PB_COECI_2014_2_01
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UNIVERSIDADE TECNOLGICA FEDERAL DO PARAN
DEPARTAMENTO ACADMICO DE CONSTRUO CIVIL
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
ANDRIA FARENZENA
RBIA MARA BOSSE
PROPOSTA DE SOLUES EM ESTRUTURA PR-FABRICADA
COMO ALTERNATIVA PARA O PROJETO DE UMA ESCOLA EM
CONCRETO ARMADO CONVENCIONAL (MOLDADO IN LOCO)
TRABALHO DE CONCLUSO DE CURSO
PATO BRANCO
2014
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ANDRIA FARENZENA
RBIA MARA BOSSE
PROPOSTA DE SOLUES EM ESTRUTURA PR-FABRICADA
COMO ALTERNATIVA PARA O PROJETO DE UMA ESCOLA EM
CONCRETO ARMADO CONVENCIONAL (MOLDADO IN LOCO)
Trabalho de Concluso de Curso de
Graduao apresentado como requisito
parcial obteno do ttulo de Bacharel em
Engenharia Civil, da Universidade
Tecnolgica Federal do Paran, Cmpus
Pato Branco.
Orientador: Prof. Dr. Gustavo Lacerda Dias.
Co-orientador: Prof. Me. Cleovir Jos Milani
PATO BRANCO
2014
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MINISTRIO DA EDUCAO UNIVERSIDADE TECNOLGICA FEDERAL DO PARAN DEPARTAMENTO DE CONSTRUO CIVIL COORDENAO DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
TERMO DE APROVAO
PROPOSTA DE SOLUES EM ESTRUTURA PR-
FABRICADA COMO ALTERNATIVA PARA O PROJETO DE UMA ESCOLA EM CONCRETO ARMADO CONVENCIONAL
(MOLDADO IN LOCO)
ANDRIA FARENZENA
e
RBIA MARA BOSSE
Ao 1 dias do ms de dezembro do ano de 2014, s 08h30min, na Sala de
Treinamento da Universidade Tecnolgica Federal do Paran, este trabalho de
concluso de curso foi julgado e, aps arguio pelos membros da Comisso
Examinadora abaixo identificados, foi aprovado como requisito parcial para a
obteno do grau de Bacharel em Engenharia Civil da Universidade Tecnolgica
Federal do Paran, Campus Pato Branco UTFPR-PB, conforme Ata de Defesa
Pblica n 34-TCC/2014.
Orientador: Prof. Dr. GUSTAVO LACERDA DIAS (DACOC / UTFPR-PB)
Co-orientador: Prof. Msc. CLEOVIR JOS MOLANI (DACOC / UTFPR-PB)
Membro 1 da Banca: Prof Dr. HELOIZA PIASSA BENETTI (DACOC / UTFPR-PB)
Membro 2 da Banca: Prof Dr. ROGRIO CARRAZEDO (DACOC / UTFPR-PB)
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AGRADECIMENTOS
Com grande gratido, em primeiro lugar agrademos a Deus por tornar
possvel atingir esse objetivo e ser fonte de amparo.
Agrademos aos nossos pais por todo o apoio e por nos dar foras nos
momentos mais difceis durante essa jornada.
Aos nossos amigos, pela ajuda e compreenso, por todos os aprendizados
compartilhados e momentos vividos, com certeza foram essenciais para que
chegssemos at aqui.
Ao nosso professor orientador, Prof. Dr. Gustavo Lacerda Dias, por acreditar
na nossa capacidade e pelo auxilio. Ao professor co-orientador, Prof. Msc. Cleovir
Jos Milani, pelas importantes dicas e pelas palavras de conforto nos diversos
momentos de insegurana. Agradecemos tambm aos professores da banca
examinadora, Prof. Dr. Rogrio Carrazedo e Heloiza Piassa Benetti, pelas
contribuies ao trabalho.
Ao Eng. Julio Cesar Barzotto, por disponibilizar o software CAD/ TQS, o qual
foi de grande auxilio na realizao deste trabalho. Ao Eng. Otvio Rech, pelo apoio e
emprstimo do software AltoQi/Qicad.
O nosso sincero agradecimento a todos os envolvidos, que de alguma forma
contriburam para este trabalho.
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A menos que modifiquemos a nossa maneira
de pensar, no seremos capazes de resolver
os problemas causados pela forma como nos
acostumamos a ver o mundo.
Albert Einstein
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RESUMO
BOSSE, Rbia M. FARENZENA, Andria. Proposta de solues em estrutura pr-fabricada como alternativa para o projeto de uma escola em concreto armado convencional (moldado in loco). 2014. 100f. Trabalho de Concluso de Curso Engenharia Civil, Universidade Tecnolgica Federal do Paran. Pato Branco, 2014.
Este trabalho apresenta propostas de solues em concreto armado pr-fabricado como alternativas para o projeto estrutural do bloco padro da escola Espao Educativo Urbano II, a qual uma obra pblica, reproduzida em vrias cidades, executada em concreto armado convencional. Para isso, foram concebidas duas solues de arranjo estrutural, uma utilizando lajes pr-fabricadas unidirecionais e outra empregando lajes alveolares protendidas. Desta forma, foi elaborado o projeto estrutural com dimensionamento e detalhamento dos elementos vigas, pilares, consolos e clices de ambas as propostas. A partir dos projetos desenvolvidos, foi feita uma anlise comparativa quanto s caractersticas dos projetos. Observou-se que para a edificao objeto de estudo, foi possvel reduzir o nmero de elementos componentes da estrutura com ambas as solues em pr-fabricados. Levantados os quantitativos de materiais (ao e concreto) das trs configuraes estudadas, foi verificado que, no geral, as estruturas pr-fabricadas consumiram maior quantidade de concreto e ao. O sistema em pr-fabricado mostra-se propenso ao desenvolvimento da racionalizao na construo civil, pois reduz a gerao de resduos e desperdcios, alm de possibilitar padronizao da qualidade, o que justifica sua aplicao tambm em obras pblicas.
Palavras-Chaves: Estruturas pr-moldadas. Concreto armado. Obras Pblicas.
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ABSTRACT
BOSSE, Rbia M. FARENZENA, Andria. Proposed solutions in precast structure as an alternative to the design of a school built in sitecast concrete framing. 2014. 100f. Final Paper Civil Engineering, Federal Technological University of Paran. Pato Branco, 2014.
The purpose of this research is to show the precast concrete framing as an alternative for the structural design of a standardized school project, which is a public building to be constructed in more than one city, actually using sitecast concrete framing. Therefore, two kinds of precast framing systems were selected as probable solutions: unidirectional precast slabs and hollow core prestressed concrete slabs. Thus, the structural design for both proposals was elaborated, consisting of beams, columns, corbels and sockets details. Based in the structural designs that were previously developed, a comparative analysis between the characteristics of the systems was performed. As a result, it was possible to reduce the number of structural elements in both kinds of precast framing systems. Also, the consumption of concrete and steel were estimated, and was verified that, in general, precast concrete structures consume greater amounts of concrete and steel. In short, precast concrete systems offered a great potential in waste reduction and also a better quality control, which justify their use for public buildings construction.
Keywords: Precast Structures. Reinforced concrete. Public Buildings.
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LISTA DE ILUSTRAES
Figura 1 - Laje Treliada ........................................................................................... 19 Figura 2 - Lajes alveolares ........................................................................................ 20 Figura 3 - Domnios de dimensionamento. ................................................................ 22 Figura 4 - Arranjos de armadura de consolo. ............................................................ 27 Figura 5- Pilares Pr-fabricados. ............................................................................... 32 Figura 6 - Determinao de a, ancoragem por lao e por solda. ............................ 39 Figura 7 Consolo .................................................................................................... 41 Figura 8 - Transferncia de esforos em clices de paredes lisas. ........................... 45 Figura 9 - Transmisso de esforos paredes lisas e rugosas ................................... 45 Figura 10 Folga ...................................................................................................... 49 Figura 11 Implantao. ............................................................................................ 53 Figura 12- Esquema da estrutura do bloco pedaggico ............................................ 54 Figura 13 - Parte da Estrutura em Concreto Moldado in loco Pavimento Trreo ... 55 Figura 14 - Parte da Estrutura em Concreto Moldado in loco Pavimento Cobertura .................................................................................................................................. 56 Figura 15 - Aparelho de apoio do consolo ................................................................. 62 Figura 16 - Soluo 1 Pavimento cobertura. .......................................................... 64 Figura 17 - Modelo 3D estrutura com laje de vigotas treliadas ................................ 64 Figura 18 Soluo 1 pavimento trreo ................................................................ 65 Figura 19 - Soluo com Lajes Alveolares ................................................................ 66 Figura 20 - Lajes alveolares em balano ................................................................... 66 Figura 21 - Modelo 3D estrutura com laje alveolar. ................................................... 67 Figura 22 - Montagem de Pilar e Viga ....................................................................... 70 Figura 23 Cobertura em Madeira ........................................................................... 85 Figura 24 - Dimenses da Edificao ........................................................................ 88 Figura 25 - Coeficiente de arrasto em vento de alta turbulncia ............................... 90 Figura 26 - Definio de Carga Vento ....................................................................... 91 Figura 27 - Catlogo Cassol .................................................................................... 100 Figura 28 - Detalhe Apoio Laje Alveolar .................................................................. 101 Figura 29 - Graficos de Esforos solicitantes na viga de exemplo .......................... 102 Figura 30 - Comprimento das armaduras no dente Gerber ..................................... 108 Figura 31 - Sees da viga L................................................................................... 109 Figura 32 - Detalhe de extremidade da viga ........................................................... 110 Figura 33 - Entrada de Dados ................................................................................. 114 Figura 34 Resultado no baco no aplicativo. .................................................... 114 Figura 35 - Dados de entrada no aplicativo ............................................................. 117 Figura 36 - Determinao do no baco no aplicativo........................................... 118 Figura 37 - Posio das armaduras no clice ......................................................... 123
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LISTA DE GRFICOS
Grfico 1 - Comparativo volumes de concreto em m ............................................... 74 Grfico 2 - Comparativo quantitativos de ao............................................................ 75 Grfico 3 - Comparativo da taxa de ao em Kg/m ................................................... 76 Grfico 4 - Comparativo da taxa de concreto/rea da edificao em m/m. ............ 77
