Relatorio Final
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1
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS,
AERONÁUTICA E AUTOMOBILÍSTICA
Projeto e construção de uma microcélula eletroquímica para
estudo de microrregiões de juntas soldadas
Relatório Científico Final: março/2013 – julho/2013
Aluno: Fernando Seiti Misina
Orientador: Prof. Dr. Marcelo Falcão de Oliveira
São Carlos, Julho de 2013
2
ÍNDICE
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ....................................................................................... 1
ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS ................................................................ 1
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS, ................................................ 1
AERONÁUTICA E AUTOMOBILÍSTICA ............................................................................... 1
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 3
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................... 3
2.1 Introdução ................................................................................................................. 3
2.2 Reações eletroquímicas ............................................................................................ 3
2.3 Corrosão .................................................................................................................... 4
2.3.1 Corrosão por pites ....................................................................................................... 5
2.3.2 Corrosão intergranular ................................................................................................ 7
2.4 Ensaios eletroquímicos ............................................................................................. 8
2.4.1 Ensaios eletroquímicos para corrosão por pites ......................................................... 8
2.4.2 Ensaios de ciclo duplo para corrosão intergranular (EPR-DL) ................................ 10
2.5 Microcélulas eletroquímicas .................................................................................. 10
2.6 Aços Inoxidáveis Austenítcos ................................................................................. 12
2.6.1 Ligas 316L e 444 ...................................................................................................... 12
3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................. 13
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 14
5 CONCLUSÕES ................................................................................................................ 16
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 17
3
1. Introdução:
Este relatório científico refere-se ao projeto de pesquisa “Projeto e construção de
uma microcélula eletroquímica para estudo de microrregiões de juntas soldadas”, e
apresenta os trabalhos desenvolvidos no período de março de 2013 a julho de 2013.
Esse será apresentado em cinco partes inter-relacionadas, sendo a primeira uma revisão
bibliográfica, a qual irá conter parte do material pesquisado. As segunda e terceira
partes referem-se a Materiais e Métodos, Resultados e Discussões, as quais trazem todo
o procedimento experimental realizado e os resultados obtidos, assim como todo o
desenvolvimento deste projeto e possíveis trabalhos a serem realizados posteriormente.
Por fim, serão apresentadas conclusões preliminares.
2. Revisão Bibliográfica
2.1 Introdução
Esta revisão apresentará os resultados de pesquisas bibliográficas ao longo do
primeiro semestre de pesquisa. Primeiramente discorrer-se-á sobre a eletroquímica, logo
após corrosão e as formas de corrosão que serão estudadas nesse projeto, em seguida os
tipos de ensaios feitos para se avaliar esses tipos de corrosão e o alvo do projeto
(microcélula eletroquímica), depois discorrer-se-á sobre os aços que serão estudados.
2.2 Reações Eletroquímicas
Uma reação é considerada eletroquímica se ela estiver associada a uma passagem
de corrente elétrica através de uma distância finita, maior do que a distância
interatômica. Esta passagem de corrente envolve o movimento de partículas carregadas:
íons, elétrons, ou ambos. Dessa forma, na maioria das reações, que se manifestam em
presença de uma superfície metálica, ocorre esta passagem de corrente através do metal,
e a reação é eletroquímica em sua natureza. Como na corrosão de um metal a superfície
4
metálica está sempre presente, as reações básicas responsáveis pela corrosão são
eletroquímicas.
A distância que a corrente elétrica percorre numa reação eletroquímica pode va-
riar bastante, desde uma dimensão da ordem de um tamanho de grão (mícrons), como
no caso da dissolução de um metal numa solução ácida, até quilômetros de distância,
como no caso da corrosão por correntes de fuga de tubulações enterradas nas vizi-
nhanças de uma estrada de ferro eletrificada.
Na maioria das reações eletroquímicas, os íons se movimentam através de ele-
trólito líquido, normalmente aquoso. No entanto, em reações de oxidação (por exem-
plo, reação a temperatura elevada entre um metal e o oxigênio atmosférico) não se tem
eletrólito líquido e o movimento de íons ocorre através da película de óxido metálico
que se forma na superfície do metal. Este óxido funciona como um eletrólito sólido e
garante a natureza eletroquímica da reação (WOLYNEC, 2003).
