Pontes Integrais

258
8/17/2019 Pontes Integrais http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 1/258 i MAURICIO FERNANDO PINHO PONTES INTEGRAIS ASPECTOS DE PROJETO E CONSTRUÇÃO Dissertação submetida ao Programa de Pós- Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal de Pernambuco, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Mestre em Engenharia Civil Área de Concentração: Estruturas Orientador: Prof. Dr. Ézio da Rocha Araújo Recife, PE - Brasil 2011

Transcript of Pontes Integrais

Page 1: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 1/258

i

MAURICIO FERNANDO PINHO

PONTES INTEGRAISASPECTOS DE PROJETO E CONSTRUÇÃO

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil daUniversidade Federal de Pernambuco, comoparte dos requisitos para obtenção do Título deMestre em Engenharia Civil

Área de Concentração: Estruturas

Orientador: Prof. Dr. Ézio da Rocha Araújo

Recife, PE - Brasil

2011

Page 2: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 2/258

ii

P654p  Pinho, Mauricio Fernando.Pontes integrais: aspectos de projeto e construção / Mauricio Fernando

Pinho. – Recife: O Autor, 2011.xxiii, 235 folhas, il., gráfs., tabs.

Orientador: Prof. Dr. Ézio da Rocha Araújo.Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. CTG.

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, 2011.Inclui Referências Bibliográficas.

1. Engenharia civil. 2. Pontes. 3. Pontes integrais. 4. Encontros. 5.Temperatura. 6. Fluência. 7. Retração. I. Araújo, Ézio da Rocha(Orientador). II. Título.

UFPE

624 CDD (22. ed.)  BCTG/2011-208 

Catalogação na fonteBibliotecária Margareth Malta, CRB-4 / 1198

Page 3: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 3/258

iii

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL 

A comissão examinadora da Defesa de Dissertação de Mestrado

PONTES INTEGRAIS – ASPECTOS DE PROJETO E CONSTRUÇÃO 

defendida por

Maurício Fernando Pinho

Considera o candidato APROVADO

Recife, 02 de setembro de 2011

___________________________________________Prof. Ézio da Rocha Araújo, D.Sc. – UFPE

(orientador)

___________________________________________

Prof. Benjamin Ernani Diaz, Dr. Ing. – UFRJ

(examinador externo)

___________________________________________

Prof. Romilde Almeida de Oliveira, D.Sc. – UFPE

(examinador interno)

___________________________________________

Prof. Paulo de Araújo Régis, D.Sc. – UFPE

(examinador interno)

Page 4: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 4/258

iv

AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Ézio da Rocha Araújo pela amizade, pelo grande apoio durante todo o curso de pós-graduação e pela ajuda na escolha do tema desta dissertação.

Ao Prof. Paulo de Araújo Régis pelo apoio durante o curso e pelas sugestões na elaboração destadissertação.

Ao Prof. B. Ernani Diaz, de quem fui aluno no curso de graduação na UFRJ, pelos valiososconhecimentos transmitidos e pela participação na banca examinadora.

Ao Prof. Joaquim Correia pela recomendação no processo de admissão ao Mestrado.Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da UFPE, José Inácio de SouzaLeão Ávila, Pablo Aníbal Lopez Yánez e Romilde de Almeida Oliveira pelos valiosos conhecimentostransmitidos.

À secretária da pós-graduação Andréa Negromonte pelo auxílio prestado.

Ao técnico Anderson Fernandes pela elaboração das figuras no CAD.

À minha esposa Jacqueline pela imensa compreensão e pelo apoio durante todo o curso.

Page 5: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 5/258

v

RESUMO

PINHO, M.F. (2011). Pontes Integrais – Aspectos de Projeto e Construção.  Recife, 2011. 258p.Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. 

As pontes são estruturas em que os efeitos referentes à variação de temperatura, retração e fluênciapossuem fundamental importância. Nas pontes em vigas as movimentações horizontais dassuperestruturas são usualmente acomodadas com a utilização de juntas estruturais e aparelhos deapoio. O elevado custo de manutenção das juntas e da recuperação dos danos estruturais relacionadosa elas é o principal fator que tem levado diversos países a adotar a construção de pontes sem juntas.

As pontes construídas sem juntas ao longo de todo o tabuleiro e na ligação deste com os encontros têmrecebido na literatura técnica internacional a denominação de pontes integrais ou pontes de encontrosintegrais. Além da economia na manutenção estas obras apresentam outras vantagens como maiorsegurança estrutural, maior durabilidade, menor custo de construção, superfície de rolamento maisregular e estética mais apurada.

Por outro lado as pontes integrais exigem mais cuidados nas fases de concepção e análise estrutural.Os encontros precisam acomodar as movimentações do tabuleiro e estão sujeitos a uma complexainteração solo-estrutura. As movimentações devidas às variações de temperatura cíclicas sazonais ediárias e as deformações diferidas podem levar a um acréscimo das pressões exercidas pelo solo sobrea estrutura. Este trabalho tem como objetivo apresentar o conceito das pontes de encontros integrais eos principais aspectos a serem levados em conta no seu projeto e construção.

 Palavras-Chave: pontes; pontes integrais, encontros; temperatura; fluência; retração.

Page 6: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 6/258

vi

ABSTRACT

PINHO, M.F. (2011). Integral Bridges – Design and Construction Aspects. Recife, 2011. 258p. M.Sc.Thesis – Universidade Federal de Pernambuco. 

Effects related to temperature changes, shrinkage and creep have a fundamental importance in bridgestructures. Horizontal movements of the superstructure are usually accommodated with the use ofmovement joints and bearings. The high costs associated with maintenance of joints and rehabilitationof structural damage related to them is the main factor that has led several countries to prioritizebridges without movement joints.

Bridges constructed without any movement joints between spans or between spans and abutments arenamed in the international technical literature, integral bridges or integral abutment bridges. Besidesthe economy in maintaining these bridges there are other advantages such as higher structural safety,greater durability, lower cost of construction, a continuous road surface and better aesthetics.

However integral bridges require better design and structural analysis. They need to accommodate thedeck movement and are subject to a complex soil-structure interaction. The movement due to cyclicalchanges in seasonal and daily temperature and the time dependent effects can lead to an increase ofsoil pressure over the structure. This research aims to present the concept of the bridge is integratedand the main aspects to be taken into account in its design and construction.

 Keywords: Bridges; integral bridges; abutments; temperature; creep; shrinkage.

Page 7: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 7/258

vii

SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS x

LISTA DE FIGURAS xii

LISTA DE ABREVIATURAS xxxiii

1  INTRODUÇÃO................................................................................................................1

1.1 Considerações iniciais...............................................................................................................1

1.2 Conceito de ponte integral........................................................................................................21.3 Objetivos...................................................................................................................................31.4 Estrutura do trabalho.................................................................................................................3

2  ACOMODAÇÃO DOS MOVIMENTOS DAS PONTES............................................5

2.1 Origem dos movimentos............................................................................................................52.2 Aparelhos de apoio....................................................................................................................7

2.2.1 Articulações de concreto...................................................................................................72.2.2 Aparelhos de apoio de aço................................................................................................92.2.3 Aparelhos de apoio de elastômero..................................................................................102.2.4 Aparelhos de apoio com Teflon......................................................................................122.2.5 Aparelhos de apoio tipo “pot bearing”...........................................................................14

2.3 Juntas.......................................................................................................................................152.3.1 Juntas abertas..................................................................................................................152.3.2 Juntas ocultas sob o pavimento......................................................................................152.3.3 Juntas de asfalto modificado...........................................................................................162.3.4 Juntas de perfil de elastômero comprimido....................................................................162.3.5 Juntas de chapas deslizantes...........................................................................................172.3.6 Juntas de pentes metálicos em balanço...........................................................................172.3.7 Juntas de elastômero e chapas de aço.............................................................................18

2.3.8 Juntas modulares expansíveis.........................................................................................192.3.9 Juntas em placas metálicas com roletes..........................................................................20

3  PONTES INTEGRAIS..................................................................................................22

3.1 Definição e terminologia.........................................................................................................223.2 Histórico..................................................................................................................................253.3 Vantagens do uso de pontes integrais......................................................................................273.4 Limitações ao uso de pontes integrais.....................................................................................313.5 Experiências em outros países.................................................................................................35

3.5.1 Estados Unidos da América............................................................................................353.5.2 Canadá............................................................................................................................423.5.3 Reino Unido....................................................................................................................44

Page 8: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 8/258

viii

3.5.4 Suécia..............................................................................................................................463.5.4 Austrália..........................................................................................................................473.5.6 Espanha...........................................................................................................................48

3.5.7 Outros países...................................................................................................................51

4  EFEITOS DE TEMPERATURA NAS PONTES.......................................................53

4.1 Solicitações das pontes............................................................................................................534.2 Mecanismos de troca de calor em tabuleiros de pontes...........................................................534.3 Propriedades térmicas do concreto..........................................................................................55

4.3.1 Pontes de concreto..........................................................................................................554.3.2 Pontes de aço..................................................................................................................56

4.4 Distribuição da temperatura nos tabuleiros.............................................................................56

4.5 Estimativa das temperaturas efetivas.......................................................................................574.5.1 Método de Emerson........................................................................................................584.5.2 Método de Kuppa...........................................................................................................584.5.3 Estudos do NCHRP........................................................................................................59

4.6 Efeitos das variações de temperatura nos tabuleiros...............................................................614.7 Ações térmicas segundo os códigos de projeto.......................................................................63

4.7.1 Ações térmicas segundo o Eurocode 1...........................................................................634.7.2 Ações térmicas segundo as especificações da AASHTO...............................................694.7.3 Ações térmicas segundo as normas brasileiras...............................................................73

RETRAÇÃO E FLUÊNCIA.........................................................................................775.1 Deformações no Concreto.......................................................................................................775.2 Retração no concreto...............................................................................................................79

5.2.1 Retração plástica.............................................................................................................795.2.2 Retração autógena...........................................................................................................795.2.3 Retração por secagem.....................................................................................................795.2.4 Retração por carbonatação..............................................................................................82

5.3 Fluência do concreto................................................................................................................825.3.1 Causas da fluência..........................................................................................................835.3.2 Fatores que influenciam na fluência...............................................................................83

5.4 Efeitos da fluência e retração nas pontes integrais..................................................................875.4.1 Efeitos da retração..........................................................................................................885.4.2 Efeitos da fluência..........................................................................................................90

5.5 Modelos para previsão de fluência e retração.........................................................................935.5.1 Modelo ACI 209R-92.....................................................................................................935.5.2 Modelo EC2....................................................................................................................985.5.3 Modelo da AASHTO....................................................................................................1025.5.4 Modelo B3....................................................................................................................1045.5.5 Modelo GL2000...........................................................................................................1075.5.6 Modelo NBR6118/2004...............................................................................................109

5.6 Considerações sobre o módulo de elasticidade do concreto e as normas de projeto............115

Page 9: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 9/258

ix

6  CONTINUIDADE ESTRUTURAL NAS SUPERESTRUTURASDE PONTES CONSTRUÍDAS COM VIGAS PRÉ-MOLDADAS.......................117

6.1 Superestruturas com vigas pré-moldadas de concreto protendido........................................1176.1.1 Considerações iniciais..................................................................................................1176.1.2 Processo construtivo das pontes em vigas pré-moldadas.............................................1196.1.3 Superestruturas de vãos isolados..................................................................................1206.1.4 Superestruturas de vãos isolados com lajes de continuidade........................................1206.1.5 Superestruturas com continuidade nas vigas................................................................121

6.2 Superestruturas com vigas de aço e laje de concreto.............................................................1336.2.1 Considerações iniciais..................................................................................................1336.2.2 Processo construtivo das pontes em vigas mistas.........................................................1356.2.3 Influência da seqüência construtiva no funcionamento das vigas mistas.....................139

6.2.4 Superestruturas de vãos isolados..................................................................................1406.2.5 Superestruturas de vãos isolados com lajes de continuidade........................................1406.2.6 Superestruturas com continuidade nas vigas................................................................141

7  CARACTERÍSTICAS DOS ENCONTROS INTEGRAISE SEMI-INTEGRAIS.................................................................................................153

7.1 Encontros das pontes.............................................................................................................1537.2 Características dos encontros integrais e semi-integrais.......................................................156

7.2.1 Fundações.....................................................................................................................156

7.2.2 Alas...............................................................................................................................1697.2.3 Lajes de Transição........................................................................................................1717.2.4 Aterros..........................................................................................................................177

8  ANÁLISE ESTRUTURAL E INTERAÇÃO SOLO-ESTRUTURAEM PONTES INTEGRAIS.......................................................................................180

8.1 Considerações iniciais...........................................................................................................1808.2 Análise global de pontes integrais.........................................................................................1838.3 Modelagem das estacas para ações horizontais.....................................................................188

8.3.1 Tipos de modelos……………………………………………………………..………1888.3.2 Modelo de Winkler…………………………………………………………………...1908.3.3 Curvas p-y.....................................................................................................................1978.3.4 Método racional para análise de estacas de encontros integrais...................................212

8.4 Caracterização dos empuxos laterais de terra nos encontros.................................................2178.4.1 Empuxo passivo............................................................................................................2178.4.2 Empuxos laterais de terra segundo normas de projeto.................................................220

9  CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS.....................2259.1 Conclusões......................................................................................................................225

9.2 Sugestões para trabalhos futuros.....................................................................................227

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................228

Page 10: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 10/258

x

LISTA DE TABELAS

Capítulo 3

Tabela 3.1 Número aproximado de pontes de encontros integrais e/ou sem juntas projetadas econstruídas desde 1995 e total em serviço nos Estados Unidos (MURARI; PETRO2005).

26

Tabela 3.2 Comprimentos e esconsidades máximos para pontes integrais em concretoadotados pelos Departamentos de Transporte nos EUA (PCI, 2001).

34

Capítulo 4

Tabela 4.1 Coeficientes de dilatação térmica do concreto. 56

Tabela 4.2 Variação máxima diária de temperatura para pontes de concreto segundo o métodoEmerson (ROEDER, 2002)

58

Tabela 4.3 Tipos de tabuleiros para efeito de temperatura segundo o EC1 64Tabela 4.4 Valores recomendados para variação linear de temperatura ao longo da altura de

diferentes tipos de tabuleiros de pontes segundo o EC1 (CEN 2003)66

Tabela 4.5 Valores recomendados para o fator de correção Ksur para diferentes espessuras derevestimento segundo o EC1 (CEN 2003).

66

Tabela 4.6 Temperaturas uniformes mínimas (TMinDesign) e máximas (TMaxDesign) deacordo com o Procedimento A da AASHTO

69

Tabela 4.7 Valores para os gradientes de temperatura em função das zonas de radiação nos

EUA (AASHTO 2007)

73

Tabela 4.8 Valores das ordenadas do diagrama de distribuição de temperatura em função daaltura da peça segundo a NBR 7187:1987

75

Tabela 4.9 Registros de temperaturas máximas e mínimas em algumas capitais brasileiras(IBGE).

76

Capítulo 5

Tabela 5.1 Coeficientes de correção para o período de cura inicial úmida (ACI 209R-92) 94Tabela 5.2 Fatores de correção da fluência em função da espessura média (ACI 209R-92) 96

Tabela 5.3 Constantes a e b (ACI 209R-92) 97Tabela 5.4 Coeficiente k h para cálculo da fluência (EUROCODE 2) 99Tabela 5.5 Coeficientes αds1 e αds2 para cálculo da fluência (EUROCODE 2) 99Tabela 5.6 Coeficiente k h (Modelo B3) 105Tabela 5.7 Coeficiente α1 (Modelo B3) 105Tabela 5.8 Coeficiente α2 (Modelo B3) 105Tabela 5.9 Coeficiente k s (Modelo B3) 105Tabela 5.10 Constantes a e b (GL 2000) 108Tabela 5.11 Coeficientes φ1c  (fluência) ε1s  (retração) e γ  (espessura fictícia) que dependem da

umidade do ambiente e da consistência do concreto (NBR6118 – ABNT, 2004)110

Tabela 5.12 Coeficiente α para cálculo da idade fictícia (NBR6118 – ABNT, 2004) 113Tabela 5.13 Parâmetros utilizados nos modelos de retração 114Tabela 5.14 Parâmetros utilizados nos modelos de fluência 114

Page 11: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 11/258

xi

Capítulo 6

Tabela 6.1 Roteiro para a verificação da compressão no concreto da transversina de ligação(Hechler; Sommavilla, 2009).

147

Tabela 6.2 Roteiro para a verificação da chapa de distribuição de tensões na extremidade daviga (Hechler; Sommavilla, 2009)

148

Capítulo 7

Tabela 7.1 Motivos pelos quais os departamentos de transporte dos EUA não utilizam estacasde concreto protendido em encontros integrais (ABENDROTH et al, 2007).

157

Tabela 7.2 Critérios para projetos de pontes de encontros integrais em países europeus(WHITE, 2007).

160

Tabela 7.3 Critérios para projetos de pontes com encontros semi-integrais em países europeus(WHITE, 2007)

160

Tabela 7.4 Número de agências de transportes em relação ao tipo de ala permitido para umtotal de 32 pesquisadas nos EUA e Canadá (WHITE, 2008)

170

Capítulo 8

Tabela 8.1 Taxas de crescimento do coeficiente de reação horizontal para areias ηh (  B znk  hh  / ⋅= ) segundoTerzaghi, adaptado de Poulos e Davis (1980)..

192

Tabela 8.2 Taxas de crescimento do coeficiente de reação horizontal para argilas normalmenteadensadas ηh (  B znk  hh  / ⋅= ), adaptado de Poulos e Davis (1980)

192

Tabela 8.3 Procedimento para construção de curvas p-y para argilas moles submersas segundoMatlock (1970), adaptado de Juirnarongrit e Ashford (2005)

199

Tabela 8.4 Procedimento para construção de curvas  p-y para argilas rijas submersas segundoReese et al. (1975), adaptado de Juirnarongrit e Ashford (2005).

201

Tabela 8.5 Procedimento para construção de curvas  p-y  para argilas rígidas acima do níveld’água segundo Welch e Reese (1972), adaptado de Juirnarongrit e Ashford (2005)

203

Tabela 8.6 Procedimento para construção de curvas p-y para areias (acima ou abaixo do níveld’água) segundo REESE et al. (1974), adaptado de Juirnarongrit e Ashford (2005)

207

Tabela 8.7 Procedimento para construção de curvas  p-y  para areias segundo o API (2000),adaptado de Juirnarongrit e Ashford (2005).

209

Tabela 8.8 Procedimento para construção de curvas p-y para solos com coesão e atrito segundoReese e Van Impe (2001), adaptado de Juirnarongrit e Ashford (2005).

210

Tabela 8.9 Magnitude da rotação da parede para alcançar pressões ativas e passivas(CANADIAN GEOTHECNICAL SOCIETY, 2006)

220

Page 12: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 12/258

xii

LISTA DE FIGURAS

Capítulo 1

Figura 1.1 Ponte em viga contínua 1Figura 1.2 Tipos de pontes com juntas: (a) ponte com vigas bi-apoiadas; (b) ponte em vigas

com articulações Gerber; (c) ponte em viga contínua com articulações nos osapoios; (d) ponte em viga contínua com ligação monolítica nos pilares earticulações nos encontros (adaptado de Dreier, 2010)

2

Capítulo 2

Figura 2.1 Efeito da expansão térmica do tabuleiro 5

Figura 2.2 Efeito das forças horizontais de frenagem no tabuleiro 5Figura 2.3 Britannia Bridge (País de Gales), concluída em 1846 (ICE) 6Figura 2.4 Forth Bridge em Edimburgo (Escócia), concluída em 1890 (Cartão postal, 1910) 6Figura 2.5 Articulação de contato 7Figura 2.6 Articulações Mesnager 8Figura 2.7 Articulação de concreto tipo Freyssinet. 9Figura 2.8 Pêndulos com articulações de concreto 9Figura 2.9 Tipologias de aparelhos de apoio metálicos. (adaptado de LEE, 1994) 10Figura 2.10 Comportamento à deformação de placas de elastômero para deslocamento

horizontal e rotação. (adaptado de LEONHARDT, 1979)11

Figura 2.11 Comportamento à deformação de placas de elastômero simples e com fretagem complacas de aço para cargas verticais. (adaptado de LEONHARDT, 1979)

11

Figura 2.12 Detalhe típico de um aparelho de apoio de elastômero fretado (em corte)... 11Figura 2.13 Aparelho de apoio de elastômero fretado fixado com chumbadores 12

Figura 2.14 Aparelhos de apoio de com Teflon: a) metálico para translação; b) com neoprenefretado para rotação e translação. (adaptado de BRAGA, 1986)

12

Figura 2.15 Aparelhos de apoio côncavos de aço com Teflon: esquema dos componentes,aparelho multidirecional e aparelho unidirecional (PROFIP INDUSTRIAL LTDA.)

13

Figura 2.16 Esquema de funcionamento de um aparelho de apoio tipo “pot bearing” 14Figura 2.17 Aparelho de apoio tipo “pot bearing” totalmente em aço inoxidável 14

Figura 2.18 Juntas abertas 15Figura 2.19 Junta oculta sob o pavimento 16Figura 2.20 Junta de asfalto modificado. 16Figura 2.21 Juntas de perfis de elastômero comprimidos 17Figura 2.22 Junta em chapas deslizantes 17Figura 2.23 Esquema de junta aberta com chapas com dentes em balanço 18Figura 2.24 Juntas abertas com chapas com dentes em balanço para grandes movimentações 18Figura 2.25 Junta de elastômero e chapas de aço (LIMA; BRITO, 2009) 19Figura 2.26 Junta de elastômero e chapas de aço (Alga) 19Figura 2.27 Junta modular expansível com viga (www.mangeba.com.ch) 20

Figura 2.28 Junta modular expansível com pantógrafo (LEONHARDT, 1979) 20Figura 2.29 Dispositivo de transição com placas deslizantes (LEONHARDT, 1979) 21Figura 2.30 Dispositivo de transição com placas deslizantes (LIMA; BRITO, 2009) 21

Page 13: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 13/258

xiii

Capítulo 3

Figura 3.1 Ponte romana sobre o Rio Tejo em Alcântara (Espanha) concluída no ano 106 com

194 metros de extensão e 71 metros de altura

22

Figura 3.2 Ponte integral em pórtico 22Figura 3.3 Ponte integral em viga reta contínua 23Figura 3.4 Ponte de encontros integrais 23Figura 3.5 Encontros integrais: a) fundação em estacas; b) fundação direta 23Figura 3.6 Encontros semi-integrais: a) fundação em estacas; b) fundação direta 24Figura 3.7 Ponte em viga continua com balanços (PFEIL, 1979 24Figura 3.8 Evolução do número de estados norte americanos que utilizam encontros integrais

(PARASCHOS; AMDE, 2011)25

Figura 3.9 Encontros integrais usados atualmente pelo Departamento de Transportes do Estado

de Nova York: (a) vigas mistas; (b) vigas pré-moldadas protendidas (YANNOTTI;ALAMPALLI, 2006)

26

Figura 3.10 Construção de pontes no Reino Unido de acordo com o tipo (ILES, 2006) 27Figura 3.11 Juntas do Viaduto do Forte das Cinco Pontas - Recife (foto do autor) 28Figura 3.12 Junta expansível de neoprene deteriorada (foto do autor) 28Figura 3.13 Junta mostrada na Figura 3.12 fechada com asfalto alguma semana depois (foto do

autor)28

Figura 3.14 Junta danificada na Ponte JK em Brasília (foto SINAENCO)  29

Figura 3.15 Junta em dente gerber com armação oxidada (foto do autor) 29Figura 3.16 Substituição de juntas no Viaduto João de Barros – Recife (foto do autor) 30

Figura 3.17 Aparelho de apoio metálico (rolete de aço) no encontro da Ponte Motocolombó emRecife (foto do autor) 30

Figura 3.18 Aparelho de apoio de neoprene fretado no encontro do Viaduto do Forte das CincoPontas – Recife (foto do autor)

31

Figura 3.19 Efeito da variação térmica em ponte integral curva 32Figura 3.20 Efeito da variação térmica em ponte integral esconsa. 32Figura 3.21 Limitações para aplicação das pontes integrais segundo o Ohio DOT (BURKE,

2009)33

Figura 3.22 Esconsidade admissível em função da extensão da ponte segundo o critério doMinnesota DOT (CONKEL, 2007)

33

Figura 3.23 Percentual de estados norte americanos com relação ao número de pontes integraisprojetadas por cada desde 1995 (MURARI; PETRO, 2004).

36

Figura 3.24 Percentual de estados norte americanos com relação às ações que são levadas emconsideração no projeto de encontros integrais (MURARI; PETRO, 2004).

36

Figura 3.25 Percentual de estados norte americanos com relação às pressões do solo adotadas noprojeto de encontros integrais (MURARI; PETRO, 2004)

37

Figura 3.26 Percentuais dos problemas relatados com encontros integrais (MURARI; PETRO,2004).

37

Figura 3.27 Happy Hollow Creek Bridge, Tennessee, EUA, 1996 (BURKE, 2009) 38Figura 3.28 Happy Hollow Creek Bridge – esquema longitudinal (PCI, 2001) 38Figura 3.29 Happy Hollow Creek Bridge – seção do encontro (PCI, 2001) 39

Figura 3.30 Happy Hollow Creek Bridge – elevação frontal do encontro (PCI, 2001) 39Figura 3.31 Southern Railway and Whitehorn Creek Bridge, Tennessee, EUA (WASSERMAN,

2007)40

Page 14: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 14/258

xiv

Figura 3.32 Big East River Bridge (TLUSTOCHOWICZ, 2005) 40Figura 3.33 Pond Creek Bridge, Route SR-210 , Tennessee (WASSERMAN, 2005) 41Figura 3.34 Brown Creek Bridge, Route SR-35 , Tennessee (WASSERMAN, 2005) 41

Figura 3.35 Palladium Drive over Hwy 417, Ontario (Ministry of Transportation of Ontario) 42Figura 3.36 Moose Creek Bridge, Ontario (www.constructioncanada.net) 43Figura 3.37 Prospect Avenue Bridge, Toronto, Ontario 43Figura 3.38 Encontro integral típico da Província de Alberta. 44Figura 3.39 Encontro semi-integral típico da Província de Alberta 44Figura 3.40 South Bog Viaduct, Bingsey, Reino Unido (COOKE, 2003) 45Figura 3.41 Ligação de viga metálica em encontro integral adotado no Reino Unido (ILES,

2006)45

Figura 3.42 Ponte Fjällån, Suécia, 2000 (HÄLMARK, 2006) 46Figura 3.43 Instrumentação da Ponte Haavistonjoki, Suécia, 2003 (KEROKOSKI, 2006) 46

Figura 3.44 Gillies Street Bridge, Austrália (CONNAL, 2003) 47Figura 3.45 Gillies Street Bridge – elevação geral, Austrália (CONNAL, 2003) 47Figura 3.46 Gillies Street Bridge – detalhe do encontro e laje de transição, Austrália (CONNAL,

2003)47

Figura 3.47 Ponte sobre o rio Urumea, 1998 – elevação (Fhecor Ingenieros Consultores). 48Figura 3.48 Ponte sobre o rio Urumea, 1998 - detalhe do encontro (Fhecor Ingenieros

Consultores)..48

Figura 3.49 Ponte sobre o rio Urumea, 1998 – seção (Fhecor Ingenieros Consultores).. 49Figura 3.50 Viaduto na Ronda Norte de Sevilha – elevação (Fhecor Ingenieros Consultores). 49Figura 3.51 Viaduto na Ronda Norte de Sevilha - seção (Fhecor Ingenieros Consultores) 50

Figura 3.52 Viaduto na Ronda Norte de Sevilha – elevação frontal do encontro (FhecorIngenieros) 50

Figura 3.53 Viaduto na Ronda Norte de Sevilha – elevação lateral do encontro (FhecorIngenieros)

50

Figura 3.54 Ponte integral com superestrutura mista, Harlaching, Alemanha - 2010 51Figura 3.55 Ponte semi- integral com extensão de 122 m, Alemanha 51Figura 3.56 Ponte S33 –Baulos Süd, Áustria – extensão 70 m. 52Figura 3.57 DooDong Bridge, Coréia do Sul, 2001 52Figura 3.58 Ponte Koitogawa, Tateyama Expressway, Japão – extensão 120 m.. 52

Capítulo 4

Figura 4.1 Variação da radiação solar: (a) ao longo do ano em função da latitude (HemisférioSul); (b) ao longo do dia (adaptado de IMBSEN et al., 1985).

54

Figura 4.2 Trocas de calor entre uma ponte e o ambiente (adaptado de IMBSEN et al.,1985). 55Figura 4.3 Definição das coordenadas para análise do transiente do fluxo de calor (adaptado de

PRIESTLEY, 1987)57

Figura 4.4 Comparação entre temperaturas medidas em uma ponte e temperaturas estimadaspelo método de Emerson mostrando os valores superestimados nos extremos(ROEDER, 2002)

60

Figura 4.5 Representação esquemática das componentes da variação de temperatura (CEN,

2003)

61

Figura 4.6 Efeitos da variação de temperatura em uma ponte bi-apoiada: a) variação uniformede temperatura; (b) variação diferencial de temperatura

62

Page 15: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 15/258

xv

Figura 4.7 Efeitos da variação de temperatura em uma ponte em viga contínua: a) variaçãouniforme de temperatura; (b) variação diferencial de temperatura

63

Figura 4.8 Efeitos da variação de temperatura uniforme e diferencial em uma ponte em

integral.

63

Figura 4.9 Correlação entre as temperaturas mínima e máxima do ar à sombra (T min /T max) e astemperaturas uniformes mínima e máxima (T e,min  /T e,max) da ponte segundo oEC1(CEN 2003)

64

Figura 4.10 Coeficientes de correção das temperaturas uniformes para isotermas comprobabilidade anual de serem excedidas superior a 2% segundo o EC1(CEN 2003).

65

Figura 4.11 Valores recomendados pelo EC1 para as variações de temperatura ao longo daaltura de tabuleiros em aço – Tipo 1 (CEN 2003).

67

Figura 4.12 Valores recomendados pelo EC1 para as variações de temperatura ao longo daaltura de tabuleiros mistos - laje de concreto e vigas de aço – Tipo 2 (CEN 2003)..

67

Figura 4.13 Valores recomendados pelo EC1 para as variações de temperatura ao longo daaltura de tabuleiros em concreto – Tipo 3 (CEN 2003)

68

Figura 4.14 Mapa de isotermas com as temperaturas efetivas máximas (º C) para projeto depontes com vigas e lajes de concreto (AASHTO 2007)

70

Figura 4.15 Mapa de isotermas com as temperaturas efetivas mínimas (º C) para projeto depontes com vigas e lajes de concreto (AASHTO 2007) 

70

Figura 4.16 Mapa de isotermas com as temperaturas efetivas máximas (º C) para projeto depontes com vigas de aço e lajes de concreto (AASHTO 2007)

71

Figura 4.17 Mapa de isotermas com as temperaturas efetivas mínimas (º C) para projeto depontes com vigas de aço e lajes de concreto (AASHTO 2007)

71

Figura 4.18 Diagrama da variação diferencial vertical de temperatura para pontes de concreto eponte de aço (AASHTO 2007)

72

Figura 4.19 Zonas de radiação solar dos EUA (AASHTO 2007) 73Figura 4.20 Diagrama da distribuição de temperatura ao longo da altura da seção (NBR

7187:1987)75

Capítulo 5

Figura 5.1 Componentes das deformações de um elemento de concreto submetido a umatensão constante (GILBERT, 2011).

78

Figura 5.2 Desenvolvimento da retração autógena e da retração por secagem ao longo dotempo para concretos de resistência normal (a) e concretos de alto desempenho (b)(SAKURA; SHIMOMURA, 2004 apud GRIBNIAK; KAKLAUSKAS;BACINSKAS, 2008)

80

Figura 5.3 Reversibilidade da retração por secagem (MINDESS; YOUNG, 1981 apudMEHTA; MONTEIRO, 2006)

80

Figura 5.4 Influência da relação água/cimento e do teor do agregado sobre a retração(ODMAN, 1968 apud NEVILLE, 1997)

81

Figura 5.5 Representação da retração em função do teor de cimento, do teor de água e darelação água/cimento (CARLSON e READING, 1988 apud NEVILLE, 1997)

81

Figura 5.6 Influência da umidade relativa do na retração por secagem (MEHTA; MONTEIRO,2006) 81

Page 16: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 16/258

xvi

Figura 5.7 Evolução da parcela da deformação instantânea em função do tempo (GILBERT,1988)

82

Figura 5.8 Reversibilidade da deformação elástica e da fluência (MINDESS; YOUNG, 1981

apud MEHTA; MONTEIRO, 2006)

83

Figura 5.9 Fluência sob tensão constante de longa duração. Relação água/cimento = 0,69,relação agregado/cimento = 5,05, temperatura 21º, umidade relativa 70%(TROXELL; DAVIS; KELLY, 1968)

85

Figura 5.10 Fluência de concreto curado durante 28 dias e depois carregado e conservado adiferentes umidades relativas (TROXELL; RAPHAEL; DAVIS; 1958 apudNEVILLE, 1997)

85

Figura 5.11 Variação do coeficiente de fluência em função da espessura fictícia e da umidaderelativa de acordo com as equações do CEB-FIP Model Code 1990 (MEHTA;MONTEIRO, 2006)

86

Figura 5.12 Composição das várias deformações ao longo do tempo em um concreto submetidoà secagem e tensão constante (ACI, 2005)

87

Figura 5.13 Processos construtivos de pontes em que há mudança no sistema estrutural: (a)ponte em vigas pré-moldadas com continuidade posterior (b) ponte em balançossucessivos

87

Figura 5.14 Seções transversais com diferentes comportamentos em relação à retração:(a) concreto moldado no local; (b) viga pré-moldada de concreto e laje moldada nolocal; (c) viga de aço e laje de concreto moldada no local (viga mista)

88

Figura 5.15 Deslocamentos devidos à retração diferencial em pontes construídas com vigas pré-moldadas e laje moldada no local com vãos bi-apoiados

89

Figura 5.16 Deslocamentos e momentos de restrição devidos à retração diferencial em pontesintegrais construídas com vigas pré-moldadas e laje moldada no local 89

Figura 5.17 Representação dos momentos fletores e reações de apoio devidos à retraçãodiferencial na laje em pontes integrais em vigas compostas com um, dois e trêsvãos.

89

Figura 5.18 Variação das deformações ao longo do tempo em função do efeito da fluência emvigas de concreto armado não fissuradas e totalmente fissuradas (adaptado deGILBERT; RANZI, 2011).

90

Figura 5.19 Deslocamentos devidos à fluência em pontes construídas com vigas pré-moldadasprotendidas e laje moldada no local com vãos bi-apoiados

90

Figura 5.20 Deslocamentos e momentos de restrição devidos à fluência em pontes integraisconstruídas com vigas pré-moldadas protendidas e laje moldada no local 91

Figura 5.21 Representação das reações de apoio e momentos fletores e devidos à fluência doconcreto em pontes integrais em vigas protendidas com um, dois e três vãos.

91

Figura 5.22 Evolução típica das deformações em uma viga pré-moldada protendida de ponte. 92Figura 5.23 Evolução dos momentos fletores em uma viga pré-moldada protendida de ponte

integral. Protensão: 3 dias; concretagem da laje: 61 dias; continuidade longitudinal:63 dias; carga móvel: 181 dias (AROCKIASAMY; SIVAKUMAR, 2005)

92

Figura 5.24 Variação do coeficiente β s (NBR6118 - ABNT, 2004) 110

Figura 5.25 Variação do coeficiente β  f  (NBR6118 - ABNT, 2004) 112

Figura 5.26 Relação entre tensão e deformação do concreto (NEVILLE, 1997) 115Figura 5.27 Curvas tensão-deformação da pasta de cimento, do agregado e do concreto

(NEVILLE, 1997116

Page 17: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 17/258

xvii

Capítulo 6

Figura 6.1 Primeira Ponte do Galeão – Rio de Janeiro 1948 (MONDORF, 2006) 117Figura 6.2 Vigas pré-moldadas emendadas no vão e nos apoios (CASTRODALE; WHITE,

2004)118

Figura 6.3 Vigas pré-moldadas com pré e pós-tensão a serem emendadas no vão(SAUNDERS, 2005).

118

Figura 6.4 Algumas seções usuais de vigas pré-moldadas de pontes rodoviárias 119Figura 6.5 Seções transversais mais usuais de pontes rodoviárias em vigas pré-moldadas

protendidas: (a) laje moldada no local interposta entre as vigas; (b) laje moldada nolocal sobre as vigas; (c) laje parcialmente pré-moldada

119

Figura 6.6 Vigas pré-moldadas com vãos isolados 120

Figura 6.7 Laje de continuidade ligando vãos isolados 121Figura 6.8 Ponte em vigas pré-moldadas com continuidade 121Figura 6.9 Kingsport Bridge, Tennessee, EUA: (a)seções; (b) esquema da conexão; (c) detalhe

de fissura na região da conexão - momento positivo; (d) vista geral, (BURDETTE etal., 2003)

122

Figura 6.10 Conexões de continuidade recomendados pela BA-57/01 123Figura 6.11 Momentos fletores devidos ao impedimento das rotações: (a) esquema estrutural;

(b) fluência; (c) retração diferencial (adaptado de PRITCHARD, 1992)124

Figura 6.12 Continuidade com armaduras passivas 125Figura 6.13 Ponte em vigas pré-moldadas com continuidade com armaduras passivas – 2007

(foto do autor)

125

Figura 6.14 Momentos fletores: (a) tabuleiro com vãos isolados; (b) tabuleiro com continuidade. 127Figura 6.15 Armação passiva de continuidade para momentos positivos nos apoios: (a)

armadura convencional; (b) pontas das cordoalhas (MILLER et al., 2004)128

Figura 6.16 Evolução dos momentos fletores devidos ao impedimento das rotações em funçãoda idade da protensão da viga quando estabelecida a continuidade (MILLER et al.,2004)

128

Figura 6.17 Exemplo de viga com continuidade com pós-tensão ao longo de toda a extensão daponte – Yverdon, Suiça (FIP 1990)

131

Figura 6.18 Continuidade com pós-tensão na região dos apoios 132

Figura 6.19 Faixa de variação para vãos econômicos para os diversos tipos de pontes. 133Figura 6.20 Perfil de aço laminado com altura de 1.100 mm indicado para o uso em pontes(HECHLER; SOMMAVILLA, 2009)

134

Figura 6.21 Seções transversais típicas de tabuleiros mistos de pontes rodoviárias utilizandovigas de aço em perfis “I”

135

Figura 6.22 Seção transversal de ponte rodoviária em viga mista em caixão celular. 135Figura 6.23 Montagem de viga de aço isolada com guindaste (HECHLER; SOMMAVILLA,

2009)136

Figura 6.24 Movimentação de estruturas pré-montadas com guindaste (HECHLER;SOMMAVILLA, 2009)

136

Figura 6.25 Montagem de vigas metálicas através de lançamento por deslizamento (RALLS,2005)

136

Page 18: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 18/258

xviii

Figura 6.26 Conectores de cisalhamento típicos utilizados em vigas mistas: (a) pinos comcabeça (stud bolts), (b) perfis U e (c) chapas com aros

137

Figura 6.27 Ponte mista com laje parcialmente pré-moldada (ECSC 2002) 137

Figura 6.28 Ponte mista com laje inteiramente pré-moldada (FHWA, 2009) 138Figura 6.29 Ponte mista construída sem transversinas (HECHLER; SOMMAVILLA, 2009) 138Figura 6.30 Processos construtivos utilizados na construção de vigas mistas: a) viga sem

escoramento, b) viga escorada, c) viga escorada e pré-tensionada139

Figura 6.31 Vigas mistas com vãos isolados 140Figura 6.32 Vigas mistas com laje de continuidade sobre o apoio 141Figura 6.33 Execução de ligação parafusada durante o processo de montagem de uma viga de

ponte mista (Virginia DOT)142

Figura 6.34 Escolha do local da emenda em uma viga de aço contínua em função dos momentosresistentes (positivo e negativo) da ligação (ECSC, 2002)

142

Figura 6.35 Esquema de uma viga contínua com dois vãos com a indicação da variação daespessura das chapas dos perfis soldados, medidas em mm (adaptado deCOLLINGS, 2005)

143

Figura 6.36 Pontes mistas contínuas com vigas de aço emendadas. 143Figura 6.37 Ponte em vigas mistas contínuas com mísulas nos apoios (HANSWILLE;

SEDLACEK, 2007)144

Figura 6.38 Sistemas de apoios provisórios para construção da transversina de concreto armado 144Figura 6.39 Esquema de conexão com transversina de concreto armado para momentos

negativos (adaptado de ECSC, 2002)145

Figura 6.40 Esquema de conexão com transversina de concreto armado para momentos

negativos e positivos (adaptado de ECSC, 2002)

146

Figura 6.41 Esquema do modelo de funcionamento de uma emenda com transversina deconcreto armado (adaptado de HECHLER; SOMMAVILLA, 2009)..

146

Figura 6.42 Soluções para solda da chapa de extremidade: solda de filete e solda de penetraçãototal (ECSC, 2002)

148

Figura 6.43 Detalhamento da armação de transversina de concreto armado (HECHLER;SOMMAVILLA, 2009)

149

Figura 6.44 Ponte em vigas mistas com continuidade através de transversina de concretoarmado: a) vista da obra concluída; b) detalhe da armação da transversina(HECHLER et al. 2008)

150

Figura 6.45 Extremidades de vigas de aço com dispositivos para ligação com transversinas deconcreto armado posicionadas sobre apoios provisórios (HECHLER eSOMMAVILLA, 2009)

150

Figura 6.46 Emenda de vigas mistas com através transversina de concreto armado e bloco decompressão em aço (FHWA, 2009)

151

Figura 6.47 Execução de transversina de continuidade em ponte mista nos Estados Unidos: (a)vigas de aço com bloco de compressão na região inferior e as formas lateraiscolocadas; (b) lançamento do concreto pelo espaço entre as vigas (FHWA, 2009)..

151

Figura 6.48 Vigas mistas com continuidade através transversina concreto armado e mesa decompressão inferior também em concreto armado (FHWA, 2009).

152

Figura 6.49 Vigas metálicas com continuidade através de pós-tensão (adaptado de FHWA,2009)

152

Page 19: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 19/258

xix

Capítulo 7

Figura 7.1 Tipos de encontros usuais em pontes 153Figura 7.2 Esquema típico de extremidade em balanço utilizada para substituir encontro 154Figura 7.3 Erosão em talude de ponte com extremidade em balanço e talude protegido com

sacos de solo-cimento - Ponte s/ o Rio Preto na Rodovia BR101/ES (DNIT 2004)154

Figura 7.4 Ponte com extremidade em balanço com aterro de acesso destruído por enchentePonte sobre o Rio Ingá na Rodovia PB-066 (foto do autor)

155

Figura 7.5 Encontro “leve” ou “econômico” 155Figura 7.6 (a) encontro convencional; (b) encontro integral 156Figura 7.7 Tipologias de encontros integrais adotados por alguns dos estados norte americanos

(adaptado de BURKE, 2009)158

Figura 7.8 Tipologias de encontros semi-integrais adotados por alguns dos estados norteamericanos (adaptado de BURKE, 2009) 159

Figura 7.9 Encontros integrais (a), (b), (c), (d) e (f) e semi-integrais (e) de acordo com aespecificação BA 42/96 do Reino Unido (HIGHWAYS AGENCY, 2003)

161

Figura 7.10 Seqüência construtiva adotada em encontros integrais com paredes diafragma ouestacas prancha (ILES, 1997)

162

Figura 7.11 Seção da parede de um encontro integral em estacas prancha com perfil “I” no ladoaterro (WAY E YANDZIO, 1997)

163

Figura 7.12 Encontros integrais indicados pela Prestressed Concrete Association além daquelesrecomendados pela BA 42/96 (NICHOLSON, 1998)

163

Figura 7.13 Fundações de encontro em estacas de aço dentro de tubos plásticos e contenção doaterro em solo reforçado - Reino Unido (Iles, 2010)

164

Figura 7.14 Fundações de encontro integral em estacas de concreto dentro de tubos de concreto- Reino Unido (ILES, 2010)

164

Figura 7.15 Fundações de encontro integral em estacas de aço envolvidas por tubos de aço econtenção do aterro em solo reforçado, Estado de New Jersey, EUA (KODHAIR EHASSIOTIS)

165

Figura 7.16 Fundação de encontro integral em estacas de aço envolvidas por tubos de aço,Estado de Iwoa, EUA (DUNKER E ABU-HAWASH, 2005)

165

Figura 7.17 Fundação de encontro integral em estacas mistas (concreto e aço), Estado de Iwoa,EUA (LIU et al., 2007)

166

Figura 7.18 Bloco de encontro integral do Estado de Minnesota – EUA (Mn DOT 2010) 167Figura 7.19 Detalhe da ligação de estaca de aço com bloco adotado na Espanha (LIZ, 200?) 167Figura 7.20 Detalhe da ligação de estaca de aço com bloco adotado no Reino Unido (ILES,

2010)168

Figura 7.21 Encontro integral com fundação direta (ILES, 2010) 168Figura 7.22 Encontro semi-integral com fundação direta (ILES, 2010) 169Figura 7.23 Tipologias básicas de alas: (a) paralela; (b) ortogonal; (c) inclinada (WHITE, 2008). 169Figura 7.24 Impedimento ao movimento do encontro integral devido ao uso de estacas sob as

alas (WHITE, 2008).170

Figura 7.25 Comportamento de um acesso de ponte sem laje de transição e com laje de transição

(adaptado de DIRECTION DES ROUTES, 1984).

171

Figura 7.26 Esquema mostrando as diversas causas que podem levar ao surgimento de defeitosna pista nas extremidades das pontes (PUPPALA et al., 2009)

172

Page 20: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 20/258

xx

Figura 7.27 Comportamento de um encontro integral (expansão e contração) sem laje detransição e com laje de transição (ARSOY et al , 1999)

173

Figura 7.28 Laje de transição pré-moldada em concreto protendido (McDONALD e MERRIT,

2007)

173

Figura 7.29 Tipologia de laje de transição para encontro integral usualmente adotada nosEstados Unidos (WASSEF et al., 2003)

174

Figura 7.30 Detalhe típico de encontro integral com fundação em estacas recomendado pelaCIRIA (SOUBRY, 2001)

174

Figura 7.31 Detalhe de encontro integral com fundação direta adotado pela CIRIA - ReinoUnido (SOUBRY, 2001)

175

Figura 7.32 Detalhe de laje de transição para encontro integral – Reino Unido (COOKE., 2003) 175Figura 7.33 Comprimentos mínimos das lajes de transição em encontros integrais em função da

altura e do grau de compactação do aterro (O’BRIEN e KEOGH, 1999)176

Figura 7.34 Esquema estrutural para o dimensionamento de lajes de transição recomendado pelaDIRECCIÓN NACIONAL DE CARRETERAS (2000) – Espanha.

176

Figura 7.35 Detalhamento da armação para laje de transição engastada no encontro adotado pelaDIRECCIÓN NACIONAL DE CARRETERAS (2000)

177

Figura 7.36 Detalhe típico de encontro integral do Illinois DOT com indicação do aterro semcompactação (OLSON, 2009)

178

Figura 7.37 Concepções utilizadas em aterros com geosintéticos para encontros integrais(HORVATH, 2005)

179

Figura 7.38 Curvas tensão-deformação do EPS Geofoam em função da densidade (Beyer) 179Figura 7.39 Execução do aterro em um encontro integral com utlização de geosintético EPS

Geofoam – EUA (www.harborfoaminc.com)

179

Capítulo 8

Figura 8.1 Percentual de estados norte americanos com relação às ações que são levadas emconsideração no projeto de encontros integrais (MURARI; PETRO, 2004)

181

Figura 8.2 Modelo estrutural em pórtico plano para análise global e de fundações de uma ponteintegral com quatro vãos (HAMBLY, 1991)

182

Figura 8.3 Modelo estrutural em pórtico plano para uma ponte integral de três vãos com asestacas simuladas por um comprimento de engaste equivalente (HUANG, 2004)

183

Figura 8.4 Modelo estrutural em pórtico plano para uma ponte integral de três vãos com o solosimulado através de molas (HUANG, 2004)

184

Figura 8.5 Modelo estrutural em pórtico espacial para uma ponte integral de três vãos com osolo simulado através de molas (HUANG, 2004)

184

Figura 8.6 Modelo estrutural em elementos finitos 3D no programa SOFISTIK para uma ponteintegral de três vãos com o solo simulado através de molas lineares(TLUSTOCHOWICZ, 2005)

185

Figura 8.7 Modelo estrutural em elementos finitos 3D no programa LUSAS para ponte integralde três vãos com o solo simulado através de molas lineares (www.lusas.com)

185

Figura 8.8 Resultado da análise da variação térmica para o modelo da Figura 8.6

(www.lusas.com).

186

Page 21: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 21/258

xxi

Figura 8.9 Modelo estrutural em elementos finitos 3D para uma ponte integral curva de um vãocom o solo simulado através de molas não lineares obtidas de curvas  p-y

(THANASATTAYAWIBUL, 2006)

186

Figura 8.10 Modelo estrutural em elementos finitos 3D para uma ponte integral de três vãoscom o solo simulado através de molas não lineares obtidas de curvas p-y (HUANG,2004)

187

Figura 8.11 Modelo em elementos finitos de uma ponte integral utilizado no programa FBMultipier com interação solo-estrutura através de curvas p-y 

187

Figura 8.12 Distribuição das tensões do solo sobre uma estaca antes e após o carregamento(adaptado de JUIRNARONGRIT; ASHFORD, 2005)

188

Figura 8.13 Modelos para análise da interação solo-estaca: (a) solo como meio contínuo; (b)solo simulado por molas (hipótese de Winkler)

189

Figura 8.14 Comportamento de uma estaca com carregamento transversal de acordo com a

hipótese do coeficiente de reação horizontal. (a) viga sobre o solo; (b) modelo deWinkler; (c) estaca com carregamento lateral no solo; (d) estaca modelada commolas de acordo com Winkler (adaptado de PRAKASH; SHARMA, 1990)

190

Figura 8.15 Variação do coeficiente de reação horizontal do solo: (a) solos coesivossobreadensados; (b) solos granulares e argilas e siltes normalmente adensados(PRAKASH; SHARMA, 1990)

191

Figura 8.16 Configuração dos resultados obtidos de uma solução completa para o caso de umaestaca longa livre no topo sujeita a esforço horizontal e momento fletor (REESE;IMPE, 2001)

193

Figura 8.17 Coeficientes para cálculo dos deslocamentos e momentos fletores para força

horizontal e momento fletor aplicados no topo de uma estaca com a extremidadelivre segundo o método de Matlock e Reese (PRAKASH; SHARMA, 1990)

196

Figura 8.18 Curvas p-y para cada camada do solo e a mobilização da resistência lateral emfunção do deslocamento sofrido pela estaca (VELLOSO; LOPES, 2010)

197

Figura 8.19 Configurações das curvas  p-y  para argilas moles submersas: (a) carregamentoestático (b) carregamento cíclico (c) pós-cíclico (REESE; IMPE, 2001)

200

Figura 8.20 Configurações das curvas  p-y  para argilas rijas submersas para carregamentoestático segundo Reese et al (1975), (REESE; IMPE, 2001)

202

Figura 8.21 Configurações das curvas p-y para argilas rijas submersas para carregamento cíclicosegundo Reese et al. (1975), (REESE; IMPE, 2001)

202

Figura 8.22 Configurações das curvas  p-y  para argilas rijas acima do nível d’água paracarregamento estático (REESE; IMPE, 2001) 204

Figura 8.23 Configurações das curvas  p-y  para argilas rijas acima do nível d’água paracarregamento cíclico (REESE; IMPE, 2001)

204

Figura 8.24 Modelo do comportamento do solo na superfície para determinação de pult  – ruturaem cunha (REESE; IMPE, 2001)

206

Figura 8.25 Modelo do comportamento do solo para maiores profundidades para determinaçãode pult  – rutura por escoamento lateral (REESE; IMPE, 2001)

206

Figura 8.26 Modelo do comportamento do solo para maiores profundidades para determinaçãode pult  – rutura por escoamento lateral (FLEMING et al, 2009)

206

Figura 8.27 Coeficientes usados para o desenvolvimento de curvas  p-y  para areias: (a)

coeficientes cs  A A e ; (b) coeficientes Bs e Bc (REESE; IMPE, 2001)

208

Page 22: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 22/258

xxii

Figura 8.28 Configurações das curvas  p-y  para areias para carregamentos estáticos e cíclicos(REESE; IMPE, 2001)

208

Figura 8.29 Coeficientes adimensionais C1,C2 e C3 e coeficiente de reação horizontal segundo

o API (2000) (adaptado de VELLOSO; LOPES, 2010)

209

Figura 8.30 Configurações das curvas  p-y  para solos com coesão e ângulo de atrito (REESE;IMPE, 2001)

211

Figura 8.31 Modelos estruturais para estacas de acordo com o “Método Racional”: (a) engastadano topo – encontro integral; (b) rotulada no topo – encontro semi-integral(ABENDROTH; GREIMANN, 1988)

213

Figura 8.32 Coeficiente de reação horizontal equivalente para situações com solo não uniforme:(a) solo real; (b) solo equivalente; (c) configuração das deformadas da estaca – reale equivalente (ABENDROTH; GREIMANN, 1988)

213

Figura 8.33 Fatores para a determinação do comprimento de engastamento: (a) estaca engastada

no topo; (b) estaca rotulada no topo (ABENDROTH; GREIMANN, 1988)

214

Figura 8.34 (a) Comprimento ln onde o atrito lateral para cargas axiais deve ser desprezado emfunção do deslocamento lateral da estaca; (b) Curvas para estimativa do valor de ln (ABENDROTH; GREIMANN, 1988)

216

Figura 8.35 Coeficientes de empuxo passivo (componente horizontal) segundo Caquot e Kerisel(1949) em função de φ  e δ  / φ ’, adaptado de O’BRIEN e KEOGH (1999)

218

Figura 8.36 Coeficientes de empuxo lateral de solos arenosos em função da rotação da estruturasegundo o NAVAL FACILITIES ENGINEERING COMMAND (1986)

218

Figura 8.37 Coeficientes de empuxo lateral de solos arenosos em função da rotação da estruturasegundo o NCHRP (BARKER et al.,1991)

219

Figura 8.38 Coeficientes de empuxo lateral de solos arenosos em função da rotação da estruturasegundo a CANADIAN GEOTHECNICAL SOCIETY (2006).....

219

Figura 8.39 Distribuição das pressões do aterro para encontros de pórticos segundo a BA 42/96(HIGHWAYS AGENCY, 2003)

221

Figura 8.40 Distribuição das pressões do aterro para encontros com paredes engastadas noterreno segundo a BA 42/96 (HIGHWAYS AGENCY, 2003)

221

Figura 8.41 Distribuição das pressões de terra para projeto de encontros em pórtico segundo aBRO 2002 (adaptado de FLENER, 2004)

222

Figura 8.42 Ponte semi-integral com cortina de extremidade segundo a norma sueca BRO 2002 223Figura 8.43 Distribuição simplificada da pressão passiva para encontros curtos com fundação

em estacas (BURKE, 2009)

224

Page 23: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 23/258

xxiii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AASHTO American Association of State Highway and Transportation OfficialsAPI American Petroleum InstituteABNT Associação Brasileira de Normas TécnicasACI American Concrete InstituteCEB Comité Euro-International du BétonCEN Comité Européen de NormalisationCIRIA Construction Industry Research and Information AssociationDNIT Departamento Nacional de Infraestrutura de TransportesDOT Department of TransportationDTp Department of Transport

EC1 Eurocode 1EC2 Eurocode 2ECSC European Coal and Steel CommunityFHWA Federal Highway AdministrationFIB Fédération Internationale du BétonFIP Fèdèration Internationale de la PrècontrainteIAJB Integral Abutment and Jointless BridgeICE Institution of Civil EngineersNCHRP National Cooperative Highway Research ProgramPCA Portland Cement Association (USA)PCA Prestressed Concrete Association (UK)PCI Precast/Prestressed Concrete InstituteRILEM International Union of Laboratories and Experts in Construction,

Systems and StructuresSCI Steel Construction InstituteTRL Transport Research LaboratoryTRRL Transport and Road Research Laboratory

Page 24: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 24/258

Capítulo 1 Introdução 1 

SUPERESTRUTURA

FUNDAÇÕES(INFRAESTRUTURA)

PILAR(MESOESTRUTURA)

ENCONTRO ENCONTROAPARELHO DEAPOIO

APARELHO DEAPOIO

JUNTAJUNTA

 

1  INTRODUÇÃO

1.1 

Considerações iniciais

O desenvolvimento da engenharia de pontes, e da engenharia estrutural em geral, ao longo dos anosfoi impulsionado pela evolução dos métodos de análise estrutural e pelo desenvolvimento dosmateriais de construção e meios tecnológicos envolvidos nos processos construtivos. Na análiseestrutural procura-se adotar um modelo simplificado que represente bem o comportamento daestrutura real. Ao mesmo tempo há uma tendência natural de se conceber as estruturas de forma quepossam ser representadas por modelos simplificados.

No caso da evolução das pontes, a introdução de articulações e juntas estruturais foi uma das formasutilizadas para aproximar a estrutura real do modelo teórico que poderia ser mais facilmente utilizadona análise estrutural. A separação das estruturas das pontes em partes (superestrutura, mesoestrutura e

infraestrutura) também tem como objetivo facilitar a sua análise (Figura 1.1).

Figura 1.1 – Ponte em viga contínua

Em função de suas grandes dimensões, as pontes são estruturas em que os efeitos devidos à retração,fluência e variação de temperatura possuem muita importância. Os deslocamentos horizontais dassuperestruturas podem ser de milímetros ou dezenas de centímetros, dependendo da extensão, dosmateriais da estrutura e das variações sazonais da temperatura ambiente no local onde a obra estáimplantada.

Nas pontes modernas em vigas, tradicionalmente estes deslocamentos são acomodados com autilização de juntas de movimentação e de aparelhos de apoio de forma a permitir os deslocamentos dasuperestrutura.

Para evitar a entrada de água e de detritos que comprometam o funcionamento das juntas eproporcionar uma superfície de rolamento mais uniforme é usual a colocação de dispositivos detransição na face superior da superestrutura. Em caso de mal funcionamento destes dispositivos ocorreentrada de água e detritos nas aberturas das juntas, comprometendo a sua função estrutural e tornando-as um dos principais pontos de deterioração da superestrutura e infraestrutura das pontes.

Nos países de clima frio os problemas relacionados às juntas de movimentação são mais graves porque

a variação sazonal de temperatura é maior e o uso de sal para descongelamento dos pavimentos noinverno torna a água dos pavimentos mais agressiva. O elevado custo de manutenção das juntas e darecuperação dos danos estruturais relacionados a elas é o principal fator que tem levado diversos

Page 25: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 25/258

Capítulo 1 Introdução 2 

VIGA SIMPLES JUNTA DE DILATAÇÃOENTRE VIGAS

ARTICULAÇÃO GERBER

APOIO MÓVEL APOIO MÓVELAPOIO FIXO OU MÓVEL

APOIO MÓVEL APOIO MÓVELARTICULAÇÃOMONOLÍTICA

(a)

(b)

(c)

(d)

países, principalmente na América do Norte e na Europa, a preferir o uso de pontes em viga sem juntasna superestrutura.

Figura 1.2 – Tipos de pontes com juntas: (a) ponte com vigas bi-apoiadas; (b) ponte em vigas com articulaçõesGerber; (c) ponte em viga contínua com articulações nos os apoios; (d) ponte em viga contínua com ligação

monolítica nos pilares e articulações nos encontros (adaptado de DREIER, 2010)

1.2  Conceito de ponte integral

As pontes construídas sem juntas ao longo de toda a superestrutura e na ligação desta com osencontros têm recebido na literatura técnica internacional a denominação de pontes integrais ou pontesde encontros integrais. Além da economia na manutenção estas obras apresentam ainda outras

vantagens tais como: maior redundância, maior durabilidade, menor custo de construção, superfície derolamento mais regular e melhor estética. O conceito de ponte integral também vem sendo utilizadopara a reabilitação de pontes antigas.

