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REPORTING DOS PRINCIPAIS ASSUNTOS DE AUDITORIA: UMA ANÁLISE A PARTIR DA SUAVIZAÇÃO DE RESULTADOS Ana Claudia Santo Lima (UFG) - [email protected] Cleidinara Ribeiro Dias (UnB) - [email protected] Lúcio de Souza Machado (UFG) - [email protected] Carlos Henrique Silva do Carmo (UFG) - [email protected] Resumo: Esta pesquisa objetiva analisar o impacto dos Principais Assuntos de Auditoria (PAAs) na prática de suavização de resultados nas empresas. A amostra final abrange 33 companhias do setor de energia elétrica, o período de estudo compreende os anos de 2016 a 2019, haja vista que os PAAs se tornaram obrigatórios para as demonstrações financeiras emitidas em ou após 31 de dezembro de 2016. Para medir a suavização intencional de resultados, foram utilizadas duas medidas que capturam dimensões distintas da suavização, isto é, suavização geral e por accruals, apresentadas no trabalho de Lang, Lins e Maffet (2012). Para estudar os PAAs utilizou-se de três proxies distintas, a quantidade de PAAs reportados por empresa e por ano,o índice de legibilidade de FLESCH e a quantidade de palavras (LENGHT). Os resultados indicam que, de maneira geral, os PAAs influenciam tanto na suavização geral quanto na suavização por accruals. Este trabalho contribui com a literatura ao evidenciar a relação existente entre PAAs e suavização de resultados, demonstrando que ao observar aspectos distintos dos principais assuntos de auditoria, pode-se perceber a influência positiva e negativa causada na suavização, além disso, este trabalho preenche a lacuna de estudos relacionadas a esta temática. Palavras-chave: Qualidade da auditoria; Suavização de resultados; PAAs Área temática: Contabilidade para Usuários Externos Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)

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REPORTING DOS PRINCIPAIS ASSUNTOS DE AUDITORIA:UMA ANÁLISE A PARTIR DA SUAVIZAÇÃO DE

RESULTADOS

Ana Claudia Santo Lima (UFG) - [email protected] Ribeiro Dias (UnB) - [email protected]úcio de Souza Machado (UFG) - [email protected] Henrique Silva do Carmo (UFG) - [email protected]

Resumo:

Esta pesquisa objetiva analisar o impacto dos Principais Assuntos de Auditoria(PAAs) na prática de suavização de resultados nas empresas. A amostra finalabrange 33 companhias do setor de energia elétrica, o período de estudocompreende os anos de 2016 a 2019, haja vista que os PAAs se tornaramobrigatórios para as demonstrações financeiras emitidas em ou após 31 dedezembro de 2016. Para medir a suavização intencional de resultados, foramutilizadas duas medidas que capturam dimensões distintas da suavização, isto é,suavização geral e por accruals, apresentadas no trabalho de Lang, Lins e Maffet(2012). Para estudar os PAAs utilizou-se de três proxies distintas, a quantidade dePAAs reportados por empresa e por ano,o índice de legibilidade de FLESCH e aquantidade de palavras (LENGHT). Os resultados indicam que, de maneira geral, osPAAs influenciam tanto na suavização geral quanto na suavização por accruals. Estetrabalho contribui com a literatura ao evidenciar a relação existente entre PAAs esuavização de resultados, demonstrando que ao observar aspectos distintos dosprincipais assuntos de auditoria, pode-se perceber a influência positiva e negativacausada na suavização, além disso, este trabalho preenche a lacuna de estudosrelacionadas a esta temática.

Palavras-chave: Qualidade da auditoria; Suavização de resultados; PAAs

Área temática: Contabilidade para Usuários Externos

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REPORTING DOS PRINCIPAIS ASSUNTOS DE AUDITORIA: UMA ANÁLISE A

PARTIR DA SUAVIZAÇÃO DE RESULTADOS

Resumo

Esta pesquisa objetiva analisar o impacto dos Principais Assuntos de Auditoria (PAAs) na

prática de suavização de resultados nas empresas. A amostra final abrange 33 companhias do

setor de energia elétrica, o período de estudo compreende os anos de 2016 a 2019, haja vista

que os PAAs se tornaram obrigatórios para as demonstrações financeiras emitidas em ou após

31 de dezembro de 2016. Para medir a suavização intencional de resultados, foram utilizadas

duas medidas que capturam dimensões distintas da suavização, isto é, suavização geral e por

accruals, apresentadas no trabalho de Lang, Lins e Maffet (2012). Para estudar os PAAs

utilizou-se de três proxies distintas, a quantidade de PAAs reportados por empresa e por ano,

o índice de legibilidade de FLESCH e a quantidade de palavras (LENGHT). Os resultados

indicam que, de maneira geral, os PAAs influenciam tanto na suavização geral quanto na

suavização por accruals. Este trabalho contribui com a literatura ao evidenciar a relação

existente entre PAAs e suavização de resultados, demonstrando que ao observar aspectos

distintos dos principais assuntos de auditoria, pode-se perceber a influência positiva e

negativa causada na suavização, além disso, este trabalho preenche a lacuna de estudos

relacionadas a esta temática.

Palavras-Chaves: Qualidade da auditoria; Suavização de resultados; PAAs.

Área temática do evento: Contabilidade para Usuários Externos.

1 INTRODUÇÃO

Suprir a necessidade informacional dos usuários internos e externos é o objetivo da

contabilidade (IUDÍCIBUS, 2005). A administração da empresa é quem prepara e divulga as

demonstrações financeiras às partes interessadas, e estas, para que possam ser consideradas

confiáveis precisam ser analisadas por um profissional independente, o auditor externo

(SILVA; SILVA, 2017).

Desta forma, a auditoria independente, de acordo com Piot (2001), tem como um de

seus objetivos reduzir a assimetria informacional, minimizar os conflitos de interesse

existentes, reduzir os custos de agência e, em decorrência disso, maximizar a confiabilidade

das demonstrações financeiras com o intuito de melhorar a informação no processo de

governança. Jensen e Meckling (1976) destacam que a auditoria independente é um dos

métodos para a redução da assimetria informacional e alinhamento de interesses entre os

gestores e investidores.

Assim, estudos que envolvem métricas de qualidade da informação e auditoria foram

realizados, como a pesquisa de Van Tendeloo e Vanstraelen (2008) que estudaram se as

chamadas big four seriam capazes de inibir a prática de gerenciamento de resultados em

empresas com informações privadas em países Europeus. De forma análoga, Muttakin,

Dessalegn e Mihret (2017) pesquisaram sobre a filiação de grupos de negócios,

gerenciamento de resultados e qualidade de auditoria em Bangladesh.

