Oratória - ABORL-CCF · Carta ao leitor Conquistas: BJorl: importância, sucesso e aumento do...

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Edição 166 | Ano XXIV | www.aborlccf.org.br Internacional: Delegação brasileira inicia os preparativos para garantir presença no evento da Academia Americana de Otorrinolaringologia na Georgia, em Atlanta ORATÓRIA e sua importância na área da Saúde Gestão e carreira • Como a comunicação interpessoal auxilia na relação médico-paciente Conduta médica • Tudo que você precisa saber sobre a emissão do atestado médico

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Edição 166 | Ano XXIV | www.aborlccf.org.br

internacional: Delegação brasileira inicia os preparativos para garantir presença no evento da Academia Americana de Otorrinolaringologia na Georgia, em Atlanta

Oratória e sua importância na

área da saúde

Gestão e carreira• Como a comunicação interpessoal auxilia na relação médico-paciente

Conduta médica• Tudo que você precisa saber sobre a emissão do atestado médico

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Chegamos à segunda metade de 2018 com muitos projetos realizados e muitos ainda por vir. Após

seis meses de gestão, posso afirmar que o trabalho inten-so e o esforço conjunto começam a mostrar bons frutos e a gerar ainda mais expectativas sobre as atividades que ainda iremos concretizar.

Com os preparativos finais para a realização do 48º Congresso Brasileiro, estamos trabalhando a todo vapor para finalizar a programação e todas as atividades do even-to. Uma das maiores conquistas para esta edição é a parti-cipação de profissionais não médicos, o que promete uma grande confluência de ideias e conhecimentos. Estamos preparando a programação multiprofissional para ir ao encontro das necessidades e expectativas de todos, e, por isso, esperamos contar com a presença de todos os nossos associados para assistir a essa troca de conhecimentos.

Realizamos, na sede da ABORL-CCF, o II Fórum Médico Jurídico, um evento essencial para a defesa de nossa especialidade e para a discussão de temas-chave

do direito associado à Medicina. A participação de re-presentantes do Legislativo, de sociedades, conselhos e outros órgãos oficiais ligados à profissão foi primordial para conversas e debates, levando aos associados conhe-cimentos importantes sobre esse segmento.

Com o final do período de inscrições para as eleições na ABORL-CCF, já divulgamos os nomes dos candida-tos ao cargo de segundo vice-presidente 2019 e à reno-vação dos comitês. O período de votação vai de 17 a 26 de outubro, então, fique atento aos prazos de quitação da anuidade e garanta seu direito de exercer esse impor-tante ato participativo.

Além disso, lançamos nosso novo site, que vem atualizado para levar a cada associado tudo o que ele precisa saber com o máximo de facilidade e eficiência. Todo o projeto foi desenvolvido com foco na utilização do usuário e trabalhamos para que o layout fosse o mais intuitivo possível. Não deixe de conferir!

Um abraço.

Diretoria 2018PresidenteDr. Márcio Abrahão - São Paulo (SP)Primeiro Vice-Presidente Dr. Luiz Ubirajara Sennes - São Paulo (SP)Segundo Vice-Presidente Dr. Geraldo Druck Sant’Anna - Porto Alegre (RS)Diretor-SecretárioDr. Edson Ibrahim Mitre - São Paulo (SP)Diretor-Tesoureiro Dr. Leonardo Haddad - São Paulo (SP)Diretor-Secretário AdjuntoDr. Ronaldo Frizzarini - São Paulo (SP)

Diretora-Tesoureira AdjuntaDra. Renata Dutra de Moricz - São Paulo (SP)

AssessoresDr. Fernando Veiga Angelico Junior - São Paulo (SP)Dr. Rodolfo Alexander Scalia - São Paulo (SP)Dr. Eduardo Baptistella - Curitiba (PR)

PRESIDENTES DOS COMITÊSComitê de Eventos e CursosDra. Thais Knoll Ribeiro - São Paulo (SP)

Comitê de ComunicaçãoDr. Marco Antonio Dos Anjos Corvo - São Paulo (SP)

Comitê de Educação Médica ContinuadaDr. Thiago Freire Pinto Bezerra - Recife (PE)Comitê de Ética e DisciplinaDr. Marcelo Miguel Hueb - Uberaba (MG)Comitê de Residência e TreinamentoDr. Eduardo Macoto Kosugi - São Paulo (SP)Comitê de Título de EspecialistaDr. Fernando Danelon Leonhardt - São Paulo (SP)Comitê de Defesa ProfissionalDr. Paulo Saraceni Neto - São Paulo (SP)Comitê de Planejamento EstratégicoDr. Jose Eduardo Lutaif Dolci - São Paulo (SP)

Div

ulga

ção ABORL-CCF

Mensagem do

PresidenteMárcio Abrahão

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Carta ao leitor

Conquistas: BJorl: importância, sucesso e aumento do fator de impacto

Páginas azuis: resolução normativa 433: entenda as principais mudanças em relação à norma da ans

Brasileiro: Congresso Brasileiro 2018: retorno da programação multiprofi ssional

Gestão e carreira: além da fala: como a comunicação interpessoal auxilia na relação médico-paciente

Capa: oratória e sua importância na área da saúde

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Conduta Médica: emissão do atestado médico

Internacional: academia americana de orl

Imagem destaque

Vox news

o que diz a Lei: descontinuidade da relação médico-paciente

educação médica continuada: Caso clínico: tontura de origem central

ABoRL-CCF em ação: Comitê de residência e treinamento

Qualidade de vida: a paixão pela cerveja

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VOX Otorrino

Presidente:marcio abrahão

Comitê de Comunicações: alexandre Beraldo ordones

allex itar ogawa Fabrizio ricci romano

ingrid Helena lopes de oliveiramarco antonio dos a. Corvo maria dantas C. l. godoy

renata dutra moricz ricardo landini lutaif dolci

Assistente de Comunicação da ABORL-CCf:

aline Pereira Cabral

editora-chefe:gabriela rezende

Revisão: leonardo de Paula

Reportagem: Bárbara mello, Julia lins e silvia

Buzinari

fotos: divulgação e arquivo pessoal

Diagramação:douglas almeida, monica mendes e

tatiana Couto

Produção:doC Content

Fone: (21) 2425-8878

Periodicidade:Bimestral

Tiragem:6.500 exemplares

Os artigos assinados são de inteira respon-sabilidade dos autores e não refl etem, ne-cessariamente, a opinião da ABORL-CCF.

Espaço do leitor

sugestões de pauta, críticas ou elogios? Fale conosco:[email protected]

(11) 95266-1614

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CF CARTA Ao

LeIToRMarco Antonio Corvo

Trabalho e consolidação

Presidente do Comitê de Comunicações

Abro a Carta ao Leitor desta edição informando que temos um grande feito para comemorar: nosso Brazilian Journal (BJORL) está no TOP 25 revistas científi cas da categoria do mundo todo. Essa realização é fan-

tástica, e o fator de impacto da revista supera as expectativas a cada divulgação! Uma grande conquista a ser divulgada na Vox. Parabéns a todos os envolvidos!

Seguindo a linha de conquistas, como você “conquista” seu paciente? Divulgamos, na matéria de capa, a importância que a oratória tem na con-sulta nossa de cada dia, e o que o paciente espera ouvir e ver de você quando vai ao médico. Imperdível!

Ainda na rotina do consultório, abordamos o outro lado da moeda: manter uma relação médico-paciente saudável é a base de nossa profi ssão, mas quando o médico se sente desconfortável na relação, seja qual for o motivo, como descontinuá-la de forma ética e seguindo os preceitos da Lei? Essa situação é esclarecida na seção O que diz a Lei.

Divulgamos, também, neste número a preparação para o maior encon-tro mundial da nossa especialidade, o AAOHNS Annual Meeting. Confi ra o número e localização do estande da ABORL-CCF e fi que atento para o dia e local da foto ofi cial da comitiva brasileira no evento.

Falando em congressos importantes, abrimos espaço para o nosso Brasi-leiro 2018, com a programação multiprofi ssional que será apresentada em João Pessoa (PB). São temas escolhidos a dedo, por uma equipe sensacional, com palestrantes nacionais e internacionais de renome. Confi ra!

Aos apreciadores de cerveja, apresentamos uma história muito pitoresca de um colega otorrino que divide seu tempo entre o consultório e a produ-ção de cerveja artesanal. Alguém se sente motivado a seguir os passos dele? Se você tem uma atividade não otorrinolaringológica, que executa em suas horas vagas por prazer e que melhora sua qualidade de vida, entre em con-tato com a Revista Vox que teremos o maior prazer em divulgar e, quem sabe, incentivar outros colegas com um novo hobby.

Aproveite a leitura! Um forte abraço! Marco Antonio Corvo

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Conquistas

BJORL: importância, sucesso e

aumento do fator de impactoCoordenadora da revista científica oficial da ABORL-CCF, Dra. Shirley Pignatari explica

como o BJORL se mantém um periódico reconhecido internacionalmente

Bárbara Mello

Fundada em 1933, ainda com o nome inicial de Re-vista Brasileira de Otorrinolaringologia (RBORL), a revista científica oficial da ABORL-CCF com-

pleta 85 anos de existência em 2018. Conhecida atu-almente como Brazilian Journal of Otorhinolaryngology (BJORL), a publicação tem sido gerida por diferentes especialistas da área, que conseguiram conquistar um espaço na literatura científica otorrinolaringológica e de especialidades afins.

Dra. Shirley Pignatati, coordenadora do Departa-mento BJORL, considera a revista um dos bens mais preciosos da associação. “Conduzida com sabedoria, competência e orgulho por aqueles que nos antecede-ram, a publicação é considerada, hoje, a revista mais

importante da especialidade na América Latina. A cada novo ano, o BJORL conquista mais espaço entre as re-vistas internacionais do mundo inteiro”, ressalta.

