PAULA FERREIRA BRAGA Ferreira... · Enurese certamente foram fundamentais para que eu percebesse...

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC – SP Paula Ferreira Braga Algumas variáveis de controle envolvidas na explicação de um comportamento observado METRADO EM PSICOLOGIA EXPERIMENTAL: ANÁLISE DO COMPORTAMENTO SÃO PAULO 2009

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC – SP

Paula Ferreira Braga

Algumas variáveis de controle envolvidas

na explicação de um comportamento observado

METRADO EM PSICOLOGIA EXPERIMENTAL:

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO

SÃO PAULO

2009

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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Programa de estudos pós-graduados em Psicologia Experimental: Análise do

Comportamento

ALGUMAS VARIÁVEIS DE CONTROLE ENVOLVIDAS NA EXPLICAÇÃO

DE UM COMPORTAMENTO OBSERVADO

Paula Ferreira Braga

Orientadora: Profa. Dra. Maria Amalia Pie Abib Andery

São Paulo

2009

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Paula Ferreira Braga

ALGUMAS VARIÁVEIS DE CONTROLE ENVOLVIDAS NA EXPLICAÇÃO

DE UM COMPORTAMENTO OBSERVADO

Dissertação apresentada para Banca

Examinadora da pontifícia Universidade

Católica de São Paulo como exigência para

obtenção do título de MESTRE em Psicologia

Experimental: Análise do Comportamento sob

orientação da Profa. Dra. Maria Amalia Pie

Abib Andery

Projeto parcialmente financiado pela Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES

São Paulo

2009

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Banca Examinadora:

___________________________________________

___________________________________________

___________________________________________

Dissertação defendida e aprovada em: ____/ ____/ ____

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Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos ou científicos, a reprodução total ou

parcial desta dissertação por processos de fotocópia ou eletrônicos.

Assinatura: _________________________________ Local e data: ________________

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AGRADECIMENTOS

Maria Amalia Andery: Por cada uma das nossas reuniões de orientação. Pelos artigos

que você encontrou. Pelas correções. Pelos comentários. Pela paciência... Por ter

superado todas as minhas expectativas – que eram várias, já que eu vim para este

mestrado já querendo muito ser sua orientanda. Por ter sido um verdadeiro oásis no meu

deserto. Muito obrigada!

Roberto Banaco, Paula Gioia, Nilza Micheletto, Maria Eliza, Maria do Carmo e

Maria Luisa: Por terem sido professores maravilhosos. Por Pesquisa Supervisionada.

Pelas monitorias. Por terem me ensinado tanto. Obrigada!

Maria Tereza Pires Sério: Por ter sido a professora de aulas inesquecíveis. Pela leitura

do Comportamento Verbal e do Sobre o Behaviorismo. Por ter inspirado cada um dos

meus temas. Muito obrigada!

Clarissa: Por ser a minha grande companheira desde o início do mestrado. Por ter

dividido comigo trabalhos, apresentações, discussões, interesses, monitorias e horas no

biotério. Por ter sido a pessoa que esteve sentada ao meu lado em cada uma das aulas,

por ter sido aquela que costurava os comentários nos meus, por ter dividido até mesmo

um jeito de pensar. Por ter acompanhado cada passo deste trabalho – e me deixado

acompanhar o seu. E, acima de tudo, por ter sido minha amiga também fora do

laboratório. Teremos uma longa história acadêmica juntas, minha dupla! Mas não se

anime muito: eu não vou me esquecer da mordida que o seu rato me deu! Muito

obrigada!

Paula Barcellos: Por ter sido também minha amiga e companheira no laboratório. Por

ter me passado a sua preciosa lista de participantes. Acho que ninguém é maior

unanimidade neste mestrado. Foi bom ser a Paula Braga enquanto você foi a Paula

Barcelos. Por dividir nossa orientadora. Obrigada!

Márcio Alleoni: Por ter ajustado o seu relógio biológico ao meu, tendo nascido apenas

três dias depois que eu... Você se adiantou e conseguimos terminar as provas de seleção

para o mestrado na mesma hora, qualificar nossos projetos no mesmo dia e coletar

dados juntos, com os mesmos participantes – tudo isso na mesma área de pesquisa e

com a mesma orientadora. Obrigada!

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vii

Evelyn Barrelin: Por ter estado disponível, explicando o funcionamento do software

programado pelo Thomaz (a você também: Obrigada!). Você foi um exemplo de

perseverança e de entusiasmo. Obrigada!

Bruno Costa: Por ter sido o meu Personagem, ter estado comigo nas sessões de

filmagem – incansável. Por ter demonstrado interesse por todos os temas que eu

considerei estudar: e não foram poucos! Por ter me deixado sempre implicar com você...

Obrigada!

Dinalva, Maurício, Conceição, e Neuzinha: Por cada vez que vocês atenderam a

campainha, fizeram um café, cuidaram ratos no biotério. Pelos inúmeros favores. Por

conversarem comigo nos corredores do laboratório e por serem personagens

inesquecíveis. Muito obrigada!

Maria Martha Hubner: Por ter me dado a oportunidade de cursar um semestre da

graduação nos Estados Unidos, na Universidade de Milwaukee. Por ter incentivado a

minha vinda para a PUC. Por ter me ensinado tanto. Por ser receptiva comigo a cada vez

que nos encontramos. Muito obrigada!

Edwiges Silvares: Por ter sido a minha primeira orientadora. As reuniões do Projeto

Enurese certamente foram fundamentais para que eu percebesse quanto gosto da vida

acadêmica e da vida na clínica. Obrigada!

Mamãe e Papai: Por compreender, ainda que termos como “Análise do

Comportamento”, “mentalismo”, “verbalizações” e “modelos explicativos” não tenham

para vocês o menor sentido, o quanto este mestrado é importante para mim. Muito

obrigada!

Rick: Por ter conseguido ser a prioridade na minha vida apesar do mestrado. Você

realizou – e espero que continue realizando, todos os meus sonhos. Por ter marcado a

data do nosso casamento em função da minha defesa. Por ter sentido ciúmes desta

dissertação. Por cada vez que você me chamou de Skinner. Tenho certeza de que você

nunca soube por que exatamente aquilo era um elogio... mas por me elogiar mesmo

assim. Muito obrigada!

Capes: Pela bolsa concedida, que descortinou todas as maravilhosas oportunidades que

surgiram na minha vida nestes últimos dois anos. Obrigada!

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 1

Explicações para o comportamento: estudos empíricos.............................................. 9

MÉTODO.................................................................................................................... 18

Participantes................................................................................................................ 18

Equipamento e Material.............................................................................................. 18

I – Filmes.............................................................................................................. 18

Tarefa experimental filmada........................................................................ 19

Filmagem e produção do filme.................................................................... 20

Edição dos Filmes........................................................................................ 21

II – Coleta de dados.............................................................................................. 24

Procedimento.............................................................................................................. 24

I – Coleta de dados................................................................................................ 24

II – Registro dos dados.......................................................................................... 26

III – Preparação para a análise de dados............................................................... 27

RESULTADOS........................................................................................................... 29

I – Categorização das verbalizações..................................................................... 29

II – Primeiras verbalizações em cada trecho de filme .......................................... 36

III – Verbalizações contendo autoclíticos e termos mentalistas........................... 41

DISCUSSÃO.............................................................................................................. 45

REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS.......................................................................... 51

ANEXOS.................................................................................................................... 53

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Algumas características dos estudos de Simonassi e cols. (1984);

Leigland (1989) e Golfeto (2005). 16

Tabela 2. Características dos participantes. 18

Tabela 3. Características principais do Filme Treino. 22

Tabela 4. Características principais do Filme Teste. 23

Tabela 5. Condições experimentais: Grupos, procedimento e filmes a que cada

participante foi exposto. 26

Tabela 6. Classes e subclasses das verbalizações: Definição e Expressões

Identificadoras. 28

Tabela 7. Autoclíticos e termos mentalistas/internalistas: número total e índices

por participante, médio e geral (n termos/n verbalizações). 41

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Tela apresentada ao Personagem. 19

Figura 2. Desenho esquemático da imagem apresentada aos participantes. 21

Figura 3. Taxas de resposta do Personagem nas tentativas apresentadas nos filmes. 23

Figura 4. Número de verbalizações (n) emitidas pelos participantes e número

médio de verbalizações por grupo experimental. 29

Figura 5. Distribuição das subclasses de verbalizações (em porcentagem) pelos

grupos experimentais. 30

Figura 6. Distribuição das verbalizações, em porcentagem, segundo critério de

Estilo de Descrição nos diferentes grupos. 32

Figura 7. Distribuição das verbalizações, em porcentagem, segundo critério de

Localização Temporal nos diferentes grupos. 32

Figura 8. Distribuição das verbalizações, em porcentagem, segundo critério de

Controle Predominante nos diferentes grupos. 33

Figura 9. Porcentagem de verbalizações emitidas por participante. 34

Figura 10. Primeira verbalização (Estilo de Descrição) emitida em cada trecho do

Filme. 36

Figura 11. Primeira verbalização (Localização Temporal) emitida em cada trecho

do Filme. 37

Figura 12. Primeira verbalização (Controle Predominante) emitida em cada trecho do Filme. 38

Figura 13. Número de verbalizações emitidas pelos participantes em cada trecho

do filme. 39

Figura 14. Localização relativa das verbalizações dos participantes de cada grupo

exposto ao procedimento do tipo Operante livre. 40

Figura 15. Autoclíticos e termos mentalistas/internalistas: número total e índices

por participante, médio e geral (n termos/n verbalizações). 42

Figura 16. Trechos do filme em que autoclíticos e termos cognitivos foram

emitidos pelos participantes. 43

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Braga, P. F. (2009). Algumas variáveis de controle envolvidas na explicação de um

comportamento observado. Dissertação de Mestrado. Programa de Estudos Pós-

graduados em Psicologia Experimental: Análise do Comportamento. Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo.

Orientadora: Profa. Dra. Maria Amalia Pie Abib Andery

Linha de Pesquisa: Processos Básicos na Análise do Comportamento

RESUMO

Na Análise do Comportamento algumas poucas tentativas de se identificar conjuntos de variáveis que controlariam a emissão de explicações do comportamento foram realizadas. Descrições e explicações são exemplos de tatos. Quando um indivíduo descreve o comportamento de outro, este exerce a função de estímulo discriminativo. O presente estudo pretendeu verificar: (a) Que variáveis controlariam a emissão de explicações de um comportamento observado; (b) Qual o papel de uma condição antecedente mais dinâmica para o controle do comportamento de explicar dos participantes; (c) Se o acesso a história, ou a partes da história de reforçamento de determinada resposta alteram a precisão de explicações; (d) Se são comparáveis as explicações produzidas a partir de dois diferentes procedimentos de solicitação e (e) Se explicações do comportamento humano seriam predominantemente mentalistas. Um indivíduo adulto (Personagem) foi filmado enquanto submetido a uma tarefa de computador que consistiu da simulação de um jogo de caça níqueis. Dois filmes de duração aproximada 6 minutos foram produzidos a partir de seu desempenho. No Filme Treino vê-se a história de aquisição da resposta do Personagem de clicar com o mouse, e no Filme Teste vê-se o seu desempenho estável, sem erros, na mesma tarefa. Participaram deste estudo 12 adultos instruídos a explicar o comportamento de clicar com o mouse observado no Filme Teste. Os participantes foram divididos em 4 grupos experimentais: seis participantes tiveram acesso à história (Filme Treino) e seis não tiveram; seis dos participantes foram submetido a um procedimento de solicitação de relato do tipo operante livre e seis a um do tipo tentativa. As falas emitidas pelos participantes foram temporalmente localizadas em relação ao desempenho do Personagem, e separadas em verbalizações. Estas verbalizações foram classificadas segundo 3 conjuntos de critérios: (a) Estilo de Descrição; (b) Localização Temporal e (c) Controle Predominante. De acordo com os resultados obtidos, os participantes que tiveram acesso à história emitiram mais verbalizações classificadas como “Explica”; “Cor do fundo de tela” e contendo um maior número de autoclíticos. Os participantes que não tiveram acesso emitiram mais verbalizações classificadas como “Relação entre resposta e conseqüência” e “Conseqüência”. Os participantes expostos a um procedimento do tipo tentativa emitiram mais verbalizações. Mais autoclíticos foram emitidos nos trechos finais do filme, quando mudanças mais marcadas nas condições de estímulo ocorrem. Poucos termos mentalistas foram emitidos, a sua emissão parecendo ser função de um “estilo de explicar” de cada participante. Palavras chave: comportamento verbal, controle de estímulos, explicações de

comportamentos, termos mentalistas.

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Braga, P. F. (2009). Some controlling variables involved in the explanation of an

observed behavior. Master Dissertation. Programa de Estudos Pós-graduados em

Psicologia Experimental: Análise do Comportamento. Pontifícia Universidade Católica

de São Paulo.

Advisor: Profa. Dra. Maria Amalia Pie Abib Andery

Research field: Processos Básicos na Análise do Comportamento

ABSTRACT

Very few attempts to identify a set of variables that control the emission of explanations to behavior have been made in the field of Behavior Analysis. Describing and explaining are typical examples of tacts. When someone describes the behavior of another, this behavior is to be considered as a discriminative stimulus. This study aimed to verify: (a) What are the controlling variables to the emission of explanations to observed behavior; (b) What role a more dynamic antecedent condition plays in controlling the participant’s explaining behavior; (c) Does access to history, or parts of the history of reinforcement of a specific response interferes with explanation precision; (d) Are the explanations emitted in the context of two different speech procedures comparable and (e) Are the explanations to human behavior mainly mentalistic. An adult individual (Character) was taped while in a computer task that could be best described as a slot machine simulation. Two movies showing the Character’s performance, lasting around 6 minutes, were produced. In Training Movie the history of reinforcement of the Character’s clicking response was displayed, while in the Test Movie only his stable performance at the same task, errorless, was displayed. 12 adults instructed to explain the behavior of clicking the mouse displayed at the Test Movie served as participants. They were split up in 4 experimental groups: Six participants had access to history (Training Movie) but not the other six; a free operant speaking procedure was imposed to six of the participants, and a tentative procedure was imposed to the other six. The lines emitted by the participants were time located onto the Character’s performance, and split up into verbalizations. These verbalizations were tagged according 3 sets of criteria: (a) Describing style; (b) Temporal Location and (c) Predominant Control. According to the obtained results, among the participants, those who had access to history typically emitted verbalizations tagged as “Explains”, “Background scream color” and containing the most autoclitics. Those who had no access typically emitted verbalizations tagged as “Relationship between response and consequence” and “Consequence”. Participants submitted to a tentative procedures emitted more verbalizations. Autoclitics were emitted mainly at the final parts of the movie, when major changes in the stimulus condition happened. Very few mentalistcs terms were emitted, their emission here considered to be the participant’s “explanation style”. Key words: verbal behavior, stimulus control, explaining behavior, mentalistic terms.

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The terms "cause" and "effect" are no longer widely used in

science. They have been associated with so many theories of the

structure and operation of the universe that they mean more than

scientists want to say. The terms which replace them, however,

refer to the same factual core. A "cause" becomes a "change in an

independent variable" and an "effect" a "change in a dependent

variable." The old "cause-and-effect connection" becomes a

"functional relation." (…) There is no particular danger in using

"cause" and "effect" in an informal discussion if we are always

ready to substitute their more exact counterparts. We are

concerned, then, with the causes of human behavior. We want to

know why men behave as they do. (Skinner, 1953, p. 23)

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Em um artigo comemorativo do cinqüentenário do Behaviorismo, Skinner

(1963) relata o que ocorreu quando se pediu a estudantes que descrevessem o

comportamento de um pombo em uma caixa experimental. O trecho reproduzido

abaixo, extraído do artigo, descreve os resultados encontrados pelo autor:

Em uma demonstração experimental, um pombo privado de alimento foi

condicionado a dar voltas em torno de si mesmo. Este padrão de

comportamento foi modelado com alimento pelo reforçamento de aproximações

sucessivas. Foi pedido a estudantes que assistiram a demonstração que

descrevessem por escrito aquilo que tinham visto. Suas respostas incluíram o

que segue: (i) o organismo foi condicionado a esperar que reforçamento

seguisse certo tipo de comportamento; (ii) o pombo andava em círculos

aguardando que alimento lhe fosse apresentado; (iii) o pombo notou que

determinado comportamento parecia produzir um resultado particular; (iv) o

pombo sentiu que alimento lhe seria dado por causa de sua ação; (v) o pombo

associou sua ação ao click do comedouro (Skinner, 1963, p. 955).

Neste artigo, Skinner objeta contra as práticas mentalistas da comunidade verbal,

não pelo fato de elas serem mentais – no sentido de inacessíveis, mas pelo fato de não

oferecerem explicações reais para o comportamento, impedindo assim que uma análise

mais efetiva seja realizada. Os fatos observados pelos estudantes, de acordo com

Skinner (1963) poderiam ter sido descritos de outra maneira, sem que os termos

mentalistas1 – “esperar”, “aguardando”, “notou”, “sentiu” e “associou” fossem

empregados. Se fosse pedido aos estudantes que explicassem o comportamento do

pombo, em última instância eles teriam dito que o pombo se comportou porque

“esperou”, “aguardou”, “notou”, “sentiu” e “associou”. O comportamento explicado

desta maneira – sugere o autor, não foi realmente explicado.

Os termos “explicar” e “explicação” estão presentes na obra de Skinner quando

o autor tratava das maneiras pelas quais os homens respondem à pergunta: “Por que?”.

Neste contexto, explicar parece ser dizer “porque” um evento acontece, quais as causas

de um evento ou ainda, de que variáveis independentes um evento e função.

1 Neste artigo Skinner usa os termos mentalista e cognitivo em contextos semelhantes. Aqui optou pelo termo mentalista.

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Assim, pode-se dizer que, segundo Skinner, explicar comportamento é descrever

suas contingências de reforçamento: O comportamento do pombo produziu a

apresentação de alimento. A apresentação de alimento tornou mais provável o

comportamento do pombo. O pombo deu uma volta em torno de si mesmo porque a

resposta foi selecionada pelo alimento, i.e. estímulo reforçador.

Os eventos relatados pelos estudantes, ainda de acordo com Skinner (1963), caso

tenham sido mesmo observados, o foram em seus próprios comportamentos. Assim, o

que os estudantes estariam fazendo, seria descrever o que teriam “esperado”,

“aguardado”, “notado”, “sentido” e “associado” em circunstâncias semelhantes às do

pombo, inferindo, desta forma, que eventos comparáveis aos que já ocorreram sob suas

peles estariam ocorrendo sob a pele do pombo.

Ainda que a comunidade verbal não tenha acesso a comportamentos encobertos

– ou ao menos que tenha tanto acesso quanto tinham os estudantes de Skinner (1963)

aos comportamentos do pombo, ela estabelece o comportamento de descrever através de

um extenso treino. O comportamento verbal é colocado sob controle de estímulos

privados pela comunidade primeiramente para que o falante descreva os seus próprios

comportamentos. Então, a partir deste treino, falantes aprendem a descrever o

comportamento de outros organismos inferindo a presença de estímulos privados tais

como aqueles que discriminaram sob sua própria pele em circunstâncias semelhantes.

O fato de que as descrições mentalistas sejam tão freqüentes na nossa

comunidade verbal é uma evidência da importância de estímulos públicos enquanto

eventos antecedentes: o que tornou possível aos estudantes inferir estímulos privados na

demonstração experimental foram justamente as circunstâncias em que o pombo se

comportava. Estas mesmas circunstâncias teriam tornado também possível aos

estudantes inferir causas para o comportamento do pombo. Explicar à maneira

mentalista, segundo Skinner (1963), é de alguma maneira, preencher o intervalo

temporal existente entre variáveis independente e dependente que constituem o

fenômeno comportamental, entre a apresentação de uma conseqüência e o seu efeito

sobre o comportamento futuro.

Uma ciência do comportamento adequada deve considerar os eventos que

ocorrem sob a pele do organismo não como mediadores fisiológicos do

comportamento, mas como parte do comportamento em si. Ela pode lidar com

estes eventos sem partir do pressuposto de que eles tenham uma natureza

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especial, ou que devam ser conhecidos de uma maneira especial. A pele não é

tão importante assim enquanto fronteira. Os eventos públicos e privados têm as

mesmas dimensões físicas (Skinner, 1963).

Fazer uso de “termos psicológicos” (Skinner, 1945) não seria tanto um problema

prático se tal vocabulário não se tornasse a própria explicação do comportamento.

Muitos comentadores de Skinner trataram do tema das descrições e explicações de

comportamentos, dentre eles, de Rose (1997), Hineline, (1990) e Baum e Heath (1992).

De Rose (1997) faz uso da terminologia “relato verbal” para aludir às descrições

e explicações de comportamentos. O relato verbal é assumido pelo autor como um

operante verbal com propriedades de tato. As contingências envolvidas no

estabelecimento e manutenção deste tipo de comportamento podem ser descritas da

seguinte maneira: uma resposta verbal é evocada por um estímulo discriminativo não

verbal, entre esta resposta verbal e o estímulo discriminativo que a evoca estabelece-se

uma relação. Esta relação – entre antecedente não verbal e resposta específica, só pode

ser estabelecida caso uma história de reforçamento diferencial a selecione. Caso a

comunidade verbal que reforça diferencialmente a resposta possa também reforçar

diferencialmente a relação, isto ocorre. Faz-se necessário, portanto, que a comunidade

verbal tenha acesso a esta relação – ao menos de forma intermitente, para que

determinado grau de controle discriminativo se estabeleça.

