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Relatório de Estabilidade Financeira I Semestre 2016

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Relatório de Estabilidade Financeira

I Semestre 2016

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RELATÓRIO DE ESTABILIDADE FINANCEIRA

Primeiro Semestre de 2016

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Relatório de Estabilidade Financeira

Publicação semestral do Banco Nacional de Angola (BNA)

É permitida a reprodução das matérias, desde que mencionada a fonte: Relatório de Estabilidade Financeira do Iº semestre de 2016.

Eventuais divergências entre dados e totais ou variações percentuais são provenientes de arredondamentos.

Não são citadas as fontes das tabelas e dos gráficos de autoria exclusiva do Banco Nacional de Angola.

Banco Nacional de Angola Av. 4 de Fevereiro nº 151 - Luanda - Angola

Caixa Postal 1243

Tel.: (+244) 222 679200

Internet: <http://www.bna.ao

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OBJECTIVO DO RELATÓRIO DE ESTABILIDADE FINANCEIRA

No âmbito das atribuições conferidas ao Banco Nacional de Angola, por intermédio da sua Lei Orgânica

n.º 16/10, de 15 de Julho, compete-lhe, para além da condução, execução, acompanhamento e controlo

das políticas monetária e cambial, velar pela estabilidade do sistema financeiro nacional, assegurando,

com essa finalidade, a função de financiador de última instância. Assim, em virtude desta prorrogativa,

impende sobre o mesmo o dever de elaborar e publicar, com periodicidade regular, relatórios relativos às

suas atribuições, entre os quais o Relatório de Estabilidade Financeira.

O Presente relatório tem como objectivo principal identificar potenciais riscos para o sistema financeiro

angolano e dar a conhecê-los ao mercado. Tendo presente que não é a única instituição financeira com

influência na estabilidade do sistema financeiro angolano, o conteúdo deste documento reflecte apenas as

análises e opiniões do Banco Nacional de Angola.

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SUMÁRIO EXECUTIVO

1 Conteúdo

2 ENQUADRAMENTO MACROECONÓMICO FINANCEIRO ................................................ 11

2.1 Apreciação Global ............................................................................................................................ 11

2.2 Contextualização Internacional ...................................................................................................... 12

2.2.1 Produto Interno Bruto ................................................................................................................................................. 13

2.2.2 Mercado de Dívida ....................................................................................................................................................... 15

2.2.3 Mercado das Commodities .......................................................................................................................................... 17

2.3 Condições Macroeconómicas Internas e Desenvolvimento Financeiro ...................................... 18

2.4 Perspectivas para o ano de 2016 ..................................................................................................... 25

3 INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE DO SECTOR EXTERNO.................................. 27

3.1 Comércio Externo ............................................................................................................................ 27

3.2 Solvabilidade Externa ...................................................................................................................... 28

3.3 Endividamento Externo ................................................................................................................... 30

4 MERCADO MONETÁRIO ............................................................................................................ 31

4.1 Operações de Regulação Monetária ............................................................................................... 31

4.1.1 Operações de Mercado Aberto ................................................................................................................................... 31

4.2 Outras Operações Monetárias ........................................................................................................ 32

4.2.1 Facilidades Permanentes de Liquidez ........................................................................................................................ 32

4.2.2 Operações de Redesconto ............................................................................................................................................ 33

4.3 Evolução das Taxas de Juro e de Câmbio ...................................................................................... 34

4.3.1 Taxas de Juro da Política Monetária ......................................................................................................................... 34

4.3.2 Taxas Nominais de Juro de Títulos do Mercado Primário ...................................................................................... 35

4.3.3 LUIBOR ........................................................................................................................................................................ 37

4.4 Operações Cambiais ........................................................................................................................ 38

4.4.1 Taxas de Câmbio .......................................................................................................................................................... 39

4.5 Base Monetária ................................................................................................................................. 40

5 SISTEMA DE PAGAMENTO ........................................................................................................ 41

5.1 Desempenho do Sistema de Pagamento em Tempo Real ............................................................. 41

5.2 Distribuição das Operações ao Longo do Dia ................................................................................ 41

5.3 Desempenho do Subsistema de Compensação de Cheques .......................................................... 42

5.4 Desempenho do Subsistema Multicaixa ......................................................................................... 43

5.4.1 Terminais de Pagamento Automático ........................................................................................................................ 43

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5.4.2 Utilização de Cartões Domésticos de Marca internacional no Estrangeiro ........................................................... 44

5.4.3 Taxa de Operacionalidade da Rede de Caixas Automáticos ................................................................................... 45

5.4.4 Down-Time por Falta de Notas ................................................................................................................................... 46

5.5 Desempenho do Subsistema de Transferências a Crédito ............................................................ 46

6 SISTEMA FINANCEIRO ............................................................................................................... 48

6.1 Organização do Sistema Financeiro ............................................................................................... 48

6.1.1 Estrutura e Composição .............................................................................................................................................. 48

6.1.2 Regulação Prudencial do Sistema Financeiro ........................................................................................................... 49

6.2 Sistema Bancário – Visão Geral ..................................................................................................... 51

6.2.1 Estrutura Patrimonial ................................................................................................................................................. 51

6.2.2 Adequação de Capital .................................................................................................................................................. 54

6.2.3 Qualidade dos Activos ................................................................................................................................................. 55

6.2.4 Rentabilidade................................................................................................................................................................ 60

6.2.5 Liquidez e Gestão de Fundos ...................................................................................................................................... 62

6.2.6 Análise de sensibilidade ............................................................................................................................................... 63

6.2.7 Estabilidade do Sistema Financeiro Angolano .......................................................................................................... 65

6.3 Governação Corporativa e Sistema de Controlo Interno ............................................................. 66

6.4 Branqueamento de Capitais e Financiamento ao Terrorismo ..................................................... 67

6.4.1 Inspecção on-site à IFs bancárias e não bancárias ................................................................................................... 68

6.4.2 Principais pontos de melhoria observados pela Supervisão no âmbito da prevenção ao BC/FT nas IFs

bancárias e não bancárias ........................................................................................................................................................ 69

6.4.3 Acções de sensibilização ao Sistema Financeiro Angolano ...................................................................................... 70

7 SUPERVISÃO COMPORTAMENTAL ........................................................................................ 74

7.1 Inspecções ......................................................................................................................................... 74

7.1.1 Inspecções off-site ......................................................................................................................................................... 74

7.1.2 Inspecções On-site ........................................................................................................................................................ 74

7.2 Análise de mercado .......................................................................................................................... 75

7.2.1 Âmbito da análise ......................................................................................................................................................... 75

7.2.2 Depósitos: Despesas e comissões ................................................................................................................................. 75

7.2.3 Cartões bancários em circulação ................................................................................................................................ 77

7.2.4 Custos com a Utilização de cartões............................................................................................................................. 77

7.2.5 Cartões de Crédito – Incumprimentos ....................................................................................................................... 81

8 PROVEDORIA DO CONSUMIDOR BANCÁRIO ..................................................................... 85

8.1 Gestão das Reclamações .................................................................................................................. 85

8.1.1 Por matéria reclamada ................................................................................................................................................ 86

9 EDUCAÇÃO FINANCEIRA .......................................................................................................... 87

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9.1 Taxa de Bancarização da População Angolana ............................................................................ 91

SIGLAS .................................................................................................................................................... 96

BALANÇO ............................................................................................................................................... 98

DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS ............................................................................................. 99

INDICADORES FINANCEIROS ........................................................................................................ 100

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SUMÁRIO EXECUTIVO

Em 2016, espera-se que a actividade económica de Angola seja marcada por uma desaceleração de

1,9 p.p. relativamente ao desempenho do período anterior. Assim, projecta-se que esta alcance os

1,1%, segundo dados do Ministério do Planeamento e Desenvolvimento Territorial (MPDT),

justificada, fundamentalmente pelo menor desempenho do PIB Petrolífero, embora se estime um

aumento da produção de modo a compensar em parte a queda dos preços.

Até o primeiro semestre de 2016, o quadro inflacionário mostrou-se preocupante, tendo-se observado

uma tendência ascendente contínua da variação do índice de preços no consumidor, cuja taxa

acumulada situou-se em 21,74%, correspondendo a um aumento de 16,19 p.p., o maior aumento

desde 2003.

Do ponto de vista do mercado monetário, a regulação da liquidez foi feita através das Operações de

Mercado Aberto e das Operações de Facilidade de Absorção. Estes instrumentos serviram de controlo

directo da liquidez utilizado pelo Banco Nacional de Angola, permitindo a esterilização dos

excedentes.

Relativamente ao sector externo, continuou a ser factor preocupante, a queda das receitas de

exportação de petróleo bruto face ao período homólogo de 2015, apesar de se observar uma tendência

crescente desde Março de 2016, devido à subida ligeira do preço médio do petróleo bruto. Outra

preocupação tem a ver com a queda das importações que influenciou o ritmo de crescimento dos

preços internos de bens e serviços, dada a dependência à oferta externa.

Deste modo, verificou-se durante o primeiro semestre do corrente ano, uma degradação dos

indicadores externos da economia em quase todas vertentes (comércio, endividamento e

solvabilidade externa), tornando assim a economia angolana mais vulnerável aos choques externos.

O Sistema de Pagamento em Tempo Real (SPTR), enquanto veículo de circulação da moeda nacional

entre as instituições financeiras, apresentou uma disponibilidade média mensal de 99,53%, atingindo

uma indisponibilidade máxima de 1h30 (uma hora e trinta minutos) incumprindo com o objectivo

preconizado, de garantir uma disponibilidade superior a 99,90%, ou seja, uma indisponibilidade

inferior a um minuto por dia. O cartão de crédito foi o instrumento de pagamento com maior

utilização no estrangeiro em termos de número e montante, sendo Portugal, China e África do Sul,

os países com maiores operações.

Com a entrada em funcionamento de novas instituições, o activo do sistema bancário aumentou,

porém o nível de concentração nos 10 (dez) maiores Bancos ainda é elevado. Todavia, de modo geral

as instituições bancárias apresentaram fundos próprios suficientes para suportar os seus riscos, com

excepção de 5 (cinco) bancos que representam uma quota de mercado de activo de 17,92% que

apresentaram rácios de solvabilidade abaixo do mínimo regulamentar.

A qualidade dos activos deteriorou-se, tendo o crédito vencido aumentado consideravelmente, por

um lado, devido sobretudo a variação significativa da taxa de câmbio face a moeda externa registada

desde o segundo semestre de 2014, que encareceu a amortização das prestações creditícias das

famílias e empresas, por outro lado, devido a atrasos de pagamentos por parte do Estado à empresas

devedoras de alguns Bancos, como consequência dos problemas de liquidez resultantes da crise no

sector petrolífero.

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Contudo, apesar da conjuntura macroeconómica actual, o sistema bancário continua a registar

resultados positivos. Outrossim, o agregado de Bancos revelou capacidade razoável de cumprir com

as suas obrigações de curto prazo mas ainda perdura o défice de disponibilidades em moeda

estrangeira para atender o elevado volume de obrigações imediatas na mesma moeda, devido

principalmente a menor oferta de divisas como consequência da queda do preço do petróleo, que

foram agravadas pelas restrições nas relações de correspondência bancária, bem como, pelos

desfasamentos (gaps) significativos entre os financiamentos de curto-prazo e aplicação de recursos a

longo-prazo.

Contudo, apesar das situações adversas, a estabilidade financeira melhorou comparativamente ao

período homólogo, como resultado da ligeira recuperação do preço do petróleo, bem como, da

estabilização da variação da taxa câmbio.

Relativamente a Governação Corporativa e Sistema de Controlo Interno, em temos gerais, o nível de

cumprimento dos respectivos requisitos pelos bancos ainda não é satisfatório apesar dos progressos

já alcançados desde 2013 pelas instituições financeiras bancárias e não bancárias. Entretanto, uma

avaliação positiva dos cumprimentos dos requisitos carecem de validação in loco que poderá

melhorar a classificação das instituições financeiras para níveis mais satisfatórios.

No atinente a prevenção do branqueamento de Capitais e Financiamento ao terrorismo, Angola foi

removida da lista cinzenta do GAFI, referente aos países com deficiências estratégicas ao nível do

regime de prevenção ao BC/FT, na sequência da visita on site daquele organismo a Angola em

Janeiro de 2016, porém permaneceu no primeiro semestre de 2016, o espectro do encerramento e

restrições das relações de correspondência bancária, devido fundamentalmente às preocupações dos

bancos correspondentes em termos de maior exigência na regulamentação adoptadas pelos

reguladores americanos em matéria de supervisão, risco de BC/FT e os custos elevados incorridos

pelos bancos correspondentes nos seus procedimentos de diligência reforçada -CDD (costumer due

diligence), sendo que o encerramento e restrições de RCBs com bancos comerciais do nosso sistema,

associado a redução do preço do petróleo, criou um impacto negativo, afectando a capacidade dos

bancos efectuarem pagamentos internacionais, situação que condicionou a importação de bens e

serviços e pode afectar o esforço de diversificação da nossa economia, tendo em conta a nossa

dependência sobre as importações.

No âmbito da supervisão comportamental foram realizadas um conjunto de acções de inspecção on-

site a agências de instituições financeiras bancárias, com o objectivo de avaliar o cumprimento das

regras de conduta, deveres gerais de informação e dos normativos legais e regulamentares em vigor.

O acesso aos serviços financeiros pela maioria da população constitui uma preocupação do Executivo

e do Banco Nacional de Angola (BNA) em particular. É neste contexto que o BNA vem

implementando um conjunto de medidas que, contribuem para a criação de condições para o

estabelecimento e desenvolvimento de um sistema financeiro forte, estável e inclusivo.

O número de reclamações ao longo do período em análise apresentou uma trajectória decrescente,

registando-se uma diminuição nas matérias reclamadas, destacando-se as relacionadas com

transferências, cartões de pagamento, atendimentos, contas de depósito, erros nos pagamentos por

ATM/TPA, operações com numerário e Internet Banking.

O elevado número de reclamações respeitantes aos serviços, nomeadamente, execução de operações

de transferência transfronteiriças e venda de moeda estrangeira identificados, resultam

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essencialmente da situação cambial registada actualmente no sistema financeiro nacional, que

provocou a redução dos limites de carregamento dos cartões de pagamento da rede internacional,

bem como, dificuldade na realização de operações de transferência para pagamento de mercadorias

e invisíveis correntes.

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2 ENQUADRAMENTO MACROECONÓMICO FINANCEIRO

2.1 Apreciação Global

No primeiro semestre de 2016, a Cobweb da estabilidade macroeconómica apresentou um

agravamento do risco em três das suas principais dimensões, nomeadamente, a vulnerabilidade à

actividade internacional, da estabilidade de preços e fiscal, devido a queda do preço do petróleo e

consequente desaceleração da actividade económica mundial. Esta conjuntura foi de certo modo

compensada por uma melhoria das contas externas, do mercado cambial e do sector real.

Em termos gerais, os riscos implícitos ao sistema financeiro angolano associados ao seu

enquadramento macroeconómico situaram-se em níveis superiores face aos seus respectivos

referenciais históricos (2009), com excepção dos riscos provenientes do mercado internacional, das

relações comerciais com os não residentes e das condições monetárias e financeiras.

Comparativamente ao período homólogo, o desempenho macroeconómico do país, foi marcado por

um enquadramento internacional e do mercado monetário menos favorável, um aumento da taxa de

inflação, défice do sector fiscal e depreciação da taxa de câmbio, cujo impacto negativo reflectiu-se

nas posições mais afastadas do centro da Cobweb.

Gráfico 1: Cobweb da Estabilidade Macroeconómica em Angola

Fonte: Bloomberg, BNA, FMI, AIA, MINFIN, INE-Angola, Ministério do Planeamento, Ministério dos Petróleos, CESifo, SNL,

Thomson Reuters, Banco de Portugal.

Com a reduzida arrecadação da receita petrolífera, a vulnerabilidade fiscal aumentou

comparativamente ao período homólogo, resultando num aumento do endividamento do Estado. Este

quadro terá estado na base da actualização do rating da Dívida Soberana de Angola, pela agência

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Standard & Poor’s, tendo este passado de “B” estável para “B” com perspectiva negativa, bem como

da Moody’s que o baixou de “Ba2” para “B1” igualmente com perspectiva negativa.

Gráfico 2: Evolução Histórica dos Indicadores que Compõem a Cobweb

1.2

1.6

2.0

2.4

2.8

3.2

3.6

4.0

4.4

4.8

5.2

2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

IVAI

Média Amostral IVAI

Índice de Vulnerabilidade da Actividade Internacional (IVAI)

Po

nto

s

0

1

2

3

4

5

6

2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

IVC

Média_Amostral_IVC

Índice de Vulnerabilidade Cambial (IVC)

Po

nto

s

0

1

2

3

4

5

1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

IVEP

Média Amostral IVEP

Índice de Vulnerabilidade da Estabilidade de Preços (IVEP)

Po

nto

s

2.0

2.4

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3.2

3.6

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4.4

3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

IVCMF

Média Amostral (IVCMF)

Índice de Vulnerabilidade das Condições Monetárias e Financeiras

Po

nto

s

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

4.5

5.0

3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

IVF

Média Amostral IVF

Índice de Vulnerabilidade Fiscal (IVF)

Po

nto

s

2.0

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2.8

3.2

3.6

4.0

4.4

4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

IVSE

Média Amostral IVSE

Índice de Vulnerabilidade do Sector Externo (IVSE)

Po

nto

s

1.0

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2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

4.5

4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

IVSR

Média Amostral IVSR

Índice de Vulnerabilidade do Sector Real (IVSR)

Po

nto

s

Fonte: Bloomberg, BNA, FMI, AIA, MINFIN, INE-Angola, Ministério do Planeamento, Ministério dos Petróleos, CESifo, SNL,

Thomson Reuters, Banco de Portugal. Cálculos efectuados pelo BNA.

2.2 Contextualização Internacional

O índice de vulnerabilidade financeira de Angola associado à actividade internacional situou-se em

níveis pouco favoráveis, comparativamente ao primeiro semestre de 2015, derivado sobretudo da

redução do preço do petróleo, principal fonte de receitas e de recursos externos da economia

angolana.

Gráfico 3: Evolução da Actividade Económica Internacional

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13

1.2

1.6

2.0

2.4

2.8

3.2

3.6

4.0

4.4

4.8

5.2

2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

IVAI

Média Amostral IVAI

Índice de Vulnerabilidade da Actividade Internacional (IVAI)

Pon

tos

Fonte: Bloomberg, BNA, FMI, AIA, CESifo, SNL, Thomson Reuters. Cálculos efectuados pelo BNA

2.2.1 Produto Interno Bruto

Reflectidas na nova revisão do World Economic Outlook de Julho de 2016, o Fundo Monetário

Internacional (FMI) projecta para 2016 a manutenção da taxa de crescimento da actividade

económica mundial face ao ano de 2015 (3,10%). O FMI destaca também a aceleração das economias

emergentes, influenciada pelo crescimento da China e da Índia e a desaceleração das economias

avançadas, por força do abrandamento da actividade económica nas quatro principais economias

(EUA, Reino Unido, Zona Euro e Japão), face ao aumento das incertezas na sequência da saída do

Reino Unido da União Europeia (Brexit).

Do Reino Unido, a segunda maior economia europeia, espera-se um enfraquecimento significativo

da procura interna (via adiamento das decisões de investimento e de consumo), com a redução da

confiança dos agentes económicos e o agravamento dos problemas da banca europeia, em geral, que

no âmbito das revisões do FMI, resultou na revisão em baixa do crescimento económico para 1,7%

em 2016.

Tabela 1 - Crescimento Económico Anual a Nível Mundial

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Fonte: FMI, World Economic Outlook (Update), Julho 2016

Na mesma senda, dada a sua forte relação com o Reino Unido, a saída deste da União Europeia

poderá afectar negativamente a confiança dos agentes económicos. Adicionalmente, a preocupação

com a evolução pouco favorável da taxa de inflação persiste, perante os riscos de deflação, tendo o

Banco Central Europeu (BCE) dado início ao programa de compra de dívida emitida por empresas

privadas e realizado o primeiro leilão de refinanciamento a longo prazo do sector financeiro

(TLTRO). Com estas medidas, o BCE espera impulsionar a concessão de crédito e assim alavancar

o crescimento económico.

Os principais indicadores da economia norte-americana apontam para uma desaceleração na segunda

metade do ano, consistente com a apreciação do Dólar e redução do investimento das empresas do

sector de energia. Assim, para esta economia, o FMI prevê uma taxa de crescimento de 2,20% em

2016.

No caso do Japão comparativamente a 2015, espera-se uma desaceleração da actividade económica

de 0,20 p.p. para os 0,30% em 2016, tendência que deverá manter-se em 2017, devido ao fraco

desempenho da actividade empresarial e incertezas quanto ao ritmo das exportações nos próximos

meses.

Por seu turno, nas economias emergentes e em desenvolvimento, o FMI prevê um crescimento

praticamente inalterado para 4,1% em 2016, afectado pelo efeito negativo da redução dos preços da

generalidade das commodities, destacando-se a contracção das economias do Brasil e Rússia.