Membros da equipe e rotina de trabalhoEditora-chefe da publicação há cerca de quatro anos,

Dra. Shirley conta com um time de editores associados com os quais divide a tarefa de triar as submissões. A equipe é formada por um corpo editorial composto por revisores de excelência, com expertise nas várias áreas da especialidade, e uma secretária, Fernanda Vieira, que, além do trabalho de receber todas as submissões e checar criteriosamente todos os documentos, auxilia o restante da equipe na revisão geral do produto final.

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Para a especialista, a manutenção da qualidade e do crescimento da publicação exige que todos os envolvidos honrem o compromisso com um trabalho sério e ético, acima de projetos pessoais e políticos. “Temos trabalha-do com o intuito de manter os associados atualizados e bem informados, divulgando pesquisas e conhecimen-tos produzidos não apenas por nossos pesquisadores e especialistas, mas também por profissionais do mundo todo”, garante.

Razões para o sucessoSob chancela da editora de publicações científicas

Elsevier, o BJORL ganhou visibilidade e dinamismo, com o apoio de revisores e de um corpo editorial de alto nível científico, responsáveis pela publicação. “Esse fato é condizente com a qualidade científica e a quantidade de submissões, que, vale a pena ressaltar, há muito ul-trapassou nossa capacidade de publicação, motivo pelo qual temos sido cada vez mais rígidos e exigentes com a qualidade dos artigos que veiculamos em nossa revista”, informa Dra. Shirley.

A coordenadora do BJORL relata que, há poucos anos, a equipe recebia aproximadamente 600 submis-sões anualmente – 20% a 30% das quais vinham de outros países. Agora, o número praticamente dobrou, sendo que a porcentagem de textos internacionais (de mais de 50 países) já superou em muito a dos prove-nientes do Brasil.

Aumento do fator de impactoConforme Dra. Shirley, o fator de impacto (FI) é um

índice criado em 1995, nos Estados Unidos, que permite avaliar a qualidade das publicações. Atualmente, é calculado anualmente pelo Institute of Scientific Information (ISI) ou Web of Science para revistas indexadas em sua base de dados. O FI leva em consideração o número de citações recebidas pelos artigos publicados no periódico, no perí-odo de dois anos (anteriores), dividido pelo número de artigos publicados. “Indexado ao Medline, à Exerpta Medica, à Lilacs, ao SciELO Brazil e ao ISI, o fator de impacto do BJORL, hoje, é de 1,412, muito além do que poderíamos sonhar há alguns anos, quando a meta pretendida era alcançar um FI de 1,000, já considera-do muito difícil. Dessa forma, atingimos uma posição muito privilegiada nas esferas nacional e internacio-nal”, orgulha-se a coordenadora do periódico.

Atualmente, de acordo com o Journal Citation Reports (JCR), o BJORL ocupa a 25ª posição entre as revistas da categoria do mundo inteiro e a 23ª posição entre as revistas nacionais indexadas de todas as categorias.

Departamento BJORLCoordenadora:Shirley Shizue N. Pignatari

Secretário:Carlos Takahiro Chone

Membros:Edilson ZancanellaEduardo Tanaka MassudaEulalia SakanoFabiana Cardoso Pereira ValeraFayez Bahmad Jr.Heloisa Juliana Z.Rossi CostaJosé Eduardo Lutaif DolciLuciano Rodrigues NevesMariana de Carvalho Leal GouveiaMárcio NakanishiOnivaldo CervantesOsmar Mesquita Neto

“O fator de impacto do BJORL, hoje, é de 1,412, muito além do que poderíamos sonhar há alguns anos, quando a meta pretendida era alcançar um FI de 1,000, já considerado muito difícil. Dessa forma, atingimos uma posição muito privilegiada nas esferas nacional e internacional”

Dra. Shirley Pignatari

Divulgação

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Páginas azuis

Por Bárbara Mello, com a colaboração de Silvia Buzinari

Medida tinha como objetivo atualizar as regras para aplicação da coparticipação e franquia dos beneficiários de planos de saúde

Resolução normativa 433:entenda as principais mudanças

em relação à norma da ANS

No último dia 27 de junho, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) publicou a resolução normativa nº 433, que atualiza as regras para aplicação de coparticipação e franquia em planos de saúde. A norma entraria em vigor

em dezembro deste ano, contudo, em julho, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, suspendeu temporariamente a resolução, deferindo a medida cautelar do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). De acordo com a OAB, a resolução foi muito além e desfigurou o marco legal de proteção do consumidor no país. No mesmo mês, a ANS decidiu revogar a medida. Em entrevista à Revista VOX Otorrino, Maria Inês Dolci, membro da Comissão de Planos de Saúde da OAB e vice-presidente do Conselho Diretor da Proteste, explica os principais crité-rios da norma e relata os motivos que levaram à suspensão e revogação.

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VOX – Quais foram os principais critérios estabelecidos pela resolução nº 433 e por que a norma poderia ser con-siderada abusiva para o consumidor?Maria Inês Dolci – As modalidades de coparticipação e franquia já estavam previstas pela lei 9.656/98, porém faltava uma regulamentação, pois não havia um limi-te máximo de cobrança estabelecido. Então, a ANS apenas orientava as empresas a não cobrarem mais do que 30% do valor da mensalidade. Contu-do, as novas regras, que foram suspensas, iriam permitir que as operadoras ampliassem o per-centual que já passava de até 40%. Essa situa-ção trouxe uma grande discussão a respeito da coparticipação e da franquia e, portanto, houve um movimento da defesa do consumidor contra esse percentual. A grande questão foi realmente o preço das mensalidades, que poderia dobrar. Pe-las regras que estavam no texto suspenso, a cobrança poderia atingir o mesmo valor de uma mensalidade de plano de saúde. Não haveria como introduzir uma co-participação e uma franquia nesse percentual, pois não há justificativa técnica para esses 40%.

VOX – Como a coparticipação e a franquia seriam aplica-das de acordo com as regras da resolução?MID – Os beneficiários que tinham plano individual, por exemplo, poderiam ter uma mensalidade de R$500, que, dependendo da franquia ou coparticipação, pode-ria chegar a R$1.000. O consumidor nunca saberia qual valor teria que pagar, já que pagaria uma mensalidade sem conhecer o fator limitante. Não ficou claro quais seriam os valores que as empresas iriam cobrar dos con-sumidores acima de 40% ou mais. Sem regras claras, o consumidor não saberia quanto teria que desembolsar. Além disso, as operadoras teriam que ser obrigadas a colocar, de forma clara e transparente, no contrato com o consumidor, as informações sobre esses mecanismos de coparticipação e franquia, para que o indivíduo deci-disse o que estaria dentro de seu orçamento. Ou seja, as planilhas de custos teriam que ser abertas.

VOX – Após a suspensão da resolução, em julho, a ANS decidiu revogar a medida. O que motivou a entidade a tomar tal decisão?MID – Isso aconteceu devido a um grande movimen-to contra a forma como estava sendo feita a regu-lamentação. Na verdade, foram feitas propostas na consulta pública e a ANS não levou em consideração

as propostas que vieram, por exemplo, da defesa do consumidor. A entidade só observou o lado mais for-te, que seriam as empresas, sem pensar nos prejuízos para o médico especialista e os usuários. Faltou trans-parência em relação e aos contrato e aos custos para coparticipação e franquia.

“Caso a norma fosse aplicada da maneira que a ANS havia determinado, a previsibilidade do pagamento mensal iria chegar a um patamar tão elevado que o consumidor corria o risco de ficar inadimplente. Consequentemente, esses usuários teriam que buscar o Sistema Único de Saúde (SUS) ou realizar empréstimos, se endividando para poder dar sequência ao seu acompanhamento de saúde”

Maria Inês Dolci

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Páginas azuis

VOX – De que forma o consumidor ficaria protegido por meio da determinação do percentual máximo a ser cobrado pela operadora para a realização de procedi-mentos? Nesse contexto, caso existisse algum pro-blema no momento da cobrança, como o consumidor poderia se defender?MID – É justamente esse ponto que foi questiona-do nas determinações da ANS. Caso a norma fosse aplicada como a entidade havia determinado, a pre-visibilidade do pagamento mensal iria chegar a um patamar tão elevado que o consumidor corria o risco de fi car inadimplente. Em consequência, esses usuários teriam que buscar o Sistema Único de Saúde (SUS) ou realizar empréstimos, endividando-se para poder dar sequência ao acompanhamento de saúde. Por esse motivo, o ideal é que essa resolução seja reeditada, apresentando regras transparentes para o consumi-dor. A questão da franquia e da coparticipação tem que ser examinada novamente e voltar com o formato percentual que seja de 25% ou, no máximo, 30%. Caso contrário, o consumidor não deve contratar um plano sem saber exatamente o valor que deverá pagar por aquele serviço, pois será prejudicado.

VOX – Quais seriam os principais procedimentos em que o consumidor teria coparticipação e os que não teria?MID – O texto estabelecia que alguns procedimen-tos, como consulta com médico generalista, exames preventivos, pré-natal e tratamentos de doenças crô-nicas, por exemplo, ficassem isentos de cobrança de coparticipação e franquia. A mamografia para mu-lheres de 40 a 69 anos é um exemplo, pois esse públi-co teria direito ao procedimento sem coparticipação com um intervalo de dois anos. Porém, a norma li-mitava o consumidor, que teria direito a apenas qua-tro consultas por ano em consultório ou em casa com

médico generalista, ou seja, o especialista deixaria de ser procurado em um primeiro momento.

