O que podem as práticas corporais no contexto escolar?

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JEAN FELIPE RAMALHO E SILVA Considerações sobre a aproximação entre escola e comunidade O que podem as práticas corporais no contexto escolar? ERINEUSA MARIA DA SILVA UEBERSON RIBEIRO ALMEIDA

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JEAN FELIPE RAMALHO E SILVA

Considerações sobre a aproximação entre escola e comunidade

O que podem as práticas corporais no contexto escolar?

ERINEUSA MARIA DA SILVA

UEBERSON RIBEIRO ALMEIDA

Page 2: O que podem as práticas corporais no contexto escolar?

Jean Felipe Ramalho e Silva

O que podem as práticas corporais no contexto escolar?

Considerações sobre a aproximação entre escola e comunidade

Erineusa Maria da SilvaUeberson Ribeiro Almeida

Page 3: O que podem as práticas corporais no contexto escolar?

Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP) (Biblioteca Setorial de Educação Física e Desportos da Universidade Federal do Espírito Santo, ES,Brasil)

Silva, Jean Felipe Ramalho e, 1988-

S586q O que podem as práticas corporais no contexto escolar? [recurso eletrônico] : considerações sobre a aproximação entre escola e comunidade / Jean Felipe Ramalho e Silva, Erineusa Maria da Silva, Ueberson Ribeiro Almeida. – Dados eletrônicos. –2020.

36 f. : il.

Produto Técnico (Mestrado Profissional em Educação Física em Rede Nacional-PROEF) –Universidade Federal do Espírito Santo, Centro de Educação Física e Desportos ; [coordenação] Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.

Modo de acesso:<https://drive.google.com/file/d/1M4vxrXBe7ZNjPYD8_ebs2a8ur2 ca_VEk/view>

1. Educação física. 2. Comunidade e escola. 3. Práticas corporais. I. Silva, Erineusa Maria da, 1968-. II. Almeida, Ueberson Ribeiro, 1977-. III. Universidade Federal do Espírito Santo. Centro de Educação Física e Desportos. IV. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. V. Título.

CDU: 796

Elaborado por Eliéte Ribeiro Almeida – CRB-6 ES-603

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTOCENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA MESTRADO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA EM REDE NACIONAL - PROEF

REALIZAÇÃO

Prof. Ms. Jean Felipe Ramalho e SilvaProf. Dra. Erineusa Maria da Silva

Prof. Dr. Ueberson Ribeiro Almeida

ILUSTRAÇÕES

Henrique Tarlé

Observação: Material Educativo Público para livre reprodução. Material bibliográfico eletrônico

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Professores , professoras, mães,pais e toda comunidade escolar

Este e-book é fruto de uma pesquisa desenvolvida no Mestrado Profissionalem Educação Física em Rede Nacional nos anos de 2018 e 2019, oferecidopelo Centro de Educação Física e Desportos da Universidade Federal doEspírito Santo. O tema pesquisado refere-se às possibilidades e desafios dotrabalho com as Práticas Corporais, nas aulas de Educação Física, com ointuito de promover a aproximação entre escola e comunidade em ummunicípio no interior da Bahia. A partir dos insights fornecidos peloreferencial teórico e pelas ações desenvolvidas durante o estudo, foi possívelcompreender o papel das Práticas Corporais nesse processo e,consequentemente, considerar aspectos importantes para a busca de viasmais participativas e democráticas na escola.

Assim, a síntese das ideias apresentadas neste material educativo, é umaparte da pesquisa já mencionada e traz em seu entremeio discussões ereflexões importantes para a prática docente em diversos contextos. Que ascontribuições e inferências ao longo deste e-book, contribuam de maneirasignificativa para inflamar o desejo pela mudança e despertar ações deprofessores, professoras, pais, mães, familiares e toda comunidade escolar nabusca por uma educação de qualidade.

Abraços,

Prof. Jean Ramalho

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SUMÁRIO

Por dentro da pesquisa... 6

Pra começo de conversa, vamos falar de juventudes! 8

Escola e comunidade: Uma relação necessária 12

As Práticas Corporais no contexto da escola 18

Aspectos da aproximação entre Escola e Comunidade: O que podem as práticas corporais?

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As Práticas corporais e a comunicação entre escola e comunidade

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Participação ativa e protagonismo a partir das práticas corporais

As Práticas Corporais e... Outros indícios importantes para a participação comunitária

Referências

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Por dentro da pesquisa. . .Esta pesquisa, desenvolvida durante o

Programa de Mestrado Profissional em

Educação Física em Rede - PROEF, teve

como foco principal, a investigação sobre

como as Práticas Corporais podem

articular uma aproximação entre escola

e comunidade, uma vez que em minha

realidade profissional, enquanto

professor de Educação Física, de uma

escola pública de Ensino Médio no

interior da Bahia, essa relação é bastante

frágil e distante.