Por outro lado, as pontes integrais exigem mais cuidados nas fases de concepção, análise,dimensionamento e detalhamento estrutural. Os encontros precisam acomodar as movimentações dasuperestrutura e estão sujeitos a uma complexa interação solo-estrutura em relação aos aterroscontidos. As movimentações devidas às variações de temperatura cíclicas sazonais e diárias implicamno aumento das pressões exercidas pelo solo sobre a estrutura.

Outro aspecto é que atualmente a maior parte das pontes de pequenos e médios vãos é construídautilizando-se os sistemas construtivos de vigas pré-moldadas protendidas ou de vigas mistas com laje

de concreto e vigas de aço. Para aplicação do conceito de ponte integral nesses tipos de superestruturaé necessário que se promova a ligação entre os vãos de forma a se eliminar as juntas sobre os apoiosintermediários. Por sua vez a continuidade das vigas e o engastamento nos encontros restringem as

Page 26: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 26/258

Capítulo 1 Introdução 3 

rotações devido à fluência (protensão e peso próprio) e à retração diferencial entre a laje e as vigas queocorreriam nas suas extremidades, caso estas estivessem simplesmente apoiadas. Assim, ao longo dotempo, desenvolvem-se momentos fletores positivos devidos à protensão e negativos devidos ao peso

próprio (fluência) e à retração diferencial entre a laje e as vigas.

Alguns dos aspectos de projeto aqui citados só costumam ser levados em conta no caso de projetos deobras de maior complexidade ou então são abordados de maneira muito simplificada. No entanto, osmeios atualmente disponíveis para a análise estrutural (programas e equipamentos) permitem que selevem em conta todos estes aspectos no desenvolvimento de um projeto mesmo no caso de obras maissimples. Portanto não é justificável que se aumente o custo de manutenção e construção de uma ponteem função da adoção de um modelo estrutural muito simplificado.

1.3  Objetivos

Apesar das pontes integrais já serem utilizadas em muitos países e objeto de diversas pesquisas, otema ainda é praticamente desconhecido na nossa engenharia de estruturas. Em função disso, otrabalho aqui apresentado tem como objetivo apresentar o estado da arte das pontes integrais, dentrodo contexto das modernas pontes em vigas. Dentro do objetivo geral proposto, este trabalho tem osseguintes objetivos específicos com relação ao conhecimento das pontes integrais:

•  descrever as características fundamentais das pontes integrais, bem com as vantagens e aslimitações na sua utilização;

•  apresentar o estágio atual do seu desenvolvimento em outros países, os critérios adotados pelosórgãos rodoviários na sua concepção e as normas e especificações técnicas existentes;

•  identificar os aspectos mais importantes que devem ser considerados nas etapas de concepção,

análise, projeto e construção deste de tipo de obra.

1.4  Estrutura do trabalho

Esta dissertação foi dividida em nove capítulos, sendo que neste primeiro é apresentada a introduçãoao assunto e os objetivos propostos.

No Capítulo 2 são apresentados os mecanismos utilizados para acomodação dos movimentos daspontes. Neste capítulo é apresentada uma introdução sobre a origem dos movimentos e um brevehistórico do surgimento dos aparelhos de apoio e juntas estruturais. Por fim, são apresentados os tiposde aparelhos de apoio e sistemas de juntas utilizados nas superestruturas das pontes.

No Capítulo 3 é apresentada a terminologia adotada na literatura internacional para as pontes integrais,um histórico do seu desenvolvimento e as vantagens e desvantagens da sua utilização deste conceitode projeto. Também são apresentadas as limitações ao seu uso adotadas por órgãos rodoviários eexemplos da experiência internacional neste tipo de obra.

No Capítulo 4 são abordados os efeitos de temperatura em pontes incluindo a descrição dosmecanismos de troca de calor e o processo de distribuição de temperatura nos tabuleiros. Sãoapresentados os principais métodos para estimativa da temperatura efetiva das pontes que serviramcomo base para os procedimentos especificados nas principais normas de projeto de pontes. Também éapresentada uma descrição simplificada dos efeitos que as variações uniforme e diferencial detemperatura exercem sobre as pontes em viga convencionais e integrais. Por fim, são descritos os

procedimentos previstos nas normas de projeto do Eurocode, AASHTO e ABNT.

Page 27: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 27/258

Capítulo 1 Introdução 4 

No Capítulo 5 são apresentados os efeitos da retração e da fluência nos tabuleiros de pontes. Sãodescritos as causas e os fatores que influenciam a retração e a fluência nas estruturas de concreto ecomo estes fenômenos afetam o comportamento das pontes integrais ao longo do tempo. Por fim, são

apresentados os principais modelos adotados atualmente para estimativa das deformações devidas àretração e fluência.

No Capítulo 6 é abordada a continuidade estrutural nas superestruturas das pontes construídas comvigas isoladas, que correspondem à grande maioria das pontes de vãos pequenos e médios construídasna atualidade. São apresentadas as soluções para continuidade dos vãos nas pontes construídas comvigas pré-moldadas protendidas e com vigas de aço e lajes de concreto (vigas mistas) utilizadas emdiversos países. São abordados os aspectos construtivos e as implicações da continuidade nos sistemasestruturais das pontes.

No Capítulo 7 são apresentadas as características dos encontros integrais e semi-integrais. Sãoindicadas as tipologias mais utilizadas em vários países e os seus aspectos construtivos. Neste capítulo

são abordados os aspectos das fundações (profundas e superficiais), alas, lajes de transição e aterros.Também são apresentadas recomendações já incorporadas às normas de projeto.

No Capítulo 8 são apresentados os aspectos referentes à análise estrutural e interação solo-estrutura empontes integrais. São apresentados os modelos estruturais mais utilizados atualmente nos projetos depontes integrais e suas vantagens e desvantagens. Também neste capítulo é abordada a modelagem dasestacas carregadas lateralmente. Neste item é dada ênfase para as curvas p-y por estas seremcomumente utilizadas na análise das estacas dos encontros das pontes integrais. Ainda neste capítulo éabordada a caracterização do empuxo passivo nas paredes dos encontros integrais.

Por fim, no Capítulo 9, são apresentadas as conclusões sobre este trabalho e as sugestões paratrabalhos futuros relacionados ao tema.

Page 28: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 28/258

Capítulo 2 Acomodação dos Movimentos nas pontes 5 

2  ACOMODAÇÃO DOS MOVIMENTOS DAS PONTES

2.1  Origem dos movimentos

As superestruturas das pontes estão sujeitas às deformações longitudinais causadas por variações detemperatura, protensão e deformação lenta (retração e fluência). Estas deformações, assim como asforças horizontais que atuam no tabuleiro como a frenagem dos veículos e o vento, devem serabsorvidas pelos apoios (Figuras 2.1 e 2.2). Ao mesmo, tempo os apoios devem permitir as rotações dasuperestrutura devidas aos carregamentos e transmitir as suas forças resultantes às fundações.

Figura 2.1 – Efeito da expansão térmica do tabuleiro

Figura 2.2 – Efeito das forças horizontais de frenagem no tabuleiro

Segundo Leonhardt (1979) devem ser evitados aparelhos de apoio de aço ou de materiais sintéticosdesde que os esforços e deformações da superestrutura sejam possíveis através de deformaçõeselásticas e da deformação lenta do elemento de apoio (pilar ou encontro) e desde que as tensões decoação e a abertura de fissuras sejam admissíveis.

Quando apenas a deformação dos elementos de apoio não é suficiente para acomodar asmovimentações da superestrutura são utilizados, tradicionalmente, aparelhos de apoio e juntas. Autilização destes dispositivos teve início no século 19 com a construção de grandes pontes de aço noperíodo de expansão das ferrovias durante a Revolução Industrial. Esta necessidade não se deu apenaspelo tamanho dos vãos, mas principalmente por causa dos materiais.

As pontes em aço, e mais ainda as pontes em concreto, são estruturas monolíticas. Diferentemente daspontes em madeira, que são estruturas articuladas, e dos arcos de alvenaria, que são constituídos porum grande número de peças relativamente pequenas. Nesses tipos de obras as movimentações térmicassão distribuídas nas ligações entre os elementos que constituem a estrutura.

As infraestruturas das antigas pontes metálicas geralmente eram constituídas por rígidos pilares eencontros de alvenaria de pedra que não podiam acomodar os deslocamentos horizontais e as rotaçõesda superestrutura. Os aparelhos de apoio foram introduzidos para realizar estas funções e transmitir osesforços da superestrutura para a infraestrutura.

Page 29: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 29/258

Capítulo 2 Acomodação dos Movimentos nas pontes 6 

Segundo Tilly (1994) uma dos primeiros registros da utilização de aparelhos de apoio foi na BritanniaBridge sobre o Estreito de Menai no País de Gales. A ponte em caixão celular de aço foi construídapor Robert Stephenson em 1846 e reconstruída em arco em 1972 após um incêndio. O tabuleiro tinha

apoios fixos na torre central e aparelhos de apoio de roletes nas demais torres (Figura 2.3)

Figura 2.3 – Britannia Bridge (País de Gales), concluída em 1846 (ICE).

Outro exemplo significativo do uso de aparelhos de apoio desta época é a Forth Bridge em

Edimburgo, Escócia concluída em 1890 e ainda em funcionamento (Figura 2.4). A ponte foi concebidacom dispositivos destinados a acomodar os deslocamentos horizontais da ordem de 200 mm nasextremidades do trecho central (LEE, 1994).

Figura 2.4 – Forth Bridge em Edimburgo (Escócia), concluída em 1890 (Cartão postal, 1910)

Page 30: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 30/258

Capítulo 2 Acomodação dos Movimentos nas pontes 7 

As primeiras pontes de concreto foram construídas sem dispositivos especiais para acomodar asdeformações da estrutura. O desenvolvimento tecnológico do concreto armado e principalmente osurgimento do concreto protendido possibilitaram o uso de vãos cada vez maiores nas pontes de

concreto. Os efeitos da variação de temperatura, retração e fluência se tornaram mais significativosexigindo o uso de dispositivos para acomodação das movimentações e transmissão das cargas para ainfraestrutura.

2.2  Aparelhos de apoio

Até a década de 50 os aparelhos de apoio eram constituídos por articulações fixas ou móveis. Adistribuição das ações horizontais era feita de maneira simplificada, desprezando totalmente o atrito, eos apoios com articulações fixas absorviam a totalidade desses esforços. A movimentação dasuperestrutura era totalmente acomodada pelos apoios móveis (BRAGA 1986).

Atualmente nas pontes de pequenos e médios vãos geralmente são utilizados aparelhos de apoio deelastômero, assumindo-se todas as articulações como elásticas. A movimentação da superestruturaimplica em deslocamentos e esforços nos apoios que são proporcionais à rigidez do conjunto formadopelo pilar mais o aparelho de apoio.

A seguir são descritos os principais tipos de aparelhos de apoio utilizados nas estruturas de pontes.

2.2.1  Articulações de concreto

Nas pontes de concreto já foi muito comum o uso de aparelhos de apoios executados juntamente com

a estrutura e com o mesmo material. A razão disto era o elevado custo das articulações metálicas e asdificuldades na manutenção destes dispositivos. Apesar das vantagens que apresentam, as articulaçõesde concreto têm a limitação de não permitirem movimentos de translação. Estes precisam seracomodados através de apoios flexíveis, pêndulos ou ainda com o uso conjunto de articulações móveismetálicas. As principais articulações de concreto são apresentadas a seguir:

2.2.1.1  Articulações de contato

As articulações de contato são formadas por superfícies cilíndricas de contato com raios ligeiramentediferentes (Figura 2.5). São de construção trabalhosa e por conta disso deixaram de ser utilizados.

Figura 2.5 – Articulação de contato

Page 31: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 31/258

Capítulo 2 Acomodação dos Movimentos nas pontes 8 

MATERIALCOMPRESSÍVEL

 

2.2.1.2  Articulações Mesnager

As articulações Mesnager foram desenvolvidas na primeira década do século passado e receberam onome do seu inventor. Caracterizam-se pelo estrangulamento da seção com a passagem de armadurasdimensionadas para absorver os esforços normal e cortante (Figura 2.6). O concreto da seçãoestrangulada tem a função de proteger a armação contra a corrosão e não é levado em conta nodimensionamento. As articulações Mesnager também praticamente não são mais utilizadas por causadas dificuldades na sua execução.

Figura 2.6 – Articulações Mesnager

2.2.1.3  Articulações Freyssinet

Idealizadas por Eugène Freyssinet estas articulações foram muito utilizadas em pontes de concretodurante o século passado por serem de execução fácil e econômica, não necessitarem de proteçãocontra corrosão e dispensarem manutenção. Permitem grandes ângulos de rotação desde quedimensionadas e executadas corretamente. Ainda são utilizadas em pontes e outras estruturas, mascom menos freqüência após o aparecimento dos aparelhos de elastômero.

A articulação Freyssinet consiste em um estrangulamento da seção onde grandes rotações podemocorrer enquanto apenas pequenos momentos são transmitidos à estrutura (Figura 2.7). A seçãoestrangulada é capaz de absorver elevadas forças axiais e de cisalhamento em função do efeito decintamento provocado pelo alargamento das seções. Este cintamento cria um estado triplo de tensõespermitindo que a rótula resista a tensões de compressão muitas vezes maior que a resistência doconcreto à compressão simples. (LEE, 1994). Na Figura 2.7 são indicadas relações geométricasrecomendadas por Leonhardt (1978) para articulações de concreto deste tipo.

Page 32: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 32/258

Capítulo 2 Acomodação dos Movimentos nas pontes 9 

ARTICULAÇÃODE CONTATO

a

   h  =   2  a

ARTICULAÇÃOFREYSSINET

   h  =   2  aa

ARTICULAÇÃOMESNAGER

   h  =   2  aa

a 0,3 d

t 0,2 a 2 cmb 0,7 a 5 cm

tg ß 0,1r

 

LONGITUDINAL

t

   0 ,   7   d

ß

DIREÇÃO

d

a

t

DIREÇÃOTRANSVERSAL

r br

c

bb

 

Figura 2.7 – Articulação de concreto tipo Freyssinet (LEONHARDT, 1978)

2.2.1.4  Pêndulos

Os pêndulos foram muito utilizados em pontes até o início da década de 60 quando surgiram osaparelhos de apoio de elastômero fretado. Como tinham baixo custo de execução e não exigiammanutenção eram utilizados em substituição aos aparelhos móveis de aço. Os pêndulos eramconstituídos pela colocação de duas articulações de concreto em um mesmo pilar conforme

representado na Figura 2.8

Figura 2.8 – Pêndulos com articulações de concreto

2.2.2  Aparelhos de apoio de aço

Os aparelhos metálicos vêm sendo utilizados desde o início da construção das pontes metálicas. Osprimeiros modelos de aparelhos de apoio deste tipo eram de escorregamento, constituídos por uma

Page 33: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 33/258

Capítulo 2 Acomodação dos Movimentos nas pontes 10 

chapa de aço fixada na estrutura, apoiada sobre outra fixada na infraestrutura. As superfícies decontato eram polidas e lubrificadas, exigindo manutenção constante. Mesmo assim os aparelhosacabavam ficando bloqueados pela deposição de sujeira e principalmente pela corrosão. Os aparelhos

de apoios metálicos usados atualmente geralmente recebem proteção com pintura epóxi nas superfíciesexpostas e as superfícies deslizantes são em aço inoxidável.

Existem diversos modelos de aparelhos de rolamento que podem constituir articulações fixas emóveis. São adequados para todos os tipos de pontes, mas têm custo elevado e exigem manutençãoconstante para que o seu funcionamento não seja comprometido. Na Figura 2.9 são representadosesquematicamente os tipos de aparelhos de aço mais utilizados em pontes.

Figura 2.9 – Tipologias de aparelhos de apoio metálicos (adaptado de LEE , 1994)

2.2.3  Aparelhos de apoio de elastômero

São os aparelhos de apoio mais comumente utilizados no Brasil a partir da década de 60 porque têmbaixo custo e praticamente não exigem manutenção. Os aparelhos de apoio de elastômero têm boadurabilidade, mas podem ter a sua vida útil reduzida em ambientes agressivos. Além disso, também érelativamente comum a necessidade da troca de aparelhos deteriorados por falhas de fabricação ou deprojeto.

Geralmente são constituídos por placas retangulares com a menor dimensão na direção onde sãoprevistas rotações. Nos casos onde são previstas rotações em mais de uma direção ou para estruturascom grande esconsidade podem ser utilizados aparelhos de planta circular. As tensões médiasadotadas para este tipo de aparelho variam entre 10 MPa e 15 MPa, dificultando a sua utilização nocaso de grandes pontes em função das dimensões necessárias para as placas.

Elastômero é um termo genérico que se refere aos materiais à base de borracha. Os aparelhos de apoiopara pontes são fabricados com a borracha sintética conhecida com a designação comercial  Neoprene que apresenta boa durabilidade. A borracha  Neoprene  também tem a vantagem de apresentar ummódulo de elasticidade transversal G pequeno, da ordem de 1 GPa, no início da deformação porcisalhamento e até uma distorção tg(γ)=0,70. Para valores acima deste o módulo de elasticidadetransversal cresce abruptamente limitando a deformação por cisalhamento. Para temperaturas muitofrias (abaixo de – 20 ºC) o módulo de elasticidade aumenta muito, chegando ao dobro do seu valornormal (LEONHARDT, 1979)

Page 34: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 34/258

Capítulo 2 Acomodação dos Movimentos nas pontes 11 

fy=250MPaCHAPAS DE AÇO

G=1MPaBORRACHA NEOPRENE

 

Os deslocamentos horizontais são acomodados pela deformabilidade por cisalhamento da borracha.Quantos maiores os deslocamentos maior deverá ser a espessura do aparelho de apoio. Adeformabilidade também permite movimentos de rotação embora com certa resistência. Devido à

deformação por cisalhamento pela força horizontal o elastômero sofre um arqueamento para fora nobordo mais comprimido devido à rotação (Figura 2.10). O ângulo de rotação admissível para oaparelho é função da altura e da dimensão na direção da rotação.

Figura 2.10 – Comportamento à deformação de placas de elastômero para deslocamento horizontal e rotação

(adaptado de LEONHARDT, 1979)

Para evitar a deformação transversal excessiva os aparelhos recebem fretagens de aço que sãointercaladas com as camadas de elastômero. As chapas de aço praticamente não alteram adeformabilidade horizontal e a capacidade de rotação do aparelho de apoio, mas aumentam muito asua rigidez na direção vertical tornando as deformações verticais muito pequenas (Figura 2.11). Poruma questão de durabilidade as chapas precisam ficar totalmente envolvidas por borracha, não secomputando no dimensionamento a espessura das camadas externas.

Figura 2.11 – Comportamento à deformação de placas de elastômero simples e com fretagem com placas de açopara cargas verticais (adaptado de LEONHARDT, 1979)

Os aparelhos de elastômero assim constituídos são usualmente chamados de aparelhos de apoio deneoprene fretado (Figura 2.12). Aparelhos sem fretagem só podem ser utilizados no caso de cargasmuito pequenas, como no caso de pequenas pontes em laje.

Figura 2.12 – Detalhe típico de um aparelho de apoio de elastômero fretado (em corte)

γ tg . t H

t

 

M

a

 

N

E pequeno

t

  N

t = 0~

CHAPAS DE AÇO

E grande

 

Page 35: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 35/258

Capítulo 2 Acomodação dos Movimentos nas pontes 12 

CHAPA DE AÇO INOXIDÁVELPOLIDA

CHAPA DE AÇO COMUMPOLIDA

CHAPA DE AÇO INOXIDÁVELPOLIDA

CHAPA DE AÇO COMUMPOLIDA

CHAPA DE TEFLONCHAPA DE TEFLON

NEOPRENEFRETADO

(a) (b)

Os critérios de projetos são definidos nas normas de projeto e, de uma forma geral, as condições aserem verificadas são (BRAGA, 1986):

a)  cisalhamento do elastômero;b)  descolamento na ligação com as chapas de aço;c)  ruptura das chapas de aço;d)  levantamento da borda menos carregada;e)  pressão mínima sobre a peça onde está assentada;f)  escorregamento sob efeito das ações horizontais.

A fixação dos aparelhos de elastômero normalmente é feita somente com o atrito com a estrutura deconcreto. Quando a tensão vertical mínima é inferior a 2 MPa a força de atrito fica muito reduzida e oaparelho de apoio precisa ser ancorado por meio de chumbadores (Figura 2.13). Esta situação ocorremais frequentemente com pontes metálicas e mistas.

Figura 2.13 – Aparelho de apoio de elastômero fretado fixado com chumbadores

2.2.4  Aparelhos de apoio com Teflon 

Teflon é designação comercial do politetrafluoretileno (PTFE), um polímero de grande resistência aosprodutos químicos em geral, impermeável, termicamente estável e pouco deformável. O Teflon  é omaterial que possui o mais baixo coeficiente de atrito entre os sólidos. Em função desta característicapassou a ser utilizado em aparelhos de apoio de pontes a partir da década de 60. Pode ser utilizado emaparelhos metálicos de diversos modelos para movimentos apenas de translação ou com placas deneoprene fretado para aparelhos de apoio de translação e rotação (Figura 2.14)

Figura 2.14 – Aparelhos de apoio com Teflon: a) metálico para translação; b) com neoprene fretado para rotação

e translação (adaptado de BRAGA, 1986)

Page 36: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 36/258

Capítulo 2 Acomodação dos Movimentos nas pontes 13 

O Teflon também é utilizado em aparelhos metálicos côncavos que permitem movimentos de rotação.Para os movimentos de translação estes aparelhos podem ser fixos, unidirecionais ou multidirecionais,dependendo da situação que serão utilizados. A principal vantagem destes aparelhos é a sua dimensão

reduzida uma vez que o aço admite tensões elevadas e o apoio se dá em toda a superfície esférica,evitando pontos de concentração de tensões. Os esquemas deste tipo de aparelho são apresentados naFigura 2.15.

Figura 2.15 – Aparelhos de apoio côncavos de aço com Teflon: esquema dos componentes, aparelhomultidirecional e aparelho unidirecional (PROFIP INDUSTRIAL LTDA.)

Page 37: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 37/258

Capítulo 2 Acomodação dos Movimentos nas pontes 14 

ϕ

FUNDO DO VASO

PAREDE DO VASO

TAMPA

ANEL DE

DISCO ELASTOMÉTRICOCENTRO DE ROTAÇÃO

D

N

h

VEDAÇÃO

M

 2.2.5  Aparelhos de apoio tipo “pot bearing”

Desenvolvidos inicialmente na Alemanha por Leonhardt e Andrä, são aparelhos de apoio mistos deaço e elastômero, podendo também receber placas de Teflon (PTFE). São constituídos por uma espéciede “panela” de aço, de planta circular ou retangular que recebe no seu interior um elastômero. Na partesuperior é colocada uma placa de aço que funciona como uma tampa de fechamento, vedandocompletamente a “panela”. O elastômero trabalha fortemente comprimido pela placa superior e temum comportamento semelhante ao de um fluido viscoso dentro de uma prensa hidráulica. A placasuperior tem liberdade para girar facilmente em todas as direções em função do baixo módulo deelasticidade do elastômero, mantendo uma pressão uniforme permanente sobre o mesmo.

Os aparelhos tipo “pot bearing” também podem utilizados como apoios deslizantes. Para isso sãoutilizadas placas de Teflon entre a face superior do aparelho e uma chapa de deslizamento fixada na

superestrutura. Como o Teflon  precisa trabalhar com pressões elevadas para garantir um baixocoeficiente de atrito, a superfície do aparelho de apoio é apenas parcialmente coberta com estematerial. Desta maneira garante-se um nível de pressões adequadas tanto no neoprene quanto nasplacas de Teflon.

Figura 2.16 – Esquema de funcionamento de um aparelho de apoio tipo “pot bearing”

Figura 2.17 – Aparelho tipo “pot bearing” totalmente em aço inoxidável (www.roadtraffic-technology.com)

Page 38: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 38/258

Capítulo 2 Acomodação dos Movimentos nas pontes 15 

W

CANTONEIRA

CHUMBADOR

W

2.3  Juntas

As juntas dos tabuleiros, também denominadas juntas de dilatação, são dispositivos de transiçãocolocados entre dois trechos adjacentes da superestrutura. Têm a função de proporcionar continuidadena superfície de rolamento da pista e de evitar a entrada de água e detritos que comprometem ofuncionamento da junta e danificam a estrutura. Além de acompanhar as movimentações da estrutura,as juntas estão sujeitas intensas solicitações devidas ao impacto do tráfego. Segundo Leonhardt (1979)em nenhum caso deve-se adotar o dispositivo de transição mais barato, mas sim o melhor e o maisresistente, o qual deve ser firmemente ancorado e instalado com nivelamento exato em relação aoplano do tabuleiro.

A avaliação precisa dos esforços que atuam nas juntas é um problema de difícil solução. Estesesforços dependem dos materiais (estrutura e junta), dos aparelhos de apoio e dos deslocamentos e dasrotações devidos à variação de temperatura, retração, fluência e demais carregamentos atuantes no

tabuleiro. Em função desta grande variabilidade o dimensionamento deve ser feito com bastante folga,adotando-se hipóteses simplificadoras e com base na experiência existente.

2.3.1  Juntas abertas

São caracterizadas apenas por uma separação entre dois trechos da superestrutura sem qualquer tipo deproteção. Podem ser protegidas com cantoneiras de aço para evitar que o impacto das rodas dosveículos danifique as quinas do concreto. Permitem a passagem da água e detritos comprometendo adurabilidade da estrutura e liberdade de movimentação da estrutura. Somente são utilizadas em obrasmuito simples ou na junta entre a placa de transição e a estrutura da ponte (Figura 2.18).

Figura 2.18 – Juntas abertas

2.3.2  Juntas ocultas sob o pavimento

Neste tipo de junta uma chapa metálica de suporte é colocado sobre a junta dispondo de uma folgapara movimentação preenchida com material compressível. O revestimento asfáltico é colocadocontinuamente sobre a junta e recebe um friso na face superior para controlar o local da abertura dafissura no pavimento (Figura 2.19). Este tipo de junta foi muito utilizado, mas atualmente encontra-seem desuso.

Page 39: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 39/258

Capítulo 2 Acomodação dos Movimentos nas pontes 16 

ASFALTO

FRISO

MATERIALCOMPRESSÍVEL

PLACA DE AÇO

ASFALTO

ASFALTOMODIFICADO

VEDAÇÃO

PLACA METÁLICA

 

Figura 2.19 – Junta oculta sob o pavimento

2.3.3 

Juntas de asfalto modificado

Também praticamente em desuso e somente utilizadas para movimentações da ordem de 10 mm. Sãoconstituídas de uma placa de aço ou de alumínio, diretamente apoiada em dois trechos contíguos desuperestrutura e coberta com material elástico com cerca de 30 cm de largura e espessura igual à dapavimentação. Com a movimentação da junta, o material elástico encurta-se ou dilata-se, provocandopequenos e suportáveis desníveis no pavimento; esta solução somente é válida enquanto o materialelástico não perder sua elasticidade e nem se formarem calombos ou depressões na pista (Figura 2.20)

Figura 2.20 – Junta de asfalto modificado

2.3.4 

Juntas de perfil de elastômero comprimido

Estas juntas consistem num perfil alveolar de borracha natural ou sintética, geralmente de neoprene,encaixado entre os bordos da junta. O perfil é assentado sobre saliências preparadas em cada bordo,devendo ser instalado de forma que se mantenha comprimido para qualquer movimento da junta e asua superfície superior nunca ultrapasse a cota do pavimento. Os perfis de borracha são colocadosentre cantos em argamassa epóxi ou de alta resistência e não retrátil, ou, menos frequentemente, entreperfis metálicos do tipo cantoneira (Figura 2.21a).

Em alguns modelos, as câmaras do perfil de borracha são pressurizadas através da injeção de arcomprimido. Este modelo é conhecido como junta tipo  Jeene, nome da empresa que desenvolveu e

patenteou o sistema (Figura 2.21b). Atualmente existem modelos similares fabricadas por váriasempresas. No Brasil é o tipo de dispositivo mais utilizado há vários anos para pontes com juntas commovimentos de até 50 mm.

Page 40: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 40/258

Capítulo 2 Acomodação dos Movimentos nas pontes 17 

FITA ELASTOMÉRICA

W

 

Figuras 2.21 – Juntas de perfis de elastômero comprimidos

2.3.5  Juntas de chapas deslizantes

São constituídas por duas placas de aço fixadas em cantoneiras presas no concreto que deslizam umasobre a outra. Uma folha de borracha neoprene capta as águas que penetram pela abertura da junta(Figura 2.22).

Figura 2.22 – Junta em chapas deslizantes

2.3.6  Juntas de pentes metálicos em balanço

Este tipo de junta é indicado para pontes com grandes movimentações. São juntas constituídas porpentes metálicos fixados na estrutura de um lado e de outro da junta, trabalhando em balanço. Osdentes são defasados e se encaixam uns nos outros com a movimentação da ponte. No interior daabertura da junta são colocados dispositivos para coletar a água que penetra nela. A construção destetipo de junta deve ser muito bem feita, assim como a sua manutenção sob a pena de ocorreremempenamentos nos dentes. Na figura 2.23 é apresentado um esquema deste tipo de junta e na Figura2.24 dois exemplos de pontes construídas com elas.

(b)

W

REBAIXO

JUNTA ELÁSTICA

CANTONEIRA

COMPRESSÍVEL

CHUMBADOR

(a)

Page 41: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 41/258

Capítulo 2 Acomodação dos Movimentos nas pontes 18 

PLANTA

PLACA DENTADA

ABERTURAS

W

PLACA DENTADA

SEÇÃO

 

Figura 2.23 – Esquema de junta aberta com chapas com dentes em balanço

Figura 2.24 – Juntas abertas com chapas com dentes em balanço para grandes movimentações

2.3.7  Juntas de elastômero e chapas de aço

Conhecidas como juntas do tipo Transflex, são constituídas por módulos de elastômero e chapas deaço dispostas em planos horizontais. Esses módulos têm recortes a que permitem a deformação da junta. As chapas metálicas (fretagens) conferem à junta a rigidez e a resistência necessárias àtransmissão das cargas do tráfego (Figuras 2.25 e 2.26).

São assentadas sobre uma camada de argamassa especial de nivelamento e envolvidas lateralmentepela mesma argamassa. Após a fixação da junta os orifícios onde ficam as cabeças das ancoragens sãofechados com fluído elástico de forma a proteger as ferragens da oxidação. Atualmente, este o tipo de junta mais utilizado para pontes com movimentações médias e grandes, cobrindo amplitudes de até350 mm.

Page 42: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 42/258

Capítulo 2 Acomodação dos Movimentos nas pontes 19 

Figura 2.25 - Junta de elastômero e chapas de aço (LIMA; BRITO, 2009)

Figura 2.26 - Junta de elastômero e chapas de aço (Alga).

2.3.8  Juntas modulares expansíveis

As juntas modulares expansíveis são utilizadas nos casos de pontes muito extensas. Usualmente sãodimensionadas para amplitudes entre 100 mm e 600 mm, podendo em alguns modelos chegar a 1.600mm. São constituídas por módulos deformáveis de borracha neoprene interconectados com elementosde aço que acomodam os deslocamentos horizontais (Figuras 2.27 e 2.28). Os módulos são suportadospor estruturas móveis de aço que transferem a carga do tráfego para a estrutura da ponte. O número demódulos é variável em função da amplitude do movimento da ponte.

Page 43: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 43/258

Capítulo 2 Acomodação dos Movimentos nas pontes 20 

Figura 2.27 - Junta modular expansível com viga (www.mangeba.com.ch)

Figura 2.28 – Junta modular expansível com pantógrafo (LEONHARDT, 1979)

2.3.9  Juntas em placas metálicas com roletes

São constituídas por um par de placas metálicas revestidas de neoprene que deslizam uma sobre aoutra por intermédio de um sistema de roletes (Figuras 2.29 e 2.30). Estas juntas são fabricadasespecialmente para grandes amplitudes, havendo registro de utilização para cursos de 300 mm (LIMA;BRITO 2009)

Page 44: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 44/258

Capítulo 2 Acomodação dos Movimentos nas pontes 21 

Figura 2.29 – Dispositivo de transição com placas deslizantes (LEONHARDT, 1979)

Figura 2.30 – Dispositivo de transição com placas deslizantes (LIMA; BRITO, 2009)

Page 45: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 45/258

Capítulo 3 Pontes Integrais 22 

3  PONTES INTEGRAIS

3.1  Definição e terminologia

De uma forma geral, pontes integrais são aquelas construídas sem juntas de movimentação entre osvãos e entre estes e os encontros (HAMBLY, 1991). Adotando-se uma definição mais estrita, pontesintegrais (integral bridges) são aquelas que, além de não possuírem juntas, apresentam ligaçãomonolítica entre os elementos da superestrutura e da infraestrutura. Isto é, quando não há movimentode translação relativo entre as interfaces do tabuleiro e dos apoios. Naturalmente inúmeras pontes comestas características vêm sendo construídas através dos séculos, como, por exemplo, as pontes em arcode alvenaria de pedra utilizadas desde a Antiguidade, sendo que muitas ainda se encontram emperfeitas condições de uso (Figura 3.1).

Figura 3.1 - Ponte romana sobre o Rio Tejo em Alcântara (Espanha) concluída no ano 106 com 194 metros deextensão e 71 metros de altura.

Embora as pontes em arco e as pontes em pórtico (Figura 3.2) também sejam consideradas pontesintegrais, a maior parte dos estudos que vêm sendo desenvolvidos atualmente sobre o tema abrangemais especificamente as pontes em viga reta com um ou múltiplos vãos. As pontes em arco e empórtico usualmente não possuem juntas. Porém isto não é o que ocorre com as pontes em viga, quecorrespondem à grande maioria das pontes de vãos pequenos e médios construídas na atualidade

(Figura 3.3).

Figura 3.2 - Ponte integral em pórtico

Page 46: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 46/258

Capítulo 3 Pontes Integrais 23 

PLACA DE TRANSIÇÃO

ENCONTRO

LAJE

VIGA

ESTACA

 

PLACA DE TRANSIÇÃO

ENCONTRO

LAJE

VIGA

 

Figura 3.3 - Ponte integral em viga reta contínua

As pontes com aparelhos de apoio que permitem a movimentação horizontal entre o tabuleiro e os

pilares e com ligação monolítica com os encontros são denominadas pontes de encontros integrais(integral abutment bridges). Na prática, este é o tipo de ponte integral mais utilizado (Figuras 3.4 e3.5).

Figura 3.4 – Ponte de encontros integrais

Figura 3.5 - Encontros integrais: a) fundação em estacas; b) fundação direta.

Page 47: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 47/258

Capítulo 3 Pontes Integrais 24 

Uma alternativa muito adotada para este conceito de pontes é o encontro semi-integral  (semi-integral

abutment). Neste caso existe a ligação da superestrutura com o encontro, mas a viga é apoiada sobre  um aparelho de apoio que permite a articulação parcial entre os dois elementos estruturais (Figura

3.6).

Figura 3.6 – Encontros semi-integrais: a) fundação em estacas; b) fundação direta.

Na literatura norte-americana as diversas tipologias de obras aqui descritas também vêm sendodenominadas de uma forma geral como “pontes de encontros integrais e sem juntas” (integralabutment and jointless bridges - IAJB)

No Brasil há várias décadas é largamente adotada uma tipologia de ponte rodoviária cuja concepção aprincípio se enquadraria dentro do conceito de ponte integral. São as pontes com a superestrutura emviga, moldadas no local em concreto armado ou protendido, com um ou mais vãos e com balanços nasextremidades, muito usadas nas nossas rodovias federais e estaduais (Figura 3.7).

Figura 3.7 – Ponte em viga continua com balanços (PFEIL, 1979)

No entanto, o dimensionamento destas pontes tradicionalmente é feito considerando-se apenas oempuxo ativo do aterro atuando contra as extremidades da superestrutura. Não é considerada ainteração solo-estrutura de forma mais realista, considerando os movimentos de expansão e retraçãodo tabuleiro, que provocam o aparecimento de empuxos passivos nas extremidades da ponte. Além

PLACA DE TRANSIÇÃO

ENCONTRO

LAJE

VIGA

APARELHODE APOIO

 PLACA DE TRANSIÇÃO LAJE

VIGAENCONTRO

ESTACA

 

Page 48: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 48/258

Capítulo 3 Pontes Integrais 25 

disso, as razões que tornaram esta concepção de ponte tão difundida entre os nossos órgãos eprojetistas foram a economia proporcionada pela eliminação dos encontros e a simplificação dosprojetos e não propriamente a eliminação das juntas.

Apesar de muito utilizadas em nosso país estas pontes frequentemente apresentam problemas comofuga dos aterros por baixo das cortinas, erosões nos taludes e excessiva flexibilidade dos balanços.Esta concepção de obra é pouco utilizada em outros países, e, quando adotada, são utilizados balançoscom comprimento máximo da ordem de dois metros.

3.2  Histórico

A utilização de pontes de encontros integrais teve seu início na década de 20 nos Estados Unidos,provavelmente no estado do Colorado (PARASCHOS; AMDE, 2011), consolidando-se no início dadécada de 70 (Figura 3.8). Os departamentos de transporte da maioria dos estados norte americanos já

tinham como prática a utilização da continuidade estrutural entre vigas pré-moldadas protendidas evigas mistas de forma a evitar juntas sobre os apoios intermediários. Em função dos bons resultadosconseguidos em relação à redução dos custos de manutenção muitos departamentos passaram a utilizara continuidade estrutural também entre a superestrutura e os encontros.

Figura 3.8 – Evolução do número de estados norte americanos que utilizam encontros integrais(PARASCHOS; AMDE, 2011).

Nas primeiras décadas a utilização deste conceito se deu de forma relativamente empírica ou commétodos de análise simplificados, sendo implementada a partir dos resultados satisfatórios obtidos naconstrução das obras. Este desenvolvimento também se deu de forma relativamente isolada, com cadadepartamento desenvolvendo seus detalhes típicos (Figura 3.9) e seus critérios de utilização. Ostrabalhos de pesquisa sobre as pontes integrais somente começaram a ser desenvolvidos a partir de

meados da década de 90 e se intensificaram na década atual.

Page 49: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 49/258

Capítulo 3 Pontes Integrais 26 

Uma pesquisa realizada por Murari e Petro (2005) junto aos departamentos de transportes dos estadosnorte americanos indicou que em 2004 já existiam cerca de 13.000 pontes integrais em serviço nosEUA. (Tabela 3.1).

Figura 3.9 – Encontros integrais usados atualmente pelo Departamento de Transportes do Estado de Nova York:(a) vigas mistas; (b) vigas pré-moldadas protendidas (YANNOTTI; ALAMPALLI; WHITE 2005)

Tabela 3.1 – Número aproximado de pontes de encontros integrais e/ou sem juntas projetadas e construídasdesde 1995 e total em serviço nos Estados Unidos (MURARI; PETRO 2005)

TIPOPROJETO

(DESDE 1995)CONSTRUÇÃO(DESDE (1995)

EM SERVIÇO(TOTAL)

INTEGRAL ABUTMENT 7.000 8.900 13.000

FULL INTEGRAL 5.700 6.400 9.000

SEMI INTEGRAL 1.600 1.600 4.000

DECK EXTENSION 1.100 1.100 3.900

Embora o conceito também seja utilizado em pórticos e em encontros com fundação direta, nosEstados Unidos esta concepção de projeto está quase sempre associada a encontros de pequena alturacom fundações em estacas (Figura 3.9). No Brasil este tipo de encontro costuma ser chamado de“encontro leve” ou “falso encontro”. Com o objetivo de se obter maior flexibilidade e acomodar osdeslocamentos horizontais e rotações os encontros são apoiados em uma linha de estacas. Na maioriados casos são utilizadas estacas metálicas por conta dos elevados esforços de flexão, mas também sãoutilizadas estacas de concreto protendido para pontes de menor extensão.

Na Europa a aplicação do conceito se desenvolveu primeiramente no Reino Unido. Em 1990 oengenheiro Edmond C. Hambly, presidente da Institution of Civil Engineers visitou os Estados Unidose teve contato com as pontes integrais construídas em diferentes estados. Hambly entendeu que estetipo de concepção contribuiria para redução dos elevados custos de manutenção decorrentes do mal

funcionamento das juntas, que era o principal causa de deterioração das pontes no seu país (COOKE,2003).

(a) (b)

Page 50: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 50/258

Capítulo 3 Pontes Integrais 27 

A evolução da construção das pontes integrais se deu forma rápida no Reino Unido (Figura 3.10) e jána década de 90 foi elaborada a recomendação BA 42/96 –  Integral Abutment   Bridges (HIGHWAYSAGENCY, 1996) que fornece as diretrizes a serem seguidas no projeto deste tipo de obra. A BA 42/96

recomenda que todas as pontes com até 60 metros de extensão e esconsidade de até 30º sejamprojetadas como pontes integrais. Também a recomendação para projeto BA 57/01 –  Design for Durability ( HIGHWAYS AGENCY, 2001) indica preferencialmente o uso de pontes com encontrosintegrais e tabuleiros com continuidade.

Atualmente o conceito já é aplicado em outros países europeus, assim também como no Canadá, Japãoe Austrália. Nos países da Europa são adotadas pontes integrais com variadas tipologias de encontros,sendo utilizadas fundações em estacas e também fundações diretas.

Figura 3.10 - Construção de pontes no Reino Unido de acordo com o tipo (ILES, 2006)

3.3  Vantagens da Utilização de Pontes Integrais

A principal vantagem na utilização das pontes integrais é a eliminação das juntas e a conseqüente

redução nos custos de manutenção das estruturas. As juntas dos tabuleiros são um dos últimos itens aserem executados na construção de uma ponte e frequentemente não recebem a devida atenção paraque se obtenha delas o funcionamento desejado na fase de projeto. Embora não representem um itemsignificativo no valor da obra em termos de custo, têm um impacto grande no desempenho daestrutura.

Independentemente do tipo de junta utilizado, todas necessitam de manutenção e substituição durantea vida útil da obra. Os detritos e pedras encontrados nos pavimentos, o tráfego contínuo, asintempéries e as movimentações do tabuleiro danificam os dispositivos das juntas (Figuras 3.11 a3.14). A partir daí ocorre entrada de água e detritos nas aberturas levando à deterioração da estrutura edos aparelhos de apoio, e ao comprometimento das movimentações do tabuleiro. Nos países de climafrio os problemas decorrentes do funcionamento deficiente das juntas são agravados pelo sal usado nodescongelamento dos pavimentos que torna as águas mais agressivas para as estruturas.

Page 51: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 51/258

Capítulo 3 Pontes Integrais 28 

Figura 3.11 – Juntas do Viaduto do Forte das Cinco Pontas - Recife (foto do autor)

Figura 3.12 - Junta expansível de neoprene deteriorada - Ligação BR-101 – PE-60 (foto do autor)

Figura 3.13 – Junta mostrada na Figura 3.12 fechada com asfalto algumas semanas depois (foto do autor)

Page 52: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 52/258

Capítulo 3 Pontes Integrais 29 

Figura 3.14 – Junta danificada na Ponte JK em Brasília (foto SINAENCO)

Figura 3.15 – Junta em dente gerber com armação oxidada – Ponte sobre o Rio Paraíba – Rodovia PB-54(foto do autor)

Os serviços de reparo e substituição das juntas na maioria dos casos são mais onerosos que o custo

original destes dispositivos. A troca das juntas quase sempre implica na necessidade de cortes edemolições na estrutura e no pavimento, causando inevitáveis transtornos aos usuários das obras(Figura 3.16).

Page 53: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 53/258

Capítulo 3 Pontes Integrais 30 

Figura 3.16 - Substituição de juntas no Viaduto João de Barros – Recife (foto do autor)

Os aparelhos de apoio também são dispositivos que freqüentemente trazem problemas para as pontes.A infiltração de água pelas juntas dos tabuleiros são uma das causas mais freqüentes da deterioraçãodos aparelhos de apoio. Os aparelhos metálicos são caros e estão sujeitos a problemas de perda delubrificação e corrosão ao longo do tempo (Figura 3.17). Os de elastômero são os mais comumente

utilizados em nosso país atualmente. Têm menor custo que os metálicos, mas frequentemente têm umavida útil menor que a prevista devido à falhas de dimensionamento ou de fabricação (Figura 3.18). Emambos os tipos as operações de troca são complicadas e caras, pois exigem o macaqueamento dotabuleiro e freqüentemente são postergadas pelos órgãos proprietários das pontes.

Figura 3.17 - Aparelho de apoio metálico (rolete de aço) no encontro da Ponte Motocolombó em Recife (foto doautor)

Page 54: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 54/258

Capítulo 3 Pontes Integrais 31 

Figura 3.18 - Aparelho de apoio de neoprene fretado no encontro do Viaduto do Forte das Cinco Pontas – Recife(foto do autor)

A necessidade de reparos e substituição de juntas e aparelhos de apoio durante a vida útil das pontesfoi o motivo que levou às primeiras iniciativas isoladas com o uso de pontes integrais pelosdepartamentos de transportes nos Estados Unidos. Um trabalho elaborado por Burke (1989) para o

 National Cooperative Research Program  (NCHRP) concluiu com base em uma pesquisa realizada juntos aos diversos departamentos de transportes do país que, para pontes de pequeno e médio vão eextensões moderadas, as juntas causam mais danos à estrutura do que as tensões secundárias que elastêm a função de evitar.

Segundo Pritchard (1992), o  Department of Transport  (DTp) do Reino Unido em 1989 realizou umlevantamento em 200 pontes para identificar os fatores que contribuíam para a durabilidadeinadequada das estruturas das pontes. O relatório indicou que a infiltração nas juntas contribuía maisdo que qualquer outro fator para a corrosão nas armaduras dos tabuleiros e das infraestruturas.

Além da economia com a eliminação das juntas e com a redução dos custos de manutenção, as pontesintegrais apresentam também algumas outras vantagens:

a)  maior redundância com um sistema estrutural com maior capacidade de redistribuir esforços nocaso de sobrecargas;

b)  superestrutura mais econômica em função da continuidade das vigas;c)  encontros e fundações mais econômicos em função da modelo estrutural integral;d)  pista de rolamento mais uniforme evitando o desconforto para o tráfego;e)  melhor estética em função da continuidade entre os vãos.

3.4  Limitações ao uso de pontes integrais

Existem fatores que embora não inviabilizem o uso das pontes integrais exigem um estudo maiscuidadoso para que se considere a vantagem de sua utilização. Os fatores que devem ser consideradospara verificação da viabilidade são:

Page 55: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 55/258

Capítulo 3 Pontes Integrais 32 

Comprimento do tabuleiro

A limitação da extensão da ponte está diretamente relacionada com a amplitude da movimentaçãohorizontal do tabuleiro devida à variação de temperatura. Quanto maiores forem os deslocamentosmaiores serão os empuxos passivos do solo sobre as extremidades da ponte. Nos encontros comfundações profundas os deslocamentos horizontais também podem provocar tensões excessivas nofuste das estacas devido à sua flexão. Na Tabela 3.2 são apresentados os comprimentos máximos parapontes integrais em concreto adotados pelos departamentos de transportes dos estados norte-americanos que adotam este tipo de obra.

Geometria do tabuleiro.

As pontes com raio de curvatura pequeno e as pontes muito esconsas devem ser analisadas com maiscuidado para o uso do conceito de ponte integral. A restrição dos encontros à expansão do tabuleiro

pela variação de temperatura pode provocar esforços transversais significativos na superestrutura(Figuras 3.19 e 3.20). Existem muitas pontes integrais curvas construídas com resultados satisfatórios,não existindo um consenso quanto ao raio mínimo a ser considerado. A ponte integral mais extensa jáconstruída, a Happy Hollow Creek Bridge no estado americano do Tennessee (PCI 2001), é curva comum raio de 300 metros (Figura 3.27). Nos EUA alguns estados limitam o raio, mas apresentam valoresmuito diferentes entre si (Tabela 3.2).

Com relação à esconsidade, a maioria da literatura técnica considera o ângulo de 30º como o limitepara o uso das pontes integrais. Este é o valor adotado pela especificação inglesa BA 42/96(HIGHWAYS AGENCY, 1996) e pela maior parte dos departamentos de transporte norte americanos(Tabela 3.2).

Figura 3.19 – Efeito da variação térmica em ponte integral curva.

Figura 3.20 – Efeito da variação térmica em ponte integral esconsa.

Tipo de fundaçãoO tipo de fundação que pode ser adotado no local onde serão construídos os encontros da ponte édecisivo para se optar pelo uso de um encontro integral ou semi-integral. Se o conjunto fundação-

Page 56: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 56/258

Capítulo 3 Pontes Integrais 33 

A: PONTES INTEGRAIS

B: PONTES SEMI-INTEGRAIS

C: PONTES TRADICIONAIS

 

A & B

B

C

00

30 60 90 120 150

10

20

30

40

50

   E   S

   C   O   N   S   I   D   A   D   E   (   G   R   A   U   S   )

COMPRIMENTO (m)

20

25

30

35

40

45

50

0 15 30 45 60 75 90

ESCONSIDADE = -0,125°x L + 31,25

COMPRIMENTO TOTAL DA PONTE (METROS)

   E   S   C   O   N   S   I   D   A   D   E   (   G   R   A   U   S   )

ESCONSIDADE = 45°

encontro possuir uma rigidez elevada e incompatível com a rotação e o deslocamento longitudinalprevistos para o tabuleiro é feita opção pelo encontro semi-integral com aparelhos de apoio (Figura3.6). A possibilidade de recalques de apoio também precisa ser levada em conta no estudo da

viabilidade do uso das pontes integrais

Estes fatores limitantes no uso das pontes integrais devem ser analisados não individualmente, massim de forma conjunta porque estão relacionados entre si. Da mesma forma precisam ser levadas emconta as características da estrutura (geometria, materiais, método construtivo, etc.) e as condições doambiente que afetam o comportamento da estrutura (variações de temperatura, recalques de fundação,etc.). O Departamento de Transportes do Estado de Ohio (Ohio DOT) nos EUA foi um dos pioneirosno uso de pontes integrais e adota o diagrama da Figura 3.21 que leva em conta esconsidade ecomprimento do tabuleiro para definir o tipo de ponte a ser utilizado (integral, semi-integral outradicional). O critério adotado pelo Minnesota DOT (EUA) também leva em conta conjuntamente aesconsidade e o comprimento da obra para verificar a viabilidade das pontes integrais. O órgão admiteesconsidades de até 45º para pontes com até 30 metros de comprimento, reduzindo a esconsidade

admissível em função do comprimento conforme o diagrama apresentado na Figura 3.22.

Figura 3.21 – Limitações para aplicação das pontes integrais segundo o Ohio DOT (BURKE, 2009)

Figura 3.22 – Esconsidade admissível em função da extensão da ponte segundo o critério do Minnesota DOT(CONKEL, 2007)

Page 57: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 57/258

Capítulo 3 Pontes Integrais 34 

Tabela 3.2 - Comprimentos e esconsidades máximos para pontes integrais em concreto adotados pelos

Departamentos de Transporte nos EUA (PCI, 2001)ESTADO

COMPRIMENTOMÁXIMO (m)

ESCONSIDADEMÁXIMA (GRAUS)

RAIO DECURVATURA (m)

Arkansas 79 33 214Califórnia ∆ = 25 mm (1) 45 76Georgia 125/79 (2) 0/40 (2)Hawaii 76 NDIlinois 92 30Indiana 92 30Idaho 122 30Iwoa 92 30Kansas 137 0Kentucky 122 30

Louisiana 305 0Maine 46 30Michigan sem limite 30Missouri 183 NDMassachusetts 92 30 349North Dakota 122 30Nevada 61 45New York 92 30Ohio 114 30Oklahoma 64 0Pennsylvania 183 20Oregon 61 25

South Dakota 214 35South California 153 30Tenessee ∆ = 50 mm (1) sem limite sem limiteUtah 92 20Virginia 153 NDWyoming 110 30Washington 137 40Wisconsin 92 30

Notas

(1)  deslocamento horizontal máximo nas extremidades da ponte

(2)  na Georgia o comprimento máximo depende da esconsidade e vice-versa

(3)  ND - permite esconsidade, mas o limite não é definido

Page 58: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 58/258

Capítulo 3 Pontes Integrais 35 

3.5  Experiência em outros países

A construção de pontes integrais ja é largamente empregada em diversos países. Conformemencionado anteriormente a utilização de pontes integrais teve início nos Estados Unidos na décadade 30 e consolidou-se na década de 70. Atualmente existem neste país cerca de 13.000 pontes integraisou semi-integrais em serviço (Tabela 3.1). No Canadá o uso de pontes integrais teve início na décadade 60 na província de Ontário, sendo que o país conta com centenas de obras deste tipo (HUSAIN;BAGNARIOL, 2000). Na Europa foi o Reino Unido que primeiro adotou as pontes integrais, sendo opaís com mais obras com esta concepção depois dos Estados Unidos e Canadá. Em outros países daEuropa, Austrália e Japão a utilização de pontes integrais se deu a partir da década de 90.

A seguir é apresentado o estágio atual das pontes integrais nos países que mais vem utilizando estetipo de construção.

3.5.1 

Estados Unidos da América

O conceito de ponte integral já se encontra consolidado neste país com suas vantagens amplamentecomprovadas, sendo adotado sempre que possível por uma grande parte dos departamentos detransporte estaduais. Foi utilizado inicialmente de forma relativamente empírica ou com processos deanálise simplificados com o intuito de resolver os problemas causados pelas infiltrações nas juntas.Com os bons resultados obtidos a concepção passou a ser adotada cada vez por mais estados. Apesardo termo “encontro integral” ser definido nas especificações da AASHTO não existe um código deprojeto no nível federal que oriente o uso de pontes integrais. Isto porque nos Estados Unidos aspolíticas de infraestrutura de transporte englobando planejamento, projeto, construção e manutençãosão de responsabilidade de cada DOT ( Department of Transportation).

Em 2004 a Federal Highway Administration  (FHWA) realizou uma pesquisa (IAJB Survey  2004)entre os estados norte americanos com o objetivo de ter um retrospecto das práticas correntes e doscritérios de projeto adotados no país em relação às pontes integrais (MURARI; PETRO, 2004). Estapesquisa incluiu questões sobre o número de pontes integrais e semi-integrais projetadas, construídas eem serviço e sobre os critérios adotados para construção e projeto (comprimento total, comprimentodos vãos, materiais, esconsidade, curvatura, etc.)

A pesquisa, que foi respondida por 39 dos 50 estados, demonstra a diferença com que as pontesintegrais são tratadas pelos diversos estados. Enquanto 3% não têm experiência com este tipo de obrasexistem 5% com mais de mil pontes construídas (Figura 3.23). O estado do Tennessee é o queapresenta a maior experiência contando com cerca 2.400 pontes integrais em serviço em 1995

(GANGARAO et al. , 1996).

A pesquisa também deixa evidente como variam os aspectos considerados no projeto pelos diversosestados e como é comum a prática de simplificações nas ações a serem consideradas. Mesmo um fatortão fundamental como a variação de temperatura ainda é considerada por apenas 72% de todos osórgãos rodoviários. Já os efeitos de fluência e retração são levados em conta somente por 33% e 44%dos estados, respectivamente (Figura 3.24). Com relação às pressões dos aterros sobre os encontros oscritérios também variam de acordo com o estado. A maioria aplica pressões passivas (encontropressionando o solo), alguns adotam uma combinação (ativa e passiva) ou outro critério e uma minoriaadota pressões ativas, ou seja, utiliza o mesmo critério aplicado em encontros convencionais (Figura3.25)

Com relação aos problemas relatados os mais freqüentes dizem respeito às placas de transição (Figura3.26) uma vez que a acomodações da superestrutura são transferidas das juntas para a ligação doencontro com o pavimento.

Page 59: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 59/258

Capítulo 3 Pontes Integrais 36 

Figura 3.23 – Percentual de estados norte americanos com relação ao número de pontes integrais projetadas econstruídas por cada um desde 1995 (MURARI; PETRO, 2004)

Figura 3.24 – Percentual de estados norte americanos com relação às ações que são levadas em consideração noprojeto de encontros integrais (MURARI; PETRO, 2004)

Page 60: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 60/258

Capítulo 3 Pontes Integrais 37 

Figura 3.25 – Percentual de estados norte americanos com relação às pressões do solo adotadas no projeto deencontros integrais (MURARI; PETRO, 2004)

Figuras 3.26 – Percentuais dos problemas relatados com encontros integrais (MURARI; PETRO, 2004)

Page 61: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 61/258

Capítulo 3 Pontes Integrais 38 

A seguir são apresentados alguns exemplos de pontes integrais construídas nos EUA:

Happy Hollow Creek Bridge – Route 50 Tennessee

A ponte mais extensa já construída com a utilização de encontros integrais está no estado americanodo Tennessee. A Happy Hollow Creek Bridge possui extensão total de 358 metros, distribuídos emnove vãos de 39 a 42 metros. A superestrutura é constituída por vigas pré-moldadas protendidas (PCI,2001).

Figura 3.27 - Happy Hollow Creek Bridge, Tennessee, EUA, 1996 (BURKE, 2009)

Figura 3.28 - Happy Hollow Creek Bridge – esquema longitudinal (PCI, 2001)

Page 62: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 62/258

Capítulo 3 Pontes Integrais 39 

Figura 3.29 - Happy Hollow Creek Bridge – seção do encontro (PCI, 2001)

Figura 3.30 - Happy Hollow Creek Bridge – elevação frontal do encontro (PCI, 2001)

Page 63: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 63/258

Capítulo 3 Pontes Integrais 40 

Southern Railway and Whitehorn Creek Bridge - Route 34 Tennessee

Ponte com 250 m, com 12 vãos em vigas pré-moldadas protendidas.

Figura 3.31 - Southern Railway and Whitehorn Creek Bridge, Tennessee, EUA (WASSERMAN, 2007)

Big East River Bridge

Ponte em vigas pré-moldadas protendidas com três vãos, extensão de 63,4 m e largura de 13,96 m.

Figura 3.32 - Big East River Bridge (TLUSTOCHOWICZ, 2005).

Page 64: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 64/258

Capítulo 3 Pontes Integrais 41 

Pond Creek Bridge – Route SR-210 – Tennessee

Ponte com tabuleiro misto com cinco vãos e 176 m de comprimento. O tabuleiro possui largura de

12,80 m e apresenta esconsidade de 35º. Fundações em estacas de aço.

Figura 3.33 - Pond Creek Bridge, Route SR-210 , Tennessee (WASSERMAN, 2005)

Brown Creek Bridge – Route SR-35 – Tennessee

Ponte com quatro vãos e extensão de 77 m com tabuleiro em vigas mistas

Figura 3.34 - Brown Creek Bridge, Route SR-35 , Tennessee (WASSERMAN, 2005)

Page 65: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 65/258

Capítulo 3 Pontes Integrais 42 

3.5.2  Canadá

O Canadá começou a utilizar pontes com encontros integrais em meados da década de 60, sendo que ouso mais intensivo se deu a partir da década de 90. Em 1993 o Ministério dos Transportes da Provínciade Ontário publicou um relatório com diretrizes gerais para a concepção, projeto e construção depontes de encontros integrais. Entre 1993 e 1996 foram construídas mais de cem pontes deste tipo emonitoradas visualmente (Figura 3.35). Com base na experiência destas obras foi publicada em 1996uma nova edição do relatório e estabelecido um processo de monitoramento para acompanhar odesempenho das obras construídas (HUSAIN; BAGNARIOL 2000).

Figura 3.35 – Palladium Drive over Hwy 417, Ontario (Ministry of Transportation of Ontario).

Com o objetivo de aumentar a confiança no projeto de pontes integrais foram realizadas inspeçõessistemáticas e periódicas em todas as pontes com intervalos de dois anos. Adicionalmente foramrealizadas inspeções especiais em obras selecionadas duas vezes por ano, durante o verão e o inverno,nos períodos de temperaturas máximas e mínimas. Foram feitos os registros de eventuais defeitos oucomportamentos diferentes daqueles esperados para a obra. As pontes que foram objeto de inspeçõesespeciais foram selecionadas em função do comprimento total, tipo de tabuleiro, tipo de tráfego,

localização e características geométricas como esconsidade, curvatura ou greide. Durante as inspeçõesfoi dada atenção especial aos seguintes pontos:

•  condições das juntas entre o final da placa de transição e o pavimento;•  fissuras nas paredes dos encontros;•  fissuras nas alas;•  fissuras nas barreiras no final dos tabuleiros;•  fissuras nos tabuleiros e defeitos nas vigas;•  áreas molhadas nas paredes e no entorno dos aparelhos de apoio.

