Edição 76 Ano V l 10 de maio de 2019 Mensagem LEIA NESTA ... · tango foi desde pequeno. O tango...

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Edição 76 Ano V l 10 de maio de 2019 Informativo de Dança exclusivo do IBT e Espaço VIRALAPA Mensagem doEditor LEIA NESTA EDIÇÃO Este Informativo é distribuído gratuitamente por meio eletrônico. Para recebê-lo, atualize seu e-mail na secretaria do Espaço VIRALAPA. Esta e todas as edições passadas podem ser acessadas no www.tangoporsisolo.com.br ou www.viralapa.com.br Caros Amigos Tangueros PERCY RODRIGUES PAULO ARAUJO SANDRA SANTOS Num extraordinário esforço de reportagem, nossa colaboradora produz importante ma- téria para esta edição, de forma inédita e exclusiva, entrevistando o DJ uruguaio Da- niel Pereyra Não fosse o bastante, Sandra Santos compareceu à Milonga Xangô do último dia 12, no ESPAÇO VIRALAPA e, com fo- tos e texto, reporta em detalhes a justa homenagem prestada ao nosso grande mestre do tango, Paulo Araujo, na comemora- ção do seu aniversário No último dia 12, PAULO ARAUJO co- memorou seu aniversário da melhor forma como sempre desejou, dirigindo e partici- pando ativamente, com expressiva emoção, da sua grande criação, a MILONGA XAN- GÔ, que há mais de dez anos reúne no bairro da Lapa um número seleto de aficionados do tango. Como bem descrito na reportagem de Sandra Santos, a noite foi de muita alegria e congraçamento, com expressivo núnero de professores, alunos e amigos celebrando o aniversário do querido mestre MARCONDES MESQUEU Com sua proverbial veia filosófica, Marcon- des Mesqueu retorna às paginas do Informa- tivo para exaltar o talento da juventude na dança e suas consequências sociais Mais uma vez, graças a dispo- nibilidade de Sandra Santos, de forma voluntária e gracio- sa, colocamos a disposição de nossos leitores a edição 76 de nosso Informativo. Para esta edição, Sandra Santos elaborou extraordi- nária entrevista com o DJ uruguaio Daniel Pereyra, dando corpo ao Informativo com o importante currículo e depoimento desse profissio- nal internacional. Não satisfeita, Sandra San- tos compareceu à Milonga Xangô na noite do último dia 12, realizando excelente matéria, com texto e fotos, das comemorações do ani- versário de Paulo. Com enorme alegria, temos o retorno às páginas da veia filosófica do jornalista Mar- condes Mesqueu, o qual, com o seu olhar, às vezes lú- dico, às vezes realista, abor- da o papel da jovem na arte da dança de salão

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Edição 76 Ano V l 10 de maio de 2019

Informativo de Dança exclusivo do IBT e Espaço VIRALAPAMensagemdoEditor LEIA NESTA EDIÇÃO

Este Informativo é distribuído gratuitamente por meio eletrônico. Para recebê-lo, atualize seu e-mail na secretaria do Espaço VIRALAPA. Esta e todas as edições passadas podem ser acessadas

no www.tangoporsisolo.com.br ou www.viralapa.com.br

Caros AmigosTangueros

PERCY RODRIGUES

PAULO ARAUJO

SANDRA SANTOSNum extraordinário esforço de reportagem, nossa colaboradora produz importante ma-téria para esta edição, de forma inédita e exclusiva, entrevistando o DJ uruguaio Da-niel Pereyra

Não fosse o bastante, Sandra Santos compareceu à Milonga Xangô do último dia 12, no ESPAÇO VIRALAPA e, com fo-tos e texto, reporta em detalhes a justa homenagem prestada ao nosso grande mestre do tango, Paulo Araujo, na comemora-ção do seu aniversário

No último dia 12, PAULO ARAUJO co-memorou seu aniversário da melhor forma como sempre desejou, dirigindo e partici-pando ativamente, com expressiva emoção, da sua grande criação, a MILONGA XAN-GÔ, que há mais de dez anos reúne no bairro da Lapa um número seleto de aficionados do tango. Como bem descrito na reportagem de Sandra Santos, a noite foi de muita alegria e congraçamento, com expressivo núnero de professores, alunos e amigos celebrando o aniversário do querido mestre

