Redação e interpretação de texto

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Ana Tereza Pinto de Oliveira

1a Edição revista

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© Copyright - Todos os direitos reservados à

Av. Casa Verde, 455 – Casa VerdeCep 02519-000 – São Paulo – SP

e-mail: [email protected]

Proibida qualquer reprodução, seja mecânica ou eletrônica,total ou parcial, sem prévia permissão por escrito do editor.

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Expediente

Editor Italo AmadioEditora Assistente Katia F. Amadio

Assistente Editorial Edna Emiko NomuraRevisão Liduína Santana e Lilian Brazão

Projeto Gráfico e Diagramação Exata EditoraçãoIlustração Tânia Ricci

Capa Antonio Carlos Ventura

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Oliveira, Ana Tereza Pinto deRedação e interpretação de texto: teoria e prática / Ana

Tereza Pinto de Oliveira ; [ilustrações Tania Ricci]. – 1. ed. –São Paulo : Rideel, 2006.

Bibliografia.ISBN 85-339-0805-9

1. Português – Redação 2. Textos – Interpretação I. Ricci,Tania. II. Título.

06-0014 CDD-808.0469

Índice para catálogo sistemático:1. Português: Interpretação de textos 808.0469

2. Português: Redação 808.0469

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APRESENTAÇÃO

Atualmente, com a predominância de informações audiovisuais, ohábito da leitura ficou um tanto esquecido e, conseqüentemente,escrever passou a ser uma atividade rara. Então, a maioria das pes-soas, na hora de fazer uma redação, imobiliza-se diante do papelem branco.

A Editora Rideel, pensando nas dificuldades que se apresentamna hora de escrever um texto, elaborou criteriosa e cuidadosamenteesta obra para você deixar sempre a mão, consultar e tirar suasdúvidas sobre o assunto.

Escrever é mais fácil do que se imagina. Todo mundo pode escre-ver bem. Mas para isso é necessário aprender algumas técnicas einformações imprescindíveis contidas neste minimanual.

Aqui você encontrará um roteiro do aprendizado da língua escritaque irá conduzi-lo pelos caminhos da estrutura textual e os diversostipos de texto: jornalísticos, publicitários, cartas etc.

Certamente, guiado por esta obra você irá produzir um texto bemescrito que vai contribuir não apenas para ampliar sua capacidadede lidar com as dificuldades e exigências da vida escolar, mas tam-bém prepará-lo para enfrentar os desafios do atual mercado de tra-balho.

O Editor

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Sobre a Autora

Ana Tereza Pinto de Oliveira é graduada pela Faculdade deLetras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo emPortuguês, Francês e Italiano.

Mestre em Língua Portuguesa pela Pontifícia UniversidadeCatólica de São Paulo.

Pós-graduada em Comunicação e Semiótica pela PontifíciaUniversidade Católica de São Paulo.

Especialista em Metodologia do ensino de terceiro grau pelasFaculdades Metropolitanas Unidas.

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Sumário

PARTE 1Capítulo 1 – A língua Portuguesa .............................................................................................. 9

Introdução .............................................................................................................................. 9A origem das línguas românicas ............................................................................................ 9A língua portuguesa ............................................................................................................. 11O português do Brasil .......................................................................................................... 15Constituição do Léxico português ....................................................................................... 18Estrutura das palavras .......................................................................................................... 20Processos de formação de palavras .................................................................................... 34Questões de vestibular ......................................................................................................... 37

Capítulo 2 – Linguagem & Comunicação ............................................................................... 46Os elementos da comunicação ............................................................................................ 46Alguns conceitos úteis ......................................................................................................... 50As funções da linguagem ..................................................................................................... 53Questões de vestibular ......................................................................................................... 61

Capítulo 3 – Variações Lingüísticas ........................................................................................ 65Língua falada e língua escrita ............................................................................................... 67Questões de vestibular ......................................................................................................... 70

Capítulo 4 – O Texto .................................................................................................................. 76Fatores de textualidade ........................................................................................................ 76Texto literário X Não-literário ................................................................................................ 80Prosa e Poesia ...................................................................................................................... 83Gêneros literários ................................................................................................................. 89Questões de vestibular ......................................................................................................... 92

Capítulo 5 – Poesia ................................................................................................................... 99Versificação .......................................................................................................................... 99Questões de vestibular ....................................................................................................... 107

Capítulo 6 – Prosa ................................................................................................................... 109Qualidades da prosa .......................................................................................................... 109Defeitos da prosa ............................................................................................................... 116Questões de vestibular ....................................................................................................... 118

Capítulo 7 – Figuras de Linguagem ....................................................................................... 133Figuras de construção ........................................................................................................ 133Figuras de palavras ............................................................................................................ 137Figuras de pensamento ...................................................................................................... 139Questões de vestibular ....................................................................................................... 141

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Capítulo 8 – Tipos de Composição ....................................................................................... 150Tipos de composição ......................................................................................................... 150Questões de vestibular ....................................................................................................... 170

Capítulo 9 – Discursos ............................................................................................................ 177Discurso direto ................................................................................................................... 177Discurso indireto ................................................................................................................ 179Discurso indireto livre ......................................................................................................... 182Questões de vestibular ....................................................................................................... 184

Capítulo 10 – Vocabulário ...................................................................................................... 187Léxico e vocabulário .......................................................................................................... 187Sinônimos ........................................................................................................................... 189Antônimos .......................................................................................................................... 190Hiperonímia e Hiponímia .................................................................................................... 190Polissemia e Homonímia .................................................................................................... 191Parônimos .......................................................................................................................... 193Campos Semânticos e Campos Lexicais .......................................................................... 195Questões de vestibular ....................................................................................................... 196

Capítulo 11 – As linguagens publicitária & jornalística ....................................................... 200A linguagem publicitária ..................................................................................................... 200A linguagem jornalística ..................................................................................................... 203

Capítulo 12 – Redação de cartas .......................................................................................... 208Correspondência pessoal ................................................................................................... 208Correspondência comercial ............................................................................................... 210Correspondência Oficial ..................................................................................................... 222

PARTE 2Capítulo 1 – Apoio Funcional ................................................................................................. 228

Ortografia ............................................................................................................................ 228Questões de vestibular ....................................................................................................... 237Sintaxe ................................................................................................................................ 242Questões de vestibular ....................................................................................................... 253Morfologia .......................................................................................................................... 259Questões de vestibular ....................................................................................................... 267Apêndice ............................................................................................................................ 280

Capítulo 2 – Análise e interpretação de texto ...................................................................... 299Questões de vestibular ....................................................................................................... 301

PARTE 3Respostas dos exercícios ................................................................................................ 347

BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................ 359

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IntroduçãoAproximadamente, a sétima parte da Terra se expressa em português, ou

seja, 10.686.145 km2 estão sob o domínio político desse idioma, assim dividi-dos: 8.516.037 km2 pertencentes ao Brasil, 91.831 km2 a Portugal e 2.078.277km2 às ex-colônias portuguesas na África, Ásia e Oceania.

O português, língua superada em número de falantes apenas pelo chinês,inglês, russo, hindu, árabe e espanhol, representa uma continuação histórica dolatim; por isso pertence ao grupo das línguas neolatinas ou românicas do qualfazem parte também o espanhol, o catalão, o francês, o provençal, o italiano, orético, o romeno, o sardo e o dalmático (hoje língua morta).

1. A Origem das Línguas RomânicasO latim era o idioma oficial do Império Romano. Como toda e qualquer língua,

compreendia uma modalidade clássica, falada, e, sobretudo, escrita, pelas clas-ses sociais mais elevadas, bastante uniforme em função da influência estabilizantedo ensino e da cultura, e uma modalidade popular, despreocupada e espontâ-nea, chamada latim vulgar.

Deste latim falado, sem pretensões literárias e muito diferente da forma clás-sica, derivaram-se todas as línguas românicas ou neolatinas. O quadro seguintepode nos dar uma pequena noção, não só da origem de algumas palavras,como também do parentesco entre as línguas românicas:

Latim Italiano Francês Espanhol Português

Clássico Vulgar

ignis focus fuoco feu fuego fogoequis caballus cavallo cheval caballo cavaloos bucca bocca bouche boca bocamagnus grande grande grand grande grande

A língua Portuguesa

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Latim Inglês Alemão

(vinho) vinum wine wein

(estrada/rua) strada street strasse

(joelho) genu knee knie

É claro que se pode objetar que nosso léxico não desprezou a forma clássicae que temos também ígneo, eqüestre, oral, magnitude. Mas isso é matéria paraa composição do vocabulário português de que falaremos mais adiante.

Quem falava esse latim vulgar?Roma tinha a vocação inata de conquista e chegou a ocupar territórios em

toda a Europa (inclusive a Inglaterra), norte da África e Ásia. Esses territórioseram invadidos por soldados que falavam o latim vulgar. Após a conquista, co-merciantes e colonos romanos instalavam-se nessas regiões e intensificavam ointercâmbio lingüístico com os povos recém-conquistados.

O latim era imposto e aceito com relativa facilidade não só porque era umalíngua mais evoluída que a dos povos vencidos, mas, sobretudo, por ser a lín-gua dos vencedores.

Porém, nem todas as regiões invadidas pelos romanos adotaram o latim. Nonorte da África, a romanização não foi profunda e desapareceu sem deixar ou-tros traços senão monumentos. No Oriente, as relações intelectuais foram depouca importância, não chegando sequer a contaminar a cultura das regiõesatingidas. Na Europa, houve territórios que, embora não tendo adotado a línguade Roma, incorporaram inúmeras palavras latinas ao seu vocabulário. Observealguns exemplos:

O que aconteceu, porém, ao latim levado às regiões que o adotaram?Quando os soldados romanos chegavam a esses territórios, já encontravam

neles uma língua natural (diferente em cada região) que não era simplesmenteabandonada ou esquecida pelos seus falantes. Ao contrário, o latim era adapta-do aos seus hábitos fonéticos e palavras do seu idioma natural continuavam aser utilizadas, mas sob uma forma latinizada.

A essas línguas naturais das diversas regiões, sobre as quais vai influir a novalíngua recém-chegada e imposta pelos colonizadores, dá-se o nome de substrato.

A partir do século V d.C., o Império Romano fragmenta-se e começa a serinvadido por povos bárbaros, mas que não impuseram sua língua. Ao contrário,

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esses povos conquistadores adotaram a língua dos vencidos (o latim) e neladeixaram sua marca quase que somente no vocabulário.

Ao conjunto de traços lingüísticos de um povo conquistador, quando eleos abandona para adotar a língua do povo vencido, dá-se o nome desuperstrato.

O latim, por influência do substrato e do superstrato, tornou-se cada vez maisdialetado e mais afastado da língua falada pelos conquistadores romanos. Hou-ve, então, um período intermediário da evolução das línguas românicas duranteo qual a língua utilizada não era a latina, tampouco as neolatinas atuais, mas olatim vulgar modificado pelos diferentes substratos regionais e pelos superstratosdos conquistadores bárbaros.

A esse período dá-se o nome de romance ou romanço. Houve na Europa umromance português, um francês, outro espanhol e assim por diante.

Pode-se situar historicamente essa transformação do latim nos vários roman-ces entre 200 a.C. e 600 d.C. O que não se pode determinar com precisão é omomento do aparecimento das línguas neolatinas. O que se sabe é que cadaromance, depois da queda do Império Romano, evoluiu diferentemente em cadaregião, segundo as próprias tendências.

1.1. Exercícios1 De onde se originaram as línguas neolatinas?2 O que é substrato?3 O que é superstrato?4 O que é romance ou romanço?5 Nas regiões em que o latim não se impôs como língua oficial (atuais Inglaterra e

Alemanha, por exemplo.), como ele pode ser classificado em relação às línguasque já existiam na região?

2. A Língua PortuguesaOlavo Bilac, poeta parnasiano brasileiro, definiu o português como a “última

flor do Lácio”, numa referência à tardia consolidação dessa língua em relaçãoàs outras línguas neolatinas. Como todas elas, o português originou-se dolatim vulgar levado pelos soldados romanos, ainda antes da era cristã, à Pe-nínsula Ibérica, região onde já existiam povos. Entre os primeiros habitantesda Península, anteriores à conquista romana, o mais importante foi o povo

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ibero. Gregos, fenícios e cartagineses também ali se estabeleceram, fundandovárias cidades. Por volta do século V a.C., um povo de origem germânica — osceltas — se estabeleceu na Península Ibérica. Fundindo-se, celtas e iberos for-maram uma raça única: a celtibera, cuja língua constituirá o substrato peninsularem relação ao latim dos conquistadores.

Em 197 a.C., a Península é anexada como província do Império Romano. Olatim é imposto aos habitantes dessa região e aí tem início a longa história dalíngua portuguesa.

Por volta de 409 d.C., a Península começa a ser invadida por diversos povosgermânicos — suevos, vândalos e visigodos, estes os mais cultos e conhece-dores da vida romana. Culturalmente inferiores, esses povos adotaram a línguados conquistados. Em 711 d.C., a Península sofre nova invasão, desta vez dosárabes. Os elementos germânicos do século V e o árabe do século VII formaramo superstrato peninsular cujas influências se limitam, na maioria dos casos, aovocabulário.

Até essa época, não existiam Portugal e Espanha com suas configuraçõesgeográficas atuais. Havia reinos e, dentre eles, a Galiza e a parte de Portugal(atual) situada ao norte do rio Douro formavam um todo homogêneo. Essa re-gião permaneceu unida até o reinado de Afonso VI, cuja filha — Dona Teresa —, ao casar-se com D. Henrique de Borgonha, recebeu como dote o CondadoPortucalense. Com a morte de D. Henrique, Dona Teresa passa a governar. Masem 1128, na batalha de São Mamede, o próprio filho — D. Afonso Henriques —a derrota. Em 1139, na batalha de Ourique, D. Afonso vence os mouros, ampliaseus domínios e eleva o condado à categoria de reino, separando-o definitiva-mente, tanto geográfica quanto lingüisticamente, da Galiza. D. Afonso VII, rei deCastela, reconhece o reino de Portugal e seu rei — D. Afonso Henriques —, quese torna o fundador da primeira dinastia portuguesa.

2.1. Periodização da Língua PortuguesaParalelamente à história da Península Ibérica e de Portugal, pode-se traçar a

história da língua portuguesa, dividindo-a em três grandes períodos:A - Pré-histórico (das origens ao século IX): Período caracterizado pela ausên-

cia de documentos.B - Proto-histórico (dos séculos IX a XII): Os documentos são escritos em latim,

aparecendo, às vezes, palavras e frases em galego-português, que a roupa-gem latina não consegue disfarçar.

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C - Histórico (do século XII aos nossos dias): Este período, o mais rico da histó-ria da língua, aceita outras subdivisões:1 – período galego-português (de fins do século XII até aproximadamente1350): Nesse momento, a poesia se apodera da fala popular e a eleva àcondição de língua literária, em que são produzidas as cantigastrovadorescas. Nelas se percebe a influência provençal e francesa que con-tribuiu, nessa fase, para o enriquecimento do léxico português.2 – período pré-clássico (de 1350 a 1540): As diferenças entre o galego e oportuguês tendem a tornar-se maiores, até a separação das duas línguas. Naliteratura há a decadência da lírica galego-portuguesa e floresce a prosa didá-tica e histórica. Nesse momento, começa a expansão marítima portuguesa.3 – período clássico (de 1540 a meados do século XVIII): É o período áureode Portugal, o momento culminante do poderio político e de prestígio inter-nacional da nação. Do ponto de vista lingüístico, o português (já quase nasua feição atual) consegue maior difusão no mundo. Nossa língua,simplificada em crioulos, foi o idioma internacional das costas africanas. Éeste o momento de ampliação do vocabulário português pela contribuiçãodas línguas faladas nas regiões africanas e asiáticas alcançadas por nave-gadores portugueses, como Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral,Bartolomeu Dias e outros. No continente, por influência da Renascença, aItália enriquece o léxico português com um sem-número de palavras relati-vas às artes em geral.Observe, no planisfério, a área de expansão da língua portuguesa:

1 - Portugal 6 - Brasil 11 - Melinde 16 - Málaca2 - Açores 7 - Angola 12 - Diu 17 - Cingapura3 - Madeira 8 - Moçambique 13 - Damão 18 - Macau4 - Cabo Verde 9 - Zanzibar 14 - Goa 19 - Java5 - Guiné-Bissau 10 - Mombaça 15 - Sri-Lanka 20 - Timor

4 – período moderno (de meados do século XVIII até nossos dias): Este é operíodo de fixação definitiva do idioma.Hoje encontramos regiões onde se fala exclusivamente o português, comoo Brasil, por exemplo, e outras em que a língua portuguesa concorre comdialetos locais, originando o crioulo que, como ensinam Vázquez Cuesta e

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Mendes da Luz, representa “uma tentativa de adaptação — com fim exclu-sivamente prático e de mera compreensão — do sistema lingüístico portu-guês a mentalidades como a dos povos orientais ou negros, acostumados aexpressar-se dentro de outros sistemas totalmente diferentes”.

2.2. Domínios Atuais da Língua Portuguesa

1 – português continental: falado em Portugal.

2 – português insulano: falado nas ilhas européias da Madeira e dos Açores.

3 – português ultramarino:a) do Brasilb) indo-português: com os dialetos de Damão, Diu, Goa e do Sri-Lanka (an-

tigo Ceilão)c) crioulo de Macaud) malaio-português: com os dialetos de Java, Málaca e Cingapura

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e) português de Timor (Oceania)f) crioulo de Cabo Verdeg) crioulo da Guiné-Bissauh) português de Angola, Moçambique, Zanzibar, Mombaça e Melinde.

2.3. Exercícios1 Quais foram os primitivos habitantes da Península Ibérica?2 Quais foram o substrato e o superstrato peninsulares?3 Como nasceu Portugal?4 O que é o crioulo?

3. O Português do BrasilPedro Álvares Cabral chegou ao Brasil em 1500. A partir de então, toda nossa

história reflete um processo de mestiçagem e interpenetração de culturas.Nos primeiros tempos de colonização, o tupi, conhecido pelos portugueses

como língua geral, chegou a ultrapassar em difusão o próprio português. Muitosimples foneticamente, sem conjugação nem declinação, o tupi foi utilizado pelosjesuítas na sua obra de catequese e pelos comerciantes em seus negócios coma população local.

Em 1759, com a expulsão dos jesuítas, o uso da língua geral foi proibido noBrasil. Sua contribuição fundamental para o português deu-se no léxico. Calcu-la-se que existam cerca de dez mil palavras de origem tupi no vocabulário por-tuguês do Brasil.

Entre essas palavras encontramos, por exemplo, topônimos (Niterói, Ceará,Catumbi); nomes de pessoas (Jurema, Araci, Moacir); substantivos referentes àflora e à fauna nacionais (capim, cupim, macaxeira, araponga); nomes de utensí-lios, crenças, enfermidades, fenômenos da natureza (arapuca, urupema, min-gau, curupira, iara, carijó, guri, xará); frases e expressões (andar na pindaíba,chorar pitanga) e verbos adaptados à morfologia portuguesa (acaboclar-se,acaipirar-se, capinar).

Cedo, no entanto, os portugueses perceberam que o índio era pouco aptopara os trabalhos da agricultura. Houve necessidade de indivíduos mais fortes,primeiro para o cultivo da cana-de-açúcar e mais tarde para o trabalho nas mi-nas. Da África foram trazidos os negros escravizados.

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Bicha

Neve

homossexual masculino (Brasil)fila (Portugal)

precipitação de cristais de gelo (Brasil)sorvete, além do mesmo significado do Brasil(Portugal)

Na Bahia, onde se fixaram os sudaneses, a língua africana geral foi o nagô ouioruba. No resto do país, a língua foi o quimbundo, falado pelos negros da famí-lia banto.

Obrigados ao contato com os senhores brancos, os negros adotaram comosegunda língua o crioulo português do tipo nagô ou quimbundo, segundo aregião em que viviam. Muitas vezes, esses dois crioulos fundiram-se entre si oucom o crioulo tupi e influenciaram profundamente a fala brasileira. São exem-plos desse processo a vocalização do l final: Brasil [Brasiu]; a redução do nd dogerúndio a n: guardando [guardano]; a queda do r final do infinitivo: perder [perdê].

Na área lexical, embora a contribuição africana não tenha sido tão rica quantoa tupi, ela é indiscutível e muito importante. Como palavras de origem africanatemos: moleque, quitanda, banzo, samba, Ogum, Orixá, Exu, abará, acarajé,cochilar, xingar etc.

Além do tupi e das línguas africanas, o português do Brasil foi enriquecidocom vocábulos de línguas indígenas da América: chocolate, batata, poncho,araucária, alpaca, cacique, piroga, abacate, coiote e tantas outras.

3.1. Diferenças entre Brasil e PortugalEm função de toda essa gama de influências que o português do Brasil so-

freu, é natural que ele apresente aspectos peculiares em relação ao portuguêsde Portugal.A - no vocabulário: há palavras e expressões, quase sempre de origem indíge-

na ou africana, desconhecidas em Portugal. Além disso, algumas palavrascomuns têm significados totalmente diferentes.

B - na fonética: no Brasil fala-se pronunciando geralmente todas as sílabas,enquanto em Portugal suprimem-se algumas vogais: pessoa (p’ssoa); me-nino (m’nino); beleza (b’leza), entre outras peculiaridades.

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C - na sintaxe: há diferença também na construção frasal: Estou a ler (em Portu-gal); Estou lendo (no Brasil). Um exemplo bem claro da distinção é o uso dopronome oblíquo proclítico na linguagem popular, principalmente no Brasil,o que não acontece em Portugal:

(Brasil) Me dá um cigarro.(Portugal) Dê-me um cigarro.

Ou o uso do gerúndio no Brasil, quando em Portugal usa-se o infinitivo prece-dido da preposição a:

Estou falando / Estou a falar.

3.2. Períodos da Língua Portuguesa do BrasilAssim como dividimos a história da língua portuguesa em Portugal em vários

períodos, Vázquez Cuesta e Mendes da Luz propõem estas fases na história doportuguês do Brasil:A - do começo da colonização até a expulsão dos holandeses, em 1654: A

língua geral, o tupi, era falada por todos. Mas o português era esplendoro-samente cultivado em Pernambuco e na Bahia por frades, funcionários, le-trados e donos de grandes fazendas.

B - de 1654 até final do século XVIII: O elemento indígena vai perdendo a impor-tância, enquanto aumenta a influência de brancos e negros. É o momentodo engrandecimento territorial do país. Surgem as primeiras academias lite-rárias. No final do século XVIII aparece, numa das regiões mais ricas do país— Minas Gerais —, uma geração que quer emancipar-se de Portugal, não nalíngua, mas no estilo e no sentimento: os poetas da Inconfidência Mineira.

C - de 1808 (vinda da família real portuguesa) até nossos dias: Com a crescenteurbanização, a oposição entre os falares urbanos e rurais acentuou-se. Apartir da independência (1822), alguns escritores, entre eles José de Alencar(1829-1870), tentam demonstrar que literariamente — e até lingüisticamente— nosso país é independente de Portugal. Os romances têm como tema oíndio e a linguagem é repleta de termos tupis.

D - Machado de Assis (1839-1908) funde harmoniosamente a fala corrente como conhecimento dos grandes modelos lusitanos.

E - a partir de 1922, com a Semana de Arte Moderna, o português realmentefalado no Brasil converte-se em material lingüístico de prosadores e poetas,de Mário de Andrade a Guimarães Rosa e autores contemporâneos.

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3.3. Exercícios1 Por que se pode afirmar que a partir do século XVIII o tupi se transformou em

um substrato do português?2 Que contribuições lingüísticas recebeu o português do Brasil?3 Quais as fases da história do português do Brasil?

4. Constituição do Léxico PortuguêsAgora que já sabemos de onde vem o português e como foram suas etapas

evolutivas em Portugal e no Brasil, podemos traçar um esboço do processo de cons-tituição do léxico português. Recapitulando a história da Península Ibérica, temos:A - Vocábulos pré-latinos (substrato):

• béricos Tejo; arrojo; balsa; esquerdo; os sufixos-arra, -erro, -orro, (bocarra, naviarra);

• celtas caminho, camisa, raio, touca;• fenícios e cartagineses uco, mapa, barca;• gregos pouca foi a influência grega na época anterior aos romanos: bol-

sa, cara, cola. Depois da introdução do cristianismo, a contribui-ção grega é muito grande: filosofia, academia, anjo, bíblia, cris-ma, diocese, diabo etc. Após o século XVI, com o desenvolvi-mento da ciência e da técnica, houve necessidade de criação denovas palavras. Os eruditos recorreram ao grego e surgiram en-tão: microscópio, homeopatia, telégrafo, anódino etc.

B - Vocábulos latinos: pelo menos 80% das palavras que fazem parte de nos-so léxico são latinas. Destas, existem aquelas que nos chegaram pela viaerudita, isto é, trazidas diretamente do latim clássico e quase sem altera-ções fonéticas, os chamados latinismos, e os vocábulos populares, resulta-do da alteração natural do latim vulgar e que sofreram todas as transforma-ções da língua popular. Como exemplos, entre tantos, temos:

3.3. Exercícios1 Por que se pode afirmar que a partir do século XVIII o tupi se transformou em

um substrato do português?2 Que contribuições lingüísticas recebeu o português do Brasil?3 Quais as fases da história do português do Brasil?

4. Constituição do Léxico PortuguêsAgora que já sabemos de onde vem o português e como foram suas etapas

evolutivas em Portugal e no Brasil, podemos traçar um esboço do processo de cons-tituição do léxico português. Recapitulando a história da Península Ibérica, temos:A - Vocábulos pré-latinos (substrato):

• béricos Tejo; arrojo; balsa; esquerdo; os sufixos-arra, -erro, -orro, (bocarra, naviarra);

• celtas caminho, camisa, raio, touca;• fenícios e cartagineses uco, mapa, barca;• gregos pouca foi a influência grega na época anterior aos romanos: bol-

sa, cara, cola. Depois da introdução do cristianismo, a contribui-ção grega é muito grande: filosofia, academia, anjo, bíblia, cris-ma, diocese, diabo etc. Após o século XVI, com o desenvolvi-mento da ciência e da técnica, houve necessidade de criação denovas palavras. Os eruditos recorreram ao grego e surgiram en-tão: microscópio, homeopatia, telégrafo, anódino etc.

B - Vocábulos latinos: pelo menos 80% das palavras que fazem parte de nos-so léxico são latinas. Destas, existem aquelas que nos chegaram pela viaerudita, isto é, trazidas diretamente do latim clássico e quase sem altera-ções fonéticas, os chamados latinismos, e os vocábulos populares, resulta-do da alteração natural do latim vulgar e que sofreram todas as transforma-ções da língua popular. Como exemplos, entre tantos, temos:

oculus óculosolhos

cathedra cátedra (erudito)cadeira (popular)

macula mácula (erudito)malha (popular),malha no sentido de mancha,como em malhado

sigillu sigilo (erudito)selo (popular)

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C - Vocábulos pós-latinos (superstrato):

• germânicos normalmente referem-se à arte bélica, aos utensílios, usos e cos-tumes: luvas, roupa, arreio, dardo, elmo, roubar, guerra, marechale outros;

• árabes referem-se à agricultura, ao comércio e às ciências: álcool, álcali,alambique, alface, zero, xarope, califa, cânfora, zênite, alfândega,armazém etc.

D - Vocábulos devidos a outros idiomas europeus, asiáticos, africanos eamericanos:• franceses a civilização francesa foi a que mais influência exerceu sobre a

cultura portuguesa: chaminé, chapéu, tricô, abajur, abordagem,sabotagem etc.;

• asiáticos no contato com os povos do Oriente, a partir do século XVI, in-corporaram-se palavras do japonês, chinês, hindustânico e malaioao português: sândalo, nirvana, pagode, chá, chávena, leque, bule,catre. Mais modernamente temos quimono, haraquiri, dervixe,caqui etc.;

• espanhóis o maior contingente de espanholismos se deve ao período dedominação espanhola sobre Portugal (1580 a 1640): fandango,bolero, castanhola, cavalheiro, colcha, novilho, mantilha etc.;

• italianos referem-se às artes: ária, bandolim, piano, soneto, serenata, so-prano, sonata; à linguagem militar: alarme, esquadrão, fragata,galera; à culinária: macarrão, talharim, salame, salsicha etc.;

• ingleses o elevado número de vocábulos ingleses deve-se às relaçõescomerciais e políticas que sempre existiram entre Portugal e In-glaterra e ao imperialismo ianque, sobretudo modernamente como advento da informática: bar, clube, esporte, futebol, iate, jó-quei, repórter, “script”, revólver, uísque, “e-mail” etc;

• ameríndios ananás, caboclo, mandioca, canoa, colibri, tomate, vicunha,pampa etc.;

• africanos zebra, batuque, macaco, cacimba, girafa etc.;• russo bolchevique, rublo, vodca etc.;• polonês mazurca, polca etc.;• turco caviar, horta, gaita etc.

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20 Redação e Interpretação de Texto

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As palavras não-latinas que fazem parte do vocabulário português são classi-ficadas como hereditárias (o substrato e o superstrato); empréstimos (vocábu-los que entre os séculos XII e XVI foram anexados para suprir as deficiências doidioma português ainda incipiente); estrangeirismos (palavras de outras línguasque foram incorporadas ao português a partir do século XVI).

4.1. Exercícios1 Qual a origem da maioria das palavras portuguesas? Como elas chegaram

até nós?2 Como se constituiu o vocabulário português?3 O que são palavras hereditárias,

empréstimos e estrangeirismo?4 A que tipo de palavras se refere

a ilustração?

5. Estrutura das PalavrasDepois dessa incursão pela história da formação da língua portuguesa, é ne-

cessário estudar as palavras isoladamente para que possamos entender e do-minar sua significação.

Assim como um motor compõe-se de pequenas peças, as palavras tambémsão formadas por unidades mínimas a que se dá o nome de elementos estrutu-rais, elementos mórficos ou, simplesmente, morfemas. Os elementos mórficossão: radical, afixos, desinência, vogal temática e vogal e consoante de ligação.

5.1. RadicalÉ o elemento imutável, que indica

o sentido da palavra, seu significado.Com os radicais formamos famíliasde palavras ao lado.

estrel - aestrel - ado estrel - atoestrel - ar estrel - ismo

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21Redação e Interpretação de Texto

510

15

202535

40

45

5055

60

30

cron metro(do grego chronos, tempo,e metro, medida)

cruciforme(do latim cruci, cruz.

e forme, forma)cronômetro

(do grego chronos, tempo,e metro, medida)

cruciforme(do latim cruci, cruz,

e forme, forma)

Obs.: A idéia de raiz é confundida às vezes com a de radical. O conceito de radical dizrespeito à gramática e, por isso, quando se trata de palavras derivadas de um mesmoradical, fala-se em família de palavras ou família etimológica. Já quando se trata de pala-vras que apresentam a mesma raiz, conceito histórico que interessa à etimologia, dize-mos que são palavras ou termos cognatos. Assim estrela, estrelar, estrelato, estrelismopertencem à mesma família de palavras, porque o radical estrel- é o mesmo. Já estrela,estelar, estrelado, estelante são termos cognatos porque provêm da mesma raiz latinastella.

Aqui você tem uma relação de radicais gregos e latinos para consulta:

RADICAIS DE ORIGEM GREGA

RADICAL SENTIDO EXEMPLO

acro alto acrofobia, acrobata

aero ar aerofagia, aeronáutica

agogo o que conduz pedagogo, demagogo

agro campo agronomia, agrovila

algia dor nevralgia, cefalalgia

andro homem andróide, andrógino

Page 22: Redação e interpretação de texto

22 Redação e Interpretação de Texto

anemo vento anemômetro, anemofilia

arqueo antigo arqueologia, arqueozóico

auto de, por si mesmo autobiografia, automóvel

baro peso, pressão barômetro, barógrafo

biblio livro biblioteca, bibliografia

bio vida biologia, biogênese

caco mau cacofonia, cacografar

cali belo caligrafia, calígrafo

cardio coração cardiologia, cardiovascular

cefalo cabeça cefalalgia, acéfalo

cino cão cinofilia, cinografia

cloro verde clorofila, cloroplasto

cosmo mundo cosmopolita, cosmonauta

cracia governo democracia, teocracia

cromo cor acromia, cromático

crono tempo cronômetro, cronologia

datilo dedo datilografia, datiloscopia

demo povo democracia, demagogia

derma(to) pele dermatologia, dermite

dinamo força dinamômetro, dinamometria

dromo (local de) corrida hipódromo, autódromo

eco casa ecologia, economia

etimo origem etimologia, etimológico

etno raça etnologia, etnocêntrico

fago que come antropófago, hematófago

filo amigo filosofia, filógino

fito vegetal fitófago, fitologia

flebo veia flebite, flebotomia

Page 23: Redação e interpretação de texto

23Redação e Interpretação de Texto

fobia medo ou aversão nosofobia, hidrofobia

fone som, voz fonética, telefone

foto luz fotofobia, fotômetro

gamia casamento bigamia, poligamia

gastro estômago gastrite, gastrologia

geo terra geologia, geometria

gino (gineco) mulher gineceu, ginecologia

grafia escrita ortografia, paleografia

helio sol heliocêntrico, heliolatria

hema (hemato) sangue hemorragia, hematofobia

hetero outro, diferente heterônimo, heterossexual

hidro água hidrografia, hidrômetro

hiero sagrado hierografia, hierograma

higro úmido higrômetro, higrometria

hipno sono hipnose, hipnotismo

hipo cavalo hipódromo, hipomania

homo mesmo, igual homógrafo, homossexual

icono imagem iconoclasta, iconografia

lito pedra litografia, litogravura

logo conhecimento, etnólogo, geólogo estudo, palavra

macro grande, longo macrocéfalo, macrobiótica

mega (megalo) grande megalomania, megalópole

metro medida cronômetro, termômetro

micro pequeno micróbio, microfilme

miso que tem aversão misogamia, misantropia

morfo forma morfologia, amorfo

necro morto necrologia, necrofobia

neo novo neologismo, neofobia

Page 24: Redação e interpretação de texto

24 Redação e Interpretação de Texto

noso doença nosologia, nosocômio

odonto dente odontologia, odontite

oftalmo olho oftalmologia, oftálmico

oligo pouco oligarquia, oligopólio

ornito pássaro ornitologia, ornitorrinco

orto direito, correto ortografia, ortopédico

pan tudo, todos pan-americano, panteísmo

pato doença, sentimento patologia, patonomia

peda criança pedagogia, pedagogo

piro fogo piromania, pirotécnico

pluto riqueza plutocracia, plutocrata

poli muitos polissílabo, politeísta

potamo rio hipopótamo, Mesopotâmia

proto primeiro protótipo, protomártir

pseudo falso pseudônimo, pseudofruto

psico alma psicologia, psicanálise

sofia sabedoria filosofia, filósofo

taqui rápido taquicardia, taquigrafia

teca coleção biblioteca, mapoteca

tecno arte, ciência tecnologia, tecnocrata

tele longe telefone, telescópio

teo deus teologia, teocracia

termo calor, temperatura termologia, termômetro

topo lugar topologia, toponímia

trofia desenvolvimento atrofia, hipertrofia

xeno estrangeiro xenofobia, xenomania

xero seco xerofilia, xerófito

zoo animal zoológico, zoologia

Page 25: Redação e interpretação de texto

25Redação e Interpretação de Texto

RADICAIS DE ORIGEM LATINA

RADICAL SENTIDO EXEMPLO

agri campo agricultor, agricultura

arbori árvore arborizar, arborícola

avi ave avicultura, avícola

beli guerra belicoso, beligerante

calori calor calorimetria, caloria

capiti cabeça decapitar, capital

cida que mata suicida, homicida

cola que cultiva ou habita vinícola, agrícola, silvícola

cruci cruz crucifixo, crucificar

cultura cultivar apicultura, piscicultura

curvi curvo curvilíneo, curvicórneo

equi, eqüi igual equivalente, eqüidade

fero que contém ou produz aurífero, mamífero

fico que faz ou produz benéfico, frigorífico

fide fé fidedigno, fidelidade

forme forma uniforme, biforme

frater irmão fraterno, fraternidade

fugo que foge centrífugo, lucífugo

gero que contém lanígero, belígero ou produz

loco lugar localizar, localidade

ludo jogo ludoterapia, lúdico

mater mãe materno, maternidade

morti morte mortífero, mortificar

multi muitos multinacional, multilateral

oni todo, tudo onipresente, onisciente

Page 26: Redação e interpretação de texto

26 Redação e Interpretação de Texto

paro que produz ovíparo, multíparo

pater pai paterno, paternidade

pede pé pedestre, bípede

pisci peixe piscicultura, piscoso

pluri vários plurianual, pluricelular

pluvi chuva pluvial, pluviômetro

puer criança pueril, puericultura

quadri quatro quadrilátero, quadrimotor

reti reto retilíneo, retiforme

sapo sabão saponáceo, saponificar

sesqui um e meio sesquicentenário

silva floresta silvícola, silvicultor

tauru touro taurino, tauromaquia

umbra sombra penumbra, umbroso

uxor esposa uxoricida, uxório

vermi verme vermífugo, verminose

voro que come carnívoro, herbívoro

paro que produz ovíparo, multíparo

pater pai paterno, paternidade

pede pé pedestre, bípede

pisci peixe piscicultura, piscoso

pluri vários plurianual, pluricelular

pluvi chuva pluvial, pluviômetro

puer criança pueril, puericultura

quadri quatro quadrilátero, quadrimotor

reti reto retilíneo, retiforme

sapo sabão saponáceo, saponificar

sesqui um e meio sesquicentenário

silva floresta silvícola, silvicultor

tauru touro taurino, tauromaquia

umbra sombra penumbra, umbroso

uxor esposa uxoricida, uxório

vermi verme vermífugo, verminose

voro que come carnívoro, herbívoro

5.2. AfixosSão elementos colocados antes (prefixos) ou depois (sufixos) dos radicais

para alterar-lhes o sentido básico.

EN + velh + ECER

prefixo radical sufixo

5.2.1. PrefixosLeia com atenção a relação de prefixos latinos, gregos e a correspondência

entre eles. Eles o ajudarão a resolver inúmeros problemas de vocabulário, comoa palavra imexível, que um ministro brasileiro inventou na década de 1990.

Page 27: Redação e interpretação de texto

27Redação e Interpretação de Texto

PREFIXOS DE ORIGEM LATINA

PREFIXO SENTIDO EXEMPLO

ab-, abs- afastamento, separação abdicar, abster

ad-, a- aproximação, direção adjunto, advogar, abeirar

ambi- duplicidade; ao redor ambidestro, ambiente

ante- anterioridade antebraço, antepor

bem-, bene- bem bendito, beneficente

bi-, bis- dois bienal, bisavô

circum- movimento em torno circunavegação, circunferência

cis- posição aquém cisalpino, cisplatino

com-, con-, proximidade combinação,contemporâneo

co- companhia co-autor

contra- oposição, ação contrária contradizer, contra-ataque

des-, dis- separação, negação desgraça, discordar

em-, en- movimento para dentro embarcar, enterrar

ex-, es-, e- movimento para fora exonerar, escorrer, emergir

extra- posição exterior, extra-oficial,fora de extraordinário

im-, in-, i- negação imberbe, infeliz, ilegal

infra- posição inferior, abaixo infra-assinado, infravermelho

inter-, entre- entre, posição intercalar, entrelaçarintermediária

intra-, intro-, in- posição interior, intravenoso, introvertidomovimento para dentro injeção

Page 28: Redação e interpretação de texto

28 Redação e Interpretação de Texto

justa- posição ao lado justapor, justalinear

mal-, male- mal malcriado, maledicente

ob-, o- posição em frente, objeto, oporoposição

pene-, pen- quase penumbra, península

per- movimento através percorrer, perambular

pos- posição posterior póstumo, postergar

pre- anterioridade prefácio, preconceito

preter- além de pretérito, preternatural

pro- movimento para frente projetar, procrastinar

re- movimento para trás, regredir, refazer, repetição

retro- movimento mais para trás retrocesso, retrospecto

semi- metade, quase semicírculo, seminu

soto-, sota- posição inferior sotopor, soto-capitão

sob-, so-, inferioridade, posição sobestar, soterrar,sub- abaixo subsolo

super-, posição superior super-homem,supra-, supracitado,sobre- sobreloja

trans- posição além de, transatlântico,através transamazônico

tri- três tricampeão, triângulo

ultra- posição além do limite, ultramarino,excesso ultravioleta

vis-, vice- substituição, visconde, vice-reitorno lugar de

Page 29: Redação e interpretação de texto

29Redação e Interpretação de Texto

PREFIXOS DE ORIGEM GREGA

PREFIXO SENTIDO EXEMPLO

a-, an- negação, privação ateu, anarquia

ana- inversão, repetição anástrofe, anáfora

anfi- duplicidade, dualidade anfíbio, anfiteatro

anti- ação contrária, oposição antiaéreo, antipatia

apo- afastamento, separação apogeu, apóstata

arque-, superioridade arcebispo, arquétipo,arqui-, arce- arquiduque

cata- movimento para baixo cataclismo, catarata

dia- movimento através diagonal, diâmetro

dis- dificuldade dispnéia, disenteria

e-, en- posição interna elipse, encéfalo

ec-, ex- posição exterior, eclipse, exorcismomovimento para fora

endo- posição interior endoscopia, endotérmico

epi- posição superior epitáfio, epiderme

eu- bem, bom eufonia, eufemismo

hemi- metade hemisfério, hemiciclo

hiper- excesso, posição hipertensão,superior hipertrofia

hipo- deficiência, posição hipodérmico, inferiorhipoteca

meta- mudança,transformação metamorfose,metáfora

para- ao lado de, proximidade paralelo, parágrafo

peri- em torno de perímetro, periscópio

pro- anterioridade prólogo, prognóstico

sin-, sim-, simultaneidade simpatia, sincrônicosi-

Page 30: Redação e interpretação de texto

30 Redação e Interpretação de Texto

CORRESPONDÊNCIA ENTRE PREFIXOS GREGOS E LATINOS

PREFIXO EXEMPLO PREFIXO EXEMPLOGREGO LATINO

a-, an- ateu, anarquia des-, in- desleal,infeliz

anfi- anfíbio ambi- ambidestro

anti- antiaéreo contra- contradizer

apo- apogeu ab-, abs- abdicar, abster

dia- diâmetro per- percorrer

e-, en- elipse, encéfalo in- injeção

ec-, ex- eclipse, ex- exonerarexorcismo

endo- endoscopia intra-, intro- intravenoso,introvertido

epi- epiderme super- supercílio

eu- eufonia bem-, bene- bendito,beneficente

hemi- hemisfério semi- semicírculo

hiper- hipertensão super- supersensível

hipo- hipodérmico sub- subsolo

meta- metamorfose trans- transformar

para- paralelo ad- adjunto

peri- perímetro circum- circunferência

pro- prólogo pre- prefácio

sin- sincrônico con- contemporâneo

Page 31: Redação e interpretação de texto

31Redação e Interpretação de Texto

5.2.2. SufixosPRINCIPAIS SUFIXOS NOMINAIS

Sufixos de valor aumentativo

-ão: paredão, salão-alhão: dramalhão, grandalhão-aço, aça: ricaço, barcaça-eirão: vozeirão, boqueirão-anzil: corpanzil-arra: bocarra-ázio: copázio-aréu: fogaréu, povaréu-(z)arrão: homenzarrão

Sufixos de valor diminutivo

-inho: lapisinho, piresinho-zinho: cãozinho, pãozinho-acho: riacho-icha: barbicha-ebre: casebre-eco: livreco-ejo: lugarejo-isco: chuvisco-ulo, -culo (diminutivos eruditos):glóbulo, grânulo, versículo, partícula

Sufixos que formam substantivos a partir de outros substantivos

-ada: boiada -aria: livraria-ado: doutorado -eiro: barbeiro-agem: folhagem -ia: advocacia

Sufixos que formam substantivos a partir de adjetivos

-dade: lealdade -ice: velhice-ez: insensatez -ície: calvície-eza: magreza -ura: doçura-ia: alegria

Sufixos que formam substantivos a partir de verbos

-ança: vingança -são: extensão-ância: tolerância -douro: babadouro-ante: estudante -tório: lavatório-ente: combatente -ura: formatura-dor: jogador -mento: ferimento-ação: exportação

Page 32: Redação e interpretação de texto

32 Redação e Interpretação de Texto

tema

Sufixos que formam adjetivos a partir de substantivos-aco: austríaco -ês, -esa: norueguês, norueguesa-ado: barbado -estre: campestre-ar: escolar -oso: horroroso-ano: corintiano

Sufixos que formam adjetivos a partir de verbos-ante: tolerante -ivo: pensativo-ente: resistente -iço: quebradiço-inte: constituinte -ouro: duradouro-vel: amável -ório: preparatório

Outros sufixos nominais-ismo: realismo, subjetivismo, idealismo-ista: realista, subjetivista, idealista

Alguns sufixos verbais-ear: folhear-ejar: gotejar-icar: bebericar-itar: saltitar-izar: utilizar-ecer, -escer: amanhecer, florescer

5.3. DesinênciasSão elementos que aparecem na parte final das palavras para indicar as di-

versas variações que elas podem apresentar.a) desinências nominais: indicam o gênero (masculino/feminino) e o número

(singular/plural) das palavras.

gat - o // gat - agat - o - s // gat - a - s

b) desinências verbais: indicam as flexões verbais em número (singular/plural);pessoa (1ª, 2ª ou 3ª), modo (indicativo/subjuntivo/imperativo) e tempo (pre-sente/passado/futuro).

Page 33: Redação e interpretação de texto

33Redação e Interpretação de Texto

tema

tema

Vivêssemosviv- radical

-ê- vogal temática

-sse- desinência de modo subjuntivo e de tempopretérito imperfeito

-mos desinência de 1ª pessoa do plural

5.4. Vogal Temática e TemaSão as vogais A, E e I usadas para indicar a conjugação a que o verbo pertence.O radical acrescido à vogal temática recebe o nome de tema.

Beberemosbeb- radical

-e- vogal temática

-re- desinência de modo indicativo e tempo futuro do presente

-mos- desinência de 1ª pessoa do plural

5.5. Vogais e Consoantes de LigaçãoSão vogais ou consoantes colocadas entre dois elementos mórficos apenas

para facilitar a pronúncia. Elas não têm nenhuma significação.

pau-l-ada gas-ô-metro normal-i-dade

O conhecimento dos elementos constitutivos das palavras é útil não só parareconhecer-lhes o significado, mas também para que possamos realizar, cons-cientemente, a composição de novas palavras num trabalho dinâmico e criativocom a língua.

Toda vez que, em virtude de avanços tecnológicos ou por necessidadeestética, um cientista ou um artista precisa criar novas palavras, é lançandomão dos elementos por nós estudados e é criado o que se denomina neolo-gismo.

São exemplos de neologismos na área técnica: xerografia, datiloscopia, tele-visão. Em criação estética, os neologismos abundam em Caetano Veloso(desanoitece a manhã, sexonhei, ciumortevida), Oswald de Andrade(bandeiranacionalizar), entre tantos outros.

Page 34: Redação e interpretação de texto

34 Redação e Interpretação de Texto

5.6. Exercícios1 Forme uma família de palavras a partir do radical da palavra chave.2 Dê termos cognatos da palavra anjo.3 Indentifique os elementos mórficos de:

a) parisienseb) deslealdadec) reencontramos

4 Identifique os elementos que deram origem aos neologismos: bibliófago,sapofobia.

5 Como Caetano Veloso, forme neologismos a partir de:projeto + jeitinho = feliz + cidadania =fruto + futuro = país + paraíso =

6. Processos de Formação de PalavrasEm português existem dois processos principais de formação de palavras –

a derivação e a composição – e dois secundários – o hibridismo e a onomato-péia.

Para diferenciar bem esses processos, é preciso fazer a distinção entre trêstipos de palavras:1 – palavra primitiva: aquela que não nasce de outra e dá origem a muitas ou-

tras: vender, poema, espelho;2 – palavra derivada: aquela que é formada a partir de outra já existente: reven-

der, poemeto, espelhado;3 – palavra composta: aquela formada a partir de duas ou mais palavras: poe-

ma-processo, pontapé, azul-claro, pernilongo.

6.1. DerivaçãoÉ o processo pelo qual a palavra derivada forma-se a partir de uma única

palavra já existente, a primitiva. A derivação pode ser: prefixal, sufixal, parassin-tética, regressiva e imprópria.

a) prefixal: quando se acrescenta um prefixo grego ou latino à palavra primi-tiva.

SUPER + população = superpopulação

Page 35: Redação e interpretação de texto

35Redação e Interpretação de Texto

Disfarçamos os “já” paraparecerem “ainda”.

Cabeleireiro

b) sufixal: quando se acrescenta um sufixo à palavra primitiva.cruz + EIRO = cruzeirosutil + EZA = sutilezaamor + OSO = amoroso

c) parassintética: quando se acrescentam, ao mesmo tempo, um prefixo e umsufixo.

DES + alma + ADO = desalmadoEN + rico + ECER = enriquecerEN + velh + ECER = envelhecer

Observe que as palavras almado e riquecer não existem. Se existissem, aderivação seria prefixal e sufixal ao mesmo tempo, como em infelizmente.

d) regressiva: quando a palavra primitiva sofre uma redução. Esse processodá origem, sobretudo, a substantivos abstratos a partir de verbos.

venda (vender)arremate (arrematar)castigo (castigar)

e) imprópria: a palavra primitiva não sofre modificação alguma, apenas mudade classe gramatical.

Neste texto, os advérbios destacados transformaram-se, respectivamente,em substantivo e adjetivo.

Page 36: Redação e interpretação de texto

36 Redação e Interpretação de Texto

O mais comum, neste tipo de derivação, é a mudança de verbos, adjetivos,advérbios e conjunções para substantivos.

6.2. ComposiçãoÉ o processo pelo qual uma palavra é formada pela junção de dois ou mais

radicais. Há dois tipos de composição:a) por justaposição: quando os dois radicais se juntam sem sofrer nenhuma

modificação.girassol (gira + sol), pé-de-moleque (pé + de + moleque)b) por aglutinação: quando os radicais sofrem modificações (perdem um ou

mais fonemas, o que acarreta uma modificação na pronúncia).vinagre = (vinho + acre), aguardente = (água + ardente),fidalgo = (filho + de + algo), embora = (em + boa + hora)

6.3. HibridismoNa constituição da palavra entram radicais pertencentes a idiomas diferentes.

abreu + grafia (português + grego)auto + móvel (grego + latim)alcoó + latra (árabe + grego)

6.4. OnomatopéiaA palavra surge da tentativa de reproduzir sons: tique-taque, zunzum, zás-

trás, pingue-pongue.

6.5. Exercícios1 Numere a segunda e a terceira coluna de acordo com a primeira:

(1) composição por justaposição ( ) entrever ( ) vaivém(2) composição por aglutinação ( ) fornalha ( ) a pesca(3) derivação prefixal ( ) soterrar ( ) cricrilar(4) derivação sufixal ( ) zincografia ( ) lobisomem(5) derivação parassintética ( ) palidez ( ) um talvez(6) derivação regressiva ( ) cocoricar ( ) o porquê(7) derivação imprópria ( ) bem-te-vi ( ) o ajuste(8) onomatopéia ( ) amoral ( ) cabisbaixo(9) hibridismo ( ) enlouquecer ( ) televisão

Page 37: Redação e interpretação de texto

37Redação e Interpretação de Texto

2 Forme palavras por parassíntese a partir de:moldura ricoesposa magropodre beleza

3 Por derivação sufixal, forme substantivos a partir de:aprendiz galinhagrito cardealboi lama

4 Forme vocábulos com os seguintes prefixos latinos e gregos:ambi hemides periultra anti

7. Questões de Vestibular1 (Fuvest-SP) Dentre as seguintes opções, indique aquela que contenha so-

mente termos de origem tupi:a) buquê, índio, taquara d) xampu, macumba, sacib) arara, quiabo, micróbio e) mandioca, cipó, perobac) arar, futebol, fubá

2 (UF-GO) Leia com atenção os fragmentos abaixo:Texto ABEATRIZNão tive o prazer de vê-la no último baile do Cassino. Esteve ravissant,esplendide. O high-life do Rio de Janeiro estava representado em tudo quan-to possui de mais recherché! O salão iluminado a giomo, e a last fashionexibia os seus mais belos esplendores.

(Júnior França, Caiu o Ministério, p. 62.)

Texto BHengesystems venderá notebook da Everex.A Everex possui em sua linha de produtos computadores pessoais e profis-sionais de 16 e 32 bits, unidades para cópias de segurança em Digital AudioTape (DAT), placas para fax, modems, impressoras a laser, scanners e pla-cas de rede local nos padrões Token Ring, Ethernet e Arcnet.

(Folha de S. Paulo. S. Paulo, ed. de 2/10/1991, p. 3.)

Page 38: Redação e interpretação de texto

38 Redação e Interpretação de Texto

Nos textos A e B existem vocábulos estrangeiros. Em relação a eles, pode-se afirmar que:01. os contatos lingüísticos são fenômenos comuns entre sociedades quemantêm intercâmbios políticos e econômicos. O uso dos vocábulos estran-geiros reflete esses intercâmbios;02. a língua portuguesa do Brasil, por refletir uma realidade social, cultural eeconômica restrita, muitas vezes necessita usar palavras estrangeiras toma-das como empréstimo;04. os vários vocábulos estrangeiros que aparecem na língua portuguesa doBrasil, como acontece no texto A, mostram que quem os utiliza pertence auma determinada elite da sociedade;08. enquanto no texto B os vocábulos estrangeiros revelam uma linguagemobjetiva, visando antes de tudo à informação; no texto A, eles expressamaspectos sociais e subjetivos do discurso da personagem;16. no texto B, a utilização de vocábulos estrangeiros reflete uma linguagemespecializada e própria de uma determinada tecnologia;32. o texto B evidencia que, entre Brasil e Estados Unidos (país pobre x país rico),os vocábulos estrangeiros são adotados tomando como modelo uma convençãolingüística universal, exigida pelo desenvolvimento de uma certa tecnologia.

Soma

3 (GV-RJ) Assinale o item em que há erro quanto à análise da forma verbal:a) cant- — radicalb) -a- — vogal temáticac) canta- — temad) -va- — desinência de pretérito imperfeito do subjuntivoe) -mos — desinência de 1ª pessoa do plural

4 (Mackenzie) Assinale a alternativa, em que ambas as palavras, além do ra-dical, contêm três tipos distintos de elementos mórficos:a) felicidade — repousava d) tristeza — branqueavab) emigrava — guerreiros e) recordações — levandoc) requeimou — selvagem

5 (Fund. E.C. Álvares Penteado) Assinale a alternativa correta, relativamenteaos elementos mórficos da forma verbal “formularíeis”:

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39Redação e Interpretação de Texto

a) A vogal temática é zero.b) Não existe tema.c) A desinência modo-temporal é “ríei”.d) A desinência número-temporal é “s”.e) A desinência número-pessoal é “is”.

6 (UF-MG) Marque a alternativa correta na divisão dos elementos mórficos daforma verbal:a) entreg-á-sse-mos c) entregá-sse-mo-sb) en-tre-gás-se-mos d) entreg-á-sse-mo-s

7 (ITA-SP) Os vocábulos pertencentes à mesma família de pueril são:a) parco, pouco d) esmerado, apuradob) putrefato, fétido e) n.d.a.c) atencioso, civilizado

8 (UF-SC) Assinale a alternativa em que o elemento mórfico em destaque estácorretamente analisado:a) menina (-a): desinência nominal de gênerob) vendeste (-e-): vogal de ligaçãoc) gasômetro (-ô): vogal temática da 2ª conjugaçãod) amassem (-sse-): desinência de 2ª pessoa do plurale) cantaríeis (-is): desinência do imperfeito do subjuntivo

9 (UF-PA) Todos os vocábulos são cognatos:a) dourado, auricular, ourives, inimigob) amor, amável, amigo, inimigoc) face, fácil, facilitar, difícild) mudança, mudar, emudecer, imutávele) café, cafeteira, cafezinho, cafajeste

10 UF-ES) A denominação do elemento mórfico -e- de “vendêssemos” é:a) vogal de ligaçãob) temac) desinência modo-temporald) vogal temáticae) desinência número-pessoal

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40 Redação e Interpretação de Texto

11 (UN-RJ) Assinale o vocábulo cujo prefixo não tem valor negativo:a) incertezas d) independênciab) indiferente e) incultoc) impregnado

12 (Cesesp-PE) Em qual das alternativas abaixo o sufixo exprime idéia de agente?a) imperial d) vencedorb) gloriosa e) abdicaçãoc) horrível

13 UF-SC) Analise as alternativas e assinale as CORRETAS. Em seguida, someos valores.01. A palavra “acompanhávamos” é constituída dos seguintes elementos sig-nificativos:a) sufixo d) temab) radical e) desinência modo-temporalc) vogal temática f) desinência número-pessoal02. As palavras “gloriosas” e “descobrir” são formadas, respectivamente,por derivação sufixal e derivação prefixal.04. A partir da palavra “barco” é possível derivar outras como: barcaça, bar-quinhos, embarcação, barqueiro, embarcar, embarcado etc., que constituemuma família etimológica.08. Em “E isso ainda é maior que descobrir a América” há 2 (dois) substanti-vos e 2 (dois) pronomes.16. A flexão de número da frase “Qualquer navegador que se aventura àmercê dos ventos é um herói incansável” é: “Quaisquer navegadores que seaventuram à mercê dos ventos é um herói incansável”.32. Leia, observando a flexão do verbo:a) A infância aprende por símbolos.b) A infância aprenderá por símbolos.c) Talvez a infância aprenda por símbolos.O verbo das frases acima está flexionado, pela ordem, no presente doindicativo, no futuro do presente do indicativo e no presente do subjuntivo.

Soma

14 (UNISINOS-RS) Sabendo que o radical grego algos (dor) aparece na formaalgia em palavras portuguesas, o item em que a explicação não confere como significado do vocábulo dado é:

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41Redação e Interpretação de Texto

a) otalgia — dor no olho d) hepatalgia — dor no fígadob) gastralgia — dor no estômago e) cistalgia — dor na bexigac) odontalgia — dor de dente

15 (UN-Uberlândia) Se você quisesse, com a palavra “alpino”, formar um vo-cábulo que significasse “aquém dos Alpes”, qual dos prefixos abaixo esco-lheria?a) ante- c) extra- e) cis-b) trans- d) tras-

(Mapofei) Questões de 16 a 20: Lista de significações:

água - horror boa - nova longe-ver povo - governo

alma - cura criança - conduzir longe-voz sinal - portador

alma - estudo estrangeiro - horror mundo - origem tempo - medida

amigo - sabedoria força - medida pequeno - ver terra - estudo

Escolha, na lista acima, o par de palavras que traduzam os radicais das pa-lavras seguintes, conforme o modelo:Modelo: clorofila — Resposta: verde-folha16 a) cronômetro b) microscópio17 a) democracia b) xenofobia18 a) psicoterapia b) cosmogonia19 a) semáforo b) evangelho20 a) pedagogo b) telefone

Respostas:16 a) b) 17 a) b) 18 a) b) 19 a) b) 20 a) b)

21 (UF-SC) Assinale somente as alternativas CORRETAS:01. As palavras leite, leitar, lactente, leitão, aleitamento e eleitorado per-tencem à mesma família etimológica, isto é, são formadas a partir de umaúnica raiz.

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42 Redação e Interpretação de Texto

02. Em redondezas há prefixo e sufixo.04. Na palavra incoerência, o prefixo in- significa privação, negação; mas napalavra informar, o prefixo in- significa movimento para dentro.08. Em “Quem não entende este esdrúxulo dialeto chamado economês éincapaz de deter-se nas páginas de economia dos jornais”, as palavras su-blinhadas são todas primitivas.

Soma

22 (UN-MA) Em palavras como intravenoso e intrapulmonar encontra-se o pre-fixo intra.A seu respeito, podemos afirmar:a) são de origem latina e dão idéia de posição interior.b) são de origem grega e dão idéia de movimento para dentro.c) são de origem latina e dão idéia de movimento para dentro.d) são de origem grega e dão idéia de posição interior.

23 (UF-SC) Marque as opções VERDADEIRAS em relação ao significado dossufixos e, depois, some os valores que lhes são atribuídos:01. -NO: origem, naturalidade: alagoano, sergipano.02. -ANÇA: ação, qualidade, estado: cobrança, festança.04. -IA: profissão, agente: economia, trigonometria.08. -ITE: inflamação: gastrite, apendicite.16. -UCHO: aumentativo: gorducho, papelucho.32. -ÁRIO: lugar onde se guarda algo: vestiário, herbário.

Soma

24 (UF-AC) Assinale a caracterização correta de “cita” na forma verbal “citava”:a) raiz d) radical secundáriob) radical e) desinênciac) tema

25 (UF-MG) No enunciado “Como a gente pode sacudir fora a capa, deitar aofosso as lantejoulas, despregar-se, despintar-se, desafeitar-se, confessarlisamente o que foi e o que deixou de ser!”, há recorrência do sentido dasexpressões “sacudir fora a capa” e “deitar ao fosso as lantejoulas” nas for-mas verbais “despregar-se”, “despintar-se” e “desafeitar-se”.

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43Redação e Interpretação de Texto

Qual morfema é responsável por isto?a) prefixo d) raizb) sufixo e) vogal temáticac) radical

26 (UF-SC) Assinale as alternativas CORRETAS. Depois, some os valores atri-buídos:01. As palavras reivindicatório, sonolência e modéstia são acentuadas combase na mesma regra.02. As palavras pontapé, embora e roda-gigante são formadas por composi-ção.04. Em “Ele disse que não poderia me dar aumento porque eu passaria aganhar mais que os colegas”, há 3 (três) verbos flexionados.08. A partir da palavra triste, podemos derivar outras como: tristeza, entriste-cer, tristemente etc., que constituem uma família etimológica.16. A palavra revisar não tem prefixo.

Soma

27 (UN-AM) Assinale a alternativa em que o elemento mórfico em destaqueestá corretamente analisado:a) paulada (-l-): consoante de ligaçãob) cantássemos (-mos): desinência verbal de 2ª pessoa e de número pluralc) velho (-o-): desinência verbal, indicando gênerod) amássemos (-sse-): desinência verbal de modo indicativo e de tempo

perfeito

28 (UF-CE) Das alternativas abaixo, indique a que apresenta uma palavra ade-quadamente segmentada quanto aos seus constituintes:a) passara — pass (Radical) + a (Vogal de ligação) + ra (Desinência modo-

temporal)b) espiava — es (Prefixo) + pi (Raiz) + a (Vogal temática) + va (Desinência

modo-temporal)c) vencedor — venc (Radical) + ed (Sufixo) + or (Sufixo)d) conheceu — conhec (Radical) + e (Vogal temática) + u (Desinência modo-

temporal)e) mandaria — mand (Radical) + a (Vogal temática) + ria (Desinência modo-

temporal)

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44 Redação e Interpretação de Texto

29 (UF-PIAUÍ) O vocábulo ostentando apresenta em sua estrutura os seguin-tes elementos mórficos:a) o radical ostenta- e o prefixo -ndob) o radical ostenta-, o tema ostent- e a desinência -ndoc) o prefixo os-, o radical tent-, a vogal temática -a e a desinência -ndod) o radical -ndo, o tema ostent- e a vogal temática -ae o radical ostent-, a vogal temática -a, o tema ostenta- e a desinência -ndo

30 (UF-SC) Assinale as alternativas VERDADEIRAS e some os valores:01. Na palavra cidadezinhas há diversos elementos mórficos, sendo radicaiscidad- e -inh-.02. Em funcionário e destacamento ocorrem prefixos.04. A palavra motonáutica é composta, pois tem 2 (dois) radicais.08. Nos verbos enviamos e buscam, os elementos -mos e -m são desinênciasnúmero-pessoais.16. As palavras amável, agradável e louvável pertencem à mesma família.Diz-se que são cognatas.

Soma

31 (UF-SC) Assinale as alternativas CORRETAS e some os valores correspon-dentes:01. A palavra rebater é composta, pois tem dois radicais: “re” e “bater”.02. Camponês e português são palavras formadas por derivação sufixal.04. Boiadeiro e seringueiro pertencem à mesma família etimológica, isto é,são cognatos.08. Na frase Aquele jogadorzinho fez um gol, finalmente!, o sufixo -inho, emjogadorzinho, expressa carinho, como em filhinho.

Soma

32 (UE-CE) Assinale a opção constituída apenas por palavras formadas porsufixação:a) agulha, diplomata, costureirab) silencioso, insuportável, saletac) ordinário, orgulhoso, caminhod) costureira, silencioso, saleta

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45Redação e Interpretação de Texto

33 (ES-Uberaba/MG) Todos os verbos seguintes são formados por parassíntese(derivação parassintética), EXCETO:

a) endireitar d) desvalorizarb) adormentar e) soterrarc) enlouquecer

34 (UF-AC) As palavras cabisbaixo, dança, vaivém e cabocla são respectiva-mente:a) derivada, primitiva, derivada, primitivab) composta, primitiva, composta, compostac) derivada, derivada, primitiva, compostad) composta, derivada, composta, primitivae) composta, derivada, primitiva, derivada

35 (Un. Brasília) Assinale o item em que haja um prefixo latino e outro grego demesma significação:

a) ex-, após- d) com-, syn- (sin-)b) pene-, peri- e) bis-, dys- (dis-)c) ob-, aná-

36 (UF-CE) O prefixo de uma das palavras abaixo tem o sentido de quase.Marque-a:

a) península c) perímetrob) eufonia d) epiderme

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46 Redação e Interpretação de Texto

No capítulo anterior, vimos que o apa-recimento e a evolução da língua portuguesa refletiram a inter-relação, a comu-nicação e a interação entre vários povos e, portanto, várias culturas, mostrandoo português como resultado de um processo que está longe de terminar.

Houve toda essa evolução porque o homem é um ser social e, portanto, temnecessidade de comunicar-se.

Comunicação é (e sempre foi) a prática cotidiana das relações sociais. Domomento em que se levanta até a hora de adormecer, o homem emite e recebeuma série de mensagens, transmitidas por meio dos mais diferentes códigos.Essas mensagens falam sobre algo, referem-se a um contexto ou situação e,para sua transmissão, necessitam de um canal de comunicação.

1. Os Elementos da ComunicaçãoSeis são os elementos da comunicação: emissor, receptor, referente, mensa-

gem, código e canal.

a) Emissor é aquele que emite a mensagem, pode ser um indivíduo, grupo, em-presa, computador etc.

b) Receptor é aquele que recebe a mensagem e, também, pode ser um indiví-duo, grupo, empresa, computador etc.

c) Mensagem é o objeto da comunicação, o conteúdo das informações trans-mitidas.

d) Código é o conjunto de signos e regras de combinação destes signos. É impor-tante saber que a língua portuguesa, ou qualquer outra, é um dos códigospossíveis. Existem outros tipos de linguagem: a cromática, a musical, aarquitetônica etc.

e) Canal é o meio físico, o suporte, pelo qual a mensagem se propaga; é a via decirculação das mensagens.

Linguagem & Comunicação

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47Redação e Interpretação de Texto

f) Referente é constituído pelo contexto, pela situação e pelos objetos reais aosquais a mensagem se refere.

O conhecimento dos elementos da comunicação assegura a eficácia da men-sagem. Um exemplo é o editor de livros do tipo best seller : porque conhece ogosto do seu receptor, ele só publica textos cujas mensagens o atinjam plena-mente, garantindo assim seus lucros. Ou o publicitário, que produz sua mensa-gem só após a definição e o estudo detalhados do seu público e a divulga nocanal que lhe é mais propício (rádio, televisão, jornal, outdoor etc.).

Na interação entre emissor e receptor, há três situações possíveis:

a) interação face a face: aquela que ocorre num contexto em que os interlo-cutores partilham o mesmo espaço e tempo, isto é, emissor e receptor dialo-gam, alternam seus papéis. Além de dialógica (baseada no diálogo), esta for-ma de comunicação é multicanal, pois além do verbal intervêm roupas, pos-tura, gestos, distâncias, olhares etc.

b) interação mediada: também dialógica, é a que implica o uso de um meiotécnico e possibilita a suplantação do eu – tu – aqui – agora em direção aindividuos situados em outro espaço e, às vezes, outro tempo. É o caso daconversa telefônica, do chat, da carta, do e-mail.

c) quase-interação mediada: é aquela em que se situa a comunicação de mas-sa. Distingue-se das anteriores por:• dirigir-se a um número indefinido de receptores potenciais;• ser monológica (não há diálogo, o fluxo de comunicação é, predominantemen-

te, de sentido único) e divulgar mensagens (jornais, revistas, propagandas etc.).

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48 Redação e Interpretação de Texto

Como emissor de mensagens, você deve ter sempre presente este esquemae lembrar-se de que sua comunicação será tanto mais eficaz quanto mais seobservarem as seguintes condições:1 – conheça, com razoável profundidade, aquilo sobre o que vai falar (leia,

pesquise, discuta);2 – conheça seu receptor para adequar a mensagem a ele;3 – conheça e domine as possibilidades e as regras do código por meio do qual

você vai se expressar;4 – escolha o canal mais eficiente para enviar sua mensagem.

No entanto, nem toda comunicação é perfeita. A mensagem pode não serabsorvida pelo receptor por conter algum tipo de ruído. Ruído é toda e qualquerperturbação que afete a comunicação e pode parasitar qualquer um dos seiselementos da comunicação.

Um emissor com problemas de fonação pode tornar sua mensageminintelegível; problemas de surdez ou semi-analfabetismo do receptor podemtornar a mensagem inócua. Décio Pignatari relata, em seu livro Informação. Lin-guagem. Comunicação, “um exemplo de ruído grave na imprensa: uma peque-na manchete em O Estado de S.Paulo, de 30/7/1966:

Bertioga vai ser eliminada. Felizmente, para os habitantes daquele município, tratava-se de um plano de

iluminação...”.