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Taxa de armadura mnima para vigas. ..................................................... 26 Tabela 2 - Comprimento de Flambagem ................................................................... 34 Tabela 3 - Tenses e pontos de aplicao de Hd no clice ...................................... 46 Tabela 4 - Tolerncias ............................................................................................... 50 Tabela 5 - Quantitativo de ao vigas baldrames ....................................................... 57 Tabela 6 - Quantitativo de ao das vigas da cobertura ............................................. 57 Tabela 7 - Quantitativo do ao pilares ....................................................................... 57 Tabela 8 Volume de concreto ................................................................................. 58 Tabela 9 - Descrio das solues ........................................................................... 59 Tabela 10 - Quantitativo de elementos ...................................................................... 71 Tabela 11 - Quantitativo de ao das vigas baldrames da soluo 1 Estrutura Pr-fabricada com lajes Unidirecionais ............................................................................ 72 Tabela 12 - Quantitativo de ao das vigas da cobertura da soluo 1 ...................... 72 Tabela 13 Quantitativo de ao dos pilares da soluo 1 ........................................ 72 Tabela 14 Volume de concreto da soluo 1 ......................................................... 73 Tabela 15- Quantitativo de ao das vigas baldrames da soluo 2 .......................... 73 Tabela 16- Quantitativo de ao das vigas da cobertura da soluo 2 ....................... 73 Tabela 17 - Quantidade de Ao Pilares da Soluo 2 ............................................... 73 Tabela 18 - Volume de Concreto da Soluo 2 ......................................................... 74 Tabela 19 - Fator S2 .................................................................................................. 89 Tabela 20 - Resumo aes do vento ......................................................................... 92 Tabela 21 - Parte da Tabela KMD ............................................................................. 99 Tabela 22 - Resumo dimensionamento Consolos ................................................... 120 Tabela 23 - Clculo armadura ................................................................................. 123 Tabela 24 - Clculo armadura ................................................................................. 124
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SUMRIO
1 INTRODUCAO ..................................................................................................... 12
1.1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 14
1.1.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 14
1.1.2 Objetivos Especficos ....................................................................................... 14
1.2 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 15
2 CONCRETO PR-FABRICADO .......................................................................... 16
2.1 HISTRICO DO CONCRETO PR-FABRICADO ............................................ 16
2.2 MERCADO E ATUALIDADES ........................................................................... 16
2.3 ASPECTOS DE DIMENSIONAMENTO ............................................................ 18
2.3.1 Solicitaes .................................................................................................... 18
2.4 LAJES DE VIGOTAS PR-FABRICADAS ........................................................ 19
2.5 LAJES ALVEOLARES ......................................................................................... 20
2.6 VIGAS ............................................................................................................... 21
2.6.1 Dimensionamento de Vigas ............................................................................ 21
2.6.1.1 Armadura Longitudinal ................................................................................ 21
2.6.1.2 Armadura Transversal ................................................................................... 23
2.6.1.3 Dimensionamento do dente Gerber ............................................................ 27
2.6.1.3.1 Armadura de Suspenso .......................................................................... 27
2.6.1.3.2 Armadura de Costura ............................................................................... 28
2.6.1.3.3 Estribos Verticais ...................................................................................... 28
2.6.1.3.4 Armadura do tirante .................................................................................... 29
2.7 LIGAES ........................................................................................................ 29
2.7.1 Ligao Viga- Pilar por Pino e Elastmero ....................................................... 30
2.7.1.1 Elastmero .................................................................................................... 31
2.7.1.2 Chumbadores ................................................................................................ 31
2.8 PILARES ............................................................................................................. 32
2.9 IAMENTO ......................................................................................................... 37
2.10 CONSOLOS ...................................................................................................... 38
2.10.1 Dimensionamento de Consolos ...................................................................... 38
2.10.2 Armaduras dos Consolos ............................................................................. 39
2.11 CLICE ............................................................................................................. 43
2.12 FOLGAS E TOLERNCIAS .............................................................................. 48
3 OBRAS PBLICAS E LICITAES ...................................................................... 51
4 ANLISE DO PROJETO EM CONCRETO ARMADO CONVENCIONAL .............. 53
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5 SOLUES COM ESTRUTURAS PR-FABRICADAS DE CONCRETO ARMADO .................................................................................................................................. 59
5.1 LEVANTAMENTO DAS CARGAS ....................................................................... 60
5.2 JUNTA DE DILATAO ...................................................................................... 60
5.3 DEFINIES DE PROJETO ............................................................................. 60
5.4 LANAMENTO DA ESTRUTURA ..................................................................... 62
5.5 ESTRUTURA COM LAJE DE VIGOTAS TRELIADAS SOLUO 1 ............ 63
5.6 ESTRUTURA COM LAJES ALVEOLARES SOLUO 2 ................................ 65
6 RESULTADOS E DISCUSES ............................................................................ 68
6.1 ANLISE DAS SOLUES PROPOSTAS ....................................................... 68
6.2 QUANTITATIVOS ............................................................................................. 71
7 CONSIDERAES FINAIS ................................................................................... 78
REFERNCIAS ......................................................................................................... 81
APNDICE A Carga da Cobertura ......................................................................... 85
APNDICE B Cargas de Vento na Edificao ....................................................... 88
APNDICE C Planta de Carga dos Pilares Soluo 1 ........................................ 93
APNDICE D Planta de Carga dos Pilares Soluo 2 ........................................ 94
APNDICE E Momentos Mximos nas Vigas Soluo 1 .................................... 95
APNDICE F Momentos Mximos nas Vigas Soluo 2 .................................... 96
APNDICE G Laje com Vigota Treliada ............................................................... 97
APNDICE H Laje Alveolar Utilizada ................................................................... 100
APNDICE I Dimensionamento Vigas ................................................................. 102
APNDICE K Dimensionamento Pilares .............................................................. 112
APNDICE K Dimensionamento Consolos .......................................................... 119
APNDICE L Dimensionamento Clices ............................................................. 121
APNDICE M Projeto da Soluo 1 Estrutura com Lajes de Vigotas Treliadas ..................................................................................... Erro! Indicador no definido.
APNDICE N Projeto da Soluo 2 Estrutura com Lajes Alveolares ............ Erro! Indicador no definido.
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1 INTRODUCAO
A construo civil brasileira marcada por improvisaes, falta de
planejamento, atrasos nos prazos de entrega das obras, desperdcios de materiais
com gerao e m destinao de resduos, alm da baixa produtividade no setor. As
origens destes problemas podem ser apontadas como a falta de tecnologia
empregada construo civil, a grande necessidade de mo de obra nas construes
juntamente com a falta de preparo dos trabalhadores. Em resumo, pode-se dizer que
o baixo grau de desenvolvimento da construo industrializada tem sua parcela de
contribuio nestes problemas. O mercado da construo civil do pas formado por
pequenas e microempresas situadas predominantemente nas regies Sudeste e Sul,
sem alto grau de especializao nos servios. Desta forma, a maior parte da produo
de construes est vinculada a produo de obras pblicas (KURESKI et al, 2008).
Ao se tratar de obras pblicas, no atual cenrio brasileiro, inevitvel a
associao aos atrasos no cronograma e na entrega das edificaes, baixo
desempenho das construes existentes, rigor na fiscalizao entre muitos outros
agravantes. De acordo com JusBrasil (2013), os senadores integrantes da Comisso
de Servios de Infraestrutura (CI), consideram que os principais problemas que
provocam o atraso nas obras pblicas brasileiras so: projetos e processos executivos
deficientes; exagero na atuao dos rgos de fiscalizao; processo licitatrio mal
realizado; problemas de gesto do rgo responsvel pela execuo da obra; falta de
planejamento; deficincia na execuo oramentria.
Pode-se dizer ento, que a industrializao do setor da construo civil a
chave para o desenvolvimento do mercado no pas, pois j no possvel tolerar as
perdas nas construes (material e mo de obra) e tamanhos prazos para execuo.
De acordo com Formoso et al (1997), as atividades que agregam valor correspondem
a somente um tero do tempo total gasto pela mo de obra, o que significa que o
restante do tempo perdido entre transporte, retrabalho, entre outras atividades, cada
vez mais onerosas aos oramentos das obras.
Por estes motivos a pr-fabricao vem sendo cada vez mais empregada,
pois esta possibilita muitas vantagens, entre elas Spadeto (2011) cita: economia,
eficincia, desempenho tcnico, condies favorveis de trabalho e sustentabilidade.
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13
A preocupao com industrializao na construo civil no Brasil iniciou
apenas na dcada de 50, entretanto, a evoluo das tcnicas para que esta seja
possvel no evoluiu tanto, se comparado a outros pases. A primeira construo com
pr-fabricados ocorreu em 1926, porm houve grande rejeio do sistema no mercado
e apesar desse mtodo no ser novo no pas, a utilizao em larga escala mais
recente (VASCONCELOS, 2002).
Devido ao fato que essa tcnica vem sendo utilizada e conhecida mais
recentemente, comum que haja uma relativa confuso entre o termo concreto pr-
moldado e concreto pr-fabricado, assim importante fazer a distino entre os
conceitos. De acordo com a NBR 9062 (ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS
TCNICAS, 2006) um elemento pr-moldado aquele executado com controle de
qualidade, mas fora do local de utilizao da pea. J, um elemento pr-fabricado
aquele produzido industrialmente com controle rigoroso de qualidade, mesmo em
instalaes temporrias.
El Debs (2000, p. 11) tambm define que, de um modo geral pr-moldagem
aplicada produo em grande escala resulta na pr-fabricao, que por sua vez,
uma forma de buscar a industrializao da construo.
A pr-fabricao vem sendo utilizada para construes industriais,
residenciais, grandes shoppings e supermercados, porm existe um mercado ainda
no explorado para este tipo de estrutura que so as obras pblicas.
Obras pblicas so obras com vrias repeties, onde os blocos usualmente
so regulares, assim o sistema construtivo em pr-fabricados pode apresentar-se
vantajoso em relao ao mtodo convencional, principalmente pelo ganho em tempo
de execuo. A adoo do sistema para este tipo de obra ainda proporcionaria melhor
padronizao da qualidade e reduo da mo de obra.
Por esse motivo, nesse trabalho foi realizado um estudo comparativo de uma
estrutura de uma obra pblica, a qual o governo federal disponibiliza os projetos para
execuo em concreto moldado in loco, dimensionada para a confeco das peas
em concreto pr-fabricado. Esses projetos so de escolas que j foram executadas
em muitas cidades, inclusive no sudoeste do Paran e que ainda podero ser licitadas
para construo em outras.