2.3 Corrosão
A corrosão é o processo de deterioração do material devido a reações com seus
arredores, é o ato ou processo de destruir ou desgastar gradualmente, especialmente por
reação química. A mesma custou ao governo americano, em 1998, 3.1% de seu PIB,
num gasto de 276 bilhões de dólares, além de custar de 1% a 5% do PIB para a maioria
dos outros países (YANG, 2008).
A corrosão é, em geral, um processo espontâneo, e, não fora o emprego de
mecanismos protetores, ter-se-ia a destruição completa dos materiais metálicos, visto
que os processos de corrosão são reações químicas e eletroquímicas que se passam na
superfície do metal e obedecem a princípios bem estabelecidos. Quando o produto de
corrosão pode ser removido, a velocidade de corrosão não deverá sofrer diminuição
com o tempo. Esse caso ocorre quando se formam produtos de corrosão solúveis ou
quando os produtos de corrosão são formados em locais que se situam entre as áreas que
sofreram e as que não sofreram a ação do meio corrosivo (GENTIL, 2003).
Na corrosão eletroquímica ocorrem reações químicas que envolvem transferência
de cargas ou elétrons através de uma interface ou eletrólito. Essa corrosão pode ser
descrita por três principais eventos:
Processo anódico: passagem dos íons para a solução;
5
Deslocamento dos elétrons e íons: observa-se a transferência dos elétrons
das regiões anódicas para as catódicas pelo circuito metálico e uma difusão
de ânions e cátions na solução;
Processo catódico: recepção de elétrons, na área catódica, pelos íons ou
moléculas existentes na solução (GENTIL, 2003).
2.3.1 Corrosão por pites
Corrosão por pites é definido como o processo de dissolução acelerada localizada
em um metal e que ocorre como resultado da quebra da camada passiva da superfície
metálica. A mesma apenas ocorre na presença de espécies aniônicas agressivas, como o
cloreto. A eletroquímica da corrosão por pites e o papel dos cloretos na suscetibilidade a
corrosão por pites tem sido estudada por vários pesquisadores (AOUINA;BALBAUD-
CÉLÉRIER; HUET; JOIRET; PERROT; ROILLARD; VIVIER, 2011). O íon cloreto
possui tal agressividade devido a ele ser um ânion proveniente de um ácido forte, e
muitos cátions metálicos exibem alta solubilidade em soluções de cloreto; além de ser
um ânion com tamanho relativamente pequeno e com alta difusividade, o cloreto
também interfere na passivação (FRANKEL, 1998). Aços inoxidáveis, na presença de
íons cloreto, tem um número maior de regiões de nucleação ativadas (BÖHNI; SUTER;
SCHREYER, 1995).
O processo de corrosão por pite é considerado, por natureza, como auto-catalítico.
Uma vez que um começa a crescer, as condições propiciadas no meio são tais que seu
crescimento é promovido. Ele depende fortemente da composição da liga e de sua
microestrutura (FRANKEL, 1998).
De acordo com a literatura, pites, em geral, se iniciam em heterogeneidades físicas
ou químicas na superfície do material, como inclusões, partículas de segunda fase,
falhas, danos mecânicos, entre outros. A maioria das ligas utilizadas em engenharia
possui alguns dos defeitos citados ou todos eles, o que fará com que os pites tendam a
se formar nas regiões mais suscetíveis. Pites em aços inoxidáveis são comumente
associados com inclusões de MnS, que são encontradas na maioria dos aços
inoxidáveis. O papel das inclusões de MnS em promover a quebra da camada passiva e
a corrosão localizada em aços inoxidáveis foi reconhecido por um tempo. Foi sugerido
que o sulfeto se oxida para formar sulfato e ácido, enxofre, ou tiossulfato (FRANKEL,
1998).
6
Figura 1: exemplos de formas de pite (GENTIL, 2003)
Para que ocorra a nucleação de um pite é preciso que o material esteja em contato
com um meio agressivo sob potenciais capazes de quebrar a camada passiva. A
nucleação de um pite ocorre a partir da quebra localizada da camada passiva, e
iniciando-se a formação de uma pilha de corrosão entre a superfície externa (passiva e
catódica) e o interior da cavidade (ativa e anódica). Essa pilha é formada em função da
presença de oxigênio e de íons agressivos. Sendo pequena a relação de superfície
ânodocátodo, a velocidade de corrosão localizada pode se tornar elevada e as cavidades
ficam profundas rapidamente, mesmo se a quantidade total de metal que se dissolve for
pequena. A Figura 2 exemplifica o processo de corrosão por pite, onde o metal M é
corroído por uma solução de NaCl com determinado teor de oxigênio dissolvido. Ocorre
uma rápida dissolução no interior do pite enquanto o oxigênio reage com os elétrons na
superfície adjacente.
