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UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Pedagogia Carla Juliana Rocha Nelson Zagato Neto PSICOMOTRICIDADE: ESTIMULAÇÃO DAS HABILIDADES MOTORAS, COGNITIVAS E SÓCIO AFETIVAS LINS SP 2012

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UNISALESIANO

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Curso de Pedagogia

Carla Juliana Rocha

Nelson Zagato Neto

PSICOMOTRICIDADE: ESTIMULAÇÃO DAS

HABILIDADES MOTORAS, COGNITIVAS E SÓCIO

AFETIVAS

LINS – SP

2012

1

Carla Juliana Rocha

Nelson Zagato Neto

PSICOMOTRICIDADE: ESTIMULAÇÃO DAS HABILIDADES MOTORAS,

COGNITIVAS E SÓCIO AFETIVAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Salesiano Auxilium, curso de Pedagogia, sob a orientação da Profª Ma Maria de Fátima Paschoal Soler e orientação técnica da Profª Ma Fátima Eliana Frigatto Bozzo.

LINS – SP

2012

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Carla Juliana Rocha

Nelson Zagato Neto

PSICOMOTRICIDADE: ESTIMULAÇÃO DAS HABILIDADES MOTORAS,

COGNITIVAS E SÓCIO AFETIVAS

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado ao Centro

Universitário Católico Salesiano Auxilium para obtenção do título de graduação

do curso de Pedagogia.

Aprovado em ________/________/________

Banca Examinadora:

Prof(a) Orientador(a): Maria de Fátima Paschoal Soler

Titulação: Mestra

Assinatura: _________________________________

1º Prof(a): Fatima Eliana Frigatto Bozzo

Titulação: Mestra

Assinatura: _________________________________

2º Prof(a): Thiago Flavio de Souza

Titulação: Mestre

Assinatura: ________________________________

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DEDICATÓRIA

Dedicamos este trabalho de conclusão de curso a nós mesmos, pois foi

com muita luta, esforço, estudo e por vezes lágrimas que alcançamos o

presente resultado.

Labuta, dor, tristeza e choro acompanham a vida de todo o ser humano,

mas cabe o posicionamento pessoal diante das mais variadas adversidades

vindas até nos, para que ao fim do percurso transcorrido alcancemos a vitória,

tão bela e doce, mas de difícil conquista.

Nelson e Carla

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AGRADECIMENTO

Agradecemos a todos aqueles que nos acompanharam durante esses

três longos anos, a começar pelos nossos professores, os quais nos

ensinaram, nos repreenderam, e por diversas vezes nos motivaram a

continuar na longa estrada do conhecimento. Um obrigado por tudo!

Aos nossos colegas de classe, que por tantas vezes foram pacientes

conosco nos momentos de dificuldades e tristezas, nos acompanharam nas

alegrias e compartilharam estes três anos de curso. Nossos sinceros

obrigados e foi um prazer sua amizade!

Aos nossos familiares que nos sustentaram durante toda esta trajetória

com seu amor “fundo, profundo, grande, tão grande, alto, tão alto, é maior que

o mundo”. Nossa eterna e constante devoção a todos vocês!

Agradeço ao meu parceiro e grande amigo Nelson por estes três longos

anos, pelo apoio e ombro amigo, minha sincera amizade também é sua!

Agradeço a minha parceira e grande amiga Carla, por todos os

caminhos trilhados nestes três anos, pelas dificuldades e alegrias, minha

sincera amizade também é sua!

Nelson e Carla

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EPÍGRAFE

“Não to mandei eu? Esforça-te, e tem bom ânimo; não temas, nem

te espantes; porque o SENHOR teu Deus é contigo, por onde

quer que andares”

Josué 1:9

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RESUMO

O tema psicomotricidade é alvo novo e que vem sendo discutido com muita seriedade no meio pedagógico, pois o professor de ensino fundamental é um construtor, um arquiteto não apenas de intelecto, mas também do social e do emocional. Uma intervenção séria e eficaz, baseada em teorias, leis e práticas inteligentes para produzir efeitos benéficos no corpo discente e desenvolver a todas as capacidades e habilidades inatas do ser humano, incluindo ao cognitivo expressamente dito, e também o social, o afetivo e o motor, muitas vezes negligenciados em virtude de se buscar e motivar apenas o lado racional e crítico do ensino às crianças no ambiente escolar. Os objetivos desta pesquisa foram dissertar sobre o que é psicomotricidade e sua definição teórica; apresentar as bases legais (leis, normas e declarações jurídicas) e sociais do motivo de se estudar a psicomotricidade para o contexto escolar; e aplicar o teste psicomotor Escala de Desenvolvimento Motor (EDM) do doutor Francisco Rosa Neto, o qual ilustra em que nível psicomotor a criança se encontra. A metodologia de pesquisa neste trabalho de conclusão de curso foi de critério exploratório, e sua coleta estatística por meio da Escala de Desenvolvimento Motor, realizada em 10 crianças de seis anos de idade cronológica do ensino fundamental público da cidade de Getulina/SP, consideradas normais e sem necessidades especiais frente à sociedade em que estão inclusas. Conclui-se que o tema psicomotricidade é muito amplo e profundo, pois visa estudar os alunos como um todo. Não apenas conhecer e reconhecer em que nível psicomotor as crianças se encontram, mas o que fazer para auxiliar o aluno quando o nível considerado normal está abaixo e possivelmente sendo uma dificuldade para a sua aprendizagem.

Palavras chaves: Psicomotricidade. Desenvolvimento Psicomotor.

Estimulação.

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ABSTRACT

The theme psychomotricity is new target and has been discussed very seriously the pedagogical means, for the elementary school teacher is a builder, an architect not only of intellect, but also the social and emotional. A serious and effective intervention, based on theories, laws and practices to produce smart beneficial effects on the student body and develop all the skills and innate abilities of human beings, including the cognitive expressly stated, and also the social, emotional and motor often neglected due to seek and motivate only the rational side and critical education to children in the school environment. The objectives of this research were to speak about what is psychomotor and its theoretical definition, provide the legal foundations (laws, regulations and legal statements) and social reason for studying the psychomotor to the school context, and apply the test Psychomotor Motor Development Scale (MDS) of Francisco Rosa Neto doctor, which illustrates psychomotor level where the child is. The research methodology in this work of completion criterion was exploratory, and its statistical collection by Motor Development Scale was performed on 10 children with six years chronological age of the city's public elementary school in Getulina/SP, considered normal and without special needs facing the society in which they are included. Is concluded that the psychomotor theme is very broad and deep, it aims to study the students as a whole. Not only know and recognize what level psychomotor children are, but what to do to help the student when the normal level is below and possibly being a barrier to their learning. Keywords: Psychomotricity. Psychomotor development. Stimulation.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Motricidade Fina ....................................................................... 33

Figura 2: Motricidade Global .................................................................... 34

Figura 3: Equilíbrio ................................................................................... 35

Figura 4: Esquema Corporal .................................................................... 37

Figura 5: Organização Espacial ............................................................... 38

Figura 6: Organização Temporal ............................................................. 39

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ECA: Estatuto da Criança e do Adolescente

EDM: Escala de Desenvolvimento Motor

EMEIF: Escola Municipal de Ensino Infantil e Fundamental

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................ 11

CAPÍTULO I – PSICOMOTRICIDADE .................................................... 14

1 PSICOMOTRICIDADE E SUA IMPORTÂNCIA ............................. 14

CAPÍTULO II – PSICOMOTRICIDADE UMA QUESTÃO LEGAL .......... 22

2 A LEGALIDADE DA PSICOMOTRICIDADE .................................. 22

2.1 Idade de 0 a 3 meses ...................................................................... 28

2.2 Idade de 4 a 6 meses ...................................................................... 28

2.3 Idade de 12 a 24 meses .................................................................. 29

2.4 Idade de 2 a 3 anos ......................................................................... 29

2.5 Idade de 3 a 5 anos ......................................................................... 29

2.6 Idade de 6 anos ............................................................................... 30

CAPÍTULO III – PSICOMOTRICIDADE EM FOCO: PESQUISA ............ 32

3 O DIA-A-DIA DA PSICOMOTRICIDADE ........................................ 32

3.1 Motricidade Fina .............................................................................. 33

3.2 Motricidade Global ........................................................................... 34

3.3 Equilíbrio ......................................................................................... 35

3.4 Esquema Corporal ........................................................................... 36

3.5 Organização Espacial ...................................................................... 37

3.6 Organização Temporal .................................................................... 39

CONCLUSÃO ......................................................................................... 41

REFERÊNCIAS ...................................................................................... 43

ANEXOS ................................................................................................. 45

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INTRODUÇÃO

A discussão da psicomotricidade esta se tornando comum no meio

escolar, em especial no âmbito pedagógico. Estimular as crianças com ações

visando seu desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo, faz parte da educação

infantil e o professor pode oferecer inúmeras possibilidades para o

desenvolvimento integral da criança.

Com esta visão, a psicomotricidade tem a intenção de enxergar o ser

humano de uma maneira total, levando sempre em consideração a pessoa e

suas habilidades como um vasto campo a ser explorado. Gonçalves (2010, p.

87) afirma que “O corpo como porta de entrada e saída da aprendizagem,

utiliza-se da Psicomotricidade, para expor toda a transcendência de sua

experiência”.

Para Fonseca (2008), a psicomotricidade visa privilegiar a qualidade da

relação afetiva, a mediatização, a disponibilidade tônica, a segurança

gravitacional e o controle postural, à noção de corpo, sua lateralização e

direcionalidade e a planificação práxica, enquanto componentes essenciais e

globais da aprendizagem e do seu ato mental concomitante.

