Revista Universitária de Psicologia Nº0 - 2011
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PASSADO|
PRESENTE|
FUTURO
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PRESENTE|
FUTURO
ISSN 2182-42582
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A PSICOLOGIAAQUI E AGORAA PSICOLOGIAAQUI E AGORAA PSICOLOGIAAQUI E AGORA
PASSADO|
PRESENTE|
FUTURO

Victor E.C. OrtuñoCoordenador Departamento Jurídico,
Financeiro e Tesouraria
Administraçã[email protected]
Comissão [email protected]
Comissão de Revisão Cientí[email protected]
Departamento Publicidade e [email protected]
João Carlos ArrudaAdministrador96 511 87 10
91 733 41 30
Departamento Jurídico, Financeiro e [email protected]

editorial
03RUP - Edição 0
Construir uma identidade. É esse o desafio que colocámos a nós próprios para a edição inaugural da Revista Universitária de Psicologia e esse é o mote para os nossos primeiros conteúdos.
Tal como o ser humano, que ao longo do ciclo de vida se vê confrontado com a neces-sidade de se definir como indivíduo distinto, especial, particular, também a Revista Universitária de Psicologia se coloca a si própria um desafio vital. O desafio é renascer! Para tal é imprescindível mostrar-se ao mundo com traços fortes, com características bem definidas: com uma personalidade, uma motivação, um sentir, uma forma de encarar o mundo.
Chega então o momento de a Revista Universitária de Psicologia renascer. E renasce porque não parte do zero. Reergue-se, qual Fénix, das cinzas de um passado mais e menos distante. Tem uma história que merece ser honrada e homenageada, uma memória que certamente contribui para a formação da nova identidade que agora surge. Tem, sobretudo, um legado que quer ser superado.
A Revista Universitária de Psicologia emerge no presente para agir. Em busca da sua identidade, procura olhar-se ao espelho reconhecendo-se inteiramente em todas as suas características… A Revista Universitária de Psicologia começou a construção da sua identidade para se tornar uma figura marcante e indispensável na vida de todos os estudantes de Psicologia em Portugal!
A identidade que pode já ser descoberta nesta edição inaugural vai sendo formada tendo em vista o futuro, procurando desbravar caminho em direcção ao sucesso. A identidade pauta-se, então, por um passado de recordação, um presente de construção e um futuro de sucesso e ambição.
É com esta motivação, esta personalidade e este sentir que a Revista Universitária de Psicologia fará o seu melhor para reflectir a Psicologia Aqui e Agora. Uma Psicologia que é observada e transmitida de estudantes para estudantes, com todo o fascínio que um tema que nos é a todos tão querido implica.
Editorial
Alice Morgado
ISSN 2182-4258

+351 96 3092767
ficha técnica
04 Edição 0 - 2º semestre de 2011
Patrícia Beveren
ANO: 2010
TÉCNICA: Óleo+Acrílico/Tela
Maria Gouveia
editora
fotografia
capa
redacção
contactos
grafismo
Alice Morgado
José Pedro Pires
Andreia Jesus
Ana Rita Martins
Alice Morgado
Roberto Botelho
André Rocha
AUTOR: Gustavo Fernandes
Mariana Guarino
Sérgio Duarte
96 622 51 6291 978 52 80
TÍTULO DA OBRA: Rizoma II
DIMENSÃO: 140x95cm
gráfica
Golden Shopping Center
Av. Sá da Bandeiranº115 piso 2 loja 11
3004-515 Coimbra
+351 239 837061
+351 96 6591579
A Revista Universitária de Psicologia gostaria de transmitir publicamente o seu mais sincero agradecimento ao autor da obra que integrou a capa desta edição, Gustavo Fernandes, por ter gentilmente cedido a sua arte para esta revista.
Agradecimento
///// Interdita a reprodução parcial ou total dos textos, fotografias ou ilustrações sobre quais-quer meios e para quaisquer fins sem previa autorização escrita da Administração da RUP/ANEP /////////////////////////////////////////////////////////////////////////////// Editora: Alice Morgado ///// Administrador: João Carlos Arruda ///// Director da Comissão de Revisão Cientifica: Pedro Belo ///// Tiragem 2000 Exemplares ///// Periodicidade: Semestral ///// Produção: Organismo Autónomo Revista Universitária de Psicologia da Associação Nacional de Estudantes de Psicologia ///// Propriedade: Associação Nacional de Estudantes de Psicologia - ANEP ///////////////// /////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////// Associação Nacional de Estudantes de Psicologia - ANEP ///// Faculdade de Psicologia ////////// Alameda da Universidade ///// 1649-013 Lisboa ///// Portugal //////////////////////////////// Revista Universitária de Psicologia da Associação Nacional de Estudantes de Psicologia - RUP/ANEP ///// 3000 Coimbra ///// Portugal //////////////////////////////////////////////////////////

artigo para a RUP
05RUP - Edição 0
É com grande orgulho que congratulo a equipa editorial assim como os restan-tes membros da equipa por conseguirem trazer, de novo, vida à Revista Univer-sitária de Psicologia que, por certo, conta com um futuro promissor e de sucesso tendo em conta a eficiência do trabalho desenvolvido neste curto de espaço de tempo, culminando na publicação deste número de elevada quali-
MENSAGEM DO
PRESIDENTE DA ANEP
Luís Miguel Tojo - Presidente da ANEP.
dade. Esta publicação encontra-se em perfeita sintonia com o grande objectivo da Direcção do actual mandato da ANEP: renascer. Ao longo desta primeira metade do mandato temos conseguido superar barreiras e atingido vários objectivos que tínhamos estabelecido no início do mesmo com o intuito de tornar a ANEP, novamente, uma Associação representativa e disseminada pelos Estudantes de Psicologia a nível Nacional, lutando por cumprir os objectivos de defender os seus interesses e servindo-os através da organização e promoção de ofertas de cariz científico, pedagógico, cultural e formativo. Neste sentido, para além da negociação de protocolos de colaboração com associações de formação em Psico-logia, contamos já com a organização de um evento científico que teve presença em quatro Universi-dades por todo o país no mesmo dia (Dia ANEP, 26 de Maio) o qual, para além de apresentar uma diver-
sidade de workshops de forte relevância científica, contou, também, com sessões de esclarecimento de membros da Ordem dos Psicólogos Portugueses, com a qual a ANEP encontra-se, actualmente, em diálogo, estreitando as ligações entre os Estudantes e os Profissionais da Psicologia.
A ANEP, enquanto actual membro da EFPSA (European Federation of Psychology Students' Associations) proporciona, também, aos seus estudantes a oportunidade de usufruir dos serviços propostos pela mesma, nomeadamente o Congresso Europeu Anual que se realizará no próximo mês de Abril e cujas vagas abrem a 1 de Dezembro (consultar efpsa.org para mais informações). Ademais, presentemente, a ANEP está a apostar na elaboração de um projecto associado a programas de voluntariado com o intuito de conciliar uma formação mais aprofundada e abrangente dos Estudantes de Psicologia e uma maior sensibilização para com as acções de voluntariado. São de esperar outros projectos que conciliarão tanto uma vertente científica como cultural e social, como é o caso do Encontro Nacional de Estudantes de Psicologia onde este "renascimento" da RUP assim como o próprio "renascimento" do ENEP, coinci-dentemente, se unem para proporcionar, em ambos os casos, trabalhos de qualidade e relevância para todos os Estudantes de Psicologia. É com todo o gosto que desejo a melhor sorte à equipa da revista assim como ao futuro trabalho dos membros da Direcção da ANEP e aos Estudantes de Psicologia a nível nacional. Um bem-haja e saudações académicas.


ÍNDICE

índice
UM PASSADO DE RECORDAÇÃO
ÍNDICE
UM PRESENTE DE CONSTRUÇÃO
UM FUTURO DE AMBIÇÃO
A PSICOLOGIA AQUI E AGORA
RUP: Uma história 19
A ANEP: Uma Associação com 24 anos de História 11
Organigrama 31
O que é a RUP? 27
RUP: Um Sonho 49
Para quem é a RUP? 45
Quem é a RUP? 35
A Investigação em Psicologia 58
A Prática Profissional em PsicologiaEstágios Profissionais da Ordem dos Psicólogos Portugueses 53
06 Edição 0 - 2º semestre de 201108 Edição 0 - 2º semestre de 2011

EDITAIS E ANÚNCIOS
Anúncio da Administração 99
Concurso para Revisores Associados da RUP 98
Regras de Submissão de Trabalhos Científicos 97
A Formação em Psicologia 64
70A Psicologia como uma disciplina (de) Ética
índice
09RUP - Edição 0
A Psicologia Além FronteirasPsicologia onde o laranja não é só a cor do curso 87
A Psicologia na Universidade do Porto 83
António Damásio
António Damásio – Uma Biografia 79
Conferência “Brain, Mind and Feeling” 77Doutoramento Honoris Causa
76
O Livro da Consciência81
LIGAÇÕES ÚTEIS 91


UMPASSADO
DERECORDAÇÃO

A Associação Nacional de Estudantes de Psicologia
(ANEP) foi fundada em 1987. Como todas as associações
estudantis, a sua história é feita do esforço e boa vontade
de equipas que prestaram contributos na medida da
curta escala temporal da sua passagem pela Universi-
dade. Dos depoimentos recolhidos directamente junto
dos protagonistas deste percurso, resulta o retrato
possível daquilo que pretendeu ser, que efectivamente foi
e que se pretende que venha a ser
ANEPUma Associação com 24 anos de História
um passado de recordação
12 Edição 0 - 2º semestre de 2011

ANEP - 24 anos de história
Os primeiros passos
13RUP - Edição 0
Os anos 80, ainda no rescaldo da Revolução, foram
marcados por debates intensos, participação activa dos
estudantes Universitários na discussão da vida
académica e uma forte consciência associativa. Foi neste
ambiente ideológico que num grupo de estudantes, já
então envolvidos nas respectivas Direcções Associativas
ou Núcleos de Estudantes de 3 das Faculdades de Psico-
logia então existentes no país (4 no seu total), surgiu a
ideia de materializar um projecto: criar uma Associação
Inter-Faculdades, capaz de congregar esforços e
defender os interesses comuns
a todos os alunos desta área.
Um dos estudantes funda-
dores, Emídio Guerreiro,
descreveu-nos esse processo
como o resultado de uma
preocupação sentida por um
grupo de gente activa, em
arranjar um espaço de
contacto nacional que permi-
tisse a discussão dos prob-
lemas comuns, ao mesmo
tempo que cumpria uma
função social e de divulgação
e abordagem de questões
científicas e de formação.
Assim, em Janeiro de 87 foi
formalizada a Associação,
com a participação das Facul-
dades de Psicologia do Porto,
Coimbra e Lisboa como Membros de Pleno Direito.
Nesse mesmo ano realizou-se o 1º ENEP, (Encontro
Nacional de Estudantes de Psicologia) no Porto, altura
em que a Associação de Estudantes do ISPA aderiu à
ANEP.
Em Abril, a ANEP organizou o 1º Meeting Internacional
de Estudantes de Psicologia, em Lisboa, com a participa-
ção de 8 países (Portugal, Bélgica, Dinamarca, Espanha,
Finlândia, França, RFA, Suécia e Suiça), no decorrer do
qual foi criada a EFPSA – European Federation of Psicol-
ogy Students Associations.
Em Janeiro de 1988, foi realizado o 2º ENEP, em Coim-
bra. Saul Neves de Jesus, actualmente Director do Curso
de Psicologia da Universidade do Algarve e organizador
desse Encontro comentou, numa entrevista de Janeiro
desse ano à RTP, os propósitos da Associação, então a
atravessar uma fase de
grande visibilidade,
salientando a uniformização
dos planos de estudo e do tipo
de formação dos vários
cursos de Psicologia do país,
no sentido de convergir para
um mesmo perfil profissional,
capaz de prestar um bom
serviço à sociedade.
Dois anos após a fundação da
ANEP, foi proposta por
alguns membros da associa-
ção, a criação de uma revista
acessível a todos os
estudantes de Psicologia a
nível nacional, a RUP (Revista
Universitária de Psicologia).
Na sua primeira edição,
contou com a colaboração de
Cristina Canavarro, actual Docente da Faculdade de
Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de
Coimbra. Apesar de não ter pertencido a nenhuma das
equipas que faziam parte da coordenação da revista, foi
uma das autoras que contribuíram para o primeiro
lançamento da RUP. Desta iniciativa, Cristina Canavarro
recorda e destaca: “o grande empenho, persistência,
trabalho de bastidores, organização e capacidade de

14 Edição 0 - 2º semestre de 2011
um passado de recordação
focalização”, processo este que simboliza grande parte
do trabalho que foi feito pelas diversas equipas que
pertenceram a RUP até hoje. Este momento inovador,
trouxe alguma credibilidade extra à associação, tendo
sido aplaudido e incentivado pelos professores das várias
Faculdades envolvidas. Questionada sobre uma razão
que explique a falta de continuidade de uma revista que
começou tão auspiciosamente, disse-nos: “coloco a
hipótese de que, como outros projectos semelhantes, a
existência de tantos outros estímulos interessantes para
os estudantes, os tenha dispersado”.
De acordo com uma entrevista dada por um dos primei-
ros Presidentes da ANEP (1988), Francisco Brito Evan-
gelista, e publicada na primeira edição da revista RUP
(páginas 33 e 34), o plano de actividades desta
Direcção era ambicioso e revelava um ambiente de
grande dinamismo. Centrava-se na ideia de que a comu-
nicação e divulgação de ideias, bem como a troca de
experiências pessoais, seriam fundamentais para o
desenvolvimento de uma futura classe profissional de
qualidade. Neste sentido estava projectada a criação e
distribuição de um Boletim periódico e a publicação de
uma revista, a RUP; a criação de uma estrutura directiva
forte e bem articulada com a criação de Comissões de
Trabalho Especializadas e um Secretariado Permanente.
A realização de conferências e o estabelecimento de
contactos internacionais seriam também prioritários.
Nesta perspectiva, e ainda para Francisco Evangelista,
era fundamental privilegiar a ligação com a EFPSA.
Nesse sentido, a ANEP participou no 2º Meeting Inter-
nacional de Psicologia realizado em 88 em Liége, na
Bélgica, onde foi dado um grande impulso ao trabalho
federativo com a redacção e aprovação dos Estatutos da
Federação.
Ainda na mesma entrevista, Francisco Brito Evangelista sintetiza da seguinte
forma os objectivos perseguidos pela ANEP: “A promoção de encontros
nacionais e internacionais entre as Associações membros e as congéneres
noutros países, de cariz científico-pedagógico, cultural e desportivo; apoiar e
incentivar todas as iniciativas que visem uma melhor integração dos jovens
licenciados em Psicologia no mundo profissional e ainda uma componente
que considero muito importante, que é a de sensibilizar os estudantes para o
cumprimento das obrigações sociais e éticas no futuro exercício da profissão
de psicólogo”.
A Sede da Direcção da ANEP foi nesta fase inicial em Lisboa mas existia já
nessa época a ideia de que seria importante criar Secretariados Permanentes

15RUP - Edição 0
ANEP - 24 anos de história
Os anos 90Após um período de grande criatividade e empenho, a
ANEP sobreviveu a um período repleto de altos e baixos,
com Direcções tão diferentes entre si que a continuidade
dos projectos de certa forma, se perdeu. Ao longo desta
década, a ideia de publicar uma revista periódica não foi
retomada. Tanto quanto nos foi possível apurar, a activi-
dade da Associação centrou-se na realização de um
ENEP anual bem como de ciclos de conferências em
Lisboa, Porto e Coimbra e na participação nos Congres-
sos da EFPSA.
Dos contactos estabelecidos com diversos membros de
várias direcções da ANEP, resulta a ideia de que a total
ausência de actas ou outra documentação acessível é,
pelo menos em grande parte, resultado da mobilidade
física da Sede da Associação e da muita curta duração
dos mandatos, anualmente renovados. É também
referida neste período alguma disputa de protagonismo
entre as diversas Associações de Estudantes membros da
ANEP. Todos os dados que obtivemos deste período, e
dada essa ausência de registos, são memórias dos
ex-dirigentes e é-nos impossível garantir o seu absoluto
rigor.
Assim, em 91/92 a Sede da ANEP foi em Coimbra, e em
92/93, passou para o ISPA, onde se terá mantido em
93/94 e 94/95. Segundo Jorge Aguiar, na altura Presi-
dente do Núcleo de Estudantes de Psicologia da Univer-
sidade de Coimbra, e Frederico Rosas, ambos perten-
centes à Direcção (92/93), a actividade da ANEP
envolveu bastante empenho e motivação por parte da
equipa que a presidiu neste período. Sob a Direcção de
Bruno Rasga, terá sido dado relevo à representação
portuguesa na EFPSA e à realização de actividades de
divulgação e contactos com Associações Profissionais de
Psicólogos, na tentativa de estabelecer pontes entre os
estudantes e o mundo do trabalho. Pela primeira vez, a
ANEP participou nos ENDA (Encontros Nacionais de
Dirigentes Associativos) e nas lutas e reivindicações
estudantis que tiveram grande expressão nesta época,
nomeadamente na contestação ao aumento das propi-
nas. Foram realizados pelo menos dois ENEPs neste
mandato, o que mostra bem a proximidade entre a
\Direcção, os Membros da associação e os estudantes de
Psicologia. Em 1994 a Faculdade de Psicologia da
Universidade do Minho passou a ser Membro de Pleno
Direito da ANEP.
Alcino Silva que pertenceu à Direcção em 95/96, numa
fase que referiu como atribulada, alegou alguma disputa
interna de poder entre as Faculdades como a principal
razão para a instabilidade sentida imediatamente após
um período tão alto da ANEP. Depois da realização de
um Concelho Geral extraordinário, que resultou na
interrupção do mandato vigente, foi criada uma direcção
de gestão provisória em Coimbra, até novas eleições.
A partir de 1996, a direcção da ANEP sediou-se no Porto
e a actividade da Associação centrou-se sobretudo na
realização de um ENEP anual. Neste período foi inter-
rompido o contacto oficial com a EFPSA, que no seu site
refere o estatuto de Portugal como o de “país observa-
dor” num documento de Março do mesmo ano.)
Victor Coelho, Presidente da Associação de Estudantes
da FPCE-UL entre 96 e 98, e dirigente da ANEP também
nesse período e actual Secretário da Ordem dos Psicólo-
gos, só teve conhecimento da existência da antiga
relação que existia entre a Federação (EFPSA) e Portugal,
aquando da sua presença, um pouco fortuita e a título
particular, no Congresso realizado na Estónia em 1998.
Retomada esta ligação, Portugal propôs-se realizar o
Congresso da EFPSA em 1999. Assim, este teve lugar em
Tróia e, embora com um número limitado de partici-
pantes (50), revelou-se um sucesso em termos de quali-
dade e receptividade por parte dos vários países interve-
nientes (11).

um passado de recordação
16 Edição 0 - 2º semestre de 2011
O novo milénio
A nova década iniciou-se com grande dinamismo. No
início de 2001 aderiram à ANEP dois outros membros,
o Núcleo de Estudantes de Psicologia Clínica do Instituto
Superior de Ciências da Saúde do Norte (NEPCISCS-N)
e o Núcleo de Estudantes de Psicologia Clínica do
Instituto Superior de Ciências da Saúde do Sul
(NEPCISCS-S). Seguidos pela inclusão, no ano seguinte,
do Núcleo de Alunos de Psicologia Social e das Orga-
nizações do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e
da Empresa (NAPSO).
Retomado o projecto RUP, foram
editados novos números da revista
em 2002 e em 2003 e a ANEP
promoveu a realização de um novo
Congresso da EFPSA, desta vez no
Porto, onde continuava sediada a
Associação.
No entanto, após a saída a equipa
de 2003/2004, a ANEP ficou
numa situação financeira muito
difícil e esteve completamente
desactivada até 2007. De acordo
ainda com Victor Coelho, que man-
teve uma ligação à ANEP até esta
altura, este descalabro ocorreu no
rescaldo do Congresso da EFPSA
(2003 no Porto). Embora um
sucesso do ponto de vista da afluên-
cia e da qualidade dos trabalhos
apresentados, este evento teve
consequências financeiras graves.
Por razões de deficiente gestão e
orçamentação foram excedidos os
plafonds disponíveis e a Associação
não teve capacidade para fazer face
ao cumprimento de todas as suas
obrigações, quer com os fornece-
dores quer com o Estado. Num
relatório da Assembleia Geral da EFPSA de 2005,
realizada em Madrid, é proposta a exclusão de Portugal
como país membro da Federação.
Em 2007, um grupo de estudantes de Coimbra, liderado
por João Carlos Arruda, decidiu reerguer a Associação.
Surgiu um novo projecto depois de restabelecido o
contacto com as Associações de Estudantes das várias
Faculdades de Psicologia do país, reunindo um amplo