De Rose enfatiza que a precisão do relato verbal depende justamente do grau de

controle discriminativo estabelecido entre o estímulo antecedente sobre a resposta

verbal, ou seja, da “correspondência” entre a resposta verbal e o evento que o relato

verbal descreve. Enfatiza também que na psicologia e na vida cotidiana o relato verbal é

utilizado como fonte de dados toda vez que se precisa obter informações a respeito de:

(a) comportamentos ocorridos no passado; (b) comportamentos pouco

acessíveis à observação; (c) comportamentos cuja probabilidade é afetada

pela presença do observador; (d) comportamentos cuja observação envolve

alto custo material ou humano; (e) situações ou condições de estímulo nas

quais um comportamento foi emitido ou é tipicamente emitido; (f)

conseqüências de um comportamento; (g) comportamentos encobertos; (h)

comportamentos incipientes; (i) sensações, sentimentos e estados

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emocionais; (j) atribuições de causas a comportamentos2, estados

emocionais etc. (de Rose, 1997, p.148).

As informações sobre explicações de comportamentos são fornecidas através de

relatos verbais. Contudo, o relato verbal não é somente uma fonte de dados: ele é

também um comportamento, podendo ser, por sua vez, um objeto de estudo, que pode

também ser explicado.

Como ressalta de Rose são definidas como relato verbal as descrições e as

explicações de comportamentos, tanto do próprio falante quanto do comportamento de

outros. Quando o falante relata seu próprio comportamento, ele o faz sob controle de

estímulos produzido por esse comportamento e quando relata o comportamento de

outro, o comportamento relatado tem função de estímulo discriminativo para a emissão

do comportamento verbal de relatar.

Fiel à posição Skinneriana, para de Rose, então, descrições e explicações de

fenômenos devem ser analisados como comportamento verbal. Para compreender

relatos verbais sobre comportamentos – seja quando os chamamos de descrição ou de

explicação – é necessário, então, identificar as variáveis antecedentes que evocam as

respostas verbais de descrição ou explicação.

Ainda que a posição de Baum (1992) não seja nova em relação ao que Skinner e

outros behavioristas radicais afirmaram sobre as explicações do comportamento, e suas

relações com a ciência e, especificamente com uma ciência do comportamento, ela é

destacada aqui pelo seu caráter sintético. Baum supõe, como outros, que explicações são

respostas verbais nas quais se estabelece relações entre eventos atribuindo-se causação,

determinação, ou influência de um evento sobre outro. Ao tratar das explicações de

comportamentos, Baum argumenta que existe uma distinção entre explicações

intencionais e explicações comportamentais3 e que cada um destes padrões de

explicação fundamenta diferentes perspectivas na psicologia.

Explicações intencionais são aquelas que atribuem o comportamento a causas

não físicas (materiais) tais como crenças e desejos, e explicações comportamentais, por

sua vez, são históricas, isto é, se assemelham às explicações históricas da biologia

2 As palavras foram destacadas pelo autor deste trabalho. 3 A distinção estabelecida pelo autor parece ser próxima da (ou igual a) distinção que outros autores (por exemplo, Simonassi, Pires, Bergholz, & Santos,1984) estabeleceram entre explicações mentalistas e explicações históricas do comportamento.

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evolutiva, confinando discussões e questionamentos à esfera física (material), um pré-

requisito para a validade científica.

Assim, uma explicação intencional para o comportamento de uma pessoa que

carrega um guarda-chuva seria que ela acredita que vá chover, e que esteja carregando o

guarda-chuva justamente por causa desta crença. Uma explicação comportamental, por

sua vez, apontaria para um evento precedente, tal como o fato de a pessoa ter escutado a

previsão do tempo ou ter visto nuvens no céu.

Para se compreender este ponto de vista, parece necessário apontar a distinção

que, segundo Baum (1992), Skinner faz entre eventos privados e eventos não físicos, ou

fictícios. Eventos privados são observáveis, ainda que por uma audiência de uma só

pessoa, sendo desta forma tão reais quanto os eventos públicos. Eventos fictícios, em

contrapartida, não são observáveis, uma vez que não são físicos: audiência alguma pode

observar “a inteligência” ou “a mente” – ainda que muitos afirmem que evidências

destes eventos possam ser inferidas.

Desta forma, explicações intencionais têm apenas a aparência de explicações –

já que se apóiam em eventos fictícios, e várias são as objeções ao seu uso em uma

ciência do comportamento: o fato de elas serem supérfluas, o fato de elas serem

autônomas, o fato de elas fazerem com que a pessoas não se questionem, e o fato de elas

serem inúteis.

As explicações aceitáveis para a ciência e para uma ciência do comportamento,

de acordo com o autor, seriam as explicações históricas. Baum (1992), afirma que ao

prover explicações históricas do comportamento, uma ciência do comportamento

suplantaria/ substituiria as explicações intencionalistas, ou mentalistas, utilizadas no dia

a dia.

Nesta mesma direção Hineline (1990) já discutiu e caracterizou as diferentes

abordagens ao comportamento e, mais especificamente, à sua explicação. Hineline

estabeleceu uma distinção entre explicações4 baseadas no organismo e explicações

baseadas no ambiente, com base na dicotomia estabelecida na teoria da atribuição de

causalidade da psicologia social. Mas Hineline vai além e argumenta que tais

4 Hineline (1990) utiliza mais freqüentemente o termo interpretação para se referir às respostas verbais nas quais se estabelecem relações entre eventos que constituem o comportamento. Neste trabalho assumiu-se que o termo interpretação está sendo empregado em contexto semelhante a aqueles em que outros autores (Baum, 1992; Leigland, 1989; Simonassi e cols., 1986; Skinner, 1953, 1963) usaram os termos explicação e explicar.

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explicações são como “modelos explicativos” que, uma vez selecionados, baseariam a

explicação de eventos particulares dos indivíduos.

Segundo Hineline, aqueles que explicam as ações humanas muitas vezes

ignoram eventos diretamente observáveis como causas dos comportamentos, apelando

para entidades fictícias, tais como processos mentais. Tais entidades, no caso de

explicação do comportamento, seriam inferidas a partir de eventos que estão temporal e

espacialmente muito próximos da ação – ocorrem “agora” e “atrás dos olhos”. Seria a

experiência de contato imediato, forte e recorrente destes eventos, em oposição à

experiência de eventos que são observáveis diretamente e publicamente – mas que são

difusos, complexos e sempre variáveis, que fortaleceria as explicações mentalistas do

comportamento muitas vezes adotadas pela comunidade verbal. Seria esta mesma

experiência o que tornaria difícil a aceitação do ponto de vista Skinneriano – não

mentalista – sobre as “causas” do comportamento.

Skinner (1974) já argumentara de maneira semelhante, mas Hineline acrescenta

ao argumento que a questão central no debate estabelecido entre o ponto de vista

Skinneriano e os pontos de vista mais convencionais quanto às explicações de

comportamentos não seria a simples dicotomia entre mentalismo e não mentalismo, ou

entre causas fictícias e causas reais, mas sim uma questão de direcionalidade da

interpretação do comportamento.

De acordo com Hineline (1990) as várias interpretações e explicações do

comportamento parecem ser intrinsecamente bipolares, e as teorias psicológicas adotam

uma dentre duas direcionalidades possíveis: as interpretações podem ser direcionadas do

organismo para a ação5 ou do ambiente para a ação.

As explicações baseadas no organismo (organismo � ação) atribuem o

comportamento a características do organismo, inseridas em determinado contexto ou

situação presente, enquanto as explicações baseadas no ambiente (ambiente � ação),

coerentes com o ponto de vista Skinneriano, destacam o papel dos estímulos

antecedentes (estímulos que eliciam, estímulos que evocam comportamento e estímulos

que estabelecem valor reforçador) e consideram, principalmente, a história de

interações entre organismo e ambiente que estabeleceu as funções destes estímulos.

5 Hineline (1990) usa o termo comportamento. Para não confundir comportamento como um elemento da tríplice contingência e comportamento como classe de respostas que envolve a tríplice contingência, preferiu-se neste trabalho o termo ação no contexto em que “o que o organismo faz” é elemento da tríplice contingência.

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7

De acordo com Hineline (1990), algumas das principais implicações da adoção

de um dentre os dois modelos explicativos são: (a) o status conferido ao organismo –

para aqueles que assumem uma posição baseada no organismo, este é um agente,

enquanto que para aqueles que assumem uma posição baseada no ambiente, o

organismo é um lócus onde as interações entre comportamento e ambiente ocorrem; (b)

o status conferido ao comportamento – para aqueles que assumem uma a posição

baseada no organismo, o comportamento nada mais é que sinal de processos que

ocorrem dentro do organismo, enquanto que para aqueles que assumem uma posição

baseada no ambiente, ele é um objeto de estudo em si mesmo; (c) a definição de

processo comportamental – para aqueles que assumem uma a posição baseada no

organismo, os processos relevantes ocorrem dentro do organismo, subjazem o

comportamento, enquanto que para aqueles que assumem uma posição baseada no

ambiente, os processos comportamentais se dão na interação entre organismo e

ambiente; (d) a necessidade da contigüidade – para aqueles que assumem uma a posição

baseada no organismo, a contigüidade é uma característica essencial das relações

causais, enquanto que para aqueles que assumem uma posição baseada no ambiente,

eventos separados no tempo podem ser funcionalmente relacionados.

Hineline (1990) afirma que as pessoas, na conversação do dia a dia, interpretam

comportamentos com os dois modelos explicativos, sem que isto seja um problema.

Cada um deles é usado sem prejuízo do outro, já que parece haver ocasiões distintas que

promovem cada um deles. Ainda de acordo com Hineline (e com base nos achados da

teoria de atribuição da psicologia social) são fatores que contribuem para a adoção do

modelo explicativo baseado no ambiente: (a) entidades distintas, ou seja, eventos/ ação

e eventos/ ambiente são claramente separáveis; (b) consistência ao longo do tempo, ou

seja, eventos/ ambiente e eventos/ ação se reproduzem; (c) consistência ao longo de

variação da entidade, variações em um segmento – evento/ ambiente ou evento/ ação

sistematicamente promovem as mesmas variações no outro segmento; e (d) consenso de

atribuições, ou seja, que mais de um observador interprete um evento da mesma forma.

Finalmente, Hineline argumenta que na ciência, e mais especificamente na

produção de conhecimento sobre o comportamento, são as estratégias de pesquisa

utilizadas pelos pesquisadores que fortalecem um ou outro paradigma de explicação.

Para Hineline, as estratégias de pesquisa que Skinner utilizou produziram – para ele

como observador – eventos que tinham exatamente as características facilitadoras de

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explicações ambiente � ação, promovendo assim um modelo explicativo do

comportamento baseado no ambiente:

A maneira como Skinner realizava suas pesquisas – manipulação extensiva e

sistemática de entidades através de apresentações e remoções repetidas de

condições experimentais; avaliação de resultados ao longo do tempo, através de

uma técnica de registro inovadora, o registro cumulativo; replicação dos

resultados em detalhe com muitos sujeitos individuais – todas estas

características, de acordo com a teoria da atribuição, deveriam levar

inexoravelmente a adoção do modelo explicativo baseado no ambiente

(Hineline, 1990, p. 310).

Esta experiência, diz Hineline, não está acessível ao leitor de Skinner e, em

parte, pode ser a base da dificuldade de aceitação de sua explicação. Tal dificuldade

também seria acentuada pelo fato de que haveria uma tendência de que quando

indivíduos interpretam suas próprias ações tendem a fazê-lo através do modelo

explicativo baseado no ambiente e, quando interpretam ações de terceiros tendem a

fazê-lo através do modelo explicativo baseado no organismo.

No entanto, qualquer descrição ou explicação depende não apenas das “variáveis

de contexto” – das variáveis presentes que evocam respostas verbais, mas dependem

também de uma história de reforçamento diferencial que selecionou operantes (neste

caso, verbais). No caso de respostas verbais, as variáveis evocativas (aqui chamadas de

“variáveis de contexto”) assumem função evocativa na dependência de como a

comunidade verbal estabelece as condições de seleção dos tatos que chamamos de

explicação.

O controle antecedente do comportamento verbal “explicar”

Quando um indivíduo descreve o comportamento de outro, este exerce a função

de estímulo discriminativo para a emissão de tatos. Neste sentido, dispor contingências

para selecionar comportamento verbal que chamamos de descrição/explicação não

deveria ser um problema para a comunidade verbal, uma vez que ambos (ouvinte e

falante) podem ter acesso (desde que sejam públicos) aos eventos que assumem função

de estímulo discriminativo.

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9

Freqüentemente, no entanto, comportamentos de terceiros são descritos aos

outros com inferências, como se a estimulação pública (evento/ambiente) não fosse

suficiente ou não fosse relacionada ao evento a ser descrito (a evento/ação). Nestes

casos são inferidos estímulos privados, ou respostas encobertas, ou processos não

observáveis e tais eventos são apresentados como variáveis independentes ou causas da

ação. Estas descrições são possíveis devido a histórias de reforçamento semelhantes

àquelas responsáveis pela produção de repertórios verbais sob controle de estimulação à

qual a comunidade verbal não tem acesso imediato e /ou direto.

Coerentemente com o que se afirmou sobre comportamento verbal e, mais

especificamente, sobre a produção de tatos, descrever e explicar comportamentos são

exemplos de tatos. Assim, distintos modelos explicativos para o comportamento (ou

para outros eventos), devem ser resultado de diferentes histórias de reforçamento – que

tornaram certas condições de estímulo que acompanham a ação relevantes, em

detrimento de outras.

Resta afirmar que descrições/explicações de comportamento, do próprio falante

ou de outro indivíduo, são relevantes para a comunidade verbal e para o próprio falante

como tatos de relações entre o ambiente não verbal e as ações dos indivíduos.

Quando o comportamento é explicado, pode-se dizer que relações como estas

estão sendo estabelecidas por um falante, assim, são variáveis que determinam como o

comportamento é descrito e explicado as seguintes: (a) os eventos ambientais assumidos

como relevantes para que respostas sejam evocadas – sejam eles externos ou não ao

indivíduo que se comporta, temporalmente relacionados às respostas como eventos

passados, presentes ou futuros – (b) as respostas ou os eventos que evocam descrições, e

(c) as relações que são estabelecidas entre eventos ambientais e as respostas de um

indivíduo.

Explicações para o comportamento: estudos empíricos

Na análise do comportamento algumas poucas tentativas de se identificar

variáveis que controlariam explicações do comportamento por falantes competentes6

foram realizadas.

6 Neste trabalho foram considerados falantes competentes aqueles adultos que apresentam um amplo repertório verbal, não tendo dificuldades reconhecidas por sua comunidade.

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Simonassi, Pires, Bergholz e Santos (1984) tinham o objetivo de demonstrar que

a maneira como um falante explica um comportamento é função do acesso ou não aos

eventos ambientais que o determinaram. Segundo Simonassi e cols. falantes que não

tivessem acesso à história passada (de reforçamento diferencial) de determinado

comportamento, tenderiam a tomar eventos internos como causa e, produzindo assim

explicações tipicamente mentalistas, enquanto falantes que tivessem o acesso tenderiam

a tomar como causa do comportamento eventos públicos, fazendo referência à história

de reforçamento e considerando os eventos internos como efeitos das mesmas variáveis

responsáveis pelo comportamento observado.

Participaram do estudo de Simonassi e cols. quatro crianças de idades entre 10 e

12 anos expostas a dois procedimentos de escolha sob esquema de reforçamento

concorrente. Diante de uma caixa dividida em quatro compartimentos cada um com

uma lâmpada e um interruptor do tipo campainha (um operandum), a criança deveria

escolher um. Cada compartimento e, portanto, cada operandum, tinha uma cor: verde,

vermelho, azul, ou laranja.

O Experimento I foi composto por quatro fases. Nas três primeiras, foram

programados reforçadores no operando de cor azul em esquema de razão variável de

valores VR5, VR10, VR20 para respostas de clicar o interruptor. Os demais operanda

foram programados em FR120, FR150 e FR200. O critério estabelecido para mudança

de fases foi a obtenção, em três sessões consecutivas, de todos os reforçadores no

operandum de cor azul. Os reforçadores consistiam de fichas de plástico que eram

entregues pelo experimentador e, ao final da sessão, trocadas por dinheiro. A quarta fase

do Experimento I consistiu de uma sessão de extinção.

O operandum de cor azul foi o preferido pelas crianças nas três fases, uma vez

que a razão resposta/reforço exigida nele era muitíssimo menor que a exigida nos

demais. Estes resultados se mantiveram ao logo da fase de extinção.

Quatro juízes observaram a fase de extinção, sem ter acesso às fases anteriores e

foram instruídos a observar o comportamento das crianças para que, posteriormente,

explicassem porque as crianças haviam preferido determinado operando e qual a sua

cor. Quatro observadores independentes então classificaram as explicações dos juízes

conforme uma de três alternativas: (a) faz referência à história passada de treino; (b) faz

referência apenas à situação presente, sem levar em consideração a história passada; (c)

responde à pergunta sem levar em conta a história passada ou a situação presente. De

maneira geral, verificou-se que a maior parte das explicações foi classificada como

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“referência à situação presente” (70,31%). Muito poucas explicações foram

classificadas como “referência à história passada de treino” (12,62%).

O Experimento II foi realizado com o intuito de verificar se o acesso dos juízes à

história de reforçamento diferencial dos comportamentos das crianças isto é, às

primeiras fases experimentais, mudaria as explicações para o comportamento das

crianças. Para tanto, 12 juízes foram divididos em dois grupos experimentais. O

primeiro grupo acompanhou todas as sessões de treino, enquanto o segundo apenas a

sessão de extinção. De maneira geral, as explicações dos 12 juízes distribuíram-se entre

as duas classificações: “referência à história passada de treino” (52,08%) e “referência à

situação presente” (41,66%) e todas as explicações emitidas pelos juízes do primeiro

grupo foram classificadas como “referência à história passada de treino”.

Segundo Simonassi et al. (1989), ainda que a língua portuguesa seja rica em

termos mentalistas, quando os juízes tiveram acesso às relações ambientais que

estabeleceram o comportamento de escolha, passaram a descrevê-lo de outra forma.

Explicações mentalistas, desta forma, dever-se-iam ao “desconhecimento das causas

reais” (Simonassi e cols., 1989, p. 21).

Leigland (1989) também tinha por objetivo investigar as explicações de

comportamentos, e pretendia, sobretudo, analisar as variáveis que controlariam a

emissão de certa classe de respostas verbais identificadas por ele como “termos

mentalistas”.

A metodologia desenvolvida por Leigland (1989) é o que o autor considerou ser

um análogo do modelo experimental desenvolvido por Skinner para o estudo dos

demais operantes, mas voltada especificamente para o comportamento verbal. Para

Leigland, o comportamento verbal dos participantes de seu estudo seria emitido sob

condições o mais possível controladas: respostas relativamente simples, mas

representativas do comportamento alvo de descrição, seriam registradas de forma

automática em um ambiente experimental em que os efeitos das variáveis manipuladas

pudessem ser observados diretamente. Leigland (1989), desta forma, pretendia

demonstrar que determinadas respostas verbais são emitidas sob condições de estímulo

presentes e especificas.

Participaram do estudo sete estudantes de psicologia instruídos a observar e

explicar o comportamento de um pombo de bicar um disco iluminado. As explicações

deveriam ser registradas por escrito e os registros numerados conforme sua ordem de

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ocorrência. Além disso, o participante deveria, durante o período em que estivesse

escrevendo, apertar um botão (que registrava o momento da ocorrência e a duração de

cada resposta verbal de explicação).

O estudo foi dividido em dois experimentos, dos quais os mesmos participantes

tomaram parte. No Experimento I um pombo foi treinado a responder sob um esquema

FI 4 min. O disco permanecia iluminado de vermelho ao longo de toda a sessão

experimental, exceto durante o período em que o reforço era disponibilizado. Muito

provavelmente devido a uma extensa história anterior de treino do pássaro sob

esquemas VI, não ocorreu o padrão típico do desempenho sob esquema FI (scallops), de

modo que o responder do pombo foi descrito como indiferenciado. No Experimento II o

comportamento de bicar do pombo foi colocado sob controle da apresentação de duas

condições de estímulo: enquanto o disco permanecia iluminado de verde, um esquema

FR 12 estava em vigor, já quando este era iluminado de vermelho, extinção estava

programada.

Um registro cumulativo do desempenho do pombo e dos eventos ambientais

relevantes, tais como mudanças na iluminação do disco ou a liberação de grãos, foi

simultaneamente produzido. Este registro permitiu que as explicações emitidas pelos

participantes (numeradas e localizadas temporalmente), pudessem ser transpostas sobre

a curva de desempenho do pombo.

Encerrada a coleta de dados, Leigland (1989) identificou as explicações emitidas

pelos participantes que continham, segundo sua avaliação, termos mentalistas. Estas

respostas foram então localizadas no registro cumulativo do comportamento do pombo

de bicar o disco. Leigland (1989) analisou, então, estas explicações em função das

condições antecedentes à sua emissão, isto é, como função do comportamento do

pombo e dos eventos ambientais associados (mudança na iluminação do disco/liberação

de grãos) imediatamente antes da resposta verbal.

Ficou demonstrada nos resultados uma maior ocorrência de explicações

classificadas como “mentalistas” no Experimento I para todos os participantes, quando

também houve mais instâncias de explicação (mais vezes os participantes falaram).