A partir das constatações, decorrentesde minhas experiências docentes e dodiálogo sistemático com os autores quetratam do tema, foi possível perceberque o distanciamento entre escola ecomunidade, se configura como umproblema que enfraquece o processoensino-aprendizagem e a luta por umaEducação de qualidade.

Pensar a participação coletiva e ademocratização da escola é, justamente,trabalhar com a ideia de um processo denegociação constante entre os pares. Abusca por intervenções e estratégias quevisem minimizar este problema requernecessariamente uma interaçãoconcreta entre todos os sujeitosenvolvidos. Assim, a busca pelascondições de enfrentamento e pelaspossíveis formas para de intervir nestequadro, devem ser uma ação constanteno cotidiano escolar.

Partindo desses pressupostos é queentendemos, que é de grande relevânciaque escola e comunidade tracem umdiálogo no sentido de estabelecercondições mais significativas de ensino.

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Enquanto conteúdos da EducaçãoFísica, as Práticas Corporais,constituem-se como uma formalegítima de construção doconhecimento do/a estudante. Suadimensão sócio-histórica, sua relaçãocom a cultura e sua ligação com umconceito humanista de corpo,estabelece uma visão de movimentodotado de sentidos, produzidos,reproduzidos, incorporados e(re)significados pelo ser humano emum processo dialógico, uma vez queeste também se constitui a partir desuas experiências.

Nesse sentido é que acreditamos que,trazer as trazer Práticas Corporais dacomunidade, problematizá-las à luz doconhecimento pedagógico, semdescaracterizá-las e propor estratégiaspara que o/a discente faça conexõescom sua realidade pode se constituircomo uma possibilidade de aproximarescola e comunidade.

A partir do trabalho com as PráticasCorporais, foram criados mecanismosde participação que forneceramdiversos indícios acerca do tema,possibilitando a reflexão sobre váriosaspectos que permeiam a realidadeescolar. Foi possível também repensara minha própria prática pedagógica,condição bastante importante e quefazer parte, de forma abrangente, doPrograma de Mestrado Profissional aoqual estou vinculado.

As Práticas Corporais, por carregarem

em sua constituição marcas próprias da

comunidade e do cenário em que são

produzidas, revelam-se como vias

importantes, que podem se constituir

como elementos de aproximação entre

escola e comunidade.

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Pra começo de conversa, vamos falar de juventudesAs discussões sobre as juventudes temsido foco de grandes debates no contextoatual. Diversos autores têm trazido paracampo a importância de se compreendero tema e de empreender políticaspúblicas, que contemplem os indivíduospertencentes a esse grupo social.

É importante colocar que, as juventudesnão representam uma etapa entre a vidainfantil e adulta do indivíduo. Os/asJovens são sujeitos construídos econstrutores do contexto em que vivem eatuam.

Pensar as juventudes por um viés quemenospreza essa característica e concebeos/as jovens apenas como uma fase detransição para o mundo adulto, é reduzir ascondições desses indivíduos enquantosujeitos históricos, sociais e culturais.

A partir dessa visão, cabe afirmar queexistem diferentes juventudes e que estasse caracterizam como uma categoriaheterogênea. Os/as jovens são sujeitos queproduzem e são produzidos pela realidadesocio-histórica a qual estão inseridos, suacondição é dinâmica, mutável e se modificaconforme as transformações da sociedade.

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Diante disso, a escola deve terbastante cuidado no trato com os/asjovens estudantes. O trabalhopedagógico precisa estar atravessadopor uma intenção que abranjaaspectos inerentes à formação dasidentidades juvenis, é preciso quehaja “um olhar atento aos aspectos esituações que refletem sobre a vidados estudantes” (WELLER, 2014, 333)e que impactarão sua formaçãoenquanto profissionais, cidadãos eseres humanos.

Nessa perspectiva, é bastanteimportante que a escola implementeações que levem em consideração adiversidade juvenil que a compõe. Épreciso conhecer o/a jovemestudante, compreender sua condiçãodiante do quadro social ao qualestamos inseridos e promover açõesque considerem esses aspectos naproposta pedagógica que norteia ainstituição.

A instituição escolar, como é formatada, está preparada para

lidar com a multiplicidade de sentidos trazida pelos/as jovens

estudantes que a frequentam?

Porquê?

#PARAREFLETIR

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As juventudes vão se constituir de acordocom a realidade sócio-histórica vivenciadapelo sujeito. Isso quer dizer quediferentes sociedades e diferentes grupossociais constroem suas juventudes demaneira singular, assim a diversidadedessa fase compreende classes sociais,etnias, valores, posições religiosas,espaços geográficos, gêneros e muitosoutros. Dessa forma, caracterizar asjuventudes como uma fase que possuiduração preestabelecida ou como umapassagem para a vida adulta é errôneo,pois essa visão pode provocar reduçãodas questões relacionadas às vivênciasjuvenis (DAYRELL 2014, P. 164).

Já pensou em conhecer as juventudes que frequentam

sua escola e quais os impactos que uma ação

como esta pode ter na sua prática pedagógica?

