PROTOCOLO DE ATENDIMENTO A GESTANTES COM ABUSO DE SUBSTÂNCIAS E PARA PREVENÇÃO DE ... · 2018....
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PROTOCOLO DE ATENDIMENTO A GESTANTES COM ABUSO DE
SUBSTÂNCIAS E PARA PREVENÇÃO DE GESTAÇÃO NÃO PLANEJADA EM
MULHERES COM TRANSTORNO MENTAL GRAVE E ABUSO DE SUBSTÂNCIAS
A. INTRODUÇÃO
O Programa Cuidar teve seu início de elaboração em meados de 2011, com a proposta
de Criação do Centro de Referência em Direitos Humanos – Programa Cuidar - Unificado e
Integrado para intervenção na Violência, no Uso Abusivo de Álcool e Drogas e na
Reabilitação, com a finalidade de viabilizar a integração dos diversos setores envolvidos.
Um dos seus objetivos principais é a atuação inter e transdisciplinar, formando com os
diversos serviços, redes de atenção e monitoramento dos casos até sua estabilização. Mas
também elaborar e coordenar estratégias de prevenção para um desenvolvimento da criança e
do adolescente de forma plena, tratando-os como prioridade, com preconizado no ECA.
Neste período de funcionamento acompanhamos vários casos de gestantes usuárias de
substâncias e também crianças em situação de abandono e violência, filhos de mães com
transtornos mentais e/ou abuso de substâncias. Esta experiência nos mostrou a complexidade
desta situação. Os casos nos mostraram a relação direta destes casos com transmissão vertical
de sífilis e HIV (70% das mulheres nesta situação acompanhadas no período portavam
alguma DST e apresentavam difícil adesão ao pré-natal e tratamento, levando a maior número
de crianças infectadas). Também pudemos levantar que 86% das crianças abrigadas em
Itanhaém têm no seu histórico mães com transtornos mentais e/ou uso abusivo de álcool e
drogas. Nas investigações do Comitê de Prevenção da Mortalidade Materna e infantil
novamente percebeu-se o impacto destas morbidades maternas na mortalidade infantil e na
prematuridade. Outra dificuldade encontrada é que nesta população é comum uma seqüência
de gestações não planejadas que além do risco para os conceptos gera risco e dificuldades
para o tratamento das patologias de base das mães. Devido a estas constatações é que se
decidiu levar como pauta para a câmara intersetorial do Programa Cuidar a proposta de
elaborar em rede este protocolo.
O Protocolo de Atendimento a Gestantes com Abuso de Substâncias e para Prevenção
de Gestação não Planejada em Mulheres com Transtorno Mental Grave e Abuso de
Substâncias foi inicialmente desenvolvido pelo Programa Cuidar em parceria com o CINI
(Centro de Infectologia de Itanhaém), com CESCRIM (Centro de Especialidades da criança e
da mulher de Itanhaém) e com o serviço de psicologia, de serviço social, de neonatologia e
obstetrícia do Hospital Regional de Itanhaém a partir da experiência de trabalho integrado
destes serviços nestes anos e posteriormente a sua construção foi realizada em câmaras
intersetoriais. Para as câmaras intersetoriais foram convidados representantes das Secretarias
de Educação, de Assistência e Desenvolvimento Social, o Ministério Público, a Ordem dos
Advogados, Segurança Pública, Lideranças Comunitárias, Conselho Municipal de Saúde,
CMDCA. Conselho Tutelar entre outros.
A proteção da gestante, do feto e do RN acontecerá com a abstinência das drogas, e esta
abstinência será o objetivo principal do Protocolo de Atendimento a Gestante, a fim de
proteger o desenvolvimento do feto e propiciar condições para que a gestante possa vir a
cuidar de seu filho, quando avaliado esta possibilidade.
Portanto, quando identificado uma gestante ou puerpera com abuso de substâncias ou
transtorno mental grave, toda a rede de proteção deverá ser acionada, para que os objetivos
deste protocolo tenham êxito.
Este protocolo é um instrumento dinâmico, que deverá ser aperfeiçoado de uma forma
continua, para isto será composta uma comissão bianual de acompanhamento do andamento
do protocolo e sua reavaliação deverá ser pautada uma vez ao ano na câmara intersetorial do
Programa Cuidar, para avaliação e comunicação de mudanças do protocolo. A comissão será
composta por um representante de cada serviço: CAPS ad, CAPS i, CAPSII, Hospital
Regional de Itanhaém, CESCRIM, CINI, CREAS e Educação e deverá ser acionada sempre
que mudanças mostrem-se necessárias.
B. JUSTIFICATIVA
Mulheres com abuso de substâncias e ou com transtorno mental grave (psicoses graves,
depressões graves e deficiência intelectual severa, grave e moderada) estão mais vulneráveis a
uma gestação não planejada. Também são populações que apresentam maiores riscos para
contraírem DSTs / Aids.
Observa-se em serviços de saúde mental e dados do comitê de prevenção da mortalidade
materna e infantil de Itanhaém, que existe uma relação de maior risco para filhos de mães que
apresentam abuso de substâncias e ou transtorno mental grave com natimortalidade,
mortalidade infantil, mal formações e deficiências, assim como maior risco destas crianças
sofrem abandono, negligência e violência. Perceber-se também que grande parte destas
gestações não são planejadas, desejadas e muitas vezes não são aceitas. Assim como os
levantamentos mostram que nesta população existe um alto índice de DSTs e má adesão ao
pré-natal, aumentando o risco para o Recém Nato de sífilis congênita, síndrome alcoólica
fetal, transmissão vertical de HIV entre outras situações de risco para o binômio mãe filho.
Também é observado nesta população multi-gestações não planejadas e abortamentos,
aumentando o risco de morte materna e dificultando ainda mais a aderência aos tratamentos
de base necessários.
Geralmente as equipes de saúde mental não têm em sua rotina trabalhar com
planejamento familiar, sexualidade e prevenção de DSTs- AIDS em sua população atendida.
É necessário que os serviços de atendimento a esta população vulnerável estejam
preparados ao acolhimento e ajudem neste planejamento da gravidez quando desejada e na
construção da rede de apoio, para acompanhamento saudável da gestação, na continuidade do
cuidado desta mãe e do recém nascido, assim como o acompanhamento do desenvolvimento
da criança.
Portanto, é necessário construir mecanismos para prevenir uma gestação não planejada
para mulheres em idade fértil que abusam de substâncias ou são portadoras de transtorno
mental grave dando acesso a estas a um planejamento familiar monitorado e adaptado a sua
realidade de vida.
Nos casos de gestações planejadas ou quando o diagnóstico de transtorno seja durante a
gestação ou parto, deverá ser instituído tratamento integrado do serviço de saúde mental e de
pré natal e acompanhamento da criança com abordagem multidisciplinar monitorada e de
caráter prioritário.
C. OBJETIVOS GERAIS
- Reduzir a mortalidade e a morbidade relacionadas a DSTs/AIDs, mal formações e
deficiências, violência, negligência e abandono em crianças filhas de mulheres com transtorno
mental grave e transtornos por abuso de substâncias dando acesso a estas mulheres a
planejamento familiar adaptado a sua realidade, também a uma rede de tratamento prioritária
e monitorada para o binômio mãe-filho.
D. OBJETIVOS ESPECIFICOS
- identificação de mulheres com abuso de substâncias e/ ou transtorno mental grave com risco
de gravidez não desejada.
- obter dados epidemiológicos de mulheres com transtorno mental grave e com T. de abuso de
substâncias que estão em idade fértil e sem planejamento familiar (quantas são, as idades
delas, quais são os transtornos mentais graves mais prevalentes, quais as drogas de abuso mais
utilizadas, onde moram e etc.)
- dar acesso de anticoncepção monitorada, prevenindo uma gravidez não desejada e
oferecendo planejamento familiar para estas populações (pílula, DIU, injeção trimestral,
Implanon ou outros)
- oferecer pré-natal para estas gestantes e o tratamento psiquiátrico indicado (proteção do
binômio mãe-filho) com enfoque de risco e monitorado.
- atender de forma integral a gestante e a puerpera que se expõe a drogas de abuso e/ou
apresenta transtorno mental grave, com grande preocupação ao binômio mãe-filho, tendo uma
atenção especial a proteção do feto e do recém-nato (RN).
- reduzir a transmissão vertical de HIV e sífilis.
- estabelecer as competências maternas nos cuidados da criança
- proteger a criança no caso se estiver em risco de sofrer abandono, violência e negligência.
- construção da rede de apoio, para acompanhamento saudável da gestação, na continuidade
do cuidado desta mãe e do recém nascido, assim como o acompanhamento do
desenvolvimento da criança, quando esta população vulnerável desejar uma gravidez.
E. METAS
4.a – identificação de mulheres com abuso de substâncias e ou com transtorno mental
com risco de gravidez não desejada (Fluxo I)
4.b - assegurar métodos efetivos e monitoráveis de planejamento familiar (evitar gravidez
não planejada - anticoncepção)
4.c – reduzir a transmissão vertical de HIV e sífilis em mulheres com abuso de
substâncias.
4.d - identificação de gestantes e puerperas com problemas de abuso substâncias e/ou
transtorno mental grave (Fluxo II)
4.e – para as gestantes com abuso de substâncias
- assegurar o atendimento pré e pós natal com enfoque de risco e monitorado para o
binômio mãe-filho
- diagnosticar e tratar as gestantes e puerperas em relação às DSTs/aids e evitar a
contaminação vertical
- avaliar quais são as drogas de abuso
- avaliar a gravidade da dependência
- avaliar a gravidade e os riscos para o binômio mãe-filho
- avaliar os fatores protetivos para a solução da situação
- avaliar os fatores de risco que mantenham a situação
- avaliar as comorbidades psiquiátricas
- instituir os tratamentos necessários
- avaliar a competência materna para o cuidado do RN
4.f – para as gestantes com transtorno mental grave
- avaliar a gravidade da doença mental
- avaliar a gravidade para o binômio mãe-filho
- avaliar os fatores protetivos para o binômio
- avaliar os fatores de risco para o binômio
- assegurar os tratamentos necessários (multidisciplinar, pré e pós natal, familiar e outros)
- avaliar a competência materna para os cuidados do RN
4.g – quando a gestação é planejada por estas populações vulneráveis
- preparo aos os serviços de atendimento a esta população vulnerável quando desejam
uma gravidez
- serviços devem acolher e ajudar no planejamento da gravidez quando desejada
- construção da rede de apoio, para acompanhamento saudável da gestação
- continuidade do cuidado desta mãe e do recém nascido
- acompanhamento do desenvolvimento da criança.
4.h – Organizar o fluxo na rede de assistência a estas gestantes com o Hospital Regional
de Itanhaém – Protocolo obstétrico de atendimento a gestante ou puerpera com abuso de
substâncias ou transtorno mental.
- gestantes que procuram maternidade com problemas na gestação encaminhadas ou não
pelos serviços de pré-natal e caps.
-gestantes no período de pré-parto, parto e pós parto.
- Recém nascidos no alojamento conjunto
- Recém nascidos na UTI neonatal.
F. FLUXOS PROPOSTOS
OS FLUXOS DA REDE DE ASSISTÊNCIA
FLUXO I (SUPEITA, ATENÇÃO E DIAGNÓSTICO)
Nas Unidades de Saúde,
Assistência Social e educação -
Mulheres com suspeita de uso de
substancias e/ou transtornos
mentais graves devem ser
consideradas de risco para
gestação não planejada.
Ampliar vínculos e considerar
método de planejamento familiar
monitorado.
Na USF do seu território Realizar
TIG, e aconselhamento para
DSTs e ofertar sorologias na
melhor oportunidade
Encaminhar ao CAPS ad ou
CAPS I (quando adolescente).
Ao CAPS II em caso de
transtorno mental sem abuso de
substâncias.
Mantendo o vínculo com USF
principalmente para monitorar
anticoncepção definida e para
tratar e prevenir DST’s
FLUXO II (QUANDO É REALIZADO O DIAGNÓSTICO DA GESTAÇÃO NESTA
POPULAÇÃO)
FLUXO III – ACOMPANHAMENTO DIFERENCIADO E MONITORADO NA REDE
– GESTANTE DE RISCO
NA USF - TIG POSITIVO OU
PROCURA PARA PRÉ-NATAL.
(outras secretarias na suspeita
encaminham o caso para a USF
No primeiro atendimento avaliar os critérios de risco obstétricos conforme
protocolo municipal.
Considerar a suspeita de abuso de substâncias e\ou transtorno mental como
risco máximo. Neste caso aproximar contato, reduzir espaçamento entre
consultas até confirmar ou descartar.
Descartado uso abusivo de
substâncias e\ou transtorno mental
Pré natal segue o
curso do protocolo
municipal de
obstetrícia
Confirmado uso abusivo de
substâncias seguir fluxo III
NA USF, UPA, CRAS, CREAS
ou CAPS Confirmado uso
abusivo de substâncias e\ou
transtorno mental grave em
Gestante.
Encaminhar ao Núcleo do Programa
Cuidar
O núcleo levanta o caso e aciona rede de
saúde necessária para acompanhamento em
primeiro momento e para estudo amplo do
caso.
FLUXO IV ACOMPANHAMENTO DIFERENCIADO E MONITORADO NA REDE –
GESTANTE DE RISCO COM DST. RISCO DE TRANSMISSÃO VERTICAL PARA
CRIANÇA
Encaminhado ao CAPS
ad, CAPS II ou CAPS I
(se adolescente) para
acompanhamento
Encaminhamento para CESCRIM
para acompanhamento matriciado
com USF de pré-natal de risco
Acompanhamento mantido na
rede de atenção básica (pré-natal
matriciado de risco). Preocupação
ampliada para risco de dst’s.
Solicitar exames de sorologia 3
vezes na gestação.
Em caso de DST nesta população
seguir Fluxo IV
Após avaliação ampla destes serviços
com definição de gravidade serão
identificados fatores de risco e proteção
para o caso e definida a rede ampliada
necessária para acompanhamento do
caso
Núcleo do |Programa Cuidar aciona a rede
necessária (CREAS, CRAS, Família, Conselho
tutelar, Judiciário).
Envolve todos na construção do plano
terapêutico de proteção do RN e gestante.
Núcleo monitora ações e mantém vínculos dos
componentes da rede previstos no plano terapêutico.
Comunica maternidade sobre o caso e aciona o
Judiciário para discussão do caso.
NA USF, UPA, CRAS, CREAS
ou CAPS Confirmado uso
abusivo de substâncias.