Os resultados das inspeções realizadas foram considerados muito satisfatórios. As pontes se

comportaram muito bem, sendo observados poucos sinais de deterioração e poucos defeitos nasestruturas.

Page 66: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 66/258

Capítulo 3 Pontes Integrais 43 

No Canadá, também a província de Alberta possui diretrizes para a utilização de pontes de encontrosintegrais (Figuras 3.38 e 3.39), mas não prevê limites de comprimento, uma vez que 95% das pontesda província têm menos de 100 m. Para pontes com esconsidade acima de 20º as diretrizes indicam o

uso de encontros semi-integrais (Alberta Transportation 2008).

A seguir são apresentados alguns exemplos de pontes integrais construídas no Canadá:

Moose Creek Bridge,

Ponte com extensão 22 m, largura 14,8 m, vigas pré-moldadas protendidas, laje e encontros pré-moldados.

Figura 3.36 – Moose Creek Bridge, Ontario (www.constructioncanada.net).

Prospect Avenue Bridge, Highway 401 – Toronto

Viaduto com extensão de 150 com tabuleiro em vigas mistas. Ano de construção; 1995.

Figura 3.37 – Prospect Avenue Bridge, Toronto, Ontario

Page 67: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 67/258

Capítulo 3 Pontes Integrais 44 

Figura 3.38 – Encontro integral típico da Província de Alberta (ALBERTA TRANSPORTATION, 2007)

Figura 3.39 – Encontro semi-integral típico da Província de Alberta (ALBERTA TRANSPORTATION, 2007)

3.5.3  Reino Unido

O Reino Unido construiu um grande número de pontes na década de 60 para expansão de sua rederodoviária, a maioria delas com vãos simplesmente apoiados com juntas e aparelhos de apoio. Isto sedeveu ao uso intensivo de vigas pré-fabricadas e à simplificação dos processos de projeto econstrução. (COOKE, 2003). Em função dos problemas de manutenção decorrentes das juntas de

dilatação dessas pontes e da observação dos bons resultados obtidos pelos americanos a  Highways Agency passou a dar prioridade ao uso de pontes integrais na década de 90.

A primeira especificação do Reino Unido referente ao projeto de pontes integrais foi a BD 57  - Design for Durability  publicada em 1995 e revisada em 2001 (HIGHWAYS AGENCY, 2001). De acordocom esta especificação todas as pontes com até 60 metros de comprimento e cuja esconsidade nãoexceda 30º devem ser projetadas com continuidade estrutural entre o tabuleiro e os encontros. A BD57 também especifica que, em princípio, todas as pontes independentemente do seu comprimento,devem ter continuidade sobre os apoios intermediários. Nos casos onde o projetista considerar que aconstrução integral ou o tabuleiro contínuo não são apropriados, como no caso de grandes recalquesdiferenciais, poderão ser utilizadas estruturas articuladas desde que haja a concordância do órgãoresponsável pela ponte. A recomendação BA 57 complementa a BD 57 com a sugestão de detalhes

construtivos para continuidade estrutural de tabuleiros constituídos de vigas pré-moldadas, os quaisserão apresentados no Capítulo 6.

Page 68: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 68/258

Capítulo 3 Pontes Integrais 45 

Em 1996 foi publicada a BA 42 – The Design of Integral Bridges  (HIGHWAYS AGENCY, 1996)com as diretrizes para o projeto de pontes com encontros integrais, a qual foi complementada em2003. O principal objetivo desta especificação foi definir critérios para a interação solo-estrutura a

serem seguidos nos projetos dos encontros, uma vez que os outros regulamentos existentes nãodefiniam apropriadamente as diretrizes para o cálculo dos empuxos passivos (COOKE, 2003).

A seguir são apresentados alguns exemplos de ponte integrais no Reino Unido:

South Bog Viaduct - BingleyViaduto em vigas pré-moldadas com três vãos e extensão total de 76 metros. Ano de construção: 2003.

Figura 3.40 – South Bog Viaduct, Bingsey, Reino Unido (COOKE , 2003)

Figura 3.41 – Ligação de viga metálica em encontro integral adotado no Reino Unido (ILES 2006)

Page 69: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 69/258

Capítulo 3 Pontes Integrais 46 

3.5.4  Suécia

O uso de pontes de concreto em pórtico é bastante difundido na Suécia. Das cerca de 14.000 pontesconstruídas pela Administração de Rodovias da Suécia nos últimos 70 anos, 8.000 são em pórtico(TLUSTOCHOWICZ, 2005). Nos últimos anos o país vem adotando as pontes integrais com ascaracterísticas estruturais já consagradas nos EUA em pontes de concreto protendido e mistas (Figuras3.42 e 3.43). A Universidade de Tecnologia de Luleå tem desenvolvido diversos trabalhos analíticos eexperimentais envolvendo pontes de encontros integrais (Figura 3.43)

Figura 3.42 - Ponte Fjällån, Suécia, 2000 (HÄLMARK, 2006)

Figura 3.43 – Instrumentação da Ponte Haavistonjoki, Suécia, 2003 (KEROKOSKI, 2006)

Page 70: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 70/258

Capítulo 3 Pontes Integrais 47 

3.5.5  Australia

Segundo Connal (2003) os projetos de pontes integrais desenvolvidos na Austrália seguem as práticasadotadas nos Estados Unidos e Reino Unido, uma vez que o país ainda não tem especificaçõespróprias sobre o assunto. Na Austrália raramente existe a ocorrência de neve e não é utilizado sal paradescongelamento dos pavimentos, o que torna as condições de funcionamento das juntas menosseveras que nos países frios.

Gillies Street BridgeViaduto em vigas pré-moldadas protendidas com dois vãos de 29,5 m, largura de 12,80 m eesconsidade de 10º.

Figura 3.44 – Gillies Street Bridge, Austrália (CONNAL, 2003).

Figura 3.45 – Gillies Street Bridge – elevação geral, Austrália (CONNAL, 2003).

Figura 3.46 – Gillies Street Bridge – encontro e laje de transição, Austrália (CONNAL, 2003).

Page 71: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 71/258

Capítulo 3 Pontes Integrais 48 

3.5.6  Espanha

A Espanha também vem construindo pontes integrais desde a década de 1990 com o objetivo dereduzir os custos de manutenção em suas obras rodoviárias (LIZ, 200?). A primeira regulamentaçãoespanhola sobre o assunto foi o Guía para la Concepción de Puentes Integrales en Carrreteras, cujaprimeira versão foi publicada pelo Ministério de Fomento em 1997. A concepção de pontes integraisvem sendo adotada tanto para pontes com vigas pré-fabicadas como para tabuleiros moldados no local.A seguir são apresentados exemplos de pontes integrais projetadas nesse país.

Ponte sobre o rio Urumea –(Rodovia Donostia – San Sebatian Y Hernani)

Ponte com tabuleiro em laje protendida com três vãos e extensão de 49 metros. As fundações dosencontros são constituídas por uma linha de estacas de aço. Ano de construção: 1998.

Figura 3.47 – Ponte sobre o rio Urumea, 1998 – elevação (Fhecor Ingenieros Consultores)..

Figura 3.48 – Ponte sobre o rio Urumea, 1998 - detalhe do encontro (Fhecor Ingenieros Consultores).

Page 72: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 72/258

Capítulo 3 Pontes Integrais 49 

Figura 3.49 – Ponte sobre o rio Urumea, 1998 – seção (Fhecor Ingenieros Consultores).

Viaduto sobre ferrovia na Ronda Norte de Sevilha

Viaduto em vigas T em concreto protendido moldadas no local com três vãos e extensão total de 55metros. As fundações dos encontros são constituídas por uma linha de estacas mistas compostas porperfis de aço e estacas de concreto moldadas no local. Os perfis de aço não foram envolvidos comconcreto nos 4 metros superiores para permitir maior flexibilidade à linha de estacas. Ano deconstrução: 2002.

Figura 3.50 – Viaduto na Ronda Norte de Sevilha – elevação (Fhecor Ingenieros Consultores).

Page 73: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 73/258

Capítulo 3 Pontes Integrais 50 

Figura 3.51 – Viaduto na Ronda Norte de Sevilha - seção (Fhecor Ingenieros Consultores).

Figura 3.52 – Viaduto na Ronda Norte de Sevilha – elevação frontal do encontro (Fhecor Ingenieros).

Figura 3.53 – Viaduto na Ronda Norte de Sevilha – elevação lateral do encontro (Fhecor Ingenieros).

Page 74: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 74/258

Capítulo 3 Pontes Integrais 51 

3.5.7  Outros países

Além dos países mencionados, diversos outros como é o caso da Suiça, Alemanha, Áustria, NovaZelândia, Japão e Coréia também vem aplicando o conceito de ponte integral em obras recentes.

Na Suiça a norma de pontes publicada em 2010 recomenda o uso de encontros integrais quando osdeslocmentos devidos às deformações diferidas e variação de temperatura não ultrapassarem 20 mm(DREIER, 2010). Já a Nova Zelândia recomenda o uso de pontes integrais para pontes de concretocom até 70 metros e pontes de aço com até 55 metros (NEW ZELAND TRANSPORT, 2004).

A seguir são apresentados outros exemplos de pontes integrais construídas na década atual nestespaíses.

Figura3.54 - Ponte integral com superestrutura mista, Harlaching, Alemanha - 2010

Figura3.55 – Ponte semi- integral com extensão de 122 m, Alemanha

Page 75: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 75/258

Capítulo 3 Pontes Integrais 52 

Figura 3.56 – Ponte S33 –Baulos Süd, Áustria – extensão 70 m

Figura 3.57 - DooDong Bridge, Coréia do Sul, 2001.

Figura 3.58 – Ponte Koitogawa, Tateyama Expressway, Japão – extensão 120 m

Page 76: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 76/258

Capítulo 4 Efeitos de Temperatura nas Pontes 53 

4  EFEITOS DE TEMPERATURA NOS TABULEIROS DE PONTES

4.1 

Solicitações das pontes

De acordo com PFEIL (1979) as solicitações nas pontes, de uma forma geral, podem ser divididas emquatro tipos:

a)  Solicitações provocadas pelas cargas permanentes.

São as aquelas devidas ao peso próprio da estrutura e a outros materiais que são colocados naponte, usualmente denominados como sobrecarga permanente (pavimentação, lastros, guarda-rodas, guarda-corpos, postes, trilhos, etc.);

b)  Solicitações provocadas pelas cargas de utilização.São devidas ao peso dos veículos e pessoas que utilizarão a ponte. Além das cargas verticaiscom impacto também são levadas em conta as solicitações horizontais devidas à frenagem, forçacentrífuga e, no caso de obras ferroviárias, impacto lateral;

c)  Solicitações produzidas por elementos naturais.

São devidas aos elementos do meio ambiente em contato com a ponte. Neste tipo de solicitaçãoincluem-se aquelas devidas ao vento, empuxos de terra, pressão da água nos pilares e odeslocamento de fundações por deformação do terreno;

d)  Solicitações devidas às deformações internas.

São originadas pelas deformações internas dos materiais estruturais produzidas por variações detemperatura, retração e fluência do concreto.

Para pontes de maior importância também devem ser levadas em conta ações excepcionais como, porexemplo, impacto de embarcações e explosões. Os valores numéricos das solicitações e os coeficientesde majoração a serem utilizados dependem das normas e especificações de cada país ou do órgãoproprietário da ponte.

As maiores diferenças entre as pontes projetadas de forma convencional e as projetadas dentro doconceito de ponte integral estão relacionadas às solicitações devidas às deformações internas e àinteração da estrutura da ponte com o solo. As pontes integrais apresentam restrições aos

deslocamentos horizontais devidos à variação de temperatura fazendo com o que o solo exerçaelevadas pressões horizontais nas extremidades da obra.Neste capítulo são apresentados os efeitos da variação de temperatura nas pontes de uma forma geral eseus aspectos particulares nas pontes integrais.

4.2  Mecanismos de troca de calor em tabuleiros de pontes

Todas as estruturas em contato com a atmosfera estão submetidas constantemente a trocas de calorentre a sua superfície e o ambiente do seu entorno. As pontes são estruturas que estão sujeitas àsvariações diárias e sazonais de temperatura e não dispõem de elementos que dificultem as trocas de

calor, como coberturas e revestimentos. A intensidade da troca de calor entre uma ponte e o meioambiente depende de diversos fatores, sendo três os principais mecanismos:

Page 77: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 77/258

Capítulo 4 Efeitos de Temperatura nas Pontes 54 

MÊS

0J F M A M J J A S O N D

5000

10000

15000

20000

25000

30000

   R   A   D   I   A   Ç

    Ã   O    S

   O   L   A   R

   K   J   /  m

   ²   d   i  a

12°

24°

36°

48°

9 12 15 18

máx.

HORAS

06

   R   A   D   I   A

   Ç    Ã   O    S

   O   L   A   R

a) radiação direta do sol e re-radiação entre o entorno e a própria estrutura;b) convecção do calor entre a superfície da estrutura e o ambiente;c) condução de calor entre a superfície da estrutura e o ambiente.

Radiação é o processo de transferência de calor à distância a partir de um corpo mais quente para umcorpo mais frio. A transferência de calor por radiação é considerada o mais importante dos trêsmecanismos para os efeitos térmicos em pontes. Durante o dia, quando a estrutura está exposta ao sol,principalmente nos meses de verão, ocorre um grande ganho de calor devido à incidência direta daradiação solar. No período noturno ocorre uma perda de calor da estrutura para o ambiente,principalmente por re-radiação. Durante o verão a temperatura da face superior do tabuleiro é maisquente que a face inferior. Já nas noites frias de inverno a situação se inverte, com a superfíciesuperior do tabuleiro apresentando-se mais fria que a face inferior (IMBSEN et al,. 1985).

A intensidade da radiação solar que atinge a face superior do tabuleiro varia ao longo do anodependendo do ângulo que a radiação atravessa a atmosfera e do número de horas de luz do dia. A

intensidade média é maior nas regiões de menor latitude, mas os valores máximos e as maioresvariações ocorrem nas regiões de maior latitude, conforme pode ser verificado na Figura 4.1(a). Aolongo do dia a intensidade da radiação apresenta uma variação com as características da curvaapresentada na Figura 4.1(b).

+.

Figura 4.1 – Variação da radiação solar: (a) ao longo do ano em função da latitude (Hemisfério Sul); (b) ao longodo dia (adaptado de IMBSEN et al., 1985).

Convecção é a transferência do calor de um sólido (ponte) para um fluido em movimento (ar). Aconvecção é influenciada pela temperatura ambiente e direcionada pelo vento e pelas correntes de arcausadas pelo tráfego de veículos. A radiação e a convecção contribuem para as mudanças detemperatura na superfície da ponte. As trocas de calor por convecção abaixam as altas temperaturas dotabuleiro nos dias quentes e diminuem o resfriamento durante o inverno.

Condução é o fluxo de calor no interior da estrutura da ponte. Todos os corpos sólidos tendem aencontrar o equilíbrio na ausência de influências externas e o fluxo por condução é processo em que acondição de equilíbrio é atingida. Para a determinação precisa da temperatura da ponte, além daconsideração dos três mecanismos de trocas de calor, devem ser levados em conta outros fatores comocobertura de nuvens, temperatura do ar, velocidade do vento, ângulo de incidência da radiação solar,número de horas de luz do dia, orientação da estrutura em relação ao sol, geometria e materiais daponte (ROEDER, 2002).

Na Figura 4.2 é apresentada a representação esquemática das trocas de calor entre um tabuleiro deponte e o ambiente.

Page 78: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 78/258

Capítulo 4 Efeitos de Temperatura nas Pontes 55 

RADIAÇÃOABSORVIDA

TERRENOCALOR ARMAZENADO NASUPERFÍCIE DA TERRA

RADIAÇÃOREFLETIDA

   R   A   D   I   A   Ç    Ã   O    D

   A

   T   E   R   R   A

   R   A   D   I   A   Ç    Ã   O    D

   A

   E   S   T   R   U   T   U   R   A

RADIAÇÃO SOLAR

RADIAÇÃO ABSORVIDA E DISPERSADA

PELA ATMOSFERAATMOSFERA

CALOR GANHO DA ATMOSFERAPOR CONVECÇÃO

INVERNO VERÃO

TABULEIRO

RESULTANTE DO CALOREMITIDO PELA SUPERFÍCIEPOR CONVECÇÃO E RADIAÇÃO

FLUXO DE CALOR NOINTERIOR DO TABULEIRO

RADIAÇÃO SOLARABSORVIDA

RADIAÇÃO SOLARINCIDENTE

RADIAÇÃOSOLARREFLETIDA

RADIAÇÃOREFLETIDA

SUPERFÍCIE

 

Figura 4.2 – Troca de calor entre uma ponte e o ambiente (adaptado de IMBSEN et al.,1985).

4.3  Propriedades térmicas dos materiais

4.3.1  Pontes de concreto

O coeficiente de dilatação térmica do concreto é grandemente dependente do tipo agregado e da

proporção de mistura. A pasta de cimento de concreto normal usualmente possui um coeficiente dedilatação térmica maior que os agregados, mas como estes respondem por cerca de 75% do volumesão eles que mais influenciam as mudanças volumétricas durante as variações de temperatura.Variações nos coeficientes para uma determinada mistura são causadas pela relação água/cimento, tipode cura, umidade e idade.

Estima-se que o coeficiente de dilatação térmica de um concreto é correspondente aproximadamente àmédia ponderada dos coeficientes de dilatação térmica dos seus ingredientes (IMBSEN et al., 1985).As normas de projeto de pontes especificam coeficientes de dilatação térmica do concreto variandoentre 10 a 12x10-6 K-1 (Tabela 4.1).

Page 79: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 79/258

Capítulo 4 Efeitos de Temperatura nas Pontes 56 

Tabela 4.1 – Coeficientes de dilatação térmica do concretoNORMA / PAÍS α (K-1) OBSERVAÇÕES

ABNT / BRASIL 10

EUROCODE 107

agregado comumagregado leve

AASHTO / EUA 12 depende do agregado

CSA / CANADÁ 11

JAPAN ROAD ASSOCIATION / JAPÃO 11

AUSTROROADS/ AUSTRÁLIA 11

4.3.2  Pontes de aço

Para pontes de aço o valor adotado para o coeficiente de dilatação térmica é de 12x10-6 K-1. No caso depontes mistas com vigas de aço e lajes de concreto para efeito de projeto pode ser adotado o valor de10x10-6 K-1 segundo o Eurocode 1 - EC1 (CEN 2003).

4.4  Distribuição da temperatura nos tabuleiros

O comportamento térmico de um sólido isotrópico com um contorno em contato com o ar, sujeito àtemperatura ambiente T a e à radiação incidente q, conforme indicado na Figura 3.3, é governado pelaequação geral de condução de Fourier:

∂∂+

∂∂+

∂∂=

∂∂ 2

2

2

2

2

2

 zT 

 yT 

 xT 

c ρk 

t T    (4.1)

Com a condição de contorno

( ) 0T T hqn

T k  ba   =−++

∂  (4.2)

Onde k  é o coeficiente de condutividade térmica,  ρ a densidade e c o calor específico do sólido; T b é atemperatura do contorno do sólido, h o coeficiente de transferência de calor do contorno (fortementeinfluenciada pela velocidade do ar) e n a direção normal do contorno.

A resolução matemática direta é, em geral, muito difícil para as equações 4.1 e 4.2, uma vez que q, T a e h  são funções complexas do tempo (t ), sendo adequado o uso de técnicas numéricas, como porexemplo, elementos finitos.

Na prática, para pontes sujeitas à temperatura ambiente, geralmente o problema pode sersubstancialmente simplificado. A variação térmica na direção longitudinal do tabuleiro não ésignificante e o problema pode ser resolvido considerando-se apenas duas dimensões. Considerandoainda que para a maioria das pontes o fluxo de calor na direção transversal também não é significantea equação 4.1 pode ser simplificada para uma dimensão:

2 zT 

c ρk 

t T 

2

∂∂=

∂∂   (4.3)

Page 80: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 80/258

Capítulo 4 Efeitos de Temperatura nas Pontes 57 

x

z

y

Limite ar/sólido(contorno)

do contorno, TbTemperatura

Temperatura ambiente, Ta

Radiação incidente, q

n

 

Figura 4.3 – Definição das coordenadas para análise do transiente do fluxo de calor (adaptado de PRIESTLEY,1987).

A análise de tensões devidas aos efeitos térmicos usualmente é feita adotando-se as seguintesconsiderações:

a)  o material é homogêneo e de comportamento isotrópico;

b)  as propriedades dos materiais independem da temperatura;c)  o material possui relações tensão-deformação e temperatura-deformação lineares, sendo válido

o princípio da superposição de efeitos;d)  a hipótese de Navier-Bernoulli é válida e as seções permanecem planas após a flexão;e)  a temperatura varia apenas ao longo da altura, permanecendo constante em todos os pontos de

igual altura;f)  os efeitos térmicos nas direções longitudinal e transversal podem ser considerados de forma

independente e os resultados superpostos.

4.5  Estimativa das temperaturas efetivas das pontes

Temperatura efetiva ou uniforme da ponte é aquela que determina o movimento total da superestruturada ponte. A sua determinação é um problema complexo, sendo influenciada pela temperaturaambiente, radiação solar, velocidade do vento, propriedades dos materiais, características da superfíciee geometria da seção.

A temperatura efetiva da ponte, T ef  , também denominada temperatura uniforme ou temperatura médiaé obtida da integração ao longo da seção transversal (Roeder, 2002), conforme a expressão:

iii

iiiief 

α E  Σ  A

T α E  Σ  AT    =   (4.4)

Sendo (para cada segmento i):

Page 81: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 81/258

Capítulo 4 Efeitos de Temperatura nas Pontes 58 

 A = área da seção transversal do segmento; E = módulo elástico;T= temperatura

α = coeficiente de dilatação térmica.

Na literatura técnica existem dois métodos que são os mais utilizados para a determinação datemperatura efetiva de pontes. O método de Emerson, que foi desenvolvido a partir dos estudosdesenvolvidos pela autora na década de 70 para o Transport Research Laboratory  (TRL)  no ReinoUnido e o método de Kuppa, desenvolvido nos Estados Unidos no início da década de 90. Estesmétodos foram utilizados como base para os procedimentos adotados pelas principais normas deprojeto de pontes.

4.5.1  Método de Emerson

O método de Emerson foi desenvolvido com base em medições realizadas em cinco pontes na Grã-Bretanha durante alguns anos. O método é baseado na correlação entre a temperatura efetiva mínima(T ef,min) da ponte e as temperaturas máximas à sombra (T max,ar ) e mínima noturna (T mim,ar ) do diaanterior para um período de dois dias.

Para pontes de concretos tem-se a seguinte correlação:

63141  , ,4

T T T T T 

min,ar2min,ar1max,ar2max,ar1ef,min   −⋅

+++=   (ºC) (4.5)

A temperatura mínima ocorre próximo ao amanhecer enquanto a ponte se aproxima do estado deequilíbrio térmico. Emerson estimou a temperatura efetiva máxima da ponte para um determinado diasomando um limite de variação à temperatura efetiva mínima daquele dia. Ela observou que o limitede variação diário depende do tipo de ponte, estação do ano e cobertura de nuvens.

A tabela 4.2 apresenta as variações máximas de temperatura para pontes de concreto de acordo com ométodo de Emerson.

Tabela 4.2 – Variação máxima diária de temperatura para pontes de concreto segundo o método Emerson(ROEDER, 2002)

ESTAÇÃOVARIAÇÃO DIÁRIA DA TEMPERATURA (°C)

Claro e Ensolarado Nublado (parcial)Nublado (total)

Chuva, Neve Inverno 3 1 0

Primavera/Outono 6 3 1

Verão 6 4 2

4.5.2  Método de Kuppa

O método de Kuppa leva em conta todas as propriedades da ponte assim como as transferências decalor por radiação, convecção e condução. O método considera que a temperatura efetiva máxima e atemperatura efetiva mínima dependem da média da temperatura do ar dos quatro dias consecutivosmais quentes, e dos quatro dias consecutivos mais frios, respectivamente (ROEDER, 2002).

Page 82: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 82/258

Capítulo 4 Efeitos de Temperatura nas Pontes 59 

Kuppa elaborou correlações a partir de dados de diversas localidades nos Estados Unidos, chegando arelações diferentes entre a temperatura efetiva da ponte e a temperatura do ar para as pontes metálicas

e mistas, pontes de concreto em vigas isoladas e pontes de concreto em caixão celular.

Para pontes de concreto Kuppa propôs as seguintes relações:

72195304

 , ,T T T T 

T max,ar4max,ar3max,ar2max,ar1

ef,max   +⋅+++

=  (ºC) (4.6)

841218614

 , ,T T T T 

T min,ar4min,ar3min,ar2min,ar1

ef,min   +⋅+++

=   (ºC) (4.7)

As pequenas diferenças observadas entre pontes em caixão celular e pontes em vigas pré-moldadas

não foram suficientes para justificar limites de projeto diferentes.

4.5.3  Estudos do NCHRP

O  National Cooperative Highway Research Program  (NCHRP) através da Universidade deWashington (ROEDER, 2002) conduziu um estudo para definição de critérios para determinação detemperaturas de projeto de concreto visando uma revisão nos critérios adotados nas especificações daAASHTO para o projeto de pontes.

Naquele trabalho foram analisados os dados climáticos de mais de 10.000 estações meteorológicas dasquais foram selecionadas 1.273 localidades em função da sua localização e da consistência dos dados

registrados. O tempo mínimo de registro contínuo diário considerado foi de 60 anos, sendo quealgumas estações dispunham de dados ao longo de mais de 100 anos.A partir dos dados de temperatura do ar Roeder determinou as temperaturas efetivas e máximas parapontes nas 1273 localidades utilizando os métodos de Kuppa e Emerson. Ambos os métodosapresentaram valores para as temperaturas estimadas, mas o método de Emerson mostrou-se maisconservativo pelos seguintes motivos:

•  foi desenvolvido para temperaturas do ar à sombra e os dados disponíveis eram da temperaturanormal do ar;

•  considera que a máxima variação de temperatura ocorre no mesmo dia que ocorre a máximatemperatura;

•  foi direcionado para o cálculo de temperaturas dia a dia e não para as temperaturas extremas de

projeto. O estudo do NCHRP mostrou que o método superestima as temperaturas efetivas mínimae máxima da ponte (Figura 3.4)

Por outro lado o método de Kuppa foi desenvolvido mais para temperaturas extremas do que paracondições médias e analisou pontes sujeitas às condições climáticas dos Estados Unidos. Em funçãodestas considerações o método foi escolhido como base para elaboração dos mapas de temperaturas deprojeto (T  MinDesign e T  MaxDesign) propostos no relatório 20-07/106 do NCHRP.

Para validação dos mapas foram feitas comparações dos seus valores com dados existentes de pontesem diversas localidades o país. Em geral os dados existentes eram secundários uma vez que foramobtidos de medições realizadas em estudos que não tinham como objetivo os movimentos térmicos. Osmapas foram incorporados na versão de 2005 das especificações da AASHTO (AASHTO 2005).

Page 83: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 83/258

Capítulo 4 Efeitos de Temperatura nas Pontes 60 

TEMPERATURA MÉDIA À SOMBRA - BENEATH BRIDGE ( ºC )

-4 -2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24-8

-4

0

4

8

12

16

20

24

28

   T   E   M   P   E   R   A   T   U   R   A   M    Í   N   I   M   A   D   I    Á   R   I   A   E   F   E   T   I   V   A   D   A   P   O   N   T   E   (   º   C

   )

FAIXA DE VARIAÇÃODE TEMPERATURA

ESTIMATIVADE EMERSON

OBSERVAR QUE EMERSONSUPERESTIMA OS EXTREMOS

 

Figura 4.4 – Comparação entre temperaturas medidas em uma ponte e temperaturas estimadas pelo método deEmerson mostrando os valores superestimados nos extremos (ROEDER, 2002).

O relatório 20-07/106 do NCHRP também recomendou procedimentos para determinação datemperatura de instalação de aparelhos de apoio e juntas, mas estes não foram incorporados àsespecificações da AASHTO.

Para aparelhos de elastômero a temperatura de instalação é definida pela expressão:

)(65,0  MinDesign MaxDesign MinDesigninstall T T T T    −⋅+=   (4.8)

O coeficiente 0,65 foi adotado porque a temperatura média da ponte corresponde a um valor de 60 a65% da amplitude total da temperatura (T  MinDesign - T  MaxDesign) sendo a temperatura em que existe amaior probabilidade da obra ser concluída. Ou seja, o autor considerou pouco provável que obra sejaconstruída ou montada em dia onde ocorram extremos de temperatura.

Para aparelhos de apoio metálicos, uma vez que possuem dispositivos de ajuste no seuposicionamento, a temperatura de instalação é dada pela expressão:

)(5,0  MinDesign MaxDesign MinDesigninstall T T T T    −⋅+=   (4.9)

Page 84: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 84/258

Capítulo 4 Efeitos de Temperatura nas Pontes 61 

Z

Y

Z

Y

Z

Y

Z

Y

Z

Y

CENTRO DE GRAVIDADE

(a) (b) (c) (d)

u

My

MZE

X

4.6  Efeitos das variações de temperatura nos tabuleiros

A variação de temperatura provoca variação no comprimento do material. Esta propriedadefundamental dos materiais é responsável pela expansão e contração das superestruturas das pontes.

Segundo o Eurocode 1: Actions on Structures – Part 1-5: General Actions – Thermal Actions  – EC1(CEN 2003) a distribuição de temperatura num elemento estrutural pode ser decomposta em quatrocomponentes essenciais conforme ilustrado na Figura 4.5:

a)  componente uniforme,  ∆T u, que conduz a um aumento do comprimento ao nível do eixo médio doelemento, sem alteração da sua curvatura;

b)  componente de variação linear em torno do eixo z-z,   ∆T  My, que conduz a alterações de curvaturano plano vertical, sem se verificar uma variação do comprimento ao nível do eixo médio daspeças;

c)  componente de variação linear em torno do eixo  y-y,  ∆T  Mz, que conduz a alterações de curvaturano plano horizontal, sem se verificar uma variação do comprimento ao nível do eixo médio daspeças;

d)  componente não-linear,  ∆T  E  , que dá origem a um sistema se tensões auto-equilibradas na secção,sem ocorrência de deformações (curvaturas ou variação de comprimento do eixo médio daspeças).

Figura 4.5 – Representação esquemática das componentes da variação de temperatura (CEN 2003).

A componente  ∆T  My  pode ser desconsiderada uma vez que as variações de temperatura na direçãotransversal do tabuleiro, nos casos usuais, são muito menores que nas demais direções.

Para seções simétricas em relação ao eixo vertical, submetidas a uma distribuição de temperaturavariável ao longo da sua altura, as componentes da distribuição de temperatura são calculadas atravésdas seguintes expressões:

∫ ∆=∆

 A

dA zT  A

1 T  )(   (4.10)

∫   ∆=∆

 A y Mz dA z zT 

 I 

h T  ])([   (4.11)

h

 zT T  zT  zT   Mzu E    ⋅∆−∆−∆=∆ )()(   (4.12)

Page 85: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 85/258

Capítulo 4 Efeitos de Temperatura nas Pontes 62 

Sendo:

 A = área da seção transversal;h = altura da seção transversal; Iy = momento em relação ao eixo horizontal que passa pelo centro de gravidade.

A variação do comprimento da ponte devida à parcela da variação uniforme de temperatura é dadapela expressão:

T u  LT  ⋅∆⋅=∆   α    (4.13)

Sendo:

 ∆ = deslocamento horizontal da ponte (expansão ou retração);α = coeficiente de dilatação térmica do material; ∆T u = variação da temperatura uniforme da ponte em relação (em relação à temperatura de construção

ou instalação) LT  = distância da extremidade da ponte até o centro de temperatura (ponto do tabuleiro que não sofre

deslocamento)

Nas pontes com tabuleiros bi-apoiados os movimentos de expansão e contração devido à variaçãouniforme de temperatura e as rotações devidas à variação diferencial são livres uma vez que a osimpedimentos proporcionados pelos aparelhos de apoio são pequenos e não provocam efeitossignificativos na superestrutura (Figura 4.6)

Figura 4.6 – Efeitos da variação de temperatura em uma ponte bi-apoiada: a) variação uniforme de temperatura;(b) variação diferencial de temperatura.

Nos tabuleiros em viga contínua com aparelhos de apoio que permitam deslocamentos horizontais osmovimentos de expansão e contração devidos à variação uniforme de temperatura também sofremrestrição pequena e não provocam efeitos significativos na superestrutura. No caso da variaçãodiferencial de temperatura a restrição ao deslocamento vertical dos apoios intermediários provoca o

aparecimento de momentos fletores no tabuleiro (Figura 4.7).

∆ ∆

L

(a)

Tu

 

T1

T2L

(b)

T1>T2

 

Page 86: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 86/258

Capítulo 4 Efeitos de Temperatura nas Pontes 63 

L L

 

Figura 4.7 – Efeitos da variação de temperatura em uma ponte em viga contínua: a) variação uniforme detemperatura; (b) variação diferencial de temperatura.

Nas pontes integrais os movimentos de expansão e retração são parcialmente restringidos pelosencontros que se movimentam juntamente com as extremidades da ponte. Os esforços induzidos notabuleiro dependerão da geometria dos encontros e da interação com o solo (Figura 4.8)

Figura 4.8 – Efeitos da variação de temperatura uniforme e diferencial em uma ponte em integral

4.7  Ações térmicas segundo as normas de projeto

4.7.1  Ações térmicas segundo o Eurocode 1

Para efeito das ações devidas às variações de temperatura o EC1 (CEN, 2003) divide os tabuleiros depontes em três grupos em função do seu material, conforme a tabela 4.3. Para outros tipos de pontes os

critérios devem ser definidos de acordo com o anexo específico de cada país membro do ComitéEuropéen de Normalisation (CEN).

L

Tu∆

∆∆

L

L L

T1

T2

T1>T2

 

Page 87: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 87/258

Capítulo 4 Efeitos de Temperatura nas Pontes 64 

Tabela 4.3 – Tipos de tabuleiros para efeito de temperatura segundo o EC1TIPO MATERIAL SUBTIPO

1 AçoCaixão celularTreliça / viga de alma cheia

2 Misto (aço/concreto)

3 Concreto

LajeVigaCaixão celular

4.7.1.1  Variação uniforme de temperatura

O EC 1 especifica que as temperaturas uniformes (ou temperaturas efetivas) mínima (T e.min) e máxima(T e.max) da ponte devem ser obtidas a partir de uma correlação com as temperaturas mínima (T min) emáxima (T max) do ar à sombra. O gráfico da Figura 4.9 apresenta os valores recomendados para aestimativa da temperatura uniforme.

Nota 1: Valores baseados em variações diárias de temperatura de 10 ºCNota 2: Para treliças e vigas de alma cheia os valores do tipo podem ser reduzidos em 3 ºC

Figura 4.9 – Correlação entre as temperaturas mínima e máxima do ar à sombra (T min /T max) e as temperaturasuniformes mínima e máxima (T e,min /T e,max) da ponte segundo o EC1(CEN 2003)

Page 88: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 88/258

Capítulo 4 Efeitos de Temperatura nas Pontes 65 

As temperaturas mínimas e máximas do ar à sombra são obtidas dos mapas de isotermas encontradosnos anexos nacionais de cada país membro do CEN. O EC1 especifica que os valores das isotermasdevem ter uma probabilidade anual de serem excedidos de no máximo 2%. Caso esta probabilidade

seja superior a 2% as temperaturas uniformes deverão ser majoradas fazendo-se a sua divisão peloscoeficientes obtidos da Figura 4.10.

Figura 4.10 – Coeficientes de correção das temperaturas uniformes para isotermas com probabilidade anual deserem excedidas superior a 2% segundo o EC1(CEN 2003).

O EC1 também permite que os países membros especifiquem em seus anexos nacionais apenas astemperaturas uniformes mínima (T e.min) e máxima (T e.max), sem a inclusão dos mapas de isotermas. Esteprocedimento é válido para países de pequena extensão territorial e sem grandes variações detemperatura.

O valor característico da máxima variação de contração é dado por:

(4.14)

e o valor para a máxima variação de expansão é dado por:

(4.15)

onde T 0  é a temperatura inicial em que ocorre a restrição da estrutura,

e o valor total da movimentação é dado por:

(4.16)

Para o dimensionamento de aparelhos de apoio e juntas o EC1 recomenda que a máxima variação decontração e a máxima variação de expansão sejam acrescidas em 20º C. Nos casos em que a

,min.0 econ N, T T T    −=∆

,0max. T T T  econ N,   −=∆

min.max. ee N  T T T    −=∆

Page 89: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 89/258

Capítulo 4 Efeitos de Temperatura nas Pontes 66 

temperatura de instalação dos aparelhos de apoio e juntas for especificada no projeto os valoresrecomendados passam a ser de 10 ºC.

4.7.1.2 

Variação diferencial de temperatura

O EC1 considera a variação diferencial apenas na direção vertical, ou seja, ao longo da altura dasuperestrutura. A variação diferencial na direção horizontal somente precisa ser levada em conta emcasos especiais.

O EC1 indica dois procedimentos para avaliação dos efeitos da variação de temperatura ao longo daaltura dos tabuleiros. O procedimento 1 é simplificado e considera uma variação linear equivalentepara as hipóteses da face superior mais aquecida e da face inferior mais aquecida.

Os valores de temperatura a serem a serem aplicados são apresentados na Tabela 4.4. Os valores

fornecidos são indicados para tabuleiros com revestimentos de 50 mm de espessura. Para pontes comrevestimentos maiores, sem revestimentos ou com lastros (pontes ferroviárias) os valores da Tabela4.4 devem ser corrigidos por um coeficiente (ksur) que varia entre 0,5 e 1,5 (Tabela 4.5)

Tabela 4.4 – Valores recomendados para variação linear de temperatura ao longo da altura de diferentes tipos detabuleiros de pontes nos países europeus segundo o EC1 (CEN, 2003)

Tabela 4.5 – Valores recomendados para o fator de correção Ksur para diferentes espessuras de revestimentosegundo o EC1 (CEN, 2003)

Page 90: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 90/258

Capítulo 4 Efeitos de Temperatura nas Pontes 67 

O segundo procedimento especificado pelo EC1 para os efeitos da variação da temperatura ao longoda altura do tabuleiro incluiu a componente da variação não-linear. Os valores recomendados para

cada tipo de ponte são apresentados nas Figuras 4.11 a 4.13.

Figura 4.11 – Valores recomendados pelo EC1 para as variações de temperatura ao longo da altura de tabuleiros

em aço nos países europeus – Tipo 1 (CEN, 2003).

Figura 4.12 – Valores recomendados pelo EC1 para as variações de temperatura ao longo da altura de tabuleirosmistos - laje de concreto e vigas de aço nos países europeus – Tipo 2 (CEN, 2003).

Page 91: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 91/258

Capítulo 4 Efeitos de Temperatura nas Pontes 68 

Figura 4.13 – Valores recomendados pelo EC1 para as variações de temperatura ao longo da altura de tabuleirosem concreto nos países europeus – Tipo 3 (CEN 2003).

4.7.1.3  Simultaneidade da variação uniforme e da variação diferencial.

Nos casos onde é necessário levar em conta simultaneamente os efeitos da variação uniforme e davariação diferencial de temperatura, como é caso das pontes integrais, o EC1 indica o uso dasexpressões a seguir, as quais devem ser interpretadas como combinações de carregamentos:

 ∆T  M,heat (ou  ∆T  M,cool) + ω N   ∆T  N,exp (ou  ∆T  N,con) ( 4.17)

ou

ω M  ∆T  M,heat (ou  ∆T  M,cool) + ∆T  N,exp (ou  ∆T  N,con)  (4.18)

onde:

 ∆T  M,heat ou  ∆T  M,cool : efeitos das variações diferenciais de temperatura (aquecimento ou esfriamento) ∆T  N,exp  ou  ∆T  N,con : efeitos das variações uniformes de temperatura (expansão ou contração)ω N  e ω M   : coeficientes de ponderação das ações

Na falta de informações mais precisas o EC1 recomenda o uso dos seguintes coeficientes:

ω N  = 0,35ω M  = 0,75

Page 92: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 92/258

Capítulo 4 Efeitos de Temperatura nas Pontes 69 

4.7.2  Ações térmicas segundo as especificações da AASHTO

4.7.2.1 

Variação uniforme de temperatura

Nos Estados Unidos as especificações para o projeto de pontes da  American  Association of   State Highway and Tranportation Officials (AASHTO, 2007) indicam dois procedimentos que podem seradotados na determinação da variação térmica uniforme.

O Procedimento A foi introduzido na primeira versão das especificações da AASHTO na década de 20do século passado e pode ser usado para todos os tipos de pontes. As temperaturas uniformes mínima(T  MinDesign) e máxima (T  MaxDesign) a serem adotadas no cálculo das movimentações dependem do tipode clima e do material da ponte e estão apresentadas na Tabela 4.6.

Tabela 4.6 – Temperaturas uniformes mínimas (T  MinDesign) e máximas (T  MaxDesign) nos Estados Unidos deacordo com o Procedimento A da AASHTO

Clima Aço ou Alumínio Concreto Madeira

Moderado -18ºa 27ºc -12ºa 27ºc -12ºa 24ºcFrio -35ºa 50ºc -18ºa 27ºc -18ºa 24ºc

O procedimento B foi introduzido com base no trabalho desenvolvido pelo  National Cooperative Highway Research Program  (NCHRP) através da Universidade de Washington (ROEDER, 2002)descrito no subitem anterior. Este procedimento está disponível apenas para pontes de concreto epontes com vigas de aço e lajes de concreto.

Para determinação das temperaturas efetivas máxima e mínima de projeto (T  MaxDesign  e T  MinDesign) olocal da ponte deve-se localizado nos mapas de isotermas, fazendo-se a interpolação linear entre asduas curvas mais próximas. Alternativamente podem ser adotadas a curva adjacente de temperaturamais alta para determinação da temperatura efetiva máxima e a curva adjacente de temperatura maisbaixa para determinação da temperatura efetiva mínima. As temperaturas de projeto devemobrigatoriamente constar dos desenhos da ponte.Os mapas de isotermas das especificações da AASHTO estão apresentados nas Figuras 4.14 a 4.17.

Page 93: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 93/258

Capítulo 4 Efeitos de Temperatura nas Pontes 70 

Figura 4.14 – Mapa de isotermas com as temperaturas efetivas máximas (º C) para projeto de pontes com vigas elajes de concreto (AASHTO, 2007).

Figura 4.15 – Mapa de isotermas com as temperaturas efetivas mínimas (º C) para projeto de pontes com vigas elajes de concreto (AASHTO, 2007).

Page 94: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 94/258

Capítulo 4 Efeitos de Temperatura nas Pontes 71 

Figura 4.16 – Mapa de isotermas com as temperaturas efetivas máximas (º C) para projeto de pontes com vigasde aço e lajes de concreto (AASHTO, 2007).

Figura 4.17 – Mapa de isotermas com as temperaturas efetivas mínimas (º C) para projeto de pontes com vigasde aço e lajes de concreto (AASHTO, 2007).

Page 95: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 95/258

Capítulo 4 Efeitos de Temperatura nas Pontes 72 

T2

T1

T3

   2   0   0  m  m

A

   A   L   T   U   R   A   D   A   S   U   P   E   R   E   S   T   R   U   T   U   R   A

t   1   0   0

  m  m

APENAS PARAVIGAS DE AÇO

 4.7.2.2  Variação diferencial de temperatura

Nas especificações da AASHTO a variação diferencial de temperatura tem como base o métodoproposto em um relatório elaborado pelo NCHRP (IMBSEN et al., 1985) no qual foram introduzidasalgumas modificações. No mesmo relatório Imbsen também elaborou uma proposta para determinaçãoda variação uniforme de temperatura, mas esta na época não foi incluída nas especificações daAASHTO.

A variação diferencial de temperatura é considerada apenas na direção vertical do tabuleiro e ogradiente tem a forma representada no diagrama da Figura 4.18

Figura 4.18 – Diagrama da variação diferencial vertical de temperatura para pontes de concreto e ponte de aço(AASHTO, 2007).

O valor da dimensão A do diagrama da Figura 4.18 é função da altura e do material do tabuleiro, sendodeterminado da seguinte forma:

•  tabuleiros de concreto com altura de 40 cm ou mais: A = 30 cm;•  para tabuleiros de concreto com altura inferior a 40 cm: A = altura -10 cm;•  tabuleiros de aço: A = 30 cm e valor de t  deve ser tomado como a espessura da laje de concreto.

De acordo com a AASHTO as temperaturas que definem a variação diferencial dependem da zona deincidência de radiação na qual a ponte está situada (Figura 4.19). Os valores das temperaturas T 1 e T 2 

são obtidos da Tabela 4.7. Para obtenção dos valores para temperaturas negativas os valores da tabelaem referência devem ser multiplicados por -0,30 para lajes de concreto sem revestimento e por -0,20para lajes com revestimento asfáltico.

O valor da temperatura T3 deve ser tomado com 0 ºC, exceto quando houver estudos específicos para olugar, porém não excedendo o valor de 3 ºC.

Page 96: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 96/258

Capítulo 4 Efeitos de Temperatura nas Pontes 73 

Tabela 4.7 – Gradientes de temperatura em função das zonas de radiação nos EUA (AASHTO, 2007)ZONA T1 (ºC) T2 (ºC)

1 30 7,8

2 25 6,73 23 6,0

4 21 5,0

Figura 4.19 – Zonas de radiação solar dos EUA (AASHTO, 2007).

4.7.3  Ações térmicas segundo as normas brasileiras

A atual norma de projeto de pontes de concreto, (NBR 7187:2003 – Projeto de Pontes em ConcretoArmado e Protendido – Procedimento) não aborda os efeitos de temperatura. No subitem 7.2.7 anorma indica que as variações de temperatura devem ser consideradas como indicado na seção 11 daNBR 6118:2003 (Projeto de Estruturas de Concreto – Procedimento).

No caso de pontes de aço os projetistas precisam recorrer à NBR 8800:2008 (Projeto de Estruturas de

Aço e de Estruturas Mistas de Aço e Concreto para Edifícios) e a normas estrangeiras uma vez que aABNT não possui um norma específica sobre o assunto.

A atual versão da NBR 7187 substituiu a de 1987 quando da publicação da atual versão da NBR 6118em 2003 porque uma grande parte de seu conteúdo estava em desacordo com a norma de projeto deestruturas de concreto. No entanto, a NBR 7187 apresenta-se excessivamente condensada e muitosaspectos de projeto que apresentam particularidades ou importância especial para as pontes, como é ocaso da variação de temperatura, não são suficientemente abordados.

No caso da variação diferencial de temperatura a NBR 7187:1987 apresentava uma abordagem maisadequada para pontes, embora muito simplificada se comparada às normas internacionais mais atuais.A seguir as considerações sobre a variação de temperatura de acordo com a NBR 6118:2003 e de

acordo com a antiga NBR 7187:1987.

Page 97: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 97/258

Capítulo 4 Efeitos de Temperatura nas Pontes 74 

4.7.3.1  Variação de temperatura segundo a NBR 6118:2003

Variação uniforme

A NBR 6118:2003, no subitem 11.4.2.1, indica que a variação da temperatura da estrutura, causadaglobalmente pela variação da temperatura da atmosfera e pela insolação direta, é consideradauniforme. Ela depende do local de implantação da construção e das dimensões dos elementosestruturais que a compõem. Segundo a norma, de maneira genérica, podem ser adotados os seguintesvalores:

a) para elementos estruturais cuja menor dimensão não seja maior que 50 cm, deve ser consideradauma oscilação de temperatura em torno da média de 10 ºC a 15 ºC;

b) para elementos estruturais maciços ou ocos com os espaços vazios inteiramente fechados, cujamenor dimensão seja superior a 70 cm, admite-se que esta oscilação seja reduzida respectivamente

para 5 ºC a 10 ºC;c) para elementos estruturais cuja menor dimensão esteja entre 50 cm e 70 cm admite-se que sejafeita uma interpolação linear entre os valores acima indicados.

A escolha de um valor entre esses dois limites pode ser feita considerando 50% da diferença entre astemperaturas médias de verão e inverno, no local da obra.

Variação diferencial

Segundo a NBR 6118:2003, subitem 11.4.2.2, nos elementos estruturais em que a temperatura possater distribuição significativamente diferente da uniforme, devem ser considerados os efeitos dessadistribuição. Na falta de dados mais precisos, pode ser admitida uma variação linear entre os valoresde temperatura adotados, desde que a variação de temperatura considerada entre uma face e outra daestrutura não seja inferior a 5°C.

4.7.3.2  Variação de temperatura segundo a NBR 7187:1987

Variação uniforme

A NBR 7187:1987 no seu subitem 7.1.91 indica que para as pontes de concreto deve ser consideradauma variação uniforme de temperatura de +/- 15 ºC.

Variação diferencial

Segundo a NBR 7187:1987, subitem 7.1.91, combinada com a variação uniforme deve ser consideradaao longo da altura de cada seção transversal, a distribuição de temperatura definida na Figura 4.20,conforme os valores fornecidos na Tabela 4.8.

Page 98: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 98/258

Capítulo 4 Efeitos de Temperatura nas Pontes 75 

T1

T2

T3

h3

h2

h1

h

h1 = 0,3h > 0,15m

h2 = 0,3h

h3 = 0,3h

< 0,10m

> 0,25m

> h - h - h21

> 0,10m + hpav

 

Figura 4.20 – Diagrama da distribuição de temperatura ao longo da altura da seção (NBR 7187:1987).

Tabela 4.8 – Valores das ordenadas do diagrama de distribuição de temperatura em função da altura da peçasegundo a NBR 7187:1987

h (m) T1 (ºC) T2 (ºC) T3 (ºC)

≤ 0,2 8,5 3,5 0,50,4 12,0 3,0 1,50,6 13,0 3,0 2,0

≥ 0,8 13,5 3,0 2,5

4.7.3.3 

Considerações sobre a variação de temperatura nas normas brasileiras

A maior parte do território brasileiro está situada na Zona Intertropical e consequentemente possuiclimas equatoriais e tropicais caracterizados por baixa amplitude térmica sazonal. Uma pequena parteda Região Sudeste e a totalidade da Região Sul estão localizadas na Zona Temperada Sul e possuemclima tipo subtropical já com amplitudes térmicas mais significativas.

Mesmo levando em conta este aspecto, consideramos que as normas brasileiras apresentam umaabordagem muito simplificada para as ações de temperatura, adotando um mesmo critério para toda aextensão territorial do país e não levando em conta as particularidades que estas ações têm para cadatipo de estrutura.

Além da zona climática, outros fatores afetam a temperatura ambiente e consequentemente atemperatura das estruturas, como altitude, distância do litoral, etc. A incidência da radiação solar decada região também precisa ser levada em conta porque, como foi visto anteriormente, é um fator quetem forte influência nas ações de temperatura nas estruturas.

Na tabela 4.9 são apresentados registros de temperatura em algumas capitais brasileiras onde se podeobservar as diferenças entre as amplitudes climáticas de cada região. Deve-se ressaltar que estesvalores não correspondem às máximas históricas e que muitas cidades ficam próximas ao litoral, econseqüentemente têm amplitudes térmicas menores.

Page 99: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 99/258

Capítulo 4 Efeitos de Temperatura nas Pontes 76 

Tabela 4.9 – Registros de temperaturas máximas e mínimas em algumas capitais brasileirasUF  CAPITAIS  MÁXIMA (oC)  MÍNIMA (oC) RO Porto Velho (4) 34.8 15.0AM. Manaus (5) 36.3 18.3PA Belém (5) 33.8 20.8AP Macapá (1) 34.0 21.2MA São Luís (1) 32.8 20.6PI Teresina (1) 38.1 17.8CE Fortaleza (5) 33.3 21.3RN Natal (5) 31.0 18.3PB João Pessoa (5) 31.2 19.0PE Recife (5) 32.0 18.4AL Maceió (1) 34.4 18.0SE Aracaju (3) 32.6 18.0BA Salvador (1) 32.8 19.6MG Belo Horizonte (3) 32.3 10.0

ES Vitória (1) 35.5 15.1SP São Paulo (5) 33.9 4.4PR Curitiba (4) 31.6 -0.7SC Florianópolis (3) 34.8 1.5RS Porto Alegre (5) 37.2 -0.2MS Campo Grande (4) 35.3 4.1MT Cuiabá (5) 39.1 8.3GO Goiânia (3) 36.2 8.9DF Brasília (2) 31.6 7.0

Fonte: FIBGE Notas: (1) dados referentes a 1989; (2) dados referentes a 1990; (3) dados referentes a 1991; (4) dados referentes a 1992; e (5) dados

referentes a 1993. 

Page 100: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 100/258

Capítulo 5 Retração e Fluência 77 

5  RETRAÇÃO E FLUÊNCIA

5.1  Deformações do concreto

De acordo com Neville (1997), o concreto pode ser considerado um material com comportamentoelástico dentro de certos limites de tensão. Um material é considerado perfeitamente elástico sesurgem e desaparecem deformações imediatamente após a aplicação ou retirada das tensões, sendo queesta definição não implica em linearidade entre tensões de deformações. Quando o concreto é mantidosob uma carga permanente, a deformação cresce com o tempo, isto é, o concreto apresenta fluência.Além disso, submetido ou não a um carregamento, o concreto se contrai quando perde umidade,sofrendo uma retração. As intensidades da retração e da fluência são da mesma ordem de grandeza dasdeformações elásticas devidas às tensões usuais geradas por carregamentos em uma estrutura de

concreto. Assim, é necessário considerar estes diversos tipos de deformações nos projetos estruturais,principalmente no caso de estruturas de maior porte, como é o caso das pontes.

Em uma peça de concreto sujeita a um carregamento as deformações podem ser elásticas (semprereversíveis com o descarregamento), viscoelásticas (parcialmente reversíveis, consistindo de uma fasepuramente viscosa e outra puramente elástica) e plásticas (irreversíveis). A deformação elástica éinstantânea e linear. Uma deformação plástica pode ser dependente do tempo e não existeproporcionalidade entre a deformação e a tensão aplicada, ou entre a tensão e a velocidade dedeformação. Uma deformação viscosa sempre depende do tempo, e sempre existe proporcionalidadeentre a velocidade de deformação e a tensão aplicada, e, portanto, entre a tensão e a deformação emum dado momento (NEVILLE, 1997).

No caso de carregamentos aproximadamente constantes e que impliquem em níveis de tensão comvalor inferior a 40% da sua resistência média à compressão, admite-se o concreto como um materialcom comportamento viscoelástico linear com envelhecimento. Isto é, as deformações sãoproporcionais às tensões aplicadas, mas também dependem da idade do concreto em que ocorre ocarregamento.

A deformação total εc(t)  em um determinado instante de tempo t   de um elemento de concretocarregado com uma tensão uniaxial σ c aplicada em um instante t 0 pode ser expressa da seguinte forma: 

( ) ( ) ( ) ( )t t t t t  cT cscccic   ε ε ε ε ε    +++= 0)(   (5.1)

onde:εci(t 0): deformação instantânea; εcc(t): deformação devida à fluência (creep);εcs(t): deformação devida à retração (shrinkage);εcT (t): deformação devida à variação de temperatura.

A deformação instantânea é baseada no módulo de elasticidade tangente ( E ci), sendo dada pelaseguinte expressão:

( ) ( ) ( )000 t  E t t cicci   σ ε    =   (5.2)

A deformação instantânea do concreto acontece simultaneamente com a aplicação da tensão, sendoque a mesma depende do nível de tensão aplicado, da velocidade de aplicação do carregamento e daidade do concreto. A deformação instantânea é composta por uma parcela de deformação reversível

Page 101: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 101/258

Capítulo 5 Retração e Fluência 78 

   D   E   F   O   R   M   A   Ç

    Ã   O    T

   O   T   A   L

   T   E   N   S    Ã   O

TEMPO

TEMPO0

0 t

ε (t) - FLUÊNCIA

ε (t) - INSTANTÂNEA

ε (t) - RETRAÇÃO

t

σ

(elástica) e uma parcela irreversível (plástica), sendo que para tensões de compressão inferiores a 40%da resistência do concreto esta última parcela é desprezível.

As componentes εci (t 0) e εcc (t) dependem do estado de tensão da peça e também são denominadascomponentes de deformação mecânica. Já as deformações εcs (t)  e εcT   (t) independem do estado detensão e também são denominadas componentes de deformação não mecânica. Assim, a Equação 5.1também pode ser escrita da seguinte forma:

( ) ( )t t t  cncc   ε ε ε  σ    += 0)(   (5.3)

( ) ( )t t t  cccic   ε ε ε  σ    += 0)(   (5.4)

( ) ( )t t t  cT cscn   ε ε ε    +=)(   (5.5)

onde:

εcσ (t):deformação dependente da tensãoεcn(t): deformação independente da tensão

A Figura 5.1 representa a evolução das deformações componentes na composição da deformação totalem um elemento de concreto submetido a uma tensão de compressão constante ao longo do tempo,sendo a tensão σc aplicada decorrido um período de tempo t 0 após a pega do concreto.

Figuras 5.1 – Componentes das deformações de um elemento de concreto submetido a uma tensão constante(GILBERT, 2011).

As deformações por retração e por fluência costumam ser designadas por deformações diferidas por sedesenvolverem de forma lenta ao longo do tempo. Segundo Neville (1997) é usual admitir quefluência e retração sejam aditivas. Assim, a fluência é calculada como a diferença entre a deformaçãototal com o tempo do elemento carregado e a retração de um elemento semelhante conservado nasmesmas condições, durante igual período de tempo, sem carregamento. Segundo o autor esta

simplificação é cômoda, mas a retração e a fluência não são fenômenos independentes aos quais podeser aplicado princípio da superposição.

Page 102: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 102/258

Capítulo 5 Retração e Fluência 79 

Na realidade, a retração tem o efeito de aumentar a fluência. No entanto, do ponto de vista prático, éconveniente o tratamento conjunto dos dois fenômenos de forma aditiva uma vez que a grande maioria

dos dados disponíveis foram obtidos a partir desta hipótese (NEVILLE, 1997). Também segundoMEHTA e MONTEIRO (2006) é desejável que se faça o estudo conjunto da retração por secagem(parcela mais significativa da retração) e da fluência pelas seguintes razões:

a)  a retração por secagem e a fluência são fenômenos cuja causa tem a mesma origem, que é apasta do cimento hidratado;

b)  as suas curvas tensão-deformação têm configuração parecida;c)  os fatores que influenciam a retração por secagem também influenciam a fluência da mesma

forma;d)  as deformações de cada um dos fenômenos, de 400 a 1000x10 -6, são grandes e não podem ser

ignoradas no projeto estrutural;e)  tanto a retração por secagem como a fluência são parcialmente reversíveis.

5.2  Retração do concreto

A retração é definida como a diminuição do volume de um elemento de concreto ao longo do temposem a ação de um carregamento e à temperatura constante (RÜSCH; JUNGWIRTH; HILSDORF1983). Esta redução de volume está associada a processos físico-químicos relacionados com a variaçãode umidade interna ou externa. A retração resultará em maiores tensões de tração no elemento deconcreto caso haja restrição interna ou externa a esta deformação.

A retração em um elemento de concreto pode ser subdividida da seguinte forma:

5.2.1  Retração plástica

A retração plástica é a contração devida à evaporação da água quando o concreto se encontra ainda emseu estado plástico. A sua intensidade é influenciada pela temperatura, umidade e velocidade do vento.A retração plástica é tanto maior quanto maior for o teor de cimento da mistura e quanto menor arelação água/cimento. Pode haver fissuração se a quantidade de água perdida por unidade de área forgrande e maior do que a água que sobe à superfície por efeito da exsudação. Como nesta fase oconcreto não possui propriedades mecânicas consideráveis, na prática é a fissuração que preocupa(NEVILLE, 1997).