Que tal aplicar questionários de caráter

socioantropológicos e saber um pouco sobre a

realidade dos/as estudantes?

#FICAADICA

Clique aqui para uma sugestão!

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Page 12: O que podem as práticas corporais no contexto escolar?

“O Observatório da Juventude da UFMG é um

programa de ensino, pesquisa e extensão da

Faculdade de Educação (FaE), que funciona

desde 2002. [..] A atuação do observatório situa-

se no contexto das políticas de ações

afirmativas, orientando-se por quatro eixos

centrais de preocupação que delimitam sua ação

institucional: a condição juvenil nas sociedades

contemporâneas; as políticas públicas e as ações

sociais voltadas aos jovens; as práticas culturais

e as ações coletivas da juventude na cidade e a

construção de metodologias de trabalho com

jovens.” *Texto retirado do Portal do OBSERVATÓRIO DA

JUVENTUDE

Quer saber mais sobre os/as Jovens estudantes do Ensino Médio?

ACESSE E SAIBA MAIS

“O Observatório do Ensino Médio daUniversidade Federal do Paraná tem porobjetivo reunir estudantes, educadores epesquisadores dos diversos níveis emodalidades de ensino que tenhaminteresse em compartilhar ideias, temas epesquisas sobre ensino médio, juventude,suas relações com a escola e com o mundodo trabalho. Desenvolve atividades depesquisa e de extensão universitária. Paraconhecer mais sobre suas atividadesconheça seus projetos, textos e outrosmateriais produzidos pelo grupo.” *Texto

retirado do Portal do OBSERVATÓRIO DO ENSINO MÉDIO

#FICAADICA

Os observatórios da juventude e do Ensino Médio,

da UFMG e da UFPR, respectivamente, são ótimas

fontes para compreender aspectos sobre as condições

juvenis, suas demandas e contextos.

OBSERVATÓRIO DA JUVENTUDE – UFMG

OBSERVATÓRIO DO ENSINO MÉDIO - UFPR

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ESCOLA E COMUNIDADE:uma relação necessária

A escola é, sem dúvidas, uma dasprincipais instâncias socioculturais asquais a maioria dos indivíduos temacesso. O ambiente escolar é umaconstrução em que se tecem relaçõesfundamentais no processo de formaçãosocial dos sujeitos e de suas identidades.

Para tanto, é fundamental reconhecer asdiversas realidades que permeiam ocotidiano escolar e considerar osaspectos que estão além de “seusmuros”.

Essa premissa é bastante pertinentepara a compreensão das juventudes quefrequentam a escola e das condiçõesque estes sujeitos trazem em suaconstituição sócio-histórica.

Pensar uma escola nestes termos requer,necessariamente, o reconhecimentoperspicaz da realidade que os/as jovensestudantes trazem e de como estesatuam na produção/assimilação damesma. É preciso compreender asjuventudes a partir de uma visãoholística que considere a multiplicidadede sentidos que essa condição carrega.

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Nessa conjectura, em que as relaçõesfluídas do mundo globalizado einformatizado atravessam nossaconstituição enquanto sujeitos, a escola édesafiada a construir e atrelar-se a umprojeto que atenda as demandas de umcontexto mutável e efêmero. Já não cabe,somente a transmissão de saberestécnicos, e compartimentalizados.

A participação é uma parte importantenesse processo. O intento de promoverdemocraticamente a participaçãocoletiva e ativa de todos os membrosda comunidade escolar pode estarpautado em uma relação dialógica quedesague na busca pela melhoria daeducação.

Assim, a participação dos diversos atoresque compõem a comunidade escolar eseu entorno é fundamental. As relaçõesque se estabeleçam nesse contextoprecisam estar, de fato, ligadas a umprojeto educacional que vislumbre atransformação social e se relacionemefetivamente com a “[...] construção dahumanidade do educando, na medida emque é pela educação que o ser humanose atualiza como sujeito histórico emtermos do saber produzido pelo homem”(PARO, 2016, p. 7).

Pensar a escola dessa forma e nãoconceber uma relação entre ela e acomunidade é, segundo Paro (2016, p.22), um equívoco, pois, se a unidadeescolar não inclui a comunidade “correo risco de constituir apenas mais umarranjo entre os funcionários doEstado, para atender a interesses, quepor isso mesmo, dificilmentecoincidirão com os da populaçãousuária”.

A relevância da relação entre escola ecomunidade está, justamente, na formacomo se concebe a educação escolar:um meio pelo qual as pessoas poderãose situar na sociedade como cidadãos.

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É imprescindível que ocorra integraçãoentre a escola e a comunidade atendida,com reconhecimento e valoração dossaberes extracurriculares e efetivação deparcerias no trabalho educativo,atingindo o maior contingente depessoas em sua área de localização.Devemos considerar que todos osparticipantes do processo educativo têma capacidade de elaboração propostaspara a melhoria da educação. Esseprocesso de interação deve ser pautadono diálogo e na confiança. Para isso aescola deve oportunizar “situações deencontro” a fim de conhecer os recursosda comunidade e os aspectos da suarealidade, visando à melhoria do ensino-aprendizagem (Schwartzman 1991 p.279).