MARCONDES MESQUEUCom sua proverbial veia filosófica, Marcon-des Mesqueu retorna às paginas do Informa-tivo para exaltar o talento da juventude na dança e suas consequências sociais

Mais uma vez, graças a dispo-nibilidade de Sandra Santos, de forma voluntária e gracio-sa, colocamos a disposição de nossos leitores a edição 76 de nosso Informativo.Para esta edição, Sandra Santos elaborou extraordi-nária entrevista com o DJ uruguaio Daniel Pereyra, dando corpo ao Informativo com o importante currículo e depoimento desse profissio-nal internacional.Não satisfeita, Sandra San-tos compareceu à Milonga Xangô na noite do último dia 12, realizando excelente matéria, com texto e fotos, das comemorações do ani-versário de Paulo.Com enorme alegria, temos o retorno às páginas da veia filosófica do jornalista Mar-condes Mesqueu, o qual, com o seu olhar, às vezes lú-dico, às vezes realista, abor-da o papel da jovem na arte da dança de salão

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SandraSantos

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MUSICALIZAÇÃOARTE&MAGIA

DANIEL PEREIRA, DJ Uruguaio, em entrevista para o VIRALAPA News nos conta que seu interesse pelo tango foi desde pequeno. O tango ‘se meteu’em minha vida sem que eu percebesse, quando em Montevidéu, à noite, meu pai escutava uma rádio especializada em tan-gos. Me recordo que desde criança via películas de Gar-del. Eu era fã dos Beatles, mas com o primeiro dinheiro que ganhei aos 9 anos, não foi o cassete dos britânicos, nem de grupos americanos que comprei. Foi Adiós No-nino de Piazzola. Depois, aos 20 anos, ao acaso, com-prei um CD de Júlio Sosa, outro de Troilo e Rubén Juá-rez, porque me atraíam.

DANIEL conta como foi cap-turado pelo tango. “Vinha es-cutando esta música ‘a conta gotas’ e (ela) se alojou – sem permissão - em algum lugar do meu corpo (alma), quando cer-ta tarde, em Montevideo, vi um casal que bailava ao som de um quinteto e parei para olhar ma-ravilhado.” Foi despertando e seguindo, segundo ele, de for-

ma casual. Frequentou um movi-mento popular uruguaio chama-do Avalancha, lugar que voltou por semanas seguidas. “Depois frequentei em Boêmios e outros lugares de tango, durante dois anos sem faltar um só dia, sete dias por semana, fui a classes grupais em distintas zonas. Es-ses lugares não eram academias, era um movimento popular ten-do o tango como principal entre-tenimento. Logo, se evoluía ou não. Lá se evolue de acordo com o próprio envolvimento. O meu já era total.”

Daniel nos conta também um pouco sobre a herança familiar. “Minha família é de desportis-tas, pai e tios jogadores de pri-meira divisão de basketbol. Mas, meu pai gostava de D’Arienzoe minha mãe de um cantor, Car-los Roldán. Minha preferência

foi diferente da deles, gosto da orquestra Pugliese e do cantor Berón. Sua bibliografia é inter-nacional como DJ, o gosto pelo tango o levou a vários países. Vale a pena acompanhar a tra-jetória dessas viagens. “Come-cei a bailar em 2006 e em 2011 musicalizei de forma informal uma milonga, depois em outras, e segui continuamente. Minha música agradava aos milonguei-ros e organizadores das milon-gas. Por três anos, musicalizei as milongas e procurei fazê-las com bom nível musical, porém, como todo principiante, cometi alguns erros”. Então, foi estudar em CETBA, por um ano, dedi-cou-se profundamente para co-nhecer a história do tango, das orquestras e cantores. Munidos de conhecimentos uniu à práti-ca, ai se destacou como DJ em Buenos Aires e no mundo. Ele

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afirma que o estudo não pára nunca.

Daniel vive intensamente como DJ. “Vivo buscando aprofundamento musical, sons que me impactem, detalhes nos arranjos das orquestras. Tenho o espírito rio-platense, impreg-nado pela cultura e com inte-resse e prazer em difundi-la. Segue fazendo turnês como DJ profissional no Uruguay, Argentina, Brasil, Grécia, Itá-lia, Espanha, França, Romênia, Suíça, Luxemburgo, Polônia e ,este ano, foi à Inglaterra e, possivelmente, antes de ter-minar 2019 estará na Bélgica, Nova Zelândia e num país da ex-União Soviética. “Vou ini-ciar em maio a VII gira, verão da Europa, especialmente na França”.

