Omsis relatorio do estudo final v1.0

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Relatório Final Oportunidades de Melhoria nos Sistemas de Informação em Saúde A Visão dos Hospitais Públicos Relatório: Resultados e Recomendações Uma Iniciativa Equipa de Projeto:

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Relatório Final

Oportunidades de Melhoria nos Sistemas de Informação em Saúde

A Visão dos Hospitais Públicos

Relatório:

Resultados e Recomendações

Uma Iniciativa

Equipa de Projeto:

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Relatório Final

Oportunidades de Melhoria nos

Sistemas de Informação em Saúde:

a Visão dos Hospitais Públicos

R2: Relatório do Estudo

Autores:

Alexandre Santos, FMUP

Henrique O’Neill, ISCTE-IUL (coordenação)

José Carlos Nascimento, UM

Pedro Oliveira, ISCTE-IUL

Ricardo João Cruz Correia, FMUP

Rui Dinis Sousa, UM

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Sumário Executivo

Os sistemas e tecnologias de informação e comunicação (SI/TIC) são amplamente reconhecidos e aceites como um instrumento facilitador da gestão das organizações modernas.

No entanto, nem sempre os investimentos significativos que são feitos em SI/TIC se traduzem em ganhos de eficiência e eficácia, pelo que importa analisar os fatores que limitam esse desempenho e identificar oportunidades para potenciar a sua utilização.

No âmbito do protocolo de colaboração celebrado com a ACSS para a investigação em sistemas de informação em saúde, o ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa em colaboração com a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FM-UP) e o Departamento de Sistemas de Informação da Universidade do Minho (DSI-UM) realizaram um estudo para identificar um conjunto de oportunidades de melhoria no uso dos SI/TIC nos hospitais da rede pública de prestação de cuidados de saúde.

Neste âmbito procurou-se compreender as preocupações dos diversos responsáveis hospitalares que participaram no estudo: administradores hospitalares com o pelouro dos SI/TIC, diretores clínicos, enfermeiros diretores e diretores de informática desses hospitais.

O projeto, que decorreu entre Novembro de 2010 e Junho de 2012, desenvolveu-se em 5 fases:

1. Estado da arte 2. Entrevistas 3. Inquérito 4. Sessão de trabalho (workshop) 5. Divulgação e debate público

Na fase inicial do estudo procedeu-se a um levantamento e a uma análise sistemática de trabalhos de investigação, de natureza académica e empresarial, envolvendo a temática dos SI/TIC na saúde, com particular incidência no contexto hospitalar português.

O trabalho de campo iniciou-se com um conjunto de entrevistas realizadas em 7 hospitais que foram considerados representativos do universo nacional pela sua tipologia diversificada: regiões norte, centro e sul, litoral e interior; hospitais universitários, centrais e distritais.

As entrevistas presenciais, realizadas aos responsáveis hospitalares, permitiram que estes manifestassem as suas preocupações, identificassem limitações ao desempenho e indicassem oportunidades para melhorar o uso dos SI/TIC. A análise destas matérias centrou-se nos seguintes domínios:

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• Restrições financeiras • Dificuldades técnicas • Limitações temporais • Atitudes e competências dos diversos profissionais em relação aos

SI/TIC. • Relações sociais e profissionais. • Questões éticas, legais e de segurança • Dificuldades de âmbito organizacional • Processos de mudança

Em resultado das entrevistas, foi identificado um conjunto de 32 preocupações chave (“issues”) que foram agrupadas nas seguintes categorias:

I – Técnico-Administrativa

II - Clínica

III - Integração/Regulação

IV - Profissional

Estas preocupações foram objeto de uma análise mais aprofundada através de inquéritos realizados na fase seguinte do estudo. O inquérito, que envolveu os responsáveis de 48 organizações hospitalares, foi conduzido através de uma plataforma eletrónica. Utilizou-se o método Delphi para a administração de inquéritos, um processo iterativo onde se recorreu a duas rondas para gerar uma lista de itens ordenados pela sua importância. Considerou-se, de um modo particular, a eficiência do processo de investigação, tendo em conta a diversidade das realidades e o facto de os participantes se encontram demasiado sobrecarregados pelo trabalho do seu dia-a-dia. Assim, mais do que a procura de elevados níveis de consenso, procurou-se sobretudo identificar e ordenar as preocupações (ranking).

Concluída a primeira ronda, e após a análise de dados, confirmou-se aquela que já era uma intenção a priori para uma segunda ronda: inquirir novamente os participantes, mas separando-os em dois grupos: os que utilizam e os que gerem as tecnologias e sistemas de informação. Por um lado, tal justificava-se pela natureza da própria questão que preside ao estudo, permitindo evidenciar uma complementaridade de perspetivas entre os profissionais de saúde (procura) e os profissionais associados à informática (oferta). Por outro lado, a análise dos resultados da primeira ronda evidenciava já prioridades distintas para estes dois grupos, o que seria compreensível.

Na segunda ronda foi pedido aos participantes que apresentassem propostas de melhoria para enfrentar os problemas que considerassem mais importantes.

Concluída a segunda ronda, foi elaborada a lista ordenada final para cada um dos grupos. Verificando-se que o nível de participação no estudo foi elevado, entendeu-se que estavam reunidas as condições necessárias para se

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avançar para a análise dos dados e consequente produção e discussão de resultados.

A análise das respostas ao inquérito colocou em evidência um conjunto de domínios que requerem atenção, ainda que com níveis de preocupação diferenciados. No topo das prioridades surgiram os seguintes temas:

• Reforçar a integração da informação em saúde, centrada no utente; • Dispor de um registo de saúde do cidadão, nos contextos hospitalar e

nacional; • Clarificar os papéis da ACSS, SPMS, dos Hospitais e dos operadores

de mercado em relação aos SI/TIC; • Criar condições para a realização de “benchmarking” entre unidades

de saúde; • Melhorar o desempenho da infraestrutura ao nível da RIS (Rede

Informática da Saúde) e da gestão dos recursos computacionais; • Envolver os profissionais de saúde na conceção de soluções; • Melhorar a qualidade dos serviços de SI/TIC prestados pela

ACSS/SPMS; • Sensibilizar os diversos profissionais para a implementação e

utilização de soluções que reforcem a confidencialidade e a segurança de informação de saúde.

Com o objetivo de promover a discussão dos resultados do inquérito, realizou-se uma sessão de trabalho (workshop) onde participaram responsáveis da SPMS bem como profissionais de saúde e académicos com experiência na especificação e implementação de SI/TIC. Nesta sessão foi assim possível complementar o conjunto de propostas de melhoria apresentadas pelos participantes do estudo, com propostas apresentadas pelos participantes na workshop.

O presente relatório, com as conclusões do trabalho, inclui um conjunto de recomendações, as quais poderão ser sistematizadas num plano que oriente as ações a desenvolver pelos diversos participantes que se encontram representados no estudo, pertencentes à SPMS e à comunidade hospitalar.

Este relatório está a ser objeto de um processo alargado de divulgação e debate público, a nível académico e envolvendo a comunidade dos profissionais de saúde. Foi já realizada uma sessão pública de apresentação dos resultados e recomendações do estudo e outras se lhe poderão seguir. Em curso está, também, a elaboração de artigos para publicação em conferências e revistas profissionais e científicas da especialidade, nacionais e estrangeiras.

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Notas de Leitura

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Índice

Sumário Executivo .......................................................................................................i

Glossário.................................................................................................................. viii

1 Introdução .......................................................................................................... 1

1.1 Enquadramento .................................................................................................... 1

1.2 Objetivo ............................................................................................................... 2

1.3 Questão de investigação ....................................................................................... 3

1.4 Estrutura do relatório............................................................................................ 3

2 Condução do estudo ............................................................................................ 5

2.1 Participantes ......................................................................................................... 5

2.2 Desenho do estudo ............................................................................................... 6

2.3 Estado da arte ....................................................................................................... 7

2.4 Entrevistas ............................................................................................................ 8

2.5 Inquéritos ............................................................................................................ 10

2.6 Workshop ............................................................................................................ 12

2.7 Recomendações ................................................................................................... 12

2.8 Disseminação ....................................................................................................... 13

3 Resultados do Estudo ........................................................................................ 15

3.1 Perceções das entrevistas .................................................................................... 15

3.1.1 Relevância do tema ...................................................................................... 15

3.1.2 Falta de integração ao nível do Hospital ....................................................... 16

3.1.3 Intervenção das autoridades centrais na normalização e planeamento.......... 16

3.1.4 Modelo de fornecimento de aplicações informáticas de Saúde ...................... 17

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3.1.5 Aplicações centrais “impostas” aos Hospitais ................................................ 17

3.2 A primeira abordagem aos “key-issues” ................................................................ 18

3.3 Fase inicial dos inquéritos .................................................................................... 22

3.3.1 Principais preocupações ............................................................................... 22

3.3.2 Alterações à lista de Key Issues..................................................................... 24

3.4 Fase final dos inquéritos ....................................................................................... 24

3.4.1 Análise da concordância entre os intervenientes .......................................... 32

3.4.2 Conclusões globais ....................................................................................... 33

3.4.3 “Não-preocupações” .................................................................................... 38

3.4.4 Conclusões setoriais ..................................................................................... 39

4 Discussão de Resultados .................................................................................... 49

4.1 Entrevistas ........................................................................................................... 49

4.1.1 Maturidade da reflexão ................................................................................ 49

4.1.2 Dois processos em diferentes estados de reflexão ........................................ 49

4.1.3 As “não-preocupações” ................................................................................ 50

4.2 Inquéritos ............................................................................................................ 50

4.3 Workshop ............................................................................................................ 52

5 Recomendações ................................................................................................ 55

5.1 Reforçar a integração da informação de saúde ...................................................... 55

5.2 Centrar o registo de saúde no cidadão, nos contextos hospitalar e nacional .......... 57

5.3 Clarificação dos papéis da ACSS, SPMS, dos Hospitais e do mercado das SI/TIC ...... 59

5.4 Promover o “benchmarking” entre hospitais ........................................................ 61

5.5 Melhorar o desempenho da infraestrutura tecnológica ......................................... 62

5.6 Envolver os profissionais de saúde na especificação e implementação de

sistemas de informação .................................................................................................... 63

5.7 Aumentar a maturidade dos processos organizacionais......................................... 64

5.8 Melhorar a prestação dos serviços de SI/TIC da ACSS/SPMS .................................. 65

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5.9 Sensibilizar os intervenientes e implementar medidas para a confidencialidade e

a segurança ...................................................................................................................... 66

5.9.1 Nível de sensibilização sobre privacidade e direitos de acesso ....................... 66

5.9.2 Implementar SI para a confidencialidade e a segurança ................................ 67

Agradecimentos ........................................................................................................ 69

Bibliografia ............................................................................................................... 70

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Glossário

ACSS Administração Central de Sistemas de Saúde

ARS Administração Regional de Saúde

PCE Processo Clínico Eletrónico

PTSIIS Plano de Transformação de SI Integrados da Saúde

RIS Rede Informática da Saúde

RNU Registo Nacional de Utente

RSE Registo de Saúde Eletrónico

SAM Sistema de Apoio ao Médico

SAPE Sistema de Apoio à Prática de Enfermagem

SI Sistema de Informação

SIH Sistema de Informação Hospitalar

SIIS Sistemas de Informação Integrados da Saúde

SIS Sistema de Informação em Saúde

SNS Serviço Nacional de Saúde

SONHO Sistema Integrado de Informação Hospitalar

SPMS Serviços Partilhados do Ministério da Saúde

TIC Tecnologias de Informação e Comunicação

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1 Introdução

Este documento apresenta o resultado de um estudo realizado no setor hospitalar em Portugal procurando identificar oportunidades de melhoria nos sistemas de informação (SI).

O presente trabalho enquadra-se nas atribuições da SPMS - Serviços Partilhados do Ministério da Saúde1 no domínio das orientações estratégicas para os sistemas e tecnologias de informação no setor da saúde. O estudo é realizado no âmbito do protocolo de colaboração em investigação científica existente entre a ACSS e o ISCTE-IUL, e foi desenvolvido em conjunto com investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e do Departamento de Sistemas de Informação da Universidade do Minho.

Esta investigação, de caráter aplicado, permitiu reforçar o conhecimento das instituições hospitalares e da administração central sobre a realidade dos sistemas e tecnologias de informação e comunicação (SI/TIC) na saúde.

Este projeto pretende também realçar a importância e o interesse na colaboração no domínio da investigação e na geração conjunta de conhecimento entre instituições universitárias.

1.1 Enquadramento

O projeto descrito neste documento pretendeu investigar a perceção dos profissionais de saúde e dos profissionais de sistemas e tecnologias de informação relativamente aos SI/TIC e ao seu impacto nos Hospitais do SNS.

Esta iniciativa enquadra-se no processo de orientação estratégica da SPMS atualmente em curso no Ministério da Saúde, que pretende reforçar a sua missão enquanto entidade normalizadora e reguladora dos SI/TIC na saúde.

Neste contexto, a SPMS pretende melhorar as plataformas de informação atualmente disponíveis para a prestação de cuidados de saúde ao cidadão /utente, adotando uma arquitetura orientada a serviços que facilite a interoperabilidade.

Torna-se assim fundamental identificar e caracterizar as necessidades dos destinatários (“stakeholders”), de forma a permitir futuramente derivar requisitos funcionais, técnicos e de operação que sejam adequados para a plataforma de serviços de SI/TIC que se pretende desenvolver.

1 Atribuições anteriormente a cargo da ACSS – Administração Central dos Sistemas de Saúde

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Designaram-se genericamente por “key-issues” o conjunto de preocupações referentes a constrangimentos e oportunidades de melhoria que o estudo pretende identificar.

A realização deste estudo teve como alvo os responsáveis pelos grupos de profissionais de saúde (médicos e enfermeiros) que, nos hospitais, do lado da procura, se posicionam como os principais utilizadores dos SI/TIC: diretores clínicos e enfermeiros-diretores. Do lado da oferta, o estudo centrou-se nos responsáveis pela disponibilização dos meios tecnológicos e serviços de SI/TIC: diretores e administradores com o pelouro da “informática”.

1.2 Objetivo

O estudo apresenta como principal objetivo identificar constrangimentos e oportunidades de melhoria (“key issues”) no uso de SI/TIC nos hospitais públicos, visando a centralidade no utente.

Para identificar os “key-issues”, a equipa de projeto:

• Efetuou um levantamento bibliográfico sobre SI/TIC no setor hospitalar.

• Entrevistou membros dos grupos participantes, de profissionais de saúde e de profissionais de “informática”, pertencentes a um conjunto de hospitais representativos dos diversos segmentos hospitalares.

• Realizou dois inquéritos, utilizando o método Delphi, com um grupo de profissionais de saúde e com um grupo de profissionais de informática, pertencentes a cada um dos hospitais do SNS.

• Identificou as necessidades de SI/TIC em cada um dos dois grupos.

• Caracterizou as insuficiências (“gap”) entre as necessidades sentidas e a oferta ao nível das infra-estruturas, das aplicações, dos serviços de apoio de SI/TIC e da informação.

É de realçar que a perceção, a categorização e a prioritização dos” key-issues” foi determinante para a definição de oportunidades de melhoria.

Uma análise complementar sobre diferentes óticas (geográfica, dimensão do hospital, dimensão da equipa SI, prioridades da oferta de soluções face aos utilizadores, etc.) dos dados obtidos através dos inquéritos permitiu novas leituras mais específicas que enriqueceram os resultados inicialmente derivados de uma visão agregada.

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1.3 Questão de investigação

A questão a que esta investigação procurou responder pode ser formalizada da seguinte forma:

• Quais são os constrangimentos (“key-issues”) e oportunidades de melhoria no domínio dos SI/TIC hospitalares sentidos por parte dos profissionais de saúde (procura) e dos profissionais de informática (oferta)?

1.4 Estrutura do relatório

No próximo capítulo descreve-se a metodologia adotada na condução do estudo, explicam-se os critérios para a seleção dos participantes e os métodos e técnicas para a recolha e análise dos dados, bem como para a discussão e disseminação de resultados.

No terceiro capítulo, são apresentados os resultados do estudo após análise das entrevistas e inquéritos realizados junto dos diretores clínicos, enfermeiros diretores, responsáveis pelos sistemas de informação e administradores hospitalares. Tais resultados traduzem as preocupações (“key issues”) que foram identificadas e sucessivamente refinadas ao longo das diversas fases do estudo.

No quarto capítulo, discutem-se os resultados e conclui-se no último capítulo com as recomendações para a melhoria dos sistemas de informação em saúde.

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2 Condução do estudo

Descreve-se neste capítulo a metodologia adotada no estudo em termos de métodos e técnicas para a recolha e análise de dados, bem como para a discussão e disseminação de resultados.

2.1 Participantes

Num estudo em que se procurou identificar um conjunto de oportunidades de melhoria nos sistemas de informação de saúde dos hospitais públicos em Portugal, tal teria de ser feito com o envolvimento dos principais stakeholders no que diz respeito à adoção, implementação e utilização de tais sistemas: gestores de topo, profissionais de saúde e profissionais de tecnologias e sistemas de informação.

Relativamente aos gestores de topo, o participante escolhido foi o elemento que no conselho de administração do hospital assume o pelouro dos sistemas e tecnologias de informação e que mais diretamente se envolve nas decisões de adoção das tecnologias e sistemas de informação.

Relativamente aos profissionais de saúde, pela natureza específica e distinta das suas funções, claramente evidenciada pela sua representatividade ao nível do conselho de administração, a escolha recaiu sobre o Diretor Clínico e sobre o Enfermeiro Diretor, respetivamente em representação dos médicos e enfermeiros, aqueles que cada vez mais dependem e mais podem exigir na utilização das tecnologias e sistemas de informação para a prestação de cuidados de saúde nos hospitais.

Relativamente aos profissionais de tecnologias e sistemas de informação, a escolha recaiu sobre quem tem a responsabilidade de coordenar o serviço de sistemas e tecnologias de informação, normalmente designado por Diretor de Informática e que assume a responsabilidade pela implementação e gestão das tecnologias e sistemas de informação nos hospitais.

Ficaram, assim, definidos para este estudo, quatro tipo de participantes a envolver em cada um dos hospitais públicos portugueses:

• Administrador Hospitalar com o pelouro das TSI

• Diretor Clínico

• Enfermeiro Diretor

• Diretor de Sistemas de Informação

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2.2 Desenho do estudo

De acordo com os termos do protocolo celebrado com a ACSS para a investigação em tecnologias e sistemas de informação na área da saúde, este estudo foi delineado em torno da questão de investigação já anteriormente referida:

“Quais são os constrangimentos (“key-issues”) e oportunidades de melhoria no domínio dos SI/TIC hospitalares sentidos por parte dos profissionais de saúde (procura) e dos profissionais de informática (oferta)?”

Pretendeu-se, a partir da perceção e categorização dos key-issues por estes dois grupos de profissionais, identificar um conjunto prioritário de oportunidades de melhoria a implementar nas tecnologias e sistemas de informação nos hospitais públicos.

Para tal perceção e categorização de key-issues, o método delphi, ao qual se recorre quando se pretende elaborar inqúeritos para obter uma visão partilhada e relativamente consensual no seio de grandes grupos, afigurou-se particularmente adequado para este estudo, à semelhança do que já tem acontecido em estudos similares (Brancheau et al. 1996; Akkermans et al. 2003; Brender et al 2006).

Embora o processo iterativo na procura do consenso pudesse ter começado com um conjunto de questões abertas, permitindo toda a liberdade na formulação de key-issues pelos participantes, tal seria bastante ineficiente dado o número significativo de participantes a envolver no estudo. Optou-se, pois, por partir para a primeira iteração do estudo já com um conjunto pré-definido de key-issues (Keeney et al 2001).