Figura 2 - Processo auto-catalítico ocorrendo na corrosão por pite em uma solução aerada de
NaCl. (ZANETIC, 2006 baseada em FONTANA-GREENE, 1986).
7
2.3.2 Corrosão intergranular
A corrosão intergranular, segundo Roberge (2000), é um ataque localizado ao
longo dos contornos de grão, enquanto o interior do grão mantém-se intacto. De acordo
com Gentil (2003) o ataque corrosivo à liga depende do potencial e dos defeitos
cristalinos eou da heterogeneidade química do material. Roberge (2000) menciona que
a corrosão intergranular é geralmente associada com efeitos de segregação química
(impurezas têm a tendência de enriquecer os contornos de grãos) ou com precipitados
de fases específicas nos contornos de grãos. Entretanto, a principal causa da corrosão
intergranular nos aços inoxidáveis está relacionada à precipitação de carbonetos de
cromo (M23C6) nos contornos de grão, fenômeno conhecido por sensitização.
Figura 3: exemplo de corrosão intergranular (GENTIL, 2003).
De acordo com Davison et. al. (1993) a sensitização é caracterizada pela formação
de finos e frágeis precipitados de carbonetos ricos em cromo, nos contornos de grão,
enquanto as regiões adjacentes aos contornos de grão se tornam empobrecidas de cromo
devido à velocidade de difusão do cromo ser menor que a do carbono. Os precipitados
de carbonetos apresentam a composição M23C6, onde M corresponde a Fe0,2-0,3Cr0,7-0,8,
ou seja, os carbonetos contêm de 70-80%Cr em peso, enquanto a matriz adjacente aos
contornos apresenta teores abaixo de 12%Cr em peso, tornando-se suscetíveis à
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corrosão intergranular. No entanto, se um aço inoxidável austenítico é mantido tempo o
suficiente na temperatura de sensitização o material perde a condição de sensitizado
porque a difusão do Cr do “bulk” reabastece a região empobrecida em Cr, apesar de os
carbonetos estarem ainda precipitados. O aço inoxidável austenítico torna-se então
menos suscetível a sensitização, e por consequência a corrosão intergranular pela
diminuição do teor de carbono ou por adição de elementos de liga como Ti ou Nb, que
são formadores de carbonetos mais fortes que o Cr (YANG, 2008).
Kuri (2009) diz também que a zona térmica afetada (ZTA) é a mais suscetível a
trincas, devido a sua sensitização por soldagem por métodos convencionais.
2.4 Ensaios eletroquímicos
Os ensaios eletroquímicos de corrosão são métodos amplamente utilizados para
avaliação quantitativa e qualitativa da capacidade de um material em resistir à corrosão
quando exposto a certo meio. Benedetti et.al. (2011) diz que, de um ensaio com uma
célula eletroquímica convencional, obtém-se uma resposta que representa a média
composta por diversas contribuições da superfície investigada. A curva obtida após a
varredura de potencial fornece uma indicação sobre a resistência do material à passagem
de corrente. Quanto mais alto for o potencial correspondente ao aparecimento de uma
corrente elétrica, melhor será o sistema (BARD; FAULKNER, 2001; KELLY et.al.,
2003; WOLYNEC, 2003).
De acordo com Lohrengel (2004), o método da analise eletroquímica pode ser
aplicado em vários sistemas, dentre eles: superfícies catalisadoras em que não há
necessidade de isolamento das arestas cortantes; analise de um único cristal sem pré-
tratamento ou tensão mecânica; analise de apenas um grão de materiais poli cristalinos
tais quais aço, alumínio, tálio, nióbio e outros; além da analise de micro partículas.
Böhni conclui que os métodos micro eletroquímicos são uma poderosa ferramenta
para a caracterização de corrosões localizadas em ligas e metais passivados em
inúmeras condições de fornecimento e processamento.