Perguntei ao Daniel, qual o seu critério para montar as tandas e as cortinas para as milongas? “A maneira de musicalizar não depende de mim automatica-mente. Quando vou a um lugar pela primeira vez, me assesso-ro com o organizador sobre os gostos, os costumes do local e dos concorrentes. Tenho que ser do ‘time’ do organizador e, seguir como sei fazer, com ar-te.”Para ele, a maioria dos mi-longueiros não captam o bom ou o mal’ som. Mas com o meu trabalho, para fazer a diferen-ça, busco com muito critério, me envolvo na escolha de cada música e o resultado disso percebo nitidamente no salão, vejo a emoção que vai envol-vendo a todos quando bailam. As cortinas estão seleciona-das previ amente, não para

a noite específica, porque são milhares de músicas no meu arquivo e as uso de acordo com a atmosfera que vou crian-do. No Brasil, por exemplo, se dança um samba ou forró inteiro, isto é muito distinto dos outros países. Para algu-mas milongas utilizo ritmos estadou-nidenses, ingleses, italianos, franceses, uruguaios, brasileiros, árabes e gregos, em menor proporção. E, para os finais, também tenho algo de muito espe-cial, termino com uma música típica, tocante de acordo com o país em que eu esteja. Sempre usando minha sensi-bilidade. Na milonga do Leme no Rio de Janeiro, por exemplo, foi a música do Tim Maia: Do Leme ao Pontal. Em Londres, seguramente terminarei com os Beatles de Liverpool, com a músi-ca Todo es Amor e a com indispensá-vel La Cumparsita de Gardel para o grande final.” Parece que com essa fala quer nos chamar a tenção sobre a im-portância da musicalização para bailar.

Depois de falarmos tecnicamente sobre a musicalização das milongas, pergun-tei como ele sente musicalizando? Cla-ro que a resposta não seria diferente: ele é sensível e disse: “passar música para mim é absolutamente emocionan-te. É pura emoção, um ‘embrujamien-to’ constante.Cada milonga é única e excepcional. Como disse antes preparo a tanda, tango a tango cuidadosamen-te, para dar prazer e ‘ganas de salir a bailar’; eu bailo também quando es-tou musicalizando, mas em outras mi-longas,só danço as músicas que mais gosto”. Para conhecermos um pou-co sobre o seu gosto musical, ele diz preferir as performances dos DJs de Buenos Aires, Barcelona, Milão e São Paulo. “Estas quatro cidades tem os DJs mais vibrantes. No Rio, dei aula de DJ para duas mulheres. Isto é aus-picioso para uma cidade com tão bom

nível de tango, porque elas inves-tem, fazem muitas aulas. Acredito que

são melhores que as de BuenosAires.” Daniel faz referências às milongas que considera as melhores a nível de baile: primeira-mente a Itália, sem dúvi-da, em seguida a Polônia, România, Rio, São Paulo, junto Barcelona e Madri. A Russia, ainda não co-nheço, mas dizem que são fantásticas.

Segundo a crítica mundial dos DJs, ele fala do seu di-ferencial diante dos outros dizendo que a sua “musi-calização é arte e magia, e isso se deve a uma total imersão, estudo constan-te, interação e comparti-lhamento com o público. Completa afirmando que bailar e musicalizar se faz com o coração, com ener-gia, vigor.” Por ser um DJ de milongas do mundo, pedi seu olhar sobre o tan-go na América Latina e na Europa. “Vejo de forma maravilhosa, com evolu-ção na dança, mas com necessidade de mais aten-ção à profissionalização na música.É fantástico, o tango se expande em todo mundo. Na Argentina e na Itália, se fazem milon-gas e classes não somente nas grandes cidades, mas em cada povoado, em cada bairro. Posso dizer que felizmente vejo isto se sucedendo no Rio de Janeiro e em São Paulo, onde os professores saem das capitais para dar aulas em outras cidades e esta-dos.O tango segue sempre

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Nombre Daniel PereyraNacimiento 7 demayo de1962Nacionalidad Uruguaya (Montevideo) Mail [email protected] 011 40783953 +5491140783953Facebook Daniel Pereyra

EXPEDIENTE

INSTITUTO BRASILEIRO DO TANGOPresidente: Paulo AraujoESPAÇO VIRALAPA

Diretor Geral: Paulo AraújoSéde Própria: Avenida Gomes Freire, 663, sobreloja, Lapa, Rio de Janeiro

CEP 20230-014 - Tel. 21-3970 [email protected]

VIRALAPA NEWSEditor Geral : Percy Rodrigues

Conselho EditorialMarcondes Mesqueu

Paulo AraujoPercy RodriguesSandra Santos

à frente desde 1980, porque nos anos 50 teve uma queda. Agora reina no mundo.”