Segundo Leigland (1989), os eventos que tipicamente controlaram a emissão de termos

mentalistas ao longo do Experimento I foram: o responder discriminado do pombo

(antecedeu/ controlou, por exemplo, a resposta verbal “interesse”); as pausas pós-

reforço (“satisfação”, “interesse”); a ausência de pausas pós-reforço (“tenso”,

“assustado” ou “desejando”, “questionando-se”); o aumento na taxa do responder

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durante a segunda parte do intervalo (“frustração”, “irritação”); e os jorros de respostas

(“ansiedade” e “agressividade”). Já no Experimento II, o termo mentalista usado com

maior freqüência foi “fome”. Houve também algumas explicações tais como a de que o

pássaro podia “sentir” que a lâmpada iria mudar de cor, controladas, muito

provavelmente, pela posição relativa do pombo e a do disco.

Leigland concluiu que respostas específicas – classificadas como mentalistas –

eram evocadas por estimulação também específica e indicou que haveria uma relação

entre estimulação pública que recorrentemente antecede/segue padrões específicos de

resposta e tipo de explicação (mentalista ou não)

Com o objetivo de investigar de que maneira respostas verbais denominadas de

“explicações de comportamentos” seriam controladas por eventos que antecedem a sua

emissão quando o indivíduo que se comporta é humano, Golfeto (Golfeto, 2005;

Golfeto & Andery, 2008) trabalhou com estudantes universitários que observavam

filmes de pessoas realizando uma tarefa de computador. Manipulando justamente

determinadas características da estimulação antecedente que controlariam o

comportamento de explicar, o estudo de Golfeto (2005) pretendeu:

(a) investigar se a apresentação de diferentes condições antecedentes alteraria

número de ocorrências, topografia e função das respostas de explicar; (b)

verificar se as alterações destas explicações são produtos das alterações de

variáveis que controlam a sua emissão; (c) comparar a baixa freqüência de

emissões de explicações “mentalistas” no estudo de Leigland (1989) e as

emissões ao longo do presente estudo, sob controle agora do comportamento de

seres humanos e não do comportamento de pombos (Golfeto, 2005, p. 25).

Explicações de comportamentos foram definidas como tatos emitidos sob

controle do comportamento de outro ou do próprio falante. Explicações “mentalistas/

internalistas” do comportamento, por sua vez, foram caracterizadas como respostas

verbais sob controle de relações inferidas pelo falante, nas quais comportamento

emitido estaria sob controle, supostamente, de variáveis localizadas “dentro” do

organismo.

Em momento anterior ao da coleta de dados, foram produzidos dois filmes nos

quais dois “personagens” – adultos do sexo masculino de 25 e 28 anos –, diante de um

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computador, realizavam uma tarefa operante sob controle de um esquema múltiplo

DRL10s/ VR4 ou de um esquema misto DRL10s/ VR4.

A tarefa de ambos os “Personagens” consistia em clicar com o mouse sobre um

botão de respostas no centro da tela do monitor. Quando o esquema programado era o

múltiplo, o botão sobre o qual o “Personagem” deveria clicar permanecia verde durante

a vigência do componente DRL10s e azul na do componente VR4, sendo, desta forma,

“sinalizado” o esquema em cada componente. Quando o esquema programado era o

misto, o botão permaneceu azul durante toda a tarefa.

Um retângulo preto localizado acima do botão de respostas disponibilizava a

contagem dos pontos recebidos contingentemente às respostas de clicar com o mouse. A

cada ponto recebido, um beep soava. Cada componente, para ambos os esquemas de

reforçamento, permanecia em vigor por 3 minutos. A apresentação dos componentes foi

alternada de acordo com uma randomização realizada pelo computador.

Uma vez obtida a estabilidade no desempenho de cada um dos “Personagens”,

os filmes foram editados a partir do registro cumulativo da resposta de clicar e da

apresentação de reforçadores. Os filmes editados tinham duração aproximada de 6

minutos e através deles pretendia-se dar mostras do comportamento dos “Personagens”

diferindo em termos de freqüência e densidade de reforçamento, bem como da

“sinalização” ou não dos esquemas em vigor.

Participaram do estudo seis adultos de ambos os sexos e idades entre 25 e 29

anos. A coleta de dados foi realizada individualmente e em uma única sessão. Os

participantes foram instruídos a explicar o comportamento de clicar com o mouse dos

“Personagens” diante da apresentação de cada um dos filmes. Cada explicação

(verbalização) era gravada por um microfone e deveria ser precedida pela palavra “um”

– que demarcava seu início.

Ambos os filmes foram apresentados aos participantes um em seguida ao outro,

contudo, sua ordem de apresentação não foi sempre a mesma. Três dentre os

participantes assistiram primeiramente ao filme com o Personagem se comportando sob

controle do esquema misto (Filme Misto), enquanto os demais participantes assistiram

ao filme com o Personagem se comportando sob controle do esquema Múltiplo (Filme

Múltiplo). A todos os participantes foi oferecida a oportunidade de assistir aos filmes

uma segunda vez.

Um cronômetro e um gravador foram ligados concomitantemente à apresentação

dos filmes e a ocorrência de respostas registrada por dois observadores independentes.

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As verbalizações foram transcritas e enumeradas segundo sua ordem de ocorrência.

Foram então classificadas com base em Leigland (1989) e Skinner (1989) em sete

categorias. Três destas categorias continham explicações “internalistas” do

comportamento observado, três continham explicações “externalistas” e a última

continha explicações “do comportamento do próprio observador”. As respostas verbais

foram, então, sobrepostas aos registros cumulativos dos desempenhos dos Personagens

nas tarefas operantes, se determinado desta forma o momento da emissão de cada

resposta.

Não houve diferença significativa, tanto no número quanto no tipo de

comportamentos verbais emitidos diante de cada um dos filmes. Não se pode dizer,

portanto, que as características de cada um dos filmes possam ter evocado descrições

“internalistas” ou “não-internalistas” para a maior parte dos participantes.

A categoria com a maior ocorrência de verbalizações foi a “explicação do

comportamento do próprio observador”, seguida de uma explicação classificada como

“internalista”: “explicação faz referência a um estado do Personagem”. A análise da

distribuição das verbalizações, sobrepostas ao registro cumulativo de cada um dos

filmes, mostrou que baixas taxas de resposta e de reforçamento controlaram de forma

pronunciada a emissão de respostas verbais para quatro dos seis participantes,

independentemente de sua classificação. A partir de uma nova classificação dos termos

“internalistas” emitidos pelos participantes, notou-se que os termos mais empregados

faziam referência à cognição, ao humor e aos estados dos “personagens”.

Na Tabela 1 algumas características dos estudos descritos são apresentadas. A

primeira característica a ser comentada é: Quem era observado comportando-se? De

acordo com Golfeto (2005), o fato de o comportamento ser emitido por humanos parece

ser uma variável relevante. No estudo de Simonassi e cols. (1984) crianças humanas

deveriam escolher um dentre quatro operanda, enquanto no de Golfeto (2005) humanos

adultos deveriam clicar o mouse sobre um botão. Apenas no estudo de Leigland (1989)

a classe de respostas observada foi emitida por sujeitos não humanos.

Quanto ao tipo de procedimento de solicitação de relato adotado, pode-se ainda

dizer que e houve semelhanças nos estudos de Golfeto (2005) e Leigland (1989): ambos

podem ser considerados procedimentos do tipo operante livre, ou seja, os participantes

puderam emitir respostas a qualquer momento ao longo da sessão experimental. O

estudo de Simonassi e cols. (1984), por sua vez, pode ser descrito com um

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procedimento por tentativas, no qual os participantes puderam emitir respostas somente

em momentos determinados da sessão experimental (quando perguntados).

Tabela 1. Algumas características dos estudos de Simonassi e cols. (1984); Leigland (1989) e Golfeto (2005).

Estudo Simonassi e cols. (1984) Leigland (1989) Golfeto (2005)

Quem era

observado? Humanos (crianças)

Pombos (em caixa

operante) Humanos (adultos)

Qual a classe de

respostas a ser

explicada?

(resposta-alvo)

Escolher um dentre quatro

operanda

Bicar um disco

iluminado

Clicar o mouse sobre

um botão

Quem explicava o

comportamento? Humanos (adultos) Humanos (adultos) Humanos (adultos)

Procedimento Tentativa Operante livre Operante livre

Eventos

ambientais

manipulados

Acesso à história de

reforçamento da R alvo

Eventos antecedentes

e conseqüentes da R

alvo

Eventos

antecedentes e

conseqüentes da R

alvo

Material construído - - Dois vídeos

Simonassi e cols. (1984) foi o único dentre os três estudos a investigar o efeito

do acesso à história de aquisição/ manutenção de uma resposta como uma variável

determinante na sua explicação Enquanto Leigland (1989) e Golfeto (2005) procuraram

investigar os efeitos de eventos que antecediam e sucediam as respostas-alvo, assim

como sua taxa.

O estudo de Golfeto (2005) pareceu ter controle experimental, uma vez que os

dois vídeos utilizados foram produzidos antes da realização da coleta de dados,

afastando-se a possibilidade de que ocorressem imprevistos, isto é, que eventos não

programados pudessem interferir no delineamento proposto. Além disso, os termos

identificados como mentalistas foram classificados a partir de uma lista prévia de

termos, mais um controle experimental mencionado anteriormente.

Problema de Pesquisa

O presente estudo foi inspirado nos trabalhos de Leigland (1989), de Golfeto

(2005) e de Simonassi e cols. (1984) e pretendeu avançar na investigação das variáveis

que controlariam respostas verbais de explicação de comportamentos.

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Em seu estudo, Golfeto (2005) levanta a hipótese de que a tarefa por ela

solicitada aos personagens era muito monótona. No presente estudo, um novo material

em vídeo foi produzido, fazendo uso de um software no qual uma simulação de caça

níqueis aparece na tela. Desta forma, perguntou-se: Qual o papel de uma condição

antecedente mais dinâmica para o controle no controle do comportamento de explicar

dos participantes?

No presente estudo um grupo de participantes teve acesso a um vídeo em que

partes da história de reforçamento do comportamento a ser explicado enquanto o outro

grupo não teve. A inclusão desta variável aproximou o presente trabalho ao de

Simonassi e cols. (1984), perguntando: Será que o acesso a história, ou a partes da

história de reforçamento de determinada resposta alteram a precisão de descrições/

explicações?

Golfeto (2005) e Leigland (1989) fizeram uso de um procedimento do tipo

operante livre em seus estudos, enquanto Simonassi (1984) fez uso de um procedimento

de tentativas. No presente trabalho dois procedimentos foram empregados para a

solicitação de relatos. Perguntou-se então: Serão comparáveis os relatos produzidos a

partir destes dois procedimentos de solicitação de relato?

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MÉTODO

Participantes

Participaram desta pesquisa doze estudantes universitários de ambos os sexos.

Recrutados pelo próprio experimentador, assinaram um termo de consentimento (Anexo

1). Algumas de suas características estão descritas na Tabela 2.

Tabela 2. Características dos participantes.

Sexo Idade Formação

AO1 F 18a 7m Psicologia

AO2 M 19a 6m Psicologia

AO3 F 25a 8m Turismo

AT4 F 29a 1m Turismo

AT5 F 21a 4m Arquitetura

AT6 F 20a 10m Psicologia

SO7 F 18a 7m Psicologia

SO8 F 18a 4m Psicologia

SO9 M 20a 11m Administração

ST10 F 19a 7m Relações Internacionais

ST11 F 22a 4m Turismo

ST12 F 18a 11m Ciências Econômicas

Antes de qualquer manipulação experimental, o projeto desta pesquisa foi

submetido ao Comitê de Ética da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, e

ratificado pela Comissão de Ética do Programa de Psicologia Experimental: Análise do

Comportamento.

Equipamento e Material

I – Filmes

Dois filmes foram produzidos e editados para posterior utilização nas sessões

experimentais. Sua filmagem foi realizada em um quarto amplo, na residência do

experimentador.

Um adulto de 24 anos, do sexo masculino, foi selecionado para desempenhar o

papel de Personagem,7 sendo filmado enquanto submetido a uma tarefa de computador.

Foram feitas duas sessões de filmagem: a primeira, uma sessão de treino de duração

aproximada de 11 minutos (643 segundos/ 109 tentativas), em que blocos de tentativas

foram alternados até que o Personagem apresentasse um desempenho estável, e a 7 O termo Personagem será empregado para designar aquele que desempenhou a tarefa de computador, filmada e posteriormente observada, e não deve ser confundido com o termo participante.

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segunda, uma sessão de teste de duração aproximada de 7 minutos (385 segundos/ 66

tentativas), em que os blocos de tentativas foram apresentados em determinada ordem,

uma vez cada um.

Tarefa experimental filmada

A tarefa de computador na qual o Personagem se engajava consistiu da execução

de um software, adaptado de Barrelin (2007) no qual uma simulação de um jogo de caça

níqueis aparece na tela.

Na Figura 1 está representada a tela que o Personagem tinha diante de si. Na

parte superior da tela, vê-se três janelas de 4 cm x 4 cm, dispostas lado a lado e

contendo, cada uma, o desenho de uma fruta (laranja, cereja, maçã etc.). No lado direito,

um retângulo preto contendo os dizeres “Banco” e uma determinada quantia em reais.

Logo abaixo das janelas, um botão sobre o qual se lê a palavra “Apostar” e, ainda

abaixo dele, um botão vermelho quadrado. A depender da fase do jogo, uma instrução

em letras pretas, descrita posteriormente, esteve presente logo acima das janelas. Os

elementos críticos da instrução foram apresentados sempre em letras brancas, grifados e

piscando. A cor de fundo de tela não permaneceu a mesma ao longo das sessões de

filmagem.

Figura 1. Tela apresentada ao Personagem.

As sessões de filmagem transcorreram da seguinte maneira: Ao começar o jogo,

o Personagem tinha no “Banco” a quantia de R$ 12,00. Para que a tentativa tivesse

início, o Personagem clicava com o mouse sobre o botão “Apostar”. Um decréscimo de

R$ 0,10 era feito do saldo do “Banco”. Então, as figuras passavam a girar de forma

semelhante à de um jogo de caça-níqueis, isto é, verticalmente, por um período de 3

segundos. Durante este período, o Personagem clicava com o mouse sobre o botão

vermelho quadrado. Ao final de 3 segundos as janelas paravam de girar. O Personagem

“acertava” a tentativa cada vez que as janelas mostravam três figuras iguais – o que era

conseqüenciado por: um acréscimo de R$ 0,50 no saldo total do “Banco”, um som

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20

característico e a mensagem “Você acertou”. O Personagem “errava” a tentativa cada

vez que apareciam três figuras diferentes nas janelas, o que era conseqüenciado por: um

som característico e a mensagem “Que pena!”.

Entre cada tentativa havia um intervalo (ITI) de 1 segundo, durante o qual a tela

permaneceu cinza. As instruções fornecidas ao Personagem, apresentadas na tela antes

do início da sessão, quando da sua entrada na sala de filmagem, estão anexadas (Anexo

2). Além disso, o Personagem foi instruído pelo experimentador a permanecer, o mais

possível, com uma expressão facial “neutra”, não respondendo “emocionalmente” ao

jogo.

Dois esquemas de reforçamento diferentes, que se alternavam entre si em

componentes de 2 minutos, compuseram a sessão: um esquema DRH de intervalo, no

qual era preciso que o Personagem emitisse ao menos 10 respostas de clicar com o

mouse sobre o botão vermelho durante o intervalo de 3 segundos para haver

reforçamento, e um esquema DRL de intervalo, no qual, durante o mesmo intervalo, o

Personagem deveria emitir até quatro respostas de clicar para que o mesmo ocorresse.

Além dos esquemas de reforçamento programados para a resposta de clicar com

o mouse sobre o botão vermelho; em cada componente de 2 minutos, as seguintes

características eram alteradas: a) a cor do fundo de tela; b) a apresentação de instruções

na tela que poderiam ser c) coerentes ou incoerentes com o esquema em vigor.

O fundo de tela variou entre as cores azul, verde e laranja, e as instruções,

quando apresentadas, variaram entre “Para ganhar, pressione várias vezes o botão do

mouse sobre o botão vermelho” e “Para ganhar, pressione poucas vezes o botão do

mouse sobre o botão vermelho”.

Filmagem e produção do filme

Para a captação das imagens foram utilizadas duas câmeras filmadoras digitais

Mini DV, a primeira uma Panasonic modelo PV-GS19, e a segunda uma Samsung

modelo SC- D375, colocadas cada uma sobre um tripé, além de duas fitas Mini DV. A

primeira câmera foi colocada ao lado direito do Personagem, posicionada em um ângulo

de aproximadamente 45º, de modo que rosto e mãos do Personagem fossem visíveis a

todo o tempo (Filme Personagem), enquanto a segunda câmera foi posicionada logo

atrás da cadeira onde o Personagem estava sentado (Filme Câmera) de modo que os

elementos da tela que o Personagem tinha diante de si ficassem visíveis.

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21

Para capturar as imagens das fitas Mini DV foi utilizada uma máquina DSR11,

conectada a um computador Macintosh por um cabo FireWire 400. O Final Cut Pro,

um software profissional de edição de vídeos não linear desenvolvido pela Apple

Computer, foi utilizado na edição do material – sincronizado e montado em trechos.

Cada trecho dos vídeos foi exportado separadamente através do uso do

Compressor. Por fim, a montagem da mídia foi realizada com o uso do software DVD

Studio Pro.

Edição dos Filmes

O processo de edição dos filmes foi dividido em três tarefas principais: a)

sincronizar as imagens gravadas em cada uma das duas câmeras (Filme Personagem/

Filme Câmera), produzindo assim um filme contendo o desempenho integral do

Personagem; b) separar as gravações de cada sessão, selecionando os trechos mais

importantes destes filmes (Filme Treino/ Filme Teste) e c) montar a mídia digital.

Sincronização das imagens

Dois filmes foram produzidos a partir do desempenho do Personagem. O

primeiro deles (Filme Personagem) constituiu a base da imagem apresentada aos

participantes, enquanto o segundo (Filme Câmera) foi reproduzido em um quadro

localizado no canto superior direito da tela.

As duas imagens foram sincronizadas de modo que a resposta de clicar com o

mouse (Filme Personagem) produzisse alterações perceptíveis na tela, como a depressão

de um botão (Filme Câmera). Desta forma, as alterações no “Banco”, bem como o

movimento das janelas do caça níqueis, ficaram registradas. Cada vez que uma

instrução apareceu no filme (Filme Câmera), ela foi reproduzida em letras brancas sobre

uma tarja preta na parte inferior da tela. Esta tarja permanecia na tela por um período de

certa de 5 segundos.

Figura 2. Desenho esquemático da imagem apresentada aos participantes.

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22

Uma vez sincronizadas as imagens das duas câmeras digitais, as gravações de

cada sessão foram separadas, e trechos deste material foram selecionados para a

produção da versão final dos filmes.

Estes trechos foram selecionados a partir dos desempenhos do Personagem

avaliados por registros que contêm o número (taxa) e o momento de ocorrência das

respostas de clicar com o mouse sobre o botão vermelho e dos reforços recebidos

(acertos/ erros). Tal seleção originou a produção de dois filmes: a) Filme Treino, de

duração aproximada 4 minutos (231 segundos/ 40 tentativas); b) Filme Teste, de

duração aproximada 5 minutos (321 segundos/ 55 tentativas).

Seleção dos trechos

O primeiro filme, aqui chamado de Filme Treino, foi construído com trechos que

evidenciavam as características principais da aquisição do repertório (história de

reforçamento) do Personagem, e o segundo filme, chamado de Filme Teste, mostrava o

desempenho estável do Personagem na mesma tarefa. Na Tabela 3 características dos

seis trechos que compuseram o Filme Treino estão listadas.

Tabela 3. Características principais do Filme Treino.

Trecho Duração (s)

Fundo de tela

Contingência (Taxa R/3s)

Instrução Relação

contingência - instrução

Tentativas encerradas

com Erro/Acerto

1 50 Azul Média (4 a 8 R) - - 2/8

2 39 Verde Alta (< 10 R) ... poucas vezes ... Incoerente 3/7

3 36 Verde Baixa (>4 R) ... várias vezes ... Incoerente 3/3

4 35 Laranja Alta (< 10 R) ... várias vezes ... Coerente 2/4

5 36 Laranja Baixa (>4 R) ... poucas vezes ... Coerente 1/5

6 35 Verde Baixa (>4 R) ... várias vezes ... Incoerente 2/4

Nestes trechos podia-se observar: a) tentativas encerradas em acerto quando o

Personagem se comportava conforme instruído; b) tentativas encerradas com erros

quando o Personagem se comportava conforme instruído; c) variação no desempenho

do Personagem, quando deixava de se comportar conforme instruído; d) tentativas

encerradas com acerto quando o Personagem fazia o inverso daquilo que era instruído a

fazer.

Na Tabela 4 estão listadas características dos nove trechos do Filme Teste.

Nestes trechos podia-se observar: a) tentativas encerradas em acerto quando o

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Personagem se comportava conforme instruído; b) tentativas encerradas com acerto

quando o Personagem fazia o inverso daquilo que era instruído a fazer.

Tabela 4. Características principais do Filme Teste.

