Resumo de Metodologia Da Pesquisa Em Adm

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FACULDADE DECISOFlorianpolis SC

Disciplina: Mtodo da Pesquisa em Administrao Prof. Rosana D. C. Zimmermann, Dra.

Referncias: CERVO, A. Luiz; BERVIAN, Pedro. Metodologia Cientfica: para uso dos estudantes universitrios. 5. ed. So Paulo: Prentice Hall, 2002. GIL, Antonio C. Metodologia do Ensino Superior. 4. ed. So Paulo: Atlas, 2005. LAKATOS, E.Maria; MARCONI, Marina de A. Metodologia Cientfica. 2. ed. So Paulo: Atlas, 1991. RICHARDSON, Roberto J. et al. Pesquisa Social: mtodos e tcnicas. 3. ed. So Paulo: Atlas, 1999. RUIZ, Joo A. Metodologia Cientfica: guia para eficincia nos estudos. 2. ed. So Paulo, 1988.

RESUMO DA DISCIPLINA Mtodo da Pesquisa em Administrao

SUMRIO

1. CINCIA 2. MTODOS CIENTFICOS 2.1 MTODO DEDUTIVO 2.2 MTODO INDUTIVO 2.3 MTODO HIPOTTICO-DEDUTIVO 2.4 MTODO DIALTICO 3. TIPOS DE CONHECIMENTO 3.1 CONHECIMENTO EMPRICO 3.2 CONHECIMENTO FILOSFICO 3.3 CONHECIMENTO TEOLGICO 3.4 CONHECIMENTO CIENTFICO 4. ADMINISTRAO COMO PRTICA E NO COMO CINCIA 5. PESQUISA 6. CLASSIFICAO DAS PESQUISAS (TIPOLOGIAS) 6.1 NATUREZA 6.2 FORMA DE ABORDAGEM 6.3 OBJETIVOS (QUANTO AOS FINS) 6.4 PROCEDIMENTOS TCNICOS (QUANTO AOS MEIOS) 7. REDAO DE TRABALHOS TECNICO-CIENTFICOS 8. PERGUNTAS ABORDADAS NA ELABORAO DE UMA PESQUISA 9. ETAPAS DA PESQUISA 9.1 DEFINIO DA REA E DO TEMA 9.2 DEFINIO DO LOCAL 9.3 DEFINIO DO ORIENTADOR 9.4 DEFINIO DODO PROBLEMA 9.5 DETERMINAO DOS OBJETIVOS 9.6 JUSTIFICATIVA 9.7 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS 9.7.1 Tipos de amostras 9.8 REVISO DE LITERATURA 9.9 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS 9.9.1 Observao 9.9.2 Entrevista 9.9.3 Questionrio 9.9.4 Pesquisa documental 9.10 ANLISE E INTERPRETAO DOS DADOS 9.11 CONSIDERAES FINAIS 10. EDITORAO DO TRABALHO ACADMICO 11. CONSIDERAES FINAIS DESTE RESUMO 12. PALAVRAS E EXPRESSES LATINAS USADAS EM PESQUISAS 13. GLOSSRIO DE PALAVRAS UTILIZADAS EM PESQUISA

03 03 03 04 04 04 04 04 05 05 05 05 07 08 08 09 11 12 14 15 15 16 16 16 17 18 18 20 21 23 24 24 25 25 26 26 28 28 29 30 31

Nota Importante: Material extrado dos livros mencionados nas referncias, adaptado para uso exclusivo em sala de aula, no mbito da Faculdade Deciso, com o objetivo precpuo de facilitar o processo de ensinoaprendizagem da disciplina Mtodo da Pesquisa em Administrao.

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PROCEDIMENTOS PARA INVESTIGAO CIENTFICA EM ADMINISTRAOO objetivo desta disciplina apresentar e discutir a natureza do conhecimento administrativo face aos padres usuais do que se entende por metodologia da cincia e conhecimento cientfico. Sero analisadas tambm as fontes das quais o conhecimento em Administrao se deriva; as pesquisas formais, a experincia de estudiosos e praticantes e as prticas das empresas. Com essa viso, o que se pretende defender que, em primeiro lugar, o conhecimento administrativo no deve ser julgado to somente pelos critrios cientficos usuais, devendo ser submetido tambm aos critrios de utilidade e relevncia. 1. CINCIA Conjunto organizado dos conhecimentos relativos a um determinado objeto ou fenmeno. Representa um grande patrimnio da humanidade obtido ao longo da evoluo numa trabalhosa conquista atravs do constante aperfeioamento do pensamento. A cincia todo um conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas ao conhecimento, com objetivo limitado, capaz de ser submetido verificao. a) CLASSIFICAO DAS CINCIAS Cincias Biolgicas (biologia, medicina, etc.) estudo do ser humano e dos fenmenos da natureza. Cincias Exatas (engenharias, computao, etc.) tem origem na fsica. Cincias Humanas (direito, psicologia, etc.) estudo do ser humano como ser social e comportamental. Muitos autores identificam a Cincia com o mtodo, pois todas as cincias se utilizam da metodologia cientfica. Portanto, no h cincia sem o emprego de mtodos cientficos.

2. MTODOS CIENTFICOSConjunto de processos ou operaes mentais que se deve empregar na investigao. a linha de raciocnio adotada no processo de pesquisa. Forma de pensar para se chegar natureza de um determinado problema, quer seja para estud-lo ou explic-lo. Consiste num conjunto de etapas ordenadamente dispostas a serem executadas e que tenham por finalidade a investigao de fenemenos para a obteno de conhecimentos. Os mtodos que fornecem as bases lgicas investigao so descritos a seguir: 2.1 MTODO DEDUTIVO - Mtodo proposto pelos racionalistas, como por exemplo, Descartes, que pressupe que s a razo capaz de levar ao conhecimento verdadeiro. O raciocnio dedutivo tem o objetivo de explicar o contedo das premissas. realizado por intermdio de uma cadeia de raciocnio em ordem descendente, de anlise do geral para o particular chegando-se assim, a concluso. Usa a construo lgica para a partir de duas

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premissas, retirar uma terceira lgica decorrente das duas primeiras, denominada de concluso. Exemplo de raciocnio dedutivo: Todo homem mortal. ..........................................(premissa maior) Pedro homem. .....................................................(premissa menor) Logo, Pedro mortal. .............................................(concluso) 2.2 MTODO INDUTIVO - Proposto pelos empiristas, como por exemplo: Bacon e Hobbes. Considera que o conhecimento fundamentado na experincia, no levando em conta princpios preestabelecidos. No raciocnio indutivo a generalizao deriva de observaes de casos da realidade concreta. As constataes particulares levam elaborao de generalizaes. Exemplo de raciocnio indutivo: Antnio mortal. Joo mortal. Paulo mortal. ... Carlos mortal. Ora, Antnio, Joo, Paulo ... e Carlos so homens. Logo, (todos) os homens so mortais. 2.3 MTODO HIPOTTICO DEDUTIVO - Proposto por Popper. Considera que surge um problema quando os conhecimentos disponveis sobre determinado assunto so insuficientes para a explicao de um fenmeno. Para tentar explicar as dificuldades expressas neste problema, so formuladas hipteses. Das hipteses formuladas, deduzem-se conseqncias que devero ser testadas. Enquanto no mtodo dedutivo procura-se a todo custo confirmar a hiptese, no mtodo hiptetico-dedutivo, ao contrrio, procuram-se evidncias empricas (baseadas somente na experincia) para derrub-la. 2.4 MTODO DIALTICO - Fundamenta-se na dialtica proposta por Hegel na qual as contradies se transcendem dando origem novas contradies que passam a requerer soluo. um mtodo de interpretao dinmica da realidade. Considera que os fatos no podem ser considerados fora de um contexto social, poltico, econmico, etc. Empregado em pesquisa qualitativa. 2.5 MTODO FENOMENOLGICO - Preconizado por Husserl, este mtodo no dedutivo nem indutivo. Preocupa-se com a descrio direta da experincia tal como ela . A realidade construda socialmente, onde entendida como o compreendido, o interpretado, o comunicado. Ento, a realidade no nica: existem tantas quantas forem as suas interpretaes e comunicaes. O sujeito/ator reconhecidamente importante no processo de construo do conhecimento. Empregado em pesquisa qualitativa.

3. TIPOS DE CONHECIMENTOConhecer incorporar um conceito novo, ou original, sobre um fato ou fenmeno qualquer. O conhecimento no nasce do nada e sim das experincias que se acumula na vida cotidiana, atravs de experincias, dos relacionamentos interpessoais, das leituras de livros e artigos diversos. Existem diferentes tipos de conhecimentos, que so: 3.1 CONHECIMENTO EMPRICO (ou conhecimento vulgar, ou senso-comum) - o conhecimento obtido ao acaso, aps inmeras tentativas, ou seja, o conhecimento adquirido atravs de aes no planejadas. um conhecimento emprico, transmitido de uma gerao a outra de modo informal, baseado na experincia pessoal e na imitao de outros. , portanto, fruto de tentativas e erros e de processos casuais que se mostraram eficientes. Exemplo: A chave est emperrando na fechadura e, de tanto experimentar abrir a porta, acaba-se por descobrir (conhecer) um jeitinho de girar a chave sem emperrar.

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3.2 CONHECIMENTO FILOSFICO - fruto do raciocnio e da reflexo humana. o conhecimento especulativo sobre fenmenos, gerando conceitos subjetivos. Busca dar sentido ao que acontece no universo, ultrapassando os limites formais da cincia. Exemplo: O homem a ponte entre o animal e o alm-homem (Friedrich Nietzsche). 3.3 CONHECIMENTO TEOLGICO - Conhecimento revelado pela f divina ou crena religiosa. No pode, por sua origem, ser confirmado ou negado. Depende da formao moral e das crenas de cada indivduo. Exemplo: Acreditar que algum foi curado por um milagre; ou acreditar em Duende; acreditar em reencarnao; acreditar em esprito, etc.. 3.4 CONHECIMENTO CIENTFICO - o conhecimento racional, sistemtico, exato e verificvel da realidade. Sua origem est nos procedimentos de verificao baseados na metodologia cientfica. O conhecimento cientfico se baseia em conhecimentos contingentes, obtido de maneira racional, conduzido por processos que investigam a natureza dos fatos e seu inter-relacionamento e que transmitido seguindo certa sistemtica por meio de treinamento especializado. Ao se falar em conhecimento cientfico cumpre diferenci-lo de outros tipos de conhecimentos existentes. Exemplo: Descobrir uma vacina que evite uma doena; descobrir como se d a respirao dos batrquios.