VOX – Como as novas regras seriam aplicadas para os contratos já existentes? O que mudaria no contrato?MID – Aos contratos já existentes a norma não se apli-caria, pois o consumidor não seria obrigado a aderir à franquia e coparticipação. Contudo, se entrasse em vigor, os consumidores teriam que saber como fun-ciona essa modalidade e qual é a diferença da copar-ticipação e da franquia, atentando-se para o custo e o novo contrato. Outro ponto importante é que os planos empresariais e coletivos teriam, possivelmente, uma participação maior de mercado nos planos no-vos. A gravidade disso tudo é que quando um plano é contratado coletivamente, o consumidor entra em um grupo empresarial ou coletivo e acaba não tendo gerência sobre o custo, pois quem contratou é que, possivelmente, vai estar negociando valores. De qual-quer maneira, tudo isso teria razão legal se o usuário fosse previamente informado a respeito do cálculo do valor dos exames e das consultas, por meio de uma tabela utilizada como base para cálculos. Tudo isso teria que ser informado no momento em que o con-sumidor estivesse contratando um plano novo.

VOX – Se a norma entrasse em vigor, quais seriam os principais impactos para os médicos?MID – O principal impacto seria o fato de que poucos pacientes iriam diretamente para a consulta com um es-pecialista, pois o consumidor não teria acesso direto a esse profi ssional. Nesse caso, um generalista tentaria re-solver o problema do paciente para depois passar para o especialista. Para os prestadores de serviços, essa situação iria ter um efeito bastante prejudicial.

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Brasileiro

Congresso Brasileiro 2018: Retorno da programação multiprofissional

Após 19 anos, o evento volta a reunir profissionais de outras áreas e conta com uma programação diversificada para a maior edição de todos os tempos

Julia Lins

De 31 de outubro a 3 de novembro, o Congres-so Brasileiro de Otorrinolaringologia e Cirur-gia Cérvico-Facial chega a João Pessoa (PB)

para sua 48ª edição. Após 19 anos, o evento voltará a ter uma programação multiprofissional, com duas salas exclusivas e conteúdo voltado para outros profissionais da área da saúde.

Este ano, o congresso estará aberto para inscrição de trabalhos de não médicos. Dentre os especialistas que poderão participar dessa programação estão fonoaudió-logos, nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas, odon-tólogos e enfermeiros.

Segundo o presidente, a ideia é trazer a visão de profissionais de outras áreas para o evento, e chegar ao melhor resultado para o paciente. “Nós ficamos quase 20 anos sem ter a presença de outros profissionais no Congresso Brasileiro. Por isso, é muito importante que toda essa equipe multidisciplinar faça um evento em que sejam discutidos, conjuntamente, o tratamento e as opções que o paciente terá. Um evento com parti-cipação multiprofissional é importante pelo intuito de fortalecer o atendimento ao paciente. Não tenho dú-vidas de que o paciente será o maior beneficiado com essa mudança”, analisa.

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Para que os profissionais aproveitem o evento da melhor forma, o presidente aconselha: “Primeiro: es-pero que as pessoas tenham a alegria de estarem reu-nidos novamente, segundo: um pouco de paciência, pois como estamos voltando após muitos anos, por

“Um evento com participação multiprofissional é importante pelo intuito de fortalecer o atendimento ao paciente. Não tenho dúvidas de que o paciente será o maior beneficiado com essa mudança”Dr. Márcio Abrahão

Como chegarO aeroporto de João Pessoa fica a 24km de distância do Centro de Convenções de João Pessoa, onde será realizado o pré-congresso. A melhor forma de chegar ao local é de táxi. Um táxi para o Polo Turístico de Cabo Bran-co custa, em média, R$85. Caso prefira ir de carro, a média de preço para o aluguel diário de um carro na cidade é de R$90. Seja de carro ou taxi, o importante é chegar e curtir o evento!

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Confira os principais destaques da programação multiprofissional:

Data

01/11

01/11

02/11

02/11

03/11

Área de atuação

Cirurgia de cabeça e pescoço

Otologia

Foniatria

Laringologia

Otoneurologia

Tema da palestra

Mesa Redonda: Técnicas manuais para a região de cabeça e pescoço (drenagem linfática e liberação miofascial) para terapia de voz e deglutição

Painel: Intervenção precoce na linguagem em bebês com perda auditiva profunda

Mesa Redonda: Casos clínicos de transtorno de linguagem

Mesa Redonda: Cantores: Casos Clínicos

O Auxílio da Tecnologia na Reabilitação Vestibular: De Aplicativos de Smartphone à Neuromodulação

isso podem ocorrer alguns erros, terceiro: respeitar a lei do ato médico, e quarto: saber que nós vamos cami-nhando juntos nestas curvas desta estrada, com algu-mas curvas mais fechadas, mas sempre com o objetivo de melhorar a cada ano”, resume.

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gestão e Carreira

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Sinais, gestos e vestimentas são fatores fundamentais para fidelização do paciente

ALéM DA fALA:como a comunicação interpessoal auxilia na relação médico-paciente

Bárbara Mello e Julia Lins

O atendimento médico envolve diversos fa-tores, que vão além das habilidades técni-cas. Para fidelizar o paciente, é preciso

desenvolver uma relação humanizada. A confiança no médico e o sucesso terapêutico dependem, além de outros elementos, de uma boa comunicação entre profissional de saúde e paciente. Por isso, investir nos aspectos da comunicação interpessoal, como postura corporal, entonação, gesticulação e vestimenta, é uma boa técnica para conquistar o paciente e, o principal, demonstrar sentimento. Normalmente, a linguagem verbal é a mais utilizada, mas esta serve essencialmen-te para transmitir conteúdo e informação. É a lingua-gem não verbal que transmite sentimentos e emoções, aproximando médico e paciente.

Como aprimorar o relacionamento interpessoal

Em um primeiro contato com uma pessoa que não se conhece, a comunicação não verbal é de extrema im-portância. Cada gesto é observado por ambas as partes,

no caso médico e paciente, e, nesse contexto, a análise não verbal é mais presente que a verbal. Segundo a pro-fessora titular aposentada pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (EEUSP) Dra. Maria Júlia Paes da Silva, o profissional deve entender a importân-cia da comunicação interpessoal para que a mensagem que deseja passar seja 100% entendida pelo paciente. “O médico precisa ter consciência de que ele também é a mensagem, um instrumento terapêutico, e que sua postura diante da pessoa que estiver atendendo facilita ou dificulta a adesão ao tratamento”, ensina.

Ao ser atendido, o paciente observa os mínimos detalhes e tem seus próprios critérios de avaliação, po-rém um fator é comum: todos precisam de atenção, por isso, ser um bom ouvinte é uma das características mais exigidas de um médico. De acordo com o otor-rinolaringologista Dr. Bruno Rossini, há uma série de estratégias que podem ser desenvolvidas pelo médico para estabelecer a comunicação interpessoal de manei-ra eficiente. “Durante a consulta, a atenção deve ser voltada não só para ‘o que falar’, mas também a ‘como

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gestão e Carreira

O que nãO fazerHá uma série de atitudes que podem prejudicar a comunicação interpesso-al, como:

• Atender sem prestar a devida atenção às subjetividades de-monstradas pelo paciente;

• Realizar a consulta com pres-sa e displicência e não se aten-tar às emoções do paciente;

• Não observar os gestos do receptor;

• Não manter contato olho no olho com o paciente;

• Deixar o consultório desor-ganizado;

• Realizar um atendimento frio, sem demonstrar empatia.

“O médico precisa ter consciência de que ele também é a mensagem, um instrumento terapêutico, e que sua postura diante da pessoa que estiver atendendo facilita ou dificulta a adesão ao tratamento”

Dra. Maria Júlia Paes Da silva

falar’. Demonstrar interesse legítimo, utilizar um voca-bulário adequado, compartilhar as decisões, dar tempo apropriado para o paciente se expressar e mensurar a capacidade de assimilação do que foi informado são atitudes louváveis”, aconselha.

Para Dra. Maria Júlia, um dos maiores erros do mé-dico é não estar atento ao receptor. “O profissional não pode deixar de entender que escolheu trabalhar na área da Saúde, então, a responsabilidade sobre a mensagem que está sendo passada é dele. Ele pode até identificar que o paciente está discordando de sua proposta, mas isso não significa encerrar uma relação, e sim avançar nos desafios das diferenças em uma relação. Agora, se o profissional não estiver atento ao receptor, ele nem percebe”, exemplifica.

Outra questão é a empatia. Um simples gesto ou um olhar podem significar mais do que uma conversa para o paciente. Para o otorrino, a empatia pode ser conquistada sem julgamentos, assim, o profissional conseguirá entender melhor a situação do paciente e, até, facilitar o diagnóstico. “Apesar da definição com-plexa, podemos caracterizar a empatia como a capa-cidade de nos colocarmos no lugar do outro, tentar sentir as dores dele, evitando julgá-las, e entender que as dificuldades sentidas são diferentes entre o profissio-nal e seu interlocutor”, analisa.

Divulgação

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aprendizado

aBOrl-CCFConfira a aula sobre Orientação e Carrei-

ra ministrada por Dra. Maria Júlia Paes da

Silva. A palestra é focada no aprimoramen-

to da comunicação interpessoal durante o

atendimento médico. Assista!

“Durante a consulta, a atenção deve ser voltada não só para ‘o que falar’, mas também a ‘como falar’. Demonstrar interesse legítimo, dar tempo apropriado para o paciente se expressar e mensurar a capacidade de assimilação do que foi informado são atitudes louváveis”

Dr. BrunO rOssini

O visual importaA vestimenta é, também, uma questão a ser dis-

cutida, sendo parte dos elementos avaliados pelo paciente ao consultar-se. Vestir-se de forma profis-sional e manter o consultório organizado são fatores que indicam características do profissional, sendo o cartão de visita do consultório. “O tipo de vestimen-ta do profissional deve ser adequado ao público-alvo. Caso contrário, a mensagem transmitida é incoeren-te, o que pode causar estranheza ao paciente”, alerta Dr. Bruno.