ANEP - 24 anos de história
17RUP - Edição 0
consenso e a representação de 7 Membros de Pleno
Direito de então: o Núcleo de Estudantes de Psicologia e
de Ciências da Educação da Associação Académica de
Coimbra (NEPCE/AAC), a Associação de estudantes da
Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da
Universidade de Lisboa (AEFPCEUL), a Associação de
Estudantes da Faculdade de Psicologia e Ciências da
Educação da Universidade do Porto (AEFPCEUP), A
Associação de Estudantes do Instituto Superior de Psico-
logia Aplicada (AEISPA), Associação de Estudantes de
Psicologia da Universidade do Minho (AEPUM), o
Núcleo de Estudantes de Psicologia Clínica do Instituto
Superior de Ciências da Saúde do Norte (NEPCISCS-N)
e o Núcleo de Estudantes de Psicologia da Universidade
de Évora (NEPUÉ).
De acordo com Andreia Ferreira, ex Vice-Presidente da
AEFPCE-UP e Secretária da mesa do Conselho Geral da
ANEP no mandato de 2007/8, este foi um projecto
bastante desafiante que implicava um enorme esforço
para retomar a actividade da Associação e que teria que
ser desenvolvido em várias frentes.
A regularização da situação financeira, a reestruturação
interna e a recuperação da credibilidade, foram as
grandes prioridades. Terá sido desenvolvido um plano de
trabalho pela nova equipa, que passou pela elaboração
de alguns documentos internos, discussão e reflexão que
viriam a dar origem a uma proposta de revisão dos
Estatutos. Nesse mesmo ano lectivo foi retomado o ENEP
com a organização de um Encontro em Albufeira.
Tânia Martins, Vogal desta Direcção, acrescenta ainda
que, embora todos os novos corpos dirigentes reunissem
gente com alguma experiência associativa, o carácter
federativo da ANEP acresce complexidade e dificuldades
na resolução de algumas questões. Destaca as dificul-
dades financeiras com que se depararam e a total ausên-
cia de bases documentais que permitissem dar uma
continuidade imediata e eficaz ao funcionamento interno
da Associação. Ambas as dirigentes, que acompanharam
de perto a actividade das direcções de 2007 a 2010,
concluem que, apesar das dificuldades e esforço
empreendido ao longo do mandato de 2007/8, a
associação acabou por ser reconhecida pelos
estudantes, sobretudo após a realização do ENEP, que
mais uma vez mostrou ser o grande pólo agregador e o
evento que garante maior visibilidade à ANEP.
Conseguiram regularizar a situação pendente em
termos de Finanças e de relação com o Instituto Portu-
guês da Juventude. A reposição da legalidade fiscal,
assumia uma enorme importância e permitiria às poste-
riores direcções realizar candidaturas a apoios e finan-
ciamentos. Foi pedido e concedido o Estatuto de Pessoa
Colectiva de Utilidade Pública que, como é sabido,
confere um posicionamento favorável a uma associação
sem fins lucrativos.
No entanto, nos dois mandatos seguintes, 2008/2009
e 2009/2010 voltaram a sentir-se conturbações a nível
interno que acabaram por comprometer a realização de
grande parte das actividades, nomeadamente o ENEP.
Tânia Martins e Andreia Ferreira destacam a atitude de
grande alheamento por parte dos Membros de Pleno
Direito que dificultava o trabalho e também as tomadas
de decisão.
O ano 2009/2010 acabou por se centrar em torno de
novas tentativas de divulgação junto dos estudantes
através de actividades mais próximas, de carácter local,
promovidas em parceria com as AAEE ou Núcleos. Os
objectivos acabaram por ser os mesmos dos dois manda-
tos anteriores: recuperação financeira e reconhecimento
da associação por parte dos estudantes. Mais uma vez
estes objectivos não foram totalmente atingidos.
Retomando as palavras das duas dirigentes: “No fundo,
pensamos que desde o seu «renascimento», a ANEP
nunca conseguiu constituir-se como uma estrutura
consistente que permitisse aos estudantes uma identifi-

um passado de recordação
18 Edição 0 - 2º semestre de 2011
cação e confiança nesta associação. O facto de ser uma
estrutura nacional faz com que tenha que existir uma
grande articulação entre os órgãos sociais, o que se torna
difícil numa estrutura frágil e debilitada, com vários avan-
ços e recuos que fazem com que os objectivos a que cada
Direcção se compromete, fiquem aquém daquilo que é
esperado. Pensamos que o principal problema vivido na
ANEP neste período tem que ver com ausência de uma
identidade: por parte dos órgãos sociais, por parte dos
membros de pleno direito e, consequentemente, por
parte dos estudantes.”
Uma das principais preocupações da nova direcção,
quando foi desafiada pelo João Carlos Arruda a partici-
par neste projecto, foi conhecer um pouco mais acerca
da associação. Esta tarefa acabou por se revelar bastante
complicada, na medida em que o suporte documental
era escasso e se encontrava disperso. Daí que tenha sido
difícil perceber os pilares em que a ANEP assentava e os
princípios pelos quais se deveria guiar. A reflexão e
discussão sobre a Associação e sobre aquilo que os mem-
bros de pleno direito activos esperavam dela conduziram
à elaboração de um plano de actividades bastante ambi-
cioso, que incluía objectivos como a regularização da
situação financeira e legal, a criação de um site, a revisão
de funcionamento da RUP e a realização do I Encontro
Nacional de Dirigentes Associativos de Psicologia.
Num balanço geral sobre o que foram estes três anos da
ANEP, acrescentaram que “…acabaram por conseguir
repor a legalidade e iniciar de imediato o saneamento
financeiro, procedimento que acabou por ser concluído
na direcção seguinte, e realizar o ENEP. O site, apesar de
ter sido concretizado, não o foi nos moldes inicialmente
programados e acabou por não atingir os objectivos
propostos, em termos de divulgação. Apesar de não
acreditarmos ser possível regularizar a situação finan-
ceira num só mandato, a realização do ENEP permitiu o
pagamento de algumas das dívidas antigas que a ANEP
tinha contraído.”
Relativamente ao que conhecem da situação presente da
Associação, “…mesmo não conhecendo o funciona-
mento interno dos actuais órgãos sociais e o envolvim-
ento dos membros de pleno direito, acreditamos que
esta direcção tem o espírito e a determinação
necessários para levar a ANEP mais longe. Aliás, os resul-
tados falam por si, seja através do site, que qualquer um
pode consultar a pretexto do ENEP, já com alguns work-
shops lotados e neste pedido de conteúdos para a RUP,
um projecto há tanto tempo adiado! Com a actual situa-
ção da Psicologia do nosso país, com as alterações intro-
duzidas pela Ordem na situação profissional, com o novo
«estatuto» do psicólogo estagiário, parece-nos essencial
a existência de uma ANEP forte e consistente, que
consiga defender e dar voz aos interesses dos estudantes.
A ANEP deve estar suficientemente estruturada de forma
a poder intervir nas decisões políticas que têm vindo a ser
tomadas e que afectam os psicólogos, em geral, e os
estudantes em particular. Deve exigir-se a um organismo
como a ANEP que não se alheie de todas as modificações
que se têm verificado nos últimos tempos e parece-nos
que esta Direcção estará a trabalhar nesse sentido. Só
com o imprescindível envolvimento de cada órgão social,
de cada AE/Núcleo membro de pleno direito se poderá
conseguir uma ANEP comprometida, participativa e,
consequentemente, participada! O envolvimento e
reconhecimento por parte dos estudantes passa por não
sentirem as suas expectativas defraudadas, pelo que
esperamos que a actual Direcção caminhe num sentido
contrário à instabilidade, que tem caracterizado sobre-
tudo os últimos anos deste percurso associativo.”

O QUE FOI A RUPNo editorial do 1º número da Revista Universitária de
Psicologia, o director da altura escreve “Demorou mas saiu. De alunos, por alunos e para alunos foi a dinâmica que caracterizou uma ideia e uma vontade de fazer aparecer esta Revista.” Iniciava-se assim a RUP numa das
mais felizes ideias e num dos mais felizes momentos da
história associativa em Psicologia em Portugal. No
entanto a sua história é pautada pela descontinuidade,
algo que nunca fez temer quem lhe deu nova vida.
A RUP teve, digamos, dois momentos anteriores a este
que se está a iniciar. O primeiro e a sua fundação, como
organismo da Associação Nacional de Estudantes de
Psicologia (ANEP), deu-se no ano de 1988, um ano após
RUPuma história
19RUP - Edição 0
a ANEP surgir, e teve quatro números entre 1988 e
1989. O segundo momento teve um inicio faseado em
1998 com o ressurgimento da RUP, e portanto de um
novo nº0, num formato simples e que de algum modo foi
a faísca para que, em 2002 e 2003, fossem editados os
números 1 e 2, fazendo portanto parte de uma história
mais recente.
Originalmente, a Revista Universitária de Psicologia
surge em 1988, por iniciativa da ANEP. Inicialmente, nos
seus membros, “reunia representantes das direcções de estudantes das 3 Faculdades de Psicologia Estatais, FPCE-UP, FPCE UC e FPCE-UL, e o ISPA”, como nos
conta, um dos directores da RUP associados ao primeiro
momento de existência da revista, o doutor José Luís
Gomes, então estudante de Psicologia e membro da
ANEP. João Guedes Barbosa, outro director da RUP de
então, também na altura estudante de Psicologia e
membro da ANEP, conta-nos que a revista “nasce na sequência de uma vontade de juntar as 3 Faculdades de Psicologia e de criar um meio de comunicação que de
“Demorou mas saiu. De alunos, por alunos e para alunos foi a dinâmica que caracterizou uma ideia e uma vontade de fazer aparecer esta Revista.”
RUP - uma história

20 Edição 0 - 2º semestre de 2011
alguma forma desse uma identidade corporativa a uma classe profissional que estava a emergir no mercado nacional em finais da década de 80. Os psicólogos estavam a começar a aparecer e era preciso, em primeiro lugar, unirmo-nos e, em segundo lugar, aparecer à socie-dade, fosse ela académica fosse ela a civil, de uma forma mais madura.”. Assim, no seu inicio, a RUP pretendia
essencialmente dar voz aos estudantes de Psicologia,
proporcionando-lhes a oportunidade de submeter os
seus trabalhos para serem editados na revista. Outro
ponto essencial era o de ser uma via de comunicação
daquilo que se passava na ANEP e na Psicologia em
geral, tendo também como propósito a transmissão de
algumas notícias.
A equipa da RUP era então formada por um director e
dois directores associados e diversos colaboradores, que
eram não só alunos, mas também professores de Psicolo-
gia, sendo o papel dos últimos mais orientado para a
revisão científica dos artigos submetidos.
Num segundo momento, a RUP nasce, qual Fénix renas-
cida, como um “veículo de notícias para a própria ANEP, porque as pessoas não tinham a noção do que era, para que os alunos soubessem o que se passava nas faculdades que não a deles, e um veículo de escoamento para o trabalho dos alunos e uma visibilidade para esse trabalho”, como nos diz Vítor Coelho, hoje secretário da
Ordem dos Psicólogos Portugueses, e um dos Editores
da RUP nessa altura. São lançados dois números: um em
2002 e outro em 2003. Esteve pronto um número três,
porém, devido a problemas de financiamento, este não
chega a ser editado, o que acaba por resultar no fim
deste segundo momento de existência da RUP.
A equipa foi, numa primeira fase, constituída essencial-
mente por três directores associados e só mais tarde se
juntaram outros três membros. Contava ainda com a
colaboração inerente de alunos, tal como de professores
de Psicologia, convidados para o processo de revisão
científica. A revista em si, relativamente ao momento
anterior, tinha um carácter mais artístico, patente nas
suas capas, o que agradava mais do ponto de vista visual,
mas salvo a componente gráfica, a revista foi fiel ao
esquema editorial do momento anterior.
um passado de recordação

21RUP - Edição 0
QUEM FOI A RUP
Como achamos que a melhor forma de contar esta história é através de testemunhos, mais do que propriamente com
datas e informação descritiva, ficam aqui excertos de entrevistas que fizemos a três dos directores dos dois momentos
da RUP, bem como o testemunho de uma aluna então, hoje professora de Psicologia na Faculdade de Psicologia e de
Ciências da Educação da Universidade de Coimbra que contribuiu para a revista com a submissão de um artigo.
Tenho que admitir que já não me lembro muito bem. Mas talvez valha a pena pensarmos como seria fazer uma revista em 1988 quando não havia e-mails e internet. Um verdadeiro desafio… Havia tempo para tudo. Era preciso enviar pelo correio, havia tempo para esperar. Penso que nem o fax existia na altura! Imagino que seja difícil para a actual geração imaginar fazer hoje uma revista a enviar as provas pelo correio.
Os meios de comunicação. Sem dúvida. Mas na altura todos desconhecíamos o que significava velocidade de um download ou de um upload. A velocidade era marcada pelo tempo do correio. Por vezes as provas da revista eram entregues na reunião seguinte quando os órgãos associativos se encontravam passado um ou dois meses no Porto, Lisboa ou Coimbra!
Boa pergunta. Mas não sei responder. E o que me “entristece” é que se hoje forem fazer esta pergunta a estudantes dessa época, ninguém se vai lembrar… Mas podem sempre fazer o teste. Não me digam é os resulta-dos!
João Guedes Barbosa
director da RUP no seu primeiro mo-mento de existência
Como se organizaram (estudantes) para fazer a RUP?
Quais foram as dificuldades iniciais?
Como foi o acolhimento da RUP no seio dos estudantes?
RUP - uma história

22 Edição 0 - 2º semestre de 2011
Participei enquanto director da RUP. Tinha dois directo-res associados. Os artigos científicos tinham um parecer dum professor ligado à temática em questão. Acabava por escrever artigos sobre notícias, situações dos psicólogos e dos estudantes de Psicologia a nível nacional. Cada número tinha uma entrevista ligada a uma personalidade de relevo ligada à área da Psicologia que decidíamos analisar e reflectir: dois números foram dedicados à Psicologia clínica (saúde mental) e dois números dedica-dos à Psicologia da Justiça.
O Feedback foi muito positivo, pois existiam trabalhos, artigos e estudos de alunos, que mereceram uma opinião e avaliação excelente por parte dos professores, e que desta forma eram publicados, o que era um incentivo para no futuro, estes alunos, futuros psicólogos, criarem motivação e estímulo para continuar a investigar, reflec-tir, escrever e publicar. Os alunos sentiam um estímulo para continuar no futuro, a desenvolver áreas de interesse de reflexão e estudo, bem como, de intervenção ou inves-tigação.
José Luís Gomes
director da RUP no seuprimeiro momento de existência
De que forma participou activamente na RUP?
Que tipo de feedback receberam dos alunos e/ou professores?
O papel da RUP foi dar “voz” aos alunos de Psicologia, e mostrar que o pensar, o investigar e reflectir, não era apenas espaço e poder dos professores e dos já denomi-nados psicólogos das diferentes áreas. Desta forma, o objectivo inicial da RUP foi cumprido, porque acabou por publicar artigos pertinentes e muito interessantes, que foram elogiados por alunos e muitos professores. Alguns pequenos artigos críticos e informativos, bem como, as entrevistas a figuras de relevo, e ainda os editoriais, pretendiam muitas vezes, provocar, fazer pensar e ler ou sentir muitas realidades dos estudantes de Psicologia e dos psicólogos, que de outra forma, seriam inacessíveis ou difíceis de chegar a cada colega ou instituição de Psicologia.
Penso que será importante continuar a publicar artigos e reflexões de estudantes de Psicologia, agora que o número de instituições de ensino ou de formação, já está bem longe de quatro, o número na altura (1988/1989). Penso que é interessante que os alunos ganhem estímulo para continuarem o seu trabalho de reflexão ou investi-gação, dos artigos que viram publicados. Pensar, investi-gar e publicar, não deve ser apenas um espaço para os profissionais, ou todos aqueles, que assumem o seu poder na hierarquia académica, mas deverá ser espaço de todos, os que conseguem criar, recriar e fazer associações teóricas ou de investigação brilhantes ou diferentes, talvez não conformistas, conservadoras ou fundamental-istas, do corpo teórico global da Psicologia e afins.
Que papel cumpriu a RUP nesse seu primeiro momento?
Que conselhos dá para esta nova RUP?
um passado de recordação

23RUP - Edição 0
Essencialmente foram duas coisas: ser um veículo de notícias para a própria ANEP, porque as pessoas não tinham a noção do que era, para que os alunos soubes-sem o que se passava nas faculdades que não as deles, e um veículo de escoamento para o trabalho dos alunos e uma visibilidade para esse trabalho. Nós queríamos que os alunos tivessem uma consciência
de qual era a situação da formação universitária em Psicologia naquele momento, estávamos num período de grande crescimento. Foi uma altura em que não havia associações profissionais… No final da década de 90 houve uma implosão do que era o panorama das associa-ções profissionais que, a bem ou a mal, durante algum tempo mantiveram os jornais de psicologia e outras revis-tas, e naquela altura houve um vazio. Na altura explodi-ram, literalmente, os cursos de Psicologia em Portugal, mas cada pessoa não tinha a noção do que estava à sua volta e as associações profissionais eram não existentes. Ambas as coisas ajudaram também a aumentar a nossa vontade de querer partilhar notícias e informação e de alertar as pessoas para o ponto em que as coisas estavam.
Vítor Coelho
director da RUP no seu segundo momento de existência
O que o levou a interessar-se pelo pro-jecto da RUP na altura?
Que contexto sociocultural acha que pode ter despoletado a RUP naquela altura?
Os alunos gostavam particularmente dos conteúdos não-científicos, gostavam particularmente dos artigos que tinham uma componente humorística, que era a última secção, e gostavam bastante das notícias. Sobre os artigos científicos as pessoas comentavam relativamente pouco.. Gostavam muito do aspecto. A revista recorria a um formato gráfico que ia buscar interpretações um bocado surreais de obras conhecidas para a capa. A maioria das reacções ficou a dever-se às notícias sobre o que se passava no panorama profissional. No panorama académico os alunos curiosamente não davam tanto feedback… Também vamos lembrar-nos que isto é pré facebook e portanto muito do feedback se ficou a dever aos momentos da venda das revistas nos ENEPs e daquele que era dado pelas pessoas que iam às associações (núcleos) comprar as revistas.
Envolver o máximo de associações possíveis e de sítios de Portugal possível, que não seja um projecto que esteja muito ligado a uma sociedade ou faculdade. Ter sempre dinheiro antes, durante e depois que é crucial. Antes para fazer as coisas, durante e depois para não ficar com dívidas que comprometam o funcionamento e a fazê-la chegar o mais rapidamente enquanto está recente a um maior número de estudantes possível. São as três coisas que será mais crucial para um projecto deste género ter sucesso.
Como foi a recepção à RUP?
Que conselhos quer dar a este novo mo-mento da RUP?
RUP - uma história

24 Edição 0 - 2º semestre de 2011
A publicação na RUP foi, de facto, uma estreia para mim enquanto autora em artigos científicos de Psicologia. Foi importante do ponto de vista da aprendizagem de um processo, de adquirir e ir solidificando competências transversais (de pesquisa, de síntese, de redacção) e de reforçar uma “forma de estar” (trabalhar em rede; divul-gar e partilhar trabalho; debater). Estes aspectos têm sido importantes no meu percurso, até hoje.
Como um projecto inovador. Embora, na altura, as publi-cações não tivessem a relevância que assumem nos dias de hoje.
Foi considerado um projecto interessante; julgo que aumentou a credibilidade da ANEP. Os estudantes senti-ram que eram capazes de, eles próprios, irem começando a aproximar-se de territórios que não eram exclusivos de académicos séniors. Lembro também que, na altura, os professores (na nossa faculdade, recordo em particular o Prof. Viegas Abreu) incentivaram o projecto.
Tendo sido a primeira vez que publicou numa revista de que modo é que isso a ajudou?
Como é que era vista a RUP na altura?
Que impacto teve nos estudantes e pro-fessores da FPCE-UC?
Maria Cristina Canavarro
ex-aluna de Psicologia, ligada ao Núcleo de Estudantes e próxima do Conselho Editorial da RUP (a sua participação na RUP foi essencialmente como autora)
um passado de recordação

25RUP - Edição 0
É com prazer que depois de 21 anos, sou contactado para ser informado que a RUP irá continuar. Tudo o que teve um processo de evolução positiva, merece continuar, ainda que depois dum estado de intervalo, algo prolongado.
A RUP deve ser a voz da irreverência da psicologia em Portugal, quer dos estudantes, quer dos próprios profis-sionais.
A dignidade e a imagem que se quer para a nossa classe, deve integrar “boas” críticas e “destrutividades” benignas.
Que se possa corrigir malignidades existentes, nas várias formações portuguesas, nos fundamentalismos dos departamentos teórico-clínicos dos diversos cursos. Em alguns cursos predominam licenciaturas com paradig-mas idealizados, onde se verifica uma perseguição “paranóide” a paradigmas diferentes, e em que os alunos tem que “comer” e submeter-se de forma passivo-masoquista, porque podem correr riscos no seu percurso académico se ousarem ser “livres“ e autónomos!!… Também eu passei pelo mesmo!!!
Os alunos a partir da RUP devem exigir e reivindicar abertura, flexibilidade, tolerância e aceitação das diferen-ças teóricas ou de paradigmas. Se estas condições são a universalidade da cidadania, devem ser também, relativa à produção de saber e investigação humana.
A RUP deve favorecer alianças entre estudantes e a Ordem dos Psicólogos, bem como um conjunto de Asso-
RUP - uma história
O Doutor José Luís Gomes, antigo director da RUP e actual-mente Psicólogo Clínico em Braga ofereceu-nos, ainda, sobre este novo momento da RUP, uma reflexão e incentivo que,
de seguida, reproduzimos:
FELICITO A CONTINUIDADE DA RUP.
ciações e Sociedades de psicologia, no sentido de estimu-lar a ética e a deontologia profissional da nossa classe, tão importante e básica, para quem está já no terreno, a inter-vir em diversos domínios da sociedade Portuguesa.
A RUP deve ser uma outra “forma” de fazer publicações de estudos, investigações e reflexões de temáticas na nossa área, sem o excesso de obsessão, de regra, do fundamentalismo vigente em cada curso ou universidade, que só bloqueia a liberdade de saber e a criatividade individual.
A RUP merece continuar…
Um novo número está aqui.
Só posso felicitar a continuidade.
A continuidade depois de 21 anos é uma fabulosa prenda, que acabo de receber, pelo contacto do Sérgio Duarte, da Universidade de Coimbra.
A todos os que estão a trabalhar na continuidade da RUP, desejo um novo futuro, longo, muito longo…
Comigo poderão sempre contar, com a criança que deixei…
Talvez agora, já adulta, possa assumir a verdadeira maturidade duma RUP adulta.
Obrigado.
José Luís Gomes,Psicólogo Clínico - Braga