Visando uma melhor qualidade das informações apresentadas aos usuários da

contabilidade, o International Auditing and Assurance Standards Board (IAASB) expediu

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novos requerimentos sobre o relatório do auditor em janeiro de 2015. Em junho de 2016, as

normas foram traduzidas e regulamentadas pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e

começaram a surtir efeito para os demonstrativos encerrados em ou após dezembro de 2016.

Dentre as principais mudanças provocadas, tem-se a inclusão dos Principais Assuntos de

Auditoria (PAAs).

Os PAAs conforme apresentados na Norma Brasileira de Contabilidade (NBC) –

Técnica de Auditoria (NBC TA) 701 são basicamente assuntos que os auditores julgam

importantes, levando em consideração o trabalho de auditoria realizado, ou seja, são assuntos

que podem prejudicar a qualidade das informações contábeis. Numa outra perspectiva,

embora tais assuntos sejam publicados nos relatórios de auditoria, as empresas podem ser

impulsionadas a divulgarem relatórios com informações suavizadas, uma vez que a

suavização de resultados promove uma menor variabilidade dos ganhos (Martinez, 2006) e

pode ser um atributo desejável para as empresas (GAIO, 2010).

A suavização de resultados configura-se como uma das vertentes do gerenciamento de

resultados e tem como objetivo minimizar as possíveis variabilidades do lucro para estabilizá-

lo ao longo do tempo e tem chamado a atenção da literatura de finanças e contabilidade que se

dedica ao estudo deste assunto (CASTRO; MARTINEZ, 2009).

Em relação a pesquisas que envolvem a suavização de resultados e auditoria tem-se a

pesquisa de Utami, Evana e Yuliansyah (2020) que estudaram a respeito da influência da

opinião de auditoria e da propriedade gerencial na suavização de resultados em empresas

bancárias da Indonésia. Os resultados evidenciaram que a opinião da auditoria tem um efeito

negativo, mas não significativo sobre a suavização de resultados e, por sua vez, indica que

uma baixa opinião de auditoria não indica que as empresas estejam fazendo suavização de

resultados.

Ozili (2017) pesquisou sobre a suavização de lucros bancários, qualidade de auditoria

e prociclicidade na África: o caso de provisões para perdas com empréstimos. Os resultados

indicam que os bancos africanos utilizam a provisão para perdas com empréstimos para

suavizar os lucros, para ganhos uniformes e que a suavização não é reduzida em função das

empresas serem auditadas pelas big four.

No que se refere a pesquisas relacionadas à emissão de PAAs, alguns estudos foram

realizados como o de Köhler, Ratzinger-Sakel e Theis (2020) que analisaram os efeitos no

relatório do auditor e as evidências para investidores profissionais e não profissionais. Os

resultados sugerem que a seção dos PAAs já traz pequenas suposições de mudanças chaves

que podem levar a redução do goodwill, e os investidores profissionais avaliam a situação

econômica da empresa para ser significativamente melhor em comparação com as condições

em que a seção de PAAs sugere que apenas mudanças nas suposições principais poderiam

levar a uma redução do goodwill. Numa análise adicional, os resultados mostram que os

PAAs não têm valor comunicativo para os investidores não profissionais.

Além disso, no Brasil foram desenvolvidos estudos que focam os PAAs e o novo

relatório de auditoria (SANTOS, E. et al., 2020b), os Principais Assuntos de Auditoria e o

risco de descontinuidade (MARQUES; SOUZA, 2017), a relevância informacional dos PAAs

(JÚNIOR; GALDI, 2020). Por fim, a pesquisa de Santos, K. et al. (2020) propicia a junção da

análise em face de métrica da qualidade da informação e PAAs, consequentemente, relaciona-

se com qualidade de auditoria, visto que esta informação é encontrada no relatório do auditor.

O estudo evidencia que há uma associação positiva e significante entre a quantidade de PAAs

e os accruals e receitas discricionárias e uma associação negativa e significante entre a

quantidade de PAAs reportados e a proxy de gerenciamento de resultados pelas operações

através das despesas discricionárias.

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Portanto, com a finalidade de expandir o conhecimento científico acerca das métricas

de qualidade da informação, em específico a suavização de resultados, e da qualidade da

auditoria esta pesquisa se propõe a investigar acerca da relação entre o reporting dos PAAs e

da suavização de lucros. Para tanto, delineou-se a seguinte questão-problema: O reporting de

PAAs impacta na suavização de resultados das empresas? O objetivo geral é verificar o

impacto dos PAAs na prática de suavização de resultados nas empresas do setor elétrico

Brasileiro.

A importância deste estudo é justificada pela necessidade de realização de pesquisas

nacionais que envolvam a qualidade da informação contábil transmitida aos usuários externos

da contabilidade, além de propiciar conhecimento dentro de um conteúdo mais especifico que

é a suavização de resultados e os principais assuntos de auditoria, haja vista que não há

trabalhos que abordem esta temática, embora exista um estudo nacional que estabelece a

associação ao gerenciamento de resultados (SANTOS, K. et al., 2020a). No entanto, nota-se

que há possibilidade de ser desenvolvida uma pesquisa desta natureza dada à relevância desta

temática.

Sendo assim, esta pesquisa contribui no campo teórico sobre a qualidade dos relatórios

financeiros ao analisar que os PAAs reportados apresentam significância estatística e podem

causar impacto na suavização de lucros das empresas. Em termos práticos, este trabalho

contribui para os órgãos reguladores no que tange ao aperfeiçoamento do trabalho de

auditoria, pois as mudanças ocorridas nos relatórios financeiros, especialmente nos PAAs,

têm influência na manipulação de resultados das empresas.

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 O papel da auditoria independente e qualidade informacional

As empresas, mediante seus relatórios financeiros, apresentam aos usuários externos

informações que correspondem ao desempenho, posição e evolução patrimonial do exercício.

Tais informações são auditadas por membros externos à companhia e este processo é

realizado para que a informação contida nos relatórios financeiros tenha credibilidade junto

aos usuários externos (WATTS; ZIMMERMAN, 1986; DEANGELO, 1981; ADAMS;

EVANS, 2004).

Trazer credibilidade às informações sobre o desempenho econômico-financeiro

apresentado pelas companhias sempre foi o papel do auditor externo desde a sua criação. Por

meio disto, eles contribuem para a redução do risco informacional (LU;

SIVARAMAKRISHNAN, 2009) e para que o processo de alocação de capitais ocorra mais

eficientemente.

Júnior e Galdi (2020) enfatizam que “o nível de disclosure de uma companhia pode

afetar o valor e volume de negociação de suas ações”. Desta forma, o conteúdo que é

divulgado no relatório de auditoria interfere indiretamente na vontade dos investidores

(ELLIOTT; FANNING; PEECHER, 2016), neste sentido, a auditoria precisa divulgar as

informações que representam adequadamente a posição financeira das empresas (SILVA;

SILVA, 2017).