Relativamente a China e a Índia, o crescimento segue robusto, porém com perspectivas de menor

crescimento em 2016 face a 2015. De referir que, a Índia superou a China e passou a ser a economia

com a melhor perspectiva de crescimento no bloco dos BRICS, onde se prevê um crescimento de

7,4% em 2016, apoiado pelo aumento do consumo privado. Particularmente, a actividade económica

EVOLUÇÃO DA ECONOMIA MUNDIAL 2014 2015 2016 2017

CRESCIMENTO DO PIB

Economia Mundial 3,4 3,1 3,1 3,4

Economias Desenvolvidas 1,9 1,9 1,8 1,8

EUA 2,4 2,4 2,2 2,5

Zona Euro 0,9 1,7 1,6 1,4

Japão 0 0,5 0,3 0,1

Reino Unido 3,1 2,2 1,7 1,3

Economias Emergentes e em Desenvolvimento 4,6 4 4,1 4,6

Rússia 0,7 -3,7 -1,2 1

China 7,3 6,9 6,6 6,2

Índia 7,2 7,6 7,4 7,4

Brasil 0,1 -3,8 -3,3 0,5

Médio Oriente, Norte de África, Afeganestão e Paquistão 2,7 2,3 3,4 3,3

África Subsaariana 5,1 3,3 1,6 3,3

Estimado Previsões

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15

na China registou no segundo trimestre um desempenho acima da previsão dos analistas, tendo

crescido 6,7% contra os 6,6% esperados (e igual ao registado no primeiro trimestre). Isto demonstra

que apesar das pressões negativas o objectivo de crescimento para o ano de 2016 definido pelas

autoridades chinesas, entre 6,5% e 7,0%1, poderá ser atingido. Para o mesmo período o FMI projecta

um crescimento de 6,6%, considerando o aumento das disponibilidades de crédito e investimentos

públicos para continuar a estimular o crescimento económico.

Para o Brasil espera-se um crescimento do PIB positivo, de -3,8% em 2015 para 3,3% em 2016,

enquanto a actividade económica na Rússia, deverá passar de -3,70% em 2015 para 1,2% em 2016.

Todavia, estes dois países ainda sofrem os efeitos da crise cambial, vendo as suas moedas (Real e

Rublo) depreciadas num ambiente de redução do preço das commodities energéticas (sobretudo

petróleo e gás natural).

Por sua vez, para as economias da região da África Subsariana, prevê-se uma desaceleração de 3,3%

em 2015 para 1,6% em 2016. Esta perspectiva está associada as reduzidas receitas das exportações

de commodities, problemas estruturais, redução da confiança dos investidores (internos e externos)

bem como a seca em algumas partes da região.

2.2.2 Mercado de Dívida

Relativamente ao mercado de dívida soberana de longo prazo, as taxas de rendibilidade nos mercados

obrigacionistas das economias avançadas voltaram a reduzir, reflectindo o cumprimento dos prémios,

maior aversão ao risco e expectativas de um ritmo mais gradual da normalização das políticas

monetárias dos países.

De modo geral, nos Estados Unidos a trajectória dessas obrigações reflecte o facto do aumento da

taxa de juro estarem a ser adiados pela Reserva Federal e recurso cada vez maior aos activos

considerados mais seguros. Por seu turno, face às reduções sucessivas das yields dos títulos de dívida

que vêm nelas reflectidas às reacções do mercado, o Banco do Japão decidiu colocar a taxa de juro

de referência em níveis negativos.

Na Zona Euro, o diferencial das yields obrigacionistas dos principais países periféricos mantém-se

em níveis satisfatórios face aos títulos alemães, porém suportadas pelo programa de compra de dívida

pública do BCE. Esta prática associada ao aumento das incertezas após o referendo que definiu a

saída do Reino Unido da União Europeia (Brexit) e a possível redução dos montantes de dívida

pública disponível para compra pelo BCE, poderá causar o aumento dos prémios de risco.

1 Revelado pelo Gabinete Oficial de Estatísticas de Pequim.

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16

Gráfico 4: Yields de Obrigações de Dívida Soberana a 10 anos das Economias Internacionais

Seleccionadas

0%

2%

4%

6%

8%

10%

12%

14%

16%

2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Portugal

Itália

Irlanda

Espanha

Spread das obrigações dos países periféricos face à Alemanha

-1%

0%

1%

2%

3%

4%

5%

3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Alemanhã

EUA

Japão

Reino Unido

Yields das obrigações a 10 anos das Economias Avançadas

Fonte: Bloomberg

O ambiente caracterizado pela (i) manutenção de um cenário tenso nos mercados financeiros; (ii)

redução das estimativas de crescimento da economia; (iii) queda persistente dos preços do petróleo;

(iv) reduzida taxa de inflação nas economias avançadas; e (v) condições monetárias menos favoráveis

em algumas economias, levou a um aumento da percepção de risco nos mercados accionistas ao

longo do semestre. Assim, o índice Chicago Board Options Exchange Volatility Index (VIX), que

mede o nível de incerteza dos mercados, atingiu um valor médio de 18,09 pontos no primeiro

semestre de 2016. Este em Janeiro de 2016 atingiu o valor mais elevado do semestre, 27,59 pontos,

reflectindo uma percepção desfavorável associada aos impasses resultantes ao processo de formação

do Governo português e da redução de esforços de consolidação orçamental em algumas economias

da periferia da Zona Euro. De modo inverso, a volatilidade dos títulos de rendimento fixo, medida

pelo indicador Merrill Option Volatility Estimate (MOVE), apresenta uma tendência descendente,

observada desde finais de 2015.

Gráfico 5: Indicadores de Volatilidade dos Mercados Financeiros (MOVE e VIX)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

0

40

80

120

160

200

240

280

320

360

3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

VIX Index

MOVE Index (eixo à direita)

Pont

os B

ase Pontos B

ase

Fonte: Bloomberg

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17

2.2.3 Mercado das Commodities

A persistência do preço do petróleo em níveis relativamente baixos, devido aos factores acima

referidos, tem afectado sobremaneira a avaliação do Índice de Vulnerabilidade da Actividade

Internacional.

O relatório de Julho do FMI revela ainda que em 2016, a procura mundial por petróleo deverá crescer

1,20 mb/d relativamente ao nível de 92,98 mb/d em 2015 e estima-se um aumento de 1,2 mb/d para

o ano de 2017, devido ao crescimento esperado de 0,10 mb/d pelos países da OCDE, enquanto nos

países não pertencentes à OCDE o consumo deverá aumentar 1,05 mb/d.

Ainda para 2016, espera-se uma redução da oferta de petróleo dos países fora da OPEP de 0,88 mb/d,

para 56,03 mb/d, influenciada principalmente pelos países americanos da OCDE. Em Junho, a

produção média dos países produtores da OPEP, foi de 33,059 mb/d, o valor mais alto dos últimos

cinco anos. Com efeito, a oferta de petróleo registou um aumento significativo, gerando um cenário

de excesso em relação à procura. Para 2017, projecta-se uma redução da oferta de petróleo de 0,15

mb/d para 55,97 mb/dos países fora da OPEP.

Gráfico 6: Índice de Preços FMI das Commodities (ano base 2005)

0

40

80

120

160

200

240

3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Comodities (sem Petróleo)

Preço dos Alimentos

Petróleo

Índice de Preços das Commodities

Pon

tos

Fonte: FMI

O índice de preços das restantes commodities do FMI no final do período, situou-se em 134,7 pontos,

representando uma diminuição de 2,18% em relação a Junho de 2015 (137,4 pontos), apesar do

aumento de 2,95% do índice de preços das commodities alimentares (de 139,2 pontos em Junho de

2015 para 143,3 em Junho de 2016).

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18

2.3 Condições Macroeconómicas Internas e Desenvolvimento Financeiro

Em 2016, espera-se que a actividade económica de Angola seja marcada por uma desaceleração de

1,9 p.p. relativamente ao desempenho do período anterior. Assim, projecta-se que esta alcance os

1,1%, segundo dados do Ministério do Planeamento e Desenvolvimento Territorial (MPDT),

justificada por um lado, pelo menor desempenho do PIB Petrolífero, embora se estime um aumento

da produção de 5,1 MBbl de petróleo situando- se nos 654,6 MBbl, compensando em parte a queda

dos preços. Portanto, o sector Petrolífero deverá crescer 0,8% em 2016, menos 5,7p.p. relativamente

ao ano anterior. Por outro lado, perspectiva-se um crescimento real de 1,2% para o sector Não

Petrolífero, que corresponde a uma redução de 0,3 p.p.. A redução da cotação do petróleo nos

mercados internacionais é a principal razão, não só para o abrandamento do crescimento do sector

Petrolífero, como da desaceleração do sector Não Petrolífero, acabando por afectar o desempenho

económico agregado.

Gráfico 7: Crescimento Económico do Sector Petrolífero e Não Petrolífero

Fonte: MPDT

A evolução que se espera do PIB Não Petrolífero está sobretudo associada à contribuição negativa

dos sectores da Indústria Transformadora e do Diamantes e Outros, uma vez que é esperada uma

contracção em ambos de 3,90% e 0,61%, respectivamente. Contudo, a queda no crescimento na

maioria dos sectores Não Petrolíferos, para além dos já referidos, apresenta-se igualmente como um

factor negativo para o crescimento, com especial destaque para as actividades de Pesca e Derivados

cuja desaceleração é de 6,43 p.p., embora contemple um crescimento de 1,7%, dos Serviços

Mercantis, com um abrandamento de 2,20 p.p., projectando-se uma estagnação deste sector e por

fim, as actividades confinadas ao sector Outros, cuja desaceleração é de 1,14 p.p.

Por outro lado, os sectores da Energia e da Agricultura registaram acelerações de 17,39 p.p. e 5,95

p.p., respectivamente, constituindo inclusive o conjunto de actividades que melhor desempenho terão

em 2016, com 19,9% e 6,7%, respectivamente.

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19

Ao longo da última década observa-se que sectores da Construção, Serviços Mercantis e Indústria

Transformadora têm ampliado a sua quota de produção na estrutura do PIB por sectores em

detrimento do sector Petrolífero, demonstrando indícios de que o caminho preconizado para a

diversificação, ainda que ténue, está a ser perseguido.

Gráfico 8: Evolução da Estrutura do PIB

Fonte: MPDT

No primeiro semestre de 2016, registou-se uma produção total de 322,25 milhões de barris,

representando um aumento de 0,31% face ao período homólogo. Quanto ao valor de mercado,

verificou-se uma queda no preço das ramas angolanas de 32,46%, tendo passado de uma média de

USD 55,46/barril no período homólogo para USD 37,46/barril no primeiro semestre de 2016.

Gráfico 9: Produção de Petróleo e Preço das Ramas Angolanas

44

48

52

56

60

64

68

20

40

60

80

100

120

140

2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Produção de Petróleo

Preço das Ramas (USD/Barril) (eixo à direita)

Produção de Petróleo e Preço das Ramas

Mil

hões

de B

arr

is/

Mês

Fonte: MPDT

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20

Durante o semestre em análise verificaram-se reduções das exportações em 32,64% e das

importações em 54,78%, como resultado de alguma intensificação das dificuldades de acesso ao

mercado cambial, no entanto o cenário da conta de bens foi superavitário, tendo registado uma

melhoria, 12,91%, face ao período homólogo de 2015, situando-se em USD 6.759,95 Milhões.

Consequentemente, influenciado por quedas agravadas tanto das importações como das exportações,

o saldo da conta de bens teve um impacto desfavorável sobre a acumulação de divisas no primeiro

semestre de 2016, com uma diminuição de 3,92% face ao período homólogo, situando-se em USD

23.968,55 Milhões no período.

Gráfico 10: Reservas Internacionais Líquidas e Variação Mensal da taxa de Câmbio Kz/USD

10,000

15,000

20,000

25,000

30,000

35,000

-4%

0%

4%

8%

12%

16%

1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

RIL (Milhões de USD)

Variaçao da Taxa de Câmbio Nominal Referência (eixo à direita)

Reservas Internacionais Liquidas e Taxa de Câmbio

Fonte: BNA

No período em análise, observou-se uma desvalorização de 36,69% da taxa de câmbio média de

referência, que passou de Kz/USD 121,361 no primeiro semestre de 2015 para Kz/USD 165,886 no

primeiro semestre de 2016.

No primeiro semestre de 2016, o quadro inflacionário mostrou-se preocupante, tendo-se observado

uma tendência ascendente da variação do índice de preços no consumidor, cuja taxa acumulada

situou-se em 21,74%, correspondendo a um aumento de 16,19 p.p., o maior aumento desde 2003.

Esta tendência tem tido efeitos de redução do poder de compra dos agentes económicos tornando-se

numa fonte de risco para a credibilidade da moeda nacional.

Tal como em 2015, a queda do preço do petróleo no mercado internacional justificado pelo

persistente desequilíbrio entre a oferta e a procura, derivado de um excesso de oferta, contribuiu para

um menor desempenho das finanças públicas em 2016. Apesar do Executivo ter utilizado como

pressuposto no OGE de 2016 um preço médio do petróleo de 45 USD/bbl na expectativa de que o

preço do petróleo se manteria em patamares relativamente baixos. No mês de Janeiro o preço caiu

drasticamente atingindo um mínimo histórico a rondar os 28 USD/bbl, criando assim dificuldades

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acrescidas à execução orçamental, tendo o preço médio do petróleo bruto nos primeiros seis meses

de 2016 se situado em USD 35,76/bbl. No primeiro semestre de 20162, as receitas do período

atingiram Kz 2.791.664,54 milhões, face aos Kz 2.544.620,66 milhões programados, o que

representou um grau de execução de 109,71%. As receitas fiscais foram executadas em 80,00% do

valor inicialmente previsto, situando-se em Kz 1.005.814,34 milhões. Para compensar a execução

abaixo do programado das receitas fiscais, as receitas de financiamento executaram 24,15% acima

do valor programado, perfazendo um total de Kz 1.598.208,47 milhões. Estas últimas duplicaram

face ao semestre homólogo de 2015, correspondendo a 57,25% do total das receitas.

No plano das receitas fiscais, tanto as receitas petrolíferas como as não petrolíferas apresentaram um

desempenho abaixo do expectável, devido ao agravamento da queda do preço do petróleo no primeiro

trimestre do período análise. Especificamente, as receitas petrolíferas foram executadas em apenas

65,05% do montante programado, fixando-se em Kz 395.067,54 milhões, dos quais Kz 163.426,12

milhões dizem respeito a receitas da Sonangol (apenas 37,34% do montante programado), enquanto

as Outras companhias arrecadaram Kz 231.641,41 milhões (equivalendo a uma taxa de execução de

136,53%).

As receitas não petrolíferas foram executadas em 93,91% do programado, atingindo Kz 610.400,90

milhões, revelando uma melhor performance comparativamente às receitas petrolíferas. De todas as

componentes que constituem receitas não petrolíferas, as receitas diamantíferas e as outras receitas

(Imposto Industrial, Imposto de Selo, Imposto sobre Rendimentos do Trabalho, Imposto sobre o

Património, entre outros) destacaram-se com taxas de execução de 220,94% e 101,22%,

respectivamente.

De referir que, a melhoria nas políticas de coordenação entre o MINFIN e o BNA terão contribuído

para uma maior eficácia no grau de execução dos fluxos externos, cuja execução foi de 52,35%, bem

como uma melhor alocação das vendas para fins de importação de bens e serviços apesar da queda

do seu nível.

No período em análise, o Tesouro recorreu a receitas de financiamento no montante total de Kz

1.598,208,47 milhões, dos quais 66,93% em dívida interna titulada e os restantes 33,07% referentes

a linhas de crédito externas, o que de certa forma terá compensado à baixa execução das receitas

fiscais em relação ao inicialmente programado. Denota-se que as receitas de financiamento

aumentaram 118,29% face ao período homólogo, correspondendo a uma execução de 124,15% do

montante programado.

2 Relatórios do Balanço de Execução dos Planos de Caixa Mensais

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A execução das despesas no primeiro semestre de 2016 foi de 103,07% em relação ao programado,

alcançando Kz 2.454.766,98 milhões e quando comparada com o mesmo período do ano anterior,

representou um aumento de 29,13%. O desempenho das despesas no período em análise foi

influenciado essencialmente, pelo aumento das despesas com o serviço de dívida em Kz 446.820,96

milhões (77,02%) e pelo aumento das despesas de capital em Kz 284.446,66 milhões (101,47%).

Comparativamente ao primeiro semestre de 2015, as despesas correntes no primeiro semestre de

2016 registaram uma diminuição de 17,06%, devido à redução nas rúbricas subsídios (em 84,39%)

e transferências correntes (em 26,13%). A redução dos subsídios está associada à não subvenção dos

preços, em especial dos preços de combustível na sua quase totalidade (taxa de execução de apenas

3,31%). De referir que, apesar de terem superado os montantes inicialmente programados, as

despesas com pessoal e as despesas em bens e serviços diminuíram 2,51% e 13,58%,

respectivamente.

Por seu turno, as despesas de capital totalizaram Kz 564.778,83 milhões, correspondendo a uma

execução de 96,91% face ao programado, contrariando a tendência de execuções reduzidas nos

últimos semestres. Comparativamente ao período homólogo, registou-se um aumento significativo

de 101,47%, do qual se destaca o aumento dos investimentos públicos, dando reinício à criação das

bases necessárias para a diversificação da economia.

As despesas com o serviço de dívida situaram-se em Kz 1.026.925,25 milhões, dos quais 16,23%

correspondentes a juros e 83,77% correspondentes a amortização de dívida, tendo executado 15,87%

acima do montante inicialmente programado. Este aumento das despesas com o serviço de dívida

está associado ao aumento do pagamento de juros da dívida em 68,03% e da amortização de dívida

em 78,88% face ao período homólogo.

Deste modo, no primeiro semestre de 2016, as finanças públicas apresentaram um saldo de caixa

positivo de Kz 263.670,59 milhões correspondendo a um aumento de 127,37% face ao mesmo

período de 2015,influenciado pela emissão de Dívida interna (na sua maioria emissão de títulos

públicos) no montante de Kz 1.598.208,47. Assim, o saldo de caixa final situou-se em Kz 159.915,05

milhões, resultante da existência de um saldo transitado3 negativo de Kz 103.755,54 milhões.

A taxa de transformação4 no período em análise apresentou uma tendência decrescente fixando-se

em 61,08%, inferior em 1,83 p.p. relativamente ao período homólogo. De salientar que, no primeiro

semestre de 2016, o Banco Nacional de Angola alterou o coeficiente das Reservas Obrigatórias em

3 Corresponde à diferença entre receitas transitadas (Saldos livres acumulados no período anterior e Receitas de

exercícios e períodos anteriores) e despesas transitadas (Despesas de exercícios e períodos anteriores – restos a

pagar). 4 Crédito à economia sobre os depósitos (Fonte: Síntese Monetária, Jun. 2016)

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23

moeda nacional, de 25% para 30% no mês de Abril, adicionalmente aumentou até 80% os direitos

creditórios sobre os créditos concedidos às empresas e projectos dos sectores da agricultura, pecuária,

silvicultura, pescas, indústria, energia, águas e prestação de serviços de restauração e hotelaria,

transportação e informática e outros a considerar pontualmente, bem como todos os créditos

concedidos no âmbito do Programa Angola Investe e das linhas de crédito do BDA, desde que sejam

de maturidade superior ou igual a 24 meses.

Neste contexto, a orientação da Política Monetária foi acomodatícia, todavia em Junho de 2016, foi

registado um aumento da Taxa Básica de Juro de 11,00% para 16,00%, da Taxa de Juro da Facilidade

Permanente de Cedência de Liquidez de 13,00% para 20,00%, bem como o aumento da Taxa de Juro

da Facilidade Permanente de Absorção de Liquidez a sete dias de 1,75% para 7,25%. O referido

aumento das taxas de juro directoras teve como objectivo sinalizar a economia relativamente à

remuneração de activos e passivos, com realce para o incentivo à poupança.

No período em análise, as taxas de juro aplicadas ao sector empresarial na concessão de empréstimos

em moeda nacional (MN) reduziram em todas as suas maturidades, na maturidade de 181 dias a 1

ano situou-se em 15,10% (0,13 p.p.) e 14,69% na maturidade superior a 1 ano (0,15 p.p.), excepto as

de maturidade até 180 dias que aumentaram, fixando-se em 15,80% (0,39 p.p.). Por seu turno, as

taxas de juro em moeda estrangeira (ME), registaram um aumento significativo na maturidade até

180 dias, fixando-se em 16,55% (6,55 p.p.), enquanto as de maturidade de 181 dias a 1 ano e

superiores a 1 ano diminuíram, fixando-se em 12,00% (0,97 p.p.) e 7,85% (1,91 p.p.),

respectivamente.

Em relação às taxas de juro em MN para o crédito a particulares, observou-se um aumento em todas

as maturidades, até 180 dias, de 181 dias a 1 ano e superior a 1 ano fixaram-se em 19,06% (2,60

p.p.), 15,41% (0,77 p.p.) e 12,88% (1,10 p.p.), respectivamente, enquanto as taxas de juro em ME a

particulares, a sua evolução seguiu a mesma tendência de aumento em todas as maturidades, fixando-

se em 12,33%, 6,72% e 7,60% nas maturidades até 180 dias, de 181 dias a 1 ano e superior a 1 ano,

respectivamente.

O índice de Herfindahl Hirschman5 demonstrou um menor grau de concentração das quotas de

mercado no sector bancário, ao reduzir no período em análise, sugerindo assim uma melhoria dos

níveis de concorrência. Todavia, no que diz respeito a estrutura do crédito por sectores de actividade,

o crédito à economia encontra-se concentrado em cinco (5) sectores de actividade que correspondem

a 77,16%, do total de crédito concedido, com uma redução de 0,37 p.p. relativamente ao período

anterior, destacando-se os sectores de Comércio por Grosso ou a Retalho (20,88%), Particulares

5 O índice de Herfindahl Hirschman é calculado através da agregação do quadrado das quotas de mercado de cada banco. Na definição de

quota de mercado utilizou-se o peso do crédito fornecido por instituição financeira no crédito total disponibilizado pelo Sector Bancário

Angolano.

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(15,70%), Outras Actividades de Serviços Colectivos Sociais e Pessoais (14,48%), Actividade

Imobiliária, Alugueres e Serviços Prestados às Empresas (14,37%) e Construção (11,74%). Este

cenário é indicativo de que o processo de diversificação da economia, apesar de registar progressos

ainda se encontra numa fase em que exige um engajamento forte do Executivo sobretudo na criação

de infraestruturas de apoio ao crescimento do sector privado. Contudo, esta condição é propensa a

agravar o risco de vulnerabilidade do sector bancário perante um hipotético abrandamento na

dinâmica desses sectores.