4. ADMINISTRAO COMO PRTICA E NO COMO CINCIAA Administrao mais bem vista como uma prtica do que como uma cincia. De maneira muito esquemtica e imperfeita, pode-se dizer que as cincias buscam o conhecimento como fim ltimo, enquanto que qualquer prtica orienta-se para uma situao de diagnstico. Nesta condio, o grande objetivo da busca do conhecimento a soluo de problemas prticos prexistentes. Enquanto que na Medicina (que uma prtica e no uma cincia) a pesquisa serve para aumentar o conhecimento sobre as doenas e as formas de combat-las ou evit-las, na Administrao (tambm uma prtica) a pesquisa deve ser orientada para situaes de trabalho. Deste modo, melhora a eficcia, a harmonia entre os trabalhadores, a satisfao, etc., buscando satisfazer determinados critrios de desempenho. Uma prtica sempre orientada para uma situao de diagnstico, que se estabelece a partir do momento em que um problema detectado e precisa ser resolvido. Verificado o problema, seguese ento a sua anlise, o levantamento de alternativas de soluo, a escolha da mais adequada e a implementao. Nessa perspectiva um tanto quanto simplista, as prticas so servidas por cincias, aplicadas particularmente a seus objetos de estudo, havendo sempre as cincias "mais tpicas" de cada prtica. Assim, a Medicina tem como cincia tpica a Biologia, enquanto que a Administrao baseia-se pesadamente em algumas reas fundamentais da Sociologia, da Psicologia e da Economia. O conhecimento em administrao vem em sua maior parte das seguintes fontes: a) Pesquisas sistemticas mesmo sendo conduzida sob a responsabilidade das empresas (atravs de seus executivos ou de consultores) ou pela academia constitui-se numa fonte das mais importantes para a sistematizao e o aumento do conhecimento administrativo. Outra vantagem das pesquisas a possibilidade de planejar a extenso e a profundidade do conhecimento que se est a buscar.

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b) Conhecimento experiencial de pesquisadores, executivos e professores de administrao Aquele que associado ao estudioso de algum campo, merc de sua prtica, sua experincia, seus mecanismos de compreenso dos fenmenos, suas opinies sobre o mundo, etc. Basicamente, este conhecimento vem da observao dos fenmenos administrativos, do acompanhamento constante das prticas administrativas, de leituras, de reflexes, da experincia adquirida em pesquisa acadmica ou em consultoria, do desenvolvimento e da implantao de projetos de mudanas administrativas, etc. So muitas as atividades que permitem acumular o conhecimento experiencial. O conhecimento experiencial em Administrao bem aceito e at mesmo muito valorizado. por isso que trabalhos publicados no precisam necessariamente estar ligados a uma particular pesquisa acadmica ou mesmo a uma anlise documental com dados publicados por outrem. Um exemplo muito claro e valioso de como pode se formar e ser divulgado o conhecimento experiencial dado por Hamel e Prahalad no livro Competindo para o Futuro (1995). No livro citado que todos desta rea tem uma grande dvida para com os gerentes que contriburam para o aprendizado e as empresas que deram a oportunidade de testar as suas idias. Outro exemplo clssico de estrutura terica que nasceu de publicaes baseadas no conhecimento experiencial incluem (entre tantos outros) o esquema classificatrio das Teoria X e Teoria Y de McGregor (1960). Mais recentemente, outro conceito nascido da experincia do seu autor ganhou popularidade mundial, gerando muitos projetos (e tambm muita controvrsia): o de reengenharia (Hammer, 1990). c) Prticas empresariais - As empresas evidentemente no ficam to somente na dependncia do conhecimento advindo da pesquisa acadmica. Elas esto sempre tentando novas frmulas de trabalho, pesquisando melhorias, estruturando a busca e o refino de informaes, tentando novos projetos, novas formas de anlise de seu desempenho e de seus processos, etc. Um conhecido exemplo a prtica do benchmarking, originada na Xerox Corporation. Dessa movimentao nascem conceitos e tcnicas que so apreendidas pelos meios acadmicos e de consultoria, havendo um fluxo contnuo de troca e elaborao de informaes. Em muitos casos, a origem da idia ou do conceito virtualmente desaparece, medida que a elaborao vai se processando, com muitas e muitas colaboraes (o movimento da qualidade total um exemplo). Na verdade, em algumas reas possvel que a prtica lidere a teoria ou pelo menos a preceda; entretanto, os avanos na prtica e na teoria no indicam necessariamente que a prtica lidera a teoria ou vice versa. Tanto uma coisa como outra podem acontecer, e isso comum em Administrao. H poucos campos de trabalho onde o conhecimento tem um pblico consumidor de praticantes (empresas, consultores, gerentes, etc.) como a Administrao. Esses praticantes, claro, no permanecem parados espera de teoria. Portanto, quem trabalha com estudos em Administrao tanto tem que focalizar o desenvolvimento de nova teoria (que dever guiar a prtica das empresas), como deve ir s empresas para estudar suas prticas e sistematizar teorias. importante que haja o inter-relacionamento entre professores de Administrao e a prtica empresarial. Observa-se que uma das formas bvias de manter contacto com as empresas atravs de consultoria. Entretanto ela repetitiva nos mesmos assuntos pode tomar muito tempo dos professores e no contribuir para a excelncia do conhecimento.

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A seguir pode-se observar as principais diferenas entre consultoria e pesquisa acadmica. Talvez de todos os fatores citados o mais caracterstico seja a propriedade da informao. Como a empresa contratante paga pelo servio, ela usualmente exige sigilo do consultor, impedindo contratualmente a divulgao das informaes sob quaisquer formas, ou condicionando a divulgao aprovao prvia da organizao.

Ora, como apenas a publicao pode abrir caminho tanto para a verificao da qualidade da informao, como para seu efetivo uso e utilidade, poder-se-ia argumentar que a prtica da consultoria de pequeno valor ao pesquisador e ao pblico consumidor de informaes. Mas isso no necessariamente verdade; pois mesmo que os resultados da consultoria no possam ser publicados, o consultor poder aumentar o seu conhecimento experiencial, gerando uma base para publicaes.

5. PESQUISAPesquisa o mesmo que busca ou procura. Pesquisar, portanto, buscar ou procurar resposta para alguma dvida ou problema. Em se tratando de Cincia a pesquisa a busca de soluo a um problema que o algum queira saber a resposta. No se faz cincia, mas se produz cincia atravs de uma pesquisa. Pesquisa , portanto o caminho para se chegar cincia, ao conhecimento. na pesquisa que se utiliza diferentes instrumentos para se chegar a uma resposta mais precisa. O instrumento ideal dever ser estipulado pelo pesquisador para se atingir os resultados ideais. Assim, a pesquisa um procedimento formal e sistemtico que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas, contribuindo com o avano da cincia. Pesquisa Social = toda pesquisa que busca respostas de um grupo social. Exemplo: Saber quais os hbitos alimentares de uma comunidade especfica.

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Pesquisa Histrica = toda pesquisa que estuda o passado. Exemplo: Saber de que forma se deu a Proclamao da Repblica brasileira. Pesquisa Terica = toda pesquisa que analisa uma determinada teoria. Exemplo: Saber o que a Neutralidade Cientfica. Pesquisa Analtica = As pesquisas analticas envolvem o estudo e avaliao aprofundados de informaes disponveis na tentativa de explicar o contexto de um fenmeno. Elas podem ser categorizadas em histrica, filosfica, reviso e meta-anlise. Pesquisa Desenvolvimentista = o tipo de pesquisa que procura investigar as mudanas de comportamento que ocorrem atravs dos anos. A partir de abordagens longitudinais ou transversais, a pesquisa desenvolvimentista busca obter informaes sobre a interao entre crescimento e maturao e de variveis de aprendizagem e desempenho. Pesquisa Correlacional = o tipo de pesquisa que procura explorar relaes que possam existir entre variveis, exceto a relao de causa-efeito. O estudo das relaes entre variveis descritivo porque no h a manipulao de variveis, sendo a predio o tipo de relao mais frequentemente estabelecida. No entanto, a pesquisa correlacional precede a realizao de pesquisa experimental, porque a relao de causa-efeito somente poder ser estabelecida quando duas variveis so correlatas. Pesquisa Histrica = o tipo de pesquisa que investiga eventos que j tenham ocorrido, utilizando mtodos descritivos e analticos. Em alguns estudos histricos, o investigador est propriamente interessado em preservar o registro de eventos e realizaes passadas. Nesses estudos procura utilizar o mtodo histrico-descritivo para mapear a experincia passada, localizar no tempo e espao uma pessoa, uma tendncia, um evento ou uma organizao, a fim de providenciar respostas para questes particulares. Em outros estudos histricos, o investigador est mais preocupado em descobrir fatos que providenciaro maior compreenso e significncia de eventos passados para explicar a situao presente ou estado atual do fenmeno estudado. Nesses estudos utilizado o mtodo histrico-analtico para abordar o evento na tentativa de encontrar informaes sobre como o evento ocorreu, quem o provocou, porque foi provocado, quais as possveis consequncias atribudas, entre outras. Pesquisa Filosfica = o tipo de pesquisa caracterizado pela investigao crtica na qual o investigador estabelece hispteses, examina e analisa fatos existentes e sintetiza as evidncias dentro de um modelo terico estabelecido. A anlise crtica caracteriza a pesquisa filosfica. O mtodo filosfico de pesquisa segue essencialmente os mesmos passos que outros mtodos de resolver problemas cientficos, na medida em que utiliza-se de fatos cientficos como base para a formulao e testagem de hipteses de pesquisa.

6. CLASSIFICAO DAS PESQUISAS (TIPOLOGIAS)Existem vrias formas de classificar as pesquisas, aqui encontram-se as clssicas: 6.1 DO PONTO DE VISTA DA SUA NATUREZA, A PESQUISA PODE SER:

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a) BSICA (fundamental ou pura): objetiva gerar conhecimentos novos, teis para o avano da cincia sem aplicao prtica prevista, sem finalidades imediatas. Envolve verdades e interesses universais. O pesquisador tem como meta o saber, buscando satisfazer uma necessidade intelectual pelo conhecimento. Ou seja: - A meta a busca do saber; - Satisfazer uma necessidade intelectual pelo conhecimento; - Buscar a atualizao de conhecimentos para uma nova tomada de posio. b) APLICADA (ou tecnolgica): objetiva gerar conhecimentos para aplicao prtica dirigidos soluo de problemas especficos. Envolve verdades e interesses locais. O investigador movido pela necessidade de contribuir para fins prticos, mais ou menos imediatos, buscando solues para problemas concretos. Ou seja: - A meta contribuir para fins prticos; - Buscar solues para problemas concretos; - Buscar transformar em ao concreta para os resultados do trabalho. 6.2 DO PONTO DE VISTA DA FORMA DE ABORDAGEM DO PROBLEMA A PESQUISA PODE SER: a) QUANTITATIVA: Considera que tudo pode ser quantificvel, o que significa traduzir em nmeros as opinies e informaes para assim classific-las e analis-las. Requer o uso de recursos e de tcnicas estatsticas (percentagem, mdia, moda, mediana, desvio-padro, coeficiente de correlao, anlise de regresso, etc.). A pesquisa quantitativa, normalmente, procura identificar as relaes de causa e efeito entre os fenmenos. recomendado utilizar, preferencialmente, o enfoque da pesquisa quantitativa quando o propsito do projeto implica em medir a relao entre as variveis ou em avaliar o resultado do sistema ou projeto. Para a garantia de uma boa interpretao dos resultados, recomendado a utilizao do melhor meio possvel de controlar o delineamento da pesquisa. Os delineamentos podem ser: experimento de campo; pesquisa descritiva e pesquisa exploratria. Na pesquisa quantitativa, as variveis so medidas, ao passo que na qualitativa, so descritas. Os dados da pesquisa podem ser divididos em: Primrios - so colhidos diretamente pelo pesquisador, atravs dos diferentes mtodos de coleta. Secundrios - so os dados que no so obtidos diretamente pelo pesquisador, por exemplo: os arquivos, os bancos de dados, os relatrios. Da se pode inferir que, numa pesquisa exclusivamente bibliogrfica, no h dados primrios, somente secundrios. b) QUALITATIVA: considera que h uma relao entre o mundo real e o sujeito, isto , um vnculo indissocivel entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que no pode ser traduzido em nmeros. A interpretao dos fenmenos e a atribuio de significados so bsicas no processo de pesquisa qualitativa. No requer o uso de mtodos e tcnicas estatsticas. O ambiente natural a fonte direta para a coleta de dados e o pesquisador o instrumento-chave. descritiva. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente. A pesquisa qualitativa pode ser considerada como um paradigma diferente de pesquisa, pois uma alternativa de pesquisa que pode ser utilizada em qualquer projeto. Problemas que envolvem

