nossa função: vir da aca-demia com o conhecimento acu-mulado que nós temos e podermoscompartir aqui para que asalterações censitárias sejam feitas.

Vou te contar – Dá um exem-plo de uma participação sua quegerou modificações.

EB – Eu acho que a gente dis-cutiu bastante essa questão da cor, daetnia. Infelizmente não se chegouainda a um resultado que fosse oideal, mas se conseguiu fazer umestudo piloto, a incorporação cadavez maior dos representantes domovimento negro, que é um usuárioimportante nessa questão. Eu acho

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Tânia Bacelar, da UniversidadeFederal de Pernambuco, tambémintegra a Comissão Consultiva.

Vou te contar para ElzaBerquó – Como se deu a partici-pação dos membros da ComissãoConsultiva nos trabalhos do Censo?

EB – Bom, houve uma fase emque a nossa participação era muitomais importante do que nessaagora, porque agora nós estamosouvindo já o que são os resultadosde análises. Na outra fase, entra-mos no mérito do questionário, emfunção ou não de questões, naforma de perguntar, amostragem.E é evidente que a operaçãocensitária tem um ritmo, ela é umprocesso, de modo que em cadaetapa dela a participação dessacomissão pode ser mais crucial doque em outras e mais ou menos foiassim. Nessa reunião de hoje, porexemplo, já estamos coroando umaparte, porque vai haver a divul-gação do questionário básico.

Vou te contar – Esta fase seriamais de ouvir, então?

EB – É, mais ouvir, é um relato.

Vou te contar para WiltonBussab – Existe algum aspectoque precisa ser aperfeiçoado naComissão ou os trabalhos da for-ma como são orientados atin-giram um grau satisfatório?

Elza Berquó acha que o Censo2000 inovou em vários aspectos.

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eram moradores de favela. Demodo que eles têm acesso muitomais facilitado e eu acho que o fatode você recrutar entrevistadoresem cada município e não ter umaequipe de entrevistadores, eu achoque inovou e você vê, inclusive,

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que a gente tem contribuído para essaabertura do IBGE com relação aampliação da presença dos usuáriosna discussão dos quesitos que entrame como entram no Censo.

Vou te contar para Ricardo deBarros – Vamos perguntar a você,Ricardo, o mesmo que perguntamosa Elza Berquó. Como você avalia asua atuação aqui na Comissão?

RPB – Eu acho que quem temque avaliar a nossa participação émais o IBGE, eles é que tem quejulgar em que medida essaComissão tem ajudado o IBGE ounão, mas eu acho que tem umasérie de fatores que, não tantonesse momento, mas, no início,quando o Censo estava sendodesenhado, onde foi bastanteimportante a participação daComissão. Como a Elza já colocou,acho que a questão racial, a genteestava prestes a ter uma mudançana forma de perguntar e essaComissão acabou fazendo umpapel importante na decisão finalque foi a de manter o mesmo tipode pergunta que a gente tinha nopassado. Eu acho que na própria

Vou te contar para JoséAlberto Magno de Carvalho –O que, para você, José Alberto, é maisou menos positivo na Comissão?

JAC – De extremamentepositivo, para mim, é o trabalho,durante vários anos, sem sobres-saltos e crises, de preparação doCenso, possibilitado pela garantia,por parte do Governo Federal, dosrecursos orçamentários necessá-rios. Também pela firme, tranqüilae solidária liderança por parte daDireção do IBGE e ainda pelaextrema dedicação e competênciaprofissional das Coordenações e docorpo técnico da instituição,diretamente envolvidos em todo oprocesso censitário. Agora, se algode negativo houve, foi pontual edele não tomei conhecimento.

Vou te contar para Wilton –Existe algum ponto específico quevocê considera fundamental naComissão, que não poderia sermudado nunca?

WB – A existência daComissão. (Risos)

Vou te contar – A puraexistência da Comissão.

WB – Mas é claro. Porque nóstrazemos uma demanda nossa e deoutras pessoas que são usuários.E os cuidados. Alertamos para osproblemas que podem surgir, quemuda alguma coisa, introduzalguma coisa, que nem sempre agente saiu ganhando.

Vou te contar – Não é umacoisa fixa, quer dizer, a Comissãotem uma vida.

EB – Inclusive ela modela.Os membros da Comissão nemsempre foram esses. Algumaspessoas permaneceram, outrassaíram, outras entraram. Tenta-seque ela seja bastante heterogêneano sentido da sua formação, paraque se possa trazer aqui a visão do

divulgação do Censo, no própriovídeo, a Elza fez um comentáriomuito importante sobre os viesesraciais e acho que teve uma sériede outras contribuições impor-tantes da Comissão.

Vou te contar para Elisa Reis– E você, Elisa, o que pensa daComissão Consultiva?

ER – Primeiramente, daparte do IBGE foi de umasensibil idade muito grandetrabalhar com consultores ex-ternos, de fora da instituição.Reconheceu, com isso, aimportância de seus interlocu-tores, que emitiram não só opi-niões pessoais, mas também a dacomunidade acadêmica e dospesquisadores em geral. Quandoeu comecei na Comissão, eu erapresidente da Associação Na-cional de Pós-graduação ePesquisa em Ciências Sociais, aANPOCS, e ter um representanteda ANPOCS na Comissão é umaforma de o IBGE valorizar osestudantes universitários comousuários do IBGE.

Para Ricardo Paes e Barros, aComissão tem um valor incrível nosentido de poder interferir nasdecisões centrais do Censo

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Wilton Bussab afirmou que o IBGEconseguiu incorporar os avançostecnológicos de maneira brilhanteno Censo 2000.

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geógrafo, a visão de um econo-mista, de um estatístico, de umdemógrafo, de um sociólogo, deum antropólogo e assim por diante.E no Censo isso vai mudando.Como eu disse, eu faço parte dessacomissão desde 1980, estou aquihá 20 anos e acho que não ter umaComissão de Censo seria umempobrecimento muito grandeporque legitima de alguma maneiraas decisões que são tomadas aqui,porque nós participamos, nãochegamos aqui para dizer amém atudo. E a gente traz por outro ladoum sentimento da academia, dosmovimentos sociais pois a genteestá afinada com a sociedadebrasileira, de modo que enquantovocê está aqui, além do conheci-mento técnico, consideraçõespolíticas, que são importantes, paranão fazer nada politicamenteincorreto.

Vou te contar – por exemplo?

EB – Ah, mil coisas... porexemplo, essa questão que se

discutiu aqui das uniões homosse-xuais que a gente precisa encon-trar um caminho para chegar lá,precisa muito cuidado de como éque se coloca essa questão, porqueé um rompimento de uma privaci-dade, que precisa muito cuidadopara saber como é que essa questãoé tratada e é possível mesmo quenão será nem num Censo no come-ço, são pesquisas ad hoc que vão darelementos para saber e para issoprecisa ouvir os próprios movimen-tos gays, como é que eles acham queas questões devem ser feitas.

Vou te contar – Como umaquestão deve ser formulada, vocêquer dizer.

EB – Exato! De como umaquestão deve ser formulada. E nãoé tão simples.

Vou te contar para Ricardo deBarros – E você, Ricardo, o quevocê considera mais ou menospositivo na Comissão?

RPB – As reuniões desegunda-feira de manhã (risos).

EB – Ah, segunda-feira demanhã é um horror. Para quem nãomora aqui, realmente...

RPB – Eu acho que do nossoponto de vista essa Comissão temum valor incrível de a gente poderfazer as demandas, de poderinterferir nas diversas decisõescentrais do Censo. Então, para nósda Comissão é extremamentepositivo a gente poder estar aqui,participando, vendo o andamento,cobrando. Na medida em que essaComissão existe é muito maiscomplicado para o IBGE dizer quevai adiar por não sei quantos mesesou indefinidamente, comoaconteceu com o Censo de 1991,cria dificuldades, então a gente saicom uma cobrança e acho que agente consegue introduzir umasérie de mudanças. Do nosso pontode vista é muito positivo.

Vou te contar – E tem retornopara vocês, para o trabalho devocês? Quer dizer, onde vocêsatuam.

ER – Para mim foi muito bomver as pessoas do IBGE trabalhar eisto acrescentou ao meu trabalhoem sala de aula. Passei a fazer osmeus alunos prestarem mais aten-ção aos dados censais e também aosresultados das PNADs (PesquisaNacional por Amostra de Domi-cílios), principalmente aluno degraduação, porque aluno de pós-graduação lida com esses dadosnormalmente. Quando estoudando aulas sobre problemasbrasileiros e surge alguma contro-vérsia, a questão da cor, porexemplo, que aqui na Comissão foiuma discussão boa, cada membrotinha uma maneira de verdiferente. Em sala de aula, quandoas opiniões divergem, remeto aoIBGE, “olha, mas o IBGE analisade uma outra forma”. Então, foimuito positivo no sentido de sen-sibilizar para a relação entre a me-todologia e as relações teóricas.

WB – Você fica melhorinformado daquilo que você estáusando, mas, por um outro lado,de certo modo, nós passamos a serdefensores do IBGE junto àquelaspessoas com as quais nós con-vivemos. Porque nós podemoscontar quais foram as dificuldades,porque que não mudou, porqueque não fez isso, e você temconhecimento das dificuldades queforam enfrentadas para mudar oupara acrescentar uma pergunta.Quer dizer, acrescentar qualqueritem no Censo é uma fábula, entãoa gente começa a ser maisparcimonioso nos pedidos.

RB – Eu acho que teve ummomento em que houve uma certacampanha, um certo movimentono Brasil no sentido de tirar umpouco os créditos do Censo. Várias

Elisa Reis disse que o IBGE soubereconhecer a importância dos seusinterlocutores, ao trabalhar comconsultores externos.

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pessoas importantes dizendo, “oh,eu não fui entrevistado”, eu achoque nós que estávamos aquipudemos dar entrevista no IPEA edizer, “olha, isso aqui é o melhorCenso que está sendo feito nahumanidade”, quer dizer, do queque está sendo falado. Então, euacho que, por um lado, o IBGEdando respostas técnicas erespondendo com precisão àquelasperguntas e, por outro lado, nósparticipando dessa Comissão,participando do que está acon-tecendo e o que está acontecendosendo muito bom, também ajudabastante.

EB – Eu queria acrescentar,inclusive, que neste contextomuitas vezes a gente esclareciapessoas importantes que estavamdando entrevista: espera umbocadinho, o próprio IBGE estádivulgando números de telefoneonde pessoas que não foramentrevistadas entrem em contato,porque eles vão entrevistar. Agora,é que há um sentimento que é maisfácil criticar do que construir.

