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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
COLEGIADO DE MATEMÁTICA
CURSO DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA
A IMPORTÂNCIA DOS SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO COMO CONTEÚDO
MATEMÁTICO NO ENSINO MÉDIO REGULAR NO CONTEXTO DE UMA
EDUCAÇÃO FINANCEIRA
ANTONIO CARLOS DE OLIVEIRA COSTA
FRANCINEI ALMEIDA DA COSTA
JONAS LOPES BORGES
UNIFAP MACAPÁ-2015
ANTONIO CARLOS DE OLIVEIRA COSTA
FRANCINEI ALMEIDA DA COSTA
JONAS LOPES BORGES
A IMPORTÂNCIA DOS SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO COMO CONTEÚDO
MATEMÁTICO NO ENSINO MÉDIO REGULAR NO CONTEXTO DE UMA
EDUCAÇÃO FINANCEIRA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao colegiado de Matemática, com requisito de obtenção de Título de Licenciatura Plena em Matemática sob a orientação do Prof. Ms. Sérgio Barbosa de Miranda.
UNIFAP MACAPÁ-2015
ANTONIO CARLOS DE OLIVEIRA COSTA
FRANCINEI ALMEIDA DA COSTA
JONAS LOPES BORGES
A IMPORTÂNCIA DOS SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO COMO CONTEÚDO
MATEMÁTICO NO ENSINO MÉDIO REGULAR NO CONTEXTO DE UMA
EDUCAÇÃO FINANCEIRA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao colegiado de Matemática, com requisito de obtenção de Título de Licenciatura Plena em Matemática sob a orientação do Prof. Ms. Sérgio Barbosa de Miranda.
Avaliado por:
____________________________________
Prof. Ms. Sérgio Barbosa de Miranda
Nota:________
Data: ___/___/___
UNIFAP MACAPÁ-2015
ANTONIO CARLOS DE OLIVEIRA COSTA
FRANCINEI ALMEIDA DA COSTA
JONAS LOPES BORGES
A IMPORTÂNCIA DOS SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO COMO CONTEÚDO
MATEMÁTICO NO ENSINO MÉDIO REGULAR NO CONTEXTO DE UMA
EDUCAÇÃO FINANCEIRA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção
do Título de Licenciatura Plena em Matemática, pela Universidade Federal do Amapá,
Campus Marco Zero, aprovado pela Comissão de professores:
___________________________________________________________
Prof. Ms Sérgio Barbosa de Miranda (Orientador)
Colegiado de Matemática, UNIFAP
___________________________________________________________
Professora Drª. Simone de Almeida Delphim (Convidada)
Colegiado de Matemática, UNIFAP
___________________________________________________________
Professor Steve Wanderson Calheiros de Araújo (Convidado)
Colegiado de Matemática, UNIFAP
Nota: _______
Data: ___/___/__
UNIFAP MACAPÁ-2015
Dedicamos a Deus, fonte de toda criação,
sustentação e domínio. Aos nossos pais e amigos,
cujo doce espírito habita estas páginas e inspira e
linguagem dos nossos corações.
Agradecimentos
Ao nosso Deus, pelas bênçãos concedidas;
Ao Professor Ms. Sergio Barbosa de Miranda, pela orientação, pela amizade,
boa vontade, atenção, paciência e disponibilidade cedida ao longo deste trabalho;
Aos professores da Universidade Federal do Amapá do Colegiado de
Matemática pelos conhecimentos repartidos, em especial ao professor Steve
Wanderson Calheiros de Araújo;
A coordenadora do curso de Matemática Dr.ª. Simone de Almeida Delphim;
Aos ilustres membros da Banca Examinadora;
As nossas famílias, pela confiança e constante incentivo na nossa vida
acadêmica em especial Silmara Miranda dos Santos, Maria Arcelina Costa e
Avangelina de Sousa de Oliveira;
Aos colegas das turmas de Graduação da Turma de Licenciatura Plena em
Matemática em especial aos acadêmicos Paulo Monte Verde Moura e Ana Maria
Saraiva;
A Gestão e todos os profissionais da Escola de Estadual Professor Antônio
Ferreira Lima Neto pelas informações e contribuições sobre a temática pesquisada.
A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para que este trabalho
pudesse ter começo, meio e fim. Que fique registrado o nosso profundo
agradecimento.
Lista de Figuras
Figura 1-Calculadora HP-12C ........................................................................ 28
Figura 2-Juros Simples .................................................................................. 35
Figura 3-Juros Compostos ............................................................................. 36
Figura 4-Juros Compostos II .......................................................................... 38
Figura 5-Juros Simples e Juros Compostos ................................................... 39
Figura 6-Fluxo de Caixa ................................................................................. 40
Figura 7-Fluxo de Caixa II.............................................................................. 40
Figura 8-Pagamento Único ............................................................................ 41
Figura 9-Primeira Parcela após um Período .................................................. 41
Figura 10-Primeira Parcela no Ato ................................................................. 41
Figura 11-Série Variável ................................................................................. 42
Figura 12-Pagamentos Equivalentes ............................................................. 47
Figura 13-Série Uniforme .............................................................................. 48
Figura 14-O Valor da Série na época zero .................................................... 49
Lista de Gráficos
Gráfico 1- O que é Educação Financeira .......................................................... 68
Gráfico 2- O que é Inflação? ............................................................................ 69
Gráfico 3- Você acha importante a Educação Financeira em sua formação
cidadã? ............................................................................................................
70
Gráfico 4- Quais os conteúdos que você gosta da Matemática Financeira? .... 70
Gráfico 5- Você utiliza a Matemática Financeira no seu dia-a-dia? ................. 71
Gráfico 6- Que tipo de recurso o professor utiliza para você aprender a
Matemática Financeira? ..................................................................................
72
Gráfico 7- Você já ouviu falar em Sistema de Amortização? ........................... 72
Lista de Tabelas
Tabela 1-Solução pela calculadora HP-12C .................................................... 28
Tabela 2-Despesas e Receitas durante x período de uma pessoa consome .. 31
Tabela 3-Regime de Capitalização Simples (Juros Simples) ........................... 36
Tabela 4-Regime de Capitalização Compostos (Juros Compostos) ................. 37
Tabela 5-SAC sem Carência ........................................................................... 51
Tabela 6-SAC com Carência (2 anos) e Pagamentos de Juros ....................... 55
Tabela 7- SPC sem carência (2 anos) e Pagamentos de Juros ...................... 58
Tabela 8- SPC com Carência (2 anos) e Pagamentos de Juros ...................... 61
Tabela 9-Sistema SAF com apenas os períodos .......................................... 70
Tabela 10-Sistema SAF .................................................................................. 71
Lista de Abreviaturas e Siglas
AMORT Amortização
CDB Certificado de Depósito Bancário
CNE Conselho Nacional de Educação
DCN Diretrizes Curriculares Nacionais
FV Valor Futuro
INSS Instituto Nacional de Seguridade Social
LDBN Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
OCDE Organização de Cooperação de Desenvolvimento Econômico
PA Progressão Aritmética
PCN Parâmetros Curriculares Nacionais
PCNEM Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio
PG Progressão Geométrica
PIB Produto Interno Bruto
RPN Notação Polonesa Reversa
SAC Sistema de Amortização Constante
SAF Sistema de Amortização Francês
SAM Sistema de Amortização Misto
SD Saldo Devedor
SPC Sistema de Prestação Constante
Lista de Símbolos
FV - Valor Futuro
FV1 - Valor do Montante do Primeiro Período
FVn - Valor do Montante do Enésimo Período
J − Valor dos Juros.
FV - Montante (Principal + Juros).
P - Principal ou Capital Inicial.
i - Taxa de Juros na Forma Decimal.
n - Prazo ou número de períodos
FC – Fluxo de Caixa
C - Capital
D - Valor Monetário do Desconto,
S - Valor Futuro (Valor assumido pelo título na data do seu movimento)
P - Creditado ou pago ao seu Titular.
d - Taxa de Desconto
im - Taxa Mensal
ip - Taxa referente ao período
C0 - Principal
Cn - Montante
A - Valor Atual
ak - Parcela de Amortização,
Jk - Parcela de Juros,
Pk - Prestação
Dk - Estado da Dívida (Isto é, o valor da dívida após o pagamento da prestação)
k – Época
Resumo
A presente pesquisa buscou analisar a importância dos Sistemas de Amortização como conteúdo matemático no Ensino Médio Regular no contexto de uma Educação Financeira, numa turma da 3ª série do Ensino Médio e que teve como local pesquisado, a Escola Estadual Professor Antônio Ferreira Lima Neto. Devido a relevância do tema para educação, optou-se por uma pesquisa qualitativa e descritiva, por meio da pesquisa bibliográfica e de campo. O instrumento de pesquisa foi o questionário e uma sequência didática, pelo qual os resultados foram apresentados em gráficos de setor e na análise da atividade, com o suporte de diversos autores da área de Matemática.
Palavras-chaves: Sistemas de Amortização. Ensino Médio. Matemática Financeira e a Educação Financeira.
Abstract
This research seeks to analyze the importance of amortization as mathematical content systems in the Middle Regular Education in the context of Financial Education, a group of 3rd year of high school and had the place searched, the State School Professor Antônio Ferreira Lima Neto. Due to the relevance of the topic to education, we opted for a qualitative and descriptive research, through literature and field research. The research instrument was a questionnaire and a didactic sequence, for which the results were presented in industry charts and analysis of the activity, with the support of several authors of the area of Mathematics.
Keywords: Amortization systems. High school. Financial Mathematics and Financial
Education.
Sumário
Introdução ............................................................................................................ 16
1 A História e os Conceitos da Matemática Financeira ................................... 19
1.1 A Matemática no Contexto Histórico ........................................................... 19
1.1.1 A Matemática Financeira na Idade Antiga e Média ......................... 20
1.1.2 A Matemática Financeira na Idade Moderna .................................. 21
1.1.3 A Matemática Financeira na Idade Contemporânea ....................... 22
1.2 A Matemática Financeira no Ensino Médio ................................................ 22
1.2.1 O Ensino da Matemática de Acordo com os PCN’s ......................... 23
1.2.2 O Ensino da Matemática e o PCNEM .............................................. 24
1.2.3 As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio .............. 25
1.3 A Matemática Financeira e o uso da Tecnologia ....................................... 26
1.3.1 Os Conceitos de Matemática Financeira ......................................... 26
1.3.2 O Sistema Financeiro Nacional ....................................................... 27
1.3.3 A Calculadora HP-12c ...................................................................... 28
1.4 A Educação Financeira ............................................................................. 30
1.4.1 A Educação Financeira na Escola ................................................. 30
1.4.2 A Educação Financeira e o Desiquilíbrio Financeiro ..................... 30
1.4.3 A Educação Financeira e Rendimentos ........................................ 31
1.4.4 A Educação Financeira e o Consumo ........................................... 32
2 Os Principais Conteúdos da Matemática Financeira no Ensino Médio ......... 34
2.1 Conceitos de Juros ........................................................................................ 34
2.1.1 Taxa de Juros .................................................................................. 34
2.1.2 Regime de Capitalização Simples (Juros Simples) ....................... 35
2.1.3 Regime de Capitalização Compostos (Juros Compostos) ............ 36
2.1.4 A Diferença entre Juros Simples e Compostos............................... 37
2.2 Desconto ................................................................................................... 42
2.2.1 Conceito de Desconto...................................................................... 43
2.2.2 Desconto Simples (Bancário ou Comercial) .................................. 43
2.2.3 Desconto Composto ....................................................................... 45
2.3 A Matemática Financeira e a Progressão Geométrica ............................... 45
2.3.1 Juros Composto de Taxa i ................................................................. 46
2.3.2 Série Uniforme de n Pagamentos iguais p ....................................... 48
2.3.3 Números de Pagamentos n e i Taxa de Juros ................................. 50
2.3.4 Sistema Francês de Amortização, sendo n o Número de
Pagamentos e i a Taxa de Juros ..............................................................
51
3 Sistema de Amortização ................................................................................... 52
3.1 Sistema de Amortização Constante (SAC) ................................................. 52
3.1.1Taxa Equivalente ............................................................................... 53
3.1.2 Expressão do Cálculo do SAC........................................................... 54
3.1.3 SAC com Carência ............................................................................ 56
3.2 Sistema de Prestação Constante (SPC)........................................................ 58
3.2.1 Os Juros do Sistema de Prestação Constante .................................. 58
3.2.2 SPC sem Carência ............................................................................. 59
3.2.3 Expressões de Cálculo do SPC ........................................................ 60
3.2.4 SPC com Carência ............................................................................ 62
3.3 Sistema de Amortização Misto (SAM) .......................................................... 64
3.3.1Comparação entre SAC, SPC e SAM ................................................ 64
3.3.2 Ponto de Igualdade das Prestações .................................................. 65
4 Metodologia ........................................................................................................ 66
4.1 Área de Estudo ............................................................................................. 66
4.2 Participantes da Pesquisa ............................................................................ 66
5 Análise e Discussão dos Resultados ............................................................ 68
Considerações Finais ........................................................................................ 76
Referências ......................................................................................................... 79
Apêndice ............................................................................................................... 81
Anexos ................................................................................................................. 83
16
Introdução
As transformações curriculares proposta pela educação atual relatam que as
teorias estudadas estão longe da realidade enfrentada por um profissional de
matemática no cotidiano escolar. Na perspectiva de uma educação com mais
exigências e práticas pedagógicas, pelo o qual, o perfil do profissional de matemática
está relacionado ao domínio de instrumentos de culturas letradas ou não letradas,
com o acompanhamento do desenvolvimento tecnológico. Os desafios dos
profissionais vai além das dificuldades dos alunos, as alterações curriculares fazem
parte de novas estratégias e conteúdos relacionados a realidade do aluno.
A partir desse contexto, diversas situações influenciam os conteúdos a serem
exposto em sala de aula. Muitas vezes, os objetivos do plano de aula não são
atingidos devido as situações problemas não estarem relacionada com a aplicação do
dia-a-dia. Exemplo disso, são exercícios e as respostas de um determinado livro, que
apenas pede para calcular o desconto de um determinado objeto ou o juros de uma
parcela. Esse tipo de exercício ou questão é essencial, porém, não possui uma
proposta para o professor demonstrar o Ensino da Matemática Financeira.
Diante disso se argumenta: Os Sistemas de Amortização são importantes
como conteúdo da Matemática Financeira no contexto atual do Ensino Médio
Regular? A Matemática Financeira contribui para a formação cidadã, propiciando-lhes
oportunidades educativas que lhes permitam desenvolver habilidades e adquirir
competências?
Assim, a temática escolhida surgiu nas observações, de apresentações
científicas, oficinas e projetos matemáticos durante o período de Estágios
Supervisionados da Universidade Federal do Amapá-UNIFAP, nas escolas públicas
de Macapá, que possibilitou investigar e discutir as dificuldades e as barreiras
encontradas no decorrer de um conteúdo trabalhado em sala de aula.
Convém lembrar que a escolha se justifica pela relevância com que o tema
possui na realidade atual. Diversas questões atuais envolve a Matemática Financeira,
tais como: ao fazer uma economia, compra à vista, investimentos, compra a prazo,
dívidas do cartão de crédito, juros de um cheque especial, empréstimo ou pagamentos
de dívidas são instrumentos fundamentais para o professor utilizar em situações
problemas do mundo em que os homens vivem.
17
Resumindo, o tema proporcionou a analisar outros aspectos no que se refere
às práticas pedagógicas do professor em relação ao Sistemas de Amortização como
temática contextualizada em sala de aula. Para facilitar a organização da pesquisa foi
traçado os principais objetivos, que foi investigar a Matemática Financeira no Ensino
Médio, seus desafios e as contribuições para Educação Financeira no contexto social
e econômico, descrevendo os aspectos históricos e conceitos básicos da Matemática
Financeira, analisando o ensino da Matemática Financeira de acordo com os PCN’s,
PCNEM e as DCN e analisando a Matemática Financeira, suas aplicações e as
relações com outros conteúdos.
Dessa forma, foram levantadas as seguintes hipóteses: A proposta
pedagógica escolar está voltado apenas para o uso do livro didático no Ensino da
Matemática Financeira no Ensino Médio; os Sistemas de Amortização são utilizados
no contexto escolar e social do aluno, os Sistemas de Amortização permite a leitura e
análise de tabelas, gráficos relacionados a Educação Financeira e os alunos
apresentam avanços durante as aplicações, conceitos de atividades relacionados aos
Sistemas de Amortização.
O presente trabalho foi estruturado da seguinte forma: Introdução, 05 cinco
Capítulos e as Considerações Finais. Na introdução, foi apresentado o problema da
pesquisa, justificativa, objetivo geral, objetivos específicos e as hipóteses.
No capítulo 1 foi discutido a História e os Conceitos da Matemática Financeira,
no período da história na relação comercial e econômica. Outros tópicos importantes
foram analisados como: a contribuição dos PCN, PCNEM e as DCN para o Ensino
da Matemática; Os conceitos e o uso da Tecnologia nesse conteúdo; O Sistema
Financeiro e o conceito de Educação Financeira, Rendimentos, Crises Financeiras e
o Consumismo humano baseado no contexto matemático.
No capítulo 2 foram apresentados os principais conteúdo da Matemática
Financeira no Ensino Médio, e teve suporte de vários autores, exemplificando as
situações problemas, conceitos e regime de capitalização juros simples e compostos,
aplicações de juros, taxas, descontos e progressão geométrica.