Nota-se que os estudos a respeito da qualidade de auditoria envolvem métricas de

qualidade da informação, desta forma, Van Tendeloo e Vanstraelen (2008) examinaram se as

big four proporcionam alguma restrição ao gerenciamento de resultados em empresas com

informações privadas em países Europeus. Os resultados sugerem que as empresas privadas se

envolvem menos em gerenciamento de resultados quando a sua auditoria é feita por uma big

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four em comparação com um auditor não big four, no entanto, esta associação só existe em

países com um alinhamento tributário elevado.

Por outro lado, Muttakin, Dessalegn e Mihret (2017) estudaram sobre a filiação de

grupo de negócios, gerenciamento de resultados e qualidade de auditoria em Bangladesh, os

achados mostram que o nível de acréscimos discricionários está positivamente associado com

o status de afiliação do grupo de negócios e a qualidade de auditoria mais alta reduz essa

associação.

A temática de gerenciamento de resultados e auditoria também é apresentada sob

outras perspectivas como a remuneração dos auditores e gerenciamento de resultados

(MARTINEZ; MORAES, 2017; SILVEIRA; DANTAS, 2017), a relação entre audit report

lag e gerenciamento de resultados (VALADARES, 2019), o efeito da troca da firma de

auditoria no gerenciamento de resultados (CUNHA; LEITE; MORAS, 2019).

Neste sentido, o IAASB emitiu, em janeiro de 2015, com o objetivo de aumentar a

transparência do processo de auditoria, melhorar a fidedignidade das informações

apresentadas nos relatórios financeiros, estimular e estabelecer interações e comunicação mais

sólidas entre o auditor e a entidade, novos requerimentos sobre o relatório do auditor

(JÚNIOR; GALDI, 2020). O item principal incluído na proposta final do IAASB é a

divulgação de key audit matters (KAM), cuja tradução corresponde aos Principais Assuntos

de Auditoria (PAAs). No Brasil, as normas foram traduzidas e regulamentas pelo Conselho

Federal de Contabilidade (CFC), em junho de 2016, com efeito para as demonstrações

contábeis encerradas em ou após 31 de dezembro de 2016.

Nota-se que as mudanças ocorridas no relatório de auditoria interferem na qualidade

informacional, já que o IAASB considera o novo relatório de auditoria uma mudança bem

relevante, pois o objetivo é divulgar aspectos específicos de cada entidade, proporcionar

maior transparência do processo aos usuários externos, bem como criar um vínculo

informativo entre auditores e investidores (JÚNIOR; GALDI, 2020).

2.2 Suavização de resultados e suas implicações

Os relatórios financeiros de propósito geral são elaborados com o objetivo primordial

de reportar informações que sejam úteis para a tomada de decisão dos usuários da

contabilidade, principalmente, os investidores, credores e outros credores existentes e

potenciais (CPC, 2019). É mediante os relatórios financeiros que as empresas conseguem

mostrar resumidamente ao mercado suas estratégias de negócio, os riscos e o retorno que

podem proporcionar (HEALY; WAHLEN, 1999).

Sousa et al. (2020) enfatizam que, diante da gama de informações apresentadas nos

relatórios financeiros, o lucro é considerado como a mais popular. Mesmo diante das críticas

em comparação ao fluxo de caixa, as quais envolvem subjetividade por parte dos gestores,

ainda assim, o lucro constitui-se como uma das informações mais importantes e é muito usada

por investidores e credores como padrão para a tomada de decisão (GE, 2009). Segundo

Dechow, Sloan e Zha (2014) o lucro é o principal evento por meio do qual as empresas

fornecem atualizações a seus investidores.

Ressalta-se que o lucro funciona como balizador de decisões dos usuários externos,

também é utilizado como métrica de desempenho interno, além de remunerar gestores e

empregados numa organização (SOUSA et al., 2020). Assim, nota-se que o lucro é importante

tanto para o usuário externo quanto para o usuário interno, nesse sentido, os gestores podem

exercer a discricionariedade sobre aspectos financeiros dos relatórios (EL DIRI, 2018), isto é,

gerenciar informações com a finalidade de suprir objetivos particulares. A manipulação

intencional de informação financeira, de acordo com Healy (1985) e Jones (1991), causa

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prejuízos à sua qualidade e contribui para o aumento de custos de transação para o mercado e

assimetria informacional.

A suavização de resultados é uma das modalidades mais recorrentes de gerenciamento

de resultados (RONEN; SADAN, 1981; MCKEE, 2005), é utilizada pelos gerentes para

diminuir a volatilidade de seus ganhos, tendo como objetivo manter resultados em um

determinado patamar e assim evitar sua flutuação excessiva (MARTINEZ, 2001). Segundo

Graham, Harvey e Rajgopal (2005), é provável que os gerentes se sintam atraídos pela

suavização de lucros, porque possibilita apresentar um negócio estável que é considerado

menos arriscado pelas partes interessadas.

Para Martinez (2006) a suavização de resultados é um processo de manipulação

temporal dos lucros, de modo que estes sejam reportados sequencialmente com menos

variabilidade, desta forma, a suavização configura-se como o esforço intencional de reduzir as

flutuações nos lucros reportados. De acordo com Mulford e Comiskey (2002), a suavização de

resultados ocorre a partir da amortização intencional das oscilações sobre o nível de lucro que

seja considerado correntemente como normal para a empresa. Nesta perspectiva, as escolhas

contábeis auxiliam os gestores na redução da variabilidade das compensações recebidas e na

identificação das flutuações excessivas no resultado da empresa ao longo do tempo

(RIBEIRO; COLAUTO, 2016).

Eckel (1981) afirma que existe dois tipos de suavização de resultados: natural e

intencional. A suavização natural é o resultado de ações tomadas pela administração em

detrimento do processo de geração de lucro (BELKAOUI, 2003). Já a suavização intencional

é derivada da ação do gestor com o propósito de obter um resultado alinhado ao seu interesse

(CASTRO; MARTINEZ,2009). A ocorrência do processo de suavizar resultados pode ser

usada tanto na situação de lucro contábil, ou seja, para reduzir o resultado divulgado, como na

condição de prejuízo contábil, isto é, o aumento do resultado divulgado (CASTRO, 2008).

Tendo em vista que o objetivo da suavização intencional é ocultar o real desempenho

da empresa com a finalidade de atingir as metas privadas do gestor (GORDON, 1966), a

tendência é que este tipo de manipulação contribua negativamente à qualidade da informação

financeira. Em face disso, quando há impactos consideráveis da suavização intencional de

resultados há prejuízo na qualidade dos relatórios financeiros (DECHOW; GE; SCHRAND,

2010).

Ressalta-se que a suavização intencional do lucro pode ser realizada de duas formas:

por meio de operações e por meio de accruals e, apesar de serem antagônicas, ambas podem

ser aplicadas concomitantemente (ZANG, 2012). Sousa et al. (2020) argumentam que faz

sentido o antagonismo demonstrado na pesquisa de Zang (2012), uma vez que a meta de

suavização é atingir um objetivo específico e quando o gestor usa mais de método o outro

deve ser utilizado num nível menor, isto porque o lucro é composto pelo fluxo de caixa mais

accruals.

