Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

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PASSADO | PRESENTE | FUTURO PASSADO | PRESENTE | FUTURO ISSN 2182-4258 2º Semestre de 2011 Nº0 | | | | | Semestral Preço (IVA inc.) Portugal €3,50 A PSICOLOGIA AQUI E AGORA A PSICOLOGIA AQUI E AGORA A PSICOLOGIA AQUI E AGORA PASSADO | PRESENTE | FUTURO

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Edição Nº0 da Revista Universitária de Psicologia.

Transcript of Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

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PASSADO|

PRESENTE|

FUTURO

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FUTURO

ISSN 2182-42582

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FUTURO

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Victor E.C. OrtuñoCoordenador Departamento Jurídico,

Financeiro e Tesouraria

Administraçã[email protected]

Comissão [email protected]

Comissão de Revisão Cientí[email protected]

Departamento Publicidade e [email protected]

[email protected]

João Carlos ArrudaAdministrador96 511 87 10

91 733 41 30

Departamento Jurídico, Financeiro e [email protected]

Page 3: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

editorial

03RUP - Edição 0

Construir uma identidade. É esse o desafio que colocámos a nós próprios para a edição inaugural da Revista Universitária de Psicologia e esse é o mote para os nossos primeiros conteúdos.

Tal como o ser humano, que ao longo do ciclo de vida se vê confrontado com a neces-sidade de se definir como indivíduo distinto, especial, particular, também a Revista Universitária de Psicologia se coloca a si própria um desafio vital. O desafio é renascer! Para tal é imprescindível mostrar-se ao mundo com traços fortes, com características bem definidas: com uma personalidade, uma motivação, um sentir, uma forma de encarar o mundo.

Chega então o momento de a Revista Universitária de Psicologia renascer. E renasce porque não parte do zero. Reergue-se, qual Fénix, das cinzas de um passado mais e menos distante. Tem uma história que merece ser honrada e homenageada, uma memória que certamente contribui para a formação da nova identidade que agora surge. Tem, sobretudo, um legado que quer ser superado.

A Revista Universitária de Psicologia emerge no presente para agir. Em busca da sua identidade, procura olhar-se ao espelho reconhecendo-se inteiramente em todas as suas características… A Revista Universitária de Psicologia começou a construção da sua identidade para se tornar uma figura marcante e indispensável na vida de todos os estudantes de Psicologia em Portugal!

A identidade que pode já ser descoberta nesta edição inaugural vai sendo formada tendo em vista o futuro, procurando desbravar caminho em direcção ao sucesso. A identidade pauta-se, então, por um passado de recordação, um presente de construção e um futuro de sucesso e ambição.

É com esta motivação, esta personalidade e este sentir que a Revista Universitária de Psicologia fará o seu melhor para reflectir a Psicologia Aqui e Agora. Uma Psicologia que é observada e transmitida de estudantes para estudantes, com todo o fascínio que um tema que nos é a todos tão querido implica.

Editorial

Alice Morgado

ISSN 2182-4258

Page 4: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

+351 96 3092767

ficha técnica

04 Edição 0 - 2º semestre de 2011

Patrícia Beveren

ANO: 2010

TÉCNICA: Óleo+Acrílico/Tela

Maria Gouveia

editora

fotografia

capa

redacção

contactos

grafismo

Alice Morgado

José Pedro Pires

Andreia Jesus

Ana Rita Martins

Alice Morgado

Roberto Botelho

André Rocha

AUTOR: Gustavo Fernandes

Mariana Guarino

Sérgio Duarte

96 622 51 6291 978 52 80

[email protected]

TÍTULO DA OBRA: Rizoma II

DIMENSÃO: 140x95cm

[email protected]

gráfica

Golden Shopping Center

Av. Sá da Bandeiranº115 piso 2 loja 11

3004-515 Coimbra

+351 239 837061

+351 96 6591579

A Revista Universitária de Psicologia gostaria de transmitir publicamente o seu mais sincero agradecimento ao autor da obra que integrou a capa desta edição, Gustavo Fernandes, por ter gentilmente cedido a sua arte para esta revista.

Agradecimento

///// Interdita a reprodução parcial ou total dos textos, fotografias ou ilustrações sobre quais-quer meios e para quaisquer fins sem previa autorização escrita da Administração da RUP/ANEP /////////////////////////////////////////////////////////////////////////////// Editora: Alice Morgado ///// Administrador: João Carlos Arruda ///// Director da Comissão de Revisão Cientifica: Pedro Belo ///// Tiragem 2000 Exemplares ///// Periodicidade: Semestral ///// Produção: Organismo Autónomo Revista Universitária de Psicologia da Associação Nacional de Estudantes de Psicologia ///// Propriedade: Associação Nacional de Estudantes de Psicologia - ANEP ///////////////// /////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////// Associação Nacional de Estudantes de Psicologia - ANEP ///// Faculdade de Psicologia ////////// Alameda da Universidade ///// 1649-013 Lisboa ///// Portugal //////////////////////////////// Revista Universitária de Psicologia da Associação Nacional de Estudantes de Psicologia - RUP/ANEP ///// 3000 Coimbra ///// Portugal //////////////////////////////////////////////////////////

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artigo para a RUP

05RUP - Edição 0

É com grande orgulho que congratulo a equipa editorial assim como os restan-tes membros da equipa por conseguirem trazer, de novo, vida à Revista Univer-sitária de Psicologia que, por certo, conta com um futuro promissor e de sucesso tendo em conta a eficiência do trabalho desenvolvido neste curto de espaço de tempo, culminando na publicação deste número de elevada quali-

MENSAGEM DO

PRESIDENTE DA ANEP

Luís Miguel Tojo - Presidente da ANEP.

dade. Esta publicação encontra-se em perfeita sintonia com o grande objectivo da Direcção do actual mandato da ANEP: renascer. Ao longo desta primeira metade do mandato temos conseguido superar barreiras e atingido vários objectivos que tínhamos estabelecido no início do mesmo com o intuito de tornar a ANEP, novamente, uma Associação representativa e disseminada pelos Estudantes de Psicologia a nível Nacional, lutando por cumprir os objectivos de defender os seus interesses e servindo-os através da organização e promoção de ofertas de cariz científico, pedagógico, cultural e formativo. Neste sentido, para além da negociação de protocolos de colaboração com associações de formação em Psico-logia, contamos já com a organização de um evento científico que teve presença em quatro Universi-dades por todo o país no mesmo dia (Dia ANEP, 26 de Maio) o qual, para além de apresentar uma diver-

sidade de workshops de forte relevância científica, contou, também, com sessões de esclarecimento de membros da Ordem dos Psicólogos Portugueses, com a qual a ANEP encontra-se, actualmente, em diálogo, estreitando as ligações entre os Estudantes e os Profissionais da Psicologia.

A ANEP, enquanto actual membro da EFPSA (European Federation of Psychology Students' Associations) proporciona, também, aos seus estudantes a oportunidade de usufruir dos serviços propostos pela mesma, nomeadamente o Congresso Europeu Anual que se realizará no próximo mês de Abril e cujas vagas abrem a 1 de Dezembro (consultar efpsa.org para mais informações). Ademais, presentemente, a ANEP está a apostar na elaboração de um projecto associado a programas de voluntariado com o intuito de conciliar uma formação mais aprofundada e abrangente dos Estudantes de Psicologia e uma maior sensibilização para com as acções de voluntariado. São de esperar outros projectos que conciliarão tanto uma vertente científica como cultural e social, como é o caso do Encontro Nacional de Estudantes de Psicologia onde este "renascimento" da RUP assim como o próprio "renascimento" do ENEP, coinci-dentemente, se unem para proporcionar, em ambos os casos, trabalhos de qualidade e relevância para todos os Estudantes de Psicologia. É com todo o gosto que desejo a melhor sorte à equipa da revista assim como ao futuro trabalho dos membros da Direcção da ANEP e aos Estudantes de Psicologia a nível nacional. Um bem-haja e saudações académicas.

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ÍNDICE

Page 8: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

índice

UM PASSADO DE RECORDAÇÃO

ÍNDICE

UM PRESENTE DE CONSTRUÇÃO

UM FUTURO DE AMBIÇÃO

A PSICOLOGIA AQUI E AGORA

RUP: Uma história 19

A ANEP: Uma Associação com 24 anos de História 11

Organigrama 31

O que é a RUP? 27

RUP: Um Sonho 49

Para quem é a RUP? 45

Quem é a RUP? 35

A Investigação em Psicologia 58

A Prática Profissional em PsicologiaEstágios Profissionais da Ordem dos Psicólogos Portugueses 53

06 Edição 0 - 2º semestre de 201108 Edição 0 - 2º semestre de 2011

Page 9: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

EDITAIS E ANÚNCIOS

Anúncio da Administração 99

Concurso para Revisores Associados da RUP 98

Regras de Submissão de Trabalhos Científicos 97

A Formação em Psicologia 64

70A Psicologia como uma disciplina (de) Ética

índice

09RUP - Edição 0

A Psicologia Além FronteirasPsicologia onde o laranja não é só a cor do curso 87

A Psicologia na Universidade do Porto 83

António Damásio

António Damásio – Uma Biografia 79

Conferência “Brain, Mind and Feeling” 77Doutoramento Honoris Causa

76

O Livro da Consciência81

LIGAÇÕES ÚTEIS 91

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Page 11: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

UMPASSADO

DERECORDAÇÃO

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A Associação Nacional de Estudantes de Psicologia

(ANEP) foi fundada em 1987. Como todas as associações

estudantis, a sua história é feita do esforço e boa vontade

de equipas que prestaram contributos na medida da

curta escala temporal da sua passagem pela Universi-

dade. Dos depoimentos recolhidos directamente junto

dos protagonistas deste percurso, resulta o retrato

possível daquilo que pretendeu ser, que efectivamente foi

e que se pretende que venha a ser

ANEPUma Associação com 24 anos de História

um passado de recordação

12 Edição 0 - 2º semestre de 2011

Page 13: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

ANEP - 24 anos de história

Os primeiros passos

13RUP - Edição 0

Os anos 80, ainda no rescaldo da Revolução, foram

marcados por debates intensos, participação activa dos

estudantes Universitários na discussão da vida

académica e uma forte consciência associativa. Foi neste

ambiente ideológico que num grupo de estudantes, já

então envolvidos nas respectivas Direcções Associativas

ou Núcleos de Estudantes de 3 das Faculdades de Psico-

logia então existentes no país (4 no seu total), surgiu a

ideia de materializar um projecto: criar uma Associação

Inter-Faculdades, capaz de congregar esforços e

defender os interesses comuns

a todos os alunos desta área.

Um dos estudantes funda-

dores, Emídio Guerreiro,

descreveu-nos esse processo

como o resultado de uma

preocupação sentida por um

grupo de gente activa, em

arranjar um espaço de

contacto nacional que permi-

tisse a discussão dos prob-

lemas comuns, ao mesmo

tempo que cumpria uma

função social e de divulgação

e abordagem de questões

científicas e de formação.

Assim, em Janeiro de 87 foi

formalizada a Associação,

com a participação das Facul-

dades de Psicologia do Porto,

Coimbra e Lisboa como Membros de Pleno Direito.

Nesse mesmo ano realizou-se o 1º ENEP, (Encontro

Nacional de Estudantes de Psicologia) no Porto, altura

em que a Associação de Estudantes do ISPA aderiu à

ANEP.

Em Abril, a ANEP organizou o 1º Meeting Internacional

de Estudantes de Psicologia, em Lisboa, com a participa-

ção de 8 países (Portugal, Bélgica, Dinamarca, Espanha,

Finlândia, França, RFA, Suécia e Suiça), no decorrer do

qual foi criada a EFPSA – European Federation of Psicol-

ogy Students Associations.

Em Janeiro de 1988, foi realizado o 2º ENEP, em Coim-

bra. Saul Neves de Jesus, actualmente Director do Curso

de Psicologia da Universidade do Algarve e organizador

desse Encontro comentou, numa entrevista de Janeiro

desse ano à RTP, os propósitos da Associação, então a

atravessar uma fase de

grande visibilidade,

salientando a uniformização

dos planos de estudo e do tipo

de formação dos vários

cursos de Psicologia do país,

no sentido de convergir para

um mesmo perfil profissional,

capaz de prestar um bom

serviço à sociedade.

Dois anos após a fundação da

ANEP, foi proposta por

alguns membros da associa-

ção, a criação de uma revista

acessível a todos os

estudantes de Psicologia a

nível nacional, a RUP (Revista

Universitária de Psicologia).

Na sua primeira edição,

contou com a colaboração de

Cristina Canavarro, actual Docente da Faculdade de

Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de

Coimbra. Apesar de não ter pertencido a nenhuma das

equipas que faziam parte da coordenação da revista, foi

uma das autoras que contribuíram para o primeiro

lançamento da RUP. Desta iniciativa, Cristina Canavarro

recorda e destaca: “o grande empenho, persistência,

trabalho de bastidores, organização e capacidade de

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14 Edição 0 - 2º semestre de 2011

um passado de recordação

focalização”, processo este que simboliza grande parte

do trabalho que foi feito pelas diversas equipas que

pertenceram a RUP até hoje. Este momento inovador,

trouxe alguma credibilidade extra à associação, tendo

sido aplaudido e incentivado pelos professores das várias

Faculdades envolvidas. Questionada sobre uma razão

que explique a falta de continuidade de uma revista que

começou tão auspiciosamente, disse-nos: “coloco a

hipótese de que, como outros projectos semelhantes, a

existência de tantos outros estímulos interessantes para

os estudantes, os tenha dispersado”.

De acordo com uma entrevista dada por um dos primei-

ros Presidentes da ANEP (1988), Francisco Brito Evan-

gelista, e publicada na primeira edição da revista RUP

(páginas 33 e 34), o plano de actividades desta

Direcção era ambicioso e revelava um ambiente de

grande dinamismo. Centrava-se na ideia de que a comu-

nicação e divulgação de ideias, bem como a troca de

experiências pessoais, seriam fundamentais para o

desenvolvimento de uma futura classe profissional de

qualidade. Neste sentido estava projectada a criação e

distribuição de um Boletim periódico e a publicação de

uma revista, a RUP; a criação de uma estrutura directiva

forte e bem articulada com a criação de Comissões de

Trabalho Especializadas e um Secretariado Permanente.

A realização de conferências e o estabelecimento de

contactos internacionais seriam também prioritários.

Nesta perspectiva, e ainda para Francisco Evangelista,

era fundamental privilegiar a ligação com a EFPSA.

Nesse sentido, a ANEP participou no 2º Meeting Inter-

nacional de Psicologia realizado em 88 em Liége, na

Bélgica, onde foi dado um grande impulso ao trabalho

federativo com a redacção e aprovação dos Estatutos da

Federação.

Ainda na mesma entrevista, Francisco Brito Evangelista sintetiza da seguinte

forma os objectivos perseguidos pela ANEP: “A promoção de encontros

nacionais e internacionais entre as Associações membros e as congéneres

noutros países, de cariz científico-pedagógico, cultural e desportivo; apoiar e

incentivar todas as iniciativas que visem uma melhor integração dos jovens

licenciados em Psicologia no mundo profissional e ainda uma componente

que considero muito importante, que é a de sensibilizar os estudantes para o

cumprimento das obrigações sociais e éticas no futuro exercício da profissão

de psicólogo”.

A Sede da Direcção da ANEP foi nesta fase inicial em Lisboa mas existia já

nessa época a ideia de que seria importante criar Secretariados Permanentes

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15RUP - Edição 0

ANEP - 24 anos de história

Os anos 90Após um período de grande criatividade e empenho, a

ANEP sobreviveu a um período repleto de altos e baixos,

com Direcções tão diferentes entre si que a continuidade

dos projectos de certa forma, se perdeu. Ao longo desta

década, a ideia de publicar uma revista periódica não foi

retomada. Tanto quanto nos foi possível apurar, a activi-

dade da Associação centrou-se na realização de um

ENEP anual bem como de ciclos de conferências em

Lisboa, Porto e Coimbra e na participação nos Congres-

sos da EFPSA.

Dos contactos estabelecidos com diversos membros de

várias direcções da ANEP, resulta a ideia de que a total

ausência de actas ou outra documentação acessível é,

pelo menos em grande parte, resultado da mobilidade

física da Sede da Associação e da muita curta duração

dos mandatos, anualmente renovados. É também

referida neste período alguma disputa de protagonismo

entre as diversas Associações de Estudantes membros da

ANEP. Todos os dados que obtivemos deste período, e

dada essa ausência de registos, são memórias dos

ex-dirigentes e é-nos impossível garantir o seu absoluto

rigor.

Assim, em 91/92 a Sede da ANEP foi em Coimbra, e em

92/93, passou para o ISPA, onde se terá mantido em

93/94 e 94/95. Segundo Jorge Aguiar, na altura Presi-

dente do Núcleo de Estudantes de Psicologia da Univer-

sidade de Coimbra, e Frederico Rosas, ambos perten-

centes à Direcção (92/93), a actividade da ANEP

envolveu bastante empenho e motivação por parte da

equipa que a presidiu neste período. Sob a Direcção de

Bruno Rasga, terá sido dado relevo à representação

portuguesa na EFPSA e à realização de actividades de

divulgação e contactos com Associações Profissionais de

Psicólogos, na tentativa de estabelecer pontes entre os

estudantes e o mundo do trabalho. Pela primeira vez, a

ANEP participou nos ENDA (Encontros Nacionais de

Dirigentes Associativos) e nas lutas e reivindicações

estudantis que tiveram grande expressão nesta época,

nomeadamente na contestação ao aumento das propi-

nas. Foram realizados pelo menos dois ENEPs neste

mandato, o que mostra bem a proximidade entre a

\Direcção, os Membros da associação e os estudantes de

Psicologia. Em 1994 a Faculdade de Psicologia da

Universidade do Minho passou a ser Membro de Pleno

Direito da ANEP.

Alcino Silva que pertenceu à Direcção em 95/96, numa

fase que referiu como atribulada, alegou alguma disputa

interna de poder entre as Faculdades como a principal

razão para a instabilidade sentida imediatamente após

um período tão alto da ANEP. Depois da realização de

um Concelho Geral extraordinário, que resultou na

interrupção do mandato vigente, foi criada uma direcção

de gestão provisória em Coimbra, até novas eleições.

A partir de 1996, a direcção da ANEP sediou-se no Porto

e a actividade da Associação centrou-se sobretudo na

realização de um ENEP anual. Neste período foi inter-

rompido o contacto oficial com a EFPSA, que no seu site

refere o estatuto de Portugal como o de “país observa-

dor” num documento de Março do mesmo ano.)

Victor Coelho, Presidente da Associação de Estudantes

da FPCE-UL entre 96 e 98, e dirigente da ANEP também

nesse período e actual Secretário da Ordem dos Psicólo-

gos, só teve conhecimento da existência da antiga

relação que existia entre a Federação (EFPSA) e Portugal,

aquando da sua presença, um pouco fortuita e a título

particular, no Congresso realizado na Estónia em 1998.

Retomada esta ligação, Portugal propôs-se realizar o

Congresso da EFPSA em 1999. Assim, este teve lugar em

Tróia e, embora com um número limitado de partici-

pantes (50), revelou-se um sucesso em termos de quali-

dade e receptividade por parte dos vários países interve-

nientes (11).

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um passado de recordação

16 Edição 0 - 2º semestre de 2011

O novo milénio

A nova década iniciou-se com grande dinamismo. No

início de 2001 aderiram à ANEP dois outros membros,

o Núcleo de Estudantes de Psicologia Clínica do Instituto

Superior de Ciências da Saúde do Norte (NEPCISCS-N)

e o Núcleo de Estudantes de Psicologia Clínica do

Instituto Superior de Ciências da Saúde do Sul

(NEPCISCS-S). Seguidos pela inclusão, no ano seguinte,

do Núcleo de Alunos de Psicologia Social e das Orga-

nizações do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e

da Empresa (NAPSO).

Retomado o projecto RUP, foram

editados novos números da revista

em 2002 e em 2003 e a ANEP

promoveu a realização de um novo

Congresso da EFPSA, desta vez no

Porto, onde continuava sediada a

Associação.

No entanto, após a saída a equipa

de 2003/2004, a ANEP ficou

numa situação financeira muito

difícil e esteve completamente

desactivada até 2007. De acordo

ainda com Victor Coelho, que man-

teve uma ligação à ANEP até esta

altura, este descalabro ocorreu no

rescaldo do Congresso da EFPSA

(2003 no Porto). Embora um

sucesso do ponto de vista da afluên-

cia e da qualidade dos trabalhos

apresentados, este evento teve

consequências financeiras graves.

Por razões de deficiente gestão e

orçamentação foram excedidos os

plafonds disponíveis e a Associação

não teve capacidade para fazer face

ao cumprimento de todas as suas

obrigações, quer com os fornece-

dores quer com o Estado. Num

relatório da Assembleia Geral da EFPSA de 2005,

realizada em Madrid, é proposta a exclusão de Portugal

como país membro da Federação.

Em 2007, um grupo de estudantes de Coimbra, liderado

por João Carlos Arruda, decidiu reerguer a Associação.

Surgiu um novo projecto depois de restabelecido o

contacto com as Associações de Estudantes das várias

Faculdades de Psicologia do país, reunindo um amplo

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ANEP - 24 anos de história

17RUP - Edição 0

consenso e a representação de 7 Membros de Pleno

Direito de então: o Núcleo de Estudantes de Psicologia e

de Ciências da Educação da Associação Académica de

Coimbra (NEPCE/AAC), a Associação de estudantes da

Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da

Universidade de Lisboa (AEFPCEUL), a Associação de

Estudantes da Faculdade de Psicologia e Ciências da

Educação da Universidade do Porto (AEFPCEUP), A

Associação de Estudantes do Instituto Superior de Psico-

logia Aplicada (AEISPA), Associação de Estudantes de

Psicologia da Universidade do Minho (AEPUM), o

Núcleo de Estudantes de Psicologia Clínica do Instituto

Superior de Ciências da Saúde do Norte (NEPCISCS-N)

e o Núcleo de Estudantes de Psicologia da Universidade

de Évora (NEPUÉ).

De acordo com Andreia Ferreira, ex Vice-Presidente da

AEFPCE-UP e Secretária da mesa do Conselho Geral da

ANEP no mandato de 2007/8, este foi um projecto

bastante desafiante que implicava um enorme esforço

para retomar a actividade da Associação e que teria que

ser desenvolvido em várias frentes.

A regularização da situação financeira, a reestruturação

interna e a recuperação da credibilidade, foram as

grandes prioridades. Terá sido desenvolvido um plano de

trabalho pela nova equipa, que passou pela elaboração

de alguns documentos internos, discussão e reflexão que

viriam a dar origem a uma proposta de revisão dos

Estatutos. Nesse mesmo ano lectivo foi retomado o ENEP

com a organização de um Encontro em Albufeira.