Outro meio de comunicação não verbal é o toque, um ato presente na assistência médica, que deve existir sempre com a finalidade de demonstrar carinho, em-patia, segurança e proximidade em relação ao paciente. “Isso é fundamental porque o leigo não sabe avaliar o profissional tecnicamente. Por exemplo, quando o médico pousa o estetoscópio no peito do paciente, este sabe que o profissional está ouvindo o coração ou o pulmão, mas não sabe, contudo, que é preciso colocar o estetoscópio no segundo espaço intercostal, direito e esquerdo, no quinto espaço na linha mamária. Essa su-tileza da técnica, só quem tem é o profissional”, resume Dra. Maria Júlia.

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Oratória e sua importância na

área da saúdeSaiba como a linguagem adequada pode auxiliar no atendimento médico e

estimular a fidelização do paciente

Julia Lins

A Medicina é um campo vasto e complexo, que exige diversas habilidades de seus profissionais. Uma delas é a arte de comunicar. Para estabelecer uma relação de confiança e fidelizar o paciente, o médico precisa ter o domínio

de uma técnica milenar: a oratória. Essa prática se caracteriza pela habilidade de falar em público de forma estruturada e deliberada, com a intenção de expressar uma ideia e ser entendido de forma clara pelos ouvintes. A pergunta é: será que os médicos entendem a importância dessa técnica em suas carreiras?

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CaPa

Oratória no atendimento médico

Ao realizar uma consulta, o paciente espera mais do que conhecimento teórico por parte do médico, é preciso que haja uma conexão com o paciente para que ele retorne ao consultório. De acordo com Gui-lherme Miziara, professor de Comunicação e Ora-tória da Fundação Dom Cabral (FDC) e diretor da Miziara Habilidades em Comunicação, a postura, a gesticulação e a movimentação no ambiente são fa-tores que devem ser avaliados para aprimorar a co-

municação ao longo da consulta. “Acredito que, na área médica, principalmente, a clareza e

a qualidade do discurso são primordiais para que o paciente compreenda inte-

gralmente o que o médico quer dizer, e isso pode se dar tanto pela linguagem verbal quanto pela não verbal”, afi r-ma. Além disso, o professor acredita que a estrutura do discurso e a forma de falar se complementam. “As pesso-

as não ouvem exatamente o que você diz, mas como você diz. A forma tem a

capacidade de moldar o conteúdo apre-sentado e auxiliar na compreensão das pes-

soas”, explica. A falta de contato visual com o paciente é um dos principais erros no contexto

médico. “Esse contato é fundamental para gerar en-gajamento e confi ança. Muitas vezes, devido à tecno-logia, o médico acaba direcionando sua atenção para a tela do computador, e deixa de olhar nos olhos do paciente”, alerta.

Outra questão é a forma de passar o conteúdo. O profi ssional precisa adaptar linguagem de acordo com o público. “É preciso tornar o conteúdo acessível ao pú-blico-alvo. Quando o médico discursa em um congresso, é apropriado usar alguns jargões e termos técnicos, mas se for para um público leigo, é preciso ajustar a lingua-gem, deixando-a o mais simples e objetiva possível”, ressalta. A terminologia usada no dia a dia pelos mé-dicos, incluindo siglas e termos técnicos, também pode difi cultar a comunicação com o paciente e até causar desconforto durante a consulta. “O grande problema disso é que, caso o paciente não conheça o termo, ele pode fi car com vergonha de perguntar, por medo de pa-recer ignorante”, complementa.

“A estrutura do discurso e a forma de falar se complementam. As pessoas não ouvem exatamente o que vocês diz, mas como você diz. A forma tem a capacidade de moldar o conteúdo apresentado e auxiliar na compreensão das pessoas”

GuilHerMe MiZiara

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foniatria e a COMunICaÇãOembora a Foniatria seja uma especia-

lidade antiga, apenas recentemente foi

incluída como área de atuação da Otorri-

nolaringologia. em 2018, a ABORL-CCf

está realizando o quinto Curso extensivo

de Foniatria, evento que prepara os otorri-

nolaringologistas para avaliar os pacientes

com transtorno de comunicação de forma

mais abrangente, em seus aspectos físicos,

psíquicos, ambientais e sociais. De acordo

com Dra. Berenice Ramos, coordenadora do

departamento de Foniatria da ABORL-CCf,

o curso visa auxiliar médicos e pacientes.

“O grande objetivo do curso não é somente

formar especialistas na área, mas preparar

o maior número possível de otorrinolarin-

gologistas para um atendimento que não

vise somente a doença, mas, também, o

paciente, do jeito mais individualizado pos-

sível, considerando o contexto em que ele

vive”, defende. A Foniatria trata de doen-

ças altamente prevalentes e com qua-

dros clínicos diversos, como é o caso

do transtorno do espectro autista e do

transtorno específico de linguagem.

Para obter bons resultados, o fo-

niatra tem que estar preparado

para fazer o diagnóstico, lidar

com as emoções dos familia-

res e orientar todos os envolvi-

dos de forma clara.

Para a fonoaudióloga e professora de Comunica-ção em Negócios no Insper Mara Behlau, ser um bom ouvinte tem seu devido valor na competência comu-nicativa e pode ser um diferencial para os médicos. “Um bom falante é, acima de tudo, um ouvinte aten-to. Mostrar interesse genuíno no que é dito, deixar o outro falar sem interrompê-lo e memorizar detalhes da vida do paciente, como tipo de trabalho, se tem fi lhos ou até mesmo um comentário sobre o time de futebol preferido, pode ser uma estratégica efi ciente de aproxi-mação e aliança”, aconselha.

“Ser um bom ouvinte tem seu devido valor na competência comunicativa e pode ser um diferencial para os médicos”

Mara BeHlau

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CaPa

em busca da comunicaçãoAlém de todos os desafios impostos aos profissio-

nais de saúde, o médico deve se preocupar com seu posicionamento durante o atendimento. Segundo Mara, procurar ajuda profissional é o primeiro pas-so. “O fonoaudiólogo pode ajudar os profissionais de saúde a desenvolverem desde aspectos mais técnicos, como qualidade de voz e dicção, até habilidades mais intuitivas, como a escuta ativa e estratégias comunicacionais para favorecer a inclusão e a diversidade pela comunicação”, explica. A fonoaudióloga também acredita que buscar cursos de ora-tória pode auxiliar o profissional na relação médico-paciente. “Uma boa opção é um programa de autoconhecimento que permi-ta compreender o que o indivíduo transmite quando se comunica e qual é o impacto de sua presença e estilo de comunicação na interação social e profissional”, recomenda.

Segundo Acácio Garcia, mestre em oratória e di-retor do Instituto Motivacional de Criatividade e Expressão Verbal (IMCEV), a oratória é uma das ferramentas mais importantes e necessárias em qual-quer carreira. “Quando você domina a arte de falar em público com naturalidade, consequentemente, melhora sua autoestima, facilitando a atuação em qualquer profissão. Já parou para pensar em quan-tas oportunidades perdemos por causa da timidez de falar em público?”, analisa. O profissional, que foi gago até os 15 anos, usou a experiência para perder a timidez e começar o próprio negócio. Atualmente, realiza palestras motivacionais por todo o país. Se-gundo o professor, é preciso persistir no problema para ultrapassá-lo. “Sempre sonhava em transformar esse problema em solução para meu próprio sucesso, bem como para resolver o trauma de pessoas com a mesma limitação. Descobri que relaxamento, respi-ração adequada e tranquilidade eram o caminho do sucesso”, relata.

Muito além do consultórioA oratória pode auxiliar o médico dentro e fora

do consultório. Os profissionais de saúde, em diver-sos momentos ao longo da carreira, podem receber convites para palestrar em eventos, por isso é tão

“Um médico tímido, que não tem coragem de levantar a mão para pedir a palavra ou falar ao microfone para um auditório, pode acabar perdendo excelentes oportunidades de disseminar o próprio trabalho”

aCáCiO GarCia

importante investir na comunicação. Para Acácio, participar de palestras e conferências é uma grande chance de crescer na carreira. “São nessas ocasiões que o profissional poderá transmitir sua experiência e, se dominar a oratória, conseguirá ir ao palco e pas-sar, com naturalidade, as técnicas que utiliza em sua clínica. Um médico tímido, que não tem coragem de levantar a mão para pedir a palavra ou falar ao microfone para um auditório, pode acabar perden-do excelentes oportunidades de disseminar o próprio trabalho”, ressalta.

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Para Berenice Ramos, os congressos e conferências auxiliam na prática da oratória. “Os próprios eventos científi cos médicos são os maiores incentivadores da oratória, pois quando queremos transmitir conheci-mentos à plateia temos que utilizar estratégias que ga-rantam a atenção, além de organizar o tema de forma que ocorra o máximo aprendizado em um curto espaço de tempo”, sustenta.

Como melhorar o atendimento por meio da comunicação não verbal?

Para os médicos que têm difi culdade na

comunicação com os pacientes, Acácio re-

comenda:

1) Procure melhorar a oratória;

2) entenda que atrás do paciente existe

um ser humano que merece e precisa de

sua atenção;

3) Seja humilde e natural com os

pacientes, especialmente com os

mais simples;

4) Digite as receitas de forma

clara e explicativa;

5) Use um “sorriso na voz”,

mantendo sempre um sem-

blante aprazível;

6) Adeque os discursos de

acordo com o temperamento de

cada paciente;

7) Seja empático ao noticiar

uma doença grave;

8) Apoie o paciente em

momentos difíceis; isso

pode ajudá-lo a enfrentar

o sofrimento;

9) Fale com o paciente

como se estivesse falando

com um ente querido.