JAC – Bom, eu já haviaparticipado da Comissão doCenso de 1991. Essas expe-riências, se verdadeiramenteassumidas, sempre nos ensinamalgo, nos dão oportunidade paracontribuir construtivamente enos tornam orgulhosos e cadavez mais comprometidos com acoisa pública.

Instituiçãofechada é coisado passado

Vou te contar – A ComissãoConsultiva do Censo 2000 foimontada desde 1997. Desde quecomeçou os trabalhos até hoje, elaconseguiu alcançar os objetivos aque se propôs?

MM – Conseguiu, eu diria,integralmente. Porque nósdiscutimos com a Comissão desdeas pesquisas pilotos. Desde aprimeira, nós conseguimos discutir,não só o que ia fazer, avaliação e oque fazer depois. Foi assim com asduas provas pilotos e depois como Censo Experimental. E quandoo Censo 2000 estava em campo, agente viu a importância dessaComissão, porque há os ques-tionamentos, que vêm da popula-ção, a mídia, até por desconhe-cimento das partes mais teóricas,mais conceituais do processo deCenso. Quando questionaramalgum procedimento do IBGE, essaComissão, que é de notório saber,nos apoiou integralmente na defesados procedimentos que adotamos.

Vou te contar – É, inclusive,a Elza, o Ricardo e o Wilton falaramsobre isso.

MM – Pois é, então, isso foiimportante, mostrar que houveuma interação do IBGE com os

representantes legítimos do sabernessa área na sociedade.

Vou te contar – E você fazalguma comparação entre estaComissão e a de 1991?

MM – Nós trabalhamos coma Comissão em 1991 e o que eucreio que a diferença para estaagora é que talvez nós tenhamosantecipado mais as discussões econseguimos participar maisativamente.

Vou te contar – E só o CensoDemográfico possui uma ComissãoConsultiva?

MM – Bom, a cada Censovocê monta uma, por exemplo, nóstemos hoje uma do Censo Agro-pecuário montada. Às vezes, porpesquisas, nós fazemos coisasmenos formais, de menor porte,algumas até formais também, mas,para o Censo, teve em 1991 e euacho que agora está cada vez maisforte. Porque está dentro desseprocesso todo que o IBGE estácada vez mais aberto, trocandoinformações, então é natural queno seu trabalho mais grandioso queé o do Censo a gente tenha essainteração também.

Vou te contar – É dito que aComissão é o elo institucional doIBGE com a sociedade. Eu lhepergunto: este é o único elo?

MM – Não, pelo contrário.Está tendo essa Comissão Con-sultiva, mas nós fizemos váriasreuniões com os usuários. Nósconsultamos mais de cinco milusuários e tivemos duas grandesreuniões com eles, fizemos peque-nas reuniões mais de especialistas.Quando a gente quis discutir, porexemplo, a imputação da renda,antes de adotar aquele processo,nós chamamos alguns usuários daacademia, dos dados de ren-dimentos, e falaram, olha, o IBGE

José Alberto de Carvalho destacaa firme e tranqüila liderança daDireção do IBGE.

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nunca imputou a renda no Censo,esse ano nós imputávamos paraabrir, o que que vocês acham.

Vou te contar – Quem sãoos especialistas, nesse caso?

MM – Na época da renda,nós chamamos pessoas da Univer-sidade Federal do Rio de Janeiro,da Pontifícia Universidade Cató-lica, economistas, estudiosos domercado de trabalho, quando eufalo especialistas, é isso. Quandonós definimos a forma final doquestionário do Censo para asperguntas sobre portadores dedeficiência, conversamos com acoordenação do Ministério daJustiça, que cuida dessa questão.Quando a coisa era muitoespecializada, discutíamos comporta-vozes do movimento negroa questão do dado de cor, doquesito de cor, por exemplo.Então, a Comissão Consultivaapoiou ao longo de todo oprocesso, desde antes do plane-jamento até a divulgação doú l t imo número ela estaráconosco.

Em alguns momentos, nósinteragimos com outros órgãos. Porexemplo, os dados, a classificaçãoque nós iremos publicar de religião,quais são os grupos, os maisimportantes, tudo discutido com oInstituto Superior de Estudos daReligião (ISER). E a Comissãoacompanha todos os passos, poisnós informamos a ela que outrosórgãos nós consultamos.

Vou te contar – Com insti-tuições e usuários, como vocêdisse.

MM – Porque uma dascoisas boas nesse Censo foi fazero Censo com a internetacontecendo. Muita gente,quando o recenseador saía dacasa, mandava um e-mail para oIBGE. Então, teve uma interação,ao longo da coleta, quecertamente não era possível maisalterar, por exemplo, para algunsanseios da sociedade, mas ficoupróximo, a gente sabe o que apopulação acha de algumasperguntas, de algumas formas deperguntar, de alguns quesitos.Houve ao longo do Censo,através da internet, via e-mail,com uma interação que a gentenunca viu na vida, que eramandar um e-mail para cá. Isso,certamente, nos próximos Cen-sos, essa resposta da populaçãonós iremos considerar.

Vou te contar – Essa foi a 11a

reunião da Comissão. Qual é aperiodicidade dela?

MM – Ela não tem umaperiodicidade totalmente amar-rada, depende muito do crono-grama do Censo, dos passos, dasconsultas que nós temos a fazer,dos informes que temos a dar.Então, por exemplo, quando nóstivermos para divulgar a tabulaçãoavançada, em março ou abril,deveremos estar convocando aComissão.

Vou te contar – Uma coisa queo Ricardo Barros colocou é que ébom que exista uma Comissão, paranão ficar demorando muito a sairresultados, porque sabe que temuma Comissão acompanhando e tal.

MM – É importante você tere acho que para qualquer trabalhoé importante você ter umacompanhamento externo, certo,que nos mobiliza. Por exemplo, aComissão nos incentiva e incentivamuito os nossos técnicos adocumentar tudo também, porquebem ou mal, quando vem aComissão, você tem que formalizaralgumas coisas que a gente em voltada mesa já vem apresentando.Bom, agora vem a Comissão, temque ter uma apresentação formal.Então, isso também ajuda a ter umadocumentação de todos os passos,porque você está semprepreparando para essa formalidade.

Vou te contar – Deu paranotar, observando a reunião eentrevistando os membros de forado IBGE, que essa Comissão só tempontos positivos.

MM – Só positivos, realmentesó positivos.

Vou te contar – E esse é ocaminho que o IBGE pretendecontinuar seguindo, de discussão,troca de experiências.

MM – Sem dúvida, claro, e agente tem trabalhado cada vez maistentando ouvir a sociedade e abrir,com o comitê, as comissões, gruposde trabalho, câmaras técnicas.

Vou te contar – Quando vocêfala de o IBGE se abrir, eu lhepergunto: o IBGE já foi fechado emalguma época?

MM – Já, já, o IBGE já foibem fechado. O IBGE já lançoupesquisas com discussões apenasinternas. Hoje, essa prática estátotalmente abandonada.

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Martha Mayer destaca osaspectos positivos de se ter umaComissão Consultiva commembros externos ao IBGE.

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nos estados

Geralmente a expressãochave-de-ouro é usada quandoqueremos dizer que um deter-minado fato foi finalizado comsucesso, mas no caso do Encontrodas Unidades Regionais, realizadoem dezembro de 2001 no HotelCopacabana Mar, Rio de Janeiro,podemos dizer que o evento jácomeçou com chave-de-ouro.

Chefes das Unidades Regionais(URs) do IBGE em todo o paísestiveram reunidos com repre-sentantes das áreas administrativa, degeociências, de informática, depesquisa e disseminação paraconsolidar o Projeto de Avaliação doPlanejamento e da Coleta do Censo2000. Além de avaliar a operaçãocensitária, o Encontro teve um papela mais. Ele foi também a conclusãode uma nova maneira implantadapela Coordenação Operacional dosCensos (COC), de identificar e de

avaliar erros e acertos em todo oprocesso censitário.

O coordenador do grupo detrabalho que elaborou o Projeto deAvaliação do Censo 2000, Francis-co José Pereira, da COC, clas-sificou o Encontro com as Unida-des Regionais como a reta finaldesse processo que começou emmarço de 2001. A última etapamesmo será a consolidação dasconclusões tiradas no Encontro.

Para a avaliação do Censo2000, foram distribuídos questio-nários a todos os coordenadores desubárea – cerca de 850 – queresponderam a perguntas sobre osprocessos do Censo. Franciscoexplica qual o motivo dessa escolhado coordenador de subárea: “elefaz parte da estrutura do Censo,tem uma função essencial, funda-mental, dentro de todo o processo.

Faz toda a coordenação, tem umacompanhamento do campo, é doquadro da instituição, acompanhaos contratados e a parte admi-nistrativa, é um intermediador deuma série de atividades”.

As perguntas do questionárioforam divididas em segmentos,onde estavam todas as etapas doCenso. Por exemplo, questõesespecíficas de coleta, plano desupervisão, sempre observandoaspectos positivos, aspectos nega-tivos e dando oportunidade paraque apresentassem sugestões.

O resultado dessa fase deavaliação através de questionáriosdistribuídos entre maio e junho de2001 foi considerado de plenoêxito, em torno de 95% de ques-tionários preenchidos e, segundoFrancisco, dentre os 5% que nãoparticiparam estão pessoas ausen-tes por razões de férias e pormotivo de doença.

Foi feito um trabalho de con-solidação desse material. Damesma forma aconteceu comquestionários mais direcionados,enviados ao coordenador de infor-mática da Unidade Regional, aocoordenador técnico, ao da baseoperacional e geográfica e aocoordenador administrativo. Nessafase, a consolidação foi encami-nhada para as Unidades Regionais,onde cada chefia organizou oencontro na sua unidade para,enfim, debater com seus coorde-nadores mais diretos. Daí saiu orelatório da Unidade Regional.

Após uma nova consolidaçãofeita pela COC, o relatório foidevolvido às URs, para umareleitura, dessa vez não só daprópria unidade, porém paraacompanhamento dos problemasacontecidos nas outras unidades.A próxima fase seria então oEncontro, no Rio, com o objetivode fazer a conclusão.

Sucesso do início ao fimSucesso do início ao fim

Francisco Pereira coordenou o grupo de trabalho que elaborouo Projeto de Avaliação do Censo 2000.