Tânia Martins, Vogal desta Direcção, acrescenta ainda

que, embora todos os novos corpos dirigentes reunissem

gente com alguma experiência associativa, o carácter

federativo da ANEP acresce complexidade e dificuldades

na resolução de algumas questões. Destaca as dificul-

dades financeiras com que se depararam e a total ausên-

cia de bases documentais que permitissem dar uma

continuidade imediata e eficaz ao funcionamento interno

da Associação. Ambas as dirigentes, que acompanharam

de perto a actividade das direcções de 2007 a 2010,

concluem que, apesar das dificuldades e esforço

empreendido ao longo do mandato de 2007/8, a

associação acabou por ser reconhecida pelos

estudantes, sobretudo após a realização do ENEP, que

mais uma vez mostrou ser o grande pólo agregador e o

evento que garante maior visibilidade à ANEP.

Conseguiram regularizar a situação pendente em

termos de Finanças e de relação com o Instituto Portu-

guês da Juventude. A reposição da legalidade fiscal,

assumia uma enorme importância e permitiria às poste-

riores direcções realizar candidaturas a apoios e finan-

ciamentos. Foi pedido e concedido o Estatuto de Pessoa

Colectiva de Utilidade Pública que, como é sabido,

confere um posicionamento favorável a uma associação

sem fins lucrativos.

No entanto, nos dois mandatos seguintes, 2008/2009

e 2009/2010 voltaram a sentir-se conturbações a nível

interno que acabaram por comprometer a realização de

grande parte das actividades, nomeadamente o ENEP.

Tânia Martins e Andreia Ferreira destacam a atitude de

grande alheamento por parte dos Membros de Pleno

Direito que dificultava o trabalho e também as tomadas

de decisão.

O ano 2009/2010 acabou por se centrar em torno de

novas tentativas de divulgação junto dos estudantes

através de actividades mais próximas, de carácter local,

promovidas em parceria com as AAEE ou Núcleos. Os

objectivos acabaram por ser os mesmos dos dois manda-

tos anteriores: recuperação financeira e reconhecimento

da associação por parte dos estudantes. Mais uma vez

estes objectivos não foram totalmente atingidos.

Retomando as palavras das duas dirigentes: “No fundo,

pensamos que desde o seu «renascimento», a ANEP

nunca conseguiu constituir-se como uma estrutura

consistente que permitisse aos estudantes uma identifi-

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um passado de recordação

18 Edição 0 - 2º semestre de 2011

cação e confiança nesta associação. O facto de ser uma

estrutura nacional faz com que tenha que existir uma

grande articulação entre os órgãos sociais, o que se torna

difícil numa estrutura frágil e debilitada, com vários avan-

ços e recuos que fazem com que os objectivos a que cada

Direcção se compromete, fiquem aquém daquilo que é

esperado. Pensamos que o principal problema vivido na

ANEP neste período tem que ver com ausência de uma

identidade: por parte dos órgãos sociais, por parte dos

membros de pleno direito e, consequentemente, por

parte dos estudantes.”

Uma das principais preocupações da nova direcção,

quando foi desafiada pelo João Carlos Arruda a partici-

par neste projecto, foi conhecer um pouco mais acerca

da associação. Esta tarefa acabou por se revelar bastante

complicada, na medida em que o suporte documental

era escasso e se encontrava disperso. Daí que tenha sido

difícil perceber os pilares em que a ANEP assentava e os

princípios pelos quais se deveria guiar. A reflexão e

discussão sobre a Associação e sobre aquilo que os mem-

bros de pleno direito activos esperavam dela conduziram

à elaboração de um plano de actividades bastante ambi-

cioso, que incluía objectivos como a regularização da

situação financeira e legal, a criação de um site, a revisão

de funcionamento da RUP e a realização do I Encontro

Nacional de Dirigentes Associativos de Psicologia.

Num balanço geral sobre o que foram estes três anos da

ANEP, acrescentaram que “…acabaram por conseguir

repor a legalidade e iniciar de imediato o saneamento

financeiro, procedimento que acabou por ser concluído

na direcção seguinte, e realizar o ENEP. O site, apesar de

ter sido concretizado, não o foi nos moldes inicialmente

programados e acabou por não atingir os objectivos

propostos, em termos de divulgação. Apesar de não

acreditarmos ser possível regularizar a situação finan-

ceira num só mandato, a realização do ENEP permitiu o

pagamento de algumas das dívidas antigas que a ANEP

tinha contraído.”

Relativamente ao que conhecem da situação presente da

Associação, “…mesmo não conhecendo o funciona-

mento interno dos actuais órgãos sociais e o envolvim-

ento dos membros de pleno direito, acreditamos que

esta direcção tem o espírito e a determinação

necessários para levar a ANEP mais longe. Aliás, os resul-

tados falam por si, seja através do site, que qualquer um

pode consultar a pretexto do ENEP, já com alguns work-

shops lotados e neste pedido de conteúdos para a RUP,

um projecto há tanto tempo adiado! Com a actual situa-

ção da Psicologia do nosso país, com as alterações intro-

duzidas pela Ordem na situação profissional, com o novo

«estatuto» do psicólogo estagiário, parece-nos essencial

a existência de uma ANEP forte e consistente, que

consiga defender e dar voz aos interesses dos estudantes.

A ANEP deve estar suficientemente estruturada de forma

a poder intervir nas decisões políticas que têm vindo a ser

tomadas e que afectam os psicólogos, em geral, e os

estudantes em particular. Deve exigir-se a um organismo

como a ANEP que não se alheie de todas as modificações

que se têm verificado nos últimos tempos e parece-nos

que esta Direcção estará a trabalhar nesse sentido. Só

com o imprescindível envolvimento de cada órgão social,

de cada AE/Núcleo membro de pleno direito se poderá

conseguir uma ANEP comprometida, participativa e,

consequentemente, participada! O envolvimento e

reconhecimento por parte dos estudantes passa por não

sentirem as suas expectativas defraudadas, pelo que

esperamos que a actual Direcção caminhe num sentido

contrário à instabilidade, que tem caracterizado sobre-

tudo os últimos anos deste percurso associativo.”

Page 19: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

O QUE FOI A RUPNo editorial do 1º número da Revista Universitária de

Psicologia, o director da altura escreve “Demorou mas saiu. De alunos, por alunos e para alunos foi a dinâmica que caracterizou uma ideia e uma vontade de fazer aparecer esta Revista.” Iniciava-se assim a RUP numa das

mais felizes ideias e num dos mais felizes momentos da

história associativa em Psicologia em Portugal. No

entanto a sua história é pautada pela descontinuidade,

algo que nunca fez temer quem lhe deu nova vida.

A RUP teve, digamos, dois momentos anteriores a este

que se está a iniciar. O primeiro e a sua fundação, como

organismo da Associação Nacional de Estudantes de

Psicologia (ANEP), deu-se no ano de 1988, um ano após

RUPuma história

19RUP - Edição 0

a ANEP surgir, e teve quatro números entre 1988 e

1989. O segundo momento teve um inicio faseado em

1998 com o ressurgimento da RUP, e portanto de um

novo nº0, num formato simples e que de algum modo foi

a faísca para que, em 2002 e 2003, fossem editados os

números 1 e 2, fazendo portanto parte de uma história

mais recente.

Originalmente, a Revista Universitária de Psicologia

surge em 1988, por iniciativa da ANEP. Inicialmente, nos

seus membros, “reunia representantes das direcções de estudantes das 3 Faculdades de Psicologia Estatais, FPCE-UP, FPCE UC e FPCE-UL, e o ISPA”, como nos

conta, um dos directores da RUP associados ao primeiro

momento de existência da revista, o doutor José Luís

Gomes, então estudante de Psicologia e membro da

ANEP. João Guedes Barbosa, outro director da RUP de

então, também na altura estudante de Psicologia e

membro da ANEP, conta-nos que a revista “nasce na sequência de uma vontade de juntar as 3 Faculdades de Psicologia e de criar um meio de comunicação que de

“Demorou mas saiu. De alunos, por alunos e para alunos foi a dinâmica que caracterizou uma ideia e uma vontade de fazer aparecer esta Revista.”

RUP - uma história

Page 20: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

20 Edição 0 - 2º semestre de 2011

alguma forma desse uma identidade corporativa a uma classe profissional que estava a emergir no mercado nacional em finais da década de 80. Os psicólogos estavam a começar a aparecer e era preciso, em primeiro lugar, unirmo-nos e, em segundo lugar, aparecer à socie-dade, fosse ela académica fosse ela a civil, de uma forma mais madura.”. Assim, no seu inicio, a RUP pretendia

essencialmente dar voz aos estudantes de Psicologia,

proporcionando-lhes a oportunidade de submeter os

seus trabalhos para serem editados na revista. Outro

ponto essencial era o de ser uma via de comunicação

daquilo que se passava na ANEP e na Psicologia em

geral, tendo também como propósito a transmissão de

algumas notícias.

A equipa da RUP era então formada por um director e

dois directores associados e diversos colaboradores, que

eram não só alunos, mas também professores de Psicolo-

gia, sendo o papel dos últimos mais orientado para a

revisão científica dos artigos submetidos.

Num segundo momento, a RUP nasce, qual Fénix renas-

cida, como um “veículo de notícias para a própria ANEP, porque as pessoas não tinham a noção do que era, para que os alunos soubessem o que se passava nas faculdades que não a deles, e um veículo de escoamento para o trabalho dos alunos e uma visibilidade para esse trabalho”, como nos diz Vítor Coelho, hoje secretário da

Ordem dos Psicólogos Portugueses, e um dos Editores

da RUP nessa altura. São lançados dois números: um em

2002 e outro em 2003. Esteve pronto um número três,

porém, devido a problemas de financiamento, este não

chega a ser editado, o que acaba por resultar no fim

deste segundo momento de existência da RUP.

A equipa foi, numa primeira fase, constituída essencial-

mente por três directores associados e só mais tarde se

juntaram outros três membros. Contava ainda com a

colaboração inerente de alunos, tal como de professores

de Psicologia, convidados para o processo de revisão

científica. A revista em si, relativamente ao momento

anterior, tinha um carácter mais artístico, patente nas

suas capas, o que agradava mais do ponto de vista visual,

mas salvo a componente gráfica, a revista foi fiel ao

esquema editorial do momento anterior.

um passado de recordação

Page 21: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

21RUP - Edição 0

QUEM FOI A RUP

Como achamos que a melhor forma de contar esta história é através de testemunhos, mais do que propriamente com

datas e informação descritiva, ficam aqui excertos de entrevistas que fizemos a três dos directores dos dois momentos

da RUP, bem como o testemunho de uma aluna então, hoje professora de Psicologia na Faculdade de Psicologia e de

Ciências da Educação da Universidade de Coimbra que contribuiu para a revista com a submissão de um artigo.

Tenho que admitir que já não me lembro muito bem. Mas talvez valha a pena pensarmos como seria fazer uma revista em 1988 quando não havia e-mails e internet. Um verdadeiro desafio… Havia tempo para tudo. Era preciso enviar pelo correio, havia tempo para esperar. Penso que nem o fax existia na altura! Imagino que seja difícil para a actual geração imaginar fazer hoje uma revista a enviar as provas pelo correio.

Os meios de comunicação. Sem dúvida. Mas na altura todos desconhecíamos o que significava velocidade de um download ou de um upload. A velocidade era marcada pelo tempo do correio. Por vezes as provas da revista eram entregues na reunião seguinte quando os órgãos associativos se encontravam passado um ou dois meses no Porto, Lisboa ou Coimbra!

Boa pergunta. Mas não sei responder. E o que me “entristece” é que se hoje forem fazer esta pergunta a estudantes dessa época, ninguém se vai lembrar… Mas podem sempre fazer o teste. Não me digam é os resulta-dos!

João Guedes Barbosa

director da RUP no seu primeiro mo-mento de existência

Como se organizaram (estudantes) para fazer a RUP?

Quais foram as dificuldades iniciais?

Como foi o acolhimento da RUP no seio dos estudantes?

RUP - uma história

Page 22: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

22 Edição 0 - 2º semestre de 2011

Participei enquanto director da RUP. Tinha dois directo-res associados. Os artigos científicos tinham um parecer dum professor ligado à temática em questão. Acabava por escrever artigos sobre notícias, situações dos psicólogos e dos estudantes de Psicologia a nível nacional. Cada número tinha uma entrevista ligada a uma personalidade de relevo ligada à área da Psicologia que decidíamos analisar e reflectir: dois números foram dedicados à Psicologia clínica (saúde mental) e dois números dedica-dos à Psicologia da Justiça.

O Feedback foi muito positivo, pois existiam trabalhos, artigos e estudos de alunos, que mereceram uma opinião e avaliação excelente por parte dos professores, e que desta forma eram publicados, o que era um incentivo para no futuro, estes alunos, futuros psicólogos, criarem motivação e estímulo para continuar a investigar, reflec-tir, escrever e publicar. Os alunos sentiam um estímulo para continuar no futuro, a desenvolver áreas de interesse de reflexão e estudo, bem como, de intervenção ou inves-tigação.

José Luís Gomes

director da RUP no seuprimeiro momento de existência

De que forma participou activamente na RUP?

Que tipo de feedback receberam dos alunos e/ou professores?

O papel da RUP foi dar “voz” aos alunos de Psicologia, e mostrar que o pensar, o investigar e reflectir, não era apenas espaço e poder dos professores e dos já denomi-nados psicólogos das diferentes áreas. Desta forma, o objectivo inicial da RUP foi cumprido, porque acabou por publicar artigos pertinentes e muito interessantes, que foram elogiados por alunos e muitos professores. Alguns pequenos artigos críticos e informativos, bem como, as entrevistas a figuras de relevo, e ainda os editoriais, pretendiam muitas vezes, provocar, fazer pensar e ler ou sentir muitas realidades dos estudantes de Psicologia e dos psicólogos, que de outra forma, seriam inacessíveis ou difíceis de chegar a cada colega ou instituição de Psicologia.

Penso que será importante continuar a publicar artigos e reflexões de estudantes de Psicologia, agora que o número de instituições de ensino ou de formação, já está bem longe de quatro, o número na altura (1988/1989). Penso que é interessante que os alunos ganhem estímulo para continuarem o seu trabalho de reflexão ou investi-gação, dos artigos que viram publicados. Pensar, investi-gar e publicar, não deve ser apenas um espaço para os profissionais, ou todos aqueles, que assumem o seu poder na hierarquia académica, mas deverá ser espaço de todos, os que conseguem criar, recriar e fazer associações teóricas ou de investigação brilhantes ou diferentes, talvez não conformistas, conservadoras ou fundamental-istas, do corpo teórico global da Psicologia e afins.

Que papel cumpriu a RUP nesse seu primeiro momento?

Que conselhos dá para esta nova RUP?

um passado de recordação

Page 23: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

23RUP - Edição 0

Essencialmente foram duas coisas: ser um veículo de notícias para a própria ANEP, porque as pessoas não tinham a noção do que era, para que os alunos soubes-sem o que se passava nas faculdades que não as deles, e um veículo de escoamento para o trabalho dos alunos e uma visibilidade para esse trabalho. Nós queríamos que os alunos tivessem uma consciência

de qual era a situação da formação universitária em Psicologia naquele momento, estávamos num período de grande crescimento. Foi uma altura em que não havia associações profissionais… No final da década de 90 houve uma implosão do que era o panorama das associa-ções profissionais que, a bem ou a mal, durante algum tempo mantiveram os jornais de psicologia e outras revis-tas, e naquela altura houve um vazio. Na altura explodi-ram, literalmente, os cursos de Psicologia em Portugal, mas cada pessoa não tinha a noção do que estava à sua volta e as associações profissionais eram não existentes. Ambas as coisas ajudaram também a aumentar a nossa vontade de querer partilhar notícias e informação e de alertar as pessoas para o ponto em que as coisas estavam.

Vítor Coelho

director da RUP no seu segundo momento de existência

O que o levou a interessar-se pelo pro-jecto da RUP na altura?

Que contexto sociocultural acha que pode ter despoletado a RUP naquela altura?

Os alunos gostavam particularmente dos conteúdos não-científicos, gostavam particularmente dos artigos que tinham uma componente humorística, que era a última secção, e gostavam bastante das notícias. Sobre os artigos científicos as pessoas comentavam relativamente pouco.. Gostavam muito do aspecto. A revista recorria a um formato gráfico que ia buscar interpretações um bocado surreais de obras conhecidas para a capa. A maioria das reacções ficou a dever-se às notícias sobre o que se passava no panorama profissional. No panorama académico os alunos curiosamente não davam tanto feedback… Também vamos lembrar-nos que isto é pré facebook e portanto muito do feedback se ficou a dever aos momentos da venda das revistas nos ENEPs e daquele que era dado pelas pessoas que iam às associações (núcleos) comprar as revistas.

Envolver o máximo de associações possíveis e de sítios de Portugal possível, que não seja um projecto que esteja muito ligado a uma sociedade ou faculdade. Ter sempre dinheiro antes, durante e depois que é crucial. Antes para fazer as coisas, durante e depois para não ficar com dívidas que comprometam o funcionamento e a fazê-la chegar o mais rapidamente enquanto está recente a um maior número de estudantes possível. São as três coisas que será mais crucial para um projecto deste género ter sucesso.

Como foi a recepção à RUP?

Que conselhos quer dar a este novo mo-mento da RUP?

RUP - uma história

Page 24: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

24 Edição 0 - 2º semestre de 2011

A publicação na RUP foi, de facto, uma estreia para mim enquanto autora em artigos científicos de Psicologia. Foi importante do ponto de vista da aprendizagem de um processo, de adquirir e ir solidificando competências transversais (de pesquisa, de síntese, de redacção) e de reforçar uma “forma de estar” (trabalhar em rede; divul-gar e partilhar trabalho; debater). Estes aspectos têm sido importantes no meu percurso, até hoje.

Como um projecto inovador. Embora, na altura, as publi-cações não tivessem a relevância que assumem nos dias de hoje.

Foi considerado um projecto interessante; julgo que aumentou a credibilidade da ANEP. Os estudantes senti-ram que eram capazes de, eles próprios, irem começando a aproximar-se de territórios que não eram exclusivos de académicos séniors. Lembro também que, na altura, os professores (na nossa faculdade, recordo em particular o Prof. Viegas Abreu) incentivaram o projecto.

Tendo sido a primeira vez que publicou numa revista de que modo é que isso a ajudou?

Como é que era vista a RUP na altura?

Que impacto teve nos estudantes e pro-fessores da FPCE-UC?

Maria Cristina Canavarro

ex-aluna de Psicologia, ligada ao Núcleo de Estudantes e próxima do Conselho Editorial da RUP (a sua participação na RUP foi essencialmente como autora)

um passado de recordação

Page 25: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

25RUP - Edição 0

É com prazer que depois de 21 anos, sou contactado para ser informado que a RUP irá continuar. Tudo o que teve um processo de evolução positiva, merece continuar, ainda que depois dum estado de intervalo, algo prolongado.

A RUP deve ser a voz da irreverência da psicologia em Portugal, quer dos estudantes, quer dos próprios profis-sionais.

A dignidade e a imagem que se quer para a nossa classe, deve integrar “boas” críticas e “destrutividades” benignas.

Que se possa corrigir malignidades existentes, nas várias formações portuguesas, nos fundamentalismos dos departamentos teórico-clínicos dos diversos cursos. Em alguns cursos predominam licenciaturas com paradig-mas idealizados, onde se verifica uma perseguição “paranóide” a paradigmas diferentes, e em que os alunos tem que “comer” e submeter-se de forma passivo-masoquista, porque podem correr riscos no seu percurso académico se ousarem ser “livres“ e autónomos!!… Também eu passei pelo mesmo!!!

Os alunos a partir da RUP devem exigir e reivindicar abertura, flexibilidade, tolerância e aceitação das diferen-ças teóricas ou de paradigmas. Se estas condições são a universalidade da cidadania, devem ser também, relativa à produção de saber e investigação humana.

A RUP deve favorecer alianças entre estudantes e a Ordem dos Psicólogos, bem como um conjunto de Asso-

RUP - uma história

O Doutor José Luís Gomes, antigo director da RUP e actual-mente Psicólogo Clínico em Braga ofereceu-nos, ainda, sobre este novo momento da RUP, uma reflexão e incentivo que,

de seguida, reproduzimos:

FELICITO A CONTINUIDADE DA RUP.

ciações e Sociedades de psicologia, no sentido de estimu-lar a ética e a deontologia profissional da nossa classe, tão importante e básica, para quem está já no terreno, a inter-vir em diversos domínios da sociedade Portuguesa.

A RUP deve ser uma outra “forma” de fazer publicações de estudos, investigações e reflexões de temáticas na nossa área, sem o excesso de obsessão, de regra, do fundamentalismo vigente em cada curso ou universidade, que só bloqueia a liberdade de saber e a criatividade individual.

A RUP merece continuar…

Um novo número está aqui.

Só posso felicitar a continuidade.

A continuidade depois de 21 anos é uma fabulosa prenda, que acabo de receber, pelo contacto do Sérgio Duarte, da Universidade de Coimbra.

A todos os que estão a trabalhar na continuidade da RUP, desejo um novo futuro, longo, muito longo…

Comigo poderão sempre contar, com a criança que deixei…

Talvez agora, já adulta, possa assumir a verdadeira maturidade duma RUP adulta.

Obrigado.

José Luís Gomes,Psicólogo Clínico - Braga

Page 26: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011
Page 27: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

UMPRESENTE

EMCONSTRUÇÃO

Page 28: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

O QUE É A RUP?

um presente em construção

Após o desaparecimento por duas vezes da Revista

Universitária de Psicologia (RUP), esta reergue se para

preencher um espaço vazio no meio académico nacio-

nal, funcionando desta vez como organismo autónomo

da Associação Nacional de Estudantes de Psicologia

(RUP/ANEP). Enquanto revista académica, é formada

por uma equipa de estudantes e recém-formados de

Psicologia, determinados a fazer chegar um conjunto de

informação científica seleccionada e articulada a todos

os seus colegas de Psicologia do país. Do mesmo modo

que pretende chegar a todos os estudantes, também é

seu objectivo dar-lhes voz no âmbito da publicação

científica, criando um espaço de publicação de artigos e

trabalhos de carácter científico, da autoria de estudantes

e recém-formados em Psicologia. É este o ponto de

partida que permite estabelecer a ponte entre a equipa

autónoma e motivada da RUP e o seu público-alvo.

No presente momento a Revista Universitária de Psicolo-

gia é formada por uma equipa de estudantes do 1º, 2º e

3º ciclos assim, como de recém-formados em Psicologia

da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da

Universidade de Coimbra, procurando num futuro

muito próximo a integração de elementos oriundos de

todo o país.