Há uma diversidade de estudos que discutem o efeito da suavização de lucros na

qualidade dos relatórios financeiros, entre eles Schipper e Vincent (2003); Lang, Lins e

Maffett (2012) e Kolozsvari e Macedo (2016) que encontraram efeitos negativos da

suavização de resultados sobre a qualidade dos relatórios financeiros. Por outro lado, Gaio

(2010) trata a suavização como atributo desejável, visto que analistas financeiros e

investidores entendem que as mudanças constantes nos lucros são indicativas de baixa

qualidade dos lucros.

Pesquisas nacionais relacionando a suavização de lucros a outras temáticas também

foram desenvolvidas, como o estudo de Ribeiro e Colauto (2016) que pesquisaram sobre a

relação entre board interlocking e as práticas de suavização de resultados, enquanto que

Ribeiro, Carneiro e Scherer (2018) desenvolveram seu estudo acerca de ciclo de vida e

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suavização de resultados no mercado brasileiro. Numa outra perspectiva, Bianchet, Mazzioni

e Moura (2019) direcionaram seu estudo para os determinantes da suavização de resultados

contábeis em companhias abertas listadas na bolsa de valores brasileira. Por fim, Sousa et al.

(2020) desenvolveram uma pesquisa tratando da influência da suavização intencional de

resultados na comparabilidade dos relatórios financeiros em empresas abertas do mercado

brasileiro.

Em se tratando de pesquisas que envolvem a suavização de resultados e auditoria,

poucas pesquisas foram realizadas neste sentido, entretanto, podem ser apresentadas pesquisas

que envolvem empresas bancárias. Desta forma, Utami, Evana e Yuliansyah (2020)

estudaram sobre a influência da opinião de auditoria e da propriedade gerencial na suavização

de resultados em empresas bancárias da Indonésia e Ozili (2017) pesquisou sobre a

suavização de lucros bancários, qualidade de auditoria e prociclicidade na África: o caso de

provisões para perdas com empréstimos.

Em vista disso, a suavização pode ser estudada em diversos contextos, já que pode

interferir na qualidade das informações apresentadas aos usuários externos, inclusive os

relatórios de auditoria independente, pois, conforme Júnior e Galdi (2020) o mecanismo

principal usado para estabelecer a comunicação dos auditores independentes com os agentes

de mercado é o parecer de auditoria divulgado com as demonstrações financeiras da empresa.

2.3 Mudanças no relatório do auditor: os Principais Assuntos de Auditoria

Buscando melhorar a regulação, surge a NBC TA 701, acompanhando os padrões

contábeis internacionais. Matos et al. (2018) afirmam que tal norma surgiu em decorrência da

International Standards Auditing 700 - ISA, em que os auditores são orientadores sobre a

evidenciação da opinião do auditor acerca de quais assuntos foram mais relevantes durante o

trabalho de verificação dos demonstrativos financeiros.

Tendo em vista que anteriormente as informações eram mais restritas, Santos, E. et al.

(2020) explicam que o benefício da divulgação dos Principais Assuntos de Auditoria é o

acesso à informação, pois proporcionam esclarecimentos em relação a áreas do balanço que

foram de maior atenção do auditor e promovem uma maior elucidação nas demonstrações

financeiras da organização, contendo um relatório mais informativo para a tomada de decisão.

Os assuntos mencionados nos relatórios de auditoria afetam na busca de informações,

aumentando a atenção nas divulgações das demonstrações contábeis (SIROIS et al. 2013). Em

conformidade com a NBC TA 701 os principais assuntos são aqueles que o auditor considera

em seus relatórios como relevantes de acordo com a demanda e os esforços de trabalho. Nesse

sentido, é exigido que os auditores, em área específica no parecer de auditoria, exponham

quais foram os PAAs, isto é, quais assuntos demandaram mais atenção no decorrer da

auditoria, devendo ser disponibilizados em parágrafo específico.

Além disso, Marques e Souza (2017) argumentam que é indispensável que sejam

mencionadas as motivações de incluí-los, bem como a explicação de como tais itens foram

tratados nas demonstrações financeiras. Ainda de acordo com a NBC TA 701, os principais

assuntos podem ser impactados pelo porte da organização, natureza de seus negócios, bem

como os fatos e circunstâncias do trabalho de auditoria. Portanto, os PAAs têm potencial

utilidade para os diversos usuários, pois podem fornecer informações que possibilitam uma

maior avaliação de risco dos investidores e demais interessados, inclusive os próprios

auditores (MARQUES; SOUZA, 2017).

Santos, K. et al. (2020) expressam que este normativo (NBC TA 701) tem o propósito

de tornar o relatório de auditoria mais transparente para os interessados, comunicando aos

stakeholders possíveis fatores de risco. Sendo assim, para Bédard, Gonthier-Besacier e Schatt

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(2014), os auditores, mediante as divulgações expressadas, contribuem para a discussão a

respeito do conteúdo informacional dos relatórios contábeis e avançam em relação à melhoria

da transparência e prestação de contas tanto dos gestores como das companhias auditadas.

Quanto aos Principais Assuntos de Auditoria, alguns trabalhos sobre os efeitos no

mercado estão ligados a informações da contabilidade e sistema de gestão (CORDOS;

FÜLÖP, 2015), aos efeitos no relatório de auditor e as evidências tanto para os profissionais

de investimento como para os investidores não profissionais (KÖHLER; RATZINGER-

SAKEL; THEIS, 2020), a interferência na atenção dos usuários das demonstrações financeiras

(SIROIS; BÉDARD; BERA, 2018).

Em contexto nacional também foram desenvolvidas pesquisas desta temática, entre as

quais podem ser citadas os PAAs e o novo relatório de auditoria (SANTOS, E. et al., 2020),

os Principais Assuntos de Auditoria e o risco de descontinuidade (MARQUES; SOUZA,

2017), a relevância informacional dos PAAs (JÚNIOR; GALDI, 2020), a associação entre os

PAAs e o gerenciamento de resultados (SANTOS, K. et al., 2020).

De acordo com Marques e Souza (2017), “a melhoria das normas de contabilidade, do

ambiente de governança e da regulação de auditoria tem sido uma busca permanente dos

reguladores”. Os autores ainda afirmam que a baixa qualidade de informações pode acarretar

em crises, tais como a asiática e do subprime, uma vez que os investidores não conseguem

avaliar adequadamente o risco associado às diversas opções de investimento. No Brasil, o

contexto não é diferente, pois, casos de fraudes e erros contábeis têm sido recorrentes

(BARALDI, 2012). Partindo do pressuposto de que a manipulação de informações pode

ocorrer nos demonstrativos contábeis os quais, posteriormente, serão auditados pelos

auditores externos e dos quais serão emitidos um relatório de auditoria cujos PAAs são

obrigatórios, constrói-se a seguinte hipótese não direcionadora de pesquisa.