Ao longo do período em análise, os indicadores de preferência por liquidez registaram aumentos em

todas as suas definições, indiciando uma maior preferência por liquidez por parte dos agentes

económicos, facto que poderá estar associado ao grau de informalidade dos mercados e as

expectativas quanto ao aumento da inflação. Particularmente, o grau de preferência por liquidez,

quando definido como o “rácio de depósitos à ordem” e “notas e moedas em poder do público” sobre

o M2, representa 60,75%, enquanto o rácio dos depósitos a prazo sobre o M2 representa 39,25%.

No período em análise, a oferta de moeda (M3) pelos principais actores de intermediação financeira

aumentou em 25,45%, enquanto a Base Monetária Restrita expandiu em 6,71%. Estas alterações

influenciaram positivamente o Multiplicador Monetário, que passou de 3,31 para 3,89, reflectindo

maior capacidade dos bancos em criar moeda de segunda ordem.

O grau de aprofundamento financeiro6 evoluiu para 57,97%, resultando numa redução de 1,54 p.p.

relativamente ao período homólogo. Porém, em termos de referência, este nível ainda é baixo, o que

indicia baixos níveis de intermediação financeira no sistema, bem como, a necessidade de maior

sofisticação financeira e de oportunidades de negócio.

Ao longo do primeiro semestre de 2016, o ritmo de crescimento do crédito sofreu uma inversão da

tendência decrescente verificada no período homólogo, tendo registado um comportamento

ascendente. O hiato do rácio do Crédito ao Sector Privado sobre o PIB, situou-se acima do seu

potencial, o que permite inferir que o respectivo crédito a níveis direccionados tende a exercer

pressões sobre o crédito vencido.

Porém, como veremos mais adiante, no período em análise houve um aumento do crédito vencido,

influenciado principalmente pelo corte das despesas do Tesouro Nacional reduzindo a capacidade

dos agentes económicos de cumprirem com as suas obrigações junto do sistema bancário.

6 Aprofundamento Financeiro = M2/PIB não petrolífero

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2.4 Perspectivas para o ano de 2016

A revisão efectuada em Julho de 2016, pelo FMI resultou em baixas taxas de previsão para o

crescimento mundial, indicando um abrandamento da actividade económica mundial resultante das

incertezas em torno do processo de saída do Reino Unido da União Europeia (Brexit). Assim sendo,

a degradação da expectativa dos agentes económicos quanto a evolução económica, será maior nos

países da União Europeia.

No entanto, apesar do cenário macroeconómico em perspectiva negativa, o crescimento económico

em algumas economias europeias foi realizado em alta (Alemanha e França), demostrando alguma

resiliência na zona e diminuição das incertezas, enquanto prossegue o processo de consumação do

Brexit.

A nível mundial, o FMI prevê um crescimento económico de 3,4% em 2017, menos 0,1 p.p. do que

o estimado em Abril, reflectindo o agravamento do desempenho das principais economias mundiais

(EUA, Reino Unido e Japão).

A perspectiva para as economias emergentes e em desenvolvimento manteve-se praticamente

constante, destacando-se pela negativa a Nigéria e a África do Sul, no grupo de países da África

Subsaariana e pela positiva a perspectiva de recuperação das economias brasileira e russa, além do

bom desempenho da China e da Índia.

Deste modo, as economias avançadas poderão crescer 1,8% em 2017, menos 0,2 p.p. do que estimado

anteriormente e para as economias emergentes e em desenvolvimentos as expectativas do PIB

mantêm-se em 4,6% em 2017.

Ao nível das commodities energéticas projecta-se um preço médio internacional do petróleo (preços

futuros) de USD 34,75 por barril no final do ano de 2016, esperando-se contudo um aumento de

17,96% em 2017 (USD 40,99 por barril). Os baixos preços das commodities alimentares e energéticas

estão a causar pressões deflacionistas nas economias avançadas e continuarão a ser o elemento

principal que conduzirá à tomada de decisões de política monetária mais agressivas, caso a sua

tendência decrescente persista.

O crescimento moderado e a inflação baixa no mundo desenvolvido, levam a crer que a subida das

taxas nos EUA continuará a ser adiada e que os outros três Bancos Centrais (Japonês, Europeu e

Britânico) continuarão a flexibilizar as suas políticas monetárias.

Depois de se ter atingido o mínimo histórico do preço do petróleo em Janeiro e da consequente queda

das receitas petrolíferas, o Executivo Angolano foi impelido a rever o Orçamento Geral de Estado

para 2016, ajustando a receita ao novo preço assumido como pressuposto para o exercício orçamental

anual, mais conservador que o anterior e também para redimensionar o patamar da despesa pública,

dando maior ênfase às despesas de capital comparativamente ao OGE inicial.

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Assim, o OGE revisto para 2016 prevê uma redução de 0,8% da receita total face ao OGE inicial,

situando-se nos Kz 3.484,6 mil milhões (20,6% do PIB) influenciada pela redução das receitas

petrolíferas. As despesas deverão aumentar 4,4% para cerca de Kz 4.484,6 mil milhões (326,6% do

PIB), resultando num défice de Kz 1.000,0 mil milhões (5,9% do PIB no OGE revisto contra 5,5%

no OGE inicial). Logo, prevê-se um aumento das necessidades de financiamento do Governo em

28,0% face ao OGE inicial, constituído maioritariamente por financiamento externo (Kz 810,5 mil

milhões), correspondente a 4,8% do PIB, sendo o remanescente por financiamento interno, pela via

da emissão de títulos públicos.

Projecta-se uma Conta Corrente deficitária em torno de USD 10.076,06 milhões, influenciada

principalmente pela redução das receitas das exportações na ordem de 16,41%, apesar da redução

dos défices das contas de serviços, rendimentos e transferências. Assim, estima-se, um agravamento

de USD 196,78 milhões comparativamente, ao período homólogo de 2015, devido a redução do

superavit da Conta de Bens ao passar de USD 12.488,59 milhões em 2015 para USD 11.682,55

milhões em 2016, correspondente a 6,45%, face ao ano de 2015, devido à redução do preço do

petróleo bruto na ordem dos 18,18% e da contenção de despesas com a importação de bens e serviços.

Considerando ainda os níveis previstos de endividamento externo e de investimento directo, o saldo

da Conta de Capital e Financeira apresentará um excedente de USD 8.882,17 milhões.

Consequentemente, prevê-se uma melhoria do défice do saldo global da Balança de Pagamentos ao

passar de USD 3.035,65 milhões em 2015 para USD 1.193,89 milhões, em 2016, que resultará numa

perda de reservas brutas na mesma magnitude, o que corresponderá a uma cobertura de 8,37 meses

de importação.

Projecta-se igualmente, um crescimento de 2,84% da Base Monetária MN, que se irá refletir, na

expansão das notas e moedas em circulação e na contracção dos depósitos dos bancos no BNA.

Quanto à evolução dos agregados monetários, de acordo com a programação monetária do BNA

estima-se para 2016, uma expansão anual dos agregados M3 e M2 de 17,75% e 17,84%,

respectivamente, uma vez que se prevê uma expansão do crédito à economia o que aumentará a

capacidade dos bancos em criar moeda e consequente aumento dos depósitos.

Resumindo, os desafios para a garantia da estabilidade financeira persistem, dado a elevada incerteza

quanto a evolução dos preços do petróleo no futuro. Com o presente cenário, a economia angolana

está perante a oportunidade de apostar na sua diversificação, para que a necessidade de financiamento

do Governo não persista e com ele se verifique o fenómeno “crowding out” do crédito aos outros

sectores da economia, com as consequências que o mesmo acarreta, entre as quais, o aumento da

inflação que constitui uma ameaça à estabilidade do sistema financeiro. De referir que acções no

sentido da sua prevenção estão em curso.

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3 INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE DO SECTOR EXTERNO

A fraca recuperação do preço médio de petróleo bruto nos mercados internacionais tem provocado

um impacto negativo no crescimento da economia angolana. Assim sendo, e de acordo com o OGE

revisto, perspectiva-se para 2016 um crescimento económico não superior a 1,1%, por outro lado as

instituições internacionais, com realce para o FMI, também reviram em baixa o crescimento da

economia angolana, prevendo a sua estagnação para o ano de 2016.

Apesar da tendência crescente desde Março de 2016 das receitas de exportação de petróleo bruto,

devido à ligeira subida do seu preço médio, observou-se uma queda das mesmas face ao período

homólogo, revelando-se como factor preocupante. Por outro lado, assistiu-se a queda das

importações, que terá influenciado o ritmo de crescimento dos preços internos de bens e serviços,

dada a dependência da procura interna à oferta externa.

3.1 Comércio Externo

A taxa de cobertura global7, das importações foi de 83,47% contra 86,95% no período homólogo do

ano anterior, representando uma redução de 3,47 p.p., visto que a queda das exportações no período

em análise foi ligeiramente superior a das importações. As exportações de bens e serviços reduziram

em 32,43% (USD 6.135,37 milhões), enquanto as importações de bens e serviços diminuíram em

29,61% (USD 6.444,26 milhões).

Gráfico nº 11: Taxa de Cobertura Global

7 A taxa de cobertura global é dada pela expressão ImportaçãoeExportaçãoonde, MXM

Xc

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A redução da taxa de cobertura global representa uma perda de competitividade para a economia

angolana, porquanto o preço do principal produto de exportação do país não tem estado a recuperar

conforme desejado e os preços dos produtos importados mantiveram-se em patamares altos, dada a

situação económica difícil que a maior parte dos principais parceiros comerciais de Angola enfrentam

neste momento.

Não obstante o cenário adverso, a balança comercial (conta de bens) apresentou uma tendência

crescente e excedentária ao longo do primeiro semestre de 2016, explicado maioritariamente pela

queda das importações, ao passo que a conta de serviços continuou a apresentar um saldo deficitário,

devido à dependência do país aos serviços especializados prestados por não residentes.

3.2 Solvabilidade Externa

O stock de reservas internacionais brutas registadas no final do primeiro semestre de 2016 (USD

24.043,64 milhões) correspondeu a uma cobertura de 9,42 meses de importações de bens e serviços,

contra 7,0 meses registados no período homólogo de 2015 cujas reservas cifravam-se em USD

25.244,61 milhões. Importa referir que no semestre anterior a cobertura de importações foi de 9,0

meses com reservas de USD 24.419,49 milhões. O aumento nos meses de cobertura das importações

foi maioritariamente explicado pela forte queda das importações de bens e serviços em 29,61% (USD

6.444,26 milhões), apesar da ligeira redução das reservas.

Gráfico nº 12: Reservas Brutas/ Importações de Bens e Serviços

O stock da dívida externa passou de USD 33.834,39 milhões no final do primeiro semestre de 2015

para USD 44.743,78 milhões no final do primeiro semestre de 2016, reflectindo um crescimento de

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32,24% (USD 10.909,38 milhões) em resultado do aumento das necessidades de financiamento a

economia.

O rácio de reservas brutas sobre a dívida externa no final do período em análise reduziu em cerca de

20,88 p.p. em relação ao período homólogo de 2015, ao passar de 74,61% para 53,74%,

respectivamente, o que representa uma redução da capacidade da economia angolana em honrar os

seus compromissos externos.

Gráfico nº 13: Reservas Brutas/ Stock da Dívida Externa

O rácio das reservas brutas sobre os meios de pagamentos em moeda nacional passou de 87,21% no

final do primeiro semestre de 2015 para 89,14% no final do primeiro semestre de 2016, uma variação

de 1,92 p.p. explicada maioritariamente pela contracção dos meios de pagamento.

Gráfico nº 14: Reservas Brutas/ M2 em MN

Não obstante o aumento do rácio, a lenta recuperação do preço médio do petróleo bruto e a

preferência dos agentes económicos na substituição dos activos denominados em moeda nacional

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por activos denominados em moeda estrangeira continuarão a limitar o crescimento das reservas

internacionais brutas.

3.3 Endividamento Externo

Face a diminuição das reservas internacionais e o aumento da dívida externa, o rácio da dívida externa

sobre as reservas brutas aumentou de 134,03% no primeiro semestre de 2015 para 186,09% em 2016,

mostrando que o nível da dívida externa já representa quase o dobro dos activos de reserva que o país

dispõe.

Gráfico nº 15: Stock da Dívida Externa / Reservas Brutas

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4 MERCADO MONETÁRIO

No primeiro semestre de 2016, a condução da política monetária manteve como enfoque a regulação

dos fluxos excedentários de liquidez, com objectivo primário de estabilidade de preços e manutenção

do poder de compra da moeda nacional.

A operacionalização da política monetária teve como suporte os instrumentos do quadro operacional

de política monetária, com ênfase para as Operações de Mercado Aberto (OMA) e adicionalmente,

a disponibilização de facilidades permanentes de liquidez, a monitorização das taxas de juro de

referência e alterações dos limites das reservas obrigatórias.

4.1 Operações de Regulação Monetária

4.1.1 Operações de Mercado Aberto

No âmbito da gestão da política monetária e da coordenação operacional das políticas monetárias e

fiscal, o volume executado de OMA no primeiro semestre de 2016 foi compatível com os objectivos

definidos para regulação de liquidez, na medida que, a mesma foi um dos instrumentos do mercado

monetário utilizados para a absorção de fluxos excedentários de liquidez, as quais ascenderam, em

termos acumulados, ao montante de Kz 387.358,00 milhões, com efeito líquido de contracção da

liquidez de Kz 83.879,40 milhões.

De realçar que, comparativamente ao período precedente, o efeito líquido destas operações foi de

expansão de Kz 215.614,00 milhões, com um volume de operações de apenas Kz 47.450,41 milhões.

A forte participação das OMA para a absorção da liquidez em 2016 relativamente à 2015, demostrou

a eficiência deste instrumento na absorção de fluxos excedentários de liquidez, uma vez que em 2015

estas operações foram interrompidas por força da gestão coordenada de políticas monetária e fiscal.

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Tabela 2 – Operações do Mercado Aberto

4.2 Outras Operações Monetárias

4.2.1 Facilidades Permanentes de Liquidez

No primeiro semestre de 2016, houve pouco recurso dos bancos às operações de Facilidade de

Cedência de Liquidez Overnight (FCO), sendo que, apenas um banco no sistema financeiro

recorrente, voltou a recorrer e aumentando sistematicamente o valor da operação desde o

princípio do mês de Junho.

Às operações de Facilidade de Absorção de Liquidez foi adicionado mais um instrumento, a

Facilidade de Absorção a sete dias FAL7, passando a estar disponível dois instrumentos para

esta natureza de operações, a Facilidade de Absorção de Liquidez Overnight (FAO) e Facilidade

de Absorção de liquidez a sete dias FAL7.

A tendência observada, de aumento da FAL7 que totalizou o montante de Kz 2.187,0 milhões,

espelha a manutenção de nível elevado de liquidez na economia que se observou ao longo do

semestre, por impacto particular da execução dos principais factores autónomos de impacto na

liquidez, em particular da execução fiscal.

Em contrapartida, os dois primeiros meses de 2015, a taxa de juro de FAO passou de 1,75%

para 0% (zero), consequentemente inibiu os bancos de aceder a estas operações e como

resultado as operações totalizaram apenas, em termos acumulados, o montante de Kz 51.419,80

milhões no primeiro semestre de 2015.

em milhões de KZ

OPERAÇÕES DO

MERCADO ABERTO

Execução Projecção Grau Execução Execução ProjecçãoGrau

Execução

Total 47,450.41 143,749.83 33.0% 387,358.00 264,520.00 146.44%

Janeiro 47,450.41 71,770.98 66.1% 49,318.00 20,000.00 246.6%

Fevereiro 71,978.85 51,600.00 46,250.00 111.6%

Março 114,050.00 100.0%

Abril 40,530.00 103,250.00 39.3%

Maio 56,920.00 40,000.00 142.3%

Junho 74,940.00 55,020.00 136.2%

20162015

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Tabela nº3- Facilidades Permanentes de Liquidez

4.2.2 Operações de Redesconto

Não obstante os níveis de liquidez da economia permanecerem altos no período em análise,

algumas instituições financeiras apresentaram dificuldades para cobrirem as suas necessidades

temporárias de liquidez no mercado monetário interbancário, devido as condições de debilidade

estrutural que as mesmas apresentam, recorrendo assim as operações de financiamento de

última instância do Banco Central, o redesconto, que foi aumentando ao longo do semestre,

atingindo um total de Kz 348.819,25 milhões no final do período em análise, reforçando a ideia

de uma liquidez não uniforme entre as instituições financeiras.

e m milhõ e s d e KZ

FACILIDADES

PERMANENTES DE

LIQUIDEZ

FAO FCO FAL7 FCO

Total 51,419.80 82,745.77 2,187,011.00 76,204.00

Janeiro 29,311.63 2,921.91 349,510.00

Fevereiro 22,108.17 10,488.38 404,760.00

Março 461,380.00

Abril 297,630.00

Maio 47,922.25 345,750.00

Junho 21,413.24 327,981.00 76,204.00

20162015

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Tabela nº4- Operações de Redesconto

4.3 Evolução das Taxas de Juro e de Câmbio

4.3.1 Taxas de Juro da Política Monetária

As taxas de juro da política monetária tiveram uma tendência crescente, registando ligeiras

variações ao longo do período, em harmonia com as decisões do Comité de Política Monetária

(CPM). Nesse contexto, em harmonia com a evolução dos agregados monetários, por decisão

do CPM, em Março de 2016 foi alterada a taxa de juro básica do BNA para 14,00% a.a.,

mantendo-se constante até Junho de 2016, com uma variação de 4,75 p.p., comparativamente

ao período homólogo do ano anterior.

Relativamente às Facilidades de Liquidez, no mês de Março, a taxa de juro da Facilidade

Permanente de Cedência de Liquidez (FCO) foi aumentada de 13,00% a.a para 16,00% a.a

enquanto, a taxa da Facilidade Permanente de Absorção de Liquidez (FAO) passou de 1,75%

a.a para 0,00% a.a no mês de Fevereiro e a taxa de FAL7 passou de 1,75% aa para 2,25% aa no

mês de Março e terminou o período em análise em 7,25%.

O agravamento das taxas de juro directoras visou permitir o aumento da remuneração de

recursos do Banco Central, dinamizar o investimento e a diminuição do consumo, culminando

com a redução da taxa de inflação pela via da diminuição do consumo.

e m milhõ e s d e KZ

OPERAÇÕES DE

REDESCONTO2015 2016

Média. Diária

Total 196,141.27 348,819.25

Janeiro 22,163.58 13,000.00

Fevereiro 43,939.08

Março 22,164.28 125,526.94

Abril 26,903.59

Maio 33,415.30 78,705.69

Junho 47,555.43 131,586.62

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As taxas de juro de Política Monetária variaram com objectivo de desincentivar os bancos

comerciais a aumentarem os níveis de crédito ao público.

O incremento da taxa FCO aumenta o custo que os bancos comerciais incorrem cada vez que

recorrem ao BNA precisando liquidez, por outro lado, elevando a taxa da FAL7 eleva-se a

compensação dos valores depositados pelos bancos comercias, a fim de diminuir o impacto dos

valores depositados não remunerados nas reservas obrigatórias.

Tabela nº5- Taxas de Juros

4.3.2 Taxas Nominais de Juro de Títulos do Mercado Primário

No final do primeiro semestre de 2016, as taxas de juro médias para as maturidades de 91, 182

e 364 dias situaram-se em 14,52% a.a, 17,25% a.a e 18,35% a.a, respectivamente, com variação

negativa de 0,03 p.p na maturidade 182 dias.

TAXA BNA FCO FAO FAL 7 Decisões sobre as Taxas de Juro da Política Monetária

Jan-15 9.00% 9.75% 1.75% Mantida as taxas

Fev-15 9.00% 9.75% 0.00% Reduzida a FAO para 0%

Mar-15 9.00% 9.75% 0.00% Mantida as taxas

Abr-15 9.25% 10.00% 0.00% Aumentada a taxa BNA e a taxa da FCO

Mai-15 9.25% 10.00% 0.00% Mantida as taxas

Jun-15 9.25% 10.00% 0.00% Mantida as taxas

Jul-15 10.25% 11.00% 0.00% Aumentada a taxa BNA e a taxa da FCO

Ag-15 10.50% 12.00% 0.00% Aumento a taxa BNA e a taxa da FCO

Set-15 10.50% 12.50% 1.75% Aumentada a taxa da FCO

Out-15 10.50% 12.50% 1.75%Aumentada a taxa de juro da Facilidade de absorção de liquidez

para 1.75%.

Nov-15 10.50% 12.50% 1.75%Aumentada a taxa de juro da Facilidade de absorção de liquidez

para 1,75%.

Dez-15 11.00% 13.00% 1.75% 1.75%Aumentada a taxa BNA e a taxa da FCO e surgimento da FAL 7 com

taxa 1.75%

Jan-16 12.00% 13.00% 1.75% 1.75% Aumentada a taxa BNA

Fev-16 12.00% 13.00% 0.00% 1.75% Reduzida a FAO para 0%

Mar-16 14.00% 16.00% 0.00% 2.25% Aumentada a taxa BNA e a taxa da FCO

Abr-16 14.00% 16.00% 0.00% 2.25% Mantida as taxas

Mai-16 14.00% 16.00% 0.00% 2.25% Mantida as taxas

Jun-16 14.00% 16.00% 0.00% 7.25% Aumentada a taxa da FAL

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Em termos nominais, as taxas de juros das emissões mantêm-se inferiores ao nível da taxa de

inflação, face ao contexto em que a procura por esses instrumentos de poupança se mantém

consideravelmente acima da necessidade de financiamento do emissor, o Tesouro Nacional.