Referente(situação, contexto,

objeto)

Emissor(quem emite)

Mensagem(informações transmitidas)

Receptor(quem recebe)

Canal(meio físico para a transmissão da mensagem)

Código(conjunto de signos)

Esquematizando os elementos da comunicação, temos:

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49Redação e Interpretação de Texto

Para combater esses problemas, existe a redundância. É redundante aqueleelemento que não traz informação nova à mensagem, mas garante sua eficácia.Por exemplo, se meu receptor é parcialmente surdo, elevarei meu tom de voz paraque a mensagem seja recebida (redundância sonora). Para reforçar a mensagem,farei acompanhar meu discurso de gestos enfáticos (redundância gestual). Se,em vez de Chegamos, eu disser Nós chegamos, a redundância será sintática,pois em chegamos a desinência -mos já indica tratar-se de 1a pessoa do plural.

Devemos salientar, no entanto, que a redundância tem seu lado negativo quan-do exagerada. Neste caso, ela não garante a eficácia da mensagem e passa aser um sério problema para a organização de textos, pois o torna prolixo,repetitivo. Observe a frase:

A viúva do falecido escritor compareceu à solenidade. (Se é viúva, só podeser do falecido!)

1.1. Exercícios1 Nos seguintes textos, identifique os elementos da comunicação:

Coração mais forte com vitamina EDoses suplementares de vitamina E, tomadas diariamente, podem aparente-mente diminuir o risco de doenças cardíacas nos pacientes de meia idade. Duaspesquisas feitas pela Escola de Saúde Pública de Harvard, nos Estados Unidos,estudaram os hábitos de enfermeiras e médicos durante um período de quatroa oito anos. Descobriram que quem tomou suplementos de vitamina E, emqualquer quantidade, por pelo menos dois anos, teve um risco de ataque cardí-aco 40% menor do que aqueles que consumiam a vitamina só na dieta. A expli-cação está no poder antioxidante da vitamina E. Problemas cardíacos, catarata,artrite e outras doenças associadas à idade podem ser resultados das reaçõesde oxidação no organismo. A vitamina E, encontrada em óleos vegetais, marga-rina e cereais, é o principal antioxidante do corpo.

(Superinteressante, julho/93, pág. 7)

emissor: mensagem:

referente: canal:

receptor: código:

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50 Redação e Interpretação de Texto

2 Qual é o tipo de código utilizado para transmitir as seguintes mensagens?a) b) c)

d) Amo, logo insisto.

2. Alguns Conceitos ÚteisPara prosseguirmos, é importante que se fixem alguns conceitos que serão

retomados ao longo deste trabalho.A comunicação se dá por intermédio da linguagem, que é um sistema de

signos socializados. Há a linguagem não-verbal (musical, corporal, arquitetural,cromática...) e a linguagem verbal.

As línguas (linguagem verbal) são casos particulares do fenômeno geral dalinguagem e constituem um sistema de signos vocais específicos aos membrosde uma mesma comunidade.

O lingüista Ferdinand de Saussure comparou a língua a um dicionário que seoferece de maneira idêntica a todos os seus consulentes. No entanto, cadaconsulente fará um uso pessoal desse dicionário, escolhendo na língua os mei-os de que necessita para se comunicar. É o que ele chama de fala. Fala é, pois,a realização individual que cada pessoa faz da língua.

Neste uso particular da língua, que é a fala, agimos segundo dois processosde associação: o da seleção (associação por similaridade) e o da combinação(associação por contigüidade). Esses dois processos formam dois eixos: o pa-radigmático e o sintagmático. Um se encarrega da seleção e o outro da combi-nação, respectivamente. Quando, por exemplo, associamos veludo à pelagemde um gato, estamos operando por similaridade e quando, ao ver um rato, noslembramos do gato, estamos fazendo uma associação por contigüidade.

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51Redação e Interpretação de Texto

Esses dois eixos estão presentes em todos os momentos da nossa vida; vejaum exemplo de linguagem não-verbal. Em vista de um determinado efeito quequero causar, procuro no meu guarda-roupa as peças que irei vestir (seleção),em seguida combino essas roupas entre si para montar o resultado final: osintagma do vestuário.

Esses mesmos processos ocorrem na linguagem verbal com os signos. Sig-no é aquilo que representa algo. Todos nos acostumamos, desde crianças, aligar certa combinação de sons a um objeto. Essa associação se dá por conti-güidade; vejamos por quê.

O signo tem duas faces indissociáveis: o significante — elemento material,perceptível (o som que se ouve, a letra que se vê impressa) — e o significado —elemento conceptual, não perceptível, do signo. Exemplificando, tomemos apalavra bola:

Referente(objeto)

Signo(aquilo que representa o objeto)

SIGNIFICANTEsom [ b⊃la]letras b o l a

Bola SIGNIFICADO: “qualquer corpo esférico;esfera de borracha, couro etc. parabrincadeira ou esporte.”

Na maior parte dos signos lingüísticos, a relação entre significante e significa-do é arbitrária (não há qualquer relação entre a representação gráfica ou som debola e o objeto designado).

Alguns signos, no entanto, são razoavelmente motivados: é o caso dasonomatopéias, que tentam imitar um determinado som: tique-taque, cocoricar,zunzum etc. Neste caso, tem-se uma associação por similaridade.

O mesmo acontece com a linguagem poética quando, a partir de um trabalhocom o significante, tenta-se fazer com que o signo represente o próprio objetoou a idéia dele.

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vai e vem

e e

vem e vai (José Lino Grünewald)

Neste texto, a forma remete à idéia de ir e vir contínuo porque possibilitauma leitura ad infinitum, isto é, o significante desenha e reforça o significado.Foi isso que o lingüista Roman Jakobson descobriu: a linguagem apresenta eexerce a função poética quando o eixo da similaridade se projeta sobre o eixoda contigüidade. Mas trataremos disso no capítulo específico sobre lingua-gem poética.

2.1. Exercícios

1 Leia o seguinte texto, depois responda às questões:“A língua é um conjunto de sinais que exprimem idéias, sistema de ações emeio pelo qual uma dada sociedade concebe e expressa o mundo que a cerca,é a utilização social da faculdade da linguagem. Criação da sociedade, nãopode ser imutável; ao contrário, tem de viver em perpétua evolução, paralela àdo organismo social que a criou.Em sua história, o indivíduo desempenha papel modesto. É, porém, na execu-ção individual que a língua se concretiza. E, como cada indivíduo tem em sium ideal lingüístico, procura extrair do sistema idiomático de que se serve asformas de enunciado que melhor lhe exprimam o gosto e o pensamento. Essaescolha é de regra uma operação artística. É a fala individual, o estilo, o pró-prio indivíduo a expressar suas alegrias e suas angústias”.

Celso Cunha, Uma política do idioma.

a) Língua e fala são fenômenos idênticos?b) O que é língua?c) A língua é imutável? Por quê?d) Onde a língua se concretiza?e) O que é a fala?

2 Explique os processos que o técnico utiliza para convocar a seleção brasileirade futebol.

3 O que é signo? Dê um exemplo.

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53Redação e Interpretação de Texto

4 Um signo lingüístico é composto de duas faces indissociáveis, quais são elas?Defina-as.

3. As Funções da Linguagem

Todos nós, quando organizamos nossos discursos, efetuamos duas opera-ções: a seleção e a combinação. Escolhemos, dentre todas as possibilidadesque a língua oferece — em termos lexicais, sintáticos, semânticos —, os ele-mentos que nos interessam e os combinamos em vista de transmitir, com deter-minada intenção, um certo conteúdo, ou seja, os signos articulam-se de ummodo específico segundo a função para a qual se destinam.

Segundo o lingüista Roman Jakobson, seis são as funções da linguagem:referencial, emotiva, conativa, fática, poética e metalingüística.

3.1. Função ReferencialAntes de falar em função referencial, é necessário distinguir a linguagem

denotativa da conotativa.

A conotação é também conhecida como linguagem figurada, aquela que fazuso de todo o arsenal retórico de que a língua dispõe como forma de expressão.Por exemplo:

Queroafogar-me

no azuldo teu olhar

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54 Redação e Interpretação de Texto

Houve, aqui, a associação por similaridade azul/água e daí ver/afogar-se(apaixonar-se). Assim um signo “emprestou” sua significação a outro, o que éa base da metáfora, figura que estudaremos nos próximos capítulos. Aconotação é, portanto, a alteração criativa e pessoal do significado cristaliza-do das palavras.

O outro nível de linguagem, a denotação, realiza uma aproximação direta en-tre o termo e o objeto, isto é, utiliza a palavra em seu sentido literal, de dicioná-rio. Por exemplo:

Quase me afoguei no mar.

Nessa frase, percebemos que afogar está sendo usado em seu sentido pró-prio: matar-se ou morrer por asfixia na água. E mar também: massa de águasalgada. A denotação é, pois, a base da função referencial.

Nela, os signos organizam-se em função do referente, procurando transmitirinformações precisas sobre ele. A mensagem está apoiada em informaçõesdefinidas, claras, transparentes, sem ambigüidade. Esta função, que tem porobjetivo informar o leitor transmitindo dados e conhecimentos exatos, marca-sepelo uso da terceira pessoa do discurso e da denotação.

O Índice de Preços Fipe-Estadão, que aponta a tendência de bens e serviçoscompetitivos, apresentou variação de 31,665 nos 30 dias encerrados em 18 deagosto de 1993, mantendo a tendência de alta, ainda pressionada pelo grupodos alimentos protéicos, além dos insumos básicos da construção civil (pedrabritada e areia).

O Índice Fipe-Estadão de Preços Públicos, que mostra o comportamentodos bens e serviços controlados pelo governo, mostrou variação de 34,52%para o período de 30 dias encerrado ontem, mantendo a tendência da semanapassada. A exceção ficou com energia elétrica, que teve alta de 8%.

(O Estado de S. Paulo, 19/8/1993).

Temos, nesse texto, o predomínio absoluto da informação fornecida de ma-neira direta, objetiva, precisa e denotativa. Trata-se de informação enxuta, semcomentários nem juízos em que o referente é posto em destaque.

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55Redação e Interpretação de Texto

3.2. Função EmotivaEsta função centra-se no emissor que deixa transparecer suas intenções,

marcando as mensagens com verbos e pronomes na primeira pessoa, cominterjeições, com adjetivos e com sinais de pontuação (exclamação, reticências)que revelam seu ponto de vista ou estado de espírito.

IntrospecçãoNuvens lentas passavamQuando eu olhei o céu.Eu senti na minha alma a dor do céuQue nunca poderá ser calmo. (...)

(Vinicius de Moraes, Poesia completa e prosa,Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1981.)

Nesse texto, percebe-se a predominância da função emotiva já no título: opoeta propõe um voltar-se para dentro dele mesmo. E é a partir de sua emoção,do seu estado de espírito que ele “lerá” o mundo fora dele. Tudo é triste e dolo-roso porque sua alma está em trevas. É evidente que existe neste texto, tam-bém, uma outra função bastante importante: a poética, que se centra na organi-zação da mensagem.

Não se deve pensar, no entanto, que somente textos que apresentem essairrupção de elementos subjetivos sejam aqueles em que predomina a função emotiva.Ela pode ocorrer também em cartas e estar na base de textos aparentementereferenciais, como artigos críticos, relatórios, editoriais de jornais e revistas.

Na Voragem do Vício, de George Stevens (Something to Live for, EUA, 1952).Melodramão que gostaria de ser tão criativo e importante quanto o clássico

Farrapo Humano (1945, de Billy Wilder), mas fica só na vontade. Ex-bebum eagora militante dos Alcoólicos Anônimos, o publicitário e aparentemente bem-casado Alan (Ray Milland, que abafou justamente em Farrapo Humano) se apai-xona por uma jovem e bela atriz (Joan Fontaine) que bebe mais que um DodgeCharger 75. Com Teresa Wright (versão original com legendas, preto-e-branco,88 min), Globo (5), 1h.

(Veja São Paulo, 19 a 25/7/1993, pág. 89.)

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56 Redação e Interpretação de Texto

Nessa minirresenha, percebe-se claramente a posição do emissor atravésda seleção de palavras, das comparações, do uso de sufixos aumentativos.Todos esses índices da função emotiva convivem, no entanto, com a funçãoreferencial, informativa do texto.

3.3. Função ConativaA palavra “conativa” tem sua origem no termo latino conatum, que significa

tentar influenciar alguém através de um esforço. Essa função — também cha-mada de apelativa ou injuntiva — representa um esforço de tentar convencero receptor através de uma ordem, exortação, chamamento, saudação ousúplica. Ela produz textos que "falam a mesma língua que o receptor". Istoquer dizer que, no projeto de elaboração dos textos, sempre se consideram ascaracterísticas do destinatário para que o texto se adapte às condições sociais,psicológicas e lingüísticas de quem o recebe. Assim, a característica gramaticaldesse tipo de texto é a segunda pessoa do discurso, ou, ainda, os pronomes detratamento (você, o senhor, a senhora etc.), o imperativo e o vocativo. A mensagempublicitária é o exemplo mais flagrante desse tipo de função.

3.4. Função FáticaQuando a mensagem centrar-se no contato, no suporte físico, no canal, a função

será fática. O objetivo desta função é testar o canal, interromper ou reafirmar acomunicação, não para informar, mas para assegurar a transmissão da mensagem.

No nosso cotidiano, certos tiques lingüísticos como “entende?”, “tá?”, “cer-to?” etc. são elementos conectores que reforçam a mensagem, embora nãotransmitam nenhuma informação.

A conversa sobre o tempo, dentro de um elevador ou quando não se tem oque dizer, é fática.

— Está frio, não é?— É sim, mas talvez faça calor logo.— É, é bem possível.— Isto se não chover.

São fáticos, também, elementos que facilitam a leitura e asseguram a trans-missão da mensagem tais como: recursos gráficos, escolha de palavras maiscurtas e mais fáceis, extensão das frases etc.

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57Redação e Interpretação de Texto

Em 1993, o jornal O Estado de S. Paulo passou por uma reprogramação vi-sual cujo objetivo (fático) era ganhar mais “legibilidade”.

Leitor elogia mudança no ‘Estado’Comprador em banca diz que alterações deixaram

o jornal mais leve, diferente e jovemOs leitores aprovaram o novo visual do Estado. Os entrevistados foram

unânimes em afirmar que a nova diagramação melhorou a leitura, tornando-amais leve. O comerciante Martinho Alexandre, 58 anos, um dos herdeiros daFloricultura Dora, no Largo do Arouche, é assinante do Estado há 20 anos, masa sua curiosidade em ver a mudança gráfica foi tão grande que ele não esperoupela entrega do jornal na manhã de domingo.

Às 18 horas de sábado Alexandre foi até a banca mais próxima e gostou do queviu. “Está belíssimo, é um jornal classe A”, não se cansava de repetir para osamigos. “O colorido é muito bonito, está mais fácil de ler e até parece revista.”(...)

(O Estado de S.Paulo, 23/8/1993. pág. 10.)

Os trechos destacados apontam para o caráter fático das modificações: elasnão trouxeram informação nova, mas garantiram a transmissão da mensagemporque, através delas, a leitura ficou mais fácil e agradável, segundo o leitor.

3.5. Função PoéticaEsta é a função que se centra sobre a própria mensagem. Ela opera um trabalho

com a linguagem, colocando em evidência o lado palpável do signo. Isso vale dizerque o significante é trabalhado na sonoridade, no ritmo, na disposição gráfica daspalavras na página em branco, na utilização das figuras de linguagem etc.

Meu canto de morte,Guerreiros, ouvi,Sou filho das selvas,Nas selvas cresci;Guerreiros, descendoDa tribo tupi. (...)

(Gonçalves Dias, Poesias completas e prosa escolhida,Rio de Janeiro, Aguilar, 1959.)

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Percebe-se no texto um trabalho com o ritmo binário (seqüência de sílabasforte/fraca/forte/fraca) que dá ao leitor a impressão dos tambores indígenas pre-parando-se para a guerra.

Vozes veladas, veludosas vozes,Volúpias dos violões, vozes veladas,Vagam nos velhos vórtices vorazesDos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas... (...)

(Cruz e Sousa, Obra completa, Rio de Janeiro, Aguilar, 1961.)

Neste fragmento de Cruz e Sousa, o trabalho se dá na repetição de fonemasfricativos (/v/, /z/, /s/), que nós dá a idéia de vozes abafadas, de murmúrios.

É uma simplificação excessiva e enganadora, no entanto, tentar reduzir a fun-ção poética à poesia. Na prosa, pode-se apontar o uso da função poética nautilização das figuras de linguagem na estrutura do texto e também na atribui-ção de nomes às personagens. Guimarães Rosa, um mestre da invenção naliteratura brasileira, em seu conto “Desenredo”, cria personagens cujos nomesapontam para suas principais características psicológicas.

Jó Joaquim, o protagonista, tem uma personalidade apaziguadora e é sobre-tudo paciente, daí ser Jó (símbolo da paciência na Bíblia). Mas é tão paciente,que é Jó ao quadrado: Jó Joaquim. Sua amante, por sua vez, é apresentadano conto como Livíria, Rivília, Irlívia. Sob esses nomes mutantes, esconde-se a mulher volúvel que tem vários amantes. Mas ao final do conto, quandoé purificada pelo paciente trabalho de Jó Joaquim, ela aparece com o nomede Vilíria: virgem e lírio (símbolo da pureza), isto é, sem culpa, sem mácula,sem pecado.

Esta função também extrapola o campo do literário e pode aparecer em qual-quer tipo de texto em que se perceba um trabalho com a linguagem, como opublicitário, por exemplo:

“Sinta a suave sensação de Nívea Loção.”

Aqui a repetição do fonema /s/ enfatiza a suavidade que o creme proporcionaaos consumidores, além de operar o entrecruzamento de sensações táteis comsensações sonoras, promovendo o que se chama de sinestesia.

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59Redação e Interpretação de Texto

3.6. Função Metalingüística

A função metalingüística debruça-se sobre o próprio código, ou seja, numespelhar-se, a linguagem fala da própria linguagem.

A poesia— toda —

é uma viagem ao desconhecido.A poesia

é como a lavra do rádio,

um ano para cada grama.Para extrair uma palavra,

milhões de toneladas de palavra-prima.

(Vladímir Maiakóvski. Tradução: Augusto de Campos)

Essa poesia disseca o ato de fazer poesia. O fazer poético é o próprio temada poesia.

Um dicionário, uma gramática e mesmo este nosso livro são exemplos deexercício metalingüístico.

Para terminar este capítulo, devemos ainda fazer duas observações.A primeira é que o esquema dos elementos da comunicação superpõe-se

exatamente ao esquema de funções da linguagem.

Referentefunção referencial

Emissorfunção emotiva

Receptorfunção conotativa

Mensagem(função poética)

Canal(função fática)

Códigofunção metalingüística

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A segunda, extremamente importante, é a de que existe sempre, em qualquertexto, uma hierarquização de funções. Isto vale dizer que, numa dada mensa-gem, não há uma só função, mas um jogo de várias funções com a preponde-rância de uma delas.

Voltando ao texto de Vinicius de Moraes da página 55, vemos aí a funçãoemotiva contracenando com a poética. Ou então, a função poética de “Sinta asuave sensação de Nívea Loção” dividindo espaço com a função conativa. Ouquaisquer outras combinações possíveis.

A noção de hierarquização é importante para que se percebam as intençõesdo produtor do texto e as várias nuanças de significação do texto.

3.7. Exercícios1 Indique se houve conotação ou denotação:

a) O mergulhador afogou-se.b) Afogou-se num mar de tristezas.c) O garoto chutou a pedra.d) Só existem pedras no meu caminho.e) A água congela a 0o.f) O preço dos alimentos foi congelado.g) Não gosto de café muito doce.h) Eram doces as lembranças da sua infância.

2 Construa pares de frases (denotativas e conotativas) com as seguintes pala-vras:a) azedob) cortarc) açoite

3 Indique as funções da linguagem predominantes em cada um dos textos se-guintes:

A – Ossada misteriosa achada em CamposMuitos curiosos já foram ver, em Campos, a ossada da cabeça de um animalde grande porte encontrada no fundo do mar, perto da cidade. Ninguém con-seguiu identificar a ossada, sabendo-se apenas que era de um mamífero. Sóos ossos da cabeça pesam 50 quilos.

O Globo, 13/3/1980

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61Redação e Interpretação de Texto

B – Eu sei que vou te amarPor toda a minha vida eu vou te amar

(Vinicius de Moraes, Poesia completa e prosa,Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1981.)

C – Voa, vento vagabundo.Vá dizer ao Ivan que sua pretensão é vã.

D – O que quer dizer lixo?– Lixo é aquilo que se varre da casa,do jardim, da rua, e se joga fora.

E – Alô, alô, dona Aurora, como vai a senhora?Esse era um dos bordões usados peloChacrinha em seu programa.

F “Cróton selvagem, tinhorão lascivo,planta normal, carnívora, sangrenta,da tua carne báquica rebentaa vermelha explosão de um sangue vivo.”

(Cruz e Sousa, Obra completa,Rio de Janeiro, Aguilar, 1961.)

4. Questões de Vestibular1 (UF-GO) Leia o texto que segue:

É massa, brother.Brother, dentro dessa nova edição do Vestibular 500 Testes tem tudo paraque o próximo vestiba role na maior.Só de português são 80 questões, sendo 50 testes e 30 escritas.Fora as questões de física, química, biologia, história, geografia, matemáticae inglês.Ah, tem uma lista de livros e uma série de dicas que você precisa ficar pordentro antes de encarar os exames.Vestibular 500 Testes, especial do Guia do Estudante.Desencana, brother.Vestibular agora é manha.

(Veja São Paulo, 23/10/1991, pág. 13)

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O texto que você acabou de ler é de um anúncio publicitário. Observe que alinguagem se organiza em torno de um determinado objetivo, ou seja, o seuuso é deliberado e revela intenções. O leitor é tratado com intimidade; ocoloquialismo tenta envolvê-lo.Tendo em vista as considerações anteriores, identifique e explique a princi-pal função que preside a linguagem do anúncio.

2 (FGV) “Minha memória não se desgrudava daquela cena e meu olhar apaga-va a paisagem ao meu redor.”Escreva as palavras dessa frase que têm sentido conotativo. Explique.

3 (UFGO) Leia os textos seguintes.Texto A Pausa poética

Sujeito sem predicadosObjetoSem vozPassivoJá meio pretéritoVendedor de artigos indefinidosProcura por subordinadaQue possua alguns adjetivosNem precisam ser superlativosDesde que não venha precedidaDe relativos e transitivosPara um encontro vocálicoCom vistas a uma conjugação mais que perfeitaE possível caso genitivo

(SOUZA, Paulo César de. In: FARACO, Alberto C., MANDRIK, David. Prática deredação para estudantes universitários. Rio de Janeiro: Vozes, 1987. p. 277.)

Texto BSou divorciado – 56 anos,desejo conhecer uma mulherdesimpedida, que viva só, queprecise de alguém muito sériopara juntos serem felizes.800-0031 (discretamente falar com Astrogildo)

(O Popular. Goiânia, 25/9/1994. p. 13. Classificados.)

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63Redação e Interpretação de Texto

Os textos “Pausa poética” e “Sou divorciado”, apesar de se estruturaremsob perspectivas funcionais diferentes, exploram temáticas semelhantes, oque permite as seguintes afirmações:Obs.: Para responder à questão, some os pontos correspondentes às alter-nativas corretas.01. No texto A, o autor usa da metalinguagem para caracterizar o sujeito e oobjeto de sua procura, ao passo que, no texto B, o locutor emprega umalinguagem com predominância da função referencial.02. A expressão meio pretérito, do texto A, fica explicitada cronologica-mente na linguagem referencial do texto B.04. A expressão Desde que não venha precedida de relativos e transiti-vos, no texto A, tem seu correlato em mulher desimpedida, que viva só, dotexto B.08. Comparando os dois textos, pode-se afirmar que ambos expressam amesma visão idealizada e poética do amor.16. No texto A, as palavras extraídas de seu contexto de origem (categoriasgramaticais e funções sintáticas) e ajustadas a um novo contexto criam umaduplicidade de sentido, produzindo efeitos, ao mesmo tempo, lúdicos e poé-ticos.

Soma

4 (UFGO) A frase foi extraída de um anúncio que “vende” produto hidratantepara a pele:Hoje você é uma uva. Mas, cuidado, uva passa.

(Cláudia, ago. 1996)a) Comente a superposição de funções gramaticais que recai sobre a pala-

vra passa.b) Explique os efeitos persuasivos provocados por essa superposição.c) Discorra sobre a função de linguagem que predomina na frase.

5 (PUC) Observe a seguinte afirmação:Em nossa civilização apressada o “bom dia”, o “boa noite” já não funcionampara engatar conversa. Qualquer assunto, servindo, fala-se do tempo ou dofutebol.

(MARQUES, M.O. Escrever é preciso. Ijuí, Unijuí, 1997, p. 13)O autor faz referência à função da linguagem cuja meta é “quebrar o gelo”.Indique a alternativa que explicita essa função.

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a) Função emotivab) Função referencialc) Função fáticad) Função conotativae) Função poética

6 (Fuvest) - Considere este trecho de um diálogo entre pai e filho (do romanceLavoura arcaica, de Raduan Nassar):“— Quero te entender, meu filho, mas já não entendo nada.— Misturo coisas quando falo, não desconheço, são as palavras que meempurram, mas estou lúcido, pai, sei onde me contradigo, piso quem sabeem falso, pode até parecer que exorbito, e, se há farelo nisso tudo, possoassegurar, pai, que tem muito grão inteiro. Mesmo confundindo, nunca meperco, distingo para o meu uso os fios do que estou fazendo.”No trecho, ao qualificar seu próprio discurso, o filho se vale tanto de lingua-gem denotativa quanto de linguagem conotativa.a) A frase “estou lúcido, pai, sei onde me contradigo” é um exemplo de lin-

guagem de sentido denotativo ou conotativo?b) Traduza em linguagem de sentido denotativo o que está dito de forma

figurada na frase “se há farelo nisso tudo, posso assegurar, pai, que temmuito grão inteiro.”

7 (Fuvest)Óbito do autorAlgum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelofim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou minha morte.Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas consideraçõesme levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propria-mente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outroberço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e novo.

(ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas, Capítulo primeiro)A metáfora presente em “a campa foi outro berço” baseia-sea) na relação abstrato/concreto que há em campa/berço;b) no sentido conotativo que assume a palavra campa;c) na relação de similaridade estabelecida entre campa e berço;d) no sentido denotativo que tem a palavra berço;e) na relação todo/parte que existe em campa berço.

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65Redação e Interpretação de Texto

Sr. Diretor:Por que não atendeà minha solicitação

de reunião?

O sr. deveriaouvir meus planos para o

crescimento da empresae aumentar meu

salário.

Pô, meu!O que tápegando?

O efeito humorístico dessa tira deve-se à repentina mudança de nível de lin-guagem: nos dois primeiros quadrinhos, o rapaz trata seu interlocutor com de-ferência, segundo a norma culta; no terceiro, opta por um nível coloquial comexpressões típicas da linguagem oral (Pô, meu).

Esse exemplo nos mostra que, na nossa sociedade (como aliás em qualqueroutra), existe uma pluralidade de discursos, ou seja, os brasileiros não se ex-pressam todos da mesma forma, apesar de todos falarem português. Cada umde nós — segundo o nível de instrução, idade, sexo, região, situação em queocorre a comunicação — usa a língua de uma determinada forma.

Existem variações dialetais, que ocorrem em função dos emissores e varia-ções de registro, que dependem dos receptores, da mensagem ou da situação.Essa distinção, no entanto, é puramente didática, uma vez que no ato de comu-nicação essas variações se superpõem.

Variações Lingüísticas

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As variações dialetais são territoriais ou regionais (marcam-se sobretudo nafonética — observe como os nordestinos pronunciam a palavra poder: pudê —e no léxico — a mandioca do sudeste do Brasil é chamada macaxeira no nor-deste e aipim no sul); sociais (representadas pelos jargões profissionais ou pelagíria); de idade (observe que um jovem não fala como um senhor de 60 anos); desexo (há palavras permitidas aos homens, mas inadmissíveis na boca de mulhe-res); de geração ou histórica (devidas à evolução do idioma).

As variações de registro representam a necessidade de o falante adaptar-seao seu interlocutor, à situação ou à mensagem. Assim, obras científicas ou obrasliterárias clássicas vão apresentar um cuidado maior com a linguagem e utilizara norma culta. O receptor e a situação vão também determinar o registro a serusado: um professor não fala da mesma forma em uma palestra e num bate-papo em um barzinho ao lado de uma turma de jovens.

O extinto jornal Notícias Populares (NP) de São Paulo, para falar a mesmalíngua de seus leitores, usava variações dialetais e de registro. Leia esta man-chete de 11/9/2000, seguida da linha fina (explicação sucinta da manchete):

Rolo do INSS mela a aposentadoriaNP explica mais essa treta pra você não comer bola

Observe que a seleção de palavras — rolo, mela, treta, comer bola —exemplifica ao mesmo tempo uma variação dialetal (social) e uma variação deregistro (tentativa de adequar-se à linguagem do receptor).

Como você viu, em função de diversos fatores, as pessoas falam “línguasdiferentes”, o que levou o lingüista Evanildo Bechara a dizer que devemos ser“poliglotas dentro da própria língua”, pois o conhecimento das variações lin-güísticas facilita a eficácia da comunicação.

Por isso, a gíria pode ser um linguajar muito adequado à expressão informal.É colorida, expressiva, trepidante, plástica, dinâmica, apesar de envelhecer commuita rapidez. Veja alguns exemplos:

Ele tem uma urucubaca danada com a justa.(Ele tem muito azar com a justiça/ ou polícia.)Quando ia aliviar um otário, um tira pegou ele no flagra.(Quando ia furtar um tolo (incauto), um policial surpreendeu-o em flagrante.)

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A única testemunha do crime, encontrada num bar de Ipanema, declarou:“Távamos malocados no Vidigal cafungando uma legal, quando embunecamos

com a máquina de dois baitolas na viseira. Meu chapa, numa péssima, neurotizouadoidado, levou um caramelo no gorgolejo e meteu lá uma de decúbito semretorno. Por ai.”

A polícia já está no encalço de um tradutor.(Veja, 21/9/1977)

Podemos delinear três principais níveis de linguagem: a linguagem culta(ou variante-padrão), a linguagem familiar (ou coloquial) e a linguagempopular.

A linguagem culta é utilizada pelas classes intelectuais da sociedade. É avariante de maior prestígio e aquela ensinada nas escolas. Sua sintaxe é maiscomplexa, seu vocabulário mais amplo e há, nela, uma absoluta obediência àgramática e à língua dos escritores clássicos.

A linguagem coloquial é utilizada pelas pessoas que fazem uso de um nívelmenos formal, mais cotidiano. Relativamente à linguagem culta, apresenta limi-tação vocabular, revelando-se incapaz para a comunicação do conhecimentofilosófico, científico, artístico etc. Apresenta maior liberdade de expressão, so-bretudo no que se refere à gramática normativa.

A linguagem popular é aquela utilizada por pessoas de pouca ou nenhumaescolaridade. Esse nível raramente aparece na forma escrita e caracteriza-secomo um subpadrão lingüístico. Nele, o vocabulário é bem mais restrito, commuitas gírias, onomatopéias e formas gramaticalmente incorretas (Oropa,pobrema, nós vai, nóis fumo, tauba, estauta, lâmpia, vi ela etc.). Não há, aqui,preocupação com as regras gramaticais.

1. Língua Falada e Língua Escrita

O português, como qualquer outra língua, tem uma modalidade oral e umamodalidade escrita. Trata-se, praticamente, de duas línguas com gramáticasdiferentes, o que não impede que certos textos escritos apresentem traços deoralidade ou que determinadas realizações orais se pautem pela gramática querege a modalidade escrita.

Costuma-se pensar, de forma ingênua, que língua falada é o mesmo que lín-gua popular. No entanto, ambas têm variedades socioculturais, por isso confun-

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dir a língua falada com alguns poucos níveis de realização da fala não tem sen-tido. Embora existam diferenças entre as duas modalidades, seria mais apropriadodizer, segundo o lingüista Antonio Marcuschi, que há um continuum lingüísticoentre os textos falados e os escritos.

Assim, uma carta familiar conterá muitos traços de oralidade, apesar de es-crita; enquanto um discurso acadêmico, por exemplo, se aproximará da línguaescrita, apesar de falado.

Na comparação entre a língua falada e a língua escrita, podem-se perceberalguns traços distintivos:

Língua falada: ocorre num ambiente de interação social, face a face;entonação, gestos, olhares desempenham, ao lado da língua verbal, um pa-pel importante; caracteriza-se pela fragmentação (hesitações, repetições, cor-reções, truncamentos) e pelo envolvimento; é constituída por jatos cujo com-primento é de aproximadamente sete palavras (quantidade de informaçãoque o falante consegue controlar na memória); há preferência pela coor-denação (situação em que as unidades de pensamento são mais inde-pendentes).

Língua escrita: é um ato de produção solitário, lento, planejado, que possibi-lita alterações; caracteriza-se pela integração e pelo distanciamento; prefere asubordinação.

Ao lado dessas diferenças, detectadas por lingüistas por meio de estudosestatísticos, podemos acrescentar estas outras:

1) a modalidade oral, diferentemente da escrita, pressupõe o contato diretoentre os falantes, o que a torna mais concreta e econômica (porque os ele-mentos a que se refere estão presentes na situação do diálogo). Existe ain-da na língua oral um jogo de cadências e pausas que dá o ritmo à fala eauxilia na decodificação de mensagem;

2) a modalidade escrita não dispõe desse jogo de cadências e pausas quedeve ser recriado pela pontuação e pelos caracteres gráficos (maiúscu-las, negrito, itálico etc.). Porque tem de recuperar todos esses elemen-tos, a língua escrita resulta menos econômica, mas muito mais precisaque a fala.

Somente a distinção entre as duas “línguas” nos faz, senão aceitar, pelo me-nos entender certas construções da linguagem publicitária decalcadas na mo-dalidade oral, como:

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“A empresa que você fala com o dono”, em lugar da forma gramaticalmentecorreta: “A empresa em que você fala com o dono”. “Vem pra Caixa você tam-bém”, em lugar de “Venha para a Caixa você também”. “Se liga no SBT”, em vezde “Ligue-se no SBT”.

O conceito de erro está, portanto, ligado ao padrão culto. Não podemos nosesquecer de que em comunicação a questão não é de certo ou errado, mas deadequação ao contexto sociocumunicativo.

2. ExercícioRelacione as colunas, após a leitura dos textos:

(a) língua culta(b) língua coloquial(c) regionalismo(d) língua inculta(e) gíria(f) língua técnica, jargão

( ) 1. Descobri um mocó pra enrustir a grana.

( ) 2. A âncora cambial, complicada por natureza, hospeda uma bomba-reló-gio: o regime de conversão voluntária de preços e salários pela corre-ção diária do câmbio, vulgo Unidade de Conta (UC). Que também po-deria ser Unidade de Câmbio (UC)”.

(Joelmir Beting, O Estado de S. Paulo 27/11/1993.)

( ) 3. Os casais vão-se juntando, nas arribadas. Braçada de pau roliço dededo-de deus e palma de coqueiro, isso chega demais para o ranchoda vereda. E toca a nascer mais cabocladinha gazeta neste mundãoabençoado.E tudo tal e qual: carinha chupada, barbinha vasqueira, faquinha nacintura. E pitando, e cuspindo de esguicho. E guardando dia santo.

(Mário Palmério)

( ) 4. Concluamos pois. O estrangeirismo é um fenômeno natural, que revelaa existência duma certa mentalidade comum. Os povos que dependemeconômica e intelectualmente de outros não podem deixar de adotar,com os produtos e idéias vindas de fora, certas formas de linguagemque lhes não são próprias.

(M. Rodrigues Lapa)

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( ) 5. Como vamu pará desse tipo? Os cabra anda atrás da gente e num achanada. As usina derruba as casa e a gente tomamu a estrada.

( ) 6. Amigo Pedro:Me parece que já seguiram os livros que você me pediu. Queira confir-mar, tá?Aqui, tudo em ordem.Com um abraço do Salústio.

( ) 7. Uma das diferenças fundamentais entre o álcool e o fenol é que somenteo fenol é capaz de sofrer uma dissociação iônica em solução aquosaexibindo o seu caráter ácido.

3. Questões de Vestibular

1 (UF-ES) “— Que flor bonita! Me dá ela?— Se me disseres: Dá-ma?, eu dou-ta.— Não poderei satisfazê-la:Sentir-me-ia uma horrenda douta.”

(Manuel Bandeira)

A estrutura NÃO pertence à norma culta formal da língua:a) Me dá ela? d) Não poderei satisfazê-la.b) Dá-ma? e) Sentir-me-ia.c) Eu dou-ta.

2 (UF-RJ) “Poema Tirado de uma Notícia de Jornal”

João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônianum barracão sem númeroUma noite ele chegou no bar Vinte de NovembroBebeuCantouDançouDepois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.

(BANDEIRA, Manuel. Poesia Completa e Prosa, José Aguilar Editora,Rio de Janeiro, 1974.)

No verso 2 ocorre um desvio da norma culta da língua portuguesa. Identifi-que- o, reescrevendo o verso.

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3 (Unicamp-SP) O trecho seguinte foi extraído da transcrição do debateque se seguiu à palestra do poeta Paulo Leminski (“Poesia: a paixão dalinguagem”), proferida durante o curso “Os sentidos da paixão” (Funarte,1986).Observe que neste trecho é possível identificar palavras e construções ca-racterísticas da linguagem coloquial oral. Reescreva-o de forma a adequá-loà modalidade escrita culta.“Estudei durante seis anos muito a vida de um paulista e fiz um filme sobreele, que é o Mário de Andrade, um puta poeta muito pouco falado pelasditas vanguardas modernistas. [...] Hoje em dia, felizmente, já existem vá-rios trabalhos, há muita gente reavaliando a poética do Mário, que ela émuito mais importante e profunda do que aparentemente pareceu nestesúltimos anos. Estudando o Mário, eu descobri que o Mário foi um exemplodo cara que morreu de amor, mas de amor pelo seu povo, pelo seu país,pela sua cultura. [...] Um outro cara que eu também fiz um filme é o CâmaraCascudo. Um cara como o Câmara Cascudo morre, os jornais dão umanotinha desse tamanhinho, escondidinho, um cara que deveria ter estátuaem praça pública, devia ser lido, recitado.”

(Os sentidos da paixão. pág. 301.)

4 (Fuvest-SP) “A princesa Diana já passou por poucas e boas. Tipo quandoseu ex-marido Charles teve um love affair com lady Camille revelado paraDeus e o mundo”

(Folha de S.Paulo, 5/11/1993)

No texto acima, há expressões que fogem ao padrão culto da língua escrita.a) Identifique-as.b) Reescreva-as conforme o padrão culto.

5 (ENEM)Para falar e escrever bem, é preciso, além de conhecer o padrão formal

da Língua Portuguesa, saber adequar o uso da linguagem ao contextodiscursivo. Para exemplificar este fato, seu professor de Língua Portugue-sa convida-o a ler o texto Aí, Galera, Luis Fernando Verissimo. No texto, oautor brinca com situações de discurso oral que fogem à expectativa doouvinte.

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Aí, Galera

Jogadores de futebol podem ser vítimas de estereotipação. Por exemplo, vocêpode imaginar um jogador de futebol dizendo “estereotipação”? E, no entanto,por que não?

— Aí, campeão. Uma palavrinha pra galera.— Minha saudação aos aficionados do clube e aos demais esportistas, aqui

presentes ou no recesso dos seus lares.— Como é?— Aí, galera.— Quais são as instruções do técnico?— Nosso treinador vaticinou que, com um trabalho de contenção coordena-

da, com energia otimizada, na zona de preparação, aumentam as probabilida-des de, recuperado o esférico, concatenarmos um contragolpe agudo comparcimônia de meios e extrema objetividade, valendo-nos da desestruturaçãomomentânea do sistema oposto, surpreendido pela reversão inesperada do flu-xo da ação.

— Ahn?— É pra dividir no meio e ir pra cima pra pegá eles sem calça.— Certo. Você quer dizer mais alguma coisa?— Posso dirigir uma mensagem de caráter sentimental, algo banal, talvez

mesmo previsível e piegas, a uma pessoa à qual sou ligado por razões, inclusi-ve, genéticas?

— Pode.— Uma saudação para a minha progenitora.— Como é?— Alô mamãe!— Estou vendo que você é um, um...— Um jogador que confunde o entrevistador, pois não corresponde à expec-

tativa de que o atleta seja um ser algo primitivo com dificuldade de expressão eassim sabota a esteriotipação?

— Estereoquê?— Um chato?— Isso.

(Correio Braziliense, 13/5/1998.)

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73Redação e Interpretação de Texto

5A (ENEM) O texto retrata duas situações relacionadas que fogem à expectati-vado público. São elas:a) a saudação do jogador aos fãs do clube, no início da entrevista, e a sau-

dação final dirigida à sua mãe.b) A linguagem muito formal do jogador, inadequada à situação da entrevis-

ta, e um jogador que fala, com desenvoltura, de modo muito rebuscado.c) O uso da expressão “galera”, por parte do entrevistador, e da expressão

“progenitora”, por parte do jogador.d) O desconhecimento, por parte do entrevistador, da palavra

“esteriotipação”, e a fala do jogador em “é pra dividir no meio e ir pracima pra pegá eles sem calça”.

e) O fato de os jogadores de futebol serem vítimas de estereotipação e ojogador entrevistado não corresponder ao estereótipo.

5B (ENEM) O texto mostra uma situação em que a linguagem usada é inade-quada ao contexto. Considerando as diferenças entre língua oral e línguaescrita, assinale a opção que representa também uma inadequação da lin-guagem usada ao contexto:a) “O carro bateu e capotô, mas num deu pra vê direito” — um pedestre que

assistiu ao acidente comenta com o outro que vai passando.b) “E aí, ô meu! Como vai essa força?” — um jovem que fala para um amigo.c) “Só um instante, por favor. Eu gostaria de fazer uma observação” — al-

guém comenta em uma reunião de trabalho.d) “Venho manifestar meu interesse em candidatar-me ao cargo de Secretá-

ria Executiva desta conceituada empresa” — alguém que escreve umacarta candidatando-se a um emprego.

e) “Porque se a gente não resolve as coisas como têm que ser, a gentecorre o risco de termos, num futuro próximo, muito pouca comida noslares brasileiros” — um professor universitário em um congresso interna-cional.

5C (ENEM) A expressão “pegá eles sem calça” poderia ser substituída, semcomprometimento de sentido, em língua culta, formal, por:(A) pegá-los na mentira. (D) pegá-los rapidamente.(B) pegá-los desprevenidos. (E) pegá-los momentaneamente.(C) pegá-los em flagrante.

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6 (PUCC) A frase que mantém o padrão culto é:a) Essa é a questão principal, onde tem duas facetas: a que envolve a com-

pra de material, e a que se refere ao treinamento dos técnicos.b) O juiz cujo despacho está em debate cancelou o indiciamento dos enge-

nheiros no caso da compra das máquinas industriais.c) Ele era ainda muito jovem quando o caso aconteceu, onde lhe dou razão

para não ter querido testemunhar contra o suspeito.

7 (Unicamp)(...) vejo na televisão e no rádio que o “cujo” bateu asas e voou. Virou avemigratória.O comentário acima, do escritor Otto Lara Rezende (Folha Ilustrada de 8/11/92), refere-se ao fato de que o uso do pronome relativo cujo é cada vezmenos freqüente. Isso faz com que os falantes, ao tentarem utilizar essepronome na escrita, construam seqüências sintáticas que levam a interpre-tações estranhas. Veja o exemplo seguinte:“O povo não quer o impeachment desse aventureiro chamado Collor, comoo confisco dos bens nada honestos de sr. Paulo César Farias e companhia.E que a esse PFL e ao Brizola (cuja ficha de filiação ao PDT já rasguei) restea vingança do povo...”

(L.A.N., Folha de S.Paulo, 30/7/1992. Painel do Leitor)

a) O que L.A.N. pretendeu dizer com a oração entre parênteses?b) O que ele disse literalmente?c) Que tipo de conhecimento deve ter o leitor para entender o que L.A.N.

quis dizer?

8 (PUCC) A frase que mantém o padrão culto da linguagem é:a) Ele falta muito ao trabalho, é onde eu defendo que ele não deve ser pro-

movido.b) Essas são as três crianças cujo o pai veio conversar conosco.c) Sua pesquisa, de cujo valor ninguém duvida, será agora amplamente

divulgada.d) As notícias, onde eu discuto sua veracidade, foram veiculadas em todos

os jornais.e) Os documentos cujos foram encontrados posteriormente são importantes

para comprovar a legalidade da transação.

Page 75: Redação e interpretação de texto

75Redação e Interpretação de Texto

9 (Fuvest)“As pessoas ficam zoando, falando que a gente não conseguiria entrar em maisnada, por isso vamos prestar Letras”, diz a candidata ao vestibular. Entre os motivosque a ligaram à carreira estão o gosto por literatura e inglês, que estuda há oito anos.

a) As aspas assinalam, no texto acima, a fala de uma pessoa entrevistadapelo jornal. Identifique duas marcas de coloquialidade presentes na fala.

b) No trecho que não está entre aspas ocorre um desvio em relação à normaculta. Identifique-o e reescreva o trecho, fazendo a correção necessária.

10 (Unicamp) O trecho abaixo é parte de uma entrevista transcrita em um jornaluniversitário. A transcrição mantém características da linguagem coloquialoral. Reescreva integralmente o texto, fazendo as adaptações necessáriaspara adequá-lo às exigências do português escrito.“Se você tem uma ferramenta ela pode ser usada de várias formas. Mas o fato denão termos uma política educacional para o uso do computador no ensino eletende a ser usado da pior forma. Você usa programas descartáveis. É mais rentá-vel e mais fácil.”

11 (Unicamp) Você habitualmente usa e reconhece vários níveis de linguagem,associados a diferentes falantes, estilos ou contextos. Você sabe tambémque às vezes o falante utiliza um estilo que não é o seu, para produzir efeitosespecíficos, que é o que faz o maestro Júlio Medaglia na carta abaixo:

Massa!Pô Erundina, massa! Agora que o maneiro Cazuza virou nome num pedaço aqui naSampa, quem sabe tu te anima e acha aí um point prá botá o nome de MagdalenaTagliaferro, Cláudio Santoro, Jaques Klein, Edoardo de Guarnieri, Guiomar Novaes,João de Souza Lima, Armando Belardi e Radamés Gnattali. Esses cara não foicruner de banda a la “Trogloditas do Sucesso”, mas se a tua moçada não manjarquem eles foi dá um look aí na Enciclopédia Britânica ou no Groves Internacional etu vai sacá que o astral do século 20 musical deve muito a eles:

(Júlia Medaglia, di-jei do Teatro Municipal do Rio de JaneiroFolha de S. Paulo. 04/10/1990. Painel do leitor.

a) Que grupo social pode ser identificado por esse estilo? Transcreva asmarcas lingüísticas características desse grupo presentes no texto.

b) Em que campo da cultura deram contribuição importante os nomes men-cionado na carta e que passagem(ns) do texto permite(m) afirmar isso?

c) O texto, muito irônico, contém uma crítica implícita a uma ex-prefeita deSão Paulo. Qual é a crítica?

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99Redação e Interpretação de Texto

1. VersificaçãoApresentamos agora as normas clássicas da arte poética. Para este nosso

estudo de versificação, partiremos de uma definição simples: verso é cada umadas linhas que constituem o poema.

Vimos que, modernamente, existem tanto a poesia prosaica — desprovidadas características clássicas, isto é, rima, métrica ou mesmo ritmo —, quanto aprosa poética, impregnada de recursos típicos da poesia.

Precisamos, contudo, conhecer a técnica adotada pelos clássicos. De outraforma, não poderemos julgar nem compreender poesia moderna e, sobretudo, arevolução nela operada desde a Semana de Arte Moderna, realizada em 1922,no Teatro Municipal de São Paulo.

1.1. Sílaba Gramatical e Sílaba PoéticaA escansão, ou seja a contagem da sílaba poética difere da gramatical. Se-

gundo a gramática, este verso de Castro Alves tem 12 sílabas:E / nem / te / nho / u / ma / som / bra / de / flo / res/ ta...Ao escandi-lo (fazer a contagem poética), esse número reduz-se a 10 sílabas:E / nem / te / nho u / ma / som / bra / de / flo / res / (ta)...Isso acontece porque:

1 – só se contam as sílabas dos versos até a última tônica;2 – quando uma palavra terminar por vogal átona e a palavra seguinte começar por

vogal, também átona, as sílabas que contêm essas vogais constituirão uma sósílaba poética (se as vogais forem iguais, à fusão dá-se o nome de crase);

3 – os hiatos podem se transformar em ditongos e estes, embora com menosfreqüência, em hiatos;

4 – quando uma palavra termina por m e a seguinte começa com vogal, podehaver o desaparecimento da consoante.

Poesia

Page 77: Redação e interpretação de texto

100 Redação e Interpretação de Texto

Neste verso decassílabo de Camões, vemos exemplificadas as regras 1, 2 e 4:Ali com amor intrínseco e vontadeA / li / coa / mor / in / trín / se / co e / von / ta /(de)

1.2. Classificação dos Versos Quanto à Acentuação FinalComo dissemos, as sílabas métricas são contadas até à última tônica.

A- Os versos terminados em palavras oxítonas são chamados agudos. Máriode Sá-Carneiro nos dá o exemplo:Se / nhor / feu / dal / das / tor / res / de / mar / fim/.

B- Os versos terminados em palavras paroxítonas são chamados graves. Ob-serve o verso de Augusto dos Anjos:Es / ca / rra / ne / ssa / bo / ca / que / te / bei (ja).

C- Os versos terminados em palavras proparoxítonas são chamados esdrúxulos.Observe o verso de Guimarães Passos:A / noi / va / chei / ra a / sân (da / lo)...

1.3. EstrofeEstrofe é um conjunto de versos que encerra uma unidade de pensamento e

ritmo. Ela varia, normalmente, de dois a dez versos. Não que seja impossívelconstituírem-se estrofes com mais de dez versos. Apenas verifica-se que, àmedida que aumenta a extensão da estrofe, mais complexa ela se tornará, emtermos de conteúdo e ritmo, aumentando, na mesma proporção, a dificuldadede se distinguirem as variações rítmicas processadas na passagem de uma paraoutra.

A teoria poética tradicional deu nomes especiais às estrofes constituídas dedois a dez versos:

• estrofe de dois versos = dístico• estrofe de três versos = terceto• estrofe de quatro versos = quadra ou quarteto• estrofe de cinco versos = quintilha ou quinteto• estrofe de seis versos = sextilha ou sexteto• estrofe de sete versos = septilha• estrofe de oito versos = oitava• estrofe de nove versos = novena• estrofe de dez versos = décima

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101Redação e Interpretação de Texto

1.4. RimaÉ a conformidade de sons entre duas palavras a partir do acento tônico. Pode

ocorrer no fim do verso ou uma no fim do verso e outra no interior do verso quese segue.

A rima exerce, além de marcado efeito musical, grande influência sobre osritmos lógico e melódico, uma vez que atrai a atenção para as pausas de interiore fim de verso.

A rima é classificada da seguinte maneira:1º.) Foneticamente ela pode ser toante e consoante.

a) Toante: é aquela em que ocorre semelhança apenas entre vogais. Falta-lhe,portanto, a rigorosa correspondência de sons. Há quem lhe negue, por isso, acondição de rima. É também chamada imperfeita e ocorre quando:• se rima uma vogal de timbre aberto com outra de timbre fechado:

Bailando no ar, inquieto vaga-lume:— “Quem me dera que fosse aquela loura estrela,Que arde no eterno azul, como eterna vela!”Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme (...)

(Machado de Assis, Obra completa.Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1979.)

b) Consoante: também chamada perfeita, é aquela em que ocorre absoluta iden-tidade de som a partir do acento tônico.Exemplo: tristeza – natureza

Ó dolente Ribeirão do CarmoEstrelado como um céu de agosto!(Musa do além, para decantar-mo,Bem que o viste, quando o sol foi posto.)Olhando o céu tão coberto de astros,Eu vi que estava diante de um altar.E tive, como dentro dos claustros,Uma vontade imensa de rezar.

(Olavo Bilac)2º.) Conforme a posição do acento tônico, a rima será aguda, grave ou

esdrúxula:

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102 Redação e Interpretação de Texto

a) Aguda: quando ocorre entre palavras oxítonas (ou agudas).luz – conduz / mês – fez

b) Grave: quando ocorre entre palavras paroxítonas (ou graves).morre – corre / ingrato – mato

c) Esdrúxula: quando ocorre entre palavras proparoxítonas (ou esdrúxulas).ávido – impávido / fábula – rábula

3º.) Segundo seu valor, a rima pode ser rica e pobre:a) Rica: é a rima rara, ou seja, entre palavras de categorias gramaticais diferentes.

descubro – rubro / arde – tardeb) Pobre: é toda rima entre as mesmas categorias gramaticais.

sofrido – querido / sair – partir / flor – amorcorrer – querer / amado – corado / coração – paixão

4º.) Quanto à disposição no poema, a rima pode ser: emparelhada, interpoladaou oposta, cruzada, encadeada, iterada, misturada e oitava rima.a) Emparelhada: é a rima que conserva a disposição aa bb aa bb ou aa bb cc.

— Sei rezas com que venço a qualquer mau-olhado,(a)breves para deixar todo o corpo fechado. (a)— Mas de onde vem o mal que tanto te abateu? (b)— Ele vem de um olhar que nunca será meu... (b)Como está para o sol a luz morta da estrela, (c)a luz do próprio sol está para o olhar dela... (c)— Juca Mulato! Esquece o olhar inatingível! (d)Não há cura, ai de ti! para o amor impossível. (d)

(Menotti del Picchia, Obras de Menotti del Picchia.São Paulo, Livraria Martins, 1970)

b) Interpolada ou oposta: é a rima que apresenta a disposição a bb a.Volúvel tribo a solidão percorre (a)Das borboletas de brilhantes cores; (b)Soluça o arroio; diz a rola amores (b)Nas verdes balsas donde o orvalho escorre. (a)

(Fagundes Varela)

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103Redação e Interpretação de Texto

c) Cruzada ou alternada: é aquela que apresenta a disposição ab ab ou abcabc.

A tarde cai, por demais (a)

Erma, úmida e silente... (b)

A chuva, em gotas glaciais, (a)

Chora monotonamente. (b)

(Manuel Bandeira, Antologia poética.

Rio de Janeiro, José Olympio, 2000.)

d) Encadeada: é a rima que ocorre entre uma palavra no fim de um verso eoutra, no interior de um verso seguinte.

Carinhosa e doce, ó Glaura,

Vem esta aura lisonjeira

E a mangueira já florida

Nos convida a respirar.

(Silva Alvarenga), Obras poéticas de Manoel Inácio

da Silva Alvarenga. Rio de Janeiro, INL, 1044.)

e) Iterada: é a rima que se faz no mesmo verso.

Donzela bela que me inspira à lira

Um canto santo de fremente amor,

Ao bardo o cardo da tremenda senda

Estanca, arranca-lhe a terrível dor.

(Casimiro de Abreu, Obras de Casimiro de Abreu,

São Paulo, Cia Editora Naciona, 1940.)

f) Misturada: é a rima disposta sem critério fixo, não apresentando nenhumadas disposições anteriores.

O que passou, já se foi — que importa?

E o que há de vir, por sua vez virá!

Para a dor de viver que nos devasta

e que beijo nenhum de amor consola.

Os ciganos fizeram-se sentir

que, das três cousas, uma só nos basta:

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104 Redação e Interpretação de Texto

— Tocar viola,fumar cachimbo, ou dormir.

(Raimundo Correia, Poesia,Rio de Janeiro, Agir, 1963.)

g) Oitava rima: as estrofes são oitavas e obedecem ao esquema ab ab ab cc.Estavas, linda Inês, posta em sossego, (a)De teus anos colhendo doce fruito, (b)Naquele engano da alma, ledo e cego, (a)Que a Fortuna não deixa durar muito; (b)Nos saudosos campos do Mondego, (a)De teus fermosos olhos nunca enxuito, (b)Aos montes ensinando e às ervinhas (c)O nome que no peito escrito tinhas. (c)

(Luís de Camões, Obras completas deLuiz de Camões, Lisboa, Bertrand, 1946/1947.)

Versos brancos: chamam-se brancos ou soltos os versos sem rima.Eras na vida a pomba prediletaQue sobre um mar de angústias conduziaO ramo da esperança. Eras a estrelaQue entre as névoas do inverno cintilavaApontando o caminho ao pegureiro.

(Fagundes Varela, Poesia,Rio de Janeiro, Agir, 1961.)

1.5. Poemas de Forma FixaDevido a motivos nem sempre claros ou explicáveis na história da poesia,

certos poemas adquiriram forma fixa, mantendo-se inalterados por séculos. Ospoemas de forma fixa mais comuns na literatura em língua portuguesa são: so-neto, quadrinha, balada, vilancete, rondel, rondó, triolé, pantum, terceto, déci-ma, oitava, sextina, canto real e vilanela. Dentre eles nos deteremos nos doismais comuns:

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105Redação e Interpretação de Texto

1.5.1. SonetoOriginalmente, o soneto era a letra de uma pequena melodia. Dante e Petrarca

foram seus primeiros grandes cultores. No século XVI, após uma viagem à Itália,Sá de Miranda introduz o soneto em Portugal.

Ele compõe-se de 14 versos distribuídos em duas quadras e dois tercetos.Os versos são comumente decassílabos.

Os dois quartetos devem fazer a apresentação do tema. No primeiro tercetohá a elevação do assunto, seguindo o ritmo do pensamento do autor. O tercetofinal conterá a conclusão, é a chamada chave de ouro.

Observe essa progressão neste famoso soneto do autor de Os Lusíadas:Sete anos de pastor Jacó serviaLabão, pai de Raquel, serrana bela;Mas não servia ao pai, servia a ela,E a ela só por prêmio pretendia.

Os dias, na esperança de um só dia,Passava, contentando-se com vê-la;Porém o pai, usando de cautela,Em lugar de Raquel lhe dava Lia.

Vendo o triste pastor que com enganosLhe fora assi negada a sua pastora,Como se não a tivera merecida,

Começa de servir outros sete anos,Dizendo: — Mais servira se não foraPara tão longo amor tão curta a vida!

(Luís de Camões, Obras completas de Luiz de Camões.Lisboa, Bertrand, 1946/1947.)

1.5.2. QuadrinhaA quadrinha é o poema de uma só quadra. Sua estrutura lógica é semelhante

à do soneto: encerra um pensamento condensado e, no último verso, um con-ceito, uma conclusão.

apre

sent

ação

elev

ação

chav

ede

our

o

Page 83: Redação e interpretação de texto

106 Redação e Interpretação de Texto

Em razão da simplicidade rítmica, rímica e estrófica, a quadrinha é um poemade forma fixa muito freqüente na aceitação e inspiração populares.

Baila o trigo quando há ventoBaila porque o vento o tocaTambém baila o pensamentoQuando o coração provoca.

(Fernando Pessoa, Obra poética.Rio de Janeiro, José Aguilar, 1969.)

2. Exercícios1 Classifique as rimas quanto à sua disposição e estabeleça com letras (a, b, c) o

esquema rímico:a) Os que amei, onde estão? idos, dispersos,

Arrastados no giro dos tufõesLevados, como em sonho, entre visões,Na fuga, no ruir dos universos...

(Antero de Quental, Sonetos, Lisboa, Sá da Costa, 1979.)b) Pode em redor de ti tudo se aniquilar:

Tudo renascerá cantando ao teu olhar,Tudo, mares e céus, árvores e montanhas,Porque a vida perpétua arde em tuas entranhas!

(Olavo Bilac, Poesias, Rio de Janeiro, Agir, 1968.)c) Vi-te pequena: ias rezando

Para a primeira comunhão:Toda de branco, murmurando,Na fronte o véu, rosas na mão.

(Olavo Bilac, Poesias, Rio de Janeiro, Agir, 1968.)2 Faça a escansão da estrofe abaixo, retirada do poema “Olhos Verdes”, de Gon-

çalves Dias, e classifique as rimas que ocorrem:Como duas esmeraldas,Iguais na forma e na cor,Têm luz mais branda e mais forte,Diz uma – vida, outra – morte;Uma – loucura, outra – amor.mais ai de mi!Nem já sei qual fiquei sendoDepois que os vi!

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107Redação e Interpretação de Texto

3. Questões de Vestibular1 (Santa Casa) Leia com atenção este trecho:

A Boa Vista“É nisto que tu cismas, ó torre abandonada,Vendo deserto o parque e a solitária estradaNo entanto — eu estrangeiro, que tu já não conhecesNo limiar de joelhos só tenho pranto e preces”Os versos desta estrofe são:a) hexassílabos d) eneassílabosb) decassílabos e) stissílabosc) alexandrinos

2 (Santa Casa) Leia com atenção este trecho:“Essa moça ‘tá’ diferente,Já não me conhece maisEstá pra lá de pra frenteEstá me passando pra trásEsta moça ‘tá’ decididaA se supermodernizarEla só samba escondidaQue é pra ninguém reparar”Quanto à disposição, as rimas desta estrofe são:a) rimas cruzadasb) rimas emparelhadasc) rimas alternadas.d) rimas encadeadase) rima interior

3 (Unifor-CE) Na famosa quadra de Gonçalves Dias:Minha terra tem palmeirasOnde canta o Sabiá;As aves que aqui gorjeiam,Não gorjeiam como lá.a) há versos hexassílabos e heptassílabos, rimando segundo o esquema abba.b) Os versos são octossílabos, rimando segundo o esquema abab.c) Apenas os versos pares têm a mesma medida.

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108 Redação e Interpretação de Texto

d) O poeta se valeu de versos brancos.e) Todos os versos são heptassílabos, e apenas os versos pares constituem

exemplos de rimas agudas.

4 (Unisinos-RS)O bichoVi ontem um bichoNa imundície do pátioCatando comida entre os detritos.Quando achava alguma coisa,Não examinava nem cheirava:Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,Não era um gato,Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.

Assinale V nas afirmativas verdadeiras e F nas falsas, tomando como refe-rência o texto O bicho, de Manuel Bandeira.( ) A subjetividade, característica da poesia, evidencia-se no texto pelo

uso enfático da linguagem denotativa.( ) É poético, entre outras razões, porque o autor, além de empregar a lin-

guagem conotativa, expressa — de forma bela — sentimento de indig-nação diante de um fato inaceitável.

( ) É um poema porque, entre outras razões, ao invés de expressar-se emprosa, o autor o faz através de versos.

( ) É um poema com dez versos livres, distribuídos em quatro estrofes.A seqüência correta, de cima para baixo, é:a) V-V-F-V d) F-V-V-Vb) F-V-V-F e) V-F-V-Fc) V-F-V-V

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109Redação e Interpretação de Texto

Prosa. S.f. A maneira natural de falarou de escrever, sem forma retórica ou métrica, por oposição ao verso.

(Aurélio Buarque de Holanda Ferreira)

Cada autor, ao organizar seu texto, executa um trabalho de criatividade, deoriginalidade. No entanto, apesar das características específicas de cada indiví-duo, há qualidades que devem ser procuradas e respeitadas, ao lado de defei-tos a serem evitados para que o texto produzido seja legível.

1. Qualidades da ProsaClareza, concisão, elegância e correção são qualidades do texto que deve-

mos perseguir para construir um texto fluente e agradável de ser lido.

1.1. Clareza“Escreve claro quem concebe ou imagina claro.”

(Miguel de Unamuno – 1864-1936)

Ser compreendido sem dificuldade é o ideal máximo de quem escreve. É,portanto, útil que se realce a importância da clareza para o estilo. A primeirarecomendação que se faz necessária, no estudo dessa qualidade da prosa, éevitar o acúmulo de muitas orações num mesmo período. Os pensamentos,para serem bem expressos, precisam ser metodicamente distribuídos.

Os dois maiores defeitos na construção do parágrafo, em que pode incorrerquem escreve, são: colocar em um só parágrafo orações que deveriam perten-cer a parágrafos diferentes; ou, ao contrário, separar o que deveria estar nomesmo período.

Como exemplo de período longo, veja-se este:Investigar as causas principais que fizeram desabrochar no meu es-

pírito durante os anos tão distantes da infância que não voltam mais e

Prosa

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110 Redação e Interpretação de Texto

da qual poucos traços guardo na memória, já que tantos anos se escoa-ram, a vocação para a Engenharia é tarefa que pelas razões expostas,me é praticamente impossível e, ouso acrescentar que, mesmo paraum psicólogo acostumado a investigar as profundezas da mente huma-na, essa pesquisa seria sobremodo árdua para não dizer impossível.

(Redação de aluno)3

A idéia principal do período acima perdeu-se em pormenores impertinentes,expressos por meio de frases feitas, clichês: “anos tão distantes da infância quenão voltam mais”; “acostumado a investigar as profundezas da mente humana”.Enfatizando a falta de clareza, o uso inadequado dos sinais de pontuação difi-culta a leitura. O autor poderia resumir suas reflexões e dizer simplesmente:“Não sei por que pretendo cursar Engenharia”.

Exemplo do defeito inverso temos em:

A industrialização é um fenômeno característico das sociedadesmodernas. Industrialização é criação de indústrias. As indústrias produ-zem bens de consumo e bens de produção. O Brasil está se industriali-zando. Existem países mais industrializados que o Brasil, como Esta-dos Unidos, Japão, etc. Há outros mais atrasados, como o Paraguai e oHaiti, por exemplo. Algumas indústrias poluem o meio ambiente. Masas indústrias dão emprego a muita gente. As indústrias se concentramnas regiões industriais. Enfim, a industrialização é a alma do progresso.

(Redação de aluno)

O que se percebe aqui é que não existe propriamente um texto, mas umamontoado de frases curtas que não se articulam para produzir uma mensagemclara e definida.

Para conseguir clareza num parágrafo, recomenda o professor Othon Garciaque o mesmo apresente:a) unidade: só deve haver uma idéia predominante por parágrafo;b) coerência: relação estreita entre a idéia predominante e as secundárias;c) ênfase: a idéia predominante deve aparecer sob a forma de oração principal e

colocar-se em posição de relevo.O último exemplo citado carece de unidade, pois não apresenta uma idéia

predominante por parágrafo e, por isso, a coerência (relação entre a idéia pre-

3 In Dissertação para o vestibular, Hildebrando Afonso de André, Livraria Teixeira, São Paulo,1961.

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111Redação e Interpretação de Texto

dominante e secundárias) também não existe. Desse modo, não há ênfase, por-que não há uma oração principal por parágrafo e outras (coordenadas e/ou su-bordinadas) que a ela se agregam, uma vez que a quase totalidade das oraçõessão absolutas.

Observe como este fragmento do texto de Gualter Mathias Neto é claro, equi-librado, bem construído:

Escrever bem não é escrever difícil. Aliás, é mais difícil escrever comsimplicidade do que rebuscar as frases com palavras de uso incomum.Ilude-se quem pensa que enfeitar um texto com expressões mirabolan-tes credencia o seu autor à glória literária. Os melhores escritores con-quistaram a palma escrevendo simples, claro e direto.

O abuso de construções pretensamente eruditas é mais grave quando a men-sagem se destina à mídia. Ninguém lê jornal com um dicionário no sovaco. Nemassiste ao noticiário da televisão ou ouve rádio cercado de enciclopédias. Quantomais compreensível é a informação, mais eficaz. “Quem não se comunica setrumbica”, já dizia o “Velho Guerreiro”.

1.2. Concisão

A concisão consiste em conseguir o máximo de expressividade, utilizando-seo mínimo de palavras. Deve-se eliminar do texto circunlóquios, repetições epalavras desnecessárias.

O emprego sobretudo do adjetivo deve ser cuidadoso. Tem-se geralmentecerta propensão para exagerar no emprego dessa categoria, o que elimina todaa força expressiva do texto.

A prolixidade, defeito que se opõe à concisão, deve-se, com freqüência, àdesorganização mental: escreve-se sem ter elaborado previamente um plano,sem ter organizado as idéias. E deve-se, também, à falta de uma revisão criteriosado que se escreveu. O resultado é a anticomunicação, o texto que se quer jogarno lixo (o pro lixo do poema): texto em desordem, idéias embaralhadas em umúnico período, complementos fora do lugar, palavras supérfluas, frases inteirasque poderiam ser cortadas.

Encontramos um exemplo magnífico de prolixidade no Manual de Estilo Edi-tora Abril:

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112 Redação e Interpretação de Texto

(...)Enfim, toda vez que você sentar-se à máquina, postar-se diantedo terminal ou pegar a caneta com o propósito de escrever, lembre-sede que sentenças de breve extensão, amiúde logradas por intermédioda busca incessante da simplicidade no ato de redigir, da utilizaçãofreqüente do ponto, do corte de palavras inúteis que não servem mes-mo para nada e da eliminação sem dó nem piedade dos clichês, dosjargões tão presentes nas laudas das matérias dos setoristas, da retóri-ca discursiva e da redundância repetitiva — sem aquelas intermináveisorações intercaladas e sem o abuso das partículas de subordinaçãocomo, por exemplo, “que”, “embora”, “onde”, “quando”, capazes deencompridá-las desnecessariamente, tirando em conseqüência o fôle-go do pobre leitor —, isso para não falar que não custa refazê-las, pro-vidência que pode aproximar o verbo e o complemento do sujeito, taissentenças de breve extensão, insistimos antes que comecemos a chateá-lo, são melhores e mais claras.Ou seja, use frases curtas.