A equipa RUP encontra-se dividida em três organismos

fundamentais: Administração, Equipa Editorial e

Comissão de Revisão Científica. Cada uma destas

secções é composta por membros titulares e colabora-

28 Edição 0 - 2º semestre de 2011

dores altamente motivados, ilustrados e descritos mais à

frente num organigrama. O funcionamento autónomo

de cada organismo e a forte ligação e sentido de

entreajuda entre os diferentes órgãos e departamentos

da RUP, serão as bases de trabalho constantes. Para

garantir a qualidade e seriedade deste projecto, a equipa

da RUP receberá frequentemente formação interna

dentro de várias temáticas, abrangendo domínios como,

por exemplo, a publicação científica e a redacção

noticiosa.

Do ponto de vista das funções de cada secção da equipa,

e em traços gerais, cabe à Administração a gestão e

comando do funcionamento, desenvolvimento e repre-

sentação da RUP/ANEP. Este é o organismo responsável

por todas as questões burocráticas, legais e financeiras,

bem como pelo bom funcionamento interno de toda a

equipa. Relativamente à Equipa Editorial, esta

encarrega-se da elaboração e edição dos conteúdos da

RUP em todos os seus formatos. Por fim, a Comissão de

Revisão Científica trata da revisão e certificação dos

trabalhos que lhe forem submetidos por todos os repre-

sentados pela ANEP. Para que tal funcione, a Comissão

de Revisão Científica irá procurar responder aos critérios

exigidos para indexação em bases de dados internacio-

nais de revistas científicas, assim como ser o mais

abrangente e ecléctico possível na cobertura e selecção

das áreas científicas apresentadas para publicação.

Deste modo, favorece-se o rigor e a seriedade das publi-

cações e respectivos conteúdos abordados. Esta

comissão é formada por convite e por concurso, à semel-

hança do que acontece no jornal europeu da EFPSA

(European Federation of Psychology Students Associa-

tions), o JEPS (Journal of European Psychology Students).

Page 29: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

o que é a RUP

29RUP - Edição 0

A inclusão de uma Comissão de Revisão Científica

dirigida por estudantes na RUP, permitirá promover, nos

estudantes universitários de Psicologia, o interesse pelas

publicações académico científicas, abrindo caminho

para a iniciação em carreiras de produção científica.

Formalmente, a Revista Universitária de Psicologia terá

uma periodicidade semestral, sendo publicadas, por

ano, dois números de cada versão: uma versão impressa

de tiragem limitada para venda ao público e uma digital

on-line com acesso gratuito a todos os representados

pela ANEP, cada qual com conteúdos diferentes.

Deste modo, a versão impressa incluirá conteúdos de

divulgação, abordando informação actual relativa ao

estado do ensino e da profissão em território nacional e

internacional, assim como reportagens ou artigos de

opinião. Tais conteúdos pretenderão contemplar as

diversas áreas de especialização e de actuação em Psico-

logia, prioritariamente em território nacional, mais espe-

cificamente: Psicologia da Educação, Desenvolvimento e

Aconselhamento; Psicologia Social; Psicologia das Orga-

nizações e Trabalho; Psicologia Clínica; Psicologia

Forense e Criminal; Metodologias Científicas e Avalia-

ção Psicológica; Neuropsicologia e Memória; e outras

que possivelmente se mostrem de interesse relevante.

Serão também exploradas e divulgadas, na versão

impressa, questões alusivas à prática profissional, à inves-

tigação e à formação em Psicologia, no sentido de dar a

conhecer e sensibilizar os estudantes e recém-formados

para o estado do ensino e da profissão na actualidade no

nosso país. Apostaremos desta forma nas referidas áreas,

deixando sempre espaço para a participação activa de

estudantes de Psicologia nos âmbitos da publicação

científica e de divulgação. Para além disso, faz parte da

filosofia da RUP ir ao encontro dos interesses, necessi-

dades e preferências do seu público alvo, por isso, através

de sondagens e questionários tentaremos perceber

quais os temas mais solicitados e procurados, para que

estes sejam incluídos na revista, sempre com garantia de

actualidade e rigor.

Page 30: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

30 Edição 0 - 2º semestre de 2011

O segundo formato da RUP destina-se à publicação de

artigos e trabalhos de carácter científico da autoria de

estudantes e recém-formados representados pela ANEP.

Serão incluídos, essencialmente, trabalhos de três tipos:

artigos de natureza empírica, de revisão bibliográfica, e

apresentação de projectos ou programas de intervenção.

Contamos, para isso, e em ambos os formatos da RUP,

com a colaboração dos nossos leitores, estudantes e

recém formados em Psicologia, seja através da publica-

ção de artigos e trabalhos científicos da sua autoria, seja

através de contributos para conteúdos de divulgação.

Desta forma será possível dotar os trabalhos dos

estudantes de seriedade e lógica científicas, construindo

um espaço formativo para estudantes de Psicologia no

âmbito da publicação científica. Os trabalhos académi-

cos e científicos submetidos deverão debruçar-se sobre

as mesmas áreas de especialização contempladas pela

versão impressa.

A equipa RUP, para além de trabalhar autonomamente

nos objectivos a que se propõe enquanto revista universi-

tária, irá também oferecer oportunidades de formação

externa aos interessados e representados pela ANEP,

como workshops sobre as mais variadas áreas de inter-

esse, que serão atempadamente divulgados. Deste

modo, promover-se-á sempre uma relação muito

próxima com os leitores, possibilitando o intercâmbio de

conhecimentos e de práticas psicológicas em todo o país.

Futuramente, promover se á, como já referimos, a integ-

ração na equipa RUP de novos elementos, inclusive e

preferivelmente oriundos da maior diversidade possível

de estabelecimentos de ensino de Psicologia do país,

através de uma nova fase de recrutamento.

Em traços gerais, a RUP almejará informar e dar voz aos

estudantes e recém formados em Psicologia, incenti-

vando a criação e a inovação e garantindo qualidade

científica. Com este primeiro passo, pretendemos iniciar

o caminho para uma longa e recheada história de publi-

cações de cariz académico e científico em Portugal.

Partilhar os nossos conhecimentos e confrontá-los com

os dos outros permite-nos, não só aumentar o nosso

conhecimento geral, como abrir o apetite para procurar

cada vez mais. Para isso, é essencial exercitar o músculo

da mente e satisfazer as nossas dúvidas e curiosidades

científicas. Mais especificamente, no campo da Psicolo-

gia e especialmente em território nacional, a RUP

pretende surgir como resposta aos interesses dos que

desta disciplina se ocupam em Portugal.

um presente em construção

Page 31: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

31RUP - Edição 0

quem é a RUP

Fernando AbreuColaborador

Tiago MarquesColaborador

Victor OrtuñoCoord. Departamento

Jurídico, Financeiroe Tesouraria

Alexandre SilvaColaboradoDepartamento JFT

André FernandesColaboradoDepartamento JFT

João Carlos ArrudaAdministrador

Page 32: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

32 Edição 0 - 2º semestre de 2011

um presente em construção

Alice MorgadoEditora

André RochaDesigner

Andreia Jesus Redatora

Maria GouveiaRedatora

Page 33: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

33RUP - Edição 0

quem é a RUP

Ana Rita MartinsRedatora

Roberto BotelhoFotógrafo

Mariana Guarino Redatora

Maria GouveiaRedatora

Pedro PiresRedator

Patrícia BeverenRedatora

Sérgio DuarteRedator

Page 34: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

34 Edição 0 - 2º semestre de 2011

um presente em construção

Bernardo BaptistaColaborador

Liliana CaldasColaboradora

Tiago AdegasColaborador

Pedro Belo SantosDirector

Page 35: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

QUEM É A RUP?

Tão importante como saber o que se passou ontem ou

imaginar como será o amanhã, é conhecer o hoje.

A Revista Universitária de Psicologia iniciou a sua

história há alguns anos atrás, teve as suas adversidades,

tal como teve os seus bons momentos, e agora renasce

com uma equipa sólida, confiante, motivada e, acima de

tudo, disposta a levar a cabo este projecto avante.

Esta revista é, actualmente, constituída por vinte elemen-

tos distribuídos por três secções: a Administração, que

35RUP - Edição 0

conta com seis elementos, a Editorial, composta por dez

elementos e a Comissão de Revisão Científica consti-

tuída pelos restantes quatro elementos.

Não há ninguém melhor do que a própria equipa para

responder à questão “Quem é a RUP?”. A fim de

responder a esta questão elaborámos um conjunto de

entrevistas que tiveram como alvo todos os elementos da

RUP.

Esta revista é, actualmente, constituída por vinte elementos distribuídos por três secções: a administração, a editorial e a comissão de revisão científica

quem é a RUP

Page 36: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

Como surgiu a oportunidade deseres administrador da RUP?

Até chegar a administrador da RUP percorri um longo caminho. Tudo teve origem no longínquo ano de 2003 quando entrei para a ANEP como Presidente de Mesa do Conselho Geral. Neste mesmo ano participei no Encontro Nacional de Estudantes de Psicologia onde vi, pela primeira vez, a RUP ser distribuída e tive a possibilidade de a ler, o que me cativou.

Seguidamente surgiu a oportunidade de ser presidente da direcção da ANEP e desde logo quis fazer o levantamento da RUP, o que não foi possível no meu mandato nem no mandato subsequente com outra presidência. Posteriormente, num novo mandato

Qual foi a tua reacção depois de saberesque irias ser o administrador da RUP?

Foram duas as minhas reacções. A primeira foi de alívio porque finalmente o processo tinha acabado e a segunda foi uma reacção de felicidade de “missão cumprida” da guerra pessoal e da promessa que eu tinha feito enquanto presi-dente da ANEP de conseguimos eleger o administrador e consequentemente reerguer este organismo autónomo que está a construir-se e a ganhar força todos os dias.

36 Edição 0 - 2º semestre de 2011

Que experiência tens como administrador de uma revista?

Experiência como administrador propriamente dita não tenho mas já fui presidente da Comissão Organizadora da Queima das Fitas de Coimbra no longínquo ano de 2002, o que implica responsabilidade, gestão de políticas e de empresas bem como capacidade de negociação de publicidade e patrocínios. O facto de integrar a Associação Académica de Coimbra também me fornece competências necessárias à administração de uma revista.

João Carlos de Lima e Silva Arruda, administrador da Revista Universitária de Psicolo-

gia, a concluir o Mestrado Integrado em Psicologia na área de Psicologia da Educação,

Desenvolvimento e Aconselhamento na Faculdade de Psicologia e de Ciências da

Educação da Universidade de Coimbra explicou-nos, em entrevista “Quem é a RUP”…

apresentei um relatório onde propus o reerguer do organismo autónomo e fiz uma proposta de regulamento interno a ser aprovado pela direcção seguinte. Depois deste ser aprovado apresentei um projecto para ser administrador da RUP e após o diálogo com o actual presidente da Direcção da ANEP e com os presidentes dos membros de pleno direito da ANEP, as coisas encaminharam-se para que eu fosse o administrador da RUP.

um presente em construção

Page 37: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

37RUP - Edição 0

Que novas experiências esperas ter ao integrar a RUP?

Imensas. Acima de tudo, aquelas que eu nem consigo imaginar. Espero ter experiências desde aprender, conhecer novas pessoas até experienciar áreas que nunca teria pensado. Espero também adquirir conhecimento de como publicar, onde publicar e de como e onde fazer ciência.

Definiste logo objectivos ou esperastepor uma fase posterior para o fazer?

Aquando da apresentação do relatório ao Conselho Geral, que referi anteriormente, já tinha alguns objectivos que hoje estão presentes, não só no regulamento interno como também no nosso mandato. São exemplos destes objectivos a realização de uma versão impressa e de uma versão digital da RUP e a criação de receitas extraordinárias para contri-buir para o funcionamento da ANEP.

Como é que a Administração, sendo o órgão máximo da RUP/ANEP,pode promover uma melhor qualidade de trabalho em equipa?

Para promover uma melhor qualidade, a Administração procurará dar resposta a todas as necessidades das outras equipas que constituem a RUP, apresentando as melhores condições de trabalho e proporcionando todos os meios materiais e não materiais necessários. A Administração é o órgão máximo porque está ao serviço dos outros.

Todos os objectivos se reportam a uma dimensãopessoal ou é tua intenção generalizá-los e

torná-los objectivos de toda a equipa da RUP?

Obviamente que, não deixando de ser objectivos pessoais, são objectivos de toda a equipa da RUP. Os doze pontos que constituem o nosso mandato referem-se aos objectivos de toda a equipa e não simplesmente aos meus.

quem é a RUP

Page 38: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

Tal como o administrador também os restantes colab-

oradores da Administração esperam ter novas experiên-

cias de aprendizagem e aquisição de conhecimento. Não

tendo nenhuma ou pouca experiência nesta área, todos

eles estão convictos e motivados para exercerem as suas

funções.

À excepção de dois elementos que aceitaram imediata-

mente a proposta de integrar na RUP, os restantes opta-

ram por ponderar a sua decisão.

38 Edição 0 - 2º semestre de 2011

Quando se fala da RUP quais são os primeiros pensamentosou palavras que gostarias de expressar?

A RUP é a revista que todos precisam para se saber um bocadinho mais sobre o que é a Psicologia.

Consideras a RUP um projecto ou um desafio?

Ambos. A RUP será sempre um projecto dinâmico e em construção, em que cada edição constitui um projecto por si só mas que paralelamente não deixa de ser um desafio que visa o crescimento desta revista.

Segundos os membros da Administração, o facto desta

revista permitir a divulgação científica da Psicologia, ser

um projecto de grande magnitude e bem organizado,

basear se em objectivos sólidos e promover um excelente

conhecimento ao nosso público-alvo são muitos dos

motivos que contribuíram para a decisão de integrar este

projecto.

um presente em construção

Page 39: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

Como surgiu a oportunidade de seres editora da RUP?

Foi através de um convite por parte do actual administrador João Arruda. Depois de ele me mostrar o projecto achei que estava muito bem estruturado. Pareceu-me então que poderia contribuir para um futuro fantástico de uma revista e estar na génese de algo que pode fazer história, portanto aceitei.

39RUP - Edição 0

Também a editora da Revista Universitária de Psicologia, Alice Murteira Morgado, a efec-

tuar o doutoramento em Psicologia de Desenvolvimento expressou a sua opinião e

demonstrou o seu parecer a fim de clarificar quem é a RUP…

Porque é que decidiste aceitar este convite?

Decidi fazê-lo exactamente porque vi que esta revista tem um grande potencial e porque acredito piamente que tudo isto pode ser o inicio de algo que tenha um grande futuro. O facto de dar o nome e a cara por esta revista, que no futuro poderá ter tanto valor, é excelente e agrada-me imenso.

Depois de afirmares o veredicto final deste convitequal foi o primeiro pensamento que tiveste?

Comecei de imediato a pensar como é que queria que fosse a revista e qual a filosofia a implementar em termos editoriais para depois, a partir desta, tomar um rumo e realizar feitos mais concretos.

O que significa ser editora de uma revista?

Significa conceber uma revista e criar uma equipa que seja capaz de elaborar os conteúdos bem como organizar o seu trabalho. Ser editora significa ainda ter uma grande capacidade de coordenação de equipa, ter criatividade e ter a capa-cidade de organização bem como de planeamento.

quem é a RUP

Page 40: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

O que esperas retirar desta experiênciacomo editora de uma revista?

Espero aprender muito sobre todas as dimensões que implicam fazer uma revista desde a paginação até à redacção, passando pela fotografia, por exemplo.

Definiste logo objectivos ou esperastepor uma fase posterior para o fazer?

Os objectivos mais gerais foram traçados desde o início. Posteriormente, e ao longo do tempo, com a construção da própria Equipa Editorial foram sendo traçados outros objectivos que acabam por ser partilhados por todos os seus elementos tornando-a mais forte e capaz. O principal objectivo é concebermos uma revista que interesse a uma grande extensão de pessoas não só a estudantes portugueses de Psicologia como também a estudantes estrangeiros e até a pessoas que não estão ligadas à Psicologia mas que se interessam por tal.

Que características deve ter a Equipa Editorial?

Em primeiro lugar deve ter uma grande motivação para conseguirmos alcançar todos os nossos objectivos e desenvolver um trabalho com qualidade. Deve ter também criatividade, flexibilidade, colaboração, diálogo, respeito, seriedade coop-eração, honestidade e muito boa disposição.

40 Edição 0 - 2º semestre de 2011

Que experiência tens como editora de uma revista?

Experiência como editora não tenho nenhuma mas tenho muito gosto por jornalismo e tudo aquilo que sei e que consigo fazer deve-se essencialmente ao meu interesse por esta área.

um presente em construção

Page 41: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

Com muita motivação e vontade de alcançar todos os

objectivos, os restantes membros pertencentes à Equipa

Editorial afirmam, com toda a certeza, estar neste

projecto porque o consideram bastante interessante e,

acima de tudo, porque pretende “abrir os seus horizon-

tes” à Psicologia.

Desenvolver competências de redacção, aprender um

pouco sobre investigação e adquirir conhecimentos

sobre jornalismo são algumas das experiências que os

colaboradores da Equipa Editorial esperam ter ao

participar na elaboração da RUP.

De uma forma geral todos os membros ponderaram a

sua incorporação na revista mas actualmente estão

inteirados de todo o projecto e com uma grande deter-

minação de lhe proporcionar uma qualidade colossal e

desmesurado avanço.

Que temáticas serão abordadas, de uma forma geral, na RUP?

A RUP vai ser organizada de acordo com três grandes temas: investigação, formação e prática em Psicologia. Dentro destes três grupos tentaremos incluir o máximo de áreas de especialização possíveis de modo a abranger o interesse de todos os leitores.

Quando se fala da RUP quais são as primeiraspalavras que gostarias de expressar?

Psicologia, actualidade e, sobretudo, dinamismo.

A RUP é um projecto ou um desafio?

É sem dúvida um projecto desafiante.

41RUP - Edição 0

quem é a RUP

Page 42: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

O que significa ser director da Comissãode Revisão Científica de uma revista?

Ser director desta secção representa sem dúvida um desafio pessoal e aliciante. Representa gerir tempos de submissão, de revisão e de publicação de artigos e organizar as actividades, segundo uma gestão de tarefas, que diga respeito a todos os membros da equipa. Significa também ter de organizar artigos por áreas temáticas e consequentemente estru-turar e preparar a edição digital.

Que experiência tens como director da Comissãode Revisão Científica de uma revista?

Como director, apenas tenho este mês e meio de experiência, contudo já havia colaborado numa outra revista científica nacional.

Como surgiu a oportunidade de seres directorda Comissão de Revisão Científica da RUP?

Esta oportunidade surgiu através do convite da Administração da RUP para ser colaborador neste mandato.

Porque é que aceitaste fazer parte desta revista?

Por acreditar no projecto, pela seriedade da equipa e pela grande vontade de um futuro promissor que toda a equipa tem demonstrado, incluindo eu.

42 Edição 0 - 2º semestre de 2011

Pedro Ricardo Belo dos Santos, bolseiro de Gestão de Ciência e Tecnologia

em Unidade I&D e director da Comissão de Revisão Científica da Revista

Universitária de Psicologia contribuiu também para o esclarecimento de

quem é a RUP ao responder às seguintes questões:

um presente em construção

Page 43: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

Que experiência pretendes ter como directorda Comissão de Revisão Científica da RUP?

Espero ganhar experiência na gestão e organização dos artigos, participar em workshops, promover formações e, o mais importante, aprender com as avaliações dos nossos revisores.

Definiste logo objectivos ou esperastepor uma fase posterior para o fazer?

Os objectivos e os timings de execução foram logo apresentados e discutidos com a Administração, pelo que o que acon-teceu foi uma definição de prioridades.

O que esperas retirar desta experiênciacomo editora de uma revista?

Espero aprender muito sobre todas as dimensões que implicam fazer uma revista desde a paginação até à redacção, passando pela fotografia, por exemplo.

Quais são os moldes que serão utilizadospara proceder à revisão científica?

A Comissão de Revisão Científica irá constituir-se seguindo moldes semel-hantes aos propostos pela EFPSA (European Federation of Psychology Students Associations) para o seu jornal europeu JEPS (Journal of European Psychology Students) onde se irá promover um sistema de revisão para os estudantes por estudantes.

Existe preferência entre os trabalhos realizados pelos alunos dos1º e 2º ciclosde Psicologia ou pelos dos recém-formados?

Pretende-se criar um espaço em que o objectivo seja a divulgação dos trabalhos científicos realizados sobretudo por alunos dos 1º e 2º ciclos de Psicologia, pelo que terão prioridade, mas também será aberto a recém-formados.

43RUP - Edição 0

quem é a RUP

Page 44: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

À semelhança do director da Comissão de Revisão

Científica, todos os outros colaboradores desta secção

desejam e esperam um crescimento desta revista bem

como o seu reconhecimento a nível nacional.

Apesar de não terem qualquer experiência nesta área e

de terem ponderado a sua decisão quanto ao ingresso na

RUP, todos estão cientes das tarefas a desenvolver e com

uma grande motivação para as realizarem.

O facto de considerarem este projecto interessante,

credível, bem organizado, capaz de promover o desen-

volvimento na Psicologia actual e proceder à sua divulga-

ção faz com que todos os membros da Comissão de

Revisão Científica tenham imensas expectativas sobre o

futuro desta revista e faz com que, acima de tudo, a moti-

vação seja cada vez maior para atingir os objectivos que

são comuns a toda a equipa da RUP.

Porquê esta preferência?

Sendo a RUP uma revista universitária, queremos que estes alunos encontrem aqui um local privilegiado de divulgação de resultados e experiências, o qual não tem existido. Apesar disto, os recém-formados terão também oportunidade de apresentar na edição on-line da RUP os seus trabalhos de fim de curso.

Como director da Comissão de RevisãoCientífica o que pretendes para a RUP?

Acima de tudo pretendo que esta revista tenha um crescimento consolidado e que se afirme como uma revista de valor nacional na nossa área. Mais presentemente pretendo que esta edição venha a colmatar um espaço vazio no meio académico nacional.

Quando se fala da RUP quais são os primeirospensamentos e palavras que gostaria de expressar?

Desafio, trabalho em equipa, grupo, coesão, cumplicidade.

A RUP é um projecto ou um desafio?

É um projecto desafiante.

Em resposta à questão “Quem é a RUP?” podemos afirmar, então, que somos uma equipa de estudantes para estudantes cujo objectivo maior é o de fazer renascer a RUP, alcançando assim a conquista da sabedoria em Psicologia e o alcance da autenticidade.

44 Edição 0 - 2º semestre de 2011

um presente em construção

Page 45: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

UMFUTURO

DEAMBIÇÃO

Page 46: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

Para quem é a RUP?

46 Edição 0 - 2º semestre de 2011

Quando falamos na RUP não nos podemos, de todo,

limitar a uma equipa restrita, presentemente, de 20

elementos, que se esforça por, semestralmente, lançar

uma edição. A RUP é muito mais que isso! A RUP integra

um grupo de pessoas tão importante quanto os mem-

bros das suas equipas, que também têm uma opinião

sobre este projecto: os seus leitores.