Encaminhar ao Núcleo do Programa
Cuidar
O núcleo levanta o caso e aciona rede de
saúde necessária para acompanhamento em
primeiro momento e para estudo amplo do
caso.
G. DESENVOLVIMENTO DOS TRABALHOS PARA AS METAS
a. Identificação de mulheres com abuso de substâncias e ou com transtorno mental
com risco de gravidez não desejada (fluxo I)
Toda mulher no município de Itanhaém que abusa de substâncias ou que possui um
transtorno mental grave, deverão ser identificadas quanto ao risco de um
desenvolvimento de uma gravidez não desejada. Deverão receber o tratamento para o
transtorno de base (CAPS ad, CAPS i (adolescentes), CAPS II, Unidades de Saúde),
abuso de substâncias e/ ou transtorno mental e deverão ter acesso, juntamente com
seus companheiros, a informações e orientação para definição de métodos de
planejamento familiar e prevenção de DST’s. Garantindo acesso ao método escolhido.
Os dados mostram a maior exposição destas mulheres à gestação não planejada e não
desejada e também as dificuldades de adesão destas aos métodos tradicionais. Devido
a isto, quanto maior a gravidade do seu problema, maior deverá ser a preocupação de
Em qualquer momento do
acompanhamento se for
identificada uma DST passar a
cumprir a seguinte rotina
Encaminhado ao CAPS
ad, CAPS II ou CAPS i
(se adolescente) para
acompanhamento
Encaminhamento para CINI
(SAE) para acompanhamento
matriciado. Tratamento da DST e
em caso de HIV ou Sífilis seguir
protocolo de transmissão vertical
específico.
Outras DST’s tratar e manter
acompanhamento no SAE.
Tratar parceiro
Investigar riscos na gestação e em
caso de desconhecimento da
sorologia do parceiro ampliar
oferta de sorologias.
Acompanhamento mantido na
rede de atenção básica (pré-natal
matriciado de risco).
Após avaliação ampla destes serviços
com definição de gravidade serão
identificados fatores de risco e proteção
para o caso e definida a rede ampliada
necessária para acompanhamento do
caso. Seguir conforme este paço do
fluxo III
se indicar um método adaptado a realidade desta mulher e passível de ser monitorado,
dando maior segurança a ela.
FLUXO I (SUSPEITA, ATENÇÃO E DIAGNÓSTICO)
b. Assegurar métodos efetivos e monitoráveis de planejamento familiar
Os dados do Comitê de Prevenção da Mortalidade infantil e dos serviços mostram a
maior exposição destas mulheres à gestação não planejada e não desejada e também as
dificuldades de adesão destas ao método anticoncepcional mais utilizado
(anticoncepcional oral). Devido a isto, quanto maior a gravidade do seu problema,
maior deverá ser a preocupação de se indicar um método adaptado a realidade desta
mulher e passível de ser monitorado, dando maior segurança a ela.
As mulheres com transtorno de abuso de substâncias e / ou transtorno mental deverão
ser priorizadas para receber junto com companheiro (se existir) orientações quanto ao
planejamento familiar, auxiliadas na escolha do método que deverá ser instituído e
monitorado pelas equipes. O método escolhido deverá ser o mais seguro, de fácil
adesão e passível de monitoramento. Para isso grupos de planejamento familiar
deverão fazer parte das atividades dos CAPS e CMR.
c. Reduzir a transmissão vertical de HIV e sífilis em mulheres com abuso de
substâncias.
Mulheres portadoras de transtorno por abuso de substâncias e/ou transtorno mental,
além de orientação para o planejamento familiar e introdução de métodos anticoncepcionais,
deverão ser avaliadas e tratadas em relação a doenças sexualmente transmissíveis. Dados do
comitê e dos serviços mostram uma incidência cinco xx maior destas mulheres portarem
sífilis ou HIV na gestação e de transmiti-las aos seus filhos em relação a população geral.
Com o agravante que a adesão ao pré-natal é também difícil nesta população os dados do
comitê mostram que das ultimas doze crianças que se contaminaram com sífilis congênita ou
HIV em Itanhaém, em dez a mãe que fazia parte deste grupo de risco. Os serviços deverão dar
Nas Unidades de Saúde,
Assistência Social e educação -
Mulheres com suspeita de uso de
substancias e/ou transtornos
mentais graves devem ser
consideradas de risco para
gestação não planejada.
Ampliar vínculos e considerar
método de planejamento familiar
monitorado.
Na USF do seu território Realizar
TIG, e aconselhamento para
DSTs e ofertar sorologias na
melhor oportunidade
Encaminhar ao CAPS ad ou
CAPS i (quando adolescente).
Ao CAPS II em caso de
transtorno mental sem abuso de
substâncias.
Mantendo o vínculo com USF
principalmente para monitorar
anticoncepção definida e para
tratar e prevenir DST’s
atenção ao tratamento de seus parceiros, pois o mesmo estudo mostrou que destas dez
crianças contaminadas, em cinco as mães haviam sido tratadas para sífilis na gestação e se
recontaminaram durante a gravidez. E em duas a mãe se contaminou pelo HIV durante a
gestação (primeiro exame na gestação negativo e segundo exame positivo). São doenças que
são passiveis de evitar a contaminação da criança e que uma vez contaminada a criança leva
esta marca para a vida (quando não vai a óbito precocemente), temos tecnologia, mas, se não
percebermos as dificuldades que estas mulheres têm para aderir ao pré-natal, ao
anticoncepcional e também que estão expostas a uma contaminação dificilmente reduziremos
a incidência de transmissão vertical de HIV e da Sifilis em Itanhaém.
Os CAPS ad, i e II deverão ter orientação para DST/AIDS para sua clientela de forma
rotineira, incentivar o uso do preservativo com livre acesso a estes no serviço.
d. Identificação de gestantes e puerperas com problemas de abuso substâncias e/ou
transtorno mental grave
Todas as portas dos serviços (USF, CRAS, CREAS, CINI, CAPS ad, i e II, CMR,
UPA) deverão estar atentas quando identificarem uma gestante com suspeita de abuso de
substância ou transtorno mental. O fato de estar gestante deverá acionar toda uma rede de
proteção e monitoramento pois o feto esta em risco alto de abortamento, natimortalidade,
morte infantil, contaminação por DST’s, abandono, negligência, mal formação e violência
(criança de alto risco).
Quando na porta de entrada, CRAS ou no CREAS e CAPS uma gestante ou puerpera tem
suspeita de abusos de substâncias deverão com urgência ser avaliadas para identificação da(s)
droga(s) de abuso, avaliar a gravidade do abuso e acionar a rede de proteção do binômio mãe-
filho. Outros serviços como UPA, CREAS, CINI, CESCRIM e serviços de educação devem
informar a rede de assistência quando tiverem ciência de casos. A notificação deverá ser feita
ao Núcleo do Programa cuidar imediatamente.
Também as gestantes e puérperas com transtornos mentais graves deverão ser avaliadas
e monitoradas no seu quadro clínico e nos cuidados em relação ao RN pela USF e CESCRIM.
O caso também deverá ser notificado ao núcleo do Programa Cuidar
Em todos os casos deverá ser avaliada a competência materna conforme o fluxo
proposto. Nos casos que for avaliado a dificuldade da mãe cuidar de seu bebê, uma rede de
proteção deverá ser acionada. Prestando principal atenção aos vínculos de suporte familiar da
comunidade (se a mulher conta ou não com estes vínculos).
FLUXO PARA AVALIAÇÃO DE COMPETÊNCIAS
Avaliar as condições daquela mulher com história de abuso de substâncias e ou
transtorno mental grave, para ter uma gestação e também suas competências para
os cuidados de uma criança.
Quadro
estabilizado com
adesão ao
tratamento
proposto e quando
é considerada apta
para o auto-
cuidado e o
cuidado de um
recém nascido.
Quadro de difícil
estabilização pelo
próprio quadro ou
pela falta de adesão
levando a
dificuldades
permanentes ou
recorrentes para o
autocuidado.
Mulher cujo quadro de
dependência química
e\ou transtorno mental
e\ou limitação cognitiva
é considerado grave
determinando que esta
seja incapaz para o
autocuidado.
FLUXO II (QUANDO É REALIZADO O DIAGNÓSTICO DA GESTAÇÃO NESTA
POPULAÇÃO)
NA USF - TIG POSITIVO OU
PROCURA PARA PRÉ-NATAL.
(outras secretarias na suspeita
encaminham o caso para a USF
No primeiro atendimento avaliar os critérios de risco obstétricos conforme
protocolo municipal.
Considerar a suspeita de abuso de substâncias e\ou transtorno mental como
risco máximo. Neste caso aproximar contato, reduzir espaçamento entre
consultas até confirmar ou descartar.
Conta com vínculos
que lhe dão suporte
para o cuidado?
Conta com vínculos
que lhe dão suporte
para o cuidado?
Conta com vínculos
que lhe dão suporte
para o cuidado?
Sim Não Sim Sim Não Não
e. Para as gestantes com abuso de substâncias
FLUXO III – ACOMPANHAMENTO DIFERENCIADO E MONITORADO NA REDE
– GESTANTE DE RISCO
Descartado uso abusivo de
substâncias e\ou transtorno mental
Pré natal segue o
curso do protocolo
municipal de
obstetrícia
Confirmado uso abusivo de
substâncias seguir fluxo III
NA USF, UPA, CRAS, CREAS
ou CAPS Confirmado uso
abusivo de substâncias e\ou
transtorno mental grave em
Gestante.
Encaminhar ao Núcleo do Programa
Cuidar
O núcleo levanta o caso e aciona rede de
saúde necessária para acompanhamento em
primeiro momento e para estudo amplo do
caso.
FLUXO IV ACOMPANHAMENTO DIFERENCIADO E MONITORADO NA REDE –
GESTANTE DE RISCO COM DST. RISCO DE TRANSMISSÃO VERTICAL PARA
CRIANÇA
Encaminhado ao CAPS
ad, CAPS II ou CAPS I
(se adolescente) para
acompanhamento
Encaminhamento para CESCRIM
para acompanhamento matriciado
com USF de pré-natal de risco
Acompanhamento mantido na
rede de atenção básica (pré-natal
matriciado de risco).
Preocupação ampliada para risco
de dst’s. Solicitar exames de
sorologia 3 vezes na gestação.
Em caso de DST nesta
população seguir Fluxo IV
Após avaliação ampla destes serviços
com definição de gravidade serão
identificados fatores de risco e proteção
para o caso e definida a rede ampliada
necessária para acompanhamento do
caso
Núcleo do |Programa cuidar aciona a rede
necessária (CREAS, CRAS, Família, Conselho
tutelar, Judiciário).
Envolve todos na construção do plano
terapêutico de proteção do RN e gestante.
Núcleo monitora ações e mantém vínculos dos
componentes da rede previstos no plano terapêutico.
Comunica maternidade sobre o caso e aciona o
Judiciário para discussão do caso.
NA USF, UPA, CRAS, CREAS
ou CAPS Confirmado uso
abusivo de substâncias.
Encaminhar ao Núcleo do Programa
Cuidar
O núcleo levanta o caso e aciona rede de
saúde necessária para acompanhamento em
primeiro momento e para estudo amplo do
caso.
Portanto, para esta população não basta assegurar o acesso ao pré-natal e ao cuidado para o
RN como na população geral é necessário que estas gestantes sejam monitoradas durante toda
sua gestação e também após o parto, afim de proteção do binômio mãe-filho. Este
monitoramento deverá contar com o apoio de toda a rede de saúde, assistência social,
educação, judiciário, ministério público, conselho tutelar, OAB e comunidade em geral.
É preciso assegurar ao feto um desenvolvimento adequado, assim como o recém-nato.
- diagnosticar e tratar as gestantes e puerperas em relação às DSTs/aids e evitar a
contaminação vertical e tratar intercorrências da gestação.
Todos os casos de gestantes avaliadas, que apresentarem problema de abuso de
substâncias ou transtorno mental, deverão ser notificadas ao Núcleo do Programa Cuidar para,
monitoramento, avaliação se necessário. Este deverá acionar a rede e encaminhar aos devidos
cuidados.
A rede deve avaliar:
- Avaliar quais são as drogas de abuso
Em qualquer momento do
acompanhamento se for
identificada uma DST passar a
cumprir a seguinte rotina
Encaminhado ao CAPS
AD, CAPS II ou CAPS
I (se adolescente) para
acompanhamento
Encaminhamento para CINI
(SAE) para acompanhamento
matriciado. Tratamento da DST e
em caso de HIV ou Sífilis seguir
protocolo de transmissão vertical
específico.
Outras DST’s tratar e manter
acompanhamento no SAE.
Tratar parceiro
Investigar riscos na gestação e em
caso de desconhecimento da
sorologia do parceiro ampliar
oferta de sorologias.
Acompanhamento mantido na
rede de atenção básica (pré-natal
matriciado de risco).
Após avaliação ampla destes serviços
com definição de gravidade serão
identificados fatores de risco e proteção
para o caso e definida a rede ampliada
necessária para acompanhamento do
caso. Seguir conforme este paço do
fluxo III
Estabelecer um bom vínculo com a gestante, não julgando e procurando ter o
conhecimento da(s) droga(s) de abuso. Buscando informações com familiares, amigos e
outros. Buscando saber das principais drogas e suas conseqüências conforme o item 4 deste
protocolo
- Avaliar a gravidade da dependência
De grande importância será a avaliação da gravidade da dependência. Os casos deverão
ser encaminhados ao Núcleo do Programa Cuidar, que fará a avaliação inicial e o
monitoramento do caso até a sua solução. A gestante será avaliada e será acompanhada pela
equipe do CAPS ad e nos casos de adolescentes também poderá ser acompanhada pela equipe
do CAPS i. Os tratamentos a serem instituídos dependerão da gravidade do abuso, da
motivação e dos fatores protetivos e dos fatores de risco. O pré-natal desta gestante será feito
pela equipe de Saúde da Família, matriciado com CESCRIM e CAPS ad e CAPS II ou
CAPSi. O CINI deverá compor a rede em caso de concomitância de DST’s. Todos os casos
serão matriciados com o CRAS e CREAS.
Nos casos de puérperas que o diagnóstico da dependência química foi realizado
somente na hora do parto, esta mulher deverá ser avaliada pela equipe do hospital regional
(médicos, psicóloga e assistente social) e deverá ser solicitada a avaliação da equipe do
Programa cuidar (CAPS ad ou i).