“O mais importante no atendimento médico é manter-se atualizado nos temas de sua especialidade, gostar do que faz e ter interesse real em auxiliar o paciente. Transmitir esses valores, por meio da oratória, aos pacientes e aos jovens otorrinolaringologistas é a missão da aBOrl-CCF”

Dra. BereniCe raMOs

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Conduta médiCa

Por Departamento Jurídico da ABORL-CCF

Considerando que o atestado é um documento cuja fi nalidade é justifi car a falta ou afastamento do indivíduo (paciente) do trabalho ou atender a fi ns previdenciários, de acordo com o atendimento prestado, entende-se

que é ato médico e deve ser emitido, exclusivamente por esse profi ssional, levando em consideração as boas práticas médicas.

Sendo assim, a secretária ou outro profi ssional que não seja o médico não pode ser responsável pela emissão do atestado.

Reiteramos que é médico o profi ssional incumbido, por lei, e que tem trei-namento e prerrogativa legal para examinar, diagnosticar e tratar o paciente, e, portanto, habilitado a emitir o documento.

Entender diferente, e delegar à secretária, que não é habilitada para a prática de ato médico, é cometer infração ao Código de Ética da área, além de expor a funcio-nária a responder por exercício ilegal da profi ssão.

emissão do ATeSTADO MéDICO

O documento pode ser emitido pela secretária ou outro profi ssional que não seja o médico?

Corroborando esse entendimento, descreve o professor Genival ve-

loso de França: “... na área da Saúde, apenas os profi ssionais res-

ponsáveis pela elaboração do diagnóstico são competentes para

fi rmarem atestados”.

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Vale destacar que o documento atestado médico é diferente do comprovante de comparecimento, os quais não se equivalem nem se substituem. O comprovante, sim, por ser emitido pela secretária, limitando-se a in-formar que o paciente compareceu ao consultório em certa data e horário, não incluindo, em hipótese algu-ma, informações que são de competência exclusiva do profi ssional médico.

A resolução CFM nº 1851/2008 normatiza a emissão de atestados médicos e determina o que de-vem conter. Veja:

Art. 1º O artigo 3º da Resolução CFM nº 1.658, de 13 de dezembro de 2002, passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 3º Na elaboração do atestado médico, o médi-co assistente observará os seguintes procedimentos:

I - especifi car o tempo concedido de dispensa à ati-vidade, necessário para a recuperação do paciente;

II - estabelecer o diagnóstico, quando expressamente autorizado pelo paciente;

III - registrar os dados de maneira legível;

IV - identifi car-se como emissor, mediante assina-tura e carimbo ou número de registro no Conselho Regional de Medicina.

Parágrafo único. Quando o atestado for solicitado pelo paciente ou seu representante legal para fi ns de perícia médica deverá observar:

I - o diagnóstico;

II - os resultados dos exames complementares;

III - a conduta terapêutica;

IV - o prognóstico;

V - as consequências à saúde do paciente;

VI - o provável tempo de repouso estimado neces-sário para a sua recuperação, que complementará o parecer fundamentado do médico perito, a quem cabe legalmente a decisão do benefício previdenci-ário, tais como: aposentadoria, invalidez defi nitiva, readaptação;

VII - registrar os dados de maneira legível;

VIII - identifi car-se como emissor, mediante assina-tura e carimbo ou número de registro no Conselho Regional de Medicina.”

Com base no que foi exposto, afi rmamos que pe-dir atestado médico é direito do paciente e dever do médico, sendo vedado ao médico fornecer atestado sem ter praticado o ato médico ou com a fi nalidade de obter vantagens.

Caso tenha se identifi cado com as questões apre-sentada neste artigo e tenha necessidade de esclareci-mentos adicionais, consulte o Departamento Jurídico da ABORL-CCF, que está à disposição dos associados pelos e-mails <[email protected]> e <[email protected]> e pelo telefone (11) 5053-7500.

Finalizamos reiterando a resposta ao

questionamento que originou este texto:

atestado médico deve ser emitido por

profi ssional médico devidamente registra-

do no CRM; em receituário próprio; sem

rasuras; em letra legível; com data do

efetivo atendimento; atestar o ato médico

praticado, respeitando os princípios éticos

da boa pratica médica; respeitar o sigilo

médico; e conter o nome do médico, o nú-

mero do CRM e assinatura do profi ssional.

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ACADeMIA AMeRICAnA De ORL:

BRASILeIROS SãO DeSTAqUe NO eveNTO

Com o evento se aproximando, a delegação brasileira inicia os preparativos para garantir presença em um dos maiores eventos da especialidade

Julia Lins

De 7 a 10 de outubro, a Academia Americana de Otorrinolaringologia desembarca na Geor-gia, em Atlanta, para a 122ª edição do Ame-

rican Academy of Otolaryngology – Head and Neck Surgery (AAO-HNS) Annual Meeting. Recebendo cer-ca de 5.500 otorrinolaringologistas por ano, a reunião anual da Academia Americana conta com um vasto ca-lendário de cursos, palestras, conferências e novidades sobre a especialidade.

De acordo com o presidente do comitê de relações internacionais da ABORL-CCF, Dr. Sady Selaimen, fora o Congresso Mundial de Otorrinolaringologia, que

acontece a cada quatro anos, o congresso da Academia Americana é o maior evento da especialidade no mun-do. “É um grande evento anual de difusão de conheci-mento na área. Talvez, se levarmos em consideração sua periodicidade, ele seja o maior do mundo”, avalia.

Dentre as nacionalidades presentes no evento, o Brasil é um dos destaques. Em 2017, o país foi con-siderado a terceira maior delegação do congresso, com mais de 300 profisisonais presentes. Para Dr. Sady, o Brasil é um dos maiores contingentes de otorrinos não norte-americanos que participam do evento. “Nor-malmente, a delegação brasileira é bem considerável,

“Historicamente, o Brasil é um dos maiores contingentes de otorrinos não norte-americanos que participam do evento. então, normalmente, a delegação brasileira é bem considerável, acima de 500 pessoas, e em alguns congressos o número chega a mil profissionais participando”

Dr. Sady Salaimen

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internaCional

acima de 500 pessoas, e em alguns congressos o núme-ro chega a mil profi ssionais participando. Neste ano, não será diferente”, afi rma. A representatividade bra-sileira não se dá apenas pela quantidade de médicos visitando o evento, mas, também, pelos profi ssionais que irão palestrar no congresso. Nesta edição, os pales-trantes brasileiros presentes serão:

• Fernando Dias – Inca e PUC

• Peter Baptista – Clínica Universidade de Navarra

• Ricardo Bento – Faculdade de Medicina da Uni-versidade de São Paulo (FMUSP)

• Antônio Bertelli – Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo

• Robson Capasso – Universidade de Stanford (EUA)

• Letícia Rosito – Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Segundo o especialista, que também está na lista de palestrantes brasileiros, abordando o tema Middle Ear Cholesteatoma: From Principles to Practice, o even-to é uma oportunidade única para o otorrino atualizar seus conhecimentos e crescer na carreira médica. “É

SeRVIÇOAAO-HnSf 2018 Annual MeetingDe 7 a 10 de outubro – Georgia (AL)Mais informações em: <https://www.entannualmeeting.org/>

fIQUe LIGADO nO eSTAnDe!Todo ano a ABORL-CCf possui um estande no evento, para congregar os colegas de profi ssão nas horas de intervalo. este ano, o estande será o de número 2715. Não perca!

um congresso que, cientifi camente, reúne os maiores expoentes da América do Norte e vários dos experts mundiais. Se existe um local para buscar novos conhe-cimentos, creio que é esse congresso”, defi ne. Dr. Sady também aconselha os jovens: “Creio que a melhor for-ma de tirar proveito dessa experiência seja tendo domí-nio da língua, pois 90% das conferências são proferidas em Inglês. Para que haja um maior aproveitamento, é fundamental, ao menos, o Inglês técnico, abrangendo os termos mais usados na Medicina”, recomenda.

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imagem destaque

Caso clínico: paciente de 68 anos, tabagista, com queixa de obstrução nasal crônica. Nega disfagia ou dor em cavidade oral.

À oroscopia:

IMAGEM destAQUe

( A ) Carcinoma adenoide cístico de glândulas salivares menores( B ) Mucocele( C ) Tórus palatino( D ) Granuloma piogênico

Para saber a resposta correta e obter mais informações sobre as imagens, basta ir até o site da ABORL-CCF <http://aborlccf.org.br/enquetes.asp> ou acessar pelo QR Code.

Se você tem uma imagem curiosa e gostaria de compartilhar com os leitores da Revista VOX Otorrino, envie para <comunicaçã[email protected]>.

Arquivo pessoal

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Vox newsVox news

No dia 20 de julho aconteceu o II Fórum Médico Jurídico, na sede da ABORL-CCF, em São Paulo.

O fórum foi idealizado pelo Departamento Jurídico, apoiado pela Diretoria Executiva, e faz parte do programa de extensão jurídica aos associados. Trata-se de um evento ins-titucional que tem por objetivo apresentar conceitos éticos e jurídicos que possam ser aplicados pelos profissionais no dia a dia, vi-sando à manutenção da segurança jurídica profissional. É mais um importante bene-fício da ABORL-CCF para os associados.

Os temas dessa edição foram basea-dos na realidade médica e jurídica atu-al, considerando os principais conceitos éticos e jurídicos que pudessem auxiliar a prática médica dos profissionais. Temas como “A lei do ato médico” e “Processo ético profissional no CRM” foram tra-tados no evento. Estiveram presentes 40 participantes, entre médicos associa-dos, membros da Diretoria Executiva da ABORL-CCF e advogados, além de 11 palestrantes de diversas instituições, como ABORL-CCF, Cremesp, CRM/AC, Proteste e Consumare, Associação Brasileira de Medicina Legal e Pericias Médicas, Sociedade Brasileira de Direito Médico, Ministério Público de São Paulo e Assembleia Legislativa de São Paulo.

