Relatório final portugal 2020 antecipação de necessidades de qualificações e competências

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O presente estudo tem por objetivo contribuir para reforçar a capacidade das autoridades nacionais na construção de cenários das necessidades de qualificação e de competências da economia nacional em 2020, um domínio estratégico de actuação das políticas públicas: skills anticipation e labour market intelligency (LMI).

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  • 1. ndice Agradecimentos............................................................................................................................. 8 Sumrio ......................................................................................................................................... 9 Introduo ................................................................................................................................... 11 Captulo 1. ................................................................................................................................... 16 Antecipar qualificaes e competncias: estudos e metodologias recentes ................................ 16 1.Enquadramento.................................................................................................................... 162.Experincias Europeias ....................................................................................................... 17 2.1.Metodologias ............................................................................................................... 172.2.Estudos de mbito nacional ......................................................................................... 202.3.Estudos de mbito internacional ................................................................................. 222.3.1. New Skills for New Jobs Anticipating and matching labour market and skills needs, Comisso Europeia .................................................................................................. 23 2.3.2. Skills Supply and demand in Europe Medium-term forecast up to 2020CEDEFOP........................................................................................................................... 24 3. Caso Portugus ........................................................................................................................ 25 3.1. Estudos e metodologias .................................................................................................... 25 3.2. Desenvolvimentos recentes em Portugal.......................................................................... 27 3.2.1. Resultados do seminrio sobre Metodologias de Antecipao de Necessidades de Competncias e Capital Humano (GEP/MTSS e CEPCEP/ UCP, Dezembro de 2008) ..... 27 3.2.2. Dispositivo de Antecipao de Necessidades de Competncias e de Capital Humano (DACC) (CEPCEP/ UCP, 2010 ) ........................................................................................ 29 3.2.3. Conselhos Sectoriais para a Qualificao (ANQ) ..................................................... 30 3.2.4. Anlise prospectiva da evoluo sectorial em Portugal (ANQ e ANESPO) ............. 31 Captulo 2. ................................................................................................................................... 33 Cenrios Economia Portugal 2020 .............................................................................................. 33 1. Modelos Input-Output ............................................................................................................. 33 1.1. O Sistema IO .................................................................................................................... 34 1.2. A informao de base para a construo do Sistema IO .................................................. 39 2. A operacionalizao da estimativa do sistema IO para 2008 .................................................. 44 2.1. Introduo ........................................................................................................................ 44 2.2. A Simetrizao do QRE 2008 e Estimativa do Sistema IO.............................................. 45 2.2.1. A base terica para a construo de quadros simtricos de IO ................................. 45

2. 2.2.2. A derivao da Matriz de Produo Nacional ........................................................... 48 2.3. O quadro IO 2008............................................................................................................. 49 3. Os Cenrios ............................................................................................................................. 62 3.1. Introduo ........................................................................................................................ 62 3.1.1. Enquadramento Internacional ................................................................................... 62 3.1.2. Portugal e o quadro macroeconmico presente e de curto prazo .............................. 65 3.1.3. Portugal e possveis dinmicas de crescimento a mdio e a longo prazo.................. 68 3.2. Os Cenrios DPP .......................................................................................................... 69 3.2.1. Cenrio FLANDRES (Movimentando Pessoas e Bens, Engenho e Acolhimento, Euro/Atlntica) .................................................................................................................... 71 3.2.2. Cenrio FLRIDA (Movimentando Pessoas, Engenho e Acolhimento, Euro/Atlntica) .................................................................................................................... 72 3.2.3. Cenrio COSTA DE ESPANHA (Movimentando Pessoas e bens, Natureza e lazer, Integrao Ibrica)............................................................................................................... 73 3.3. Os Cenrios quantitativos: VAB e Emprego por ramos de produo .......................... 73 3.3.1. Principais desafios ..................................................................................................... 74 3.3.2. O Cenrio Entre as vantagens comparativas estticas e dinmicas ....................... 75 3.3.3. Os Cenrios Dinmica de produtividade no quadro de inovao e difuso tecnolgica......................................................................................................................... 88 4. Sntese das previses ............................................................................................................. 109 4.1. Resumo ........................................................................................................................... 109 4.2. Quadro sntese ................................................................................................................ 109 Captulo 3. ................................................................................................................................. 115 Emprego Portugal 2020 e procura de qualificaes .................................................................. 115 1.Demografia ........................................................................................................................ 115 1.1. 1.2.2.Evoluo demogrfica recente .................................................................................. 115 Cenrios demogrficos 2020 ..................................................................................... 116Mercado de trabalho .......................................................................................................... 120 2.1.Emprego .................................................................................................................... 1202.2.Desemprego............................................................................................................... 1212.3.Taxa de actividade em 2020 ...................................................................................... 1222.4.Projeco do mercado de trabalho em 2020 .............................................................. 124Captulo 4. ................................................................................................................................. 128 Educao Portugal 2020 e oferta de qualificaes .................................................................... 128 1. Anlise da situao actual ..................................................................................................... 128 2. Bloco educao e estimativa dos fluxos de qualificaes ..................................................... 132 3. Populao Activa estrutura das qualificaes/habilitaes ................................................ 135 3. 3.1. Estrutura de qualificaes/habilitaes por setor de actividade ..................................... 137 4. Metodologia da estimativa da oferta de qualificaes (Stock).............................................. 139 4.1. Estimativas das entradas na populao activa por nveis de qualificaes/habilitaes 140 4.2. Estimativas das sadas da populao activa por nveis de qualificaes/ habilitaes ... 142 4.3. Estimativas dos stocks da populao activa por nveis de qualificaes/habilitaes ... 143 Captulo 5. ................................................................................................................................. 146 Competncias Portugal 2020 ..................................................................................................... 146 1.Metodologia proposta........................................................................................................ 1462.Competncias-chave em Portugal ..................................................................................... 148 2.1.Um retrato sntese das competncias-chave na actualidade ...................................... 1482.2.Competncias-chave por nveis de escolaridade ....................................................... 1542.3.Competncias-chave por grupos profissionais .......................................................... 1552.4.Competncias-chave por sectores de actividade ....................................................... 1573.Competncias-chave em Portugal e na Europa: anlise comparativa ............................... 1594.Cenrios da economia 2020: qualificaes e competncias-chave necessrias ................ 162Concluses ................................................................................................................................ 172 Bibliografia ............................................................................................................................... 176 Anexos....................................................................................................................................... 182 ANEXO 1: Modelo M3E -Nota metodolgica.......................................................................... 183 ANEXO 2: Guies de entrevista ............................................................................................... 187 ANEXO 3. Entrevistas realizadas ............................................................................................. 