H1: há relação entre o reporting dos Principais Assuntos de Auditoria (PAAs) e a

suavização intencional de resultados.

3 METODOLOGIA

O universo deste estudo compreendeu as 59 empresas listadas no setor de energia

elétrica da Brasil Bolsa Balcão (B3), entretanto, a amostra final de pesquisa abrangeu 33

empresas. A escolha deste setor se deu em face das exigências advindas da desestatização,

uma vez que empresas de energia elétrica devem realizar duas contabilidades, uma societária,

em concordância com as normas internacionais e a outra regulatória, de acordo com a

legislação da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) (FERREIRA et al., 2017).

O período estudado abrangeu os anos de 2016 a 2019, vale lembrar que em 2016

entraram em vigor os normativos com a obrigatoriedade da divulgação dos PAAs no relatório

de auditoria e o ano de 2019 é o último ano disponível de dados considerando o momento da

pesquisa. Foram desenvolvidos dois modelos econométricos com a finalidade de analisar a

variável dependente deste estudo, que são as duas medidas de suavização apresentadas no

trabalho de Lang, Lins e Maffett (2012), a SUAV1, a qual corresponde a Suavização

intencional geral dos resultados e a SUAV2 que é a Suavização intencional de resultados por

accruals. Estas duas medidas foram adaptadas conforme o trabalho de Sousa et al. (2020).

Ao considerar a lógica de Lang, Lins e Maffett (2012) e a pesquisa de Zang (2012),

estas duas medidas são complementares. A variável de interesse desta pesquisa são os PAAs

emitidos pelas empresas pertencentes ao setor de energia elétrica, para tanto, foram

construídas três proxies distintas, a primeira diz respeito à quantidade de PAAs reportados por

empresa em cada ano analisado (SANTOS, K. et al., 2020).

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As outras duas proxies envolvem o texto em si, portanto, foi utilizado o índice de

legibilidade de Flesch (ILF) (FLESCH, 1948; GOMES; FERREIRA; MARTINS, 2018), que

tem finalidade de classificar o texto em uma escala que varia de 0 a 100 pontos, o resultado

categoriza o texto de acordo com a dificuldade de leitura. Logo, quanto menor o ILF, maior a

complexidade do texto, também foi utilizado o comprimento do texto (LENGHT), textos com

maior número de palavras exigem um maior custo de processamento, logo, tendem a

apresentar maior complexidade (LI, 2006). Quanto as variáveis de controle, são aquelas mais

usadas em pesquisas deste tipo e que fazem ajustes ao modelo. No Quadro 1 constam as

variáveis dependentes e independentes, bem como as variáveis de controle.

Fonte: elaborada pelos autores, 2021.

Quadro 1 – Variáveis dependentes, independentes e de controle

Variável Descrição Operacionalização Referências

Variáveis dependentes

SUAV1 Suavização

intencional geral de

resultados

SMTH1 it = αti + β1Tamit + β2Dívidait

+ β3MBit + β4DPReceitait +

β5%Prejuízoit + β6Cicloit +

β7CrescCrecit + β8Imobit+ β9Fluxoit

+ β10Anoit + β11Setorit+ εit

Lang et. al (2012)

SUAV2 Suavização

intencional de

resultados por

accruals

SMTH2 it= αti + β1Tamit + β2Dívidait

+ β3MBit + β4DPReceitait +

β5%Prejuízoit + β6Cicloit +

β7CrescCrecit + β8Imobit+ β9Fluxoit

+ β10Anoit + β11Setorit+ εit

Lang et al. (2012)

Variáveis independentes

FLESCH Legibilidade

dos PAAs

obtido por meio do software Word,

versão 2010, no idioma Português

(Brasil)

Flesch (1948),

Gomes et al.

(2018), Nogueira

et al. (2020)

LENGHT Quantidade de

palavras contidas

nos PAAs

Ln de número de palavras contidas

nos PAAs por empresa e por ano

Li (2006),

Nogueira et al.

(2020)

PAA Quantidade de PAAs

reportados por

empresa

PAAs reportado por empresa e por

ano

Santos, K. et al.

(2020)

Variáveis de Controle

Tamanho da

empresa (TAM)

Ln (ativo total) Representa o logaritmo natural dos

totais de ativos da empresa logaritmo

natural.

Ribeiro e Colauto

(2016), Ribeiro et

al. (2018), Sousa et

al. (2020)

Desempenho

(ROA)

Expressa-se pela razão

entre o lucro líquido

da empresa e seus

ativos totais.

ROA = 𝑙𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜

𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

Ribeiro e Colauto

(2016), Ribeiro et

al. (2018)

Endividamento

(END)

Representa o montante

de exigibilidade

dividido pelo total de

ativos da organização.

END = 𝑐𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 de 𝑡𝑒𝑟𝑐𝑒𝑖𝑟𝑜𝑠

𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎l

Castro e Martinez

(2009), Ribeiro et

al. (2018)

BIG4 Auditoria das

empresas estudadas

Variável dummy que assume o valor de

1 caso a empresa seja auditada por uma

firma de auditoria Big4( KPMG, DTT,

EY, PWC); e 0 nas demais situações

Marques e Cunha

(2017), Marques e

Souza (2017)

NGC Nível de

Governança

Corporativa

Variável dummy, sendo 1 para

companhias com níveis diferenciados

de governança corporativa e 0 para as

demais.

Marques e Souza

(2017), Bianchet

et al. (2019)

Page 10: REPORTING DOS PRINCIPAIS ASSUNTOS DE AUDITORIA: …

9

Tendo como finalidade responder à questão de pesquisa, foi utilizada a regressão

quantílica em função das variáveis dependentes deste estudo. A regressão quantílica é mais

apropriada quando a distribuição é heterogênea como é o caso da amostra desta pesquisa, ou

seja, quando os impactos tendem a ser diferenciados nas variáveis dependentes a partir dos

quantis, além disso, não há necessidade de correção de outliers. As informações foram

coletadas tanto da base de dados Economática®, assim como dos Formulários de Referências

divulgados no site da B3. Na sequência, são apresentados os modelos econométricos usados

neste trabalho.