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Representantesdas UnidadesRegionaistrabalharam emequipe

O Encontro no Rio de Janeiroteve a coordenação geral de todasetapas da programação do eventoa cargo de Maria Vilma SallesGarcia, coordenadora operacionaldos Censos. Para obter umaavaliação rica e consistente dostemas relativos ao planejamento ecoleta do Censo 2000, os repre-sentantes das Unidades Regionaisforam separados em grupos. Todasas regiões estavam representadasnos grupos, não somente porchefes de Departamentos Regio-nais, mas também por três ouquatro chefes de Divisões Estaduaisde Pesquisas (DIPEQs). A partirdaí, montou-se a plenária, elesmesmos resolvendo quem seria orelator, quem seria o orador, poishaveria a exposição a seguir do quefosse concluído nos grupos.

Os grandes temas discutidosforam: Base Operacional e Geo-gráfica; atividades administrativasno Censo, informática, coleta e,por fim, divulgação, comunicaçãoe aspectos gerais. Ao todo, cincogrupos com representantes de URsdebateram um tema cada, acom-panhados por um moderador,envolvido com o assunto do grupo:Afonso Rangel, da Diretoria dePesquisas (DPE) no grupo quedebateu a coleta; Lana Moreira, daDiretoria Executiva (DE), nasatividades administrativas, PauloQuintslr, do Centro de Documen-tação e Disseminação de Infor-mações (CDDI), na divulgação;Antonio José, da Diretoria deInformática (DI), na informática eCarmen Zagari, da Diretoria deGeociências (DGC), na BaseOperacional e Geográfica.

Terminados os trabalhos deconclusão e montagem do relatóriofinal por todos os grupos, foi a vezda exposição dos relatores, coor-denada por Francisco Pereira.

Nessa exposição, foram resu-midas as críticas dos pontospositivos e negativos, as sugestões,e só depois vieram os comentários,uma espécie de réplica, dos dire-tores ou responsáveis pelas áreasenvolvidas. Confira, agora, oresumo do que foi abordado pelasUnidades Regionais e as conclusõesdos temas.

Malha setorial

Na avaliação sobre a BaseOperacional e Geográfica (BOG),ainda foram mencionados os pro-blemas causados pelas legislaçõesreferentes aos limites territoriais eressaltados os problemas decor-rentes da falta de embasamentotécnico do pessoal que negociabases pelo IBGE com prefeituras eempresas públicas. De positivo,

destacou-se a liberdade que é dadaàs DIPEQs para negociar parceriase trocas com aqueles órgãos.

Paulo Cesar Martins, coor-denador da base do Censo 2000,lembrou novamente que naquestão de limites, “onde existeproblema, existe problema, e queem algumas situações os problemasse mantêm sem solução. E essasolução passa pelos poderesconstituídos, por compatibilizar oteórico e o operacional”.

Zelia Bianchini, diretora-adjunta de Pesquisas, considera queuma avaliação contínua e essamelhoria da malha setorial sãofundamentais para todas as pes-quisas. Reforça que são mais de 10mil setores listados depois que oCenso aconteceu, informaçõesconsideradas riquíssimas. Outroponto ressaltado pela diretora é otamanho dos setores, a questão dacompatibilização das bases: “Preci-samos trabalhar muito integradossim. Hoje, temos uma malhasetorial muito melhor”, disse.

Os participantes do Encontro formaram grupos para discutiraspectos específicos da operação censitária.

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Atividadesadministrativas

Na exposição das conclusõessobre as atividades administrativas,foram feitas sugestões sobre oprocesso seletivo, modificações nasfunções dos auxiliares censitáriose dos supervisores. Considerou-seque há necessidade de que estejammais bem preparados para opróximo Censo. Foi sugerido quefossem realizados mais concursos.Concluiu-se que o sistema desuprimento de fundos, paraatender às despesas, funciona.Além disso, pediu-se mais suportepara postos informatizados e maistempo para treinamento daspessoas que fazem esse suporteadministrativo.

O diretor-executivo do IBGE,Nuno Duarte Bittencourt,comentou as mudanças típicas dacrise que está vivendo o país eexplicou que uma parte da soluçãopara as críticas feitas estásinalizada. Acredita que boa partedas questões de administraçãoapontadas vai ficar resolvida comtreinamento.

Informática

Problemas no recebimento deequipamentos e de configuraçãoque causaram atrasos na atua-lização do Sistema de Adminis-tração de Pessoal (SAP) e noSistema de Indicadores Gerenciaisde Coleta (SIGC), problemas comdeslocamentos de técnicos, ma-nuais difíceis de serem entendidos,dificuldades na conexão com aEmbratel dos postos informa-tizados, essas foram algumas dasconclusões do grupo que avaliou ainformática no Censo 2000. Comosugestão, o pedido de maisantecedência para resolver tudo.

E o Modelo Conceitual do SIGCmais uma vez foi consideradoadequado, uma unanimidade.

Técnicos da DI presentesreconheceram os problemas deoperação da distribuição de todoo equipamento de informática doCenso 2000, porém explicaram oque significa uma operação doporte do Censo 2000 em matériade quantidades, cerca de 1200micros, teclados, palm-tops. Poroutro lado, ressaltaram o empenhoda instituição de enfrentar umprocesso administrativo compli-cado, nada pode ser fácil em taisquantidades. Também elogiaram odesempenho das equipes decampo, pelo excelente trabalhogerencial na coleta. E foi tambémlembrado que o processo deutilização do SIGC no Censo 2000era novo para todos, inclusive paraaquela diretoria, por isso muitasvezes ocorreram por parte delaerros de avaliação.

Sergio Baía Ferreira, da DI,ressaltou que a utilização dosequipamentos palm-tops foiarrojada. Considera que foi um dosmaiores investimentos que ainstituição fez em matéria detecnologia, um passo dado deforma correta, já que o Brasil estáalargando as bandas de telefonia.Acredita que a evolução em termosde coleta será maior com aaquisição desses equipamentos.

Coleta

A avaliação da coleta doCenso ficou bem sintetizada pelaspalavras da diretora de Pesquisas,Martha Mayer, que percebeu, portodos os itens colocados, umaaprovação geral do Projeto doCenso 2000, e muitas críticas nodetalhe. Tirando a distribuição dematerial que chamou de “um casoà parte”, Martha Mayer entendeu

que a página da CoordenaçãoTécnica do Censo Demográfico(CTD) na intranet serviu perfeita-mente ao gerenciamento. Nos postosinformatizados, percebeu umaaprovação total do projeto, e que osproblemas foram na conexão.

Das mudanças propostas, adiretora disse ter marcado quatro:a distribuição de material, con-siderada radical, porque seria umamudança total na estratégia dedistribuição. As outras, classificacomo sugestões de melhoria:equipes especiais e a possibilidadede contratação local de treina-mento para elas; descentralizaçãode alguns procedimentos; e aúltima, mudanças no questionáriopara adaptação às realidades locais.Sobre isso, comentou que muitasvezes quando na DPE sãodiscutidas operações de mudançasmuito grandes, até questõescomplexas para abordagem nodomicílio, o temor é sempre sobreo que vai ocorrer lá na ponta.Como é que a coleta vê isso? Comoseria a abordagem de questões tãonovas? Ela conclui: “e no entantovocês selecionaram esses temas etrouxeram para nós nesse relatório,mostrando que já acontecerammudanças sociais no país” (a opçãopara casamento de pessoas domesmo sexo no questionário, porexemplo, foi assunto levantado norelatório).

Os ganhos advindos dogerenciamento da coleta através doSIGC foram resumidos pelaexposição do coordenador daCTD, Marco Antonio Alexandre:“o SIGC foi pensado para dotarnão só a sede, mas a rede depesquisa de uma ferramentagerencial que pudesse dar contadurante o andamento da coleta daquestão da cobertura. Só queacabou ganhando uma dimensãomuito maior e finalizou comquatro grandes objetivos, o

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primeiro, esse já comentado; osegundo, servir de base para adivulgação dos resultados doCenso, da Sinopse; terceiro, servirde arquivo de referência para aentrada de dados do Censo e todaa crítica de quantidade, que foifeita em cima das informaçõesoriundas do SIGC e, por fim, aquestão do vínculo criado peloSIGC com o sistema deadministração de pessoal”.

Divulgação

Sobre a campanha de divul-gação do Censo 2000, toda acampanha publicitária nas TVs foiavaliada pela Unidades Regionaiscomo muito positiva, princi-palmente as chamadas dentro dastelenovelas. Lamentou-se a poucaquantidade de outdoors e pediu-seque as Unidades sejam consultadasa respeito dos locais onde estesdevem ser colocados. A revista Voute contar foi vista como umimportante veículo de divulgaçãode todos os trabalhos do Censo.Lamentou-se a pouca quantidadede exemplares.

Foi feita a sugestão de que oatendimento 0800, de apoio aorecenseamento, venha a ser regio-nalizado e apesar do congestio-namento, que não é problema dainstituição, concluiu-se quecumpriu seu objetivo de contribuirpara abertura dos domicílios parao Censo.

O Projeto Vamos Contar! foimuito bem recebido e seu materialdidático considerado excepcional,tendo como ponto negativo oatraso na chegada às Unidades.E as Comissões CensitáriasMunicipais (CCMs) foram vistaspelas Unidades como um fóruminteressante que gerou transpa-rência nos trabalhos da coleta.

O trabalho da CoordenaçãoGeral de Comunicação Social(CGC) foi considerado de plenoêxito no Censo 2000, porémalgumas URs gostariam de recebermais orientação sobre como lidarcom a imprensa.

O superintendente do CDDI,David Wu Tai, concluiu que “ocentro da gravidade da casa vaipouco a pouco se deslocando.

Sempre vai ser um órgão pro-dutor de estatística, mas comuma preocupação crescente coma imagem. Estamos lutando paracriar e manter uma marca devalor, que é a marca do IBGE, daqual todos têm o maior orgulho,que dá a dimensão da mudançapela qual a casa passou”. Co-mentou, ainda, o grande trabalhofeito pela CGC durante o Censo,considerado por ele uma expo-sição positiva na mídia jamaisconseguida anteriormente. Pelaspalavras do coordenador LuizMario Gazzaneo, o Censo é man-chete pela sua própria natureza,mas como afirmou David Wu Tai,esse caráter positivo das notíciasfoi mesmo fruto do bom trabalhoda CGC.