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a percepo dos sujeitos pesquisados, por exemplo, so muito melhor trabalhados por intermdio da pesquisa qualitativa do que pela quantitativa. Os delineamentos (mtodos) mais utilizado so: estudo de caso, pesquisa-ao e pesquisa participante. As tcnicas de coleta dos dados podem ser: entrevistas em profundidade; entrevistas em grupo; tcnicas projetivas; documentos; histrias de vida. As tcnicas de anlise so: anlise de contedo; construo de teoria e anlise de discurso. O aspecto mais importante est relacionado ao fato de que o principal objetivo de uma pesquisa qualitativa deve se referir a uma compreenso do problema de pesquisa. Algumas caractersticas definem melhor a pesquisa qualitativa: Compromisso com a perspectiva das pessoas estudadas: os fenmenos so sempre estudados a partir das perspectivas e pontos de vista dos pesquisados; Descrio: a pesquisa qualitativa normalmente envolve uma descrio acurada do fenmeno e do cenrio social pesquisado, no somente a partir do ponto de vista das pessoas envolvidas, mas tambm dos pesquisadores; Contextualismo: h um compromisso com o contexto geral aonde o fenmeno ocorre, ou seja, preciso situar os eventos e fenmenos no espao social mais amplo em que ocorrem; Viso longitudinal: o corte longitudinal refere-se a uma viso processual do fenmeno, que considerado como sendo parte de uma evoluo temporal; Flexibilidade: a pesquisa qualitativa , normalmente, menos estruturada que a quantitativa, permitindo modificaes no problema de pesquisa ou nos mtodos, se for o caso, para atingir melhores resultados; Papel da teoria e dos conceitos: ao contrrio da pesquisa quantitativa, que exige um forte aparato terico para funcionar a contento, a abordagem qualitativa no depende de formulao terica prvia, favorecendo uma estratgia de teorizao a partir das informaes e dados coletados. c) QUALI-QUANTITATIVA (ou mista) - Este caso utilizado quando na pesquisa existem elementos qualitativos que se mesclam com os quantitativos. A defesa dessa abordagem feita apontando o fato de que a pesquisa quantitativa permite melhor tratamento dos dados e maior preciso nas concluses, embora no se aplique a certos dados qualitativos, de difcil quantificao. Mas tcnicas como a escala Likert, em que se atribui um nmero satisfao de uma pessoa com uma varivel, so quali-quantitativas por excelncia. Perspectiva temporal de estudo: Perspectiva diacrnica: refere-se aos estudos em que um fenmeno estudado numa dimenso de passado e/ou futuro, ou seja, analisa-se a evoluo do fenmeno ao longo do tempo; Perspectiva sincrnica: neste caso, o fenmeno estudado em um determinado instante, isoladamente ou em relao com outros fenmenos e acontecimentos, ou seja, no se procura estabelecer uma viso histrica a respeito do mesmo. As duas perspectivas podem ser consideradas equivalentes aos cortes longitudinal e transversal da pesquisa,onde: Corte Longitudinal se refere ao antes e depois, ou seja, a uma perspectiva temporal de pesquisa do fenmeno observado. Corte Transversal explora o fenmeno no momento em que ocorre.

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a) Em pesquisas quantitativas, o corte longitudinal da pesquisa o mais adequado, permitindo experimentos com grupos de pesquisa; mas o transversal tambm permite atingir bons resultados. b) Na pesquisa qualitativa, como mencionado acima, o corte longitudinal extremamente importante, e praticamente insubstituvel. Nos trabalhos de estgio, a classificao via perspectiva temporal dispensvel. Normalmente, os trabalhos so apenas parcialmente longitudinais, ou mais precisamente, transversais, pois o perodo de tempo em que so realizados muito estreito. , portanto, dispensvel sua utilizao nos TCE. 6.3 DO PONTO DE VISTA DE SEUS OBJETIVOS (QUANTO AOS FINS) A PESQUISA PODE SER: a) EXPLORATRIA: visa proporcionar maior familiaridade com o problema para torn-lo explcito. Envolve levantamento bibliogrfico; entrevistas com pessoas que tiveram experincias prticas com o problema pesquisado e/ou anlise de exemplos que estimulem a compreenso. A pesquisa exploratria realizada em reas em que existe pouco conhecimento acumulado e sistematizado. , portanto, adequada para aumentar o nmero de conhecimentos sobre o assunto. Deve estar voltada para a formulao de questes ou de problemas de investigao, que aumentem a familiaridade do pesquisador com o assunto, desenvolvendo hipteses sobre o tema pesquisado e modificando ou esclarecendo conceitos. Estas pesquisas utilizam grande quantidade de dados extrados de fontes secundrias, estudos de casos selecionados e de observaes informais, sendo os meios mais comuns de pesquisa exploratria a pesquisa bibliogrfica e o estudo de caso. Tm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema. toda pesquisa que busca constatar algo num organismo ou num fenmeno. Exemplo: Saber como os peixes respiram. b) DESCRITIVA: A pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenmenos (variveis) sem manipul-los. Visa descrever as caractersticas de determinada populao ou fenmeno ou o estabelecimento de relaes entre variveis. Envolve o uso de tcnicas padronizadas de coleta de dados: questionrio e observao sistemtica. Trabalha com as caractersticas de uma populao ou de um fenmeno, podendo estabelecer correlaes entre variveis, definindo tambm a natureza de tais correlaes, sem se comprometer com a explicao dos fenmenos descritos. Delineiam ou analisam as caractersticas de um fato ou fenmeno, avaliam os resultados de programas, ou isolam variveis-chave ou principais, e so abordadas predominantemente de forma quantitativa. Normalmente delineada quanto aos meios atravs do levantamento. Em alguns casos, esta pesquisa se aproxima da explicativa, no momento em que o pesquisador procure determinar tambm o relacionamento entre os fatos. Tm como objetivo primordial a descrio das caractersticas de determinada populao ou fenmeno. c) EXPLICATIVA: Visa identificar os fatores que determinam ou contribuem para a ocorrncia dos fenmenos. Aprofunda o conhecimento da realidade porque explica a razo, o por que das coisas. Assume, em geral, a formas de Pesquisa Experimental e Pesquisa Ex-post-facto. Analisa um fenmeno na busca de esclarec-lo, torn-lo compreensvel ou justific-lo, baseando-se numa pesquisa descritiva previamente realizada. Ao procurar identificar os fatores que determinam, ou contribuem para a ocorrncia dos fenmenos, baseiam-se no mtodo experimental ou na observao, sendo normalmente utilizados como meios de pesquisa a experimentao e a pesquisa ex-post-facto. A pesquisa explicativa nem sempre pode ser aplicada nas cincias sociais, 11

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uma vez que , muitas vezes, difcil conduzir experimentos. Tm como objetivo como preocupao central identificar os fatores que determinam ou contribuem para a ocorrncia dos fenmenos. d) METODOLGICA: est voltada para os mtodos e instrumentos utilizados para captar e manipular a realidade, ou seja, para os meios destinados a alcanar um determinado fim. e) APLICADA: busca solucionar um problema concreto, prtico, da realidade. O interesse desta pesquisa prtico, pois seus resultados devem ser utilizados imediatamente na soluo de problemas da realidade. f) INTERVENCIONISTA: aquela que se fundamenta numa interveno do pesquisador na realidade estudada, com a pretenso de modific-la, de solucionar um problema; ao contrrio da pesquisa aplicada, pressupe-se nesta forma a participao direta do pesquisador na realidade estudada, com o intuito de modific-la. 6.4 DO PONTO DE VISTA DOS PROCEDIMENTOS TCNICOS (QUANTO AOS MEIOS), A PESQUISA PODE SER: a) BIBLIOGRFICA: procura analisar e conhecer as contribuies culturais ou cientficas do passado existentes sobre um determinado assunto, explicando um problema a partir desse levantamento. Elaborada a partir de material j publicado, constitudo principalmente de livros, artigos de peridicos e atualmente com material disponibilizado na Internet. a pesquisa realizada atravs de material j publicado e acessvel ao pblico em geral. Levanta o conhecimento disponvel na rea, identificando as teorias produzidas, analisando-as e avaliando sua contribuio para compreender ou explicar o problema objeto da investigao. b) DOCUMENTAL: quando elaborada a partir de materiais que no receberam tratamento analtico. a pesquisa realizada em documentos arquivados em locais pblicos ou privados, com pessoas, registros, anais, dirios, cartas, comunicaes informais, etc., A pesquisa documental vale-se de matrias que no recebem ainda um tratamento analtico, podendo ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa. c) EXPERIMENTAL: toda pesquisa que envolve algum tipo de experimento. Procura explicar de que modo ou por que causas o fenmeno produzido. Caracteriza-se por manipular diretamente as variveis relacionadas com o objeto de estudo, atravs de situaes controladas. Interfere diretamente na realidade, manipulando-se a varivel independente a fim de observar o que acontece com a varivel dependente. Pode ser realizada em campo (em situaes no artificiais) quando se relaciona com as Cincias Humanas. Mas este tipo de pesquisa mais usado nas Cincias Biolgicas, Agrrias e da Sade, em razo das caractersticas de seu objeto de estudo. realizado geralmente em laboratrios, por requerer o controle de aspectos do problema, e exigir experimentao. Considerada o melhor exemplo de pesquisa cientfica, pois h um alto nvel de controle da situao, podem-se isolar todas as estruturas de qualquer interferncia do meio exterior, gerando maior confiabilidade em seus resultados. Mesmo assim ela flexvel, podendo dar inmeras respostas diferentes a problemas diferentes com um nico experimento. Exemplo: Pinga-se uma gota de cido numa placa de metal para observar o resultado.