205 4. ndice de Quadros Quadro 1. Vantagens e inconvenientes das metodologias de antecipao de necessidades de competncias ............................................................................................................................... 18 Quadro 2. Abordagem de previso e abordagem prospectiva ..................................................... 19 Quadro 3. Sistemas de Antecipao de Necessidades de Qualificaes na UE .......................... 21 Quadro 4. Estudos de antecipao de qualificaes realizados em Portugal, 1996-2009 ........... 26 Quadro 5. Metodologias de antecipao de necessidades de competncias e de capital humano discutidas no seminrio CEPCEP-GEP, 2008............................................................................. 28 Quadro 6. Nomenclatura adotada para o Sistema Integrado de Matrizes Input-Output 2008 .... 42 Quadro 7. Sistema Integrado de Matrizes Input-Output estimado para 2008 A Matriz de Fluxos Totais a preos de aquisio ............................................................................................ 52 Quadro 8. Sistema Integrado de Matrizes Input-Output estimado para 2008 A Matriz de Produo Nacional ...................................................................................................................... 54 Quadro 9. Anlise dos multiplicadores do Sistema Integrado de Matrizes Input-Output estimado para 2008 ..................................................................................................................................... 60 Quadro 10. Anlise dos coeficientes tcnicos e multiplicadores do Sistema Integrado de Matrizes Input-Output estimado para 2008 ................................................................................. 61 Quadro 11. Principais indicadores macroeconmicos (Agosto 2011) ........................................ 66 Quadro 12. Principais indicadores macroeconmicos (Maro 2011) ......................................... 67 Quadro 13. Cenrios e eixos de configurao ............................................................................. 70 Quadro 14. Ramos de produo relativamente mais dinmicos em termos de produtividade .... 76 Quadro 15. Ramos de produo relativamente mais dinmicos em termos de emprego ............ 77 Quadro 16. Ramos de produo relativamente menos dinmicos em termos de emprego ......... 78 Quadro 17. Principais contribuies para a variao da produtividade ...................................... 79 Quadro 18. Ramos de produo com maior aumento de emprego (variao absoluta) .............. 80 Quadro 19. Ramos de produo com quebras de emprego (variao absoluta) .......................... 81 Quadro 20. Ramos de produo mais dinmicos em termos globais (produtividade e emprego) ..................................................................................................................................................... 82 Quadro 21. Ramos de produo menos dinmicos em termos globais (produtividade e emprego) ..................................................................................................................................................... 82 Quadro 22. Principais contribuies para a variao global (VAB = Produtividade + Emprego) ..................................................................................................................................................... 84 Quadro 23. A Matriz de Fluxos Totais a preos de aquisio Projeo para 2020 .................. 86 Quadro 24. Reduo da distncia interquartis ( ) e variao da produtividade .......................... 95 Quadro 25. Principais contribuies para a variao da produtividade ...................................... 96 Quadro 26. Ramos de produo mais dinmicos em termos globais (produtividade e emprego) ..................................................................................................................................................... 97 Quadro 27. Ramos de produo menos dinmicos em termos globais (produtividade e emprego) ..................................................................................................................................................... 98 Quadro 28. Principais contribuies para a variao global (VAB = Produtividade + Emprego) ..................................................................................................................................................... 98 Quadro 29. A Matriz de Fluxos Totais a preos de aquisio Projeo para 2020 ................ 100 Quadro 30. Ramos de produo relativamente mais dinmicos em termos de produtividade .. 102 Quadro 31. Principais contribuies para a variao da produtividade .................................... 103 Quadro 32. Ramos de produo mais dinmicos em termos globais (produtividade e emprego) ................................................................................................................................................... 104 5. Quadro 33. Ramos de produo menos dinmicos em termos globais (produtividade e emprego) ................................................................................................................................................... 105 Quadro 34. Principais contribuies para a variao global (VAB = Produtividade + Emprego) ................................................................................................................................................... 105 Quadro 35. A Matriz de Fluxos Totais a preos de aquisio Projeo para 2020 ................ 107 Quadro 36. Projeces de emprego para 2020 por nveis ISCED ............................................. 111 Quadro 37. Projeces de emprego para 2020 por nveis ISCED (Estruturas e dinmicas) ..... 112 Quadro 38. Evoluo da populao e da taxa de actividade, Portugal 2004-2010 ................... 115 Quadro 39.Projeces da populao residente em Portugal 2020............................................. 118 Quadro 40. Projeces da populao, Portugal 2020 ................................................................ 119 Quadro 41. Populao empregada, Portugal 2004-2010 ........................................................... 120 Quadro 42. Populao desempregada, Portugal 2004-2010...................................................... 121 Quadro 43. Taxa de sada do desemprego (%).......................................................................... 122 Quadro 44. Populao activa - taxa de actividade, Portugal e Espanha .................................... 122 Quadro 45. Taxa de actividade por grupos etrios, Portugal .................................................... 123 Quadro 46. Projeces da taxa de actividade, Portugal 2020.................................................... 123 Quadro 47. Hiato entre o PIB real e o PIB potencial ................................................................ 126 Quadro 48. Projeces da taxa de actividade, emprego e desemprego, Portugal 2020............. 127 Quadro 49. Populao em idade activa por nvel de escolaridade completo e sexo (2000-2009) ................................................................................................................................................... 136 Quadro 50. Populao activa, empregada e desempregada por nvel de escolaridade (2000) .. 136 Quadro 51. Populao activa, empregada e desempregada por nvel de escolaridade (2005) .. 136 Quadro 52. Populao activa, empregada e desempregada por nvel de escolaridade (2009) .. 137 Quadro 53. Trabalhadores por sector de actividade segundo o nvel de escolaridade (2009) .. 138 Quadro 54. Entradas no mercado de trabalho de jovens ........................................................... 140 Quadro 55. Proporo de indivduos com idade entre os 15 e 34 anos que completou algum nvel de escolaridade e no est a estudar ................................................................................. 141 Quadro 56. Proporo de indivduos com idade entre 15 e 34 anos que completou algum nvel de escolaridade e no est a estudar .......................................................................................... 141 Quadro 57. Taxa de emprego e de inactividade por escalo etrio ........................................... 142 Quadro 58. Estrutura de qualificaes (habilitaes) dos seniores ........................................... 142 Quadro 59. Estimativas da populao activa por nveis de qualificao (habilitaes) ............ 143 Quadro 60. Projeco da estrutura de qualificaes (habilitaes) da populao activa, 2020 144 Quadro 61. Gap entre a oferta e a procura de qualificaes, 2020 ........................................... 144 Quadro 62. Competncias-chave - indicadores, medidas e fontes usados ................................ 147 Quadro 63. Competncias-chave em Portugal (2007)............................................................... 148 Quadro 64. Participao em actividades de educao e formao e de aprendizagem informal em Portugal (2007) .................................................................................................................... 150 Quadro 65. Participao cultural em Portugal (2007) ............................................................... 151 Quadro 66. Participao social em Portugal (2007) .................................................................. 152 Quadro 67. Competncias-chave por nveis de escolaridade, Portugal 2007............................ 154 Quadro 68. Competncias-chave por grupos profissionais, Portugal 2007............................... 156 Quadro 69. Competncias-chave por sectores da actividade econmica, Portugal 2007.......... 158 Quadro 70. Competncias-chave em Portugal e na Europa (2007)........................................... 160 Quadro 71. Competncias-chave por ramo de atividade em 2008 ............................................ 163 Quadro 72. Competncias-chave por ramo de atividade projetadas para 2020......................... 163 Quadro 73. Diferenas de 2020 face a 2008 em pontos percentuais ......................................... 166 Quadro 74. Competncias-chave por nvel de escolaridade em 2007 e projeo para 2020..... 167 6. ndice de GrficosGrfico 1. Estrutura do Emprego dos ramos de atividade em 2008 por categorias ISCED ........ 58 Grfico 2. Estrutura do Emprego dos ramos de atividade em 2008 por categorias ISCED para as unidades de produo situadas no 4 quartil e nos 3 primeiros quartis do Volume de vendas mdio por pessoa ao servio........................................................................................................ 59 Grfico 3. Diferenas em 2008 (pontos percentuais) na Estrutura do Emprego dos ramos de atividade por categorias ISCED entre o 4 quartil e os 3 primeiros quartis do Volume de vendas mdio por pessoa ao servio........................................................................................................ 59 Grfico 4. Produtividade_Emprego dos ramos de atividade em 2008 ........................................ 60 Grfico 5. Estrutura do VAB e do Emprego em 2008 e em 2020 ............................................... 84 Grfico 6. Estrutura do emprego sectorial por qualificaes em 2008 e 2020.......................... 113 Grfico 7. Dinmica do PIB e componentes da Despesa entre 2008 e 2020 ............................ 113 Grfico 8. Os motores da dinmica de crescimento entre 2008 e 2020 .................................... 114 Grfico 9. Estimativas e projeces da populao residente..................................................... 