UMPRESENTE
EMCONSTRUÇÃO

O QUE É A RUP?
um presente em construção
Após o desaparecimento por duas vezes da Revista
Universitária de Psicologia (RUP), esta reergue se para
preencher um espaço vazio no meio académico nacio-
nal, funcionando desta vez como organismo autónomo
da Associação Nacional de Estudantes de Psicologia
(RUP/ANEP). Enquanto revista académica, é formada
por uma equipa de estudantes e recém-formados de
Psicologia, determinados a fazer chegar um conjunto de
informação científica seleccionada e articulada a todos
os seus colegas de Psicologia do país. Do mesmo modo
que pretende chegar a todos os estudantes, também é
seu objectivo dar-lhes voz no âmbito da publicação
científica, criando um espaço de publicação de artigos e
trabalhos de carácter científico, da autoria de estudantes
e recém-formados em Psicologia. É este o ponto de
partida que permite estabelecer a ponte entre a equipa
autónoma e motivada da RUP e o seu público-alvo.
No presente momento a Revista Universitária de Psicolo-
gia é formada por uma equipa de estudantes do 1º, 2º e
3º ciclos assim, como de recém-formados em Psicologia
da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da
Universidade de Coimbra, procurando num futuro
muito próximo a integração de elementos oriundos de
todo o país.
A equipa RUP encontra-se dividida em três organismos
fundamentais: Administração, Equipa Editorial e
Comissão de Revisão Científica. Cada uma destas
secções é composta por membros titulares e colabora-
28 Edição 0 - 2º semestre de 2011
dores altamente motivados, ilustrados e descritos mais à
frente num organigrama. O funcionamento autónomo
de cada organismo e a forte ligação e sentido de
entreajuda entre os diferentes órgãos e departamentos
da RUP, serão as bases de trabalho constantes. Para
garantir a qualidade e seriedade deste projecto, a equipa
da RUP receberá frequentemente formação interna
dentro de várias temáticas, abrangendo domínios como,
por exemplo, a publicação científica e a redacção
noticiosa.
Do ponto de vista das funções de cada secção da equipa,
e em traços gerais, cabe à Administração a gestão e
comando do funcionamento, desenvolvimento e repre-
sentação da RUP/ANEP. Este é o organismo responsável
por todas as questões burocráticas, legais e financeiras,
bem como pelo bom funcionamento interno de toda a
equipa. Relativamente à Equipa Editorial, esta
encarrega-se da elaboração e edição dos conteúdos da
RUP em todos os seus formatos. Por fim, a Comissão de
Revisão Científica trata da revisão e certificação dos
trabalhos que lhe forem submetidos por todos os repre-
sentados pela ANEP. Para que tal funcione, a Comissão
de Revisão Científica irá procurar responder aos critérios
exigidos para indexação em bases de dados internacio-
nais de revistas científicas, assim como ser o mais
abrangente e ecléctico possível na cobertura e selecção
das áreas científicas apresentadas para publicação.
Deste modo, favorece-se o rigor e a seriedade das publi-
cações e respectivos conteúdos abordados. Esta
comissão é formada por convite e por concurso, à semel-
hança do que acontece no jornal europeu da EFPSA
(European Federation of Psychology Students Associa-
tions), o JEPS (Journal of European Psychology Students).

o que é a RUP
29RUP - Edição 0
A inclusão de uma Comissão de Revisão Científica
dirigida por estudantes na RUP, permitirá promover, nos
estudantes universitários de Psicologia, o interesse pelas
publicações académico científicas, abrindo caminho
para a iniciação em carreiras de produção científica.
Formalmente, a Revista Universitária de Psicologia terá
uma periodicidade semestral, sendo publicadas, por
ano, dois números de cada versão: uma versão impressa
de tiragem limitada para venda ao público e uma digital
on-line com acesso gratuito a todos os representados
pela ANEP, cada qual com conteúdos diferentes.
Deste modo, a versão impressa incluirá conteúdos de
divulgação, abordando informação actual relativa ao
estado do ensino e da profissão em território nacional e
internacional, assim como reportagens ou artigos de
opinião. Tais conteúdos pretenderão contemplar as
diversas áreas de especialização e de actuação em Psico-
logia, prioritariamente em território nacional, mais espe-
cificamente: Psicologia da Educação, Desenvolvimento e
Aconselhamento; Psicologia Social; Psicologia das Orga-
nizações e Trabalho; Psicologia Clínica; Psicologia
Forense e Criminal; Metodologias Científicas e Avalia-
ção Psicológica; Neuropsicologia e Memória; e outras
que possivelmente se mostrem de interesse relevante.
Serão também exploradas e divulgadas, na versão
impressa, questões alusivas à prática profissional, à inves-
tigação e à formação em Psicologia, no sentido de dar a
conhecer e sensibilizar os estudantes e recém-formados
para o estado do ensino e da profissão na actualidade no
nosso país. Apostaremos desta forma nas referidas áreas,
deixando sempre espaço para a participação activa de
estudantes de Psicologia nos âmbitos da publicação
científica e de divulgação. Para além disso, faz parte da
filosofia da RUP ir ao encontro dos interesses, necessi-
dades e preferências do seu público alvo, por isso, através
de sondagens e questionários tentaremos perceber
quais os temas mais solicitados e procurados, para que
estes sejam incluídos na revista, sempre com garantia de
actualidade e rigor.

30 Edição 0 - 2º semestre de 2011
O segundo formato da RUP destina-se à publicação de
artigos e trabalhos de carácter científico da autoria de
estudantes e recém-formados representados pela ANEP.
Serão incluídos, essencialmente, trabalhos de três tipos:
artigos de natureza empírica, de revisão bibliográfica, e
apresentação de projectos ou programas de intervenção.
Contamos, para isso, e em ambos os formatos da RUP,
com a colaboração dos nossos leitores, estudantes e
recém formados em Psicologia, seja através da publica-
ção de artigos e trabalhos científicos da sua autoria, seja
através de contributos para conteúdos de divulgação.
Desta forma será possível dotar os trabalhos dos
estudantes de seriedade e lógica científicas, construindo
um espaço formativo para estudantes de Psicologia no
âmbito da publicação científica. Os trabalhos académi-
cos e científicos submetidos deverão debruçar-se sobre
as mesmas áreas de especialização contempladas pela
versão impressa.
A equipa RUP, para além de trabalhar autonomamente
nos objectivos a que se propõe enquanto revista universi-
tária, irá também oferecer oportunidades de formação
externa aos interessados e representados pela ANEP,
como workshops sobre as mais variadas áreas de inter-
esse, que serão atempadamente divulgados. Deste
modo, promover-se-á sempre uma relação muito
próxima com os leitores, possibilitando o intercâmbio de
conhecimentos e de práticas psicológicas em todo o país.
Futuramente, promover se á, como já referimos, a integ-
ração na equipa RUP de novos elementos, inclusive e
preferivelmente oriundos da maior diversidade possível
de estabelecimentos de ensino de Psicologia do país,
através de uma nova fase de recrutamento.
Em traços gerais, a RUP almejará informar e dar voz aos
estudantes e recém formados em Psicologia, incenti-
vando a criação e a inovação e garantindo qualidade
científica. Com este primeiro passo, pretendemos iniciar
o caminho para uma longa e recheada história de publi-
cações de cariz académico e científico em Portugal.
Partilhar os nossos conhecimentos e confrontá-los com
os dos outros permite-nos, não só aumentar o nosso
conhecimento geral, como abrir o apetite para procurar
cada vez mais. Para isso, é essencial exercitar o músculo
da mente e satisfazer as nossas dúvidas e curiosidades
científicas. Mais especificamente, no campo da Psicolo-
gia e especialmente em território nacional, a RUP
pretende surgir como resposta aos interesses dos que
desta disciplina se ocupam em Portugal.
um presente em construção

31RUP - Edição 0
quem é a RUP
Fernando AbreuColaborador
Tiago MarquesColaborador
Victor OrtuñoCoord. Departamento
Jurídico, Financeiroe Tesouraria
Alexandre SilvaColaboradoDepartamento JFT
André FernandesColaboradoDepartamento JFT
João Carlos ArrudaAdministrador

32 Edição 0 - 2º semestre de 2011
um presente em construção
Alice MorgadoEditora
André RochaDesigner
Andreia Jesus Redatora
Maria GouveiaRedatora

33RUP - Edição 0
quem é a RUP
Ana Rita MartinsRedatora
Roberto BotelhoFotógrafo
Mariana Guarino Redatora
Maria GouveiaRedatora
Pedro PiresRedator
Patrícia BeverenRedatora
Sérgio DuarteRedator

34 Edição 0 - 2º semestre de 2011
um presente em construção
Bernardo BaptistaColaborador
Liliana CaldasColaboradora
Tiago AdegasColaborador
Pedro Belo SantosDirector

QUEM É A RUP?
Tão importante como saber o que se passou ontem ou
imaginar como será o amanhã, é conhecer o hoje.
A Revista Universitária de Psicologia iniciou a sua
história há alguns anos atrás, teve as suas adversidades,
tal como teve os seus bons momentos, e agora renasce
com uma equipa sólida, confiante, motivada e, acima de
tudo, disposta a levar a cabo este projecto avante.
Esta revista é, actualmente, constituída por vinte elemen-
tos distribuídos por três secções: a Administração, que
35RUP - Edição 0
conta com seis elementos, a Editorial, composta por dez
elementos e a Comissão de Revisão Científica consti-
tuída pelos restantes quatro elementos.
Não há ninguém melhor do que a própria equipa para
responder à questão “Quem é a RUP?”. A fim de
responder a esta questão elaborámos um conjunto de
entrevistas que tiveram como alvo todos os elementos da
RUP.
Esta revista é, actualmente, constituída por vinte elementos distribuídos por três secções: a administração, a editorial e a comissão de revisão científica
quem é a RUP

Como surgiu a oportunidade deseres administrador da RUP?
Até chegar a administrador da RUP percorri um longo caminho. Tudo teve origem no longínquo ano de 2003 quando entrei para a ANEP como Presidente de Mesa do Conselho Geral. Neste mesmo ano participei no Encontro Nacional de Estudantes de Psicologia onde vi, pela primeira vez, a RUP ser distribuída e tive a possibilidade de a ler, o que me cativou.
Seguidamente surgiu a oportunidade de ser presidente da direcção da ANEP e desde logo quis fazer o levantamento da RUP, o que não foi possível no meu mandato nem no mandato subsequente com outra presidência. Posteriormente, num novo mandato
Qual foi a tua reacção depois de saberesque irias ser o administrador da RUP?
Foram duas as minhas reacções. A primeira foi de alívio porque finalmente o processo tinha acabado e a segunda foi uma reacção de felicidade de “missão cumprida” da guerra pessoal e da promessa que eu tinha feito enquanto presi-dente da ANEP de conseguimos eleger o administrador e consequentemente reerguer este organismo autónomo que está a construir-se e a ganhar força todos os dias.
36 Edição 0 - 2º semestre de 2011
Que experiência tens como administrador de uma revista?
Experiência como administrador propriamente dita não tenho mas já fui presidente da Comissão Organizadora da Queima das Fitas de Coimbra no longínquo ano de 2002, o que implica responsabilidade, gestão de políticas e de empresas bem como capacidade de negociação de publicidade e patrocínios. O facto de integrar a Associação Académica de Coimbra também me fornece competências necessárias à administração de uma revista.
João Carlos de Lima e Silva Arruda, administrador da Revista Universitária de Psicolo-
gia, a concluir o Mestrado Integrado em Psicologia na área de Psicologia da Educação,
Desenvolvimento e Aconselhamento na Faculdade de Psicologia e de Ciências da
Educação da Universidade de Coimbra explicou-nos, em entrevista “Quem é a RUP”…
apresentei um relatório onde propus o reerguer do organismo autónomo e fiz uma proposta de regulamento interno a ser aprovado pela direcção seguinte. Depois deste ser aprovado apresentei um projecto para ser administrador da RUP e após o diálogo com o actual presidente da Direcção da ANEP e com os presidentes dos membros de pleno direito da ANEP, as coisas encaminharam-se para que eu fosse o administrador da RUP.
um presente em construção

37RUP - Edição 0
Que novas experiências esperas ter ao integrar a RUP?
Imensas. Acima de tudo, aquelas que eu nem consigo imaginar. Espero ter experiências desde aprender, conhecer novas pessoas até experienciar áreas que nunca teria pensado. Espero também adquirir conhecimento de como publicar, onde publicar e de como e onde fazer ciência.
Definiste logo objectivos ou esperastepor uma fase posterior para o fazer?
Aquando da apresentação do relatório ao Conselho Geral, que referi anteriormente, já tinha alguns objectivos que hoje estão presentes, não só no regulamento interno como também no nosso mandato. São exemplos destes objectivos a realização de uma versão impressa e de uma versão digital da RUP e a criação de receitas extraordinárias para contri-buir para o funcionamento da ANEP.
Como é que a Administração, sendo o órgão máximo da RUP/ANEP,pode promover uma melhor qualidade de trabalho em equipa?
Para promover uma melhor qualidade, a Administração procurará dar resposta a todas as necessidades das outras equipas que constituem a RUP, apresentando as melhores condições de trabalho e proporcionando todos os meios materiais e não materiais necessários. A Administração é o órgão máximo porque está ao serviço dos outros.
Todos os objectivos se reportam a uma dimensãopessoal ou é tua intenção generalizá-los e
torná-los objectivos de toda a equipa da RUP?
Obviamente que, não deixando de ser objectivos pessoais, são objectivos de toda a equipa da RUP. Os doze pontos que constituem o nosso mandato referem-se aos objectivos de toda a equipa e não simplesmente aos meus.
quem é a RUP

Tal como o administrador também os restantes colab-
oradores da Administração esperam ter novas experiên-
cias de aprendizagem e aquisição de conhecimento. Não
tendo nenhuma ou pouca experiência nesta área, todos
eles estão convictos e motivados para exercerem as suas
funções.
À excepção de dois elementos que aceitaram imediata-
mente a proposta de integrar na RUP, os restantes opta-
ram por ponderar a sua decisão.
38 Edição 0 - 2º semestre de 2011
Quando se fala da RUP quais são os primeiros pensamentosou palavras que gostarias de expressar?
A RUP é a revista que todos precisam para se saber um bocadinho mais sobre o que é a Psicologia.
Consideras a RUP um projecto ou um desafio?
Ambos. A RUP será sempre um projecto dinâmico e em construção, em que cada edição constitui um projecto por si só mas que paralelamente não deixa de ser um desafio que visa o crescimento desta revista.
Segundos os membros da Administração, o facto desta
revista permitir a divulgação científica da Psicologia, ser
um projecto de grande magnitude e bem organizado,
basear se em objectivos sólidos e promover um excelente
conhecimento ao nosso público-alvo são muitos dos
motivos que contribuíram para a decisão de integrar este
projecto.
um presente em construção

Como surgiu a oportunidade de seres editora da RUP?
Foi através de um convite por parte do actual administrador João Arruda. Depois de ele me mostrar o projecto achei que estava muito bem estruturado. Pareceu-me então que poderia contribuir para um futuro fantástico de uma revista e estar na génese de algo que pode fazer história, portanto aceitei.
39RUP - Edição 0
Também a editora da Revista Universitária de Psicologia, Alice Murteira Morgado, a efec-
tuar o doutoramento em Psicologia de Desenvolvimento expressou a sua opinião e
demonstrou o seu parecer a fim de clarificar quem é a RUP…
Porque é que decidiste aceitar este convite?
Decidi fazê-lo exactamente porque vi que esta revista tem um grande potencial e porque acredito piamente que tudo isto pode ser o inicio de algo que tenha um grande futuro. O facto de dar o nome e a cara por esta revista, que no futuro poderá ter tanto valor, é excelente e agrada-me imenso.
Depois de afirmares o veredicto final deste convitequal foi o primeiro pensamento que tiveste?
Comecei de imediato a pensar como é que queria que fosse a revista e qual a filosofia a implementar em termos editoriais para depois, a partir desta, tomar um rumo e realizar feitos mais concretos.
O que significa ser editora de uma revista?
Significa conceber uma revista e criar uma equipa que seja capaz de elaborar os conteúdos bem como organizar o seu trabalho. Ser editora significa ainda ter uma grande capacidade de coordenação de equipa, ter criatividade e ter a capa-cidade de organização bem como de planeamento.
quem é a RUP

O que esperas retirar desta experiênciacomo editora de uma revista?
Espero aprender muito sobre todas as dimensões que implicam fazer uma revista desde a paginação até à redacção, passando pela fotografia, por exemplo.
Definiste logo objectivos ou esperastepor uma fase posterior para o fazer?
Os objectivos mais gerais foram traçados desde o início. Posteriormente, e ao longo do tempo, com a construção da própria Equipa Editorial foram sendo traçados outros objectivos que acabam por ser partilhados por todos os seus elementos tornando-a mais forte e capaz. O principal objectivo é concebermos uma revista que interesse a uma grande extensão de pessoas não só a estudantes portugueses de Psicologia como também a estudantes estrangeiros e até a pessoas que não estão ligadas à Psicologia mas que se interessam por tal.
Que características deve ter a Equipa Editorial?
Em primeiro lugar deve ter uma grande motivação para conseguirmos alcançar todos os nossos objectivos e desenvolver um trabalho com qualidade. Deve ter também criatividade, flexibilidade, colaboração, diálogo, respeito, seriedade coop-eração, honestidade e muito boa disposição.
40 Edição 0 - 2º semestre de 2011
Que experiência tens como editora de uma revista?
Experiência como editora não tenho nenhuma mas tenho muito gosto por jornalismo e tudo aquilo que sei e que consigo fazer deve-se essencialmente ao meu interesse por esta área.
um presente em construção

Com muita motivação e vontade de alcançar todos os
objectivos, os restantes membros pertencentes à Equipa
Editorial afirmam, com toda a certeza, estar neste
projecto porque o consideram bastante interessante e,
acima de tudo, porque pretende “abrir os seus horizon-
tes” à Psicologia.
Desenvolver competências de redacção, aprender um
pouco sobre investigação e adquirir conhecimentos
sobre jornalismo são algumas das experiências que os
colaboradores da Equipa Editorial esperam ter ao
participar na elaboração da RUP.
De uma forma geral todos os membros ponderaram a
sua incorporação na revista mas actualmente estão
inteirados de todo o projecto e com uma grande deter-
minação de lhe proporcionar uma qualidade colossal e
desmesurado avanço.
Que temáticas serão abordadas, de uma forma geral, na RUP?
A RUP vai ser organizada de acordo com três grandes temas: investigação, formação e prática em Psicologia. Dentro destes três grupos tentaremos incluir o máximo de áreas de especialização possíveis de modo a abranger o interesse de todos os leitores.
Quando se fala da RUP quais são as primeiraspalavras que gostarias de expressar?
Psicologia, actualidade e, sobretudo, dinamismo.
A RUP é um projecto ou um desafio?
É sem dúvida um projecto desafiante.
41RUP - Edição 0
quem é a RUP

O que significa ser director da Comissãode Revisão Científica de uma revista?
Ser director desta secção representa sem dúvida um desafio pessoal e aliciante. Representa gerir tempos de submissão, de revisão e de publicação de artigos e organizar as actividades, segundo uma gestão de tarefas, que diga respeito a todos os membros da equipa. Significa também ter de organizar artigos por áreas temáticas e consequentemente estru-turar e preparar a edição digital.
Que experiência tens como director da Comissãode Revisão Científica de uma revista?
Como director, apenas tenho este mês e meio de experiência, contudo já havia colaborado numa outra revista científica nacional.
Como surgiu a oportunidade de seres directorda Comissão de Revisão Científica da RUP?
Esta oportunidade surgiu através do convite da Administração da RUP para ser colaborador neste mandato.
Porque é que aceitaste fazer parte desta revista?
Por acreditar no projecto, pela seriedade da equipa e pela grande vontade de um futuro promissor que toda a equipa tem demonstrado, incluindo eu.
42 Edição 0 - 2º semestre de 2011
Pedro Ricardo Belo dos Santos, bolseiro de Gestão de Ciência e Tecnologia
em Unidade I&D e director da Comissão de Revisão Científica da Revista
Universitária de Psicologia contribuiu também para o esclarecimento de
quem é a RUP ao responder às seguintes questões:
um presente em construção

Que experiência pretendes ter como directorda Comissão de Revisão Científica da RUP?
Espero ganhar experiência na gestão e organização dos artigos, participar em workshops, promover formações e, o mais importante, aprender com as avaliações dos nossos revisores.
Definiste logo objectivos ou esperastepor uma fase posterior para o fazer?
Os objectivos e os timings de execução foram logo apresentados e discutidos com a Administração, pelo que o que acon-teceu foi uma definição de prioridades.
O que esperas retirar desta experiênciacomo editora de uma revista?
Espero aprender muito sobre todas as dimensões que implicam fazer uma revista desde a paginação até à redacção, passando pela fotografia, por exemplo.
Quais são os moldes que serão utilizadospara proceder à revisão científica?
A Comissão de Revisão Científica irá constituir-se seguindo moldes semel-hantes aos propostos pela EFPSA (European Federation of Psychology Students Associations) para o seu jornal europeu JEPS (Journal of European Psychology Students) onde se irá promover um sistema de revisão para os estudantes por estudantes.
Existe preferência entre os trabalhos realizados pelos alunos dos1º e 2º ciclosde Psicologia ou pelos dos recém-formados?
Pretende-se criar um espaço em que o objectivo seja a divulgação dos trabalhos científicos realizados sobretudo por alunos dos 1º e 2º ciclos de Psicologia, pelo que terão prioridade, mas também será aberto a recém-formados.
43RUP - Edição 0
quem é a RUP

À semelhança do director da Comissão de Revisão
Científica, todos os outros colaboradores desta secção
desejam e esperam um crescimento desta revista bem
como o seu reconhecimento a nível nacional.
Apesar de não terem qualquer experiência nesta área e
de terem ponderado a sua decisão quanto ao ingresso na
RUP, todos estão cientes das tarefas a desenvolver e com
uma grande motivação para as realizarem.
O facto de considerarem este projecto interessante,
credível, bem organizado, capaz de promover o desen-
volvimento na Psicologia actual e proceder à sua divulga-
ção faz com que todos os membros da Comissão de
Revisão Científica tenham imensas expectativas sobre o
futuro desta revista e faz com que, acima de tudo, a moti-
vação seja cada vez maior para atingir os objectivos que
são comuns a toda a equipa da RUP.
Porquê esta preferência?
Sendo a RUP uma revista universitária, queremos que estes alunos encontrem aqui um local privilegiado de divulgação de resultados e experiências, o qual não tem existido. Apesar disto, os recém-formados terão também oportunidade de apresentar na edição on-line da RUP os seus trabalhos de fim de curso.
Como director da Comissão de RevisãoCientífica o que pretendes para a RUP?
Acima de tudo pretendo que esta revista tenha um crescimento consolidado e que se afirme como uma revista de valor nacional na nossa área. Mais presentemente pretendo que esta edição venha a colmatar um espaço vazio no meio académico nacional.
Quando se fala da RUP quais são os primeirospensamentos e palavras que gostaria de expressar?
Desafio, trabalho em equipa, grupo, coesão, cumplicidade.
A RUP é um projecto ou um desafio?
É um projecto desafiante.
Em resposta à questão “Quem é a RUP?” podemos afirmar, então, que somos uma equipa de estudantes para estudantes cujo objectivo maior é o de fazer renascer a RUP, alcançando assim a conquista da sabedoria em Psicologia e o alcance da autenticidade.
44 Edição 0 - 2º semestre de 2011
um presente em construção