Ele falou o que percebe nas pes-soas quando dançam com a sua musicalização. “Sim, percebo a emoção positiva, a expectativa e também a frieza do início. Meu trabalho é muito regular, mas se ajusta de acordo com o lugar,co-mo disse antes, principalmente com as pessoas. A noite se inicia, digamos neutra, mas vai ganhan-do energia a cada tanda, a cada cortina e fica notável em pratica-mente todas as performances.”

Gostaria de falar onde sentiu a sua melhor e a pior musicaliza-ção? “Minha melhor noite foi na milonga de Roma, de Alicia Vaccarini, foi o máximo o que senti. A atmosfera fantástica e grande interação e envolvimento com os bailarinos. A pior noite, também em Roma foi na Must. A mesma cidade, mas as pessoas sem ‘ganas’ de bailar. Sem dú-vida, as noites de La Viruta de

LuisSolanas, com a reputação de melhor de Buenos Aires, a milonga fantástica, com ní-vel altíssimo de exigência dos bailarinos. Lá vão os melhores do tango, tanto conhecedores da música como da dança. Na Itália as noites fantásticas são em El Firulete de Lesignano de Bagni, Parma,Milonga Queri-da de Messina, la de Vibo Va-lence de Panei. Na França, o festival de Metzé glorioso. As apresentações dos campeões e os workshops são de altíssimo nível. Fiz meu primeiro fim de ano em 2018 em Meligrano de Castellanza e foi uma explosão. E, um fato curioso e sensacio-nal ocorreu em Paris, durante três horas bailaram sem parar as 110 pessoas que estavam na milonga. No Brasil, no Rio de Janeiro também tive excelentes momentos.”

Quando ele se referiu ao Rio de Janeiro, aproveitei para saber a sua opinião sobre o movimento de tango aqui. “Me considero

um grande observador e posso afirmar que o nível das mulheres no Rio de Janeiro e São Paulo é igual. São muito animadas, ale-gres e têm aulas com excelentes profissionais, daí o resultado. Os homens são sempre em nú-mero menor, por isso a contrata-ção de taxi dancers (vi mais em São Paulo), as mulheres contra-tam porque necessitam de um bailado com boa qualidade. En-contro nas minhas andanças pi-sos bons, lugares encantadores, contudo os organizadores tem que cuidar mais da sonorização. Me encantei pelo Rio de Janeiro e ainda não sei, mas é provável realizar o desejo de viver nesta cidade. Me despertou esse dese-jo porque ‘terminei duas giras’ no Brasil e os organizadores me prestigiaram muito. Assim, em setembro volto e desde já estou à disposição para agendamentos de milongas.”//

(Contato abaixo)

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A MILONGA ESPECIAL do mês de abril foi para celebrar o aniversário do mestre Paulo Araujo. Cabe dizer que tudo aconteceu na “boa onda” como ele fala, em perfeita harmonia. Da mi-nha parte digo que foi um prazer estar neste espaço de convivência, onde o tango é revivido nos pés, no corpo, no abraço, na alma de cada dançarino que brindou com ele. Me refiro a um mestre, entendendo por este conceito, aquele que ensina aos seu alunos a ne-cessidade de ter consciência do pró-prio corpo e, sobretudo, bailar com as próprias pernas, com os próprios sen-timentos.

Quero dizer também que ele foi home-nageado com uma alegria contagiante, estava rodeado de amigos e amigas que vieram prestigiá-lo – não seria di-ferente. Paulo, tu és referência no uni-verso do tango. Desejo uma vida lon-ga e que possa realizar todos os seus sonhos. Parabéns por ser incansável incentivador do tango e acolher a to-dos com muito carinho na sua casa de milongas. Receba meu abraço, você é um queridão – que festa boa heim!!!