Primeiro defeito: frase longa. Segundo defeito: orações intercaladas. Terceirodefeito: uso de clichês, jargões e redundância. Reescrevendo o texto teríamos:“Sempre que for escrever, lembre-se de que sentenças de breve extensão sãomelhores e mais claras. Para consegui-las seja simples, utilize o ponto comfreqüência e evite jargões, clichês, excesso de orações intercaladas e palavrasinúteis”.

É evidente que o autor do texto do Manual de Estilo, propositadamente, co-meteu todos esses deslizes para mostrar como um texto prolixo e malplanejadopode tornar-se obscuro e dificultar a leitura.

Para terminar este tópico, um conselho do escritor belga Georges Simenon:“Corto adjetivos, advérbios e todo o tipo de palavra que está lá só para fazerefeito”.

1.3. CorreçãoNeste item, é importante lembrar que existem vários registros de linguagem,

cabe ao autor do texto escolher qual o mais adequado para a situação comuni-cativa em questão.

Em família, num bate-papo informal, o nível coloquial talvez seja o mais indicado:a preocupação com as regras gramaticais será afrouxada, gírias poderão aparecer.

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113Redação e Interpretação de Texto

Quando queremos imprimir verdade, verossimilhança à nossa personagem,usaremos um registro de linguagem que espelhe sua condição. Por exemplo, seminha personagem é semi-analfabeta, é sua linguagem que devo usar no dis-curso direto para caracterizá-la.

Já num editorial de jornal ou revista, em livros técnicos e científicos, numdiscurso, enfim em situações formais, a linguagem padrão (normatizada pelagramática) deve ser utilizada.

Para um resultado positivo no uso da norma culta, é bom lembrar que a con-sulta constante a dicionários e gramáticas é essencial. Só a título de exemplo,podemos indicar os erros mais comuns nos domínios da ortografia, da sintaxe,da morfologia e do léxico.A – Ortografia: o sistema ortográfico é baseado em convenções que visam a

neutralizar as diferenças regionais de pronúncia. Nunca se deve escrever deouvido, mas conhecer a norma. Os erros ortográficos mais comuns são:1 – acentuação gráfica: os deslizes mais freqüentes incidem sobre osacentos diferenciais:Ele chegou sózinho (pelo correto: sozinho).Estes pacotes contém veneno (pelo correto: contêm).Comi uma pera madura (pelo correto: pêra).O pelo do cachorro está sujo (pelo correto: pêlo).2 – pontuação: o erro mais comum está no uso da vírgula. Por exemplo, aseparação entre o sujeito e o predicado:As folhas do abacateiro, são úteis nos regimes de emagrecimento (pelo corre-to: As folhas do abacateiro são úteis nos regimes de emagrecimento.).3 – uso das letras:excessão (pelo correto: exceção)quiz (pelo correto: quis)atrazada (pelo correto: atrasada)4 – uso da crase: o que pode alterar o sentido da frase:Doou à mãe metade de sua fortuna. (Alguém doou para a mãe...)Doou a mãe metade de sua fortuna. (A mãe doou...)Algumas estrelas não são visíveis à olho nu (não se usa o acento indicativo dacrase antes de palavra masculina).

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114 Redação e Interpretação de Texto

B – Sintaxe: é a parte da gramática que trata da combinação das palavras nafrase.1 – concordância verbal e nominal:Sobrou três goiabas (pelo correto: sobraram).Vende-se ovos fresco (pelos corretos: vendem e frescos).2 – regência verbal e nominal:As regras foram obedecidas cegamente.(O verbo obedecer é transitivo indireto e rege a preposição a, portanto nãoexiste voz passiva com ele. Assim, é a única forma aceitável é: Obedeceu-se cegamente às regras.)3 – colocação:3.1. colocação de palavras na frase:Polícia Federal confisca gado no Nordeste (pelo mais eufônico Gado é con-fiscado pela Polícia Federal no Nordeste, para evitar o cacófato confiscagado).Firmas particulares adquiriram helicópteros que haviam sido desativadospela polícia por 50 mil dólares (pelo mais aceitável: Por 50 mil dólares,firmas...).Pela primeira versão, teríamos outra leitura do texto.3.2. colocação de pronomes:Nunca vi-a mais triste! (pelo correto: Nunca a vi mais triste!, pois advérbiosou palavras de sentido negativo atraem os pronomes oblíquos para antesdo verbo).

C – Morfologia: seção da gramática que indica a categoria gramatical a quepertencem as palavras.1 – verbo: o erro mais freqüente incide na conjugação.O ministro interviu na discussão (pelo correto: O ministro interveio...).Esculpa seus cabelos... (o verbo esculpir é defectivo, isto é, não existe nas 2ªe 3ª pessoas do singular e 3ª pessoa do plural do imperativo).2 – flexão de substantivos e adjetivos:Os degrais eram lisos e escorregadios (pelo correto: Os degraus..., pois oplural de palavras que terminam em U (vogal) é normal: +S: urubu — uru-bus. Os terminados em L é que são formados por IS: jornal — jornais).

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Visitamos a sala dos troféis (pelo correto: troféus).Seus olhos verdes-claros me enfeitiçam (pelo correto: verde-claros).3 – palavras invariáveis:Use menas força (pelo correto: menos).Ela é meia surda (pelo correto: meio).

D – Léxico: Quando se escreve, diversos vocábulos e formas de construçãodas orações ocorrem-nos ao espírito para a expressão de uma mesma idéia.Só existe, porém, uma forma ideal. Nós a encontramos com maior ou me-nor facilidade ou nem chegamos a encontrá-la. Mas ela existe. Segundo oescritor francês La Bruyère (1645-1696), “... tudo o mais, fora dela, é fraco enão satisfaz o homem de espírito que se quer fazer ouvir. Um bom autor,cuidadoso no escrever, observa muitas vezes que a expressão buscada hámuito, desconhecida e enfim achada, era a mais simples e natural, a quedeveria acudir logo, sem esforço”.Como conseguir a precisão, sobretudo no que tange à seleção do vocábu-lo? Consultando, freqüentemente, o dicionário; adequando o termo à situ-ação comunicativa; eliminando os preconceitos que porventura tenhamosquanto à gíria; dedicando-nos ao estudo de termos especializados, desdeque úteis e expressivos; aceitando neologismos e estrangeirismos; recu-sando as palavras surradas, gastas pelo uso freqüente e, por isso,inexpressivas; procurando nos colocar na posição do leitor, levantando suaseventuais dúvidas ou restrições quanto à enunciação do pensamento; rees-crevendo pacientemente os textos quando se suspeite de sua exatidão,propriedade ou clareza, assumindo, sempre, uma atitude de humildade quan-to à própria criação e, finalmente, nunca se satisfazendo inteiramente como que de melhor produziu, buscando a máxima perfeição possível.Um perigo que ronda o escritor iniciante é pensar que quanto mais difíceisos termos empregados, melhor será sua redação. Assim é comum utilizar-se de palavras cujo significado desconhece. O efeito, é claro, é o contráriodo que quer atingir: o hilariante, o grotesco. Numa redação de vestibular,encontramos a expressão “lêvedo engano”, quando na realidade o alunoqueria dizer “ledo”...Outro problema são as palavras parônimas, aquelas que têm forma bastan-te semelhante (mas não idêntica) e sentidos diferentes. É comum ouvirmosaté repórteres dizerem: “Os ladrões roubaram vultuosa quantia do banco”(por vultosa).

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116 Redação e Interpretação de Texto

Você percebeu que a relação de erros é grande. Para resolver os mais fre-qüentes e simples, na segunda parte deste manual fornecemos alguns tópi-cos gramaticais complementados pelos respectivos exercícios. Mas as so-luções, insistimos, encontram-se nas gramáticas, nos dicionários e, sobre-tudo, na leitura freqüente e atenta de bons livros, jornais e revistas.

1.4. ElegânciaRepresenta o resultado obtido quando se procuram as qualidades da prosa:

clareza, concisão e correção. O texto elegante é claro, harmônico, fluente eusará uma linguagem adequada ao contexto sociocomunicativo.

Veja como Rubem Braga, nosso maior cronista, consegue atingir todas asqualidades com seu texto:

O Vento que Vinha Trazendo a LuaEu estava no apartamento de um amigo, no Posto 6, e quando che-

guei à janela vi a lua: já havia nascido toda e subido um pouco sobre ohorizonte marinho, avermelhada. Meu amigo fora lá dentro buscar algu-ma coisa e eu ficara ali, sozinho, naquela janela, presenciando a ascen-são da lua cheia.

Havia certamente todos os ruídos da cidade lá embaixo, havia jane-las acesas de apartamentos. Mas a presença da lua fazia uma espéciede silêncio superior e de majestade plácida; era como se Copacabanaregressasse ao seu antigamente sem casas, talvez apenas alguma ca-bana de índio humilde entre cajueiros e pitangueiras e árvores de man-gue, talvez nem cabana de índio nenhum, índio não iria morar ali sem terperto água doce.

(Rubem Braga, Ai de ti, Copacabana, Rio de Janeiro,Record, 1987.)

2. Defeitos da ProsaAo lado das qualidades que elencamos, há defeitos que devem ser evitados e

que são catalogados pela gramática como vícios de linguagem. Esses defeitos re-presentam desvios das normas gramaticais ou, ainda, desvios estilísticos. São eles:

2.1. BarbarismosConsistem em grafar ou pronunciar uma palavra em desacordo com a norma

culta. Eles ocorrem:

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117Redação e Interpretação de Texto

1 – na grafia: analizar por analisar2 – na pronúncia: rúbrica por rubrica3 – na morfologia: deteu por deteve4 – na semântica (sentido das palavras): O iminente jurista presidiu a seção (por

eminente e sessão).Os estrangeirismos, quando usados desnecessariamente, também constitu-

em barbarismo:1 – galicismos ou francesismos: garçon por garçom; ballet por balé; mise-en-

scène por encenação.2 – anglicismos: cocktail por coquetel; volley-ball por voleibol ou vôlei; week-

end por fim de semana.

2.2. SolecismoQualquer erro de sintaxe.

1 – de concordância: Fazem anos que não o vejo (por faz).2 – de regência: Esqueceram de mim (por Esqueceram-se de mim).3 – de colocação: Não coloque-a na água (por Não a coloque na água).

2.3. ArcaísmoEmprego de palavras ou construções antigas, que já caíram em desuso.Antanho (por no passado).Querem-se curtos os antelóquios (por Preferem-se prefácios curtos).

2.4. PreciosismoExagero na linguagem, em prejuízo da naturalidade e clareza da frase.Isso é colóquio flácido para acalentar bovino (por Isso é conversa mole pra

boi dormir).

2.5. CacofoniaQualquer seqüência silábica que provoque som desagradável como “A boca

dela é enorme” por “Sua boca é enorme”. A cacofonia compreende:

2.5.1. CacófatoEncontro de sílabas que forma uma palavra obscena.

Envie-me já os catálogos.

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118 Redação e Interpretação de Texto

Polícia Federal confisca gado de fazendeiros.O padre assistiu a moribunda.

2.5.2. EcoRepetição desagradável de terminações iguais, sobretudo na prosa.Freqüentemente o presidente sente dor de dente.

2.5.3. ColisãoRepetição de consoantes iguais ou semelhantes.O monstro medonho mede, mais ou menos,um metro e meio.

2.5.4. HiatoSeqüência ininterrupta de vogais.Ou eu o ouço ou eu o ignoro.Quando existe uma intencionalidade, isto é, quando se quer produzir um de-

terminado efeito estilístico, o eco, a colisão e o hiato deixam de ser vícios echamam-se, respectivamente: rima, aliteração e assonância.

2.6. Ambigüidade ou AnfibologiaRecente anúncio no jornal dizia:

Evite o furto ou roubo de seu carro,moto ou caminhão “VIA SATÉLITE”.

Esse título fazia o leitor supor que seu carro, moto ou caminhão poderia serroubado via satélite. Somente no texto do anúncio a ambigüidade se desfazia:tratava-se de um equipamento rastreador via satélite.

Duplo sentido decorrente de construção defeituosa da frase.O cachorro do meu vizinho morreu.Podemos entender:

a) O cachorro que pertencia ao meu vizinho morreu.b) Meu vizinho, que sempre foi desonesto, um verdadeiro cachorro, morreu.

O guarda deteve o suspeito em sua casa.Casa de quem? Do suspeito? Do guarda?

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119Redação e Interpretação de Texto

2.7. Redundância, Pleonasmo Vicioso ou TautologiaRepetição desnecessária de informação.Ele detém o monopólio exclusivo dos refrigerantes na Índia (na palavra mono-

pólio já existe a idéia de exclusividade).Todos foram unânimes em aprovar o projeto (se foram todos, já houve unani-

midade).O cantor usava brincos nas duas orelhas (quantas orelhas poderia ter o can-

tor?...).Como você percebeu, o trabalho não é simples, mas pode tornar-se se hou-

ver uma atenção redobrada e crítica na elaboração e leitura de textos.

3. ExercícioIdentifique os vícios de linguagem e corrija-os:1) Novidade inédita na área da informática revolucionou o mercado.2) Paulo comeu uma feijoada e sua irmã também.3) É admirável a fé de meu tio.4) Meu pai sofre de alopecia androgênica.5) Meu irmão deu um tropeção, caiu no chão e machucou a mão.6) Compre um refrigerante e ganhe grátis um copo.7) Precisa-se de um rapaz forte para ordenhar vacas e uma empregada.

4. Questões de Vestibular1 (FCMSC-SP) Assinale a letra que corresponde à melhor redação, conside-

rando correção, clareza e concisão:a) Foram chamados sua atenção pelo diretor.b) O diretor chamou-os sua atenção.c) O diretor lhes chamou à atenção.d) Foi-lhes chamado a atenção pelo diretor.e) O diretor chamou-lhes a atenção.

2 (FAUS-SP) Leia o texto e responda à questão:Num tribunal, a testemunha afirmou:— Eu vi o desmoronamento do barracão.O Juiz ficou em dúvida quanto às hipóteses:1ª- A testemunha viu o barracão desmoronar.2ª- A testemunha estava no barracão e de lá viu um desmoronamento.

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120 Redação e Interpretação de Texto

Este fenômeno é chamado de:a) ambigüidade d) silepseb) pleonasmo e) redundânciac) cacofonia

3 (Cescem-SP) O período abaixo foi redigido de cinco formas diferentes. As-sinale a alternativa correspondente ao período que tem a melhor redação,considerando correção, clareza, concisão e elegância:a) E foi assim que ele, pela derradeira vez na vida, viu Maria Eduarda, gran-

de, muda, toda negra na claridade, à portinhola daquele vagão que parasempre a levava.

b) E ele assim, na derradeira vez na vida, é que viu Maria Eduarda, grandona,emudecida, toda de preto naquela claridade, na portinhola daquele vagãoque a levava para nunca mais.

c) E foi, assim, que ele, pela vez derradeira na sua vida, viu a Maria Eduarda,grande muda, toda negra naquela claridade, na portinhola daquele vagãoque a levava para jamais.

d) E, então, pela última vez na sua longa vida, ele viu Maria Eduarda, grandee muda, toda de negro naquela claridade, debruçada na portinhola emcujo vagão ela partia para sempre.

e) No vagão em que foi embora para sempre, a Maria Eduarda apareceupara ele — pela última vez na vida deste — muito grande e muda, todanegra numa claridade; ela estava debruçada na portinhola.

4 (Fuvest-SP) Dentre as seguintes frases, assinale aquela que não contémambigüidade:a) Peguei o ônibus correndo.b) Esta palavra pode ter mais de um sentido.c) O guarda deteve o suspeito em sua casa.d) O menino viu o incêndio do prédio.e) Deputado fala da reunião no Canal 2.

5 (Fazles-SP) “A vizinhança limpou com benzina suas roupas domingueiras.”(Alcântara Machado)

Indique o termo que denota ambigüidade:a) suas d) comb) vizinhança e) limpouc) benzina

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6 (OMEC-SP) Assinale o vício de linguagem da seguinte frase: “Ele prendeu oladrão em sua casa”.a) colisão d) ecob) anfibologia e) cacofoniac) preciosismo

7 (Unicamp-SP) Observe que, nos trechos abaixo, a ordem que foi dada àspalavras, nos enunciados, provoca efeitos semânticos (= de significado) “es-tranhos”:“Fazendo sucesso com a sua nova clínica, a psicóloga Iracema Leite FerreiraDuarte, localizada na rua Campo Grande , 159.”“Embarcou para São Paulo Maria Helena Arruda, onde ficará hospedada noluxuoso hotel Maksoud Plaza.”

Notícias da coluna social do Correio do Mato Grosso, 28/8/1988Escolha um dos trechos, diga qual é a interpretação “estranha” que ele podeter e reescreva-o de forma a evitar o problema.

8 (Unesp) Emprega-se o termo “solecismo” para indicar o uso errado da con-cordância, regência ou colocação. Aponte a única alternativa em que nãoocorre tal erro:a) Faz cinco anos completos que não visito o Rio.b) Devem haver explicações satisfatórias para esse fato.c) Haviam vários objetos espalhados sobre a mesa.d) Se lhe amas, deves declarar-te depressa.e) Fazem já vinte minutos que começaste a prova.

9 (UFSC) Observe os termos sublinhados e assinale as alternativas CORRE-TAS. Depois, some os valores correspondentes:01. Esse diálogo foi mau interpretado.02. Infelizmente deixarei a minha terra, mais um dia voltarei.04. Daqui há quatro meses entrarei em férias.08. No domingo passado fui ao jogo de futebol aonde me diverti muito.16. Não era droga que havia ingerido, senão um analgésico comum.

Soma

10 (Med. Taubaté) Em “Envie-me já o catálogo de vendas”, temos:a) ambigüidade d) colisão

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122 Redação e Interpretação de Texto

b) pleonasmo e) cacófatoc) barbarismo

11 (F. E. Bauru) Assinale a construção em que é feito um reforço inadequado:a) Vi com os meus próprios olhos.b) Bom motorista não o sou.c) Levantou a alavanca da máquina para cima.d) Os impostos é bom pagá-los.e) Nenhuma das anteriores.

12 (FESP) Nos exemplos a seguir, encontram-se, respectivamente, os seguin-tes vícios de linguagem. Aponte a opção correta:Foi ao casamento sem o meu consentimento.O carnet já estava quitado.Os estudantes cantaram nosso hino.Há dois anos atrás já havia televisão.a) eco, anglicismo, cacofonia, pleonasmob) eco, galicismo, cacofonia, pleonasmoc) cacofonia, barbarismo, eco, cacofoniad) cacografia, eco, elisão, barbarismoe) eco, anglicismo, cacografia, pleonasmo

13 (UF Piauí) Encontramos uma oração sem ambigüidade em:a) Venceu o mal o remédio.b) A polícia prendeu o ladrão em sua casa.c) Matou-o a faca.d) Ninguém perguntou se tudo correu bem.e) A mulher viu a batida da porta.

14 (UFSC) Considerando a(s) afirmativa(s) abaixo, assinale a(s) VERDADEIRA(S):01. Na frase O carrasco não teve dó: decapitou a cabeça do condenado,ocorre o que chamamos de redundância.02. Na frase A literatura portuguesa nos deu dois grandes escritores: Camões,grande poeta renascentista, e Fernando Pessoa, grande poeta moderno, ficaclaro que os dois autores são poetas renomados.04. Na frase Uma biópsia do tumor retirado do pâncreas do imperador Hiroíto(...) mostrou que ele não era maligno, o pronome ele tanto pode referir-se ao

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substantivo tumor quanto ao substantivo Hiroíto. Este é um exemplo deambigüidade.08. Na frase Os meninos, esperavam inquietos, o resultado do pedido, apontuação está correta.16. Na frase O projeto, de cuja realização sempre duvidara, exigiria toda adedicação de que fosse capaz, as expressões de cuja e de que foram empre-gadas corretamente.

Soma

15 (UFSC) Considerando o nível culto da língua portuguesa, marque a(s)opção(ões) CORRETA(S):01. Se ele quizesse, faria tudo de novo. Seria um previlégio.02. Se ele propor, eu concordo.04. É muita pretensão para um pobre mortal.08. Algumas pessoas são muito deshumanas.

Soma

16 (UFSC) Considerando o nível culto da língua portuguesa, assinale as frasesCORRETAS:01. Dever-se-ão ler os testes antes de publicá-los.02. Meu vizinho quiz tacar cinqüenta gôtas numa só tacada.04. Tu disse que ouviu gemidos.08. Graças a maré alta, a baleia conseguiu voltar ao mar há tempo.

Soma

17 (UF Roraima) Assinale a alternativa em que ocorre um termo grafado demodo incorreto:a) úmido, hesitar, ombro, ontemb) reaver, pré-histórico, mal-humorado, desumanoc) rebuliço, jabuti, burburinho, cutiad) privilégio, impecilho, disenteria, crânioe) engolir, bobina, boteco, esgoelar

18 (UF Paraná) “A jubarte é uma baleia que mede até 15 metros de comprimen-to. Ela chega a pesar 45 toneladas. Ela está ameaçada de extinção em todo

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o mundo. Ela passou novamente a ser vista no arquipélago de Abrolhos. Oarquipélago de Abrolhos fica ao sul do litoral da Bahia.”Que alternativa(s) conserva(m) as informações contidas nas cinco oraçõesacima e está(ão) gramaticalmente correta(s)?Atenção: não importa a ordem em que as informações se apresentam.01. Ameaçada de extinção em todo o mundo, a jubarte — uma baleia que medeaté 15 metros de comprimento e chega a pesar 45 toneladas, que passou aser vista no arquipélago de Abrolhos, onde está ao sul do litoral da Bahia.02. A jubarte é uma baleia que está em extinção em todo o mundo, ela medeaté 15 metros de comprimento e chega a pesar 45 toneladas, onde passounovamente a ser vista no arquipélago de Abrolhos, os quais ficam ao sul daBahia.04. Ameaçada de extinção em todo o mundo, a jubarte — uma baleia quemede até 15 metros de comprimento e chega a pesar 45 toneladas — pas-sou novamente a ser vista no arquipélago de Abrolhos, ao sul do litoral daBahia.08. A jubarte, uma baleia que mede até 15 metros de comprimento e chegaa pesar 45 toneladas, passou novamente a ser vista no arquipélago de Abro-lhos, ao sul do litoral da Bahia, pois está ameaçada de extinção.16. Uma baleia ameaçada de extinção — a jubarte, que mede até 15 metrosde comprimento e chega a pesar 45 toneladas — passou novamente a servista no arquipélago de Abrolhos, ao sul do litoral da Bahia.32. A jubarte — uma baleia que, apesar de ameaçada de extinção em todo omundo, mede até 15 metros de comprimento e chega a pesar 45 toneladas— passou novamente a ser vista no arquipélago de Abrolhos, ao sul do litoralda Bahia.

Soma

19 (Cesesp-PE)I – Essa pseuda-representação popular não é de caráter democrático.II – Qualquer que seja os motivos, não se deve usar de muitos argumentos.III – Eu tinha por honestos a maior parte dos empregados.IV – Eu tinha por honesta a maior parte dos empregados.Nos períodos acima, a concordância nominal está errada:a) em todos d) só no 2o e no 3o

b) em nenhum e) só no 1o e no 4o

c) só no 1o e no 2o

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125Redação e Interpretação de Texto

20 (UFSC) Assinale somente as frases que estão CORRETAS de acordo com asnormas gramaticais da língua culta:01. Diga ao teu patrão que estou fazendo uma pesquiza sobre os hábitos dapopulação.02. Se não fosse o mal tempo, provavelmente deixássemos os convidadosna estação.04. O artista me falou da inalguração da exposição mais eu não pude ir lá.08. Convido-lhe para ir dormir porque já era tarde.16. Os guardas de trânsito não deixa os maus motoristas tranqüilos.32. O que acabaste de falar nada tem a ver com o assunto previsto para odebate de hoje.64. Para a maioria dos candidatos à Constituinte só restou a esperança deque os eleitores não se decepcionem.

Soma

21 (FAAP) Oswald de Andrade proclamava no poema-programa “Falação”:“A língua sem arcaísmos. Sem erudição. Natural e neológica.A contribuição milionária de todos os erros.”Os trechos que seguem mostram que o poeta foi fiel ao programa. Nelesvocê encontrará alguns solecismos. Sua tarefa consiste em determiná-los ecorrigi-los, segundo as exigências da norma gramatical culta.“O noivo da moçaFoi para a guerraE prometeu se morresseVir escutar ela tocar piano”R.:“Se Pedro SegundoVier aquiCom históriaEu boto ele na cadeia”R.:

22 (UF Roraima) Assinale a alternativa em que há confusão entre mal e mau:a) de um mau espera-se todo malb) mau proceder é substantivação de proceder malc) retirou-se do local, que era mau-cheiroso

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126 Redação e Interpretação de Texto

d) falar no mau, preparar o paue) como é maljeitoso, caiu de mau jeito

23 (UFSC) Analise as expressões destacadas e assinale as frases CORRETAS.Depois some os valores correspondentes:01. Amanhã irão fazer vinte anos que me formei.02. Comprariam-se alguns equipamentos necessários a implantação do pro-jeto de informatização daquela indústria.04. Queira ou não o presidente do Congresso, o risco de que se repitam oserros do passado recente são reais.08. O ex-comandante do exército não perdoa ao ministro, a quem acusou dediscriminar militares ainda na ativa.16. Há palavras que se falam à toa e vazias de sentido.

Soma

24 (UFUb-MG) Qual o vício de linguagem que se observa na frase: “Eu vi elenão faz muito tempo”?a) solecismo d) barbarismob) cacófato e) colisãoc) arcaísmo

25 (AMAN) Com relação às frases abaixo:I. Amam-se os pais com fervor.Ama-se aos pais ou eles se amam um ao outro?II. As professoras Maria e Josefina já corrigiram 600 provas.Ao todo, 600 ou 1.200?III. Lembre-se de que já procurei demonstrar ao nosso amigo comum quenão lhe tenho rancor.A quem se fala ou de quem se fala?IV. Eis a estratégia fundamental de Napoleão, que todos temos de admirarsem reservas.Admiramos Napoleão ou sua estratégia?Podemos afirmar:a) Todas são ambíguas. d) Apenas a III é ambígua.b) Apenas a I é ambígua. e) Apenas a IV é ambígua.c) Apenas a II é ambígua.

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127Redação e Interpretação de Texto

26 (Medicina de Jundiaí) Assinale a letra que corresponde à melhor redação,considerando correção, clareza e concisão:a) Os candidatos foram comunicados que se adiara a prova.b) Comunicou-se aos candidatos que a prova fora adiada.c) O adiamento da prova foi matéria da comunicação à candidatos.d) Fez-se a comunicação do adiamento à prova aos candidatos.e) Foi feito aos candidatos a comunicação da prova ser adiada.

27 (Santa Casa – SP) Assinale a letra que corresponde à melhor redação, con-siderando correção, clareza e concisão:a) O estilo trás, nas mais das vezes, questiunculas quase sempre contro-

vertidas.b) Problemas inerentes no estilo, são quase sempre controversas.c) Questões de estilo são, no mais das vezes, controversas.d) O estilo sucita questões inerentemente controversas.e) Os problemas que concerne ao estilo tem solução quase sempre contro-

versa.

28 (Unicamp-SP) O comentário seguinte faz parte de uma reportagem sobre odecreto assinado este ano pelo presidente José Sarney, tornando eliminató-rios, no vestibular, os exames de língua portuguesa e de redação:“Os estudantes que pretendem ingressar na Unicamp, no próximo vestibu-lar, concordam com o decreto do governo. Estão reclamando, apenas, que aUniversidade de Campinas está exigindo a leitura de um livro que entrará noexame inexistente no Brasil: A confissão de Lúcio, de Mário de Sá-Carneiro.”

(Istoé Senhor, 14/9/1988)Conforme redigido, o texto contém uma passagem ambígua (que pode termais de uma interpretação). Identifique essa passagem, transcreva-a e ex-plique por que ela é ambígua. Em seguida, reescreva-a de forma a tornarclara a interpretação pretendida pela revista.

29 (UFMG) Sem alterar o sentido do período, reescreva-o, eliminando as pala-vras destacadas e fazendo as adaptações necessárias.O que é indispensável é que se conheça o princípio que se adotou para quese avaliasse a experiência que se realizou ontem, a fim de que se compreen-da a atitude que tomou o grupo que foi encarregado do trabalho.

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128 Redação e Interpretação de Texto

30 (Ceeteps-SP) Torne o texto abaixo mais enxuto, mais conciso: elimine pala-vras desnecessárias."A árvore, oca por dentro, era muito elevada, tinha vinte metros de colunatotal, do chão ao topo: estava, por esta razão, prestes a cair, daí a instantes,para baixo."

31 (PUC-RS) A alternativa com melhor redação, considerando correção, clare-za e concisão, é:a) A única medida para melhorar o desempenho lingüístico do aluno é deve-

ria ser exigido em todos os níveis aulas práticas de língua portuguesa.b) Deveria ser exigido, em todos os níveis, aulas práticas de língua portugue-

sa. Esta seria a única medida para melhorar o desempenho lingüístico dosalunos.

c) Ministrar aulas práticas de língua portuguesa em todos os níveis é a únicamedida para melhorar o desempenho lingüístico dos alunos.

d) Aulas práticas de língua portuguesa deveriam serem ministradas comoúnica medida em todos os níveis para melhorar o desempenho lingüísticodos alunos.

e) Para melhorar o desempenho lingüístico dos alunos em todos os níveisdeveriam ser ministradas aulas práticas de língua portuguesa. Esta seria aúnica medida.

32 (FGV-SP) Reescreva o texto abaixo, corrigindo-o no que for necessário, le-vando em consideração as normas do padrão culto da linguagem.Entregou-se ao professor os relatórios de estágios que precisávamos para aobtensão dos créditos finais e, agora, ficaremos a espera dos resultadoscujos os números serão divulgados em breve pela secretaria.

33 (Unicamp-SP) No texto a seguir, há um trecho que, se tomado literalmente(ao pé da letra), leva a uma interpretação absurda."A oncocercose é uma doença típica de comunidades primitivas. Não foidesenvolvido ainda nenhum medicamento ao tratamento que possibilite orestabelecimento da visão. Após ser picado pelo mosquito, o parasita (agen-te da doença) cai na circulação sangüínea e passa a provocar irritações ocu-lares até perda da visão."

(Folha de S. Paulo, 2/11/1990.)a) Transcreva o trecho problemático.b) Diga qual é a interpretação absurda que se pode extrair desse trecho.

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129Redação e Interpretação de Texto

c) Qual é a interpretação pretendida pelo autor:d) Reescreva o trecho de forma a deixar explícita tal interpretação.

34 (Unicamp-SP) O autor do texto a seguir conhece um tipo de raciocínio cujaestrutura lembra propriedades de um círculo e tenta reproduzi-lo. No entan-to, não é bem-sucedido."... Gera-se, assim, o círculo vicioso do pessimismo. As coisas não andamporque ninguém confia ao governo. E porque ninguém confia no governo ascoisas não andam."

(Gilberto Dimenstein, Folha de S. Paulo, 22/11/1990)a) Reescreva o trecho de maneira que ele passe a ter a estrutura de um ver-

dadeiro círculo vicioso.b) Comparando o que você fez e o que fez o autor, explique em que ele se

equivocou.

35 Leia esta manchete de jornal:Inadimplente programa compra

A frase está:a) incorreta, porque as três palavras que a compõem podem pertencer a

mais de uma categoria gramatical.b) ambígua, porque nela ocorrem simultaneamente dois verbos, programa e

compra.c) inteligível, porque a ordem de colocação das palavras permite identificar-

lhes a função sintática.d) ininteligível, porque traz um adjetivo na função de sujeito.e) incorreta, porque não traz determinante junto do substantivo.

36 (Unicamp-SP) Os computadores facilitam a reelaboração de textos, poispermitem, entre outras coisas, incluir e apagar trechos. A introdução dessatecnologia na composição de jornais começou a produzir um tipo especialde erro, devido provavelmente ao fato de que o autor se esquece de eliminarpartes de versões anteriores, após introduzir modificações. No trecho se-guinte, por exemplo, há duas expressões de sentido equivalente, uma dasquais deveria ser eliminada.Isso porque não é necessário que nesse estágio o Planalto não precisa aindaapresentar sua defesa.

(Folha de S. Paulo, 5/9/1992)

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130 Redação e Interpretação de Texto

a) Identifique as expressões de sentido equivalente que não podem, nessetrecho, ser usadas simultaneamente.

b) Reescreva o trecho de duas maneiras, utilizando, a cada vez, apenasuma das expressões que você identificou.

37 (Unicamp) Num documento obtido na Internet, cujo título é "Como escreverlegal", encontram-se, entre outras, as seguintes recomendações:• Evite lugares comuns como o diabo foge da cruz.• Nunca generalize: generalizar é sempre um erro.• A voz passiva deve ser evitada.Todas essas recomendações seguem a mesma estratégia para produzir umefeito cômico.a) Qual é a estratégia geral utilizada nessas recomendações?b) Explicite como a estratégia geral se realiza em cada uma das recomenda-

ções transcritas.

38 (Unicamp-SP) No trecho que segue há uma passagem estruturalmente am-bígua (isto é, uma passagem que poderia ser interpretada de duas maneiras,se ignorássemos o que é geralmente pressuposto sobre a vida de Kennedy).

Identifique essa passagem, transcreva-a, aponte as duas interpretaçõespossíveis e explique o que a torna ambígua do ponto de vista estrutural."E se os russos atacassem agora?, perguntou certa ocasião [...] Judith Exner,uma das incontáveis amantes de Kennedy, que, simultaneamente, mantinhaum caso com o chefão mafioso Sam Giancana."

39 (Unicamp-SP) A leitura literal do texto abaixo produz um efeito de humor.As videolocadoras de São Carlos estão escondendo suas fitas de sexoexplícito. A decisão atende a uma portaria de dezembro de 91, do Juizadode Menores, que proíbe que as casas de vídeo aluguem, exponham e ven-dam fitas pornográficas a menores de 18 anos. A portaria proíbe ainda osmenores de 18 anos de irem a motéis e rodeios sem a companhia ou autori-zação dos pais.

(Folha Sudeste, 6/6/92.)

a) Transcreva a passagem que produz efeito de humor. Qual a situação en-graçada que essa passagem permite imaginar?

b) Reescreva o trecho de forma a impedir tal interpretação.

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131Redação e Interpretação de Texto

40 (Unicamp-SP)Perigo

Árvore ameaça cair em praça do Jardim IndependênciaUm perigo iminente ameaça a segurança dos moradores da rua Lúcia TononMartins, no Jardim Independência. Uma árvore, com cerca de 35 metros dealtura, que fica na Praça Conselheiro da Luz, ameaça cair a qualquer mo-mento. Ela foi atingida, no final de novembro do ano passado, por um raio e,desde este dia, apodreceu e morreu. A árvore, de grande porte, é do tipoCambuí e está muito próxima à rede de iluminação pública e das residên-cias. "O perigo são as crianças que brincam no local", diz Sérgio Marcatti,presidente da Associação do Bairro.

(Juliana Vieira, Jornal Integração, 16 a 31 de 1996.)a) O que pretendia afirmar o presidente da associação?b) O que afirma, literalmente?c) Na placa abaixo, podemos encontrar o mesmo tipo de ambigüidade que

havia na declaração de Sérgio Marcatti. O que tornaria divertida a leiturada placa?Cuidadoescola!Nota: Para responder, leve em conta as seguintes acepções do termo "pe-rigo", constantes do Novo Dicionário da Língua Portuguesa, de AurélioBuarque de Holanda Ferreira:Perigo - 1. Circunstância que prenuncia um mal para alguém ou para algu-ma coisa. 2. Aquilo que provoca tal circunstância; risco. 3. Estado ou situa-ção que inspira cuidado; gravicidade.

41 (Unicamp-SP) A Folha de S. Paulo de 30 de novembro de 1996 trazia, napágina 14 da seção "Mundo", uma notícia da qual foi extraído o trecho abaixo:

"PF prende acusado de terrorismo nos EUA"O libanês Marwan Al Safadi, suspeito do atentado ocorrido no World TradeCenter em Nova York (EUA), em 1993, foi preso no último dia 6 em Assunção(Paraguai), após ser localizado pela PF (Polícia Federal)..."a) Transcreva, do texto, as expressões que indicam as circunstâncias de lu-

gar e tempo da prisão do suposto terrorista.b) A que fato mencionado no título refere-se a expressão "nos EUA", consi-

derando o sentido geral da notícia?

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132 Redação e Interpretação de Texto

c) O título da notícia se presta a interpretações distintas. Quais são essasinterpretações?

42 (Enem)E considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores; éum luxo imperial. Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todasnão existem na pena do pavão. Não há pigmentos. O que há são minúsculasbolhas d'água em que a luz se fragmenta, como um prisma. O pavão é umarco-íris de plumas. Eu considerei que este é um luxo do grande artista,atingir o máximo de matizes com o mínimo de elementos. De água e luz elefaz seu esplendor; seu grande mistério é a simplicidade. Considerei, por fim,que assim é o amor, oh! Minha amada; de tudo que ele suscita e esplende eestremece e delira em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz deteu olhar. Ele me cobre de glórias e me faz magnífico.

(BRAGA, Rubem. Ai de ti, Copacabana. 20. ed.)O poeta Carlos Drummond de Andrade escreveu assim sobre a obra de Ru-bem Braga:O que ele nos conta é o seu dia, o seu expediente de homem, apanhado noessencial, narrativa direta e econômica. (...) É o poeta do real, do palpável,que se vai diluindo em cisma. Dá o sentido da realidade e o remédio para ela.Em seu texto, Rubem Braga afirma que "este é o luxo do grande artista,atingir o máximo de matizes com o mínimo de elementos". Afirmação seme-lhante pode ser encontrada no texto de Carlos Drummond de Andrade, quan-do, ao analisar a obra de Braga, diz que ela é:(a) uma narrativa direta e econômica. (d) seu expediente de homem.(b) real, palpável. (e) seu remédio.(c) sentimento de realidade.

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133Redação e Interpretação de Texto

As figuras de linguagem exploram ossignos em sua totalidade: trabalham a sonoridade, brincam com a sintaxe e asemântica, recriando ou alterando o sentido dicionarizado dos termos. Durantemuito tempo, elas foram consideradas um mero enfeite das frases; hoje, noentanto, sabe-se que as figuras desempenham uma função persuasiva impor-tante de que a propaganda soube tirar partido. As figuras classificam-se em:1 – figuras de construção (ou de sintaxe) têm esse nome porque interferem na

estrutura gramatical da frase;2 – figuras de palavras (ou tropos) constituem-se de figuras que adquirem novo

significado num contexto específico;3 – figuras de pensamento, que realçam o significado das palavras ou expressões.

1. Figuras de Construção (ou de sintaxe)

1.1. ElipseOmissão de um termo facilmente identificável. Seu principal efeito é a concisão.No céu, dois fiapos de nuvens. (No céu, aparecem (existem/há) dois fiapos de

nuvens.)

1.2. ZeugmaOmissão de um termo já mencionado anteriormente. Tem o mesmo efeito da

elipse.Nem ele entende a nós, nem nós a ele. (Nem..., nem nós entendemos a ele.)

1.3. PleonasmoRepetição de um termo ou idéia. O efeito é o reforço da expressão.

Vi-o com meus próprios olhos.Rolou pela escada abaixo.Resta-me a mim somente uma esperança.

Figuras de Linguagem

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134 Redação e Interpretação de Texto

1.4. PolissíndetoÉ a repetição de uma conjunção (geralmente a conjunção e).E foge, e volta, e vacila, e treme, e canta.O assíndeto (ausência de conjunção) é a figura oposta ao polissíndeto.Não sopra o vento; não gemem as vagas; não murmuram os rios.Subia à janela; sondava os arredores; gritava a plenos pulmões.

1.5. Iteração (ou Repetição)Consiste na repetição de um termo. Difere do polissíndeto por ser a reitera-

ção de qualquer palavra e não só da conjunção.O surdo pede que repitam, que repitam a última frase.

(Cecília Meireles)

1.6. AnáforaRepetição da mesma palavra no início de diversas orações. Ex.:

Quem, senão ela, há de expulsar do templo o renegado, o blasfemo, oprofanador, o simoníaco? quem, senão ela, banir da sociedade o imoral, ocorruptor? o libertino? quem, senão ela, varrer dos serviços do Estado oprevaricador, o concussionário e o ladrão público?

(Rui Barbosa, Obras seletas de Rui Barbosa.Rio de Janeiro, Casa de Rui Barbosa, 1957.)

Grande no pensamento, grande na ação, grande na glória, grande no infortú-nio, ele morreu desprezado e só.

1.7. AliteraçãoConsiste na repetição de um som consonantal para sugerir um objeto ou a

idéia desse objeto (já falamos desta figura no capítulo sobre Poesia).Acho que a chuva ajuda a gente a se ver.

(Caetano Veloso)

A repetição dos fonemas fricativos remete à idéia de água escorrendo, cor-rendo.

1.8. OnomatopéiaConsiste na imitação de um som.

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135Redação e Interpretação de Texto

O tique-taque do relógio a enervava.Veio o vento e zupt! levantou-lhe a saia.

1.9. Hipérbato

Consiste na inversão da ordem natural das palavras ou das orações do pe-ríodo.

Ó Netuno, lhe disse, não te espantesDe Baco nos teus reinos receberes,Porque também c’os grandes e possantesMostra a fortuna injusta seus poderes.

(Luís de Camões, Obras completas de Luiz de Camóes.Lisboa, Bertrand, 1946/1947.)

Em ordem direta, estes versos teriam a seguinte redação: “Ó Netuno, lhedisse, não te espantes de receberes Baco nos teus reinos, porque a fortunainjusta mostra seus poderes também com os grandes possantes”.

O hipérbato foi muito usado no Classicismo (século XVI) porque a imitaçãodos modelos greco-romanos exigia que também a sintaxe portuguesa se apro-ximasse da sintaxe latina caracterizada pela inversão dos termos da oração.

Ouviram do Ipiranga as margens plácidasDe um povo heróico o brado retumbante

(Osório Duque Estrada.Hino Nacional Brasileiro.)

O início do Hino Nacional constitui um exemplo de hipérbato usado para quea frase se ajustasse ao ritmo da música. Em ordem direta, temos: “As margensplácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heróico”.

1.10. Anacoluto

É a interrupção do esquema sintático inicial da oração, que termina por outro,diferente.

Meu pai, não admito que falem dele.Vós, que ateastes a guerra, o sangue derramado cairá sobre as vossas cabeças.

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136 Redação e Interpretação de Texto

1.11. SilepseÉ a chamada concordância ideológica. Ocorre quando a concordância deixa

de ocorrer com o elemento gramatical claro, expresso na frase, para fazê-lo emfunção da idéia a ele associada em nossa mente. A silepse pode ser:1 – de gênero:

Santos é muito poluída (poluída concorda implicitamente com a palavra ci-dade).

Vossa Majestade mostrou-se generoso (generoso concorda com a palavrasoberano, não explícita na frase).2 – de número:

O povo lhe pediram que cedesse (pediram não concorda com povo, mas coma idéia de coletivo, de plural, presente em povo).3 – de pessoa:

Todos os brasileiros somos assim (somos indica que o narrador integra o su-jeito).

1.12. ExercíciosI Identifique as figuras de construção:

1. Coisa irritante é gente velha: como se queixam!2. Os clássicos, todos devemos lê-los.3. A maior parte dos meus amigos são médicos.4. Amores passados, é melhor não recordar.5. A vítima não ficou bom da perna.6. Aqueles olhos verdes parecia, que o coração pegava fogo.7. Alguns estudam, outros não.8. O menino resmunga, e chora, e esperneia, e grita, e bate a cabeça na parede.9. Ela não descansa e repete, repete, repete a mesma frase.

II Levando em consideração as figuras de construção, relacione as colunas:(1) pleonasmo (4) hipérbato (7) onomatopéia(2) silepse (5) anacoluto(3) aliteração (6) polissíndeto( ) Vamos ver quem é que sabe soltar fogos de São João?

Foguetes; bombas, chuvinhas,chios, chuveiros, chiando,chiando

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137Redação e Interpretação de Texto

chovendochuvas de fogo!Chá-Bum!

(Jorge de Lima)( ) Gato em casa, eu não quero mais.( ) O que você pensa, isso não me interessa.( ) E o olhar estaria ansioso esperando

e a cabeça ao sabor da mágoa balançandoe o coração fugindo e o coração voltandoe os minutos fugindo e os minutos passando...

(Vinicius de Moraes, Poesia completa e prosa,Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1981.)

( ) Minha vida tudo não passa de alguns anos sem importância.( ) A gente somos inútil.( ) As árvores farfalharam ao vento.

2. Figuras de Palavras (ou Tropos)As figuras de palavras baseiam-se no emprego simbólico, figurado, de uma

palavra por outra, quer por contigüidade (relação de proximidade), quer por si-milaridade (associação, comparação). Como já vimos, estes são os dois concei-tos básicos que nos permitem reconhecer a metonímia e a metáfora.

2.1. MetáforaA metáfora fundamenta-se numa relação subjetiva, ela consiste na transfe-

rência de um termo para um âmbito de significação que não é o seu e para issoparte de uma associação afetiva, subjetiva entre dois universos. É uma espéciede comparação abreviada, à qual faltam elementos conectores (como, assimcomo, que nem, tal qual etc.)

Murcharam-lhe (assim como murcham as flores) os entusiasmos da mocidade.

2.2. MetonímiaA metonímia consiste na substituição de um nome por outro porque entre

eles existe alguma relação de proximidade. Essa relação de substituição surgequando se emprega:a) a parte pelo todo (ou vice-versa):

Estava novamente sem teto (teto = casa).

Page 115: Redação e interpretação de texto

138 Redação e Interpretação de Texto

Coitado.Tomou

uma latade cerveja !

b) o gênero pela espécie (ou vice-versa):Os mortais são covardes (mortais = homens).

c) o singular pelo plural (ou vice-versa):O francês gosta de um bom vinho (francês = franceses).

d) a matéria pelo objeto:Colocou seus cristais à venda (cristais = copos ou objetos de cristal).Obs.: Os casos acima exemplificados são denominados por alguns autorescomo sinédoque. Modernamente a metonímia engloba a sinédoque.

e) o autor pela obra:Devolva o Neruda que lhe emprestei.

(Neruda = livro de poesias de Pablo Neruda)

f) a causa pelo efeito (ou vice-versa):“Comerás o pão com o suor de teu rosto” (suor = efeito da causa que é otrabalho, isto é, “Comerás a comida com o fruto do teu trabalho”). Temosaqui, também a parte pelo todo: pão designa o alimento em geral.

g) o continente pelo conteúdo (ou vice-versa):Tomou duas latas de cerveja (lata = a cerveja contida na lata).

h) o instrumento pela pessoa que o utiliza:Ele é um bom garfo (garfo = glutão, guloso, o homem que come muito).

i) o lugar pelo produto:O presidenciável gosta de um bom havana (havana = charuto fabricado emHavana, capital de Cuba).

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139Redação e Interpretação de Texto

j) o concreto pelo abstrato (ou vice-versa):A juventude brasileira está desorientada (juventude = as pessoas jovens).

l) o sinal pela coisa significada:O trono estava abalado (trono = império, reino).

2.3. CatacreseTrata-se de uma metáfora cristalizada, ou seja, uma metáfora que perdeu seu

valor estilístico em função do uso constante. A catacrese consiste no empregoimpróprio de uma palavra ou expressão por esquecimento ou ignorância de suaetimologia.

Embarcou no avião às 23h45 (embarcar = tomar barca).Enterrou-lhe a faca no peito (enterrar = colocar dentro da terra).Houve manifestações no coração da cidade (coração = centro, por analogia

com o órgão responsável pela vida).

2.4. AntonomásiaConsiste na substituição de um nome por outro ou por uma expressão (perí-

frase) que facilmente o identifique.A Cidade Maravilhosa, depois das chacinas e dos arrastões, já está sendo

chamada de Cidade Perigosa (Cidade Maravilhosa e Cidade Perigosa = Rio deJaneiro).

2.5. ExercícioIdentifique as figuras de palavras (ou tropos):1. Gostaria de conhecer a Cidade-Luz.2. Serra Pelada é um formigueiro humano.3. Um grito agudo cortou o silêncio.

4. Joguei duas pratas no chapéu do pedinte.5. O Pai da Aviação suicidou-se.6. As folhas do livro estavam soltas.

3. Figuras de Pensamento

3.1. AntíteseÉ a figura que evidencia a oposição entre idéias. Foi uma das figuras mais

utilizadas no Barroco para expressar a condição do homem dividido entre o céue a terra, entre o pecado e a salvação.

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140 Redação e Interpretação de Texto

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,Depois da luz, se segue a noite escura,Em tristes sombras morre a formosura,Em contínuas tristezas, a alegria.

(Gregório de Matos. In: Wisnik, José Miguel (org.).Poemas escolhidos. São Paulo, Cultrix, 1976.)

Em 2001, um jornal de São Paulo apresentava o seguinte título para umanotícia que informava que um cemitério havia patrocinado uma atleta: “Cemité-rio da á vida a maratonista”.

3.2. Hipérbole

É uma afirmação exagerada para conseguir-se maior efeito estilístico.Chorou um rio de lágrimas.Toda vida se tece de mil mortes.Um oceano de cabeças ondulava à sua frente.

3.3. Eufemismo

Consiste no abrandamento de expressões cruas ou desagradáveis.Foi acometido pelo mal de Hansen (= contraiu lepra).O hábil político tomou emprestado dinheiro dos cofres públicos e esqueceu-se

de devolver (= o hábil político roubou dinheiro público.).

3.4. Ironia

Consiste em sugerir, pela entonação e contexto, o contrário do que as pala-vras ou as frases exprimem, por intenção sarcástica.

3.5 Prosopopéia (ou Personificação)

Consiste na atribuição de qualidades e sentimentos humanos a seres irracio-nais ou inanimados.

As árvores são imbecis; despem-se justamente quando começa o inverno.

3.6. Gradação

É a apresentação de uma série de idéias em progressão. A gradação pode sercrescente (aumenta) ou decrescente (diminui). À crescente dá-se o nome de clímax.

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141Redação e Interpretação de Texto

Ide, correi, voai, que por vós chama o rei, a pátria, o mundo, a glória.

À progressão decrescente dá-se o nome de anticlímax.

Não já lutando, mas rendido, enfermo, prostrado, desfalecido, morrendo, morto.

3.7. Apóstrofe

Interrupção que o orador faz para dirigir-se a pessoas ou coisas reais ou fictí-cias.

Deus, ó Deus! onde estás, que não respondes?

(Castro Alves, Obra completa,

Rio de Janeiro, Aguilar, 1966.)

Liberdade, liberdade,

Abre as asas sobre nós(Osório Duque Estrada,

Hino à Proclamação da República)

3.8. Exercício

Identifique as figuras de pensamento:1. Fiz daquele sentimento tão puro, o mais vil.2. Fazia séculos que não se sentia tão bem.3. Paulina é tão inteligente que, aos 30 anos, já está na 4ª série.4. Geme o vento.5. Ele já foi hóspede do estado por mais de 30 anos.6. O vento bate a madrugada como um marido ciumento.7. Um olhar, um gesto, uma palavra, um abraço e, finalmente, o esperado beijo.8. Mundo! Que és tu para um coração sem amor?

4. Questões de Vestibular

1 (Lavras-MG)Senhor, nada valhoSou a planta humilde dos quintais pequenos edas lavouras pobres.Meu grão, perdido por acaso,Nasce e cresce na terra descuidada.O Justo não me consagrou o Pão da Vida, nemlugar me foi dado nos altares. (Cora Coralina)

Page 119: Redação e interpretação de texto

142 Redação e Interpretação de Texto

Nos versos transcritos acima, Cora Coralina, por meio de figuras de lingua-gem, contrapõe dois cereais.Responda:a) Qual a figura de linguagem? c) O que eles simbolizam?b) Quais os cereais contrapostos?

2 (Oswaldo Cruz-SP) Observe a oração: “O tique-taque do relógio nos per-turbava”.Qual é a figura de linguagem da expressão destacada?

3 (Cesgranrio-RJ) Na frase: “O fio da idéia cresceu, engrossou e partiu-se”ocorre processo de gradação. Não há gradação em:a) O carro arrancou, ganhou velocidade e capotou.b) O avião decolou, ganhou altura e caiu.c) O balão inflou, começou a subir e apagou.d) A inspiração surgiu, tomou conta de sua mente e frustrou-se.e) João pegou de um livro, ouviu um disco e saiu.

4 (Oswaldo Cruz-SP) “Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda”. Temosaqui a seguinte figura de linguagem, típica do Barroco:a) antítese c) elipseb) pleonasmo d) hipérbole

5 (UM-SP) Qual dos períodos a seguir apresenta um desvio das normas pro-postas pela Gramática, conhecido no domínio da linguagem figurada comocatacrese?a) Os olhos piscavam mil vezes por minuto diante do horrível espetáculo.b) Eu parece-me que vivo em função de um áspero orgulho.c) Com o espinho enterrado no pé, levantou-se rápida à procura do pai.d) Suas faces avermelhadas traduziam-se em chamas encolerizadas por causa

dos males imaginados.e) A perversidade secreta daquelas montanhas selvagens assustava as cal-

mas águas do riacho.

6 (UM-SP) Texto para a questão de no 6:Vozes veladas, veludosas vozes,

Volúpias dos violões, vozes veladas,Vagam nos velhos vórtices velozes

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143Redação e Interpretação de Texto

Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.(Cruz e Sousa)

No texto de Cruz e Sousa temos exemplo de:a) paralelismo d) aliteraçãob) versos brancos e) hipérbolec) eufemismo

7 (São Marcos-SP) Na frase “Ao pobre não lhe devo nada”, encontramos umcaso de:a) anacoluto d) zeugmab) pleonasmo e) solecismoc) elipse

8 (PUC-SP) Nos trechos:“... nem um dos autores nacionais ou nacionalizados de oitenta pra lá faltavanas estantes do major.”“... o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja”, encontra-mos, respectivamente, as seguintes figuras de linguagem:a) prosopopéia e hipérbole d) metonímia e eufemismob) hipérbole e metonímia e) metonímia e prosopopéiac) perífrase e hipérbole

9 (FMU-SP) Nos dois primeiros versos:O vento voaa noite toda se atordoa, aparece a mesma figura:a) metáfora d) personificaçãob) metonímia e) antítesec) hipérbole

10 (PUC-SP) Nos trechos:O pavão é um arco-íris de plumas.e... de tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira...enquanto procedimento estilístico, temos, respectivamente:a) metáfora e polissíndeto d) hipérbole e anacolutob) comparação e repetição e) anáfora e metáforac) metonímia e aliteração

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144 Redação e Interpretação de Texto

11 (São Marcos-SP)Ergue-te, pois, soldado do Futuro,E dos raios de luz de sonho puro,Sonhador, faze espada de combate.

(Antero de Quental)A expressão destacada é exemplo de:a) metonímia d) antonomásiab) metáfora e) catacresec) sinédoque

12 (UM-SP) “Fitei-a longamente, fixando meu olhar na menina dos olhos dela”.No período acima, ocorre uma figura de palavra conhecida como:a) metáfora d) metonímiab) catacrese e) sinédoquec) antonomásia

13 (UM-SP) Indique a alternativa em que haja uma concordância realizada porsilepse:a) Os irmãos de Teresa, os pais de Júlio e nós, habitantes desta pacata re-

gião, precisaremos de muita força para sobreviver.b) Poderão existir inúmeros problemas conosco devido às opiniões dadas

neste relatório.c) Os adultos somos bem mais prudentes que os jovens no combate às difi-

culdades.d) Dar-lhe-emos novas oportunidades de trabalho para que você obtenha

resultados mais satisfatórios.e) Haveremos de conseguir os medicamentos necessários para a cura des-

se vírus insubordinável a qualquer tratamento.(FASP-SP) O texto abaixo serve às questões 14 e 15:1. Alguns anos vivi em Itabira.2. Principalmente nasci em Itabira.3. Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.4. Noventa por cento de ferro nas calçadas.5. Oitenta por cento de ferro nas almas.6. E esse alheamento do que na vida é porosidade7. e comunicação.8. A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,

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145Redação e Interpretação de Texto

9. vem de Itabira, de suas noites brancas, sem10. mulheres e sem horizontes.

(CarlosDrummond de Andrade)

14 A expressão “de ferro”, no terceiro verso do texto acima, constitui:a) catacrese b) metáfora c) sinédoque d) metonímia

15 A expressão “de suas noites brancas”, no nono verso constitui:a) sinestesia b) catacrese c) zeugma d) sinédoque

16 Indique a alternativa que melhor define o assíndeto:a) Omissão de conectivo.b) Omissão de termo anteriormente expresso.c) Omissão de termo não expresso ainda, mas facilmente subentendido.d) Nenhuma.

17 (UM-SP) Aponte a alternativa que contenha a mesma figura de pensamentoexistente no período:Acenando para a fonte, o riacho despediu-se triste e partiu para a longaviagem de volta.a) O médico visualizou, por alguns segundos, a cara magra do doente, antesque a última paixão se calasse.b) Os arbustos dançavam abraçados com os pinheiros a suave valsa do cre-púsculo.c) Contemplando aquela terna fisionomia, afastou-se com um sorriso pálidoe irônico.d) Só o silêncio tem sido meu companheiro neste período amargo de intensasolidão.e) A mesquinhez de tua atitude é poço profundo, cavado no íntimo de teu espírito.

18 (Fatec-SP)“Vozes veladas, veludosas vozes,Volúpias dos violões, vozes veladas,Vagam nos velhos vórtices velozesDos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.”Indique o recurso literário evidente no trecho de “Violões que choram”, poe-ma de Cruz e Sousa.

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146 Redação e Interpretação de Texto

19 (FESP-SP) Assinale, na estrofe abaixo, a figura correta:“Vi uma estrela tão alta,Vi uma estrela tão fria!Vi uma estrela luzindo,Na minha vida vazia.” (Manuel Bandeira)a) assíndeto c) anacoluto e) silepseb) pleonasmo d) anáfora

20 (ESPM-SP) Indique, entre as alternativas abaixo, a figura que aumenta oudiminui, exageradamente, a verdade das coisas.a) metáfora b) hipérbole c) metonímia

21 (UM-SP) “Os adultos possuem poder de decisão; os jovens, incertezas econflitos”.Na segunda oração do período acima, ocorreu a omissão do verbo possuir,modificando a estrutura sintática da frase. Tal desvio constitui uma figura deconstrução, reconhecida como:a) zeugma c) elipse e) pleonasmob) assíndeto d) hipérbato

22 (FMU-FIAM-SP) Na expressão “... a natureza parece estar chorando...”, doponto de vista estilístico, temos:a) antítese c) ironia e) eufemismob) polissíndeto d) personificação

23 (Fuvest-SP) Identifique a figura empregada no verso em destaque:“Quando a indesejada das gentes chegar(Não sei se dura ou caroável),Talvez eu tenha medo.Talvez sorria e diga:— Alô, iniludível!a) clímax c) sínquise e) pleonasmob) eufemismo d) catacrese

24 (FMU-SP) O fenômeno fonético de valor estilístico que ocorre na expressão:“mulheres magras, morenas”, denomina-se:a) eco c) hiato e) aliteraçãob) colisão d) cacófato

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147Redação e Interpretação de Texto

25 (U.F.P.) Em qual das frases há silepse de pessoa?a) Deus e tu o criastes.b) Eu, tu, ele, nós, vós, todos somos filhos de Deus.c) Os 110 milhões de brasileiros falamos e escrevemos a língua portuguesa.d) Teu amigo e eu fomos muito bem recebidos.e) Hoje são 6 de janeiro.

26 (U.F.P.) Qual das frases contém silepse de número?a) Coisa curiosa é gente velha. Como comem!b) Passará o céu e a terra, mas minhas palavras não passarão.c) O inferno, o demônio e tu o criaram.d) Estas figuras todas que aparecem bravos na vista e feros nos aspectos...e) Sois injustos comigo.

27 (FMU-SP) Assinale a alternativa que apresenta uma figura de linguagem cha-mada catacrese:a) São Paulo inteira está contra a poluição criminosa.b) Não tenho tempo para perder com coisas insignificantes.c) O monjolo se queixa monotonamente.d) Gastou-se um dos dentes da engrenagem do motor.e) O leito do rio está seco.

28 (UF-SC) Considerando que a silepse ou a concordância ideológica é a con-cordância que se faz com o sentido e não com a forma gramatical, assinaleas alternativas em que esse tipo de concordância ocorre.01. A rapaziada não perdeu tempo e sambaram até de madrugada.02. Vossa Excelência que me perdoe, deputado, mas está equivocado.04. Os abaixo-assinados requeremos a Vossa Senhoria a concessão de pas-sagens para nossas crianças.08. Constam de sua biblioteca as obras de Alexandre Herculano, UmbertoEco e Paulo Coelho.16. Além da leitura, tenho um único hábito: a ginástica matinal.

Soma

29 (UM-SP) Aponte a figura: “Naquela terrível luta, muitos adormeceram parasempre.”

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148 Redação e Interpretação de Texto

a) antítese c) anacoluto e) pleonasmob) eufemismo d) prosopopéia

30 (Unimep-SP) Todas as frases a seguir são corretas. Assinale a única queencerra anacoluto.a) Aos homens parece não existir a verdade.b) Os homens parece-lhes não existir a verdade.c) Os homens parece que ignoram a verdade.d) Os homens parece ignorarem a verdade.e) Os homens parecem ignorar a verdade.

31 (UM-SP) “Os excedentes ou rejeitados pela vida nunca têm acesso anada e sobram na mesa dos pais e foram desmamados cedo e nasce-ram sem que ninguém os chamasse e passaram a constituir formas deimperfeição”.No segmento transcrito acima, aparece uma figura de construção, reconhe-cida como:a) pleonasmo c) assíndeto e) aliteraçãob) polissíndeto d) anacoluto

32 (Mackenzie-SP) Relacione as duas colunas, classificando as figuras de lin-guagem de acordo com a seguinte indicação, e assinale a alternativa correta:(1) Faltaram braços para se concluir a obra.(2) Não havia em casa um dente de alho sequer.(3) A madrugada vem sorrindo atrás dos montes.(4) O carro era um foguete passando por mim.( ) metáfora ( ) catacrese( ) prosopopéia ( ) metonímiaa) 3, 2, 1, 4 c) 4, 3, 2, 1 e) 3, 1, 4, 2b) 2, 1, 3, 4 d) 2, 4, 1, 3

33 (UFAC) Identifique as figuras de sintaxe que ocorrem nas frases que se seguem:a) A beleza, é em nós que ela existe.

(Manuel Bandeira)R.:b) Tu não me enganas, mundo, e não te engano a ti.

(C.D. de Andrade)R.:

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149Redação e Interpretação de Texto

c) Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores.(G. Dias)

R.:

34 (Unicamp-SP) A conhecida ironia de Machado de Assis fica evidente naseguinte passagem do romance Memórias póstumas de Brás Cubas:“[...] Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis [...]”Nesse, como em muitos outros trechos de seus romances, o escritor usa commaestria as palavras, obtendo, através da sua combinação, o efeito irônicodesejado. Diga qual é a ironia presente na passagem citada e explique de quemaneira Machado consegue obter o efeito irônico através das relações designificação que se estabelecem entre as palavras que escolheu.

35 (Vunesp) Esta questão serve-se do parágrafo inicial de um artigo do jornalis-ta Clóvis Rossi.Sauna BrasilOs brasileiros fomos informados ontem do caráter de pelo menos uma par-cela da base parlamentar governista. É gente com a qual “só se pode con-versar na sauna e pelado”, avisa quem entende de base parlamentar gover-nista, o ministro das comunicações, Sérgio Motta.

(Folha de S.Paulo, 8/5/1997. p. 1-2.)O princípio básico da concordância verbal em nosso idioma prevê que overbo deva ser flexionado em número e pessoa de acordo com o sujeito daoração. Em alguns casos, devido a circunstâncias do contexto, esse princí-pio pode ser transgredido. Ocorre nesses casos a chamada concordânciaideológica. Tomando por base este comentário:a) aponte uma passagem do texto de Clóvis Rossi em que o verbo não se-

gue uma das flexões impostas pelo sujeito;b) interprete, com base no contexto, as razões estilísticas que levaram o

autor a preferir tal forma de concordância.

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150 Redação e Interpretação de Texto

1. Tipos de ComposiçãoDescrição, narração, dissertação. Para efeito didático, essas são as formas

de composição de um texto. Qualquer que seja, no entanto, o tipo de classifica-ção, é importante lembrar que o texto deve constituir-se de três partes: introdu-ção, desenvolvimento e conclusão. A introdução situa o leitor no assunto queserá desenvolvido. O desenvolvimento constitui o corpo do texto e a conclusãoderiva naturalmente das duas partes anteriores, é o fecho do texto.

Antes de passarmos à descrição dos três tipos de composição, é importanteadvertir que essa é uma distinção didática e que não há texto puro.

Embora haja relevância de um dos três tipos, com freqüência a descriçãoserve de apoio a textos narrativos e dissertativos, ou então há ilustrações (tex-tos narrativos) em dissertações, ou ainda digressões dissertativas em textosnarrativos e outras combinações.

1.1. DescriçãoDescrever é retratar o objeto em todos os seus pormenores. O esquema da

descrição, segundo Severino Antônio e Emília Amaral, é o seguinte:

Sujeito(aquele que percebe)

Objeto(aquilo que é percebido)

Percepção

Base sensorial(visão, audição,

olfação, gustação,tato)

Imaginaçãocriadora+

Tipos de Composição

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151Redação e Interpretação de Texto

Ampliando a definição de descrição, podemos dizer que ela é a recriação deimagens sensoriais na mente do leitor. O sujeito percebe o objeto, através deseus cinco sentidos, e sua imaginação criadora “traduz” em palavras esse obje-to com riqueza de detalhes, minuciosa e inventivamente.

“Fui também recomendado ao Sanches. Achei-o supinamente antipáti-co: cara extensa, olhos rasos, mortos, de um pardo transparente, lábiosúmidos, porejando baba, meiguice viscosa de crápula antigo. Primeiro quefosse do coro dos anjos, no meu conceito era a derradeira das criaturas.”

(Raul Pompéia, O ateneu: crônica de saudades,São Paulo, Ática, 1976.)

Há vários tipos de descrição, entre os quais destacam-se:a) Descrição de ser animado ou inanimado

“Lá vem ele. E ganjento, pilantra: roupinha de brim amarelo, vincada aferro; chapéu tombado de banda, lenço e caneta no bolsinho do jaquetãoabotoado; relógio-de-pulso, pegador de monograma na gravata chumba-dinha de vermelho.”

(Mário Palmério, Vila dos confins.Rio de Janeiro, José Olympio, 1966.)

b) Descrição de interior ou ambiente.“Vivem dentro, mesquinhamente, vergônteas estioladas de famílias

fidalgas, de boa prosápia entroncada na nobiliarquia lusitana. Pelos sa-lões vazios, cujos frisos dourados se recobrem de pátina, e cujo estu-que, lagarteado de fendas, esboroa a força de goteiras, erra o bafio damorte. Há nas paredes velhos quadros, crayons, moldurando efígies decapitães-mores de barba em colar; há candelabros de dezoito velas,esverdecidos em azinavre; mas nem se acendem as velas, nem se guar-dam mais os nomes enquadrados.

E por tudo se agruma o bolor râncido da velhice. São palácios mor-tos, da cidade morta.”

(Monteiro Lobato, Cidades mortas,São Paulo, Brasiliense, s.d.)

A natureza da descrição é estática. Não se faz à base de ação (como a nar-rativa), mas sim à base de um estado do objeto.

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152 Redação e Interpretação de Texto

c) Descrição de paisagem.“De fato, o espetáculo era excepcional.

O céu, dividido entre a noite e o alvorecer, preto-azulado do oeste até ozênite, branco-perolado no Oriente, estava inteiramente tomado pela maisfabulosa arquitetura de nuvens que se podia imaginar. A brisa noturna queconstruíra esse gigantesco canteiro de obras de palácios, colunatas, tor-res e geleiras tinha-se ido, deixando tudo em desordem, numa imobilidadee num silêncio solenes que serviam de pedestal à aurora. A crista mais altade um cúmulo descabelado pelo vento já estava sendo tocada por umpincel amarelo, primeiro farol do dia no frontão da noite que terminava,enquanto nas regiões mais baixas as nuvens ainda estavam mergulhadasnuma penumbra difusa, perfurada por desfiladeiros, picos, formando filei-ras de escarpas e precipícios azuis, campos de neve noturnos, correntesde lava violenta. Todo o céu estava possuído por uma energia contínua,parecia a presa de um caos imóvel, o teatro de um desabamento cristali-zado; sobre o mar diáfano e sem rugas, tudo estava em suspenso, à espe-ra do dia.”

(Simon Leys, A morte de Napoleão.São Paulo, Companhia das Letras, 1993.)

d) Descrição de cena.“Maravilha de ruído, encantamento do barulho. Zé Pereira, bumba, bum-

ba. Falsetes azucrinam, zombeteiam. Viola chora e espinoteia. Melopéianegra, melosa, feiticeira, candomblé. Tudo é instrumento, flautas, violões,reco-recos, saxofones, pandeiros, liras, gaitas e trombetas. Instrumentossem nome inventados subitamente no delírio da improvisação, do ímpetomusical. Tudo é canto. Os sons se sacodem, berram, lutam, arrebentamno ar sonoro dos ventos, vaias, klaxons, aços estrepitosos. Dentro dossons movem-se cores, vivas, ardentes, pulando, dançando, desfilando sobo verde das árvores, em face do azul da baía no mundo dourado. Dentrodos sons e das cores, movem-se os cheiros, cheiro de negro, cheiro demulato, cheiro branco, cheiro de todos os matizes, de todas as excitaçõese de todas as náuseas. Dentro dos cheiros, o movimento dos tatos violen-tos, brutais, suaves, lúbricos, meigos, alucinantes. Tatos, sons, cores, chei-ros se fundem em gostos de gengibre, de mendubim, de castanhas, debananas, de laranja, de bocas e de mucosas. Libertação dos sentidos

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153Redação e Interpretação de Texto

envolventes das massas frenéticas, que maxixam, gritam, tresandam, des-lumbram, saboreiam, de Madureira à Gávea na unidade do prazer desen-cadeado.”