UMFUTURO
DEAMBIÇÃO

Para quem é a RUP?
46 Edição 0 - 2º semestre de 2011
Quando falamos na RUP não nos podemos, de todo,
limitar a uma equipa restrita, presentemente, de 20
elementos, que se esforça por, semestralmente, lançar
uma edição. A RUP é muito mais que isso! A RUP integra
um grupo de pessoas tão importante quanto os mem-
bros das suas equipas, que também têm uma opinião
sobre este projecto: os seus leitores.
Tal como o administrador João Carlos Arruda defende,
todos os elementos de um projecto têm uma palavra a
dizer sobre o mesmo: só assim se podem fazer sentir
como parte integrante deste. Daí que, à semelhança do
que aconteceu com os membros que incorporam a
equipa da RUP, alguns dos elementos de pleno direito da
ANEP foram convidados a sucintamente falarem, não só
sobre as suas perspectivas quanto ao renascimento deste
projecto, como também sobre o que esperam que o
mesmo dê ao seu público-alvo.
Deste modo, Carlos Silva, da Associação de Estudantes
de Psicologia da Universidade do Minho, responde, sem
hesitação, que tem grandes expectativas para este
projecto; argumentando que “plataformas deste género
são sempre uma mais-valia e podem fazer muito pela
promoção e divulgação de profissionais, investigadores,
centros de investigação e faculdades”. O estudante
espera que, “com bom serviço jornalístico, a RUP
cumpra o seu dever de informação e que este se estenda
a nível nacional”. Não duvida, assim, que “facilmente a
RUP se venha a tornar numa instituição amplamente
conhecida e respeitada no meio académico”. Carlos
Silva acredita que a Revista Universitária de Psicologia
tornará o leitor num psicólogo ou num estudante de
Psicologia mais informado acerca desta ciência, na reali-
dade Portuguesa, sendo isso de uma importância fulcral
nos dias que correm onde parece subsistir ainda muita
“desinformação” e desconhecimento de realidades mais
locais, no que à prática e ensino da Psicologia diz
respeito. Se a RUP contribuir, seja em que medida for,
para a redução desta falta de informação e/ou «descon-
hecimento», estará consequentemente a prestar um
enorme serviço público à comunidade académica e aos
profissionais desta área.
Em nome da Associação de Estudantes da Faculdade de
Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade
do Porto, Joana Esteves espera que a RUP cumpra,
“A RUP integra um grupo de pessoas tão importante quanto os membros das suas equipas, que também têm uma opinião sobre este projecto: os seus leitores.”
um futuro de ambição

47RUP - Edição 0
exactamente, o projecto que apresentou e aguarda quali-
dade e inovação no programa científico, esperando que
este espelhe a realidade do ensino e da profissão da
Psicologia no país. A estudante tem esperança que este
projecto venha trazer também um novo alento aos
estudantes, uma vez que se está a viver um grande
desânimo na profissão: “espero que a RUP venha
mostrar que a Psicologia está viva, que a Psicologia é
importante e que temos de lutar pela nossa classe; espero
que esse apelo seja feito aos estudantes de Psicologia,
para que estes tenham orgulho e respeito pela nossa
profissão e que não tenham medo de se afirmar e dizer
«somos psicólogos, merecemos e temos um papel a
desempenhar em Portugal».” Joana
Esteves, conclui, dizendo que a RUP pode
ser um mecanismo de força, uma impor-
tante plataforma entre os estudantes de
Psicologia e a Ordem, no sentido de facili-
tar a informação aos estudantes, uma vez
que há grande falta de informação, que
resulta por vezes nalgum descontenta-
mento; “começam a surgir muitos rumores
e mitos que são importantes de desmistifi-
car. Portanto espero que a RUP/ANEP
venha ajudar nesse sentido.” A estudante
acredita que a RUP pode trazer “uma nova
oportunidade para os estudantes se poderem mostrar”,
para se “conseguirem afirmar enquanto estudantes e não
acharem que é só depois de acabarem o curso que têm
algo para dar”, ou seja incentivar à participação e apre-
sentação do valor de cada um ao longo do seu percurso.
As expectativas na Associação de Estudantes do ISPA,
transmitidas por Lia Rodrigues, focam-se, essencial-
mente, na publicidade de eventos e congressos de Psico-
logia assim como na elucidação da população universi-
tária acerca dos parâmetros da Ordem dos Psicólogos
Portugueses, como os direitos, os deveres e objectivos. A
estudante, considera que publicitando possibilidades de
estágios e de locais para se realizar voluntariado,
fazendo referência a novas publicações de estudos e
artigos recentes com impacto na área da psicologia, e
divulgando entrevistas a psicólogos, psicanalistas e
psiquiatras de renome, a RUP está a enriquecer os jovens
leitores universitários.
Outra conclusão não poderá ser retirada senão a da grande responsabilidade da RUP em corresponder e superar as ex-pectativas dos seus leitores, já que são estes a razão da sua ex-istência.
Por fim, Ricardo Viegas, do Núcleo de Estudantes de
Psicologia, Ciências da Educação e Serviço Social da
Associação Académica de Coimbra, acredita que “a RUP
tem, actualmente, todas as condições para se tornar um
para quem é a RUP

48 Edição 0 - 2º semestre de 2011
dos melhores veículos de informação, não só ao nível da
divulgação da produção científica elaborada pelos
nossos colegas mas também no que concerne à cober-
tura do desenvolvimento do mercado laboral e toda a
actividade que envolve a formação e profissionalização
em Psicologia. Hoje, a RUP possui uma equipa altamente
focada e motivada, o que lhe permitirá reclamar o seu
espaço junto do seu tecido social que são os estudantes
portugueses de Psicologia.” O estudante anseia que “a
RUP, na sua forma impressa, se torne na ferramenta de
informação fidedigna e gratuita, com uma distribuição
que possa abranger, numa primeira fase todos os Mem-
bros de Pleno Direito da ANEP, e hipoteticamente numa
segunda fase pudesse alcançar o público de outras
universidades e instituições de ensino superior que lecci-
onam Psicologia. A RUP pode-se tornar assim, o
elemento unificador que auxilie a ANEP na defesa dos
direitos de todos os estudantes de Psicologia.” Ricardo
Viegas termina afirmando que “a RUP, sendo uma publi-
cação sem rival no seu segmento, está na posição certa
para desmistificar diversos estereótipos criados em torno
da produção científica por um público, formalmente,
possuidor de um menor título académico. Desse modo, a
RUP possibilitará a todos, mas sobretudo aos alunos do
1º e 2º ciclo de estudos, uma porta de entrada para a
publicação dos seus trabalhos, criando um movimento
do paradigma de «Leitor-Passivo» para o de «Leitor-
Activo», ou seja, possibilitará os alunos destes ciclos de
estudos de serem intervenientes no processo de incre-
mento do conhecimento científico nas diversas áreas que
compõem a Psicologia. A promoção da produção cientí-
fica, aspecto cada vez mais necessário nas políticas
pedagógicas do ensino superior, alia-se ao já referido
valor informativo inerente a versão impressa,
integrando-se numa gestalt que representa a colmata-
ção de algumas das necessidades do público-alvo a que
se destina a RUP.”
Perante todos estes testemunhos podemos verificar que a
RUP tem um leque de destinatários muito abrangente.
No que se refere aos estudantes de Psicologia será certa-
mente uma mais-valia, podendo até servir como instru-
mento de trabalho; a todos os restantes leitores, qualquer
que seja o seu papel, faculta-lhes uma visão mais ampla
da Psicologia, da sua importância para a sociedade e da
beleza que esta ciência encerra. Outra conclusão não
poderá ser retirada senão a da grande responsabilidade
da RUP em corresponder e superar as expectativas dos
seus leitores, já que são estes a razão da sua existência.
um futuro de ambição

49RUP - Edição 0
RUP: Um Sonho
Com equipa formada, objectivos definidos, estratégias
lançadas e motivação necessária, a Revista Universitária
de Psicologia deixa de ser uma utopia, uma ilusão, um
projecto cuja sua execução parecia tão difícil, para
passar a ser um ‘projecto desafiante’, como o caracter-
izou a editora da revista, Alice Morgado, e o director da
Comissão de Revisão Científica, Pedro Belo, quando
questionados sobre o mesmo.
A unanimidade e concordância foram totais por parte
dos membros da equipa, quer quanto à equipa auspi-
ciosa que constitui a revista, quer quanto à convicção de
um futuro promissor da RUP.
João Carlos Arruda, administrador da RUP, assume uma
visão da revista como um projecto de grupo, no qual as
metas para o futuro são partilhadas e definidas em
equipa, numa lógica de coesão, comunicação e eficácia.
Tais metas passarão, essencialmente, pelo crescimento e
pela maturidade da revista, o que se poderá traduzir
numa periodicidade mais frequente, numa maior visibili-
dade e interesse junto dos estudantes de Psicologia e
num crescimento no número de exemplares disponibili-
zados e vendidos. Da Equipa Editorial, o administrador
espera motivação para a construção de um produto
aprazível, de fácil leitura, com informação objectiva,
concisa e correcta. A expectativa é de que todos,
individualmente e em equipa, descubram mais sobre a
Psicologia, em todas as suas áreas e dimensões. Sobre a
Comissão de Revisão Científica, recai a expectativa de
oferecer “um mundo de ciência”, que fomente o gosto
pela produção científica nos estudantes de Psicologia e
que valorize e demonstre a qualidade dessa mesma
«...para o seu administrador, “a RUP é um sonho que é uma re-alidade!”...»
produção. Assim, espera se a implementação de um
método de revisão irrepreensível, que seja reconhecido
pelas instâncias internacionais.
Quanto ao que aí vem na RUP, o seu administrador vê um
futuro muito promissor. Mantendo sempre alguma
prudência e realismo, João Carlos Arruda tem grandes
perspectivas para este projecto: “inclusive acredito que a
médio-longo prazo esta revista passe a nossa fronteira” já
que “não existe nada semelhante, neste momento, no
mercado, o que faz de nós únicos; as pessoas têm neces-
sidade deste produto; acredito no potencial humano
inerente a cada um de nós”. Em suma, para o seu admin-
istrador, “a RUP é um sonho que é uma realidade!”
Em sintonia com a perspectiva do João Carlos Arruda,
toda a equipa da Administração espera dar à RUP
sempre o melhor de cada um. O trabalho exaustivo é
mencionado por todos como fundamental para que o
processo seja um sucesso, assim como a disponibilidade
e as horas de sono. Contudo, os membros da Administra-
ção, consideram que tudo isso será certamente recom-
pensado mais tarde, mostrando motivação e grandes
expectativas para a revista, na expectativa de que atinja
um elevado grau de divulgação, ganhe nome nacional e
internacional e que funcione como meio de trazer mais
seriedade à forma como a Psicologia é vista na socie-
dade.
Na Equipa Editorial as expectativas estão também
bastante elevadas. Sem descurar a realidade nem as
dificuldades pelas quais a revista pode passar, a editora,
Alice Morgado, vê um futuro promissor para a revista
RUP: um sonho

baseada na motivação da equipa e na qualidade do
projecto. Estando ainda a trabalhar “numa coisa de cada
vez”, a editora adianta que os conteúdos das próximas
edições serão organizados de acordo com três grandes
áreas de influência da Psicologia (formação, investiga-
ção e prática) e de acordo com as suas diversas áreas de
especialização existentes. Relativamente à sua equipa,
Alice Morgado espera que, no futuro, se verifique um
crescimento qualitativo e quantitativo, ou seja, “espero
que estes elementos se desenvolvam e que a equipa
cresça em número de pessoas, vindo assim a integrar
alunos de todo o país e de várias instituições cujas
associações de estudantes estão representadas na
ANEP”. No espaço de um ano, a editora da RUP espera
que esta “seja uma revista reconhecida pelos estudantes,
que seja procurada não só por estes como também pelos
professores e pelos psicólogos em exercício da sua
profissão e que seja uma revista com uma imagem forte e
facilmente identificável pelo nosso público-alvo”.
No seio de toda a equipa editorial, o maior objectivo e
anseio é dar continuidade à RUP, tornando-a marcante
no mundo da Psicologia e de eleição a nível não só nacio-
nal como também internacional. Os nove elementos
desta equipa crêem que este projecto é um grande desa-
fio, do qual esperam estar à altura e acreditam que vão
conseguir superar com distinção; a nível pessoal, a maio-
ria não tem dúvidas de que a RUP, no futuro, dará, a cada
um, grandes conquistas, como experiência, competên-
cias, maturidade, ‘capacidade de trabalho’, entre muitas
outras coisas. Todos se encontram motivados e com uma
enorme vontade de fazer da história da RUP uma história
sem fim, contribuindo, cada um, com o melhor de si!
Por fim, Pedro Belo, director da Comissão de Revisão
Científica, vê a RUP como “uma oportunidade que os
alunos de Psicologia e os recém-formados têm para
expor os seus trabalhos de investigação o que, num
panorama nacional, não havia nos últimos tempos”.
Explica-nos também que, para já, os moldes da EFPSA
serão os adoptados para a componente científica da
RUP: “com o tempo veremos se estes serão os melhores
moldes para a nossa revista […] mas penso que aos
poucos iremos ganhar uma personalidade própria o que
irá permitir actualizar a metodologia de actuação.” A sua
equipa é actualmente formada por quatro membros
efectivos e dois colaboradores que brevemente passarão
a efectivos, estando aberta à entrada de novos colabora-
dores, que possuam, acima de tudo, capacidade de
trabalhar em equipa e vontade de aprender. Pedro Belo
está convicto de que a Comissão de Revisão Científica
poderá desenvolver “um trabalho sério, com dedicação e
rigor, além de um sentido crítico das tarefas a desen-
volver”. Quanto às perspectivas para o futuro, Pedro Belo
espera que a revista tenha já o seu espaço bem delin-
eado, esperando, ainda, que “daqui a um ano a grande
preocupação seja a de escolher os artigos da Edição n.º 1
da revista online, pois seria o sinal de que a participação
e a submissão de artigos tinha sido em massa”.
Na Comissão de Revisão Científica, o espírito de
trabalho está bem impregnado em todos os elementos,
que, metaforicamente, garantem que “se tiver de haver
sangue” eles darão o seu próprio sangue pela revista,
pela seriedade, pelo rigor e pela divulgação da Psicolo-
gia. Nesta equipa as expectativas, para o futuro da RUP,
resumem-se a uma frase: “será uma revista fantástica
com um volume de vendas gigante!”
um futuro de ambição
50 Edição 0 - 2º semestre de 2011



APSICOLOGIA
AQUIE AGORA

a psicologia aqui e agora
54 Edição 0 - 2º semestre de 2011
A Prática Profissionalem Psicologia
Ingressar no Ensino Superior. Um investimento? Uma
necessidade? Uma obrigação? Uma escolha pelo desen-
volvimento? São diversos os motivos para entrar no
ensino superior. Existem aqueles que estudam para apre-
nder mais e serem melhores na sua área de interesse,
outros estudam a pensar num futuro promissor e ainda
há quem estude porque deseja conhecer realidades
novas e com elas crescer. Ainda que movidos por diferen-
tes objectivos e sonhos, em algum momento de qualquer
percurso académico, há uma questão que todos os
“Portugal é o país da União Europeia com maior número de estabelecimentos de ensino superior e de estudantes de Psicologia por mil habitantes”
ESTÁGIOS PROFISSIONAIS DA ORDEMDOS PSICÓLOGOS POSTUGUESES
estudantes se colocam: O que vai acontecer uma vez
terminado o curso? Em Psicologia, esta questão ganha
contornos cada vez menos nítidos e mais incertos. Ultra-
passa a sua dimensão de projecção do futuro para se
transformar, cada vez mais, num problema e preocupa-
ção crescentes. Já não se trata de um problema mera-
mente pessoal, mas assume dimensões institucionais e
sociais de elevada relevância.
Existe, de facto, um número elevado de estudantes de
Psicologia a formar-se por ano, o que implica, paralela-
mente, um crescimento exponencial do número de
psicólogos no mercado de trabalho. Portugal é o país da
União Europeia com maior número de estabelecimentos
de ensino superior e de estudantes de Psicologia por mil
habitantes, de acordo com dados recolhidos num Comu-
nicado do Sindicato Nacional de Psicólogos. Segundo
números avançados por Victor Coelho, secretário da
Direcção da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP),
numa sessão de esclarecimento sobre os estágios profis-
sionais da OPP, realizada na Faculdade de Psicologia e
de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra a
18 de Fevereiro de 2011, existem cerca de 14793
estudantes de Psicologia em Portugal e formam-se 1800
pessoas por ano, perfazendo o dobro do número de
profissionais em Psicologia recomendado pelo Director
da European Federation of Psychologists’ Associations
(EFPA). Apesar de ser uma profissão necessária nos
diversos contextos da nossa sociedade, o número de
vagas nos quadros institucionais não acompanha esta
necessidade, nem o dever estatal de incluir todos os
recém-formados no exercício da profissão qualificada.
Como consequência, dados fornecidos pela presidente
do Sindicato Nacional dos Psicólogos confirmam que a
taxa de desemprego nos psicólogos ronda os 17%. Esta
situação pode prolongar-se por vários anos, fazendo com
que recém-formados em diferentes anos compitam
simultaneamente no mercado de trabalho. Alguns
acabam por desistir de exercer Psicologia, apostando
noutras áreas que lhes permitam, não tanto o futuro

a prática profissional em psicologia
55RUP - Edição 0
Como funcionam os estágios profissionais da Ordem dos Psicólogos Portugueses?
desejado, mas um futuro possível. Para que
tal não aconteça, e no sentido de promover
a profissão, é necessário tomar medidas
práticas e eficazes.
Neste sentido, a Ordem dos Psicólogos
Portugueses (OPP) propõe a realização de
estágio profissional no ano sequente ao
término do curso. Este estágio tem como
objectivo preparar o recém-formado para
o exercício profissional em Psicologia,
aplicando um dos principais ideais da
OPP: a uniformização e regularização da
prática da Psicologia em Portugal.
Os estágios profissionais são, a partir de 21 de Outubro
de 2010, um pré-requisito obrigatório para a atribuição
da qualidade de membro efectivo da Ordem dos Psicólo-
gos Portugueses. De acordo com o Artigo 1º, ponto 2, do
Regulamento de Inscrição na OPP, “não pode
denominar-se psicólogo ou psicólogo estagiário quem
não estiver inscrito como tal na Ordem”. Para além de
permitir uma formação prática em contexto de trabalho
e, por isso, mais efectiva e rigorosa que o estágio curricu-
lar integrado na formação académica em Psicologia, o
estágio profissional pretende estabelecer uma ponte
para o exercício da Psicologia em Portugal, visando a
inserção de forma mais célere e fácil no exercício activo,
conforme se encontra estipulado no artigo 3.º do Regu-
lamento de Estágios da Ordem dos Psicólogos Portugue-
ses, 20 de Outubro de 2010:“Com a realização do
estágio pretende-se que o psicólogo estagiário aplique,
em contexto real de trabalho, os conhecimentos teóricos
decorrentes da sua formação académica, desenvolva
capacidade para resolver problemas concretos e adquira
as competências e métodos de trabalho indispensáveis a
um exercício competente e responsável da actividade da
Psicologia, designadamente nas suas vertentes técnica,
científica, deontológica e de relacionamento interpes-
soal.”

a psicologia aqui e agora
56 Edição 0 - 2º semestre de 2011
“...inscrição na OPP e submissão do projecto de estágio, real-ização do estágio e do curso de formação e, por fim, conclusão do estágio profissional e entrega do relatório de estágio...”
Em traços gerais, todo o processo decorre ao longo de
três fases principais: inscrição na OPP e submissão do
projecto de estágio, realização do estágio e do curso de
formação e, por fim, conclusão do estágio profissional e
entrega do relatório de estágio.
Assim, para poder ser admitido e realizar estágio profis-
sional é necessária a inscrição na OPP como membro
estagiário. A inscrição na OPP, como membro estagiário
ou efectivo, está sujeita ao pagamento de uma jóia de
inscrição no valor de 180€, tendo uma duração corre-
spondente ao tempo de prática efectiva do exercício da
Psicologia. A inscrição é formalizada mediante uma ficha
de inscrição disponibilizada pela OPP, na qual o
psicólogo estagiário deve propor o projecto a que o seu
estágio profissional vai obedecer. O projecto de estágio é
auto-proposto pelo candidato para realização de estágio
profissional numa entidade previamente protocolada
com a OPP, ou que se propõe a sê-lo, e com um orienta-
dor que seja, por sua vez, membro efectivo da OPP e que
tenha pelo menos cinco anos de experiência profissional.
No formulário de inscrição deverá constar informação
relativa à área de especialidade do exercício da Psicolo-
gia, ao período de duração, ao local e ao orientador do
estágio. Para além disso, e para que a admissão do
projecto seja possível, este deve conter declarações da
entidade receptora e do orientador de estágio em como
se comprometem, respectivamente, a receber e dirigir o
estagiário, para além de uma declaração de princípios
do psicólogo estagiário.
Relativamente ao estágio propriamente dito, este tem
uma duração de doze meses, exceptuando os candidatos
que não realizaram estágio curricular em Psicologia,
para os quais a duração é de dezoito meses. Por outros
termos, o psicólogo estagiário deverá completar o
mínimo de 1600 horas ou de 2400 horas de exercício
em Psicologia, consoante a duração do estágio tenha
sido doze ou dezoito meses. Desse número total de
horas, pelo menos dois terços devem ser realizadas em
regime presencial.
Durante a segunda fase do processo, e antes do término
do estágio profissional, o estagiário deverá realizar
cursos de formação focalizados em questões deontológi-
cas e profissionais, directamente disponibilizados pela

a prática profissional em psicologia
57RUP - Edição 0
foi uma mudança “demasiado rápida e brusca, na qual faltou um acompanhamento adequado”.
Como estão a ser imple-mentados na prática?
Com o intuito de averiguar como este processo decorre
na prática, pedimos opinião a alguns recém-formados
em Psicologia a cumprir presentemente o estágio profis-
sional da OPP. Estes estagiários apontam alguns prob-
lemas no decurso do processo anteriormente explanado,
principalmente inerentes ao facto de se terem candi-
datado no período de criação do Regulamento de
Estágios. Efectivamente, a OPP foi estabelecida a 4 de
Setembro de 2008 e o último Regulamento de Estágios
data de 20 de Outubro de 2010. Segundo os inquiridos,
a partir do momento em que se estabelece um regula-
mento deve haver um período transitório no qual não se
deve exigir o cumprimento íntegro desta nova acepção.
Muitos consideram que, de facto, foi uma mudança
“demasiado rápida e brusca, na qual faltou um acompan-
hamento adequado”. Dessa forma, e devido a impedi-
mentos burocráticos, muitos dos recém-formados nesta
situação não conseguiram dar seguimento, dentro dos
prazos legalmente estabelecidos, ao seu processo de
estágio. Tal deveu-se essencialmente ao facto de os
mecanismos necessários ainda não estarem estabeleci-
dos, como, por exemplo, o caso da plataforma de
estágios on-line que não se encontrava disponível à data
de publicação do Regulamento de Estágios, para que os
candidatos se pudessem inscrever.
Estes processos, como pioneiros deste novo Regula-
mento, sofreram atrasos no seu desenvolvimento, de
causas várias, entre as quais se destacam os impedimen-
OPP e com possíveis custos associados. Esta formação
deve ter avaliação positiva, salientando-se a importância
do psicólogo possuir conhecimentos relativos ao Estatuto
da Ordem dos Psicólogos Portugueses e ao futuro
Código Deontológico. Para além disso, o psicólogo
estagiário está sujeito ao pagamento de taxas para
realização do estágio profissional que, num processo de
estágio que siga as regras dirigidas pela OPP, correspon-
dem a 80€ por cada semestre de estágio realizado.
Por último, a conclusão do estágio pende sob a verifica-
ção do cumprimento do número mínimo de horas, da
conclusão do curso de formação, e da apresentação de
um relatório final de estágio, num período de sessenta
dias. O relatório final de estágio deve descrever a infor-
mação relativa a todas as actividades realizadas durante
o período de estágio, assim como o parecer do orienta-
dor de estágio. A entrega do relatório tem um custo
adicional de 80€. No final de todo este processo, e caso o
relatório tenha tido aprovação positiva pela Comissão de
Estágios, ser-lhe-á atribuída uma avaliação final. A partir
desse momento, o Psicólogo Estagiário poderá
inscrever-se como membro efectivo da OPP e solicitar a
emissão da sua célula profissional.