Tal como o administrador João Carlos Arruda defende,

todos os elementos de um projecto têm uma palavra a

dizer sobre o mesmo: só assim se podem fazer sentir

como parte integrante deste. Daí que, à semelhança do

que aconteceu com os membros que incorporam a

equipa da RUP, alguns dos elementos de pleno direito da

ANEP foram convidados a sucintamente falarem, não só

sobre as suas perspectivas quanto ao renascimento deste

projecto, como também sobre o que esperam que o

mesmo dê ao seu público-alvo.

Deste modo, Carlos Silva, da Associação de Estudantes

de Psicologia da Universidade do Minho, responde, sem

hesitação, que tem grandes expectativas para este

projecto; argumentando que “plataformas deste género

são sempre uma mais-valia e podem fazer muito pela

promoção e divulgação de profissionais, investigadores,

centros de investigação e faculdades”. O estudante

espera que, “com bom serviço jornalístico, a RUP

cumpra o seu dever de informação e que este se estenda

a nível nacional”. Não duvida, assim, que “facilmente a

RUP se venha a tornar numa instituição amplamente

conhecida e respeitada no meio académico”. Carlos

Silva acredita que a Revista Universitária de Psicologia

tornará o leitor num psicólogo ou num estudante de

Psicologia mais informado acerca desta ciência, na reali-

dade Portuguesa, sendo isso de uma importância fulcral

nos dias que correm onde parece subsistir ainda muita

“desinformação” e desconhecimento de realidades mais

locais, no que à prática e ensino da Psicologia diz

respeito. Se a RUP contribuir, seja em que medida for,

para a redução desta falta de informação e/ou «descon-

hecimento», estará consequentemente a prestar um

enorme serviço público à comunidade académica e aos

profissionais desta área.

Em nome da Associação de Estudantes da Faculdade de

Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade

do Porto, Joana Esteves espera que a RUP cumpra,

“A RUP integra um grupo de pessoas tão importante quanto os membros das suas equipas, que também têm uma opinião sobre este projecto: os seus leitores.”

um futuro de ambição

Page 47: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

47RUP - Edição 0

exactamente, o projecto que apresentou e aguarda quali-

dade e inovação no programa científico, esperando que

este espelhe a realidade do ensino e da profissão da

Psicologia no país. A estudante tem esperança que este

projecto venha trazer também um novo alento aos

estudantes, uma vez que se está a viver um grande

desânimo na profissão: “espero que a RUP venha

mostrar que a Psicologia está viva, que a Psicologia é

importante e que temos de lutar pela nossa classe; espero

que esse apelo seja feito aos estudantes de Psicologia,

para que estes tenham orgulho e respeito pela nossa

profissão e que não tenham medo de se afirmar e dizer

«somos psicólogos, merecemos e temos um papel a

desempenhar em Portugal».” Joana

Esteves, conclui, dizendo que a RUP pode

ser um mecanismo de força, uma impor-

tante plataforma entre os estudantes de

Psicologia e a Ordem, no sentido de facili-

tar a informação aos estudantes, uma vez

que há grande falta de informação, que

resulta por vezes nalgum descontenta-

mento; “começam a surgir muitos rumores

e mitos que são importantes de desmistifi-

car. Portanto espero que a RUP/ANEP

venha ajudar nesse sentido.” A estudante

acredita que a RUP pode trazer “uma nova

oportunidade para os estudantes se poderem mostrar”,

para se “conseguirem afirmar enquanto estudantes e não

acharem que é só depois de acabarem o curso que têm

algo para dar”, ou seja incentivar à participação e apre-

sentação do valor de cada um ao longo do seu percurso.

As expectativas na Associação de Estudantes do ISPA,

transmitidas por Lia Rodrigues, focam-se, essencial-

mente, na publicidade de eventos e congressos de Psico-

logia assim como na elucidação da população universi-

tária acerca dos parâmetros da Ordem dos Psicólogos

Portugueses, como os direitos, os deveres e objectivos. A

estudante, considera que publicitando possibilidades de

estágios e de locais para se realizar voluntariado,

fazendo referência a novas publicações de estudos e

artigos recentes com impacto na área da psicologia, e

divulgando entrevistas a psicólogos, psicanalistas e

psiquiatras de renome, a RUP está a enriquecer os jovens

leitores universitários.

Outra conclusão não poderá ser retirada senão a da grande responsabilidade da RUP em corresponder e superar as ex-pectativas dos seus leitores, já que são estes a razão da sua ex-istência.

Por fim, Ricardo Viegas, do Núcleo de Estudantes de

Psicologia, Ciências da Educação e Serviço Social da

Associação Académica de Coimbra, acredita que “a RUP

tem, actualmente, todas as condições para se tornar um

para quem é a RUP

Page 48: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

48 Edição 0 - 2º semestre de 2011

dos melhores veículos de informação, não só ao nível da

divulgação da produção científica elaborada pelos

nossos colegas mas também no que concerne à cober-

tura do desenvolvimento do mercado laboral e toda a

actividade que envolve a formação e profissionalização

em Psicologia. Hoje, a RUP possui uma equipa altamente

focada e motivada, o que lhe permitirá reclamar o seu

espaço junto do seu tecido social que são os estudantes

portugueses de Psicologia.” O estudante anseia que “a

RUP, na sua forma impressa, se torne na ferramenta de

informação fidedigna e gratuita, com uma distribuição

que possa abranger, numa primeira fase todos os Mem-

bros de Pleno Direito da ANEP, e hipoteticamente numa

segunda fase pudesse alcançar o público de outras

universidades e instituições de ensino superior que lecci-

onam Psicologia. A RUP pode-se tornar assim, o

elemento unificador que auxilie a ANEP na defesa dos

direitos de todos os estudantes de Psicologia.” Ricardo

Viegas termina afirmando que “a RUP, sendo uma publi-

cação sem rival no seu segmento, está na posição certa

para desmistificar diversos estereótipos criados em torno

da produção científica por um público, formalmente,

possuidor de um menor título académico. Desse modo, a

RUP possibilitará a todos, mas sobretudo aos alunos do

1º e 2º ciclo de estudos, uma porta de entrada para a

publicação dos seus trabalhos, criando um movimento

do paradigma de «Leitor-Passivo» para o de «Leitor-

Activo», ou seja, possibilitará os alunos destes ciclos de

estudos de serem intervenientes no processo de incre-

mento do conhecimento científico nas diversas áreas que

compõem a Psicologia. A promoção da produção cientí-

fica, aspecto cada vez mais necessário nas políticas

pedagógicas do ensino superior, alia-se ao já referido

valor informativo inerente a versão impressa,

integrando-se numa gestalt que representa a colmata-

ção de algumas das necessidades do público-alvo a que

se destina a RUP.”

Perante todos estes testemunhos podemos verificar que a

RUP tem um leque de destinatários muito abrangente.

No que se refere aos estudantes de Psicologia será certa-

mente uma mais-valia, podendo até servir como instru-

mento de trabalho; a todos os restantes leitores, qualquer

que seja o seu papel, faculta-lhes uma visão mais ampla

da Psicologia, da sua importância para a sociedade e da

beleza que esta ciência encerra. Outra conclusão não

poderá ser retirada senão a da grande responsabilidade

da RUP em corresponder e superar as expectativas dos

seus leitores, já que são estes a razão da sua existência.

um futuro de ambição

Page 49: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

49RUP - Edição 0

RUP: Um Sonho

Com equipa formada, objectivos definidos, estratégias

lançadas e motivação necessária, a Revista Universitária

de Psicologia deixa de ser uma utopia, uma ilusão, um

projecto cuja sua execução parecia tão difícil, para

passar a ser um ‘projecto desafiante’, como o caracter-

izou a editora da revista, Alice Morgado, e o director da

Comissão de Revisão Científica, Pedro Belo, quando

questionados sobre o mesmo.

A unanimidade e concordância foram totais por parte

dos membros da equipa, quer quanto à equipa auspi-

ciosa que constitui a revista, quer quanto à convicção de

um futuro promissor da RUP.

João Carlos Arruda, administrador da RUP, assume uma

visão da revista como um projecto de grupo, no qual as

metas para o futuro são partilhadas e definidas em

equipa, numa lógica de coesão, comunicação e eficácia.

Tais metas passarão, essencialmente, pelo crescimento e

pela maturidade da revista, o que se poderá traduzir

numa periodicidade mais frequente, numa maior visibili-

dade e interesse junto dos estudantes de Psicologia e

num crescimento no número de exemplares disponibili-

zados e vendidos. Da Equipa Editorial, o administrador

espera motivação para a construção de um produto

aprazível, de fácil leitura, com informação objectiva,

concisa e correcta. A expectativa é de que todos,

individualmente e em equipa, descubram mais sobre a

Psicologia, em todas as suas áreas e dimensões. Sobre a

Comissão de Revisão Científica, recai a expectativa de

oferecer “um mundo de ciência”, que fomente o gosto

pela produção científica nos estudantes de Psicologia e

que valorize e demonstre a qualidade dessa mesma

«...para o seu administrador, “a RUP é um sonho que é uma re-alidade!”...»

produção. Assim, espera se a implementação de um

método de revisão irrepreensível, que seja reconhecido

pelas instâncias internacionais.

Quanto ao que aí vem na RUP, o seu administrador vê um

futuro muito promissor. Mantendo sempre alguma

prudência e realismo, João Carlos Arruda tem grandes

perspectivas para este projecto: “inclusive acredito que a

médio-longo prazo esta revista passe a nossa fronteira” já

que “não existe nada semelhante, neste momento, no

mercado, o que faz de nós únicos; as pessoas têm neces-

sidade deste produto; acredito no potencial humano

inerente a cada um de nós”. Em suma, para o seu admin-

istrador, “a RUP é um sonho que é uma realidade!”

Em sintonia com a perspectiva do João Carlos Arruda,

toda a equipa da Administração espera dar à RUP

sempre o melhor de cada um. O trabalho exaustivo é

mencionado por todos como fundamental para que o

processo seja um sucesso, assim como a disponibilidade

e as horas de sono. Contudo, os membros da Administra-

ção, consideram que tudo isso será certamente recom-

pensado mais tarde, mostrando motivação e grandes

expectativas para a revista, na expectativa de que atinja

um elevado grau de divulgação, ganhe nome nacional e

internacional e que funcione como meio de trazer mais

seriedade à forma como a Psicologia é vista na socie-

dade.

Na Equipa Editorial as expectativas estão também

bastante elevadas. Sem descurar a realidade nem as

dificuldades pelas quais a revista pode passar, a editora,

Alice Morgado, vê um futuro promissor para a revista

RUP: um sonho

Page 50: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

baseada na motivação da equipa e na qualidade do

projecto. Estando ainda a trabalhar “numa coisa de cada

vez”, a editora adianta que os conteúdos das próximas

edições serão organizados de acordo com três grandes

áreas de influência da Psicologia (formação, investiga-

ção e prática) e de acordo com as suas diversas áreas de

especialização existentes. Relativamente à sua equipa,

Alice Morgado espera que, no futuro, se verifique um

crescimento qualitativo e quantitativo, ou seja, “espero

que estes elementos se desenvolvam e que a equipa

cresça em número de pessoas, vindo assim a integrar

alunos de todo o país e de várias instituições cujas

associações de estudantes estão representadas na

ANEP”. No espaço de um ano, a editora da RUP espera

que esta “seja uma revista reconhecida pelos estudantes,

que seja procurada não só por estes como também pelos

professores e pelos psicólogos em exercício da sua

profissão e que seja uma revista com uma imagem forte e

facilmente identificável pelo nosso público-alvo”.

No seio de toda a equipa editorial, o maior objectivo e

anseio é dar continuidade à RUP, tornando-a marcante

no mundo da Psicologia e de eleição a nível não só nacio-

nal como também internacional. Os nove elementos

desta equipa crêem que este projecto é um grande desa-

fio, do qual esperam estar à altura e acreditam que vão

conseguir superar com distinção; a nível pessoal, a maio-

ria não tem dúvidas de que a RUP, no futuro, dará, a cada

um, grandes conquistas, como experiência, competên-

cias, maturidade, ‘capacidade de trabalho’, entre muitas

outras coisas. Todos se encontram motivados e com uma

enorme vontade de fazer da história da RUP uma história

sem fim, contribuindo, cada um, com o melhor de si!

Por fim, Pedro Belo, director da Comissão de Revisão

Científica, vê a RUP como “uma oportunidade que os

alunos de Psicologia e os recém-formados têm para

expor os seus trabalhos de investigação o que, num

panorama nacional, não havia nos últimos tempos”.

Explica-nos também que, para já, os moldes da EFPSA

serão os adoptados para a componente científica da

RUP: “com o tempo veremos se estes serão os melhores

moldes para a nossa revista […] mas penso que aos

poucos iremos ganhar uma personalidade própria o que

irá permitir actualizar a metodologia de actuação.” A sua

equipa é actualmente formada por quatro membros

efectivos e dois colaboradores que brevemente passarão

a efectivos, estando aberta à entrada de novos colabora-

dores, que possuam, acima de tudo, capacidade de

trabalhar em equipa e vontade de aprender. Pedro Belo

está convicto de que a Comissão de Revisão Científica

poderá desenvolver “um trabalho sério, com dedicação e

rigor, além de um sentido crítico das tarefas a desen-

volver”. Quanto às perspectivas para o futuro, Pedro Belo

espera que a revista tenha já o seu espaço bem delin-

eado, esperando, ainda, que “daqui a um ano a grande

preocupação seja a de escolher os artigos da Edição n.º 1

da revista online, pois seria o sinal de que a participação

e a submissão de artigos tinha sido em massa”.

Na Comissão de Revisão Científica, o espírito de

trabalho está bem impregnado em todos os elementos,

que, metaforicamente, garantem que “se tiver de haver

sangue” eles darão o seu próprio sangue pela revista,

pela seriedade, pelo rigor e pela divulgação da Psicolo-

gia. Nesta equipa as expectativas, para o futuro da RUP,

resumem-se a uma frase: “será uma revista fantástica

com um volume de vendas gigante!”

um futuro de ambição

50 Edição 0 - 2º semestre de 2011

Page 51: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011
Page 52: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011
Page 53: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

APSICOLOGIA

AQUIE AGORA

Page 54: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

a psicologia aqui e agora

54 Edição 0 - 2º semestre de 2011

A Prática Profissionalem Psicologia

Ingressar no Ensino Superior. Um investimento? Uma

necessidade? Uma obrigação? Uma escolha pelo desen-

volvimento? São diversos os motivos para entrar no

ensino superior. Existem aqueles que estudam para apre-

nder mais e serem melhores na sua área de interesse,

outros estudam a pensar num futuro promissor e ainda

há quem estude porque deseja conhecer realidades

novas e com elas crescer. Ainda que movidos por diferen-

tes objectivos e sonhos, em algum momento de qualquer

percurso académico, há uma questão que todos os

“Portugal é o país da União Europeia com maior número de estabelecimentos de ensino superior e de estudantes de Psicologia por mil habitantes”

ESTÁGIOS PROFISSIONAIS DA ORDEMDOS PSICÓLOGOS POSTUGUESES

estudantes se colocam: O que vai acontecer uma vez

terminado o curso? Em Psicologia, esta questão ganha

contornos cada vez menos nítidos e mais incertos. Ultra-

passa a sua dimensão de projecção do futuro para se

transformar, cada vez mais, num problema e preocupa-

ção crescentes. Já não se trata de um problema mera-

mente pessoal, mas assume dimensões institucionais e

sociais de elevada relevância.

Existe, de facto, um número elevado de estudantes de

Psicologia a formar-se por ano, o que implica, paralela-

mente, um crescimento exponencial do número de

psicólogos no mercado de trabalho. Portugal é o país da

União Europeia com maior número de estabelecimentos

de ensino superior e de estudantes de Psicologia por mil

habitantes, de acordo com dados recolhidos num Comu-

nicado do Sindicato Nacional de Psicólogos. Segundo

números avançados por Victor Coelho, secretário da

Direcção da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP),

numa sessão de esclarecimento sobre os estágios profis-

sionais da OPP, realizada na Faculdade de Psicologia e

de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra a

18 de Fevereiro de 2011, existem cerca de 14793

estudantes de Psicologia em Portugal e formam-se 1800

pessoas por ano, perfazendo o dobro do número de

profissionais em Psicologia recomendado pelo Director

da European Federation of Psychologists’ Associations

(EFPA). Apesar de ser uma profissão necessária nos

diversos contextos da nossa sociedade, o número de

vagas nos quadros institucionais não acompanha esta

necessidade, nem o dever estatal de incluir todos os

recém-formados no exercício da profissão qualificada.

Como consequência, dados fornecidos pela presidente

do Sindicato Nacional dos Psicólogos confirmam que a

taxa de desemprego nos psicólogos ronda os 17%. Esta

situação pode prolongar-se por vários anos, fazendo com

que recém-formados em diferentes anos compitam

simultaneamente no mercado de trabalho. Alguns

acabam por desistir de exercer Psicologia, apostando

noutras áreas que lhes permitam, não tanto o futuro

Page 55: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

a prática profissional em psicologia

55RUP - Edição 0

Como funcionam os estágios profissionais da Ordem dos Psicólogos Portugueses?

desejado, mas um futuro possível. Para que

tal não aconteça, e no sentido de promover

a profissão, é necessário tomar medidas

práticas e eficazes.

Neste sentido, a Ordem dos Psicólogos

Portugueses (OPP) propõe a realização de

estágio profissional no ano sequente ao

término do curso. Este estágio tem como

objectivo preparar o recém-formado para

o exercício profissional em Psicologia,

aplicando um dos principais ideais da

OPP: a uniformização e regularização da

prática da Psicologia em Portugal.

Os estágios profissionais são, a partir de 21 de Outubro

de 2010, um pré-requisito obrigatório para a atribuição

da qualidade de membro efectivo da Ordem dos Psicólo-

gos Portugueses. De acordo com o Artigo 1º, ponto 2, do

Regulamento de Inscrição na OPP, “não pode

denominar-se psicólogo ou psicólogo estagiário quem

não estiver inscrito como tal na Ordem”. Para além de

permitir uma formação prática em contexto de trabalho

e, por isso, mais efectiva e rigorosa que o estágio curricu-

lar integrado na formação académica em Psicologia, o

estágio profissional pretende estabelecer uma ponte

para o exercício da Psicologia em Portugal, visando a

inserção de forma mais célere e fácil no exercício activo,

conforme se encontra estipulado no artigo 3.º do Regu-

lamento de Estágios da Ordem dos Psicólogos Portugue-

ses, 20 de Outubro de 2010:“Com a realização do

estágio pretende-se que o psicólogo estagiário aplique,

em contexto real de trabalho, os conhecimentos teóricos

decorrentes da sua formação académica, desenvolva

capacidade para resolver problemas concretos e adquira

as competências e métodos de trabalho indispensáveis a

um exercício competente e responsável da actividade da

Psicologia, designadamente nas suas vertentes técnica,

científica, deontológica e de relacionamento interpes-

soal.”

Page 56: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

a psicologia aqui e agora

56 Edição 0 - 2º semestre de 2011

“...inscrição na OPP e submissão do projecto de estágio, real-ização do estágio e do curso de formação e, por fim, conclusão do estágio profissional e entrega do relatório de estágio...”

Em traços gerais, todo o processo decorre ao longo de

três fases principais: inscrição na OPP e submissão do

projecto de estágio, realização do estágio e do curso de

formação e, por fim, conclusão do estágio profissional e

entrega do relatório de estágio.

Assim, para poder ser admitido e realizar estágio profis-

sional é necessária a inscrição na OPP como membro

estagiário. A inscrição na OPP, como membro estagiário

ou efectivo, está sujeita ao pagamento de uma jóia de

inscrição no valor de 180€, tendo uma duração corre-

spondente ao tempo de prática efectiva do exercício da

Psicologia. A inscrição é formalizada mediante uma ficha

de inscrição disponibilizada pela OPP, na qual o

psicólogo estagiário deve propor o projecto a que o seu

estágio profissional vai obedecer. O projecto de estágio é

auto-proposto pelo candidato para realização de estágio

profissional numa entidade previamente protocolada

com a OPP, ou que se propõe a sê-lo, e com um orienta-

dor que seja, por sua vez, membro efectivo da OPP e que

tenha pelo menos cinco anos de experiência profissional.

No formulário de inscrição deverá constar informação

relativa à área de especialidade do exercício da Psicolo-

gia, ao período de duração, ao local e ao orientador do

estágio. Para além disso, e para que a admissão do

projecto seja possível, este deve conter declarações da

entidade receptora e do orientador de estágio em como

se comprometem, respectivamente, a receber e dirigir o

estagiário, para além de uma declaração de princípios

do psicólogo estagiário.

Relativamente ao estágio propriamente dito, este tem

uma duração de doze meses, exceptuando os candidatos

que não realizaram estágio curricular em Psicologia,

para os quais a duração é de dezoito meses. Por outros

termos, o psicólogo estagiário deverá completar o

mínimo de 1600 horas ou de 2400 horas de exercício

em Psicologia, consoante a duração do estágio tenha

sido doze ou dezoito meses. Desse número total de

horas, pelo menos dois terços devem ser realizadas em

regime presencial.

Durante a segunda fase do processo, e antes do término

do estágio profissional, o estagiário deverá realizar

cursos de formação focalizados em questões deontológi-

cas e profissionais, directamente disponibilizados pela

Page 57: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

a prática profissional em psicologia

57RUP - Edição 0

foi uma mudança “demasiado rápida e brusca, na qual faltou um acompanhamento adequado”.

Como estão a ser imple-mentados na prática?

Com o intuito de averiguar como este processo decorre

na prática, pedimos opinião a alguns recém-formados

em Psicologia a cumprir presentemente o estágio profis-

sional da OPP. Estes estagiários apontam alguns prob-

lemas no decurso do processo anteriormente explanado,

principalmente inerentes ao facto de se terem candi-

datado no período de criação do Regulamento de

Estágios. Efectivamente, a OPP foi estabelecida a 4 de

Setembro de 2008 e o último Regulamento de Estágios

data de 20 de Outubro de 2010. Segundo os inquiridos,

a partir do momento em que se estabelece um regula-

mento deve haver um período transitório no qual não se

deve exigir o cumprimento íntegro desta nova acepção.

Muitos consideram que, de facto, foi uma mudança

“demasiado rápida e brusca, na qual faltou um acompan-

hamento adequado”. Dessa forma, e devido a impedi-

mentos burocráticos, muitos dos recém-formados nesta

situação não conseguiram dar seguimento, dentro dos

prazos legalmente estabelecidos, ao seu processo de

estágio. Tal deveu-se essencialmente ao facto de os

mecanismos necessários ainda não estarem estabeleci-

dos, como, por exemplo, o caso da plataforma de

estágios on-line que não se encontrava disponível à data

de publicação do Regulamento de Estágios, para que os

candidatos se pudessem inscrever.