Depois de dois dias dedebate, o diretor-executivo NunoBittencourt encerrou o Encontroparabenizando os participantespelo trabalho realizado, dizendoque todos saíram dessa operaçãomais ricos, preparados paraenfrentar novos desafios, maisbem preparados para fazerCenso. Considerou um sucessomuito grande que só seráf inalizado quando se puderretornar à sociedade todos osresultados concluídos.

E como conclusão destareportagem, podemos dizer queas opiniões dos chefes dasUnidades sobre o Projeto deAvaliação foram semelhantes. Deum modo geral, através dessanova forma de avaliar o Censo2000, todas as etapas foramanalisadas, comentadas, criti-cadas. Nada ficou de fora, nadadeixou de ser registrado.

E a mensagem que fica é:cada Censo é considerado comomelhor em muitos aspectos esempre precede outro, que sepretende ainda melhor.

Representantes das Unidades Regionais se reuniramno Rio de Janeiro para avaliar o planejamento e acoleta do Censo 2000.

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reportagem

Da coleta até o Centro deCaptura de Dados (CCD), os dadospesquisados no Censo 2000 per-correram um curto trajeto, começandopelo posto para onde os questionáriosforam levados e terminando nas telasdos computadores após seremdigitalizados e reconhecidos.

Depois da etapa de veri-ficação, iniciaram sua segundajornada. Deixaram os computa-dores dos CCDs e foram enviadosao Centro de Processamento deDados (CPD) do IBGE.

É no CPD que um terceirotrajeto tem início, incluindo etapasque vão desde a consolidação até adisseminação dos resultados.

Segundo Heleno Mansoldo,coordenador de Informática doCenso 2000, a consolidação visa achecar informações oriundas dacoleta, como número de ques-tionários, número de setores enúmero de pessoas descritas nosquestionários, com o que foi captu-rado no CCD. “Ela verifica se oprocesso de captura de dados falhouou não; se ficou faltando algumquestionário ou se faltou algum setora ser recenseado. Nesta fase, euposso dizer com 100% de certeza setodos os dados coletados que estãono mainframe foram capturados”.

O processo é feito separada-mente, ou seja, consolida-se osquestionários da amostra separadodos questionários básicos. Paradepois gerar o universo que écomposto das informações contidasnos questionários básicos somadas àsinformações contidas nos da amostraque correspondem ao básico. “Seriao básico mais o básico que estádentro da amostra, gerado paratodos os domicílios do Brasil”.

A partir deste momento, os doistipos de questionário tomam rumosdiferentes. O da amostra passa peloprocesso de codificação automáticaassistida que nada mais é que associarum código ao texto-resposta dorecenseado. “O que fizemos foimontar um banco de dados comtodas as possíveis respostas para cadacampo a ser codificado. Ao seracionado, o banco procura o códigocorrespondente a partir de algumasregras. Se ele encontrar mais de umcódigo, um operador humano éacionado para dizer qual dos códigosé o que deve ser associado”.

Após a codificação, os ques-tionários, tanto da amostra como dobásico, passam pela crítica eimputação. A crítica é um processode verificação da resposta deacordo com as regras depreenchimento dos ques-tionários. Heleno dá comoexemplo uma pessoa queinforma ter somente ocurso médio ao mesmotempo que diz exercer aprofissão de médico.“Através da crítica, euconcluo que há umaincoerência de acordocom as regras decrítica definidas pelaDiretoria de Pes-quisas”.

Descoberta aincoerência, aimputação ocorrea u t o m a t i c a -mente e podeser resumida nacorreção dainformaçãofeita sem pre-cisar voltarao campo.

“Usamos um software, chamadoDetectión Imputación Automaticade Errores para Datos Cualitativos– DIA – desenvolvido pelo InstitutoNacional de Estatística da Espanha(INE), que corrige o dado. Mas éimportante que se tenha em menteque o processo de imputação daamostra é mais difícil que o dobásico, por conta da complexidadedos dados”.

Concluídos os processos decrítica e imputação, os dadosimputados dos questionários básicosfarão parte de um banco de dados aser gerado. Dele seguem para a etapade análise qualitativa realizada portécnicos da Diretoria de Pesquisas(DPE). E só depois de analisados,serão tabulados e disseminados.

Da captura à disseminação –Da captura à disseminação –o caminho das pedras (ou dos dados)o caminho das pedras (ou dos dados)

Primeira das 32 páginasdo questionário daamostra (CD 102).

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duas tabelas com números para umapopulação de 10 anos ou mais, elestêm que ser iguais na mesma unidadegeográfica”, exemplifica.

A análise externa, tambémchamada de interpretativa faz parteda segunda vertente. Marco Antônioexplica que perpassam questões dequantidade e de qualidade, avaliadaspelo especialista que recebe os dadosa serem analisados, segundo regrasestabelecidas pela DPE.

Para ele, as análises, tantointerna quanto externa, têm omesmo grau de importância. “Ainterna é fundamental porque seoferecemos à sociedade os resultadosde um trabalho como o Censo, épreciso estar seguro de que estãocorretos e que passaram por proces-sos consistentes. Quanto à externa,é sinal de que é o IBGE que faz aleitura e interpretação das informa-ções pesquisadas, tendo em menteque não pode ser uma análise exaus-tiva dado a variedade e profundidadedos temas não permitir isto”.

O sensível e orobustoPara Alicia Bercovich, coorde-

nadora do Comitê do Censo Demo-gráfico 2000, a fase de pós-captura dosdados, é a aquela em que sua equipemais trabalha. Alicia diz que muitasanálises devem ser feitas para se checaro que passou e o que não passou pelacaptura. “Temos uma massa enorme dedados e você tem que dizer o que estácerto e o que está errado; tem queverificar se a captura está perfeita; se háalgum viés. Devemos verificar o quantosensíveis são nossos indicadores para umdado capturado. Quanto mais sensívelfor o indicador, mais você tem que tercuidado na precisão do dado”.

Para dar um exemplo de indicadorsensível, Alicia cita a taxa de morta-lidade. Este seria um indicador commaior sensibilidade porque varia muitoquando há variações nos dados básicos.O oposto seria o dado consideradorobusto que, segundo Alicia, “temmenos sensibilidade a pequenasvariações do dado básico”.

Heleno explica que aconsolidação é etapa

para se verificar sehouve falhas no

processo de capturados dados.

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Quanto aos dados imputadosdos questionários da amostra, fazemo mesmo circuito, porém antes deserem gerados num banco de dadosdevem ser expandidos. Helenoexplica que nesta fase denominada“expansão da amostra” os dados sãoprocessados estatisticamente por umprograma de computador que atribuipesos aos questionários da amostraem relação ao todo.

A partir daí, o caminho é o mes-mo: carga de banco de dados, análise,tabulação e disseminação. SegundoHeleno, tabular é produzir as tabelasque serão disseminadas em meioimpresso, CD-Rom e Internet. “Odado tabulado é o dado final doCenso. Já faz parte da disseminação”.

Com a lupa namão

Tarefa que cabe aos técnicos daDiretoria de Pesquisas e do Comitêdo Censo Demográfico 2000, aanálise dos dados coletados se divideem duas vertentes principais,segundo Marco Antônio Alexandre,coordenador técnico do Censo2000. Uma é chamada de análiseinterna dos processos de apuração,na qual se avalia o dado preenchidono questionário e depois que écapturado. “Nesta vertente, nosinteressa avaliar o efeito causado nodado no antes e no depois. Ou seja,depois que o dado passou pela críticae imputação, é preciso verificar seainda restam inconsistências. Usandoum simples exemplo, uma mulhercom 10 anos informa que teve 18filhos nascidos vivos. Isto seria umerro de consistência”.

Resumindo, a análise internavisa a checar se os processos de codi-ficação, no caso dos questionários daamostra, e de crítica não geraramdados distorcidos ou inconsistentes.Ainda nesta vertente, Marco cita aanálise da tabulação de dados. Suafinalidade é checar os valores ge-rados para as tabelas. “Se eu tenho

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A informáticaa serviço daapuração doCenso 2000

Entrevistado pela Vou tecontar , Paulo Roberto Ribeiro daCunha, diretor de Informática doIBGE, fala sobre a atuação da DI noprocesso de apuração dos dados doCenso 2000 e elege os benefíciosproporcionados pelos avançostecnológicos.

Vou te contar - Como a Dire-toria de Informática se preparou parareceber os dados oriundos dosCentros de Captura de Dados?

Paulo Roberto - Essa pre-paração começou junto com o plane-jamento do Censo, a rigor em 1997,embora ela seja anterior, seconsiderarmos a experiência acumu-lada nos outros Censos. O quedeveria ser feito para se chegar aosdados deste Censo já havia sidopensado.

Vou te contar - Desde quandoa DI vem se preparando paraprocessar as informações do Censo2000?

Paulo Roberto – Não houvenenhuma preparação ou treina-mento a rigor porque as pessoasenvolvidas já trabalham há algumtempo no IBGE e por isso conhecemo trabalho. Somente o pessoal dosCentro de Captura de Dados (CCDs)veio de fora e como não conheciamsobre o assunto tiveram que sertreinados.

Vou te contar - Onde começa etermina a participação da DI noprocesso de apuração dos dados?

Paulo Roberto – Começa noCCD, quando os questionários sãolidos. Depois são passados para omeio digital e transmitidos para omainframe. A informática vai até ofim do processo. Tem um momentoem que entrega os dados ao Centro

de Documentação e Disseminaçãode Informações. Enfim, a DIparticipa antes, durante e depois.

Vou te contar - Que tipo deprofissional é necessário para setrabalhar na fase de apuração dosdados? Profissionais de informáticabasicamente?

Paulo Roberto – São neces-sários analistas de sistemas eprogramadores que atuam princi-palmente na parte de desen-volvimento da apuração do Censo2000. Tem também os técnicos daDPE que atuam na apuração. A DIdesenvolve o que o pessoal da DPEespecifica. Numa certa altura doprocesso entra também o pessoal doCDDI que atua na disseminação.A DGC também atua quando oassunto são as mapas. O Censo, pornatureza, é uma operação conjuntado IBGE.

Vou te contar - Quais osbenefícios que as mudanças tecno-lógicas proporcionaram para acaptura e apuração dos dados?

Paulo Roberto – São vários osbenefícios. A coleta foi incompa-ravelmente mais rápida, do mesmomodo que está sendo a apuração.

O Censo foi divulgado no mesmo anoem que foi feita a coleta, o que é umanovidade. Além disto, temos a rapideze a segurança dos dados. Em resumo,hoje sabemos que os dados são maisconfiáveis que os de Censosanteriores, por conta da tecnologia.