No capítulo 3 a proposta foi descrever os conceitos e as aplicações do
Sistema de Amortização, pelo qual, foram apresentadas as principais definições
relativas especificamente ao Sistema de Amortização Constante(SAC) e Sistema de
Amortização Francês (SAF) e a comparação entre SAC, SPC e SAM.
18
No capítulo 4 destinou-se a Metodologia da pesquisa com os principais pontos
analisados, tais como o tipo de pesquisa, área de estudo e os participantes. O
instrumento da pesquisa foi o questionário para coletar os resultados.
No capítulo 5 finalizou-se com a análise e discussão dos resultados. Os dados
coletados foram apresentados em gráficos de setor utilizando a porcentagem para
estabelecer as ideias dos participantes. Por fim, foi apresentado uma atividade
experimental do Sistema de Prestação Constante estabelecendo conexões com os
conteúdo da Matemática Financeira.
As Considerações Finais estabeleceu uma análise no Ensino da Matemática
atual e da importância do Sistema de Amortização como proposta para ser utilizada
na Matemática Financeira do Ensino Médio e na contribuição para Educação
Financeira.
19
Capítulo 1
A História e os Conceitos da Matemática Financeira
A Matemática Financeira faz parte do conteúdo na grade curricular do Ensino
Médio. Temas como juros, descontos, montantes são aplicados e utilizados na
solução de problemas que envolvem cálculos financeiros no contexto atual. Cabe
ressaltar, que a história da humanidade, os homens utilizavam variados métodos
financeiros em diversos ramos de atividades comerciais e bancárias.
Quando se faz uma pergunta a uma pessoa quanto ela ganha, quase sempre
a resposta não condiz com a realidade. Por exemplo, imagina-se alguém cujo salário
bruto mensal seja um mil reais. Ao responder quanto ganha por mês, essa pessoa
dirá imediatamente: “Eu ganho mil reais”. Se for um profissional com carteira assinada,
a resposta estará errada, pois desse valor ele precisaria deduzir os descontos oficiais,
como os do INSS, vale-transporte, vale-alimentação, assistência médica, entre outros.
Sendo assim, o valor real do seu ganho mensal seria de aproximadamente 850 reais.
1.1 A Matemática Financeira no Contexto Histórico
A História da humanidade mostra que no período paleolítico os homens viviam
em comunidades restritas, tirando da natureza todos os produtos de que tinham
necessidade, sem dúvida devia existir muito pouca comunicação entre as diversas
sociedades. No entanto, o homem evoluiu, assim como utilizou ferramentas ou
inventou objetos para solucionar os problemas e para manter relações sociais e
comerciais com outros humanos. Com desenvolvimento do artesanato e da cultura e
em razão da desigual repartição dos diversos produtos naturais, a troca comercial
mostrou-se necessária (IFHAR, 2000).
Ideias relativas aos números, como trocas de produtos à percepção das
formas e suas representações, tornaram-se possíveis graças as pistas oferecidas pela
natureza. Observando os fenômenos que se repetem regularmente é possível dizer
que, olhando para o céu e a sua volta, o homem desenvolveu ideias que levaram à
criação da Matemática e de outros conhecimentos. O primeiro tipo de troca comercial
foi o escambo, fórmula segundo a qual se trocam diretamente (e, portanto sem
intervenção de uma “moeda” no sentido moderno da palavra) (ASSAF NETO, 2012).
20
Ressalta-se, que a troca comercial do escambo muitas vezes era feito de
maneira desigual que possibilitava sempre a existência de um grande desequilíbrio
nas operações das trocas. Principalmente quando um comerciante ou artesão
dominava alguns métodos matemáticos para assegurar uma troca extremamente
desigual, explorando obviamente o grande desejo ou interesse de seu interveniente.
1.1.1 A Matemática Financeira na Idade Antiga e Média
Há cerca de 10 mil anos, nossos antepassados descobriram que podiam
alimentar-se através da troca de produtos e, assim, aos poucos foi se estabelecendo
nos vales às margens de grandes rios, como o Nilo, no Egito, e o Tigre e o Eufrates,
na Mesopotâmia, entre outros. A partir daí, teve início um novo modo de vida, com
terra cultivada, aldeias e a necessidade cada vez maior de organização: o
planejamento (ainda que muito rudimentar) da produção das terras, dos rebanhos; a
divisão das áreas cultiváveis, das colheitas; a quantificação para o comércio
(TOLEDO, 2012).
Assim, as primeiras necessidades de contagem até o conceito de finanças,
transcorreram várias gerações deixando a contribuição no crescimento comercial na
Idade Antiga. Diga-se de passagem que o surgimento dos números foram
fundamentais para a venda e compra de um produto, bem como, na troca de uma
mercadoria com outra.
A primeira unidade de escambo admitida na Grécia pré-helênica foi o boi. No século VIII a.C, na Ilíada de Homero (XXIII, 705, 749-751 e VI, 236), uma mulher hábil para mil trabalhos é assim avaliada em 4 bois, a armadura em bronze de Glauco em 9 bois e a de Diomedes (que era de ouro) em 100 bois; ademais numa lista de recompensas, veem-se suceder-se, na ordem de valores decrescentes, uma copa de prata cinzelada, um boi e um meio talento de ouro (IFHAR, p.144, 2000).
E não é por acaso que a palavra latina pecúnia – de onde derivam nossos
termos pecúlio e pecuniário. Segundo Assaf Neto (2012), quer dizer “fortuna, moeda,
dinheiro”: provém, com efeito, de pecus, que significa “gado, rebanho”; além disso, o
sentido próprio da palavra pecunia corresponde ao “ter em bois”. A palavra sânscrita
rupa (de onde vem “rúpia”), como os termos germânicos feo e vieh (dos quais é
aparentada a palavra inglesa fee, “salários”), constituem igualmente uma lembrança
21
do tempo em que as propriedades, os honorários, as oferendas e até mesmo os
sacrifícios rituais eram avaliados em cabeças de gado. É, aliás, em bois que se faz
ainda a avaliação do dote das moças em certas regiões da África Oriental.
Eis a razão pelo qual, no decorrer da Idade Média, a relação comercial se
transformou em financeira. A troca, venda ou compra caracterizou o sistema financeiro
de uma sociedade para o desenvolvimento econômico. Daí surgiu, termos como lucro,
prejuízo, capital, e falência. Logo, todos esses termos são aplicados situações de
matemática financeira, porém, com estratégias e métodos diferentes e utilizados pelos
estudiosos da área (TOLEDO, 2012).
Enfim, o intercâmbio comercial ou financeiro favoreceu as aplicações nas
resoluções de problemas, possibilidades e respostas para o uso do cálculo em
determinadas situações. Dessa forma, a economia precedeu igualmente o uso da
“moeda” nas situações financeiras. Dessa forma, a troca de gêneros a partir de
matérias primas ou objetos de grande necessidade foi fundamental para o Sistema
Financeiro nesses períodos. Logo, os conceitos da matemática financeira foram
surgindo devido as situações encontradas em diversas sociedades e culturas. Mas,
nos dias atuais os conceitos estão relacionados aos investimentos ou financiamentos.
1.1.2 A Matemática Financeira na Idade Moderna
A partir do século XV, países, como Holanda, Espanha, Portugal e,
posteriormente (século XVII), a Inglaterra, fortaleceram-se, assumindo a liderança do
comércio. Intensificaram o transporte marítimo para suas mercadorias, por oferecer
maior segurança do que por terra firme, onde frequentemente os mercadores eram
saqueados. Esses países, então, atingiram uma nova posição no mundo pela
navegação, o que aumentou seu poder marítimo. Essa transformação deu-se em
razão do grande achado geográfico constituído pela descoberta do caminho marítimo
para a Índia e, sobretudo, pela descoberta do “Novo Mundo”, a América (GRANDO,
2010).
Na realidade a América tornou-se uma nova estratégia para o fortalecimento
do Mercantilismo. Contudo, o advento do mercado e o surgimento de vários portos
comerciais, as vendas e as compras impulsionaram a circulação de dinheiro e metais
preciosos como o ouro nas colônias americanas.
22
1.1.3 A Matemática Financeira na Idade Contemporânea
Na área do domínio do dinheiro, o século XIX gravita em torno de um dogma:
o padrão ouro. Um meio circulante são conversível em ouro, vicioso se calcado sobre
a moeda fiduciária. O papel, segundo a sagrada palavra de Adam Smith, seria mero
substitutivo de um instrumento dispendioso e pesado por outro mais barato e mais
cômodo. A emissão, seja para a corrente pluralista ou para a corrente unitária, teria
sempre, garantindo seu funcionamento, a base metálica, leito seguro das operações
internacionais, com o automático equilíbrio das trocas. Uma boa circulação seria,
desta sorte, a que pudesse a todo o momento, internacionalizar-se, servindo o meio
interno em meio exterior de compra e venda (FAORO, 2010).
Um ponto a ser destacado na ideia do autor é apontar que as finanças
aumentaram com surgimento das relações internacionais que permitiu as nações
fazerem acordos comerciais e financeiros com a tendência ao crescimento
econômico. Especificamente no Brasil existe um Sistema Financeiro Nacional que
possibilita uma ligação entre pessoas e empresas que dispõem de dinheiro para
emprestar e pessoas e empresas que necessitam de dinheiro para movimento.
1.2 A Matemática Financeira no Ensino Médio
O Ensino da Matemática parece utilizar-se de discursos, por vezes, falaciosos
em afirmar que a matemática escolar deve ser sempre aplicada, ou que o bom ensino
dessa disciplina é aquela que se fundamenta no alicerce sólido de suas bases
teóricas. A matemática que deve ser apresentada em sala de aula, seja ela teórica ou
aplicada é aquela baseada no contexto do aluno (DOMINGOS, 2012).
Assim, entende-se que a valorização do contexto do aluno é prioridade para
as propriedades de operações matemática e soluções de problemas. E o cotidiano
está repleto de situações matemáticas.
Essa valorização pode ser encontrada em uma série de normas e
regulamentos que estão baseadas no Ensino Médio atual do Brasil através de normas
e diretrizes que apontadas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais-PCN’s,
Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio-PCNEM e das Diretrizes
Curriculares Nacionais-PCN.
23
1.2.1 O Ensino da Matemática de Acordo com os PCN’s
Com o surgimento da LDB, dos PCN’s e dos Projetos Políticos Pedagógicos-
PPP’s das Escolas, novos espaços e novas discussões se abriram para educadores
em geral. Constantemente eles são convidados a tentar novas experiências, novos
caminhos. Dessa forma, o docente não pode continuar a ministrar conteúdos tão
desconexos da realidade de nossos alunos, e até mesmo da nossa vida, só porque
alguém, em algum momento, os selecionou, priorizou ou hierarquizou. Não se pode
contentar em responder evasivamente, que tudo o que ensinamos os alunos ainda
precisarão “algum dia” ou que “vai cair na prova”, quando questionados sobre a
validade ou intenção do que é ensinado (PRAXEMEDES, 2010).
Nesse aspecto a Matemática Financeira, tão presente desde cedo na vida de
todas as pessoas, pode desempenhar um importante papel para prática docente.
Percebe-se que as discussões sobre as normas e regularização para o ensino
matemática está voltado para o cotidiano e na formação cidadã do aluno.
No ensino da Matemática, destacam-se dois aspectos básicos: um consiste
em relacionar observações do mundo real com representações (esquemas, tabelas,
figuras); outro consiste em relacionar essas representações com princípios e
conceitos matemáticos. Nesse processo, a comunicação tem grande importância e
deve ser estimulada, levando-se o aluno a “falar” e a “escrever” sobre Matemática, a
trabalhar com representações gráficas, desenhos, construções, a aprender como
organizar e tratar dados (BRASIL, 1997).
A aprendizagem em Matemática está ligada à compreensão, isto é, à
apreensão do significado; apreender o significado de um objeto ou acontecimento
pressupõe vê-lo em suas relações com outros objetos e acontecimentos. Assim, o
tratamento dos conteúdos em compartimentos estanques e numa rígida sucessão
linear deve dar lugar a uma abordagem em que as conexões sejam favorecidas e
destacadas. O significado da Matemática para o aluno resulta das conexões que ele
estabelece entre ela e as demais disciplinas, entre ela e seu cotidiano e das conexões
que ele estabelece entre os diferentes temas matemáticos (BRASIL, 1997).
O Parâmetro Curricular Nacional de Matemática permite relatar que os
aspectos básicos são fundamentais para o uso da linguagem no dia-a-dia. É
importante ressaltar que a importância da compreensão dos fenômenos matemáticos
24
pelos alunos em diferentes situações. Os conteúdos devem permitir ao aluno
investigar e argumentar sobre uma fórmula ou até mesmo aplicar as equações através
de uma figura ou objeto.
1.2.2 O Ensino da Matemática e o PCNEM
A LDB/96, ao considerar o Ensino Médio como última e complementar etapa
da Educação Básica, e a Resolução CNE/98, ao instituir as Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Ensino Médio, que organizam as áreas de conhecimento e orientam
a educação à promoção de valores como a sensibilidade e a solidariedade, atributos
da cidadania, apontam de que forma o aprendizado de Ciências e de Matemática, já
iniciado no Ensino Fundamental, deve encontrar complementação e aprofundamento
no Ensino Médio. Nessa nova etapa, em que já se pode contar com uma maior
maturidade do aluno, os objetivos educacionais podem passar a ter maior ambição
formativa, tanto em termos da natureza das informações tratadas, dos procedimentos
e atitudes envolvidas, como em termos das habilidades, competências e dos valores
desenvolvidos (BRASIL, 2000).
Convém lembrar que as discursões relativas ao Ensino Médio, ao longo de
sua tumultuada história, têm sido a da sua especificidade, até hoje não claramente
equacionada. Diga-se de passagem, que essa etapa está vinculada na perspectiva da
preparação do aluno para o Ensino Superior, e que são abordados diversos conteúdos
em sala de aula. Um ponto de partida fundamental é que os conteúdos estejam voltado
para o contexto do aluno, e em se tratando da Matemática Financeira, o professor
nessa etapa se depara por diversas situações relacionados ao desenvolvimento
pedagógico, as estratégias de conteúdos e da formação e do exercício profissional do
professor como um dos meios indispensáveis à melhoria do ensino público (BRASIL,
2000).
Assim, como ocorre com outros conteúdos, o trabalho com a Matemática
Financeiro diretamente ligado, aos conceitos, definições, fórmulas, aplicações que
podem ser apresentados com atividades, pesquisas, exposições ou até mesmo
palestras, e com ou sem interferência do docente, e que as competências e a
habilidades sejam voltada para as condições de uso no contexto social. Nesse
sentido, juros simples, compostos, taxa de juros, lucro estão associados a
25
investigação e compreensão de um fato ou problema matemático que os PCNEM
recomendam para a articulação didática em sala de aula.
Conceitos, definições, aplicações, têm semelhanças e diferenças na forma com que são tratados pelas distintas ciências. Uma discussão geral de certos métodos, procedimentos e investigações, que são instrumental comum das várias ciências, pode ser ilustrada com a variedade de formas pelas quais desenvolvem os conceitos de igualdade e variação, de conservação e transformação ou, analogamente, de unidade e diversidade, de identidade e evolução, revelando elementos comuns ou distintos, sob codificações aparentemente idênticas (VEIGA, p.114, 2003).
Com base nessas informações a Matemática Financeira pode ser
compreendida de maneira diferente pelas áreas no uso do dia-a-dia, porém os
registros de conceitos, fórmulas e situações problemas embasados na investigação.
Para Ribeiro (2012), a Matemática Financeira visa estudar o valor do dinheiro
no tempo, nas aplicações e nos pagamentos de empréstimos. Tal definição é bem
geral, que o professor terá oportunidade de aplicar situações problemas no contexto
social. Parte dos contextos tem sentido e alcance praticamente universais, podendo
assim ser evocados em qualquer circunstância e escola. Contudo, os conceitos
relacionados da Matemática Financeira visa representar o princípio para aplicação da
Educação Financeira.
1.2.3 As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio
Com a promulgação da Lei nº 9.394/96 (LDB), o Ensino Médio passou a ser
configurado com uma identidade própria, como etapa final de um mesmo nível da
educação, que é a Educação Básica, e teve assegurada a possibilidade de se
articular, até de forma integrada em um mesmo curso, com a profissionalização, pois
o artigo 36-A prevê que “o Ensino Médio, atendida a formação geral do educando,
poderá prepará-lo para o exercício de profissões técnicas” (BRASIL,2011).
Essa formação do educando permite incentivo as pesquisas que poderão
surgir durante ao Ensino Médio. Outro fator importante que nessa etapa incentiva as
investigações sobre os conceitos matemáticos, ensaiarem possíveis organizações
para novas descobertas na área de matemática.
26
Nessa definição de propósitos, percebe-se que a escola de hoje não pode
mais ficar restrita ao ensino disciplinar de natureza enciclopédica. De acordo com as
Diretrizes Curriculares para o Ensino Médio, deve-se considerar um amplo espectro
de competências e habilidades a serem desenvolvidas no conjunto das disciplinas. O
trabalho disciplinar pode e deve contribuir para esse desenvolvimento. Conforme
destacam os PCNEM (2002) e os PCN(2002), o ensino da Matemática pode contribuir
para que os alunos desenvolvam habilidades relacionadas à representação,
compreensão, comunicação, investigação e, também, à contextualização
sociocultural (BRASIL, 2011).