119 Grfico 10. Populao e populao activa - Europa ................................................................. 124 Grfico 11. Competncias-chave em Portugal (2007) .............................................................. 149 Grfico 12. Competncias-chave por nveis de escolaridade - Portugal 2007 .......................... 155 Grfico 13. Competncias-chave por grupos profissionais - Portugal 2007 ............................. 157 Grfico 14. Competncias-chave por sectores de actividade econmica - Portugal 2007 ........ 159 Grfico 15. Competncias-chave em Portugal, Espanha, Itlia e mdia da UE27 (2007) ........ 161 Grfico 16. Competncias-chave em Portugal, Holanda, Alemanha e RU (2007) ................... 162 Grfico 17. Upgrade das competncias-chave em 2020 ........................................................... 165 Grfico 18. Upgrade das competncias-chave em 2020, por sector de actividade ................... 169ndice de FigurasFigura 1. Estrutura do Modelo de Input-Ouput ........................................................................... 36 Figura 2. Modelos de simetrizao ............................................................................................. 47 Figura 3. Quatro Cenrios para as Funes Europeias de Portugal no Horizonte 2025.............. 70 Figura 4. Modelo M3E renovado .............................................................................................. 134 7. Agradecimentos A equipa do projecto "Portugal 2020: Antecipao das Necessidades de Competncias e Qualificaes" agradece a ajuda, o interesse e participao de muitos especialistas e quadros que acompanharam os trabalhos ao longo do corrente ano. Dada a manifesta impossibilidade de agradecer a todos, no quisemos deixar de relevar os que fizeram parte do Grupo de Acompanhamento do Projecto, nomeadamente: Dr.. Antonieta Ministro e Dr.. Anabela Antunes do GEP Ministrio da Solidariedade e Segurana Social; Dr. Paulo de Carvalho e Dr. A. Alvarenga do DPP do Ministrio do Ambiente; Dr.. Teresa Almeida e Dra. Ana Cludia Roriz do GPEARI do Ministrio da Cincia, Tecnologia e do Ensino Superior; Dr.. Teresa Evaristo do GEPE do Ministrio da Educao. Agradecemos ainda a colaborao dos responsveis e tcnicos das seguintes instituies, providenciando respostas a entrevistas, informao quantitativa, estatstica ou outra de importncia fundamental para a preparao do presente estudo, nomeadamente: INE; ANQ; IEFP; PCT Sade; PCT Agro-Industrial; PCT Turismo; PCT da Mobilidade; Cluster do Conhecimento e da Economia do Mar; PCT das Tecnologias de Informao, Comunicao e electrnica; PCT Energia; PCT da Moda; CSQ Transportes e Logstica; A responsabilidade pelos erros e omisses so da inteira responsabilidade dos autores do estudo. Este projecto foi financiado pelo Programa Operacional de Assistncia Tcnica (POAT) (n 00025940210). 8. Sumrio A dimenso e a persistncia do gap de qualificaes da sociedade portuguesa face mdia europeia constituem um bice importante na prossecuo do objectivo da convergncia da economia portuguesa aos melhores padres europeus. O presente estudo tem por objetivo contribuir para reforar a capacidade das autoridades nacionais na construo de cenrios das necessidades de qualificao e de competncias da economia nacional em 2020, um domnio estratgico de actuao das polticas pblicas: skills anticipation e labour market intelligency (LMI). Este contributo de cenarizao poder fundamentar uma estratgia concertada, de mdio-longo prazo, de elevao dos nveis de escolaridade dos jovens e de melhoria da eficincia do sistema educativo, mas com capacidade de simultaneamente apostar na melhoria das qualificaes e das competncias da populao activa. Os outputs do presente estudo podem ser usados tambm na avaliao e no desenvolvimento de estratgias efectivas para a superao do dfice estrutural de qualificaes da populao activa portuguesa e para uma resposta mais antecipada aos desequilbrios entre a procura e a oferta de qualificaes e competncias no mercado de trabalho. Procedemos, em termos metodolgicos, actualizao da matriz input-output de 2005 para 2008, tendo por base informao mais actual das Contas nacionais do INE, e com correspondncia com a informao sectorial dos Quadros de Pessoal do GEP e dos resultados do IEFA do INE. Assim, foi possvel estimar os nveis de qualificao e de competncias por sector em 2007/2008, o ponto de partida do exerccio de cenarizao. Por outro lado, a metodologia da actualizao da matriz input-output , por si s, um contributo importante a nvel tcnico das Contas nacionais. A estimativa do Sistema Integrado de Matrizes Input-Output para 2008 foi feita com base na informao mais recente disponvel e envolveu as seguintes fases: Construo de uma nomenclatura comum entre 2005 e 2008 da respetiva tabela de equivalncias; Simetrizao do Quadro de Recursos e Empregos (QRE) de 2008; Clculo dos contedos de importaes, dos impostos lquidos de subsdios sobre os produtos e dos custos de distribuio com base no Sistema Integrado de Matrizes Input-Output para 2005 e sua aplicao ao QRE 2008 a preos de 2005; Obteno da matriz de Produo Nacional (verso inicial); Atualizao para preos de 2008; Reajustamento das matrizes com restrio aos totais dos agregados econmicos para importaes, impostos, subsdios e custos de distribuio; Obteno da matriz de Produo Nacional (verso ps-ajustamentos). Na base dos trabalhos desenvolvidos pelo DPP na construo de cenrios de mdio e longo prazos, propomos neste estudo a quantificao de 3 cenrios, permitindo: 9. identificar as tendncias de evoluo, no mdio e longo prazos, das necessidades de qualificaes e competncias da populao activa portuguesa; explorar e avaliar cenrios alternativos e plausveis para a prxima dcada, tendo em conta os desafios de convergncia europeia que Portugal enfrenta em matria de melhoria rpida da qualificao e de reforo das competncias da populao activa. Trata-se de um importante contributo na quantificao dos cenrios qualitativos propostos pelo DPP. Por outro lado, dois cenrios da economia portuguesa em 2020 foram feitos na base de hipteses especficas (inovadoras) do processo de difuso tecnolgica (e empresarial organizativa), usando informao dos Quadros de Pessoal de 2009 e na base das empresas nos melhores quartis em termos do indicador VAB por empregado. Por fim, o Modelo de Simulao Economia-Emprego-Educao (M3E), construdo e amplamente aplicado a Portugal pelo CEPCEP, foi actualizado, permitindo a incorporao de indicadores do domnio das competncias (nomeadamente, das competncias-chave) por nveis de escolaridade e sectores de actividade. 10. Introduo O projecto Portugal 2020: Antecipao de Necessidades de Qualificaes e Competncias tem como objectivo (1) identificar as tendncias de evoluo, no mdio e longo prazos, das necessidades de qualificaes e competncias da populao activa portuguesa e; (2) explorar e avaliar cenrios alternativos e plausveis para a prxima dcada, tendo em conta os desafios de convergncia europeia que Portugal enfrenta em matria de melhoria rpida da qualificao e de reforo das competncias da populao activa. Em Portugal, a prioridade estratgica de elevao das qualificaes foi claramente assumida na programao do QREN para o perodo 2007-2013 e na Agenda do POPH. 4. De facto, a dimenso e a persistncia do gap de qualificaes de Portugal, face mdia europeia, exigem uma estratgia concertada, de mdio-longo prazo, de elevao dos nveis de escolaridade dos jovens e de melhoria da eficincia do sistema educativo, apostando tambm na melhoria das qualificaes e das competncias da populao activa. A Iniciativa Novas Oportunidades, lanada em 2005, definiu metas ambiciosas para a qualificao de jovens e adultos at 2010 assumindo o secundrio como referencial mnimo de qualificao para todos. A recente expanso e diversificao das vias profissionalizantes no ensino secundrio (Eixo 1 do POPH) e o alargamento da rede de Centros Novas Oportunidades com oferta de RVCC escolar e cursos EFA (Eixo 2 do POPH) tm vindo a constituir dois mecanismos centrais no estmulo da procura de jovens e adultos pela educao. Os eixos 1 e 2, em conjunto, representam cerca de 70% do financiamento total disponvel no POPH. A anlise das avaliaes disponveis, nomeadamente do QREN (IESE e Quaternaire, 2010), da Iniciativa Novas Oportunidades (UCP, 2008-2011), dos Cursos Profissionais (IESE, 2009) e dos Cursos de Aprendizagem (IESE e Quaternaire, 2007) evidencia ainda: A fragilidade de dispositivos de monitorizao e antecipao das dinmicas de procura. A necessidade de mecanismos de monitorizao e melhoria da qualidade da oferta (antes, durante e aps formao), sobretudo no que respeita qualidade e relevncia das qualificaes e competncias. A necessidade de apostar na progresso para o secundrio, na dupla certificao e na aprendizagem ao longo da vida (ALV) entre os adultos de baixa qualificao inscritos nas Novas Oportunidades. A difcil percepo da efectiva transformao qualitativa da procura de qualificaes, por parte dos indivduos e do sector empregador. A difcil percepo se estaremos, de facto, a alavancar um novo modelo de especializao para o pas (qual?): Que qualificaes e competncias queremos ter/ necessitamos de ter para Portugal 2020? Que sectores e regies sero motores de crescimento? 11. Tendo em conta os desafios da qualidade e relevncia estratgica das qualificaes e competncias, exige-se uma articulao virtuosa entre as opes polticas nacionais e as orientaes estratgicas acolhidas na Agenda de Lisboa e na iniciativa NSNJ, em particular. No mbito da Agenda de Lisboa e da Iniciativa do Conselho Europeu, New Skills for New Jobs (CE, 2008) (NJNS), tem sido evidenciada a importncia de antecipar as necessidades e tambm os dfices de competncias que esto a surgir nos mercados de trabalho europeus", com as seguintes preocupaes: dispor de informao prospectiva sobre a evoluo dos mercados de trabalho europeus e reforar os mecanismos de early warning; apostar na I&D em metodologias de forecasting e foresighting e na sua aplicao pan-europeia, em estreita colaborao com os Estados-membros. So exemplo, os recentes estudos do CEDEFOP (2010) e da CE (2009); reforar os sistemas nacionais e regionais de antecipao nas reas do mercado de trabalho e da educao e formao, na vertente institucional e de capacitao tcnica; promover a incorporao estratgica dos resultados na formao e avaliao das polticas pblicas e dos sistemas de educao e emprego. Por outro lado, a Comisso Europeia lanou, em Maro de 2010, uma nova estratgia econmica para a Europa - Europe 2020 Strategy - que visa superar a situao de crise econmica global que, desde 2008, assola a quase generalidade das economias de mercado, e as europeias, em particular, e que visa criar as bases para o relanamento do crescimento econmico europeu para a prxima dcada. Esta estratgia exige a implementao de um conjunto de medidas estruturais, favorveis ao crescimento econmico e ao emprego, alavancado e sustentado por "a new economic model based on knowledge, low-carbon economy and high employment levels". Com efeito, no plano europeu e internacional, assistimos a um forte investimento metodolgico e emprico na investigao prospectiva e na antecipao de competncias, na maioria dos Estados-membros da UE, e nas instituies internacionais especializadas (OCDE, CEDEFOP, OIT, Banco