Como é a relação entre a sua escola e a comunidade ? Como

essa questão influencia no processo

de ensino-aprendizagem ?

#PARAREFLETIR

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Nesse sentido, as ações político-pedagógicas da escola precisam estar emcongruência com aspectos quedesaguem em um contexto educacionalparticipativo, integrador e que leve emconta os anseios da comunidade a qualse insere. O caminho da gestãodemocrática, mostra-se, como umaforma eficaz para efetivar tais preceitos ecombater a forma autoritária decondução das relações escolares.

Assim, as iniciativas para que osmembros da comunidade efetivem suaparticipação no âmbito escolar podemfazer parte do cotidiano da escola,revelar-se em seu fazer pedagógico enas práticas construídas socialmente emseu espaço. É necessário que haja umatomada da democracia como valoruniversal que guia seu Projeto Político-Pedagógico.

Nessa perspectiva é imprescindível quehaja a criação de meios pelos quaiscomunidade e escola estejam alinhadasem seus objetivos e interesses. Paratanto, Paro (2016) destaca que ascondições para uma participação ativa edemocrática na escola estãorelacionadas a um rol de possibilidades.

O autor elenca pontos como a escolhade dirigentes escolares, a formação decolegiados, associações de pais emestres e todas as inciativas queestimulem um maior envolvimento depais, mães e/ou responsáveis,estudantes, professores, professoras,gestores, gestoras e equipe técnico-pedagógica nas diversas ações eatividades escolares.

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É mister que o projeto escolar estejaatrelado a um processo verdadeiramentedemocrático, fazendo uma “escutasensível” dos anseios e prezando pelaparticipação consciente da comunidade.“Se não for assim estaremos formandoapenas governados” (MELO, 2012, p. 139).E isso implica diretamente em ummecanismo escolar de reprodução dosistema autoritário e de sua inadequaçãono atendimento às demandas sociais.

#PARAREFLETIR

Quais os mecanismos de participação a sua escola tem utilizado para promover uma

relação mais estreita com a comunidade? E

a comunidade desenvolve alguma ação neste sentido?

Colocar cada estudante e cada membro dacomunidade escolar em condições de‘governar’ significa alçar cada um deles auma posição que propicie o acesso àcrítica do processo educacional, à críticado processo hierárquico da escola, àcrítica do autoritarismo, à crítica dosistema público de educação, quando estenão se adapta a esse objetivo democráticode formação de ‘governantes’.

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Page 18: O que podem as práticas corporais no contexto escolar?

#FICAADICA

Um dos princípios de uma gestão democrática que

influencia diretamente na relação escola/comunidade

são as formas de comunicação utilizadas.

Todo esse processo implica na comunicaçãodireta, na sondagem perspicaz e na“escuta” sensível” das diversas vozes queecoam na instituição escolar. Pensar aparticipação democrática énecessariamente conhecer a visão do corpodocente, dos/as técnicos, pais, mães eresponsáveis, estudantes e toda acomunidade envolvida no processoeducacional.

Uma organização dinâmica dessas relaçõesdeve ser, de fato, considerada. Ao buscar aparticipação ativa e democrática dacomunidade, a instituição escolar assenta-se em uma proposta democrática quereverbera em condições significativas paraque o indivíduo atue na transformação doespaço em que vive.

Esta deve ser clara e objetiva. As mídias digitais podem favorecer bastante

esse processo.

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Já pensou em criar listas de transmissão no

Whatsapp e informar aos pais, mães ou

responsáveis sobre as atividades realizadas, horários, eventos e

demais assuntos que permeiam o cotidiano

escolar?

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AS PR ÁT I C AS C OR PORA ISNO C O NTE XT O DA ESC O LA

As práticas corporais são fenômenos culturais quecarregam marcas próprias do contexto em que sãoproduzidas. Seu conceito engloba uma relaçãohumanista de corpo e estabelece uma visão demovimento dotado de sentido e significado. Suadimensão é bastante ampla e perpassa por uma sériede processos corporais que posicionam o sujeito nomundo.

Este entendimento é bastante importante para acompreensão das Práticas Corporais comoarticuladoras da aproximação entre a escola e acomunidade, uma vez que elas se constituem comoconteúdo da Educação Física e como um aspecto quefaz parte da construção sociocultural do ser humano.

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As práticas corporais são fenômenos que se mostram,prioritariamente, ao nível corporal, constituindo-se emmanifestações culturais, tais como os jogos, as danças,as ginásticas, os esportes, as artes marciais, asacrobacias, entre outras. Esses fenômenos culturaisque se expressam fortemente no nível corporal e que,em geral, ocorrem no tempo livre ou disponível, comimportante impacto orgânico. São constituintes dacorporalidade humana e podem ser compreendidoscomo forma de linguagem com profundoenraizamento corporal que, por vezes, escapam aodomínio do consciente e da racionalização, o que lhespermitem uma qualidade de experiência muitodiferenciada de outras atividades cotidianas (SILVA,2014).