1.3 A Matemática Financeira e o uso da Tecnologia
A Matemática Financeira é utilizada em muitas situações de nosso cotidiano,
e um de seus principais conceitos é o juro, uma relação entre o dinheiro e o tempo. A
pessoa que conhece os fundamentos da matemática financeira pode adotar uma
postura consciente em seu papel de consumidor, evitando o endividamento e o
pagamento de juros altos. Entre as inúmeras aplicações da matemática está a auxiliar
na resolução de problemas de ordem financeira, como cálculo do valor de prestações,
pagamento de impostos, rendimento de poupança e outros (MATEMÁTICAGUBA,
2015).
1.3.1 Os conceitos de Matemática Financeira
A Matemática Financeira está cada vez mais presente no cotidiano social.
Exemplo disso são as poupanças, juros, impostos, porcentagem, desconto, aumento,
entre outros, são conhecidos no Ensino Médio.
O autor Sobrinho (2008) apresenta alguns conceitos e aplicações da
Matemática Financeiro utilizado para a dimensão de investigação no desenvolvimento
de competências e habilidades que são essencialmente formadoras, à medida que
instrumentalizam o uso dos cálculos financeiros.
A Matemática Financeira trata, em essência, do estudo do valor do dinheiro
ao longo do tempo. O seu objetivo básico é efetuar análise e comparações dos vários
27
fluxos de entrada e saída de dinheiro de caixa verificados em diferentes momentos.
Receber uma quantia hoje ou no futuro não são evidentemente a mesma coisa.
Em princípio, uma unidade monetária hoje é preferível à mesma unidade
disponível amanhã. Postergar uma entrada de caixa (recebimento) por certo tempo
envolve um sacrifício, o qual deve ser pago mediante uma recompensa, definida pelos
juros. Desta forma, são os juros que efetivamente induzem o adiamento do consumo,
permitindo a formação de poupanças e de novos investimentos na economia (TOSI,
2009).
Para Onaga (2004), a Matemática Financeira é uma ferramenta utilizada na
análise de algumas alternativas de investimentos ou financiamentos de bens de
consumo. A ideia básica é simplificar a operação financeira a um Fluxo de Caixa e
empregar alguns procedimentos matemáticos como a aplicação de capital.
Assim, as noções e as aplicabilidades da Matemática Financeira estão
relacionadas a uma série de fatores ligados às unidades monetárias, o sucesso ou
insucesso de uma situação econômica, de uma atividade produtiva, de remunerações
salariais e outras situações que permitem a maioria dos cidadãos precisa utilizar para
entender muitos aspectos relacionados ao uso da porcentagem em situações de
leitura, informações de gráficos e tabelas voltadas para as operações financeiras.
1.3.2 O Sistema Financeiro Nacional
O advento das Leis nº 4.595/64 e 4.728/ 65 marca o início da estruturação
orgânica do Sistema Financeiro Nacional, muito embora grande parte de suas
instituições já se fizessem presentes no mercado interno, seja de longa tradição, seja
de recente inovação. Até então, a prevalecente linguagem do juro limita-se a
especulações sobre os conceitos de “desconto por dentro” e “desconto de fora” nas
operações cotidianas realizadas pelos estabelecimentos bancários, e os efeitos
derivados dessa distinção dicotômica sobre “taxa nominal” e “taxa efetiva” (ASSAF
NETO, 2012).
Assim, com o surto inflacionário que ganhou novo ímpeto a partir do fim da
década de 50 e grande impulso nos anos 60, dois eventos suscitaram particular ênfase
a outros aspectos da problemática da taxa do juro: a componente do efeito
inflacionário nos rendimentos de aplicações financeiras, e a propensão para as
28
inversões de curtíssimo prazo motivando a adoção das fórmulas exponenciais
baseadas na capitalização diária do juro incidente nas operações de crédito, ativas e
passivas. Assim, ao de “taxa nominal” e “taxa efetiva” acresceu a importância da
determinação da “taxa real” dos rendimentos adequada aos infratores (SOBRINHO,
2008).
No Brasil, o conjunto de instituições que possibilitam a ligação entre pessoas
e empresas que dispõem de dinheiro para empréstimo. As pessoas e empresas que
necessitam de dinheiro e se oferece para tomá-lo emprestado é denominado Sistema
Financeiro Nacional. Fazem parte desse sistema os bancos comerciais, a Caixa
Econômica Federal, as cooperativas de crédito e as instituições similares. Esse
sistema, que movimenta vultosos recursos diariamente, é regulamentado por lei e
permeia todo o território nacional, influenciando a vida de todos os brasileiros (DANTE,
2013).
1.3.3 A Calculadora HP-12C
Segundo Tosi (2009), o estudo da Matemática Financeira exige o uso das
ferramentas tecnológicas, como por exemplo a calculadora. Muitos matemáticos para
suas aplicações práticas e financeiras ou na aplicação em sala de aula utilizam a
calculadora HP-12C como mostra a figura.
O autor afirma ainda que a HP-12C possui um bom tempo de existência (mais
de 27 anos), contudo, ainda é a mais utilizada no Brasil pelos profissionais e
estudantes da área financeira, devido, entre outras razões, à facilidade de operação
e portabilidade. Hoje existem à venda no mercado basicamente três modelos de
calculadoras HP-12C, o modelo Gold (tradicional), o modelo Platinum e o modelo
Figura 1: Calculadora HP-12C Fonte: Tosi (2009, p.10)
29
Prestige. No caso dos últimos dois modelos às vantagens são: flexibilidade para
operar tanto no modo algébrico como RPN, a velocidade ampliada do processador, a
capacidade expandida de memória e suas mais de 130 funções inclusas.
A HP-12C tradicional opera com o sistema de entrada de dados RPN (Notação
Polonesa Reversa), onde são primeiro introduzidos os dados, separados pela tecla
ENTER, e depois as operações. Tal sistema possibilita a solução de cálculos extensos
como muito mais rapidez e simplicidade.
Exemplo 1: Uma prestação de $ 1.000,00 foi paga com atraso de 23 dias. Sabendo
que a multa cobrada por dia de atraso foi de 0,3% (linear), pergunta-se:
Qual o valor da multa?
Qual o valor total da prestação (já incluída a parcela da multa pelo atraso)?
Solução pela HP-12C:
Tabela 1: Solução pela HP-12C.
PRESSIONE VISOR SIGNIFICADO
1000 ENTER 0,3 % 3,00 Valor da multa por dia.
23 x 69,00 Valor total da multa.
+ 1.069,00 Valor total da prestação a ser paga.
Matematicamente, tal cálculo seria realizado da seguinte forma:
Valor total da prestação= 1000 × (1 +0,3
100× 23).
Valor total da prestação = $ 1.069,00
Nesse sentido, Aragão (2012) afirma que a calculadora deve estar presente
no cotidiano das escolas, principalmente das mais carentes, pois isso permitirá que
os menos favorecidos socioeconomicamente tenham acesso às ferramentas
disponíveis no mercado de trabalho que, num futuro próximo, farão parte de todas as
profissões. Além disso, não podemos privar os alunos do conhecimento e
Tabela 1: Solução pela HP-12C. Fonte: Tosi (2012).
30
manipulação de instrumentos tecnológicos certamente muito úteis na sua vida
profissional.
1.4 A Educação Financeira
É desejável que cada indivíduo cuide da própria vida financeira de modo
adequado para que suas obrigações não atinjam outras pessoas, ou seja, é
necessário ficar circunscrito ao espaço individual. Da mesma forma, um país não
deveria causar danos ambientais e apresentar a conta ao restante do planeta.
1.4.1 A Educação Financeira na Escola
A Educação Financeira nas escolas apoia-se em sete objetivos intimamente
ligados às dimensões descritas. Os objetivos que se voltam para a dimensão espacial
procuram apontar para dois movimentos distintos, a saber, circunscrição e mobilidade.
De um lado, há o fato de que em certas circunstâncias é preciso ater-se a determinado
espaço (BRASIL, 2000).
Assim, a escola através da Matemática Financeira pode introduzir a Educação
Financeira nas situações problemas em sala de aula. O estudo de juros ou até de
economia é utilizado para mostrar um desequilíbrio financeiro adotado por uma
pessoa durante uma compra ou financiamento bancário torna-se temas de discussão
e investigação durante uma aula de Educação Financeira.
É importante afirmar que o currículo da Matemática em muitas instituições
escolares, é elaborado com apoio nos livros didáticos existentes no mercado, sendo
que alguns são distribuídos nos programas de livros didáticos para o Ensino Médio.
1.4.2 A Educação Financeira e o Desequilíbrio Financeiro
O desequilíbrio financeiro é como uma doença que pode apresentar vários
sintomas, cada um vai exigir um tratamento. Alguns podem sofrer apenas de uma leve
“labirintite financeira”. São aquelas pessoas que, vez ou outra, ficam meio
desequilibradas, gastam além da medida, mas logo se recompõem, estabilizam a
situação e seguem adiante. Há também aqueles cujos membros inferiores são
31
afetados a ponto de ficarem prejudicados e não saírem mais do lugar (DOMINGOS,
2012).
Nota-se, que para dizer que alguém está em dificuldade financeira, ás vezes
usa-se a frase: “Fulano está mal das pernas”? Quem não conhece alguém mais ou
menos próximo que está com dificuldades de sair do lugar? O que ganha é o que
gasta. O que gasta é o que ganha. Como as forças das próprias pernas estivessem
comprometidas, atrofiadas.
O mesmo autor afirma que em casos mais graves, o “estar mal das pernas”,
que pode ser entendido como não encontrar meios para se livrar da dívida do cheque
especial ou do cartão de crédito, por exemplo, pode evoluir para o “estar quebrado” –
isto é, falido, sem condições de arcar com as dívidas acumuladas, com restrições de
crédito e correndo o risco de perder o que conquistou em sua vida.
Todas essas são formas simbólicas de falar que há uma doença em curso,
corroendo a saúde da pessoa em questão. O problema se agrava quando a situação
sai do controle, ou seja, o desequilíbrio financeiro aumenta rapidamente, invadindo a
vida profissional, empresarial e familiar do indivíduo, sem que se tenha tempo de
controla-lo antes do estrago maior. Assim, qualquer que seja a natureza do seu
problema, se sua saúde financeira está abalada, você precisa de um diagnóstico
financeiro imediato. Quando antes souber a dimensão do problema, mais rápido
encontrará o caminho para se livrar dele.
1.4.3 A Educação Financeira e Rendimentos
Segundo Domingos (2012), quem deseja obter equilíbrio financeiro precisa ter
plena consciência de seus rendimentos, saber exatamente o valor disponível para
fazer frente às suas despesas, compromissos e investimentos. O mesmo se aplica a
profissionais liberais, autônomos e empresários. É preciso computar de forma precisa
os valores recebidos ao longo do mês e, se possível, do ano, para descobrir quais são
suas reais margens de manobra.
Logo, as pessoas com rendimento variáveis podem, igualmente, cair em
armadilhas, armazenando na memória apenas o rendimento bruto, sem descontar
impostos e despesas comuns a quem trabalha como autônomo – além de, em certos
períodos, poderem ter ganhado bem acima da média, enquanto que, em outros, não
32
ter rendimento nenhum. Nesses casos, conhecer com precisão os movimentos de
entrada de dinheiro é ainda mais importante.
1.4.4 A Educação Financeira e o Consumismo
A descoberta do seu “eu” financeiro, é fundamental nova etapa de sua vida e
precisa ocorrer em vários níveis para uma educação financeira. O primeiro passo é
anotar tudo e chegar aos números: quanto você gasta em cada um dos itens de
despesas e qual o impacto que cada atitude de compra tem em seu orçamento
mensal; em outras palavras, saber quais são os gastos que desequilibram sua balança
(TOSI, 2009).
Pode-se dizer que a sociedade brasileira é totalmente consumista, em que a
maioria dos hábitos de consumo se baseia em padrões sociais. A todo o momento, a
humanidade é bombardeada com o aumento de juros e crise financeira que afeta as
empresas e as pessoas físicas (DOMINGOS, 2012).
O autor destaca na tabela abaixo com as despesas e receitas durante um x
período que uma pessoa consome.
Tabela 2: Despesas e Receitas durante um x período de uma pessoa consome.
DESPESAS E RECEITAS VALOR (R$)
Água 60,00
Energia elétrica 70,00
Curso de idiomas 190,00
Roupas e calçados 270,00
Telefone 115,00
Mercado 330,00
Transporte 170,00
Faculdade 450,00
Total das despesas 1.655,00
Total de receitas 1.800,00
(-) Total de despesas 1.655,00
Resultado positivo 145,00
Tabela 2: Despesas e Receitas durante um x período de uma pessoa consome. Fonte: Domingos (2012, p.36).
33
Assim, a tabela mostra a relação entre a receita e despesa vem mostrando o
resultado positivo ou negativo. Logo, o problema é que saber o valor do aluguel ou da
prestação de casa própria, calcular os gastos com o ônibus, metrô, táxi ou
combustível, saber por cima a conta do supermercado, bem como computar o valor
da mensalidade escolar; nada disso produz uma radiografia completa de uma
situação.
Segundo Assaf Neto (2012), somente os números não bastam. É necessário
averiguar os padrões de comportamento que estão por trás dos números – e o
Apontamento de Despesas lhe permitirá saber, por exemplo, com o que você gosta e
em que quais momentos, ou em que dias da semana ou do mês você gasta mais ou
menos. Daí a importância da Educação Financeira.
34
Capítulo 2
Os Principais Conteúdos da Matemática Financeira no Ensino Médio
A Matemática Financeira está diretamente ligada às novas abordagens
elaborada pelo mundo globalizado. Assim, os conteúdos que fazem parte do mundo
globalizado e das novas mudanças das propostas pedagógicas e dos avanços
tecnológicos. Portanto, os avanços tecnológicos, a relação comercial, os empréstimos
bancários, a concorrência das nações capitalistas exigem que a sociedade mundial
se adapte as mudanças do contexto socioeconômico e cultural (RIBEIRO, 2012).
Abaixo estão alguns exemplos de Matemática Financeira encontrados nos
livros didáticos de Ensino Médio:
Marcelo vai pagar R$ 300,00 de imposto de renda;
O aluguel do apartamento de Augusto vai subir 8%;
Cláudia vai comprar um computador e ganhar 5% de desconto;
O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 4,13% no trimestre.
2.1 Conceitos de Juros
Juros é a remuneração do capital emprestado, podendo ser entendido, de
forma simplificada, como sendo o aluguel pago pelo uso do dinheiro. Capital: Entende-
se por capital, do ponto de vista da matemática financeira, qualquer valor expresso
em moeda e disponível em determinada época. Por outro lado, a taxa de juros é a
razão entre os juros recebido (ou pagos) no final de um certo período de tempo e o
capital inicial aplicado (ou emprestado) (SOBRINHO, 2008).
2.1.1 Taxa de Juros
Matematicamente essa razão é especificada como segue: 𝑖 =𝐽
𝑃. Em que 𝑖 é
a taxa de juros que é dada em porcentagem, 𝐽 é o valor dos juros e 𝑃 é o capital inicial
(também chamado de principal, valor atual ou valor presente).
35
Exemplo 2: Qual a taxa de juros cobrado num empréstimo de R$ 1.000,00 a ser
resgatado por R$ 1.400,00?
Dados: Capital inicial= 𝑃 = 1.000,00
𝑗 = 𝑐𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 − 𝑐𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙
Juros= 𝐽 = 1.400,00 − 1.000,00 = 400,00
Taxa de juros= 𝑖 =?
Solução: 𝑖 =400
1.000= 0,40 𝑜𝑢 40%
A taxa de juros também pode ser obtida de outra maneira. Como 𝐽 = 𝑆 − 𝑃 e
𝐼 =𝑆−𝑃
𝑃=
𝑆
𝑃−
𝑃
𝑃=
𝑆
𝑃− 1
Substituindo os dados do nosso exemplo nesta última relação, tem-se:
𝑖 =1.400
1.000− 1 = 0,40 𝑜𝑢 40%
A taxa de juros de 40% refere-se ao período da operação, não especificado
no exemplo. Se o preço dessa operação for de 1 ano, a taxa é de 40% ao ano; se for
de 8 meses, a taxa é de 40% para o período de 8 meses. Normalmente, a taxa de
juros é definida para certa unidade de tempo (dia, mês, trimestre, semestre, ano etc.).
Por outro lado, capitalização simples é aquela que a taxa de juros incide somente
sobre o capital inicial; não incide, pois, sobre os juros acumulados (TOSI, 2009).
2.1.2 Regime de Capitalização Simples (Juros Simples)
Segundo Tosi (2012), no regime de capitalização simples o valor dos juros é
calculado aplicando-se a taxa de juros sempre sobre o valor do capital inicial. A taxa,
portanto, é chamada de proporcional, uma vez que sua aplicação sobre o valor do
capital inicial produz juros que variam linearmente (de forma constante) ao longo do
tempo.
Figura 2: Juros Simples
Fonte: Tosi (2012)
36
Exemplo 3: 1% ao dia é igual a 30% ao mês, que por sua vez é igual a 360% ao ano
e assim por diante. Outro exemplo prático para ficar mais fácil o entendimento está
logo abaixo:
Exemplo 4: Se o Sr. José emprestar a quantia de $ 1.000,00, pelo prazo de três
meses, a uma taxa de 10% ao mês, ele terá que pagar ao banco, no final do terceiro
mês, a quantia de $ 300,00 a título de juros simples (1.000 x 10% = $ 100, ou seja,
durante três meses serão acumulados mensalmente $ 100,00 de juros).