5.2.2  Retração autógena

A retração autógena, também denominada retração química, resulta da diminuição de volume durantea hidratação do cimento, uma vez que o volume da pasta de cimento hidratado é menor que a soma dosvolumes de cimento e água antes de processada a reação química. Esta parcela da retração independedas condições de umidade do ambiente. A retração autógena tende a aumentar com temperaturas maisaltas, teores de cimento mais altos, cimentos mais finos e relações água/cimento mais baixas(NEVILLE, 1997).

A retração autógena tem importância limitada nos concretos de resistência normal, mas é bastantesignificativa nos concretos de alto desempenho, conforme pode ser verificado na Figura 5.2. Aretração autógena era muito pouco mencionada nos trabalhos anteriores a 1990, quando o uso dosconcretos de alto desempenho começou a se difundir (ACI, 2005).

5.2.3  Retração por secagem

A retração por secagem representa a parcela mais expressiva da retração nas estruturas de concreto(Figura 5.2). A retirada da água do concreto exposto ao ar não saturado do ambiente causa a retração

Page 103: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 103/258

Capítulo 5 Retração e Fluência 80 

   R   E   T   R   A   Ç    Ã   O

   R   E   T   R   A   Ç    Ã   O

IDADE DO CONCRETO

IDADE DO CONCRETO

INÍCIO DASECAGEM RETRAÇÃOAUTÓGENA

RETRAÇÃO TOTALDURANTE A SECAGEM

RETRAÇÃO TOTALDURANTE A SECAGEM

RETRAÇÃOAUTÓGENA

INÍCIO DASECAGEM

RETRAÇÃO DESECAGEM

RETRAÇÃO DESECAGEM

RETRAÇÃO AUTÓGENADURANTE A SECAGEM

(a)

(b)

00

10 20 30 40 50 60 70 80

200

400

600

800

1000

TEMPO (DIAS)

   D   E   F   O   R   M

   A   Ç    Ã   O   x   1   0  -   6

SECAGEM REMOLHAGEM

RETRAÇÃOIRREVERSÍVEL

RETRAÇÃOTOTAL

RETRAÇÃOREVERSÍVEL

por secagem, também denominada retração hidráulica. Uma parte desta variação de volume éirreversível e deve ser diferenciada das variações reversíveis de umidade causadas por exposição

alternada a condições secas e úmidas (NEVILLE, 1997). A reversibilidade da retração por secagem émostrada no gráfico da Figura 5.3. A retração por secagem do concreto é influenciada pelaspropriedades dos materiais e sua dosagem (Figuras 5.4 e 5.5), pela temperatura e umidade relativa doar (figura 5.6) e pela geometria da peça.

Figura 5.2 – Desenvolvimento da retração autógena e da retração por secagem ao longo do tempo para concretosde resistência normal (a) e concretos de alto desempenho (b)

(SAKURA; SHIMOMURA, 2004 apud GRIBNIAK; KAKLAUSKAS; BACINSKAS, 2008)

Figura 5.3 – Reversibilidade da retração por secagem (MINDESS; YOUNG, 1981 apud MEHTA; MONTEIRO,2006)

Page 104: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 104/258

Capítulo 5 Retração e Fluência 81 

RELAÇÃO ÁGUA - CIMENTO

TEOR DE CIMENTO - kg/m³

   R   E   T   R   A   Ç    Ã   O   -

   1   0  -   6

300 400 500 600 700 800700

800

900

1000

1100

1200

TEOR DE ÁGUA - kg/m³175

190210

0,25

2300,30

0,350,40

0,450,50

0,30

0,4 0,5 0,6 0,7 0,8

400

800

1200

1600

TEOR DE AGREGADOEM VOLUME - %   5

   0

   6   0

 7 0

80

RELAÇÃO ÁGUA / CIMENTO

   R   E   T   R   A   Ç    Ã   O   -

   1   0  -   6

100 90 80 70 60 50 40

   R   E   T   R   A   Ç    Ã   O    D

   E

   S   E   C   A   G   E   M   x

   1   0

UMIDADE RELATIVA DO AR (%)

0

10

20

30

40

50

   C   U   R   A   N   A    Á   G   U   A

   A   R

   M   U   I   T   O     Ú

   M   I   D   O    A

   R   N

   O   R   M   A   L

   A   R

   M   U   I   T   O    S

   E   C   O

  -   5

 

Figura 5.4 – Influência da relação água/cimento e do teor do agregado sobre a retração

(ODMAN, 1968 apud NEVILLE, 1997)

Figura 5.5 – Representação da retração em função do teor de cimento, do teor de água e da relação água/cimento(CARLSON e READING, 1988 apud NEVILLE, 1997)

Figura 5.6 – Influência da umidade relativa do ar na retração por secagem (MEHTA; MONTEIRO, 2006)

Page 105: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 105/258

Capítulo 5 Retração e Fluência 82 

TEMPO

DEFORMAÇÃOINSTANTÂNEACONVENCIONAL

DEFORMAÇÃOINSTANTÂNEAREAL

DEFORMAÇÃO DEFLUÊNCIA + RETRAÇÃO

   D   E   F   O   R   M   A   Ç    Ã   O    T

   O   T   A   L

 5.2.4  Retração por carbonatação

A retração por carbonatação tem como causa a reação da pasta do cimento hidratado com o dióxido decarbono presente no ar. Depende da existência de umidade e seu avanço se dá da superfície para ointerior da estrutura com o avanço do processo de carbonatação. A retração por carbonatação podecontribuir para o aparecimento de fissuras superficiais de pequena profundidade induzidas pelaretração restringida pelas camadas mais profundas não sujeitas à carbonatação. Alguns dadosexistentes sobre a retração por secagem incluem os efeitos da retração por carbonatação (NEVILLE,1997).

5.3  Fluência do concreto

Segundo Neville (1997) a fluência pode ser definida como o aumento de deformação sob tensãomantida. Ainda de acordo com o autor, no caso de um concreto submetido a uma deformaçãoconstante, a fluência se manifesta com uma redução progressiva da tensão com o tempo (relaxação).

Em um elemento de concreto sujeito a condições normais de carregamento, a deformação instantâneadepende da velocidade de aplicação da carga e inclui, além da deformação elástica, uma parcela dafluência. É difícil fazer uma separação precisa entre a deformação elástica imediata e a fluência inicial,mas isto não tem importância prática porque o que interessa é a deformação total devida aocarregamento. Uma vez que o módulo de elasticidade aumenta com a idade existe um decréscimoprogressivo da deformação elástica e rigorosamente a fluência deveria ser tomada como a deformaçãoque excede a deformação elástica em uma determinada idade. Como o módulo de elasticidadenormalmente não é determinado em várias idades, considera-se a fluência como o acréscimo dedeformação além da deformação elástica inicial (NEVILLE, 1997 e GILBERT 1988). O gráficomostrado na Figura 5.7 representa este comportamento.

Figura 5.7 – Evolução da parcela da deformação instantânea em função do tempo (GILBERT, 1988)

Como foi já foi mencionado anteriormente, fluência e retração não são fenômenos independentes.Segundo Gilbert (1988 e 2011) a fluência é significativamente maior quando acompanhada da

retração. Em um elemento de concreto em condições de equilíbrio de umidade com ao ambiente (semretração), a deformação ao longo do tempo é denominada fluência básica. A fluência adicional queocorre com a secagem do concreto é denominada fluência de secagem. Em um ambiente onde as

Page 106: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 106/258

Capítulo 5 Retração e Fluência 83 

00

20 40 60 80 100 120

200

400

600

800

1000

TEMPO APÓS CARREGAMENTO

   D   E   F   O   R   M   A   Ç    Ã   O   x   1   0  -   6

ELÁSTICA

DEFORMAÇÃO

DEFORMAÇÃO

POR FLUÊNCIA

DEFORMAÇÃOELÁSTICA

FLUÊNCIAIRREVERSÍVEL

CONCRETO NÃOCARREGADO

FLUÊNCIAREVERSÍVEL

REVERSÍVEL

condições de umidade implicam na ocorrência do processo de secagem (não saturado), a fluênciausualmente é calculada como a diferença entre da deformação entre um elemento sob carregamento e

um elemento similar não carregado.

5.3.1  Causas da fluência

Segundo Metha e Monteiro (2006) a deformação por fluência, assim como a deformação devida àretração por secagem, tem como causa principal a perda da água adsorvida da pasta de cimento. Nocaso da retração por secagem a perda se dá pela diferença da umidade relativa entre e o concreto e oambiente. Já na fluência a perda se dá devido à aplicação de uma tensão permanente no concreto. Noentanto, isto não quer dizer que não existam outras causas, pois o fenômeno da fluência é consideradomais complexo.Segundo os autores, o aumento da fluência quando o concreto se encontra em condições de secagem

decorre da microfissuração da zona de transição devida à retração por secagem. Outra causa seria umaresposta atrasada por parte dos agregados, uma vez que ocorre uma transferência de tensão gradual dapasta de cimento para estes. Segundo Neville (1997) é a pasta de cimento hidratado que apresentafluência, sendo o papel do agregado basicamente o de contenção. Os agregados normais não sãosujeitos à fluência quando submetidos às tensões usuais do concreto.

Assim como a retração, a fluência do concreto é parcialmente reversível. No gráfico da Figura 5.8pode-se observar que a deformação elástica tem uma reversão quase que total quando a aplicação datensão é interrompida. Já a recuperação da deformação por fluência é apenas parcial.

Figura 5.8 – Reversibilidade da deformação elástica e da fluência (MINDESS; YOUNG, 1981 apud MEHTA;MONTEIRO, 2006)

5.3.2 

Fatores que influenciam na fluência

Assim como ocorre na retração e em outras características do concreto, a fluência é influenciada por

diversos fatores, que muitas vezes estão inter-relacionados. Estes fatores podem ser divididos daseguinte forma:

Page 107: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 107/258

Capítulo 5 Retração e Fluência 84 

5.3.2.1  Características dos materiais e dosagem

A análise da influência direta de um determinado componente na fluência é de difícil determinaçãoporque na dosagem do concreto não é possível alterar um dos fatores sem alterar pelo menos mais umoutro. Como a fluência ocorre na pasta do cimento hidratado consequentemente ela é função do teorem volume da pasta de cimento, embora esta relação não seja linear (NEVILLE, 1997).

Segundo Mehta e Monteiro (2006) a influência da quantidade de cimento e da relação água/cimentosobre a fluência e a retração de secagem não é direta. O aumento do volume da pasta de cimentoimplica na redução do teor de agregados e consequentemente no aumento das deformações. Paraconcretos com a mesma quantidade de cimento, um aumento na relação água/cimento implica em umamenor resistência e uma maior permeabilidade com consequente aumento da deformação por fluência.

A granulometria, o tamanho máximo e a forma dos agregados são fatores que interferem na fluênciaporque, direta ou indiretamente, influenciam o teor de agregado do concreto. As propriedades físicasdos agregados também têm influência sobre a fluência do concreto, sendo o módulo de elasticidade amais importante. Quanto maior o valor deste maior o efeito de contenção oferecido pelo agregado áfluência da pasta de cimento (NEVILLE, 1997).

Segundo Neville (1997) o tipo de cimento interfere na fluência, porém também de forma indireta porafetar a resistência do concreto na idade do carregamento. A finura do cimento tem efeito sobre aevolução da resistência nas primeiras idades e, portanto, também interfere na fluência. Segundo oautor, as adições são outro fator que afetam comportamento do concreto em relação à fluência, mas osefeitos são distintos em função de cada substância.

5.3.2.2  Tensão aplicada, resistência e idade do carregamento

De acordo com Neville (1997) existe uma proporcionalidade direta entre a fluência e a tensãoaplicada, exceto para elementos carregados em idades muito pequenas. Não existe um limite inferiorporque o concreto está sujeito à fluência mesmo sob tensões muito baixas. O limite deproporcionalidade é atingido quando ocorrem microfissuras sérias, usualmente para tensões situadasentre 40 e 60% da resistência, mas ocasionalmente isto pode acontecer para valores mais baixos (30%)ou mais altos (75%). No gráfico da Figura 5.9 é apresentado desenvolvimento da fluência para ummesmo concreto submetido a diferentes tensões.

A resistência do concreto possui grande influência sobre a fluência. Dentro de um grande intervalotemos que a fluência é inversamente proporcional à resistência do concreto na idade da aplicação datensão. Esta relação é muito importante na prática porque a resistência do concreto é especificada e atensão é calculada pelo engenheiro projetista. Em função disso o tratamento através da relação tensãoresistência é mais prática do que a consideração do tipo de cimento, da relação água/cimento e daidade (NEVILLE, 1997).

A idade em que o concreto é submetido a uma tensão constante tem influência sobre a fluência umavez que a resistência também aumenta com a idade. Concretos carregados com pouca idade estãosujeitos a valores de fluência da ordem de duas vezes daquela observada em concretos carregados commais idade (Figura 5.9).

Segundo Neville (1997) a fluência prossegue durante muito tempo, senão indefinidamente. Noentanto, a velocidade da fluência diminui continuamente e admite-se que tenda para um valor limiteapós um tempo infinito.

Page 108: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 108/258

Capítulo 5 Retração e Fluência 85 

TEMPO DE CARREGAMENTO (log)

   F   L   U    Ê   N   C   I   A  -   1   0

  -   6

UMIDADE RELATIVA

100

28 90 1 2 5 10 20 30

400

800

1200

  5  0  %

  7 0  %

1 0 0 %

DIASANOS

100

20 30 50 70 100 200 300

1

500 700 1000 2000 3000 5000

2 5 10

200

400

600

800

1000

1200

1400

   F   L   U    Ê   N   C   I   A   (   1   0

   )  -   6

TEMPO DESDE A APLICAÇÃO DA TENSÃO

  C  A   R   R

   E  G  A   D

  O   A  O

  S   3    M   E  S

   E  S  -   8 ,   4    M   P  a

 CA R R E G

A D O A O

 S  2 8  D IA

 S  -  6, 3 

 M P a

 C A  R  R

  E G A  D

 O  A O S

  3   M  E

 S  E S  -

  6, 3   M

  P a

 CA R R E GA D

 O A O S  2 8 

 D IA S  -  4, 2

  M P a

 C A R R E G

 A D O  A

 O S  3  M

 E S E S  - 

 4, 2  M P

 a

 CA R R E GA D

 O A O S  2 8  D

 IA S  -  2, 1  M P

 a

NO CORPO DE PROVA, ESCALA LOGARÍTMICA

 

Figura 5.9 – Fluência sob tensão constante de longa duração. Relação água/cimento = 0,69, relaçãoagregado/cimento = 5,05, temperatura 21º, umidade relativa 70%

(TROXELL; DAVIS; KELLY, 1968)

5.3.2.3  Umidade relativa do ambiente e temperatura

A fluência por secagem é significativamente afetada pela umidade relativa do ar do ambiente onde oconcreto se encontra. Uma menor a umidade relativa favorece o processo de secagem implicando emvalores maiores para a fluência e a retração por secagem (Figura 5.10).

Figura 5.10 – Fluência de concreto curado durante 28 dias e depois carregado e conservado a diferentes

umidades relativas (TROXELL; RAPHAEL; DAVIS; 1958 apud NEVILLE, 1997)

Page 109: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 109/258

Capítulo 5 Retração e Fluência 86 

400

1.5

2

2.5

   C   O   E   F   I   C   I   E

   N   T   E   D   E   F   L   U    Ê   N   C   I   A

50% RH

70% RH

90% RH

ESPESSURA FICTÍCIA

0 100 200 300

De acordo com Mehta e Monteiro (2006), quando um concreto é submetido a elevadas temperaturascomo parte de um processo de cura e depois é submetido a um carregamento, a fluência será menor

que aquela observada em um concreto cuja cura foi realizada a baixa temperatura. Por outro lado seum concreto é submetido a temperaturas elevadas durante carregamento haverá aumento da fluência.O efeito da temperatura sobre a fluência é importante no caso das pontes por conta das elevadastemperaturas observadas nas faces superiores dos tabuleiros (NEVILLE, 1997).

5.3.2.4  Geometria do elemento estrutural

Segundo Mehta e Monteiro (2006) as peças com espessuras maiores apresentam menor fluência quepeças delgadas sujeitas às mesmas tensões porque existe uma resistência maior à perda de água para oambiente externo. A forma do elemento também tem influência sobre este processo. Na prática é maisconveniente expressar estes parâmetros através da espessura fictícia que corresponde área da seçãodividida pelo seu semiperímetro (Figura 5.11).

Figura 5.11 – Variação do coeficiente de fluência em função da espessura fictícia e da umidade relativa deacordo com as equações do CEB-FIP Model Code 1990 (MEHTA; MONTEIRO, 2006)

5.3.2.5  Outros fatores

Além dos fatores já relacionados existem outros que também podem influenciar a fluência doconcreto, como as condições de cura, magnitude e tipo de carga aplicada (estática ou cíclica). SegundoNeville (1997) um carregamento cíclico resulta em uma velocidade de fluência maior nas primeirasidades e também leva a valores maiores em longo prazo.

Na Figura 5.12 é apresentado um gráfico com a composição das deformações em um concreto sujeitoa secagem e submetido a uma tensão constante.

Page 110: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 110/258

Capítulo 5 Retração e Fluência 87 

t

RETRAÇÃO AUTÓGENA

(TEMPO DE PEGA)t0 tempo

   d  e

   f  o  r  m  a  ç   ã  o

   I   N   S   T   A   N   T    Â   N   E   A

   D   E   F   O   R   M   A   Ç    Ã   O

RETRAÇÃO

0

CONCRETAGEM

DEFORMAÇÃOANTES DA PEGA(NÃO CONSIDERADA)

   D   E   S   E   C   A   G   E   M

   R   E   T   R   A   Ç    Ã

   O

   R   E   T   R   A   Ç    Ã   O

   F   L   U    Ê   N   C   I   A

   D   E

   S   E   C   A   G   E   M

   F   L   U    Ê   N   C   I   A

   B    Á   S   I   C   A

   F   L   U    Ê   N   C   I   A

   D   E   F   O   R   M   A   Ç    Ã   O    P

   O   R

   T   E   N   S    Ã   O

   D   E   F   O   R   M   A   Ç    Ã   O    T

   O   T   A   L

   I   N   S   T   A   N   T    Â   N   E   A

   D   E   F   O   R   M   A   Ç    Ã   O

(a)

(b)

 

Figura 5.12 Composição das várias deformações ao longo do tempo em um concreto submetido à secagem etensão constante (ACI, 2005)

5.4  Efeitos da retração e fluência nas pontes integrais

Assim como as deformações provocadas pelas variações de temperatura, as deformações diferidasdevidas à retração e fluência do concreto devem ser levadas em conta no projeto das pontes. O rigor naavaliação destas deformações deve ser função do sistema estrutural, das dimensões da obra e doprocesso construtivo utilizado. Nas pontes em que ocorrem mudanças no sistema estrutural ao longoda construção (estruturas evolutivas) é necessário que se tenha um cuidado especial com asdeformações diferidas (Figura 5.13).

Figura 5.13 – Processos construtivos de pontes em que há mudança no sistema estrutural: (a) ponte em vigas pré-

moldadas com continuidade posterior (b) ponte em balanços sucessivos

Page 111: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 111/258

Capítulo 5 Retração e Fluência 88 

NO LOCALLAJE MOLDADA

VIGA PRÉ-MOLDADA

CONCRETO

AÇO

 5.4.1  Efeitos da retração

Nos casos de pontes comuns em concreto armado moldado no local algumas normas adotam, de formasimplificada, valores de deformações entre 150 x10-6  e 200x10-6  para a retração (ou uma variaçãouniforme de temperatura equivalente entre -15ºC e -20ºC), o que representa um encurtamento de 1,5 a2 cm para cada 100 metros de ponte.

No caso das pontes de concreto que são inteiramente moldadas no local (Figura 5.14a), a retraçãoprovoca um encurtamento da superestrutura com efeitos semelhantes àqueles verificados na variaçãouniforme de temperatura vista no capítulo anterior. Em se tratando de uma ponte integral moldada nolocal ocorre um deslocamento dos encontros em direção ao interior da ponte.

Nas pontes de concreto construídas com vigas pré-moldadas e laje moldada no local (Figura 5.14b),além do encurtamento, existe o efeito da retração diferencial porque uma parte da retração das vigasocorre antes da concretagem. Além dos fatores já mencionados que normalmente influenciam aretração do concreto, o valor da retração diferencial entre os elementos será função da diferença dotempo entre a moldagem das vigas e da laje e da seqüência de concretagem adotada para esta última.

Figura 5.14 – Seções transversais com diferentes comportamentos em relação à retração:(a) concreto moldado no local; (b) viga pré-moldada de concreto e laje moldada no local; (c) viga de aço e laje

de concreto moldada no local (viga mista)

A força de cisalhamento que ocorre na superfície de ligação dos dois elementos é excêntrica emrelação ao eixo neutro da viga, submetendo as vigas a esforços axiais e momentos fletores. Nas vigassimplesmente apoiadas a retração diferencial da laje provoca a curvatura da viga na mesma direçãodos carregamentos verticais com livre rotação nas extremidades (Figura 5.15). No caso das pontesintegrais existe impedimento à rotação nos apoios levando ao surgimento de momentos de restriçãocujos valores aumentam progressivamente enquanto houver o desenvolvimento da retração (Figura5.16).

O mesmo fenômeno ocorre nas pontes integrais construídas com vigas mistas de aço e concreto(Figura 14c), uma vez que ocorre um encurtamento da laje em relação às vigas de aço. No caso dasvigas mistas a retração diferencial é ainda maior do que a verificada nas seções compostas com vigaspré-moldadas de concreto.

Page 112: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 112/258

Capítulo 5 Retração e Fluência 89 

L

L1 L2

L1 L2 L3

 

Figura 5.15 – Deslocamentos devidos à retração diferencial em pontes construídas com vigas pré-moldadas e lajemoldada no local com vãos bi-apoiados

Figura 5.16 - Deslocamentos e momentos de restrição devidos à retração diferencial em pontes integraisconstruídas com vigas pré-moldadas e laje moldada no local

Nas estruturas hiperestáticas, de uma forma geral, a retração diferencial provoca uma deformação

imposta que leva a uma distribuição de tensões auto-equilibradas (parcela isostática ou efeito primárioda retração) e ao aparecimento de momentos hiperestáticos em equilíbrio com um conjunto reações deapoio auto-equilibradas (efeito secundário da retração). Estes efeitos podem ser observados na Figura5.17 onde são apresentados os diagramas com os momentos fletores e reações de apoio devido àretração diferencial na laje nas pontes integrais constituídas por vigas compostas (concreto-concretoou aço-concreto).

Figura 5.17 – Representação dos momentos fletores e reações de apoio devidos à retração diferencial na laje empontes integrais em vigas compostas com um, dois e três vãos.

Page 113: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 113/258

Capítulo 5 Retração e Fluência 90 

SEÇÃO ELEVAÇÃO DEFORMAÇÃO

SEÇÃO ELEVAÇÃO DEFORMAÇÃO

MS

MS

TEMPO t

INSTANTÂNEA

TEMPO t

INSTANTÂNEA

tε0 t = (1 + t)ε ε0   ϕ~

tε0 t < (1+ t)ε ϕtε

0

5.4.2  Efeitos da fluência

A fluência afeta as deformações de todos os tipos de pontes de concreto. No caso das obras emconcreto armado, o efeito da fluência é resultante das tensões devidas aos carregamentos de longaduração, ou seja, peso próprio e sobrecargas permanentes (Figura 5.18). O mesmo acontece nas pontesmistas, nas seções sujeitas a momentos positivos, onde a laje de concreto trabalha comprimida. Afluência aumenta os deslocamentos ao longo do tempo e nas estruturas hiperestáticas, como é o casodas pontes integrais, provoca a redistribuição dos esforços no sistema. Na Figura 5.18 são apresentasas evoluções das deformações com o tempo em uma viga de concreto armado submetida acarregamento de longa duração.

Figura 5.18 – Variação das deformações ao longo do tempo em função do efeito da fluência em vigas deconcreto armado não fissuradas e totalmente fissuradas (adaptado de GILBERT; RANZI, 2011)

O efeito da fluência é mais significante nas estruturas de concreto protendido porque as tensões decompressão no concreto são mais elevadas e provocam maiores deformações ao longo do tempo. Oencurtamento do concreto devido à fluência reduz as forças nos cabos de protensão e as tensõesobtidas através delas. Este efeito é levado em conta no dimensionamento das estruturas protendidas,

 juntamente com a relaxação do aço. No caso das pontes de seções compostas construídas com vigaspré-moldadas protendidas, os deslocamentos devidos à fluência têm sentido contrário àquelesprovocados pela retração diferencial, conforme pode ser verificado nas Figuras 5.19 e 5.20.

Figura 5.19 – Deslocamentos devidos à fluência em pontes construídas com vigas pré-moldadas protendidas elaje moldada no local com vãos bi-apoiados

Page 114: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 114/258

Capítulo 5 Retração e Fluência 91 

L

L1 L2

L1 L2 L3

 

Figura 5.20 - Deslocamentos e momentos de restrição devidos à fluência em pontes integrais construídas comvigas pré-moldadas protendidas e laje moldada no local

Assim como acontece na retração, a restrição às deformações devidas à fluência provoca oaparecimento de momentos fletores hiperestáticos nas pontes integrais. Estes momentos têm sentidocontrário aos da retração diferencial, conforme pode ser verificado nos esquemas da Figura 5.21.

Figura 5.21 – Representação das reações de apoio e momentos fletores e devidos à fluência do concreto empontes integrais em vigas protendidas com um, dois e três vãos.

O processo construtivo utilizando vigas compostas com vigas pré-moldadas protendidas e lajesmoldadas no local é atualmente o mais utilizado para construção de pontes de pequenos é médiosvãos, seja com vigas pré-fabricadas padronizadas ou vigas executadas no canteiro. Além de terem

concretos com idades diferentes, estas estruturas frequentemente são constituídas por concretos comresistências e características diferentes. As vigas pré-fabricadas geralmente têm um concreto demelhor qualidade do que a laje moldada no local. A resistência especificada é maior e as condições decontrole de execução e cura são melhores do que as adotadas no canteiro. Os aspectos referentes àspontes integrais executadas com vigas compostas pré-moldadas protendidas e mistas será abordadocom mais detalhes no Capítulo 6.

A estimativa dos momentos devidos à fluência e à retração restringidas, principalmente nas vigascompostas, é um procedimento complexo. As deformações que dão origem a estes momentos além dedepender das estimativas dos valores da retração e da fluência do material propriamente dito, tambémdependem de procedimentos que serão adotados na execução da estrutura. Na estimativa dasdeformações precisam ser levados em conta aspectos como idade e número de fases de protensão,seqüência de concretagem das lajes, idades em que se aplicam os carregamentos, utilização ou não deescoramento (no caso das vigas mistas), etc.

Page 115: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 115/258

Capítulo 5 Retração e Fluência 92 

SEÇÃO 1 2 3 4 5 6

3000

2000

1000

0

-1000

-2000

-3000

-4000

50 10 15 20 25 30 35

VÃO (m)

   M   O   M   E   N   T   O    F

   L   E   T

   O   R

   (   k   N

 .  m   )

3 DIAS

63 DIAS

60 DIAS

180 DIAS

61 DIAS

181 DIASxx

Na Figura 5.22 é apresentado um esquema com a evolução típica das deformações de uma viga deponte construída com viga composta pré-moldada protendida desde as várias etapas de execução até

fase de utilização (cargas permanentes) com os efeitos de retração e fluência.

1 7 dias Protensão da viga 4 60 dias Antes da sobrecarga permanente

2 40 dias Antes da concretagem da laje 5 60dias Após a sobrecarga permanente3 40 dias Após a concretagem da laje 6 t = ∞  Ações de longa duração

Figura 5.22 – Evolução típica das deformações em uma viga pré-moldada protendida de ponte

Sivakumar (2004) e Arockiasamy e Sivakumar (2005) realizaram estudos analíticos sobre os efeitos daretração, fluência e temperatura em pontes integrais com vigas pré-moldadas protendidas e vigasmistas utilizando os modelos do ACI 2009 e da AASHTO. A infra-estrutura em estacas foi modeladapelo método do engaste equivalente que será apresentado no Capítulo 8 deste trabalho. Os modelos deanálise desenvolvidos tiveram seus resultados comparados com resultados experimentais obtidos poroutros pesquisadores. Os autores concluíram que os efeitos diferidos são muito importantes neste tipo

de obra e que a redistribuição de momentos precisa ser considerada nos projeto das superestruturas. NaFigura 5.23 é apresentada a evolução dos momentos fletores com o tempo para uma viga pré-moldadaprotendida composta com vão de 35 metros.

Figura 5.23 – Evolução dos momentos fletores em uma viga pré-moldada protendida de ponte integral.Protensão: 3 dias; concretagem da laje: 61 dias; continuidade longitudinal: 63 dias; carga móvel: 181 dias

(AROCKIASAMY; SIVAKUMAR, 2005)

Page 116: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 116/258

Capítulo 5 Retração e Fluência 93 

5.5  Modelos para previsão de fluência e retração

Diferentes modelos matemáticos para previsão da retração são propostos nas principais normas deprojetos de estruturas de concreto: ACI 209R-92 (2008), MC90 (CEB-FIP, 1993), MC90-99(FIB,1999), EC2 (CEN, 2002), AASHTO (2007), PCI, NBR6118 (ABNT, 2004), etc. Alguns modelosmesmo não fazendo parte de normas também têm sua utilização recomendada por elas, como é o casodos modelos B3 (BAZANT; BAWEJA, 2000) e GL 2000 (GARDNER; LOCKMAN, 2001). Além dasdiferenças nas expressões de cálculo, os modelos também diferem nos parâmetros utilizados. Algunssão mais completos como o Modelo B3 e outros utilizam um número mais reduzido de parâmetros,considerando apenas as informações que estarão disponíveis na etapa de projeto. A seguir sãoapresentados os seguintes modelos para previsão de fluência e retração: ACI 209R-92, EC2,AASHTO, B3, GL 2000 e NBR-6118. Em todos os modelos foram mantidas as simbologias originaisadotadas pelos autores.

5.5.1  Modelo ACI 209R-92

O primeiro modelo para previsão da retração e fluência recomendado pelo ACI Committe 209 em1971 foi desenvolvido por Branson e Christiason. Com algumas pequenas modificações o modelo foiadotado na ACI 209R-82. O modelo do ACI sofreu alterações em 1992 e desde então vem sendoreaprovado sem modificações (ACI, 2008).

5.5.1.1  Retração

A deformação por retração de um concreto para uma determinada idade t   (dias) medida a partir do

início da secagem em t c (dias) é calculada pela seguinte expressão:

( )  ( )

( )shu

c

ccsh

t t  f 

t t t t    ε ε 

α 

α 

⋅−+

−=,   (5.6)

onde:

α = 1,0 f = 35 para 7 dias de cura úmida, ou f  = 55 para 1 a 3 dias de cura a vapor

O valor de f  também pode ser determinado de forma mais precisa levando em conta a relação volume /superfície através da expressão:

( ){ S V e f   / 1042,1 2

0,26  −×=   (5.7)

O valor εshu corresponde à deformação por retração última para condições padrão definidas na norma,as quais englobam tipo de cimento, abatimento, teor de agregado, quantidade de cimento, condições decura, umidade relativa do ar e nível de tensão. Nas condições normais o valor é dado por:

mmmmshu  / 10780 6−×=ε    (5.8)

Quando não forem observadas as condições padrão deve ser aplicado o coeficiente de correção:

mmmmshshu  / 10780 6−×=   γ  ε    (5.9)

Page 117: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 117/258

Capítulo 5 Retração e Fluência 94 

α ψ    γ  γ  γ  γ  γ  γ  γ  γ   ,,,,,,, shcshshsshvssh RH shtcshsh  =   (5.10)

coeficiente das condições de cura

Para cura úmida com período diferente de 7 dias adota-se o coeficiente de correção γsh,tc obtido databela 5.1:

Tabela 5.1 – Coeficientes de correção para o período de cura inicial úmida (ACI 209R-92)DURAÇÃO DA CURA ÚMIDA

(dias) γ sh,tc 1 1,23 1,17 1,0

14 0,9328 0,8690 0,75

coeficiente da umidade relativa

Coeficiente para ambientes com umidade relativa (h) diferente da condição padrão (40%):

≤≤−

≤≤−=

180,000,300,3

80,040,002,140,1,

h parah

h parah RH shγ     (5.11)

coeficiente da forma

O coeficiente forma pode ser determinado de duas formas:

a)  Método da relação volume/superfície (V/S):

( ){ }S V vssh e  / 00472.0

, 2,1   −=γ     (5.12)

b)  Método da espessura média (elementos com d entre 150 e 380 mm)

durante o primeiro ano

d d sh   ⋅−= 0015,023,1,γ     (d em mm) ou (5.13)

) / (006,023,1, S V d sh   ⋅−=   (5.14)

para períodos de tempo superiores a um ano:

d d sh 00114,017,1,   −=γ     (d em mm) ou (5.15)

( )S V d sh  / 00456,017,1,   −=γ     (5.16)

(para ambos os métodos deve ser um valor mínimo de 0,2 para γsh..)

Page 118: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 118/258

Capítulo 5 Retração e Fluência 95 

Coeficiente do slump:

sssh 00161,089,0,   +=γ     (s em mm) (5.17)

Coeficiente de correção do agregado fino:

ψ γ   ψ  014,030,0,   +=sh  para %50≤ψ    (5.18)

ψ γ   ψ  002,090,0,   +=sh   para %50>ψ    (5.19)

onde ψ  é a proporção de agregado fino em relação ao agregado total expressa em porcentagem.

coeficiente da quantidade de cimento

ccsh 00061,075,0,   +=γ     ( c em kg/m3) (5.20)

coeficiente da quantidade de ar

1008,095,0,   ≥+=   α γ   α sh  (α em %) (5.21)

5.5.1.2  Fluência

Segundo o ACI 209R-92 (ACI, 2008) o coeficiente de fluência é definido pela seguinte expressão:

( )  ( )

( )u

t t d 

t t t t    φ φ 

ψ 

ψ 

0

00,

−+

−=   (5.22)

a norma recomenda como valores médios: 10=d    e 6,0=ϕ   

para condições normais 35.2=uφ   

para condições particulares multiplica-se pelo coeficiente de correção:

cuφ  35.2=   (5.23)

sendo o fator de correção dado pela multiplicação de diversos outros fatores:

α ψ γ  γ  γ  γ  γ  γ  γ   ,,,,,, 0 shcscvcc RH ct cc  =   (5.24)

coeficiente de correção das condições de cura

118.00, 25.1

0

−= t t cγ     para cura úmida (5.25)

094.00, 13.1

0

−= t t cγ     para cura a vapor (5.26)

coeficiente de correção da umidade relativa:

Page 119: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 119/258

Capítulo 5 Retração e Fluência 96 

h RH c 67.027.1,   −=γ     para h ≥ 0.40 (h = umidade em decimais) (5.27)

(para umidades menores que 0,40 devem ser utilizados coeficientes maiores que 1,0)

coeficiente de correção da forma da peça:

( ){ }( )S V vsc e

 / 0213.0, 13.11

3

2   −+=γ    onde V  é o volume e S a área da peça (5.28)

O método permite como alternativa que se utilize a espessura média da peça de concreto. A espessuramédia d  de uma peça é definida como quatro vezes a relação volume/superfície, ou seja d = 4V/S. Para espessura médias inferiores a 150 mm ou relações volume/superfície inferiores a 37,5 mm sãoadotados os valores da Tabela 5.2

Tabela 5.2 – Fatores de correção da fluência em função da espessura média (ACI 209R-92)ESPESSURA MÉDIA d(mm)

VOLUME /SUPERFÍCIEV/S (mm) γ c,d  

51 12,5 1,3076 19 1,17102 25 1,11127 31 1,04152 37,5 1,00

Para peças com espessuras médias maiores que 150 mm e até cerca de 300 ou 380 mm são adotadas asseguintes equações:

durante o primeiro ano após o carregamento :

d d c 00092.014.1,   −=γ     (5.29)

( )S V d c  / 00363.014.1,   −=γ     (5.30)

para idades superiores a um ano após o carregamento:

d d c 00067.010.1,   −=γ     (5.31)

( )S V d c  / 00268.010.1,   −=γ     (5.32)

coeficiente de correção do slump:

sγ sc, 00264.082.0   +=   (s em mm) (5.33)

coeficiente de correção do agregado miúdo

ψ γ    ψ  0024.088.0,   +=c  (5.34)

onde ψ  é a proporção de agregado miúdo em porcentagem

coeficiente de correção do ar incorporado:

109.046.0,   ≥+=   α γ    α c   (5.35)

Page 120: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 120/258

Capítulo 5 Retração e Fluência 97 

Segundo o ACI o módulo de elasticidade secante do concreto para uma idade de carregamento t 0 qualquer pode ser determinado pela seguinte expressão:

00

5.1043.0 cmt cmct   f  E    ⋅=   γ     (5.36)

onde:

γ : massa específica do concreto (kg/m3) f cmt0 : resistência média à compressão na data do carregamento (MPa)

A resistência média a compressão em uma idade t  é determinada pela expressão:

28cmcmt   f bt a

t  f 

+=   (5.37)

onde:

 f cm28 : resistência média à compressão aos 28 dias (MPa);t  : idade em dias;a (dias) e b: constantes que dependem do tipo de concreto e condições de cura (Tabela 5.3)

Tabela 5.3 – Constantes a e b (ACI 209R-92) 

TIPO DECIMENTO

CURA ÚMIDA CURA À VAPOR

 a b a bI 4.0 0.85 1.0 0.95

III 2.3 0.92 0.70 0.98

Page 121: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 121/258

Capítulo 5 Retração e Fluência 98 

5.5.2  Modelo EC2

5.5.2.1  Retração

Este modelo para estimativa da retração foi inicialmente proposto pela FIB (1999) e posteriormenteadotado pelo Eurocode 2 – EC2 (CEN, 2004). Diferentemente dos demais modelos, no EC2 a retraçãototal é obtida através da soma das parcelas relativas à retração autógena e à retração por secagem. Aparcela da retração por secagem é semelhante à obtida através do modelo do CEB-FIP Model Code1990 (CEB, 1993).

Pelo método do EC2 a deformação total por retração é composta por duas parcelas conforme aexpressão a seguir:

cacd cs   ε ε ε    +=   (5.38)

onde:

εcd : deformação devida à retração por secagemεca: deformação devida à retração autógena

A deformação devida à retração por secagem é calculada de acordo com as expressões a seguir:

( ) ( ) 0,, cd hsdscd  k t t t    ε  β ε    ⋅⋅=   (5.39)

( )3

0

)

04,0)(

(,

ht t 

t t t t 

s

ssds

⋅+−

−= β    (5.40)

( )  RH cm

cmdsdsocd 

 f 

 f  β α α ε    ⋅⋅

 

  

 ⋅−⋅⋅+⋅=   −6

021, 10exp11022085,0   (5.41)

 

  

 −−=

3

0155,1

 RH 

 RH  RH  β 

  (5.42)

onde:

t  : idade do concreto no instante considerado (dias)t s : idade do concreto no início da secagem (dias)h0 : espessura fictícia da peça de concreto (mm)

 RH  : umidade relativa do ambiente (%) RH 0 : 100% f cm : resistência à compressão média aos 28 dias (MPa) f cm0 : 10 MPak h : coeficiente que depende da espessura fictícia da peça (Tabela 5.4)αds1 e αds2 : coeficientes que dependem do tipo de cimento (Tabela 5.5)

Page 122: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 122/258

Capítulo 5 Retração e Fluência 99 

Tabela 5.4 – Coeficiente k h para cálculo da fluência (EUROCODE 2)

 h0 (mm)  k h 

100 1,0

200 0,85

300 0,75

≥500 0,70

Tabela 5.5 – Coeficientes αds1 e αds2 para cálculo da fluência (EUROCODE 2)

CLASSE CARACTERÍSTICAS DO CIMENTOα ds1  α ds1 

S Endurecimento lento 3 0,13

N Endurecimento normal ou rápido 4 0,12

S Endurecimento rápido e alta resistência 6 0,11

A retração autógena é calculada pela expressão:

( ) ( ) ( )∞= caasca t t    ε  β ε    (5.43)

onde

( ) 610)10(5,2   −×−=∞ ck ca  f ε    (5.44)

( ) )2,0exp(1

5,0

t t as   −−= β    (5.45)t  : idade do concreto no instante considerado (dias)

5.5.2.2  Fluência

O modelo para estimativa da fluência também foi inicialmente proposto pela FIB (1999) eposteriormente adotado pelo Eurocode 2 – EC2 (CEN, 2002). O modelo é semelhante ao do CEB-FIPModel Code 1990 (CEB, 1993), porém foram incorporadas modificações para representar melhor osconcretos de alto desempenho (FIB, 1999).

Segundo o EC2 a deformação por fluência do concreto no tempo infinito para uma tensão de

compressão constante σ c aplicada no instante t 0 é dada pela seguinte expressão:

( ) ( ) ( )000 ,, cccc  E t t    σ φ ε    ⋅∞=∞   (5.46)

onde:

φ  : coeficiente de fluência  E c0 é módulo de elasticidade secante no tempo t 0.

O coeficiente de fluência é calculado através da expressão:

( ) ( )000 ,, t t t t  c β φ φ    ⋅=   (5.47)

onde:

Page 123: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 123/258

Capítulo 5 Retração e Fluência 100 

φ 0 é coeficiente de fluência fictício, estimado da seguinte forma:

( ) ( )00 t  f cm RH    β  β φ φ    ⋅⋅=   (5.48)

301,0

10011

h

 RH  RH 

−+=φ    para f cm ≤ 35 MPa (5.49)

211,0

10013

0

1   α α φ    ⋅

⋅+=

h

 RH  RH    p ara f cm > 35 MPa (5.50)

 RH  : umidade relativa do ambiente (%)

 β (f cm) : fator que leva em conta a resistência do concreto no coeficiente de fluência fictício:

( )cm

cm f 

 f 8,16

= β    (5.51)

 f cm : resistência média à compressão aos 28 dias

 β (t0):  fator que leva em conta a idade do concreto no instante do carregamento no coeficiente defluência fictício:

( )( )20,0

00

1,0

1

t t 

+= β    (5.52)

h0 : espessura fictícia da peça de concreto

u Ach 20  =   (5.53)

 Ac : área da seção transversalu : perímetro da peça em contato com atmosfera

 β c(t,t0): coeficiente que descreve o desenvolvimento da fluência com o tempo:

( )  ( )

3.0

0

00,  

−+

−=

t t 

t t t t 

 H c

 β  β    (5.54)

 β  H  : coeficiente que depende da umidade relativa do ar e da espessura fictícia

( )[ ] 1500250012,015,1 03.0

18 ≤+⋅⋅+⋅= h RH  H  β    para f cm ≤ 35 MPa (5.55)

( )[ ] 3303.018 1500250012,015,1   α α  β    ⋅≤+⋅⋅+⋅= h RH  H    para f cm ≥ 35 MPa (5.56)

α1 , α2 e α3 são coeficientes que levam em conta a resistência do concreto:

7.0

135

=

cm f α    (5.57)

2.0

235

=

cm f α    (5.58)

5.03

35

=

cm f α    (5.59)

Page 124: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 124/258

Capítulo 5 Retração e Fluência 101 

O efeito do tipo de cimento no coeficiente de fluência pode ser levado em conta modificando-se aidade de carregamento pelo valor da seguinte expressão:

5.012

92.1

,0,00   ≥

+

+=

α 

T t 

t t   (dias) (5.60)

t 0,t  : idade do concreto ajustada de acordo com a temperaturaα : potência que depende do tipo de cimento:

= -1 para cimentos tipo S (endurecimento lento)= 0 para cimentos tipo N (endurecimento normal ou rápido)= 1 para cimentos tipo R (endurecimento rápido e alta resistência inicial)

O efeito de temperaturas elevadas ou reduzidas dentro da faixa de 0 a 80 ºC na maturidade do concreto

pode ser levado em conta ajustando a idade do concreto pela expressão:

[ ]( )

i

t T n

i

T  t et 

i

∆⋅=

−∆+−

=∑

65,13)(2734000

1

  (5.61)

t T  : idade do concreto ajustada com a temperatura e substitui t nas equações correspondentes (dias)T( ∆t i) : temperatura em ºC durante o período de tempo  ∆t i  ∆t i : número de dias em que a temperatura T prevalece

Segundo o EC2 o módulo de elasticidade aos 28 dias para concretos com agregados de quartzo é

calculado pela expressão:3,0

1022

⋅= cm

cm f 

 E    (5.62)

8+= ck cm  f  f    (5.63)

A variação do módulo de elasticidade pode ser estimada por:

( )( ) cmcmcmcm  E  f t  f t  E    ⋅= 3,0)(   (5.64)

( ) ( ) cmcccm  f t t  f    ⋅= β    (5.65)

( )

 

  

 −=

21281exp

t st cc β 

  (5.66)

onde:

 E cm(t) : módulo de elasticidade com a idade de t  dias (MPa) f cm : resistência à compressão média aos 28 dias (MPa) β cc(t): coeficiente que depende do tempo:t  : idade do concreto (dias)s : coeficiente que depende do tipo de concreto:

= 0,20 para cimentos das classes CEM 42,5 R, CEM 52,5 N e CEM 52,5 R= 0,25 para cimentos das classes CEM 32,5 R, CEM 42,5 N= 0,38 para cimentos das classes CEM 32,5 N

Page 125: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 125/258

Capítulo 5 Retração e Fluência 102 

5.5.3  Modelo da AASHTO

O modelo da AASHTO é baseado nos trabalhos de Huo, Al-Omaishi e Tadros (2001) e Collins eMitchell (1991). Em 2005 foram feitas algumas alterações no método, podendo o mesmo ser utilizadopara concretos com resistência especificada de até 105 MPa (AASHTO, 2005). A especificação daAASHTO (2007) também recomenda a utilização dos métodos do CEB-FIP Model Code e do ACI209.

5.5.3.1  Retração

De acordo com o modelo da AASHTO a retração do concreto para uma determinada idade t  pode sercalculada de acordo com a seguinte expressão:

31048,0)(   −⋅⋅⋅⋅⋅= td  f hsssh k k k k t ε    (5.67)

( ) 0,10051,045,1   ≥⋅−= S V k s   (5.68)

( ) H k hs   ⋅−= 014,000,2   (5.69)

ci f 

 f k 

'7

35

+=   (5.70)

  

  =

+⋅− t  f t 

td ci

k '58,061

  (5.71)

onde:

k s : coeficiente que leva em conta a relação volume/superfície;k hs : coeficiente que leva em conta a umidade do ambiente na retração;k  f  : coeficiente que leva em conta a resistência do concreto;k td  : fator que leva em conta a idade do concreto;V/S  : relação volume/superfície (mm);

 H : umidade relativa do ambiente em decimal f’ci : resistência à compressão especificada para concreto na idade em que se aplica a protensão, para

elementos protendidos ou idade em que ocorre o carregamento para elementos não protendidos.Se a idade não é conhecida na fase de projeto f’ci pode ser tomado como 0,80 f’c (MPa).

t  : idade do concreto a partir do final da cura (dias)

A especificação da AASHTO permite que, na falta de dados mais precisos, se considere para aretração do concreto os valores de 200x10-6 para a idade de 28 dias e 500x10-6 para a idade de um ano.

5.5.3.2  Fluência

De acordo com o modelo da AASHTO o coeficiente de fluência do concreto para uma determinadaidade t  pode ser calculado de acordo com a seguinte expressão:

118,09,1),(   −⋅⋅⋅⋅⋅=Ψ itd  f hcsi t k k k k t t    (5.72)

 H k hc   ⋅−= 008,056,1   (5.73)

onde:

Page 126: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 126/258

Capítulo 5 Retração e Fluência 103 

k hc : coeficiente que leva em conta a umidade do ambiente na fluência;t  : idade do concreto a partir do carregamento (dias)

t i : idade do concreto em que ocorre o carregamento (dias)

O módulo de elasticidade é determinado pela seguinte expressão

'5,11043,0 ccc  f K  E    γ  ⋅⋅=   (5.74)

onde:

K 1 : coeficiente de correção do agregado, adotado como 1,0 caso não existam dados;γc : densidade do concreto (kg/m3)

 f’c : resistência à compressão especificada para o concreto (MPa).

Para concretos de densidade normal:

2320=cγ    (kg/m3)  para 35 ≤f’c≤105 MPa (5.75)'28,22240 cc  f ⋅+=γ     (kg/m3) para 35 ≤f’c≤105 MPa (5.76)

Page 127: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 127/258

Capítulo 5 Retração e Fluência 104 

5.5.4  Modelo B3

Este modelo desenvolvido por Bažant e Baweja foi aprovado pelo Comitê 209 do ACI em 1995.Segundo os autores o modelo é mais preciso que os demais, sendo seu uso indicado principalmentepara estruturas de grande porte como: pontes com vãos maiores que 80 metros, pontes estaiadas,pontes em balanços sucessivos, estruturas offshore, reatores nucleares, etc. O modelo foi calibradocom o banco de dados de concretos do RILEM (BAŽANT; BAWEJA 2000). Este modelo é o queexige maior quantidade de informações sobre o concreto para sua utilização e é válido pararesistências médias entre 17 e 70 MPa.

5.5.4.1  Retração

De acordo com o modelo B3 a retração do concreto para uma determinada idade t  pode ser calculadaatravés das expressões a seguir:

( )t S k t t  hshsh   ⋅⋅−= ∞ε ε  ),( 0   (5.77)

)(

)607(

0 shssh

t  E 

 E 

τ ε ε 

+⋅=   ∞∞   (5.78)

2 / 1

85,04)28()(

 

  

 

⋅+⋅=

t  E t  E    (MPa) (5.79)

c f  E  4734)28(   =   (MPa) (5.80)

628,01,2221 10270109,1   −−−

∞   ⋅

+⋅⋅⋅⋅⋅−= cs  f wα α ε    (5.81)

sh

t t 

t S  τ 0

tanh)(

  −

=   (5.82)

( )2 Dk k  st sh   ⋅⋅=τ    (5.83)sv D  / 2 ⋅=   (5.84)

4 / 108,005,8

  −−⋅= ct   f t k    (dias/cm2) (5.85)

onde:

εsh∞: deformação por retração última;k h : coeficiente que leva em conta a umidade do ambiente na retração (Tabela 5.6);S(t) : f unção do tempo para a retração;

 E(t) : módulo de elasticidade aos t  dias;τ sh : coeficiente que leva em conta o tamanho da seção; α1 : coeficiente que leva em conta o tipo de cimento (Tabela 5.7);α2 : coeficiente que leva em conta as condições de cura (Tabela 5.8);w : consumo de água (kg/m3);

 D : espessura efetiva da seção (mm);v/s : relação volume/superfície da peça (mm);k s : coeficiente que leva em conta a forma da seção transversal (Tabela 5.9); ̄ f  : resistência média à compressão aos 28 dias (MPa);t  : idade do concreto (dias);t 0 : idade do concreto no início da secagem (dias)

h : umidade relativa do ambiente (decimal)

Page 128: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 128/258

Capítulo 5 Retração e Fluência 105 

Tabela 5.6 – Coeficiente k h (Modelo B3) UMIDADE  k h 

h ≤ 0,98 1-h3 h=1 (submerso – dilatação) -0,2

0,98 ≤ h ≤1 interpolação linear

Tabela 5.7 – Coeficiente α1 (Modelo B3) TIPO DE CIMENTO α1 

I 1,00

II 0,85

III 1,10

Tabela 5.8 – Coeficiente α2 (Modelo B3) CONDIÇÕES DE CURA α 2 

cura à vapor 0,75

cura selada ou normal ao ar com proteção inicial contra a secagem 1,20

cura em água ou umidade de 100% 1,00

Tabela 5.9 – Coeficiente k s (Modelo B3) CARACTERÍSTICA DA PEÇA  k s 

placa infinita 1,00

cilindro infinito 1,15

prisma quadrado infinito 1,25

esfera 1,30

cubo 1,55

5.5.4.2  Fluência

No modelo B3 o efeito da fluência do concreto ao longo do tempo é expresso por intermédio dafluência específica, conforme a expressão a seguir:

0''

01' ,,,),( t t t C t t C qt t  J  d ++=   (5.86)

O coeficiente de fluência é determinado pela expressão:

1),()(),( ''' −⋅= t t  J t  E t t φ    (5.87)

onde:

q1 : deformação instantânea devida à tensão unitária;C 0(t,t’) : fluência específica básica;C d (t,t’,t 0) : fluência específica adicional devida à secagem;t  : idade do concreto em que ocorre o carregamento (dias).

)28(1060,0 61  E q   ⋅=   (5.88)

Page 129: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 129/258

Capítulo 5 Retração e Fluência 106 

A fluência específica básica é calculada da seguinte forma:

( )   [ ]     

  ⋅+−+⋅+⋅=

'4'3'2'0 ln)(1ln),(,t t qt t qt t Qqt t C  n   (5.89)

)( / 1)(

'

'''

''

),(

)(1)(),(

t r t r 

 f  f 

t t  Z 

t Qt Qt t Q

 

 

 

 +⋅=

  (5.90)

[ ] 19 / 4'9 / 2'' )(21,1)(086,0)(  −

⋅+⋅= t t t Q f    (5.91)

( )  

−+⋅=   − nm t t t t t  Z  ''' 1ln)(),(   (5.92)

8)(7,1)( 12,0'' +⋅= t t r    (5.93)

9,05,02 )(4,185   −⋅⋅= c f cq   (5.94)

( ) 24

3 29,0 qcwq   ⋅⋅=   (5.95)

( ) 7,04 3,20   −⋅= caq   (5.96)

onde:

m  e n  são parâmetros empíricos que dependem do concreto. Para concretos normais podem ser

adotados m = 0,5 e n = 0,1.

c : consumo de cimento (kg/m3)a/c : relação agregado/cimento em pesow/c : relação água/cimento em peso

A fluência de secagem é calculada da seguinte forma:

( )   { }   { }[ ] 2 / 1'050

' )(8exp)(8exp,, t  H t  H qt t t C d    ⋅−−⋅−⋅=   (5.97)

( ) )()1(1 t S ht  H    ⋅−−=   (5.98)

6,0155 )(1057,7   −

∞− ⋅⋅⋅= shc f q   ε    (5.99)

 H(t)  é a média espacial da umidade relativa dos poros no interior da seção transversal da peça deconcreto (0 ≤  H ≤ 1)

Os parâmetros q1, q2, q3, q4 e q5 são empíricos e seus valores são baseados na resistência e composiçãodo concreto.

Page 130: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 130/258

Capítulo 5 Retração e Fluência 107 

5.5.5  Modelo GL2000

De acordo com Gardner e Lockman (2001) este método foi desenvolvido de forma que pudesse serfacilmente utilizado no projeto de estruturas, uma vez que utiliza apenas dados que são conhecidosnesta fase. O modelo pode ser utilizado para concretos com resistência média à compressão de até 82MPa (resistência característica aproximada de 70 MPa).

5.5.5.1  Retração

De acordo com o modelo GL2000 a retração do concreto pode ser estimada através da seguinteexpressão:

( ) ( )t hshush

  β  β ε ε    ⋅⋅=   (5.100)

)18,11()( 4hh   ⋅−= β    (5.101)

62 / 1

1028

301000   −⋅ 

  

 ⋅⋅=

cm f K 

shuε    (5.102)

( )

5,0

215,0)(

 

 

 

 

⋅+−

−=

S V t t 

t t t 

c

c β    (5.103)

onde:

h : umidade expressa em decimalt  : idade do concreto (dias)t c : idade da secagem a partir do final da cura (dias)K  : coeficiente que depende do tipo de cimento:

1,00 para cimentos tipo I0,70 para cimentos tipo II1,15 para cimentos tipo III

V/S  : relação volume/superfície (mm); f cm28  : resistência à compressão aos 28 dias (MPa)

5.5.5.2  Fluência

De acordo com o modelo GL2000 o coeficiente de fluência do concreto para uma determinada idade tpode ser calculado de acordo com a seguinte expressão:

( )

( )( )

( )

 

 

 

 

⋅+−

−⋅−+

 

 

 

 

+−

− 

  

 +

 

 

 

 

+−

−Φ=

5,0

20

02

5,0

0

05,0

03,0

0

3,00

2815,0

086,115,27

7

142)(

S V t t 

t t h

t t 

t t 

t t t 

t t t cφ    (5.104)

( ) ( )

5,05,0

212,01

 

 

 

 

⋅+−

−−=Φ S V t t 

t t t 

ccc   se t c > t0  (5.105)

se t 0 = t c , Φ(t c) = 1

Page 131: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 131/258

Capítulo 5 Retração e Fluência 108 

onde:

t 0 : idade do concreto quando ocorre o carregamento (dias)Φ(t c) : coeficiente que leva em conta a secagem antes do carregamento, a qual reduz as fluências

básica e de secagem.

O módulo de elasticidade é determinado pela seguinte expressão

cmt cmt   f  E  43003500 +=   (5.106)

onde:

 E cmt  : módulo de elasticidade na idade t  (MPa) f cmt  : resistência média à compressão na idade t  (MPa)

A evolução da resistência média à compressão é determinada pela expressão:

4 / 3

4 / 328

t ba

t  f  f  cmcmt ⋅+

⋅=   (5.107)

onde: f cmt  : resistência média à compressão na idade t  (MPa)a e b : constantes que dependem do tipo de cimento (Tabela 5.10)

Tabela 5.10– Constantes a e b (GL 2000) 

TIPO DE CIMENTO  a bI 2,8 0,77II 3,4 0,72III 1,0 0.92

Page 132: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 132/258

Capítulo 5 Retração e Fluência 109 

5.5.6  Modelo da NBR6118/2004

O modelo da NBR 6118 é baseado nas prescrições do CEB/78 e constam do Anexo A da referidanorma – Efeito do tempo no concreto estrutural – que tem função informativa. Outros valores podemser utilizados, desde que comprovados experimentalmente ou ainda respaldados por normasinternacionais ou literatura técnica.

5.5.6.1  Retração

De acordo com o modelo da NBR6118 a deformação por retração entre as idades t 0 e t   pode sercalculada pela seguinte expressão:

[ ])()(),(),( 0 osssscs t t t t t    β  β ε ε    −⋅∞=   ∞   (5.108)

sss 21   ε ε ε    ⋅=∞   (5.109)

onde:

εs∞ : valor final da retração;ε1s : coeficiente que depende da umidade relativa do ambiente e da consistência do concreto, obtido da

Tabela 5.11;ε2s : coeficiente que depende da espessura fictícia da peça, dado por:

 fic

 fics

h

h

⋅+

⋅+=

38,20

2332ε    (5.110)

t  : idade fictícia do concreto no instante considerado (dias)t 0 : idade fictícia do concreto no instante em que a retração começa a ser considerada (dias)h fic : espessura fictícia da peça (cm); β s(t) ou  β s(t 0) : coeficiente relativo à retração no instante t  ou t 0, obtido do gráfico da Figura 5.24 ouatravés da seguinte equação:

 E t 

 Dt 

C t 

t  B

t  A

t s

  

 ⋅+

 

  

 ⋅+

 

  

 

 

  

 ⋅+

 

  

 ⋅+

 

  

 

=

100100100

100100100)(

23

23

 β   (5.111)

onde:

40= A  

8,4220282116 23 −⋅+⋅−⋅= hhh B  

7,408,85,2 23 +⋅−⋅= hhC   

8,649658575 23 −⋅+⋅+⋅−= hhh D  

8,03958488169 234 +⋅−⋅+⋅+⋅−= hhhh E   

h : espessura fictícia (metros); para valores fora do intervalo (0,05 ≤ h ≤ 1,6), adotam-se os extremoscorrespondentes;

Page 133: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 133/258

Capítulo 5 Retração e Fluência 110 

Figura 5.24 – Variação do coeficiente β s (NBR6118 - ABNT, 2004)

Tabela 5.11 – Coeficientes φ1c (fluência) ε1s (retração) e γ (espessura fictícia) que dependem da umidade doambiente e da consistência do concreto (NBR6118 – ABNT,2004)) 

Page 134: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 134/258

Capítulo 5 Retração e Fluência 111 

5.5.6.2  Fluência

O modelo utilizado pela NBR6118 considera a deformação por fluência do concreto (εcc) compostapor duas partes. A deformação rápida (εcca) é irreversível e ocorre durante as primeiras 24 horas apósaplicação da carga que a originou. A deformação lenta é composta por outras duas parcelas: adeformação lenta irreversível (εccf ) e a deformação lenta reversível (εccd ).

ccd ccf ccacc   ε ε ε ε    ++=   (5.112)

( )ϕ ε ε ε ε    +=+= 1, cccctot c   (5.113)

d  f a   ϕ ϕ ϕ ϕ    ++=   (5.114)

onde:

εc,tot : deformação total devida ao carregamento;εc,  : deformação imediata por ocasião do carregamento;φ ,  : coeficiente de fluência;φa,  : coeficiente de fluência rápida;φ f,  : coeficiente de deformação lenta irreversível;φd,  : coeficiente de deformação lenta reversível.