Evento contou com a participação de médicos associados, membros da Diretoria Executiva da ABORL-CCF e advogados, além dos palestrantes

ABORL-CCf promove II Fórum Médico Jurídico Profissional

Por Silvia Buzinari

De acordo com Vânia Moraes, membro do Departamento Jurídico da ABORL-CCF, o diferencial desse fórum foi o reforço da ideia de que a medicina e o direito devem caminhar juntos, além da presença de instituições como o Ministério Público e a Assembleia Legislati-va. Vânia destaca, também, a importância de o associado participar do evento. “Em tempos de grande avanço da judicialização, princi-palmente na saúde, é de fundamental importância que os médicos associados recebam informações da área do Direito Médico à Saúde para evitar o crescimento de processos éticos, bem como informar a respeito de quais são os cuidados e comportamentos mais valorosos na construção de uma carreira médica segura”, explica. Segundo Vânia, as expectativas da ABORL-CCF para o evento foram superadas.

Principais temas:• Importância da ABORL-CCF para a defesa da especialidade

• Comitê de Defesa Profissional na defesa do ato médico e da Otorrinolaringologia

• A Lei do Ato Médico e a mercantilização da Medicina

• Termo de Ciência e Consentimento

• Direito de informar e autonomia de decisão

• A relação de consumo na Medicina

• A importância da especialização em pe-rícia médica nos processos de erro médico

• A negligência informacional como forma de condenação

• Processo ético profissional no CRM

Palestrantes:• Dr. Marcio Abrahão

• Dr. Paulo Saraceni Neto

• Dr. Lavinio Nilton Camarim

• Dr. Virgilio Batista do Prado

• Dra. Maria Inês Dolci

• Dr. Jarbas Simas

• Dr. Raul Canal

• Dr. Renato Françoso Filho

• Dr. Angelo Vattimo

• Dr. Fernando Capez

• Dr. Washington Fonseca

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Os três primeiros colocados no exame de suficiência para obtenção de título de especialista, assim como no ano passado, receberam uma premiação da ABORL-CCF. Como prêmio deste ano, a associação dispo-nibilizará as passagens para o maior evento da especialidade, o congresso da Academia Americana, que

acontece de 7 a 10 de outubro e já conta com mais de 5.500 participantes.De acordo com o presidente da ABORL-CCF, Dr. Márcio Abrahão, o prêmio é um incentivo para que os profissio-

nais da área busquem o melhor resultado possível, valorizando a prova e, consequentemente, o próprio título de especia-lista. “O título é fundamental para que todo profissional possa exercer a profissão em sua área com excelência”, garante.

Em entrevista à Revista Vox Otorrino, os três premiados falam sobre as expectativas da viagem para o congresso e a realização pessoal pela posição que alcançaram no exame.

O presidente, Dr. Márcio Abrahão, fala sobre a importância do título e o prêmio escolhido para este ano

ABORL-CCf premia primeiros colocadosno exame de suficiência 2018

Lucas Resende | 1° lugarO primeiro colocado na prova de título de especialista da ABORL-CCF, Lucas Resende, fez a residência no Hos-pital de clínicas – Universidade do Paraná (HC-UFPR). Ele conta que ficou surpreso ao receber a ligação do pre-

sidente da ABORL-CCF, Dr. Márcio Abrahão, e que sentiu-se extremamente honrado por isso. “Alguns dias após, ainda não conseguia perceber a dimensão exata dessa conquista. Foi surreal e gratificante, ao mesmo tempo”, afirma.O candidato conta que a prova do título de especialista é um teste muito inteligente. “Atualmente, a prova da ABORL-CCF é um teste contextualizado, que utiliza situações cotidianas da Otorrinolaringologia para deman-dar o conhecimento do aluno”, explica. Para Resende, o exame de suficiência é uma garantia de que o profissio-nal em questão possui uma bagagem adequada para o exercício da especialidade.O novo especialista declara que o prêmio é extremamente valioso, pois irá auxiliar os candidatos na busca por mais conhecimento na área. “Nada mais justo e coerente que premiar os melhores em uma prova de título, fomentando ainda mais o aprendizado. Este deve ser nosso objetivo: sempre crescer, individualmente e como grupo”, define.

Jessica Tavares | 2° lugarA segunda colocada na prova da ABORL-CCF,

Jessica Tavares, relata que a ligação do presiden-te informando sua posição foi algo extremamente inesperado, mas que o aprendizado e o caminho percorrido para chegar até o resultado foram muito mais importantes. Jessica fez a residência no Hos-pital Universitário Bettina de Ferro de Souza da Universidade Federal do Pará. Para a otorrino, o título permite que o profissional exerça sua especia-lidade com mais confiança e credibilidade. “Achei o prêmio uma ótima oportunidade de ter contato com outra realidade da Otorrinolaringologia, com ciência de ponta, vivenciar outras práticas e obter conhecimentos que podem contribuir para meu aperfeiçoamento na área”, analisa.

Maíra Garcia | 3° lugarMaíra Garcia, terceira colocada no exame, conta que ao terminar a prova não imaginava que havia se saído tão bem, apesar de ter se dedicado por um ano inteiro, direcionando os estudos especialmente para a obtenção do título de especialização da ABORL-CCF. A profissional fez a residência no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP). Maíra vê a premiação como uma forma de reconhecimento, que incentiva, ainda mais, outros participantes a se dedicarem aos estudos para a obtenção do título. “É muito bom receber uma recompensa como essa. Viabilizou minha participação no Congresso Ame-ricano de Otorrinolaringologia, um dos maiores eventos científicos da área. Sou muito grata à ABORL-CCF e ao Dr. Márcio Abrahão por essa oportunidade, e também aos mestres do HCFMUSP que contribuíram para mi-nha formação”, declara.

Por Silvia Buzinari

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Vox news

O site da ABORL-CCF sofreu algumas altera-ções, feitas pelo Comitê de Comunicação, a maioria relacionada ao layout e à resolução

de problemas na navegação. O foco foi gerar um design mais moderno e atraente, além de proporcionar mais praticidade para o benefi ciado acessar os conteúdos. De acordo com Dr. Marco Antônio Corvo, presidente do Comitê de Comunicação, o novo site foi desenvolvi-do ao longo do ano e buscou atender às demandas de mudanças que eram enviadas pelos associados. “Uma das reclamações era quanto à difi culdade para acessar o plano de benefícios, que são descontos com parceiros da ABORL-CCF. Fizemos o máximo para que essa fer-ramenta fi casse mais aparente. Ainda assim, caso haja novas demandas, gostaríamos de deixar claro que o Comitê de Comunicação está mais do que à disposição para receber sugestões por meio de nossos canais de co-municação com o associado”, informa.

O objetivo é tornar o site útil e atualizado para os be-nefi ciados, tendo notícias e informações relevantes para a vida prática do otorrino. “Estamos aqui para facilitar o dia a dia do profi ssional. A ideia é continuar o processo de mudanças conforme a demanda surgir, e à medida que su-gestões construtivas forem sendo apresentadas. O objetivo secundário é, justamente, que o site facilite a interação dos

Mudanças solicitadas pelos associados foram atendidas e o layout está mais moderno

Por Silvia Buzinari

O site da ABORL-CCfestá de cara nova!

associados com a ABORL-CCF”, acres-centa Dr. Marco.

De acordo com o analista de siste-ma da empresa GN1 Daniel Marcoto, houve, também, uma adaptação no site para proporcionar uma navegação melhor por celular ou tablet. Essa melhoria permite uma experiência mais completa ao usuário que acessa o site por dispositivos, pois, agora, é possível visualizar o conteúdo em um tamanho proporcional à tela. Outros contratempos que faziam o associado perder mais tempo também foram resolvidos. “O design foi completamente modifi cado e foram corrigidos alguns problemas de nave-gação, como a necessidade de autenticar (informar e-mail e senha) mais de uma vez para acessar determinados re-cursos”, complementa.

A nova versão do site está disponível desde o mês de julho, e opiniões para outras melhorias continuam sendo aceitas pelo Comitê de Comunicação da ABORL-CCF.

Divulgação

Contatos Comitê de Comunicação ABORL-CCfInstagram: @aborlccffacebook: /aborlccfTelefones: 0800 7710 821 - (11) 5053-7500 - FAX 5053-7512Whatsapp: (11) 95266-1614e-mail: [email protected]

Censo2018A realidade da Otorrinolaringologia

brasileira em números

A Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico Facial valoriza a importância de conhecer seus

associados a favor do crescimento da especialidade.

Patrocínio:Produção:

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CensoCenso2018A realidade da Otorrinolaringologia

brasileira em números

A Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico Facial valoriza a importância de conhecer seus

associados a favor do crescimento da especialidade.

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o que diz a lei

Descontinuidade daReLAÇÃO MéDICO-PACIenTe

Direito do médico de renunciar ao atendimento

Departamento Jurídico da ABORL-CCF

Considerando que a interação médico-paciente é uma relação jurídica regulamentada pelas nor-mas do Conselho Federal de Medicina e pelo

ordenamento jurídico, é válida uma refl exão sobre os aspectos éticos e legais dessa importante relação.

Não é incomum que o profi ssional médico, mesmo tendo adotado as boas práticas médicas, veja-se diante de uma relação que se deteriorou e fi cou comprometida devido a fatos e condutas adotadas pelo paciente e/ou responsável legal.

É nesse momento em que o Departamento Jurídico da ABORL-CCF é consultado pelos associados com o intuito de obter respaldo legal para a descontinuidade da relação médico-paciente, resguardando seus direitos e deveres e, principalmente, respeitando os do paciente, para que possa dar continuidade ao tratamento com outro profi ssional e,

não menos importante, o médico não seja instado a res-ponder por omissão de socorro, por exemplo.

Afinal, na relação médico-paciente, o médico pode renunciar ao atendimento de paciente que com-prometeu a interação por ato próprio ou do res-ponsável legal?