Os dicionários, em sua maneira geral dizem que motricidade é aquilo

que nos da força ou movimento, ou seja, a ação motora corporal, e psico,

referente aos aspectos cognitivos e afetivos do homem, como Le Boulch

(1987, p. 17) escreve:

Emitimos a hipótese de que o objeto principal da educação psicomotora é, precisamente, ajudar a criança a chegar a uma imagem do corpo operatório, que concerne não só ao conteúdo, mas também a estrutura da relação entre as partes e a totalidade do corpo, uma unidade organizada, instrumento da relação com a realidade.

O desenvolvimento psicomotor estimula o global do ser humano, como

dito anteriormente, pois ele:

[...] pode funcionar como ferramenta psicopedagógica, pois possibilita à criança utilizar-se do seu corpo para explorar, manipular, sentir, perceber, criar, brincar, relacionar, imaginar, planejar e pensar, tornando-se um facilitador e motivador para aprender. (GONÇALVES, 2010, p. 25).

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Com isso em mente Le Bouch (1987, p. 27) diz que “Menosprezar a

influência de um bom desenvolvimento psicomotor, seria limitar a importância

da educação do corpo e recair numa atitude intelectualista”, pois a escola

pública brasileira, mesmo com os debates e o tema do desenvolvimento total

da criança em voga, ainda se mostra interessada apenas no eixo do

ler/escrever/cálculos matemáticos.

Ter boas intenções, motivação para o ato e estímulos, é necessário

para o professor desempenhar o papel de educador por excelência, mas as

suas práticas diárias devem condizer com tais esperanças, como Le Bouch

(1987, p. 28) explicita para conhecimento o caso abaixo, das dificuldades

escolares globais de origem afetiva:

Durante o período escolar, seria possível, apoiando-nos nas atividades de expressão espontânea realizadas em grupo, despistar entraves como a inibição, a insegurança, as dificuldades de comunicação, os atrasos de linguagem. A exploração de situações lúdicas e do trabalho para a imagem do corpo num clima de segurança criado pela educadora deveria permitir às crianças, vítimas de carências afetivas ou, ao contrário, superprotegidas, a recuperação de uma parte de seu atraso no plano funcional [...]

Entendendo-se psicomotricidade com essa premissa, faz-se de muito

importante estudá-la, vê-la como ferramenta e enxergar o ser humano em sua

totalidade, jamais separando o ser racional, do ser emocional e intelectual,

dando-lhe oportunidade para o total desenvolvimento das suas habilidades e

possibilidades como indivíduo.

Os objetivos dessa pesquisa foram dissertar sobre o que é

psicomotricidade e sua definição teórica; apresentar as bases legais (leis

normas e declarações jurídicas) e sociais do motivo de se estudar a

psicomotricidade para o contexto escolar; e aplicar o teste psicomotor Escala

de Desenvolvimento Motor (EDM) do doutor Francisco Rosa Neto (ROSA

NETO, 2002, p. 31), o qual ilustra em que nível psicomotor a criança se

encontra.

No capitulo I “Psicomotricidade e sua Importância” diz que o tema em

voga, psicomotricidade está sendo discutido e muito no dia a dia escolar.

Relata necessidade de se estimular ao todo para obter um bom

desenvolvimento, não apenas o cognitivo, mas também social e motor.

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No capitulo II “Psicomotricidade Uma Questão Legal” trata sobre as leis

mundiais e nacionais, e traz à tona o dever do estado de ajudar a criança a

desenvolver-se em sua totalidade e também explicita as fases de

desenvolvimento infantil e do dever do professor em conhecê-las.

E no capítulo III “Psicomotricidade em Foco: Pesquisa” revela o nível

psicomotor de uma classe de educação infantil de uma escola pública com

crianças de seis anos de idade cronológica.

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CAPÍTULO I

PSICOMOTRICIDADE

1 PSICOMOTRICIDADE E SUA IMPORTANCIA

Vivem-se numa sociedade em que se é esquecida, e por vezes

desrespeitada as práticas motoras de uma maneira geral. Na educação infantil

ou mesmo no ensino fundamental, esta prática, ou melhor, esta cultura

também é adotada e reproduzida, não se levando em conta à importância que

o desenvolvimento global pode trazer para o ser humano em formação, neste

caso, as crianças.

Pais, sociedade, ou mesmo professores, apenas preocupam-se com o

intelectual, o cognitivo explicitamente dito, pois em grande parte para “chegar

a algum lugar na vida” faz-se necessário à evolução dos saberes, em

detrimento ao desenvolvimento total, ou seja, nos âmbitos do social, afetivo e

o cognitivo.

Encarando estes três pontos, social, afetivo e cognitivo como essenciais

e imprescindíveis para a completa evolução do ser humano, a

psicomotricidade, como ciência, angaria cada vez mais profissionais,

interessados em práticas e conhecimentos que leve a fundo o conhecer e

desenvolver o homem.

A educação intencional com a estimulação psicomotora significa

oferecer a possibilidade de se explorar a todo o entorno da criança, utilizando

ela mesma ao próprio corpo como instrumento exploratório da realidade em

que ela está inserida, comunicando-se com o mundo, tendo experiências e

resgatando o antes com o agora experimentado, apropriando-se do concreto e

o englobando as suas práticas.

Para esta questão, o psicomotor pode ser assim entendido como diz

Gonçalves (2010, p.85):

Entende-se “psicomotricidade” como uma ciência que se estuda o indivíduo por meio do seu movimento; movimento esse que exprime, em sua ação, aspectos motores, afetivos e cognitivos, e que é resultado da relação do sujeito com seu meio social. O movimento psicomotor está carregado de intenção, pois é resultado de uma ação planejada (psico) voltada a um fim determinado.

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Ação com um fim determinado, com uma intencionalidade, uma

significação, utilizando como ferramenta o próprio corpo da criança e todas as

suas possibilidades, motoras, sociais e intelectuais, traduzindo-a em tudo isso

como um facilitador do aprendizado.

A estimulação sensorial é parte fundamental da psicomotricidade, como

Fonseca (2004, p. 52) relata que “[...] a integração sensorial da espécie

humana inicia-se no útero maternal como pré-requisito do desenvolvimento e

da aprendizagem e prolonga-se [...]” com isso, entende-se que desde a fase

fetal, o ser humano já é exposto a uma grande quantidade de estímulos vindos

do meio exterior, levando-o ao desenvolvimento de suas capacidades.

Tendo isso em mente, os canais como a visão, audição, olfato, tato e

paladar, tornam-se alguns dos principais condutores de tudo aquilo que vem

do exterior, integrando todas as informações e as transmitindo ao cérebro e

seus sistemas:

É o cérebro que cabe organizar um sistema de comunicação de milhões de dados para que as respostas adaptativas façam parte do repertório do indivíduo, por meio das quais ele se apropria de aprendizagens não verbais e verbais múltiplas [...]. (FONSECA, 2004, p.52).

Segue abaixo curtas reflexões sobre alguns canais sensoriais

adquiridos ao nascer, segundo Fonseca (2004), Ferland (2006), Gonçalves

(2009) e Gonçalves (2010).

Visão: o primeiro e mais importante meio de comunicação com o social,

composto em especial pelos olhos sendo o mais preciso e rápido canal

condutor de informações, como diz Fonseca (2004, p. 58) “a visão assume um

papel de vigilância, alerta, atenção e de prontidão para a comunicação que

mais nenhum outro sentido pode desempenhar [...]”.

As aptidões visuais do bebê levam-no a centrar a sua atenção num objeto, a fixa-lo, a seguir as suas deslocações, a registrar as suas características, a avaliar as distâncias, a observar o rosto das pessoas, a decifrar a mensagem afectiva que transmite e a comunicar as suas necessidades e desejos. (FERLAND, 2006, p.54)

Audição: importante meio/canal de aprendizagem, pois através dele

recebem-se os diversos tipos de sons com sua grande pluralidade. Não se

esquecendo de que através da audição a criança incorpora os sons da língua

materna ao seu repertório.

Graças à audição, a criança localiza a origem dos sons, avalia as distancias, familiariza-se com o som ambiente, o que lhe proporciona

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um sentimento de segurança. Percebe igualmente a tonalidade afectiva de uma mensagem e desenvolve interesse pelas palavras e pelas vozes que ouve. (FERLAND, 2006, p.52)

Olfato: sentido ligado ao prazer e as condições de sobrevivência.

Revela-nos odores de realidades desagradáveis como animais putrefatos ou

de gás, demonstrando com isso perigo ou pode desencadear e estimular o

apetite, ou nos levar a recordar emoções contidas:

A criança experimenta igualmente diversas emoções ligadas aos cheiros, pois os receptores situados nas narinas encaminham as sensações olfactivas para as zonas do cérebro que estão associadas à memória e às emoções. Eis a razão de, por exemplo, o cheiro de um livro novo nos lembrar os nossos primeiros dias de escola. (FERLAND, 2006, p.57)

Tato: “o feto humano rodeado pelo líquido amniótico já sofre na pele

múltiplas estimulações táteis”, como bem escreveu Fonseca (2004, p. 55).

Uma infinidade de estímulos, estes que mais tarde condicionarão a pele como

órgão sensorial. Através do tato explora-se o universo exterior, como a noção

de temperatura, dor ou mesmo pressão.

O sistema táctil permite que a criança pequena entre em contacto com os outros e com objetos, que desenvolva um sentimento de segurança, que tome consciência do seu corpo e que registre as características dos objetos.(FERLAND, 2006, p. 50)

Paladar: percepção dos sabores devido às papilas gustativas. Através

dele discrimina-se a enorme gama de estímulos captados pela língua, como o

doce, salgado ou mesmo o amargo.