Trecho Duração (s)

Fundo de tela

Contingência (Taxa R/3s)

Instrução Relação

contingência - instrução

Tentativas encerradas

com Erro/Acerto

1 60 Azul Média (4 a 8 R) - - 0/11

2 39 Laranja Baixa (>4 R) ... poucas vezes ... Coerente 0/6

3 29 Laranja Baixa (>4 R) ... poucas vezes ... Coerente 0/5

4 36 Laranja Alta (< 10 R) ... várias vezes ... Coerente 0/6

5 29 Laranja Alta (< 10 R) ... várias vezes ... Coerente 0/5

6 35 Verde Alta (< 10 R) ... poucas vezes ... Incoerente 0/6

7 29 Verde Alta (< 10 R) ... poucas vezes... Incoerente 0/5

8 35 Verde Baixa (>4 R) ... várias vezes... Incoerente 0/6

9 29 Verde Baixa (>4 R) ... várias vezes... Incoerente 0/5

As taxas de respostas em cada tentativa dos trechos dos filmes descritos nas

tabelas estão representadas na Figura 3:

Figura 3. Taxas de resposta do Personagem nas tentativas apresentadas nos filmes. As cores do fundo de tela bem como as contingências experimentais e instruções estão representadas nas áreas com fundo colorido.

FILME TREINO

FILME TESTE

Tax

a de

resp

osta

s

Tentativas

02

4

6

810

1214

16

1820

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40

sem instrução instrução coerente instrução incoerente

02468101214161820

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55

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Os trechos foram demarcados pelas linhas pontilhadas. As cores no fundo do

gráfico correspondem às cores do fundo de tela, e a altura da área colorida corresponde

ao intervalo em que as taxas de respostas eram reforçadas em cada trecho. Os pontos

localizados dentro das áreas coloridas correspondem às tentativas encerradas com

acerto.

Montagem da mídia digital

Uma vez selecionados os trechos, duas mídias digitais (DVD) 8 foram montadas.

A primeira delas, o Filme Treino, foi construída para ser apresentada de forma contínua

– em uma sessão, sem interrupções – aos participantes. O Filme Teste foi construído

com duas opções de apresentação: contínua e em trechos. Em ambas as mídias também

era possível assistir a cada um dos trechos de forma independente.

II – Coleta de dados

A coleta de dados foi realizada em uma sala mobiliada por uma mesa e duas

cadeiras no Laboratório de Psicologia Experimental. Um notebook do modelo Dell

Latitude 131L equipado com o software CiberLink Power DVD e com um mouse

acoplado foi utilizado para a transmissão dos filmes.

As sessões foram registradas por uma câmera filmadora digital Mini DV

Panasonic modelo PV-GS19 colocada sobre um tripé atrás da cadeira do participante e

por um gravador digital Sony com microfone, modelo ICD- B600 que permaneceu,

durante todo o tempo, sobre a mesa.

Procedimento

I – Coleta de dados

Os participantes desta pesquisa foram divididos em quatro grupos experimentais.

Os integrantes dos dois primeiros grupos, isto é, os participantes AO1, AO2, AO3, AT4,

AT5 e AT6 assistiram ao Filme Treino e depois ao Filme Teste. Estes participantes

tiveram acesso, portanto, a um filme no qual o comportamento do Personagem estava

sendo selecionado pelas contingências experimentais. Os participantes SO7, SO8, SO9,

ST10, ST11 e ST12 assistiram apenas ao Filme Teste.

Os participantes AO1, AO2, AO3, SO7, SO8 e SO9, no que se refere à

solicitação de relatos verbais, foram expostos a um procedimento do tipo operante livre.

8 As duas mídias digitais utilizadas na coleta estão disponíveis em anexo em cada uma das cópias desta dissertação.

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Isto é, estes participantes foram instruídos a explicar o comportamento do Personagem

sempre que considerassem que deveriam fazê-lo. Assim, neste procedimento respostas

verbais podiam ser emitidas em qualquer momento da sessão experimental. Estes

participantes foram instruídos da seguinte maneira:

Instrução Operante livre: Um filme de duração aproximada 6 minutos será

apresentado na tela que você tem diante de si. Neste filme, uma pessoa estará

sentada diante de um computador clicando um mouse e jogando algo muito

parecido com um jogo de caça-níqueis. A sua tarefa é observar o

comportamento da pessoa de clicar com o mouse sobre o botão vermelho que

aparecerá no filme e explicá-lo. Na tela estão dispostas as imagens não apenas

desta pessoa jogando, mas também a de um quadro que reproduz o que esta

pessoa está vendo no monitor. Cada vez que você queira explicar alguma coisa,

diga “um” e comece a falar normalmente no microfone. Tudo o que você disser

será gravado. Após a apresentação do filme você deverá responder à pergunta,

na folha de papel grampeada nesta instrução: “Como funciona o jogo do

filme?”. Quaisquer comentários referentes ao filme deverão ser registrados

também nesta folha.

Já os participantes AT4, AT5, AT6, ST10, ST11 e ST12, no que se refere à

solicitação de relatos verbais, foram expostos a um procedimento do tipo tentativa.

Estes participantes foram instruídos a explicar comportamento do Personagem durante

um intervalo após o término de cada um dos trechos do filme. Durante este intervalo, de

duração 30 segundos, a cor do fundo da tela permanecia escura. Estes participantes

foram instruídos da seguinte maneira:

Instrução Tentativa: Seis trechos de um filme de duração total aproximada 6

minutos serão apresentados na tela que você tem diante de si. Nestes trechos,

uma pessoa estará sentada diante de um computador clicando um mouse,

jogando algo muito parecido com um jogo de caça-níqueis. Na tela estão

dispostas as imagens não apenas deste pessoa jogando, mas também a de um

quadro que reproduz o que esta pessoa está vendo no monitor. A sua tarefa é

observar o comportamento da pessoa de clicar com o mouse sobre o botão

vermelho que aparecerá no filme e explicá-lo. Cada vez que um destes trechos

terminar, explique, falando diante do microfone. Tudo o que você disser será

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gravado. Os trechos dos filmes serão apresentados um em seguida ao outro. Sua

exibição terá início assim que você termine a explicação sobre o filme anterior,

portanto diga “fim”, quando terminar. Após a apresentação dos seis trechos

você deverá responder à pergunta, na folha de papel grampeada nesta

instrução: “Como funciona o jogo do filme?”. Quaisquer comentários

referentes ao filme deverão ser registrados também nesta folha.

Na Tabela 5 estão dispostas as condições experimentais desta pesquisa:

Tabela 5. Condições experimentais: Grupos, procedimento e filmes a que cada participante foi exposto.

Grupos Experimentais Participantes Filmes

assistidos Procedimento de

solicitação de relato

Acesso/operante (1) AO1/AO2/AO3 Treino + Teste Operante livre

Acesso/tentativa (2) AT4/AT5/AT6 Treino + Teste Tentativa

Sem acesso/operante (3) SO7/SO8/SO9 Teste Operante livre

Sem acesso/tentativa (4) ST10/ST11/ST12 Teste Tentativa

A coleta de dados foi realizada individualmente, sem a presença do

experimentador e em uma única sessão por participante. No seu decorrer, a sala

permanecia de portas fechadas, cabendo ao participante avisar ao experimentador

quando terminasse de assistir a cada um dos filmes ou quando algum imprevisto

ocorresse.

No momento da chegada de cada participante à sala de coleta, foi pedido que

lesse e assinasse o termo de consentimento (Anexo 1). Então, foi entregue ao

participante uma cópia impressa das instruções fornecidas ao Personagem na sala de

filmagem (Anexo 2). Além disso, o experimentador, a depender do procedimento a que

o participante seria exposto, leu as instruções em voz alta.

Uma vez lidas as instruções, não restando dúvidas, o experimentador deu início

à apresentação dos filmes. Neste momento a filmadora e o gravador digitais foram

acionados. Ao final da exibição dos filmes, foi dada a todos os participantes a

oportunidade de ver o Filme Teste uma segunda vez. Nos casos em que os participantes

optaram por fazê-lo, as instruções sobre seu comportamento foram repetidas.

II – Registro dos dados

Após o término da coleta, as falas dos participantes foram transcritas e

enumeradas por ordem de ocorrência a partir dos registros em áudio (gravador digital)

das sessões experimentais. O momento de início das falas de cada participante foi

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27

determinado com o auxílio dos registros em vídeo (câmera digital). Cada uma das falas

foi localizada temporalmente sobre os gráficos (Figura 3) que descreviam o

desempenho do Personagem.

III – Preparação para a análise de dados

As falas foram então lidas e os trechos que pareciam relevantes foram

demarcados. Cada um destes trechos recebeu aqui o nome de verbalização.

Assim, considerou-se uma fala tudo que um participante disse entre dois UM ou

entre dois intervalos de tempo considerados suficientemente grandes para separar

episódios. Considerou-se uma verbalização aqueles trechos de uma fala que foram

classificados como uma unidade. Portanto, uma fala pode ter sido dividida em uma ou

mais verbalizações.

A separação das verbalizações foi feita por dois observadores

independentemente e desacordos foram discutidos até que os observadores

concordassem entre si.

Categorização das verbalizações

Desta discussão originou-se a proposta de classificação de cada verbalização

segundo três conjuntos de critérios: (1) que estilo de descrição do desempenho do

Personagem, ou seja, que eventos são destacados e que relações entre eventos são

estabelecidas na verbalização; (2) qual a localização no tempo do evento que parece

controlar a descrição que explicaria a resposta do Personagem, (3) que variáveis/

eventos do filme – explícitos ou inferidos – parecem controlar/ são referidos na

descrição. Cada uma destas classes foi então reclassificada nas categorias (ou

subclasses) apresentadas na Tabela 6.

Uma vez definidas as “classes” de verbalizações e “ sub-classes”, as

verbalizações foram re-analisadas e classificadas. Cada verbalização foi classificada

segundo os três conjuntos de critérios, recebendo, portanto, três classificações

diferentes. Finalmente, foram localizados e destacados nas verbalizações classificadas

termos aqui rotulados como cognitivos, segundo listagem proposta por Skinner (1989) 9,

e termos que foram considerados autoclíticos.

9 A listagem está anexada neste trabalho (Anexo 3).

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Tabela 6. Classes e subclasses das verbalizações: Definição e Expressões Identificadoras.

Classe Subclasse Definição Expressões identificadoras

Estilo de Descrever

Explica o comportamento

Refere a resposta de clicar, relacionando-a a outros eventos

porque, para, quando

Compara os filmes

Refere o conteúdo dos dois filmes antes, agora, enquanto, desta vez, a mesma coisa

Compara tentativas

Refere o conteúdo de duas ou mais tentativas antes, agora, enquanto, desta vez, a mesma coisa

Descreve Refere a resposta de clicar ou características do filme sem relacioná-las

Infere

Refere eventos não diretamente observados. estabelecendo relações entre eles e o comportamento

eu acho, parece, pode ser

Localização Tem

poral Tentativa

presente

Refere como variáveis relevantes eventos relacionados às tentativas do trecho do filme

tempo verbal, clica, clicando,

Tentativa presente e tentativas anteriores

Refere como variáveis relevantes eventos relacionados às tentativas do trecho do filme e a tentativas de trechos anteriores

antes, agora, enquanto, desta vez, a mesma coisa, tempo verbal (clicava)

Tentativa presente e tentativas do filme anterior

Refere como variáveis relevantes eventos relacionados às tentativas do trecho do filme e a tentativas do filme anterior

antes, agora, enquanto, desta vez, a mesma coisa, tempo verbal (clicava)

Controle Predominante

Cor do fundo de tela

Refere a cor do fundo da tela como relevante azul, verde, laranja, fundo, cor

Instrução Resposta de clicar é substituída pela instrução instrução, regra, pediu, mandou

Relação instrução e resposta

A resposta é atribuída à instrução seguir, respeitar, obedecer, fazer de acordo, fazer o contrário

Resposta de clicar (taxa)

Refere a taxa da resposta de clicar clicar, apertar, pressionar, cliques, muito/ pouco, rápido/ devagar, muitas/ poucas vezes

Conseqüência

Descrição da resposta de clicar é substituída pela descrição das conseqüências programadas para a resposta

alteração no "Banco", som de acerto/ erro, mensagem na tela, figuras iguais/ diferentes, fim da tentativa

Relação resposta e conseqüência

A resposta de clicar é atribuída às conseqüências programadas para ela

erra, acerta, ganhou, perdeu, então, porque, para

Outras respostas Refere comportamentos relacionados a outras respostas que não a de clicar

olhar para o botão, pensar, parecer ansioso

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0

5

10

15

20

25

30

35

40

AO1 A02 A03 AT4 AT5 AT6 SO7 SO8 SO9 ST10 ST11 STP12

Acesso/ Operante (1) Acesso/ Tentativa (2) Sem acesso/ Operante (3) Sem acesso/ Tentativa (4)

Verbalizações Média

Participantes e Grupos

Ve

rba

liza

çõe

s (n

)

RESULTADOS

Durante a exposição de todos os participantes ao Filme Teste foram, no total,

emitidas 107 falas. O procedimento de preparação para a análise de dados deu origem a

186 verbalizações – todas elas classificadas segundo três conjuntos de critérios e

localizadas em relação aos registros do desempenho do Personagem.

I – Categorização das verbalizações

Na Figura 4 o número de verbalizações emitidas pelos participantes e o número

médio de verbalizações emitidas por cada grupo experimental são apresentados.

Figura 4. Número de verbalizações (n) emitidas pelos participantes e número médio de verbalizações por grupo experimental.

Pode-se verificar na Figura 4 que os participantes de todos os grupos

experimentais, com exceção do participante ST11, emitiram um número de

verbalizações (n) próximo da média de seus respectivos grupos, não havendo, portanto,

grande variação nas médias obtidas em cada grupo.

Os participantes submetidos ao procedimento do tipo Operante Livre, com ou

sem acesso à história de seleção do comportamento de clicar, emitiram um número de

verbalizações bastante semelhante. Os participantes submetidos ao procedimento do

tipo Tentativa emitiram, em média, mais verbalizações que os demais, mesmo

desconsiderando-se o participante ST11, que emitiu 39 verbalizações, contribuindo para

o sensível aumento da média de verbalizações do grupo Sem acesso/Tentativa (4). Estes

resultados sugerem que o acesso à história de reforçamento não foi diferencialmente

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determinante do número de verbalizações dos participantes, mas que o procedimento de

solicitação de relato utilizado – Tentativas ou Operante Livre – teve alguma influência.

Na Figura 5, estão representadas as porcentagem de verbalizações emitidas pelos

participantes de cada um dos grupos experimentais, classificadas segundo os três

conjuntos de critérios (ver Anexo 4) utilizados neste estudo: Estilo de Descrição,

Localização Temporal (das variáveis ou eventos/ambiente destacados) e Controle

Predominante de variáveis sobre o comportamento explicado.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Des

crev

e

Co

mp

ara

ten

t.

Infe

re

Exp

lica

Co

mp

ara

film

es

Ten

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t. p

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Taxa

R.

Ou

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R.

Co

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a

R. e

co

ns.

ESTILO DE DESCRIÇÃO LOCALIZAÇÃO

TEMPORAL

CONTROLE PREDOMINANTE

Grupos Experimentais

Po

rce

nta

ge

m d

e v

erb

ali

zaçõ

es

Sem acesso/Tentativa (4)

Sem acesso/Operante (3)

Acesso/Tentativa (2)

Acesso/Operante (1)

Figura 5. Distribuição das subclasses de verbalizações (em porcentagem) pelos grupos experimentais.

Quando se considera o critério de classificação Estilo de Descrição, constata-se

que as verbalizações classificadas como “Descreve” distribuíram-se uniformemente nos

quatro grupos. O mesmo não ocorreu com as demais subclasses: “Comparar tentativas”

(mais de 70% das verbalizações assim classificadas) e “Infere” (mais de 50% das

verbalizações assim classificadas) foram predominantes no grupo Sem acesso/Tentativa

(4).

Vale notar que as verbalizações classificadas como “Compara os filmes”

distribuíram-se de forma aproximadamente uniforme entre os dois grupos que podiam

ter respostas assim classificadas, e que os participantes que tiverem acesso à história de

aquisição da resposta de clicar emitiram a maior porcentagem de verbalizações

classificadas sob o rótulo “Explica o comportamento”.

Quando considerado o critério de classificação Localização Temporal do

evento que parece controlar a descrição, verifica-se que os participantes do grupo Sem

acesso/Tentativa (4) emitiram uma porcentagem maior de verbalizações classificadas

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sob os rótulos “Sob controle das tentativas presentes” e “Sob controle das tentativas

presentes e das tentativas anteriores”. Já os participantes do grupo Acesso/Operante (1)

foram os que emitiram a menor porcentagem de verbalizações classificadas sob o rótulo

“Sob controle das tentativas presentes e das tentativas anteriores”.

Apenas os participantes dos grupos que tiveram acesso à história podiam emitir

verbalizações classificadas sob o rótulo “Sob controle das tentativas presentes e das

tentativas do filme anterior” e mais uma vez, tais verbalizações distribuíram-se de forma

aproximadamente uniforme entre os grupos Acesso/Operante (1) e Acesso/Tentativa

(2).

Quando considerado a classificação quanto ao Controle Predominante, ou seja,

quanto aos eventos do filme que parecem controlar as respostas verbais dos

participantes ou foram referidos na descrição, os participantes que tiverem acesso à

história emitiram uma maior porcentagem de verbalizações classificadas sob o rótulo

“Cor do fundo de tela”. De fato, os participantes que não tiveram acesso à história

emitiram, no total, apenas duas verbalizações classificadas desta maneira.

Os participantes que não tiveram acesso à história emitiram uma maior

porcentagem de verbalizações classificadas sob o rótulo “Instrução”, tendo os

participantes que tiveram acesso à história emitido apenas três verbalizações assim

classificadas. Já quando consideramos a categoria “Relação entre instrução e resposta”,

observa-se que os participantes do grupo Sem acesso/Tentativa (4) emitiram uma maior

porcentagem de verbalizações, enquanto os participantes do grupo Sem acesso/Operante

(3) foram os que emitiram a menor porcentagem de verbalizações desta categoria.

Nenhum participante do grupo Acesso/Operante (1) emitiu verbalização sob

controle da “Conseqüência”, tendo os participantes do grupo Acesso/Tentativa (2)

emitido uma maior porcentagem de verbalizações desta categoria. Os participantes do

grupo Sem acesso/tentativa (4) emitiram uma porcentagem maior de verbalizações da

categoria “Relação entre resposta e conseqüência”, tendo emitido os demais

participantes uma porcentagem comparável de verbalizações desta categoria. Quando

considerados em conjunto, os participantes que não tiveram acesso à história emitiram

um maior número de verbalizações classificadas sob os rótulos “Conseqüência” e

“Relação resposta e conseqüência”.

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32

Na Figura 6 as verbalizações emitidas pelos participantes de cada grupo estão

distribuídas, em termos de porcentagem, pelas cinco subclasses relacionadas em Estilo

de Descrição.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Acesso/

Operante (1)

Acesso/

Tentativa (2)

Sem acesso/

Operante (3)

Sem acesso/

Tentativa (4)

Grupos Experimentais

Po

rce

nta

ge

m d

e v

erb

ali

zaçõ

es Compara filmes

Explica

Infere

Compara tent.

Descreve

Figura 6. Distribuição das verbalizações, em porcentagem, segundo critério de Estilo de Descrição nos diferentes grupos.

A categoria rotulada como “Descreve” só não foi a mais freqüente no grupo Sem

acesso/Tentativa (4). Para estes participantes a subclasse mais freqüente (72% das

verbalizações) recaiu sobre a subclasse “Infere”. Esta mesma categoria foi pouco

freqüente em todos os demais grupos, em especial o grupo Acesso/Tentativa (2), em que

apenas 1 verbalização desta classe foi emitida.

Na Figura 7 as verbalizações emitidas pelos participantes de cada grupo estão

distribuídas pelas três subclasses relacionadas à Localização Temporal do evento que

parece controlar a descrição.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Acesso/

Operante (1)

Acesso/

Tentativa (2)

Sem acesso/

Operante (3)

Sem acesso/

Tentativa (4)

Grupos Experimentais

Po

rce

nta

ge

m d

e v

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çõe

s

Tent. pres. e fi lme

Tent. presente

Tent. pres. e ant

Figura 7. Distribuição das verbalizações, em porcentagem, segundo critério de Localização Temporal nos diferentes grupos.

O exame da Figura mostra que as respostas verbais daqueles participantes que

tiveram acesso ao Filme Treino, ficaram também sob controle dos eventos observados

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33

(ou de respostas emitidas diante deles), uma vez que em ambos os grupos

Acesso/Operante (1) e Acesso/Tentativa (2) uma porcentagem considerável das

respostas sob controle de “eventos passados” foram classificadas com referência ao

filme. Por outro lado, o exame da Figura 7 mostra que, embora os participantes dos

grupos Sem acesso tenham recorrido a tentativas passadas na explicação do

comportamento do Personagem, para estes grupos foram relativamente mais freqüentes

as tentativas classificadas como sob controle exclusivo da tentativa presente: por volta

de 40% das verbalizações do grupo Sem acesso/tentativa (4) e 50% das verbalizações

do grupo Sem acesso/Operante Livre (3).

Na Figura 8 as verbalizações emitidas pelos participantes de cada grupo estão

distribuídas pelas sete categorias estabelecidas quanto aos eventos do filme que parecem

controlar ou foram referidos na descrição (Controle Predominante).

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Aces s o/

Operante (1)

Aces so/

Tentativa (2)

Sem aces so/

Operante (3)

Sem acess o/

Tentativa (4)

Grupos experimantais

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m d

e v

erb

ali

zaçõ

es Cor tela

Outras R.

Instrução

Consequencia

Taxa R.

R. e cons.

Instr. e R.

Figura 8. Distribuição das verbalizações, em porcentagem, segundo critério de Controle Predominante nos diferentes grupos.

