IRDI-Questionário: uma proposta de adaptação do protocolo IRDI e sua sensibilidade para rastreamento de TEA (Transtorno do Espectro Autista)

Carolina Valério Barros; Angela Flexa di Paolo - Universidade de São Paulo

Este trabalho procura apresentar e discutir uma pesquisa em andamento que trata da adaptação do protocolo IRDI para questionário retrospectivo para pais de crianças de 3 a 10 anos, o IRDI-Questionário, investigando sua sensibilidade para rastreamento de TEA (Transtorno do Espectro Autista). O protocolo IRDI resultou de uma pesquisa realizada no período entre 1999 e 2008, com financiamento do Ministério da Saúde, do CNPQ e da FAPESP, que teve como objetivo principal desenvolver, a partir da Psicanálise, um instrumento (IRDI) composto por 31 indicadores clínicos de risco para o desenvolvimento infantil observáveis nos primeiros 18 meses de vida da criança. O IRDI foi empregado por pediatras previamente capacitados para tal aplicação (Lerner, Cullere-Crespin & Kupfer, 2011) em consultas nas unidades básicas e/ou centros de saúde, a fim de detectar precocemente transtornos psíquicos do desenvolvimento infantil. O estudo utilizou um desenho de corte transversal seguido por um estudo longitudinal numa amostra de 726 crianças atendidas na clínica pediátrica nas unidades e/ou centros de saúde em nove cidades brasileiras (totalizando 11 centros). Após três anos de seguimento, as crianças foram avaliadas para identificação de transtornos psicológicos ou psiquiátricos e verificadas as correlações com os IRDI, que teve significativa capacidade de predição para de riscos de transtornos psíquicos do desenvolvimento infantil (Kupfer et al., 2008, 2009, 2010). Tendo sido proposto a fim de ser utilizado no âmbito da atenção primária em saúde pública, o IRDI é inespecífico quanto a diagnóstico, o que implica necessidade de ser avaliada sua sensibilidade para a detecção de transtornos que podem ocorrer na infância. Tal necessidade se impõe, fundamentalmente, pelo fato de que a identificação precoce de transtornos como TEA possibilita intervenções terapêuticas em idades iniciais, o que, como sabido, viabiliza um melhor prognóstico e melhores condições clínicas da criança e de seu entorno. Para isso, no entanto, são necessários tanto o investimento em pesquisas na primeira infância como a ampliação de pesquisas já concluídas ou em andamento, tais como esta. Ainda, para efeitos da pesquisa sobre a sensibilidade do IRDI-questionário para TEA, as presentes pesquisadoras se propõem a aplicar o instrumento em 2 grupos de crianças, 1 grupo de crianças com diagnóstico de TEA confirmado pela CARS (Chilhood Autism Rating Scale), sejam ou não autistas de alto rendimento (grupo pesquisa), e outro de crianças com desenvolvimento típico (grupo controle), com idades entre 3 e 10 anos.

Palavras-chave: Protolo IRDI, IRDI-Questionário, Pesquisa em Primeira Infância, TEA.