Nos casos de transtorno mental grave sem uso de substâncias de abuso o caso será
encaminhado ao CAPS II e monitorado juntamente com o Programa cuidar.
- Avaliar a gravidade e os riscos para o binômio mãe-filho
Conforme a avaliação do risco de exposição do feto para a exposição de drogas. As
equipes dos CAPS ad, i e II juntamente com o CESCRIM e/ou CINI e CREAS deverão ser
indicados os cuidados. Neste caso definiremos diferentes graus de risco e necessidades para
cada caso.
- Avaliar os fatores protetivos para a solução da situação
Deverão ser verificado todos os fatores protetivos como familiares, amigos, instituições
(trabalho, escola, CREAS, CRAS e outros), que possam proteger o binômio mãe-filho para
que não tenham contato com as substâncias e façam adesão aos tratamentos propostos.
No caso das puérperas esta rede de proteção deverá estar acionada para pós alta (mas
antes da liberação de mãe e bebê do hospital), para isso o HRI (maternidade,
Pediatria ou UTI neo) deverão comunicar o Programa Cuidar e o Conselho tutelar para que
tomem decisões em conjunto com apoio do Judiciário, afim de proteger o binômio mãe-filho
evitando os riscos da criança ser abandonada, negligenciada ou passar por qualquer tipo de
violência.
- Avaliar os fatores de risco que mantenham a situação
Nas Gestantes ou puerperas deverão ser avaliados todos os fatores de risco para o
binômio mãe-filho quanto ao contato com substâncias. Situações como o grau de
dependência, o local onde mora, como e com quem vive, a facilidade de acesso a substâncias,
o temperamento. A não mobilização pessoal e falta de critica da gravidade da situação devem
ser avaliados, para indicação do tratamento adequado para as gestantes ou puerperas
(tratamento em regime aberto, em regime de HD com apoio familiar, regime fechado e outras
propostas definidas para cada caso)
Enfim, verificar as condições da mãe para o cuidado necessário ao RN e necessidade de
segundo cuidador. Propomos ao judiciário que estudemos nestes casos uma idéia de guarda
compartilhada em que temos um segundo cuidador (dois cuidadores, um mãe e outro alguém
disposto a cuidar e monitorar os cuidados da criança). E nos casos mais graves até a
destituição.
- Avaliar as comorbidades psiquiátricas
A presença de transtornos psiquiátricos tem sido relacionada com maior ocorrência de
complicações obstétricas, bem como contribui para o aumento do consumo de drogas.
Uma boa história psiquiátrica deverá ser realizada a fim de verificar a existência de
outras comorbidades psiquiátricas, para ajudar no sucesso do tratamento e diminuir as
complicações obstétricas.
- Instituir os tratamentos necessários
Cuidados de pré-natal de risco com acompanhamento matriciado na USF e CESCRIM.
Com casos acompanhados em conjunto com o CRAS e CAPS. Se necessário acionar o CINI
conforme fluxograma anexo.
O tratamento terá como objetivo principal a busca da abstinência, para melhorar a qualidade
de vida da gestante e proteger o feto dos efeitos deletérios pela exposição às drogas.
Importante será a busca dos fatores de risco (que dificultam a abstinência) e os fatores
protetivos (que auxiliaram que a gestante mantenha-se em abstinência).
Modelos de tratamento possíveis:
Tratamento no CAPS ad ou i (em casos de abuso de substâncias)
Indicado para os casos de dependências leves ou moderadas, com fatores de riscos
mínimos e fatores protetivos significativos: local onde vivem em boas condições e não
ofereçam riscos, questões individuais (temperamento, sem comorbidades psiquiátricas, real
desejo de mudanças) e com bom suporte familiar.
No CAPS ad receberá tratamento intensivo ou semi-intensivo conforme a indicação. No
caso das gestantes adolescentes será acompanhada pelo CAPS i.
Internamento
Em regime hospitalar ou em comunidade terapêutica conforme a indicação para os
casos de mais difícil manejo do ponto de vista clínico. psico ou social. Estes tratamentos
devem ser acompanhados e monitorados pelas equipes do CAPS ad, CAPS i (no caso de
adolescentes) e do Núcleo. CESCRIM, CRAS/CREAS e CINI s/n e USF de referência.
Existindo a possibilidade, no período de internamento, os pacientes poderão fazer
acompanhamentos periódicos permanecendo dentro do Programa Cuidar para avaliações e
orientações
- Avaliar a competência materna para o cuidado do RN
O abuso de substâncias traz grande risco grande o feto e/ou o RN, em todos os casos de
gestantes e puérperas com abuso de substâncias, que não aderirem ao tratamento deverá ser
acionado o Ministério Público, afim de proteção do feto ou do RN.
Deverão ser avaliadas as condições de cuidados da puerpera ao RN, em caso contrário
todas as medidas de proteção deverão acionadas (famílias substitutas ou abrigamento). Esta
avaliação deverá ser feita desde o pré-natal (preferencialmente) e também após o parto. A
definição final caberá a toda a rede envolvida. As definições deverão ser implementadas e
monitoradas
No caso de gestantes mobilizadas nos cuidados do RN e que estejam em tratamento em
Comunidade Terapêutica (que deverá se organizar para estas situações), poderá ser
viabilizado a permanência do RN junto a sua mãe durante o tratamento. Deste modo
protegendo e fortalecendo a relação mãe-filho, também construindo um fator de proteção para
futuras recaídas para esta mulher.
f. Para as gestantes com transtorno mental grave
- Avaliar a gravidade da doença mental
No caso de gestantes com transtorno mental grave (psicoses, depressões, déficit
intelectual), que possam interferir nos cuidados do RN, deverão ser avaliados pela equipe do
Caps II, CAPS i (quando adolescente) e USF uma vez considerado o risco notificar o
Programa Cuidar
- Avaliar a gravidade para o binômio mãe-filho
Conforme a avaliação do grau de gravidade de seu transtorno mental e de sua
autonomia, deverá também ser avaliado os riscos para o RN em relação a abandono,
negligência ou maus tratos. Nestes casos deverão acionadas as redes protetivas.
- Avaliar os fatores protetivos para o binômio
Deverão ser verificados todos os fatores protetivos como: familiares, amigos,
instituições (trabalho, escola, CREAS, CRAS e outros), que possam proteger o binômio mãe-
filho para que não tenham uma boa qualidade de vida e para o RN nato ser assegurado um
ambiente que proporcione um desenvolvimento bio-psico - social adequado.
No caso que o transtorno mental foi diagnosticado no momento do parto, a rede de
proteção deverá estar acionada durante a internação na maternidade, a fim de proteger o
binômio mãe-filho, assim evitando os riscos da criança ser abandonada, negligenciada ou
passar por qualquer tipo de mau trato.
Também assegurando um tratamento adequado para a puépera.
- Avaliar os fatores de risco para o binômio
Deverão ser avaliados todos os fatores de risco para o binômio mãe-filho quanto ao da
doença mental para a gestante, assim como os cuidados necessários para o desenvolvimento
do RN. Avaliar o grau de severidade da doença mental, assim como a falta de familiares que
lhe ajudem a se manter com seu quadro estabilizado que lhe apóiem nos cuidados do RN, o
ministério público deverá ser acionado. A gestante deverá ser encaminhada para tratamento
(no CAPS II, I ou internamento conforme a gravidade) e ao RN (família substituta ou
abrigamento), deverão ser instituídos.
- Assegurar os tratamentos necessários (multidisciplinar, pré e pós natal, familiar e
outros)
Para a gestante com transtorno mental grave, toda uma rede de cuidados no CAPS II,
familiares, Unidades da Saúde da Família, CRAS, CESCRIM, CINI e outros deverão estar
acionados afins do cuidado da gestante, da puérpera e do RN.
- Avaliar a competência materna para os cuidados do RN
O transtorno mental grave traz riscos para a gestante, puérpera e grande risco ao RN,
em todos os casos de gestantes e puérperas deverão ser avaliadas em relação a
competência dos cuidados para o RN e nos casos que estejam incapacitadas para o
cuidado adequado, deverá ser acionado o Ministério Público, afim de proteção do RN
(famílias substitutas ou abrigamento). Esta avaliação deverá ser feita desde o pré-natal e
também após o parto. A definição final caberá a toda a rede envolvida.
g. Quando a gestação é planejada por estas populações vulneráveis
- preparo dos serviços para atendimento a esta população vulnerável quando desejam
uma gravidez
Se identificar na portadora de uso de substâncias ou transtorno mental grave o desejo de
uma gravidez, a USF, CAPS, CESCRIM, CREAS devera fornecer todas as informações para
o casal sobre os riscos e necessidade de cuidados necessários. Considerar qual a capacidade
de adesão (pré-natal cuidados do RN, adesão a seu tratamento de base). Toda a avaliação
tomando como principal critério a necessidade de manutenção da estabilização dos quadros de
uso de substâncias (CAPS AD e CAPS i), assim de quadro psiquiátrico (CAPS II).
- serviços devem acolher e ajudar no planejamento da gravidez quando desejada
O desejo destas mulheres deve ser acolhido e estas deverão ser auxiliadas e orientadas
junto as suas famílias a fim de planejar e construir todo um cuidado que será necessário para
uma boa saúde física e mental da criança.
- avaliar as competências da mulher e se possui ou não vínculos de suporte para o
cuidado.
FLUXO PARA AVALIAÇÃO DE COMPETÊNCIAS
Avaliar das condições daquela mulher com história de abuso de substâncias e ou
transtorno mental grave, para ter uma gestação e também suas competências para
os cuidados de uma criança.
Quadro
estabilizado com
adesão ao
tratamento
proposto e quando
é considerada apta
para o auto-
cuidado e o
cuidado de um
recém nascido.
Quadro de difícil
estabilização pelo
próprio quadro ou
pela falta de adesão
levando a
dificuldades
permanentes ou
recorrentes para o
autocuidado.
Mulher cujo quadro de
dependência química
e\ou transtorno mental
e\ou limitação cognitiva
é considerado grave
determinando que esta
seja incapaz para o
autocuidado.
Avaliar das condições daquela mulher com história de abuso de substâncias e ou
transtorno mental grave, para ter uma gestação e também suas competências para os cuidados
de uma criança.
Quando da avaliação do caso a equipe de acompanhamento devera definir se o caso se define
como (conforme fluxo):
- Mulher cujo quadro de dependência química e\ou transtorno mental está estabilizado com
adesão ao tratamento proposto e quando é considerada apta para o auto cuidado e o cuidado
de um recém nascido. Que conta com vínculos que lhe dão suporte para o cuidado.
- Mulher cujo quadro de dependência química e\ou transtorno mental está estabilizado com
adesão ao tratamento proposto e quando é considerada apta para o auto cuidado e o cuidado
de um recém nascido. Que não conta com vínculos que lhe dão suporte para o cuidado.
- Mulher cujo quadro de dependência química e\ ou transtorno mental tem difícil estabilização
pelo próprio quadro ou pela falta de adesão levando a dificuldades permanentes ou
recorrentes para o auto cuidado. Que conta com vínculos que lhe dão suporte para o cuidado.
- Mulher cujo quadro de dependência química e\ ou transtorno mental tem difícil estabilização
pelo próprio quadro ou pela falta de adesão levando a dificuldades permanentes ou
recorrentes para o auto cuidado. Que não conta com vínculos que lhe dão suporte para o
cuidado.
- Mulher cujo quadro de dependência química e\ou transtorno mental e\ou limitação
cognitiva é considerado grave determinando que esta seja incapaz para o auto cuidado. Que
conta com vínculos que lhe dão suporte para o cuidado.
- Mulher cujo quadro de dependência química e\ou transtorno mental e\ou limitação cognitiva
é considerado grave determinando que esta seja incapaz para o auto cuidado. Que não conta
com vínculos que lhe dão suporte para o cuidado.
Conta com vínculos
que lhe dão suporte
para o cuidado?
Conta com vínculos
que lhe dão suporte
para o cuidado?
Conta com vínculos
que lhe dão suporte
para o cuidado?
Sim Não Sim Sim Não Não
No caso da avaliação que não existe condições da gravidez e para os cuidados de uma
gestação, esta mulher deverá ser acolhida e orientada nas questões dos riscos bem como seus
familiares.
- construção da rede de apoio, para acompanhamento saudável da gestação
Verificar toda a rede de apoio que a mulher necessitará como família e comunidade,
assegurando o acompanhamento pré natal, o não uso de substâncias de abuso e a estabilidade
do quadro psiquiátrico para aquela que for portadora de um transtorno mental grave.
E buscar um segundo cuidador (companheiro, parentes próximos e redes de apoios), para
orientações em relação os cuidados necessários, no caso de recaída quando o problema é a
dependência química e ou desestabilização do quadro psiquiátrico e ou possíveis dificuldades
no caso de um déficit cognitivo.
- continuidade do cuidado desta mãe e do recém nascido
Todos os serviços que atenderão esta mãe (serão contatados e estarão em conjunto
definindo o grau de competência) assim como o recém nato deverão ter um olhar cuidadoso
ao binômio mãe–filho, tanto da estabilização do quadro da mãe, assim como no
desenvolvimento da criança. Devem estar atentos na relação mãe filho, assegurando uma boa
relação, com as orientações necessárias.
- acompanhamento do desenvolvimento da criança.
Um olhar cuidadoso no desenvolvimento da criança na puericultura, com um
acompanhamento criterioso para os aspectos do desenvolvimento físico e mental, com
acompanhamento também realizado pelo neuropediatra do Programa Cuidar. O
acompanhamento destas crianças de risco deverá ser monitorado com prioridade nos serviços
(Cuidar (núcleo, em especial pediatria e neuro, CAPS i e ad), CREAS, CRAS, US,
CESCRIM, CINI s/n). Vagas em creche, que pode ser um fator de proteção para a criança
deverão ser priorizadas e também estudada a possibilidade de ingressar antes da idade padrão
em casos de alto risco.
O monitoramento na rede destas crianças com suas necessidades será feito pelo núcleo do
Programa Cuidar.
h. Protocolo obstétrico de atendimento a gestante ou puerpera com abuso
de substâncias (HOSPITAL REGIONAL DE ITANHAÉM)
O hospital poderá enfrentar as seguintes situações:
1. Gestantes que procuram maternidade por intercorrência obstétrica (fora da hora do
parto) e que na avaliação e acompanhamento é feita a suspeita de Transtorno por
abuso de substâncias ou Transtorno Mental.