2.1.3 Regime de Capitalização Compostos (Juros Compostos)
O Regime de capitalização composta o valor dos juros para o período atual
de cálculo é obtido pela aplicação da taxa de juros sobre o montante acumulado até
o início desse período. Ao aplicar determinada quantia a juros composto, o investidor
verá seu capital crescer de forma exponencial, ou seja, o montante acumulado até o
período anterior de capitalização servirá como base de cálculo para os juros desse
novo período. No Brasil, a maioria das operações do mercado financeiro é calculada
a juros compostos; por exemplo: Certificados de Depósitos Bancários, fundos de
Investimentos, Caderneta de Poupança, Crediários, Leasing etc (TOSI, 2009).
A seguir será apresentado um exemplo para ficar mais claro o conceito de
juros compostos.
Exemplo 5: O Sr. Abonado aplicou a quantia de $ 1.000,00 no Banco Caridade de
São Paulo, à taxa de juros compostos de 10% ao mês pelo prazo de três meses.
Verifica-se a evolução do dinheiro do Sr. Abonado ao longo dos três meses.
Após o primeiro mês de aplicação o Sr. Abonado terá acumulado a quantia de
$ 1.100,00 (10% a mais sobre $ 1.000,00). Para o segundo mês a base de cálculo do
valor dos juros será de $ 1.100,00, gerando um montante de $ 1.210,00 ($ 1.100,00
mais 10% sobre esse valor). Para o terceiro e último mês o valor dos juros será
calculado sobre $ 1.210,00, produzindo um montante de $ 1.331,00 ($ 1.210,00 mais
10% sobre esse valor).
Figura 3: Juros Compostos Fonte: Tosi (2009, p.68)
37
Segundo Assaf Neto (2012), no Brasil, os juros compostos são conhecidos
popularmente como “juros sobre juros”. Por meio da análise do caso anterior pode-se
observar que a juros compostos a taxa varia exponencialmente em função do tempo
(no exemplo, a taxa de 10% ao mês equivale a 33,10% ao trimestre), ou seja, para
encontrar taxas equivalentes a juros compostos. Logo, não pode simplesmente
multiplicar ou dividir as taxas pelos períodos de composição, como é realizado no
regime de capitalização simples, uma vez que os juros são exponenciais e não
lineares.
2.1.4 A Diferença entre Juros Simples e Compostos
Tosi (2009) mostra a diferença entre juros simples e compostos por meio de
um exemplo basicamente fácil: suponha que o Sr. Alex pediu emprestado ao Sr.
Mauro à quantia de $ 100.000,00 pelo prazo de três meses, sendo-lhe cobrada uma
taxa de juros de 10% ao mês. No final do terceiro mês, o Sr. Alex deverá devolver ao
Sr. Mauro o capital emprestado ($ 100.000,00) mais o valor total dos juros desse
período, ou seja, o montante ou valor futuro, que será representado na HP-12C pela
tecla FV (do inglês Future Value, ou seja, Valor Futuro).
Veja a seguir qual será a quantia a ser paga no final do terceiro mês no regime
de capitalização simples e no regime de capitalização composta:
a) Regime de Capitalização Simples (Juros Simples)
Prazo 𝒏 Juros simples (JS) Montante (FV)
1º mês 𝑅$ 100.000 × 0,10 = 𝑅$ 10.000 𝑅$ 100.000 + 𝑅$ 10.000 = 𝑅$ 110.000.
2º mês 𝑅$ 100.000 × 0,10 = 𝑅$ 10.000 𝑅$ 110.000 + 𝑅$ 10.000 = 𝑅$ 120.000.
3º mês 𝑅$ 100.000 × 0,10 = 𝑅$ 10.000 𝑅$ 120.000 + 𝑅$ 10.000 = 𝑅$ 130.000.
Total 𝑅$ 30.000 𝑅$ 130.000
Por meio dessa tabela, observa-se que, em cada período, o valor dos juros é
calculado sobre o capital inicial (𝑅$ 100.000,00), característica básica do regime de
capitalização simples. Por outro lado, o valor dos juros é igual em todos os períodos
de cálculo, o que nos possibilita dizer que o mesmo é linear em relação ao prazo.
Como já foi citado no regime de capitalização simples, para converter determinada
Tabela 3: Regime de capitalização simples (juros simples) Fonte: Domingos (2012)
38
taxa de juros basta multiplicá-la ou dividi-la pela quantidade de períodos de conversão
desejados (SOBRINHO, 2008).
Exemplo 6: 1% ao dia é igual a 30% ao mês (30 x 1%); 120% ao ano é igual a 10%
ao mês (120% ÷ 12), e assim por diante.
A seguir encontra-se a tabela representativa do valor dos juros compostos,
referente à aplicação de um capital de $ 100.000, à taxa de juros simples de 10% ao
mês, pelo prazo de 3 meses.
b) Regime de Capitalização Composta (Juros Compostos)
Prazo 𝒏 Juros compostos (JC) Montante (FV)
1º mês $ 100.000 × 0,10 = $ 10.000 $ 100.000 + $ 10.000 = $ 110.000.
2º mês $ 110.000 × 0,10 = $ 11.000 $ 110.000 + $ 11.000 = $ 121.000.
3º mês $ 121.000 × 0,10 = $ 12.100 $ 121.000 + $ 12.100 = $ 133.100.
Total $ 33.100 $ 133.100
Segundo (Domingos, 2012), a capitalização composta ocorre quando os juros
de cada período são incorporados ao capital, de forma que o resultado renda juros no
próximo período. Pela análise da tabela apresentada observamos o valor dos juros de
cada período é obtido pela aplicação da taxa sobre o montante (principal + juros)
acumulado até o início de período de cálculo. Nesse caso, na linguagem popular, diz-
se que houve “juros sobre juros”. Nesse regime de capitalização, o valor dos juros
cresce exponencialmente em relação ao tempo. Observe o gráfico representativo da
aplicação de um capital de $ 100,00, a juros compostos de 10% ao mês, pelo prazo
de 12 meses.
Tabela 4: Regime de capitalização compostas (juros compostos) Fonte: Domingos (2012)
Figura 4: Juros Compostos II Fonte: Domingos (2012)
39
Analisando a tabela do item b, podemos deduzir uma fórmula geral para o
cálculo do montante a juros compostos. Observe:
FV = P + J
FV = P + P × i
FV = P × (1 + i)
FV1 = P × (1 + i) → Valor do montante do primeiro período.
FV2 = FV1 × (1 + i); onde: FV1 = P × (1 + i)
FV2 = P × (1 + i) × (1 + i) → Valor do montante do segundo período.
FV3 = FV2 × (1 + i); onde: FV2 = P × (1 + i) × (1 + i)
FV3 = P × (1 + i) × (1 + i) × (1 + i) → Valor do montante do terceiro período.
𝐹𝑉𝑛 = 𝑃 × (1 + 𝑖) × (1 + 𝑖) … (1 + 𝑖) → Valor do montante do enésimo período.
Onde:
𝐽 = Valor dos juros.
𝐹𝑉 = Montante (principal + juros).
𝑃 = Principal ou capital inicial.
𝑖 = Taxa de juros na forma decimal.
𝑛 =Prazo ou número de períodos, expresso na mesma unidade de tempo da taxa de
juros.
Dessa forma, é deduzido uma fórmula geral para o cálculo do valor do montante
a juros compostos:
.
c) Diferença entre Regime de Capitalização Simples e Compostos
Observe um gráfico comparativo entre o valor dos juros simples e dos juros
compostos:
𝐹𝑉 = 𝑃 × (1 + 𝑖)𝑛
Figura 5: Juros Simples e Juros Compostos Fonte: Domingos (2012)
40
Pela análise do gráfico e fórmulas, pode-se concluir que:
Os juros crescem linearmente ao longo do tempo no regime de capitalização
simples, sendo seu valor constante durante os períodos; os juros crescem
exponencialmente ao longo do tempo no regime de capitalização composta, sendo
que o montante calculado até o período anterior seve como base de cálculo para os
juros do próximo período; o valor dos juros simples e dos juros compostos é igual no
primeiro período de capitalização; em nosso exemplo, a taxa de juros é de 10% ao
mês, portanto, se o empréstimo fosse realizado por um mês, o valor dos juros simples
seria igual ao valor dos juros compostos (TOSI, 2009).
d) Fluxo de Caixa
Qualquer problema de Matemática Financeira pode ser facilmente
demonstrado por meio de um diagrama de Fluxo de Caixa, que consiste na
representação gráfica das entradas e saídas de dinheiro ao longo do tempo. Observe
sua representação básica:
Onde:
A linha horizontal representa a linha do tempo, em que são destacadas as
entradas e saídas de dinheiro;
Uma entrada de caixa é representada por uma seta para cima e seu sinal, para
efeitos de convenção, é positivo;
Toda saída de caixa é representada por uma seta para baixo e seu sinal será
negativo.
Veja um exemplo:
Figura 6: Fluxo de Caixa Fonte: Domingos (2012)
Figura 7: Fluxo Caixa II Fonte: Domingos (2012)
41
Neste exemplo verifica-se o seguinte: Houve uma saída de dinheiro na data
focal zero de $ 100; após três meses, o dinheiro foi devolvido com juros de $ 33,10,
totalizando um montante de $ 133,10. Se a matemática financeira for analisada com
bastante simplicidade e objetividade, e que ela é composta de três tipos básicos de
problemas financeiros, quais sejam:
Tipo 1 – Pagamento único (“Tomada lá dá cá”):
Trata-se de um sistema em que o principal inicial aplicado ou emprestado será
pago ou recebido numa data futura por meio de um único pagamento, contendo o
valor do principal e juros.
Este tipo de problema corresponde a uma boa parte dos problemas do
mercado financeiro, sendo que o mesmo pode ser realizado, dependendo do
contratado, tanto no Regime de Capitalização Simples como Composta.
Alguns exemplos típicos de produtos do mercado financeiro brasileiro que
utilizam tal sistemática de fluxo de caixa são as operações de Hot Money
(empréstimos de curtíssimo prazo), Desconto de Duplicatas e Notas Promissórias,
Empréstimos para Capital de Giro com pagamento final, Certificado de Depósito
Bancário (CDB) etc (ASSAF NETO, 2012).
Tipo 2 – Séries uniformes ou parceladas (“Crediário”):
a) Primeira parcela após um período b) Primeira parcela no ato.
Figura 9: Primeira Parcela após um período Fonte: Domingos (2012)
Figura 8: Pagamento Único Fonte: Domingos (2012)
Figura 10: Primeira Parcela no Ato Fonte: Domingos (2012)
42
PMT: É o valor das prestações de uma série uniforme, ou pagamentos, como
é utilizado nas funções financeiras da HP-12C.
Nesse sistema, o principal inicial será pago ou recebido por meio de
prestações iguais e com periodicidade constante, podendo a primeira ocorrer no ato
da contratação ou um período após.
Trata-se de um problema típico de juros compostos, podendo ser aplicado na
solução das seguintes operações do mercado financeiro brasileiro: Leasing, Crédito
Direto ao Consumidor, Capital de Giro Parcelado e outras.
Tipo 3 – Série variável (“Fluxo de caixa”)
Nesse sistema, há um conjunto de entradas e saídas de dinheiro ao longo do
tempo, aplicadas a uma determinada taxa de juros, seguindo, normalmente, o regime
de capitalização composta. No exemplo, o principal inicial aplicado terá retorno por
meio da entrada de quatro fluxos de caixa com valores de recebimento diferenciados.
Esse sistema é bastante utilizado na solução de renegociações de dívidas em bancos
e para análise da rentabilidade de uma carteira variada de investimentos
(DOMINGOS, 2012).
2.2 Desconto
A chamada operação de desconto normalmente é realizada quando se
conhece o valor futuro de um título (valor nominal, valor de face ou valor de resgate)
e se quer determinar o seu valor atual.
Figura 11: Série Variável Fonte: Domingos (2012)
43
2.2.1 Conceito de Desconto
O desconto deve ser entendido como a diferença entre o valor de resgate de
um título e o seu valor presente na data de operação, ou seja: 𝐷 = 𝑆 − 𝑃, em que 𝐷
representa o valor monetário do desconto, 𝑆 o seu valor futuro (valor assumido pelo
título na data do seu movimento) e 𝑃 o valor creditado ou pago ao seu titular. Assim
como no caso dos juros, o valor do desconto também está associado a uma taxa e a
determinado período de tempo (LIMA et al, 2006).
Embora seja frequente a confusão entre juros e descontos, trata-se de dois
critérios distintos, claramente caracterizados. Assim, enquanto no cálculo dos juros a
taxa referente ao período da operação incide sobre o capital inicial ou valor futuro.
De maneira análoga aos juros, os descontos são também classificados em
simples e compostos, envolvendo cálculos lineares no caso do desconto simples e
exponenciais no caso do desconto composto.
2.2.2 Desconto Simples (Bancário ou Comercial)
Desconto simples é aquele em que a taxa de desconto incide sempre sobre o
montante ou valor futuro. É utilizado no Brasil de maneira ampla e generalizada,
principalmente nas chamadas operações de “desconto de duplicatas” realizadas pelos
bancos, sendo, por essa razão, também conhecido por desconto bancário ou
comercial (DANTE, 2013).
É obtido multiplicando-se o valor do resgate do título pela taxa de desconto e
pelo prazo a decorrer até o seu vencimento, ou seja: 𝐷 = 𝑆 × 𝑑 × 𝑛 em que 𝑑
representa a taxa de desconto e 𝑛 o prazo. E para se obter o valor presente, também
chamado de valor descontado, basta subtrair o valor do desconto do valor futuro do
título, como segue: 𝑃 = 𝑆 × 𝐷.
Exemplo 7: O desconto de uma duplicata gerou um crédito de $ 70.190,00 na conta
de uma empresa. Sabendo-se que esse título tem um prazo a decorrer de 30 dias até
o seu vencimento e que o Banco cobra uma taxa de desconto de 5,2% ao mês nessa
operação, calcular o valor da duplicata.
44
Dados:
𝑃 = 70.190,00
𝑑 = 5,2% 𝑎𝑜 𝑚ê𝑠
𝑛 = 37 𝑑𝑖𝑎𝑠
𝑆 =?
Solução: 𝐷 = 𝑆 × 𝑑 × 𝑛
Como nessa equação não têm os valores definidos para duas variáveis, 𝐷 e
𝑆, é impossível obter-se a solução desse problema somente através dela. Entretanto,
como sabemos que 𝐷 = 𝑆 − 𝑃, a substituição desta naquela equação nos permite
obter o valor da duplicata, com segue:
𝑆 − 𝑃 = 𝑆 × 𝑑 × 𝑛 ⇒ 𝑆 − 𝑆 × 𝑑 × 𝑛 = 𝑃
𝑆(1 − 𝑑 × 𝑛) = 𝑃 ⇒ 𝑆 =𝑃
(1 − 𝑑 × 𝑛)
Assim, ficará:
𝑆 =70.190,00
1 −0,052
30 × 37=
70.190,00
0,93587= 75.000,00
No caso do exemplo anterior, calcular a taxa mensal de juros correspondente
àquela operação, de acordo com o critério de juros compostos.
Dados:
𝑃 = 70.190,00
𝑆 = 75.000,00
𝑛 = 37 𝑑𝑖𝑎𝑠
𝑖𝑚 =?
Solução:
A maneira mais fácil para solucionar este problema é calcular a taxa referente
ao período da operação (de 37 dias), e em seguida, através do conceito de
equivalência de taxas, determinar a taxa mensal, como segue:
Taxa do período = 𝑖𝑝
𝑖𝑝 =𝑆
𝑃− 1 =
75.000,00
70.190,00− 1
𝑖𝑝 = 0,06853 𝑜𝑢 6,853 % para cada 37 dias.
45
2.2.3 Desconto Composto
Desconto composto é aquele em que a taxa de desconto incide sobre o
montante ou valor futuro, deduzido dos descontos acumulados até o período
imediatamente anterior. É obtido em função de cálculos exponenciais e praticamente
não é utilizado em nenhum país do mundo (TOSI, 2012).
Raramente se toma conhecimento de um caso em que esse critério tenha sido
aplicado. Tem importância meramente teórica. No caso do desconto simples, a taxa
do desconto incide somente sobre o valor futuro dos títulos, tantas vezes forem os
períodos unitários, ou seja, 𝐷 = 𝑆 × 𝑑 × 𝑛. Como 𝑃 = 𝑆 − 𝐷, deduz-se que 𝑃 =
𝑆(1 − 𝑑 × 𝑛) (LIMA et al, 2006).