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Page 21: O que podem as práticas corporais no contexto escolar?

Aliás, a Educação Física, enquantocomponente curricular da Educação Básica,tem o papel de tratar pedagogicamente aspráticas corporais, apresentar e criar umambiente propício para a ressignificação,compreensão, análise, reconstrução eprodução das mesmas.

#FICAADICA

Já pensou na possibilidade de

mapear as práticas corporais que os/as estudantes fazem na

comunidade e tematizá-las nas aulas

de educação física?

As manifestações da Cultura Corporal seconstituem como conteúdos da EducaçãoFísica escolar. A partir da abordagemsistemática de cada prática corporal o/aestudante tem a oportunidade de acessaruma dimensão do conhecimento e(res)significar suas experiências. Osconteúdos vinculados à Educação Físicacomo danças, jogos e brincadeiras, lutas,esportes, temas relacionados à saúde,entre outros, compõe o rol de saberes quepodem instrumentalizar o/a discente paralidar com diversos aspectos de sua vida.

Clique aqui e saiba como fizemos!

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Page 22: O que podem as práticas corporais no contexto escolar?

Trazer práticas corporais da comunidade,problematizá-las à luz do conhecimentopedagógico, sem descaracterizá-las epropor estratégias para que o/a discentefaça conexões com sua realidade pode seconstituir como uma possibilidade deaproximar escola e comunidade e,consequentemente, fazer ecoar condiçõesde ensino mais significativas para os/asestudantes.

#QUETAL?

Que tal estender um convite à membros comunitários

para contribuir na tematização das Práticas

Corporais na escola? Pode ser uma oportunidade interessante para favorecer

a aproximação entre a instituição e a comunidade.

É importante colocar também, que aexperimentação das Práticas Corporais naescola pode ser compreendida a partir deum viés não reprodutivista. A ação precisase nortear por um caminho que vise aampliação do patrimônio cultural dos/asdiscentes.

A sistematização de propostas como esta,assim como seus desdobramentos sãoimportantes, pois podem legitimar aEducação Física na escola e promover umamaior valorização da mesma comocomponente curricular comprometidocom o desenvolvimento integral do/aestudante.

Clique aqui e conheça um pouco mais dessa proposta

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Page 23: O que podem as práticas corporais no contexto escolar?

#FICAADICA

Pieter Bruegel, Jogos Infantis (1560)

O conceito de Práticas Corporais é bastante complexo e envolve a

compreensão de aspectos socioculturais diversos.

São possíveis diversas intervenções como: identificação das práticas corporais presentes

na imagem, associação com práticas corporais da atualidade,

discussão sobre quais dessas práticas são realizadas na

comunidade, formulação coletiva de conceitos etc.

Clique aqui e saiba como fizemos!

Que tal utilizar a imagem acima, do pintor francês

Pieter Bruegel, para problematizar esse conceito

nas aulas de Educação Física?

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Page 24: O que podem as práticas corporais no contexto escolar?

ASPECTOS DA APROX IMAÇÃO ENTRE ESCOLA E COMU NIDADE : O QU E

PODEM AS PRÁT ICAS CORPORAIS?

A partir da tematização de PráticasCorporais da comunidade na escola foipossível perceber diversas nuancesrelacionadas à participação. Asconsiderações que serão apresentadaspartem da experiência e das açõesdesenvolvidas durante a pesquisaempreendida.

É importante ressaltar que não há aintenção, de expor as informações comoum “receituário” para a participaçãocomunitária na escola, uma vez que cadarealidade possui suas particularidades edemandas. Mas, o que esperamos é queas percepções aqui expostas forneçamindícios para contribuir nas discussões,reflexões e planejamento de ações comvistas a possibilitar uma aproximaçãoentre escola e comunidade.

Assim, a questão O que podem aspráticas corporais no contextoescolar? encontra resposta nosdiversos discursos enunciados, nasanálises e ações realizadas e em umasérie de intermediações sensíveisentre os pares, em que os lugares defala foram valorizados e consideradosdentro de uma proposta democráticade escola e de comunidade.

Dessa maneira, as páginas seguintestrarão considerações importantes,percebidas a partir do trabalho comas Práticas Corporais com vistas àaproximação entre escola ecomunidade.

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Page 25: O que podem as práticas corporais no contexto escolar?

Os dados que serão apresentados são,frutos das intervenções realizadas a fimde propiciar meios para a participação.A culminância das ações realizadas aolongo da pesquisa se deu em umagincana estudantil, ocorrida na escola.Após a tematização das PráticasCorporais nas aulas de Educação Física,os/as estudantes foram provocados apropor ideias de provas envolvendo asPráticas Corporais trabalhadas (zumba,jiu-jitsu e capoeira) e a participação dacomunidade.