Em determinado instante t  a deformação por fluência é dada por:

),(),( 0

28

0 t t 

 E 

t t 

c

cccd ccf ccacc   ϕ 

σ ε ε ε ε    ⋅=++=   (5.115)

onde o módulo de elasticidade E c28  para j=28 dias é dado por:

2 / 128,28 5600 ck cic  f  E  E    ⋅==   (5.116)

O coeficiente de fluência, válido também para tração, é dado por:

d d  f  f  f a t t t t    β ϕ  β  β ϕ ϕ ϕ  ∞∞   +−⋅+= )()(),( 00   (5.117)

−⋅= ∞ )(

)(

18,00

t  f 

t  f 

c

c

aϕ    (5.118)

onde)()( 0

∞t  f 

t  f 

c

c  é a função de crescimento da resistência do concreto com a idade, dada pelas expressões

a seguir:

281 ccj  f  f    ⋅= β    (5.119)

}]})28(1[exp{ 2 / 11 t s   −⋅= β    (5.120)

onde:

s = 0,38 para concreto de cimento CPIII e IVs = 0,25 para concreto de cimento CPI e IIs = 0,20 para concreto de cimento CPV-ARI

Page 135: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 135/258

Capítulo 5 Retração e Fluência 112 

φ f, é o valor final do coeficiente de deformação lenta irreversível, dado por:

cc f  21   ϕ ϕ ϕ    ⋅=∞   (5.121)

φ1c,  é o coeficiente dependente da umidade relativa do ambiente U (%) e consistência do concreto(Tabela 5.11)

φ2c, é o coeficiente dependente da espessura fictícia h fic da peça:

 fic

 ficc

h

h

+

+=

20

422ϕ    (5.122)

 β  f (t) ou  β  f (t 0) : coeficiente relativo à deformação lenta irreversível, função da idade do concreto,

obtido do gráfico da Figura 5.25, ou através da seguinte equação:

 DCt t 

 B At t t  f 

++

++=

2

2)( β    (5.123)

onde:

11358835042 23 +⋅+⋅−⋅= hhh A  

2332343060768 23 −⋅+⋅−⋅= hhh B  

183109013200 23 +⋅+⋅+⋅−= hhhC   

193135343319167579 23 +⋅+⋅−⋅= hhh D  h : espessura fictícia (metros); para valores fora do intervalo (0,05 ≤ h ≤ 1,6), adotam-se os extremos

correspondentes.φd ∞ , é o valor final do coeficiente de deformação lenta reversível, considerado igual a 0,4.

 β d (t) : coeficiente relativo à deformação lenta irreversível, função do tempo decorrido ( t-t 0) após ocarregamento,determinado pela expressão:

70

20)(

0

0

+−

+−=

t t 

t t t d  β    (5.124)

Figura 5.25 – Variação do coeficiente β  f  (NBR6118 - ABNT, 2004)

Page 136: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 136/258

Capítulo 5 Retração e Fluência 113 

Idade fictícia do concreto

De acordo com a NBR6118, quando o endurecimento se dá a uma temperatura diferente de 20 ºC equando não houver cura à vapor, a idade fictícia do concreto será determinada pela expressão:

ief i t 

T t  ,30

10∆⋅

+Σ⋅=α    (dias) (5.125)

onde:

α : coeficiente dependente da velocidade de endurecimento do cimento (Tabela 5.12)T i : temperatura média diária do ambiente (ºC) ∆t ef,i: período em que a temperatura média do ambiente se manteve constante (dias)

Tabela 5.12 – Coeficiente α para cálculo da idade fictícia (NBR6118 – ABNT,2004)

Espessura fictícia da peça

A espessura fictícia da peça é determinada da seguinte forma:

ar 

c fic

u

 Ah

  ⋅⋅=

2γ     (5.126)

onde:

γ : coeficiente que depende da umidade relativa do ambiente (Tabela 5.11);( )U ⋅+−+= 1,08,7exp1   U   em % (5.127)

 Ac : área da seção transversal da peça;uar  : perímetro externo da seção transversal em contato com o ar;U  : umidade relativa do ambiente (%)

Page 137: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 137/258

Capítulo 5 Retração e Fluência 114 

Nas Tabelas 5.13 e 5.14 são apresentadas as relações dos parâmetros utilizados por cada um dosmodelos aqui apresentados para estimativa das deformações devidas à retração e fluências,

respectivamente.

Tabela 5.13 – Parâmetros utilizados nos modelos de retraçãoPARÂMETRO ACI 209-92 EUROCODE 2 AASHTO

B3 (BAZANT &BAWEJA)

GL 2000(GARDNER)

NBR 6118

1992(1) 2002 2005 1995 2001 2004

TIPO DE CIMENTO x(2) x x x xPERCENTUAL DE AGREGADOS FINOS x(3)

QUANTIDADE DE ÁGUA xQUANTIDADE DE CIMENTO x(3)

QUANTIDADE DE AR x(3)

ABATIMENTO x(3) xTIPO DE CURA x x x

TEMPO DECORRIDO APÓS O FIM CURA x x x x x xUMIDADE RELATIVA x x x x x xTEMPERATURA x xRELAÇÃO VOLUME/SUPERFÍCIE x x x xRELAÇÃO ÁREA/PERÍMETRO x xRESISTÊNCIA À COMPRESSÃO AOS 28 DIAS (4) x x x xMÓDULO DE ELASTICIDADE AOS 28 DIAS x x

(1) A última reaprovação foi em 2008

(2) O modelo ACI 209 só é valido para os cimentos tipos I e III

(3) Fatores de correção do ACI que usualmente são desconsiderados na fase de projeto

(4) Resistência média ou característica, dependendo do modelo  

Tabela 5.14 – Parâmetros utilizados nos modelos de fluênciaPARÂMETRO ACI 209-92 EUROCODE 2 AASHTO

B3 (BAZANT &BAWEJA)

GL 2000(GARDNER)

NBR 6118

1992(1) 2002 2005 1995 2001 2004

TIPO DE CIMENTO x(2) x x xRELAÇÃO ÁGUA / CIMENTO xRELAÇÃO AGREGADOS / CIMENTO xPERCENTUAL DE AGREGADOS FINOS x(3)

QUANTIDADE DE ÁGUA xQUANTIDADE DE CIMENTO xQUANTIDADE DE AR x(3)

MASSA ESPECÍFICA DO CONCRETO x xABATIMENTO x(3) xTIPO DE CURA x x x xUMIDADE RELATIVA x x x x x xTEMPERATURA x x xRELAÇÃO VOLUME/SUPERFÍCIE x x x xRELAÇÃO ÁREA/PERÍMETRO x xRESISTÊNCIA À COMPRESSÃO AOS 28 DIAS (4) x x x x x xMÓDULO DE ELASTICIDADE AOS 28 DIAS x x x x x xMÓDULO DE ELASTICIDADE NO CARREGAMENTO x x x x x xRESISTÊNCIA À COMPRESSÃO NO CARREGAMENTO x x x x xIDADE NO CARREGAMENTO x x x x x xRESISTÊNCIA MÁXIMA ADMITIDA (MPa) - fck = 90 f 'c  = 105 fcm28 = 70 fcm28  = 82 fck = 50

(1) A última reaprovação foi em 2008

(2) O modelo ACI 209 só é valido para os cimentos tipos I e III

(3) Fatores de correção do ACI que usualmente são desconsiderados na fase de projeto

(4) Resistência média ou característica, dependendo do modelo  

Page 138: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 138/258

Capítulo 6 Continuidade Estrutural nas Superestruturas Construídas com Vigas Isoladas 115 

DEFORMAÇÃO

DESCARRE-

GAMENTO

   T   E   N   S    Ã   O

MÓDULOTANGENTE

MÓDULOSECANTE

MÓDULOTANGENTEINICIAL

5.6  Considerações sobre o módulo de elasticidade do concreto e as normas de projeto

Além da determinação das deformações por retração e fluência é importante conhecer, de forma

relativamente precisa, o valor do módulo de elasticidade do concreto para que se conheçam aspropriedades de deformação do material utilizado. O módulo de elasticidade é particularmenteimportante nas estruturas onde há necessidade de se avaliar os esforços solicitantes devido adeformações impostas, como é o caso das pontes integrais, uma vez que estes esforços sãoproporcionais à rigidez da estrutura.

As normas de projeto, na sua maioria, relacionam o módulo de elasticidade de um concreto com a suaresistência à compressão através de fórmulas matemáticas. O uso destas expressões deve ser feitosempre se levando em conta que os valores obtidos estão sujeitos a uma incerteza da ordem de 25%.Esta variação nos valores do módulo de elasticidade entre concretos de mesma resistência àcompressão deve-se principalmente às características dos agregados utilizados. Este aspecto éparticularmente importante no caso de um país com as dimensões do Brasil em função das diferençasobservadas entre os agregados utilizados em cada região.

Segundo Neville (1997), o aumento da deformação quando um carregamento está agindo é devido áfluência do concreto, mas a dependência entre a deformação instantânea e a velocidade decarregamento dificulta que se estabeleça o limite entre deformações elásticas e deformações porfluência (Figura 5.7). Admite-se na prática que a deformação que ocorre durante o carregamento éelástica e a que ocorre após este é devido à fluência. Assim, o módulo de elasticidade que satisfaz estasituação é o módulo secante. (Figura 5.26), que é aquele usualmente adotado pelas normas de projeto.O valor do módulo secante diminui com o aumento da tensão no concreto, sendo que as normasgeralmente consideram o seu valor para uma tensão correspondente a 40% da resistência do concreto.

Figura 5.26 – Relação entre tensão e deformação do concreto (NEVILLE, 1997)

O módulo de elasticidade do concreto é controlado pelos módulos de elasticidade dos seuscomponentes (CEN, 2004). Segundo Neville (1997) as curvas tensão-deformação da pasta de cimento

hidratado e do agregado carregados separadamente apresentam comportamento sensivelmente linear(Figura 5.27). A curvatura da relação tensão-deformação do material composto deve-se à presença deinterfaces entre os agregados e a pasta de cimento e ao surgimento de microfissuras nessas interfaces.

Page 139: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 139/258

Capítulo 6 Continuidade Estrutural nas Superestruturas Construídas com Vigas Isoladas 116 

   T   E   N   S    Ã   O   -

   M   P  a

DEFORMAÇÃO x10-6

0 1000 2000 3000

10

20

30

40

50

AGREGADO

CONCRETOPASTA DECIMENTO

 

Figura 5.27 – Curvas tensão-deformação da pasta de cimento, do agregado e do concreto (NEVILLE, 1997)

A norma brasileira NBR 6118 (ABNT, 2004) especifica que, quando não forem feitos ensaios ou nãoexistirem dados mais precisos sobre o concreto, o módulo de elasticidade secante a ser utilizado nasanálises elásticas de projeto deve ser determinado pela Equação 5.126, sem distinguir o tipo deagregado utilizado.

214760  / ck cs  f  E    ⋅=   (5.128)

A norma norte-americana ACI 318 (ACI, 2008) indica duas expressões para estimativa do módulo deelasticidade secante. A Equação 5.127 para concretos com massa específica ente 1.440 e 2.560 kg/m3(função da massa específica e da resistência) e a Equação 5.128 para concretos com massa específicanormal (função apenas da resistência). O texto da norma alerta que o tipo de agregado pode causarvariações da ordem de 20% para mais ou para menos no valor do módulo de elasticidade e citareferências a serem consultadas.

2151 0430  / ' 

c

 ,

cc  f  ,w E    ⋅⋅=   (5.129)

214700  / ' 

cc  f  E    ⋅=   (5.130)

Segundo o EC2 (CEN,2004) o módulo de elasticidade secante aos 28 dias para concretos comagregados quartzíticos é calculado pelas equações:

3,0

1022

⋅= cm

cm f 

 E    (5.131)

8+= ck cm  f  f    (5.132)

O EC 2 especifica que no caso de agregados de calcário e arenitos os módulos de elasticidade

calculados desta forma devem ser reduzidos de 10% e 30% respectivamente. Para agregados debasalto o valor deve ser aumentado de 20%.

Page 140: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 140/258

Capítulo 6 Continuidade Estrutural nas Superestruturas Construídas com Vigas Isoladas 117 

6  CONTINUIDADE ESTRUTURAL NAS SUPERESTRUTURAS DE PONTESCONSTRUÍDAS COM VIGAS ISOLADAS

A grande maioria das pontes existentes, cerca de 80% do total, possui menos de 50 metros de extensão(HECHLER; SOMMAVILLA 2009). Atualmente uma grande parte das pontes com pequenos emédios vãos são construídas com a utilização de vigas pré-fabricadas de concreto protendido ou deaço (vigas mistas). Nestes casos, para a aplicação do conceito de ponte integral, é necessário que sepromova a continuidade da superestrutura ao longo de toda a sua extensão para eliminação das juntasestruturais. Esta continuidade pode ser dar apenas na laje ou na totalidade da seção transversal (vigas elaje). Nos casos em que se estabelece a continuidade das vigas, o peso próprio da viga e o peso próprioda laje atuam sobre a viga simplesmente apoiada e a carga móvel e a sobrecarga permanente agemsobre uma estrutura hiperestática. Neste capítulo são apresentadas as soluções adotadas para promovera continuidade nas pontes constituídas por vigas pré-moldadas de concreto protendido e por vigas deaço com lajes de concreto.

6.1  Superestruturas com vigas pré-moldadas de concreto protendido

6.1.1  Considerações iniciais

A utilização de vigas pré-moldadas de concreto para construção de pontes teve início na década de 30do século passado. Contudo, esta técnica teve seu grande desenvolvimento a partir da década de 50com o avanço da tecnologia da protensão e o desenvolvimento dos sistemas de transporte e montagemdas estruturas (Figura 6.1). A técnica de construção de pontes em vigas pré-moldadas se difundiurapidamente em função das diversas vantagens que apresenta, dentre as quais podemos destacar:

•  Melhor controle da execução tanto para as vigas pré-fabricadas como para as pré-moldadas nocanteiro de obras;

•  Otimização obtida na utilização das formas em função do reaproveitamento e do uso de seçõespadronizadas;

•  Redução dos prazos de construção com a execução das vigas simultaneamente com ainfraestrutura;

•  Eliminação dos cimbramentos, o que é especialmente vantajoso no caso de obras sobre cursosd’água.

Figura 6.1 – Primeira Ponte do Galeão – Rio de Janeiro 1948 (MONDORF, 2006)

Page 141: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 141/258

Capítulo 6 Continuidade Estrutural nas Superestruturas Construídas com Vigas Isoladas 118 

A utilização de elementos pré-moldados para a construção de vigas de pontes pode ser feita através desegmentos denominados aduelas ou através de vigas inteiras. O primeiro processo normalmente éeconomicamente viável para pontes de grandes vãos devido ao elevado custo dos equipamentos

utilizados para movimentação das aduelas. As vigas pré-moldadas inteiras geralmente são utilizadaspara vãos de até 40 metros por limitação dos equipamentos de transporte e movimentação. NosEstados Unidos é usual a utilização de vigas pré-fabricadas para construção de vãos maiores de 40metros, mas isto implica na execução de emendas nas vigas. Nestes casos as vigas são fabricadas comarmaduras pré-tensionadas e colocadas sobre apoios provisórios. A emenda é feita com cabos pós-tensionados enfiados em bainhas previamente posicionadas (Figuras 6.2 e 6.3). Neste trabalho sãoabordadas as pontes de vigas pré-moldadas protendidas executadas com o tamanho do vão eemendadas nos apoios.

Figura 6.2 – Vigas pré-moldadas emendadas no vão e nos apoios (CASTRODALE; WHITE, 2004)

Figura 6.3 – Vigas pré-moldadas com pré e pós-tensão a serem emendadas no vão (SAUNDERS, 2005)

O tipo de seção transversal adotado nas vigas pré-moldadas depende de diversos fatores: tipo deprotensão (pré ou pós-tensão), equipamentos a serem utilizados para o transporte e movimentação,local da execução (fábrica ou canteiro), sistema de execução da laje, etc. Na figura 6.4 sãoapresentadas algumas das seções transversais usualmente adotadas. Para vãos a partir de 15 metros, eprincipalmente para vigas executadas no canteiro, as seções em “I” são as mais utilizadas.

Page 142: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 142/258

Capítulo 6 Continuidade Estrutural nas Superestruturas Construídas com Vigas Isoladas 119 

VIGA PRÉ-MOLDADA

(a)

LAJE MOLDADANO LOCAL

 

(b)

LAJE MOLDADANO LOCAL

VIGA PRÉ-MOLDADA

 

(c)

PRÉ-LAJE

LAJE MOLDADANO LOCAL

VIGA PRÉ-MOLDADA

 

Figura 6.4 – Algumas seções usuais de vigas pré-moldadas de pontes rodoviárias

6.1.2  Processo construtivo das pontes em vigas pré-modadas

O processo construtivo usual consiste na colocação das vigas pré-moldadas protendidas sobre osapoios por um dos vários processos disponíveis (treliças de lançamento, guindastes, etc.). Nesta etapaas vigas poderão estar com protensão total ou parcial dependendo da concepção adotada no projeto. Aprotensão total nem sempre é possível em função das elevadas tensões de compressão que ocorrem nobordo inferior no meio do vão quando existe apenas o carregamento do peso próprio atuando.Na etapa seguinte é executada a laje de concreto constituindo-se dessa forma uma estrutura composta.As lajes podem ser inteiramente moldadas no local, inteiramente pré-moldadas ou parcialmente pré-moldadas complementadas por concretagem no local, que é solução mais adotada no Brasil. Nestecaso, para dispensar o uso de formas, são utilizadas lajes pré-moldadas de pequena espessura (pré-lajes) apoiadas nas mesas das vigas. As pré-lajes podem funcionar como parte da seção resistente dalaje, incorporando a armadura transversal inferior, ou apenas ter função de formas para suportar oconcreto fresco da laje.

Nos casos onde é prevista uma segunda etapa de protensão para as vigas, esta é realizada quando o

concreto da laje atinge resistência adequada. Na figura 6.5 são apresentadas seções transversais típicasde pontes rodoviárias com vigas pré-moldadas e lajes moldadas no local.

Figura 6.5 – Seções transversais mais usuais de pontes rodoviárias em vigas pré-moldadas protendidas: (a) lajemoldada no local interposta entre as vigas; (b) laje moldada no local sobre as vigas; (c) laje parcialmente pré-

moldada.

Page 143: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 143/258

Capítulo 6 Continuidade Estrutural nas Superestruturas Construídas com Vigas Isoladas 120 

JUNTA LAJE MOLDADA NO LOCAL

VIGA PRÉ-MOLDADAAPARELHOS DE APOIO

TRANSVERSINA

 A ligação transversal entre as vigas pré-moldadas (longarinas) é feita por intermédio da laje e detransversinas. Nos últimos anos muitos projetistas têm deixado de adotar transversinas internas nos

vãos porque a sua contribuição para a rigidez transversal do tabuleiro é pequena e a sua execuçãoapresenta dificuldades construtivas.

6.1.3  Superestruturas de vãos isolados

As pontes em vigas pré-moldadas foram inicialmente projetadas e construídas com vãos isostáticosseparados por juntas localizadas sobre os apoios. O dimensionamento destas estruturas é relativamentemais simples uma vez que as deformações impostas têm menor influência sobre o seu comportamento.Do ponto de vista da construção também é uma solução simples e rápida. Contudo, as juntas notabuleiro representam um problema para os órgãos proprietários das pontes em função dos elevadoscustos de manutenção, além de causarem desconforto para o tráfego. Apesar destes inconvenientes,atualmente no Brasil ainda é relativamente comum se observar o projeto de pontes de múltiplos vãoscom juntas sobre todos os apoios (Figura 6.6).

Figura 6.6 – Vigas pré-moldadas com vãos isolados

6.1.4  Superestruturas de vãos isolados com lajes de continuidade

Uma solução utilizada para se evitar o uso das juntas é a construção de vãos simplesmente apoiadosunidos por uma laje de continuidade. Desta forma a laje fica contínua em toda extensão da obra,podendo ter algumas juntas no caso de pontes muito extensas.

O dimensionamento dos vãos é feito de maneira independente uma vez que os momentos fletores queocorrem nos apoios são insignificantes para as vigas devido à pequena rigidez da laje em relação aestas. A laje de continuidade é dimensionada para a carga direta das rodas e para os momentos quesurgem nela devido à rotação das vigas nos apoios em função dos carregamentos nos vãos e dasdeformações impostas. Para minimizar estes momentos a laje tem sua espessura reduzida e separadadas vigas até uma determinada distância das suas extremidades. Na Figura 6.7 é apresentado umdetalhe típico de laje de continuidade.

Page 144: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 144/258

Capítulo 6 Continuidade Estrutural nas Superestruturas Construídas com Vigas Isoladas 121 

MATERIAL COMPRESSÍVEL LAJE MOLDADA NO LOCAL

VIGA PRÉ-MOLDADAAPARELHOS DE APOIO

TRANSVERSINA

 

Figura 6.7 – Laje de continuidade ligando vãos isolados

Este tipo de solução é muito pouco utilizado nos Estados Unidos, mas é largamente utilizada em

países da Europa e no Brasil desde a década de 80. No Reino Unido a Highways Agency (2001)através da BA 57/01 recomenda este tipo de ligação ou a continuidade das vigas como veremosadiante (Figura 6.10). Uma parte dos projetistas e autores entende que esta é a melhor alternativa emfunção da sua simplicidade e do seu baixo custo (KUMAR, 1994), mas outros entendem que estesfatores não justificam a não utilização da continuidade. Para Menn (1990) a laje de continuidade estásujeita à fissuração, podendo se tornar um ponto de infiltração na estrutura. O mesmo autor tambémentende que o uso de duas linhas de aparelhos de apoio dificulta o levantamento da superestrutura paraeventuais trocas destes dispositivos.

6.1.5  Superestruturas com continuidade nas vigas

Nos Estados Unidos desde a década de 60 as pontes em vigas pré-moldadas protendidas sãoconstruídas com continuidade estrutural entre os vãos. Desde então, diversos sistemas de conexão têmsido utilizados: ligações metálicas, protensão e armaduras passivas. Atualmente praticamente atotalidade dos departamentos de transporte dos estados americanos utiliza este procedimento nas suaspontes pré-moldadas (HASTAK et al., 2003).

Figura 6.8 – Viadutos em vigas pré-moldadas com continuidade

Page 145: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 145/258

Capítulo 6 Continuidade Estrutural nas Superestruturas Construídas com Vigas Isoladas 122 

c   d  

13,42m

2,29m 7,27m 2,29m

   M    Á   X .   1   4 ,   0   0  m

   1 ,   0   7  m

4,60m

0,91m

 

(a)

91cm

prestressedbeam

25mm bituminousfiberboard

   7 ,   6  c  m

   2   5  c  m

   1   3   7  c  m

23cm

3-25mm x .53m dowelbars at each beam

prestressedbeam

   2   3  c  m

   3   0 ,   5  c  m

 

(b) 

A ponte mais extensa construída com este sistema é Kingsport Bridge no estado americano doTennessee, inaugurada em 1981. A ponte é dupla, possui 29 vãos e um comprimento total de 820metros sem juntas (Figura 6.9). Nas extremidades foram previstas juntas entre a superestrutura e os

encontros. Em um levantamento realizado por Burdette et al. (2003) vinte anos após a inauguração daobra foi constatado que o estado geral da obra era muito bom. Os autores consideraram as fissuras nofundo das vigas na região dos apoios (Figura 6.9-c) e as fissuras entre as vigas e as transversinas semmaior importância estrutural. Estas fissuras são causadas pelo momento positivo devido à restrição dasdeformações diferidas. Segundo os autores o único problema grave detectado foi motivado porinfiltrações nas juntas dos encontros.

Figura 6.9 – Kingsport Bridge, Tennessee, EUA: (a)seções; (b) esquema da conexão; (c) detalhe de fissura naregião da conexão - momento positivo; (d) vista geral, (BURDETTE et al., 2003).

No Reino Unido, em função dos problemas detectados na década de 80 mencionados no item anterior,foi elaborado um estudo pelo DTp e pelo Transport and Road Research Laboratory (TRRL) para aindicação de soluções de continuidade para as pontes em vigas pré-moldadas. Este estudo foi baseadoem pontes já existentes e que apresentavam bom desempenho, sem deterioração significativa na regiãodos apoios (PRITCHARD, 1992). As soluções indicadas neste estudo foram incorporadas pela

Page 146: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 146/258

Capítulo 6 Continuidade Estrutural nas Superestruturas Construídas com Vigas Isoladas 123 

Highways Agency à sua recomendação de projeto BA 57/01 -  Design for Durability  e estãoapresentadas na Figura 6.10.

Figura 6.10 – Conexões de continuidade recomendados pela BA-57/01

As superestruturas com continuidade nas vigas apresentam diversas vantagens em relação àsconstruídas com vãos isolados:

•  A eliminação das juntas representa uma substancial economia nos serviços de manutenção erestauração ao longo de todo o período de vida útil da obra. Esta vantagem é maior nos países declima frio onde o uso de sal para descongelamento dos pavimentos agrava este problema;

•  A continuidade estrutural aumenta a capacidade de redistribuição de esforços no estado limiteúltimo. Isto é particularmente vantajoso no caso de ocorrerem cargas excepcionais e de obrassituadas em regiões sujeitas a ações sísmicas;

•  Embora os esforços totais finais atuantes nas vigas, quando computada a fluência devida àprotensão e retração diferencial, sejam quase os mesmos daqueles calculados para a hipótese devãos isolados, é possível se conseguir uma redução no consumo dos materiais desde que o projetoseja bem concebido. A simplificação dos pilares com a possibilidade de eliminação da travessa deapoio das vigas também pode contribuir para a redução dos consumos;

•  As pontes em vigas pré-moldadas com continuidade apresentam uma melhor estética do queaquelas construídas com vãos isolados. Apresentam maior esbelteza, os vãos entre topos de vigassão eliminados e as travessas sobre os pilares podem ser evitadas;

•  Apresentam pista de rolamento mais uniforme evitando o desconforto para o tráfego causado pela juntas estruturais.

Por outro lado, o processo construtivo requer mais cuidados na sua execução, principalmente se for

utilizada protensão no dispositivo de continuidade. Também o tempo de execução pode ser um poucomais demorado do que no sistema de vãos isolados, principalmente nos casos em que são utilizadosapoios provisórios para suportar as vigas durante a execução das transversinas.

Page 147: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 147/258

Capítulo 6 Continuidade Estrutural nas Superestruturas Construídas com Vigas Isoladas 124 

As pontes com vigas pré-moldadas com continuidade também são mais complexas na etapa de projetoquando comparadas às pontes com vãos isolados. Como são estruturas construídas em estágios, aseqüência de execução e as mudanças que ocorrem com o sistema estrutural devem ser levadas em

conta na avaliação dos esforços e dimensionamento. Da mesma forma que ocorre nas pontes com juntas, a seção transversal também sofre alterações, pois inicialmente têm-se vigas isoladas e depoisum tabuleiro formado por vigas, laje e transversinas, ocorrendo evolução de tensões nos elementosestruturais.

Conforme foi visto no Capítulo 5, a continuidade das vigas restringe as rotações devido à fluência(protensão e peso próprio) e à retração diferencial entre a laje e as vigas que ocorreriam nas suasextremidades caso estas estivessem simplesmente apoiadas. Assim, ao longo do tempo, desenvolvem-se momentos fletores positivos devidos à protensão e negativos devidos ao peso próprio (fluência) e àretração diferencial entre a laje e as vigas (Figura 6.11).

Figura 6.11 – Momentos fletores devidos ao impedimento das rotações: (a) esquema estrutural; (b) fluência; (c)

retração diferencial (adaptado de PRITCHARD, 1992).

As estimativas dos efeitos da fluência e da retração apresentam um alto grau de variabilidadeindependentemente do modelo adotado. Além disso, mesmo que a idade prevista para oestabelecimento da continuidade seja especificada no projeto, há sempre grande probabilidade demudanças no cronograma durante a construção, alterando o comportamento evolutivo previsto para aestrutura. Assim, além dos cuidados necessários na avaliação das deformações diferidas e dosrespectivos esforços resultantes, deve-se adotar um detalhamento construtivo que atenda à essavariabilidade.

A B C

L L

VIGA PRÉ-MOLDADA

APOIOSPROVISÓRIOS

PILAR

a   DESLOCAMENTOLIVRE DEVIDO ÀFLUÊNCIA

C2MA2 MB2 M

DEFORMADADA VIGA PARAPESO PRÓPRIO+ PROTENSÃO

(b) 

M

DESLOCAMENTOLIVRE DEVIDO ÀRETRAÇÃODIFERENCIAL C2MA2

MB2

(c)

Page 148: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 148/258

Capítulo 6 Continuidade Estrutural nas Superestruturas Construídas com Vigas Isoladas 125 

LAJE

ESTRIBO

VIGA PRÉ-MOLDADA

TRANSVERSINA

ARMADURA SUPERIORPRÉ-LAJE

ARMADURA INFERIORAPARELHO DEAPOIO

6.1.5.1  Continuidade com armaduras passivas

O sistema de continuidade para vigas pré-moldadas com utilização de armaduras passivas é método

mais popular entre os projetistas, principalmente nos Estados Unidos. O processo também é o de maissimples execução e o de menor custo. Neste tipo de conexão a armadura positiva e a armadura da almasão deixadas com um prolongamento para fora do topo das vigas (Figura 6.12).

No processo construtivo em uma primeira etapa as vigas pré-moldadas são posicionadas no seu localdefinitivo sobre apoios provisórios que podem ficar no próprio pilar ou sobre estruturas auxiliares. Nasegunda etapa são colocadas as armaduras da transversina e da laje e feita a concretagem destas peças.Como alternativa pode-se na segunda etapa executar a concretagem apenas da região da conexão euma terceira etapa a concretagem do restante da laje. Com este procedimento reduz-se o valor domomento positivo que age sobre a viga isolada. Por outro lado há um aumento do valor do momentonegativo na região da conexão e consequentemente da quantidade de armaduras. Em função disto estaseqüência de execução é mais aplicada quando a continuidade é feita com armaduras de protensão.

Figura 6.12 – Continuidade com armaduras passivas

Figura 6.13 – Ponte em vigas pré-moldadas com continuidade com armaduras passivasRodovia A-25 – Portugal, 2007 (foto do autor)

Page 149: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 149/258

Capítulo 6 Continuidade Estrutural nas Superestruturas Construídas com Vigas Isoladas 126 

A rápida expansão deste processo construtivo nos Estados Unidos levou a Portland Cement   Association  (PCA) a desenvolver os primeiros trabalhos experimentais sobre o assunto no início dadécada de 60 (NEWHOUSE, 2005). Foram realizados ensaios para verificar o comportamento das

conexões para os momentos negativos e positivos sob a ação de cargas estáticas e cíclicas nassituações de serviço e rutura.Para os momentos negativos foram utilizadas armações passivas na laje cujo resultado foi consideradosatisfatório. Para os momentos positivos foram ensaiadas ligações com barras retas com umacantoneira soldada que apresentaram bom comportamento e barras com dobras de 90 graus que nãoapresentaram um resultado não tão satisfatório. O relatório recomendou o aumento do raio dedobramento da armadura e que a distância entre o final da viga e a face do gancho seja pelo menosigual a vinte vezes o diâmetro das barras (NEWHOUSE, 2005).

Em 1969 a PCA publicou um boletim com um roteiro para o projeto de pontes pré-moldadasprotendidas com continuidade que se tornou um padrão nos Estados Unidos e ainda atualmenteutilizado por um número considerável de projetistas, ficando conhecido como “ Método da PCA”. O

boletim indica como determinar a magnitude dos momentos que se desenvolvem nos apoios internosdevido à fluência e retração diferencial. Quando comparado a outros métodos o da PCA apresentadavalores mais conservadores para os momentos devido à restrição das deformações diferidas(NEWHOUSE, 2005). As expressões básicas do método são as seguintes:

)2

'( 2t 

e A E  M  bbss   += ε    (6.1)

 LLs DLC r   M e

 M e M  M  M    +−

−−−=−

− )1

()1)((φ 

φ φ    (6.2)

onde:

 M s  = momento básico de retraçãoεs  = deformação diferencial de retração

 E b  = módulo de elasticidade da laje Ab = área da seção transversal do tabuleiroe’2  = distância do centróide da seção composta ao topo da vigat  = espessura da laje

 M r   = momento final devido à restrição das deformações M C = momento de restrição devido à fluência da protensão M  DL = momento de restrição devido à fluência da carga permanente M  LL = momento positivo devido à carga móvel com impactoΦ  = coeficiente de fluência (obtido de ábaco)

O National Cooperative Research Program (NCHRP) no seu Relatório 322 (OESTERLE et al., 1982),indica nas suas conclusões que as fissuras na região inferior da ligação independem do uso da armaçãopositiva. Como a continuidade é estabelecida com a viga tendo pouca idade os momentos positivosque se desenvolverão devido à restrição dependerão da quantidade de armação colocada na ligação. Apresença da armadura positiva garante uma menor abertura das fissuras, mas aumenta o momento nomeio do vão. Em função disso e das dificuldades construtivas este relatório recomendou a nãoutilização das armaduras positivas nas conexões ao contrário do indicado no Método da PCA. ORelatório 322 do NCHRP foi um estudo analítico com base em um número limitado de parâmetrosque, apesar de sua importância, não levou em conta o grande número de fatores envolvidos nasconexões de continuidade e as suas recomendações quanto a não utilização da armadura positiva nãoforam seguidas.

Realmente o momento no meio do vão é pouco alterado pela continuidade uma vez que, dependendoda idade da protensão quando se promove a ligação entre as vigas, o momento devido às restrições nosapoios reduz substancialmente o ganho obtido pela continuidade (Figura 6.14). No entanto, a armadura

Page 150: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 150/258

Capítulo 6 Continuidade Estrutural nas Superestruturas Construídas com Vigas Isoladas 127 

(a) (b )

VARIÁVEL EM FUNÇÃO DOSMOMENTOS DE RESTRIÇÃO

  =

+

+

+

+

  =

PESO PRÓPRIO

RESTRIÇÃO NOS

SOBRECARGA

CARGA MÓVEL

TOTAL

APOIOS

MOMENTO MÁXIMONO MEIO DO VÃO

+

+

(a) (b )

VARIÁVEL EM FUNÇÃO DOSMOMENTOS DE RESTRIÇÃO

  =

+

+

+

+

  =

PESO PRÓPRIO

RESTRIÇÃO NOS

SOBRECARGA

CARGA MÓVEL

TOTAL

APOIOS

MOMENTO MÁXIMONO MEIO DO VÃO

+

+

positiva é importante para limitar a abertura de fissuras pelos momentos positivos que ocorrem naseção do apoio. Estes momentos são devidos à fluência da protensão, variações diferenciais detemperatura e às cargas móveis em vãos distantes. Além disso, também é necessária para se garantir

uma armação mínima de tração ancorada na região dos apoios e para a resistência ao cortante na seçãoda junta de concretagem entre a viga pré-moldada e a transversina.

Figura 6.14 – Momentos fletores: (a) tabuleiro com vãos isolados; (b) tabuleiro com continuidade.

O Relatório 519 do NCHRP (MILLER et al., 2004) foi elaborado com base em estudos numéricos eexperimentais e também indicou que o momento no vão independe da quantidade de armadurapositiva adotada nos apoios. O estudo concluiu que a fissuração devida ao momento positivo não afetaa continuidade. Foi verificado que a armadura positiva deve ser dimensionada para um momento 1,2

 M cr, onde  M cr   é momento positivo de fissuração para a seção composta da viga, adotando-se aresistência do concreto da transversina. O estudo verificou que armaduras dimensionadas paramomentos acima de 1,2 M cr  não são eficientes, além de congestionarem a zona de ligação.

O valor de 1,2  M cr   para o dimensionamento da conexão positiva também foi verificado analítica eexperimentalmente por Newhouse (2005) que chegou a conclusões semelhantes às do Relatório 519.O momento correspondente a 1,2 M cr   é o especificado pela AASHTO para a determinação da armaçãomínima de flexão em estruturas de concreto.

Desta forma, segundo a AASHTO, a armadura para o momento positivo na ligação de continuidadenos apoios pode ser determinada pela seguinte expressão:

cr n  M  M  2,1=φ    )9,0(   =φ    (6.3)

)2

()2

( ad  f  Aad  f  A M  sss p ps psn   −+−=   (6.4)

Page 151: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 151/258

Capítulo 6 Continuidade Estrutural nas Superestruturas Construídas com Vigas Isoladas 128 

onde: A ps = área da armadura de protensão

 f  ps  = tensão do aço de protensãod  p  = distância da fibra comprimida extrema ao centróide da armadura de protensãoa  = profundidade do bloco comprimido

 As  = área da armadura passiva f s  = tensão da armadura passivad s  = distância da fibra comprimida extrema ao centróide da armadura passiva.

A armadura de protensão aparece na expressão 6.4 porque, no caso de vigas com protensão aderente(pré-tensão), as pontas das cordoalhas podem ser utilizadas como armaduras passivas. Os estudosteóricos e experimentais do Relatório 519 abrangeram ligações realizadas com armaduras passivasconvencionais e com as pontas das cordoalhas (Figura 6.15)

Figura 6.15 – Armação passiva de continuidade para momentos positivos nos apoios: (a) armadura convencional;(b) pontas das cordoalhas (MILLER et al., 2004).

O Relatório 519 também concluiu que nas vigas onde a continuidade ocorre com idade superior a 90dias os momentos positivos devidos às deformações diferidas são praticamente nulos (Figura 6.16).

Figura 6.16 – Evolução dos momentos fletores devidos ao impedimento das rotações em função da idade daprotensão da viga quando estabelecida a continuidade (MILLER et al., 2004).

(a) (b)

Page 152: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 152/258

Capítulo 6 Continuidade Estrutural nas Superestruturas Construídas com Vigas Isoladas 129 

As conclusões apresentadas pelo Relatório 519 levaram a AASHTO a modificar profundamente o itemque trata de vigas pré-moldadas de concreto com continuidade na edição de 2007 da  LFRD Bridge

 Design Specifications. Dentre as modificações introduzidas podemos destacar as seguintes:•  Para vigas onde a continuidade é estabelecida com uma idade igual ou superior a 90 dias os

momentos diferidos devidos à restrição nos apoios podem ser desprezados e adotada a armaçãomínima (o prazo deve estar estabelecido no contrato da obra);

•  A ligação deve ser dimensionada para um momento positivo mínimo correspondente a 1,2 M cr ; •  A ligação entre duas vigas pré-moldadas pode ser considerada totalmente efetiva se a tensão na

face inferior da transversina de ligação for de compressão para uma combinação de carregamentoenglobando: cargas permanentes, recalques, fluência, retração e 50% da carga móvel e gradientede temperatura. Neste caso o contrato da obra também deve especificar que a continuidade sejaestabelecida com uma idade mínima de 90 dias;

•  É altamente recomendável que a continuidade seja estabelecida para vigas com idade mínima de

28 dias;•  São permitidas três opções para ligação: armação passiva convencional ancorada na viga e na

transversina, pontas das cordoalhas das vigas ancoradas na transversina ou outro tipo de ligaçãocom eficiência comprovada através de análise e ensaios e aprovada pelo órgão proprietário.

No caso de ligações com a utilização de cordoalhas, a AASHTO especifica que as tensões naarmadura devem calculadas pelas seguintes expressões:

840,0

)203(   −= dsh

 psll

 f    (6.5)

600,0

)203(   −= dsh

 pull

 f    (6.6)

onde:

ldsh = comprimento total da ponta da cordoalha (mm) f  psl = tensão na cordoalha em serviço. Seção fissurada (MPa); f  pul = tensão na cordoalha na rutura (MPa)

Com relação à idade em que se estabelece a continuidade devemos lembrar que nos Estados Unidos aquase totalidade das vigas pré-moldadas é executada com pré-tensão em fábricas, com a possibilidadede execução de diversas vigas em um mesmo dia. Entre nós a grande maioria das vigas de pontes é

executada com pós-tensão nos canteiros o que torna mais difícil estipular um cronograma factível deconcretagem e protensão das vigas. Em nossas obras é relativamente comum que, em um mesmo dia,se faça a protensão de vigas com concretos de idades bem diferentes entre si.

Com relação à armadura para os momentos negativos na conexão pouca importância tem se dado naliteratura internacional. Os poucos trabalhos que analisaram o seu funcionamento concluíram que osresultados experimentais corresponderam àqueles teoricamente esperados. No entanto, por questõeseconômicas, tem havido um interesse em se estabelecer a continuidade em vigas com idades maisavançadas, pois desta forma aumenta-se o valor do momento negativo e diminui-se o positivo no vão.Assim, o momento negativo também deve ser objeto de um cuidadoso dimensionamento de forma a seevitar a fissuração na laje do tabuleiro.

Page 153: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 153/258

Capítulo 6 Continuidade Estrutural nas Superestruturas Construídas com Vigas Isoladas 130 

6.1.5.2  Continuidade com pós-tensão

A continuidade das vigas pré-moldadas pode ser efetivada através da utilização de pós-tensão. Neste

tipo de ligação, como nos demais sistemas, a primeira etapa de protensão deve ser suficiente parasuportar o peso próprio da viga e da laje com as transversinas.A pós-tensão de continuidade pode se dar através de cabos dispostos ao longo de toda a extensão daponte ou apenas nos trechos sobre os apoios.

No caso da pós-tensão se dar ao longo de toda a obra os cabos de continuidade são enfiados nasbainhas deixadas previamente nas vigas e são protendidos após a concretagem da laje e transversinas.Esta técnica, além de possibilitar o controle de tensões sobre apoios, tem como vantagem o fato depermitir um efeito de protensão sobre todo o conjunto da estrutura. A armação para o momentopositivo na região da ligação usualmente é feita por intermédio de armaduras passivas.

Para pontes com muitos vãos, para minimizar as perdas por atrito, os cabos de continuidade sãoprotendidos por trechos (geralmente a cada dois vãos) e unidos com acopladores (ancoragens decontinuidade). Na Figura 6.17 é apresentado um exemplo deste tipo de ligação.

Page 154: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 154/258

Capítulo 6 Continuidade Estrutural nas Superestruturas Construídas com Vigas Isoladas 131 

3.80m

22.50m

13.00m1.20m

0.10m

0.10m

   1 .   6

   2  m

   1 .   8

   2  m

0.20m

Moldado " in loco"

Pré-moldado

 

Figura 6.17 – Exemplo de viga com continuidade com pós-tensão ao longo de toda a extensão da ponte –Yverdon, Suiça (FIP, 1990)

0.96m 1.04m 0.55m 0.96m1.04m0.55m

   1 .   6

   9  m

0.21m

   1 .   3

   1  m

0.17m

   0 .   6

   0  m

0.18m   0 .   4

   4  m

 

   1 .   9   2  m

0.10m

   1 .   3   1  m

0.20m

30.95m 1.20m

0.48m

30.95m

 

PROTENSÃO DE CONTINUIDADE

PROTENSÃO DA VIGA ISOLADA

27,00m

32,15m

0,96m1,065m 0,96m 1,065m

   1 ,   6

   9  m

 

Page 155: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 155/258

Capítulo 6 Continuidade Estrutural nas Superestruturas Construídas com Vigas Isoladas 132 

LAJE MOLDADA NO LOCAL

(1ª ETAPA)

ARMAÇÃO DE PROTENSÃOLAJE MOLDADA NO LOCAL

(2ª ETAPA)

VIGA PRÉ-MOLDADA TRANSVERSINAAPARELHO DEAPOIO

APOIOS PROVISÓRIOS

 

No caso de pós-tensão aplicada apenas na região dos apoios podem utilizados cabos ou barras do

sistema Dywidag dispostos na laje moldada no local. No caso dos cabos são utilizadas unidades depequena potência uma vez que o espaço para alojamento das ancoragens é reduzido devido à pequenaespessura da laje. Este sistema é vantajoso em relação ao da pós-tensão em toda a extensão quando asvigas pré-moldadas têm alma com espessura muito reduzida para instalação dos cabos.

Neste processo, após a montagem das vigas pré-moldadas, primeiramente é concretado o trecho dalaje sobre os apoios onde estão colocadas as armaduras ativas. Após a aplicação da protensão é feita aconcretagem do restante da laje. Um esquema deste sistema de continuidade está apresentado naFigura 6.18.

Figura 6.18 – Continuidade com pós-tensão na região dos apoios

Page 156: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 156/258

Capítulo 6 Continuidade Estrutural nas Superestruturas Construídas com Vigas Isoladas 133 

6.2  Superestruturas com vigas de aço e laje de concreto

6.2.1 

Considerações iniciais

O uso de pontes com superestruturas constituídas por vigas de aço e laje de concreto, usualmentedenominadas pontes mistas, teve início na década de 30 e se consolidou no período após a SegundaGuerra Mundial na década de 50, principalmente nos EUA. Atualmente as pontes mistas sãoconsideradas as mais competitivas em relação às pontes de concreto protendido para vãos médios,podendo ser utilizadas também para vãos maiores (Figura 6.19).

Figura 6.19 – Faixas de variação dos vãos econômicos para pontes (COLLINGS, 2005)

Os tabuleiros em vigas de aço com placa ortotrópica são pouco utilizados para vãos pequenos emédios em função do seu custo porque apresentam consumo de aço muito elevado. São maisvantajosos para pontes de grandes vãos onde o peso próprio da estrutura passa a ser um elemento de

fundamental importância (Figura 6.19)

O bom desempenho obtido pelas pontes mistas deve-se principalmente aos seguintes fatores:

•  Aproveitamento eficiente das características dos dois materiais utilizados, pois para osmomentos fletores no vão, a compressão absorvida pela laje de concreto e a tração é absorvidapelos perfis de aço;

•  O reduzido peso próprio e a elevada resistência das vigas de aço possibilitam montagem maissimples e rápida do que a das vigas em concreto protendido;

•  Menor altura estrutural que as pontes em vigas de concreto protendido;•  Menor carga nas fundações em relação às pontes de concreto em função do peso próprio menor

das vigas;•  Melhor comportamento em relação às variações de temperatura do que as pontes de aço.

1 0 00 2 0 0 3 0 0 4 0 0 5 0 0 6 0 0

C O N C R E T O - L A J E

C O N C R E T O - V IG A T

M I S T A - V I G A T

M I S T A - C A IX Ã O C E L U L A R

A Ç O - C A I X Ã O C E L U L A R

C O N C R E T O - C A I X Ã O C E L U L AR

C O N C R E T O - AR C O

A Ç O - A R C O

M I S T A - A R C O

C O N C R E T O - E S T A IA D A

M I S T A - E S T A I A D A

A Ç O - E S T A I A D A

A Ç O - P E N S I L

V Ã O ( m )

Page 157: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 157/258

Capítulo 6 Continuidade Estrutural nas Superestruturas Construídas com Vigas Isoladas 134 

A desvantagem normalmente apontada para este tipo de superestrutura é o seu custo mais elevado deconstrução e manutenção em relação às estruturas de concreto. No entanto este aspecto não pode seraplicado de uma forma geral, sendo necessário que se verifiquem as particularidades de cada obra,

como localização, condições de acesso dos equipamentos de montagem, agressividade do ambiente,prazo de execução, etc.

As pontes mistas usualmente são construídas com vigas de aço de alma cheia, podendo ser utilizadosperfis laminados ou perfis soldados. As vigas de alma cheia têm um consumo de aço maior que outrasvigas de aço, como as treliças, mas a simplicidade de sua geometria possibilita custos de fabricação emanutenção mais baixos. Atualmente em vários países os perfis laminados são fabricados com alturasda ordem de 1100 mm (Figura 6.20), sendo que no Brasil altura máxima disponível no mercado é de610 mm. Isto limita o uso dos perfis laminados entre nós para pontes com vãos da ordem de 15 metros(PINHO e BELLEI, 2007). Já para os perfis soldados não existe limitação porque pode ser fabricadossob encomenda de acordo o especificado no projeto da ponte.

Figura 6.20 – Perfil de aço laminado com altura de 1.100 mm indicado para o uso em pontes (HECHLER;SOMMAVILLA, 2009)

As seções transversais mais usuais nas superestruturas das pontes mistas para pequenos e médios vãossão constituídas por vigas de aço isoladas espaçadas entre si de 3,0 a 3,5 metros com laje de concretoformando um tabuleiro em grelha (Figura 6.21). Este é o tipo de concepção tratado neste trabalho.Para vãos da ordem de 50 metros as seções constituídas por apenas duas vigas também sãoeventualmente utilizadas (ILES, 2001). Para grandes vãos (acima de 80 metros) a seção transversalmais comumente utilizada para a superestrutura de pontes mistas é o caixão celular (Figura 6.22).

Page 158: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 158/258

Capítulo 6 Continuidade Estrutural nas Superestruturas Construídas com Vigas Isoladas 135 

Figura 6.21 – Seções transversais típicas de tabuleiros mistos de pontes rodoviárias utilizando vigas de aço emperfis “I”

Figura 6.22 – Seção transversal de ponte rodoviária em viga mista em caixão celular

6.2.2  Processo construtivo das pontes em vigas mistas

O processo construtivo usualmente adotado nas pontes mistas é parecido com o utilizado nas pontesem vigas pré-moldadas de concreto protendido. As vigas são colocadas sobre os apoios com autilização de guindastes (Figuras 6.23 e 6.24) ou através de lançamento por deslizamento (Figura

6.25). A montagem pode ser feita através do içamento das vigas isoladas, fazendo-se a ligação entre oselementos posteriormente (Figura 6.23) ou com a grelha do tabuleiro já pré-montada (Figura 6.24).

No caso de pontes pequenas é possível fazer a montagem de vigas contínuas da estrutura inteira paradois ou três vãos de uma única vez. A movimentação das peças isoladamente possibilita maisagilidade nos serviços de colocação das vigas, mas implica numa maior utilização de mão de obraespecializada na obra para execução das ligações. A utilização de estruturas pré-montadas reduz o usode mão de obra no local, mas dependendo do tamanho das peças, implica na utilização deequipamentos de maior porte e mais caros para o transporte e montagem.

Page 159: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 159/258

Capítulo 6 Continuidade Estrutural nas Superestruturas Construídas com Vigas Isoladas 136 

Figura 6.23 – Montagem de viga de aço isolada com guindaste (HECHLER; SOMMAVILLA, 2009)

Figura 6.24 – Movimentação de tabuleiros inteiros com guindastes (HECHLER; SOMMAVILLA, 2009)

Figura 6.25 – Montagem de vigas de aço através de lançamento por deslizamento (RALLS, 2005)

Page 160: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 160/258

Capítulo 6 Continuidade Estrutural nas Superestruturas Construídas com Vigas Isoladas 137 

Após a montagem das vigas e transversinas intermediárias é realizada a construção da laje do tabuleiroem concreto armado ou protendido constituindo-se dessa forma uma estrutura composta. Ofuncionamento conjunto da laje de concreto com as vigas de aço é garantido através do uso de

conectores de cisalhamento soldados nas mesas das vigas e embutidos no concreto da laje. Atualmenteo tipo de conector mais utilizado nas estruturas produzidas em fábricas é o pino com cabeça, tambémconhecido como stud bolt , pela rapidez e facilidade de execução, mas outros tipos de dispositivostambém podem ser utilizados conforme indicado na Figura 6.26.

Figura 6.26 – Conectores de cisalhamento típicos utilizados em vigas mistas: (a) pinos com cabeça (stud bolts),(b) perfis U e (c) chapas com aros.

Assim como nas pontes em vigas pré-moldadas em concreto protendido, as lajes das pontes mistaspodem ser inteiramente moldadas no local, parcialmente pré-moldadas com uma concretagemcomplementar no local (Figura 6.27) ou inteiramente pré-moldadas (Figura 6.28). No caso das lajestotalmente pré-moldadas são deixados nichos para encaixe dos conectores, fazendo-se posteriormenteo preenchimento com graute.

Figura 6.27 – Ponte mista com laje parcialmente pré-moldada (ECSC, 2002)

(a)

= 1.5d

dh

t

h

b

SOLDA

(b)

 

20d

SOLDA

(c)

 

Page 161: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 161/258

Capítulo 6 Continuidade Estrutural nas Superestruturas Construídas com Vigas Isoladas 138 

Figura 6.28 – Ponte mista com laje inteiramente pré-moldada (FHWA, 2009)

A maioria das pontes com vigas metálicas é construída com transversinas ou contraventamentoscruzados que têm como função garantir a estabilidade lateral das vigas, além de também contribuírem

para distribuição transversal das cargas verticais atuantes no tabuleiro e dos esforços transversaishorizontais devidos ao vento. Em alguns casos, principalmente em países da Europa, as pontes mistastambém vêm sendo construídas sem transversinas ou contraventamentos de forma a simplificar aexecução dos serviços de campo como já é comum nas pontes pré-moldadas de concreto protendido.Nestes casos é apenas utilizado um contraventamento provisório durante construção (Figura 6.29).

Figura 6.29 – Ponte mista construída sem transversinas (HECHLER; SOMMAVILLA, 2009)

Page 162: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 162/258

Capítulo 6 Continuidade Estrutural nas Superestruturas Construídas com Vigas Isoladas 139 

6.2.3  Influência da sequência construtiva no funcionamento das vigas mistas

A distribuição de tensões nas estruturas mistas é fortemente influenciada pela sequência de construçãoe concretagem adotadas na obra. Desta forma é muito importante que o método construtivo a seradotado seja estudado na fase de projeto da ponte. Nas pontes mistas em que a laje é concretadautilizando as próprias vigas como escoramento (vigas não escoradas), o peso do concreto fresco atuarácomo carregamento sobre elas. A seção mista somente passará a existir após a pega do concreto e osconectores de cisalhamento só passarão a funcionar para os carregamentos posteriores (sobrecargapermanente e carga móvel).

Para o aproveitamento efetivo da seção mista é necessário que a concretagem da laje seja realizadacom as vigas apoiadas em um sistema de escoramento contínuo. Como o escoramento tem um custoelevado isto anula, pelo menos em parte, as vantagens da solução adotada para superestrutura daponte. Logo a decisão de se adotar vigas escoradas ou não depende das particularidades de cada obra.

Em muitos casos faz-se uso de apoios provisórios isolados sob as vigas que absorvem parte dasreações de apoio das cargas do concreto da laje. Após a retirada dos apoios provisórios o efeito sobre aestrutura mista correspondente a um carregamento de cima para baixo com o mesmo valor das reaçõesde apoio do escoramento.

Outro procedimento eventualmente utilizado é a aplicação de um pré-esforço nas vigas de aço atravésdo macaqueamento dos apoios provisórios no interior do vão. Após o endurecimento do concreto dalaje os macacos são retirados e um carregamento correspondente aos seus esforços passa a agir sobre aestrutura mista.

Na Figura 6.30 são apresentados os esquemas estáticos e os diagramas de momentos e tensões para ostrês processos construtivos.

Figura 6.30 – Processos construtivos utilizados na construção de vigas mistas: a) viga sem escoramento, b) vigaescorada, c) viga escorada e pré-tensionada (HECHLER; SOMMAVILLA, 2009)

MOMENTO NA VIGAISOLADA

REMOÇÃO DO

MOMENTO NA SEÇÃO

MOMENTO FINAL

COMPOSTA

DISTRIBUIÇÃO DETENSÕES RESULTANTE

ql²/8

ql²/8

ql²/8

Ma

Ma0

ESCORAMENTO ESCORAMENTOCOM ELEVAÇÃO

0

ESCORAMENTO

(a) (b) (c)

 

Page 163: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 163/258

Capítulo 6 Continuidade Estrutural nas Superestruturas Construídas com Vigas Isoladas 140 

No caso de vigas mistas contínuas o uso do escoramento com ou sem elevação a ação do peso próprio

da laje e da viga provocará a ocorrência de momentos negativos elevados na região dos apoios. Istonormalmente não é desejável porque a seção mista é pouco eficiente para momentos negativos.

6.2.4  Superestruturas de vãos isolados

As pontes mistas com vão isolados apresentam a mesma concepção utilizada nas pontes pré-moldadasde concreto. Os vãos são constituídos por estruturas bi-apoiadas e as juntas entre as lajes de concretosobre os apoios são fechadas com a utilização de um dos dispositivos já apresentados anteriormenteneste trabalho (Figura 6.31). Este tipo de solução ainda é muito adotado no Brasil pela suasimplicidade de projeto e construção, mas praticamente não é mais utilizado em países

tecnologicamente mais desenvolvidos em função dos custos mais elevados de manutenção e do maiorconsumo de aço em relação às vigas com continuidade estrutural.

Figura 6.31 – Vigas mistas com vãos isolados

6.2.5 

Superestruturas de vãos isolados com lajes de continuidade

Trata-se de uma solução similar à adotada para as vigas pré-moldadas protendidas, cujas vantagens edesvantagens já foram apresentadas anteriormente neste capítulo. A laje de continuidade tem comofunção evitar as juntas na laje de concreto. Apesar de ser muito utilizada no Brasil pela simplicidadede projeto e construção esta solução também não vem sendo utilizada em diversos países porqueapresenta um consumo de aço mais elevado do que as vigas com continuidade estrutural. Na Figura6.32 é apresentado um detalhe típico desta solução aplicada em vigas mistas.

JUNTA LAJE DE CONCRETOARMADO

APARELHOS DE APOIO

VIGA DE AÇO

 

Page 164: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 164/258

Capítulo 6 Continuidade Estrutural nas Superestruturas Construídas com Vigas Isoladas 141 

ARMADO

APARELHOS DE APOIO

VIGA DE AÇO

MATERIAL COMPRESSÍVEL LAJE DE CONCRETO

 

Figura 6.32 – Vigas mistas com laje de continuidade sobre o apoio

6.2.6  Superestruturas com continuidade nas vigas

Os sistemas contínuos no caso das pontes mistas apresentam as mesmas vantagens já enumeradasanteriormente para as pontes em vigas pré-moldadas protendidas. O uso de vigas contínuas implica emmomentos fletores menores no vão possibilitando o uso de vigas mais esbeltas, maior capacidade deredistribuição de esforços, eliminação ou redução das juntas de dilatação nos tabuleiros e obras demelhor estética. A relação entre o vão e a altura para as vigas mistas simplesmente apoiadas é daordem de 18 a 22 enquanto que nas vigas mistas contínuas esta relação fica entre 20 e 25

(COLLINGS, 2005)As vigas mistas também apresentam a vantagem de não estarem sujeitas ao efeito da parcela dafluência devida à protensão que anula parte redução dos momentos nos vãos que é obtida com acontinuidade nas vigas pré-moldadas de concreto protendido. No entanto, os efeitos de retração na lajede concreto precisam ser considerados, pois elevam os momentos negativos nos apoios intermediários.

Em função destes aspectos as pontes mistas com continuidade, da mesma forma que as vigas pré-moldadas protendidas, exigem mais cuidado na fase de projeto quanto à concepção, análise estrutural edetalhamento. A execução das ligações para obtenção da continuidade também implica em maiscuidados na construção com a utilização de mão de obra mais capacitada, podendo demandar umprazo maior para execução da ponte. No entanto a experiência internacional tem mostrado que as

vantagens são muito maiores que as desvantagens e as vigas mistas com continuidade atualmente sãoregularmente utilizadas em países da Europa, Estados Unidos, Japão e Austrália.