Já no caso do desconto composto, para 𝑛 períodos unitários, a taxa de
desconto incide, no primeiro período, sobre o valor futuro do título; no segundo
período, sobre o valor futuro do título menos o valor do desconto correspondentes ao
primeiro período, no terceiro período, sobre o valor futuro do título menos os valores
dos descontos referentes ao primeiro e ao segundo período, e assim sucessivamente
até o enésimo período, de forma que:
𝑃1 = 𝑆 − 𝑑 × 𝑆 = 𝑆(1 − 𝑑)
𝑃2 = 𝑆(1 − 𝑑) − 𝑑 × 𝑆(1 − 𝑑) = 𝑆(1 − 𝑑)(1 − 𝑑) = 𝑆(1 − 𝑑)2
𝑃3 = 𝑆(1 − 𝑑)2 − 𝑑 × 𝑆(1 − 𝑑)2 = 𝑆(1 − 𝑑)2(1 − 𝑑) = 𝑆(1 − 𝑑)3
: :
𝑃𝑛 = 𝑆(1 − 𝑑)𝑛−1 − 𝑑 × 𝑆(1 − 𝑑)𝑛−1 = 𝑆(1 − 𝑑)𝑛−1(1 − 𝑑) = 𝑆(1 − 𝑑)𝑛
Assim, o valor líquido de um título, de prazo igual a 𝑛 períodos unitários,
calculado com base no desconto composto, é dado pela expressão:
2.3 A Matemática Financeira e a Progressão Geométrica
Uma das importantes aplicações de progressões geométricas é a Matemática
Financeira. A operação básica da matemática financeira é a operação de empréstimo.
Alguém que dispõe de um capital C (chamado de principal), empresta-o a outrem por
um certo período de tempo e, após esse período, recebe o seu capital C de volta,
𝑃 = 𝑆(1 − 𝑑)𝑛
46
acrescido de uma remuneração J pelo empréstimo. Essa remuneração é chamada de
juros.
A soma C+J é chamada de montante e será representada por M. A razão i =
J
C que é a taxa de crescimento do capital, será sempre referida ao período da operação
e chamada de taxa de juros.
Exemplo 8: Lúcia tomou um empréstimo de R$100,00. Dois meses após, pagou
R$140,00. Os juros pagos por Lúcia são de R$40,00 e a taxa de juros é de 40
100=
0,40 = 40% ao bimestre. O principal, que é a dívida inicial de Lúcia, é igual a
R$100,00; o montante, que é a dívida época do pagamento, é de R$140,00.
Exemplo 9: Manuel tomou um empréstimo de 100 reais, a juros de taxa 10% ao mês.
Após um mês, a dívida de Manuel será acrescida 0,10 X 100 reais de juros (pois J =
i.C), passando a 110 reais.
Solução: Se Manuel e seu credor concordarem em adiar a liquidação da dívida
por mais um mês, mantida a mesma taxa de juros, o empréstimo será quitado, dois
meses depois de contraído, por 121 reais, pois os juros relativos ao segundo mês
serão de 0,10 X 110 reais = 11 reais. Esses juros, assim calculados, são chamados
de juros compostos. Mais precisamente, no regime de juros compostos, os juros em
cada período são calculados, conforme é natural, sobre a dívida do início desse
período.
2.3.1 Juros Composto de Taxa i
Teorema 1-No regime de juros compostos de taxa i, um principal 𝐶0 transforma-se,
depois de n períodos de tempo, em um montante 𝐶𝑛 = 𝐶0(1 + 𝑖)𝑛 .
Prova: Basta observar que os valores do capital crescem a uma taxa constante i, e
portanto, formam uma progressão geométrica de razão 1 + 𝑖. Logo, quando aumenta
o número de tempo o valor do montante aumenta.
Exemplo 10: Pedro investe 150 reais a juros de 12% ao mês. Qual será o montante
de em três meses depois? Solução 𝐶3 = 𝐶0(1 + 𝑖)3 = 150(1 + 0,12)3 = 210,74 𝑟𝑒𝑎𝑖𝑠.
47
É importante perceber que o valor de uma quantia depende da época à qual
ela está referida. Se eu consigo fazer com que meu dinheiro renda 10% ao mês. É
mais vantajoso pagar R$105,00 daqui a um mês do que pagar R$100,00 agora. É
mais vantajoso pagar R$100,00 agora do que pagar R$120,00 daqui a um mês. No
fundo, só há um único problema de Matemática Financeira: deslocar quantias no
tempo.
Outro modo de ler o Teorema 1, 𝐶𝑛 − 𝐶0(1 + 𝑖)𝑛 , é que uma quantia, hoje igual
a 𝐶0, transforma-se-á, depois de n períodos de tempo, em uma quantia igual a 𝐶0(1 +
𝑖)𝑛 . Isto é, uma quantia, cujo valor atual é A, equivalerá no futuro, depois de n períodos
de tempo, a 𝐴(1 + 𝑖)𝑛. Essa é a fórmula fundamental da equivalência de capitais: Para
obter o valor futuro, basta multiplicar o atual por (1 + 𝑖)𝑛 . Para obter o valor atual,
basta dividir o futuro por (1 + 𝑖)𝑛 (LIMA et al, 2006).
O exemplo a seguir, resume-se de todos os problemas de Matemática
Financeira.
Exemplo 11: Pedro tomou um empréstimo de 300 reais, a juros de 15% ao mês. Dois
meses após, Pedro pagou 150 reais e, um mês após esse pagamento, Pedro liquidou
seu débito. Qual o valor desse último pagamento?
Os esquemas de pagamento abaixo são equivalentes. Logo, 300 reais, na
data 0, têm o mesmo valor de 150 reais dois meses após, mais um pagamento igual
a P, na data 3.
Igualando os valores, na mesma época (0, por exemplo), dos pagamentos nos
dois esquemas, obtém:
300 =150
(1 + 0,15)²=
𝑃
(1 + 0,15)³
Daí, P=283,76. O último pagamento foi de R$ 283,76.
Figura 12: Pagamentos Equivalentes Fonte: Domingos (2012)
48
Fórmula das taxas equivalentes. Se a taxa de juros relativamente a um
determinado período de tempo é igual a 𝑖, a taxa de juros. Relativamente a 𝑛 períodos
de tempo é 𝐼 tal que 1 + 𝐼 = (1 + 𝑖)𝑛 .
2.3.2 Série Uniforme de n Pagamentos iguais p
Teorema 2-O valor de uma série uniforme de 𝑛 pagamentos iguais a 𝑃, um tempo
antes do primeiro pagamento, é, sendo 𝑖 e taxa de juros, igual a 𝐴 = 𝑃1−(1+𝑖)−𝑛
𝑖
Prova: O valor da série na época 0 é
Prova: O valor da série na época 0 é 𝐴 =𝑃
1+𝑖+
𝑃
(1+𝑖)2 +𝑃
(1+𝑖)3 + ⋯ +𝑃
(1+𝑖)𝑛, que é a soma
de 𝑛 termos de uma progressão geométrica. Logo, será obtido 𝐴 =𝑝
1+𝑖
1−(1
1+𝑖)
𝑛
1−1
1+𝑖
=
𝑃1−(1+𝑖)−𝑛
𝑖
O corolário seguinte trata do valor de uma renda perpétua. Rendas perpétuas
aparecem em locações. Com efeito, quando se aluga um bem, cede-se a posse do
mesmo em troca de um aluguel, por exemplo mensal. Então, o conjunto dos aluguéis
constitui uma renda perpétua ou perpetuidade.
Corolário. O valor de uma perpetuidade de termos iguais a 𝑃, um tempo antes do
primeiro pagamento, e, sendo 𝑖 a taxa de juros, igual a 𝑃
𝑖.
Prova. Basta fazer 𝑛 tender para o infinito no teorema.
Exemplo 12: Um bem, cujo preço é R$120,00, é vendido em 8 prestações mensais
iguais, a primeira sendo paga um mês após a compra. Se os juros são de 8% ao mês,
determine o valor das prestações.
Figura 13: Série Uniforme Fonte: Domingos (2012)
49
Solução. Um pequeno comentário: essas prestações são ditas postecipadas, pois a
primeira prestação só é paga um tempo depois da compra.
Igualando os valores na época 0 (essa é a escolha natural da data de
comparação: um tempo antes do primeiro termo da série), obtém:
120 = 𝑃1 − (1 + 0,08)−8
0,08
𝑃 = 1200,08
1 − 0,08−8= 20,88
As prestações são de R$ 20,88.
Exemplo 13: Pedro tomou um empréstimo de 100, a juros mensais de taxa de 10%.
Quitou-o em três meses, pagando a cada mês de juros devidos e amortizando 30%
da dívida ao primeiro mês e 30% e 40% nos dois meses seguintes.
Na planilha abaixo, 𝑎𝑘 , 𝐽𝑘 , 𝑃𝑘 𝑒 𝐷𝑘 são, respectivamente, a parcela de
amortização, a parcela de juros, a prestação e o estado da dívida (isto é, o valor da
dívida após o pagamento da prestação) na época 𝑘.
𝑘 𝑃𝑘 𝐴𝑘 𝐽𝑘 𝐷𝑘
0 − − − 1001 40 30 10 702 37 30 7 403 44 40 4 −
Para facilitar a compreensão, olhe cada linha na ordem 𝐴𝑘, 𝐷𝑘, 𝐽𝑘 𝑒 𝑃𝑘. Os
sistemas anuais de amortização são o sistema de amortização constante (SAC) e o
sistema francês de amortização, também chamado de Tabela Price (Richard Price foi
um economista inglês). O sistema francês é caracterizado por prestações constantes.
Figura 14: O Valor da Série da época zero Fonte: Domingos (2012)
50
Exemplo 14: Uma dívida de 100 é paga, com juros de 15% ao mês, em 5 meses,
pelo SAC. Faça a planilha de amortização.
Solução: Como as amortizações são iguais, cada amortização será de 1
5 da dívida
inicial. A planilha é, portanto:
𝑘 𝑃𝑘 𝐴𝑘 𝐽𝑘 𝐷𝑘
0 − − − 1001 35 20 15 80
2 32 20 12 603 29 20 9 404 26 20 6 205 23 20 3 −
Para facilitar a compreensão, olhe cada linha na ordem 𝐴𝑘,𝐷𝑘,𝐽𝑘,𝑒 𝑃𝑘.
2.3.3 Números de Pagamentos n e i Taxa de Juros
Teorema 3. No SAC, sendo 𝑛 o número de pagamentos e 𝑖 a taxa de juros, temos.
𝐴𝑘 =𝐷0
𝑛, 𝐷𝑘 =
𝑛 − 𝑘
𝑛𝐷0, 𝐽𝑘 = 𝑖𝐷𝑘−1, 𝑃𝑘 = 𝐴𝑘 + 𝐽𝑘.
Prova. Se a dívida 𝐷0 é amortizada em 𝑛 quotas iguais, cada quota é igual a:
𝐴𝑘 =𝐷0
𝑛.
O estado da dívida, após 𝑘 amortizações, e: 𝐷𝑘 = 𝐷0 − 𝑘𝐷0
𝑛=
𝑛−𝑘
𝑛𝐷0. As duas
últimas fórmulas são óbvias.
Exemplo 15: Uma dívida de 150 é paga, em 4 meses, pelo sistema francês, com juros
de 8% ao mês. Faça a planilha de amortização. No sistema francês, as prestações
são constantes. Pelo teorema 2, cada prestação vale:
𝑃 = 𝐷0
𝑖
1 − (1 + 𝑛)−𝑛= 150
0,08
1 − 1,08−4= 45,29
𝑘 𝑃𝑘 𝐴𝑘 𝐽𝑘 𝐷𝑘
0 − − − 150,00 1 45,29 33,29 12,00 116,71 2 45,29 35,95 9,34 80,76 3 45,29 38,83 6,46 41,93
4 45,29 41,93 3,35 −
Para mais fácil compreensão, olhe cada linha na ordem 𝑃𝑘, 𝐽𝑘 , 𝐴𝑘 𝑒 𝐷𝑘 .
51
2.3.4 Sistema Francês de Amortização, sendo 𝑛 o Número de Pagamentos e 𝑖 a Taxa
de Juros
Teorema 4. No sistema francês de amortização, sendo 𝑛 o número de pagamentos e
𝑖 a taxa de juros, temos:
𝑃𝑘 = 𝐷0
𝑖
1 − (1 + 𝑖)−𝑛,
𝐷𝑘 = 𝐷0 =1 − (1 + 𝑖)−(𝑛−𝑘)
1 − (1 + 𝑖)−𝑛,
𝐽𝑘 = 𝑖𝐷𝑘−1, 𝐴 = 𝑃𝑘 − 𝐽𝑘 .
Prova: A primeira fórmula é, simplesmente, o teorema 2 e as duas últimas fórmulas
são óbvias. Quanto à segunda fórmula, observe que 𝐷𝑘 é a dívida que será liquidada,
postecipadamente, por 𝑛 − 𝑘 pagamentos sucessivos a 𝑃𝑘. Portanto, novamente o
teorema 2, terá:
𝐷𝑘 = 𝑃𝑘
1 − (1 + 𝑖)−(𝑛−𝑘)
𝑖.
Substituindo o valor de 𝑃𝑘, será obtido a segunda fórmula.
Exemplo 16: Em um mês cuja inflação foi de 7%, Paulo Jorge investiu seu capital a
juros de 30% ao mês. Evidentemente, isso não significa que Paulo Jorge tenha
aumentado seu poder de compra em 30%, pois, embora a quantidade de reais de
Paulo Jorge tenha crescido 30%, o valor do real sofreu uma redução. Dizemos nesse
caso que 30% ao mês é a taxa nominal de juros mensais de Paulo Jorge.
Suponha que, no início do referido mês, o capital 𝐶 de Paulo Jorge pudesse
comprar 𝑥 artigo de preço unitário igual a 𝑝. No fim do mês, o capital passou a ser
1,25𝑝. Logo, Paulo Jorge poderá agora comprar: 1,3𝐶
1,07𝑝= 1,21 𝑥 𝑎𝑟𝑡𝑖𝑔𝑜𝑠.
O poder de compra de Paulo Jorge aumentou em 21% nesse mês. Essa taxa
de 21% ao mês, a qual cresceu o poder de compra de Paulo Jorge, é chamada de
taxa real de juros.
52
Capítulo 3
Sistema de Amortização
A seguir, foram apresentadas as principais definições relativas
especificamente ao Sistema de Amortização Constante(SAC) e Sistema de
Amortização Francês (SAF) e suas aplicações.
3.1 Sistema de Amortização Constante (SAC)
O Sistema de Amortização Constante (SAC), como o próprio nome indica, tem
como característica básica serem as amortizações do principal sempre igual (ou
constantes) em todo o prazo da operação. O valor da amortização é facilmente obtido
mediante a divisão do capital emprestado pelo número de prestações (ASSAF NETO,
2012).
Os juros, por incidirem sobre o saldo devedor, cujo montante decresce após
o pagamento de cada amortização, assumem valores decrescentes nos períodos. Em
consequência do comportamento da amortização e dos juros, as prestações
periódicas e sucessivas do SAC são decrescentes em progressão aritmética (TOSI,
2009). Admita que o empréstimo de R$100.000,00 descrito no exemplo geral deva ser
pago, dentro de um prazo de 5 anos, com 30% ao ano e em 10 prestações semestrais.
Tabela 5: SAC sem carência
Períodos Semestres
Saldo Devedor (R$)
Amortização (R$)
Juros (R$)
Prestação (R$)
0 100.000,00 - - -
1 90.000,00 10.000,00 14.017,50 24.017,50
2 80.000,00 10.000,00 12.615,80 22.615,80
3 70.000,00 10.000,00 11.214,00 21.214,00
4 60.000,00 10.000,00 9.812,30 19.812,30
5 50.000,00 10.000,00 8.410,50 18.410,50
6 40.000,00 10.000,00 7.008,80 17.008,80
7 30.000,00 10.000,00 5.607,00 15.607,00
8 20.000,00 10.000,00 4.205,30 14.205,30
9 10.000,00 10.000,00 2.803,50 12.803,50
10 - 10.000,00 1.401,80 11.401,80
Total - 100.000,00 77.096,50 177.096,50
Tabela 5: SAC sem carência Fonte: Assaf Neto (2012)
53
Conforme foi comentado, o SAC determina que a restituição do principal
(capital emprestado) seja efetuada em parcelas iguais. Assim, o valor de cada
amortização constante devida semestralmente é calculado pela simples divisão entre
o principal (R$100.000,00) e o número fixado de prestações (10 semestres) ou seja:
𝐴mortização =Valor do Empréstimo
Nº de Prestações=
R$100.000
10= R$10.000,00/ semestre
Os pagamentos desses valores determinam, como é natural, decréscimos
iguais e constantes no saldo devedor em cada um dos períodos, ocasionando ainda
reduções nos valores semestrais dos juros e das prestações.
Para o cálculo dos juros trabalhou-se, como é mais comum nessas operações
de crédito de médio e longo prazo, com a taxa equivalente composta. Assim, para
uma taxa nominal de 30% ao ano, conforme considerada no exemplo ilustrativo geral,
a taxa equivalente semestral atinge:
Semestral de 30% a. a. = √1,30 − 1 = 14,0175% a. s
3.1.1Taxa Equivalente
Os juros, por incidirem sobre o saldo devedor imediatamente anterior,
apresentam valores aritmeticamente decrescentes. Para o final do primeiro semestre,
os encargos financeiros somam: 14,0175% x 100.000,00 = R$14.017,50; para final do
segundo semestre: 14,0175% x 90.000,00 = R$12.615,80; para o final do terceiro
semestre: 14,0175% x 80.000,00 = R$11.214,00; e assim por diante.
Somando-se, para cada período, o valor da amortização do principal com os
respectivos encargos financeiros, tem-se o valor da prestação semestral do
financiamento. Assim, para o primeiro semestre a prestação atinge: R$10.000,00 +
R$14.017,50 = R$24.017,50; para o segundo semestre: R$10.000,00 + R$12.615,80
= R$22.615,80; e assim sucessivamente.