SUAV1= β1+ Fleschitβ2 + Lenghtitβ3+PAAitβ4 + Tamitβ5 + ROAitβ6 + Enditβ7 + Big4itβ8 +

NGCitβ9 + εit (1)

SUAV2= β1+ Fleschitβ2 + Lenghtitβ3+PAAitβ4 + Tamitβ5 + ROAitβ6 + Enditβ7 + Big4itβ8 +

NGCitβ9 + εit (2)

Em que,

SUAV1 e SUAV2 são, respectivamente, as métricas do modelo de Lang, Lins e Maffett

(2012);

FLESCH representa a variável de legibilidade dos PAAs,

LENGHT representa o Ln da quantidade de palavras nos PAAs,

PAA é a quantidade de PAAs reportados pelas empresas anualmente;

TAM é o tamanho da empresa;

ROA é o retorno da empresa no ano,

END representa o endividamento;

BIG4 é a dummy da empresa que realiza a auditoria;

NCG dummy nível de governança de acordo com o segmento da B3 e

ε é o termo de erro da regressão.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Estatística descritiva

Com o propósito de alcançar o objetivo desta pesquisa, os dados foram submetidos à

análise descritiva para identificação de seu comportamento. Na Tabela 1 são expostas as

informações relacionadas à análise descritiva das variáveis utilizadas neste estudo.

Os resultados descritivos demonstram que a SUAV1 e a SUAV2 possuem valores

mínimos negativos e máximos positivos. Entretanto, enquanto a média da SUAV1 mostra-se

Tabela 1 – Análise descritiva dos dados

Variável Média Mediana Desvio padrão Mínimo Máximo Obs.

SUAV1 7,50e-09 0,0764 0,6345 -2,4803 1,2125 119

SUAV2 -3,68e-09 0,0054 0,2057 -0,6602 0,4289 119

FLESCH 10,8235 12 7,0418 0 30 119

LENGHT 6,9872 7,0273 0,3736 5,5759 7,6221 119

PAA 3,0840 3 1,2183 1 6 119

TAM 16,1548 16,1535 1,2020 10,9112 19,0151 119

ROA 0,0357 0,0411 0,0788 -0,3890 0,3273 119

END 0,6567 0,6818 0,2023 0,0506 1,5636 119

Fonte: elaborada pelos autores, 2021.

Page 11: REPORTING DOS PRINCIPAIS ASSUNTOS DE AUDITORIA: …

10

positiva (7,50e-09), a média da SUAV2 se revela negativa (-3,68e-09), este aspecto

demonstra que as medidas de gerenciamento por accruals e por operações são antagônicas

(ZANG, 2012).

A respeito do índice de FLESCH, a média alcançada é de 10,8235, tal resultado

explica que o texto é difícil de compreender, pois à medida que o texto se aproxima de zero

mais complexidade de entendimento ele possui, além disso, nota-se a dispersão dos dados

desta variável ao observar seu desvio padrão (7,0418). A variável LENGTH tem valores

mínimos e máximos aproximados, a sua média é de 6,9872, neste caso, observa-se que a

extensão dos textos é similar. Já a quantidade média de PAAs reportados pelas empresas é de

3,0840, isto significa que as empresas não emitem muitos PAAs anualmente.

Em relação ao TAM das empresas, a média obtida é de 16,1548, pode-se notar que os

valores mínimos e máximos não possuem uma discrepância acentuada. Sobre o ROA, a média

é de 0,0357 isto indica que, em geral, as empresas não obtiveram um retorno significante.

Entretanto, conforme apresentado na tabela, algumas empresas, na verdade, tiveram retornos

negativos (-0,3890). A variável END atingiu a média de 0,6567, isto comprova que as

empresas não estão muito endividadas.

4.2 Correlação

Embora a correlação não seja pressuposição imprescindível para a regressão

quantílica (Greene, 2000), realizou-se a correlação de Spearman para verificar a associação

entre as variáveis. A Tabela 2 traz os resultados desta associação.

Tabela 2 – Correlação de Spearman

SUAV1 SUAV2 FLESCH LENGHT PAA TAM ROA END

SUAV1 1

SUAV2 -0,0122

1

FLESCH 0,0480 0,1646

*

1

LENGHT 0,0699

-0,0071 0,0619 1

PAA 0,1983

**

0,0845 0,1654

*

0,7507

***

1

TAM 0,0910 0,0014 -0,5011

***

0,3037

***

0,1008 1

ROA -0,2420

***

-0,0253 0,1997

**

-0,1054 -0,2117

**

-0,0789 1

END 0,0187 -0,0821 -0,3229

***

0,1341 0,1195 0,2389

***

-0,5280

***

1

Fonte: elaborada pelos autores, 2021.

* indica significância a 10%, ** indica significância a 5% e *** indicam significância a 1%.

A variável FLESCH possui relação de 0,1646 com significância de 10% apenas com a

SUAV2, apesar de ser uma relação fraca, pode-se sugerir que há influência desta variável na

suavização por accruals. Em contrapartida, a variável LENGHT não tem correlação

significante com nenhuma das variáveis dependentes (SUAV1 e SUAV2). Em se tratando da

quantidade de PAAs emitidos, observa-se que há correlação de 0,1983 significativa a um

nível de 5% somente com a SUAV1. Diante disso, pode-se inferir que os PAAs impactam na

suavização intencional de resultados, seja ela geral ou por accrual.

Page 12: REPORTING DOS PRINCIPAIS ASSUNTOS DE AUDITORIA: …

11

Em se tratando das variáveis PAA e LENGHT, observou-se uma correlação de 0,7507

com significância estatística de 1% sugerindo que há multicolinearidade, entretanto, a

rodagem dos dados foi feita em diversos quantis, neste caso, as variáveis podem implicar em

maior ou menor grau em cada quantil. Concernente às outras variáveis independentes, os

resultados mostram que não há multicolinearidade, já que os coeficientes são muito inferiores

a 0,70 conforme indicado por Fávero e Belfiore (2017).

4.3 Regressão

Os resultados das regressões quantílica das variáveis dependentes SUAV1 e SUAV2

são apresentados a seguir, respectivamente nas Tabelas 3 e 4. A Tabela 3 apresenta os

resultados da suavização intencional geral de resultados e das demais variáveis aplicadas no

modelo.

Concernente à variável FLESCH, conforme apresentado na Tabela 3, não há relação

significante em nenhum dos quantis com a SUAV1, neste sentido, a complexidade do texto

não interfere na suavização intencional geral de resultados. De maneira semelhante, Köhler,

Ratzinger-Sakel e Theis (2020), a partir de uma análise adicional, descobriram que os PAAs

não possuem valor comunicativo para investidores que não sejam profissionais. Uma possível

explicação para este resultado está no fato de que o texto não possui poder de comunicar as

informações com clareza diante de sua elevada complexidade, desta forma, é incapaz de

interferir nos procedimentos das empresas ou nas escolhas discricionárias dos gestores.

Por outro lado, a variável LENGHT apresentou uma relação negativa e significante a

nível de 10% no quantil 0,50 com a SUAV1. A tendência é que textos mais longos sejam mais

complexos, todavia Li (2006) explicita que relatórios com maior quantidade de palavras não

necessariamente sejam mais complexos. Portanto, a LENGHT tanto pode causar maior

complexidade dos textos quanto trazer maiores esclarecimentos, no caso deste estudo, a partir

dos resultados obtidos, sugere-se que uma maior quantidade de palavras acarretou mais

clareza nos relatórios e sugere a diminuição da prática de suavização intencional geral.