O bom e o ruim

Imagine uma fábrica deparafusos com um universo de ondeé retirada, diariamente, uma amostrae nela verificada a qualidade dosmesmos. Constata-se um grandenúmero de parafusos com defeito, oque significa dizer que a qualidadenão é boa. É preciso melhorar oprocesso de produção para que sediminua o número de parafusosdefeituosos. Assim acontece com osdados coletados no Censo 2000.

Com esse exemplo, AntonioJosé Ribeiro Dias, mais conhecidocomo Vermelho, gerente de projetosda Gerência de Metodologia emEstatística da DPE, explicou a Voute contar como funciona o controlede qualidade da captura de dados noCenso 2000, ao lado de SoniaAlbieri, chefe do Departamento deMetodologia, também da DPE, quegerencia o controle.

Paulo Roberto, diretor de Informática, aponta a rapidez da coleta dedados como um dos benefícios que a tecnologia proporcionou.

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Fundamental para a pesquisacensitária, o controle de qualidadecontou, no seu planejamento, coma colaboração de um técnico doDepartamento de População eIndicadores Sociais (DEPIS),Aristides Lima Green e um consultorda Coordenação Técnica do CensoDemográfico (CTD), AntonioCarlos Fernandes de Menezes. Eexclusivamente para a implantaçãoe acompanhamento continuado doprocesso foi contratado um espe-cialista no assunto, Neimar Gui-marães Rodrigues.

Vermelho definiu os objetivosdo processo que visa garantir que odado esteja exatamente igual ao quefoi registrado no questionário, paraseguir para a fase de crítica. E ressal-tou que o controle tem duas fasesdistintas, denominadas de reconhe-cimento de campos e verificação.

Na primeira, a finalidade écontrolar o trabalho do software quereconhece os campos e caracteresdos questionários escaneados. Ouseja, checa se o reconhecimento feitopelo software é falso ou verdadeiro.Se for falso, significa que as letrasforam identificadas, mesmo que nãodêem sentido à palavra. “O softwareusado não reconhece a palavrainteira, e sim letra por letra. Se hou-ver uma letra repetida, deixando apalavra sem sentido como, porexemplo, católico escrito com duasletras t, a máquina não vai dizer quehá um erro, porque ela reconhece aletra no alfabeto. O que ocorre é umfalso reconhecimento”.

Para Vermelho, o falso reco-nhecimento pode prejudicar tanto aqualidade do dado como impactarnas fases futuras da apuração, comoa crítica, por exemplo. “Precisamosmanter as taxas de reconhecimentofalso sempre dentro de limitesrazoáveis, sabendo que chegar aozero é impossível”.

Quando a máquina não re-conhece, seja por problemas de esca-neamento, sujeira no papel ou cali-grafia estranha, a entrada de dadosé feita por digitadores ou verifica-

dores. É aí que começa a fase cha-mada de verificação. Os questio-nários com campos não reconhe-cidos são digitados manualmente.

Os digitadores “reconhecem” oque a máquina não conseguiureconhecer. O que não quer dizerque eles “reconheçam” correta-mente. “Os verificadores podemdigitar um caracter errado numcampo que não foi reconhecido pelamáquina. Se for constatado que umverificador está errando muito, podeser preciso treiná-lo novamente oumudá-lo de posição (ou tarefa)”,alertou Vermelho.

Definidos os objetivos docontrole de qualidade, resta saber deque modo é controlada a qualidadedos dados nos campos reconhecidose nos não reconhecidos. Segundo ele,tanto no reconhecimento como naverificação são retiradas amostrasdos questionários para posterioranálise. A diferença é que noprimeiro, questionários com camposreconhecidos são selecionados e nasegunda, somente os com camposnão reconhecidos.

De acordo com Vermelho,diariamente, em cada CCD, foramselecionados 1.215 questionários daamostra e 1.935 do básico para ocontrole de qualidade.

Sonia explica que o princípiodo controle de qualidade é retiraruma amostra e refazer o trabalhousando-se um processo alternativoigualmente confiável. “Podemos usaroutro software para refazer otrabalho ou os próprios técnicospodem refazê-lo. No caso da fase dereconhecimento, optamos pelosverificadores para refazer o que amáquina fez e na verificação, umhumano checa o que outro humanohavia feito”.

Resumindo, no reconhecimento,a comparação é feita entre o camporeconhecido pelo sistema e o campodigitado manualmente. Se não houvercoincidência das informações, écontabilizado um erro de divergência.Mas, segundo Sonia, nem sempre adivergência é causada pelocomputador. Ela pode ocorrer devidoa um erro do operador (verificador)que atua no controle de qualidade.

Para Vermelho e Sonia, o controle de qualidade dosdados é fundamental para a pesquisa censitária.

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Já no controle de qualidadeda verificação, a comparação éfeita entre o campo digitado peloverificador que fez o “reconheci-mento” e o campo digitado por umverificador destacado para refazero trabalho. Portanto, a divergênciaé medida entre as duas digitaçõesfeitas por dois verif icadoresdiferentes.

Os campos com divergênciasão encaminhados para os super-visores dos CCDs para que analisema causa do problema. Todos os errosde divergência em cada amostra sãocontados e divididos pelo númerode campos reconhecidos. “Porexemplo, se são 300 campos reco-nhecidos e apenas dois erros, entãovamos dividir dois por 300 paraobter a taxa de erro de reco-nhecimento”.

Implantado em janeiro de2001, o processo de controle dequalidade envolveu todos osdigitadores que trabalharam naetapa de verificação. Vermelhoexplica que os campos dosquestionários selecionados nasamostras do controle podem serdigitados novamente por qualquerverificador.

O supervisor do setor deveficar atento à rapidez com queestes questionários são pro-cessados. “O responsável em cadaCCD deve colocar os lotes quecontêm os questionários sele-cionados para a amostra docontrole na frente dos demais.E assim serem logo processados,pois se apresentarem algumproblema, a providência poderáser tomada de modo rápido”,adiantou Vermelho.

Importante para o acompa-nhamento e avaliação durantetodo o processo de captura dedados, o controle de qualidadepermit iu a ident i f i cação deproblemas e intervenção paraajustes, além de gerar indicadoresda qualidade atingida.

Fim da linha

À frente da DPE, Martha Mayertambém falou à Vou te contar sobre aparticipação dos seus departamentosna fase pós-captura dos dadoscoletados no Censo 2000. Elogiou otrabalho integrado que vem sendorealizado por toda equipe e adiantousobre o que já está na pauta da DPEpara os próximos anos.

Vou te contar - Como a DPE sepreparou para receber os dadoscapturados no Censo 2000?

Martha - Quando a gente falada apuração, a DPE participaprincipalmente pela CoordenaçãoTécnica do Censo Demográfico. Élá que os técnicos fazem acodificação e a crítica dos dados. Poroutro lado, temos departamentostemáticos como o Departamento dePopulação e Indicadores Sociais(DEPIS) e o Departamento deEmprego e Rendimento (DEREN),Comitê 2000, e o Departamento deMetodologia (DEMET) queparticipam também nesta etapa. NaCTD, as inconsistências são limpaspara a análise ser feita nas áreastemáticas, como o DEPIS e oDEREN. Os dados são checados parasaber se as informações estão deacordo com as estimativas. Eles devemvalidar os dados antes de seremdivulgados, além de preparar os textosanalíticos que complementam astabelas. O DEREN, por exemplo, vaiavaliar a população economicamenteativa, a distribuição da populaçãoocupada pelos diversos setores daeconomia etc. O DEPIS avalia, porexemplo, a parte demográfica, a dehabitação e a relativa à educação. Já oComitê 2000 é um fórum de discussãocom pessoas de notório saber ouoriundas de outros departamentos doIBGE que foram convidadas a seintegrar porque têm experiênciaanterior em censos.

Vou te contar - Que tipo deprofissional é necessário paratrabalhar na parte de análise doCenso?

Martha - A atividade Censo émultidisciplinar. E por isso demandauma equipe multidisciplinar tam-bém. Então, temos economistas,demógrafos, sociólogos, e especia-listas nas questões de trabalho,saúde, educação, entre outros.

Vou te contar - Compare a DPEde agora com a de dez anos atrás,quando foi feito o Censo.

Martha - Eu creio que noCenso 2000, a DPE trabalhou deforma mais integrada. Em quesentido? Em períodos de escassez,nos tornamos mais criativos e vamosem busca de aumentos de pro-dutividade e eficiência. E de 1991para 2000, o IBGE perdeu muitostécnicos porque muita gente se apo-sentou. Eu acho que nós melho-ramos no planejamento e também nosentido de aproveitar todas ascapacidades da casa. Como temosum quadro reduzido, não pode-ríamos alocar a inteligência da casaem relação ao Censo na CTD,porque existem outras pesquisas queprecisam ser tocadas. Por isso,criamos o Comitê 2000 que éinteiramente novo. Nele, aprovei-tamos todas as capacidades, inte-grando o trabalho de melhor forma.

Vou te contar – Em que outrosprojetos a DPE está envolvida ou osesforços se concentram na apuraçãodos dados do Censo 2000?

Martha - A produção do IBGEé enorme e as pesquisas têm quecumprir um rígido calendário dedivulgação. O nosso grande esforçoé dar prioridade ao Censo, que é aprioridade da casa, mantendo asdemais atividades. Esse é o equilíbrioque estamos buscando. O Censo temque acelerar seus trabalhos e serdivulgado, mas as atividades contí-nuas não podem parar. Hoje, esta-mos envolvidos no planejamento doCenso Agropecuário que estáprevisto para ser realizado em 2004,sendo 2003 o ano de referência.O esforço final prioritário é divulgaros dados do Censo, ao mesmo tempoque outras pesquisas vão sendotocadas.

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Fonte: Departamento de Metodologia da Diretoria de Pesquisas

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atualidades

No Censo de 1980, quemtinha pressa e ansiava pelosresultados da amostra, nãoprecisou esperar muito. Pôde secontentar com uma pequenamostra do que estaria por vir: uma“amostra da amostra”. Ou melhor,uma antecipação dos resultadosdefinitivos a partir do conjunto dequestionários da amostra,intitulada Tabulação Avançada daAmostra.

Em 1980, a pesquisa foipublicada, saindo de cena noCenso de 1991, pois a previsão erade que os resultados sairiam numcurto espaço de tempo e não serianecessário ter a TabulaçãoAvançada, já que os resultados daamostra viriam logo. Mas diversosproblemas enfrentados pelo IBGEatrasaram a apuração e acabou-setambém ficando sem a TabulaçãoAvançada da Amostra.