58 Edição 0 - 2º semestre de 2011
a psicologia aqui e agora
“Estes processos (...) sofre-ram atrasos no seu desen-volvimento, de causas várias, entre as quais se de-stacam os impedimentos burocráticos”
“... a ausência de feed-back regular por parte da OPP ...”
tos burocráticos já mencionados, a ausência de feedback
regular por parte da OPP e as consequentes falhas de
comunicação que originaram atraso na entrega de docu-
mentação por parte do estagiário e/ou orientador.
Baseando-se na sua experiência de Psicólogo Estagiário
e concordando que “faz sentido em termos de Diploma
Europeu de Psicologia que existam estas exigências em
termos de formação do psicólogo”, um recém-formado
questionado, apontou quatro possíveis sugestões para
melhorar a implementação dos estágios profissionais.
Em primeiro lugar, considera essencial uma postura de
receptividade, abertura, unanimidade, aceitação e
retorno por parte dos representantes da OPP, uma vez
que é importante para o estagiário, como agente promo-
tor do estágio profissional, um acompanhamento mais
personalizado e tutorial. Desta forma, ao promover um
contacto mais directo e regular, principalmente entre as
duas partes, possibilita-se uma melhor integração do
psicólogo estagiário na agilização do próprio processo.
Uma segunda sugestão vai no sentido da necessidade de
se estabelecerem mais protocolos com entidades recep-
toras de estágios profissionais, publicando-as no site da
OPP, já que o número de entidades receptoras não
acompanha o crescente número de recém-formados que
necessita de cumprir o estágio profissional para serem
membros efectivos da OPP. Uma terceira nota vai para
ressalvar a igual importância de se realizar uma listagem
dos orientadores de estágio profissional da OPP, no
sentido de facilitar o processo. Por último, foi sugerida a
existência de uma linha de apoio directa para a plata-
forma de estágios, pelo menos durante este período de
maior procura. Esta linha de apoio deverá preconizar um
tipo de apoio mais personalizado, não apenas por
telefone, mas também presencial, para que seja possível
“estar alguém responsável por nos dar informações
directas e específicas acerca do nosso processo”.
Reflectindo sobre a necessidade de se pensar não só a
questão “Onde estão os estágios profissionais?”, mas,
principalmente, a inquietação “Onde está o emprego em
Psicologia?”, os recém-formados deixam alguns consel-
hos aos estudantes, futuros estagiários, futuros psicólo-
gos. “Apliquem-se, estudem para além do curso, apos-
tem nos vossos interesses pessoais para além da vossa
área de formação, entrem em grupos da faculdade, da
universidade, de associações, façam cursos exteriores à
faculdade, aproveitem o conhecimento dos outros para

a prática profissional em psicologia
59RUP - Edição 0
“...as consequentes falhas de comunicação...”
“...depende de cada estudante o percurso que vai fazer e o que pode aprender para ser melhor profissional no futuro, tanto em Psicologia como em qualquer outra área...”
se enriquecerem a si próprios, sejam activos, associati-
vos, envolvam-se, ajam, interajam, aprendam, falem,
desfrutem.” Realçam também a ideia de que “só
depende de cada estudante o percurso que vai fazer e o
que pode aprender para ser melhor profissional no
futuro, tanto em Psicologia como em qualquer outra
área.”
Pensar a prática profissional em Psicologia é, então,
pensarmo-nos a nós próprios como antigos estudantes e
futuros profissionais. É envolvermo-nos nas temáticas (e
problemáticas) que acompanham e antecedem o nosso
exercício da profissão, como, por exemplo, os estágios
profissionais da OPP, para que esta possa ser mais inter-
ventiva e eficaz. É olhar para a sociedade e querer mais,
sugerir mais e, acima de tudo, fazer mais e ser melhor.

a psicologia aqui e agora
A Investigaçãoem Psicologia
60 Edição 0 - 2º semestre de 2011
A investigação é, hoje em dia, uma área em crescimento.
É reconhecido, desde os primórdios da ciência, o seu
assinalável contributo para o desenvolvimento do nosso
conhecimento. A Psicologia, sendo uma disciplina cientí-
fica e, como tal, em constante actualização, recorre
constantemente aos resultados da investigação que é
feita na sua área e em áreas com ela relacionadas para se
actualizar e crescer. A investigação oferece aos Psicólo-
gos, em todas as suas áreas de actuação, não apenas um
saber actualizado, mas um suporte de trabalho pautado
pelo rigor e pela seriedade.
O trabalho de investigação oferece à formação em Psico-
logia novidade, progresso e modernização. Ao exercício
da profissão oferece apoio, fundamento e aper-
feiçoamento. Ao conhecimento científico, oferece opor-
tunidade de testar teorias, de as confirmar ou refutar
para que possam ser rectificadas, aprimoradas e
completadas. Sem investigação, a Psicologia não poderia
comunicar como comunica com outras ciências que com
ela se relacionam. Enfim, a investigação consagra a
Psicologia como disciplina científica, promovendo desa-
fios no seu saber e dotando-a de rigor, suporte,
dinamismo, actualização e fascínio.
Mas quem faz investigação em Psicologia? Como são
dadas as condições para a produção de conhecimento
científico em Portugal?
É seguro afirmar que um percurso de investigação
começa, senão antes, assim que um estudante ingressa
no ensino superior. De facto, a universidade representa
um local de formação em que o conhecimento é produ-
zido e reproduzido. Hoje em dia, os estudantes de Psico-
logia tem a possibilidade de usufruir de experiências
introdutórias à investigação científica ao longo do seu
percurso académico, por exemplo, através de disciplinas
vocacionadas para as metodologias de investigação e
estatística, assim como disciplinas em que o debate e a
análise de novos produtos de conhecimento são fomen-
tados. Além disso, a oportunidade de contactar com a
investigação é em última análise promovida com o
culminar do 2º ciclo de estudos em Psicologia, através da
elaboração de dissertações de mestrado, em que os
estudantes são desafiados a planear, desenvolver e apre-
sentar as suas próprias investigações.
Após a formação inicial em Psicologia, um percurso de
investigação pode ser uma boa opção de carreira.
Muitos optam por esta via para aprofundar o saber nas
mais diversas áreas científicas. Para tal, estão disponíveis
no nosso país os mais diversos tipos de apoio a investiga-
dores, para que se possam dedicar inteiramente à
produção científica. As duas entidades mais significativas
“A Psicologia (...) recorre constantemente aos resultados da investigação que é feita na sua área e em áreas com ela rela-cionadas para se actualizar e crescer.”

a investigação em psicologia
61RUP - Edição 0
a este nível são a Fundação Calo-
uste Gulbenkian e a Fundação
para a Ciência e a Tecnologia.
A Fundação Calouste Gulbenkian
(FCG) é uma instituição privada,
com mais de 50 anos de vida que
desenvolve uma vasta actividade
em Portugal e no estrangeiro.
Directamente ou em parceria com
outras entidades a FCG desenvolve
um conjunto de programas e
projectos nas suas quatro áreas
estatutárias: Arte, Saúde e Desen-
volvimento Humano
(Beneficência), Educação e Ciência. É no âmbito destas
temáticas que são atribuidas bolsas e subsídios em áreas
com escassa oferta, de modo a permitir diversificar os
apoios, privilegiando áreas que não sejam preferencial-
mente apoiadas pelo Estado português. Assim, através
de vários dos seus serviços, a FCG disponibiliza um
número limitado de bolsas destinadas à prossecução de
estudos, actualização e aperfeiçoamento. São exemplos
disso, o Programa para a Internacionalização das Ciên-
cias Sociais (incentivo à publicação em revistas interna-
cionais de referência), assim como as Bolsas de Investiga-
ção Científica, cujas candidaturas abrem regularmente e
em variadas áreas científicas, no âmbito do Instituto
Gulbenkian para a Ciência.
A Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT)
pertence ao Ministério da Educação e Ciência, sendo o
seu principal objectivo “promover o avanço do conheci-
mento científico e tecnológico em Portugal, explorando
oportunidades que se revelem em todos os domínios
científicos e tecnológicos de atingir os mais elevados
padrões internacionais de criação de conhecimento, e
estimular a sua difusão e contribuição para a melhoria da
“A investigação oferece aos Psicólogos (...) não apenas um saber actualizado, mas um suporte de trabalho pautado pelo rigor e pela seriedade.”
educação, da saúde e do ambiente, para a qualidade de
vida e o bem estar do público em geral”. Neste sentido,
são concedidos os mais variados tipos de apoios a projec-
tos de investigação que se possam traduzir em contribu-
tos para o conhecimento científico e desenvolvimento
tecnológico. Nesta instituição, são de destacar os apoios
a instituições de investigação, assim como à formação
em investigação que procuram abranger um público
alvo que vai desde estudantes universitários não gradua-
dos, até jovens pós-doutorados. A FCT apoia cerca de
320 Unidades de I&D e 25 Laboratórios Associados.
Além disso, são financiados por esta instituição, mais de
2000 projectos de investigação, cerca de 8000 bolsas
de doutoramento e pós doutoramento, assim como
outros tipos de bolsas em número menos significativo.
É graças a estes tipos de apoios que os investigadores em
Psicologia podem desenvolver o seu trabalho e contri-
buir para a crescente qualificação do ensino superior e
para o aumento substancial da produção científica
nacional com visibilidade internacional.

a psicologia aqui e agora
62 Edição 0 - 2º semestre de 2011
“o grande trunfo que Portugal tem neste momento é uma massa de bons investigadores com boas ideias e vontade de criar investigação de qualidade dentro do contexto português ”
Ana Figueiredo, é mestre em Psicologia, estudante de
doutoramento e investigadora do Instituto de Psicologia
Cognitiva Desenvolvimento Vocacional e Social
(IPCDVS), uma Unidade de I&D da Universidade de
Coimbra integrada no Instituto de Investigação Interdis-
ciplinar (III) desta Universidade e financiada pela FCT.
Parte do seu estudo de doutoramento decorre na
Holanda e, em entrevista, transmitiu-nos uma visão
bastante optimista da investigação que se faz no nosso
país: “o grande trunfo que Portugal tem neste momento é
uma massa de bons investigadores com boas ideias e
vontade de criar investigação de qualidade dentro do
contexto português (…) ao folhear qualquer revista da
área da Psicologia em Portugal é visível a produção de
muito conhecimento científico, conducente a trabalhos
de qualidade e com relevância científica”.
Carina Teixeira, também doutoranda do IPCDVS a reali-
zar parte do seu trabalho no King's College, em Londres,
está de acordo no que se refere à existência de potencial
na investigação nacional: “a prova disso é que os investi-
gadores portugueses que saem de Portugal desenvolvem
um excelente trabalho nos países que os acolhem. E só
não o fazem em Portugal porque não lhes é dada opor-
tunidade”.
Acerca da procura, por parte dos estudantes, da via da
investigação, Ana Figueiredo considera que, “desde a
criação dos Mestrados Integrados em Psicologia muitos
estudantes tiveram oportunidade de fazer diversas
pesquisas e estudos nas suas áreas de sub-especialização
e, deste modo, perceber o que é a investigação e como é
feita. Assim sendo, aquele fosso que parecia existir há uns
anos atrás entre a área profissional e de investigação foi
diminuído e muitos alunos vieram até a descobrir um
interesse mais profundo pela investigação. Neste sentido,
é possível encontrar mais alunos e recém formados com
interesse em enveredar pela investigação do que em anos
anteriores.” Já Carina Teixeira atribui a crescente procura
dos estudantes e recém formados em Psicologia sobre-
tudo a dois aspectos: em primeiro lugar, à diversidade
existente no universo da investigação em Psicologia –
“contando com inúmeras áreas do saber psicológico,
variados métodos e, portanto, não é difícil que psicólogos
com interesses muito diferentes vejam na investigação
científica uma oportunidade e uma profissão desafiante.
Mesmo aquelas pessoas que nunca pensaram ser investi-
gadoras verificam que a investigação clínica lhes dá a
possibilidade de contactar, ajudar e trabalhar com
pessoas, que é, arrisco-me a dizer, aquilo que motiva a
escolha de grande parte daqueles que enveredam pela
carreira de psicólogo. Por outro lado, as pessoas mais
vocacionadas para a investigação laboratorial têm cada
vez mais, creio eu, oportunidades nesta área.” – em
segundo lugar, embora sem o mesmo peso, à escassez
de oportunidades que o mercado de trabalho oferece
aos recém formados para alcançar independência finan-
ceira (“uma vez que os empregos na comunidade são
cada vez mais escassos, a investigação científica é uma
forma dos recém-licenciados começarem a adquirir
independência financeira por intermédio de Bolsas.
Obviamente, as bolsas não representam a situação ideal
a esse nível, mas face ao estado actual do país, podemos

a investigação em psicologia
63RUP - Edição 0
“ao folhear qualquer revista da área da Psicologia em Por-tugal é visível a produção de muito conhecimento cientí-fico, conducente a trabalhos de qualidade e com relevân-cia científica”
ser investigador implica um número de características muito específicas, entre elas, muita dedicação, a vivência apaixonada daquilo que se faz e acima de tudo ter questões
considerar uma óptima alternativa”). Em todo o caso,
para a doutoranda, “ser investigador implica um número
de características muito específicas, entre elas, muita
dedicação, a vivência apaixonada daquilo que se faz e
acima de tudo ter questões”.
Acerca das vantagens da investigação em Psicologia,
Carina Teixeira aponta a possibilidade de colocar
questões e procurar respostas de uma forma sistemática
e rigorosa, com condições e metodologia apropriadas,
mencionando também que esta actividade permite “mel-
horar competências enquanto psicólogo” que actue em
qualquer área da Psicologia. Outro aspecto referido é o
facto de a investigação em Psicologia implicar “que
quase todos os dias sejam diferentes, porque quando
estudamos a mente e o comportamento humano
deparamo-nos sempre com idiossincrasias e são estas,
na minha opinião, que fazem desta carreira um desafio:
não é fácil generalizar e fazer inferências em Psicologia.
Em suma, cada «tarefa fechada», usando as palavras do
Professor Doutor Manuel Viegas Abreu, abre uma nova
tarefa.”. A este propósito, Ana Figueiredo referiu
também as possibilidades que surgem hoje em dia
graças aos avanços tecnológicos e metodológicos para o
estudo da mente e da interacção humana como o
aspecto mais apelativo para se fazer investigação em
Psicologia: “antigamente, várias áreas de estudo dentro
da Psicologia podiam apenas ser analisadas e estudadas
por aproximações consecutivas ao tema de análise e
dentro de limites impostos pelas próprias
(im)possibilidades de se estudar o que se propunha.
Hoje em dia podem fazer-se estudos mais complexos e
até interdisciplinares que permitem uma visão mais
global de processos fundamentais psicológicos e, ao
mesmo tempo, uma análise mais profunda destes
mesmos processos. Assim, para mim, uma das grandes
vantagens de ser investigador em Psicologia é o poder-
mos investir em áreas de conhecimento menos estuda-
das, ao mesmo tempo que podemos aprofundar os
nossos conhecimentos noutras áreas já bem referencia-
das, mas que poderão sempre beneficiar de investiga-
ções mais parcimoniosas (no que respeita à minúcia na
explicação de determinados processos e fenómenos)
integradas num todo coerente e, de facto, explicativo.”
Quanto aos desafios existentes nesta área, as estudantes
de doutoramento apontam a falta de apoios (logísticos e
financeiros) existentes no nosso país no que se refere à
investigação. Tal dificuldade não deverá ser, para Ana
Figueiredo, sinónimo de “cruzar os braços”. Inclusive,
acredita que “um dos grandes desafios é mesmo manter
um bom nível de qualidade na investigação dentro do
contexto português, por exemplo naquilo que se poderia

a psicologia aqui e agora
64 Edição 0 - 2º semestre de 2011
chamar quase uma Psicologia «nativa», com
referência ao contexto em que é realizada e
em que surgem diferentes necessidades e
hipóteses de investigação que noutros países
não existem. Além disso, penso que é também
pertinente a realização de investigação mais
fundamental que consiga reconhecimento ao
nível internacional. Assim, um desafio será
manter a criação e realização de investigação
relevante para a sociedade portuguesa, sem
descurar a necessidade de também se expor-
tar conhecimento de qualidade que esteja ao
nível de outros países considerados líderes na
investigação em Psicologia.” Para Carina
Teixeira, o desafio prende se com a modifica-
ção de atitudes: “fazer chegar às pessoas que trabalham
na comunidade (instituições de saúde, escolas, empre-
sas) e que não têm ligação à investigação, que os investi-
gadores são pessoas comprometidas com o objectivo da
sua investigação e que o fazem não apenas por si, mas
também e acima de tudo pela e para a sociedade (…)
falo no meu caso em particular, eu acredito que a reabili-
tação psicossocial de pessoas com esquizofrenia é
possível. Quero saber quais as melhores estratégias e
programas para integrar estas pessoas na sociedade,
para que tenham uma vida com significado, um futuro
com objectivos e vejam os seus direitos e liberdades
fundamentais respeitados, como qualquer um de nós.
Vários estudos realizados no estrangeiro mostram que a
reabilitação psicossocial destas pessoas é possível.
Quero mostrar que também é possível em Portugal, mas
se não me é dada a possibilidade de chegar até as
pessoas que sofrem desta patologia, obviamente que
nunca poderei contribuir para o desenvolvimento de
serviços de saúde mental comunitários e para a
mudança de paradigma na saúde mental.”
A propósito do que é feito no estrangeiro, Ana Figueiredo
refere que “muitas vezes caímos no erro de pensar que
«lá fora» se faz melhor
investigação que «cá dentro»”, o que, da sua experiência,
não é verdade: “acredito que temos muito potencial e
possibilidades de ter boas práticas de investigação
dentro de Portugal.” Contudo, há diferenças entre o
contexto nacional e internacional, que se revelam, do
ponto de vista desta doutoranda, nas infra-estruturas e
metodologias, mas também na própria tradição de inves-
tigação em Psicologia, que noutros países tem uma
história mais longa em comparação com Portugal.
Sempre optimista, a investigadora considera que tais
diferenças podem ser encaradas como oportunidades,
mais do que dificuldades: “ainda existem várias vertentes
de investigação carentes de estudo (em áreas como a
intervenção social, a educação e saúde pública, entre
outros) que […] deverão ser tomadas como possibili-
dades e oportunidades de realizar boa investigação,
independentemente dos constrangimentos financeiros e
materiais que possam existir.”. Neste sentido, Carina
Teixeira considera, apesar do estar há pouco tempo no
estrangeiro, que “é notório que se fazem estudos de
maiores dimensões, que as Universidades se envolvem
mais frequentemente em estudos multicêntricos e, claro,
as equipas de investigação envolvem um maior número
de pessoas e concomitantemente há mais oportunidades
para investigadores. É de salientar que, ao contrário do
acontece não raras vezes em Portugal, em que o investi-
gador é, passo a expressão, «pau para toda a obra», no
estrangeiro as equipas contam com pessoas com diferen-
tes perfis e, por isso, desempenham diferentes tarefas,
libertando, por consequência, o investigador para aquilo
que é a sua principal missão e, sobretudo, permitindo ao
máximo o desenvolvimento do seu potencial. Obvia-
mente, o dinheiro alocado à investigação científica no
estrangeiro também é superior.”