Pode ser observado, uma vez, que a diminuição de R$1.401,70 no valor dos
juros em cada período é explicada pelo fato de as amortizações (fixas) reduzirem o
saldo devedor da dívida (base de cálculo dos juros) semestralmente em R$10.000,00.
54
Esta diminuição provoca, em consequência, uma redução nos juros equivalente:
14,017% x R$10.000,00 = R$1.401,70.
3.1.2 Expressão do Cálculo do SAC
São desenvolvidas a seguir expressões genéricas de cálculo de cada parcela
da planilha do sistema de amortização constante. Amortização (AMORT): Os valores
são sempre iguais e obtidos por:
𝐴𝑚𝑜𝑟𝑡 =𝑃𝑉
𝑛
Onde: PV = principal (valor do financiamento) e N = números de prestações.
Logo:
𝑃𝑉
𝑛= 𝐴𝑚𝑜𝑟𝑡1 = 𝐴𝑚𝑜𝑟𝑡2 = 𝐴𝑚𝑜𝑟𝑡3 = ⋯ = 𝐴𝑚𝑜𝑟𝑡𝑛
𝑃𝑉 = 𝐴𝑚𝑜𝑟𝑡1 + 𝐴𝑚𝑜𝑟𝑡2 + 𝐴𝑚𝑜𝑟𝑡3 + ⋯ + 𝐴𝑚𝑜𝑟𝑡𝑛
Saldo Devedor (SD): é decrescente em 𝑃. 𝐴 (Progressão Aritmética) pelo valor
constante da amortização. Logo, a redução periódica do 𝑆𝐷 é: 𝑃𝑉
𝑛.
Juros (J): pela redução constante do saldo devedor, os juros diminuem
linearmente ao longo do tempo, comportando-se como uma 𝑃. 𝐴 decrescente.
O valor periódico da redução é: (𝑃
𝑛) × 𝑖, sendo 𝑖 a taxa de juros.
As expressões de cálculo dos juros para cada período são:
J1 = PV × i
J2 = (PV −PV
n) × i
J2 = (PV x n − PV
n) × i
J2 =PV(n − 1)
n× i
J3 = (PV −PV
n−
PV
n) × i
J3 = (PV −2PV
n) × i
J3 =PV × n − 2PV
n× i
55
J3 =PV(n − 2)
n× i
J3 =PV
n× (n − 2) × i
E assim por diante. Para um período qualquer t, tem-se:
Jt = (PV −PV
n−
PV
n− ⋯ −
PV
n) × i
Jt = (PV −(t − 1) × PV
n) × i
Jt = (PV × n − (t − 1) × PV
n) × i
Jt = (PV[n − (t − 1)]
n) × i
𝐉𝐭 =𝐏𝐕
𝐧× (𝐧 − 𝐭 + 𝟏) × 𝐢
Por exemplo, na ilustração geral calcular o valor dos juros para o período 𝑡 =
7:
J7 =100.000,00
10× (10 − 7 + 1) × 0,140175
J7 = 10.000,00 × 4 × 0,140175
J7 = R$5.607,00
Prestação (PMT): é a soma da amortização com os juros, isto é:
PMT = Amort + J
PMT =PV
n+ [
PV
n× (n − t + 1) × i]
𝐏𝐌𝐓 =𝐏𝐕
𝐧× [𝟏 + (𝐧 − 𝐭 + 𝟏) × 𝐢]
Por exemplo, calcular no exemplo ilustrativo geral o valor da prestação no 5º
semestre.
PMT5 =100.000,00
10× [1 + (10 − 5 + 1) × 0,140175]
PMT5 = 10.000,00 × (1 + 6 × 0,140175)
PMT5 = 10.000,00 × 1,84105 = R$18.410,5
56
3.1.3 SAC com Carência
Ao se supor uma carência de 2 anos (contada a partir do final do primeiro
semestre), por exemplo, três situações podem ocorrer: Os juros são pagos durante a
carência; os juros são capitalizados e pagos totalmente quando do vencimento da
primeira amortização; os juros são capitalizados e acrescidos ao saldo devedor
gerando um fluxo de amortização de maior valor (TOSI, 2009).
O quadro mostra uma situação em que os juros são pagos durante a carência
estipulada. Assim, ao final dos quatro primeiros semestres, a prestação, constituída
unicamente dos encargos financeiros, atinge R$14.017,50, ou seja: 14,0175% X
R$100.000,00. A partir do quinto semestre, tendo sido encerrada a carência de 2 anos
(4 semanas), inicia-se a amortização (devolução) do principal emprestado, sendo o
fluxo de prestações, deste momento em diante, idêntico ao desenvolvido
anteriormente.
Tabela 6: SAC com carência (2 anos) e pagamento de juros
Períodos
Semestres
Saldo
Devedor R$ Amortização R$
Juros
R$
Prestação
R$
0 100.000,00 - - -
1 100.000,00 - 14.017,50 14.017,50
2 100.000,00 - 14.017,50 14.017,50
3 100.000,00 - 14.017,50 14.017,50
4 100.000,00 - 14.017,50 14.017,50
5 90.000,00 10.000,00 14.017,50 24.017,50
6 80.000,00 10.000,00 12.615,80 22.615,80
7 70.000,00 10.000,00 11.214,00 21.214,00
8 60.000,00 10.000,00 9.812,30 19.812,30
9 50.000,00 10.000,00 8.410,50 18.410,50
10 40.000,00 10.000,00 7.008,80 17.008,80
11 30.000,00 10.000,00 5.607,00 15.607,00
12 20.000,00 10.000,00 4.205,30 14.205,30
13 10.000,00 10.000,00 2.803,50 12.803,50
14 - 10.000,00 1.401,80 11.401,80
Total - 100.000,00 133.166,50 233.166,50
Tabela 6: SAC com carência (2 anos) e pagamento de juros Fonte: Assaf Neto (2012)
57
O plano de amortização da dívida na hipótese de juros não serem pagos
durante a carência. Neste caso, os encargos são capitalizados, segundo o critério de
juros compostos, e devidos integralmente quando do vencimento da primeira parcela
de amortização (ASSAF NETO, 2012).
O autor relata que ao final do primeiro semestre, o saldo devedor acrescido
dos juros de 14,0175% atinge R$114.017,50, isto é R$100.000,00 x 1,140175. Ao final
do segundo semestre, de forma idêntica, são calculados os juros de 14,0175% sobre
o saldo devedor anterior de R$114.017,50 e acrescidos ao mesmo, gerando um novo
saldo devedor atualizado de R$129.999,90 (R$114.017,50 x 1,140175)
Seguindo o mesmo raciocínio, no terceiro semestre o saldo devedor atinge
R$148.222,60 (R$129.999,90 x 1,140175), e no quarto período R$169.000,00
(R$148.222,60 x 1,140175).
No quinto semestre, o saldo devedor é novamente corrigido por 14,0175%,
atingindo o montante de R$192.689,20. No entanto, de acordo com as condições
estabelecidas para o financiamento, neste semestre inicia-se o pagamento das
amortizações periódicas (R$10.000,00/ semestre), sendo liquidado também o
montante capitalizado dos juros, o qual atinge R$92.689,20, ou seja:
A partir desse semestre, o esquema de cálculos da planilha financeira é
idêntico ao apresentado anteriormente. Por outro lado, prevê uma situação em que os
juros não pagos durante a carência são capitalizados e distribuídos uniformemente no
fluxo de amortização do financiamento a partir do quinto semestre.
De maneira contrária à situação descrita anteriormente, os encargos
financeiros totais de carência (juros semestrais capitalizados durante a carência) não
são pagos quando do vencimento da primeira parcela da amortização. Estes valores
são capitalizados e acrescidos ao principal, produzindo novas parcelas semestrais de
amortização.
Dessa forma, no quinto semestre (quando do término da carência), o saldo
devedor, somado ao montante capitalizado de juros, atinge, conforme está
demonstrado acima, R$169.000,00. As parcelas semestrais de amortização totalizam,
portanto, R$16.900,00 (R$169.000,00/10).
Os valores dos juros e das prestações referentes aos demais semestres são
apurados seguindo a metodologia de cálculo apresentada para o SAC. É interessante
notar, ainda, que nas três hipóteses de carência consideradas o valor total dos
58
pagamentos semestrais (prestações) difere bastante. Na ilustração contida no quadro,
o total das prestações atinge R$233.166,50; no outro quadro, atinge R$255.768,30; e
no outro quadro o total atinge R$299.292,70.
Na realidade, essas diferenças não estão efetivamente significando elevações
no custo relativo da dívida. O que ocorre é um maior prazo na restituição do capital
emprestado, o que determina maiores valores absolutos de juros (TOSI, 2009).
Ao se calcular a taxa interna de acordo (que mede, com maior rigor, o custo
efetivo do empréstimo) para as três ilustrações sugeridas, chega-se evidentemente a
14,0175% a. s. (ou: 30% a. a.), o que indica que o custo da prestação não é alterado,
apesar de os encargos financeiros assumirem valores monetários diferentes ao longo
do tempo.
3.2 Sistema de Prestação Constante (SPC)
O Sistema de Prestação Francês (SAF) ou Prestação Constante (SPC)
amplamente adotado no mercado financeiro do Brasil, estipula, ao contrário do SAC,
que as prestações devem ser iguais, periódicas e sucessivas. Equivalem, em outras
palavras, ao modelo-padrão de fluxos de caixa, conforme estudado anteriormente.
Nesse sistema, os valores dos juros diminuem. Por outro lado, os valores de
amortização aumentam até último mês.
3.2.1 Os Juros do Sistema de Prestação Constante
Os juros, por incidirem sobre o saldo devedor, são decrescentes, e as parcelas
de amortização assumem valores crescentes. Em outras palavras, no SPC, os juros
decrescem e as amortizações crescem ao longo do tempo. A soma dessas duas
parcelas permanecem sempre igual ao valor da prestação (RIBEIRO, 2012).
Com o intuito de melhor desenvolver a compreensão do sistema de prestação
constante, considere o exemplo ilustrativo geral proposto anteriormente. A seguir,
identifica a planilha financeira deste sistema, a qual é mais bem elaborada partindo-
se da última coluna para a primeira. Calculam-se inicialmente as prestações e,
posteriormente, para cada período, os juros e, por diferença, as parcelas de
amortização e o respectivo saldo devedor.
59
3.2.2 SPC sem Carência
Tabela 7: SPC sem carência (2 anos) e pagamento de juros
Períodos
Semestres
Saldo
Devedor R$ Amortização R$
Juros
R$
Prestação
R$
0 100.000,00 - - -
1 94.833,10 5.166,90 14.017,50 19.184,40
2 88.941,80 5.891,20 13.293,20 19.184,40
3 82.224,80 6.717,00 12.467,40 19.184,40
4 74.566,20 7.658,60 11.525,90 19.184,40
5 65.834,10 8.732,10 10.452,30 19.184,40
6 55.877,90 9.956,20 9.228,30 19.184,40
7 44.526,20 11.351,80 7.832,70 19.184,40
8 31.583,20 12.943,00 6.241,50 19.184,40
9 16.825,90 14.757,30 4.427,20 19.184,40
10 - 16.825,90 2.358,60 19.184,40
TOTAL - 100.000,00 91.844,00 191.844,00
As prestações semestrais são determinadas pela aplicação da fórmula de
valor presente do modelo-padrão.
𝑃𝑉 = 𝑃𝑀𝑇 × 𝐹𝑃𝑉(𝑖, 𝑛)
Onde: PV = valor presente
PMT = valor da prestação periódica, igual e sucessiva
FPV = fator de valor presente, sendo:
𝐹𝑃𝑉 =1 − (1 + 𝑖)−𝑛
𝑖
Substituindo os valores do exemplo ilustrativo na equação, tem-se:
100.000,00 = 𝑃𝑀𝑇 ×1 − (1,140175)−10
0,140175
100.000,00 = 𝑃𝑀𝑇 × 5,212555
𝑃𝑀𝑇 =100.000,00
5,212,555= 𝑅$19.184,40/ 𝑠𝑒𝑚𝑒𝑠𝑡𝑟𝑒
Tabela 7: SPC sem carência (2 anos) e pagamento de juros Fonte: Assaf Neto (2012)
60
Segundo Tosi (2009), os demais valores da planilha são mensurados de forma
sequencial em cada um dos períodos. Assim, para o primeiro semestre, tem-se:
Juros (calculados sobre o saldo devedor imediatamente anterior):
14,0175% × 𝑅$100.000,00 = 𝑅$14.017,50
Amortização (obtida pela diferença entre o valor da prestação e dos juros
acumulados para o período):
𝑅$19.184,40 − 𝑅$14.017,50 = 𝑅$5.166,90
Saldo devedor (saldo anterior no momento zero – parcela de amortização do
semestre)
𝑅$100.000,00 − 𝑅$5.166,90 = 𝑅$94.833,10
Para o segundo semestre, os cálculos são os seguintes:
Juros:
14.0175% × 𝑅$94.833,70 = 𝑅$13.293,20
Amortização:
𝑅$19.184,40 − 𝑅$13.293,20 = 5.891,20
Saldo devedor:
𝑅$94.833,10 − 𝑅$5.891,20 = 𝑅$88.941,90
E assim por diante.
3.2.3 Expressões de Cálculo do SPC
Conforme foi apresentado, no sistema de prestação constante as prestações
são constantes, os juros são decrescentes e as amortizações são exponencialmente
crescentes ao longo do tempo. As expressões básicas de cálculo destes valores são
desenvolvidas a seguir.
AMORTIZAÇÃO (AMORT): é obtida pela diferença entre o valor da prestação
(PMT) e o dos juros (J), ou seja:
𝐴𝑚𝑜𝑟𝑡 = 𝑃𝑀𝑇 − 𝐽
Amortização do primeiro período expressa-se:
𝐴𝑚𝑜𝑟𝑡1 = 𝑃𝑀𝑇 − 𝐽1, o que equivale a:
𝐴𝑚𝑜𝑟𝑡1 = 𝑃𝑀𝑇 − (𝑃𝑉 × 𝑖)
61
Como o seu crescimento é exponencial no tempo, o valor da amortização num
momento 𝑡 qualquer é calculado:
𝑨𝒎𝒐𝒓𝒕𝒕 = 𝑨𝒎𝒐𝒓𝒕𝟏 × (𝟏 + 𝒊)𝒕−𝟏
Por exemplo, na ilustração geral desenvolvida, o valor da amortização no
quarto semestre (𝑡 = 4) atinge:
𝐴𝑚𝑜𝑟𝑡4 = 5.166,90 × (1 + 0,140175)4−1
𝐴𝑚𝑜𝑟𝑡4 = 5.166,90 × (1 + 0,140175)3 = 7.658,60
Conforme demonstrado na planilha financeira.
Prestação (PMT): conforme foi demonstrado, o valor da prestação é calculado
mediante a aplicação da fórmula do valor presente desenvolvida para o
modelo-padrão de fluxos de caixa, isto é:
𝑃𝑀𝑇 = 𝑃𝑉 ×1
𝐹𝑃𝑉(𝑖, 𝑛)
Onde: 𝐹𝑃𝑉(𝑖, 𝑛) =1−(1+𝑖)−𝑛
𝑖
Saldo devedor (SD): calculado, para cada período, pela diferença entre o valor
devido ao início do intervalo de tempo e a amortização do período. Logo, para
uma data taxa de juros, o saldo devedor de qualquer período 𝑡 é apurado da
forma seguinte:
𝑆𝐷𝑡 = 𝑃𝑀𝑇 × 𝐹𝑃𝑉(𝑖, 𝑛 − 𝑡)
Por exemplo, na ilustração geral desenvolvida no capítulo, o saldo devedor no
financiamento atinge:
𝑆𝐷6 = 19.184,40 × 𝐹𝑃𝑉(14,0175%, 10 − 6)
𝑆𝐷6 = 19.184,40 × 𝐹𝑃𝑉(14,0175%, 4)
𝑆𝐷6 = 19.184,40 × 2,912667 = 𝑅$55.877,90
Resultado que coincide com o demonstrado na planilha financeira.
Juros (J): incide sobre o saldo devedor apurado no período no início de cada
período (ou ao final de cada período imediatamente anterior). A expressão de
cálculo de juros pode ser ilustrada da maneira seguinte:
𝐽1 = 𝑆𝐷0 × 𝑖 = 𝑃𝑉 × 𝑖
𝐽2 = 𝑆𝐷1 × 𝑖 = (𝑃𝑉 − 𝐴𝑚𝑜𝑟𝑡1) × 𝑖
𝐽3 = 𝑆𝐷2 × 𝑖 = (𝑃𝑉 − 𝐴𝑚𝑜𝑟𝑡1 − 𝐴𝑚𝑜𝑟𝑡2) × 𝑖
62
𝐽4 = 𝑆𝐷3 × 𝑖 = (𝑃𝑉 − 𝐴𝑚𝑜𝑟𝑡1 − 𝐴𝑚𝑜𝑟𝑡2 − 𝐴𝑚𝑜𝑟𝑡3) × 𝑖
E assim sucessivamente. Para um momento 𝑡 qualquer: 𝐽𝑡 = 𝑆𝐷𝑡−1 × 𝑖. Por
exemplo, determinar os juros devidos no terceiro semestre do exemplo ilustrativo
geral, conforme desenvolvido na planilha financeira.