É o sentido que nos permite reconhecer os gostos de substâncias colocadas sobre a língua. Nesta, estão localizadas as papilas gustativas, que são estruturas compostas por células sensoriais que transmitem ao cérebro informações que o permitem identificar os gostos básicos: o amargo, o azedo, o salgado e o doce. (GONÇALVES, 2010, p. 40).

A estimulação dos aspectos sensoriais faz-se muito necessária, pois o

ser humano depende dos mesmos para alcançar e desenvolver o seu lado

psicomotor.

O desenvolvimento psicomotor (cognitivo, emocional, motor e social) da criança, subentende, assim, uma integração sensorial em construção sequencializada e integrada. Sem ela o desenvolvimento global não seria possível. (GONÇALVES, 2009, p.69).

Compreendendo o psicomotor nesta razão, a prática de se estimular ao

todo em projetos educacionais deve ser incorporada ao meio escolar, e não

negar a qualquer um dos sentidos/canais torna-se uma necessidade soberana.

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Ensinar a criança a utilizar o próprio corpo como ferramenta a ser

explorada e a se desenvolver, é de fato muito importante para a aquisição de

novas competências escolares, mas sempre respeitando e enfatizando aos

alunos de que todos, inclusive os próprios, possuem limites.

Quanto às práticas a serem colocadas no plano escolar, o professor de

educação infantil deve conhecer sobre o que é motricidade e seus elementos

básicos, ter em mente que trabalhar com o corpo e seus sentidos, não se

limita apenas as aulas de educação física, mas sim a uma ação coordenada

envolvendo a todas as disciplinas a serem ministradas aos alunos.

O aparato motor que o ser humano possui é individual, pois os canais

como a visão, audição, tato, paladar e olfato são estimuladores do psicomotor

e únicos, “[...] cada criança traz na sua carga genética [...]” como disse

Gonçalves (2010, p. 29). Nesta razão, estimulá-los acima da idade referencial

pode ser prejudicial, pois ainda não houve maturação física e neurológica

necessária.

Todavia, é importante não oferecer estimulações excessivas à criança, o que iria de certa forma sobrecarregar os seus circuitos sensórias [...] Todavia, a estimulação deve ser suficiente para despertar o que a rodeia. Portanto, nada de dietas, mas também nada de excessos de estímulo. Para lhe permitir descobrir-se e contactar com o mundo que a rodeia, basta prodigar-lhe cuidados calorosos, fazê-la participar em atividades agradáveis e oferecer-lhe um ambiente que suscite o seu interesse. (FERLAND, 2006, p. 59)

A tomada de consciência por parte da criança do seu corpo deve ser

algo estimulado e ensinado na escola, pois as bases da educação

psicomotora são essenciais para um melhor nível de desenvolvimento das

capacidades intelectuais tão exigidas pela sociedade.

Conhecer e registrar o nível motor das crianças é muito importante para

o professor, pois como disse Rosa Neto (2002, p.27):

O padrão de crescimento e de comportamento motor humano, o qual se modifica através da vida e do tempo, e a grande quantidade de influências que os afetam, constituem fomento para diferentes teorias científicas e sustentam a evolução de estudos que se caracterizam pelas técnicas de pesquisa e pelos meios utilizados na obtenção de dados, os quais são elaborados e discutidos como forma de elucidar os diferentes caminhos que perfazem a existência do homem e sua evolução física, orgânica, cognitiva e psicológica. Conceitos, ilustrações e teorias adicionam ao contexto a estrutura necessária para que tais estudos possam legitimar-se e oferecer fundamentos fidedignos sobre as hipóteses que pretendem estabelecer e discutir. É importante lembrar que o caráter estatístico

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de nível normal de referência dos testes não engloba o mesmo valor para todas as populações, tendo em vista os aspectos afetivos e sociais.

Aplicar testes e provas na educação infantil para se aferir o

desenvolvimento motor é uma prática interessante, pois com eles verificamos

se as crianças estão em crescimento pleno e adequado para sua idade e se

não possui alguma dificuldade motora que possa estar dificultando o

crescimento do mesmo.

O que é educativo na atividade motora não é a quantidade de trabalho efetuado nem o registro (valor numérico) alcançado, mas sim o controle de si mesmo – obtido pela qualidade do movimento executado, isto é, da precisão e da maestria de sua execução. (ROSA NETO, 2002, p. 17).

Com isso em mente, a atividade motora aplicada, e o resultado obtido,

se for considerado abaixo do esperado, nunca deve ser de tom pejorativo ou

depreciativo para a criança, e o professor consciente deve encorajar o

desenvolvimento das habilidades particulares de cada indivíduo, e nunca

julgá-la como incapaz, como no caso explicitado abaixo por Bee (2003, p.

149):

[...] treinadores amadores, com frequência, conhecem pouco as habilidades motoras normais das crianças [...] quando eles veem uma criança que ainda não consegue arremessar uma bola com habilidade ou chutá-la de forma desastrosa, eles a rotulam de desajeitada ou descoordenada.

Estão elencados abaixo os aspectos verificados no teste Escala de

Desenvolvimento Motor (EDM) do doutor Francisco Rosa Neto e constam no

capítulo posterior sua aplicação e resultados obtidos junto ao publico alvo

investigado em voga.

A Motricidade Fina segundo Rosa Neto (2002, p. 15) “o transporte da

mão para um alvo termina pelo ato de agarrar o objeto, o que representa uma

das atividades humanas mais complexas”.

A motricidade fina é um ato de coordenação, controle e destreza,

caracterizada pela estimulação táctil e da percepção-visual do indivíduo e

requer precisão do movimento para desempenhar habilidade específica. Como

exemplos de atos que demonstram motricidade fina, estão os movimentos de

preensão e pinça motor trípode (polegar-indicador-anular), como rasgar papel

livremente, recortar, pintar e escrever.

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Nos anos do ensino fundamental, as habilidades motoras finas melhoram com rapidez, possibilitando a criança não só escreva mais clara e facilmente, mas também toque um instrumento musical, faça desenhos e desenvolva habilidades esportivas que requerem coordenação motora fina. (BEE, 2003, p. 147).

A Motricidade Global refere-se ao envolvimento de grupos musculares

em ação simultânea, coordenada para execução de movimentos complexos.

Os movimentos resultantes poderão ser realizados por diferentes membros,

sem perder seu valor.

É a atividade primitiva e permanente do músculo, formando o fundo para as atividades motoras e posturais. O tônus muscular é o que assegura a preparação da musculatura para a maioria dos movimentos e atividades práticas. (GONÇALVES, 2010, p. 100)

A motricidade global evolui com a maturação dos sentidos da visão,

audição e tato e como exemplo pode-se citar manter-se em postura ereta,

caminhar nas pontas dos pés e calcanhares, pular como sapo, coelho, pular

corda e balançar-se em um pé sem ajuda.

O Equilíbrio é a ação que diferencia segmentos corporais. Fonseca

(2004, p.72) diz que “sem domínio postural o cérebro não aprende, a

motricidade não se desenvolve e a atividade simbólica resulta

indubitavelmente afetada”.

Sem o equilíbrio necessário, o cérebro perde a orientação, não

consegue economizar energia em seus movimentos, e o equilíbrio estático

(capacidade de manter certa postura sobre uma base de sustentação) e o

equilíbrio dinâmico (orientação controlada do corpo em situações de

deslocamento no espaço com olhos abertos) são afetados.

Gonçalves (2009, p. 44) relata que “a criança com uma equilibração

adequada executa suas atividades com menor esforço e desgaste, mantendo

uma movimentação harmônica e coordenada”.

Com a automatização de equilibração, o indivíduo vai adquirindo o dinamismo bimanual e bipedal, em equilíbrio estático e dinâmico. Uma ação realizada com o controle da equilibração traduz a economia, a eficácia e a estética do movimento, ou seja, ação de maior rendimento e menor esforço. (GONÇALVES, 2010, p. 103).

O Esquema Corporal significa tomar conhecimento do próprio corpo,

com capacidade de reconhecê-lo e nomeá-lo, incluindo as funções básicas

que cada parte realiza no todo.

É a representação relativamente global, científica e diferenciada que o indivíduo tem de seu próprio corpo em um contexto concreto, isto

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é, a capacidade de reconhecer e nomear as partes do corpo e as funções que elas desempenham. (GONÇALVES, 2010, p. 105)

Como exemplo, pode-se citar o identificar as partes que compõem o

corpo, reconhecimento dos sentidos, identificação e diferenciação das partes

corpóreas.

Com todo esse repertório englobado as suas práticas, a criança

desenvolve a imagem corporal, que consiste em conhecer ao próprio corpo.

A noção de corpo traz a consciência do ser como vivente e pertencente a um meio particular. A criança com uma boa noção de corpo executa suas ações apoiando-se nos segmentos corporais, atribuindo a cada um deles a sua porcentagem de responsabilidade por um movimento bem executado. (GONÇALVES, 2009, p. 48).

A Organização Espacial segundo Rosa Neto (2002, p. 21) “todas as

modalidades sensoriais participam em certa medida na percepção espacial

[...]”.

Acima, abaixo, a frente, atrás, esquerda, direita, distante, profundo,

dentro e fora. São reflexões espaciais que são definidas conforme diferentes

receptores nos trazem informações. Pode-se citar como exemplos exercícios

de transposição como inverter as cores, substituir um elemento por outro,

modificar o tamanho de um desenho; exercícios de simetria simples e

desenhos inacabados.