A maior parte das verbalizações de todos os participantes foi classificada sob o

rótulo “Relação entre instrução e resposta”, classificação esta mais freqüente em três

dos quatro grupos experimentais. Por outro lado, as subclasses menos freqüentes para os

quatro grupos foram “Instrução” e “Cor do fundo de tela”. Este resultado indica que os

participantes tendiam a estabelecer relações entre as instruções que viam na tela e os

desempenhos dos participantes, contudo, não consideravam a instrução

independentemente das respostas e, por outro lado, raramente consideraram que o

comportamento do Personagem estivesse sob controle também da cor da tela.

Vale ressaltar ainda que os participantes dos grupos Sem acesso emitiram de 25

a 30% das verbalizações classificadas sob os rótulos “Conseqüência” e “Resposta-

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34

conseqüência”, o que indica que estes eventos também tenham sido destacados quando

da explicação do comportamento.

Na Figura 9 a porcentagem de verbalizações emitidas por cada um dos

participantes está classificada segundo os três critérios: Estilo de Descrição; Localização

Temporal e Controle Predominante. Nos seis painéis localizados superiores estão

representadas as verbalizações dos participantes dos grupos Acesso/ Operante (1) e

Acesso/Tentativa (2) e nos painéis inferiores os grupos Sem acesso/Operante (3) e Sem

acesso/Tentativa (4).

Figura. 9. Porcentagem de verbalizações emitidas por participante.

As barras representam a porcentagem de verbalizações do participante em cada

subclasse, considerando-se cada conjunto de critérios de classificação separadamente

(as linhas pontilhadas os separam). Vale destacar que 37% das verbalizações emitidas

pelo participante AO3 foram classificadas sob o rótulo “Infere”, não tendo nenhum

Conjunto de critérios (Classificações)

Porcen

tagem

de verbalizações

AT5

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

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Cor tela

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Conseq

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R. e co

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20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

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Explic

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Compa

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mes

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e filme

Cor tela

Instr

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.

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R.

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Conseq

uencia

R. e co

ns.

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35

outro participante de qualquer dos grupos Com Acesso verbalizações assim

classificadas. Por outro lado, quatro dos seis participantes dos grupos Sem Acesso

tiveram verbalizações classificadas como “Infere”, sendo que para três deles (SO7,

ST11, ST12) a freqüência dessas verbalizações foi bastante alta.

A classificação mais freqüentemente atribuída às verbalizações dos participantes

foi “Descreve”, com exceção dos participantes AO3, ST11 e ST12.

Quando considerado o critério de classificação quanto à Localização Temporal

do evento que parece controlar a descrição, verifica-se, como já mencionado

anteriormente, que apenas os participantes que tiveram acesso à história emitiram

verbalizações categorizadas como “Sob controle da tentativa presente e das tentativas

do filme anterior”. Dentre estes participantes, pode-se observar uma grande variação no

desempenho naqueles do grupo Acesso/ Operante (1), no qual o participante AO3

emitiu 81% das verbalizações classificadas a partir deste critério na categoria “Sob

controle da tentativa presente e das tentativas do filme anterior”, o que não ocorreu para

os participantes AO1 e AO2. Os participantes do grupo Acesso/Tentativa (2)

apresentaram desempenho mais uniforme, tendo emitido ao menos 30% das

verbalizações classificadas na categoria.

Quatro dentre os participantes dos grupos Sem acesso/Operante (3) e Sem

acesso/Tentativa (4) emitiram um número aproximado de verbalizações classificadas

como “Sob controle da tentativa presente” e “Sob controle da tentativa presente e da

tentativa anterior”.

Quando considerado o critério de classificação quanto ao Controle

Predominante, verifica-se que “Relação entre instrução e resposta” foi a categoria mais

emitida por todos participantes, em termos de porcentagem, com exceção do

participante AT6. A maior parte das verbalizações emitidas por este participante foi

classificada como tendo sido emitidas sob controle da “Cor do fundo de tela”. A

categoria foi pouco freqüente para todos os participantes, em especial para aqueles que

não tiveram acesso à história.

Com a exceção do participante AO3 – 31% das verbalizações emitidas por este

participante foram classificadas como tendo sido emitidas sob controle de “Outras

respostas”, todos os participantes emitiram respostas classificadas como sendo sido

emitidas sob controle da “Relação entre resposta e conseqüência”.

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36

II – Primeiras verbalizações em cada trecho de filme

As classificações das primeiras verbalizações emitidas pelos participantes em

cada um dos nove trechos do filme estão representadas nas Figuras 10, 11 e 12, cada

uma delas referente a um dos três critérios de classificação. As classificações das outras

verbalizações de cada trecho de filme estão representadas no Anexo 7. Nas linhas das

figuras estão representados os desempenhos de cada participante e nas colunas o

desempenho em cada trecho de filme. Cada trecho foi caracterizado quanto a: (a) cor do

fundo de tela (1ª linha) e (b) esquema de reforçamento em vigor, ou melhor, taxa de

respostas reforçada (2ª linha) e (c) se havia ou não coerência entre instrução e taxa

requerida para reforçamento (3ª linha). Os números na linha 4 indicam a numeração dos

trechos em que foi dividido o filme (ver Método).

Vale ressaltar que as primeiras verbalizações dos participantes foram destacadas

para análise por dois motivos: a maioria dos participantes emitiu ao menos uma

verbalização por trecho do filme, o que possibilitou comparações entre os participantes,

e a primeira verbalização emitida em um trecho muito possivelmente estava sob

controle das alterações que ocorriam de um trecho do filme para o outro.

Na Figura 10, as primeiras verbalizações emitidas pelos participantes estão

classificadas quanto ao Estilo de Descrição do desempenho do Personagem.

TELA AZTAXA REF. MINSTRUÇÃO

1 2 3 4 5 6 7 8 9

AO1 D D E E D D D D DAO2 D E E E E D D D CF Compara filmesAO3 I CF CT CF I

AT4 E CF D D D CT D CT D E ExplicaAT5 CF D D CT D CT CT CT CTAT6 E D D E CT D D D E I Infere

SO7 D I I I D D D I DSO8 E D CT D CT CT D CT CT Compara tentativasSO9 D E D D D

ST10 E CT D D CT D CT D CT D Descreve

ST11 I CT CT CT CT CT CT D CTST12 D E CT E CT D CT CT CT

COERENTE INCOERENTEBAIXA ALTA ALTA BAIXA

LARANJA VERDE

Figura 10. Primeira verbalização (Estilo de Descrição) emitida em cada trecho do Filme.

Parece interessante considerar conjuntamente as categorias “Explica” e “Infere”

contrapondo-as às categorias “Descreve” e “Compara” para a descrição da Figura 10. O

critério para a classificação das verbalizações nas duas primeiras categorias é que

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37

autoclíticos tais como “porque”, “para” e “quando” e “eu acho”, “parece” e “pode ser” e

termos mentalistas (Anexo 4) tenham sido identificados, enquanto que para a

classificação das verbalizações nas categorias “Descreve” e “Compara” era necessário

que os participantes referissem eventos comportamentais e ambientais de forma mais

direta, sem fazer uso de autoclíticos ou de termos mentalistas.

Verifica-se na Figura 10 que a classificação mais freqüentemente atribuída às

primeiras verbalizações dos participantes foi “Descreve”.

As verbalizações classificadas como “Explica” e “Infere” foram mais freqüentes

nos primeiros trechos do filme: cinco participantes emitiram estas verbalizações no

Trecho 1 do filme, 14 nos trechos de 2 a 5 (Instrução Coerente), e apenas três nos

trechos de 6 a 9 (Instrução Incoerente). Ainda que as verbalizações classificadas sob o

rótulo “Infere” tenham sido pouco freqüentes de maneira geral entre os participantes,

aqueles que emitiram este tipo de verbalização o fizeram por mais de uma vez, o que

parece indicar um “estilo de explicar”.

Os participantes AO1 e AO2, mesmo tendo tido acesso à historia, não emitiram

verbalizações classificadas sob o rótulo “Compara Filmes”. Como se verifica na Figura

11, estes mesmos participantes não emitiram verbalizações da categoria “Sob controle

da tentativa presente e das tentativas do filme anterior”.

Na Figura 11 as primeiras verbalizações emitidas pelos participantes estão

classificadas quanto à Localização Temporal do evento que parece controlar a

descrição.

TELA AZTAXA REF. MINSTRUÇÃO

1 2 3 4 5 6 7 8 9

AO1 T PP T PP PP PP PP PP PPAO2 T T T PP T T PP PP T Tent. PresenteAO3 T F T F F

AT4 PP F T T T PP PP PP PP PP Tent. Pres. E ant.AT5 F PP PP PP PP PP PP PP PPAT6 T T PP F PP PP PP PP F F Tent. Pres. E filme

SO7 T PP PP T PP PP T T PPSO8 T T T PP PP PP PP TSO9 T T PP PP T

ST10 P PP T T PP T PP T PPST11 T PP PP PP PP T PP T PPST12 T T PP T PP PP PP PP PP

COERENTE INCOERENTE

LARANJA VERDEBAIXA ALTA ALTA BAIXA

Figura 11. Primeira verbalização (Localização Temporal) emitida em cada trecho do Filme.

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38

Verifica-se que os participantes, de maneira geral, deixam de emitir

verbalizações classificadas como “Sob controle da tentativa presente”, passando a emitir

um número cada vez maior de verbalizações da categoria “Sob controle da tentativa

presente e das tentativas anteriores”.

Dentre os seis participantes que tiveram acesso à história, quatro, em algum

momento, emitiram verbalizações classificadas como tendo sido emitidas “Sob controle

da tentativa presente e das tentativas do filme anterior” – como já mencionado, os

participantes que não emitiram verbalizações classificadas a partir do critério Estilo de

Descrição como “Compara Filmes” (AO1 e AO2) foram os que não emitiram esta

classe de verbalizações.

Na Figura 12 as primeiras verbalizações emitidas pelos participantes estão

classificadas quanto ao Controle Predominante.

TELA AZTAXA REF. MINSTRUÇÃO RC R. e cons.

1 2 3 4 5 6 7 8 9

AO1 RC IR IR I IR IR IR IR IR C ConsequenciaAO2 RC IR IR IR IR IR IR IRAO3 O IR IR TX O O Outras R.

AT4 RC IR IR IR IR IR IR IR IRAT5 TX IR IR IR IR IR IR IR IR TX Taxa R.AT6 RC RC RC TE TX I IR IR TE

SO7 O O C IR IR IR IR C IR IR Instr. E R.SO8 RC TE IR TX TX TX TX ISO9 RC RC RC I TX I Instrução

ST10 RC RC RC IR IR I I IR IRST11 TX IR IR IR IR IR TX IR TX TE Cor telaST12 RC IR IR IR RC C RC IR RC

ALTA BAIXABAIXA ALTAINCOERENTE

VERDELARANJA

COERENTE

Figura 12. Primeira verbalização (Controle Predominante) emitida em cada trecho do Filme.

Uma vez que no primeiro trecho do filme nenhuma instrução estava disposta na

tela, os participantes, em sua maioria, ficaram sob controle de outros eventos ambientais

durante o trecho, tais como “Relação resposta e conseqüência”. Nos trechos seguintes

esta tendência se manteve para cinco dentre os 12 participantes. Note-se que quatro

dentre estes cinco participantes não tiveram acesso à história.

De maneira geral, verifica-se que as primeiras verbalizações emitidas pelos

participantes foram, em sua maioria, classificadas sob o rótulo “Relação instrução e

resposta” – o que aconteceu de maneira ainda mais marcada para os participantes que

tiveram acesso à história.

Page 52: PAULA FERREIRA BRAGA Ferreira... · Enurese certamente foram fundamentais para que eu percebesse quanto gosto da vida ... principais do Filme Treino ... na Análise do Comportamento

39

Na Figura 13 vê-se o número de verbalizações emitidas pelos participantes em

cada um dos nove trechos do Filme Teste. Cada barra representa um trecho e as duas

cores diferentes foram utilizadas apenas para facilitar a visualização de cada trecho em

particular.

Figura 13. Número de verbalizações emitidas pelos participantes em cada trecho do filme.

Os participantes submetidos os procedimento do tipo Tentativa emitiram

verbalizações em todos os trechos do filme. Três dentre os seis participantes submetidos

ao procedimento do tipo Operante livre (AO1, AO3 e SO9) por sua vez, não emitiram

verbalizações em algum dos trechos do filme.

Três padrões de distribuição das verbalizações dos participantes ao longo dos

trechos do filme podem ser identificados na figura: (a) as verbalizações foram emitidas

no início e no final do filme (participantes AO3, SO7, SO8, S09, S010 e SO12); (b) as

verbalizações foram emitidas em um ponto específico do filme (AO1 e AO2); e (c) as

verbalizações foram emitidas durante e após o Trecho 6 do filme (AT5 e SO11).

Os participantes AO1 e AO2 que emitiram verbalizações em momento

específico os fizeram em diferentes momentos: AO1, principalmente, o fez no início do

filme, e AO2 no final. Estes dois participantes emitiram quase sempre uma resposta a

cada trecho, ainda que tenham sido expostos ao procedimento do tipo Operante livre.

Participantes

Verbalizações (n)

0

1

2

3

4

5

6

AO1 AO2 AO3 AT4 AT5 AT6

0

1

2

3

4

5

6

SO7 SO8 SO9 ST10 ST11 ST12

Page 53: PAULA FERREIRA BRAGA Ferreira... · Enurese certamente foram fundamentais para que eu percebesse quanto gosto da vida ... principais do Filme Treino ... na Análise do Comportamento

40

Os participantes AT5 e ST11 apresentaram o terceiro padrão descrito. Não é

demais reafirmar que foi durante no início do Trecho 6 que a maior mudança nas

condições do filme ocorreu: o fundo de tela antes laranja passou a ser verde, as

instruções, antes coerentes com o esquema de reforçamento, passaram a ser incoerente,

o Personagem passando assim a se comportar de uma nova maneira pela primeira vez:

“fazendo o inverso daquilo que a instrução pediu”. Logo no início do Trecho 6 estes

participantes emitiram as seguintes verbalizações, respectivamente: “Agora mudou” e

“Mudou a seqüência. Mudou a cor de trás”.

Na Figura 14 as verbalizações de cada participante exposto ao procedimento do

tipo Operante livre estão localizadas em relação ao desempenho do Personagem.

Figura 14. Localização relativa das verbalizações dos participantes de cada grupo exposto ao procedimento do tipo Operante livre. O exame da Figura 13 não permitiu encontrar padrões na distribuição das

verbalizações dos participantes expostos a um procedimento do tipo Operante livre,

podendo-se observar apenas: (a) que o participante AO3 em seis ocasiões emitiu mais

de uma verbalização por fala – apresentando assim um “estilo de explicar” mais uma

vez descrito como particular: AO3 emitiu mais verbalizações que os demais

participantes do grupo Acesso/Operante (1) e (b) os participantes do grupo

Acesso/Operante (1) emitiram mais verbalizações ao longo dos Trechos 1, 2, 6 e 8. As

mudanças de cor de fundo de tela e de esquema de reforçamento ocorreram justamente

Acesso/Operante (1)

Sem acesso/ Operante (3)

Tentativas

Taxa de resp

ostas 0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55

AO1AO2AO3SO7SO8SO9

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41

nestes trechos. O único trecho com as mesmas mudanças em que a concentração de

verbalizações não se observou foi o Trecho 4.

III – Verbalizações contendo autoclíticos e termos cognitivos

Na Tabela 7 estão dispostos os números de verbalizações, de autoclíticos e de

termos mentalistas/internalistas emitidos pelos participantes e pelos grupos de

participantes ao longo da apresentação do Filme Teste. Estes números deram origem a

dois índices: o índice de autoclíticos por verbalização (I) e o índice de termos

mentalistas/internalistas por verbalização (i). As médias para os grupos e para todos os

participantes foram também calculados. Uma listagem de todos os termos classificados

como autoclíticos e mentalistas/internalistas está anexada neste trabalho (Anexo 8). Na

Figura 15 os dois índices calculados para cada participante forma plotados.

Tabela 7. Autoclíticos e termos mentalistas/internalistas: número total e índices por participante, médio e geral (n termos/n verbalizações).

Verbalizações Autoclíticos N Autoclíticos/

n verbalizações (I)

Termos mentalistas/ internalistas

Termos cognitivos/ verbalizações (i)

Acesso/ Operante

(1)

AO1 9 19 2,11 0 0,00

AO2 9 23 2,56 1 0,11

AO3 16 33 2,06 10 0,63

(1) 34 75 2,24 11 0,32

Acesso/ Tentativa

(2)

AT4 14 43 3,07 8 0,57

AT5 20 47 2,35 1 0,05

AT6 12 24 2,00 3 0,25

(2) 46 114 2,47 12 0,26

Sem acesso/ Operante

(3)

SO7 14 22 1,57 17 1,21

SO8 11 17 1,55 0 0,00

SO9 7 10 1,43 2 0,29

(3) 32 49 1,52 19 0,59

Sem acesso/ Tentativa

(4)

ST10 20 49 2,45 1 0,05

ST11 39 61 1,56 26 0,67

ST12 15 27 1,80 10 0,67

(4) 74 137 1,94 37 0,50

total 186 375 2,04 79 0,42

Como se verifica na Tabela 7, o número total de autoclíticos emitidos por todos

participantes e considerados durante o processo de classificação das verbalizações foi

375 e o “índice médio” de autoclíticos emitidos por verbalização

(autoclíticos/verbalizações) foi de 2,04 (I).

Ainda que os participantes do grupo Sem acesso/Tentativa (4), em números

absolutos, tenham sido aqueles com maior número de autoclíticos, foram os

participantes que tiveram acesso à história – grupos Acesso/Operante (1) e

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42

Acesso/Tentativa (2), aqueles a apresentar os maiores índices de autoclíticos por

verbalização (I). De fato, todos os participantes dos grupos Acesso, com exceção do

participante AT5, apresentaram índices superiores ao índice geral dos participantes.

Dentre os participantes que não tiveram acesso à história apenas um, o participante

ST10, apresentou índice superior à 2,04 (ver também Figura 15).

Figura 15. Autoclíticos e termos mentalistas/internalistas: número total e índices por participante, médio e geral (n termos/n verbalizações).

Pode-se verificar uma correlação entre as categorias “Explica” e “Compara” e o

número de autoclíticos emitidos pelos participantes, uma vez que justamente a presença

de determinados autoclíticos, como se afirmou anteriormente, foi o critério para a

classificação de uma verbalização nestas categorias, como se verifica na Figura 9 e no

Anexo 4. Os participantes que tiveram acesso à história emitiram mais verbalizações

classificadas sob estes rótulos.

O número total de termos classificados como mentalistas/internalistas para todos

os participantes de acordo com a listagem de termos adaptada de Skinner (1989)10 foi

79, e o índice médio de termos cognitivos emitidos por verbalização (termos mentalistas

ou internalistas /verbalizações) geral dos participantes foi 0,42 (i).

10 A listagem de termos cognitivos adaptada de Skinner (1989) está anexada neste trabalho (Anexo 3).

Participantes

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

AO1 AO2 AO3 AT4 AT5 AT6 SO7 SO8 SO9 ST10 ST11 ST12

Indice de Autoclíticos (I) índice médio índice médio geral

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

AO1 AO2 AO3 AT4 AT5 AT6 SO7 SO8 SO9 ST10 ST11 ST12

Índice de Termos Cognitivos (i ) índice médio índice médio geral

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43

Dentre os grupos de participantes, aqueles que emitiram um número de termos

mentalistas/internalistas acima do índice total dos participantes foram os grupos Sem

acesso/ Operante (3) e Sem acesso/Tentativa (4). De fato, dentre os participantes,

aqueles que individualmente emitiram um índice de termos mentalistas/internalistas (i)

superior ao índice total foram os participantes ST11, ST12, SO7 e AO3 – três deles

participantes que não tiveram acesso à história.

Para dois participantes (AO1 e SO8) nenhum termo foi classificado como

mentalista/internalista. Cinco participantes emitiram um índice de termos

mentalistas/internalistas inferior ao índice total: os participantes AT5, AT6, AO2, SO9 e

ST10 – três deles participantes que tiveram acesso à história.

Parece interessante destacar que AO3, dentre os participantes do grupo

Acesso/Operante (1) foi aquele que emitiu mais verbalizações classificadas sob o rótulo

“Infere” e sob o rótulo “Outras respostas”. Já os participantes SO8, SO9 e SO10 dentre

os participantes que não tiveram acesso á história, foram aqueles a não emitir

verbalizações destas mesma duas categorias, o que indica uma correlação entre as

categorias “Infere” e “Outras respostas” e classificação de termos como

mentalistas/internalistas.

Na Figura 16 vê-se o número de autoclíticos e o número de termos cognitivos

emitidos por participantes em cada um dos trechos do filme:

Figura 16. Trechos do filme em que autoclíticos e termos cognitivos foram emitidos pelos participantes.

Termos Mentalistas/ Internalistas

Autoclíticos

Participantes Trechos do filme

Número de Verbalizações

0

3

6

9

12

15

AO1 AO2 AO3 AT4 AT5 AT6 SO7 SO8 SO9 ST10 ST11 ST12

0

3

6

9

12

15

AO1 AO2 AO3 AT4 AT5 AT6 SO7 SO8 SO9 ST10 ST11 ST12

0

3

6

9

12

15

1 2 3 4 5 6 7 8 9

0

3

6

9

12

15

1 2 3 4 5 6 7 8 9

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44

Quando se considera os autoclíticos emitidos pelos participantes, três padrões de

distribuição das verbalizações podem ser observados: Os autoclíticos emitidos pelos

participantes AO1 e AT5 distribuíram-se uniformemente ao logo dos trechos do filme,

enquanto os emitidos pelos participantes ST12, SO7, SO8, SO9 e AO3 se concentraram

em dois períodos distintos do filme, no início e a partir do Trecho 6. Os participantes

ST10, ST11, AT4, AT6 e AO2 emitiram autoclíticos ao longo de todos os trechos do

filme, mas principalmente no início ou a partir do Trecho 6.