2.4.1 Ensaios eletroquímicos para corrosão por pites
Na técnica potenciocinética ou potenciodinâmica, que é a que se utilizará nesse
projeto, efetua-se o levantamento da curva de polarização do metal dentro da solução de
9
ensaio (normalmente uma solução aquosa contendo 3,5% a 4% de NaCl) na direção
anódica, a partir de um certo potencial (em geral a partir do potencial de corrosão E*) e
com uma velocidade de varrimento padronizada. Por se tratar de metal passivo, a
densidade de corrente é inicialmente bastante pequena (da ordem de 10-6
a 10-5
A/cm2) e
a mesma varia muito pouco com o aumento do potencial. Quando se atinge o potencial
de pite, ocorre um brusco aumento no valor da densidade de corrente.
O potencial de pite é normalmente considerado como sendo a intersecção da reta
definida pela curva antes do aumento brusco da densidade de corrente com a reta
definida pela curva após esse aumento.
Devido à sua simplicidade, esta técnica tem sido a preferida na determinação do
potencial de pite. Contudo, em alguns casos, mesmo ocorrendo a corrosão por pite, não
se observa o aumento brusco da densidade de corrente, o que torna a determinação
desse potencial extremamente difícil ou mesmo impossível. Nesses casos, tem-se em
geral um contínuo, porém não brusco, aumento da densidade de corrente desde o
potencial em que se iniciou o levantamento da curva de polarização até o provável
potencial de pite. (WOLYNEC, )
Abaixo, temos um exemplo de curva de polarização obtida através da técnica
potenciocinética ou potenciodinâmica.
Figura 4: Curva de polarização típica obtida por meio da técnica potenciocinética ou
potenciodinâmica para a determinação do potencial de pite Ep. (WOLYNEC, 2003)
10
2.4.2 Ensaios de ciclo duplo para corrosão intergranular (EPR-DL)
No presente método a amostra é polarizada potenciocineticamente a partir do
potencial de corrosão até um potencial em que a mesma fica passivada (para aços
inoxidáveis austeníticos este potencial é normalmente de +300mv (ECS)) e, em seguida,
a direção de varrimento é invertida, e a amostra é polarizada, com a mesma velocidade
de varrimento, de volta ao potencial de corrosão. Obtêm-se, assim, duas curvas com
pico, conforme ilustrado na Figura 3. Na curva de polarização anódica (obtida a partir
do potencial de corrosão até o potencial de passivação) a densidade de corrente do pico
é designada como ia, enquanto na de polarização catódica, que é uma curva de
reativação, tem-se a densidade de corrente de pico ir.
O emprego da polarização anódica no ensaio dispensa um polimento mais acurado
da amostra, sendo suficiente o polimento com lixa até a grana 100. A polarização
anódica se encarrega de completar o polimento da amostra e, além disso, ela dissolve as
inclusões não metálicas que podem induzir a corrosão por pite.
Figura 5: Curvas esquemáticas do ensaio de reativação potenciocinética de ciclo duplo (DL-
EPR) para o aço inoxidável do tipo AISI 304 sensitizado.
No método do ciclo duplo, a medida do grau de sensitização é normalmente feita por
meio da relação entre as duas correntes de pico, isto é, pela relação ir/ia. A Figura 3
11
ilustra os resultados obtidos por esse método para o aço inoxidável AISI 304 (UNS
S30400) submetido a tratamento de sensitização em diferentes temperaturas por
diferentes tempos. (WOLYNEC, 2003)
2.5 Microcélulas eletroquímicas
O estudo da corrosão com o uso de células eletroquímicas convencionais fornece
uma resposta que representa a média ponderada dos diferentes contribuintes da
superfície analisada, já que possui uma área relativamente grande (AKITA, 2009;
BÖHNI; SUTER; SCHREYER, 1995). Estudos localizados de corrosão são possíveis
através do uso de microcélulas eletroquímicas, onde a área da superfície exposta é
drasticamente reduzida. Com base em inúmeras publicações de aplicação de
microcélula, ficou evidente a potencialidade da técnica para estudos de grãos, contornos
de grãos, regiões de solda, estudos de inclusões e de um único pite de corrosão, filmes
finos e ultrafinos, regiões passivadas, e outros. Outras vantagens que são relacionadas
ao uso de microcélulas são: uso de pequenas quantidades de eletrólito, a amostra não
necessita de preparação, baixo estresse mecânico do material de interesse; apenas a área
molhada da amostra é investigada, sendo que o restante da superfície da amostra fica
inalterado; baixo consumo de eletrólito; permite o estudo de praticamente qualquer
quantidade de amostra metálica (Hamelmann; Lohrengel, 2001; Lohrengel et.al. 2004)).