A evolução da noção espacial destaca a existência de duas etapas: uma ligada à percepção imediata do ambiente, caracterizada pelo espaço perceptivo ou sensório-motor; outra baseada nas operações mentais que saem do espaço representativo e intelectual. (ROSA NETO, 2002, p. 22).

A Organização Temporal é o transcorrer do tempo que é definido pelos

mais variados órgãos sensoriais dos corpos, sendo essa definição estruturada

em especial pela memória, com a qual se percebe a velocidade constante do

tempo, ou seja, o futuro, o passado e o presente, pois “[...] elabora-se e

constrói-se por meio da ação do movimento e dos dados sensoriais que são

colhidos pelos sentidos, permitindo a ordenação, organização e

processamento da informação” como disse Gonçalves (2009, p.51).

A Lateralidade refere-se às vivencias e noções de direita e esquerda

com a realidade ao redor. Também a preferência de utilização das partes

simétricas corpóreas como olho, mão, perna e pé.

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Rosa Neto (2002, p. 24) diz que “a lateralidade está em função de um

predomínio que outorga a um dos dois hemisférios a iniciativa da organização

do ato motor, o qual desembocará na aprendizagem [...]”, por isso identificar a

lateralidade da criança é muito importante para colocá-la em condições

essenciais para uma boa educação.

Segundo Gonçalves (2010, p. 109), “a lateralidade é função da

dominância lateral, tendo um dos hemisférios à iniciativa da organização do

ato motor e, o outro, a função de apoio e auxilio, que incidem no aprendizado

e no desempenho das práxias”

Existem outras maneiras de se aferir o nível motor em que as crianças

se encontram, mas para este trabalho foi escolhido o EDM em razão de sua

praticidade e facilidade de aplicação, não exigindo ou consumindo tempo

vultoso para realizá-lo, apenas neste caso, profissionais com conhecimento do

mesmo e seu embasamento teórico.

Seguem abaixo, contribuições que a psicomotricidade pode gerar para

a aprendizagem segundo escreve Gonçalves (2010, p. 116 e 117):

Melhorar a organização dinâmica; respostas motoras mais ajustadas; repostas e escolhas mais rápidas aos estímulos; economia e libertação do gesto; [...] aperfeiçoar a ritmicidade; desenvolver a adaptabilidade; manter as integridades sensoriais; [...] propiciar a resolução de problemas, levando às crianças a formular suas próprias hipóteses; [...] estimular a organização e a ordem ligadas a rotina diária; [...] promover o ajustamento da criança as várias solicitações das competências escolares, levando-a a experimentar o conhecimento a partir do seu corpo, transferindo-o, então, para fora dele.

Como dito neste capítulo, a psicomotricidade é muito importante para o

desenvolvimento global da criança. Com práticas escolares voltadas para o

total do aluno, e não apenas o seu intelectual, reforçar seus sentidos, seus

canais receptores e seus aspectos pessoais, faz-se de muita necessidade,

para poder chegar ao pleno desenvolvimento cognitivo.

22

CAPÍTULO II

PSICOMOTRICIDADE UMA QUESTÃO LEGAL

2 A LEGALIDADE DA PSICOMOTRICIDADE

Apesar da sociedade civil em grande parcela, se esquecer do

desenvolvimento global, existem leis, normas e declarações que imprimem a

necessidade deste desenvolverem-se globalmente para a prática e vivência

nos mais diversos setores, sejam eles sociais ou culturais. Como está bem

explicitado da Constituição Federal do Brasil.

A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 2007, p. 136).

Pleno desenvolvimento, como dito na Constituição, em paralelo passa

pela psicomotricidade, pois como dito anteriormente aborda aspectos do

social, cognitivo e afetivo.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos no artigo 26 e inciso I e

página 14, diz que “todo homem tem direito à instrução. A instrução será

gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais”, reforçando com

isso, a necessidade e dever do Estado em colocar em práticas tais

prerrogativas.

A Carta Magna diz em seu artigo 210 p. 137, que “serão fixados

conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar

formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos [...]”.

O artigo 3 da Declaração Universal diz que “todo homem tem direito à

vida [...]” e o artigo 27 da mesma, na página 14 assim relata em seu inciso I

que “todo homem tem direito de participar da vida cultural da comunidade, de

fruir as artes e de participar do progresso científico e de seus benefícios”,

colaborando com isso também ao desenvolvimento total da pessoa, passando

assim pelo meio da psicomotricidade, que é a raiz e base para o crescimento

de todo o conhecimento humano.

23

A Resolução XXX da Conferência Internacional Americana, realizada na

Colômbia, cidade de Bogotá em 1948, aprovou a Declaração Americana dos

Direitos e Deveres do Homem, e em seu artigo 12, assim dispôs:

Toda pessoa tem direito à educação que deve inspirar-se nos princípios de liberdade, moralidade e solidariedade humana. Tem, outrossim, direito a que, por meio dessa educação, lhe seja proporcionado o preparo para subsistir de uma maneira digna, para melhorar o seu nível de vida e para poder ser útil à sociedade. O direito à educação compreende o de igualdade de oportunidade em todos os casos, de acordo com os dons naturais, os méritos e o desejo de aproveitar os recursos que possam proporcionar a coletividade e o Estado. Toda pessoa tem o direito de que lhe seja ministrada gratuitamente, pelo menos, a instrução primária. (DEVERES DO HOMEM, 1948 apud 2012, p.1)

Nos termos dos grandes acordos, não se pode esquecer a Declaração

dos Direitos da Criança, adotada pela Assembleia das Nações Unidas em 20

de novembro de 1959, que no Principio 7 propõe:

A criança terá direito a receber educação, que será gratuita e compulsória pelo menos no grau primário. Ser-lhe-á propiciada uma educação capaz de promover as suas aptidões, sua capacidade de emitir juízo e seu senso de responsabilidade moral e social, e a tornar-se um membro útil da sociedade. [...] A criança terá ampla oportunidade para brincar e divertir-se, visando os propósitos mesmos da sua educação; a sociedade e as autoridades públicas empenhar-se-ão em promover o gozo desse direito. (DIREITOS DA CRIANÇA, 1959, apud 2012, p. 1)

Os grandes acordos internacionais, sempre citam da necessidade do

dever do Estado em aplicar políticas que garantem acesso às crianças em

tudo o que se diz respeito à educação, cultura e lazer, colaborando com isso

sobre a aplicação, mesmo que indiretamente quanto as praticas psicomotoras

as quais auxiliam a promoção do cidadão completo, aquele que age e interage

com seu meio social.

Citando a Constituição da República (2007), o artigo 208 da mesma em

seu inciso I, aponta “ensino fundamental obrigatório e gratuito, assegurada,

inclusive, sua oferta gratuita para todos [...]” como política a ser empregada

em todo o território da nação.

Todo esse embasamento legal remete a necessidade imprescindível e

inquestionável quanto à formação desde a infância ao global do ser humano,

pleno quanto as suas habilidades psicomotoras que devem ser estimuladas

desde cedo, contemplando com essas leis o cognitivo, afetivo e o motor.

24

Toda essa definição sobre educação também está explicita no Estatuto

da Criança e do Adolescente (ECA), com sua dissertação a respeito do tema

que está no artigo 53 “a criança e o ao adolescente têm direito à educação,

visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da

cidadania e qualificação para o trabalho [...]” (FERREIRA, 2008, p.57).

A criança por sua integridade pessoal tem o “direito de ser respeitado

por seus educadores” como diz o inciso II do mesmo artigo 53, confirmando

com isso sobre a relação preciosa que deve existir entre a prática da docência,

neste caso, as práticas psicomotoras e o aluno.

O ECA, no artigo 54 inciso I (FERREIRA, 2008, p. 50), relata que “é

dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente: ensino fundamental,

obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade

própria”.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) mostra-se mais que uma

simples lei para desenvolver o total da pessoa, ele é na verdade, uma

poderosa ferramenta, salientando o dever, mais uma vez do Estado e também

da família em promover uma educação global.

Todo este contexto legal serve para afirmar da importância social que o

tema da educação, vista como um todo provoca. Documentos importantes

expostos aqui, em especial a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a

Constituição Brasileira, e o Estatuto da Criança e do Adolescente são

embasamentos jurídicos desenvolvidos para sustentar as práticas de ensino

global, com vistas à preocupação que as crianças em formação provocam

para os governantes.

Conhecer desta jurisprudência é importante, pois evoca a sociedade a

se manifestar em defesa daqueles mais frágeis, as crianças.

Mas também neste mesmo entorno teórico, é de uma importância impar

citar da necessidade do se aprofundar na criança e suas fases de

desenvolvimento, não apenas para o profissional envolvido com a educação e

suas ramificações, mas também a todos cujo desenvolver-se como cidadão

faz parte para uma vida plena, seja ela social, emotiva, física e cognitiva.

O que a criança faz, como se identifica, sua importância no meio em

que se desenvolve, ou seja, como ela se enxerga, é nesse ponto que o suíço

Jean Piaget com suas teorias se destaca no cenário educacional brasileiro.

25

A inteligência é uma adaptação. Para aprendermos as suas relações com a vida, em geral, é preciso, pois, definir que as relações existem entre o organismo e o meio ambiente. Com efeito, a vida é uma criação contínua de formas cada vez mais complexas e o estabelecimento de um equilíbrio progressivo entre essas formas e o meio. (PIAGET, 1966, p. 15).

Jean Piaget, segundo Biaggio (1988, p. 56) é de suma importância para

conhecer e entender a criança, pois ele “[...] havia se dedicado ao trabalho

experimental com crianças, numa tentativa de entender a evolução da

inteligência humana [...]”.