2. Gestantes que são encaminhadas para a maternidade por intercorrência obstétrica e
que neste encaminhamento já está definido que a rede está acompanhando a gestante
por este problema. (já acionada rede de atenção).
O núcleo do Programa Cuidar encaminhara ao serviço social também informações e
dados de todos os casos em acompanhamento de gestantes com estes fatores de risco
para que este deixe equipe da maternidade em atenção. Será contatado o serviço social
quando da proximidade do parto pelo CESCRIM.
3. Gestante que procura a maternidade no momento do parto, sem dados de pré-natal ou
sem definição deste tipo de risco e que este é percebido pela equipe do hospital em
internação.
4. Gestante encaminhada a maternidade para o parto, com informações relevantes sobre o
caso já em acompanhamento em rede.
5. Puerpera que é trazida ao hospital após parto domiciliar ou em trânsito (os nossos
dados mostram que das 12 crianças que se contaminaram com HIV ou sífilis 2 tiveram
partos fora do hospital) sem dados de acompanhamento e equipe suspeita de
transtorno por abuso de substancia ou transtorno mental grave.
6. Puerpera que é trazida ao hospital após parto domiciliar ou em trânsito com dados de
acompanhamento pré-natal e diagnóstico da rede.
7. Recém nascido em UTI cujas mães tem diagnóstico de acompanhamento em rede por
transtornos.
8. Recém nascido em UTI cujas mães não têm diagnóstico de transtorno anterior, as que
equipe diagnostica este risco
9. Criança internada na pediatria do hospital cuja mãe tem diagnóstico de transtorno de
abuso de substâncias e/ou transtorno mental (anterior ou no momento da internação)
Todos os casos deverão ser comunicados pela maternidade para o serviço social e
psicologia do HRI que desencadeará as ações necessárias. A alta nestes casos não poderá ser
definida somente pelas equipes de pediatria e obstetrícia e sim das quatro equipes.
Serviço social e/ou psicologia faz contato com o Núcleo do Programa Cuidar e Conselho
Tutelar. O risco maior de DST’s deverá ser considerado.
Nos casos que já tem diagnóstico e acompanhamento pela rede (itens 2, 4, 6, 7, o serviço
social do hospital entrara em contato com o Programa Cuidar para tomar conhecimento das
definições de plano terapêutico para o caso e encaminhamento conjunto, bem como
medicação ou tratamentos propostos. Na maioria destes casos, se houve tempo hábil entre o
diagnóstico da gestação e definição de plano terapêutico a definição de cuidador e
encaminhamentos, até nos casos com envolvimento do ministério público e judiciário já
deverão ter sido feitos durante a gestação.
Nestes casos, se não houver impedimento para a alta devido à guarda da criança definidos
anteriormente e a família está organizada para os cuidados os técnicos do HRI deverão
chamar as famílias ou de vínculos de suporte para o cuidado e deverão agendar continuidade
do acompanhamento no Programa Cuidar para a primeira semana após o parto.
Nos casos sem diagnóstico prévio em que este diagnóstico é feito pela equipe do
hospital (itens 1, 3, 5, 8,9) o Serviço Social e/ou Psicologia do hospital desencadeará o
processo entrando em contato com o Programa Cuidar (que acionara a rede) e o Conselho
Tutelar.
Os técnicos do HRI deverão chamar as famílias ou de vínculos de suporte para o cuidado e
entrar em contato com o Programa Cuidar que priorizará equipe para apoiar o hospital nesta
avaliação e definições. Estes técnicos deverão comunicar o Conselho tutelar e notificar o
ministério público, a fim de proteger o RN, quando na avaliação foi percebido a incapacidade
ou riscos nos cuidados do RN.
A alta da criança e/ou mãe da maternidade deverá ser condicionada a estas definições.
O acolhimento do Programa Cuidar fará uma primeira avaliação e inserção em um tratamento
adequado, conforme a indicação (uso de substâncias ou transtorno mental) e avaliação dos
fatores de risco e proteção e construção de um plano singular individual em conjunto com a
equipe do hospital.
- em caso de vulnerabilidade social também acionará o CRAS de referência, para articulação
e minimização das vulnerabilidades
- estas gestantes necessitarão de um trabalho de toda a rede, que deverá ser acionada para o
monitoramento e cuidados desta gestante conforme acima descrito.
Importante lembrar que os dados de óbitos infantis e natimortos em Itanhaém mostram que
estas crianças estão em situação grave de risco e devem ser monitoradas.
Estes cuidados se estendem as crianças filhas de mães com Transtornos por abuso de
substâncias e/ou transtorno mental na pediatria ou UTI neo que a equipe do hospital façam o
mesmo diagnóstico deverão ser avaliadas pela equipe de psicologia e assistência social do
Hospital. Se confirmada a suspeita o hospital acionara o núcleo do Programa Cuidar que
priorizará equipe para apoiar o hospital nesta avaliação e definições. Estes técnicos deverão
comunicar o Conselho tutelar e notificar o ministério público, a fim de proteger o RN, quando
na avaliação foi percebido a incapacidade ou riscos nos cuidados do RN.
A alta da criança e/ou mãe da maternidade deverá ser condicionada a estas definições.
Diante da urgência e das rotinas dos serviços o Programa cuidar poderá encaminhar técnicos
para avaliação no hospital ou solicitar (quando equipe hospitalar não ver risco clínico) que o
binômio e familiares compareçam no cuidar para interconsulta trazidos pelo hospital durante a
internação. A combinar no momento entre equipes do Programa
Sempre:
Deverão ser acionados os familiares da puérpera tanto para ajuda da avaliação do grau
de gravidade do abuso de substâncias, assim como outros fatores importantes para avaliação
da capacidade da puérpera para o cuidado da criança.
Neste momento será muito importante a avaliação se a puérpera possui vínculos de
suporte para o cuidado. Utilizar o fluxo de avaliação de competências para definir os riscos e
o encaminhamento.
Para avaliar os riscos da criança e definição da equipe por: mãe sem segundo cuidador, mãe
com segundo cuidador, mãe sem condições de cuidar da criança no momento vai necessitar de
todo o levantamento abaixo conforme já descrito acima na avaliação da gestante.
O ideal é que se o diagnóstico da gestação aconteça e o caso seja avaliado e orientado estes
encaminhamentos serão definidos antes mesmo do parto. Possibilitando uma avaliação mais
detalhada e segura dos técnicos. Mas, nos casos em que a gestante não teve seu diagnóstico na
gestação, somente no parto toda a rede deve ser acionada de forma prioritária para dar suporte
a equipe do hospital para que seja tomada a melhor definição possível para o momento e com
apoio do conselho tutelar e ministério público.
Deverá ficar claro quais avaliações foram ou não feitas e qual o programa de cuidado (plano
terapêutico) a ser cumprido após a alta com definição clara de responsabilidades.
As avaliações do caso e acompanhamentos serão conforme os fluxos e orientações acima. Os
riscos definidos conforme itens e e f deste protocolo.
FLUXO V – GESTANTE, PUERPERA OU CRIANÇA NO HOSPITAL REGIONAL
DE ITANHAÉM
GESTANTE COM
INTERCORRENCI
A OBSTÉTRICA
GESTANTE EM
TRABALHO DE
PARTO OU
PUÉRPERA
RECÉM- NASCIDO OU
CRIANÇA (MATERNIDADE,
PEDIATRIA OU UTI NEO)
COM TRANSTORNO POR
ABUSO DE SUBSTÂNCIAS
E/OU TRANSTORNO MENTAL
SEM DIAGNÓSTICO PRÉVIO
DA REDE (SUSPEITA NO HRI)
COM TRANSTORNO POR
ABUSO DE SUBSTÂNCIAS
E/OU TRANSTORNO
MENTAL COM
DIAGNÓSTICO PRÉVIO DA
REDE E PLANO
TERAPEUTICO DEFINIDO
H – PLANEJAMENTO FAMILIAR
Orientações e métodos de planejamento familiar é disponibilizado em toda a rede
básica de saúde do município. Para a população deste protocolo verificamos uma dificuldade
para o auto cuidado e adesão aos métodos, principalmente aos que dependem de uma
organização maior do usuário para a anticoncepção.
Propomos que orientações e acesso aos métodos sejam oferecidos e disponibilizados para
todas as mulheres usuárias dos CAPS ad, I, II e CMR, mas que nestes casos as equipes
estejam preparadas para se envolver na adesão dos usuários e escolha do método a partir de
uma definição de competências para o auto cuidado.
Nos casos de maior risco para gestação não planejada devemos priorizar métodos com maior
capacidade de monitoramento pelas equipes.
São métodos disponibilizados em Itanhaém:
1- Camisinha masculina
ENCAMINHADO PARA
SERVIÇO SOCIAL E/OU
PSICOLOGIA DO HOSPITAL
QUE ACIONA FAMÍLIA E
COMUNICA PROGRAMA
CUIDAR.
HRI JUNTO AO PROGRAMA
CUIDAR LEVANTAM PLANO
TERAPEUTICO JÁ DEFINIDO
DURANTE A GESTAÇÃO E
DÃO ANDAMENTO A ELE
COMUNICANDO REDE
NECESSÁRIA PARA O
CUIDADO E DEFINDO
JUNTOS O MOMENTO DA
ALTA DO BINOMIO UMA
VEZ CUMPRIDO O PLANO
PARA A FASE HOSPITALAR
ENCAMINHADO PARA
SERVIÇO SOCIAL E/OU
PSICOLOGIA DO HOSPITAL
QUE ACIONA FAMÍLIA E
COMUNICA PROGRAMA
CUIDAR E CONSELHO
TUTELAR
CUIDAR (JUNTO AOS CAPS)
DEFINE EQUIPE PARA DAR
SUPORTE AO HOSPITAL
(equipe no hospital ou
interconsulta durante internação).
EQUIPE DO HRI EM
CONJUNTO COM TÉCNICOS
DOS CAPS AD, I OU II,
FAZERM ANÁLISE DE
RISCOS E NECESSIDADES,
COMUNICAM PARA
CONSELHO TUTELAR E
ACIONAM O MINISTÉRIO
PÚBLICO
ALTA DEFINIDA EM CONJUNTO COM AGENDAMENTO DE
ELABORAÇÃO DE PLANO TERAPEUTICO, MAS COM DEFINIÇÃO DE
CUIDADOS POS ALTA (SE ABRIGAMENTO, CUIDADO COM SEGUNDO
CUIDADOR OU MÃE LIBERADA E COM COMPROMISSOS CLAROS COM A
CRIANÇA (TUDO DEPENDE DA ANALISE DE RISCO E DEFINIÇÃO DE
CAPACIDADE DA MÃE)
2. Camisinha feminina
3. Anticoncepcional oral (pílula- várias combinações)
4. Anticoncepcional injetável mensal
5. Anticoncepcional injetável trimestral
6. DIU
7. Implante sub-dermico trianual (casos de maior risco)
8. Vasectomia (depende de vaga do HRI)
9. Laqueadura (depende de vaga do HRI)
Os métodos 1,2,3 são de adesão dependente do esclarecimento da usuária e não passiveis de
monitoramento.
Os métodos 3 e 4 são passiveis de monitoramento e já estão sendo utilizados nos CAPS, as
equipes monitorando e aplicando o anticoncepcional, busca ativa quando da falta.
O método 6 pode ser indicado quando com parceiro único e menor risco de DST (para evitar
contaminação e risco para a mulher)
O método 7 indicamos para os casos de maior risco em que necessitamos de tempo para
abordar a mulher e compensar o quadro.
O método 8- quando com parceiro único e com o aceite deste
10. Quando atinge os critérios de lei (necessário avaliar junto ao hospital fluxo para
priorizar casos graves.)
O parceiro desta mulher deve ser encorajado a participar das discussões de planejamento e da
decisão.
Durante a orientação de planejamento, devem ser oferecidas informações sobre DST e o uso
do preservativo estimulado junto ao outro método de escolha (passível de monitoramento).
Testagens periódicas deverão ser feitas nestes serviços com os usuários e seus parceiros
devido ao risco.
I. O DIAGNÓSTICO DE ABUSO E SUAS CONSEQUENCIAS E RISCOS PARA O
CONCEPTO
A gravidade para o uso de drogas dependerá de fatores como a droga de abuso, a
freqüência do uso, o grau de dependência (leve, moderada ou grave). Existem drogas com um
potencial de dependência mais grave como crack, álcool, opiáceos e até mesmo o tabaco.
Outros com um potencial de dependência mais baixo como os solventes, a maconha e de
forma moderada temos as anfetaminas.
Essa relação do indivíduo com cada substância psicoativa pode, dependendo do
contexto, ser inofensiva ou apresentar poucos riscos, mas também pode assumir padrões de
utilização altamente disfuncionais, com prejuízos biológicos, psicológicos e sociais, mas não
dá para negar que o abuso de substâncias é um dos maiores problemas de saúde pública que
afeta, direta ou indiretamente, a qualidade de vida de todo ser humano.
Quando trata-se do uso de substâncias na gestação, esta situação não pode ser vista
somente do efeitos das drogas sobre a gestante, mas também das alterações que possam
ocorrer no desenvolvimento do feto.
Na gestação todas as drogas podem trazer prejuízos para gestação, colocando em risco
de parto prematuro, assim como para mal formações para o feto. As drogas que trazem
grandes prejuízos para o feto são: o crack e o álcool.
As principais drogas utilizadas para alterar o funcionamento cerebral, causando
modificações no estado mental, no psiquismo. Por essa razão, são chamadas drogas
psicotrópicas, conhecidas também como substâncias psicoativas.
A lista de substâncias na Classificação Internacional de Doenças, 10ª Revisão (CID-10), em
seu capítulo V (Transtornos Mentais e de Comportamento), inclui:
- álcool;
- opióides (morfina, heroína, codeína, diversas substâncias sintéticas);
- canabinóides (maconha);
- sedativos ou hipnóticos (barbitúricos, benzodiazepínicos);
- cocaína;
- outros estimulantes (como anfetaminas e substâncias relacionadas à cafeína);
- alucinógenos;
- tabaco;
- solventes voláteis.
O TABACO
Um dos maiores problemas de saúde pública em diversos países do mundo, o cigarro é
uma das mais importantes causas potencialmente evitáveis de doenças e morte.
Efeitos
- doenças cardiovasculares (infarto, AVC e morte súbita);
- doenças respiratórias (enfisema, asma, bronquite crônica, doença pulmonar obstrutiva
crônica);
- diversas formas de câncer (pulmão, boca, faringe, laringe, esôfago, estômago, pâncreas, rim,
bexiga e útero).