Quando se considera os termos classificados como mentalistas/internalistas

emitidos pelos participantes, verifica-se que os participantes que emitiram o maior

índice de termos cognitivos (i) distribuíram suas emissões ao longo de todos os trechos

do filme, o que parece indicar mais um “estilo de explicar” dos participantes ST11,

ST12, SO7 e AT4 que o efeito das variáveis manipuladas.

Por outro lado, os participantes ST10, SO9 e AO2 emitiram termos

mentalistas/internalistas somente no início do filme, enquanto os participantes AO3,

AT6 e AT5 emitiram autoclíticos no início e a partir do Trecho 6 do filme, sugerindo

neste caso um efeito, pelo menos parcial, de eventos específicos.

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DISCUSSÃO

Uma questão que precisa ser enfrentada em trabalhos como o presente, se refere

às condições de estímulo a que os participantes devem responder. Características destas

condições – a variável independente – seguramente afetam os resultados, e por isso

merecem especial atenção. Golfeto & Andery (2008), por exemplo, aventam a

possibilidade de que os participantes de seu estudo tenham emitido verbalizações sob

controle das expressões faciais e de outros comportamentos dos Personagens. Estes

eventos não controlados teriam afetado os resultados.

No presente estudo houve mais controle sobre a produção dos filmes, isto é,

sobre as condições de estímulo produzidas para controlar as respostas dos participantes:

Assim, o Personagem foi instruído a manter expressão facial “neutra” e a não se

movimentar em demasia durante a filmagem, e a tarefa na qual o Personagem trabalhou

foi estruturada em períodos claramente separados por intervalos, em que a resposta de

clicar, uma resposta discreta, foi precedida por condições de estímulo claras, tais como a

cor do fundo de tela e a apresentação de uma instrução, e seguida por condições de

estímulo também claras, tais como conseqüências de acerto ou erro.

Como resultado destes controles, verifica-se que ocorreu uma diminuição na

emissão de termos mentalistas neste estudo, em especial aqueles caracterizados por

Golfeto (2005) e Golfeto e Andery (2008) como tendo sido emitidos sob controle do

“humor” ou do “estado do Personagem”. Não se identificou, no presente estudo, pontos

específicos do filme em que os participantes emitissem este tipo de verbalização, daí

estas classificações não terem nem ao menos sido propostas no presente estudo.

Ainda, diferentemente do constatado por Golfeto (2005) e Golfeto e Andery

(2008), no presente trabalho, verbalizações em que o participante parecia estar

principalmente sob controle do seu próprio comportamento de descrever, “muitas vezes

fazendo referências a possíveis variáveis de controle de seu comportamento de

explicar”, não foram observadas (Golfeto, 2005, p. 66). Tais verbalizações podem ter

sido resultado da própria “estrutura” do filme utilizado pelas autoras, ou do

procedimento que expunha cada um de seus participantes a dois diferentes filmes – de

modo que comparassem o seu comportamento diante de um filme ao seu

comportamento diante do outro. Os participantes deste estudo, também como resultado

de características do filme ou por terem sido instruídos a explicar apenas um filme,

muito raramente emitiram verbalizações sob controle de seu próprio comportamento,

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46

não havendo sequer uma classificação dentre as propostas que descrevesse este tipo de

verbalização.

No presente estudo os trechos do filme parecem ter funcionado como unidades

independentes, mas relacionadas na evocação do comportamento de explicar dos

participantes. De fato, as respostas verbais dos participantes que denotavam mudanças

no controle de estímulos aconteciam no início de cada trecho, quando novas condições

de estímulo eram apresentadas.

De modo geral, no filme produzido, todas as características apontadas por

Hineline (1989) como sendo como favoráveis à adoção de um modelo explicativo

baseado no ambiente puderam ser encontradas. Estas características são as seguintes: (a)

entidades distintas; (b) consistência ao longo do tempo; (c) consistência ao longo de

variação da entidade; e (d) consenso de atribuições.

A partir destas características, o filme produzido pode ser descrito como: (a)

estimulação antecedente, resposta e conseqüência são eventos produzidos por entidades

distintas e claramente separados no tempo: elementos da tela evocam a resposta de

clicar do personagem, que é reforçada ainda por outros elementos da tela; (b) muitas

tentativas são apresentada ao logo de cada trecho do filme: nas mesmas condições, a

mesma coisa acontece ao participante todas as vezes, sem exceção, e este tende a

responder, diante um estado de coisas, com o mesmo padrão; (c) quando a cor do fundo

de tela é alterada, uma nova contingência de reforçamento entra em vigor no filme, o

Personagem se comportando de uma determinada maneira em um contexto e de outra

maneira em outro contexto; (d) há um consenso entre as atribuições dos participantes,

ou, ao menos, os elementos mencionados por uns são os mesmos que os mencionados

por outros.

Dentre outros resultados obtidos, estas características justificariam a baixa

freqüência de emissão de termos mentalistas pelos participantes.

Ainda, é importante ressaltar que mais uma característica do filme – um maior

número de mudanças nas condições apresentadas em um momento específico do filme,

o Trecho 6, teve impacto sobre as verbalizações, que aumentaram neste trecho e/ou

envolveram mais autoclíticos. A “complexificação” do evento a ser explicado, ou o

grande número de mudanças nas condições, parecem justificar tanto o maior número de

verbalizações quanto o de autoclíticos.

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47

Por fim, outra tendência verificada no conjunto dos participantes foi a de que, no

decorrer dos trechos do filme – o que parece ter ocorrido mais uma vez em função da

estrutura do próprio filme – os participantes pararam de emitir verbalizações

classificadas “Sob controle da tentativa presente”, e passaram a emitir verbalizações

“Sob controle da tentativa presente e das tentativas anteriores” ou “Sob controle da

tentativa presente e das tentativas do filme anterior”: quanto mais “tentativas

anteriores” se acumulavam, tornava-se mais provável que os participantes se

comportassem sob controle delas.

Como já afirmado, descrever ou explicar o comportamento apontando como suas

causas eventos que não se localizam temporalmente imediatamente antes da sua

ocorrência, mas sim um pouco deslocados, é aproximar-se das explicações históricas, as

quais têm sido descritas como as mais apropriadas para a ciência (Baum & Heath, 1992;

Simonassi e cols. 1984; Skinner, 1963). Que os participantes tenham adotado

progressivamente tal perspectiva histórica parece ser coerente com o que afirmam os

autores.

É quase como se os sucessivos trechos do Filme Teste tivessem exercido o papel

de construção de história para os participantes, apesar de o comportamento do

Personagem ser sempre estável em cada trecho. Assim, parece que o acesso à história de

seleção/ aquisição de comportamento, afirmado como variável crítica para a produção

de explicações externalistas, poderia ser sido “substituído” pelo acesso aos diferentes

contextos que evocam ou não classes de respostas e nos quais tais respostas são ou não

seguidas de certas conseqüências específicas.

Dentre os participantes deste estudo, seis tiveram acesso à história de aquisição

da resposta de clicar, isto é, ao Filme Treino, e seis não tiveram. De acordo com os

resultados obtidos, os participantes que tiveram acesso à história emitiram mais

verbalizações classificadas como “Explica” (quanto ao Estilo de Descrição), e como

“Cor do fundo de tela” (quanto ao Controle Predominante). Estas verbalizações

envolveram o estabelecimento de relações entre eventos mais complexas pelos

participantes e a identificação de mais variáveis evocativas com função

comportamental. Talvez aqui esteja um efeito importante da exposição à história de

aquisição/seleção de comportamentos antes de descrevê-los ou explicá-los: este acesso

aumenta o escopo da descrição/ explicação. Um maior número de autoclíticos também

foi verificado nas falas dos participantes que tiveram acesso à história.

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48

Já os participantes que não tiveram acesso à história, de acordo com os

resultados obtidos, emitiram mais verbalizações classificadas como “Conseqüência” e

“Relação resposta e conseqüência” (quanto ao Controle Predominante). Pode-se supor

que a função evocativa da instrução sobre o comportamento do Personagem possa não

ter ficado explícita para estes participantes sem acesso à história e que elementos

subseqüentes à resposta, isto é, a conseqüência e a relação entre a resposta e a

conseqüência, tenham adquirido então esta função.

De fato, a tendência de emitir respostas verbais que identificavam elementos

subseqüentes às respostas do Personagem como relevantes ocorreu ora longo dos

trechos iniciais do filme, ora ao longo de seus trechos finais, para todos os participantes

do grupo Sem Acesso.

Os participantes deste estudo foram submetidos a dois procedimentos de

solicitação de relato: um procedimento do tipo tentativa, e um procedimento do tipo

operante livre. De acordo com os resultados obtidos, os participantes submetidos a um

procedimento do tipo tentativa emitiram em média mais verbalizações que os demais.

Parece muito provável que uma característica do próprio procedimento de

solicitação de relato tenha sido a variável determinante para que tal ocorresse: uma vez

que a tela que os participantes do grupo Tentativa tinham diante de si permanecia escura

durante 30 segundos entre cada um dos trechos apresentados, e que estes participantes

tenham sido instruídos a falar durante este intervalo, muitos deles permaneceram

falando, isto é, emitindo verbalizações, até que um novo trecho do filme tivesse início.

Assim, a tela escura constituiu uma condição antecedente com função evocativa

clara para a resposta estudada, podendo-se mesmo hipotetizar que o estímulo tela escura

tenha exercido o papel de um reforçador negativo, do qual os participantes se

esquivavam emitindo verbalizações. A estimulação aversiva, de acordo com esta

hipótese, teve fim a cada vez que um novo trecho do filme foi iniciado, quando os

participantes imediatamente paravam de falar. Desta forma, os participantes submetidos

a um procedimento do tipo tentativa emitiram comportamento verbal durante

aproximadamente 30 segundos a cada trecho do filme.

Parece também relevante apontar que, dentre os participantes expostos ao

procedimento do tipo operante livre, três não emitiram verbalizações ao longo de algum

trecho – o que parece corroborar ainda mais a hipótese de que tela escura tenha exercido

um controle discriminativo mais claro sobre o comportamento verbal dos participantes.

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49

De fato, parece possível que os participantes submetidos a um procedimento do

tipo operante livre tenham emitido menos verbalizações que os demais porque durante a

execução do filme muitas outras respostas, tais como “ler a instrução”, “olhar para a

tela” e “contar quantas vezes o Personagem clicava com o mouse”, por exemplo,

tenham competido com a resposta estudada, sendo respostas mais prováveis que

descrever/explicar, pelo menos em determinados momentos dos trechos do filme.

Demonstrou-se que para os participantes do grupo Operante, durante os cinco

segundos iniciais dos trechos, em especial enquanto as instruções eram apresentadas na

tela, poucas verbalizações ocorreram, o que parece corroborar a presente interpretação.

Ainda, muitos dentre os participantes expostos ao procedimento do tipo operante

livre apresentaram o padrão de emitir apenas uma verbalização por trecho do filme,

enquanto outros tenderam a emitir uma primeira verbalização e, em momento

imediatamente posterior, emitir outra relacionada à primeira, como ocorreu com o

participante AO1, por exemplo, que emitiu a seguinte 1ª verbalização no Trecho 1: “Ele

acerta quando ele clica um número de vezes grande no botão vermelho”; e depois, a 2ª

verbalização: “Um botão de vezes grande não: um botão de vezes médio. Um número

de vezes médio”. Pode-se inferir que durante o intervalo entre a ocorrência destas duas

verbalizações algum comportamento dentre os mencionados estivesse ocorrendo.

Desta mesma observação decorre uma hipótese relacionada às características do

filme produzido. Uma vez que as mudanças no controle de estímulos – tais como a cor

do fundo de tela, o conteúdo das instruções, o fato de o personagem se comportar de

forma coerente/incoerente com as instruções, ou de mudar a taxa de respostas –

ocorriam no início de cada trecho do filme, mantendo-se inalteradas em seu decorrer,

parece que justamente os primeiros segundos de cada trecho evocavam as verbalizações

dos participantes, os segundos restantes de cada trecho tendo menor função evocativa

que os iniciais.

Com referência a uma das hipóteses estabelecidas por Leigland (1989), e

também considerada por Golfeto (2005), não se pode dizer que os participantes deste

estudo tenham emitido mais verbalizações contendo termos mentalistas dado que o

comportamento que observavam era emitido por humanos.

De fato, os participantes deste estudo emitiram relativamente menos termos

mentalistas que os participantes de Leigland (1989) e que os participantes de Golfeto

(2005), o que aponta para a conclusão de que observar o comportamento de humanos

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50

não é condição suficiente ou necessária para a emissão de termos mentalistas. A

realização de mais estudos é necessária para que se possa esclarecer a função desta

variável na explicação de um comportamento observado.

Ainda que se deva fazer ressalvas quanto à comparação do presente estudo e o

de Simonassi e cols. (1984), é relevante considerar porque termos mentalistas ocorreram

poucas vezes nas verbalizações emitidas por participantes que não tiveram acesso à

história de aquisição da resposta de clicar no presente estudo.

De fato, a emissão de verbalizações com termos mentalistas e a de verbalizações

classificadas como “Infere” foram emitidas em diversos momentos por participantes

específicos, tais como os participantes AO3, SO7, ST11, ST12 e AT4. Este padrão de

verbalizações parece caracterizar, então, um “estilo de explicar” proveniente de extenso

treino fornecido pela comunidade verbal de cada participante.

Neste estudo ficou, sobretudo, evidenciado o enorme potencial da construção de

materiais em vídeo para o estudo em laboratório do comportamento verbal. As

possibilidades são inúmeras, tais como: (a) construir um material em vídeo que

contenha o desempenho de humanos e de infra-humanos em uma tarefa semelhante com

o objetivo de investigar a taxa de emissão de verbalizações contendo termos

mentalistas; (b) construir um material em vídeo que contenha o desempenho de em

Personagem em duas tarefas distintas: a primeira, uma tarefa em que características

descritas por Hineline (1989) estejam presentes, e a segunda uma tarefa em que elas não

estejam; e (c) construir um material em vídeo que contenha Personagens

desempenhando diversas tarefas corriqueiras com o objetivo de identificar “estilos de

explicar” nas verbalizações dos participantes.

Ainda, é possível afirmar que estudos sobre condições evocativas do

comportamento verbal poderiam originar novas tecnologias de ensino. Investigar as

condições em que um relato verbal preciso é emitido, ou as condições em que

explicações de comportamentos de determinado estilo são emitidas, é potencialmente

desenvolver o material necessário para que futuros educadores possam ensinar como

relatar e como explicar de determinada maneira.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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explanations in psychology. American Psychologist, 47, 1312-1317.

Barrelin, E. C. P. (2007). A construção do controle por estímulos condicionais sobre

o comportamento verbalmente controlado. Projeto de dissertação de Mestrado. São

Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

De Rose, J. C. (1997). O relato verbal segundo a perspectiva da análise do

comportamento: Contribuições conceituais e experimentais. Em R. A. Banaco

(Org.) Sobre Comportamento e Cognição, vol. I, 148-163. Santo André: Arbytes.

Golfeto, R. M. (2005). O que controlaria respostas verbais diante de um

comportamento observado. Dissertação de Mestrado. São Paulo: Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo.

Golfeto, R. M., & Andery, M. A. P. (2008). Um procedimento para investigar o que

controla respostas verbais diante de um comportamento observado. Acta

Comportamentalia, 16 (1), 89-116.

Hineline, P. N. (1990). The origins of environment-based psychological theory.

Journal of the Experimental Analysis of Behavior, 53, 305-320.

Leigland, S. (1989). A Functional Analysis of Mentalistic Terms in Human

Observers. The Analysis of Verbal Behavior, 7, 5-18.

Leigland, S. (1996). A Functional Analysis of Psychological Terms: In Defense of a

Research Program. The Analysis of Verbal Behavior, 13, 105-122.

Simonassi, L. E., Pires, M. T. C., Bergholtz, B. M. e Santos, A. C. G. (1984).

Causação do comportamento humano: acesso à história passada como determinante

na explicação do comportamento humano. Psicologia, Ciência e Profissão, 2, 16-

23.

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52

Skinner, B. F. (1945). The Operational Analysis of Psychological terms.

Psychological Rewiews, 52, 270-277/ 291-294.

Skinner, B. F. (1963). Behaviorism at Fifty. Science, New Series, Vol. 140, No.

3570, 951-958.

Skinner, B. F. (1989). The origins of cognitive thought. American Psychologist, 44,

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Skinner, B. F. (1992). Verbal Behavior. Massachusets: Copley Publishing Group.

(publicado originalmente em 1957).

Skinner, B. F. (2006). Sobre o Behaviorismo. São Paulo: Cultrix. (publicado

originalmente em 1974).

Skinner, B. F. (2003). Ciência e Comportamento Humano. São Paulo: Martins

Fontes. (publicado originalmente em 1953).

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53

LISTA DE ANEXOS

Anexo 1. Termo de Consentimento livre e esclarecido. i

Anexo 2. Instruções fornecidas ao Personagem. iii

Anexo 3. Listagem de Termos Mentalistas. v

Anexo 4. Conjuntos de critérios para a classificação das verbalizações. vii

Anexo 5. Registro integral das falas dos participantes. x

Anexo 6. Localização relativa das verbalizações de cada participante exposto ao

procedimento do tipo Operante livre. xvi

Anexo 7. Verbalizações emitidas em cada trecho do filme classificadas segundo

os três critérios. xix

Anexo 8. Autoclíticos e Termos Mentalistas emitidos durante cada trecho do

filme. xxiii

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54

ANEXO 1

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Anexo 1: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO. I - Identificação do participante Nome: _________________________________________ Documento de identidade: __________________________ Sexo: ( ) M ( ) F Curso: __________________________________________ Período: ________________________________________ Data de nascimento: ___/___/___ II - Dados sobre a pesquisa científica Título da pesquisa: “Explicações para o desempenho humano em uma tarefa operante: que variáveis controlariam a emissão de respostas verbais” Pesquisador responsável: Paula Ferreira Braga Documento de identidade: 32.616.020-6 Avaliação do risco da pesquisa: sem risco

III - Explicações do pesquisador sobre a pesquisa 1. Objetivo: Investigar como as pessoas explicam o comportamento. 2. Procedimentos: Será pedido aos participantes que expliquem o comportamento de clicar o

mouse de uma pessoa. Para tanto, um filme, de duração aproximada seis minutos, lhes será apresentado. Neste filme, uma pessoa realizará uma tarefa de computador, muito semelhante a um jogo de caça níqueis. As explicações deverão ser ditas em voz alta, diante de um microfone, e serão gravadas. Terminada a apresentação, os participantes deverão ainda responder, por escrito, a uma pergunta.

3. Não existem riscos ou desconfortos associados com este projeto, isto é, a probabilidade de que o indivíduo sofra algum dano como conseqüência imediata ou tardia do estudo. Cada uma destas explicações deverá ser dita diante de um microfone, já que será gravada. Ao final do filme você deverá, ainda, escrever um pequeno texto respondendo a uma pergunta.

4. Sigilo: Fica garantindo aos sujeitos da pesquisa a confidencialidade, a privacidade e o sigilo das informações individuais obtidas. Os resultados deste estudo poderão ser publicados em artigos e/ou livros científicos ou apresentados em congressos profissionais, mas informações pessoais que possam identificar o indivíduo serão mantidas em sigilo.

IV - Esclarecimentos dados pelo pesquisador sobre garantias ao participante Ficam garantidas aos participantes da pesquisa: 1. O acesso, a qualquer tempo, a informações sobre procedimentos, riscos e benefícios

relacionados à pesquisa, inclusive para dirimir eventuais dúvidas. 2. A salvaguarda da confidencialidade, sigilo e privacidade. 3. O direito de retirar-se da pesquisa no momento em que desejar.

V - Consentimento livre e esclarecido Eu compreendo os meus direitos como participante de pesquisa. Compreendo sobre o que, como e porquê este estudo está sendo feito. Receberei uma cópia assinada deste formulário de consentimento.

São Paulo, ___ de ___________de 2008.

__________________________ _________________________ Assinatura do participante Assinatura do pesquisador

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ii

ANEXO 2

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iii

Anexo 2: INSTRUÇÕES FORNECIDAS AO PERSONAGEM: Adaptadas de Barrelin

(2007).

Jogo Caça níqueis:

Sua tarefa é conseguir o máximo de dinheiro possível durante a sessão

experimental. Para isso, você deverá apostar. Cada aposta custa R$0,10 e para realizá-

las você terá que clicar com o mouse sobre o botão APOSTAR.

Quando você APOSTAR, as três janelas com figuras começarão a girar,

simultaneamente, durante, 3 segundos. Você deverá apostar a cada tentativa.

Se ao final desse período, figuras iguais aparecerem nas janelas você ganhará

R$ 0,50, que serão acrescidos no seu contador (BANCO).

Se três figuras diferentes aparecerem nas janelas, você terá perdido o valor

apostado. CLIQUES sobre o botão vermelho, enquanto as janelas giram, determinarão

o resultado. Portanto, você deverá clicar sobre o botão vermelho no período em que as

janelas giram.

Algumas vezes, aparecerão dicas na parte superior da tela do computador,

acima das três janelas. A seta indica onde as dicas poderão aparecer na tela do

computador.