Estes processos, como pioneiros deste novo Regula-

mento, sofreram atrasos no seu desenvolvimento, de

causas várias, entre as quais se destacam os impedimen-

OPP e com possíveis custos associados. Esta formação

deve ter avaliação positiva, salientando-se a importância

do psicólogo possuir conhecimentos relativos ao Estatuto

da Ordem dos Psicólogos Portugueses e ao futuro

Código Deontológico. Para além disso, o psicólogo

estagiário está sujeito ao pagamento de taxas para

realização do estágio profissional que, num processo de

estágio que siga as regras dirigidas pela OPP, correspon-

dem a 80€ por cada semestre de estágio realizado.

Por último, a conclusão do estágio pende sob a verifica-

ção do cumprimento do número mínimo de horas, da

conclusão do curso de formação, e da apresentação de

um relatório final de estágio, num período de sessenta

dias. O relatório final de estágio deve descrever a infor-

mação relativa a todas as actividades realizadas durante

o período de estágio, assim como o parecer do orienta-

dor de estágio. A entrega do relatório tem um custo

adicional de 80€. No final de todo este processo, e caso o

relatório tenha tido aprovação positiva pela Comissão de

Estágios, ser-lhe-á atribuída uma avaliação final. A partir

desse momento, o Psicólogo Estagiário poderá

inscrever-se como membro efectivo da OPP e solicitar a

emissão da sua célula profissional.

Page 58: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

58 Edição 0 - 2º semestre de 2011

a psicologia aqui e agora

“Estes processos (...) sofre-ram atrasos no seu desen-volvimento, de causas várias, entre as quais se de-stacam os impedimentos burocráticos”

“... a ausência de feed-back regular por parte da OPP ...”

tos burocráticos já mencionados, a ausência de feedback

regular por parte da OPP e as consequentes falhas de

comunicação que originaram atraso na entrega de docu-

mentação por parte do estagiário e/ou orientador.

Baseando-se na sua experiência de Psicólogo Estagiário

e concordando que “faz sentido em termos de Diploma

Europeu de Psicologia que existam estas exigências em

termos de formação do psicólogo”, um recém-formado

questionado, apontou quatro possíveis sugestões para

melhorar a implementação dos estágios profissionais.

Em primeiro lugar, considera essencial uma postura de

receptividade, abertura, unanimidade, aceitação e

retorno por parte dos representantes da OPP, uma vez

que é importante para o estagiário, como agente promo-

tor do estágio profissional, um acompanhamento mais

personalizado e tutorial. Desta forma, ao promover um

contacto mais directo e regular, principalmente entre as

duas partes, possibilita-se uma melhor integração do

psicólogo estagiário na agilização do próprio processo.

Uma segunda sugestão vai no sentido da necessidade de

se estabelecerem mais protocolos com entidades recep-

toras de estágios profissionais, publicando-as no site da

OPP, já que o número de entidades receptoras não

acompanha o crescente número de recém-formados que

necessita de cumprir o estágio profissional para serem

membros efectivos da OPP. Uma terceira nota vai para

ressalvar a igual importância de se realizar uma listagem

dos orientadores de estágio profissional da OPP, no

sentido de facilitar o processo. Por último, foi sugerida a

existência de uma linha de apoio directa para a plata-

forma de estágios, pelo menos durante este período de

maior procura. Esta linha de apoio deverá preconizar um

tipo de apoio mais personalizado, não apenas por

telefone, mas também presencial, para que seja possível

“estar alguém responsável por nos dar informações

directas e específicas acerca do nosso processo”.

Reflectindo sobre a necessidade de se pensar não só a

questão “Onde estão os estágios profissionais?”, mas,

principalmente, a inquietação “Onde está o emprego em

Psicologia?”, os recém-formados deixam alguns consel-

hos aos estudantes, futuros estagiários, futuros psicólo-

gos. “Apliquem-se, estudem para além do curso, apos-

tem nos vossos interesses pessoais para além da vossa

área de formação, entrem em grupos da faculdade, da

universidade, de associações, façam cursos exteriores à

faculdade, aproveitem o conhecimento dos outros para

Page 59: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

a prática profissional em psicologia

59RUP - Edição 0

“...as consequentes falhas de comunicação...”

“...depende de cada estudante o percurso que vai fazer e o que pode aprender para ser melhor profissional no futuro, tanto em Psicologia como em qualquer outra área...”

se enriquecerem a si próprios, sejam activos, associati-

vos, envolvam-se, ajam, interajam, aprendam, falem,

desfrutem.” Realçam também a ideia de que “só

depende de cada estudante o percurso que vai fazer e o

que pode aprender para ser melhor profissional no

futuro, tanto em Psicologia como em qualquer outra

área.”

Pensar a prática profissional em Psicologia é, então,

pensarmo-nos a nós próprios como antigos estudantes e

futuros profissionais. É envolvermo-nos nas temáticas (e

problemáticas) que acompanham e antecedem o nosso

exercício da profissão, como, por exemplo, os estágios

profissionais da OPP, para que esta possa ser mais inter-

ventiva e eficaz. É olhar para a sociedade e querer mais,

sugerir mais e, acima de tudo, fazer mais e ser melhor.

Page 60: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

a psicologia aqui e agora

A Investigaçãoem Psicologia

60 Edição 0 - 2º semestre de 2011

A investigação é, hoje em dia, uma área em crescimento.

É reconhecido, desde os primórdios da ciência, o seu

assinalável contributo para o desenvolvimento do nosso

conhecimento. A Psicologia, sendo uma disciplina cientí-

fica e, como tal, em constante actualização, recorre

constantemente aos resultados da investigação que é

feita na sua área e em áreas com ela relacionadas para se

actualizar e crescer. A investigação oferece aos Psicólo-

gos, em todas as suas áreas de actuação, não apenas um

saber actualizado, mas um suporte de trabalho pautado

pelo rigor e pela seriedade.

O trabalho de investigação oferece à formação em Psico-

logia novidade, progresso e modernização. Ao exercício

da profissão oferece apoio, fundamento e aper-

feiçoamento. Ao conhecimento científico, oferece opor-

tunidade de testar teorias, de as confirmar ou refutar

para que possam ser rectificadas, aprimoradas e

completadas. Sem investigação, a Psicologia não poderia

comunicar como comunica com outras ciências que com

ela se relacionam. Enfim, a investigação consagra a

Psicologia como disciplina científica, promovendo desa-

fios no seu saber e dotando-a de rigor, suporte,

dinamismo, actualização e fascínio.

Mas quem faz investigação em Psicologia? Como são

dadas as condições para a produção de conhecimento

científico em Portugal?

É seguro afirmar que um percurso de investigação

começa, senão antes, assim que um estudante ingressa

no ensino superior. De facto, a universidade representa

um local de formação em que o conhecimento é produ-

zido e reproduzido. Hoje em dia, os estudantes de Psico-

logia tem a possibilidade de usufruir de experiências

introdutórias à investigação científica ao longo do seu

percurso académico, por exemplo, através de disciplinas

vocacionadas para as metodologias de investigação e

estatística, assim como disciplinas em que o debate e a

análise de novos produtos de conhecimento são fomen-

tados. Além disso, a oportunidade de contactar com a

investigação é em última análise promovida com o

culminar do 2º ciclo de estudos em Psicologia, através da

elaboração de dissertações de mestrado, em que os

estudantes são desafiados a planear, desenvolver e apre-

sentar as suas próprias investigações.

Após a formação inicial em Psicologia, um percurso de

investigação pode ser uma boa opção de carreira.

Muitos optam por esta via para aprofundar o saber nas

mais diversas áreas científicas. Para tal, estão disponíveis

no nosso país os mais diversos tipos de apoio a investiga-

dores, para que se possam dedicar inteiramente à

produção científica. As duas entidades mais significativas

“A Psicologia (...) recorre constantemente aos resultados da investigação que é feita na sua área e em áreas com ela rela-cionadas para se actualizar e crescer.”

Page 61: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

a investigação em psicologia

61RUP - Edição 0

a este nível são a Fundação Calo-

uste Gulbenkian e a Fundação

para a Ciência e a Tecnologia.

A Fundação Calouste Gulbenkian

(FCG) é uma instituição privada,

com mais de 50 anos de vida que

desenvolve uma vasta actividade

em Portugal e no estrangeiro.

Directamente ou em parceria com

outras entidades a FCG desenvolve

um conjunto de programas e

projectos nas suas quatro áreas

estatutárias: Arte, Saúde e Desen-

volvimento Humano

(Beneficência), Educação e Ciência. É no âmbito destas

temáticas que são atribuidas bolsas e subsídios em áreas

com escassa oferta, de modo a permitir diversificar os

apoios, privilegiando áreas que não sejam preferencial-

mente apoiadas pelo Estado português. Assim, através

de vários dos seus serviços, a FCG disponibiliza um

número limitado de bolsas destinadas à prossecução de

estudos, actualização e aperfeiçoamento. São exemplos

disso, o Programa para a Internacionalização das Ciên-

cias Sociais (incentivo à publicação em revistas interna-

cionais de referência), assim como as Bolsas de Investiga-

ção Científica, cujas candidaturas abrem regularmente e

em variadas áreas científicas, no âmbito do Instituto

Gulbenkian para a Ciência.

A Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT)

pertence ao Ministério da Educação e Ciência, sendo o

seu principal objectivo “promover o avanço do conheci-

mento científico e tecnológico em Portugal, explorando

oportunidades que se revelem em todos os domínios

científicos e tecnológicos de atingir os mais elevados

padrões internacionais de criação de conhecimento, e

estimular a sua difusão e contribuição para a melhoria da

“A investigação oferece aos Psicólogos (...) não apenas um saber actualizado, mas um suporte de trabalho pautado pelo rigor e pela seriedade.”

educação, da saúde e do ambiente, para a qualidade de

vida e o bem estar do público em geral”. Neste sentido,

são concedidos os mais variados tipos de apoios a projec-

tos de investigação que se possam traduzir em contribu-

tos para o conhecimento científico e desenvolvimento

tecnológico. Nesta instituição, são de destacar os apoios

a instituições de investigação, assim como à formação

em investigação que procuram abranger um público

alvo que vai desde estudantes universitários não gradua-

dos, até jovens pós-doutorados. A FCT apoia cerca de

320 Unidades de I&D e 25 Laboratórios Associados.

Além disso, são financiados por esta instituição, mais de

2000 projectos de investigação, cerca de 8000 bolsas

de doutoramento e pós doutoramento, assim como

outros tipos de bolsas em número menos significativo.

É graças a estes tipos de apoios que os investigadores em

Psicologia podem desenvolver o seu trabalho e contri-

buir para a crescente qualificação do ensino superior e

para o aumento substancial da produção científica

nacional com visibilidade internacional.

Page 62: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

a psicologia aqui e agora

62 Edição 0 - 2º semestre de 2011

“o grande trunfo que Portugal tem neste momento é uma massa de bons investigadores com boas ideias e vontade de criar investigação de qualidade dentro do contexto português ”

Ana Figueiredo, é mestre em Psicologia, estudante de

doutoramento e investigadora do Instituto de Psicologia

Cognitiva Desenvolvimento Vocacional e Social

(IPCDVS), uma Unidade de I&D da Universidade de

Coimbra integrada no Instituto de Investigação Interdis-

ciplinar (III) desta Universidade e financiada pela FCT.

Parte do seu estudo de doutoramento decorre na

Holanda e, em entrevista, transmitiu-nos uma visão

bastante optimista da investigação que se faz no nosso

país: “o grande trunfo que Portugal tem neste momento é

uma massa de bons investigadores com boas ideias e

vontade de criar investigação de qualidade dentro do

contexto português (…) ao folhear qualquer revista da

área da Psicologia em Portugal é visível a produção de

muito conhecimento científico, conducente a trabalhos

de qualidade e com relevância científica”.

Carina Teixeira, também doutoranda do IPCDVS a reali-

zar parte do seu trabalho no King's College, em Londres,

está de acordo no que se refere à existência de potencial

na investigação nacional: “a prova disso é que os investi-

gadores portugueses que saem de Portugal desenvolvem

um excelente trabalho nos países que os acolhem. E só

não o fazem em Portugal porque não lhes é dada opor-

tunidade”.

Acerca da procura, por parte dos estudantes, da via da

investigação, Ana Figueiredo considera que, “desde a

criação dos Mestrados Integrados em Psicologia muitos

estudantes tiveram oportunidade de fazer diversas

pesquisas e estudos nas suas áreas de sub-especialização

e, deste modo, perceber o que é a investigação e como é

feita. Assim sendo, aquele fosso que parecia existir há uns

anos atrás entre a área profissional e de investigação foi

diminuído e muitos alunos vieram até a descobrir um

interesse mais profundo pela investigação. Neste sentido,

é possível encontrar mais alunos e recém formados com

interesse em enveredar pela investigação do que em anos

anteriores.” Já Carina Teixeira atribui a crescente procura

dos estudantes e recém formados em Psicologia sobre-

tudo a dois aspectos: em primeiro lugar, à diversidade

existente no universo da investigação em Psicologia –

“contando com inúmeras áreas do saber psicológico,

variados métodos e, portanto, não é difícil que psicólogos

com interesses muito diferentes vejam na investigação

científica uma oportunidade e uma profissão desafiante.

Mesmo aquelas pessoas que nunca pensaram ser investi-

gadoras verificam que a investigação clínica lhes dá a

possibilidade de contactar, ajudar e trabalhar com

pessoas, que é, arrisco-me a dizer, aquilo que motiva a

escolha de grande parte daqueles que enveredam pela

carreira de psicólogo. Por outro lado, as pessoas mais

vocacionadas para a investigação laboratorial têm cada

vez mais, creio eu, oportunidades nesta área.” – em

segundo lugar, embora sem o mesmo peso, à escassez

de oportunidades que o mercado de trabalho oferece

aos recém formados para alcançar independência finan-

ceira (“uma vez que os empregos na comunidade são

cada vez mais escassos, a investigação científica é uma

forma dos recém-licenciados começarem a adquirir

independência financeira por intermédio de Bolsas.

Obviamente, as bolsas não representam a situação ideal

a esse nível, mas face ao estado actual do país, podemos

Page 63: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

a investigação em psicologia

63RUP - Edição 0

“ao folhear qualquer revista da área da Psicologia em Por-tugal é visível a produção de muito conhecimento cientí-fico, conducente a trabalhos de qualidade e com relevân-cia científica”

ser investigador implica um número de características muito específicas, entre elas, muita dedicação, a vivência apaixonada daquilo que se faz e acima de tudo ter questões

considerar uma óptima alternativa”). Em todo o caso,

para a doutoranda, “ser investigador implica um número

de características muito específicas, entre elas, muita

dedicação, a vivência apaixonada daquilo que se faz e

acima de tudo ter questões”.

Acerca das vantagens da investigação em Psicologia,

Carina Teixeira aponta a possibilidade de colocar

questões e procurar respostas de uma forma sistemática

e rigorosa, com condições e metodologia apropriadas,

mencionando também que esta actividade permite “mel-

horar competências enquanto psicólogo” que actue em

qualquer área da Psicologia. Outro aspecto referido é o

facto de a investigação em Psicologia implicar “que

quase todos os dias sejam diferentes, porque quando

estudamos a mente e o comportamento humano

deparamo-nos sempre com idiossincrasias e são estas,

na minha opinião, que fazem desta carreira um desafio:

não é fácil generalizar e fazer inferências em Psicologia.

Em suma, cada «tarefa fechada», usando as palavras do

Professor Doutor Manuel Viegas Abreu, abre uma nova

tarefa.”. A este propósito, Ana Figueiredo referiu

também as possibilidades que surgem hoje em dia

graças aos avanços tecnológicos e metodológicos para o

estudo da mente e da interacção humana como o

aspecto mais apelativo para se fazer investigação em

Psicologia: “antigamente, várias áreas de estudo dentro

da Psicologia podiam apenas ser analisadas e estudadas

por aproximações consecutivas ao tema de análise e

dentro de limites impostos pelas próprias

(im)possibilidades de se estudar o que se propunha.

Hoje em dia podem fazer-se estudos mais complexos e

até interdisciplinares que permitem uma visão mais

global de processos fundamentais psicológicos e, ao

mesmo tempo, uma análise mais profunda destes

mesmos processos. Assim, para mim, uma das grandes

vantagens de ser investigador em Psicologia é o poder-

mos investir em áreas de conhecimento menos estuda-

das, ao mesmo tempo que podemos aprofundar os

nossos conhecimentos noutras áreas já bem referencia-

das, mas que poderão sempre beneficiar de investiga-

ções mais parcimoniosas (no que respeita à minúcia na

explicação de determinados processos e fenómenos)

integradas num todo coerente e, de facto, explicativo.”

Quanto aos desafios existentes nesta área, as estudantes

de doutoramento apontam a falta de apoios (logísticos e

financeiros) existentes no nosso país no que se refere à

investigação. Tal dificuldade não deverá ser, para Ana

Figueiredo, sinónimo de “cruzar os braços”. Inclusive,

acredita que “um dos grandes desafios é mesmo manter

um bom nível de qualidade na investigação dentro do

contexto português, por exemplo naquilo que se poderia

Page 64: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

a psicologia aqui e agora

64 Edição 0 - 2º semestre de 2011

chamar quase uma Psicologia «nativa», com

referência ao contexto em que é realizada e

em que surgem diferentes necessidades e

hipóteses de investigação que noutros países

não existem. Além disso, penso que é também

pertinente a realização de investigação mais

fundamental que consiga reconhecimento ao

nível internacional. Assim, um desafio será

manter a criação e realização de investigação

relevante para a sociedade portuguesa, sem

descurar a necessidade de também se expor-

tar conhecimento de qualidade que esteja ao

nível de outros países considerados líderes na

investigação em Psicologia.” Para Carina

Teixeira, o desafio prende se com a modifica-

ção de atitudes: “fazer chegar às pessoas que trabalham

na comunidade (instituições de saúde, escolas, empre-

sas) e que não têm ligação à investigação, que os investi-

gadores são pessoas comprometidas com o objectivo da

sua investigação e que o fazem não apenas por si, mas

também e acima de tudo pela e para a sociedade (…)

falo no meu caso em particular, eu acredito que a reabili-

tação psicossocial de pessoas com esquizofrenia é

possível. Quero saber quais as melhores estratégias e

programas para integrar estas pessoas na sociedade,

para que tenham uma vida com significado, um futuro

com objectivos e vejam os seus direitos e liberdades

fundamentais respeitados, como qualquer um de nós.

Vários estudos realizados no estrangeiro mostram que a

reabilitação psicossocial destas pessoas é possível.

Quero mostrar que também é possível em Portugal, mas

se não me é dada a possibilidade de chegar até as

pessoas que sofrem desta patologia, obviamente que

nunca poderei contribuir para o desenvolvimento de

serviços de saúde mental comunitários e para a

mudança de paradigma na saúde mental.”

A propósito do que é feito no estrangeiro, Ana Figueiredo

refere que “muitas vezes caímos no erro de pensar que

«lá fora» se faz melhor

investigação que «cá dentro»”, o que, da sua experiência,

não é verdade: “acredito que temos muito potencial e

possibilidades de ter boas práticas de investigação

dentro de Portugal.” Contudo, há diferenças entre o

contexto nacional e internacional, que se revelam, do

ponto de vista desta doutoranda, nas infra-estruturas e

metodologias, mas também na própria tradição de inves-

tigação em Psicologia, que noutros países tem uma

história mais longa em comparação com Portugal.

Sempre optimista, a investigadora considera que tais

diferenças podem ser encaradas como oportunidades,

mais do que dificuldades: “ainda existem várias vertentes

de investigação carentes de estudo (em áreas como a

intervenção social, a educação e saúde pública, entre

outros) que […] deverão ser tomadas como possibili-

dades e oportunidades de realizar boa investigação,

independentemente dos constrangimentos financeiros e

materiais que possam existir.”. Neste sentido, Carina

Teixeira considera, apesar do estar há pouco tempo no

estrangeiro, que “é notório que se fazem estudos de

maiores dimensões, que as Universidades se envolvem

mais frequentemente em estudos multicêntricos e, claro,

as equipas de investigação envolvem um maior número

de pessoas e concomitantemente há mais oportunidades

para investigadores. É de salientar que, ao contrário do

acontece não raras vezes em Portugal, em que o investi-

gador é, passo a expressão, «pau para toda a obra», no

estrangeiro as equipas contam com pessoas com diferen-

tes perfis e, por isso, desempenham diferentes tarefas,

libertando, por consequência, o investigador para aquilo

que é a sua principal missão e, sobretudo, permitindo ao

máximo o desenvolvimento do seu potencial. Obvia-

mente, o dinheiro alocado à investigação científica no

estrangeiro também é superior.”

Page 65: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

a investigação em psicologia

65RUP - Edição 0

“Quanto aos desafios exis-tentes nesta área, as estu-dantes de doutoramento apontam a falta de apoios (logísticos e financeiros) exis-tentes no nosso país no que se refere à investigação”

Quanto ao futuro da investigação em Portugal, Ana

Figueiredo considera que este deverá passar pelo “inves-

timento em áreas de estudo menos desenvolvidas e pelo

investimento dos próprios investigadores em projectos

de relevância nacional e que se coadunam com as neces-

sidades do país. Ao mesmo tempo, acredito que o futuro

da investigação em Portugal passa por desenvolvermos

mais projectos e parcerias internacionais, através de

plataformas europeias e financiamentos externos, que

nos permitam criar uma rede de partilha de conheci-

mentos científicos de qualidade dentro e fora do país.”.

Para Carina Teixeira, prever o futuro é algo difícil neste

momento no nosso país. Contudo, considera que, para

existir futuro, é fundamental impedir a “fuga” dos nossos

cientistas: “Será que conseguiremos lhes dar condições

para que fiquem? Saliento que o principal problema não

é os investigadores saírem do país, mas sim a ausência de

contacto e de trabalhos em parceria com eles. Não tenho

a menor dúvida que muitos portugueses que trabalham

no estrangeiro poderiam continuar a colaborar e desen-

volver trabalho muito útil para o nosso país. O que acon-

tece muitas vezes é que Portugal só se lembra

deles quando ganham visibilidade e prémios

no estrangeiro”.

Assim, para garantir a produção de conheci-

mento científico em Portugal com qualidade e

visibilidade, “terá de haver um maior investi-

mento na publicação de artigos científicos em

inglês e em jornais internacionais conceitua-

dos. Contudo, não acredito que deveremos

apenas produzir em inglês e descurar a divul-

gação da investigação realizada em Portugal na

própria língua. Assim, acredito que o caminho

será procurar o equilíbrio entre a publicação

da investigação em português e em inglês,

continuando a investir em áreas de conheci-

mento fulcrais e de relevância na sociedade

portuguesa”, refere Ana Figueiredo. A sua

colega, acrescenta, ainda que “não nos

podemos isolar”, salientando a importância de

criar parcerias com boas universidades

estrangeiras, de investir em programas de

mobilidade e de participar em estudos multi-

cêntricos, sendo para isso fundamental “apos-

tar na energia dos jovens investigadores, que se compro-

metem e vivem com entusiasmo aquilo que fazem e

apenas precisam de uma oportunidade para desenvolver

investigação inovadora e de qualidade”.