As técnicas eletroquímicas de corrosão com o uso de minicélulas para diferentes
aplicações são descritas em inúmeros trabalhos (ANDREATTA et.al.; 2004;
ANDREATTA et.al., 2009; AKITA, 2009; AKITA et.al., 2011; GARCIA et.al., 2008;
PEREDA et.al., 2011; SUTER; BÖHNI, 1997; VIGNAL et.al., 2007).
Uma típica célula eletroquímica é baseada num padrão de três eletrodos em um
sistema que contém um capilar com faixa menor que 1000um, que entra em contato
apenas com uma pequena área da superfície sólida. Nessa configuração, o eletrodo de
trabalho é aquele que se encontra na região molhada abaixo da ponta do capilar
(ADRIAENS; ARJMAND, 2012).
12
2.6 Aços Inoxidáveis Austeníticos
Os aços inoxidáveis austeníticos possuem um vasto campo de aplicação, nos mais
variados segmentos, tais como petroquímico, papel e celulose, mineração, cítrico,
sucroalcooleiro e farmacêutico. (SILVA TELLES, 2005; ROBERGE, 2000).
Os principais elementos de liga que conferem aos aços inoxidáveis uma melhor
resistência à corrosão por pite, quando adicionados na liga em proporções adequadas,
são: níquel, molibdênio, tântalo, titânio, nitrogênio e tungstênio. Há aqueles elementos
de liga que diminuem a resistência à corrosão dos aços inoxidáveis, tais como o cobre e
o enxofre. A adição de Mo (acima de 2%, como no caso do aço AISI 316) e de Ni,
assim como a redução da quantidade de inclusões e precipitados, reduzem a incidência
de corrosão por pites (ROBERGE, 2000; GEMELLI, 2001).
2.6.1 Ligas 316L e 444
A liga AISI 316L é amplamente empregada em trocadores de calor e vasos de
pressão expostos a meios corrosivos, e a soldagem é o principal processo de manufatura
desses equipamentos, sendo que geralmente são realizadas soldas multipasses devido a
espessura do componente. A solda pode ser realizada pelo processo de soldagem ao arco
metálico com atmosfera gasosa (SAMG), também conhecida como processo MIG, e,
dependendo do ciclo térmico de soldagem, pode-se expor a liga à condição de tempo-
temperatura que ocasione à precipitação de fases intermetálicas, inclusive a fase σ,
principalmente para tempos longos de resfriamento ou de permanência em alta
temperatura. Desse modo, a soldagem multipasse no processo SAMG pode acarretar na
degradação da resistência à corrosão.
De acordo com Wainer et.al. (1992) a soldagem SAMG multipasse da liga AISI
316L pode ser realizada em três diferentes modos de transferência do metal:
1) Curto-circuito: baixos valores de corrente e calor aplicado na peça, onde
a gota que se forma na ponta do eletrodo nu toca a poça de fusão, formando um curto
circuito;
2) Spray: elevada densidade de corrente e calor aplicado na peça, sendo que
a gota que se forma na ponta do eletrodo nu tem o diâmetro menor que o próprio
eletrodo e é axialmente direcionada;
13
3) Pulsado: quantidade de calor aplicado na peça menor que a transferência
por spray, caracteriza-se por ser um modo de transferência por pulverização axial onde
o equipamento de soldagem emite dois níveis de corrente; no primeiro é feita a fusão da
ponta do eletrodo, e o segundo causa a transferência de uma única gota.
A soldagem multipasse no processo SAMG, sem tratamento térmico após
soldagem, necessita ser realizada por um procedimento cuidadosamente elaborado para
evitar a precipitação de fases intermetálicas e de carbonetos de cromo. Roberge (2000) e
Sedriks (1996) citam que dois dos mais degradantes e comumente observados
mecanismos de corrosão dos aços inoxidáveis austeníticos podem surgir a partir da
soldagem multipasse: pite e intergranular. E em juntas soldadas podem ocorrer a
atuação simultânea desses mecanismos de corrosão (GUILHERME; OLIVEIRA,
2010a; GUILHERME; OLIVEIRA, 2011a; GUILHERME, 2011).