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d) LEVANTAMENTO: Se caracteriza pela interrogao direta das pessoas pesquisadas, s quais o pesquisador solicita informaes, analisando-as quantitativamente e procedendo a concluses. Quando abrangem toda a populao disponvel para pesquisa chama-se censo. Os levantamentos tm a vantagem de permitir um conhecimento direto da realidade, pois trabalham com os prprios pesquisados, so econmicos e rpidos e permitem quantificao dos dados. Se baseiam na percepo, no permitindo maior profundidade de estudo e permitindo uma percepo limitada de processos de mudanas, neste modo mais adequado para estudos descritivos, tendo pouca utilidade para os explicativos. Um levantamento como uma fotografia, uma viso esttica do momento pesquisado. Levantamento (Survey) = o tipo de pesquisa que visa determinar informaes sobre prticas ou opinies atuais de uma populao especfica. Levantamento Normativo (Survey Normativo) = o tipo de pesquisa descritiva que procura estabelecer normas, para amostras de idade e gnero diferentes, com relao as habilidades, desempenhos, convices ou atitudes. e) ESTUDO DE CASO: quando envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos de maneira que se permita o seu amplo e detalhado conhecimento. f) EX-POST-FACTO: quando o experimento se realiza depois dos fatos. Trabalha com um fato j ocorrido, no sendo, portanto possvel ao investigador controlar ou manipular as variveis. uma pesquisa quase-experimental, baseando-se nos mesmos pressupostos da experimental, diferenciando-se desta pelo fato de que o pesquisador no controla as variveis. Permite considerar aspectos histricos essenciais para a evoluo e comportamento das estruturas sociais e normalmente se baseia na comparao entre dois grupos semelhantes, mas com diferenas que possam ser atribudas a um fator que ocorre em apenas um deles. um experimento realizado depois dos fatos terem ocorrido, no qual esses fatos ocorreram espontaneamente. aquela em que a varivel independente manipulada em seu meio natural, sem interferncia do pesquisador. g) PESQUISA-AO: um tipo de pesquisa social com base emprica que concebida e realizada em estreita associao com uma ao ou com a resoluo de um problema coletivo. Os pesquisadores e participantes representativos da situao ou do problema esto envolvidos de modo participativo. uma variante da pesquisa participante, em que o pesquisador intervm na realidade pesquisada. H um envolvimento participativo e cooperativo do pesquisador com os pesquisados, e a situao investigada normalmente corresponde a uma ao ou resoluo de um problema coletivo, e o pesquisador age sobre a realidade pesquisada. h) ESTUDO DE CASO: trabalha com uma ou com poucas unidades de um indivduo, um grupo, uma organizao, um conjunto de organizaes ou inclusive uma situao observada, aprofundando e detalhando os conhecimentos sobre esta, podendo ser realizada em campo ou no. Tal aprofundamento do conhecimento normalmente impossvel nos outros delineamentos. Normalmente utilizado em fases iniciais de pesquisa, para estabelecer hipteses ou reformular problemas e, embora possua grande profundidade em termos da situao pesquisada, estimule novas descobertas, seja simples e enfatize a anlise da totalidade, suas concluses no podem ser generalizadas. Exige um pesquisador experiente, que domine conhecimentos sobre a situao pesquisada. i) PARTICIPANTE: quando se desenvolve a partir da interao entre pesquisadores e membros das situaes investigadas. Pressupe uma indistino entre as figuras do pesquisador e a do

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pesquisado, exigindo, portanto que pessoas investigadas participem da pesquisa. O pesquisador assume uma funo dentro do grupo pesquisado, embora no obedea a nenhuma proposta de ao anteriormente determinada; o grupo pesquisado conscientizado da presena do pesquisador, de seus objetivos e finalidades, e este observa e analisa as aes daquele no momento em que elas ocorrem. Existem alguns problemas deste delineamento, como a dificuldade de definir um plano rigoroso de pesquisa e de desenhos metodolgicos. Baseia-se na informao elaborada a partir de discusses de grupos internos ou externos. j) DE CAMPO: feita no local onde ocorre ou ocorreu um determinado fenmeno, havendo, elementos que permitam explic-lo, sendo os dados coletados por intermdio de entrevistas, questionrios, testes ou observao participativa. Neste sentido ela se aproxima do levantamento, que j foi apresentado. O estudo de campo diz respeito s vrias atividades utilizadas pelo pesquisador de campo quando ele trata com as pessoas que so o objeto de seu estudo. l) DE LABORATRIO: o laboratrio um local restrito, em que se possa conduzir uma experincia que, no campo, seria impossvel. Uma simulao da realidade feita por computador classificada como uma pesquisa de laboratrio.

7. REDAO DE TRABALHOS TCNICO-CIENTFICOSO estilo da redao de trabalhos tcnico-cientficos e acadmicos diferencia-se de outros tipos de composio, como a literria, a jornalstica, a publicitria, apresentando algumas caractersticas prprias. Este captulo pretende identificar e explicar alguns princpios bsicos que devem ser observados na referida redao, como: a) OBJETIVIDADE E COERNCIA - Deve-se observar linguagem direta e simples, obedecendo a uma seqncia lgica e ordenada no desenvolvimento das idias, evitando-se assim, o desvio do assunto em questo com consideraes irrelevantes. A exposio deve se apoiar em dados e provas e no em opinies que no possam ser comprovadas. Deve-se observar tambm a estrutura da frase, o tamanho dos perodos e a organizao dos pargrafos. Frases curtas e com nica idia central so preferidas frases longas contendo vrias idias. Ao dividir o trabalho em partes deve-se cuidar do equilbrio, coeso e seqncia lgica entre elas, cuidando-se para que no haja uma desproporo entre as diversas partes que o constituem. Ao redigir os ttulos deve-se cuidar de sua homogeneidade, no usando ora substantivos para uns, ora frases ou verbos para outros. b) CLAREZA - O pesquisador deve ser claro na apresentao de suas idias. Tal clareza de expresso obtida em funo do conhecimento que se tem de determinado assunto. Se voc no tem idia bem clara, ntida do que pretende expressar deve retomar o fio da meada, relendo suas anotaes ou o texto original. Deve-se evitar ambigidade, isto , expresses com duplo sentido, para no originar interpretaes diversas do que se quer dar. Assim, deve-se usar vocabulrio preciso, evitando-se a linguagem rebuscada e prolixa, utilizando a nomenclatura tcnica aceita no meio cientfico. c) PRECISO - Cada expresso empregada deve traduzir com exatido o que se quer transmitir principalmente, quanto a registros de observaes, medies e anlises realizadas. Deve-se evitar

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adjetivos que no indiquem claramente propores e quantidades, tais como: mdio, grande, pequeno, bastante, muito, pouco, mais, menos, nenhum, quase todos, a maioria, metade e outros termos ou expresses similares, procurando substitu-los pela indicao precisa em nmeros ou porcentagem. Deve-se evitar o uso de adjetivos, advrbios, locues e pronomes que indiquem o tempo, modo ou lugar, tais como: em breve, aproximadamente, antigamente, recentemente, lentamente, adequado, inadequado, nunca, sempre, em algum lugar, provavelmente, possivelmente, talvez, que deixam margem a dvidas sobre a lgica, clareza e preciso da argumentao. d) IMPESSOALIDADE - No texto tcnico-cientfico e acadmico utiliza-se, preferencialmente, da forma impessoal dos verbos, isto , verbo na terceira pessoa do singular mais a partcula se. e) UNIFORMIDADE - Deve-se manter a uniformidade no decorrer de todo o texto em relao aspectos como: forma de tratamento, pessoa gramatical, utilizao de nmeros, smbolos, unidades de medida, datas, horas, siglas, abreviaturas, frmulas, equaes, fraes, citaes e ttulos das partes do trabalho academico, etc.

8. PERGUNTAS ABORDADAS NA ELABORAO DE UMA PESQUISAa) O QUE SER FEITO? - Esta pergunta refere-se rea do conhecimento, ao tema escolhido, ao problema formulado pelo aluno e aos objetivos que devero ser cumpridos para a realizao efetiva do estgio. Ou seja, quando se est perguntando o que ser feito, essencialmente busca-se determinar qual problema estar sendo investigado pelo aluno, e como esse problema poder ser respondido. b) ONDE E QUANDO SER FEITO? - Esta questo diz respeito ao local e ao perodo de realizao do estgio. Neste sentido, preciso determinar em qual empresa o estgio ser realizado, detalhando em que setor ou departamento da mesma as atividades se concentraro. O perodo diz respeito de que maneira as atividades se desenvolvero dentro da empresa: o que ser feito em primeiro lugar, quais atividades sero realizadas a seguir, e quando se pretende apresentar o Trabalho ao orientador para a definio de datas para a defesa pblica. c) QUEM FAR? Esta pergunta diz respeito aos atores envolvidos no processo. Naturalmente, o aluno, o principal responsvel pelo mesmo. Entretanto, a definio do orientador e do supervisor j deve constar no projeto, pois estes dois agentes concorrem para a maior qualidade do processo. d) COMO FAR? - Finalmente, esta questo provavelmente a mais complexa do projeto, uma vez que lida com a programao das atividades, com os mtodos e tcnicas necessrios para cumpri-las adequada e proveitosamente, com o tipo de literatura que ser utilizado, e com as previses de gastos por parte do estagirio. Embora trabalhosa, a resposta a esta questo deve ser a mais cuidadosa e detalhada possvel, pois as questes metodolgicas so essenciais para o sucesso dos trabalhos de estgio.