Tabela nº6- Taxas Nominais de Juro de Títulos do Mercado Primário

Gráfico nº 16: Taxas de Juro do Mercado Primário

BT 63 dias BT 91 dias BT 182 diasBT 364 dias 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos 6 anos OT 2 anos OT 3 anos OT 4 anos

jan/15 6.77% 7.37% 7.96% 7.00% 7.25% 7.50% 7.77% 7.35% 7.75% 8.00%

fev/15 6.53% 7.48% 8.26% 7.00% 7.25% 7.50% 7.77% 7.35% 7.75% 8.00%

mar/15 5.81% 6.74% 8.10% 7.00% 7.25% 7.50% 7.77% 7.35% 7.75% 8.00%

abr/15 5.05% 6.38% 5.27% 7.00% 7.25% 7.50% 7.77% 7.00% 7.75% 8.00%

mai/15 3.48% 4.50% 5.38% 5.54% 7.00% 7.25% 7.50% 7.77% 7.00% 7.75% 8.00%

jun/15 3.50% 4.44% 5.03% 7.03% 7.00% 7.25% 7.50% 7.77% 7.00% 7.75% 8.00%

jul/15 3.46% 4.40% 5.00% 7.00% 7.00% 7.25% 7.50% 7.77% 7.00% 7.75% 8.00%

set/15 7.22% 7.89% 9.02% 9.32% 7.00% 7.25% 7.50% 7.77% 7.00% 7.75% 8.00%

out/15 8.53% 9.61% 9.35% 10.12% 7.00% 7.25% 7.50% 7.77% 7.00% 7.75% 8.00%

nov/15 8.55% 11.26% 12.01% 12.01% 7.00% 7.25% 7.50% 7.77% 7.00% 7.75% 8.00%

dez/15 8.55% 13.90% 14.95% 15.30% 7.00% 7.25% 7.50% 7.77% 7.00% 7.75% 8.00%

dez/15 8.55% 13.43% 14.38% 14.45% 7.00% 7.25% 7.50% 7.77% 7.00% 7.75% 8.00%

fev/16 8.55% 14.01% 15.14% 16.10% 7.00% 7.25% 7.50% 7.75%

mar/16 8.55% 14.63% 16.29% 17.30% 7.00% 7.25% 7.50% 7.75%

abr/16 8.55% 14.93% 17.02% 18.02% 7.00% 7.25% 7.50% 7.75%

mai/16 8.55% 14.89% 17.72% 18.96% 7.00% 7.25% 7.50% 7.75%

jun/16 8.55% 14.52% 17.25% 18.35% 7.00% 7.25% 7.50% 7.75% 18.50%

PANORAMA DAS TAXAS NOMINAIS DE JURO (MÉDIAS PONDERADAS) - DE TÍTULOS

MERCADO PRIMÁRIO

BT OT-TXC OT-NR

3.00%

6.00%

9.00%12.00%

15.00%

18.00%

21.00%

Taxas de Juro do Mercado Primário

BT 63 dias BT 91 dias BT 182 dias BT 364 dias 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos

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37

4.3.3 LUIBOR

A LUIBOR Overnight, que reflecte o custo das transacções diárias de liquidez não

colateralizadas entre os bancos, passou de 11,30% em Janeiro para 14,00% em Abril com uma

ligeira diminuição de 0,08 pontos percentuais até ao final do período em análise. Nas restantes

maturidades da LUIBOR, as suas cotações variaram entre -0,01 a 0,03 pontos percentuais.

A variação observada na LUIBOR Overnight neste período reflecte, uma vez mais, o elevado

nível de liquidez na economia e em particular no sector bancário, permitindo às instituições

financeiras deficitárias custos de financiamento mais favoráveis.

Comparativamente ao período homólogo, observou-se o mesmo comportamento para a

LUIBOR Overnight que aumentou em 0,03 p.p no período, passando de 6,16% a.a em Janeiro

para 6,13% a.a em Junho. Nas restantes maturidades a tendência observada foi de aumentos

ligeiros das cotações entre 0,02 e 0,26 p.p.

A estrutura da LUIBOR reflectiu igualmente, em cada período, a sazonalidade da execução dos

principais factores de impacto na liquidez nos finais do trimestre, que diminui no mês de Maio

por impacto cumulativo da entrada em vigor do Instrutivo nº02/16, de 11 de Abril, pelo aumento

do coeficiente de reserva obrigatória em moeda nacional para 30%.

Tabela nº7- LUIBOR

Data

Overnigh 1 Mês 3 Meses 6 Meses 9 Meses

12

Meses 31/dez/2012 6.20% 7.70% 8.65% 9.43% 10.21% 10.66%

31/dez/2013 4.71% 6.99% 7.50% 8.12% 8.82% 9.34%

31/dez/2014 5.39% 7.67% 8.22% 8.67% 9.18% 9.95%

30/jan/2015 6.16% 7.59% 8.29% 8.91% 9.34% 9.75%

27/fev/2015 6.19% 7.69% 8.32% 8.96% 9.44% 9.77%

31/mar/2015 6.21% 7.77% 8.37% 8.95% 9.45% 9.81%

30/abr/2015 6.25% 7.77% 8.41% 8.98% 9.53% 9.99%

29/mai/2015 6.25% 7.77% 8.39% 8.99% 9.50% 10.00%

30/jun/2015 11.29% 9.01% 9.33% 9.90% 10.06% 10.28%

31/jul/2015 12.77% 10.64% 10.87% 10.93% 10.83% 11.14%

31/ago/2015 13.26% 11.40% 11.45% 11.37% 11.19% 11.27%

30/set/2015 11.81% 11.33% 11.50% 11.60% 11.56% 11.65%

30/out/2015 11.66% 11.39% 11.55% 11.68% 11.78% 11.89%

30/nov/2015 11.53% 11.32% 11.56% 11.73% 11.89% 12.00%

31/dez/2015 11.31% 11.44% 11.88% 12.21% 12.56% 12.84%

29/jan/2016 11.30% 11.47% 12.10% 12.55% 12.92% 13.31%

29/fev/2016 11.30% 11.67% 12.87% 13.44% 13.87% 14.43%

31/mar/2016 11.01% 12.27% 13.31% 14.01% 14.61% 15.26%

29/abr/2016 14.00% 13.49% 14.40% 15.18% 15.79% 16.54%

31/mai/2016 13.92% 14.20% 15.42% 16.43% 17.29% 18.16%

30/jun/2016 13.92% 13.82% 15.84% 16.71% 17.24% 17.64%Média

Mensal 13.92% 13.79% 15.54% 16.57% 17.21% 17.81%

LUIBOR - 2015

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38

Gráfico nº 17: Evolução da LUIBOR

4.4 Operações Cambiais

O volume de venda de divisas ao mercado no primeiro semestre de 2016 foi de USD 4.891,0

milhões, dos quais USD 3.909,0 milhões em mercado primário e USD 982,0 milhões em

mercado secundário, uma diminuição no volume de venda de moeda estrangeira ao mercado de

cerca de 46,86%, comparativamente ao período homólogo de 2015.

Ao longo do primeiro semestre de 2016, observou-se diminuição da disponibilidade de divisas,

resultante da forte quebra das receitas provenientes da exportação de petróleo, influenciando os

factores inerentes aos ciclos de importação de bens e serviços petrolífero e, igualmente, pela

observância de um maior rigor regulamentar na execução operacional dos pagamentos ao

exterior, assegurando-se por essa via, maior eficiência e equilibro na utilização dos recursos

cambiais do país.

O volume de operações executadas com o exterior do país foi no montante de USD 4.860,2

milhões, resultando numa diminuição de 71,23% comparativamente ao período homólogo de

2015, cujo volume foi de USD 11.346,0 milhões.

0.00%

5.00%

10.00%

15.00%

20.00%

EVOLUÇÃO DA LUIBOR

1 Mês 3 Meses 6 Meses 9 Meses 12 Meses Série7 Overnight

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Tabela nº8- Venda de divisas aos bancos comerciais

4.4.1 Taxas de Câmbio

No final do período em análise a taxa de câmbio média do mercado primário situou-se em

KZ/USD 166,711, com uma depreciação no semestre de 6,60%. Esta variação foi de magnitude

inferior à depreciação observada no período homólogo de 2015, de 16,50%, em que a taxa de

câmbio situou-se em KZ/USD 121,965.

No mercado secundário, a taxa de câmbio média para operações de divisas, situou-se em

KZ/USD 171,789 no primeiro semestre de 2016 e no período homólogo de 2015, em KZ/USD

125,385. A variação acumulada no primeiro semestre de 2016 foi de 6,661% e no período

homólogo de 2015, de 16,4917%.

VENDA DE DIVISAS AOS BANCOS COMERCIAIS

USD milhões

Jan-16 Fev-16 Mar-16 Abr-16 Mai-16 Jun-16 Total

Vendas Totais 658 897 790 923 788 835 4,891

Vendas do BNA 493 749 550 787 612 718 3,909

Venda de Clientes 165 148 239 136 177 117 982

Var mensal Total -84.7% 36.2% -12.0% 16.9% -14.6% 5.9%

Var. mensal BNA -86.9% 51.8% -26.5% 43.0% -22.3% 17.4%

USD milhões

Jan-15 Fev-15 Mar-15 Abr-15 Mai Jun Total

Vendas Totais 1,601 1,831 1,573 1,485 1,519 2,428 10,438

Vendas do BNA 1,349 1,645 1,390 1,357 1,300 2,220 9,261

Venda de Clientes 252 186 183 128 220 209 1,177

Var mensal Total -13.9% 14.3% -14.1% -5.5% 2.3% 59.8%

Var. mensal BNA -13.1% 21.9% -15.5% -2.4% -4.2% 70.8%

20

16

20

15

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40

Ao longo do primeiro semestre de 2016, a volatilidade do mercado cambial, reflectiu-se no

comportamento das taxas de câmbio, em particular na taxa do mercado informal.

A depreciação acentuada da taxa de câmbio em 2016, com particular incidência em Janeiro e

Abril, deveu-se a intenção da diminuição da diferença existente entre o mercado primário e

informal, bem como, o aumento considerável no nível de procura por divisas em relação a oferta

que resultou na pressão sobre a taxa de inflação, uma vez que, estas variáveis apresentam uma

correlação positiva, devido as características da economia nacional.

Gráfico nº 18: Evolução da Taxa de Câmbio- USD/KZ

4.5 Base Monetária

No período em análise, as operações dos mercados monetário e cambial concorreram para a

regulação de liquidez e manutenção do stock da Base Monetária, permitindo que este agregado

monetário se situasse em nível conservador, em cerca de 3,59%, face a programação monetária

de 2016.

109.837

159.737 166.709115.420

189.675 186.982208.070

179.167

186.667

406.667

350.000

462.500

562.500

90.000

140.000

190.000

240.000

290.000

340.000

390.000

440.000

490.000

540.000

590.000

Abr-15 Mai-15 Jun-15 Jan-16 Fev-16 Mar-16 Abr-16 Mai-16 Jun-16

Evolução da Taxa de Câmbio-UDS/KZ

Tx Ref Tx Sec (Divisas)* Tx Sec (Notas)* Tx Inf*

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5 SISTEMA DE PAGAMENTO

5.1 Desempenho do Sistema de Pagamento em Tempo Real

O Sistema de Pagamento em Tempo Real (SPTR) deve garantir uma disponibilidade superior

a 99,90%, este objectivo não foi alcançado no período em análise devido a indisponibilidade

do sistema que registou um máximo de 1h30 (uma hora e trinta minutos). De referir que, o

SPTR é o veículo de circulação da moeda nacional entre as instituições financeiras e é

imprescindível que para o pleno funcionamento do sistema de pagamento e para a estabilidade

do sector financeiro a indisponibilidade seja inferior a 1min (um minuto) por dia.

Gráfico 19: Indisponibilidade SPTR por sessão medido em hh:mm

5.2 Distribuição das Operações ao Longo do Dia

Na abertura do SPTR observam-se picos relacionados com operações comunicadas no dia

anterior e com saldos de compensação. O número de pagamentos é crescente ao longo do dia

até à hora do fecho inicial do SPTR, às 15h30, devido a pagamentos ordenados por clientes

bancários que representaram 82% do número total de operações liquidadas.

Em termos de montantes, verifica-se uma concentração próxima das 09h00 e das 16h00

relacionada essencialmente com pagamentos na plataforma SIGMA, venda de divisas e

pagamento de salários do Ministério das Finanças.

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Gráfico 20: Distribuição Média dos Pagamentos no SPTR ao longo do dia

5.3 Desempenho do Subsistema de Compensação de Cheques

Na comparação face ao período homólogo, os cheques apresentaram uma redução de 13% e um

aumento de 17% em termos de número e montante, respectivamente. A redução do número de

cheques pode ser justificada pela maior utilização do Sistema de Transferências a Crédito. Em

relação ao montante, o aumento pode ser explicado pela transferência de fundos de um banco

para outro, motivado pelo surgimento de novos bancos no sistema financeiro, com oferta de

produtos e serviços diferenciados.

A entrada em funcionamento do SCC permitiu o cumprimento do limite estabelecido para a

compensação de cheques, enquanto, no extinto SCV eram compensados valores superiores ao

regulamentado o que gerava maior exposição ao risco de liquidez e de crédito. Em relação as

devoluções, estas apresentaram um aumento de 7% em termos de número e 60% em termos de

valor. O aumento das devoluções representa um aspecto negativo na qualidade de utilização do

SCC.

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Gráfico 21: Número de Cheques Compensados

Gráfico 22: Montante de Cheques Compensados

5.4 Desempenho do Subsistema Multicaixa

O Subsistema de Pagamentos Multicaixa (MCX) envolve operações de pagamento baseadas na

utilização de cartões bancários válidos na rede Multicaixa―caixas automáticos (CA) e

terminais de pagamento automático (TPA), em conformidade com os procedimentos e

processos estabelecidos para as operações disponibilizadas no Subsistema.

5.4.1 Terminais de Pagamento Automático

A média mensal de TPA matriculados activos, no período em análise, foi de 56%, o que

significa que 44% dos terminais matriculados na rede estiveram inactivos nesse período.

Comparativamente ao período homólogo de 2015,verificou-se uma redução de menos de 1%

em relação aos terminais matriculados activos o que pode indiciar desperdício de investimento

e redução de oferta de serviços aos titulares de cartões MCX.

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As principais causas da inactividade dos TPA estão relacionadas com problemas de assistência

aos comerciantes, no que concerne principalmente à formação e ao serviço de apoio, bem como,

a existência de um grande número de TPA matriculados, mas não instalados ou em estado de

avaria.

Gráfico 23: Número de TPA Matriculados: Activos versus Não Activos

5.4.2 Utilização de Cartões Domésticos de Marca internacional no Estrangeiro

No período em análise, o número de operações com cartões domésticos de marca internacional

no estrangeiro reduziu 72% comparativamente ao período homólogo de 2015, igualmente o

montante de operações registou uma redução de 65%. A redução verificada é justificada pelas

restrições cambiais da conjuntura actual.

Gráfico 24: Totais Mensais de Operações com Cartões de Marca Internacional no

Estrangeiro

Importa referir que até ao final de 2015, o cartão com maior utilização em termos de número

era o pré-pago, tendo sido preterido pelo cartão de crédito devido as restrições impostas pelos

0

400

800

1.200

1.600

Jan Fev Mar Abr Mai Jun

Milh

are

s

2015

2016

0

8.000

16.000

24.000

32.000

40.000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun

2015

2016

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bancos emissores. Assim, o cartão de crédito passou a liderar a utilização de cartões de marca

internacional representando 48% e 69% em termos de número e montante, respectivamente.

Gráfico 25: Operações no Estrangeiro por Tipo de Cartão

Relativamente ao ranking dos países onde foram utilizados os cartões de marca internacional

emitidos por bancos angolanos, em termos do número, Portugal, China e África do Sul ocupam

os três primeiros lugares e em termos de montante de operações, os três primeiros lugares são

ocupados por Portugal, Emiratos Árabes e China.

Gráfico 26: Principais Países de Destino da Utilização de Cartões de Marca Internacional

5.4.3 Taxa de Operacionalidade da Rede de Caixas Automáticos

A rede de caixas automáticos constitui um canal eficiente de dispensação de numerário aos

titulares de cartões Multicaixa, bem como, de prestação de serviços de pagamento numa base

de 24 horas/ 7 dias por semana.

A taxa de operacionalidade da rede MCX (TOR) traduz a disponibilidade da rede de caixas

automáticos, que deve ser superior a 95%. No período em análise, a média da TOR foi de

94,17%, devido sobretudo a problemas de energia e telecomunicação.

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Gráfico 27: Taxa de Operacionalidade da Rede Multicaixa

5.4.4 Down-Time por Falta de Notas

O Down-Time por Falta de Notas (DTFN) impede a utilização da rede MCX para obtenção de

numerário e contribui para maior congestionamento das agências bancárias. A taxa média de

DTFN da rede MCX no primeiro semestre de 2016 foi de 18%, permanecendo inalterada face

ao período homólogo do ano anterior. Contudo, a média do semestre é considerada elevada

comparativamente ao limite máximo, estabelecido pelo operador da rede que é de 5%.

Gráfico 28: Down-Time Por Falta de Notas

5.5 Desempenho do Subsistema de Transferências a Crédito

O Subsistema de Transferências a Crédito (STC) é o subsistema da Câmara de Compensação

Automatizada de Angola (CCAA) direccionado para compensação interbancária de

transferências a crédito de retalho até Kz 5 milhões, exclusive.

Durante o primeiro semestre de 2016, foram processadas 777.000 (setecentos e setenta e sete

mil) transferências, no montante de Kz 368.629 milhões, face a 552.000 (quinhentos e

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cinquenta e duas mil) transferências, no montante de Kz 269.245 milhões processadas no

período homólogo de 2015.

A implementação do segundo ciclo de compensação no STC, possibilitou a liquidação de

instruções de compensação no mesmo dia em que essas são comunicadas. O referido ciclo

constituiu uma mais-valia para o subsistema e pode justificar o crescimento do mesmo face ao

período homólogo.

O SCC e o STC beneficiam de um regime de garantias que assegura a liquidação dos saldos

devedores que os participantes podem apresentar na compensação.

Gráfico 29: Número de Transferências Compensadas

Gráfico 30: Montante das Transferências Compensadas

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48

6 SISTEMA FINANCEIRO

6.1 Organização do Sistema Financeiro

6.1.1 Estrutura e Composição

Até o primeiro semestre de 2016, estavam autorizadas a funcionar no sistema financeiro

angolano 30 (trinta) instituições financeiras bancárias e 86 (oitenta e seis) instituições

financeiras não bancárias, sendo destas 66 (sessenta e seis) Casas de Câmbio, 10 (dez)

sociedades de microcrédito, 7 (sete) sociedades de remessas de valores, 2 (duas) sociedades

cooperativa de crédito e 1 (uma) sociedade de locação financeira.

Assim, das 30 (trinta) instituições financeiras bancárias autorizadas a funcionar em Angola,

estavam em funcionamento 27 (vinte e sete) instituições, das quais, 3 (três) bancos públicos, 18

(dezoito) bancos privados nacionais e 6 (seis) filiais de bancos estrangeiros.

Tabela nº.9- Listagem de Bancos

Nº Sigla Nome Inicio de Actividade Controlo do Capital

1 BCI BANCO DE COMÉRCIO E INDÚSTRIA, S.A.R.L. 1991 Público

2 BPC BANCO DE POUPANÇA E CRÉDITO, S.A.R.L. 1991 Público

3 BCA BANCO COMERCIAL ANGOLANO, S.A.R.L. 1996 Privado Nacional

4 BAI BANCO ANGOLANO DE INVESTIMENTOS, S.A. 1996 Privado Nacional

5 SOL BANCO SOL 2000 Privado Nacional

6 BE BANCO ECONÓMICO, S.A 2001 Privado Nacional

7 BFA BANCO DE FOMENTO ANGOLA, S.A.R.L. 2002 Privado Estrangeiro

8 BCGA BANCO CAIXA GERAL ANGOLA S.A. 2002 Privado Nacional

9 KEVE BANCO KEVE, S.A.R.L. 2003 Privado Nacional

10 BMF BANCO BAI MICRO FINANÇAS, S.A. 2003 Privado Nacional

11 BIC BANCO BIC, S.A. 2005 Privado Nacional

12 BNI BANCO DE NEGÓCIOS INTERNACIONAL, S.A. 2005 Privado Nacional

13 BDA BANCO DE DESENVOLVIMENTO DE ANGOLA 2006 Público

14 ATL BANCO MILLENNIUM ATLÂNTICO, S.A. 2006 Privado Nacional

15 BANC BANCO ANGOLANO DE NEGÓCIOS E COMÉRCIO, S.A. 2006 Privado Nacional

16 VTB BANCO VTB ÁFRICA, S.A. 2006 Privado Estrangeiro

17 FNB FINIBANCO ANGOLA 2007 Privado Estrangeiro

18 BKI BANCO KWANZA INVESTIMENTO S.A 2007 Privado Nacional

19 BCH BANCO COMERCIAL DO HUAMBO, S.A 2009 Privado Nacional

20 SBA STANDARD BANK DE ANGOLA, S.A 2009 Privado Estrangeiro

21 BVB BANCO VALOR, S.A. 2010 Privado Estrangeiro

22 YETU BANCO YETU, S.A. 2013 Privado Nacional

23 BPG Banco Prestigio, S.A 2013 Privado Nacional

24 BPAN BANCO PUNGO ANDONGO 2013 Privado Nacional

25 SCBA STANDARD CHARTERED BANK DE ANGOLA 2013 Privado Estrangeiro

26 BIR BANCO DE INVESTIMENTO RURAL 2013 Privado Nacional

27 BCS Banco de Crédito do Sul, SA 2015 Privado Nacional

28 ECOBANK ECOBANK DE ANGOLA* Privado Nacional

29 - Banco Postal* Privado Nacional

30 - BANCO DA CHINA LIMITADA- Sucursal em Luanda* Privado Estrangeiro

* Bancos autorizados a funcionar mas que ainda não iniciaram a sua actividade

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Ao nível de cobertura geográfica da rede de agências bancárias pelo território nacional, até o

primeiro semestre de 2016, o sistema bancário angolano detinha um total de 1.515 agências e

dependências bancárias, 157 agências e dependências de casas de câmbio, 19 agências e

dependências de sociedades de microcrédito, 31 agências e dependências de sociedades de

remessas de valores e 2 agências de cooperativas de crédito.