Durante todo o jogo, cliques com o mouse sobre qualquer outra área da tela não

terão qualquer efeito. Seu saldo inicial no jogo será de R$ 12,00. A seta indica onde seu

saldo será apresentado.

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iv

ANEXO 3

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v

Anexo 3: LISTAGEM DE TERMOS COGNITIVOS: Adaptada de Skinner (1989).

Fonte Termos em português

Fazer

Ocorreu-me sair para uma caminhada Encontrei! (A solução para um problema) Estou inclinado a fazer algo Eu tenho uma inclinação a fazer algo Eu tendo a fazer algo Intenção Atitude (probabilidade) Posição/postura/pose Estou disposto a ir andar Eu proponho uma caminhada Propósito (ação provável)

Sentir

Ver/ouvir/cheirar/ sentir o gosto/ tatear Perceber Compreender Evocar a imagem de... Interpretar Imagem

Mudar e permanecer mudado

Aprender Desenvolver Evoluir Metáfora do armazenamento (regras) Cópias/ representações Memorizar Lembrar Reconhecer

Querer

Precisar Desejar/ Pedir Sentir falta/ saudades Preocupar-se/ ansiar Ressentir-se

Esperar

Sentimentos “Estados da mente” Estar alerta Consciência Expectativas

Pensar

Eu penso que ele está errado (achar) Eu penso que sei (acho) Solucionar um problema Expor Descobrir Detectar Observar Considerar Contemplar Procurar/ explorar Concentrar Discernir Marcar/ distinguir Definir/ determinar Comparar Especular Cogitar/ fazer conjecturas Aceitar/ rejeitar Ponderar/ deliberar/ examinar Contar/ calcular Decidir Concluir

Mente

Isso me vem à mente Vou ter isso em mente A idéia me escapou (da mente) Use sua cabeça/ mente/ cérebro A mente não possui a noção e infinito Inteligência Personalidade Traços de personalidade/ caráter

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vi

ANEXO 4

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vii

Anexo 4: CONJUNTOS DE CRITÉRIOS PARA A CLASSIFICAÇÃO DAS VERBALIZAÇÕES.

Classe Subclasse Definição Expressões identificadoras

Estilo

de Des

creve

r

Explica o comportamento

Refere a resposta de clicar, relacionando-a a outros eventos

porque, para, quando

Compara os filmes

Refere o conteúdo dos dois filmes antes, agora, enquanto, desta vez, a mesma coisa

Compara tentativas

Refere o conteúdo de duas ou mais tentativas antes, agora, enquanto, desta vez, a mesma coisa

Descreve Refere a resposta de clicar ou características do filme sem relacioná-las

Infere

Refere eventos não diretamente observados. estabelecendo relações entre eles e o comportamento

eu acho, parece, pode ser

Localizaç

ão Tem

poral Tentativa

presente

Refere como variáveis relevantes eventos relacionados às tentativas do trecho do filme

tempo verbal, clica, clicando,

Tentativa presente e tentativas anteriores

Refere como variáveis relevantes eventos relacionados às tentativas do trecho do filme e a tentativas de trechos anteriores

antes, agora, enquanto, desta vez, a mesma coisa, tempo verbal (clicava)

Tentativa presente e tentativas do filme anterior

Refere como variáveis relevantes eventos relacionados às tentativas do trecho do filme e a tentativas do filme anterior

antes, agora, enquanto, desta vez, a mesma coisa, tempo verbal (clicava)

Controle Predominan

te

Cor do fundo de tela

Refere a cor do fundo da tela como relevante azul, verde, laranja, fundo, cor

Instrução Resposta de clicar é substituída pela instrução instrução, regra, pediu, mandou

Relação instrução e resposta

A resposta é atribuída à instrução seguir, respeitar, obedecer, fazer de acordo, fazer o contrário

Resposta de clicar (taxa)

Refere a taxa da resposta de clicar clicar, apertar, pressionar, cliques, muito/ pouco, rápido/ devagar, muitas/ poucas vezes

Conseqüência

Descrição da resposta de clicar é substituída pela descrição das conseqüências programadas para a resposta

alteração no "Banco", som de acerto/ erro, mensagem na tela, figuras iguais/ diferentes, fim da tentativa

Relação resposta e conseqüência

A resposta de clicar é atribuída às conseqüências programadas para ela

erra, acerta, ganhou, perdeu, então, porque, para

Outras respostas

Refere comportamentos relacionados a outras respostas que não a de clicar

olhar para o botão, pensar, parecer ansioso

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viii

ANEXO 5

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ix

Anexo 5: REGISTRO INTEGRAL DAS FALAS DOS PARTICIPANTES. AO1

1 Ele acerta quando ele clica um número de vezes grande no botão vermelho. 00:24

2 Um botão de vezes grande não: um botão de vezes médio. Um número de vezes médio.

00:35

3 Agora ele está seguindo as instruções e está acertando. Clicando um pequeno número de vezes no botão vermelho, ele acerta a pontuação.

01:25

4 Agora as instruções mudaram e ele precisa apertar no botão vermelho um grande número de vezes para poder acertar.

02:21

5 Agora ele deveria apertar "poucas vezes" para acertar, mas ele está pressionado muitas vezes e continua acertando.

03:32

6 A orientação continua sendo a de apertar "poucas vezes", mas ele aperta muitas vezes e acerta.

04:04

7 Agora a orientação é de apertar "muitas vezes", e ele aperta poucas vezes e mesmo assim ele acerta.

04:32

8 Agora para ganhar tem que apertar muitas vezes o botão vermelho, mas mesmo ele apertando poucas ele ganha.

05:06

AO2

1 O jogador aparenta estar dando um “certo” mesmo número de cliques no botão vermelho e desta forma vai ganhando o prêmio.

00:59

2 O jogador respeita as regras dadas pelo jogo, e desta forma vai ganhando pontos.

01:20

3 O jogador segue as regras do jogo e desta forma ganha os pontos. 01:54

4 O jogador segue novamente as novas regras dadas, e desta forma vai recebendo seus pontos... Desta forma.

02:18

5 O jogador segue as regras dadas pelo jogo e desta forma vai recebendo seus pontos.

02:54

6 O jogador não obedece às regras do jogo e recebe pontos. 03:29

7 O jogador novamente não respeita as regras dadas pelo jogo... E mesmo assim recebe pontos.

03:57

8 O jogador novamente não respeita as regras do jogo... E ganha pontos. 04:26

9 Aparentemente a cor do fundo da tela é o que condiz com o jogador obedecer ou não as regras do jogo.

04:40

AO3

1 Eu percebo expressões faciais. 00:25

2 Quando ele começa a jogar, ele segue primeiro a instrução do jogo... Por umas duas ou três vezes. Quando ele percebe que a instrução do jogo não permite que ele faça pontos, ele muda esta estratégia.

00:35

3 Ele parece um pouco inquieto. 00:59

4

De acordo com... No decorrer do jogo... Quando o fundo da tela muda... Esta ordem também... A orientação do jogo é alterada. Porque ora é... O jogo instrui você a clicar menos vezes e você vai clicando mais vezes e outras horas você tem que seguir a instrução do jogo. Nem sempre é um lógica. Eu entendi que não é uma lógica o jogo. Pode ser que haja algum tipo de alteração no decorrer.

01:21

5 O jogador também sempre segue à risca às instruções dadas no jogo. 03:13

6

Ele não fica... Por não ter uma lógica... Por nem sempre as regras do jogo... As instruções serem exatamente o que vai fazer ele pontuar... Ele não fica testando. Ele não fez nenhum teste assim. Ele segue a orientação. Se não der certo ele tenta algo contrário àquilo e permanece até que esta instrução mude. Ele não faz outras tentativas.

03:23

7 Ele permanece sempre bem... Apesar de demonstrar algumas vezes que está inquieto, ao mesmo tempo ele está super concentrado no jogo.

05:15

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x

AT5

1 Agora deve ser a hora que mandou ele apertar muito... Pouco! E ele tinha que apertar muito para ganhar. Foi isso que apareceu. Agora vai mudar a regra do jogo para ele continuar jogando.

2 Agora o jogo está indo de acordo com a regra que falou. E está fazendo de acordo com o que falou... porque ele foi acertando. E é só isso.

3 Agora também foi de acordo com a regra que ele deu. Era para apertar poucas vezes, e ele apertava poucas vezes e ganhava. Então ele fez de acordo com o que estava escrito e ganhou.

4 Continuou sendo a regra do jogo: era o que ele tinha que fazer. E ele não teve que mudar, e ele continuou ganhando, e então ele continuou clicando bastante.

5 De novo ele continuou fazendo o que estava mandando e ele continuou ganhando, tipo: não mudou igual no começo, que mudava e ele tinha que apertar várias, perder uma para poder se adequar ao jogo que ele estava jogando.

6

Agora mudou. Ele tinha que fazer o contrário do que estava mandando. Provavelmente ele perdeu uma para ver que ele tinha que apertar várias vezes ao invés de poucas vezes como o jogo falava. E aí ele continuou ganhando. Perdendo várias vezes ele conseguiu ganhar.

7 Aconteceu a mesma coisa que da última vez. Ele mandava ele apertar pouco, ele apertava muito e ganhava. Então... Ele provavelmente também perdeu, para ver que ele tinha que fazer o contrário e continuou ganhando, continuou acertando.

8 De novo aconteceu o contrário: mandava ele apertar várias vezes e ele apertava poucas e ganhava. Ele provavelmente deve ter perdido a primeira para saber se era de poucas ou de muitas, mas depois que ele ganhou a primeira vez... Ele continuou ganhando.

9 Continuou a mesma coisa que a vez passada. Ele tem que fazer o contrário para poder ganhar.

AT4

1 O participante percebe que quanto mais ele aperta o botão, ele consegue acertar mais vezes o “triozinho” de frutas.

2 O participante foi instruído a clicar poucas vezes no botão vermelho para acertar quantidades iguais de frutas. Algumas vezes deu certo, algumas vezes não.

3 O participante recebe novamente a instrução de clicar poucas vezes. Ele clica apenas uma vez e nenhuma das vezes ele testou clicando mais vezes para ver o que aconteceria.

4 O participante recebe uma nova instrução para clicar várias vezes o botão vermelho... E todas às vezes ele segue esta instrução. Nenhuma das vezes ele tenta mudar para ver o que acontece.

5 O participante também recebe a instrução de clicar várias vezes e ele faz assim como está escrito para ele. Ele não muda em nada a atitude... Que parece mecânica.

6 Desta vez ele foi instruído a clicar poucas vezes no botão vermelho... Mas ele permaneceu clicando muitas vezes e continuou acertando todas às vezes.

7 O participante recebeu mais uma vez a instrução de clicar poucas vezes no botão vermelho, mas continuou pressionando várias vezes, e acertando mesmo assim todas às vezes. Parece que ele percebeu que independente de quanto ele clica ele acerta.

8 O participante ele recebeu a instrução de clicar várias vezes, mas desta vez ele resolveu alternar e clicou uma vez apenas a cada rodada. E mesmo assim ele continuou acertando todas as vezes.

9 Mais uma vez ele recebeu a instrução de clicar várias vezes, mas continuou na posição de que clicando uma vez só ele acertaria. E foi o que aconteceu. Ele acertou todas as vezes clicando uma vez, mesmo a instrução sendo contrária.

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xi

AT6

1 O menino aperta diversas vezes sobre o botão vermelho... Para ganhar. 2 Apenas com um clique no botão vermelho, o menino ganha o jogo.

3 Novamente com um clique sobre o botão vermelho, o rapaz ganha o jogo. Eu acho que o fundo... A cor do fundo do jogo, diz algo sobe a quantidade de apertos sobre o botão vermelho.

4 É... O fundo da tela do jogo... A cor... não tem a ver com a quantidade de cliques. Porque neste exemplo a cor era laranja como na última sessão e ele clicou várias vezes para ganhar.

5 Novamente ele apertou várias vezes sobre o botão vermelho, porém bem antes...

6 Estas sessões falavam que ao clicar poucas vezes sobre o botão vermelho ganha-se o jogo... Só que é ao contrário. Apertando várias vezes você ganha.

7 Novamente as instruções para que clique poucas vezes para ganhar o jogo... Só que ao contrário. Clicando várias vezes sobre o botão vermelho que ganha o jogo.

8 Novamente as instruções pediam para que clicasse poucas vezes para ganhar o jogo, só que era várias vezes clicando o botão vermelho que se ganhava. Eu acho que ele percebe que as instruções mudam de acordo com o fundo da cor da tela do jogo.

9 É isso! Sobre o fundo verde ele sempre tem que acatar o oposto do que as instruções pedem.

SO7

1 Ele não se preocupa com as frutas. Ele se preocupa mais com o valor do dinheiro que ele está ganhando.

03:53

2 Quanto mais ele aperta, mais ele acha que o valor vai subir. 04:13 SO7 1 Primeiro ele está preocupado com acertar as seqüências de frutas. 00:36

2 Ele passa a apertar o botão vermelho só para ganhar dinheiro, sem se importar com as frutas e a ordem em que elas aparecem.

00:53

3 Ele obedece aos comandos da máquina, mas mesmo assim ele só se importa com o valor.

01:25

4 Quando o comando é "apertar poucas vezes o botão do mouse", ele passa a perceber as frutas e mesmo assim não leva a ordem em consideração.

01:50

5 Quando o comando é de "apertar várias vezes o botão do mouse", ele só se importa em pressionar o máximo de vezes por minuto sem que a seqüência esteja correta.

02:28

6 Ele fica sob comando do computador. 03:05

7 Como ele percebe que a técnica que ele está utilizando está sendo eficiente, ele continua, sem perceber, sem é... Sem nominar uma lógica para o seguinte.

03:19

8 Ele não percebeu que o comando mudou e continua apertando milhares de vezes o botão.

04:05

9 Ele está mais interessado no valor do dinheiro do que no comando que o computador está dando e na seqüência de frutas.

04:20

10 Ele percebe que independentemente da velocidade e do jeito que ele apertar, o valor do dinheiro vai subir.

04:52

11 Mesmo ele revertendo a ordem que o computador dá para ele, ele continua acertando.

05:20

SO8

1 Ele tinha que pressionar três vezes o botão seguidamente... Para dar as três frutas iguais e ganhar.

01:11

2 Com a tela laranja ele clica só uma vez. 01:39 3 É. Ele só clica uma vez. 01:54

4 Agora ele clica várias vezes para dar igual a seqüência das frutas. Muito mais que na primeira e na segunda vez.

02:22

5 Nossa! Agora ele clica muuuuitas vezes. Um, dois, três, quatro... Doze vezes 02:56

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xii

quase. Seguidas. 6 Ele continua clicando muito. 03:31 7 É. Clicando como antes. Doze vezes seguidas no botão vermelho. 03:49 8 Doze vezes. 04:12

9 Agora ele só clicou uma vez. E ele tem que clicar poucas vezes para ganhar, para acertar. Uma vez só.

04:30

10 Agora ele clica muitas vezes só que bem menos que antes. Ah não... Ele clicou só uma vez.

05:04

11 É. Só uma vez. 05:22 SO9

1 Ele clica seguidamente e consegue ganhar o bônus desejado no jogo. 00:20 2 Ele clica mais de seis vezes o botão. 00:43 3 Clica somente uma vez o botão para conseguir o bônus desejado. 01:29

4 A tela diz que para ganhar precisa apertar poucas vezes o botão... Ele aperta muitas vezes e continua vencendo.

03:30

5 Agora a frase diz que é para apertar várias vezes o botão e ele aperta somente uma vez.

04:35

ST10

1 Eu percebi que ele aperta... Quando deu a seqüência de frutas vermelhas. Ele apertou o botão três vezes. Quando deu a seqüência de frutas amarelas, ele apertou o botão vermelho quatro vezes e ele ganhou nestas duas vezes. Foi quando tem os finais.

2 Ele fez mais ou menos a mesma coisa (risos). Ele apertou o botão... Teve um momento que ele apertou duas vezes. Teve um momento que ele apertou uma vez... E ele ganhou todas as vezes.

3 Ele apertou uma vez só (risos). Ele clicou uma vez por jogo no botão vermelho... E ganhou todas as vezes.

4 Ele fez o que foi pedido. Ele apertou o botão muitas vezes para ganhar o jogo. E ele ganhou todas as vezes em que ele apostou.

5 Foi a mesma coisa. Ele teve que apertar muitas vezes o botão vermelho para ganhar.

6 Apareceu em baixo uma instrução que estava dizendo para apertar poucas vezes o botão para ganhar o jogo... E ele apertou muitas vezes... E mesmo assim ele continuou ganhando.

7

Tava dizendo a mesma coisa. Tava dizendo para apertar poucas vezes o botão vermelho para ganhar... Mas ele apertou muitas vezes... E ganhou. Ou seja... É... Enfim. Para ganhar você precisa nas duas primeiras vezes seguir o que o jogo manda que é para apertar poucas vezes, nas das segundas, nas duas seguintes também... você fazer o que o jogo manda e apertar muitas vezes. E nas duas que vem depois... apertar... É... Você tem que ir contra o que o jogo manda.

8 Estava escrito na instrução para apertar muitas vezes o botão vermelho para ganhar... E ele apertou uma vez... Ou foram duas... Poucas vezes... Enfim... E ele ganhou. Mesmo assim! Ele não seguiu a regra e ganhou. (Suspiro).

9

Era para apertar muitas vezes o botão vermelho... E novamente ele apertou poucas vezes ou uma vez... E... Ganhou da mesma maneira. Mais uma vez, como eu disse, ele não seguiu a regra nos dois últimos, nos quatro últimos vídeos... E ganhou... E... Nas primeiras regras... Nas quatro primeiras vezes ele seguiu as regras e ganhou. (Pausa) Bom. Como eu já disse o jogo funciona é... aperta... bom... ele dá oito vídeos... E nos quatro primeiros vídeos ele deu instruções, que o participante seguiu, e ganhou o jogo, e nos quatro últimos vídeos ele deu instruções e o paciente não seguiu estas instruções e... Ele fez o contrário do que a instrução mandava e ele ganhou o jogo da mesma maneira. (Suspiro)

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xiii

ST11

1

Ele tenta apertar o botão aleatoriamente depois de apostar para tentar acertar quais são as três frutas, mas ele não dá nem um tempo... Que parece que ele está jogando por jogar. Para tentar acertar sem pensar em nada... Como pode acertar o jogo. Ele clica aleatoriamente no botão para parar a qualquer momento.

2

Agora pede para ele apertar uma vez só o botão. Ele aperta no apostar e já aperta no botão para parar o jogo... Mas o jogo continua! Daí... Ele fica olhando para a câmera meio assim... Parece que ele não está entendendo direito... Porque ele aperta o apostar e aperta o vermelho para parar o jogo. É esta a sensação que dá. Mas eu acho que ele não espera que pare.

3

O jogo continua no mesmo esquema de apertar poucas vezes o botão vermelho. Ele aperta uma vez só e meio que espera o jogo falar que ele ganhou. Não tem nenhum... Ele parece não ter nenhuma vontade de ganhar ou de acertar o que o jogo está pedindo. Ele aperta o apostar e aperta o de baixo para parar... o que necessariamente não significa que vá parar o jogo pelo que eu vejo no vídeo.

4

Agora o jogo pediu para ele apertar várias vezes o botãozinho, o qual ele tinha apertado até dar o sentido de que ele está ganhando. Para mim... E acredito que ele não está entendendo como o jogo funciona. Só fica apertando várias vezes porque ele pediu. Porque o jogo pediu. Mas isso não necessariamente está vinculado ao que o jogo pediu, ou seja, cada vez que ele aperta várias vezes... o jogo pediu para apertar várias vezes... Mas ele não sabe que isso necessariamente pára o botão.

5

Outra coisa que dá para perceber é que foi o mesmo esquema. Ele tinha que apertar várias vezes. Ele aperta até dar o “parabéns” por ele jogar. É que as frutas que geralmente ele ganha não aparecem muito quando ele põe apostar. Então né... Ele ganha cada vez mais dinheiro, mas... isso não dá para perceber muito bem.

6

Apesar de o jogo pedir para ele apertar poucas vezes o botão... Mudou a seqüência... Mudou a cor de trás... Ele continua apertando muitas vezes até dar o “parabéns” que ele tinha ganhado pelas frutas. Pela seqüência de frutas. O que ele pedia - o jogo, era para ele apertar poucas vezes para conseguir ganhar, mas ele continua apertando várias vezes... porque ele sentiu que tinha ganhado antes. É isso que eu entendi.

7

Ele continua na mesma seqüência. Ele fica olhando para o botão que ele tem que apertar para parar... O botão vermelho abaixo do botão apostar. Ele fica clicando várias vezes até dar o sentido do que ele ganhou. Então ele acredita que é isso que está fazendo o jogo parar... com que ele ganhe. Mas na verdade o que mostra para mim é que o jogo continua apesar de ele clicar no botão.

8

Ele fez ao contrário do que o jogo está pedindo. Como da outra vez, ele pediu para apertar poucas vezes e ele ficou apertando muitas... Até ganhar. Desta vez ele pediu para apertar várias e ele apertou só uma vez. Ele apertava o apostar e apertava uma vez em baixo para conseguir parar o jogo, mas o jogo continuava no mesmo... número de vezes. E ele ganhava!

9 O que acontece é que ele continua fazendo isso de apostar e dar o... E apertar o vermelho depois. Mesmo pedindo para apertar várias vezes, ele aperta uma só vez e o jogo continua "numa boa"... Assim. Parece que ele mexeu no botão.

ST12

1 Bom... A cada vez que ele apertava cinco vezes o botão vermelho... Que sempre depois dava todas as figuras iguais. Sempre apertava cinco vezes o botão vermelho para dar todas as figuras iguais.