Para a formulação desse primeiro conjunto de key-issues foram realizadas entrevistas presenciais, envolvendo um número restrito de participantes do estudo, tentando tanto quanto possível partir já com um conjunto mais representativo do sentir e pensar dos participantes relativamente a constrangimentos e oportunidades de melhoria. Estes participantes foram selecionados de acordo com a representatividade dos hospitais aos quais estavam associados.

Procurando que a equipa de investigação estivesse devidamente atualizada quanto à situação no setor da saúde, para facilitar o diálógo com os entrevistados e para que as entrevistas fossem mais eficazes, foi efetuado previamente um levantamento do estado da arte no setor recorrendo a relatórios, estudos, e demais literatura académica e profissional conexa.

Partindo deste estado da arte para a realização das entrevistas e posteriormente para os inquéritos, como já foi referido, recorreu-se ainda a uma workshop para melhor interpretação e validação das preocupações identificadas procurando ainda contributos para as recomendações a efetuar.

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Assim, e no que diz respeito à recolha de dados, foram definidas as seguintes fases:

• Estado da arte

• Entrevistas

• Inquéritos

• Workshop

2.3 Estado da arte

Nesta fase, procurou-se obter o devido enquadramento inicial para a realização do estudo sobre as oportunidades de melhoria nos SI em Saúde no contexto dos hospitais públicos.

Através da leitura e compilação de relatórios e estudos nacionais, bem como de artigos académicos considerados relevantes, foi efetuado um ponto de situação sobre as tecnologias e sistemas de informação para o setor hospitalar em Portugal, que se encontra vertido em documento próprio já disponibilizado à SPMS (OMSIS, 2012a).

Na análise que se fez à evolução e situação atual das tecnologias e sistemas de informação para o setor hospitalar em Portugal, destacam-se as suas principais funções, fatores determinantes para o seu sucesso e tendências de evolução, a caracterização do processo clínico eletrónico (PCE), os sistemas informáticos atualmente existentes nos hospitais portugueses, bem como as orientações para desenvolvimentos futuros, entre eles, o Plano de Transformação dos SI Integrados da Saúde (PTSIIS) e o Registo de Saúde Electrónico (RSE).

Entre as conclusões do estado da arte sobre os SI no setor hospitalar em Portugal, destaca-se a importância da arquitetura e dos requisitos de interoperabilidade que se colocam a nível da legislação, dos processos, dos dados e das tecnologias de suporte; do processo clínico eletrónico como instrumento de apoio à organização da informação e à atividade operacional e de gestão dos profissionais de saúde; e do contributo dos SI para a promoção ativa de cuidados de saúde numa abordagem preventiva, como repositório dinâmico de informação da saúde ao longo da vida de cada um dos cidadãos.

Em particular, nesta etapa, procurou-se sistematizar um conjunto de preocupações que serviram de mote às entrevistas presenciais que foram realizadas com os administradores hospitalares, os profissionais de saúde e os responsáveis de informática dos hospitais participantes no estudo.

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2.4 Entrevistas

Esta fase do estudo foi conduzida durante o primeiro semestre de 2011 procurando assegurar hospitais públicos portugueses. Considerouhospitais distritais representativos de regiões distintas: litoral norte, litoral centro, litoral sul e interior. De acordo com estes pressupostos foram enviados convites para a Administração selecionados, que aceitaram participar no estudo.

Representando os hospitais João no Porto (HSJ). O Centro Hospitalar TrásVila Real (CHTAD) e a Unidade Local de Saúde da Guarda (ULSG) foram escolhidos em representação das regiões do interior. Para as regiões do litoral norte e centro, mais densamente povoadas, foram selecionados o Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia (CHVNG), o HospitaFonseca (HFF) e o Centro Hospitalar de Setúbal (CHSetúbal). O Hospital Distrital de Faro (HDF) representou o litoral sul (Figura 1).

Figura

As perceções dos principais intervenientes foram recolhidas através de entrevistas semiestruturadasdos grupos profissionais, foram realizadas duas entrevistas em cada um dos hospitais, com os dois interveniene gestores.

Esta fase do estudo foi conduzida durante o primeiro semestre de 2011 procurando assegurar uma cobertura e representatividade adequahospitais públicos portugueses. Considerou-se um hospital universitário e hospitais distritais representativos de regiões distintas: litoral norte, litoral centro, litoral sul e interior. De acordo com estes pressupostos foram

a a Administração de cada um dos sete hospitais selecionados, que aceitaram participar no estudo.

Representando os hospitais universitários foi selecionado o Hospital de São João no Porto (HSJ). O Centro Hospitalar Trás-os-Montes e Alto Douro em

(CHTAD) e a Unidade Local de Saúde da Guarda (ULSG) foram escolhidos em representação das regiões do interior. Para as regiões do litoral norte e centro, mais densamente povoadas, foram selecionados o Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia (CHVNG), o Hospital Fernando da Fonseca (HFF) e o Centro Hospitalar de Setúbal (CHSetúbal). O Hospital Distrital de Faro (HDF) representou o litoral sul (Figura 1).

Figura 1 – Localização dos Hospitais

As perceções dos principais intervenientes foram recolhidas através de semiestruturadas. Dadas as características distintas

dos grupos profissionais, foram realizadas duas entrevistas em cada um dos hospitais, com os dois intervenientes de cada grupo – profissionais de saúde

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Esta fase do estudo foi conduzida durante o primeiro semestre de 2011 e representatividade adequadas dos

se um hospital universitário e hospitais distritais representativos de regiões distintas: litoral norte, litoral centro, litoral sul e interior. De acordo com estes pressupostos foram

sete hospitais

foi selecionado o Hospital de São Montes e Alto Douro em

(CHTAD) e a Unidade Local de Saúde da Guarda (ULSG) foram escolhidos em representação das regiões do interior. Para as regiões do litoral norte e centro, mais densamente povoadas, foram selecionados o

l Fernando da Fonseca (HFF) e o Centro Hospitalar de Setúbal (CHSetúbal). O Hospital

As perceções dos principais intervenientes foram recolhidas através de Dadas as características distintas de cada um

dos grupos profissionais, foram realizadas duas entrevistas em cada um dos profissionais de saúde

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Na tabela 1 identificam-se os responsáveis que foram entrevistados em cada um dos hospitais.

Hospital Participantes

Hospital de São João no Porto (HSJ)

Administrador: João Oliveira

Diretor Clínico: Tiago Pimenta

Enfermeira Diretora: Euridice Portela

Diretor de SI: Afonso Pedrosa

Centro Hospitalar Trás-os-Montes e Alto Douro em Vila Real (CHTAD)

Administrador: Hugo Moreiras

Diretor Clínico: Francisco Esteves

Enfermeira Diretora: Antonieta Alves

Diretor de SI: Lucas Ribeiro

Unidade Local de Saúde da Guarda (ULSG)

Administrador: Eduardo Silva

Diretor Clínico: Luis Ferreira

Enfermeiro Diretor: Sérgio Assunção

Diretor de SI: Miguel Peixoto

Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia (CHVNG)

Administrador: João Ferreira

Director Clínico: Raúl Sá

Enfermeira Diretora: Alberta Pacheco

Diretor de SI: Domingos Pereira

Hospital Fernando da Fonseca (HFF)

Administrador: Artur Vaz

Diretora Clínica: Teresa Maia

Enfermeiro Director: João Vieira

Director SI: Rui Gomes

Centro Hospitalar de Setúbal (CHSetúbal)

Administradora: Teresa Magalhães

Diretora Clínica: Luisa Santana

Enfermeira Diretora: Olga Ferreira

Diretor SI: Jorge Santos

Hospital Distrital de Faro (HDF)

Administrador: Francisco Serra

Diretora Clínica: Maria Helena Gomes

Enfermeira Diretora: Maria Filomena Martins

Director SI

Nota: Alguns entrevistados podem não exercer a função mas têm proximidade funcional adequada

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Cada uma das entrevistas durou cerca de uma hora e foi conduzida de forma aberta para permitir que os entrevistados manifestassem as suas opiniões e prioridades. Os entrevistadores começaram por rever os objetivos do estudo e foi pedido aos entrevistados que apresentassem as suas preocupações, limitações ao desempenho e oportunidades para melhorar o uso dos sistemas e tecnologias de informação de acordo com os seguintes tópicos (Albert, 2010):

• Restrições financeiras

• Dificuldades técnicas

• Limitações temporais

• Atitudes e competências, por exemplo, dos utilizadores/ administradores em relação às tecnologias de informação.

• Relações sociais, por exemplo, entre profissionais de SI/TIC e profissionais de saúde

• Questões éticas, legais e de segurança

• Dificuldades de âmbito organizacional

• Processos de mudança

2.5 Inquéritos

Um conjunto de 32 preocupações, identificadas na fase anterior das entrevistas, constituiu o ponto de partida para inquirir todo o universo dos hospitais públicos. Dada a particular relação da ACSS com este universo, foi solicitada a sua intervenção no envio duma circular aos conselhos de administração dos hospitais, onde se dava conta da importância do estudo e se apelava à participação. Dos 53 hospitais contactados, 48 participaram neste estudo.

Em cada um dos hospitais participantes, foi designado pelo respetivo conselho de administração um interlocutor, normalmente, o responsável pela área de informática, dada a natureza do estudo. A cada um desses interlocutores, foi solicitada a identificação e endereço de correio eletrónico dos participantes a incluir no estudo: diretor clínico, enfermeiro diretor, membro do conselho de administração com o pelouro das tecnologias e sistemas de informação e diretor de informática. A cada um destes participantes foram posteriormente enviadas as credencias para acesso à aplicação web, desenvolvida na Universidade do Minho, que foi utilizada na administração dos inquéritos. No decurso do estudo, alguns dos interlocutores chegaram a ser contactados telefonicamente no sentido de

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renovarem o apelo à participação daqueles que haviam já identificado para o estudo.

Utilizou-se o método Delphi para a administração de inquéritos, um processo iterativo onde se recorre a várias rondas para gerar uma lista de itens ordenados pela sua importância. Tendo em conta a diversidade das realidades, mais que a procura de elevados níveis de consenso, procurou-se sobretudo identificar e efetuar um ranking das preocupações, olhando particularmente à eficiência do processo num contexto em que os participantes se encontram demasiado sobrecarregados de trabalho no seu dia-a-dia. Por isso, embora possamos encontrar recomendações para realizar três ou mesmo quatro rondas neste tipo de inquéritos, à semelhança de outros estudos (Proctor & Hunt, 1994) o critério de paragem foi fixado em duas rondas. A primeira ronda decorreu em Julho e Agosto, e a segunda, em Outubro e Novembro de 2011.

Em cada uma das rondas, tendo em atenção o número elevado de preocupações em apreciação, optou-se pela técnica Q-Sort para facilitar a sua ordenação. Aos participantes foi solicitado que ordenassem as preocupações em função de três grupos, as mais importantes, as menos importantes e as neutras, distribuindo-as numa forma aproximada à de uma distribuição normal. Em qualquer uma das rondas, foi igualmente solicitado aos participantes que identificassem, para além das apresentadas, outras preocupações que considerassem relevantes.

Concluída a primeira ronda e após a análise de dados, confirmou-se aquela que já era uma intenção a priori para uma segunda ronda: inquirir novamente os participantes, separando-os em dois grupos, os que utilizam e os que gerem as tecnologias e sistemas de informação. Por um lado, tal justificava-se pala natureza da própria questão que preside ao estudo, permitindo evidenciar uma complementaridade de perspetivas entre os profissionais de saúde (procura) e os profissionais associados à informática (oferta). Por outro lado, a análise dos resultados da primeira ronda evidenciava já prioridades distintas para estes dois grupos, o que seria admissível.

Assim, na segunda ronda, a cada um dos grupos foi apresentada uma lista resultante da ordenação do conjunto inicial de 32 preocupações da primeira ronda, mas tendo sido apenas selecionadas as 28 preocupações mais relevantes. Quatro preocupações que não mereceram particular menção dos vários grupos profissionais foram eliminadas para dar lugar a quatro novas preocupações, tomando em consideração as sugestões recolhidas especificamente em cada grupo. Tal como na ronda anterior, pediu-se aos participantes que, utilizando os mesmos procedimentos, procedessem a nova ordenação. Foi ainda pedido aos participantes que apresentassem propostas de melhoria para enfrentar os problemas que considerassem mais importantes.

Concluída a segunda ronda, obtida a lista ordenada final para cada um dos grupos, e verificando-se que o nível de participação no estudo foi elevado, entendeu-se que estavam reunidas as condições necessárias para se

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Relatório Final

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avançar para a análise dos dados e consequente produção e discussão de resultados.

2.6 Workshop

Das fases anteriores, de entrevistas e de inquéritos, resultou a identificação de listas ordenadas de preocupações referentes às tecnologias e sistemas de informação nos hospitais públicos, quer na perspetiva de quem as utiliza (profissionais de saúde) quer na perspetiva de quem tem a responsabilidade de as gerir (administradores hospitalares e gestores de sistemas de informação)

Para uma melhor interpretação destas ordenações e avaliação das suas consequências, nomeadamente, no que importa à identificação de melhorias nos sistemas de informação hospitalares, objetivo último deste estudo, julgou-se oportuno promover uma workshop com especialistas.

Para tal workshop, por forma a incorporar diferentes sensibilidades e experiências, foram convidados dois médicos, dois enfermeiros, dois académicos, bem como representantes da SPMS, a entidade a quem devem ser reportados os resultados, dada a transferência de competências entretanto verificada da adjudicatária do estudo, a ACSS. Foi previamente distribuída aos participantes uma versão preliminar do relatório final, contendo os resultados das fases concluídas até ao momento.

A workshop realizou-se nas instalações da SPMS no Porto e em Lisboa, sendo a comunicação entre os participantes suportada numa ligação por videoconferência.

Do trabalho de interpretação e validação realizados nesta workshop, recolheram-se importantes contributos quanto às oportunidades de melhoria e recomendações a efetuar, as quais constam do último capítulo deste relatório.

2.7 Recomendações

Este estudo, tendo já identificadas as preocupações e oportunidades de melhoria associadas às tecnologias e sistemas de informação hospitalares, não fica concluído sem que daí se deduzam as consequências em termos de recomendações.

Tais recomendações encontram-se formuladas de acordo com a seguinte estrutura:

• Preocupação: a sua identificação e oportunidade de melhoria associada;

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• Contexto: ambiente e condicionantes referentes à preocupação;

• Recomendação: orientações ou ações passiveis de proporcionarem resposta à preocupação identificada.

2.8 Disseminação

Para a disseminação dos resultados do estudo, para além deste relatório, são ainda de considerar os seguintes instrumentos:

- Seminários;

- Artigos de divulgação;

- Artigos científicos.

No 25th IEEE International Symposium on Computer-Based Medical Systems (CBMS 2012), realizado em Roma, em Junho, deu-se já conta dos resultados obtidos na primeira fase do projeto, baseados nas entrevistas preliminares que foram realizadas com os profissionais de um conjunto de sete hospitais públicos portugueses.

Pretende-se ainda escrever artigos para a disseminação do estudo junto da comunidade científica, quer sobre a metodologia adotada, quer sobre os resultados do estudo.

Foi igualmente realizado um seminário no dia 19 de Junho, nas instalações do ISCTE-IUL em Lisboa, para apresentação pública do estudo.

Finalmente, tendo em conta a natureza e a importância da temática em apreço, o âmbito abrangente e nacional que o caracteriza, a elevada participação de profissionais seniores em quatro grupos relevantes nesta matéria, e tendo ainda em conta a qualidade dos resultados e as consequentes reflexões e recomendações, a equipa de investigação tem uma elevada expetativa de que este estudo venha a merecer uma atenção e uma reflexão profunda por parte das comunidades da saúde e, em particular, por aqueles que mais diretamente se relacionam com os sistemas de informação.

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3 Resultados do Estudo

A apresentação dos resultados do estudo adota uma estrutura que reflete o processo de investigação e a relevância dos contributos, tendo por base as suas fases principais. Assim serão apresentados os resultados decorrentes da análise dos dados obtidos nas entrevistas e nos inquéritos realizados nos hospitais do SNS.

3.1 Perceções das entrevistas

A fase das entrevistas foi inicialmente enquadrada neste projeto apenas como uma etapa exploratória, tendente a apoiar a equipa na construção das listas de “key-Issues” a serem aplicadas na fase seguinte.

No entanto, fruto da dinâmica do projeto, constatou-se que as entrevistas revelaram um maior potencial, tendo a riqueza dos contributos desta fase permitido extrair desde logo um conjunto de resultados relevantes, suscetíveis não só de contribuírem para a discussão deste tema mas também de proporcionarem hipóteses de explicação dos fenómenos e mesmo de sugerirem recomendações para a melhoria dos processos.

De acordo com estes princípios, é apresentado um conjunto de perceções globais obtidas pela equipa de projeto, sendo que no fundamental elas surgiram espontaneamente como resultado de diversos indicadores, designadamente pela relevância atribuída pelos entrevistados ao assunto - expressa de distintas formas - bem como pela frequência da sua abordagem e pelo padrão que se consolidou ao longo das várias entrevistas.

3.1.1 Relevância do tema

Uma conclusão sólida - que podendo parecer óbvia, não é despicienda – é a de que os profissionais de saúde têm um claro entendimento de que as suas profissões e atividades estão cada vez mais dependentes de informação, ou seja, que a eficiência e a qualidade dos seus atos são condicionadas pela disponibilidade, qualidade e adequação da informação disponível em cada situação.

Durante o processo, foi recorrentemente referido que os serviços de saúde evoluíram significativamente na última década e que, no atual contexto de grande complexidade, os profissionais necessitam de aceder a informação variada, proveniente de diferentes fontes, para poderem tomar melhores decisões e prestar melhores serviços. Fontes diversas como dispositivos médicos, sistemas de laboratório clínico e imagiologia, sistemas de prescrição de medicamento, sistemas de gestão de utente, informações

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históricas do paciente, sistemas de outras unidades de saúde, repositórios e aplicações centrais proporcionam hoje um leque muito vasto de recursos informacionais, que é naturalmente muito rico, mas que se mostra de difícil acesso e de complexa manipulação.

A atual natureza complexa das atividades de saúde leva a que tanto os profissionais de saúde como os gestores hospitalares e gestores de SI estejam assim muito conscientes da crescente dependência de sistemas de informação eficazes e precisos, capazes de suportar processos de cuidados de saúde cada vez mais integrados.

3.1.2 Falta de integração ao nível do Hospital

Dentro desta mesma linha, diversos diretores clínicos manifestaram a sua preocupação face à necessidade crescente dos profissionais de saúde recolherem dados em diferentes sistemas, usando aplicações e interfaces distintas, de que resultam diferentes formatos de difícil agregação.

Esta realidade foi apresentada, de forma sustentada, como a principal dificuldade sentida nesta área pelos profissionais de saúde para um desempenho eficiente – e mesmo eficaz – das suas atividades diárias. Agindo como agente integrador de toda a informação, o profissional empenha-se em atividades que consomem tempo e recursos significativos, que se mostram ineficientes e potencialmente imprecisas e que, por norma, não são reutilizáveis. O elevado nível de dispersão da informação, exacerbado pela inexistência ou insuficiência das plataformas de interoperabilidade, foi identificado como um significativo constrangimento ao desempenho da atividade quotidiana e uma das maiores preocupações dos profissionais de saúde neste domínio, o que o transforma num importante desafio para os responsáveis SI dos hospitais.

Tendo em conta esta realidade e as preocupações associadas, não foi surpreendente que os projetos de implementação de um processo clinico eletrónico (PCE) a nível hospitalar tivessem sido apresentados com grande apreço e elevadas expectativas pela globalidade dos entrevistados. Face a dimensão dos problemas, o PCE surgiu como uma “espécie de solução para todos os males, no fundo reconhecendo-se nele um caráter estruturante da informação clinica a nível interno. Mais ainda, a perceção de que o processo clinico eletrónico é a resposta adequada emergiu tanto nos hospitais que têm já experiência acumulada na implementação e uso deste tipo de soluções, como naqueles que ainda estão bastante atrasados neste domínio.