9. ETAPAS DA PESQUISAA pesquisa um procedimento reflexivo e crtico de busca de respostas para problemas ainda no solucionados. O planejamento e a execuo de uma pesquisa fazem parte de um processo sistematizado que compreende etapas que podem ser detalhadas da seguinte forma:

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9.1 DEFINIO DA REA E DO TEMA - Existem diferentes reas pelas quais se podem optar para realizar o trabalho (estgio). Dentro de cada uma dessas reas, deve-se optar por um tema, de acordo com o interesse da pessoa e da empresa. Nesta etapa deve-se responder pergunta: O que pretendo abordar? O tema um aspecto ou uma rea de interesse de um assunto que se deseja provar ou desenvolver. Escolher um tema significa eleger uma parcela delimitada de um assunto, estabelecendo limites ou restries para o desenvolvimento da pesquisa pretendida. A definio do tema pode surgir com base na observao do cotidiano, na vida profissional, em programas de pesquisa, em contato e relacionamento com especialistas, no feedback de pesquisas j realizadas e em estudo da literatura especializada. Deve-se levar em conta, para a escolha do tema, a atualidade e relevncia, o conhecimento a respeito, a preferncia e a aptido pessoal para lidar com o tema escolhido. Definido isso, levantar-se- e analisar-se- a literatura j publicada sobre o tema. Sempre tendo o cuidado de: Restringir o tema, evitando a tentao de fazer um trabalho muito amplo; Ser claro e preciso na definio do tema; Escolher um tema que possa ser abordado na organizao, e que esteja dentro das possibilidades em termos de custos, tempo e conhecimentos. 9.2 DEFINIO DO LOCAL - Um estgio pode ser em qualquer tipo de organizao, tanto pblica quanto privada, e inclusive est aberta a possibilidade de realiz-lo em organizaes comunitrias. O estgio curricular pode ser realizado na mesma organizao em que o acadmico j trabalhe, mas no pode ser realizado na mesma atividade que realiza (pois perder o novo aprendizado). Para ajudar o acadmico a escolher o local de seu estgio, alguns aspectos podem ser mencionados: Procurar uma empresa de tamanho adequado para a rea em que se quer realizar o estgio; Procurar uma empresa que permita a aplicao dos conhecimentos. Empresa pblica, privada ou do terceiro setor? As primeiras so normalmente interessantes campos para estudos nas reas de Administrao Geral e OSM, mas j no so to interessantes para outras reas como, por exemplo, RH (devido s limitaes impostas pelo Estatuto dos Funcionrios Pblicos); dentro de Administrao de Materiais e do Patrimnio, o tema Compras normalmente no pode ser adequadamente trabalhado em empresas pblicas, devido s limitaes da lei de licitaes, embora normalmente essas empresas possuam reas de Estoques bem organizadas, que podem ser analisadas pelo estagirio; Procurar empresas que tenham interesse na rea em que se pretende estagiar. Para a escolha da organizao deve-se: telefonar previamente, para localizar a pessoa a quem solicitar acesso; solicitar autorizao por escrito empresa; marcar visita empresa, demonstrando entusiasmo pelo trabalho; obtida a empresa, enviar uma proposta preliminar; prometer entregar cpia do relatrio final para a empresa. 9.3 DEFINIO DO ORIENTADOR - Idealmente, o orientador precisa ter trs caractersticas fundamentais: afinidade com o orientando, domnio da rea e interesse pelo tema. O papel do orientador consiste em fornecer indicaes de bibliografia, facilitar contatos com a empresa (quando necessrio), sugerir (e discutir) meios e tcnicas para a realizao do estgio e incentivar e motivar o estagirio. Alm disso, espera-se que seja capaz de tirar as principais dvidas do estagirio em termos de metodologias. O aspecto mais importante na escolha do orientador referese a uma questo cronolgica: de suma importncia contatar o orientador no incio do projeto de 16

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estgio, para que ele possa contribuir ativamente no mesmo - e inclusive, para garantir a orientao. 9.4 DEFINIO DO PROBLEMA - Deve-se transformar o tema em problema, problematizando-o, de forma que aparea como uma interrogativa. Um problema bem formulado essencial para que a pesquisa possa ser levada com tranqilidade. Formular o problema formular uma pergunta clara, compreensvel e operacional, demonstrando qual a dificuldade com a qual a pessoa se defronta. O objetivo geral est diretamente relacionado a essa pergunta; em muitos casos, a formulao do objetivo geral idntica do problema. Aspectos importantes na hora de formular o problema: H material bibliogrfico que permita um estudo do problema levantado? O problema gera hipteses? (hipteses so tentativas de respostas pergunta formulada no problema, as quais sero testadas como respostas possveis para este problema) As hipteses geradas podem ser testadas, ou seja, avaliadas na prtica? O problema interessa organizao na qual o estgio est sendo desenvolvido? O Problema a mola propulsora de todo o trabalho de pesquisa. Depois de definido o tema, levanta-se uma questo para ser respondida atravs de uma hiptese, que ser confirmada ou negada atravs do trabalho de pesquisa. HIPTESES - sinnimo de suposio. Neste sentido, Hiptese uma afirmao categrica (uma suposio), que tenta responder ao Problema levantado pelo tema escolhido para pesquisa. uma pr-soluo para o Problema levantado. O trabalho de pesquisa, ento, ir confirmar ou negar a Hiptese (ou suposio) levantada. Assim, hipteses so suposies colocadas como respostas plausveis e provisrias para o problema de pesquisa. As hipteses so provisrias porque podero ser confirmadas ou refutadas com o desenvolvimento da pesquisa. Um mesmo problema pode ter muitas hipteses, que so solues possveis para a sua resoluo. Geralmente, com base em anlises do conhecimento disponvel, o pesquisador acaba "apostando" naquilo que pode surgir como resultado de sua pesquisa. Uma vez formulado o problema, proposta uma resposta suposta, provvel e provisria (hiptese), que seria o que ele acha plausvel como soluo do problema.

Para exemplificao imagine o uso de aspirina no tratamento de dor de cabea. Hiptese 1: A aspirina eficaz no combate dor de cabea. uma hiptese vaga e indefinida, pois no identifica os tipos de dores de cabea nos quais se est interessado. Sua negao no aumenta o conhecimento cientfico sobre o assunto. Hiptese 2: A aspirina combate todos os tipos de dores de cabea. uma hiptese definida mas, devido ao seu excesso de abrangncia, sua negao no importante, podendo at mascarar seu uso benfico em certas situaes. Hiptese 3: A aspirina eficiente no combate a dores de cabea decorrentes de m digesto. Hiptese 4: A aspirina no eficiente no combate a dores de cabea cuja origem se deva a processos traumticos. As hipteses 3 e 4 so definidas e sua comprovao ou negao acrescentar informao cientfica vlida. Ambas so suscetveis de comprovao experimental.

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Importante: As hipteses podem estar explcitas (como se viu anteriormente) ou implcitas na pesquisa. Quando analisados os instrumentos adotados para a coleta de dados, possvel reconhecer as hipteses subjacentes (implcitas) que conduziram a pesquisa. 9.5 DETERMINAO DOS OBJETIVOS - Para facilitar o processo de construo dos objetivos, conveniente formular uma pergunta ou problema de pesquisa, que , portanto, uma questo formulada dentro do tema, que guiar a pesquisa e as atividades do estagirio dentro da organizao. A definio dos objetivos determina onde o pesquisador quer chegar com a realizao do trabalho de pesquisa. Objetivo sinnimo de meta, fim. Nesta etapa se pensar a respeito da inteno ao propor a pesquisa. O estagirio dever sintetizar o que pretende alcanar com a pesquisa. Os objetivos devem estar coerentes com a justificativa e o problema proposto. Objetivo geral: Sntese do que se pretende alcanar; Define o propsito do trabalho; uma direo geral que se pretende seguir; Possui uma viso global, abrangente do tema. Objetivos especficos: Explicitaro os detalhes e sero um desdobramento do objetivo geral; so as etapas para a soluo do problema. Os enunciados dos objetivos devem comear com um verbo no infinitivo (por exemplo: esclarecer tal coisa; definir tal assunto; procurar aquilo; permitir aquilo outro, demonstrar alguma coisa etc.) e este verbo deve indicar uma ao passvel de mensurao. Mais alguns exemplos de verbos usados na formulao dos objetivos: determinar estgio de conhecimento: os verbos apontar, arrolar, definir, enunciar, inscrever, registrar, relatar, repetir, sublinhar e nomear; determinar estgio de compreenso: os verbos descrever, discutir, esclarecer, examinar, explicar, expressar, identificar, localizar, traduzir e transcrever; determinar estgio de aplicao: os verbos aplicar, demonstrar, empregar, ilustrar, interpretar, inventariar, manipular, praticar, traar e usar; determinar estgio de anlise: os verbos analisar, classificar, comparar, constatar, criticar, debater, diferenciar, distinguir, examinar, provar, investigar e experimentar; determinar estgio de sntese: os verbos articular, compor, constituir, coordenar, reunir, organizar e esquematizar; determinar estgio de avaliao: os verbos apreciar, avaliar, eliminar, escolher, estimar, julgar, preferir, selecionar, validar e valorizar. 9.6 JUSTIFICATIVA - o convencimento de que o trabalho de pesquisa fundamental de ser efetivado. aqui que o tema escolhido pelo pesquisador e a hiptese levantada so de suma importncia, para a sociedade ou para alguns indivduos, de ser comprovada. A Justificativa exalta a importncia do tema a ser estudado, ou justifica a necessidade imperiosa de se levar a efeito tal empreendimento. Nesta etapa voc ir refletir sobre o porqu da realizao da pesquisa procurando identificar as razes da preferncia pelo tema escolhido e sua importncia em relao a outros temas. Pergunte a voc mesmo: o tema relevante e, se , por qu? Quais os pontos positivos que voc percebe na abordagem proposta? Que vantagens e

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benefcios voc pressupe que sua pesquisa ir proporcionar? A justificativa dever convencer quem for ler o projeto, com relao importncia e relevncia da pesquisa proposta. Justificar apresentar razes para a prpria existncia do projeto. Isto obriga o autor a refletir sobre sua proposta de maneira abrangente e o faz situar-se na problemtica. possvel justificar um projeto atravs de sua importncia, oportunidade e viabilidade. Estas dimenses muitas vezes esto interligadas; mas possvel fazer algumas distines. a) Quanto importncia - sempre importante melhorar uma prtica ou poltica e este evidentemente o propsito dos mtodos e tcnicas da Administrao. Definir se um projeto importante desperta a questo: importante para quem? As razes podem estar relacionadas com os objetivos da empresa, com o bem-estar dos empregados, com a sociedade ou com o ambiente. Mtodos e instrumentos da Administrao de empresas normalmente so concebidos para buscar atingir primariamente objetivos empresariais, como a eficincia, a produtividade, a qualidade do produto ou servio, a lucratividade, a sobrevivncia ou liderana da empresa no mercado. O alcance desses objetivos muitas vezes requer a cooperao dos empregados, o aval dos acionistas, a colaborao entre as empresas no mercado, a aceitao da comunidade. Observa-se tambm que a questo da responsabilidade social da empresa em relao aos empregados consumidores e meio ambiente tem sido incorporada ao discurso empresarial. EXEMPLO: Num projeto sobre Avaliao de Desempenho, o autor pode justificar a sua importncia, enfatizando que os programas de avaliao de desempenho so instrumentos de desenvolvimento e valorizao da fora de trabalho...fazendo com que os funcionrios se sintam comprometidos com os objetivos de empresa. b) Quanto oportunidade - Mudanas na poltica governamental foram implementadas, com o objetivo de desregulamentar o mercado interno e estimular a competitividade das empresas brasileiras no mercado internacional. A expectativa do governo de aumentar a produtividade e a qualidade das empresas, via eficincia tcnica e gerencial. Muitas empresas esto respondendo a este apelo e o ambiente parece ser favorvel para a implementao de mudanas organizacionais. Outros fatores de presso devem-se a mudanas no mercado de produtos, a mudanas na propriedade das aes da empresa, a mudanas na estratgia e filosofia da empresa ou at mesmo influncia da moda. EXEMPLO: a proposta de avaliar a implementao do TQC em certo departamento da empresa julgada oportuna em termos da prpria filosofia de Qualidade Total em que o propsito exatamente gerenciar buscando melhoria contnua. c) Quanto viabilidade - essencial refletir sobre a viabilidade do trabalho na fase de projeto para evitar desapontamentos futuros. Aqui alerta-se para fatores como: complexidade, custo do projeto e acesso s informaes. Projetos muito complexos que requerem implementao demorada devem ser evitados. Alguns projetos tornam-se viveis para determinados tipos de empresas e inviveis para outras. Propor como projeto de estgio o estabelecimento de um Plano de Marketing para uma empresa de pequeno ou mdio porte muito mais vivel do que para uma grande empresa, dada sua complexidade. Em empresas maiores com estratgias de Marketing bem definidas, torna-se vivel fazer estudos sobre os clientes. Este assunto deve ser objeto de discusso entre orientador e o aluno.