Page 66: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

a psicologia aqui e agora

A Formação em Psicologia

66 Edição 0 - 2º semestre de 2011

Formação académica e formação profissional. Forma-

ção de jovens e formação de adultos. Formação escolar e

formação técnica. Formação científica e formação

artística. Formação a curto-prazo e formação sem prazo.

De facto, existem inúmeras áreas, diversas formas e

diferentes tipos de formação. Apesar desta proliferação

de meios e contextos, o pilar de qualquer formação é

comum: a existência de um ser humano que, por motivos

diversos, se predispõe a aprender.

A nossa sociedade actual depara-se (e desenvolve-se)

com a ocorrência contínua e acelerada de uma plurali-

dade de mudanças com reflexos, directos ou indirectos,

nas mais variadas dimensões de funcionamento da vida

em sociedade e de cada pessoa em particular. Cresce a

incerteza. Instala-se a ambivalência. Por isso, torna-se

primordial, numa época acelerada pelo ritmo estonte-

ante da competitividade individual, pela lógica

irrepreensível da tecnologia e pela preocupante

recessão económica iminente, saber cada vez mais e

apostar (a sério e a fundo) na nossa formação. Já não se

trata meramente de desenvolver os níveis de instrução e

qualificação da população. Mais do que isso, é

necessário adquirir uma nova atitude de permanente

formação e actualização de conhecimentos e competên-

cias, pela validade, criatividade e diferenciação.

Tendo por base um ser humano naturalmente predis-

posto para a aprendizagem e uma sociedade que acen-

tua a urgência de possuir cada vez mais (e melhor)

conhecimento, como pensar, então, a formação em

Psicologia? Como foi, como é e como pode ser?

Para nos guiar na exploração deste percurso da forma-

ção em Psicologia em Portugal, pedimos a colaboração

da Professora Doutora Luísa Morgado, Directora da

Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da

Universidade de Coimbra, Ex Coordenadora da imple-

mentação do Processo de Bolonha e membro actual da

Comissão Externa de Avaliação dos cursos de Psicologia

da Agência Nacional de Creditação, que, gentilmente,

Em Portugal, a formação em Psicologia surgiu relativamente tarde, comparativamente ao contexto europeu e americano

Page 67: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

a formação em psicologia

67RUP - Edição 0

nos concedeu uma entrevista no dia 26 de Outubro de

2011. De viva voz, tivemos oportunidade de ouvir um

relato histórico, científico e apaixonado de quem se tem

dedicado (e dedica) ao conhecimento e evolução da

Psicologia. Porque se considera que os factos ganham

outra dimensão, mais profunda e extensiva, quando

aliados aos significados que as pessoas que os presen-

ciaram e, mais do que isso, os impulsionaram, lhes

atribuem, também neste artigo se pretende que estas

duas vertentes surjam de forma paralela.

Em Portugal, a formação em Psicologia surgiu relativa-

mente tarde, comparativamente ao contexto europeu e

americano. Foi no ano lectivo de 1911/1912 que surgiu

o primeiro laboratório de Psicologia Experimental no

País, fundado por Alves dos Santos na Universidade de

Coimbra. A disciplina de Psicologia começou por funcio-

nar, nas universidades portuguesas, não como unidade

de conhecimento autónoma, mas como uma área

integrada no curso de Ciências Pedagógicas, ministrado

nas Faculdades de Letras. O seu ensino tinha como

principal objectivo contribuir para a formação dos

professores do Ensino Básico e Secundário. Nos finais

dos anos 60, criou-se, integrada na licenciatura em

Filosofia, uma “Subespecialidade em Psicologia”,

permitindo uma formação mais específica nesta área de

saber.

De facto, a formação em Psicologia com a finalidade de

preparar profissionais qualificados e capacitados para

responder às necessidades específicas do país coincide

com a fundação do Instituto de Ciências Pedagógicas,

em 1962, transformado, dois anos depois, no Instituto

Superior de Psicologia Aplicada (ISPA), em Lisboa. O

ISPA foi a primeira instituição de Ensino Superior em

Portugal a ministrar uma licenciatura nesta área. No

entanto, só a partir da revolução de Abril de 1974, é que

a vontade política e uma nova sensibilidade aos prob-

lemas sociais facilitou o estabelecimento de iniciativas

Foi no ano lectivo de 1911/1912 que surgiu o primeiro labo-ratório de Psicologia Experimental no País, fundado por Alves dos Santos na Universidade de Coimbra

conducentes à criação de cursos superiores de Psicolo-

gia nas Universidades Públicas. Assim foram fundados,

em 1977, pelo Decreto-Lei nº 12/77 de 20 de Janeiro,

os “Cursos Superiores de Psicologia”, em Coimbra, Porto

e Lisboa, tendo mais tarde sido integradas nas Facul-

dades de Psicologia e de Ciências da Educação criadas

pelo Decreto-Lei nº 529/80 de 5 de Novembro. O

estabelecimento dos Cursos Superiores de Psicologia de

forma concomitante nas três Universidades correspon-

deu à concretização de profundas aspirações no seio

destas, bem como das instituições de saúde e das orga-

nizações sociais. Com esta grande reforma no seio

universitário, os docentes das Faculdades de Letras,

transitam para as novas faculdades, onde se integram as

licenciaturas de Psicologia.

Segundo a Prof. Doutora Luísa Morgado, a formação foi

evoluindo de uma “licenciatura generalista em Psicolo-

gia” para uma “formação mais especializada, em torno

Page 68: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

a psicologia aqui e agora

68 Edição 0 - 2º semestre de 2011

“... aquilo que distingue o ensino universitário de todas as outras formas de ensino (...) é o facto de o professor universi-tário ser «um investigador que ensina». ”

de seis ramos principais: Avaliação Psicológica, Psicolo-

gia Clínica, Psicologia da Educação, Psicologia das

Organizações, Psicologia Experimental e Psicologia

Social”. A partir daqui, o sistema educativo, nacional e

internacional, aliado à forte motivação de académicos

interessados na expansão de uma formação rigorosa e

científica da Psicologia, permitiu a sedimentação do

curso, estando hoje presente e autonomizado na maior

parte das universidades portuguesas.

A última grande reforma nesta área do saber surge, em

2006, com a implementação do Processo de Bolonha, e

a transformação dos planos de estudo das Licenciaturas

em Psicologia, em Mestrados Integrados em Psicologia,

tendo por base o Diploma Europeu de Psicologia. Tal

aconteceu nas Universidades públicas do Porto, de

Coimbra, de Lisboa e do Minho, assim como também no

ISPA. Neste sentido, estipulou-se como formação

necessária para o exercício da profissão: cinco anos de

formação académica, o que equivale à realização de

300 European Credit Transfer and Accumulation System

(ECTS), divididos entre o 1º ciclo de estudos de três anos

(180 ECTS) e o 2º ciclo de dois anos (120 ECTS), condu-

cente a Grau de Mestre; mais um ano de prática profis-

sional supervisionada (60 ECTS). A implementação

deste processo em Portugal teve como principal objec-

tivo, de acordo com o relatório “Implementação do

Processo de Bolonha a nível nacional”, coordenado pela

Prof. Doutora Luísa Morgado em 2004, “assegurar a

compatibilidade europeia de objectivos e de qualidade

dos graus e qualificações no Ensino Superior com vista a

fomentar a mobilidade docente e discente e a empre-

gabilidade dos seus diplomados”. A este propósito, a

directora da FPCEUC, refere que “apesar de não ter sido

uma tarefa fácil, e de ter exigido um esforço conjunto

entre as diversas Universidades, conseguimos colocar-

nos ao nível daquilo que se faz na formação em Psicolo-

gia em toda a Europa.”.

Presentemente, e através de uma visão geral dos diversos

planos de estudos que vigoram nas Universidades e

Institutos Universitários que administram formação em

Psicologia, constata-se que existe uma grande diversi-

Page 69: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

a formação em psicologia

69RUP - Edição 0

dade de conteúdos, estruturas de ensino e áreas de espe-

cialização. A Prof. Doutora Luísa Morgado refere que

existem 38 licenciaturas em Psicologia e dezenas de

Mestrados, considerando que se nota uma enorme

variabilidade na qualidade destes cursos. Revela que, na

sua opinião, existem, de facto, cursos de excelente quali-

dade, onde se incluem, entre outros, os Mestrados

Integrados (não obstante a sua periódica avaliação,

actualização e reformulação, necessárias à evolução de

qualquer área de formação); mas também cursos com

baixa qualidade que, em última análise, deveriam

mesmo ser fechados. Acrescenta que “não temos, a nível

nacional, capacidade para formar tantos psicólogos e

para ter tantos cursos abertos”, reforçando a necessidade

de intervir para aumentar o rigor e a qualidade do ensino

desta área disciplinar. Neste âmbito, enaltece a

importância do Processo de Bolonha, e respectivas refor-

mulações curriculares a que deu lugar, e a criação da

Ordem dos Psicólogos Portugueses como momentos

essenciais na promoção de formações mais sólidas e

reguladas em todo o país.

Em relação ao papel do docente/formador nas universi-

dades e aos desafios com que este se depara, a Prof.

Doutora Luísa Morgado, considera que a carreira univer-

sitária tem duas funções

essenciais: a investigação e

o ensino. Desenvolvendo

esta ideia, explica que

aquilo que distingue o

ensino universitário de

todas as outras formas de

ensino, desde os Ensinos

Básico e Secundário ao

Ensino Politécnico e forma-

ções variadas, é o facto de o

professor universitário ser

“um investigador que

ensina”. E é este dinamismo

e inovação que permite

formar alunos, também

eles, motivados para a descoberta e a acção. É importante

reforçar também a ideia de que a formação em Psicologia

ultrapassa o término do curso. A formação ao longo da

vida é um aspecto fundamental, no sentido de, não só

actualizar conhecimentos e desenvolver competências,

mas também de adaptar os formandos às necessidades

da sociedade em permanente mudança.

Relativamente à comparação entre o contexto nacional e

o internacional no que diz respeito à formação em Psico-

logia, a Prof. Doutora Luísa Morgado aprecia o facto de

esta ser, em geral, muito semelhante em todas as universi-

dades prestigiadas da Europa. Acrescenta que, de facto,

existem cursos no nosso país, nomeadamente os Mestra-

dos Integrados, muito bem organizados e “excelentes”

quando comparados com ciclos de estudo de outros

países da Europa.

A sociedade encontra-se constantemente em transforma-

ção, e tal como a sociedade evolui, também o

ensino/formação, como pilar essencial na construção

dessa sociedade, tem de permitir, acompanhar, e por

vezes direccionar, essa evolução, no sentido de responder

às necessidades e problemas vigentes. Crescem necessi-

dades. Multiplicam-se problemas. Como será então o

Page 70: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

a psicologia aqui e agora

70 Edição 0 - 2º semestre de 2011

futuro do ensino na Psicologia? A Prof. Doutora Luísa

Morgado prevê que, no futuro, a Psicologia vai ter mais

áreas específicas de formação e um maior campo de

actuação. Reflectindo sobre a evolução circular das

ciências, refere que “o desafio da formação em Psicologia

já não é hoje o mesmo do passado”. De facto, “a área tem

hoje uma identidade reconhecida socialmente, com

objecto de estudo, metodologias e campo de formação e

actuação bem definidos no contexto científico e social”.

Por ter já conquistado o seu espaço, diferenciando-se

como área disciplinar autónoma, os desafios de futuro

prendem-se hoje, segundo a Professora, com o reforço

da interdisciplinaridade na formação. Neste sentido,

sugere duas medidas práticas para dinamizar esta inter-

disciplinaridade. Em primeiro lugar, aponta, como uma

mais-valia, a realização, por parte dos alunos, de deter-

minado números de ECTS fora da sua faculdade, procu-

rando realizar unidades curriculares noutras áreas do

conhecimento, como Medicina, Biologia, Antropologia,

Economia, Direito, entre outras. Em segundo lugar,

considera fundamental a abertura de novas áreas e

domínios de formação e especialização, de acordo com a

investigação que se faz; começar a ensinar outras áreas

científicas e de intervenção, para além daquelas que já

existem nas faculdades.

Devido a tudo isto, a Prof. Doutora Luísa Morgado

demonstra optimismo em relação ao futuro: “o reconhe-

cimento social da Psicologia, que aumenta a procura, por

parte da população, de serviços especializados de Psico-

logia”, aliado ao “forte contributo que as outras áreas

disciplinares, e as próprias áreas emergentes no contexto

da Psicologia, como a Neuropsicologia, lhe podem

proporcionar” contribui para que a Professora afirme

prever um “futuro muito risonho” para a formação em

Psicologia.

Conhecer (e perceber) o caminho realizado no passado

ajuda-nos a estar mais no presente e a preparar melhor o

futuro. De facto, ao olhar o seu passado, percebe-se que

a formação em Psicologia só tem a ganhar se se camin-

har pelo intercâmbio de informação validada, reputada e

inovadora entre dois tipos de interlocutores: alunos em

acção que apostem numa formação de qualidade e

docentes que ensinem a partir de uma investigação de

excelência. A riqueza desta interacção nasce assim da

partilha e do comum interesse pelo conhecimento e

progresso científico em Psicologia.

Page 71: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

a Psicologia como uma disciplina (de) ética

A Psicologia como umadisciplina (de) Ética

69RUP - Edição 0

Ética é a ciência que se ocupa dos costumes, da moral, do

dever do homem e que estabelece o código moral da

conduta, com vista a uma filosofia moral dignificante e

tendo por base a ambivalência entre o bem e o mal. O

Homem é o único ser vivo capaz de fazer essa distinção,

uma vez que o seu pensamento complexo se traduz em

Liberdade de Escolha para agir de uma forma moral-

mente correcta ou moralmente incorrecta, dependendo

da sua própria vontade. Isto traduz-se num conflito de

interesses que vem a ser discutido desde os tempos mais

remotos, não só devido à subjectividade destes conceitos,

como ainda pelo facto de o grau de importância que o

cumprimento ético constitui para cada um, ser muito

variável.

No sentido de minimizar este problema ao nível profis-

sional, surge a deontologia que é o tratado do dever ou o

conjunto de deveres, princípios e normas adoptadas por

um determinado grupo profissional. A deontologia é

uma disciplina particular da ética adaptada ao exercício

da uma profissão. Os códigos de deontologia traduzem

a responsabilidade de associações ou ordens profission-

ais.

Existem inúmeros códigos de deontologia, que em regra

têm por base o sentimento ético das grandes declara-

ções universais, adaptando-as, no entanto, às particulari-

dades de cada país e de cada grupo profissional. Estes

códigos apresentam ainda funções normativas a vincula-

tivas propondo sanções, segundo princípios e procedi-

mentos explícitos, para os infractores do mesmo.

Contudo, alguns códigos contêm apenas uma função

reguladora.

Em Julho de 1892 surge então a APA, a Associação

Americana de Psicólogos, para representar os valores e

epistemologia da Psicologia nos EUA, servindo como

modelo para pensar acerca do fenómeno psicológico,

tendo adoptado o novo modelo do seu Código de Ética a

21 de Agosto de 2002, que se tornou efectivo em 2003.

À semelhança da APA, mas a um nível nacional, a Ordem

dos Psicólogos Portugueses (OPP) nasce a 4 de Setem-

bro de 2008, com a aprovação dos seus estatutos. Com

a sua criação como organismo regulador da profissão de

psicólogo em Portugal, impunha-se desenvolver um

Código Deontológico que orientasse o pensamento

sobre estas questões no exercício da profissão de

psicólogo.

Coube assim à Ordem dos Psicólogos Portugueses a

elaboração de um Código Deontológico da profissão,

constituído por um conjunto de princípios e deveres

“... (o Código Deontológico) não descreve apenas o modo de conduta ético a adoptar por um psicólogo, como pressupõe ainda a sua sanção caso seja violado, o que promove a justiça profissional, a igualdade e a equidade entre clientes e profis-sionais

Page 72: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

a psicologia aqui e agora

70 Edição 0 - 2º semestre de 2011

gerais que devem reger o

comportamento dos profission-

ais. Para tal foi criado um capítulo

próprio sobre Deontologia Profis-

sional.

O Código Deontológico assume

o máximo ético como referência

da prática profissional em Psico-

logia, em qualquer contexto ou

área de aplicação, contendo em si

os princípios éticos da mesma a

fim de guiar os/as psicólogos/as

no sentido de práticas de excelên-

cia.

O Código Deontológico está dividido em três secções – o

preâmbulo, os princípios gerais e os princípios específi-

cos. Esta organização parte da maior abstracção para a

concretização de situações-tipo bem identificadas,

encontrando-se primeiramente definidos os princípios

estruturais e aspiracionais, pela secção dos princípios

gerais e de seguida as regras de conduta ética dos/as

psicólogos/as, pela secção relativa as princípios específi-

cos. A sua utilidade facilmente se deduz da compreensão

dos seus objectivos, que incluem não só a promoção da

qualidade de vida e protecção dos clientes que se

entende por todas as pessoas, casais, famílias, grupos,

organizações e comunidades com as quais os/as

psicólogos/as trabalham, bem como a orientação e

formação de membros efectivos e estagiários da Ordem

dos Psicólogos Portugueses e estudantes de Psicologia

relativamente aos princípios éticos da Psicologia.

O exercício da prática do psicólogo obriga a sua

inscrição enquanto membro, ou membro-estagiário,

ficando a actividade profissional deste submetida ao

supervisionamento por parte da OPP. A pertença esta

ordem profissional obriga ao cumprimento dos

princípios estabelecidos no seu Código Deontológico.

Este não descreve apenas o modo de conduta ético a

adoptar por um psicólogo, como pressupõe ainda a sua

sanção caso seja violado, o que promove a justiça profis-

sional, a igualdade e a equidade entre clientes e profis-

sionais.

Já tinham anteriormente surgido em Portugal códigos de

ética e deontologia para os profissionais, no entanto,

nunca aliados a uma organização com poder para a sua

vigilância e sanção. Dessa forma, o Código de Deontolo-

gia constitui uma importante ferramenta para o julga-

mento dos comportamentos dos profissionais, por parte

do Conselho Jurisdicional da OPP, que tem como papel

verificar o cumprimento da lei do Estatuto e dos regula-

mentos internos, quer por parte dos órgãos da Ordem,

quer por parte de todos os seus membros, e ainda

instruir e julgar todos os processos disciplinares instaura-

dos aos membros.

A existência do actual Código deveu-se ao trabalho dos

membros de uma Comissão Preparatória do Código

Deontológico, prestigiados especialistas em diversas

áreas do conhecimento e intervenção psicológica, ao

longo de múltiplas reuniões. Estes analisaram uma

Page 73: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

a Psicologia como uma disciplina (de) ética

71RUP - Edição 0

“Os princípios gerais constituem um conjunto de pressupos-tos de actuação consensuais na sua aceitação resultantes de um raciocínio filosófico secular e com base na natureza da in-tervenção psicológica.”

tipologia dos problemas e queixas apresentados ao longo

de alguns anos à, na altura, Associação Pró-Ordem dos

Psicólogos. Muitas dessas preocupações e queixas não

puderam ser atendidas por falta do enquadramento

legal, mas encontram o seu reflexo no resultado dos

trabalhos da comissão, contribuindo para que muitas

situações sejam evitadas e não se voltem a repetir ou

então, caso se repitam sofram as consequências adequa-

das.

O Código também se baseou nos princípios Meta-

Código da Federação Europeia de Associações de

Psicólogos (EFPA), na informação presente noutros

Códigos nacionais e estrangeiros, na reflexão produzida

sobre questões éticas e deontológicas em Psicologia e na

realidade portuguesa.

É através do conhecimento das linhas orientadoras deste

trabalho que se obtém uma adequada compreensão da

intenção e limites do próprio Código. Neste sentido,

tentou elaborar-se um Código que reflectisse grandes

princípios orientadores do comportamento dos profis-

sionais, já que, dada a vastidão da intervenção

psicológica, não seria viável explicitar ao pormenor todas

as circunstâncias particulares da actividade profissional.

Um Código Deontológico é um enunciado de princípios.

Assim sendo, nas situações concretas da prática profis-

sional, segundo esses princípios, as implicações deon-

tológicas poderão não ser óbvias. Pode acontecer que, na

sua aplicação a determinados casos, diferentes

princípios se revelem dificilmente conciliáveis entre si.

Os seguintes princípios gerais são derivados daquilo que

se pode denominar como moral comum da Psicologia

nacional, ou seja, a moral compartilhada pelos/as

psicólogos/as portugueses/as. Estes devem ser consid-

erados como agentes promotores de ligações entre a

teoria e a prática, podendo ser generalizados. Os

princípios gerais constituem um conjunto de pressupos-

tos de actuação consensuais na sua aceitação, já que são

construídos e inspirados nas características naturais da

pessoa, resultantes de um raciocínio filosófico secular e

com base na natureza da intervenção psicológica. Trata-

se, pois, de um conjunto de princípios sentidos como

intuitivamente correctos.

Page 74: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

a psicologia aqui e agora

72 Edição 0 - 2º semestre de 2011

PRINCÍPIO A

RESPEITO PELA DIGNIDADE E DIREITOS DA PESSOA

Os/as psicólogos/as devem respeitar as decisões e os

direitos da pessoa, desde que estes sejam enquadrados

num exercício de racionalidade e de respeito pelo outro.

Nesta perspectiva, não devem fazer distinções entre os

seus clientes por outros critérios que não os relacionados

com os problemas e/ou questões apresentadas, e devem,

com a sua intervenção, promover o exercício da autono-

mia dos clientes.

Parte-se do reconhecimento de que a existência de um

direito pressupõe o reconhecimento desse mesmo

direito no outro, sendo por isso um dever. Então, será

dever, ético ou jurídico, de todas as pessoas, dada a sua

característica racional, respeitar os direitos de todos e de

cada um, olhando sempre para cada pessoa como um

ser único, independentemente do seu estatuto pessoal,

sócio-económico e cultural.

PRINCÍPIO B

COMPETÊNCIA

Os/as psicólogos/as têm como obrigação exercer a sua

actividade de acordo com os pressupostos técnicos e

científicos da profissão, a partir de uma formação

pessoal adequada e de uma constante actualização

profissional, de forma a atingir os objectivos da interven-

ção psicológica. De outro modo, acresce a possibilidade

de prejudicar o cliente e de contribuir para o descrédito

da profissão.