3.1.3 Intervenção das autoridades centrais na normalização e

planeamento

Durante o processo de entrevistas, constatou-se um expressivo nível de preocupação - e mesmo insatisfação – com alguns aspetos relacionados com

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o modelo de gestão do sistema de informação de saúde, quando olhado num contexto nacional. Os diversos profissionais – em particular administradores e gestores SI – reiteraram, de forma consistente, a sua preocupação com o facto das autoridades centrais terem dificuldades em assumir uma liderança clara e consistente em muitos domínios das TIC.

Sobre este tema foi referido que a capacidade de serem centralmente definidas regras e orientações tem-se mostrado bastante limitada, sobretudo por comparação com a dimensão das necessidades sentidas. A esta limitação adiciona-se uma instabilidade de políticas de SI de Saúde, sobretudo se tivermos em consideração que os ciclos de instalação e estabilização de novas opções são longos, dado o seu nível de complexidade e os requisitos de integração que hoje se colocam.

Na base desta limitação, os interlocutores identificaram o enorme desafio para a administração central que tem vindo a ser levantado pelas significativas mudanças na forma de prestar cuidados de saúde. No entanto, apesar da dimensão do desafio, não foi possível preparar uma estrutura adequada à governação nacional dos SI, capaz de responder ao papel e as espectativas levantadas para as TIC no setor de saúde. Porque hoje o Hospital já não é mais uma unidade de saúde isolada, mas um membro ativo de uma rede de prestadores de serviços de saúde, a limitação identificada levanta obstáculos e preocupações na gestão dos hospitais.

3.1.4 Modelo de fornecimento de aplicações informáticas de Saúde

Na Saúde, os modelos de “sourcing” das soluções de SI são ainda muito pouco claros. Tradicionalmente, as soluções nucleares dos hospitais públicos e das unidades de cuidados primários foram sempre fornecidas pela administração central de saúde, sem custos significativos - ou mesmo nulos - e com um nível de serviço de suporte baseado numa política de "melhor esforço".

Atualmente, com o aumento da complexidade nas unidades de saúde, as necessidades de integração aumentam e a construção de soluções que acondicionem as soluções tradicionais da administração central de saúde e as aplicações do mercado não se tem mostrado uma tarefa fácil. Confrontados com a obsolescência técnica das aplicações tradicionais e sem uma clarificação das expectativas e rumo das políticas aplicacionais, os responsáveis hospitalares manifestaram a sua preocupação face à dificuldade e aos riscos que estão associados à decisão e seleção de novas soluções nestes domínios.

3.1.5 Aplicações centrais “impostas” aos Hospitais

Num outro nível – embora provavelmente com as mesmas raízes – foi manifestada preocupação com os processos frequentemente adotados por

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organismos centrais para obter dados dos hospitais. Esta preocupação prende-se não só com a abordagem tecnológica mas também com o modo de relacionamento, que é frequentemente considerado pouco coordenado e mesmo intrusivo.

Segundo os contributos, devido à crescente e compreensível necessidade de indicadores centrais – de desempenho, de qualidade, de consumo, de produção – as autoridades centrais tendem a optar por soluções baseadas em interfaces Web como forma de coligir informação dos Hospitais. Sendo normalmente mais promovidas pela autoridade hierárquica do que pelo diálogo institucional, estas soluções mostram-se fáceis de implementar do ponto de vista das autoridades centrais mas acabam por se mostrar gravosas, dado que, por um lado, tendem a ignorar os procedimentos, as necessidades e as realidades locais e, por outro lado, não integram nem rentabilizam a informação já coligida nas instituições. Esta abordagem conduz a uma sobrecarga e duplicação de esforços dos Hospitais, a uma fraca motivação dos profissionais envolvidos no processo e, consequentemente, a dados de qualidade muito duvidosa. Sem colocar em causa a relevância desta informação numa dimensão nacional, os profissionais questionam a metodologia frequentemente adotada, pelas redundâncias introduzidas, pela qualidade dos resultados e pelo pequeno retorno local que advém deste esforço.

3.2 A primeira abordagem aos “key-issues”

Como decorre da metodologia apresentada, pese a importância das perceções resultantes das entrevistas acima referidas, o principal objetivo da fase das entrevistas e da revisão da literatura era a criação da lista de “key-issues” ou preocupações a ser submetida aos participantes na primeira ronda do inquérito.

Da análise detalhada das entrevistas, resultou a identificação de 32 preocupações que, pela sua natureza, foram agrupadas nas seguintes quatro categorias:

I – Técnico-administrativa englobando as preocupações quanto à adequação dos recursos disponíveis, não só em termos técnicos (computadores, redes ou aplicações) mas também em termos financeiros, de apoio técnico ou de indicadores de desempenho.

II – Clínica englobando as preocupações relacionadas com atividades clínicas correntes e o uso de aplicações e dados no hospital, incluindo o Processo Clínico Eletrónico.

III – Integração e regulação, englobando as preocupações com os aspetos formais de integração de sistemas, processos organizacionais, políticas nacionais (incluindo normas e certificação), interoperabilidade e integração (incluindo sistemas e aplicações nacionais), bem como com o papel dos

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diversos intervenientes (stakeholders) e dos fornecedores de soluções informáticas para a saúde.

IV – Profissional, englobando as preocupações relacionadas com competências de natureza profissional, designadamente a sensibilidade dos gestores e profissionais de saúde para os sistemas de informação, o seu nível de literacia e a disponibilidade para a mudança.

CATEGORIA I - TÉCNICO-ADMINISTRATIVA

Num. Preocupação Descrição

1.1 Os equipamentos informáticos são inadequados.

Os equipamentos informáticos (hardware), incluindo os computadores pessoais, são obsoletos, escassos ou desajustados face às necessidades.

1.2 A rede informática é lenta ou pouco disponível.

O tempo de acesso às aplicações informáticas, internas e/ou externas à instituição, é demasiado longo. (i.e. as transições de ecrã são muito demoradas)

1.3 Os recursos financeiros têm sido insuficientes para projetos informáticos.

Nos últimos 5 anos alguns projetos planeados não se têm concretizado por falta dos recursos financeiros adequados.

1.4 Os profissionais de saúde têm de utilizar demasiadas aplicações informáticas.

Os profissionais de saúde vêm a sua produtividade afetada porque são obrigados a utilizar um conjunto excessivo de aplicações informáticas não integradas, complexas e pouco eficazes.

1.5 A gestão dos sistemas de informação no Hospital necessita de maior rigor e maturidade.

A maturidade do processo de gestão dos sistemas e das tecnologias de informação não é adequado à importância que estes assumem na atividade do hospital, e que deve contemplar entre outros o planeamento, implementação e controlo dos sistemas; gestão da mudança; avaliação dos benefícios.

1.6 É difícil obter estatísticas e indicadores de gestão a partir das aplicações informáticas.

Os sistemas de informação não disponibilizam as estatísticas e os indicadores de gestão adequados às necessidades dos profissionais.

1.7 A capacidade de resposta do serviço de informática do Hospital é desadequada.

O apoio prestado pelos técnicos de informática não é satisfatório devido à reduzida dimensão das equipas de informática, à desadequação das suas competências técnicas ou à forma como esses serviços de apoio são organizados.

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CATEGORIA II - CLÍNICA

Num. Preocupação Descrição

2.1 A integração e/ou interoperabilidade entre sistemas é muito limitada.

Não existe troca automática de dados entre as diversas aplicações informáticas o que obriga a introduzir repetidamente os mesmos dados.

2.2 Falta um Processo Clinico Eletrónico que permita uma visão integrada do doente.

A informação necessária para uma eficiente prestação de cuidados de saúde está distribuída por vários sistemas informáticos dificultando uma visão unificada e centrada no doente.

2.3 Registos clínicos em papel e informatizados resultam em esforço acrescido e inconsistências.

A informação necessária para uma eficiente prestação de cuidados de saúde está distribuída por registos em papel e informatizados dificultando o registo e o acesso aos dados do doente.

2.4 Os sistemas informáticos atuais não garantem a confidencialidade.

Os sistemas de informação não garantem a confidencialidade essencial da informação, permitindo assim o acesso fácil a dados sensíveis de doentes por pessoas não autorizadas.

2.5 Os sistemas de classificação e terminologias de saúde são pouco ou inadequadamente usados.

A falta de consenso e/ou a pouca utilização de sistemas de classificação e codificação (e.g. terminologias) põe em causa a partilha e reutilização da informação clínica.

2.6 As aplicações informáticas variam demasiado de aspeto e forma de utilização.

A heterogeneidade no aspeto (interface gráfico) e no funcionamento das várias aplicações informáticas dificulta a utilização eficaz das mesmas.

2.7 Os registos clínicos atuais não facilitam a investigação clínica.

Os dados existentes nos registos clínicos normalmente não possuem qualidade suficiente ou estão demasiado dispersos por múltiplas bases de dados para serem usados na investigação clínica.

2.8 As aplicações existentes são pouco adequadas às diversas especificidades e especialidades.

As aplicações existentes não se adequam às necessidades dos diferentes profissionais de saúde, às suas especialidades e às características de diferentes funções.

2.9 O acesso a dados de outras instituições é demasiado difícil.

A inacessibilidade ou dificuldade no acesso à informação do utente, existente noutras instituições de saúde, dificulta a eficácia e eficiência dos cuidados.

2.10 Muitas aplicações exigem um detalhe excessivo na introdução de dados.

Algumas aplicações solicitam aos profissionais de saúde a introdução de detalhe desnecessário para o fim a que destinam.

2.11 A administração do hospital não atribui suficiente importância ao papel dos Sistemas de Informação na estratégia do Hospital.

As questões relacionadas com a estratégia dos SI na instituição, não tem o relevo necessário na definição da estratégia geral para a instituição de saúde definida pela administração.

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CATEGORIA III - INTEGRAÇÂO E REGULAÇÂO

Num. Preocupação Descrição

3.1 Os serviços de informática prestados pela ACSS são inadequados.

Tendo em conta a dependência dos Hospitais dos serviços de apoio da ACSS (Rede informática da Saúde, apoio às aplicações (i.e. SONHO, SIGLIC, etc.)) constata-se que estes são insuficientes ou inadequados.

3.2 Os serviços prestados pelas empresas de informática são inadequados.

Na maioria das situações, os serviços prestados pelos fornecedores TIC (Hardware ou Aplicações) aos Hospitais são insuficientes ou inadequados.

3.3 A oferta e a qualidade de aplicações de saúde das empresas de informática são reduzidas.

As soluções informáticas Hospitalares disponibilizadas pelas empresas são muito limitadas em número e/ou qualidade.

3.4 A fraca explicitação de processos organizacionais das instituições condiciona a sua informatização.

A insuficiente definição dos processos organizacionais do Hospital dificulta a implementação de Sistemas de Informação.

3.5 A insuficiência de normas e de um processo de certificação de aplicações dificulta a informatização dos Hospitais.

A inexistência de normas nacionais para os SI de saúde, bem como a falta de um processo adequado de certificação das aplicações dificulta a atividade de gestão de Sistemas de Informação no Hospital.

3.6 A falta de orientações da administração central e a instabilidade das políticas de Sistemas de Informação dificultam a sua gestão.

As orientações políticas e de fundo sobre SI são pouco definidas e sujeitas a constantes alterações, o que dificulta o planeamento e a gestão de Sistemas de Informação no Hospital.

3.7 A imposição de soluções centrais não integradas com os sistemas hospitalares condiciona a sua utilização e utilidade.

Nos últimos anos têm surgido demasiadas aplicações centrais (e.g. DGS, ACSS), normalmente WEB, pouco discutidas e integradas com os sistemas dos Hospitais, e provoca esforços desnecessários ou sérios prejuízos na gestão dos Sistemas de Informação dos Hospitais.

3.8 A dificuldade de integrar soluções de mercado com as aplicações nucleares da ACSS condiciona a sua aquisição.

Um Hospital que pretenda utilizar aplicações alternativas às da ACSS tem a sua vida dificultada porque o processo de integração das aplicações desenvolvidas pelo mercado com as aplicações principais da ACSS é exageradamente mais longo, difícil e custoso. Este facto limita de forma não aceitável a livre opção dos Hospitais.

3.9 A limitada utilização de bases de dados nacionais dificulta a correta identificação de utentes e profissionais de saúde.

A pouca utilização de repositórios nacionais (i.e. RNU-Registo Nacional de Utentes), a falta de repositórios importantes (Profissionais, Entidades, etc.) ou mesmo de um Registo de Saúde Electrónico faz com que a informação seja, de facto apenas utilizável no âmbito local e dificulta a integração dos sistemas locais no todo nacional.

3.10 A falta de um registo de saúde electrónico de âmbito nacional dificulta ou mesmo inviabiliza um sistema de saúde centrado no utente.

A falta de um Registo de Saúde Electrónico de âmbito nacional, centrado no utente, que possibilite armazenar e aceder de forma segura à sua informação de saúde é uma condição necessária para quaisquer avanços credíveis nestes domínios.

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CATEGORIA IV - PROFISSIONAL

Num. Preocupação Descrição

4.1 Os profissionais de saúde estão pouco motivados para a utilização de sistemas informáticos.

Seja pela dificuldade na utilização, seja pela pouca utilidade que reconhecem aos sistemas informáticos no apoio às suas atividades, os profissionais de saúde estão pouco motivados para a sua utilização.

4.2 É difícil conseguir a participação ativa dos profissionais de saúde na especificação e implementação de novas soluções.

Quer pela ausência de convite, quer pela falta de disponibilidade e pro-atividade dos profissionais de saúde, não tem sido fácil integrar o seu importante contributo na especificação e implementação de novas soluções informáticas.

4.3 É notória a dificuldade na utilização de sistemas informáticos pelos profissionais de saúde.

Os profissionais de saúde não possuem a familiaridade, a confiança e as competências necessárias para utilizarem as tecnologias da informação como mais um instrumento entre muitos na sua atividade.

4.4 O tempo gasto na utilização das aplicações informáticas é demasiado face aos benefícios na prestação de cuidados.

O tempo requerido na utilização das aplicações informáticas é demasiado para os benefícios que aquelas permitem obter na prestação de cuidados de saúde.

3.3 Fase inicial dos inquéritos

3.3.1 Principais preocupações

Na Tabela 1 estão apresentadas as preocupações ordenadas pela sua importância. Esta ordenação foi efetuada com base na mediana (indicada nos cabeçalhos das tabelas com a letra M) das posições atribuídas pelos participantes no estudo. São também apresentados os percentis 25 e 75 (indicados nos cabeçalhos das tabelas como 25 e 75) referentes à dispersão das respostas.

Nesta primeira fase, a principal preocupação foi “A falta de um registo de saúde eletrónico de âmbito nacional dificulta um sistema de saúde centrado no utente”.

Um segundo grupo de preocupações é composto por “Falta um Processo Clinico Eletrónico Hospitalar que permita uma visão integrada do doente” e “A imposição de soluções centrais não integradas com os sistemas hospitalares condiciona a sua utilização e utilidade”.

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Relatório Final

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Tabela 1 - Preocupações ordenadas pela importância atribuída pelo total dos respondentes na 1ª fase (as colunas 25 e 75 apresentam os percentis 25 e 75, a coluna M apresenta a mediana).

1ª Fase Preocupação n=120 25 M 75

1 A falta de um registo de saúde electrónico de âmbito nacional dificulta um sistema de saúde centrado no utente. 2 4 13 2 Falta um Processo Clinico Electrónico Hospitalar que permita uma visão integrada do doente. 3 8 13 3 A imposição de soluções centrais não integradas com os sistemas hospitalares condiciona a sua utilização e utilidade. 3 8 17 4 A falta de orientações e a instabilidade das políticas da administração central dificultam a gestão dos Sistemas de Informação nos hospitais. 6 10 19 5 A integração e/ou interoperabilidade entre sistemas é muito limitada. 6 10 17 6 Registos clínicos em papel e informatizados resultam em esforço acrescido e inconsistências. 6 11 16 7 A dificuldade de integrar soluções de mercado com as aplicações nucleares da ACSS condiciona a sua aquisição. 7 11 21 8 Os profissionais de saúde têm de utilizar demasiadas aplicações informáticas. 6 13 20 9 A rede informática é lenta ou por vezes indisponível. 5 14 22

10 O acesso a dados de outras instituições é demasiado difícil. 7 14 23 11 Os serviços de informática prestados pela ACSS são inadequados. 9 15 20 12 Os recursos financeiros têm sido insuficientes para projetos informáticos. 8 15 22 13 A limitada utilização de bases de dados nacionais dificulta a correta identificação de utentes e profissionais de saúde. 9 16 22 14 É difícil obter estatísticas e indicadores de gestão a partir das aplicações informáticas. 9 16 24 15 Os registos clínicos atuais não facilitam a investigação clínica. 9 16 25 16 A gestão dos sistemas de informação no Hospital necessita de maior rigor e maturidade. 10 16 22 17 As aplicações existentes são genéricas e pouco adequadas às diversas especificidades e especialidades. 10 17 23 18 Os sistemas informáticos atuais não garantem a confidencialidade da informação nem a integridade dos dados. 13 18 28 19 A fraca explicitação de processos organizacionais das instituições condiciona a sua informatização. 11 19 25 20 Os serviços prestados pelas empresas de informática são inadequados. 14 19 29 21 É difícil conseguir a participação ativa dos profissionais de saúde na especificação e implementação de novas soluções. 14 19 28 22 Algumas aplicações exigem um detalhe excessivo na introdução de dados. 11 19 26 23 A insuficiência de normas e de um processo de certificação de aplicações dificulta a informatização dos Hospitais. 10 20 25 24 Os sistemas de classificação e terminologias de saúde são pouco ou inadequadamente usados. 13 21 26 25 O tempo gasto na utilização das aplicações informáticas é demasiado face aos benefícios na prestação de cuidados. 15 21 26 26 A capacidade de resposta do serviço de informática do Hospital é desadequado. 15 21 28 27 As aplicações informática variam demasiado de aspecto e forma de utilização. 14 22 27 28 Os profissionais de saúde estão pouco motivados para a utilização de sistemas informáticos. 15 22 28 29 A oferta e a qualidade de aplicações de saúde das empresas de informática são reduzidas. 14 22 28 30 A administração do hospital não atribui suficiente importância ao papel dos Sistemas de Informação na estratégia do Hospital. 13 23 29 31 É notória a dificuldade na utilização de sistemas informáticos pelos profissionais de saúde. 16 23 28 32 Os equipamentos informáticos são inadequados. 18 26 30

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3.3.2 Alterações à lista de Key Issues

Uma vez obtidas as respostas aos inquéritos, procedeu-se à avaliação da adequação da lista de key-issues utilizada, e à sua revisão, de forma a melhor refletir os contributos dos participantes e a preparar as duas diferentes listas a serem usadas na fase seguinte: uma destinada aos profissionais de saúde e outra aos gestores hospitalares e gestores de SI/TIC.

Da análise das respostas, verificou-se que seria adequado excluir quatro preocupações da lista e acrescentar quatro novas preocupações. Refira-se que o facto de terem sido substituídas quatro preocupações resultou da análise dos dados obtidos, já que não havia nenhuma predisposição acerca do número de preocupações a retirar e a adicionar, nem sequer de que estes dois números deveriam ser iguais.

As quatro preocupações excluídas nesta primeira fase foram consideradas como muito pouco preocupantes, tanto pelo conjunto dos participantes, como por cada um dos grupos profissionais específicos:

• A oferta e a qualidade de aplicações de saúde das empresas de informática são reduzidas.

• Os equipamentos informáticos são inadequados. • As aplicações informáticas variam demasiado de aspeto e forma de

utilização. • Os profissionais de saúde estão pouco motivados para a utilização de

sistemas informáticos.

Subsequentemente foram adicionadas quatro novas preocupações, que resultaram da análise das recomendações dos participantes que aproveitaram essa possibilidade disponibilizada pelo inquérito:

• Não são usadas as mesmas aplicações nucleares na totalidade dos hospitais.