#QUETAL?

Já pensou na possibilidade de organizar uma gincana escolar e

convidar os pais, mães ou responsáveis e toda comunidade escolar para participar de provas

que envolvem as Práticas Corporais tematizadas nas aulas

de Educação Física?

Clique para uma sugestão!

Divididos em equipes, os/as discentesdeveriam sensibilizar o maior númerode pais, mães ou responsáveis paraparticiparem das provas. O resultado foibastante satisfatório e nos deucondições para conhecer e avaliar osaspectos que influenciam aparticipação da comunidade na escola.

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Page 26: O que podem as práticas corporais no contexto escolar?
Page 27: O que podem as práticas corporais no contexto escolar?

Claro! Com absoluta certeza. Eu vejo por mimque nem tinha mais ligação com a escola e issoeu consegui ter de novo quando fui participarda oficina. Acho que muitas pessoas sentemisso também. Então levar aquele povo tudo praescola, eu acho que despertou nas pessoas essesentimento. Ainda mais que muita genteestudou ali, conhece os professores e tudo. Écomo eu falei... É como se a escola tivesseescondida e aparecesse de novo pra gente [...].(PROFESSOR S.C.)

A ideia de trazer para a escola as PráticasCorporais presentes na comunidade e deutilizá-las como uma estratégia deaproximação, desagua em uma ação quepropícia a comunicação do/as partícipescom a unidade escolar e minimiza a visãoda escola enquanto uma instituiçãosuperior e alheia à realidade a qualpertence.

Foi bom participar e mostrar que a gentetambém pratica coisas que os alunos estãoestudando. (PAI, MÃES OU RESPONSÁVEL)

A medida que acontecem coisas importantes dacidade ali na escola, a gente se reconhece nelatambém. Ainda mais do H. P. que faz parte dahistória de muita gente (PROFESSOR C.F.)

O contato com o patrimônio cultural, quepermeia a realidade onde a unidadeescolar está inserida, traz para a mesma o“status de polo cultural, transformando-se em referência e ponto de encontro deagentes culturais” (NEIRA, 2007, p. 179).Nesse contexto, os/as estudantes, pais,mães e responsáveis, professores,professoras e equipes escolar têm apossibilidade de se reconhecerem nasações escolares e se identificarem comoprodutores das mesmas.

AS PRÁTICAS CORPORAIS E A COMUNICAÇÃO ENTRE ESCOLA E COMUNIDADE

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Page 28: O que podem as práticas corporais no contexto escolar?

Todas as falas acima reforçam a questão daidentificação entre comunidade e escola apartir das práticas corporais vivenciadas.Fica claro que um trabalho pedagógicoconstruído a partir de elementos darealidade local fortalece uma relação maispróxima. Em uma experiência parecida,NEIRA (2007) averiguou que o fato dainserção da cultura comunitária na escola“reforça o sentimento de pertencimentodo indivíduo ao grupo pelo fortalecimentodos laços culturais originais” (179).

Eu gostei porque me sinto valorizado em teruma atividade que eu faço fora da escolaaqui. Ficam mais interessante as aulas e agente consegue”. (ESTUDANTE 1)

Eu não sou muito de praticar esportes etenho um pouco de medo. Mas eu achoimportante ter essas atividades dacomunidade aqui na escola porque acabasendo um pouco da realidade que muitosalunos já vivem e acaba valorizandotambém. (ESTUDANTE 2)

Gostei demais porque que já faço capoeiralá no bairro e então eu fiquei maisinteressado porque e um assunto que gostoe que eu sei. (ESTUDANTE 3)

Gostei demais. Ate minha mãe queria virquando falei pra ela que ia ter zumba.Porque ela já faz no bairro e gosta muito.(ESTUDANTE 4)

AS PRÁTICAS CORPORAIS PODEM PROMOVER A IDENTIFICAÇÃO ENTRE

ESCOLA E COMUNIDADE

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Page 29: O que podem as práticas corporais no contexto escolar?

PARTICIPAÇÃO ATIVA E PROTAGONISMO A PARTIR DAS PRÁTICAS CORPORAIS

O formato clássico de participação, queenvolve a ida a reuniões ou chamadospara repassar informações sobre os/asestudantes, aparece como uma viaparticipativa bastante comum nas escolase que nem sempre desperta interessenos/as responsáveis.

Isso ocorre, segundo alguns elementosenunciados durante a pesquisa, por contado formato como esses mecanismos sãoorganizados: um momento estanque emque há uma via unilateral de análise darealidade e um comportamento passivodos/as responsáveis diante dosacontecimentos

O trabalho com as práticas corporaiscomunitárias na escola, da forma comofoi conduzido, se configura como uma viainteressante de participação, e superaçãodeste quadro, uma vez que, oprotagonismo e a sensação departicipação ativa foram sentimentosbastante citados pelos/as participantes.