A partir desse estudo, pretende-se propor solues em concreto pr-fabricado
para a estrutura do bloco padro da escola em estudo, abordando os critrios de
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14
dimensionamento e as diferenas nos quantitativos de ao e concreto entre os
modelos elaborados e o projeto original.
O presente trabalho est dividido em cinco partes. A primeira parte destina-se
a reviso bibliogrfica, para assim esclarecer os aspectos do sistema de pr-
fabricados e tambm em relao a obras pblicas. Na parte seguinte descrita a
metodologia, de como este trabalho se desenvolveu. Dedicou-se uma parte para
apresentao dos resultados alcanados, sendo que na sequncia est a discusso
dos resultados. Na ltima parte esto as consideraes finais, onde se avaliou a
contribuio desse estudo para futuras obras.
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo Geral
O objetivo geral deste trabalho consiste na concepo e no dimensionamento
de solues em concreto pr-fabricado como alternativas a um projeto existente de
escola, em concreto armado convencional.
1.1.2 Objetivos Especficos
Como objetivos especficos este trabalho se prope a:
Apresentar referencial bibliogrfico sobre o sistema de construo por
pr-fabricados, com as diferenas e vantagens deste sistema em relao ao concreto
armado convencional, moldado in loco;
Analisar o projeto estrutural da escola, fornecido em eventual licitao,
de modo a descrever as solues estruturais adotadas;
Conceber solues alternativas em pr-fabricados para a edificao
objeto de estudo, e desenvolver o projeto estrutural contemplando o dimensionamento
no estado limite ltimo e detalhamento dos pilares, vigas, consolos, clices e
verificao dos elementos de laje;
Produzir o quantitativo de materiais (concreto e ao) dos elementos vigas
e pilares tanto para o projeto original quanto para o projeto a ser empregado na
edificao da estrutura de pr-fabricados.
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15
1.2 JUSTIFICATIVA
O emprego de concreto pr-fabricado vem crescendo nos ltimos tempos
devido ao fato da dificuldade de mo de obra, pelo desejo de uma maior rapidez de
execuo, entre outros aspectos que contribuem para tornar a industrializao da
construo cada vez mais vivel (NAKAMURA, 2013).
Ressalta-se a importncia de se buscar tcnicas inovadoras na rea da
construo civil, de modo a provocar um avano nos processos, assim como tentar
tornar essas tcnicas, tais como a pr-fabricao, mais populares, com o intuito de
serem lembradas e buscadas no momento da elaborao de projetos.
Este trabalho aborda a possibilidade de que edificaes que hoje so licitadas
e construdas da maneira tradicional, possam ter seu sistema de execuo e projeto
substitudos por sistemas mais rpidos, otimizados e nem por isso menos eficazes,
como o sistema de estrutura pr-fabricada.
Os projetos da escola em questo so fornecidos pelo governo em licitaes
e normalmente so multiplicados, ou seja, os mesmos projetos so licitados e
executados em diferentes cidades. Sua concepo para execuo com concreto
moldado in loco.
Porm, visto que a arquitetura se apresenta em formato regular, com vocao
para a pr-fabricao, configura a possibilidade deste projeto ser desenvolvido para o
sistema de pr-fabricados, demonstrando a originalidade da elaborao desse
trabalho, que visa comparar o projeto estrutural de uma mesma edificao, a escola,
se concebida em concreto convencional, ou em estrutura pr-fabricada.
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16
2 CONCRETO PR-FABRICADO
2.1 HISTRICO DO CONCRETO PR-FABRICADO
De acordo com Vasconcelos (2002), o nascimento da pr-moldagem se deu
antes mesmo da realizao de estruturas com concretagem local, a pr-fabricao
nasceu com o concreto armado, na forma da moldagem de elementos em local fora
do destino final de aplicao.
Salas1 (1988, apud SERRA; FERREIRA; PIGOZZO, 2005, p. 4) enfatiza que na
Europa, no perodo ps-guerra, em decorrncia da devastao, diversos edifcios
foram construdos de elementos pr-fabricados. Entretanto a falta de avaliao prvia
nestas construes fez com que estas apresentassem baixo desempenho com
aparecimento de muitos problemas e patologias causando rejeio a este tipo de
edificao.
Nos ltimos 20 anos, na Europa, Elliot2 (2002, apud SERRA; FERREIRA;
PIGOZZO, 2005, p. 4) cita que a indstria de pr-fabricados, tem se caracterizado
pelo alto grau de especificao, na forma de que os projetistas vm aperfeioando as
opes de acabamentos de alta qualidade para os elementos pr-moldados.
Vasconcelos (2002) comenta que o Conjunto Residencial da Universidade de
So Paulo, foi a primeira construo de prdio com diversos pavimentos em
elementos pr-fabricados. Contando com 12 prdios de doze pavimentos construdos
em 1964 para abrigar estudantes de outras cidades, os elementos componentes foram
fabricados dentro do prprio canteiro de obras. O autor destaca ainda que a empresa
responsvel pela obra executou um trabalho perfeito diante dos vrios problemas
enfrentados em decorrncia da falta de treinamento dos operrios que no possuam
nenhuma experincia neste sistema construtivo.
2.2 MERCADO E ATUALIDADES
Nos ltimos anos, o uso de elementos pr-fabricados ou pr-moldados de
concreto vem sendo impulsionada por fatores como mo de obra escassa, prazos de
1 SALAS, S. J. Construo Industrializada: pr-fabricao, monumentos, fundaes. Volume III. Studio Nobel. So Paulo, 2002. 2 ELLIOT. Precast Frame Concepts, Economics and Architectural Requirements. In workshop on Design & Construction of Precast Concrete Structures. Construction Industry Training Institute. Singapure, 2002.
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17
execuo cada vez mais curtos, necessidade de racionalizao de recursos e controle
de custos, entre outros. Em acrscimo a isso, houve tambm avanos que
impulsionaram o emprego de pr-fabricados, tais como: publicao de normas
tcnicas e equipamentos para movimento das peas que aliados com maior
conhecimento dessa tcnica por parte de projetistas e construtores, foram terminantes
para o atual desenvolvimento desse setor (NAKAMURA, 2013).
Albuquerque e El Debs (2005), em um estudo das consideraes feitas por
fabricantes de estruturas pr-moldadas, chegaram s seguintes consideraes:
- Em mdia 70% das obras so adaptaes para a pr-moldagem de uma
concepo de estrutura em concreto moldado in loco, e no so originalmente
concebidas para utilizar esse sistema;
- Para melhorar a relao entre projeto, indstria e obra, preciso que os
projetistas tenham mais conhecimento sobre esse sistema, aumentando a divulgao
dos resultados, assim como tornar a indstria mais flexvel para s mudanas de
mercado e tambm melhorar a coordenao de projetos;
- O projeto arquitetnico, para se adaptar ao sistema pr-moldado e dessa
forma proporcionar uma maior eficincia, deve buscar uma modulao, o qual atravs
da repetio das peas reduzirem o custo de fabricao.
De acordo com El Debs (2000) em pases em desenvolvimento, tais como o
Brasil, onde as tcnicas mais tradicionalmente empregadas so as de concreto
moldado no local, as perspectivas so de crescimento para o emprego da pr-
moldagem.
Segundo a Associao Brasileira de Construo Industrializada (2013), na
ltima dcada os pr-fabricados no Brasil passaram sofisticao arquitetnica, e
tornou-se possvel a execuo do sistema completo em pr-fabricados, da
fundao/estrutura aos elementos de fachada e fechamento, alm de que a evoluo
dos pr-fabricados vem possibilitando a produo de edificaes cada vez mais
verticais.
A produo racionalizada com foco em qualidade no uma questo de
modismo, mas uma questo de sobrevivncia para as atuais empresas. Devido
maior presena do Brasil no mercado competitivo mundial, isso demanda uma
adaptao da indstria brasileira aos consumidores mais exigentes e conscientes dos
direitos que possuem (MAMEDE, 2001).
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2.3 ASPECTOS DE DIMENSIONAMENTO
Para El Debs (2000), o projeto de estruturas de concreto pr-moldado
diferencia-se do projeto das estruturas de concreto moldado no local quanto anlise
estrutural, basicamente pela necessidade de considerar outras situaes de clculo
alm da situao final da estrutura. H tambm necessidade de considerar as
particularidades das ligaes entre os elementos pr-moldados que formam a
estrutura.
Para o projeto e anlise das estruturas de concreto pr-moldado devem ser
levados em conta os seguintes aspectos (El Debs, 2000):
Comportamento dos elementos isoladamente: essa considerao deve-
se s situaes transitrias como desmoldagem, armazenamento, transporte e
montagem. O efeito dinmico da movimentao dos elementos considerado nessa
etapa, onde esse efeito levado em conta por meio de um coeficiente que afeta o
peso do elemento, na situao mais desfavorvel;
Incerteza na transmisso de foras nas ligaes: so consequncias dos
desvios da geometria dos elementos e apoios, assim como variaes volumtricas ou
a falta de conhecimento do comportamento de certas ligaes, o que afeta o
dimensionamento;
Ajustes na introduo de coeficientes de segurana: em quesitos de
segurana, so utilizadas as mesmas regras do concreto moldado no local quanto a
resistncia e utilizao. Porm, como existem particularidades da produo, alguns
coeficientes podem ser diferentes.
2.3.1 Solicitaes
A NBR9062 (ASSOCIAO..., 2006) estabelece que no dimensionamento
devem ser consideradas as aes decorrentes de carga permanente, carga acidental,
vento, variaes de temperatura, choques, vibraes, esforos repetidos e
deslocamentos de apoio.
O Manual Munte (2004) aponta que embora sempre existentes, os esforos
horizontais podem no ser considerados no dimensionamento dos elementos e este
critrio depender do tipo e complexidade da estrutura. Entretanto, os esforos
devidos ao do vento sobre as edificaes so de obrigatria considerao.
-
19
2.4 LAJES DE VIGOTAS PR-FABRICADAS
As lajes formadas por vigotas pr-moldadas so, como explica El Debs
(2000), constitudas por: elementos lineares pr-moldados dispostos espaadamente,
que so as nervuras; elementos de enchimento, encaixados sobre os elementos pr-
moldados, e concreto moldado no local (Figura 1). O material de enchimento
normalmente blocos cermicos, de concreto vazado ou blocos de poliestireno
expandido, conhecido como EPS.