• Não existe na administração central separação das atividades de regulação e planeamento das atividades de suporte tecnológico e desenvolvimento de software.

• A participação na especificação e implementação de Sistemas de Informação dos profissionais de saúde é insuficiente ou tardia.

• É difícil avaliar e comparar o desempenho das unidades de saúde com os atuais sistemas de informação.

3.4 Fase final dos inquéritos

Na Tabela 2 estão apresentadas as preocupações ordenadas por importância na 2ª fase (fase final). Tal como na Tabela 1, esta ordenação é efetuada com base na mediana (indicados nos cabeçalhos das tabelas com a letra M) das posições atribuídas pelos participantes no estudo. São também apresentados

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os percentis 25 e 75 (indicados nos cabeçalhos das tabelas como 25 e 75) referentes à dispersão das respostas.

Para permitir a comparação entre os resultados da primeira e da segunda fase são também repetidas nesta tabela os resultados da primeira fase. As linhas a tracejado facilitam a análise pois agrupam as preocupações com base na posição em que ficaram.

A Figura 2 apresenta um gráfico de caixa que ilustra a distribuição das classificações de cada preocupação. Neste gráfico, praticamente todas as preocupações têm uma classificação de muito importante (posição de 1 a 5) e outra de menos importante (posição 30 ou superior). Por esta razão, podemos afirmar que todas estas 32 preocupações são das mais importantes para os intervenientes no estudo. Na realidade, 23 daquelas são a principal preocupação para alguns dos intervenientes.

As tabelas seguintes apresentam os dados agrupando os intervenientes no estudo por tipo de profissional, ARS e tipo de hospital em que trabalham.

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Relatório Final

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Tabela 2 - Preocupações de ambas as fases ordenadas pela importância dada pelo total dos respondentes na 2ª fase (as colunas 25 e 75 apresentam os percentis 25 e 75, a coluna M apresenta a mediana)

1ª Fase 2ª fase Preocupação n=120 n=102 25 M 75 25 M 75

1 Falta um Processo Clinico Electrónico Hospitalar que permita uma visão integrada do doente. 3 8 13 2 3 13 2 A falta de um registo de saúde electrónico de âmbito nacional dificulta um sistema de saúde centrado no utente. 2 4 13 1 4 13 3 Registos clínicos em papel e informatizados resultam em esforço acrescido e inconsistências. 6 11 16 4 9 17 4 A falta de orientações e a instabilidade das políticas da administração central dificultam a gestão dos Sistemas de Informação nos hospitais. 6 10 19 4 9 18 5 A integração e/ou interoperabilidade entre sistemas é muito limitada. 6 10 17 4 10 18 6 A imposição de soluções centrais não integradas com os sistemas hospitalares condiciona a sua utilização e utilidade. 3 8 17 3 11 19 7 Não são usadas as mesmas aplicações nucleares na totalidade dos hospitais. a 8 13 23 8 A rede informática é lenta ou por vezes indisponível. 5 14 22 7 14 24 9 O acesso a dados de outras instituições é demasiado difícil. 7 14 23 8 14 22

10 A participação na especificação e implementação de Sistemas de Informação dos profissionais de saúde é insuficiente ou tardia. a 10 14 22 11 É difícil avaliar e comparar o desempenho das unidades de saúde com os atuais sistemas de informação. a 11 14 22 12 A limitada utilização de bases de dados nacionais dificulta a correta identificação de utentes e profissionais de saúde. 9 16 22 7 15 22 13 Os serviços de informática prestados pela ACSS são inadequados. 9 15 20 9 15 19 14 A gestão dos sistemas de informação no Hospital necessita de maior rigor e maturidade. 10 16 22 9 16 25 15 É difícil obter estatísticas e indicadores de gestão a partir das aplicações informáticas. 9 16 24 9 16 23 16 Os profissionais de saúde têm de utilizar demasiadas aplicações informáticas. 6 13 20 7 16 24 17 A insuficiência de normas e de um processo de certificação de aplicações dificulta a informatização dos Hospitais. 10 20 25 9 17 24 18 A dificuldade de integrar soluções de mercado com as aplicações nucleares da ACSS condiciona a sua aquisição. 7 11 21 10 17 21 19 Os recursos financeiros têm sido insuficientes para projetos informáticos. 8 15 22 12 17 26 20 A fraca explicitação de processos organizacionais das instituições condiciona a sua informatização. 11 19 25 10 20 27 21 Os registos clínicos atuais não facilitam a investigação clínica. 9 16 25 11 20 27 22 Os serviços prestados pelas empresas de informática são inadequados. 14 19 29 11 20 27 23 Não existe na administração central separação das atividades de regulação e planeamento das atividades de suporte tecnológico e desenvolvimento de software. a 13 20 27 24 Os sistemas de classificação e terminologias de saúde são pouco ou inadequadamente usados. 13 21 26 10 21 25 25 As aplicações existentes são genéricas e pouco adequadas às diversas especificidades e especialidades. 10 17 23 12 21 27 26 Os sistemas informáticos atuais não garantem a confidencialidade da informação nem a integridade dos dados. 13 18 28 12 22 26 27 A administração do hospital não atribui suficiente importância ao papel dos Sistemas de Informação na estratégia do Hospital. 13 23 29 13 22 26 28 O tempo gasto na utilização das aplicações informáticas é demasiado face aos benefícios na prestação de cuidados. 15 21 26 14 22 26 29 A capacidade de resposta do serviço de informática do Hospital é desadequada. 15 21 28 15 22 28 30 É difícil conseguir a participação ativa dos profissionais de saúde na especificação e implementação de novas soluções. 14 19 28 12 23 27 31 Algumas aplicações exigem um detalhe excessivo na introdução de dados. 11 19 26 12 23 28 32 É notória a dificuldade na utilização de sistemas informáticos pelos profissionais de saúde. 16 23 28 17 23 29 33 As aplicações informática variam demasiado de aspeto e forma de utilização. 14 22 27 b 34 A oferta e a qualidade de aplicações de saúde das empresas de informática são reduzidas. 14 22 28 b 35 Os equipamentos informáticos são inadequados. 18 26 30 b 36 Os profissionais de saúde estão pouco motivados para a utilização de sistemas informáticos. 15 22 28 b

a – preocupações sugeridas no decurso da 1ª fase; b – preocupações retiradas da 1ª fase por serem as menos preocupantes para os vários grupos de respondentes

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Relatório Final

Figura

Figura 2 – Gráfico de caixas com as preocupações da 2ª fase.

27

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Relatório Final

28

Tabela 3 - Preocupações ordenadas pela importância dada por grupos de respondentes (2ª fase)

Diretor Clínico Enf. Diretor Administ.

Responsável DSI Total

Preocupações n=17 n=31 n=18 n=36 n=102

25 M 75 25 M 75 25 M 75 25 M 75 25 M 75 1 Falta um Processo Clinico Electrónico Hospitalar que permita uma visão integrada do doente. 2 5 19 1 2 5 2 2 13 2 5 16 2 3 13 2 A falta de um registo de saúde electrónico de âmbito nacional dificulta um sistema de saúde centrado no utente. 1 5 19 1 2 8 1 7 17 1 4 9 1 4 13

∗ 3 Registos clínicos em papel e informatizados resultam em esforço acrescido e inconsistências. 4 7 17 3 8 14 4 6 11 7 14 18 4 9 17 4 A falta de orientações e a instabilidade das políticas da administração central dificultam a gestão dos Sistemas de Informação nos hospitais. 5 13 19 7 15 19 2 5 10 3 6 15 4 9 18 5 A integração e/ou interoperabilidade entre sistemas é muito limitada. 4 5 15 3 9 18 4 12 18 5 15 23 4 10 18 6 A imposição de soluções centrais não integradas com os sistemas hospitalares condiciona a sua utilização e utilidade. 2 6 18 3 6 16 9 16 25 3 11 19 3 11 19 7 Não são usadas as mesmas aplicações nucleares na totalidade dos hospitais. 9 12 14 8 12 21 10 20 27 8 19 25 8 13 23 8 A rede informática é lenta ou por vezes indisponível. 6 13 15 7 14 22 9 17 24 10 18 26 7 14 24 9 O acesso a dados de outras instituições é demasiado difícil. 7 14 24 8 14 18 10 14 24 7 15 20 8 14 22

10 A participação na especificação e implementação de Sistemas de Informação dos profissionais de saúde é insuficiente ou tardia. 10 13 17 11 16 23 13 18 25 10 16 22 10 14 22 11 É difícil avaliar e comparar o desempenho das unidades de saúde com os atuais sistemas de informação. 12 22 26 10 14 20 9 14 20 12 15 24 11 14 22 12 A limitada utilização de bases de dados nacionais dificulta a correta identificação de utentes e profissionais de saúde. 17 25 29 7 12 24 5 12 22 6 11 18 7 15 22 13 Os serviços de informática prestados pela ACSS são inadequados. 5 8 17 11 16 24 13 19 25 8 14 19 9 15 19 14 A gestão dos sistemas de informação no Hospital necessita de maior rigor e maturidade. 12 16 19 8 13 23 8 17 26 12 19 27 9 16 25 15 É difícil obter estatísticas e indicadores de gestão a partir das aplicações informáticas. 9 16 20 7 11 24 16 21 23 12 17 25 9 16 23 16 Os profissionais de saúde têm de utilizar demasiadas aplicações informáticas. 7 16 31 6 15 24 7 14 23 9 16 25 7 16 24 17 A insuficiência de normas e de um processo de certificação de aplicações dificulta a informatização dos Hospitais. 14 21 26 11 17 26 7 13 21 9 17 23 9 17 24 18 A dificuldade de integrar soluções de mercado com as aplicações nucleares da ACSS condiciona a sua aquisição. 8 16 19 14 18 19 7 15 23 11 17 23 10 17 21 19 Os recursos financeiros têm sido insuficientes para projetos informáticos. 9 15 26 15 23 28 11 15 17 9 17 25 12 17 26 20 A fraca explicitação de processos organizacionais das instituições condiciona a sua informatização. 16 23 28 18 26 29 6 10 18 9 16 28 10 20 27 21 Os registos clínicos atuais não facilitam a investigação clínica. 13 17 27 9 18 28 11 20 27 13 22 29 11 20 27 22 Os serviços prestados pelas empresas de informática são inadequados. 11 14 27 13 23 28 10 24 29 13 20 26 11 20 27 23 Não existe na administração central separação das atividades de regulação e planeamento das de suporte tecnológico e desenvolvimento

de sw. 18 24 27 12 20 27 13 20 28 13 21 26 13 20 27 24 Os sistemas de classificação e terminologias de saúde são pouco ou inadequadamente usados. 10 17 24 10 21 25 16 23 27 10 22 26 10 21 25 25 As aplicações existentes são genéricas e pouco adequadas às diversas especificidades e especialidades. 12 18 22 16 21 26 12 19 29 12 22 28 12 21 27 26 Os sistemas informáticos atuais não garantem a confidencialidade da informação nem a integridade dos dados. 8 20 26 17 25 28 18 21 26 11 21 24 12 22 26 27 A administração do hospital não atribui suficiente importância ao papel dos Sistemas de Informação na estratégia do Hospital. 21 23 26 16 23 26 13 21 27 8 19 28 13 22 26 28 O tempo gasto na utilização das aplicações informáticas é demasiado face aos benefícios na prestação de cuidados. 11 19 21 14 21 26 15 24 30 16 23 26 14 22 26 29 A capacidade de resposta do serviço de informática do Hospital é desadequada. 14 25 27 18 21 25 16 22 30 13 24 29 15 22 28 30 É difícil conseguir a participação ativa dos profissionais de saúde na especificação e implementação de novas soluções. 15 23 25 12 24 27 15 21 27 11 22 27 12 23 27 31 Algumas aplicações exigem um detalhe excessivo na introdução de dados. 10 16 23 14 25 28 11 23 27 12 23 29 12 23 28 32 É notória a dificuldade na utilização de sistemas informáticos pelos profissionais de saúde. 20 26 30 17 23 30 17 25 28 11 23 28 17 23 29

∗ – Para esta preocupação o teste Kruskal-Wallis para diferenças estatisticamente significativas entre os tipos de intervenientes é de 0.009 (< 0.05)

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Relatório Final

29

Tabela 4 - Preocupações ordenadas pela importância dada por grandes grupos de respondentes (2ª fase)

Prof. Saúde TIC Total

Preocupações n=48

n=54

n=102

25 M 75 25 M 75 25 M 75 1 Falta um Processo Clinico Electrónico Hospitalar que permita uma visão integrada do doente. 2 2 12

2 3 13

2 3 13

2 A falta de um registo de saúde electrónico de âmbito nacional dificulta um sistema de saúde centrado no utente. 1 2 14

1 5 11

1 4 13 3 Registos clínicos em papel e informatizados resultam em esforço acrescido e inconsistências. 4 8 16

5 11 17

4 9 17

4 A falta de orientações e a instabilidade das políticas da administração central dificultam a gestão dos Sistemas de Informação nos hospitais. 7 15 19

3 5 11

4 9 18 5 A integração e/ou interoperabilidade entre sistemas é muito limitada. 4 8 18

5 14 19

4 10 18

6 A imposição de soluções centrais não integradas com os sistemas hospitalares condiciona a sua utilização e utilidade. 3 6 17

7 13 19

3 11 19 7 Não são usadas as mesmas aplicações nucleares na totalidade dos hospitais. 9 12 20

8 19 26

8 13 23

8 A rede informática é lenta ou por vezes indisponível. 6 14 18

9 18 25

7 14 24 9 O acesso a dados de outras instituições é demasiado difícil. 8 14 23

8 15 21

8 14 22

10 A participação na especificação e implementação de Sistemas de Informação dos profissionais de saúde é insuficiente ou tardia. 11 13 22

10 17 23

10 14 22 11 É difícil avaliar e comparar o desempenho das unidades de saúde com os atuais sistemas de informação. 10 14 22

11 15 23

11 14 22

12 A limitada utilização de bases de dados nacionais dificulta a correta identificação de utentes e profissionais de saúde. 10 20 28

6 11 18

7 15 22 13 Os serviços de informática prestados pela ACSS são inadequados. 8 15 21

12 16 19

9 15 19

14 A gestão dos sistemas de informação no Hospital necessita de maior rigor e maturidade. 9 14 21

10 19 26

9 16 25 15 É difícil obter estatísticas e indicadores de gestão a partir das aplicações informáticas. 7 12 22

12 17 23

9 16 23

16 Os profissionais de saúde têm de utilizar demasiadas aplicações informáticas. 7 16 27

9 16 23

7 16 24 17 A insuficiência de normas e de um processo de certificação de aplicações dificulta a informatização dos Hospitais. 12 19 26

8 16 22

9 17 24

18 A dificuldade de integrar soluções de mercado com as aplicações nucleares da ACSS condiciona a sua aquisição. 12 18 19

7 17 23

10 17 21 19 Os recursos financeiros têm sido insuficientes para projetos informáticos. 14 19 28

10 16 22

12 17 26

20 A fraca explicitação de processos organizacionais das instituições condiciona a sua informatização. 17 25 29

7 13 23

10 20 27 21 Os registos clínicos atuais não facilitam a investigação clínica. 11 18 27

12 20 28

11 20 27

22 Os serviços prestados pelas empresas de informática são inadequados. 11 19 27

13 21 28

11 20 27 23 Não existe na administração central separação das atividades de regulação e planeamento das de suporte tecnológico e desenvolvimento de sw. 13 20 27

13 21 26

13 20 27

24 Os sistemas de classificação e terminologias de saúde são pouco ou inadequadamente usados. 10 19 25

10 22 26

10 21 25 25 As aplicações existentes são genéricas e pouco adequadas às diversas especificidades e especialidades. 14 21 26

12 20 28

12 21 27

26 Os sistemas informáticos atuais não garantem a confidencialidade da informação nem a integridade dos dados. 14 23 27

11 21 24

12 22 26 27 A administração do hospital não atribui suficiente importância ao papel dos Sistemas de Informação na estratégia do Hospital. 19 23 26

8 20 27

13 22 26

28 O tempo gasto na utilização das aplicações informáticas é demasiado face aos benefícios na prestação de cuidados. 13 21 24

15 23 27

14 22 26 29 A capacidade de resposta do serviço de informática do Hospital é desadequada. 17 21 27

14 23 29

15 22 28

30 É difícil conseguir a participação ativa dos profissionais de saúde na especificação e implementação de novas soluções. 14 23 27

12 21 27

12 23 27 31 Algumas aplicações exigem um detalhe excessivo na introdução de dados. 14 23 27

12 23 28

12 23 28

32 É notória a dificuldade na utilização de sistemas informáticos pelos profissionais de saúde. 20 23 30 14 23 28 17 23 29

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Relatório Final

30

Tabela 5 - Preocupações ordenadas pela importância dada pelos respondentes consoante a ARS em que se enquadram (2ª fase)

Norte Centro LVT Alentejo Algarve Total Preocupações n=27 n=27 n=36 n=8 n=4 n=102

25 M 75 25 M 75 25 M 75 25 M 75 25 M 75 25 M 75

1 Falta um Processo Clinico Electrónico Hospitalar que permita uma visão integrada do doente. 2 4 16 1 2 4 2 3 14 2 2 9 4 13 26 2 3 13 2 A falta de um registo de saúde electrónico de âmbito nacional dificulta um sistema de saúde centrado no utente. 1 8 19 1 2 7 1 4 13 1 7 20 1 3 12 1 4 13 3 Registos clínicos em papel e informatizados resultam em esforço acrescido e inconsistências. 5 8 15 4 9 17 4 9 17 7 10 17 2 7 18 4 9 17 4 A falta de orientações e a instabilidade das políticas da administração central dificultam a gestão dos Sistemas de Informação nos hospitais. 3 8 18 4 8 14 5 9 19 4 9 15 19 20 27 4 9 18

5 A integração e/ou interoperabilidade entre sistemas é muito limitada. 3 9 17 4 12 19 5 12 19 3 4 11 6 13 17 4 10 18 ∗ 6 A imposição de soluções centrais não integradas com os sistemas hospitalares condiciona a sua utilização e utilidade. 3 9 17 4 16 18 5 10 19 2 9 16 11 20 23 3 11 19 7 Não são usadas as mesmas aplicações nucleares na totalidade dos hospitais. 8 19 26 6 12 21 10 13 22 13 24 29 8 15 21 8 13 23 8 A rede informática é lenta ou por vezes indisponível. 9 18 26 6 14 24 7 14 23 5 14 16 11 23 30 7 14 24 9 O acesso a dados de outras instituições é demasiado difícil. 6 14 23 6 10 20 8 16 23 14 16 19 5 9 11 8 14 22

∗ 10 A participação na especificação e implementação de Sistemas de Informação dos profissionais de saúde é insuficiente ou tardia. 10 13 21 11 18 24 12 17 25 8 11 20 5 11 13 10 14 22 11 É difícil avaliar e comparar o desempenho das unidades de saúde com os atuais sistemas de informação. 9 13 16 11 19 24 11 15 25 10 16 23 11 21 29 11 14 22 12 A limitada utilização de bases de dados nacionais dificulta a correta identificação de utentes e profissionais de saúde. 4 14 24 7 17 21 7 15 24 5 8 16 18 26 30 7 15 22 13 Os serviços de informática prestados pela ACSS são inadequados. 9 16 24 14 18 25 6 11 15 12 23 30 11 19 26 9 15 19 14 A gestão dos sistemas de informação no Hospital necessita de maior rigor e maturidade. 8 15 27 10 15 22 9 15 22 11 21 27 21 22 28 9 16 25 15 É difícil obter estatísticas e indicadores de gestão a partir das aplicações informáticas. 6 17 25 11 13 21 10 17 24 9 14 25 12 16 23 9 16 23 16 Os profissionais de saúde têm de utilizar demasiadas aplicações informáticas. 7 11 16 7 15 27 10 18 27 12 18 23 13 22 24 7 16 24 17 A insuficiência de normas e de um processo de certificação de aplicações dificulta a informatização dos Hospitais. 10 17 22 8 16 26 10 21 26 8 14 21 15 17 23 9 17 24 18 A dificuldade de integrar soluções de mercado com as aplicações nucleares da ACSS condiciona a sua aquisição. 10 18 22 14 19 27 8 17 19 11 12 18 10 17 23 10 17 21 19 Os recursos financeiros têm sido insuficientes para projetos informáticos. 15 26 31 10 15 20 6 16 25 16 19 25 15 20 24 12 17 26 20 A fraca explicitação de processos organizacionais das instituições condiciona a sua informatização. 10 16 27 9 20 29 11 22 28 8 25 29 18 28 30 10 20 27 21 Os registos clínicos atuais não facilitam a investigação clínica. 11 21 27 11 15 27 12 22 30 12 16 20 11 18 27 11 20 27