2 Bom... Como foi determinado para ele apertar poucas vezes o botão, e ele optou por apertar apenas uma vez. Deu certo. E ele continuou o jogo até o final apertando uma vez só, dando todas as figuras iguais.

3 Bom ele continuou da mesma forma, como o jogo também pedia poucas vezes para apertar o botão vermelho, então ele continuou da mesma forma que a anterior, que era apertar apenas uma vez... E deu certo.

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xiv

4 Bom... Como foi pedido para apertar várias vezes o botão, ele apertou o quanto que ele pode até o final do... Do jogo parar. Ele apertou o máximo possível... De quantidade... Que ele conseguia, até o final do jogo. Até ele voltar.

5 Foi o mesmo procedimento. Ele apertou várias vezes o botão até o jogo voltar. O número de vezes que ele conseguia apertar.

6 Eu acho que ele continuou ganhando várias vezes. Ele continuou apertando o botão várias vezes, do mesmo jeito... Para ver se a regra valia. Acho que é isso.

7 Ele continuou da mesma forma apertando várias vezes o botão. E ele viu que dava certo. Acho que não devia ter uma regra.

8 Bom agora quando pediu para apertar poucas vezes... Ele apertou várias vezes e viu que também deu certo... Então acho que não existia uma regra. Quantas vezes ele apertasse o botão ele ia ganhar o jogo.

9 Bom... Da mesma forma que ele continuou o jogo... Não importa quantas vezes ele apertasse o botão ia dar o resultado preciso para ele.

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xv

ANEXO 6

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xvi

Anexo

6: LO

CA

LIZ

ÃO

R

ELA

TIV

A

DA

S

VER

BA

LIZ

ÕES

DE

CA

DA

PA

RTIC

IPA

NTE E

XPO

STO

AO

PR

OC

ED

IMEN

TO

DO

TIP

O O

PER

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TE L

IVR

E.

0

2

4

6

8

10

12

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20

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55

Tentativas

Taxa de Respostas

Um botão de vezes grande não: um botão de vezes médio. Um número de vezes médio.

Agora ele está seguindo as instruções e está acertando.

Ele acerta quando ele clica um número de vezes grande no botão vermelho.

Agora as instruções mudaram e ele precisa apertar no botão vermelho um grande número de vezes para poder acertar.

Agora ele deveria apertar "poucas vezes" para acertar, mas ele está pressionado muitas vezes e continua acertando.

A orientação continua sendo a de apertar "poucas vezes", mas ele aperta muitas vezes e acerta.

Agora a orientação é de apertar "muitas vezes", e ele aperta poucas vezes e mesmo assim ele acerta.

Agora para ganhar tem que apertar muitas vezes o botão vermelho, mas mesmo ele apertando poucas ele ganha.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55

Tentativas

Taxa de Respostas

O jogador aparenta estar dando um “certo” mesmo número de cliques no botão vermelho e desta forma vai ganhando o prêmio.

O jogador respeita as regras dadas pelo jogo, e desta forma vai ganhando pontos.

O jogador segue as regras do jogo e desta forma ganha os pontos.

O jogador segue novamente as novas regras dadas, e desta forma vai recebendo seus pontos... Desta forma.

O jogador segue as regras dadas pelo jogo e desta forma vai recebendo seus

O jogador não obedece às regras do jogo e recebe pontos.

O jogador novamente não respeita as regras dadas pelo jogo... E mesmo assim recebe pontos.

O jogador novamente não respeita as regras do jogo... E ganha pontos.

Aparentemente a cor do fundo da tela é o que condiz com o jogador obedecer ou não as regras do jogo.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

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20

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55

Tentativas

Taxa de Respostas

Eu percebo expressões faciais.

Quando ele começa a jogar, ele segue primeiro a instrução do jogo... Por umas duas ou três vezes.

Ele parece um pouco inquieto.

O jogador também sempre segue à risca às instruções dadas no jogo.

Ele não fez nenhum teste assim. Ele segue a orientação.

Apesar de demonstrar algumas vezes que está inquieto...

Quando ele percebe que a instrução do jogo não permite que ele faça pontos, ele muda esta estratégia.

Nem sempre é um lógica. Eu entendi que não é uma lógica o jogo.

Pode ser que haja algum tipo de alteração no decorrer.

Ele não fica... Por não ter uma lógica... Por nem sempre as regras do jogo... As instruções serem exatamente o que vai fazer ele pontuar... Ele não fica testando.

Se não der certo ele tenta algo contrário àquilo e permanece até que esta instrução mude.

Ele não faz outras tentativas.

Ele permanece sempre bem...

...ao mesmo tempo ele está super concentrado no jogo.

De acordo com... No decorrer do jogo... Quando o fundo da tela muda... Esta ordem também... A orientação do jogo é alterada.

Porque ora é... O jogo instrui você a clicar menos vezes e você vai clicando mais vezes e outras horas você tem que seguir a instrução do jogo.

AO1

AO2

AO3

Page 84: PAULA FERREIRA BRAGA Ferreira... · Enurese certamente foram fundamentais para que eu percebesse quanto gosto da vida ... principais do Filme Treino ... na Análise do Comportamento

xvii

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55

Tentativas

Taxa de Respostas

Ele não se preocupa com as frutas.

Ele se preocupa mais com o valor do dinheiro que ele está ganhando.

Quanto mais ele aperta, mais ele acha que o valor vai subir.

Primeiro ele está preocupado com acertar as seqüências de frutas.

Ele passa a apertar o botão vermelho só para ganhar dinheiro, sem se importar com as frutas e a ordem em que elas aparecem.

Ele obedece aos comandos da máquina, mas mesmo assim ele só se importa com o valor.

Quando o comando é "apertar poucas vezes o botão do mouse", ele passa a perceber as frutas e mesmo assim não leva a ordem em consideração.

Quando o comando é de "apertar várias vezes o botão do mouse", ele só se importa em pressionar o máximo de vezes por minuto sem que a seqüência esteja correta.

Ele fica sob comando do computador.

Como ele percebe que a técnica que ele está utilizando está sendo eficiente, ele continua, sem

Ele não percebeu que o comando mudou e continua apertando milhares de vezes o botão.

Ele está mais interessado no valor do dinheiro do que no

Ele percebe que independentemente da velocidade e do jeito que ele apertar, o valor do dinheiro vai subir.

Mesmo ele revertendo a ordem que o computador dá para ele, ele continua acertando.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55

Tentativas

Taxa de Respostas

Ele tinha que pressionar três vezes o botão seguidamente... Para dar as três frutas iguais e ganhar.

Com a tela laranja ele clica só uma vez.

É. Ele só clica uma vez.

Agora ele clica várias vezes para dar igual a seqüência das frutas. Muito mais que na primeira e na segunda vez.

Nossa! Agora ele clica muuuuitas vezes. Um, dois, três, quatro... Doze vezes quase. Seguidas.

Ele continua clicando muito.

É. Clicando como antes. Doze vezes seguidas no botão vermelho. Doze vezes.

Agora ele só clicou uma vez.

E ele tem que clicar poucas vezes para ganhar, para acertar. Uma vez só.

Agora ele clica muitas vezes só que bem menos que antes. Ah não...

Ah não... Ele clicou só uma vez. É. Só uma vez.

0

2

4

6

8

10

12

14

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20

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55

Tentativas

Taxa de Respostas

Ele clica seguidamente e consegue ganhar o bônus desejado no jogo.

Ele clica mais de seis vezes o botão.

A tela diz que para ganhar precisa apertar poucas vezes o botão...

Agora a frase diz que é para apertar várias vezes o botão...

Clica somente uma vez o botão para conseguir o bônus desejado.

Ele aperta muitas vezes e continua vencendo.

E ele aperta somente uma vez.

SO7

SO8

SO9

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xviii

ANEXO 7

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xix

Anexo

7: V

ER

BA

LIZ

ÕES

EM

ITID

AS

EM

C

AD

A

TR

EC

HO

D

O

FIL

ME

CLA

SSIF

ICA

DA

S S

EG

UN

DO

OS T

RÊS C

RIT

ÉR

IOS.

TELA

TX REF

INST

AO1

AO2

AO3

AT4

AT5

AT6

SO7

SO8

SO9

ST10

ST11

ST12

ESTILO DE DESCREVER

AZUL

MÉDIA

SEM

1

RC

RC

O

RC

TX

RC

O

RC

RC

TX

RC

TX

IR

I

C

TX

RC

IR

RC

TX

O

TE

LARANJA

BAIXA

COER

2

IR

IR

IR

IR

IR

RC

O

RC

RC

RC

IR

IR

IR

C

I

RC

O

RC

IR

TX

O

COER

3

IR

IR

IR

IR

RC

C

TE

RC

IR

IR

TX

TE

TX

RC

IR

RC

RC

ALTA

COER

4

I

IR

IR

IR

TE

IR

IR

IR

IR

IR

TX

C

IR

IR

IR

RC

COER

5

IR

IR

IR

IR

TX

IR

TX

IR

IR

RC

TX

C

I

IR

RC

C

O

VERDE

ALTA

INC

6

IR

IR

TX

IR

IR

I

IR

TX

RC

I

IR

C

IR

IR

IR

IR

TE

IR

IR

C

IR

TX

IR

C

INC

7

IR

IR

IR

IR

IR

IR

TX

I

TX

RC

RC

IR

C

I

O

I

C

IR

IR

RC

IR

TX

C

BAIXA

INC

8

IR

IR

O

IR

IR

IR

C

TX

I

IR

IR

IR

TE

O

IR

TE

RC

IR

IR

IR

IR

O

C

IR

IR

IR

INC

9

IR

IR

IR

TE

IR

I

TX

IR

TX

RC

C

IR

TX

IR

IR

RC

IR

TX

IR

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xx

TELA

TX REF

INST

AO1

AO2

AO3

AT4

AT5

AT6

SO7

SO8

SO9

ST10

ST11

ST12

LOCALIZAÇÃO TEMPORAL

AZUL

MÉDIA

SEM

1

T

T

T

PP

F

T

T

T

P

T

T

T

F

F

T

T

T

F

PP

T

T

F

LARANJA

BAIXA

COER

2

PP

T

F

F

PP

T

PP

T

T

PP

PP

T

F

F

T

T

T

PP

F

T

PP

T

COER

3

T

T

T

PP

PP

PP

T

T

PP

PP

F

F

T

T

T

T

PP

ALTA

COER

4

PP

PP

T

PP

F

T

T

T

PP

T

F

F

T

T

PP

PP

COER

5

PP

T

T

T

PP

PP

PP

PP

PP

PP

PP

F

F

T

T

PP

PP

T

VERDE

ALTA

INC

6

PP

T

F

PP

PP

PP

PP

PP

PP

T

T

PP

F

T

PP

PP

PP

PP

F

F

PP

F

PP

PP

INC

7

PP

PP

PP

PP

PP

T

PP

PP

PP

PP

T

T

PP

T

T

PP

F

PP

PP

T

PP

PP

PP

BAIXA

INC

8

PP

PP

F

PP

PP

PP

T

PP

PP

T

T

PP

F

F

T

F

T

PP

PP

PP

PP

F

F

PP

PP

PP

INC

9

PP

PP

PP

F

PP

T

T

PP

PP

PP

T

T

PP

PP

PP

PP

PP

T

PP

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xxi

TELA

TX REF

INST

AO1

AO2

AO3

AT4

AT5

AT6

SO7

SO8

SO9

ST10

ST11

ST12

CONTROLE PREDOMINANTE

AZUL

MÉDIA

SEM

1

D

D

I

E

CF

E

D

D

E

I

D

D

D

CF

D

D

I

CF

E

I

I

CF

LARANJA

BAIXA

COER

2

D

E

CF

CF

D

D

I

E

E

CT

CT

E

CF

CF

D

D

I

CT

I

I

I

COER

3

E

E

D

D

D

I

D

D

CT

CT

CF

E

D

D

I

D

CT

ALTA

COER

4

E

E

D

CT

E

I

CT

D

CT

E

CF

CF

I

E

CT

I

COER

5

D

E

CT

D

D

CT

D

D

CT

CT

CT

CF

CF

D

D

D

D

I

VERDE

ALTA

INC

6

D

D

CF

CT

CT

D

D

CT

D

D

CT

D

CF

D

D

CT

CT

I

CF

E

CT

CF

CT

CT

INC

7

D

D

D

CT

D

D

CT

CT

CT

CT

E

D

E

D

I

I

E

I

CT

D

CT

CT

D

BAIXA

INC

8

D

D

I

CT

CT

D

I

D

D

D

D

CT

E

I

D

I

E

E

CT

CT

I

I

E

CT

I

CT

INC

9

D

D

CT

E

D

CT

D

CT

CT

CT

D

D

D

CT

CT

I

CT

D

CT

CT

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ANEXO 8

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xxiii

Anexo 8: AUTOCLÍTICOS E TERMOS COGNITIVOS EMITIDOS DURANTE CADA TRECHO DO FILME. AUTOCLÍTICOS # TERMOS COGNITIVOS # TRECHO

AO1

"quando"/ "não" 2 1

"agora"/ "e" 2 2

3

"agora"/ "e"/ "para" 3 4

5 "agora"/ "mas"/"e" 3 6

"continua sendo"/ "mas"/ "e" 3 7

"agora"/ "e"/ "mesmo assim" 3 8

"agora"/ "mas"/ "para" 3 9

total 19 0

AO2

"aparenta"/ "e"/"desta forma" 3 "aparenta" 1 1

"e"/"desta forma" 2 2

"e"/"desta forma" 2 3

"novamente"/ "e"/ "desta forma"/ "desta forma"

4 4

"e"/ "desta forma" 2 5

"não"/ "e" 2 6 "não/ "e"/ "mesmo assim" 3 7

"novamente"/ "não"/ "e"/"aparentemente"/ "não"

5 8

9

total 23 1

AO3

"quando"/"quando"/ "não"/ "parece"/ "um pouco"/ "de acordo com"/ "quando"/ "também"

9 "percebo"/"percebe"/"parece"/ "inquieto"

4 1

"ora"/ "e"/ "e"/ "outras"/"nem"/ "não"/"pode ser"

7 "entendi" 1 2

3

4

"também"/ "sempre" 2 5

"não"/ "não"/ "nem"/ "não"/"não"/ "nenhum"/ "assim"/"se"/ "não"/ "até"/"não"/ "outras"

12 "ter uma lógica" 1 6

7

"sempre"/"apesar" 2

"permanece bem"/"demonstrar"/ "inquieto"/"concentrado"

4 8

"ao mesmo tempo" 1 9 total 33 10

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xxiv

AUTOCLÍTICOS # TERMOS COGNITIVOS # TRECHO

AT4

"quanto mais" 1 "percebe" 1 1

"para"/ "algumas vezes"/ "algumas vezes"/ "não"

4 2

"novamente"/"apenas"/ "e"/"nenhuma"/ "para"

5 "ver" 1 3

"nova"/ "para"/ "E"/"todas"/"nenhuma"/ "para"

6 "ver" 1 4

"também"/ "e"/ "assim"/"não"/ "que" 5

"muda a atitude"/ "parece mecânica"

2 5

"desta vez"/ "mas"/ "e"/ "continuou"/ "todas"

5 6

"mais uma vez"/ "mas"/ "continuou"/ "mesmo assim"/ "todas"/"parece"

6 "percebeu" 1 7

"mas"/ "e"/ "apenas"/ "mesmo assim"/ "continuou"/ "todas"

7 "resolveu alternar" 1 8

"mais uma vez"/ "mas"/ "continuou"/"mesmo"

4 "posição" 1 9

total 43 8

AT5

"agora"/ "deve ser"/"agora"/ "continuar"/ "para"

5 1

"agora"/"porque"/ 'só" 3 2

"agora"/ "também"/ "então"/ "e" 4 3

"continuou"/"não"/ "que"/ "continuou"/ "então"/ "continuou"

6 4

"De novo"/ "continuou"/ "e"/ "continuou"/"não"/ "no começo"/ "que"

7 5

"agora"/"que"/"provavelmente"/ ao invés"/ "E aí"

5 "ver" 1 6

"a mesma coisa"/ última vez"/"então"/ "e"/ "continuou"/ "continuou"

6 7

"de novo"/"e"/"provavelmente"/ "se"/ "mas"/ "continuou"

6 8

"continuou"/ "mesma coisa"/ "que"/ "vez passada"/"para"

5 9

total 47 1

AT6

"para" 1 1 "apenas" 1 2 "novamente"/"sobre" 2 "acho" 1 3

"porque"/ "como"/ "última"/ "e"/ "para" 5 4

"novamente"/ "porém"/ "antes" 3 5 "estas"/"Só que" 2 6

"novamente"/ "para"/ "só que"/ "que" 4 7

"novamente"/ "para"/ "só que"/ "que"/"de acordo"

5 "acho"/ "percebe" 2 8

"sempre" 1 9

total 24 3

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xxv

AUTOCLÍTICOS # TERMOS COGNITIVOS # TRECHO

SO7

"não"/"mais"/"quando"/ "mais" 4 "se preocupa"/"se preocupa"/"acha" 3 1

"preocupado" 1 2 "se importar" 1 3 "mas"/ "mesmo assim" 2 "obedece"/ "se importa" 2 4 "quando"/ "mesmo assim" 2 "perceber" 1 5 "quando"/ "o máximo"/ "sem que" 3 "comando"/ "se importa" 2 6

"como"/ "continua"/ "o seguinte"/"não"/ "mudou"/ "continua"

6 "sob comando"/"percebe"/ "sem perceber"/ "sem nominar uma lógica"/"não percebeu"

5 7

"mais/do que"/"independentemente" 3 "interessado"/"percebe" 2 8

"revertendo"/ "continua" 2 9 total 22 17

SO8

1 "para"/ "e" 2 2 3 "agora"/ "para"/ "muito mais que" 3 4 "nossa"/ "agora" 2 5 "continua" 1 6 "como antes" 1 7 "agora"/"para"/ "para" 3 8

"agora"/ "só que"/ "bem menos"/ "antes"/"não"

5 9

total 17 0

SO9

"e"/"mais de" 2 "desejado" 1 1 "somente"/ "para"/"para" 3 "conseguir" 1 2 3 4 5 "e"/ continua" 2 6 7 agora/ "para" 2 8 "e" 1 9 total 10 2

SO10

"quando"/ "quando"/ "e"/ "quando" 4 "percebi" 1 1

"mesma coisa"/"um momento"/ "um momento"/ "todas"

4 2

"uma vez só"/ "uma vez por jogo"/ "todas as vezes"

3 3

"para"/ "e"/ "todas" 3 4 "a mesma coisa"/"teve que"/ "para" 3 5 "para"/"e"/ "e"/ "mesmo assim" 4 6

"a mesma coisa"/"para"/"mas"/ "e"/ "ou seja"/ "enfim"/"para"/ "também"/ "tem que"

9 7

"para"/"e"/ "mesmo assim"/ "não" 4 8

"novamente"/ "da mesma maneira"/"mais uma vez"/ "como eu disse"/ "não"/ "e"/"e"/"como eu já disse"/ "quatro primeiros"/ "e"/"quatro últimos"/ "não"/ "o contrário"/ "e"/ "mesma maneira"

15 9

total 49 1

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xxvi

AUTOCLÍTICOS # TERMOS COGNITIVOS # TRECHO

SO11

"depois"/ "para"/ "nem"/"para"/"para" 5 "aleatoriamente"/"jogando por jogar"/ "sem pensar em nada"/"aleatoriamente"

4 1

"agora"/ "para"/"não"/"para"/"eu acho"/ "não"/"continua"/ "mesmo"

9 "olhando"/ "entendendo"/"sensação"/"eu acho"/ "espera"

5 2

"não"/ "nenhum"/ "não"/ "nenhuma"/"para"/"necessariamente"/ "não"

7 "espera"/"vontade"/"não significa"/ "eu vejo"

4 3

"agora"/"eu acredito"/"porque"/ "porque"/"mas"/ "necessariamente"/ "ou seja"/"mas"/ "não"/ "necessariamente"

10 "para mim"/ "eu acredito"/ "entendendo"

3 4

"outra"/ "o mesmo"/"tinha que"/"geralmente"/"então"/ "mais"/"mas"

7 "perceber"/"perceber" 2 5

"apesar"/ "para"/"mudou"/ "mudou"/"continua"/"mas"/ "continua"/"porque"

8 "sentiu"/ "entendi" 2 6

"continua"/ "mesma"/"tem que"/"então"/"mas"

5 "olhando"/ "entendendo"/"dar o sentido"/"acredita"/"verdade"

5 7

"contrário"/"desta vez"/ "e"/"como da outra vez"/"mas"/ "continuava"

6 8

"continua"/"mesmo"/ "continua"/"assim" 4 "numa boa" 1 9

total 61 26

SO12

"cada vez"/ "sempre"/ "sempre"/ "para" 4 1

"como"/"continuou" 2 "optou" 1 2

"continuou"/ "mesma forma"/ "continuou"/ "mesma forma"

4 3

"máximo possível" 1 4

"o mesmo" 1

"o número de vezes que ele conseguia"

1 5

"eu acho"/ "continuou"/"continuou"/ "mesmo"/ "para"/ "acho"

6 "eu acho"/"acho" 2 6

"continuou"/ "mesma forma"/"acho que"/ "não"

4 "ele viu"/"acho" 2 7

"agora"/"acho que"/ "não" 3 "viu"/"acho que" 2 8

"da mesma forma"/ "continuou"/"não" 3 "importa" 1 9

total 27 10