Resenha

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Resenhas Isabella Teixeira Bonato O veneno está na mesa II Muitas vezes abrimos mão de conhecimentos tradicionais em contraponto aos “conhecimentos válidos” que são os ditos como científicos, ensinados em faculdades e cursos. Após a revolução verde houve uma busca acelerada por conhecimentos nas áreas de transgenias e agroquímicos, deixando de lado os conhecimentos tradicionais. O problema da água está mais em voga do que nunca. Ele se tornou uma questão como a questão fundiária e merece muita atenção no futuro da agricultura. Pessoas ligadas a compra e venda de commodities já estão atentos à essa questão, prontos para tirar proveito na primeira oportunidade. Porém a água é uma necessidade de todos os organismos vivos, em menor ou maior quantidade, por isso deve ser tratada como tal. Na agricultura orgânica, principalmente em agroflorestas há uma maior absorção de água pelo solo, graças a cobertura vegetal, enchendo os mananciais e lençóis freáticos. O problema da água nesse modo de cultivo é mitigado. Na escolha dos produtos deve ser levado em consideração os interesses de saúde pública acima dos interesses do agronegócio, que toma decisões geralmente apenas com base em interesses econômicos. Nas agriculturas de monocultura, parte significativa da renda da terra acaba indo para empresas, geralmente internacionais, de sementes e agroquímicos. Ao se ter o

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ResenhasIsabella Teixeira Bonato

O veneno está na mesa II

Muitas vezes abrimos mão de conhecimentos tradicionais em contraponto aos

“conhecimentos válidos” que são os ditos como científicos, ensinados em faculdades e

cursos. Após a revolução verde houve uma busca acelerada por conhecimentos nas

áreas de transgenias e agroquímicos, deixando de lado os conhecimentos tradicionais.

O problema da água está mais em voga do que nunca. Ele se tornou uma questão

como a questão fundiária e merece muita atenção no futuro da agricultura. Pessoas

ligadas a compra e venda de commodities já estão atentos à essa questão, prontos

para tirar proveito na primeira oportunidade. Porém a água é uma necessidade de

todos os organismos vivos, em menor ou maior quantidade, por isso deve ser tratada

como tal. Na agricultura orgânica, principalmente em agroflorestas há uma maior

absorção de água pelo solo, graças a cobertura vegetal, enchendo os mananciais e

lençóis freáticos. O problema da água nesse modo de cultivo é mitigado.

Na escolha dos produtos deve ser levado em consideração os interesses de

saúde pública acima dos interesses do agronegócio, que toma decisões geralmente

apenas com base em interesses econômicos.

Nas agriculturas de monocultura, parte significativa da renda da terra acaba indo para

empresas, geralmente internacionais, de sementes e agroquímicos. Ao se ter o

controle das sementes e a utilização de técnicas sustentáveis, esse capital se mantem

no país.

Outro problema da agricultura convencional é a intoxicação por agrotóxicos,

agravada pela falta de EPIs, que causam sérios problemas como câncer, suicídios e

doenças dos rins e fígado.

A alternativa proposta é a agroecologia. Respeitando os fundamentos é

possível ter uma produtividade igual ou maior que o agricultor convencional, com mais

saúde pro consumidor e trabalhador e maior respeito à natureza. Além disso, apenas

30% dos alimentos consumidos pelo homem vem de monoculturas. É importante

deixar de enxergar o agronegócio como única saída para a fome mundial.

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PAIS - Prod. Agroecológica Integrada e Sustentável

O PAIS é um produção agroecológica integrada e sustentável. A ideia é alcançar

os pequenos agricultores, incentivando a produção agroecológica. Nesse projeto os

agricultores recebem os materiais básicos para o início da produção, como tela,

galinhas e galo, as mudas, equipamentos para irrigação e a assistência técnica.

Essa tecnologia social promove a segurança alimentar daquela comunidade,

além de melhorar a renda do produtor e a saúde do consumidor. A produção é feita

com bases agroecológicas, então é uma produção orgânica, com uso racional de

recursos, respeito pela água e pela natureza, utilização de insumos da propriedade,

como esterco da própria galinha, que está inserida no sistema. Ele é ecologicamente

correto, socialmente justo, culturamente aceito e economicamente viável.

Ele consiste em um galinheiro no centro e uma horta circular a sua volta. Todo

o sistema foi pensado para fazer o maior proveito de todos os recursos, inclusive a

terra como espaço físico. O formato circular é o que melhor se adapta à essa

tecnologia ao aproveitar melhor os espaços. O galinheiro é montado no centro, porém

há um corredor para que as aves possam pastar no quintal agroecológico. A questão

da água também é trabalhada ao se fazer uso de gotejamento para a irrigação.