É importante destacar que o principal bem protegi-do na relação médico-paciente é a vida e a saúde do ser humano, alvo de atuação do profi ssional médico.

Assim, conforme os artigos 7º e 33 do Código de Ética Médica, o médico não pode deixar de atender os pacientes que se encontram em estado de urgência e emergência, sob pena de responder por omissão de socorro, pois estaria violando os princípios éticos que regulamentam a profi ssão.

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Desse modo, amparado pelo Código de Ética Médi-ca e observados os casos de urgência e emergência, o profissional médico tem o direito de renunciar ao aten-dimento, conforme previsto nos parágrafos primeiro e segundo do artigo 36 do Código de Ética.

Transcrevemos trecho da ementa do Parecer Consul-ta do CReMeSP nº 70.582/02:

O médico tem direito de renunciar o atendimento de paciente, no caso de relacionamento prejudicado com seus familiares, desde que não os abandone, comunicando seu sucessor acerca da continuidade dos cuidados, fornecendo-lhe as informações necessárias. Trata-se da autonomia, limita-da a situações de urgência, emergência, ausência de outro médico ou risco de danos à saúde do paciente, vinculada aos princípios da confiança e boa-fé objetiva que devem permanecer para o bom desenvolvimento da relação.

Com base no que foi exposto, é entendimento que, ocorrendo fatos que prejudiquem a relação médico-paciente, o médico tem o direito de renunciar ao atendimento ao paciente, exceto nos casos de urgência e emergência.

Contudo, ainda que o médico tenha o direito de re-nunciar, é preciso ter prudência e proceder com cautela no sentido de:

• Atender os casos de urgência e emergência; • Comunicar formalmente o paciente e/ou seu re-presentante legal quanto à descontinuidade da rela-ção médico-paciente;• Fornecer as informações necessárias ao paciente e/ou responsável legal e ao médico que será responsá-vel pela continuidade do atendimento;• Anotar detalhadamente no prontuário médico os fatos que a seu juízo prejudicaram a continuidade da relação médico-paciente; • Registrar com pormenores no prontuário médico que comunicou ao paciente e/ou responsável quanto à descontinuidade do atendimento, bem como que forneceu as informações técnicas ao médico.Vale ressaltar que, mesmo assim, permanece o risco de

demanda judicial do paciente contra o médico. Portanto, todo o zelo nesse momento em que a confiança na relação médico-paciente foi rompida, comunicando ao paciente e/ou representante legal, fornecendo informações ao mé-dico que dará continuidade no tratamento e anotando detalhadamente ao prontuário médico, é a recomendação do Departamento Jurídico da ABORL-CCF.

Caso tenha se identificado com as questões propos-tas neste artigo e necessite de esclarecimentos adicionais consulte o Departamento Jurídico da ABORL-CCF, que está à disposição dos associados pelos e-mails <[email protected]> e <[email protected]> e pelo telefone (11) 5053-7500.

é vedado ao médico:Art. 7º Deixar de atender em setores de urgência e emergência, quando for de sua obrigação fazê-lo, expondo a risco a vida de pacientes, mesmo res-paldado por decisão majoritária da categoria.

Art. 33 Deixar de atender paciente que procure seus cuidados profissionais em casos de urgência ou emergência, quando não haja outro médico ou serviço médico em condições de fazê-lo.

Art. 36. Abandonar paciente sob seus cuidados. § 1° Ocorrendo fatos que, a seu critério, prejudi-quem o bom relacionamento com o paciente ou o pleno desempenho profissional, o médico tem o direito de renunciar ao atendimento, desde que co-munique previamente ao paciente ou a seu repre-sentante legal, assegurando-se da continuidade dos cuidados e fornecendo todas as informações necessárias ao médico que lhe suceder.

§ 2° Salvo por motivo justo, comunicado ao pa-ciente ou aos seus familiares, o médico não aban-donará o paciente por ser este portador de moléstia crônica ou incurável e continuará a assisti-lo ainda que para cuidados paliativos.

Vale, neste momento, destacar um dos princípios fundamentais previsto no capítulo I, inciso VII do Có-digo de Ética, “Princípio da autonomia do profissional médico”, que descrevemos:

VII- O médico exercerá sua profissão com autono-mia, não sendo obrigado a prestar serviços que con-trariem os ditames de sua consciência ou a quem não deseje, excetuadas as situações de ausência de outro mé-dico, em caso de urgência ou emergência, ou quando sua recusa possa trazer danos à saúde do paciente.

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eduCação médiCa ContinuadaEsta seção é de inteira responsabilidade

do Comitê de Educação Médica Continuada da ABORL-CCF.

Tontura deorigem central

Dr. Rogério C. Borges de CarvalhoOtorrinolaringologista, responsável pelo setor de Otoneurologia da clínica Borges de Carvalho Otorrinos

Caso clínico

Identificação: V. D. B., mulher, 33 anos.

HDA: vertigem posicional paroxística benigna (VPPB).

HPP: paciente refere quadro de tontura desde 2015. Geralmente, ao virar na cama, sente tontura rotatória com náuseas. Na hiperextensão da cabeça o quadro tam-bém é precipitado. A pior posição é a supina. Não tem sintomas auditivos.

Exame físico: ausência de nistagmo espontâneo ou se-miespontâneo. Head Impulse Test negativo. Rastreio e sacadas normais. Otoscopia normal.

Exames complementares: videonistagmografia, nis-tagmo espontâneo ausente (figura 1). No teste de Choung (bow and lean test): quando a cabeça era po-sicionada na posição lean (a cabeça para trás), um nis-tagmo horizontal para a esquerda foi registrado após 14 segundos de latência (figura 2). Esse nistagmo per-maneceu por todo o tempo em que a cabeça ficou na posição provocativa. A paciente referiu tontura.

Quando a cabeça foi posicionada na posição bow (a cabeça para frente), nenhum nistagmo foi registrado (figura 3).

A paciente foi colocada em posição supina, com a ca-beça flexionada trinta graus, que é a posição inicial para realizar a manobra do roll test (Supine Head Roll Test).

Imediatamente na posição supina, sem latência, a pa-ciente sentiu-se muito tonta e um nistagmo mais intenso, sem latência, horizontal para a esquerda, foi observado.

Quando a cabeça era virada para direita ou para esquerda, o nistagmo desaparecia e a paciente me-lhorava, como se vê na figura 4. (Veja o vídeo em: <http://borgesdecarvalhootorrinos.com.br/noticias/nistagmo-horizontal-posicional-em-caso-de-topo-diagnostico-central/>).

Após as manobras, nenhum nistagmo era registrado na posição normal da cabeça.

Sacadas e rastreio pendular dentro da normalidade (figura 5).

A prova rotatória pendular decrescente simétrica (figura 6).

Prova calórica revelou preponderância direcional do nistagmo para o lado esquerdo (figura 7).

Ressonância magnética da mastoide e da coluna cervical:

Imagens complementares do encéfalo nas sequen-ciais FLAIR, T1, STIR e T1 pós-contraste: focos com sinal hiperintenso em FLAIR nos centros semiovais, coroas radiadas e substância branca periventricular, sub-cortical dos lobos frontais e parietais, bem como nos

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Referências1) Macdonald NK et al. Central Positional Nystagmus: A Systematic Literature Review. Front Neurol. 2017;8:141.2) Ruiz GT et al. Positional Vertigo. Symptom, clinical sign, our disease?. Acta Otorrinolaringol Esp. 2008;59(1): 21-9.3) Appiani GC et al. A liberatory Maneuver for the treatment of horizontal canal paroxysmal positional vertigo. Otology & Neurotology. 2001;22:66-69.4) Butter U et al. Diagnostic criteria for central versus peripheral positioning nystagmus and vertigo. Acta Otolaryngol. 1999;119:1-5.5) JacobsonGP et al. Balance Function Assessment and Management. 2 ed. San Diego: Plural Publishing; 2016.

HD: encaminhada para a Neurologia, foi confirmado o diagnóstico de esclerose múltipla, forma remiten-te-recorrente, apresentando critérios clínicos e radio-lógicos para tal apresentação. Conforme o parecer da Neurologia, como o quadro era inicial e a paciente nunca ter usado medicamento, indicou-se o uso de be-tainterferona 1a.

Comentários- Tontura posicional central pode mimetizar quadro

clínico de vertigem posicional paroxística benigna1.- Nistagmo posicional é definido como o nistagmo

gerado por mudanças de posição da cabeça em relação à gravidade e que pode ocorrer com ou sem vertigem1.

- O nistagmo posicional tem sido classificado de acordo com o sítio da lesão (periférico ou central) por suas características temporais (paroxístico ou persisten-te), ou pela combinação de características temporais e direcionais (persistente e com mudança de direção, per-sistente e com a direção fixa ou transitório)1.

- Um transtorno posicional central é definido pela presença de desvios nos critérios diagnósticos para ver-tigem posicional paroxística benigna (VPPB), em que outras características do nistagmo são observadas, como latência, duração, fatigabilidade e resposta às manobras de reposicionamento canalicular2.

- O nistagmo posicional da VPPB do canal lateral é puramente horizontal; muda de direção com a manobra do roll test; tem uma variante geotrópica e outra ageo-trópica; apresenta característica paroxística; é de curta latência; não costuma ser fatigável; e, muitas vezes, in-duz uma intensa sensação vertiginosa3.

- Nesse caso clínico, o nistagmo posicional horizon-tal é unidirecional, desencadeado exclusivamente com a cabeça em hiperextensão e na posição supina, persiste por todo o tempo em que a cabeça fica na posição pro-vocativa, desaparece com o giro da cabeça no roll test, produz a sensação vertiginosa na paciente e não diminui com a fixação visual. Ou seja, um nistagmo considerado de direção atípica com base no previsto para o canal es-timulado durante os testes posicionais. Sua direção não é atribuível ao plano do canal estimulado. A direção do nistagmo é uma importante característica, que ajuda na distinção entre periférico e central3.