Cada psicólogo/a deve garantir as suas qualificações

particulares em virtude dos seus estudos, formação e

experiência específicas, fixando pelas mesmas os seus

próprios limites. Sendo a Psicologia uma ciência que tem

como objecto o estudo das pessoas nos seus diversos

contextos, sendo o seu principal instrumento de interven-

ção a relação interpessoal, resulta como natural o recon-

hecimento que profissionais diferentes tenham caracter-

ísticas diferentes, pelo que cada um deverá ter consciên-

cia das suas necessidades específicas, sendo o próprio o

melhor juiz da sua competência. Será fácil compreender

que a única forma que o profissional tem de responder

pelas suas acções e de ter uma noção o mais objectiva

possível sobre a sua intervenção, é desenvolver uma

actuação baseada em conhecimentos científicos actual-

izados.

PRINCÍPIO C

RESPONSABILIDADE

Os/as psicólogos/as devem ter consciência das conse-

quências que o seu trabalho pode ter junto das pessoas,

da profissão e da sociedade em geral. Devem saber

avaliar o nível de fragilidade dos seus clientes, pautar as

suas intervenções pelo respeito absoluto da decorrente

vulnerabilidade, e promover e dignificar a sua actividade.

Num mundo cada vez mais centrado no valor da autono-

mia individual, não pode ser negada uma maior atenção

à vida em sociedade e às responsabilidades que esta

comporta. A referência ao interesse social obriga não

apenas a considerar a comunidade humana, mas

também todas as outras componentes do mundo natural

em que a pessoa se insere.

Page 75: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

a Psicologia como uma disciplina (de) ética

73RUP - Edição 0

PRINCÍPIO D

INTEGRIDADE

Os/as psicólogos/as devem ser fiéis aos princípios de

actuação da profissão promovendo-os de uma forma

activa. Devem prevenir e evitar os conflitos de interesse e,

quando estes surgem, devem contribuir para a sua

resolução, promovendo a discussão das diferentes

perspectivas em equação.

A integridade é a qualidade de quem revela inteireza

moral, também definida como uma virtude, uma conju-

gação coerente dos aspectos do eu. Deve então

promover-se, no contexto profissional, a integridade

moral como um traço de carácter que consiste numa

integração coerente de valores profissionais razoavel-

mente estáveis e justificáveis, acompanhada de uma

fidelidade activa a esses valores tanto no juízo como na

acção.

Deste modo, a integridade, tal como foi expressa, poderá

ficar comprometida sempre que o profissional se deixar

influenciar pelas suas próprias motivações ou crenças,

preconceitos e juízos morais, nos casos em que surjam

conflitos de interesse pessoal, profissional e institucional,

dilemas centrados nas hierarquias, ou mesmo a partir de

pedidos não razoáveis dos clientes.

PRINCÍPIO E

BENEFICÊNCIA E NÃO-MALEFICÊNCIA

Os/as psicólogos/as devem ajudar o seu cliente a

promover e a proteger os seus legítimos interesses. Não

devem intervir de modo a prejudicá-lo ou a causar-lhe

qualquer tipo de dano, quer por acções, quer por

omissão.

Deste modo, ao definir este princípio como um dos

princípios centrais do exercício da Psicologia, assume-se

o pressuposto de que mesmo em processos de interven-

ção cuja motivação central não seja promover o interesse

das pessoas como, por exemplo, em algumas situações

da psicologia forense ou organizacional, o profissional

deverá ter em atenção que as pessoas devem estar no

centro das suas inquietações. Qualquer intervenção

poderá provocar, potencialmente, algum tipo de prejuízo

à pessoa. Contudo, desde que o balanço entre o risco e o

benefício seja positivo para o cliente, a intervenção é

legítima. O dano a evitar será aquele que não cumprir

esta equação.

Este documento está longe de dar resposta a todas os

dilemas éticos, em particular aos que implicam uma

reflexão e discussão das consequência das acções, com

fim a obter o máximo de bem para o maior número de

pessoas e instituições envolvidas; no entanto, aproxima-

se cada vez mais deste objectivo.

Page 76: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

a psicologia aqui e agora

António Damásio

76 Edição 0 - 2º semestre de 2011

21 de Setembro de 2011... Faltavam poucos minutos

para as onze horas da manhã quando uma das mais

significativas e nobres cerimónias da Universidade de

Coimbra tinha início. Um Doutoramento Honoris Causa

pela Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação

(FPCE UC), concedido a António Damásio, ilustre neuro-

cientista, bem conhecido e acarinhado no meio

académico, como no público em geral*.

Ana Paula Relvas, Professora Catedrática da FPCE-UC,

foi a apresentante na cerimónia de investidura, cujo

valioso contributo para o estudo da família e terapias

familiares a nível nacional e internacional foi destacado

por Madalena Alarcão, vice-reitora da Universidade de

Coimbra e Professora Associada da FPCE UC, encar-

regue do seu elogio.

Eduardo Sá, Professor Auxiliar da FPCE-UC fez o elogio a

António Damásio, destacando a relevância e pertinência

do seu trabalho, mencionando a noção de subjectividade

humana para a compreensão da consciência, agregando

razão e afecto, já que “conhecer e sentir não são fenóme-nos independentes”.

Apesar de a medicina estar na base da sua formação, o

trabalho centrado nos comportamentos, emoções e

processos de decisão justificaram plenamente um

Doutoramento Honoris Causa em Psicologia,

reconhecendo-se a importância das neurociências para

a compreensão da mente humana, assim como do valor

da obra de António Damásio para a Psicologia, uma

ciência humana que se assume como plural e em

constante indagação. A este propósito, o recente Doutor

Honoris Causa pela FPCE UC referiu:

“A Psicologia, diria o sábio, estaria pronta a declarar o fim dos seus trabalhos, já que tudo o que era preciso descobrir sobre a mente humana estava descoberto, ou quase. […] Esse sábio imaginário teria sido um péssimo profeta e ter-se-ia enganado profundamente. O projecto da psicologia científica tem vindo a ser realizado, com êxito e velocidades crescentes, através da neurociência e da biologia empenhadas em descobrir como o tecido nervoso constrói a mente.”

Em sua homenagem, foram destacadas as qualidades

enquanto cientista, bem como o seu valor humano. A

abrangência do trabalho que desenvolveu foi também

referida, tal como o facto de a sua obra estar acessível,

não apenas aos académicos, mas ao público em geral,

de uma forma simples e clara.

* O título de Doutor Honoris Causa é um título honorífico, atribuído não por prestação de uma prova académica mas, como o próprio nome em latim

indica, “a título de honra”, reconhecendo o valor e o contributo de figuras destacadas da ciência e sociedade. Na Universidade de Coimbra, esta

cerimónia é cumprida na Sala Grande dos Actos (comummente conhecida como Sala dos Capelos), repleta de tradição e história, não fosse essa a mais

antiga Universidade do país.

DOUTORAMENTO HONORIS CAUSA

Page 77: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

António Damásio na Universidade de Coimbra

77RUP - Edição 0

Durante muito tempo pensou-se que o sentir seria

inabordável, que seria uma parte inatingível das

emoções. Hoje porém podemos dizer, e devido a

contributos como os de António Damásio, que não é de

todo impossível perspectivar a sua compreensão à luz da

ciência.

O autor e cientista de renome começa por destacar que,

como se sabe, “as emoções são parte da gestão automa-

tizada, de cariz biológico num organismo vivo (…). Têm

uma natureza distinta das motivações, e de impulsos”.

Deste modo, ao contrário do que a palavra emoção

significa nas mentes das pessoas, ou seja, algo consid-

Às 16h30 da tarde do mesmo dia de Setembro começava uma conferência para os muitos e expectantes alunos da

Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, que constituíam a maioria da

audiência e que rapidamente encheram todo o anfiteatro do edifício da FPCE/UC.

Cérebro, mente e sentimento. Eis uma breve síntese do que António Damásio nos ensinou...

A CONFERÊNCIABRAIN, MIND AND FEELING

O problema do sentir

erado interno, as emoções serão predisposições para

acção. A sua definição não se esgota aqui no que diz

respeito ao ser humano, pois sabemos que, perante certa

emoção, haverá cognições com mais probabilidade de

ocorrência do que outras, reagindo assim a parte do

sentir à emoção em si. Sentimento e emoção são,

portanto construtos distintos. Enquanto as emoções “são

programas complexos, em grande medida automatiza-

dos, produtos da evolução” os sentimentos “são percep-

ções compostas daquilo que acontece no corpo e na

mente quando sentimos emoções”.

Page 78: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

78 Edição 0 - 2º semestre de 2011

a psicologia aqui e agora

As emoções emitem uma resposta padrão rápida a prob-

lemas complexos, resposta esta que, apesar de célere, é

elaborada e não requer deliberação a espécies que não

primam pelas suas capacidades cognitivas. Ora a

emoção constituirá uma vantagem assinalável para a

Então como operam as emoções?

espécie humana. Note se porém que quando esta capa-

cidade choca com as convenções e regras culturais,

então aí, é necessária a intervenção de respostas delib-

eradas conscientes no âmbito das nossas capacidades

cognitivas.

Para o neurocientista tal decorre de sequências de

acções concorrentes que modificam o estado interno do

organismo, o comportamento e a sua mente. Um exem-

plo simples é a preparação fisiológica do medo para a

acção através de acções preparatórias (do coração,

Como é que as emoções atingemos seus objectivos de gestão?

pulmões, intestino, perda da habilidade para sentir dor,

secreção de cortisol), comportamentos específicos

(lutar ou fugir), e comportamentos atencionais (saliência

do objecto causal).

António Damásio menciona a hipótese da geração de

mapas de acções, parâmetros, em todas as regiões

cerebrais, que representam o sinal corporal. Deste

modo, a estratégia para aceder ao sentimento será

análoga à utilizada na configuração de imagens visuais,

ou seja, através da construção de mapas cerebrais. Tal

construção, no caso das imagens visuais, recorre a crité-

rios como profundidade, cor ou tamanho, provenientes

de diversos pontos do cérebro. No caso da percepção

dos eventos emocionais, o seu mapeamento recorre a

Como é que atingimos a percepçãodos eventos emocionais?

variáveis internas, como é o caso da temperatura corpo-

ral.

António Damásio deixou uma reflexão sobre os desen-

volvimento da ciência advertindo para o facto de esta ir

avançando como pode, já que não é imune ao zeitgeist

de investigação da época em que decorre. Assim, ficou

clara a ideia de que a ciência pode ser constantemente

ajustada e melhorada a nível epistemológico.

Page 79: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

79RUP - Edição 0

António Damásio na Universidade de Coimbra

António Rosa Damásio, nasceu em Lisboa a 25 de Fever-

eiro de 1944. É casado com a Dr. Hanna Damásio, sua

colega e frequentemente co-autora.

Licenciou-se em Medicina na Faculdade de Medicina da

Universidade de Lisboa, em 1969 mas ainda antes, em

1967, foi bolseiro do Aphasia Research Center em

Boston, onde trabalhou sob a supervisão de Norman

Geschwind , um dos pioneiros das Neurociências.

Especializou-se em Neurologia e, em 1974, terminou o

doutoramento também na Faculdade de Medicina de

Lisboa, onde foi Professor Adjunto até 1975. Iniciou a

sua carreira como investigador no Centro de Estudos

Egas Moniz, chefiando o Laboratório de Pesquisas da

Linguagem, entre 1971 e 1975.

Deixou Portugal em 1975, obtendo cidadania ameri-

cana e fixando residência nos EUA, país onde iniciou e

desenvolveu um longo percurso de pesquisa centrado na

ANTÓNIO DAMÁSIOUMA BIOGRAFIA

neurobiologia do comportamento humano, procurando

esclarecer a relação entre os sistemas neurais e a

consciência. É actualmente, e desde 2006, Professor de

Neurociências no Dana and David Dornsife College of

Letters, Arts and Sciences, na Universidade da California

do Sul onde também dirige, desde 2005, o Brain and

Creativity Institute. Lecciona desde 1989 na Universi-

dade de Iowa onde é, desde 2005, Distinguished

Adjunct Professor assim como no Salk Institute for

Biological Studies, em La Jolla. No Iowa, com sua mulher,

Hanna, promoveu a criação de uma importante unidade

de investigação para o conhecimento da actividade

cerebral e suas relações com a memória, linguagem,

emoções e os mecanismos de decisão. Trata-se de um

dos principais laboratórios de neurociências cognitivas

do mundo científico. É também membro de diversas

academias e instituições por todo o mundo e faz parte do

conselho editorial de dezenas de revistas científicas

americanas e europeias.

Page 80: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

80 Edição 0 - 2º semestre de 2011

a psicologia aqui e agora

A investigação da mente e a abordagem científica de temas que segundo a tradição têm sido encarados e pensados sobre-tudo em termos filosóficos, têm proporcionado a António Damásio uma série de distinções e prémios

Os seus estudos debruçam-se sobre a área designada

por ciência cognitiva, e têm sido decisivos para o conhe-

cimento das bases cerebrais da linguagem e da

memória. Entre as suas principais conclusões encontra-

se a premissa de que não há separação entre a mente e o

corpo. A mente tem uma base biológica e, em conjunto

com o cérebro, forma uma realidade única e indisso-

ciável.

A investigação da mente e a abordagem científica de

temas que segundo a tradição têm sido encarados e

pensados sobretudo em termos filosóficos, têm propor-

cionado a António Damásio uma série de distinções e

prémios, tanto nos Estados Unidos como na Europa. É

Doutor Honoris Causa em inúmeras Universidades por

todo o mundo, sendo a sua mais recente distinção

oriunda da Universidade de Coimbra, em Psicologia.

Damásio é também um conhecido conferencista da

especialidade, tendo apresentado comunicações de

grande qualidade em reputadas instituições científicas,

seminários e congressos nos EUA. São inúmeros os seus

artigos publicados em revistas científicas mas, para além

das comunicações em reuniões e congressos internacio-

nais, o neurocientista tem também procurado atingir um

público mais vasto com a publicação de vários livros

onde explora e explica, de forma rigorosa e acessível, as

teorias centrais e os fios condutores da sua pesquisa.

Neste âmbito, a primeira publicação de António

Damásio em 1995, O Erro de Descartes, foi um enorme

sucesso, tendo sido traduzido para mais de 30 línguas.

Neste livro, apresenta alguns casos clínicos e defende,

com base nestes, que a resolução de problemas e a

tomada de decisão nas pessoas comuns não se faz base-

ada exclusivamente no exercício racional (como afirma-

ria Descartes), mas sim através daquilo que designa por

“marcadores somáticos”. Foi com esta obra que se

iniciou o reconhecimento do neurocientista junto do

grande público. De seguida, em 2000, lança o livro O

Sentimento de Si: O Corpo, a Emoção e a Neurobiologia

da Consciência, eleito um dos dez livros do ano pelo New

York Times. Em 2003, no livro Ao Encontro de Espinosa:

As Emoções Sociais e a Neurologia do Sentir, Damásio

foca-se nas relações entre filosofia e a neurobiologia, o

comportamento e a ética. A sua obra mais recente é O

Livro da Consciência, publicado em Setembro de 2010,

uma reflexão actualizada em torno da mente e da

consciência.

Page 81: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

81RUP - Edição 0

António Damásio na Universidade de Coimbra

Tendo como componentes-base, a informação que apre-

senta nos seus livros mais antigos (Erro de Descartes, Ao

Encontro de Espinosa, Sentimento de Si), António

Damásio, em O Livro da Consciência, actualiza os dados

que neles havia apresentado – abandonando também

algumas ideias lá presentes – bem como apresenta novas

provas descobertas em estudos feitos, tanto no seu

laboratório, como em muitos dos seus contemporâneos,

para corroboração da teoria que apresenta. Nomeada-

mente, a forma como os sentimentos são construídos e os

mecanismos responsáveis pela formação do Eu.

Num contínuo fluxo de informação entre o cérebro e o

corpo-em-si, fluxo este que comprova a unicidade

mente-corpo defendida não apenas por Damásio, a

consciência como conceito psicobiológico tem início de

existência no tronco cerebral, região primordial que

remonta caracteristicamente aos primeiros cérebros, os

dos répteis, que é partilhada por muitas espécies e que se

situa na base do nosso crânio. Este neurobiólogo do

comportamento defende esta ideia alertando que o tipo

de consciência que é definida no tronco cerebral é

diferente da que acontece em níveis superiores

cerebrais, gerando, cada tipo, um nível diferente de

complexidade de processamento de informação;

seguindo-se a este proto-eu, a forma mais simples e

primordial da consciência (e a base da teoria dos

O LIVRO DA CONSCIÊNCIA por Fernando AbreuEstudante da FPCE-UC

Page 82: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

82 Edição 0 - 2º semestre de 2011

a psicologia aqui e agora

marcadores-somáticos), há o eu-nuclear – estes dois

constituem o eu material (ainda não num nível tão

executivo), sem conteúdo tão abrangente como o

eu-autobiográfico – possuidor de uma avaliação que já

conjuga o passado, o presente e o futuro antecipado,

mais espiritual (isto evidencia já o que defende o autor

em relação à existência de mente, e até à consciência

em outras espécies animais). Inerentemente, as

emoções e sentimentos gerados em cada nível ocor-

rem também em concomitância, não conscientemente

em primeiras instâncias, com este processamento.

Uma vez mais, com sentido absolutamente viável, a

informação não é centrada num sítio específico do

cérebro – basta conhecer minimamente as estruturas

anatómicas e suas funções para entender que é impos-

sível não acontecer deste modo. E é este facto, esta

macro articulação, que permite o produto Consciên-

cia como apresentado.

Uma boa forma de entender isto, é usando uma analo-

gia que Damásio propõe e que tem alguns princípios

subjacentes que até causam discussão: “O mais estra-

nho, no que toca a aspectos superiores da consciência,

é a ausência óbvia de um maestro antes do início da

performance, embora, à medida que tal performance

se vai desenrolando, surja de facto um chefe de orques-

tra.” Tenhamos atenção ao facto de uma orquestra não ser composta por um só instrumento, uma vez mais. Ora,

decompor esta citação torna-se uma tarefa árdua e fascinante, pois creio serem necessários alguns detalhes a nível

celular (e não só), bem como princípios de auto-organização, remontando aos processos bacterianos, por exemplo,

que causam espanto, pois parecem brilhantemente coordenados apesar de serem simplesmente (e aqui uso simples

com grande eufemismo) «controlados» por fenómenos químicos e bioquímicos – o que não retira em nenhum ponto a

beleza e ânimo que a consciência e tudo o que se passa no cérebro têm. O maestro presente em nós humanos surge a

posteriori. E esse maestro é o que conhecemos por Eu. Só nos tornamos conscientes quando atingido um nível superior,

conseguimos ser capazes de avaliar os níveis mais inferiores.

Page 83: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

A Psicologia naUniversidade do Porto

83RUP - Edição 0

A Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da

Universidade do Porto (FPCEUP) conta com 35 anos de

história. Ao longo do tempo, esta instituição tem procu-

rado desenvolver o ensino e a investigação em Psicologia

e Ciências da Educação, e oferecer o seu contributo e

trabalho à sociedade.

Nesta faculdade da Universidade de Porto, são postas à

disposição várias ofertas formativas. No caso do

Mestrado Integrado em Psicologia, as áreas de especial-

ização incluem a Intervenção Psicológica, Educação e

Desenvolvimento Humano, a Psicologia Clínica e da

Saúde, a Psicologia das Organizações, Social e do

Trabalho e a Psicologia do Comportamento Desviante e

da Justiça. Todavia, na FPCEUP estão disponíveis opor-

tunidades de formação que vão para além dos estudos

de 1º, 2º e 3º ciclos, incluindo programas de educação e

formação contínua dirigidos ao público em geral. Educa-

ção, justiça, saúde, administração pública central e local,

animação sociocultural e trabalho em empresas são

alguns exemplos de áreas que integram a oferta da

instituição.

Ao nível da investigação, destacam se as actividades de

I&D (Investigação e Desenvolvimento) muitas das quais

com carácter multidisciplinar. A investigação na FPCEUP

é, portanto, desenvolvida em unidades como o Centro de

Apoio ao Estudo do Cérebro, o Centro de Ciências do

Comportamento Desviante, o Centro de Investigação e

Intervenção Educativas, o Centro de Psicologia da

Universidade do Porto, o Centro de Psicologia do Desen-

volvimento e Educação da Criança, o Centro de Recursos

Paulo Freire, o Instituto de Consulta Psicológica, Forma-

ção e Desenvolvimento, o Laboratório de Fala, o Labo-

ratório de Neuropsicofisiologia e o Laboratório de

Reabilitação Psicossocial.

“...esta instituição tem procurado desenvolver o ensino e a in-vestigação em Psicologia e Ciências da Educação, e oferecer o seu contributo e trabalho à sociedade.”

a psicologia na Universidade do Porto

Page 84: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

84 Edição 0 - 2º semestre de 2011

A prestação de serviços à comunidade é também uma

actividade desta instituição de ensino, que é desen-

volvida em articulação com as actividades de investiga-

ção científica e docência. A sua oferta abrange diversos

domínios, em particular, consulta psicológica de orienta-

ção vocacional ao longo da vida, consulta psicológica de

crianças e adolescentes, psicoterapia, consultas em

Psicologia da saúde, atendimento a agressores e vítimas,

intervenção precoce e consultadoria em Psicologia do

trabalho.

Em visita às mais recentes instalações da FPCEUP,

encontrámo-nos com a Joana Esteves, vice-presidente da

Associação de Estudantes da faculdade e estudante do 4º

ano, na área de especialização em Psicologia das Orga-

nizações, Social e do Trabalho. Tendo conseguido entrar

no curso que era sua primeira opção, escolheu a Univer-

sidade do Porto para o tirar: “andei a informar-me sobre

as várias faculdades, percebi que a FPCEUP tinha muito

prestígio, conhecia pessoas que estudaram aqui no Porto

e que me confirmaram o renome deste curso na Univer-

sidade do Porto e então candidatei-me aqui.” Com a

frequência do curso de Psicologia na FPCEUP, corro-

borou esta ideia inicial: “temos professores de grande

renome na faculdade; temos laboratórios de investiga-

ção que também são de extrema qualidade, com docen-

tes e investigadores que são muito conhecidos em Portu-

gal.”

Para a estudante, as maiores vantagens de estudar na

Universidade do Porto são as oportunidades: “os

estágios pela Universidade do Porto têm trazido grandes

oportunidades para os estudantes que daqui saem. Pelo

que sei, a taxa de empregabilidade em termos de Psicolo-

gia (porque está uma altura difícil para os Psicólogos)

penso que é uma das melhores. Mesmo durante o curso,

os estudantes têm muitas oportunidades de praticar

investigação nos laboratórios, podem concorrer a bolsas

de investigação e os melhores alunos conseguem

integrar projectos. A Associação de Estudantes também

tem trazido imensas oportunidades para os estudantes.

Falo por mim, já conheci imensas pessoas e ganhei

imensa prática na Associação de Estudantes. Fazemos

mini estágios, também para os estudantes. Acho que

realmente, para além da qualidade, são sobretudo as

oportunidades que a FPCEUP traz para os estudantes.”