Desenvolveram-se inúmeros tipos de aços inoxidáveis ao longo do tempo, e o aço
de interesse desse projeto pertence à classe dos austeníticos, especificamente a liga AISI
316L, que apresenta uma composição química primária de 18%Cr-10%Ni-2%Mo, e teor
de carbono abaixo de 0,035%. Estas ligas são assim chamadas devido à sua estrutura
austenítica à temperatura ambiente, ou seja, cúbica de face centrada (CFC). Em função
de sua composição química, essa classe de aço possui excelentes propriedades, fato que
os caracteriza como materiais de fácil fabricação que apresentam excelente ductilidade e
resistência à corrosão, diferenciais que os tornam muitas vezes a melhor opção para
aplicações industriais desde temperaturas criogênicas até altas temperaturas. Esses aços
possuem uma combinação favorável de propriedades, tais como: resistência à corrosão e
à oxidação, resistência mecânica a quente, trabalhabilidade e soldabilidade.
O sistema Fe-Cr-Ni representa a base dos aços inoxidáveis com matriz
predominantemente austenítica. As ligas pertencentes a este grupo podem apresentar
estrutura parcialmente ferrítica ou totalmente austenítica (no estado bruto de fundição).
As fases presentes neste diagrama são a ferrita e a austenita, cujo campo ferrítico
localiza-se próximo às composições ricas em cromo e o campo austenítico próximo às
composições ricas em níquel. Há um campo de coexistência das duas fases em
composições intermediárias, onde os limites ampliam-se conforme a temperatura
decresce. O aumento do campo austenítico é diretamente proporcional ao percentual de
Ni (elemento austenitizante), sendo que, são necessários 8% Ni em um aço inoxidável
com teor de 18% Cr, para garantir uma estrutura final austenítica. Além dos elementos
químicos presentes já mencionados (Fe, Cr, Ni e C), os aços inoxidáveis podem conter o
14
molibdênio (Mo), um elemento ferritizante. Na presença desse elemento, é necessário
aumentar o percentual de níquel (Ni) a fim de evitar uma estrutura bifásica. A Figura 6
ilustra o diagrama Fe-Cr-Ni a 650ºC. (MARSHALL, 1984; PADILHA; GUEDES,
2004)
Figura 6 - Representação da seção do diagrama de equilíbrio Fe-Cr-Ni a 650ºC (SEDRIKS, 1996).
3 Materiais e Métodos
Os ensaios eletroquímicos de corrosão em escala micro foram realizados através
do uso de uma mini-célula, confeccionada com base no modelo proposto por Martin
et.al. (2008), com uma área molhada de 5,9 x 10-3 cm2 (870µm de diâmetro na ponta
do microcapilar). Esta área engloba em torno de 1000 grãos do aço AISI 316L
(considerando G=8, para tamanho de grão ASTM), sendo satisfatório para o estudo
localizado de regiões de solda. A Figura 7(a) mostra em destaque a mini-célula e o
potenciostato portátil, e a Figura 7(b) apresenta a montagem e os principais
componentes da mini-célula: 1) Potenciostato portátil Palmsens mod. PSTrace; 2)
Computador interligado ao potenciostato; 3) Corpo e tampa da mini-célula
confeccionada em teflon; 4) Eletrodo de referência de calomelano saturado (ECS) de
7,0 mm de diâmetro; 5) Contra-eletrodo composto por arame de platina (300 µm de
diâmetro); 6) Recipiente de armazenamento e escoamento para entrada do eletrólito
com pressão constante; 7) Mangueira para saída do eletrólito; 8) Suporte para fixação da
mini-célula e de seus componentes.
A operação da mini-célula consiste em escoar o eletrólito para o interior do corpo
da mini-célula em um fluxo constante, pelo orifício de 5 mm de diâmetro, até que
ocorra a expulsão das bolhas de ar e que o eletrólito entre em contato com o eletrodo de
15
trabalho. O eletrólito sai do corpo da mini-célula por um orifício de 1 mm de diâmetro,
que segundo Martin et.al. (2008), esta redução da vazão favorece a renovação do
eletrólito. A configuração do sistema é baseada em três eletrodos (referência, trabalho e
o contra-eletrodo), sendo que o contra-eletrodo de platina é posicionado entre o eletrodo
de referência e o eletrodo de trabalho. No entanto, considera-se que não ocorre a queda
do potencial porque a distância entre eles é inferior a 1 mm. A varredura inicia-se em
um potencial de -50 mV abaixo do potencial de circuito aberto (OCP), e utiliza-se uma
taxa de varredura de 1 mV/s, sendo conduzido o ensaio até o potencial de 1000 mV.