∗ 22 Os serviços prestados pelas empresas de informática são inadequados. 13 24 28 9 21 30 13 19 26 17 26 31 7 9 11 11 20 27 23 Não existe na administração central separação das atividades de regulação e planeamento das de suporte tecnológico e

desenvolvimento de software. 12 18 26 13 21 27 14 21 28 12 22 26 11 16 20 13 20 27 24 Os sistemas de classificação e terminologias de saúde são pouco ou inadequadamente usados. 8 15 24 10 22 25 10 22 27 19 22 24 11 21 29 10 21 25 25 As aplicações existentes são genéricas e pouco adequadas às diversas especificidades e especialidades. 14 17 25 10 22 28 15 21 26 5 22 27 10 24 30 12 21 27 26 Os sistemas informáticos atuais não garantem a confidencialidade da informação nem a integridade dos dados. 18 22 26 12 24 27 11 20 25 19 24 29 10 19 23 12 22 26 27 A administração do hospital não atribui suficiente importância ao papel dos Sistemas de Informação na estratégia do Hospital. 11 24 28 14 22 25 12 22 27 17 24 28 9 14 18 13 22 26 28 O tempo gasto na utilização das aplicações informáticas é demasiado face aos benefícios na prestação de cuidados. 16 22 27 16 21 26 12 22 26 11 19 25 6 18 25 14 22 26 29 A capacidade de resposta do serviço de informática do Hospital é desadequada. 18 22 28 14 21 25 13 23 28 20 26 30 10 17 26 15 22 28 30 É difícil conseguir a participação ativa dos profissionais de saúde na especificação e implementação de novas soluções. 12 23 28 17 24 28 12 21 25 12 23 28 8 18 29 12 23 27 31 Algumas aplicações exigem um detalhe excessivo na introdução de dados. 11 22 28 12 24 27 15 23 29 6 12 22 16 25 28 12 23 28 32 É notória a dificuldade na utilização de sistemas informáticos pelos profissionais de saúde. 19 23 28 17 24 30 16 23 29 18 25 30 6 9 19 17 23 29

∗ – Para estas preocupações o teste Kruskal-Wallis para diferenças estatisticamente significativas entre os tipos de intervenientes são de 0.027, 0.039 e 0.040 (< 0.05)

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Relatório Final

31

Tabela 6 - Preocupações ordenadas pela importância dada pelos respondentes consoante o tipo de hospital em que se enquadram (2ª fase)

Hospital Central

Hospital Distrital

Hospital Nível 1 Total

Preocupações n=37 n=50 n=15 n=102

25 M 75 25 M 75 25 M 75 25 M 75

1 Falta um Processo Clinico Electrónico Hospitalar que permita uma visão integrada do doente. 1 2 12 2 4 13 2 2 13 2 3 13 2 A falta de um registo de saúde electrónico de âmbito nacional dificulta um sistema de saúde centrado no utente. 1 4 8 1 5 17 1 2 12 1 4 13 3 Registos clínicos em papel e informatizados resultam em esforço acrescido e inconsistências. 4 9 17 4 9 17 5 9 18 4 9 17 4 A falta de orientações e a instabilidade das políticas da administração central dificultam a gestão dos Sistemas de Informação nos hospitais. 3 9 19 4 9 18 4 8 14 4 9 18 5 A integração e/ou interoperabilidade entre sistemas é muito limitada. 4 12 19 4 9 18 4 9 19 4 10 18

∗ 6 A imposição de soluções centrais não integradas com os sistemas hospitalares condiciona a sua utilização e utilidade. 6 13 18 3 9 19 6 15 27 3 11 19 7 Não são usadas as mesmas aplicações nucleares na totalidade dos hospitais. 10 13 22 8 14 25 6 15 23 8 13 23 8 A rede informática é lenta ou por vezes indisponível. 7 13 22 12 17 25 4 14 18 7 14 24 9 O acesso a dados de outras instituições é demasiado difícil. 9 15 25 7 14 21 5 9 19 8 14 22

∗ 10 A participação na especificação e implementação de Sistemas de Informação dos profissionais de saúde é insuficiente ou tardia. 11 20 25 10 13 20 11 18 23 10 14 22 11 É difícil avaliar e comparar o desempenho das unidades de saúde com os atuais sistemas de informação. 11 14 25 9 13 22 11 20 24 11 14 22 12 A limitada utilização de bases de dados nacionais dificulta a correta identificação de utentes e profissionais de saúde. 9 16 27 7 13 19 6 14 22 7 15 22 13 Os serviços de informática prestados pela ACSS são inadequados. 7 15 19 10 14 23 13 18 24 9 15 19 14 A gestão dos sistemas de informação no Hospital necessita de maior rigor e maturidade. 7 14 26 10 16 23 12 18 23 9 16 25 15 É difícil obter estatísticas e indicadores de gestão a partir das aplicações informáticas. 9 17 23 10 15 23 8 12 21 9 16 23 16 Os profissionais de saúde têm de utilizar demasiadas aplicações informáticas. 7 15 23 9 16 24 5 11 24 7 16 24 17 A insuficiência de normas e de um processo de certificação de aplicações dificulta a informatização dos Hospitais. 13 21 26 7 16 21 10 17 26 9 17 24 18 A dificuldade de integrar soluções de mercado com as aplicações nucleares da ACSS condiciona a sua aquisição. 8 17 19 11 18 22 10 14 19 10 17 21 19 Os recursos financeiros têm sido insuficientes para projetos informáticos. 11 16 27 13 18 26 10 14 25 12 17 26 20 A fraca explicitação de processos organizacionais das instituições condiciona a sua informatização. 10 18 28 8 18 27 18 21 27 10 20 27 21 Os registos clínicos atuais não facilitam a investigação clínica. 10 18 28 12 21 27 7 20 26 11 20 27

∗ 22 Os serviços prestados pelas empresas de informática são inadequados. 10 18 24 13 24 29 13 20 26 11 20 27 23 Não existe na administração central separação das atividades de regulação e planeamento das de suporte tecnológico e desenvolvimento de SW 12 20 27 11 20 27 17 20 25 13 20 27 24 Os sistemas de classificação e terminologias de saúde são pouco ou inadequadamente usados. 12 22 25 8 21 26 15 21 26 10 21 25 25 As aplicações existentes são genéricas e pouco adequadas às diversas especificidades e especialidades. 11 21 26 14 22 27 6 23 27 12 21 27 26 Os sistemas informáticos atuais não garantem a confidencialidade da informação nem a integridade dos dados. 17 21 25 11 22 26 8 24 29 12 22 26 27 A administração do hospital não atribui suficiente importância ao papel dos Sistemas de Informação na estratégia do Hospital. 16 22 28 11 23 26 10 23 28 13 22 26 28 O tempo gasto na utilização das aplicações informáticas é demasiado face aos benefícios na prestação de cuidados. 12 21 25 18 22 26 14 16 23 14 22 26 29 A capacidade de resposta do serviço de informática do Hospital é desadequada. 13 21 25 20 25 30 19 22 29 15 22 28 30 É difícil conseguir a participação ativa dos profissionais de saúde na especificação e implementação de novas soluções. 14 22 25 12 22 26 14 27 29 12 23 27 31 Algumas aplicações exigem um detalhe excessivo na introdução de dados. 12 23 27 15 23 28 9 15 27 12 23 28 32 É notória a dificuldade na utilização de sistemas informáticos pelos profissionais de saúde. 18 23 26 14 24 29 17 30 31 17 23 29

∗ – Para estas preocupações o teste Kruskal-Wallis para diferenças estatisticamente significativas entre os tipos de intervenientes são de 0.027, 0.037 e 0.017 (< 0.05)

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Relatório Final

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3.4.1 Análise da concordância entre os intervenientes

O Kendall's W, que varia entre 0 (nenhuma concordância) e 1 (100% de concordância), foi o coeficiente adotado para avaliar a concordância na ordenação dos itens. Os valores apresentados na Tabela 7 são baixos (variam entre 0.1441 e 0.2420) o que se deve não só à heterogeneidade nas ordenações pelos respondentes mas também ao facto do número de itens ser elevado (n=32) o que facilita a divergência na ordenação.

Tabela 7 - Concordância na ordenação das preocupações (p=<0.0001)

Função 1ª fase 2ª fase n Kendall W n Kendall W

Profissional de Saúde 48 0.1998 Diretor Clínico 17 0.1968

Enfermeiro Diretor 31 0.2420 Responsável de TIC 54 0.1563

Administração 18 0.1968 Diretor de SI 36 0.1523

Todas as funções 120 0.1441 102 0.1546

Desta tabela resulta que a concordância na ordenação total é maior entre os enfermeiros diretores (w=0.2420) e menor entre os diretores de sistemas de informação (w=0.1523). Quando se comparam grandes grupos, e apesar de serem bastantes semelhantes, a concordância é maior entre os profissionais de saúde (w=0.1998) do que entre os responsáveis pelas TIC (w=0.1563).

Por fim, também se pode concluir que a concordância subiu um pouco da 1ª fase (w=0.1441) para a 2ª fase (w=0.1546) apesar de continuarem a ser valores muito baixos.

Tabela 8 - Concordância nas medianas das preocupações na 2ª fase (n=102;

p=<0.0001)

Fase Kendall W Por tipo de profissional 0.7283 Entre tipos de hospitais 0.8626 Por sub-região 0.5699

Nesta tabela são apresentados os coeficientes de concordância Kendall’s W das medianas das ordenações quando analisadas por tipo de profissional (quatro tipos), tipo de hospital (três tipos) e sub-região (quatro sub-regiões).

Desta tabela torna-se claro que o tipo de hospital em que se trabalha está associado de forma mais forte à ordenação de preocupações (W=0.8626) do que o tipo de profissional que se é (W=0.7283) ou a sub-região em que se encontra (W=0.5699).

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Relatório Final

33

3.4.2 Conclusões globais

Nesta secção são apresentadas as conclusões de âmbito global do inquérito, associadas à visão dos resultados na sua forma agregada.

Mais adiante no documento será estabelecida a relação entre estas conclusões e discutidos os resultados em função da sua desagregação por tipo de profissionais, tipo de hospital e região de saúde.

Seguem-se as conclusões decorrentes dos resultados obtidos.

3.4.2.1 A principal conclusão do estudo é a preocupação transversal

com a falta de integração da informação de saúde centrada no

utente

Das duas iterações do inquérito realizadas, conclui-se que a dificuldade em obter informação de saúde de forma integrada, centrada no utente, está na base das principais preocupações apresentadas pelos diversos grupos profissionais.

A informação dispersa por múltiplos sistemas não interoperáveis e a falta de mecanismos de integração surgem na base de diversas preocupações, que vão desde as dificuldades acrescidas na prestação de cuidados de saúde até aos esforços adicionais a que essa falta obriga, passando pela perceção da dificuldade em construir sistemas coerentes e eficazes.

As conclusões que se seguem explicitam de forma mais clara a natureza e a dimensão desta preocupação, que se afirmou de forma generalizada e transversal.

3.4.2.2 As duas principais preocupações estão associadas ao registo

de saúde centrado no cidadão, nos contextos hospitalar e

nacional

Como primeira ilustração do acima afirmando, constata-se que as duas preocupações que mereceram o destaque dos profissionais participantes no estudo foram ”a falta de um Registo de Saúde Eletrónico de âmbito nacional dificulta um sistema de saúde centrado no utente” e “falta um Processo Clínico Eletrónico hospitalar que permita uma visão integrada do doente”.

A importância dada ao registo de informação de saúde do cidadão é um claro resultado deste estudo, seja numa perspetiva nacional de repositório informacional de saúde centrado no utente, seja numa ótica hospitalar, mais interna, associada ao processo de acompanhamento coerente e integrado dos serviços que nele vão sendo prestados ao utente.

Conforme se pode observar dos quadros, é a preocupação em contexto hospitalar que se coloca no topo, em termos de mediana. No entanto, “A falta de um registo de saúde eletrónico de âmbito nacional” ocupa o lugar cimeiro,

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Relatório Final

34

se essa análise se efetuar pelos valores de média ou se tiver em consideração que foi esta que se afirmou como a primeira preocupação de um maior número de participantes, com significativa diferença.

Qualquer que seja a perspetiva, o ponto relevante é que estas duas questões surgem no topo, de forma bastante destacada das restantes.

3.4.2.3 Cinco das seis primeiras preocupações relacionam-se com a

dificuldade em aceder aos dados clínicos de uma forma

integrada.

Reforçando o enfoque das preocupações com o tema da integração, para além das duas acima citadas, outras preocupações de idêntico teor acedem aos lugares de topo da tabela. “A integração e/ou interoperabilidade entre sistemas é muito limitada”, “Registos clínicos em papel e informatizados resultam em esforço acrescido e inconsistências” e ainda “A imposição de soluções centrais não integradas com os sistemas hospitalares condiciona a sua utilização e utilidade” são disso exemplo, sendo que todas elas se encontram entre as seis primeiras.

Assim, seja numa ótica de preocupação com a solução, seja na constatação dos efeitos do problema, é a falta de integração dos dados de saúde que preocupa os profissionais.

Um resultado que importa ressalvar é que as dificuldades associadas à integração dos dados não resultam de preocupações acerca do funcionamento das aplicações informáticas, quando avaliadas isoladamente. Por exemplo, questões como “As aplicações existentes são genéricas e pouco adequadas às diversas especificidades e especialidades “ (25º) situam-se muito baixo no ranking das preocupações ou foram mesmo excluídas na primeira fase, como é o caso de “as aplicações informática variam demasiado de aspeto e forma de utilização” ou “a oferta e a qualidade de aplicações de saúde das empresas de informática são reduzidas”. Ou seja, a qualidade das aplicações não parece ser a causa dos problemas, sendo no entanto realçada a dificuldade da sua integração.

Este resultado confirma a perceção resultante das entrevistas, que se traduziu por uma insatisfação com a necessidade dos “profissionais de saúde recolherem dados em diferentes sistemas, usando aplicações e interfaces distintas, de que resultam diferentes formatos de difícil agregação”. Ao mesmo tempo, este resultado sustenta as razões que levaram a equipa de projeto a definir a principal conclusão do estado como “ a preocupação com falta de integração da informação de saúde centrada no utente”.

3.4.2.4 Falta de clarificação das responsabilidades e da relação entre a

Administração Central e os Hospitais

Olhando numa nova perspetiva, resulta do estudo que os mecanismos de articulação entre os Hospitais e a Administração Central precisam de ser reforçados e desenvolvidos.

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Relatório Final

35

A ocupação dos lugares cimeiros por preocupações como “A falta de orientações e a instabilidade das políticas da administração central dificultam a gestão dos Sistemas de Informação nos hospitais” (3º) e “A imposição de soluções centrais não integradas com os sistemas hospitalares condiciona a sua utilização e utilidade” (6º) colocam-nas no patamar imediatamente a seguir ao das preocupações com a interoperabilidade e a integração.

Com significado, note-se que apesar da preocupação “Os serviços de informática prestados pela ACSS são inadequados” ainda estar classificada com algum relevo (13º), ela não merece o mesmo destaque que as outras duas. Assim sendo, e havendo uma manifestação clara de preocupações em torno da relação com a administração central, pode-se afirmar que estas são mais vincadas nos aspetos da gestão e da governação global dos sistemas de Informação do que nos aspetos que se prendem com o suporte operacional.

Refira-se, ainda, a colocação a meio da tabela (17º) da preocupação “A insuficiência de normas e de um processo de certificação de aplicações dificulta a informatização dos Hospitais.” Este posicionamento reforça este grupo de preocupações, sendo eventualmente a sua posição e força algo mitigadas pelo baixo nível de maturidade em que a função SI ainda se encontra nalgumas unidades do setor da saúde.

3.4.2.5 Falta de condições para a realização de “benchmarking” entre

unidades de saúde

Sendo uma conclusão a apresentar de forma cautelosa – embora também suportada pelos resultados das entrevistas – parece constatar-se uma preocupação de algum relevo com as questões que dificultam a realização de “benchmarking” entre os diversos Hospitais. A explicitação de preocupações como “É difícil obter estatísticas e indicadores de gestão a partir das aplicações informáticas.“, “É difícil avaliar e comparar o desempenho das unidades de saúde com os atuais sistemas de informação” e “Não são usadas as mesmas aplicações nucleares na totalidade dos hospitais” apontam no sentido de que sejam criadas condições que permitam avaliar os desempenhos dos diversos Hospitais com idênticos instrumentos e critérios.

Um argumento a favor desta conclusão prende-se com o facto das duas primeiras questões, relacionadas com a dificuldade de “obter estatísticas e indicadores” e de “avaliar e comparar o desempenho”, se terem guindado a posições cimeiras (7º e 11º), apesar de terem sido apenas introduzidas na segunda iteração, por sugestão dos respondentes durante a primeira fase. Sobretudo tendo em conta que a metodologia utilizada não favorece estas ascensões rápidas, já que na lista ordenada, apresentada aos profissionais na segunda iteração, as questões neófitas surgiam no fim da lista.

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Relatório Final

36

3.4.2.6 Ao nível da infraestrutura, a preocupação evidente é o

desempenho da rede informática

Uma conclusão com significado é que as questões de infraestrutura não mereceram atenção relevante dos profissionais, ao longo do projeto de investigação, exceção feita aos aspetos de desempenho da rede informática. De facto, tendo sido a infraestrutura tecnológica uma evidente, e mesmo surpreendente, “não-preocupação”, deve notar-se que o aparecimento isolado de “a rede informática é lenta ou por vezes indisponível” num elevado 8º lugar parece ter um significado particular. Assim, parece legítimo afirmar que este trabalho mostra uma preocupação significativa com as insuficiências na rede de comunicações, em linha com perceções que, de forma mais ou menos explicita, sempre se fizeram notar.

Em suporte à afirmação da pouca importância atribuída pelos respondentes aos outros aspetos mais tecnológicos focados no estudo, note-se que “Os equipamentos informáticos são inadequados“ foi uma questão excluída no final da primeira iteração, por manifesta falta de consideração pelos respondentes.

3.4.2.7 Necessidade de maior e mais prévio envolvimento dos

profissionais de saúde na conceção de soluções

A motivação e a disponibilidade dos profissionais de saúde não parecem constituir preocupações do setor. A afirmação de “os profissionais de saúde estão pouco motivados para a utilização de sistemas informáticos” foi a questão que menos relevo mereceu dos profissionais na 1ª iteração do estudo e foi, por isso mesmo, desde essa fase, excluída. De forma semelhante, também não “É difícil conseguir a participação ativa dos profissionais de saúde na especificação e implementação de novas soluções“, já que esta questão se quedou pelo penúltimo lugar no ranking das preocupações.

No entanto, e exacerbado pela contradição, é significativo que “a participação na especificação e implementação de Sistemas de Informação dos profissionais de saúde é insuficiente ou tardia” (10º) consiga figurar no “top ten” das preocupações. Tanto mais, porque se trata de outra das preocupações propostas pelos profissionais para integrar a lista a usar na 2ª fase, com uma subida manifesta, conseguida em apenas uma iteração.