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O custo de implantao um fator crucial. Quanto menor o custo, maior a viabilidade de realizao do projeto. O acesso s informaes outro fator a considerar. Na fase de definio do problema, imprescindvel verificar se existem condies propcias para a realizao do projeto dentro da organizao-alvo. EXEMPLO: Se h vontade da direo, se h interesse das partes envolvidas em colaborar, se os dados se encontram disponveis para serem coletados, se h possibilidade ou mesmo facilidade de realizar o trabalho. Observa-se que a iniciativa e dedicao do aluno so os fatores que mais pesam na qualidade do projeto e trabalho de concluso. 9.7 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS - A palavra mtodo deriva do grego e quer dizer caminho. Mtodo ento, a ordenao de um conjunto de etapas a serem cumpridas no estudo de uma cincia, na busca de uma verdade ou para se chegar a um determinado conhecimento. Metodologia: "Methodo" significa caminho, "logia" significa estudo. o estudo dos caminhos a serem seguidos para se fazer cincia. No Projeto da Pesquisa e no Relatrio Final da Pesquisa a descrio minuciosa dos passos a serem adotados ou adotados para a coleta e anlises dos dados. Metodologia o estudo do mtodo. Este pode ser definido como o caminho para se chegar a determinado fim, ou mais precisamente, o conjunto de etapas e processos a serem vencidos ordenadamente na investigao dos atos ou na procura da verdade. No caso especfico das pesquisas acadmicas e dos relatrios de estgio, adota-se o mtodo cientfico, que vem a ser o conjunto de procedimentos intelectuais e tcnicos para se atingir o conhecimento. Nesta etapa se ir definir onde e como ser realizada a pesquisa. Definir o tipo de pesquisa, a populao, a amostragem, os instrumentos de coleta de dados e a forma como pretende tabular e analisar seus dados. a) UNIVERSO OU POPULAO DE PESQUISA - a totalidade de indivduos que possuem as mesmas caractersticas definidas para um determinado estudo. um conjunto definido de elementos que possuem determinadas caractersticas. Comumente fala-se de populao como referncia ao total de habitantes de um determinado lugar. Todavia, em termos estatsticos, uma populao pode ser definida como o conjunto de alunos matriculados numa escola, os operrios filiados a um sindicato, todos os integrantes de um rebanho de determinada localidade, o total de indstrias de uma cidade, toda a produo de televisores de uma fbrica, etc. Num projeto de estgio, a populao vai depender dos objetivos do mesmo. O estgio pode se concentrar num departamento de uma empresa (no qual a populao seria simplesmente o nmero de pessoas que trabalham nesse departamento), ou englob-la totalmente (neste caso, a populao seria composta por todos os funcionrios da empresa, independentemente do setor aonde trabalham). Em outros casos, o estagirio poder analisar a empresa em sua interao com variveis do ambiente externo; nesse caso, a populao ser bastante ampla e exigir grandes cuidados em termos de definio de quem ser pesquisado. b) AMOSTRA - Amostra parte da populao ou do universo, selecionada de acordo com uma regra ou plano. Subconjunto do universo ou da populao, por meio do qual se estabelecem ou se estimam as caractersticas desse universo ou populao. Uma amostra pode ser constituda, por exemplo, por cem empregados de uma populao de 4000 que trabalham em uma fbrica. Outro exemplo de amostra pode ser dado por determinado nmero de escolas que integram a rede estadual de ensino. Outros exemplos: uma quantidade definida de peixes retirados de determinado

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rio, certo nmero de parafusos retirados do total da produo diria de uma indstria ou um clice de vinho de um tonel. , por conseguinte, essencial que a amostra tenha as caractersticas da populao, o que torna essencial para o sucesso da pesquisa planejar adequadamente a amostra a ser pesquisada. 9.7.1 TIPOS DE AMOSTRAS a) AMOSTRAGEM PROBABILSTICA - Segue as leis da estatstica, permitem expresso da probabilidade matemtica de se encontrar na populao as caractersticas da amostra e rigorosamente cientfica. Esta amostragem confere maior confiabilidade aos resultados obtidos. O primeiro passo nesta amostragem consiste em listar os elementos da populao, da forma mais completa possvel. Um princpio essencial o de que cada membro da populao deve ter as mesmas chances de qualquer outro em fazer parte da amostra. Amostras probabilsticas so compostas por sorteio e podem ser: Amostragem aleatria simples: Cada elemento da populao tem oportunidade igual de ser includo na amostra. Consiste em atribuir um nmero aleatrio para cada membro da populao. Dentro da tabela de nmeros obtidos, o acadmico seleciona alguns nmeros que comporo a amostra, desconhecendo completamente a quem esses nmeros so associados. Isso equivale a escolher a amostra tirando os nomes de um chapu. Amostragem sistemtica: uma variao da aleatria simples, que exige que cada elemento da populao possa ser identificado de acordo com sua posio - o que s pode ser feito em caso de se poder identificar a posio de cada membro num sistema ordenado, como por exemplo, o conjunto de candidatos a um concurso, identificados por fichas de inscrio. Amostragem estratificada: cada estrato, definido previamente, estar representado na amostra. Nessa forma de amostragem, preciso dividir a populao em subgrupos (por exemplo, por sexo, faixa etria, classe social, posio hierrquica), para a partir dessa diviso identificar a amostra. H duas formas de se efetuar a amostragem estratificada: Proporcional - em que se busca uma amostra similar composio da populao (por exemplo, se entre os funcionrios do departamento metade so mulheres, uma amostra estratificada por sexo deve ser composta por 50% de mulheres), e No-proporcional - em que no se observa a extenso dos estratos em relao populao. Amostragem por conglomerados (por agrupamento): reunio de amostras representativas de uma populao. Em casos nos quais a populao muito extensa, essa forma de amostragem bastante til. Por exemplo, se o estgio ser realizado numa grande empresa, os conglomerados sero os diferentes departamentos, sendo feitas as amostras de cada departamento a partir da prpria listagem de pessoas que nele trabalham, no o total da empresa. Amostragem por etapas: este tipo de amostragem normalmente se aplica aos casos em que a populao est muito dispersa em uma grande rea. So tomadas amostras aleatrias em subdivises, para se ter uma amostra geral da populao. Por exemplo, o estgio ser realizado numa empresa que possui diversas unidades de produo, espalhadas pelo pas; o acadmico poderia tomar amostras de departamentos e nveis hierrquicos em diferentes unidades produtivas, pressupondo-se que cada uma seja representativa do todo (o que nem sempre ocorre na prtica). b) AMOSTRAGEM NO-PROBABILSTICA - Depende do critrio do pesquisador. Diminui os custos da pesquisa e o tempo consumido na preparao da amostra. Nem sempre permite a 21

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generalizao das caractersticas observadas na amostra para a populao, o que a torna de validade limitada para as pesquisas cientficas mais ambiciosas, embora no crie problemas se o objetivo for simplesmente conhecer as caractersticas daquela amostra especfica, e no da populao como um todo. Amostras no probabilsticas podem ser: Amostragem por acessibilidade: trata-se do processo menos rigoroso, em que o pesquisador seleciona os elementos simplesmente porque eles so acessveis, e pressupe que os mesmos sejam representativos. Amostragem proposital: a amostra selecionada de acordo com uma determinada caracterstica por exemplo, os ouvintes de um programa religioso de rdio poderiam ser convidados a telefonar para a estao e dar sua opinio a respeito daquela religio. No surpreenderia ningum se essa opinio fosse favorvel ao que o apresentador do programa divulgou. Amostragem por tipicidade: neste caso, seleciona-se um subgrupo da populao, que, de acordo com as informaes disponveis a respeito desta, representativo da mesma - o que, evidentemente, s ser possvel por meio de profundo conhecimento da populao. Amostragem bola de neve: utilizada em casos em que a populao se encontra muito distribuda ou difcil de ser localizada. Encontrando-se um membro da populao, pedese a ele que apresente outras pessoas que tambm faam parte dela. Amostragem por cotas: diversos elementos constantes da populao/universo, na mesma proporo. um processo composto por trs etapas: em primeiro lugar, classificase a populao conforme as propriedades consideradas relevantes para o fenmeno a ser estudado; o segundo passo consiste em determinar qual a proporo da populao a ser colocada em cada classe; finalmente, fixa-se uma cota proporcional populao para cada pesquisador. Esse tipo de amostragem exige que o pesquisador conhea de antemo as caractersticas da populao. Para definio das amostras recomenda-se a aplicao de tcnicas estatsticas. Barbetta (1999) fornece uma abordagem muito didtica referente delimitao de amostras e ao emprego da estatstica em pesquisas. As dimenses do universo seguem uma regra simples: acima de 100.000 elementos, o universo considerado infinito, abaixo deste nmero, finito; estatisticamente falando, acima de 100.000 elementos, o nmero de elementos que compem a amostra ser sempre o mesmo. O nvel de confiana, por sua vez, estimado a partir da distribuio normal, e se expressa de acordo com o nmero de desvios-padro em relao mdia: um desvio para um nvel de confiana de aproximadamente 68%, dois desvios para um nvel de 95,5%, trs desvios para um nvel de 99,7%. Quanto ao erro, normalmente se trabalha com estimativas de 3% a 5%. Por fim, a porcentagem com que o fenmeno se verifica refere-se a uma estimativa prvia sobre como o fenmeno ocorre na populao. O exemplo a seguir permitir calcular o nmero de elementos de uma amostra. EXEMPLO: Considere a situao em que uma empresa com 500 empregados deseja reduzir o nvel de absentesmo dos funcionrios. Pesquisas prvias indicaram que cerca de 10% dos funcionrios faltam ao trabalho, mas no determinaram as causas do absentesmo. Voc decidiu pesquisar as razes mais comuns para as faltas, e, para tanto, estimou um nvel de confiana de cerca de 95%, e um erro mximo tolerado de 3%. Dessa forma: n = tamanho da amostra

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= nvel de confiana escolhido, em nmero de desvios-padro (2) p = porcentagem com a qual o fenmeno se verifica (10) q = porcentagem complementar (90) N = tamanho da populao (500) e2 = erro mximo permitido (3) A frmula utilizada para o clculo a seguinte: 2 n= .p.q.N 2 e (N-1) + 2.p.q Substituindo-se os nmeros na frmula, tem-se: 22.10.90.500_____ = 222,47 32.(500-1) + 22.10.90

2

n=

No caso supracitado, o estagirio teria que pesquisar aproximadamente 223 funcionrios para poder determinar quais seriam as principais causas do absentesmo entre o corpo funcional da empresa - um nmero bastante alto, mas que naturalmente seria reduzido ao se reduzir o grau de confiana e aumentar o erro mximo permitido (por exemplo, um aumento do erro para 5% levaria o acadmico a pesquisar 112 pessoas). 9.8 REVISO DE LITERATURA - Abrange tudo o que possa ser considerado relevante ou necessrio para explicar o problema. Nesta fase dever se responder s seguintes questes: quem j escreveu e o que j foi publicado sobre o assunto, que aspectos j foram abordados, quais as lacunas existentes na literatura. A reviso de literatura fundamental, porque fornecer elementos para as pessoas evitarem a duplicao de pesquisas sobre o mesmo enfoque do tema. Favorecer a definio de contornos mais precisos do problema a ser estudado. Para elaborar uma reviso de literatura recomendvel que se adote a metodologia de pesquisa bibliogrfica. Dever ser apresentado no mnimo cinco obras diferentes, entre livros e artigos de revistas cientficas (artigos de jornais e de revistas no-cientficas, como por exemplo, Exame, Voc S.A, etc. no devem ser apresentados).