Empresas que estão no quantil médio podem estar envolvidas com maior volatilidade

de ganhos, visto que, em alguns momentos podem estar entre aquelas que fazem uso da

suavização em menor grau e em outros estarem entre aquelas que a utilizam de forma mais

significativa. Além disso, Ribeiro, Carneiro e Scherer (2018), evidenciam que a estágio de

ciclo de vida de uma organização pode influenciar a prática de suavização.

Em se tratando da variável PAA, há uma associação positiva e significante a 1% no

quantil 0,50. Portanto, sugere-se que a quantidade de PAAs emitidos pelas empresas pode

contribuir com a suavização, pois quanto mais PAA elas emitem mais esforços serão

necessários por parte dos usuários da informação contábil para, de fato, compreender suas

implicações nas informações apresentadas. Os resultados são complementares ao estudo de

Santos, K. et al. (2020), visto que encontraram uma associação positiva e significante entre a

quantidade de PAAs emitidos e os accruals e receitas discricionárias, evidenciando que

empresas que reportam mais PAAs tendem a apresentar maior nível de gerenciamento de

resultados.

Page 13: REPORTING DOS PRINCIPAIS ASSUNTOS DE AUDITORIA: …

12

Tabela 3 - Análise multivariada da SUAV1

Suav1 - Suavização intencional geral de resultados

Variáveis

Quantil

0,10 0,25 0,50 0,75 0,90

Coef.

(Est T)

Coef.

(Est T)

Coef.

(Est T)

Coef.

(Est T)

Coef.

(Est T)

FLESCH -0,0051

(-0,14)

-0,0033

(-0,21)

-0,0032

(-0,34)

-0,0068

(-0,52)

-0,0007

(-0,04)

LENGHT -0,0091

(-0,01)

-0,1233

(-0,29)

-0,4174

(-1,68*)

-0,1420

(-0,42)

-0,2938

(-0,69)

PAA 0,1556

(0,55)

0,1399

(1,14)

0,2100

(2,89***)

0,0804

(0,81)

0,1168

(0,94)

TAM 0,0081

(0,04)

-0,2590

(-0,26)

0,0158

(0,26)

0,0262

(0,32)

-0,0113

(-0,11)

ROA 1,681

(0,51)

2,4264

(1,71*)

1,1208

(1,33)

-0,9626

(-0,83)

-2,2633

(-1,57)

END 1,4369

(1,09)

0,9189

(1,61)

0,4028

(1,19)

-0,3795

(-0,82)

-0,7149

(-1,24)

BIG4 -0,0493

(-0,06)

-0,1224

(-0,36)

-0,0565

(-0,28)

-0,1882

(-0,67)

0,1794

(0,52)

NGC 0,1534

(0,36)

-0,7150

(-0,39)

-0,0439

(-0,40)

-0,0808

(-0,54)

0,0726

(0,39)

Obs. 119

R2 0,1236 0,0739 0,0632 0,0378 0,0499

Fonte: elaborada pelos autores, 2021.

* indica significância a 10%, ** indica significância a 5% e *** indicam significância a 1%.

Na Tabela 4, apresentada abaixo, estão os achados da suavização intencional de

resultados por accruals e as demais variáveis. Concernente à variável FLESCH constata-se

relação positiva com significância nos quantis 0,50 e 0,90 ao nível de 5% e 1%

respectivamente. Os resultados indicam que a complexidade encontrada nos PAAs impacta a

percepção dos usuários das informações contábeis, dificultando o entendimento daqueles que

utilizam a informação para a tomada de decisões, portanto, os gestores podem utilizar deste

precedente para realizar práticas relativas à suavização por accruals.

Além disso, as informações apresentadas nos PAAs podem tirar a atenção e desviar a

percepção dos usuários da informação de outros aspectos importantes que não são reportados

nos PAAs (SIROIS; BÉDARD; BERA, 2018). Embora as empresas atendam à nova estrutura

de relatório de auditoria, os auditores independentes tenham preocupação na busca por

segurança razoável no tocante aos PAAs e ainda mostram pontos sensíveis aos investidores

(SANTOS, E. et al., 2020), não significa que as informações contábeis apresentadas sejam

claras e de fácil entendimento para aqueles que as utilizam.

Sobre a variável LENGHT, nota-se que há relação negativa e significante com a

SUAV2 ao nível de 10% no quantil 0,10. Esta associação negativa indica relação com a

quantidade de palavras apresentadas no texto o que torna mais claro as informações contidas

nos PAAs, mas somente para empresas que tem um menor índice de suavização por accruals.

Tal resultado é condizente os achados de Nogueira et al. (2020) em que os relatórios de

auditoria após a divulgação dos PAAs tiveram melhoria na legibilidade. Em se tratando da

quantidade de PAA, embora não haja significância estatística, nota-se indício de que quanto

mais PAAs as empresas emitem, mais possibilidades teriam de gerenciar resultados por meio

da suavização por accruals.

Page 14: REPORTING DOS PRINCIPAIS ASSUNTOS DE AUDITORIA: …

13

Tabela 4 - Análise multivariada da SUAV2

Suav2 - Suavização intencional de resultados por accruals

Variáveis

Quantil

0,10 0,25 0,50 0,75 0,90

Coef.

(Est T)

Coef.

(Est T)

Coef.

(Est T)

Coef.

(Est T)

Coef.

(Est T)

FLESCH 0,0024

(0,27)

0,0046

(0,81)

0,0089

(2,30**)

0,0040

(0,87)

0,0126

(3,14***)

LENGHT -0,4611

(-1,92*)

-0,1508

(-1,00)

-0,1608

(-1,58)

-0,1096

(-0,90)

-0,0449

(-0,43)

PAA 0,0911

(1,30)

0,0370

(0,84)

0,0322

(1,09)

0,0083

(0,23)

0,0363

(1,19)

TAM 0,0350

(0,61)

0,0078

(0,22)

0,0368

(1,51)

0,6443

(2,21**)

0,0722

(2,88***)

ROA 0,6356

(0,78)

-0,0668

(-0,13)

-0,3354

(-0,97)

-0,4234

(-1,03)

-0,5185

(-1,46)

END -0,0183

(-0,06)

-0,0152

(-0,07)

-0,1167

(-0,84)

-0,2278

(-1,38)

-0,3604

(-2,53**)

BIG4 0,0616

(0,31)

-0,0031

(-0,03)

0,0447

(0,54)

0,0832

(-0,83)

0,0980

(1,14)

NGC 0,1574

(1,50)

0,0090

(0,14)

-0,0292

(-0,66)

-0,0494

(-0,93)

-0,0155

(-0,34)

Obs. 119

R2 0,0908 0,0806 0,0651 0,0791 0,1474

Fonte: elaborada pelos autores, 2021.