6.2.6.1  Continuidade através da emenda das vigas de aço

As vigas de aço utilizadas em pontes quase sempre precisam ser emendadas por razões relacionadas aoprocesso de sua fabricação (limitação no comprimento das chapas ou dos perfis laminados) e tambémpelas dificuldades existentes no transporte de elementos de grandes dimensões. Estas emendasusualmente são feitas através de solda quando realizadas na fábrica e através de ligações parafusadasquando realizadas no local da obra (Figura 6.33).

Page 165: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 165/258

Capítulo 6 Continuidade Estrutural nas Superestruturas Construídas com Vigas Isoladas 142 

Figura 6.33 – Execução de ligação parafusada durante o processo de montagem de uma viga de ponte mista(Virginia DOT)

O local das emendas parafusadas costuma ser definido a partir dos momentos máximos (positivo enegativo) resistidos pela ligação conforme indicado no diagrama apresentado na Figura 6.34. Deacordo com os resultados obtidos de ensaios a vida útil das ligações parafusadas executadas nas zonasde momentos fletores negativos é muito superior às das executadas em zonas de momentos fletorespositivos. Em razão disso, dentro da zona aceitável para a emenda, as ligações devem estarposicionadas nos locais onde o momento positivo seja o mínimo possível (ECSC, 2002)

Figura 6.34 – Escolha do local da emenda em uma viga de aço contínua em função dos momentos resistentes(positivo e negativo) da ligação (ECSC, 2002)

Page 166: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 166/258

Capítulo 6 Continuidade Estrutural nas Superestruturas Construídas com Vigas Isoladas 143 

   E   M

   E   N   D   A

   E   M

   E   N   D   A

9250

37000

9250 27750

37000

27750

MESA SUPERIOR

ALMA

MESA INFERIOR

500 x 20

1300 x 12

800 x 25

600 x 35

1265 x 20

900 x 45

500 x 20

1300 x 12

800 x 25

P1 P2 P3

Com a execução das emendas as vigas passam a ser contínuas e consequentemente ocorrem momentosfletores negativos na região dos apoios. As vigas mistas são estruturalmente pouco eficientes paramomentos negativos porque a laje de concreto fica na zona tracionada e o perfil de aço fica na zona

comprimida da seção. Dessa forma na região dos apoios faz-se necessário o uso de perfis de aço comseção mais pesada conforme o esquema apresentado na Figura 6.35 e de maiores taxas de armação(passiva ou ativa) na laje de concreto armado.

Figura 6.35 – Esquema de uma viga contínua com dois vãos com a indicação da variação da espessura daschapas dos perfis soldados, medidas em mm (adaptado de COLLINGS, 2005).

Na Figura 6.36 são apresentados alguns exemplos de vigas mistas contínuas com vigas de açoemendadas.

Figura 6.36 – Pontes mistas contínuas com vigas de aço emendadas.

Page 167: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 167/258

Capítulo 6 Continuidade Estrutural nas Superestruturas Construídas com Vigas Isoladas 144 

Outra solução adotada para absorver os momentos negativos na região dos apoios, principalmente nocaso de grandes vãos, é a utilização de vigas com mísulas, conforme a ponte de superestruturacontínua mostrada Figura 6.37.

Figura 6.37 – Ponte em vigas mistas contínuas com mísulas nos apoios (HANSWILLE; SEDLACEK, 2007)

6.2.6.2  Continuidade com transversinas de concreto armado

Este processo construtivo foi primeiramente utilizado em vigas pré-moldadas protendidas e maisrecentemente passou a ser muito utilizado em pontes de vigas mistas na Europa (HECHLER;SOMMAVILLA, 2009) e Estados Unidos (FHWA 2009). Primeiramente é realizada a montagem dosvãos simplesmente apoiados e em seguida é feita a conexão nos apoios por intermédio de transversinasde concreto armado moldadas no local. Este tipo de conexão tem como grande vantagem evitar aexecução de serviços de solda ou de ligações parafusadas no local da obra e assim evitando amobilização da mão de obra especializada para estas atividades.

Como as vigas são simplesmente colocadas sobre os apoios esta solução possibilita mais agilidade dosguindastes e consequentemente redução do tempo e do custo de montagem. As vigas de aço ficamposicionadas sobre apoios provisórios nos pilares ou sobre escoramento durante a execução dastransversinas de ligação (Figura 6.38). Neste processo construtivo é usual que as vigas sejam

colocadas sem escoramento e dessa forma o tabuleiro apresenta continuidade apenas para a cargamóvel e para as sobrecargas permanentes.

Figura 6.38 – Sistemas de apoios provisórios para construção da transversina de concreto armado.

Page 168: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 168/258

Capítulo 6 Continuidade Estrutural nas Superestruturas Construídas com Vigas Isoladas 145 

No sistema que vem sendo adotado na Europa (ECSC, 2002; HANSWILLE; SEDLACEK, 2007;HECHLER; SOMMAVILLA, 2009) para a conexão da viga de aço com a transversina de concreto é

utilizada uma chapa soldada no topo da viga. Ao longo da altura da chapa são dispostos conectores decisalhamento para transmissão dos esforços cortantes. Na região da mesa inferior pode ser utilizadauma placa adicional de maior espessura para se garantir uma distribuição mais uniforme das tensõesde compressão no concreto.

Dependendo das características da ponte, a transversina de concreto pode ser dimensionada apenaspara momentos negativos (Figura 6.39) ou para momentos negativos e positivos. Neste caso éadicionada uma chapa de aço, no prolongamento da mesa inferior da viga, para ancoragem do esforçode tração devido ao momento positivo (Figura 6.40).

Figura 6.39 – Esquema de conexão com transversina de concreto armado para momentos negativos (adaptado deECSC, 2002).

Page 169: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 169/258

Capítulo 6 Continuidade Estrutural nas Superestruturas Construídas com Vigas Isoladas 146 

CONECTORES DE CISALHAMENTO

PLACA DE EXTREMIDADE

PLACA DE DISTRIBUIÇÃODE TENSÕES

APARELHO DE APOIO

ARMAÇÃO DA LAJE

VIGA

 

Figura 6.40 – Esquema de conexão com transversina de concreto armado para momentos negativos e positivos(adaptado de ECSC, 2002).

Na Figura 6.41 é apresentado um esquema com a indicação modelo de funcionamento deste tipo deligação.

Figura 6.41 – Esquema do modelo de funcionamento de uma emenda com transversina de concreto armado

(adaptado de HECHLER; SOMMAVILLA 2009)

Além dos procedimentos normais de dimensionamento da transversina e da viga mista devem serverificadas, na zona de contato, as tensões no concreto e na placa de extremidade para o estado limiteúltimo (ELU) e o estado limite de serviço (ELS). Nas tabelas 6.1 e 6.2 são apresentados os roteirosindicados por Hechler e Sommavilla (2009) para estas verificações de acordo com os Eurocodes.

Page 170: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 170/258

Capítulo 6 Continuidade Estrutural nas Superestruturas Construídas com Vigas Isoladas 147 

Tabela 6.1 – Roteiro para a verificação da compressão no concreto da transversina de ligação (HECHLER;SOMMAVILLA, 2009)

Verificação no Estado Limite Último Verificação no Estado Limite de Serviço

Page 171: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 171/258

Capítulo 6 Continuidade Estrutural nas Superestruturas Construídas com Vigas Isoladas 148 

Tabela 6.2 – Roteiro para a verificação da chapa de distribuição de tensões na extremidade da viga (HECHLER;SOMMAVILLA, 2009)

Nos casos de transversinas sujeitas apenas a momentos fletores negativos, onde os efeitos de fadigasão menores, para a ligação da viga com a placa de extremidade é recomendado o uso soldas de filete

por serem de execução mais simples e de menor custo. Já nas transversinas sujeitas à alternância nosentido dos momentos é recomendado o uso de soldas de penetração total (ECSC, 2002). Na figura6.42 são apresentados os esquemas das duas alternativas de solda.

Figura 6.42 – Soluções para solda da chapa de extremidade: solda de filete e solda de penetração total (ECSC,

2002)

Page 172: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 172/258

Capítulo 6 Continuidade Estrutural nas Superestruturas Construídas com Vigas Isoladas 149 

A armação da transversina de continuidade é similar à utilizada nas transversinas das pontes deconcreto convencionais. Na figura 6.43 é apresentado um corte transversal típico com a armação da

transversina e da laje conforme o sistema que vem sendo utilizado em países da Europa.

Figura 6.43 – Detalhamento da armação de transversina de concreto armado (HECHLER; SOMMAVILLA,2009)

Nas Figuras 6.44 e 6.45 são apresentados casos de obras recentes na Europa utilizando este tipo desolução para promover a continuidade em pontes mistas construídas com vigas bi-apoiadas.

Page 173: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 173/258

Capítulo 6 Continuidade Estrutural nas Superestruturas Construídas com Vigas Isoladas 150 

Figura 6.44 – Ponte em vigas mistas com continuidade através de transversina de concreto armado: a) vista daobra concluída; b) detalhe da armação da transversina (HECHLER et al. 2008)

Figura 6.45 – Extremidades de vigas de aço com dispositivos para ligação com transversinas de concreto armadoposicionadas sobre apoios provisórios (HECHLER; SOMMAVILLA, 2009)

O sistema de continuidade com transversinas de concreto armado que usualmente vem sendo adotadonos Estados Unidos difere bastante do utilizado na Europa. As vigas a serem emendadas sãoposicionadas com os seus topos bem próximos e na região inferior são ligadas com a utilização de um

bloco de compressão metálico. Desta forma o concreto da transversina não é submetido à compressãopelas mesas inferiores das vigas. Para colocação da armação horizontal da transversina são deixadosfuros nas almas das vigas de aço.

As vigas são embutidas na estrutura de concreto e não são utilizados conectores nas extremidades,sendo que os aparelhos de apoio ficam posicionados praticamente sob as vigas. Na Figura 6.46 éapresentado um esquema típico deste tipo de emenda e na Figura 6.47 um caso de uma transversinaem construção.

Page 174: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 174/258

Capítulo 6 Continuidade Estrutural nas Superestruturas Construídas com Vigas Isoladas 151 

Figura 6.46 – Emenda de vigas mistas com através transversina de concreto armado e bloco de compressão emaço (FHWA, 2009)

Figura 6.47 – Execução de transversina de continuidade em ponte mista nos Estados Unidos: (a) vigas de açocom bloco de compressão na região inferior e as formas laterais colocadas; (b) lançamento do concreto pelo

espaço entre as vigas (FHWA, 2009)

Uma variação deste tipo de emenda utilizado nos Estados Unidos é apresentada na Figura 6.48. Paramelhorar o comportamento da viga mista na região de momento negativo é utilizada uma laje inferiorde compressão ligada à mesa inferior da viga por meio de conectores de cisalhamento, solidarizada àtransversina de continuidade.

TRANSVERSINA DECONCRETO

STUD LAJE DE CONCRETO

VER DETALHE 1

 

BLOCO DE COMPRESSÃO

ARMAÇÃO DATRANSVERSINA

FUROS PARA

FOLGA ENTRE OTOPO DAS VIGAS

DETALHE 1

Page 175: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 175/258

Capítulo 6 Continuidade Estrutural nas Superestruturas Construídas com Vigas Isoladas 152 

LAJE DE CONCRETO PURGADOR CABO DEPROTENSÃO

BAINHA

ENRIJECEDORPLACA DEANCORAGEM

VIGA DE AÇO

BLOCO DE COMPRESSÃOEM AÇO

VIGA DE AÇO

LAJE DE CONCRETO

LAJE DE COMPRESSÃO

 

Figura 6.48 – Vigas mistas com continuidade através transversina concreto armado e mesa de compressãoinferior também em concreto armado (FHWA, 2009)

6.2.6.3  Continuidade com pós-tensão

A continuidade nas pontes de vigas mistas também pode ser feita através de cabos de protensãodispostos na laje de concreto no trecho sobre os apoios. A protensão pode ser feita através de cabos decordoalhas ou através de barras do sistema Dywidag dispostos na laje moldada no local. Na Figura6.49 é apresentado um tipo de ligação com protensão na laje utilizado pelo estado americano daVirginia. As vigas de aço são emendadas na mesa inferior através de um bloco de compressão. Estetipo de solução é pouco utilizado pela dificuldade de execução e por exigir mão de obra especificapara cada tipo de serviço.

Figura 6.49 – Vigas metálicas com continuidade através de pós-tensão (adaptado de FHWA, 2009)

DETALHE DA PLACADE EXTREMIDADE

BLOCO DE COMPRESSÃO

VIGA

Page 176: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 176/258

Capítulo 7. Características dos Encontros Integrais e Semi-integrais 153 

ALA

TRANSIÇÃOPLACA DE

VIGA

VIGA

TRANSIÇÃOPLACA DEALA

ALA

TRANSIÇÃOPLACA DEVIGA VIGA

ALA

7  CARACTERÍSTICAS DOS ENCONTROS INTEGRAIS E SEMI-INTEGRAIS

7.1  Encontros das pontes

Os encontros servem para conter os aterros nas extremidades da ponte, fazendo a transição desta coma estrada, e ao mesmo tempo suportando as extremidades da superestrutura. A forma do encontrodepende da altura do aterro, do tipo de fundação, da altura vigas, da reação de apoio e do valor dosdeslocamentos horizontais da superestrutura a serem compensados (LEONHARDT, 1979).

Na concepção tradicionalmente utilizada nas pontes em viga (com vãos isolados ou contínuos) sãocolocadas juntas entre os encontros e as extremidades da superestrutura de forma a permitir aacomodação dos movimentos horizontais desta sem que exista o contato direto com o corpo do aterro.Na Figura 7.1 são apresentados alguns dos tipos de encontros utilizados nas pontes.

Figura 7. 1 - Tipos de encontros usuais em pontes

Os encontros são responsáveis por um percentual significativo do custo de uma ponte, principalmentenos caso de obras curtas com aterros altos. No Brasil, como já foi mencionado no Capítulo 3, empontes rodoviárias é comum a prática de substituir os encontros por balanços nas extremidades daspontes por motivo de economia (Figura 7.2).

Page 177: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 177/258

Capítulo 7. Características dos Encontros Integrais e Semi-integrais 154 

VIGA

ALA

TRANSIÇÃOPLACA DE

CORTINA

 

Figura 7. 2 - Esquema típico de extremidade em balanço utilizada para substituir encontro

No entanto a economia que se tem com a eliminação dos encontros muitas vezes é apenas aparente.Como os taludes avançam para dentro da calha do rio, geralmente é necessário revesti-los paraproteção contra a erosão provocada pelas cheias. Esta proteção usualmente é feita com pedraargamassada, rip-rap, gabiões tipo manta, sacos de solo-cimento ou placas de concreto.

Mesmo com o revestimento dos taludes são freqüentes os processos de erosão neste tipo de ponte, oque acarreta um aumento nos custos da manutenção rodoviária, além de eventuais interrupções dotráfego (Figuras 7.3 e 7.4). Este tipo de extremidade também tem seu funcionamento comprometido

pelo fato da compactação dos aterros não ser tão eficiente e também pela excessiva movimentaçãovertical das extremidades da ponte durante a passagem dos veículos devido à flexibilidade dosbalanços.

O principal fator que influencia o custo de um encontro é a altura do aterro a ser contido. Nas pontesde pequenos e médios vãos, os esforços horizontais nos encontros são mais determinantes para odimensionamento das paredes e das fundações do que os esforços verticais.

Figura 7. 3 - Erosão em talude de ponte com extremidade em balanço e talude protegido com sacos de solo-cimento - Ponte sobre o Rio Preto na Rodovia BR101/ES (DNIT, 2004)

Page 178: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 178/258

Capítulo 7. Características dos Encontros Integrais e Semi-integrais 155 

Figura 7.4 - Ponte com extremidade em balanço com aterro de acesso destruído por enchentePonte sobre o Rio Ingá na Rodovia PB-066, 2011 (foto do autor)

O custo dos encontros pode ser muito reduzido aumentando-se a extensão da obra até que asuperestrutura alcance o limite do talude natural ou do aterro (desde que este não invada a calha dorio). Desta forma a estrutura fica reduzida a um bloco de fundação com uma pequena cortina econsegue-se uma grande redução nos esforços horizontais nas fundações (Figura 7.5). Este tipo deencontro recebe na nossa literatura as denominações de “encontro leve”, “encontro econômico” ouainda “falso encontro”.

Figura 7.5 – Encontro “leve” ou “econômico”

Apesar de aumentar o custo da superestrutura esta concepção é muito utilizada, principalmente nosEstados Unidos, porque é mais simples do ponto de vista de construção. A superestrutura pode-se serfacilmente pré-moldada enquanto que os encontros altos demandam mais mão de obra e maior prazode execução.

Outro aspecto que tem contribuído para obras mais longas e encontros mais baixos é o fato de emalguns países a legislação ambiental exigir que, mesmo quando os rios atinjam a cota máxima deenchente, seja preservada uma distância horizontal mínima entre a água e a parede do encontro paraque a passagem de animais silvestres não seja bloqueada.

AL A

TR ANSIÇÃ O

PLACA DE

VIGA

 

Page 179: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 179/258

Capítulo 7. Características dos Encontros Integrais e Semi-integrais 156 

EXPANSÃOJUNTA DE

DE APOIO

APARELHO

(a) (b)

 

7.2  Características dos encontros integrais e semi-integrais

Tradicionalmente os apoios das superestruturas nos encontros são feitos com a utilização de aparelhos

de apoio e juntas de dilatação. Nos encontros integrais existe uma ligação monolítica com asuperestrutura, sem juntas ou articulações, formando uma estrutura única (Figura 7.6). As variaçõesnos comprimentos das pontes provocam movimentos dos encontros integrais para fora e para dentrodo aterro. Como consequência destes movimentos o solo exerce elevadas pressões laterais durante aexpansão da estrutura.

Nos encontros semi-integrais também não existem juntas verticais, havendo o contato direto dasuperestrutura com o corpo do aterro. O apoio da superestrutura é feito com o uso de aparelhos deapoio, o que implica na existência de juntas horizontais separando-a da infraestrutura. Os encontrossemi-integrais permitem acomodar movimentações maiores que os encontros integrais, mas o seu usoimplica na necessidade de manutenção das articulações, o que muitas vezes é dificultado pelascondições de acesso. São indicados para pontes extensas, pontes esconsas e nos casos de encontrosrígidos, como é o caso daqueles com fundações diretas ou estaqueamentos pouco flexíveis.

Figura 7.6 – (a) encontro convencional; (b) encontro integral

7.2.1 

Fundações

Apesar do conceito de encontro integral vir sendo adotado há alguns anos em diversos países, observa-se na literatura técnica internacional que existem muitas diferenças quanto à sua concepção,principalmente quando comparamos os países da Europa com os Estados Unidos e o Canadá.

Nos Estados Unidos as especificações para o projeto de pontes da AASHTO (2007) apenas restringemo uso de encontros integrais com fundações diretamente assentadas sobre rocha. As demais diretrizespara o projeto e construção de pontes com encontros integrais são definidas pelos departamentos detransportes dos estados, conforme já mencionado no Capítulo 3. O mesmo ocorre com relação aosdepartamentos de transportes das províncias do Canadá.

Nos Estados Unidos predominantemente são utilizados encontros integrais com fundações em estacas.No Estado de Nova York, por exemplo, são permitidas apenas fundações constituídas por uma linhade estacas com o objetivo de permitir deslocamentos horizontais e rotações nos topo dos encontros.

Page 180: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 180/258

Capítulo 7. Características dos Encontros Integrais e Semi-integrais 157 

Para pontes com extensão de até 50 metros são permitidas fundações em estacas de concreto moldadasno local e estacas aço de perfil “H”. Para pontes com extensões maiores de 50 metros são permitidasapenas estacas de aço em perfil “H” (NEW YORK DOT, 2006).

Murari e Petro (2004) constataram em uma pesquisa feita junto a 39 agências de transporte dosEstados Unidos e Canadá que cerca de 70% dos encontros integrais nesses países eram construídoscom estacas de aço, com grande predominância de perfis “H”. Ainda segundo estes autores, 33% dosdepartamentos de transportes especificam que os perfis devem ser dispostos com o eixo de maiorinércia na direção transversal à direção de expansão da ponte, enquanto que 46% dos departamentosespecificam que o eixo de maior inércia deve ficar na mesma direção da expansão. Os demaisdepartamentos não possuem nenhuma especificação sobre o assunto ou adotam perfis com inérciasidênticas nas duas direções.

Abendroth et al. (2007) realizaram uma pesquisa junto a 39 departamentos de transporte sobre autilização de estacas de concreto protendido em encontros integrais e as respostas obtidas indicaram

que 70% dos departamentos não permitem o seu uso. Os motivos alegados por estes departamentossão apresentados na Tabela 7.1, sendo que as respostas podiam considerar mais de um motivo.

Tabela 7.1 – Motivos pelos quais os departamentos de transporte dos EUA não utilizam estacas de concretoprotendido em encontros integrais (ABENDROTH et al, 2007)

MOTIVO (%)Não apresentam ductilidade suficiente 48Pesquisas insuficientes 52Não há disponibilidade imediata 33Não são econômicas 24Os empreiteiros não gostam 19Outros motivos 19

No entanto, deve-se também destacar que nesse país as estacas de aço têm um preço muitocompetitivo em relação a outros tipos de estacas e há uma longa tradição na sua utilização em todos ostipos de construções.

Na Figura 7.7 são apresentadas as tipologias de encontros integrais adotadas por alguns estados norte-americanos. Pode-se observar que, apesar das pequenas diferenças na geometria, todos os detalhesseguem basicamente a mesma concepção com a utilização de fundações constituídas por uma linha deestacas verticais. Blocos com mais de uma linha de estacas e com estacas inclinadas, como é usual nosencontros de pontes convencionais, são muito rígidos e incompatíveis com os deslocamentos dos

encontros integrais

Nos Estados Unidos os encontros semi-integrais são construídos tanto com fundações em estacascomo com fundações diretas (superficiais). No caso de fundações profundas geralmente são utilizadasmais de uma linha de estacas já que a flexibilidade do encontro é obtida com o uso dos aparelhos deapoio.

Na Figura 7.8 são apresentados os detalhes típicos de encontros semi-integrais adotados por diversosestados norte-americanos.

Page 181: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 181/258

Capítulo 7. Características dos Encontros Integrais e Semi-integrais 158 

1'-0"1'-0"

7"

Span

Bridge length "L"

C BearingsL

3"

Deck reinf.not all shown

Prestressedconcrete beans

   2   '  -   6   "

   M   i  n .

   1   '  -   0   "

9"

   V  a  r   i  e  s   2   "

   M   i  n .

   A  g  g  r  a  g  a   t  e

   6   8 ,   7 ,   7

   8  o  r   8

   1   '  -   0   "

Clean welldrained

6" per. CMP

aggregate 4'-0" Berm.

2 '-0" 1 '-3" 1 '-3"

21

C HP 10x42 PilesL

1'-0"1'-0"

7"

Span

Bridge length "L"

C BearingsL

3"

Deck reinf.not all shown

Prestressedconcrete beans

   2   '  -   6   "

   M   i  n .

9"

   V  a  r   i  e  s   2   "

   M   i  n .

   A

  g  g  r  a  g  a   t  e

   6   8

 ,   7 ,   7

   8  o  r   8

   1   '  -   0   "

Clean welldrained

6" per. CMP

aggregate 4'-0" Berm.

2 '-0" 1' -3" 1' -3"

C HP 10x42 PilesL

21

   1   '  -   0   "

Tennessee (concrete girders)Tennessee (steel girders)

LIMITATIONSSKEW MAX. "L"45° 800'

LIMITATIONSSKEW MAX. "L"45° 400'

Bridge length "L"

Span1'-6"

1'-0"6"

C BearingsL1'-0"

   1   '  -   6   "

   M   i  n .

C BP 10x42 PilesL

1'-6" 1'-6"

    4     '  -    0     "      M

     i    n .

Rock channelprotection

LIMITATIONSSKEW MAX. "L"30° 300'

   2   '  -   0   "

   M   i  n .   3

   '  -   0   "

Porousbackfill

1'-6"

Ohio

21

1

1

Bridge length "L"

Span11" 2'-6"

10"

PPC I-Beanor WF Bean

LIMITATIONS

Deck typeMax. "L"9 " 1 '-3" 1 '-3"

2'-6" Max. Skew

Steel200'30°

Concrete300'30°

   1   '  -   6   "

   1   '  -   0   "

   M   i  n .

   C   l  e  a  r

Constr. joint

Uncompactedporousgranularmaterial

9"

   1   '  -   1   "

Slab reinf.nor shown

Steel H piles

Illinois

11

21

Span

2'-6"

9" 1'-9"

Prestressedconcrete beans

LIMITATIONSNot Established

1'-3" 1'-3"

2'-6" 2'-0"1'-6"Min.

1'-3"Min.

   1   '  -   0   "

   M   i  n .

Pennsylvania

Geotextilematerial

Bridge length "L"

Span

1'-0"1'-0"

31

1¹/²"1

2'-6" 2'-0" 2'-6"

7'-0"

   2   '  -   6   "

   3   '  -   0   "

   M   i  n .

LIMITATIONS

SKEW MAX. "L" 0° 350'30° 300'

Constr. joint

Steel bean

121

Selectbackfill

North Dakota

1'-0"

Prestresseddeck panels

AASHTO Nº 57course aggregate

NOTE:Turnback wingseach supportedby a steel -H pile

1'-3" 1'-3"

Box girder

Bridge length "L"

Span

2'-0"6"

   3   '  -   0   "

1¹/²"1

LIMITATIONS

Approach Slab Yes N o

Long. Move, Max. 1" 1/2"

8" CSP

5'-0" Min.3'-0" Min.

C PilesL

Reinforcementnot all shown

Underdrain andpermeablematerial

C Abut.L

Constr. joint

California

21

11

Iowa

Span

Bridge length "L"

6"C BearingsL

10"

Prestressedconcrete beans

2'-0"

   2   '  -   0   "

   2   '  -   0   "

1'-6 " 1' -6"

10"

8"

Constr. joint

LIMITATIONS

SKEW MAX. "L"=45° 300'>45° 150'

C PilesL

 

Figura 7.7 – Tipologias de encontros integrais adotados por alguns dos estados norte americanos (adaptado deBURKE, 2009)

Page 182: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 182/258

Capítulo 7. Características dos Encontros Integrais e Semi-integrais 159 

1'-3"

1/2" PEJF(spongerubber)

C Sheetpiles

LC PilesL

9' 9'

C BearingsL1'-0"

3 '-0" 1 '-0"

C AbutmentL

1'-3" 6" 2'-0"

C BearingsL

10"

2 '-0" 2'-0"

California Nebraska

Pennsylvania Nevada

Oregon

Tennessee

Washington State Washington State

C BearingsL

Elastomericbearings

1'-3"1'-3"

1'-3"2'-3"

C BearingsL

2" Open

6"1'-0"

C BearingsL

2'-0" 9"

1 '-0" 3"

1'-0"1'-0"

1'-3"1'-3"

Elastomericbearing

C BearingsL

1'-3" (End beam)

C BearingsL1" Open

1¹/²"

2'-4"1'-0"

1'-6" 10"

 

Figura 7.8 – Tipologias de encontros semi-integrais adotados por alguns dos estados norte americanos (adaptadode BURKE, 2009)

Page 183: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 183/258

Capítulo 7. Características dos Encontros Integrais e Semi-integrais 160 

Nos países da Europa os encontros integrais são construídos tanto com fundações em estacas comocom fundações diretas. No caso de obras com fundações profundas a preferência pelo uso de estacasde aço ou estacas de concreto (armado ou protendido) depende das práticas de cada país.

White (2007) realizou uma pesquisa junto a projetistas de pontes de agências européias visando umacomparação com práticas adotadas nos Estados Unidos. A abrangência da pesquisa foi restrita porqueenvolveu apenas representantes de países que participaram de um evento sobre pontes integraisrealizado na Suécia em 2006 (Workshop on Integral Abutment Bridges – Luleå University of  Technology). A pesquisa abrangeu os critérios de projeto utilizados em obras com encontros integraise semi-integrais e os resultados estão apresentados nas Tabelas 7.2 e 7.3.

Tabela 7.2 – Critérios para projetos de pontes de encontros integrais em países europeus(WHITE, 2007)

CRITÉRIO Inglaterra Finlândia Irlanda Alemanha Suécia

Utiliza pontes de encontros integrais sim sim sim sim simMáximo ângulo de esconsidade (º) 30+ 30 30+ nenhum nenhum

Estacas em perfis de aço sim sim sim raramente sim

Estacas tubulares preenchidas com concreto raramente não sim raramente sim

Estacas de concreto armado sim raramente sim sim não

Estacas de concreto protendido raramente não raramente não sim

Fundações diretas sim não sim sim sim

Empuxo passivo, ativo ou outro procedimento outro dep. do vão outro passivo dep. do vão

Placa de transição recomendada não sim não sim variável

Alas ligadas aos encontros sim sim sim sim sim

Tabela 7.3 – Critérios para projetos de pontes com encontros semi-integrais em países europeus (WHITE, 2007)

CRITÉRIO Inglaterra Finlândia Irlanda Alemanha Suécia

Utiliza pontes de encontros integrais sim sim sim não sim

Máximo ângulo de esconsidade (º) 30+ 30 30+ - nenhum

Estacas em perfis de aço sim sim sim - sim

Estacas tubulares preenchidas com concreto raramente não sim - sim

Estacas de concreto armado sim raramente sim - não

Estacas de concreto protendido raramente não raramente - simFundações diretas sim sim sim - Sim

Empuxo passivo, ativo ou outro procedimento outro dep. do vão outro - dep. do vão

Placa de transição recomendada não sim não - variável

Alas ligadas aos encontros sim sim sim - sim

No Reino Unido, de acordo com a especificação BA 42/96 – The Design of Integral Abutment Bridges (Highways Agency, 2003), as fundações dos encontros integrais podem ser diretas ou em estacas. Estaespecificação indica quatro tipos básicos de encontros integrais cuja descrição é apresentada a seguir:

Page 184: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 184/258

Capítulo 7. Características dos Encontros Integrais e Semi-integrais 161 

1)  encontro em pórtico (frame abutment ): suporta as cargas verticais da ponte e atua comoestrutura de contenção. A parede é conectada monoliticamente com a superestrutura paratransferência dos momentos fletores, esforços cortantes e axiais. Considera-se que o encontro

acomodará as movimentações devidas às variações térmicas e ao empuxo do aterro. (Figuras7.9a e 7.9b)

2)  encontro com estaqueamento incorporado (embedded abutment ): funciona como uma paredediafragma aprofundando-se abaixo do nível inferior do aterro contido com um comprimentode engastamento (ficha) que garanta a estabilidade lateral e a transferência das cargas verticaisao terreno (Figura 7.9c).

3)  encontro com sapata superficial (bank pad abutment ): funciona como um apoio daextremidade da ponte e move-se horizontalmente durante as expansões e contrações térmicas.O peso da sapata e a proporção entre os comprimentos dos vãos devem ser analisados paraevitar o levantamento da fundação durante a passagem das cargas móveis no vão adjacente ao

vão extremo (Figura 7.9d)

4)  encontro com cortina de extremidade (end screen abutment ): a extremidade funciona comouma cortina para contenção dos empuxos do aterro e para transferência das forças horizontais.As cargas verticais da superestrutura são transferidas para os apoios em separado. Estes apoiosdevem ficar distantes no máximo dois metros das extremidades para limitar as movimentaçõesverticais nos balanços. Os apoios podem ser estruturalmente isolados do tabuleiro paraesforços horizontais (Figura 7.9e) ou rigidamente conectados (Figura 7.9f). Neste caso osapoios devem ser dimensionados para resistir às movimentações horizontais da superestrutura.

Na Figura 7.9 são apresentadas as tipologias de encontros integrais e semi-integrais que constam daespecificação BA 42/96.

Figura 7.9 – Encontros integrais (a), (b), (c), (d) e (f) e semi-integrais (e) de acordo com a especificação BA42/96 do Reino Unido (Highways Agency, 2003)

(a) (b) (c)

(d) (e) (f)

 

Page 185: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 185/258

Capítulo 7. Características dos Encontros Integrais e Semi-integrais 162 

2.  Execução da 1ª etapado bloco

3.  Execução da viga e 1ªetapa da laje

1.  Execução da estaca

4.  Execução do corte doterreno 

5.  Execução das 2ª etapa dobloco da laje

Os encontros em pórtico (Figura 7.9a) têm sido bastante utilizados em todos os países há muito tempo,sendo indicados para pontes de pequena extensão em função da elevada rigidez das paredes.

Usualmente a interação entre a estrutura e o aterro é abordada de maneira simplificada apenas com aconsideração de empuxo ativo ou em repouso. Dentro do conceito de encontro integral deve serconsiderado também o empuxo passivo como será abordado mais adiante.

Os encontros do tipo “estaqueamento incorporado” (embedded abutment ) podem ser construídos comparedes diafragma de concreto ou estacas prancha de aço, sendo indicados para passagens inferioresconstruídas em corte. A seqüência do processo construtivo é apresentada na Figura 7.10.

Figura 7.10 – Seqüência construtiva adotada em encontros integrais com paredes diafragma ou estacas prancha(ILES, 1997)

Os encontros com paredes diafragma, da mesma forma que os encontros em pórtico, são indicadospara pontes pequenas em função da sua elevada rigidez. Já os encontros com paredes em estacasprancha de aço têm mais flexibilidade para acomodar os deslocamentos horizontais da ponte. A paredeé constituída por uma seção composta por perfis “I” ou “H” no lado aterro e por estacas pranchaconvencionais no lado externo, das quais deve ser descontado um percentual maior da seção por contada corrosão (Figura 7.11). Esta solução é utilizada no Reino Unido em encontros comuns desde oinício da década de 70 e passou a ser adotada em encontros integrais na década de 90 (McSHANE,1991). A sua utilização fica praticamente restrita a obras construídas nesse país.

Page 186: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 186/258

Capítulo 7. Características dos Encontros Integrais e Semi-integrais 163 

(a) (b) (c)

 

Figura 7.11 – Seção da parede de um encontro integral em estacas prancha com perfil “I” no lado aterro (WAY;YANDZIO, 1997)

Os encontros semi-integrais com cortina de extremidade (end screen abutment ) têm o mesmo conceitodas pontes com balanços adotadas no Brasil que descrevemos anteriormente. No entanto, observa-seque a BA 42/96 restringe o comprimento do balanço para minimizar o efeito dos deslocamentosverticais que ocorrem durante a passagem dos veículos sobre a ponte, além de adotar empuxospassivos para cálculo dos esforços.

Nicholson (1998) em um trabalho publicado pela Prestressed Concrete Association (PCA) do ReinoUnido sugere as mesmas tipologias indicadas pela BA 42/96, mas também recomenda encontrossimples sobre estacas, similares aos adotados nos Estados Unidos (Figura 7.12a). A PCA tambémindica o uso de encontros onde a contenção do aterro é feita com paredes de solo reforçado (“Terra

Armada” e similares). Este tipo de contenção pode ser adotado tanto nos casos de fundações emestacas (Figura 7.12b) como em fundações diretas. (Figura 7.12c). Os tipos de encontros indicados notrabalho da PCA também são citados por Cooke (2003) como aqueles que têm uso difundido no ReinoUnido.

Figura 7.12 – Encontros integrais indicados pela Prestressed Concrete Association além daqueles recomendadospela BA 42/96 (NICHOLSON, 1998)

Uma solução que vem sendo utilizada no Reino Unido e Suécia, e em menor escala também nosEstados Unidos, compreende o uso estacas (metálicas ou de concreto) envoltas por tubos, deixando as

estacas com um comprimento livre para acomodar os deslocamentos da superestrutura (WHITE,2007). Esta concepção de projeto distribui a translação da superestrutura em um grande comprimentolivre da estaca, reduzindo os momentos fletores nas estacas. No entanto, a falta do confinamento

Page 187: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 187/258

Capítulo 7. Características dos Encontros Integrais e Semi-integrais 164 

proporcionado pelo solo no trecho superior implica no uso de estacas de maior inércia por conta doefeito da flambagem.

Nas estacas de aço devem ser tomados cuidados especiais por conta da maior possibilidade decorrosão nas estacas no trecho livre. Este deve estar fora da zona de flutuação do lençol freático edevem ser deixadas aberturas para acesso de micro câmeras para inspeção periódica das estacas (ILES,2010). Este tipo de solução é freqüentemente utilizado em obras localizadas em locais planos onde osacessos são construídos com a utilização de aterros. Primeiramente são executadas as estacas eposteriormente é executado o aterro com material granular, sendo comum a contenção utilizando soloreforçado. Nas Figuras 7.13 a 7.16 são apresentadas obras construídas no Reino Unido e EstadosUnidos com esta concepção.

Figura 7.13 – Fundações de encontro em estacas de aço dentro de tubos plásticos e contenção do aterro em soloreforçado - Reino Unido (ILES, 2010)

Figura 7.14 – Fundações de encontro integral em estacas de concreto dentro de tubos de concreto - Reino Unido(ILES, 2010)

Page 188: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 188/258

Capítulo 7. Características dos Encontros Integrais e Semi-integrais 165 

Figura 7.15 – Fundações de encontro integral em estacas de aço envolvidas por tubos de aço e contenção doaterro em solo reforçado, Estado de New Jersey, EUA (KODHAIR; HASSIOTIS)

Figura 7.16 – Fundação de encontro integral em estacas de aço envolvidas por tubos de aço, Estado de Iowa,EUA (DUNKER; ABU-HAWASH, 2005)

Fundações profundas constituídas por estacas de concreto de rigidez elevada, como é o caso dasestacas escavadas ou dos tubulões, não são indicadas para encontros integrais. Quando por razõestécnicas ou econômicas há necessidade de se adotar estes tipos de estacas, pode-se fazer uso de estacasmistas. Neste tipo de solução no trecho superior da estaca é utilizado um perfil de aço que ficaengastado na estaca de concreto. Para aumentar a flexibilidade da fundação é utilizado o envolvimentocom tubos de plástico ou de aço conforme os que forem descritos anteriormente. Na Figura 7.17 éapresentada uma obra construída com esta concepção.

Page 189: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 189/258

Capítulo 7. Características dos Encontros Integrais e Semi-integrais 166 

Figura 7.17 – Fundação de encontro integral em estacas mistas (concreto e aço), Estado de Iowa, EUA (LIU etal., 2007)

Nos encontros integrais com uma linha de estacas, a ligação destas com os blocos tem fundamentalimportância para que haja a transmissão dos momentos fletores. Nas estacas de concreto isto éresolvido fazendo-se a ancoragem adequada da armação das estacas no interior do bloco. Já nasestacas de aço o detalhe de ligação requer maiores cuidados.

Nos Estados Unidos os departamentos de transporte adotam comprimentos de engastamento quevariam entre 30 e 75 cm das estacas de aço nos blocos de concreto (Figura 7.18). Não sãoespecificados dispositivos especiais, sendo que apenas alguns departamentos adotam armações emespira para cintamento do concreto na região do topo das estacas, conforme costuma ser adotado noBrasil.

Diferentemente dos Estados Unidos, na Europa as ligações das estacas de aço com os blocos dosencontros costumam ser executadas com a utilização de conectores de pinos com cabeça (studs) deforma a garantir a transmissão dos momentos, sendo que penetração mínima geralmente utilizada é de60 cm.

Os pinos podem ser soldados diretamente nas estacas (Figura 7.19), ou podem ser previamentesoldados em chapas que por sua vez são soldadas nas mesas dos perfis após a cravação das estacas(Figura 7.20). A solda dos pinos diretamente nas estacas não é desejável porque implica namobilização de um equipamento que normalmente não é utilizado em campo. Já as chapas podem sersoldadas com o mesmo equipamento que utilizado para executar as emendas das estacas.

Page 190: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 190/258

Capítulo 7. Características dos Encontros Integrais e Semi-integrais 167 

Figura 7.18 – Bloco de encontro integral do Estado de Minnesota – EUA (Mn DOT 2010)

Figura 7.19 – Detalhe da ligação de estaca de aço com bloco adotado na Espanha (LIZ, 200?)

Page 191: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 191/258

Capítulo 7. Características dos Encontros Integrais e Semi-integrais 168 

Figura 7.20 – Detalhe da ligação de estaca de aço com bloco adotado no Reino Unido (ILES, 2010)

Nas situações onde o terreno de fundação tem capacidade de carga compatível, os encontros integraispodem ser executados com fundações diretas, da mesma forma que os encontros das pontesconvencionais. Quando o apoio das vigas da superestrutura se dá diretamente sobre as sapatas ouatravés de paredes de rigidez elevada (encontro em pórtico), é necessário que as fundações tenham apossibilidade de deslizar e realizar rotações sobre o terreno de forma que possam acomodar osmovimentos de expansão e retração térmica e de flexão da superestrutura.

Em função disso, as especificações para o projeto de pontes da AASHTO (2007) não permitem que asfundações diretas de encontros integrais sejam apoiadas diretamente sobre rocha a não ser que umadas extremidades da ponte seja livre para se deslocar horizontalmente. Por sua vez a especificação BA42/96 (2003) do Reino Unido restringe as tensões na base das sapatas dos encontros integrais em 50%da tensão que seria adotada em uma fundação de um encontro convencional sujeita às mesmas cargasverticais. O objetivo desta restrição é minimizar os recalques verticais e facilitar as movimentaçõeshorizontais da estrutura.

As fundações diretas dos encontros integrais devem ficar apoiadas sobre solos granulares de forma afacilitar o seu deslizamento. Quando o solo do local não possui as características adequadas énecessário que se promova a substituição do solo na região onde a sapata ficará apoiada (COOKE,2003). Na Figura 7.21 é apresentado um encontro integral típico com fundação em sapata.

Figura 7.21 – Encontro integral com fundação direta (ILES, 2010)

Page 192: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 192/258

Capítulo 7. Características dos Encontros Integrais e Semi-integrais 169 

(c)(a)  (b)

Existem situações em que os encontros integrais com fundação direta são contra-indicados: quando amovimentação horizontal da fundação direta é dificultada, nas pontes mais extensas em que os

deslocamentos horizontais não podem ser absorvidos pelos encontros, ou ainda onde são esperadosrecalques diferenciais. Nestes casos, da mesma forma que nos encontros com fundações profundas, éapropriada a utilização de fundações diretas com encontros semi-integrais onde os esforços horizontaisda superestrutura são transmitidos diretamente para o aterro (Figura 7.22).

Figura 7.22 – Encontro semi-integral com fundação direta (ILES, 2010)

7.2.2  Alas

As alas são elementos importantes para os encontros das pontes porque contribuem para uma melhorcompactação dos aterros na região de transição entre o aterro e a estrutura, evitando a fuga lateral domaterial. Nos encontros de grande altura as alas podem ser construídas como estruturas de arrimoindependentes, mas na grande maioria das pontes elas fazem parte da estrutura dos encontros (alas embalanço). Nos encontros integrais as alas usualmente são projetadas em balanço, acompanhando amovimentação destes. Quanto à sua disposição em relação ao eixo longitudinal da ponte as alas podemser divididas basicamente em três tipos: paralelas (ou em “U”), ortogonais e inclinadas, as quais estãorepresentadas na Figura 7.23.

Figura 7.23 – Tipologias básicas de alas: (a) paralela; (b) ortogonal; (c) inclinada (WHITE, 2008)

Na Europa os autores sugerem que nos encontros integrais as alas sejam projetadas paralelas ao eixolongitudinal da ponte, isto é, na direção do movimento horizontal. A razão desta recomendação é queesta configuração apresenta menor área de contato entre o encontro e o aterro na direção do

Page 193: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 193/258

Capítulo 7. Características dos Encontros Integrais e Semi-integrais 170 

deslocamento, minimizando o esforço atuante sobre a estrutura quando a ponte se expande(NICHOLSON, 1998; COOKE, 2003).

Nos Estados Unidos, Thomson e Lutenneger (1998, apud ARSOY et al., 1999) através de uma série deensaios concluíram que as alas paralelas (em “U”) implicam em pressões laterais mais elevadas doaterro do que as alas ortogonais. Em função destes resultados, Arsoy et al . (1999) sugerem que esteúltima configuração seja utilizada para reduzir a magnitude das pressões passivas. No entanto, osautores afirmam que as alas paralelas têm a vantagem de reduzir os recalques no aterro. Cabe aquiressaltar que, embora as alas com configuração em “U” possam provocar maiores pressões laterais, aárea total de contato com o aterro na direção do deslocamento da ponte é menor e consequentemente aforça total resultante do empuxo lateral também tenderá a ser menor.

Nos Estados Unidos existem muitas diferenças entre as especificações dos departamentos detransporte estaduais com relação às tipologias de alas a serem utilizadas nos encontros integrais. ONew York DOT (2006) adota preferencialmente alas ortogonais, permitindo também alas inclinadas,

sendo que o comprimento máximo recomendado é de 4 metros. Segundo este órgão as alas paralelassó devem ser utilizadas quando houver obstáculos à implantação das outras tipologias, sendo quenestes casos o comprimento máximo recomendado é de 2 metros.

Já o Minnesota DOT (2010) adota uma configuração diferente para suas pontes integrais,especificando o uso de alas paralelas nos encontros, sendo que o comprimento máximo permitido é de4,2 metros. White (2008) realizou um levantamento junto a 35 agências de transporte dos EstadosUnidos e Canadá sobre a prática adotada com relação às alas de encontros integrais e verificou que,embora a maioria delas adote alas paralelas, o percentual de órgãos que permitem alas ortogonais émuito elevado, conforme pode ser verificado na Tabela 7.4.

Tabela 7.4 – Número de agências de transportes em relação ao tipo de ala permitido para um total de 32pesquisadas nos EUA e Canadá (WHITE, 2008)

Tipo de alaNº de agências que

utilizaPermitem estacas sob as

alasParalela (U) 26 6Ortogonal 21 8Inclinada 11 2

Neste mesmo levantamento a maioria das agências de transportes também informou que não permite ouso de estacas sob as alas porque as mesmas causam uma restrição ao movimento longitudinal do

encontro (Figura 7.24)

Figura 7.24 – Impedimento ao movimento do encontro integral devido ao uso de estacas sob as alas (WHITE,2008)

Page 194: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 194/258

Capítulo 7. Características dos Encontros Integrais e Semi-integrais 171 

ENCONTRO

ENCONTRO

LAJE DE TRANSIÇÃO

 7.2.3  Lajes de transição

Os aterros atrás dos encontros recalcam mais que estes, surgindo assim depressões no pavimento queprecisam ser periodicamente corrigidas. Mesmo em aterros bem compactados, conforme o tipo desolo, a estabilização pode demorar muitos anos. Esta acomodação tende a ser mais demorada se afundação do encontro for profunda e o aterro estiver apoiado sobre um solo coesivo. Esta depressãopode ser compensada com a utilização de uma laje de transição, que tem uma extremidade apoiada naestrutura do encontro e a outra extremidade acompanhando o assentamento do aterro (LEONHART,1979). Na Figura 7.25 é apresentado um esquema simplificado do funcionamento de uma laje detransição de ponte.

Figura 7.25 – Comportamento de um acesso de ponte sem laje de transição e com laje de transição (adaptado deDIRECTION DES ROUTES, 1984)

As depressões que ocorrem nas extremidades das pontes causam grande desconforto ao tráfego e risco

de acidentes, principalmente em pista de alta velocidade. Estes defeitos típicos são conhecidos naliteratura internacional pela expressão “bump” que é o termo utilizado nos países de língua inglesa emfunção solavanco que os veículos sofrem ao entrar na ponte. Apesar de muitas vezes serem tratadascomo um dispositivo simples e ignoradas em conceituados livros de concepção de pontes, as placas detransição têm sido objeto de diversos trabalhos técnicos recentes que buscam entender o seu complexocomportamento e definir diretrizes adequadas de projeto e construção (MONTEAGUDO, 2005;WHITE et al., 2005; LENKE, 2006; PUPPALA et al., 2009, DREIER,2010).

Na realidade a laje de transição faz parte do conjunto mais amplo denominado sistema de aproximaçãoda ponte, juntamente com o corpo do aterro, o reaterro e o solo de fundação (Arsoy 1999). Além dorecalque diferencial dos aterros em relação aos encontros, existem outras causas que podem serresponsáveis ou contribuir para a ocorrência de defeitos nos pavimentos nas extremidades das pontes,

conforme pode ser verificado no esquema apresentado na Figura 7.26.

Page 195: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 195/258

Capítulo 7. Características dos Encontros Integrais e Semi-integrais 172 

ESCORREGAMENTO LATERALDEVIDO ÀS PRESSÕES LATERAISPELA COLOCAÇÃO DO ATERRO

SOLO COLAPSÍVEL

COMPRESSÃO DO SOLONATURAL DEVIDO ÀSCARGAS DO CORPO DOATERRO

COMPRESSÃO DO ATERRODEVIDO À COMPACTAÇÃOINSUFICIENTE E INCORRETA

SOLO EXPANSIVO

ESPECIFICAÇÃO DOSMATERIAIS

BERÇO DA PLACADE TRANSIÇÃO

PROJETO INCORRETO DALAJE DE TRANSIÇÃO

PRESSÃO HORIZONTALDEVIDO AO ATERRO

ELEVAÇÃO DO PAVIMENTODEVIDO AOS EFEITOS DETEMPERATURA

MOVIMENTO DO SOLODO TALUDE DO ATERRO

PERDA DE MATERIALDO ATERRO

PEQUENOS RECALQUESPREVISTOS EM PROJETO

MOVIMENTAÇÃO TÉRMICADAS PONTES EM GERAL EDAS PONTES INTEGRAISEM PARTICULAR

VAZIOS DESENVOLVIDOS

DEVIDO À EROSÃO PELOFLUXO DA ÁGUA ECOMPACTAÇÃO PELOTRÁFEGO

 

Figura 7.26 – Esquema mostrando as diversas causas que podem levar ao surgimento de defeitos na pista nas

extremidades das pontes (PUPPALA et al., 2009).

Nas obras de encontros integrais o sistema de aproximação apresenta um comportamento maiscomplexo que aquele verificado nas pontes de encontros convencionais uma vez que os movimentoshorizontais da superestrutura são integralmente acomodados pelos aterros. Nos encontros integraiscom placas de transição a movimentação cíclica da estrutura devido às variações de temperatura tendea provocar a formação de um vazio sob a placa, junto à parede do encontro. Os defeitos no pavimento(bump) são transferidos para o final da placa de transição (ARSOY, 1999). Os mecanismos deinteração do sistema de aproximação com os encontros estão ilustrados na Figura 7.27.

Apesar dos aparentes benefícios que proporcionam ao tráfego as lajes de transição não são umconsenso entre os órgãos rodoviários. Muitos preferem um projeto mais cuidadoso do sistema deaproximação, principalmente nos casos de obras de pequeno porte onde o custo das lajes de transição émais significativo. Segundo o órgão francês DIRECTION DE ROUTES (1984), em uma obra empórtico com 100 m2 o custo das lajes de transição representa de 7 a 8% do total da obra.

Nos Estados Unidos as lajes de transição têm uso muito difundido, sendo consideradas comodispositivos obrigatórios nos encontros integrais e semi-integrais pelos estados que adotam este tipoconstrução. Isto pode ser verificado nas diversas tipologias apresentadas anteriormente nas Figuras 7.7e 7.8. Segundo o PCI (2001) a laje de transição reduz a compactação do aterro junto ao encontrocausada pelo tráfego e conseqüentemente reduz o empuxo passivo que este exerce sobre a estruturaquando ela se expande.

Page 196: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 196/258

Capítulo 7. Características dos Encontros Integrais e Semi-integrais 173 

LOMBADA

EXPANSÃO DA PONTE

ATERRO

ASFALTO

CONTRAÇÃO DA PONTE

ATERRO

ASFALTOPAVIMENTOTRINCAS NO

VAZIO

EXPANSÃO DA PONTE

ATERRO

ASFALTO

TRANSIÇÃOLAJE DE

CONTRAÇÃO DA PONTE

ATERRO

ASFALTO

TRANSIÇÃOLAJE DE

VAZIO

 

Figura 7.27 – Comportamento de um encontro integral (expansão e contração) sem laje de transição e com lajede transição (ARSOY et al., 1999)

Segundo WHITE (2005), em uma pesquisa realizada junto a 39 departamentos de transportesamericanos verificou-se que o comprimento adotado para as lajes de transição entre eles varia entre 3m e 12 m, sendo que o comprimento predominante é de 6 m. A mesma pesquisa indicou que asespessuras adotadas para as lajes de transição variam entre 20 e 43 cm, com predominância de 30 cm.Nos últimos anos, para as placas de maior comprimento, também têm sido utilizadas laje pré-moldadasde concreto protendido que possibilitam placas de menor espessura. Nos casos onde há necessidade deplacas de grandes dimensões é feito a emenda no local através de pós-tensão (Figura 7.28).

Figura 7.28 – Laje de transição pré-moldada em concreto protendido (McDONALD; MERRIT, 2007) 

Page 197: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 197/258

Capítulo 7. Características dos Encontros Integrais e Semi-integrais 174 

BRIDGESUPERESTRUCTURE

SURFACING

IN SITU R.C.INTEGRAL ABUTMENT

PILES

GROUND LINE

UNCOMPACTED FREEDRAINING GRANULAR FILLWELL GRADED, GRAIN SIZE5mm TO 50mm

ASPHALTIC PLUGJOINT

R.C. RUN ON SLOB

50 BLINDINGCONCRETE

HIGHWAYCONSTRUCTION

Nos Estados Unidos, tanto para pavimentos rígidos como para pavimentos flexíveis, as lajes detransição costumam ser projetadas no mesmo nível da laje da ponte e não abaixo da sub-base. Assimsendo, nas rodovias com pavimento de concreto o tráfego se dá diretamente sobre elas e nas rodovias

com pavimento flexível o concreto asfáltico é aplicado diretamente sobre a laje de transição.Geralmente a extremidade do lado do aterro é apoiada sobre uma base de concreto armado paramelhorar a distribuição de pressões sobre o terreno e minimizar os recalques neste local. A experiênciaamericana tem mostrado que, no caso de encontros integrais, a laje de transição deve ser ligada aoencontro através de armação e não simplesmente apoiada sobre este. Isto evita que a laje se desprendado encontro devido às movimentações cíclicas como ocorreu nas primeiras pontes integrais executadas(PCI, 2001). Na Figura 7.29 é apresentado um detalhe típico de laje de transição adotado nos EstadosUnidos

Figura 7.29 – Tipologia de laje de transição para encontro integral usualmente adotada nos Estados Unidos(WASSEF et al., 2003) 

No Reino Unido as lajes de transição foram muito utilizadas nas pontes construídas durante as décadasde 1960 e 1970, mas muitas destas pontes apresentaram problemas e as lajes caíram em desuso nestepaís (COOKE, 2003). A especificação BA 42/96 (HIGHWAYS AGENCY, 1996) sobre pontesintegrais, assim como os manuais de projeto para pontes integrais protendidas da Prestressed Concrete 

 Association  (NICHOLSON, 1998) e para pontes integrais metálicas do Steel Construction Institute (BRIDDLE, 1997) não abordam o uso de lajes de transição. Ao contrário destas organizações, aCIRIA (Construction Industry Research and Information Association) também do Reino Unido(SOUBRY, 2001) recomenda o uso de lajes de transição em encontros integrais no seu guia paradetalhamento de pontes. Os detalhes típicos da CIRIA estão apresentados nas figuras 7.30 e 7.31.

Figura 7.30 – Detalhe de encontro integral com fundação em estacas adotado pela CIRIA (SOUBRY, 2001)

Page 198: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 198/258

Capítulo 7. Características dos Encontros Integrais e Semi-integrais 175 

11

'F''F'

75mm BLINDINGCONCRETE

2 LAYERS 'C' GHIGH DENSITY POLYETHYLENESHEEL SLIP MEMBRANE

CLASS '6N' GRANULARFILL OR MASS CONCRETE(MINIMUM 300 THICK)

150 DIAM. PERFORATED PIPEWITH 450x450 NO FINESCONCRETE SURROUND

DRAINAGE LAYERIF NEEDED

SINGLE SIZED GRANULARBACK FILL WITH RUN ON SLAB

UNCOMPACTED SELECTED

GEOTEXTILE LAYER

50 mm BLINDINGCONCRETE

MOVEMENTJOINT

H.D. POLYETHYLENESLIP MEMBRANE

R.C. RUN ON SLOBCL ABUTMENT

INSITU R.C. INTEGRAL ABUTMENT

WATERPROOFING

STAINLESS STEEL

SLEEPER BEAM (OPTIONAL)

APROACH SLAB

AND BASE COURSETRANSITION STRI 400 WIDE

ROAD BASE

SUB-BASE

DOWEL BAR

ASPHALT WEARING COURSERUBBERISED BITUMEN

F ALL ROAD CONSTRUCTIONFULL DEPTH

 

Figura 7.31 – Detalhe típico de encontro integral com fundação direta recomendado pela CIRIA - Reino Unido(SOUBRY, 2001)

Outros autores britânicos também consideram a laje de transição como um dispositivo essencial aobom funcionamento dos encontros integrais. Cooke (2003) considera que as lajes de transiçãoconstituem um elemento eficiente na transmissão das deformações do tabuleiro para o aterro,minimizando os danos ao pavimento. Segundo o autor, as lajes de transição devem ser utilizadas naspontes integrais com extensões a partir de 15 ou 20 m. Para pontes com encontros semi-integrais estelimite não deve ultrapassar 15 m e nos encontros de pequena altura (bank seats) devem sempre seradotadas. Na Figura 7.32 é apresentado um esquema da laje de transição recomendada por Cooke(2003), com laje posicionada abaixo da sub-base.

Figura 7.32 – Detalhe de laje de transição para encontro integral – Reino Unido (COOKE., 2003) 

O’Brien e Keogh (1999) também consideram a laje de transição um dispositivo importante para o bomdesempenho dos encontros integrais. Segundo os autores os defeitos que podem ocorrer na ligação dopavimento com a laje são de manutenção mais simples. Já um abatimento o aterro junto encontro,além de exigir uma manutenção mais complicada, pode provocar danos ao tabuleiro. Segundo osautores o comprimento mínimo da laje de transição deve ser definido a partir da altura do encontro edo grau de compactação utilizado no aterro, conforme mostrado na Figura 7.33. Os aterrosconsiderados fracamente compactados são aqueles com um peso específico da ordem de 1,6 tf/m3.

Page 199: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 199/258

Capítulo 7. Características dos Encontros Integrais e Semi-integrais 176 

ENCONTRO

L t

   H

ATERRO SOLO - GRANULAR

BEM COMPACTADO LEVEMENTE COMPACTADO

0.6H 1.4H

0.9H 2.1H

ENCONTROS ALTOS

ENCONTROS BAIXOS

JUNTA DE ASFALTOVAZIO DEVIDOAO RECALQUE

LAJE DETRANSIÇÃO

SUPERFÍCIE DEROLAMENTOTABULEIRO

0.30δ

1.00 4.00

TERRAPLEN HUECO BAJOLA LOSA

 

Figura 7.33 – Comprimentos mínimos das lajes de transição em encontros integrais em função da altura e dograu de compactação do aterro (O’BRIEN; KEOGH, 1999)

Outros países europeus como a Alemanha, Finlândia, Suécia (ver tabelas 7.2 e 7.3) e Espanha tambémadotam lajes de transição nos encontros integrais. Na Espanha a DIRECCIÓN NACIONAL DE

CARRETERAS (2000) em seu documento denominado Guía para la Concepción de Puentes Integrales em Carreteras  recomenda a utilização de lajes de transição engastadas nos encontros eapoiadas no terreno. Esta concepção admite que no caso de recalques no aterro se formam rótulasplásticas nos pontos mais solicitados da laje, conforme o esquema estrutural representado na Figura7.34. Na Figura 7.35 é apresentado um detalhe típico da armação da laje de transição engastada noencontro integral recomendado pelo órgão rodoviário espanhol.