Agora para o Censo 2000 estátudo em ordem para a divulgaçãoda Tabulação em abril, querepresenta, na opinião da diretorade Pesquisas do instituto, MarthaMayer, informação com qualidade,disponível em pouquíssimo tempo.“A Tabulação adianta as infor-mações para o usuário. Informa-ções essas que só sairiam no finalde 2002 e início de 2003”.

Segundo o coordenadortécnico do Censo Demográfico,Marco Antonio Alexandre, aTabulação Avançada da Amostracontém características muitopeculiares que lhe conferem umcaráter de urgência.

Primeiro, antecipa dados doCenso que só estariam acessíveis

Depois dos resultados do universo, será avez da Tabulação Avançada da AmostraDepois dos resultados do universo, será avez da Tabulação Avançada da Amostra

quando os resultados definitivosfossem divulgados. Segundo, emcurto espaço de tempo, traráinformações desagregadas até onível geográfico das unidades dafederação. E terceiro, os dados nãopassarão por todos os processos decrítica executados durante aapuração do Censo. “Se fôssemosfazer todos os procedimentos decrítica, verificação etc., teríamospronto o resultado da própriaamostra e a diferença seriasimplesmente o tempo que selevaria para trabalhar as tabelas,montar o plano tabular, entreoutras ações. A diferença de temponão justificaria ter uma tabulaçãoavançada e logo depois osresultados finais”, explica MarcoAntonio.

A publ icação conteráinformações sobre os temasabordados na amostra: Carac-terísticas Gerais da População;Educação; Migração; Nup-cialidade; Fecundidade; Tra-balho; Famílias e Domicílios,dispostas sob a forma de tabelas.Algumas estarão acompanhadasde textos analíticos. “Não pre-tendemos fazer um comentárionecessariamente para cadatabela. Temos um grande volumede tabelas e as análises procuramdar uma visão geral de algunsdos principais fenômenos”.

Como exemplos de tabela queconstarão na Tabulação, MarcoAntonio cita a que cruza a popu-lação residente por cor ou raça comsexo e grupo de idade. “Nesse caso,pretende-se saber quantas pessoaspor grupo de idade e sexo decla-raram cada uma das cores listadas

no questionário”. E explica quecruzar significa combinarinformações de uma variável comoutra variável. “Sexo, cor e rendasão variáveis porque assumem maisde um valor. Chamamos decruzamento de variáveis juntarduas ou mais em uma tabela demodo que mostrem algumfenômeno”.

Outra tabela combinarásituação de domicílio (fechado,vago, ocupado etc.) com sexo egrupos de religião. Também haveráuma com informações sobrepessoas que freqüentavam escolapor nível de ensino (fundamental,médio, superior etc.), cruzadascom grupos de idade e sexo.

Marco Antonio adianta queno tema Migração haverá umatabela cruzando lugar denascimento (o estado em que apessoa nasceu) e sexo. E o temaFecundidade conterá tabelas cominformações clássicas como, porexemplo, número de filhos tidos,número de mulheres que tiveramfilhos e número de filhos nascidosvivos, combinadas com os gruposde idade das mulheres.

Por conter uma série deindicadores pesquisados pelaPesquisa Nacional por Amostra deDomicílios (PNAD), realizadaanualmente, menos nos anos deCenso, a Tabulação supre para oano 2000 as informações que eladivulgaria. Segundo MarthaMayer, a pesquisa não chega asubstituir a PNAD, mas dá contapela semelhança entre ambas.“Temos que estar atentos pois asinformações do Censo não são

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diretamente encadeadas com aPNAD. No entanto, a estrutura deindicadores é muito parecida”.

Destinada ao público em geralque está aguardando os resultadosdo Censo 2000, a TabulaçãoAvançada da Amostra só nãoatende quem espera pelasinformações municipais, já que omenor nível geográficodesagregado é a unidade dafederação. No entanto, Marthaadianta que todos podem usufruirdos seus resultados, sem ter queesperar os definitivos da amostra.“O conteúdo da Tabulação podeservir tanto ao governo como àsociedade. Grande parte dosindicadores dos resultadosdefinitivos da amostra vão sealterar muito pouco, portanto osdados da Tabulação podem serconsultados, analisados e utilizadossem problemas. Mas ela nãosubstitui os resultados definitivosda amostra já que cada pesquisatem o seu papel no sistema globalde informações”.

Sobre aamostra daamostra

Para se chegar à “amostra daamostra”, um árduo trabalho foirealizado, incluindo análises,cálculos e estudos. À frente datarefa, estavam os técnicos doDepartamento de Metodologia doIBGE (DEMET).

Segundo Sonia Albier i ,chefe do DEMET, dos 215.811setores censitários do Censo2000, 4.407 foram selecionadospara fazer parte da amostra daTabulação Avançada da Amostra.Seleção que foi definida a partirde determinados critérios, exa-minados a seguir.

Sonia explicou que a amostraconsiderou três estratos em cadaunidade da federação. O primeiroreúne os setores rurais; o segundo,um conjunto de setores urbanos dotipo “aglomerado subnormal”, ou

simplesmente, favela, e o terceiro,os demais setores urbanos.

Nesses estratos, foramselecionados os setores, chegando-se ao número final 4.407. E otamanho de amostra nos estratosfoi determinado propor-cionalmente ao número total desetores em cada estrato do Brasil.

Ela adianta que os dados quevão originar as tabelas da Tabula-ção foram extraídos dos questio-nários denominados CD102 dossetores selecionados e aplicados atodas as unidades domiciliaresselecionadas para a amostra doCenso. “Durante a operação decoleta do Censo foram usados doistipos de questionário: o CD 101 eo CD 102 que corresponde ao daamostra. No caso da Tabulação, osquestionários do segundo tipofornecem os dados que vão geraras tabelas”, detalhou Sonia.

Deve-se considerar tambémque a amostra do Censo tevetamanhos variados de acordocom a população do município.Nas cidades com população até15 mil habitantes, a amostra foide 20% das unidades domiciliarese nos demais, foi de 10%. Alémdisso, a amostra é semelhante àda PNAD da década de 90, comas devidas adaptações. Uma delasé o n ível geográfico dedesagregação da informação jáque a PNAD divulga estimativaspara as regiões metropolitanas, oque não será o foco da Tabulaçãoque aborda as unidades dafederação.

Quanto às variáveis queinfluenciaram na seleção dos 4.407setores para compor a amostra daTabulação, Sonia aponta as rela-cionadas com a região geográficade divulgação e estratificação ecom o número de setores.

Marco Antonio adianta que aTabulação Avançada da Amostratrar· informaÁıes desagregadasaté o nível das Unidades daFederação

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Próxima atraçãodo Censo 2000

“Uma espécie de avant-premiére da amostra”. Foi comessa frase que Luiz Antonio deOliveira Pinto, chefe do De-partamento de População eIndicadores Sociais da Diretoriade Pesquisas do IBGE, definiu aTabulação Avançada da Amostra.

Em entrevista à Vou tecontar, Luiz Antonio resumiu apesquisa como uma síntese doCenso que vai adiantar osresultados da amostra e falou dasvárias etapas da pesquisa.

Vou te contar – Qual a parti-cipação da equipe de IndicadoresSociais na Tabulação Avançadada Amostra?

Luiz Antonio – A equipeparticipou da definição do planotabular e vai participar dadivulgação. A Tabulação é umaamostra da amostra do Censoque cobre várias áreas temáticase diversas delas são decompetência de trabalho e estudoda área de indicadores sociais.Portanto, também participamosda discussão da pesquisa emgeral, da sua preparação e dosseus instrumentos de divulgação.

Vou te contar – Como vocêdefiniria o plano tabular?

Luiz Antonio – Poderíamosdizer que a Tabulação é umaavant-premiére do bloco daamostra e um plano tabular seriaa construção de um grupo detabelas, não muito desagregadasque formam uma imagem dosprincipais indicadores sociais,demográficos e econômicos quevamos ter mais adiante.

Vou te contar – Quais osindicadores da Tabulação?

Luiz Antonio – Vamosmostrar alguns indicadoresdemográficos, taxas de mortali-dade, de fecundidade, saldos

migratórios dos últimos cincoanos em nível de unidades dafederação. Além de informaçõessobre características educacionaispara o conjunto total da popu-lação, não mais só do chefe dodomicílio, como, por exemplo,anos de estudo, taxas deescolarização e freqüência àescola. Vamos ter tambéminformações de domicílio comoinfra-estrutura domiciliar; dadossobre trabalho e rendimento ecaracterísticas da força de tra-balho economicamente ativa.Entretanto, a Tabulação não vaiexplorar todos os indicadores doCenso, só os mais sintéticos paranão haver muita desagregação.Quando divulgarmos os resul-tados do Censo, aí sim, teremostudo até o nível municipal.

Vou te contar – Quais ospróximos projetos da área deIndicadores Sociais?

Luiz Antonio – Seremostambém consumidores daTabulação, pois a utilizaremospara produzir a S íntese dosIndicadores Sociais, a serpublicada em 2002. Ou seja, aSíntese que sempre fazemos vaisair a partir dos resultados daTabulação, e não da PNAD, comonormalmente acontece. Estamoselaborando três produtos a partirdos resultados do universo doCenso. Um será sobre astendências demográficas porunidades da federação. Seria umaevolução da situação demo-gráfica no país. Outra é sobre osindicadores sociais municipais,com dados sobre renda do chefe,domicílio etc. E o terceiro seráem conjunto com a UNICEF,relativo à população de criançase adolescentes. São produtosnovos em relação à forma queestamos fazendo que é maissistemát ica, além de seremcomparativos com os dadosCenso de 2001. Estes produtosdeverão ser lançados entre abrile junho de 2002.