Ser estudante de Psicologia nesta instituição de ensino é,

“É uma experiência avassaladora, é muito envolvente. […] Nunca conheci ninguém que não tivesse orgulho ao dizer que o seu curso de Psicologia era na Universidade do Porto.”

a psicologia aqui e agora

Page 85: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

85RUP - Edição 0

para a Joana, sinónimo de orgulho: “é um orgulho para

quem consegue entrar. O número de candidatos é

sempre elevado. É uma faculdade com muito prestígio,

muito conhecida a nível da Psicologia. Todos os que

acabam por entrar aqui sentem isto como a sua casa e

gritam com orgulho «FPCEUP!». É uma experiência

avassaladora, é muito envolvente. […] Nunca conheci

ninguém que não tivesse orgulho ao dizer que o seu

curso de Psicologia era na Universidade do Porto. Os

estudantes da FPCEUP são pessoas envolvidas social-

mente e em diversas actividades, dentro e fora da facul-

dade, envolvem-se em voluntariado, nas praxes, em

bolsas de investigação, em actividades desportivas…” Tal

facto explica se, segundo a estudante, devido ao carácter

integrador da faculdade e da sua Associação de

Estudantes que, desde a entrada dos alunos no primeiro

ano, se esforça por recebê los e apoiá los, independente-

mente de os mesmos optarem por aderir à praxe ou não.

Apontado como exemplo ficou um novo projecto de

mentoria, “feito em colaboração entre a faculdade e a

associação de estudantes, em que durante todo o ano, os

estudantes do 1º ano que se quiseram inscrever foram

designados a um mentor [os mentores são estudantes

mais velhos] e que os ajuda ao longo do 1º ano na sua

integração, mesmo em questões mais burocráticas, para

facilitar e ajudar aos processos de inscrição, por exem-

plo. Alguém que os acompanha mais de perto, com

quem possam ir ter, de quem se lembrem da cara. Acho

que foi um mecanismo muito importante e que espero

que se perpetue por anos seguintes.” Foi ainda

destacado “o sentimento da casa, de estar em casa” como

característica distintiva dos estudantes de Psicologia da

FPCEUP.

A propósito da Associação de Estudantes da Faculdade

de Psicologia e de Ciências da Educação da Universi-

dade do Porto (AEFPCEUP) e da sua organização, Joana

explicou: “o meu cargo é de vice-presidente. Faço um

bocadinho de tudo. Eu e o presidente, o Tiago Paiva,

temos a nosso cargo a representação externa da Associa-

ção e a representação também aqui na faculdade e a

coordenação de todos os projectos que a Associação

assume. Depois claro que acabamos por fazer também

um pouco de tudo, não nos limitamos a coordenar. A

Associação de Estudantes é constituída por três órgãos

independentes: a Direcção, a Reunião Geral de Alunos e

o Conselho Fiscal, mas como somos um grupo relativa-

mente pequeno tentamos juntar nos, fazemos reuniões

vendo a disponibilidade de cada um e dividimos tarefas.

Temos departamentos, cada um tem mais responsabili-

dades nisto ou naquilo, mas na prática trabalhamos

muito em conjunto. Também temos a Secretaria da Asso-

ciação, com uma secretária contratada que é um grande

apoio, que trata de tudo o que é serviços aos estudantes

(venda de senhas de almoço, venda de material, orga-

nização de inscrições, etc.). Somos muito próximos da

a psicologia na Universidade do Porto

Page 86: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

86 Edição 0 - 2º semestre de 2011

direcção aqui da faculdade. Eles são um grande apoio e

quando temos algum problema conseguimos facilmente

ir falar com alguém da direcção que nos tem prestado

sempre todo o apoio possível.” No que concerne à inter-

acção e contacto com os seus representados, a AEFP-

CEUP recorre sobretudo a dois canais de comunicação:

o contacto directo e pessoal com os membros da Associa-

ção dos Estudantes, que se dão a conhecer logo na

campanha e que procuram mostrar-se disponíveis:

“normalmente as pessoas da Associação passam muito

tempo aqui na faculdade, portanto há muita interacção

face a face. As pessoas conhecem-nos nos corredores,

falam connosco, vêm ter connosco […] Temos também a

sala, onde os estudantes podem vir ter conosco, e

também a nossa secretaria”. O outro canal é a internet: a

AEFPCEUP interage com os seus representados através

do seu site e do facebook e possui um e-mail interno

através do qual também comunica com os alunos, cujos

contactos se encontram agrupados numa base de dados.

A Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da

Universidade do Porto apresenta se assim como uma

instituição de ensino pautada por considerável

dinamismo, trabalho e inovação, aspectos que se

reflectem nos seus estudantes, cujo orgulho na faculdade

é evidente.

a psicologia aqui e agora

Page 87: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

a psicologia além fronteiras

A Psicologia Além Fronteiras

87RUP - Edição 0

Moinhos, tulipas e sapatos de madeira são as imagens

que caracterizam a Holanda, no entanto, a que mais

agrada aos locais é a de homens de negócios internacio-

nais, trabalhadores e justos. De facto, desde a sua luta

pela independência (‘A Guerra dos Oitenta Anos’

(1568-1648)) contra o império espanhol, a Republica

da Holanda viveu o seu próprio Renascimento que deixou

uma profunda marca na civilização moderna. O período

que ficou conhecido como o Século de Ouro Holandês

ficou marcado pela expansão marítima, mas também

pela expansão intelectual e científica.

Em consequência deste clima de tolerância e abertura, a

Republica Holandesa produziu um extenso grupo de

artistas como Rembrandt ou Vincent Van Gogh. O

mesmo aconteceu no domínio da Ciência, tendo

protagonizado várias invenções e avanços tecnológicos

(e.g. o microscópio, o relógio de pêndulo, etc.). A figura

dominante foi o matemático e astrónomo Christiaan

Huygens (1629-1695) cuja investigação incidiu no

desenvolvimento dos primeiros telescópios elucidando a

natureza dos anéis de Saturno e a descoberta da lua de

Titã.

Algo mais pode ser atribuído aos holandeses. Serem fiéis

às suas raízes culturais. Ainda hoje podemos constatar

que a mesma importância é colocada em manter a sua

posição de prestígio nos campos da educação, pesquisa,

ciência e tecnologia. Sinal disso é a permanência no

ranking do Times Higher Education (THE) que, este ano,

colocou 10 universidades holandesas no Top 200 a nível

mundial. Outro factor que elevou o ensino superior

holandês a outro patamar de excelência e reputação

internacional foi o desenvolvimento e implementação da

metodologia de ensino Problem-based learning ou

Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP).

Esta estratégia pedagógica centrada no aluno tem como

objectivo promover o conhecimento em diversas áreas,

mas também fomentar a criatividade e desenvolvimento

de competências na resolução de problemas e apren-

dizagem auto-centrada. O professor, que adopta uma

posição de facilitador do conhecimento expõe aos

alunos um caso para estudo num contexto realista e sem

soluções estruturadas. Os estudantes reúnem-se em

“A minha experiência pessoal enquanto estudante internacio-nal durante este semestre permitiu-me comprovar que toda a qualidade e distinção conferida à Universidade de Groningen e ao ensino superior holandês em geral, é de facto merecida. ”

PSICOLOGIA ONDE LARANJANÃO É SÓ A COR DO CURSO

por Pedro AlmeidaEstudante da FPCE-UC

em Erasmus na Universidade de Groningen

Page 88: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

88 Edição 0 - 2º semestre de 2011

a psicologia aqui e agora

grupos de trabalho, identificam o problema, investigam,

debatem, interpretam e produzem possíveis soluções

para o problema. Desta forma, o papel do professor e

aluno encontram-se invertidos onde o aluno passa de um

mero inerte recipiente de informação para um agente

activo no seu processo de aprendizagem sobre o mundo.

Enquanto no processo tradicional de orientação cogni-

tiva, o professor é visto como o único detentor e transmis-

sor do conhecimento, nesta abordagem é atribuído ao

docente o papel de guia no processo de aprendizagem

com o objectivo auxiliar os alunos no processo de

resolução dos problemas.

A sua posição geográfica no coração da Europa aliada

ao enorme investimento na formação internacional faz

da Holanda uma escolha óbvia para quem aspire a um

percurso profissional além-fronteiras. Na verdade, a

Holanda foi o primeiro país de origem não anglófona a

oferecer cursos inteiramente leccionados em inglês e

contam neste momento com 81.700 estudantes interna-

cionais. No total, as instituições de ensino superior

holandesas têm à disposição 1.560 cursos e programas

de estudo completamente dados em inglês. Entre estas

está a Universidade de Groningen onde tive a oportuni-

dade de estudar durante um semestre no programa de

mobilidade Erasmus. Em cada ano a Universidade de

Groningen recebe mais de 3.500 estudantes originários

de 115 países diferentes e este ano fui um desses sortu-

dos!

Desde a sua fundação em 1614, a Universidade de

Groningen detém uma reputação internacional como

sendo uma instituição de ensino dinâmica e inovativa.

Até à data da sua fundação, quase metade dos seus

estudantes e professores eram originários de fora da

Holanda – por exemplo, o primeiro Rector Magnificus,

Ubbo Emmius. Mas havia, ao mesmo tempo, uma

relação de grande proximidade entre a universidade, a

cidade e a região envolvente. No séc. XIX, foi conferida à

universidade, para além da vertente educacional, a

tarefa da investigação, ponto de partida para o que é

hoje a universidade na vanguarda da investigação. A

Universidade de Groningen desenvolveu-se rapidam-

ente durante as primeiras décadas do séc. XX. O número

de faculdades e de programas cresceu de forma

constante, ao mesmo tempo que o número de alunos

registou um crescimento exponencial.

Em linha com esta tradição académica, a Universidade

de Groningen goza ainda hoje de renome mundial como

uma universidade líder na investigação. A aquisição de

conhecimento especializado com base numa aborda-

gem interdisciplinar, constituem a base dos seus

programas, dos quais 83 do nível de mestrado (MSc) e 8

do nível pré graduado (BSc) são leccionados em inglês.

Dos milhares de universidades em todo o mundo, a

Universidade de Groningen pertence ao Top 200

A Holanda tem a maior densi-dade populacional (493 habi-tantes / km2) do que qualquer outro pais europeu.

Os holandeses são as pessoas mais altas do mundo, com uma média de 184 cm para os homens e 170 para as mul-heres

Page 89: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

89RUP - Edição 0

a psicologia além fronteiras

Cada holandês tem pelo menos uma bicicleta e no total há duas vezes mais bicicletas do que carros

segundo o ranking Times Higher Education. De acordo

com o Centro Alemão para o Desenvolvimento do Ensino

Superior (CHE), a Universidade de Groningen é um

membro do denominado ‘Grupo de Excelência’ das

melhores universidades na Europa.

A minha experiência pessoal enquanto estudante inter-

nacional durante este semestre permitiu-me comprovar

que toda a qualidade e distinção conferida à Universi-

dade de Groningen e ao ensino superior holandês em

geral, é de facto merecida. A

flexibilidade é visível de forma

transversal a todo o sistema de

ensino onde, por exemplo, a

escolha das disciplinas a frequen-

tar é deixada ao critério do aluno

e em que cada semestre é

dividido em dois blocos de três

disciplinas possibilitando ao

aluno acompanhar mais atenta-

mente as matérias. Assim os

estudantes são encorajados a

trabalhar de forma autónoma no

absorver e filtrar do conheci-

mento adquirido de modo a

construir um conjunto estrutu-

rado de “verdades” ou factos que

perfazem o corpo de conheci-

mento.

A estrutura das aulas, direccio-

nada para o desenvolvimento de

competências relacionadas com a

investigação científica, divide-se

numa primeira parte leccionada

pelo professor regente da discip-

lina e uma segunda onde um

professor/investigador da facul-

dade apresenta investigação feita

por si relacionada com conteúdos

Page 90: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

90 Edição 0 - 2º semestre de 2011

Nova Iorque começou como uma colónia holandesa chamada Nova Amesterdão fundada pela Companhia das Índias Orientais

a psicologia aqui e agora

dados nas aulas. Uma espécie de passagem da teoria à

pratica, em que a segunda palestra complementa a

primeira e vice-versa.

Para mim estudar psicologia na Holanda foi a desculpa

perfeita para sair da minha zona de conforto, dar um

salto em frente no desconhecido e abraçar a incerteza. O

que no início parecia dúvida e indecisão, depressa se

transformou num sentimento de determinação e respon-

sabilidade. Por ter adquirido outras perspectivas acerca

de assuntos que julgava estáticos, tenho agora o distan-

ciamento necessário para analisar a situação e tomar

uma posição mais coerente e informada. Tudo serviu

apenas para aumentar a fasquia e seguir o caminho em

frente. Assim, posso seguramente concluir que a minha

experiência pessoal serviu para confirmar as altas expec-

tativas com que embarquei nesta viagem.

Estas razões (e todas as outras não referidas claro!) fazem

da Holanda, e em particular da Universidade de Gronin-

gen, o ponto de referência para quem planeia seguir

uma formação de alta qualidade internacional e ao

mesmo tempo viver uma cultura diferente num ambiente

descontraído, inovador e rico em espaços verdes.

Page 91: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

LIGAÇÕESÚTEIS

Page 92: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

a psicologia aqui e agora

50 Edição 0 - 2º semestre de 2011

Ligações ÚteisRUP

ASSOCIAÇÕES DE ESTUDANTES

[email protected]

[email protected]

[email protected]

[email protected]

ADMINISTRAÇÃO

EQUIPA EDITORIAL

COMISSÃO CIENTÍFICA

DEPARTAMENTO JURÍDICO,FINANCEIRO E TESOURARIA

http://anep.pt/

[email protected]

239 838 488

ANEPAssociação Nacional de

Estudantes de Psicologia

http://efpsa.org/

EFPSAEuropean Federation of

Psychology Students’ Associations

http://jeps.efpsa.org

[email protected]

JEPSJournal of European

Psychology Students

http://www.aefpceup.pt.am/

[email protected]

220 120 842

AEFPCEUPAssociação de Estudantes da

Faculdade de Psicologia e Ciências

da Educação da Universidade do Porto

Page 93: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

a prática profissional em psicologia

51RUP - Edição 0

http://ae.fpce.ul.pt/

[email protected]

217 973 179

AEFPIE-ULAssociação de Estudantes da

Faculdade de Psicologia e do Instituto

de Educação da Universidade de Lisboa

http://aepum.blogspot.com/

[email protected]

AEPUMAssociação de Estudantes de

Psicologia da Universidade do Minho

http://www.facebook.com/profile.php?id=100001851793554 [email protected]

218 811 700

AEISPAAssociação de Estudantes do

Instituto Superior de Psicologia Aplicada

http://www.nepue.uevora.pt/

[email protected]

220 120 842

NEPUENúcleo de Estudantes de Psicologia

da Universidade de Évora

http://www.uc.pt/fpce/estudantes/NEPCE-AAC/facebook/ [email protected]

239 838 488

NEPCE-AACNúcleo de Estudantes de Psicologia, de

Ciências da Educação e de Serviço Social

da Associação Académica de Coimbra

http://aeiscsnnpc.bravehost.com/

[email protected]

NPC-AEISCSNNúcleo de Psicologia Clínica da Associação

de Estudantes do Instituto Superior

de Ciências da Saúde – Norte

Page 94: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

a psicologia aqui e agora

52 Edição 0 - 2º semestre de 2011

INSTITUIÇÕES DE ENSINO

[email protected]

http://www.dpsic.uevora.pt/

266 744 522

Departamento de Psicologia da

Universidade de Évora

http://www.psi.uminho.pt/

[email protected]

253 604 220 / 253 604 683

EPSIEscola de Psicologia da

Universidade do Minho

http://www2.fp.ul.pt/

[email protected]

217 943 655

FPULFaculdade de Psicologia da

Universidade de Lisboa

http://www.uc.pt/fpce

[email protected]

239 851 450

FPCE-UCFaculdade de Psicologia e de Ciências da

Educação da Universidade de Coimbra

http://www.cespu.pt/pt-PT/[email protected]

224 157 100

Instituto Superior de Ciências

da Saúde – Norte

http://aeiscsnnpc.bravehost.com/

[email protected]

218 811 700

ISPAInstituto Superior de Psicologia Aplicada

Page 95: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

quem foi a RUP

http://www.fpce.up.pt/[email protected] 079 700

FPCE UPFaculdade de Psicologia e de Ciências da

Educação da Universidade do Porto

Outras Instituições/Associações

http://www.fct.pt/

213 924 300

Fundação para a Ciência e a Tecnologia

https://www.ordemdospsicologos.pt/[email protected]

213 400 250/1

Ordem dos Psicólogos Portugueses

http://www.rug.nl/

[email protected]

+31 (0)50 363 91 11

Universidade de Groningen

http://www.gulbenkian.pt/

[email protected]

217 823 000

Fundação Calouste Gulbenkian

Page 96: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

EDITAISE

ANÚNCIOS

Page 97: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

Revista Universitária de Psicologia

Comissão Cientifica

2011

Regras de Submissão

97RUP - Edição 0

- Chamada de Trabalhos: entre 28 de Novembro de 2011 e 10 de Fevereiro de 2012.

- Tipo de trabalhos: Serão aceites para revisão os trabalhos cuja componente científica se identifique como artigos de

natureza empírica, documentos de revisão bibliográfica ou apresentação de projectos.

- Os autores deverão ser alunos do 1.º ou 2.º Ciclo do Mestrado Integrado em Psicologia, podendo os recém-formados

submeter igualmente trabalhos (Prioridade: 1.º Ciclo);

- Os trabalhos a submeter via e-mail ([email protected], com o Assunto: Submissão de Artigo) deverão

respeitar as seguintes condições:

* o(s) autor(es) deverá/deverão identificar-se (nome completo, e-mail, instituição de ensino);

* o trabalho deverá ser apresentado na seguinte ordem: título, resumo em português [150 palavras Max.], palavras-

chave (5), texto com figuras, quadros e legendas, bibliografia;

* o texto deverá ser em formato Word; máximo de 20 páginas; letra times new roman, tamanho 12, estilo justificado e

espaçamento de 1.5, devem ser enviados em português e obedecer às normas da APA, 6ª edição;

- Deve ser indicada a área de submissão [Psicologia da Educação, Desenvolvimento e Aconselhamento; Psicologia

Social; Psicologia das Organizações e Trabalho; Psicologia Clínica; Psicologia Forense e Criminal; Metodologias

Científicas e Avaliação Psicológica; Neuropsicologia e Memória; Outras];

- O autor deverá autorizar a publicação do artigo na revista e assegurar que o mesmo não será submetido a outra

revista ou jornal;

- O autor será notificado pela Comissão Cientifica da RUP com a informação da avaliação do artigo por parte do

revisor, até um máximo de uma semana após a disponibilização da mesma avaliação;

- O autor deverá comprometer-se a efectuar as alterações propostas pelas revisores, sob pena do trabalho não ser

publicado, até um máximo de 2 semanas, após notificação;

- O autor será informado da respectiva edição em que o artigo será editado, sendo notificado para realizar uma leitura

final antes da publicação.

Revista on-line N.º 0, Publicação em Abril de 2012

EDITAL

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Page 98: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

Revista Universitária de Psicologia

Comissão Cientifica

2011

Revisores

Ter qualificação na área da Psicologia (Grau de Licenciatura [1.º Ciclo], Mestrado ou ser aluno de

Doutoramento);

Possuir conhecimentos científicos direccionados para a área de candidatura, de acordo com as seguintes

categorias de revisão em Psicologia: Psicologia da Educação, Desenvolvimento e Aconselhamento;

Psicologia Social; Psicologia das Organizações e Trabalho; Psicologia Clínica; Psicologia Forense e

Criminal; Metodologias Científicas e Avaliação Psicológica; Neuropsicologia e Memória;

O candidato deverá apresentar um curriculum vitae (formato europeu), uma carta de motivação, certifi-

cados de formação e uma carta de referência (facultativo);

Disponibilidade para assumir compromissos temporais na revisão de trabalhos científicos e familiaridade

com grelhas de avaliação;

As vagas para revisor associado são limitadas, devendo os interessados submeter a candidatura entre 28

de Novembro de 2011 e 05 de Fevereiro de 2012;

A candidatura deverá ser enviada para o e-mail ([email protected], com o Assunto: Concurso de

Revisores).

CONCURSO PARA REVISORES ASSOCIADOS DA RUP

EDITAL

12

3456

98 Edição 0 - 2º semestre de 2011

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Page 99: Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011

99RUP - Edição 0

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Revista Universitária de Psicologia2011

Assinaturas RUP

A Revista Universitária de Psicologia da Associação Nacional de Estudantes de Psicologia, (RUP/ANEP), organiza um

sistema de assinaturas para os seus leitores e que é descrito no presente documento.

- A assinatura é composta por um conjunto de 3 números

da RUP em formato impresso.

- Terá um preço de 10€, representando assim um

desconto de 0.50€ em comparação com a compra

isolada das três revistas.

- Os assinantes da RUP recebem um correio electrónico

a confirmar a disponibilidade de levantamento da sua

revista.

- Os assinantes da RUP têm os seus números da revista

reservados.

DISPOSIÇÕES GERAIS

Composição/Vantagens/Preços

- As assinaturas só podem ser levantadas nos núcleos ou

associações de estudantes de psicologia com parceira de

distribuição com a RUP/ANEP.

- Caso seja impossível para algum assinante recolher a

sua respectiva revista, a mesma poderá ser reenviada

para uma morada indicada mediante o pagamento dos

portes de envio.

Distribuição

O método definido para pagamento é Transferência

bancaria. Os detalhes relativos ao pagamento serão

enviados por correio electrónico ao assinante após a sua

inscrição como tal.

Métodos de pagamento- Preencher a ficha de assinatura, enviando-a para

[email protected]

- Efectuar o pagamento da quantia de 10€ através de

transferência bancaria, seguindo os dados enviados por

correio electrónico após a submissão da inscrição.

-Enviar o comprovativo de pagamento para o correio

electrónico [email protected]

-Após o devido preenchimento da ficha de inscrição e

pagamento da assinatura serão enviados a cada edição

da revista os dados relativos aos locais de levantamento

disponíveis para escolha do assinante ou em caso de

impossibilidade de deslocação até estes, o procedi-

mento para o envio a um endereço da sua escolha medi-

ante pagamento dos portes de envio.

Procedimento

Nome

Nº de BI ou outro documento identificativo

Telemóvel

Email

Declaração de Aceitação das condições de assinatura

Data

Assinatura do titular da assinatura da RUP

Dados requeridos para reali-zar a assinatura da RUP

Qualquer caso omisso no presente Regulamento será

analisado e sancionado pela Administração da

RUP/ANEP.

Casos omissos

O seguinte Regulamento é valido durante o período que

implique a publicação ordinária de três números.

Validade

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