a investigação em psicologia
65RUP - Edição 0
“Quanto aos desafios exis-tentes nesta área, as estu-dantes de doutoramento apontam a falta de apoios (logísticos e financeiros) exis-tentes no nosso país no que se refere à investigação”
Quanto ao futuro da investigação em Portugal, Ana
Figueiredo considera que este deverá passar pelo “inves-
timento em áreas de estudo menos desenvolvidas e pelo
investimento dos próprios investigadores em projectos
de relevância nacional e que se coadunam com as neces-
sidades do país. Ao mesmo tempo, acredito que o futuro
da investigação em Portugal passa por desenvolvermos
mais projectos e parcerias internacionais, através de
plataformas europeias e financiamentos externos, que
nos permitam criar uma rede de partilha de conheci-
mentos científicos de qualidade dentro e fora do país.”.
Para Carina Teixeira, prever o futuro é algo difícil neste
momento no nosso país. Contudo, considera que, para
existir futuro, é fundamental impedir a “fuga” dos nossos
cientistas: “Será que conseguiremos lhes dar condições
para que fiquem? Saliento que o principal problema não
é os investigadores saírem do país, mas sim a ausência de
contacto e de trabalhos em parceria com eles. Não tenho
a menor dúvida que muitos portugueses que trabalham
no estrangeiro poderiam continuar a colaborar e desen-
volver trabalho muito útil para o nosso país. O que acon-
tece muitas vezes é que Portugal só se lembra
deles quando ganham visibilidade e prémios
no estrangeiro”.
Assim, para garantir a produção de conheci-
mento científico em Portugal com qualidade e
visibilidade, “terá de haver um maior investi-
mento na publicação de artigos científicos em
inglês e em jornais internacionais conceitua-
dos. Contudo, não acredito que deveremos
apenas produzir em inglês e descurar a divul-
gação da investigação realizada em Portugal na
própria língua. Assim, acredito que o caminho
será procurar o equilíbrio entre a publicação
da investigação em português e em inglês,
continuando a investir em áreas de conheci-
mento fulcrais e de relevância na sociedade
portuguesa”, refere Ana Figueiredo. A sua
colega, acrescenta, ainda que “não nos
podemos isolar”, salientando a importância de
criar parcerias com boas universidades
estrangeiras, de investir em programas de
mobilidade e de participar em estudos multi-
cêntricos, sendo para isso fundamental “apos-
tar na energia dos jovens investigadores, que se compro-
metem e vivem com entusiasmo aquilo que fazem e
apenas precisam de uma oportunidade para desenvolver
investigação inovadora e de qualidade”.

a psicologia aqui e agora
A Formação em Psicologia
66 Edição 0 - 2º semestre de 2011
Formação académica e formação profissional. Forma-
ção de jovens e formação de adultos. Formação escolar e
formação técnica. Formação científica e formação
artística. Formação a curto-prazo e formação sem prazo.
De facto, existem inúmeras áreas, diversas formas e
diferentes tipos de formação. Apesar desta proliferação
de meios e contextos, o pilar de qualquer formação é
comum: a existência de um ser humano que, por motivos
diversos, se predispõe a aprender.
A nossa sociedade actual depara-se (e desenvolve-se)
com a ocorrência contínua e acelerada de uma plurali-
dade de mudanças com reflexos, directos ou indirectos,
nas mais variadas dimensões de funcionamento da vida
em sociedade e de cada pessoa em particular. Cresce a
incerteza. Instala-se a ambivalência. Por isso, torna-se
primordial, numa época acelerada pelo ritmo estonte-
ante da competitividade individual, pela lógica
irrepreensível da tecnologia e pela preocupante
recessão económica iminente, saber cada vez mais e
apostar (a sério e a fundo) na nossa formação. Já não se
trata meramente de desenvolver os níveis de instrução e
qualificação da população. Mais do que isso, é
necessário adquirir uma nova atitude de permanente
formação e actualização de conhecimentos e competên-
cias, pela validade, criatividade e diferenciação.
Tendo por base um ser humano naturalmente predis-
posto para a aprendizagem e uma sociedade que acen-
tua a urgência de possuir cada vez mais (e melhor)
conhecimento, como pensar, então, a formação em
Psicologia? Como foi, como é e como pode ser?
Para nos guiar na exploração deste percurso da forma-
ção em Psicologia em Portugal, pedimos a colaboração
da Professora Doutora Luísa Morgado, Directora da
Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da
Universidade de Coimbra, Ex Coordenadora da imple-
mentação do Processo de Bolonha e membro actual da
Comissão Externa de Avaliação dos cursos de Psicologia
da Agência Nacional de Creditação, que, gentilmente,
Em Portugal, a formação em Psicologia surgiu relativamente tarde, comparativamente ao contexto europeu e americano

a formação em psicologia
67RUP - Edição 0
nos concedeu uma entrevista no dia 26 de Outubro de
2011. De viva voz, tivemos oportunidade de ouvir um
relato histórico, científico e apaixonado de quem se tem
dedicado (e dedica) ao conhecimento e evolução da
Psicologia. Porque se considera que os factos ganham
outra dimensão, mais profunda e extensiva, quando
aliados aos significados que as pessoas que os presen-
ciaram e, mais do que isso, os impulsionaram, lhes
atribuem, também neste artigo se pretende que estas
duas vertentes surjam de forma paralela.
Em Portugal, a formação em Psicologia surgiu relativa-
mente tarde, comparativamente ao contexto europeu e
americano. Foi no ano lectivo de 1911/1912 que surgiu
o primeiro laboratório de Psicologia Experimental no
País, fundado por Alves dos Santos na Universidade de
Coimbra. A disciplina de Psicologia começou por funcio-
nar, nas universidades portuguesas, não como unidade
de conhecimento autónoma, mas como uma área
integrada no curso de Ciências Pedagógicas, ministrado
nas Faculdades de Letras. O seu ensino tinha como
principal objectivo contribuir para a formação dos
professores do Ensino Básico e Secundário. Nos finais
dos anos 60, criou-se, integrada na licenciatura em
Filosofia, uma “Subespecialidade em Psicologia”,
permitindo uma formação mais específica nesta área de
saber.
De facto, a formação em Psicologia com a finalidade de
preparar profissionais qualificados e capacitados para
responder às necessidades específicas do país coincide
com a fundação do Instituto de Ciências Pedagógicas,
em 1962, transformado, dois anos depois, no Instituto
Superior de Psicologia Aplicada (ISPA), em Lisboa. O
ISPA foi a primeira instituição de Ensino Superior em
Portugal a ministrar uma licenciatura nesta área. No
entanto, só a partir da revolução de Abril de 1974, é que
a vontade política e uma nova sensibilidade aos prob-
lemas sociais facilitou o estabelecimento de iniciativas
Foi no ano lectivo de 1911/1912 que surgiu o primeiro labo-ratório de Psicologia Experimental no País, fundado por Alves dos Santos na Universidade de Coimbra
conducentes à criação de cursos superiores de Psicolo-
gia nas Universidades Públicas. Assim foram fundados,
em 1977, pelo Decreto-Lei nº 12/77 de 20 de Janeiro,
os “Cursos Superiores de Psicologia”, em Coimbra, Porto
e Lisboa, tendo mais tarde sido integradas nas Facul-
dades de Psicologia e de Ciências da Educação criadas
pelo Decreto-Lei nº 529/80 de 5 de Novembro. O
estabelecimento dos Cursos Superiores de Psicologia de
forma concomitante nas três Universidades correspon-
deu à concretização de profundas aspirações no seio
destas, bem como das instituições de saúde e das orga-
nizações sociais. Com esta grande reforma no seio
universitário, os docentes das Faculdades de Letras,
transitam para as novas faculdades, onde se integram as
licenciaturas de Psicologia.
Segundo a Prof. Doutora Luísa Morgado, a formação foi
evoluindo de uma “licenciatura generalista em Psicolo-
gia” para uma “formação mais especializada, em torno

a psicologia aqui e agora
68 Edição 0 - 2º semestre de 2011
“... aquilo que distingue o ensino universitário de todas as outras formas de ensino (...) é o facto de o professor universi-tário ser «um investigador que ensina». ”
de seis ramos principais: Avaliação Psicológica, Psicolo-
gia Clínica, Psicologia da Educação, Psicologia das
Organizações, Psicologia Experimental e Psicologia
Social”. A partir daqui, o sistema educativo, nacional e
internacional, aliado à forte motivação de académicos
interessados na expansão de uma formação rigorosa e
científica da Psicologia, permitiu a sedimentação do
curso, estando hoje presente e autonomizado na maior
parte das universidades portuguesas.
A última grande reforma nesta área do saber surge, em
2006, com a implementação do Processo de Bolonha, e
a transformação dos planos de estudo das Licenciaturas
em Psicologia, em Mestrados Integrados em Psicologia,
tendo por base o Diploma Europeu de Psicologia. Tal
aconteceu nas Universidades públicas do Porto, de
Coimbra, de Lisboa e do Minho, assim como também no
ISPA. Neste sentido, estipulou-se como formação
necessária para o exercício da profissão: cinco anos de
formação académica, o que equivale à realização de
300 European Credit Transfer and Accumulation System
(ECTS), divididos entre o 1º ciclo de estudos de três anos
(180 ECTS) e o 2º ciclo de dois anos (120 ECTS), condu-
cente a Grau de Mestre; mais um ano de prática profis-
sional supervisionada (60 ECTS). A implementação
deste processo em Portugal teve como principal objec-
tivo, de acordo com o relatório “Implementação do
Processo de Bolonha a nível nacional”, coordenado pela
Prof. Doutora Luísa Morgado em 2004, “assegurar a
compatibilidade europeia de objectivos e de qualidade
dos graus e qualificações no Ensino Superior com vista a
fomentar a mobilidade docente e discente e a empre-
gabilidade dos seus diplomados”. A este propósito, a
directora da FPCEUC, refere que “apesar de não ter sido
uma tarefa fácil, e de ter exigido um esforço conjunto
entre as diversas Universidades, conseguimos colocar-
nos ao nível daquilo que se faz na formação em Psicolo-
gia em toda a Europa.”.
Presentemente, e através de uma visão geral dos diversos
planos de estudos que vigoram nas Universidades e
Institutos Universitários que administram formação em
Psicologia, constata-se que existe uma grande diversi-

a formação em psicologia
69RUP - Edição 0
dade de conteúdos, estruturas de ensino e áreas de espe-
cialização. A Prof. Doutora Luísa Morgado refere que
existem 38 licenciaturas em Psicologia e dezenas de
Mestrados, considerando que se nota uma enorme
variabilidade na qualidade destes cursos. Revela que, na
sua opinião, existem, de facto, cursos de excelente quali-
dade, onde se incluem, entre outros, os Mestrados
Integrados (não obstante a sua periódica avaliação,
actualização e reformulação, necessárias à evolução de
qualquer área de formação); mas também cursos com
baixa qualidade que, em última análise, deveriam
mesmo ser fechados. Acrescenta que “não temos, a nível
nacional, capacidade para formar tantos psicólogos e
para ter tantos cursos abertos”, reforçando a necessidade
de intervir para aumentar o rigor e a qualidade do ensino
desta área disciplinar. Neste âmbito, enaltece a
importância do Processo de Bolonha, e respectivas refor-
mulações curriculares a que deu lugar, e a criação da
Ordem dos Psicólogos Portugueses como momentos
essenciais na promoção de formações mais sólidas e
reguladas em todo o país.
Em relação ao papel do docente/formador nas universi-
dades e aos desafios com que este se depara, a Prof.
Doutora Luísa Morgado, considera que a carreira univer-
sitária tem duas funções
essenciais: a investigação e
o ensino. Desenvolvendo
esta ideia, explica que
aquilo que distingue o
ensino universitário de
todas as outras formas de
ensino, desde os Ensinos
Básico e Secundário ao
Ensino Politécnico e forma-
ções variadas, é o facto de o
professor universitário ser
“um investigador que
ensina”. E é este dinamismo
e inovação que permite
formar alunos, também
eles, motivados para a descoberta e a acção. É importante
reforçar também a ideia de que a formação em Psicologia
ultrapassa o término do curso. A formação ao longo da
vida é um aspecto fundamental, no sentido de, não só
actualizar conhecimentos e desenvolver competências,
mas também de adaptar os formandos às necessidades
da sociedade em permanente mudança.
Relativamente à comparação entre o contexto nacional e
o internacional no que diz respeito à formação em Psico-
logia, a Prof. Doutora Luísa Morgado aprecia o facto de
esta ser, em geral, muito semelhante em todas as universi-
dades prestigiadas da Europa. Acrescenta que, de facto,
existem cursos no nosso país, nomeadamente os Mestra-
dos Integrados, muito bem organizados e “excelentes”
quando comparados com ciclos de estudo de outros
países da Europa.
A sociedade encontra-se constantemente em transforma-
ção, e tal como a sociedade evolui, também o
ensino/formação, como pilar essencial na construção
dessa sociedade, tem de permitir, acompanhar, e por
vezes direccionar, essa evolução, no sentido de responder
às necessidades e problemas vigentes. Crescem necessi-
dades. Multiplicam-se problemas. Como será então o

a psicologia aqui e agora
70 Edição 0 - 2º semestre de 2011
futuro do ensino na Psicologia? A Prof. Doutora Luísa
Morgado prevê que, no futuro, a Psicologia vai ter mais
áreas específicas de formação e um maior campo de
actuação. Reflectindo sobre a evolução circular das
ciências, refere que “o desafio da formação em Psicologia
já não é hoje o mesmo do passado”. De facto, “a área tem
hoje uma identidade reconhecida socialmente, com
objecto de estudo, metodologias e campo de formação e
actuação bem definidos no contexto científico e social”.
Por ter já conquistado o seu espaço, diferenciando-se
como área disciplinar autónoma, os desafios de futuro
prendem-se hoje, segundo a Professora, com o reforço
da interdisciplinaridade na formação. Neste sentido,
sugere duas medidas práticas para dinamizar esta inter-
disciplinaridade. Em primeiro lugar, aponta, como uma
mais-valia, a realização, por parte dos alunos, de deter-
minado números de ECTS fora da sua faculdade, procu-
rando realizar unidades curriculares noutras áreas do
conhecimento, como Medicina, Biologia, Antropologia,
Economia, Direito, entre outras. Em segundo lugar,
considera fundamental a abertura de novas áreas e
domínios de formação e especialização, de acordo com a
investigação que se faz; começar a ensinar outras áreas
científicas e de intervenção, para além daquelas que já
existem nas faculdades.
Devido a tudo isto, a Prof. Doutora Luísa Morgado
demonstra optimismo em relação ao futuro: “o reconhe-
cimento social da Psicologia, que aumenta a procura, por
parte da população, de serviços especializados de Psico-
logia”, aliado ao “forte contributo que as outras áreas
disciplinares, e as próprias áreas emergentes no contexto
da Psicologia, como a Neuropsicologia, lhe podem
proporcionar” contribui para que a Professora afirme
prever um “futuro muito risonho” para a formação em
Psicologia.
Conhecer (e perceber) o caminho realizado no passado
ajuda-nos a estar mais no presente e a preparar melhor o
futuro. De facto, ao olhar o seu passado, percebe-se que
a formação em Psicologia só tem a ganhar se se camin-
har pelo intercâmbio de informação validada, reputada e
inovadora entre dois tipos de interlocutores: alunos em
acção que apostem numa formação de qualidade e
docentes que ensinem a partir de uma investigação de
excelência. A riqueza desta interacção nasce assim da
partilha e do comum interesse pelo conhecimento e
progresso científico em Psicologia.

a Psicologia como uma disciplina (de) ética
A Psicologia como umadisciplina (de) Ética
69RUP - Edição 0
Ética é a ciência que se ocupa dos costumes, da moral, do
dever do homem e que estabelece o código moral da
conduta, com vista a uma filosofia moral dignificante e
tendo por base a ambivalência entre o bem e o mal. O
Homem é o único ser vivo capaz de fazer essa distinção,
uma vez que o seu pensamento complexo se traduz em
Liberdade de Escolha para agir de uma forma moral-
mente correcta ou moralmente incorrecta, dependendo
da sua própria vontade. Isto traduz-se num conflito de
interesses que vem a ser discutido desde os tempos mais
remotos, não só devido à subjectividade destes conceitos,
como ainda pelo facto de o grau de importância que o
cumprimento ético constitui para cada um, ser muito
variável.
No sentido de minimizar este problema ao nível profis-
sional, surge a deontologia que é o tratado do dever ou o
conjunto de deveres, princípios e normas adoptadas por
um determinado grupo profissional. A deontologia é
uma disciplina particular da ética adaptada ao exercício
da uma profissão. Os códigos de deontologia traduzem
a responsabilidade de associações ou ordens profission-
ais.
Existem inúmeros códigos de deontologia, que em regra
têm por base o sentimento ético das grandes declara-
ções universais, adaptando-as, no entanto, às particulari-
dades de cada país e de cada grupo profissional. Estes
códigos apresentam ainda funções normativas a vincula-
tivas propondo sanções, segundo princípios e procedi-
mentos explícitos, para os infractores do mesmo.
Contudo, alguns códigos contêm apenas uma função
reguladora.
Em Julho de 1892 surge então a APA, a Associação
Americana de Psicólogos, para representar os valores e
epistemologia da Psicologia nos EUA, servindo como
modelo para pensar acerca do fenómeno psicológico,
tendo adoptado o novo modelo do seu Código de Ética a
21 de Agosto de 2002, que se tornou efectivo em 2003.
À semelhança da APA, mas a um nível nacional, a Ordem
dos Psicólogos Portugueses (OPP) nasce a 4 de Setem-
bro de 2008, com a aprovação dos seus estatutos. Com
a sua criação como organismo regulador da profissão de
psicólogo em Portugal, impunha-se desenvolver um
Código Deontológico que orientasse o pensamento
sobre estas questões no exercício da profissão de
psicólogo.
Coube assim à Ordem dos Psicólogos Portugueses a
elaboração de um Código Deontológico da profissão,
constituído por um conjunto de princípios e deveres
“... (o Código Deontológico) não descreve apenas o modo de conduta ético a adoptar por um psicólogo, como pressupõe ainda a sua sanção caso seja violado, o que promove a justiça profissional, a igualdade e a equidade entre clientes e profis-sionais

a psicologia aqui e agora
70 Edição 0 - 2º semestre de 2011
gerais que devem reger o
comportamento dos profission-
ais. Para tal foi criado um capítulo
próprio sobre Deontologia Profis-
sional.
O Código Deontológico assume
o máximo ético como referência
da prática profissional em Psico-
logia, em qualquer contexto ou
área de aplicação, contendo em si
os princípios éticos da mesma a
fim de guiar os/as psicólogos/as
no sentido de práticas de excelên-
cia.
O Código Deontológico está dividido em três secções – o
preâmbulo, os princípios gerais e os princípios específi-
cos. Esta organização parte da maior abstracção para a
concretização de situações-tipo bem identificadas,
encontrando-se primeiramente definidos os princípios
estruturais e aspiracionais, pela secção dos princípios
gerais e de seguida as regras de conduta ética dos/as
psicólogos/as, pela secção relativa as princípios específi-
cos. A sua utilidade facilmente se deduz da compreensão
dos seus objectivos, que incluem não só a promoção da
qualidade de vida e protecção dos clientes que se
entende por todas as pessoas, casais, famílias, grupos,
organizações e comunidades com as quais os/as
psicólogos/as trabalham, bem como a orientação e
formação de membros efectivos e estagiários da Ordem
dos Psicólogos Portugueses e estudantes de Psicologia
relativamente aos princípios éticos da Psicologia.
O exercício da prática do psicólogo obriga a sua
inscrição enquanto membro, ou membro-estagiário,
ficando a actividade profissional deste submetida ao
supervisionamento por parte da OPP. A pertença esta
ordem profissional obriga ao cumprimento dos
princípios estabelecidos no seu Código Deontológico.
Este não descreve apenas o modo de conduta ético a
adoptar por um psicólogo, como pressupõe ainda a sua
sanção caso seja violado, o que promove a justiça profis-
sional, a igualdade e a equidade entre clientes e profis-
sionais.
Já tinham anteriormente surgido em Portugal códigos de
ética e deontologia para os profissionais, no entanto,
nunca aliados a uma organização com poder para a sua
vigilância e sanção. Dessa forma, o Código de Deontolo-
gia constitui uma importante ferramenta para o julga-
mento dos comportamentos dos profissionais, por parte
do Conselho Jurisdicional da OPP, que tem como papel
verificar o cumprimento da lei do Estatuto e dos regula-
mentos internos, quer por parte dos órgãos da Ordem,
quer por parte de todos os seus membros, e ainda
instruir e julgar todos os processos disciplinares instaura-
dos aos membros.
A existência do actual Código deveu-se ao trabalho dos
membros de uma Comissão Preparatória do Código
Deontológico, prestigiados especialistas em diversas
áreas do conhecimento e intervenção psicológica, ao
longo de múltiplas reuniões. Estes analisaram uma

a Psicologia como uma disciplina (de) ética
71RUP - Edição 0
“Os princípios gerais constituem um conjunto de pressupos-tos de actuação consensuais na sua aceitação resultantes de um raciocínio filosófico secular e com base na natureza da in-tervenção psicológica.”
tipologia dos problemas e queixas apresentados ao longo
de alguns anos à, na altura, Associação Pró-Ordem dos
Psicólogos. Muitas dessas preocupações e queixas não
puderam ser atendidas por falta do enquadramento
legal, mas encontram o seu reflexo no resultado dos
trabalhos da comissão, contribuindo para que muitas
situações sejam evitadas e não se voltem a repetir ou
então, caso se repitam sofram as consequências adequa-
das.
O Código também se baseou nos princípios Meta-
Código da Federação Europeia de Associações de
Psicólogos (EFPA), na informação presente noutros
Códigos nacionais e estrangeiros, na reflexão produzida
sobre questões éticas e deontológicas em Psicologia e na
realidade portuguesa.
É através do conhecimento das linhas orientadoras deste
trabalho que se obtém uma adequada compreensão da
intenção e limites do próprio Código. Neste sentido,
tentou elaborar-se um Código que reflectisse grandes
princípios orientadores do comportamento dos profis-
sionais, já que, dada a vastidão da intervenção
psicológica, não seria viável explicitar ao pormenor todas
as circunstâncias particulares da actividade profissional.
Um Código Deontológico é um enunciado de princípios.
Assim sendo, nas situações concretas da prática profis-
sional, segundo esses princípios, as implicações deon-
tológicas poderão não ser óbvias. Pode acontecer que, na
sua aplicação a determinados casos, diferentes
princípios se revelem dificilmente conciliáveis entre si.
Os seguintes princípios gerais são derivados daquilo que
se pode denominar como moral comum da Psicologia
nacional, ou seja, a moral compartilhada pelos/as
psicólogos/as portugueses/as. Estes devem ser consid-
erados como agentes promotores de ligações entre a
teoria e a prática, podendo ser generalizados. Os
princípios gerais constituem um conjunto de pressupos-
tos de actuação consensuais na sua aceitação, já que são
construídos e inspirados nas características naturais da
pessoa, resultantes de um raciocínio filosófico secular e
com base na natureza da intervenção psicológica. Trata-
se, pois, de um conjunto de princípios sentidos como
intuitivamente correctos.