Mundial, ). Deste modo, dispomos j de informao estratgica crucial sobre a evoluo comparada das qualificaes em Portugal no espao da UE que vem confirmar a nossa excepo e a necessidade de dar continuidade e aprofundar os estudos de natureza prospectiva nesta rea e de estimular a sua apropriao pelos principais stakeholders. Portugal, apesar da j longa e significativa experincia acumulada no domnio das metodologias e dos estudos prospectivos, alguns de reconhecida qualidade e de assinalvel maturidade tcnico-cientfica dos seus plos de excelncia (vd. Carneiro et al. 2010 para sistematizao dos trabalhos feitos em Portugal nesta rea), evidencia alguma inrcia na adopo sistemtica de novas metodologias e na adequada apropriao estratgica dos seus resultados. Consideramos que o alinhamento do pas pela bitola internacional e europeia mais avanada em matria de dispositivos de antecipao de capital humano e de competncias constitui temtica de elevada relevncia estratgica no sentido de melhor 12. sustentar polticas pblicas concertadas e de viso a mais longo prazo com o objectivo de posicionar Portugal, em tempo til, na batalha generalizada pelas qualificaes e competncias. Com efeito, o projecto Portugal 2020 visa contribuir para: o desenvolvimento de estratgias efectivas para a superao de dfice estrutural de qualificaes da populao activa portuguesa e para uma resposta mais antecipada aos desequilbrios entre a procura e a oferta de qualificaes e competncias no mercado de trabalho; o reforo da capacitao tcnica nacional num domnio estratgico de actuao das polticas pblicas: skills anticipation e labour market intelligency (LMI); a investigao e desenvolvimento (I&D) em metodologias de antecipao, no contexto nacional e internacional, nomeadamente atravs da incorporao de indicadores de competncias em modelos de forecasting que habitualmente recorrem a medidas de qualificao escolar (nveis e anos de educao). O estudo Portugal 2020 tem, assim, como principais objectivos especficos os seguintes: Desenvolver o Modelo de Simulao Economia-Emprego-Educao (M3E), construdo e amplamente aplicado a Portugal pelo CEPCEP, durante esta ltima dcada, com o objectivo de introduzir melhorias nos trs mdulos - educao, economia e emprego - e ensaiar a incorporao de indicadores do domnio das competncias (nomeadamente, das competncias-chave). Antecipar os gaps de qualificao e as necessidades de competncias-chave da populao activa portuguesa para a prxima dcada confrontando o vector da procura de trabalho com o vector da oferta. Desenhar cenrios alternativos da evoluo da economia portuguesa e da estrutura de qualificaes. Contribuir para reforar a capacidade tcnica das instituies e servios nacionais responsveis pela formulao e gesto das polticas pblicas nestes domnios (capacity building). A metodologia usada neste estudo inclui seis fases, designadamente: 1. Recolha, tratamento e anlise da informao estatstica e documental relevante, a nvel internacional e nacional. 2. Avaliao do M3E tendo em vista a sua renovao, nomeadamente nas seguintes dimenses: endogeneizao no modelo do bloco macroeconmico; ventilao da oferta agregada de emprego (= procura agregada de trabalho) por sectores de actividade e nveis de escolaridade; reavaliao da soluo pooling adoptada em verses anteriores do modelo; endogeneizao e modelizao de indicadores de inovao e difuso tecnolgica; endogeneizao e modelizao de indicadores de medio de competnciaschave; 13. 3. Aplicao e teste do M3E renovado, a que podemos chamar M3EC (com incorporao dos indicadores de competncias-chave): Na base de um conjunto de hipteses e de dados considerados exgenos, o bloco da economia permite criar uma trajectria de crescimento da actividade econmica que se traduz na procura agregada de mo-de-obra e qualificaes. O bloco educacional, construdo numa lgica de cohorte, simula o fluxo de estudantes a partir dos matriculados no ano-base e das estimativas das taxas de transio, repetncia e abandono. Deste modo, aplicando s sadas do sistema de educao e formao e aos jovens que vo adquirindo idade para trabalhar, mas que esto fora desse sistema, as respectivas taxas de actividade, temos a oferta de qualificaes. O bloco de emprego baseia-se nos outputs dos dois blocos anteriores, fazendo a distribuio dos recursos humanos existentes pelos vrios sectores de actividade econmica, nveis de escolaridade e diferentes reas profissionais (pooling). Os gaps so obtidos confrontando o vector das qualificaes associadas a uma dada trajectria de crescimento da economia procura de trabalho por qualificaes com o vector do lado da oferta das qualificaes o bloco da educao. O tratamento estatstico e economtrico destes dados tem implcito o registo das interaces entre o mdulo da educao e o mdulo do emprego e a necessidade de dispor de tabelas/matrizes baseline correspondentes ventilao do emprego sectorial em termos de e nveis de qualificao. A partir dos indicadores e dos dados disponveis em inquritos populao activa, a nvel nacional e europeu (IEFA, INE 2007 e AES, Eurostat 2007), constroem-se medidas de competncias-chave para a populao activa associadas a nveis de qualificao, a grupos profissionais e a sectores de actividade, que sero incorporadas no modelo. 5. Anlise e avaliao dos resultados e elenco de recomendaes principais. 6. Validao e disseminao de produtos e resultados atravs de: constituio de um grupo de acompanhamento do projecto, composto por especialistas do Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relaes Internacionais (DPP) do Ministrio do Ambiente e do Ordenamento do Territrio, do Gabinete de Estratgia e Planeamento (GEP) do Ministrio da Solidariedade e da Segurana Social, do Gabinete de Planeamento, Estratgia, Avaliao e Relaes Internacionais (GPEARI) do anterior Ministrio da Cincia, Tecnologia e Ensino Superior e do Gabinete de Estatstica e Planeamento da Educao (GEPE) do anterior Ministrio da Educao; realizao de trs workshops com a participao dos principais beneficirios do projecto; divulgao dos principais resultados na pgina do CEPCEP na internet. 14. Importa, no entanto, referir que os resultados apresentados so naturalmente de natureza exploratria, e sobretudo exemplificativos do potencial de inovao e de aplicao de metodologias desta natureza. Procura-se, deste modo, dar alguns contributos para reforar a capacidade tcnica das instituies de investigao e dos servios nacionais responsveis pela formulao e gesto das polticas pblicas nestes domnios. Por outro lado, necessrio mencionar que as premissas, essencialmente econmicas, sobre as quais o exerccio foi levado a cabo respeitam situao verificada at Agosto de 2011. Dado o contexto de grande incerteza conjuntural e de profunda recesso econmica, nacional e internacional, sublinha-se a natureza essencialmente exploratria deste tipo de exerccios. O relatrio final que aqui se apresenta estrutura-se em cinco captulos. No captulo 1 faz-se uma breve sntese dos estudos, nacionais e internacionais, mais recentes em matria de antecipao de necessidades de qualificaes e competncias. Sero sobretudo explorados os seus principais contributos metodolgicos. No captulo 2 apresentar-se a metodologia de base elaborao dos cenrios para a economia portuguesa 2020, a partir dos modelos input-output usados. Propem-se trs cenrios possveis para o crescimento econmico, com estimativas contrastadas de variao do VAB e do emprego por ramos de produo. As hipteses de difuso tecnolgica e de aproximao aos melhores so centrais nestes cenrios, quer no contexto nacional, de aproximao s empresas mais produtivas, quer no contexto europeu, de aproximao aos pases-lider na Europa. No captulo 3 estima-se a evoluo da populao activa, empregada e desempregada, em Portugal, tendo como premissas as projeces demogrficas disponveis. Posteriormente no captulo 4 projecta-se, para 2020, a oferta de qualificaes, incorporando, para o efeito, os fluxos do bloco da educao e a stocks da populao activa por nveis de escolaridade. Finalmente, no captulo 5, procura-se fazer um balano das competncias-chave disponveis na populao activa portuguesa, no contexto actual, com recurso a um conjunto de indicadores disponveis no IEFA (INE, 2007) e no AES (Eurostat, 2007). Estes elementos permitem posteriormente, de acordo com os cenrios propostos para a evoluo da economia, identificar as necessidades de competncias-chave, por nvel de escolaridade e por sector de actividade, no horizonte de 2020. Na sequncia do exerccio feito, sero, ento, apresentadas as concluses mais relevantes e equacionados alguns dos principais desenvolvimentos metodolgicos a fazer no futuro. 15. Captulo 1. Antecipar qualificaes e competncias: estudos e metodologias recentes 1. Enquadramento1 As experincias europeias e internacionais de antecipao das necessidades de mo-deobra tm sido desenvolvidas em organismos pblicos e os de cooperao econmica internacional (e.g., OCDE) como forma de planeamento das redes de educao e das escolas tcnicas. A Estratgia de Lisboa tem sido refinada no passado recente, tornandoa mais adequada aos desafios da economia mundial. Em particular, a iniciativa Novas Competncias para Novos Empregos, publicada atravs da Resoluo (2007/C290/01), de 15 de Novembro, tem, como foco principal, a questo de antecipar as necessidades e tambm os dfices de competncias que esto a surgir nos mercados de trabalho europeus. Os exerccios de antecipao das necessidades so mais prementes no actual contexto de mltiplos desafios decorrentes das tendncias demogrficas que se avizinham, dos impactos econmicos, sociais e ambientais da globalizao e da evoluo tecnolgica em curso e previsveis mudanas organizacionais e geopolticas. Estes exerccios permitem, por sua vez, uma sustentao mais objectiva e coerente das polticas sectoriais na qualificao dos recursos humanos (educao, formao profissional e aprendizagem ao longo da vida). Em termos de estratgia adoptada pelas instituies nacionais na antecipao das necessidades, os estudos publicados e os projectos financiados nessa rea por essas instituies revelam uma mirade de metodologias quer quantitativas, quer qualitativas e metodologias mistas, integrando informao estatstica/economtrica com cenrios, benchmarking, estudos de casos, entrevistas e inquritos aos empresrios.1Este captulo, com base no trabalho coordenado pelo Professor Roberto Carneiro sobre Dispositivo de Antecipao de Necessidades de Competncias e de Capital Humano em Portugal, procura apresentar, de uma forma muito sinttica, os principais estudos de mbito nacional e europeia na rea da prospectiva e da previso ressaltando as metodologias adoptadas. 16. 