Seus efeitos sobre as funções reprodutivas incluem redução da fertilidade, prejuízo do
desenvolvimento fetal, aumento de riscos para gravidez ectópica e abortamento espontâneo.
A nicotina é a substância presente no tabaco que provoca a dependência. Embora esteja
implicada nas doenças cardiocirculatórias, não parece ser esta a substância cancerígena.
As ações psíquicas da nicotina são complexas, com uma mistura de efeitos estimulantes
e depressores. Mencionam-se o aumento da concentração e da atenção e a redução do apetite
e da ansiedade.
A nicotina induz tolerância e se associa a uma síndrome de abstinência com alterações
do sono, irritabilidade, diminuição da concentração e ansiedade.
Fumantes passivos – existem evidências de que os não-fumantes expostos à fumaça de
cigarro do ambiente (fumantes passivos) têm um risco maior de desenvolver as mesmas
patologias que afetam os fumantes.
Os efeitos deletérios do tabaco: gestação mal sucedida, com risco de placenta prévia e a
síndrome de morte súbita. Risco maior (Maior propensão a um aumento de risco) a um risco
aumentado em relação a todas as causas de morte no primeiro ano de vida. Nascimentos com
baixo peso, fator importante relacionado ao aumento do risco de mortalidade fetal e neonatal.
Diminuição da produção de leite, assim como a passagem de produtos do tabaco através do
leite.
O ÁLCOOL A abstinência é a melhor conduta. Durante a gestação (o álcool) pode causar graves
lesões nos fetos, com manifestação máxima denominada síndrome fetal alcoólica (retardo de
crescimento pré e pós-natal, disfunção do sistema nervoso central, anormalidades faciais e
outras malformações, como alterações oculares e baixa acuidade visual, déficit mental,
alterações músculo-esquelético, geniturinárias e cardíacas). O retardo de crescimento,
microcefalia persistente e as deficiências cognitivas ainda permanecem como sintomas
cardinais na adolescência.
Portanto, o consumo excessivo de álcool entre as mulheres grávidas constitui um
problema relevante de saúde pública, pois pode levar à Síndrome Alcoólica Fetal (SAF),
expressão de maior comprometimento comportamental e neurológico em filhos de mulheres
que beberam em excesso na gestação. O consumo abusivo e/ou a dependência do álcool traz,
reconhecidamente, inúmeras repercussões negativas sobre a saúde física, psíquica e a vida
social da mulher. As mulheres com problemas decorrentes do uso de álcool e outras drogas
apresentam características e necessidades de tratamento diferentes das dos homens. Por isso,
os estudiosos propõem o desenvolvimento de programas específicos para mulheres, e o
princípio fundamental para desenvolver e implementar estes programas é utilizar estratégias
particularmente responsivas às necessidades das mulheres.
As mulheres que fazem uso de álcool durante e após a gestação estão expondo seus
filhos a riscos já identificados em vários estudos clínicos e experimentais, inclusive,
evidências recentes sugerem que mesmo uma dose de álcool por semana está associada com
possibilidade de dificuldades mentais. O recém-nascido de uma alcoolista pesada mama
pouco, é irritável, hiperexcitado e hipersensível, tem tremores e fraqueza muscular, tem
alteração do padrão de sono, transpira muito e pode ter apneia (não consegue respirar).
Os danos pré-natais na época da concepção e primeiras semanas podem ser de natureza
mutagênica, levando a aberrações cromossômicas graves. No 1º trimestre, há o risco de má-
formação e dismorfismo facial (alterações na face), pois se trata de fase crítica para a
formação do bebê; no 2º trimestre, há o aumento da incidência de abortos espontâneos e, no
3º trimestre, o álcool lesa outros tecidos do sistema nervoso. Além disso, vai causar retardo de
crescimento intrauterino e comprometer o parto, aumentando o risco de infecções, trabalho de
parto prematuro, o que constitui forte indicação de sofrimento fetal.
As alterações físicas e mentais que ocorrem na síndrome alcoólica fetal são totalmente
preveníveis, se a gestante não consumir álcool ao longo de sua gravidez. Portanto, a
recomendação da Academia Americana de Pediatria e do Colégio Americano dos
Ginecologistas e Obstetras é a completa abstinência de álcool, em qualquer quantidade e em
qualquer fase da gravidez. Os danos que o etanol provoca em fetos de mulheres usuárias de
álcool são permanentes e irreversíveis. Há, porém, meios de reduzir as consequências deste
uso abusivo, por meio de ações multiprofissionais.
Muitas mulheres descrevem uma ingestão menor do que a real. A intoxicação aguda
provoca aumento da acidez gástrica e diminuição dos reflexos protetores das vias aéreas
(maior risco de aspiração pulmonar). As manifestações de abstinência podem aparecer de 6 a
48 horas até 10 dias após a interrupção do consumo (taquicardia, hipertensão, arritmias,
falência cardíaca, além de delirium, alucinações e tremores).
OPIÓIDES
Grupo que inclui drogas “naturais”, derivadas da papoula do oriente (Papaver
somniferum), sintéticas e semissintéticas, obtidas a partir de modificações químicas em
substâncias naturais.
As drogas mais conhecidas desse grupo são a mor"na, a heroína e a codeína, além de
diversas substâncias totalmente sintetizadas em laboratório, como a metadona e meperidina.
Sua ação decorre da capacidade de imitar o funcionamento de diversas substâncias
naturalmente produzidas pelo organismo, como as endorfinas e as encefalinas.
Normalmente, são drogas depressoras da atividade mental, mas possuem ações mais
específicas, como de analgesia e de inibição do reflexo da tosse.
Causam os seguintes efeitos
- contração pupilar importante;
- diminuição da motilidade do trato gastrointestinal;
- efeito sedativo, que prejudica a capacidade de concentração;
- torpor e sonolência.
Os opióides deprimem o centro respiratório, provocando desde respiração mais lenta e
superficial até parada respiratória, perda da consciência e morte.
São efeitos da abstinência
- náuseas;
- cólicas intestinais;
- lacrimejamento;
- arrepios, com duração de até 12 dias;
- corrimento nasal;
- câimbra;
- vômitos;
- diarreia.
Quando em uso clínico, os medicamentos à base de opióides são receitados para
controlar a tosse, a diarreia e como analgésicos potentes.
Os bebês nascidos de mães que utilizam opióides antes ou no início na gravidez
apresentaram mais risco de desenvolver defeitos congênitos.
Verificou-se que mulheres tratadas com prescrição de analgésicos opióides, como
codeína, oxicodona ou hidrocodona, um pouco antes ou durante a gravidez. O tratamento com
analgésicos opióides foi associado a vários tipos de defeitos cardíacos congênitos, bem como
a espinha bífida, hidrocefalia, glaucoma congênito e gastrosquise.
Pesquisadores concluíram que as mulheres que tomaram medicamentos opióides
prescritos pouco antes ou durante a gravidez apresentaram cerca de duas vezes mais risco de
ter um bebê com síndrome de hipoplasia do coração esquerdo (um dos defeitos cardíacos mais
críticos) em comparação com as mulheres que não foram tratadas com esses medicamentos.
Os opiáceos, como a heroína, a metadona e a morfina, atravessam a placenta, assim as
crianças podem nascer adictas a elas. Os sintomas de abstinência manifestam-se
habitualmente dentro das 72 horas posteriormente ao nascimento. Estes sintomas incluem:
- choro excessivo
- irritabilidade
- tensão muscular
- vômitos
- diarréia
- sudorese
- respiração acelerada
- por vezes ocorrem convulsões, podendo ser fatal
Os sintomas de abstinência ligeiros tratam-se agasalhando a criança e alimentando-a
frequentemente para reduzir a inquietude. Os sintomas graves podem ser controlados com
pequenas doses de tintura de ópio, um narcótico. A dose reduz-se muito gradualmente no
termo de alguns dias ou semanas à medida que os sintomas desaparecem. Seis semanas após o
parto ainda é possível encontrar tremor, alterações do sono e hiperatividade. Estas crianças
deverão ser avaliadas e receber tratamento no contexto de um programa de desenvolvimento
infantil precoce. Muitas requererão educação especial quando alcançarem a idade escolar.
SOLVENTE
Esse grupo de substâncias, entre os depressores, não possui nenhuma utilização clínica,
com exceção do éter etílico e do clorofórmio, que já foram largamente empregados como
anestésicos gerais.
Solventes podem tanto ser inalados involuntariamente por trabalhadores quanto
utilizados como drogas de abuso, por exemplo, a cola de sapateiro. Outros exemplos são o
tolueno, o xilol, o n-hexano, o acetato de etila, o tricloroetileno, além dos já citados éter e
clorofórmio, cuja mistura é chamada, frequentemente, de “lança-perfume”, “cheirinho” ou
“loló”.
Os efeitos têm início bastante rápido após a inalação, de segundos a minutos, e também
têm curta duração, o que predispõe o usuário a inalações repetidas, com consequências, às
vezes, desastrosas.
O uso crônico dessas substâncias pode levar à destruição de neurônios, causando danos
irreversíveis ao cérebro, assim como lesões no fígado, rins, nervos periféricos e medula óssea.
Outro efeito ainda pouco esclarecido dessas substâncias (particularmente dos
compostos derivados, como o clorofórmio) é sua interação com a adrenalina, pois aumenta
sua capacidade de causar arritmias cardíacas, o que pode provocar morte súbita.
Embora haja tolerância, até hoje não se tem uma descrição característica da síndrome
de abstinência relacionada a esse grupo de substâncias.
A droga rapidamente atinge o feto por atravessar a barreira placentária sem
dificuldades. Normalmente é utilizada concomitantemente com outras drogas.
Exposição em altas doses parece estar associada a alterações do crescimento
intrauterino, assim com alterações semelhantes à exposição intrauterina ao álcool.
Os fetos que estão expostos a estes tipos de drogas, podem ter um conjunto de
problemas como:
- Dismorfologia facial
- Perímetro craniano pequeno
- Baixo peso ao nascer
- Acidose renal
- Falta de concentração
- Morte súbita
Os investigadores deram o nome de Síndrome do Solvente Fetal
. ANFETAMINAS
São substâncias sintéticas, ou seja, produzidas em laboratório. Existem várias
substâncias sintéticas que pertencem ao grupo das anfetaminas.
São exemplos de drogas “anfetamínicas”: o fenproporex, o metilfenidato, o manzidol, a
metanfetamina e a dietilpropiona. Seu mecanismo de ação é aumentar a liberação e prolongar
o tempo de atuação de neurotransmissores utilizados pelo cérebro, a dopamina e a
noradrenalina.
Os efeitos do uso de anfetaminas são
- diminuição do sono e do apetite;
- sensação de maior energia e menor fadiga, mesmo quando realiza esforços excessivos, o que
pode ser prejudicial;
- rapidez na fala;
- dilatação da pupila;
- taquicardia;
- elevação da pressão arterial.
Com doses tóxicas, acentuam-se esses efeitos. O indivíduo tende a ficar mais irritável e
agressivo e pode considerar-se vítima de perseguição inexistente (delírios persecutórios) e ter
alucinações e convulsões.
O consumo dessas drogas induz tolerância. Não se sabe com certeza se ocorre uma
verdadeira síndrome de abstinência. São frequentes os relatos de sintomas depressivos: falta
de energia, desânimo, perda de motivação, que, por vezes, são bastante intensos quando há
interrupção do uso dessas substâncias.
Entre outros usos clínicos dessa substância, destaca-se a utilização como moderadores
do apetite (remédios para regime de emagrecimento).
Nos primeiros estágios da gravidez, o embrião cresce e se desenvolve muito
rapidamente e qualquer distúrbio durante essa fase pode levar a sua intoxicação, a má
formação e ainda a um grande número de anormalidades. O feto, por ser muito pequeno, é
altamente vulnerável a drogas e as doses tomadas pela mãe para ele são muito grandes, na
medida em que seu fígado ainda não se desenvolveu o suficiente. Os efeitos maléficos das
anfetaminas no feto são irreversíveis. Um efeito colateral muito comum notado nos recém-
nascidos, filhos de mães usuárias de anfetaminas, é o choro insistente, bem como o
diagnóstico de fissura anoretal, produzida pela grande acidez das fezes, em razão da presença
residual da anfetamina passada pela mãe via placentária. A suspensão do uso não diminui em
nada os danos já causados na criança. A vulnerabilidade dos filhos de usuárias ou ex-usuárias,
frente às drogas é muito grande, exigindo cuidados e atenção especiais. A ideia da mãe de que
tenha sido suficiente haver parado no momento que descobriu a gravidez é totalmente
enganosa!
MACONHA
Efeitos psíquicos agudos
Esses efeitos podem ser descritos, em alguns casos, como uma sensação de bem-estar,
acompanhada de calma e relaxamento, menos fadiga e hilaridade, enquanto, em outros casos,
podem ser descritos como angústia, atordoamento, ansiedade e medo de perder o
autocontrole, com tremores e sudorese.
Há uma perturbação na capacidade de calcular o tempo e o espaço, além de um prejuízo
da memória e da atenção.
Com doses maiores ou conforme a sensibilidade individual pode ocorrer perturbações
mais evidentes do psiquismo, com predominância de delírios e alucinações.
Efeitos psíquicos crônicos
O uso continuado interfere na capacidade de aprendizado e memorização. Pode induzir
um estado de diminuição da motivação, que pode chegar à síndrome amotivacional, ou seja, a
pessoa não sente vontade de fazer mais nada, tudo parece ficar sem graça, perder a
importância.
Efeitos físicos agudos
Hiperemia conjuntival (os olhos ficam avermelhados); diminuição da produção da
saliva (sensação de secura na boca); taquicardia com a frequência de 140 batimentos por
minuto ou mais.
Efeitos físicos crônicos
Problemas respiratórios são comuns, uma vez que a fumaça produzida pela maconha é
muito irritante, além de conter alto teor de alcatrão (maior que no caso do tabaco) e nele
existir uma substância chamada benzopireno, um conhecido agente cancerígeno. Ocorre,
ainda, uma diminuição de 50% a 60% na produção de testosterona dos homens, podendo
haver infertilidade.
Provavelmente seja a droga ilícita mais freqüentemente utilizada na gestação, sendo
uma substância que atravessa facilmente a barreira placentária. A utilização conjunta da
maconha com outras drogas é freqüente. A maconha sobre o feto diminui a perfusão útero-
placentária e prejudica o crescimento fetal. Além disso, alguns estudos demonstraram que a
utilização perinatal da maconha leva ao retardo da maturação do sistema nervoso fetal, além
de provocar distúrbios neuro-comportamentais precoces.