a psicologia aqui e agora
72 Edição 0 - 2º semestre de 2011
PRINCÍPIO A
RESPEITO PELA DIGNIDADE E DIREITOS DA PESSOA
Os/as psicólogos/as devem respeitar as decisões e os
direitos da pessoa, desde que estes sejam enquadrados
num exercício de racionalidade e de respeito pelo outro.
Nesta perspectiva, não devem fazer distinções entre os
seus clientes por outros critérios que não os relacionados
com os problemas e/ou questões apresentadas, e devem,
com a sua intervenção, promover o exercício da autono-
mia dos clientes.
Parte-se do reconhecimento de que a existência de um
direito pressupõe o reconhecimento desse mesmo
direito no outro, sendo por isso um dever. Então, será
dever, ético ou jurídico, de todas as pessoas, dada a sua
característica racional, respeitar os direitos de todos e de
cada um, olhando sempre para cada pessoa como um
ser único, independentemente do seu estatuto pessoal,
sócio-económico e cultural.
PRINCÍPIO B
COMPETÊNCIA
Os/as psicólogos/as têm como obrigação exercer a sua
actividade de acordo com os pressupostos técnicos e
científicos da profissão, a partir de uma formação
pessoal adequada e de uma constante actualização
profissional, de forma a atingir os objectivos da interven-
ção psicológica. De outro modo, acresce a possibilidade
de prejudicar o cliente e de contribuir para o descrédito
da profissão.
Cada psicólogo/a deve garantir as suas qualificações
particulares em virtude dos seus estudos, formação e
experiência específicas, fixando pelas mesmas os seus
próprios limites. Sendo a Psicologia uma ciência que tem
como objecto o estudo das pessoas nos seus diversos
contextos, sendo o seu principal instrumento de interven-
ção a relação interpessoal, resulta como natural o recon-
hecimento que profissionais diferentes tenham caracter-
ísticas diferentes, pelo que cada um deverá ter consciên-
cia das suas necessidades específicas, sendo o próprio o
melhor juiz da sua competência. Será fácil compreender
que a única forma que o profissional tem de responder
pelas suas acções e de ter uma noção o mais objectiva
possível sobre a sua intervenção, é desenvolver uma
actuação baseada em conhecimentos científicos actual-
izados.
PRINCÍPIO C
RESPONSABILIDADE
Os/as psicólogos/as devem ter consciência das conse-
quências que o seu trabalho pode ter junto das pessoas,
da profissão e da sociedade em geral. Devem saber
avaliar o nível de fragilidade dos seus clientes, pautar as
suas intervenções pelo respeito absoluto da decorrente
vulnerabilidade, e promover e dignificar a sua actividade.
Num mundo cada vez mais centrado no valor da autono-
mia individual, não pode ser negada uma maior atenção
à vida em sociedade e às responsabilidades que esta
comporta. A referência ao interesse social obriga não
apenas a considerar a comunidade humana, mas
também todas as outras componentes do mundo natural
em que a pessoa se insere.

a Psicologia como uma disciplina (de) ética
73RUP - Edição 0
PRINCÍPIO D
INTEGRIDADE
Os/as psicólogos/as devem ser fiéis aos princípios de
actuação da profissão promovendo-os de uma forma
activa. Devem prevenir e evitar os conflitos de interesse e,
quando estes surgem, devem contribuir para a sua
resolução, promovendo a discussão das diferentes
perspectivas em equação.
A integridade é a qualidade de quem revela inteireza
moral, também definida como uma virtude, uma conju-
gação coerente dos aspectos do eu. Deve então
promover-se, no contexto profissional, a integridade
moral como um traço de carácter que consiste numa
integração coerente de valores profissionais razoavel-
mente estáveis e justificáveis, acompanhada de uma
fidelidade activa a esses valores tanto no juízo como na
acção.
Deste modo, a integridade, tal como foi expressa, poderá
ficar comprometida sempre que o profissional se deixar
influenciar pelas suas próprias motivações ou crenças,
preconceitos e juízos morais, nos casos em que surjam
conflitos de interesse pessoal, profissional e institucional,
dilemas centrados nas hierarquias, ou mesmo a partir de
pedidos não razoáveis dos clientes.
PRINCÍPIO E
BENEFICÊNCIA E NÃO-MALEFICÊNCIA
Os/as psicólogos/as devem ajudar o seu cliente a
promover e a proteger os seus legítimos interesses. Não
devem intervir de modo a prejudicá-lo ou a causar-lhe
qualquer tipo de dano, quer por acções, quer por
omissão.
Deste modo, ao definir este princípio como um dos
princípios centrais do exercício da Psicologia, assume-se
o pressuposto de que mesmo em processos de interven-
ção cuja motivação central não seja promover o interesse
das pessoas como, por exemplo, em algumas situações
da psicologia forense ou organizacional, o profissional
deverá ter em atenção que as pessoas devem estar no
centro das suas inquietações. Qualquer intervenção
poderá provocar, potencialmente, algum tipo de prejuízo
à pessoa. Contudo, desde que o balanço entre o risco e o
benefício seja positivo para o cliente, a intervenção é
legítima. O dano a evitar será aquele que não cumprir
esta equação.
Este documento está longe de dar resposta a todas os
dilemas éticos, em particular aos que implicam uma
reflexão e discussão das consequência das acções, com
fim a obter o máximo de bem para o maior número de
pessoas e instituições envolvidas; no entanto, aproxima-
se cada vez mais deste objectivo.

a psicologia aqui e agora
António Damásio
76 Edição 0 - 2º semestre de 2011
21 de Setembro de 2011... Faltavam poucos minutos
para as onze horas da manhã quando uma das mais
significativas e nobres cerimónias da Universidade de
Coimbra tinha início. Um Doutoramento Honoris Causa
pela Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação
(FPCE UC), concedido a António Damásio, ilustre neuro-
cientista, bem conhecido e acarinhado no meio
académico, como no público em geral*.
Ana Paula Relvas, Professora Catedrática da FPCE-UC,
foi a apresentante na cerimónia de investidura, cujo
valioso contributo para o estudo da família e terapias
familiares a nível nacional e internacional foi destacado
por Madalena Alarcão, vice-reitora da Universidade de
Coimbra e Professora Associada da FPCE UC, encar-
regue do seu elogio.
Eduardo Sá, Professor Auxiliar da FPCE-UC fez o elogio a
António Damásio, destacando a relevância e pertinência
do seu trabalho, mencionando a noção de subjectividade
humana para a compreensão da consciência, agregando
razão e afecto, já que “conhecer e sentir não são fenóme-nos independentes”.
Apesar de a medicina estar na base da sua formação, o
trabalho centrado nos comportamentos, emoções e
processos de decisão justificaram plenamente um
Doutoramento Honoris Causa em Psicologia,
reconhecendo-se a importância das neurociências para
a compreensão da mente humana, assim como do valor
da obra de António Damásio para a Psicologia, uma
ciência humana que se assume como plural e em
constante indagação. A este propósito, o recente Doutor
Honoris Causa pela FPCE UC referiu:
“A Psicologia, diria o sábio, estaria pronta a declarar o fim dos seus trabalhos, já que tudo o que era preciso descobrir sobre a mente humana estava descoberto, ou quase. […] Esse sábio imaginário teria sido um péssimo profeta e ter-se-ia enganado profundamente. O projecto da psicologia científica tem vindo a ser realizado, com êxito e velocidades crescentes, através da neurociência e da biologia empenhadas em descobrir como o tecido nervoso constrói a mente.”
Em sua homenagem, foram destacadas as qualidades
enquanto cientista, bem como o seu valor humano. A
abrangência do trabalho que desenvolveu foi também
referida, tal como o facto de a sua obra estar acessível,
não apenas aos académicos, mas ao público em geral,
de uma forma simples e clara.
* O título de Doutor Honoris Causa é um título honorífico, atribuído não por prestação de uma prova académica mas, como o próprio nome em latim
indica, “a título de honra”, reconhecendo o valor e o contributo de figuras destacadas da ciência e sociedade. Na Universidade de Coimbra, esta
cerimónia é cumprida na Sala Grande dos Actos (comummente conhecida como Sala dos Capelos), repleta de tradição e história, não fosse essa a mais
antiga Universidade do país.
DOUTORAMENTO HONORIS CAUSA

António Damásio na Universidade de Coimbra
77RUP - Edição 0
Durante muito tempo pensou-se que o sentir seria
inabordável, que seria uma parte inatingível das
emoções. Hoje porém podemos dizer, e devido a
contributos como os de António Damásio, que não é de
todo impossível perspectivar a sua compreensão à luz da
ciência.
O autor e cientista de renome começa por destacar que,
como se sabe, “as emoções são parte da gestão automa-
tizada, de cariz biológico num organismo vivo (…). Têm
uma natureza distinta das motivações, e de impulsos”.
Deste modo, ao contrário do que a palavra emoção
significa nas mentes das pessoas, ou seja, algo consid-
Às 16h30 da tarde do mesmo dia de Setembro começava uma conferência para os muitos e expectantes alunos da
Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, que constituíam a maioria da
audiência e que rapidamente encheram todo o anfiteatro do edifício da FPCE/UC.
Cérebro, mente e sentimento. Eis uma breve síntese do que António Damásio nos ensinou...
A CONFERÊNCIABRAIN, MIND AND FEELING
O problema do sentir
erado interno, as emoções serão predisposições para
acção. A sua definição não se esgota aqui no que diz
respeito ao ser humano, pois sabemos que, perante certa
emoção, haverá cognições com mais probabilidade de
ocorrência do que outras, reagindo assim a parte do
sentir à emoção em si. Sentimento e emoção são,
portanto construtos distintos. Enquanto as emoções “são
programas complexos, em grande medida automatiza-
dos, produtos da evolução” os sentimentos “são percep-
ções compostas daquilo que acontece no corpo e na
mente quando sentimos emoções”.

78 Edição 0 - 2º semestre de 2011
a psicologia aqui e agora
As emoções emitem uma resposta padrão rápida a prob-
lemas complexos, resposta esta que, apesar de célere, é
elaborada e não requer deliberação a espécies que não
primam pelas suas capacidades cognitivas. Ora a
emoção constituirá uma vantagem assinalável para a
Então como operam as emoções?
espécie humana. Note se porém que quando esta capa-
cidade choca com as convenções e regras culturais,
então aí, é necessária a intervenção de respostas delib-
eradas conscientes no âmbito das nossas capacidades
cognitivas.
Para o neurocientista tal decorre de sequências de
acções concorrentes que modificam o estado interno do
organismo, o comportamento e a sua mente. Um exem-
plo simples é a preparação fisiológica do medo para a
acção através de acções preparatórias (do coração,
Como é que as emoções atingemos seus objectivos de gestão?
pulmões, intestino, perda da habilidade para sentir dor,
secreção de cortisol), comportamentos específicos
(lutar ou fugir), e comportamentos atencionais (saliência
do objecto causal).
António Damásio menciona a hipótese da geração de
mapas de acções, parâmetros, em todas as regiões
cerebrais, que representam o sinal corporal. Deste
modo, a estratégia para aceder ao sentimento será
análoga à utilizada na configuração de imagens visuais,
ou seja, através da construção de mapas cerebrais. Tal
construção, no caso das imagens visuais, recorre a crité-
rios como profundidade, cor ou tamanho, provenientes
de diversos pontos do cérebro. No caso da percepção
dos eventos emocionais, o seu mapeamento recorre a
Como é que atingimos a percepçãodos eventos emocionais?
variáveis internas, como é o caso da temperatura corpo-
ral.
António Damásio deixou uma reflexão sobre os desen-
volvimento da ciência advertindo para o facto de esta ir
avançando como pode, já que não é imune ao zeitgeist
de investigação da época em que decorre. Assim, ficou
clara a ideia de que a ciência pode ser constantemente
ajustada e melhorada a nível epistemológico.

79RUP - Edição 0
António Damásio na Universidade de Coimbra
António Rosa Damásio, nasceu em Lisboa a 25 de Fever-
eiro de 1944. É casado com a Dr. Hanna Damásio, sua
colega e frequentemente co-autora.
Licenciou-se em Medicina na Faculdade de Medicina da
Universidade de Lisboa, em 1969 mas ainda antes, em
1967, foi bolseiro do Aphasia Research Center em
Boston, onde trabalhou sob a supervisão de Norman
Geschwind , um dos pioneiros das Neurociências.
Especializou-se em Neurologia e, em 1974, terminou o
doutoramento também na Faculdade de Medicina de
Lisboa, onde foi Professor Adjunto até 1975. Iniciou a
sua carreira como investigador no Centro de Estudos
Egas Moniz, chefiando o Laboratório de Pesquisas da
Linguagem, entre 1971 e 1975.
Deixou Portugal em 1975, obtendo cidadania ameri-
cana e fixando residência nos EUA, país onde iniciou e
desenvolveu um longo percurso de pesquisa centrado na
ANTÓNIO DAMÁSIOUMA BIOGRAFIA
neurobiologia do comportamento humano, procurando
esclarecer a relação entre os sistemas neurais e a
consciência. É actualmente, e desde 2006, Professor de
Neurociências no Dana and David Dornsife College of
Letters, Arts and Sciences, na Universidade da California
do Sul onde também dirige, desde 2005, o Brain and
Creativity Institute. Lecciona desde 1989 na Universi-
dade de Iowa onde é, desde 2005, Distinguished
Adjunct Professor assim como no Salk Institute for
Biological Studies, em La Jolla. No Iowa, com sua mulher,
Hanna, promoveu a criação de uma importante unidade
de investigação para o conhecimento da actividade
cerebral e suas relações com a memória, linguagem,
emoções e os mecanismos de decisão. Trata-se de um
dos principais laboratórios de neurociências cognitivas
do mundo científico. É também membro de diversas
academias e instituições por todo o mundo e faz parte do
conselho editorial de dezenas de revistas científicas
americanas e europeias.

80 Edição 0 - 2º semestre de 2011
a psicologia aqui e agora
A investigação da mente e a abordagem científica de temas que segundo a tradição têm sido encarados e pensados sobre-tudo em termos filosóficos, têm proporcionado a António Damásio uma série de distinções e prémios
Os seus estudos debruçam-se sobre a área designada
por ciência cognitiva, e têm sido decisivos para o conhe-
cimento das bases cerebrais da linguagem e da
memória. Entre as suas principais conclusões encontra-
se a premissa de que não há separação entre a mente e o
corpo. A mente tem uma base biológica e, em conjunto
com o cérebro, forma uma realidade única e indisso-
ciável.
A investigação da mente e a abordagem científica de
temas que segundo a tradição têm sido encarados e
pensados sobretudo em termos filosóficos, têm propor-
cionado a António Damásio uma série de distinções e
prémios, tanto nos Estados Unidos como na Europa. É
Doutor Honoris Causa em inúmeras Universidades por
todo o mundo, sendo a sua mais recente distinção
oriunda da Universidade de Coimbra, em Psicologia.
Damásio é também um conhecido conferencista da
especialidade, tendo apresentado comunicações de
grande qualidade em reputadas instituições científicas,
seminários e congressos nos EUA. São inúmeros os seus
artigos publicados em revistas científicas mas, para além
das comunicações em reuniões e congressos internacio-
nais, o neurocientista tem também procurado atingir um
público mais vasto com a publicação de vários livros
onde explora e explica, de forma rigorosa e acessível, as
teorias centrais e os fios condutores da sua pesquisa.
Neste âmbito, a primeira publicação de António
Damásio em 1995, O Erro de Descartes, foi um enorme
sucesso, tendo sido traduzido para mais de 30 línguas.
Neste livro, apresenta alguns casos clínicos e defende,
com base nestes, que a resolução de problemas e a
tomada de decisão nas pessoas comuns não se faz base-
ada exclusivamente no exercício racional (como afirma-
ria Descartes), mas sim através daquilo que designa por
“marcadores somáticos”. Foi com esta obra que se
iniciou o reconhecimento do neurocientista junto do
grande público. De seguida, em 2000, lança o livro O
Sentimento de Si: O Corpo, a Emoção e a Neurobiologia
da Consciência, eleito um dos dez livros do ano pelo New
York Times. Em 2003, no livro Ao Encontro de Espinosa:
As Emoções Sociais e a Neurologia do Sentir, Damásio
foca-se nas relações entre filosofia e a neurobiologia, o
comportamento e a ética. A sua obra mais recente é O
Livro da Consciência, publicado em Setembro de 2010,
uma reflexão actualizada em torno da mente e da
consciência.

81RUP - Edição 0
António Damásio na Universidade de Coimbra
Tendo como componentes-base, a informação que apre-
senta nos seus livros mais antigos (Erro de Descartes, Ao
Encontro de Espinosa, Sentimento de Si), António
Damásio, em O Livro da Consciência, actualiza os dados
que neles havia apresentado – abandonando também
algumas ideias lá presentes – bem como apresenta novas
provas descobertas em estudos feitos, tanto no seu
laboratório, como em muitos dos seus contemporâneos,
para corroboração da teoria que apresenta. Nomeada-
mente, a forma como os sentimentos são construídos e os
mecanismos responsáveis pela formação do Eu.
Num contínuo fluxo de informação entre o cérebro e o
corpo-em-si, fluxo este que comprova a unicidade
mente-corpo defendida não apenas por Damásio, a
consciência como conceito psicobiológico tem início de
existência no tronco cerebral, região primordial que
remonta caracteristicamente aos primeiros cérebros, os
dos répteis, que é partilhada por muitas espécies e que se
situa na base do nosso crânio. Este neurobiólogo do
comportamento defende esta ideia alertando que o tipo
de consciência que é definida no tronco cerebral é
diferente da que acontece em níveis superiores
cerebrais, gerando, cada tipo, um nível diferente de
complexidade de processamento de informação;
seguindo-se a este proto-eu, a forma mais simples e
primordial da consciência (e a base da teoria dos
O LIVRO DA CONSCIÊNCIA por Fernando AbreuEstudante da FPCE-UC

82 Edição 0 - 2º semestre de 2011
a psicologia aqui e agora
marcadores-somáticos), há o eu-nuclear – estes dois
constituem o eu material (ainda não num nível tão
executivo), sem conteúdo tão abrangente como o
eu-autobiográfico – possuidor de uma avaliação que já
conjuga o passado, o presente e o futuro antecipado,
mais espiritual (isto evidencia já o que defende o autor
em relação à existência de mente, e até à consciência
em outras espécies animais). Inerentemente, as
emoções e sentimentos gerados em cada nível ocor-
rem também em concomitância, não conscientemente
em primeiras instâncias, com este processamento.
Uma vez mais, com sentido absolutamente viável, a
informação não é centrada num sítio específico do
cérebro – basta conhecer minimamente as estruturas
anatómicas e suas funções para entender que é impos-
sível não acontecer deste modo. E é este facto, esta
macro articulação, que permite o produto Consciên-
cia como apresentado.
Uma boa forma de entender isto, é usando uma analo-
gia que Damásio propõe e que tem alguns princípios
subjacentes que até causam discussão: “O mais estra-
nho, no que toca a aspectos superiores da consciência,
é a ausência óbvia de um maestro antes do início da
performance, embora, à medida que tal performance
se vai desenrolando, surja de facto um chefe de orques-
tra.” Tenhamos atenção ao facto de uma orquestra não ser composta por um só instrumento, uma vez mais. Ora,
decompor esta citação torna-se uma tarefa árdua e fascinante, pois creio serem necessários alguns detalhes a nível
celular (e não só), bem como princípios de auto-organização, remontando aos processos bacterianos, por exemplo,
que causam espanto, pois parecem brilhantemente coordenados apesar de serem simplesmente (e aqui uso simples
com grande eufemismo) «controlados» por fenómenos químicos e bioquímicos – o que não retira em nenhum ponto a
beleza e ânimo que a consciência e tudo o que se passa no cérebro têm. O maestro presente em nós humanos surge a
posteriori. E esse maestro é o que conhecemos por Eu. Só nos tornamos conscientes quando atingido um nível superior,
conseguimos ser capazes de avaliar os níveis mais inferiores.