Biaggio (1988, p. 62) traz o esquema de desenvolvimento estudado por

Piaget da seguinte forma “[...] estágio sensório motor (0 a 2 anos); estágio pré-

operacional (2 a 6 anos); estágio de operações concretas (7 a 11 anos);

estágio de operações formais (12 anos em diante) [...]”.

Em tempo, deve ficar claro que o objeto de estudo deste trabalho de

conclusão de curso foi em foco das crianças de 6 anos de idade, no caso da

teoria de Piaget encaixando-se no estágio pré-operacional.

Porém, estar ciente da teoria em voga e seus desdobramentos faz-se

muito valoroso para o entendimento quanto à aplicação e resultados do teste

de Escala de Desenvolvimento Motor (2002), do Doutor Francisco Rosa Neto,

registrado no capitulo terceiro.

O primeiro estágio, o Sensório Motor, dá-se na idade de 0 a 2 anos, no

qual o recém-nascido, ainda frágil é dependente daqueles que estão em seu

redor, e de acordo com Biaggio (1988, p. 62) “[...] não há ainda capacidade de

abstração, e a atividade intelectual é de natureza sensorial e motora. A criança

percebe o ambiente e age sobre ele”.

Complementando esta fase de desenvolvimento infantil, ela é de uma

natureza valiosa, pois “o mais importante da contribuição dos estudos de

Piaget sobre essa fase consiste na ênfase à importância dessas atividades

como fundamento de toda a atividade intelectual superior [...]”, segundo

Biaggio (1988, p. 63).

Com essa razão citada acima, o estimular psicomotor para o processo

de desenvolvimento da criança em fase sensório motor é precioso, como

explicitado por Fonseca (2009, p. 15):

Além disso, a psicomotricidade pode favorecer um trabalho preventivo adequado para equacionar possíveis lacunas deixadas durante o processo maturacional das crianças, compensando déficits

26

atribuídos à privação de movimentos e da experiência lúdico-espacial, comuns na infância contemporânea.

O estágio Pré-operacional, abrangido na idade de 2 a 6 anos, e destaca

como uma das principais verificações de Piaget foi o do jogo simbólico:

O principal progresso desse período em relação ao sensório-motor é o desenvolvimento da capacidade simbólica. Nessa fase, a criança já não depende unicamente de suas sensações, de seus movimentos, mas já distingue um significador (imagem, palavra ou símbolo) daquilo que ele significa (o objeto ausente). (BIAGGIO, 1988, p. 67).

No jogo simbólico é onde a criança se adapta, sendo indispensável “[...]

ao seu equilíbrio afetivo e intelectual [...]” (PIAGET, 2003, p. 56).

Uma característica muito marcante também a este período pré-

operacional, é a “incapacidade da criança se colocar no ponto de vista de

outrem [...]” (BIAGGIO, 1988, p. 68), onde ela enxerga o derredor apenas de

sua própria ótica.

O período pré-operacional é um estágio em que há um desequilíbrio, as acomodações predominam marcadamente sobre as assimilações. Parece que a maioria dos estímulos com que se defronta exige da criança mudanças radicais em suas maneiras de lidar com o mundo. É por isso que a criança nessa fase diz tanta coisa que nos parece diferente do pensamento adulto, ilógico ou que nos fazem mesmo achar graça (BIAGGIO, 1988, p. 70).

O próximo período é o de Operações Concretas, começando por volta

dos 7 até 11 anos de idade, onde “as operações em jogo nesse gênero de

problemas podem chamar-se concretas no sentido de que se baseiam

diretamente nos objetos e não ainda nas hipóteses enunciadas verbalmente

[...]” (PIAGET, 2003, p. 91).

Neste período, destaca-se a seriação que “[...] consiste em ordenar os

elementos segundo as grandezas crescentes ou decrescentes (PIAGET, 2003,

p. 92), a classificação “[...] constitui, do mesmo modo, agrupamento

fundamental [...]” (PIAGET, 2003, p. 93), e a noção de espaço, fundamentada

“[...] nas diferenças entre elementos e suas semelhanças ou equivalências [...]”

(PIAGET, 2003, p. 96).

Por meio da motricidade e da interpretação das informações sensoriais, visuais e auditivas, principalmente, ocorre uma transformação: o conceito de corpo se torna conhecimento do espaço, primeiramente intuitivamente, depois lógica e conceitualmente. (GONÇALVES, 2010, p. 111).

27

O crescimento natural do corpo, respeitando sempre seus limites, e sua

idade biológica, acompanhados de um bom desenvolvimento psicomotor, é

muito importante, pois:

O corpo surge, portanto, mais uma vez, como o componente material do ser humano, que, por isso mesmo, contém o sentido concreto de todo o comportamento sócio-histórico da humanidade. O corpo não é, assim, o caixote da alma, mas o endereço da inteligência. O ser humano habita o mundo exterior pelo seu corpo, que surge como um componente espacial e existencial, corticalmente organizado, no qual e a partir do qual o ser humano concentra e dirige todas as suas experiências e vivências. (FONSECA, 2008, apud, GONÇALVES, 2009, p. 14).

E a última fase da teoria de Jean Piaget é o estágio de Operações

Formais, que se inicia dos 12 anos em diante, sendo caracterizado pelo “[...]

libertar-se do concreto e situar o real num conjunto de transformações

possíveis [...]” (PIAGET, 2003, p. 117).

Nesta fase de operações mentais formais a criança consegue estruturar

seus pensamentos e construir hipóteses, como disse Piaget (2003, p. 119) é o

“[...] inicio do pensamento hipotético-dedutivo [...]”, já formulando agora suas

próprias proposições.

O período das operações formais difere grandemente do período das

operações concretas, como disse Piaget (2003, p. 132):

Com efeito, a diferença essencial entre pensamento formal e as operações concretas é que estas centradas no real, ao passo que aquele atinge as transformações possíveis e só assimila o real em função desses desenvolvimentos imaginados ou deduzidos. Ora tal mudança de perspectiva é tão fundamental do ponto de vista cognitivo, pois o mundo dos valores também pode permanecer aquém das fronteiras da realidade concreta e perceptível ou, ao contrário, abrir-se para todas as possibilidades interindividuais ou

sociais.

Foram tecidos aqui breves comentários sobre Jean Piaget e sua teoria

quanto aos quatro estágios de desenvolvimento infantil. Desde a mais tenra

idade (sensório-motor) e toda a sua dependência do meio exterior para

protegê-lo até os 12 anos de idade (operações formais), com todo o seu

dinamismo e busca pelo novo.

Fica caracterizado com isso tudo a importância do desenvolver

psicomotor das crianças, em especial neste caso quanto no meio escolar,

como bem disse Gonçalves (2009, p. 236):

A estimulação psicomotora, incorporada a currículos da Educação Infantil, pode agregar experiências sensoriais, perceptivas, motoras,

28

sociais e afetivas, que são capazes de tornar a aprendizagem da criança repleta de conteúdos simbólicos e não simbólicos que são a gênese da linguagem verbal e, posteriormente da linguagem escrita.

A cada fase de desenvolvimento da criança, ela adquiriu estruturas,

mas como disse Gonçalves (2010, p. 63):

[...] as aquisições psicomotoras de cada fase foram especificadas de acordo com os estágios de evolução da criança [...] as competências formam definidas por padrões ditados pela normalidade, porém algumas delas pode ocorrer mais tardiamente ou precocemente , dependendo do potencial genético e da integração social desta criança [...]

Serão vistas agora algumas aquisições funcionais e sócio-cognitivas

que um bom desenvolvimento psicomotor pode acarretar em crianças em

idade de 0 a 6 anos, tendo a teoria de Jean Piaget como importante base de

estudo, e segundo os estudos de Gonçalves (2010).

2.1 Idade de 0 a 3 meses

As aquisições funcionais segundo Gonçalves (2010, p. 65) “[...] o

recém-nascido apresenta reações automáticas reflexas [...] organizações

instintivas que garantem o ajustamento dele ao meio”, como o reflexo de

rotação, que é a “[...] virada automática da cabeça em direção a qualquer

toque na bochecha [...]” facilitando com isso a amamentação.

Seguindo, pode-se citar que o bebê “[...] dorme 19 em 24 horas; segue

os estímulos com os olhos; emite sons vocais; boca – principal ligação com o

meio”. (GONÇALVES, 2010, p. 66).

As aquisições sócio-cognitivas, Gonçalves (2010, p. 66) descreve que

de 0 a 3 meses o bebê pode ter “[...] sorriso social; estranhamento de

procedimentos desconhecidos; [...] comunica suas necessidades por meio do

choro; sorri em resposta a outro sorriso; o eu é um prolongamento do outro”.

2.2 Idade de 4 a 6 meses

As aquisições funcionais nesta fase têm o “[...] rolamento lateral;

preensão palmar; alcança objetos no seu campo visual; começa a orientar-se

no espaço; rasteja; bimanualidade; iniciação do controle do tronco” tudo isso

segundo Gonçalves (2010, p. 68).

29

As aquisições sócio-cognitivas Gonçalves (2010, p. 68) dizem que a

criança desenvolve “[...] expressões diferenciadas (tristeza, raiva, surpresa);

imitação de gestos representativos; ri alto, esconde-se; estimulação maior com

pessoas do que com objetos; balbucia; sorrisos frequentes”.

2.3 Idade de 12 a 24 meses

Sobre as aquisições funcionais Gonçalves (2010, p. 73) diz que a

criança adquire:

[...] locomoção (marcha); liberação das mãos; atividade exploratória intensa; preensão diferenciada (pinça e palmar no uso do lápis); reconhecimento de partes do corpo simples; corrida (com certa dificuldade); capacidade de manusear a colher e comer; início do controle esfincteriano [...]