2. Experincias Europeias2.1.MetodologiasDestaca-se que nos ltimos anos esta temtica tem sido palco de interesse acrescido por parte das instncias internacionais, nomeadamente da Comisso Europeia que tem dedicado uma grande relevncia s questes da antecipao de necessidades tendo em conta temas prioritrios como competitividade internacional, adaptao mudana e prossecuo de um correcto ajustamento entre a oferta e a procura no mercado de trabalho bem como a globalizao, o envelhecimento demogrfico, a urbanizao e a evoluo das estruturas sociais que por sua vez intensificam tambm o ritmo da mudana no mercado de trabalho e as exigncias de competncias. Estas rpidas alteraes implicam que os pases europeus se tornem pr-activos e capazes de antecipar o desenvolvimento de novas aptides e competncias para explorar plenamente o potencial de retoma nomeadamente em termos de criao de empregos sustentveis (transio para uma economia de baixo teor de carbono e a importncia crescente da economia do conhecimento, em especial a difuso das TIC e das nanotecnologias) que constitui uma prioridade e um desafio para os poderes pblicos nacionais e comunitrios, profissionais da educao e formao, empresas, trabalhadores e estudantes. Assim, a nvel internacional e num contexto de grande alterao tecnolgica e de mudana estrutural profunda e complexa exige-se aos indivduos, organizaes e sociedades quer mais competncias quer competncias de natureza diferente. A importncia e a valorizao atribuda s chamadas competncias-chave, exigveis generalidade da populao adulta e garantidas no final da escolaridade bsica so disso um bom exemplo. Constata-se, uma mudana profunda em termos dos estudos de antecipao sobre necessidades de competncias da mo-de-obra: Conhecimento sobre o tipo de qualificaes necessrias, devido fundamentalmente s alteraes nos contedos dos postos de trabalho em diferentes profisses, em vez do conhecimento sobre a procura de mode-obra em termos quantitativos; Aproximaes inovadoras para responder a novos objectivos; Sistemas de antecipao mais sofisticados e complexos; Tendncia clara para a combinao de mtodos e esforos de diferentes instituies e projectos; Dinamizao de modos colaborativos de trabalho e estabelecimento de redes entre instituies e especialistas, a diferentes nveis; Cooperao inter-institucional reforada e maior difuso de resultados de pesquisa; Tendncia generalizada para a emergncia de uma aproximao holstica na maior parte dos pases europeus, utilizando metodologias quantitativas e qualitativas de forma a conseguir resultados mais robustos; 17. Preocupao crescente em disseminar para largos pblicos a informao constante de estudos de antecipao.Quadro 1. Vantagens e inconvenientes das metodologias de antecipao de necessidades de competncias Metodologias para identificao das necessidades de competncias Abordagens quantitativas de nvel nacional, sectorial e profissionalInquritos aos empregadores ou outros grupos, questionando sobre falta de recursos humanos ou necessidades de competncias Focus Groups/ mesas redondas, observatrios e outros mtodos estilo Delphi Fonte: CEDEFOP 2007.Vantagens Geralmente consistentes, transparentes e garantindo especificidades sectoriais ou outras Envolvimento directo do utilizador / cliente.Holstico. Envolvimento directo do utilizador / cliente.Inconvenientes Falta de dados, onerosas E dificuldades de quantificao Pode ser muito subjectivo. Inconsistente. Pode ser facilmente focado. No sistemtico. Pode ser inconsistente. Pode ser subjectivo.Relativamente a modelos quantitativos, os principais mtodos podem ser classificados em trs grandes domnios: extrapolao de tendncias do passado modelos complexos de sries temporais introduo de contedo de tipo comportamental. As tcnicas de extrapolao so normalmente utilizadas quando existe apenas limitada informao de sries temporais. Em caso de existncia de um conjunto vasto de observaes possvel realizar anlises de tipo mais sofisticado, procurando encontrar os padres de evoluo que podem ser utilizada para predizer o futuro. A anlise de tipo comportamental surge no sentido de fornecer alguma compreenso sobre as perspectivas de evoluo e das razes porque se podem alterar no futuro, procurando-se equacionar e compreender os factores que influenciam o comportamento dos actoreschave na economia e como que se reflectem nos principais indicadores econmicos e sociais. Os estudos sectoriais envolvem um leque alargado de metodologias e actores, de forma a permitir estabelecer uma viso sob diferentes perspectivas relativamente aos principais problemas actuais e futuros. Este tipo de avaliao tem tido, actualmente, uma utilizao reforada ao nvel geogrfico, com a criao de observatrios regionais e sectoriais e mecanismos similares de acompanhamento e avaliao de necessidades de qualificaes ao nvel local. No que respeita a inquritos aos empregadores, considerados por muitos investigadores como a metodologia mais natural para conhecer as futuras necessidades de qualificaes, as questes a colocar envolvem fundamentalmente as seguintes reas: 18. deficincias actuais de qualificaes antecipao das alteraes futuras. Embora esta metodologia tenha sido muito utilizada, veio a provar-se que os empregadores tm frequentemente dificuldade em prestar respostas robustas a essas questes. As suas respostas so muitas vezes desajustadas e inconsistentes, especialmente quando se trata do futuro das profisses e qualificaes. Mais recentemente, tem vindo a ser dada maior nfase aos inquritos a empregadores na perspectiva de avaliar os problemas actuais de qualificaes em vez de antecipar a situao no futuro. Os mtodos qualitativos, por sua vez, envolvem um conjunto vasto de mtodos noquantitativos. Incluem a utilizao de entrevistas com actores-chave, designadamente empregadores, estudos de caso, particularmente de mbito sectorial. Estas anlises so frequentemente combinadas com metodologias de focus group, discusses em mesa redonda, de forma a permitir que a informao mais qualitativa possa ser equacionada a par da informao estatstica mais pesada. Em termos de mtodos de antecipao de necessidades futuras importa ainda fazer a distino entre a abordagem prospectiva e a abordagem de previso (Quadro 2). A primeira utiliza como principal instrumento de simulao os cenrios, embora possa usar os modelos como auxiliares para ilustrar e testar os cenrios, (a cenarizao permite lidar com as incertezas de vrios modos2 com vista a ser capaz de lidar, quer com os elementos predeterminados, quer com os elementos incertos, a fim de poder desempenhar a sua dupla funo de planeamento e de avaliao de risco). O principal instrumento de simulao numa abordagem de previso constitudo por modelos.Quadro 2. Abordagem de previso e abordagem prospectiva ABORDAGEM DE PREVISOABORDAGEM PROSPECTIVAConcentra-se nas certezas; oculta as incertezasConcentra-se nas incertezas, legitimando o seu reconhecimento Origina imagens diversas, mas lgicas, do futuroOrigina projeces sobre um nico ponto e lineares Privilegia as continuidades Afirma o primado do quantitativo sobre o qualitativo Oculta os riscos 2Toma em considerao as rupturas Alia qualitativo e quantitativo Sublinha os riscosOs Cenrios para van der Heijden permitem lidar com as incertezas de trs modos diferentes: - ajudam a organizao a compreender melhor o seu enquadramento, permitindo que muitas decises no apream como acontecimentos isolados mas como parte de processos, o que permite a tomada de riscos calculados; - colocam a incerteza na agenda, chamando a ateno da organizao para os acidentes que podem estar para acontecer; e neste sentido permite aos gestores evitar riscos desnecessrios; - ajudam a organizao a tornar-se mais adaptvel, ao alargar os seus modelos mentais e desse modo ampliando as capacidades de percepo necessrias para reconhecer acontecimentos inesperados. 19. Parte do que simples para o que complexoFavorece uma atitude de flexibilidade e o esprito de responsabilidade Parte do que complexo, para o que simplesAdopta uma abordagem normalmente sectorialAdopta uma abordagem globalFavorece a inrciaFonte: PROSPECTIVA E CENRIOS UMA BREVE INTRODUO METODOLGICA SRIE PROSPECTIVA - MTODOS E APLICAESN 1 19972.2.Estudos de mbito nacionalDo ponto de vista do panorama das metodologias envolvidas, encontramos objectivos, abordagens e tcnicas muito diversos que so parcialmente complementares e, nalguns casos, parcialmente substitutivos. Estes revelam diferentes horizontes de tempo e graus de representatividade ou de detalhe diversos. Os pases com mais tradio neste tipo de metodologias so os que mais tm desenvolvido as abordagens quantitativas, aliceradas em infra-estruturas estatsticas tendencialmente mais slidas e em vasta investigao na rea (nomeadamente, na melhoria dos modelos economtricos utilizados) normalmente feita em estreita colaborao entre os gabinetes oficiais de estatstica e as universidades. Mais recentemente, notria uma maior ateno e complementaridade com as abordagens qualitativas que conferem maior flexibilidade e especificidade aos dados, maior adequao e incorporao de novas realidades, e ainda estimulam o networking entre actores relevantes facilitando a definio de estratgias de aco, quer de natureza pblica, quer as que resultam do esforo privado colectivo. A incorporao de tcnicas de forecasting nas abordagens qualitativas tem sido tambm mais visvel o que, para alm de melhorar a capacidade antecipativa da aco, traz uma adicionalidade muito importante para a formao de polticas pblicas: a capacidade de construo do futuro a partir do envolvimento bottom-up dos actores com relevncia na deciso e na aco. A revoluo tecnolgica e as grandes mudanas geopolticas3 no passado recente constituem o pano de fundo das mudanas estruturais na Europa, provocando alteraes significativas no mercado de trabalho, na competitividade das empresas, nos sectores produtivos e na estrutura ocupacional. A crescente diminuio do peso do emprego nos sectores primrio e na indstria tradicional e o aumento significativo do emprego no sector dos servios e de profisses com elevado uso do conhecimento modificaram a forma como o mercado ocupacional evoluiu. Nesta sociedade do conhecimento, o aumento de qualificaes dos trabalhadores tornou-se central para a competitividade das economias e necessria para um crescimento econmico sustentado. A importncia crescente do uso do conhecimento e o aumento de formas flexveis de trabalho provocam alteraes significativas no mercado de trabalho e nas profisses, exigindo uma mo-de-obra cada vez mais adaptvel e disponvel, para aprender e progredir atravs da obteno de novas competncias e qualificaes ao longo de toda a sua vida. Mas quais so as implicaes 3A actual crise econmica e financeira e as alteraes geopolticas constituem novas referncias para os futuros exerccios de prospectiva. 