Sem juízos adicionais e apenas da leitura dos resultados, pode afirmar-se que, embora a motivação e a disponibilidade dos profissionais não seja um problema na saúde, isso não se traduz num aproveitamento e numa utilização efetiva do contributo dos profissionais de saúde nos projetos nesta área. Ou seja, parece ser ao nível da utilização da disponibilidade que a insuficiência surge, sendo que esta limitação tem repercussões negativas nos projetos implementados.

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Relatório Final

37

3.4.2.8 Preocupações ao nível da maturidade dos processos

Entre as preocupações que poderemos classificar num segundo nível – entre o 11º e o 20º lugar – surgem algumas questões relacionadas com dificuldades ao nível de organização interna, expressas tanto por “A gestão dos sistemas de informação no Hospital necessita de maior rigor e maturidade” (14º) como por “A fraca explicitação de processos organizacionais das instituições condiciona a sua informatização” (20º).

Estas preocupações com a maturidade estão em linha com as preocupações da literatura neste domínio, associadas a uma mais lenta consolidação da função SI no setor da saúde, quando comparada com outros setores já mais “maduros”, como o financeiro ou a indústria.

No entanto, importa referir que dos resultados parecem afirmar-se condições para a continuação da evolução neste domínio, já que “a administração do Hospital não atribui suficiente importância ao papel dos Sistemas de Informação na estratégia do Hospital” é uma questão que não merece grande preocupação (27º). Ou seja, existindo na gestão hospitalar uma noção do relevante papel das tecnologias na vida da organização parecem criadas as condições para que se possa planear um caminho rumo a uma maior maturidade na gestão dos processos e das TIC.

3.4.2.9 Serviços prestados pelas empresas menos preocupantes do

que os da ACSS.

Não sendo merecedor de particular destaque, refira-se que os resultados mostram que os participantes têm uma maior preocupação com a adequação dos serviços prestados pela ACSS do que a que têm com a adequação dos serviços prestados pelas empresas de informática.

Sobre este tema refira-se ainda que a preocupação “A capacidade de resposta do serviço de informática do Hospital é desadequado” praticamente não tem expressão, já que surge na 29ª posição, ou seja, é, globalmente, uma “não-preocupação”.

3.4.2.10 Pequena preocupação com a confidencialidade e a

segurança

Uma última conclusão global é a de que, no momento atual, as questões da confidencialidade e segurança merecem pouca preocupação ao nível dos profissionais dos Hospitais. Na realidade, a questão “Os sistemas informáticos atuais não garantem a confidencialidade da informação nem a integridade dos dados” quedou-se pelo 26º lugar o que a classificaria como uma “não preocupação”, sendo no entanto que, pela sua complexidade, merecerá discussão posterior.

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Relatório Final

38

3.4.3 “Não-preocupações”

Para além das conclusões acima apresentadas e que resultam da expressão de preocupações pelos profissionais participantes no estudo, há um outro conjunto de conclusões que merece ser apresentado, pese o facto do seu valor surgir, não da expressão de preocupações, mas antes do seu contrário. Ou seja, da existência de um conjunto de questões, que numa avaliação prévia pareciam poder vir a merecer algum destaque mas que os resultados do inquérito mostraram não suscitar significativa preocupação aos profissionais participantes.

3.4.3.1 Recursos financeiros não constituem impeditivo relevante ao

desenvolvimento de projetos

Embora a questão “Os recursos financeiros têm sido insuficientes para projetos informáticos” se posicione num mediano 19º lugar, pode-se afirmar que, pela sua natureza, ele se encontra abaixo do que seria expectável, sobretudo tendo em conta não só o que é apresentado pela literatura sobre esta questão, mas também a tradicional barreira que as questões financeiras normalmente levantam para os projetos informáticos noutros setores.

Assim, pese o 19º lugar, pode afirmar-se que a falta de recursos financeiros não parecia ser um dos maiores impedimentos ou preocupações quando se procurava melhorar os sistemas de informação de saúde no contexto hospitalar. Em linha com algumas afirmações proferidas durante a fase das entrevistas, “não tem sido por razões de ordem financeira que os projetos informáticos não avançam”.

Refira-se, no entanto, que esta questão deve ser enquadrada no tempo – o que justifica a utilização do tempo passado no parágrafo anterior - já que os tempos de crise que se têm vindo a acentuar em Portugal e na saúde, e os condicionalismos financeiros que os hospitais hoje enfrentam, podem ter um impacto significativo nesta questão, guindando-a eventualmente a outra posição no “ranking”.

3.4.3.2 A motivação, a disponibilidade e a literacia em TIC dos

profissionais de saúde não suscitam preocupações.

As questões como motivação, disponibilidade ou literacia dos profissionais de saúde são fundamentais para o sucesso de qualquer processo de transformação de SI na saúde, como recorrentemente é referido na literatura e nos relatórios internacionais.

É por isso muito relevante e animador que questões como “é difícil conseguir a participação ativa dos profissionais de saúde na especificação e implementação de novas soluções “ (30º), “é notória a dificuldade na utilização de sistemas informáticos pelos profissionais de saúde” (32º) ou “os profissionais de saúde estão pouco motivados para a utilização de sistemas

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Relatório Final

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informáticos” (excluído na 1ª fase) tenham ocupado algumas das posições muito baixas no ranking ou mesmo dele tenham sido excluídas.

Como grande conclusão, pode afirmar-se que existindo as condições, o passo para o sucesso passa pela sua rentabilização.

3.4.3.3 O tempo e os esforços despendidos na utilização dos SI de

Saúde não são considerados excessivos

Reforçando os aspetos de motivação, disponibilidade e literacia acima referidos, é relevante que o esforço associado à utilização de sistemas informáticos não seja sobrevalorizado. Questões como “o tempo gasto na utilização das aplicações informáticas é demasiado face aos benefícios na prestação de cuidados” (28º) e “algumas aplicações exigem um detalhe excessivo na introdução de dados” (31º) surgem associadas a esta problemática e não mereceram grande preocupação, o que constitui um bom indicador de condições favoráveis às transformações que os SI de Saúde têm de enfrentar. No entanto, esta conclusão não permite minimizar o efeito negativo das ineficiências que resultam da necessidade de introdução de informação redundante em múltiplos sistemas não integrados, e que foi identificado como um problema.

3.4.4 Conclusões setoriais

Nesta secção são analisadas questões que resultam de leituras mais focadas dos resultados, tendo em conta dimensões complementares da análise, designadamente o grupo profissional, a dimensão, a localização geográfica (ARS) e o tipo de hospital.

3.4.4.1 As duas principais preocupações estão associadas ao registo

de saúde do cidadão, nos contextos hospitalar e nacional

Os profissionais de saúde, muito em particular os enfermeiros, estão muito preocupados com esta situação.

Em termos regionais, quem mais sente este problema são os hospitais da ARS Centro e da ARS LVT. Nos hospitais da ARS Algarve, a questão da visão integrada do processo clínico eletrónico hospitalar não é tão preocupante.

Tendo em consideração o tipo de hospital, os hospitais de nível 1 são mais sensíveis a estas preocupações.

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Relatório Final

40

Tabela 9 - Mediana da preocupação “falta de visão integrada hospitalar e nacional do utente” por tipo de profissional, ARS e tipo de hospital

Grupos Hospitalar Nacional Tipo de profissional

Dir. Clínico 5 5 Enf. Diretor 2 2

Admin. 2 7 Resp. DSI 5 4

ARS

Norte 4 8

Centro 2 2 LVT 3 4

Alentejo 2 7 Algarve 13 3

Tipo de hospital Central 2 4 Distrital 4 5 Nível 1 2 2

Mediana total 3 4

3.4.4.2 Cinco das seis primeiras preocupações relacionam-se com a

dificuldade em aceder aos dados clínicos de uma forma

integrada.

Os diretores DSI não sentem tanto quantos os restantes as dificuldades de coexistência de registos em papel e informatizados. Em termos regionais, a coexistência de registos em papel e informatizados sente-se mais no Algarve (7) e menos no Alentejo (10).

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Relatório Final

41

Tabela 10 - Mediana da preocupação “Registos clínicos em papel e informatizados resultam em esforço acrescido e inconsistências” por tipo de profissional, ARS e tipo de hospital (As diferenças são estatisticamente significativas para o tipo de profissional (Kruskal-Wallis = 0.009)

Grupos Registo em Papel e Informatizado

Tipo de profissional Dir. Clínico 7 Enf. Diretor 8

Admin. 6 Resp. DSI 14

ARS

Norte 8 Centro 9

LVT 9 Alentejo 10 Algarve 7

Mediana total 9

Os profissionais de saúde, muito em particular os diretores clínicos, estão muito preocupados com as questões de falta de interoperabilidade e de imposição de soluções centrais não integradas.

Tabela 11 - Mediana das preocupações de interoperabilidade entre sistemas e imposição de soluções centrais não integradas por tipo de profissional, ARS e tipo de hospital

Grupos Interoperabilidade Soluções centrais Tipo de profissional

Dir. Clínico 5 6 Enf. Diretor 9 6

Admin. 12 16 Resp. DSI 15 11

ARS

Norte 9 9 Centro 12 16

LVT 12 10 Alentejo 4 9 Algarve 13 20

Tipo de hospital Central 12 13 Distrital 9 9 Nível 1 9 15

Mediana total 10 11

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Relatório Final

42

Em termos regionais, estas preocupações são mais sentidas no Alentejo e no Norte. No Algarve, a imposição de soluções centrais não integradas tem um peso muito menor que nas restantes regiões.

Tendo em consideração o tipo de hospital, os hospitais distritais sentem mais estas dificuldades que os centrais. Os hospitais de nível 1 sentem mais a preocupação da falta de interoperabilidade do que da imposição de soluções centrais não integradas.

3.4.4.3 Dificuldades na relação entre hospitais e a administração

central

A falta de orientações é sentida essencialmente pelos Administradores e Responsáveis DSI, enquanto que a imposição de soluções é mais sentida pelos profissionais de saúde.

A inadequação dos serviços prestados pela ACSS é mais sentida pelos diretores clínicos, e a insuficiência de normas pelos administradores.

Ao nível regional, e com a exceção do Algarve, a falta de orientações em sentida em todo o país. A imposição de soluções é mais preocupante no Norte, Alentejo e LVT. A região da LVT considera os serviços da ACSS mais inadequados, e no Alentejo esta preocupação é menor.

Em termos de tipo de hospital, a falta de orientações é sentida da mesma forma nos três tipos. A imposição de soluções é mais sentida nos hospitais distritais.

Tabela 12 - Mediana das preocupações da relação entre Hospitais e Administração Central por tipo de profissional, ARS e tipo de hospital

Grupos Falta de orientações

Imposição soluções

Serviços ACSS inadequados

Insuficiência de normas

Tipo de profissional

Dir. Clínico 13 6 8 21

Enf. Diretor 15 6 16 17

Admin. 5 16 19 13

Resp. DSI 6 11 14 17

ARS

Norte 8 9 16 17

Centro 8 16 18 16

LVT 9 10 11 21

Alentejo 9 9 23 14

Algarve 20 20 19 17

Tipo de hospital

Central 9 13 15 21

Distrital 9 9 14 16

Nível 1 8 15 18 17

Mediana total 9 11 15 17

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Relatório Final

43

3.4.4.4 Falta de condições para a realização de “benchmarking” entre

unidades de saúde

A dificuldade em obter estatísticas é mais sentida pelos enfermeiros diretores e menos pelos administradores. Em termos regionais é mais sentida na zona centro e nos hospitais de nível 1.

A dificuldade em avaliar e comparar hospitais é mais preocupante para o Enfermeiro Diretor e Administradores. Em termos regionais é mais preocupante na zona Norte, e nos hospitais distritais.

O problema da utilização de diferentes aplicações nucleares entre hospitais é valorizado pelos profissionais de saúde, e nas ARS do Centro e LVT. No Alentejo esta questão é um problema menor.

Tabela 13 - Mediana das preocupações relacionadas com o “benchmarking” por tipo de profissional, ARS e tipo de hospital

Grupos Difícil obter estatísticas

Difícil avaliar e comparar

Diferentes aplicações nucleares

Tipo de profissional

Dir. Clínico 16 22 12

Enf. Diretor 11 14 12

Admin. 21 14 20

Resp. DSI 17 15 19

ARS

Norte 17 13 19

Centro 13 19 12

LVT 17 15 13

Alentejo 14 16 24

Algarve 16 21 15

Tipo de hospital

Central 17 14 13

Distrital 15 13 14

Nível 1 12 20 15

Mediana total 16 14 13

3.4.4.5 Ao nível da infraestrutura, a preocupação evidente é o

desempenho da rede informática

Os problemas relativos à dificuldades com a rede informática são mais sentidos pelos profissionais de saúde. Em termos regionais há mais problemas nas zonas centro, LVT e Alentejo. Os hospitais distritais sofrem menos deste problema que os restantes.

As questões da segurança são menos sentidas pelos enfermeiros diretores.

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Relatório Final

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Tabela 14 - Mediana das preocupações ao nível da infraestrutura por tipo de profissional, ARS e tipo de hospital

Grupos Rede lenta Segurança

Tipo de profissional

Dir. Clínico 13 20

Enf. Diretor 14 25

Admin. 17 21

Resp. DSI 18 21

ARS

Norte 18 22

Centro 14 24

LVT 14 20

Alentejo 14 24

Algarve 23 19

Tipo de hospital

Central 13 21

Distrital 17 22

Nível 1 14 24

Mediana total 14 22

3.4.4.6 Necessidade de maior e mais prévio envolvimento dos

profissionais de saúde na conceção de soluções

Os profissionais de saúde julgam que não é difícil a participação dos profissionais de saúde apesar de esta ser tardia.

Em termos regionais, a participação tardia sente-se mais no Norte, Alentejo e Algarve. Os hospitais centrais sentem mais esta questão do que os de nível 1 ou centrais.

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Relatório Final

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Tabela 15 - Mediana das preocupações ao nível do envolvimento dos profissionais de saúde por tipo de profissional, ARS e tipo de hospital

Grupos É difícil a participação

É tardia a participação

Tipo de profissional

Dir. Clínico 23 13

Enf. Diretor 24 16

Admin. 21 18

Resp. DSI 22 16

ARS

Norte 23 13

Centro 24 18

LVT 21 17

Alentejo 23 11

Algarve 18 11

Tipo de hospital

Central 22 20

Distrital 22 13

Nível 1 27 18

Mediana total 23 14

3.4.4.7 Preocupações ao nível da maturidade dos processos

A preocupação relativamente à necessidade de maior rigor e maturidade na gestão do SI é mais sentida pelos Enfermeiros Diretores. A questão da fraca explicitação dos processos é essencialmente referida pelos Administradores.

Em termos regionais, os problemas da gestão dos SI são mais sentidos no Norte, Centro e LVT. As questões dos processos são mais sentidas no Norte, mas a região do Algarve tem mais problemas com a insuficiente importância atribuída pelas administrações hospitalares aos SI.

Os hospitais centrais têm mais preocupações com a Gestão de SI.

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Relatório Final

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Tabela 16 - Mediana das preocupações relacionadas com a maturidade de processos por tipo de profissional, ARS e tipo de hospital

Grupos Gestão Processos Administração do Hospital

Tipo de profissional

Dir. Clínico 16 23 23

Enf. Diretor 13 26 23

Admin. 17 10 21

Resp. DSI 19 16 19

ARS

Norte 15 16 24

Centro 15 20 22

LVT 15 22 22

Alentejo 21 25 24

Algarve 22 28 14

Tipo de hospital

Central 14 18 22

Distrital 16 18 23

Nível 1 18 21 23

Mediana total 16 20 22

3.4.4.8 Pequena preocupação com a confidencialidade e a integridade

Os diretores clínicos estão mais preocupados que os restantes grupos relativamente à confidencialidade e integridade da informação. Na ARS Algarve estão mais preocupados com estas questões. Nos hospitais de nível 1, esta questão é de menor importância que nos restantes hospitais.

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Relatório Final

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Tabela 17 - Mediana das preocupações ao nível do envolvimento dos profissionais de saúde por tipo de profissional, ARS e tipo de hospital

Grupos Confidencialidade e Integridade

Tipo de profissional Dir. Clínico 20 Enf. Diretor 25

Admin. 21 Resp. DSI 21

ARS

Norte 22

Centro 24 LVT 20

Alentejo 24 Algarve 19

Tipo de hospital Central 21 Distrital 22 Nível 1 24

Mediana total 22

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Relatório Final

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Relatório Final

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4 Discussão de Resultados

4.1 Entrevistas

Conforme afirmado no capítulo anterior, a qualidade dos contributos obtidos durante as entrevistas conferiu a esta fase um valor superior ao quer era inicialmente esperado, pelo que foi efetuada uma avaliação mais cuidada da informação recolhida.

A análise desses contributos mostrou que as preocupações e necessidades sentidas pelos profissionais de saúde estão alinhadas com o que é referido na literatura científica nestes domínios, desde os aspetos técnicos aos éticos, passando pelas questões de natureza financeira, organizacional e profissional.

No entanto, pese este alinhamento, é percetível a influência das especificidades resultantes do processo nacional de desenvolvimento dos SI de saúde, conforme adiante se referirá.

4.1.1 Maturidade da reflexão

Um dos aspetos que ressaltou do processo de entrevistas é que os profissionais estão mais preocupados com questões pragmáticas e de impacto imediato do que com aspetos mais conceptuais ou de princípios.

Este parece ser um problema relacionado com a maturidade do processo, que estando ainda a dar os seus primeiros passos nestes novos paradigmas (SI em rede, centralidade no utente) coloca muito enfoque nas questões mais básicas e operacionais, que nas fases iniciais obrigam, por norma, a uma atenção constante.

Como exemplo, foi notório que aspetos práticos, como a facilidade de acesso a dados ou a integração da informação, mereciam maior atenção do que aspetos aparentemente mais “conceptuais”, como a segurança da informação, a utilização de normas ou a estruturação da informação. No fundo, estes assuntos eram percebidos como “muito importantes” mas sem atingirem o estado de “críticos” que os primeiros possuem.

4.1.2 Dois processos em diferentes estados de reflexão

Dentro desta linha, é também uma evidência que dois processos de integração decorrem em paralelo em Portugal, merecendo diferente ação por parte dos profissionais: um processo que se relaciona com a integração da informação clinica numa ótica de sistema nacional e outro processo que corre num âmbito local, relacionado com a integração da informação no contexto

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Relatório Final

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do próprio hospital. Embora preocupações gerais sobre a questão global tenham sido manifestadas por todos os participantes, tornou-se claro que a primazia da sua preocupação e o seu foco se situava nos temas internos do Hospital, tanto para os profissionais de saúde, como para os gestores hospitalares e de SI.

No fundo, dada a dimensão e a diversidade dos problemas que precisam de resposta a um nível hospitalar e que têm um enorme impacto na atividade diária, é natural que nele se fixem as atenções e os esforços dos profissionais, sejam os de saúde, sejam os que têm a seu cargo a gestão dos SI.

Desta forma, os problemas nacionais acabam por merecer a sensibilidade e a consideração dos profissionais – o que é positivo – mas sem que isso se transforme em compromissos ou empenhos relevantes, o que pode comprometer o processo global, numa ótica de médio prazo.

4.1.3 As “não-preocupações”

Como foi anteriormente referido, mesmo tendo-se verificado um bom alinhamento entre os resultados no terreno e as questões presentes na literatura, alguns tópicos merecem alguma reflexão adicional, já que algumas dissimilitudes foram encontradas. Na realidade, durante as entrevistas, algumas preocupações que estavam bem presentes nas expectativas dos investigadores – porque presentes na literatura - acabaram por não emergir ou por não ganhar a dimensão que era esperada. Apesar da atenção dos investigadores, os entrevistados deram pouca relevância a aspetos supostamente importantes como a literacia em TIC dos profissionais de saúde ou a motivação para o seu uso, como a escassez de recursos financeiros ou a insuficiência dos meios técnicos disponíveis (à exceção dos recursos de rede de dados). Na realidade, quando referidos, estes temas eram reconhecidos como importantes ou mesmo críticos para o desenvolvimento dos SI de saúde, mas nenhum entrevistado os classificou como uma preocupação relevante no seu contexto e no momento presente. Na sua opinião, a outros itens que não estes, deveria ser atribuída a responsabilidade pelas insuficiências ou pelos projetos que não chegam a avançar.