(Graça Aranha)

A descrição de cena é movimentada, dinâmica, diferente das outras, maisestáticas. Por isso se justificam os verbos de ação (zombeteiam, sacodem, lu-tam, deslumbram...). Ela não deve, no entanto, ser confundida com a narração,pois não há uma progressão de ações, mas sim aspectos sucessivos do mesmofato.

No texto de Graça Aranha, em função do próprio tema, percebe-se uma com-binação de sentidos diferentes, um entrecruzar de sensações, um cruzamentode campos sensoriais diferentes a que se dá o nome de sinestesia: cheiro bran-co (olfato + visão), dentro dos sons movem-se cores (audição + visão), dentrodos cheiros, o movimento dos tatos violentos (olfato + tato) etc.

Neste texto as imagens tocam-se em profundidade, estão carregadas de umapercepção sensorial múltipla.

Como você percebeu, o ato de escrever exige percepção e imaginação cria-dora. Só existe uma boa descrição a partir da percepção do objeto. Precisamos,por isso, desenvolver a acuidade sensorial, ativando sentidos às vezes adorme-cidos (como a gustação e o olfato), freqüentemente anestesiados por uma civi-lização audiovisual. Somente uma percepção aguçada afasta o risco de umadescrição fragmentária e superficial. Somente uma percepção aguçada permiterevelar o caráter novo do objeto descrito.

A descoberta desse caráter novo só é possível quando se alia à percepção àimaginação criadora que transforma o objeto pela sensibilidade e inteligênciado observador.

Até este ponto, fornecemos exemplos de descrições subjetivas que incorpo-raram a visão do observador, transmitindo concomitantemente às característi-cas do objeto as impressões causadas no sujeito que descreve. No entanto, adescrição pode centrar-se no objeto, independentemente de quem o sente ouvê. É a chamada descrição objetiva ou técnica, que busca a objetividade abso-luta.

A descrição objetiva trabalha com a função referencial, os traços objetivosreferem-se ao objeto, independentemente de quem o vê ou sente. O vocabulá-

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154 Redação e Interpretação de Texto

rio é preciso, os pormenores exatos e seu objetivo é esclarecer, informar, comu-nicar. Ela está presente em manuais de instrução ou de estudos e em relatórios.

Robert Barrass, em seu livro Os cientistas precisam escrever, nos forneceindicações úteis de como redigir instruções, que com algumas alterações aquitranscrevemos.

As instruções devem ser completas, de modo a explanar a ação requerida eresponder a todas as perguntas relevantes. Devem ser claras, concisas, simplese de fácil entendimento. Devem, portanto, ser redigidas por alguém que conhe-ça a tarefa a executar.1 – Considerar o destinatário das instruções.2 – Preceder as instruções de quaisquer explicações indispensáveis.3 – Explicitar precauções relativas à segurança: se preciso, repetir os mesmos

informes imediatamente antes da fase em que as precauções devem sertomadas.

4 – Colocar as instruções na ordem em que devem ser executadas.5 – Indicar a ação exigida em cada uma das fases, separadamente.6 – Empregar frases completas, no modo imperativo.7 – Numerar as sucessivas fases, de modo a realçar a ação exigida em cada

uma.8 – Havendo desenhos, fotos ou exemplos, colocá-los logo em seguida aos

trechos que ilustram.9 – Analisar as instruções.

10 – Efetuar um teste preliminar, no mínimo com duas pessoas: uma que tenhaexperiência da tarefa a executar, e outra sem essa experiência.

Observe como essas recomendações são efetivadas na receita de tomatesrecheados com arroz.

Salada de tomates recheados com arrozIngredientes (para 6 pessoas):6 tomates redondos graúdos1 1/2 xícara de chá de arroz cozido2 colheres de sopa de alcaparras1 lata de sardinha1/2 xícara de chá de maionese2 colheres de sopa de salsinha picadaágua

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155Redação e Interpretação de Texto

salmolho vinagrete com mostardaazeitonas pretas* Tempo de preparação: 20 minutos* Tempo de repouso: 30 minutos

Modo de fazer:Faça um corte na parte superior dos tomates, retire as sementes, lave-os e dei-

xe-os de molho em água e sal por 30 minutos. Enquanto isso, misture ao arroz amaionese, as alcaparras, as sardinhas amassadas no óleo da lata e a salsinha.Reserve. Retire os tomates da água, enxugue-os e tempere-os com o molho vina-grete. Recheie os tomates com a mistura de arroz e enfeite cada um com umaazeitona.

• Sugestão:As sardinhas podem ser substituídas por atum.

A descrição objetiva, também chamada conceitual, pode apresentar-se soboutra forma. Leia o texto do médico Rinaldo De Lamare e perceba como a tôni-ca da descrição é dirigida ao objeto:

CataporaCatapora, também denominada por alguns de varicela, e por outros de

varíola boba, é moléstia infecto-contagiosa de caráter eruptivo. Durantemuito tempo, foi considerada por alguns como varíola branda mas a idéiade moléstia autônoma, independente da outra, dominou até os nossosdias. É extremamente contagiosa.

O início da moléstia é discreto, temperatura de 37,5o a 39,5o. O doenti-nho não apresenta sintomas alarmantes; inapetência, pouca disposição,dor de cabeça; de 24 a 48 horas depois, aparecem sobre a pele manchasvermelhas, que se transformam em vesículas, mantendo um halo de infla-mação. O líquido desta vesícula acaba por se romper, transformando-sedepois numa crosta que se desprende de 15 a 21 dias, podendo deixar ounão cicatriz.

Esses elementos eruptivos não são disciplinados; enquanto uns come-çam, outros acabam na mesma região, dando o aspecto de céu estrelado.

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156 Redação e Interpretação de Texto

Daí o nome dado por alguns de varíola louca, e por outros de varíola boba,pois o mesmo não se verifica com a terrível varíola.

(Rinaldo De Lamare, A vida do bebê.Rio de Janeiro, Bloch, 1986.)

1.1.1. Questões de Vestibular1 (Mauá) Texto I

— Então, a travessia das veredas sertanejas é mais exaustiva que a de umaestepe nua.Nesta, ao menos, o viajante tem o desafogo de um horizonte largo e a pers-pectiva das planuras francas.Ao passo que a caatinga o afoga; abrevia-lhe o olhar; agride-o e estonteia-o;enlaça-o na trama espinescente e não o atrai; repulsa-o com as folhas urti-cantes, com o espinho, com os gravetos estalados em lanças; e desdobra-se-lhe na frente léguas e léguas, imutável no aspecto desolado, árvores semfolhas, de galhos estorcidos e secos, revoltos, entrecruzados, apontandorijamente no espaço ou estirando-se flexuosos pelo solo, lembrando um bra-cejar imenso, de tortura, de flora agonizante...Embora esta não tenha as espécies reduzidas dos desertos — mimosas to-lhiças ou eufórbias ásperas sobre o tapete das gramíneas murchas — e seafigure farta de vegetais distintos, as suas árvores, vistas em conjunto, se-melham uma só família de poucos gêneros, quase reduzida a uma espécieinvariável, divergindo apenas no tamanho, tendo todas a mesma conforma-ção, a mesma aparência de vegetais morrendo, quase sem troncos, em es-galhos logo ao irromper do chão. É que por um efeito explicável de adapta-ção às condições estreitas do meio ingrato, envolvendo penosamente emcírculos estreitos, aquelas mesmo que tanto se diversificam nas matas ali setalham por um molde único. Transmudam-se, e em lenta metamorfose vãotendendo para limitadíssimo número de tipos caracterizados pelos atributosdos que possuem maior capacidade de resistência.

(Euclides da Cunha. Os sertões.)Texto IIFábula de um arquitetoA arquitetura como construir portas,de abrir; ou como construir o aberto;construir, não como ilhar e prender,nem construir como fechar secretos;

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157Redação e Interpretação de Texto

construir portas abertas, em portas;casas exclusivamente portas e tecto.O arquiteto: o que abre para o homem(tudo se sanearia desde casas abertas)portas por-onde, jamais portas-contra;por onde, livres: ar luz razão certa.Até que, tantos livres o amedrontando,renegou dar a viver no claro e aberto.Onde vãos de abrir, ele foi amurandoopacos de fechar; onde vidro, concreto;até refechar o homem: na capela útero,com confortos de matriz, outra vez feto.

(In: João Cabral de Melo Neto, Educação pela pedra.)

Texto III“Não sentia a espingarda, o saco, as pedras miúdas que lhe entravam nasalpercatas, o cheiro de carniças que empestavam o caminho. As palavras desinha Vitória encantavam-no. Iriam para diante, alcançariam uma terra des-conhecida. Fabiano estava contente e acreditava nesta terra, porque nãosabia como ela era nem onde era. Repetia docilmente as palavras de sinhaVitória, as palavras que sinha Vitória murmurava porque tinha confiança nele.E andavam para o sul, metidos naquele sonho. Uma cidade grande, cheia depessoas fortes. Os meninos em escolas, aprendendo coisas difíceis e ne-cessárias. Eles dois velhinhos, acabando-se como uns cachorros, inúteis,acabando-se como Baleia. Que iriam fazer? Retardaram-se, temerosos. Che-gariam a uma terra desconhecida e civilizada, ficariam presos nela. E o ser-tão continuaria a mandar gente para lá. O sertão mandaria para a cidadehomens fortes, brutos.

(Graciliano Ramos. Vidas secas.)

Tema:Com base nos textos, elabore uma redação em que os elementos da caatin-ga reapareçam em plena cidade grande.

2 (UF-PB) Texto:Ainda me lembro de meu pai. Era um homem alto e bonito, com uns olhosgrandes e um bigode preto. Sempre que estava comigo, era a me beijar, ame contar histórias, a me fazer os gostos. Tudo dele era para mim. Eu mexianos seus livros, sujava as suas roupas, e meu pai não se importava. Às ve-

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158 Redação e Interpretação de Texto

zes, porém, ele entrava em casa calado. Sentava-se numa cadeira ou passe-ava pelo corredor com as mãos para trás, e discutia muito com minha mãe.Gritava, dizia tanta coisa, ficava com uma cara de raiva que me fazia medo.E minha mãe saía para o quarto aos soluços. Eu não sabia compreender oporquê de toda aquela discussão. Sei que, com um pouco mais, lá estavaele com a minha mãe aos beijos. E o resto da noite, até ir me deitar, era sócom ela que ele estava, com os olhos vermelhos de ter chorado também.Eu o amava porque o que eu queria fazer, ele consentia, e brincava comigono chão como um menino de minha idade. Depois é que vim a saber muitacoisa a seu respeito: que era um temperamento excitado, um nervoso, paraquem a vida só tivera o seu lado amargo. A sua história, que mais tardeconheci, era a de um arrebatado pelas paixões, a de um coração sensíveldemais às suas mágoas..........................................................................................................................Todos os retratos que tenho de minha mãe não me dão nunca a verdadeirafisionomia que eu guardo dela — a doce fisionomia daquele seu rosto, da-quela melancólica beleza de seu olhar. Ela passava o dia inteiro comigo. Erapequena e tinha os cabelos pretos. Junto dela eu não sentia necessidadedos meus brinquedos. D. Clarisse, como lhe chamavam os criados, pareciamesmo uma figura de estampa. Falava para todos com um tom de voz dequem pedisse favor, mansa e terna como uma menina de internato. Criara-se em colégio de freiras, sem mãe, pois o pai ficara viúvo quando ela aindanão falava. Filha de senhor de engenho, parecia mais, pelo que me conta-vam dos seus modos, uma dama nascida para a reclusão.À noite ela me fazia dormir. Adormecer nos seus braços, ouvindo a surdinadaquela voz, era o meu requinte de sibarita pequeno.Ela me enchia de carícias. E quando o meu pai chegava nas suas crises,exasperado como um pé-de-vento, eu a via chorar e pronta a esquecer to-das as intemperanças verbais do seu marido. Os criados amavam-na. Elatambém os tratava com uma bondade que não conhecia mau humor.Horas inteiras eu fico a pintar o retrato dessa mãe angélica, com as coresque tiro da imaginação, e vejo-a assim, tomando conta de mim, dando-mebanhos e me vestindo. A minha memória ainda guarda detalhes bem vivosque o tempo não conseguiu destruir.

(REGO, José Lins do. Menino de engenho (Ficção completa).Vol. 1. Rio de Janeiro, Nova Aguilar. 1976.pp. 54-55.)

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159Redação e Interpretação de Texto

4 (PUC-SP) A primeira frase de sua redação é:“Abriu os olhos e não conseguiu acreditar no que via.”Continue a redação.

1.2. NarraçãoContar e ouvir histórias é uma atividade atávica, isto é, que remonta aos nos-

sos antepassados mais distantes. Desde que o mundo é mundo, o ato de narrarfascina o homem e o de ouvir histórias o hipnotiza. Xerazade, a protagonista dasMil e uma noites, para evitar que o sultão, seu marido, a matasse, o entretevecom 1.001 histórias ao final das quais o soberano, além de não mandar matá-la,também se apaixonou por ela.

O texto narrativo é aquele que conta uma história. A narração é um relato defatos vividos por personagens e ordenados numa seqüência lógica e temporal,por isso ela se caracteriza pelo emprego de verbos de ação que indicam a mo-vimentação das personagens no tempo e no espaço.

A estrutura da narrativa compõe-se das seguintes seqüências: apresentação,complicação, clímax, desfecho.

Faça você, também, um retrato de uma grande pessoa.Redija vinte linhas, no mínimo, sobre UM tema, escolhido entre os seguintes:— Retrato de uma pessoa querida.— Recordar é viver?— Do menino ao homem: uma aliança no tempo.

3 (UF-SC) Com base na figura abaixo, desenvolva sua redação:

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160 Redação e Interpretação de Texto

Neste pequeno texto, podemos identificá-las:

Conto CruelEra uma pequena casa construída à beirade uma lagoa. Lá morava uma família decarvoeiros.

Uma noite, quando todos já estavam dormindo,alguma coisa começou a movimentar-se pertoda casa. Era uma onça.

O pai acordou e tentou impedir que o bichoderrubasse a frágil porta da casa.Seu esforço foi em vão.O bicho medonho arrastou o menino menorpara a floresta.

Os elementos da narrativa são: personagem – ação – tempo – espaço – narrador.As personagens — entidades que vivem as ações — podem ser animadas

(gente, animais) ou inanimadas (objetos) e sua apresentação ou é direta (pordescrições) ou indireta (por suas falas e do seu comportamento).

Lá vem ele. E ganjento, pilantra: roupinha de brim amarelo, vincada aferro; chapéu tombado de banda, lenço e caneta no bolsinho do jaquetãoabotoado; relógio de pulso, pegador de monograma na gravatachumbadinha de vermelho.

Fazenda nenhuma lhe cobra pouso; e merece comer na cozinha, com adona da casa e as moças solteiras. É que em todo o Sertão dos Confins —e olhem que é um mundão largado de não acabar mais — não há mesmoquem não lhe queira muitíssimo bem.

Passinho miúdo, apressado. Botina chienta na areia que ringe também.Lá vem ele!

(Mário Palmério, Vila dos Confins,Rio de Janeiro, José Olympio, 1966.)

apresentação

complicação

clímax

desfecho

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161Redação e Interpretação de Texto

Temos aqui a apresentação direta da personagem Venanço.Leia agora este outro texto:

Num repente, relembrei estar em noite de lobisomem — era sexta-feira...Já um estirão era andado quando, numa roça de mandioca, adveio aquele

figurão de cachorro, uma peça de vinte palmos de pêlo e raiva...Dei um pulo de cabrito e preparado estava para a guerra do lobisomem.

Por descargo de consciência, do que nem carecia, chamei os santos deque sou devocioneiro:

— São Jorge, Santo Onofre, São José!Em presença de tal apelação, mais brabento apareceu a peste. Ciscava

o chão de soltar terra e macega no longe de dez braços ou mais. Eratrabalho de gelar qualquer cristão que não levasse o nome de Ponciano deAzeredo Furtado.

Dos olhos do lobisomem pingava labareda, em risco de contaminar defogo o verdal adjacente. Tanta chispa largava o penitente que um caçadorde paca, estando em distância de bom respeito, cuidou que o mato estives-se ardendo. Já nessa altura eu tinha pegado a segurança de uma figueira elá de cima, no galho mais firme, aguardava a deliberação do lobisomem.Garrucha engatilhada, só pedia que o assombrado desse franquia de tiro.Sabidão, cheio de voltas e negaças, deu ele de executar macaquice quenunca cuidei que um lobisomem pudesse fazer. Aquele par de brasas espi-ava aqui e lá na esperança de que eu pensasse ser uma súcia deles e nãouma pessoa sozinha. O que o galhofista queria é que eu, coronel de ânimodesenfreado, fosse para o barro denegrir a farda e deslustrar a patente.Sujeito especial em lobisomem como eu não ia cair em armadilha de poucopau. No alto da figueira estava, no alto da figueira fiquei.

(José Cândido de Carvalho, O coronel e o lobisomem.São Paulo, Rocco, 2000.)

Por meio da fala do coronel e de seu comportamento, tanto quanto do lobiso-mem, podemos inferir sua caracterização.

A ação centra-se no enredo: o quê e como aconteceu algo. O enredo podeser linear, isto é, subordinar-se às seqüências lógicas e cronológicas de começo– meio – fim e passado – presente – futuro. Ou pode ser alinear (ou não-linear):há saltos nas seqüências lógicas e temporais com flashbacks (cortes temporaispara o passado), flashforwards (cortes temporais para o futuro) e cortes (açõessubentendidas).

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162 Redação e Interpretação de Texto

Um exemplo de corte temos em:

O Capoeira— Qué apanhá sordado?— O quê?— Qué apanhá?Pernas e cabeças na calçada.

(Oswald de Andrade. Obras completas.Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1975.)

A cena da luta está subentendida e é apenas sugerida em “pernas e cabeçasna calçada”.

As histórias desenvolvem-se num determinado lugar, numa determinada época.As categorias tempo e espaço são importantes dimensões descritivas dentrodo contexto narrativo. Nos romances históricos e regionalistas, esses dois ele-mentos são indispensáveis à sua caracterização. Lembremos os romances his-tóricos de José de Alencar e os da segunda fase do Modernismo brasileiro (ociclo do romance nordestino).

O tempo pode caracterizar-se como cronológico ou psicológico. Aquele,típico do romance histórico; este, muito cultivado pelos prosadores moder-nos, caracteriza-se como a duração interior dos acontecimentos. O tempocronológico é marcado pelo relógio, pelo calendário, pelas estações do ano; jáo psicológico — típico das narrativas de introspecção e de sondagem intimis-ta — marca a duração-vivência. Observe este trecho do conto Tentação, deClarice Lispector:

(...) Entre tantos seres que estão prontos para se tornarem donos deoutro ser, lá estava a menina que viera ao mundo para ter aquele cachorro.Ele fremia suavemente, sem latir. Ela olhava-o sob os cabelos, fascinada,séria. Quanto tempo se passava? Um grande soluço sacudiu-a desafina-do. Ele nem sequer tremeu. Também ela passou por cima do soluço econtinuou a fitá-lo.(...)

O espaço também pode ser simplesmente físico (o lugar onde transcorre ahistória) ou também psicológico, isto é, os lugares da nossa vivência interior, o

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espaço de nosso universo subjetivo que também contém uma duração interiorespecífica. Exemplos claros de tempo-espaço psicológicos são os contos deClarice Lispector.

Agora que já temos a história pronta (personagens – ação – espaço – tempo),falta o contador da história ou narrador.

O narrador pode ser personagem e contar a história em primeira pessoa. É oque se chama de narrador-personagem. O romance Memórias póstumas de BrásCubas é um exemplo típico desse narrador.

O narrador-observador conta a história na terceira pessoa e só observa acon-tecimentos dos quais não participa.

O narrador-onisciente tem uma visão total da história, tanto que revela até opensamento das personagens. É comum com esse tipo de narrador aparecer odiscurso indireto livre (ver). Um exemplo é o romance Vidas secas, de GracilianoRamos.

1.2.1. Questões de Vestibular1 (FEI-SP) Componha uma redação que tenha seu início ou término com o

anúncio:Piano, vendo urgente. Petit Brasil, novo, raro, lindo som, melhor oferta acimade 18 mil. Tratar F.X. — red. deste jornal.

2 (PUC-SP) Redija uma narração, isto é, um texto em que você contará umahistória interessante, a partir do tema proposto.Tema: Com licença, mas este caso eu preciso contar...

3 (ITA-SP) Quando...

4 (Mapofei) Tema: Com base na seqüência dos quadrinhos, componha umaredação. Dê um título à redação.

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5 (Unicamp-SP) Umberto Eco faz a seguinte reflexão acerca do ato de narrar:“Entendo que para contar é necessário primeiramente construir um mundo,o mais mobiliado possível, até os últimos pormenores. Constrói-se um rio,duas margens, e na margem esquerda coloca-se um pescador, e se essepescador possui um temperamento agressivo e uma folha penal pouco lim-pa, pronto: pode-se começar a escrever, traduzindo em palavras o que nãopode deixar de acontecer.”

(Pós-escrito a O Nome da Rosa)Escreva uma narrativa, utilizando os dados iniciais fornecidos por Umberto Eco.

6 (Unimep-SP) Redija uma narração, isto é, um texto em que você contaráuma história, dando continuidade ao texto a seguir:Morador de uma cidade grande, João Brasileiro engole diariamente a fuma-ça lançada no ar por automóveis e fábricas. Tossindo de raiva, acende oúltimo cigarro e joga o maço pela janela do carro. No domingo de sol, leva osfilhos a passear no parque e compra sorvetes para os garotos.

(Superinteressante, no 5, maio/1989.)

7 (UFPR-CCCV) Componha um texto que possa ter por título este trecho deValsinha, de Chico Buarque e Vinicius de Moraes:O MUNDO COMPREENDEU E O DIA AMANHECEU EM PAZ.

8 (Fuvest-SP) Trace uma linha horizontal dividindo ao meio a página destinadaà redação.Na parte superior analise o significado da frase “O menino é o pai do homem”.Na parte inferior narre um fato de sua infância que você considere significa-tivo para sua formação.

9 (Fuvest-SP) Suponha que você foi surpreendentemente convidado para umafesta de pessoas que mal conhece. Conte, num texto em prosa, o que teriaocorrido, imaginando também os pormenores da situação. Não deixe de trans-mitir suas possíveis reflexões e impressões. Evite expressões desgastadas eidéias prontas.

10 (Unicamp-SP) Escolha um dos fragmentos de texto constantes na coletâneaa seguir, e redija uma narração, isto é, um texto em que você contará umahistória, na qual se encaixe o fragmento escolhido. Elabore a sua redação deacordo com a significação representada pelo fragmento que escolheu.

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ColetâneaFragmento 1:A vizinha sai de casa todos os dias às 5 horas da tarde.Fragmento 2:Dizem que a vizinha sai de casa todos os dias às 5 horas da tarde.Fragmento 3:A vizinha? Sai de casa todos os dias às 5 horas da tarde...Fragmento 4:A vizinha sai de casa todos os dias às 5 horas da tarde?Fragmento 5:A vizinha sai de casa todos os dias às 5 horas da tarde!

11 (Fuvest)Uma indignação, uma raiva cheia de desprezo crescia dentro do peito de Vicen-te Lemes à proporção que ia lendo os autos. Um homem rico como ClementeChapadense e sua viúva apresentando a inventário tão-somente a casinha dopovoado! Veja se tinha cabimento! E as duzentas e tantas cabeças de gado,gente? E os dois sítios no município onde ficaram, onde ficaram? Ora bolas!Todo mundo sabia da existência desses trens que estavam sendo ocultados.Ainda se fossem bens de pequeno valor, vá lá, que inventário nunca arrolatudo. Tem muita coisa que fica por fora. Mas naquele caso, não. Eram doissítios, duzentas e tantas reses, cuja existência andava no conhecimento doshabitantes da região. A vila inteira, embora ninguém nada dissesse clara-mente, estava de olhos abertos assuntando se tais bens entrariam ou nãoentrariam no inventário.Lugar pequeno, ah, lugar pequeno, em que cada um vive vigiando o outro.Pela segunda vez Vicente Lemes lavrou o seu despacho, exigindo que o inven-tariante completasse o rol de bens, sob pena de a Coletoria Estadual o fazer.Aí, como quem tira um peso da consciência, levantou-se do tamborete e chegouà janela que dava para o Largo, lançando uma olhadela para a casa onde fun-cionava o Cartório. Calma, a vila constituída pelo conjunto de casas do Largo.

(Bernardo Élis, O tronco)

Imagine os possíveis desfechos da situação apresentada no texto de Ber-nardo Élis. Componha então duas breves redações que consistam respecti-vamente em:a) um desfecho trágico (limite: 10 linhas)b) um desfecho cômico (limite: 10 linhas)

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1.3. DissertaçãoA dissertação é um discurso lógico e generalizador que apresenta uma tese

(o que se quer provar), um ponto de vista sobre determinado assunto. Ela pres-supõe, sempre, conhecimento do assunto sobre o qual se deseja discorrer, re-flexão sobre o tema proposto e posterior organização das idéias.

O texto dissertativo padrão apresenta-se composto de três partes: introdu-ção, desenvolvimento e conclusão, cada uma das quais pode conter um oumais parágrafos.

Quanto à formulação dos textos, o discurso dissertativo pode apresentar-secomo:1 – expositivo: trata-se da apresentação, explicação ou constatação, de ma-

neira impessoal, sem julgamento de valor e sem o propósito de convencer oleitor. Observe este texto de Muniz Sodré:

A Formação da MensagemDe um modo geral, a mensagem da televisão — assim como a do rádio

— visa a uma universalidade (atingir todo e qualquer receptor indistinta-mente) que, mal compreendida, pode levar o veículo a uma relação falsacom o grupo social. A TV é levada a tratar como homogêneos fenômenoscaracterísticos de apenas alguns setores da sociedade. A busca de umsuposto denominador comum, que renda o máximo de aceitação por par-te do público, preside à elaboração da mensagem. O êxito de um progra-ma é aferido pelo índice de audiência: quanto maior o público, maior osucesso.

Essa necessidade de padronizar o conteúdo do veículo segundo umíndice optimum de aprovação do público condiciona necessariamente aformação da mensagem. Isto é demonstrável na Teoria da Informação:quanto menor é a taxa matemática de informação de uma mensagem (emaior, portanto, a redundância), maior a sua capacidade de comunicação.Comunicação aqui é empregada em seu sentido técnico: não se trata deum ideal de ordem humana ou social, mas da recepção e decodificaçãoda mensagem por um indivíduo qualquer. Quanto mais os signos da men-sagem (os elementos culturais de um programa de televisão, por exemplo)forem familiares ao público, por já constarem de seu repertório, maior seráo grau de comunicação.

(Muniz Sodré, Educação e novas tecnologias da informação.Comunicação & Política, v. 3, n. 2, maio/agosto 1966.)

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A introdução do texto corresponde ao primeiro parágrafo. Os parágrafos dois,três, quatro, cinco e seis (em “até que se espalham”) constituem o desenvolvi-mento por meio de exemplos. A conclusão situa-se no sexto parágrafo a partirde “No processo da comunicação (...)”.2 – argumentativo: apresentação, explicação ou constatação de um fato para

convencer por um raciocínio lógico, consistente, coerente e baseado naevidência das provas. A argumentação procura formar opinião, convencen-do o leitor de que a razão está com quem organizou o texto.

O Último é o CulpadoA Revolução Industrial, nestes dois séculos, vem pondo em xeque e

em estado de choque uma cultura humana mais do que milenar, baseadanuma economia de atividades primárias, agropecuárias, dentro da qual sedesenvolveu aquilo que conhecemos pelo nome de arte. Essa revoluçãoacelerou tremendamente o processo de desenvolvimento de meios de in-formação já existentes (o livro e o jornal) e criou novos, transformando-os,por força de um mercado em expansão, em meios de comunicação demassa.

Sucedem-se os veículos na preferência da massa e todos eles pare-cem vítimas de um curioso princípio, segundo o qual o último a aparecer— ou seja, o mais recente — é sempre o culpado da maior parte dosmales sociais e/ou culturais.

Para a Europa teocrática e analfabeta da Idade Média, o livro apareceucomo obra do demônio. Nos inícios do século XIX, embora Hegel dissesseque o jornal era a oração matinal do homem civilizado, escritor que seprezasse não ia para o jornalismo sem arrostar com um certo desprezosobranceiro da parte da intelectualidade livresca. Ao firmar-se, o cinemavê surgir contra si um expressivo coro de contrários, formado principal-mente por escritores, jornalistas e gente de teatro, ao qual se junta umcoro de educadores e pais de família. E todos juntos, mais um supermadri-gal de cineastas, cinéfilos e estudantes universitários clamam contra a te-levisão. Uma das acusações: a TV provoca a queda dos índices de leitura.Será verdade?

(Décio Pigantari, Signagem da televisão,São Paulo, Brasiliense, 1984.)

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O primeiro e o segundo parágrafos constituem a introdução do texto. A partirdo 3o parágrafo, começa a argumentação: primeiro, há um retrospecto históricodo problema que virá a reforçar os exemplos e dados estatísticos da situaçãobrasileira atual. O autor tenta convencer o leitor de que a afirmação de que oúltimo é o culpado carece de um aprofundamento crítico.

1.3.1. Estrutura do Texto DissertativoImaginemos um tema para dissertação: a industrialização (o tema caracteri-

za-se por ser amplo, estender-se no sentido horizontal e ser um elemento co-mum a todas as partes do texto). Para que o texto, a ser elaborado a partirdesse tema, seja realmente eficaz, ele deverá problematizá-lo, isto é, verticali-zar, aprofundar, relacionar.

Observe o desenvolvimento do tema industrialização nestes dois textos:(1) A industrialização é um fenômeno característico das sociedades mo-

dernas. Industrialização é criação de indústrias. As indústrias produzembens de consumo e bens de produção.

O Brasil está se industrializando. Existem países mais industrializadosque o Brasil, como Estados Unidos, Japão etc. Há outros mais atrasados,como o Paraguai e o Haiti, por exemplo. Algumas indústrias poluem omeio ambiente. Mas as indústrias dão emprego a muita gente. As indústri-as se concentram nas regiões industriais. Enfim, a industrialização é a almado progresso.

(2) Querer que todos os povos da Terra alcancem o nível de desenvolvi-mento e industrialização que caracterizou os Estados Unidos e a Europa éuma pretensão absurda. Se os quatro bilhões de habitantes do globo jáestivessem “desenvolvidos” de acordo com as definições vigentes, se ti-vessem o consumo material americano que, entre outras coisas, significaum automóvel para cada duas pessoas, teríamos hoje cerca de dois bilhõ-es de carros na Terra. No ano 2000, seriam mais de três bilhões, em 2030,mais de seis bilhões e assim por diante. Hoje temos algo mais que 200milhões e a situação já se torna insuportável.

(José A. Lutzenberger, Manifesto ecológico brasileiro.Rio Grande do Sul, Movimento, 1986.)

O primeiro texto não problematiza nada: é apenas um amontoado de frasessem coesão. O segundo texto apresenta um problema claro: os povos da Terra

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não podem aspirar a atingir o mesmo nível de industrialização dos Estados Uni-dos e, a partir daí, passa às provas para sustentar essa tese.

A problematização do tema (o levantamento de uma hipótese de trabalho) éfundamental para a elaboração de um texto crítico, coeso, coerente, aprofunda-do e constitui o passo inicial (introdução) do texto dissertativo.

Não basta, no entanto, possuir uma tese sobre o tema, é necessário desen-volver para demonstrar essa tese. No desenvolvimento a preocupação maior dequem elabora o texto deve ser a de fundamentar de maneira clara e convincenteas idéias que expõe ou defende. Sustentam-se os argumentos através de duasformas: evidência e raciocínio.

São quatro os tipos de evidência:1 – fatos: só eles provam, “contra fatos não há argumentos!”. Mas seu valor de

prova é relativo, pois os fatos estão sujeitos às modificações da ciência, datécnica, da moral...

2 – exemplos: são fatos típicos, específicos e representativos de uma determi-nada situação.

3 – estatísticas: de grande valor persuasivo, embora possam ser manipuladas.4 – testemunhos: palavras de pessoa considerada “expert” no assunto.

São também quatro os tipos de raciocínio (raciocinar é o processo de extrairinferências de fatos, exemplos, estatísticas e testemunhos):1 – indução: extrair uma generalização de um ou mais fatos particulares (racio-

cínio que vai do particular para o geral). É o método utilizado pelo cientistaquando, a partir de inúmeras experiências, descobre a lei que rege os casosparticulares.Ivone é professora da rede estadual e ganha pouco.Jair é professor da rede estadual e ganha pouco.Laís é professora da rede estadual e ganha pouco.

Desses fatos particulares, facilmente chego à conclusão de que os professo-res da rede estadual ganham pouco.2 – dedução: é a aplicação de uma regra geral a um caso particular (raciocínio

que vai do geral para o particular). O processo de dedução é silogístico ebaseia-se na exatidão das premissas. Silogismo é o raciocínio formado detrês proposições: a primeira, chamada de premissa maior; a segunda, pre-missa menor, e a terceira, conclusão. O exemplo clássico de silogismo é:

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Todos os homens são mortais. (premissa maior)Sócrates é homem. (premissa menor)Logo, Sócrates é mortal. (conclusão)A força desse tipo de raciocínio está na exatidão da premissa maior, casocontrário pode-se incorrer em conclusões absurdas:Todo político é desonesto.Teodoro é político.Logo, Teodoro é desonesto.

3 – relações causais: elas estabelecem possibilidades e não certezas e apre-sentam-se sob dois aspectos:a) de causa a efeito:

Beber cerveja me dá dor de estômago.Se beber cerveja, ficarei com dor de estômago.

b) de efeito a causa (procura-se determinar a causa):O rio Tietê transborda com as chuvas de verão.Isto acontece porque os trabalhos de desassoreamento não estão sendofeitos corretamente.

4 – analogia: determina o grau de probabilidade de uma situação através doexame de acontecimentos ou circunstâncias semelhantes.Meu vizinho sofre do estômago, toma chá de boldo e passa bem. Eu sofrodo estômago, portanto, se tomar chá de boldo, passarei bem.O último movimento do texto dissertativo é a conclusão que deve derivarnaturalmente do desenvolvimento (com suas evidências e raciocínios) e ra-tificar a introdução.

1.3.2. Questões de VestibularCom base nos temas a seguir, colhlidos em diversos vestibulares do país,desenvolva sua redação:

1 (UF-SC) “Quando os homens eram ardentes demais, as mulheres encompri-davam as saias e reduziam os decotes. Em face de homens frios, elas levan-tam as saias e baixam os decotes”.

2 (UF-CE) Tema I:“Viver não é nada; continuar vivendo é que constitui um ato de bravura”.

(Carlos Drummond de Andrade)

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Tema II:“O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo

que odeia política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce aprostituta, o menor abandonado, o assaltante e o pior de todos os bandidos,que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio das empresas multina-cionais.”

(Bertolt Brecht)

Tema III:“Mas para quêTanto sofrimentoSe o meu pensamentoÉ livre (...)?”

(Manuel Bandeira)

3 (UF-SC) Tema: Hoje em dia, praticamente nada se faz sem uma boa dose dehumor.

4 (UF-BA)“Meu coração não se cansaDe ter esperançaDe um dia ser tudo o que quer.”

(Coração Vagabundo – Caetano Veloso)

Mantendo o caráter dissertativo desenvolva sua redação com base nas con-cepções e experiências que você tem sobre o tema.

5 (UF-AC)Tema I:“Quando não há mais esperanças, a única esperança é o combate pela paz.”

(Fernando Gabeira)Tema II:De vez em quando a gente precisa sacudir a árvore das amizades para caí-rem as podres.

(Mário da Silva Brito)

6 (UFS)Redação1. Leia o tema dado a seguir e analise as idéias nele contidas.

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2. Com base nessas idéias, faça uma dissertação em que você exponhaseus pontos de vista e conclusões.3. A dissertação deve ter a extensão mínima de 20 linhas e máxima de 30,

considerando-se letra de tamanho regular.Tema para dissertaçãoQuem decide pode errar;quem não decide já errou.

7 (UF-BA)Questão de Redação“Nos últimos 110 anos, poucas economias tiveram um desempenho tão for-midável como a brasileira. O que chama a atenção, no país, é a sua capaci-dade de se desenvolver e, simultaneamente, sua incapacidade de promoverum destino melhor aos seus desamparados.Mais do que isso: o Brasil, ao longo das últimas décadas, só tem conseguidocrescer produzindo um número cada vez maior de miseráveis.”

(VEJA, 23 (50): 37, 19/12/1990)• Considere o tema focalizado no texto acima como proposta paraa sua redação.• Produza um texto sob a forma de prosa, posicionando-se critica-mente e atentando para o enfoque econômico-social retratado no texto.• Estruture sua Redação com objetividade, clareza e unidade de pensamento.ATENÇÃO:Será anulada a Redação apresentada em forma de verso; assinada fora dolocal apropriado; que se afaste da proposta do tema; escrita a lápis e to-talmente ilegível.

8 (UF-BA)Tema da redação:“Não desperdicem um só pensamentoCom o que não pode mudar!Não levantem um dedoPara o que não pode ser melhorado!Com o que não pode ser salvoNão vertam uma lágrima! MasO que existe distribuam aos famintos........................................................................................................................

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... retirem toda a humanidade sofredora do poçoCom as cordas que existem em abundância!”

(Bertolt Brecht)“Não te rendas jamais, nunca te entregues,foge das redes, expande teu destino.E caso fiques tão só que nem mesmo um cãovenha te lamber a mão,atira-te contra as escarpasde tua angústia e explodeem grito, em raiva, em pranto.Porque desse teu gestohá de nascer o Espanto.”

(Eduardo Alves Costa)Os dois textos acima propõem ao homem — embora por caminhos diferen-tes — uma atitude participativa diante do mundo.Faça sua Redação, analisando ambas as propostas, utilizando o processode composição em prosa que mais lhe convier.

9 (UF-GO)Proposição A – Elabore seu texto a partir das idéias apresentadas no trechoabaixo.“Um amigo dizia:— Não sei por que, o Natal traz-me indefinível nostalgia, relacionada com algomuito importante, esquecido no passado longínquo... Talvez uma ligação afe-tiva, uma situação mais feliz ou — quem sabe? -a própria pureza perdida (...)Embora estejamos diante de um paradoxo, já que a gloriosa mensagem na-talina deveria inspirar sempre alegrias e esperanças, muitas pessoas experi-mentam esse sentimento...”

(SIMONETTI, Richard. Uma razão para viver.Bauru, São João, s/d, p. 129.)

Proposição B – A partir da observação das idéias contidas na figura e notexto verbal, elabore sua redação.

(NOVAIS, C.E. Capitalismo para principiantes.São Paulo, Ática, 1984, p. 194.)

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Proposição C – Elabore seu texto integrando as idéias dos dois trechos aseguir.“Pauline é uma garotinha maravilhosa em tudo. Na simpatia, no olhar, nofalar.Um dia foi surpreendida rezando assim:— Papai do Céu, cuida da minha mãe, dos meus manos, dos meus brinque-dos, da minha casa, para os ladrões não entrar.— E do seu papai não precisa?— Não, mãe, Ele tem arma.”

(Pedro Bloch. Criança diz cada uma...Pais & Filhos, no 286, 7/1992, p. 103.)

O terrível bicho-papão, a mula-sem-cabeça, as assombrações e outros per-sonagens fictícios que tiraram o sono das crianças por várias gerações per-deram seu status. Criança moderna se apavora mesmo com ladrão, tiroteioe seqüestro.

(Veja, no 47, 18/11/1992, p. 76.)

10 (UnB-DF) RedaçãoLeia atentamente cada um dos fragmentos abaixo:Texto 1Uma pesquisa de opinião pública constata que 41% dos sulistas, aí incluídoSão Paulo, votariam a favor da criação de um Brasil do Sul — o Brasul — sehouvesse um plebiscito. A pesquisa realizada na última semana de novem-bro revela que exatamente 13% dos entrevistados se mostraram indecisossobre a divisão do País e 46% se disseram contrários à tese.

(texto adaptado da Revista Istoé Senhor)

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Texto 2Que importa que uns falem descansadoQue os cariocas arranhem os erres na gargantaQue os capixabas e paroaras escancarem as vogaisQue tem si o quinhentos réis meridionalVira cinco tostões do Rio para o Norte?Juntos formamos este assombro de misérias e grandezas?Brasil nome de vegetal

(Mário de Andrade,“Noturno de Belo Horizonte”, In Clan do Jaboti)

Com base nos dois fragmentos acima desenvolva uma dissertação. Observeque o primeiro texto situa o fato a tratar. O segundo fornece subsídios histó-ricos, lingüísticos e culturais que você deve incluir na sua argumentação.Atenção: não coloque título na dissertação e não repita os textos apresentados.Extensão mínima: 30 (trinta) linhasExtensão máxima: 45 (quarenta e cinco) linhas

11 (UF-SC) “... muitas vezes o pai e eu somos chamados para arrumar a mesa ouenxugar a louça ou fazer outro serviço que eu pensei que fosse só das mulheres.”

(Maria de Lourdes Ramos Krieger Locks)

12 (UF-SC) “O dinheiro é uma força tremenda, onipotente, assombrosa. Todoso amam, todos o procuram, e, entretanto, todos dizem mal dele.”

(Olavo Bilac)

13 (Enem)“É dever da família, da socieda-de e do Estado assegurar à cri-ança e ao adolescente, com ab-soluta prioridade, o direito à saú-de, à alimentação, à cultura, àdignidade, ao respeito, à liberda-de e à convivência familiar e co-munitária, além de colocá-los asalvo de toda forma de negligên-cia, discriminação, exploração,crueldade e opressão.”

(Artigo 227, Constituição doRepública Federativa do Brasil)

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“(...) Esquina da Avenida Desembargador Santos Neves com Rua José Teixeira,na Praia do Canto, área nobre de Vitória. A. J., 13 anos, morador de Cariacica,tenta ganhar algum trocado vendendo balas para os motoristas. (...)‘Venho para a rua desde os 12 anos. Não gosto de trabalhar aqui, mas nãotem outro jeito. Quero ser mecânico.’”

(A Gazeta, Vitória (ES), 9/6/2000)Entender a infância marginal significa entender por que um menino vai para arua e não à escola. Essa é, em essência, a diferença entre o garoto que estádentro do carro, de vidros fechados, e aquele que se aproxima do carro paravender chiclete ou pedir esmola. E essa é a diferença entre um país desen-volvido e um país de Terceiro Mundo.

(DIMENSTEIN, Gilberto. O cidadão de papel. 19. ed. São Paulo, Ática, 2000.)

Com base na leitura da charge, do artigo da Constituição, do depoimento deA. J. e do trecho do livro O cidadão de papel, redija um texto em prosa, dotipo dissertativo-argumentativo, sobre o tema: Direitos da criança e do ado-lescente: como enfrentar esse desafio nacional?Ao desenvolver o tema proposto, procure utilizar os conhecimentos adquiri-dos e as reflexões feitas ao longo de sua formação. Selecione, organize erelacione argumentos, fatos e opiniões para defender o seu ponto de vista,elaborando propostas para a solução do problema discutido em seu texto.Observações:• Lembre-se de que a situação de produção de seu texto requer o uso damodalidade escrita culta da língua.• Espera-se que o seu texto tenha mais do que 15 (quinze) linhas.

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177Redação e Interpretação de Texto

Numa narrativa, o autordispõe de três maneiras de reproduzir a fala das personagens: o discurso direto,o indireto e o indireto livre. Observe:

Os dois encontraram-se no bar:— Bom dia, há quanto tempo!— É mesmo, não o vejo há pelo menos dois meses.

Este é um exemplo de discurso direto cujas características estudaremos aseguir.

Neste outro trecho de Machado de Assis, temos o discurso indireto:(...) Capitu respondeu que ouvira choro e rumor de palavras. (...)Esta mesma frase, se em discurso direto, teria esta forma:Capitu respondeu:— Ouvi choro e rumor de asas.

Machado de Assis (Obra completa.Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1979).

E, finalmente, o discurso indireto livre, também chamado de monólogo interior:Recusou o alimento. Não ia comer nada.

Machado de Assis (Obra completa.Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1979).

Nesse caso, misturam-se as vozes do narrador e da personagem.Estudemos, agora, cada um deles.

1. Discurso DiretoLeia este pequeno trecho de Dom Casmurro, de Machado de Assis:

Discursos

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178 Redação e Interpretação de Texto

(...) Tínhamos chegado à janela; um preto, que, desde algum tempo, vinhaapregoando cocadas, parou em frente e perguntou:

— Sinhazinha, qué cocada hoje?— Não, respondeu Capitu.

— Cocadinha tá boa.— Vá-se embora, replicou ela sem rispidez.— Dê cá! disse eu descendo o braço para receber as duas.(...)

O narrador reproduziu o discurso, a fala, das três personagens por meio daspróprias palavras delas. Este é o discurso direto. Ele confere maior naturalidadeao texto, já que o diálogo se desenvolve à maneira de uma conversa e permite aonarrador exprimir o linguajar próprio de suas personagens. Observe a fala do ven-dedor de cocadas, caracterizado — por intermédio de sua linguagem — comoalguém inculto, de classe inferior: “qué cocada hoje?”, “Cocadinha tá boa”. Osdiminutivos também, nesse caso, revelam o caráter submisso da personagem.

No trecho podemos distinguir duas características do discurso direto:1 – Vem introduzido por um verbo dicendi (verbo que anuncia a fala da perso-

nagem): perguntou, respondeu, replicou e disse.Obs.: É comum, no entanto, não aparecer o verbo dicendi, mas somente a

fala das personagens, veja o exemplo:— Onde estão os meus livros? Acho que deixei por aqui...— Você precisa ter mais cuidado com seu material escolar, meu filho!— Mas, mamãe, alguém anda mexendo nas minhas coisas...

2 – Antes da fala da personagem, há, geralmente, dois-pontos e travessão.Segundo o professor Othon M. Garcia, os verbos dicendi distribuem-se em

oito áreas de significação.1 – de dizer: afirmar, declarar;2 – de perguntar: indagar, interrogar;3 – de responder: retrucar, replicar;4 – de contestar: negar, objetar;5 – de exclamar: gritar, bradar;6 – de pedir: solicitar, rogar;7 – de exortar: animar, aconselhar;8 – de ordenar: mandar, determinar.

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179Redação e Interpretação de Texto

Embora estes sejam os mais comuns, basta a leitura de qualquer revistasemanal ou de livros de literatura atual para perceber que a lista dos verbosdicendi pode ser ampliada, para adequar-se às exigências da expressividade.Assim, dentre inúmeros outros, podem-se sugerir: aconselhar, acreditar, acres-centar, acusar, admitir, advertir, advogar, alarmar-se, alegar, alertar, ameaçar,analisar, anunciar, apontar, aprovar, argumentar, assegurar, avaliar, avisar, brin-car, calcular, comentar, conclamar, concluir, concordar, condenar, constatar,contar, corrigir, cortar, defender, demonstrar, denunciar, descrever, desculpar-se,desmentir, duvidar, entusiasmar-se, esclarecer, explicar, finalizar, frisar, garantir,ilustrar, imaginar, insinuar, insistir, ironizar, julgar, lamentar, lembrar, manifestar,notar, observar, opinar, perguntar, presumir, prometer, propor, prosseguir, pro-vocar, reagir, rebater, reconhecer, refutar, reprovar, ressaltar, salientar, sugerir,surpreender-se etc.

A pontuação no discurso direto deve apresentar, normalmente:• travessão inicial.— O Brasil precisa de técnicos, disse o ministro.• a oração com o verbo dicendi, quando entremeada à fala, deve vir precedi-

da por vírgula ou travessão.— Mas é preciso agir com muito tato — murmurou Manuela.Obs.: O travessão torna dispensável qualquer outro sinal de pontuação, exceto

os pontos de exclamação, de interrogação e as reticências.— Ninguém trouxe os resultados — lamentou a enfermeira.— Isso terá conseqüências funestas! — preveniu o médico-chefe.• O novo período de fala, após a oração do verbo dicendi, deve vir precedido

de travessão para que não haja confusão entre as palavras do narrador e dapersonagem.

— Morda a língua — sugeriu a menina. — Minha mãe diz que é bom.• quando a oração com o verbo dicendi precede a fala da personagem, deve

vir obrigatoriamente precedida de dois-pontos.Manuela murmurou com voz sumida:— Mas é preciso agir com cautela.

2. Discurso IndiretoImaginemos que, em vez de reproduzir a fala das personagens, Machado de

Assis houvesse contado o que eles disseram. O texto seria este:

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180 Redação e Interpretação de Texto

Tínhamos chegado à janela; um preto, que, desde algum tempo, vinhaapregoando cocadas, parou em frente e perguntou se sinhazinha queriacocada naquele dia.

Capitu respondeu que não, mas o vendedor insistiu que a cocada esta-va boa. Sem rispidez ela replicou que ele fosse embora. Mas eu disse,descendo o braço para receber as duas, que me desse lá.

Machado de Assis (Obra completa.Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1979).

Como você percebeu, o texto perdeu em emoção e subjetividade porque odiscurso indireto elimina os elementos emocionais e afetivos. Ele cria uma obje-tividade analítica ao apreender o conteúdo da fala das personagens, mas não aforma como elas o dizem. O narrador usa suas próprias palavras para comuni-car o que as personagens disseram.

As características principais do discurso indireto são:1 – vem introduzido por um verbo dicendi.

Diógenes disse a Alexandre que não lhe tirasse o sol.

2 – vem introduzido por uma conjunção subordinativa integrante (que, se, como):O general bradou que não fizessem aquilo.

Na transformação do discurso direto para o indireto, ocorrem algumas mu-danças. Observe:

Discurso direto:1 – O ministro disse:

— O Brasil precisa de técnicos.2 – A mãe suplicava:

— Deixem meu filho, não permitirei que o levem.3 – Perguntei-lhe:

— Por que só agora você me diz isso?Discurso indireto:

1 – O ministro disse que o Brasil precisava de técnicos.2 – A mãe suplicava que deixassem seu filho, que não permitiria que o levassem.3 – Perguntei-lhe por que só naquele momento ele me dizia aquilo.

Vamos, então, sistematizar essas mudanças.

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181Redação e Interpretação de Texto

Discurso Direto

1) pontuação característica (dois-pontos, travessão)Ex.: A mulher avisou:

— Não quero isso!

2) 1ª ou 2ª pessoasEx.: — Não como verduras,

protestou o garoto.O marido chorava:— Estás tão magrinha!

3) pronomes pessoais epossessivos de 1ª e 2ª pessoas

Ex.: — Perdi meus cheques —disse ele.O preso declarou:— Os policiais me torturaram.— Não te preocupes — disseo pai.

4) demonstrativos este, esse,aquilo, isto (e suas flexões evariações)

Ex.: Perguntou o advogado:— Qual será a verdadeiracausa deste crime?

5) advérbios aqui, cá, daqui, agoraEx.: O rei ordenou:

— Levem-no daqui!— Agora não sei mais ondeestou! — confidenciou o pai.

Discurso Indireto

1) ausência de pontuaçãoEx.: A mulher avisou que não

queria aquilo.

2) 3ª pessoaEx.: O garoto protestou dizendo

que não comia verdura.O marido chorava dizendoque ela estava muito magrinha.

3) pronomes de 3ª pessoaEx.: Ele disse que tinha perdido

seus cheques.O preso declarou que ospoliciais o haviam torturado.O pai disse que não sepreocupasse.

4) aquele, aquilo, isso (e suasflexões e variações)

Ex.: O advogado perguntou qualseria a verdadeira causadaquele crime.

5) ali, lá, dali, naquele instante(momento)

Ex.: O rei ordenou que olevassem dali.O pai confidenciou quenaquele momento não sabiamais onde estava.

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182 Redação e Interpretação de Texto

Os tempos verbais sofrem também modificações. Abaixo, indicamos algu-mas correlações.

3. Discurso Indireto LivreLeia este trecho do romance Vidas Secas, de Graciliano Ramos.

(...) Tinha medo e repetia que estava em perigo, mas isto lhe pareceu tãoabsurdo que se pôs a rir. Medo daquilo? Nunca vira uma pessoa tremerassim. Cachorro. Ele não era dunga na cidade? Não pisava os pés dosmatutos, na feira? Não botava gente na cadeia? Sem-vergonha, mofino.

Discurso Direto

1) presente do indicativoEx.: — Não gosto desse rapaz!

— disse a mãe.

2) pretérito perfeito do indicativoEx.: — Esqueci meus óculos

— disse o professor.

3) futuro do presente do indicativoEx.: — Farei o que você quiser

— prometeu o pai.

4) presente e futuro do subjunti-voEx.: — Espero que não haja fila

— disse a moça.— Peça o que quiser

— garantiu Oscar.

5) imperativoEx.: O pai ordenou:

— Façam as malas.

Discurso Indireto

1) pretérito imperfeito do indicativoEx.: A mãe disse que não

gostava daquele rapaz.

2) pretérito mais-que-perfeitodo indicativo

Ex.: O professor disse queesquecera (ou tinhaesquecido) seus óculos.

3) futuro do pretérito do indicativoEx.: O pai prometeu que faria o

que ele quisesse.

4) pretérito imperfeito do subjuntivoEx.:A moça disse que esperava

que não houvesse fila.Oscar garantiu que pedisseo que quisesse.

5) pretérito imperfeito do subjuntivoEx.: O pai ordenou que

fizessem as malas.

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183Redação e Interpretação de Texto

Irritou-se. Por que seria que aquele safado batia os dentes como umcaititu? Não via que ele era incapaz de vingar-se? Não via? Fechou a cara.A idéia do perigo ia-se sumindo. Que perigo? Contra aquilo nem precisavafacão, bastavam as unhas. Agitando os chocalhos e os látegos, chegou amão esquerda, grossa e cabeluda, à cara do polícia, que recuou e se en-costou a uma catingueira. Se não fosse a catingueira, o infeliz teria caído.

Fabiano pregou nele os olhos ensangüentados, meteu o facão na bai-nha. Podia matá-lo com as unhas. Lembrou-se da surra que levara e danoite passada na cadeia. Sim senhor. Aquilo ganhava dinheiro para maltra-tar as criaturas inofensivas. Estava certo? O rosto de Fabiano contraía-se,medonho, mais feio que um focinho. Hem? Estava certo? Bulir com aspessoas que não fazem mal a ninguém. Por quê? Sufocava-se, as rugasda testa aprofundavam-se, os pequenos olhos azuis abriam-se demais,numa interrogação dolorosa. (...)

(Graciliano Ramos, Vidas secas.Rio, São de Paulo, Record, 1986.)

Percebemos nesse texto a voz do narrador, porém entremeadas a ela existemexpressões que não podem ser atribuídas ao narrador, mas somente à persona-gem. Veja algumas delas:

Medo daquilo?... Cachorro. Ele não era dunga na cidade? Não pisavanos pés dos matutos, na feira? Não botava gente na cadeia? Sem-vergo-nha, mofino... Que perigo?... Estava certo?... Por quê?

Como se viu, o discurso indireto livre apresenta características híbridas: a falada personagem (que seria discurso direto porque se conservam as formasinterrogativa e exclamativa, mas que possui as características do discurso indi-reto pois os verbos estão no passado, situação típica do discurso indireto) mes-cla-se ao discurso do narrador.

Se os discursos direto e indireto são tão antigos quanto a linguagem, o dis-curso indireto livre é mais recente. Com os escritores realistas franceses GustaveFlaubert e Émile Zola, ele começou a generalizar-se. Aqui no Brasil, os escrito-res modernos fazem um uso bastante grande deste discurso: Dalton Trevisan,Clarice Lispector, Garcia de Paiva, José Lins do Rego, Dyonélio Machado.Graciliano Ramos talvez seja o que com maior mestria utilizou esse recurso.

Quando usar os vários tipos de discurso e que efeito de sentido eles podemprovocar?A – Discurso direto: cria a ilusão de verdade. Com este discurso consegue-se

maior naturalidade e autenticidade. Pode-se, por intermédio dele, caracteri-

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184 Redação e Interpretação de Texto

zar a personagem e registrar peculiaridades de sua fala. As exclamações,interrogações, interjeições, vocativos e imperativos impregnam deemotividade e subjetivismo a expressão.

B - Discurso indireto: analisa o discurso da personagem de maneira racional,objetiva. O seu uso ressalta a essência significativa do discurso reproduzi-do, mas deixa de lado as peculiaridades que conferem uma carga subjetivae emotiva à expressão.

C - Discurso indireto livre: cria um efeito de sentido que fica a meio caminhoentre a objetividade (do discurso indireto) e a subjetividade (do discursodireto). Nele aparecem duas vozes: a do narrador e a da personagem.

4. Questões de Vestibular1 (Fuvest-SP) Numa narrativa, podem ser utilizados o discurso direto e indireto.

Exemplo:“— Vou sair — disse a mãe ao filho”. (discurso direto)“A mãe disse ao filho que ia sair”. (discurso indireto)Usando o discurso indireto, reescreva:a) “— Não serias capaz de lá entrar hoje, curioso leitor — disse Brás Cubas”.b) “— O proprietário deitou-a abaixo — lamentava Brás Cubas”.

2 (Fuvest-SP) Reescreva o texto, transformando o discurso direto em indireto:“Ele suplicou: acredite no que eu digo.”

3 (UF-GO) Observe o uso do discurso direto no fragmento abaixo:Adelaide olha para o dinheiro em cima da mesa:— Ainda não quiseste me dizer como conseguiste.— Arranjei emprestado com o Duque e o Alcides.Pausa.— E quando é que tens de devolver a eles? — Perguntou-lhe ela, depois.— Não tem prazo...

(MACHADO, Dyonélio. Os ratos. São Paulo, Ática.)

Neste trecho de Dyonélio Machado, a reprodução da fala das personagens éfeita através do discurso direto marcado por sinais gráficos, como o traves-são, e pelo uso de certos pronomes e terminações verbais.Reconstrua o diálogo usando o discurso indireto.

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185Redação e Interpretação de Texto

4 (Fuvest-SP) “Pouco a pouco o ferro do proprietário queimava os bichos deFabiano. E quando não tinha mais nada para vender, o sertanejo endividava-se. Ao chegar a partilha, estava encalacrado, e na hora das contas davam-lhe uma ninharia.Ora, daquela vez como das outras, Fabiano ajustou o gado, arrependeu-se,enfim deixou uma transação meio apalavrada e foi consultar a mulher. SinhaVitória mandou os meninos para o banheiro, sentou-se na cozinha, concen-trou-se, distribui no chão semente de várias espécies, realizou somas e dimi-nuições. No dia seguinte Fabiano voltou à cidade, mas ao fechar o negócionotou que as operações de sinha Vitória, como de costume, diferiam das dopatrão. Reclamou e obteve a explicação habitual: a diferença era provenien-te de juros.Não se conformou: devia haver engano. Ele era bruto, sim senhor, via-seperfeitamente que era bruto, mas a mulher tinha miolo. Com certeza haviaum erro no papel do branco. Não se descobriu o erro, e Fabiano perdeu osestribos. Passar a vida inteira assim no toco, entregando o que era dele demão beijada! Estava direito aquilo? Trabalhar como negro e nunca arranjarcarta de alforria!O patrão zangou-se, repeliu a insolência, achou bom que o vaqueiro fosseprocurar serviço noutra fazenda.Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou. Bem, bem. Não era preciso baru-lho não. Se havia dito palavra à toa, pedia desculpa. Era bruto, não fora ensi-nado. Atrevimento não tinha, conhecia o seu lugar. Um cabra. Ia lá puxar ques-tão com gente rica? Bruto, sim senhor, mas sabia respeitar os homens. Deviaser ignorância da mulher, provavelmente devia ser ignorância da mulher. Atéestranhara as contas dela. Enfim, como não sabia ler (um bruto, sim senhor),acreditara na sua velha. Mas pedia desculpa e jurava não cair noutra.O amo abrandou, e Fabiano saiu de costas, o chapéu varrendo o tijolo. Naporta, virando-se enganchou as rosetas das esporas, afastou-se tropeçan-do, os sapatões de couro cru batendo no chão como cascos.Foi até a esquina, parou, tomou fôlego. Não deviam tratá-lo assim. Dirigiu-seao quadro lentamente. Diante da bodega de seu Inácio virou o rosto e fezuma curva larga. Depois que acontecera aquela miséria, temia passar ali.Sentou-se numa calçada, tirou do bolso o dinheiro, examinou-o, procurandoadivinhar quanto lhe tinham furtado. Não podia dizer em voz alta que aquilo

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186 Redação e Interpretação de Texto

era um furto, mas era. Tomavam-lhe o gado quase de graça e ainda inventa-vam juro. Que juro! O que havia era safadeza.”

(RAMOS, Graciliano. Vidas Secas)O texto, assim como todo o livro de que foi extraído, está escrito em terceirapessoa. No entanto, o recurso freqüente ao discurso indireto livre, com aambigüidade que lhe é característica, permite ao autor o “filete da escava-ção interior”, na expressão de Antônio Cândido.Assinalar a alternativa em que a passagem é nitidamente discurso indiretolivre:a) Ao chegar a partilha, estava encalacrado, e na hora das contas davam-lhe

uma ninhariab) Pouco a pouco o ferro do proprietário queimava os bichos de Fabiano.c) Não se descobriu o erro, e Fabiano perdeu os estribos.d) Passar a vida inteira assim no toco, entregando o que era dele de mão

beijada!e) O amo abrandou, e Fabiano saiu de costas, o chapéu varrendo o tijolo.

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187Redação e Interpretação de Texto

Inúmeros estudos de lingüistas ame-ricanos têm revelado uma relação estreita entre sucesso profissional e riquezade vocabulário. Embora as pesquisas ainda sejam incipientes e não se possacom certeza comprovar tal hipótese, é inegável que a riqueza vocabular permitea expressão do pensamento de maneira mais clara, fiel e precisa.

1. Léxico e VocabulárioNormalmente, léxico e vocabulário são usados como sinônimos. No entanto,

modernamente, tem-se distinguido os dois termos.Léxico é o conjunto, teoricamente infinito, de todas as palavras já realizadas

e potenciais de uma língua. Nesta definição encaixam-se todas as palavras doportuguês, até os neologismos (ciumortevida, bandeiranacionalizar etc.).

Vocabulário é o conjunto de palavras efetivamente empregadas pelo falante.Dessas duas definições conclui-se que o vocabulário de uma pessoa é ape-

nas parte do seu léxico pois neste incluem-se:a) as palavras que o falante não usa, mas cujo significado conhece (vocabulário

passivo);b) as palavras cujo significado pode ser captado pelo contexto;c) os neologismos, as palavras que podem ser criadas.

O vocabulário está para o léxico assim como a fala está para a língua. Ouseja, tanto a língua quanto o léxico pertencem a todos os indivíduos de umamesma comunidade, mas só se concretizam uma pela fala e outro através dovocabulário de um dado indivíduo.

Todo indivíduo dispõe de quatro tipos de vocabulário:1 – o da língua falada ou coloquial: são palavras aprendidas de ouvido. Relati-

vamente pequeno, este vocabulário satisfaz as necessidades da comunica-ção cotidiana;

Vocabulário

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188 Redação e Interpretação de Texto

2 – o da língua escrita: acrescem-se às palavras da comunicação oral outrasque aparecem quase somente na comunicação escrita;

3 – o que compreende as palavras que não empregamos normalmente, mascujo significado nos é familiar. São palavras cujo significado depreende-sedo contexto em que estão inseridas;

4 – o que engloba as palavras já ouvidas ou lidas, mas cujo significado desco-nhecemos.

O vocabulário ativo, representado pelos tipos 1 e 2, corresponde à expressãode nosso pensamento e o passivo, 3 e 4, à compreensão do pensamento alheio.

Quanto mais rico o vocabulário de um indivíduo, maior a possibilidade deescolha da palavra adequada a um determinado contexto, o que contribui paraa precisão, clareza e elegância da expressão. A leitura é, comprovadamente, aprincipal atividade responsável pela ampliação de vocabulário, por isso a ne-cessidade de cultivar esse hábito desde a mais tenra infância. Entretanto, àleitura deve associar-se a prática constante da redação, pois só se domina osentido das palavras quando estas passam a fazer parte do vocabulário ativo,quando se passa, efetivamente, a empregá-las.

Outra atividade para ampliação do vocabulário é a consulta freqüente aosdicionários, que assim se catalogam:1 – dicionários de definições: há uma definição denotativa da palavra, acresci-

da de sinônimos e muitas vezes completada por abonações (frases-exem-plo em que a palavra é empregada num determinado contexto).

2 – dicionários de sinônimos: geralmente não se define a palavra, dá-se ape-nas uma relação dos sinônimos mais comuns, explicando as nuanças designificado.

3 – dicionários analógicos (ou de idéias afins): oferecem, a partir de uma “pala-vra-mestra” ou “palavra-guia”, um rol de palavras que a ela se associam poranalogia; no verbete seguinte aparecem os antônimos correspondentes.Exemplo:

114. Causa — S(ubstantivos). Causa, origem, motivo, o porquê, razão, móvel,base, manancial, fonte, nascente... etc.V(erbos). Causar, produzir, efetuar, gerar, acarretar, dar aso, ensejo,ocasião, motivar, lançar os fundamentos de... etc.A(djetivos). Primeiro, básico, primordial, originário, original, radical, emem- brião, causal... etc.

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189Redação e Interpretação de Texto

115. Efeito — S. Efeito, conseqüência, resultado, produto, nascimento, produção,rebento, fruto, colheita, seara, criação... etc.V. Ser resultado, resultar, provir, ser obra de, filho de, rebentar, germinar,desenvolver-se, ter fonte, origem em, vir de... etc.A. Derivado, derivativo, embrionário.

(SPITZER, Carlos. Dicionário Analógico da Língua Portuguesa).

4 – dicionários técnicos: recobrem um determinado campo do conhecimentohumano. Eles abrigam aquelas palavras que têm um significado tão especí-fico que, por isso, não tem sentido incluí-las num dicionário comum ou ain-da aquelas que adquirem uma significação específica em determinada áreade conhecimento humano. São os dicionários de filosofia, economia, músi-ca, etimologia, mitologia etc.

Para facilitar a tarefa de escolha da palavra adequada a um determinado con-texto, são necessárias algumas noções sobre sinonímia, antonímia, hiperonímia,hiponímia, paronímia, homonímia e polissemia, além, é claro, do estudo da de-notação e conotação já efetuado nos capítulos preliminares desta obra.

2. SinônimosSinônimos são palavras de significado aproximado, já que não existe o sinô-

nimo perfeito. Leia este verbete do Dicionário de Sinônimos, de Antenor Nas-centes, e perceba a diferença, às vezes sutil, de significado entre os vários sinô-nimos.

Achaque, doença, enfermidade, incômodo, indisposição, mal,moléstia — Todas estas palavras exprimem desarranjo na saúde. Acha-que é a enfermidade habitual: Estou melhor de meus velhos achaques.Doença (do lat. dolore, doer) dá idéia de estado doloroso do corpo. Enfer-midade (do lat. infirmitate, falta de firmeza) traz idéia de falta de forças, defraqueza, debilidade. Incômodo é mal passageiro, como a menstruação,que é o exemplo típico dele. Indisposição é o estado de quem fica ligeira-mente fora do normal. Mal é o termo genérico para designar todo sofri-mento que traz alteração da saúde. Moléstia é doença permanente, queincomoda, enfada, dando penoso trabalho ao corpo. Cícero nas Tusculanas,IV, 8, assim definiu: Molestia, aegritudo permanens.

Os sinônimos têm por função evitar repetição de palavras no texto, por issosão muito importantes para promover a coesão. Mas deve-se tomar um cuida-

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190 Redação e Interpretação de Texto

do muito grande ao escolher o sinônimo que melhor se adapte ao contexto. Nãose esqueça também dos níveis de linguagem. Enfim, a escolha das palavrasdepende do efeito de sentido que se quer produzir. Observe estas frases:

A geladeira está exalando um odor desagradável.A geladeira está com mau cheiro.Sinto um fedor na geladeira.Que catinga insuportável tem essa geladeira!Guiando-se pelo bom senso, não use palavras solenes, eruditas se o texto for

escrito em linguagem coloquial isso porque o tornaria pesado e pedante, alémde dificultar-lhe a compreensão. Da mesma forma evite o emprego abusivo degíria e termos populares ou chulos que tornariam seu texto vulgar.

3. AntônimosOs antônimos são palavras de significação oposta. Tanto quanto os sinôni-

mos, o conhecimento dos antônimos permite uma expressão mais precisa, ricae variada.

abençoar — amaldiçoar, maldizer, blasfemar, desaprovar, repelir.benévolo — malévolo, maligno, maldoso, desfavorável, maléfico.

(RIOS, Dermival Ribeiro. Dicionário de sinônimos, antônimos e homônimos.)

4. Hiperonímia e HiponímiaÀs vezes, o termo que se quer substituir não tem um sinônimo. Por exemplo,

a palavra computador. Para casos como esse, existem os hiperônimos, termosde significado genérico. Eles são também chamados de sinônimossuperordenados: para computador, temos aparelho, equipamento. Nos verbe-tes de dicionário, as definições sempre se iniciam com hiperônimos, comprovevocê mesmo.

Os hipônimos, ao contrário, são termos cujo significado é menos genérico.Veja os exemplos:

Hipônimos Hiperônimosgarfo talher

mesa móvel

coruja ave

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191Redação e Interpretação de Texto

Hiperônimos e hipônimos são muito importantes para a coesão do texto.Observe este exemplo:

Compramos um liquidificador e uma enceradeira. Esses eletrodomésticos esta-vam em liquidação.