20. desta reestruturao nas qualificaes e competncias? Quais as qualificaes necessrias para que os indivduos se mantenham no mercado de trabalho? E quais so as tendncias de evoluo dessas qualificaes na Unio Europeia?4 Dito de outra forma, consensual que os factores crticos para a vencer residem, hoje como nunca, nos activos intangveis: qualidade das pessoas; conhecimentos e competncias; empreendedorismo, inovao e criatividade; sistemas de educao, formao, e investigao; culturas de aprendizagem permanente; capacidade de assumir riscos; mentalidade de servios e de criao de valor5. Assiste-se assim, actualmente, a uma preocupao crescente em disseminar para largos pblicos a informao constante de estudos de antecipao. Diversas metodologias tm vindo a ser desenvolvidas nesta rea, tal como se ilustra abaixo:Quadro 3. Sistemas de Antecipao de Necessidades de Qualificaes na UE SistemaCaracterizaoO sistema desenvolvido fundamentalmente a nvel de empresa, sector ou regio; a antecipao de necessidades a nvel nacional no muito pronunciada. O sistema est relativamente bem desenvolvido ao Sistema coordenado nonvel da previso quantitativa, sendo a informao holstico qualitativa conduzida em paralelo. Primeira fase de criao de um O sistema baseia-se fundamentalmente em previso quantitativa de mdio prazo, incorporando sistema holstico elementos qualitativos, de natureza sectorial; estes pases procuram estabelecer um sistema permanente de acompanhamento das necessidades de qualificaes. Sistemas bem desenvolvidos baseados em previses Sistema holstico coordenado macroeconmicas de curto e mdio prazo, em estudos sectoriais, em inquritos regulares sobre qualificaes junto de empregadores e em inquritos sistemticos sobre emprego a nvel regional. Fonte: Commission of the European Communities (2008). Sistema descentralizadoPases DK, ES, EL, HU, LT, LV, PT, SK, SI CY, FI, IECZ, EE, IT, PLAT, DE, FR, NL, SE, UKComo exemplo, refere-se o sistema FreQueNz, na Alemanha que procura agregar aproximaes de mbito nacional, regional e sectorial. O ponto central desta abordagem um sistema complexo de registos da actividade econmica, de forma a ser realizada uma identificao antecipada de necessidades de qualificaes, nos diferentes sectores de actividade. Mais de 1.000 especialistas de Cmaras e associaes esto em contacto directo e permanente no s com as grandes empresas, mas tambm com pequenas e mdias empresas. Atravs de uma metodologia que combina, nomeadamente, entrevistas telefnicas, recolha de informao especfica sectorial, validao de tendncias, inqurito quantitativo junto de especialistas, consolidao de resultados num4 5Paulos, Margarida Ramires (2008), pg 2. Carneiro, R. (2001) 21. relatrio especfico de base sectorial, este sistema possibilita uma informao alargada nas seguintes reas: acompanhamento sistemtico dos desenvolvimentos ao nvel da educao, formao e qualificaes; informao sobre necessidades especficas de qualificaes, focando especialmente as tendncias e recomendaes sobre educao e formao contnua; informao sobre necessidades especficas de qualificaes a nvel sectorial; informao sobre necessidades especficas de qualificaes a nvel regional; informao sobre necessidades de qualificaes e formao em novos sectores de actividade. Ainda no quadro da abordagem holstica, referem-se alguns exemplos, agregados em quatro grandes reas de investigao, que se consideram constituir uma base muito slida de trabalho que poder ser futuramente reforada e actualizada com novos estudos: estudos de mbito internacional abrangendo um conjunto diverso de pases; nesta rea encontram-se os estudos levados a cabo, nomeadamente, por CEDEFOP, Unio Europeia, OCDE e Banco Mundial; estudos de mbito internacional, de carcter metodolgico, neste domnio identificou-se e estudou-se investigao, nomeadamente, da Comisso Europeia e da European Foundation for the Improvement of Living and Working Conditions; estudos de mbito nacional, tendo-se integrado a anlise dos sistemas de antecipao de necessidades de qualificaes de Frana e do Reino Unido; estudos constantes das comunicaes apresentadas no Seminrio que sobre esta temtica se realizou em 9 de Dezembro de 2008, e que versaram, designadamente, a anlise do estado da arte sobre a temtica da antecipao de qualificaes a nvel mundial, sob diferentes perspectivas e pticas.2.3.Estudos de mbito internacionalA anlise comparativa recente que tem sido levada a cabo a nvel europeu (nomeadamente atravs da SKILLSNET, CEDEFOP) demonstra que existem claramente duas grandes reas de dificuldade: uma de mbito metodolgico, onde notria alguma inadequao e incompatibilidade das fontes utilizadas e a prpria inexistncia de dados estatsticos suficientemente robustos ou trabalhados neste sentido. Tambm a infra-estrutura de pesquisa na rea est ainda pouco desenvolvida; uma outra que se prende com a utilidade do conhecimento produzido: quer a conscincia da sua necessidade, quer o apoio das polticas pblicas e dos parceiros sociais, so ainda insuficientes. Tambm a transferncia destes resultados para a interveno poltica e para a melhoria das prticas , ou pouco clara e pouco compreendida, ou manifestamente reduzida. 22. Um esforo recente, e promovido pela SKILLSNET, vai precisamente no sentido de melhorar a aplicao das metodologias de antecipao a nvel europeu recorrendo multidisciplinaridade das tcnicas (quantitativas e qualitativas) e das abordagens (topdown e botton-up). O maior desafio, para alm do metodolgico, estar certamente em garantir a transferncia destes resultados para o desenvolvimento de polticas pblicas que promovam, de uma forma integrada, inovao e competence-building. Apresentam-se, seguidamente, de forma mais detalhada e completa as anlises de dois estudos de mbito internacional, que pela sua actualidade e relevncia determinam no s os mais recentes avanos, como tambm sugerem o tipo e nvel de estudos e investigaes que a maioria dos pases, nomeadamente da Europa, devero vir a desenvolver no futuro prximo de forma a dar resposta ao modelo de sistema de antecipao que se perspectiva para esses pases.2.3.1. New Skills for New Jobs Anticipating and matching labour market and skills needs, Comisso Europeia Embora no seja possvel prever com preciso o que ser o futuro, devem, no entanto, ser considerados os quadros de evoluo, de modo a evitar-se resultados indesejados e a aproveitar o mximo de oportunidades, melhorando o funcionamento dos mercados de trabalho e a mobilidade de trabalhadores. Estes quadros de referncia devero ser baseados em robusta informao do mercado de trabalho, que dever estar disponvel de forma sistemtica e transparente. Existe uma longa tradio de previso de necessidades de qualificaes a nvel europeu. Desde os primrdios destes estudos, tm-se vindo a verificar importantes melhorias, quer ao nvel da informao estatstica disponvel, quer ao nvel das metodologias utilizadas para anlise e explorao da informao. Actualmente, existe uma vasta gama de instrumentos e tcnicas que se podem agrupar nas seguintes abordagens j anteriormente referidas: projeces baseadas em modelos, de nvel nacional, quantitativas; inquritos a empregadores ou outros grupos (aproximaes mais de mbito qualitativo); estudos de mbito sectorial ou regional, envolvendo metodologias quantitativas e qualitativas; anlise de prospectiva utilizando o desenvolvimento de cenrios baseados em opinio de especialistas. No presente trabalho, foi utilizada uma combinao de diferentes mtodos, de forma a criar-se um quadro de informao mais vasto e complementar, dado que nenhuma simples metodologia e aproximao podem ser consideradas como finais e completas. A importncia e o valor destes trabalhos so evidenciados pelo apoio financeiro que lhes dado quer por governos nacionais quer por outras organizaes. Igualmente importante a variedade dos domnios para os quais estes trabalhos demonstram a utilidade da educao e formao. A metodologia adoptada neste estudo baseou-se fundamentalmente numa aproximao modular, no que respeita procura, constituda por quatro mdulos: modelo macroeconmico, mdulo de procura por profisses, mdulo de procura por nveis de habilitao e mdulo de procura por substituio (CEDEFOP 2008). 23. As perspectivas demogrficas e estudos prospectivos sobre nveis de habilitao da Comisso Europeia so as principais fontes para a determinao da oferta mo-de-obra. Estudos de ordem qualitativa so tambm complementarmente utilizados, designadamente os estudos realizados pelo Institut for Prospective Technological Studies (IPTS) e pela European Foundation for the Improvement of Living and Working Conditions. Assim, partindo de uma anlise sobre as principais tendncias no que respeita criao de emprego e oferta de mo-de-obra, procura-se de seguida identificar as necessidades de qualificaes, estrutura de profisses e oferta de qualificaes, utilizando estudos de ordem quantitativa e qualitativa. Procura-se conhecer os nveis de habilitao da mode-obra, as qualificaes e competncias necessrias. Com base nesta informao procura-se conhecer as necessidades de qualificaes, e os riscos de desajustamentos no mercado de trabalho. Tais desajustamentos podem afectar os preos de mercado, designadamente, os nveis salariais, e ainda, a produtividade, o crescimento econmico e a criao de emprego.2.3.2. Skills Supply and demand in Europe Medium-term forecast up to 2020CEDEFOP O principal objectivo deste projecto desenvolver um sistema robusto de produo de previses de mdio prazo sobre as necessidades de competncia a nvel europeu, baseado em dados disponveis e comparveis e em mtodos avanados. Estas novas previses do CEDEFOP para 2020 foram construdas com base nas previses da procura de competncias elaboradas pelo CEDEFOP, em 2008 e nas previses da oferta de competncias igualmente elaboradas pelo CEDEFOP, em 2009, utilizando a abordagem adoptada para a antecipao da oferta de competncias futuras na Europa; as novas previses tiveram em conta a actual situao de crise e aplicaram dados e mtodos melhorados. Mais do que nunca decisores polticos, empregadores, entidades, servios de emprego e formandos necessitam de mais e melhor informao de modo a responder a perguntas como: Em que sectores ir crescer o emprego; Que profisses e qualificaes viro a ser procuradas; Quais sero as necessidades de substituio e sua ligao com a oferta; Que potenciais desequilbrios podero ocorrer no mercado de trabalho. No sentido do fornecimento destas informaes o CEDEFOP comprometeu-se em fornecer regularmente previses sobre competncias a nvel europeu. Tendo em conta o efeito do arrefecimento da economia o CEDEFOP projectou a procura e a oferta de competncias/qualificaes para 2020 numa altura em que a Europa est a reajustar as suas , o que pode beneficiar no s os decisores polticos mas tambm todos aqueles que escolhem ou precisam de alterar as suas carreiras educativas e de formao , as entidades formadoras , os servios de emprego e as empresas. 24. Este trabalho resultou de uma equipa que integrou peritos do CEDEFOP e de vrios centros de investigao europeus. Para alm disso recebeu ainda os contributos dos membros da rede Skillsnet (rede de peritos, de cada um dos Estados Membros, no domnio da antecipao das necessidades de competncias) que fizeram a reviso e comentaram os dados relativos a cada um dos pases europeus. Os actuais resultados possibilitam um processo contnuo de dilogo com especialistas de diversa ndole, como de nvel sectorial, profissional ou regional e uma oportunidade para estes conhecimentos serem equacionados em futuras avaliaes, procurando aumentar-se a eficincia e a transparncia e a facilidade de incorporao de novos dados e pressupostos alternativos.3. Caso Portugus3.1. Estudos e metodologias No caso de Portugal os estudos relativos antecipao das necessidades de mo-deobra, de competncias e de qualificaes tiveram como objectivos responder numa primeira fase a questes de ordem geral como planeamento de recursos humanos com a aplicao a Portugal de modelos economtricos existentes em organizaes internacionais e numa segunda fase a questes especficas, tais como o impacto da Sociedade de Informao, o do PNE/EEE, o do projecto Alqueva, a melhoria das qualificaes em Portugal face mdia das qualificaes dos pases da Unio Europeia, o da prospectiva estratgica do turismo para 2020, o dos perfis profissionais para a Madeira para o perodo 2007-2013 e outros. A maioria dos estudos desenvolvidos nas ltimas dcadas (2) deve-se aos esforos e s 9necessidades sentidas por entidades pblicas na formulao de polticas sectoriais na rea da educao, formao profissional, do emprego, da sociedade de informao, etc. resultando alguns deles de coordenao entre vrios departamentos ministeriais. Os servios do ex-Ministrio do Plano, do MTSS, do ME e entidades responsveis pelos programas da Sociedade de Informao financiaram os referidos estudos. Quanto s metodologias de antecipao de necessidades futuras adoptadas podem-se referir as seguintes: de natureza quantitativa tcnicas de extrapolao/mecanicistas; modelos economtricos/comportamentais; sondagens aos empregadores e skills audits; de natureza qualitativa focus-groups, control group, anlises SWOT, anlises documentais, metodologias tipo Delphi nomeadamente entrevistas colectivas e interlocutores privilegiados, observatrios e estudos de casos; de natureza holstica - metodologias quantitativas e qualitativas combinadas de forma a conseguir resultados mais robustos. 