𝑆𝐷𝑡−1 = 𝑃𝑀𝑇 × 𝐹𝑃𝑉(𝑖, 𝑛 − 𝑡)
𝑆𝐷3−1 = 19.184,40 × 𝐹𝑃𝑉(14,0175%, 10 − 2)
𝑆𝐷2 = 𝑅$88.941,80
𝐽3 = 𝑆𝐷3 × 𝑖 𝑙𝑜𝑔𝑜 𝐽3 = 88.941,80 × 0,140175
𝐽3 = 𝑅$12.467,40
3.2.4 SPC com Carência
Identicamente aos demais sistemas, no SPC podem verificar-se períodos de
carência, nos quais, ainda, os encargos financeiros podem ser pagos ou capitalizados.
Por exemplo, situações em que os juros são pagos durante a carência e capitalizados
para resgate posterior (justamente com as prestações).
Tabela 8: SPC com carência (2 anos) e pagamento de juros
Períodos
Semestres
Saldo
Devedor R$ Amortização R$
Juros
R$
Prestação
R$
0 100.000,00 - - -
1 100.000,00 - 14.017,50 14.017,50
2 100.000,00 - 14.017,50 14.017,50
3 100.000,00 - 14.017,50 14.017,50
4 100.000,00 - 14.017,50 14.017,50
5 94.833,10 5.166,90 14.017,50 19.184,40
6 88.941,80 5.891,20 13.293,20 19.184,40
7 82.224,80 6.717,00 12.467,40 19.184,40
8 74.566,20 7.658,60 11.525,90 19.184,40
9 65.834,10 8.732,10 10.452,30 19.184,40
10 55.877,90 9.956,20 9.228,30 19.184,40
11 44.526,20 11.351,80 7.832,70 19.184,40
12 31.583,20 12.943,00 6.241,50 19.184,40
13 16.825,90 14.757,30 4.427,20 19.184,40
14 - 16.825,90 2.358,60 19.184,40
Total - 100.000,00 91.844,00 191.844,00
Tabela 8: SPC com carência (2 anos) e pagamento de juros Fonte: Assaf Neto (2012)
63
O Sistema Francês (Prestação Constante), com carência e pagamento dos
juros no período, conforme ilustrado, segue basicamente o mesmo esquema anterior
(SPC sem carência), diferenciando-se unicamente nas prestações dos quatro
primeiros semestres (carência).
Nestes períodos estão previstos somente pagamentos de R$14.017,50
referentes aos juros do principal não amortizado (14,0175% x R$100.000,00). Para os
demais semestres, o raciocínio é idêntico ao formulado anteriormente, apurando-se
prestações com valores constantes, juros decrescentes e amortizações crescentes.
No quadro acima está prevista a capitalização dos juros durante o período de
carência de quatro semestres. Somando-se este montante ao saldo devedor tem-se
um novo valor ao final do quarto semestre de R$169.000,00, o qual serve de base
para o cálculo das prestações com vencimento a partir do quinto semestre, ou seja:
Saldo devedor (4º semestre) que serve de base para o cálculo das prestações
após o período de carência (5º semestre):
𝑅$100.000,00 × (1,140175)4 = 𝑅$169.000,00
Prestação (PMT) semestral a ser paga a partir do 5º semestre:
𝑃𝑉 = 𝑃𝑀𝑇 ×1 − (1 + 𝑖)−𝑛
𝑖
169.000,00 = 𝑃𝑀𝑇 ×1 − (1,140175)−10
0,140175
169.000,00 = 𝑃𝑀𝑇 × 5,212555
Taxa de Juros Contratada = 30% a. a.
Taxa Linear Semestral = 30%/2 = 15% a. s.
Taxa Efetiva Anual de Juros = (1,15)²-1 = 32,25% a. a.
Deve ficar claro que o SPC com taxa nominal é próprio sistema francês de
amortização, introduzidas as observações comentadas. As alterações nos valores do
plano de amortização são devidas, fundamentalmente, ao uso da taxa de juros
proporcional simples em substituição à taxa equivalente composta.
Fica evidente, ainda, que se o período de amortização coincidir com a taxa
(prestações anuais e taxa de juros definidas também para ano, por exemplo), a taxa
nominal de juros será a própria taxa efetiva da operação, e os valores do plano de
amortização para o SPC com taxa nominal coincidirão com aqueles apurados pelo
SPC com taxa efetiva.
64
3.3 Sistema de Amortização Misto
O Sistema de Amortização Misto (SAM) foi desenvolvido originalmente para
as operações de financiamento do Sistema Financeiro de Habitação. Representa
basicamente a média aritmética entre o sistema francês (SAF) ou Sistema de
Prestação Constante (SPC) e o sistema de amortização constante (SAC), daí
explicando-se a sua denominação. Para cada um dos valores de seu plano de
pagamentos, devem-se somar aqueles obtidos pelo SPC com os si SAC e dividir o
resultado por dois (LIMA et al, 2006)
Os valores apresentados anteriormente ilustram o plano de amortização do
exemplo ilustrativo geral por meio do SAC e do SPC, respectivamente. Ao se adotar
o sistema misto de amortização para o empréstimo contraído tem-se, para o primeiro
período (semestre), os seguintes valores:
𝑃𝑀𝑇𝑆𝐴𝑀 =24.017,50 + 19.184,40
2= 𝑅$21.600,95
𝐽𝑢𝑟𝑜𝑠𝑆𝐴𝑀 =14.017,50 + 14.017,50
2
𝐴𝑚𝑜𝑟𝑡𝑆𝐴𝑀 =10.000,00 + 5.166,90
2= 𝑅$7.583,45
𝑆𝐷𝑆𝐴𝑀 =90.000,00 + 94.833,10
2= 𝑅$92.416,55
3.3.1 Comparação entre SAC, SPC e SAM
Uma avaliação comparativa dos três sistemas de amortização estudados
(SAC, SPC e SAM) é desenvolvida a partir do exemplo ilustrativo geral. Os valores
correspondentes a cada um dos planos de pagamento estão transcritos, conforme
foram calculados anteriormente (ASSAF NETO, 2012).
A partir das planilhas financeiras expostas, foi observado que as prestações
do SAC decrescem linearmente à razão de R$1.401,70 por semestre. Este valor
constante representa, conforme discutido, os juros de R$14,0175% aplicados sobre o
valor da amortização semestral (R$10.000,00). No SAF, as prestações são sempre
iguais, atingindo a R$19.184,40 em cada período.
65
Optando-se pelo SAC, o mutuário começa a pagar valores (prestações)
maiores que no SPC. Este comportamento se mantém até o momento em que as duas
retas descritas, indicando o momento da reversão.
3.3.2 Ponto de Igualdade das Prestações
𝑃𝑀𝑇𝑆𝑃𝐶 = 𝑅$19.184,40 (𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒)
𝑃𝑀𝑇𝑆𝐴𝐶 =𝑃𝑉
𝑛× [1 + (𝑛 − 𝑡 + 1) × 𝑖]
𝑃𝑀𝑇𝑆𝐴𝐶 =100.000,00
10× [1 + (10 − 𝑡 + 1) × 0,140175]
Igualando-se:
𝑃𝑀𝑇𝑆𝑃𝐶 = 𝑃𝑀𝑇𝑆𝐴𝐶
Tem-se:
100.000,00
10× [1 + (10 − 𝑡 + 1) × 0,140175] = 19.184,40
10.000,00 × [1 + 1,40175 − 0,140175 × 𝑡 + 0,140175] = 19.184,40
10.000,00 + 14.017,50 − 1.401,75 × 𝑡 + 1.401,75 = 19.184,40
1.401,75 𝑡 = 6.234,85 = 𝑡6.234,85
1.401,75= 4,45
Esse resultado pode ser confirmado nas prestações calculadas. No 4ª
semestre, a prestação (𝑃𝑀𝑇) pelo SAC de R$19.812,30 é superior ao valor constante
de R$19.184,40 determinado pelo SPC, situando-se ligeiramente abaixo do 5ª
semestre. Logo, a intersecção se verifica entre estes dois períodos, verificando-se
uma igualdade das prestações exatamente no semestre 𝑡 = 4,45.
66
Capítulo 4
Metodologia
A referente pesquisa será dividida em duas etapas: A pesquisa bibliográfica e
a de campo. Dessa forma, iniciou através da construção de um vasto levantamento
bibliográfico elaborado a partir de materiais disponíveis e publicados por meio da
internet. Utilizou-se também o auxílio de livros em busca de subsídios que abordam o
tema apresentado.
De acordo com Marconi (2007), a pesquisa bibliográfica é aquela que se
realiza a partir do registro disponível, decorrentes de pesquisas anteriores, em
documentos impressos, como livros, artigos, teses etc. Utiliza-se dados ou de
categorias teóricas já trabalhados por outros pesquisadores e devidamente
registrados.
O estudo teve uma abordagem qualitativa descritiva, tendo como finalidade
analisar e discutir os resultados do questionário e da sequência didática. Para Barros
(2000, p.84), “pode-se realizar o estudo de campo tipificando um indivíduo, uma
comunidade, uma organização, uma empresa, um bairro comercial, uma cultura etc.
4.1 Área de Estudo
A Escola Estadual Professor Antônio Ferreira de Lima Neto localiza-se na
Zona Norte de Macapá, no bairro Parque dos Buritis possui uma clientela de 2080
alunos de acordo com o senso de 2015. A escola possui três modalidades de Ensino:
Ensino fundamenta II, Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos-EJA. Possui 86
docentes, sendo 9 da disciplina de Matemática, sendo que dois professores atuam no
Ensino Médio no período noturno.
4.2 Participantes da Pesquisa
A pesquisa de campo desenvolveu-se no período de 03 a 10 de agosto de
2015, na turma 323 do Ensino Médio Regular no período noturno. Em 2015 foram
matriculados 40 alunos nessa turma. No percentual de 62,5% do sexo feminino e
67
37,5% do sexo masculino. Assim, a coleta de dados permitiu analisar a participação
dos alunos. Para analisar e discutir os resultados da pesquisa, segue-se as diretrizes
das pesquisas qualitativa, por ser apropriada para compreender a importância dos
sistemas de amortização como conteúdo matemático no ensino médio regular no
contexto de uma educação financeira.
Em geral as investigações que se voltam para uma análise quantitativa têm
como objeto situações complexas ou estritamente particulares. Os estudos que
empregam uma metodologia qualitativa podem descrever a complexidade de
determinado problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e
classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais, contribuir no processo de
mudança de determinado grupo e possibilitar, em maior nível de profundidade, o
entendimento de particularidades do comportamento dos indivíduos (BARROS, 2000,
p.80).
Foram escolhidos 28 alunos da turma 323 EM-R dividida em três encontros.
No primeiro encontro foi feito a observação da turma, pelo qual, os alunos no decorrer
da pesquisa foram denominados 𝐴1, 𝐴2, 𝐴3, … , 𝐴𝑛.
No segundo encontro foi apresentado um questionário com 7 perguntas
fechadas aos alunos (Apêndice 1), sendo que os resultados foram apresentados em
gráficos e no terceiro momento foi apresentado uma atividade de sequência didática
que consistiu na aplicação e construção da tabela SAF (Apêndice 2).
A sequência didática foi apresentada e exposta no dia 07 de agosto de 2015.
A metodologia utilizada para aplicação foi de dividir a turma em 07 grupos de 04
alunos, sendo que cada grupo possuía uma calculadora (segue anexo).
Para cada encontro foram necessárias 02 aulas (45 min), com a sequência de
apresentação de conceitos de sistema de amortização de empréstimo e
financiamento.
68
Capítulo 5
Análise e Discussão dos Resultados
Inicialmente foi feito a socialização a respeito do tema pesquisado. Os dados
coletados foram obtidos a partir da construção de questionário fechado com 07
perguntas voltada da temática. Com a pesquisa é de caráter de campo, os resultados
foram apresentados em gráfico de setor (pizza), com o uso de regras de três simples
para o cálculo do porcentagem dos valores apresentado em tabulação.
Esse tipo de tabulação é muito utilizado por fontes para apurar os resultados
da pesquisa. Um bom pesquisador é aquele que sabe ouvir, mas ouvir de forma ativa,
demonstrando ao entrevistado que está interessado em sua fala, em suas emoções,
realizando novos questionamentos, confirmando com gestos, ouve atentamente e
quer compreender suas palavras, mas sem influenciar seu discurso. Ele aprofunda o
relato do participante e mostra atenção sobre detalhes importantes. Nesse caso, as
amostra são informações importantes na pesquisa. Exemplo disso, são os gráficos de
setor.
Segundo Marconi (2007), “os gráficos de setor são úteis para mostrar as
alterações de dados em um período de tempo ou para ilustrar comparações entre
itens. São geralmente organizadas ao longo do eixo horizontal, e os valores ao longo
do eixo vertical”.
As questões foram estruturadas da seguinte forma: 03 voltadas para a
Educação Financeira e as outras 04 questões destinou-se as temáticas da Matemática
Financeira. Participaram da pesquisa 28 alunos da 3ª série do Ensino Médio Regular
da E.E Professor Antônio Ferreira Lima Neto.
Gráfico 1-O que é Educação Financeira?
64%
29%
7%É a compreensão dos conceitos de finanças eprodutos financeiros pelas pessoas.
É o preparo para vida através do Ensino daMatemática.
É um sistema de compra e vendas.
Fonte: Pesquisa de Campo
69
De acordo com os dados apurados no gráfico 1, dos 28 alunos entrevistados
64% afirmaram que a Educação Financeira é a compreensão dos conceitos de
finanças e produtos e 7% dos alunos disseram que é um sistema de compra e venda.
Por outro lado, 29% disseram que é o preparo para o ensino da matemática.
Segundo Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico
OCDE (2005), a educação financeira é “o processo mediante o qual os indivíduos e
as sociedades melhoram a sua compreensão em relação aos conceitos e produtos
financeiros, de maneira que, com informação, formação e orientação, possam
desenvolver os valores e as competências necessários para se tornarem
mais conscientes”.
Gráfico 2- O que é Inflação?
No gráfico 2 constatou-se que a maioria dos alunos relacionaram a inflação
com o aumento generalizado dos valores dos produtos. Segundo Kiyosaki (2011), na
era da informação, a educação e o aprendizado contínuo são mais importantes do que
nunca. Infelizmente, as escolas não se preocupam em explicar alguns conceitos como
crise financeira e a inflação.
Assim, a Educação Financeira não preparará financeiramente a pessoa para
um mundo que se expande e evolui rapidamente. Resumindo, as escolas mudam
muito lentamente e o mundo está mudando em alta velocidade.
No gráfico 3 abaixo, ficou constatado que a maioria dos alunos afirmaram que
a Educação Financeira é muito importante na formação crítica e cidadã e apenas 4%
afirmaram que esse conteúdo não contribui para essa formação.
4%
14%
82%
São dívidas.
São gastos durante um período.
É o aumento generalizado dos valoresdos produtos.
Fonte: Pesquisa de Campo
70
Gráfico 3- Você acha importante a Educação Financeira em sua formação cidadã?
A Matemática Financeira está presente no dia-a-dia do homem desde a
antiguidade, e seus princípios, de forma aprimorada, permanecem e com grande força
até os dias atuais. A matemática foi gradualmente, sendo utilizada para o comércio e
para as finanças em decorrência da necessidade de melhor entendimento entre as
atividades de troca. “a ideia de juro apareceu naturalmente a partir do momento em
que o homem constatou a relação entre tempo e capital” (TOSI, 2009).
Sabe-se que ao nosso redor é constatado diversas situações da matemática
financeira, seja numa loja ou numa indústria existem um planejamento financeiro
elaborado para atingir os resultados. Na escola, não é diferente, os recursos
financeiros são fundamentais para o andamento das atividades durante um exercício.
Gráfico 4- Quais os conteúdos que você gosta da Matemática Financeira?
96%
4%
Sim. Não.
61%
7%
0%
29%
3%Juros.
Descontos.
Sistema de Amortização.
Porcentagem.
Nenhum
Fonte: Pesquisa de Campo
Fonte: Pesquisa de Campo
71
Percebeu-se no gráfico 4 que a maioria dos entrevistados gosta dos
conteúdos de juros e porcentagem. Segundo Assaf Neto (2012), a maioria dos livros
da 3ª série Ensino Médio resume-se em porcentagem, descontos e juros. É raro nos
livros situações problemas envolvendo situações econômicas.
Diga-se de passagem, que os conteúdos abordados não apresentam
embasamentos teóricos que servem para fundamentar a real importância que a
matemática representa nos dias atuais, uma vez que prepara o aluno para a vida
econômica.
Gráfico 5- Você utiliza a Matemática Financeira no seu dia-a-dia?
Percebeu-se no gráfico 5, que 86% dos alunos relacionam Matemática
Financeira com situações do dia-a-dia. Outro ponto, a ser destacado que, para a
maioria deles a matemática financeira é o mesmo que educação financeira.
Para Sobrinho (2008), Na Era de informação, precisa-se de três tipos
seguintes de educação: Acadêmica, profissional e financeira Se uma pessoa tem uma
Educação Financeira sólida, ela não se agarrará à segurança do trabalho, a um salário
fixo e a uma aposentadoria. Se uma pessoa conhece as leis tributárias, não pagará
impostos desnecessariamente. Se ela compreende o sistema bancário, não colocará
seu dinheiro na poupança. Em vez de dizer que sua casa é um ativo, saberá que se
trata, na verdade, de um passivo.