* indica significância a 10%, ** indica significância a 5% e *** indicam significância a 1%.

Ao considerar as variáveis de controle deste estudo, a variável TAM representada pelo

logaritmo do ativo total, possui uma relação positiva e significante somente com a SUAV2 de

5% para o quantil 0,75 e de 1% para o quantil 0,90. Assim, sugere-se que quanto maior for a

empresa auditada, maior será a probabilidade de que, devido as muitas operações e a

complexidade das informações apresentadas, haja tendência em gerenciar os resultados por

meio da suavização. Neste sentido, por apresentar apenas significância na suavização por

accruals, nota-se a tendência da ocorrência de um trade-off entre o gerenciamento por

accruals e o gerenciamento por operações (Zang, 2012).

No que diz respeito ao ROA, o resultado apresenta um coeficiente positivo e

significante somente para a SUAV1 no quantil 0,25 a nível de 10%, enquanto que para a

SUAV2 não há significância, isto pode estar relacionado ao fato de que a primeira variável

capta a suavização geral ao passo que a segunda variável captura apenas a suavização por

accruals, tal achado é condizente com a pesquisa de Ribeiro et al. (2018) no qual constatou-se

que o ROA possui uma relação positiva e significativa com a suavização o que indica que os

gestores exercem uma influência discricionária para controlar os resultados da organização.

Sobre a variável END das companhias, os achados possuem associação negativa e

significante de 5% para a SUAV2 no quantil 0,90, assim, sugere-se que o endividamento das

empresas seja baixo, por isso, impacta negativamente na suavização intencional por accruals

e acompanha a premissa confirmada por Castro e Martinez (2009) que encontraram uma

relação positiva entre endividamento das empresas e a prática de suavização de resultados,

indicando que as empresas com alto nível de exigíveis são mais propensas a gerenciar seus

resultados.

Acerca da variável BIG4 o coeficiente, em suma, é negativo para a SUAV1 e

positivo para a SUAV2, no entanto em ambas as análises não há significância estatística. Os

indícios sobre esta variável sugerem que as empresas mesmo que sejam auditadas por uma big

Page 15: REPORTING DOS PRINCIPAIS ASSUNTOS DE AUDITORIA: …

14

four não produz um ambiente de melhor qualidade da informação contábil, desta forma, as

empresas ainda poderiam utilizar de escolhas contábeis para manipulação da informação.

Semelhantemente, os resultados de Ozili (2017) afirmam que a suavização não é reduzida em

função das empresas serem auditadas pelas big four.

Relacionado à variável NGC tanto para a SUAV1 quanto para a SUAV2 o coeficiente,

em geral, mostra-se negativo, porém não possui significância estatística, ainda assim, pode ser

extraído indício de que um nível de governança diferenciado de acordo com a B3 não

influencia na prática de suavização de resultados das organizações, este achado vai de

encontro ao resultado do estudo de Bianchet, Mazzioni e Moura (2019), no caso desta

pesquisa, pode ser observado nos indícios que as empresas que estão em um nível mais alto de

governança corporativa não mitigam a prática de suavização.

Em geral, os PAAs causam impacto tanto na suavização intencional geral quanto na

suavização por accruals, sendo possível estabelecer uma relação entre o reporting de PAA e a

suavização de resultados, portanto, corrobora-se a hipótese proposta neste estudo.

5 CONCLUSÃO

Esta pesquisa teve como objetivo verificar o impacto dos PAAs introduzidos no

relatório de auditoria a partir do exercício de 2016 na prática de suavização intencional de

resultados nas empresas. Os achados alcançados sugerem que, de maneira geral, os PAAs

influenciam na suavização intencional dos resultados. Em alguns aspectos contribuem para a

mitigação da suavização, por outro lado, diante da complexidade das informações tem

potencialidade para indiretamente favorecer com esta prática de gerenciamento.

A suavização de resultados foi verificada a partir do modelo de Lang, Lins e Maffett

(2012), isto é, por meio da suavização intencional geral e por accruals, ao passo que os PAAs

foram analisados mediante três proxies distintas, a saber, a quantidade de PAAs reportados

por empresa e por ano, o índice de legibilidade de FLESCH e a quantidade de palavras

medida pela LENGHT.

Os resultados revelaram que o índice de FLESH traz uma tendência de dificuldade na

leitura dos PAAs, indicando que as informações apresentadas causam uma influência positiva

na suavização por accruals, o que possibilita aos gestores a realização de manipulação de

informações. Neste sentido, baseado neste achado, os PAAs não cumprem com o objetivo de

proporcionar informações mais transparentes aos interessados, indo ao encontro do que afirma

Köhler, Ratzinger-Sakel e Theis (2020) de que os principais assuntos de auditoria não têm

valor comunicativo para investidores não profissionais.

Entretanto, ao observar a extensão do texto (LENGHT), os PAAs funcionam como

redutores para a prática de suavização geral e por accrual, visto que, promovem

esclarecimentos quanto às informações apresentadas, melhorando a legibilidade (NOGUEIRA

et al., 2020). Relacionado a quantidade de PAAs, os achados indicam que quanto mais as

empresas reportam, maior é a tendência de ocorrência de suavização geral, complementando a

pesquisa de Sousa et al. (2020).

Os resultados confirmam a hipótese deste estudo H1- há relação entre o reporting dos

Principais Assuntos de Auditoria (PAAs) e a suavização intencional de resultados - assim

sendo, não se rejeita a hipótese desta pesquisa. De maneira complementar, os resultados

colaboram com a ideia de aumentar a quantidade de informações e ao mesmo tempo correr o

risco de divulgar dados inúteis ou reduzir a quantidade de informações e omitir dados

importantes.

Desta forma, este trabalho contribui com a literatura ao evidenciar a relação existente

entre PAAs e suavização intencional de resultados, demonstrando que ao observar aspectos

Page 16: REPORTING DOS PRINCIPAIS ASSUNTOS DE AUDITORIA: …

15

distintos dos principais assuntos de auditoria, pode-se perceber a influência positiva e

negativa causada na suavização, além disso, este trabalho preenche uma lacuna de estudos

relacionada a esta temática.

Como limitação desta investigação, ressalta-se a utilização de apenas um setor para

sua execução, o período investigado e a generalização dos resultados. Por fim, para estudos

futuros, sugere-se a ampliação da amostra da pesquisa, fazendo uso de todas as empresas

listadas na bolsa, também pode ser estendido o período da amostra. Além do mais, podem ser

utilizados outras métricas para análise da suavização de resultados e outros aspectos que

envolvam os PAAs e a qualidade da informação contábil.

REFERÊNCIAS

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expectations gap. Journal of corporate citizenship, (14), 97-115, 2004.

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BELKAOUI, A.R. Accounting: by principle or design? London: Praeger, 2003.

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