25. Quadro 4. Estudos de antecipao de qualificaes realizados em Portugal, 1996-2009 Estudo realizado Necessidades de mo-de-obra imigrante em Portugal para 2009 e 2010 O ndice de perspectivas profissionaisMtodo quantitativo Mtodos economtricosCenrios para a economia portuguesa no perodo ps-Quioto Estudo dos impactes previsveis do projecto de fins mltiplos do Alqueva na configurao dos recursos humanos do Alentejo Estudo de construo de referenciais de competncias e de formao de apoio ao Plano Nacional de Sade Estudo comparado de qualificaesDados de baseBaixas qualificaes em Portugal (estudo do catching-up)Dados de base, modelos de simulao Dados de base, modelo economtrico M3E Anlise prospectiva Anlise morfolgicaProposta de modelo macroeconmico para simulao das polticas de educao e formao profissional Turismo 2020: apresentao de um processo integrado e modular de Prospectiva e estratgico aplicado a Portugal Estudo prospectivo dos perfis profissionais para o reforo da competitividade e produtividade da economia regional Plano estratgico de formao para o sector de comercio e servios pessoais e de apoio vida quotidiana Estudos sectoriais prospectivos e estudos dos domnios profissionais Avaliao da criao e destruio de emprego em Portugal na dcada 2000-2010Acesso ao emprego e mercado de trabalho formulao de polticas no horizonte de 2013 Adaptabilidade dos trabalhadores e das empresas Concepo estratgica das intervenes operacionais no domnio da educao Sistema permanente de indicadores de alertaFuturos do emprego na sociedade da informao O futuro da educao em Portugal:Dados de base, ProjecesMtodo qualitativo Estudos de casos sectoriais e Auscultao de actores Inqurito junto de empresas (gestores) Cenrios qualitativos Entrevistas/reunies, inqurito, Focus groups, workshopsMtodo holstico XXAnlise documentalDados de baseDados de base, modelo M3EDados de base Modelo M3E, Dados de base, Curvas de Beveridge e NAIRU Dados de baseAnlise documental Benchmarking Anlise de cenrios, anlise documentalAnlise SWOTXXEntrevistas colectivas expl Anlise SWOT Anlise documental Key informers Indicadores de alerta XAnlise documental Cenrios Anlise de dados Entrevistas Anlise documental Entrevistas, workshops, cenriosDados de base Curvas de Beveridge e NAIRU Dados de baseAnlise SWOTMtodo de DelphiXDados de baseConstruo de cenriosXX 26. tendncias e oportunidadesProjeces demogrficasDas metodologias acima referenciadas salienta-se a da cenarizao dado que a maioria dos estudos aplicados a Portugal utiliza essa metodologia ou uma variante ou, ainda, uma sua conjugao com outros mtodos estatsticos/economtricos.3.2. Desenvolvimentosrecentes em Portugal3.2.1. Resultados do seminrio sobre Metodologias de Antecipao de Necessidades de Competncias e Capital Humano (GEP/MTSS e CEPCEP/ UCP, Dezembro de 2008) Das vrias intervenes que integraram os trabalhos do seminrio, podem-se sistematizar os seguintes resultados que traduzem as concluses gerais do mesmo: O problema da mensurao da aprendizagem ao longo da vida na medida em que as pessoas dispem actualmente de vrios ambientes de aprendizagem para alem do da escola; A possibilidade de antecipar necessidades de competncias apresenta-se hoje como um grande desafio na medida em que o contexto de constante mutao; Na rea da cenarizao/previso no mbito das competncias e do capital humano, face imaterialidade das questes necessrio combinar a mtrica tradicional com novas abordagens (qualitativas) para medir as novas realidades, salientando-se a importncia das social networks das formas de aprendizagem e das soft skills como elemento chave no exerccio da antecipao; As dimenses chave no desenho de antecipao de competncias podem sintetizar-se da seguinte forma: dimenso de anlise relacionada com a escala a utilizar (pas, sector, regio, local) devendo muitas vezes partir-se de uma base local/regional e comear a construir a anlise a partir desta realidade que onde a economia funciona; dimenso econmica ligada ao padro de especializao econmica de cada regio/pas; dimenso estatstica associada aos nveis de anlise utilizados nomeadamente relao existente entre a anlise estatstica do emprego e desemprego e as estimativas e previses realizadas; dimenso mobilidade referente relao entre os nveis de educao, as competncias e as profisses e outras questes culturais que afectam a mobilidade; dimenso demogrfica com vrias consequncias nomeadamente no envelhecimento da populao e no mercado de trabalho e que no pode ser desligado do modelo social de cada pas. Salientam-se ainda algumas concluses particulares com base nas vrias apresentaes que integraram o presente seminrio: 27. Educao, formao e mercado de trabalho ir enfrentar enormes desafios para lidar com as necessidades estruturais, ocupacionais e sectoriais importante continuar a observar as evolues em curso e manter-se flexvel em dar resposta s novas tendncias. Isso inclui a fora de trabalho e qualificaes para adaptao s novas exigncias de reciclagem e formao contnua (Torsten Dunkel) A disponibilidade de informaes de confiana sobre o desempenho actual e de curto prazo da economia fundamental para a boa tomada de deciso (Stephen Fueller) As tendncias de crescimento do emprego e as mudanas nos contedos de postos de trabalho esto entre os dados econmicos mais utilizados e compreender estes dados, trabalhar para melhorar a sua qualidade e utilidade atravs da estimativa e mtodos de previso, essencial para a formulao da poltica econmica (Stephen Fueller) As empresas portuguesas prevem uma mudana e certa obsolescncia de alguns postos de trabalho (Bernardo Teixeira Diniz) A incorporao de novos postos de trabalho requerer novas competncias tcnicas (hard skills) e competncias transversais do tipo soft skills (Bernardo Teixeira Diniz) As empresas portuguesas procuram competncias relacionadas com a globalizao tais como o conhecimento de mercados internacionais e a gesto de pessoas ou o trabalho em equipa (aspectos interculturais) (Bernardo Teixeira Diniz) Seguidamente apresentam-se as metodologias dos estudos que integraram o seminrio referido bem como os respectivos objectivos (Quadro 5).Quadro 5. Metodologias de antecipao de necessidades de competncias e de capital humano discutidas no seminrio CEPCEP-GEP, 2008 EstudoMetodologiaAnticipating Skills Needs in EuropeModelo macroeconmico multisectorial E3ME(2008)Mdulo de expanso da procura de profisses EDMODProf Torsten Dunkel (CEDEFOP)Objectivos Novas metodologias e abordagem inovadora para a previso de competncias, qualificaes e empregoMdulo de expanso da procura de qualificaes QMOD Mdulo da procura de reposio/substituio de profisses/qualificaes RMODUnderstanding employment Analysis and Forecasting Prof Stephen S. Fuller George Manson University (USA)IPP Portugal: O ndice-Chave para a Gesto do CapitalTcnicas de estimativa e de previso centradas em subunidades nacionais Mtodos estatsticos, economtricos e step-downInqurito a 200 empresas com questionrio a ser respondido peloInterpretao das tendncias do emprego e sua anlise Mtodos de estimativa e de previso sobre empregondice semestral que averigua 28. Humanoresponsvel estratgico dos RHsobre:Bernardo Teixeira DinizThink Tank-Quais as expectativas de FP para os prximos anosGabinete de Apoio IPP IEL/ESADE-Quais as principais dificuldades sentidas pelas empresasLisboa- Que competncias se encontram por colmatar nas vagas -Quais as reas de talento mais valorizadas - Quais as competncias criticas que mais contribuem para a competitividade das organizaes Management in Tommorrowland: the impact of the new global landscape on organizations ,jobs and peopleModelos quantitativos e qualitativos dinmicos para previso Recruitment Confidence Index RCIProf Simon DolanO ensino das soft skills A combinao de modelos quantitativos e qualitativos dinmicos para a previso A criao do RCIInstituto de Estudios Laborales Barcelona Overview of Canadas labour market projections modelModelo de cenarizao prospectiva COPSProjeces do mercado de trabalhoProf Mario LapointeProjeces do mercado de trabalhoDeterminao dos desequilbrios de qualificaesHuman and Social DevelopmentOportunidades de empregoCanad Inqurito por entrevista junto de 190 gestores seniors em 20 MNCsO papel da educao neste reordenamento da diviso do trabalho e o do conhecimento e qualificao. A globalizao econmica e o papel das multinacionais na estruturao dos mercados de trabalho globalFonte: Metodologias de Antecipao de Necessidades de Competncias e de Capital Humano, GEP/MTSS, Coleco Cogitum, n 34, Dezembro de 2008.3.2.2. Dispositivo de Antecipao de Necessidades de Competncias e de Capital Humano (DACC) (CEPCEP/ UCP, 2010 )O presente estudo apresenta o desenho de um Dispositivo de Antecipao de Necessidades de Competncias e de Capital Humano em Portugal de acordo com o solicitado nos termos de referncia. 