Eu até já parabenizei a direção foi beminovador porque normalmente a gente nãoé chamada para participar assim. Só dasreuniões. (RESPONSÁVEL 1)

Gostei porque senti que faço parte daatividade da escola. Quando é só pra ir lá agente fica meio de fora. (RESPONSÁVEL 2)

Foi bem legal participar. Deveria ter outroseventos assim porque vamos a escola parafazer coisas diferentes ao invés de só ir areuniões e escutar algumas coisas.(RESPONSÁVEL 3)

Foi importante e foi diferente. Sempre quevou na escola e para ouvir sobre ocomportamento do meu filho e com agincana foi um atrativo diferente pra ir naescola. (RESPONSÁVEL 4)

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Page 30: O que podem as práticas corporais no contexto escolar?

O que é preciso, nesse sentido, éconceber diferentes formatos deencontros e avaliar em que nível essaspropostas atendem às demandas.Considerar a diversificação de estratégiasna busca por um processo educativomais participativo é algo bastanteimportante.

É importante frisar que, em nenhummomento, estamos defendendo aabolição das reuniões escolares, asdiscussões dizem respeito à maneiracomo as mesmas são conduzidas, atéporque, existe uma parcela dacomunidade que prefere este meio decontato com a unidade escolar.

Há um grande desafio na superaçãodeste problema, pois isso envolve asensibilização para questões dademocratização dos processosescolares e uma autocrítica constantedas posturas desenvolvidas pela equipeescolar. Porém, a construção de novossentidos e a diversificação dasestratégias de participação sãonecessárias, pois permitem que ospais, mães e responsáveis tambémpercebam sua importância noprocesso.

AS PRÁTICAS CORPORAIS PODEM DESPERTAR SENTIMENTOS DE

PROTAGONISMO E PARTICIPAÇÃO ATIVA NA ESCOLA/COMUNIDADE

Pela primeira vez fui a escola com uma propostadiferente. Isso foi muito bom. Normalmente vouso pra receber as mesmas notícias do meu filho.E nem consigo falar com todos os professores.Essas cosias servem pra gente ver a escola comoutros olhos também. (RESPONSÁVEL 5)

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Page 31: O que podem as práticas corporais no contexto escolar?

AS PRÁTICAS COROPORAIS E... OUTROS INDÍCIOS IMPORTANTES PARA A PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA

A experiência com as Práticas Corporaisna escola revelou uma série de fatoresque devem ser observados para aadoção de estratégias que visamfomentar a participação. No contexto dapesquisa as questões de infraestrutura,organização da rotina escolar, gênero,aspectos religiosos e as condições detrabalho apareceram de forma bastanteeloquente nos discursos proferidos aolongo do processo.

É importante perceber que todos essesfatores permeiam as relações que sedão no cotidiano escolar e muitas vezessão negligenciados como partesimportantes de todo o processoeducacional. Porém, as ações queenvolveram as Práticas Corporais e aparticipação comunitária, mostraramque é preciso considerar a observaçãoatenta de condições físicas, sociais,econômicas, ideológicas entre outrasque permeiam as relações escolares.

A partir do trabalho com as PráticasCorporais foi possível conceber umapercepção mais tangível de elementosque condicionam ou dificultam aparticipação e possibilitam, porexemplo, a superação de questões comoo processo de culpabilização mútua,muito comum nas escolas, em queequipe escolar culpa os/as responsáveispela pouca participação e vice-versa.

A compreensão desses aspectos,suscitados a partir das vivências com asPráticas Corporais na escola, permitemcom que saíamos de um lugar comum eadentremos em uma via de análise ereflexão sobre a realidade na qualestamos inseridos.

O esquema da página seguinte traz oselementos percebidos durante apesquisa como fatores queinfluenciaram na participação dacomunidade.

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Page 32: O que podem as práticas corporais no contexto escolar?

ORGANIZAÇÃO DA ROTINA

ESCOLAR

INFRA

ESTRUTURA

QUESTÕES DE GÊNERO

QUESTÕES RELIGIOSAS

CONDIÇÕES DE TRABALHO

AS PRÁTICAS CORPORAIS E OS

FATORES QUE INFLUENCIAM NA PARTICIPAÇÃO DA

COMUNIDADE

Gostei muito. E achei muito importante porque o professor mandou mensagem perguntando qual era o melhor horário

pra ir. Normalmente não tem isso. A escola marca e tenho que me virar se

não consigo ir. (Responsável)

Não deu pra ficar até o final. Estava muito cheio e não tinha lugar pra sentar. Não posso ficar muito em pé por causa da coluna. Acho que é

importante, mas a escola não tem estrutura ou precisa organizar melhor. Na próxima eu só vou

se tiver mais organização. (Responsável)

Poderia ter mais coisas relacionadas com a religião. Poderia ser uma coreografia.