Apesar do número de instituições financeiras e de agências e dependências estar a aumentar,

ainda observa-se concentração da rede de agências e dependências nas províncias de Luanda,

Benguela e Huíla, com 52,6%, 8,33% e 5,48% do total de instituições financeiras,

respectivamente.

6.1.2 Regulação Prudencial do Sistema Financeiro

O Banco Nacional de Angola (BNA), no âmbito do cumprimento da sua missão na qualidade

de órgão regulador e de supervisão do sistema financeiro angolano (SFA), particularmente no

sector bancário, estabelece normas prudenciais e de conduta para a actuação das instituições

financeiras sob a sua jurisdição, nomeadamente, quanto à sua organização contabilística,

estrutura de receita e controlo interno, bem como, as informações e respectiva periodicidade a

prestarem ao BNA e ao público.

A função de regulação resulta da necessidade de dotar o SFA de ferramentas e procedimentos

regulamentares que optimizem o correcto funcionamento das instituições financeiras e

promovam a estabilidade das mesmas, tornando-as mais eficientes e eficazes, sólidas e

transparentes, tendo em linha de orientação, a protecção dos interesses dos depositantes,

investidores e outros credores e a salvaguarda das condições normais de funcionamento do

mercado monetário, financeiro e cambial.

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• Directiva n.º 01/DRO-DSC/2016, de 18 de Abril – Reporte Estatístico das

Reclamações

Normas publicadas

no primeiro semestre

de 2016

• Aviso n.º 02/2016, de 15 de Junho – Fundos Próprios Regulamentares

• Aviso n.º 03/2016, de 16 de Junho – Requisitos de Fundos Próprios

Regulamentares para o Risco de Crédito e de Crédito de Contraparte

• Aviso n.º 04/2016, de 22 de Junho – Requisitos de Fundos Próprios

Regulamentares para Risco de Mercado e de Crédito na Carteira de

Negociação

• Aviso n.º 05/2016, de 22 de Junho – Requisitos de Fundos Próprios

Regulamentares para Risco Operacional

• Aviso n.º 06/2016, de 22 de Junho – Adopção Plena das Normas

Internacionais de Contabilidade/Normas Internacionais de Relato

Financeiro

• Aviso n.º 07/2016, de 22 de Junho – Governação de Risco

• Aviso n.º 08/2016, de 22 de Junho – Requisitos de Fundos Próprios

Regulamentares para o Risco da Taxa de Juro na Carteira Bancária

• Aviso n.º 09/2016, de 22 de Junho – Limites aos Grandes Riscos

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6.2 Sistema Bancário – Visão Geral

6.2.1 Estrutura Patrimonial

Em Junho de 2016, o volume de negócios da banca totalizou cerca de Kz 9.693.011 milhões,

tendo aumentado Kz 1.906.564 milhões (24,49%) face os Kz 7.786.448 milhões registados no

período homólogo de 2015, motivado sobretudo pelo aumento dos títulos e valores mobiliários

e a variação cambial. Apesar da tendência crescente do volume de aplicações da banca, o nível

de crescimento dos últimos 4 (quatro) anos abrandou, tendo aumentado nos anos de 2012, 2013,

2014 e 2015 em 10,90%, 11,10%, 7,25% e 17,66%, respectivamente, após o crescimento

acentuado de 28,84% em 2011.

O peso do activo face ao PIB diminuiu de 63,20% em Junho de 2015 para 57,42% em Junho

de 2016 devido ao maior crescimento do PIB. Relativamente ao PIB não petrolífero também

houve uma redução do peso de 82,51% para 73,32%.

Importa referir, que as aplicações da banca aumentaram consideravelmente devido a variação

cambial, porém, retirando o efeito da variação cambial, o volume de negócios da banca

diminuiria em 3,95%, enquanto, para 2014 e 2015, aumentaria em apenas 5,66% e 1,57%,

respectivamente.

Gráfico 31: Activo Total

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A carteira de crédito mantém-se com a maior significância na estrutura de activos do sistema e

cresceu mais (22,44%) comparativamente aos últimos 3 (três) anos, cujas taxas de crescimento

cifraram-se em 14,59%, 18,26% e 2,27% em Jun/13, Jun/14 e Jun/15, respectivamente. Este

crescimento é justificado não pela concessão de novos créditos, mas sobretudo pela

desvalorização cambial, fruto da crise económica actual.

Apesar do crescimento do crédito, continua a verificar-se uma diminuição do seu peso no

activo, tendo passado de 41,69%% em Junho de 2015, para os 41,01% em Junho de 2016, em

benefício de aplicações em títulos e valores mobiliários que continuam a aumentar

consideravelmente, sendo que comparativamente ao período homólogo de 2015 houve um

aumento de Kz 788.939 milhões (37,45%).

Gráfico 32: Peso do crédito e dos títulos no activo total

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Relativamente a moeda, o activo em MN aumentou cerca de Kz 841.450 milhões (16,61%), por

sua vez, o activo em ME registou um aumento, em cerca de Kz 1.065.113 milhões (39,14%),

porém este aumento superior resultou da actualização cambial, sobretudo dos títulos e valores

mobiliários em ME que aumentaram mais de 100%, em cerca de Kz 322.239 milhões

(117,33%).

Gráfico 33: Activos por Moeda

Os níveis de concentração das aplicações da banca diminuíram relativamente aos cinco maiores

bancos, porém aumentaram em relação aos 10 maiores bancos. Em Junho de 2016, o activo do

sistema bancário estava concentrado em 5 (cinco) Bancos, que representavam 64,68%,

registando uma diminuição de 2,04 pontos percentuais face a Junho de 2015 (66,72%). Por sua

vez, os 10 (dez) maiores bancos detinham 90,12% dos activos do sistema, um nível de

concentração superior em 2,72 pontos percentuais em relação a Junho 2015.

Relativamente as captações, a semelhança das aplicações, o nível de endividamento da banca

abrandou, aumentando em apenas Kz 1.759.134 milhões (25,22%).Os depósitos mantêm-se

como a maior fonte de captação de recursos a terceiros das instituições financeiras bancárias,

contudo, nos últimos 3 (três) anos o volume das captações de depósitos aumentaram em taxas

mais reduzidas, tendo o seu peso no passivo diminuído de 81,22% em Jun/15 para 81,14% em

Jun/16. Por sua vez, as captações para liquidez foram a segunda maior fonte de financiamento,

particularmente as operações no mercado monetário interfinanceiro, porém, o seu peso no

passivo também diminuiu de 7,48% em Jun/15 para 6,15% em Jun/16.

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Gráfico 34: Estrutura do Passivo Total

6.2.2 Adequação de Capital

Considerando o desenvolvimento do Sistema Financeiro Angolano e observando as

recomendações internacionais, nomeadamente do Comité de Basileia, em particular Basileia II

e III, houve a necessidade de rever o normativo que regula o rácio de solvabilidade regulamentar

de forma a alargar as categorias de risco consideradas no cômputo do rácio e redefine as

características de alguns dos instrumentos considerados no apuramento dos fundos próprios

regulamentares.

Assim, em Junho de 2016, foi publicado o pacote de normativo sobre Fundos Próprios

Regulamentares, mantendo-se o limite mínimo de rácio de solvabilidade em 10%, da relação

dos fundos próprios regulamentares e o valor dos requisitos de fundos próprios de fundos

próprios regulamentares para o risco de crédito, risco de mercado e o risco operacional.

Todavia, o pacote de normativo encontra-se em período transitório (18 meses), permanecendo

em vigor o Aviso 05/07, de 12 de Setembro sobre o rácio de solvabilidade.

O sistema bancário angolano continua a demonstrar capitalização suficiente para suportar os

riscos económicos e financeiros, apesar da diminuição do rácio de solvabilidade regulamentar

de 19,57% em Junho de 2015 para 18,13% em Junho de 2016, mantendo-se muito acima do

limite mínimo regulamentar de 10%. Esta diminuição é resultante sobretudo do aumento dos

créditos ao sector privado empresarial não financeiro e das responsabilidades perante terceiros.

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De modo geral as instituições bancárias apresentaram fundos próprios suficientes para suportar

os seus riscos, porém 5 (cinco) bancos que representam uma quota de mercado de activo de

17,92% apresentaram rácios de solvabilidade abaixo do mínimo regulamentar.

Gráfico 115: Adequação de Capital

6.2.3 Qualidade dos Activos

Considerando a situação conturbada que a economia angolana actualmente atravessa, em

função da crise no sector petrolífero, o acesso ao crédito é imprescindível, no suporte aos

esforços em curso, de diversificação da economia angolana, para a promoção do crescimento

económico e consequentemente do desenvolvimento da economia.

Todavia, a capacidade de concessão de crédito por parte dos Bancos está limitada, devido

principalmente a crise no sector petrolífero, que tem aumentado sobremaneira o risco de crédito

e diminuído a liquidez, mas, também, devido a vários outros factores como a baixa taxa de

bancarização, apesar do crescimento verificado ao longo dos últimos anos, o desfasamento de

prazos das captações e as aplicações, considerando que a principal fonte de financiamento dos

créditos continua a ser os depósitos a ordem, que são de muito curto prazo, o que não atende as

necessidades de crédito, que são de mais longo prazo, a limitação do enquadramento legal da

constituição e execução de garantias, a inexistência de um mercado secundário em Angola, o

que torna os activos menos líquidos, dentre outros.

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Assim, de Junho de 2014 à Junho de 2015, o crédito concedido registou a taxa de crescimento

mais baixa (2,27%) dos últimos cinco anos, devido a diminuição do preço de petróleo ocorrida

no segundo semestre de 2014 e consequente degradação das condições monetárias e financeiras,

em particular destaque a variação significativa da taxa de câmbio face a moeda externa que teve

início em Setembro de 2014, que encareceu a amortização das prestações creditícias das

famílias e empresas, reflectindo-se num aumento considerável do crédito mal parado em

107,10%.

Entretanto, em Junho de 2016, a carteira de crédito totalizou Kz 3.974.820 milhões, tendo

aumentando em Kz 728.385 milhões (22,44%) comparativamente aos Kz 728.385 milhões

registados em Junho de 2015, devido, fundamentalmente, a variação cambial dos créditos em

ME, uma taxa muito superior face ao crescimento verificado nos anos de 2013, 2014 e 2015

em que cresceu em média 11,71%.

Importa referir que, apesar do volume de crédito ter aumentado em 22,44% no período em

análise, se retirar-se o efeito cambial, o crédito teria uma redução de 27,30% (Kz 1.085.264

milhões) da carteira e comparativamente ao período homólogo, diminuiria em 1,20% (Kz

35.063 milhões).

Gráfico 36: Crédito no SFA sem efeito Cambial

A preponderância da moeda externa (Dólar) na economia continua com uma tendência

decrescente ao longo dos últimos anos, fruto de várias regulamentações prudenciais dentre as

quais: a diferenciação da Taxa de Reservas Obrigatórias para o tipo de moeda utilizado nos

depósitos, a incorporação de cobertura para risco cambial no rácio de solvabilidade

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regulamentar, a imposição de limites à exposição cambial líquida dos bancos, a limitação da

concessão de crédito em moeda estrangeira, bem como, o novo regime cambial para o sector

petrolífero.

Assim, nos últimos anos o crédito em moeda nacional cresceu expressivamente relativamente

ao crédito em moeda estrangeira, tendo o seu peso no crédito total aumentado de 34,20% em

Junho de 2010 para 66,17% em Junho de 2016. Todavia, quando comparado com o período

homólogo, nota-se uma diminuição do peso do crédito em moeda nacional de 3,05 p.p. devido

a redução do crédito concedido, em função das condições económico-financeiras actuais.

Contrariamente, o peso do crédito em moeda estrangeira aumentou de 30,79% para 33,83%,

devido a variação cambial.

Gráfico 37: Crédito no SFA Por Moeda

Não obstante o número de instituições bancárias ter aumentado nos últimos anos, o sistema

bancário continua a apresentar níveis de concentração de crédito elevados e com uma tendência

crescente, sendo que os 5 (cinco) bancos com maior volume de crédito detinham uma quota de

mercado de 75,88%, tendo aumentado 4,74 p.p face a Junho de 2015. De igual modo, a

concentração do crédito por sector de actividade económica mantém-se alta, em 5 (cinco)

sectores que representam 79,66%.

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Os créditos continuam a ser alocados maioritariamente às empresas, cujo peso aumentou de

70,33% para 74,39%, seguido das famílias que, contrariamente, tiveram uma diminuição de

22,45% para 18,03%.

Gráfico 38: Crédito por Sector de Actividade Económica e Sector Institucional

No período, o crédito mal parado aumentou consideravelmente Kz 128.485 milhões (32,18%),

ao passar de Kz 399.226 milhões em Junho de 2015 para Kz 527.711 milhões em Junho de

2016, por um lado, devido sobretudo a variação significativa da taxa de câmbio face a moeda

externa registada desde o segundo semestre de 2014, que encareceu a amortização das

prestações creditícias das famílias e empresas, por outro lado, devido a atrasos de pagamentos

por parte do Estado à empresas devedoras de alguns Bancos, como consequência dos problemas

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de liquidez resultantes da crise no sector petrolífero. Consequentemente, o crédito vencido em

moeda estrangeira aumentou significativamente de Kz 593.895 milhões para Kz 804.466

milhões, ou seja, Kz 210.570 milhões (35,46%). Com efeito, o rácio de crédito vencido sobre

o crédito total aumentou de 18,29% em Junho de 2015 para 20,24% em Junho de 2016. De

igual modo, o rácio do crédito vencido mal parado sobre o crédito total aumentou de 12,30%

para 13,28%.

Para mitigar o risco de crédito, o sistema bancário constituiu provisões para crédito vencido no

valor de Kz 361.907 milhões, um aumento de Kz 163.890 milhões (82,77%) comparativamente

ao período homólogo, devido sobretudo a exigência de reforço de provisões às instituições

bancárias, no âmbito do programa de Avaliação da Qualidade do activo efectuado recentemente

pelo BNA a banca angolana, que atenuou o risco de crédito, tendo o peso do crédito não

provisionado sobre os fundos próprios regulamentares diminuído de 39,57% em Junho de 2015

para 36,41% em Junho de 2016.

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Gráfico 39: Qualidade do Crédito

6.2.4 Rentabilidade

Apesar da conjuntura macroeconómica actual, o sistema bancário continua a registar lucros,

tendo aumentado Kz 36.252 (41,84%) ao passar de Kz 86.635 milhões em Junho 15 para Kz

122.887 milhões em Junho 16, traduzindo-se num aumento do retorno dos capitais (ROE) de

8,76% para 9,79% e dos activos (ROA) de 1,14% para 1,24%, devido sobretudo ao aumento

significativo dos proveitos de títulos e valores mobiliários em Kz 56.934 milhões (75,65%) e

de créditos em Kz 43.366 milhões (30,69%).

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Com o problema financeiro registado no ex BESA que afectou o sistema financeiro, dada a sua

significância e a situação macroeconómica desfavorável registada a partir de Setembro de 2014,

houve uma baixa considerável do resultado líquido, atingindo o nível mais baixo desde 2010.

Entretanto em Dezembro de 2015, registou-se uma melhoria substancial no desempenho

financeiro em cerca de 211%, quando retirado a variação cambial este indicador reduz para

198%,

Em Junho de 2016, se retiramos o efeito cambial, o resultado líquido seria de Kz 111.732

milhões, ou seja, menos 9,08%, um aumento de Kz 25.634 milhões (29,77%) face ao período

homólogo de 2015.

Gráfico 40: Resultados

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Como efeito da variação cambial, as prestações de crédito em moeda estrangeira aumentaram,

bem como, os proveitos de crédito apropriados, apesar do abrandamento da concessão de

crédito e da redução das taxas de juros dos créditos concedidos em MN e ME ao sector

empresarial, nas maturidades de 181 dias à 1 ano e superior a 1 ano.

6.2.5 Liquidez e Gestão de Fundos

Em Junho de 2016, de modo geral, o agregado de Bancos revelou capacidade razoável de

cumprir com as suas obrigações de curto prazo. Porém, ainda perdura a escassez de

disponibilidades em moeda estrangeiras para atender o elevado volume de obrigações imediatas

na mesma moeda, por um lado, devido principalmente a crise no sector petrolífero e por outro

lado, devido aos desfasamentos (gaps) significativos entre os financiamentos de curto-prazo e

aplicação de recursos a longo-prazo. Logo, a liquidez imediata em ME diminuiu

significativamente de 26,18% em Junho de 2015 para 17,92% em Junho de 2016, registando o

nível mais baixo dos últimos 5 (cinco) anos (2010), período em que o SFA ressentiu a crise

financeira mundial de 2008. Contrariamente, a liquidez em MN aumentou de 67,37% para

68,99%.

Gráfico 41: Evolução da Liquidez Imediata MN e ME

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Os depósitos mantêm-se como a principal fonte de financiamento do sistema bancário com

cerca de 7.088.229 milhões (81,14%), tendo aumentado apenas Kz 1.421.939 milhões

(25,09%), impulsionado pelo aumento dos depósitos a ordem, em cerca de Kz-883.212 milhões

(28,56%). Da totalidade de depósitos, Kz 3.975.979 milhões (56,09%) representavam os

depósitos à ordem, Kz 2.989.422 milhões (42,17%) os depósitos a prazo e Kz 122.829 milhões

(1,73%) outros depósitos. Quanto a moeda, 68,40% do total de depósitos estavam representados

em moeda nacional e 31,60% em moeda estrangeira.

Gráfico 42: Depósito por prazo e moeda

6.2.6 Análise de sensibilidade

Com o objectivo de identificar potenciais vulnerabilidades no agregado do sistema bancário e

nos seus principais intervenientes, foram efectuados choques individualmente em cada banco e

no agregado do sistema na liquidez8, taxa de câmbio9 e exposição ao exterior10. Entretanto, os

impactos dos choques no sistema, poderão não ser totalmente capturados pelos modelos, uma

vez que os resultados deste estudo são baseados em efeitos de primeira ordem e não têm em

consideração os impactos secundários no sistema, bem como, pelo facto dos balanços serem

8 Analise o impacto de uma fuga de depósitos 9 Análise do impacto de uma apreciação/depreciação do Kwanza face ao dólar americano 10 Análise do impacto de perda de activos no exterior

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estáticos e os choques instantâneos no sistema, não permitirem tempo para eventuais

mitigantes11.

6.2.6.1 Liquidez

Para esta análise foi estabelecido dois cenários em que ocorresse levantamentos de 50% e 75%

dos depósitos de clientes. Os resultados demonstram que num cenário de stress em que

ocorresse a retirada de 50% dos depósitos, o SFA conseguiria cobrir 100% das necessidades de

liquidez de Kz 3.545.018 milhões com os activos de nível II12.

Em termos individuais, a maioria dos Bancos conseguiria cobrir as suas necessidades de

liquidez com activos líquidos de nível I, com excepção de 3 (três) Bancos que não conseguiriam

cobrir as suas necessidades de liquidez inclusive com os quatro níveis de activos líquidos13,

registando deste modo um défice de liquidez.

Com uma retirada de 75% dos depósitos, o agregado do SFA não conseguiria cobrir 100% das

necessidades de liquidez de Kz 5.317.526 milhões com os quatro níveis de activos, registando

um défice de Kz 360.571 milhões. Em termos individuais, 10 (dez) bancos não conseguiriam

cobrir as suas necessidades de liquidez em todos os níveis.

Gráfico 43: Estrutura de Liquidez

11 Devido a entrada em vigor do Aviso nº 12/14, de 01 de Dezembro, nesta edição do Relatório de Estabilidade Financeira não foi

efectuada análise de sensibilidade na carteira de crédito. 12 Activos de nível II esta composto pelas disponibilidades e títulos e valores mobiliários emitidos pelo Estado Angolano. 13 Os níveis de distinguem-se no seguinte: Nivel I-: Nível II – significado; Nível III – significado; Nivel IV-significado.

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6.2.6.2 Taxa de Câmbio

Para a presente análise foi considerado um choque na taxa de câmbio do Kwanza face ao Dólar

tendo em conta a desvalorização significativa da taxa de câmbio registada no último ano no

mercado formal. Assim, num cenário adverso de uma depreciação de 315% do Kwanza face ao

dólar, em que a taxa de câmbio passasse de 165,885 para 688,423, os activos ponderado pelo

risco denominados em ME aumentariam consideravelmente, com efeito, o rácio de

solvabilidade do agregado do sistema bancário diminuiria de 18,13% para 10,08%.

A nível individual, para além dos 5 (cinco) bancos que já encontram abaixo do limite mínimo,

mais 9 (nove) bancos no sistema passariam a apresentar rácios de solvabilidade abaixo do limite

mínimo estabelecido (10%), sendo que, 7 (sete) bancos apresentar-se-iam insolventes.

6.2.6.3 Exposição ao Exterior

Considerando que a exposição dos bancos ao exterior é maioritariamente em relação a Portugal,

foi realizada uma análise de sensibilidade através da definição de uma perda de 75% dos activos

de Bancos angolanos no referido país, que resultaria numa diminuição do rácio de solvabilidade

do SFA de 18,13% para 14,92%. Em termos individuais, 14 (catorze) bancos que detêm

aplicações em Portugal teriam os seus rácios de solvabilidade desenquadrados, dos quais, 9

(nove) tornar-se-iam insolventes.

6.2.7 Estabilidade do Sistema Financeiro Angolano

O índice de classificação do sistema financeiro demonstrou relativa estabilidade entre Janeiro

de 2006 à Junho de 2014, mantendo uma variação trimestral aproximadamente entre 40% e

70%, atingindo o seu valor máximo em Junho de 2014 (72%). Entretanto, com a descida

acentuada do preço do petróleo e a desvalorização cambial, houve um aumento considerável do

crédito mal parado e escassez de liquidez em ME, causando uma quebra gradual da estabilidade

financeira tendo o índice reduzido para19% em Março de 2016, o valor mais baixo registado

nos últimos 10 (dez) anos.