Para a mãe, a inalação aguda da maconha determina como taquicardia, congestão
conjuntival e ansiedade, enquanto o uso crônico pode provocar letargia, irritabilidade, além de
alterações no sistema respiratório, como bronquite crônica e infecções de repetição. Dessa
forma, a inalação aguda pode potencializar a ação de drogas anestésicas no sistema
cardiovascular e a ação depressora sobre o sistema nervoso central.
ALUCINÓGENOS
Designação dada a diversas drogas que possuem a propriedade de provocar uma série
de distorções do funcionamento normal do cérebro, que trazem como consequência uma
variada gama de alterações psíquicas, entre as quais alucinações e delírios, sem que haja uma
estimulação ou depressão da atividade cerebral. Fazem parte deste grupo a dietilamida do
ácido lisérgico (LSD) e o Ecstasy.
LSD (DIETILAMINA DO ÁCIDO LISÉRGICO)
LSD Substância alucinógena sintetizada artificialmente e uma das mais potentes com
ação psicotrópica que se conhece. As doses de 20 a 50 milionésimos de grama produzem
efeitos com duração de 4 a 12 horas.
Seus efeitos dependem muito da sensibilidade da pessoa às ações da droga, de seu
estado de espírito no momento da utilização e também, do ambiente em que se dá a
experiência.
Efeitos do uso de LSD
- distorções perceptivas (cores, formas e contornos alterados);
- fusão de sentidos (por exemplo, a impressão de que os sons adquirem forma ou cor);
- perda da discriminação de tempo e espaço (minutos parecem horas ou metros assemelham-
se a quilômetros);
- alucinações (visuais ou auditivas) podem ser vivenciadas como sensações agradáveis, mas
também podem deixar o usuário extremamente amedrontado;
- estados de exaltação (coexistem com muita ansiedade, angústia e pânico , sendo relatados
como boas ou más “viagens”).
- delírios de grandiosidade e delírios persecutórios.
Outros efeitos tóxicos
Há descrições de pessoas que experimentam sensações de ansiedade muito intensa,
depressão e até quadros psicóticos por longos períodos após o consumo do LSD.
Uma variante desse efeito é o flashback, quando, após semanas ou meses depois de uma
experiência com LSD, o indivíduo volta a apresentar, repentinamente, todos os efeitos
psíquicos da experiência anterior, sem ter voltado a consumir a droga novamente, com
conseqüências imprevisíveis, uma vez que tais efeitos não estavam sendo procurados ou
esperados e podem surgir em ocasiões bastante impróprias.
Efeitos no resto do organismo
- aceleração do pulso;
- dilatação da pupila;
- episódios de convulsão já foram relatados, mas são raros.
O fenômeno da tolerância desenvolve-se muito rapidamente com o LSD, mas também
há um desaparecimento rápido com a interrupção do uso da substância. Não há descrição de
uma síndrome de abstinência se um usuário crônico deixa de consumir a substância, mas,
ainda assim, pode ocorrer a dependência quando, por exemplo, as experiências com o LSD ou
outras drogas perturbadoras do SNC são encaradas como “respostas aos problemas da vida”
ou “formas de encontrar-se”, que fazem com que a pessoa tenha dificuldades em deixar de
consumir a substância, frequentemente, ficando à deriva no dia-a-dia, sem destino ou
objetivos que venham a enriquecer sua vida pessoal.
Pouco se sabe sobre esses efeitos, mas a droga pode estar relacionada com um risco
maior de aborto. O uso de LSD no ano que antecede a concepção, tanto pela mulher como
pelo homem, pode estar associado à má-formações congênitas.
O LSD se encontra entre os agentes químicos que alguns autores consideram capazes
de produzir efeitos danosos sobre o material genético, embora, como se verá, o tópico é
motivo de controvérsias. Vários investigadores apontaram a possibilidade do LSD causar uma
quantidade anormal de rupturas nos cromossomas das células brancas do sangue. Se este dano
nos cromossomas ocorre, é possível também a ocorrência de defeitos de nascimento. Isto tem
sido verificado em ratos que foram administrados uma dosagem no primeiro estágio de
gravidez.
ECSTASY É uma substância alucinógena que guarda relação química com as anfetaminas e
apresenta, também, propriedades estimulantes. Seu uso é frequentemente associado a certos
grupos, como os jovens freqüentadores de danceterias ou boates.
Há relatos de casos de morte por hipertermia maligna, em que a participação da droga
não é completamente esclarecida. Possivelmente, a droga estimula a hiperatividade e aumenta
a sensação de sede ou, talvez, induza um quadro tóxico específico.
Também existem suspeitas de que a substância seja tóxica para um grupo específico de
neurônios produtores de serotonina.
O uso da droga ecstasy durante os três primeiros meses de gravidez pode provocar
danos cerebrais na criança.
A exposição de fetos de ratos ao ecstasy, durante um período similar ao primeiro
trimestre da gestação humana, provocou mudanças químicas nos cérebros dos filhotes. Foram
observadas também mudanças de comportamento, mais predispostos a ter problemas de
atenção e ansiedade.
ANTICOLINÉRGICOS
São substâncias provenientes de plantas ou sintetizadas em laboratório que têm a
capacidade de bloquear as ações da acetilcolina, um neurotransmissor encontrado no SNC e
no Sistema Nervoso Periférico (SNP).
Produzem efeitos sobre o psiquismo quando utilizadas em doses relativamente grandes
e também provocam alterações de funcionamento em diversos sistemas biológicos, portanto,
são drogas pouco específicas.
Como efeitos psíquicos, os anticolinérgicos causam alucinações e delírios. São comuns
as descrições de pessoas intoxicadas que se sentem perseguidas ou têm visões de pessoas ou
animais. Esses sintomas dependem bastante da personalidade do indivíduo, assim como das
circunstâncias ambientais em que ocorreu o consumo dessas substâncias.
Os efeitos são, em geral, bastante intensos e podem durar até 2 ou 3 dias.
Efeitos somáticos
- dilatação da pupila;
- boca seca;
- aumento da frequência cardíaca;
- diminuição da motilidade intestinal (até paralisia);
- dificuldades para urinar.
Em doses elevadas, podem produzir grande elevação da temperatura (até 40-41°C),
com possibilidade de ocorrerem convulsões. Nessa situação, a pessoa apresenta-se com a pele
muito quente e seca, com uma hiperemia principalmente, localizada no rosto e no pescoço.
São exemplos de drogas desse grupo: algumas plantas, como certas espécies do gênero
Datura, conhecidas como saia branca, trombeteira ou zabumba, que produzem atropina e
escopolamina; e certos medicamentos, como o tri-hexafenidil, a diciclomina e o biperideno.
Plantas com propriedades alucinógenas
Diversas plantas possuem propriedades alucinógenas como, por exemplo, alguns
cogumelos (Psylocibe mexicana, que produz a psilocibina), a jurema (Mimosa hostilis) e
outras plantas eventualmente utilizadas na forma de chás e beberagens alucinógenas.
COCAÍNA E SEU PRODUTO ALCALINIZADO (CRACK) A utilização crônica provoca inúmeras alterações de neurotransmissores, como
conseqüência, o usuário crônico necessitará de doses maiores para obter os efeitos.
Seus efeitos têm início rápido e duração breve. No entanto, são mais intensos e fugazes
quando a via de utilização é a intravenosa ou quando o indivíduo utiliza o crack ou merla.
Efeitos do uso da cocaína:
- sensação intensa de euforia e poder;
- estado de excitação;
- hiperatividade;
- insônia;
- falta de apetite;
- perda da sensação de cansaço.
Apesar de não serem descritas tolerância nem síndrome de abstinência inequívoca,
observa-se, frequentemente, o aumento progressivo das doses consumidas.
Particularmente, no caso do crack, os indivíduos desenvolvem dependência severa
rapidamente, muitas vezes, em poucos meses ou mesmo algumas semanas de uso.
Com doses maiores, observam-se outros efeitos, como irritabilidade, agressividade e até
delírios e alucinações, que caracterizam um verdadeiro estado psicótico, a psicose cocaínica.
Também podem ser observado aumento da temperatura e convulsões, frequentemente de
difícil tratamento, que podem levar à morte se esses sintomas forem prolongados.
Ocorrem, ainda, dilatação pupilar, elevação da pressão arterial e taquicardia (os efeitos
podem levar até a parada cardíaca, uma das possíveis causas de morte por superdosagem).
É responsável por partos pré-termos ou descolamento prematuro de placenta, além de
outras complicações, tanto materno quanto perinatais.
A identificação do problema deve ser realizada durante o pré-natal, mas muitas vezes é
difícil o reconhecimento dessas pacientes, visto que muitas negam a utilização da droga. O
diagnóstico diferencial, com doença hipertensiva gestacional e suas complicações, também
dificultam a identificação da usuária de cocaína, visto que, em ambos os casos, também
ocorrerá sinais de exacerbação do sistema simpático, como hipertensão, taquicardia, arritmias
e até falência miocárdica.
O crack, quando consumido durante a gestação, chega à corrente sanguínea
aumentando o risco de complicações tanto para a mãe quanto para o bebê. Para a gestante,
aumenta o risco de descolamento prematuro de placenta, aborto espontâneo e redução da
oxigenação uterina. Para o bebê, o crack pode reduzir a velocidade de crescimento fetal, o
peso e o perímetro cefálico (diâmetro da cabeça) ao nascimento. Há
ainda riscos de má-formação congênita, maior risco de morte súbita da infância, alterações do
comportamento e atraso do desenvolvimento. O crack passa pelo leite materno.
A cocaína atravessa rapidamente a barreira placentária sem sofrer metabolização,
trazendo malformações urogenitais, cardiovasculares e do sistema nervoso central. Além
disso, como o fluxo sangüíneo uterino não é auto-regulado, a sua diminuição provoca
insuficiência útero-placentária, hipoxemia e acidose fetal.
O consumo de crack e cocaína têm sido associados diretamente à infecção pelo vírus da
imunodeficiência humana (HIV) e outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), como
gonorreia e sífilis. Os comportamentos de risco mais frequentemente observados são o
número elevado de parceiros sexuais, o uso irregular de camisinha e troca de sexo por droga
ou por dinheiro para compra de droga. Deve ser levada em consideração a vulnerabilidade
social a que estão expostas as usuárias de crack, que trocam sexo pela droga ou por dinheiro
para comprá-la. Não devemos esquecer que há a possibilidade de transmissão de HIV através
de lesões orais e labiais causadas pelos cachimbos.
Atualmente não existe qualquer medicação aprovada especificamente para tratamento
da dependência de cocaína e do crack.
Pacientes dependentes de cocaína mantêm o uso de forma compulsiva mesmo sabendo
que isto pode lhes trazer graves prejuízos. Tentando modificar este quadro, diversas
medicações têm sido estudadas sem sucesso no tratamento da dependência de cocaína. O uso
de antipsicóticos não traz benefícios, não produz controle de efeitos colaterais, não reduz a
vontade (fissura) de usar a droga nem diminui a quantidade consumida de cocaína durante o
tratamento.
Vários anticonvulsivantes e diversos antidepressivos já foram estudados e também não
se mostraram eficazes. O estudo de psicoestimulantes mostrou resultados inconclusivos, sem
resultados na redução do uso, mas com algumas substâncias mostrando tendência de aumento
do período de abstinência.
É importante lembrar que embora não existam, no momento, medicações que diminuam
a vontade de usar o crack, a prescrição de medicações pode ser indicada para o tratamento das
intoxicações, sintomas da abstinência e principalmente para o tratamento das comorbidades.
Assim, se um usuário de crack melhora de um possível quadro depressivo com o uso de um
antidepressivo ele tem melhor resultado no tratamento da dependência do crack.
E tanto para o tratamento e reinserção social quanto para as atividades de prevenção é
indispensável realizar atividades que aumentem a vinculação daqueles que usam a droga aos
serviços e profissionais de saúde.
ESTERÓIDES E ANABOLIZANTES Esteróides anabolizantes são drogas lícitas produzidas por laboratórios farmacêuticos
para substituírem o hormônio masculino Testosterona, fabricado pelos testículos. São usados
como medicamentos para tratamento de pessoas que não produzem quantidade suficientes de
Testosterona.
Embora sejam descritos efeitos euforizantes por alguns usuários dessas substâncias,
essa não é, geralmente, a principal razão de sua utilização.
Muitos indivíduos que consomem essas drogas são fisiculturistas, atletas de diversas
modalidades ou indivíduos que procuram aumentar sua massa muscular.
Podem desenvolver um padrão de consumo que se assemelha ao de dependência.
Efeitos adversos
- diversas doenças cardiovasculares;
- alterações no fígado, inclusive câncer;
- alterações musculoesqueléticas indesejáveis (ruptura de tendões, interrupção precoce do
crescimento).
Essas substâncias, quando utilizadas por mulheres, podem provocar masculinização
(crescimento de pelos pelo corpo, voz grave, aumento do volume do clitóris). Em homens,
pode haver atrofia dos testículos.
Quando tomadas durante a gravidez, estas drogas podem afetar o desenvolvimento do
feto, causando o desenvolvimento de características masculinas no feto do sexo feminino e
características femininas no feto do sexo masculino.
BARBITÚRICOS
Pertencem ao grupo de substâncias sintetizadas artificialmente desde o começo do
século XX, que possuem diversas propriedades em comum com o álcool e com outros
tranquilizantes (benzodiazepínicos).
Seu uso inicial foi dirigido ao tratamento da insônia, porém a dose para causar os
efeitos terapêuticos desejáveis não está muito distante da dose tóxica ou letal.
O sono produzido por essas drogas, assim como aquele provocado por todas as drogas
indutoras de sono, é muito diferente do sono “natural” (fisiológico).
São efeitos de sua principal ação farmacológica
- a diminuição da capacidade de raciocínio e concentração;
- a sensação de calma, relaxamento e sonolência;
- reflexos mais lentos.
Com doses um pouco maiores, a pessoa tem sintomas semelhantes à embriaguez, com
lentidão nos movimentos, fala pastosa e dificuldade na marcha.
Doses tóxicas dos barbitúricos podem provocar
- surgimento de sinais de incoordenação motora;
- acentuação significativa da sonolência, que pode chegar ao
coma;
- morte por parada respiratória.