4.2 Inquéritos

O processo de realização dos inquéritos foi um processo complexo, tendo em conta a dimensão do universo em análise, o facto de se dirigir a quadros de topo da gestão dos hospitais e o próprio período de mudança do ciclo político que se verificou durante o processo.

Pese a complexidade, os resultados obtidos foram muito relevantes por três ordens de razão fundamentais:

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Relatório Final

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• Foi recolhido um conjunto de mensagens muito claras, confirmando e aprofundado as perceções que tinham resultado na fase exploratória das entrevistas, permitindo uma representação nítida das questões que efetivamente preocupam os responsáveis hospitalares;

• Para além da elevada percentagem de participação para um estudo desta natureza, verificou-se uma preocupação de participação ativa e de qualidade por parte dos profissionais envolvidos. Alguns indicadores e fenómenos (i.e. a avaliação cuidada das preocupações introduzidas apenas na 2ª iteração) evidenciam este interesse;

• No seguimento dos resultados, é hoje possível definir preocupações e objetivos - para os quais havia sensibilidade mas não evidência - de forma sustentada. Da mesma forma, algumas “verdades” acabaram por perder força, diminuindo a base de possíveis resistências a mudanças desejadas.

Sendo que a avaliação mais pormenorizada dos resultados será feita no capítulo seguinte, onde cada uma das principais preocupações reveladas por este estudo surge associada à apresentação de perceções e recomendações relacionadas, importa contudo tecer algumas considerações de carácter mais geral.

Assim importa referir que o estudo traduz um adequado alinhamento entre aquelas que são as principais tendências de evolução dos SI de Saúde - tanto a nível nacional, como internacional – e aquelas que são as preocupações dos profissionais responsáveis no terreno, sem que isso diminua a relevância e o valor das mensagens de preocupação e de oportunidade de melhoria transmitidas.

A afirmação de que este alinhamento é adequado e de que há valor nas propostas de melhoria identificadas é suportada pela possibilidade de efetuar as seguintes afirmações:

i. Há um conjunto nuclear de preocupações e linhas de evolução que são comuns às entidades nacionais e aos profissionais no terreno, designadamente:

a. No acordo sobre um caminho baseado na interoperabilidade, integração e centralidade no utente.

b. Na necessidade de uma especificação do equilíbrio governativo entre autoridades centrais e autonomia dos hospitais.

ii. Há alguma inércia percebida nalgumas áreas (i.e. segurança e confidencialidade, compromisso com dimensão nacional do tema, referenciais e certificação) que, sendo de dimensão razoável, devem ser vistas como um estímulo para as autoridades centrais assumirem efetivamente o seu papel de liderança e de definição das regras;

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Relatório Final

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iii. Não tendo sido encontradas áreas de rutura evidente – seja na opinião, seja na praxis - há algumas áreas de insatisfação (i.e. qualidade da relação nalguns processo centralizados de recolha de indicadores, perceção da qualidade dos serviços SI/TIC) que podem constituir oportunidades para reflexão e para ações de melhoria;

iv. Há uma indicação de sensibilização e de motivação por parte dos responsáveis no terreno, o que facilita o envolvimento da gestão e dos profissionais, e sugere uma atitude de maior comunicação e de diálogo com o terreno;

v. Há um conjunto de pré-requisitos básicos (infraestrutura, recursos e competências TIC, oferta das empresas) que importa melhorar mas que constituem, desde já, um garante de uma plataforma base para a implementação das políticas futuras nesta área.

4.3 Workshop

Os elementos presentes no workshop procuraram refletir sobre as causas que terão levado os participantes a manifestarem aquele tipo de preocupações, em particular as situações problemáticas que consideraram mais prioritárias.

Nesse contexto foi reconhecido que o estudo reflete a visão do núcleo dirigente dos hospitais, que poderá não ser partilhada por todo o universo dos profissionais, nomeadamente por aqueles que exercem funções de caracter mais operacional. Em particular foi abordada a questão da literacia em TIC, sendo sugerido que existe uma dificuldade significativa na utilização dos sistemas informáticos por parte dos profissionais de saúde, aspeto que o estudo não realça eventualmente por não existirem mecanismos formais de monitorização de desempenho neste domínio, que permitam aos dirigentes das instituições aperceberem-se desse constrangimento.

Foi igualmente confirmada a disrupção que resulta da utilização das chamadas “aplicações centrais” que implicam a multiplicação de operações de inserção e a redundância dos dados armazenados, com a consequente perca de qualidade dos dados e a desconfiança em relação à informação agregada que é obtida; a ausência de “feedback” dado aos profissionais; bem como o modo como essas aplicações são implementadas, traduzindo-se numa “afirmação de poder pouco dialogante” por parte dos organismos centrais perante os hospitais e os profissionais de saúde.

Foi reconhecido que a necessidade de regulação se estende a outros domínios. Pode-se referir, a título de exemplo, a questão da taxonomia e dos classificadores, que se torna necessário uniformizar por forma a que se possa relacionar os dados provenientes de diversos hospitais e, desta forma,

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Relatório Final

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reforçar a credibilidade da informação analítica que é obtida. A regulação abrange ainda aspetos como o modelo de dados, os interfaces e os protocolos, que assegurem a interoperabilidade das aplicações, bem como os formatos da informação técnica e de controlo de gestão.

Complementarmente, torna-se necessário reforçar a comunicação para que as orientações e os benefícios da regulação sejam compreendidos pelos profissionais de saúde e pelos dirigentes. Neste contexto, foi também reconhecida a importância da SPMS dinamizar este processo de comunicação através de um contacto direto com os profissionais de saúde e de informática nos hospitais, da dinamização de fóruns, do uso da Internet ou mesmo da organização de eventos com caracter mais informal.

Como medida que pode contribuir para melhorar a qualidade dos dados foi proposta a adoção de mecanismos que reforcem a visibilidade e a partilha de informação. Por exemplo, a elaboração regular de mapas estatísticos periódicos, que tenham uma divulgação alargada, pode promover uma postura pedagógica que estimula a autorregulação. No entanto, a melhoria da qualidade dos dados passa também pela melhoria das aplicações, dotando-as de funcionalidades que permitam detetar dados irrelevantes ou incorretos e evitem a sua inserção.

Nesse sentido, foi, reconhecido pelos participantes que a falta de evolução a nível funcional e tecnológico das aplicações informáticas estruturantes que são utilizadas pelos hospitais, em particular o SONHO e o SAM, mas também o SAPE, constitui um entrave a muitas das iniciativas de melhoria que têm de ser concretizadas.

Ao nível da interoperabilidade semântica foi referida a necessidade dum esforço de harmonização e de normalização por parte da SPMS, em conjunto com a ACSS no domínio da produção, com a DGS no domínio clínico, com os responsáveis pelas unidades hospitalares e com representantes dos profissionais de saúde. Para tal torna-se necessário identificar e envolver um conjunto de interlocutores que estejam disponíveis, tenham experiência e conhecimento e, ainda, que sejam reconhecidos pelos pares como seus representantes legítimos. As ordens profissionais deverão ter uma intervenção determinante neste domínio. A experiência de normalização conseguida pelos enfermeiros no SAPE, bem como a harmonização que tem sido conseguida pelos médicos ao nível dos cuidados de saúde primários, constituem casos de estudo que deverão ser analisados.

Foi também confirmado pelos participantes que a maturidade no uso dos SI/TIC hospitalares se encontra ainda num estágio inicial, no sentido em que uma parte significativa do esforço das organizações de saúde é aplicada na resolução de problemas emergentes, sendo o controlo uma atividade exercida ainda de forma algo rudimentar. Torna-se pois necessário estabelecer objetivos que reforcem a capacidade na definição, na gestão e no controlo dos processos, em diversos domínios da cadeia de valor hospitalar: atendimento, urgência, internamento, gestão dos SI/TIC, gestão administrativa, gestão financeira, compras, etc.

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A certificação de qualidade foi também reconhecida como uma estratégia que permite mobilizar os diversos atores para uma reflexão conjunta sobre a organização hospitalar, que tem sido determinante para o sucesso dos processos de implementação de sistemas e tecnologias de informação nas instituições onde tem sido adotada. Assim, neste domínio, a adoção de iniciativas estratégicas tendentes à certificação (CMMI para serviços, COBIT, ISO 27799, etc.) constitui um importante fator de mobilização.

Devido à sua diversidade e riqueza, foi ainda considerado que os dados recolhidos no estudo poderão ser analisados noutras vertentes. Por exemplo, foi recomendado que se aprofundasse a análise efetuada aos dados procurando, por exemplo, relacionar os padrões de resposta com o grau de maturidade dos sistemas de informação ou com o grau de adoção de PCE nos diversos hospitais participantes.

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5 Recomendações

Conforme resulta do título deste estudo – Oportunidades de Melhoria nos Sistemas de Informação em Saúde – é seu objetivo a identificação de medidas e ações que possam configurar uma resposta positiva para as preocupações expressas pelos participantes.

Com este intuito é aqui apresentado um conjunto de recomendações, que foram surgindo ao longo do estudo e que resultam de um elaborado processo de investigação, que inclui a revisão da literatura e da documentação existente, as entrevistas, a recolha das preocupações e sugestões de melhoria apresentadas pelos profissionais no terreno, bem como a reflexão e discussão sobre os resultados que se concluiu com a realização do workshop final.

Sendo estas recomendações o resultado de um processo que é limitado pelo seu âmbito e pelo seu contexto, elas devem ser entendidas como uma base de trabalho, ou seja, como um contributo para a reflexão que vai regularmente ocorrendo, por parte das autoridades centrais dos sistemas de informação na saúde, pelos profissionais no terreno, mas também por parte dos restantes atores envolvidos neste complexo domínio.

Para facilitar a sua apresentação e a sua leitura, as “Recomendações” que integram este capítulo surgem associadas a “Áreas de oportunidade” que decorrem de necessidades ou preocupações relevantes. Para cada “Área de oportunidade”, antes da apresentação das “Recomendações”, é efetuada uma pequena descrição do contexto.

5.1 Reforçar a integração da informação de saúde

Área de Oportunidade: desenvolver os processos e mecanismos associados à integração e à interoperabilidade dos SI de saúde

A interligação e a interoperabilidade são as questões que surgem subjacentes às principais preocupações expressas no estudo, com importante reflexo na eficiência e eficácia dos serviços prestados.

Dada a natureza multidisciplinar desta questão, várias recomendações com ela relacionadas serão feitas ao longo deste capítulo, desde a recomendação para retomar o interrompido processo de implementação de uma plataforma de interoperabilidade até à melhoria do processo de especificação e certificação das aplicações de saúde, passando pela gestão da infraestrutura tecnológica.

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No entanto, de uma forma mais focada, há um conjunto de ações neste domínio que devem desde já ser referidas.

Assim, são recomendações:

a. Considerar a adoção de sistemas avançados de integração e de interoperabilidade, que sejam facilmente configurados para novas realidades e capazes de monitorizar eficazmente a qualidade de informação trocada nas mensagens entre os sistemas de informação.

b. Capitalizar o conhecimento existente, partilhando as experiências já desenvolvidas nestes domínios.

c. Especificar, com um forte suporte em normas, os mecanismos de integração das aplicações terceiras com o núcleo estruturante.

d. Procurar integrar cada solução com o máximo de SI existentes, mesmo que implique o uso de várias tecnologias de integração.

e. Considerar no planeamento de novos sistemas que haverá necessidade de integrações com outros sistemas já existente, que terão diferentes níveis de maturidade tecnológica.

f. Sincronizar obrigatoriamente todos os relógios dos computadores utilizados na troca de dados clínicos.

g. Utilizar os mesmos identificadores dos atores (utentes, profissionais de saúde, instituições) nos vários SI envolvidos na troca de dados.

Área de Oportunidade: desenvolver as competências sobre integração e interoperabilidade dos profissionais SI de saúde

Ao longo deste ponto várias recomendações serão feitas no domínio tecnológico e de gestão. Mas importa também ter presente que o aumento do âmbito dos sistemas, da sua integração e da complexidade derivada, tem enormes impactos ao nível das competências dos profissionais que asseguram o planeamento e a gestão das tecnologias e dos sistemas. A clarificação de funções e o reforço das competências contribui para prestigiar o estatuto da função SI nos Hospitais e o papel dos seus responsáveis.

Sistemas de informação de saúde mais complexos e integrados vão exigir melhores arquiteturas e desenhos tecnológicos mais precisos, mais adoção de normas e boas práticas, melhores competências de gestão e de coordenação de projeto, pelo se elege, desde já, o reforço do conhecimento e das competências técnicas e de negócio nestes domínios como uma área de oportunidade fundamental.

No fundamental, resulta claro que o processo de integração e interoperabilidade que se ambiciona traz consigo uma significativa necessidade de reforço de recursos humanos, não tanto em número, mas sim ao nível da qualidade das suas competências.

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Assim, são recomendações:

a. Aumentar as ações de formação nestes domínios junto dos profissionais SI/TIC de saúde, designadamente no domínio das normas tecnológicas e de saúde mais comum, já que nem sempre a frequência com que são invocados no dia-a-dia corresponde a uma adequada profundidade do conhecimento.

b. Promover a divulgação e a partilha das experiências já realizadas nos Hospitais, fomentando o “networking” de competências entre instituições.

c. Garantir que os processos de integração de novos quadros cuidam não apenas do “saber fazer” tecnológico, mas também das competências de planeamento e de conceção de sistemas que sejam adequados às necessidades dos profissionais de saúde e dos utentes.

d. Colaborar com a academia e institutos de formação na elaboração de programas específicos para o reforço de competências dos profissionais de informática no domínio dos SI/TIC em saúde.

5.2 Centrar o registo de saúde no cidadão, nos contextos

hospitalar e nacional

Área de Oportunidade: Reforçar o papel das aplicações legadas como elemento estruturante de um ISH (Sistema de Informação Hospitalar) do SNS

A dificuldade dos profissionais de saúde em obter, de forma simples, toda a informação que necessitam constituiu-se como elemento fundamental de um número relevante de preocupações manifestadas neste estudo.

Ao mesmo tempo é conhecido a importância das aplicações legadas no contexto dos Hospitais do SNS, tendo em conta o papel que desempenham, o seu uso generalizado, o processo de aprendizagem e adequação por partes de todos os profissionais, bem como os processos de evolução em curso.

Assim, são recomendações:

a. Desenvolver uma arquitetura orientada a serviços que sirva de referência para o SIH, que tenha por base o património associados às aplicações legadas (SONHO, SAM, SAPE), que seja centrada nos processos de saúde (e não em funções ou categorias profissionais, tipologias de prestação de cuidados ou entidades prestadores) e que considere o ciclo de vida alargado do utente.

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b. Definir os interfaces aplicacionais para permitir que esta arquitetura aceite a criação de componentes (“3rd party plug-ins”) que permitam às instituições a extensão dos seus sistemas principais sem a necessidade de aquisição de novos sistemas verticais.

c. Definir quais os módulos de núcleo fundamental - eventualmente obrigatório - da responsabilidade do Ministério da Saúde (e.g. Identificação do Utente, segurança, auditoria , controlo de produção).

d. Especificar, nesta arquitetura, quais os módulos complementares que são sujeitos a concorrência com o mercado (e.g. prescrição, gestão de internamento) e quais os módulos que são exclusividade do mercado (e.g. laboratório, radiologia).

Área de Oportunidade: Desenvolver um RSE

Conforme foi detalhadamente referido, a “Falta de um Registo de Saúde Eletrónico de âmbito nacional” e “Falta um Processo Clinico Eletrónico Hospitalar “ foram as duas questões que mais preocupações suscitaram, em ambas as iterações dos inquéritos e de forma transversal. O acesso simples a informação de saúde e a sua centralização no utente é, sem dúvida, a temática que mais preocupa e mobiliza todos os profissionais. Sendo uma questão complexa ela deve merecer um tratamento específico, como pareciam ser as missões da anterior Comissão Nacional para o RSE e da atual Comissão para a Informatização Clínica, e deve recolher alargados consensos.

Pese a sua dimensão e complexidade, aqui ficam alguns contributos mais específicos

Assim, são recomendações:

a. Concluir os estudos necessários para implementar a plataforma de interoperabilidade na saúde.

b. Avaliar a utilização de experiências internacionais no domínio da arquitetura de informação, designadamente com a avaliação dos contributos do openEHR na definição de arquétipos e templates em repositórios nacionais.

c. Desenvolver os protótipos demonstradores necessários para uma gradual disseminação do conceito.

d. Fomentar a formação dos profissionais de saúde em termos das terminologias que sejam definidas como principais.

e. Implementar tecnologias de análise, deteção e feedback de comportamentos diferentes de codificação.

f. Definir as responsabilidades dos hospitais, profissionais de saúde e SPMS na disponibilização e acesso à PDS (plataforma digital de saúde)

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5.3 Clarificação dos papéis da ACSS, SPMS, dos Hospitais e

do mercado das SI/TIC

Área de Oportunidade: Melhoria ao nível da qualidade e estabilidade das orientações e das políticas emanadas da administração central.

São conhecidas e recorrentes as críticas relativas à forma, insuficiente ou errática, como os órgãos políticos e a administração central têm exercido a sua função de autoridade.

No entanto, deve-se também notar que a importância desta questão é relativamente recente, relacionada que está com os novos modelos de integração da informação e de funcionamento das organizações em redes. Há por isso um processo de aprendizagem e de adoção de novos modelos de governação que importa agora acelerar, de forma a suprir o deficit de intervenção identificado.

As orientações estratégicas terão forçosamente de ser tomadas e comunicadas pelos decisores políticos, ao mais alto nível do governo, considerando a complexidade da rede publica de prestação de cuidados de saúde, a diversidade dos intervenientes (ACSS, ARSs, centros de saúde e USFs, DGS, hospitais e centros hospitalares, prestadores de serviços e fornecedores, SPMS, etc.) e a multiplicidade dos seus interesses, muitas vezes complementares mas frequentemente contraditórios ou conflituantes.

A SPMS torna-se um elemento determinante para a implementação da estratégia que for delineada. Em particular, tal como foi anteriormente sugerido, deverá ser clarificado qual o espaço de intervenção da SPMS, o qual deverá incluir a governação dos SI/TIC da saúde, a gestão de requisitos, a definição da arquitetura, a gestão de projetos e sistemas nucleares, a gestão da mudança, mas não forçosamente o desenvolvimento (programação), a implementação, a manutenção e a operação de todos os sistemas hospitalares.

Num contexto alargado de colaboração estratégica, pode-se facilmente defender que todo o setor terá a ganhar com uma maior capacidade de intervenção - em quantidade e qualidade - dos operadores privados no domínio dos SI na saúde. A sua intervenção deve traduzir-se numa oferta diferenciada de novos sistemas informáticos e também na oferta de serviços de apoio à certificação, à gestão de projetos, à implementação e à operação dos sistemas e infraestruturas tecnológicas, à mudança organizacional e à formação em informática dos profissionais de saúde. O reforço destas competências pelas empresas privadas justifica-se também pela necessidade de aproveitar oportunidades de exportação de produtos e serviços de SI/TIC na saúde.

Neste contexto, a SPMS deverá ser capaz de colaborar em parceria com os operadores de mercado, sob a forma de projetos concretos, capazes de

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promoverem o desenvolvimento de soluções inovadoras e interoperáveis, renovando também desta forma o saber e o conhecimento (“know-how” e “know-why”) dos seus dirigentes e colaboradores. Aos receios, por vezes sentidos e manifestados, de perda de influência dos atores públicos num contexto de cooperação com os operadores privados, deve a SPMS responder de uma forma determinada, assumindo o papel de motor de uma estratégia nacional para o desenvolvimento de soluções de elevada qualidade de SI/TIC para a saúde.