Tem como caracterstica principal a disposio das vigotas em uma s
direo, onde geralmente a do menor vo e so simplesmente apoiadas nas vigas
da extremidade. Assim, essas vigas em que esses elementos se apoiam so as que
recebem a maior parcela da carga (CARVALHO; FIGUEIREDO FILHO, 2013).
O comportamento estrutural desse tipo de laje corresponde de forma geral ao
de lajes armadas em uma direo ou lajes unidirecionais como tambm so
chamadas, com a seo resistente formada pela parte pr-moldada e o concreto
moldado no local (El DEBS, 2000).
Figura 1 - Laje Treliada Fonte: El Debs, 2000.
Nas fases de montagem e concretagem, os elementos pr-moldados so a
parte resistente do sistema, tendo capacidade de suportar, alm de seu peso prprio,
o peso das lajotas, do concreto da capa e uma carga acidental pequena para um vo
-
20
de normalmente at 1,5 m. Isso significa que, o escoramento para se executar esse
tipo de laje no necessita um grande nmero de pontaletes ou escoras (CARVALHO;
FIGUEIREDO FILHO, 2013).
2.5 LAJES ALVEOLARES
Tambm chamada de laje vazada ou oca, a laje alveolar formada por
vazamentos na seo transversal de forma circular, oval, pseudo elipse, retangular,
etc. Na Figura 2 pode-se visualizar o painel alveolar apoiado sobre a viga pr-
fabricada.
Figura 2 - Lajes alveolares Fonte: El Debs, 2000.
A faixa de vos em que esse elemento pode ser empregado vai de 5 m a 15
m. A largura fica entre 1,00 m a 2,00 m, podendo chegar a 2,50 m. J, a altura tem
uma variao entre 15 cm a 30cm, mas pode chegar a atingir 50 cm em casos
excepcionais.
Os painis alveolares apresentam algumas particularidades em questo ao
dimensionamento, uma delas a armadura dos painis, que , salvo em algum caso
especial, constituda apenas de armadura ativa, na mesa inferior, e em geral na mesa
superior tambm.
A capa de concreto, geralmente utilizada nos demais tipos de lajes pr-
fabricadas, pode ser dispensada na laje alveolar, visto que a seo dos painis
capaz de resistir as tenses de compresso e apenas os preenchimentos das juntas
suficiente para uniformizar as distribuies das cargas. Porm, indicada a
execuo da capa de concreto principalmente para as lajes de piso, de modo a
-
21
regularizar e nivelar a laje, alm de promover a correo da contra flecha inerente da
protenso (TATU, 2014).
A execuo da capa de concreto possibilita a disposio de armaduras sobre
os painis, as quais permitem redistribuio de cargas concentradas no pano da
laje, viabilizando a construo de alvenarias ou aplicao de carregamentos similares
diretamente sobre laje.
A laje alveolar protendida destaca-se por propiciar rapidez de execuo e no
necessitar de escoramentos, vencendo vos maiores e suportando a altos
carregamentos (ZANON, 2011).
2.6 VIGAS
As vigas retangulares armadas, como explica Melo (2007), podem ter
qualquer seo, porm busca-se adotar sees mltiplas de 10 cm, para ser possvel
a utilizao de frmas metlicas, de modo a aumentar a produtividade e qualidade,
sendo 15 cm a menor largura possvel e largura ideal de 20 cm.
De acordo com as indicaes feitas nos consolos, geralmente as vigas
armadas apresentam dentes Gerber com metade da altura da viga (Manual Munte
2004, p.314).
2.6.1 Dimensionamento de Vigas
2.6.1.1 Armadura Longitudinal
Para o dimensionamento das vigas pr-moldadas do projeto seguiu-se as
recomendaes de Carvalho e Figueiredo Filho (2013) e da NBR 6118
(ASSOCIAO..., 2014). Para sees retangulares, as variveis necessrias ao
clculo das armaduras podem ser determinadas a partir do equilbrio de foras
atuantes na seo. Mas inicialmente preciso definir o domnio de dimensionamento
das peas (domnios 2, 3, 4 e 4a) conforme Figura 3 para concretos com resistncias
entre 20 e 50 MPa.
Domnio 2: = 100 < 3,5 Domnio 3: = 10 = 3,5
-
22
Domnio 4: , = ; , = 0 = 3,5 seo super armada Domnio 4a: , = 0; , < 0 = 3,5 armaduras comprimidas
Figura 3 - Domnios de dimensionamento. Fonte: NBR 6118 (ASSOCIAO..., 2014).
Aps, as sees pr-dimensionadas devem ser verificadas. Portanto, para o
dimensionamento pelo mtodo apresentado j devem estar estabelecidas as
condies da pea, o fck do concreto, a seo das peas e o momento solicitante de
clculo.
Seguindo o apresentado por Carvalho e Figueiredo Filho (2013), o equilbrio na
seo de concreto se d pelas equaes 1 e 2:
= 0 = 0 = (1)
= = = (2)
Para determinao do brao de alavanca e da resultante de compresso atuante no concreto , calcula-se a posio da linha neutra na seo composta de ao e concreto empregando as equaes (3), (4), (5).
= (0,85)( !)(0,8") (3)
= # 0,4" (4)
-
23
= (0,68#" 0,272") ! (5)
em que x a posio da linha neutra.
Admitindo que a pea possa trabalhar nos domnios 2 ou 3, tem-se pela
equao (6):
) = (6)
Em seguida deve-se verificar o domnio de dimensionamento da pea no
estado limite ltimo. O prefervel que a pea trabalhe no domnio 3. Para isto utiliza-
se da relao entre deformaes, pois o primeiro princpio assumido no
dimensionamento das peas o de linearidade, ou seja, de que as sees
permanecem planas aps a deformao, equao (7).
" = # + "# = + (7)
Quanto a posio da linha neutra no limite do domnio 2 e no domnio 3 a
deformao especfica do concreto de = 3,5 para concretos com resistncia menor que 50 MPa. Portanto na equao acima, tem-se, equao (8):
+ = "# = 0,00350,0035 + (8)
2.6.1.2 Armadura Transversal
A taxa de armadura transversal mnima definida pela NBR 6118
(ASSOCIAO..., 2014) dada pela equao (9):
,! = )! !- -./ 0,2 2,3!4 (9)
em que )! a rea da seo transversal dos estribos; - o espaamentos dos estribos;
-
24
a inclinao dos estribos !4 resistncia caracterstica ao escoamento do ao da armadura; A resistncia da pea satisfatria se atendidas as equaes (10) e (11):
5 567 (10)
5 568 = 59 + 5! (11)
5 a fora cortante solicitante de clculo 567 a fora cortante resistente de clculo de acordo com o modelo escolhido 568 a fora cortante resistente de clculo relativa a runa por trao diagonal. O modelo de clculo II determina que as bielas de compresso estejam
inclinadas, e o ngulo : varia de 30 a 45, de modo que, nas equaes (13) e (14). 567 = 0,54 ;?@; + =>?@:) (12)
;C 4 .C DE (13)
Para clculo da rea de ao da armadura transversal, utiliza-se da equao
(14) e (15):
568 = 5 + 5! (14)
5! = A)!- B 0,9 # !(=>?@; + =>?@:)-./ ; (15)
5 = 0, para elementos tracionados com linha neutra fora da seo; 5 = 5G, na flexo simples e flexo-trao com linha neutra cortando a seo; 5 = 5G(1 + HIHJK,LN) na flexo-compresso, neste caso, pela equao (16):
59O = 0,6 2 P# (16)
5G = 5O quando 5Q 5O
-
25
5G = 0 quando 5Q = 567 deve-se interpolar linearmente para valores intermedirios.
Assim, para o calculo da armadura transversal tem-se a equao (17):
5! = A)!- B 0,9 # !(=>?@; + =>?@:)-./; (17)
Simplificando para ngulo de inclinao dos estribos de 90como usual e
isolando a rea de ao pelo espaamento entre estribos, tem-se a equao (18):
)!- = 5!0,9#!=>?@: (18)
em que )! definido como o nmero de ramos do estribo multiplicado pela rea da seo transversal da barra.
Ao se optar pelo dimetro da barra empregada, pode-se obter o espaamento
entre estribos pela equao (19):
- = / ST3U )V)! (19)
O espaamento mnimo deve ser aquele que permite a vibrao com passagem
dos agregados pelos espaos e envolvimento das armaduras pelo concreto. O
espaamento longitudinal mximo definido de acordo com a NBR 6118
(ASSOCIAO..., 2014) pela equao (20):
WHY 0,6# 300CC -. 5 0,675670,3# 200CC -. 5 > 0,67567[ (20)
Quanto ao espaamento transversal mximo, na equao (21):
W2,HY # 800CC -. 5 0,205670,6# 350CC -. 5 > 0,20567[ (21)
A armadura mnima na seo transversal, conforme o descrito pela NBR 6118
(ASSOCIAO..., 2014) determinada por um momento fletor mnimo, que
-
26
representa a ruptura da seo com concreto simples, somente o concreto resistindo a
trao. Este momento pode ser calculado pela equao (22).
,3\ = 0,8 ]U 24,^_ (22)
em que ]U o mdulo de resistncia da seo transversal bruta de concreto relativa fibra mais tracionada, e 24,^_ a resistncia caracterstica do concreto na fibra mais tracionada, dados pelas equaes (23), (24);
24,^_ = 1,3 (0,3 47/8) (23)
]U = a/b2 (24)
em que a o momento de inrcia da seo bruta; b2 distncia da linha neutra a fibra mais tracionada.
Ainda, a armadura mnima deve ser maior do que a expressa pela Tabela 1
abaixo para os diferentes fcks.
Tabela 1 - Taxa de armadura mnima para vigas.
Fonte: NBR 6118 (ASSOCIAO..., 2014).
A respeito da armadura mxima, a soma das armaduras de compresso e
trao no deve ser superior a 4% da seo transversal da pea.
A armadura de pele deve ser aplicada em vigas com alturas a partir de 60 cm,
e dada pela equao (25):
),_cdc = 0,10%),Td3T (25)
Carvalho e Figueiredo Filho (2013) indicam que a armadura de pele no deve
ser disposta com distncia entre barras maior que 20 cm; d/3; 15.
-
27
2.6.1.3 Dimensionamento do dente Gerber
Os dentes Gerber so os elementos de apoio nas vigas com recorte. Estes so
muito solicitados por tenses de cisalhamento, pois h reduo da altura da pea e o
mecanismo de transferncia de esforos no simples.
Em geral o dimensionamento dos dentes de concreto segue a metodologia para
dimensionamento dos consolos.