São drogas que causam tolerância (sobretudo quando o indivíduo utiliza doses altas
desde o início) e síndrome de abstinência quando ocorre sua retirada, o que provoca insônia,
irritação, agressividade, ansiedade e até convulsões.
Em geral, os barbitúricos são utilizados na prática clínica para indução anestésica
(tiopental) e como anticonvulsivantes (fenobarbital).
Os recém-nascidos que antes do nascimento foram expostos ao fenobarbital (um
barbitúrico também anticonvulsivante) podem ter hemorragias facilmente, porque estes
fármacos provocam uma deficiência de vitamina K, necessária à coagulação. Este efeito
secundário pode ser evitado se a gestante tomar suplementos desta vitamina por via oral todos
os dias durante um mês antes do nascimento ou se o recém-nascido levar uma injeção de
vitamina K imediatamente depois de nascer. Durante a gravidez, as mulheres que têm
epilepsia recebem a menor dose possível de anticonvulsivantes e são rigorosamente vigiadas.
BENZODIAZEPÍNICOS Esse grupo de substâncias começou a ser usado na Medicina durante os anos 60 e
possui similaridades importantes com os barbitúricos, em termos de ações farmacológicas,
com a vantagem de oferecer uma maior margem de segurança, ou seja, a dose tóxica, aquela
que produz efeitos prejudiciais à saúde, é muitas vezes maior que a dose terapêutica, ou seja,
a dose prescrita no tratamento médico.
Atuam potencializando as ações do GABA (ácido gama-amino-butírico), o principal
neurotransmissor inibitório do SNC.
Como consequência dessa ação, os benzodiazepínicos produzem
- diminuição da ansiedade;
- indução do sono;
- relaxamento muscular;
- redução do estado de alerta.
Essas drogas dificultam, ainda, os processos de aprendizagem e memória, e alteram,
também, funções motoras, prejudicando atividades como dirigir automóveis e outras que
exijam reflexos rápidos.
As doses tóxicas dessas drogas são bastante altas, mas pode ocorrer intoxicação se
houver uso concomitante de outros depressores da atividade mental, principalmente, álcool ou
barbitúricos. O quadro de intoxicação é muito semelhante ao causado por barbitúricos.
Exemplos de benzodiazepínicos: diazepam, lorazepam, bromazepam, midazolam,
flunitrazepam, clonazepam, bromazepan (lexotan).
Os ansiolíticos provocam anomalias congénitas quando são administrados durante o
primeiro trimestre da gravidez.
7. A utilização de drogas psicotrópicas em gestantes e puérperas
Atualmente nenhuma medicação psicotrópica foi estudada completamente com
relação aos riscos na gravidez e lactação. A maioria das evidencias consiste em relatos de
casos, estudos pequenos e população diminuta baseada nos estudos de Registro de
Nascimentos e retrospectivos de caso controle. E poucos estudos prospectivos de coorte e,
virtualmente, ausência de ensaios clínicos randomizados e controlados.
Os riscos do uso de drogas psicotrópicas podem ser conceituados como: a) maternos: aqueles relacionados aos efeitos colaterais dos medicamentos e também à
recaída que ocorre no abandono ou não tratamento; b) fetais ou dos recém nascidos (RN): aqueles decorrentes da exposição do feto ou recém
nascido à medicação. A medicação psicotrópica prescrita durante a gestação pode comprometer o recém
nascido por meio de:
a) teratogenicidade (malformação);
b) complicações na gravidez (abortamento, prematuridade, baixo peso ao nascer, indução de
diabetes gestacional); c) complicações neonatais (síndromes de retirada, sedação, hipertensão pulmonar persistente do recém-nascido etc,);
d) complicações de longo prazo (distúrbios neuro-comportamentais, implicações no neurodesenvolvimento, etc,).
Há evidência crescente na literatura médica de que o transtorno mental materno não tratado na gravidez pode levar à efeitos de longo prazo, como crescimento intrauterino retardado, prematuridade, baixo peso ao nascer, circunferência craniana pequena, escores mais baixos do escore de Apgar ao nascimento e, possivelmente, disfunções do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal. Esses efeitos podem implicar maiores riscos tardios de desenvolvimento de psicopatologia, atrasos no desenvolvimento ou distúrbios também tardios nas áreas cognitiva, emocional e de funcionamento social, portanto, isso precisa ser balanceado contra a maio¬ria dos efeitos de longo prazo desconhecidos da exposição o feto ou RN à medicação psicotrópica, via intraútero ou secreção no leite materno. Além disso, mulheres que cessam o uso de antidepressivos durante a gravidez tem um risco de 50 a 75% de recaída e até maiores no caso de bipolares que interrompem o tratamento durante a gestação. Todas as medicações psicotrópicas são excretadas no leite materno e, em geral, a maioria
pode causar sedação no RN, que manifesta pouco interesse na alimentação. Crianças de mães
que tomaram tais medicamentos requerem monitorização cuidadosa do comportamento e
crescimento por pediatras experientes.
Antidepressivo
Nas situações em que o tratamento farmacológico da depressão durante a gravidez e lactação
é claramente indicado, o clínico deveria selecionar medicamentos com o perfil reprodutivo
mais seguro. A fluoxetina e o citalopram têm muitos dados que suportam sua segurança
reprodutiva. Entre os inibidores seletivos da recaptura de serotonina (ISRS), também não
foram encontradas significantes anormalidades clínicas no estudo da ocorrência de
dificuldades neonatais transitórias depois da exposição pré-natal à Sertralina. Os ISRS devem
ser usados apenas se o benefício potencial
for superior aos riscos, pois, apesar da ausência de comprovação de teratogenicidade, seu uso
está associado a baixo índice de Apgar e baixo índice de desenvolvimento psicomotor, além
da possibilidade de prematuridade ou síndrome de privação no RN.
Os antidepressivos tricíclicos e a bupropiona tem sido bem caracterizados e podem ser
considerados opções terapêuticas razoáveis para o uso durante a gestação. Apesar disso,
diversos casos relatados têm sugerido que o uso de antidepressivos tricíclicos pode causar
certos sintomas perinatais como tremores, irritabilidade, obstrução intestinal funcional
transitória e retenção urinária.
Ansiolíticos
Os benzodiazepínicos compõem a classe de droga usada com maior frequência, inclusive para
as gestantes. Essa classe de drogas facilmente atravessa a placenta, principalmente no final da
gravidez. A administração contínua de benzodiazepínicos durante a gravidez pode originar
hipotensão, diminuição da função respiratória e hipotermia no recém-nascido (RN). Sintomas
de abstinência em RN têm sido ocasionalmente relatados com o uso de benzodiazepínicos.
Foram descritas alterações morfológicas, aberrações no crescimento e anormalidades no
sistema nervoso central de crianças expostas aos benzodiazepínicos durante o período
intrauterino. Os ansiolíticos/benzodiazepínicos possuem risco reduzido de malformações,
como fenda palatina e lábio leporino, recomendando-se a realização de ecografia na avaliação
pré-natal.
Deve-se evitar, porém, o uso regular dessas drogas devido ao risco de sintomas de supressão
neonatal. Deve-se usar apenas em situações bem definidas, como no controle de convulsões.
O ideal seria a suspensão do benzodiazepínico antes da paciente ficar grávida ou pelo menos
no último trimestre. A droga não deverá ser interrompida abruptamente pelo risco de crise
convulsiva e de abortamento.
Estabilizadores de humor
Os efeitos protetores da gravidez no curso do transtorno bipolar do humor (TBH) são
desconhecidos ou limitados. O risco de recaída ou cronicidade após a descontinuação do
medicamento é alto.
Em mulheres com TBH severo, a manutenção do estabilizador de humor é a melhor opção,
apesar dos riscos envolvidos.
O risco da exposição ao lítio durante a gravidez foram baseados em relatos anteriores de taxas
maiores de malformações cardíacas, como a anomalia de Ebstein, após a exposição pré-natal
a essa droga(1/2.000 nascimentos).
A lamotrigina é um estabilizador de humor que é uma opção de profilaxia do TBH, entretanto
indicam um risco aumentado de fenda oral em bebês expostos à lamotrigina durante o
primeiro trimestre (9/1.000 nascimentos)
Uma associação entre exposição pré-natal a estabilizadores de humor, incluindo ácido
valproico e carbamazepina, e defeitos de tubo neural (3-8%) e espinha bífida (1%) também
foi observada.
Antipsicóticos As drogas antipsicóticas atravessam facilmente a barreira placentária, alcançando níveis
significativos no feto e no líquido amniótico. Os recém-nascidos expostos intraútero às drogas
antipsicóticas podem desenvolver sinais de disfunção extrapiramidal, como tremores, reflexos
tendinosos profundos hiperativos e irritabilidade, alem de depressão imunológica e riscos de
complicações retinianas.
São preferidos os antipsicóticos de alta potência, pois além de terem menores efeitos
anticolinérgicos, anti-histamínicos e hipotensores, não há evidência de malformações com o
uso de haloperidol, trifluoperazina e flufenazina. O uso de preparações prolongadas deve ser
evitado pelo risco de efeitos tóxicos no neonato.
O haloperidol é a butirofenona mais bem estudada, não sendo observado aumento da taxa de
malformações congênitas nem outro tipo de desfecho desfavorável na gestação.
Autores consideram as fenotiazinas (clorpromazina, trifluioperazina) seguras para o feto e
para a gestante, se usadas em doses baixas. O uso prolongado e em altas doses têm sido
associado a um quadro neonatal de sinais extrapiramidais.
Poucos estudos foram realizados com antipsicóticos atípicos como a risperidona, olanzapina e
clozapina. Existem esporádicos casos relatados de uso de clozapina durante a gravidez, em
pacientes esquizofrênicos, em que não foram observadas malformações congênitas.
Há poucos dados disponíveis com relação ao uso da quetiapina durante a gravidez. O que
existem são alguns relatos de caso de crianças que nasceram normais e foram expostas
intraútero à quetiapina.
Deve-se ter em conta que em toda gravidez, há sempre uma chance de 1 a 3% de
malformação, esteja a mulher exposta ou não a uma droga.
Classe Droga Classificação
de Risco
Possíveis Efeitos
Ansiolíticos Benzodiazepínicos
Alprazolam
Clonazepam
Clordiazepóxido
Diazepam
Lorazepam
Bromazepam
Flunitrazepam
Midazolam
Benzodiazepínicos
hipnoindutores
Buspirona
D
C
D
D
D
X
C
Floppy baby
(hipotonia muscular
generalizada), síndrome de
abstinência, lábio leporino
Antidepressivos Antidepressivos
tricíclicos
Amitriptilina
Clomipramina
Nortriptilina
Inibidores da MAO
Inibidores seletivos da
recaptação da
serotonina
Fluoxetina
Sertralina
Paroxetina
Citalopram
C/D
C
C
C
C
B
C
C
C
C
Taquicardia fetal, abstinência
fetal, efeitos anticolinérgicos
fetais, retenção urinária,
obstrução intestinal, risco
mínimo de
teratogenicidade
Raras malformações fetais;
raramente usado na gravidez
pela
Hipertensão
Aumento das complicações
perinatais, risco mínimo de
teratogenicidade
Antipsicóticos Clássicos
Haloperidol
Fenotiazinas
Clorpromazina
Trifluioperazina
Atípicos
Clozapina
Olanzapina
Quetiapina
Risperidona
C
C
C
B
C
C
C
Raras anomalias, icterícia
fetal, efeitos anticolinérgicos
fetais no nascimento, preferir
butirofenonas e evitar
antiparkinsonianos
Risco desconhecido
Estabilizadores do
humor
Lítio
Valproato
Carbamazepina
D
D
C
Malformações cardíacas;
considerado seguro após o
primeiro trimestre de gestação
Defeitos no tubo neural, não é
recomendado seu uso
Defeitos no tubo neural,
anomalias menores, não é
recomendado seu uso
Anticonvulsivantes
novos
Gabapentina
Lamotrigina
C
C
Risco desconhecido
Fonte: Adaptado de Soares NV et al.
A Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos classifica como categorias
de risco: A: estudos controlados não mostraram risco para seres humanos; B: sem
evidências de risco para seres humanos, mas estudos adequados não foram realizados; C:
o risco para seres humanos não pode ser afastado; D: evidências positivas de risco para
seres humanos, os riscos devem ser confrontados com os benefícios; X: contraindicado na
gravidez.
J. CONDUÇÃO DE CASOS DE URGÊNCIA
Agitação Psicomotora
A agitacao pode ser definida como uma atividade motora excessiva associada a uma
experiência subjetiva de tensao. Em geral, a admissao de paciente agitado ou agressivo se da
por meio de terceiros, que foram acionados para controlar a situacao fora do ambiente
hospitalar. Pacientes agitados e/ou agressivos costumam apresentar baixa capacidade de
insight com relacao a sua morbidade e juízo crítico da realidade prejudicado. Portanto, esses
pacientes podem ter dificuldades em reconhecer que estao doentes e, consequentemente,
podem nao reconhecer a necessidade de ajuda externa.
Dependendo do grau de agitacao, esses pacientes representam um risco para a integridade
física, tanto para os profissionais de saude, como para si mesmos e outros pacientes.
A avaliacao e o manejo de um paciente agitado, potencialmente agressivo ou francamente
violento sao tarefas que exigem dos profissionais habilidades diversas, que necessitam ser
aplicadas em conjunto e exige um esforço no sentido de integrar componentes para uma
intervençao agil e articulada.
Diretrizes gerais para o uso de contenção física:
O uso da contenção física é considerado um procedimento extremo, devendo ser
utilizado apenas quando esgotarem-se outras possibilidades, como a contenção verbal e
química.
Deve ser realizado com critérios clínicos claros, rigorosos e bem definidos.
A decisão pela contenção, assim como seus critérios, deverão sempre estar prescritos
pelo médico em prontuário, de acordo com a Resoluçao 1952/2010 do Conselho Federal de
Medicina – que trata das as diretrizes para um modelo de assistência integral em saude mental
no Brasil.
A contenção está formalmente indicada em todos os casos em que houver intensa
agitação psicomotora com risco à integridade física do paciente ou de terceiros, e nos casos
em que o paciente apresenta grave comprometimento do julgamento da realidade e necessita
de intervenção médica, mesmo contra sua vontade. Ex.: abstinência alcoólica grave.