Assim, são recomendações:

a. Clarificar as áreas de intervenção direta dos diversos organismos do Ministério da Saúde no domínio dos SI/TIC.

b. Assegurar que existe uma estrutura com os meios adequados para definir e propor linhas orientadoras para os Sistemas de Informação em Saúde, que possa trabalhar de forma focada, sem a pressão da urgência que a necessidade de resolução dos problemas quotidianos coloca à gestão operacional.

c. Redigir um conjunto de documentos estruturantes e normas orientadoras, relacionados com a governação, a arquitetura, o planeamento e a gestão dos Sistemas de Informação em Saúde, bem como documentar exemplos de boas práticas e casos de estudo, e assegurar a sua atualização.

d. Diligenciar no sentido de publicar, debater e divulgar, de forma coordenada, as conclusões, recomendações e instruções em vigor, por forma a ultrapassar o deficit comunicacional existente, que foi identificado pelo estudo.

e. Desenvolver parcerias estratégicas entre os diversos atores públicos e privados em torno de projetos concretos.

f. Conceber e implementar uma estratégia de base nacional de desenvolvimento de soluções inovadoras de SI/TIC para a saúde.

Área de Oportunidade: Desenvolver o processo de certificação e normalização das TIC e aplicações a usar e/ou que podem interagir com o SNS

A maturidade de um domínio pode ser também medida pelo grau de especificação e certificação que consegue estabelecer para os seus processos e os seus produtos. A evolução dos SIS e o surgimento de uma nova realidade organizacional a funcionar em rede, tem vindo a colocar uma pressão acrescida na necessidade de desenvolver mecanismos de certificação no contexto nacional e europeu e, simultaneamente, a deixar mais a descoberto as insuficiências das autoridades nacionais nestes domínios, como se nota nas preocupações detetadas pelo estudo.

Esta pressão ir-se-á reforçar nos próximos tempos, fruto do aumento dos sistemas interoperáveis, da consolidação do eHealth no espaço Europeu (i.e.

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Relatório Final

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o projeto epSOS) ou da maior sensibilidade dos CIO para as abordagens de certificação (i.e. a abordagem transversal do ITIL, COBIT ou a presença do HIMSS Analytics em processos de EMR Adoption Mode l SM (EMRAM) no espaço nacional).

No imediato, esta pressão reforça a importância de um processo de certificação, não só porque ele assegura a conformidade dos módulos e peças de software que são introduzidas no eco-sistema, mas também porque ele funciona como um processo catalisador das necessidade de especificação escrita e publicada dos diversos requisitos técnicos e funcionais dos componentes do sistema. No fundo, um reforço de intervenção nestes domínios constitui também uma oportunidade para clarificar o modelo de Governação das TIC num âmbito mais alargado.

Assim, são recomendações:

a. Retomar o processo de normalização e certificação de aplicações que esteve em curso, dando-lhe maior autonomia e credibilidade.

b. Considerar a separação dos processos de especificação, desenvolvimento e certificação, designadamente entregando estes últimos a entidades com experiência e “know-how” nesses domínios.

c. Aproveitar este processo para clarificar e comunicar o modelo de governação dos SI/TIC no contexto nacional

5.4 Promover o “benchmarking” entre hospitais

Área de Oportunidade: Criar condições para a comparação equilibrada dos indicadores de desempenho das unidades de saúde

Se houver necessidade de eleger um espaço que tenha vindo a afirmar-se e a fazer escola no sector da Saúde nos últimos anos, ele pode ser talvez encontrado no espaço da gestão e dos seus indicadores.

Sendo as preocupações com o desempenho, com a eficácia - e sobretudo, com a sua demonstração - uma temática relativamente recente na área da Saúde, nem por isso deixa de ser uma temática em grande afirmação e para a qual as TIC podem dar um significativo contributo.

E como é natural, depois de se terem criado os instrumentos para especificar e medir, surgem as inevitáveis pressões para a criação dos instrumentos para comparar. É da natureza humana o apreço pela competição, sendo esta naturalmente puxada pelos que entendem estar a fazer um bom trabalho e a conseguir melhores resultados, o que, se adequadamente utilizado, pode constituir um ciclo virtuoso cujo efeito importa aproveitar.

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No entanto, dizem as experiências noutras áreas – e também neste estudo - que pelo menos tão mau como não medir, é medir e comparar de forma incorreta, o que aconselha a que estes instrumentos sejam adequadamente implementados, para que a sua mais-valia seja de facto efetiva.

Assim, importa responder adequadamente a esta demanda crescente de mecanismos do “benchmarking” entre estruturas e instituições, de forma simples, mas também de forma rigorosa e justa.

Assim, são recomendações:

a. Aperfeiçoar o processo de definição e publicitação dos referenciais, indicadores, métodos de cálculo e valores de referência necessários para o “benchmarking”.

b. Implicar neste processo os atores no terreno, como forma de gerar os necessários consensos e a credibilidade para os sistemas, nomeadamente através do envolvimento dos elementos das unidades de controlo de gestão entretanto criadas nos Hospitais.

c. Capitalizar o conhecimento e trabalho desenvolvido pela ACSS nos cuidados primários, designadamente com a constituição das USFs, dos ACEs e do SIARS.

d. Privilegiar e promover os formatos normalizados nas trocas de informação necessária ao benchmarking, promovendo o rigor e criando “escola” para outras interações

e. Evitar abordagens facilitistas baseadas em aplicações não integradas que obrigam à reintrodução de dados já existentes nos sistemas hospitalares, privilegiando os passos certos e os ”pequenos” sucessos.

5.5 Melhorar o desempenho da infraestrutura tecnológica

Foram referidas algumas dificuldades no acesso a alguns recursos disponíveis nas redes internas dos Hospitais bem como na Internet. As recomendações seguintes têm como objectivo facilitar a perceção dos problemas técnicos que possam existir e de os resolver.

Assim, são recomendações:

a. Aumentar a divulgação junto dos interessados (responsáveis pelos SI/TIC, administração) dos instrumentos de monitorização do serviço prestado pela RIS que atualmente se encontram disponíveis (e.g. http://www.spms.pt/2012/05/relatorios-sobre-os-servicos-de-gestao-operacional/).

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Relatório Final

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b. Elaborar e divulgar relatórios individualizados por hospital dos serviços prestados pela RIS, taxas de utilização e problemas e falhas.

c. Ajustar os serviços da RIS em função das necessidades específicas de cada hospital baseada numa relação de prestação de serviços.

d. Definir políticas de qualidade de serviço (e.g. distinguir tipos de trafego) de forma a garantir o crescimento sustentável da RIS.

e. Implementar um serviço de capacity-planning em função do aumento previsível de necessidades de recursos de rede interna dos hospitais provenientes da utilização da PDS.

5.6 Envolver os profissionais de saúde na especificação e

implementação de sistemas de informação

O envolvimento e participação de utilizadores na especificação e implementação de sistemas de informação são frequentemente apontados como fatores críticos de sucesso na sua aceitação e futura utilização (Kujala 2003; Lin 2000).

Envolver os profissionais de saúde em projetos de sistemas de informação assegura uma maior adequação das soluções às necessidades e práticas do terreno contribuindo para uma maior aceitação e utilização dos sistemas de informação a desenvolver e consequentemente, uma maior satisfação dos utilizadores. Tal envolvimento ajuda a construir uma relação de confiança entre os intervenientes e uma maior disponibilidade para planos de ação e respetiva implementação.

Embora o reconhecimento de que “a participação dos profissionais de saúde na especificação e implementação de Sistemas de Informação é insuficiente ou tardia” surja como uma preocupação importante (na 10ª posição), o estudo não revela preocupações significativas com a literacia informática, disponibilidade ou motivação dos profissionais, qualquer que seja o grupo.

É possível que a participação “insuficiente ou tardia” dos profissionais resulte não tanto da sua impreparação ou indisponibilidade, mas dos seus representantes (key-users) não serem chamados a participar logo nos estágios iniciais dos projetos.

Assim, são recomendações:

a. Sensibilizar, em particular, as direções de Sistemas de Informação e as administrações hospitalares, para promover o envolvimento de profissionais de saúde desde os estágios iniciais dos projetos, relevando as vantagens que daí decorrem para a maior aceitação e

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Relatório Final

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melhor utilização dos sistemas de informação, bem como para a maior satisfação dos seus utilizadores.

b. Aproveitar os resultados deste estudo como ferramenta de sensibilização para combater receios ou mitos e evidenciar insuficiências.

c. Promover a criação de uma rede de profissionais de saúde que sejam interlocutores nos hospitais para os assuntos das Tecnologias e Sistemas de Informação (e.g. CCIO-Chief Clinical Information Officer).

d. Colaborar com a academia e os institutos de formação na elaboração de programas específicos para o reforço de competências dos profissionais de saúde no domínio dos SI/TIC.

5.7 Aumentar a maturidade dos processos organizacionais

Preocupações com a maturidade dos processos organizacionais podem ser enquadradas num segundo nível de importância, aparecendo entre o 11º e o 20º lugar. Entre as preocupações conexas com a maturidade de processos, destacam-se “A gestão dos sistemas de informação no Hospital necessita de maior rigor e maturidade” (14º) bem como “A fraca explicitação de processos organizacionais das instituições condiciona a sua informatização” (20º).

Estas preocupações são já indiciadoras da crescente importância que a gestão de processos e por processos tem vindo a assumir nas organizações. Ao contrário de outros setores mais “maduros”, como o financeiro ou a indústria, o setor da saúde carece de referenciais que lhe sejam particularmente dedicados neste domínio.

Importa, no entanto, referir que a gestão hospitalar estará consciente do papel crucial que as tecnologias e sistemas de informação podem ter na gestão hospitalar, uma vez que “a administração do Hospital não atribui suficiente importância ao papel dos Sistemas de Informação na estratégia do Hospital” foi uma preocupação colocada em 27º lugar. Assume-se, pois, que existem condições de partida para que a maturidade dos processos possa vir a ser devidamente equacionada no futuro, uma vez endereçadas as preocupações mais prementes identificadas no primeiro nível, entre o 1º e o 10º lugares.

Assim, são recomendações:

a. Fomentar os processos de certificação dos hospitais (e.g. King’s Fund), criando as condições para que os profissionais de saúde e os profissionais de informática sejam devidamente envolvidos na certificação.

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b. Sensibilizar as instituições para a importância de referenciais que possam contribuir para um maior rigor e maturidade na gestão de processos e por processos, suportada nas Tecnologias e Sistemas de Informação (e.g. EMR adoption model-HIMSS, COBIT, ITIL)

c. Promover a criação dum referencial de processos para o setor da saúde

d. Criar um observatório de maturidade de processos organizacionais no setor da saúde

5.8 Melhorar a prestação dos serviços de SI/TIC da

ACSS/SPMS

Área de Oportunidade: melhoria dos serviços prestados pela ACSS/SPMS

Do estudo resultou alguma preocupação face à qualidade dos serviços prestados pela ACSS/SPMS, que ocupou um 13º lugar que não deve ser ignorado, tendo em conta que o mesmo tipo de preocupação apenas surge em 22º lugar quando se refere às empresas de SI/TIC.

Embora vários possam ser os fatores que contribuem para este posicionamento, e alguns até possam resultar de causas indiretas (i.e. desempenho global da ACSS), de imagem ou de comunicação, parece poder afirmar-se que existe uma enorme oportunidade de melhoria no alinhamento dos serviços da SPMS com as recomendações e boas práticas dos referenciais nestes domínios, em particular com o ITIL.

Na realidade, mesmo tendo em conta a especificidade dos serviços de TIC prestados na área da saúde, pode-se afirmar que as boas práticas e a forma adequada de gerir serviços de SI/TIC são hoje já um património seguro e um valor reconhecido na profissão, com excelentes exemplos em diversos outros setores. É hoje globalmente aceite que a saúde – como outros setores da administração pública – tem vindo a registar alguma inércia na adoção das abordagens ITIL mas não parece haver hoje grandes entraves para uma correção efetiva desta atitude.

A adoção de uma abordagem profissional e reconhecida aos serviços de SI/TIC não apenas teria efeitos na eficiência da gestão e na qualidade serviços prestados mas também na capacidade de o comunicar e demonstrar, o que se afigura da maior importância pela posição central e de charneira que uma entidade com esta missão necessariamente ocupa na organização hospitalar.

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Assim, são recomendações:

a. Promover e desenvolver um programa visando a adoção gradual e faseada dos processos ITIL na ACSS/SPMS.

b. Comunicação interna e externa das prioridades, objetivos e planeamento para cada uma das fases do “ITIL service lifecycle”

c. Formar os intervenientes nos aspetos fundamentais do ITIL e promover o desenvolvimento de uma cultura de prestação de serviços

d. Preparar um portfolio de serviços exequível, associado a níveis de serviços e métricas objetivas e constatáveis.

e. Preparar uma subestrutura verdadeiramente focada na gestão da relação com o cliente, com um adequado acompanhamento da mudança cultural.

5.9 Sensibilizar os intervenientes e implementar medidas

para a confidencialidade e a segurança

A informação de saúde é entendida como uma das mais críticas e merecedoras de atenção do ponto de vista de privacidade e direitos de acesso. A falta de confiança a este nível tem sido o ponto de vulnerabilidade de muitos projetos internacionais nesta área. Politica de acessos, sensibilização, identificação e autenticação, rastreabilidade e auditoria ou confiabilidade são algumas das expressões que devem ser parte integrante de qualquer projeto nesta área, sobretudo quando se ambiciona um elevado nível de integração dos SI de Saúde nacionais.

5.9.1 Nível de sensibilização sobre privacidade e direitos de acesso

Como é da natureza humana, a escalada na hierarquia de preocupações apenas acontece à medida que vão sendo satisfeitas as preocupações de nível mais baixo. Por esta razão, não tendo ainda as instituições e os profissionais alcançado uma resposta satisfatória às necessidades mais básicas (i.e. acesso fácil a informação integrada) surge a tendência para remeter para segundo plano preocupações mais zelosas como a segurança do acesso (i.e. gestão de passwords) ou a confidencialidade dos dados.

A dimensão do problema tende a escalar com a dimensão da integração, tornando-se crítica quando considerada numa escala nacional, uma vez que a desconfiança do cidadão e/ou dos profissionais é suficiente para comprometer o sucesso de qualquer projeto nesta área.

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Assim, são recomendações:

a. Promover o envolvimento alargado dos stakeholders na definição de políticas de segurança, de forma a que a sua apropriação facilite a aceitação dos novos sistemas. Em representação dos stakeholders consideram-se as ordens profissionais, os representantes dos diversos prestadores de cuidados (públicos, privados e sociais) e as organizações da sociedade civil, designadamente da academia.

b. Implementar um programa de formação dos utentes e dos profissionais, em particular os de saúde, para a problemática da ética e da segurança no acesso a informação de saúde, envolvendo os agentes formativos e as ordens profissionais.

c. Implementar ferramentas que continuamente verificam a integridade dos dados dos utentes nos vários SI.

d. Criar sensores autoajustáveis para monitorizar o funcionamento de cada componente dos SI.

e. Definir claramente e testar as políticas de confidencialidade, integridade, disponibilidade e auditorias antes de estas serem incorporados nos SI.

f. Definir os perfis de acesso remotos à RIS, quer sejam internos ou externos.

g. Criar mecanismos para facilitar o acesso de uma forma segura à informação pelos utentes.

5.9.2 Implementar SI para a confidencialidade e a segurança

O reforço da segurança dos SI tem de ser obtido através de medidas concretas ao nível dos utilizadores, dos procedimentos e das aplicações informáticas. As normas oficiais estabelecem padrões de referência que podem orientar as mudanças que é necessário implementar. A credibilização do processo recomenda a participação de entidades independentes de reconhecia idoneidade. A necessidade de atualização das aplicações informáticas nucleares deverá levar em consideração requisitos de confidencialidade e de segurança.

Assim, são recomendações:

a. Reforçar a definição de politicas de acesso à informação, definindo, registando e divulgando os princípios orientadores do acesso, dos direitos, dos cargos e das responsabilidades dos diversos intervenientes. Sem uma clara política de acesso não pode haver uma política tecnológica de segurança.

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Relatório Final

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b. Implementar as normas de segurança (e.g. ISO 27799, CEN/ISO 13606-4:2009)

c. Implementar os mecanismos de segurança associados a autorização, registo e auditoria que permitam a rastreabilidade no acesso e alteração de dados clínicos e a sinalização automática de situações anómalas.

d. Promover a evolução tecnológica que garanta melhores mecanismo de autenticação do que o acesso simples por palavra-passe, e que forcem o fecho de sessão após algum tempo.

e. Envolver os especialistas académicos neste processo, tendo em conta a necessidade de uma elevada especialização do saber neste domínio e a existência de competências nacionais.

f. Colaborar com os representantes das entidades oficiais (e.g. CNPD, ERS, AMA, etc.) para obter a credibilização por entidades independentes e o reconhecimento público pelo esforço realizado.

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Relatório Final

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Agradecimentos

Gostaríamos de expressar os nossos agradecimentos à ACSS e à SPMS por terem permitido a realização deste estudo e, agradecer também todas as críticas, sugestões e recomendações que nos fizeram.

A todos os participantes, designadamente profissionais de saúde (diretores clínicos e enfermeiros diretores), responsáveis de informática e administradores hospitalares.

A todos os leitores deste estudo pelas críticas, sugestões, recomendações e retificações que nos queiram transmitir.

Relatório Final do Estudo (v1.0)

10-Julho-2012

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Relatório Final

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73

Sobre o Projeto:

O estudo foi realizado no âmbito do protocolo de colaboração em investigação científica existente entre

a ACSS – posteriormente assumido pela SPMS – e o ISCTE-IUL e desenvolvido em conjunto com

investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e do Departamento de Sistemas de

Informação da Universidade do Minho.

Esta investigação, de caráter aplicado, permitiu reforçar o conhecimento das instituições hospitalares,

da administração central e da sociedade em geral sobre a realidade dos sistemas e tecnologias de

informação e comunicação (SI/TIC) na saúde.

Tendo um âmbito e uma dimensão que não é frequente, ele só foi possível graças ao envolvimento e

apoio dos profissionais de saúde e de SI/TIC, que de Norte a Sul, deram o seu esforço e o seu melhor

contributo para que possamos conhecer melhor as preocupações de quem, no dia-a-dia, assegura a

prestação de serviços de saúde nos Hospitais Públicos e para que oportunidades de melhoria possam

ser identificadas.

Pela sua originalidade, pelo seu âmbito específico e pela complexidade do processo, este trabalho tem

certamente muitas limitações e levanta novas questões, para as quais não pretende ou não pode dar

resposta. Mas terá certamente cumprido o seu objetivo de constituir uma base de conhecimento que

sustente a discussão dos problemas, a tomada de decisões e os futuros aprofundamentos do estudo e da

reflexão no domínio dos Sistemas de Informação na Saúde.

Porque este trabalho envolveu, de facto, muita gente, aqui fica esta última expressão dos autores:

Gratos a Todos Pela Colaboração!

EQUIPA DE PROJETO

Prof. Henrique O’Neill (Coordenador)

Dr. Pedro Oliveira

ISCTE-IUL - Instituto Universitário de Lisboa

Prof. Ricardo Correia

Engº. Alexandre Santos

Faculdade de Medicina da Universidade do Porto

Prof. Rui Dinis Sousa

Prof. José Carlos Nascimento

Departamento de Sistemas de Informação da Universidade do Minho

CONTACTO

Prof. Henrique O’Neill

ISCTE / IUL – Instituto Universitário

de Lisboa

Av.ª das Forças Armadas, 1649-026 Lisboa

Telefone: +351 217903064, Fax: +351 217964710

Email: [email protected]