Figura 7.34 – Esquema estrutural para o dimensionamento de lajes de transição recomendado pela DIRECCIÓNNACIONAL DE CARRETERAS (2000) - Espanha

Page 200: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 200/258

Capítulo 7. Características dos Encontros Integrais e Semi-integrais 177 

LOSA ESTRUCTURA1.50 1.50

0.50

   0 .   7   5

   0 .   9   0

2

1

H - 250 Ø12 a 0.20 Ø16 a 0.15 REFUERZOØ20 a 0.20

   0 .   3   0

Ø12 a 0.20 Ø12 a 0.20 VER DEFINICION

 

Figura 7.35 – Detalhamento da armação para laje de transição engastada no encontro adotado pela DIRECCIÓNNACIONAL DE CARRETERAS (2000)

7.2.4  Aterros

Como já foi dito, as pontes integrais interagem muito mais com o solo atrás dos encontros do queacontece nas pontes convencionais. Portanto, os parâmetros dos materiais a serem utilizados nosaterros ou reaterros e o grau de compactação a ser adotado precisam ser mais cuidadosamenteespecificados no projeto. Aterros executados com materiais diferentes ou com graus de compactação

distintos daqueles considerados no projeto podem levar a pressões horizontais exageradas nas paredesdos encontros (o termo “aterro” aqui utilizado refere-se ao material disposto junto à parede doencontro - backfill na língua inglesa - e não ao aterro do corpo da estrada). Em geral junto às paredesdos encontros integrais são utilizados aterros com material granular porque acomodam melhor osmovimentos de contração e expansão da ponte. Os solos granulares também possibilitam umadrenagem eficiente, evitando empuxos hidrostáticos além de serem facilmente compactados mesmoem espaços apertados.

O ângulo de atrito interno (φ’) do material utilizado irá determinar os coeficientes de empuxo ativo epassivo do aterro. Logo, o uso de materiais com valores elevados de φ  pode conduzir a pressõespassivas muito elevadas. O procedimento usual dos órgãos rodoviários é especificar uma faixa devariação do ângulo de atrito que seja compatível com as considerações de projeto.

No Reino Unido a BA 42/96 (HIGHWAYS AGENCY, 2003) especifica as características do materialdo aterro dos encontros integrais de acordo com a sua classificação de solos para obras rodoviárias.Segundo esta especificação o aterro deve-se disposto com uma inclinação de 45º a partir da base doencontro, recomendação que também costuma ser adotada pelos órgãos norte-americanos (Figura7.36).

Nas pontes com encontros convencionais são utilizados aterros com alto grau de compactação deforma a minimizar os recalques junto à obra. Geralmente os materiais especificados para o aterro juntoao encontro são de melhor qualidade do que aqueles utilizados no restante do aterro. Já nos encontrosintegrais o aterro junto à parede não deve ser ter um grau de compactação muito elevado para poderacomodar as movimentações da estrutura sem provocar pressões muito elevada (COOKE, 2003). Isto,

no nosso entender, reforça a necessidade da utilização das placas de transição nas pontes integrais esemi-integrais.

Page 201: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 201/258

Capítulo 7. Características dos Encontros Integrais e Semi-integrais 178 

Para minimizar as pressões do aterro alguns departamentos de transportes norte-americanosespecificam que os aterros devem ser feitos com material granular sem compactação (Figura 7.36). Omesmo procedimento é indicado no guia de detalhamento de pontes da CIRIA (ver Figuras 7.30 e

7.31) Segundo Cooke (2003), o uso de um aterro completamente sem compactação não érecomendado porque, mesmo que não ocorra a compactação devida ao tráfego, algum recalqueresidual provavelmente irá ocorrer sob a placa de transição. Como conseqüência o vazio resultantedeixará o aterro vulnerável à fuga de material se o sistema de drenagem não funcionar adequadamente.

Figura 7.36 – Detalhe típico de encontro integral do Illinois DOT com indicação do aterro sem compactação(OLSON, 2009)

Para evitar a compactação excessiva do aterro durante a expansão das pontes integrais (econseqüentemente empuxos passivos elevados sobre a estrutura) e o surgimento de vazios sob a placade transição durante a contração, vem sendo realizadas experiências nos Estados Unidos com o uso degeossintéticos. Horvath (2000 e 2005) desenvolveu diversos estudos experimentais com estesmateriais desde a década de 90 com resultados satisfatórios.

As concepções adotadas são basicamente de dois tipos. A primeira consiste na execução de umaestrutura de solo reforçado com geogrelhas ou geotêxteis junto ao encontro formando um aterro auto-estável, que não transmite pressões à parede do encontro. Entre esta estrutura de solo reforçado e aparede do encontro é disposta uma camada de EPS Geofoam resiliente com espessura deaproximadamente 15 cm. Esta camada tem como finalidade de acomodar as movimentaçõeshorizontais do tabuleiro, funcionando também como dreno do aterro. O EPS Geofoam é o poliestireno

expandido apropriado para uso em obras geotécnicas. Um esquema deste tipo de solução éapresentado na Figura 7.36a.

A segunda concepção utilizada consiste na substituição da cunha de solo junto à parede do encontropor blocos de EPS Geofoam. Neste caso as características do EPS diferem do utilizado na primeiraconcepção porque os blocos precisam ter rigidez adequada para suportar as pressões verticais devidasao pavimento e ao tráfego. Entre a cunha e parede do encontro também é disposta uma camada de EPSGeofoam resiliente. Esta concepção, além de eliminar as pressões horizontais do aterro sobre oencontro, também reduz as pressões verticais sobre o solo na região do encontro, reduzindo osrecalques verticais. A densidade do EPS Geofoam varia entre 15 e 30 g/m 3, o que corresponde de 1 a1,5% da densidade do solo (não pode ser colocado abaixo do nível d’água máximo previsto para oaterro). O tipo de Geofam a ser adotado depende das tensões das atuantes e do recalque admissívelpara o aterro (Figura 7.38). Este tipo de concepção de aterro é apresentado no esquema da Figura7.37b e na Figura 7.39 que mostra uma obra em execução.

Page 202: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 202/258

Capítulo 7. Características dos Encontros Integrais e Semi-integrais 179 

Figura 7.37 – Concepções utilizadas em aterros com geosintéticos para encontros integrais (HORVATH, 2005)

Figura 7.38 – Curvas tensão-deformação do EPS Geofoam em função da densidade (Beyer)

Figura 7.39 – Execução do aterro em um encontro integral com utlização de geosintético EPS Geofoam – EUA(www.harborfoaminc.com)

Page 203: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 203/258

Capítulo 8. Análise Estrutural e Interação Solo-estrutura em Pontes Integrais 180 

8  ANÁLISE ESTRUTURAL E INTERAÇÃO SOLO-ESTRUTURA EM PONTESINTEGRAIS

8.1  Considerações iniciais

No projeto de uma ponte convencional usualmente o projeto da superestrutura e o projeto dasfundações podem ser desenvolvidos como atividades distintas. Ou seja, o projeto da infraestrutura édesenvolvido com as reações de apoio obtidas do dimensionamento da superestrutura e com aspressões do solo. A interação entre as duas atividades se dá simplesmente através da transferência dasreações de apoio e do dimensionamento das áreas de contato.

Em uma ponte integral a análise estrutural deve ser feita de forma conjunta, com o solo tornando-se

uma parte da estrutura resistente aos carregamentos. Este procedimento, que outrora era muitotrabalhoso e inviável na prática profissional, atualmente pode ser realizado com o auxílio deprogramas de análise estrutural disponíveis no mercado.

Os encontros integrais vêm sendo utilizados há mais de 50 anos nos Estados Unidos, mas a suaimplementação nesse país se deu com base na intuição, experimentação e observação por parte dosórgãos rodoviários. Ainda hoje, diversos departamentos de transportes norte-americanos adotamprocedimentos bastante simplificados na análise de pontes integrais. Segundo pesquisa realizada nosEstados Unidos por Murari e Petro (2004) 78% das 39 agências de transportes consultadas afirmaramque utilizavam programas de computador no projeto de pontes integrais.

No entanto, os programas e os métodos utilizados variavam muito de estado para estado. Muitos deles,

incluindo Califórnia, Illinois e North Dakota, indicaram que utilizavam cálculos manuais e gráficos,enquanto que outros estados indicaram que utilizavam planilhas de cálculo próprias em Excel eMathCAD para o projeto de pontes integrais. Programas de análise estrutural como STAAD,STRUDL e RISA eram utilizados pelos estados da Pennsylvania, Rhode Island e North Carolina,enquanto que os estados do Tennessee, New Hampshire, Virginia e New Jersey utilizavam osprogramas COM624P e L-PILE para o dimensionamento das estacas para os carregamentos laterais.

A mesma pesquisa também indicou que, além de adotar métodos simplificados de análise estrutural, amaioria dos estados norte-americanos também deixa de levar em conta diversas ações nodimensionamento das pontes integrais (Figura 8.1). Nos Estados Unidos a maioria dos projetos ainda édesenvolvida com base nas experiências anteriores, obedecendo aos limites especificados por cadadepartamento e com utilização de detalhes padronizados na construção.

Segundo WHITE (2007), nos Estados Unidos as pontes integrais são projetadas quase queempiricamente, utilizando métodos conservadores e a experiência adquirida em obras executadas. Istoocorre em função do complicado sistema estrutural, das diversas ações envolvidas e das diversasvariáveis de difícil determinação (características dos materiais, solo, etc.) Esta estratégia conduz aestruturas seguras e confiáveis, mas não proporciona um avanço do conhecimento de como as pontesintegrais se comportam. Por outro, lado uma grande quantidade de pesquisas sobre pontes deencontros integrais vem sendo desenvolvidas nos Estados Unidos. No entender desse autor, modelosprecisos utilizados em programas de computadores são interessantes do ponto de vista de pesquisa,mas se apresentam como um problema para a prática diária do engenheiro de projetos, uma vez que éextremamente difícil avaliar com a precisão necessária todos os parâmetros utilizados na análise.

Page 204: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 204/258

Capítulo 8. Análise Estrutural e Interação Solo-estrutura em Pontes Integrais 181 

Figura 8.1 - Percentual de estados norte americanos com relação às ações que são levadas em consideração noprojeto de encontros integrais (MURARI e PETRO, 2004)

Entre os países da Europa a aplicação do conceito de ponte integral se deu primeiramente no Reino

Unido, a partir do o início da década de 90, como conseqüência dos bons resultados observados nosEstados Unidos. Desta forma, a introdução das pontes integrais nesses países, ao contrário dos EUA eseguindo a tradição européia, se deu primeiramente com estudos teóricos e posteriormente comaplicações em obras.

Hambly (1991) provavelmente foi o primeiro autor a incluir as pontes integrais em um livro deconcepção e análise de pontes, antes mesmo dos livros norte-americanos. Em seu conceituado livro

 Bridge Deck Behaviour  o autor cita a experiência norte-americana e afirma que as pontes integrais seapresentam como um desafio no cálculo da distribuição dos carregamentos porque tabuleiro, pilares,encontros, aterros e terreno precisam ser considerados como um sistema único. As pontes integrais sãosistemas onde as incertezas sobre as rigidezes dos elementos estruturais devem ser estimadas da formamais realista possível porque a distribuição das cargas depende da rigidez relativa de todos os

componentes. Ainda segundo o autor, os métodos computacionais são muitos vantajosos porquepermitem investigar a envoltória do comportamento da estrutura para as possíveis faixas de variaçãodas rigidezes. Na Figura 8.2 é apresentado um modelo estrutural em pórtico plano com apoioselásticos sugerido por Hambly (1991) para a análise global e de fundações de uma ponte integral.

Apesar da relativa complexidade do assunto, a maioria dos autores considera que para pontes integraistípicas a análise estrutural com modelos bidimensionais é suficiente para determinação dos efeitos dasações verticais, longitudinais e deformações diferidas. Estruturas mais complexas, como aquelas comelevada esconsidade ou curvatura horizontal, podem necessitar de uma análise tridimensional emelementos finitos. Ou seja, como em qualquer estrutura a complexidade do modelo a ser utilizado deveser sempre função das particularidades da obra a ser analisada e dos resultados desejados.

Page 205: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 205/258

Capítulo 8. Análise Estrutural e Interação Solo-estrutura em Pontes Integrais 182 

Figura 8.2 – Modelo estrutural em pórtico plano para análise global e de fundações de uma ponte integral comquatro vãos (HAMBLY, 1991)

As pontes de encontros integrais constituem um caso típico de interação solo-estrutura. A continuidadeentre os elementos da estrutura transfere todas as deformações que ocorrem no tabuleiro da ponte paraas paredes dos encontros e para as fundações. O movimento cíclico da estrutura provoca o aumento dadensidade do solo atrás dos encontros com conseqüente aumento das pressões passivas. Estas pressõesserão tanto maiores quanto maiores forem os dos deslocamentos dos encontros. Em vista disto, a

maior parte dos estudos teóricos e experimentais que vêm sendo desenvolvidos nos últimos anos sobrepontes integrais têm tido como objetivo uma melhor compreensão do comportamento do conjuntosolo-estrutura sobre a ação das cargas cíclicas.

A modelagem da superestrutura das pontes integrais não difere substancialmente daquelas usualmenteadotadas nos projetos de pontes convencionais. Podem ser utilizados desde modelos mais simples,como pórticos planos e espaciais, até modelos mais sofisticados como os tridimensionais emelementos finitos. A particularidade dos modelos está no fato de eles precisarem incorporar elementosque representem satisfatoriamente a interação da estrutura com terreno. No caso de obras comfundações em estacas e encontros de pequena altura, conforme a concepção usualmente adotada nosEUA, esta interação se dá basicamente pelas estacas, uma vez que a área do encontro em contato como aterro é relativamente pequena. Neste caso tem-se um caso típico de estacas com carregamento

horizontal. Nas obras com encontros com paredes os empuxos passivos sobre as mesmas tambémprecisam ser cuidadosamente avaliados em função do adensamento provocado pelas cargas cíclicas.

Page 206: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 206/258

Capítulo 8. Análise Estrutural e Interação Solo-estrutura em Pontes Integrais 183 

SUPERESTRUTURACONEXÃO RÍGIDA

HASTE ENGASTADAEQUIVALENTE

ENCONTRO

8.2  Análise global de pontes integrais

A análise global de pontes integrais na maioria das situações ainda é realizada com o uso de modelos

simplificados em pórticos planos ou pórticos espaciais. A modelagem do terreno de fundação, seja nasobras com fundações em estacas, seja nas obras com fundações diretas e paredes, é complexa edepende de parâmetros do solo que nem sempre são conhecidos. Nem todos os programas comerciaisde análise estrutural também permitem a modelagem do solo levando-se em conta o seucomportamento não linear. Nos programas onde esta modelagem é possível normalmente oscoeficientes que representam o comportamento não linear do solo são determinados em separado(através de cálculo manual ou com a utilização de programas específicos) e introduzidos no modelo deanálise global.

Na Figura 8.3 é apresentado um modelo em pórtico plano para uma ponte integral com três vãos. Oselementos da superestrutura, encontros e estacas são representados por elementos de barra rigidamenteconectados. Neste modelo a interação solo-estrutura não é considerada diretamente. Para simular aação do terreno, as estacas têm os seus comprimentos reduzidos e são consideradas engastadas a certaprofundidade, que é função da rigidez relativa estaca-solo. Este modelo é baseado no método deDavisson e Robinson (1965) para cálculo de estacas carregadas lateralmente. Este procedimentosimplificado para análise de pontes integrais é muito utilizado nos Estados Unidos onde é conhecidocomo Método Racional (ABENDROTH e GREIMANN, 1988), sendo descrito com detalhes maisadiante neste capítulo.

Figura 8.3 – Modelo estrutural em pórtico plano para uma ponte integral de três vãos com as estacas simuladaspor um comprimento de engaste equivalente (HUANG, 2004)

Um modelo da mesma ponte com três vãos é apresentado na Figura 8.4 com a inclusão de molas nasparedes dos encontros e nas estacas para simular o comportamento do solo nas direções horizontal evertical. Embora frequentemente se utilize molas de comportamento linear nos modelos de pontesintegrais, o recomendável é que estas tenham um funcionamento não linear (curvas  p-y), de forma areproduzir o comportamento do solo de forma mais realista. Para deslocamentos muito pequenos ocomportamento linear é aceitável, mas geralmente esta condição não verifica na região da estacapróxima à superfície.

Por sua vez os empuxos atuantes nas paredes dos encontros devem ser determinados em função damagnitude da expansão horizontal da ponte. A determinação das curvas  p-y  e dos empuxos nasparedes são abordadas com detalhes mais adiante neste capítulo.

Page 207: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 207/258

Capítulo 8. Análise Estrutural e Interação Solo-estrutura em Pontes Integrais 184 

SUPERESTRUTURACONEXÃO RÍGIDA

MOLAS DO SOLO

ENCONTRO

ESTACA

SOLO COM MODELO DE MOLA

APOIOS MÓVEIS

PILARES APOIO DO PILAR

ESTACA

TRAVESSA

APARELHO DE APOIO

BARRA RÍGIDA

(FUNDAÇÃO DO ENCONTRO)

BARRA RÍGIDA(SUPERESTRUTURA)

PAREDE COMMODELO DEMOLA SUPERESTRUTURA

 

Figura 8.4 – Modelo estrutural em pórtico plano para uma ponte integral de três vãos com o solo simuladoatravés de molas (HUANG, 2004)

Na Figura 8.5 temos a mesma estrutura representada através de um modelo em pórtico espacial com ainclusão dos pilares intermediários e os respectivos aparelhos de apoio. Como no modelo anterior, oideal que ser utilizem molas não lineares para simular o comportamento do solo nas direçõeshorizontal (longitudinal e transversal) e vertical. Em relação ao anterior este modelo tem a vantagemde permitir uma melhor avaliação dos esforços nas estacas devido às ações transversais na ponte,podendo ser utilizado também em obras esconsas.

Figura 8.5 – Modelo estrutural em pórtico espacial para uma ponte integral de três vãos com o solo simuladoatravés de molas (HUANG, 2004)

Da mesma forma que nas pontes convencionais, o uso de modelos em elementos finitos 3D érelativamente mais trabalhoso e o seu uso é necessário apenas nos casos de estruturas mais complexas.O uso de modelos muito complexos só se justifica quando todos os elementos envolvidos nocomportamento da estrutura forem tratados com o mesmo rigor. Um modelo estrutural em elementosfinitos 3D de uma ponte integral extensa, com grandes deslocamentos devido à variação térmica, deveser acompanhado de uma adequada modelagem do solo. Com o uso difundido de programas deelementos finitos que simplificam o trabalho de modelagem estrutural é comum se utilizar modeloscomplexos com uma modelagem simplificada para o terreno, conforme os modelos apresentados nas

Figuras 8.6 a 8.8.

Page 208: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 208/258

Capítulo 8. Análise Estrutural e Interação Solo-estrutura em Pontes Integrais 185 

Figura 8.6 – Modelo estrutural em elementos finitos 3D no programa SOFISTIK para uma ponte integral de trêsvãos com o solo simulado através de molas lineares (TLUSTOCHOWICZ, 2005)

Figura 8.7 – Modelo estrutural em elementos finitos 3D no programa LUSAS para uma ponte integral de trêsvãos com o solo simulado através de molas lineares (www.lusas.com)

Page 209: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 209/258

Capítulo 8. Análise Estrutural e Interação Solo-estrutura em Pontes Integrais 186 

Figura 8.8– Resultado da análise da variação térmica para o modelo da Figura 8.6 (www.lusas.com)

Nos trabalhos acadêmicos desenvolvidos sobre o comportamento das pontes integrais frequentementesão utilizados modelos em elementos finitos 3D com o solo representado por molas não linearesobtidas a partir de curvas p-y, como é caso das teses de doutoramento de THANASATTAYAWIBUL(2006) e HUANG (2004), cujos modelos estão apresentados nas Figuras 8.9 e 8.10, respectivamente.

Figura 8.9– Modelo estrutural em elementos finitos 3D para uma ponte integral curva de um vão com o solosimulado através de molas não lineares obtidas de curvas p-y (THANASATTAYAWIBUL, 2006)

Page 210: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 210/258

Capítulo 8. Análise Estrutural e Interação Solo-estrutura em Pontes Integrais 187 

Figura 8.10 – Modelo estrutural em elementos finitos 3D para uma ponte integral de três vãos com o solosimulado através de molas não lineares obtidas de curvas p-y (HUANG, 2004)

Um programa de computador comercial muito utilizado nos Estados Unidos para a análise de pontesintegrais é o FB Multipier desenvolvido pelo Florida Bridge Software Institute (BSI) do Departamentode Engenharia Civil e Costeira da Universidade da Flórida (FLORIDA BRIDGE SOFTWAREINSTITUTE, 2000). Trata-se de um programa de elementos finitos 3D desenvolvido especificamentepara a análise e projeto de infraestruturas de pontes de uma forma geral (estacas, blocos, pilares,pórticos e encontros). O programa permite a modelagem de todos os elementos que compõem ainfraestrutura, inclusive com a utilização de elementos mistos de aço e concreto. Já a superestrutura émodelada de forma simplificada através de uma barra de rigidez equivalente, uma vez que o programa

destina-se especificamente ao projeto da infraestrutra.

O FB Multipier incorpora os casos de carregamentos previstos nas especificações da AASHTO,inclusive variação de temperatura (uniforme e diferencial), fluência e retração. O principal diferencialdo programa está nas suas ferramentas para análise da interação solo-estrutura. Além de incorporardiversos modelos de curvas  p-y  existentes na literatura, também podem ser utilizadas para osestaqueamentos curvas não lineares t-z  (atrito lateral) e Q-z (resistência de ponta). Além das curvasdisponíveis para utilização o programa também permite que o usuário defina os seus própriosmodelos. Na Figura 8.11 é apresentado um modelo de ponte integral com três vãos no FB Multipier.

Figura 8.11 – Modelo em elementos finitos de uma ponte integral utilizado no programa FB Multipier cominteração solo-estrutura através de curvas p-y 

Page 211: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 211/258

Capítulo 8. Análise Estrutural e Interação Solo-estrutura em Pontes Integrais 188 

TERRENO

AA AA

A - A A - A

A - A A - A

B - BB - B

BB

r = CONSTANTEσ = 0

DIREÇÃO DO MOVIMENTO

r

N

S

H

τr z

τr z

τ r

rM

τ+ z rτzθ θ

τr θ

τ r θ

σz

σ

σ

τr z

8.3  Modelagem das estacas para ações horizontais

Nas pontes com fundações em estacas os esforços horizontais podem ser absorvidos por estacas

inclinadas trabalhando predominantemente com forças axiais ou por estacas verticais trabalhando àflexão. Normalmente as estacas inclinadas são a solução mais desejável para pontes porqueproporcionam deslocamentos menores nos blocos e aproveitam de forma mais eficiente a capacidadeestrutural das estacas. No entanto, muitas vezes não é possível execução de estacas inclinadas e estasprecisam ser projetadas para absorver a totalidade dos esforços horizontais da estrutura por flexão. Omesmo ocorre no caso das fundações em tubulões. No caso dos encontros integrais, como já foimencionado anteriormente, são utilizadas apenas estacas verticais porque as fundações precisamacomodar os deslocamentos horizontais da superestrutura.

A modelagem das estacas pode ser feita através de métodos mais ou menos elaborados, dependendo dacomplexidade da obra e dos dados disponíveis. Na prática são muito utilizados métodos simples comoo do engaste (ou balanço) equivalente e o de molas modeladas pela hipótese de Winkler (PCI, 2001).Resultados mais precisos são obtidos com a utilização de curvas não lineares  p-y ,  onde ocomportamento do solo é representado por um conjunto de curvas definidas para cada camada emfunção da profundidade. Como sempre ocorre neste tipo de análise, a maior dificuldade está nadefinição dos parâmetros a serem adotados para o solo.

8.3.1  Tipos de modelos

O fator mais importante no estudo das estacas com carregamento lateral é a forma como o solo secomporta em relação à ação da estaca (Figura 8.12). A reação do solo apresenta um comportamentocomplexo porque depende da sua natureza, da intensidade do carregamento (o solo temcomportamento não linear), do tipo de solicitação (estática, cíclica, etc.) e da forma e dimensão daestaca (VELLOSO; LOPES, 2010).

Figura 8.12 – Distribuição das tensões do solo sobre uma estaca antes e após o carregamento (adaptado deJUIRNARONGRIT; ASHFORD, 2005)

Page 212: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 212/258

Capítulo 8. Análise Estrutural e Interação Solo-estrutura em Pontes Integrais 189 

(a) (b)

Existem na literatura vários métodos que analisam o comportamento das estacas com açõeshorizontais para obtenção dos deslocamentos e dos esforços internos. Praticamente em todos eles aestaca é assumida como um elemento linear de rigidez à flexão  EI.  A principal diferença entre os

diversos métodos encontra-se nos modelos para representação do solo, que podem ser basicamente dedois tipos (Figura 8.13):

Figura 8.13 – Modelos para análise da interação solo-estaca: (a) solo como meio contínuo; (b) solo simulado pormolas (hipótese de Winkler)

a) Modelos considerando o solo como um meio contínuo: o solo em geral é considerado comoum meio elástico contínuo. Atualmente com a utilização generalizada de computadores esoftwares mais poderosos é possível uma abordagem mais geral do problema, através daaplicação de formulações tridimensionais pelo método dos elementos finitos ou pelo métododos elementos de contorno. Isto permite inclusive que se analise o comportamento de umgrupo de estacas para ações horizontais. Nestes modelos também é possível simular a interfacesolo-estaca e admitir leis de comportamento elastoplástico para o solo envolvente.

b) Modelos com coeficientes de reação horizontal (hipótese de Winkler): o solo é modeladoatravés de uma série de molas independentes com comportamento elástico e linear ou elásticonão linear com utilização de curvas p-y. Estes modelos permitem a representação de terrenosestratificados variando-se as configurações das curvas p-y com a profundidade.

A evolução nos programas de análise estrutural com modelos que permitem a adoção de modelos cadavez mais próximos da realidade não vem sendo acompanhada pelas técnicas correntes decaracterização geotécnica dos terrenos de fundação. Na prática ocorre que geralmente não se dispõe dagrande quantidade de parâmetros que estes modelos exigem, o que faz com que grande maioria dosprojetos seja desenvolvida com modelos simplificados.

Segundo (SANTOS, 2008) é discutível a utilização de métodos de cálculo muito complexos, porqueexigem um grande número de parâmetros que a princípio não é possível obter-se com a caracterizaçãogeotécnica corrente. Santos e outros autores entendem que talvez seja mais justificado utilizar métodos

aproximados e mais simples, tais como os baseados na hipótese de Winkler, que na prática têmconduzido a valores razoavelmente satisfatórios.

Page 213: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 213/258

Capítulo 8. Análise Estrutural e Interação Solo-estrutura em Pontes Integrais 190 

VIGA EI

W

VIGA EI

(a)

REAÇÃO DEPENDENTE APENAS DODESLOCAMENTO INDIVIDUAL DAS MOLAS

(b)

MOLAS POUCOESPAÇADAS

TERRENO

SUPERFÍCIE DO

TERRENO

SUPERFÍCIE DO

P

y

M

Q

P

y

M

Q

(c) (d)

x x

kh = p/yMOLAS ELÁSTICAS

DO CARREGAMENTOESTACA ANTES

CARREGAMENTODEFORMADA SOBESTACA

REAÇÃO DOSOLO

ESTACA (EI)

p = kx yx

No caso das pontes integrais os modelos de cálculo adotados na prática para análise das açõeshorizontais nas estacas usualmente são baseados na hipótese de Winkler. Os trabalhos de pesquisadesenvolvidos sobre pontes integrais também têm utilizado estes modelos conforme pode ser

verificado nas teses de doutoramento de Huang (2004), Munuswamy (2004), Thanasattayawibul(2006) e Akyama (2008).

8.3.2  Modelo de Winkler

Uma estaca sujeita a carregamentos transversais pode ser analisada da mesma forma que uma vigaapoiada sobre uma base elástica de acordo com a modelo de Winkler, onde o comportamento elásticodo solo é representado por uma série de molas (Figura 8.14). A rigidez destas molas é denominadacoeficiente de reação horizontal do solo e pode ser expressa da seguinte forma:

 y

 pk h  =   (8.1)

onde:

k h = coeficiente de reação horizontal do solo (dimensão FL-3) p = tensão normal horizontal do solo na estaca (dimensão FL-2) y = deslocamento horizontal da estaca

Figura 8.14 – Comportamento de uma estaca com carregamento transversal de acordo com a hipótese do

coeficiente de reação horizontal. (a) viga sobre o solo; (b) modelo de Winkler; (c) estaca com carregamentolateral no solo; (d) estaca modelada com molas de acordo com Winkler (adaptado de PRAKASH; SHARMA,

1990)

Page 214: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 214/258

Capítulo 8. Análise Estrutural e Interação Solo-estrutura em Pontes Integrais 191 

XX

Kh Kh

ASSUMIDOk = CONSTANTE

REALPROVÁVEL

(a) (b)

ASSUMIDOk = n xh

REALPROVÁVEL

Deve-se observar que na literatura técnica o coeficiente de reação horizontal do solo freqüentemente étratado com unidades diferentes. Alguns autores incorporam a dimensão transversal da estaca  B,utilizando K h = k h.B (dimensão FL-2).Também é utilizado o coeficiente de rigidez de mola para um

determinado segmento de estaca multiplicando-se o valor K h pelo comprimento do referido segmento.Da mesma forma a pressão horizontal  p  incorpora a dimensão  B  e passa a representar a reação doterreno por metro de estaca (dimensão FL-1) (VELLOSO; LOPES, 2010).

O coeficiente de reação horizontal do solo pode ser constante, caso das argilas sobreadensadas, ouvariar de acordo com a profundidade, caso das areias e das argilas normalmente adensadas (Figura8.15). De uma forma geral pode ser expresso de acordo com a seguinte expressão (POULOS, 1980 ePRAKASH; SAMSHA, 1990):

nhh  L zk  zk  ) / ()(   =   (8.2)

onde:

k h(z) = coeficiente de reação horizontal do solo no ponto z (dimensão FL-3);k h = coeficiente de reação horizontal do solo na ponta da estaca (dimensão FL-3);

 z = qualquer ponto ao longo da profundidade da estaca;n = coeficiente igual ou maior que zero

Figura 8.15 – Variação do coeficiente de reação horizontal do solo: (a) solos coesivos sobreadensados; (b) solosgranulares e argilas e siltes normalmente adensados (PRAKASH; SHARMA, 1990)

Assim para areias e argilas normalmente adensadas usualmente adota-se n =1 (k h variando com aprofundidade) e para argilas sobreadensadas n = 0 (k h constante com a profundidade). De acordo comDavisson e Prakash (1962, apud PRAKASH e SHARMA 1990) os valores mais apropriados seriam n= 1,5 para areias e n = 0,15 para argilas em condições não drenadas.

Para o valor n = 1 (areias e argilas normalmente adensadas) a variação de k h é expressa com a seguinterelação:

) / (  B znk  hh   ⋅=   (8.3)

Page 215: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 215/258

Capítulo 8. Análise Estrutural e Interação Solo-estrutura em Pontes Integrais 192 

onde:

nh = taxa de crescimento do coeficiente de reação horizontal (dimensão FL-3);

 z = qualquer ponto ao longo da profundidade da estaca; B = diâmetro ou largura da estaca.

Para o valor n = 0 o coeficiente de reação horizontal k h será constante com a profundidade que é ahipótese adotada para argilas sobreadensadas.

A avaliação do coeficiente de reação horizontal é difícil na prática visto que este parâmetro nãodepende exclusivamente do solo envolvente, mas também da própria estaca e do estado de tensãoenvolvido. Na literatura existem algumas propostas estabelecidas para avaliação do coeficiente dereação horizontal com base em diversos tipos de ensaios, dentre os quais se destacam: o ensaio SPT, oensaio CPT, o ensaio pressiométrico e o ensaio de placa. No entanto, a aplicação de diferentescorrelações propostas por diversos autores frequentemente conduz a uma grande dispersão nos valores

do coeficiente de reação horizontal (SANTOS, 2008)

A título indicativo, são apresentados a seguir alguns valores para o coeficiente de reação horizontal dosolo propostos na literatura.

Tabela 8.1 – Taxas de crescimento do coeficiente de reação horizontal para areias ηh

(  B znk  hh  / ⋅= ) (TERZAGHI, 1955), adaptado de POULOS e DAVIS (1980)

Compacidadeda areia 

η h (kN/m3) seca ou úmida submersa

fofa 2400 1400média 7200 4800

compacta 19000 11000

Tabela 8.2 – Taxas de crescimento do coeficiente de reação horizontal para argilas normalmente adensadas ηh (  B znk  hh  / ⋅= ), adaptado de POULOS e DAVIS (1980)

Tipo de solo η h (kN/m3)  Referência

Argila mole160 a 3450 REESE e MATLOCK (1956)270 a 540 DAVISSON E PRAKASH (1963)

Argila orgânica110 a 270 PECK e DAVISSON (1962)110 a 810 DAVISSON (1970)

Para as argilas sobreadensadas, em que o coeficiente de reação horizontal é considerado constante coma profundidade, a literatura costuma indicar o valor de k h  em função da resistência não drenada ao

cisalhamento cu. Skempton (1951, apud POULOS; DAVIS, 1980) sugere a seguinte faixa de valores:

 Bcak  uh  / )32080(=   (8.4)

Davisson (1970) sugere um valor mais conservador para o coeficiente:

 Bck  uh  / 67=   (8.5)

O comportamento da estaca pode ser analisado usando a equação de uma viga elástica apoiada sobreuma base elástica que corresponde à seguinte expressão:

044 =+ p

dx

 yd  EI    (8.6)

Page 216: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 216/258

Capítulo 8. Análise Estrutural e Interação Solo-estrutura em Pontes Integrais 193 

Mt

Pt

Y S=dydx M =

d²ydx²

E I V =d³ydx³

E I p =d ydx

E I4

4

onde:

 E = módulo de elasticidade da estaca;

 I = momento de inércia da seção da estaca; p = reação do solo que é igual a k h. y. 

A equação 8.4 pode então ser escrita da seguinte forma:

04

4=+

 EI 

 yk 

dx

 yd  EI  h   (8.7)

As demais expressões necessárias para análise de estacas com carregamento lateral, sem aconsideração da carga vertical (REESE; IMPE, 2001) são:

V dx

 yd  EI    =3

3

  (8.8)

 M dx

 yd  EI    =2

2  (8.9)

S dx

 y EI    =3

  (8.10)

onde: M : momento fletor na estaca;V : esforço cortante na estaca;S: inclinação ao longo do eixo longitudinal.A resolução das equações diferenciais acima para uma estaca com uma força horizontal e ummomento fletor aplicados no topo conduz a resultados cuja configuração típica corresponde às curvasapresentadas na Figura 8.16.

Figura 8.16 – Configuração dos resultados obtidos de uma solução completa para o caso de uma estaca longa

livre no topo sujeita a esforço horizontal e momento fletor (REESE; IMPE, 2001)

Page 217: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 217/258

Capítulo 8. Análise Estrutural e Interação Solo-estrutura em Pontes Integrais 194 

A solução da equação 8.6 pode ser obtida por via analítica ou por via numérica. Para o caso docoeficiente de reação horizontal constante a solução analítica é viável. Para outros casos dedistribuição de k h a resolução analítica da equação 8.6 torna-se muito difícil, sendo mais conveniente o

uso de métodos numéricos.Hetenyi (1946, apud REESE; VAN IMPE, 2001) desenvolveu soluções analíticas para várias hipótesesde carregamento e condições de contorno para uma estaca de comprimento semi-infinito para o casode k h constante com a profundidade. O comprimento L de uma estaca que permite tratá-la como umaviga sobre base elástica de comprimento semi-infinito é dado por:

4> Lλ    onde: (8.11)

4 / 1

4

 

 

 

 

 =

 EI 

 Bk hλ    (8.12)

Para os casos em que o coeficiente de reação horizontal cresce linearmente com a profundidadedestaca-se na literatura a contribuição de Matlock e Reese. Os autores desenvolveram soluções paraestacas longas e curtas, livres ou engastadas no topo. O método admite que o comportamento da estacaé elástico e os deslocamentos são muito pequenos em relação ao diâmetro da estaca, podendo-seaplicar o princípio da sobreposição. Desta forma os autores determinaram separadamente os efeitosdevidos à carga lateral e ao momento fletor no topo da estaca. Foram desenvolvidos tabelas e gráficosque permitem o cálculo de deslocamentos e solicitações em estacas livres, engastadas e parcialmenteengastadas no topo.

As principais equações para aplicação do método de Matlock e Reese são:

 z Z  =   (8.13)

 Lmáx

 Z    =   (8.14)

5 / 1

 

  

 =

h

T n

 EI    (8.15)

 EI 

T  M  B

 EI 

T  H  A y y y t 

 yt 

 y B A

23+=+=   (8.16)

 EI 

T  M  B

 EI 

T  H  Asss t 

st 

s B A   +=+=2

  (8.17)

t mt m B A  M  BT  H  A M  M  M    +=+=   (8.18)

 M  B H  AV V V  t 

vt v B A   +=+=   (8.19)

2T  M  B

T  H  A p p p t 

 pt 

 p B A   +=+=   (8.20)

Page 218: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 218/258

Capítulo 8. Análise Estrutural e Interação Solo-estrutura em Pontes Integrais 195 

onde:

 Z: coeficiente de profundidade z: profundidade qualquer ao longo do comprimento da estaca Z máx .coeficiente de profundidade máximaT: rigidez relativa estaca-solo

 H t : força horizontal aplicada no topo da estaca M t : momento fletor aplicado no topo da estaca y: deslocamento da estacas: rotação

 M: momento fletor na estacaV: esforço cortante na estaca

 p: reação do solo

 A y , As , Am , Av , A p : coeficientes devidos ao esforço horizontal aplicado B y , Bs , Bm , Bv , B p : coeficientes devidos ao momento fletor aplicado

Na Figura 8.17 são apresentados exemplos de alguns dos gráficos desenvolvidos por Matlock e Reese(1956) para cálculo de deslocamento e momentos fletores no fuste das estacas. Os gráficos e tabelasforam construídos em função do coeficiente de profundidade  Z   variando de 0 a 5. As estacas sãoconsideradas longas quando o valor de Z máx é igual ou maior que 5, o que corresponde à maioria doscasos na prática, principalmente em se tratando de estacas de encontros integrais que precisam serflexíveis. Para estacas com  Z máx  igual ou maior a 5 os coeficientes de deslocamento não sofrem

variação e podem ser utilizados os coeficientes correspondentes à curva  Z máx.= 5. Os demaiscoeficientes ainda sofrem pequena variação entre Z máx = 5 e 10 e partir daí podem ser consideradosconstantes adotando-se os coeficientes da curva Z máx = 10.

Page 219: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 219/258

Capítulo 8. Análise Estrutural e Interação Solo-estrutura em Pontes Integrais 196 

+4.0

COEFICIENTES DE DESLOCAMENTO COEFICIENTES DE MOMENTO FLETOR

COEFICIENTE DE DESLOCAMENTO A y COEFICIENTE DE MOMENTO A m

COEFICIENTE DE MOMENTO B mCOEFICIENTE DE DESLOCAMENTO B y

QgMA

QgyA

MgyB

MgMB

Zmax = 2

3

4

5&10

-2.0 -1.0 0 +1.0 +2.0 +3.0 +4.0 +5.00

1.0

2.0

3.0

4.0

-2.00

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

-1.0 0 +1.0 +2.0 +3.0

   C   O   E   F   I   C   I   E   N   T   E   D   E   P   R   O   F   U   N   D   I   D   A   D   E ,   Z

   C   O   E   F   I   C   I   E   N   T   E   D   E   P   R   O   F   U   N   D   I   D   A   D   E ,   Z

   C   O   E   F   I   C   I   E   N   T   E   D   E   P   R   O   F   U   N   D   I   D   A   D   E ,   Z

   C   O   E   F   I   C   I   E   N   T   E   D   E   P   R   O   F   U   N   D   I   D   A   D   E ,   Z

-0.20

0 +0.2 +0.4 +0.6 +0.8

-0.20

0 +0.2 +0.4 +0.6 +0.8 +1.0

1.0

2.0

3.0

4.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

Zmax = 2

3

4

510

5&10

Zmax = 2

3

4,5&10

Zmax = 2

105

4

1045

3

 

Figura 8.17 – Coeficientes para cálculo dos deslocamentos e momentos fletores para força horizontal e momentofletor aplicados no topo de uma estaca com a extremidade livre segundo o método de Matlock e Reese

(PRAKASH; SHARMA, 1990)

Page 220: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 220/258

Capítulo 8. Análise Estrutural e Interação Solo-estrutura em Pontes Integrais 197 

4

3

2

14

3

2

1

p , y

Z

Z

Z

Z

DESLOCAMENTO DA ESTACA y

Z

Z

Z

Z

   R   E   S   I   S   T    Ê   N   C   I   A   D   O    S   O

   L   O   p

8.3.3  Curvas p-y 

No modelo de Winkler originalmente admite-se um comportamento elástico e linear para o solo, ou

seja, o coeficiente de reação não depende da pressão de contato entre a estaca e o solo. Na realidade alei de variação do deslocamento  y em função da pressão  p  não é linear. A atuação de cargashorizontais nas estacas conduz freqüentemente à plastificação do solo na região do topo das mesmas,mesmo para níveis de solicitação não muito elevados (SANTOS, 2008).

De acordo com Prakash e Sharma (1990) nos procedimentos utilizados para a determinação das curvas p-y admite-se que elas atendem às seguintes condições:

a)  um conjunto de curvas p-y representa a deformação lateral do solo sob uma pressão horizontalaplicada em uma seção vertical discreta da estaca a qualquer profundidade;

b)  a curva é independente da forma e da rigidez da estaca e não é afetada por carregamentos

acima ou abaixo da área vertical discreta daquela profundidade. Esta hipótese, naturalmente,não é totalmente verdadeira. Entretanto, a experiência indica que o deslocamento da estaca emcerta profundidade, para fins práticos, pode ser considerado como dependente apenas dareação do solo naquela profundidade.

O comportamento do solo em relação a uma estaca carregada lateralmente pode ser representado porum conjunto de curvas p-y com as características apresentadas na Figura 8.18. Assim, um conjunto decurvas representa o deslocamento do solo para diversas profundidades para uma faixa de pressõesvariando de zero até a pressão que leva ao escoamento do solo.

As configurações da curvas  p-y  para diversos tipos de solos existentes na literatura foramdesenvolvidas com base em um número limitado de ensaios de campo em escala real devido ao

elevado custo. A teoria foi então desenvolvida em informações limitadas e empiricamente extrapoladapara outros diâmetros. Segundo Juirnarongrit e Ashford (2005) este um aspecto que precisa ser maispesquisado. Os autores compararam os resultados de diversos trabalhos e observaram que o diâmetroda estaca tem algum efeito sobre as curvas p-y.

Figura 8.18 – Curvas p-y para cada camada do solo e a mobilização da resistência lateral em função dodeslocamento sofrido pela estaca (VELLOSO; LOPES, 2010).

Page 221: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 221/258

Capítulo 8. Análise Estrutural e Interação Solo-estrutura em Pontes Integrais 198 

O desenvolvimento das curvas p-y deveu-se principalmente à construção das plataformas off-shore depetróleo que motivou a realização de ensaios para avaliar o comportamento de estacas comcarregamento lateral. Diversos pesquisadores, dentre os quais se destaca Lymon C. Reese,

desenvolveram métodos para construção de curvas  p-y para vários tipos de solo que passaram a serutilizados em outros tipos de estruturas como portos e pontes.

A construção das curvas é realizada com a utilização de meios computacionais a partir dos resultadosobtidos em ensaios de estacas em escala real. Os métodos para construção das curvas têm sidoincorporados em programas comerciais para análise de estacas carregadas lateralmente como é o casodos programas COM624P (WANG ; REESE, 1993), LPILE (WANG ; ISENHOWER, 2010), e o FB-Multipier (FLORIDA BRIDGE SOFTWARE INSTITUTE, 2000). Os dois primeiros foramdesenvolvidos por Lymon C. Reese e seus colaboradores e o último também utiliza os métodosdesenvolvidos por ele. Estes programas possuem rotinas para as configurações de curvas  p-y desenvolvidas por diferentes autores e o usuário fornece os dados do terreno, características da estacae carregamento.

Page 222: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 222/258

Capítulo 8. Análise Estrutural e Interação Solo-estrutura em Pontes Integrais 199 

8.3.3.1  Curvas p-y para argilas moles

Matlock (1970, apud REESE; VAN IMPE, 2001) desenvolveu curvas  p-y para argilas moles a partirde uma série de ensaios em escala real com estacas de 0,30 m de diâmetro. As curvas apresentadasneste trabalho aplicam-se a solos argilosos submersos normalmente adensados ou levementesobreadensados. Na Tabela 8.3 são apresentados os procedimentos para elaboração destas curvas e naFigura 8.19 são apresentadas as configurações típicas destas curvas para os casos de carregamentosestáticos, cíclicos e pós-cíclicos.

Tabela 8.3 – Procedimento para construção de curvas p-y para argilas moles submersas segundo Matlock (1970),adaptado de Juirnarongrit e Ashford (2005)

CARREGAMENTO ESTÁTICO

1.  Determinar a pressão última do solo (menor valor)  Bc z B

 J 

 zc p uuult 

++=

'

3

  γ    

 Bc p uult  9=  2.  Determinar o deslocamento correspondente à metade da pressão

última B y 5050 5,2   ε =  

3.  Desenvolver a curva p-y de acordo com a expressão:3 / 1

50)(5,0

 y

 y

ult  p

 p=  

CARREGAMENTO CÍCLICO 

1.  Desenvolver a curva p-y conforme item anterior ult  p p para 72,0<  

2.  Determinar a profundidade de transição zT   )(6'

u

u

 Jc B

 BcT  z

+=

γ   

3.  Para profundidades maiores ou iguais a zT   50372,0  y y para p p ult    >=  

4.  Para profundidades menores que  zT  

e y yem p p ult  50372,0   ==  

5015)(72,0  y yem z

 z p p

T ult    ==  

onde:•  cu : resistência ao cisalhamento não drenada•   B: diâmetro da estaca •   J : constante (0,5 para argila mole e 0,25 para argila média)•   pult : pressão última do solo•   y50: deslocamento correspondente à metade da pressão última•   z: profundidade

•   z R: profundidade de transição•  γ’: peso específico do solo•  ε50: deformação específica do solo para metade da pressão última (0,020 para argilas moles 0,010 para

argilas médias e 0,005 para argilas rígidas) 

Page 223: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 223/258

Capítulo 8. Análise Estrutural e Interação Solo-estrutura em Pontes Integrais 200 

8 yy 50

yy 50

yy 50

PPult

PPult

PPult

PPult

= 0.5 ( )yy 50

1/3

0.5

1.0

0.5

0.72

1.0

00

1 153

0.72Z

Zt

Zt

0.5

0.72

1.0

00

1 15

0.72ZZt

Zt

PARA Z = Z t

PARA Z = Z t

DESLOCAMENTOINICIALMÁXIMO

00

1

 

Figura 8.19 – Configurações das curvas p-y para argilas moles submersas: (a) carregamento estático (b)carregamento cíclico (c) pós-cíclico (REESE; IMPE, 2001)

Page 224: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 224/258

Capítulo 8. Análise Estrutural e Interação Solo-estrutura em Pontes Integrais 201 

8.3.3.2  Curvas p-y para argilas rijas submersas

Reese et al. (1975, apud REESE; VAN IMPE, 2001) desenvolveram curvas  p-y  para argilas rijassubmersas a partir de ensaios em estacas de aço com 0,60 m de diâmetro. Na Tabela 8.4 sãoapresentados os procedimentos para elaboração destas curvas e nas Figuras 8.20 e 8.21 asconfigurações típicas destas curvas para os casos de carregamentos estáticos, cíclicos e pós-cíclicos.

Tabela 8.4 – Procedimento para construção de curvas p-y para argilas rijas submersas segundo Reese et al.(1975), adaptado de Juirnarongrit e Ashford (2005)

CARREGAMENTO ESTÁTICO

1.  Determinar a pressão última do solo(menor valor)

 zc Dz Bc p aault  83,22 ' ++=   γ    

 Bc p uult  11=  

2.  Estabelecer o trecho inicial reto

estático para y zk  p s )(=  dinâmico para y zk  p c )(=  

3.  Desenvolver a curva p-y de acordocom a expressão: 5050

2 / 1

50,)(5,0   ε ==  y

 y

 y p p ult 

 

4.  Desenvolver o segundo trechoparabólico da curva

25,1

50

502 / 1

50055,0)(5,0

 

  

    −−=

 y A

 y A y p

 y

 y p p

s

sult ult 

 

5.  Trecho reto )186( 5050  y Aa y A ss  ( ) ( )50

50

5,0 60625,0

411,065,0  y A y p y

 p A p p sult ult sult    −−−=  

6.  Trecho reto final )18( 50 y Aapós s  ( ) sult ult sult   A p p A p p 75,0411,065,0 5,0 −−=  

CARREGAMENTO CÍCLICO 

1.  Desenvolver a curva p-y conforme ocaso estático Passos 1 a 3

2.  Desenvolver o trechoparabólico )6,0(  p yaté    50

5,2

14,4,45,0

45,01  y A y

 y

 y y p A p c p

 p

 pult c   =

−−=

 

3.  Desenvolver o trecho reto

)8,16,0(  p p  ya yde  ( ) pult ult c  y y p

 y p A p 6,0

085,0936,0

50

−−=  

4.  Desenvolver o trecho reto final

)8,1(  p yapós    pult ult c  y p y

 p A p

50

102,0936,0   −=  

onde:•   As , Ac : constantes

•  cu : resistência ao cisalhamento não drenada média acima da profundidade z •  cu : resistência ao cisalhamento não drenada•   B: diâmetro da estaca •  k s ,k c: coeficiente de reação horizontal inicial para carregamentos estáticos e cíclicos •   pult : pressão última do solo•   y50: deslocamento correspondente à metade da pressão última•   z: profundidade•  γ’: peso específico efetivo do solo•  ε50: deformação específica do solo para metade da pressão última (0,020 para argilas moles 0,010 para

argilas médias e 0,005 para argilas rígidas) 

Page 225: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 225/258

Capítulo 8. Análise Estrutural e Interação Solo-estrutura em Pontes Integrais 202 

00

A s y 50 y 50 6A s y 50 18As y 50

DESLOCAMENTO, y (mm)

   R   E   S   I   S   T    Ê   N   C   I   A   D   O    S

   O   L   O   p

   (   k   N   /  m   )

0.5pc

p = 0.5p ( )

y

y 50

0.5

c c

ESTÁTICO

E = -es

0.0625 pc

y 50

y = x b50 50

E = k Zsi s

E = 0.055 p ( )offset c 1.25A s y 50

y - A sy 50

DESLOCAMENTO, y (mm)00

   R   E   S   I   S   T    Ê   N   C   I   A   D   O    S

   O   L   O   p

   (   k   N   /  m   )

CÍCLICO

p = A p (1-[ ] )0.250.45 yp

y - 0.45 y

0.45 yp

c c p

E = -sc

0.085 pc

y 50

0.6 yp 18 yp

E = k Zsi c

A pc c

y = . b50 50

y = 4.1 A yp c 50

 

Figura 8.20 – Configurações das curvas p-y para argilas rijas submersas para carregamento estático segundoReese et al (1975), (REESE; IMPE, 2001)

Figura 8.21 – Configurações das curvas p-y para argilas rijas submersas para carregamento cíclico segundoReese et al. (1975), (REESE; IMPE, 2001)

Page 226: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 226/258

Capítulo 8. Análise Estrutural e Interação Solo-estrutura em Pontes Integrais 203 

8.3.3.3  Curvas p-y para argilas rijas acima do nível d’água

Welch e Reese (1972, apud REESE; VAN IMPE, 2001) desenvolveram curvas  p-y para argilas rijasacima do nível d’água a partir de ensaios em estacas de 0,76 m de diâmetro. A curva característica ésimilar à curva para argilas moles (MATLOCK, 1970, apud REESE;VAN IMPE, 2001), masapresenta mais rigidez. Na Tabela 8.5 são apresentados os procedimentos para elaboração destascurvas e nas Figuras 8.22 e 8.23 as configurações típicas destas curvas para os casos de carregamentosestáticos, cíclicos e pós-cíclicos.

Tabela 8.5 – Procedimento para construção de curvas p-y para argilas rígidas acima do nível d’água segundoWelch e Reese (1972), adaptado de Juirnarongrit e Ashford (2005)

CARREGAMENTO ESTÁTICO

4.  Determinar a pressão última do solo (menor valor)  Bc z B

 J 

 zc p uuult 

++=

'

3

  γ    

 Bc p uult  9=  5.  Determinar o deslocamento correspondente à metade da

pressão última B y 5050 5,2   ε =  

6.  Desenvolver a curva p-y de acordo com a expressão:50

4 / 1

5016)(5,0  y y para

 y

 y

ult  p

 p≤=  

5016 y y para p p ult    >=  

CARREGAMENTO CÍCLICO 

1.  Desenvolver a curva p-y conforme caso estático Passos 1 a 3 2.  Determinar o parâmetro relativo ao efeito da repetição do

carregamento, C  

4

6,9

 

 

 

 =

ult  p

 pC 

 

3.  Determinar y para carregamento cíclico, yc   N C  y y y sc log50+=  onde:

•  cu : resistência ao cisalhamento não drenada•   B: diâmetro da estaca •   J : constante (0,5 para argila mole e 0,25 para argila média)•   pult : pressão última do solo•   y50: deslocamento correspondente à metade da pressão última•   yc: deslocamento após N ciclos de carga•   yc: deslocamento sob carregamento estático de curta duração•   z: profundidade

•  γ’: peso específico do solo•  ε50: deformação específica do solo para metade da pressão última (0,020 para argilas moles 0,010 para

argilas médias e 0,005 para argilas rígidas) 

Page 227: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 227/258

Capítulo 8. Análise Estrutural e Interação Solo-estrutura em Pontes Integrais 204 

p

16y50ys

p = pult

p

ultp=0.5( )

y

50ys 1/4

16y50 16y50 16y50+ + +

9.6 . y . log N50 1 9.6 . y . log N50 2 9.6 . y . log N50 3

yc

p

pult

N1N2

N3

y = y + y . C . log Ns 150c

y = y + y . C . log Ns 250c

y = y + y . C . log Ns 350c

 

Figura 8.22 – Configurações das curvas p-y para argilas rijas acima do nível d’água para carregamento estático(REESE; IMPE, 2001)

Figura 8.23 – Configurações das curvas p-y para argilas rijas acima do nível d’água para carregamento cíclico(REESE; IMPE, 2001)

Page 228: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 228/258

Capítulo 8. Análise Estrutural e Interação Solo-estrutura em Pontes Integrais 205 

8.3.3.4  Curvas p-y para areias

Na literatura técnica existem dois métodos que são os mais utilizados para determinação de curvas p-y para areias. O primeiro método foi proposto por Reese et al. (1974, apud REESE;VAN IMPE, 2001)com base em ensaios realizados com estacas de 0,60 m de diâmetro. O outro método, que é o maisutilizado na prática, é o adotado pelo AMERICAN PETROLEUM INSTITUTE – API (2000).

Segundo Reese et al. (1974) em estacas cravadas em areia o cálculo da pressão última resistida pelosolo ( pult ) em pode ser calculada segundo dois modelos:

•  nas profundidades próximas à superfície a pressão última resistida pelo solo é função do pesoda cunha que tende a se destacar com o deslocamento da estaca (Figura 8.24);

•  para maiores profundidades, em que não mais se verificam os efeitos da superfície, a rutura sedá através do escoamento do solo pela lateral da estaca (Figuras 8.25 8.26).

As expressões para o cálculo das pressões últimas resistidas pelo solo estão apresentadas no roteiro decálculo da tabela 8.6, adotando-se o maior valor para a determinação das curvas  p-y. Na Figura 8.28são apresentadas as configurações típicas para curvas  p-y em areias para carregamentos estáticos ecíclicos.

O método proposto pelo API (2000) também utiliza estes mesmos modelos de cálculo da pressãoúltima resistida pelos solos arenosos, porém a sua aplicação é mais simples que a do método de Reese.Na Tabela 8.7 são apresentados os procedimentos para elaboração das curvas  p-y  em areias pelométodo do API.

Page 229: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 229/258

Capítulo 8. Análise Estrutural e Interação Solo-estrutura em Pontes Integrais 206 

Eb

F

z

z

B

A

D

C

α

β

DIREÇÃO DOMOVIMENTODA ESTACA

1

Fp

MOVIMENTO DA ESTACA

σ5   σ2

σ3

σ1

σ5   σ2

σ4

σ6

σ4

σ6

σ3

σ1

σ5   σ2

1

234

5

Cu

Cu

σ1σ2   σ3   σ4   σ5   σ6   σ

σ1   σ2   σ3   σ4   σ5   σ6

Cu

2Cu

10Cu

τ

τ

σ

RÍGIDO

ESTACA

CAMADAS DESLIZANTESCILÍNDRICAS

ZONA DE GIRO

 

Figura 8.24 – Modelo do comportamento do solo na superfície para determinação de  pult  – rutura em cunha(REESE e IMPE, 2001)

Figura 8.25 – Modelo do comportamento do solo para maiores profundidades para determinação de pult  – ruturapor escoamento lateral (REESE e IMPE, 2001)

Figura 8.26 – Modelo do comportamento do solo para maiores profundidades para determinação de pult  

– ruturapor escoamento lateral (FLEMING et al, 2009)

Page 230: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 230/258

Capítulo 8. Análise Estrutural e Interação Solo-estrutura em Pontes Integrais 207 

Tabela 8.6 – Procedimento para construção de curvas p-y para areias (acima ou abaixo do nível d’água) segundoReese et al. (1974), adaptado de Juirnarongrit e Ashford (2005)

1.  Dados preliminares  

  

 −==+==

245,40,0,

245,

22

0φ φ 

 β φ 

α  tgK K  a 

2.  Pressão últimateórica do solo  pst  (rutura da cunha)

( ) ( ) ( ) ( )  

−−++

−+

−=  BK tgtg ztgK tg ztg B

tg

tg ztgK  z p ast    α  β φ  β α  β 

φ  β 

 β 

α φ  β 

 β φ γ   sin

costan

sin0

0'  

3.  Pressão últimateórica do solo  psd

(rutura porescoamento lateral)

 β φ γ   β γ   4'0

8' tantan1tan  z BK  z BK  p asd    +−=  

4.  Pressão últimateórica do solo ps 

32 eentrevalor menor  ps  =  

5.  Pressão última dosolo pult  cíclicotocarregamen para p Aouestáticotocarregamen para p A p scssult   =  

6.  Pressão do solo emB/60

cíclicotocarregamen para p Bouestáticotocarregamen para p B p scssm  =  

7.  Desenvolver otrecho reto inicial

( ) ykz p =  

8.  Desenvolver otrecho parabólico

1 / 

 / 1 / 1 ,,,,

 

  

 ===

−==

nn

k nm

m

m

m

mu

mun

kz

C  y

 y

 pC 

my

 pn

 y y

 p pm yC  p  

onde:

•  cs  A A ,  : coeficientes de ajuste para curvas p-y estáticas e cíclicas (Figura 8.27)

•   Bs , Bc : coeficientes adimensionais para curvas p-y estáticas e cíclicas (Figura 8.27)

•   B: diâmetro da estaca •  k : coeficiente de reação horizontal inicial (MN/m3)

areias fofas = 5,4 / 6,8areias médias = 16,3 / 24,4areias compactas = 34 / 61

•   pst : pressão última teórica do solo (rutura da cunha)•   psd : pressão última teórica do solo (rutura por escoamento lateral)•   ps: pressão última teórica do solo adotada •   pult : pressão última do solo•   z: profundidade•  γ’: peso específico do solo submerso

•  φ : ângulo de atrito •  K 0: coeficiente de empuxo em repouso •  K a: coeficiente de empuxo ativo 

Page 231: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 231/258

Capítulo 8. Análise Estrutural e Interação Solo-estrutura em Pontes Integrais 208 

(CÍCLICO)

(ESTÁTICO)

zb >5, A = 0.88

As

Ac (CÍCLICO)

(ESTÁTICO)

zb >5, B = 0.55

Bs

Bc

B = 0.5c

s

00

A B1 2

1

2

3

4

5

1

2

3

4

5

00

1 2

zb

zb

(a) (b)

pm

m

pm

m

ym yupk

yk

kpyz

u

b60

3b80

z = 0

y

pz = z

z = z

z = z

z = z

4

3

2

1

:

Figura 8.27 – Coeficientes usados para o desenvolvimento de curvas p-y para areias: (a) coeficientes cs  A A e ;

(b) coeficientes Bs e Bc (REESE; IMPE, 2001)

Figura 8.28 – Configurações das curvas p-y para areias para carregamentos estáticos e cíclicos (REESE; IMPE,2001)

Page 232: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 232/258

Capítulo 8. Análise Estrutural e Interação Solo-estrutura em Pontes Integrais 209 

00

20 40 60 80 100

28 29 30 36 40 45

MUITOFOFA

FOFAMEDIANAMENTECOMPACTA

COMPACTA MUITOCOMP.