Por meio da anlise da literatura publicada ser traado um quadro terico e se far a estruturao conceitual que dar sustentao ao desenvolvimento da pesquisa. A reviso de literatura em um trabalho de pesquisa pode ser realizada com os seguintes objetivos: determinao do estado da arte: o pesquisador procura mostrar atravs da literatura j publicada o que j sabe sobre o tema, quais as lacunas existentes e onde se encontram os principais entraves tericos ou metodolgicos; reviso terica: se insere o problema de pesquisa dentro de um quadro de referncia terica para explic-lo. Geralmente acontece quando o problema em estudo gerado por uma teoria, ou quando no gerado ou explicado por uma teoria particular, mas por vrias; reviso emprica: procura-se explicar como o problema vem sendo pesquisado do ponto de vista metodolgico procurando responder: quais os procedimentos normalmente empregados no estudo desse problema? Que fatores vm afetando os resultados? Que propostas tm sido feitas para explic-los ou control-los? Que procedimentos vm sendo empregados para analisar os resultados? H relatos de manuteno e generalizao dos resultados obtidos? Do que elas dependem?;

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reviso histrica: busca-se recuperar a evoluo de um conceito, tema, abordagem ou outros aspectos fazendo a insero dessa evoluo dentro de um quadro terico de referncia que explique os fatores determinantes e as implicaes das mudanas.

9.9 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS - Para obter xito neste processo, duas qualidades so fundamentais: a pacincia e a persistncia. A definio do instrumento de coleta de dados depender dos objetivos que se pretende alcanar com a pesquisa e do universo a ser investigado. A entrevista e o questionrio pressupem uma interao direta entre o estagirio e os funcionrios da empresa onde ele est realizando o trabalho. No caso da tcnica de observao, a pessoa pode no participar diretamente das atividades (embora tenha que interagir com os funcionrios), e, na pesquisa documental, pressupe-se a existncia de documentao na empresa, disponvel para pesquisa. Os instrumentos de coleta de dados tradicionais so: 9.9.1 OBSERVAO - Observar no simplesmente olhar, destacar de um conjunto (objetos, pessoas, animais, etc.) algo especificamente, prestando, por exemplo, ateno em suas caractersticas (cor, tamanho, etc.). A principal vantagem, que o prprio pesquisador percebe diretamente os fatos, sem necessidade de intermedirios, o que reduz a subjetividade na compreenso dos mesmos; por outro lado, a presena de um pesquisador pode provocar mudanas no comportamento das pessoas, diminuindo as possibilidades de realismo. preciso lembrar que, em hiptese alguma, a pessoa pode confiar exclusivamente na observao como instrumento de coleta de dados, devendo complement-la com outras tcnicas como o questionrio e a entrevista (inclusive para poder ter uma melhor percepo de como os integrantes da organizao encara os processos que esto sendo estudados no estgio). A observao pode ser classificada em: a) Observao simples - a tcnica de observao em que o pesquisador, permanecendo alheio comunidade, grupo ou situao que pretende estudar, observa de maneira espontnea os fatos que a ocorrem. Esta observao faz parte de praticamente todos os estudos de pesquisa, sendo realizada no prprio ambiente a ser pesquisado, e no exige padronizao de seus procedimentos, devendo ser considerada como uma fase exploratria, de descoberta e acumulao de conhecimentos. b) Observao participante - Observao ativa, baseada na participao real da pessoa na vida da comunidade, grupo, ou situao determinada, se tornando um membro ativo do grupo, envolvido em suas prticas dirias. Em pesquisas que buscam compreender a dinmica da rotina cotidiana, ela de extrema importncia. Pode ser: natural (em que o observador pertence comunidade em que ser feita a pesquisa), e artificial (na qual o observador se integra comunidade para realizar seu estudo); neste ltimo caso, h situaes em que o observador precisa se disfarar, sem revelar sua condio de pesquisador. c) Observao sistemtica - o observador tem um conhecimento prvio dos fatos ou fenmenos que, dentro do grupo ou comunidade, so relevantes para seus objetivos definidos. Trata-se de um quase-experimento, uma vez que o trabalho do pesquisador consiste basicamente em testar hipteses a respeito do grupo ou comunidade. Inicialmente, o pesquisador planeja a coleta de dados, e estabelece categorias de anlise em relao s prticas que pretende observar. O pesquisador que planeja realizar uma observao sistemtica precisa planejar de antemo a forma pela qual ir coletar os dados, devendo tambm definir com preciso as categorias analticas e os meios ou instrumentos para registro dos dados. H graus diferentes de estruturao para a

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observao sistemtica, sendo que uma observao inteiramente estruturada s seria possvel em condies de laboratrio. 9.9.2 ENTREVISTA - Conversa entre duas pessoas com o propsito de alcanar um objetivo. Tcnica onde o investigador se apresenta frente ao investigado e lhe formulam perguntas, com o objetivo de obteno dos dados que interessam investigao. A entrevista uma das tcnicas mais utilizadas para a coleta de dados, fornecendo informaes a respeito dos conhecimentos, sentimentos, desejos, pretenses e aes das pessoas, permitindo ainda levantar dados a respeito das razes pelas quais as coisas foram feitas. As entrevistas se classificam em: a) Entrevista informal: a entrevista menos estruturada possvel, em que o entrevistador tem apenas o objetivo bsico da pesquisa em sua mente, buscando obter a viso geral do entrevistado sobre o assunto; b) Entrevista focalizada: tambm se trata de uma tcnica pouco estruturada, mas, alm de ter um objetivo de pesquisa, o entrevistador focaliza a conversa em um determinado assunto, procurando manter-se na rota mesmo quando o entrevistado se desvia. Ela possui carter aberto e permite ao entrevistado responder tendo em mente seu prprio quadro de referncia. Essa tcnica inclui as entrevistas biogrficas ou de histria de vida; c) Entrevista por pautas: o entrevistador prepara uma pauta de assuntos com antecedncia, fazendo umas poucas perguntas diretamente e concentrando-se no que o entrevistado vai falando, para explorar os assuntos medida que surgem. Apesar de ser mais formalizada que as anteriores, a entrevista por pautas no pode ser considerada inteiramente estruturada; d) Entrevista estruturada: neste caso, o entrevistador prepara com antecedncia uma relao de perguntas (um questionrio), mantida fixa e invarivel independentemente de quem quer que esteja sendo entrevistado. Normalmente utilizada quando h um grande nmero de entrevistados, para facilitar a tabulao dos dados. Utilizam-se perguntas abertas, em que se admite ampla variedade de respostas, ou perguntas fechadas, nas quais o entrevistador apresenta uma srie de opes para o entrevistado. e) Entrevista em grupo: refere-se tcnica em que o entrevistador prepara um grupo que ser entrevistado simultaneamente. Esse grupo pode assumir o formato de grupo focal, em que se encoraja a discusso entre os seus integrantes. O grupo deve ser grande o bastante para que se possa obter dados e informaes teis, mas tambm precisa ser suficientemente pequeno para que o entrevistador possa estudar seu comportamento e todos tenham chance de participar e contribuir. e) Entrevista semi-estruturada; neste caso, o entrevistador prepara uma lista padronizada de perguntas, mas acrescenta, em cada entrevista que conduzir, perguntas adicionais que porventura permitam maior atingimento dos objetivos, de acordo com os comentrios e as respostas do entrevistado, dando maior liberdade e flexibilidade para o entrevistador, que poder buscar maior esclarecimento junto ao entrevistado ou sondar suas respostas. 9.9.3 QUESTIONRIO - Consiste na tcnica de investigao composta por um nmero mais ou menos elevado de questes apresentadas por escrito s pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opinies, crenas, sentimentos, interesses, expectativas, situaes vivenciadas, etc. O questionrio apresenta uma srie de vantagens: permite atingir grande nmero de pessoas, mesmo dispersas; no exige gastos com treinamento de entrevistadores; garante o anonimato dos respondentes; abre a possibilidade das pessoas o responderem no momento mais conveniente; diminui o vis do pesquisador sobre os pesquisados. Por outro lado, ele tambm apresenta desvantagens e limitaes: excluem da pesquisa os analfabetos; no permite tirar dvidas quando das respostas; o pesquisador pouco ou nada sabe sobre o contexto em que o questionrio foi respondido; no h nenhuma garantia de que as pessoas o devolvam preenchido; deve ser restrito, envolvendo nmero limitado de perguntas; dificulta a objetividade, pois, embora 25

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as perguntas sejam as mesmas para todos, no h como garantir igualdade de interpretao das respostas. 9.9.4 PESQUISA DOCUMENTAL - Tcnica extremamente importante para o pesquisador, uma vez que estes se constituem numa preciosa fonte de informaes. Os documentos so a sedimentao de prticas sociais e fornecem informaes sobre as decises tomadas pelas pessoas, bem como leituras particulares de eventos sociais que podem estar indisponveis para o pesquisador. A primeira questo que surge, neste tipo de pesquisa, , sem dvida, quais documentos buscar? Cartas, memorandos, comunicados, agendas, atas e minutas de encontros e reunies, documentos internos da administrao, estudos e anlises formais a respeito da mesma realidade que est sendo pesquisada, clipping de imprensa e artigos da mdia sobre a organizao (tanto os estudos quanto esses artigos constituem-se em fontes secundrias de dados, que so tratadas no item referente pesquisa bibliogrfica). O primeiro cuidado que deve ser tomado quando se procede pesquisa documental avaliar a autenticidade do documento; embora falsificaes possam ser interessantes, de acordo com as caractersticas da pesquisa, os documentos autnticos so preferveis. A seguir, preciso determinar a credibilidade do documento, que ser refere extenso pela qual a informao contida sincera. A terceira etapa diz respeito representatividade do documento, procurando determinar se ele tpico da realidade que descreve. A ltima etapa consiste no significado do documento, em termos de clareza e compreenso. 9.10 ANLISE E INTERPRETAO DOS DADOS - DADO todo tipo de informaes que o pesquisador rene e analisa para estudar determinado fenmeno social. Ou seja, o dado a unidade bsica do conhecimento a ser pesquisado, podendo ser considerado sinnimo de material de pesquisa; a partir dos dados que o pesquisador pode construir as informaes que formam o conhecimento. Quanto classificao dos dados, tem-se: a) Dados primrios - trabalhos originais de pesquisa ou dados brutos, sem interpretao ou pronunciamentos, que representam uma opinio ou posio oficial; b) Dados secundrios - interpretaes de dados primrios. [...] quase todos os materiais de referncia entram nessa categoria; c) Dados tercirios - interpretao de uma fonte secundria, geralmente so representados por ndices, bibliografias e outros auxiliares de busca. Anlise e interpretao dos dados caminham juntas na pesquisa. 9.10.1 ANLISE - refere-se a um esforo de sumarizao dos dados, para que os mesmos possibilitem o fornecimento de respostas aos problemas propostos, enquanto que a interpretao se refere tentativa de obter um significado maior nessas respostas, por intermdio da ligao entre as mesmas e o conhecimento existente. O objetivo da anlise reunir as observaes de maneira coerente e organizada, de forma que seja possvel responder ao problema de pesquisa. 9.10.2 INTERPRETAO - busca dar um sentido mais amplo aos dados coletados, fazendo a ponte entre eles e o conhecimento existente. Todo o processo de pesquisa desenvolvido orientado para esse objetivo. O processo de interpretao consiste em expressar o verdadeiro significado do material em termos do propsito do estudo. O pesquisador far as ligaes lgicas e comparaes, enunciar princpios e far generalizaes. O processo de interpretao, portanto, deve ser considerado como a fase final da pesquisa, em que os dados coletados foram