As aquisições sócio-cognitivas, Gonçalves (2010, p. 73) relata da “[...]

intenso interesse pela realidade externa; intensificação da atividade simbólica;

não percepção do „eu‟ individual (trata-se na terceira pessoa); acha novas

soluções para problemas; brinca de faz de conta; empatia egocêntrica”.

2.4 Idade de 2 a 3 anos

Nesta fase a “[...] a criança começa a utilizar-se da linguagem oral como

meio de comunicação de pensamento [...]” como bem escreveu Gonçalves

(2010, p. 74).

As aquisições funcionais como diz Gonçalves são:

Autonomia da marcha (controle tônico-postural); motricidade sincrética (intuitiva) e simétrica; corre com maior equilíbrio; preensão fina; função simbólica; controle esfincteriano; autonomismo postural integrado; maior domínio da colher [...] (GONÇALVES, 2010, p. 75)

As Aquisições sócio-cognitivas:

Compreensão de instruções e direções; compreensão dos advérbios de lugar; nomeia imagens; chama-se pelo nome; atividade lúdica; interessa-se pelo outro; reconhecimento de parte do corpo, segura o lápis com os dedos; prevalência manual na maioria das atividades; garatujas; reconhecimento de sua imagem no espelho e em fotografias. (GONÇALVES, 2010, p. 75).

2.5 Idade de 3 a 5 anos:

30

Aquisições funcionais: nesta idade o maior controle motor prevalece,

pois as estruturas físicas estão se estabilizando. Gonçalves (2010, p. 77)

assim escreveu “[...] controle automático da postura; dominância lateral;

aparecimento dos sentidos das posições e direções no espaço em relação

com o corpo; [...] aperfeiçoamento perceptivo motor [...]”.

Aquisições sócio-cognitivas: Gonçalves (2010, p. 78) descreve:

Grande interesse pelo outro, principalmente do mesmo sexo; função simbólica ativa; imitação diferida (reproduz uma situação observada em outra circunstância e momento); estruturação espacial e temporal dos acontecimentos; [...] representação mental (conservação de número e quantidade); enriquecimento do vocabulário; faz perguntas [...] condutas sociais [...];

Nesta fase pode-se claramente visualizar o avanço da criança,

constatando a importância do desenvolver psicomotor adequado para sua

idade.

2.6 Idade de 6 anos

Nesta fase de desenvolvimento, as habilidades da criança estão mais

lapidadas e muito mais complexas.

Aquisições funcionais:

Aquisições gnósico-práxicas (gestos automatizados em ações voluntárias); gnose da lateralidade; somatognosia (conhecimento de si próprio); desenvolvimento práxico eficiente (coordena as ações com pensamento antecipado); aperfeiçoamento da motricidade fina; planificação motora (antecipação das ações); situa-se no espaço e no tempo; joga cooperativamente com as regras; grafismo (representação gráfica dos símbolos). (GONÇALVES, 2010, p. 80).

As aquisições funcionais se comparadas com o desenvolvimento

anterior devem estar num melhor plano de crescimento, sempre com vistas,

claro, a maturação individual infantil.

Aquisições sócio-cognitivas:

Metacognição e metamemória; conservação de massa e número; representação de símbolos gráficos; condutas sociais; formação de grupos; domínio da linguagem oral; estruturação lógica da linguagem; utilização dos primeiros conceitos; interesse pela leitura; autonomia em tarefas e hábitos de higiene; desenvolvimento da curiosidade e responsabilidade; imitação de modelos do mesmo sexo; desenho da figura humana (detalhes no vestuário e preenchimento de membros). (GONÇALVES, 2010. p. 81).

31

Todos os tópicos elencados neste capítulo são sobre bons

conhecimentos básicos, os quais o professor deve possuir a respeito das

habilidades psicomotoras, seus desdobramentos, idades abrangentes, limites

e conhecimento jurídico, para se obter bons resultados quanto ao

desenvolvimento total dos alunos.

32

CAPÍTULO III

PSICOMOTRICIDADE EM FOCO: PESQUISA

3 O DIA-A-DIA DA PSICOMOTRICIDADE

O autor Francisco Rosa Neto, na obra Manual de Avaliação Motora

(2002), discorre sobre testes a serem aplicados nas crianças com intenção de

se saber qual o nível motor em que ela se encontra.

Tais testes correspondem a Escala de Desenvolvimento Motor, os quais

foram aplicados em 10 alunos do primeiro ano do ensino fundamental da

Escola EMEIF “Joaquim Caetano Ferraz” município de Getulina/SP, distrito de

Macucos, e contemplam aos seguintes conteúdos discorridos: motricidade

fina, motricidade global, equilíbrio, esquema corporal, organização espacial e

organização temporal.

Nestas razões, o teste de Escala de Desenvolvimento Motor (EDM) é

descrito assim por Rosa Neto, (2002, p. 30):

Compreende um conjunto de provas muito diversificadas e de dificuldade graduada conduzindo a uma exploração minuciosa de diferentes setores do desenvolvimento. A aplicação em um sujeito permite avaliar seu nível de desenvolvimento motor, considerando êxitos e fracassos, levando em conta as normas estabelecidas pelo autor da escala.

A Escala de Desenvolvimento Motor (EDM) é considerada um “[...]

complemento indispensável do exame psicológico” conforme Rosa Neto

(2002, p. 34) e:

A escala EDM aparece com o propósito principal de colocar à disposição de profissionais de saúde e de educação um conjunto de instrumentos de diagnóstico que lhes permitam utilizar um método eficaz para realizar estudos transversais e longitudinais através de provas construídas sobre princípios técnicos, científicos, com critérios práticos e coerentes.

Os testes da EDM neste trabalho de conclusão de curso são de critério

exploratório, e sua coleta estatística realizada em crianças de seis anos

consideradas “normais” frente à sociedade em que participam.

O público em voga pesquisado não possui quaisquer necessidades de

educação especial, apenas listam uma pequena amostra do grande

contingente estudantil das escolas públicas brasileiras quanto ao aspecto

psicomotor em que se encontram.

33

Ao realizar a testagem do labirinto (ROSA NETO, 2002, p.46) com os

alunos, no primeiro teste sobre motricidade fina, no qual todos os alunos

apresentavam seis anos de idade cronológica foi verificado que uma criança

(10%) atingiu o teste da idade correspondente, outras cinco (50%) atingiram a

idade psicomotora de sete anos com o teste de bolinhas de papel (ROSA

NETO, 2002, p.46) e quatro crianças (40%), não conseguindo atingir a idade

considerada ideal, possuem idade psicomotora de cinco anos, verificado com

o teste fazer um nó (ROSA NETO, 2002, p.45).

Figura 1: Motricidade Fina

40%

10%

50%

Motricidade Fina

5 anos

6 anos

7 anos

Fonte: Teste realizado pelos pesquisadores.

A motricidade fina tem relação com a coordenação visuomanual, como

disse Rosa Neto (2002, p. 14) “[...] representa a atividade mais frequente e

mais comum no homem, a qual atua para pegar um objeto e lançá-lo, para

escrever, desenhar, pintar [...]”.

Neste teste, foi verificado que grande parcela de população investigada,

40%, não apresenta o nível de desenvolvimento adequado, ficando para

observação possíveis dificuldades em idades cronológicas superiores quanto à

questão de adquirir novas habilidades práticas e motoras, como por exemplo,

o escrever, tão necessário e de indescritível utilidade para todas as atividades

cotidianas de uma escola.

34

Alunos que apresentam dificuldade de escrita devem ser observados

pelos professores, e se necessário, a intervenção deve ser posta em prática,

para tentar avançar quanto à motricidade fina e fazer com que a criança

adquira coordenação condizente com sua estrutura.

O segundo teste refere-se à motricidade global, e foi aplicado ao

mesmo público alvo, alunos de seis anos de idade cronológica, onde foi

aferido com a testagem do caminhar em linha reta (ROSA NETO, 2002, p.51)

que quatro crianças (40%) estão em condições psicomotoras de seis anos de

idade, três crianças (30%), com o teste de pé manco (ROSA NETO, 2002,

p.51) encontra-se com sete anos em idade psicomotora e, três crianças (30%)

estão abaixo da linha considerada normal para este teste, estando assim com

cinco anos psicomotores constatados com o teste de saltar uma altura de 20

centímetros (ROSA NETO, 2002, p.50).

Figura 2: Motricidade Global

30%

40%

30%

Motricidade Global

5 anos

6 anos

7 anos

Fonte: Teste realizado pelos pesquisadores.

Os testes em motricidade global são muito importantes, pois como

salienta Rosa Neto (2002, p.16):

A perfeição progressiva do ato motor implica um funcionamento global dos mecanismos reguladores do equilíbrio e da atitude. Quando a criança está capacitada para isso, certas condições de execução permitem reforçar certos fatores de ação (vivacidade, força muscular, resistência, etc). Estes fatores desenvolvem também um certo controle da motricidade espontânea, à medida que a situação-

35

problema exige o respeito a certas consignas que definem as condições de espaço e de tempo para desenvolver a tarefa.

A motricidade global refere-se ao controle dos grandes sistemas

musculares, para realizar as mais diversas atividades, como caminhar, correr,

saltar ou mesmo balançar alguma parte do corpo, como reiterou Fonseca

(1995, p. 122) “[...] toda a motricidade necessita do suporte da tonicidade, isto

é, de um estado de tensão ativa e permanente [...]”.