O paciente contido deverá ser assistido ininterruptamente por um profissional de saúde
durante o período da contenção, devendo ser avaliado a cada 30 minutos. Certificar-se de que
a restrição de cada extremidade não prejudique a perfusão sanguínea ou cause algum tipo de
lesão. Importante registrar dados vitais periodicamente.
Nao oferecer agua, medicaçao via oral ou alimentos.
Manter o paciente contido no tempo que foi definido pelo profissional medico (nao
ultrapassando 2 horas).
A remoção das ataduras deverá seguir um esquema gradativo (tórax, membros
inferiores, membros superiores) até a certificação de que o paciente encontra-se sedado ou
não houver mais risco de agitação grave ou violência.
Cuidados especiais:
Gestantes: Abdome frouxo, cabeceira elevada;
Problemas respiratórios: cabeceira elevada, tórax frouxo;
Membros inferiores (MMII) edemaciados e/ou com varizes: deverao ser elevados e as
faixas afrouxadas;
Epilepticos: serao submetidos somente a faixa de proteçao e a distribuiçao das faixas
X somente nos ombros, se necessario;
Curativos oclusivos: nao deverao permanecer fechados pelas faixas;
Problemas cardíacos: faixas de protecao e X se necessario nos ombros;
Obesos: cabeceira elevada e faixa de proteçao.
Diretrizes gerais para o uso de contenção química:
O uso da contenção química deve obedecer às mesmas indicações da contenção física, a partir
das seguintes orientações:
1. É desnecessária a utilização da via endovenosa para os procedimentos de sedação em
psiquiatria. A utilização da via oral deve ser utilizada sempre que houver cooperação do
paciente. A via intra-muscular deve ser utilizada sempre que for necessário ação
farmacológica rápida em pacientes não cooperativos. Os seguintes esquemas de medicação
(VO e IM) são usualmente utilizados para pacientes adultos e poderão ser repetidos, após 30
minutos da primeira aplicação, caso não tenha havido sedação adequada do paciente:
Medicação VO
Haloperidol – gotas: 2,0 mg / ml (01 gota = 0,1 mg) Fazer 50 a 100 gotas VO
Medicação IM
Haloperidol 01 ampola IM (1ml = 5mg)
Observação referente ao uso da Prometazina na Gestação: Não há dados suficientes sobre
a teratogênese da prometazina em animais. Não foram observados efeitos fetotóxicos nem
malformações em recém-nascidos de mães que receberam o produto, em um pequeno número
de mulheres até o momento. Nos recém-nascidos de mães tratadas com doses elevadas de
anti-histamínicos anticolinérgicos tal como a prometazina, foram descritos raramente sinais
digestivos ligados às propriedades atropínicas das fenotiazinas (distensão abdominal, íleo
paralítico, atraso na eliminação de mecônio, dificuldade para se alimentar, taquicardia, efeitos
neurológicos, etc.). Por isso, durante a gravidez só deve ser usado avaliando-se a relação
risco-benefício. Um ligeiro aumento do risco de malformações cardiovasculares tem sido
colocado em evidência na espécie humana. Recomenda-se que NÃO seja utilizado durante os
três primeiros meses de gestação. No final da gestação, em casos de tratamento materno
prolongado, há possibilidade de ocorrer sonolência ou hiperexcitabilidade no recém-nascido.
Considera-se justificável manter o recém-nascido em observação quanto as funções
neurológicas e digestivas, em caso de administração de prometazina à mãe no final da
gestação.
2. Em pacientes com quadro de intoxicação alcoólica há maior risco de depressão respiratória,
já que o álcool exerce ação depressiva sobre o Sistema Nervoso Central. Nestes casos a
utilização de benzodiazepínicos e outros agentes com grande perfil de sedação devem ser
evitados. Um esquema seguro para estes casos seria:
Haloperidol 01 ampola IM (1ml; 5mg) com repetição da dose em 30 minutos se
necessário
3. Em crianças e adolescentes com quadro de agitação psicomotora grave apenas a contenção
física é geralmente suficiente. O haloperidol deve ser evitado em pacientes com epilepsia,
depressão de medula e lesões subcorticais, pelo risco aumentado de síndrome neuroléptica
maligna. Se houver necessidade de contenção química em crianças e adolescentes (06 a 12
anos):
Haloperidol 0,1 a 0,5 mg/kg/dia (máximo de 1,0 mg/kg/dia) VO ou IM
Diretrizes gerais para o uso de contenção física:
O uso da contenção física é considerado um procedimento extremo, devendo ser
utilizado apenas quando esgotarem-se outras possibilidades, como a contenção verbal e
química.
Deve ser realizado com critérios clínicos claros, rigorosos e bem definidos.
A decisão pela contenção, assim como seus critérios, deverão sempre estar prescritos
pelo médico em prontuário, de acordo com a Resoluçao 1952/2010 do Conselho Federal de
Medicina – que trata das as diretrizes para um modelo de assistencia integral em saude mental
no Brasil.
A contenção está formalmente indicada em todos os casos em que houver intensa
agitação psicomotora com risco à integridade física do paciente ou de terceiros, e nos casos
em que o paciente apresenta grave comprometimento do julgamento da realidade e necessita
de intervenção médica, mesmo contra sua vontade. Ex.: abstinência alcoólica grave.
O paciente contido deverá ser assistido ininterruptamente por um profissional de saúde
durante o período da contenção, devendo ser avaliado a cada 30 minutos. Certificar-se de que
a restrição de cada extremidade não prejudique a perfusão sanguínea ou cause algum tipo de
lesão. Importante registrar dados vitais periodicamente.
Nao oferecer agua, medicaçao via oral ou alimentos.
Manter o paciente contido no tempo que foi definido pelo profissional medico (nao
ultrapassando 2 horas).
A remoção das ataduras deverá seguir um esquema gradativo (tórax, membros
inferiores, membros superiores) até a certificação de que o paciente encontra-se sedado ou
não houver mais risco de agitação grave ou violência.
Cuidados especiais:
Gestantes: Abdome frouxo, cabeceira elevada;
Problemas respiratórios: cabeceira elevada, tórax frouxo;
Membros inferiores (MMII) edemaciados e/ou com varizes: deverao ser elevados e as
faixas afrouxadas;
Epilepticos: serao submetidos somente a faixa de proteçao e a distribuiçao das faixas
X somente nos ombros, se necessario;
Curativos oclusivos: nao deverao permanecer fechados pelas faixas;
Problemas cardíacos: faixas de proteçao e X se necessario nos ombros;
Obesos: cabeceira elevada e faixa de proteçao.
Diretrizes para abordagem da Abstinência Alcoólica:
Conceito: A cessação da ingestão crônica de álcool ou sua redução pode levar ao
aparecimento de um conjunto de sinais e sintomas de desconforto definidos como Síndrome
de Abstinência do Álcool (SAA).
Síndrome de Abstinência Alcoólica nível I
Trata - se de quadro leve e moderado e pode ser tratada a nível ambulatorial:
Conjunto de Sinais e Sintomas Tratamento
Orientado no tempo e no espaço
Juízo crítico da realidade preservado
Ansiedade leve
Agitação psicomotora discreta
Tremores finos de estremidades
Sudores discreta
Náusas sem vômitos
Sem complicações clínicas ou
psiquiátricas
Cuidados gerais:
Esclarecer o paciente e familiares sobre SAA
Monitoramento por 04 semanas a cada 03 ou
05 dias
Contra – indicar condução de veículo
Dieta leve e hidratação adequada VO
Repouso relativo
Supervisão familiar
Encaminhar para emergência hospitalar se
houver rebaixamento do nível de consciência e
/ ou desorientação no tempo e no espaço
Farmacoterapia:
Tiamina / dia: 100 mg IM nos primeiros 03 dias
e Tiamina 300 mg VO nas 04 semanas
seguintes
Diazepam: 20 a 40 mg dia/oral divididos em
três tomadas ou
Lorazepam (se hepatopatia): 4 a 8 mg dia/oral
divididos em três tomadas por 07 dias
A partir da segunda semana, reduzir
gradativamente os sedativos
Síndrome de Abstinência Alcoólica nível II
Trata-se de quadro grave (Delirium Tremens) que pode ser potencialmente letal. O
tratamento deverá ser efetuado a nível hospitalar.
Conjunto de Sinais e Sintomas Tratamento
Rebaixamento do nível de consciência
Desorientação tempo - espaço
Comprometimento do juízo crítico da
realidade – ideação delirante
Alucinações auditivas, visuais e táteis
Ansiedade intensa
Agitação psicomotora grave Tremores
grosseiros de extremidades
Sudorese profusa
Vômitos
Pode haver complicações clínicas ou
neurológicas (investigar)
Cuidados gerais:
Esclarecer os familiares sobre SAA
Dieta leve (se nível de consciência
preservado) ou jejum (confusão mental)
Repouso absoluto
Realizar contenção no leito se agitação
intensa
Redução do estímulo áudio – visual
Manter luzes acesas
Monitorização rigorosa dos dados vitais,
glicemia, eletrólitos, enzimas hepáticas e
hidratação parenteral
Farmacoterapia:
Tiamina / dia: 300 mg IM nos primeiros 07
dias e Tiamina 300 mg VO nas 04 semanas
seguintes. Dobrar a dose se houver suspeita
de Síndrome de Wernicke: confusão mental,
ataxia e nistágmo
Diazepam: 10 a 20 mg oral de hora em hora
até sedação leve ou
Lorazepam (se hepatopatia): 2 a 4 mg oral
de hora em hora até sedação leve
Após o período agudo, estabelecer posologia
dos sedativos como no Nível I
Caso haja intensa vivência delirante –
alucinatória, utilizar Haloperidol 5 mg / dia
VO ou IM por até 07 dias
Cuidados com a SAA:
O que NÃO fazer:
- Administrar glicose antes da aplicação da Tiamina IM
Nos casos de intoxicação alcoólica em pacientes usuários crônicos de álcool a administração
de Tiamina IM 30 minutos antes da infusão de glicose também deve ser realizada. As células
nervosas utilizam a Tiamina na metabolização da glicose. A ausência da vitamina em usuários
crônicos pode desencadear a encefalopatia de Wernicke
- Hidratar indiscriminadamente
- Administrar Clorpromazina ou Hidantoína
- Administrar Diazepam por via IM ou associado ao soro fisiológico / glicosado
DIRETRIZES FARMACOLÓGICAS PARA ABORDAGEM DA ABSTINÊNCIA /
INTOXICAÇÃO DE DROGAS ILÍCITAS
ANTICONVULSIVANTE E ESTABILIZADOR DO HUMOR
Carbamazepina (Tegretol) - 200 mg - usa-se de 200 a 800 mg/dia de 8/8 ou de 12/12 horas
VO.
ANTIPSICÓTICOS FENOTIAZINAS (AÇÃO PREDOMINANTEMENTE SEDATIVA):
Clorpromazina - 25 e 100 mg / gotas (1 gota = 1 mg) - até 100 mg/dia VO.
Levomepromazina - 25 e 100 mg, gotas (1 gota = 1 mg) - até 100 mg/dia VO.
ANTIPSICÓTICOS BUTIROFENONAS (AÇÃO PREDOMINANTEMENTE
ANTIPSICÓTICA):
Haloperidol - 5 mg VO ou IM - até 45mg/dia
Droga Medicação utilizada
CANNABIS Fenotiazinas em baixas doses como
ansiolíticos
COCAÍNA E CRACK Fenotiazinas como ansiolíticos
Carbamazepina como anticonvulsivante
Haloperidol na contenção de quadros mais
intensos ou quando houver presença de
atividade delirante/alucinatória.
LSD, OPIÓIDES E CHÁS Fenotiazinas como ansiolíticos
Haloperidol como contenção ou quando
houver atividade delirante/alucinatória
Naloxona (não padronizado) – antídoto à
intoxicação por heroína, de utilização
hospitalar
DERIVADOS DO BENZENO: TINNER
E OUTROS SOLVENTES
Carbamazepina como anticonvulsivante
Haloperidol na presença de agitação ou
atividade delirante/alucinatória
Observação referente ao uso da carbamazepina na gestação: A exposição à
carbamazepina durante o primeiro trimestre da gravidez está associada a um risco 2 vezes
maior para malformações, principalmente spina bifida, com risco estimado de 0,5 a 1,0%,
sendo que, na população geral, a incidência é de 0,3%.
A carbamazepina e o acido valproico podem acusar a chamada facies
anticonvulsivante, antigamente relacionada apenas com a fenitoína. Caracterizada por
hipoplasia de região média da face com nariz curto, narinas evertidas e lábio superior longo.
A carbamazepina, usada no terceiro trimestre, também pode causar uma deficiência
reversível e transitória de fatores de coagulação dependentes de vitamina K, com risco de
hemorragia cerebral no neonato, devendo utilizar-se vitamina K no neonato, caso haja doença
hemorrágica do recém-nascido.
METODOS CONTRACEPTIVOS
Sugeridos em casos de gestação não planejada e gestação planejada.
4.h - Protocolo obstétrico de atendimento a gestante ou puerpera com abuso de
substâncias (HOSPITAL REGIONAL DE ITANHAÉM)
Gestante que procura o hospital mas não esta em trabalho de parto ou em data provável
de parto
- no caso de abuso de substâncias e no caso de transtorno mental, deverá ser encaminhada
para o Programa Cuidar (agendamento por telefone e com plantonista do programa passando
as informações do caso e contato para o caso de necessidade de busca ativa), para uma
primeira avaliação e inserção em um tratamento adequado, conforme a indicação (uso de
substâncias ou transtorno mental)
- acionar o Cras de referência em caso de vulnerabilidade social
- agendar consulta com dra. Thais no cescrim: a gestante irá acompanhar todo atendimento
pré-natal com Dra. Thais no cescrim até o término da gestação, a paciente usuária de droga
tem risco maior de trabalho de parto prematuro, por isso os casos serão individualmente
avaliados e encaminhados para realização de celestone soluspan na maternidade quando
necessário. A via de parto é de escolha obstétrica pelo plantonista da maternidade.
Gestante ou Puérpera com abuso de substâncias
- avaliação pela equipe técnica do HRI
- acionar familiares
- aciona a equipe do CAPSad para avaliação
- acionar o conselho tutelar e o judiciário quando necessário
- passagem da responsabilidade pela criança quando necessário ou abrigamento
Gestante ou Puérpera com Transtorno Mental
- avaliação pela equipe técnica do HRI
- acionar familiares
- aciona a equipe do CAPSII para avaliação
- acionar o conselho tutelar e o judiciário quando necessário
- passagem da responsabilidade pela criança quando necessário ou abrigamento