El Debs (2000) mostra dois arranjos de armaduras para o dente de concreto,
conforme a Figura 4 abaixo. A NBR 9062 (ASSOCIAO..., 2006) trata a respeito das
armaduras que precisam ser dispostas para a transmisso dos esforos pelo dente
Gerber.
Figura 4 - Arranjos de armadura de consolo. Fonte: El Debs, 2000.
2.6.1.3.1 Armadura de Suspenso
necessrio dispor de armadura de suspenso na extremidade da viga de
modo a resistir s cargas verticais aplicadas. A armadura de suspenso consiste
geralmente em estribo fechado envolvendo a armadura longitudinal da viga, e deve
ser disposta a distncia d/4 do recorte. A NBR 9062 (ASSOCIAO..., 2006) permite
que a armadura longitudinal da viga seja dobrada em 90 graus e utilizada como
complemento suspenso. Entretanto recomenda-se que se considere apenas 40%
da fora cortante. ),^ dada pela equao (26):
-
28
),^ = 5 (26)
As verificaes no concreto se do da mesma maneira que para os consolos,
a NBR 9062 (ASSOCIAO..., 2006) recomenda que no seja ultrapassado o limite
na biela de compresso de 0,85fcd, para T = 0,5; limitando f!^ = 0,149.
2.6.1.3.2 Armadura de Costura
necessrio dispor de estribos horizontais e verticais no dente Gerber. A NBR
9062 (ASSOCIAO..., 2006) relata que os estribos horizontais ou ainda chamados
de armadura de costura (Ash) devem ser ancorados na viga 1,5 vezes o comprimento
de ancoragem da armadura na viga. O dimetro da armadura de costura no deve ser
superior a 1/15 da menor dimenso do consolo, e o espaamento vertical no deve
ser superior a: 1/5 da altura til d; 20 cm; distncia a. A rea de ao calculada
pela equao (27):
)g 0,4 ),2S (27)
Para consolos curtos, a armadura de costura deve ser distribuda na altura de
2/3 d a partir da posio do tirante.
2.6.1.3.3 Estribos Verticais
El Debs (2000) relata que os estribos verticais no dente so dimensionados da
mesma forma que os estribos do consolo. Para consolos ou dentes com relao a/d
-
29
2.6.1.3.4 Armadura do tirante
No dente a armadura do tirante dimensionada analogamente ao consolo.
Para dentes com relao 0,5 E/# 1 a armadura obtida pela equao (28).
),2S = 50,9 E# + 1,2 h (28) em que h a fora horizontal devido variao volumtrica.
2.7 LIGAES
Nas estruturas pr-fabricadas as ligaes a serem estudadas se do entre
fundao e pilar, pilar e viga, viga e laje, em alguns casos pilar e laje e demais
ocorrncias excepcionais. O Manual Munte (2004) relata que as ligaes entre pilares
e vigas so as mais detalhadas e importantes para o dimensionamento, pois
dependendo do tipo da ligao, esta pode tornar a estrutura mais isosttica ou mais
hiperesttica.
Existem quatro tipos de ligaes viga-pilar que podem ser consideradas:
- Ligao simples (Tipo 1): os elementos encontram-se em condio isosttica,
logo a ligao de mais fcil modelagem. No se considera qualquer transferncia
de momento fletor ou esforo horizontal entre os elementos. Desta maneira, para esta
ligao no se faz a anlise de prtico, pois no existe interao entre as peas, e
estas podem ser calculadas individualmente.
- Ligao Rotulada (Tipo 2): nesta ligao no se considera transmisso de
momento fletor entre as peas, entretanto existe transmisso de esforo
horizontal.Desta forma precisa-se fazer a anlise de prtico, pois sendo as barras
rotuladas (que trabalham a esforo normal) existe interao na estrutura e
redistribuio de esforos. Esta ligao pode ser feita com utilizao de neoprene sob
o apoio da viga no consolo.
- Ligao Semi-Rgida (Tipo 3): Considera-se transmisso dos esforos
horizontais e parte do momento fletor. Esta ligao parcialmente resistente
rotao, utilizando-se de neoprene e graute, para execuo.
- Ligao Engastada: Existem duas formas de considerao para esta ligao:
tipo 4 e 4A. Na ligao tipo 4 considera-se transmisso de momento fletor negativo
-
30
entre viga e pilar, porm esta ligao no adequada para casos em que h a
inverso do momento negativo no apoio. Para executar este tipo de ligao so
colocadas armaduras passantes dentro dos pilares e capa de laje. J o tipo 4A
dimensionado para resistir a esta inverso de momento negativo, as ligaes deste
tipo so consideradas de Engastamento Perfeito, e para execut-las utiliza-se de
chapas soldadas.
As ligaes mais simples, normalmente articulaes, acarretam elementos
mais solicitados flexo comparados com similares de concreto moldado no local,
bem como estrutura com pouca capacidade de redistribuio de esforos. J as
ligaes que possibilitam a transmisso de momentos fletores, chamadas de ligaes
rgidas, tendem a produzir estruturas com comportamento prximo ao das estruturas
de concreto moldado no local. Elas so mais difceis de executar ou ento mais caras,
ou reduzem uma das principais vantagens da pr-moldagem, que a rapidez de
construo (EL DEBS, 2000).
A NBR 9062 (ASSOCIAO..., 2006) classifica os tipos de ligaes solicitadas
predominantemente a compresso de acordo com o material sobre o qual os
elementos so assentados, sendo eles: com junta a seco; com intercalao de
camada de argamassa; com concretagem local; rtulas metlicas ou almofadas de
elastmero. A aplicao de cada um destes tipos de ligao depender do tipo de
elemento envolvido, suas dimenses e a necessidade de eficincia ou transferncia
de esforos.
2.7.1 Ligao Viga- Pilar por Pino e Elastmero
Com uso intensivo nas estruturas de concreto pr-moldado no Brasil e no
exterior, a ligao viga pilar por meio de elastmero e chumbadores um caso de
grande interesse por sua execuo ser bastante simples, ser do tipo de ligao a
seco e sem precisar de solda de campo (EL DEBS, 2000).
Os chumbadores em uma primeira aproximao teriam como intuito assegurar
o equilbrio da viga contra o tombamento e eventual instabilidade lateral.
O espao entre o chumbador e o furo da viga pode ser preenchido com
material deformvel, tipo asfalto ou mastique, ou graute auto-adensvel no retrtil.
No se preencher esse espao tambm uma possibilidade, quando a fixao feita
-
31
com porcas e arruelas, mas para situaes definitivas, essa soluo pode causar
prejuzo em relao proteo do chumbador contra a corroso.
2.7.1.1 Elastmero
O emprego de material de amortecimento nas ligaes de elementos pr-
moldado tem a finalidade de promover uma distribuio de esforos das tenses de
contato mais uniforme nas ligaes entre as peas de concreto e tambm para permitir
movimentos de translao e rotao (EL DEBS, 2000).
O elastmero o material de amortecimento mais utilizado, mas existem
vrios materiais que podem ser usados com essa finalidade. O elastmero mais
conhecido, inclusive no Brasil, policloropreno, denominado comercialmente de
neoprene.
De acordo com EL Debs (2000) o elastmero pode ser empregado na forma
de camada simples ou de mltiplas camadas intercaladas de material mais rgido.
Emprega-se apoio com camada simples quando as reaes de apoio so de
intensidade menor. Porm, quando estas forem de grande magnitude, como em geral
ocorre em pontes, utiliza-se apoio de mltiplas camadas intercaladas com chapa de
ao.
Toda a rea de apoio da pea deve estar coberta pelo aparelho de neoprene.
Nos consolos, a dimenso em planta deve ser a mesma dimenso de cada aresta,
diminuindo-se 3 cm. O neoprene deve estar encostado na face do pilar na ocasio da
montagem, o que ir resultar na distncia de 3 cm da borda do consolo (MANUAL
MUNTE, 2004).
2.7.1.2 Chumbadores
Os chumbadores, tambm conhecidos por pinos, utilizados nos consolos,
devem estar especificados na elevao do pilar, onde deve ser indicada a locao, o
seu dimetro e as informaes do material que deve ser empregado (CA 25, CA 50
ou cordoalha), como tambm o seu comprimento (MANUAL MUNTE, 2004).
-
32
2.8 PILARES
Os pilares, de acordo com Manual Munte (2004), so as peas mais difceis
para projetar e executar, tendo em vista a diversidade de tipos de posies e
dimenses dos consolos empregados. Portanto, requer grande nmero de detalhes
no projeto e desta forma so as peas menos padronizadas do sistema, como pode
ser visto na Figura 5.
O clculo estrutural dos pilares pr fabricados, como explica El Debs (2000),
o mesmo que o feito para o concreto armado convencional e envolve o
dimensionamento a sees flexo e flexo-compresso oblqua. Pode-se tambm
recorrer a bacos.
Figura 5- Pilares Pr-fabricados. Fonte: RECH, 2014.
2.8.1 Dimensionamento de Pilares
Como visto anteriormente, os pilares pr-moldados podem ser calculados
como de concreto convencional, assim aplica-se as exigncias da NBR 6118
(ASSOCIAO..., 2014) como segue.
-
33
A armadura longitudinal mnima deve ser considerada pela equao (29):
),3\ = i0,15 jk 0,004 ) (29)
J a armadura mxima possvel em pilares deve ser 8% da seo real,
considerando-se inclusive a sobreposio de armaduras em regies de emenda,
conforme a equao (30).
),3l = 8,0% ) (30)
Os pilares esto sujeitos flambagem, que de acordo com Carvalho e
Pinheiro (2013), o fenmeno que causa equilbrio instvel da barra, pelo fato das
aes principais serem de compresso, onde o estado de deformao da estrutura
influi nos esforos internos. Assim, os efeitos de segunda ordem so aqueles somados
aos obtidos na anlise de primeira ordem, quando a anlise do equilbrio passa a ser
efetuada considerando a configurao deformada. A flambagem est relacionada ao
ndice de esbeltez.
O ndice de esbeltez(m) uma grandeza que depende do comprimento do pilar, da seo transversal e das condies de extremidade. Para o caso de sees
simtricas, o m pode ser definido para direes x e y nas equaes (31), (32): ml = nc,lo (31)
o = pa) (32)
Em que m o ndice de esbeltez; nc o comprimento de flambagem nas direes x ou y dependendo das condies de apoio; i o raio de girao; I o momento de
inrcia; A a rea da seo transversal.