5. Polissemia e HomonímiaA polissemia é a situação em que uma palavra assume significados variáveis

de acordo com o contexto em que está inserida, mas a sua origem é única, ouseja, todas as acepções derivam de um mesmo étimo, de uma mesma palavra,formando uma constelação semântica. Nos dicionários, os termos que apre-sentam polissemia, ao contrário dos homônimos, apresentam-se num únicoverbete.

Os diferentes significados que uma palavra polissêmica assume, geralmente,não apresentam problemas de entendimento porque o próprio contexto elucidaa significação.

Veja:Coloque ponto ao final das frases.Encontrei-o naquele ponto da praia.Os professores não assinaram o ponto.Ele não dá ponto sem nó.O professor revisou o ponto.

A homonímia é a situação em que uma só palavra assume duas ou maissignificações diferentes, mas cuja origem admite vocábulos diferentes. Nos di-cionários, em virtude das origens diversas, as palavras homônimas aparecemem verbetes diferentes.

Os homônimos podem ser:a) perfeitos: igual som e igual grafia (homófonos e homógrafos).

b) homófonos: som igual e grafia diferente.Esta palavra tem acento circunflexo.

sinal gráfico

Eram homens sãos.

Era dia de São Pedro.

Eles são ricos.

sadios

santo

verbo ser

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192 Redação e Interpretação de Texto

Quantos assentos tem este ônibus?banco, lugar

c) homógrafos: mesma grafia e som diferente.Eu jogo com a sorte. (ó - verbo jogar)Ele não tem sorte no jogo. (ô - substantivo)Apresentamos a seguir uma pequena relação de homônimos:

acender: pôr fogoacento: símbolo gráficoafim: semelhanteapreçar: ajustar o preçobrocha: prego curto

bucho: estômagocaçar: perseguir animaiscela: pequeno quartocenso: recenseamentocerrar: fecharcervo: veadocessão: ato de cedersessão: reuniãocesto: balaiochá: bebidacheque: ordem de pagamentocidra: frutaconcertar: ajustar, combinarconcerto: harmoniacoser: costuraresperto: inteligente, perspicazespiar: observar, espreitar

estrato: camada, tipo de nuvem

incerto: impreciso, não certoincipiente: principiantelaço: nópaço: palácioruço: pardacento, desbotado, grisalho

ascender: subirassento: lugar em que se sentaa fim de: paraapressar: tornar rápidobroxa: pincel grande, indivíduo sem

potência sexualbuxo: arbustocassar: tornar sem efeitosela: arreiosenso: juízo, entendimentoserrar: cortar com serraservo: escravoseção (secção): corte, divisão,

departamentosexto: ordinal de seisxá: antigo soberano do Irãxeque: lance do jogo de xadrezsidra: vinho de maçãconsertar: arrumar, repararconserto: reparocozer: preparar alimentosexperto: experiente, peritoexpiar: reparar falta mediante

cumprimento de penaextrato: o que se extrai, resumo,

essênciainserto: introduzido, inseridoinsipiente: ignorantelasso: frouxo, cansadopasso: passadarusso: natural da Rússia

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193Redação e Interpretação de Texto

6. ParônimosParônimos são palavras fonologicamente muito semelhantes, mas com signi-

ficados diferentes. Eles são verdadeiras armadilhas para o usuário mais distraí-do, pois o risco de empregar um parônimo pelo outro é muito grande, principal-mente se o aprendizado dessas palavras só se der pelo ouvido. Tente lembrar-se de quantas vezes você ouviu um repórter dizer “O lucro das empreiteiras foivultuoso”, quando o que queria dizer era vultoso (grande). Ou outros exemploscomo: “O tráfico na Marginal era insuportável” (no lugar de tráfego); “A Câmerados Deputados aprovou o projeto” (no lugar de Câmara).

A lista de parônimos, embora não exaustiva, pode auxiliá-lo em suas dúvidas.

sexta: ordinal de seiscesta: utensílio de transportetacha: pequeno prego, manchatachar: censurar, pôr defeitotenção: propósito, intençãoterço: fracionário de trêsválido: sadio, vigorosoviagem: substantivovívido: vivaz

sesta: descanso depois do almoço

taxa: imposto, percentagemtaxar: fixar taxatensão: esticamentoterso: puro, limpovalido: protegidoviajem: verbovivido: experiente

absolver: perdoar, inocentaracerca de: sobre, a respeitoacostumar: contrair hábitoacurado: feito com cuidadoafeito: acostumado, habituadoaferir: conferir, compararante: antesamoral: indiferente à moralaprender: instruir-searrear: colocar arreiosassoar: limpar o narizcadafalso: patíbulo

cardeal: prelado, principal, fundamentalcavaleiro: quem cavalgacomprimento: extensãoconjetura: suposição

absorver: sorver, aspirarcerca de: aproximadamentecostumar: ter por hábitoapurado: seleto, refinadoafoito: corajosoauferir: obter, conseguiranti: contraimoral: contra a moral, devassoapreender: assimilararriar: abaixar, descer, cairassuar: vaiarcatafalco: estrado em que se coloca ocaixão fúnebrecardial: relativo à cárdiacavalheiro: homem educadocumprimento: saudação, execuçãoconjuntura: situação

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194 Redação e Interpretação de Texto

deferimento: concessãodeferir: atender, concederdegradado: humilhado, aviltadodescrição: ato de descrever

descriminar: inocentardespensa: lugar onde se guardam

mantimentosdespercebido: não notado

destratar: insultaremergir: vir à tonaemigrar: sair da pátria

eminente: notável, famosoesbaforido: ofegante, cansadoestada: permanência de pessoaflagrante: evidentefluir: correrfuzil: espingarda

glosa: comentárioincidente: episódioinflação: alta dos preçosinfligir: aplicar penainsosso: sem sallactante: que amamentalenimento: suavizaçãolocador: proprietáriolustre: candelabro

mandado: ordempeão: o que anda a pé,

trabalhador em construção civilpequenez: qualidade de pequenoplaga: regiãopleito: disputaprecedente: antecedente

diferimento: adiamentodiferir: ser diferente, adiardegredado: banido, exiladodiscrição: reserva, qualidade de

quem é discretodiscriminar: distinguir, separardispensa: ato de dispensar

desapercebido: desprovido,desaparelhado

distratar: desfazerimergir: mergulharimigrar: entrar em país

estrangeiro para aí morariminente: próximo, prestes a acontecerespavorido: apavoradoestadia: permanência de veículofragrante: perfumadofruir: desfrutarfusível: dispositivo de

instalação elétricagrosa: doze dúziasacidente: acontecimento casualinfração: transgressãoinfringir: desrespeitarinsulso: sem graçalactente: que ainda mamalinimento: remédio para fricçãolocatário: inquilinolustro: período de cinco anos

mandato: período demissão política

pião: brinquedo

pequinês: de Pequim, raça de cãespraga: maldiçãopreito: homenagemprocedente: oriundo

Page 172: Redação e interpretação de texto

195Redação e Interpretação de Texto

7. Campos Semânticos e Campos LexicaisOs campos semânticos constituem-se de palavras que pertencem ao mesmo

universo de significação formando “famílias ideológicas”. São palavras que seassociam por uma espécie de imantação semântica (de significado) e que, em-bora não sendo sinônimas, remetem umas às outras em determinada situaçãoou contexto. Espetáculo, por exemplo, vai lembrar outras palavras que fazemparte de seu universo semântico, como palco, cena, platéia, ato, show, entreoutras.

Os campos lexicais são constituídos pelas famílias de palavras ou palavrascognatas (formadas a partir do processo de derivação).

Exemplos: terra: aterrar, desenterrar, enterrar, aterrissar, desterro, terraple-nagem, térreo, terrestre, território, terráqueo, terremoto, terracota etc.

Pode-se tirar proveito da noção de campos semânticos para produzir efeitosdiferentes e engraçados num texto. Leia o miniconto de Procópio:

O Despertar do BurocrataO burocrata acorda e abre a boca, segundo ordena o RIPD (Regras

Imediatas para o Despertar). Confere os botões do pijama, vê que estáfaltando um, anota a quantia deles numa folha ao lado, data, assina ecarimba.

Tranca-se no banheiro, até que se forma lá fora uma fila imensa (mulher,empregada e cinco filhos) que começa a se agitar. O burocrata dá um

preeminente: nobre, distintoprescrição: ordem expressaprostrar-se: humilhar-se, curvar-se

ratificar: confirmarrecrear: divertirsortir: abastecersustar: suspendertilintar: soartráfego: trânsitovadear: atravessar a vauvultoso: volumoso, de grande

vultozumbido: sussurro de insetos de asas

proeminente: salienteproscrição: eliminação, expulsãopostar-se: colocar-se,

permanecendo por longo temporetificar: corrigirrecriar: criar novamentesurtir: produzir efeitosuster: sustentartiritar: tremertráfico: comércio (ilícito ou não)vadiar: levar vida de vadiovultuoso: atacado de congestão

na face, vermelho, inchadozunido: som agudo do vento

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196 Redação e Interpretação de Texto

sorriso (ele só consegue rir diante de filas insatisfeitas). A mulher grita “es-cova os dentes” e ele escova, “toma banho” e ele toma (o burocrata adoracumprir ordens).

(Procópio, Almanaque Humordaz. In: Redação escolar: análise, síntesee extrapolação. Brasília, Ministério da Educação e Cultura, 1980.)

O autor explora o campo semântico que reflete a burocracia de uma reparti-ção pública: conferir, anotar, datar, carimbar, cumprir ordens, solicitar, instaurar,fila, ofício, inquérito administrativo, previsão orçamentária, expediente.

O efeito cômico advém da interpenetração dos campos semânticos do traba-lho e do ambiente familiar.

8. Questões de Vestibular1 (CI-CE) Aponte a frase em que deve ser empregada a primeira das duas

palavras que estão entre parênteses:a) Essas hipóteses das circunstâncias. (emergiram, imergiram).b) Nunca o encontro na em que trabalha. (sessão, seção).c) Já era decorrido um (lustre, lustro).d) O prazo já estava (proscrito, prescrito).e) O fato passou (desapercebido, despercebido).

2 (UF-PI) O da Orquestra Filarmônica, em especial, dará mais brilho a esta campanha .a) conserto – cessão – beneficienteb) conserto – seção – beneficientec) concerto – sessão – beneficented) concerto – secção – beneficentee) conserto – sessão – beneficiente

3 (UF-ES)Dossiê afirma que

dentistas não sabemdiagnosticar Aids

O Globo – 16/11/92

CPI acusa Quércia de peculatoA Tribuna – 17/

11/92

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197Redação e Interpretação de Texto

Íbsen anuncia rito para crime comumA Gazeta – 15/11/

92Para governador,CPI da Educação

é revanchismoA Tribuna – 15/

11/92DOSSIÊ, PECULATO, RITO, REVANCHISMOtêm aproximação semântica com:a) relatório – posse – cerimônia – afrontab) tramóia – protocolo – vingança – documentárioc) memorial – roubo – culto – agressãod) arquivo – corrupção – ritual – investidae) relato – suborno – formalidade – desafio

4 (UF-ES)E por falar em Itapemirim o empresário Camilo Cola, após depor na Polícia,em Brasília, negando ter coordenado o pagamento de propinas ao esquemaPC junto aos empresários do setor de transportes, saiu-se com esta: “Nãosou extorquível”.A relação está INADEQUADA em:a) extorquível – que se deixa extorquirb) delinqüível – que se deixa delinqüirc) corruptível – que se deixa corromperd) destrutível – que se deixa destruire) insensível – que se deixa sentir

5 (Med. Pouso Alegre-MG) Assinale o item em que a palavra destacada estáincorretamente aplicada:a) Trouxeram-me um ramalhete de flores fragrantes.b) A justiça infligiu a pena merecida aos desordeiros.c) Promoveram uma festa beneficiente para a creche.d) Devemos ser fiéis ao cumprimento do dever.e) A cessão de terras compete ao Estado.

6 (F.C. Chagas-PR) O do deputado foi .a) mandado – caçadob) mandado – cassado

Page 175: Redação e interpretação de texto

198 Redação e Interpretação de Texto

c) mandato – cassadod) mandato – caçadoe) mandato – casçado

7 (Fuvest-SP) Explique a diferença de sentido entre:a) Ele invocou o argumento precedente.b) Ele invocou o argumento procedente.

8 (UF-GO) Leia as frases abaixo:1) Assisti a um da máquina.2) Os não são ignorantes.3) Ele fez ao filho a de uma parte das terras.4) De tempo em tempo se faz um novo da população.Escolha a alternativa que oferece a seqüência certa de vocábulos para aseqüência das lacunas.a) conserto – incipientes – sessão – censob) concerto – insipientes – seção – sensoc) conserto – insipientes – secção – censod) conserto – incipientes – cessão – censoe) concerto – incipientes – cessão – senso

9 (Cescea-SP) Quando se evidenciou o antagonismo entre os próprios mem-bros do grupo de tendência ecumênica, nada mais foi possível discutir.Indique a única opção que explique convenientemente o sentido das pala-vras assinaladas no texto:a) inautenticidade – religiosa d) anteposição – filosóficab) antipatia – enigmática d) rivalidade – universalc) discussão – política

Questões de 10 a 14AnalogiaAs questões de analogia aferirão a sua habilidade em descobrir a relaçãoentre palavras e em aplicar essa relação a outras palavras. Embora o testede analogia verbal seja, em certa medida, um indicador do seu vocabulário,ele afere essencialmente a sua habilidade em raciocinar. Em Matemática,esse tipo de situação é expresso como um problema de proporção, por exem-plo: 2 : 4 :: x : y.

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199Redação e Interpretação de Texto

10 (FGV) semente : princípio ::a) luz : noite c) bactéria : embriãob) germe : infecção d) origem : causa

11 (FGV) plástico : sensível ::a) suave : brando c) branco : pretob) quente : frio d) nulo : ótimo

12 (FGV) eminente : obscuro ::a) razoável : sensato c) notável : famigeradob) brilhante : insignificante d) tolo : estulto

13 (FGV) aliciar : persuadir ::a) arriscar : perder c) subir : cairb) chegar : ficar d) atrair : induzir

14 (FGV) adiar : postergar ::a) andar : parar c) ficar : permanecerb) pernoitar : acordar d) sorrir : chorar

Na frases abaixo, há uma palavra grifada. Ela tem um, e apenas um, sinôni-mo constante das alternativas. Marque a letra que corresponde ao sinônimocorreto:

15 (FGV) “Nunca tive forças para olhar de perto o rosto do infeliz, imediatamen-te pálido e crispado no ricto definitivo”.a) ritual d) cicatrizb) contração e) reforçoc) riso

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200 Redação e Interpretação de Texto

1. A Linguagem PublicitáriaA função do texto publicitário é persuadir seu público a comprar um produto

ou, até mesmo, a modificar seu comportamento. Na mensagem publicitária ocorrea confluência de dois tipos de linguagem: a verbal e a não-verbal que se mes-clam, interagem e se completam.

Embora a propaganda se utilize de recursos estéticos, existe uma diferençafundamental entre a arte e ela. Os artistas ampliam o universo estético de seusreceptores, suas produções pressupõem uma multiplicidade de leituras, pois ostextos são polivalentes. Já o texto publicitário oferece ao consumidor um mundofechado, levando-o a uma única atitude/leitura: consumir. O publicitário tem comometa a fórmula AIDA (atenção, interesse, desejo, ação): se seu anúncio conseguirlevar o consumidor a esses estados de consciência, haverá concretização davenda. Mas como atingi-los? Por intermédio de um texto que não será fruto sim-plesmente da inspiração, mas que partirá, de um briefing, ou seja, de um detalha-do estudo do mercado, do consumidor e dos produtos concorrentes.

1.1. Estrutura do Texto Publicitário

Hoje em dia é cada vez mais freqüente a ocorrência de textos publicitáriosque se apóiam somente na imagem e, quando muito, têm como texto somenteo slogan. Slogan é uma frase curta, concisa e eufônica (aqui entra a exploraçãosonora do significante com aliterações, assonâncias, paronomásias etc.) queidentifique o produto: Um raro prazer (Carlton); Sempre cabe mais um (Rexona);Mil e uma utilidades (Bombril); Se é Bayer, é bom; Melhoral é melhor e não fazmal; Se a marca é Cica, bons produtos indica etc.

Mas normalmente o texto publicitário apresenta os seguintes componentes:1 – título: manifesta o reconhecimento de uma necessidade ou desejo do con-

sumidor. São três as funções do título em um anúncio publicitário:

As Linguagens Publicitária & Jornalística

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201Redação e Interpretação de Texto

a) selecionar seu público: o título isola, numa grande massa de consumidores,aqueles que quer atingir: donas-de-casa, crianças, empresários etc.

b) provocar curiosidade: procura de fórmulas que rompam a apatia do consumi-dor e o estimulem a prosseguir lendo o anúncio.

c) informar: os títulos devem ser capazes de deter o consumidor e levá-lo àleitura do texto e devem, também, relacionar a experiência do leitor com asvantagens oferecidas pelo produto anunciado.

SAIBA COMO AGARRAR SEU HOMEM

Seduza seu estômagoCom as novas massas XYZ não há ho-

mem que resista. Feitas com a mais purafarinha de trigo, ovos selecionados e cui-dado artesanal, as massas XYZ vãoajudá-la a conquistar e seduzir seu ho-mem, pelo estômago. Experimente e vejao resultado.

O título “Saiba como agarrar seu homem” seleciona o público (mulheres),provoca curiosidade e a informação é reforçada pelo subtítulo “Seduza seu es-tômago”.

2 – corpo do texto: além de inspiração, talento literário e preocupação estética,o redator deve ter consciência clara dos objetivos do anúncio e dos recur-sos que tem à sua disposição, enquanto técnica. Devem orientar seu racio-cínio estes princípios:

a) o texto deve reconhecer um desejo ou uma necessidade do leitor;b) o texto deve conter a satisfação desse desejo ou necessidade;c) o texto deve oferecer a comprovação de que essa satisfação será real;d) o texto deve justificar a ação que o leitor tomará (e todo texto publicitário,

pelo seu caráter conativo, espera que o leitor passe à ação).

Pho

todi

sc

Page 179: Redação e interpretação de texto

202 Redação e Interpretação de Texto

Fazem parte, portanto, do corpo do texto:• apresentação dos argumentos: como o produto anunciado pode satisfazer

a necessidade ou desejo do consumidor.• comprovação e desenvolvimento dos argumentos: reforço da idéia por meio

de provas ou de maiores detalhes dos argumentos apresentados. É o momentode quebrar qualquer objeção ou resistência do consumidor. As formas mais co-muns de comprovação são: especificação de qualidade, testemunhos (donasde casa descrevendo os resultados do uso do sabão em pó X), reputação dofabricante, reconhecimento oficial, desempenho do produto, opinião de especi-alistas (testemunho autorizado), garantia, índice de vendas.

Observe como esse caminho é percorrido no anúncio da Telesp: o argumentomais forte é que o cliente, além de ter o conforto do telefone próximo, aindacompra a ficha no negociante; e o desenvolvimento do argumento assegura queo negociante também terá um telefone comum.3 – convite à ação: autoriza ou justifica o consumidor a agir. O anúncio termina

com o redator dizendo ao consumidor o que ele deve fazer, no mais brevetempo possível, uma vez que é comum “deixar-se para amanhã o que sepode fazer hoje”. O texto publicitário deve argumentar, persuadir, conven-cer e provocar a ação: “Ligue para a Telesp e peça logo o seu”.

Os requisitos do texto publicitário são os mesmos de qualquer texto em pro-sa ou poesia: clareza, concisão, precisão e vigor.

* clareza: o texto deve exigir um esforço mínimo de leitura;* concisão: o texto deve ser breve e denso;* precisão: deve dar-se preferência a elementos objetivos e concretos que

conduzam à ação e evitar elementos vagos e generalidades;* vigor: o texto deve comunicar com entusiasmo os benefícios e vantagens

que o produto oferece.Conselhos úteis para a organização do texto publicitário:• dividir, sempre, o texto em parágrafos;• entrar francamente no assunto, sem rodeios;• preferir verbos de ação e substantivos concretos;• usar criteriosamente os adjetivos e com parcimônia os advérbios;• construir frases curtas, diretas e simples;• escrever no presente e sempre no singular, falando com o leitor.

Page 180: Redação e interpretação de texto

203Redação e Interpretação de Texto

1.2. A Mala-DiretaA mala-direta é uma tradução “de ouvido” de direct mail (correio direto) e

caracteriza-se como a propaganda feita pelo correio.Ela é um veículo de comunicação personalizado que solicita atenção especial

do destinatário. Em geral, encontra uma atenção voluntária e interessada, aocontrário dos demais tipos de publicidade. Seus textos, por isso, são mais lon-gos e detalhados. É uma publicidade essencialmente informativa que selecionao público que deseja atingir, na época em que lhe for mais conveniente. Geral-mente com as cartas de apresentação do produto seguem folhetos, brochurasou pequenas amostras.

Na mala-direta, o próprio envelope já chama a atenção do leitor para seuconteúdo. Nele o publicitário deve usar recursos criativos para aguçar a curiosi-dade.

O texto da mala-direta sempre apresenta uma oferta em caráter de urgência:são os últimos dias de uma promoção, são as últimas unidades à venda, o esto-que já está terminando. Ao final sempre há o “call to action”, ou seja, o convitepara o consumidor ligar para o número de telefone ou acessar o site.

Da próxima vez que receber uma mala-direta, não jogue fora e aproveite paraanalisar desde o envelope até o seu conteúdo.

2. A Linguagem JornalísticaO jornalismo tem por objetivo a apuração (captação), o processamento (codi-

ficação) e a transmissão de informações da atualidade para o grande públicopor meio de veículos de comunicação de massa: jornal, revista, rádio, televisãoe cinema, daí suas várias formas:

• jornalismo impresso (jornal/revista)• radiojornalismo• telejornalismo• cinejornalismoOs gêneros são:

1 – jornalismo informativo: narração simples e objetiva dos fatos diários. A in-formação é direta, imparcial e impessoal, apoiando-se, portanto, na funçãoreferencial da linguagem. A notícia e algumas reportagens são específicasdesse tipo de jornalismo.

Page 181: Redação e interpretação de texto

204 Redação e Interpretação de Texto

2 – jornalismo interpretativo: o acontecimento vem acompanhado da situa-ção que o cerca, isto é, o jornalista estabelece conexão com outros fatosou problemas ligados ao fato. Este tipo de jornalismo permite ao leitoruma apreensão globalizante do fato. A maioria das reportagens é inter-pretativa.

3 – jornalismo opinativo: orienta ou dirige a opinião do leitor, interpretando ofato de maneira pessoal, constitui-se de matérias que expressam um pontode vista. Os editoriais, os artigos de fundo, as críticas e os comentários sãoexemplos de textos opinativos.

4 – jornalismo de entretenimento: matérias destinadas ao lazer do leitor. São ascrônicas, as tiras humorísticas, a charge.

2.1. A Estrutura da NotíciaQualquer notícia deve responder a seis perguntas clássicas que se encon-

tram na fórmula:3Q + O + P + C = notícia3Q = o quê?

quem?quando?

O = onde?P = por quê?C = como?

Para exemplificar, usaremos uma notícia breve de O Estado de S. Paulo, de 7de janeiro de 1994:

Gás intoxica duas pessoas em SorocabaSOROCABA — O funcionário da Soroquímica, Cláudio Airton de Lima,

de 19 anos, e a vizinha da empresa, Margarida Ballarini Salim, de 75, fica-ram intoxicados ontem por vazamento de gás clorídrico. Funcionários mis-turaram por engano ácido clorídrico com hipoclorito de sódio.

Respondendo às perguntas:quem? = um funcionário da Soroquímica e uma vizinha da empresao quê? = ficaram intoxicadosquando? = ontem

Page 182: Redação e interpretação de texto

205Redação e Interpretação de Texto

onde? = em Sorocabapor quê? = por vazamento de gás clorídricocomo? = funcionários fizeram uma mistura por enganoQuanto à técnica de apresentação, qualquer texto jornalístico pode optar por:

pirâmide invertida, forma literária ou sistema misto.1 – pirâmide invertida: já no primeiro parágrafo do texto, o leitor recebe as infor-

mações mais importantes; se quiser prosseguir a leitura, terá outras informa-ções adicionais. A seqüência de apresentação é: fatos culminantes ou entra-da, fatos importantes ligados à entrada, pormenores interessantes, detalhesdispensáveis. Na maioria dos jornais diários, essa é a técnica preferida.

2 – forma literária ou pirâmide normal: cria-se um suspense a fim de preparar oleitor para o desfecho. É a técnica usada por Gil Gomes e pelos jornais sensa-cionalistas. A seqüência de apresentação é: introdução, fatos em ordem cres-cente de importância (visando criar suspense), fatos culminantes, desenlace.

3 – sistema misto: sua seqüência é a apresentação dos fatos culminantes (comona pirâmide invertida) seguida da narração em ordem cronológica (como naforma literária).

No sistema de pirâmide invertida, os fatos culminantes são apresentados noparágrafo inicial — que resume toda a notícia —, chamado de lead. Observeque, nesta notícia, em forma de pirâmide invertida, o lead ocupa o primeiroperíodo do primeiro parágrafo.

Menino morre em ação da políciaCIDADE DO CABO — Um jovem de 13 anos foi morto e seis pessoas

ficaram feridas, ontem à noite, quando a polícia sul-africana invadiu umareunião do movimento negro de esquerda Congresso Pan-africano (CPA)que ocorria próximo à Cidade do Cabo. O enfrentamento começou quan-do a polícia tentou retirar da reunião nove jovens suspeitos de participar noataque ao bar da Cidade do Cabo, na semana passada, quando quatropessoas brancas morreram.

O arcebispo anglicano e Prêmio Nobel da Paz, Desmond Tutu, conde-nou a incursão policial na reunião do CPA, dizendo que os agentes seexcederam em sua atuação e que buscavam intimidar a organização. Doissupostos membros do CPA foram presos, na quarta-feira, sob a acusaçãode participarem do atentado ao bar.

Page 183: Redação e interpretação de texto

206 Redação e Interpretação de Texto

Em Johannesburgo, a polícia anunciou ter prendido, ontem, nove bran-cos acusados de participar do assassinato, aparentemente por motivosraciais, de dois negros — um com 11 anos de idade. Segundo testemu-nhas, os homens estariam vestindo uniformes camuflados e negros, co-muns para militantes neonazistas sul-africanos. Morreram 12 pessoas emconflitos raciais desde o Natal.

(O Estado de S.Paulo, 8/1/1994)

2.1.1. O Título

Como no texto publicitário, o título deve, além de atrair, anunciar resumida-mente a informação principal do texto. Nos textos noticiosos, o título deve serextraído do lead. Os títulos devem:a) conter verbos no presente do indicativo;b) estar na ordem direta (sujeito + verbo + complementos verbais + adjunto ad-

verbial);c) evitar a rima (Ex.: pressão acelera demissão de Aragão).

2.1.2. A Linguagem do Texto Jornalístico

Como o texto jornalístico atinge uma massa indistinta de leitores, sua lingua-gem deve ser acessível a todos; por isso recomenda-se clareza e simplicidadena escrita, porém nunca em prejuízo da correção gramatical.

Além dessas três qualidades, o texto jornalístico deve ser imparcial, objetivoe harmônico. Para conseguir esse resultado, deve-se usar:a) linguagem simples, o mais próximo possível da linguagem coloquial;b) ordem direta;c) poucas palavras em cada oração para que se evitem os parágrafos longos;d) verbos na voz ativa;e) poucos adjetivos.

Embora a objetividade seja a principal característica do texto jornalístico, nãohá linguagem neutra: na simples escolha de uma palavra, carreamos para otexto nossa visão de mundo, nossa ideologia. Além do que a informação éveiculada por uma empresa jornalística com interesses econômicos e politícos.Portanto, a questão não é propriamente de objetividade, mas de maior ou me-nor subjetividade.

Page 184: Redação e interpretação de texto

207Redação e Interpretação de Texto

3. Exercícios1 Construa um texto publicitário para cerveja. Você escolherá o veículo impresso

e o público-alvo.2 Organize uma notícia (no esquema de pirâmide invertida) sobre assalto a banco

na sua cidade. Não se esqueça do título.

Page 185: Redação e interpretação de texto

208 Redação e Interpretação de Texto

O termo correspondência indica todasas formas de comunicação escrita que ligam indivíduos, firmas, entidades etc,com a finalidade de manterem uma troca de informações.

Para bem redigir uma carta, devemos observar os mesmos preceitos de qual-quer enunciado em prosa: clareza, simplicidade, concisão, correção gramatical,uniformidade das expressões de tratamento, simetria gráfica, ajuste do nível delinguagem ao destinatário.

1. Correspondência Pessoal

1.1. CartaA correspondência pessoal tem o tom de conversa. A carta pode ser dividida

em quatro partes: cabeçalho, introdução, parte principal e conclusão.No cabeçalho devem aparecer a procedência e a data. Na introdução há

o nome do destinatário. As palavras iniciais de cortesia dependem do tipode relação existente entre o signatário e o destinatário. Essas palavras ini-ciais ou vocativo devem ocupar uma linha e podem ser separadas do corpoda carta por ponto, dois-pontos, vírgula ou ainda não ter nenhum tipo depontuação.

O corpo do texto contém a carta propriamente dita. A conclusão deve serexpressa por uma frase de cortesia ou atenção, seguida da assinatura do re-metente. Embora não exista receita para escrever uma carta íntima, a lingua-gem deve sempre adequar-se ao destinatário e ao assunto tratado. Reprodu-zimos aqui uma carta de Machado de Assis em que é possível perceber oapuro gramatical — com o uso correto da 2ª pessoa do plural (vós) e escolhade palavras — e, sobretudo, a adequação do nível de linguagem ao do seudestinatário.

Redação de Cartas

Page 186: Redação e interpretação de texto

209Redação e Interpretação de Texto

Rio de Janeiro, 24 de junho de 1895.A BELMIRO BRAGAMeu caro poeta.Recebi e agradeço-vos muito de coração a carta com que me felicitais pelo meu aniver-

sário natalício. Não tendo o gosto de conhecer-vos, mais tocante me foi a vossa lembrança.Pelo que me dizeis em vossa bela e afetuosa carta, foram os meus escritos que vos derama simpatia que manifestais a meu respeito. Há desses amigos, que um escritor tem a fortunade ganhar sem conhecer, e são dos melhores. É doce ao espírito saber que um eco respon-de ao que ele pensou, e mais ainda se o pensamento, trasladado ao papel, é guardado entreas coisas mais queridas de alguém. Agradeço-vos também os gentis versos que me dedicaise trazem a data de 21 de junho, para melhor fixar o vosso obséquio e intenção.

Disponde de mim, e crede-meamigo muito agradecido.

(Machado de Assis, Obra completa. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1979).

1.2. BilheteO bilhete é breve, conciso, geralmente escrito em linguagem muito próxima da oral:

Mariana,Não se esqueça de trancar a porta e deixar as chaves debaixo do capacho.Um beijo.

André

1.3. TelegramaO telegrama é usado para a transmissão de mensagens urgentes. Como nesse

tipo de correpondência paga-se por palavra escrita, a concisão é fundamental. Járecomendava o escritor norte-americano Ernest Hemingway a qualquer jornalista:

Escreva como se estivesse enviando um telegrama internacional pago do seupróprio bolso.

No telegrama não se utilizam acentos gráficos, nem til, nem cedilha; omitem-se artigos; a vírgula e o ponto são substituídos pelas abreviaturas VG e PT.

Passei no vestibular vg preciso urgente meu historico escolar pt

1.4. E-MailCom o acesso cada vez maior à internet, o e-mail tem sido a forma de corres-

pondência mais utilizada por sua praticidade, eficiência, rapidez e custo menorpara comunicações a distância. Sua estrutura é a mesma da carta e a lingua-gem também varia de acordo com o destinatário e o assunto.

Page 187: Redação e interpretação de texto

210 Redação e Interpretação de Texto

1.5. Questão de Vestibular(Fuvest-SP) Suponha que você tenha recebido de um amigo mais velho umacarta em que aparece o seguinte trecho; “(...) Eu sou seu confidente; mas semdúvida você apenas me conta uma pequena parte de tudo aquilo que lhe opri-me o peito. Você me conta, é certo, muitas coisas aí de sua nova casa; mas deseus relatos, dos pequenos fatos a que se refere, não se depreende, nem remo-tamente, como pode aquilo tê-lo transformado tanto. Antes de tudo, não é pos-sível compreender por que agora, sendo já uma pessoa adulta, tenha perdido aítão completamente a coragem que você teve quando mais jovem, essa cora-gem que, muitas vezes, chegou a desesperar-nos”.Redija uma carta-resposta em que você discute esse trecho.

2. Correpondência ComercialA carta comercial é um canal de comunicação muito usado no comércio e na

indústria. A linguagem desse tipo de carta deve ser clara, simples, objetiva, for-mal e correta. O tratamento mais comum é V.Sa (Vossa Senhoria). A carta embloco, que não marca os parágrafos com espaço e inicia todas as linhas a partirda margem esquerda, é a mais usada hoje em dia. A seguir apresentamos umelenco de cartas comerciais.

Aquisição de Empresa

São Paulo, 10 de março de 2003

Prezados Senhores,

Com satisfação, informamos-lhes que assumimos nesta data o controle acionário dosLaboratórios Ilko S.A.

Assim sendo, cabem-nos todos os direitos e obrigações da citada empresa.

Brevemente, manteremos contato pessoal com todos os clientes e fornecedores, a fimde avaliar a posição atual de pedidos pendentes.

Esperamos continuar a receber de V.Sas a mesma confiança depositada em nossosantecessores.

Atenciosamente,

Central Lab. Farmacêuticos

Page 188: Redação e interpretação de texto

211Redação e Interpretação de Texto

Atenção:Para os demais modelos, siga o estilo de diagramação da carta acima: data

alinhada à direita, à esquerda o vocativo e no final assine com o nome da em-presa remetente. Não há necessidade de colocar nome e endereço do destina-tário, uma vez que já constam no envelope.

Constituição de empresa

Prezados Senhores,

Comunicamos-lhes que acabamos de constituir uma nova empresa, de perfumaria ecosméticos, a “Élégance”.

Esperamos que V.Sas apreciem nossos catálogos em anexo e possam ter uma idéia daalta categoria de nossos produtos.

Brevemente, nosso representante visitará suas instalações para detalhar as condiçõescomerciais em que atuaremos no mercado.

Atenciosamente,

Mudança de endereço

Prezados Senhores,

A partir do dia 15 deste mês, estaremos atendendo nossos clientes, fornecedores, aci-onistas e amigos, em nossa nova sede social, na Alameda Lorena, no 1.357, 15o andar.

O PABX do novo escritório é 831-1511.

Esperamos contar com sua visita.

Atenciosamente,

Mudança de telefone

Prezados Senhores,

Na expectativa de melhorarmos e agilizarmos nossos contatos com clientes, fornecedo-res e amigos em geral, acabamos de instalar um aparelho telefônico, com dez linhas,sob um tronco-chave 280-2322.

Confiantes de que esta medida facilitará nossos contatos, subscrevemo-nos.

Atenciosamente,

Page 189: Redação e interpretação de texto

212 Redação e Interpretação de Texto

Carta de apresentação

Prezados Senhores,

Apresentamos-lhes o portador da presente, Sr. Mário Frota, amigo e comerciante con-ceituado, estabelecido nesta praça há mais de 20 anos.

Estamos certos de que ele contará com a atenção de V.Sas e que seus negócios mutu-amente se beneficiarão a partir deste contato.

Atenciosamente,

Carta solicitando informações comerciais

Prezados Senhores,

Solicitamos informações comerciais sobre a empresa IND. GRÁFICA TRIVELATTO. RuaSabaúna, 68, Pompéia – São Paulo, SP, que os citou entre as fontes para referências deseu comportamento empresarial.

Anexamos envelope selado para sua resposta e, desde já, agradecemos sua atenção eprovidências.

Atenciosamente,

Carta solicitando pagamento

Prezado Senhor,

Acreditamos que, por um lapso de sua parte, a duplicata nº 3.028, no valor de R$ 400,00(quatrocentos reais), não tenha sido ainda quitada.

Agradecemos providenciar o pagamento, enviando-nos cópia do comprovante bancário.

Atenciosamente,

Resposta à carta solicitando pagamento

Prezados Senhores,

Causou-me surpresa sua correspondência de cobrança do título no 3.028.

Na realidade, ele foi pontualmente quitado na agência bancária indicada porV.Sas, conforme comprova o documento anexo (xerox).

Nota-se que, se lapso houve, não foi de minha parte.

Atenciosamente,

Page 190: Redação e interpretação de texto

213Redação e Interpretação de Texto

Carta pedindo desculpas

Prezado Senhor,

Lamentamos a carta de cobrança indevida que lhe remetemos, quando V.Sa já haviaquitado a duplicata no 3.028, pontualmente, junto ao Banco por nós indicado.

Certos de que fatos como este não mais se repetirão, queira aceitar nossas desculpas.

Atenciosamente,

Pedido de demissão

Prezados Senhores,

Conforme as razões expostas verbalmente, apresento-lhes meu pedido de demissão doquadro de funcionários desta Empresa.

Outrossim, solicito a dispensa do cumprimento de aviso prévio, já que deverei assumirimediatamente novas funções em outra firma.

Desde já grato por sua atenção, firmo-me.

Atenciosamente,

A empresa demite

Prezada Senhora,

Lamentamos informá-la de que, a partir desta data, seus serviços não serão mais ne-cessários à nossa organização.

Queira comparecer ao Dep. Pessoal para o acerto de suas contas, no horário compre-endido entre 9horas e 12horas.

Atenciosamente,

Page 191: Redação e interpretação de texto

214 Redação e Interpretação de Texto

Prorrogação de pagamento de duplicata

Prezados Senhores,

Vitimados por um incêndio de grandes proporções, noticiado pela imprensa estadual,ainda não nos recuperamos de seu impacto e não pudemos regularizar nossas pendên-cias com clientes e fornecedores, em vista da demora da companhia de seguros emliberar os valores a nós destinados.

Assim, vimos solicitar sua compreensão quanto à prorrogação dos pagamentos de du-plicatas vencidas e a vencer até o final deste mês, quando esperamos poder saldartodos os nossos compromissos.

Agradeceríamos sua gentileza em comunicar aos bancos, onde se encontram nossostítulos, sobre a concessão da prorrogação ora pleiteada.

Atenciosamente,

Cancelamento de pedido

Prezados Senhores,

Temos em mãos sua carta de 15/1/89, em que nos é comunicada a alteração no prazo deentrega de nosso pedido no 03.6789, devido a problemas internos de sua organização.

Lamentamos informá-los de que, apesar de compreender as razões expostas em suacarta, não poderemos aceitar o novo prazo em face de compromissos já assumidoscom nossos clientes.

Desta forma, estamos cancelando o referido pedido, já que outro fornecedor poderácumprir o prazo inicialmente previsto por V. Sas.

Atenciosamente,

Reclamação por entrega demorada

Prezados Senhores,

Finalmente recebemos a mercadoria, objeto de nosso pedido no 4.567, de 10/9.

É lamentável que, após tantos anos de relacionamento comercial satisfatório, sua em-presa tenha cometido tamanho deslize, demorando mais de 30 (trinta) dias para atendera um pedido, cujo prazo de entrega era de 7 (sete) dias.

Esperamos que fatos como esse não voltem a se repetir, para não nos vermos obriga-dos a procurar um novo fornecedor.

Atenciosamente,

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215Redação e Interpretação de Texto

Convite para coquetel

Prezados Senhores,

Vamos inaugurar, no próximo dia 20, um novo show-room de nossa empresa, na RuaAugusta, no 1.842.

Por esta razão, realizaremos um coquetel no dia 19, às 20 horas, no endereço acima, egostaríamos de contar com sua presença.

RSVP Márcia – tel.: 67-8900

Atenciosamente,

Obs.: RSVP (francês) Répondez S’il Vous Plaît (responda por favor), fórmula utilizada emconvites.

Pedido de emprego

Prezados Senhores,

Através de anúncio publicado no jornal O Dia, tomei conhecimento de que V.Sas procuramuma secretária executiva para preencher a vaga existente na diretoria de sua empresa.

Anexo para tanto cópia de meu curriculum vitae, em que V. Sas poderão verificar que minhaexperiência profissional nesta área supera os dez anos requeridos por sua empresa.

Sou exímia digitadora e falo fluentemente quatro idiomas: inglês, francês, italiano e por-tuguês.

Aguardando contato para uma entrevista pessoal, firmo-me.

Atenciosamente,

Page 193: Redação e interpretação de texto

216 Redação e Interpretação de Texto

Resposta a pedido de emprego

Prezada Senhorita,

Agradecemos a remessa de seu curriculum vitae, em resposta ao nosso anúncio “Se-cretária Executiva”, publicado em 15/3/94.

Temos a satisfação de lhe comunicar que V.Sa encontra-se selecionada entre as finalis-tas para o preenchimento da citada vaga.

Queira comparecer dia 25 próximo, às 8 horas, em nosso Departamento de Recruta-mento e Seleção, na Rua Avanhandava, no 1.735; procure nossa psicóloga, Srta. Lucy, eapresente a ela esta carta, a fim de que sejam iniciados os testes para sua admissão.

Apresentamos nossas congratulações e aproveitamos a ocasião para desejar-lhe boasorte nos testes.

Atenciosamente,

Resposta negativa a pedido de trabalho

Prezada Senhora,

Lamentamos informá-la de que seu curriculum vitae não foi selecionado entre os finalis-tas para o preenchimento da vaga pleiteada por V.Sa, em nossa empresa.

Por outro lado, permitimo-nos mantê-lo em arquivo para futura consulta, quando tiver-mos outras vagas em aberto.

Gratos por sua atenção, firmamo-nos.

Cordialmente,

2.1. ProcuraçãoÉ um documento que autoriza uma pessoa a realizar negócios em nome de

outra.Imagine a seguinte situação: você tem de viajar e não pode participar da

reunião de condomínio. A solução é autorizar alguém a fazer isto no seu lugar.Você poderia redigir a seguinte procuração (observe atentamente as informa-ções necessárias):

Page 194: Redação e interpretação de texto

217Redação e Interpretação de Texto

Procuração

Por este instrumento particular de procuração, eu, JOÃO DA SILVA, brasileiro, econo-mista, casado, residente e domiciliado nesta capital, na Rua Anhaia, no 133, apto 34, por-tador da Cédula de Identidade RG no 1.360.945 e do CPF no 002.314.215-00, nomeio econstituo meu bastante procurador o Sr. PEDRO SOUZA, brasileiro, casado, engenheiro,residente e domiciliado nesta Capital, na Rua Anhaia no 134, portador da Cédula de Iden-tidade RG no 9.345.678 e do CPF no 891.039.435-67, para o fim específico de represen-tar-me na reunião de condomínio do Edifício Gaivotas.

O Sr. PEDRO SOUZA poderá votar e assinar documentos necessários ao bom e fielcumprimento deste mandato.

Para maior clareza e fins de direito, firmo a presente.

São Paulo, 10 de março de 2003

João da Silva

2.2. Declaração

Declaração

ANTÔNIO MARTINS, portador da Cédula de Identidade RG no 1.345.567, residente nacidade de Santos, na Avenida Presidente Wilson, no 145, apto 145, declara que o Sr.PEDRO SILVEIRA, filho de João Silveira e de Maria dos Anjos Silveira, residente na AvenidaBartolomeu de Gusmão, no 891, apto 72, é pessoa idônea, nada conhecendo de desabo-nador em sua conduta pessoal.

Santos, 20 de março de 2003

Antônio Martins

2.3. ReciboRecibo – R$ 10.000,00

Recebemos da Cia. Nering a importância supra de R$ 10.000,00 (dez mil reais), em paga-mento a serviços por nós prestados na área de consultoria de moda.

São Paulo, 15 de abril de 2003

EVENTOS, DESFILES E MODA S.C.Marília Silva – Diretora

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218 Redação e Interpretação de Texto

2.4. CertidãoCertidão

CERTIFICO a pedido do interessado e para os devidos fins que, verificandonossos arquivos, foi constatado que a empresa MENDES CAMPOS ENGENHA-RIA S/C LTDA. encontra-se devidamente registrada neste conselho sob nº12.137, desde 24/4/1974, tendo como responsáveis técnicos os engenheirosAntônio Prado e Guilherme Fontes.

CERTIFICO ainda que a citada empresa e seus responsáveis técnicos encontram-se quites com a anuidade devida a este Conselho, relativa ao presente exercício.

CERTIFICO, finalmente, que não constam contra a empresa, ou seus res-ponsáveis técnicos, quaisquer processos de infração em andamento.

São Paulo, 10 de outubro de 2000

MÁRIO VIANAChefe do Dep. de Registro

2.5. Memorando InternoO memorando é um documento muito simples, usado na correspon-

dência interna de uma empresa. Traz impresso, abaixo do timbre, a expressãoMemorando ou Memorando Interno. Logo abaixo, ao lado direito, há, tambémimpresso, No e “Em / / ”, que você utiliza, respectivamente, para numerar edatar o memorando.

Na linha precedida de “DE”, você especifica o cargo de quem o envia e, nalinha precedida de “PARA”, o cargo de quem o recebe.

O memorando deve ser desenvolvido de maneira sucinta, isto é, usando-seapenas as palavras indispensáveis à clareza do assunto tratado.

As expressões formais, muito usadas no encerramento da correspondênciacomercial, são dispensáveis no memorando, bastando a assinatura de quem oenvia. Entretanto, algumas organizações adotam para seus memorandos umaforma de encerramento bastante simples: quando o memorando for dirigido a umsuperior hierárquico, o encerramento será feito pela palavra “Respeitosamente”.“Grato” é o encerramento usado no memorando em que é feita uma solicitação.Quando o memorando é trocado entre funcionários da mesma hierarquia, “Sauda-ções” é a forma de encerramento usada.

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219Redação e Interpretação de Texto

Memorando Interno

INDÚSTRIA FARMACÊUTICA S/A

Memorando InternoNo 314

Em: 29/6/1999

De: Chefe do Setor de VendasPara: Chefe da Divisão de Pessoal

Comunico que o funcionário Antônio da Silva, encarregado das vendas naregião do litoral, passa a integrar a equipe que presta atendimento à zona daSerra, a partir de 1o de julho do corrente ano.

Saudações,

Paulo Miranda

2.6. AtaNas assembléias gerais ou nas reuniões de diretoria, é lavrado um documen-

to que contém o resumo escrito dos fatos e resoluções e se denomina ATA.As atas são escritas em livro especial, cujas páginas são numeradas e rubri-

cadas. Atualmente, está bastante difundido o uso de atas datilografadas, masas normas são as mesmas.

Não se diz “redigir uma ata” e sim “lavrar uma ata”.A pessoa encarregada de numerar e rubricar as páginas do livro de atas terá

que redigir o termo de abertura: “Este livro contém 200 páginas por mim nume-radas e rubricadas e destina-se ao registro de atas da Firma X”.

Na ata não se empregam parágrafos, embora nela se trate de assuntos dife-rentes. Atualmente, porém, já se encontram exemplos de atas com parágrafos.

Não se admitem rasuras ou riscos. Em caso de engano, usam-se as expres-sões corretivas “aliás”, “digo” e, logo a seguir, deve-se escrever a palavra certa.

Toda ata deve conter início, desenvolvimento e conclusão. Coloca-se, pri-meiramente, o número da ata e a natureza da reunião (reunião de diretoria, as-sembléia ordinária, extraordinária etc.). Ainda no início da ata, faz-se referênciaà hora, ao dia, mês e ano, escritos por extenso. Outro item que constitui o inícioda ata é o local da reunião, juntamente ao nome do presidente da reunião e dasdemais pessoas presentes.

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220 Redação e Interpretação de Texto

O desenvolvimento é a segunda parte da ata. Aí se resumem, ordenadamen-te, todos os fatos e decisões da reunião.

A terceira e última parte de que se compõe a ata é o encerramento, fecho ouconclusão, geralmente uma forma padronizada que conclui (ou encerra) a ata.

No caso da ata datilografada, no decurso da reunião, as anotações necessá-rias são feitas em escrita manual e, concluídos os trabalhos, a ata será datilo-grafada em sua forma final. As atas datilografadas terão todas as linhas numera-das e o espaço que sobra à margem direita, preenchido com pontilhado.

Leia o modelo a seguir:

AtaAta da sexta Reunião de Diretores, realizada em quinze de maio de mil novecentos e

noventa e três. Aos quinze dias de maio de mil novecentos e noventa e três, às vinte horas,na sede da Indústria Farmacêutica S.A. quilômetro vinte da Raposo Tavares, São Paulo,reuniu-se, sob a presidência do Senhor Dr. Pedro Guerra, Diretor Geral, a diretoria dafirma, estando presentes os seguintes diretores: Antônio da Silva, Diretor-Administrativo;Dr. Paulo dos Santos, Diretor de Vendas; Clóvis Moreira, Diretor-Técnico; Moura Brasil,Diretor de Comunicação e Propaganda; e mais os acionistas: José Torres, Maria Luz,Gabriel dos Anjos, Márcia Rodrigues e Roberto Carlos. Aberta a sessão, foi lida e aprova-da, sem discussões, a ata da sessão anterior. O Sr. Diretor Geral apresentou a propostapara a ampliação das dependências destinadas ao refeitório dos funcionários. Foi aprova-da por unanimidade a proposta, inclusive o projeto, para as novas instalações que impor-tará no total de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais). A seguir, foi apresentado pelo DiretorAdministrativo o balancete de abril, sendo cópias do mesmo distribuídas aos presentes.Nada mais havendo a tratar, o Sr. Diretor Geral agradeceu a presença de todos e deu porencerrada a sessão, às vinte e duas horas, da qual, para fins de direito, foi lavrada a ata,assinada por mim, Júlia Cruz, secretária da firma, e demais presentes.

2.7. Abaixo-assinado É um documento particular, assinado por várias pessoas e que, em geral, con-

tém reivindicações, pedido, manifestação de protesto ou de solidariedade etc.

Ilmo. Sr. Diretor do Colégio João XXIII,

Os abaixo assinados, alunos da 8a série do ensino fundamental, solicitam de V.Sa auto-rização para que sua equipe vencedora do Campeonato Interno de Vôlei possa inscrever-se como representante deste Colégio no próximo Campeonato de Vôlei das Escolas Par-ticulares do Estado de São Paulo.

São Paulo, 10 de junho de 2003

(aqui começam as assinaturas, seguidas do nome completo e R.G.)

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221Redação e Interpretação de Texto

2.8. Curriculum VitaeCurriculum Vitae

III – DADOS PESSOAISNome:Nacionalidade:Data e local de nascimento: (além da data, a cidade e o estado onde nas-ceu)Estado civil:Residência: Telefone:

III – FORMAÇÃO ESCOLAR1o Grau: (nome da escola, cidade, estado, ano da conclusão do curso)2o Grau: (igual ao anterior)3o Grau: (especificar a faculdade, cidade, estado e ano da conclusão docurso; além de destacar se é bacharel e/ou licenciado)Pós-Graduação: (especificar o nível – Mestrado ou Doutorado)

III – CURSOS REALIZADOS(Extensão Universitária; Aperfeiçoamento; Especialização etc. Exemplos:Curso de Correspondente Comercial, Senac, São Paulo, 2003)

IV – TRABALHOS PUBLICADOS(especificar o nome do artigo, entre aspas, ou título do livro, sublinhado ouem itálico, a cidade e estado onde foi publicado, por qual editora ou insti-tuição e o ano da publicação)

V – CARGOS OCUPADOS(especificar o nome do cargo, o nome da empresa e o tempo na função.Comece pelo mais antigo até chegar ao atual e/ou último)

VI – ASSOCIAÇÃO A QUE PERTENCE

VII – PARTICIPAÇÃO EM CONGRESSOS E SEMINÁRIOS (especificar o nome do evento, o órgão patrocinador, a cidade e o estadoonde se realizou o encontro e a data – mês e ano)

VIII – IDIOMAS QUE CONHECEObs.: para dar maior credibilidade às informações prestadas, date e assi-ne antes de entregar.

Page 199: Redação e interpretação de texto

222 Redação e Interpretação de Texto

2.9. Fax (forma abreviada de fac-símile)Mais veloz e menos oneroso que o telegrama, o fax necessita de formulário

apropriado, uma vez que a comunicação chega ao destinatário por via telefôni-ca. O original do documento fica com o expedidor. Sua linguagem é concisa,direta e objetiva. O fax compõe-se de um cabeçalho em que aparecem os se-guintes dados: número de páginas, nome do destinatário e seu número de fax, onome do remetente, a data e o assunto de que trata o fax. Por medida de econo-mia, tanto de impulsos telefônicos quanto do papel em que o fax é impresso,aconselha-se cortar o papel logo após a assinatura do remetente.

Editora RideelAl. Afonso Schmidt, 879 - Santa TerezinhaCEP 02450-001 - São Paulo - SP - BrasilNo de páginas, incluindo esta:Para:Número do Fax:De:Data:Ref.:Por favor, caso este fax não esteja legível, contate-nospelo telefax (011) 290-7415.

3. Correspondência OficialA redação oficial é a maneira peculiar de redigir, seguindo normas e técnicas

estabelecidas. Assim como na correspondência comercial, seus princípios bá-sicos são a clareza, concisão, objetividade, precisão e correção.

O correto uso dos pronomes de tratamento é de fundamental importâncianesse tipo de correspondência.

3.1. Memorando

Documento utilizado por encarregados de setor, chefes de seção, diretores,para fazer a comunicação interna dos órgãos ou repartições.

O memorando compõe-se de:

1. cabeçalho localidade e data

2. epígrafe nome do documento, sigla, número e ano

Page 200: Redação e interpretação de texto

223Redação e Interpretação de Texto

3. vocativo

4. texto

5. fecho Respeitosamente: autoridade superior à de quem assinaAtenciosamente: mesmo nível ou inferior ao de quem assina

6. Assinatura

7. no canto inferior esquerdo, ficam as iniciais maiúsculas do redator e asminúsculas de quem digita (se a mesma pessoa faz as duas funções: barra,iniciais minúsculas).

Secretaria de Estado da Cultura

� São Paulo, 18 de novembro de 2003

� Mem.S.E. – no 024/93

� Sr. Diretor da Divisão de Administração

� Solicito de Vossa Senhoria providências, junto à Seção de Manu-tenção, para que sejam confeccionadas 2 (duas) chaves para oarmário de aço patrimônio DDE – no 6.778.

� Respeitosamente,

� Maria SeixasChefe da Seção de Expediente

� MS/rs

3.2. Ofício

Forma de correspondência oficial trocada, geralmente, entre chefes oudirigentes de hierarquia equivalente, ou superior à do signatário, naAdministração Pública, tratando sempre de assunto oficial da competênciade quem o emana. Utiliza-se, também, como expediente de comunicaçãoescrita de um agente público a particular.

O ofício compõe-se de:1. cabeçalho localidade e data2. epígrafe ofício, sigla, número/ano

Page 201: Redação e interpretação de texto

224 Redação e Interpretação de Texto

3. vocativo4. texto

Respeitosamente,5. fecho Atenciosamente

Cerimonial (forma fixa: comantecipados agradecimentos,apresentamos a V.Sª nossosprotestos de elevada estima econsideração.)

6. assinatura acompanhada de cargo ou função7. destinatário a) forma de tratamento adequado

b) nome da autoridadec) nome do cargod) localidade

8. identificação

Prefeitura Municipal de São Paulo

� São Paulo, 10 de março de 1999� Secretaria de Obras Públicas SOP/Ofício SOP – no 99/99� Senhor Diretor:

� Cumpre-nos informar a V.Sa que daremos início, no próximo dia 20,à pavimentação asfáltica da AvenidaD. Pedro II, entre as Ruas X e Y.Por este motivo, vimos solicitar-lhe a interdição de veículos no citadotrecho durante os trabalhos, não só por medida de segurança paraos operários, como também para a garantia do êxito da obra.

� Com antecipados agradecimentos, apresentamos a V.Sa nossos pro-testos de elevada estima e consideração.

� José da SilvaSecretário de Obras Públicas

� a) Ilmo. Sr. c) DD. Diretor do Detranb) Clóvis de Matos d) São Paulo – SP

SF/rs

Page 202: Redação e interpretação de texto

225Redação e Interpretação de Texto

3.3. Ofício-circularForma de correspondência oficial endereçada a vários interessados,

para conhecimento do seu assunto.

São Paulo, 11 de julho de 1993Ofício-circular DENA no 05/93

Senhores Chefes de Seção:

Comunico a V.Sas que, devido à flexibilidade de horário deste Departamento,todos os funcionários passarão a utilizar o livro, em vez de cartão, para assinaro ponto, a partir do dia 20 deste mês.

Atenciosamente,Júlio BadraDiretor da DENAJB/ns

3.4. Carta

Documento empregado na comunicação de caráter social utilizado porsecretários, diretores, coordenadores, superintendentes, para agradeceruma cortesia, fazer uma solicitação, convite ou externar agradecimentos.

A carta compõe-se de:� cabeçalho

localidade e data

� epígrafecarta, sigla, número, ano

� destinatárioa) forma de tratamento adequadob) nome da autoridadec) nome do cargo ou funçãod) nome da repartição/órgão

� vocativo

� texto

� fecho

� assinatura e cargo

identificação

Page 203: Redação e interpretação de texto

226 Redação e Interpretação de Texto

Secretaria dos Transportes MetropolitanosCoordenadoria de Transporte Coletivo

� São Paulo, 3 de agosto de 1993

� Carta C.T.C. no 016/93

� a) Ilustríssimo Senhorb) Orlando Vieirac) Diretor da Divisão Estadual de Ensino Tecnológico dad) Secretaria da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico

� Prezado Senhor:

� Agradeço a V. Sa o envio da relação dos servidores que ficarão àdisposição desta coordenadoria, no período de 17/10 a 7/11/1993, prestandoserviço de apoio quando da realização do seminário “Controle de Transporte Cole-tivo, sob Regime de Fretamento”.

� Na oportunidade, renovo os protestos de consideração e apreço.

� Sílvio MouraCoordenador

SM/ip

3.5. RequerimentoInstrumento que serve para solicitar algo a uma autoridade do serviço público.O requerimento compõe-se de:

1. destinatário: forma de tratamento e nome do cargo ou função2. texto3. fecho, geralmente, um dos seguintes:

Nestes termos em que pede deferimentoouNestes termosPede deferimentoouNTPD

4. localidade e data5. assinatura

Page 204: Redação e interpretação de texto

227Redação e Interpretação de Texto

Requerimento solicitando exame de segunda chamada� Exmo. Sr. Diretor das Faculdades Integradas de Marília� JOANA DA SILVA, aluna regularmente matriculada na Faculdade

de Direito, 4o período do ano letivo em curso, impedida de realizaro exame de Latim, por motivo de doença, conforme comprova oatestado médico anexo, vem requerer de V. Exa. que lhe concedaa oportunidade de realizar o exame em segunda época.

� Nestes termos pede deferimento� Marília, 30 de novembro de 2003� Joana da Silva

Page 205: Redação e interpretação de texto

228 Redação e Interpretação de Texto

Este capítulo não tem a intenção de substituir a leitura e a consulta imprescin-díveis a gramáticas e dicionários. Ele foi organizado para oferecer-lhe algunssubsídios para a resolução de problemas de escrita cotidiana relacionados aortografia, sintaxe e morfologia.

Lembre-se de que se expressar de maneira gramaticalmente correta, em situa-ções formais que assim o exigem, é também um fator de persuasão, de conven-cimento de seu leitor ou ouvinte.

1. Ortografia

1.1. Pontuação

1.1.1. Sinais de Pontuação

Os sinais de pontuação têm uma tríplice função:1 – assinalam pausas e inflexões da voz;2 – separam palavras, expressões e orações que se devam destacar;3 – esclarecem o sentido da frase, afastando qualquer ambigüidade.

Não se podem separar por vírgulas palavras que dependem umas das outras.Assim é considerado erro grave separar:

• sujeito do verbo;• verbo de seus complementos;• o complemento nominal do termo que ele completa.

A) VírgulaRegras para o uso da vírgula entre os termos da oração:

1 – Separar termos coordenados.A poesia, a dança, a música alegram a vida.

Apoio Funcional

Page 206: Redação e interpretação de texto

229Redação e Interpretação de Texto

2 – Separar apostos e vocativos.Pedro, o chefe do grupo, adiou a decisão.Ninguém, meu caro amigo, veio visitar-me.

3 – Indicar inversões:a) do adjunto adverbial no começo da frase.

Durante a reunião, foi escolhido o candidato.b) do lugar antes das datas.

São Paulo, 11 de dezembro de 1992.

4 – Indicar intercalações:a) de expressões explicativas.

Ele só sai de casa, por exemplo, depois da meia-noite.b) do adjunto adverbial.

Suas finanças, naquela época, já não estavam bem.c) da conjunção.

Ficarei com os livros; não posso, todavia, pagá-los.

5 – Indicar que o verbo está oculto.Nós preferimos a Bahia e vocês, o Rio.

Regras para o uso da vírgula entre as orações do período

1 – Orações coordenadas

a) Separar as assindéticas.Pulou o muro, correu pela rua, atravessou o terreno, escondeu-se no matagal.

b) Separar todas as sindéticas, menos as iniciadas por e e nem com sujeitoidêntico.Amo, logo insisto. (conclusiva)

Esperava visita, mas ninguém chegou. (adversativa)Choveu, pois a rua está molhada. (explicativa)Não só estuda, mas também trabalha. (aditiva)Permaneça calado, ou saia. (alternativa)

Obs.: as sindéticas iniciadas por e e nem separam-se por vírgula nos seguintes casos:se os sujeitos das orações forem diferentes.Horácio praticou o furto, e eu fui punido.

Page 207: Redação e interpretação de texto

230 Redação e Interpretação de Texto

se houver repetição enfática da conjunção:“Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua.”

(Olavo Bilac, Poesias, Rio de Janeiro, Agir.)

2 – Orações subordinadasa) Adverbiais: são separadas por vírgulas, quando iniciam o período.

Quando a noite cai, todos saem à rua.b) Adjetivas:

• explicativa: é sempre separada por vírgulas.O leite, que é nutritivo, faz bem à saúde.

• restritiva: não é separada por vírgulas.As mulheres que amamentam devem sair da fila.

c) Substantivas: jamais são separadas por vírgulas.Sabemos que o calor dilata os corpos.

3 – Orações reduzidas – separam-se da principal, quando iniciam o período:Chegando o carregamento, avise-me.Terminada a conferência, todos discutiram as propostas.Ao formular seus argumentos, seja claro e conciso.

Obs.: a oração reduzida que, ao ser desenvolvida, transforma-se numa substantiva, não

admite vírgula. Ex.: É preciso trabalhar muito.

4 – Orações Intercaladas – são separadas por vírgulas ou duplo travessão.Queremos saber, disse ele, onde estão todos.A vida é — esclareceu ela — um ato de coragem.

B) Ponto-e-vírgula

1 – Serve para separar os diferentes itens de documentos, leis, enumerações,portarias, decretos, etc.Nosso projeto pretende:a) tirar o menor carente das ruas;b) instalá-lo em casas comunitárias assistidas por profissionais

especializados;c) levá-lo de volta à escola;d) profissionalizá-lo.

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231Redação e Interpretação de Texto

2 – Serve para separar orações que mantêm simetria entre si.Quem não quer raciocinar é um fanático; quem não sabe raciocinar é um tolo;quem não ousa raciocinar é um escravo.

3 – Serve para separar orações coordenadas já marcadas por vírgula no seu interior.Os populares, enfurecidos, exigiam providências; os policiais, porém, acalma-ram os ânimos.

C) Dois-pontos

1 – Servem para anunciar e introduzir uma citação.Disse Alexandre ao morrer: “Deixo o meu império ao mais digno”.

2 – Precedem enumerações.Lembrava-se de tudo: do corredor, do quintal, da roupa branca ao vento, dasárvores sem folhas.

3 – Servem para introduzir uma exemplificação ou um esclarecimento.Quando começou a discussão, retirou-se: não gostava de confusão.

D) Reticências

1 – Indicam a interrupção da frase e demonstram determinados estados emotivos.Lá fora as pessoas correm livres e sorridentes, aqui dentro, eu...

2 – Fazem com que o leitor complete na imaginação o enunciado.O professor faltou, o que para ele foi uma pena, mas para nós...

3 – Indicam que, numa citação, suprimiu-se algo.“... pra ver a banda passar...”

(Chico Buarque)

E) Travessão

1 – Serve para indicar, no diálogo, a fala de cada personagem.— Agora veja o melhor, gritou Berta.— O quê?— Alguém nos traiu.

2 – Quando usado duplamente, serve para separar intercalações ou explicaçõ-es no meio da frase.O animal — apesar da forma desmedida — era arrastado pelas águas.

Page 209: Redação e interpretação de texto

232 Redação e Interpretação de Texto

F) Parênteses1 – São usados para isolar uma reflexão, um comentário, uma explicação paralela.

Finalizando, quero dizer-lhe que todos estão bem (se é que se pode estar bemnuma época como esta) e mandam lembranças.

G) Aspas1 – Servem para isolar qualquer parte do texto que seja alheia ao autor que o

escreve.Segundo o ministro, “o congelamento de preços é a única saída para a econo-mia brasileira no momento”.

2 – Servem para enfatizar palavras ou expressões.Ela parecia “muito” esperta.

3 – Servem para indicar palavras estrangeiras ou gírias.Leu o “menu” atentamente.Ele sempre me pareceu um “cara legal”.

H) Ponto1 – Serve para indicar normalmente o término de uma oração.

João, quando soube disso, ficou furioso.2 – É usado nas abreviaturas (à exceção daquelas que fazem parte do sistema

métrico decimal), mas não nas siglas.sécs., V.S., etc.

Obs.: Se a abreviatura vier no fim do período, coloca-se apenas o ponto da abreviatura.Comprou tomate, cebola, alface etc.

1.2. Uso das LetrasNão existem muitas regras para a grafia de palavras. Reconhecer a etimolo-

gia e os processos de formação das palavras resolvem algumas dúvidas. Po-rém, a leitura de bons livros, jornais e revistas e o uso constante de um bomdicionário são insubstituíveis, além de formas agradáveis de ampliar o vocabu-lário. Aqui apresentamos algumas regras práticas.

A) Uso de Z e S• o sufixo -OSO [-oso(s), -osa(s)] sempre se escreve com S: arenoso, ge-

latinoso, aquoso, maravilhoso, gostoso.• os sufixos -EZ e -EZA (sempre com Z) formam substantivos abstratos a

partir de adjetivos:

Page 210: Redação e interpretação de texto

233Redação e Interpretação de Texto

esperto – esperteza certo – certezaviúvo – viuvez honrado – honradezlimpo – limpeza belo – beleza

• os sufixos -ÊS/-ESA/-ISA (sempre com S) indicam nacionalidade, posi-ção social ou profissão:holandês – holandesa marquês – marquesamilanês – milanesa duque – duquesabarão – baronesa poeta – proetisa

• o sufixo -IZAR (transformar em) forma verbos a partir de adjetivos:moderno – modernizar útil – utilizarObs.: não se deve confundir -IZAR com o sufixo -AR que forma verbos a partir desubstantivos que já contêm S:aviso – avisar análise – analisarparalisia – paralisar liso – alisarpesquisa – pesquisar catálise – catalisar

• os verbos USAR, PÔR e QUERER só têm S em qualquer de suas formas:usei, pus, quis usasse, pusesse, quisesse

• o som zê depois de ditongos grafa-se, sempre, com S:coisa, causa, lousa, maisena, Sousa, Neusa.

• escrevem-se com S os diminutivos em cujo radical já existe S:japonês – japonesinho Teresa – TeresinhaAssis – Assisinho Neusa – Neusinha

• escrevem-se com Z palavras cujo radical termina em Z, ou em que o Z éconsoante de ligação:juiz – juizinho voz – vozinha pai – paizinho

• escrevem-se com Z palavras de origem árabe:alfazema, azeitona, azeite, armazém

B) Uso do Ç• palavras de origem árabe, indígena e africana grafam-se com Ç:

açougue, açucena, Juçara, Paiçandu, Boiçucanga, caçula, miçanga

C) Uso de X• após ditongo, usa-se X:

caixa, feixe, frouxo, peixe• depois da sílaba inicial EN, usa-se X:

enxergar, enxugar, enxoval, enxerto

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234 Redação e Interpretação de Texto

Exceções: encher (e compostos de cheio), enchova, e derivados de charco(encharcar).

• depois da sílaba inicial ME, usa-se X:mexer, mexerica, mexilhão, mexicanoExceção: mecha (é).

• palavras de origem indígena e africana grafam-se com X:abacaxi, muxoxo, pixaim, xavante, xucro

D) Uso de J e G• grafam-se com J as palavras de origem indígena, africana e árabe:

jibóia, Moji, pajé, canjica, canjerê, alfanje, alforjeExceções: álgebra e Sergipe.

• grafa-se com G a terminação -GEM:bagagem, paisagem, garagem, friagem, viagem (subst.)Exceções: pajem, lambujem e viajem (verbo).

E) Uso de E e I no final de formas verbais• verbos terminados em -OAR e -UAR grafam-se com E no presente do

subjuntivo:atordoar – atordoe efetuar – efetue

• verbos terminados em -UIR grafam-se com I no presente do indicativo eno imperativo afirmativo:possuir – tu possuis, ele possui, possui (tu)concluir – tu concluis, ele conclui, conclui (tu)atribuir – tu atribuis, ele atribui, atribui (tu)

1.3. CraseCrase é a fusão de duas vogais iguais (consulte também o item 2.2. deste capítulo).

Regra geral: Haverá crase se existirem duas situações:• o termo regente exigir a preposição a• o termo regido aceitar o artigo a/as

Preposição Artigo

Falou a a amiga

Falou a amiga

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235Redação e Interpretação de Texto

Nunca ocorre crase1 – antes de masculino:

Ver a olho nu. / Andar a pé. / Bife a cavalo.2 – antes de verbo:

Começou a chorar. / Contas a pagar.3 – antes de pronomes de tratamento:

Peço a Vossa Excelência licença para retirar-me.Exceção: senhora e senhoritaDei o livro à senhora.