PAULO ARAUJO COMEMORA MAIS UMA PRIMAVERA NO SEU JARDIM REPLETO DE FLORES E TALENTOS

Texto e fotos de SANDRA SANTOS

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ABRIL, MÊS DO “DANCEI”Uma suave e carinhosa fricção no passado. A menina Quézia, na en-trevista ao lado diz que “da dança sai faísca”. Ela só esqueceu que essa faísca, às vezes, pode queimar. Não lembro o mês, mas naquele dia e hora “dancei”.Tenho quase certeza que foi em Abril, mês da descoberta do Brasil em que o selvagem, dono da terra, no momento da invasão, dançou. Verbo “dançar” serve para rebola-do, liberdade e azar. Noite de Mi-longa é dança. Corrupto garfado, dança. Abandonar a pessoa certa e depois sonhar com a volta é “desejo de parar o dançar”. Situações assim acontecem em qual-quer mês? Sim, claro,... Indubitavelmente (Essa palavra dançou das conversas.) Em um único mês encontros e de-sencontros do passado aniversariam. Abril, abril, abril,... Fechou. Não abre mais? É nessa hora que queremos ser o “presente” na vida do Elo perdido. Voltar a ter muitas velhas e novas, em “todas” posições, danças. Apagar a dor, o abandono,... Reinventar o deli-rante ato de dançar.Abril. Mês que começa com a mentira, passando pelo simbólico aniversário de morte da terra brasilis, homens eles, mulheres elas,... Tê-las, telas. Felicito a todos e em especial a moça da baiana boneca. Fica o convite: Está livre para os próximos tempos e danças?//

Marcondes Mesqueu

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DA DANÇA SAI FAÍSCA“Que me perdoem as feias, mas a beleza é fundamental.” O que esses conceitos querem dizer, poeta Vinícius de Moraes? Essa fala jogada ao vento diz um tudo que não se explica e se afoga na “produtização” da mulher.Entendo o que é ser bonita, gos-tosa,...mas pra quem? Nem ele-trodoméstico agrada a todos que

dirá ser humano. Fico nesse ponto. Sigo em frente. Aqui, estou parafraseando: Que me perdoem as celebridades, mas os jovens tem uma ex-periência a passar. Procurava para entrevistar uma pessoa que falasse pouco, que não partia na frente com a palavra, porém não se furtasse as respostas. Procurava alguém que não tives-se os meus defeitos. No mundo da dança de salão nem sempre é fácil encontrar alguém assim. Na condição de aluno encon-tramos mais aquele que busca informação e repete a fala do mestre. Meu faro disse: Vê se ela topa. Já que aceitou, lá vai: Quezia Gomes, petropolitana, 25 anos, casada,... A dança entra na sua vida aos 10 anos a partir de um projeto escolar que a levou para Dança do Ventre. Aos 14 jaz, 18 Dança de Salão, ... no meio do caminho o Violino faz um estágio na sua formação e hoje Tango com Paulo Araujo. Ufa, parece pouco, mas... Declara ter sido evangélica. “Acredito em Deus. Hoje sou livre, tranquila. Se tivesse na igreja, provavelmente não estaria dançando. O pre-conceito não me abate.” A futura professora que vem sendo formada pelo professor Lúcio Mauro fala do seu esforço para que a pessoa que dance com ela se sinta bem. ”A dança cria uma relação a dois, é um momento de compartilhamento, relação.” Pergunto sobre o perigo dessa re-lação. Quezia cala, dá a sua tradicional risada e solta umas pé-rolas para reflexão: ”Dança é sintonia. Dançar para dois não é o mesmo que dançar para fora. Tudo deve ser medido. Não sei o que falar quando danço. Não tenho nada a falar. O corpo é quem fala. A vantagem da dança é que dela sai faísca.” Provoco: Qual a desvantagem da dança? “Não tem desvantagem. Ela é o con-teúdo principal. Tem gente que só quer comer a cereja do bolo, mas o importante é o bolo, ou seja, o importante é a dança.” Sábado, 13 de abril, quase 15 horas. Estamos na Lapa, ID Tan-go, o professor Lúcio a espera. Tínhamos que acabar o papo. Eu já estava satisfeito com a entrevista. Não perco a oportunidade para mais uma provocação: Pra terminar, mande um recado pra Dança. De imediato vem a resposta: DANÇA, EU TE AMO. Que me perdoem as celebridades, mas os jovens tem uma expe-riência a passar.//