A Psicologia naUniversidade do Porto
83RUP - Edição 0
A Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da
Universidade do Porto (FPCEUP) conta com 35 anos de
história. Ao longo do tempo, esta instituição tem procu-
rado desenvolver o ensino e a investigação em Psicologia
e Ciências da Educação, e oferecer o seu contributo e
trabalho à sociedade.
Nesta faculdade da Universidade de Porto, são postas à
disposição várias ofertas formativas. No caso do
Mestrado Integrado em Psicologia, as áreas de especial-
ização incluem a Intervenção Psicológica, Educação e
Desenvolvimento Humano, a Psicologia Clínica e da
Saúde, a Psicologia das Organizações, Social e do
Trabalho e a Psicologia do Comportamento Desviante e
da Justiça. Todavia, na FPCEUP estão disponíveis opor-
tunidades de formação que vão para além dos estudos
de 1º, 2º e 3º ciclos, incluindo programas de educação e
formação contínua dirigidos ao público em geral. Educa-
ção, justiça, saúde, administração pública central e local,
animação sociocultural e trabalho em empresas são
alguns exemplos de áreas que integram a oferta da
instituição.
Ao nível da investigação, destacam se as actividades de
I&D (Investigação e Desenvolvimento) muitas das quais
com carácter multidisciplinar. A investigação na FPCEUP
é, portanto, desenvolvida em unidades como o Centro de
Apoio ao Estudo do Cérebro, o Centro de Ciências do
Comportamento Desviante, o Centro de Investigação e
Intervenção Educativas, o Centro de Psicologia da
Universidade do Porto, o Centro de Psicologia do Desen-
volvimento e Educação da Criança, o Centro de Recursos
Paulo Freire, o Instituto de Consulta Psicológica, Forma-
ção e Desenvolvimento, o Laboratório de Fala, o Labo-
ratório de Neuropsicofisiologia e o Laboratório de
Reabilitação Psicossocial.
“...esta instituição tem procurado desenvolver o ensino e a in-vestigação em Psicologia e Ciências da Educação, e oferecer o seu contributo e trabalho à sociedade.”
a psicologia na Universidade do Porto

84 Edição 0 - 2º semestre de 2011
A prestação de serviços à comunidade é também uma
actividade desta instituição de ensino, que é desen-
volvida em articulação com as actividades de investiga-
ção científica e docência. A sua oferta abrange diversos
domínios, em particular, consulta psicológica de orienta-
ção vocacional ao longo da vida, consulta psicológica de
crianças e adolescentes, psicoterapia, consultas em
Psicologia da saúde, atendimento a agressores e vítimas,
intervenção precoce e consultadoria em Psicologia do
trabalho.
Em visita às mais recentes instalações da FPCEUP,
encontrámo-nos com a Joana Esteves, vice-presidente da
Associação de Estudantes da faculdade e estudante do 4º
ano, na área de especialização em Psicologia das Orga-
nizações, Social e do Trabalho. Tendo conseguido entrar
no curso que era sua primeira opção, escolheu a Univer-
sidade do Porto para o tirar: “andei a informar-me sobre
as várias faculdades, percebi que a FPCEUP tinha muito
prestígio, conhecia pessoas que estudaram aqui no Porto
e que me confirmaram o renome deste curso na Univer-
sidade do Porto e então candidatei-me aqui.” Com a
frequência do curso de Psicologia na FPCEUP, corro-
borou esta ideia inicial: “temos professores de grande
renome na faculdade; temos laboratórios de investiga-
ção que também são de extrema qualidade, com docen-
tes e investigadores que são muito conhecidos em Portu-
gal.”
Para a estudante, as maiores vantagens de estudar na
Universidade do Porto são as oportunidades: “os
estágios pela Universidade do Porto têm trazido grandes
oportunidades para os estudantes que daqui saem. Pelo
que sei, a taxa de empregabilidade em termos de Psicolo-
gia (porque está uma altura difícil para os Psicólogos)
penso que é uma das melhores. Mesmo durante o curso,
os estudantes têm muitas oportunidades de praticar
investigação nos laboratórios, podem concorrer a bolsas
de investigação e os melhores alunos conseguem
integrar projectos. A Associação de Estudantes também
tem trazido imensas oportunidades para os estudantes.
Falo por mim, já conheci imensas pessoas e ganhei
imensa prática na Associação de Estudantes. Fazemos
mini estágios, também para os estudantes. Acho que
realmente, para além da qualidade, são sobretudo as
oportunidades que a FPCEUP traz para os estudantes.”
Ser estudante de Psicologia nesta instituição de ensino é,
“É uma experiência avassaladora, é muito envolvente. […] Nunca conheci ninguém que não tivesse orgulho ao dizer que o seu curso de Psicologia era na Universidade do Porto.”
a psicologia aqui e agora

85RUP - Edição 0
para a Joana, sinónimo de orgulho: “é um orgulho para
quem consegue entrar. O número de candidatos é
sempre elevado. É uma faculdade com muito prestígio,
muito conhecida a nível da Psicologia. Todos os que
acabam por entrar aqui sentem isto como a sua casa e
gritam com orgulho «FPCEUP!». É uma experiência
avassaladora, é muito envolvente. […] Nunca conheci
ninguém que não tivesse orgulho ao dizer que o seu
curso de Psicologia era na Universidade do Porto. Os
estudantes da FPCEUP são pessoas envolvidas social-
mente e em diversas actividades, dentro e fora da facul-
dade, envolvem-se em voluntariado, nas praxes, em
bolsas de investigação, em actividades desportivas…” Tal
facto explica se, segundo a estudante, devido ao carácter
integrador da faculdade e da sua Associação de
Estudantes que, desde a entrada dos alunos no primeiro
ano, se esforça por recebê los e apoiá los, independente-
mente de os mesmos optarem por aderir à praxe ou não.
Apontado como exemplo ficou um novo projecto de
mentoria, “feito em colaboração entre a faculdade e a
associação de estudantes, em que durante todo o ano, os
estudantes do 1º ano que se quiseram inscrever foram
designados a um mentor [os mentores são estudantes
mais velhos] e que os ajuda ao longo do 1º ano na sua
integração, mesmo em questões mais burocráticas, para
facilitar e ajudar aos processos de inscrição, por exem-
plo. Alguém que os acompanha mais de perto, com
quem possam ir ter, de quem se lembrem da cara. Acho
que foi um mecanismo muito importante e que espero
que se perpetue por anos seguintes.” Foi ainda
destacado “o sentimento da casa, de estar em casa” como
característica distintiva dos estudantes de Psicologia da
FPCEUP.
A propósito da Associação de Estudantes da Faculdade
de Psicologia e de Ciências da Educação da Universi-
dade do Porto (AEFPCEUP) e da sua organização, Joana
explicou: “o meu cargo é de vice-presidente. Faço um
bocadinho de tudo. Eu e o presidente, o Tiago Paiva,
temos a nosso cargo a representação externa da Associa-
ção e a representação também aqui na faculdade e a
coordenação de todos os projectos que a Associação
assume. Depois claro que acabamos por fazer também
um pouco de tudo, não nos limitamos a coordenar. A
Associação de Estudantes é constituída por três órgãos
independentes: a Direcção, a Reunião Geral de Alunos e
o Conselho Fiscal, mas como somos um grupo relativa-
mente pequeno tentamos juntar nos, fazemos reuniões
vendo a disponibilidade de cada um e dividimos tarefas.
Temos departamentos, cada um tem mais responsabili-
dades nisto ou naquilo, mas na prática trabalhamos
muito em conjunto. Também temos a Secretaria da Asso-
ciação, com uma secretária contratada que é um grande
apoio, que trata de tudo o que é serviços aos estudantes
(venda de senhas de almoço, venda de material, orga-
nização de inscrições, etc.). Somos muito próximos da
a psicologia na Universidade do Porto

86 Edição 0 - 2º semestre de 2011
direcção aqui da faculdade. Eles são um grande apoio e
quando temos algum problema conseguimos facilmente
ir falar com alguém da direcção que nos tem prestado
sempre todo o apoio possível.” No que concerne à inter-
acção e contacto com os seus representados, a AEFP-
CEUP recorre sobretudo a dois canais de comunicação:
o contacto directo e pessoal com os membros da Associa-
ção dos Estudantes, que se dão a conhecer logo na
campanha e que procuram mostrar-se disponíveis:
“normalmente as pessoas da Associação passam muito
tempo aqui na faculdade, portanto há muita interacção
face a face. As pessoas conhecem-nos nos corredores,
falam connosco, vêm ter connosco […] Temos também a
sala, onde os estudantes podem vir ter conosco, e
também a nossa secretaria”. O outro canal é a internet: a
AEFPCEUP interage com os seus representados através
do seu site e do facebook e possui um e-mail interno
através do qual também comunica com os alunos, cujos
contactos se encontram agrupados numa base de dados.
A Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da
Universidade do Porto apresenta se assim como uma
instituição de ensino pautada por considerável
dinamismo, trabalho e inovação, aspectos que se
reflectem nos seus estudantes, cujo orgulho na faculdade
é evidente.
a psicologia aqui e agora

a psicologia além fronteiras
A Psicologia Além Fronteiras
87RUP - Edição 0
Moinhos, tulipas e sapatos de madeira são as imagens
que caracterizam a Holanda, no entanto, a que mais
agrada aos locais é a de homens de negócios internacio-
nais, trabalhadores e justos. De facto, desde a sua luta
pela independência (‘A Guerra dos Oitenta Anos’
(1568-1648)) contra o império espanhol, a Republica
da Holanda viveu o seu próprio Renascimento que deixou
uma profunda marca na civilização moderna. O período
que ficou conhecido como o Século de Ouro Holandês
ficou marcado pela expansão marítima, mas também
pela expansão intelectual e científica.
Em consequência deste clima de tolerância e abertura, a
Republica Holandesa produziu um extenso grupo de
artistas como Rembrandt ou Vincent Van Gogh. O
mesmo aconteceu no domínio da Ciência, tendo
protagonizado várias invenções e avanços tecnológicos
(e.g. o microscópio, o relógio de pêndulo, etc.). A figura
dominante foi o matemático e astrónomo Christiaan
Huygens (1629-1695) cuja investigação incidiu no
desenvolvimento dos primeiros telescópios elucidando a
natureza dos anéis de Saturno e a descoberta da lua de
Titã.
Algo mais pode ser atribuído aos holandeses. Serem fiéis
às suas raízes culturais. Ainda hoje podemos constatar
que a mesma importância é colocada em manter a sua
posição de prestígio nos campos da educação, pesquisa,
ciência e tecnologia. Sinal disso é a permanência no
ranking do Times Higher Education (THE) que, este ano,
colocou 10 universidades holandesas no Top 200 a nível
mundial. Outro factor que elevou o ensino superior
holandês a outro patamar de excelência e reputação
internacional foi o desenvolvimento e implementação da
metodologia de ensino Problem-based learning ou
Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP).
Esta estratégia pedagógica centrada no aluno tem como
objectivo promover o conhecimento em diversas áreas,
mas também fomentar a criatividade e desenvolvimento
de competências na resolução de problemas e apren-
dizagem auto-centrada. O professor, que adopta uma
posição de facilitador do conhecimento expõe aos
alunos um caso para estudo num contexto realista e sem
soluções estruturadas. Os estudantes reúnem-se em
“A minha experiência pessoal enquanto estudante internacio-nal durante este semestre permitiu-me comprovar que toda a qualidade e distinção conferida à Universidade de Groningen e ao ensino superior holandês em geral, é de facto merecida. ”
PSICOLOGIA ONDE LARANJANÃO É SÓ A COR DO CURSO
por Pedro AlmeidaEstudante da FPCE-UC
em Erasmus na Universidade de Groningen

88 Edição 0 - 2º semestre de 2011
a psicologia aqui e agora
grupos de trabalho, identificam o problema, investigam,
debatem, interpretam e produzem possíveis soluções
para o problema. Desta forma, o papel do professor e
aluno encontram-se invertidos onde o aluno passa de um
mero inerte recipiente de informação para um agente
activo no seu processo de aprendizagem sobre o mundo.
Enquanto no processo tradicional de orientação cogni-
tiva, o professor é visto como o único detentor e transmis-
sor do conhecimento, nesta abordagem é atribuído ao
docente o papel de guia no processo de aprendizagem
com o objectivo auxiliar os alunos no processo de
resolução dos problemas.
A sua posição geográfica no coração da Europa aliada
ao enorme investimento na formação internacional faz
da Holanda uma escolha óbvia para quem aspire a um
percurso profissional além-fronteiras. Na verdade, a
Holanda foi o primeiro país de origem não anglófona a
oferecer cursos inteiramente leccionados em inglês e
contam neste momento com 81.700 estudantes interna-
cionais. No total, as instituições de ensino superior
holandesas têm à disposição 1.560 cursos e programas
de estudo completamente dados em inglês. Entre estas
está a Universidade de Groningen onde tive a oportuni-
dade de estudar durante um semestre no programa de
mobilidade Erasmus. Em cada ano a Universidade de
Groningen recebe mais de 3.500 estudantes originários
de 115 países diferentes e este ano fui um desses sortu-
dos!
Desde a sua fundação em 1614, a Universidade de
Groningen detém uma reputação internacional como
sendo uma instituição de ensino dinâmica e inovativa.
Até à data da sua fundação, quase metade dos seus
estudantes e professores eram originários de fora da
Holanda – por exemplo, o primeiro Rector Magnificus,
Ubbo Emmius. Mas havia, ao mesmo tempo, uma
relação de grande proximidade entre a universidade, a
cidade e a região envolvente. No séc. XIX, foi conferida à
universidade, para além da vertente educacional, a
tarefa da investigação, ponto de partida para o que é
hoje a universidade na vanguarda da investigação. A
Universidade de Groningen desenvolveu-se rapidam-
ente durante as primeiras décadas do séc. XX. O número
de faculdades e de programas cresceu de forma
constante, ao mesmo tempo que o número de alunos
registou um crescimento exponencial.
Em linha com esta tradição académica, a Universidade
de Groningen goza ainda hoje de renome mundial como
uma universidade líder na investigação. A aquisição de
conhecimento especializado com base numa aborda-
gem interdisciplinar, constituem a base dos seus
programas, dos quais 83 do nível de mestrado (MSc) e 8
do nível pré graduado (BSc) são leccionados em inglês.
Dos milhares de universidades em todo o mundo, a
Universidade de Groningen pertence ao Top 200
A Holanda tem a maior densi-dade populacional (493 habi-tantes / km2) do que qualquer outro pais europeu.
Os holandeses são as pessoas mais altas do mundo, com uma média de 184 cm para os homens e 170 para as mul-heres

89RUP - Edição 0
a psicologia além fronteiras
Cada holandês tem pelo menos uma bicicleta e no total há duas vezes mais bicicletas do que carros
segundo o ranking Times Higher Education. De acordo
com o Centro Alemão para o Desenvolvimento do Ensino
Superior (CHE), a Universidade de Groningen é um
membro do denominado ‘Grupo de Excelência’ das
melhores universidades na Europa.
A minha experiência pessoal enquanto estudante inter-
nacional durante este semestre permitiu-me comprovar
que toda a qualidade e distinção conferida à Universi-
dade de Groningen e ao ensino superior holandês em
geral, é de facto merecida. A
flexibilidade é visível de forma
transversal a todo o sistema de
ensino onde, por exemplo, a
escolha das disciplinas a frequen-
tar é deixada ao critério do aluno
e em que cada semestre é
dividido em dois blocos de três
disciplinas possibilitando ao
aluno acompanhar mais atenta-
mente as matérias. Assim os
estudantes são encorajados a
trabalhar de forma autónoma no
absorver e filtrar do conheci-
mento adquirido de modo a
construir um conjunto estrutu-
rado de “verdades” ou factos que
perfazem o corpo de conheci-
mento.
A estrutura das aulas, direccio-
nada para o desenvolvimento de
competências relacionadas com a
investigação científica, divide-se
numa primeira parte leccionada
pelo professor regente da discip-
lina e uma segunda onde um
professor/investigador da facul-
dade apresenta investigação feita
por si relacionada com conteúdos

90 Edição 0 - 2º semestre de 2011
Nova Iorque começou como uma colónia holandesa chamada Nova Amesterdão fundada pela Companhia das Índias Orientais
a psicologia aqui e agora
dados nas aulas. Uma espécie de passagem da teoria à
pratica, em que a segunda palestra complementa a
primeira e vice-versa.
Para mim estudar psicologia na Holanda foi a desculpa
perfeita para sair da minha zona de conforto, dar um
salto em frente no desconhecido e abraçar a incerteza. O
que no início parecia dúvida e indecisão, depressa se
transformou num sentimento de determinação e respon-
sabilidade. Por ter adquirido outras perspectivas acerca
de assuntos que julgava estáticos, tenho agora o distan-
ciamento necessário para analisar a situação e tomar
uma posição mais coerente e informada. Tudo serviu
apenas para aumentar a fasquia e seguir o caminho em
frente. Assim, posso seguramente concluir que a minha
experiência pessoal serviu para confirmar as altas expec-
tativas com que embarquei nesta viagem.
Estas razões (e todas as outras não referidas claro!) fazem
da Holanda, e em particular da Universidade de Gronin-
gen, o ponto de referência para quem planeia seguir
uma formação de alta qualidade internacional e ao
mesmo tempo viver uma cultura diferente num ambiente
descontraído, inovador e rico em espaços verdes.

LIGAÇÕESÚTEIS

a psicologia aqui e agora
50 Edição 0 - 2º semestre de 2011
Ligações ÚteisRUP
ASSOCIAÇÕES DE ESTUDANTES
ADMINISTRAÇÃO
EQUIPA EDITORIAL
COMISSÃO CIENTÍFICA
DEPARTAMENTO JURÍDICO,FINANCEIRO E TESOURARIA
http://anep.pt/
239 838 488
ANEPAssociação Nacional de
Estudantes de Psicologia
http://efpsa.org/
EFPSAEuropean Federation of
Psychology Students’ Associations
http://jeps.efpsa.org
JEPSJournal of European
Psychology Students
http://www.aefpceup.pt.am/
220 120 842
AEFPCEUPAssociação de Estudantes da
Faculdade de Psicologia e Ciências
da Educação da Universidade do Porto

a prática profissional em psicologia
51RUP - Edição 0
http://ae.fpce.ul.pt/
217 973 179
AEFPIE-ULAssociação de Estudantes da
Faculdade de Psicologia e do Instituto
de Educação da Universidade de Lisboa
http://aepum.blogspot.com/
AEPUMAssociação de Estudantes de
Psicologia da Universidade do Minho
http://www.facebook.com/profile.php?id=100001851793554 [email protected]
218 811 700
AEISPAAssociação de Estudantes do
Instituto Superior de Psicologia Aplicada
http://www.nepue.uevora.pt/
220 120 842
NEPUENúcleo de Estudantes de Psicologia
da Universidade de Évora
http://www.uc.pt/fpce/estudantes/NEPCE-AAC/facebook/ [email protected]
239 838 488
NEPCE-AACNúcleo de Estudantes de Psicologia, de
Ciências da Educação e de Serviço Social
da Associação Académica de Coimbra
http://aeiscsnnpc.bravehost.com/
NPC-AEISCSNNúcleo de Psicologia Clínica da Associação
de Estudantes do Instituto Superior
de Ciências da Saúde – Norte

a psicologia aqui e agora
52 Edição 0 - 2º semestre de 2011
INSTITUIÇÕES DE ENSINO
http://www.dpsic.uevora.pt/
266 744 522
Departamento de Psicologia da
Universidade de Évora
http://www.psi.uminho.pt/
253 604 220 / 253 604 683
EPSIEscola de Psicologia da
Universidade do Minho
http://www2.fp.ul.pt/
217 943 655
FPULFaculdade de Psicologia da
Universidade de Lisboa
http://www.uc.pt/fpce
239 851 450
FPCE-UCFaculdade de Psicologia e de Ciências da
Educação da Universidade de Coimbra
http://www.cespu.pt/pt-PT/[email protected]
224 157 100
Instituto Superior de Ciências
da Saúde – Norte
http://aeiscsnnpc.bravehost.com/
218 811 700
ISPAInstituto Superior de Psicologia Aplicada

quem foi a RUP
http://www.fpce.up.pt/[email protected] 079 700
FPCE UPFaculdade de Psicologia e de Ciências da
Educação da Universidade do Porto
Outras Instituições/Associações
http://www.fct.pt/
213 924 300
Fundação para a Ciência e a Tecnologia
https://www.ordemdospsicologos.pt/[email protected]
213 400 250/1
Ordem dos Psicólogos Portugueses
http://www.rug.nl/
+31 (0)50 363 91 11
Universidade de Groningen
http://www.gulbenkian.pt/
217 823 000
Fundação Calouste Gulbenkian

EDITAISE
ANÚNCIOS

Revista Universitária de Psicologia
Comissão Cientifica
2011
Regras de Submissão
97RUP - Edição 0
- Chamada de Trabalhos: entre 28 de Novembro de 2011 e 10 de Fevereiro de 2012.
- Tipo de trabalhos: Serão aceites para revisão os trabalhos cuja componente científica se identifique como artigos de
natureza empírica, documentos de revisão bibliográfica ou apresentação de projectos.
- Os autores deverão ser alunos do 1.º ou 2.º Ciclo do Mestrado Integrado em Psicologia, podendo os recém-formados
submeter igualmente trabalhos (Prioridade: 1.º Ciclo);
- Os trabalhos a submeter via e-mail (cient[email protected], com o Assunto: Submissão de Artigo) deverão
respeitar as seguintes condições:
* o(s) autor(es) deverá/deverão identificar-se (nome completo, e-mail, instituição de ensino);
* o trabalho deverá ser apresentado na seguinte ordem: título, resumo em português [150 palavras Max.], palavras-
chave (5), texto com figuras, quadros e legendas, bibliografia;
* o texto deverá ser em formato Word; máximo de 20 páginas; letra times new roman, tamanho 12, estilo justificado e
espaçamento de 1.5, devem ser enviados em português e obedecer às normas da APA, 6ª edição;
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Social; Psicologia das Organizações e Trabalho; Psicologia Clínica; Psicologia Forense e Criminal; Metodologias
Científicas e Avaliação Psicológica; Neuropsicologia e Memória; Outras];
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revista ou jornal;
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revisor, até um máximo de uma semana após a disponibilização da mesma avaliação;
- O autor deverá comprometer-se a efectuar as alterações propostas pelas revisores, sob pena do trabalho não ser
publicado, até um máximo de 2 semanas, após notificação;
- O autor será informado da respectiva edição em que o artigo será editado, sendo notificado para realizar uma leitura
final antes da publicação.
Revista on-line N.º 0, Publicação em Abril de 2012
EDITAL
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Revista Universitária de Psicologia
Comissão Cientifica
2011
Revisores
Ter qualificação na área da Psicologia (Grau de Licenciatura [1.º Ciclo], Mestrado ou ser aluno de
Doutoramento);
Possuir conhecimentos científicos direccionados para a área de candidatura, de acordo com as seguintes
categorias de revisão em Psicologia: Psicologia da Educação, Desenvolvimento e Aconselhamento;
Psicologia Social; Psicologia das Organizações e Trabalho; Psicologia Clínica; Psicologia Forense e
Criminal; Metodologias Científicas e Avaliação Psicológica; Neuropsicologia e Memória;
O candidato deverá apresentar um curriculum vitae (formato europeu), uma carta de motivação, certifi-
cados de formação e uma carta de referência (facultativo);
Disponibilidade para assumir compromissos temporais na revisão de trabalhos científicos e familiaridade
com grelhas de avaliação;
As vagas para revisor associado são limitadas, devendo os interessados submeter a candidatura entre 28
de Novembro de 2011 e 05 de Fevereiro de 2012;
A candidatura deverá ser enviada para o e-mail ([email protected], com o Assunto: Concurso de
Revisores).
CONCURSO PARA REVISORES ASSOCIADOS DA RUP
EDITAL
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3456
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