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convenientemente tratados e analisados. Nem sempre esse processo pode ser facilmente dissociado da anlise, uma vez que esta j pode ser considerada como uma preparao para a interpretao, com a preparao dos dados. O principal aspecto que deve ser considerado no processo de interpretao a ligao entre as informaes e dados empricos coletados e a teoria subjacente aos mesmos. A teoria essencial para o estabelecimento de generalizaes, mas no pode ser considerada como o principal aspecto; preciso ter em mente que teorias so construtos da mente humana, interpretaes da realidade, e como tal, podem apresentar falhas. Da mesma forma, uma pesquisa, normalmente, no permite refutar uma teoria j estabelecida, ainda que possa lanar dvidas em relao sua validade. Portanto, os processos de anlise e interpretao de dados devem ser considerados como o resultado final da pesquisa, ou seja, a construo de conhecimento. Para realizar a anlise dos dados, algumas etapas so necessrias: a) Classificao dos dados Para que as categorias sejam teis para o pesquisador, preciso inicialmente estabelecer um princpio de classificao, criar um conjunto de categorias e cuidar para que estas sejam mutuamente exclusivas. preciso tomar bastante cuidado ao estabelecer as categorias, de forma que estas abranjam todas as respostas possveis (para tanto, em alguns casos, ser necessrio incluir a categoria outros, para dados difceis de se encaixar em uma categoria). Isso significa que o processo de estabelecimento de categorias, conquanto seja uma tarefa bastante simples em muitos casos, no necessariamente o ser em todos. b) Codificao - O processo de codificao pode ser definido como a transformao de dados brutos em smbolos que permitam tabulao, ou seja, a alocao de cdigos geralmente numricos para cada categoria. Esse processo pode ser feito antes ou depois da aplicao do instrumento de coleta de dados, devendo ser sempre realizado aps a definio das categorias de anlise. c) Tabulao - Entende-se por tabulao o processo de agrupar e contar os casos que esto nas vrias categorias de anlise. Na tabulao, a operao essencial consiste na contagem para determinao do nmero de casos das vrias categorias. Existem dois tipos de tabulao: simples - que a contagem das freqncias das categorias de cada conjunto, ou seja, a determinao do nmero de respostas em cada categoria. Por exemplo, num universo de 500 respondentes questo sobre o tempo de servio, ter-se-ia um total de 35 respostas para at um ano de servio, 105 para um a cinco anos, e assim por diante; cruzada - que a contagem de freqncias que ocorram em dois ou mais conjuntos de categorias. Por exemplo, podem-se cruzar as respostas obtidas na pergunta sobre tempo de servio com as informaes da pergunta sobre nvel de escolaridade, ou com a pergunta sobre o cargo ocupado, e assim por diante. Existem programas estatsticos que permitem uma tabulao rpida e precisa, permitindo vrios graus de complexidade nas anlises. d) Anlise estatstica dos dados - A anlise estatstica feita em dois nveis: descrio dos dados e avaliao de generalizaes obtidas a partir dos dados. Nesses casos, a anlise lana mo de medidas estatsticas, como mdia, mediana e moda, desvio padro, quartis, amplitude, polgono de freqncia, correlao, distribuio na curva normal, entre outros. Existem dois tipos de anlise:

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condicional - que busca identificar os fatores que determinam a ocorrncia de um determinado fenmeno ou situao; funcional - que procura as relaes que os vrios fenmenos estabelecem entre si.

9.11 CONSIDERAES FINAIS - Como um elemento de fechamento do trabalho, deve responder as seguintes questes: quais foram os resultados obtidos? Qual a reflexo do acadmico sobre o propsito do trabalho e suas limitaes? O que de mais importante se observou em termos de relao teoria administrativa X prtica empresarial? O que se pode recomendar para ampliar ou melhorar o estudo? Essas questes, naturalmente, tero sido respondidas ao longo do trabalho, cabendo ao captulo de consideraes finais reuni-las e consolid-las. conveniente, ainda, destacar as dificuldades porventura enfrentadas pelo acadmico no atingimento dos objetivos. Incluir uma sntese das proposies feitas empresa, bem como sugestes para outros trabalhos dentro do mesmo tema ou da prpria empresa. o resumo dos resultados mais significativos que conduziram comprovao ou rejeio da hiptese. o fechamento do trabalho, uma sntese do que foi realizado. Deve apresentar dedues lgicas correspondentes aos objetivos previamente estabelecidos, destacando-se o seu alcance e os aspectos em que contribuiu. Pode tambm indicar problemas dignos de novos estudos e sugestes para outros trabalhos.

10. EDITORAO DO TRABALHO ACADMICOUm Trabalho Cientfico s pode ser apresentado dentro de normas. Como de hbito, as escolas padronizam, de acordo com as especificaes tcnicas da ABNT, algumas regras de apresentao dos originais, embora a prpria ABNT permita algumas variaes, desde que o modelo adotado seja utilizado em todo o trabalho cientfico. O que realmente importa que o padro adotado seja usado para todo o trabalho cientfico, como sugerido no MANUAL PARA ELABORAO DE TRABALHOS ACADMICOS da Faculdade Deciso e Faculdades Borges de Mendona. A ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas o rgo responsvel pela normalizao tcnica no pas. uma entidade privada, sem fins lucrativos, reconhecida como Foro Nacional de Normalizao, sendo a representante no Brasil de entidades de normalizao internacional: ISO International Organization for Standardization e IEC International Electrotechnical Comission. Ela foi fundada em 1940 e reconhecida legalmente em 1962, como rgo de utilidade pblica, tendo como objetivos gerais: elaborar normas brasileiras e fomentar seu uso nos campos cientfico, tcnico, industrial, comercial, agrcola, de servios e outros correlatos, alm de mantlas atualizadas; incentivar e promover a participao das comunidades tcnicas na pesquisa, no desenvolvimento e na difuso da normalizao do pas; conceder, diretamente ou atravs de terceiros, Marca de Conformidade e certificados de qualidade referentes a produtos e sistemas. A normalizao o processo de estabelecer e aplicar regras com intuito de ordenar uma atividade especfica para beneficiar reas e otimizar tempo, custos e recursos, gerando: a disciplina da produo, uniformidade do trabalho, registro do conhecimento tecnolgico, melhoria do nvel de capacitao de pessoal, segurana para os recursos humanos e materiais e controle de produtos e processos.

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So inmeras as reas que recebem normalizao da ABNT, mas, no caso da produo de trabalhos acadmicos, h um conjunto de trinta e duas normas, denominadas Normas sobre Documentao, que fixa o modo adequado ou exigvel de elaborao dos mais variados aspectos da produo de documentos (livros, peridicos, relatrios...). A seguir sero indicadas as normas que regem a produo de trabalhos escritos de interesse para a rea acadmica. NBR (Norma Brasileira) 5892 (Agosto de 1989. 2 p.) uma norma para datar que fixa as condies exigveis para indicao da data de um documento ou acontecimento, tendo como referncia o incio da era crist, ano 1. NBR 6022 (Agosto de 1994. 2 p.) fixa a forma correta de apresentao de artigos em publicaes peridicas, indicando sua estrutura e caracterizando seus elementos. NBR 6023 (Agosto de 2000. 22 p.) trata de Referncias Bibliogrficas, ou seja, indica como devem ser referenciadas as publicaes mencionadas em determinado trabalho, relacionadas em bibliografias ou objeto de resumos ou recenses, podendo ser aplicada tambm a referenciao de material especial como microfilmes, mapas, gravaes, etc. No se aplica nem substitui as descries bibliogrficas usadas em bibliotecas. A Norma foi alterada em 2000, inserido-se a referenciao de documentos por meio eletrnico e complementando elementos que no constavam na verso de 1989. NBR 6024 (Agosto de 1989. 2 p.) fixa as condies exigveis para um sistema de numerao progressiva das divises do texto de um documento, de modo a expor com clareza a seqncia, importncia e inter-relacionamento da matria, e permitir a localizao imediata de cada parte. E se aplica redao de todos os tipos de documentos, com exceo dos que possuem sistematizao peculiar (dicionrios...). NBR 6027 (Agosto de 1989. 2 p.) fixa as condies exigveis para a estrutura, localizao e aspecto tipogrfico do Sumrio. O sumrio a enumerao das principais divises, sees e outras partes de um documento na mesma ordem em que a matria nele se apresenta. No pode ser confundida com ndice, que trata da enumerao de assuntos, nomes, acontecimentos (NBR 6035), ou lista, que informa a localizao de elementos como ilustraes, smbolos, etc. NBR 6028 (Maio de 1980. 4 p.) caracteriza resumos e estabelece uma tcnica para sua redao e apresentao, aplicando-se a qualquer tipo de texto. NBR 10520 (Abril de 1992. 2 p.) trata da apresentao de citaes em documentos, fixando a maneira correta de introduzir transcries ou parfrases, de fontes escritas ou orais, no corpo do trabalho. NBR 10719 ( Agosto de 1989. 9 p.) fixa as condies adequadas para a elaborao e apresentao de relatrios tcnico-cientficos. Um relatrio tcnico cientfico relata formalmente os resultados ou progressos obtidos em investigao de pesquisa e desenvolvimento ou descreve a situao de uma questo tcnica ou cientfica. As normas da ABNT recebem atualizao peridica que pode ser acompanhada atravs da Internet pela home page (http://www.abnt.org.br).

11. CONSIDERAES FINAIS DESTE RESUMOH alguns fatores (em parte interligados) que devem ser levados em conta em qualquer anlise