A NBR 6118 (ASSOCIAO..., 2014) define que, no caso de pilar engastado
na base e livre no topo, o valor de nc igual a 2 n. Porm, de acordo com El Debs (2000, p. 104), para o clculo do comprimento
de flambagem de pilares de prticos com pilares engastados e vigas apoiadas, de um
pavimento, utilizam-se os valores da Tabela 2.
-
34
Tabela 2 - Comprimento de Flambagem
Nmero de vos 01 1 2 3 4 5
Comprimento de flambagem 2h 1,8h 1,6h 1,4h 1,2h 1,0h
h altura dos pilares.
1. pilar isolado em balano.
Fonte: El Debs, 2000.
O momento mnimo no pilar, segundo Carvalho e Pinheiro (2013), definido
na equao (33):
G,3\ = j (0,015 + 0,03) (33) em que G,3\ o momento mnimo de primeira ordem, isto , o momento de primeira ordem acrescido dos efeitos das imperfeies locais; 0,015 dado em metros; h a
altura total da seo transversal na direo considerada, em metros; j o esforo normal de clculo.
As excentricidades iniciais so obtidas dividindo-se os momentos na ligao
(l, ) pelas foras Normais j, equaes (34), (35):
.,l = lj (34)
., = j (35)
Os esforos locais de segunda ordem podem ser desprezados quando o
ndice de esbeltez for menor que o valor limite mG, dado pela expresso (36):
mG = 25 + 12,5 (.G/);r s 90 35 (36)
O valor de ;r depende da vinculao dos extremos da coluna isolada e do carregamento atuante, devendo ser determinado da seguinte forma para pilares em
balano, equao (37):
;r = 0,80 + 0,20 9t 0,85 1,00 (37)
-
35
em que t o momento de primeira ordem no engaste e 9 o momento de primeira ordem no meio do pilar.
Se o maior momento calculado ao longo do pilar para pilares biapoiados ou
em balano for menor que o momento mnimo, ;r = 1,0. Para a determinao dos efeitos locais de segunda ordem pode-se fazer o
uso de mtodos aproximados que contm a formulao para tal. Um deles o mtodo
do pilar-padro com curvatura aproximada descrita na NBR 6118 (ASSOCIAO...,
2014) para o caso de pilares com m
-
36
simtrica ou no-simtrica. Em situaes onde os pilares esto sujeitos a ao de
ventos, efeitos de segunda ordem ou defeitos de execuo, onde os momentos tm
apenas a direo definida e no o sentido, prefervel usar armadura simtrica. Essa
disposio tambm simplifica o processo de montagem, colocao e conferncia das
armaduras.
O clculo da armadura necessria no estado limite ltimo em uma seo
transversal pode ser feito utilizando-se de programas ou bacos. Os programas so a
melhor alternativa, pois estes permitem o uso de qualquer cobrimento e, em princpio,
qualquer disposio de armadura. Porm, quando no se dispe de programas, a
opo mais empregada o uso de bacos, que so grficos que correlacionam
forma normal, momento fletor e quantidade de armadura em uma seo considerada,
com a forma de distribuio e posio das barras e tipo de ao.
O dimensionamento da armadura simtrica em duas faces de seo
retangulares feito atravs do equilbrio das foras e dos momentos na seo. Os
bacos adimensionais so obtidos a partir dessas equaes de maneira simples:
escolhe-se a disposio da seo transversal e aplicam-se diversos valores possveis
das deformaes do concreto e do ao, pertencentes aos seis domnios de
deformao, chegando-se aos valores dos esforos resistentes de caulo. Assim
constroem-se os grficos j x , ou v x x, que so valores reduzidos adimensionais, a partir das equaes (40), (41) e (42).
xl = y .ll (41)
) = ) (42) em que, b e h so as dimenses da pea; v a forma adimensional da fora normal; x a forma adimensional do momento; a taxa mecnica de armadura em relao rea da seo.
O dimetro das barras longitudinais, como est disposto na NBR 6118
(ASSOCIAO..., 2014), no pode ser inferior a 10 mm nem superior a 1/8 da menor
dimenso transversal.
A armadura transversal de pilares, constituda por estribos, deve ser colocada
em toda a altura do pilar. O dimetro das barras no deve ser inferior a 5 mm nem a
1/4 do dimetro da barra que constitui a armadura longitudinal.
-
37
O espaamento longitudinal entre estribos para garantir o posicionamento e
impedir a flambagem das barras longitudinais, medido na direo do eixo do pilar,
deve ser igual ou inferior aos seguintes valores:
200 mm
Menor dimenso da seo;
24 d para CA-25, 12 d para CA-50, em que d o dimetro da armadura longitudinal do pilar.
Se as armaduras forem constitudas do mesmo tipo de ao, pode ser adotado
o valor 2 < d/4, desde que o espaamento respeite tambm a limitao:
W3l = 90000 i2 d k 14 (43)
2.9 IAMENTO
O Manuel Munte (2004) aponta que os detalhes de alas so de grande
importncia no projeto, e estes devem ser detalhados e posicionados com ateno
pelo projetista. A primeira utilizao das alas se d na retirada das peas da forma,
para isto necessrio que o concreto j tenha atingido resistncia de no mnimo fcj =
21 MPa. As alas devem ser de cordoalha ou ainda de ao CA-25. A posio ideal
para as alas de levantamento de Lx/5 a partir de cada extremidade da pea e so
necessrias usualmente duas alas.
A NBR 9062 (ASSOCIAO..., 2006) trata das alas como elementos de
ligao temporrios, j que somente so utilizadas para o iamento das peas e
montagem da estrutura, as alas so solicitadas a trao e ao cisalhamento dentro do
concreto.
Para dimensionamento das alas de iamento a NBR 9062 (ASSOCIAO...,
2006) indica que quando no for possvel fazer uma anlise detalhada para cada caso
de levantamento seja considerada ao dinmica majorando a carga permanente a
ser transportada de ge,min, equao (44):
@c,3\ = +T @ (44)
-
38
em que, ge,min a carga esttica equivalente; g a carga esttica permanente no
transporte; a o coeficiente de ao dinmica (coeficiente de majorao de no
mnimo a=1,3.
Pode ser considerado alvio de g por conta da ao dinmica, a norma permite
utilizar a=0,8 para este caso.
2.10 CONSOLOS
Consolo um elemento estrutural prismtico que serve de apoio para outros
elementos estruturais. Estes dispositivos transmitem carga diretamente aos pilares
em que esto apoiados (NAEGELI, 1997).
2.10.1 Dimensionamento de Consolos
Inicialmente calcula-se o comprimento mnimo do consolo, pela equao
abaixo descrita por El Debs (2000).
n = 2?_dTS + + n}2 + n~
2 + ?T + ET_,3\ (45)
em que, ?_dTS, tolerncia de medidas do pilar; a folga entre viga e pilar; n a variao do comprimento devido a retrao, fluncia e variao da temperatura; ?T; tolerncia nas dimenses da viga; ET_,3\; comprimento mnimo do consolo; Na determinao das caractersticas geomtricas do consolo uma
considerao importante o valor de E, que consiste na distncia do ponto de aplicao da carga no consolo at a face do pilar. A NBR 9062 (ASSOCIAO...,
2006) explica que o clculo de E ir depender do tipo de ancoragem da barra do tirante que ser feito. A Figura 6 abaixo mostra a metodologia para determinao do valor de
E.
-
39
Figura 6 - Determinao de a, ancoragem por lao e por solda. Fonte: NBR 9062 (ASSOCIAO..., 2006).
Desta forma, nota-se que E = EO em que o comprimento total do consolo. A determinao de EO se d pela equao (46).
EO = E7 + cdT22
(46)
em que E7 a distncia entre a extremidade do consolo e o incio do elastmero; cdT2 o a largura de base do elastmero; Quanto se emprega armadura com ancoragem
por solda E7 = = + , com = definido como o cobrimento da armadura do consolo e o dimetro da armadura do tirante empregada.
2.10.2 Armaduras dos Consolos
A NBR 9062 (ASSOCIAO..., 2006) indica que o dimensionamento dos
consolos ir depender da relao a/d do mesmo, (a a distncia entre a aplicao da
fora vertical da viga at a face do pilar; d a altura til do consolo). Consolos com 0,5 T 1,0, so considerados consolos curtos e seu dimensionamento segue o modelo biela tirante, sendo que a metodologia de clculo destes est descrita na sequncia.
Na transmisso dos esforos da viga para o consolo, alm da reao vertical
da viga bi-apoiada, h ainda a ocorrncia de uma fora horizontal devido aos efeitos
de variao volumtrica das peas, assim como pode haver fora horizontal adicional
em decorrncia do efeito de frenagem em vigas de pontes ou pontes rolantes (EL
DEBS, 2000).
-
40
Na transmisso de esforos do consolo para o pilar, o modelo prope a
existncia de uma trelia contando com uma barra tracionada (armadura do tirante) e
diagonal comprimida formando a biela de compresso.
A NBR 9062 (ASSOCIAO..., 2006) indica que a obteno aproximada desta
fora depender do tipo de aparelho de apoio sob a viga e pode ser escrita em funo
da fora vertical. Sendo sistemas mais rgidos geram maior atrito na ligao e por isso
resulta em um h maior, conforme abaixo: h = 0,85 juntas a seco; h = 0,55 junta de argamassa; h = 0,165 almofadas de elastmeto; h = 0,085 almofadas revestidas de politetrafluoretileno (PTFE); h = 0,255 apoio com chapas metlicas no soldadas; h = 0,45 apoios entre concreto e chapas metlicas; Existem basicamente dois modelos de consolo quanto a geometria, consolos
com chanfro ou sem chanfro. A diferena bsica destes a necessidade de se criar
um dente de concreto na viga de apoio ou no. Usualmente para consolos com
chanfro (tambm chamada de msula), as vigas so apoiadas nos dentes sem a
necessidade do dente Gerber.
necessrio fazer a verificao do esmagamento do concreto nos consolos.
Para isto com base no indicado na figura abaixo, inicialmente so feitas aproximaes
para determinar o valor da reao Rc da qual depende a tenso de compresso no
concreto, os clculos so feitos a partir dos momentos em torno do ponto C, na Figura
7. Seguindo o sugerido por El Debs (2000), tm-se o equacionamento a seguir, nas
equaes (47), (48) e (49):
-
41
Figura 7 Consolo Fonte: El Debs, 2000.