Confira agora alguns númerosda Tabulação Avançada da Amostra:

Números da TabulaçãoAvançada da Amostra

No de setores selecionadospara a Tabulação ............................... 4.407

No de setores urbanosselecionados --------------------------- 2.921

No de setores urbanos do tipofavela selecionados ------------------- 150

No de setores ruraisselecionados --------------------------- 1.336

No aproximado de unidades domiciliaresque participam da Tabulação -------- 108.000

No aproximado de pessoasque a Tabulação abrange ------------ 420.000

Rondônia 1.996 ................ 60

Acre 555 ................... 51

Amazonas 3.317 ................ 106

Roraima 507 ................... 51

Pará 6.148 ................ 123

Amapá 463 ................... 52

Tocantins 1.367 ................ 58

Maranhão 6.447 ................ 114

Piauí 3.717 ................ 97

Ceará 7.965 ................ 193

Rio Grandedo Norte 2.655 ................ 94

Paraíba 4.171 ................ 114

Pernambuco 8.558 ................ 233

Alagoas 2.610 ................ 95

Sergipe 2.222 ................ 88

Bahia 15.342 .............. 278

Minas Gerais 22.544 .............. 356

Espírito Santo 3.228 ................ 111

Rio de Janeiro 20.756 .............. 294

São Paulo 49.713 .............. 430

Paraná 13.060 .............. 213

SantaCatarina 6.833 ................ 174

Rio Grandedo Sul 16.907 .............. 320

Mato Grossodo Sul 2.714 ................ 120

Mato Grosso 3.377 ................ 139

Goiás 5.966 ................ 265

DistritoFederal 2.673 ................ 178

UF No total desetores

No de setoresda Tabulação

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SDDIs atentos às estratégiasde divulgação do Censo 2000

Seis dias antes de sair nasprimeiras páginas dos principaisjornais do país, a publicação CensoDemográfico 2000 - Característicasda população e dos domicílios -Resultados do Universo foi o motivoprincipal da reunião com os chefesdos Setores de Documentação eDisseminação de Informações doIBGE (SDDIs), nos dias 13 e 14 dedezembro, no auditório Teixeira deFreitas, no Centro de Documentaçãoe Disseminação de Informações –CDDI, Rio de Janeiro.

Na pauta da reunião estavamassuntos como a utilização de

“Uma grande aventura co-roada com sucesso.” Assim odiretor-executivo do IBGE, NunoDuarte Bittencourt, resumiu aimplantação dos Centros deCaptura de Dados (CCDs) para oCenso 2000, na reunião deavaliação com os coordenadoresdos CCDs, no dia 7 de dezembro,no auditório Teixeira de Freitas, noCentro de Documentação eDisseminação de Informações –CDDI, no Rio de Janeiro.

A reunião, cujos trabalhosforam mediados pela coordenadoraOperacional dos Censos, MariaVilma Salles Garcia, contou com apresença dos coordenadores geraise outros técnicos dos cinco CCDs(Rio de Janeiro, Campinas,Campina Grande, Goiânia eCuritiba), além de técnicos daCoordenação Operacional dosCensos (COC) e das Diretorias dePesquisas (DPE), de Informática(DI) e Executiva (DE).

Centros de Captura de Dados são avaliados emreunião no Rio de Janeiro

Os coordenadores e técnicosdos CDDs se reuniram em grupospara discutir aspectos comorecursos humanos, infra-estrutura,equipamentos, entre outros. Osgrupos tinham pelo menos umrepresentante de cada CCD eavaliaram um determinado tema.

registro

produtos do IBGE em meioeletrônico, a página do instituto naInternet e novos projetos detrabalho, mas o enfoque principal foimesmo a divulgação à imprensa dosresultados do universo, os primeirosdefinitivos do Censo 2000, no dia19 de dezembro.

Para falar sobre as estratégias dedivulgação, estiveram presentes ocoordenador geral de ComunicaçãoSocial do IBGE, Luiz MarioGazanneo; a coordenadora do Comitêdo Censo Demográfico 2000, AliciaBercovich; o chefe do Departamentode População e Indicadores Sociais

(DEPIS), Luiz Antonio Pinto deOliveira e o coordenador do técnicodo Censo Demográfico, MarcoAntonio Alexandre. Além de técnicosdo CDDI e da Diretoria de Infor-mática que apresentaram projetos desuas áreas.

Atentos à apresentação, os chefesforam orientados sobre o que osjornalistas esperam saber sobre apublicação – o que ela tem de novo,de interessante e de controverso – alémde informações técnicas e úteis sobreos resultados da pesquisa. E retor-naram para os seus estados com acerteza de que os dados mais recentesde população para todas as unidadesda federação, municípios e bairros,apurados no Censo 2000, teriamrepercussão nacional, levando aimagem do IBGE e seu trabalho paratoda a população.

Em seguida, apresentaram os pon-tos negativos e positivos identifi-cados a fim de debatê-los junto comos técnicos presentes das diretorias.

Dentre os aspectos negativos,foram citados a falta de umtreinamento específico para oscoordenadores e chefes de

Ao lado de debatedores e relatores dos grupos, Maria Wilma (à direita)mediou os trabalhos na reunião de avaliação dos CCDs.

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Em visita ao IBGE, AlejandroSabaj (E), Arlette Rojas (C) eMáximo Aguillera (D) conheceramde perto um pouco mais sobre oCenso 2000.

O IBGE recebeu a visita deuma delegação do InstitutoNacional de Estadísticas (INE) doChile, em outubro de 2001. Odiretor nacional do instituto,Maximo Aguilera Reyes, a diretorade Finanças, Arlette Rojas, e odiretor de Informática, AlejandroSabaj, visitaram diversas áreas doIBGE, com o objetivo de aprendercom a experiência recente doCenso 2000, tendo em vista que oINE estará realizando o censochileno em 2002.

Experiência brasileira contribui para o censo chilenoexperiência do IBGE é o que maisinteressa nesse intercâmbio com ocenso brasileiro. O diretor do INE,Maximo Aguilera, lembrou que atroca de experiências com o Brasilvem sendo feita regularmentedesde 1997, pela iniciativa emcomum desses dois países, junta-mente com Argentina, Paraguai,Uruguai e Bolívia, de montar acomparabilidade entre seus censos.

O Chile, que tem populaçãoestimada em cerca de 15 milhõesde habitantes, fará o recen-seamento em apenas um dia – 24de abril é a data marcada para arealização do Censo 2002, que seráo XVIII Censo Nacional dePopulação e VI de Domicílios. Paraa operação estão sendo capacitados370 mil recenseadores, todostrabalhando em regime voluntário.

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srecepção; a ausência de uma pessoaque homogeneizasse e centra-lizasse as informações sobre oprocesso de trabalho; problemascom empresa de informática queprestou suporte e defeitos emalguns equipamentos como amáquina saca-grampos.

E como aspectos positivos,foram destacados o bom relacio-namento entre os CCDs e a COCe as Divisões Estaduais de Pes-

Primeiramente, a delegaçãofoi recebida na sede do IBGE pelopresidente Sérgio BessermanVianna. A segunda etapa da visitase deu na Diretoria de Pesquisas e,por fim, estiveram visitando oCentro de Captura de Dados -CCD em Parada de Lucas. Comoressaltou o diretor de InformáticaAlejandro Sabaj, embora não sejao INE que realiza a etapa decaptura no censo do Chile (ela éfeita por uma empresa especia-lizada contratada), conhecer a

quisa (DIPEQs); o compromissofirmado entre os chefes dosCCDs de partilhar experiênciasvia intranet; o cumprimento docronograma de atividades; ogrande apoio dado pela DI e acerteza de que o CDD é umprojeto único no qual as cincounidades se integraram formandouma só.

Além da avaliação dosdiversos aspectos ligados ao

funcionamento dos CDDs, tam-bém foram apresentadas e discu-tidas propostas para seremimplementadas no próximo CensoDemográfico, em 2010.

Para encerrar a reunião, NunoBittencourt agradeceu a todos quese dedicaram ao projeto CCD eressaltou o profissionalismo e aqualidade do trabalho das equipesque atuaram nos centros comorazões do sucesso.

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censo em foco

As reuniões do Comitê doCenso Demográfico 2000 daDiretoria de Pesquisas (DPE) doIBGE são a maior prova de queninguém precisa ser muitoformal para atuar com seriedadee competência. Ambas –seriedade e competência – sãoconfirmadas com os resultadosapresentados após trabalho ededicação.

Isto certamente se tornariaclaro para qualquer pessoa quetivesse assistido à reunião doComitê 2000, no dia 15 dejaneiro de 2002, no segundoandar do prédio do IBGE, naAvenida Chile, centro do Rio deJaneiro. Em meio a um clima dedescontração, o que se vê naverdade é um profundo respeitoàs opiniões contrárias ou pontosde vista divergentes.

Alicia Bercovich, coorde-nadora do Comitê 2000,confirma isso: “uma discussãono Comitê só termina quandotodos os membros acabamconvencidos de que aqueladecisão é a mais acertada e istonão acontece necessariamentena primeira reunião. Às vezes,são necessárias três, quatroreuniões ou deixar o tempopassar, para que o tema seassente, mas sempre, sempre decomum acordo”.

Como bem disse a se-cretária do Comitê, Aída LauraFerreira de Souza: “Até tem umaconfusão na reunião, que parauns pode parecer bagunça, masnão é bagunça, não. É que elaestá numa coordenação efetiva,por estilo. E isso foi ao longodo processo. Houve momentos

mais complexos, outros maisfáceis. Depende sempre do mo-mento que se vive o Censo.Época de prazo mais apertado,por exemplo, a discussão é maisacirrada.”

O Comitê foi criado em1997 e é formado por chefes dasáreas de população, emprego erendimento, pelo coordenadortécnico do Censo, pelo diretore diretor adjunto da DPE, alémde vários técnicos e especialistasdas áreas demográfica, socio-econômica e de informática.E outra característica sua é adescentralização. Percebe-se queno Comitê nada é imposto, nadaé de cima para baixo. Talvez porser, como nos falou o chefe doDepartamento de População deIndicadores Sociais e um dos inte-grantes do Comitê, Luiz Antonio

Alicia Bercovich, coordenadora doComitê 2000, diz que a ótica dasreuniões é a da maior eficiência.

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A sériainformalidade doComitê 2000

A sériainformalidade doComitê 2000

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Pinto de Oliveira, “um instru-mento agregador dentro da Dire-toria de Pesquisas, que reúnevários departamentos e áreastemáticas, dentro da própriaDPE”, vindo daí “o papel fun-damental que tem na definiçãodas grandes linhas do Censo”.

E é justo daí, dessaagregação aliada às metas doCenso, que resulta a marca doComitê 2000 de responsa-bilidade e comprometimento.Não é para menos. A realizaçãode um Censo demográfico acada dez anos, com todas asmetodologias empregadas emuma pesquisa desse porte, suasestatísticas e variáveis, requercuidados que vão além docomo fazer institucional paraque a operação chegue ao fimsem maiores problemas. Essescuidados ultrapassam a insti-tuição e chegam ao que secostuma chamar de espíritodo tempo.