4 – antes de pronomes em geral (desde que não aceitem artigo):Falei a ela. Deu a cada uma um pacote.Não se referiu a ninguém.

5 – nas expressões formadas por palavras repetidas:Ficaram cara a cara. / Tomou o remédio gota a gota.

6 – antes de nomes de cidades e da palavra casa sem determinação:Foi a Taubaté. / Dirigiu-se a Campinas. / Voltou a casa tarde.(Obs.: quando o nome da cidade ou a palavra casa estiverem determinados, haverácrase:Fomos à velha Taubaté. / Dirigiu-se à Campinas de Carlos Gomes. /Voltou à casa paterna.

7 – com a palavra terra, quando ela se opuser a bordo:Os marinheiros voltaram a terra.(Quando terra for sinônimo de planeta ou terra natal, haverá crase:Meu avô voltou à sua terra).

Sempre ocorre crase:1 – na indicação das horas:

Chegou à meia-noite./ À zero hora fecharam-se as portas.Chegou às duas horas não à uma como o combinado.

2 – na expressão à moda de mesmo que as palavras moda de venham ocultas(é um dos casos em que o masculino aceita crase):Bife à milanesa. / Sapato à Luís XV.

3 – nas expressões adverbiais femininas:Cheguei à tarde. / Vestiu-se às pressas.Estou à procura de selos tailandeses.Fez tudo às ocultas.

Page 213: Redação e interpretação de texto

236 Redação e Interpretação de Texto

Exceçôes: com as expressões adverbiais de instrumento não há crase.

Escreveu a tinta. / Cortou o cabelo a navalha. / Forno a lenha.

4 – nas locuções conjuntivas e prepositivas:

À medida que subimos, o ar se rarefaz.À força de muito estudar, passou no concurso.

Casos especiais

1 – AQUELE(S), AQUELA(S), AQUILO: sempre que o termo regente exigir pre-posição, haverá crase.

Preposição

Dirigiu-se A Aquele lugar

Dirigiu-se Àquele lugar

2 – A QUE (= aquela que):

Preposição Pronomedemonstrativo

Houve uma sugestão anterior A A que você deu.

Houve uma sugestão anterior À que você deu.

Regra prática: substituir sugestão por uma palavra do masculino; se der AO,haverá crase no feminino.

Houve um palpite anterior AO que você deu.

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237Redação e Interpretação de Texto

1.4. Questões de Vestibular1 (UF-PB) As lacunas do trecho:

"Minha mãe, ________________ quem todos deviam tanta atenção, obriga-va-se, ____________ vezes, ____________ tarefas que __________ muito re-passara ______________ criadas da casa".são preenchidas por:a) a – as – a – a – àsb) a – às – as – há – asc) a – as – a – a – asd) à – as – as – há – àse) a – às – a – há – às

2 (UF-RO) A única frase em que o uso da crase não está correto é:a) O professor dirigiu-se à sala.b) Fez uma promessa à Nossa Senhora.c) À noite não gosto de ler.d) Referiu-se àquilo que viu.e) Fugiu às pressas.

3 (UF-PI) Assinale a alternativa que preenche corretamente os espaços:"__________ algum tempo, vai até __________ montanha e volta __________casa para descansar".a) A – à – àb) Há – a – ac) Há – à – àd) À – a – ae) A – a – a

4 (UF-SE) Assinale a alternativa que preenche corretamente os espaços:"Durante _______ semana, o rapaz deveria apresentar-se ________ direçãoda escola, para repor todas as aulas __________ que faltara".a) a – à – ab) a – a – àc) à – à – ad) à – à – àe) à – a – a

Page 215: Redação e interpretação de texto

238 Redação e Interpretação de Texto

5 (UN-AM) Assinale a alternativa que corretamente preenche as lacunas:"Quando, __________ dois dias, disse ________ ela que ia ________ Europapara concluir meus estudos, pôs-se __________ chorar."a) a – a – a – a c) a – à – a – àb) há – à – à – a d) há – a – à – a

6 (UF-RO) Assinale a alternativa cujas palavras estão grafadas corretamente:"A ____________ de aumento da inflação provoca uma grande ___________nas pessoas e as deixa __________ quanto ao futuro".a) expectativa, tenção, exitantes d) espectativa, tensão, exitantesb) expectativa, tensão, hesitantes e) espectativa, tenção, hesitantesc) expectativa, tenção, hezitantes

7 (UF-RO) Indique a alternativa que completa corretamente as frases abaixo:I) Normalmente ela não ________ em casa.II) Não sabíamos onde ________ os discos.III) De algum lugar ________ essas idéias.a) pára, pôr, provém d) pára, por, provêemb) para, pôr, provêm e) para, por, provémc) pára, pôr, provêm

8 (UE-CE) São acentuadas graficamente pela mesma razão as palavras da opção:a) há – até – atrás c) está – até – vocêb) história – ágeis – você d) ordinário – apólogo – insuportável

9 (UE Feira de Santana-BA)"Quero que vocês ________ todas as encomendas; é preciso que tudo________ em ordem para a entrega".a) averíguem – esteje d) averigúem – estejeb) averíguem – esteja e) averigúem – estejac) averígüem – esteja

10 (Unirio-RJ) Assinale o item em que há erro no tocante à pontuação:a) — D. Sara, a senhora é nossa benfeitora!b) Mulheres pobres, lavando roupa nas tinas, representavam o outro lado

do mundo.c) Peixadas, galinha de cabidela, tudo me recordava D. Sara.d) Bandeira, só, enfrentava a orfandade.e) Couto meu melhor amigo antecedeu-me na Academia.

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239Redação e Interpretação de Texto

11 (UF-PR) Quais são as frases corretamente pontuadas?a) Os alunos angustiados esperam o resultado dos exames.b) Os alunos, angustiados, esperam o resultado dos exames.c) Os alunos, esperam angustiados, o resultado dos exames.d) Angustiados, os alunos esperam o resultado dos exames.e) Os alunos, esperam, angustiados, o resultado dos exames.f) Os alunos esperam angustiados, o resultado dos exames.

12 (UF Santa Maria-RS) Assinale a alternativa em que a pontuação estácorreta:a) Embora esteja ameaçada pela poluição, aquela praia recebe durante o

veraneio, muitos turistas.b) Por muitos séculos, o homem usou imprudentemente, seu ambiente natu-

ral, ocasionando desequilíbrio ecológico.c) A guerra flagelo terrível, tem sido uma constante, em todos os tempos da

humanidade.d) As recentes conquistas nucleares, alteram de modo profundo, as relações

internacionais.e) Jovem, para entender a vida, comece por estudar o homem.

13 (UE-BA)"Mesmo que __________ não conseguiríamos ________ na equipe de traba-lho o nosso ____________ colega."a) quiséssemos – encaichar – pretenciosob) quiséssemos – encaixar – pretensiosoc) quiséssemos – encachar – pretensiosod) quizéssemos – encaxar – pretensiosoe) quizéssemos – encaichar – pretencioso

14 (UF-SC) Marque as alternativas VERDADEIRAS e faça, a seguir, a soma dosvalores que lhes são atribuídos:

01. Na seqüência a seguir, todas as palavras estão corretas, quantoà ORTOEPIA: beneficiente, reinvidicar, aeronáutica, companhia emeterologia.

02. O X tem valor de KS em tóxico, anexo, convexo e amplexo.

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240 Redação e Interpretação de Texto

04. As palavras nobel, ibero, ruim, misantropo e rubrica são todas paroxítonas.08. As formas verbais amá-lo, perdê-lo, dividí-lo, distribuí-lo estão corretas

quanto à acentuação gráfica.16. Na seqüência a seguir, há apenas um erro de grafia: exceção, chuchu,

disciplina, nescessidade, espontâneo.32. O fenômeno fonético de valor artístico que ocorre no verso de Cruz e

Sousa “Vozes, veladas, veludosas vozes” denomina-se aliteração. Soma

15 (UF-SC) Assinale as alternativas que apresentam PONTUAÇÃO CORRETA.Depois, some-lhes os valores:01. — Espera aí, João, já passa de meia-noite.02. Quando chove então, falta, táxi na cidade.04. Calou-se por um momento: atitude, aliás muito louvável!08. — O que foi, meu filho? — perguntei, naturalmente pensando tratar-se de

esmola.16. — Conheço tudo: olhar, sorriso, cara de desejo e cara de tristeza... Quer ver?

Soma

16 (UF-ES)“__________ muitas dúvidas jurídicas sobre as regras __________ serem se-guidas no processo de impeachment, mas o consenso pode levar __________atalhos rápidos e seguros”.(Veja, 2 de setembro, 1992)Preencher adequadamente as lacunas do texto:a) Há – à – a d) A – à – àb) À – à – à e) Há – a – ac) Há – a – à

17 (UF-SE)"__________ de criticada, a atitude do aluno agradou a muitos pela __________e __________".a) Apezar – espontaniedade – discreçãob) Apesar – expontaniedade – discriçãoc) Apezar – espontaneidade – discreçãod) Apesar – espontaneidade – discriçãoe) Apezar – expontaneidade – discrição

Page 218: Redação e interpretação de texto

241Redação e Interpretação de Texto

18 (UF-SC) Marque as afirmativas VERDADEIRAS quanto ao uso da crase:01. A atividade que ora realizas é semelhante à que realizei em 1989.02. Infelizmente, os preços continuam à subir.04. À tardinha, todos vão apreciar o pôr-do-sol na ilha da magia.08. Às vezes não podemos ser honestos porque não deixam.16. O pintor, à cuja tela te referes, fez uma exposição na galeria de artes da UFSC.32. O sujeito recorreu à irmã e a ela se apegou como a uma tábua de salvação.

Soma

19 (PUC-RS) Aponte o único conjunto onde há erro de acentuação:a) tu deténs – ele detém – pô-lo-íamos – hifensb) eloqüência – que eu argua – sozinho – bauruc) influíram – Sérgio – atraí-lo – dizíamosd) pântano – Madagáscar – ibero – rubricae) constrói – véu – fluor – bisturi

20 (UF-PR) Completar as lacunas com X ou S:E__tender, e__tensão, e__trato, mi__to, ju__tapor.a) s – s – s – x – x d) x – x – x – s – sb) s – s – s – x – s e) s – x – x – s – sc) s – x – x – x – x

21 (UF Santa Maria-RS) Assinale a alternativa que contém os sinais de pontu-ação adequados à seguinte frase:“Carlos todo domingo segue a mesma rotina praia futebol jantar em restau-rante”.a) vírgula, vírgula, ponto-e-vírgula, vírgula, vírgula, pontob) vírgula, vírgula, dois-pontos, vírgula, vírgula, pontoc) vírgula, ponto-e-vírgula, vírgula, vírgula, pontod) vírgula, dois-pontos, vírgula, vírgula, pontoe) vírgula, vírgula, vírgula, vírgula, vírgula, ponto

22 (EFE Itajubá-MG)“O pullman devora a estrada, solitária em horas tão noturnas”.Haveria alguma diferença se a vírgula fosse transferida para depois da pala-vra solitária? Explique.

Page 219: Redação e interpretação de texto

242 Redação e Interpretação de Texto

23 (Fuvest-SP) “Podem acusar-me: estou com a consciência tranqüila”. Os doispontos (:) do período acima poderiam ser substituídos por vírgula, explicitando-se o nexo entre as duas orações pela conjunções:a) portanto d) poisb) e e) emborac) como

24 (FGV-SP) Leia atentamente: “A maior parte dos funcionários classificadosno último concurso, optou pelo regime de tempo integral”. Na frase há umerro de pontuação, pois a vírgula está separando de modo incorreto:a) o sujeito e o predicado.b) o aposto e o objeto direto.c) o adjunto adnominal e o predicativo do sujeito.d) o sujeito e o predicativo do objeto direto.e) o objeto indireto e o complemento agente da passiva.

2. SintaxeÉ a parte da gramática que estuda a relação entre as palavras quando estas

se organizam em orações.A sintaxe dá conta de todos os termos da oração e da classificação das ora-

ções. Vamos nos restringir neste capítulo, no entanto, à sintaxe de concordância,regência e colocação, atendo-nos aos casos mais comuns e freqüentes.

2.1. CONCORDÂNCIA

2.1.1. Concordância VerbalElegância e tranqüilidade da zona oeste atrai consumidor exigente e empre-

endimento de bom gosto.Este título de uma matéria do “Suplemento Especial de Imóveis” de O Estado

de S. Paulo, de março/ 2001, contraria a regra fundamental de concordância, ouseja, se o sujeito é composto – elegância e tranqüilidade –, o verbo deveria estarna forma atraem.

1 – Regra geral: verbo concorda com o sujeito em número e pessoa.Ex.: Sobraram três mamões.

Page 220: Redação e interpretação de texto

243Redação e Interpretação de Texto

2 – Casos especiais:

a) pronome SE:Na frase “Já não se fazem homens com antigamente”, há um exemplo devoz passiva sintética. Na voz passiva analítica, a frase seria: “Já não sãofeitos homens com antigamente”.• partícula apassivadora (voz passiva sintética = com verbos transitivos

diretos) = verbo concorda com sujeito.Vende-se uma casa. (Uma casa é vendida)Vendem-se casas. (Casas são vendidas)

• índice de indeterminação do sujeito (com verbos intransitivos ou tran-sitivos indiretos) = verbo sempre na 3ª pessoa do singular.

Precisa-se de empregados. (VTI)Assistiu-se a cenas deploráveis. (VTI)

b) nomes próprios acompanhados de artigo no plural levam verbo para o plural:Os Estados Unidos são um país rico.Os Alpes separam a Europa da Península Itálica.

c) a maior parte, grande número de, a maioria levam o verbo preferentemen-te para o singular:A maior parte das empresas não sonega impostos.

d) nas porcentagens:• o verbo concorda com o que for expresso pela porcentagem:

Um por cento dos pacientes sofriam de cirrose.Noventa por cento da população perdeu seus bens.

• se não houver a paticularização, o verbo concorda com a porcentagem:A população dividiu-se: 60% queriam o regime democrático, 39% prega-vam a volta à ditadura e 1% preferia a monarquia.

e) sujeito é pronome relativo:• QUE: verbo concorda com o antecedente:

Sou eu que pago hoje.• QUEM: verbo concorda na 3ª pessoa:

Sou eu quem paga.

f) um dos que leva o verbo para o plural:João foi um dos que mais discutiram na reunião.

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244 Redação e Interpretação de Texto

g) mais de um... verbo concorda com numeral:Mais de um homem morreu.Mais de vinte homens morreram.

h) verbos impessoais levam o verbo para a 3ª pessoa do singular:• HAVER (no sentido de existir):

Houve comemoração. / Houve comemorações.Havia uma flor ali. / Havia flores ali.

• FAZER (indicando tempo ou fenômeno da natureza):Faz três anos que não o vejo.Fez dias quentes neste inverno.Obs.: Em regência verbal, existem muitos outros casos além destes, consulteuma gramática para conhecê-los.

2.1.2. Concordância NominalHá pouco tempo, um jornal de São Paulo apresentou o seguinte título em

uma matéria de seu Suplemento de Imóveis: “Elegância e tranqüilidade da zonaoeste atrai consumidor exigente e empreendimento de bom gosto“.

A frase contraria a regra fundamental de concordância verbal: o sujeito é com-posto – elegância e tranqüilidade –, portanto o verbo deveria vir no plural atraem.

1 – Regra geral: o adjetivo concorda em gênero e número com o substantivo:A mulher é má. / As mulheres são más.

2 – Casos especiais:

a) adjetivo posposto (que vem depois) ou anteposto (que vem antes) a doisou mais substantivos concorda no masculino plural ou com o mais próxi-mo (no caso do anteposto, o adjetivo deve ter a função de predicativo):Marido e mulher briguentos devem ter paciência.

briguentaRecebemos avariado um televisor e uma câmera.

avariados

b) adjetivos compostos só flexionam o último elemento:Costumes sino-brasileiros / Festividades nipo-brasileiras /Alianças nipo-franco-coreanas.

Page 222: Redação e interpretação de texto

245Redação e Interpretação de Texto

c) meio:• significando metade, concorda com o substantivo:

Bebeu meia cerveja. Não me venha com meias palavras.

• significando um pouco, é sempre invariável:Continuavam meio abobadas. / Ela estava meio desconfiada.

d) anexo, obrigado, incluso, quite, leso, mesmo, próprio concordam com osubstantivo:Vai anexo o relatório – Vão anexas as cartas. / O garoto disse muito obrigado – As garotas disseram muito obrigadas. / Segue inclusa a fatura – Segueincluso o contrato. / Estou quite contigo – Estamos quites contigo. / Foi umcrime de lesa-pátria – Foi um crime de leso-patrimônio. / Elas mesmas cos-turavam suas roupas – Eles mesmos faziam o jantar. / Faz justiça com aspróprias mãos – Usou o próprio corpo para proteger a família.

e) só:* como adjetivo (= sozinho) concorda com o substantivo:Maria e Albertina estavam sós.Cheguei só à festa.

• como advérbio (= somente) é invariável:Nós só desejamos sua felicidade.

f) salvo, exceto, pseudo, alerta, menos são invariáveis:Use menos força.Todos, salvo a mãe, partiram.

excetoFoi uma pseudo-representação.Estamos sempre alerta.

g) proibido, é bom, é necessário:

• sem artigo as expressões são invariáveis:É proibido entrada. / Vitamina é bom.

• com artigo, concordam com o sujeito:É proibida a entrada. / A vitamina é boa.

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246 Redação e Interpretação de Texto

2.2. RegênciaRegência é o mecanismo que regula as ligações entre um verbo ou nome

(termos regentes) e seus complementos (termos regidos).

• Regência verbal: termo regente é o verbo.Ela precisa de ajuda.

regente regido

• Regência nominal: termo regente é o nome.Estou apto a escolher.

regente regido

2.2.1. Regência VerbalEm questão de regência, as preposições desempenham papel importantíssi-

mo. Atenção à regência de alguns verbos.

1 – Agradara) transitivo direto (sem preposição) = contentar, fazer carinhos.

Agradou o patrão com flores.b) transitivo indireto (rege preposição a) = satisfazer.

As medidas não agradaram ao povo.

2 – Aspirara) transitivo direto (sem preposição) = sentir o cheiro, respirar.

Eu aspiro o ar poluído.b) transitivo indireto (rege preposição a) = desejar, pretender.

Aspiramos aos mais altos postos.Ele não aspira à felicidade da nação.

3 – Assistira) transitivo direto (sem preposição) = socorrer, ajudar.

O médico assiste o doente.Dois padres assistem o moço.

b) transitivo indireto (rege preposição a) = ver, presenciar.Assisti ao debate.Assistiremos à novela.

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247Redação e Interpretação de Texto

4 – Atendera) complemento pessoa = transitivo direto (sem preposição) ou transitivo

indireto (rege preposição a).Atendeu o cliente ou Atendeu ao cliente.

b) complemento coisa = transitivo indireto (rege preposição a).Atendeu ao telefone e à porta ao mesmo tempo.

5 – Chegar/IrRegem a preposição a antes do adjunto adverbial.

Chegamos ao local. Irão à escola. Chegamos a Campinas. Foram ao jogo.6 – Custar

No sentido de ser difícil, deve ser empregado na 3ª pessoa do singular e terpor sujeito uma oração reduzida de infinitivo.

Custou-me conseguir passagem.Custa a ele permanecer quieto.Assim, não se diz:Custei a achar um táxi.Mas,Custou-me achar um táxi.

7 – Esquecer/Lembrara) não-pronominal = transitivo direto (sem preposição).

Esqueci a carteira. Lembro os fatos.b) pronominal (lembrar-se, esquecer-se) = transitivo indireto (regem prepo-

sição de).Esqueci-me da carteira. Lembro-me dos fatos.

8 – Implicara) transitivo direto (sem preposição) = acarretar.

O atraso implicará perda dos direitos.(Como se vê, não se usa a preposição em)

b) transitivo indireto (rege a preposição com) = ter implicância.O velho implica com os netos.

c) pronominal (implicar-se) = envolver-se em situações.João implicou-se em negócios escusos.

9 – Obedecer/DesobedecerSempre transitivos indiretos, regendo a preposição a.

Ela obedece sempre aos seus instintos.João desobedece ao farol.

Page 225: Redação e interpretação de texto

248 Redação e Interpretação de Texto

10 – Pagar/Perdoara) quando o objeto refere-se a coisa = transitivo direto.

Não pagamos a conta de luz. (= objeto – coisa)Perdoaram o seu erro. (= objeto – coisa)

b) quando o objeto refere-se a pessoa = transitivo indireto (rege preposição a).Já pagamos à empregada. (= objeto – pessoa)Perdoamos sempre aos entes queridos. (= objeto – pessoa)

11 – PreferirTransitivo direto e indireto (rege preposição a).

Prefiro doces a salgados.Todos preferiam o elogio à censura.

Atenção: não se usa do que, nem muito mais, mil vezes etc. Em preferir já existe oprefixo com tais idéias. Assim, é errado dizer: Prefiro o cinema do que o teatro. /Prefiro muito mais o cravo que a rosa.Diga: Prefiro o cinema ao teatro. /Prefiro o cravo à rosa.

12 – Procedera) intransitivo = ter procedência, ter fundamento.

Sua reclamação não procede.b) intransitivo = provir (rege preposição de).

O avião procede de Roma.c) transitivo indireto (rege preposição a) = dar início.

O professor procedeu à chamada.13 – Querer

a) transitivo direto = desejar.Não quero este livro.

b) transitivo indireto (rege preposição a) = estimar, gostar.Quero bem a meu sobrinho.

14 – ResponderTransitivo indireto (rege preposição a) = dar resposta.

Responda ao questionário.Não respondi à carta de Paulo.

15 – SimpatizarTransitivo indireto (rege preposição com).

Simpatizo com suas idéias liberais.Jamais se deve usá-lo pronominalmente. Assim, não se deve dizer:

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249Redação e Interpretação de Texto

Simpatizo-me com ela.mas,Simpatizo com ela.

16 – Visara) transitivo direto = mirar, apontar a arma.

Ele visou o animal.b) transitivo direto = passar visto, assinar.

O diretor visou os requerimentos.c) transitivo indireto (rege preposição a) = objetivar, ter em vista.

Não visamos a lucros excessivos.Carlos só visava ao poder.

17 – Pronome relativo(que, quem, o/a qual, os/as quais, onde, cujo/a, cujos/as)Quando o pronome relativo funciona como complemento de um verbo,deve-se respeitar-lhe a regência.Gostei do filme que vi.

a que assistide que o crítico falara.a que ele se opôs.

“O óleo que os motoristas confiam“. é a frase de uma propaganda de conhecidoóleo para carros.Apesar de a gramática normativa prescrever esse uso, é comum na linguagemcoloquial e na linguagem publicitária (que trabalha com o que se diz no dia-a-dia) omitirem-se as preposições. No texto, o correto gramaticalmente seria: Óleoem que os motoristas confiam.

2.2.2. Regência NominalAqui está uma pequena relação de substantivos e adjetivos acompanhados desuas preposições mais usuais:

acessível a horror aacostumado a, com idêntico aafável com, para com impróprio paraagradável a indeciso emalheio a, de insensível aanálogo a liberal com

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250 Redação e Interpretação de Texto

ansioso de, para, por medo a, deapto a, para natural deaversão a, por necessário aávido de nocivo abenéfico a obediência acapacidade de, para ojeriza a, porcapaz de, para paralelo acompatível com parco em, decontemporâneo a, de passível decontíguo a possível decontrário a preferível acurioso de, por prejudicial adescontente com prestes adesejoso de propício adiferente de próximo a, deentendido em relacionado comequivalente a respeito a, com, para comescasso de satisfeito com, de, em, poressencial para semelhante afácil de sensível afanático por sito afavorável a suspeito degeneroso com união a, com, de, entregrato a útil a, parahábil em vazio dehabituado a versado em

2.3. Colocação PronominalO pronome oblíquo pode ocupar três posições:

1 – Próclise (pronome proclítico) = colocado antes do verbo.Nada me convence.

2 – Mesóclise (pronome mesoclítico) = colocado no meio do verbo.Far-lhe-ei a vontade.

3 – Ênclise (pronome enclítico) = colocado depois do verbo.Resta-me contar-lhe toda a história.

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251Redação e Interpretação de Texto

2.3.1. Regras Gerais1 – Não se inicia período com pronome oblíquo.

Dê-me o que lhe peço.2 – Modernamente, desde que não inicie período, o pronome proclítico estará

quase sempre correto.Estela o comprou ontem.

3 – O pronome oblíquo sempre estará correto depois de infinitivo invariável.O governador vai visitá-lo amanhã.

4 – Não se usa, jamais, o pronome oblíquo depois de particípio ou de futuro.Tenho me esforçado bastante. Pagar-te-ei amanhã.Comprá-lo-ia, se pudesse.

2.3.2. PrócliseÉ obrigatório o uso da próclise, quando houver nas orações, antes do ver-bo, palavras que atraiam o pronome. São elas:

1 – negação: (não, ninguém, nada...)Ninguém o quer aqui. Não a faça infeliz. Nada o prende aqui.

2 – advérbios: (sempre, já, bem aqui, agora...)Sempre me ocupo. Aqui se come bem.

3 – pronomes relativos: (que, quem, cujo, qual...)Existem problemas que nos deixam angustiados.Esta é a gramática de cujas regras me utilizo.

4 – pronomes indefinidos: (tudo, nada, cada...)Tudo se resolve. Cada um me presenteou com um livro.

5 – pronomes demonstrativos: (este, isso, aquela...)Isto me enoja.

6 – conjunções subordinativas:Quando eu lhe contar a verdade, desmaiará. Se eles me derem o livro, eu o lerei.

7 – orações interrogativas e exclamativas:Como te enganas! Quem lhe fez esta crueldade?

8 – nas orações optativas com sujeito anteposto ao verbo:Deus o abençoe. A terra te mereça.

9 – gerúndio, regido da preposição EM:Em se tratando de saúde, seja prudente.

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252 Redação e Interpretação de Texto

10 – infinitivo pessoal precedido de preposição:Não te censuro por te portares assim.

2.3.3. MesócliseSó ocorre com as formas do futuro do presente e futuro do pretérito.

Sentar-me-ei aqui.Sentar-me-ia aqui.

Obs.: Constitui erro grosseiro pospor o pronome ao futuro do indicativo. Não se devejamais dizer: Sentarei-me ou sentaria-me. Prefira a próclise, uma vez que a mesóclise estáhoje mais ligada à linguagem erudita:

• O casamento realizar-se-á na Igreja do Calvário.• O casamento se realizará na Igreja do Calvário.• O casamento vai realizar-se na Igreja do Calvário.

2.3.4. Ênclise1) Não se inicia frase com pronome oblíquo:

Fale-me a seu respeito.

2) Com gerúndio:Torturando-o assim, nada conseguirá.

3) Com imperativo:Ouçam-me, por favor.

4) Com infinitivo não flexionado:Começou a maldizê-la.

2.3.5. Colocação dos Pronomes Átonos nas Locuções Verbais1 – De infinitivo e gerúndio:

— sem atração: depois do auxiliar ou depois do principal.Quero ouvir-te. Quero te ouvir.— com atração: antes do auxiliar ou depois do principal.Jamais te quero ouvir.Jamais quero ouvir-te.

2 – De particípio:— sem atração: depois do auxiliar.Haviam-na convidado.

Page 230: Redação e interpretação de texto

253Redação e Interpretação de Texto

— com atração: antes do auxiliar.Não me haviam convidado.

2.4. Questões de Vestibular1 (UF-SC) Analise as expressões destacadas e assinale as frases CORRETAS.

Depois, some os valores correspondentes:01. Amanhã irão fazer vinte anos que me formei.02. Comprariam-se alguns equipamentos necessários a implantação do pro-jeto de informatização daquela indústria.04. Queira ou não o presidente do Congresso, o risco de que se repitam oserros do passado recente são reais.08. O ex-comandante do exército não perdoa ao ministro, a quem acusou dediscriminar militares ainda na ativa.16. Há palavras que se falam à toa e vazias de sentido.

Soma

2 (UF-RO) Selecione a alternativa que completa corretamente as lacunas dafrase apresentada:“Os acidentados foram encaminhados a diferentes clínicas ______”.a) médicas-cirúrgicas d) médico-cirúrgicasb) médica-cirúrgicas e) médica-cirúrgicosc) médicos-cirúrgicos

3 (UF-PB) Quanto à concordância nominal, as lacunas das frases:“Era talvez meio-dia e __________ quando fora preso”.“Decepção é _________ para fortalecer o sentimento patriótico”.“Apesar da superpopulação do alojamento, havia acomodações _________para os homens”.“Os documentos dos candidatos seguiram _________ às listas de inscrição”.“As fisionomias dos homens eram as mais desoladas ___________ naquelecortejo”.são preenchidas, respectivamente, por:a) meia – bom – bastantes – anexos – possíveisb) meio – bom – bastantes – anexo – possíveis

Page 231: Redação e interpretação de texto

254 Redação e Interpretação de Texto

c) meia – boa – bastante – anexo – possíveld) meio – boa – bastante – anexos – possívele) meia – bom – bastantes – anexo – possível

4 (UF-PB) A colocação do pronome átono está INCORRETA apenas em:a) “... não poderia consultá-lo à fraca luz da masmorra...”.b) “Nunca mais vê-los-ia, nunca!”.c) “Quaresma, porém, enganava-se em parte”.d) “Mas, ‘seu’ tenente, deixe-me escrever à minha mãe...”.e) “O que o fazia sofrer era aquela semivida de moça, mergulhada na loucura

e na moléstia”.

5 (UF-PB) Em relação à concordância, as lacunas das frases:“À noitinha, _______ o bando à porta da casa grande”.“Apenas Quincas e Quitéria não __________”.“Bem sei o desassossego, a noite mal passada, o terror da opinião, tudo__________ com esse riso inoportuno”.“__________ assim essas desgraças”.são preenchidas, respectivamente, com os verbos:a) chegavam – comia – contrastam – evitava-seb) chegava – comia – contrastam – evitavam-sec) chegava – comiam – contrasta – evitavam-sed) chegavam – comia – contrasta – evitavam-see) chegava – comiam – contrasta – evitava-se

(UF-SE) Nas questões 6 e 7, assinale as alternativas que preenchem corre-tamente as lacunas.

6 “Depois de deixar ___________ alguns pontos, a exposição das teorias___________”.a) evidente – tornaram-se satisfatóriab) evidente – tornaram-se satisfatóriasc) evidentes – tornou-se satisfatóriasd) evidente – tornou-se satisfatóriae) evidentes – tornou-se satisfatória

Page 232: Redação e interpretação de texto

255Redação e Interpretação de Texto

7 “Ainda não _________ soado as oito horas da noite, quando _________ àporta: _________ três viajantes em busca de abrigo”.a) havia – bateu – erab) havia – bateram – erac) havia – bateu – eramd) haviam – bateram – erame) haviam – bateu – eram

(UF-PI) Nas questões 8 e 9, assinale as alternativas corretas quanto à regên-cia verbal.

8 a) Informei-o que a temperatura aumentaria durante o dia.b) Não me simpatizo com pessoas desonestas.c) Alguns, insistentemente, desobedecem as leis do trânsito.d) Prefiro isto àquilo.e) Meus filhos, quero-os muito bem.

9 a) Procederemos o debate a qualquer momento.b) Não me culpe: avise-lhe do perigo.c) A vítima perdoou ao criminoso.d) Nos dias de hoje, viajar implica em novas despesas.e) Lembro-me que naquela ocasião esqueci do seu nome.

(UF-PI) Nas questões 10 e 11, assinale as alternativas corretas quanto àconcordância:

10 a) Tinha soado seis horas e não havia viv’alma na rua.b) Talvez possam haver soluções adequadas para o problema.c) Os Estados Unidos venceu o Iraque no último confronto.d) Iremos de carro eu, tu e tua família.e) Não provém daí os males sofridos.

11 a) Com total prazer, estudaria a literatura francesa e inglesa.b) Todas as recomendações seguem anexo à carta.

Page 233: Redação e interpretação de texto

256 Redação e Interpretação de Texto

c) Comprou arreio e sela novas para o cavalo.d) É necessário cautela para não feri-los.e) Aquele velho tinha o cabelo e a barba escuras.

12 (UF-AC) Observando a concordância nominal nas frases abaixo:I. É necessário compreensão.II. A compreensão é necessária.III. Compreensão é necessário.IV. Para quem a compreensão é necessário?Verificamos que:a) apenas a I e a IV estão erradas.b) apenas a II e a III estão erradas.c) apenas a IV está errada.d) apenas a II está certa.e) todas estão certas.

13 (UF-CE) Substitua os termos grifados por um pronome oblíquo enclítico.Nunca mais há de ver as terras.Deixaram o homem sonhar com suas estrelas.Acompanhamos sua agonia até o fim.Há muito aspirava o ar da montanha.A seqüência correta de substituição, de cima para baixo, é:a) vê-las, deixaram-no, acompanhamo-la, aspirava-ob) vê-las, deixaram-lhe, acompanhamos-lhes, aspirava-oc) ver-lhes, deixaram-no, acompanhamos-la, aspirava-lhed) vê-lhes, deixaram-lhe, acompanhamos-lhe, aspirava a ele

14 (UF-CE) Assinale as opções gramaticalmente corretas quanto à colocaçãopronominal. Faça, depois, a soma do que é certo.01. Sobre aquela ocorrência, os alunos tinham prevenido-o há alguns dias.02. Nesta circunstância, amparemo-los com todo o carinho.04. Quanto ao emprego, não aceitando-o, oferecê-lo-ei a outro amigo.08. Não sei se me não deves agradecer.

Soma

Page 234: Redação e interpretação de texto

257Redação e Interpretação de Texto

15 (F.C.Chagas-PR) “Se ninguém _________ a verdade, e se precisei lutar para_________ nada _________ a respeito”.a) disse-me – a encontrar – se faloub) disse-me – encontrá-la – se falouc) me disse – a encontrar – falou-sed) disse-me – encontrá-la – falou-see) me disse – encontrá-la – se falou

16 (Santa Casa-SP) Há um erro de colocação pronominal em:a) “Sempre a quis como namorada”.b) “Os soldados não lhe obedeceram às ordens”.c) “Todos me disseram o mesmo”.d) “Recusei a idéia que apresentaram-me”.e) “Quando a cumprimentaram, ela desmaiou”.

17 (Santa Casa-SP) A colocação pronominal nos exemplos a seguir:I. Pareceu-me bom comprá-la agora.II. Em se ausentando, entristeceu-me.III. Hoje pude deitar-me mais cedo.mostra erro:a) apenas no I.b) apenas no II.c) apenas no III.d) em dois deles apenas.e) em nenhum deles.

18 (FEI-SP) Substitua os termos grifados pelos pronomes oblíquos correspon-dentes:a) Encontraram o corpo na estufa.b) Arrancara do peito uma cruz de ametistas.c) A disposição das plantas não permite um esconderijo.

19 (UF-RO) Uma das alternativas abaixo preenche corretamente as lacunas.Assinale-a.

Page 235: Redação e interpretação de texto

258 Redação e Interpretação de Texto

“Como _________ anos que seu marido morrera, não _________ pessoas_________ para cuidar da fazenda”.

a) faziam, havia, suficientesb) fazia, haviam, suficientesc) fazia, havia, suficientesd) fazia, havia, suficientee) faziam, havia, suficiente

20 (UF-MA) Indique a oração correta quanto à colocação pronominal:a) Encontrarei-o amanhã, após o jantar.b) Fui eu que ajudei-te.c) Os operários tinham-se revoltado.d) Onde lê-se isto, leia-se aquilo.e) Tudo fez-se para teu conforto.

21 (PUC-BA) “Carentes _________ amor, recursos e orientação, carentes_________ todos os sentidos, os menores abandonados respondem com vi-olência _________ conjunto da sociedade”.

a) de – em – ao d) em – a – dob) em – de – o e) de – de – oc) de – a – no

22 (UF-CE) O verbo esquecer apresenta regência correta nas opções:a) Esqueci-me dos presentes de Natal.b) Esqueceram-lhe os presentes de Natal.c) Esquecemos os presentes de Natal.d) Esquecestes dos presentes de Natal.

23 (ENEM)O uso do pronome átono no início das frases é destacado por um poeta epor um gramático nos textos abaixo.

PronominaisDê-me um cigarroDiz a gramáticaDo professor e do aluno,

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259Redação e Interpretação de Texto

E do mulato sabidoMas o bom negro e o bom brancoda Nação BrasileiraDizem todos os diasDeixa disso camaradaMe dá um cigarro

(ANDRADE, Oswald de. Seleção de textos. São Paulo, Nova Cultural, 1988.)

“Iniciar a frase com pronome átono só é lícito na conversação familiar, des-preocupada, ou na língua escrita quando se deseja reproduzir a fala dospersonagens (...)”.

(CEGALLA, Domingos Pascoal.Novíssima gramática da língua portuguesa. São Paulo, Nacional, 1980.)

Comparando a explicação dada pelos autores sobre essa regra, pode-seafirmar que ambos:a) condenam essa regra gramatical.b) acreditam que apenas os esclarecidos sabem essa regra.c) criticam a presença de regras na gramática.d) afirmam que não há regras no uso de pronomes.e) relativizam essa regra gramatical.

3. MorfologiaAs palavras pertencem a dez classes gramaticais quando consideradas isola-

damente. A palavra criança, por exemplo, é um substantivo porque dá nome aum ser; arrastar é um verbo porque indica uma ação. No entanto, essas mesmaspalavras podem mudar de classe gramatical, dependendo do contexto em queestão inseridas (é o que se chama de derivação imprópria). Observe como issoacontece:• Uma felicidade criança iluminava-lhe o sorriso.• O arrastar de chinelos da velha o irritava.

Criança, na primeira oração, deixou de ser substantivo para dar qualidade aosubstantivo abstrato felicidade, passou a ser, portanto, um adjetivo e arrastarpassou a ser um substantivo. Você viu então que não basta decorar as listas declasses gramaticais, é preciso estar atento aos significados e funções que aspalavras adquirem no contexto.

Page 237: Redação e interpretação de texto

260 Redação e Interpretação de Texto

As palavras dividem-se em dez classes e podem ser variáveis ou invariáveis.Variáveis são aquelas que admitem qualquer tipo de flexão (gênero, número,grau, tempo e modo) e invariáveis, aquelas que só têm uma forma, não admi-tem nenhuma flexão. No primeiro grupo, estão o substantivo, o adjetivo, o arti-go, o numeral, o verbo, o pronome; no segundo, o advérbio, a conjunção, apreposição e a interjeição.

3.1. Classes de Palavras Variáveis

3.1.1. SubstantivoNomeia seres, coisas, idéias e sentimentos. Uma característica do substanti-

vo é que a ele sempre podem associar-se palavras que o modificam.

O substantivo classifica-se em:a) comum: designa todos os seres de uma mesma espécie:

Ex.: pedra, rio, criançab) próprio: designa um ser em particular:

Ex.: Pedra do Baú, Rio de Janeiro, Pauloc) concreto: designa pessoas, lugares, coisas e entidades:

Ex.: Paula, Piauí, rato, Deusd) abstrato: designa qualidades e defeitos, sentimentos, ações e sensações:

Ex.: honradez, ciúme, compra, morte, sedee) primitivo: dá origem a outras palavras:

Ex.: sapato, ferrof) derivado: formado a partir de outra palavra:

Ex.: sapataria, ferrugemg) simples: constituído de uma só palavra:

Ex.: água, cheiro, pé, moleque

modificadores do substantivo

Estas três crianças belgas foram adotadas.

substantivo

Page 238: Redação e interpretação de texto

261Redação e Interpretação de Texto

h) composto: constituído por mais de uma palavra:Ex.: água-de-cheiro, pé-de-moleque

i) coletivo: designa a reunião de seres de uma mesma espécie:Ex.: cardume, enxame

Como o substantivo é uma classe de palavra variável, flexiona-se em gênero(masculino/gato e feminino/gata), número (singular/rua e plural/ruas) e grau (au-mentativo/narigão e diminutivo/narizinho).

3.1.2. ArtigoÉ a palavra que, anteposta ao substantivo, indica-lhe o gênero e determi-

nando ou indeterminando-o. Podem ser definidos (o/a – os/as) ou indefinidos(um/uma – uns/umas). Observe a diferença entre:

Pegue a bolsa amarela. / Pegue uma bolsa amarela.

A bolsa amarela indica uma bolsa determinada e uma bolsa amarela significaqualquer uma.

3.1.3. AdjetivoÉ a palavra que atribui qualidade, característica ou estado aos seres, objetos

ou coisas:

Tinha um olhar triste.É um sofá confortável.É um homem rico. Participa sempre de reuniões socioculturais.

Às vezes, o adjetivo é formado por uma expressão, aí seu nome será locuçãoadjetiva: luz do sol (solar), sonho de Adão (adâmico).

Como o substantivo, o adjetivo é variável em gênero (masculino/branco efeminino/branca), número (singular/grande e plural/grandes) e grau (comparati-vo/tão quente quanto e superlativo/quentíssimo).

3.1.4. NumeralÉ a palavra que indica quantidade, lugar numa série, múltiplo e fração. Por

isso, classifica-se em cardinal (um, três, mil), ordinal (primeiro, terceiro, milési-mo), multiplicativo (dobro, cêntuplo) e fracionário (metade, dois terços). Algunsnumerais variam em gênero (dois – duas) e número (primeiro – primeiros).

Page 239: Redação e interpretação de texto

262 Redação e Interpretação de Texto

PronomesDemonstrativos

este(s), esta(s), isto

esse(s), essa(s), isso

aquele(s),

aquela(s), aquilo

PronomesPossessivos

meu(s), minha(s)

teu(s), tua(s)

seu(s), sua(s)

nosso(s), nossa(s)

vosso(s), vossa(s)

seu(s), sua(s)

CasoOblíquo

me, mim, comigo

te, ti, contigo

o, a, lhe, se,

si, consigo

nos, conosco

vos, convosco

os, as, lhes, se,

si, consigo

Pronomes Pessoais

CasoReto

Eu

Tu

Ele/Ela

Nós

Vós

Eles/Elas

3.1.5. PronomeÉ a palavra que substitui o substantivo (nesse caso chama-se pronome subs-

tantivo) ou o acompanha (então, chama-se pronome adjetivo).• Comprei o sapato, mas ainda não o usei.

O substitui sapato, por isso é um pronome substantivo.• Este sapato me aperta o pé.

Este acompanha o substantivo sapato, chama-se, então, pronome adjetivo.Os pronomes representam as três pessoas gramaticais e dividem-se em pes-

soais, possessivos, demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos.Observe neste quadro a relação entre os pronomes e as pessoas do discurso:

Além desses pronomes existem os indefinidos: alguém, ninguém, qualquer,todo, nenhum, algum, certos etc. Esses pronomes referem-se de modo vago,impreciso, à terceira pessoa gramatical.

Os pronomes relativos (que, o/a qual, os/as quais, quem, onde, cujo/cuja/cujos/cujas) iniciam as orações subordinadas adjetivas. Dependendo da regên-cia verbal ou nominal, esses pronomes podem vir precedidos de preposição:

Este é um amigo em que confio.

Page 240: Redação e interpretação de texto

263Redação e Interpretação de Texto

Os pronomes interrogativos introduzem perguntas diretas ou indiretas. Sãoeles: que, quem, qual, quais, quanto, como, por que, onde.

3.1.6. VerboÉ a palavra que indica ação, estado ou fenômeno da natureza e situa um fato

no tempo.Viajarei – ação no futuro.Ele está cansado – estado no presente.Choveu – fenômeno da natureza acontecido no passado.

O verbo varia em pessoa (1ª, 2ª, 3ª), em número (singular/plural), em tempo(presente, passado, futuro), em modo (indicativo, imperativo e subjuntivo) e emvoz (ativa, passiva e reflexiva).

Existem três conjugações: a 1ª, que engloba todos os verbos terminados em-AR; a 2ª, que reúne os verbos terminados em -ER e -OR; e a 3ª, que agrupa osverbos terminados em -IR.

Segundo suas variações, os verbos são classificados em:a) regulares: aqueles cujo radical não sofre alteração em nenhum tempo ou modo.

Ex.: amo/amei/amaste/amando/amado.b) irregulares: aqueles cujo radical sofre alterações.

Ex.: digo/disse/dizia/direi.c) anômalos: aqueles que apresentam mais de um radical.

Ex.: sou/era/fui/serei.d) defectivos: aqueles que não possuem todas as formas.

Ex.: demolir –não têm a primeira pessoa do singular do presente do indicati-vo, nem o presente do subjuntivo, nem o imperativo negativo. Do imperativoafirmativo só tem as formas correspondentes ao tu e ao vós.

e) abundantes: aqueles que apresentam mais de um particípio.

Ex.: acender acendido benzer benzidoaceso bento

As vozes verbais indicam se o sujeito recebe ou pratica a ação verbal e podem ser:a) ativa: o sujeito pratica a ação.

Ex.: O carteiro entregou a correspondência.b) passiva: o sujeito é paciente, isto é, recebe a ação verbal.

Ex.: A correspondência foi entregue pelo carteiro.

Page 241: Redação e interpretação de texto

264 Redação e Interpretação de Texto

Existem dois tipos de voz passiva:

• voz passiva analítica: formada por uma locução verbal.Ex.: Os ovos foram vendidos.

• voz passiva sintética: formada com o pronome apassivador SE.Ex.: Venderam-se os ovos.

c) reflexiva: o sujeito pratica e recebe a ação.Ex.: Madalena olhou-se no espelho.

Os tempos verbais são três:

a) presente: indica fatos que acontecem no momento em que se fala.Ex.: Ele come muito.

b) pretérito: os fatos aconteceram no passado. Existem três tipos de pretéritos:• perfeito: indica fatos já terminados.

Ex.: Rasguei o livro.• imperfeito: indica fatos que, no passado, não estavam terminados.

Ex.: Ele assaltava a casa, quando os proprietários chegaram.• mais-que-perfeito: indica fatos passados, anteriores a outros também pas-

sados.Ex.: O ladrão já assaltara a casa, quando os proprietários chegaram.

c) futuro: os fatos ainda vão acontecer. Há dois tipos de futuro:• do presente: indica fatos que acontecerão depois do momento da fala.

Ex.: Ninguém consumirá tais produtos.• o pretérito: é o futuro dentro do passado.

Ex.: Naquela época, ninguém consumiria tais produtos.

Os modos verbais também são três:a) indicativo: expressa atitudes de certeza.

Ex.: Amanhã trarei as encomendas.b) subjuntivo: expressa atitudes de dúvida ou hipótese.

Ex.: Talvez eu traga as encomendas amanhã.c) imperativo: expressa atitudes de ordem, convite, ameaça, solicitação...

Ex.: Traga as encomendas amanhã.Além dos tempos e modos verbais, existem as formas nominais:a) infinitivo: falar, ouvir, querer.b) gerúndio: falando, ouvindo, querendo.c) particípio: falado, ouvido, querido.

Para esclarecer suas dúvidas, utilize sempre um manual de conjugação de verbos.

Page 242: Redação e interpretação de texto

265Redação e Interpretação de Texto

De acordo com a atitude comunicativa de quem produz o texto, a lingüísticamoderna divide esses tempos verbais em tempos do mundo narrado e do mun-do comentado.

• mundo narrado: pretéritos perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito; futuro dopretérito e todas as locuções em que entram esses tempos.O texto narrativo utiliza-se dos tempos do mundo narrado. Nele, quem pro-duz o texto não se compromete com o que diz, simplesmente relata os fatos.

• mundo comentado: presente, futuro do presente e pretérito perfeito com-posto. Os textos argumentativos utilizam os tempos do mundo comentado,indicativos de que o autor compromete-se com aquilo que diz.

Há situações, no entanto, em que, para provocar um determinado efeito desentido, quem poduz o texto usa tempos de um dos mundos no outro.

O ladrão abriu a porta, entrou furtivamente e roubou todas as jóias da família. Nodia seguinte, os jornais noticiaram em letras garrafais o ocorrido. (O texto é narrativo,relata um fato, por isso usou um tempo —pretérito perfeito — do mundo narrado.)

O ladrão abre a porta, entra furtivamente e rouba todas as jóias da família. Nodia seguinte, os jornais anunciam em letras garrafais o ocorrido. (O texto continuasendo narrativo, mas utiliza um tempo do mundo comentado — presente —, oque indica uma atitude de maior engajamento ou comprometimento do autor).

O jornalista Gil Gomes faz amplo uso desse recurso a fim de, ao relatar seuscrimes, aproximar, envolver o ouvinte nos fatos.

3.2. Classes de Palavras Invariáveis

3.2.1. AdvérbioÉ a palavra que modifica o sentido de um verbo, adjetivo ou outro advérbio,

acrescentando-lhes uma circunstância de afirmação, dúvida, intensidade, lugar,modo, negação, tempo etc.

Ex.: Certamente, ele virá hoje.Talvez ele tenha esquecido a data.Gosto muito de você.Aqui todos estão bem.Sentou-se confortavelmente no sofá.

Page 243: Redação e interpretação de texto

266 Redação e Interpretação de Texto

Não tenho tempo.Amanhã fará sol.

Às vezes, o advérbio encontra-se sob a forma de locução adverbial: comcerteza, às vezes, de sede, com respeito etc.

3.2.2. PreposiçãoÉ a palavra que liga duas outras, estabelecendo entre elas determinadas

relações.

Ex.: Viajarei com você. (companhia)Escreveu com caneta. (instrumento)Vou a Maceió. (direção)Morreu de fome. (causa)O casaco de Marcelo está aqui. (posse)

Quando expressa por duas ou mais palavras, a preposição chama-se locu-ção prepositiva.

Ex.: Milhões de brasileiros vivem abaixo da linha da miséria.

3.2.3. ConjunçãoÉ a palavra que une duas orações, explicitando as mais variadas relações

lógicas (adição, tempo, causa, conseqüência, contrário...). Ela pode ser coorde-nativa (liga duas orações independentes) ou subordinativa (liga duas oraçõesdependentes).

Ele vende e compra carros. (conjunção coordenativa)

Espero que tudo corra bem. (conjunção subordinativa)

As conjunções também podem se apresentar sob a forma de locuções con-juntivas: à medida que, mesmo que, visto que etc.

3.2.4. InterjeiçãoÉ a palavra usada para exprimir estados emocionais.

Ex.: Viva, olhe quem chegou!Puxa, não esperava isso de você.

Page 244: Redação e interpretação de texto

267Redação e Interpretação de Texto

Composta de duas ou mais palavras, a interjeição passa a chamar-se locu-ção interjetiva.

Ex.: Muito bem!,Nossa Senhora!,Virgem Maria, mãe de Deus!,Graças a Deus!

3.3. Questões de Vestibular1 (FALM-PR) Identifique o substantivo que só se usa no plural:

a) lápis d) ônibusb) pires e) idosc) tênis

2 (UFJF-MG) Assinale a alternativa onde aparecem substantivos simples, res-pectivamente, concreto e abstrato:a) água, vinho d) Jesus, abaixo-assinadob) Pedro, Jesus e) Nova Iorque, Deusc) Pilatos, verdade

3 (UM-SP) Aponte a alternativa em que haja erro quanto à flexão do nomecomposto:a) vice-presidentes, amores-perfeitos, os bota-forab) tico-ticos, salários-família, obras-primasc) reco-recos, sextas-feiras, sempre-vivasd) pseudo-esferas, chefes-de-seção, pães-de-lóe) pisca-piscas, cartões-postais, mulas-sem-cabeças

4 (UM-SP) Em qual das alternativas colocaríamos o artigo definido femininopara todos os substantivos?a) sósia – doente – lança-perfume d) cal – elipse – dinamiteb) dó – telefonema – diabete e) champanha – criança – estudantec) clã – eclipse – pijama

5 (FMU-SP) Procure e assinale a única alternativa em que há erro no empregodo artigo:a) Nem todas opiniões são valiosas.b) Disse-me que conhece todo o Brasil.

Page 245: Redação e interpretação de texto

268 Redação e Interpretação de Texto

c) Leu todos os dez romances do escritor.d) Andou por todo o Portugal.e) Todas cinco, menos uma, estão corretas.

6 (CFET-PR) Assinale a alternativa que contém o superlativo dos seguintesadjetivos nobre, pobre, doce, amável, sagrado:a) nobérrimo, paupérrimo, docíssimo, amabilíssimo, sagradíssimob) nobilíssimo, paupérrimo, dulcíssimo, amabilíssimo, sacratíssimoc) nobilíssimo, pobréssimo, docíssimo, amavelíssimo, sagradíssimod) nobérrimo, paupérrimo, docérrimo, amabilíssimo, sagradíssimoe) nobilíssimo, pobríssimo, docíssimo, amavelíssimo, sagradíssimo

7 (Unesp) Assinale o caso em que não haja expressão numérica de sentidoindefinido:a) Ele é o duodécimo colocado.b) Quer que veja este filme pela milésima vez?c) “Na guerra os meus dedos disparam mil mortes”.d) “A vida tem uma só entrada; a saída é por cem portas”.e) n.d.a.

8 (UC-MG) Em “Ajeitou-lhe as cobertas”, o pronome lhe exerce a mesma fun-ção que em:a) Cada vez que lhe negavam uma resposta, o bobo crescia.b) Luz sempre lhe afugenta o sono.c) O irmão dizia-lhe para ser coisa séria.d) Olhava para o irmão que lhe estava de costas.e) Vinha-lhe, então, raiva e vontade de sair correndo.

9 (EPM-SP) Escreva nos espaços eu ou mim:“Deram-na para ______ ler, quando entre ______ e ela tudo ia bem”.

10 (Unimep-SP) “Assim eu quereria a minha última crônica: que fosse puracomo este sorriso”.

(Fernando Sabino)

Assinale a série em que estão devidamente classificadas as formas verbaisem destaque:a) futuro do pretérito, presente do subjuntivo

Page 246: Redação e interpretação de texto

269Redação e Interpretação de Texto

b) pretérito mais-que-perfeito, pretérito imperfeito do subjuntivoc) pretérito mais-que-perfeito, presente do subjuntivod) futuro do pretérito, pretérito imperfeito do subjuntivoe) pretérito perfeito, futuro do pretérito

11 (Cesgranrio) Não há devida correlação temporal das formas verbais em:a) Seria conveniente que o leitor ficasse sem saber quem era Miss Dollar.b) É conveniente que o leitor ficaria sem saber quem é Miss Dollar.c) Era conveniente que o leitor ficasse sem saber quem foi Miss Dollar.d) Será conveniente que o leitor fique sem saber quem é Miss Dollar.e) Foi conveniente que o leitor ficasse sem saber quem era Miss Dollar.

12 (FCMPA-MG) Complete as lacunas com os verbos intervir e deter no preté-rito imperfeito do indicativo:“A polícia ________ no assalto e ________ os ladrões”.

13 (Cesesp-PE)Assinale o único item em que o emprego do infinitivo está errado:a) Deixei-os sair, mas procurei orientá-los bem.b) De hoje a três meses podes voltar aqui.c) Disse ser falsas aquelas assinaturas.d) Depois de alguns instantes, eles parecia estarem mais conformados.e) Viam-se brilhar as primeiras estrelas.

14 (UFC-CE) A opção em que há um advérbio exprimindo circunstância detempo é:a) Possivelmente viajarei para São Paulo.b) Maria tinha aproximadamente 15 anos.c) As tarefas foram executadas concomitantemente.d) Os resultados chegaram demasiadamente atrasados.

15 (FESP-PE) Em “tudo o que cheira a comida”, o verbo rege preposição. Emque alternativa não acontece o mesmo?a) Isso me cheira a desonestidade.

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270 Redação e Interpretação de Texto

b) Ele cheira a farsante.c) Cheirou a flor antes de me oferecê-la.d) Os detidos cheiravam a entorpecente.e) O enxofre cheira a mina.

16 (PUC-SP) Sem alterar-lhes a ordem, una as seguintes orações em um sóperíodo com o auxílio de conectivos; faça as modificações necessárias:O trabalhador chegou à fábrica;O apito tinha soado;Ele não ficou preocupado;Ele ainda tinha 10 minutos para se apresentar na seção.

17 (Fuvest-SP) Leia o trecho:“A vida inteira, embora ninguém nada dissesse claramente, estava de olhosabertos assuntando se tais bens entrariam ou não entrariam no inventário.Lugar pequeno, ah, lugar pequeno, em que cada um vive vigiando o outro!Pela segunda vez Vicente Lemes lavrou o seu despacho, exigindo...”.Explique que sentimento ou estado de espírito o termo sublinhado está enfa-tizando na passagem:“Lugar pequeno, ah, lugar pequeno...”.

18 (Mack.ENG.) Classifique a palavra sublinhada: Sei que fazes.a) pronome adjetivo indefinidob) pronome pessoalc) artigod) conjunçãoe) pronome adjetivo demonstrativo

19 (UNB-DF) Assinale a frase em que “meio” funciona como advérbio:a) Só quero meio quilo.b) Achei-o meio triste.c) Descobri o meio de acertar.d) Parou no meio da rua.e) Comprou um metro e meio.

20 (UF-RJ) Numa das frases, está usado indevidamente um pronome de trata-mento. Assinale-a:a) Os Reitores das Universidades recebem o título de Vossa Magnificência.

Page 248: Redação e interpretação de texto

271Redação e Interpretação de Texto

b) Sua Excelência, o Senhor Ministro, não comparecerá à reunião.c) Senhor Deputado, peço a Vossa Excelência que conclua a sua oração.d) Sua Eminência, o Papa Paulo VI, assistiu à solenidade.e) Procurei a chefe da repartição, mas Sua Senhoria se recusou a ouvir as

minhas explicações.

21 (PUC) Na oração “Que bom!”, a palavra “que” é:a) preposiçãob) pronomec) advérbiod) interjeiçãoe) conjunção

22 (Cescea) Na frase “Meu livro e o de João.”, o “o” é:a) artigo definidob) pronome pessoal do caso oblíquoc) pronome demonstrativod) pronome relativoe) pronome possessivo

23 Nas frases abaixo, em que figuram pronomes relativos, há um exemplo emque o pronome está mal empregado. Assinale-o:a) Os moços com quem falamos são estudantes de Direito.b) Eis a terra donde se colhem tão bons frutos.c) São empresas para as quais aparecem muitos candidatos.d) Mostrar-lhe-ei as canetas de que me sirvo.e) Refiro-me a esse aluno, cujo aluno já nos tem causado tantos dissabores.

24 (C.E.E.Tecnologia de S.Paulo) Determine o único emprego errado do pro-nome pessoal:a) Com nós todos já ocorreu isto.b) Sobre eu e ele pesam sérias acusações.c) Ajudemo-la que ela não se sente bem.d) Tu a feres, mas não o fazes impunemente.e) Põe-nos aqui, foi daqui que tiraste os livros.

Page 249: Redação e interpretação de texto

272 Redação e Interpretação de Texto

25 (UN.Uberlândia) Das frases seguintes, uma contém uma locução adjetiva.Marque-a:a) Esta é a torneira de água quente.b) Comprei uma lâmpada vermelha.c) O piano dela é alemão.d) Esta boneca é muito feia.e) Ela é uma mulher corajosa.

26 (Cesgranrio) Nas frases: “faz-lhes mal a escuridão” e “... que mal se adivi-nhará...”, a palavra “mal” é, respectivamente, substantivo e advérbio. Pode elaainda ter outra classificação, como numa das frases seguintes. Assinale-a:a) Que mal há em ser idealista?b) Tudo, tudo vai mal, meu bom amigo.c) A chuva começou a cair, mal saímos.d) Os namorados agora estão de mal.e) Provou os frutos da árvore do mal.

27 (UFR-RJ) Assinale a única alternativa errada:a) Todos os três irmãos foram à festa.b) Todas as seis irmãs estavam na cidade.c) Recebi cinco cartas e respondi a todas as cinco.d) Recebi cinco cartas e respondi a todas cinco.

28 (Mack) Os plurais de vice-rei, porta-estandarte, navio-escola e baixo-relevo são:a) vices-reis, porta-estandartes, navios-escola, baixos-relevob) vice-reis, portas-estandartes, navios-escola, baixos-relevoc) vices-reis, porta-estandartes, navios-escola, baixo-relevosd) vice-reis, porta-estandartes, navio-escolas, baixos-relevose) vice-reis, porta-estandartes, navios-escola, baixos-relevos

29 (PUC) Adjetivo no grau superlativo relativo ocorre em:a) Acrescento que nada mais bonito existe do que um barco a vela.b) E havia também as casas dos pobres do outro lado, construções muito

admiráveis no ar.c) O milagre da pobreza é sempre o mais novo e o mais cálido de todos os

milagres.d) O maior barco a vela seguia o caminho invisível do vento.

Page 250: Redação e interpretação de texto

273Redação e Interpretação de Texto

e) O domingo se aquietara, quando passou zunindo um automóvel ver-melho.

30 (Mack.ENG.) Que alternativa contém as palavras adequadas para o preen-chimento das lacunas?“Ao lugar de onde eles _______ , _______ diversas romarias”.a) provém, afluemb) provém, afluec) provém, afluid) provêem, aflueme) provêm, afluem

31 (Cescem) Se você_____ , e o seu amigo _______, talvez você ________ essesbens.a) requisesse – intervisse – reavesseb) requeresse – intervisse – reavessec) requeresse – interviesse – reouvessed) requeresse – interviesse – reavessee) requisesse – intervisse – reouvesse

32 (FGV) A terceira pessoa do plural do presente do subjuntivo do verbo “avir-se”:a) avenham-seb) avinhem-sec) avenhem-sed) nenhuma das anteriores

33 (ITA) Assinale o caso em que o verbo em destaque esteja correto:a) Eu me precavo deve ser substituído por eu me precavejo.b) Eu me precavenho contra os dias de chuva.c) Eu reavi o que perdera há dois anos.d) Problemas graves me reteram no escritório.e) Nenhuma das frases é correta.

34 (Univ. Fed. Santa Maria-RS) Aponte a frase incorreta:a) No momento necessário, ele interveio na discussão.

Page 251: Redação e interpretação de texto

274 Redação e Interpretação de Texto

b) Se eu previr os gastos, ficarei mais tranqüila.c) Fernando reouve os bens que havia perdido.d) Requeiro minha inscrição no concurso.e) Se eu transpor os termos, deixarei a frase mais elegante.

35 (UNB-DF) Assinale o item que contém as formas verbais corretas:a) reouve – intervib) reouve – intervimc) rehouve – intervimd) reavi – intervie) rehavi – intervim

36 (FAU-Farias Brito-Guarulhos) Há erro quanto ao emprego do imperativo em:a) Faze isto, Manuel.b) Não faz isto, Manuel.c) Sê feliz.d) Direita, volver.

37 (Cesgranrio) Assinale a frase em que há ERRO de conjugação verbal:a) Os esportes entretêm a quem os pratica.b) Ele antevira o desastre.c) Só ficarei tranqüilo, quando vir o resultado.d) Eles se desavinham freqüentemente.e) Ainda hoje requero o atestado de bons antecedentes.

38 (UF-RJ) Das frases que seguem, uma traz errado emprego da forma verbal.Assinale-a:a) Cumpre teus deveres, e terás a consciência tranqüila.b) Suporta-se com paciência a cólica do próximo.c) Nada do que se possui com gosto se perde sem desconsolação.d) Não voltes atrás, pois é fraqueza desistir-se da coisa começada.e) Dizia Rui Barbosa: “Fazei o que vos manda a consciência, e não fazei o

que vos convém aos apetites”.

39 (Esc.Sup.de Agric. Mossoró-RN) O único plural incorreto é:a) cidadões

Page 252: Redação e interpretação de texto

275Redação e Interpretação de Texto

b) açúcares

c) quaisquer

d) artesãos

e) florezinhas

40 (UF-PA) Observe o uso do artigo nas seguintes frases:

I. “... perdia a sua musculatura estudando em Belém.”

II. “... até invejou o fumar do vaqueiro.”

III. “... dela a escola era um lombo de búfalo.”

IV. “De repente foi ouvido que andava pelo Por Enquanto uma pequena...”.

Em quais delas foi usado o recurso da substantivação?

a) em I e II.

b) em I e III.

c) em II e III.

d) em II e IV.

e) em III e IV.

41 (UF-MA) Marque a opção em que o adjetivo está flexionado correta-mente:

a) Aquela planta tem as folhas verde-escura.

b) Aquela planta tem as folhas verdes-escura.

c) Aquela planta tem as folhas verdes-escuras.

d) Aquela planta tem as folhas verde-escuras.

42 (UF-ES) Milhão tem como ordinal correspondente milionésimo. A relaçãoentre cardinais e ordinais se apresenta inadequada na opção:

a) cinqüenta – qüinquagésimonovecentos e um – nongentésimo primeiro

b) setenta – setuagésimoquatrocentos e trinta – quadringentésimo trigésimo

c) oitenta – octingentésimotrezentos e vinte – trecentésimo vigésimo

Page 253: Redação e interpretação de texto

276 Redação e Interpretação de Texto

d) quarenta – quadragésimoduzentos e quatro – ducentésimo quarto

e) noventa – nonagésimoseiscentos e sessenta – sexcentésimo sexagésimo

43 (UF-ES) A opção em que o pronome oblíquo não está empregado de acordocom a norma culta é:a) Entre eu e ela há um bom relacionamento, porque temos um nível mental

idêntico.b) É difícil para mim falar a língua portuguesa.c) Para medir nosso nível mental, eles fizeram uma experiência com nós que

estudávamos psicologia.d) Não queremos conhecer nosso nível mental, portanto não queira fazer

experiências conosco.e) Não te ofendas se te perguntarem sobre o teu nível mental.

44 (UF-MA) Identifique a oração em que a palavra certo é pronome indefinido:a) Certo perdeste o juízo.b) Certo rapaz te procurou.c) Escolheste o rapaz certo.d) Marque o conceito certo.e) Não deixe o certo pelo errado.

45 (UF-MA) O verbo da oração: “Os pesquisadores orientarão os alunos” terá,na voz passiva, a forma:a) haverão de orientar d) terão orientadob) haviam orientado e) serão orientadosc) orientaram-se

46 (UE-BA) Transpondo para a voz passiva a frase: “A professora vinha trazen-do os cadernos”, obtém-se a forma verbal:a) foram trazidosb) eram trazidosc) tinham sido trazidosd) foram sendo trazidose) vinham sendo trazidos

Page 254: Redação e interpretação de texto

277Redação e Interpretação de Texto

47 (UF-PB) Transpostos para a voz passiva, os verbos do texto:“Que miragens vê o iluminado no fundo de sua iluminação? (...) E por quenos seduz a ilha?”

(Carlos Drummond de Andrade)

assumem, respectivamente, as formas:a) eram vistas e somos seduzidos d) são vistas e somos seduzidosb) são vistas e fomos seduzidos e) foram vistas e fomos seduzidosc) foram vistas e somos seduzidos

48 (UF São Carlos-SP) Indique a alternativa que completa corretamente aslacunas das frases:I. Se nos _______ a fazer um esforço conjunto, teremos um país sério.II. _______ o televisor ligado, para te informares dos últimos acontecimentos.III. Não havia programa que _______ o povo, após o último noticiário.a) propormos – Mantenha – entretesseb) propusermos – Mantém – entretessec) propormos – Mantém – entretivessed) propormos – Mantém – entretessee) propusermos – Mantém – entretivesse

49 (Fuvest-SP) Reescreva a passagem: “Humildemente pensando na vida enas mulheres que amei...”, substituindo o advérbio por uma locução adver-bial correspondente.

50 (Unifor-CE)Na frase: “Passaram dois homens a discutir, um a gesticular e o outro com acara vermelha”, o termo a está empregado, sucessivamente, como:a) artigo, preposição, preposiçãob) pronome, preposição, artigoc) preposição, preposição, artigod) preposição, pronome, preposiçãoe) preposição, artigo, preposição

51 (ITA-SP) Nos trechos:“A menina conduz-me diante do leão...”“... sobre o focinho contei nove ou dez moscas...”“... a juba emaranhada e sem brilho.”

Page 255: Redação e interpretação de texto

278 Redação e Interpretação de Texto

Sob o ponto de vista gramatical, os termos destacados são, respectivamente:a) locução adverbial, locução adverbial, locução adverbialb) locução conjuntiva, locução adjetiva, locução adverbialc) locução adjetiva, locução adverbial, locução verbald) locução prepositiva, locução adverbial, locução adjetivae) locução adverbial, locução prepositiva, locução adjetiva

52 (UE Ponta Grossa-PR) As formas que traduzem vivamente os sentimentossúbitos, espontâneos e instintivos dos falantes são denominadas:a) conjunções d) locuçõesb) interjeições e) coordenaçõesc) preposições

53 (ENEM)

Soneto de fidelidade

De tudo ao meu amor serei atentoAntes e com tal zelo, e sempre, e tantoQue mesmo em face do maior encantoDele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momentoEm seu louvor hei de espalhar meu cantoE rir meu riso e derramar meu prantoAo seu pesar ou ao seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procureQuem sabe a morte, angústia de quem viveQuem sabe a solidão, fim de quem ama.

Eu possa me dizer do amor (que tive):Que não seja imortal, posto que é chamaMas que seja infinito enquanto dure.

(MORAES, Vinicius de. Antologia poética. São Paulo: Cia. das Letras, 1992.)

A palavra mesmo pode assumir diferentes significados, de acordo com asua função na frase. Assinale a alternativa em que o sentido de mesmo equi-vale ao que se verifica no 3o verso da 1a estrofe do poema de Vinicius deMoraes.