Erc = 0,9 #E(0,97) + (T)
(47)
rc = 0,2# (48)
= 5E + h#gErc (49)
A tenso de compresso na biela dada pelas equaes (50), (51):
= 5 # 5,55(0,97) + (E#) (50)
f! = 5 # f!^ (51)
f!^ = 0,18+(0,9)7 + (T)= (52)
Com + = 1 foras diretas e + = 0,85 foras indiretas. Para + = 1, tem-se =0,134 EuE T = 1 e = 0,175 EuE T = 0,5.
-
42
O valor da tenso ltima recomendada pela NBR 9062 (ASSOCIAO...,
2006) dado na equao (53):
f! = 5 # f!^ 3,0 + 0,9, .C D)0,36DE
(53)
A rea de ao do tirante determinada pela equao (54):
),2S = 50,9 E# + 1,2 h (54)
A armadura mnima dada pelas equaes (55) e (56) do tirante deve ser:
= ),2S # 44 (55)
Com,
0,04 0,15 (56)
Existem basicamente duas formas de dispor a armadura no tirante. Ela pode
ser ancorada como ala horizontal, formando lao, por exemplo, ou ainda pode ser
utilizado barra auxiliar e a armadura do tirante ser soldada nesta. Neste ltimo caso,
a barra em que o tirante ser soldado no poder ter dimetro inferior ao dimetro do
tirante.
A armadura de costura no consolo dimensionada em funo da armadura do
tirante, e deve ser superior ao determinado na equao (57):
)g 0,4 ),2S (57)
A armadura de costura deve ser distribuda na altura de 2/3d a partir da
armadura do tirante.
So necessrios dispor de estribos verticais no consolo, e a rea de ao
necessria tambm se d em funo do rea de ao do tirante, equao (58):
)g 0,2 ),2S (58)
-
43
A rea de ao dos estribos tambm no pode ser inferior a rea de ao
transversal mnima para vigas, determinada pela equao (59):
)g,3\ 0,14% ! (59)
2.11 CLICE
O clice a parte da fundao que ir receber o pilar pr-moldado, o qual
pode ter suas paredes rugosas ou lisas e tem a funo de encaixar esses elementos.
O trecho em que o pilar permanece em contato com o clice denominado
comprimento de embutimento nc3r. Trs situaes diferentes de clice so possveis: totalmente externo ao bloco, ou seja, com o colarinho saliente em sua totalidade;
parcialmente embutido, onde o comprimento de embutimento a juno entre a parte
do colarinho externo e a parte embutida; ou embutido no bloco, tipo esse que no tem
colarinho (BARROS; GIONGO, 2013).
Os autores realizaram um estudo desses trs tipos de ligao entre o pilar e
a fundao, comparando com um bloco de referncia com ligao monoltica. Como
resultado, eles verificaram que o bloco com clice externo apresentou fora ltima
semelhante obtida no bloco de referncia, enquanto os outros dois modelos
(parcialmente embutido e embutido) apresentaram fora ltima inferior.
Aps a colocao do pilar no elemento de fundao por encaixe, a ligao
efetivada com o preenchimento do espao restante entre o pilar e o clice com
concreto ou graute. O nivelamento do pilar e locao em planta ocorrem com a
utilizao de dispositivos de centralizao. A fixao temporria e o prumo so feitos
por meio de cunhas, em sua maioria (EBELING, 2006).
2.11.1 Dimensionamento do Clice
O clice ou colarinho o elemento de ligao entre o pilar pr-fabricado e a
fundao, que pode ser direto ou indireto. O clice conta com 4 paredes de altura igual
ao comprimento de engastamento do pilar, onde o pilar deve ser encaixado e
solidarizado com graute ou concreto. A ligao pode contar com paredes lisas ou
rugosas, a escolha do tipo de parede implica que o clice e o pilar devero ter o
-
44
mesmo tipo de superfcie. Para o dimensionamento deste, deve-se levar em
considerao as cargas provenientes da planta de cargas dos pilares do projeto.
A NBR 9062 (ASSOCIAO..., 2006) prescreve que o comprimento de
embutimento de pilares na fundao para elementos de paredes lisas deve ser o
expresso nas equaes (60), (61):
c\ 1,5 , EuE j 0,15 (60)
c\ 2,0 , EuE j 2,00 (61)
em que, c\ corresponde ao comprimento de engastamento da base; a dimenso do pilar paralela ao plano de ao do momento M; j a fora normal no pilar. Para valores intermedirios necessrio interpolar linearmente. No so
permitidos valores de c\ menores que 40cm ou menores que o comprimento de ancoragem da armadura do pilar.
A espessura das paredes dos clices devem ser de , conforme a equao (62):
100CC1/3\2 > \2[ (62) em que, \2 corresponde altura da face interna do clice; \2 a largura da face interna do clice.
As paredes que esto perpendiculares direo em que atua o momento fletor
do pilar, paredes 1 e 2, recebem as solicitaes de momento e esforo cortante, as
demais paredes 3 e 4 recebem as solicitaes de flexo da parede 1 conforme a
Figura 8. As paredes 3 e 4 trabalham como um consolo transmitindo as foras para a
base do clice (modelo biela tirante).
-
45
Figura 8 - Transferncia de esforos em clices de paredes lisas. Fonte: EL DEBS, 2000.
A rugosidade utilizada na ligao dos elementos auxilia na transmisso de
foras para a fundao de modo que surgem foras de transmisso por dentes de
cisalhamento na interface pilar/clice (EL DEBS, 2000).
A NBR 9062 (ASSOCIAO..., 2006) prev que quando a rugosidade nos
elementos tem dimenso de 1cm em cada 10cm de face, pode-se considerar que a
fora normal do pilar transmitida completamente pelas paredes do clice.
A Figura 9 abaixo ilustra as diferenas na transmisso dos esforos para o caso
de paredes rugosas e lisas (Leonhardt e Monning apud EBELING, 2006).
Figura 9 - Transmisso de esforos por paredes lisas e rugosas Fonte: Ebeling, 2006.
-
46
Os modelos de Leonhardt e Monning foram adaptados por El Debs (2000), e
este descreveu as presses resultantes nas paredes dos clices, conforme a tabela
3.
Tabela 3 - Tenses e pontos de aplicao de Hd no clice
Paredes Lisas Paredes Rugosas
h,^_ 1,5 nc3r + 1,255 1,2 nc3r + 1,25 h,\ 1,5 nc3r + 0,255 1,2 nc3r + 0,25 b 0,167nc3r 0,15nc3r Fonte: EL DEBS, 2000.
A armadura )g_ para transmitir o h,^_ calculada pela equao (63), e deve ser disposta em uma faixa de nc3r/3 do topo do clice. A armadura nesta faixa de altura deve ser a maior entre )g_ e )d que trata da armadura de flexo calculada na parede 1. O clculo da armadura de flexo segue o descrito para vigas, na equao
(63).
)g_ = h,^_2 (63)
Nas paredes 3 e 4 a armadura funciona como armadura de tirante de um
consolo, e estas podem ser calculadas pelas equaes abaixo, dependendo do ngulo
da biela forma no clice +, equao (64):
+ = Eu=?@ (n b)(0,85cl2 /2) (64)
em que n a altura externa do clice; b a distncia do topo do clice ao ponto de aplicao de h; cl2 a largura externa da parede do clice; a espessura da parede, sendo que a armadura vertical dada nas expresses (65) e (66).
)_ = (=>/->n.- =u?>-) ?@+ > 0,5 (65)
-
47
)_ = 0,87 x (=>/->n.- =u?>-) ?@+ 0,5
(66)
Ou ainda, pela equao (67):
)_ =7 3#0,9
(67)
A rea de ao adotada para a armadura dever ser a maior entre as equaes
(65), (66) e (67).
De acordo com a NBR 9062 (ASSOCIAO..., 2006).
x = 1,4 para concreto laado monoliticamente; x = 1,0 para concretos lanados sobre concreto endurecido e interface rugosa; x = 0,6 para concreto lanado sobre concreto endurecido com parede lisa. Neste caso deve-se fazer a verificao do esmagamento do concreto em
termos da tenso de cisalhamento de clculo,
As armaduras ) e )g so calculadas da mesma forma como nos consolos, equaes (68), (69) e (70):
) 0,4),2S (=>/->n.- =u?>-) (68)
) 0,5),2S (=>/->n.- Co?> =u?>-) (69)
)g 0,25)_ (70)
Estas paredes necessitam ser verificadas quanto ao esmagamento do
concreto, pela equao (71):
= rc 0,85 (71)
-
48
A formulao proposta por El Debs (2000) quanto aos clices de paredes lisas
difere do presente na NBR 9062 (ASSOCIAO..., 2006). Enquanto o autor considera
em caso extremo que toda a carga normal do pilar transmitida para a fundao pelo
fundo do clice, a norma prescreve que 70% desta carga transmitida pelas paredes
e 30% transmitida pelo fundo, desde que seja disposta armadura de suspenso
entorno do clice definida na equao (72):
) = 0,7j (72)
A opo por parte do projetista em utilizar de ligao por paredes lisas ou
rugosas depender das solicitaes do pilar e da possibilidade de produzir as
ranhuras de rugosidade na fbrica em ambos os elementos. Assim como a escolha
do modelo de clculo (considerando a carga transmitida pelas paredes ou no no caso
de clice liso). O clice pode ser produzido in loco ou na fbrica dependendo do perfil.
Na altura base de ligao do pilar pr-fabricado com o clice, para faces do
pilar e do clice com superfcie lisa indicado que se disponha de armadura para
resistir ao esforo cortante de intensidade h. El Debs (2000) indica que esta armadura seja calculada na equao (73):
)r = h,\/ (73)
Esta armadura adicional pode ser colocada em estribos ou de armadura em
forma de U na base do pilar. Deve ser verificado o comprimento de ancoragem desta
armadura de modo que esta encontre-se disposta abaixo do topo do clice.
2.12 FOLGAS E TOLERNCIAS
Para se dimensionar os elementos e ligao de um projeto de estrutura
composta por elementos pr-moldados, precisa-se estabelecer folgas e tolerncias,
levando-se em conta os desvios de produo, de locao e verticalidade da obra e
de montagem dos elementos, segundo a NBR 9062 (ASSOCIO..., 1985, p. 4)
A diferena entre a dimenso executada e a dimenso bsica de um elemento
definida como desvio, onde a tolerncia o mximo valor aceitvel para o desvio.
-
49
J a folga definida como o espao mnimo para fazer a montagem (EL DEBS, 2000,
p.81).