Como foi constatada, a motricidade global do grupo em questão

encontra-se bem desenvolvida, com incríveis 30% acima da idade considerada

ideal (seis anos psicomotores) atingindo aos sete motores, mas mesmo assim

uma vista criteriosa e interventiva devem ser dadas aos 30% tidos como

abaixo do limite cronológico, para dar sustentação as suas práticas e permitir o

crescimento dessa área psicomotora tão essencial ao desenvolvimento

humano.

O terceiro teste que foi aplicado nas crianças que se encontrava com

seis anos de idade, refere-se à testagem de equilíbrio, onde uma grande

quantidade de resultados foi encontrada conforme a figura a seguir:

Figura 3: Equilíbrio

Fonte: Teste realizado pelos pesquisadores.

A aferição do equilíbrio foi com o teste do pé manco estático (ROSA

NETO, 2002, p.56), onde três crianças (30%) estão na idade cronológica e

psicomotora equivalente há seis anos, consideradas assim normais pelo EDM.

36

Uma criança (10%) encontra-se com baixa equilibração, possui seis

anos cronológicos, mas apenas quatro anos motores quanto ao equilíbrio,

verificados com o teste equilíbrio com o tronco flexionado (ROSA NETO, 2002,

p.55). E também mais uma criança (10%), está abaixo do considerado ideal

pelo EDM, encontra-se com cinco anos nesta característica motora

constatados no teste de equilíbrio nas pontas dos pés (ROSA NETO, 2002,

p.55).

Três crianças (30%) atingiram a idade de equilibração de sete anos de

idade, pelo teste equilíbrio de cócoras (ROSA NETO, 2002, p.56). E a maior

surpresa foi a de que duas crianças (20%) do total atingiram níveis muito

acima da idade cronológica. Um aluno (10%) atingiu os nove anos

psicomotores com o teste fazer um quatro (ROSA NETO, 2002, p.57),

enquanto outro conseguiu atingir aos onze anos com a prova de equilíbrio na

ponta dos pés (ROSA NETO, 2002, p.58).

Gonçalves (2010, p. 102) diz que “[...] em psicomotricidade chamamos

de equilibração a área básica para o automatismo da movimentação voluntária

da criança”, e Gonçalves (2010, p. 103) assim completa que “os reflexos

iniciais vão se minimizando e se ajustando com a maturação, até que esse

bebê possa se colocar em pé, por volta dos doze meses e adquirir a

autonomia de que necessita para conquistar o seu meio”.

A equilibração bem desenvolvida é muito importante, pois com ela

exploramos ao mundo exterior e nos apropriamos de novas experiências ao

repertório pessoal.

Nesta causa, as crianças que não atingem à idade motora vista como

ideal, devem ser melhores observadas e investigadas pelo professor neste

quesito de equilíbrio.

O quarto teste foi o de esquema corporal. Esta aferição foi realizada

com a prova de rapidez (ROSA NETO, 2002, p.62), que consistia em fazer

apenas um risco (traço) dentro de diversos quadrados o mais rápido possível.

O resultado foi o surpreendente em relação a outras testagens, onde

todas as 10 crianças (100%) obtiveram a idade psicomotora de seis anos,

condizente assim com a idade biológica do público alvo que também era de

seis anos.

Esquema corporal foi assim explanado por Rosa Neto (2002, p. 20):

37

A construção do esquema corporal isto é, a organização das sensações relativas a seu próprio corpo em associação com os dados do mundo exterior, exerce um papel fundamental no desenvolvimento da criança, já que essa organização é o ponto de partida de suas diversas possibilidades de ação. Sendo assim, o esquema corporal é a organização das sensações relativas a seu próprio corpo em ação com os dados do mundo exterior.

Figura 4: Esquema Corporal

Fonte: Teste realizado pelos pesquisadores.

Este teste de esquema corporal é muito importante, pois através dele

podemos ver em que nível a criança se encontra quanto a sua imagem

corporal, que significa o autoconhecimento de suas possibilidades.

A criança descobre seu corpo, conhece-o, e faz uma imagem dele em função da utilização e dos significados que lhe são atribuídos [...] pois a criança se enxerga como uma unidade corporal e como um todo organizado e não fragmentado. (GONÇALVES, 2010, p. 106).

Conhecer-se e explorar-se é muito importante para a maturação de

novas habilidades, e estar no nível psicomotor adequado com a idade

biológica é de suma importância, e o público alvo revelou estar condizente

quanto a esta questão.

A quinta testagem refere-se à organização espacial, e os resultados

revelaram um nível de desenvolvimento muito discrepante quanto ao público

alvo. Com o teste direita/esquerda - conhecimento sobre si (ROSA NETO,

2002, p.65), três crianças (30%) atingiram a idade psicomotora de seis anos,

38

lembrando que a aferição foi realizada em alunos possuidores de seis anos de

idade biológica na data de realização desta pesquisa.

Uma criança (10%) com o teste jogo de paciência (ROSA NETO, 2002,

p.65) possui idade motora de cinco anos. Com a prova dos palitos (ROSA

NETO, 2002, p.64), dois alunos (20%) atingiram a idade motora de quatro

anos, e um discente (10%), com a testagem do tabuleiro/posição invertida

atingiu a idade motora de apenas três anos.

Um dos testados (10%) com a execução de movimentos (ROSA NETO,

2002, p.66) conseguiu atingir os sete anos motores e por meio do

direita/esquerda – reconhecimento sobre o outro (ROSA NETO, 2002, p.66),

um aluno (10%) conseguiu os oitos anos motores.

E por fim o mais surpreendente, um dos alunos (10%) atingiu os dez

anos motores no quesito a organização espacial pelo teste reprodução de

movimentos – figura humana (ROSA NETO, 2002, p.67).

Figura 5: Organização Espacial

Fonte: Teste realizado pelos pesquisadores.

Rosa Neto, assim definiu a organização espacial:

Adquirimos pouco a pouco a atitude de avaliar nossa relação com o espaço que nos rodeia e de ter em consideração as modificações dessa relação no curso dos deslocamentos que condicionam nossa orientação espacial. A percepção que temos do espaço que nos rodeia e das relações entre elementos que o compõem evolui e modifica-se com a idade e com a experiência. Essas relações chegam a ser, progressivamente, objetivas e independentes. (ROSA NETO, 2002, p. 21).

39

Esta testagem nos revela um profundo abismo que pode existir dentro

de um público alvo. Quanto ao esquema corporal, quarto teste desta pesquisa,

todas as crianças de seis anos biológicos atingiram aos seis anos motores,

mas quanto à organização espacial, uma incrível e notável diferença foi

constatada.

A organização espacial, tem uma utilidade impar na vida do homem,

pois registrar distâncias, noções de longe e perto ou acima e abaixo são úteis

para o cotidiano seja ele em cidades com seus veículos e semáforos ou no

ambiente rural, com seus animais e campos abertos.

Promover experiências e atividades visando o desenvolver da

organização espacial junto das crianças é de suma importância para o

professor, e faz-se necessário uma intervenção inteligente e prática, pois

perceber o ambiente que a cerca é vital para a criança em fase de crescimento

e desenvolvimento de suas funções sócias, físicas e cognitivas.

A capacidade para estruturar e organizar o espaço é essencial para qualquer aprendizagem. Basicamente, envolve a elaboração de um conceito a partir de dados visuais e tátil-quinestésicos integrados, que constatam a nossa posição no espaço, espaço esse que constitui o imenso continente da nossa motricidade. (FONSECA, 1995, p. 205).

O sexto e último teste foi o de organização temporal. (ROSA NETO,

2002, p.69).

Figura 6: Organização Temporal

Fonte: Teste realizado pelos pesquisadores.

40

Este teste consiste em duas fases distintas: na primeira a criança

repetiu as frases formuladas pelo pesquisador de uma maneira espontânea e

clara, e na segunda reproduziu a diferentes sons (batidas) que o pesquisador

realizava.

Nesta testagem todas as crianças (100%) atingiram a idade

psicomotora de seis anos de idade.

Fonseca (1995, p. 209), assim declarou:

Através da estruturação temporal a criança tem consciência da sua ação, o seu passado conhecido e atualizado, o presente experimentado e o futuro desconhecido é antecipado. Essa estrutura de organização é determinante para todos os processos de aprendizagem. A noção do tempo é uma noção de controle e de organização, quer ao nível da atividade, quer ao nível da cognitividade. Rechamar dados e utilizá-los corretamente na atividade é uma condição básica ao processamento, armazenamento e utilização da informação.

Na primeira fase da testagem as crianças apresentaram bom

desenvolvimento temporal, conseguindo repetir as frases de uma maneira

clara e direta, sem apresentar dificuldades ou empecilhos.

Na segunda fase do teste, a repetição de sons, os quais eram simples

golpes intercalados por um pequeno espaço de tempo, os alunos

apresentaram dificuldades na aplicação, não conseguindo ultrapassar aos seis

anos motores.

Nota-se que as estruturas de organização espacial e organização

temporal são intimamente ligadas, mesmo que os testes para aferir o nível

individual de cada uma delas nos seres humanos forem discrepantes, e

constados avanços num lado e estagnação do outro, ambas devem ser muito

bem estimuladas, pois:

A estruturação espácio-temporal emerge da motricidade, da relação com os objetos localizados no espaço, da posição relativa que ocupa o corpo, enfim das múltiplas relações integradas da tonicidade, da equilibração, da lateralização e da noção do corpo, confirmando o princípio da hierarquização dos sistemas funcionais e da sua organização vertical. (FONSECA, 1995, p. 203).