Contudo, em Junho de 2016, houve uma melhoria do índice de estabilidade financeira, motivada

pela ligeira recuperação do preço do petróleo e da liquidez imediata ME, fruto do aumento da

venda de divisas do BNA, refletindo-se numa menor oscilação da taxa de câmbio.

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66

Gráfico 44: Índice de Estabilidade Financeira

6.3 Governação Corporativa e Sistema de Controlo Interno

Em observância das disposições previstas no Aviso n.º 01/13, sobre Governação Corporativa e

no Aviso n.º 02/13, sobre Sistema de Controlo Interno, ambos de 19 de Abril, as instituições

financeiras a operar no Sistema Financeiro Angolano (SFA) remeteram ao Banco Nacional de

Angola os respectivos relatórios sobre as referidas matérias, relativos ao ano de 2015.

A análise efectuada aos relatórios de governação corporativa e sistema de controlo interno,

mostram que em termos agregados, no final de 2015, cerca de 40% dos requisitos de governação

corporativa estavam efectivamente cumpridos, 38% dos requisitos estavam pendentes de

verificação in loco e os restantes 22% estavam por cumprir.

Deste modo, os requisitos com maior nível de implementação em materia de Governação

Corporativa destacam-se a formalização do órgão de administração, da comissão executiva, do

órgão de fiscalização, da política de remuneração e da política de avaliação de desempenho

para colaboradores. Enquanto, os requisitos com menor nível de implementação destacam-se

os requisitos relativos ao comité de sistema de controlo interno, as políticas de conflito de

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67

interesses e transações com partes relacionadas, bem como, à definição dos objectivos de

negócio, suporte e controlo na estratégia global.

Salienta-se que, ainda prevalece o risco de ocorrência de perdas financeiras, associado a

situações de falta de integridade, fraude e comportamentos não alinhados aos interesses da

instituição, devido a não formalização das políticas de conflito de interesses e transações com

partes relacionadas.

No que concerne ao sistema de controlo interno, no ano de 2015, o cumprimento efectivo dos

respectivos requisitos correspondia a 49%, 32% relativo aos requisitos pendentes de

verificação in loco e os restantes 19% estavam por cumprir. Sendo que, a formalização pelas

instituições financeiras das funções Compliance e Auditoria Interna e a nomeação dos

respectivos responsáveis, bem como, a aprovação das políticas e processos destacam-se como

os requisitos com maior nível de implementação.

Relativamente as matérias com menor nível de implementação salientam-se a ausência de

formalização e nomeação do responsável da função de gestão de risco, de políticas e processos,

bem como, competências da auditoria interna inadequadas ao previsto no Aviso n.º 02/13. Esta

situação pode potenciar um risco elevado de perdas financeiras com possivel impacto negativo

na solidez das instituições, resultante de ineficiência ou inexistência de controlos internos

adequados.

6.4 Branqueamento de Capitais e Financiamento ao Terrorismo

No âmbito da prevenção do Branqueamento de Capitais e Financiamento do Terrorismo

(BC/FT), Angola assumiu em 2011 o compromisso de executar um Plano de Implementação

Estratégica (PEIP) o qual visa a implementação dos padrões internacionais de combate ao

BC/FT do Grupo de Acção Financeira (GAFI).

O Banco Nacional de Angola (BNA) no que respeita à execução do PEIP implementou as

Recomendações do GAFI aplicáveis à sua actividade e à das Instituições Financeiras (IFs)

bancárias e não bancárias sob sua supervisão. Como resultado, na visita “on-site” do GAFI a

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68

Angola em Janeiro de 2016, foi verificado que o país endereçou as deficiências estratégicas na

prevenção do BC/FT e incluiu tais deficiências em seus planos de acção. Desta forma, Angola

deixou de constar da Lista Cinzenta do GAFI e passou a ser considerado um país cooperante,

deixando de necessitar da monitorização trimestral pelo grupo, conforme notícia publicada no

seu site.

A presente análise reflete as actividades de supervisão realizadas pelo BNA no âmbito da

supervisão de prevenção ao BC/FT14 das IFs bancárias e não bancárias, durante o período de

Junho de 2015 a Junho de 2016, incluindo os principais pontos de melhoria observados. As

actividades de supervisão do BNA foram as seguintes:

• Envio do Questionário do Banco Mundial em Setembro de 2015;

• Envio do Questionário de Risco inerente de prevenção ao BC/FT em Dezembro de

2015;

• Inspecções on-site de Dezembro de 2015 a Abril de 2016;

• Análise do Capítulo de BC/FT do Relatório de Governação Corporativa e Sistema de

Controlo Interno de Dezembro de 2015;

• Análise do Questionários de Auto Avaliação de Junho de 2016; e

Acções de sensibilização ao Sistema Financeiro Angolano.

6.4.1 Inspecção on-site à IFs bancárias e não bancárias

Ao nível das inspecções on-site uma actividade que consiste na verificação in-loco, realizada

nas instalações das IFs, que visa apurar a existência e concretização prática de políticas,

procedimentos e controlos adequados no âmbito da prevenção do BC/FT nas IFs. Permite

também ao supervisor verificar se a informação prestada pelas IFs é fidedigna através da

observação da implementação das políticas, procedimentos e controlos, obter mais informação

de forma a realizar uma avaliação da situação da IF mais rigorosa.

14 Nos termos do disposto no n.º1 do artigo 71.º da Lei n.º13/05 – Lei das Instituições Financeiras e na alínea a) do n.º1 do artigo 35.º da Lei

n.º34/11 – Lei do Combate ao Branqueamento de Capitais e Financiamento do Terrorismo, compete ao BNA a supervisão das IFs bancárias e não bancárias14 em matéria de prevenção do BC/FT. No âmbito das suas competências de supervisor, de acordo com o n.º 2 do artigo 21.º da Lei

n.º16/10 – Lei Orgânica do BNA, cabe ao BNA realizar a supervisão on-site e off-site às IFs, no âmbito das quais deve emitir recomendações e acompanhar a implementação das mesmas, competindo-lhe ainda instaurar os processos adequados perante infracções cometidas pelas IFs, caso aplicável.

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69

6

De acordo com o Plano de supervisão baseada no risco de 2015/2016, teve como objectivoa

melhoria do nível de cumprimento dos requisitos de prevenção do BC/FT a um conjunto de 13

IFs bancárias e não bancárias. Com tal medida,pretendeu garantir que pelo menos 13 IFs

atingissem um nível elevado de cumprimento (full compliance) dos requisitos de prevenção do

BC/FT.

A selecção destas 13 IFs bancárias teve como base o actual nível de cumprimento dos requisitos

de prevenção do BC/FT apresentado pelas instituições, potencial de melhoria percepcionado

pelo BNA e a relevância para o SFA (em termos de balanço as 13 IFs em causa representam

60% do activo total do SFA).

Os resultados constatados, revelam que o nível de cumprimento dos requisitos de prevenção ao

BC/FT foi Bom, sendo que a maior parte das IFs bancárias apresentou resultados entre “Bom”

e “Satisfatório”.

Ao contrário, as IFs não bancárias apresentam um nível de cumprimento de requisitos de BC/FT

em sua maioria deficitário.

6.4.2 Principais pontos de melhoria observados pela Supervisão no âmbito da

prevenção ao BC/FT nas IFs bancárias e não bancárias

Tendo em conta as actividades de supervisão realizadas pelo BNA no âmbito da prevenção ao

BC/FT, apesar do progresso notório ao nível de implementação dos requisitos inerentes pelas

IF´s, alguns principais pontos de melhoria foram ainda observados.

Persistem ainda deficiências ao nível de processo de identificação e verificação com fichas de

abertura de contas que contenham todos os requisitos, bem como a recolha de todos documentos

comprovativos necessários em conformidade com o disposto a nível regulamentar. As IFs

adequam o nível das medidas de diligência ao perfil de risco do cliente, no entanto, em algumas

das IF’s não foi possível confirmar, através de evidências, qual a informação adicional

capturada no caso de diligência reforçada aplicada, especialmente, ao cliente de risco alto. O

procedimento de identificação e comunicação de operações suspeitas à UIF das IFs apresenta

necessidades de melhoria, nomeadamente, no preenchimento e envio da DOS15, comunicação

directa do Compliance Officer à UIF sem a obrigatoriedade de aprovação do Órgão de

15 DOS- Declaração de Operação Suspeita, conforme Directiva 01/DSI/2012

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70

Administração e no processo após a comunicação. Por fim, relativamente a formação, a maioria

das IFs concentra a formação na área de compliance, devendo ser definidos planos de formação,

que garantam maior abrangência de funcionários e que contenham o assunto de prevenção ao

BC/FT.

No que refere-se a IFs não bancárias os pontos de melhoria reflectem-se no seguinte:

Os Conselhos de Gerência demonstram pouco empenho na promoção do cumprimento efectivo

da prevenção de BC/FT, sobretudo pelo seu baixo envolvimento na aprovação das políticas e

procedimentos e na supervisão interna da sua implementação efectiva. Além disso, a maioria

das instituições inspeccionadas apresentam necessidades de melhoria e aprofundamento das

políticas e procedimentos essenciais na prevenção de BC/FT, nomeadamente os procedimentos

de identificação e diligência e a monitorização contínua de clientes e operações que promova

uma melhor identificação e seguimento de operações suspeitas. Em muitos casos a equipa de

inspecção teve a percepção de que a criação dos procedimentos era demasiado recente ainda e

em adaptação pelos colaboradores.

De modo a tornar o Sistema Financeiro Angolano mais sólido e robusto por forma a reduzir o

impacto do BC/FT promovendo deste modo, o restabelecimento e estabelecimento de novas

relações de correspondência bancária directa, o BNA está a trabalhar em colaboração com

entidades nacionais e internacionais, como o Ministério das Finanças, a Unidade de Informação

Financeira (UIF), o FMI e o Banco Mundial. Por outro lado, iniciou contactos com algumas

entidades reguladoras internacionais, tais como, South Africa Reserve Bank- SARB, Banco de

Portugal- BdP, Federal Reserve - FED, o Departamento do Estado, Tesouro e da Justiça dos

EUA.

6.4.3 Acções de sensibilização ao Sistema Financeiro Angolano

O BNA, com o objectivo de aproximar os sectores público e privado do Sistema Financeiro

Angolano e promover uma plataforma de partilha de informações, realizou as seguintes

actividades de sensibilização:

• Publicação da Directiva n.º 02/DRO/DSI/2015, de 10 de Dezembro que publica o Guia

sobre a prevenção do BC/FT em relações de correspondência bancária;

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71

• Realização em 2015 de um workshop de sensibilização para o tema de prevenção do

BC/FT nas relações de correspondência bancária dirigido à IFs bancárias;

• Em 09 de Junho de 2016, foi realizado um Seminário de prevenção ao BC/FT, o qual

focou em reconhecer a importância da abordagem baseada no risco dos clientes e

transacções na prevenção do risco de BC/FT e partilhar experiências de IFs bancárias

do SFA sobre a implementação do modelo de avaliação de risco e dos necessários

suportes informáticos. Além disso, o evento também apresentou os resultados de

supervisão com foco nas principais irregularidades observadas e por fim reconhecer o

risco da não prevenção de BC/FT para a credibilidade internacional, sobretudo nas

RCBs.

• Em 22 de Julho de 2016, foi realizado Seminário com o foco em orientar as IFs bancárias

para uma efectiva prevenção ao BC/FT na sua actividade diária e demonstrar que o

investimento na prevenção ao BC/FT é capaz de identificar antecipadamente os riscos

e violações à regulação sendo possível uma resposta mais rápida da IF e evitar

infracções regulamentares. Nesse âmbito o BNA ainda apresentou as principais

conclusões das inspecções realizadas no início de 2016 e reconheceu os próximos passos

a serem adoptados pelo BNA na prevenção do BC/FT. Principais pontos de melhoria

observados pela Supervisão no âmbito da prevenção ao BC/FT de IFs bancárias e não

bancárias.

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72

Caixa nº1

o ESTADO ACTUAL DAS RELAÇÕES DE CORRESPONDÊNCIA BANCÁRIA EM

ANGOLA.

As RCBs constituem um importante veículo para facilitar o movimento transfronteiriço de fundos,

permitindo às instituições financeiras o acesso a serviços financeiros em diversas moedas e

jurisdições estrangeiras, apoiando as trocas comerciais, o comércio e os fluxos de remessas

internacionais e promovendo a inclusão financeira.

Em 2010, devido a ausência de leis e de regulamentação referente às matérias de Combate ao

Branqueamento de Capitais e Financiamento ao Terrorismo e a aplicação de regras de Governação

Corporativa e “Compliance” no nosso país, facto identificado pelo Programa de Avaliação do

Sistema Financeiro (FSAP) e pela avaliação feita pelo Banco Mundial (BM) em matéria de

prevenção do Branqueamento de capitais, teve como consequência a inclusão do País na lista de

países com deficiências estratégicas de combate ao Branqueamento de Capitais e Financiamento

ao Terrorismo.

Nesta senda, em 2011, foi publicada a Lei nº 34/11 sobre a prevenção de Branqueamento de

Capitais e Financiamento ao Terrorismo que contempla os padrões internacionais. Em 2012, foi

emitido e publicado o pacote regulamentar relativo a mesma lei. Igualmente, em 2013, foi

publicado o pacote regulamentar referente a Governação Corporativa e “Compliance”.

Apesar dos esforços e progressos acima descritos, sintomas relacionados com às conta nos bancos

correspondentes dos bancos do nosso sistema financeiro começaram a reflectir-se em 2013/2014,

porquanto, neste período houve um reforço regulamentar por parte das autoridades supervisoras

internacionais relacionadas aos modelos de gestão de risco, a regulamentação e a fiscalização, com

maior ênfase nos requisitos prudenciais, incluindo a prevenção do branqueamento de capitais e

financiamento do terrorismo.

Neste contexto, diversas Instituições Financeiras (IFs) internacionais passaram a pôr em causa as

contas de clientes oriundas de algumas jurisdições classificando-as de alto risco, resultando no

encerramento e imposição de restrições nas relacções de correspondência bancária (RCBs).

O fluxo de transações avultados com destino a jurisdições consideradas de alto risco, despertou a

atenção dos reguladores internacionais, nomeadamente EUA e a União Europeia que, no exercicio

das suas actividades passaram a exigir maior rigor aos bancos correspondentes relativamente ao

fluxos de transferências e ao conhecimento quer do ordenante, quer do beneficiário, bem como a

finalidade das referidas operações, sob pena de aplicação de avultadas multas.

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Nos últimos dois anos, o sistema financeiro angolano tem registado uma redução das suas relações

de correspondência bancária directas, principalmente em volume causado fundamentalmente pelas

preocupações dos bancos correspondentes em termos de maior exigência na regulamentação

adoptadas pelos reguladores americanos em matéria de supervisão, risco de BC/FT e os custos

elevados incorridos pelos bancos correspondentes nos seus procedimentos de CDD (custumer due

deligence).

O encerramento de RCBs com bancos comerciais do nosso sistema, associado a redução do preço

do petróleo, criou um impacto negativo, afectando a capacidade dos bancos executarem

pagamentos associados a importação de bens alimentares, medicamentos, materias-primas,

remessas para estudantes no exterior, ajuda familiar, assistência médica no exterior, pagamentos

do sector diplomatico, bem como, a clientes com contratos internacionais celebrados em dolares,

perda de negócio dos bancos e consequentemente a sua rentabilidade. Esta situação poderá,

igualmente, afectar o crescimento e desenvolvimento e o esforço de diversificação da nossa

economia, tendo em conta a nossa dependência sobre as importações.

Entretanto, o Banco Nacional de Angola, tendo em atenção o seu papel de supervisor e de garante

de estabilidade financeira, tem vindo a realizar no sector bancário angolano um trabalho profundo,

no que toca a emissão e publicação de leis e regulamentos, destacando-se os regulamentos relativos

à Governação Corporativa, Sistema de Controlo Interno, Governação de Risco, bem como

regulamentos sobre Branqueamento de Capitais e Financiamento do Terrorismo, a partir dos finais

de 2013, culminando com a decisão do FATF- GAFI em Fevereiro de 2016 da retirada de Angola

da lista de países com deficiência estratégica em matérias de prevenção ao Branqueamento de

Capitais e Financiamento ao Terrorismo, em virtude do pais ter resolvido as deficiências

estratégicas que apresentava, facto que poderia mitigar os receios nas relações com os

correspondentes bancários.

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74

7 SUPERVISÃO COMPORTAMENTAL

7.1 Inspecções

As acções de inspecção envolveram a deslocação dos técnicos às instituições financeiras (on

site) e abrangeram ainda a análise da informação reportada por via email corporativo e

aplicativo informático de supervisão SSIF ao órgão regulador (off site) e a divulgada nas

páginas de internet, embora esta última possa envolver contactos com as referidas instituições

para esclarecimento das matérias objecto de análise.

7.1.1 Inspecções off-site

Na tipologia de inspecções off-site no período em análise, foram realizadas 162 (cento e

sessenta e duas) acções de inspecções a 27 (vinte e sete) bancos comerciais nos meses de Abril,

Maio e Junho, constituindo um incremento de 03 (três) acções face ao período homólogo de

2015, tendo as mesmas incidido sobre i) preçários, condições gerais de utilização referentes aos

cartões de pagamento, existência de uma área de atendimento de reclamações, bem como, ao

ii) reporte por via do email corporativo da tabela de comissão e despesas, tabelas de taxas de

juro e iii) carregamento de informação referente aos cartões de pagamento bancário e número

de clientes no aplicativo SSIF.

Do resultado destas acções, foram identificadas algumas irregularidades, sendo as mais

frequentes, inconformidade nos preçários, incumprimento dos prazos no envio do reporte

mensal das tabelas de taxas de juro por via do email corporativo, alteração do preçário sem a

previa comunicação ao BNA, e inconformidades nos reportes obrigatórios no aplicativo

informático para supervisão - SSIF.

7.1.2 Inspecções On-site

De Abril à Junho de 2016, foram realizadas 30 (trinta) acções de inspecção de tipologia on-site

a agências de 6 (seis) instituições financeiras bancárias em funcionamento no Sistema

Financeiro Angolano (SFA).

As referidas inspecções, tiveram como base a avaliação do cumprimento do Aviso n.º 02/14,

de 28 de Março – Preçário, Aviso n.º 05/12, de 29 de Março – Protecção ao consumidor de

produtos e serviços financeiros, Aviso n.º 03/15, de 20 de Abril – Publicidade de produtos e

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75

serviços financeiros, Aviso n.º 05/15, de 20 de Abril – Cheques normalizados, Instrutivo n.º

04/14, de 15 de Maio – Preçário e Instrutivo n.º 06/12, de 18 de Fevereiro – Atendimento de

reclamações.

7.2 Análise de mercado

7.2.1 Âmbito da análise

A análise ora apresentada recaiu sobre as 25 (vinte e cinco) Instituições Financeiras Bancárias

em funcionamento e teve como requisito o número de clientes registados no período em análise,

sendo que a maioria da informação verificada, referesse a clientes particulares, e os bancos

BDA e SCBA, têm o âmbito Corporate.

As matérias alvo incidiram sobre os elementos constituintes dos preçários, designadamente, as

despesas e comissões que vigoraram até ao final do primeiro semestre de 2016.

Para os cartões bancários, os valores das comissões e despesas foram representadas pelas

médias ponderadas para cada uma das instituições financeiras.

Os reportes efectuados ao BNA no âmbito do estabelecido no Instrutivo n.º 04/14, de 15 de

Maio e na Directiva n.º 04/DSI/10, de 28 de Dezembro, constituíram as principais fontes de

recolha de informação. De referir quer

7.2.2 Depósitos: Despesas e comissões

7.2.2.1 Comissão de manutenção

No primeiro semestre de 2016, pudemos verificar que os Bancos Privados Estrangeiros e os

Bancos Privados Nacionais efectuaram cobranças nas comissões de manutenção superior ao valor

médio do mercado de Kz 384,66. No entanto, os Bancos Públicos apresentaram cobranças

inferiores à média, conforme gráfico abaixo.

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Gráfico 45: Evolução das Comissões de manutenção associadas a contas de depósitos a

particulares (Kz)

143,34

424,22

586,43

384,66

0

200

400

600

800

1.000

Bancos Públicos Bancos Privados

Estrangeiros

Bancos Privados

Nacionais

Fonte: Preçários publicados pelos bancos

7.2.2.2 Comissões cobradas no levantamento de moeda estrangeira

Nesta tipologia de comissão, os Bancos Públicos apresentam uma taxa inferior à média de mercado

de 2,09%, comparados com os Bancos Privados Estrangeiros e nacionais, em que ambos

apresentam uma cobrança acima da média de 2,40% e 2,61%, respectivamente.

Gráfico 46: Evolução das comissões cobradas a particulares no levantamento de moeda

estrangeira (%)

Fonte: Preçários publicados pelos bancos

1.25%

2.40%2.61%

2.09%

0%

1%

2%

3%

4%

5%

Bancos Públicos Bancos PrivadosEstrangeiros

Bancos PrivadosNacionais

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77

7.2.3 Cartões bancários em circulação

No período em referência, registou-se uma diminuição no volume de cartões de pagamento

bancário em circulação no sistema financeiro, de 236.035 (duzentos e trinta e seis mil e trinta e

cinco) face ao período homólogo do ano anterior, ou seja, de 5,62% baseada no actual contexto

ecónomico, o que resultou no abrandamento da comercialização do referido produto nalgumas

instituições financeiras.

Gráfico 47: Evolução do volume de cartões bancários em circulação no SFA (unidades)

3.961.528,00

4.197.563,00

1º Semestre2016

1º Semestre2015

Fonte: SSIF

7.2.4 Custos com a Utilização de cartões

Da amostra considerada e tendo em conta as instituições que comercializam cartões de crédito

Classic, verificou-se que os Bancos Privados Estrangeiros praticaram comissões inferiores à média

do mercado, que é de Kz 5.018,72. Os Bancos Privados Nacionais e os Bancos Públicos

praticaram cobranças acima da média, conforme espelhado no gráfico abaixo.