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279Redação e Interpretação de Texto

a) “ Pai, para onde fores, / irei também trilhando as mesmas ruas...”.(Augustro dos Anjos)

b) “Agora, como outrora, há aqui o mesmo contraste da vida interior, que émodesta, com a exterior, que é ruidosa” .

(Machado de Assis)

c) “Havia o mal, profundo e persistente, para o qual o remédio não surtiuefeito, mesmo em doses variáveis”.

(Raimundo Faoro)

d) “Mas, olhe cá, Mana Glória, há mesmo necessidade de fazê-lo padre?” .(Machado de Assis)

e) “Vamos de qualquer maneira, mas vamos mesmo”.(Dicionário Aurélio)

54 (ENEM)

(Quino, Mafalda inédita. São Paulo: Martins Fontes, 1993.)

Observando as falas das personagens, analise o emprego do pronome se eo sentido que adquire no contexto. No contexto da narrativa, é correto afir-mar que o pronome se:

a) em I, indica reflexividade e equivale a “a si mesmas.”b) em II, indica reciprocidade e equivale a “a si mesma.”c) em III, indica reciprocidade e equivale a “umas às outras.”d) em I e III, indica reciprocidade e equivale a “umas às outras.”e) em II e III, indica reflexividade e equivale a “a si mesmas” e “a si mesmas”,

respectivamente.

Page 257: Redação e interpretação de texto

280 Redação e Interpretação de Texto

4. ApêndiceAqui você encontrará, relacionados em ordem alfabética, esclarecimentos para

suas dúvidas mais comuns.

1 – Abaixo, a baixo• abaixo: em lugar menos elevado.

As árvores mais abaixo estão secas.Na firma, Paulo está abaixo de Pedro.

• a baixo: para baixo.Olhou-o de cima a baixo.

2 – Acaso, caso• acaso: destino, fado; casualmente, acidentalmente, por acaso.

Ganhar tanto dinheiro foi um feliz acaso.Acaso você pode justificar suas atitudes?

• caso: acontecimento, fato; se.Ninguém mais falou no caso.Caso você possa, visite-me. (Caso rejeita o se: não se pode dizerSe caso você possa...)

3 – Acético, ascético, asséptico• facético: azedo.

O vinagre é o ácido acético.• ascético: místico.

Sua vida resumia-se a uma contemplação ascética.• asséptico: isento de germes.

Usei um líquido asséptico.

4 – Acidente, incidente• acidente: acontecimento infeliz ou imprevisto, desastre.

No acidente entre dois trens, morreram 30 pessoas.Vários operários foram afastados devido a acidentes de trabalho.

• incidente: episódio, peripécia, atrito.Um incidente mudou seu destino.

5 – Acima, a cima• acima: em lugar mais alto.

Papéis planavam acima de nossas cabeças.• a cima: para cima.

Olhou-o de baixo a cima.

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281Redação e Interpretação de Texto

6 – Afim, a fim de, a fim de• afim: semelhante.

Temos idéias afins.• a fim de: estar com vontade de (só se deve usar coloquialmente).

Estou a fim de dançar.• a fim de: para.

Gritou a fim de que a ouvissem.

7 – Afora, a fora• afora: à exceção de, além de, para o lado de fora, ao longo.

Afora eu, todos são europeus.Tem conta em sete bancos, afora os dólares que guarda em casa.Saiu pela porta afora.Viajou pelo litoral do Brasil afora.

• a fora: opõe-se a dentro.De dentro a fora da casa havia agitação.

8 – Ao invés de, em vez de• ao invés de: oposição, situação contrária.

Ao invés de facilitar-lhe a vida, despediu-o.Ao invés de chorar, pôs-se a rir.

• em vez de: substituição, em lugar de (mas também pode ser usado coma significação de ao invés de).Comprei uma bicicleta em vez de um carro.

9 – Aonde, onde• aonde: usa-se com verbos de movimento.

Aonde você quer chegar com esse raciocínio?Aonde nos conduzirão essas medidas?Aonde você vai?

• onde: indica estaticidade, permanência.Onde estão as fotos?

10 – A par de, ao par• a par de: ciente de.

O delegado estava a par da situação.• ao par: título ou moeda de valor idêntico.

A criação do novo partido elevou o papel-moeda, deixando o câmbioquase ao par.

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282 Redação e Interpretação de Texto

11 – A ponto de• não diga nem escreva ao ponto de.

Ficou triste a ponto de perder 10 quilos.

12 – A posteriori, a priori• a posteriori: depois da experiência, com apoio nos fatos (não é sinônimo

de depois, posteriormente).Sua tese foi comprovada a posteriori. (Depois da experiência.)Tomou a decisão a posteriori. (Com apoio nos fatos.)

• a priori: antes da experiência (não é sinônimo de antes, anteriormente).A teoria foi elaborada a priori. (Antes da experiência.)

13 – Ar condicionado, ar-condicionado / ar refrigerado, ar-refrigerado• ar condicionado: o ar, ar refrigerado.

Ar condicionado me faz mal.• ar-condicionado: o aparelho, ar-refrigerado.Comprei um ar-condicionado para minha sala.

14 – À-toa, à toa• à-toa: irrefletido, fácil, desprezível.

Era um probleminha à-toa.Ele só conhece mulheres à-toa.

• à toa: sem destino, ao acaso, irrefletidamente.Estava à toa na vida...Brigou com o marido à toa.

15 – Avaro• sovina, pão-duro (pronuncia-se aváro).

16 – Batavo• holandês (pronuncia-se batávo).

17 – Bávaro• natural da Baviera.

18 – Baviera• região sul da Alemanha (não se deve dizer Bavária, como certa marca de

cerveja...).

19 – Bem-vindo, benvindo• bem-vindo: que recebe as boas-vindas, que é bem acolhido.

Bem-vindo a São Paulo.

Page 260: Redação e interpretação de texto

283Redação e Interpretação de Texto

• Benvindo: nome de homem.Benvindo sempre foi corajoso.

20 – Beneficente, beneficência• são as formas corretas. Nunca diga beneficiente nem beneficiência.

21 – Berbere• muçulmano da África Setentrional (pronuncia-se berbére).

22 – Bochincho• confusão. Não diga nem escreva bochicho ou buxixo.

23 – Bossa nova, bossa-nova• bossa nova: maneira recente de fazer algo

A bossa nova é cantar desafinado.João Gilberto é o cantor mais conhecido da Bossa Nova.

• bossa-nova: adjetivo invariável correspondente a bossa novaEle só canta músicas bossa-nova.

24 – Cabeleireiro• é a forma correta. Atenção para o i, pois a palavra é derivada de cabeleira.

25 – Carioca, fluminense• carioca: da cidade do Rio de Janeiro

As praias cariocas estão poluídas.• fluminense: do Estado do Rio de Janeiro

A serra fluminense é uma boa opção para suas férias.

26 – Cãs• cabelos brancos. Feminino, sempre plural.

27 – Cateter• sonda (pronuncia-se catetér)

28 – Caudal• torrente impestuosa. É substantivo masculino: o caudal, um caudal.

29 – Champanha ou champanhe:• palavra masculina: o champanha / o champanhe

30 – Chassi no singular e chassis no plural.

31 – Chope• é a forma aportuguesada de chopp.

Um chope, dois chopes.

Page 261: Redação e interpretação de texto

284 Redação e Interpretação de Texto

32 – Clã• tribo constituída por pessoas de descendência comum. É sempre mascu-

lino: o clã, os clãs.

33 – Clipe no singular e clipes no plural.

34 – Cólera• palavra feminina, tanto para designar fúria, raiva quanto para designar a

doença.

35 – Colméia• a forma erudita é colmeia (com ê, fechado), no Brasil, no entanto, prefere-

se a pronúncia aberta: colméia.

36 – Coma• para definir o estado de saúde, é preferível usá-la no masculino, embora

seja um substantivo masculino e feminino.O jovem não despertava do coma alcoólico.

37 – Condor• ave dos Andes de porte avantajado (pronuncia-se condôr).

38 – Consigo• pronome pessoal que só pode ser usado em sentido reflexivo.

Os retirantes levam consigo seus trecos.• Não utilize consigo como equivalente de com você, com o senhor.

Não diga nem escreva: Quero falar consigo.Diga: Quero falar com você.

39 – Convalescença• período, após uma doença, de restabelecimento da saúde. Não diga nem

escreva convalescência.

40 – Cor-de-abóbora, cor-de-carne, cor-de-rosa• são invariáveis no plural: sapatos cor-de-abóbora, blusas cor-de-carne,

saias cor-de-rosa.

41 – Corpo a corpo, corpo-a-corpo• corpo a corpo: forma de luta

Lutaram corpo a corpo.• corpo-a-corpo: substantivo invariável que indica a luta de corpo a corpo

O corpo-a-corpo demorou 15 minutos.

Page 262: Redação e interpretação de texto

285Redação e Interpretação de Texto

42 – Costa, costas• costa: litoral

Percorreu toda a costa italiana.• costas: parte do corpo

Machucou as costas.

43 – Coxão• (mole ou duro) carne da coxa do boi.

Não diga para essa significação colchão.

44 – Crisântemo• espécie de flor (não pronuncie crisantêmo)

45 – Croqui no singular e croquis no plural.

46 – Dali a, daqui a• indicam tempo ou medida: dali a usa-se para o passado; daqui a, para o

futuro.Dali a dois dias apareceu na fazenda.Dali a dez quilômetros o carro parou.Daqui a pouco saberemos o resultado.

47 – Dar à luz• e não dar a luz a.

A mulher deu à luz dois meninos.

48 – De baixo, debaixo• de baixo: desde a parte de baixo.

Olhou-o de baixo a cima.Não tinha roupas de baixo.

• debaixo: em posição inferior.Ele está debaixo do carro.Vive atormentado debaixo das dívidas que contraiu.

49 – Decerto• com certeza. Uma palavra só.

50 – Déficit• o que falta para uma conta, um orçamento etc.

Plural: déficits.

Page 263: Redação e interpretação de texto

286 Redação e Interpretação de Texto

51 – Defronte de• Em frente de.

Defronte da casa, havia uma mangueira.Você defronte de Carlos é um pobretão.Não diga nem escreva defronte a.

52 – Demais, de mais• demais: em excesso, demasiadamente; além disso; os restantes.

Ele fala demais.Havia gente demais naquele salão.Chegou cansado; demais, estava doente.

• de mais: a mais (opõe-se a de menos).Recebeu dinheiro de mais.Carinho nunca é de mais.

53 – Descarrilar, descarrilamento• fazer sair ou desviar dos trilhos. Não diga nem escreva descarrilhar nem

descarrilhamento.A árvore caída fez o trem descarrilar.O descarrilamento foi inevitável.

54 – Despercebido, desapercebido• despercebido: que não foi notado.

Passou-me despercebido aquele fato.• desapercebido: desprevenido, desprovido.

Desapercebido de dinheiro, pedia aos amigos.

55 – Dia a dia, dia-a-dia• dia a dia: diariamente, com o correr dos dias.

Sua angústia aumentava dia a dia.• dia-a-dia: rotina, trabalho diário.

Seu dia-a-dia é cansativo.

56 – Digladiar (com i)• combater com a espada, corpo a corpo; discutir com calor, não diga nem

escreva degladiar.Os herdeiros digladiavam-se pelos bens.

57 – Dignitário• aquele que exerce cargo elevado.

Não diga nem escreva dignatário.

Page 264: Redação e interpretação de texto

287Redação e Interpretação de Texto

58 – Disenteria• é a forma correta. Não diga nem escreva desinteria.

59 – Distratar, destratar• destratar: maltratar com palavras.

O patrão destratou o funcionário.• distratar: rescindir um pacto ou contrato.

Efetuaram o distrato ali mesmo.

60 – Embaixadora, embaixatriz• embaixadora: mulher que exerce as funções de embaixador.• embaixatriz: esposa do embaixador.

61 – Embaixo• escreve-se sempre numa palavra só.

62 – Em cima• escreve-se sempre separado.

63 – Em cores• (e não a cores): colorido.

Televisão em cores.Desenho em cores.

64 – Em palácio• expressão correta para indicar que alguém teve uma audiência no palácio e

não somente o visitou. Diz-se também, com a mesma significação, ir a palácio.

65 – Empecilho• (do verbo empecer): impedimento, estorvo. Não escreva impecílio nem

impecilho.

66 – Em preto-e-brancoRetrato em preto-e-branco.Televisão em preto-e-branco.

67 – Entre mim e ti• após preposição devem ser usados os pronomes do caso oblíquo (mim e ti).

Entre mim e ti não deve haver ressentimentos.Entre eles e mim não há mais acordo.

68 – Entre si, entre eles• entre si: o sujeito pratica e recebe a ação.

Dividiram entre si as sobras da campanha.

Page 265: Redação e interpretação de texto

288 Redação e Interpretação de Texto

• fluído: particípio do verbo fluir.As águas haviam fluído rapidamente.

• entre eles:• o sujeito e o complemento são diferentes.

O acordo entre eles é iminente.

69 – Éramos seis• não se usa a preposição em.

Éramos 11 no avião.Estávamos quatro no restaurante.Ficamos quatro na sala.

70 – Escutar, ouvir• escutar: prestar atenção para ouvir.

Ficou escutando atrás da porta.• ouvir: perceber pela audição.

Não ouvi a porta abrir-se.

71 – Extra• tem plural quando representar a forma reduzida de extraordinário:

horas extras, serviços extras, edições extras.

72 – Extrema-direita, extrema direita / extrema-esquerda, extrema esquerda• extrema-esquerda / extrema-direita: jogador ou a posição do futebol (o

mesmo que ponta).O extrema-direita do São Paulo contundiu-se.

• extrema esquerda / extrema direita: tendência política.São políticos de extrema esquerda.

73 – Féretro• caixão, esquife, ataúde

É comum confundir-se féretro com funeral e dizer-se erradamente queA multidão esteve presente ao féretro.O féretro só pode ser acompanhado, ou sair de algum lugar, ou chegar aocemitério.

74 – Filantropo• humanitário (pronuncia-se filantrôpo).

75 – Fluido, fluído• fluido: é substantivo ou adjetivo

O fluido do isqueiro acabou.O ar e a água são fluidos.Seu estilo é fluido. (Corrente.)

Page 266: Redação e interpretação de texto

289Redação e Interpretação de Texto

76 – Frustrar, frustração• sempre se escrevem com tr.

77 – Furtar, roubar• furtar: apoderar-se de algo alheio às escondidas.

Vários livros foram furtados da biblioteca.• roubar: apoderar-se de algo alheio por meio de violência ou ameaça.

Roubaram vários livros e agrediram a bibliotecária.78 – Garçom

• com m, o feminino é garçonete.79 – Geminadas, germinadas

• geminadas: que nasce ou se insere aos pares, casas construídas comparedes comuns às duas.Era uma vila de casas geminadas.

• germinadas: particípio de germinar.As sementes estavam todas germinadas.

80 – O grama, a grama• o grama: unidade de peso.

Comprou duzentos gramas de presunto.• a grama: capim, relva.

A grama estava verde.81 – Grosso modo (expressão latina, por isso é sempre escrita em itálico)

• de modo grosseiro, impreciso. Não se deve dizer a grosso modo.Estas são, grosso modo, suas atribuições.

82 – Guaraná• é masculino.

Bebeu dois guaranás.83 – Guarda-costas

• substantivo masculino com a mesma forma para singular e plural.

84 – Guarda-livros, guarda-móveis, guarda-vestidos• uma só forma no singular e no plural.

85 – Há, a• há: marca tempo passado (sinônimo de fazer).

Não o vejo há dois meses.(Na correlação verbal, quando o verbo que acompanha o HAVER estiverno pretérito mais-que-perfeito ou no pretérito imperfeito, a forma corretaé HAVIA (fazia) e não HÁ. Ex.: Ela o comprara havia três meses.)

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290 Redação e Interpretação de Texto

• a: marca tempo futuro ou distância.Chegarei daqui a dois dias.Estamos a dez quilômetros de Salvador.

86 – Haja vista• locução invariável.

Haja vista o decreto do Presidente.Haja vista os problemas...

87 – Haltere no singular e halteres no plural.

88 – Hambúrguer no singular e hambúrgueres no plural.

89 – Heureca• interjeição: achei! encontrei!

Não se deve escrever eureca ou eureka.

90 – Ibero• bérico (pronuncia-se ibéro).

91 – Ínterim• estado provisório (pronuncia-se ínterim).

Nesse ínterim aconteceu a revolta.

92 – Interveio• pretérito perfeito do verbo intervir.

Não diga nunca interviu.

93 – Invólucro• envoltório. Não diga nem escreva envólucro.

94 – Irrequieto• (com e) turbulento. Não diga nem escreva irriquieto.

95 – Jabuti, jabuticaba, jabuticabal com u

96 – Lança-perfume• substantivo masculino.

Compramos vários lança-perfumes.

97 – Lêvedo• levedura (pronuncia-se lêvedo).

98 – Lixo• tudo o que não presta e se joga fora. Não tem plural: lixos não existe.

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291Redação e Interpretação de Texto

99 – Lotação• substantivo masculino significando veículo.

Desceu do lotação.

100 – Magérrimo• é forma incorreta. Diga e escreva macérrimo.

101 – Mais bem• Correto antes de particípio

Essas profissões são as mais bem pagas do mercado.

102 – Mal, mau• mal ˙ bem

Estava muito mal-humorado.Que serviço malfeito.

• mau ˙ bom — má ˙ boaO mau funcionamento do motor se deve à má qualidade do combustível.

103 – Malgrado, mau grado• malgrado: apesar de.

Malgrado nossa dedicação, os filhotes morreram.• mau grado (ou de mau grado): contra a vontade.

Saímos de mau grado.

104 – Mapa-múndi• com hífen e acento no u.

105 – Marcha à ré• com crase.

106 – Material• conjunto de componentes. Nesse sentido, não tem plural.

O governo federal enviou aos Estados material hospitalar e material bélico.

107 – Meio-dia, meia-noite• sempre com hífen, exigem artigo.

A partir da meia-noite, haverá queima de fogos.Ficaremos aqui até o meio-dia.

108 – Meio-dia e meia (hora)• é a forma correta.

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292 Redação e Interpretação de Texto

109 – Menos• é palavra invariável. Não existe menas.

Mais amor e menos confiança.

110 – Meritíssimo• muto digno, de grande mérito (tratamento dado aos juízes de direito)

Não diga nem escreva meretíssimo.

111 – Mister• mister: em inglês, significa senhor.

Falou com Mister (Mr.) Smith.• mister (pronuncia-se mistér): em português, significa ocupação, finalida-

de, necessidade.Mister de advogado.Seu mister é vencer o inimigo.Foi mister agir daquele modo.

112 – Modelo• substantivo comum-de-dois: o modelo/a modelo.

As modelos desfilaram os vestidos de Clodovil.Preciso de um modelo musculoso.

113 – Muito obrigado, muito obrigada• existe a flexão em gênero e número.

114 – Nenhum, nem um• nenhum: antônimo de algum, normalmente precede um substantivo.

Nenhum jogador conseguiu fazer três mil pontos.Ele não tem nenhum direito a reclamar.

• nem um: nem um único, nem um sequer.Foi tão violento em seu discurso que nem um aluno protestou.

115 – Ó, oh!• ó: forma do vocativo, precede um substantivo.

Ó, Carolina querida, escute-me.• oh!: interjeição de espanto ou admiração, aparece sempre sozinha.

Oh! Não procures mais a felicidade.

116 – Óculos• a palavra deve ser usada sempre no plural.

Meus óculos são escuros.Trocou seus óculos velhos.

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293Redação e Interpretação de Texto

117 – Olhar, ver• olhar: dirigir a vista para, dar atenção. • ver: ter a percepção de.

Olhou atentamente o animal. Viu o animal aproximar-se.Ninguém olha pelos idosos no Brasil.

118 – Omoplata• substantivo feminino: a omoplata.

119 – Para, pára• para: prefixo que indica semelhança, proximidade, elemento acessório

(liga-se sem hífen ao elemento seguinte).Forças paramilitares, livros paradidáticos.

• para: preposição.Viajou para a Itália.

• pára: prefixo com sentido de que protege contra, que apara.Troquei o pára-lama do carro.Faço um curso de pára-quedismo.

• pára: verbo parar.O ônibus pára neste ponto.

120 – Para mim, para eu• para mim: mim é objeto indireto. • para eu: eu é sujeito do infinitivo.

Deu os livros para mim. Deu os livros para eu ler.

121 – Pé• são corretas ambas as expressões em pé e de pé.

122 – Pichação, pichador, pichar, piche• todos com ch.

123 – Por isso• locução conjuntiva. Não existe a palavra porisso.

Ele é relapso, por isso foi despedido.

124 – Por que, por quê, porque, porquê por quea) preposição / pronome interrogativo. Usa-se nas interrogações diretas e

indiretas. Equivale a por que motivo.Por que ainda não chegaram? (Por que motivo.)Diga-me por que isso o perturba tanto. (Por que motivo.)

b) preposição / pronome relativo. Equivale a pelo/pela qual, pelos/pelas quaisEsta é a razão por que não lhe mostrei as fotos. (Pela qual.)

c) locução conjuntiva indicando finalidade. Equivale a para que, a fim de que

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294 Redação e Interpretação de Texto

Todos lutam por que haja justiça social. (Para que, a fim de que.)• por quê: usa-se ao final das interrogativas (diretas ou indiretas) e antes

de pausa forte. Equivale a por que motivo.Você não veio por quê?Ele nos advertiu e perguntamos por quê.Por quê, meus senhores?

• porque: conjunção. Equivale a poisSaiu porque não estava bem. (Pois.)Chegou atrasado porque o ônibus quebrou? (Pois.)

• o porquê: substantivo. Equivale a motivo, causa, razão.O sociólogo explicou o porquê da violência. (O motivo/a causa.)

125 – Porventura• advérbio que equivale a acaso.

Se porventura ele vier, avise-me.126 – Posar, pousar

• posar: servir de modelo, fazer pose.Ela posou para a revista.

• pousar: descansar, colocar em, passar a noite, descer.Andaram três dias sem pousar.Ela pousou as mãos sobre a mesa.Eulália pousou na casa do tio.A borboleta pousou no parapeito da janela.

127 – Possível• artigo no singular: possível no singular.

A revista atinge o maior número de leitores possível.• artigo no plural: possível no plural.

Os resultados são os melhores possíveis.128 – Prazeroso

• deriva de prazer + sufixo osoNão tem, portanto, i. Prazeiroso é forma incorreta.

129 – Privilégio• permissão especial, prerrogativa. Não diga nem escreva previlégio.

130 – Pudico• recatado (pronuncia-se pudíco)

131 – Qüiproquó• confusão de uma coisa por outra. Pronuncia-se o u do qui.

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295Redação e Interpretação de Texto

132 – Quis, quiseram, quisesse• o som de [z] do verbo querer é sempre grafado com s.

133 – Quite• no singular e quites no plural.

Eu estou quite contigo.Eles estão quites com o serviço militar.

134 – Recorde• invariável como adjetivo.

Uma marca recorde/prêmios recorde.(Pronuncia-se recórde, no entanto é comum ouvir-se récordes.)

135 – Ringue, rinque• ringue: tablado onde os pugilistas lutam.

Os boxeadores deixaram o ringue carregados.• rinque: pista de patinação.

Os patinadores apresentaram-se no rinque.

136 – Rubrica• assinatura abreviada (pronuncia-se rubríca).

137 – Rush• trânsito intenso. Plural: rushes.

138 – Santo, são• Santo: usa-se quando o nome começa com vogal ou h.

Santo Eduardo / Santo Hilário.• São: usa-se com nomes começados por consoante.

São José, São Tiago, São Marcos.Exceções: Santo Tirso e Santo Tomás de Aquino.

139 – Séculos• de 1 a 10 lêem-se em ordinais, de 11 em diante lêem-se em cardinais.

Século II (segundo)Século XVIII (dezoito)

• ocorre o mesmo com a designação de reis, papas, capítulos e cantos(nas epopéias).Luís IX (nono) – Papa João XXIII (vinte e três)Capítulo X (décimo) – Canto VIII (oitavo)

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296 Redação e Interpretação de Texto

140 – Sem-número, sem número• sem-número: substantivo. Equivale a número indeterminado.

Havia ali um sem-número de fiéis.• sem número: a preposição sem indica falta, ausência.

Morava numa casa sem número.• sem número: locução adjetiva. Equivale a inumeráveis.

Resolveu problemas sem número.141 – Se não, senão

• se não: equivale a caso não.Se não voltarem ao trabalho, haverá demissões.

• senão: equivale a do contrário, mas sim, a não ser, apenas.Corra, senão perderá o trem.Não faz outra coisa senão comer.Não queria prejudicá-la, senão adverti-la do perigo por que passava.

142 – Si• só pode ser usado com sentido reflexivo.

Caiu em si.Pensou em si mesmo.Discutiram o problema entre si.

143 – Sic• palavra latina: assim mesmo, textualmente. Aparece entre parênteses para

indicar que a expressão ou palavra foi traduzida fielmente, por mais es-tranho ou errado que pareça.A professora declarou que todos pareciam mendingos (sic).

144 – Sine die• locução latina que significa sem dia determinado, por tempo indeterminado.

Os resultados foram adiados sine die.145 – Sine qua non

• locução latina que significa sem a qual não. Define uma condição indispensável.Esta é a condição sine qua non para os trabalhadores voltarem às suas tarefas.

146 – Superávit• diferença a mais entre a receita e a despesa. Plural: superávits.

147 – Tábua, tabuada (com u)148 – Talvez

• antes do verbo exige subjuntivo. • depois do verbo pede indicativo.Talvez isto lhe pareça absurdo. Isto lhe parece, talvez, absurdo.

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297Redação e Interpretação de Texto

149 – Tampouco, tão pouco• tampouco: também não. • tão pouco: pouca coisa.

Não escreveu, tampouco telefonou. Nunca se fez tanto por tão pouco

150 – Temporão• que vem fora do tempo próprio, extemporâneo.

Plural: temporãos.Feminino: temporã.

151 – Terraplenagem• com e, assim como terraplenar e terrapleno. Nunca diga ou escreva terra-

planagem.

152 – Todo, todo o• todo: qualquer.

Todo cidadão deve respeitar a lei.• todo o: inteiro.

Todo o país comoveu-se com a tragédia.

153 – Todos• sempre exige o artigo os.

Todos os manifestantes foram presos.

154 – Trólebus• ônibus elétrico.

155 – Ureter• pronuncia-se uretér.

156 – Usufruto• ato ou efeito de usufruir. Sempre com u.

Deixou a casa, em usufruto, para os filhos.

157 – Ver• o futuro do subjuntivo é vir.

Quando ele vir o estrago, vai assustar-se.• o futuro do subjuntivo do verbo vir é vier.

Quando você vier, traga meus livros.

158 – Viger• vigorar. Não existe a forma vigir.

Estas leis não vigem aqui.

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298 Redação e Interpretação de Texto

159 – Viva• viva: substantivo – exclamação de aplauso ou de felicitação.

Deram um viva ao rei.Deram três vivas aos campeões.

• viva: interjeição – designa aplauso, aclamação, entusiasmo.Viva, finalmente os campeões chegaram.

• viva: verbo viver, faz a concordância normal.Viva o campeão.Vivam os campeões.Vivamos nós.Vivam os seus 90 anos.

160 – Vossa Excelência• é pronome de 3a pessoa, concorda com o verbos e pronomes de 3ª pes-

soa (o, a, lhe, seu, sua).Vossa Excelência receberá seu crachá amanhã.

• usa-se Vossa Excelência quando se fala com a pessoa. Ao falar da pes-soa, use Sua Excelência.Ouviremos agora o pronunciamento de Sua Excelência, o Presidente daRepública.

161 – Xifópago• diz-se de duas crianças que nascem ligadas na altura do tórax ou da

região xifóidea. Não diga nem escreva xipófago.

162 – Zênite (com acento)• auge, apogeu, culminância.

163 – Zero• torna invariável a palavra que o segue.

zero horazero grauzero-quilômetro

164 – Zumbido, zunido• zumbido: ruído das abelhas, moscas e outros insetos alados.

O zumbido do enxame era ensurdecedor.• zunido: som agudo do vento.

Foi tão intenso o tiroteio, que estou com os ouvidos zunindo.

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299Redação e Interpretação de Texto

Ler, como disse Alberto Manguel em seu livroUma história da leitura, “é cumulativo e avança em progressão geométrica: cadaleitura nova baseia-se no que o autor leu antes”. Lendo, ampliamos nosso re-pertório, fazemos textos dialogarem entre si, exercitamos nosso conhecimentode mundo, de nós mesmos e dos outros, aprendemos a ler nas entrelinhas.

A leitura envolve um exercício de seleção, de distinção do que é essencial edo que é secundário num texto, além do reconhecimento do modo pelo qual oautor enuncia suas idéias, isto é, o reconhecimento de suas intenções para quese possa construir o sentido do texto.

Ao analisar, procedemos ao reconhecimento das partes do texto, dos recur-sos estilísticos utilizados, da organização de linguagem e do modo como asidéias se desenvolvem. Alicerçados nessa análise, temos condições de inter-pretar o texto sem incorrer em três tipos de erros:

a) extrapolação: o leitor foge ao texto, vai para além dos seus limites;

b) redução (ou particularização indevida): o leitor aborda apenas uma parte dotexto, um detalhe que não é suficiente para explicar todo ele. Normalmente,esse erro decorre da não-identificação das idéias mais importantes do textodurante o processo de análise;

c) contradição: o leitor chega a conclusões opostas às expressas pelo texto.Vejamos um exemplo desses erros:

Análise & Interpretação de Texto

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300 Redação e Interpretação de Texto

ElegiaGanhei (perdi) meu dia.E baixa a coisa friaTambém chamada noite, e o frio ao frioem bruma se entrelaça, num suspiro.E me pergunto e me respirona fuga deste dia que era milpara mim que esperavaos grandes sóis violentos, me sentiatão rico deste diae lá se foi secreto, ao serro frio (...)

(Carlos Drummond de Andrade, Poesia e prosa.Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1992.)

• extrapolação: o poeta exprime um suave sentimento de tranqüilidade,ao cair de uma noite de inverno — le merecera e ganhara mais um dia,aproveitando o descanso da noite para meditar.

Esta interpretação afirma o que não está presente no texto.• redução: a poesia é puramente objetiva e descritiva. O poeta pretende

transmitir-nos, quase que fisicamente, a sensação de um dia de inverno.Aqui, o leitor só observou o sentido denotativo do texto, ignorou o sentido

figurado.• contradição: os sóis eram violentos, por isso o poeta prefere a noite que

se entrelaça em bruma, num suspiro.O leitor afirma exatamente o contrário do que o texto diz que é: o poeta,

sentindo-se próximo do fim da vida, faz um retrospecto melancólico, confron-tando o muito que espera e o nada que tem nas mãos.

Você deve lembrar-se desses perigos que rondam sua interpretação e, numconstante exercício de leitura e produção de texto, aprimorar-se no uso da Lín-gua Portuguesa.

Boa sorte!

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301Redação e Interpretação de Texto

Questões de Vestibular(U.CAXIAS DO SUL-RS) As questões de números 1 a 5 referem-se ao textoque se segue. Leia-o com atenção e, após, responda às questões levandoem consideração o conteúdo do texto.O enriquecimento (ampliação) de uma língua consiste em “usar”, “praticar” alíngua. As palavras são como peças de um complicado jogo. Jogando agente aprende. Aprende as regras do jogo. As peças usadas são as mes-mas, mas nunca são usadas da mesma maneira. No deixar-se carregar pelojogo do uso somos levados às inúmeras possibilidades da língua. As possi-bilidades são sempre diferentes, nunca iguais. Mas todas as diferenças ca-bem na mesma identidade. Todas as palavras figuram nos vários discursoscomo diferentes: diferentes são as palavras no discurso científico, literário,filosófico, artístico, teológico. Mas cabem sempre na mesma identidade. Sãoexpressões possíveis da linguagem.

(BUZZI, Arcângelo R. Introdução ao pensar.Petrópolis, Vozes, 1973, p. 229.)

1 De acordo com o texto:a) as palavras da língua correspondem às peças do jogo.b) as palavras da língua correspondem às regras do jogo.c) as peças do jogo correspondem às regras do jogo.d) jogos diferentes exigem peças diferentes.e) frases diferentes exigem palavras diferentes.

2 Segundo o texto:a) quem joga combina palavras.b) quem joga combina regras.c) quem fala combina peças.d) quem fala combina palavras.e) tanto quem fala como quem joga combina regras.

3 O texto afirma que:a) seria útil aplicar, na aprendizagem das regras do jogo, o mesmo métodoque se emprega ao aprender uma língua.b) aprender uma língua é tão complicado quanto aprender as regras de umjogo.c) as línguas são complicadas porque a maioria de suas regras são compa-ráveis a jogos complexos.

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302 Redação e Interpretação de Texto

d) o conhecimento das regras de jogos complicados facilita o entendimentodas regras da língua.e) se chega às possibilidades da língua da mesma forma que às regras dojogo, praticando.

4 A partir do texto pode-se concluir que:a) nos diversos discursos — científico, literário etc. — as palavras devem serdiferentes porque é imperícia repetir as mesmas palavras.b) as palavras tornam-se diferentes nos diversos discursos graças às combi-nações diferentes, como acontece com as peças no jogo.c) a linguagem torna possível expressar os diferentes discursos porque pos-sui um número muito grande de palavras.d) o que identifica um discurso lingüístico com outro são certas expressõescomuns que todos usam.e) mudando o jogo, mudam-se as peças; mudando o discurso, mudam-seigualmente as palavras.

5 “... teológico...” (sublinhado) significa referente:a) aos santos d) a Deusb) à igreja e) à lógicac) à moral e aos bons costumes

(UF-AL) As questões de números 6 e 7 referem-se ao texto que segue:Nestes dias de Natal, a arte de comprar se reveste de exigências particular-mente difíceis. Não poderemos adquirir a primeira coisa que se ofereça ànossa vista: seria uma vulgaridade. Teremos de descobrir o imprevisto, oincognoscível, o transcendente. Não devemos também oferecer nada de es-sencialmente necessário ou útil, pois a graça destes presentes parece con-sistir na sua desnecessidade e inutilidade. Ninguém oferecerá, por exemplo,um quilo (ou mesmo um saco) de arroz ou feijão, para a insidiosa fome quese alastra por estes nossos campos de batalha; ninguém ousará compraruma boa caixa de sabonetes desodorantes para o suor da testa com que —especialmente neste verão — teremos de conquistar o pão de cada dia. Não:presente é presente, isto é, um objeto extremamente raro e caro, que nãosirva, a bem dizer, para coisa alguma.

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303Redação e Interpretação de Texto

6 De acordo com o texto:a) é bom estudar os preços do mercado natalino antes de efetuar as primei-ras compras.b) ninguém faz compras de natal atendendo à funcionalidade dos presentes.c) não há presentes úteis postos à disposição dos compradores durante asfestas de Natal.d) as festas natalinas revestem-se invariavelmente de um caráter de superfi-cialidade e anti-religiosidade.e) os presentes natalinos têm que apresentar, não utilidade, mas a marca dosignificado espiritual da data.

7 Conclui-se do texto que:a) as necessidades econômicas e sociais deixam de existir durante a épocade Natal.b) o aspecto decorativo sobrepuja o aspecto funcional dos presentes natalinos.c) a escolha dos presentes natalinos não está comprometida com os proble-mas da realidade vigente.

(Fuvest-SP) Texto para as questões 8 a 11.Condicionada fundamentalmente pelos veículos de massa, que a coagem arespeitar o “código” de convenções do ouvinte, a música popular não apre-senta, senão em grau atenuado, o contraditório entre informação e redundân-cia, produção e consumo. Desse modo, ela se encaminha para o que UmbertoEco denomina de música “gastronômica”: um produto industrial que não per-segue nenhum objetivo artístico, mas, ao contrário, tende a satisfazer as exi-gências do mercado, e que tem, como característica principal, não acrescen-tar nada de novo, redizendo sempre aquilo que o auditório já sabe e esperaansiosamente ver repetido. Em suma: o servilismo ao “código” apriorístico —assegurando a comunicação imediata com o público — é o critério básico desua confecção. “A mesma praça. O mesmo banco. As mesmas flores, o mes-mo jardim.” O mesmismo. Todo mundo fica satisfeito. O público. A TV. Osanunciantes. As casas de disco. A crítica. E, obviamente, o autor. Alguns ga-nham com isso (financeiramente falando). Só o ouvinte-receptor não “ganha”nada. Seu repertório de informações permanece, mesmissimamente, o mes-mo. Mas nem tudo é redundância na música popular. É possível discernir noseu percurso momentos de rebeldia contra a estandartização e o consumismo.Assim foi com o Jazz Moderno e a Bossa-Nova.

(CAMPOS, Augusto de Campos. O Balanço da Bossa)

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304 Redação e Interpretação de Texto

8 O texto discute:a) a nulidade da ação dos veículos de massa sobre a música popularb) a invariabilidade da mensagem transmitida pela música popularc) o entusiasmo do auditório em relação à música populard) a adesão ao consumismo representada pelo Jazz Moderno e a Bossa-Novae) o objetivo artístico a que se propõe a música popular

9 De acordo com o texto, a música popular:a) não persegue nenhum objetivo artístico.b) oferece um repertório de informações sempre igual.c) nem sempre se curva às pressões consumistas.d) tem que ser servil ao “código” apriorístico.e) é sempre uma música “gastronômica”.

10 De acordo com o texto, o autor produz a música “gastronômica” porque:a) gosta de progredir, volta-se para o futuro.b) sente-se inseguro diante do novo.c) é rebelde, contrário à estandartização.d) quer satisfazer os veículos de massa.e) tem espírito crítico muito desenvolvido.

11 No primeiro período do texto, observamos uma relação de:a) causa e efeito d) conseqüência e condiçãob) efeito e fim e) causa e concessãoc) condição e fim

(UF-BA) Instruções para as questões 12 a 14.Estas questões referem-se à compreensão de leitura. Leia atentamente cadauma delas e assinale a alternativa que esteja de acordo com o texto. Baseie-se exclusivamente nas informações nele contidas.

12 O nosso passado de incultura literária e de relativo desapreço pelo livrocriou, para o presente, uma ambígua predisposição psicológica, que se tra-duz ora pelo imoderado desânimo perante a nossa massa colossal de anal-fabetos, ora pelo cego otimismo diante da saudável expansão do parqueeditorial.

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305Redação e Interpretação de Texto

De acordo com o texto:a) não há equilíbrio na maneira como o brasileiro se dispõe a encarar a situ-ação do livro no Brasil.b) o número exorbitante de analfabetos no país explica a pouca importânciaque se dá ao livro.c) a expansão do parque editorial desperta o interesse do leitor pelo hábitoda leitura.d) a cultura literária brasileira do passado não se compara com a do presente.e) é ambígua a predisposição psicológica do brasileiro em face do problemada aquisição do livro.

13 O escritor se habituou a produzir para públicos simpáticos, mas restritos, e acontar com a aprovação dos grupos dirigentes, igualmente reduzidos. Ora,esta circunstância, ligada à esmagadora maioria dos iletrados que ainda hojecaracteriza o país, nunca lhe permitiu diálogo efetivo com a massa, ou comum público de leitores suficientemente vasto para substituir o apoio e o estí-mulo de pequenas elites.De acordo com o texto:a) o escritor isola-se da sociedade porque se empenha em escrever exclusi-vamente para uma elite.b) um público leitor suficientemente vasto é condição para o sucesso doescritor.c) a penetração do livro nos diversos grupos sociais depende do apoio depequenas elites.d) é inútil a publicação de livros no país, visto ser esmagador o número deiletrados.e) há causas de natureza sociocultural que impedem a comunicação do es-critor com o grande público.

14 A história é isto. Todos somos os fios do tecido que a mão do tecelão vaicompondo, para servir aos olhos vindouros, com os seus vários aspectosmorais e políticos. Assim como os há sólidos e brilhantes, assim também oshá frouxos e desmaiados, não contando a multidão deles que se perde nascores de que é feito o fundo do quadro.Infere-se do texto que a história:a) é feita de indivíduos que, por serem iguais, são todos como fios de ummesmo tecido.

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306 Redação e Interpretação de Texto

b) se faz com os homens fortes, com os fracos e com aqueles cujo númerose perde, por serem muitos.c) é um quadro em que se pode ver a trajetória moral e política dos homens.d) é um grande quadro, composto por um tecelão que tinge uniformementeos fios com que trabalha.e) seleciona, para fazer parte de seus quadros, somente os fortes, despre-zando os fracos e insignificantes.

(FGV-SP) Cada uma das questões 15 e 16 que se seguem ao texto abaixoapresentado tem uma, e apenas uma, resposta certa.No mundo, tal como a Física o descreve, nada pode ocorrer que seja verda-deira e intrinsecamente novo. Inventar-se-á, talvez, um novo engenho, massempre será possível, através de análise, ver nele uma nova combinação deelementos que serão isto ou aquilo, mas não serão novos. Novidade, emFísica, é simples novidade de arranjos e combinações. Em oposição a esseponto, insiste o historicismo, a novidade social, assim como a novidade bio-lógica, é espécie intrínseca de novidade. É novidade real, irredutível ao novodos arranjos. Na vida social, os mesmos velhos fatores, postos em arranjonovo, nunca são realmente os mesmos velhos fatores. Onde nada se poderepetir com exatidão, a novidade real estará sempre emergindo. E sustenta-se que esse é um significativo traço a ter em conta quando se focaliza odesenvolvimento de novos estágios ou períodos da História, cada um dosquais diferirá intrinsecamente de qualquer outro.

(POPPER, Karl. A miséria do historicismo)

15 O texto de Karl Popper nos permite inferir:a) No mundo, nada pode ocorrer que seja verdadeira e intrinsecamente novo.b) Em Física, nada é novo.c) No mundo, tal como a Física o descreve, é possível ver o novo comosimples novidade de arranjos e combinações.d) As novidades intrínsecas das leis da Física implicam novidades na vidasocial.e) Na Física, a diferença entre o que é extrínseco e o que é intrínseco só podeser observada à luz das leis sociais.

16 Podemos também concluir, com base nesse texto, que:a) O historicismo se opõe às novidades da Física.

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307Redação e Interpretação de Texto

b) De acordo com o historicismo, a novidade social é novidade real, irredutívelao novo dos arranjos.c) As novidades da vida social obrigam os físicos a rever suas posições.d) A vida dos físicos é complicada pelas novidades sociais, pois eles estãohabituados ao rigor de imutáveis leis da Física.e) Na vida social, o novo não é realmente novo, mas apenas rearranjo defatores antigos.

(U.E.Maringá-PR) Texto para as questões 17 a 25.Vestibular

O Brasil jovem está “curtindo” o vestibular. Páginas inteiras dos jornais acom-panham a operação nacional. Onde houver um garotão ou um “brotinho”debruçado sobre a folha de papel, aí estará o fotógrafo para registrar a cena.E a cena é esta: o garotão tirou os sapatos para descontrair-se até o dedão,e está mais deitado do que sentado; assim as idéias lhe chegam melhor. O“brotinho” se enroscou todo, no auge da concentração, e emerge domicroinvólucro estampado, como um antúrio pensante. Quem se lembrariade fotografar esses dois no ato de fazer prova, se estivéssemos no Brasil de1940? Hoje, vestibular é notícia, e a imagem dos jovens tem uma importân-cia jornalística antes concedida a imperadores em tempo de guerra. O parti-cular tornou-se geral. Conseguir vaga em escola de nível superior ficou sen-do briga de foice, acompanhada, golpe a golpe, pela multidão de pais. E,pelos diretores de cursinhos, aliás cursões a julgar pelo espaço com que sepromovem nos jornais.Todo mundo de olho no vestibular, pelo Brasil afora. Uma vaga para 30 can-didatos, ou uma coisa assim. Muitos serão os chamados e poucos os esco-lhidos. Ah, por que não funcionam articulados o serviço de encomendas defilhos e o serviço de construção de escolas? Não há jeito de os dois seentenderem. Aquele está sempre ganhando distância. Por mais que o se-gundo se esforce em criar, equipar, botar em funcionamento novos cursos,o primeiro se ri dele, fornecendo a cada ano ninhadas cada vez mais nume-rosas, carentes de instrução e formação profissional candidatos a futurosempregos...O vestibular foi preparado o ano inteiro como se fosse um fim em si. Emtorno dele, criou-se uma literatura de testes, malícias intelectuais e táticas,que permita ao jovem abrigar-se de toda espécie de surpresa. Mas a surpre-sa é infalível. No vestibular de Ciências Econômicas, Ciências Contábeis e

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Administração, ele é convidado a “traduzir” para o português de lei a expres-são “corta essa”. Imagino a exclamação indignada:— “Sem essa!”Pois, afinal, como “cortar” “corta essa”, tão incisiva, tão plena de sentido,reduzindo-a aos antigos padrões normais da língua? Nós não estamos alar-gando a diferenciação entre o português de Portugal e o português do Brasil.Estamos é diversificando o português do Brasil em uma terceira língua urba-na, de vocabulário flutuante, renovado a cada estação, de tal modo que, deuma estação para outra, as palavras trocam de semântica, e quem não foresperto fica sem recursos verbais para se fazer entender e para entender opróximo: não “corta” mesmo “bulhufas”. De resto, devo confessar que oexemplo não vale, pois “bulhufas” (ou “bulufas”), toda a “patota” sabe, “jáera”.Outra maldade, esta no vestibular do Instituto Tecnológico de Aeronáutica,foi mandar redigir carta que, entre outras pedras-no-caminho, incluísse opronome “lhe”. Esse pronome foi nacionalizado no Brasil como herdeiro dosdireitos e obrigações do pronome “o”. Onde se deve empregar “o”, brasileirode classe média emprega sempre, dulçurosamente, “lhe”: muito prazer emlhe conhecer, eu vim lhe visitar. Dessas coisas que tornam infeliz por umasemana o ouvido do meu querido Abgar Renault.A moçada queixa-se de certos vocábulos que estão “perseguindo” no vesti-bular deste ano, como “fortuito” e “lenitivo”. Claro que não ouviram pronun-ciar nenhum deles, e estranham suas fisionomias desconhecidas. Não é deadmirar. O vocabulário médio não vai além de 50 palavras, no diálogo atual;algumas, até são meias palavras, como “está”, facilitado em “tá”. Que será“fortuito”? Forte e gratuito? Também lembra furto. “Lenitivo” soa melhor, “leni”é suave pomada se espalhando na pele, mas a sugestão não traz lenitivoalgum ao candidato, se ele ignora que bicho é, realmente, lenitivo.Do fundo bem fundo de questões como esta vem o apelo: Leia um pouco,rapaz. Abra de vez em quando um livro de contos do velho Machado, garota.Não “dá pé”? A praia não deixa? E você cochila na primeira página? Tenteoutra vez. Insista. Se por acaso sua “cuca” estiver “fundindo”, se você esti-ver na “fossa”, devido a um “grilo” fortuito, acabará encontrando lenitivo aodescobrir, nos escritos do velho, a magia de certas palavras exprimindo coi-sas sutis, inclusive a razão de seu “grilo”.

(Carlos Drummond de Andrade)

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17 Para o angustioso funil do vestibular, o cronista culpa, ironicamente:a) os donos de cursinhos, ou melhor, cursões.b) os responsáveis pela construção de escolas.c) o Instituto Tecnológico de Aeronáutica.d) o crescente índice brasileiro de natalidade.e) a semântica.

18 Vestibular se tornou notícia. E notícia bem proveitosa, porque:a) os jornais estão empenhados em terminar com os concursos que impe-dem tantos jovens de estudar.b) os jornais, gratuitamente, ocupam suas páginas com provas e mais pro-vas pedidas nos exames.c) as provas, sobretudo as de Português, aumentam a cultura dos leitores.d) os jornais recebem a volumosa publicidade dos cursos preparatórios.e) as reportagens contribuem para uma seleção profissional mais cuidadosapor parte dos jovens leitores.

19 Português de lei quer dizer:a) natural de Portugal d) gíriab) língua tradicional e oficializada e) língua eruditac) linguagem jurídica

20 “O vestibular foi preparado o ano inteiro como se fosse um fim em si”. Issosignifica que:a) se transformou o exame vestibular em simples e burocrática formalidadepara ingresso no curso superiorb) o tempo gasto na preparação dos estudantes durante o vestibular é precio-so, pois os conhecimentos adquiridos nesse(s) ano(s) são úteis por toda avidac) durante o tempo em que faz o vestibular, o aluno escolhe, com calma,cautela e boa orientação, o curso profissional que pretende seguird) durante o vestibular, o aluno aprende coisas que jamais vira no curso re-gular da escolae) por curiosa mas infeliz subversão de valores, o vestibular, simples etapa,se torna mais importante que o curso profissional definitivo, na faculdade

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21 A expressão do texto “candidatos a futuros empregos” se refere aos:a) diretores de cursinhos d) recém-nascidosb) construtores de escolas e) vestibulandosc) organizadores de provas

22 “A literatura de testes e malícias intelectuais e táticas que caracteriza o ensi-no vestibular nos faz concluir que nos cursinhos preparatórios se faz”:a) recordação do que já foi aprendido.b) doping intelectual.c) verdadeiro pré-ensino universitário.d) sadia mudança nos padrões didáticos.e) dosagem equilibrada de conhecimentos úteis.

23 Em certa passagem da crônica, Drummond mostra que a gíria é:a) perene d) irrealb) sofisticada e) irônicac) fortuita

24 Pelas fotos do vestibular moderno, estamos vendo que:a) as mulheres se concentram mais que os homens.b) não existe nervosismo entre os candidatos.c) intelectualismo e sisudez não são mais par constante.d) esforço e concentração nada adiantam.e) vestibular virou desfile de moda.

25 Abgar Renault é, lingüisticamente, um:a) descuidado d) intransigenteb) incoerente e) tolerantec) inocente

(UF-MT) Texto para as questões 26 a 31:A resposta às questões desta prova dependem, primeiramente, da compreen-são deste texto:

Capítulo XXIII: Triste, mas curtoVim. Não nego que, ao avistar a cidade natal, tive uma sensação nova.

Não era efeito da minha pátria política; era-o do lugar da infância, a rua, atorre, o chafariz da esquina, a mulher de mantilha, o preto do ganho, as

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coisas e cenas da meninice, buriladas na memória. Nada menos que umarenascença. O espírito, como um pássaro, não se lhe deu da corrente dosanos, arrepiou o vôo na direção da fonte original, e foi beber da água frescae pura, ainda não mesclada do enxurro da vida.

Reparando bem, há aí um lugar-comum. Outro lugar-comum, triste-mente comum, foi a consternação da família. Meu pai abraçou-me com lá-grimas. — Tua mãe não pôde viver — disse-me. Com efeito, não era já oreumatismo que a matava, era um cancro no estômago. A infeliz padecia deum modo cru, porque o cancro é indiferente às virtudes do sujeito; quandorói, rói; roer é o seu ofício. Minha irmã Sabina, já então casada com o Cotrim,andava a cair de fadiga. Pobre moça! dormia três horas por noite, nada mais.O próprio tio João estava abatido e triste. Dona Eusébia e algumas outrassenhoras lá estavam também, não menos tristes e não menos dedicadas.— Meu filho!

A dor suspendeu por um pouco as tenazes; um sorriso alumiou o rostoda enferma, sobre o qual a morte batia a asa eterna. Era menos um rosto doque uma caveira: a beleza passara, como um dia brilhante; restavam os ossos,que não emagrecem nunca. Mal poderia conhecê-la; havia oito ou nove anosque não nos víamos. Ajoelhado, ao pé da cama, com as mãos dela entre asminhas, fiquei mudo e quieto, sem ousar falar, porque cada palavra seria umsoluço e nós temíamos avisá-la do fim. Vão temor! Ela sabia que estava pres-tes a acabar; disse-mo; verificamo-lo na seguinte manhã.

Longa foi a agonia, longa e cruel, de uma crueldade minuciosa, fria,repisada, que me encheu de dor e estupefação. Era a primeira vez que eu viamorrer alguém. Conhecia a morte de oitiva; quando muito, tinha-a visto jápetrificada no rosto de algum cadáver, que acompanhei ao cemitério, outrazia-lhe a idéia embrulhada nas amplificações de retórica dos professoresde coisas antigas — a morte aleivosa de César, a austera de Sócrates, aorgulhosa de Catão. Mas esse duelo do ser e do não ser, a morte em ação,dolorida, contraída convulsa, sem aparelho político ou filosófico, a morte deuma pessoa amada, essa foi a primeira vez que a pude encarar. Não chorei;lembra-me que não chorei durante o espetáculo: tinha os olhos estúpidos, agarganta presa, a consciência boquiaberta. Quê? uma criatura tão dócil, tãomeiga, tão santa que nunca jamais fizera verter uma lágrima de desgosto,mãe carinhosa, esposa imaculada, era força que morresse assim trateada,mordida pelo dente tenaz de uma doença sem misericórdia? Confesso quetudo aquilo me pareceu obscuro, incongruente, insano...Triste capítulo; passemos a outro mais alegre.

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Capítulo XXIV: Curto, mas alegreFiquei prostrado. E contudo era eu, nesse tempo, um fiel compêndio

de trivialidade e presunção. Jamais o problema da vida e da morte me opri-mira o cérebro; nunca até esse dia me debruçara sobre o abismo doInexplicável; faltava-me o essencial, que é o estímulo, a vertigem...

Para lhes dizer a verdade toda, eu refletia as opiniões de um cabelei-reiro, que achei em Módena, e que se distinguia por não as ter absolutamen-te. Era a flor dos cabeleireiros; por mais demorada que fosse a operação dotoucado, não enfadava nunca; ele intercalava as penteadelas com muitosmotes e pulhas, cheios de um pico, de um sabor... Não tinha outra filosofia.Nem eu. Não digo que a universidade me não tivesse ensinado alguma; maseu decorei-lhe só as fórmulas, o vocabulário, o esqueleto. Tratei-a como tra-tei o latim; embolsei três versos de Virgílio, dois de Horácio, uma dúzia delocuções morais e políticas, para as despesas da conversação. Tratei-os comotratei a história e a jurisprudência. Colhi de todas as coisas a fraseologia, acasca, a ornamentação...

Talvez espante ao leitor a franqueza com que lhe exponho e realço aminha mediocridade; advirta que a franqueza é a primeira virtude de um de-funto. Na vida, o olhar da opinião, o contraste dos interesses, a luta dascobiças obrigam a gente a calar os trapos velhos, a disfarçar os rasgões e osremendos, a não estender ao mundo as revelações que faz à consciência; eo melhor da obrigação é quando, à força de embaçar os outros, embaça-seum homem a si mesmo, porque em tal caso poupa-se o vexame, que é umasensação penosa, e a hipocrisia, que é um vício hediondo. Mas, na morte,que diferença! que desabafo! que liberdade! Como a gente pode sacudir foraa capa, deitar ao fosso as lantejoulas, despregar-se, despintar-se, desafeitar-se, confessar lisamente o que foi e o que deixou de ser! Porque, em suma, jánão há vizinhos, nem amigos, nem inimigos, nem conhecidos, nem estra-nhos; não há platéia. O olhar da opinião, esse olhar agudo e judicial, perde avirtude, logo que pisamos o território da morte; não digo que ele se nãoestenda para cá, e nos não examine e julgue; mas a nós é que não se nos dáo exame nem do julgamento. Senhores vivos, não há nada tão incomensurá-vel como o desdém dos finados.

(ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas, AbrilCultural, São Paulo, 1971, pp. 52 a 54.)

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26 A morte, neste caso, é tematizada sob diversos ângulos. As alternativas abaixoexplicitam-nos, EXCETO uma:a) a morte em açãob) a morte em retóricac) a morte em metáforad) a morte em vidae) a morte em reflexão póstuma

27 A franqueza é, segundo o narrador, a primeira virtude de um defunto. Tam-bém de acordo com o narrador, qual é a primeira virtude de um vivo?a) a sinceridade d) a ilustraçãob) a dissimulação e) a trivialidadec) a lisonja

28 O último parágrafo do texto se tece por acúmulo de antíteses. As alternati-vas abaixo desdobram-nas, EXCETO uma:a) entre a vida e a morteb) entre a vida como fato social e a morte, individualc) entre a vida como disfarce e a morte como mostrar-sed) entre a vida como um submeter-se à opinião pública e a morte como umlibertar-se delae) entre a vida como um estender ao mundo as revelações que faz à cons-ciência e a morte como um desdenhar dos vivos

29 As expressões abaixo figuram como desdobramentos do sentido de “um fielcompêndio de trivialidade e presunção”, EXCETO uma:a) “(...) decorei-lhe só as fórmulas, o vocabulário, o esqueleto”.b) “(...) embolsei três versos de Virgílio, dois de Horácio, uma dúzia de locu-ções morais e políticas, para as despesas da conversação”.c) “Não chorei; lembra-me que não chorei durante o espetáculo: tinha osolhos estúpidos, a garganta presa, a consciência boquiaberta”.d) “(...) trazia-lhe a idéia embrulhada nas amplificações de retórica dos pro-fessores de coisas antigas — a morte aleivosa de César, a austera de Sócrates,a orgulhosa de Catão”.e) “Colhi de todas as coisas a fraseologia, a casca, a ornamentação”.

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30 A escritura de Machado de Assis é sempre um desdobrar-se sobre si mes-ma, é sempre um refletir sobre literatura, é sempre uma metaliteratura. Osenunciados abaixo, extraídos dos capítulos XXIII e XXIV, exemplificam essaconstante de sua obra, EXCETO um deles. Indique-o.a) “Reparando bem, há aí um lugar-comum”.b) “Outro lugar-comum, tristemente comum, foi a consternação da família”.c) “Triste capítulo; passemos a outro mais alegre”.d) Capítulo XXIV: Curto, mas alegree) “— Tua mãe não pode viver — disse-me”.

31 Os trechos abaixo incluem-se na literatura produzida em Mato Grosso. Umdeles tem em comum com Machado de Assis o tom irônico, de zombaria.Assinale-o:

a) “Aquele que não contém a falaque se cale;porque é hora da palavra inexpressapalavra com forma e traço —

[sem recheio”.(Marília Beatriz)

b) “— o remeiro imanta o prantono cantoque cantaa queda do peixe”.

(Silva Freire)c) “Severa é a doença

a fome = exatae o susto vegetal”.

(Wlademir Dias Pino)

d) “Brasil. Isso é que é sorte,Sorte mais que feérica!Ele é o ‘florão da América’...(Entenda-se: do Norte)”.

(Avoante do Cariri)e) “De que vale este canto

se não há lua para senti-lode que vale esta luase não há canto para

[acompanhá-laentão é melhor seguir andando!”.

(Rômulo Carvalho Neto)

(UF-BA) Texto para as questões 32 e 33:Evocação Mariana

1. A igreja era grande e pobre. Os altares, humildes.Havia poucas flores. Eram flores de horta.Sob a luz fraca, na sombra esculpida(quais as imagens e quais os fiéis?)5. ficávamosDo padre cansado o murmúrio de rezasubia às tábuas do forro,

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batia no púlpito seco,entrenhava-se na onda, minúscula e forte de incenso,10. perdia-se.Não, não se perdia...Desatava-se do coro a música deliciosa(que esperas ouvir à hora da morte, ou depois damorte, nas campinas do ar)e dessa música surgiam meninas — a alvura mesma —15. cantando.De seu peso terrestre a nave libertada,como do tempo atroz imunes nossas almas, flutuávamosno canto matinal, sobre a treva do vale.(Carlos Drummond de Andrade. Obra Completa.Rio de Janeiro, Aguillar, 1964, pág. 255)

32 Assinale a proposição ou proposições verdadeiras de acordo com o texto:a) A palavra “Evocação” sugere uma transposição mental.b) A ambiência dos 5 primeiros versos favorece a reflexão.c) Na primeira estrofe há uma descrição estática sugerida por verbos quedenotam ausência de mobilidade.d) A pouca nitidez das coisas é abrandada pela figura do padre.e) A voz poética não se integra ao ambiente, o que lhe permite uma visãocrítico-religiosa.f) a música desencadeia um processo de evasão do poeta da realidade obje-tiva.g) As duas últimas estrofes se contrapõem às duas primeiras pelo seu cará-ter religioso.

33 Assinale a proposição ou proposições em que há correspondência entre aexpressão em destaque e o que ela conota.a) “flores de horta” (v.2) — simplicidadeb) “padre cansado” (v.6) — monotoniac) “murmúrio” (v.6) — tensãod) “a alvura mesma” (v.14) — purezae) “peso terrestre” (v.16) — máculaf) “nave libertada” (v.16) — transcendênciag) “treva do vale” (v.19) — solidão

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316 Redação e Interpretação de Texto

(FGV-SP) Texto para as questões 34 a 36:Aí vem sujo, a coçar chagas plebéias,Trazendo no deserto das idéiasO desespero endêmico do inferno,Com a cara hirta, tatuada de fuligens,Esse mineiro doido das origens,Que se chama o Filósofo Moderno!Quis compreender, quebrando estéreis normas,A vida fenomênica das Formas,Que, iguais a fogos passageiros, luzem...E apenas encontrou na idéia gasta,O horror dessa mecânica nefasta,A que todas as cousas se reduzem!(ANJOS, Augusto dos. Eu, Outras PoesiasPoemas Esquecidos, RJ, Liv. São José, 1971.)

34 O autor proclama, no texto:a) a divina decadência dos poetas modernos.b) os fenômenos ligados às formas nefastas.c) a coragem dos mineiros de origem plebéia.d) a luz dos fogos passageiros.e) o fracasso da filosofia moderna.

35 Infere-se do texto que:a) os poetas, sendo pessimistas, não acreditam na força da poesia.b) a vitória e a derrota dependem do esforço de cada um.c) mais vale um pensamento filosófico que uma poesia.d) o autor descrê da grandeza das idéias da filosofia moderna.e) o autor é otimista quanto à natureza humana, a despeito de sua descrençana poesia.

36 O texto indica que o autor:a) lamenta o estado das idéias filosóficas de seu tempo.b) celebra a vida filosófica de seu tempo.c) celebra, em versos cadentes, o fim da poesia.d) vibra, com as dificuldades dos filósofos.e) nega a filosofia, mas aceita a contribuição do filósofo.

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317Redação e Interpretação de Texto

37 (UF-SE) Leia o texto e responda à questão:Para que sua produção cresça continuamente, mesmo indústrias tecnica-mente competentes fabricam bens precários, cuja vida útil é relativamentecurta; o consumidor, habituado ao uso de um produto, não hesitará em ad-quirir um outro quando o seu vier a estragar-se.Segundo o texto:a) a indústria poderia produzir menos objetos, todos de melhor qualidade,mas os compradores preferem sempre um produto novo, do último tipo.b) a produção de bens de qualidade favorece tanto a indústria, que vendesempre mais, quanto o consumidor, que tem sempre à disposição artigosduráveis.c) para o consumidor não constitui problema a baixa qualidade dos produ-tos, já que tem disponibilidade econômica para adquirir quantos quiser.d) a produção de bens com defeitos induz o consumidor a comprar, de umasó vez, mais de um produto.e) a fim de expandir sua produção, a indústria baixa a qualidade dos produ-tos que põe no mercado.

38 (UF-SE) Leia o texto e responda à questão:Quando Deus me mandou a cegueira... gritava ele. Realmente, sua órbitadireita era vazia e nela cintilava um olho de vidro. Essa calota de louça eraimóvel, fixa, dura, e luzia como uma jóia, como a estrela-d’alva, dentro daspálpebras que não piscavam. Contrastava com o lado são, que se esbatiasuavemente no azulado opalescente do arco senil e que estava semprelacrimejando, como se fosse desfazer-se. Ninguém conseguia sustentar aque-le olhar feito da mistura de uma expressão doce vinda da esquerda e umaexpressão iracunda vinda da direita.De acordo com a descrição,a) o olhar da personagem era difícil de sustentar, em virtude de um certoestrabismo que parecia cruzar o olho esquerdo.b) a cegueira da personagem advinha da impossibilidade de coordenar oolho direito com o olho esquerdo.c) o olho sadio da personagem, úmido e brilhante, piscava constantemente,como uma estrela que luzisse no azul do céu.d) a impressão de cólera que a personagem inspirava provinha da dureza efixidez do seu olho de vidro.e) o olho de vidro da personagem era de tal maneira duro, que a irritação daspálpebras o fazia lacrimejar constantemente.

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318 Redação e Interpretação de Texto

39 (UF-ES)Por que levantar o braçopara colher o fruto?A máquina o fará por nós.Por que labutar no campo, na cidade?A máquina o fará por nós.Por que pensar, imaginar?A máquina o fará por nós.Por que fazer um poema?A máquina o fará por nós.Por que subir a escada de Jacó?A máquina o fará por nós. Ó máquina, orai por nós.

(Cassiano Ricardo. 2a Ladainha)É INCORRETO afirmar que no poema acima existe um(a):a) canto de louvor futurista à época cibernética.b) indagação quanto à necessidade dos atos humanos.c) alusão a uma possível onipotência da máquina.d) referência à preocupação do homem com a metafísica.e) sugestão de que o automatismo pode dominar o mundo.

40 (UF-ES) Polícia para quem precisaHaquira Osakabe

Como resultante de uma opressão generalizada, a pichação é um problemacuja solução depende muito mais do desenvolvimento e multiplicação decanais adequados de expressão. Além disso, considerada também comoresultante de um desequilíbrio entre o massivo e o individual, há que se en-tender que sua solução depende de que a sociedade se harmonize dentrode suas próprias contradições. Até lá, a emergência do ocultado, seja porpichações, passeatas ou explosões, é inevitável. Transformar essa emergên-cia numa questão policial é declarar guerra contra um falso inimigo.É INCOERENTE com o texto:a) “Neste país, onde questões de sobrevivência, cultura e educação confun-dem-se na mesma inviabilidade, que outra coisa se poderia esperar senãoirrupções rebeldes, constantes e intermitentes da individualidade solapadanos seus mínimos direitos, inclusive o da expressão?” .

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319Redação e Interpretação de Texto

b) “Trata-se do fruto da necessidade de expressão pública de um discursoda intimidade que, dessa forma, vinga o movimento massivo dos discursosdominantes em circulação”.c) “Roubar um muro com texto ou figura é uma necessidade para o pichador.”d) “O dever do Estado é proteger a propriedade de todos da sanha de cadaum e a propriedade de cada um da sanha de todos. A pichação de benspúblicos ou particulares viola ambos os princípios e, portanto, é dever daautoridade competente tomar as medidas coercitivas”.e) “Assim, subversivamente, a pichação faz eclodir na instância pública aprivacidade, suas fantasias, e sobretudo as ilusões de uma momentânealibertação”.

41 (UF-ES)Separando os iguais — Se é bom ter dúvidas, melhor ainda é saber dissipá-las. O Cláudio Vieira, por exemplo, eliminou algumas dúvidas com um pas-seio ao Uruguai, rico Uruguai. Falamos em por exemplo. É tolice alagoínaredundante dizer ou escrever “como, por exemplo”, porque a palavra e aexpressão se substituem e não convém que andem juntas, como PC e FC.Ou se diz como ou por exemplo, quando se quer introduzir (no bom sentido)uma prova ou ilustrar um enunciado:“A provinciana turma alagoosa é composta de rapazes espertos, mas nãomuito, como PC, Fernandinho e Vieirinha, o vultuoso”. Por exemplo poderiaestar no lugar do como. Os dois pontos também poderiam anunciar a entra-da da patota. Jamais, por respeito ao leitor ou ouvinte, o como, por exemplo.Não fica bem.

(por Josué Machado – Imprensa – 7/92)A principal intenção do autor do texto é explicar:a) que PC, Fernando Collor e Cláudio Vieira formam um trio alagoano nãomuito esperto.b) que não convém que PC e FC andem juntos.c) que Cláudio Vieira eliminou dúvidas sobre corrupção no país com umaviagem ao Uruguai.d) que “por exemplo” e “como” são equivalentes, logo não podem ser usa-dos simultaneamente.e) que, ao anunciar-se a entrada da patota, se deve empregar “como” segui-do de dois-pontos.

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(UF-SE) As questões de números 42 a 45 referem-se ao texto que se segue:“No início da década de 20, quando o automóvel tinha feito sua apariçãocom força total, caminhar pelas grandes avenidas européias era sair para serexpulso da rua pelo tráfego. ‘Foi como se o mundo tivesse subitamente en-louquecido’, dizem as pessoas quando fazem referência a essa época. Ohomem sentia-se diretamente ameaçado e vulnerável. ‘Deixar nossa casasignificava que, uma vez cruzada a soleira da porta, nós estávamos em peri-go e podíamos ser mortos pelos carros que passavam.’ Chocadas e desori-entadas, as pessoas comparavam a rua de então com a de sua juventude: ‘Arua nos pertencia; cantávamos nela, discutíamos nela, enquanto os cavalose veículos passavam suavemente’. A rua era, portanto, pouco tempo antes,o espaço que acolhia os homens, que lhes permitia se moverem à vontade,em um ritmo que podia acolher tanto as discussões quanto a música; ho-mens, animais e veículos coexistiam pacificamente em uma espécie de pa-raíso urbano. Acontece que esse idílio terminou, as ruas passaram a perten-cer ao tráfego, e o homem sobreviveu a esse tipo de mudança. Depois deesquivar-se e lutar contra o tráfego, acabou identificando-se por inteiro comas forças que o estavam pressionando. O homem da rua incorporou-se aonovo poder, tornando-se o homem no carro.A perspectiva desse novo homem no carro gerou uma nova concepção derua, que passou a orientar os planejamentos urbanos daí por diante. ‘Numarua verdadeiramente moderna’ — diziam, então, os especialistas — ‘nadade pessoas, exceto as que operam as máquinas; nada de pedestresdesprotegidos para retardar o refluxo’”.