O docente deve estar alerta quanto o nível de desenvolvimento dos

alunos nestas duas estruturas, imprescindíveis para o crescer e se estabelecer

o cognitivo do indivíduo, nunca se esquecendo que intervenção pedagógica

não se resume ao campo teórico e depois o prático, mas sim algo vivo e claro,

uma troca imediata e inata de experiências.

41

CONCLUSÃO

Ao finalizar com os testes EDM (Escala de Desenvolvimento Motor)

constatou-se que a psicomotricidade tem a intenção de estimular as crianças

em ações, trabalhando o seu desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo assim

possibilitando o melhor conhecimento de seu corpo, de suas habilidades e de

suas possibilidades, enxergando o humano como um ser racional, emocional e

intelectual

O trabalho de psicomotricidade tem o propósito de contribuir para a

formação e a estruturação do esquema corporal e tem como meta principal

estimular a função do movimento nas diversas etapas da vida da criança.

Cabe ressaltar também a importância da participação do educador no

dia-a-dia de cada aluno, e que aquele venha a conhecer às características das

faixas etárias, seus interesses e necessidades. É fundamental que o professor

elabore atividades, as quais devem colaborar para a construção do

desenvolvimento psicomotor.

Com a execução dos testes, motricidade fina, motricidade global,

equilíbrio, esquema corporal, organização espacial e organização temporal,

torna-se possível perceber as capacidades, dificuldades e os limites de cada

criança.

Em motricidade fina destacou-se a importância de atividades que a

criança deve realizar não apenas na escola, como também ser influenciada

em casa, por exemplo, o rasgar, recortar, pintar, desenhar, lançar algo e pegar

um objeto.

Motricidade global permite conhecer e compreender a criança melhor

do que se imagina, percebe-se que ela se expressa de uma forma mais

espontânea, brinca imitando cenas do cotidiano, conversa se movimentando,

sobem em árvores e salta de diferentes formas, isso e outras mais é um

relaxamento corporal e liberação de energias físicas.

O equilíbrio faz-se entender que é a principal parte de um todo, tem um

aspecto de que quanto mais imperfeito é o movimento, mais energia é

consumida.

Esquema corporal são reações, as quais, os corpos transmitem com

relação ao organismo, seja de satisfação, choro, alegria e dor. Nesta razão,

42

entende-se esquema corporal como sensações de nosso próprio corpo.

Com a organização espacial, pode-se notar que se bem desenvolvida

neste aspecto psicomotor, a criança irá crescer de uma maneira independente,

conhecedora dos obstáculos e desafios que a cercam.

A organização temporal deixa clara sobre o descobrir das crianças,

quando elas começam a notar os acontecimentos de sua vida, como um

passeio, aniversário, um piquenique e outros. Tudo fica guardado em sua

memória, mas só depois irão ordenar em anos, meses, dias, datas e horas.

O intuito deste trabalho de conclusão de curso foi o de explicitar a

importância de que a criança deva passar por experiências positivas

oferecendo-lhe situações, as quais depositem confiança em seu próprio corpo

e no seu desenvolvimento motor, e não fazer com que elas vivam momentos

desvalorizantes, mas sim dá-las oportunidades de descobrir os melhores

meios para que possam testar suas habilidades.

43

REFERÊNCIAS

BEE, Helen. A Criança em desenvolvimento. Porto Alegre: Artmed, 2003. BIAGGIO, Ângela M. Brasil. Psicologia do Desenvolvimento. Petrópolis: Vozes, 1983. BRASIL, Constituição. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2007. DECLARAÇÃO, Americana dos Direitos e Deveres do Homem. A IX Conferência Internacional Americana, de abril de 1948. Disponível em: <http://www.pfdc.pgr.mpf.gov.br>. Acesso em 03 nov. 2012. DECLARAÇÃO, dos Direitos da Criança. Assembleia das Nações Unidas, de 20 de novembro de 1959. Disponível em: <http://www.pfdc.pgr.mpf.gov.br>. Acesso em 03 nov. 2012. DECLARAÇÃO, dos Direitos Humanos. Declaração Universal dos Direitos Humanos: Carta das Nações Unidas. Bauru: Edipro 1993. FERLAND, Francine. O desenvolvimento da criança no dia-a-dia. Do berço até à escola primária. Lisboa/Portugal: Climepsi, 2006. FONSECA, Luiz Antonio Miguel. O estatuto da criança e do adolescente e os direitos fundamentais. São Paulo: Edições APMP, 2008. FONSECA, Vitor. Desenvolvimento psicomotor e aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2008. ______. Manual de observação psicomotora. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. ______. Psicomotricidade perspectivas multidisciplinares. Porto Alegre: Artmed, 2004.

44

GONÇALVES, Fátima. Psicomotricidade e educação física: Quem quer brincar põe o dedo aqui. São Paulo: Cultural RBL, 2010. ______. Do andar ao escrever um caminho psicomotor. São Paulo: Cultural RBL, 2009. LE BOULCH, Jean. Educação psicomotora: psicocinética na idade escolar. Tradução: Jeni Wolff. Porto Alegre: Artmed, 1987. PIAGET, Jean. A Psicologia da Criança. Rio de Janeiro: DIFEL, 2003. ROSA NETO, Francisco. Manual de avaliação motora. Porto Alegre: Artmed, 2002.

45

ANEXO

46

Anexo A

Tabelas utilizadas para traçar perfis motores dos alunos submetidos aos

testes.

Aluno 1

11 anos • • • • • • 10 anos • • • • • • 09 anos • • • • • • 08 anos • • • • • • 07 anos • • • • • • 06 anos • • • • • • 05 anos • • • • • • 04 anos • • • • • • 03 anos • • • • • • 02 anos • • • • • •

Idade Cronológica

Motricidade Fina

Motricidade Global

Equilíbrio Esquema Corporal

Organização Espacial

Organização Temporal

Aluno 2

11 anos • • • • • • 10 anos • • • • • • 09 anos • • • • • • 08 anos • • • • • • 07 anos • • • • • • 06 anos • • • • • • 05 anos • • • • • • 04 anos • • • • • • 03 anos • • • • • • 02 anos • • • • • •

Idade Cronológica

Motricidade Fina

Motricidade Global

Equilíbrio Esquema Corporal

Organização Espacial

Organização Temporal

Aluno 3

11 anos • • • • • • 10 anos • • • • • • 09 anos • • • • • • 08 anos • • • • • • 07 anos • • • • • • 06 anos • • • • • • 05 anos • • • • • • 04 anos • • • • • • 03 anos • • • • • • 02 anos • • • • • •

Idade Cronológica

Motricidade Fina

Motricidade Global

Equilíbrio Esquema Corporal

Organização Espacial

Organização Temporal

47

Aluno 4

11 anos • • • • • • 10 anos • • • • • • 09 anos • • • • • • 08 anos • • • • • • 07 anos • • • • • • 06 anos • • • • • • 05 anos • • • • • • 04 anos • • • • • • 03 anos • • • • • • 02 anos • • • • • •

Idade Cronológica

Motricidade Fina

Motricidade Global

Equilíbrio Esquema Corporal

Organização Espacial

Organização Temporal

Aluno 5

11 anos • • • • • • 10 anos • • • • • • 09 anos • • • • • • 08 anos • • • • • • 07 anos • • • • • • 06 anos • • • • • • 05 anos • • • • • • 04 anos • • • • • • 03 anos • • • • • • 02 anos • • • • • •

Idade Cronológica

Motricidade Fina

Motricidade Global

Equilíbrio Esquema Corporal

Organização Espacial

Organização Temporal

Aluno 6

11 anos • • • • • • 10 anos • • • • • • 09 anos • • • • • • 08 anos • • • • • • 07 anos • • • • • • 06 anos • • • • • • 05 anos • • • • • • 04 anos • • • • • • 03 anos • • • • • • 02 anos • • • • • •

Idade Cronológica

Motricidade Fina

Motricidade Global

Equilíbrio Esquema Corporal

Organização Espacial

Organização Temporal

48

Aluno 7

11 anos • • • • • • 10 anos • • • • • • 09 anos • • • • • • 08 anos • • • • • • 07 anos • • • • • • 06 anos • • • • • • 05 anos • • • • • • 04 anos • • • • • • 03 anos • • • • • • 02 anos • • • • • •

Idade Cronológica

Motricidade Fina

Motricidade Global

Equilíbrio Esquema Corporal

Organização Espacial

Organização Temporal

Aluno 8

11 anos • • • • • • 10 anos • • • • • • 09 anos • • • • • • 08 anos • • • • • • 07 anos • • • • • • 06 anos • • • • • • 05 anos • • • • • • 04 anos • • • • • • 03 anos • • • • • • 02 anos • • • • • •

Idade Cronológica

Motricidade Fina

Motricidade Global

Equilíbrio Esquema Corporal

Organização Espacial

Organização Temporal

Aluno 9

11 anos • • • • • • 10 anos • • • • • • 09 anos • • • • • • 08 anos • • • • • • 07 anos • • • • • • 06 anos • • • • • • 05 anos • • • • • • 04 anos • • • • • • 03 anos • • • • • • 02 anos • • • • • •

Idade Cronológica

Motricidade Fina

Motricidade Global

Equilíbrio Esquema Corporal

Organização Espacial

Organização Temporal

49

Aluno 10

11 anos • • • • • • 10 anos • • • • • • 09 anos • • • • • • 08 anos • • • • • • 07 anos • • • • • • 06 anos • • • • • • 05 anos • • • • • • 04 anos • • • • • • 03 anos • • • • • • 02 anos • • • • • •

Idade Cronológica

Motricidade Fina

Motricidade Global

Equilíbrio Esquema Corporal

Organização Espacial

Organização Temporal