Figura 7 - Montagem mostrando em (a) a mini-célula (tampo e corpo), a montagem do eletrodo de
referência e o potenciostato; (b) principais componentes da mini-célula.
4 Resultados e Discussão
Ensaios preliminares foram realizados no metal de base AISI 316L, de acordo
com o procedimento descrito acima, e a Figura 8(a) mostra a sobreposição das curvas de
polarização obtidas. Em uma amostra de 10 cm2 foram realizados 50 ensaios, e
observou-se uma regularidade nos resultados, indicando sua reprodutividade. Como
exemplo, os parâmetros Ecorr e Etransp obtiveram um valor médio e desvio padrão de (-
347 21)mV e (295 29)mV, respectivamente.
(
a)
(
b)
16
Figura 8 - Resultados preliminares dos ensaios eletroquímicos de corrosão mostrando em (a)
típica curva de polarização obtida; (b) área molhada do ensaio delimitada com diâmetro de 870 µm, e
apresentando corrosão por fresta.
A Figura 8(b) apresenta uma micrografia que mostra a área molhada, que limita
a superfície do ensaio de corrosão. Observa-se que ocorreu corrosão por fresta pela
forma do contato da ponta do capilar de teflon com a superfície do eletrodo de trabalho,
apresentado uma vedação insuficiente, acarretando na aeração diferencial. Esta
condição influencia nos parâmetros eletroquímicos de corrosão, tais como Ecorr e Epit.
Avaliaram-se três opções para eliminar a corrosão por fresta apresentada pela mini-
célula:
a) Confecção de um mini-capilar em vidro (para montar no corpo da mini-célula), e
aplicar na borda do capilar uma camada de silicone como vedante posicionado entre
a amostra e o capilar, garantindo uma área constante e reprodutível, desde que seja
aplicada uma força constante sobre o capilar (AKITA et.al., 2011);
b) Através da tensão superficial da gota do eletrólito, onde a ponta do mini-capilar fica
posicionada a uma distância de 10-40µm da superfície, e apenas uma gota do
eletrólito entra em contato com o eletrodo de trabalho (LOHRENGEL;
MOEHRING; PILASKI, 2001);
c) Usinagem de um canal interno na ponta do mini-capilar para o encaixe de um
o’ring, que após a aplicação de uma pressão controlada, elimina-se a corrosão por
fresta e garante a estanqueidade do sistema, além de uma área molhada constante.
5 Conclusão
Considera-se a alternativa “a” como a opção mais viável para a mini-célula, e será
a medida adotada. Destaca-se que será necessário controlar a pressão exercida pela
ponta do mini-capilar sobre a superfície do eletrodo de trabalho para que não ocorra,
17
principalmente, micro deformações na superfície da amostra, fato que pode induzir à
corrosão sob tensão (AKITA et.al., 2011).
Serão analisadas novas geometrias ou maneiras de obter-se uma maior
versatilidade da microcélula para possibilitar ensaios em campo.
6 Referências bibliográficas
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FORMULÁRIO PARA EMISSÃO DE PARECER SOBRE OS RELATÓRIO – BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTIFICA – PIBIC, PIBITI, INSTITUCIONAL e SANTANDER - vigência 2012 2013
ENTREGAR ATÉ O DIA 31/07/2013 1 2 I. IDENTIFICAÇÃO Nome do Bolsista: Fernando Seiti Misina Nome do Orientador: Marcelo Falcão de Oliveira Departamento: Engenharia de Materiais 3 4 Tipo de Bolsa: PIBIC, PIBITI, INSTITUCIONAL e SANTANDER
5 Vigência da Bolsa: 01/agosto/2012 a 31/julho/2013 6 7 II. APRECIAÇÃO SOBRE O RELATÓRIO FINAL Ótimo ( ) Bom ( X ) Regular ( ) Fraco ( ) ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ III. SUGESTÕES DO ORIENTADOR ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ São Carlos, 31 de Julho de 2013. Assinatura do Orientador: Departamento: Engenharia de Materiais
OBS: Favor anexar o Parecer junto com o Relatório antes de FAZER o PDF. O PDF não poderá ser superior a 4MB. Enviar por e.mail [email protected]