Gráfico 48: Custos de emissão de cartões de crédito (Kz)

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78

5.806,15

750,00

8.500,00

5.018,72

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

Bancos Públicos Bancos Privados

Estrangeiros

Bancos Privados

Nacionais

Fonte: Preçários publicados pelos bancos

Da análise feita aos dados reportados nos preçários das instituições financeiras bancárias, no

período em referencia, os Bancos Privados Nacionais, não efectuaram qualquer cobrança para a

emissão dos cartões de débito de bandeira nacional. Apenas os Bancos Públicos cobraram

ligeiramente em baixo da média do mercado que é de Kz 885,42 e os Bancos Privados Nacionais

acima da média, conforme espelhado no grafico que se segue.

Gráfico 49: Custos de emissão de cartões de débito (Kz)

800,00

1.856,25

0,00

885,42

0

1.000

2.000

3.000

Bancos Públicos Bancos Privados

Estrangeiros

Bancos Privados

Nacionais

Fonte: Preçários publicados pelos bancos

Relativamente ao período em análise, dos bancos que comercializam cartões de crédito, os Bancos

Públicos praticam cobranças ligeiramente abaixo da media do mercado, que é de Kz 8.266,12,

sendo que os Bancos Privados Estrangeiros e os Bancos Privados Nacionais efectuam cobranças

ligeiramente acima da média, conforme gráfico n.º 52.

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Gráfico 50: Comissão de anuidade associadas a cartões de crédito de particulares (Kz)

7.465,05

8.500,008.833,33

8.266,13

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

Bancos Públicos Bancos Privados

Estrangeiros

Bancos Privados

Nacionais

Fonte: Preçários publicados pelos bancos

Da amostra considerada, pudemos verificar que os Bancos Públicos e os Bancos Privados

Estrangeiros, efectuam cobranças acima da média de mercado , que é de Kz 626,59, e apenas os

Bancos Privados Nacionais praticam cobrancas inferior a média praticada pelo mercado, conforme

gráfico n.º 53.

Gráfico 51: Comissão de anuidade associadas a cartões de débito de particulares (Kz)

700,00

833,33

346,42

626,59

0

500

1.000

1.500

Bancos Públicos Bancos Privados

Estrangeiros

Bancos Privados

Nacionais

Fonte: Preçários publicados pelos bancos

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80

No tocante à substituição de cartões de crédito Classic, vislumbramos um ligeiro equilíbrio entre

o valor médio praticada pelo mercado, de Kz 4.388,35, comparativamente com a comissão

cobrada pelas instituições financeiras, conforme gráfico abaixo.

Gráfico 52: Custos de substituição de cartões de crédito (Kz)

4.147,254.484,47 4.533,33

4.388,35

0

2.000

4.000

6.000

8.000

Bancos Públicos Bancos Privados

Estrangeiros

Bancos Privados

Nacionais

Fonte: Preçários publicados pelos bancos

Na substituição de cartão de débito (Multicaixa), os Bancos Públicos e os Bancos Privados

Nacionais, efectuam cobranças inferiores aos valores médios cobrados no mercado, que é de Kz

1.000,12. Apenas os Bancos Privados Estrangeiros, praticam cobranças superiores às da média,

conforme espelha o gráfico abaixo.

Gráfico 53: Custos de substituição de cartões de débito (Multicaixa) (Kz)

300,00

1.750,00

950,371.000,12

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

Bancos Públicos Bancos Privados

Estrangeiros

Bancos Privados

Nacionais

Fonte: Preçários publicados pelos bancos

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81

No que diz respeito aos custos de substituição associados aos cartões de crédito para o sector de

não particulares, pudemos verificar que o valor médio de mercado é de Kz 5.123,21, sendo que os

Bancos Públicos e os Bancos Privados Estrangeiros apresentaram valores acima da média.

Gráfico 54: Custos de substituição associados a cartões de crédito de não particulares (Kz)

6.635,60

5.891,43

2.842,60

5.123,21

0

1.000

2.000

3.000

4.000

5.000

6.000

7.000

8.000

9.000

10.000

Bancos Públicos Bancos Privados

Estrangeiros

Bancos Privados

Nacionais

Fonte: Preçários publicados pelos bancos

7.2.5 Cartões de Crédito – Incumprimentos

Os Bancos públicos registaram o maior nível de incumprimento em cartões de crédito, na

maturidade de 30 (trinta) e 90 (noventa) dias, seguidos dos Bancos Privados Nacionais.

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82

Gráfico 55: Incumprimento nos cartões de crédito na maturidade de 30 dias (Kz)

23,72

50,56

75,27

94,43

21,58

76,41

49,85

64,14

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

90,00

100,00

Mil

es

1º Semestre 2015 1º Semestre 2016 Média 1º Semestre 2015 Média 1º Semestre 2016

Fonte: SSIF

Os Bancos Públicos destacaram-se de modo bastante significativo em 2015, registando um nível

de incumprimento de aproximadamente de Kz 94.140.314,12(noventa e quatro milhões cento e

quarenta mil, trezentos e catorze kwanzas e doze cêntimos).

Gráfico 56: Incumprimento nos cartões de crédito na maturidade dos 90 dias

21,92

43,45

56,78

94,14

15,55

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

90,00

100,00

Milh

ões

Fonte: SSIF

Os Bancos Públicos destacaram-se de modo bastante significativo, registando um nível negativo

de incumprimentos de aproximadamente Kz 1.954.513.007,64 (um bilhão novecentos e cinquenta

e quatro milhões, quinhentos e treze mil, sete kwanzas e sessenta e quatro cêntimos), os Bancos

Privados Nacionais, por outro lado, diminuiram significativamente o seu valor de incumprimento

face as maturidades de 30 e 90 dias em 2016.

Bancos Públicos Bancos Privados Estrangeiros Bancos Privados Nacionais

Bancos Privados Estrangeiros Bancos Privados Nacional Bancos Públicos

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83

Gráfico 57: Incumprimento para 180 dias em cartões de crédito no SFA

697,08

24,27 47,39

1.954,51

29,69 33,50

256,25

672,57

-

500,00

1.000,00

1.500,00

2.000,00

2.500,00

Mil

es

1º Semestre 2015 1º Semestre 2016 Média 1º Semestre 2015 Média 1º Semestre 2016

Fonte: SSIF

Os Bancos Públicos destacaram-se com o valor negativo mais elevado de incumprimento em

cartões de crédito na maturidade de 360 dias, perfazendo em Kz 1.954.513.007,64 (um bilhão

novecentos e cinquenta e quatro milhões, quinhentos e treze mil, sete kwanzas e sessenta e quatro

cêntimos), nível bastante diferenciado dos restantes.

Gráfico 58: Incumprimento dos cartões de crédito na maturidade de 360 dias

697,08

37,94

597,35

1.954,51

46,32 -

500,00

1.000,00

1.500,00

2.000,00

2.500,00

Milh

ões

Fonte: SSIF

Os Bancos Públicos destacaram-se com o valor negativo mais elevado de incumprimento em

cartões de crédito na maturidade superior a 360 dias, totalizando Kz 1.954.513.007,64 (um bilhão

novecentos e cinquenta e quatro milhões, quientos e tereze mil, sete kwanzas e sessenta e quatro

cêntimos), nível bastante diferenciado dos restantes.

Bancos Públicos Bancos Privados Estrangeiros Bancos Privados Nacionais

Bancos Públicos Bancos Privados Estrangeiros Bancos Privados Nacionais

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84

Gráfico 59: Incumprimento de cartões de crédito para a maturidade superior a 360 dias

697,08

60,78

659,48

1.954,51

24,57 -

500,00

1.000,00

1.500,00

2.000,00

2.500,00M

ilhõ

es

Fonte: SSIF

O crédito vencido em cartões de crédito é liderado pelos Bancos Públicos, tendo aumentado 71,68

% no primeiro semestre de 2016 face ao período homólogo de 2015.

Gráfico 60: Evolução do crédito vencido em cartões de crédito

216,99

1.436,27

2.136,88

4,08

648,34

6.052,11

-00

1.000,00

2.000,00

3.000,00

4.000,00

5.000,00

6.000,00

7.000,00

B.P.Estrangeiros B.Priv.Nacional B.Públicos

Milh

ões

1.º Semest. de 2015 1.º Semest. de 2016

Fonte: SSIF

Bancos Públicos Bancos Privados Estrangeiros Bancos Privados Nacionais

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85

8 PROVEDORIA DO CONSUMIDOR BANCÁRIO

8.1 Gestão das Reclamações

A análise das reclamações remetidas ao Banco Nacional de Angola compreende aquelas

apresentadas directamente às instituições financeiras bancárias e reportadas ao BNA. Assim,

durante o primeiro semestre de 2016, foram recebidas por reporte no Banco Nacional de Angola,

6.155 reclamações, das quais 1.471 apresentaram recurso junto do BNA, contra 6.498 no período

homólogo, devido a maior consciencialização dos consumidores de produtos e serviços financeiros

em relação a situação financeira e cambial que o país atravessa ao longo do ano de 2016. Importa

destacar que, os bancos privados nacionais foram os mais reclamados seguidos pelos estrangeiros.

O número de reclamações ao longo do período em análise apresentou uma trajectória de redução,

diminuindo de uma média mensal de 1.083 reclamações, no primeiro semestre de 2015, para 1.026

no primeiro semestre de 2016, registando-se assim uma diminuição de 5,28%.

Outrossim, conclui-se que o elevado número de reclamações respeitantes aos serviços,

nomeadamente, execução de operações de transferência transfronteiriças e venda de moeda

estrangeira, identificados resultam essencialmente da situação cambial registada actualmente no

sistema financeiro nacional, que provocou a redução dos limites de carregamento dos cartões de

pagamento da rede internacional, bem como dificuldade na realização de operações de

transferência para pagamento de mercadorias e invisíveis correntes.

Gráfico 61: Reclamações por tipo de bancos

2936 2959

603

3559

2110

486

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

B. Priv. Nacionais B. Priv. Estangeiros Bancos Públicos

I. Semestre.2015 I. Semestre.2016

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86

8.1.1 Por matéria reclamada

Nas matérias reclamadas, destacam-se as relacionadas com transferências, cartões de pagamento,

atendimentos, contas de depósito, erros nos pagamentos por ATM/TPA, operações com numerário e

Internet Banking, abarcando as três primeiras 50,96% do total das reclamações.

Tabela 10 Reclamações por matérias

Matéria mais

Reclamadas

I.

Semestre.2015 I. Semestre.2016 Variação %. 2015 %. 2016

Transferências 532 1242 133,46% 8,19% 20,18%

Cartões 1104 1094 -0,91% 16,99% 17,77%

Atendimentos 1790 801 -55,25% 27,55% 13,01%

Contas de Deposito 538 685 27,32% 8,28% 11,13%

ATM/TPA 122 604 395,08% 1,88% 9,81%

Operações com

numerários 544 588 8,09% 8,37% 9,55%

Internet Banking 798 582 -27,07% 12,28% 9,46%

Restantes matérias 345 307 -11,01% 5,31% 4,99%

Crédito 617 120 -80,55% 9,50% 1,95%

Cheques 50 75 50,00% 0,77% 1,22%

Mov. Irregular de conta 58 57 -1,72% 0,89% 0,93%

TOTAL 6498 6155 -5, 28% 100, 00% 100, 00%

8.1.1.1 Por resultado

Relativamente aos resultados das reclamações apresentadas nas instituições financeiras e no Banco

Nacional de Angola, destacam-se a conclusão de 65,36%, no primeiro semestre de 2016 tendo diminuído

as reclamações em relação ao primeiro semestre de 2015, ou seja 1,88%, no entanto, estão em análise

34,64%.

Tabela 11 - Estado das Reclamações (valores absolutos)

Tipo de Bancos N.º de reclamações recebidas pelas IFB

I Semestre.2015 I Semestre.2016 VAR. %. 2015 %. 2016

Concluído 4100 4023 -1,88% 63,10% 65,36%

Em curso 2398 2132 -11,09% 36,90% 34,64%

TOTAL 6498 6155 -5,28% 100,00% 100,00%

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87

9 EDUCAÇÃO FINANCEIRA

No âmbito do Programa de Educação Financeira foram abertas até ao primeiro semestre de 2016, um

total de 401.987 contas Bankita contra 332.908 registadas no período homólogo, apresentando um

crescimento de 20,75%. Importa referir, que de 2011 ao periodo em análise foram contabilizadas 27.792

contas Bankita que migraram para contas convencionais.

Foram atribuídos um total de 212.579 cartões de débito multicaixa, o que representa um crescimento na

ordem dos 30,02% face ao período homólogo. Apesar do crescimento registado, o número de cartões

totais emitidos é consideravelmente inferior ao número total de contas abertas, o que pode constituir um

factor inibidor à dinamização do Programa de Educação Financeira, porquanto o objectivo da criação

da conta de “Depósito Bankita” foi no sentido de promover o aumento da bancarização da população, a

protecção dos seus recursos financeiros e o incentivo a redução das transacções de dinheiro em mão,

através da utilização preferencial do subsistema multicaixa.

Gráfico 62: Evolução Homóloga das Contas e Cartões

Até ao final do período em análise,foram constituídas um total de 7.085 contas Poupança Bankita à

Crescer, contra 6.984 contas abertas no primeiro semestre de 2015, representando um crescimento

de 1,45%.

158.099163.498 168.438

181.151194.498

212.579

0

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

Iº TRIM 15 IIº TRIM 15 IIIº TRIM 15 IVº TRIM 15 Iº TRIM 16 IIº TRIM 16

Nº Acumulado de Cartões

316.676332.908

347.508361.464

381.245

401.987

0

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

300.000

350.000

400.000

450.000

Iº TRIM 15 IIº TRIM 15 IIIº TRIM 15 IVº TRIM 15 Iº TRIM 16 IIº TRIM 16

Nº Acumulado de Contas B. Ordem

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Gráfico 63: Evolução Homóloga das Contas Bankita à Crescer

No leque de instituições que operam no segmento de contas Bankita à Ordem, no período, os bancos

privados destacaram-se enquanto instituições financeiras que mais captaram depósitos desta

natureza, com um total de 331.877 contas abertas, contra 267.761 contas registadas no período

homólogo, representando um crescimento na ordem dos 23,95%. Os bancos públicos captaram um

total de 70.110 contas, contra 65.147 contas registadas no período homólogo, representando um

crescimento na ordem dos 7,62%.

Gráfico 64: Evolução Homóloga das Contas por Bancos

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No total de contas abertas Luanda foi a província que mais se destacou apresentando 32,82% do

total do número de contas Bankita abertas, seguido das províncias de Benguela e do Kuanza Sul

com 16,26% e 8,61%, respectivamente.

Gráfico 65: Contas por províncias I Semestre de 2015 e I Semestre de 2016

Em termos de abrangência das contas Bankita por município, no período em análise, constatou-se

que 65,00% dos municipios estão cobertos por esta tipologia de conta, permitindo o incremento da

inclusão da população ao sistema financeiro, observando-se um maior volume de contas abertas nos

municípios de Luanda, Lobito e Huambo, com 9.329; 4.068 e 2.806 contas, respectivamente, contra

3.814; 3.023 e 1.938 contas registadas no período homólogo.

No processo de abertura das contas, manteve-se o predomínio da utilização do Bilhete de Identidade

para a abertura das contas Bankita, sendo que 97,82% das contas foram abertas com este documento.

No tocante à movimentação de contas Bankita destaca-se os levantamentos nos caixas automáticos

com 39,53%, reflectindo um decréscimo de 4,08 p.p, seguido dos Depósitos com 28,70%, inferior

em 0,24 p.p comparativamente ao período homólogo.

Assim, é notório o movimento de contas de depósito Bankita por intermédio do subsistema

multicaixa, revelando que os titulares de contas Bankita paulatinamente vão-se familiarizando com

o uso dos meios de pagamento electrónicos.

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Gráfico 66: Movimentos em Contas Bankita no I Semestre de 2015 e I Semestre de 2016

O género masculino continua a apresentar o maior número de contas com 68,89%, em relação ao

género feminino que apresentou 31,11%, o que revela a necessidade de se enfatizar a relevância dos

serviços bancários para este género . Em relação às contas Poupança Bankita à Crescer, 62,67%

pertencem ao género masculino e igual modo é detentor de 69,85% dos cartões emitidos.

No tocante a estrutura etária dos titulares das contas Bankita, registou-se maior aderência nos

indivíduos da faixa etária dos 18 aos 34 anos de idade, representando 80,78%, um aumento de 1,34

p.p. em relação ao período homólogo, seguido dos indivíduos da faixa etária dos 35 aos 44 anos

com 11,37%, o que revela um decréscimo de 0,91 p.p., relativamente ao período homólogo.

Gráfico 67: Estrutura Etária no I Semestre de 2015 e I Semestre de 2016

Em termos de actividade profissional dos aderentes das contas Bankita no primeiro Semestre de

2016, a predominância recaiu sobre a categoria “Estudantes” com 41,80% das contas abertas,

enquanto no período homólogo esta classe representou 33,93%, verificando-se assim um

crescimento do peso desta categoria.

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Gráfico 68: Estrutura por actividade profissional no I Semestre de 2015 e I Semestre de 2016

9.1 Taxa de Bancarização da População Angolana

Em função dos dados definitivos do censo populacional publicados em Março de 2016, registou-se

um crescimento populacional de 19,81 milhões para 25,79 milhões, tendo-se verificado um

incremento na ordem de 30,19%. Deste modo, devido à não publicação de dados da população por

grupo etário dos 15 anos para cima e segundo as projecções realizadas pelo BNA, sobre a população

adulta estimada para 2016, situou-se em 14,80 milhões, tendo desta forma a taxa de bancarização

encontrada para o período em referência se situado em 52,82%.

Importa referir que o decréscimo verificado na taxa estimada de bancarização, no período

compreendido entre Dezembro de 2015 e Março de 2016, deveu-se ao encerramento de 14.695

contas e 2.909 contas sem qualquer movimento, efectuado por dois bancos.

No período em análise, a taxa de bancarização estimou-se em 52,82%, correspondendo a um total

de 7.817.930 contas abertas no sistema bancário, tendo em conta a população adulta (+15 anos). No

âmbito da implementação do Programa de Educação Financeira conduzido pelo Banco Nacional de

Angola, em parceria com os bancos comerciais, captou-se para o segmento das contas Bankita o

total de 401.987 contas abertas, representando 5,14% da percentagem estimada para a taxa de

bancarização, verificando-se um crescimento de 0,37p.p em relação ao período homólogo em que

representaram 4,77% das contas abertas no sistema (332.908).

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92

Gráfico 69- Evolução da taxa de bancarização

Caixa nº 2

o ÍNDICE DE INCLUSÃO FINANCEIRA

O acesso aos serviços financeiros pela maioria da população constitui uma preocupação do Executivo e do Banco

Nacional de Angola (BNA) em particular. É neste contexto que o BNA vem implementando um conjunto de

acções aliadas as medidas em curso a nível do Governo, que contribuem para a criação de condições para o

estabelecimento e desenvolvimento do sistema financeiro forte, estável e inclusivo.

As medidas implementadas pelo Banco Nacional de Angola (BNA) visam o incremento do acesso e uso de

serviços e produtos financeiros pela população, conducente a estabilidade do sistema financeiro, principal

plataforma para garantir um maior aprofundamento dos mecanismos de transmissão da política monetária.

Nesta senda, o Índice de Inclusão Financeira (IIF) tem como objectivo principal diagnosticar a situação actual

da inclusão financeira no país, permitindo alcançar os seguintes objectivos:

• Avaliar a evolução dos níveis de acesso e uso dos serviços e produtos financeiros; e

• Aferir o grau de inclusão financeira entre as diferentes províncias.

O IIF apresentado neste documento considera três dimensões de inclusão financeira: (i) acesso geográfico; (ii)

acesso demográfico; e (iii) utilização.

A abordagem geográfica fornece uma medida de cobertura da oferta do sistema financeiro, isto é, pode ser vista

como um indicador de disponibilidade e condições de acesso aos serviços financeiros numa determinada área.

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93

A dimensão demográfica refere-se à abordagem da inclusão financeira em relação ao número possível de

usuários numa determinada região, ou seja, é uma forma de medir o grau de envolvimento da população com os

produtos e serviços financeiros.

No que concerne à dimensão de utilização, esta tem o intuito de fornecer o grau de utilização dos serviços

financeiros da população de uma determinada área e da riqueza criada nesse espaço geográfico.

A escolha das dimensões é motivada pela disponibilidade de dados que são relevantes e consistentes para cada

província de Angola, de modo a que se possa comparar o nível de acesso aos serviços bancários por província e

estipular um ranking de inclusão financeira entre as mesmas.

Quadro N.º 1: Dimensões de Inclusão Financeira e Indicadores Subjacentes

d1 - Acesso Geográfico

✓ TPA’s por 1.000 Km2

✓ ATM’s por 1.000 Km2

✓ N.º de Agências Bancárias por 1.000 Km2

d2 - Acesso Demográfico

✓ TPA’s por 100.000 pessoas

✓ ATM’s por 100.000 pessoas

✓ N.º de Agências Bancárias por 100.000 pessoas

d3 – Utilização*(a)

✓ Crédito ao Sector Privado / PIB

✓ Crédito ao Sector Privado / 100.000 Pessoas

✓ Depósitos Totais / 100.000 Pessoas

✓ Depósitos Totais / PIB

Nota: *(a) – Rácios com PIB utlizados somente no IIF do país. No IIF do país, utilizou-se o crédito ao sector privado e os

depósitos totais das contas monetárias

Nos resultados do IIF para o primeiro semestre de 2016, verifica-se a existência de uma grande

discrepância entre a pontuação obtida por Luanda em relação as restantes províncias. Assim, Luanda

é considerada a província de Inclusão Financeira de nível alto, enquanto, Bengo, Benguela, Cabinda,

Cuando Cubango e Namibe de nível baixo e as restantes 12 (doze) províncias de nível muito baixo.