A sociedade muda e juntocom ela também o Censo ou, pelomenos, sua forma de pesquisar, aestrutura das perguntas etc. Natu-ralmente que mudanças numamegaoperação censitária não po-dem ser efetuadas, assim, numprimeiro impulso. Pesquisas etestes devem ser feitos, analisados,discutidos, para que, uma vezaceitas e introduzidas as alte-rações, só façam acrescentar eotimizar os trabalhos.

Como diz Alicia, são “asexigências da nova sociedade”que fazem com que “perguntasnovas, que a gente tem interesseatualmente, talvez 20, 30, 40anos atrás não tivesse tantointeresse”. Uma questão que há20 anos não teria a menorimportância, por exemplo, é amigração pendular, pessoas quemoram num município e traba-lham em outro ou residem numpaís e ganham seu sustento emoutro, os movimentos pen-

dulares em países ou municípioslimítrofes.

A inserção de novas meto-dologias no Censo é uma daspreocupações do Comitê, quetem o objetivo de propor,apreciar e decidir sobre asquestões referentes ao Censo,como conteúdo de ques-tionários, conceitos e meto-dologias de pesquisa etc.

“Porque você imagina umCenso Demográfico” – continuaLuiz Antonio – “um Censo temuma expectativa muito grandeno país, não é? Então, quandose fala que vai fazer um Censo,entidades, instituições, pesqui-sadores, academia, universi-dades, todo mundo, organi-zações governamentais, institui-ções internacionais querembotar uma colherzinha, colocarum assunto, uma questão...vários assuntos que, em geral,não é uma questão só, acaba sedesdobrando em vários quesitos

Membros do Comitê do Censo Demográfico 2000

Maria Martha Malard Mayer Diretora de Pesquisas

Zélia Bianchini Diretora Adjunta de Pesquisas

Alicia Bercovich Comitê do Censo Demográfico 2000

Marco Antonio Alexandre Coordenação Técnica do Censo Demográfico

Laura Baridó Coordenação Técnica do Censo Demográfico

Angela Jorge Departamento de Emprego e Rendimento

Vandeli dos Santos Guerra Departamento de Emprego e Rendimento

Luiz Antonio Pinto de Oliveira Departamento de População e Indicadores Sociais

Nilza de Oliveira Martins Pereira Departamento de População e Indicadores Sociais

Tereza Cristina Nascimento Araújo Departamento de População e Indicadores Sociais

Sonia Albieri Departamento de Metodologia

Ari Silva Departamento de Metodologia

Pedro Luís do Nascimento Silva Departamento de Metodologia

Eliane Aparecida de Araújo Xavier Comitê do Censo Demográfico 2000

Antonio Carlos Simões Florido Departamento de Agropecuária

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e que se deixar vira umalmanaque. Então, o Comitêtem este papel depurador, defiltrar, ele é um escutador”.

Segundo Alicia Bercovich,no Comitê nada é compar-timentado ou estanque e a óticaempregada é a da maior efi-ciência. Isto significa que,independente de alguém serespecialista nesta ou naquelaárea, o que de fato importa é oresultado final, então “o espe-cialista ao tema é aquele que fazmelhor”, afirma.

Esclarece melhor como ascoisas funcionam, exempli-ficando com o plano de crítica:“é cada vez mais integral. Então,a gente chamou especialistas naárea de rendimentos para expora eles como é o nosso plano decrítica para rendimento e elesconcordaram, mas a gentediscutiu com eles. E depois agente fez uma visita ao Centrode Desenvolvimento e Planeja-mento Regional – CEDEPLAR,em Minas, fez uma reunião como pessoal da Universidade deCampinas também, paraapresentar os planos de crítica,então nesse sentido acho que agente cresceu muito, nós cres-cemos juntos no Comitê, euaprendi muito”.

Luiz Antonio explica que asáreas contribuíram de maneiradesigual, conforme o seu co-nhecimento, sua experiência doassunto e que a CoordenaçãoTécnica teve um papel impor-tantíssimo, por conta de suamemória do trabalho, daformação de conceitos, dacondição dos questionários,como fazer as perguntas,deixando todas elas definidas.

Questões relacionadas à formade perguntar, inclusive, geraram,conforme salienta Aída, “dis-cussões incríveis, aquela questãode raça do Comitê foi fantástica,população indígena e outras.”

Aída fala ainda com entu-siasmo dessa experiência emrelação à heterogeneidade nasreuniões: “Olha, eu achei umaexperiência muito rica essa. Dosanos todos de IBGE, eu não vivium momento tão rico, em quediversas pessoas, de todos osdepartamentos da DPE, sereuniram e cada uma levantouo seu ponto de vista e contribuiude alguma forma, achei issomuito bom para o Censo.Porque cada um vinha com a suabagagem, todos com umagrande bagagem”.

No Projeto Censo Comumdo Mercosul, por exemplo, aatividade do Comitê foi intensa,ao coordenar as relações comos países do bloco. Porque,segundo Alicia, “teria que haverum sistema de informaçõestotalmente harmonizadas entreos seis países, não só os quatrodo Mercosul, como tambémBolívia e Chile. E nós agimos nosentido de conseguir que ospaíses viessem a ter certa formade perguntar que fossecompatível com a equivalenteno Brasil”, explica.

No seu intercâmbio com oMercosul para levar a cabo oprojeto, o Comitê conseguiu umsistema de classificação com-patível, graças aos vários gruposde trabalho que foram criadospara discuti-lo e finalmenteexecutá-lo. Alicia comenta sobreeles: “Um grupo foi na área declassificações, porque sabíamos

que precisávamos de sistemascompatíveis. O outro foi naparte do desenho conceitual, decomo se formulava questões doCenso, e um outro de infor-mática, porque tinha a ver coma criação de um banco de dadosúnico, de modo que se pudesserealmente comparar as infor-mações”.

A experiência acumuladasobre Censos no mundo inteiro,sem contar a própria expe-riência do IBGE, influi nasdecisões tomadas pelo Comitê,suas reflexões sobre possíveisinovações, uma vez que “paradefinir os questionários é com-plexo, então por um lado vocêtem as recomendações interna-cionais que a Organização dasNações Unidas – ONU produz,o compromisso com o Mercosulde informações compatíveis” ouseja, uma série de vivênciasinternas e externas que nãopodem ser ignoradas e daí aimportância do intercâmbiocom a ONU, a CEPAL (Co-missão Econômica paraAmérica Latina e Caribe),EUROSTAT (The StatisticalOffice of the EuropeanCommunities), por exemplo, ecom institutos de estatísticas deoutros países.

Não é à toa o Comitê sereunir toda semana, todaterça-feira mais precisamente.Esse pequeno intervalo entreuma reunião e outra se deveao fato de que todas asdecisões relativas ao Censo2000 são tomadas pelos seusintegrantes. “Então nós nosreunimos semanalmente etomamos todas as decisões”,finaliza Alicia.

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Os resultados do CensoDemográfico 2000 deverãoconstituir um excepcional ponto dereferência para avaliaçõesprofundamente detalhadas eminuciosas sobre o atual estágio deevolução demográfica e socio-econômica do país.

Dentre os principais camposde investigação que poderão serdesencadeados por esta divulgaçãositua-se a questão das estimativasmunicipais de população para aprimeira década do século XXI.

No Brasil, por força cons-titucional e por legislaçãoespecífica, vários programas derepasses de fundos públicos,constitucionais ou não, quecontemplam as obrigações dopacto federativo ou a imple-mentação de políticas sociais, têm,no efetivo populacional dosmunicípios e dos estados, a di-mensão e o parâmetro da popu-lação alvo. Seja em relação àdistribuição do Fundo deParticipação Estadual (FPE) e doFundo de Participação Municipal(FPM) ou em relação a vários

mos objetivos, é uma decisão queo IBGE avaliará proximamente.

Voltando aos resultados doCenso 2000, o DEPIS já realizouuma estimativa municipal para2001, que foi publicada no DiárioOficial em 31/08/2001 e enviadaao Tribunal de Contas da União(TCU), que elabora os cálculospara a distribuição dos municípiospelas alíquotas por ele fixadas paraa distribuição dos fundosmunicipais.

Além disso, o DEPIS produziuum esforço inicial de revisão dasprojeções populacionais para oBrasil, tendo em vista os resultadosobservados no Censo 2000. Para1º de julho de 2001, foi estimadoque a população brasileira seria de172.385.826 pessoas e que a taxade crescimento geométrico anualda população no período 2000-2001 alcançaria 1,32%.O horizonte dessa projeção preli-minar seria o ano de 2010, quandoa população alcançaria um total de192.040.996 pessoas, com umataxa de crescimento anual de1,08% no último ano do período.As estimativas estaduais e muni-cipais são metodologicamentederivadas dessa projeção prelimi-nar, a qual, como ressaltado,incorporou as novas tendênciasreveladas pelos resultados doCenso Demográfico 2000.

programas nas áreas de educação,saúde e assistência social, ondedeterminados grupos etários ou degênero constituem a populaçãoalvo (usuários em potencial).O acompanhamento das estima-tivas populacionais em nívelmunicipal vem se tornando, a cadaano, uma atividade de suporteessencial para as políticas funda-mentais de caráter universal emnosso país.

O Departamento de Popu-lação e Indicadores Sociais (DEPIS)da Diretoria de Pesquisas do IBGEutiliza anualmente uma meto-dologia de elaboração das proje-ções e estimativas inteiramentecoerente com as recomendaçõesinternacionais no campo dademografia. Contudo, tendo emvista a impossibilidade concreta dese produzir estimativas anuaisdiretas para os 5.561 municípiosbrasileiros (devido à sub-enume-ração do registro de eventos vitaise à inexistência de cadastrosmigratórios municipais) o IBGEnecessita das informações perió-dicas do Censo Demográfico paraa atualização dos parâmetros etendências da evolução popu-lacional pelos municípios.

Nesse sentido, o IBGE reali-zou uma Contagem Populacionalno meio da década, com o objetivoprincipal de atualizar a enumera-ção da população e estabelecer asnovas tendências de crescimentoestadual e municipal a serem incor-poradas na metodologia de estima-tiva populacional. A realização deuma nova Contagem Populacionalem 2005, em função desses mes-

Luiz Antonio Pintode Oliveira

Chefe do Departamento dePopulação e Indicadores Sociais da

Diretoria de Pesquisas do IBGE

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