- Pacientes com nistagmo posicional central têm le-sões que envolvem o cerebelo e o tronco cerebral4.

- A preponderância direcional na prova calórica ocorre quando a resposta nistágmica em uma direção é significantemente maior que na direção oposta. Indica presença de assimetria nas vias do reflexo vestíbulo-o-culomotor horizontal, mas não fornece informação de localização5.

Acesse as imagens referentes ao caso clínico pelo QR Code:

Figura 8

hemisférios cerebelares, pouco específicos, que pode re-presentar focos de gliose ou, mesmo, desmielinização. Na coluna cervical, focos com sinais hiperintensos em STIR e T2 na medula cervical, um pouco mais evidente no cordão lateral esquerdo no nível de c7 que podem representar focos de desmielinização (figuras 8 e 9).

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aBorl-CCF em ação

Comitê de Residência e Treinamento

Conheça mais sobre os objetivos e as atividades desempenhadas pelo comitê

Silvia Buzinari

O Comitê de Residência e Treinamento (CRT) foi fundado pela ABORL-CCF com o objetivo de fiscalizar a formação de especialistas em Otorrinolarin-gologia. De acordo com o presidente do comitê, Dr. Eduardo Macoto, o

foco está em assegurar a qualidade do ensino e garantir a aquisição de competências que a associação considera essenciais ao otorrinolaringologista, além da defesa dessas competências junto à Comissão Nacional de Residência Médica.

Conforme Dr. Eduardo, o comitê é responsável pela realização de duas atividades principais: a vistoria regular programada de avaliação e reavaliação aos serviços de formação do otorrinolaringologista credenciados à ABORL-CCF e a emissão de pareceres, orientação e apuração de denúncias/queixas, tanto originárias dos servi-ços de formação quanto dos médicos residentes. Segundo o presidente, o comitê é composto, hoje, por 12 membros eleitos. “A cada dois anos, quatro membros são renovados, mantendo uma rotatividade saudável para as avaliações. As vistorias são realizadas por dois membros, já a apuração de denúncias costuma envolver todo o colegiado”, descreve.

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Como funciona a avaliação?De acordo com Dr. Eduardo, a avaliação é feita da

seguinte forma: primeiro os serviços de formação – as residências médicas, por exemplo – preenchem um questionário prévio sobre as características do programa e depois esse conteúdo é checado de forma presencial (in loco) pelos avaliadores. “Essa avaliação envolve seis pontos, cada um com diversos itens: caracterização geral do programa, infraestrutura, corpo docente, atividades de formação, atividades de pesquisa e corpo discente. Atualmente, a avaliação é totalmente objetiva, com pre-enchimento on-line”, detalha.

O presidente do comitê acrescenta que as notas de-correntes dessas avaliações não dependem, de forma al-guma, da opinião dos avaliadores – que são escolhidos por meio de um sorteio do CRT –, mas da presença ou ausência dos itens analisados.

Sobre as denúnciasEm relação às denúncias, estas não podem ser anô-

nimas. Dr. Eduardo relata que após serem recebidas pela ABORL-CCF, as denúncias são repassadas ao CRT, dan-do origem a uma apuração. “Tomamos o máximo cuidado para que a origem da denúncia não seja conhecida pelo serviço de formação, para preservar o denunciante, que é o elo mais fraco nessa corrente”, salienta o especialista.

Quanto à natureza das denúncias, o presidente do comitê declara: “Atualmente, é mais comum que o co-mitê receba questionamentos dos médicos residentes, e não necessariamente denúncias, que também não po-dem ser anônimos”. Segundo o especialista, as respostas dadas pelo CRT a esses questionamentos auxiliam os médicos residentes a conversar com os chefes de serviço, a fim de adequar os processos e atividades.

Dr. Eduardo ressalta que o CRT é focado nos servi-ços de formação de otorrinolaringologistas e seus alunos (médicos residentes). De acordo com o presidente do comitê, a existência do CRT é fundamental para visto-riar os serviços de formação, no intuito de estimular a melhora da qualidade de ensino dos programas e preve-nir abusos na formação dos especialistas.

Membros do Comitê de Residência e TreinamentoPresidenteEduardo Macoto Kosugi - São Paulo

SecretárioRafael Rossel Malinsky - Porto Alegre

MembrosFernando Kaoru Yonamine - São PauloEduardo Lutaif Dolci - São PauloPablo Pinillos Marambaia - SalvadorSilvio Marone - São PauloAli Mahmoud - São PauloFabio Tadeu Moura Lorenzetti - SorocabaPaulo Tinoco - ItaperunaEktor Tsuneo Onishi - São PauloRebecca Christina Kathleen Maunsell - CampinasEduardo Tanaka Massuda - Ribeirão Preto

“A cada dois anos, quatro membros são renovados, mantendo uma rotatividade saudável para as avaliações. As vistorias são realizadas por dois membros, já a apuração de denúncias costuma envolver todo o colegiado”

Dr. eduardo Macoto,presidente do comitê

“Atualmente, é mais comum que o comitê receba questionamentos dos médicos residentes, e não necessariamente denúncias, que também não podem ser anônimos”

Dr. eduardo Macoto

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qualidade de Vida

A PAIXãO PeLA

cervejaOtorrinolaringologista e produtor de cerveja, Dr. Raphael Torno explica como surgiram a paixão

e o interesse pela cervejaria

Silvia Buzinari

A paixão pela cerveja surgiu ainda na faculdade, há dez anos, quando o então residente de Otorrinolaringologia Raphael Torno visitava os bares ao redor do Hospital da La-goa para provar diferentes tipos da bebida. “Descobri a cerveja com sabores diferentes

daquelas de larga escala na época da residência em otorrino. Tinha um bar da Devassa bem próximo do hospital, então, em alguns momentos, íamos lá para apreciar estilos de cerveja como de trigo, red e escura. Foi uma época maravilhosa, inesquecível”, relembra. Atualmente, Raphael busca conciliar as duas paixões – a Medicina e a cervejaria, o que demanda esforço e deixa a rotina bem agitada.

Como a produção começou...O especialista relata que começou a produzir cerveja em casa com um amigo, de for-

ma amadora, mas, durante o processo, aprendeu com os erros e foi aprimorando a técnica e adquirindo conhecimento. “Fizemos cervejas em casa por um ano. Algumas saíram deliciosas e outras bem ruins, porém aprendemos muito”, conta.

Depois disso, Raphael optou por realizar um curso profi ssionalizante na área de produção de cerveja de forma comercial.

Após fazer um curso do Sebrae e contratar uma consultoria, o negócio começou a funcionar em paralelo com a Medicina. A cerveja, chamada de Goitacá, em homenagem a história dos ín-dios, é produzida, atualmente, em Nova Friburgo e comercializada para a região de Campos dos Goytacazes e Guarapari.

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Passo a passoda produção:

A produção da cerveja é dividida em duas etapas: quente e fria.

escolha do malte e moagem;

Levado à panela de brassagem, o líquido passa, então, a ser chamado de “mosto”. essa etapa tem a função de retirar todo o açúcar do malte, pois é esse açúcar que, por meio do processo de fermentação que é feito pelas leveduras, será transformado em álcool;

O mosto vai para a panela de clarificação, em que muitas par-tículas indesejáveis são retiradas;

A próxima etapa é a fervura, em que o lúpulo é adicionado para dar o equilíbrio do dulçor da cerveja, também chamado de “tempero da cerveja”;

Após a etapa quente, iniciamos a etapa fria, em que resfriamos o mosto, que esteve em temperatura de ebulição, para a temperatura de 20° ou menos, conforme o estilo da cerveja;

Nessa etapa, o líquido chega aos tanques de fermentação, em que é inoculado o fermento. A cerveja fi ca aí, em média, 30 dias até fi car pronta para o consumo.

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qualidade de Vida

Conciliando as duas paixõesO otorrino admite que a rotina envolvendo a Medicina e a pro-

dução de cerveja é intensa, mas conta com a ajuda dos amigos para conciliar as duas atividades. “Atualmente, consigo fi car responsável por alguns setores da cervejaria, o que não me atrapalha tanto em meu dia a dia como médico. Devo isso a meu amigo João Victor, porque o que faz a diferença em uma empresa não é o tamanho da fábrica, mas a qualidade dos funcionários”, declara. Para Raphael, a similaridade entre a Medicina e a produção de cervejas reside no fato de os detalhes ligados à higienização do ambiente serem importantes. “Trabalhamos com um alimento vivo, o fermento, pois o chopp não é pasteurizado. Por isso, o processo de limpeza é vital para a qualidade do produto, do mesmo modo que procedemos em um consultório ou centro ci-rúrgico”, defi ne. De acordo com o especialista, os amigos do ramo da Otorrinolaringologia apreciam o trabalho e gostam de ajudar. “Vejo que meus colegas otorrinos apreciam muito a cerveja. Em alguns mo-mentos em que peço ajuda a eles, seja no trabalho braçal ou para ven-der chopp em festivais, no fi m, todos saem sorrindo bastante... Não entendo o motivo (risos)”, diverte-se o otorrino.

“vejo que meus colegas otorrinos apreciam muito a

cerveja. em alguns momentos em que peço ajuda a eles, seja no trabalho braçal ou para vender chopp em festivais, no fi m, todos saem sorrindo bastante... Não entendo o motivo (risos)”

Arquivo pessoal

Dados divulgados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abaste-cimento (MAPA) indicam um cres-cimento de 37,7% no número de cervejarias artesanais registradas no Brasil no ano passado.

De acordo com a Associação Brasileira da Cerveja Artesa-nal (Abracerva), as cervejarias artesanais e independentes estão contribuindo para a cul-tura gastronômica local.Fonte: http://abracerva.com.br/numero-de-cervejarias-artesanais-no-brasil-cresce-377-em-2017/

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