Tem um grupo na minha igreja e nunca vi isso na

escola. (Estudante)

Adorei muito. Foi ótimo aprender capoeira porque sempre quis

aprender e não posso ir. Minha mãe não deixa porque tem muito

mais homem do que mulher lá fazendo. (Responsável)

A rotina do professor, bastante exaustiva talvez justifique a ausência aqui na escola, em uma tarde de sábado. Além de de tudo que envolve a figura

do professor. Salários baixos, desvalorização, sem condições dignas de trabalho etc. É preciso pesar

os dois lados. (Professor/a)

A escola oferece uma estrutura

adequada e segura para que a comunidade a

frequente ?

A escola consulta a comunidade sobre

horários e disponibilidade,

adequando suas ações quando possível ?

A tematização das Práticas Corporais trazem o debate das questões de

gênero ?

A escola debate com a comunidade questões ligadas ao seu aspecto laico e

à sua atividade pública ?

As condições de trabalho na escola

são favoráveis à participação de seus

membros ?

Page 33: O que podem as práticas corporais no contexto escolar?

É necessário enxergar nas dificuldades umaoportunidade para a participação e nãoutilizá-las somente como uma desculpapara a inércia diante destes problemas. Ainsatisfação de pais, mães, responsáveis,estudantes e corpo técnico-pedagógicoapresentadas acerca dos vários fatoresapresentados, podem instrumentalizar abusca por melhorias e inflamar a tomada deconsciência acerca do papel de cada um.

A gestão consciente dessas informaçõespode resultar, por exemplo, nofortalecimento do colegiado escolar, nacriação de grêmio estudantil, associação depais e mestres, na fomentação delideranças e mecanismos importantes departicipação e mobilização coletiva. Paratanto, é essencial que um olhar com vistas auma escola democrática seja ampliado ecolocado diante das questões e açõesvoltadas para a superação da realidade.

A participação está condicionada adiversos aspectos, isso é fato.Conhecê-los, analisá-los e coloca-losdefronte a um processo de reflexãoconstante é uma condição importantepara se estabelecer meios maisparticipativos na escola. Os indíciosfornecidos pelo trabalho com asPráticas Corporais instrumentalizamde maneira bastante concreta a buscapela aproximação entre escola ecomunidade.

O enfrentamento deste quadro,requer, indubitavelmente, umaintrínseca relação entre as açõespedagógicas que são realizadas naescola e a adoção de práticas ligadas auma visão democrática e humanistade Educação.

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Page 34: O que podem as práticas corporais no contexto escolar?

Pensar a democratização das açõesescolares e a participação coletiva é umgrande desafio, porém, um caminhopercorrível, uma utopia possível. Aliás,alimentar essa utopia na escola pública eprover meios para possibilitá-la é umanecessidade, uma vez que, a educaçãoescolar, quando atrelada a um ProjetoPolítico Pedagógico, que visa contemplaras camadas populares, só o faz, nessaperspectiva, quando permite que osdiversos atores e atrizes que a compõem,participem ativa e democraticamente desuas ações.

A participação é possível quando osmétodos empreendidos permitem comque a comunidade participe ativamentee não só como ouvintes passivos oureceptores de informes burocráticos,Nesse sentido as Práticas Corporais, apartir de estratégias pedagógicaspautadas na coletividade, podempossibilitar que os sujeitos dacomunidade se vejam comoprotagonistas do processo. Outro fatorimportante é a identificação causadapela abordagem das Práticas Corporaisda comunidade nas aulas de EducaçãoFísica.

Ao perceberem que, os aspectosinerentes a eles/elas faziam parte doensino ministrado na unidade escolar,os/as responsáveis sentiram-se, deacordo com a recorrência nosdiscursos proferidos, contempladosnas ações escolares. Tratarpedagogicamente tais práticas é umapossibilidade de promover aidentificação entre escola ecomunidade e de considerar a culturapraticada por este grupo como umconhecimento válido e importante.

É preciso ponderar que, aparticipação democrática faz parte deum processo e que, como tal, deveser exercido diariamente pelossujeitos da escola. A democracia é umexercício que é aprendido na prática.As pequenas ações, imbuídas de umfazer pedagógico norteado por ideiasprogressistas de ensino, tornam-segrandes ao comporem um processode enfrentamento de um sistema quemuitas vezes age por viasautoritárias, unilaterais e arbitrarias.

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Page 35: O que podem as práticas corporais no contexto escolar?

Somos cientes de que, os resultadosdeste trabalho, as ações realizadas,as estratégias empreendidas e todo ocontexto de significação gerado porele não foi a concretização efetiva doaspecto democrático, porém,acreditamos que as possibilidades eapontamentos feitos, podemcontribuir para que outrosprofessores, professoras, gestores,gestoras e demais membros dacomunidade escolar intervenham emsuas realidades, reflitam sobre suaspráticas pedagógicas, vislumbrem ainstituição escolar como um lócus depesquisa, acreditem na construçãode uma comunidade ética e naviabilidade da utopia de uma escolademocrática e participativa.

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Page 36: O que podem as práticas corporais no contexto escolar?

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