2

4

6

8

20 25 30 35 400 0

1 20

2 40

3 60

4 80

5 100

C1e

C2

C3

(b)

   k  x

   1   0   0   0   (   k   N   /  m   ³   )

(c)

AREIAABAIXODO N.A.

AREIAACIMADO N.A.

C1C3

C2

DENSIDADE RELATIVA (%)

Tabela 8.7 – Procedimento para construção de curvas p-y para areias segundo o API (2000), adaptado deJuirnarongrit e Ashford (2005)

Figura 8.29 – Coeficientes adimensionais C1,C2 e C3 e coeficiente de reação horizontal segundo o API (2000)(adaptado de VELLOSO e LOPES, 2010)

1.  Pressão última teórica do solo pst (ruturada cunha)

( ) BC  zC  z pst  21' += γ    

2.  Pressão última teórica do solo  psd

(rutura por escoamento lateral) B zC  psd  3

'γ  =  

3.  Pressão última teórica do solo ps  21 eentrevalor menor  ps  =  

4.  Coeficientes de ajuste paracarregamentos estáticos e cíclicos

estáticotocarregamen para B

 z As 9,08,00,3   ≥

 

  

 −=  

cíclicotocarregamen para Ac 9,0=  

5.  Desenvolver a curva  

  

 =  y

 p A

kz p A p

ult s tanh

 

onde:

•  cs  A A ,  : coeficientes de ajuste para curvas p-y estáticas e cíclicas

•  C 1 , C 2 , C 3: coeficientes adimensionais (Figura 8.29) •   B: diâmetro da estaca •  k : coeficiente de reação horizontal inicial (MN/m3)•   pst : pressão última teórica do solo (rutura da cunha)•   psd : pressão última teórica do solo (rutura por escoamento lateral)•   ps: pressão última teórica do solo adotada •   pult : pressão última do solo•   z: profundidade

•  γ’: peso específico do solo submerso

•  φ : ângulo de atrito 

Page 233: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 233/258

Capítulo 8. Análise Estrutural e Interação Solo-estrutura em Pontes Integrais 210 

8.3.3.5  Curvas p-y para solos com coesão e atrito

Os métodos para determinação de curvas  p-y  foram desenvolvidos para solos coesivos ou nãocoesivos. Isto porque, na maioria dos projetos de fundações, os solos são considerados coesivos ou nãocoesivos. Da mesma forma os ensaios com estacas carregadas lateralmente foram realizados com soloscoesivos ou não coesivos. No entanto podem ocorrer situações onde uma caracterização mais precisado solo seja necessária (REESE e VAN IMPE, 2001). Estes autores desenvolveram um método paracurvas p-y em solos com coesão e atrito com base em ensaios realizados para outros tipos de solos,cujo procedimento é apresentado na Tabela 8.8 e as suas curvas características na Figura 8.30.

Tabela 8.8 – Procedimento para construção de curvas p-y para solos com coesão e atrito segundo Reese e VanImpe (2001), adaptado de Juirnarongrit e Ashford (2005)

1.  Dados preliminares  

  

 −=+==

245,

245,

22   φ φ 

 β φ 

α  tgK a 

2.  Pressão última dosolo pult  

estático para p p A p ultcult sult    += φ  

dinâmico para p p A p ultcult cult    +=   φ  

3.  Componente deatrito  pult φ   (menordos dois valores)

( ) ( )( )   [ ] BK  zK  z z B

K  z p ault    −−+

+

−+

−=   α  β φ  β γ  α  β 

φ  β 

 β 

α φ  β 

 β φ γ  φ  tansin(tantantantan

tan

tan

costan

sintan0

0'  

( )   β φ γ   β γ  φ 4'

08' tantan1tan  z BK  z BK  p ault    +−=  

4.  Componente dacoesão  pultc (menorvalor)

cB z B

 J  z

c pultc

 

 

 

 ++=

'

3  γ     cB pultc 9=  

5.  Pressão do solo emB/60

cíclicotocarregamen para p Bouestáticotocarregamen para p B p scssm  =  

6.  Desenvolver otrecho reto inicial ϕ k k k  y zk  p c py py   +== ,  

7.  Desenvolver otrecho parabólico

1 / 

 / 1 / 1 ,,,,

 

  

 ===

−==

nn

k nm

m

m

m

mu

mun

kz

C  y

 y

 pC 

my

 pn

 y y

 p pm yC  p  

onde:

•  cs  A A ,  : coeficientes de ajuste para curvas p-y estáticas e cíclicas (Figura 8.26)

•   Bs , Bc : coeficientes adimensionais para curvas p-y estáticas e cíclicas (Figura 8.26)•   B: diâmetro da estaca •   pult : pressão última do solo•   pult φ : parcela do atrito na pressão última teórica do solo•   pultc: parcela da coesão na pressão última teórica do solo •   z: profundidade•  γ’: peso específico do solo submerso (peso específico efetivo)

•  φ : ângulo de atrito •  K 0: coeficiente de empuxo em repouso •  K a: coeficiente de empuxo ativo 

Page 234: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 234/258

Capítulo 8. Análise Estrutural e Interação Solo-estrutura em Pontes Integrais 211 

b60

3b80

y

p

pu

yk

kpy

upk

ym

yu

m

k

 

Figura 8.30 – Configurações das curvas p-y para solos com coesão e ângulo de atrito (REESE; IMPE, 2001)

Page 235: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 235/258

Capítulo 8. Análise Estrutural e Interação Solo-estrutura em Pontes Integrais 212 

8.3.4  Método racional para análise de estacas de encontros integrais

Este método desenvolvido por Abendroth e Greimann (1988) é muito utilizado pelos departamentos de

transportes dos Estados Unidos (com algumas variações) para o cálculo das estacas dos encontrosintegrais (PCI, 2001 e JUIRNARONGRIT e ASHFORD, 2005). O método também conhecido como“método do balanço equivalente” (equivalent cantilever method ), na realidade é uma adaptação dométodo desenvolvido por Davisson e Robinson (1965) para cálculo de estacas com carregamentolateral.

O procedimento consiste basicamente em modelar a estaca como uma haste engastada equivalente emfunção da rigidez horizontal do solo e da estaca. Este procedimento é de fácil aplicação e permiteincorporar as estacas à superestrutura para efeito de análise estrutural, sendo muito utilizado emprojetos de pontes e estruturas portuárias

O método desenvolvido por Abendroth e Greimann (1988) contempla duas alternativas para o projetode estacas visando atender os três critérios das especificações da AASHTO: capacidade da estacacomo elemento estrutural, capacidade da estaca de transmitir carga para o terreno e capacidade doterreno de suportar a carga. A Alternativa 1 é uma abordagem elástica convencional enquanto que aAlternativa 2 é uma abordagem não elástica que considera o princípio da redistribuição quando asestacas possuem ductilidade adequada.

O método considera que as cargas são aplicadas apenas na extremidade superior da estaca. O topo daestaca pode ser modelado como uma conexão engastada ou rotulada dependendo do tipo de encontroadotado, ou seja, engastada para encontro integral e rotulada para encontro semi-integral. A Figura8.31 mostra o modelo estrutural da haste engastada, com ambos os tipos de conexão no topo.

Para uma estaca longa embutida no solo o comprimento abaixo do qual os deslocamentos laterais sãorelativamente pequenos é calculado pela seguinte expressão:

4 / 1

4  

  

 ⋅=

hc L

 EI    (8.21)

onde:

 E = módulo de elasticidade da estaca; I = momento de inércia da seção da estaca;k h = coeficiente de reação horizontal do solo.

Para as situações onde o solo não é uniforme é necessário determinar um coeficiente de reaçãohorizontal equivalente k e que será utilizado na equação 8.21 no lugar de k h. (Figura 8.32). Paraestabelecer o valor de k e o valor do trabalho realizado pela resistência real do solo no deslocamentolateral deve ser igual ao trabalho realizado pela resistência lateral do solo equivalente para o mesmodeslocamento. Igualando as expressões do trabalho externo dos dois sistemas:

( )dxdx

 yk  y xk  eh ∫∫   = 22

22

  (8.22)

Como o comprimento do trecho que sofre deslocamento é função de k e, a resolução do problema passa

necessariamente por um processo iterativo, cujo procedimento simplificado é descrito por Abendroth eGreimann (1988).

Page 236: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 236/258

Capítulo 8. Análise Estrutural e Interação Solo-estrutura em Pontes Integrais 213 

∆g

ykekh

xxx

AREIA

BASE DO ENCONTRO

ARGILA

L1

L0

kh1 kh2 ke

(a) (b) (c)

REAL

ADOTADO

SOLO MÉDIOUNIFORME

L

Lc

Lu Lu

Le

Sistema Real

Balanço EquivalenteL

Lc

Lu Lu

Le

Sistema Real

Balanço Equivalente

(a) (b)

 

Figura 8.31 – Modelos estruturais para estacas de acordo com o “Método Racional”: (a) engastada no topo –encontro integral; (b) rotulada no topo – encontro semi-integral (ABENDROTH; GREIMANN, 1988).

Figura 8.32 – Coeficiente de reação horizontal equivalente para situações com solo não uniforme:(a) solo real; (b) solo equivalente; (c) configuração das deformadas da estaca – real e equivalente

(ABENDROTH; GREIMANN, 1988).

Page 237: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 237/258

Capítulo 8. Análise Estrutural e Interação Solo-estrutura em Pontes Integrais 214 

432100.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

LuLc

LeLc

MomentoFlambagemRigidez Horizontal

432100.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

LuLc

LeLc

FlambagemMomentoRigidez Horizontal

Os comprimentos das hastes equivalentes para momento fletor, flambagem e rigidez horizontal sãocalculados em função da relação entre c L  e u L  utilizando-se as curvas da Figura 8.33.

Figura 8.33 – Fatores para a determinação do comprimento de engastamento: (a) estaca engastada no topo; (b)estaca rotulada no topo (ABENDROTH; GREIMANN, 1988).

A Alternativa 1 tem o seu procedimento baseado em um comportamento elástico e não consideranenhuma resistência associada com a formação de rótulas plásticas e, portanto a redistribuição internade forças não contribui com a resistência última da estaca. Este método de dimensionamento é umprocedimento convencional elástico para a haste engastada que considera todas as tensões atuantes naestaca. O deslocamento lateral ∆ no topo da estaca causado pela expansão térmica da superestrutura daponte produz um momento na extremidade, M 1 dado por:

2)(1

1

e L

 EI  D M 

  ∆=   (8.23)

onde o coeficiente D1  tem o valor 6 ou 3 para estacas engastadas ou rotuladas no topo,respectivamente. Este momento afeta significativamente a capacidade estrutural da estaca.

A Alternativa 2 é utilizada apenas para estacas de aço e leva em conta a distribuição de esforçosassociada com formação de rótulas plásticas na estaca devido ao deslocamento da extremidadesuperior. Neste procedimento considera-se que as tensões induzidas pelo movimento horizontal dotopo da estaca não afetam de maneira significativa a resistência última da estaca contanto que asdeformações correspondentes possam ser acomodadas por uma adequada ductilidade da estaca. Deacordo com Abendroth e Greimann (1988) isto é justificado pela teoria plástica de primeira ordemenvolvendo pequenos deslocamentos. A carga de colapso plástico não é afetada por tensões residuais,tensões de origem térmica, imperfeições geométricas, ou, neste caso, deslocamento do apoio, desdeque sejam evitadas a flambagem local e a flambagem lateral.

Na Alternativa 2, a carga axial da estaca produz um momento fletor de segunda ordem em função dodeslocamento lateral do topo da estaca. Um valor conservador para este momento é dado por:

Page 238: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 238/258

Capítulo 8. Análise Estrutural e Interação Solo-estrutura em Pontes Integrais 215 

∆= P D M  22   (8.24)

onde o valor de D2 é igual a 0,5 ou 1,0 para estacas engastadas ou rotulados no topo, respectivamente.

Para utilização da Alternativa 2 é necessário que a estaca tenha a ductilidade necessária para aformação de rótulas plásticas. Para garantir a capacidade de rotação não elástica necessária para aestaca é preciso que se limite a relação entre a largura e a espessura da mesa do perfil. Segundo osautores, para garantir que a capacidade de momento-rotação na seja excedida deve ser verificada aseguinte condição:

 EI 

 L M C 

 EI 

 L M 

 L

 piw

 p

4

3

62   ≤+

∆θ    (8.25)

onde:

 M  p: momento plástico admissível do perfil das estaca;θ w: rotação no topo da estaca devido às cargas verticais aplicadas após a ligação com a superestrutura;∆: deslocamento horizontal do topo da estaca;C i: coeficiente de redução da capacidade de rotação não elástica.

O valor do coeficiente C i é dado pela seguinte expressão:

 f t 

 yF  f bC i 606

19−=   , sendo (8.26)

 y f 

 f iF t 

bseC  652,1   ≤=   e (8.27)

 y f 

 f i

F t 

bseC 

95

2,0   ≥=   (8.28)

onde:

b f : largura da mesa do perfil;t  f : espessura da mesa do perfil;F  y: tensão de escoamento do aço

Considerando um coeficiente de segurança igual a F  y /F b (F b  é tensão admissível do aço segundo aASD AISC Specification de 1980) o critério de ductilidade da equação 8.25 foi reescrito em termos dodeslocamento lateral do topo da estaca:

i∆≤∆   (8.29)

( )ibi C  D 25,23 +∆=∆   (8.30)

onde:

∆i: deslocamento lateral admissível no topo da estaca; D3: coeficiente de ductilidade: 0,6 para estacas engastadas no topo e 1,0 para rotuladas

∆b:deslocamento horizontal do topo da estaca correspondente à situação em que tensão na fibraextrema do perfil é igual à tensão admissível do aço (F b)

Page 239: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 239/258

Capítulo 8. Análise Estrutural e Interação Solo-estrutura em Pontes Integrais 216 

00.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

1 2 3

Lc

LuLc

y / = 0.05∆máx0.3 0.2 0.1

LLo

Ln

Lu

ymáx

Ln

O valor do deslocamento ∆b é dado pela expressão:

 EI  D

SLF b

b 1

2

=∆   (8.31)

onde S é módulo resistente da seção do perfil em relação ao plano de flexão.

Abendroth e Greimann (1989) também verificaram que o deslocamento horizontal da estaca indicadona Figura 8.34(a) pode afetar a sua capacidade de transferência de cargas axiais para o terreno porintermédio do atrito lateral. No entanto, este deslocamento não compromete a resistência à rotação deestacas flexíveis ( L  >  Lc) e a capacidade do terreno de suportar cargas. Fleming et al. (2009)recomendam que a transferência por atrito das cargas axiais seja considerada apenas no comprimentoda estaca situado abaixo do ponto onde o máximo horizontal ( ymax) atinja 2% do diâmetro (ou docírculo circunscrito) da estaca.

Segundo Abendroth e Greimann (1988) o comprimento onde o atrito lateral deve ser desprezado ( Ln) eo comprimento onde ele deve ser considerado totalmente efetivo ( L’ ) pode ser determinado através daFigura 8.34b, em função do deslocamento ∆ e da relação Lu /Lc. 

Figura 8.34 – (a) Comprimento Ln onde o atrito lateral para cargas axiais deve ser desprezado em função dodeslocamento lateral da estaca; (b) Curvas para estimativa do valor de Ln (ABENDROTH; GREIMANN, 1988).

Page 240: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 240/258

Capítulo 8. Análise Estrutural e Interação Solo-estrutura em Pontes Integrais 217 

8.4  Caracterização dos empuxos laterais de terra nos encontros

Nos encontros integrais com fundações diretas ou naqueles que possuem fundações em estacas comparedes de contenção os empuxos de terra precisam ser considerados de forma mais realista na análiseda estrutura. Os movimentos dos encontros integrais, especialmente aqueles devidos à expansão econtração térmica da estrutura, podem criar condições para que pressões ativas e passivas atuem sobreos encontros. A reação do solo é não-linear e varia com a profundidade. As pressões dependem darigidez do solo e da grandeza e tipo de deslocamento da estrutura, que pode ser de translação e/ourotação. Esta interdependência entre os movimentos da estrutura e as reações do solo implica em umproblema complexo de interação solo-estrutura, cuja análise depende do conhecimento docomportamento do solo (pressões desenvolvidas, atritos, etc.) e do modo de movimentação daestrutura. Na prática uma modelagem envolvendo tantas variáveis é difícil de ser realizada. Assimprocura-se modelar um empuxo passivo que represente de forma razoável as pressões que o aterroexerce sobre a estrutura quando esta se expande, levando-se em conta o aumento do adensamento do

solo devido aos movimentos cíclicos. 8.4.1  Empuxo passivo

O empuxo passivo é o máximo valor da pressão lateral de terra que pode ser mobilizado pelomovimento relativo da estrutura contra um maciço de solo. Ele representa a condição de rutura em quea resistência ao cisalhamento do solo é totalmente mobilizada em resistência às forças laterais. Amáxima pressão passiva mobilizada por um aterro seco e sem sobrecargas a uma determinadaprofundidade z é determinada pela expressão:

2 / 1)(2  p p pu k c zk  p   +=   γ     (8.32)

onde:

 p pu = pressão passiva máximak  p = coeficiente de empuxo passivoγ = peso específico do soloc = coesão do solo

Para solos não coesivos o segundo termo da equação é 8.32 é nulo e a pressão passiva máxima fica:

 zk  p p pu

  γ  =   (8.33)

O coeficiente de empuxo passivo depende do ângulo de atrito interno do solo (φ’), do ângulo de atritoentre o solo e a estrutura (δ  ), da inclinação do talude ( β  ) e da inclinação da parede. Segundo Caquot eKerisel (1949, apud O’BRIEN e KEOGH, 1999) e Canadian Geothecnical Society (2006), para umaterro com superfície horizontal e uma parede vertical, como é o caso dos encontros de pontes, ocoeficiente de empuxo horizontal pode ser obtido do gráfico da Figura 8.35.

A utilização direta das equações 8.32 e 8.33 para determinação dos empuxos passivos em encontrosintegrais frequentemente leva a valores de pressões laterais na estrutura maiores que os reais. Istoporque os movimentos laterais da estruturas usualmente são bem menores do que aqueles necessáriospara mobilizar integralmente o empuxo passivo. No caso das pontes integrais não é desejável

superestimar a grandeza dos empuxos porque isto induz a uma avaliação errada nos esforços daestrutura como um todo

Page 241: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 241/258

Capítulo 8. Análise Estrutural e Interação Solo-estrutura em Pontes Integrais 218 

a

1.00

0.67

0.50

0.33

0.00

10 15 20 25 30 35 40 45

1

1.5

2

3

4

5

6

810

15

20

30

ÂNGULO INTERNO DE ATRITO DO ATERRO, (GRAUS)

   C   O   E   F   I   C   I   E   N   T   E   D   E   E   M   P   U   X   O    P

   A   S   S   I   V   O ,

   k  p

ROTAÇÃO DA PAREDE / H

   C   O   E   F   I   C   I   E   N   T   E   D   E   P   R   E   S

   S    Ã   O    H

   O   R   I   Z   O   N   T   A   L ,

   K

 ,   K  p

  a

K Kp a

AREIA FOFA

PRINCETON TEST TERZAGHI

AREIA COMPACTA

AREIA FOFA

AREIA COMPACTA

0.06 0.04 0.02 0 0.002 0.004

0.2

0.3

0.5

0.4

0.6

0.81.0

2

3

4

6

6

8

10

 

Figura 8.35 – Coeficientes de empuxo passivo (componente horizontal) segundo Caquot e Kerisel (1949) emfunção de φ  e δ  / φ ’, adaptado de O’Brien e Keogh (1999)

A seguir são apresentados diagramas existentes na literatura que permitem estimar o coeficiente deempuxo passivo para solos não coesivos em função do deslocamento da parede da estrutura. Na Figura8.36, segundo o Naval Facilities Engineering Command, na Figura 8.37 segundo o NCHRP(BARKER et al,1991) e na Figura 8.38 e Tabela 8.9, segundo a Canadian Geothecnical Society(2006).

Figura 8.36 – Coeficientes de empuxo lateral de solos arenosos em função da rotação da estrutura segundo oNaval Facilities Engineering Command (1986)

Page 242: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 242/258

Capítulo 8. Análise Estrutural e Interação Solo-estrutura em Pontes Integrais 219 

-0.025 -0.015 -0.005 0.005 0.015 0.025 0.035 0.045

AREIA FOFA Ø = 30, Kp = 3.0

AREIA MÉDIANAMENTE COMPACTA Ø = 37, Kp = 4 .0

MUITO COMPACTA Ø=45, Kp = 5.8

0

2

4

6

MOVIMENTO PASSIVO

MOVIMENTO ATIVO

   C   O   E   F   I   C   I   E   N   T   E   D   E   P   R   E   S   S    Ã   O    D

   O    S

   O   L   O 

   K

DESLOCAMENTO / ALTURA - / H∆

H H

H

H

∆∆

ESTADO PASSIVOESTADO ATIVO

FOFA

COMPACTA

MUITO COMPACTA

COMPACTA

FOFA

Kp

H

Y Y

Ka

0.005 0.004 0.003 0.002 0.001 0.005 0.0050.0040.0030.0020.0010.1

0.2

0.3

0.40.5

0.6

0.8

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

8.0

10.0

ROTAÇÃO DA PAREDE

   R   E   L   A   Ç    Ã   O    E

   N   T

   R   E   A   S   P   R   E   S   S    Õ   E   S   H   O   R   I   Z   O   N   T   A   L   /   V   E   R   T   I   C   A   L ,   K

YH

}Ko

 

Figura 8.37 – Coeficientes de empuxo lateral de solos arenosos em função da rotação da estrutura segundo oNCHRP (BARKER et al,1991)

Figura 8.38 – Coeficientes de empuxo lateral de solos arenosos em função da rotação da estrutura segundo aCanadian Geothecnical Society (2006)

Page 243: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 243/258

Capítulo 8. Análise Estrutural e Interação Solo-estrutura em Pontes Integrais 220 

Tabela 8.9 – Magnitude da rotação da parede para alcançar pressões ativas e passivas (CANADIANGEOTHECNICAL SOCIETY, 2006)

TIPO DE SOLO / CONDIÇÃO

ROTAÇÃO Y/H

ATIVA PASSIVASEM COESÃO / COMPACTO 0,001 0,02

SEM COESÃO / FOFO 0,004 0,06COESIVO / RÍGIDO 0,010 0,02COESIVO / MOLE 0,020 0,04

8.4.2  Empuxos laterais de terra segundo códigos de projeto

As normas técnicas de alguns países também indicam metodologias para estimativa dos empuxospassivos para o projeto de pontes integrais. A seguir descrevemos os procedimentos recomendadospela especificação britânica BA-42/96 ( Design of Integral  Bridges) e pela norma sueca de pontes BRO2002.

8.4.2.1  BA 42/96 (Highways Agency - Reino Unido)

Para obras com encontros de pequena altura e cortinas de extremidade (Figuras 7.8d, 7.8e e 7.8f) comalturas de aterro de até 3,0 m, a BA 42/96 (HIGHWAYS AGENCY, 2003) indica que o coeficiente deempuxo passivo deve ser determinado pela seguinte expressão:

 pK  H 

K K 

4,0

0*025.0  

  

  +=   δ    (8.34)

onde:

K * = coeficiente de empuxo de lateralK 0 = coeficiente de empuxo em repousoδ  = deslocamento do topo do encontro

 H  = altura do encontroK  p = coeficiente de empuxo passivo, considerando o atrito solo-muro (δ’) igual a φ  /2

Para encontros em pórtico com alturas mais elevadas BA 42/96 recomenda o uso do diagrama dedistribuição de pressões indicado na Figura 8.39. O coeficiente de empuxo K* é calculado pelasseguintes expressões:

a)  paredes engastadas na base

 pK  H 

K K 

4,0

0*

05.0 

 

  

 +=  δ 

  (8.35)

onde K* não deve ser menor que o coeficiente de empuxo em repouso K 0 = 0,6.

Page 244: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 244/258

Capítulo 8. Análise Estrutural e Interação Solo-estrutura em Pontes Integrais 221 

K*

K

Pressão do solobaseada em K*

Pressão do solobaseada em K

Coeiciente de do soloDistribuição da pressão

   H

   H   /   2

pressão do solo (sem sobrecarga)

0

0

K*

K

   H

   2   H   /   3 Pressão do solo

baseada em K*

Pressão do solobaseada em K

do soloDistribuição da pressão(sem sobrecarga)

Coeiciente depressão do solo

0

0

b)  paredes rotuladas na base

 pK 

 H 

K K 

6,0

0*

03.0 

 

 

 

 +=  δ    (8.36)

Figura 8.39 - Distribuição das pressões do aterro para encontros de pórticos segundo a BA 42/96 (HIGHWAYSAGENCY, 2003)

Para encontros com paredes embutidas no terreno a BA 42/96 recomenda o uso do diagrama depressões indicado na Figura 8.40, sendo o valor de K* calculado pela equação 8.35.

Figura 8.40 - Distribuição das pressões do aterro para encontros com paredes engastadas no terreno segundo aBA 42/96 (HIGHWAYS AGENCY, 2003)

Com relação aos empuxos de terra em encontros integrais a BA 42/96 ainda faz as seguintesrecomendações:

Page 245: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 245/258

Capítulo 8. Análise Estrutural e Interação Solo-estrutura em Pontes Integrais 222 

δ

∆P

PAREDE

TABULEIRO

PRESSÃO DETERRA EM REPOUSO

•  a sobrecarga devida à carga móvel sobre o aterro deve ser ignorada quando se analisam osesforços devidos aos empuxos passivos originados da expansão da ponte;

•  os efeitos das cargas móveis de curta duração devem ser verificados concomitantemente com

os efeitos do empuxo em repouso com K 0 = 1-sen φ’;•  as pressões ativas atuantes durante a contração da estrutura são muito pequenas em relação às

pressões passivas e podem ser ignoradas.

8.4.2.2  BRO 2002 (Norma Sueca de Pontes)

Segundo a norma sueca de pontes -  BRO 2002 (VÄGVERKET, 2002, apud FLENER, 2004), oempuxo passivo nos encontros devido à expansão das pontes deve ser levado em conta no cálculo dosesforços da estrutura. De acordo com esta norma devem ser considerados dois casos em função do tipode obra.

Para as pontes em pórtico (Figura 8.41) deve considerada a pressão da terra em repouso acrescida deuma sobrepressão calculada de acordo com a expressão:

r a

s

 H C  p   β γ     ⋅⋅⋅=∆

2  (8.37)

onde:

 ∆ p = valor máximo da sobrepressão do solo, atuando na metade da altura (kN/m2);C  = 300 ou 600 dependendo da hipótese de carregamento a ser considerada; β r  = δ  / H a ;δ  = deslocamento do topo do encontro (m);γs = peso específico do solo (kN/m3);

 H a = altura do encontro (m).

Figura 8.41 - Distribuição das pressões de terra para projeto de encontros em pórtico segundo a BRO 2002(adaptado de FLENER, 2004)

Page 246: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 246/258

Capítulo 8. Análise Estrutural e Interação Solo-estrutura em Pontes Integrais 223 

CORTINA INTEGRADA

LAJE DE TRANSIÇÃOQUANDO NECESSÁRIA

Para pontes semi-integrais com cortinas de extremidade (Figura 8.42) o esforço horizontal total queage sobre a cortina é determinado pelas seguintes expressões:

0PP =   se 0=δ   

110200

P H 

C PPe

⋅⋅⋅+=   δ    se200

0 e H << δ    (8.38)

110 PC PP   ⋅+=   se200

e H >δ   

onde:

P = esforço horizontal total devido ao empuxo de terra;C 1 = 1,0 ou 0,5 dependendo da hipótese de carregamento a ser considerada;P0 = esforço horizontal devido ao empuxo de terra em repouso;δ  = deslocamento do topo do encontro;P p = esforço horizontal devido ao empuxo de terra passivo;P1 = P p - P0;

 H e = altura da cortina.

Figura 8.42 – Ponte semi-integral com cortina de extremidade segundo a norma sueca BRO 2002

8.4.2.3  AASHTO LRFD Bridge Design Specifications (EUA)

Apesar de ser considerada uma das normas de projeto de pontes mais completas, a  AASHTO LFRD Bridge Design Specifications (AASHTO, 2007) não aborda as pressões passivas de terra nos encontrosprovocadas pela expansão das pontes.

A grande maioria dos encontros integrais projetados nos Estados Unidos possui altura reduzida efundação em estacas. Consequentemente o empuxo passivo do aterro é relativamente pequeno eusualmente é desprezado para pontes de um vão ou pontes com dois ou três vãos pequenos (BURKE,2009). Para pontes de tamanhos intermediários costuma ser utilizado é considerado apenas um

empuxo passivo correspondente a 1/3 ou 2/3 do máximo. Segundo este autor a pressão máxima devidoao empuxo passivo neste tipo de encontro (Figura 8.43) pode ser calculada pela seguinte expressão:

Page 247: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 247/258

Capítulo 8. Análise Estrutural e Interação Solo-estrutura em Pontes Integrais 224 

 

 

 

 ++

 

 

 

 +=

245tan2

245tan

''2   φ φ 

γ   c H  p pu   (8.39)

φ ’ = ângulo de atrito interno do solo H  = profundidade abaixo da placa de transição

Esta expressão é idêntica à equação 8.32, uma vez que pela teoria de Rankine temos:

 pk = 

  

 +

245tan2   φ    (8.40)

Como nos EUA o material especificado para o aterro dos encontros costuma ser arenoso (ver item

7.2.4), o segundo termo da equação 8.39 é desconsiderado.

Figura 8.43 – Distribuição simplificada da pressão passiva para encontros curtos com fundação em estacas(BURKE, 2009)

L   δ

ppu

H

 

Page 248: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 248/258

Capítulo 9 Conclusões e Sugestões para Trabalhos Futuros 225 

9  CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

9.1  Conclusões

Em função do apresentado nos capítulos anteriores sobre o histórico e os diversos aspectos envolvendoo projeto e construção de pontes integrais, as principais conclusões deste trabalho são:

•  As pontes integrais, considerando-se a definição aqui adotada, foram inicialmente concebidasde forma semi-empírica pelos departamentos de transportes estaduais dos Estados Unidos como objetivo de reduzir o custo de manutenção das juntas. O desenvolvimento se deu de formarelativamente independente, com cada departamento adotando seus próprios critérios deprojeto e detalhes construtivos. Os resultados obtidos, de uma forma geral, foram satisfatóriose atualmente este conceito é adotado pela maioria dos estados desse país;

•  Atualmente observa-se que há uma tendência em diversos países de adotar este conceito deforma generalizada no projeto de pontes em função das vantagens que esta concepçãoapresenta: menor custo de manutenção, sistema estrutural com maior redundância, menorcusto de construção, maior conforto para o tráfego e melhor estética;

•  As limitações à utilização das pontes integrais ainda não estão bem estabelecidas eapresentam-se bem distintas entre os diversos órgãos rodoviários que as utilizam. Estaslimitações dependem basicamente dos seguintes fatores: comprimento da ponte, materialutilizado na superestrutura (concreto ou aço), geometria do tabuleiro (esconsidade ecurvatura), tipo de fundação e variação térmica no local da obra;

•  Os efeitos de variação de temperatura nas superestruturas devem ser considerados de forma

mais precisa do que nos projetos das pontes convencionais em função das maiores extensõescontínuas e do impedimento aos deslocamentos nos encontros. Esta precisão se aplica àestimativa das temperaturas de projeto e aos processos utilizados na análise estrutural;

•  Os efeitos diferidos devidos à retração e fluência do concreto também devem ser consideradosno projeto de pontes integrais em função das restrições às deformações da superestrutura. Onível de precisão a ser considerado no projeto dependerá das características de cada ponte(dimensões, método construtivo, cronograma de execução, etc.);

•  A continuidade estrutural entre os vãos nas pontes construídas com elementos pré-fabricados(pontes compostas com vigas de concreto ou vigas de aço) é essencial para a aplicação doconceito de ponte integral. Este procedimento já é adotado regularmente nas pontesconstruídas em países da Europa e nos Estados Unidos, mas praticamente não é utilizado noBrasil;

•  No caso de vigas protendidas, a conexão destas com os encontros e a continuidade entre osvãos deve ser realizada depois de decorrido um período de tempo mínimo após a protensão, oqual deve ser definido ainda na fase de projeto;

•  Para pontes com encontros sobre fundações diretas ou fundações profundas de rigidez elevadadevem ser utilizados encontros semi-integrais, uma vez que estas fundações não conseguemacomodar os deslocamentos horizontais;

•  A maioria dos órgãos rodoviários pesquisados no trabalho recomenda a utilização de placas detransição nos encontros integrais e semi-integrais. O comprimento recomendado pelos órgãospara as placas apresenta grande variação;

Page 249: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 249/258

Capítulo 9 Conclusões e Sugestões para Trabalhos Futuros 226 

•  A maior parte dos órgãos prefere o uso de alas paralelas ao eixo da estrada. A estrutura destetipo de ala apresenta maior rigidez na direção longitudinal, mas a menor área de contato solo-

estrutura implica em encontros mais flexíveis e capazes de acomodar os deslocamentos daspontes;

•  Os aterros junto aos encontros devem ser executados com material granular, com grau decompactação não muito levado, de forma a facilitar acomodação dos movimentos horizontaisda ponte e possibilitar melhor drenagem do terreno.

•  Os métodos utilizados para determinação dos esforços horizontais nas estacas dos encontrosintegrais são muito diversificados. Métodos simplificados como o “Método Racional” aindaestão entre os mais adotados nos Estados Unidos pela sua simplicidade e pelas dificuldadesem levar em conta o comportamento do solo. No entanto, existe uma tendência de se utilizarmétodos que representem o comportamento do solo de forma realista como, por exemplo, as

curvas p-y;

•  As pressões laterais dos aterros sobre as extremidades das obras devem ser avaliadas deacordo com os deslocamentos estimados para os encontros. O uso simplificado de diagramasde pressões passivas ou ativas, ou ainda a combinação destes, não representa satisfatoriamenteo efeito dos movimentos cíclicos dos encontros sobre os aterros. Algumas normas, como a BA42/96 do Reino Unido e a BRO 2002 da Suécia, propõem diagramas simplificados para tentarlevar em conta estes efeitos;

•  A interação solo-estrutura, tanto no caso de fundações em estacas como no caso de encontroscom fundações diretas, é o aspecto das pontes integrais que mais as diferencia das pontesconvencionais e também o menos estudado. Depende não apenas dos parâmetros do solo quenormalmente são obtidos nas amostragens geotécnicas, mas também de fatores como odeslocamento dos encontros, efeitos cíclicos, carregamentos verticais, drenagem do aterro,dimensões do encontro e outros.

•  Não identificamos pesquisas que tratem da relação entre a variabilidade esperada para ocomportamento do solo e os seus efeitos sobre as estruturas das pontes integrais. Os trabalhosconsultados consideraram apenas um modelo específico para o conjunto solo-fundação, semlevar em conta a incerteza que está associada a ele.

•  A norma brasileira para projeto de pontes de concreto (NBR 7187/2003) é muito simplificadaquando comparada às principais normas internacionais. Não aborda de maneira

suficientemente detalhada aspectos importantes como variação de temperatura, deformaçõesdiferidas e empuxos de terra. O país também não possui normas para pontes de aço e pontesmistas.

•  A utilização do conceito de ponte integral pelos diversos órgãos de rodoviários internacionaisdeveu-se a iniciativas dos próprios órgãos visando a construção de obras com menor custo deimplantação e manutenção, sem prejuízo da qualidade. No Brasil a grande maioria dos órgãosainda não possui especificações de projeto de pontes e aqueles que as possuem tratam oassunto de forma muito superficial e sem a indicação de tipologias a serem utilizadaspreferencialmente nos projetos. Os projetos freqüentemente são desenvolvidos considerandoapenas os aspectos de facilidade de projeto e construção, sem a participação do principalinteressado que é o órgão proprietário da ponte. Assim, faz-se necessária uma mudança na

forma de atuação dos órgãos com relação à contratação de projetos para que seja possível aaplicação do conceito de ponte integral de forma mais generalizada no país.

Page 250: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 250/258

Capítulo 9 Conclusões e Sugestões para Trabalhos Futuros 227 

9.2  Sugestões para trabalhos futuros

A seguir são apresentadas algumas sugestões com relação a trabalhos futuros que poderão serdesenvolvidos sobre os temas tratados neste trabalho:

•  Desenvolver estudos adicionais sob o comportamento das pontes integrais com relação aosefeitos de variação de temperatura, retração e fluência considerando a interação com o terreno,uma vez que os trabalhos já realizados em outros países abrangem casos específicos;

•  Os diferentes trabalhos a serem desenvolvidos podem abordar diversas tipologias de pontesintegrais: vigas protendidas compostas, vigas mistas, fundações em estacas, fundações diretas,etc.,

•  Desenvolver metodologias para consideração da variabilidade associada ao comportamento dosolo na análise estrutural das pontes integrais;

•  Verificar o comportamento das pontes integrais com a utilização de estacas de concretoarmado e protendido. A grande maioria dos trabalhos existentes refere-se a fundações emestacas de aço e muitos órgãos dos países aqui citados têm restrições ao uso de estacas deconcreto;

•  Estudar o comportamento da região da continuidade entre vigas pré-moldadas protendidas,principalmente para o caso de vigas com pós-tensão executadas no canteiro, que ainda ométodo construtivo mais adotado no Brasil;

•  Desenvolver estudos para elaboração de procedimentos para reabilitação de pontes existentescom a aplicação do conceito de ponte integral, eliminando-se as juntas e promovendo-se acontinuidade estrutural;

•  Estudar os efeitos de temperatura em pontes para as condições climáticas do Brasil de forma afornecer subsídios para uma revisão da NBR7187;

Page 251: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 251/258

Referências Bibliográficas 228 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AASHTO  - AMERICAN ASSOCIATION OF STATE HIGHWAY AND TRANSPORTATIONOFFICIALS. LRFD Bridge Design Specifications, Washington DC, 2005.

AASHTO - AMERICAN ASSOCIATION OF STATE HIGHWAY AND TRANSPORTATION OFFICIALS.  LRFD Bridge Design Specifications, Washington DC, 2007. 

ABENDROTH. R.E., GREIMANN, L.F.  Rational Design Approach for Integral Abutment Piles –Transportation Research Record 1233, Transportation Research Board, Washington D.C., 1988.

ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,  NBR 7187 - Projeto e  Execução

de Pontes em Concreto Armado e Protendido, Rio de Janeiro, 1987. 

ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,  NBR 7187 - Projeto e  Execuçãode Pontes em Concreto Armado e Protendido - Procedimento, Rio de Janeiro, 2003. 

ABNT  - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,  NBR 6118 - Projeto de  Estruturas de Concreto - Procedimento, Rio de Janeiro, 2004. 

ACI – AMERICAN CONCRETE INSTITUTE. Report Factors Affecting Shrinkage and Creep – ACI209.1R-05, Farmington Hills, 2005

ACI  – AMERICAN CONCRETE INSTITUTE. Prediction of Creep, Shrinkage and Temperature  Effects in Concrete Structures – ACI 209R-92 (Reapproved 2008), Farmington Hills, 2008

ACI – AMERICAN CONCRETE INSTITUTE. Guide for Modeling and Calculating Shrinkage andCreep in Hardened Concrete – ACI 209.2R-08 , Farmington Hills, 2008

ABENDROTH, R.E.; GREIMANN, L.F.; LA VIOLETTE, M.D.  An Integral Abutment Bridge with Precast Concrete Piles, Center for Transportation Research and Education - Iowa StateUniversity, Ames, 2007 

AKYAMA, H. Fundamentally Structural Characteristics of Integral Bridges, Doctoral Thesis,Kanazawa University, 2008.

ALBERTA TRANSPORTATION,  Bridges Structures Design Criteria, Appendix A: Integral Abutments, Edmonton, 2007. 

ALGA BRASIL  – Catálogo de Produtos: protensão, estaiamento, juntas de dilatação e apoios metálicos, São Paulo, [200?]. 

API – AMERICAN PETROLEUM INSTITUTE.  Recommended Practice for Planning, Designing and Constructing Fixed Offshore Platforms, Working Stress Design, RP 2A-WSD, 21th ed., 2000.

AROCKIASAMY, M.; SIVAKUMAR, M.  Design Implication of Creep and Shrinkage in Integral Abutment Bridges, In: American Concrete Institute SP-227: Shrinkage and Creep of Concrete, ACI,

Farmington Hill, 2005.

Page 252: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 252/258

Referências Bibliográficas 229 

ARSOY, S.; BARKER, R.M.; DUNCAN, J.M. The Behavior of Intregral Abutment   Bridges, Virginia Polytechnic Institute and State University, Blacksburg, 1999.

ARSOY, S.  Experimental and Analytical Investigations of Piles and Abutments of Integral  Bridges, Virginia Polytechnic Institute and State University (Doctoral Thesis), Blacksburg, 2000.

BARKER, R.M.; DUNCAN, J.M.; ROJIANI, K.B.; OOI, P.S.K.; TAN, C.K.; KIM, S.G. NCHRP Report 343 – Manuals for the Design of Bridge Foundations, Washington, 1991.

BAŽANT, Z; BAWEJA, S. Creep and Shrinkage Prediction Model for Analysis and Design of  Concrete Structures: Model B3, In: SP-194: The Adam Neville Symposium: Creep and Shrinkage-Structural Design Effects, ACI, Farmington Hills, 2000.

BIDDLE, A.R.; ILES, D.C.; YANDZIO, E.  Integral Steel Bridges: Design Guidance, SteelConstruction Institute, Berkshire, 1997.

BRAGA, W.A. Aparelhos de Apoio das Estruturas, Edgard Blücher, São Paulo, 1986. 

BURDETTE, E.G; GOODPASTURE, D.W., DEATHERAGE, J.H. A Half-Mile of Bridge Withouta Joint, Concrete International, Vol. 25, Nº 2, ACI, 2003. 

BURKE, M.P., Jr.  NCHRP Synthesis of Highway Practice 141: Bridge Deck Joints, TransportationResearch Board, Washington, D.C., 1989. 

BURKE, M.P., Jr. Integral and Semi-integral Bridges, Wiley Blackwell, Oxford, 2009.

CANADIAN GEOTHECNICAL SOCIETY, Canadian Foundation Engineering Manual, 4th  ed.,

Ontario, 2006.

CASTRODALE, R.W; WHITE, C.D.  NCHRP Report 517 Extending Span Ranges of Precast  Prestressed Concrete Girders, Transportation Research Board, Washington, 2004.

CEN - COMITE EUROPEEN DE NORMALISATION. Eurocode 1: Actions on Structures – Part  1-5: General Actions – Thermal Actions, Brussels, 2003.

CEN - COMITE EUROPEEN DE NORMALISATION. Eurocode 2: Design of Concrete Structures –Part  1-1: General Rules and Rules for Buildings, Brussels, 2004.

COLLINGS, D. Steel Concrete Composite Bridges, Thomas Telford, London, 2005 

CONKEL, D.  MnDOT LFRD Integral & Semi-Integral Abutments, In: LFRD Bridge Design Workshop, 2007.

CONNAL, J.  Integral Abutment Bridges – Australian and US Practice, In: Seminar on Design &Construction of Integral Bridges, Kuala Lumpur, 2003.

COOKE, R.S. The Concept and Construction of Integral Bridges, In: Seminar on  Design & Construction of Integral Bridges, Kuala Lumpur, 2003.

DIRECCIÓN GENERAL DE CARRETERAS. Guía para la Concepción de Puentes Integrales en

Carreteras, Ministerio de Fomento, Madrid, 2000.DIRECTION DES ROUTES.  Dalles de Transition des Ponts Routes – Technique et Réalisation,Ministere de L’Urbanisme, du Logement e des Transports, Paris, 1984.

Page 253: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 253/258

Referências Bibliográficas 230 

DNER - DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM.  Manual de Projeto de Obras de Arte Especiais, Rio de Janeiro, 1996. 

DNIT  - DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES.  Manualde Inspeção de Pontes Rodoviárias, 2ª ed., Rio de Janeiro, 2004. 

DREIR, D. – Interaction sol-structure dans le domaine des ponts integraux, Thèse de Doctorat, ÉcolePolytechnique Fédérale de Lausanne, Lausanne, 2010.

ECSC - EUROPEAN COAL AND STEEL COMMUNITY. Composite Bridge Design for Small and Medium Spans - Design Guide, 2002.

FLEMING, K.; WELTMAN, A.; RANDOLPH, M.; ELSON, K. Piling Engineering, 3rd ed., Taylorand Francis, London and New York, 2009.

FLENER, E.B. Soil-Structure Interaction for Integral Bridges and Culverts, Royal Institute ofTechnology, Stockholm, 2004.

FHWA - FEDERAL HIGHWAY ADMINISTRATION. Connection Details for Prefabricated   Bridge Elements and Systems, Washington, 2009.

FIP  - FEDERATION INTERNATIONALE DE LA PRECONTRAINTE.  Handbook on Practical  Design – Examples of the Design of Concrete Structures, Thomas Telford, London, 1990.

FLORIDA BRIDGE SOFTWARE INSTITUTE, FB-Multipier Manual, University of Florida,Gainesville, 2000.

GANGARAO, H.; THIPPESWAMY, H.; DICKSON,B.; FRANCO, J. Survey and Design of Integral Abutment Bridges, In: Workshop on Integral Abutment Bridges, FWHA, Pittsburgh, 1996.

GARDNER, N.J.; LOCKMAN, M.J.  Design Provisions for Drying Shrinkage and Creep of Normal-Strength Concrete, ACI Materials Journal, V.98 Nº 2, Farmington Hills, 2001. 

GHALI, A.; FAVRE, R.; ELBRADY, M. Concrete Structures – Stress and Deformations, 3rd edition, London, 2002.

GILBERT, R.I., Time Effects in Concrete Structures, Elsevier, Amsterdam, 1988.

GILBERT, R.I.; RANZI, G. Time Dependent Behaviour of concrete Structures, Spon Press, NewYork, 2011.

GRIBNIAK, V.; KAKLAUSKAS, G.; BACINSKAS, D. Shrinkage in Reinforced ConcreteStructures: A Computational Aspect , Journal of Civil Engineering and Management, Vilnius, 2008.

HÄLLMARK, R. Low-cycle Fatigue of Steel Piles in Integral Abutment Bridges, MSc Thesis, LuleåUniversity of Technology, Luleǻ, 2006. 

HAMBLY, E.C. Bridge Deck Behaviour , 2ª ed., Span Press, New York, 1991.

HANSWILLE, G.; SEDLACEK, G. Steel and Composite Bridges in Germany – State of Art ; University of Wuppertal / RWTD Aachen University, 2007

Page 254: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 254/258

Referências Bibliográficas 231 

HASTAK, M.; MIRMIRAN, A.; MILLER, R.A.; CASTRODALE, R.; SHAH, R. State of  Practice for Moment Connections in Prestressed Concrete Girders Made Continuous, Journal ofBridge Engineering, Vol. 8, Nº 5, ASCE, Reston, 2003.

HECHLER, O.; CAJOT, L.G.; MARTIN, P.O.; BUREAU, A .  Efficient and Economic Design ofComposite Bridges with Small and Medium Spans, In: 7 th International Conference on Steel Bridges, Guimarães, 2008.

HECHLER, O.; SOMMAVILLA, M.  Design of Composite Bridges According to the Eurocodes,Arcellor Mittal, 2009. 

HIGHWAYS AGENCY. BA 42/96 – The Design of Integral Bridges, Design Manual for Roads and Bridges – Volume 1 Highway Structures: Approval Procedures and General Design, London, 1996.

HIGHWAYS AGENCY.  BA 42/96 - Amendment No. 1 – The Design of Integral Bridges, Design

 Manual for Roads and Bridges – Volume 1 Highway Structures: Approval Procedures and General Design, London, 2003. 

HIGHWAYS AGENCY. BA 57/01 – Design for Durability, Design Manual for Roads and Bridges –Volume 1, Highway Structures: Approval Procedures and General Design, Part 3, Section 8 , London,2001.

HIGHWAYS AGENCY. BD 57/01 – Design for Durability, Design Manual for Roads and Bridges –Volume 1, Highway Structures: Approval Procedures and General Design, Part 3, Section 7 , London,2001.

HORVATH, J.S.   Integral Abutment Bridges: Problems and Innovative Solutions Using EPS

Geofoam and Other Geosynthetics, Manhattan College, New York, 2000.

HORVATH, J.S  Integral Abutment Bridges: Problems and Solutions Using Geosythetics and Ground Improvement In: The 2005 FHWA Conference – Integral Abutment and Jointless Bridges, Baltimore,2005.

HUANG, J.  Behavior of Concrete integral Bridges, PhD Thesis, University of Minnesota,Minneapolis, 2004.

HUSAIN, I.; BAGNARIOL, D. Performance of Integral Bridges, Ministry of Transportation ofOntario, Toronto, 2000.

ILES, D.C., Design Guide for Composite Highway Bridges, Spon-SCI, London, 2001.

ILES, D.C.  Integral Bridges in the UK, In: International Workshop on the Bridges with Integral Abutments, Luleǻ, 2006.

ILES, D.C. Composite Highway Bridge Design, SCI, Berkshire, 2010.

IMBSEN, R.A., VANDERSHAF, D.E., SCHAMBER, R.A., NUTT, R.V.,  Thermal Effects inConcrete Bridge Superstructures, Transportation Research Board, Washington, DC, 1985.

JUIRNARONGRIT, T; ASHFORD, S.A.  Effect of Pile Diameter on the Modulus of Sub-Grade

 Reaction – Report 2001/22, University of California, San Diego, 2005 

Page 255: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 255/258

Referências Bibliográficas 232 

KUMAR, A.  Locally Separated Deck Slab Continuity in Composite Bridges, In: Continuous and Integral Bridges, Proceedings of the Henderson Colloquium ‘Towards Joint-Free Bridges’, BritishIABSE Group, Cambridge 1993, E&FN SPON, London, 1994.

LENKE, L.R.  Settlement Issues – Bridge Approach Slabs (Final Report Phase I), New MexicoDOT/University of New Mexico/FHWA, Albuquerque, 2006.

LEE, D.J . Bridge Bearings and Expansion Joints, 2ª ed., E & FN Spon, Oxford, 1994.

LEONHARDT, F. Construções de Concreto  – Casos Especiais de Dimensionamento de Estruturasde Concreto Armado - Volume 2, Interciência, Rio de Janeiro, 1978.

LEONHARDT, F.  Construções de Concreto – Princípios Básicos da Construção de Pontes deConcreto - Volume 6 , Interciência, Rio de Janeiro, 1979.

LIMA, J.M.; BRITO, J. Classification of Expansion Joints in Portuguese Road Bridges, RevistaTeoria e Prática na Engenharia Civil, Dunas, Porto Alegre, 2009.

LIZ, J.T. Puentes Integrales, Fhecor Ingenieros Consultores, Madrid, [200?]. 

McDONALD, N.; MERRIT, D.K. Precast Prestressed Concrete Bridge Approach Slabs, In:  AASHTO Subcommittee on Bridges and Structures, FHWA / Iowa DOT, Wilmington, 2007. 

McSHANE, G. Steel Sheet Pilling Used in Combined Role of Bearing Piles and Earth Retaining  Members, In: Proceedings of the 4th  International Conference on Piling and Deep Foundations,Stresa, 1991.

MEHTA, P.K.; MONTEIRO, P.J.M. Concrete - Microstructure, Properties and Materials, 3rd ed.,McGraw-Hill, New York, 2006.

MENN, C. Prestressed Concrete Bridges, Birkhäuser Verlag AG, Berlin, 1990.

MILLER, R.A.; CASTRODALE, R.; MIRMIRAN, A.; HASTAK, M.  NCHRP Report 519Connection of Simple-Span Precast Concrete Girders for Continuity, Transportation Research Board,Washington, 2004.

Mn DOT - MINNESOTA DEPARTMENT OF TRANSPORTATION. LFRD Bridge Design  Manual,Oakdale, 2010.

MISTRY, V.C. Integral Abutment and Jointless Bridges, In: The 2005 FHWA Conference – Integral Abutment and Jointless Bridges, Baltimore, 2005. 

MONDORF, P.E. Concrete Bridges, Taylor and Francis, New York, 2006 

MONTEAGUDO, J.A.P. Estudio de la Problemática Estructural de las Losas de Transición, TesisDoctoral, Universidad Politécnica de Madrid, 2005.

MURARI, R.F.; PETRO S.H.  Integral Abutment and Jointless Bridges (IAJB) – 2004 Survey Sumary, In: The 2005 FHWA Conference – Integral Abutment and Jointless Bridges, Baltimore, 2005. 

NAVAL FACILITIES ENGINEERING COMMAND,  Design Manual 7.02 – Foundations and Earth Structures, United States Department of Navy, Alexandria, 1986. 

NEVILLE, A.M. Propriedades do Concreto, 2ª ed., Pini, São Paulo, 1997.

Page 256: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 256/258

Referências Bibliográficas 233 

NEWHOUSE, C.D.  Design and Behavior of Precast, Prestressed Girders Made Continuous – An Analytical and Experimental Study, Virginia Polytechnic Institute and State University (Doctoral

Thesis), Blacksburg, 2005. NEW YORK DOT  - NEW YORK DEPARTMENT OF TRANSPORTATION-. Bridge Manual, 4th ed., Albany, 2006.

NEW ZELAND TRANSPORT, Bridge Design Manual, Auckland, 2004.NICHOLSON, B.A.   Integral Abutment for Prestressed Beam Bridges, Prestressed ConcreteAssociation, Leicester, 1998 

O’BRIEN, E.J.; KEOGH, D.L.  Bridge Deck Analysis, E&F Spon, London and New York, 1999.

OESTERLE, R.G.; GLIKIN, J.D.; LARSON, S.C.   NCHRP Report 322 Design of Precast

Prestressed Bridge Girders Made Continuous, Transportation Research Board, Washington, 1989 

OLSON, S.M. et al. Modification of IDOT Integral Abutment Design Limitations and Details, IllinoisCenter of Transportation, Springfield, 2009.

PARASCHOS, A.; AMDE, A.M., A Survey on the Status of the Use, Problems and Costs Associated  with Integral Abutment Bridges, University of Maryland, 2011.

PCI  - PRECAST/PRESTRESSED CONCRETE INSTITUTE. Precast/Prestressed Integral Bridges, Chicago, 2001.

PFEIL, W. Pontes em Concreto Armado, LTC, Rio de Janeiro, 1979.

PINHO, F.O.; BELLEI, I.H. Pontes e Viadutos em Vigas Mistas, IBS/CBCA, Rio de Janeiro 2007.

POULOS, H.G, DAVIS, E.H. Pile Foundation Analysis and Design, Wiley, New York, 1980.

PRAKASH, S.; SHARMA, H.D. Pile Foundations in Engineering Practice, Wiley, New York, 1990.

PRIESTLEY, M.N.J. The Thermal Response of Concrete Bridges, In: Concrete Bridge Engineering – Performance and Advances, Elsevier, Essex, 1987.

PRITCHARD, B. Bridge Design for Economy and Durability – Concepts for New, Strengthened and Replacement Bridges, Thomas Telford Ltd., London, 1992

PROFIP INDUSTRIAL LTDA. Catálogo: Aparelhos de Apoio Mecânicos, São Paulo, [200?]. 

PUPPALA, A.J.; SORIDE, S.; ARCHEEVA, E.; HOYA, L.R.; NAZARIAN, S. Recommendations for Design, Construction and Maintenance of Bridge Approach Slab: Synthesis Report 0-6022-1, University of Texas / FHWA, Arlington, 2009.

RALLS, M.L.  Successes in Bridge Construction, In: TRB 2005 Annual Meeting,  TransportationResearch Board, Washington, 2005.

REESE, L.Y.; VAN IMPE, W.F. Single Piles and Pile Groups under Lateral Loading, Taylor and

Francis/Balkema, Leiden, 2001.

Page 257: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 257/258

Referências Bibliográficas 234 

ROEDER, C.W.  Thermal Movement Design Procedures for Steel and Concrete Brides, NationalCooperative Highway Research Program NCHRP 20-07/106,  University of Washington, Seattle,2002.

RÜSCH, H.; JUNGWIRTH, D.; HILSDORF, H.K.  Creep and Shrinkage – Their Effect on the Behavior of Concrete Structures, Springer-Verlag, New York, 1983.

SANTOS, J.A.  Fundações por Estacas – Acções Horizontais, Instituto Superior Técnico, Lisboa,2008.

SAUNDERS, C.  Spliced Girders –  A Producer’s Perspective, In: Virginia Concrete Conference,Richmond, 2005.

SIVAKUMAR, M. Creep and Shrinkage Effects on Integral Abutment Bridges, PhD Thesis, FloridaAtlantic University, Boca Raton, 2004.

SOUBRY, M.A.  Bridge Detailing Guide, CIRIA, London, 2001.

SUNDQUIST, H., RACUTANU, G. Swedish Experiences of Integral Bridges, In: IABSE Symposium – Structures for the Future – The Search for Quality, Rio de Janeiro, 1999.

THANASATTAYAWIBUL, N. Curved Integral Abutment Bridges, PhD Thesis, University ofMaryland, 2006.

TILLY, G.P. Historical Review of the Development of Continuity and Expansion Joints Bridges, In:Continuous and Integral Bridges, Proceedings of the Henderson Colloquium ‘Towards Joint-Free

 Bridges’, British IABSE Group, Cambridge 1993, E&FN SPON, London, 1994.

TLUSTOCHOWICZ, G.  Optimized Design of Integral Abutments for a Three Span Composite Bridge, MSc Thesis, Luleå University of Tecnology, Luleǻ, 2005.

TROXELL, G.E.; DAVIS, H.E.; KELLY, J.W. Composition and Properties of Concrete, McGraw-Hill, New York, 1968.

VELLOSO, D.A.; LOPES, F.R. Fundações - Volume 2; Oficina de Textos, São Paulo, 2010.

WANG, S.T.; REESE, L.C.  COM624P Laterally Pile Analysis Program for the Microcomputer,Version 2.0, FHWA, Washington, 1993.

WANG, S.T.; ISENHOWER, W.M. User’s Manual for LPILE, Version 6 , Ensoft, Austin, 2010.

WASSERMAN, E.P Simplified Continuity Details for Short and Medium Composite Steel Girders Bridges, In: Transportation Research Record CD 11-S , Transportation Research Board, Washington,2005 

WASSERMAN, E.P. Integral Abutment Bridges (Practices in United States), In: 1st  US- Italy Seismic Bridge Workshop, Pavia, 2007.

WASSEF, W. G.; SMITH, C., CLANCY, C.M.; SMITH, M.J. Comprehensive Design Example forPrestressed Concrete Girder Superstructure Bridge with Commentary, Modjeski and Masters

Consulting Engineers / FHWA, Arlington, 2003.WAY, J.A.; YANDZIO, E.  Integral Steel Bridges: Design of a Single-Span Bridge, SCI, Berkshire,1997.

Page 258: Pontes Integrais

8/17/2019 Pontes Integrais

http://slidepdf.com/reader/full/pontes-integrais 258/258

Referências Bibliográficas 235 

WHITE, D.; SRITHARAN, S.; SULEIMAN, M.; MEKKAWY, M.; CHETLUR, S. Identificationof the Best Practices for Design, Construction, and Repair of Bridge Approaches, Iowa DOT/Iowa

State University, Ames, 2005.WHITE H Integral Abutment Bridges: Comparison of Current Practice Between European