A NBR 9062 (ASSOCIAO..., 2006) diferencia a folga para ajuste em
positiva e negativa. A folga para ajuste negativa considerada a diferena entre a
mxima medida reservada para se colocar um elemento em projeto e a mnima
extenso possvel do apoio. J a folga para ajuste positivo, a diferena entre a
mnima medida deixada em projeto para se colocar o elemento e a medida mxima
da dimenso correspondente do elemento, ou seja, espao mnimo que possibilite a
montagem, Figura 10.
Figura 10 Folga Fonte: ASSOCIAO..., 2006.
As tolerncias esto indicadas na NBR 9062 (ASSOCIO..., 2006) e foram
sintetizadas na tabela 4.
-
50
Tabela 4 - Tolerncias
Fonte: ASSOCIAO..., 2006.
-
51
3 OBRAS PBLICAS E LICITAES
Obra pblica, de acordo com a lei n 8.666/93, toda construo, reforma,
fabricao, recuperao, ou ampliao de bem pblico. Esta realizada de forma
direta, quando executada pelo prprio rgo ou entidade da Administrao com seus
prprios recursos, ou ento de forma indireta, quando h contratao de terceiros por
meio ou no (dependendo o caso) de licitao (OBRAS PBLICAS, 2013).
Segundo o manual de Obras Pblicas (2013), as etapas que vem antes da
licitao so de extrema importncia, mas frequentemente so menosprezadas de
modo a passar para as prximas fases sem ter o devido aval de que o
empreendimento vivel. Essas etapas tm por objetivo o estudo de necessidades,
a estimao dos recursos e a escolha da melhor alternativa.
O projeto bsico o que compreende toda a obra, possuindo os requisitos
exigidos na lei n 8.666/93, e o elemento mais importante para a execuo da obra
pblica. Este elaborado com o apoio do estudo preliminar e do anteprojeto, para
ento ser aprovado formalmente pela autoridade de competncia. Os requisitos
exigidos so:
- Ter elementos suficientes para caracterizar o que ser contratado;
- Possuir apropriado nvel de preciso;
- Dar a possibilidade de avaliao do custo da obra, assim como sistema
executivo e o prazo necessrio;
- Ter viabilidade tcnica e tratamento do impacto ambiental assegurados nos
estudos preliminares.
O Manual de Obras Pblicas-Edificaes (2014) indica a necessidade de se
apresentar os elementos que constam na Lei de Licitaes e Contratos, em especial
o oramento detalhado, com as especificaes tcnicas e quantitativos de materiais,
equipamentos e servios, bem como os mtodos construtivos e prazos de execuo
corretamente definidos.
O TCU Tribunal de Contas da Unio o rgo responsvel por fiscalizar as
obras custeadas com recursos federais, e este atua nos limites da Constituio da
Repblica e nas leis do Pas, tendo o objetivo de controlar a administrao pblica.
Desta forma o TCU age de modo a garantir que sejam alcanados parmetros de
custo definidos em lei, como o Sicro (definido pelo DNIT) e Sinapi (definido pela Caixa
Econmica Federal e IBGE). Em resumo, a fiscalizao compara os parmetros acima
-
52
com os oramentos aprovados, de modo a evitar desperdcio de dinheiro pblico
(NARDES, 2014).
As principais irregularidades que podem ser associadas s obras pblicas so
sobrepreo ou superfaturamento, licitaes irregulares, falta de projeto bsico ou
executivo, e inadequados estudos ambientais.
Estes problemas existem h muito tempo no cenrio de obras pblicas
brasileiras, e ao longo dos anos vm se criando ferramentas na tentativa de minimizar
tais irregularidades que resultam em desperdcios de recursos, paralisao de obras
e obras inacabadas.
De acordo com Ribeiro (2013), uma das medidas relevantes foi criao do
PAC (Programa de Acelerao Econmica) em janeiro de 2007, no qual problemtica
das obras pblicas passou a coordenar de forma centralizada, planejando,
monitorando e gerenciando a execuo das obras do programa, a implantao do
programa juntamente com a garantia de liberao de recursos financeiros para os
empreendimentos, significaram poderosos aliados para acelerar a execuo dos
servios.
Outra grande medida criada para agilizar a construo das obras pblicas
destinadas copa do mundo de 2014 realizada no Brasil foi instituio do RDC
Regime Diferenciado de Contratao. Este regime ainda vem sendo muito discutido e
criticado pelas entidades e lderes, pois sua aplicao para todas as obras pblicas
at ento est reprovada pela cmara, deixaria por conta das empreiteiras as tarefas
de projetar, construir, fazer os testes e demais operaes necessrias para a entrega
da obra, logo seria possvel contratar o servio antes da elaborao do projeto
(AMORIN, 2014).
Apesar das atitudes do governo durante estes anos, algumas apontadas como
positivas outras bastante criticadas, certos problemas perduram e se do
principalmente pelas deficincias no planejamento pblico. Este o principal fator que
acarreta contrataes de obras com projetos desatualizados, inadequados ou mesmo
ruins. Muitas vezes os projetos so feitos s pressas, para que no se percam os
recursos oramentrios disponveis. Sem uma significativa evoluo na gesto de
planejamento para obras pblicas os ndices de irregularidades continuaro presentes
(RIBEIRO, 2013).
-
53
4 ANLISE DO PROJETO EM CONCRETO ARMADO CONVENCIONAL
O objetivo desse trabalho era demonstrar a possibilidade de adequao do
projeto estrutural para concreto pr-fabricado da escola Espao Educativo Urbano II,
elaborado por Santos (2006), que atualmente consta em projeto em concreto moldado
in loco. Desse modo, foi analisada e dimensionada a estrutura do bloco pedaggico
com 6 salas, conforme Figura 11 abaixo.
Figura 11 Implantao. Fonte: Lissa e Silveira (2004).
-
54
Iniciou-se fazendo uma anlise do projeto disponibilizado pelo governo para
concreto moldado in loco, familiarizando-se com os elementos, os vos e demais
detalhes.
O bloco pedaggico composto por 6 salas de aula, uma sala de leitura e
uma sala de informtica. Seu formato retangular com uma largura total de 7,93
metros e comprimento de 57,20 metros. A estrutura do projeto original (Figura 12)
modulada de forma que a distncia entre eixo de pilares de 4,08 metros no sentido
longitudinal. Alm das salas, existe tambm corredor externo coberto.
Figura 12- Esquema da estrutura do bloco pedaggico Fonte: As Autoras.
O projeto da estrutura em concreto moldado in loco composto de fundao
em sapatas e supra-estrutura em prticos compostos de vigas e pilares, sendo uma
edificao trrea. O pavimento cobertura constitudo de lajes de vigotas treliadas.
Na Figura 13 pode-se visualizar parte do projeto do pavimento trreo.
-
55
Figura 13 - Parte da Estrutura em Concreto Moldado in loco Pavimento Trreo Fonte: Santos, 2006.
O pavimento trreo conta com vigas baldrames de seo transversal 12 x 30
cm. A estrutura composta por pilares de sees transversais variadas, sendo alguns
retangulares de seo 12 x 40 cm, 20 x 20 cm e tambm em formato de T como pode
ser visualizado na Figura 14.
-
56
Figura 14 - Parte da Estrutura em Concreto Moldado in loco Pavimento Cobertura Fonte: Santos, 2006.
As lajes so compostas de vigotas treliadas com altura de 7 cm, com um
acrscimo de 5 cm da capa de concreto, ficando a altura total em 12 cm, e esto
apoiadas no sentido indicado na Figura 14.
As vigas que apoiam as lajes so retangulares, com seo transversal de
20x60 cm e 20x50 cm, as vigas de borda tm seo transversal de 12 x 30 cm e 15 x
30 cm. O vo da viga mais solicitada de 6,15 m e esta recebe apoio de dois panos
de laje.
-
57
4.1.1 Quantitativo da estrutura moldada in loco
A soluo original do projeto da escola, feita em concreto moldado in loco, conta
com as quantidades de ao e concreto de vigas e pilares apresentadas nas Tabela 5
6, 7 e 8.
Tabela 5 - Quantitativo de ao vigas baldrames
Tipo do ao Dimetro das barras (mm)
Comprimento Total (m) Peso (Kg) + 10% Total (Kg)
50A 6,3 765,2 208,0 208
60B 5 1535,1 265,0 265
Total 473 Fonte: Santos, 2006.
Tabela 6 - Quantitativo de ao das vigas da cobertura
Tipo do ao
Dimetro das barras (mm)
Comprimento Total (m) Peso + 10% (Kg) Total (Kg)
50A 6,3 511,7 139,0
500
50A 8 408,0 176,0
50A 10 62,2 43,0
50A 12,5 13,9 15,0
50A 16 73,7 127,0
60B 5 1983,0 342,0 342
Total 842 Fonte: Santos, 2006.
Tabela 7 - Quantitativo do ao pilares
Tipo do ao Dimetro (mm) Comprimento Total (m) Peso + 10% (Kgf) Total (Kg)
50A 6,3 784 214,0
1780
50A 8 447,6 193,0
50A 10 1486 1026,0
50A 12,5 140,4 152,0
50A 16 112,8 195,0
60B 5 1070,1 185,0 185
Total 1965 Fonte: Santos, 2006.
-
58
Tabela 8 Volume de concreto
Classe do concreto (MPa) Quantidade (m)
Vigas cobertura 20 15,27
Vigas Baldrames 20 7,30
Pilares 20 11,82 Fonte: Santos, 2006.
-
59
5 SOLUES COM ESTRUTURAS PR-FABRICADAS DE CONCRETO
ARMADO
Como o objetivo deste trabalho de propor solues alternativas em concreto
pr-fabricado para o sistema estrutural da escola, somente os componentes da
estrutura foram concebidos e dimensionados, de forma que os demais elementos de
fechamento e acabamentos foram mantidos iguais aos do projeto original.
Inicialmente foi feito um estudo visando determinar qual seria o melhor
rearranjo para os elementos estruturais, buscando reduo do nmero de peas para
que o aumento das sees transversais inerente ao projeto de pr-fabricados fosse
compensado em volume de concreto.
Como o projeto original j conta com lajes de vigotas treliadas, a primeira
ideia foi manter esta condio, reduzindo a quantidade de alguns elementos como os
pilares que se localizavam na linha de parede de diviso entre as salas e o corredor e
consequentemente as vigas ligadas a estes.
A partir de estudo sobre as possibilidades de outros elementos pr-fabricados,
a soluo empregando lajes alveolare