29. Encontra-se igualmente neste trabalho um levantamento das diversas metodologias utilizadas sobre antecipao de necessidades de competncias quer a nvel internacional quer a nvel nacional. Neste contexto destaca ainda como principais metodologias de antecipao de necessidades de novas competncias e de capital humano e de influenciar a formulao, monitorizao e avaliao das polticas pblicas nos domnios da Educao, da Qualificao, e do Emprego e da Inovao, as seguintes: Mtodos de cenarizao (Modelo ncora) Mtodos e tcnicas de Anlise Quantitativa e de Modelao (Modelo M3E renovado) Mtodos de Anlise Qualitativa (Modelos baseados nas Competncias) Validao emprica das Metodologias Salienta-se ainda que o estudo integra as seguintes concluses: H uma migrao progressiva dos estudos de previso (forecasting) para uma perspectiva de estratgias de antecipao (foresight). Verifica-se um interesse crescente na antecipao de competncias (skills anticipation) ao invs da clssica abordagem de previso de qualificaes e de mo-de-obra (manpower forecasting). O mtodo da cenarizao que compreende a construo de futuros alternativos comea a impor-se como lugar-sntese de olhares situado na interseco de modelos qualitativos e quantitativos que mantm a sua actualidade e pertinncia. Enquanto nalguns pases da UE e nas instituies internacionais especializadas (OCDE, CEDEFOP, OIT, Banco Mundial,...) se constata um forte investimento metodolgico e emprico na investigao prospectiva e na antecipao de competncias, Portugal evidencia uma perigosa inrcia na adopo sistemtica de novas metodologias, sem embargo de alguns estudos pontuais de qualidade e de uma assinalvel maturidade tcnico-cientfica dos seus plos de excelncia. O alinhamento do pas pela bitola internacional e europeia mais avanada em matria de dispositivos de antecipao de capital humano e de competncias constitui temtica de elevada relevncia estratgica para cujo progresso se exigem polticas pblicas concertadas e de larga viso.3.2.3. Conselhos Sectoriais para a Qualificao (ANQ) Os Conselhos sectoriais para a qualificao integram o Sistema Nacional de Qualificaes (Decreto-Lei n 396/2007 de 31-12-2007) e tm como misso principal identificar em permanncia as necessidades de actualizao do Catlogo Nacional de Qualificaes no quadro das tarefas da Agncia Nacional para a Qualificao, I. P., Estes conselhos de acordo com o mesmo diploma so compostos por especialistas indicados pelo ministrio que tutele o respectivo sector de actividade, por associaes sindicais e associaes de empregadores representativas dos correspondentes sectores de actividade, empresas de referncia, entidades formadoras com maior especializao 30. sectorial ou regional e peritos independentes, no devendo em princpio exceder os 10 membros. Portugal semelhana de outros pases que tm promovido este tipo de estrutura ( caso paradigmtico o do Reino Unido) procurou configur-los com vista a gizar a resposta necessria cooperao entre o Estado, os empregadores, as entidades de ensino e formao e os representantes dos trabalhadores na formulao de polticas pblicas neste domnio, nomeadamente na definio e actualizao dos referenciais de competncias orientados fortemente para uma viso estratgica de futuro . Estes conselhos de carcter consultivo, com forte componente tcnica, assumem como principais tarefas a identificao das evolues ocorridas ao nvel dos diferentes sectores de actividade com os correspondentes efeitos nas qualificaes e competncias dos recursos humanos com vista construo e/ou actualizao dos perfis profissionais e respectivos referenciais de formao e de reconhecimento, validao e certificao de competncias. Ao longo de 2009 foram criados 16 Conselhos Sectoriais de acordo com o ANEXO 2. Os ltimos a serem criados no final de 2009 foram os relativos ao Turismo e Lazer, Artesanato e Ourivesaria, e Madeiras Mobilirio e Cortia.3.2.4. Anlise prospectiva da evoluo sectorial em Portugal (ANQ e ANESPO) O presente estudo prospectivo tem como objectivo primordial a formao atempada de recursos humanos qualificados capazes de sustentar a economia do futuro tendo em conta o contexto de globalizao da economia e os desafios que se colocam ao pas, tanto do ponto de vista da afirmao de um modelo de desenvolvimento sustentado em bases econmicas de maior valor acrescentado, como das exigncias de competitividade internacional. Em termos metodolgicos importa salientar os seguintes passos: Primeira parte: identificao de vrios factores condutores da evoluo sectorial, ou drivers agrupados em trs grandes vectores: tendncias globais, sistemas de atores e dinmicas de mercado e polticas governamentais; Identificao dos sectores com maior potencialidade e em que Portugal poderia ter vantagens comparativas, ou sectores em que Portugal poderia apostar com vista a ter determinado papel no enquadramento da economia Europeia ou Mundial; classificao dos sectores em nuvens consensuais, outras nuvens identificadas, nuvens cinzentas e nuvens cinzentas (conjunto slido de dinamismos econmicos que desafiaro as qualificaes de nvel intermdio) Segunda parte: anlise da situao do emprego e desemprego, entre 1998 e 2008,para os jovens de ambos os sexos entre os 18 e 24 anos e com o ensino secundrio completo; 31. anlise da formao, com informao relativa aos alunos do primeiro ano, inscritos no ano lectivo 2009-2010, em cursos de formao profissional, de hotelaria e turismo, de educao e formao e do sistema de aprendizagem; elaborao de indicadores de base, para proceder a anlise completa do emprego, desemprego e formao que conjuntamente com ponderadores esto na base da anlise, possibilitada pela grelha de hierarquizao o semforo( que indica quais so as reas que esto em potencial risco de ter excesso de oferta e as que estaro na situao oposta); construo de uma grelha de hierarquizao por escales em que a cada escalo atribuda uma cor que permite identificar as profisses com ponderao positiva e ponderao negativa; construo de um indicador sntese de satisfao da procura potencial de qualificaes sada, no curto prazo, por profisso. 32. Captulo 2. Cenrios Economia Portugal 2020 1. Modelos Input-OutputOs modelos Input-Ouput (IO) foram desenvolvidos por W. Leontief no sculo passado em finais da dcada de 30. O objetivo principal desta abordagem IO era estudar a interrelao entre diferentes ramos de atividade numa economia. A base do sistema IO remonta aos trabalhos anteriores de L. Walras6, que construiu um modelo de equilbrio geral da economia no qual eram determinados os preos e as quantidades de todos os ramos/sectores da economia em simultneo. Neste modelo, Walras utilizou um conjunto de coeficientes de produo que relacionam a quantidade de fatores de produo requeridos com o nvel total de produo; esta conceo seria desenvolvida posteriormente por Leontief no mbito do modelo IO, nomeadamente os coeficientes tcnicos. Por outro lado, as relaes de produo que se estabelecem entre os sectores considerados nos modelos IO permitem obter o conjunto de possibilidades de produo admissvel, no contexto das interdependncias sectoriais. No final da dcada de 60 ocorreram posteriores desenvolvimentos ao sistema inicial e na atualidade tm-se registado novos aperfeioamentos bem como um aumento da sua utilizao. A anlise IO da economia utiliza representaes matriciais de um espao (pas ou regio) para estudar efeitos ou alteraes induzidos por uma indstria/ramo s outras. Assim, a base da anlise assenta no estudo da interdependncia entre os ramos de produo e de consumo (entendendo este no sentido amplo de utilizao) numa economia, evidenciando as inter-relaes que se estabelecem entre os diversos sectores que compram bens e servios a outros sectores e que por sua vez produzem bens e servios que so vendidos a outros sectores. Num modelo onde os sectores de atividade numa economia esto interligados entre si, os efeitos de um choque/variao por via exgena num deles (i.e., variao do nvel da atividade/choque da procura) propagam-se aos sectores de atividade que so fornecedores deste, por via dos consumos intermdios (efeito multiplicador). A anlise input-output permite, assim, medir o efeito no total da economia, decorrente de uma variao de fornecimentos intersectoriais. A anlise IO permite quantificar sistematicamente as inter-relaes mtuas entre vrios sectores de um sistema econmico complexo (Leontief, 1985). A maioria dos pases industrializados dispe de tabelas IO, complementando as estatsticas de Rendimento Nacional e constituindo imprescindvel instrumento para a preparao de planos de desenvolvimento macroeconmico/regional. Esta tcnica esteve associada criao de um Sistema Europeu de Contas Econmicas Integradas 33. (SEC), constitudo por um conjunto coerente de contas e quadros, com o objetivo de se obter uma viso sistemtica, comparvel e o mais completa possvel das atividades econmicas dos Estados membros da UE. Os quadros Recursos-Empregos (QRE) so assim parte integrante do novo Sistema Europeu de Contas (SEC95) e desempenham um papel importante como sistema de integrao da informao econmica. Constituem a pea central do quadro de contabilidade internacionalmente compatvel para uma descrio sistemtica e detalhada da economia, das vrias componentes do lado da oferta e da procura bem como das relaes com outras economias. O SEC95 totalmente compatvel com a atual verso do Sistema de Contas Nacionais (SCN93) que foi publicada sob a responsabilidade conjunta das Naes Unidas, do Fundo Monetrio Internacional (FMI), da Comisso das Comunidades Europeias, da Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico (OCDE) e do Banco Mundial. Os quadros IO e, em particular, o QRE servem fins estatsticos e analticos. Por um lado, constituem um instrumento para a verificao da consistncia das estatsticas sobre fluxos de bens e servios obtidos a partir de diferentes fontes estatsticas primrias inquritos atividade econmica, s famlias, ao investimento, estatsticas das finanas pblicas, estatsticas de comrcio externo. Por outro lado, e na vertente analtica, os quadros IO/QRE constituem a base de informao de modelos macroeconmicos para estudar as relaes entre a procura e a oferta, em particular entre os componentes da procura final (componente exgena) e os nveis de produo industrial. Os modelos IO tambm respondem a outras finalidades analticas, ligando outros domnios relevantes (emprego, capital, energia, meio ambiente) com o sistema central de contas nacionais (constituindo esta articulao um sistema de contas satlite). A estrutura do processo de produo de cada sector de um sistema econmico representada por um vetor de coeficientes estruturais que descreve, em termos quantitativos, as relaes entre os inputs que absorve e os outputs que produz. A interdependncia entre os sectores desse sistema representada por um conjunto de equaes lineares que expressam o equilbrio entre o input total e o output agregado de cada bem ou servio produzido e usado durante um dado perodo. A estrutura tcnica de todo o sistema representada de modo conciso por uma matriz de coeficientes tcnicos IO de todos os seus sectores, que representam simultaneamente o conjunto de parmetros que servem de base s equaes de equilbrio entre recursos e empregos de uma dada economia num dado perodo.1.1. O Sistema IOO Sistema IO do SEC95 compe-se de trs tipos de quadros: Quadro de Recursos-Empregos (QRE) baseado em fluxos totais; Quadros que ligam o QRE s contas dos Sectores Institucionais; Quadros simtricos Input-Output (QIO). 34. O QRE uma matriz por indstria e por produto descrevendo de modo pormenorizado os processos de produo internos e as transaes em produtos da economia nacional. Este quadro apresenta a estrutura dos custos de produo e o rendimento gerado no processo de produo, o fluxo de bens e servios produzidos na economia nacional, e os fluxos de bens e servios com o resto do mundo. Os QREs elaborados no mbito da UE integram 60 produtos e 60 indstrias utilizando a classificao "Nomenclatura Geral das Atividades Econmicas nas Comunidades Europeias (NACE) e a Classificao de Produtos por Atividade (CPA). Estas classificaes so totalmente alinhadas entre si. Em cada nvel de agregao, a CPA mostra os principais produtos das indstrias de acordo com a NACE. O QRE decompe-se nas seguintes sub-matrizes: O Quadro de Recursos regista o fornecimento de bens e servios por produto e por tipo de fornecedor (Oferta), distinguindo a produo dos ramos de atividade nacionais e as importaes. Nesta matriz apresentam-se os vetores de produo a preos base, as importaes a preos cost, insurance and freight (CIF), e as componentes de ajustamento da oferta para preos e aquisio (os impostos sobre os produtos, incluindo o imposto sobre o valor acrescentado (IVA) no dedutvel, os subsdios sobre os produtos, os custos de transporte e as margens comerciais). No Quadro de Empregos so evidenciados os empregos a preos de aquisio dos produtos por tipo de uso: intermdios e finais (consu