42 Assinale a alternativa correspondente ao tema em torno do qual se organizao discurso anterior:a) o paraíso urbano e a máquina.b) o homem e o espaço urbano.c) o tráfego no mundo moderno.d) a modernidade e o poder da máquina.e) o homem antigo e o moderno.

43 O texto defende a tese de que:a) o homem, quando pressionado, alia-se às forças adversas e incorpora-seao seu poder.

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321Redação e Interpretação de Texto

b) o homem, no passado, conheceu uma espécie de paraíso urbano, mascorrompeu-o e dele foi expulso.c) o mundo moderno só admite pessoas que sabem operar as máquinascom perícia.d) a utilização do espaço pelo homem depende de sua relação com o mundo.e) o homem, no mundo moderno, cedeu seu espaço à máquina; por essemotivo, dá mais importância a ela do que a si próprio.

44 “O homem da rua incorporou-se ao novo poder, tornando-se o homem nocarro”. Essa afirmação foi utilizada, no texto, para demonstrar que:a) o homem tornou-se moderno quando trocou o andar a pé, na rua, peloandar de automóvel nas grandes avenidas.b) o homem, aliando-se à máquina, descobriu um novo poder e deu novoritmo a todos os seus atos.c) a integração perfeita do homem à rua antiga foi abandonada quando elese identificou por inteiro com a máquina.d) o carro deu ao homem novas perspectivas de vida, gerando, inclusive, umtipo de urbanização que protege o pedestre.e) o homem mudou e, em decorrência disso, surgiu uma nova concepção derua.

45 Observando o tipo de composição do texto, conclui-se que ele é:a) dissertativo, com elementos narrativos e descritivosb) narrativo, com elementos descritivos e dissertativosc) descritivo, com exclusão de argumentosd) narrativo, com exclusão de descriçõese) dissertativo, com exclusão de argumentos

(UF-MG) As questões de 46 a 61 relacionam-se com o texto abaixo. Leiaatentamente todo o texto antes de resolvê-las.A industrialização, a Primeira Guerra Mundial e a Revolução Russa revela-ram como se vive, se morre e se gesta o futuro num tempo em que a tônicaé “ganhar tempo”. E foi certamente tudo isso que levou o arquiteto LeCorbusier a descobrir, no início dos anos 20, que a casa, a velhíssima habita-ção do homem, perdera o sentido, precisava ser substituída pela “máquinade morar”.

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322 Redação e Interpretação de Texto

Com efeito, a casa deixou de ser um lar, um foco que irradia energia, umafonte de luz e calor, deixou de ser habitada por Lares, os deuses domésticos.Secularizada, aparentemente tornou-se instrumento, ferramenta à disposi-ção do homem moderno. Ocorre que a adoção do modelo mecânico implicaconseqüências que ultrapassam a questão do uso e da função. Pois a má-quina é muito mais que uma ferramenta, um instrumento; estes são um pro-longamento do corpo humano, enquanto aquela o substitui, ocupa o seulugar, instaurando uma nova relação. Nesse sentido, uma casa-ferramentapode ou não ser usada, pode ou não funcionar; mas uma casa-veículo curto-circuita a própria casa. Deslocada, posto que em movimento, a casa perdeusuas fundações e começou a desabar, como bem viu o expressionismo ale-mão. Desabar até tornar-se apenas a imagem nostálgica de algo que ficouirremediavelmente para trás e que o motorista pinta na rabeira do caminhão.Os interiores foram sendo esvaziados progressivamente e boa parte do quese fazia em casa começou a ser feito fora; o homem moderno passou aalmoçar “na cidade” ou na cantina da fábrica, a mandar a roupa para otintureiro, a divertir-se no cinema e nos bares, a transar “por fora”, nagarçonnière, antes da criação do motel; a leitura e o tricô passaram a serfeitos no ônibus, no metrô, durante o trajeto cada vez mais longo entre otrabalho e a residência, antes que o rádio transistor e o walkman introduzis-sem a música em toda parte, antes que a TV portátil se instalasse nos táxisjaponeses.Progressivamente, à medida que o próprio espaço da moradia se contraíaassustadoramente, morar foi se resumindo a ter um ponto de apoio onde seestabelece a mercadoria força de trabalho. Cumprida a função exigida pelasociedade, o que sobra para se fazer em casa? O tédio... e as intermináveisbrigas do almoço de domingo, ou do Natal. A bem dizer, o homem modernonão mora mais em casa e sim na cidade, como observou uma vez na Folhao arquiteto Paulo Mendes da Rocha. Por isso mesmo, a questão da arquite-tura foi se tornando uma questão de urbanismo. O progresso da técnica, daracionalidade tecnológica se incumbiu de transportar a moradia da casa paraa cidade, agora imenso conjunto técnico composto, entre outros equipa-mentos coletivos, de máquinas de morar, veículos fabricados em série. Atéque o próprio avanço do processo, deixando para trás a Segunda RevoluçãoIndustrial, transforme a máquina de morar num componente de um circuitoeletrônico.

(SANTOS, Laymert Garcia dos. In: Tempo de ensaio.São Paulo: Companhia das Letras, 1989. p.123-8.) (Texto adaptado).

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323Redação e Interpretação de Texto

46 A afirmativa que mais se aproxima da idéia central do texto é:a) A invasão do mercado pela tecnologia japonesa obriga o homem modernoa pensar em novo tipo de moradia, com base num veículo em movimento.b) A Revolução Industrial forçou o homem a buscar alternativas de moradia,tais como casa-ferramenta, casa-veículo, casa-circuito-eletrônico.c) A velocidade da vida moderna exige uma nova concepção de moradiacapaz de satisfazer as necessidades do usuário sempre em trânsito.d) O mundo moderno levou o homem a trocar a sua rotina doméstica pornovos hábitos exigidos pela vida urbana.e) O progresso da técnica, da racionalidade tecnológica transformou a casanum espaço de tédio e de brigas intermináveis.

47 Todas as alternativas apresentam interpretações adequadas de informaçõesdo texto, EXCETO:a) A casa, com o advento da industrialização, passou de fonte de aconchegoa palco de aborrecimento e desavenças domésticas.b) A casa, destituída de suas antigas funções, deixou de ser o espaço ondese acumulam bens para tornar-se a moradia de usuários em constante des-locamento.c) A casa, devido à Segunda Revolução Industrial, tornou-se obsoleta, trans-formando-se, primeiro, em máquina de morar; em seguida, num componen-te eletrônico.d) A casa do século XX deve ser concebida como um ponto móvel no espa-ço, como um veículo em movimento.e) A casa, no mundo moderno, integrou-se ao modelo mecânico, deixandode ser um espaço irradiador de energia, luz e calor.

48 Todas as alternativas apresentam informações que podem ser justificadaspelo texto, EXCETO:a) A casa, para o trabalhador moderno, transformou-se em mero dormitório.b) A casa-veículo põe em xeque o próprio significado da palavra casa, naacepção de imóvel.c) A corrida contra o tempo leva o homem moderno a urbanizar a sua rotina.d) As alterações nas funções da casa atingem várias camadas sociais dapopulação das cidades.e) Os deuses domésticos invadem os interiores vazios, dando novo sentidoà moradia.

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324 Redação e Interpretação de Texto

49 Em todas as alternativas, os pares de informação podem ser relacionados,EXCETO em:a) (...) a máquina instaura uma nova relação

(...) o próprio espaço da moradia se contraía assustadoramenteb) (...) boa parte do que se fazia em casa começou a ser feito fora

(...) a questão da arquitetura foi se tornando uma questão de urbanismoc) (...) “máquinas de morar”

(...) prolongamento do corpo humanod) (...) interiores foram sendo esvaziados progressivamente

(...) o que sobra para se fazer em casa? O tédio...e) (...) se gesta o futuro

(...) componente de um circuito eletrônico

50 Todas as alternativas apresentam interpretações adequadas de informaçõesdo texto, EXCETO:a) A casa é a ferramenta do homem moderno.b) A “máquina de morar” é a versão moderna da casa.c) O homem moderno transferiu sua rotina da casa para a cidade.d) O mundo da industrialização faz desabar as fundações da casa.e) Os deuses domésticos e a casa-veículo se curto-circuitam.

51 Todas as alternativas explicitam o sentido assumido pela casa, num tempoem que a tônica é “ganhar tempo”, EXCETO:a) A casa deixou de ser um lar.b) A casa é o espaço onde a força de trabalho se repõe.c) A casa, espaço físico, se transporta para a cidade.d) A casa é um dos equipamentos coletivos da cidade.e) A casa se contrai como espaço de moradia.

52 Todas as alternativas remetem à expressão “máquina de morar”, EXCETO:a) casa-veículo d) ponto de apoiob) habitação de Lares e) veículos fabricados em sériec) interiores esvaziados

53 A alternativa que melhor apresenta a casa como símbolo de um modelo ar-caico é:

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325Redação e Interpretação de Texto

a) A casa aparentemente tornou-se uma ferramenta à disposição do homemmoderno.b) A casa perdeu suas fundações e começou a desabar, como bem viu oexpressionismo alemão.c) A casa se esvaziou progressivamente, deixando de ser o local onde serealizam as rotineiras tarefas domésticas.d) A casa se reduziu a um ponto de apoio onde se restabelece a mercadoriaforça de trabalho.e) A casa tornou-se a imagem nostálgica de algo que o motorista pinta narabeira do caminhão.

54 Todas as alternativas apresentam tipos de relação presentes na organizaçãodas idéias do texto, EXCETO:a) analogia d) espaçob) causa-conseqüência e) explicitaçãoc) contraste

55 Com relação à estrutura do texto, todas as afirmativas estão corretas, EXCETO:a) O primeiro parágrafo aponta a temática do texto.b) O segundo parágrafo retoma, explicita e amplia as informações do primei-ro parágrafo.c) O terceiro parágrafo utiliza, predominantemente, a exemplificação.d) O quarto parágrafo sintetiza os argumentos desenvolvidos no texto.e) A contraposição de idéias é usada, no texto, para aprofundar a argumen-tação.

56 Em relação ao segundo parágrafo, todas as afirmativas estão corretas,EXCETO:a)A palavra aparentemente indica uma visão parcial.b) A palavra aparentemente introduz uma ressalva.c) O vocábulo pois introduz uma ressalva.d) A expressão nesse sentido encaminha a síntese.e) O vocábulo mas introduz uma informação que se contrapõe à informaçãoanterior.

57 De acordo com o texto, a relação estabelecida entre as informações estácorreta, EXCETO:

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326 Redação e Interpretação de Texto

a) A casa perdeu suas fundações e começou a desabar, JÁ QUE foi deslocada,posta em movimento.b) A casa, velhíssima habitação do homem, nos anos 20 perdeu o sentidoPORQUE precisava ser substituída pela máquina de morar.c) O homem moderno não mora mais em casa e, sim, na cidade; PORTAN-TO, a questão da arquitetura tornou-se uma questão de urbanismo.d) O trajeto trabalho-residência tornou-se TÃO longo QUE o homem passoua almoçar na cantina da fábrica.e) Uma casa-ferramenta pode ou não ser usada, pode ou não funcionar;POR SUA VEZ, uma casa-veículo curto-circuita a própria casa.

58 Todas as alternativas apresentam elementos que denotam seqüência tem-poral, EXCETO:a) A casa começou a desabar até tornar-se apenas a imagem nostálgica dealgo que ficou irremediavelmente para trás.b) À medida que o próprio espaço da moradia se contraía, morar foi se resu-mindo a ter um ponto de apoio.c) Os interiores foram esvaziados progressivamente e boa parte do que sefazia em casa começou a ser feito fora.d) O homem moderno passou a transar por fora, na garçonnière, antes dacriação do motel.e) (...) uma casa-ferramenta pode ou não ser usada, pode ou não funcionar;mas uma casa-veículo curto-circuita a própria casa.

59 Em todas as alternativas, a palavra destacada remete à expressão que estáentre parênteses, EXCETO em:a) (...) a adoção do modelo mecânico implica conseqüências que ultrapas-sam a questão do uso (...). (CONSEQÜÊNCIAS)b) (...) apenas a imagem nostálgica de algo que ficou irremediavelmente paratrás. (IMAGEM NOSTÁLGICA)c) (...) boa parte do que se fazia em casa (...). (O)d) (...) morar foi se resumindo a ter um ponto de apoio onde se restabelece amercadoria força de trabalho. (PONTO DE APOIO)e) (...) o futuro num tempo em que a tônica é “ganhar tempo”. (TEMPO)

60 Com relação à mudança na concepção da moradia humana, o autor semostra:

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a) uma testemunha atentab) uma voz nostálgicac) um espectador entusiasmadod) um observador entediadoe) um olhar chocado

61 O título que resume adequadamente a idéia central do texto é:a) A arquitetura pós-Revolução Industrial.b) A casa-ferramenta: moradia do século XX.c) A máquina de morar e a era eletrônica.d) A moradia do século XX viaja na rabeira do caminhão.e) O homem moderno e a máquina de morar.

(UF-PA) Assinale a única alternativa que expressa corretamente o pensa-mento do escritor nas questões 62 a 64:

62 No ensaio crítico Instinto de Nacionalidade, Machado de Assis diz:“... O que se deve exigir do escritor, antes de tudo, é um certo sentimentoíntimo, que o torne homem do seu tempo e do seu país, ainda quando tratede assuntos remotos no tempo e no espaço...”.Esta postura de Machado de Assis reflete:a) a importância secundária que dava à tarefa do escritor.b) o reconhecimento de que o escritor é um ser histórico, como todo serhumano.c) as questões estéticas formais em que se debate a obra de arte literária.d) a posição estética que uma obra de arte literária deve defender.e) a posição religiosa que o escritor deve tomar.

63 Em Confissão de Minas, Carlos Drummond de Andrade assim se refere:“... Entendo que poesia é negócio de grande responsabilidade e não consi-dero honesto rotular-se de poeta quem apenas verseje por dor-de-cotovelo,falta de dinheiro ou momentânea tomada de contacto com as forças líricasdo mundo, sem se entregar aos trabalhos cotidianos e secretos da técnica,da leitura, da contemplação e mesmo da ação. Até os poetas se armam, eum poeta desarmado é, mesmo, um ser à mercê de inspirações fáceis, dócilàs modas e compromissos...”.Pelo depoimento acima transcrito, depreende-se que:

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328 Redação e Interpretação de Texto

a) a postura do autor diante da poesia é tipicamente romântica.b) em poesia o que mais importa é a forma em detrimento do conteúdo.c) o poeta precisa se engajar sob o ponto de vista social.d) o autor exige estudo e reflexão para os que se dedicam à poesia.e) o autor só admite rotular-se de poeta os que têm a inspiração fácil.

64 Manuel Bandeira reconhece que:“... em literatura a poesia está nas palavras, se faz com palavras e não comidéias e sentimentos, muito embora, bem entendido, seja pela força do sen-timento ou pela tensão do espírito que acodem ao poeta as combinações depalavras onde há carga de poesia...”.Logo:a) considera a poesia como uma tarefa secundária.b) enfatiza como principal material de trabalho do poeta o sentimento e atensão do espírito.c) chama a atenção para as diferenças entre o material da poesia e o materialda prosa.d) superpõe o sentimento a qualquer outra preocupação que o poeta possavir a ter.e) considera a palavra como o material de trabalho básico de todo poeta.

(UF-PR) Texto para as questões de números 65 e 66:O Culto de Diana

Com o lançamento do livro de Andrew Morton Diana — Sua Verdadeira His-tória, o culto de Diana, que já dura uma década, se transformou em mais queum conto de fadas.O fascínio pela princesa é uma obsessão internacional cuja escala elongevidade mostram que é mais do que uma fantasia reacionária de satisfa-ção de desejos para os anglófilos americanos. Quem nunca levou Diana asério deveria repensar. Ela pode ter se tornado a mais poderosa imagem nacultura popular mundial de hoje. Fica cada vez mais evidente que a históriade Diana remete a certos traços culturais profundos, que sugerem que osarquétipos antigos da feminilidade convencional não estão obsoletos — pelocontrário, estão mais poderosos e arraigados do que nunca.A história de Diana nos faz reviver as donzelas entristecidas, aos lamentosou correndo perigo, que floresceram na poesia e na pintura da era vitoriana,

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329Redação e Interpretação de Texto

mas que acreditávamos mortas há muito tempo. Extenuada em sua solidãoabastada, Diana se assemelha às melancólicas heroínas pré-rafaelistas. Elaestá presa na armadilha das fórmulas de decoro real, objeto dos olhares domundo inteiro.

(Fragmentos do artigo “O Culto de Diana”.Folha de S. Paulo, 6/8/1992, p.6.3)

65 Conforme o texto, é correto afirmar que:01. Deve-se refletir sobre o fenômeno do culto à princesa Diana devido àcomplexidade de sua personalidade.02. A popularidade internacional da princesa Diana é reveladora de caracte-rísticas culturais do mundo de hoje.04. O culto a Diana mostra que, em relação aos ideais femininos, ainda so-brevivem atualmente resquícios de épocas remotas.08. Na sociedade moderna, poucos se impressionam com a imagem de umaprincesa frágil, melancólica e prisioneira.16. É ridículo haver ainda hoje pessoas fascinadas pela princesa Diana. Es-sas pessoas parecem viver em outra época.32. Acreditava-se que o tipo feminino representado por Diana (triste, solitá-ria, prisioneira) houvesse perdido sua importância há muito tempo.

Soma

66 Em que alternativa(s) o segundo enunciado (+) mantém o mesmo sentido doprimeiro, retirado do texto?01. “Quem nunca levou Diana a sério deveria repensar”.• Aconselha-se uma revisão de postura àqueles que consideram Diana inca-paz de uma atitude séria.02. “O fascínio pela princesa é uma obsessão internacional...”.• O encanto exercido pela princesa constitui uma idéia fixa que atravessoufronteiras...04. “... é mais do que uma fantasia reacionária de satisfação de desejos paraos anglófilos americanos”.• ... não é somente um indício da rivalidade entre americanos e ingleses.08. “... cuja escala e longevidade mostram...”.• ... cuja amplidão e longa duração indicam...16. “... que floresceram na poesia e na pintura da era vitoriana...”.• ... que vicejaram na obra dos poetas e pintores da época da Rainha Vitória...

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330 Redação e Interpretação de Texto

32. “Ela está presa na armadilha das fórmulas de decoro real, objeto dosolhares do mundo inteiro”.• A exigência que seu comportamento se conforme às normas da família reale a atenção mundial sobre sua pessoa impedem que ela tenha liberdade.

Soma

(FMU-SP) As questões de números 67 a 72 correspondem ao texto que sesegue:Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Osinfelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordi-nariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areiado rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procura-vam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dosgalhos pelados da caatinga rala.Arrastaram-se para lá, devagar, sinha Vitória com o filho mais novoescanchado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cam-baio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, aespingarda de pederneira no ombro. O menino mais velho e a cachorra Ba-leia iam atrás. Os juazeiros aproximavam-se, recuaram, sumiram-se. O me-nino mais velho pôs-se a chorar, sentou-se no chão.— Anda condenado do diabo, gritou-lhe o pai.Não obtendo resultado, fustigou-o com a bainha da faca de ponta. Mas o pe-queno esperneou acuado, depois sossegou, deitou-se, fechou os olhos. Fabia-no ainda lhe deu algumas pancadas e esperou que ele se levantasse. Como istonão acontecesse, espiou os quatro cantos, zangado, praguejando baixo.

(Graciliano Ramos, Vidas Secas)

Vocabulárioescanchado: montado ou sentado com as pernas abertas.quarto: mão e perna de uma rês considerada até

a metade do lombo e até a metade dabarriga; anca.cambaio: de pernas fracas, trôpego.pederneira: pedra muito dura, que produz faíscas,

quando ferida com fragmento de aço,sílex etc.

bainha: estojo onde se introduz a lâmina dearma branca.

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331Redação e Interpretação de Texto

67 Em “não obtendo resultado, fustigou-o com a bainha da faca de ponta”, nãoé sinônimo do termo destacado:a) maltratou d) humilhoub) açoitou e) chicoteouc) castigou

68 Os seres que se deslocam na aridez da planície são representados pelonarrador como:I Personagens desumanizadas, sobretudo se se levar em conta a seleçãode palavras do segundo parágrafo.II Personagens que resistem às condições adversas da natureza, como com-provam algumas expressões do primeiro parágrafo.III Personagens que se aproximam, recuam e somem diante da opressão danatureza, como se pode constatar no terceiro parágrafo.Assinale a opção correta:a) Se apenas as alternativas I e II estão corretas.b) Se apenas as alternativas II e III estão corretas.c) Se apenas as alternativas I e III estão corretas.d) Se todas as alternativas estão corretas.e) Se nenhuma alternativa está correta.

69 Assinale a alternativa correta quanto à estrutura do texto:a) Texto narrativo com elementos de descrição subjetiva.b) Texto descritivo com elementos de narração objetiva.c) Texto narrativo com narrador em primeira pessoa.d) Texto dissertativo com elementos de descrição subjetiva.e) Texto descritivo com narrador em terceira pessoa.

70 Assinale a alternativa correta:a) No texto predomina o discurso indireto com narrador protagonista.b) No texto predomina o discurso indireto, com uma interferência do discur-so indireto-livre.c) No texto predomina a narração/descrição, com uma interferência do dis-curso direto.d) No texto predomina o discurso indireto-livre, com uma interferência dodiscurso direto.e) No texto predomina o discurso direto.

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332 Redação e Interpretação de Texto

71 A respeito do narrador do texto, pode-se afirmar quea) é um narrador-protagonista.b) é um narrador-testemunha.c) é um narrador onisciente.d) é um narrador subjetivo.e) é um narrador participante.

72 Os nomes das personagens “sinha Vitória” e “Baleia” remetem para signifi-cados diversos daqueles explicitados pelo contexto. Para marcar essa diver-gência, o autor utilizou o recurso conhecido como:a) hipérbole d) eufemismob) ironia e) metonímiac) redundância

(FMU-SP) As questões de números 73 e 74 referem-se ao texto que se segue:Não é possível que os intelectuais latino-americanos que sofreram com asperseguições das ditaduras militares num período de trevas em que não fal-taram gestos de solidariedade internacional, permaneçam insensíveis ao pro-blema (*). Não é aceitável que se alienem, limitando-se à docência, às confe-rências, aos estudos de gabinete, à espera da aposentadoria. Se assumiruma posição em defesa dos valores fundamentais do ser humano implicacorrer risco, o medo não pode ter força de calar a consciência. Às vezes osilêncio se parece muito com a cumplicidade.

(MONTIBELLO, Edoardo. Veja, 15/7/1992)

* É o problema de Salman Rushdie — escritor do livro Versos Satânicos —que vive protegido pela Scotland Yard desde que foi condenado à morte porseu livro ter sido considerado, pelo aiatolá Khomeini, ofensivo aos princípiosislâmicos. [nota dos examinadores]

73 De acordo com o texto:a) Qual o significado da expressão “num período de trevas”?b) Substitua o termo destacado por um sinônimo: “Às vezes o silêncio separece muito com a cumplicidade”.

74 Por que os intelectuais latino-americanos limitam-se a tarefas rotineiras emlugar de exercerem o papel de denunciadores de arbitrariedades?

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333Redação e Interpretação de Texto

75 (FMU-SP)ConsoadaQuando a indesejada das gentes chegar(Não sei se dura ou caroável),Talvez eu tenha medo,Talvez sorria, ou diga:

— Alô, iniludível!O meu dia foi bom, pode a noite descer,(A noite com os seus sortilégios.)Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,A mesa posta,Com cada coisa em seu lugar.

(Manuel Bandeira, Opus 10.)

Vocabulário

consoada: ceia, refeição tardiacaroável: bondosasortilégios: bruxarias, presságiosiniludível: que não admite dúvidas

a) O poema, em sua totalidade, desenvolve um tema que não está explí-cito e que é, indiretamente, apresentado por uma figura de linguagem.Qual é ele?b) Retire do poema dois fragmentos que justifiquem sua resposta à questãoanterior.

76 (FUVEST-SP)Reduit é leite puro e saboroso.Reduit é saudável, pois nele quase toda gordura é retirada, permanecendotodas as outras qualidades nutricionais. Reduit é bom para jovens, adultos edietas de baixas calorias.

(Texto em uma embalagem de leite em pó)

a) No texto acima, a gordura pode ser entendida também como uma quali-dade nutricional? Justifique sua resposta, transcrevendo do texto a expres-são mais pertinente.b) As qualidades nutricionais de um produto, segundo o texto, sempre fazembem à saúde? Justifique sua resposta.

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334 Redação e Interpretação de Texto

(Cesgranrio) As questões de números 77 a 83 correspondem ao texto quese segue:É bastante difundida a crença de que um computador pode substituir o tra-balho de várias pessoas e constituir uma séria ameaça ao emprego, princi-palmente para as funções mais rotineiras. Com efeito, uma das justificativasfreqüentemente apresentadas para o desenvolvimento de novos sistemas éa diminuição de custo, através da redução de pessoal. Existe, é verdade, oargumento de que, por outro lado, o computador cria novos empregos, eque o preço do progresso inclui o deslocamento de pessoas e mudança dehábitos de trabalho. O que não impede, porém, que a notícia da introduçãode um novo sistema computadorizado seja muitas vezes acompanhada deinsegurança, desconfiança e mesmo hostilidade por parte dos funcionáriosda função afetada. Esta reação pode se traduzir na falta de colaboração comos analistas durante a fase de levantamento das informações e no boicote,aberto ou velado, à utilização das novas rotinas.A introdução de sistemas computadorizados tende também a fragmentar fun-ções e retirar a visão de conjunto das pessoas envolvidas, com exceção doescalão mais alto dos analistas. Os funcionários menos graduados deixam decompreender o que se passa com o sistema e vêem diminuído sensivelmenteo campo onde podem exercer iniciativa e criatividade. As novas tarefas padro-nizadas e planejadas nos mínimos detalhes são fonte potencial de alienação,insatisfação e distanciamento do funcionário da atividade-fim do sistema.Dentro desta visão, a mudança pode ser comparada à tarefa dos operários deuma linha de montagem em relação à dos antigos artesãos. A questão geral,também presente na indústria, consiste exatamente em se perguntar se, emnome de uma maior eficiência, justificam-se os efeitos negativos de se con-centrar o conhecimento e as habilidades em um número muito reduzido depessoas (analistas, programadores) enquanto se estimula na grande massa defuncionários uma atitude passiva e um desenvolvimento intelectual mínimo.

(JONATHAN. Miguel .O lado mau do computador, Dados e Idéias, 1977.)

77 O texto não contém:a) informação sobre as vantagens econômicas da introdução de sistemascomputadorizados em setores da atividade administrativa e de produção.b) referência à questão de ordem social, decorrente da introdução de sistemascomputadorizados em setores da atividade administrativa e de produção.

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335Redação e Interpretação de Texto

c) explicação sobre o funcionamento técnico dos sistemas computadorizadosintroduzidos em setores da atividade administrativa e de produção.d) comentário relativo ao comportamento das pessoas afetadas pela intro-dução de sistemas computadorizados em setores da atividade administrati-va e de produção.e) indagação acerca da oportunidade da introdução de sistemas computa-dorizados em setores da atividade administrativa e de produção.

78 Dentre os argumentos a seguir, apenas um não é apresentado, no texto,como contrário à introdução do computador em setores da administração.Assinale-o.a) Inclui o deslocamento de pessoas e a mudança de hábitos de trabalho.b) Tende a fragmentar funções e retirar a visão de conjunto das pessoasenvolvidas.c) É fonte potencial de alienação, insatisfação e distanciamento do funcioná-rio da atividade-fim do sistema.d) Concentra o conhecimento e as habilidades em um número muito reduzi-do de pessoas.e) Estimula na grande massa de funcionários uma atitude passiva e um de-senvolvimento intelectual mínimo.

79 Assinale a opção em que a mudança na ordem dos termos altera sensivel-mente o sentido do enunciado:a) É bastante difundida essa crença sobre os sistemas de comunicação. Essacrença sobre os sistemas de computação é bastante difundida.b) O computador é capaz de executar o trabalho de muitas pessoas. É ocomputador capaz de executar o trabalho de muitas pessoas.c) Funcionários menos graduados deixam de participar das decisões. Dei-xam de participar das decisões menos funcionários graduados.d) As novas tarefas padronizadas são fonte potencial de alienação. São fontepotencial de alienação as novas tarefas padronizadas.e) Esta reação pode se traduzir na falta de colaboração com os analistas.Pode esta reação traduzir-se na falta de colaboração com os analistas.

80 Assinale a opção em que os adjetivos destacados não possuem basica-mente o mesmo significado:a) é bastante difundida a crença/é bastante propagada a crença.

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336 Redação e Interpretação de Texto

b) funções mais rotineiras/funções mais habituais.c) da função afetada/da função atingida.d) no boicote, aberto ou velado/no boicote, aberto ou disfarçado.e) são fonte potencial de alienação/são fonte poderosa de alienação.

81 Assinale a opção em que não se altera o sentido do termo grifado em seja mui-tas vezes acompanhada de insegurança, desconfiança e mesmo hostilidade:a) Será mesmo possível reduzir os custos com o emprego de computadores?b) Todo sistema computadorizado, mesmo o mais sofisticado, pode falhar.c) Mesmo sendo indispensável, o computador nem sempre é a melhor so-lução.d) Não diria o mesmo que vocês sobre as vantagens do computador.e) Defendemos o mesmo ponto de vista sobre o sistema de computação.

82 No enunciado – com exceção do escalão mais alto dos analistas – a formacom exceção do pode ser substituída, sem alteração fundamental de senti-do por:a) até d) não obstanteb) inclusive e) apesar dec) menos

83 No trecho – ...o preço do progresso inclui o deslocamento de pessoas e amudança de hábitos de trabalho. O que não impede, porém, que a notícia daintrodução de um novo sistema computadorizado seja muitas vezes acom-panhada de insegurança... – o termo porém pode ser substituído, sem alte-ração de sentido, por:a) conseqüentemente d) contudob) pois e) por conseguintec) portanto

(FGV-SP) As questões de números 84 a 90 correspondem ao texto que se segue:“No ano passado, um freqüentador do Rodeio aproximou-se da mesa de algunsconhecidos e, apontando para um dos quadros de certo pintor que estavam emexposição nas paredes do restaurante, perguntou: ‘Gostam?’ Diante da respos-ta afirmativa, disparou triunfal: ‘Acabo de comprar todos.’ A cena não deixoumargem para dúvidas — estava-se diante de um deles. De um dos integrantesdesta notável, barulhenta, exibida e nunca assumida espécie de ricos: o nouveau.

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337Redação e Interpretação de Texto

Flagrar algum não é difícil. Ao jantar no The Place ou Mezza Luna, se ouvir àscostas aquela voz feminina precedida pela fragrância de Poison inventariar cominvejável rapidez as personalidades mundanas presentes e ser contestada poroutra masculina ligeiramente atrasada em relação ao Polo, terá boas ‘chances’de ao se virar encarar dois exemplares. O XR-3 (ou o Monza preto, ou o Miúracom pára-choques de néon) talvez ainda esteja em fila tripla aguardando omanobrista enquanto o casal procurará instalar-se na mesa mais estratégicapara ver e, principalmente, ser visto. Relaxe, acostume os olhos ao brilho deacessórios e à profusão de ‘grifes’ que eles envergam e tente captar a conversa,igualmente instrutiva. O esforço será mínimo: eles geralmente falam alto.Caso o encontro ocorra em época de férias escolares, é provável que elestenham mandado os filhos adquirirem um verniz cultural na Disneyworld.Com o tempo, o inglês desses herdeiros deve evoluir de ‘I love you too,Mickey’ para ‘How much?’. O casal tratará então de seu próximo embarquepara um cruzeiro até Aruba ou uma temporada em Las Leñas”.

(Vera de Sá, Folha de S.Paulo, 6/6/1988, p.A-40)

84 No texto, a frase “Acabo de comprar todos” sugere:a) a sensibilidade estética do comprador.b) o poder econômico isento do gosto estético.c) a sensibilidade do comerciante.d) a ausência de relação entre a arte e valor econômico.e) o reconhecimento do valor do artista.

85 No segundo parágrafo do texto acima, encontramos o verbo inventariar. Apon-te a opção que melhor corresponda a seu significado.a) dissertar c) narrar e) exibirb) inventar d) arrolar

86 Ainda no segundo parágrafo do texto, encontramos uma palavra estrangei-ra: Poison. O contexto sugere que se trata de uma marca de:a) ervilha c) peixe enlatado e) perfumeb) jóia d) esmalte

87 “O XR-3 (ou o Monza preto, ou o Miúra com pára-choques de néon) talvezainda esteja em fila tripla aguardando o manobrista...”. Essa passagem su-gere a idéia de:

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338 Redação e Interpretação de Texto

a) indiferença c) luxúria e) ostentaçãob) conformidade d) gosto apurado

88 Com base no Pequeno dicionário brasileiro da língua portuguesa, podemosdefinir a ironia como a “maneira de exprimir-se que consiste em dizer o con-trário do que se está pensando”. Sendo assim, aponte do texto um exemplode ironia:a) barulhenta c) rapidez e) invejávelb) exibida d) mundanas

89 Com referência à localização geográfica de Aruba e Las Leñas, o texto nospermite inferir que:a) tanto Aruba quanto Las Leñas estão perto do mar.b) pelo menos Aruba está perto do mar.c) pelo menos Las Leñas está perto do mar.d) pelo menos Aruba está distante da orla marítima.e) tanto Aruba quanto Las Leñas estão distantes da orla marítima.

90 Aponte a alternativa que transcreve palavra utilizada, no texto, em sentidoconotativo, figurado.a) brilho c) inglês e) altob) conversa d) verniz

91 (Enem) Leia o texto abaixo:Cabelos longos, brinco na orelha esquerda, físico de skatista. Na aparência, oestudante brasiliense Rui Lopes Viana Filho, de 16 anos, não lembra em nadao estereótipo dos gênios. Ele não usa pesados óculos de grau e está longe deter um ar introspectivo. No final do mes passado Rui retornou de Taiwan, ondeenfrentou 419 competidores de todo o mundo na 39a Olimpíada Internacionalde Matemática. A reluzente medalha de ouro que ele trouxe na bagagem estádependurada sobre a cama do seu quarto, atulhado de rascunhos dos proble-mas matemáticos que aprendeu a decifrar nos últimos cinco anos.Veja - Vencer uma olimpíada serve de passaporte para uma carreira profis-sional meteórica?Rui - Nada disso. Decidi me dedicar à Olimpíada porque sei que a concor-rência por um emprego é cada vez mais selvagem e cruel.

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339Redação e Interpretação de Texto

Agora tenho algo a mais para oferecer. O problema é que as coisas estão mudan-do muito rápido e não sei qual será minha profissão. Além de ser muito novo paradecidir o meu futuro profissional, sei que esse conceito de carreira mudou muito.

(Entrevista de Rui Lopes Viana Filho à Veja, 5/8/1998, no 31, p. 9-10.)Na pergunta, o repórter estabelece uma relação entre a entrada do estudan-te no mercado de trabalho e a vitória na Olimpíada.O estudante:a) concorda com a relação e afirma que o desempenho na Olimpíada é fun-damental para sua entrada no mercado.b) discorda da relação e complementa que é fácil se fazer previsões sobre omercado de trabalho.c) discorda da relação e afirma que seu futuro profissional independe dededicação aos estudos.d) discorda da relação e afirma que seu desempenho só é relevante se esco-lher uma profissão relacionada à matemática.e) concorda em parte com a relação e complementa que é complexo fazerprevisões sobre o mercado de trabalho.

(Enem) Considere os textos a seguir.(...) de modo particular, quero encorajar os crentes empenhados no campoda filosofia para que iluminem os diversos âmbitos da atividade humana,graças ao exercício de uma razão que se torna mais segura e perspicaz como apoio que se recebe da fé.

(Papa João Paulo II. Carta Encíclica Fides et Ratio aos bisposda igreja católica sobre as relações entre fé e razão, 1998.)

As verdades da razão natural não contradizem as verdades da fé cristã.(Santo Tomás de Aquino – pensador medieval)

92 Refletindo sobre os textos, pode-se concluir que:a) a encíclica papal está em contradição com o pensamento de Santo Tomásde Aquino, refletindo a diferença de épocas.b) a encíclica papal procura complementar Santo Tomás de Aquino, poiseste colocava a razão natural acima da fé.c) a Igreja medieval valorizava a razão mais do que a encíclica de João Paulo II.d) o pensamento teológico teve sua importância na Idade Média, mas, emnossos dias não tem relação com o pensamento filosófico.e) tanto a encíclica papal como a frase de Santo Tomás de Aquino procuramconciliar os pensamentos sobre fé e razão.

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340 Redação e Interpretação de Texto

93 (Enem) Leia um texto publicado na Gazeta Mercantil. Esse texto é parte deum artigo que analisa algumas situações de crise no mundo, entre elas aquebra da Bolsa de Nova Iork em 1929, e foi publicado na época de umaiminente crise financeira no Brasil.Deu no que deu. No dia 29 de outubro de 1929, uma terça-feira, praticamen-te não havia compradores no pregão de Nova Iorque, só vendedores. Se-guiu-se uma crise incomparável: o Produto Interno Bruto dos Estados Uni-dos caiu de 104 bilhões de dólares em 1929, para 56 bilhões em 1933, coisainimaginável em nossos dias. O valor do dólar caiu a quase metade. O de-semprego elevou-se de 1,5 milhão para 12,5 milhões de trabalhadores —cerca de 25% da população ativa — entre 1929 e 1933. Na construção civilcaiu 90%. Nove milhões de aplicações, tipo caderneta de poupança, perde-ram-se com o fechamento dos bancos. Oitenta e cinco mil firmas faliram.Houve saques, e norte-americanos que passaram fome.

(Gazeta Mercantil, 5/1/1999.)Ao citar dados referentes à crise ocorrida em 1929, em um artigo jornalísticoatual, pode-se atribuir ao jornalista a seguinte intenção:a) questionar a interpretação da crise.b) comunicar sobre o desemprego.c) instruir o leitor sobre aplicações em bolsa de valores.d) relacionar os fatos passados e presentes.e) analisar dados financeiros americanos.

94 (Enem) Em uma conversa ou leitura de um texto, corre-se o risco de atribuirum significado inadequado a um termo ou expressão, e isso pode levar acertos resultados inesperados, como se vê nos quadrinhos a seguir:

SOUSA, Maurício de. Chico Bento. O Globo, no 335, 11/1999)

Nessa historinha, o efeito humorístico origina-se de uma situação criada pelafala da Rosinha no primeiro quadrinho, que é:a) Faz uma pose bonita! d) Olha o passarinho!b) Quer tirar um retrato? e) Cuidado com o flash!c) Sua barriga está aparecendo!

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341Redação e Interpretação de Texto

95 (Enem) “Poética”, de Manuel Bandeira, é quase um manifesto do movimen-to modernista brasileiro de 1922. No poema, o autor elabora críticas e pro-postas que representam o pensamento estético predominante da época.

PoéticaEstou farto do lirismo comedidoDo lirismo bem comportadoDo lirismo funcionário público com livro de ponto

[expediente protocolo manifestações de[apreço ao Sr. diretor.

Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no[dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo

Abaixo os puristas...........................................Quero antes o lirismo dos loucosO lirismo dos bêbedosO lirismo difícil e pungente dos bêbedosO lirismo dos clowns de Shakespeare– Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

(BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa.Rio de Janeiro: Aguilar, 1974.)

Com base na leitura do poema podemos afirmar corretamente que o poeta:a) critica o lirismo louco do movimento modernista.b) critica todo e qualquer lirismo na literatura.c) propõe o retorno ao lirismo do movimento clássico.d) propõe o retorno ao lirismo do movimento romântico.e) propõe a criação de um novo lirismo.

96 (Enem) O texto a seguir foi extraído de uma crônica de Machado de Assis erefere-se ao trabalho de um escravo.“Um dia começou a guerra do Paraguai e durou cinco anos, João repicava edobrava, dobrava e repicava pelos mortos e pelas vitórias. Quando se decre-tou o ventre livre dos escravos, João é que repicou. Quando se fez a aboli-ção completa, quem repicou foi João. Um dia proclamou-se a República.João repicou por ela, repicaria pelo Império, se o Império retornasse”.

(ASSIS, Machado de. Crônica sobre a morte do escravo João, 1897.)A leitura do texto permite afirmar que o sineiro João:

a) por ser escravo tocava os sinos, às escondidas, quando ocorriam fatosligados à Abolição.

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342 Redação e Interpretação de Texto

b) não poderia tocar os sinos pelo retorno do Império, visto que era escravo.c) tocou os sinos pela República, proclamada pelos abolicionistas que vie-ram libertá-lo.d) tocava os sinos quando ocorriam fatos marcantes porque era costumefazê-lo.e) tocou os sinos pelo retorno do Império, comemorando a volta da PrincesaIsabel.

97 (Enem) O autor do texto abaixo critica, ainda que em linguagem metafórica,a sociedade contemporânea em relação aos seus hábitos alimentares.“Vocês que tem mais de 15 anos, se lembram quando a gente comprava leiteem garrafa, na leiteria da esquina? (...). Mas vocês não se lembram de nada, pô!Vai ver nem sabem o que é vaca! Nem o que é leite. Estou falando isso porqueagora mesmo peguei um pacote de leite — leite em pacote, imagina, Tereza! —na porta dos fundos e estava escrito que é pasterizado, ou pasteurizado, sei lá,tem vitamina, é garantido pela embromatologia, foi enriquecido e o escambau.Será que isso é mesmo leite? No dicionário diz que leite é outra coisa: ‘Líquidobranco, contendo água, proteína, açúcar e sais minerais’. Um alimento pra nin-guém botar defeito. O ser humano o usa há mais de 5.000 anos. É o único alimen-to só alimento. A carne serve pro animal andar, a fruta serve pra fazer outra fruta, oovo serve pra fazer outra galinha (...). O leite é só leite. Ou toma, ou bota fora.Esse aqui, examinando bem, é só pra botar fora. Tem chumbo, tem benzina,tem mais água do que leite, tem serragem, sou capaz de jurar que nem vacatem por trás desse negócio.Depois o pessoal ainda acha estranho que os meninos não gostem de leite.Mas, como não gostam? Não gostam como? Nunca tomaram! Múúúúúúú!”

(FERNANDES, Millôr. O Estado de S. Paulo, 22/8/1999.)A crítica do autor é dirigida:a) ao desconhecimento, pelas novas gerações, da importância do gado lei-teiro para a economia nacional.b) à diminuição da produção de leite após o desenvolvimento de tecnologiasque têm substituído os produtos naturais por produtos artificiais.c) à artificialização abusiva de alimentos tradicionais, com perda de critériopara julgar sua qualidade e sabor.d) à permanência de hábitos alimentares a partir da revolução agrícola e dadomesticação de animais iniciada há 5.000 anos.e) à importância dada ao pacote de leite para a conservação de um produtoperecível e que necessita de aperfeiçoamento tecnológico.

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343Redação e Interpretação de Texto

98 (Enem) A palavra embromatologia usada pelo autor é:a) um termo científico que significa estudo dos bromatos.b) uma composição do termo de gíria “embromação” (enganação) combromatologia, que é os estudos dos alimentos.c) uma junção do termo de gíria “embromação” (enganação) com lactologia,que é o estudo das embalagens para leite.d) um neologismo de química orgânica que significa a técnica de retirarbromatos dos laticínios.e) uma corruptela de termo da agropecuária que significa a ordenha mecânica.

99 (Enem) As histórias em quadrinhos, por vezes, utilizam animais como perso-nagens e a eles atribuem comportamento humano. O gato Garfield é exem-plo desse fato.

Van Gogh, pintor holandês nascido em 1853, é um dos principais nomes dapintura mundial. É dele o quadro abaixo:O 3o quadrinho sugere que Garfield:a) desconhece tudo sobre arte, por isso faza sugestão.b) acredita que todo pintor deve fazer algodiferente.c) defende que para ser pintor a pessoa temde sofrer.d) conhece a história de um pintor famoso efaz uso da ironia.e) acredita que seu dono tenha tendência ar-tística e, por isso, faz a sugestão.

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344 Redação e Interpretação de Texto

100 (Enem) Leia o que disse João Cabral de Melo Neto, poeta pernambucano,sobre a função de seus textos:“Falo somente com o que falo: a linguagem enxuta, contato denso, falosomente do que falo: a vida seca, áspera e clara do sertão; falo somentepor quem falo: o homem sertanejo sobrevivendo na adversidade e na mín-gua. Falo somente para quem falo: para os que precisam ser alertadospara a situação da miséria no Nordeste”.Para João Cabral de Melo Neto, no texto literário,a) a linguagem do texto deve refletir o tema, e a fala do autor deve denun-ciar o fato social para determinados leitores.b) a linguagem do texto não deve ter relação com o tema, e o autor deveser imparcial para que seu texto seja lido.c) o escritor deve saber separar a linguagem do tema e a perspectiva pes-soal da perspectiva do leitor.d) a linguagem pode ser separada do tema, e o escritor deve ser delator dofato social para todos os leitores.e) a linguagem está além do tema, e o fato social deve ser a proposta doescritor para convencer o leitor.

Texto para as questões de 101 a 106.(...) quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rostochamei de mau gosto o que vi de mau gosto o mau gostoé que narciso acha feio o que não é espelhoe à mente apavora o que ainda não é mesmo velhonada do que não era antes quando não somos mutantese foste um difícil começo afasto o que não conheçoe quem vem de outro sonho feliz de cidadeaprende depressa a chamar-te de realidadeporque és o avesso do avesso do avesso do avessodo povo oprimido nas filas nas vilas favelasda força da grana que ergue e destrói coisas belasda feia fumaça que sobe apagando as estrelaseu vejo surgir teus poetas de campos e espaçostuas oficinas de florestas teus deuses da chuvapanaméricas de áfricas utópicas túmulo do samba mais possível novo

[quilombo de Zumbi

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345Redação e Interpretação de Texto

e os novos baianos passseiam na tua garoae novos baianos te podem curtir numa boa

(Caetano Veloso)

101 (PUC-SP) O nome criado para título desta composição – Sampa – expres-sa uma relação entre:a) São Paulo e Salvador.b) São Paulo e samba.c) Salvador e samba.d) Avenida Ipiranga e avenida São João.e) Avenida São João e samba.

102 (PUC-SP) O texto constrói uma análise da cidade. Por isso o autor usainicialmente:a) suas impressões pessoais.b) informações obtidas de outros.c) a enumeração de dados importantes.d) a descrição objetiva da cidade.e) impressões dos habitantes da cidade.

103 (PUC-SP) O sentido do verso “... é que narciso acha feio o que não éespelho” pode ser encontrado também em:a) “porque és o avesso do avesso do avesso do avesso”.b) “e à mente apavora o que ainda não é mesmo velho”.c) “nada do que não era antes quando não somos mutantes”.d) “quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto/chamei de maugosto o que vi...”.e) “quem vem de outro sonho feliz de cidade/aprende depressa a chamar-te de realidade”.

104 (PUC-SP) O verso “e à mente apavora o que ainda não é mesmo velho”revela:a) o medo que todos os homens sentem da velhice.b) a ânsia do ser humano pela renovação.c) a aversão a tudo o que já é velho e desgastado.

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346 Redação e Interpretação de Texto

d) a procura incessante do homem que, como ser mutante, busca sempreuma emoção nova.e) a resistência do homem àquilo que rompe com os padrões já incorpo-rados.

105 (PUC-SP) No décimo quinto verso é estabelecido uma aproximação entre acidade de São Paulo e o quilombo de Zumbi. Essa relação ocorre porque:a) Como os quilombos, a cidade é uma fortaleza, onde não se pode entrarlivremente.b) A cidade, assim como o quilombo, repele os que a procuram.c) São Paulo, assim como o quilombo de Zumbi, representa uma esperan-ça de libertação e melhores condições de vida.d) Em São Paulo, como acontece nos quilombos, todo negro é escravo.e) Para São Paulo, como para o quilombo de Zumbi, convergem os quenão são contrários à opressão.

106 (PUC-SP) Identifique a afirmação correta.a) A caracterização dos aspectos negativos da cidade intensifica-se nosversos 10, 11 e 12.b) No segundo verso há uma repetição desnecessária da palavra gosto.c) Nos dois últimos versos há uma alusão à dificuldade de adaptação, emSão Paulo, sofrida pelos novos baianos.d) O décimo quinto verso é apenas um jogo sonoro sem sentidoe) O autor não menciona aspectos negativos da cidade em nenhum dosversos.

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347Redação e Interpretação de Texto

Capítulo 1 — A Língua Portuguesa

1.1. Exercícios p. 11

1) Do latim vulgar. 2) É o conjunto de falares regionais sobre o qual vai influir a língua recém-chegada

e imposta pelos colonizadores. 3) É o conjunto de traços lingüísticos de um povo conquistador, quando ele os

abandona para adotar a língua do povo vencido. 4) É o resultado do amálgama do substrato, latim vulgar, superstrato, que é falado

num período anterior às línguas românicas. 5) Como superstrato.

2.3. Exercícios p. 15

1) O povo primitivo mais importante foram o iberos. Segue-se a ele, os gregos efenícios. Depois do séc. V a.C., lá estabelecem os celtas que se fundiram aosiberos formando uma única raça, reconhecida como celtibera.

2) O substrato foi o celtibero; as línguas bárbaras e o árabe foram o superstrato. 3) Em 1139, D. Afonso Henriques vence os mouros na batalha de Ourique. Em

1143, o rei de Castela reconhece o reino de Portugal e seu rei. 4) Um tipo de linguagem criada para mútua compreensão no estabelecimento de

relações comerciais.

3.3. Exercícios p.18

1) Porque sobre ele vai influir o português. 2) Do tupi e do elemento negro. 3) a) do descobrimento à expulsão dos holandeses.

b) de 1654 até final do século XVIII.c) de 1808 até nossos dias.

Respostas dos exercícios

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348 Redação e Interpretação de Texto

4.1. Exercícios p. 20

1) Latina. Pela via popular ou pela via erudita. 2) Por palavras hereditárias, de empréstimos e de estrangeirismos.3) Hereditárias são palavras provenientes do substrato e do superstrato. Empréstimos

são vocábulos anexados entre os séculos XII e XVI que vieram suprir as deficiênciasda língua. Estrangeirismos, palavras incorporadas ao português a partir do século XVI.

4) Estrangeirismos.

5.6. Exercícios p. 34

1) chavinha, chaveiro, chaveirão, chavear 2) anjinho, angelical, angelólatra, angelizar, angelitude 3) a) paris = radical, i = vogal de ligação, ense = sufixo

b) des = prefixo, leal = radical, dade = sufixoc) re = prefixo, encontr = radical, a = vogal temática, mos = desinência número –

pessoal 4) biblio = livro / fago = come

sopo = sopa / fobia = aversão 5) projeitinho, frúturo, felicidadania, paraís

6.5. Exercícios p. 36

1) 3 1 5 8 4 7 1 7 5 94 7 9 2 8 7 3 2

2) emoldurar enriquecer, enriquecimentodesposar emagrecer, emagrecimentoapodrecer, apodrecimento embelezar, embelezamento

3) aprendizado, aprendizagem galinheiro, galinhadagritaria cardinalatoboiada, boiadeiro lamaçal, lamacento

4) ambivalente, ambidestro hemisfériodesamarrar, descuidado perímetro, perimetralultrapassagem, ultramarino antídoto, antinacionalista

7. Questões de Vestibular p. 37

1) e 4) b 7) e 10) d 13) soma 39 2) soma 61 5) e 8) a 11) c 14) a3) d 6) a 9) b 12) d 15) e

16) a) tempo – medida b) pequeno – ver17) a) povo – governo b) estrangeiro – horror

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349Redação e Interpretação de Texto

18) a) alma – cura b) mundo – origem19) a) sinal – portador b) boa – nova20) a) criança – conduzir b) longe – voz21) soma 04 25) a 29) e 33) d22) a 26) soma 15 30) 12 34) d23) soma 42 27) a 31) soma 02 35) d24) c 28) e 32) d 36) a

Capítulo 2 — Linguagem & Comunicação

1.1. Exercícios p. 49

1) a) emissor = redator da revista Superinteressantereferente = propriedades da vitamina Ereceptor = o leitormensagem = pesquisas que comprovaram os benefícios que a vitamina Epode trazer para o ser humanocanal = revista Superinteressantecódigo = língua portuguesa

2) a) símbolo gráfico c) código gestualb) pintura corporal d) código verbal

2.1. Exercícios p. 53

1) a) Não.b) É o sistema de sinais pelo qual uma sociedade concebe e expressa o mundoque a cerca.c) Não, porque sua evolução é paralela àquela da sociedade que a criou.d) Na execução individual, na fala.e) É a realização individual da língua.

2) Primeiramente, pela seleção, o técnico escolhe goleiros, laterais, zagueiros, mé-dios volantes, pontas-de-lança, depois arma seu sintagma, isto é, combina osmelhores de cada posição para formar o time.

3) Signo é o que representa algo. Qualquer palavra em português ou qualquer ou-tra língua.

4) Significante, a dimensão concreta do signo, a letra que se vê, o som que seouve. Significado, a dimensão abstrata do signo, a definição.

3.7. Exercícios p. 61

1) a) denotação c) denotação e) denotação g) denotaçãob) conotação d) conotação f) conotação h) conotação

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350 Redação e Interpretação de Texto

2) Sugestões:a) O leite está azedo. / Recebeu-me com uma cara azeda.b) Cortei o papelão com a tesoura. / Esta cena corta-me o coração.c) Os senhores castigavam os escravos com açoite. / Seu desprezo é um açoite

na minha paixão. 3) a) referencial c) poética/conativa e) fática

b) emotiva d) metalingüística f) poética

4. Questões de Vestibular p. 62

1) Função conativa ou apelativa, pois quer convencer o leitor das qualidades daobra e persuadi-lo à compra. Tudo isso usando uma liguagem com a qual ojovem se identifica.

2) Desgrudava-se e apagava. Literalmente, a memória não se gruda a nenhumacena nem o olhar apaga imagens. O sentido metafórico acrescenta ao literal aidéia de obsessão por uma cena já vivida.

3) 23 4) a) o autor usou a palavra passa como verbo e como adjetivo. Como verbo, o

sentido é de que a beleza (uva) vai embora. Como adjetivo, quer dizer uvaseca, portanto enrugada.

b) ninguém quer ver-se enrugado como uva-passa, portanto o creme hidratanteé a solução.

c) função conativa. Idem a 1. 5) c 6) a) conativo

b) Se há coisas criticáveis no que falo, há também muita coisa certa (farelo =algo ruim; grão inteiro = o que é bom).

7) c

Capítulo 3 — Variações Lingüísticas

2. Exercício p. 70

1) e 3) c 5) d 7) f 2) f 4) a 6) b

3. Questões de Vestibular p. 71 1) a 2) “Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro”. O verbo chegar rege prepo-

sição a e não em. “Uma noite chegou ao bar Vinte de Novembro” .

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351Redação e Interpretação de Texto

3) Durante seis anos estudei muito a vida do paulista Mário de Andrade e fiz umfilme sobre ele, que é ótimo poeta, mas pouco lembrado pelas vanguardas mo-dernistas.[...] Hoje em dia, felizmente, já existem vários trabalhos sobre ele, hámuita gente reavaliando a poética de Mário de Andrade porque ela é muito maisprofunda e importante do que se tem pensado nos últimos anos. Estudando opoeta, descobri que ele foi o exemplo da pessoa que morreu de amor, mas deamor pelo seu povo, pelo seu país, pela sua cultura. [...]Um outro escritor sobre o qual eu também fiz um filme é o Câmara Cascudo. Quandouma pessoa como ele morre, os jornais dão uma pequena nota, escondida. No en-tanto, é alguém que deveria ter estátua em praça pública, deveria ser lido, recitado”.

4) a) “poucas e boas” e “tipo quando”b) “Poucas e boas” : momentos difícies, experiências desagradáveis. “Tipo quan-

do”: a exemplo da ocasião em que, como ocorreu quando.5a) b 5b) e 5c) b 6) b 7) a) que havia rasgado sua (dele, de L.A.N.) de filiação.

b) que havia rasgado a ficha de Brizola.c) conhecimento sobre o momento político em questão, para saber que um cida-

dão comum não pode rasgar a ficha de um dos líderes do PDT; e gramatical,para saber que cuja tem valor de possessivo e refere-se ao termo anterior.

8) c 9) a) zoando, a gente.

b) estão o gosto. Entre os motivos está o gosto...Além disso podem ser apontadas:— Em a “candidata ao vestibular”, há duas inadequações semânticas:1. A moça não se candidata ao vestibular, mas a uma vaga em alguma faculdade;2. Tem-se a impressão de que a candidata fala a alguém e esse alguém é o

vestibular, já que se diz algo a alguém.— Em “... por literatura e inglês, que estuda há oito anos”, há uma ambigüidade.Não se sabe se a candidata estuda inglês, literatura ou ambos há oito anos.

10) Quando se dispõe de um equipamento, ele pode ser usado de várias formas.Mas, por não termos uma política educacional para o uso do computador noensino, a tendência é empregá-lo da forma mais inadequada, usando-se, porexemplo, programas descartáveis. Isso é mais rentável e mais fácil.

11) a) Jovens amantes da música pop. As marcas lingüísticas encontradas: pô, mas-sa, maneiro, pedaço, Sampa, tu te anima, point, esses caras não foi cruner,tua moçada, manjar, dá um look, tu vai sacá, astral, di-jei.

b) Na música – Cazuza não foi cruner de banda, groves Internacional ... astral doséculo XX músical, di-jei.

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352 Redação e Interpretação de Texto

c) a crítica é feita a Erundina qua parece privilegiar um músico, excluindo outros;aos jovens roqueiros, por ignorarem outros músicos e a contribuição por elesprestada à história da música.

Capítulo 4 — O Texto

2.1. Exercícios p. 85

1) a) Não-literário. É referencial, sua intenção é só informar. Só explora o plano doconteúdo.

b) Literário. Exploração do plano da expressão: rima, ritmo, além da linguagemcondensada.

3.4. Exercícios p. 92

1) a) ritmo b) aliteração c) rima d) assonância

4.4. Exercícios p. 95

1) lírico 2) épico 3) dramático

5. Questões de Vestibular p. 96 1) A diferença significativa entre a poesia épica e a lírica é o conteúdo. Na lírica

predomina o eu-poético, subjetivismo; já a poesia épica é objetiva e narra umfato grandioso.

2) O texto teatral é escrito para ser encenado, representado; o romance é uma narração. 3) 07 5) c 7) b 9) a 11) c 4) c 6) a 8) a 10) b 12) c13) a) Quando nasci um anjo esbelto, desses que tocam trombeta, anunciou:

b) um é torto; o outro, esbelto.c) o anjo esbelto lhe dá uma perspectiva de vida feliz.

14) a

Capítulo 5 — Poesia

2. Exercícios p. 109

1) a) abba – interpoladas c) abab – cruzadasb) aabb – emparelhadas

2) 6 versos de 7 sílabas alternados com 2 versos de 4abba = interpoladascc = misturadas

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353Redação e Interpretação de Texto

3. Questões de Vestibular p. 109 1) c 2) c 3) e 4) d

Capítulo 6 — Prosa

3. Exercícios p. 122

1) Redundância. Novidade na área da informática revolucionou o mercado. 2) Ambigüidade. Paulo e sua irmã comeram uma feijoada. 3) Cacófato. É admirável a crença do meu tio. 4) Preciosismo. Meu pai é careca. 5) Eco. Meu irmão tropeçou, caiu e machucou a mão. 6) Redundância. Compre um refrigerante e ganhe um copo. 7) Ambigüidade. Precisa-se de uma empregada e também de um rapaz forte para

ordenhar vacas.

4. Questões de Vestibular p. 122 1) e 3) a 5) a 2) a 4) b 6) b 7) No primeiro trecho, tem-se a impressão de que a psicóloga está localizada na

rua Campo Grande.“A psicóloga Iracema Leite Ferreira Duarte está fazendo sucesso com sua novaclínica, localizada na rua Campo Grande, 159.”No segundo trecho, houve emprego errado do pronome relativo onde.“Embarcou para São Paulo Maria Helena Arruda, que ficará hospedada no luxu-oso hotel Maksoud Plaza.”

8) a 12) b 15) 04 18) 04 9) soma 16 13) d 16) 01 19) c10) e 14) soma 31 17) d 20) 9611) c21) Vir escutá-la tocar piano. Eu boto-o na cadeia. / Eu o boto na cadeia.22) c 23) 24 24) a 25) a 26) b 27) c28) (...) que entrará no exame inexistente no Brasil (...). É ambígua pois tanto se pode

entender que o exame é inexistente como o livro é inexistente. (...) a leitura de um livro inexistente no Brasil e que entrará no exame: (...)

29) O indispensável é conhecer o princípio adotado para avaliar a experiência realizadaontem, a fim de compreender a atitude tomada pelo grupo encarregado do trabalho.

30) A árvore, oca por dentro, tinha vinte metros de altura: estava, por essa razão,prestes a cair.

31) c

Page 331: Redação e interpretação de texto

354 Redação e Interpretação de Texto

32) Entregaram-se ao professor os relatórios de estágios de que precisávamos paraa obtenção dos créditos finais e, agora, ficaremos à espera dos resultados cujosnúmeros serão divulgados em breve pela secretaria.

33) a) Após ser picado pelo mosquito, o parasita...b) O parasita seria picado pelo mosquito.c) Que o ser humano seria picado pelo mosquitod) Depois que o indivíduo é picado pelo mosquito, o parasita...

34) a) E ninguém confia no governo porque as coisas não andam.b) Ele só repetiu a primeira frase em ordem indireta. Na verdade deveria ter tra-balhado as relações de causa e efeito:1a fraseefeito = as coisas não andamcausa = ninguém confia no governo2a fraseefeito = ninguém confia no governocausa = as coisas não andam

35) c36) a) não é necessário/não precisa

b) 1) Isso porque não é necessário, nesse estágio, o Planalto apresentar suadefesa.

2) Nesse estágio, o Planalto não precisa ainda apresentar sua defesa.37) a) Usar o que diz que deve ser evitado.

b) Na primeira recomendação usou um lugar-comum (como o diabo foge dacruz). Na segunda, o uso do advérbio sempre indica generalização. Na terceira,usou a voz passiva.

38) Judith Exner, uma das incontáveis amantes de Kennedy, que, simultaneamente,mantinha um caso... Pode-se entender que Judith Exner mantinha um caso, e,ainda, que Kennedy mantinha um caso. A ambigüidade é devida ao uso do rela-tivo que (que pode referir-se tanto a Judith quanto a Kennedy), se o autor tivesseusado o relativo a qual a ambigüidade estaria desfeita.

39) a) “A portaria proíbe ainda os menores de 18 anos de irem a motéis e rodeios sem acompanhia ou autorização dos pais”. A passagem permite que imaginemos o me-nor indo ao motel acompanhado pelos pais ou com a autorização dada por eles.

b) A portaria proíbe ainda os menores de 18 anos de irem a motéis e, também, arodeios, sem a companhia ou autorização dos pais.

40) a) Que a árvore representava um perigo maior para as crianças.b) Que as crianças são perigosas.c) Que se deve tomar cuidado porque nas imediações há uma escola que

representa perigo para quem passa por perto.

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355Redação e Interpretação de Texto

41) a) No último dia 6 em Assunção (Paraguai).b) Ao atentado contra o World Trade Center.c) O acusado foi preso nos EUA. O ato de terrorismo ocorreu nos EUA.

42) a

Capítulo 7 — Figuras de Linguagem

1.12. Exercícios p.139

I) 1) silepse de pessoa 7) anacoluto2) pleonasmo e 8) onomatopéia e aliteração anacoluto 9) zeugma3) silepse de número 10) polissíndeto4) anacoluto 11) anáfora e assíndeto5) elipse 12) iteração ou repetição6) silepse de gênero

II) 3-4-1-6-5-2-7

2.5. Exercício p.142

1) antonomásia 5) antonomásia 2) catacrese 6) antonomásia 3) metáfora 7) catacrese 4) metonímia

3.8. Exercício p.144

I) 1) antítese 4) prosopopéia 7) gradação2) hipérbole 5) eufemismo 8) apóstrofe3) ironia 6) prosopopéia

4. Questões de Vestibular p. 145

1) a) metáfora (eu sou a planta humilde), antonomásia (“O Justo” por Jesus Cristo)e prosopopéia (a planta fala — esta é a figura predominante no texto).

b) os cereais contrapostos são o trigo e o milhoc) eles simbolizam a elite e o povo

2) onomatopéia 7) d 12) c 3) e 8) a 13) b 4) a 9) d 14) a 5) d 10) a 15) a 6) b 11) b17) b 24) e 31) b polissíndeto18) aliteração 25) c 32) c) 4, 3, 2, 1

Page 333: Redação e interpretação de texto

356 Redação e Interpretação de Texto

19) d 26) a 33) a) anacoluto20) b hipérbole 27) d b) pleonasmo21) a zeugma 28) soma 07 c) prosopopéia22) d personificação 29) b eufemismo23) b eufemismo 30) b anacoluto34) A ironia é mostrar o amor interesseiro. Quando se pensa que ele vai dizer quantos

meses e dias durou o amor, ele, em lugar de dias, colocou a quantia que gastoucom Marcela.

35) a) Os brasileiros fomos informados...b) O autor coloca-se entre os brasileiros que foram informados.

Obs.: Capítulo 8 — não tem gabarito são respostas livres!

Capítulo 9 — Discursos p.1834. Questões de Vestibular 1) a) Brás Cubas disse que ele, curioso leitor, naquele dia, não seria capaz de lá

entrar.b) Lamentava Brás Cubas que o proprietário a deitara abaixo.

2) Suplicou que acreditasse no que dizia. 3) Adelaide olha para o dinheiro em cima da mesa e diz que ele ainda não quis lhe

dizer como o conseguiu.Ele lhe responde que arranjou emprestado com o Duque e o Alcides.Pausa.Ela perguntou-lhe depois quando é que ele teria de devolver a eles. E ele respon-deu que não tinha prazo.

4) d

Capítulo 10 — Vocabulário

8. Questões de Vestibular p. 204

1) a 3) a 5) c2) c 4) e 6) c7) anterior/que tem fundamento8) d 9) e10) d (relação de sinonímia) 13) d (relação de sinonímia)11) a (relação de afinidade) 14) c (relação de sinonímia)12) b (relação de antonímia) 15) b

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357Redação e Interpretação de Texto

Parte 2Capítulo 1 — Apoio Funcional

1.4. Questões de Vestibular p. 245

1) e 5) d 9) e 13) b 16) e 19) e 2) b 6) b 10) e 14) 50 17) d 20) e 3) b 7) c 11) a, b, d 15) 25 18) 4 21) b 4) a 8) c 12) e22) Sim. Da maneira como a frase está escrita, a estrada fica solitária (sem movimen-

to) só à noite. Deslocando-se a vírgula, a estrada é solitária a qualquer hora.23) d 24) a

2.4. Questões de Vestibular p. 261

1) 24 4) b 7) d 10) d 13) a 16) d 2) d 5) c 8) d 11) d 14) 10 17) e 3) a 6) e 9) c 12) c 15) e18) a) Encontraram-no. d) A disposição das plantas não o permite.

c) Arrancara-na do peito.19) c 20) c 21) a 22) a, b, c 23) e

3.3. Questões de Vestibular p. 275

1) e 5) e 9) eu/mim 13) c 2) c 6) b 10) d 14) c 3) e 7) a 11) b 15) c 4) d 8) b 12) interveio/deteve16) Quando o trabalhador chegou à fábrica, o apito tinha soado, porém ele não ficou

preocupado, pois ainda tinha dez minutos para se apresentar na seção.17) Admiração e, ao mesmo tempo, reconhecimento da atitude das pessoas que mo-

ram em lugares pequenos.18) d 24) b 30) e 36) b 43) a19) b 25) a 31) c 38) e 44) b20) d 26) c 32) a 39) a 45) e21) c 27) d 33) e 40) d em II e III 46) e22) c 28) e 34) e 41) d 47) d23) e 29) c 35) b 42) c 48) e49) Com humildade, pensando na vida e...50) c 51) d 52) b 53) c 54) e

Page 335: Redação e interpretação de texto

358 Redação e Interpretação de Texto

Capítulo 2 — Análise & Interpretação de Texto

1. Questões de Vestibular p. 344

1) a 19) b 37) e 55) d 2) d 20) e 38) d 56) c 3) e 21) e 39) a 57) b 4) e 22) b 40) d 58) e 5) d 23) c 41) d 59) b 6) e 24) c 42) c 60) a 7) b 25) d 43) d 61) e 8) b 26) c 44) e 62) b 9) a 27) b 45) a 63) d10) d 28) b 46) c 64) e11) a 29) c 47) c 65) soma = 3812) a 30) e 48) e 66) soma = 5813) e 31) d 49) c 67) b14) c 32) a, b, c, f 50) a 68) a15) c 33) a, b, d, e, f, g 51) c 69) a16) b 34) e 52) b 70) c17) a 35) d 53) e 71) c18) d 36) a 54) d 72) b73) a) “Num período de trevas” significa períiodo de ditadura, período em que não se

podia expressar as idéias e opiniões.b) conveniência

74) por medo75) a) O tema do poema é a morte.

b) indesejadas da gente; alô; iniludível; a noite com seus sortilégios.76) a) Sim. Ao dizer “outras qualidades nutricionais”, entende-se que a gordura é

considerada uma outra qualidade nutricional.b) Não. Da afirmação “nele quase toda gordura é retirada”, isto é, o que não seriasaudável (a gordura) é quase toda retirada.

77) c 83) d 89) b 95) e 101) b78) a 84) b 90) d 96) d 102) a79) c 85) d 91) e 97) c 103) d80) e 86) e 92) e 98) c 104) c81) b 87) e 93) b 99) d 105) c82) c 88) e 94) d 100) a 106) a

Page 336: Redação e interpretação de texto

359Redação e Interpretação de Texto

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