No gráfico 6 abaixo, foi constatado que o recurso mais utilizado pelo professor
nas aulas de matemática segundo os alunos são os livros. Para o autor Toledo (2009),
o processo de construção de conhecimento em sala de aula depende do uso dos livros
e da disponibilidade de tempo, espaço e material didático para o aluno aprender.
86%
14%
Sim. Não.
Fonte: Pesquisa de Campo
72
Gráfico 6- Que tipo de recurso o professor utiliza para você aprender a Matemática
Financeira?
De modo geral, pode-se considerar que o uso do livro didático permite ao
aluno a pesquisar e investigar sobre uma determinada temática. É importante
ressaltar, no que se refere a Matemática Financeira muitos livros apresentam tema
resumidos através de fórmulas e problemas sem contextualização.
Gráfico 7- Você já ouviu falar em Sistema de Amortização?
No gráfico 7 foi constatado que a maioria dos alunos nunca ouviram falar em
Sistema de Amortização. Acredita-se que um dos motivos para os profissionais não
trabalharem o Sistema de Amortização é devido a carga horária que
consequentemente o aluno não chega a conhecer os Sistema SAC e SAF. Segundo
Sobrinho (2008), amortização é tema muitas das vezes abordados apenas em alguns
82%
4%0%
14%
Livro didático.
Uso de material concreto.
Uso da calculadora.
Quadro branco.
43%
57%
Sim. Não.
Fonte: Pesquisa de Campo
Fonte: Pesquisa de Campo
73
cursos técnicos como administração e contabilidade não fazendo parte do currículo
do Ensino Médio regular.
Sequência de Didática de uma atividade para os alunos da 3ª série do Ensino
Médio Regular da Escola Estadual Professor Antônio Ferreira Lima Neto sobre
Sistemas de Amortização.
Como afirma Kiyosaki (2011), que o Sistema de Amortização representa o
capital e os encargos que são restituídos ao credor de capital. Para Tosi (2009),
amortização refere-se ao pagamento do capital emprestado que pode ser mensal,
bimestral, trimestral etc. Assim, o saldo devedor representa o valor da dívida, por
outro lado a prestação é o valor da amortização somando-se aos encargos financeiro
devido um período de tempo.
Logo, prestação = encargos + encargos financeiros.
Primeiramente foi apresentada no quadro branco a tabela com um exemplo
do sistema PRICE. Seguindo a sequência, a tabela 10 foi preenchida pelos grupos
divididos em sala de aula.
Atividade: Lima Neto comprou um terreno para construir uma escola por R$ 5.000,00
para ser quitado em 5 meses, sem entrada, a taxa de 10% am. Construa uma planilha
de acordo com o sistema SAF.
Tabela 9: Sistema SAF com apenas os períodos
Período Juros Prestação Amortização Saldo Devedor
0
1
2
3
4
5
Total
Tabela 9: Sistema SAF com apenas os períodos Fonte: Acadêmicos
74
Sabe-se que o sistema de Amortização Francês, as prestações são constantes
e calculado de acordo que foi exposto pelos autores no item (3.2) da pesquisa. Logo,
será obtido:
Presente Valor = 5.000,00
P: Prestação = ?
u: U de parcelas = 5
t: Taxa de juros = i = 10% =10
100= 0,1. Logo, o valor será:
𝑃 = 𝑃𝑉 ×(1 + 𝑖)𝑢 × 𝑖
(1 + 𝑖)𝑢 − 1
𝑃 = 5000 ×(1 + 0,1)5 × 0,1
(1 + 0,1)5 − 1
𝑃 = 5000 ×(1,1)5 × 0,1
(1,1)5 − 1
𝑃 = 5000 ×(1,61051 × 0,1)
(1,61051 − 1)
𝑃 =5000 × 0,161051
0,61051=
805,255
0,01051→ 𝑃 = 1.319,00
Percebe-se que no sistema PRICE, de acordo com os valores resolvidos, as
prestações não variam. Logo, o valor do primeiro mês que era de R$ 1.319,00 se
repetia até o quinto mês. Contudo, que os juros, prestação e a amortização não
acontecem no período zero. Dessa forma, na tabela 10 o período zero é apresentado
apenas o saldo devedor.
Tabela 10: Sistema SAF
Período Juros Prestação Amortização (𝑨 = 𝑷 − 𝒅)
Saldo Devedor
0 − − − 5.000,00
1 5.000 × 10%= 500,00
1.319,00 1.319 − 500= 819,00
4.181,00
2 4.181 × 10%= 480,00
1.319,00 1.319 − 418= 900,90
3.280,10
3 3.280,10 × 10%= 328,01
1.319,00 1.319 − 328,10= 990,99
2.289,11
4 2.289,11 × 10%= 228,91
1.319,00 1.319 − 228,91= 1.090,09
1.199,02
5 1.199,02 × 10%= 119,90
1.319,00 1.319 − 119,90= 1.199,10
−
Total 𝟏. 𝟓𝟗𝟒, 𝟗𝟐 𝟔. 𝟓𝟗𝟓, 𝟎𝟎 ≅ 𝟓. 𝟎𝟎𝟎, 𝟎𝟎 −
Tabela 10: Sistema SAF Fonte: Acadêmicos
75
Na Atividade 1 constatou-se que apenas 03 grupos tiveram dificuldade de
seguir passo a passo os cálculos do sistema PRICE. Por outro lado, a maioria
compreendeu a sequência de resolução do problema aplicado em sala de aula pelos
pesquisadores. Vale ressaltar, que na tabela PRICE apresentada na sequência
didática no quadro branco mostrou o valor da prestação de R$ 1.319,00. Por outro
lado, os juros são valores decrescentes, isto é, a cada mês os juros diminuem. Dessa
forma, o sistema de amortização é uma progressão geométrica que foi estudada no
1º Bimestre de matemática, pelos alunos.
Seja 𝑎1 = 819,00 e 𝑎2 = 900,90.
Fazendo a razão que se dá 𝑞 =𝑎2
𝑎1.
Logo, 𝑞 =𝑎2
𝑎1=
900,90
819,00= 1,1.
Dessa forma, fazendo o produto de 𝑎2 ∙𝑎3
𝑞
Obs.: 𝑎2 =𝑎3
𝑞, pois o resultado abaixo mostra 𝑎2 ∙ 𝑞 = 𝑎3 ⇒ 900,00 ∙ 1,1 =
990,99.
Logo, 𝑎3 = 990,99 mostra o terceiro valor amortizado. Assim, mostrou-se que
a maioria dos alunos compreenderam o significado e o uso da matemática financeira
através do sistema de amortização no dia a dia, como por exemplo, em uma dívida ou
empréstimo financeiro.
É importante ressaltar que a sequência didática permitiu mostrar a relação do
Sistema de Amortização Francês com a Progressão Geométrica. Assim, a sequência
de didática de uma atividade para os alunos da 3ª série do Ensino Médio Regular da
Escola Estadual Professor Antônio Ferreira Lima Neto sobre Sistemas de
Amortização, normalmente apresentada nos cursos de Contabilidade pode ser
trabalhada em sala de aula na 3ª série do Ensino Médio e com aplicações de
progressões aritméticas e geométricas. Ressalta-se ainda, a importância do uso da
calculadora como recurso, na socialização de atividades financeiras e econômicas
dentro da sala de aula.
76
Considerações Finais
Percebe-se que é possível trabalhar o Sistema de Amortização no Ensino
Médio. Na realidade a amortização deveria ser incluída na grade curricular no Ensino
da Matemática Financeira, que por sua vez deve priorizar uma abordagem voltada
para as aplicações e situações problemas do dia-a-dia, pelo qual, todos os alunos
participem e utilizado o uso das tecnologias com planilhas, computadores e
calculadora financeira.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio de matemática
aborda indicativos para Educação Financeira. Esses conteúdos podem serem
trabalhados em ações ou até mesmo projetos sintetizado como conhecimentos sobre
hábitos de economizar, consumir, poupar ou até mesmo investir. Em meio a evolução
tecnológica, o professor pode utilizar a calculadora, o livro didático ou até mesmo o
quadro para socializar uma temática abordada.
A temática sobre a importância dos Sistemas de Amortização como conteúdo
matemático no ensino médio regular no contexto de uma educação financeira mostrou
que é preciso conceituar termos e definições que vise o aluno compreender as
aplicações financeiras no dia-a-dia.
No contexto histórico da Idade Antiga e Medieval, as ideias relacionada as
finanças baseava-se trocas de produtos em diversas formas de comercialização. O
homem desenvolveu ideias que levaram à criação da Matemática e de outros
conhecimentos voltado para o atual ensino escolar, que muitas vezes essa formação
é voltada para busca de um emprego.
O problema com a educação tradicional é que ela é um processo para
transformar a pessoa em um emprego. É por isso que a maioria das pessoas diz: “Vá
para a escola para conseguir um bom emprego”. A maioria das pessoas que questiona
a ideia de ir para a escola para conseguir um bom emprego. Uma pessoa inteligente
perguntaria: “E se eu não quiser ser um empregado?”.
Segundo Kiyosaki (2011), há quatro escolhas em educação: E – significa
empregado; A – significa autônomos e proprietários de pequenas empresas; D –
significa danos de grandes negócios; e I – significa investidor. As escolas tradicionais
preparam os estudantes para os Quadrantes E e A. Exemplos de A são as faculdades
de Direito, de medicina e Odontologia. Uma pessoa financeiramente inteligente iria
77
querer saber o que deve aprender para operar a partir dos Quadrantes D e I. Os
Quadrante D e I criam as pessoas mais ricas do mundo, aquelas que mais ganham e
menos impostos pagam.
Educação Financeira neste caso, não é poupar, é sim investir em operações
de Sistema de Amortização. Constatou-se que os sistemas de amortização são
importantes como conteúdo da Matemática Financeira no contexto atual do Ensino
Médio Regular. Da mesma forma, que a Matemática Financeira contribui para um
ensino em que o aluno possa compreender a importância da economia, da crise
econômica, da inflação e do crescimento comercial como cidadão.
Percebeu-se que os conteúdos de Matemática Financeira não é apenas um
trabalho de disseminar conhecimento; envolve também um olhar profundo para a
pessoa humana, uma vez que o comportamento está implicado no processo. Trata-
se, assim, de ajudar a pessoa a conhecer o seu “eu” financeiro para ser desenvolvidos
em atividades apresentadas no contexto atual ou até na análise de um conteúdo
abordado do livro didático ou de um informe de um dado estatístico.
Assim, a presente pesquisa mostrou através dos resultados coletados e
discutidos, que a proposta pedagógica da escola campo está voltado para o uso do
livro didático para o ensino da Matemática Financeira no Ensino Médio.
Outro ponto, a ser destacado, que a maioria dos alunos entrevistados
afirmaram que o conceito de Educação Financeira é o preparo para a vida através do
Ensino da Matemática, bem como, o conceito de inflação está relacionada aos gastos.
Apesar das duas questões estarem relacionada com o tema, as respectivas respostas
são a compreensão dos conceitos de finanças e produtos financeiros pelas pessoas
e o aumento generalizado dos valores dos produtos.
No que se refere aos conteúdos, a maioria dos alunos afirmaram que gostam
de juros e descontos. Os mesmos não conheciam os Sistemas de Amortização.
Porém, com a sequência didática utilizada em sala de aula na pesquisa de campo, os
mesmos compreenderam a utilização desse sistema no contexto escolar e social.
Logo, é necessário encontrar um jeito de fazer essa metodologia chegar não
apenas a pessoas isoladas, mas atingir as pessoas que possui dificuldades de
compreender a Matemática Financeira, copilando as práticas cotidianas e adotando
desde a infância, os conceitos desenvolvidos, os temas que mais preocupavam as
pessoas.
78
Após, o questionário e a sequência didática, os alunos compreenderam o
Sistema de Amortização Francês-SAF, e que permitiu a leitura, análise de tabelas, e
gráficos relacionados a prática cotidiana do controle financeiro da própria vida
pessoal, nos negócios, nas empresas ou até mesmo na escola que leva a criação de
uma metodologia para lidar com as finanças pessoais de uma forma saudável,
considerando os aspectos comportamentais da relação que as pessoas mantêm com
o dinheiro.
Dessa maneira, o professor de Educação Matemática precisa de uma maior
grade curricular que seja inserido o Sistema de Amortização do Ensino Médio Regular.
Ficou claro que a pesquisa trouxe muitos desafios para o professor de matemática
como o uso de conceito e definições para aplicação de situações problemas.
Recomenda-se que os professores de matemática necessitam de cursos de
capacitações relacionados a Matemática Financeira principalmente no Sistema de
Amortização que está relacionado com outros conteúdos matemáticos. Neste caso,
as progressões aritméticas e geométricas. Contudo, as escolas podem abordar essa
temática, numa elaboração de projetos ou de uma atividade contextualizada numa
feira de ciências exatas.
79
Referências
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São Paulo: Atlas, 2012. BARROS, Aidil de Jesus Paes de. Projeto de Pesquisa: propostas metodológicas. Petrópolis. RJ: Vozes, 2000. BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBN). Lei nº 9394, 20 de
dezembro. Ensino Médio. Artigo 35º. 1997. ______, Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM), As competências da matemática. 2011. ______, Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio. Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias, 2000. DANTE, Luiz Roberto. Matemática: contexto e aplicações. 2. Ed. – São Paulo: Ática, 2013. DOMINGOS, Reinaldo. Terapia financeira: realiza seus sonhos com educação
financeira. São Paulo: DSOP Educação Financeira, 2012. FAORO, Raymundo. Os Donos do Poder: Formação do patronato político brasileiro-
16ª Ed. São Paulo, Globo, 2010. GRANDO, Neiva. Matemática Financeira: alguns elementos históricos e contemporâneos. Tese de Mestrado. UNICAMP, 2010. IFHAR, Georges. História Universal dos algarismos: A inteligência dos homens
contada pelos números e pelo cálculo. Tomo 1. Editora Nova Fronteira. Rio de Janeiro, 2000. KIYOSAKI, Robert T., 1947-Pai rico e o poder da educação financeira: lições sobre
dinheiro que não se aprendem na escola. Tradutora Eliana Bussinger. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. il. LIMA, Elon Lages. CARVALHO, Paulo Cezar Pinto. WAGNER, Eduardo. MORGADO, Augusto Cézar. A matemática do Ensino Médio – volume 2– 6. Ed. – Rio de Janeiro: SBM 2006. MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia científica. São Paulo: Atlas, 2007.
80
ONAGA, Dulce Satiko. Matemática e fatos do cotidiano, volume 1: Livro do
professor. São Paulo. Global: Ação Educativa Assessoria, Pesquisa e informação, 2004. ORGANIZAÇÃO DE COOPERAÇÃO E DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO- OCDE, A Educação Financeira, 2005 PRAXEMEDES, Walter. Sociologia da Educação: Do positivismo aos estudos culturais. São Paulo. Ática, 2010. RIBEIRO, Dionísio Tadeu. A matemática Financeira: Editora: Artmed. Porto Alegre.
2012. SOBRINHO, José Dutra Vieira. Matemática Financeira. Edição Compacta. 3ª Edição. São Paulo: Atlas, 2008. TOLEDO, Marília Barros de Almeida. Teoria e prática: Como dois e dois. Volume
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Papirus, 2003. Sites
http://matematicaguba.blogspot.com.br/2015/04/a-matematica-financeira-e-utilizada-em.htm. Acesso em: 28 jul.2015.
81
Apêndice
I-Questionário destinado aos alunos da 3ª série do Ensino Médio regular (323) da Escola Estadual Professor Antonio Ferreira Lima Neto referente à importância dos Sistemas de Amortização como conteúdo matemático no Ensino Médio regular no contexto de uma Educação Financeira. Parte I
1-O que é Educação Financeira?
A( ) É a compreensão dos conceitos de finanças e produtos financeiros pelas
pessoas.
B ( ) É o preparo para vida através do Ensino da Matemática.
C( ) É um sistema de compra e vendas.
2-O que é inflação?
A ( ) São dívidas. B ( ) São gastos durante um período. C ( ) É o aumento generalizado dos valores dos produtos. 3-Você acha importante a Educação Financeira em sua formação cidadã?
A ( ) Sim. B ( ) Não. 4-Quais os conteúdos que você gosta da Matemática Financeira?
A ( ) Juros.
B ( ) Descontos.
C ( ) Sistema de Amortização.
D ( ) Porcentagem.
5-Você utiliza a Matemática Financeira no seu dia-a-dia?
A ( ) Sim.
B ( ) Não.
6-Que tipo de recurso o professor utiliza para você aprender a Matemática
Financeira?
A ( ) Livro didático.
B ( ) Uso de material concreto.
C ( ) Uso da calculadora.
D ( ) Quadro branco.
7-Você já ouviu falar em Sistema de Amortização?
A ( ) Sim.
B ( ) Não.
82
I-Questionário destinado aos alunos da 3ª série do Ensino Médio regular (323) da Escola Estadual Professor Antonio Ferreira Lima Neto referente à importância dos Sistemas de Amortização como conteúdo matemático no Ensino Médio regular no contexto de uma Educação Financeira. Parte II
Atividade sobre Sistemas de Amortização.
1- Lima Neto comprou um terreno para construir uma escola por R$ 5.000,00
para ser quitado em 5 meses, sem entrada, a taxa de 10% am. Construa uma
planilha de acordo com o sistema SAF.
Período Juros Prestação Amortização Saldo Devedor
0
1
2
3
4
5
Total
RESOLUÇÃO:
83
Anexos
84
85
86
87
88