Tabela n.º 12- Inclusão Financeira e suas Dimensões por Província no Iº Sem. de 2016

d1 d2 d3 IFI Classificação

Bengo 0,13 32,33 3,37 10,76 Baixa

Benguela 0,98 33,90 4,22 11,78 Baixa

Bié 0,06 0,44 0,08 0,19 Muito Baixa

Cabinda 1,6 4 43,47 4,55 14,40 Baixa

Cunene 0,06 10,60 0,34 3,54 Muito Baixa

Huambo 0,45 13,33 0,03 4,40 Muito Baixa

Huíla 0,26 14,70 0,69 4,98 Muito Baixa

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Cuando Cubango 0,01 21,93 18,17 12,84 Baixa

Cuanza Norte 0,21 29,26 3,01 9,87 Muito Baixa

Cuanza Sul 0,18 7,23 1,76 3,01 Muito Baixa

Luanda 100,00 100,00 100,00 100,00 Alta

Lunda Norte 0,02 5,08 1,76 2,27 Muito Baixa

Lunda Sul 0,09 17,99 4,50 7,21 Muito Baixa

Malange 0,06 14,56 4,73 6,25 Muito Baixa

Moxico 0,00 8,54 2,76 3,70 Muito Baixa

Namibe 0,12 41,30 3,62 12,99 Baixa

Uíge 0,11 4,43 0,67 1,72 Muito Baixa

Zaire 0,16 28,66 1,31 9,08 Muito Baixa

Relativamente ao ranking provincial por dimensões da Inclusão Financeira, podemos constatar que,

no período em análise, Luanda ocupa a primeira posição, seguindo-se das províncias de Cabinda,

Namibe e Kuando Kubango respectivamente, em contraste com as províncias do Bié, Uíge e Lunda

Norte que destacam-se como províncias de menor grau de inclusão financeira.

Tabela n.º13 - Ranking das Dimensões de Inclusão Financeira

Nos últimos cinco anos, Luanda destaca-se a nível das províncias. Porquanto, as províncias do

Bengo, Benguela, Cabinda, Cuando Cubango e Namibe, destacam-se pela sua consistência

evolutiva relativamente a Inclusão Financeira.

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Tabela n.º 14- Comparação Homóloga do IIF

O IIF permite avaliar a evolução dos níveis de acesso e uso dos serviços e produtos financeiros, bem

como aferir o grau de inclusão financeira entre as diferentes províncias. Assim. Constatamos que

existe uma grande discrepância em termos do acesso e uso dos produtos e serviços financeiros entre

Luanda e as restantes províncias, mas tal facto não é revelador da convicção de que ela é a mais

inclusiva, mas sim que comparativamente as restantes províncias esta concentra a maior oferta e

procura de serviços financeiros do Pais, o que revela a necessidade de soluções e medidas de

política, que proporcionem maior penetração do sistema financeiro pelas diferentes províncias do

país.

2010 2011 2012 2013 2014 2015S1 2015 2016S1

Bengo 9,71 10,76 10,01 13,04 18,88 10,85 11,00 10,76

Benguela 10,01 10,03 13,09 14,11 13,95 12,92 12,16 11,78

Bié 1,26 1,12 0,53 0,30 0,25 0,21 0,16 0,19

Cabinda 19,61 18,23 16,34 21,79 16,68 14,32 14,95 14,40

Cunene 6,17 5,72 5,21 6,43 4,65 3,77 3,70 3,54

Huambo 6,23 6,73 5,67 6,10 6,59 4,65 4,52 4,40

Huíla 8,74 8,08 7,10 8,01 7,67 5,52 5,36 4,98

Kuando Kubango 4,79 4,43 5,80 7,10 6,03 11,61 12,84 12,51

Kwanza Norte 8,97 9,04 9,23 12,12 15,17 10,41 9,95 9,87

Kwanza Sul 5,22 4,41 3,63 3,40 3,23 3,25 3,30 3,01

Luanda 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

Lunda Norte 2,84 2,28 2,89 3,91 5,07 3,11 2,65 2,27

Lunda Sul 7,15 6,33 7,58 8,41 7,12 8,32 7,55 7,21

Malange 6,93 6,98 7,09 5,41 5,27 6,04 6,10 6,25

Moxico 2,75 1,39 3,71 5,41 5,47 4,14 3,79 3,70

Namibe 16,13 16,69 15,77 20,84 17,54 13,76 13,27 12,99

Uíge 1,75 1,40 1,44 3,12 3,52 2,08 1,87 1,72

Zaire 10,01 9,27 9,51 11,63 9,07 8,15 9,44 9,08

IIF Angola 12,68 12,38 12,48 13,95 13,67 12,40 12,37 12,15

Províncias Comparação Homóloga do IIF

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SIGLAS

APR Activo Ponderado pelo Risco

ATM’S Automated Teller Machines

BCE Banco Central Europeu

BIS Bank for International Settlements

BNA Banco Nacional de Angola

BOC Banco da República Popular da China

BRICS Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul

BT Bilhetes do Tesouro

CPM Comité de Política Monetária

ECRC Exigência de Capital para Risco Cambial

EMIS Empresa Interbancária de Serviços

EUA Estados Unidos da América

FAO Facilidade de Absorção de Liquidez Overnight

FCO Facilidade de Cedência de Liquidez Overnight

Fed Federal Reserve

FMI Fundo Monetário Internacional

FPR Fundos Próprios Regulamentares

GBP Libra Esterlina

IPC Índice de Preço ao Consumidor

KZ Kwanza

mbd milhões de barris diários

mdb milhões de barris

OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico

OGE Orçamento Geral do Estado

OMA Operações de Mercado Aberto

OMTs Outright Monetary Transactions

pp Pontos Percentuais

PIB Produto Interno Bruto

RIL Reservas Internacionais Líquidas

ROA Rendibilidade dos Activos

ROE Rendibilidade dos Capitais

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SADC South African Development Community

SCV Serviço de Compensação de Valores

SFA Sistema Financeiro Angolano

SPA Sistema de Pagamento de Angola

SPTR Sistema de Pagamento em Tempo Real

STC Subsistema de Transferências a Crédito

TBC Títulos do Banco Central

TPA Terminais de Pagamento Automático

USD Dólar Americano

ME Moeda Estrangeira

MINFIN Ministério das Finanças

MN Moeda Nacional

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BALANÇO

jun/15 V.V jun/16 V.V V.H Diferença

ACTIVO 7.786.447,64 100,00% 9.693.011,37 100,00% 24,49% 1.906.563,73

DISPONIBILIDADES 1.484.600,51 19,07% 1.670.304,55 17,23% 12,51% 185.704,03

APLICAÇÕES DE LIQUIDEZ 495.481,98 6,36% 683.809,78 7,05% 38,01% 188.327,80

Operações no Mercado Monetário Interfinanceiro 495.430,45 6,36% 596.354,02 6,15% 20,37% 100.923,57

Operações de Compra de Títulos de Terceiros com Acordo

de Revenda 0,00 0,00% 87.404,24 0,90% #DIV/0! 87.404,24

Operações de Venda de Títulos de Terceiros com Acordo de

Revenda 0,00 0,00% 0,00 0,00% 0,00

Aplicações em Ouro e Outros Metais Preciosos 51,53 0,00% 51,52 0,00% -0,03% -0,02

TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS 2.106.861,05 27,06% 2.895.800,14 29,88% 37,45% 788.939,10

Mantidos para Negociação 231.097,14 2,97% 539.530,29 5,57% 133,46% 308.433,15

Disponíveis para Venda 293.885,28 3,77% 384.150,28 3,96% 30,71% 90.265,00

Mantidos até o Vencimento 1.581.878,63 20,32% 1.972.119,58 20,35% 24,67% 390.240,96

INSTRUMENTOS FINANCEIROS DERIVADOS 2.550,57 0,03% 4.284,24 0,04% 67,97% 1.733,67

CRÉDITOS NO SISTEMA DE PAGAMENTOS 36.799,70 0,47% 111.233,88 1,15% 202,27% 74.434,18

OPERAÇÕES CAMBIAIS 36.591,12 0,47% 48.681,57 0,50% 33,04% 12.090,45

CRÉDITOS 2.892.954,75 37,15% 3.470.782,68 35,81% 19,97% 577.827,93

Créditos 3.246.435,31 41,69% 3.974.819,97 41,01% 22,44% 728.384,66

(-) Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa -353.480,56 -4,54% -504.037,29 -5,20% 42,59% -150.556,73

CLIENTES COMERCIAIS E INDUSTRIAIS 0,00 0,00% 0,00 0,00% 0,00

OUTROS VALORES 304.531,59 3,91% 329.420,59 3,40% 8,17% 24.889,00

INVENTÁRIOS COMERCIAIS E INDUSTRIAIS E

ADIANTAMENTOS A FORNECEDORES 239,14 0,00% 449,42 0,00% 87,93% 210,28

IMOBILIZAÇÕES 425.837,23 5,47% 478.244,52 4,93% 12,31% 52.407,29

Imobilizações financeiras 39.395,67 0,51% 31.910,30 0,33% -19,00% -7.485,37

Imobilizações corpóreas 353.156,32 4,54% 397.130,39 4,10% 12,45% 43.974,07

Imobilizações incorpóreas 33.285,24 0,43% 49.203,83 0,51% 47,82% 15.918,59

PASSIVO -6.976.161,93 100,00% -8.735.296,44 100,00% 25,22% -1.759.134,51

DEPÓSITOS -5.666.290,62 81,22% -7.088.229,44 81,14% 25,09% -1.421.938,82

Depósitos à Ordem -3.092.766,18 44,33% -3.975.978,80 45,52% 28,56% -883.212,62

Depósitos a Prazo -2.562.386,73 36,73% -2.989.421,75 34,22% 16,67% -427.035,03

Outros depósitos -11.137,72 0,16% -122.828,89 1,41% 1002,82% -111.691,17

CAPTAÇÕES PARA LIQUIDEZ -553.893,25 7,94% -537.731,13 6,16% -2,92% 16.162,12

Operações no Mercado Monetário Interfinanceiro -521.695,31 7,48% -537.608,98 6,15% 3,05% -15.913,67

Operações de Venda de Títulos Próprios com Acordo de

Recompra -32.197,94 0,46% -122,15 0,00% -99,62% 32.075,78

Operações de Venda de Títulos de Terceiros com Acordo de

Recompra 0,00 0,00% 0,00 0,00% 0,00

CAPTAÇÕES COM TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS -7.638,89 0,11% -9.431,27 0,11% 23,46% -1.792,38

INSTRUMENTOS FINANCEIROS DERIVADOS -2.576,58 0,04% -5.665,65 0,06% 119,89% -3.089,07

OBRIGAÇÕES NO SISTEMA DE PAGAMENTOS -65.478,73 0,94% -259.297,51 2,97% 296,00% -193.818,78

OPERAÇÕES CAMBIAIS -49.430,60 0,71% -93.092,14 1,07% 88,33% -43.661,54

OUTRAS CAPTAÇÕES -431.586,10 6,19% -505.916,79 5,79% 17,22% -74.330,69

Dívidas subordinadas -75.072,25 1,08% -98.867,03 1,13% 31,70% -23.794,77

Instrumentos Híbridos de Capital e Dívida -252.809,86 3,62% -261.418,69 2,99% 3,41% -8.608,83

Outras captações contratadas -103.703,99 1,49% -145.631,07 1,67% 40,43% -41.927,08

ADIANTAMENTOS DE CLIENTES -2.299,04 0,03% -1.571,70 0,02% -31,64% 727,34

OUTRAS OBRIGAÇÕES -156.099,07 2,24% -192.623,44 2,21% 23,40% -36.524,37

FORNECEDORES COMERCIAIS E INDUSTRIAIS -1.110,95 0,02% -82,74 0,00% -92,55% 1.028,22

PROVISÕES PARA RESPONSABILIDADES PROVÁVEIS -39.758,09 0,57% -41.654,64 0,48% 4,77% -1.896,55

PROVISÕES TÉCNICAS 0,00 0,00% 0,00 0,00% 0,00

INTERESSES MINORITÁRIOS 0,00 0,00% 0,00 0,00% 0,00

FUNDOS PRÓPRIOS -723.650,64 10,37% -834.827,66 9,56% 15,36% -111.177,02

CAPITAL SOCIAL -344.897,26 4,94% -404.782,02 4,63% 17,36% -59.884,77

RESERVA DE ACTUALIZAÇÃO MONETÁRIA DO CAPITAL

SOCIAL -7.337,09 0,11% -7.339,01 0,08% 0,03% -1,92

RESERVAS E FUNDOS -424.114,64 6,08% -492.732,24 5,64% 16,18% -68.617,61

RESULTADOS POTENCIAIS -14.636,75 0,21% -21.809,81 0,25% 49,01% -7.173,06

RESULTADOS TRANSITADOS 66.133,58 -0,95% 90.904,79 -1,04% 37,46% 24.771,22

(-) DIVIDENDOS ANTECIPADOS 0,00 0,00% 0,00 0,00% 0,00

RESULTADO DA ALTERAÇÃO DE CRITÉRIOS

CONTABILÍSTICOS -188,49 0,00% -188,49 0,00% 0,00% 0,00

(-) ACÇÕES OU QUOTAS PRÓPRIAS EM TESOURARIA 1.390,01 -0,02% 1.119,11 -0,01% -19,49% -270,89

RESULTADO DO EXERCÍCIO -86.635,07 1,24% -122.887,27 1,41% 41,84% -36.252,20

SITUAÇÃO LÍQUIDA 810.285,71 -11,62% 957.714,93 -10,96% 18,19% 147.429,22

PASSIVO+SITUAÇÃO LÍQUIDA -7.786.447,64 88,38% -9.693.011,37 89,04% 43,41% -1.906.563,73

Valores em milhões Kz

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DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS

jun/15 jun/16 V.H V.H% V.V

Margem financeira (II+III) 144.253 212.492 68.238,09 47,30% 178%

Proveitos de instrumentos f inanceiros activos (1+2+3+4) 226.941 332.815 105.874,22 46,65% 279%

Proveitos de Aplicações de Liquidez 9.799 13.859 4.059,64 41,43% 12%

Proveitos de Títulos e Valores Mobiliários 75.262 132.196 56.934,13 75,65% 111%

Proveitos de Instrumentos Financeiros Derivados 554 2.068 1.514,00 273,45% 2%

Proveitos de Créditos 141.326 184.693 43.366,44 30,69% 155%

(-) Custos de instrumentos f inanceiros passivos

(5+6+7+8+9) -82.688 -120.324 -37.636,13 45,52% -101%

Custos de Depósitos -64.710 -87.358 -22.647,74 35,00% -73%

Custos de Captações para Liquidez -14.631 -28.139 -13.507,54 92,32% -24%

Custos de Captações com Títulos e Valores Mobiliários -2 -1 0,25 -16,51% 0%

Custos de Instrumentos Financeiros Derivados -894 -146 747,71 0%

Custos de Outras Captações -2.451 -4.680 -2.228,83 90,94% -4%

Resultados de negociações e ajustes ao valor justo 34.626 64.073 29.446,89 85,04% 54%

Resultados de operações cambiais 49.493 60.974 11.481,50 23,20% 51%

Resultados de prestação de serviços f inanceiros 34.957 39.319 4.361,40 12,48% 33%

(-) Provisões para créditos de liquidação duvidosa e

prestação de garantias -62.859 -94.014 -31.154,78 49,56% -79%

Resultados de planos de seguros, capitalização e saúde

complementar 0 0 0,00 0%

RESULTADO DE INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA

(I+IV+V+VI+VII+VIII) 200.471 282.844 82.373,09 41,09% 237%

RESULTADOS COM MERCADORIAS, PRODUTOS E

OUTROS SERVIÇOS 10 59 48,37 474,82% 0%

(-) Custos administrativos e de comercialização

(10+11+12+13+14+15+16+17+19) -114.364 -162.245 -47.881,19 41,87% -136%

Pessoal -53.215 -75.421 -22.205,90 41,73% -63%

Fornecimentos de terceiros -45.542 -66.153 -20.610,48 45,26% -55%

Impostos e taxas não incidentes sobre o resultado -3.979 -7.809 -3.830,78 96,28% -7%

Penalidades aplicadas por autoridades reguladoras -77 -43 33,44 -43,62% 0%

Custos com pesquisa e desenvolvimento 0 0 0,00 0,00% 0%

Provisões específ icas para perdas com clientes

comerciais e industriais 0 0 0,00 0%

Outros custos administrativos e de comercialização -839 -930 -90,68 10,81% -1%

Provisões específ icas para perdas com inventários

comerciais e industriais 0 0 0,00 0%

Depreciações e amortizações -11.475 -13.018 -1.543,40 13,45% -11%

Recuperação de custos administrativos e de

comercialização 763 1.129 366,62 48,07% 1%

(-) Provisões sobre outros valores e responsabilidades

prováveis 2.840 -8.352 -11.191,75 -394,09% -7%

Resultados de imobilizações -661 8.626 9.287,05 -1404,98% 7%

Outros custos e proveitos operacionais 3.458 2.183 -1.274,87 -36,87% 2%

OUTROS CUSTOS E PROVEITOS OPERACIONAIS

(XI+XII+XIII+XIV) -108.727 -159.787 -51.060,76 46,96% -134%

RESULTADO DA ACTUALIZAÇÃO MONETÁRIA 0 -2 -2,19 0%

RESULTADO OPERACIONAL (IX+X+XV+XVI) 91.754 123.113 31.358,50 34,18% 103%

RESULTADO NÃO OPERACIONAL 1.197 3.375 2.178,26 182,05% 3%

RESULTADO ANTES DOS IMPOSTOS E OUTROS

ENCARGOS(XVII+XVIII) 92.951 126.488 33.536,76 36,08% 106%

(-) ENCARGOS SOBRE O RESULTADO CORRENTE -6.316 -7.058 -741,63 11,74% -6%

RESULTADO CORRENTE LÍQUIDO (XIX+XX) 86.635 119.430 32.795,13 37,85% 100%

(-) INTERESSES MINORITÁRIOS 0 0 0,00 0%

RESULTADOS DO EXERCÍCIO (XXI+XXII) 86.635 119.430 32.795,13 37,85% 100%

Valores em milhões Kz

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100

INDICADORES FINANCEIROS

Indicadores Financeiros jun/15 jun/16

(Crédito Vencido Mal Parado – Provisões para crédito vencido Mal Parado) / Fundos

Próprios de Base 29,66% 24,87%

(Crédito Vencido Mal Parado – Provisões para crédito vencido Mal Parado) / Fundos

Próprios Totais 21,42% 17,48%

(Crédito Vencido Mal Parado - Provisão para Crédito Vencido Mal Parado) / Crédito

Total Bruto 6,60% 5,35%

(Crédito Vencido – Provisões para crédito vencido) / Fundos Próprios Totais 39,57% 36,50%

(Crédito Vencido- Provisão para Crédito Vencido) / Crédito Total Bruto 12,19% 11,16%

Activo Imobilizado Sob Fundos Próprios Regulamentares 38,62% 36,73%

Activo Remunerado / Activo Total 77,43% 81,12%

Activo Remunerado / Passivo Remunerado 89,59% 94,17%

Activos Liquidos / Activo Total 42,50% 41,22%

Cost-to-income=Custo Administrativo e de comercialização/ Produto Bancário 43,43% 42,80%

Crédito Total / Activo Total 41,69% 40,70%

Crédito Total / Depósitos Totais 57,29% 56,08%

Crédito Total / Fundos Próprios Totais 324,48% 327,06%

Crédito Vencido Mal Parado/ Fundos Próprios de Base 55,23% 61,87%

Crédito Vencido / Activo Total 7,64% 8,26%

Crédito Vencido / Crédito Total Bruto 18,29% 20,26%

Crédito Vencido Mal Parado / Activo Total 5,13% 5,41%

Crédito Vencido Mal Parado/ Crédito Total Bruto 12,30% 13,30%

Crédito Vencido/ Fundos Próprios de Base 82,17% 94,27%

Crédito em ME / Depósito em ME 181,09% 166,58%

Crédito em MN / Depósito em MN 58,27% 54,25%

Crédito(ME) / Crédito Total 30,79% 33,83%

Crédito(MN) / Crédito Total 69,21% 66,17%

Depósitos ME sob Total de Depósitos 31,94% 31,60%

DepósitosTotais / Activo Total 72,77% 72,58%

DepósitosTotais / Crédito Total 174,54% 178,32%

Exposição.Cambial aberta liquida / fundos próprios totais 32,57% 52,59%

Liquidez Geral 103,72% 106,68%

Liquidez Geral ME 93,82% 97,53%

Liquidez Geral MN 108,27% 111,05%

Liquidez Imediata ME 26,18% 17,89%

Liquidez Imediata MN 67,37% 70,33%

Liquidez Imediata MN e ME 53,96% 52,37%

Margem Financeira / Resultado Liquido do Exercicio 166,51% 179,66%

Margem Financeiras / Produto Bancario 54,78% 56,63%

Margem financeira / margem bruta de intermediação 54,78% 56,63%

Passivo Remunerado / Passivo Total 96,47% 95,50%

Provisões para Crédito Vencido / Tot.Crédito Vencido 33,34% 44,92%

Provisões para Crédito Vencido Mal Parado / Tot.Crédito Vencido 31,13% 39,25%

Provisões para Crédito Vincendo / Tot.Crédito Vincendo 5,86% 4,48%

Rendibilidade do Capital (ROE) = Lucro Líquido / Fundos Próprios Totais médio 8,76% 9,80%

Rendibilidade dos Activos (ROA) = Lucro Líquidos / Activo Total médio 1,14% 1,23%

Solvabilidade= FPR / (APR +ECRC/0.10) 19,57% 18,15%

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